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LEGISLAÇÃO

PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.613/1998 – Crimes
de Lavagem de Dinheiro

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro

Sumário
Sérgio Bautzer

Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro................................................................ 3


Lavagem de Capitais – Lei n. 9.613/1998.................................................................................... 3
Fases da Lavagem de Dinheiro.. .................................................................................................... 5
Dos Crimes de “Lavagem” ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores................................... 6
Disposições Processuais Especiais.. ...........................................................................................19
Competência da Justiça Estadual................................................................................................21
Dos Efeitos da Condenação......................................................................................................... 38
Dos Bens, Direitos ou Valores Oriundos de Crimes Praticados no Estrangeiro...............40
Das Pessoas Sujeitas aos Mecanismos de Controle.............................................................. 42
Da Identificação dos Clientes e Manutenção de Registros..................................................44
Da Comunicação de Operações Financeiras............................................................................44
Da Responsabilidade Administrativa........................................................................................ 45
Do Conselho de Controle de Atividades Financeiras.. ............................................................46
Disposições Gerais.. ....................................................................................................................... 47
Resumo.............................................................................................................................................49
Mapas Mentais................................................................................................................................51
Questões de Concurso.................................................................................................................. 52
Gabarito............................................................................................................................................ 78
Gabarito Comentado..................................................................................................................... 79
Referências.................................................................................................................................... 132

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

LEI N. 9.613/1998 – CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO


Caro(a) aluno(a), eu sou o Professor Sérgio Bautzer e, nesta aula, vamos fazer uma incur-
são na Lei de Lavagem de Capitais, também como conhecida como Lei de Lavagem de Dinhei-
ro. A Lei n. 9.613/1998 dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e
valores. Rege ainda a prevenção da utilização do sistema financeiro para os crimes de lavagem
de dinheiro e cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF.
O assunto é recorrente em provas de concurso. Há muita interface com outras legislações
de direito penal e processual penal, haja vista que a lavagem ocorre dentro de um contexto
criminoso que envolve diversificadas organizações criminosas e longas cadeias de atividades
criminosas, como o tráfico de drogas, a exploração sexual, os crimes de corrupção passiva e
fraudes à licitação, entre outros.
Ademais, a legislação vem passando por reformas sucessivas, o que deixa o tema ainda
mais atual. Em 2012, ocorreram alterações profundas na norma para tornar mais eficiente a
persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro. Em 2019, o Pacote Anticrime inseriu a
ação controlada e a infiltração de agentes como técnicas de investigação possíveis para a la-
vagem de dinheiro. Atentemo-nos ao fato de que a criminalidade organizada utiliza a lavagem
de dinheiro para justificar seus ganhos e evitar a rastreabilidade do produto do crime. A nova
legislação estabelece vínculos entre a Lei de Lavagem de Capitais e a Lei das Organizações
Criminosas no que se refere às técnicas de investigação.
A lei não é das mais extensas, mas há muito o que ser estudado. Importante, também, a
leitura da Jurisprudência em Teses do STJ, principalmente as de número 166 e 167.
Em caso de dúvida, você poderá participar da aula por meio do fórum de dúvidas do Gran
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Lavagem de Capitais – Lei n. 9.613/1998


Com o surgimento de novas formas de criminalidade, em especial no anos 80 e 90 e nesse
início de século XXI, tais como o tráfico de drogas, o terrorismo, o crime organizado, o tráfico
de pessoas, os espaços de negociação entre os Estados se ocuparam de traçar novas estra-
tégias para repressão à criminalidade transnacional. A Lei de Lavagem de Capitais é caso em-
blemático entre as legislações formuladas nesses espaços. Com a participação do Brasil no
Grupo de Ação Financeira sobre a Lavagem de Dinheiro (GAFI), foi então incorporada ao direito
interno pela Lei n. 9.613/1998.
O GAFI foi criado pelos chefes de Estado dos países que compõem o G-7 (Canadá, França,
Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) e pelo Presidente da Comissão das
Comunidades Europeias em julho de 1989. Nos anos que se seguiram, outros países foram
incluídos, como o Brasil. No âmbito do GAFI, foi traçada a estratégia de combate à lavagem de
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dinheiro: a construção do tipo penal, o modo de detectá-la no ambiente de anonimato e a ve-


locidade do sistema financeiro, a difusão de um modelo para todos os países que dispõem de
centros financeiros e a monitoração e a implementação do modelo nos mais distintos países,
bem como a atualização permanente do modelo em face da dinâmica do sistema financeiro,
das novas operações, dos novos tipos de fundos etc.
O texto da Convenção de combate ao tráfico ilícito de entorpecentes colocou a ideia que
serviu de base para a estruturação do sistema antilavagem de dinheiro:

O tráfico ilícito gera grandes lucros financeiros e riqueza, permitindo às organizações criminosas
transnacionais penetrar, contaminar e corromper as estruturas de governo, o comércio e os negó-
cios financeiros legítimos e a sociedade em todos os seus níveis. [...]. A ligação entre o tráfico ilícito
e outras atividades criminais organizadas enfraquece as economias legítimas e ameaça a estabili-
dade, a segurança e a soberania dos Estados (ONU, 1988, Preâmbulo).

Em que pese o desenho da estratégia de combate à lavagem de dinheiro ter nascido no


contexto da repressão ao tráfico de drogas, a sistemática de ocultação de recursos ilícitos foi
aplicada em diversos outros contextos de criminalidade.
O Brasil incorporou as diretrizes de combate à lavagem de dinheiro com a ratificação da
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Transnacional. Também conhecida como Con-
venção de Palermo, teve o seu processo de ratificação concluído com a promulgação do De-
creto n. 5.015, de 12 de março de 2004.
Com a ratificação da Convenção, o Brasil se comprometeu com a construção do tipo penal
e do sistema antilavagem, aprovando uma legislação edificada sobre os seguintes pilares: tor-
nar autônoma a investigação do crime de lavagem em relação aos crimes antecedentes, foca-
lizando a movimentação e a ocultação de bens; atribuir aos operadores do sistema financei-
ro a obrigação de identificar clientes e comunicar atividades suspeitas; e criar uma agência
governamental responsável por definir critérios de suspeição, centralizar as comunicações e
repassá-las para as demais autoridades nacionais e estrangeiras que atuam na investigação
de crimes (unidades de inteligência financeira). No Brasil, foi criado o COAF no Ministério da
Fazenda para cumprir o papel dessa agência governamental.
A Lei n. 9.613/1998 consolidou esses pilares mesmo antes da ratificação da Convenção
de Palermo, adotando as diretrizes que já estavam traçadas no plano internacional, com fun-
damento na Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas
já ratificada.

 Obs.: Em 2019, vimos o COAF ser objeto de disputa política entre os Ministérios da Econo-
mia (novo Ministério da Fazenda) e da Justiça, ambos interessados nas informações
estratégicas monitoradas pelo Conselho. Do resultado dessa disputa, o COAF foi rees-

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truturado pela Lei n. 13.974/2020, sendo inserido na estrutura do Banco Central, que
tem natureza autárquica. Mas a vinculação com o BC é somente administrativa, porque
ao COAF foi assegurada autonomia técnica e operacional (art. 2º da referida lei).

As diretrizes internacionais incorporadas pela Lei n. 9.613/1998 se preocupavam ainda


com a instituição de medidas para possibilitar o confisco do proveito econômico das ativida-
des ilícitas de lavagem de dinheiro e das infrações penais conexas, contemplando quaisquer
bens, direitos e valores direta ou indiretamente advindos dos crimes. Inclusive, foram adotadas
medidas para permitir a cooperação internacional para facilitar o confisco de bens adquiridos
no estrangeiro.

Fases da Lavagem de Dinheiro


As atividades de lavagem de dinheiro consistem em um conjunto articulado de operações
financeiras e transações comerciais. Para facilitar as estratégias de investigação e repressão
dos crimes de lavagem, tais atividades foram organizadas em três fases, que veremos a seguir
com mais detalhes.

Fase da Colocação, da Introdução ou da Conversão

A colocação se refere à introdução do dinheiro sujo que, não raro, é dinheiro vivo, no sis-
tema econômico (placement). Pode se dar por meio de transferências bancárias, compra de
moeda estrangeira, aplicações financeiras etc. Pode ocorrer ainda por meio da transferência
dos valores para outro local, com a utilização de contas em paraísos fiscais e centros offsho-
res, que possuem sistema financeiro liberal, com menor nível de controle sobre operações
financeiras.
Nessa fase, pode atuar tanto o agente do crime antecedente quanto terceira pessoa. Na
primeira hipótese, o agente do crime antecedente, por iniciativa própria, efetua as ações de co-
locação do produto do crime no sistema econômico-financeiro. Na segunda, o agente se vale
de terceira pessoa. Os autores da atividade de lavagem de dinheiro se tornam especialistas em
técnicas sofisticadas e dinâmicas, tais como o fracionamento de valores que transitam pelo
sistema financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que trabalham com dinheiro
em espécie.
Lembre-se de que o sistema financeiro nacional é operado por um conjunto amplo e diver-
sificado de instituições além dos bancos, incluindo bolsas de valores, cooperativas de crédito,
bolsas de mercadorias e futuros, corretoras e distribuidoras, seguradoras, entidades de previ-
dência, sociedades de capitalização, entre outras. A Lei n. 9.613/1998, atenta ao uso dessas
modalidades de negócios, instituiu mecanismos de controle da atuação dessas empresas,

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disciplinados em seus arts. 9, 10 e 11. Sugerimos que você se aproprie desse conteúdo por
meio do seu estudo de lei seca.

Fase da Ocultação, da Dissimulação ou da Acomodação

Em seguida, o agente realiza operações com a finalidade de desassociar o dinheiro de sua


origem ilícita, passando por uma série de transações, conversões e movimentações diversas.
Quanto mais complexo esse procedimento, mais difícil será o rastreamento do dinheiro e a
demonstração de sua conexão com a origem criminosa (layering, empilage).
Nessa fase, é comum a realização de inúmeras transferências eletrônicas para contas anô-
nimas, típicas de países classificados como paraísos fiscais, em razão da maior proteção dada
ao sigilo bancário. É frequente ainda a utilização de contas abertas em nome de “laranjas” ou
utilizando empresas “de fachada”, que só existem formalmente, sem de fato produzir bens
ou serviços.

Fase da Integração ou da Reinversão

Por fim, o produto do crime é reintroduzido no sistema econômico-financeiro regular (inte-


gration). Nessa fase, as organizações criminosas investem os recursos lavados em empreen-
dimentos comerciais regulares, muitas vezes com a finalidade de facilitar suas atividades cri-
minosas. Cria-se um complexo de negócios de pequeno e médio portes que prestam serviços
entre si, simulando um mercado regular para legitimar a atividade lucrativa de origem ilícita.
Imagine que esse ciclo envolve uma longa cadeia de transações que transpassa as frontei-
ras dos países e, em maior ou menor grau, afeta os sistemas de justiça e a ordem econômica
dos países em que atuam as organizações criminosas de tráfico de drogas, terrorismo, tráfico
de pessoas etc.

Dos Crimes de “Lavagem” ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores


Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-
dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
I – (revogado); (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
II – (revogado); (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
III – (revogado); (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
IV – (revogado); (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
V – (revogado); (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
VI – (revogado); (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
VII – (revogado); (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
VIII – (revogado). (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)

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§ 1º Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valo-
res provenientes de infração penal: (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
I – os converte em ativos lícitos;
II – os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimen-
ta ou transfere;
III – importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.
§ 2º Incorre, ainda, na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
I – utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração
penal; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
II – participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal
ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei.
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal.
§ 4º A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos
de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. (Redação dada pela Lei n. 12.683,
de 2012)
§ 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaber-
to, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de
direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando
esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, co-
autores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada
pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admite-se a utilização da ação controlada e
da infiltração de agentes. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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Tipificação da Lavagem de Capitais na Legislação Brasileira

A Lei n. 9.613/1998 define o crime de lavagem de dinheiro no artigo 1º, supracitado, que
pode ser analisado da seguinte forma:
Rol taxativo x rol de extensão indefinida: quando da edição da Lei n. 9.613/1998, sua re-
dação original atrelava a lavagem a um rol taxativo de crimes antecedentes, entre eles, os
praticados por organizações criminosas, sem, no entanto, defini-las. Esse modelo de tipifica-
ção da lavagem de dinheiro, ou seja, a adoção de um rol taxativo de crimes antecedentes diz
respeito à primeira fase da tipificação da lavagem ou primeira geração de leis de lavagem de
capitais. Houve muita polêmica à época porque um dos crimes do rol taxativo era o de inte-
grar organização criminosa. Mas, até então, não havia definição legal de crime de organização
criminosa. A definição legal de organização criminosa sempre foi tema tormentoso, ainda no
âmbito do GAFI. A celeuma foi superada pela Lei n. 12.683/2012, que revogou o rol taxativo
dos crimes antecedentes (incisos I a VIII do art. 1º) e passou a prever como crime antecedente
qualquer infração penal, independentemente de ter sido praticada por organização criminosa.
A doutrina classifica o rol mais aberto como rol de extensão indefinida, haja vista que qualquer
infração penal, seja crime ou contravenção, pode servir de pressuposto do crime de lavagem
de capitais. Esse modelo de tipificar a lavagem faz parte da terceira geração de legislação de
lavagem de capitais.

 Obs.: A segunda geração diz respeito a um rol mais aberto, mas que segue um critério de
classificação dos crimes mais graves, como, por exemplo, crimes com pena mínima
superior a 2 anos.

Ademais, a Lei n. 12.850/2013 trouxe definição de organização criminosa e prática de


lavagem de dinheiro por intermédio de organização dessa natureza passou a ser causa de
aumento de pena, de um a dois terços (art. 1º, § 4º, da Lei n. 9.613/1998). Para as acusações
de lavagem de dinheiro tendo como pressuposto o crime de organização criminosa cujos fa-
tos narrados se deram antes da edição da Lei n. 12.850/2013, a conclusão pela jurisprudência
se deu, pela atipicidade da conduta (confirmar), em respeito ao princípio da anterioridade, de
modo que, somente após a nova Lei das Organizações Criminosas, é que pudemos ter a im-
putação de lavagem de dinheiro com base exclusivamente na participação em organização
criminosa.

JURISPRUDÊNCIA
2. Nos termos do entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, o tipo penal do
inciso VII do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, na redação anterior à Lei n. 12.683/2012, não
incide aos fatos praticados durante sua vigência, já que ausente norma tipificadora do
conceito de organização criminosa, por força do princípio da anterioridade da lei penal,

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insculpido nos arts. 5º, XXXIX, da CF, e do 1º do CP, que apenas admite a retroatividade
da lei penal mais benéfica ao réu.
3. A Sexta Turma do STJ, seguindo a orientação do STF, adotou o entendimento de que a
ausência de descrição normativa de organização criminosa, antes do advento da Lei n.
12.850/2013, conduz à atipicidade da conduta prevista no art. 1º, VII, da Lei n. 9.613/1998.
4. A ausência de descrição normativa do conceito de organização criminosa, à época dos
fatos, anteriores à Lei n. 12.850/2013, impede seu reconhecimento, não só como crime
antecedente da lavagem de dinheiro mas também para caracterizar as hipóteses equipa-
radas, descritas nos §§ 1º e 2º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, em observância ao princí-
pio da irretroatividade da lei penal, inscrito no art. 1º do CP. (REsp 1482076/CE, Min. Nefi
Cordeiro, 6ª T., j. em 2/4/2019, DJe 10/4/2019)

A doutrina chama atenção à possibilidade de ocorrer a lavagem de capitais em cadeia, ou seja,


quando o crime anterior à lavagem de dinheiro é outro crime de lavagem. A essa característica
da lavagem de capitais de ter como pressuposto a prática de uma infração penal antecedente,
a doutrina denomina crime parasitário, já que é um crime que, apesar de autônomo, não existe
de forma isolada.

A lavagem de dinheiro caracteriza-se, portanto, pelas ações destinadas a “transformar”


dinheiro sujo em dinheiro limpo, dissimulando ou ocultando a origem ilícita da vantagem rece-
bida com a prática de crimes. O caput do art. 1º traz esse conceito da atividade de lavagem de
dinheiro. A dissimulação ou ocultação pode ocorrer de inúmeras formas, que vão se moderni-
zando com a adoção de novas tecnologias, de modo que é impossível um rol pormenorizado
das operações destinadas à lavagem de dinheiro. Inclusive, nos casos concretos submetidos
ao Judiciário, tais operações são descritas como atividades que envolvem um “imbrincado
esquema de transações financeiras” ou a criação de um “emaranhado de empresas” com a
realização de múltiplas transações comerciais.
Sendo assim, a lei optou por, ao invés de minuciar as operações de lavagem de dinheiro, ti-
pificar qualquer conduta destinada à dissimulação ou ocultação. A doutrina aponta duas gran-
des categorias de atividades destinadas à dissimulação ou ocultação: a conversão de bens
e a movimentação de dinheiro, valores e direitos. A conversão de bens se dá com a utilização
do dinheiro obtido com as atividades ilícitas para aquisição de bens materiais cujos valores
são de difícil aferição, tais como obras de arte, veículos raros, objetos de colecionadores etc.
A dissimulação pode se dar ainda com a movimentação de dinheiro, valores e direitos, com a
emissão de títulos de crédito, compra de ativos financeiros e sua circulação de forma pulveri-
zada em contas diversas, fundos etc., com o propósito de dificultar o rastreamento da origem
ilícita dos recursos.

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No § 1º do art. 1º, o legislador descreve essas formas de realizar o tipo, constituindo con-
dutas equiparadas à dissimulação e ocultação. Como vimos, essas movimentações de recur-
sos perpassam uma complexa cadeia de atividades, que a doutrina classifica em três fases:
colocação, ocultação e integração, a serem detalhadas no tópico 3 desta aula.
No § 2º, observamos a intenção do legislador em tipificar a conduta de quem se beneficia
da atividade de lavagem de capitais, seja utilizando os recursos ilícitos (inciso I), seja partici-
pando de grupo, associação ou escritório sabendo de suas atividades ilícitas (inciso II). Desse
modo, ainda que o agente não realize as operações de lavagem de dinheiro, ele poderá respon-
der com as mesmas penas caso venha a se beneficiar do dinheiro lavado, conforme incisos I
e II do § 2º do art. 1º.
A configuração da lavagem independe de processo e condenação pela prática de infração
penal anterior. Bastam indícios suficientes de ocorrência do crime antecedente; não se faz
necessário provar o crime anterior. A afirmação decorre da própria lei (art. 2º, inciso II, da Lei
n. 9.613/1998, grifos nossos) e tem sido aplicada pela jurisprudência dos Tribunais Superiores
como princípio da autonomia do crime de lavagem de dinheiro:

JURISPRUDÊNCIA
5. O processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro é regido pelo Princípio
da Autonomia, não se exigindo, para que a denúncia que imputa ao réu o delito de lava-
gem de dinheiro seja considera apta, prova concreta da ocorrência de uma das infrações
penais exaustivamente previstas nos incisos I a VIII do art. 1º do referido diploma legal,
bastando a existência de elementos indiciários de que o capital lavado tenha origem em
algumas das condutas ali previstas. 6. A autonomia do crime de lavagem de dinheiro via-
biliza inclusive a condenação, independentemente da existência de processo pelo crime
antecedente. 7. É o que dispõe o artigo 2º, II, e § 1º, da Lei n. 9.613/1998: “O processo
e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: II – independem do processo e julgamento
dos crimes antecedentes referidos no artigo anterior, ainda que praticados em outro país;
§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência do crime antece-
dente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de
pena o autor daquele crime.” 8. A doutrina do tema assenta: “Da própria redação do dis-
positivo depreende-se que é suficiente a demonstração de indícios da existência do crime
antecedente, sendo desnecessária a indicação da sua autoria. Portanto, a autoria igno-
rada ou desconhecida do crime antecedente não constitui óbice ao ajuizamento da ação
pelo crime de lavagem. [...]. Na verdade, a palavra ‘indício’ usada na Lei de Lavagem repre-
senta uma prova dotada de eficácia persuasiva atenuada (prova semiplena), não sendo
apta, por si só, a estabelecer a verdade de um fato, ou seja, no momento do recebimento
da denúncia, é necessário um início de prova que indique a probabilidade de que os bens,
direitos ou valores ocultados sejam provenientes, direta ou indiretamente, de um dos

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crimes antecedentes. Não é necessário descrever pormenorizadamente a conduta delitu-


osa relativa ao crime antecedente, que pode inclusive sequer ser objeto desse processo
(art. 2º, II, da Lei n. 9.613/1998), mas se afigura indispensável ao menos a sua descrição
resumida, evitando-se eventual arguição de inépcia da peça acusatória, ou até mesmo
trancamento da ação penal por meio de habeas corpus. [...]. De se ver que, no momento
do recebimento da denúncia, a lei exige indícios suficientes, e não uma certeza absoluta
quanto à existência do crime antecedente” (in Luiz Flávio Gomes – Legislação Criminal
Especial, Coordenador Luiz Flávio Gomes e Rogério Sanches Cunha, Lavagem ou Oculta-
ção de Bens – Renato Brasileiro, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 588/590) (STF,
HC 93.368/PR, 1ª T., j. em 8/8/2011, DJe de 25/8/2011).

O acórdão é anterior às alterações da Lei n. 12.683/2012, mas o ponto central que ressalta-
mos é que a imputação por crime de lavagem de dinheiro não exige a comprovação dos crimes
antecedentes em processo penal, basta a demonstração dos indícios de sua ocorrência. A
caracterização do crime de lavagem de dinheiro dispensa o prévio conhecimento de detalhes
acerca do delito antecedente, bem como a aferição de sua culpabilidade ou punibilidade por
meio de condenação pela prática da infração penal que dá origem a valores ou bens que poste-
riormente serão objeto de ações de branqueamento. Tudo isso em função da autonomia entre
o crime previsto na Lei n. 9.613/1998 e a conduta delituosa que o antecedeu, nos termos do
art. 2º, inciso II, do mencionado diploma legal.
Da mesma forma, a lavagem restará configurada ainda que a punibilidade do(s) crime(s)
antecedente(s) esteja(m) extinta(s), o que também decorre da autonomia da lavagem de di-
nheiro, conforme tem sido aplicado pela jurisprudência dos tribunais anteriores (grifo nosso):

JURISPRUDÊNCIA
A extinção da punibilidade pela prescrição quanto aos crimes antecedentes não implica
o reconhecimento da atipicidade do delito de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei n.
9.613/1998) imputado ao paciente. Nos termos do art. 2º, II, § 1º da lei mencionada, para
a configuração do delito de lavagem de dinheiro não há necessidade de prova cabal do
crime anterior, mas apenas a demonstração de indícios suficientes de sua existência.
Assim sendo, o crime de lavagem de dinheiro é delito autônomo, independente de conde-
nação ou da existência de processo por crime antecedente. Precedentes citados do STF:
HC 93.368-PR, DJe 25/8/2011; HC 94.958-SP, DJe 6/2/2009; do STJ: HC 137.628-RJ, DJe
17/12/2010; REsp 1.133.944-PR, DJe 17/5/2010; HC 87.843-MS, DJe 19/12/2008; APn
458-SP, DJe 18/12/2009, e HC 88.791-SP, DJe 10/11/2008 (HC 207.936-MG, Rel. Min.
Jorge Mussi, j. em 27/3/2012).

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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A autonomia do crime de lavagem de dinheiro também tem reflexos no processo penal,


como veremos em tópico específico, ao tratar, por exemplo, do requisito da justa causa du-
plicada da peça acusatória ou da incidência das regras que definem a competência para o
processar e julgar o delito.
Bem jurídico protegido: o STJ já reconheceu a lavagem de dinheiro como crime pluriofen-
sivo, haja vista tutelar mais de um bem jurídico relevante, identificado na estabilidade e na cre-
dibilidade do sistema econômico-financeiro do país, mas também na ordem socioeconômica
e na administração da Justiça. Nesse sentido, a Lei de Lavagem de Capitais protege a admi-
nistração da Justiça na medida em que cria meios para investigação e repressão às condutas
que visam garantir o processamento dos ganhos ilícitos. Protege ainda a ordem econômica, já
que os crimes de lavagem de capitais movimentam volumosas quantias no mundo todo, con-
tribuindo para a concorrência desleal, práticas de dumping, formação de cartéis e monopólios,
realização de negócios comerciais com fraudes, entre outras práticas que prejudicam o regular
funcionamento da economia local.
Classificação: é crime de ação múltipla ou de conteúdo variado ou plurinuclear. A doutri-
na considera ainda tipo misto alternativo, já que a conduta que se enquadre em qualquer das
ações descritas no tipo penal é capaz de configurar a infração penal.
É importante ressaltar que o Supremo Tribunal Federal tem considerado que o crime de la-
vagem de bens, direitos ou valores, quando praticado na modalidade típica de ocultar, é perma-
nente, protraindo-se sua execução até que os objetos materiais do branqueamento se tornem
conhecidos (Informativo 937).
Devemos levar em conta que a doutrina entende que a ocultação é gênero do qual a dissi-
mulação é espécie.
Consumação: a lavagem depende de múltiplas ações sucessivas. Como vimos, a doutrina
distingue três fases: a colocação, a ocultação e a integração. A consumação não necessita da
ocorrência das três fases em sua completude.

JURISPRUDÊNCIA
12. O tipo penal do art. 1º da Lei n. 9.613/1998 é de ação múltipla ou plurinuclear, con-
sumando-se com a prática de qualquer dos verbos mencionados na descrição típica e
relacionando-se com qualquer das fases do branqueamento de capitais (ocultação, dis-
simulação; reintrodução), não exigindo a demonstração da ocorrência de todos os três
passos do processo de branqueamento.
13. Na espécie, há possibilidade, em tese, de que as movimentações financeiras indicadas
pela acusação à inicial tenham sido praticadas de forma autônoma em relação ao crime
antecedente (autolavagem) e utilizadas como forma de ocultação da alegada origem cri-
minosa dos valores, mediante distanciamento do dinheiro de sua alegada origem crimi-
nosa pela transferência de titularidade de quantias vultosas entre contas bancárias de

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titularidade de terceiros, mas supostamente controlada pelo acusado, não sendo, pois,
manifesta a atipicidade da conduta (APn 923/DF, Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, j.
em 23/9/2019, DJe 26/09/2019, grifo nosso).

A lavagem de capitais é uma sucessão de ações encadeadas que podem atingir elevado
grau de sofisticação e complexidade. Exigir que toda a cadeia seja demonstrada para a consu-
mação do delito seria inviabilizar a aplicação da lei em muitos casos.
Tentativa: é possível. O legislador optou por estabelecer expressamente que a tentativa é
plenamente possível, nos termos definidos pelo art. 14, II, do Código Penal (art. 1º, § 3º, da Lei
n. 9.613/1998). É de difícil verificação, mas pode ocorrer se o banco recebedor de um depósito
suspeito comunicar às autoridades e estas logo ordenarem o bloqueio dos valores antes que
se realize a primeira transferência. O mais comum na prática é as investigações revelarem inú-
meros atos de lavagem de capitais com a prática dos crimes antecedentes.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa; é crime comum. Respondem pelo crime tanto o
lavador do dinheiro sujo como o destinatário do proveito do crime, ou seja, o interessado em
obter o dinheiro “lavado”. Lembrando que o § 2º do art. 1º pune com a mesma pena do autor
dos fatos aqueles que se beneficiam indiretamente da lavagem de dinheiro ainda que não te-
nham praticado as atividades destinadas à lavagem, mas dela se beneficiam de alguma forma
conhecendo ou desconfiando da origem ilícita dos recursos.
O agente pode realizar só uma das condutas descritas no art. 1º, caput, e §§ 1º e 2º, ou
pode desempenhar um papel em que ele pratica mais de uma ação na cadeia de atos que en-
volvem o processo da lavagem de dinheiro. Neste último caso, haverá um crime de lavagem de
dinheiro e não concurso de crimes desde que o agente pratique as ações no mesmo contexto
e sobre os mesmos bens.
Concurso de pessoas: cabe mencionar ainda que, a depender da sofisticação das técnicas
de branqueamento e da complexidade de atividades realizadas para dificultar a rastreabilidade
da origem ilícita dos valores, o crime de lavagem envolverá a atuação de muitos agentes em
concurso de pessoas, o que poderá caracterizar crime de autoria coletiva, ou seja, são tantos
agentes atuando na cadeia de lavagem que fica difícil identificar todos os autores, coautores e
partícipes no momento do oferecimento da denúncia, o que não caracteriza óbice ao seu rece-
bimento. Veremos com mais detalhes no tópico referente aos aspectos processuais.
A coautoria em lavagem pode ocorrer quando os crimes precedentes são praticados em
concurso de agentes e eles mesmos efetuam as ações de branqueamento, ainda que parcial-
mente. Pode ocorrer ainda quando um agente do crime antecedente confia a terceira pessoa
as ações de branqueamento, hipótese em que há concurso entre o infrator do crime antece-
dente e o especialista na lavagem de capitais. Inclusive este pode ter suas ações desdobradas
em múltiplas atividades, envolvendo a atuação de mais pessoas no processo de lavagem de
dinheiro. Cabe ressaltar que os agentes da lavagem em si não precisam ter conhecimento dos

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crimes antecedentes, bastando que desconfiem da origem ilícita com base nas circunstâncias
do caso concreto.

A jurisprudência tem precedentes que aceitam a autolavagem. Mas o que é autolavagem? É a


imputação simultânea, ao mesmo réu, do delito antecedente e do crime de lavagem, desde que
sejam demonstrados atos diversos e autônomos daquele que compõe a realização do primeiro
crime. Em muitos casos, o agente do crime antecedente só vai receber a quantia no final do
processo de lavagem. E pode ainda ocorrer de o crime de lavagem se concretizar antes mesmo
que o interessado tenha a posse do dinheiro lavado.

Vejamos em precedentes a seguir que o agente pode responder pelo crime antecedente
em concurso com crimes de lavagem de dinheiro e o terceiro para quem ele confia os valores
para a ocultação e dissimulação responde somente pela lavagem de dinheiro.

JURISPRUDÊNCIA
A Segunda Turma, em conclusão de julgamento, condenou parlamentar pela prática
dos crimes de corrupção passiva [Código Penal, art. 317] e lavagem de dinheiro [Lei n.
9.613/1998, art. 1º, § 4º], e seus filhos pelo segundo delito (Informativos 902 e 903). Na
denúncia, o parlamentar, na qualidade de integrante de cúpula partidária, foi acusado de
ter concorrido para desvios de recursos realizados na estatal, por meio de apoio político
à indicação e manutenção de diretor naquela entidade, o qual lhe teria repassado valores
ilícitos, como contraprestação. Para o Colegiado, os acusados efetivamente cometeram
os crimes cuja prática lhes foi atribuída, embora em extensão menor do que a descrita na
denúncia. (STF, Informativo n. 904, AP 996/DF, rel. Min. Edson Fachin, j. em 29/5/2018)

Elemento subjetivo: é o dolo. No caso do lavador, basta o dolo eventual, pois ele assume
frequentemente o risco de que os bens, direitos e valores sejam de origem criminosa.
Não é necessário dolo específico, pois as condutas de “ocultar” ou “dissimular” já contêm
o propósito de disfarçar a origem ilícita dos valores recebidos.
Não admite a forma culposa, já que esta depende de disposição expressa. É o princípio
da excepcionalidade do crime culposo, que você já conhece do seu estudo da Parte Geral do
Direito Penal.
Ainda sobre a possibilidade de dolo eventual, é importante ressaltar a incidência da cons-
trução jurisprudencial e doutrinária do direito anglo-saxão no que se refere à teoria da ceguei-
ra deliberada ou da ignorância deliberada (willfull blindness doctrine).
Segundo tal teoria, o agente finge não enxergar a possibilidade de ilicitude da procedência
de bens ou de documentos, com o intuito de auferir vantagens. O dolo, nesse caso, é o dolo

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eventual: o agente, sabendo ou suspeitando fortemente que estaria envolvido em conduta ilíci-
ta, e, portanto, prevendo o resultado lesivo de sua conduta, não toma medidas para se certificar
de que ele não vai adquirir o pleno conhecimento ou a exata natureza da conduta realizada
para um intuito criminoso, não se importando com o resultado. Consoante o artigo 18, inciso I,
do Código Penal, age dolosamente não só o agente que quis, de forma consciente, o resultado
delitivo (dolo direto), mas também o que assume o risco de produzi-lo (dolo eventual).
A aplicação dessa teoria pela jurisprudência tem exigido que se demonstre, no quadro
fático apresentado na lide, que o agente finge não perceber determinada situação de ilicitude
para, a partir daí, alcançar a vantagem pretendida (AgRg no REsp 1565832/RJ, Rel. Min. Joel
Ilan Paciornik, 5ª T., j. em 6/12/2018, DJe 17/12/2018). Ou seja, a aplicação da teoria depende
das circunstâncias do caso concreto.
Causas de aumento de pena: de 1/3 a 2/3, se o crime é cometido de forma reiterada; ou por
intermédio de organização criminosa (art. 1º, § 4º, da Lei n. 9.613/1998).
Observe que, na primeira hipótese de aumento de pena, a prática reiterada de lavagem de
dinheiro caracteriza crime habitual. Não se trata de continuidade delitiva, pois para ser reco-
nhecida a reiteração delituosa da causa de aumento de pena descrita na Lei n. 9.613/1998 não
é necessário que as condutas sejam praticadas no mesmo tempo, lugar e maneira de execu-
ção, tal qual se exige para o reconhecimento do crime continuado do art. 71 do CP. Veremos
com mais detalhes quando isso ocorre em tópico sobre concurso de crimes.
No que se refere à prática do crime por meio de organização criminosa, você deve conside-
rar a definição legal de organização criminosa do art. 1º da Lei n. 12.850/2013:

§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estrutural-


mente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações
penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transna-
cional (grifos nossos).

Você deve se aprofundar na tipificação do crime de integrar organização criminosa na aula


sobre a Lei n. 12.850/2013, haja vista as diferentes formas de ocorrer essa participação em
crime organizado. Por ora, tenha em mente a seguinte ideia destacada pela doutrina: toda or-
ganização criminosa precisa da lavagem dinheiro para justificar os volumosos ganhos ilícitos,
mas nem todo grupo ou pessoa que lava dinheiro necessariamente pertence a uma organiza-
ção criminosa.

Distinção entre Post Factum Não Punível e o Crime Autônomo de Lavagem


de Dinheiro

A mera ocultação física do dinheiro não caracteriza a ocultação de que trata o crime de la-
vagem. Por exemplo, enterrar o dinheiro para esconder o produto do crime é fato posterior não

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punível e não configura o delito autônomo da lavagem nos termos definimos pela lei. Assim
como depositar o dinheiro obtido com o crime em sua conta corrente ou em conta de terceiros
também não será lavagem de dinheiro, ainda que bens venham a ser adquiridos posteriormen-
te. Ou seja, a mera guarda dos valores para depois usufruir do proveito econômico da infração
penal é mero exaurimento do crime. Nessas hipóteses, não há colocação de tais valores no
mercado econômico ou financeiro com vistas às atividades autônomas de dissimulação (ou
ocultação) e posterior reintegração na ordem econômica com aparência lícita.
O STJ também já se pronunciou sobre o tema, estabelecendo uma distinção entre (a) os
atos de aquisição, recebimento, depósito ou outros negócios jurídicos que representem o pró-
prio aproveitamento (pelo agente ou terceiros), o desfrute em si, da vantagem patrimonial obti-
da no delito dito antecedente, e (b) aquelas ações de receber, adquirir, ter em depósito, as quais
se encontrem integradas como etapas de um processo de lavagem ou, ainda, representem um
modo autônomo de realizar tal processo, não constituindo, por conseguinte, a mera utilização
do produto do crime, mas um subterfúgio para distanciar tal produto de sua origem ilícita. Ve-
jamos um caso no qual concretamente não restou configurada a lavagem de capitais:

JURISPRUDÊNCIA
14. Não houve a comprovação de que a operação de cessão de créditos de ICMS realizada
entre as empresas Espírito Santo Centrais Elétricas S.A. – ESCELSA e SAMARCO S.A.
traga, em si, a caracterização de qualquer tipo penal. A origem do dinheiro não é pública,
mas negocial em esfera privada, pois os créditos de ICMS pertenciam à SAMARCO e eram
por ela livremente transferíveis. Por mais que o crime antecedente – “a corrupção passiva
qualificada” – tenha existido, a dissimulação ocorrida no caminho que o dinheiro percor-
reu até chegar nas mãos do acusado não caracteriza a lavagem de capitais, mas apenas
a ocultação normal que ocorre no pagamento de propinas. Ou seja, trata-se da mera con-
sumação do crime de corrupção, e não de crime autônomo de lavagem de dinheiro.
15. É admissível a punição pelo crime de autolavagem no Brasil. Precedentes do STF e
do STJ. Entretanto, a utilização de terceiros para o recebimento da vantagem indevida
não configura, per si, o delito de lavagem de dinheiro, conforme precedente do STF na
AP 694/MT (Rel. Min. Rosa Weber, 1ª T., j. em 2/5/2017, DJE 195, de 31/8/2017). Assim,
não há que se falar, no caso concreto, de “autolavagem de capitais”, pois o réu não reali-
zou ações posteriores e autônomas com aptidão para convolar os valores obtidos com
a prática delituosa em valores com aparência de licitude na economia formal. (APn 804/
DF, Rel. Min. Og Fernandes, Corte Especial, j. em 18/12/2018, DJe 7/3/2019)

Ou seja, para que a conduta de ocultação dos valores ganhe autonomia e seja considerada
lavagem de dinheiro, é preciso verificar a presença do elemento subjetivo, qual seja, o dolo de
dissimular a origem ilícita valendo-se dos sistemas econômico e financeiro para aparentar

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atividade lícita. Na prática, a configuração desse agir doloso se dá pela constatação do des-
dobramento das ações de ocultação e dissimulação em múltiplas operações e transações
financeiras ou comerciais, demonstrando a existência de uma rede imbrincada de atos de
dissimulação.
Para finalizar este tópico, vejamos como o Supremo Tribunal tem feito a distinção entre o
exaurimento do crime antecedente e o reconhecimento de que a conduta do agente configurou
o crime autônomo de lavagem de capitais:

JURISPRUDÊNCIA
O ato de mero recebimento de valores em dinheiro não tipifica o delito de lavagem,
seja quando recebido por interposta pessoa ou pelo próprio agente público que acolhe
a remuneração indevida. Por outro lado, a Turma entendeu que o depósito fracionado
do dinheiro em conta corrente, em valores que não atingem os limites estabelecidos
pelas autoridades monetárias à comunicação compulsória dessas operações, é meio
idôneo para a consumação do crime de lavagem. Trata-se de modalidade de ocultação
da origem e da localização de vantagem pecuniária recebida pela prática de delito ante-
rior. Nesse escopo, ficou demonstrado que o deputado, logo após receber recursos em
espécie a título de propina, praticou, de modo autônomo e com finalidade distinta, novos
atos aptos a violar o bem jurídico tutelado pelo art. 1º da Lei n. 9.613/1998, consisten-
tes na realização de depósitos fracionados em conta de sua titularidade, cujo somatório
perfaz a exata quantia que lhe fora disponibilizada. (Informativo 904, AP 996/DF, rel. Min.
Edson Fachin, julgamento em 29/5/2018) (grifos nossos).

Concurso de Crimes

Há possibilidade de concurso material entre o crime de lavagem de capitais e o(s) cri-


me(s) antecedente(s) sempre que o agente do crime antecedente praticar atos de branquea-
mento dos valores obtidos como produto do crime. Como já vimos, trata-se da autolavagem,
que não se confunde com o mero usufruto do proveito do crime. Geralmente, o agente do crime
antecedente precisa justificar uma grande quantidade de valores frequentemente obtidos pela
prática reiterada de atividade criminosa (mas não necessariamente) e busca, na lavagem de
dinheiro, uma forma de dissimular os ganhos ilícitos. Observe, nesse precedente do STJ (grifo
nosso), como a questão já foi julgada:

JURISPRUDÊNCIA
Isso porque o crime de lavagem de dinheiro corresponde a uma conduta criminosa adi-
cional, que se caracteriza mediante nova ação dolosa, distinta daquela que é própria do
exaurimento de crime do qual provém o capital sujo [...].

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[...] é ‹possível a hipótese da chamada autolavagem, se, por exemplo, alguém recebe
um dinheiro ilicitamente, ao invés de usá-lo por si, incumbe outrem de, em nome deste,
adquirir-lhe bem ou bens, caso em que pratica duas ações típicas distintas, a do pri-
meiro crime, consistente em receber licitamente, e a do segundo, que é a ocultação do
produto do primeiro crime’ [...] (APn 922/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, j. em
5/6/2019, DJe 12/6/2019).

Em outro caso concreto, observe que o reconhecimento da prática de lavagem de dinheiro


está diretamente relacionado ao dolo do agente de justificar atividades ilícitas com a realiza-
ção de atividades aparentemente lícitas. O caso revela ainda o imbrincado conjunto de opera-
ções que tornam a atividade de ocultação e dissimulação um processo complexo, o que difere
da mera ocultação como exaurimento do crime antecedente.

JURISPRUDÊNCIA
III – O agravante, em tese, ocupando o cargo de Vice-Presidente para assuntos da Amé-
rica Latina do Banco BSI, atuou na constituição de offshores em paraísos fiscais, na
abertura de contas bancárias em nome dessas offshores na referida instituição finan-
ceira, na justificação de operações financeiras ilícitas, no fornecimento de informações
falsas ao setor de compliance e na operacionalização de investimentos e outras formas
de dissimulação e ocultação dos valores ilícitos oriundos de crimes de corrupção que
motivaram a celebração de contrato entre a Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS) e a
Compagnie Béninoise des Hydrocarbures Sarl (CBH) para aquisição, pela primeira, de
50% (cinquenta por cento) dos direitos de exploração de gás e petróleo de campo petrolí-
fero (Bloco 4) na costa do Benim. (AgRg no RHC 112868/PR, Rel. Min. Leopoldo de Arruda
Raposo, 5ª T., j. em 19/11/2019, DJe 26/11/2019, grifos nossos).

Não confunda o concurso material entre os crimes antecedentes e o crime de lavagem de


dinheiro com a continuidade delitiva, ainda que os crimes sejam praticados de forma reiterada.
Lembre-se de que, para haver crime continuado, os crimes devem ser da mesma espécie. Ge-
ralmente, a lavagem não tem como crime antecedente outro crime da mesma espécie, embora
possa haver continuidade delitiva em crime de lavagem. Vamos ver precedente do STJ (grifos
nossos), que faz essa distinção:

JURISPRUDÊNCIA
Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei n. 7.492/1986 (Lei dos
Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei n. 9.613/1998
(Lei dos Crimes de “Lavagem” de Dinheiro). Há continuidade delitiva, a teor do art. 71 do
CP, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica crimes da mesma
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espécie e, em razão das condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras seme-
lhantes, devam os delitos seguintes ser havidos como continuação do primeiro. Assim,
não incide a regra do crime continuado na hipótese, pois os crimes descritos nos arts.
6º da Lei n. 7.492/1986 e 1º da Lei n. 9.613/1998 não são da mesma espécie. (REsp
1.405.989-SP, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Nefi
Cordeiro, j. em 18/8/2015, DJe 23/9/2015).

Ainda assim é possível ainda haver continuidade delitiva em crimes de lavagem de dinhei-
ro. Repisando, nos termos do art. 71 do Código Penal, o delito continuado evidencia-se quando
o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, comete mais de um crime da mesma espé-
cie. Necessário também que os delitos guardem liame no que diz respeito ao tempo, ao lugar,
à maneira de execução e a outras características que façam presumir a continuidade delitiva.

JURISPRUDÊNCIA
A jurisprudência tem se posicionado no sentido de exigir também a unidade de desíg-
nios para o reconhecimento da continuidade, a fim de distinguir o crime continuado das
situações em que o agente é criminoso habitual, o que envolveria a prática de muitos
crimes com o mesmo modo de agir durante longo período, revelando um estilo de vida
criminoso. Para tais situações, a jurisprudência entende que o crime continuado acaba-
ria sendo um benefício ao criminoso habitual, e uma desproteção ao bem jurídico. Desta
forma, o criminoso habitual merece um tratamento mais rigoroso, não lhe sendo possível
reconhecer o art. 71 do CP (nesse sentido: HC n. 193.202/RS, 5ª T., Rel. Min. Laurita Vaz,
DJe de 19/3/2012; HC n. 166.534/SP, 5ª T., Rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 31/5/2011; HC
n. 103.933/SP, 5ª T., Rel. Min. Felix Fischer, DJe de 3/11/2008).

Resumindo, o crime continuado em lavagem de dinheiro é possível, desde que as circuns-


tâncias de tempo, lugar e modo de execução sejam reconhecidas pelo juiz no caso concreto.
Porém, se for caso de criminoso habitual, não deve ser reconhecido o crime continuado. A ele
se aplica o art. 1º da Lei n. 9.613/1998, com a causa de aumento do § 4º, sem prejuízo do con-
curso material com as demais infrações que sejam comprovadas no processo penal.

Disposições Processuais Especiais


Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:
I – obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes punidos com reclusão,
da competência do juiz singular;
II – independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados
em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a
unidade de processo e julgamento; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)

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III – são da competência da Justiça Federal:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento
de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas;
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal. (Redação dada pela
Lei n. 12.683, de 2012)
§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente,
sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou
extinta a punibilidade da infração penal antecedente. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei
n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não compa-
recer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a
nomeação de defensor dativo. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)

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Competência da Justiça Estadual


Diferentemente do que possa aparentar, a regra geral é a competência da justiça Estadual
para o processamento e julgamento dos casos de lavagem de dinheiro. O artigo 2º, III, da Lei n.
9.613/1998, adota técnica legislativa semelhante à utilizada pelo artigo 109, CF, para a fixação
da competência da Justiça Federal. No texto constitucional, encontram-se listados, nos diver-
sos incisos do referido artigo, os casos em que caberá à Justiça Federal, de forma exclusiva, o
processo e julgamento de feitos. Em todos os demais, atuará a Justiça Estadual. No caso da
lavagem de dinheiro não é diferente.1
As duas únicas hipóteses de atuação da Justiça Federal em casos de lavagem de dinheiro
encontram-se expressamente descritas nas alíneas do inciso III: a) quando praticadas em inte-
resses da União, ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas; b) quando a infração
penal antecedente for de competência da Justiça Federal.
Conflito de competência entre Justiça Federal e a Justiça Estadual: em havendo a incidên-
cia de infrações penais antecedentes que sejam da competência de ambas as Justiças Federal
e Estadual, para Rogério Sanches a vis attractiva é da Justiça Federal, devendo haver nesta
a reunião de feitos. Assim, a lavagem decorrente de tais infrações antecedentes igualmente
deverá tramitar na Justiça Federal, pois incidirá a regra do artigo 2º, III, b, da Lei n. 9.613/1998.
No entanto, a situação exposta não se confunde com o caso de simples remessa de va-
lores ao exterior. Em tais casos, não necessariamente será a lavagem de dinheiro praticada,
mesmo com o envio de recursos ilícitos para fora do país, de competência federal.
Para a fixação da competência, há a necessidade de ser analisado, no caso em concreto,
se a transferência de recursos foi efetuada de forma legal ou não. Se os valores foram envia-
dos ao exterior, ad exemplum, via operação dólar-cabo, à margem da lei e sem os devidos regis-
tros perante as autoridades competentes, caracterizado igualmente estará o crime de evasão
de divisas, de competência federal, o que tornará igualmente a lavagem de competência da
Justiça Federal.2
Por outro lado, se o envio de recursos ao exterior, ainda que de origem ilícita, deu-se de for-
ma regular, não restará caracterizada a evasão fiscal. Assim, se os demais delitos anteceden-
tes forem da competência da Justiça Estadual, esta permanecerá competente para processar
e julgar a lavagem de dinheiro decorrente.3
Justa causa: não é exigível, para o início da investigação, processamento e, até mesmo,
condenação pela prática da lavagem de dinheiro, que tenha sido ajuizada ação penal ou ob-
tida condenação judicial em relação à infração penal antecedente. Na verdade, a lavagem de
dinheiro perdurará mesmo que desconhecido, isento de pena ou extinta a punibilidade em rela-
ção à infração penal antecedente.
1
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit.
2
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit.
3
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit.

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

No entanto, como parte integrante do aspecto subjetivo do delito de lavagem de dinhei-


ro, torna-se necessária a demonstração de que o agente praticou a conduta típica munido
de consciência e vontade, tendo plena ciência acerca da procedência ilícita dos bens objeto
da lavagem.4

Art. 3º (Revogado pela Lei n. 12.683, de 2012)


Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delega-
do de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes
de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investiga-
do ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou
proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. (Redação dada pela
Lei n. 12.683, de 2012)
§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estive-
rem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua
manutenção. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 2º O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e valores quando comprovada a
licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficien-
tes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes
da infração penal. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de
interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos
necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1º. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 4º Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação
do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de
prestação pecuniária, multa e custas. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
Art. 4º-A. A alienação antecipada para preservação de valor de bens sob constrição será decretada
pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou por solicitação da parte interessada,
mediante petição autônoma, que será autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em se-
parado em relação ao processo principal. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 1º O requerimento de alienação deverá conter a relação de todos os demais bens, com a descrição
e a especificação de cada um deles, e informações sobre quem os detém e local onde se encontram.
(Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 2º O juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos apartados, e intimará o Ministério Público.
(Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 3º Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por sen-
tença, homologará o valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados em leilão ou pregão,
preferencialmente eletrônico, por valor não inferior a 75% (setenta e cinco por cento) da avaliação.
(Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 4º Realizado o leilão, a quantia apurada será depositada em conta judicial remunerada, adotando-
-se a seguinte disciplina: (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)

4
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer
I – nos processos de competência da Justiça Federal e da Justiça do Distrito Federal: (Incluído pela
Lei n. 12.683, de 2012)
a) os depósitos serão efetuados na Caixa Econômica Federal ou em instituição financeira pública,
mediante documento adequado para essa finalidade; (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
b) os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal ou por outra instituição financeira
pública para a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade, no
prazo de 24 (vinte e quatro) horas; e (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
c) os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal ou por instituição financeira pública serão
debitados à Conta Única do Tesouro Nacional, em subconta de restituição; (Incluída pela Lei n.
12.683, de 2012)
II – nos processos de competência da Justiça dos Estados: (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
a) os depósitos serão efetuados em instituição financeira designada em lei, preferencialmente pú-
blica, de cada Estado ou, na sua ausência, em instituição financeira pública da União; (Incluída pela
Lei n. 12.683, de 2012)
b) os depósitos serão repassados para a conta única de cada Estado, na forma da respectiva legis-
lação. (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 5º Mediante ordem da autoridade judicial, o valor do depósito, após o trânsito em julgado da sen-
tença proferida na ação penal, será: (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
I – em caso de sentença condenatória, nos processos de competência da Justiça Federal e da Jus-
tiça do Distrito Federal, incorporado definitivamente ao patrimônio da União, e, nos processos de
competência da Justiça Estadual, incorporado ao patrimônio do Estado respectivo; (Incluído pela
Lei n. 12.683, de 2012)
II – em caso de sentença absolutória extintiva de punibilidade, colocado à disposição do réu pela
instituição financeira, acrescido da remuneração da conta judicial. (Incluído pela Lei n. 12.683, de
2012)
§ 6º A instituição financeira depositária manterá controle dos valores depositados ou devolvidos.
(Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 7º Serão deduzidos da quantia apurada no leilão todos os tributos e multas incidentes sobre o
bem alienado, sem prejuízo de iniciativas que, no âmbito da competência de cada ente da Federa-
ção, venham a desonerar bens sob constrição judicial daqueles ônus. (Incluído pela Lei n. 12.683,
de 2012)
§ 8º Feito o depósito a que se refere o § 4º deste artigo, os autos da alienação serão apensados aos
do processo principal. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 9º Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos contra as decisões proferidas no curso
do procedimento previsto neste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 10. Sobrevindo o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, o juiz decretará, em favor,
conforme o caso, da União ou do Estado: (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
I – a perda dos valores depositados na conta remunerada e da fiança; (Incluído pela Lei n. 12.683,
de 2012)
II – a perda dos bens não alienados antecipadamente e daqueles aos quais não foi dada destinação
prévia; e (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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III – a perda dos bens não reclamados no prazo de 90 (noventa) dias após o trânsito em julgado
da sentença condenatória, ressalvado o direito de lesado ou terceiro de boa-fé. (Incluído pela Lei n.
12.683, de 2012)
§ 11. Os bens a que se referem os incisos II e III do § 10 deste artigo serão adjudicados ou levados
a leilão, depositando-se o saldo na conta única do respectivo ente. (Incluído pela Lei n. 12.683, de
2012)
§ 12. O juiz determinará ao registro público competente que emita documento de habilitação à cir-
culação e utilização dos bens colocados sob o uso e custódia das entidades a que se refere o caput
deste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 13. Os recursos decorrentes da alienação antecipada de bens, direitos e valores oriundos do crime
de tráfico ilícito de drogas e que tenham sido objeto de dissimulação e ocultação nos termos desta
Lei permanecem submetidos à disciplina definida em lei específica. (Incluído pela Lei n. 12.683, de
2012)
Art. 4º-B. A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores
poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata puder
comprometer as investigações. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
Art. 5º Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o Ministério Público, nomeará pes-
soa física ou jurídica qualificada para a administração dos bens, direitos ou valores sujeitos a medi-
das assecuratórias, mediante termo de compromisso. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
Art. 6º A pessoa responsável pela administração dos bens: (Redação dada pela Lei n. 12.683, de
2012)
I – fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita com o produto dos bens objeto
da administração;
II – prestará, por determinação judicial, informações periódicas da situação dos bens sob sua ad-
ministração, bem como explicações e detalhamentos sobre investimentos e reinvestimentos reali-
zados.
Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens sujeitos a medidas assecuratórias se-
rão levados ao conhecimento do Ministério Público, que requererá o que entender cabível. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)

Administração dos bens apreendidos: a administração dos bens, por razões evidentes, é
tarefa que decorre da obrigação do Estado em preservar o bem por ele apreendido, não permi-
tindo que venha a sofrer deterioração ou depreciação de seu valor. Ocorre quando são objeto
de constrição cautelar judicial, ad exemplum, empresas em pleno funcionamento ou atividades
que demandem especial expertise para sua realização, como a administração de rebanhos de
gado ou plantações em propriedades rurais.
Com as alterações promovidas pela Lei n. 12.683/2012 nas regras relativas à administra-
ção de bens em caso de lavagem de dinheiro, passou-se a ser facultado ao juiz, quando as cir-
cunstâncias do caso indicarem, a nomeação de pessoa física ou jurídica que detenha a devida
qualificação para realizar a administração dos bens objeto de medidas assecuratórias.5

5
CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

Investigação

A Lei n. 9.613/1998 adotou mecanismos de monitoramento de transações financeiras e


comerciais, a fim de detectar operações suspeitas e encaminhá-las para investigação criminal.
Os arts. 9, 10 e 11 disciplinam o procedimento desse monitoramento, relacionando as empre-
sas a ele sujeitas e instituindo obrigações para que justifiquem ou comuniquem as operações
suspeitas. O art. 14 cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), com a fina-
lidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrên-
cias suspeitas de atividades ilícitas previstas nesta Lei, sem prejuízo das competências de ou-
tros órgãos e entidades. Portanto, muitas das investigações têm como origem as ocorrências
apontadas pelo COAF.
É possível ainda que as investigações se iniciem a partir de delação anônima. Embora não
seja suficiente, por si só, para ensejar o início da persecução penal do fato nela narrado, não
impede que a autoridade policial ou o Ministério Público realizem diligências complementares
ou encontrem no conjunto dos outros fatos já em apuração elementos capazes de confirmar a
plausibilidade e verossimilhança das informações nela constantes.
No mais, é possível ainda que a investigação de atividades de lavagem de dinheiro surja
da investigação dos crimes antecedentes. A Lei n. 9.613/1998 foi alterada recentemente para
incluir a ação controlada e a infiltração de agentes como formas de apuração dos crimes nela
previstos.
Ação controlada e infiltração de agentes (art. 1º, § 6º): são técnicas de investigação disci-
plinadas pela Lei n. 12.850/2013, contempladas expressamente na Lei de Lavagem de Capitais
após a inclusão do § 6º no art. 1º no conjunto de medidas do Pacote Anticrime. As alterações
promovidas pelo Pacote Anticrime aproximam as técnicas de investigação de combate ao cri-
me organizado e da lavagem de dinheiro, visando a ações coordenadas na repressão desses
crimes, haja vista que as organizações criminosas se valem da lavagem de dinheiro para justi-
ficar o proveito da atividade criminosa. Você deve estudar essas técnicas de investigação com
mais detalhes na aula sobre a Lei das Organizações Criminosas, mas vamos citar os pontos
essenciais.
Ação controlada: pelo art. 8º da Lei n. 12.850/2013, consiste em retardar a intervenção po-
licial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada,
desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize
no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
A autoridade policial e seus agentes poderão retardar a prisão em flagrante quando estive-
rem diante de estado flagrancial de crimes praticados por organizações criminosas, desde que
mantenham os investigados sob estrita e ininterrupta vigilância.
De acordo com o § 1º do art. 8º da Lei n. 12.850/2013, o retardamento da intervenção po-
licial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso,
estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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A comunicação prévia ao juízo não implica a autorização judicial prévia. Observe como a juris-
prudência tem tratado a questão:

JURISPRUDÊNCIA
6. A ação controlada realizada na investigação, tendo como alvo o ora recorrente, foi pre-
viamente comunicada ao juízo e ao Ministério Público, nos termos do artigo 8º, § 1º, da
Lei n. 12.850/2013, não necessitando de anterior autorização judicial para o seu aperfei-
çoamento, pois a norma assim não dispôs, o que não obsta a possibilidade da fixação de
limites pelo magistrado para a execução da medida, por ocasião da prévia comunicação.
(RHC 84366/RJ, Rel. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª T., j. em 23/8/2018, DJe 3/9/3018,
grifos nossos).

Outro ponto a ser ressaltado é que não há necessidade de se saber o local da sede do gru-
po da organização criminosa para haver o flagrante retardado.
Ainda aqui, importante lembrar que a ação controlada afasta a obrigatoriedade da prisão
em flagrante realizada pelas autoridades e seus agentes, prevista no art. 301 do CPP, quando
encontrarem alguém em flagrante delito. A ação controlada não poderá ser confundida com
outras modalidades de flagrante, tais como: provocado, esperado e forjado.
Infiltração de agentes: pelo art. 10 da Lei n. 12.850/2013, a infiltração de agentes de polícia
em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministé-
rio Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de
inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial,
que estabelecerá seus limites.
A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que comprovada sua necessidade (art. 10, § 3º, da Lei n. 12.850/2013).
O Pacote Anticrime estabeleceu ainda disposições específicas sobre a infiltração de agen-
tes em ambientes virtuais (art. 10-A da Lei n. 12.850/2013).
A disciplina da ação controlada e da infiltração de agentes pela Lei n. 12.850/2013 confere
mais segurança jurídica ao instituto, devendo ser estritamente observada pelas autoridades
para que as provas obtidas por tais meios sejam válidas. Como toda técnica de investigação
que envolve a relativização de direitos fundamentais, tal como a interceptação telefônica, a
medida deve ser justificada no caso concreto, com a demonstração de necessidade e adequa-
ção. A gravidade do crime em abstrato não é suficiente para ensejar as medidas.
Por fim, é interessante consignar precedente em que se reconheceu a distinção entre ação
controlada e captação de conversas por gravação ambiental realizada por agente beneficiado

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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pela colaboração premiada. Diferentemente da ação controlada, a captação ambiental pres-


cinde de autorização judicial:

JURISPRUDÊNCIA
1. Não há que se falar em ilegalidade da prova obtida ao argumento de se tratar de ação
controlada sem prévia autorização judicial, pois no caso em exame não se trata de agente
policial ou administrativo, conforme prevê o art. 8º da Lei n. 12.850/2013, mas de cap-
tação ambiental (gravação clandestina) realizada por colaborador premiado, meio de
obtenção de prova expressamente previsto no art. 3º da referida lei.
2. “É válida a utilização da gravação ambiental realizada por um dos interlocutores do
diálogo como meio de prova no processo penal, independentemente de prévia autori-
zação judicial. Precedentes.” (RHC 59.542/PE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª T., DJe
14/11/2016). (RHC 102808/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª T., j. em 6/8/2019, DJe
15/08/2019, grifos nossos).

Medidas Assecuratórias

Um dos principais avanços da Lei n. 9.613/1998 consiste na adoção de medidas para re-
tirar os bens, direitos e valores dos autores dos crimes de lavagem e das infrações conexas e
colocá-los sob a vigilância do Estado em caráter cautelar, a fim de assegurar os efeitos da con-
denação, tais como o confisco dos bens em favor do Poder Público e a reparação dos danos.
As alterações da Lei n. 12.683/2012 contribuíram para deixar tais medidas mais céleres e mais
eficazes. Vejamos quais medidas são essas.
O Código de Processo Penal estabelece como medidas assecuratórias o sequestro e o ar-
resto de bens e a hipoteca legal, além de estabelecer o procedimento de sua decretação (arts.
125 a 144-A do CPP).
Sequestro: em regra, recai sobre os bens imóveis supostamente adquiridos pelo indicia-
do ou acusado com o proveito econômico da infração, ainda que tenham sido transferidos a
terceiro. Deve haver, portanto, indícios de proveniência ilícita dos bens. A lei fala em “indícios
veementes” (art. 126). O sequestro tem, portanto, a finalidade de salvaguardar o efeito da con-
denação consistente no confisco do proveito do crime, evitando assim que o agente continue
desfrutando dos benefícios obtidos ilicitamente da atividade criminosa. O art. 132 prevê a
possibilidade de sequestro de bens móveis de forma residual, quando não cabíveis a busca e a
apreensão. Mesmo neste caso, devem estar presentes os indícios veementes da origem ilícita
dos bens. O sequestro poderá ser levantado nas hipóteses do art. 131 do CPP, entre elas, se a
ação penal não for intentada em 60 dias.
Arresto: pelos arts. 136 e 137 do CPP, é possível o arresto de bens imóveis em caráter
preferencial aos bens móveis. Os bens servirão ao ressarcimento do dano, bem como o paga-
mento das despesas processuais e as penas pecuniárias (art. 140 do CPP).
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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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Hipoteca legal: pelo art. 134 do CPP, pode ser requerida pelo ofendido e deve seguir o rito
do art. 135.
Na jurisprudência abaixo (grifo nosso), é reconhecida a falta de precisão técnica do nosso
legislador quanto à natureza de cada uma dessas medidas:

JURISPRUDÊNCIA
As dificuldades de enquadramento teórico das medidas cautelares patrimoniais, como
o sequestro e o arresto, no âmbito do processo penal, são afirmadas por doutrina, ao
reconhecer que “o Código de Processo Penal não empregou a palavra sequestro em seu
sentido estrito e técnico; deu-lhe compreensão demasiadamente grande, fazendo entrar
nela não apenas o que tradicionalmente se costuma denominar sequestro, mas também
outros institutos afins e, especialmente, o arresto”, ressaltando, ainda, que “a confusão
não foi apenas terminológica”, porquanto “misturam-se, por vezes, no mesmo instituto
coisas que são próprias do sequestro com outras que são peculiares ao arresto”. [...]
(REsp 1.585.781-RS, Rel. Min. Felix Fischer, j. em 28/6/2016, DJe 1º/8/2016).

O CPP permite ainda a alienação antecipada dos bens constritos para preservação do va-
lor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação
ou quando houver dificuldade para sua manutenção. O art. 144-A disciplina os procedimentos
para a alienação dos bens.
Em que pese a disciplina do CPP sobre as medidas assecuratórias, a Lei de Lavagem de
Capitais instituiu regras específicas, em seus arts. 4º e 4º-A, com o objetivo dar maior eficácia
e celeridade à aplicação das medidas assecuratórias. Desta vez, o legislador não entrou nas
distinções entre sequestro e arresto e estabeleceu que as medidas assecuratórias sejam de-
cretadas sobre bens, direitos e valores, ampliando o seu alcance, bem como permitiu expres-
samente que a proveniência ilícita considere tanto a infração de lavagem de dinheiro quanto
as infrações penais antecedentes. Veja como a jurisprudência já analisou as inovações da Lei
n. 9.613/1998 (grifos nossos):

JURISPRUDÊNCIA
A par disso, convém esclarecer que, a partir da Lei n. 12.683/2012, introduziram-se alte-
rações na Lei de Lavagem de Dinheiro, entre as quais, de relevante para a espécie, a con-
cernente à previsão de um outro tipo de medida acauteladora, de ordem patrimonial, e
que conta com abrangência e requisitos específicos, prevista no art. 4º, caput, da Lei de
Lavagem de Dinheiro: “O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro)
horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas assecu-
ratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos
nesta Lei ou das infrações penais antecedentes.” Destaque-se que, conforme entendi-
mento doutrinário, essa alteração legislativa “parece ampliar o conceito de sequestro
para estendê-lo também a quaisquer valores e/ou direitos, desde que constituam pro-
veito ou produto do crime [...]. E mais ainda. Tanto poderão ser apreendidos os bens pro-
duto do crime antecedente quanto o do delito de lavagem em apuração e/ou processo”.
(REsp 1.585.781-RS, Rel. Min. Felix Fischer, j. em 28/6/2016, DJe 1º/8/2016).

A jurisprudência do STJ reconhece ainda a possibilidade não só de confisco em razão da


origem ilícita dos bens, direitos e valores, mas também com a finalidade de reparar o dano, o
que foi grande avanço na maior proteção ao bem jurídico.

JURISPRUDÊNCIA
Frise-se, ainda, que há entendimento doutrinário de não ser apenas em relação aos bens
que constituam proveito ou produto da infração que poderão recair as medidas constri-
tivas, visto que se mostrarão cabíveis, ademais, para a “reparação do dano causado pelo
crime de lavagem e seu antecedente e para o pagamento de prestação pecuniária (em
caso de condenação), multa e custas processuais”. Nesse contexto, o § 4º do aludido
art. 4º dispõe: “Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou
valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista
nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas.” Além disso, a pre-
visão dos §§ 2º e 3º do art. 4º da Lei n. 9.613/1998, com a redação que lhes foi dada pela
Lei n. 12.683/2012, introduz questionamentos relevantes, cujo exame revela-se impor-
tante para a espécie: “§ 2º O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direi-
tos e valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos
bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento
de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal; § 3º Nenhum
pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de
interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática
de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto
no § 1º.” (REsp 1.585.781-RS, Rel. Min. Felix Fischer, j. em 28/6/2016, DJe 1º/8/2016).

Cabe ressaltar que atualmente a jurisprudência do STJ é pacífica ao admitir que a realiza-
ção de quaisquer das medidas assecuratórias previstas na legislação processual penal, tais
como o sequestro, o arresto e a hipoteca legal, têm por fim garantir tanto a reparação de dano
ex delicto quanto a efetividade da multa pecuniária e o pagamento das custas processuais que
possam vir a ser impostas ao denunciado. Para que as referidas providências acautelatórias

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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ocorram, indispensável a existência de indícios de autoria e materialidade (art. 134 do CPP)


(REsp 1319345/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª T., j. em 18/8/2015, DJe 3/9/2019).
Nos termos do art. 4º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998, o juiz determinará a liberação total ou
parcial dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se
a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao
pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal. Segun-
do a doutrina, trata-se de verdadeira inversão do ônus da prova.
Recurso cabível: a jurisprudência do STJ tem admitido o recurso de apelação contra as
medidas assecuratórias, sem prejuízo da possibilidade de se demandar diretamente ao juiz da
primeira instância pela reconsideração ou modificação da decisão.

JURISPRUDÊNCIA
É possível a interposição de apelação, com fundamento no art. 593, II, do CPP, contra
decisão que tenha determinado medida assecuratória prevista no art. 4º, caput, da Lei
n. 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Dinheiro), a despeito da possibilidade de postulação
direta ao juiz constritor objetivando a liberação total ou parcial dos bens, direitos ou
valores constritos (art. 4º, §§ 2º e 3º, da mesma Lei). [...]. Quanto aos meios de defesa
contra o sequestro ou arresto de bens, a jurisprudência do STJ (REsp 258.167-MA, Quinta
Turma, DJe 10/6/2002; e AgRg no RMS 45.707-PR, Quinta Turma, DJe 15/5/2015) e do
STF (RE 106.738-MT, Primeira Turma, DJ 1º/8/1986) afirma ser o recurso de apelação
previsto no art. 593, II, do CPP a via de impugnação idônea para combater as decisões
que impliquem a concessão de cautelar patrimonial no processo penal (REsp 1.585.781-
RS, Rel. Min. Felix Fischer, j. em 28/6/2016, DJe 1º/8/2016).

O entendimento do STJ considera que a divergência doutrinária sobre o recurso cabível


não pode prejudicar a parte, que deve ter à sua disposição meios de impugnação da decisão,
em caso de erro ou excesso da medida. Com base nisso, conclui pelo cabimento da apelação,
assim como da impugnação direta ao juízo que determinou a medida constritiva.

JURISPRUDÊNCIA
Agora, a respeito do modo de se impugnar a decisão que tenha determinado a constri-
ção de bens no campo particular da Lei de Lavagem de Dinheiro (art. 4º), é oscilante a
doutrina. Essa descontinuidade, divisada na ausência de uniformidade doutrinária sobre
tema sensível, deita suas raízes numa normativa processual penal potencialmente care-
cedora de revisão. Não se pode, entretanto, onerar a parte com o descortinamento da
medida necessária para fazer conhecidas as suas alegações. Nessa ordem de ideias, se
o CPP estatui, para as cautelares patrimoniais, como o sequestro e o arresto, mecanismos
de impugnação a serem veiculados perante o juízo de primeiro grau, que decretou a medida

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constritiva, e, não obstante, a jurisprudência vem admitindo que se valha o interessado do


recurso de apelação, não há razão idônea conducente ao afastamento do mesmo alvitre
no âmbito específico da Lei de Lavagem de Dinheiro (REsp 1.585.781-RS, Rel. Min. Felix
Fischer, j. em 28/6/2016, DJe 1º/8/2016, grifos nossos).

Destacamos que as medidas assecuratórias sobre bens, direitos e valores nem sempre são
convenientes para as investigações, razão por que, pelo art. 4º-B da Lei n. 9.613/1998, elas
podem ser suspensas pelo juiz quando sua execução imediata puder comprometer as in-
vestigações.

Prisão Provisória e Medidas Cautelares Diversas da Prisão

Na redação original da Lei n. 9.613/1998, o art. 3º vedava a fiança e a liberdade provisória.


Mas a vedação absoluta foi considerada inconstitucional, e o dispositivo acabou sendo revo-
gado pela Lei n. 12.683/2012.
A liberdade provisória é concedida ao réu preso cautelarmente. É uma garantia constitu-
cional prevista no art. 5º, LXVI, da CF, que diz: “ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”.
A fiança é a garantia real prestada pelo preso para garantir sua liberdade. Tal garantia tem
dupla finalidade:
• substituir a prisão, isto é, o preso obtém sua liberdade mediante o recolhimento de de-
terminada garantia, que pode ser em bens ou dinheiro;
• no caso de o acusado ser condenado, a fiança proporcionará a reparação do dano, a
satisfação da multa e custas processuais.

O dispositivo deve ser interpretado de acordo com as regras do art. 312 do Código de Pro-
cesso Penal. Se estiverem ausentes os requisitos da prisão preventiva, o investigado poderá
responder ao processo em liberdade.
A doutrina é bastante enfática ao considerar que a proibição em abstrato à fiança e à li-
berdade provisória só pode ocorrer nos casos expressamente previstos na Constituição. O
legislador ordinário não pode criar mais hipóteses, substituindo o papel do juiz (princípio da
proibição do excesso). Cabe ao juiz decidir, a partir das circunstâncias do caso concreto, se é
caso de prisão provisória ou não.
A regra geral deve ser a liberdade, e o processo deve ter duração razoável para que se
possa obter com a maior eficiência possível a prestação jurisdicional. Segundo a doutrina, as
legislações que no passado tentaram instituir regras de proibição absoluta a direitos funda-
mentais assegurados pela Constituição, tais como a Lei de Crimes Hediondos, ao instituir o

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cumprimento da pena em regime integralmente fechado ou ainda em regime inicial fechado


obrigatório, são fruto de uma política criminal desastrosa no combate à grande criminalidade.
A jurisprudência consolidou entendimento que admite a possibilidade de medidas caute-
lares diversas da prisão provisória na investigação ou no processo por lavagem de dinheiro,
frente às circunstâncias do caso concreto.

JURISPRUDÊNCIA
Na hipótese em que a atuação do sujeito na organização criminosa de tráfico de drogas
se limitava à lavagem de dinheiro, é possível que lhe sejam aplicadas medidas cautela-
res diversas da prisão quando constatada impossibilidade da organização continuar a
atuar, ante a prisão dos integrantes responsáveis diretamente pelo tráfico. (HC 376.169-
GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, por maioria,
julgado em 1/12/2016, DJe 14/12/2016, grifo nosso).

Considerando que nem sempre a prisão em flagrante ou a preventiva ou a temporária são


convenientes para as investigações, a Lei n. 9.1613/1998 permite que o juiz suspenda a ordem
anteriormente dada, sempre ouvindo previamente o Ministério Público:

Art. 4º-B. A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores
poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata pu-
der comprometer as investigações. (grifo nosso)

A possibilidade de suspensão da prisão provisória pode ainda ser útil para a ação controla-
da e a infiltração de agentes, permitindo que se colecione mais indícios e elementos de provas
para formar uma sólida justa causa para a ação penal.

Colaboração Premiada

A colaboração premiada deve ser estudada com o devido aprofundamento em sua aula so-
bre a legislação de combate ao crime organizado, Lei n. 12.850/2013. Aqui, vamos fazer uma
abordagem dos principais pontos, já que está prevista como instrumento de investigação na
Lei n. 9.613/1998 (art. 1º, § 5º) e vem sendo muito utilizada para desvendar os crimes de lava-
gem de dinheiro, que geralmente ocorrem em contexto de criminalidade organizada. O Pacote
Anticrime reformulou inteiramente o capítulo da colaboração premiada na Lei n. 12.850/2013,
o que significa que o seu examinador vai cobrar esse tema em prova.

A colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que pres-
supõe utilidade e interesse público (art. 3º-A da Lei n. 12.850/2013). A redação dada pelo

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Pacote Anticrime consolidou entendimento que já vinha sendo aplicado pela jurisprudência
quanto à natureza jurídica da colaboração premiada como meio de obtenção de prova.

A colaboração premiada já era prevista para os crimes de lavagem de capitais, mesmo


antes da Lei n. 12.850/2013. Pela Lei n. 9.613/1998, os benefícios para o agente que colabora
espontaneamente, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações pe-
nais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização de bens, direitos ou
valores objetos do crime são: diminuição de pena (de 1/3 a 2/3) e o seu cumprimento da pena
em regime inicial aberto ou semiaberto, o perdão judicial ou a substituição da pena por pena
restritiva de direitos.

§ 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaber-
to, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de
direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando
esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coau-
tores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime (grifo nosso).

Observe que a Lei n. 9.613/1998 fala em colaboração “espontânea”. Do seu estudo da


Parte Geral do Direito Penal, você deve se lembrar da distinção entre voluntariedade e espon-
taneidade. A ação voluntária é aquela iniciativa que parte da pessoa, mas que pode partir de
aconselhamento, incentivo ou induzimento de terceiro. A ação espontânea é aquela gerada da
consciência da própria pessoa sem influência de terceiros.
O instituto da colaboração premiada ganhou mais força com a Lei n. 12.850/2013, que
delimitou com mais clareza o papel da acusação na elaboração do acordo e do juiz na homo-
logação deste. Lembrando que a jurisprudência também reconheceu ao delegado atribuição
para a proposição de acordo de colaboração premiada. A lei buscou ainda disciplinar a garan-
tia da ampla defesa em sede de colaboração, devendo o defensor do acusado ou investigado
estar presente em todos os atos, sendo inclusive por meio dele a apresentação da proposta
de acordo.
Na disciplina da Lei n. 12.850/2013, os benefícios e requisitos da colaboração premiada
são os seguintes (grifos nossos):

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois
terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha co-
laborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa
colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I – A identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações
penais por eles praticadas;
II – A revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III – A prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;

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IV – A recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
V – A localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

Observe que, pela Lei das Organizações Criminosas, a colaboração premiada deve ser efe-
tiva e voluntária. Aqui não há aquela exigência mais restrita da espontaneidade exigida pela Lei
n. 9.613/1998. Na prática, a distinção terminológica não tem se mostrado relevante. Basta que
o investigado ou acusado tenha a iniciativa de procurar as autoridades para propor acordo de
colaboração, acompanhado de seu defensor. Com a disciplina da Lei n. 12.850/2013, observa-
mos que o instituto é aprimorado em sua tecnicidade.
Mas é importante ressaltar que remanescem algumas diferenças procedimentais entre a
colaboração premiada do art. 1º, § 5º, da Lei n. 9.613/1998 e a da Lei n. 12.850/2013. Vejamos
precedente nesse sentido (grifo nosso):

JURISPRUDÊNCIA
7. O art. 1º, § 5º, da Lei n. 9.613/1998, contempla hipótese de colaboração premiada
que independe de negócio jurídico prévio entre o réu e o órgão acusatório (colaboração
premiada unilateral) e que, desde que efetiva, deverá ser reconhecida pelo magistrado, de
forma a gerar benefícios em favor do réu colaborador.
8. Ao menos um dos efeitos exigidos pela norma foi alcançado, qual seja, a apuração das
infrações penais, pois há explícita referência no acórdão à existência de escritura pública
na qual o recorrente prestou esclarecimentos substanciais à apuração do delito ante-
cedente (peculato) e subsequente (lavagem). 9. A instância ordinária reconheceu que o
recorrente faz jus à atenuante da confissão espontânea, circunstância que evidência, de
forma irrefutável, o caráter espontâneo da colaboração (REsp 1691901/RS, Min. Sebas-
tião Reis Júnior, 6ª T., j. em 26/9/2017, DJe 9/10/2017).

Assim, em matéria de investigação de lavagem de dinheiro, pode ocorrer a colabora-


ção premiada fundada no art. 1º, § 5º, da Lei n. 9.613/1998, assim como no art. 4º da Lei n.
12.850/2013, se houver o envolvimento de organizações criminosas.
Ainda como exemplo do aperfeiçoamento da colaboração premiada, ressaltamos que a Lei
n. 12.850/2013 explicitou os direitos e deveres do colaborador, definiu o conteúdo mínimo do
termo de colaboração e delimitou os critérios a serem observados pelo juiz no momento da
homologação do acordo. Tratou ainda do sigilo das negociações e do termo de colaboração
até o recebimento da denúncia ou queixa.
Você deverá aprofundar o estudo da colaboração na aula sobre a Lei das Organizações
Criminosas. Por fim, faremos mais um destaque sobre o tema. É vedada a condenação de réu
com base exclusivamente nas declarações do colaborador (ou delator). A colaboração premiada é

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meio de obtenção de prova, sendo que, para haver condenação, o seu conteúdo deve ser cor-
roborado por outros meios probatórios.

JURISPRUDÊNCIA
A colaboração premiada é meio de obtenção de prova (artigo 3º da Lei n. 12.850/2013).
Não se placita – antes ou depois da Lei n. 12.850/2013 –, condenação fundada exclu-
sivamente nas declarações do agente colaborador. Na espécie, as provas documentais,
testemunhais e perícias produzidas, além corroborarem as declarações dos colabora-
dores, comprovaram a autoria e o dolo para além de dúvida razoável (beyond a reasona-
ble doubt), inexistentes causas de exclusão de ilicitude e culpabilidade. Condenação, em
concurso material, da corrupção passiva com a lavagem de capitais (STF, AP 694/MT, Rel.
Min. Rosa Weber, 1ª T., j. em 2/5/2017, grifos nossos).

Nesse sentido, o Pacote Anticrime deu nova redação ao art. 4º da Lei n. 12.850/2013 para
estabelecer todas as decisões que não poderão ser embasadas tão somente nas palavras do
colaborador, merecendo ser corroboradas por outras provas. Vejamos:

§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com fundamento apenas nas
declarações do colaborador:
I – Medidas cautelares reais ou pessoais;
II – Recebimento de denúncia ou queixa-crime;
III – Sentença condenatória.

Peça Acusatória: Requisitos para sua Aptidão

Importante ressaltarmos disposição específica da Lei n. 9.613/1998 em relação à denún-


cia. Pelo § 1º do art. 2º da Lei, a denúncia por crime de lavagem de dinheiro deve ser instruída
com indícios suficientes da materialidade da infração penal antecedente.

§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente,
sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou
extinta a punibilidade da infração penal antecedente (grifo nosso).

Justa causa duplicada: para ser considerada apta, a denúncia por lavagem de dinheiro
deve apresentar elementos informativos suficientes que sirvam de lastro probatório mínimo,
que apontem a materialidade e ofereçam indícios da autoria da prática de atos de ocultação
ou de dissimulação da origem dos bens ou valores. Além disso, a inicial acusatória deve trazer
elementos que indiquem a existência de infração penal antecedente, demonstrando a chama-
da justa causa duplicada. A peça acusatória não precisará descrever, de forma pormenorizada,
as infrações penais antecedentes nem apresentar provas formadas em contraditório para que

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seja considerada apta pelo juiz, bastando demonstrar indícios de materialidade das infrações
antecedentes mais os indícios de autoria e materialidade da lavagem em si.
Esse lastro mínimo de prova a justificar a causa pode consistir em documentos obtidos por
meio de busca e apreensão, depoimentos de testemunhas, dados obtidos mediante quebra de
sigilo bancário devidamente autorizada, apenas para citar alguns exemplos.
Crime de autoria coletiva: se a atividade de lavagem de capitais for considerada crime de
autoria coletiva, em razão da longa cadeia de atos de branqueamento e do envolvimento de
muitos agentes para operar a complexidade de atos típicos, a denúncia não precisará detalhar
todas as ações de forma individualizada, bastando demonstrar a existência de um liame entre
o seu agir e a prática delituosa, de forma a possibilitar o direito de defesa (RHC 114849/PE, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., j. em 17-9-2019, DJe 24/9/2019).

Considerando o que foi dito, admite-se a narração genérica dos fatos, sem discriminação da
conduta específica de cada denunciado, quando a lavagem de dinheiro for considerada crime
de autoria coletiva, visto que só na instrução poderá se esclarecer quem concorreu participou
ou ficou alheio à ação ilícita ou ao resultado com ela obtido.

Nessa linha, o STF, no julgamento do Inq 2.471/SP (Pleno, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
DJe de 1º/3/2012), considerou que não é inepta a denúncia por crime de lavagem de dinheiro
e formação de quadrilha ou bando que, em vista de diversos agentes supostamente envolvi-
dos, descreve os fatos de maneira genérica e sistematizada, mas com clareza suficiente que
permita compreender a conjuntura tida por delituosa e possibilite o exercício da ampla defesa.

Competência e Procedimento

Os crimes de lavagem de dinheiro são processados, em regra, pela justiça comum estadu-
al, pelo procedimento comum. É o que se depreende do art. 2º, I, da Lei n. 9.613/1998.
Por serem crimes parasitários, têm como pressuposto a prática de infração penal anterior
e têm como objeto material dinheiro, bens ou valores obtidos da prática de crimes. A lavagem
pode ou não ser investigada, processada e julgada em conjunto com as infrações anteceden-
tes. Mas, a critério da investigação ou da acusação, a lavagem de dinheiro também pode ser
investigada ou processada separadamente dos crimes que lhe deram origem. É uma questão
de estratégia a escolha de como levar adiante a persecução penal, conforme as circunstâncias
do caso concreto. Neste caso, o juiz decidirá sobre a conveniência de unidade de processo e
julgamento da lavagem e das infrações antecedentes. É o que se depreende do art. 2º, II, da
Lei n. 9.613/1998. Observe como a questão é decidida no STJ (grifos nossos):

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JURISPRUDÊNCIA
4. A conexão instrumental, prevista no art. 76, III, do Código de Processo Penal, via de
regra, não determina competência de modo absoluto nem impõe a reunião de processos.
A definição de apreciação dos feitos pelo mesmo juízo e a união das persecuções penais
devem ser analisadas de acordo com cada situação concreta.
5. Nas hipóteses de crimes de lavagem de capitais, há legislação especial que dispõe
sobre a autonomia do processamento e do julgamento dos crimes da Lei n. 9.613/1998,
e das infrações que os antecedem. Cabe ao juízo competente para apreciar os crimes
de lavagem de dinheiro, decidir a respeito da união dos processos (art. 2º, II, do referido
diploma legal), examinando caso a caso, com objetivo de otimizar a entrega da presta-
ção jurisdicional. No ponto, aplicável a Súmula 7/STJ (REsp 1829744/SP, Min. Sebastião
Reis Júnior, 6ª T., j. em 18/2/2020, DJe 3/3/2020).

Competência de jurisdição nacional e estrangeira: nas hipóteses em que a lavagem tem


suas atividades parcialmente realizadas no Brasil e no exterior, a jurisdição brasileira tem com-
petência para atuar.
Ademais, quando os crimes antecedentes forem cometidos contra a Administração Públi-
ca brasileira, ainda que as atividades de lavagem tenham ocorrido integralmente no exterior,
haverá causa para a atuação da jurisdição brasileira.

JURISPRUDÊNCIA
V – Havendo fundados indícios de que os crimes de lavagem de dinheiro foram, ao menos
parcialmente, cometidos em território nacional, consoante a narrativa acusatória, acom-
panhada de documentação apta, em princípio, a confirmar a tese deduzida, bem como
segundo as decisões das instâncias ordinárias, não falece competência à autoridade
judiciária para processar e julgar o feito, por aplicação das regras do art. 5º, caput, e 6º
do CP, impondo-se o prosseguimento da instrução processual para a apuração da res-
ponsabilidade criminal do agente.
VI – Consoante entendimento já adotado por esta Corte, praticados os crimes antece-
dentes ao delito de lavagem de dinheiro em prejuízo da Administração Pública brasileira
– especificamente, contra o patrimônio da Petrobras –, ainda que porventura os atos de
lavagem tenham-se realizado exclusivamente no estrangeiro, subsiste a competência do
Poder Judiciário brasileiro para processar e julgar os fatos, a teor do art. 7º, I, “b”, do CP
(AgRg no RHC 112868/PR, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo, 5ª T., j. em 19/11/2019,
DJe 26/11/2019).

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Diante de superveniente alteração de competência, consoante à jurisprudência do STJ, em


tese, não há automática invalidação de todos os atos praticados no Juízo Estadual, visto que,
por força da teoria do juízo aparente, tais atos podem ser ratificados pelo Juízo que vier a ser
reconhecido como competente para processar e julgar o feito.
Competência da justiça federal: de acordo com o art. 2º, III, da Lei n. 9.613/1998, são da
competência da Justiça Federal o processo e julgamento da lavagem de dinheiro em duas
situações:
• quando os fatos são praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-finan-
ceira ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas;
• quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.

Revelia do réu: de acordo com o art. 2º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998, no processo por crime
previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Código de Processo Penal, ou seja,
não fica suspenso o processo nem o prazo prescricional. Nesse caso, o acusado que não
comparecer nem constituir advogado deve ser citado por edital, prosseguindo o feito até o
julgamento com a nomeação de defensor dativo.

Dos Efeitos da Condenação


Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal:
I – a perda, em favor da União – e dos Estados, nos casos de competência da Justiça Estadual -, de
todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes previs-
tos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do lesado ou de
terceiro de boa-fé; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
II – a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de mem-
bro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo
dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.
§ 1º A União e os Estados, no âmbito de suas competências, regulamentarão a forma de destinação
dos bens, direitos e valores cuja perda houver sido declarada, assegurada, quanto aos processos de
competência da Justiça Federal, a sua utilização pelos órgãos federais encarregados da prevenção,
do combate, da ação penal e do julgamento dos crimes previstos nesta Lei, e, quanto aos processos
de competência da Justiça Estadual, a preferência dos órgãos locais com idêntica função. (Incluído
pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 2º Os instrumentos do crime sem valor econômico cuja perda em favor da União ou do Estado for
decretada serão inutilizados ou doados a museu criminal ou a entidade pública, se houver interesse
na sua conservação. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)

A doutrina classifica os efeitos da condenação em penais e extrapenais. Os efeitos penais


são os relacionados ao cumprimento da penal. Com a condenação, há que se decidir o regime
inicial ou se é caso de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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se haverá sursis, entre outras questões relacionadas à execução da sanção penal. Os efeitos
extrapenais são os efeitos genéricos e específicos de que tratam os arts. 91 e 92 do Código
Penal, sendo que, com o Pacote Anticrime, foi acrescentado o art. 91-A para disciplinar efeitos
específicos para infrações com pena máxima superior a 6 anos, ou seja, infrações graves.
Em linhas gerais, são efeitos genéricos da condenação: tornar certa a obrigação de reparar
o dano e a perda em favor da União dos instrumentos e do produto ou proveito do crime, obser-
vadas as circunstâncias do art. 91. A perda do produto ou do proveito econômico da infração
é modalidade de confisco. O direito de propriedade é absoluto em nosso ordenamento, mas há
hipóteses de confisco, como a dos bens ou valores que o proprietário obteve de forma ilegíti-
ma, a partir da prática de crimes.
O art. 91-A trouxe uma hipótese mais “flexível” de confisco para infrações consideradas
mais graves, pois parte de uma presunção de que certos bens constituem produto ou proveito
do crime. Isto é, os bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado
e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito poderão ter a sua perda decretada.
Ademais, será considerado patrimônio do condenado todos os bens de sua titularidade ou que
estejam sob o seu domínio e dos quais ele obtenha benefícios direitos ou indiretos (art. 91-A,
§ 1º, I). Serão ainda considerados patrimônio do condenado os bens transferidos a terceiros a
título gratuito ou mediante valor irrisório depois de praticar a infração penal (art. 91-A, § 1º, II).
Há ainda os efeitos extrapenais específicos, que são as hipóteses dos incisos I a III do art.
92 do CP, que dizem respeito à perda do cargo, função pública ou mandato eletivo, à incapa-
cidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela ou à inabilitação para dirigir
veículo automotor. São considerados específicos porque são aplicáveis somente em determi-
nadas circunstâncias da conduta criminosa.
Feita essa introdução, a Lei de Lavagem de Capitais, em seu art. 7º, traz ainda hipóteses
específicas de efeitos da condenação pelas infrações da Lei n. 9.613/1998 (grifos nossos):

I – A perda, em favor da União – e dos Estados, nos casos de competência da Justiça Estadual –,
de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes pre-
vistos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do lesado ou
de terceiro de boa-fé;
II – A interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de mem-
bro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo
dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.

Atente-se às especificidades da Lei de Lavagem porque seu examinador gosta de cobrar


as exceções à regra geral. Então, é muito provável que, em matéria de lavagem de capitais, ele
queira saber os detalhes das regras específicas.

A perda de bens, direitos e valores em favor da União ou do Estado recairá sobre todos os bens,
direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, com a prática da lavagem de dinheiro,
ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé.
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A interdição de direito de exercer cargo ou função pública ou de diretor, membro de conselho


ou gerente das pessoas jurídicas descritas no art. 9º (bolsas de valores, seguradoras, correto-
ras, administradora de cartões de crédito e consórcios etc.) dar-se-á pelo dobro do tempo da
pena aplicada.

 Obs.: O rol do art. 9º é enorme, mas vale a pena ser lido. Sugiro que você inclua no seu estudo
de lei seca. Mas ressaltamos que, em 2019, foram acrescidas a esse rol as empresas
de arrendamento mercantil (leasing), as empresas de fomento comercial (factoring) e
as Empresas Simples de Crédito (ESC). Inovação introduzida pela Lei Complementar
n. 167/2019.

Dos Bens, Direitos ou Valores Oriundos de Crimes Praticados no


Estrangeiro
Art. 8º O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção internacional e por
solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou
valores oriundos de crimes descritos no art. 1º praticados no estrangeiro. (Redação dada pela Lei
n. 12.683, de 2012)
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou convenção internacional,
quando o governo do país da autoridade solicitante prometer reciprocidade ao Brasil.
§ 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores privados sujeitos a medidas asse-
curatórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os recursos provenientes da sua
alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado
o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)

Cooperação Internacional para o Confisco

O sistema antilavagem seguido pela Lei n. 9.613/1998 envolve ainda a cooperação entre
os Estados-partes do sistema internacional de combate à lavagem de dinheiro para facilitar a
execução das medidas de confisco determinadas por órgão judiciário de um dos Estados-par-
tes em razão de investigação ou processamento de crimes de lavagem de sua competência,
mas que foram adquiridos em outro país signatário.
Lembremos do início da aula em que abordamos a longa e complexa cadeia de atos de
lavagem de dinheiro que se dá por meio das três fases: colocação, ocultação e reintegração.
Não raro, tais atividades transpõem as fronteiras de um país, passando por paraísos fiscais
para retornar ao país de origem ou ser distribuída em mais de um país, a depender da escala
de atuação das organizações criminosas envolvidas.
Nesse sentido, a Lei n. 9.613/1998 (grifos nossos) dispõe:

Art. 8º O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção internacional e por


solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou
valores oriundos de crimes descritos no art. 1º praticados no estrangeiro.

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§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou convenção internacional,
quando o governo do país da autoridade solicitante prometer reciprocidade ao Brasil.
§ 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores privados sujeitos a medidas asse-
curatórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os recursos provenientes da sua
alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado
o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé.

E a jurisprudência (grifos nossos) tem aplicado:

JURISPRUDÊNCIA
É possível a homologação de sentença penal estrangeira que determine o perdimento
de imóvel situado no Brasil em razão de o bem ser produto do crime de lavagem de
dinheiro. De fato, a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transna-
cional (Convenção de Palermo), promulgada pelo Decreto n. 5.015/2004, dispõe que os
estados partes adotarão, na medida em que o seu ordenamento jurídico interno o per-
mita, as medidas necessárias para possibilitar o confisco do produto das infrações pre-
vistas naquela convenção ou de bens cujo valor corresponda ao desse produto (art. 12, 1,
a), sendo o crime de lavagem de dinheiro tipificado na convenção (art. 6º), bem como na
legislação brasileira (art. 1º da Lei n. 9.613/1998). Ademais, nos termos do CP: «Art. 9º A
sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
consequências, pode ser homologada no Brasil para: I – obrigar o condenado à repara-
ção do dano, a restituições e a outros efeitos civis”. Verifica-se, assim, que a lei brasileira
também prevê a possibilidade de perda, em favor da União, ressalvado o direito do lesado
ou de terceiro de boa-fé, do produto do crime, como um dos efeitos da condenação (art.
91, II, b, do CP). Nesse contexto, não prospera a alegação de que a homologação de
sentença estrangeira de expropriação de bem imóvel – situado no Brasil – reconhe-
cido como proveniente de atividades ilícitas ocasionaria ofensa à soberania nacional,
pautada no argumento de que competiria à autoridade judiciária brasileira conhecer de
ações relativas a imóvel situado no País, de acordo com o previsto no art. 12, § 1º, da
LINDB, bem como no art. 89, I, do CPC/1973. Com efeito, não se trata especificamente
sobre a situação de bem imóvel, sobre a sua titularidade, mas sim sobre os efeitos civis
de uma condenação penal determinando o perdimento de bem que foi objeto de crime de
lavagem de capitais. Inclusive, é importante destacar que o bem imóvel não será transfe-
rido para a titularidade do país interessado, mas será levado a hasta pública, nos termos
do art. 133 do CPP. (SEC 10.612-FI, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/5/2016, DJe
28/6/2016).

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Das Pessoas Sujeitas aos Mecanismos de Controle


Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que te-
nham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente
ou não: (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
I – a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional
ou estrangeira;
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial;
III – a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, intermediação ou administração de
títulos ou valores mobiliários.
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do mer-
cado de balcão organizado; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
II – as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de
capitalização;
III – as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as adminis-
tradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
IV – as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico,
magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;
V – as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as empresas de fomento comercial (facto-
ring) e as Empresas Simples de Crédito (ESC); (Redação dada pela Lei Complementar n. 167, de
2019)
VI – as sociedades que, mediante sorteio, método assemelhado, exploração de loterias, inclusive de
apostas de quota fixa, ou outras sistemáticas de captação de apostas com pagamento de prêmios,
realizem distribuição de dinheiro, de bens móveis, de bens imóveis e de outras mercadorias ou ser-
viços, bem como concedam descontos na sua aquisição ou contratação; (Redação dada pela Lei n.
14.183, de 2021)
VII – as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das ativida-
des listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;
VIII – as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos
mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;
IX – as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes,
dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de ente es-
trangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;
X – as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e
venda de imóveis; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
XI – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, objetos de
arte e antigüidades.
XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem
a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie;
(Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
XIII – as juntas comerciais e os registros públicos; (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)

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XIV – as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de asses-
soria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em
operações: (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações so-
cietárias de qualquer natureza; (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobiliários;
(Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos fiduci-
ários ou estruturas análogas; (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas ou
artísticas profissionais; (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
XV – pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, agen-
ciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições ou
eventos similares; (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
XVI – as empresas de transporte e guarda de valores; (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
XVII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou ani-
mal ou intermedeiem a sua comercialização; e (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
XVIII – as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua ma-
triz no Brasil, relativamente a residentes no País. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)

Conforme Renato Brasileiro6, uma persecução penal eficiente da lavagem de capitais exi-
ge, obrigatoriamente, uma perfeita interação entre três subsistemas: a) prevenção: composto
pelos denominados sujeitos obrigados (art. 9º) e pelos órgãos de inteligência financeira, espe-
cialmente o COAF, dotado de autonomia técnica e operacional, atualmente vinculado adminis-
trativamente ao Banco Central do Brasil; b) repressão e persecução: composto pela Polícia e
pelo Ministério Público; c) recuperação de ativos: tarefa desempenhada pelo MP e por órgãos
do Poder Executivo, notadamente o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação
Jurídica Internacional (DRCI).
Em relação ao subsistema de prevenção, tendo em conta que o processo de lavagem en-
volve, obrigatoriamente, a movimentação de bens, valores ou direitos, estabeleceram-se me-
canismos de controle de registros de operações consideradas suspeitas. O artigo 9º da lei
determinou as espécies de atividades sujeitas à fiscalização permanente por parte da cor-
respondente pessoa jurídica ou física, que se vê obrigada a comunicar ao COAF a relação de
operações suspeitas, de forma a viabilizar uma investigação mais detalhada.
O combate à lavagem de capitais passa, portanto, pela cooperação entre o setor público e
o setor privado. Neste sistema que a doutrina denomina de twin trqack fight, pessoas físicas
ou jurídicas que atuam em campos sensíveis à lavagem de capitais, que exerçam atividades
6
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada: volume único. 9. ed., rev., atual. e ampl. – Salvador:
Juspodivm, 2021.

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em setores tradicionalmente utilizados pelos lavadores são caracterizados como gatekeepers,


como torres de vigia, pois atuam ou têm acesso aos caminhos e trilhas por meio dos quais flui
o dinheiro obtido dos crimes ou contravenções penais.

Da Identificação dos Clientes e Manutenção de Registros


Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:
I – identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas
das autoridades competentes;
II – manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores mo-
biliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser convertido em dinheiro, que ul-
trapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta expedidas;
III – deverão adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e
volume de operações, que lhes permitam atender ao disposto neste artigo e no art. 11, na forma
disciplinada pelos órgãos competentes; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
IV – deverão cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no órgão regulador ou fiscalizador e, na
falta deste, no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na forma e condições por eles
estabelecidas; (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
V – deverão atender às requisições formuladas pelo Coaf na periodicidade, forma e condições por
ele estabelecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o sigilo das informações prestadas.
(Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 1º Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídica, a identificação referida no inciso I
deste artigo deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus pro-
prietários.
§ 2º Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II deste artigo deverão ser conservados duran-
te o período mínimo de cinco anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação,
prazo este que poderá ser ampliado pela autoridade competente.
§ 3º O registro referido no inciso II deste artigo será efetuado também quando a pessoa física ou
jurídica, seus entes ligados, houver realizado, em um mesmo mês-calendário, operações com uma
mesma pessoa, conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ultrapassem o limite fixado pela
autoridade competente.
Art. 10A. O Banco Central manterá registro centralizado formando o cadastro geral de correntistas
e clientes de instituições financeiras, bem como de seus procuradores. (Incluído pela Lei n. 10.701,
de 2003)

Da Comunicação de Operações Financeiras


Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º:
I – dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das au-
toridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou
com eles relacionar-se;

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II – deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a qualquer pessoa, inclusive
àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a proposta ou realização:
(Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
a) de todas as transações referidas no inciso II do art. 10, acompanhadas da identificação de que
trata o inciso I do mencionado artigo; e (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
b) das operações referidas no inciso I; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
III – deverão comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da sua atividade ou, na sua falta, ao Coaf,
na periodicidade, forma e condições por eles estabelecidas, a não ocorrência de propostas, transa-
ções ou operações passíveis de serem comunicadas nos termos do inciso II. (Incluído pela Lei n.
12.683, de 2012)
§ 1º As autoridades competentes, nas instruções referidas no inciso I deste artigo, elaborarão rela-
ção de operações que, por suas características, no que se refere às partes envolvidas, valores, forma
de realização, instrumentos utilizados, ou pela falta de fundamento econômico ou legal, possam
configurar a hipótese nele prevista.
§ 2º As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista neste artigo, não acarretarão responsabi-
lidade civil ou administrativa.
§ 3º O Coaf disponibilizará as comunicações recebidas com base no inciso II do caput aos res-
pectivos órgãos responsáveis pela regulação ou fiscalização das pessoas a que se refere o art. 9º.
(Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
Art. 11-A. As transferências internacionais e os saques em espécie deverão ser previamente comu-
nicados à instituição financeira, nos termos, limites, prazos e condições fixados pelo Banco Central
do Brasil. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)

Os artigos 10 e 11, supracitados, estabelecem as obrigações civis e administrativas que


devem ser cumpridas pelas pessoas físicas e jurídicas que executem, em caráter permanente
ou eventual, como atividade principal ou secundária, qualquer dos ofícios apontados no rol do
artigo 9º e seu parágrafo único. Às pessoas listadas no artigo 9º, que deixarem de cumprir o
quanto previsto nos artigos 10 e 11 da lei, supracitados, podem ser aplicadas administrativa-
mente, cumulativamente, ou não, as sanções previstas no artigo 12, que segue adiante.7

Comunicação de Operações Suspeitas

As pessoas físicas e jurídicas elencadas no artigo 9º dispensarão especial atenção às


operações que, nos termos das instruções emanadas das autoridades competentes, possam
constituir-se sem sérios indícios de crimes previstos nesta lei, ou com eles relacionar-se.

Da Responsabilidade Administrativa
Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que
deixem de cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão aplicadas, cumulativamente ou
não, pelas autoridades competentes, as seguintes sanções:

7
LIMA, Renato de. Op. Cit.

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I – advertência;
II – multa pecuniária variável não superior: (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
a) ao dobro do valor da operação; (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação;
ou (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais); (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
III – inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de administrador
das pessoas jurídicas referidas no art. 9º;
IV – cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, operação ou funciona-
mento. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
§ 1º A pena de advertência será aplicada por irregularidade no cumprimento das instruções referi-
das nos incisos I e II do art. 10.
§ 2º A multa será aplicada sempre que as pessoas referidas no art. 9º, por culpa ou dolo: (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
I – deixarem de sanar as irregularidades objeto de advertência, no prazo assinalado pela autoridade
competente;
II – não cumprirem o disposto nos incisos I a IV do art. 10; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de
2012)
III – deixarem de atender, no prazo estabelecido, a requisição formulada nos termos do inciso V do
art. 10; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
IV – descumprirem a vedação ou deixarem de fazer a comunicação a que se refere o art. 11.
§ 3º A inabilitação temporária será aplicada quando forem verificadas infrações graves quanto ao
cumprimento das obrigações constantes desta Lei ou quando ocorrer reincidência específica, devi-
damente caracterizada em transgressões anteriormente punidas com multa.
§ 4º A cassação da autorização será aplicada nos casos de reincidência específica de infrações
anteriormente punidas com a pena prevista no inciso III do caput deste artigo.
Art. 13. (Revogado pela Lei n. 13.974, de 2020)

Do Conselho de Controle de Atividades Financeiras


Art. 14. É criado, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Conselho de Controle de Atividades Finan-
ceiras – COAF, com a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e
identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas nesta Lei, sem prejuízo da com-
petência de outros órgãos e entidades.
§ 1º As instruções referidas no art. 10 destinadas às pessoas mencionadas no art. 9º, para as quais
não exista órgão próprio fiscalizador ou regulador, serão expedidas pelo COAF, competindo-lhe, para
esses casos, a definição das pessoas abrangidas e a aplicação das sanções enumeradas no art. 12.
§ 2º O COAF deverá, ainda, coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de informa-
ções que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens,
direitos e valores.
§ 3º O COAF poderá requerer aos órgãos da Administração Pública as informações cadastrais ban-
cárias e financeiras de pessoas envolvidas em atividades suspeitas. (Incluído pela Lei n. 10.701, de
2003)

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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Art. 15. O COAF comunicará às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos
cabíveis, quando concluir pela existência de crimes previstos nesta Lei, de fundados indícios de sua
prática, ou de qualquer outro ilícito.
Art. 16. (Revogado pela Lei n. 13.974, de 2020)
Art. 17. (Revogado pela Lei n. 13.974, de 2020)

Disposições Gerais
Art. 17-A. Aplicam-se, subsidiariamente, as disposições do Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de
1941 (Código de Processo Penal), no que não forem incompatíveis com esta Lei. (Incluído pela Lei
n. 12.683, de 2012)
Art. 17-B. A autoridade policial e o Ministério Público terão acesso, exclusivamente, aos dados ca-
dastrais do investigado que informam qualificação pessoal, filiação e endereço, independentemente
de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, pelas institui-
ções financeiras, pelos provedores de internet e pelas administradoras de cartão de crédito. (Incluí-
do pela Lei n. 12.683, de 2012)
Art. 17-C. Os encaminhamentos das instituições financeiras e tributárias em resposta às ordens
judiciais de quebra ou transferência de sigilo deverão ser, sempre que determinado, em meio infor-
mático, e apresentados em arquivos que possibilitem a migração de informações para os autos do
processo sem redigitação. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)

Formas de Comunicação dos Dados Financeiros e Tributários

Um dos maiores entraves, por ocasião da quebra de sigilo de dados financeiros, bancários
e fiscais diz respeito à ausência de definição de um parâmetro único a ser observado pelas
instituições bancárias e pela Receita Federal ao prestar as informações. Daí a importância do
artigo 17-C, supracitado, acrescido pela Lei n. 12.683/12.8
Em substituição à apresentação de diversos documentos fotocopiados em suporte de pa-
pel, a lei passa a exigir que as informações sejam prestadas por meio de arquivos digitais,
sendo possível, inclusive, a indicação pelo juiz do programa de processamento de dados a ser
utilizado, o que, sem dúvida, irá otimizar a análise dessas informações.

Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remune-
ração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamen-
tada, o seu retorno. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012) (Vide ADIN 4911)

Como se percebe da leitura do artigo 17-D, em se tratando de crimes de lavagem da ca-


pitais, este dispositivo legal estabelece o afastamento do servidor público de suas funções
como efeito automático do indiciamento, permitindo seu retorno às atividades funcionais ape-
nas de houver decisão judicial fundamentada nesse sentido.

8
LIMA, Renato Brasileiro de. Op. Cit.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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Renato Brasileiro leciona que o simples indiciamento não pode acarretar a suspensão das
funções públicas. Porém, aduz que é certo que, diante do envolvimento de servidor público em
crimes de lavagem de capitais ou infrações antecedentes, nada impede que a autoridade judi-
ciária competente decrete a suspensão do exercício de função pública, se visualizar que esta
medida cautelar diversa da prisão é necessária para a aplicação da lei penal, para a investiga-
ção ou instrução criminal, ou para evitar a prática de novas infrações penais.

Art. 17-E. A Secretaria da Receita Federal do Brasil conservará os dados fiscais dos contribuintes
pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos, contado a partir do início do exercício seguinte ao da declara-
ção de renda respectiva ou ao do pagamento do tributo. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)

O objetivo do artigo 17-E é garantir um período mínimo de preservação dos dados fiscais
dos contribuintes. Logo, na hipótese de ulterior quebra do sigilo fiscal, tais informações po-
derão ser fornecidas pela Receita Federal para que sejam utilizadas como prova em eventual
persecução penal. Cuida-se de prazo mínimo, o que significa dizer que, pelo menos em tese, é
possível que a Receita Federal conserve esses dados fiscais por mais tempo.9

9
LIMA, Renato Brasileiro de. Op. Cit.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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RESUMO
Nesta aula estudamos a Lei n. 9.613/1998, Lei da Lavagem de Ocultação de Bens, Direitos
e Valores, com as alterações trazidas pela Lei n. 12.683/12 e pelo Pacote Anticrime.
Conforme se verá adiante, nas questões de concurso propostas, é importante o estudo do
artigo 1º, §§ 3º, 4º e 5º, que dispõe, primeiramente, que é possível a tentativa, uma vez que a
lei prevê a punição para tanto.
Destaca-se, também, que a pena do crime de lavagem será aumentada de 1/3 a 2/3, se os
crimes forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. Aten-
ção: não confundir com associação criminosa!
Ademais, a pena aplicável aos crimes de lavagem poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 e ser
cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substi-
tuí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colabo-
rar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apura-
ção das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização
dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
A respeito das medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acu-
sado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou pro-
veito dos crimes previstos na lei ou das infrações penais antecedentes, o juiz, de ofício, a re-
querimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o
Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes de infração penal,
poderá decretá-las.
Sobre os efeitos da condenação por crimes de lavagem de capitais, estes podem ser:
• a perda, em favor da União – e dos Estados, nos casos de competência da Justiça Es-
tadual -, de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à
prática dos crimes previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança,
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
• a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de
membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas
no art. 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.

Por fim, para o aprimoramento de seu conhecimento, é de suma importância a leitura das
Jurisprudências em Teses do STJ, n. 166 1 167, os quais dispões, dentre outros pontos:
Tese 166, n.1) É desnecessário que o autor do crime de lavagem de dinheiro tenha sido
autor ou partícipe da infração penal antecedente, basta que tenha ciência da origem ilícita dos
bens, direitos e valores e concorra para sua ocultação ou dissimulação.
Tese 166, N.3) A aptidão da denúncia relativa ao crime de lavagem de dinheiro não exige
uma descrição exaustiva e pormenorizada do suposto crime prévio, bastando, com relação às

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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condutas praticadas antes da Lei n. 12.683/2012, a presença de indícios suficientes de que o


objeto material da lavagem seja proveniente, direta ou indiretamente, de um daqueles crimes
mencionados nos incisos do art. 1º da Lei n. 9.613/1998.
Tese 166, n.6) O crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, tipificado no
art. 1º da Lei n. 9.613/1998, constitui crime autônomo em relação às infrações penais an-
tecedentes.
8) O crime de lavagem de bens, direitos ou valores, quando praticado na modalidade típica
de ocultar, é permanente, protraindo-se sua execução até que os objetos materiais do branque-
amento se tornem conhecidos.
Tese 167, n.1) No crime de lavagem de dinheiro que envolve grande quantidade de agen-
tes residentes em diversas unidades da federação, a regra de competência do local onde se
realizaram as operações irregulares será afastada para, em homenagem aos princípios da ra-
zoável duração do processo e da celeridade de sua tramitação, dar lugar ao foro do domicílio
do investigado.
Tese 167, n. 2) A autoridade judiciária brasileira é competente para julgar os crimes de
lavagem ou ocultação de dinheiro cometidos, mesmo que parcialmente, no território nacional,
bem como na hipótese em que os crimes antecedentes tenham sido praticados em prejuízo da
administração pública, ainda que os atos tenham ocorrido exclusivamente no exterior.
Tese 167, n. 4) O reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição da infração
penal antecedente não implica atipicidade do delito de lavagem (art. 1º da Lei n. 9.613/1998).
Tese 167, n. 7) Por ser atípico, não se pode invocar a substituição do crime de organização
criminosa por associação criminosa (art. 288 do Código Penal – CP), pois este não estava in-
cluído no rol taxativo da redação original da Lei n. 9.613/1998.
Tese 167, n. 13) Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, a autorida-
de policial e o Ministério Público têm acesso, independentemente de autorização judicial, aos
dados meramente cadastrais de investigados que não são protegidos pelo sigilo constitucio-
nal (art. 17-B da Lei n. 9.613/1998).
Sobre a jurisprudência dos Tribunais Superiores, você deve ficar sempre atento às novida-
des, considerando que os crimes de lavagem de capitais estão sempre em destaque, ocasio-
nando frequentes mudanças de posicionamento, tanto do STF, quanto do STJ.
Adiante, constam questões de concurso elaboradas conforme provas já aplicadas, para
fixação do conteúdo.
Bons estudos!

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MAPAS MENTAIS

Para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou


valores provenientes de infração penal:

Os converte em ativos ilícitos.


Incorre na mesma pena
do crime de lavagem de
capitais quem: Os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia,
guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere.

Importa ou exporta bens com valores não correspondentes


aos verdadeiros.

Obedecem às disposições relativas ao procedimento comum


dos crimes punidos com reclusão, da competência do juiz
singular;

Independem do processo e julgamento das infrações penais


antecedentes, ainda que praticados em outro país;

Cabendo ao juiz competente para os crimes previstos na lei a


decisão sobre a unidade de processo e julgamento;

O processo e julgamento
São de competência da Justiça Estadual, salvo as exceções
dos crimes da Lei de previstas na lei, que são:
Lavagem de Capitais:
Quando praticados contra o sistema financeiro e a
ordem econômico-financeira;

Em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de


suas entidades autárquicas ou empresas públicas;

Quando a infração penal antecedente for de


competência da Justiça Federal.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (FCC/MP-MT/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) De acordo com o ordenamento jurídico
e o posicionamento dos tribunais superiores acerca do crime de “lavagem” ou ocultação de
bens, direitos e valores (Lei n. 9.613/1998),
a) a pena será aumentada de metade, se os crimes definidos na Lei n. 9.613/1998 forem come-
tidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
b) somente constitui o crime de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores se o valor
em pecúnia envolvido tiver decorrido de um dos crimes referidos no rol exaustivo da Lei n.
9.613/1998.
c) a lei de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, muito embora criminalize a con-
duta de ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de determi-
nados crimes, é omissa quanto à tipificação das condutas de importar ou exportar bens com
valores não correspondentes aos verdadeiros.
d) não é punível a tentativa de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores.
e) é adotada nos tribunais superiores brasileiros a doutrina norte-americana que aponta a exis-
tência de três fases distintas do crime de “lavagem” de bens, direitos e valores: a colocação, o
encobrimento e a integração.

002. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA/2019) Hans Staden é um famoso


colecionador e vendedor de artigos raros de antiguidade, em especial obras de arte da região
Bávara da Alemanha. Para comemorar suas recentes aquisições, fez uma exposição na cidade
de seus avós, uns dos primeiros colonos alemães no Brasil, Sontag Martins, na serra capixaba.
Lá pode vender algumas dessas obras, todavia, em especial pelo clima de festividades, não
deu seguimento ao seu procedimento de venda com o devido cadastramento dos comprado-
res e demais detalhes próprios das obrigações e responsabilidades dispostas no art. 10 da Lei
n. 9.613/1998.
Ao passar dos dias, ainda com sua consciência pesada por não cumprir o procedimento pa-
drão, pensa em viajar pela Europa e evitar o desdobramento de qualquer Ação Penal que se
inicie, pois crê que “se não for achado, qualquer processo ficará suspenso aguardando mi-
nha volta”.
Nessa situação hipotética, sobre a disciplina imposta pela Lei n. 9.613/1998 e as garantias
processuais, está correto afirmar que caso Hans Staden não comparecesse ou não constituís-
se advogado:
a) seria citado por edital, e o feito seria continuado até o julgamento, sendo um defensor dativo
nomeado para a defesa técnica.
b) tal motivo, de acordo com a Lei n. 9.613/1998, seria o suficiente para a sua condução
coercitiva.

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c) seria citado por edital, e o feito seria suspenso assim como o curso do prazo prescricional.
d) tal motivo, de acordo com a Lei n. 9.613/1998, seria o suficiente para a decretação de sua
prisão preventiva.
e) tal motivo, de acordo com a Lei n. 9.613/1998, seria o suficiente para a decretação de sua
prisão temporária.

003. (MP-SP/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2019) Assinale a alternativa


INCORRETA.
a) O crime de “lavagem” de capitais é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o au-
tor da infração penal antecedente.
b) Com a condenação pela prática do crime de “lavagem” de capitais, ocorrerá a perda em
favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos do cri-
me, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua
fato ilícito.
c) A habitualidade não é elementar do crime de “lavagem” de capitais, mas, se praticada de
forma reiterada, faz incidir causa de aumento de pena.
d) Dentre as principais alterações produzidas pela Lei n. 12.683/2012 à Lei n. 9.613/1998, que
dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, temos a mudan-
ça da redação do caput do artigo 1º, a revogação do rol taxativo constante em seus incisos e a
majoração da pena, que comportava, até então, a substituição por restritivas de direitos.
e) O crime de “lavagem” de capitais tem natureza acessória, derivada ou dependente de infra-
ção penal anteriormente cometida, típica e antijurídica, da qual decorreu a obtenção de vanta-
gem financeira ilegal.

004. (MP-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) Julgue a assertiva a seguir. A configuração


do crime de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei n. 9.613/1998) pressupõe a demonstração da
autoria e materialidade da infração penal anterior.

005. (CEBRASPE/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO/2019) Ao receber ação penal para o processa-


mento de crime de lavagem de valores, de acordo com a legislação especial que trata do as-
sunto, o juiz de direito substituto atuará corretamente no caso de
a) suspender o processo, mas determinar a produção antecipada de provas, caso o réu, citado
por edital, não compareça aos autos nem constitua advogado.
b) indeferir eventual pedido de declinação de competência do feito para a justiça federal quan-
do somente a infração penal antecedente for de competência da justiça federal.
c) emitir ordem, após o trânsito em julgado de ação de competência da justiça federal ou es-
tadual, para que o valor constante da sentença penal condenatória e depositado judicialmente
como medida assecuratória seja incorporado definitivamente ao patrimônio da União.

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d) suspender, após ouvir o Ministério Público, medida assecuratória de bens e valores sob o
fundamento de que a execução imediata poderá comprometer as investigações.
e) não receber a denúncia sob o fundamento de que a peça foi instruída com infração penal
antecedente cuja punibilidade foi extinta.

006. (CEFETBAHIA/MP-BA/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2018) Considerando as


alterações provocadas pela Lei n. 12.683, de 09 de julho de 2012, no tocante aos crimes de
lavagem de capitais e, ainda, aos crimes contra a ordem tributária, analise as assertivas e iden-
tifique com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) A ocultação ou dissimulação de bens de posse ilícita, tais como drogas ou armas, ainda
que produtos de determinada infração, não constitui crime de lavagem de capitais, porque os
autores podem ser punidos pelos crimes de forma distinta e autônoma.
( ) O crime de lavagem de capitais é tipificado quando há demonstração de que os bens, di-
reitos ou valores objeto de ocultação ou dissimulação são produtos, diretos ou indiretos, de
infração penal.
( ) Se a infração penal antecedente for um crime contra a ordem tributária, o objeto material da
lavagem de capitais será o total do valor que gere a obrigação tributária.
( ) Não se pode confundir o crime de favorecimento real com o crime de lavagem de capitais,
uma vez que o primeiro (favorecimento real) não pode ser praticado pelo autor ou partícipe da
infração antecedente, vez que o próprio tipo penal se caracteriza pelo auxílio destinado a tornar
seguro o proveito do crime, fora dos casos de coautoria ou de receptação.
( ) Toda e qualquer infração penal poderá caracterizar-se como antecedente da lavagem de
capitais, a exemplo dos chamados crimes de responsabilidade (infrações político-administra-
tivas) e, ainda, bens, direitos ou valores oriundos de improbidade administrativa.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é
a) V F V F V.
b) V F V V F.
c) V V F V F.
d) F V F V F.
e) F F V F V.

007. (CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO/2018) Com referência ao crime de lava-


gem de capitais, julgue o seguinte item.
Situação hipotética: Álvaro, servidor público federal, foi, por cinco anos, presidente da comis-
são de licitações de determinado órgão público federal. Em diversas ocasiões, Álvaro recebeu
valores e bens para favorecer empresas nos certames licitatórios, e os transferiu para o patri-
mônio de Flávio, seu irmão, que os utilizava nos negócios da empresa da família, com vistas a
ocultar o ingresso desses recursos e a sua origem ilícita. Assertiva: Nessa situação, Álvaro e

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Flávio responderão pelo crime de lavagem de capitais, e será da justiça federal a competência
para processar e julgar a ação penal.

008. (PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA/2017) Tendo em mente o paradigmático julga-


mento da Ação Penal 470, assinale a alternativa incorreta:
a) no crime de corrupção passiva necessário o nexo de causalidade entre a vantagem indevida
e o ato de ofício, mas irrelevante a destinação que o agente venha a dar aos recursos recebidos.
b) não é necessário que o funcionário público pratique efetivamente o ato de ofício, bastando
a possibilidade de que a vantagem indevida venha a influir na prática do ato de ofício pelo fun-
cionário público.
c) a autolavagem pressupõe a prática de atos de ocultação autônomos do produto do crime
antecedente já consumado.
d) o ato de ofício precisa estar indicado na denúncia.

009. (FUMARC/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/2018) Em relação aos aspec-


tos processuais da lei de lavagem de dinheiro (Lei n. 9.613/1998), pode-se afirmar:
a) A alienação de bens objeto de medidas assecuratórias depende da existência de trânsito em
julgado de sentença condenatória.
b) A competência para o julgamento do delito de lavagem de dinheiro será da justiça federal.
c) A denúncia deverá ser instruída com indícios suficientes da existência de infração penal
antecedente.
d) A persecução penal em juízo depende da comprovação, mediante sentença condenatória,
de infrações penais antecedentes.

010. (TRF-3/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2018) Assinale a alternativa CORRETA:


a) O processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro prescinde da existência da infra-
ção penal antecedente.
b) O crime de lavagem de dinheiro caracteriza-se pela ocorrência de crime antecedente expres-
samente previsto na lei específica.
c) O processo de lavagem de dinheiro é composto por, pelo menos, três fases: ocultação, dis-
simulação e integração.
d) A legislação brasileira exige a completude do ciclo de lavagem para que se caracterize o
crime de lavagem de capitais.

011. (2018/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE/2018/POLÍCIA FEDERAL/PE-


RITO CRIMINAL FEDERAL/ÁREA 1) Acerca de crédito tributário, legislação tributária e crime
de lavagem de capitais ou ocultação de bens, direitos e valores, julgue o item que se segue.
O crime de lavagem de capitais ou ocultação de bens, direitos e valores não é admitido na mo-
dalidade tentada.

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012. (FUNDATEC/PC-RS/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A respeito das condutas incrimina-


das pela Lei n. 9.613/1998, denominada Lei de Lavagem de Dinheiro, analise as assertivas
que seguem:
I – De acordo com o entendimento atual do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, o crime
de lavagem de bens, direitos ou valores, praticado na modalidade de ocultação, tem natureza
de crime permanente, logo, a prescrição somente começa a contar do dia em que cessar a
permanência.
II – O crime de lavagem de bens, direitos ou valores é composto por três fases: a colocação
(placement), a ocultação (layering) e a integração (integration), devendo todas estarem confi-
guradas para o enquadramento da conduta na figura criminosa.
III – A pena será aumentada de um a dois terços, quando forem constatadas várias transações
financeiras, soma de grandes valores e, além disso, houver prova de que o sujeito integre orga-
nização criminosa.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

013. (CEBRASPE/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A colaboração premiada nos casos


de lavagem de capitais
a) será válida somente se o colaborador indicar a autoria do crime antecedente que originou a
lavagem de ativos.
b) será nula se não contar com a participação do órgão julgador na elaboração do acordo.
c) tem como benefício, entre outros, a substituição da pena privativa de liberdade por penas
restritivas de direitos.
d) constitui meio de prova que pode embasar, isoladamente, posterior sentença condenatória.
e) pode ocorrer apenas na fase processual, no curso da competente ação penal.

014. (CEBRASPE/TRF-5/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2017) Com relação às regras proces-


suais relativas aos crimes de lavagem de dinheiro, assinale a opção correta.
a) O juiz não deve receber a denúncia oferecida pelo crime de lavagem de dinheiro, caso tenha
ocorrido a prescrição por crime antecedente.
b) Não é cabível medida cautelar diversa da prisão para crimes de lavagem de dinheiro.
c) O recurso cabível da decisão que determina medida assecuratória nos crimes de lavagem
de dinheiro é o da apelação.
d) Se um imóvel situado no Brasil for produto do crime de lavagem de dinheiro praticado por
estrangeiro que, por esse crime, tenha sido penalmente condenado em seu país, mesmo com

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a homologação da sentença penal estrangeira, será vedado o perdimento do imóvel, por se


caracterizar um verdadeiro confisco indireto.
e) É inepta a denúncia por crime de lavagem de dinheiro que, devido ao suposto envolvimento
de diversos agentes, descreve os fatos de maneira genérica e sistematizada, ainda que haja
clareza que permita compreender a conjuntura tida por delituosa.

015. (CEBRASPE/PJC-MT/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/2017) A respeito do crime


de lavagem de dinheiro praticado ao se adquirir bens com o produto de crime antecedente, per-
petrado por organização criminosa de que o agente seja integrante, assinale a opção correta.
a) O juiz poderá decretar medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para a re-
paração de dano decorrente do branqueamento de capitais, mas não daquele decorrente da
infração penal antecedente.
b) O juiz não poderá determinar, por iniciativa própria, a alienação antecipada de bens constri-
tos, sob a alegação de preservação do valor desses bens.
c) Se o agente acordar com a justiça a colaboração premiada, poderá obter o perdão judicial,
mesmo que o acordo ocorra posteriormente à sentença.
d) No caso de colaboração premiada, as proposições do acordo serão formuladas pelo juiz,
juntamente com o MP e com o delegado de polícia, e, se for aceito, o acordo será homologado
judicialmente.
e) O juiz poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado,
independentemente de requerimento do MP ou representação do delegado de polícia.

016. (FMP CONCURSOS/MP-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2017) Em relação


ao crime de lavagem de dinheiro, assinale a alternativa CORRETA.
a) A caracterização do crime de lavagem de dinheiro, segundo a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, reclama um sofisticado processo que compreende as fases da ocultação, do
mascaramento e da integração.
b) O bem jurídico tutelado é a Administração Pública, segundo a corrente doutrinária prepon-
derante no Brasil.
c) Não é punível a autolavagem no Brasil, em razão do princípio ne bis in idem.
d) O recebimento de honorários advocatícios “maculados” com a ciência da origem ilícita ca-
racteriza o crime de lavagem de dinheiro por parte do advogado.
e) Na “terceirização” do crime de lavagem de dinheiro, punem-se tanto o profissional da lava-
gem, mesmo que não tenha conhecimento preciso acerca da origem ou da natureza dos valo-
res, quanto o autor do crime antecedente.

017. (IBADE/PC-AC/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/2017) A fase da lavagem de capitais, de


acordo com as definições do COAF, em que são realizados diversos negócios e movimenta-

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ções financeiras, a fim de impedir o rastreamento e encobrir a origem ilícita dos valores é de-
nominada pela doutrina de:
a) ocultação.
b) colocação
c) destinação
d) evaporação
e) integração.

018. (MP-RS/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017) O detentor de recursos provenientes da explo-


ração do jogo do bicho, usando empresa da qual é proprietário, emite títulos de crédito frios
em favor de seu parceiro, com a finalidade específica de dar aparência de licitude à parte deste
nos lucros da atividade ilegal. Propositadamente, os títulos não são pagos no vencimento e
encaminhados a cartório para protesto. Notificado, o proprietário da empresa liquida os títulos
usando dinheiro em espécie, recebido pelo cartório, que não questiona a origem dos recursos e
os deposita em sua própria conta bancária, o que faz com que a instituição financeira também
não questione a origem dos recursos, pois provenientes da liquidação de títulos em cartório.
Por fim, o cartório credita os valores na conta do credor.
Com base no fato descrito acima, assinale a alternativa correta.
a) De acordo com o art. 1º da Lei n. 9.613/1998, “Ocultar ou dissimular a natureza, origem,
localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenien-
tes, direta ou indiretamente, de infração penal” constitui-se em crime de lavagem de dinheiro,
punido com reclusão, de três a 10 (dez) anos, e multa, desde que não extinta a punibilidade da
infração antecedente.
b) O atual tratamento legal ao crime de lavagem de dinheiro no Brasil insere-se na doutrina
designada terceira fase ou terceira geração da repressão penal a tal tipo de delito.
c) No caso hipotetizado na questão, apesar da intenção específica dos envolvidos em em-
prestar aparência de licitude aos recursos através de tais manobras, o crime de lavagem de
dinheiro não estaria configurado em virtude de terem sido os recursos provenientes da prática
de contravenção penal.
d) Na hipótese de participação delitiva do funcionário do cartório no crime de lavagem de di-
nheiro, que exatamente por isso não questionava a origem dos recursos em espécie dados em
pagamento dos títulos, consequência legal imediata e automática de seu indiciamento pela
autoridade policial seria a do afastamento do cargo, sem prejuízo de remuneração e demais
direitos previstos em lei, até o trânsito em julgado da sentença penal.
e) Não há crime de lavagem de dinheiro se o agente deposita o dinheiro obtido com a cor-
rupção em sua própria conta bancária e o consome em viagens, passeios e restaurantes. O
simples aproveitamento econômico do produto de uma infração penal não configura o delito

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de lavagem. Mas, a utilização culposa, na atividade econômica ou financeira, de bens, direitos


ou valores provenientes de infração penal, configura espécie de crime de lavagem de dinheiro.

019. (TRF-2/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2017) Sobre a “Lavagem de Dinheiro” (Lei n.


9.613/1998), é correto dizer:
a) Somente haverá crime quando o agente ocultar ou dissimular a natureza, origem, localiza-
ção, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, dire-
ta ou indiretamente, de um dos crimes antecedentes listados na Lei.
b) A lavagem de dinheiro é considerada crime derivado ou acessório, pois pressupõe a ocor-
rência de delito anterior. Não se admite a sua existência quando o ativo financeiro é provenien-
te de infração penal cometida posteriormente aos atos acoimados como sendo de lavagem.
c) A participação no cometimento da infração antecedente é condição para que o agente pos-
sa ser sujeito ativo da lavagem.
d) Comete o delito de lavagem de dinheiro o funcionário público que recebe valor de suborno
e o utiliza para comprar imóvel, cuja propriedade registra em seu próprio nome, depositando o
restante em aplicação financeira de sua titularidade.
e) Dá-se a forma culposa do delito nos casos de “cegueira” ou “ignorância” deliberada, ou seja,
quando há prova de que o agente tinha conhecimento da elevada probabilidade de que os bens
ou valores envolvidos eram provenientes de infração penal e tenha agido de modo indiferente
a esse conhecimento.

020. (CEBRASPE/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/2017) Em relação às dispo-


sições expressas nas legislações referentes aos crimes de trânsito, contra o meio ambiente e
de lavagem de dinheiro, assinale a opção correta.
a) Em relação aos delitos ambientais, constitui crime omissivo impróprio a conduta de terceiro
que, conhecedor da conduta delituosa de outrem, se abstém de impedir a sua prática.
b) Para a caracterização do delito de lavagem de dinheiro, a legislação de regência prevê um
rol taxativo de crimes antecedentes, geradores de ativos de origem ilícita, sem os quais o crime
não subsiste.
c) A colaboração premiada de que trata a Lei de Lavagem de Dinheiro poderá operar a qualquer
momento da persecução penal, até mesmo após o trânsito em julgado da sentença.
d) É vedada a imposição de multa por infração administrativa ambiental cominada com multa a
título de sanção penal pelo mesmo fato motivador, por violação ao princípio do non bis in idem.
e) A prática de homicídio culposo descrita no Código de Trânsito enseja a aplicação da pena-
lidade de suspensão da permissão para dirigir, pelo órgão administrativo competente, mesmo
antes do trânsito em julgado de eventual condenação.

021. (MP-RS/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2016) Assinale com V (verdadeiro) ou


com F (falso) os enunciados abaixo.

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( ) Investigado por corrupção, ex-secretário de Obras Públicas da Argentina dos governos Kir-
chner foi preso quando prestes a enterrar milhares de dólares no terreno de um mosteiro, na
província de Buenos Aires. O colombiano Pablo Escobar, conhecido narcotraficante dos anos
80/90, enterrava dinheiro oriundo do tráfico de entorpecentes. Nestas situações é razoável
afirmar, à luz da doutrina especializada e de precedentes jurisprudenciais, que enterrar dinheiro
produto do crime antecedente, ainda que seja para ocultá-lo, não se enquadra no tipo assimé-
trico da lavagem de dinheiro, se desacompanhado de um ato adicional ou contexto capaz de
evidenciar que o agente realizou a ação com a finalidade específica de emprestar aparência de
licitude aos valores escondidos.
( ) O presidente de uma autarquia estadual foi condenado por crime de dispensa de licitação
fora das hipóteses previstas em lei. O cálculo da respectiva pena de multa deve seguir o critério
bifásico do CP, devendo o juiz atender, principalmente, na quantificação do valor de cada dia-
-multa, ao montante da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.
( ) Cheques de terceiros, recebidos como produtos de concussão continuada, foram deposi-
tados pelo agente público na conta bancária de uma escola de fachada, a cujos valores pos-
teriormente teve acesso em simulados pagamentos por aulas ministradas em seus cursos.
Neste caso tipifica-se a lavagem de dinheiro, como crime, mesmo que extinta a punibilidade da
infração penal antecedente, pela prescrição.
( ) Artur patrocina interesse privado perante a Administração e consegue obter a instauração
de um processo licitatório no interesse de seu cliente. Patrocinar, direta ou indiretamente, inte-
resse privado perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração
de contrato, para caracterizar-se como crime licitatório, depende da invalidação da licitação ou
do contrato administrativo pelo Poder Judiciário. A sequência correta de preenchimento dos
parênteses, de cima para baixo, é
a) V – F – F – F.
b) V – F – V – V.
c) F – V – F – V.
d) F – V – V – F.
e) V – F – V – F.

022. (FUNCAB/PC-PA/DELEGADO DE POLÍCIA CÍVIL/2016) Entre as alternativas a seguir,


assinale a correta.
a) A legislação brasileira que cuida da lavagem de dinheiro é considerada uma lei de segun-
da geração.
b) O reconhecimento do delito de lavagem de dinheiro opera a absorção do crime anterior por
este, em virtude do concurso aparente de normas.
c) Somente responde por lavagem de dinheiro quem também foi autor do crime antecedente.

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d) A Lei n. 9.613, de 1998, não prevê expressamente o sequestro de bens em nome do investi-
gado, restando, para a medida assecuratória, a aplicação subsidiária das normas processuais.
e) A fase de layering, ou dissimulação, na lavagem de dinheiro, é aquela em que se busca dar
aos recursos financeiros a aparência de legítimos, à qual se sucede a fase de integração (in-
tegration).

023. (MP-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2016) Nos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens,


direitos e valores, previstos na Lei n. 9.613/1998 (Lavagem de Dinheiro), incorre nas mesmas
penas quem participa de escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou, até
mesmo secundária, é dirigida à prática de crimes previstos na supramencionada legislação
repressiva.
Nos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, previstos na Lei n. 9.613/1998
(Lavagem de Dinheiro), incorre nas mesmas penas quem participa de escritório tendo conheci-
mento de que sua atividade principal ou, até mesmo secundária, é dirigida à prática de crimes
previstos na supramencionada legislação repressiva.

024. (CEBRASPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Em cada um do item seguinte


é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada à luz das dis-
posições constitucionais e legais a respeito de competência.
Ricardo foi denunciado pela prática do crime de lavagem de capitais provenientes do tráfico
internacional de drogas. Nessa situação, o crime de lavagem de capitais será processado e
julgado pela justiça federal, haja vista a competência constitucional do crime antecedente.

025. (CEBRASPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Acerca dessa situação hipoté-


tica, julgue o item seguinte à luz da legislação e da doutrina pertinentes à lavagem de dinheiro
e à extinção de punibilidade.
Conforme a legislação específica, para que Lúcio seja condenado pelo crime de lavagem de
dinheiro, é necessário que haja condenação, ao menos em primeiro grau, pelo crime de roubo
à agência bancária.

026. (CEBRASPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Acerca dessa situação hipoté-


tica, julgue o item seguinte à luz da legislação e da doutrina pertinentes à lavagem de dinheiro
e à extinção de punibilidade.
De acordo com o STF, Lúcio somente poderá ser processado e julgado pelo crime de roubo,
pois o direito penal brasileiro não admite o crime de autolavagem — quando o autor do crime
antecedente pratica também a lavagem de capitais —, por entender que esse seria um caso de
mero exaurimento do fato antecedente.

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027. (FMP CONCURSOS/MP-AM/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2015) Considere


as seguintes assertivas em relação ao crime de lavagem de dinheiro:
I – Não é cabível o concurso de infrações entre a lavagem de dinheiro e o ilícito típico
antecedente.
II – O crime de corrupção fica absorvido pelo crime de lavagem de dinheiro, em razão do prin-
cípio da consunção, no concurso aparente de normas penais.
III – A Lei n. 9.613/1998 é considerada de segunda geração, estabelecendo uma lista de infra-
ções penais antecedentes.
IV – A Lei n. 9.613/1998 admite a figura da autolavagem ou do autobranqueamento, podendo
o autor da infração penal antecedente ser punido também pela prática de lavagem de dinheiro.
V – Tendo em vista a controvérsia jurisprudencial em torno do conceito de organização crimi-
nosa, a partir da definição típica promovida pela Lei n. 12.850/2013, as infrações penais por ela
praticadas podem ser consideradas subjacentes ao crime de lavagem de dinheiro.
Quais das assertivas acima estão corretas?
a) Apenas a IV e V.
b) Apenas a III e IV.
c) Apenas a I e II.
d) Apenas a II e III.
e) Apenas a II e V.

028. (ESAF/PGFN/PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL/2015) A extinção do rol de cri-


mes antecedentes da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/1998), promovida pela Lei n.
12.683/2012, teve como consequência:
a) a extinção da punibilidade de todas as condutas praticadas antes da vigência da Lei n.
12.683/0212.
b) o alargamento das hipóteses de ocorrência da figura típica da lavagem de dinheiro, pos-
sibilitando que qualquer delito previsto no ordenamento brasileiro seja o crime antecedente
necessário à sua configuração.
c) a alteração da natureza do crime de lavagem de dinheiro, que deixou de exigir a ocorrência
de um crime antecedente para sua consumação.
d) a exclusão da possibilidade dos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e extorsão me-
diante sequestro serem antecedentes à conduta de lavagem de dinheiro.
e) a abolitio criminis da lavagem de dinheiro a partir da vigência da Lei n.12.683/2012.

029. (CEBRASPE/TRF – 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2015) Em relação à Lei de


Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/1998), assinale a opção correta.
a) Os tipos previstos na Lei de Lavagem de Dinheiro são próprios, pois o texto legal exige o
pertencimento dos agentes a determinada categoria de pessoas para que fique caracterizada
a conduta criminosa.

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b) A doutrina majoritária identifica como bem jurídico do delito de lavagem de dinheiro a admi-
nistração da justiça e(ou) a ordem socioeconômica.
c) Para que tenha direito a benefício resultante de colaboração premiada, é necessário que o
agente cumpra dois requisitos: identifique os autores e informe a localização dos bens, direitos
ou valores objeto do crime.
d) Caso uma instituição cuja atividade principal seja captação de recursos financeiros de tercei-
ros tenha conhecimento de atos suspeitos previstos nessa lei, deve comunicar o fato ao Con-
selho de Controle das Atividades Financeiras para evitar ser responsabilizada criminalmente.
e) Se, em um escritório, ocorrer a prática reiterada de delitos previstos na referida lei com
o conhecimento dos funcionários, a responsabilização criminal de cada um desses agentes
dependerá da comprovação de sua prática efetiva de atos de ocultação de bens, direitos ou
valores provenientes de infração penal.

030. (CEBRASPE/MP-CE/ANALISTA MINISTERIAL/DIREITO/2020) A respeito de aspectos


penais da Lei de Licitações e Contratos (Lei n. 8.666/1993), da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei
n. 9.613/1998) e da Lei de Organização Criminosa (Lei n. 12.850/2013), julgue o item seguinte.
Na hipótese de condenação por delito de lavagem de dinheiro, a determinação judicial de
inutilização ou doação dos instrumentos do crime independe do valor econômico desses
instrumentos.

031. (VUNESP/TJ-RO/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Tendo em vista a Lei de Lava-


gem de Dinheiro e a Lei de Prisão Temporária, assinale a alternativa correta.
a) As medidas assecuratórias de bens só podem ser decretadas se a requerimento do Ministé-
rio Público ou mediante representação da Autoridade Policial.
b) Decretada medida assecuratória de bens, comprovada posteriormente a origem lícita, o juiz
determinará a liberação, mantendo, contudo, a constrição de bens suficientes à reparação dos
danos e demais encargos decorrentes da infração penal.
c) O crime de lavagem de dinheiro é sempre de competência da Justiça Federal.
d) A prisão temporária, cabível na fase de inquérito, quando decretada em investigação por
crime de lavagem de dinheiro, terá prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, em
caso de extrema necessidade.
e) A prisão temporária pode ser decretada de ofício pelo Judiciário, mas, no caso de represen-
tação pela Autoridade Policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.

032. (FCC/TRF-3/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA/2019) Sobre as questões pro-


cessuais previstas na Lei n. 9.613/1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem de dinheiro,
é correto afirmar:
a) Decretadas medidas assecuratórias de bens do investigado provenientes dos crimes de
lavagem de dinheiro, pelo magistrado competente, se eles estiverem sujeitos a qualquer grau

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de deterioração ou depreciação, proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do


valor dos bens.
b) O juiz, jamais de ofício, mas mediante requerimento do Ministério Público ou da parte in-
teressada, poderá decretar a alienação antecipada de bens sob constrição, provenientes de
crimes de lavagem de dinheiro, que foram objeto de medidas assecuratórias.
c) O processo e julgamento dos crimes previstos nesta lei dependem do processo e julgamen-
to das infrações penais antecedentes, ainda que praticadas em outro país.
d) O processo e julgamento dos crimes previstos na Lei n. 9.613/1998 são regidos por proce-
dimento especial orientado pelo referido diploma legal, aplicando-se apenas subsidiariamente
o rito comum dos crimes punidos com reclusão, previsto no Código de Processo Penal, da
competência do juiz singular.
e) O juiz não poderá manter a constrição de bens, direitos e valores de origem lícita compro-
vada, ainda que destinados ao pagamento de reparação dos danos, prestações pecuniárias e
multas, decorrentes da infração penal.

033. (VUNESP/PREFEITURA RIBEIRÃO PRETO-SP/ PROCURADOR/2019) Quanto à Lei n.


9.613/1998 (Lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores), assinale a alternativa correta.
a) O Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF não pode aplicar penas admi-
nistrativas.
b) Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remunera-
ção e demais direitos previstos em lei.
c) No processo por crime de lavagem, caso o acusado seja citado por edital, o prazo prescricio-
nal permanecerá suspenso, mas não o processo.
d) Por expressa previsão legal, o crime tentado é punido da mesma forma que o crime
consumado.
e) Nos crimes de lavagem não há previsão legal para substituição de penas privativas de liber-
dade por penas restritivas de direitos.

034. (FCC/TRF-4/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA) Xisto está sendo processado


por crime de lavagem de dinheiro, pois ocultou valores em espécie recebidos ilicitamente de
empresa pública federal. No curso do processo, Xisto, assistido por seu advogado, resolve
colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à locali-
zação dos bens, direitos ou valores objeto do crime. Na hipótese em questão, nos termos preco-
nizados pela legislação específica sobre o tema (Lei no 9.613/1998), no caso de condenação,
a) a pena de Xisto poderá ser reduzida em até um sexto e ser cumprida em regime aberto ou
semiaberto, sendo vedado ao Magistrado deixar de aplicá-la.
b) a pena de Xisto poderá ser reduzida até a metade e ser cumprida em regime aberto ou se-
miaberto, vedada a substituição por pena restritiva de direitos.

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c) a pena de Xisto poderá ser reduzida em até um terço e ser cumprida em regime semiaberto,
vedado o regime aberto, facultando-se ao juiz substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva
de direitos.
d) não será possível a redução da pena privativa de liberdade, mas o Magistrado poderá deter-
minar o seu cumprimento em regime aberto ou semiaberto, e a substituição por pena restritiva
de direitos a qualquer tempo.
e) a pena de Xisto poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto
ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por
pena restritiva de direitos.

035. (CEBRASPE/CGE-CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO/2019) Acerca do crime de la-


vagem de dinheiro – previsto na Lei n. 9.613/1998 –, assinale a opção correta, de acordo com
a legislação de regência e o atual entendimento do STF.
a) O conceito de infração penal anterior apresentado na Lei n. 9.613/1998 é restrito: ele exclui
os crimes de menor potencial ofensivo.
b) Para a configuração do crime de lavagem de dinheiro, é indispensável que a organização
criminosa tenha concorrido, de qualquer modo, para a prática da infração penal anterior.
c) O crime de lavagem de dinheiro é crime material: a ocultação de valores provenientes de
infração penal anterior só produz resultado depois de esses valores serem introduzidos no
sistema financeiro pela organização criminosa.
d) O crime de lavagem de dinheiro é crime plurissubjetivo: fica configurado quando a operação
de ocultar bens ou valores provenientes de infração penal anterior for realizada especificamen-
te por organização criminosa.
e) O crime de lavagem de dinheiro será crime permanente se for praticado na modalidade de
ocultar os valores provenientes de infração penal anterior, estendendo-se a sua execução até
que os objetos materiais da lavagem se tornem conhecidos.

036. (2018/VUNESP/MPE-SP/VUNESP/2018/MPE-SP/ANALISTA JURÍDICO DO MINISTÉ-


RIO PÚBLICO) Quanto às disposições processuais atinentes aos crimes de lavagem, assinale
a alternativa correta.
a) A competência para processamento e julgamento de tais crimes é da Justiça Federal.
b) Não se viabiliza a punibilidade do crime de lavagem se o crime antecedente está prescrito.
c) O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delega-
do de polícia, ouvido o Ministério Público em 48 (quarenta e oito) horas, havendo indícios sufi-
cientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores
do investigado ou acusado.
d) A dificuldade para manutenção dos bens não é motivo a justificar a alienação antecipada
para preservação do valor dos bens.
e) Não se aplica o art. 366, do CPP.

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037. (AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL/2018) Segundo a Lei n. 9.613/1998, havendo


indícios do cometimento de infração penal, poderão ser decretadas medidas assecuratórias
de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado. Nesse sentido, a alienação antecipada
para preservação de valor de bens sob constrição será decretada pelo juiz, de ofício, a reque-
rimento do Ministério Público ou por solicitação da parte interessada, mediante petição autô-
noma, que será autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em separado em relação
ao processo principal. Assinale a alternativa correta acerca da referida alienação antecipada.
a) O requerimento de alienação deverá conter a relação dos bens que se pretende assegurar,
com a descrição breve de cada um deles, resguardando-se as informações sobre quem os de-
tém e lacração do local onde se encontram.
b) O juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos principais, e intimará o Ministério Público
e os advogados de defesa do investigado ou acusado.
c) Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por
despacho, homologará o valor atribuído aos bens e determinará que sejam alienados em leilão
ou pregão, preferencialmente presencial, por valor não inferior a 60% (sessenta por cento) da
avaliação.
d) Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por
sentença, homologará o valor atribuído aos bens e determinará que sejam alienados, obrigato-
riamente em pregão eletrônico, por valor não inferior a 70% (setenta por cento) da avaliação.
e) Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que esti-
verem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade
para sua manutenção.

038. (AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL/2018) Segundo dispõe a Lei n. 9.613/1998,


que trata dos crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores, o proces-
so e julgamento dos crimes nela previstos
a) obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes punidos com reclu-
são, da competência do juiz singular.
b) dependem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, salvo as pratica-
dos em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos na Legislação espe-
cífica a decisão sobre a unidade de processo e julgamento.
c) são de Competência da Justiça Estadual.
d) independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que prati-
cadas em outro país, cabendo nesse caso ao Plenário do Supremo Tribunal Federal a decisão
sobre a unidade de processo e julgamento.
e) obedecem às disposições relativas ao procedimento especial dos crimes hediondos, da
competência do juiz singular.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

039. (VUNESP/MP-SP/ANALISTA JURÍDICO/2018) Quanto às disposições processuais ati-


nentes aos crimes de lavagem, assinale a alternativa correta.
a) A competência para processamento e julgamento de tais crimes é da Justiça Federal.
b) Não se viabiliza a punibilidade do crime de lavagem se o crime antecedente está prescrito.
c) O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delega-
do de polícia, ouvido o Ministério Público em 48 (quarenta e oito) horas, havendo indícios sufi-
cientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores
do investigado ou acusado.
d) A dificuldade para manutenção dos bens não é motivo a justificar a alienação antecipada
para preservação do valor dos bens.
e) Não se aplica o art. 366, do CPP.

040. (VUNESP/MP-SP/ANALISTA JURÍDICO/2018) Caio, empresário, autuado pela Secreta-


ria Estadual Tributária por sonegação fiscal de ICMS, débito constituído definitivamente na
quantia de 200 milhões de reais, foi acusado de praticar crime tributário, sob a alegação de
que a empresa, em toda a sua história, deixou de declarar operações sujeitas ao imposto, com
a não emissão de documentação fiscal exigível. Na denúncia, Caio também foi acusado de
lavagem de dinheiro, sob a alegação de que o patrimônio da empresa, bem como o dos sócios,
obtido graças à vultosa sonegação ao longo dos anos, foi transferido a terceiros “laranjas”. De
fato, no curso das investigações policiais, constatou-se que a venda dos imóveis da empresa,
bem como dos maquinários, seguidos de locação e arrendamento, não passaram de opera-
ções fictícias, realizadas tão somente para ocultar o verdadeiro dono. Igualmente, operações
de transferências de bens particulares dos sócios, sejam doações a filhos, sejam alienações,
revelaram-se de fachada.
Diante da situação hipotética, tendo em vista a Lei dos Crimes Tributários e de Lavagem ou
ocultação de bens, direitos e valores, assinale a alternativa correta.
a) Caio, se condenado ao crime de lavagem de dinheiro, perderá para o Estado os bens e valo-
res, direta ou indiretamente, relacionados à prática do crime, não ressalvado direito de lesado
ou terceiro de boa-fé.
b) Caio não poderia ser acusado de crime de lavagem de dinheiro, vez que somente bens
e valores oriundos de crimes violentos ou praticados mediante organização criminosa ense-
jam lavagem.
c) Caio não poderia ser acusado de crime de lavagem de dinheiro, vez que crime tributário não
se encontra no rol dos crimes antecedentes.
d) Dado o montante do imposto sonegado, que implica grave dano à coletividade, se conde-
nado pelo crime tributário, Caio poderá ter a pena aumentada, de acordo com circunstância
agravante, expressa na lei.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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e) Caio, se condenado ao crime tributário, em vista do ganho ilícito, poderá ter a pena de multa
elevada em até 20 (vinte) vezes, caso o juiz julgue insuficiente a pena pecuniária calculada nos
termos da lei.

041. (CEBRASPE/PF/PERITO CRIMINAL FEDERAL ÁREA 1/2018) Acerca de crédito tributá-


rio, legislação tributária e crime de lavagem de capitais ou ocultação de bens, direitos e valores,
julgue o item que se segue.
O crime de lavagem de capitais ou ocultação de bens, direitos e valores não é admitido na mo-
dalidade tentada.

042. (VUNESP/PAULIPREV-SP/PROCURADOR AUTÁRQUICO/2018) Tendo em conta a Lei n.


9.613/1998, com as alterações da Lei n. 12.683/2012, é correto afirmar que
a) não há previsão de lavagem de dinheiro na modalidade culposa.
b) a ocultação de bens, direitos ou valores provenientes de contravenção penal não pode ense-
jar crime de lavagem de dinheiro.
c) não há previsão de lavagem de dinheiro na modalidade tentada.
d) o ordenamento pátrio adotou a legislação de segunda geração, já que apenas um rol fecha-
do de infração penal antecedente pode ensejar crime de lavagem de dinheiro.
e) haverá aumento de pena se o crime de lavagem de dinheiro for cometido por intermédio de
associação criminosa.

043. (CEBRASPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/2018) João integra conhecida organiza-


ção criminosa de âmbito nacional especializada em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Com o objetivo de tornar legal o dinheiro obtido ilicitamente, ele convenceu Pedro e Jorge,
conselheiros fiscais de uma cooperativa de mineradores que atuam na região Norte do país,
a modificar valores obtidos em uma mina de ouro. Pedro, sem conhecer a fundo a origem dos
valores, concordou em fazer a transação. Antes de concluí-la, entretanto, ele desistiu da ação,
e tentou convencer Jorge a fazer o mesmo. Tendo Jorge decidido prosseguir no esquema,
Pedro, então, fez uma denúncia sigilosa à polícia, que passou a investigar o fato e reuniu ele-
mentos necessários ao indiciamento dos envolvidos. Antes que concretizasse a ação final de
registro de valores, Jorge foi impedido pela polícia, que o prendeu em flagrante.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item subsequente.
Em relação ao crime de lavagem de dinheiro, a pena de João poderá ser aumentada de um a
dois terços, em razão de o crime ter sido cometido por intermédio de organização criminosa.

044. (CEBRASPE/PC-MA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2018) Determinada pessoa ocultou


a origem de bens provenientes diretamente de infração penal. Provado o crime de ocultação,
foi instaurada ação penal contra essa pessoa com fundamento nos dispositivos da Lei n.
9.613/1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.

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Nessa situação hipotética, conforme a lei nela referida,


a) cumulativamente à penalidade de reclusão, poderá o juiz aplicar multa ao agente, desde que
a infração penal tenha sido praticada contra o erário público.
b) a condenação pelo crime de ocultação de valores independerá do julgamento das infrações
penais antecedentes.
c) se a pessoa acusada, citada por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficará
suspenso o processo.
d) a competência para o processamento e o julgamento será, em qualquer hipótese, da justi-
ça federal.
e) haverá incidência de qualificadora, caso a infração penal tenha sido praticada por intermédio
de organização criminosa.

045. (VUNESP/CÂMARA DE BARRETOS-SP/ADVOGADO/2017) Sobre o processo e jul-


gamento dos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores previsto na Lei n.
9.613/1998, alterada pela Lei n. 12.683/2012, assinale a alternativa correta.
a) Caso o réu seja citado por edital, não compareça e não nomeie advogado, o processo será
suspenso, assim como o prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipa-
da de provas consideradas urgentes.
b) O processo e julgamento dos crimes a que se refere a Lei depende do processo e julgamen-
to dos crimes antecedentes, especialmente quando praticados em outro país, sendo defesa a
unidade de processo e julgamento.
c) Não se afigura possível a decretação antecipada de medidas assecuratórias referentes a
bens, direitos ou valores do investigado.
d) Ainda que a execução imediata de medida assecuratória decretada possa comprometer as
investigações, é defesa a suspensão pelo magistrado.
e) A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antece-
dente, sendo puníveis os fatos previstos na Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o
autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente.

046. (CEBRASPE/TRE-BA/ANALISTA JUDICIÁRIO/2017) Julgue os itens a seguir.


I – A Convenção Americana sobre Direitos Humanos garante de forma relativa o direito à vida,
pois autoriza a utilização da pena de morte em caso de crimes graves, sendo proibido seu res-
tabelecimento nos países que a tiverem abolido.
II – A condenação de servidor público por quaisquer crimes decorrentes de preconceito de
raça ou de cor implica perda automática do cargo público.
III – Não haverá crime de lavagem de dinheiro caso o agente seja absolvido, por atipicidade da
conduta, do crime antecedente a ele imputado, uma vez que o crime de branqueamento, embo-
ra autônomo, é delito derivado do antecedente.
Assinale a opção correta.

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a) Apenas o item I está certo.


b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

047. (VUNESP/PREFEITURA DE PORTO FERREIRA-SP/PROCURADOR JURÍDICO/2017)


Sobre os crimes e institutos previstos na Lei de Lavagem de Dinheiro, assinale a alternati-
va correta.
a) Para fins de consumação do crime, há necessidade de que o agente tenha sido condenado
por algum dos chamados crimes antecedentes.
b) A pena será aumentada de 3/5 até a metade, se os crimes previstos na lei forem cometidos
de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
c) O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e valores, ainda que não
comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores
necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias,
multas e custas decorrentes da infração penal.
d) Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remunera-
ção e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão funda-
mentada, o seu retorno.
e) Não há possibilidade de redução de pena ou fixação de regime menos gravoso se o autor,
coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimen-
tos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e
partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.

048. (IBADE/PC-AC/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2017) Quando o autor do crime de lava-


gem de capitais colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos
que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partí-
cipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime, a pena:
a) poderá ser reduzida pela metade e ser cumprida em regime semiaberto.
b) poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto.
c) poderá ser reduzida pela metade e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto.
d) poderá ser reduzida de um sexto até a metade e ser cumprida em regime exclusiva-
mente aberto.
e) poderá ser reduzida de um sexto até a metade e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto.

049. (CEBRASPE/TCE-PA/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/PROCURADORIA/2016) No


que concerne aos crimes em espécie, julgue o item seguinte.
Em crimes de lavagem de dinheiro, dada a natureza do delito praticado, é incabível a tentativa.

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050. (CEBRASPE/TRT-8/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/2016) Considerando a


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça relativamente a crimes contra a administração
pública e de lavagem de dinheiro, assinale a opção correta.
a) A conduta pautada no oferecimento de propina a policiais militares com o objetivo de sa-
far-se de prisão em flagrante insere-se no âmbito da autodefesa, de modo que não deve ser
tipificada como crime de corrupção ativa.
b) No crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, para se tipificar a conduta
praticada, é necessário que os bens, direitos ou valores provenham de crime anterior e que o
agente já tenha sido condenado judicialmente pelo crime previamente cometido.
c) O agente não integrante dos quadros da administração pública não pode ser sujeito ativo do
crime de concussão.
d) A perda do cargo público, quando a pena privativa de liberdade for estabelecida em tempo
inferior a quatro anos, apenas pode ser decretada como efeito da condenação quando o crime
for cometido com abuso de poder ou com violação de dever para com a administração pública.
e) A conduta no crime de corrupção ativa, por se tratar de crime material, apenas deve ser tipi-
ficada caso haja o efetivo pagamento de propina ao servidor público, mesmo que o agente não
tenha obtido a vantagem pretendida.

051. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (ALTER-


NATIVA A)) Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n.
9.613/1998 e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como
os Tribunais Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado
fez várias ponderações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
O reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição da infração penal antecedente
não implica atipicidade do delito de lavagem (art. 1º da Lei n. 9.613/1998).

052. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (AL-


TERNATIVA B))
Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n. 9.613/1998
e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como os Tribunais
Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado fez várias pon-
derações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
A incidência simultânea do reconhecimento da continuidade delitiva (art. 70 do CP) e da ma-
jorante prevista no §4º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, nos crimes de lavagem de dinheiro,
acarreta bis in idem.

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053. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (ALTER-


NATIVA C)) Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n.
9.613/1998 e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como
os Tribunais Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado
fez várias ponderações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
É possível o deferimento de medida assecuratória em desfavor de pessoa jurídica que se be-
neficia de produtos decorrentes do crime de lavagem, ainda que não integre o polo passivo de
investigação ou ação penal.

054. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (ALTER-


NATIVA D)) Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n.
9.613/1998 e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como
os Tribunais Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado
fez várias ponderações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
A tipificação do crime de lavagem de dinheiro depende da existência de uma infração penal an-
tecedente; portanto, não é possível a autolavagem, isto é, a imputação simultânea, ao mesmo
réu, da infração antecedente e do crime de lavagem.

055. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (ALTER-


NATIVA E)) Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n.
9.613/1998 e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como
os Tribunais Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado
fez várias ponderações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, é legítima a exasperação da
pena-base pela valoração negativa das consequências do crime em decorrência da movimen-
tação de expressiva quantia de recursos, que extrapole o elemento natural do tipo.

056. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Acerca


da Lei n. 9.613/1998 e consoante entendimento dos tribunais superiores, assinale a alternati-
va correta.
a) O processo e o julgamento pelo crime de lavagem de dinheiro ficam condicionados ao julga-
mento das infrações penais antecedentes.
b) A infração penal antecedente não influencia na fixação da competência do delito de lavagem
de capitais.
c) Para o crime de lavagem de capitais, precisam estar presentes, cumulativamente, a coloca-
ção, a integração e a ocultação.

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d) Sendo o delito de lavagem de dinheiro crime material, somente se consuma se os valores


forem efetivamente introduzidos no sistema financeiro.
e) O delito de lavagem de dinheiro só admite a modalidade dolosa.

057. (2021/FUNDEP (GESTÃO DE CONCURSOS)/MPE-MG/FUNDEP (GESTÃO DE CONCUR-


SOS)/2021/MPE-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) A respeito do delito de lava-
gem de dinheiro, é INCORRETO afirmar:
a) A condenação pelo delito de lavagem de dinheiro não pressupõe a determinação da autoria
do delito antecedente.
B) O delito de lavagem de dinheiro pode ter por antecedente uma contravenção penal, pois o
sistema brasileiro opera com o chamado rol aberto de infrações anteriores.
c) Se o agente participa do delito principal antecedente, a subsequente lavagem de dinheiro
configura um post factum impunível.
d) Na legislação brasileira, o delito de lavagem de dinheiro não é punível na modalidade culpo-
sa, sendo exigível o dolo em todas as modalidades típicas.

058. (2021/CESPE / CEBRASPE/DEPEN/CESPE / CEBRASPE/2021/DEPEN/CARGO 8/


AGENTE FEDERAL DE EXECUÇÃO PENAL) Em cada um do item que se segue, é apresentada
uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, acerca da legislação espe-
cial penal.
Integrantes de uma organização criminosa que utilizava em um de seus ramos de atuação a
prática de lavagem de dinheiro foram detidos. Nessa situação, o crime de lavagem de dinheiro
absorverá o crime de integrar organização criminosa.

059. (2021/INSTITUTO AOCP/PC-PA/INSTITUTO AOCP/2021/PC-PA/ESCRIVÃO DE POLÍ-


CIA CIVIL (ALTERNATIVA A)) Julgue a assertiva segundo a Lei de “Lavagem” ou Ocultação de
Bens, Direitos e Valores (Lei n. 9.613/1998).
a) A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nessa Lei forem come-
tidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
b) No crime de lavagem de dinheiro, não se admite a tentativa.
c) Para a apuração do crime de lavagem, admite-se a utilização da ação controlada, vedada a
infiltração de agentes.
d) A pena poderá ser reduzida até a metade e ser cumprida em regime aberto, se o autor co-
laborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais.
e) O processo e o julgamento dos crimes previstos nessa Lei são da competência da Justi-
ça Federal.

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060. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
O crime de lavagem de dinheiro está, consoante a lei, equiparado ao crime hediondo.

061. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
Ouvido o Ministério Público, ordens de prisão ou medidas assecuratórias de bens poderão
ser suspensas pelo juiz quando a execução imediata dessas ações puder comprometer as
investigações.

062. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
No que se refere ao investigado, a autoridade policial terá acesso a dados cadastrais relativos
à qualificação pessoal, à filiação e ao endereço mantidos nos bancos de dados da justiça
eleitoral, de empresas telefônicas, de instituições financeiras, de provedores de Internet e de
administradoras de cartão de crédito, independentemente de autorização judicial.

063. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
É requisito específico da denúncia a existência de indícios suficientes da ocorrência do crime
antecedente cuja punibilidade não esteja extinta.

064. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
Ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional do acusado citado por edital
que não comparecer nem constituir advogado.

065. (2020/IBFC/TRE-PA/IBFC/2020/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA (AL-


TERNATIVA C)) Considere o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação
às disposições do Código Penal e demais leis extravagantes e julgue a assertiva:
Deve-se reconhecer a consunção entre os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
quando a propina é recebida no exterior por meio de transação envolvendo utilização de contas
secretas em nome de uma “offshore”, na qual resta evidente a intenção de ocultar valores.

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066. (2020/CESPE / CEBRASPE/PC-SE/CESPE / CEBRASPE/2020/PC-SE/DELEGADO DE


POLÍCIA/CURSO DE INSTRUÇÃO) A respeito da investigação dos crimes de lavagem de di-
nheiro, julgue o item a seguir.
O julgamento e a condenação de determinada pessoa por crime de lavagem de dinheiro em
país estrangeiro excluem a possibilidade de julgamento da mesma pessoa pelo mesmo crime
no território nacional.

067. (2020/CESPE / CEBRASPE/PC-SE/CESPE / CEBRASPE/2020/PC-SE/DELEGADO DE


POLÍCIA/CURSO DE INSTRUÇÃO) A respeito da investigação dos crimes de lavagem de di-
nheiro, julgue o item a seguir.
Um processo financeiro que tenha por objetivo desvincular determinado montante em dinheiro
de sua operação de origem constitui lavagem de dinheiro, ainda que os recursos tenham sido
obtidos licitamente.

068. (2019/VUNESP/DAEM/VUNESP/2019/DAEM/PROCURADOR JURÍDICO (ALTERNATI-


VA A)) O crime de lavagem de dinheiro, do art. 1º da Lei no 9.613/1998, em sua atual redação
legal, admite, apenas, a forma consumada, não havendo possibilidade de criminalização da
figura tentada.

069. (2019/IADES/BRB/IADES/2019/BRB/ADVOGADO) A Lei n. 9.613/1998 estabeleceu


uma série de obrigações de controle a pessoas físicas e jurídicas para prevenir o crime de la-
vagem de dinheiro (pessoas obrigadas), as quais dizem respeito, em linhas gerais, aos deveres
de identificação de clientes, à manutenção de registros e à comunicação de atividades suspei-
tas. Acerca desse tema, assinale a alternativa correta.
a) As “pessoas obrigadas” deverão comunicar ao COAF, abstendo-se de dar ciência de tal ato
a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 horas, das
operações que possam constituir-se em sérios indícios dos crimes de lavagem de dinheiro.
b) A omissão no cumprimento dos deveres de identificação de clientes, manutenção de regis-
tros e comunicação de atividades suspeitas gerará efeitos exclusivamente na esfera criminal
por se tratar de um crime omissivo impróprio, alcançando somente a pessoa física.
c) Ficam excluídos deveres de identificação de clientes, manutenção de registros e comunica-
ção de atividades suspeitas às administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de
crédito, bem como às administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços.
d) Ficam dispensadas do dever de comunicação as pessoas físicas e jurídicas que prestem,
mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconse-
lhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações de compra e venda de imóveis,
estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza.
e) É vedado ao COAF comunicar às autoridades competentes para a instauração dos proce-
dimentos cabíveis, mesmo que conclua pela existência de fundados indícios da prática de

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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crime ou qualquer ilícito previsto na Lei no 9.613/1998, por força das limitações inerentes ao
sigilo bancário.

070. (2019/IADES/BRB/IADES/2019/BRB/ADVOGADO) No que concerne ao crime de lava-


gem de dinheiro, assinale a alternativa correta.
a) O Brasil admite apenas a “autolavagem”, ou seja, somente pode praticar o crime de lavagem
de dinheiro quem também é autor da infração penal antecedente.
b) O crime de lavagem de dinheiro não admite tentativa.
c) O delito de lavagem de dinheiro admite qualquer infração penal como seu antecedente, in-
clusive as contravenções penais.
d) O processo e o julgamento do delito de lavagem ficam suspensos até que a infração antece-
dente seja julgada definitivamente.
e) O crime de lavagem de dinheiro será sempre processado perante a Justiça Federal.

071. (2020/IBFC/TRE-PA/IBFC/2020/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA (AL-


TERNATIVA D)) Considere o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação
às disposições do Código Penal e demais leis extravagantes e julgue a assertiva:
Não configura o crime de lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei n. 9.613/1998) a conduta do
agente que recebe propina decorrente de corrupção passiva e tenta viajar com ele, em vôo do-
méstico, escondendo as notas de dinheiro nos bolsos do paletó, na cintura e dentro das meias,
tampouco o fato de, após ter sido descoberto, dissimular (“mentir”) a natureza, a origem e a
propriedade dos valores.

072. (2019/VUNESP/DAEM/VUNESP/2019/DAEM/PROCURADOR JURÍDICO (ALTERNATI-


VA C)) O crime de lavagem de dinheiro, do art. 1º da Lei no 9.613/1998, em sua atual redação
legal, admite redução de pena para partícipe que colaborar espontaneamente com as autorida-
des, mas não goza da mesma benesse o autor do crime.

073. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AOCP/2018/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) De acordo


com o que dispõe a Lei n. 9.613/1998, a multa pecuniária aplicável às pessoas referidas no
seu art. 9º, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as
obrigações previstas nos arts. 10 e 11 da mesma Lei, não poderá ser superior
a) ao valor da operação.
b) ao lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação.
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
d) ao triplo do valor da operação.
e) a cinco vezes o valor do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realiza-
ção da operação.

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074. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AOCP/2018/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) Um dos efei-


tos previstos na Lei n. 9.613/1998, para a condenação por crimes de “lavagem” ou ocultação
de bens, direitos e valores, é a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer
natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas
jurídicas referidas no art. 9º. Assinale a alternativa que apresenta, de forma correta, o prazo
máximo para essa interdição.
a) 5 (cinco) anos.
b) O triplo do prazo da pena privativa de liberdade.
c) A metade do prazo da pena privativa de liberdade.
d) 2 (dois) anos.
e) O dobro do prazo da pena privativa de liberdade.

075. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AOCP/2018/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) De acordo


com as disposições contidas na Lei n. 9.613/1998, a pena base para os crimes de “lavagem”
ou ocultação de bens, direitos e valores é de
a) reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
b) reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa.
c) detenção, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, e multa.
d) reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, ou multa
e) detenção, de 3 (três) a 10 (dez) anos, ou multa.

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GABARITO
1. e 37. e 73. c
2. a 38. a 74. e
3. d 39. e 75. b
4. E 40. d
5. d 41. E
6. c 42. a
7. C 43. C
8. d 44. b
9. c 45. e
10. c 46. c
11. e 47. d
12. a 48. b
13. c 49. E
14. c 50. d
15. e 51. c
16. e 52. c
17. a 53. c
18. b 54. e
19. b 55. c
20. c 56. e
21. b 57. c
22. e 58. e
23. C 59. a
24. C 60. e
25. E 61. c
26. E 62. c
27. a 63. e
28. b 64. e
29. b 65. e
30. E 66. e
31. b 67. e
32. a 68. e
33. b 69. a
34. e 70. c
35. e 71. c
36. e 72. e

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GABARITO COMENTADO
001. (FCC/MP-MT/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) De acordo com o ordenamento jurídico
e o posicionamento dos tribunais superiores acerca do crime de “lavagem” ou ocultação de
bens, direitos e valores (Lei n. 9.613/1998),
a) a pena será aumentada de metade, se os crimes definidos na Lei n. 9.613/1998 forem come-
tidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
b) somente constitui o crime de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores se o valor
em pecúnia envolvido tiver decorrido de um dos crimes referidos no rol exaustivo da Lei n.
9.613/1998.
c) a lei de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, muito embora criminalize a con-
duta de ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de determi-
nados crimes, é omissa quanto à tipificação das condutas de importar ou exportar bens com
valores não correspondentes aos verdadeiros.
d) não é punível a tentativa de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores.
e) é adotada nos tribunais superiores brasileiros a doutrina norte-americana que aponta a exis-
tência de três fases distintas do crime de “lavagem” de bens, direitos e valores: a colocação, o
encobrimento e a integração.

As três fases da lavagem são plenamente reconhecidas pela jurisprudência de nossos tribunais.
a) Errada. As hipóteses de causas de aumento de pena estão corretas, mas o quantum do au-
mento é de 1/3 a 2/3, conforme art. 1º, § 4º, da Lei n. 9.613/1998.
b) Errada. Como vimos no tópico 2, o rol não é exaustivo desde que a Lei n. 12.683/2012 revo-
gou expressamente os incisos do art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998, o que simplificou a sub-
sunção do fato à norma, já que qualquer infração penal poderá ser objeto de lavagem, incluindo
a contravenção penal de jogo do bicho.
c) Errada. A lei não é omissa. Trata-se de conduta equiparada à ocultação ou dissimulação
expressamente descrita no inciso III do § 1º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998.
d) Errada. A tentativa é punível por expressa disposição do § 3º da Lei n. 9.613/1998.
Letra e.

002. (INSTITUTO ACESSO/PC-ES/DELEGADO DE POLÍCIA/2019) Hans Staden é um famoso


colecionador e vendedor de artigos raros de antiguidade, em especial obras de arte da região
Bávara da Alemanha. Para comemorar suas recentes aquisições, fez uma exposição na cidade
de seus avós, uns dos primeiros colonos alemães no Brasil, Sontag Martins, na serra capixaba.
Lá pode vender algumas dessas obras, todavia, em especial pelo clima de festividades, não
deu seguimento ao seu procedimento de venda com o devido cadastramento dos comprado-

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res e demais detalhes próprios das obrigações e responsabilidades dispostas no art. 10 da Lei
n. 9.613/1998.
Ao passar dos dias, ainda com sua consciência pesada por não cumprir o procedimento pa-
drão, pensa em viajar pela Europa e evitar o desdobramento de qualquer Ação Penal que se
inicie, pois crê que “se não for achado, qualquer processo ficará suspenso aguardando mi-
nha volta”.
Nessa situação hipotética, sobre a disciplina imposta pela Lei n. 9.613/1998 e as garantias
processuais, está correto afirmar que caso Hans Staden não comparecesse ou não constituís-
se advogado:
a) seria citado por edital, e o feito seria continuado até o julgamento, sendo um defensor dativo
nomeado para a defesa técnica.
b) tal motivo, de acordo com a Lei n. 9.613/1998, seria o suficiente para a sua condução
coercitiva.
c) seria citado por edital, e o feito seria suspenso assim como o curso do prazo prescricional.
d) tal motivo, de acordo com a Lei n. 9.613/1998, seria o suficiente para a decretação de sua
prisão preventiva.
e) tal motivo, de acordo com a Lei n. 9.613/1998, seria o suficiente para a decretação de sua
prisão temporária.

De acordo com o § 2º do art. 2º, não se aplica, nos processos por crime de lavagem, a suspen-
são do processo e do prazo prescricional do art. 366 do CPP quando o acusado, citado por edi-
tal, não comparece. Pelo mesmo dispositivo, se o acusado não comparece, não constitui advo-
gado, o processo segue o seu curso até o julgamento, com a nomeação de defensor público.
As demais alternativas não estão respaldadas pela Lei n. 9.613/1998. As prisões temporária e
preventiva seguem disciplina própria, devendo ficar constatado o preenchimento dos requisi-
tos. Isso vale também para a condução coercitiva.
Letra a.

003. (MP-SP/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2019) Assinale a alternativa


INCORRETA.
a) O crime de “lavagem” de capitais é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o au-
tor da infração penal antecedente.
b) Com a condenação pela prática do crime de “lavagem” de capitais, ocorrerá a perda em
favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos do cri-
me, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua
fato ilícito.
c) A habitualidade não é elementar do crime de “lavagem” de capitais, mas, se praticada de
forma reiterada, faz incidir causa de aumento de pena.

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d) Dentre as principais alterações produzidas pela Lei n. 12.683/2012 à Lei n. 9.613/1998, que
dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, temos a mudan-
ça da redação do caput do artigo 1º, a revogação do rol taxativo constante em seus incisos e a
majoração da pena, que comportava, até então, a substituição por restritivas de direitos.
e) O crime de “lavagem” de capitais tem natureza acessória, derivada ou dependente de infra-
ção penal anteriormente cometida, típica e antijurídica, da qual decorreu a obtenção de vanta-
gem financeira ilegal.

A alternativa é verdadeira porque a configuração do crime de lavagem de capitais independe


do processo e julgamento das infrações penais antecedentes (art. 2º, II, da Lei n. 9.613/1998),
e os fatos descritos na lei são puníveis ainda que desconhecido ou isento de pena o autor (art.
2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998).
Letra d.

004. (MP-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2019) Julgue a assertiva a seguir. A configuração


do crime de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei n. 9.613/1998) pressupõe a demonstração da
autoria e materialidade da infração penal anterior.

Conforme art. 2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998, os fatos descritos na lei são puníveis ainda que des-
conhecido ou isento de pena o autor ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente.
Errado.

005. (CEBRASPE/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO/2019) Ao receber ação penal para o processa-


mento de crime de lavagem de valores, de acordo com a legislação especial que trata do as-
sunto, o juiz de direito substituto atuará corretamente no caso de
a) suspender o processo, mas determinar a produção antecipada de provas, caso o réu, citado
por edital, não compareça aos autos nem constitua advogado.
b) indeferir eventual pedido de declinação de competência do feito para a justiça federal quan-
do somente a infração penal antecedente for de competência da justiça federal.
c) emitir ordem, após o trânsito em julgado de ação de competência da justiça federal ou es-
tadual, para que o valor constante da sentença penal condenatória e depositado judicialmente
como medida assecuratória seja incorporado definitivamente ao patrimônio da União.
d) suspender, após ouvir o Ministério Público, medida assecuratória de bens e valores sob o
fundamento de que a execução imediata poderá comprometer as investigações.
e) não receber a denúncia sob o fundamento de que a peça foi instruída com infração penal
antecedente cuja punibilidade foi extinta.

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A assertiva está de acordo com a redação do art. 4º-B da Lei n. 9.613/1998.


a) Errada. De acordo com o § 2º do art. 2º da Lei n. 9.613/1998, se o acusado citado não com-
parecer nem constituir advogado, não será suspenso o processo conforme o art. 366 do CPP.
O réu deverá ser citado por edital, nomeando-se defensor dativo, prosseguindo o feito até o
julgamento.
b) Errada. Na hipótese em que o crime antecedente for da competência da justiça federal, o
processamento da lavagem de dinheiro também será da competência da justiça federal, con-
forme art. 2º, III, b, da Lei n. 9.613/1998.
c) Errada. Com o trânsito em julgado, a perda dos valores depositados em decorrência de me-
didas assecuratórias ocorrerá em favor da União ou do Estado conforme o juízo competente
que processou a ação. É o que se depreende do § 5º, inciso I, do art. 4º-A da Lei n. 9.613/1998.
e) Errada. O juiz deve receber a denúncia, pois, conforme art. 2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998, os
fatos descritos na lei são puníveis ainda que desconhecido ou isento de pena o autor ou extinta
a punibilidade da infração penal antecedente.
Letra d.

006. (CEFETBAHIA/MP-BA/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2018) Considerando as


alterações provocadas pela Lei n. 12.683, de 09 de julho de 2012, no tocante aos crimes de
lavagem de capitais e, ainda, aos crimes contra a ordem tributária, analise as assertivas e iden-
tifique com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) A ocultação ou dissimulação de bens de posse ilícita, tais como drogas ou armas, ainda
que produtos de determinada infração, não constitui crime de lavagem de capitais, porque os
autores podem ser punidos pelos crimes de forma distinta e autônoma.
( ) O crime de lavagem de capitais é tipificado quando há demonstração de que os bens, di-
reitos ou valores objeto de ocultação ou dissimulação são produtos, diretos ou indiretos, de
infração penal.
( ) Se a infração penal antecedente for um crime contra a ordem tributária, o objeto material da
lavagem de capitais será o total do valor que gere a obrigação tributária.
( ) Não se pode confundir o crime de favorecimento real com o crime de lavagem de capitais,
uma vez que o primeiro (favorecimento real) não pode ser praticado pelo autor ou partícipe da
infração antecedente, vez que o próprio tipo penal se caracteriza pelo auxílio destinado a tornar
seguro o proveito do crime, fora dos casos de coautoria ou de receptação.
( ) Toda e qualquer infração penal poderá caracterizar-se como antecedente da lavagem de
capitais, a exemplo dos chamados crimes de responsabilidade (infrações político-administra-
tivas) e, ainda, bens, direitos ou valores oriundos de improbidade administrativa.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é
a) V F V F V.
b) V F V V F.

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c) V V F V F.
d) F V F V F.
e) F F V F V.

A primeira assertiva é verdadeira porque a posse ilícita de armas e drogas são puníveis com
base nas respectivas legislações, isto é, o Estatuto do Desarmamento e a Lei de Drogas. Para
configurar lavagem de capitais, deveriam estar presentes ações de transformação do proveito
econômico dessas infrações em operações destinadas a justificar o ganho ilícito, dando-lhe
aparência de lícito. Logo, não houve descrição de conduta de lavagem de dinheiro. O objeto
material da lavagem é o proveito econômico advindo da infração anterior, e não o objeto mate-
rial da infração antecedente.
A segunda assertiva é verdadeira porque o crime de lavagem de dinheiro pressupõe a prática
de outra infração penal anteriormente, que deve ficar demonstrada por meio de lastro pro-
batório mínimo de indícios de autoria e materialidade, mas sem a necessidade de provas ou
punibilidade já julgadas por meio de sentença condenatória transitada em julgada. Daí porque
os bens, valores e direitos podem ser tidos como provenientes de crime antecedente direta ou
indiretamente.

JURISPRUDÊNCIA
A aptidão da denúncia relativa ao crime de lavagem de dinheiro não exige uma descrição
exaustiva e pormenorizada do suposto crime prévio, bastando, com relação às condu-
tas praticadas antes da Lei n. 12.683/2012, a presença de indícios suficientes de que o
objeto material da lavagem seja proveniente, direta ou indiretamente, de uma daquelas
infrações penais mencionadas nos incisos do art. 1º da Lei n. 9.613/1998. (APn 922/DF,
Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, j. em 5/6/2019, DJe 12/06/2019, grifos nossos).

A terceira assertiva é falsa porque nem sempre o valor total da obrigação tributária será de
origem ilícita. O objeto material do crime de lavagem de dinheiro é o proveito econômico da
infração anterior; logo, no caso do crime tributário, dependerá de as circunstâncias do caso
concreto saberem qual terá sido o proveito do crime tributário.
A quarta assertiva é verdadeira porque, de fato, a lavagem pode ser praticada pelo autor da
infração antecedente (autolavagem), ao contrário do favorecimento real, que tem na própria
descrição do tipo a exclusão da coautoria ou participação na infração anterior.
A quinta assertiva é falsa porque os crimes de responsabilidade não são considerados infra-
ções penais em essência, ainda que guardem alguma semelhança em estrutura.
Letra c.

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007. (CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO/2018) Com referência ao crime de lava-


gem de capitais, julgue o seguinte item.
Situação hipotética: Álvaro, servidor público federal, foi, por cinco anos, presidente da comis-
são de licitações de determinado órgão público federal. Em diversas ocasiões, Álvaro recebeu
valores e bens para favorecer empresas nos certames licitatórios, e os transferiu para o patri-
mônio de Flávio, seu irmão, que os utilizava nos negócios da empresa da família, com vistas a
ocultar o ingresso desses recursos e a sua origem ilícita. Assertiva: Nessa situação, Álvaro e
Flávio responderão pelo crime de lavagem de capitais, e será da justiça federal a competência
para processar e julgar a ação penal.

A infração será de lavagem de capitais, haja vista que Álvaro confiou a seu irmão os recursos
obtidos de maneira ilícita, e este utilizou em variados negócios da empresa da família, com a
intenção de dar aparência de licitude aos valores. As condutas envolveram um conjunto de
operações com o uso de empresa, em tese, regular, para realizar negócios com dinheiro de
origem ilícita; a ocultação deixa de ser mero exaurimento e ganha relevância para configurar o
crime autônomo de lavagem de dinheiro. Quanto à competência, tendo em vista que os crimes
antecedentes (fraudes à licitação) se deram em detrimento de bens, serviços ou interesses da
União, será da justiça federal, nos termos do art. 2º, III, a, da Lei n. 9.613/1998.
Certo.

008. (PGR/PROCURADOR DA REPÚBLICA/2017) Tendo em mente o paradigmático julga-


mento da Ação Penal 470, assinale a alternativa incorreta:
a) no crime de corrupção passiva necessário o nexo de causalidade entre a vantagem indevida
e o ato de ofício, mas irrelevante a destinação que o agente venha a dar aos recursos recebidos.
b) não é necessário que o funcionário público pratique efetivamente o ato de ofício, bastando
a possibilidade de que a vantagem indevida venha a influir na prática do ato de ofício pelo fun-
cionário público.
c) a autolavagem pressupõe a prática de atos de ocultação autônomos do produto do crime
antecedente já consumado.
d) o ato de ofício precisa estar indicado na denúncia.

Na AP 470, foi considerada dispensável a precisão descritiva do ato impugnado; entretanto, foi
considerada imprescindível a demonstração do nexo de causalidade entre o ato atribuído ao
funcionário e o plexo de atribuições inerentes ao seu cargo.
a) Certa. Para a configuração do crime do art. 317 do CP, é necessária a demonstração do nexo
de causalidade entre o ato de ofício e o recebimento da vantagem indevida. Quanto à destina-

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ção posterior dos recursos recebidos, não foi tido como imprescindível para a consumação da
corrupção passiva, bastou verificar o recebimento da vantagem indevida.
b) Certa. A corrupção passiva (art. 317 do CP) é crime formal, configurando-se com a simples
solicitação da vantagem indevida, ainda que esta não venha a ser recebida, e que o ato de ofí-
cio não venha a ser praticado, o que balizou o STF a concluir pela simples possibilidade de que
a propina venha a influir na prática do ato, conforme ementa da AP 470/MG:

JURISPRUDÊNCIA
2.7.3. O ato de ofício, cuja omissão ou retardamento configura majorante prevista no art.
317, § 2º, do Código Penal, é mero exaurimento do crime de corrupção passiva, sendo
que a materialização deste delito ocorre com a simples solicitação ou o mero recebi-
mento de vantagem indevida (ou de sua promessa), por agente público, em razão das
suas funções, ou seja, pela simples possibilidade de que o recebimento da propina venha
a influir na prática de ato de ofício. (AP 470/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Plenário, j.
em 17/12/2012, grifos nossos).

c) Certa. Está de acordo com a Lei n. 9.13/1998 e o que vimos no tópico em que fizemos a
distinção entre o post factum não punível e o crime de lavagem, ou seja, para que a ocultação
da vantagem indevida não seja considerada mero exaurimento do crime antecedente, as con-
dutas de ocultação devem ser de relevância tal que surge o crime autônomo de lavagem.
Letra d.

009. (FUMARC/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/2018) Em relação aos aspec-


tos processuais da lei de lavagem de dinheiro (Lei n. 9.613/1998), pode-se afirmar:
a) A alienação de bens objeto de medidas assecuratórias depende da existência de trânsito em
julgado de sentença condenatória.
b) A competência para o julgamento do delito de lavagem de dinheiro será da justiça federal.
c) A denúncia deverá ser instruída com indícios suficientes da existência de infração penal
antecedente.
d) A persecução penal em juízo depende da comprovação, mediante sentença condenatória,
de infrações penais antecedentes.

É o que dispõe o art. 2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998.


a) Errada. Nos termos do art. 4º-A da Lei n. 9.613/1998, pode haver alienação antecipada com
a finalidade de preservar o valor dos bens sob constrição.
b) Errada. Só será da competência da Justiça Federal nas hipóteses do art. 2º, III, a e b, quais
sejam: a) quando os crimes de lavagem de dinheiro forem praticados contra o sistema finan-
ceiro e a ordem econômico-financeira ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas; ou b) quando a infração penal


antecedente for de competência da Justiça Federal.
d) Errada. De acordo com o art. 2º, II, da Lei n. 9.613/1998, o processo e o julgamento dos
crimes de lavagem de dinheiro independem do processo e julgamento das infrações penais
antecedentes, ainda que praticados em outro país.
Letra c.

010. (TRF-3/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2018) Assinale a alternativa CORRETA:


a) O processo e julgamento do crime de lavagem de dinheiro prescinde da existência da infra-
ção penal antecedente.
b) O crime de lavagem de dinheiro caracteriza-se pela ocorrência de crime antecedente expres-
samente previsto na lei específica.
c) O processo de lavagem de dinheiro é composto por, pelo menos, três fases: ocultação, dis-
simulação e integração.
d) A legislação brasileira exige a completude do ciclo de lavagem para que se caracterize o
crime de lavagem de capitais.

A própria jurisprudência reconhece as três fases.


a) Errada. O crime de lavagem de dinheiro pressupõe a prática de infração penal anterior, cons-
tituindo o próprio sentido da lavagem de dinheiro. Não há lavagem de dinheiro proveniente de
recursos lícitos.
b) Errada. Como já vimos no decorrer desta aula, o rol dos crimes antecedentes não é taxativo
desde a edição da Lei n. 12.683/2012, que revogou a lista de crimes que poderiam dar ensejo
à prática de lavagem de capitais. Qualquer infração penal cujo proveito for aplicado em ativida-
des de lavagem de dinheiro poderá configurar a lavagem.
d) Errada. A consumação ocorre com quaisquer das condutas da atividade de lavagem, não é
necessária a plena comprovação das três fases.
Letra c.

011. (2018/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE/2018/POLÍCIA FEDERAL/PE-


RITO CRIMINAL FEDERAL/ÁREA 1) Acerca de crédito tributário, legislação tributária e crime
de lavagem de capitais ou ocultação de bens, direitos e valores, julgue o item que se segue.
O crime de lavagem de capitais ou ocultação de bens, direitos e valores não é admitido na mo-
dalidade tentada.

Conforme o artigo 1º, §3º da Lei de Lavagem, se percebe que a tentativa é possível:

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-
dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal.
Errado.

012. (FUNDATEC/PC-RS/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A respeito das condutas incrimina-


das pela Lei n. 9.613/1998, denominada Lei de Lavagem de Dinheiro, analise as assertivas
que seguem:
I – De acordo com o entendimento atual do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, o crime
de lavagem de bens, direitos ou valores, praticado na modalidade de ocultação, tem natureza
de crime permanente, logo, a prescrição somente começa a contar do dia em que cessar a
permanência.
II – O crime de lavagem de bens, direitos ou valores é composto por três fases: a colocação
(placement), a ocultação (layering) e a integração (integration), devendo todas estarem confi-
guradas para o enquadramento da conduta na figura criminosa.
III – A pena será aumentada de um a dois terços, quando forem constatadas várias transações
financeiras, soma de grandes valores e, além disso, houver prova de que o sujeito integre orga-
nização criminosa.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

I – Certa. Segundo o Supremo, o crime de lavagem de bens, direitos ou valores, quando pra-
ticado na modalidade típica de ocultar, é permanente, protraindo-se sua execução até que os
objetos materiais do branqueamento se tornem conhecidos (Informativo 937).
II – Errada. Não é necessária a comprovação das três fases da lavagem para que se configure
a infração penal.
III – Errada. Fique atento ao “além disso”! De fato, o aumento de pena pode ser de um a dois
terços, e as causas são a prática reiterada da lavagem ou por intermédio de organização crimi-
nosa. Ou seja, não se exigem as duas causas simultaneamente, mas alternativamente.
Letra a.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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013. (CEBRASPE/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) A colaboração premiada nos casos


de lavagem de capitais
a) será válida somente se o colaborador indicar a autoria do crime antecedente que originou a
lavagem de ativos.
b) será nula se não contar com a participação do órgão julgador na elaboração do acordo.
c) tem como benefício, entre outros, a substituição da pena privativa de liberdade por penas
restritivas de direitos.
d) constitui meio de prova que pode embasar, isoladamente, posterior sentença condenatória.
e) pode ocorrer apenas na fase processual, no curso da competente ação penal.

Está de acordo com o § 5º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, que prevê como benefícios ao co-
laborador: redução de pena de um a dois terços, cumprimento da pena em regime aberto ou
semiaberto, perdão judicial (deixar de aplicar a pena) ou substituir a pena por pena restritiva
de direitos.
De acordo com o art. 1º, § 5º, da Lei n. 9.613/1998, a colaboração premiada poderá se dar, a
qualquer tempo, sempre que o autor, coautor ou partícipe prestar esclarecimentos que condu-
zam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores ou partícipes ou
à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
a) Errada. Em razão da expressão “somente se”.
b) Errada. O órgão julgador atua na homologação do acordo e não na elaboração do acordo,
que é realizada com o Ministério Público.
d) Errada. A colaboração premiada é considerada meio de obtenção de prova, conforme juris-
prudência que já vinha sendo aplicada pelos Tribunais Superiores, corroborada pelo art. 3º-A
da Lei n. 12.850/2013: o acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio
de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos.
e) Errada. O § 5º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998 estabelece expressamente que a colaboração
poderá ser realizada a qualquer tempo.
Letra c.

014. (CEBRASPE/TRF-5/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2017) Com relação às regras proces-


suais relativas aos crimes de lavagem de dinheiro, assinale a opção correta.
a) O juiz não deve receber a denúncia oferecida pelo crime de lavagem de dinheiro, caso tenha
ocorrido a prescrição por crime antecedente.
b) Não é cabível medida cautelar diversa da prisão para crimes de lavagem de dinheiro.
c) O recurso cabível da decisão que determina medida assecuratória nos crimes de lavagem
de dinheiro é o da apelação.
d) Se um imóvel situado no Brasil for produto do crime de lavagem de dinheiro praticado por
estrangeiro que, por esse crime, tenha sido penalmente condenado em seu país, mesmo com

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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a homologação da sentença penal estrangeira, será vedado o perdimento do imóvel, por se


caracterizar um verdadeiro confisco indireto.
e) É inepta a denúncia por crime de lavagem de dinheiro que, devido ao suposto envolvimento
de diversos agentes, descreve os fatos de maneira genérica e sistematizada, ainda que haja
clareza que permita compreender a conjuntura tida por delituosa.

É a jurisprudência que vem sendo aplicável pelo STJ, conforme o precedente a seguir divulgado
no Informativo 587:

JURISPRUDÊNCIA
É possível a interposição de apelação, com fundamento no art. 593, II, do CPP, contra
decisão que tenha determinado medida assecuratória prevista no art. 4º, caput, da Lei
n. 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Dinheiro), a despeito da possibilidade de postulação
direta ao juiz constritor objetivando a liberação total ou parcial dos bens, direitos ou
valores constritos (art. 4º, §§ 2º e 3º, da mesma Lei) (REsp 1.585.781-RS, Rel. Min. Felix
Fischer, 5ª T., j. em 28/6/2016, DJe 1º/8/2016).

a) Errada. De acordo com o art. 2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998, a lavagem de dinheiro será puní-
vel ainda que extinta a punibilidade da infração penal antecedente. Entre as causas extintivas
da punibilidade, está a prescrição.
b) Errada. Segundo a jurisprudência do STJ, é cabível medida cautelar diversa da prisão.

JURISPRUDÊNCIA
Na hipótese em que a atuação do sujeito na organização criminosa de tráfico de drogas
se limitava à lavagem de dinheiro, é possível que lhe sejam aplicadas medidas cautelares
diversas da prisão quando constatada impossibilidade da organização continuar a atuar,
ante a prisão dos integrantes responsáveis diretamente pelo tráfico (HC 376.169-GO, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, Rel. p/ acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, 6ª T., j. em 1/12/2016, DJe
14/12/2016).

d) Errada. Se a sentença estrangeira for devidamente homologada, deverá ser executada, con-
forme precedente do STJ (grifo nosso):

JURISPRUDÊNCIA
É possível a homologação de sentença penal estrangeira que determine o perdimento
de imóvel situado no Brasil em razão de o bem ser produto do crime de lavagem de
dinheiro. De fato, a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transna-
cional (Convenção de Palermo), promulgada pelo Decreto n. 5.015/2004, dispõe que os
estados partes adotarão, na medida em que o seu ordenamento jurídico interno o per-
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mita, as medidas necessárias para possibilitar o confisco do produto das infrações pre-
vistas naquela convenção ou de bens cujo valor corresponda ao desse produto (art. 12, 1,
a), sendo o crime de lavagem de dinheiro tipificado na convenção (art. 6º), bem como na
legislação brasileira (art. 1º da Lei n. 9.613/1998). Ademais, nos termos do CP: «Art. 9º A
sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
consequências, pode ser homologada no Brasil para: I – obrigar o condenado à repara-
ção do dano, a restituições e a outros efeitos civis». Verifica-se, assim, que a lei brasileira
também prevê a possibilidade de perda, em favor da União, ressalvado o direito do lesado
ou de terceiro de boa-fé, do produto do crime, como um dos efeitos da condenação (art.
91, II, b, do CP). Nesse contexto, não prospera a alegação de que a homologação de sen-
tença estrangeira de expropriação de bem imóvel – situado no Brasil – reconhecido como
proveniente de atividades ilícitas ocasionaria ofensa à soberania nacional, pautada no
argumento de que competiria à autoridade judiciária brasileira conhecer de ações rela-
tivas a imóvel situado no País, de acordo com o previsto no art. 12, § 1º, da LINDB, bem
como no art. 89, I, do CPC/1973. Com efeito, não se trata especificamente sobre a situa-
ção de bem imóvel, sobre a sua titularidade, mas sim sobre os efeitos civis de uma con-
denação penal determinando o perdimento de bem que foi objeto de crime de lavagem
de capitais. Inclusive, é importante destacar que o bem imóvel não será transferido para a
titularidade do país interessado, mas será levado a hasta pública, nos termos do art. 133
do CPP. (SEC 10.612-FI, Rel. Min. Laurita Vaz, j. em 18/5/2016, DJe 28/6/2016.)

e) Errada. Como vimos em tópico específico sobre a peça acusatória, será possível denúncia
genérica em caso de crime de autoria coletiva, ou seja, em caso que haja a participação de
muitos agentes de modo a ser difícil individualizar todas as condutas no momento da denún-
cia; apesar disso, a peça acusatória deve demonstrar a justa causa a partir de um conjunto de
provas e indícios de que houve materialidade do contexto criminoso.
Letra c.

015. (CEBRASPE/PJC-MT/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/2017) A respeito do crime


de lavagem de dinheiro praticado ao se adquirir bens com o produto de crime antecedente, per-
petrado por organização criminosa de que o agente seja integrante, assinale a opção correta.
a) O juiz poderá decretar medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para a re-
paração de dano decorrente do branqueamento de capitais, mas não daquele decorrente da
infração penal antecedente.
b) O juiz não poderá determinar, por iniciativa própria, a alienação antecipada de bens constri-
tos, sob a alegação de preservação do valor desses bens.
c) Se o agente acordar com a justiça a colaboração premiada, poderá obter o perdão judicial,
mesmo que o acordo ocorra posteriormente à sentença.

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d) No caso de colaboração premiada, as proposições do acordo serão formuladas pelo juiz,


juntamente com o MP e com o delegado de polícia, e, se for aceito, o acordo será homologado
judicialmente.
e) O juiz poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado,
independentemente de requerimento do MP ou representação do delegado de polícia.

O art. 4º da Lei n. 9.613/1998 admite a concessão de tais medidas de ofício.


a) Errada. O art. 4º da Lei n. 9.613/1998, ao tratar das medidas assecuratórias, estabelece
expressamente que elas podem recair sobre bens, direitos e valores que sejam instrumento,
produto ou proveito dos crimes de lavagem ou das infrações penais antecedentes.
b) Errada. O art. 4º-A da Lei n. 9.613/1998 permite a alienação antecipada de ofício.
c) Errada. O perdão judicial é previsto como benefício em colaboração premiada com outros
benefícios, como a redução de pena, o início de cumprimento da pena em regime mais brando
e a substituição por pena restritiva de direitos (§ 5º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998). Sendo
assim, o perdão judicial é o mais benéfico deles. Para ser cabível, deve haver proporcionalida-
de entre o benefício dado ao acusado confesso e a relevância da sua colaboração. Pela Lei n.
12.850/2013, art. 4º, § 5º, a colaboração realizada após a sentença deve se limitar à redução
da pena ou a imediata progressão de regime.
d) Errada. O juiz não participa da elaboração do acordo. Ele tem a função de o homologar. Esse
rito, que já era previsto na jurisprudência, ficou mais claro com a Lei n. 12.850/2013, que, em
seu art. 4º, § 6º, é preciso ao estabelecer que o juiz não participará das negociações realiza-
das para a formalização do acordo de colaboração, seja este realizado entre o investigado e o
delegado, seja entre o investigado e o Ministério Público, sempre com a presença de defensor.
Letra e.

016. (FMP CONCURSOS/MP-RO/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2017) Em relação


ao crime de lavagem de dinheiro, assinale a alternativa CORRETA.
a) A caracterização do crime de lavagem de dinheiro, segundo a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, reclama um sofisticado processo que compreende as fases da ocultação, do
mascaramento e da integração.
b) O bem jurídico tutelado é a Administração Pública, segundo a corrente doutrinária prepon-
derante no Brasil.
c) Não é punível a autolavagem no Brasil, em razão do princípio ne bis in idem.
d) O recebimento de honorários advocatícios “maculados” com a ciência da origem ilícita ca-
racteriza o crime de lavagem de dinheiro por parte do advogado.
e) Na “terceirização” do crime de lavagem de dinheiro, punem-se tanto o profissional da lava-
gem, mesmo que não tenha conhecimento preciso acerca da origem ou da natureza dos valo-
res, quanto o autor do crime antecedente.

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Vimos, no decorrer desta aula, a possibilidade de haver concurso de pessoas entre o sujeito
ativo do crime antecedente quando praticar autolavagem servindo-se de terceiro, que irá dar
sequência aos atos de branqueamento.
a) Errada. A fase da ocultação é a segunda e não a primeira. As fases são: da colocação (da
conversão ou introdução), da ocultação (da dissimulação ou acomodação) e da integração (ou
da reinversão).
b) Errada. O bem jurídico tutelado é a ordem econômico-financeira e a administração da jus-
tiça, conforme inclusive já reconhecido pelos Tribunais Superiores, ressaltando ser crime plu-
riofensivo.
c) Errada. Já vimos que é plenamente aceito pela jurisprudência a autolavagem, ou seja, quan-
do o sujeito ativo do crime antecedente também realiza atos de ocultação suficiente para que
sua conduta ganhe a autonomia para configurar lavagem de dinheiro.
d) Errada. Há precedentes que reconhecem a legitimidade dos honorários advocatícios, haja
vista o direito à ampla defesa. O que não significa que o advogado pode desviar os recursos
recebidos a título de honorários para fazer repasses de interesse do seu cliente, colaborando
assim para a continuidade de suas ações ilegais.
Letra e.

017. (IBADE/PC-AC/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL/2017) A fase da lavagem de capitais, de


acordo com as definições do COAF, em que são realizados diversos negócios e movimenta-
ções financeiras, a fim de impedir o rastreamento e encobrir a origem ilícita dos valores é de-
nominada pela doutrina de:
a) ocultação.
b) colocação
c) destinação
d) evaporação
e) integração.

A ocultação é a segunda fase da atividade de lavagem de dinheiro, seguida da fase de coloca-


ção, em que o agente do crime antecedente introduz o proveito do crime em sistema econômi-
co ou financeiro. Depois da colocação, seguem-se os atos de branqueamento, ou seja, a proli-
feração de operações e transações bancárias, financeiras, comerciais destinadas a dificultar o
rastreamento dos valores ilícitos.
Letra a.

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018. (MP-RS/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017) O detentor de recursos provenientes da explo-


ração do jogo do bicho, usando empresa da qual é proprietário, emite títulos de crédito frios
em favor de seu parceiro, com a finalidade específica de dar aparência de licitude à parte deste
nos lucros da atividade ilegal. Propositadamente, os títulos não são pagos no vencimento e
encaminhados a cartório para protesto. Notificado, o proprietário da empresa liquida os títulos
usando dinheiro em espécie, recebido pelo cartório, que não questiona a origem dos recursos e
os deposita em sua própria conta bancária, o que faz com que a instituição financeira também
não questione a origem dos recursos, pois provenientes da liquidação de títulos em cartório.
Por fim, o cartório credita os valores na conta do credor.
Com base no fato descrito acima, assinale a alternativa correta.
a) De acordo com o art. 1º da Lei n. 9.613/1998, “Ocultar ou dissimular a natureza, origem,
localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenien-
tes, direta ou indiretamente, de infração penal” constitui-se em crime de lavagem de dinheiro,
punido com reclusão, de três a 10 (dez) anos, e multa, desde que não extinta a punibilidade da
infração antecedente.
b) O atual tratamento legal ao crime de lavagem de dinheiro no Brasil insere-se na doutrina
designada terceira fase ou terceira geração da repressão penal a tal tipo de delito.
c) No caso hipotetizado na questão, apesar da intenção específica dos envolvidos em em-
prestar aparência de licitude aos recursos através de tais manobras, o crime de lavagem de
dinheiro não estaria configurado em virtude de terem sido os recursos provenientes da prática
de contravenção penal.
d) Na hipótese de participação delitiva do funcionário do cartório no crime de lavagem de di-
nheiro, que exatamente por isso não questionava a origem dos recursos em espécie dados em
pagamento dos títulos, consequência legal imediata e automática de seu indiciamento pela
autoridade policial seria a do afastamento do cargo, sem prejuízo de remuneração e demais
direitos previstos em lei, até o trânsito em julgado da sentença penal.
e) Não há crime de lavagem de dinheiro se o agente deposita o dinheiro obtido com a cor-
rupção em sua própria conta bancária e o consome em viagens, passeios e restaurantes. O
simples aproveitamento econômico do produto de uma infração penal não configura o delito
de lavagem. Mas, a utilização culposa, na atividade econômica ou financeira, de bens, direitos
ou valores provenientes de infração penal, configura espécie de crime de lavagem de dinheiro.

A classificação da legislação de lavagem de dinheiro em gerações identifica três fases por


que passaram os países que participaram do GAFI em relação à forma de tipificar o crime
de lavagem. A primeira geração diz respeito às leis que optaram pelo rol taxativo dos crimes
antecedentes, estabelecendo que só haveria infração penal de lavagem se o dinheiro fosse
proveniente das infrações constantes em rol fechado e taxativo. A segunda fase correspon-
de às legislações que estipularam rol abrangente ou de tipo aberto. Em vez de especificar as
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infrações penais antecedentes, essas leis buscaram um critério de selecionar os crimes de


maior gravidade, como por exemplo “todos os crimes com pena mínima igual ou superior a
dois anos”. A terceira geração se refere às leis de rol de extensão indefinida, ou seja, qualquer
infração penal pode servir de pressuposto da lavagem de dinheiro. O Brasil, na redação origi-
nal da Lei n. 9.613/1998, estabelecia um rol fechado, taxativo, seguindo a primeira geração de
legislações. Com a alteração da Lei n. 12.683/2012, o rol passou a ser de extensão indefinida,
portanto, de terceira geração.
a) Errada. Conforme art. 2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998, os fatos descritos na lei são puníveis
ainda que desconhecido ou isento de pena o autor ou extinta a punibilidade da infração penal
antecedente.
c) Errada. Qualquer infração penal, inclusive contravenção, pode ser antecedente da prática de
lavagem de dinheiro (art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998).
d) Errada. De acordo com o art. 17-D da Lei n. 9.613/1998, em caso de indiciamento de servidor
público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei,
até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno.
e) Errada. Não há previsão de tipo culposo para o crime de lavagem. O agente só pode ser pu-
nido por dolo, direto ou indireto.
Letra b.

019. (TRF-2/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2017) Sobre a “Lavagem de Dinheiro” (Lei n.


9.613/1998), é correto dizer:
a) Somente haverá crime quando o agente ocultar ou dissimular a natureza, origem, localiza-
ção, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, dire-
ta ou indiretamente, de um dos crimes antecedentes listados na Lei.
b) A lavagem de dinheiro é considerada crime derivado ou acessório, pois pressupõe a ocor-
rência de delito anterior. Não se admite a sua existência quando o ativo financeiro é provenien-
te de infração penal cometida posteriormente aos atos acoimados como sendo de lavagem.
c) A participação no cometimento da infração antecedente é condição para que o agente pos-
sa ser sujeito ativo da lavagem.
d) Comete o delito de lavagem de dinheiro o funcionário público que recebe valor de suborno
e o utiliza para comprar imóvel, cuja propriedade registra em seu próprio nome, depositando o
restante em aplicação financeira de sua titularidade.
e) Dá-se a forma culposa do delito nos casos de “cegueira” ou “ignorância” deliberada, ou seja,
quando há prova de que o agente tinha conhecimento da elevada probabilidade de que os bens
ou valores envolvidos eram provenientes de infração penal e tenha agido de modo indiferente
a esse conhecimento.

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A lavagem pressupõe a ocorrência de uma infração penal antecedente, conforme art. 1º, caput,
da Lei n. 9.613/1998.
a) Errada. Qualquer infração penal pode dar ensejo à lavagem se o seu proveito econômico se
der pelas atividades de ocultação e dissimulação previstas na Lei n. 9.613/1998.
c) Errada. O agente lavador do dinheiro não precisa ter sido partícipe da infração penal
antecedente.
d) Errada. Na hipótese descrita, a compra de bens e a guarda dos valores por meio de aplica-
ção constituem post factum não punível, já que a simples ocultação não configura lavagem
de dinheiro. A ocultação apta a caracterizar lavagem é aquela que se desdobra em múltiplas
ações (transferências bancárias, transações comerciais etc.) destinadas a dar aparência de
lícita ao proveito econômico obtido com o crime.
e) Errada. Não há previsão de tipo culposo para a lavagem de dinheiro.
Letra b.

020. (CEBRASPE/PC-GO/DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO/2017) Em relação às dispo-


sições expressas nas legislações referentes aos crimes de trânsito, contra o meio ambiente e
de lavagem de dinheiro, assinale a opção correta.
a) Em relação aos delitos ambientais, constitui crime omissivo impróprio a conduta de terceiro
que, conhecedor da conduta delituosa de outrem, se abstém de impedir a sua prática.
b) Para a caracterização do delito de lavagem de dinheiro, a legislação de regência prevê um
rol taxativo de crimes antecedentes, geradores de ativos de origem ilícita, sem os quais o crime
não subsiste.
c) A colaboração premiada de que trata a Lei de Lavagem de Dinheiro poderá operar a qualquer
momento da persecução penal, até mesmo após o trânsito em julgado da sentença.
d) É vedada a imposição de multa por infração administrativa ambiental cominada com multa a
título de sanção penal pelo mesmo fato motivador, por violação ao princípio do non bis in idem.
e) A prática de homicídio culposo descrita no Código de Trânsito enseja a aplicação da pena-
lidade de suspensão da permissão para dirigir, pelo órgão administrativo competente, mesmo
antes do trânsito em julgado de eventual condenação.

O § 5º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998 dispõe que a colaboração poderá ocorrer a qualquer


tempo. Pode ocorrer inclusive após a sentença, desde que seja eficaz.
a) Errada. Você deve se lembrar da aula sobre crimes ambientais que o crime omissivo im-
próprio previsto na Lei n. 9.605/1998 se refere à conduta de diretor, administrador, membro
do conselho ou de órgão técnico, auditor, gerente, preposto ou mandatário da pessoa jurídica
infratora, que deixa de impedir a sua prática quando podia agir para evitá-la. Portanto, o terceiro
não responde.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

b) Errada. O rol não é mais taxativo desde a alteração promovida pela Lei n. 12.683/2012.
Desde então, o rol é de extensão indefinida, ou seja, qualquer infração penal poderá ser ante-
cedente da lavagem.
d) Errada. As instâncias penal e administrativa são independentes.
e) Errada. A lei não previa essa hipótese à época da aplicação da prova. Mas atualmente, com
a alteração no CTB produzida pela Lei n. 13.804/2019, há previsão expressa quanto à possibi-
lidade de suspensão da permissão para dirigir como medida cautelar:

CTB, art. 278-A. § 2º No caso do condutor preso em flagrante na prática dos crimes de que trata
o caput deste artigo, poderá o juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, se houver
necessidade para a garantia da ordem pública, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento
do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão
motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição
de sua obtenção (grifos nossos).
Letra c.

021. (MP-RS/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2016) Assinale com V (verdadeiro) ou


com F (falso) os enunciados abaixo.
( ) Investigado por corrupção, ex-secretário de Obras Públicas da Argentina dos governos Kir-
chner foi preso quando prestes a enterrar milhares de dólares no terreno de um mosteiro, na
província de Buenos Aires. O colombiano Pablo Escobar, conhecido narcotraficante dos anos
80/90, enterrava dinheiro oriundo do tráfico de entorpecentes. Nestas situações é razoável
afirmar, à luz da doutrina especializada e de precedentes jurisprudenciais, que enterrar dinheiro
produto do crime antecedente, ainda que seja para ocultá-lo, não se enquadra no tipo assimé-
trico da lavagem de dinheiro, se desacompanhado de um ato adicional ou contexto capaz de
evidenciar que o agente realizou a ação com a finalidade específica de emprestar aparência de
licitude aos valores escondidos.
( ) O presidente de uma autarquia estadual foi condenado por crime de dispensa de licitação
fora das hipóteses previstas em lei. O cálculo da respectiva pena de multa deve seguir o critério
bifásico do CP, devendo o juiz atender, principalmente, na quantificação do valor de cada dia-
-multa, ao montante da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.
( ) Cheques de terceiros, recebidos como produtos de concussão continuada, foram deposi-
tados pelo agente público na conta bancária de uma escola de fachada, a cujos valores pos-
teriormente teve acesso em simulados pagamentos por aulas ministradas em seus cursos.
Neste caso tipifica-se a lavagem de dinheiro, como crime, mesmo que extinta a punibilidade da
infração penal antecedente, pela prescrição.
( ) Artur patrocina interesse privado perante a Administração e consegue obter a instauração
de um processo licitatório no interesse de seu cliente. Patrocinar, direta ou indiretamente, inte-
resse privado perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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de contrato, para caracterizar-se como crime licitatório, depende da invalidação da licitação ou


do contrato administrativo pelo Poder Judiciário. A sequência correta de preenchimento dos
parênteses, de cima para baixo, é
a) V – F – F – F.
b) V – F – V – V.
c) F – V – F – V.
d) F – V – V – F.
e) V – F – V – F.

A primeira assertiva é verdadeira porque não é qualquer ocultação ou guarda de valores que
configura lavagem de dinheiro. A ocultação deve ser feita por meio de outras ações com a fina-
lidade de branqueamento dos recursos, ou seja, de distanciá-los de sua origem ilícita e realizar
transações para dar aparência de licitude aos proveitos do crime. Só nesta última hipótese a
conduta de ocultação ganha autonomia para configurar a infração de lavagem de dinheiro.
A segunda assertiva é falsa, já que os crimes licitatórios não seguem a regra geral do CP para a
pena de multa; há critérios específicos para o cálculo da multa no art. 99 da Lei n. 8.666/1993
(grifo nosso):

Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de quantia
fixada na sentença e calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da vanta-
gem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo agente.
§ 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão ser inferiores a 2% (dois por cento), nem
superiores a 5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com dispensa ou inexi-
gibilidade de licitação.
§ 2º O produto da arrecadação da multa reverterá, conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital,
Estadual ou Municipal.
A terceira assertiva é verdadeira, já que estão presentes a ocultação e a dissimulação de que
tratam o art. 1º da Lei n. 9.613/1998. Ademais, configura-se a lavagem ainda que o crime ante-
cedente já tenha prescrito, haja vista que o art. 2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998 estabelece que a
lavagem de dinheiro será punível ainda que extinta a punibilidade do crime antecedente.
A quarta assertiva é verdadeira pois está de acordo com o art. 91 da Lei n. 8.666/1993
(grifo nosso).

Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, dando causa
à instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a ser decretada pelo
Poder Judiciário:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Letra b.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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022. (FUNCAB/PC-PA/DELEGADO DE POLÍCIA CÍVIL/2016) Entre as alternativas a seguir,


assinale a correta.
a) A legislação brasileira que cuida da lavagem de dinheiro é considerada uma lei de segun-
da geração.
b) O reconhecimento do delito de lavagem de dinheiro opera a absorção do crime anterior por
este, em virtude do concurso aparente de normas.
c) Somente responde por lavagem de dinheiro quem também foi autor do crime antecedente.
d) A Lei n. 9.613, de 1998, não prevê expressamente o sequestro de bens em nome do investi-
gado, restando, para a medida assecuratória, a aplicação subsidiária das normas processuais.
e) A fase de layering, ou dissimulação, na lavagem de dinheiro, é aquela em que se busca dar
aos recursos financeiros a aparência de legítimos, à qual se sucede a fase de integração (in-
tegration).

a) Errada. Nossa legislação, pela redação atual, é considerada de terceira geração, já que es-
tabelece um rol de extensão indefinida, ou seja, qualquer infração penal pode ser antecedente
para fins de configuração da lavagem de capitais.
b) Errada. Não há absorção. A infração antecedente é punível independentemente da lava-
gem de dinheiro. E a lavagem independe do processo e julgamento das infrações penais an-
tecedentes.
c) Errada. Não há essa exigência. Qualquer sujeito ativo pode ser autor de lavagem de dinheiro,
inclusive o autor da infração antecedente (autolavagem), mas não só ele.
d) Errada. Os arts. 4º e 4º-A estabelecem medidas assecuratórias para a conservação de bens,
direitos e valores, e, embora não tenham feito distinção expressa entre sequestro e arresto, as
regras ali estabelecidas devem ser aplicadas em razão da especialidade.
e) Certa. A fase de layering é a segunda e se caracteriza pela dissimulação, pela realização de
múltiplas ações para dificultar o rastreamento do dinheiro. Depois dela, vem a fase de reinte-
gração em que se reinveste o dinheiro lavado na economia formal, a fim de dar aparência de
licitude aos recursos.
Letra e.

023. (MP-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2016) Nos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens,


direitos e valores, previstos na Lei n. 9.613/1998 (Lavagem de Dinheiro), incorre nas mesmas
penas quem participa de escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou, até
mesmo secundária, é dirigida à prática de crimes previstos na supramencionada legislação
repressiva.
Nos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, previstos na Lei n. 9.613/1998
(Lavagem de Dinheiro), incorre nas mesmas penas quem participa de escritório tendo conheci-

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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mento de que sua atividade principal ou, até mesmo secundária, é dirigida à prática de crimes
previstos na supramencionada legislação repressiva.

É o que dispõe o art. 1º, § 2º, II, da Lei n. 9.613/1998.


Certo.

024. (CEBRASPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Em cada um do item seguinte


é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada à luz das dis-
posições constitucionais e legais a respeito de competência.
Ricardo foi denunciado pela prática do crime de lavagem de capitais provenientes do tráfico
internacional de drogas. Nessa situação, o crime de lavagem de capitais será processado e
julgado pela justiça federal, haja vista a competência constitucional do crime antecedente.

A assertiva decorre do disposto no art. 2º, III, b, da Lei n. 9.613/1998.


Certo.

025. (CEBRASPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Acerca dessa situação hipoté-


tica, julgue o item seguinte à luz da legislação e da doutrina pertinentes à lavagem de dinheiro
e à extinção de punibilidade.
Conforme a legislação específica, para que Lúcio seja condenado pelo crime de lavagem de
dinheiro, é necessário que haja condenação, ao menos em primeiro grau, pelo crime de roubo
à agência bancária.

O processo e o julgamento dos crimes de lavagem de dinheiro independem do processo e jul-


gamento das infrações penais antecedentes, conforme art. 2º, II, da Lei n. 9.613/1998. Decorre
do princípio da autonomia da lavagem de capitais em relação à infração anterior.
Errado.

026. (CEBRASPE/DPU/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/2017) Acerca dessa situação hipoté-


tica, julgue o item seguinte à luz da legislação e da doutrina pertinentes à lavagem de dinheiro
e à extinção de punibilidade.
De acordo com o STF, Lúcio somente poderá ser processado e julgado pelo crime de roubo,
pois o direito penal brasileiro não admite o crime de autolavagem — quando o autor do crime
antecedente pratica também a lavagem de capitais —, por entender que esse seria um caso de
mero exaurimento do fato antecedente.

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Como vimos no decorrer da aula, o STF admite a autolavagem, sempre que o agente adotar
conduta de ocultação que extrapole o mero exaurimento do crime. Se a ocultação revelar atos
que importem a dissimulação, ou seja, que tenham por finalidade distanciar o dinheiro de sua
origem ilícita para posteriormente reintegrá-lo à economia formal, haverá autonomia da oculta-
ção, configurando a lavagem de capitais.
Errado.

027. (FMP CONCURSOS/MP-AM/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/2015) Considere


as seguintes assertivas em relação ao crime de lavagem de dinheiro:
I – Não é cabível o concurso de infrações entre a lavagem de dinheiro e o ilícito típico
antecedente.
II – O crime de corrupção fica absorvido pelo crime de lavagem de dinheiro, em razão do prin-
cípio da consunção, no concurso aparente de normas penais.
III – A Lei n. 9.613/1998 é considerada de segunda geração, estabelecendo uma lista de infra-
ções penais antecedentes.
IV – A Lei n. 9.613/1998 admite a figura da autolavagem ou do autobranqueamento, podendo
o autor da infração penal antecedente ser punido também pela prática de lavagem de dinheiro.
V – Tendo em vista a controvérsia jurisprudencial em torno do conceito de organização crimi-
nosa, a partir da definição típica promovida pela Lei n. 12.850/2013, as infrações penais por ela
praticadas podem ser consideradas subjacentes ao crime de lavagem de dinheiro.
Quais das assertivas acima estão corretas?
a) Apenas a IV e V.
b) Apenas a III e IV.
c) Apenas a I e II.
d) Apenas a II e III.
e) Apenas a II e V.

I – Errada. É possível o concurso material entre a infração penal antecedente e a lavagem de


dinheiro, conforme vimos em tópico específico sobre concurso de crimes.
II – Errada. Pelo princípio da autonomia da lavagem de dinheiro da infração penal antecedente,
os dois crimes são processados e julgados de forma independente, não há consunção.
III – Errada. A Lei n. 9.613/1998, após a redação dada pela Lei n. 12.683/2012 ao art. 1º, pas-
sou a ser uma legislação de terceira geral, adotando um rol de extensão indefinida, ou seja,
qualquer infração penal pode ser antecedente de lavagem de dinheiro.
IV – Certa. A jurisprudência permite a autolavagem, conforme precedentes que transcrevemos
no decorrer da aula.
V – Certa. Conforme vimos no tópico da tipificação, somente após a definição legal do crime
de lavagem, que se deu com a Lei n. 12.850/2013, foi possível punir a lavagem que tem como

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infração antecedente integrar organização criminosa. Antes disso, a jurisprudência considerou


essa modalidade de lavagem atípica.
Letra a.

028. (ESAF/PGFN/PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL/2015) A extinção do rol de cri-


mes antecedentes da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/1998), promovida pela Lei n.
12.683/2012, teve como consequência:
a) a extinção da punibilidade de todas as condutas praticadas antes da vigência da Lei n.
12.683/0212.
b) o alargamento das hipóteses de ocorrência da figura típica da lavagem de dinheiro, pos-
sibilitando que qualquer delito previsto no ordenamento brasileiro seja o crime antecedente
necessário à sua configuração.
c) a alteração da natureza do crime de lavagem de dinheiro, que deixou de exigir a ocorrência
de um crime antecedente para sua consumação.
d) a exclusão da possibilidade dos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e extorsão me-
diante sequestro serem antecedentes à conduta de lavagem de dinheiro.
e) a abolitio criminis da lavagem de dinheiro a partir da vigência da Lei n.12.683/2012.

Trata-se de interpretação literal da nova redação do art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998. A re-
vogação do rol taxativo se deu justamente com a finalidade de ampliar a incidência da norma
para abarcar qualquer infração penal. Com essa alteração, a legislação brasileira integra a ter-
ceira geração de leis de combate à lavagem de dinheiro.
Letra b.

029. (CEBRASPE/TRF – 1ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2015) Em relação à Lei de


Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/1998), assinale a opção correta.
a) Os tipos previstos na Lei de Lavagem de Dinheiro são próprios, pois o texto legal exige o
pertencimento dos agentes a determinada categoria de pessoas para que fique caracterizada
a conduta criminosa.
b) A doutrina majoritária identifica como bem jurídico do delito de lavagem de dinheiro a admi-
nistração da justiça e(ou) a ordem socioeconômica.
c) Para que tenha direito a benefício resultante de colaboração premiada, é necessário que o
agente cumpra dois requisitos: identifique os autores e informe a localização dos bens, direitos
ou valores objeto do crime.
d) Caso uma instituição cuja atividade principal seja captação de recursos financeiros de tercei-
ros tenha conhecimento de atos suspeitos previstos nessa lei, deve comunicar o fato ao Con-
selho de Controle das Atividades Financeiras para evitar ser responsabilizada criminalmente.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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e) Se, em um escritório, ocorrer a prática reiterada de delitos previstos na referida lei com
o conhecimento dos funcionários, a responsabilização criminal de cada um desses agentes
dependerá da comprovação de sua prática efetiva de atos de ocultação de bens, direitos ou
valores provenientes de infração penal.

Como vimos em aula, a jurisprudência já reconheceu que os bens jurídicos protegidos pela
norma são a ordem econômica e a administração da justiça.
a) Errada. A lavagem de dinheiro é crime comum.
c) Errada. Pelo art. 1º, § 5º, a colaboração premiada da Lei n. 9.613/1998 tem três requisitos:
as declarações devem conduzir à apuração das infrações penais, à identificação dos autores,
coautores e partícipes ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
d) Errada. A obrigação de comunicar recai sobre instituições que exerçam atividades de cap-
tação de recursos tanto em caráter principal quanto acessório (art. 9º da Lei n. 9.613/1998).
e) Errada. Pelo art. 1º, § 2º, II, da Lei n. 9.613/1998, incorre nas mesmas penas da lavagem de
dinheiro quem participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua
atividade principal ou secundária é dirigida à prática de lavagem.
Letra b.

030. (CEBRASPE/MP-CE/ANALISTA MINISTERIAL/DIREITO/2020) A respeito de aspectos


penais da Lei de Licitações e Contratos (Lei n. 8.666/1993), da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei
n. 9.613/1998) e da Lei de Organização Criminosa (Lei n. 12.850/2013), julgue o item seguinte.
Na hipótese de condenação por delito de lavagem de dinheiro, a determinação judicial de
inutilização ou doação dos instrumentos do crime independe do valor econômico desses
instrumentos.

De acordo com o art. 7º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998, os instrumentos do crime sem valor econô-
mico cuja perda em favor da União ou do Estado for decretada serão inutilizados ou doados a
museu criminal ou entidade pública, se houver interesse na sua conservação.
Errado.

031. (VUNESP/TJ-RO/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2019) Tendo em vista a Lei de Lava-


gem de Dinheiro e a Lei de Prisão Temporária, assinale a alternativa correta.
a) As medidas assecuratórias de bens só podem ser decretadas se a requerimento do Ministé-
rio Público ou mediante representação da Autoridade Policial.
b) Decretada medida assecuratória de bens, comprovada posteriormente a origem lícita, o juiz
determinará a liberação, mantendo, contudo, a constrição de bens suficientes à reparação dos
danos e demais encargos decorrentes da infração penal.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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c) O crime de lavagem de dinheiro é sempre de competência da Justiça Federal.


d) A prisão temporária, cabível na fase de inquérito, quando decretada em investigação por
crime de lavagem de dinheiro, terá prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, em
caso de extrema necessidade.
e) A prisão temporária pode ser decretada de ofício pelo Judiciário, mas, no caso de represen-
tação pela Autoridade Policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.

Está de acordo com o art. 4º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998.


a) Errada. Pelo art. 4º, caput, da Lei n. 9.613/1998, o juiz poderá decretar as medidas assecu-
ratórias de ofício.
c) Errada. A regra continua sendo a Justiça Estadual, e o art. 2º, III, da Lei n. 9.613/1998 traz
duas hipóteses de competência da Justiça Federal.
d) Errada. Não há disposição nesse sentido nem na Lei de Lavagem nem na lei da prisão
temporária.
e) Errada. Pelo art. 2º da Lei n. 7.960/1989, não há hipótese de prisão temporária de ofício.
Letra b.

032. (FCC/TRF-3/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA/2019) Sobre as questões pro-


cessuais previstas na Lei n. 9.613/1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem de dinheiro,
é correto afirmar:
a) Decretadas medidas assecuratórias de bens do investigado provenientes dos crimes de
lavagem de dinheiro, pelo magistrado competente, se eles estiverem sujeitos a qualquer grau
de deterioração ou depreciação, proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do
valor dos bens.
b) O juiz, jamais de ofício, mas mediante requerimento do Ministério Público ou da parte in-
teressada, poderá decretar a alienação antecipada de bens sob constrição, provenientes de
crimes de lavagem de dinheiro, que foram objeto de medidas assecuratórias.
c) O processo e julgamento dos crimes previstos nesta lei dependem do processo e julgamen-
to das infrações penais antecedentes, ainda que praticadas em outro país.
d) O processo e julgamento dos crimes previstos na Lei n. 9.613/1998 são regidos por proce-
dimento especial orientado pelo referido diploma legal, aplicando-se apenas subsidiariamente
o rito comum dos crimes punidos com reclusão, previsto no Código de Processo Penal, da
competência do juiz singular.
e) O juiz não poderá manter a constrição de bens, direitos e valores de origem lícita compro-
vada, ainda que destinados ao pagamento de reparação dos danos, prestações pecuniárias e
multas, decorrentes da infração penal.

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Está de acordo com o art. 4º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998.


b) Errada. Pelo art. 4º-A, caput, da Lei n. 9.613/1998, o juiz pode decretar de ofício a alienação
antecipada dos bens constritos para preservação de seu valor.
c) Errada. O processo e o julgamento dos crimes de lavagem independem do processo e julga-
mento das infrações penais antecedentes, conforme art. 2º, II, da Lei n. 9.613/1998.
d) Errada. Pelo art. 2º, I, da Lei n. 9.613/1998, é aplicado o procedimento comum dos crimes
punidos com reclusão, da competência do juiz singular.
e) Errada. Pelo art. 4º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998, o juiz poderá manter sob constrição os bens,
direitos e valores necessários e suficientes à reparação do dano e ao pagamento das presta-
ções pecuniárias, multas e custas processuais.
Letra a.

033. (VUNESP/PREFEITURA RIBEIRÃO PRETO-SP/ PROCURADOR/2019) Quanto à Lei n.


9.613/1998 (Lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores), assinale a alternativa correta.
a) O Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF não pode aplicar penas admi-
nistrativas.
b) Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remunera-
ção e demais direitos previstos em lei.
c) No processo por crime de lavagem, caso o acusado seja citado por edital, o prazo prescricio-
nal permanecerá suspenso, mas não o processo.
d) Por expressa previsão legal, o crime tentado é punido da mesma forma que o crime
consumado.
e) Nos crimes de lavagem não há previsão legal para substituição de penas privativas de liber-
dade por penas restritivas de direitos.

Está de acordo com o art. 17-D da Lei n. 9.613/1998.


a) Errada. O COAF pode aplicar penas administrativas (art. 14).
c) Errada. Em caso de acusado citado por edital, o processo não será suspenso, prosseguindo
até o julgamento com a nomeação de defensor dativo (art. 2º, § 2º).
d) Errada. A tentativa é punida conforme art. 14, parágrafo único, do CP (art. 1º, § 3º).
e) Errada. Nos crimes de lavagem, poderá haver substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos se houver a colaboração premiada (art. 1º, § 5º). Sendo que a substituição
pode ocorrer se a pena aplicada permitir e estiverem presentes os demais requisitos do art.
44 do CPP.
Letra b.

034. (FCC/TRF-4/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA) Xisto está sendo processado


por crime de lavagem de dinheiro, pois ocultou valores em espécie recebidos ilicitamente de

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

empresa pública federal. No curso do processo, Xisto, assistido por seu advogado, resolve
colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à locali-
zação dos bens, direitos ou valores objeto do crime. Na hipótese em questão, nos termos preco-
nizados pela legislação específica sobre o tema (Lei no 9.613/1998), no caso de condenação,
a) a pena de Xisto poderá ser reduzida em até um sexto e ser cumprida em regime aberto ou
semiaberto, sendo vedado ao Magistrado deixar de aplicá-la.
b) a pena de Xisto poderá ser reduzida até a metade e ser cumprida em regime aberto ou se-
miaberto, vedada a substituição por pena restritiva de direitos.
c) a pena de Xisto poderá ser reduzida em até um terço e ser cumprida em regime semiaberto,
vedado o regime aberto, facultando-se ao juiz substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva
de direitos.
d) não será possível a redução da pena privativa de liberdade, mas o Magistrado poderá deter-
minar o seu cumprimento em regime aberto ou semiaberto, e a substituição por pena restritiva
de direitos a qualquer tempo.
e) a pena de Xisto poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto
ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por
pena restritiva de direitos.

A única alternativa que corresponde aos benefícios permitidos ao colaborador premiado é


essa alternativa, que corresponde ao disposto no art. 1º, § 5º, da Lei n. 9.613/1998.
Letra e.

035. (CEBRASPE/CGE-CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO/2019) Acerca do crime de la-


vagem de dinheiro – previsto na Lei n. 9.613/1998 –, assinale a opção correta, de acordo com
a legislação de regência e o atual entendimento do STF.
a) O conceito de infração penal anterior apresentado na Lei n. 9.613/1998 é restrito: ele exclui
os crimes de menor potencial ofensivo.
b) Para a configuração do crime de lavagem de dinheiro, é indispensável que a organização
criminosa tenha concorrido, de qualquer modo, para a prática da infração penal anterior.
c) O crime de lavagem de dinheiro é crime material: a ocultação de valores provenientes de
infração penal anterior só produz resultado depois de esses valores serem introduzidos no
sistema financeiro pela organização criminosa.
d) O crime de lavagem de dinheiro é crime plurissubjetivo: fica configurado quando a operação
de ocultar bens ou valores provenientes de infração penal anterior for realizada especificamen-
te por organização criminosa.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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e) O crime de lavagem de dinheiro será crime permanente se for praticado na modalidade de


ocultar os valores provenientes de infração penal anterior, estendendo-se a sua execução até
que os objetos materiais da lavagem se tornem conhecidos.

Está de acordo com jurisprudência dos Tribunais Superiores.


a) Errada. Qualquer infração penal pode servir de pressuposto da lavagem de dinheiro (art. 1º,
caput, da Lei n. 9.613/1998).
b) Errada. A justificativa é a mesma da alternativa anterior.
c) Errada. A lavagem de dinheiro é considerada crime formal, não depende de os valores efe-
tivamente serem introduzidos no sistema financeiro. Basta a dissimulação, ainda que ela não
seja levada a cabo.
d) Errada. A prática de organização criminosa não é pressuposto do crime de lavagem de di-
nheiro, ainda que seja bem comum a prática dos dois crimes conjuntamente. A lavagem não é
crime plurissubjetivo.
Letra e.

036. (2018/VUNESP/MPE-SP/VUNESP/2018/MPE-SP/ANALISTA JURÍDICO DO MINISTÉ-


RIO PÚBLICO) Quanto às disposições processuais atinentes aos crimes de lavagem, assinale
a alternativa correta.
a) A competência para processamento e julgamento de tais crimes é da Justiça Federal.
b) Não se viabiliza a punibilidade do crime de lavagem se o crime antecedente está prescrito.
c) O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delega-
do de polícia, ouvido o Ministério Público em 48 (quarenta e oito) horas, havendo indícios sufi-
cientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores
do investigado ou acusado.
d) A dificuldade para manutenção dos bens não é motivo a justificar a alienação antecipada
para preservação do valor dos bens.
E Não se aplica o art. 366, do CPP.

Conforme o artigo 2º, § 2º da Lei de Lavagem:

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:


(...)
§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei
n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não compa-
recer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a
nomeação de defensor dativo. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)

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Letra e.

037. (AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL/2018) Segundo a Lei n. 9.613/1998, havendo


indícios do cometimento de infração penal, poderão ser decretadas medidas assecuratórias
de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado. Nesse sentido, a alienação antecipada
para preservação de valor de bens sob constrição será decretada pelo juiz, de ofício, a reque-
rimento do Ministério Público ou por solicitação da parte interessada, mediante petição autô-
noma, que será autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em separado em relação
ao processo principal. Assinale a alternativa correta acerca da referida alienação antecipada.
a) O requerimento de alienação deverá conter a relação dos bens que se pretende assegurar,
com a descrição breve de cada um deles, resguardando-se as informações sobre quem os de-
tém e lacração do local onde se encontram.
b) O juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos principais, e intimará o Ministério Público
e os advogados de defesa do investigado ou acusado.
c) Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por
despacho, homologará o valor atribuído aos bens e determinará que sejam alienados em leilão
ou pregão, preferencialmente presencial, por valor não inferior a 60% (sessenta por cento) da
avaliação.
d) Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por
sentença, homologará o valor atribuído aos bens e determinará que sejam alienados, obrigato-
riamente em pregão eletrônico, por valor não inferior a 70% (setenta por cento) da avaliação.
e) Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que esti-
verem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade
para sua manutenção.

O cabimento da alienação antecipada está no art. 4º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998, sendo que
essa alternativa corresponde exatamente à redação do dispositivo.
O procedimento da alienação antecipada está no art. 4º-A, e as demais alternativas estão em
desacordo com as regras dos §§ 1º a 3º do referido dispositivo.

Art. 4º-A. A alienação antecipada para preservação de valor de bens sob constrição será decretada
pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou por solicitação da parte interessada,
mediante petição autônoma, que será autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em se-
parado em relação ao processo principal.
§ 1º O requerimento de alienação deverá conter a relação de todos os demais bens, com a descrição
e a especificação de cada um deles, e informações sobre quem os detém e local onde se encontram.
§ 2º O juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos apartados, e intimará o Ministério Público.

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§ 3 Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por sen-
º

tença, homologará o valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados em leilão ou pregão,
preferencialmente eletrônico, por valor não inferior a 75% (setenta e cinco por cento) da avaliação.
Letra e.

038. (AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL/2018) Segundo dispõe a Lei n. 9.613/1998,


que trata dos crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores, o proces-
so e julgamento dos crimes nela previstos
a) obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes punidos com reclu-
são, da competência do juiz singular.
b) dependem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, salvo as pratica-
dos em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos na Legislação espe-
cífica a decisão sobre a unidade de processo e julgamento.
c) são de Competência da Justiça Estadual.
d) independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que prati-
cadas em outro país, cabendo nesse caso ao Plenário do Supremo Tribunal Federal a decisão
sobre a unidade de processo e julgamento.
e) obedecem às disposições relativas ao procedimento especial dos crimes hediondos, da
competência do juiz singular.

As regras de competência e procedimento dos crimes de lavagem estão nos incisos I a III do
art. 2º da Lei n. 9.613/1998. A alternativa corresponde ao inciso I; as demais alternativas estão
em desacordo com o disposto na lei.

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:


I – Obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes punidos com reclusão,
da competência do juiz singular;
II – Independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados
em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a
unidade de processo e julgamento;
III – São da competência da Justiça Federal:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento
de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas;
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.
Letra a.

039. (VUNESP/MP-SP/ANALISTA JURÍDICO/2018) Quanto às disposições processuais ati-


nentes aos crimes de lavagem, assinale a alternativa correta.
a) A competência para processamento e julgamento de tais crimes é da Justiça Federal.
b) Não se viabiliza a punibilidade do crime de lavagem se o crime antecedente está prescrito.
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c) O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delega-


do de polícia, ouvido o Ministério Público em 48 (quarenta e oito) horas, havendo indícios sufi-
cientes de infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores
do investigado ou acusado.
d) A dificuldade para manutenção dos bens não é motivo a justificar a alienação antecipada
para preservação do valor dos bens.
e) Não se aplica o art. 366, do CPP.

Se o réu, citado por edital, não comparecer, não se aplicará a regra geral de suspensão do pro-
cesso do art. 366 do CPP; aplica-se o art. 2º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998.
a) Errada. Nem sempre será da Justiça Federal. A regra continua sendo a Justiça Estadual.
Será da Justiça Federal, somente nas hipóteses das alíneas a e b do inciso III do art. 2º da Lei
n. 9.613/1998, quais sejam:

III – São da competência da Justiça Federal:


a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento
de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas;
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.
b) Errada. A prática da lavagem de dinheiro é punível ainda que extinta a punibilidade da infra-
ção penal antecedente, conforme art. 2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998.
c) Errada. O prazo para oitiva do MP é 24h, conforme art. 4º, caput, da Lei n. 9.613/1998.
d) Errada. A alienação antecipada se mostra possível sempre que os bens estiverem sujeitos
a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manu-
tenção (art. 4º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998).
Letra e.

040. (VUNESP/MP-SP/ANALISTA JURÍDICO/2018) Caio, empresário, autuado pela Secreta-


ria Estadual Tributária por sonegação fiscal de ICMS, débito constituído definitivamente na
quantia de 200 milhões de reais, foi acusado de praticar crime tributário, sob a alegação de
que a empresa, em toda a sua história, deixou de declarar operações sujeitas ao imposto, com
a não emissão de documentação fiscal exigível. Na denúncia, Caio também foi acusado de
lavagem de dinheiro, sob a alegação de que o patrimônio da empresa, bem como o dos sócios,
obtido graças à vultosa sonegação ao longo dos anos, foi transferido a terceiros “laranjas”. De
fato, no curso das investigações policiais, constatou-se que a venda dos imóveis da empresa,
bem como dos maquinários, seguidos de locação e arrendamento, não passaram de opera-
ções fictícias, realizadas tão somente para ocultar o verdadeiro dono. Igualmente, operações
de transferências de bens particulares dos sócios, sejam doações a filhos, sejam alienações,
revelaram-se de fachada.

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Diante da situação hipotética, tendo em vista a Lei dos Crimes Tributários e de Lavagem ou
ocultação de bens, direitos e valores, assinale a alternativa correta.
a) Caio, se condenado ao crime de lavagem de dinheiro, perderá para o Estado os bens e valo-
res, direta ou indiretamente, relacionados à prática do crime, não ressalvado direito de lesado
ou terceiro de boa-fé.
b) Caio não poderia ser acusado de crime de lavagem de dinheiro, vez que somente bens
e valores oriundos de crimes violentos ou praticados mediante organização criminosa ense-
jam lavagem.
c) Caio não poderia ser acusado de crime de lavagem de dinheiro, vez que crime tributário não
se encontra no rol dos crimes antecedentes.
d) Dado o montante do imposto sonegado, que implica grave dano à coletividade, se conde-
nado pelo crime tributário, Caio poderá ter a pena aumentada, de acordo com circunstância
agravante, expressa na lei.
e) Caio, se condenado ao crime tributário, em vista do ganho ilícito, poderá ter a pena de multa
elevada em até 20 (vinte) vezes, caso o juiz julgue insuficiente a pena pecuniária calculada nos
termos da lei.

Refere-se à causa de aumento de pena por reiteração delituosa estabelecida pelo art. 1º, § 4º,
da Lei n. 9.613/1998.
a) Errada. O art. 7º, I, da Lei n. 9.613/1998 ressalva o direito de lesado ou terceiro de boa-fé na
decretação da perda dos bens, direitos e valores relacionadas direta ou indiretamente à prática
dos crimes.
b) Errada. O crime de lavagem configura-se com a ocultação ou dissimulação obtidos de qual-
quer infração penal (art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998).
c) Errada. O crime de lavagem configura-se com a ocultação ou dissimulação obtidos de qual-
quer infração penal (art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998).
e) Errada. A multa em crime tributário pode ser elevada até o décuplo se o juiz entender insufi-
ciente frente às circunstâncias do caso concreto (art. 10 da Lei n. 8.137/1990).
Letra d.

041. (CEBRASPE/PF/PERITO CRIMINAL FEDERAL ÁREA 1/2018) Acerca de crédito tributá-


rio, legislação tributária e crime de lavagem de capitais ou ocultação de bens, direitos e valores,
julgue o item que se segue.
O crime de lavagem de capitais ou ocultação de bens, direitos e valores não é admitido na mo-
dalidade tentada.

A tentativa é expressamente admitida pelo art. 1º, § 3º, da Lei n. 9.613/1998.

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Errado.

042. (VUNESP/PAULIPREV-SP/PROCURADOR AUTÁRQUICO/2018) Tendo em conta a Lei n.


9.613/1998, com as alterações da Lei n. 12.683/2012, é correto afirmar que
a) não há previsão de lavagem de dinheiro na modalidade culposa.
b) a ocultação de bens, direitos ou valores provenientes de contravenção penal não pode ense-
jar crime de lavagem de dinheiro.
c) não há previsão de lavagem de dinheiro na modalidade tentada.
d) o ordenamento pátrio adotou a legislação de segunda geração, já que apenas um rol fecha-
do de infração penal antecedente pode ensejar crime de lavagem de dinheiro.
e) haverá aumento de pena se o crime de lavagem de dinheiro for cometido por intermédio de
associação criminosa.

Como vimos no decorrer do curso, o tipo culposo depende de previsão expressa (princípio da
excepcionalidade do crime culposo). A Lei n. 9.613/1998 não estabelece nenhuma hipótese
de crime culposo.
b) Errada. A contravenção penal é modalidade de infração penal (Lei de Introdução ao Código
Penal). E o art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/1998 estabelece que qualquer infração penal pode ser
antecedente de lavagem de dinheiro.
c) Errada. O § 3º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998 prevê a tentativa de forma expressa.
d) Errada. A lei de lavagem brasileira é de terceira geração.
e) Errada. Uma das causas de aumento de pena é o agente praticar o crime por intermédio
de organização criminosa (art. 1º, § 4º, da Lei n. 9.613/1998), e não associação criminosa.
Lembrando que o conceito de organização criminosa passou a ser delimitado pelo art. 1º, §
1º, da Lei n. 12.850/2013 (associação de 4 ou mais pessoas), enquanto o crime de associa-
ção criminosa foi redefinido por nova redação dada ao art. 288 do CP (associação de 3 ou
mais pessoas).
Letra a.

043. (CEBRASPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/2018) João integra conhecida organiza-


ção criminosa de âmbito nacional especializada em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Com o objetivo de tornar legal o dinheiro obtido ilicitamente, ele convenceu Pedro e Jorge,
conselheiros fiscais de uma cooperativa de mineradores que atuam na região Norte do país,
a modificar valores obtidos em uma mina de ouro. Pedro, sem conhecer a fundo a origem dos
valores, concordou em fazer a transação. Antes de concluí-la, entretanto, ele desistiu da ação,
e tentou convencer Jorge a fazer o mesmo. Tendo Jorge decidido prosseguir no esquema,
Pedro, então, fez uma denúncia sigilosa à polícia, que passou a investigar o fato e reuniu ele-

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mentos necessários ao indiciamento dos envolvidos. Antes que concretizasse a ação final de
registro de valores, Jorge foi impedido pela polícia, que o prendeu em flagrante.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item subsequente.
Em relação ao crime de lavagem de dinheiro, a pena de João poderá ser aumentada de um a
dois terços, em razão de o crime ter sido cometido por intermédio de organização criminosa.

O crime de lavagem de dinheiro é crime formal, não necessita do resultado do efetivo registro
dos valores indevidamente. E no caso de João, que comprovadamente integra organização cri-
minosa, haverá incidência da causa de aumento de pena do § 4º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998.
Certo.

044. (CEBRASPE/PC-MA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2018) Determinada pessoa ocultou


a origem de bens provenientes diretamente de infração penal. Provado o crime de ocultação,
foi instaurada ação penal contra essa pessoa com fundamento nos dispositivos da Lei n.
9.613/1998, que dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.
Nessa situação hipotética, conforme a lei nela referida,
a) cumulativamente à penalidade de reclusão, poderá o juiz aplicar multa ao agente, desde que
a infração penal tenha sido praticada contra o erário público.
b) a condenação pelo crime de ocultação de valores independerá do julgamento das infrações
penais antecedentes.
c) se a pessoa acusada, citada por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficará
suspenso o processo.
d) a competência para o processamento e o julgamento será, em qualquer hipótese, da justi-
ça federal.
e) haverá incidência de qualificadora, caso a infração penal tenha sido praticada por intermédio
de organização criminosa.

A alternativa encontra respaldo no art. 2º, II, da Lei n. 9.613/1998, ou seja, o processo e o
julgamento da lavagem de dinheiro independem do processo e julgamento da infração penal
antecedente. É o princípio da autonomia, que vimos no decorrer da aula.
a) Errada. A pena de lavagem e de reclusão é de 3 a 10 anos e multa, sem qualquer distinção
de multa diferenciada em razão da natureza da infração antecedente.
c) Errada. Pelo art. 2º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998, o réu que não comparecer, mesmo tendo
sido citado por edital, terá nomeado um defensor dativo e o processo correrá contra ele até o
julgamento, sem suspensão.
d) Errada. Em regra, a competência será estadual. Somente nas hipóteses das alíneas a e b do
inciso III do art. 2º é que haverá hipótese de competência da justiça federal.

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e) Errada. A prática de lavagem por intermédio de organização criminosa enseja causa de au-
mento de pena do art. 1º, § 4º, da Lei n. 9.613/1998. Não tem natureza de qualificadora.
Letra b.

045. (VUNESP/CÂMARA DE BARRETOS-SP/ADVOGADO/2017) Sobre o processo e jul-


gamento dos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores previsto na Lei n.
9.613/1998, alterada pela Lei n. 12.683/2012, assinale a alternativa correta.
a) Caso o réu seja citado por edital, não compareça e não nomeie advogado, o processo será
suspenso, assim como o prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipa-
da de provas consideradas urgentes.
b) O processo e julgamento dos crimes a que se refere a Lei depende do processo e julgamen-
to dos crimes antecedentes, especialmente quando praticados em outro país, sendo defesa a
unidade de processo e julgamento.
c) Não se afigura possível a decretação antecipada de medidas assecuratórias referentes a
bens, direitos ou valores do investigado.
d) Ainda que a execução imediata de medida assecuratória decretada possa comprometer as
investigações, é defesa a suspensão pelo magistrado.
e) A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antece-
dente, sendo puníveis os fatos previstos na Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o
autor, ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente.

Corresponde ao disposto no art. 2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998 e decorre do princípio da auto-
nomia da lavagem de dinheiro em relação à infração penal antecedente.
a) Errada. O não comparecimento do réu não é causa de suspensão do processo. É uma exce-
ção à regra do art. 366 do CPP. Segundo o art. 2º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998, o processo deve
ter o seu curso normal até o julgamento, nomeando-se defensor dativo ao réu.
b) Errada. Vai contra o princípio da autonomia.
c) Errada. As medidas assecuratórias são cabíveis, observados os requisitos e os procedimen-
tos dos arts. 4º e 4º-A da Lei n. 9.613/1998.
d) Errada. A suspensão das medidas assecuratórias é possível quando puderem comprometer
as investigações. É o que dispõe o art. 4º-B da Lei n. 9.613/1998.
Letra e.

046. (CEBRASPE/TRE-BA/ANALISTA JUDICIÁRIO/2017) Julgue os itens a seguir.


I – A Convenção Americana sobre Direitos Humanos garante de forma relativa o direito à vida,
pois autoriza a utilização da pena de morte em caso de crimes graves, sendo proibido seu res-
tabelecimento nos países que a tiverem abolido.

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II – A condenação de servidor público por quaisquer crimes decorrentes de preconceito de


raça ou de cor implica perda automática do cargo público.
III – Não haverá crime de lavagem de dinheiro caso o agente seja absolvido, por atipicidade da
conduta, do crime antecedente a ele imputado, uma vez que o crime de branqueamento, embo-
ra autônomo, é delito derivado do antecedente.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

I – Certo. Está de acordo com o Artigo 4º da Convenção Americana de Direitos Humanos (gri-
fos nossos):

Artigo 4. Direito à vida


1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e,
em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos
mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei
que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá
sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente.
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos, nem por delitos comuns
conexos com delitos políticos.
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for me-
nor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os
quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto
o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente.
II – Errado. A perda do cargo, apesar de estar prevista no art. 16 da Lei n. 7.716/1989 como
efeito da condenação, não se aplica de forma automática.
III – Certo. O crime de lavagem de dinheiro tem como elemento do tipo a prática de infração
penal antecedente. Se a conduta anterior for considerada atípica, não há lavagem de dinheiro.
Letra c.

047. (VUNESP/PREFEITURA DE PORTO FERREIRA-SP/PROCURADOR JURÍDICO/2017)


Sobre os crimes e institutos previstos na Lei de Lavagem de Dinheiro, assinale a alternati-
va correta.

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

a) Para fins de consumação do crime, há necessidade de que o agente tenha sido condenado
por algum dos chamados crimes antecedentes.
b) A pena será aumentada de 3/5 até a metade, se os crimes previstos na lei forem cometidos
de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
c) O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e valores, ainda que não
comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores
necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias,
multas e custas decorrentes da infração penal.
d) Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remunera-
ção e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão funda-
mentada, o seu retorno.
e) Não há possibilidade de redução de pena ou fixação de regime menos gravoso se o autor,
coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimen-
tos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e
partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.

Corresponde ao disposto no art. 17-D da Lei n. 9.613/1998.


a) Errada. A consumação da lavagem de dinheiro independe da existência de condenação pela
infração penal antecedente. Basta a existência de indícios de sua prática. É o princípio da au-
tonomia entre a lavagem de dinheiro e os crimes anteriores.
b) Errada. As causas de aumento correspondem às hipóteses do art. 1º, § 4º, porém a quanti-
dade de aumento é de um a dois terços.
c) Errada. A liberação dos bens, direitos e valores apreendidos só poderá ser autorizada com a
comprovação da licitude de sua origem, conforme art. 4º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998.
e) Errada. A colaboração premiada é possível, desde que presentes os requisitos do § 5º do
art. 1º da Lei n. 9.613/1998.
Letra d.

048. (IBADE/PC-AC/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL/2017) Quando o autor do crime de lava-


gem de capitais colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos
que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partí-
cipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime, a pena:
a) poderá ser reduzida pela metade e ser cumprida em regime semiaberto.
b) poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto.
c) poderá ser reduzida pela metade e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto.
d) poderá ser reduzida de um sexto até a metade e ser cumprida em regime exclusiva-
mente aberto.
e) poderá ser reduzida de um sexto até a metade e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto.

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

É a única que corresponde ao disposto no § 5º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998.


Letra b.

049. (CEBRASPE/TCE-PA/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO/PROCURADORIA/2016) No


que concerne aos crimes em espécie, julgue o item seguinte.
Em crimes de lavagem de dinheiro, dada a natureza do delito praticado, é incabível a tentativa.

O art. 1º, § 3º, da Lei n. 9.613/1998 estabelece expressamente que a tentativa é punida nos
termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal.
Errado.

050. (CEBRASPE/TRT-8/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/2016) Considerando a


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça relativamente a crimes contra a administração
pública e de lavagem de dinheiro, assinale a opção correta.
a) A conduta pautada no oferecimento de propina a policiais militares com o objetivo de sa-
far-se de prisão em flagrante insere-se no âmbito da autodefesa, de modo que não deve ser
tipificada como crime de corrupção ativa.
b) No crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, para se tipificar a conduta
praticada, é necessário que os bens, direitos ou valores provenham de crime anterior e que o
agente já tenha sido condenado judicialmente pelo crime previamente cometido.
c) O agente não integrante dos quadros da administração pública não pode ser sujeito ativo do
crime de concussão.
d) A perda do cargo público, quando a pena privativa de liberdade for estabelecida em tempo
inferior a quatro anos, apenas pode ser decretada como efeito da condenação quando o crime
for cometido com abuso de poder ou com violação de dever para com a administração pública.
e) A conduta no crime de corrupção ativa, por se tratar de crime material, apenas deve ser tipi-
ficada caso haja o efetivo pagamento de propina ao servidor público, mesmo que o agente não
tenha obtido a vantagem pretendida.

Está de acordo com o disposto no art. 92, I, a e b, do CP.


a) Errada. O princípio constitucional não é absoluto e não justifica a prática de corrupção ativa.

JURISPRUDÊNCIA
3. Revela-se totalmente inconcebível a tese sustentada na impetração, no sentido de que
o oferecimento de propina a policiais militares, com vistas a evitar a prisão em flagrante,

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

caracterizaria autodefesa, excluindo a prática do delito de corrupção ativa, uma vez que
tal garantia não pode ser invocada para fins de legitimar práticas criminosas. Precedente
do STF (HC 249086/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª T., j. em 9/9/2014, DJe 15/9/2019).

b) Errada. Pelo princípio da autonomia, a configuração da lavagem de dinheiro não depende


de condenação por infração penal antecedente, bastam os indícios de existência da infração
penal anterior (art. 2º, § 1º, da Lei n. 9.613/1998).
c) Errada. Nada impede que um particular seja coautor do crime de concussão, juntamente
com servidores públicos, haja vista que quando a circunstância de ser funcionário público é
elementar do tipo, o partícipe ou coautor responde pelo mesmo crime (CP, art. 30). Nesse sen-
tido, precedente do STJ:

JURISPRUDÊNCIA
2. Embora o sujeito ativo do crime de concussão seja sempre o funcionário público, em
razão do cargo, inexiste óbice à condenação como coautor de quem não possui esta con-
dição (STJ, HC 93352/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, j. em 15/10/2009, DJe 9/11/2009).

e) Errada. A corrupção ativa (art. 333 do CP) é crime formal, consuma-se com o mero ofereci-
mento ou promessa da vantagem indevida.
Letra d.

051. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (ALTER-


NATIVA A)) Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n.
9.613/1998 e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como
os Tribunais Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado
fez várias ponderações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
O reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição da infração penal antecedente
não implica atipicidade do delito de lavagem (art. 1º da Lei n. 9.613/1998).

Conforme a Tese 167, Item 4, do STJ:

“O reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição da infração penal antecedente não


implica atipicidade do delito de lavagem (art. 1º da Lei n. 9.613/1998).”
Certo.

052. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (AL-


TERNATIVA B))

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n. 9.613/1998
e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como os Tribunais
Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado fez várias pon-
derações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
A incidência simultânea do reconhecimento da continuidade delitiva (art. 70 do CP) e da ma-
jorante prevista no §4º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, nos crimes de lavagem de dinheiro,
acarreta bis in idem.

Conforme a Tese n. 167, Item 9, do STJ:

“A incidência simultânea do reconhecimento da continuidade delitiva (art. 70 do CP) e da majorante


prevista no § 4º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, nos crimes de lavagem de dinheiro, acarreta bis in
idem.”
Certo.

053. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (ALTER-


NATIVA C)) Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n.
9.613/1998 e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como
os Tribunais Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado
fez várias ponderações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
É possível o deferimento de medida assecuratória em desfavor de pessoa jurídica que se be-
neficia de produtos decorrentes do crime de lavagem, ainda que não integre o polo passivo de
investigação ou ação penal.

Conforme a Tese n. 167, Item 14, do STJ:

“É possível o deferimento da medida assecuratória em desfavor da pessoa jurídica que se beneficia


de produtos decorrentes do crime de lavagem, ainda que não integre o polo passivo de investigação
ou ação penal”
Certo.

054. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (ALTER-


NATIVA D)) Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n.
9.613/1998 e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como

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os Tribunais Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado


fez várias ponderações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
A tipificação do crime de lavagem de dinheiro depende da existência de uma infração penal an-
tecedente; portanto, não é possível a autolavagem, isto é, a imputação simultânea, ao mesmo
réu, da infração antecedente e do crime de lavagem.

Conforme a Tese n. 166, Item 7, do STJ:

“Embora a tipificação da lavagem de dinheiro dependa da existência de uma infração penal antece-
dente, é possível a autolavagem – isto é, a imputação simultânea, ao mesmo réu, da infração antece-
dente e do crime de lavagem -, desde que sejam demonstrados atos diversos e autônomos daquele
que compõem a realização da primeira infração penal, circunstância na qual ocorrerá o fenômeno
da consunção.”
Errado.

055. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL (ALTER-


NATIVA E)) Carlos está sendo investigado por crime de lavagem de dinheiro tipificado na Lei n.
9.613/1998 e resolve procurar um advogado especialista na matéria para lhe esclarecer como
os Tribunais Superiores vêm se posicionando acerca da complexidade do tema. O advogado
fez várias ponderações e esclarecimentos a Carlos.
Nesse cenário, julgue a assertiva:
Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, é legítima a exasperação da
pena-base pela valoração negativa das consequências do crime em decorrência da movimen-
tação de expressiva quantia de recursos, que extrapole o elemento natural do tipo.

Conforme a Tese n. 167, Item 8, do STJ:

“Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, é legítima a exasperação da pe-
na-base pela valoração negativa das consequências do crime em decorrência da movimentação de
expressiva quantia de recursos envolvidos que extrapole o elemento natural do tipo”.
Certo.

056. (2021/IDECAN/PC-CE/IDECAN/2021/PC-CE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL) Acerca


da Lei n. 9.613/1998 e consoante entendimento dos tribunais superiores, assinale a alternati-
va correta.

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a) O processo e o julgamento pelo crime de lavagem de dinheiro ficam condicionados ao julga-


mento das infrações penais antecedentes.
b) A infração penal antecedente não influencia na fixação da competência do delito de lavagem
de capitais.
c) Para o crime de lavagem de capitais, precisam estar presentes, cumulativamente, a coloca-
ção, a integração e a ocultação.
d) Sendo o delito de lavagem de dinheiro crime material, somente se consuma se os valores
forem efetivamente introduzidos no sistema financeiro.
e) O delito de lavagem de dinheiro só admite a modalidade dolosa.

Todas as modalidades de crimes de lavagem de dinheiro são dolosas, não se admitindo mo-
dalidades culposas.
Letra e.

057. (2021/FUNDEP (GESTÃO DE CONCURSOS)/MPE-MG/FUNDEP (GESTÃO DE CONCUR-


SOS)/2021/MPE-MG/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) A respeito do delito de lava-
gem de dinheiro, é INCORRETO afirmar:
a) A condenação pelo delito de lavagem de dinheiro não pressupõe a determinação da autoria
do delito antecedente.
b) O delito de lavagem de dinheiro pode ter por antecedente uma contravenção penal, pois o
sistema brasileiro opera com o chamado rol aberto de infrações anteriores.
c) Se o agente participa do delito principal antecedente, a subsequente lavagem de dinheiro
configura um post factum impunível.
d) Na legislação brasileira, o delito de lavagem de dinheiro não é punível na modalidade culpo-
sa, sendo exigível o dolo em todas as modalidades típicas.

A letra A está correta, conforme o artigo 2º, §1º da lei:

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:


(...)
§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente,
sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou
extinta a punibilidade da infração penal antecedente. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
A letra B está correta. Conforme o artigo 1º da lei, o delito de lavagem pode ter por antecedente
uma infração penal, que engloba crimes e contravenções:

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
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Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-
dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
A letra C está errada. Conforme o STF:

JURISPRUDÊNCIA
“(...). O sistema jurídico brasileiro não exclui os autores do delito antecedente do âmbito
de incidência das normas penais definidoras do crime de lavagem de bens, direitos ou
valores, admitindo, por consequência, a punição da chamada autolavagem. É possível,
portanto, em tese, que um mesmo acusado responda, concomitantemente, pela prática
dos delitos antecedente e de lavagem, inexistindo bis in idem decorrente de tal proceder.
(...)”. (STF. 2ª Turma. HC 165.036 PR. Relator Min. Edson Fachin. Julgado em 19/04/2019).

A letra D está correta, pois a lei de lavagem só admite a modalidade dolosa do crime.
Letra c.

058. (2021/CESPE / CEBRASPE/DEPEN/CESPE / CEBRASPE/2021/DEPEN/CARGO 8/


AGENTE FEDERAL DE EXECUÇÃO PENAL) Em cada um do item que se segue, é apresentada
uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, acerca da legislação espe-
cial penal.
Integrantes de uma organização criminosa que utilizava em um de seus ramos de atuação a
prática de lavagem de dinheiro foram detidos. Nessa situação, o crime de lavagem de dinheiro
absorverá o crime de integrar organização criminosa.

Os crimes mencionados configuram crimes autônomos e o crime de organização criminosa


não configura apenas uma fase (um crime-meio menos grave) necessária para a consecução
do crime de lavagem de dinheiro (crime-fim mais grave). Não há que se falar, portanto, que o
crime de lavagem de capitais absorve o crime de organização criminosa quando integrantes
daquele pratiquem condutas correspondentes a este.
Errado.

059. (2021/INSTITUTO AOCP/PC-PA/INSTITUTO AOCP/2021/PC-PA/ESCRIVÃO DE POLÍ-


CIA CIVIL (ALTERNATIVA A)) Julgue a assertiva segundo a Lei de “Lavagem” ou Ocultação de
Bens, Direitos e Valores (Lei n. 9.613/1998).
a) A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nessa Lei forem come-
tidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
b) No crime de lavagem de dinheiro, não se admite a tentativa.

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c) Para a apuração do crime de lavagem, admite-se a utilização da ação controlada, vedada a


infiltração de agentes.
d) A pena poderá ser reduzida até a metade e ser cumprida em regime aberto, se o autor co-
laborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais.
e) O processo e o julgamento dos crimes previstos nessa Lei são da competência da Justi-
ça Federal.

A alternativa A está correta, conforme o artigo 1º, § 4º da lei:

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-


dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
§ 4º A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos
de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. (Redação dada pela Lei n. 12.683,
de 2012)
Sobre a alternativa B, o artigo 1º, § 3º da lei deixa claro que a tentativa é possível:
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-
dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal.
Sobre a alternativa C, conforme o artigo 1º, § 6º da lei:

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-


dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admite-se a utilização da ação controlada e
da infiltração de agentes. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
A alternativa D está errada, conforme o artigo 1º, § 5º da lei:
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-
dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
§ 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaber-
to, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de
direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando
esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, co-

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autores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada
pela Lei n. 12.683, de 2012)
Sobre a alternativa E, em regra são de competência da Justiça Estadual, exceto:

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:


(...)
III – são da competência da Justiça Federal:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento
de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas;
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal. (Redação dada pela
Lei n. 12.683, de 2012)
Letra a.

060. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
O crime de lavagem de dinheiro está, consoante a lei, equiparado ao crime hediondo.

O rol de crimes hediondos está previsto, TAXATIVAMENTE, no artigo 1º, da Lei n. 8.072/1990,
não constando lá o crime de lavagem de dinheiro.
Errado.

061. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
Ouvido o Ministério Público, ordens de prisão ou medidas assecuratórias de bens poderão
ser suspensas pelo juiz quando a execução imediata dessas ações puder comprometer as
investigações.

Conforme o artigo 4º-B da lei:

Art. 4º-B. A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores
poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata puder
comprometer as investigações. (Incluído pela Lei n. 12.683, de 2012)
Certo.

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062. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
No que se refere ao investigado, a autoridade policial terá acesso a dados cadastrais relativos
à qualificação pessoal, à filiação e ao endereço mantidos nos bancos de dados da justiça
eleitoral, de empresas telefônicas, de instituições financeiras, de provedores de Internet e de
administradoras de cartão de crédito, independentemente de autorização judicial.

Conforme o artigo 17-B da lei:

Art. 17-B. A autoridade policial e o Ministério Público terão acesso, exclusivamente, aos dados ca-
dastrais do investigado que informam qualificação pessoal, filiação e endereço, independentemente
de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, pelas institui-
ções financeiras, pelos provedores de internet e pelas administradoras de cartão de crédito. (Incluí-
do pela Lei n. 12.683, de 2012)
Certo.

063. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
É requisito específico da denúncia a existência de indícios suficientes da ocorrência do crime
antecedente cuja punibilidade não esteja extinta.

Conforme o artigo 2º, § 1º da lei:

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:


(...)
§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente,
sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou
extinta a punibilidade da infração penal antecedente. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
Errado.

064. (2021/CESPE / CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/CESPE / CEBRASPE/2021/POLÍCIA


FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Em relação ao disposto na Lei n. 9.613/1998,
que se refere à lavagem de dinheiro, julgue o item a seguir.
Ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional do acusado citado por edital
que não comparecer nem constituir advogado.

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

Conforme o artigo 2º, § 2º da lei:

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:


(...)
§ 2º No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei
n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o acusado que não compa-
recer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a
nomeação de defensor dativo. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
Errado.

065. (2020/IBFC/TRE-PA/IBFC/2020/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA (AL-


TERNATIVA C)) Considere o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação
às disposições do Código Penal e demais leis extravagantes e julgue a assertiva:
Deve-se reconhecer a consunção entre os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
quando a propina é recebida no exterior por meio de transação envolvendo utilização de contas
secretas em nome de uma “offshore”, na qual resta evidente a intenção de ocultar valores.

O Supremo Tribunal Federal entende que não se deve reconhecer a consunção entre os crimes
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na hipótese narrada, por visualizar condutas diver-
sas praticadas com desígnios próprios, tal como registrado no HC 165036/PR. da Relatoria do
Ministro Edson Fachin, julgado pela 2ª Turma em 09/04/2019. Este entendimento encontra-se
mencionado no Informativo 937. Por tratar-se de uma assertiva que não espelha o posiciona-
mento do Supremo Tribunal Federal, é a resposta da questão
Errado.

066. (2020/CESPE / CEBRASPE/PC-SE/CESPE / CEBRASPE/2020/PC-SE/DELEGADO DE


POLÍCIA/CURSO DE INSTRUÇÃO) A respeito da investigação dos crimes de lavagem de di-
nheiro, julgue o item a seguir.
O julgamento e a condenação de determinada pessoa por crime de lavagem de dinheiro em
país estrangeiro excluem a possibilidade de julgamento da mesma pessoa pelo mesmo crime
no território nacional.

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Lei n. 9.613/1998 – Crimes de Lavagem de Dinheiro
Sérgio Bautzer

Trata-se de extraterritorialidade incondicionada, quando a pena cumprida no estrangeiro ate-


nua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quan-
do idênticas. Conforme o artigo 8º da lei de Lavagem:

Art. 8º O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção internacional e por


solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou
valores oriundos de crimes descritos no art. 1º praticados no estrangeiro. (Redação dada pela Lei
n. 12.683, de 2012)
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou convenção internacional,
quando o governo do país da autoridade solicitante prometer reciprocidade ao Brasil.
§ 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores privados sujeitos a medidas asse-
curatórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os recursos provenientes da sua
alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado
o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
Errado.

067. (2020/CESPE / CEBRASPE/PC-SE/CESPE / CEBRASPE/2020/PC-SE/DELEGADO DE


POLÍCIA/CURSO DE INSTRUÇÃO) A respeito da investigação dos crimes de lavagem de di-
nheiro, julgue o item a seguir.
Um processo financeiro que tenha por objetivo desvincular determinado montante em dinheiro
de sua operação de origem constitui lavagem de dinheiro, ainda que os recursos tenham sido
obtidos licitamente.

A origem dos recursos deve ser ilícita. Conforme o artigo 1º da Lei de Lavagem:

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-


dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
§ 1º Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valo-
res provenientes de infração penal: (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
§ 2º Incorre, ainda, na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
I – utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração
penal; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
Errado.

068. (2019/VUNESP/DAEM/VUNESP/2019/DAEM/PROCURADOR JURÍDICO (ALTERNATI-


VA A)) O crime de lavagem de dinheiro, do art. 1º da Lei no 9.613/1998, em sua atual redação

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Sérgio Bautzer

legal, admite, apenas, a forma consumada, não havendo possibilidade de criminalização da


figura tentada.

Está errada, pois se admite a tentativa, conforme o artigo 1º, § 3º da lei:

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-


dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal.
Errado.

069. (2019/IADES/BRB/IADES/2019/BRB/ADVOGADO) A Lei n. 9.613/1998 estabeleceu


uma série de obrigações de controle a pessoas físicas e jurídicas para prevenir o crime de la-
vagem de dinheiro (pessoas obrigadas), as quais dizem respeito, em linhas gerais, aos deveres
de identificação de clientes, à manutenção de registros e à comunicação de atividades suspei-
tas. Acerca desse tema, assinale a alternativa correta.
a) As “pessoas obrigadas” deverão comunicar ao COAF, abstendo-se de dar ciência de tal ato
a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 horas, das
operações que possam constituir-se em sérios indícios dos crimes de lavagem de dinheiro.
b) A omissão no cumprimento dos deveres de identificação de clientes, manutenção de regis-
tros e comunicação de atividades suspeitas gerará efeitos exclusivamente na esfera criminal
por se tratar de um crime omissivo impróprio, alcançando somente a pessoa física.
c) Ficam excluídos deveres de identificação de clientes, manutenção de registros e comunica-
ção de atividades suspeitas às administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de
crédito, bem como às administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços.
d) Ficam dispensadas do dever de comunicação as pessoas físicas e jurídicas que prestem,
mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconse-
lhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações de compra e venda de imóveis,
estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de qualquer natureza.
e) É vedado ao COAF comunicar às autoridades competentes para a instauração dos proce-
dimentos cabíveis, mesmo que conclua pela existência de fundados indícios da prática de
crime ou qualquer ilícito previsto na Lei no 9.613/1998, por força das limitações inerentes ao
sigilo bancário.

Conforme o artigo 11 da lei de lavagem:

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Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º:
I – dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das au-
toridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou
com eles relacionar-se;
II – deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a qualquer pessoa, inclusive
àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a proposta ou realização:
(Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
Letra a.

070. (2019/IADES/BRB/IADES/2019/BRB/ADVOGADO) No que concerne ao crime de lava-


gem de dinheiro, assinale a alternativa correta.
a) O Brasil admite apenas a “autolavagem”, ou seja, somente pode praticar o crime de lavagem
de dinheiro quem também é autor da infração penal antecedente.
b) O crime de lavagem de dinheiro não admite tentativa.
c) O delito de lavagem de dinheiro admite qualquer infração penal como seu antecedente, in-
clusive as contravenções penais.
d) O processo e o julgamento do delito de lavagem ficam suspensos até que a infração antece-
dente seja julgada definitivamente.
e) O crime de lavagem de dinheiro será sempre processado perante a Justiça Federal.

O crime de lavagem, após as alterações promovidas pela Lei n. 12.683/2012, passou a ser de
terceira geração, apresentando um rol meramente exemplificativo de infrações penais antece-
dentes, que podem ser crimes ou contravenções penais.
Letra c.

071. (2020/IBFC/TRE-PA/IBFC/2020/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/JUDICIÁRIA (AL-


TERNATIVA D)) Considere o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação
às disposições do Código Penal e demais leis extravagantes e julgue a assertiva:
Não configura o crime de lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei n. 9.613/1998) a conduta do
agente que recebe propina decorrente de corrupção passiva e tenta viajar com ele, em vôo do-
méstico, escondendo as notas de dinheiro nos bolsos do paletó, na cintura e dentro das meias,
tampouco o fato de, após ter sido descoberto, dissimular (“mentir”) a natureza, a origem e a
propriedade dos valores.

O STF entendeu que não se configura o crime de lavagem de dinheiro na hipótese narrada. A
decisão foi prolatada no Inquérito 3515/SP, antes mencionado (Informativo 955). Segundo a
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decisão, o crime de lavagem de dinheiro corresponde a uma conduta delituosa adicional, dis-
tinta daquela que é própria do exaurimento da infração antecedente. Como a assertiva está
em conformidade com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, não é a resposta a ser
assinalada.
Certo.

072. (2019/VUNESP/DAEM/VUNESP/2019/DAEM/PROCURADOR JURÍDICO (ALTERNATI-


VA C)) O crime de lavagem de dinheiro, do art. 1º da Lei no 9.613/1998, em sua atual redação
legal, admite redução de pena para partícipe que colaborar espontaneamente com as autorida-
des, mas não goza da mesma benesse o autor do crime.

Está errada, conforme o artigo 1º, § 5º da lei.

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-


dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
§ 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaber-
to, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de
direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando
esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, co-
autores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada
pela Lei n. 12.683, de 2012)
Errado.

073. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AOCP/2018/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) De acordo


com o que dispõe a Lei n. 9.613/1998, a multa pecuniária aplicável às pessoas referidas no
seu art. 9º, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as
obrigações previstas nos arts. 10 e 11 da mesma Lei, não poderá ser superior
a) ao valor da operação.
b) ao lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação.
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
d) ao triplo do valor da operação.
e) a cinco vezes o valor do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realiza-
ção da operação.

Conforme o artigo 12, II, c da lei de lavagem:

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Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que
deixem de cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão aplicadas, cumulativamente ou
não, pelas autoridades competentes, as seguintes sanções:
I – advertência;
II – multa pecuniária variável não superior: (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
a) ao dobro do valor da operação; (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação;
ou (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais); (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
Letra c.

074. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AOCP/2018/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) Um dos efei-


tos previstos na Lei n. 9.613/1998, para a condenação por crimes de “lavagem” ou ocultação
de bens, direitos e valores, é a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer
natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas
jurídicas referidas no art. 9º. Assinale a alternativa que apresenta, de forma correta, o prazo
máximo para essa interdição.
a) 5 (cinco) anos.
b) O triplo do prazo da pena privativa de liberdade.
c) A metade do prazo da pena privativa de liberdade.
d) 2 (dois) anos.
e) O dobro do prazo da pena privativa de liberdade.

Conforme o artigo 7º, II da Lei de Lavagem:

Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal:


I – a perda, em favor da União – e dos Estados, nos casos de competência da Justiça Estadual -, de
todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes previs-
tos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do lesado ou de
terceiro de boa-fé; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
II – a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de mem-
bro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo
dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.
(...)
Letra e.

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075. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AOCP/2018/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) De acordo


com as disposições contidas na Lei n. 9.613/1998, a pena base para os crimes de “lavagem”
ou ocultação de bens, direitos e valores é de
a) reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
b) reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa.
c) detenção, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, e multa.
d) reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, ou multa
e) detenção, de 3 (três) a 10 (dez) anos, ou multa.

Conforme o artigo 1º da Lei de Lavagem:

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-


dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
(...)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
Letra b.

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REFERÊNCIAS

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CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: legislação penal especial. 14.ed. São Paulo: Saraiva,
2019.

CUNHA, Rogério Sanches. Leis penais especiais comentadas. 3. ed., rev., e atual. – Salvador:
Juspodivm, 2020.

GOMES, Luiz Flávio; CERVINI, Raúl. Enfoques criminológico, jurídico (Lei n. 9.034/95) e políti-
co-criminal. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.

LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. 7.ed. Salvador: Juspodi-
vm, 2019.

LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada: volume único. 9. ed., rev.,
atual. e ampl. – Salvador: Juspodivm, 2021.

MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime de lavagem de dinheiro. 4.ed. rev. atual. e ampl. São Pau-
lo: Atlas, 2018.

NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. v. 2. 12.ed. São
Paulo: Forense, 2019.

RIOS GONÇALVES, Victor Eduardo; BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Legislação penal especial.
Col. Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2019.

Sérgio Bautzer
Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal. Bacharel em Direito, Professor de Legislação Especial e Direito
Processual Penal, Professor de cursos preparatórios, graduação e pós-graduação.

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