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Departamento de História

INTRODUÇÃO À ÉTICA ARISTÓTÉLICA E SEUS


DESDOBRAMENTOS

Aluna: Lais Garcia Vianna de Albuquerque


Orientadora: Flávia Maria Schlee Eyler

Introdução

O assunto que impulsiona minha pesquisa (“Ética na Tragédia”), iniciada neste artigo,
decorre de um problema observado na sociedade atual: as pessoas estão cada vez mais
individualistas. Na busca enfurecida pelo tão sonhado “lugar ao sol”, atropelam os outros a
seu redor, muitas vezes, sem nem perceber ou se importar. Nesse mundo imediatista, o outro é
só mais um. Aniquilamos a subjetividade e a singularidade da alteridade e isso esbarra
diretamente na ética. Esse comportamento nos leva a um isolamento interno, pois estamos
sozinhos, ainda que mergulhados em uma multidão.

Objetivos

O artigo é o primeiro desenvolvido da pesquisa “Ética na Tragédia” que por sua vez
está enquadrada na pesquisa da minha orientadora “A historicidade da arte retórica e sua
presença nas narrativas épicas, trágicas e cômicas do mundo greco-romano”. A questão da
ética para os antigos gregos está diretamente relacionada à retórica e ambas são
indispensáveis à política, atividade fundamental que torna possível a existência da pólis grega
e o convívio entre os homens. Esse artigo visa aprofundar as questões éticas segundo a
concepção grega clássica. Principalmente, é direcionada à ética aristotélica. No entanto, este
artigo é primeiro passo de uma reflexão que pretende abordar os limites e os desdobramentos
da ética na sociedade atual, no presente.

Metodologia

O historiador acessa o passado a partir de uma inquietação de seu momento presente.


É por buscar satisfazer a necessidade de seu contexto contemporâneo que recupera os
fragmentos do passado. A questão da ética se faz presente e necessária no mundo de hoje. Por
isso, nos é possível acessar os fragmentos do passado e entrar em contato com a alteridade.
Por meio do contraste e das divergências, descobrimos nossa forma de pensar e agir no
mundo. Os gregos, os estranhos para nós, e ao mesmo tempo, tão presentes nos auxiliam
nessa descoberta por um entendimento mais aprofundado da representação de mundo a qual
arquitetamos. O que chega desse passado até as mãos do historiador são apenas fragmentos,
partes do que um dia já foi um todo. Esse trabalho é possível a partir da análise de fontes
primárias (principalmente de obras da época) e de bibliografias que perpassam o tema da
ética. Ambos auxiliam na compreensão e no debate historiográfico.

Conclusão

A ação moral conta como fator fundamental as paixões. Estas fazem com que o papel
da ética seja educá-las para que não se transformem em vício, cooperando para que uma ação
seja virtuosa. Aristóteles busca então o caminho pelo qual um desejo passional se transforme
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em um desejo virtuoso. O filósofo não desconsidera a afetividade, ao contrário, mostra em


que ponto esta se torna virtuosa. A postura equilibrada é exigida do cidadão grego, através do
domínio de si mesmo. Há, então, um conflito entre o que é do setor do thýmos, a afetividade,
as paixões e o que é do setor da prudência contemplada, raciocinada. Ambas, forças da alma
que atuam no homem e que o cidadão da pólis tem por desafio deixa-las equilibradas. De
acordo com a leitura de Marilena Chauí a respeito da ética aristotélica, a medida ideal é o
meio, o médio. A virtude é o hábito conquistado permanentemente que nos leva a agir de
forma racional de acordo com a medida determinada pelo homem. O homem ser dotado de
paixões deve saber medi-las para se tornar prudente e viver em comunidade.

Referências

1- CHAUI. Marilena. “A ética e o justo meio.” IN: Introdução à História da Filosofia: dos
pré-socráticos a Aristóteles. Vol. 1. 2.ed. São Paulo: Cia. Das Letras, 2002.

2- SNELL, Bruno. “Máximas de Virtude: Um Breve Capítulo da Ética Grega.” IN: A


Cultura Grega e as Origens do Pensamento Europeu. 1.ed. São Paulo: Perspectiva, 2009.

3- VERNANT, Jean Paul. “A organização do cosmos humano”. IN: As Origens do


Pensamento Grego. São Paulo: DIFEL, 1984.

4- _____________________. “A nova imagem do mundo”. IN: As Origens do Pensamento


Grego. São Paulo: DIFEL, 1984.

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