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ATIVIDADES DE REVISÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 7º ANO DE ESCOLARIDADE

1º SEMANA

Educação Física
Leia a reportagem a seguir:
A violência no futebol como um retrato do Brasil
Pisoteamento, arrastão, empurra-empurra, agressões, vandalismo e até mesmo furto a um
torcedor que estava caído no asfalto após ter sido atropelado nas imediações do
Maracanã. As cenas de selvageria protagonizadas no último dia 13 de dezembro, quando o
Flamengo recebeu o Independiente pela final da Copa Sul-Americana, tiveram como estopim
uma invasão de milhares de torcedores sem ingresso, que furaram o bloqueio policial e
transformaram o maior estádio do Brasil em terra de ninguém. Um reflexo não só do quadro de
insegurança que assola o Estado do Rio de Janeiro, mas também de como a violência social se
embrenha pelo esporte mais popular do país. Em 2017, foram registrados 104 episódios
violentos relacionados ao futebol brasileiro, que resultaram em 11 mortes de torcedores –
outros sete casos ainda estão sob investigação.
Os dados são fruto de um levantamento anual realizado pela Pesquisa de Mestrado da
Universo, coordenada por Mauricio Murad, professor e doutor em sociologia do esporte, que
estuda o comportamento de torcidas. “Os distúrbios mais recentes no Maracanã apenas
confirmam a incapacidade das autoridades em lidar com a violência no futebol”, afirma o
pesquisador. Após o incidente na final da Sul-Americana, o Flamengo foi denunciado pelo
Tribunal de Disciplina da Conmebol e pode ser punido com multa, perda de mando de campo
ou até exclusão de campeonatos.
Não foi a primeira vez que a violência ofuscou o futebol no Rio de Janeiro este ano. Em
fevereiro, um torcedor do Botafogo acabou assassinado com um espeto de churrasco por
flamenguistas perto do estádio Engenhão. Cinco meses depois, um vascaíno morreu depois de
levar um tiro no tórax em confronto entre organizadas e a PM no entorno de São Januário. O
Maracanã foi palco de conflito semelhante em setembro, na final da Copa do Brasil entre
Flamengo e Cruzeiro. Mas a confusão de 13 de dezembro é emblemática pelo fato de
aproximadamente 8.000 torcedores terem invadido o estádio, segundo a polícia, em ação
premeditada por torcidas organizadas – uma delas, a Jovem do Flamengo, já havia sido banida
de jogos por envolvimento em brigas.
Às vésperas da final da Sul-Americana, a Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou a
última parte da Operação Limpidus, que investiga torcidas e clubes suspeitos de repassar
ingressos para cambistas. Foram cumpridos 14 mandados de prisão contra dirigentes e
integrantes de organizadas. Desde 1995, quando 101 torcedores ficaram feridos e um morreu
durante uma batalha campal no Pacaembu, autoridades brasileiras têm focado as ações de
enfrentamento à violência no futebol em grupos uniformizados, alguns deles proibidos de
frequentar estádios após terem membros envolvidos em episódios violentos. Porém, de acordo
com especialistas, a postura meramente repressiva contra torcidas organizadas se mostra
ineficaz no contexto de uma sociedade que registra mais de 61.000 homicídios por ano e tem
a terceira maior população carcerária do mundo.
“Existem a via da repressão e a via da prevenção”, afirma Bernardo Buarque de Hollanda,
pesquisador e professor de ciências sociais da Fundação Getúlio Vargas. “O ideal seria
dosar as duas coisas, mas, no Brasil, tem prevalecido a via da repressão, ao contrário de
outros países que estão conseguindo bons resultados com trabalhos preventivos no futebol,
como Alemanha e Colômbia. E a repressão indiscriminada, sem separar agressores de
torcedores, acontece através de inúmeras tentativas de asfixiar as torcidas organizadas,
qualificando seus membros como pessoas predispostas ao enfrentamento. Isso gera um efeito
colateral, que é o aumento do nível de beligerância nos estádios, acirrando a tensão entre
torcidas e a polícia.”
Mauricio Murad, que é autor do livro A violência no futebol: novas pesquisas,
novas ideias, novas propostas, classifica o episódio como mais uma mostra de como “o
torcedor é maltratado e humilhado nos estádios brasileiros. Tumultos como o do Maracanã
também expõem uma polícia desaparelhada e despreparada para resguardar os direitos de
torcedores. É impossível dissociar a escalada de violência no futebol do panorama de
desordem pública, social, econômica e política vivido pelo país, especialmente no Rio de
Janeiro".
Em setembro, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou uma proposta
que prevê alterações no Estatuto do Torcedor, como penas mais rígidas para integrantes de
torcidas envolvidos em conflitos e a restrição do repasse de recursos financeiros às
organizadas. O projeto ainda será analisado em outras comissões antes de ir à votação, mas já
despertou o repúdio da Associação Nacional de Torcidas Organizadas (Anatorg) e críticas até
mesmo de juristas ligados ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que não veem a
criminalização indistinta de grupos de torcedores como solução para a violência no futebol.
“Os clubes precisam participar ativamente do processo de formação e fomento de suas torcidas
organizadas. Eles devem ser protagonistas no esforço de separar criminosos de torcedores, e
não só as autoridades públicas”, diz Paulo Schimitt, ex-procurador-geral do STJD.
Para André Azevedo, presidente da Anatorg, propostas como a que tramita no Senado,
em vez de recomendar punições individuais a infratores, generalizam movimentos de torcidas.
“O Brasil é um país violento”, argumenta Azevedo. “Assim como em outras áreas, inclusive na
política e na polícia, há pessoas agressivas e de má índole nas organizadas. Isso não significa
que todos os torcedores sejam bandidos. Infelizmente, por certo preconceito difundido pela
mídia em geral, que tratam torcidas como grupos de vândalos, os integrantes que querem
somente promover a festa nos estádios acabam sendo reprimidos e tachados de maneira
injusta.”
Lideranças de torcidas organizadas defendem, além das penas individualizadas, maior
controle das forças de segurança no acesso aos estádios para evitar confrontos, incluindo a
identificação de torcedores por biometria que começou a ser implementada em estádios como a
Arena da Baixada, em Curitiba.

QUESTÃO 1 - Leia a reportagem e faça uma análise dos seguintes pontos:

a) Em sua opinião, porque existe tanta violência nos esportes, principalmente no


futebol?

b) Você concorda com o posicionamento do autor da reportagem?

c) Quais medidas você acha que precisam ser tomadas para diminuir a violência nos esportes?
As atividades de Educação Física do 7º Ano de Escolaridade foi umauma
foram colaboração
colaboração
da Professora da Rede Municipal de Ensino de Três Rios:

ANA PAULA RIBEIRO FURTADO

FONTE DE PESQUISA:
PIRES, Breiller; A violência no futebol como um retrato no Brasil. Jornal El País, São Paulo, 31
de dezembro de 2017. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/28/deportes/1514427700_914142.html.

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