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Coerência semântica: Para que a coerência semântica esteja presente em um texto, é preciso,

antes de tudo, que o texto não seja contraditório, mesmo porque a semântica está relacionada
com as relações de sentido entre as estruturas. Para detectar uma incoerência, é preciso que se
faça uma leitura cuidadosa, ancorada nos processos de analogia e inferência.
Coerência sintática: está relacionada com a estrutura linguística, como termo de ordem dos
elementos, seleção lexical etc., e também à coesão. Quando empregada, eliminamos estruturas
ambíguas, bem como o uso inadequado dos conectivos.
Coerência estilística: Diz respeito ao emprego de uma variedade de língua adequada, que deve
ser mantida do início ao fim de um texto para garantir a coerência estilística. A incoerência
estilística não provoca prejuízos para a interpretabilidade de um texto, contudo, a mistura de
registros — como o uso concomitante da linguagem coloquial e linguagem formal — deve ser
evitada, principalmente nos textos não literários.

Resumo sobre coerência textual


Coerência textual se refere ao(s) sentido(s) de um texto. Ela pode ser:

 sintática (relações estruturais)


 semântica (relações de sentido)
 temática (continuidade do assunto)
 pragmática (contextual)
 estilística (uso da variedade linguística adequada)
 genérica (uso do gênero textual apropriado)

A coerência textual está relacionada ao(s) sentido(s) de um texto e ocorre por meio de
elementos linguísticos e extralinguísticos.
A coerência sintática se refere à relação entre componentes de um texto.
A coerência semântica tem a ver com relações de sentido entre palavras ou expressões de um
texto.
A coerência temática ocorre quando não há fuga do tema.
A coerência pragmática está associada aos elementos extralinguísticos.
A coerência estilística acontece quando o texto utiliza a variedade linguística adequada.
A coerência genérica diz respeito ao uso adequado do gênero textual.
Os princípios da coerência textual são: não contradição, não tautologia e relevância.
A coesão se refere aos elementos estruturais do texto e auxilia na coerência textual, que conta
também com o contexto.

Tipos de coerência textual


Coerência sintática
Está relacionada à coesão entre os elementos de um texto:
Quando chegamos ao supermercado, cujo dono foi preso por agressão, havia muitas pessoas lá.
Elas protestavam e impediam a nossa entrada.
Agora, façamos esta alteração:
Quando chegamos ao supermercado, que o dono foi preso por agressão, havia muitas pessoas lá.
Elas protestavam e impediam a nossa entrada.
Note que o pronome relativo “que” retoma um termo anterior, portanto, é incoerente o seu uso
nesse enunciado. Já o pronome “cujo” indica uma relação de posse entre o elemento seguinte e
o anterior, ou seja, “o dono do supermercado” foi preso por agressão.

Coerência semântica
Esse tipo de coerência tem a ver com as relações de sentido entre termos ou expressões de um
texto:
Nesse país, a maioria das pessoas é rica e quase 90% dos cidadãos sãos pobres.
É perceptível, nesse enunciado, a incoerência. Afinal, se a maioria é rica, a porcentagem de
pobres não pode ser de 90%.
Portanto, é coerente dizer:
Nesse país, a minoria das pessoas é rica e quase 90% dos cidadãos são pobres.

Coerência temática
Quando não há desvio do tema:
Luiz Gama foi um escritor, advogado e abolicionista do século XIX, e defendeu várias pessoas
escravizadas. Ele é considerado o patrono da abolição da escravidão no Brasil.
Assim, seria tematicamente incoerente este texto:
Luiz Gama foi um escritor, advogado e abolicionista do século XIX, e defendeu várias pessoas
escravizadas. Quando Santos Dumont contornou a Torre Eiffel, em 1901, todos ficaram
impressionados.

Coerência pragmática
Está relacionada à situação, ao contexto extralinguístico:
Mãe: Plínio, você só vai brincar depois que terminar o dever de casa.
Plínio: Eu não quero fazer o dever de casa, mamãe.
Mãe: Mas você precisa ser responsável, meu filho.
Haveria incoerência pragmática em:
Plínio: Mamãe, você só vai brincar depois que terminar o dever de casa.
Mãe: Eu não quero fazer o dever de casa, meu filho.
Plínio: Mas você precisa ser responsável, mamãe.
Afinal, nosso conhecimento de mundo nos indica qual é o comportamento esperado para um
filho e para uma mãe.
Veja este outro exemplo:
João ficou feliz, pois sua casa tinha pegado fogo.
A princípio, esse enunciado parece contraditório. Contudo, se o(a) leitor(a) ou ouvinte sabe que
João odiava a sua casa e que tinha feito um seguro milionário, o enunciado é totalmente
coerente. Portanto, o sentido vai depender do conhecimento prévio do receptor da mensagem.

Coerência estilística
Ocorre quando a variedade linguística utilizada está de acordo com a situação comunicativa:
Maria de Lourdes, CPF 000.000.000-00, RG 0.000.000, residente na Rua das Flores, número
00, na cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, doravante denominada
LOCADORA; Rui Mendonça, CPF 000.000.000-01, RG 0.000.001, residente na rua 32, número
00, na cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, doravante denominado
LOCATÁRIO, celebram o presente contrato de locação residencial, com as cláusulas e
condições seguintes: [...].
A variedade padrão é condizente com o contexto formal de um contrato de aluguel. Assim,
haveria incoerência estilística neste caso:
A Lourdinha, aquela que mora no finalzinho da Rua das Flores, em Beagá, vai alugar um
barraco caindo aos pedaços pro fera do Ruizinho da Padaria, que tá vivendo agora na rua 32,
também num bairro aqui de Beagá. Só que tem umas condições: [...].

Coerência genérica
Ocorre quando o gênero textual utilizado é o adequado:
Palha de aço Bombril, anúncio de 1999.
Esse anúncio publicitário apresenta texto verbal e não verbal, e possui características
condizentes com o gênero. Seria incoerente anunciar uma palha de aço por meio de uma bula,
por exemplo."

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