Você está na página 1de 18

FARMACOTÉCNICA

E TECNOLOGIA DE
MEDICAMENTOS
LÍQUIDOS E
SEMISSÓLIDOS

Marcella Gabrielle Mendes Machado


Medicamentos
fitoterápicos líquidos
e semissólidos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:


>> Distinguir os métodos de obtenção de extratos na produção de fitoterápicos.
>> Calcular a concentração de extratos líquidos em formulações fitoterápicas.
>> Discutir as utilizações de formulações fitoterápicas de uso interno e externo.

Introdução
Os medicamentos fitoterápicos são obtidos a partir de plantas medicinais, es-
tando disponíveis comercialmente em diversas formas farmacêuticas líquidas e
semissólidas, como tinturas, infusos, extratos, pomadas e géis. O Ministério da
Saúde, entendendo a aplicação clínica da fitoterapia na prevenção e tratamento
de doenças, fornece atualmente 12 medicamentos fitoterápicos por meio do
Sistema Único de Saúde (SUS).
A droga vegetal pulverizada pode ser utilizada diretamente como fitoterápico
nas formas de pó para encapsulação e pó dividido para a preparação de chás
e/ou adição a alimentos, ou pode passar pelo processo de extração, em que
são utilizados meios aquosos, alcoólicos ou hidroalcoólicos para dissolução de
componentes da droga vegetal. Os métodos mais comuns para a obtenção de
extratos incluem maceração e percolação, além dos métodos de pequena escala,
como infusão, decocção e digestão.
2 Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos

Neste capítulo, você conhecerá os principais métodos utilizados para a obten-


ção de extratos líquidos e semissólidos, aprenderá a calcular sua concentração
em formulações fitoterápicas e estudará fitoterápicos de uso interno e externo
disponíveis comercialmente.

Obtenção de fitoterápicos
As plantas medicinais têm sido utilizadas desde a antiguidade como método de
cura; porém, o uso oficial de fitoterápicos só foi reconhecido mundialmente em
1978, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o Ministério da Saúde,
mediante a Portaria n0. 212, de 11 de setembro de 1981, passou a incentivar como
prioridade o estudo das plantas medicinais para aplicação clínica. Mais recente-
mente, em 2006, a fitoterapia foi inserida no SUS, mediante a Portaria 971/2006.
Atualmente, a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos é regulamen-
tada pelo decreto 5.813, de 22 de junho de 2006. De acordo com a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2011, documento on-line), fitoterápico pode ser
definido como “[...] o produto obtido de planta medicinal, ou de seus derivados,
exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa”.
O processo de obtenção de fitoterápicos inicia-se a partir da coleta, es-
tabilização (quando aplicável) e secagem da planta medicinal. Em seguida, a
droga vegetal é submetida a processos farmacotécnicos para se obter formas
farmacêuticas básicas ou intermediárias, que posteriormente são utilizadas na
preparação das formas finais a serem dispensadas ao consumidor. Vejamos uma
lista das formas farmacêuticas fitoterápicas e suas definições (BERMAR, 2014):

„„ Tinturas — formas líquidas, límpidas, resultantes da mistura de um


veículo extrator (como álcool, água/álcool ou glicerina, propilenoglicol/
água) com drogas de origem animal ou vegetal. A proporção entre
droga e veículo extrator é de 1:10 ou 1:5.
„„ Extratos fluidos — formas líquidas resultantes da ação de um veículo
extrator ou solvente sobre uma droga de origem animal ou vegetal em
que, com exceção de especificações diferentes, uma parte do extrato
(massa ou volume) corresponde a uma parte (massa) da droga seca
utilizada na preparação.
„„ Infusos — formas líquidas obtidas a partir da ação extrativa da água
previamente aquecida (morna ou fervente) sobre a droga sólida, com
abafamento do recipiente por tempo determinado. Indicadas para
partes mais flexíveis do vegetal (folhas, flores, etc.).
Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos 3

„„ Decoctos — formas líquidas extraídas deixando-se a droga em contato


com a água em ebulição por tempo determinado. Ideal para partes
rígidas da droga (caule, raízes, etc.).
„„ Macerações frias — formas líquidas ideais para drogas que se degradam
com aquecimento (como plantas com alto teor de mucilagem), obtidas
a partir da extração da água fria sob essas substâncias por um longo
período, ao abrigo da luz.
„„ Digestões — formas líquidas obtidas pela ação do veículo extrator
aquecido a temperatura abaixo do ponto de ebulição sobre a droga
por 30 minutos.
„„ Extratos hidroglicólicos ou glicólicos — formas líquidas obtidas pela
extração de um veículo extrator constituído de água e glicóis (como
glicerina ou propilenoglicol), com teor próximo de 50%. Ideais para
extração de óleos essenciais, taninos, aminoácidos, entre outras
substâncias.
„„ Extratos moles — Formas semissólidas obtidas da evaporação parcial
do veículo extrator com no mínimo 70% de resíduo seco.

As formulações de fitoterápicos podem ser encontradas em forma


de monodroga ou em composição com mais de uma droga vege-
tal, podendo ser comercializadas em diversas formas farmacêuticas (como
comprimidos, envelopes, sachês, xaropes, tinturas e extratos fluidos) (SAAD
et al., 2018).

Métodos de obtenção de extratos

Após ter passado pela etapa de secagem, a droga vegetal pode ser uti-
lizada diretamente como fitoterápico nas formas de pó dividido para
a preparação de chás e/ou adição a alimentos, ou ainda como pó para
encapsulação. Além disso, a droga vegetal dessecada pode passar pelo
processo de extração, quando ocorre a dissolução parcial da droga em
um determinado solvente. Nesse processo, o solvente dissolve apenas
alguns constituintes da droga, e o restante indissoluto é chamado de
resíduo (FONSÊCA, 2005).
A extração de plantas medicinais é comumente aplicada na indústria
farmacêutica, na produção de perfumes e na área alimentícia e da nutrição
4 Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos

humana. É a partir do processo de extração que são obtidos certos óleos


industriais e comestíveis, bem como pigmentos (VEGGI, 2009). A Anvisa (BRASIL,
2011, documento on-line) define extrato como:

[...] a preparação de consistência líquida, sólida ou intermediária, obtida a partir


de material animal ou vegetal. O material utilizado na preparação de extratos
pode sofrer tratamento preliminar, tais como, inativação de enzimas, moagem
ou desengorduramento. Abreviatura: ext. O extrato é preparado por percolação,
maceração ou outro método adequado e validado, utilizando como solvente álcool
etílico, água ou outro solvente adequado. Após a extração, materiais indesejáveis
podem ser eliminados.

Como visto nessa definição, os extratos podem ser preparados em âm-


bito laboratorial e industrial por percolação, maceração e outros métodos
adequados e validados (extração com fluido supercrítico e Sohxlet, como
veremos adiante). Soluções extrativas para uso caseiro podem ser obtidas por
técnicas simples que incluem infusão, digestão e decocção (FONSÊCA, 2005).
Já os óleos essenciais extraídos de plantas frequentemente são obtidos via
técnicas de destilação a vapor e prensagem a frio.
O método de maceração consiste em colocar a droga vegetal em contato
com um líquido extrator por um período pré-determinado, sendo que o líquido
deve ser misturado em intervalos regulares. Ao final do período, a mistura
é filtrada e prensada, e todo o processo é repetido, até que se obtenha o
volume final desejado. De acordo com Fonsêca (2005, documento on-line), “[...]
esta técnica é aplicável a todas as drogas que possuem substâncias ativas
facilmente extraíveis, e como operação preliminar à extração por percolação”.
A percolação consiste em passar um líquido extrator através da droga
vegetal já macerada, podendo ser o mesmo solvente ou um solvente diferente
daquele já utilizado. O processo de percolação tem como objetivo comple-
mentar o processo extrativo realizado pela maceração, na qual não chega a
ocorrer o esgotamento da droga. Ou seja, o extrato obtido pelo processo de
percolação é mais rico nas substâncias ativas da droga. Para realização da
percolação, deve-se utilizar um percolador, recipiente que pode apresentar
um formato cilíndrico ou tronco-cônico (FONSÊCA, 2005).
Alguns cuidados devem ser observados na obtenção de um extrato por
percolação.

„„ A droga deve ser umedecida fora do percolador, de modo similar ao


que ocorre no processo de maceração, sem deixar a droga submersa
e sem formar aglomerados.
Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos 5

„„ As camadas no percolador devem apresentar um grau de compactação


idêntico, a fim de permitir que o solvente passe pelas camadas de modo
uniforme, semelhante à uma coluna cromatográfica. Em cada uma das
camadas, deve-se ter a quantidade de droga úmida e o solvente para
preencher os espaços entre as partículas do sólido.
„„ No percolador, o líquido extrator deve ser adicionado de modo a deixar
a droga submersa.
„„ A velocidade da percolação deve obedecer às especificações para cada
sistema, e o extrato deve ser recolhido na parte inferior do sistema
através da abertura da torneira do percolador.

A Anvisa (BRASIL, 2011, documento on-line) relata de forma detalhada o


procedimento para realização da percolação:

Umedecer a droga com quantidade suficiente (q.s.) do líquido extrator, na graduação


alcoólica determinada na formulação específica e deixar repousar por duas horas
em recipiente fechado. Preparar o percolador de capacidade apropriada, forrando
a placa perfurada com papel de filtro e/ou algodão. Manter a torneira fechada.
Transferir a droga umedecida para o percolador, em camadas superpostas, apli-
cando leve e uniforme pressão sobre cada camada com o auxílio de um pistilo. A
superfície é forrada com camada de algodão sobre a qual são espalhadas pérolas
de vidro ou cacos de porcelana. Colocar lentamente o líquido extrator na mesma
graduação utilizada para o umedecimento até que seja eliminado o ar entre as
partículas da droga e permaneça uma camada sobre a droga. Deixar repousar por
24 h. Iniciar a percolação na velocidade controlada, adicionando o líquido extrator
constantemente, tomando o cuidado de não deixá-lo desaparecer da superfície
da droga antes de nova adição. Percolar a quantidade desejada de acordo com a
concentração determinada na formulação e acondicionar.

De acordo com Veggi (2009), uma vantagem do método de percolação é


a retenção do material fino da droga; com isso, o extrato obtido apresenta
uma quantidade mínima de partículas finas. Veggi (2009) ainda acrescenta
que, para aumentar o rendimento na extração, deve-se diminuir o tamanho
das partículas da droga, aumentando sua superfície de contato com o líquido
extrator. No entanto, uma diminuição excessiva do tamanho das partículas
pode dificultar a passagem do solvente, pela maior tendência em formar
aglomerados, o que resulta em um maior tempo necessário à percolação
(FONSÊCA, 2005).
Além do tamanho das partículas da droga, outro fator que influencia a
obtenção do extrato é a seletividade do solvente. Dentre os solventes mais
frequentemente utilizados para a obtenção de extratos, estão a água, o
álcool, a glicerina, o propilenoglicol e a acetona, sendo que a acetona deve
6 Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos

ser totalmente eliminada antes da utilização do extrato na produção dos


fitoterápicos. Outros solventes também podem ser utilizados a fim de extrair
de forma seletiva os componentes da droga vegetal. No Quadro 1, é possível
identificar a solubilidade de alguns componentes vegetais em meio aquoso,
alcoólico e hidroalcoólico.

Quadro 1. Solubilidade de componentes vegetais em meio aquoso, alcoólico


e hidroalcoólico

Mistura
Substância Água Etanol água–etanol

Bases de Muito dificilmente Solúvel Dificilmente


alcaloides solúvel solúvel

Sais de alcaloides Facilmente solúvel Solúvel Facilmente solúvel

Heterosídeos Facilmente solúvel Facilmente solúvel Facilmente solúvel

Substâncias Facilmente solúvel Facilmente solúvel Facilmente solúvel


amargas

Taninos Facilmente solúvel Facilmente solúvel Solúvel

Óleos essenciais Dificilmente Solúvel Muito dificilmente


solúvel solúvel

Bálsamos, resinas Muito dificilmente Solúvel Dificilmente


solúvel solúvel

Açúcares Facilmente solúvel Solúvel Solúvel

Óleos, ceras Muito dificilmente Muito dificilmente Muito dificilmente


solúvel solúvel solúvel

Amido Dificilmente Muito dificilmente Muito dificilmente


solúvel solúvel solúvel

Celulose Muito dificilmente Muito dificilmente Muito dificilmente


solúvel solúvel solúvel

Pectinas Solúvel Muito dificilmente Dificilmente


solúvel solúvel

Albuminas Solúvel Precipitação Dificilmente


solúvel

Sais inorgânicos Solúvel Dificilmente Dificilmente


solúvel solúvel

Fonte: Adaptado de Fonsêca (2005).


Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos 7

Por sua vez, a extração com fluido supercrítico baseia-se na utilização


de um gás inerte para a extração de substâncias voláteis, sob condições
críticas de temperatura e pressão. Então, ao retornar às condições normais
de temperatura e pressão, o gás libera o extrato, que pode ser recolhido
ao final do processo. O equipamento libera o fluxo de gás de forma cíclica,
alternado suas condições físicas com uso de um compressor. Esse método
é utilizado em empresas que buscam um grau de pureza maior em certos
produtos finais (como óleos essenciais), em comparação àqueles obtidos
pelos métodos convencionais, além de maior rendimento e minimização dos
custos de estocagem e transporte de material (FONSÊCA, 2005; VEGGI, 2009).
Quanto aos gases utilizados na técnica de fluido supercrítico, o dióxido de
carbono (CO2) costuma ser a substância escolhida, pois sua pressão e sua tempe-
ratura críticas — 73,8 bar e 31,2°C, respectivamente — são facilmente atingíveis.
Além disso, o CO2 é um gás de baixo custo, inerte, atóxico e não inflamável.
Já o método de Soxhlet utiliza um aparelho extrator (Figura 1) desenvolvido
pelo químico agrícola alemão Franz von Soxhlet, no qual a droga vegetal em estado
sólido é lavada repetidamente com o solvente em refluxo, retirando dela todas
as substâncias solúveis até chegar ao esgotamento da droga (FONSÊCA, 2005).

Figura 1. Extrator Soxhlet.


Fonte: Soxhlet... (2019, documento on-line).
8 Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos

Cálculo da concentração de extratos


Para realizar o processo de extração, e consequentemente para a produção
do fitoterápico, alguns cálculos são necessários, a exemplo da expressão da
concentração. O cálculo da concentração de uma solução extrativa é dife-
rente daquele empregado em soluções verdadeiras, em que a concentração
é expressa em termos percentuais, razão de proporcionalidade, molaridade,
normalidade, dentre outros.
De acordo com Fonsêca (2005, documento on-line), para as soluções ex-
trativas podem-se utilizar as seguintes opções:

„„ correlacionar a quantidade percentual de droga utilizada para a ob-


tenção de uma solução extrativa;
„„ expressar a concentração em termos de resíduo sólido total;
„„ correlacionar a quantidade de ativos presentes na droga e a quantidade
presente na solução extrativa;
„„ expressar diretamente a quantidade de ativos presentes na solução
extrativa.

Na primeira opção, atribui-se à solução uma concentração percentual


cujo valor representa a quantidade da droga vegetal utilizada para se obter
100 mL de uma solução extrativa. Esse tipo de cálculo de concentração
só deve ser utilizado quando nenhuma das demais opções são possíveis,
devido o desconhecimento das substâncias ativas ou pela inexistência de
metodologia para determinar a sua quantidade (FONSÊCA, 2005). Tomemos
como exemplo de cálculo um extrato de pau d’arco a 15%: para preparar 100
mL de extrato devem ser utilizados 15 g do cerne de pau d’arco dessecado
e triturado.
Já a concentração expressa em termos de resíduo sólido total é deter-
minada pela evaporação, sob pressão reduzida, de uma fração da solução
extrativa, seguida de pesagem do resíduo sólido resultante, expressando
em termos de 100 mL de extrato. Nesse caso, tomemos como exemplo um
extrato de barbatimão com 4% de resíduo sólido. Isso significa que, ao eva-
porar uma alíquota desse extrato, digamos 10 mL, restará um resíduo de 0,4
g. Essa expressão de concentração apresenta a vantagem de poder alcançar
a padronização do extrato produzido. No entanto, diferentes extratos com o
mesmo valor de resíduo sólido total podem apresentar diferenças nas quanti-
dades das substâncias presentes, assim como podem apresentar substâncias
diferentes em sua composição (como conservantes) (FONSÊCA, 2005).
Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos 9

Na terceira opção de expressão da concentração, determina-se a quan-


tidade de ativos presentes na droga e na solução extrativa. Em seguida, os
valores encontrados são correlacionados e expressos em percentuais ou em
uma razão de proporcionalidade. Retomemos o exemplo do extrato de pau
d’arco a 15%; neste caso, isso significa que cada mL do extrato corresponde
a 0,15 g da droga em termos de substâncias ativas, ou que em cada 100 mL
do extrato estão todos os ativos que existem em 15 g da droga vegetal que
lhe deu origem (FONSÊCA, 2005).
Uma quarta opção consiste em representar diretamente a quantidade ou
a concentração das substâncias ativas no extrato, ou seja, seu respectivo
teor na preparação. Para aplicar esse tipo de expressão da concentração, é
preciso identificar e quantificar as substâncias ativas no extrato. O valor pode
ser expresso em termos percentuais, indicando a quantidade de substâncias
ativas em 100 mL ou em 100 g do extrato. Fonsêca (2005) cita como exemplo um
extrato de Passiflora com 1,5% de flavonoides, significando que em cada 100 mL
do extrato tem-se 1,5 g de flavonoides totais, neste caso o flavonoide vitexina.
A partir dos quatro tipos de expressão da concentração apresentados,
percebe-se o alto nível de atenção necessário ao adquirir os extratos de um
determinado fornecedor, para não haver confusão quanto à sua composição.
Além da concentração, outros cálculos também podem ser necessários para
a obtenção do extrato, como cálculo de diluição do álcool e outras soluções
ou determinação do tempo de percolação.

Registro de medicamentos fitoterápicos


A produção de medicamentos, que inclui os fitoterápicos manipulados ou
industrializados, deve obedecer a diferentes normas regulatórias, sendo que
a manipulação em si é regulamentada pela Resolução da Diretoria Colegiada
(RDC) n0. 67/2007, que dispõe sobre as boas práticas de manipulação de pre-
parações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias. Os produtos
fitoterápicos podem ser manipulados com base em preparações magistrais,
ou seja, a partir de prescrições, ou preparações oficinais, cuja formulação
encontra-se descrita no Formulário Fitoterápico Nacional ou em formulários
internacionais reconhecidos pela Anvisa (BRASIL, 2018).
Somente os medicamentos fitoterápicos industrializados para uso hu-
mano são registrados na Anvisa, sendo este registro regulamentado pela
RDC n0. 26/2014. Além da RDC n0. 26/2014, outras normas complementam as
orientações sobre como proceder com o registro de produtos fitoterápicos:
10 Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos

„„ RDC n0. 66/2014 — altera o Anexo IV da RDC n0. 26/2014;


„„ Instrução Normativa (IN) n0. 02/2014 — publica a “Lista de medica-
mentos fitoterápicos de registro simplificado” e a “Lista de produtos
tradicionais fitoterápicos de registro simplificado”;
„„ IN n0. 04/2014 — determina a publicação do “Guia de orientação para
registro de medicamento fitoterápico e registro e notificação de pro-
duto tradicional fitoterápico”.
„„ IN n0. 05/2014 — dispõe sobre os procedimentos relacionados ao pro-
tocolo do “Histórico de mudanças do produto” e define o prazo de
análise das petições pós-registro de medicamentos fitoterápicos e
produtos tradicionais fitoterápicos.

Além dessas normas citadas, o registro e o pós-registro de medicamentos


fitoterápicos também deve atender às demais normas estabelecidas para
medicamentos a serem registrados na Anvisa (BRASIL, 2018).
A RDC n0. 26/2014, por meio do seu artigo 2º, estabelece a distinção entre
medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos:

Esta Resolução se aplica a produtos industrializados que se enquadram nas ca-


tegorias de medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos.
§ 1º — São considerados medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego
exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e eficácia sejam
baseadas em evidências clínicas e que sejam caracterizados pela constância de
sua qualidade.
§ 2º — São considerados produtos tradicionais fitoterápicos os obtidos com em-
prego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e efetividade
sejam baseadas em dados de uso seguro e efetivo publicados na literatura técnico-
-científica e que sejam concebidos para serem utilizados sem a vigilância de um
médico para fins de diagnóstico, de prescrição ou de monitorização (BRASIL, 2014,
documento on-line).

De acordo com Anvisa (BRASIL, 2018), para cada medicamento fitoterápico e


produto tradicional fitoterápico a ser registrado, o fabricante deve protocolar
um processo contendo uma parte documental (alvará sanitário, certificado
de responsabilidade técnica, cópia do certificado de Boas Práticas de Fa-
bricação e Controle [CBPFC]); um relatório técnico contendo nomenclatura
botânica, parte da planta utilizada, relatório do estudo de estabilidade e
outras informações; um relatório de produção e controle de qualidade; e um
relatório de segurança e eficácia.
O estudo de estabilidade de fitoterápicos visa verificar se as características
físicas, químicas, biológicas e microbiológicas de um produto farmacêutico
Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos 11

mantêm-se pela validade esperada. A partir dos resultados obtidos, o prazo


de validade do produto pode ser confirmado ou alterado, e também podem ser
estabelecidas recomendações para armazenamento do produto. Ao solicitar o
registro, o fabricante deve apresentar um relatório do estudo de estabilidade
acelerado concluído, juntamente com os estudos de estabilidade de longa
duração de três lotes-piloto concluídos ou em andamento.
Segundo a Anvisa (BRASIL, 2018, documento on-line), “[...] o controle de
fitoterápicos abrange avaliações da matéria-prima vegetal, tanto a droga
como derivado e do produto final”. O controle de qualidade da droga vegetal
avalia sua identidade botânica, integridade, características organolépticas,
umidade, cinzas, presença/ausência de material estranho e análise qualita-
tiva e quantitativa. Na análise do derivado, são observados os solventes e
veículos utilizados no processo de extração, bem como o método de extração
empregado, a parte da planta utilizada, além de testes físico-químicos do
extrato. A análise do produto final depende da forma farmacêutica utilizada,
mas em geral é avaliada a integridade e estabilidade do produto final, assim
como os níveis de contaminação microbiana.
Para o registro de fitoterápicos, a comprovação da segurança e eficácia
é um critério obrigatório. Essa comprovação deve ser realizada por meio de
ensaios não clínicos e clínicos de segurança e eficácia ou registro simplificado
para medicamentos fitoterápicos, ou por meio de comprovação de uso seguro
e efetivo para um período mínimo de 30 anos ou registro simplificado para
produtos tradicionais fitoterápicos (BRASIL, 2014).
Para a renovação de registros de fitoterápicos já concedidos, a RDC n0.
26/2014 dispõe que os fabricantes devem protocolar a solicitação de renovação
na Anvisa com antecedência mínima de seis meses da data de vencimento
do registro, e uma série de documentos devem ser submetidos como a cópia
do CBPFC válido, relatórios periódicos de farmacovigilância do fitoterápico,
resultados dos estudos de estabilidade de acompanhamento, lista de alte-
rações e inclusões pós-registro, dentre outros (BRASIL, 2014).

Formulações fitoterápicas
As formulações fitoterápicas são utilizadas na prevenção e tratamento de
diversas enfermidades, estando disponíveis comercialmente em formulações
para uso interno e externo. As preparações líquidas de uso interno incluem
apresentações nas formas farmacêuticas de tintura, extrato, xarope, solução e
suspensão oral, enquanto as apresentações semissólidas como géis, pomadas
12 Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos

e cremes apresentam uso externo. Atualmente, são ofertados pelo SUS 12


medicamentos fitoterápicos, sendo que oito deles apresentam formulações
líquidas e/ou semissólidas (Quadro 2).

Quadro 2. Medicamentos fitoterápicos com apresentações líquidas e/ou


semissólidas ofertados pelo SUS

Denominação genérica Apresentação Indicação/Ação

Alcachofra (Cynara Cápsula, Tratamento dos sintomas


scolymus L.) comprimido, de dispepsia funcional
solução oral e/ou (síndrome do desconforto
tintura pós-prandial) e de
hipercolesterolemia leve a
moderada. Apresenta ação
colagoga e colerética.

Aroeira (Schinus Gel e/ou óvulo Apresenta ação cicatrizante,


terebinthifolius Raddi) vaginal anti-inflamatória e
antisséptica tópica, para uso
ginecológico.

Babosa (Aloe vera (L.) Creme e/ou gel Tratamento tópico de


Burm. f.) queimaduras de 1º e 2º graus
e como coadjuvante nos
casos de psoríase em placas.

Cáscara-sagrada Cápsula e/ou tintura Coadjuvante nos casos


(Rhamnus purshiana DC.) de obstipação intestinal
eventual.

Espinheira-santa Cápsula, emulsão, Coadjuvante no tratamento


(Maytenus officinalis suspensão oral e/ou de gastrite e úlcera
Mabb.) tintura gastroduodenal e sintomas
de dispepsia.

Guaco (Mikania Solução oral, tintura Apresenta ação expectorante


glomerata Spreng.) e/ou xarope e broncodilatadora.

Salgueiro (Salix alba L.) Comprimido, elixir, Tratamento de dor lombar


solução oral baixa aguda. Apresenta ação
anti-inflamatória.

Unha-de-gato (Uncaria Cápsula, Coadjuvante nos


tomentosa (Willd. ex comprimido e/ou casos de artrites e
Roem. & Schult.) DC.) gel osteoartrite. Apresenta
ação anti-inflamatória e
imunomoduladora.

Fonte: Adaptado de Brasil (2019).


Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos 13

De acordo com o Formulário Fitoterápico Nacional (BRASIL, 2011, documento


on-line), a forma xarope pode ser definida como:

[...] a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que apresenta,
no mínimo, 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua composição. Os xaro-
pes geralmente contêm agentes flavorizantes. Quando não se destina ao consumo
imediato, deve ser adicionado de conservadores antimicrobianos autorizados.

Nesse mesmo formulário, é descrita uma monografia de xarope de guaco


(Mikania glomerata Sprengel e M. laevigata Schultz Bip). Para o preparo desse
xarope, deve-se inicialmente preparar uma tintura de guaco a 20% ou extrato
fluido de guaco. A tintura ou extrato fluido deve ser transferida para um
recipiente adequado e solubilizada numa formulação de xarope simples (85
g de açúcar branco em 100 mL de água q.s.p). Após a solubilização, deve-se
completar o volume final e homogeneizar.
A Anvisa (BRASIL, 2011, documento on-line) define creme como:

[...] a forma farmacêutica semissólida que consiste de uma emulsão, formada por
uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos
dissolvidos ou dispersos em uma base apropriada e é utilizada, normalmente, para
aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas.

No Formulário Fitoterápico Nacional (BRASIL, 2011), são descritas duas


monografias de cremes: creme de Calendula officinalis L. e creme de Stryph-
nodendron adstringens (Mart.) Coville. O creme de Calendula officinalis L.
(calêndula) é preparado incorporando-se o extrato glicólico de calêndula
(10 mL) no creme-base na proporção indicada (100 g q.s.p), e misturando-se
até homogeneização completa.
Por sua vez, os géis são preparações semissólidas, de aspecto coloidal,
que contêm agente gelificante (carboximetilcelulose, ágar-ágar, pectina,
alginato de sódio, etc.) para fornecer firmeza à solução ou dispersão
(SAAD et al., 2018). No Formulário Fitoterápico Nacional (BRASIL, 2011), são
descritas cinco monografias de géis, dentre elas o gel de babosa (Aloe
vera (L.) Burm. f.). Para o preparo desse gel, 10 mL de extrato glicólico de
babosa devem ser transferidos para recipiente adequado e incorporado
em gel hidroalcóolico q.s.p. (100 g), misturando-se até homogeneização
completa. O gel hidroalcóolico (álcool gel) possui em sua composição
ácido etilenodiamino tetra-acético dissódico (EDTA), glicerina, solução
14 Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos

conservante de parabenos, álcool etílico 70%, carbômero 980 (polímero


carboxivinílico) e trietanolamina 50% (BRASIL, 2011).
As pomadas são preparações semissólidas, de consistência pastosa, que
consistem em solução ou dispersão do princípio ativo em base adequada,
geralmente não aquosa, como vaselina e lanolina (SAAD et al., 2018). No
Formulário Fitoterápico Nacional (BRASIL, 2011), é descrita uma formulação
de pomada-base de lanolina e vaselina, composta por lanolina anidra (30
g), butilhidroxitolueno (0,02 g) e vaselina sólida q.s.p (100 g). A partir dessa
pomada-base, podem ser produzidas pomadas de babosa, arnica (Arnica
montana L.), erva-baleeira (Cordia verbenacea DC.), dentre outras.
Os medicamentos fitoterápicos também podem ser consumidos como
preparações extemporâneas, definidas como formas que devem ser utiliza-
das em até 48 h após sua preparação. Elas geralmente são preparadas pelo
próprio paciente, o qual deve ser previamente orientando pelo médico e/ou
farmacêutico em relação ao seu preparo e utilização. O chá é a preparação
extemporânea mais popular.
Saad et al. (2018) lista algumas recomendações que devem ser seguidas para
a preservação da qualidade da droga vegetal utilizada na preparação de chás:

„„ é recomendado lavar brevemente qualquer planta fresca em água


corrente antes de usá-las em chás;
„„ a água deve ser preferencialmente aquecida em vasilhas de vidro,
porcelana, barro ou aço inoxidável, evitando-se vasilhas de alumínio;
„„ a água deve ser tratada e/ou filtrada na preparação de chás;
„„ mesmo se preparado em grandes quantidades, o chá deve ser sempre
consumido no mesmo dia do preparo;
„„ no caso de folhas, flores e plantas aromáticas, fazer infuso;
„„ no caso de cascas, raízes e sementes, fazer decocção.

A arnica (Arnica montana L.) é um exemplo de preparação extempo-


rânea de uso externo, utilizada pela sua ação anti-inflamatória em
contusões e distensões, nos casos de equimoses e hematomas. O Formulário
de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2011) indica que a arnica
deve ser preparada por infusão considerando-se a fórmula:

flores secas ----- 3 g


água q.s.p. ------ 150 mL
Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos 15

As matérias-primas vegetais também são utilizadas na produção de cosmé-


ticos naturais, como produtos para pele e cabelo. Tais produtos têm ganhado
espaço na indústria cosmética e têm despertado interesse em consumidores
de todo o mundo. Devido à alta biodiversidade brasileira, empresas públicas
e privadas têm investido em pesquisas com o intuito de desenvolver novas
formulações que atendam à crescente demanda.
De acordo com o Sebrae (2008), algumas das substâncias naturais mais
utilizadas na produção de cosméticos naturais incluem:

„„ óleo de sementes de maracujá (Passiflora);


„„ óleo de andiroba (Carapas guianensis);
„„ óleo de buriti (Mauritia venifera);
„„ óleo de castanha-do-pará (Bertholletia excelsa H. B. K.);
„„ óleo de copaíba (Copaífera officinalis. Jacq.);
„„ óleo de pracaxi (Pentaclethra filamentosa);
„„ manteiga de cupuaçu (Theobroma grandiflorum);
„„ manteiga de muru-muru (Astrocaryum murumuru);
„„ manteiga de ucuúba (Virola sebifera);
„„ mel e derivados.

A partir do conteúdo abordado, percebe-se o crescente interesse na pro-


dução de medicamentos fitoterápicos. Tais medicamentos representam hoje
uma alternativa ao uso de medicamentos sintéticos, e sua aplicação clínica
tem sido incentivada também por órgãos federais. É importante conhecer os
diferentes métodos empregados na produção de extratos e óleos vegetais
a fim de adotar o método mais adequado para a extração, obtendo o maior
rendimento e pureza possíveis.

Referências
BERMAR, K. C. O. Farmacotécnica: técnicas de manipulação de medicamentos. São
Paulo: Érica, 2014. (Série Eixos).
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consolidado de normas de registro e
notificação de fitoterápicos. Brasília: Anvisa, 2018. Disponível em: http://portal.anvisa.
gov.br/documents/33836/2501251/Consolidado_fitoterapicos_2018.pdf/a2f53581-43e5-
47bb-8731-99d739114e10. Acesso em: 5 set. 2020.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de fitoterápicos da far-
macopeia brasileira. Brasília: Anvisa, 2011. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/
documents/33832/259456/Formulario_de_Fitoterapicos_da_Farmacopeia_Brasileira.
pdf/c76283eb-29f6-4b15-8755-2073e5b4c5bf. Acesso em: 5 set. 2020.
16 Medicamentos fitoterápicos líquidos e semissólidos

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n0 26, de 13 de maio


de 2014. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro e a noti-
ficação de produtos tradicionais fitoterápicos. Brasília: Anvisa, 2014. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/rdc0026_13_05_2014.pdf/
d6e5b9d7-dc13-46ce-bfaa-6af74e8a2703. Acesso em: 5 set. 2020.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n0 67, de 8 de outubro
de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Ofi-
cinais para Uso Humano em farmácias. Brasília: Anvisa, 2007. Disponível em: https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2007/rdc0067_08_10_2007.html. Acesso
em: 5 set. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: Rename
2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020.pdf. Acesso em: 5 set. 2020.
FONSÊCA, S. G. C. Farmacotécnica de fitoterápicos. Fortaleza: UFC, 2005. Disponível em:
https://farmacotecnica.ufc.br/wp-content/uploads/2019/11/farmacot-fitoterapicos.
pdf. Acesso em: 5 set. 2020.
SAAD, G. A. et al. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 2.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
SEBRAE. Cosméticos à base de produtos naturais: estudos de mercado Sebrae/ESPM.
São Paulo: SEBRAE, 2008. (Série Mercado). Disponível em: https://www.funcex.org.
br/material/redemercosul_bibliografia/biblioteca/ESTUDOS_BRASIL/BRA_167.pdf.
Acesso em: 5 set. 2020.
SOXHLET extractor. In: WIKIPEDIA. [S. l.: s. n.], 2019. Disponível em: https://en.wikipedia.
org/wiki/Soxhlet_extractor. Acesso em: 5 set. 2020.
VEGGI, P. C. Obtenção de extratos vegetais por diferentes métodos de extração: estudo
experimental e simulação dos processos. 2009. Dissertação (Mestrado) — Faculdade
de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/254860/1/
Veggi_PriscillaCarvalho_M.pdf. Acesso em: 5 set. 2020.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.

Você também pode gostar