CONHECIMENTO: Peregrinações: motivações, destinos e a Igreja
AULA ENSINO RELIGIOSO 3º ANO ENSINO MÉDIO
PROFESSORAS: ALESSANDRA E CARLA
SEMANA: 01/11/2021
ESCOLA MARGARIDA PARDELHAS
Os temas pertinentes à Idade Média, poucos chamam tanto a atenção quanto as peregrinações. Pode-se até mesmo afirmar que essa prática religiosa acabaria por se tornar uma das características mais marcantes desse período histórico. Porém, quais razões a motivavam e quais eram os destinos preferidos dos peregrinos? E quanto à Igreja Católica, o que ela pensava respeito dessa prática? Considerada uma espécie de obra ascética, a peregrinação exigia abandono voluntário ( da terra nativa do peregrino. Mais que isso, ela também exigia o completo abandono do modo de vida daquele que partia. Conforme Zumthor (1994, 178 ) o peregrino renunciava a seu trabalho, fonte de seu sustento cotidiano, trocando a segurança e o conforto de seu lar, seu espaço homogêneo, conhecido, familiar, pela heterogeneidade do espaço desconhecido, pelo imponderável. Assim, desde sua partida, o caminhante se transformava a um só tempo em estrangeiro e, de certa forma, também em miserável. Por vezes motivada por um desejo de cura, outras vezes visando algum logro espiritual, para depois ocorrer devido a votos e promessas ou simplesmente como pagamento por graças conseguidas, as peregrinações normalmente têm em seu âmago alguma motivação relacionada com a fé de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. Aos poucos, a peregrinação se tornaria um fenômeno encontrado em praticamente todas as religiões. Durante a Idade Média, as peregrinações se tornaram como que uma metáfora, relacionando a jornada humana, por um lado, à salvação e, por outro, à busca de Deus e da vida eterna. Assim, enquanto percorria caminhos inóspitos por esse mundo, a pessoa em peregrinação acreditava que também diminuía a distância que a separava de Deus. Concomitantemente, para a cristandade medieval, as peregrinações eram peças importantes à união social, pois, de tão frequentes, de forma parecida como acontecia com a liturgia, davam uma espécie de sentido de universalidade à sociedade religiosa da época (McGonigle, 1988, 149). No caso das peregrinações cristãs, elas remontam aos primeiros séculos da Igreja e, originalmente, tinham como ponto de chegada destinos considerados sagrados, como a Terra Santa, por exemplo, onde se encontra o Santo Sepulcro, local que, segundo a fé cristã, Cristo fora sepultado, ressuscitando posteriormente (McGonigle, 1988, 148). Mais tarde, outras localidades, túmulos de Santos, por exemplo, como os de Pedro, Paulo e Tiago, também assumiam o status de locais sagrados, incentivando a existência de um número cada vez maior de peregrinos. Entretanto, de todos os centros medievais de peregrinações, os principais eram mesmo os caminhos que levavam a Roma, a Jerusalém e a Compostela. A própria história das peregrinações da Idade Média Central, sobremodo dos séculos X, XI e XII, pode ser resumida a esses três destinos (Franco Júnior, 1990, 83). Quanto à Igreja, num primeiro momento ela parece dúbia em relação à prática. Por um lado, o patriarca São Jerônimo é um dos primeiros exemplos de incentivo às peregrinações, assegurando que era um verdadeiro ato de fé orar onde os pés de Cristo tivessem pisado. Ele mesmo, após se transferir para a cidade de Belém, costumava receber, seguidamente, caminheiros em sua cela, oriundos das várias procissões que por ali passavam. Eram muitos os viandantes que se dirigiam ao seu claustro, com o intuito de lhe render homenagens. Por outro lado, nem todos consideravam válidas as peregrinações. Outro pai da Igreja latina, Santo Agostinho, classificava-as ora como irrelevantes ora como perigosas, sendo acompanhado em sua opinião por boa parte dos patriarcas gregos (Runciman, 2002:47). Em que se pese a palavra do Bispo de Hipona, a cristandade da Idade Média é inteiramente marcada por peregrinações. Inicialmente, as peregrinações religiosas constituíam exílios voluntários, motivadas por pura devoção. Tão forte era a mentalidade e a convicção daqueles que partiam em peregrinação, que a Alta Idade Média conheceu peregrinos os quais recusavam qualquer modo de vida, senão o errar ex pátria. Todavia, após o século XI, uma outra forma de peregrinação viria a se tornar bastante comum: a peregrinação penitencial. Essa nova forma de peregrinação era imposta, às vezes como duras punições públicas,(4) pela Igreja àqueles considerados pecadores (Zumthor, 1994, 178 ) e merecedores de tal sina. Portanto, aos poucos, a Igreja passaria a endossar o costume das peregrinações. De fato, assim procedia a Igreja. Sempre avaliando, julgando e adequando costumes à sua lei, de modo que, depois, pudesse fazer com que aqueles mesmos costumes servissem aos seus propósitos. Nesse sentido, as peregrinações acabaram por constituir um eficiente instrumento para o estabelecimento da Cristandade por quase toda Europa. ATIVIDADE DE PESQUISA
1) Agora que já entenderam como e porque se faziam as peregrinações na Idade
Média, façam uma pesquisa iconográfica (de imagens) sobre os principais destinos de peregrinação durante a Idade Média 2) Fazer um cartaz mostrando esses lugares, não esquecendo de colocar o nome e a importância para os peregrinos dos mesmos. 3) Terão o prazo 15 dias para realizar este trabalho. 4) Cada grupo deverá mostrar seu cartaz na sua semana correspondente 5) Esse cartaz terá o valor de 30 pts. OBS: estas imagens devem conter o nome do lugar, porque faziam a peregrinação para esse lugar