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Teorico 2
Teorico 2
Material Teórico
Estrutura Interna, Deriva Continental e Tectônica Global
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Camila Moreno de Lima Silva
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Estrutura Interna, Deriva Continental e
Tectônica Global
• Deriva Continental;
• Os Pós-guerras e a Retomada da Deriva dos Continentes;
• A Expansão do Assoalho Oceânico;
• Tectônica Global ou de Placas.
· Esta unidade tem por objetivo apresentar o grande avanço que as inovações
tecnológicas e as novas teorias a respeito da Terra, em especial na geofísica,
produziram na Geologia.
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Unidade: Estrutura Interna, Deriva Continental e Tectônica Global
Contextualização
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Deriva Continental
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Unidade: Estrutura Interna, Deriva Continental e Tectônica Global
Fonte: tasaclips.com
O gelo desse episódio de glaciação não se encontra mais nesses locais, à exceção da An-
tártica, mas as suas marcas ainda podem ser reconhecidas. Em particular, podemos relacionar
as estrias por abrasão que a geleira em movimento produz nos afloramentos rochosos (Figura 3),
bem como os sedimentos glaciais e algumas evidências de remoção ou erosão por geleiras.
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Figura 3 – Pavimento estriado de Witmarsum, Paraná, Brasil.
Similar aos observados por Wegener
Fonte: 3.bp.blogspot.com
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Unidade: Estrutura Interna, Deriva Continental e Tectônica Global
Ao contrário do que ele imaginava, sua teoria foi recebida com ressalvas pelas comunidades
científicas europeia e americana. Algumas reações mostraram até certa hostilidade, como foi o
caso de Rollin T. Chamberlin, da Universidade de Chicago, que apelidou a teoria de Wegener
de Footloose – uma coisa capaz de circular livremente e fazer, ou ser, o que quiser, devido à
falta de responsabilidades ou compromissos.
Parte do problema identificado por seus críticos foi o fato de Wegener não ter atribuído
a força natural que seria capaz de mover os continentes. Acreditava que o movimento dos
continentes podia estar associado à gravitação da Lua, do Sol e da força centrífuga, pelo
movimento de rotação da Terra ao redor de si, e não à forças internas, ou endógenas à crosta.
Em sua última expedição à Groenlândia, em 1930, aos 50 anos, Wegener veio a óbito por
hipotermia. Após a sua morte, a sua teoria foi relegada ao esquecimento.
A exceção fica por conta do geólogo britânico Arthur Holmes que, após tantas discussões
sobre a falta de um “motor” para mover os continentes, em 1928, afirmou que “correntes
de convecção” térmicas ascendentes, que ocorrem abaixo da crosta terrestre, na astenosfera,
arrastaram as duas partes separadas do continente original, expandindo o assoalho oceânico.
Após migrarem por baixo das partes separadas, formavam montanhas nas margens daquelas,
onde as correntes assumiam trajetórias descendentes.
O princípio de Holmes é muito simples: se um fluido tem contato com duas áreas com
temperaturas diferentes, ele entra em uma fase de movimento rotacional alternando de um
ambiente para outro (Figura 5). O movimento do fluido repercute no movimento das estruturas
que flutuam nele.
Fonte: ic.sunysb.edu
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Os Pós-guerras e a Retomada da Deriva dos Continentes
As duas grandes guerras mundiais produziram o maior número de perdas de vidas humanas
da história, mas deixaram um legado de inovações que, após o término dos conflitos, passou
a ser utilizado para a pesquisa de novos recursos materiais e no desenvolvimento científico.
Os sonares, por exemplo, desenvolvidos para detectar a presença de submarinos inimigos,
começaram a ser usados para o mapeamento do assoalho oceânico. Esse mapeamento revelou
um relevo bastante acidentado, formado por grandes bacias sedimentares entremeadas por
verdadeiras cadeias montanhosas submersas: as cordilheiras ou dorsais meso-oceânicas.
Como boa parte do trabalho de mapeamento se concentrava no Oceano Atlântico, em
pouco tempo os geofísicos já tinham a exata medida da Dorsal Mesoatlântica, um sistema de
montanhas alinhadas do norte ao sul do Atlântico com duas características decisivas para as
teses de mobilidade da crosta:
· O assoalho oceânico do Atlântico era composto por rochas com idades entre 150 e
200 milhões de anos apenas, diferentemente das encontradas na crosta continental, que
podem ter idades superiores a 1 bilhão;
· A zona central da Dorsal Mesoatlântica e das outras dorsais mapeadas em seguida
era caracterizada por uma fenda, denominada de Rift, que concentra a maior parte
dos sismos que ocorrem nessa região do mundo, indicando que se tratar de uma área
sismicamente ativa.
Fonte: redorbit.com
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Unidade: Estrutura Interna, Deriva Continental e Tectônica Global
O resultado foi um surpreendente escalonamento das idades das rochas que, quanto mais
próximas da dorsal, mais jovens são (Figura 7).
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Figura 7 – Idades (em milhões de anos) do assoalho do Oceano Atlântico
Fonte: 3.bp.blogspot.com
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Unidade: Estrutura Interna, Deriva Continental e Tectônica Global
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A Expansão do Assoalho Oceânico
a) cerca de 5 milhões
de anos;
b) cerca de 2 ou 3
milhões de anos;
c) atualidade.
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Fonte: whybecausescience.files.wordpress.com
Note que, assim como afirmava Hess, as variações determinadas pelo comprimento da seta
vão de pouco mais de 1 cm/ano a pouco menos de 10 cm/ano. Podemos observar e comparar a
direção e a velocidade do movimento da placa que abriga a América do Sul com as demais placas.
A seta que indica a direção e a velocidade do movimento regional, apesar de muito pequena,
indica um deslocamento para noroeste de alguns centímetros por ano, o que é um forte
indicativo de mobilidade, ou seja, de sismicidade regional. Mas, há sismos no Brasil?
Os registros mais significativos que temos são apresentados no Quadro 1. Observe que
não há uma área específica para as ocorrências sísmicas. Em registros de praticamente todas
as regiões, a magnitude dos sismos em geral é baixa por conta da distância em relação às
margens onde há colisão e separação.
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Quadro 1 – Os maiores sismos registrados no país (em magnitude Richter que vai de <2 a >10)
Data Localidade Magnitude
27/01/1922 Mogi - Guaçu, SP 5.1
28/06/1939 Tubarão, SC 5.5
31/01/1955 Serra do Tombador, MT 6.2
28/02/1955 Litoral Vitória, ES 6.1
13/12/1963 Manaus, AM 5.1
13/02/1964 NW Mato Grosso do Sul 5.4
20/11/1980 Pacajus, CE 5.2
05/08/1983 Codajás, AM 5.5
30/11/1986 João Câmara, RN 5.1
10/03/1989 João Câmara, RN 5.0
13/02/1990 Plataforma, RS 5.0
10/03/1998 Porto dos Gaúchos, MT 5.2
23/03/2005 Porto dos Gaúchos, MT 5.0
31/10/2007 Plataforma, AP 5.2
24/04/2008 São Vicente, SP 5.2
Fonte: Arquivo Sísmico Brasileiro apud Veloso (2013, p. 56)
A relativa ou aparente estabilidade que o Brasil apresenta também tem a ver com a teoria
da Isostasia. Essa teoria defende que a crosta menos densa, constituída basicamente de silício e
alumínio, flutua sobre a astenosfera, mais densa e constituída de silício e magnésio. As porções
mais espessas da crosta (o Brasil se situa em uma dessas) seriam mais estáveis e, por isso,
menos suscetíveis a sismos e vulcões (Figura 11).
Fonte: whybecausescience.files.wordpress.com
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Fonte: web.letras.up.pt
Em 1968, foi lançado um dos artigos mais importantes para a explicação da delimitação de
mobilidade da crosta terrestre, autoria de William Jason Morgan, intitulado Rises, trenches,
great faults, and crustal block (Ascensão, fossas, grandes falhas e blocos crustais).
No artigo mencionado, Morgan dividiu a superfície da Terra em 20 unidades (Figura 13)
ou placas tendo, ainda, subdividido os contatos entre elas em três tipos de margens, as quais
detalharemos em seguida.
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Margens construtivas ou divergentes
As chamadas margens construtivas estão sobre as zonas de movimento ascencional e
divergente das correntes de convecção na astenosfera. Já vimos que o resultado da ação das
correntes divergentes é gerar a massa constituinte das crostas oceânicas, ou seja, a expansão
do assoalho oceânico.
Nessas regiões ocorre sismicidade razoavelmente intensa devido à ascensão de material
magmático que empurra as duas margens continentais novas em direções distintas, sendo esse
o motivo pelo qual são chamadas de construtivas.
Um dos exemplos mais relevantes de margem construtiva é o rifteamento que está ocorrendo
na região da superfície que compreende o leste do continente africano e o sul da Península
Arábica (Figura 14).
Fonte: web.arc.losrios.edu
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Unidade: Estrutura Interna, Deriva Continental e Tectônica Global
Observe na Figura 15 que, por conta da diferença de densidade, uma das placas mergulha na
direção da astenosfera, enquanto a outra é soerguida, sofrendo deformações do tipo dobramentos
nas rochas mais próximas a sua margem. Pode ocorrer nesses casos a formação de vulcões, por
onde parte do material incandescente sobe podendo ser expelido pelas crateras deles.
Esses contatos entre placas convergentes são chamados de destrutivos, pois, enquanto
uma das margens, em geral a mais densa, mergulha ou é subduzida em direção à astenosfera,
fundindo-se ao material incandescente, do outro lado, a margem confrontada é soerguida,
sofrendo deformações que a transformam completamente do ponto de vista químico e físico,
com o aparecimento de dobramentos, falhas, fraturas e diáclases.
São inúmeras as áreas da crosta terrestre onde este fenômeno pode ser observado. Como
exemplo, podemos citar fenômenos orogenéticos como a Cadeia de Montanhas dos Andes na
América do Sul, os Alpes na Europa e a Cadeia do Himalaia que tem a montanha mais alta do
mundo, o Monte Everest – com 8.848m de altitude –, todos classificados como resultantes de
dobramentos modernos das bordas menos densas da crosta terrestre.
A Cadeia ou Cordilheira do Himalaia resulta então da ascensão da margem sul da Ásia, por
conta da subducção ou do mergulho da Índia sob aquela (Figura 16).
Fonte: bc.outcrop.org
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Observando o esquema à esquerda, nota-se que ele representa a trajetória executada pelo
subcontinente indiano desde o antigo supercontinente Gondwana, no Hemisfério Sul da Terra,
até chocar-se com a Ásia, no Hemisfério Norte. Isso tem a ver com o movimento e o sentido
da corrente de convecção que atua sob aquela região da Terra.
Os arcos de ilhas como o arquipélago do Japão – erguido pelo contato destrutivo entre as
placas das filipinas, norte-americana e euro-asiática, entre outras – são outro tipo de movimento
de margens destrutivas, embora, nesse caso específico, a margem confrontada encontra-se
muito profundamente mergulhada no oceano e a borda confrontante soergue e dobra apenas
a porção mais imediatamente próxima do contato.
Trata-se de uma faixa de terras de topografia irregular, suscetíveis a toda sorte de fenômenos
sísmicos, vulcânicos e, ainda, podendo ser atingida por Tsunamis resultantes da energia
dos choques entre as placas submersas, que repercutem na água do oceano, tendo como
consequência os maremotos.
As falhas transcorrentes, embora não possam ser reconhecidas como fruto de movimento
convergente e nem divergente da astenosfera, podem ser consideradas muito instáveis do ponto
de vista sísmico. A Califórnia já foi afetada por terremotos provocados pelo movimento da
Falha de San Andreas, que trouxeram muitas perdas humanas e transtornos socioeconômicos.
A Figura 18 é uma síntese comparativa entre os três tipos de margens observados nos
tópicos anteriores.
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Unidade: Estrutura Interna, Deriva Continental e Tectônica Global
Fonte: ufrr.br
Até este ponto da leitura, pode parecer que estamos tratando de temas independentes
entre si, mas isso se deve ao fato de em nenhuma das referências anteriores ser apresentada
a totalidade dos fatos, como Isacks, Oliver e Sykes fizeram em 1968, na obra Seismology and
the New Global Tectonics (Sismologia e nova tectônica global – ou tectônica de placas).
O artigo é uma reunião das principais teorias e experimentos sobre os movimentos crustais
até então desenvolvidos e comprovados cientificamente, mas que, como salientado acima, não
estabeleciam relações entre si.
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Podemos observar na Figura 19 que as camadas estão distribuídas de acordo com as densidades,
estados da matéria e temperaturas. Essas informações foram obtidas a partir de testes de laboratório,
nos quais foram feitos diversos experimentos com a velocidade das ondas sísmicas.
Como dissemos acima, esse modelo foi criado em laboratório, ou seja, não houve verificação
em campo dos resultados apresentados, pois seria impossível, ao menos atualmente, a nós
penetrarmos no interior da Terra. Na Figura 19, vemos que a cerca de 100 km de profundidade
a temperatura já é de 1.000 °C e a densidade da matéria, praticamente, dobra.
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Material Complementar
Leituras:
História Geológica do Oceano Atlântico:
http://www.sbpcnet.org.br/livro/65ra/PDFs/arq_2136_791.pdf
Alfred Wegener e a Revolução Copernicana da Geologia:
https://bit.ly/3X2ugwq
Sites:
Glossário de Termos Geológicos (MINEROPAR):
http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.php?conteudo=A
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Referências
PRESS, F.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J.; JORDAN, T. H. Para Entender a Terra. 4. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2006.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.
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Anotações
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