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LIGAÇÕES SOLDADAS
LIGAÇÕES SOLDADAS
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 5
2 REVISÃO DE LITERATURA 6
2.1 Solda 6
2.1.1 Tipos de solda 7
2.1.2 Qualidade 9
2.1.3 Tipos de eletrodos 9
2.1.4 Soldabilidade de aços estruturais 10
2.2 Processos de Soldagem 10
2.2.1 Soldagem com eletrodo revestido ou Processo “SMAW” 10
2.2.2 Soldagem com proteção gasosa ou processo “GMAW” 13
2.2.3 Soldagem com fluxo no núcleo ou processo “FCAW” 15
2.2.4 Soldagem a Arco Submerso ou processo “SAW” 16
2.2.5 Compatibilidade entre os metais para soldagem 18
2.3 Tecnologias de Execução 18
2.3.1 Soldagem a laser ou LBW 18
2.3.2 Soldagem com feixe de elétrons 19
2.3.3 Automação da soldagem 20
2.4 Normativas 21
2.5 Elementos construtivos do projeto 23
2.5.1 Soldas de Filete 23
2.5.2 Soldas de Entalhe 26
2.5.3 Soldas de Tampão 27
2.6 Dimensionamento de ligações soldadas 28
2.6.1 Soldas de Filete 28
2.6.2 Soldas de Entalhe 29
2.6.2.1 Penetração Parcial 30
2.6.2.2 Penetração Total 31
2.7 Exercício 32
3 CONCLUSÃO 33
REFERÊNCIAS 34
5
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Solda
Conforme Pfeil (p. 99, 2021), a soldagem é um processo que une materiais pela
coalescência, que ocorre através da fusão das partes adjacentes. A fusão é induzida por
energia, que pode ser elétrica, química, óptica ou mecânica.
Segundo Andrade (p. 56, 2016), “o processo mais comum de soldagem em estruturas
de aço é a solda por arco voltaico. Nesse processo, o calor necessário para a fusão do material
é obtido pela formação de um arco voltaico entre um eletrodo e as partes a serem unidas,
denominadas de metal base”.
“Se durante o processo de soldagem o material fundido entrar em contato com a
atmosfera, ele se combina quimicamente com o oxigênio e nitrogênio formando impurezas
que tornam a solda frágil e menos resistente à corrosão” (Andrade, p. 56, 2016). Para evitar o
contato da solda com a atmosfera, são empregados diversos processos de soldagem. Um
método comum é revestir o eletrodo com um material que, ao ser utilizado durante a
soldagem, libera um gás inerte. Esse gás protege o metal fundido, como ilustrado na Figura 1.
As soldas também podem ser classificadas de acordo com a sua continuidade podendo
ser contínuas, intermitentes ou ponteadas, respectivamente demonstradas na Figura 4.
Outra forma de classificar a solda é quanto à sua posição plana, horizontal, vertical e
sobrecabeça (Figura 5).
2.1.2 Qualidade
De acordo com Pinheiro (p. 116, 2005), para garantir a qualidade das soldas, é
essencial contratar soldadores com qualificação adequada, utilizar eletrodos de alta qualidade,
selecionar materiais com alta capacidade de soldagem e implementar inspeção das soldas por
meio de técnicas como raio-X e ultrassom.
“Adicionalmente, para melhorar o controle de qualidade das conexões soldadas,
recomenda-se, sempre que possível, realizar as soldas em ambiente fabril, onde existem
condições mais controladas. Em contrapartida, recomenda-se a utilização de conexões
parafusadas em campo, aproveitando condições menos controláveis” (Pinheiro, p. 116, 2005).
Segundo Pfeil (p. 101, 2021), a capacidade de soldagem dos aços indica a facilidade
ou dificuldade em alcançar uma solda resistente e livre de rachaduras. Devido à crescente
importância da soldagem nas últimas décadas, as formulações químicas dos aços são
constantemente desenvolvidas para garantir a soldabilidade dos produtos finais.
“Os aços-carbono até 0,25% C são soldáveis sem cuidados especiais. Para teores de
carbono superiores a 0,30%, em geral, faz-se necessário um preaquecimento e um
resfriamento lento, pois as soldas sem esse tratamento apresentam ductilidade muito pequena”
(Pfeil, p. 101, 2021).
O metal fundido do eletrodo é lançado através do arco até a poça de fusão do metal base,
formando-se assim, o metal de solda depositado.
Figura 6 - Processo SMAW.
Não necessita fluxos ou gases externos. Soldagem de aços carbono, baixa e alta
liga.
Elevada penetração.
Alta velocidade de soldagem e elevada taxa Soldagem de aços carbono, baixa e alta
de deposição. liga.
Dispensa proteção contra radiação uma vez Soldagem em fabricação de peças pesadas
que o arco não é visível. de aço.
Elevada produtividade.
ER 70 S3
Fonte: Vasconcellos, 2011.
metalúrgicas e baixas tensões residuais e distorções na peça soldada, além de boa resistência
mecânica. Permitindo soldar facilmente diferentes metais e ligas.
Dentre as vantagens do processo, segundo (Modenesi, Marques, Bracarense, 2009)
estão: menor energia de soldagem em relação aos processos convencionais, transferência
localizada de energia para um volume restrito de material, alta velocidade de soldagem,
controle preciso dos parâmetros de soldagem e da geometria do cordão e soldagem em locais
de difícil acesso através da deflexão magnética do feixe.
Já como desvantagem está seu alto custo operacional. E a necessidade de se ter um
operador bem qualificado e treinado para a realização da soldagem.
Um sistema para a soldagem por feixe de elétrons, consiste de um canhão eletrônico,
uma fonte de energia e câmara de vácuo, todos protegidos contra vazamento de Raio X,
bombas para produção de vácuo, lentes eletromagnéticas de focalização e sistemas para
movimentação das peças durante a soldagem.
Suas principais variáveis são a potência do feixe, que depende da corrente e do
potencial acelerador no canhão de elétrons, da capacidade de focalização e da câmara de
operação.
Grande parte dos metais pode ser soldada com feixe de elétrons, esse processo tem
sido usado com frequência na união de aços de alta liga, metais mais reativos, metais
refratários, aços inoxidáveis, entre outros.
definido como automatizado, todas as atividades devem ser executadas e controladas por uma
máquina.
Com um equipamento automatizado consegue executar uma montagem simples ou
uma família de montagens similares (automação fixa); ou consegue ser flexível para ser
alterado rapidamente, e assim, executar uma operação similar sobre componentes ou
montagens diferentes (automação flexível).
Atualmente o equipamento mais empregado nas indústrias para a automação da
soldagem é o robô industrial. Esse tipo de robô compõem um conjunto de elos conectados e
articulados, onde o primeiro elo é vinculado a uma base fixa e, o último tem a ferramenta
(tocha de soldagem). Assim, o deslocamento da tocha passa a ser controlado segundo o que
foi programado.
2.4 Normativas
As normas têm como principal objetivo a prevenção de acidentes que poderiam
resultar em morte de pessoas, perdas materiais e contaminação do meio ambiente. A aplicação
correta das normas pode resultar em uma produção mais uniforme, redução da variabilidade
de produtos e procedimentos, melhor controle de qualidade, maior rastreabilidade, bem como,
possibilidade de correção de falhas.
Tratando-se das operações de soldagem, a realização de soldas inadequadas de certos
tipos de estruturas ou equipamentos, tais como, navios, pontes, oleodutos, componentes
automotivos e vasos de pressão, pode causar sérios acidentes. Para regular e evitar esses
acidentes, diferentes aspectos das operações de soldagem para diversas aplicações são
regulamentados por códigos, especificações e outras normas. Como exemplos de códigos e
normas referentes à soldagem, podemos citar:
● ASME Boiler and Pressure Vessel Code (vasos de pressão);
● API STD 1104, Standard for Welding Pipelines and Related Facilities (tubulações e
dutos na área de petróleo);
● AWS D1.1. Structural Welding Code (estruturas soldadas de aço carbono e de baixa
liga);
● DNVÍ Rules for Design, Construction and Inspecion of Offshore Structures (estruturas
marítimas de aço)
● Especificações diferentes de associações como a International Organization for
Standardization (ISO); American Welding Society (AWS); Deustches Institute für
Normung (DIN); Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
22
Segundo Pfeil (p. 99, 2021), a fórmula para calcular a área de um filete de solda com
lados iguais (𝑏) e comprimento efetivo (𝑙) é dada por:
𝑡𝑙 = 0, 7𝑏𝑙 (2.7.1)
As soldas feitas pelo processo de arco submerso são mais confiáveis do que as de
outros métodos. Por isso, é recomendado usar espessuras maiores do que as indicadas na
Figura 13 (Pfeil; Pfeil, p. 99, 2021).
𝑏 ≤ 10 𝑚𝑚 𝑡𝑒 = 𝑏
𝑏 ≥ 10 𝑚𝑚 𝑡𝑒 = 𝑡 + 3 𝑚𝑚 (2.7.2)
As soldas longas (𝐿 > 100𝑏) são utilizadas para promover a não uniformidade na
distribuição de tensões, o que vai de encontro à premissa de uniformidade comumente
adotada no cálculo das solicitações (Pfeil; Pfeil, p. 100, 2021).
É importante que os filetes de solda tenham dimensões mínimas adequadas para evitar
o resfriamento abrupto da solda por condução de calor, garantindo assim a fusão dos
materiais, prevenindo fraturas a frio e minimizando distorções. A dimensão mínima do filete
25
até 6,3 3 𝑚𝑚
3,3 - 12,5 5 𝑚𝑚
12,5 - 19 6 𝑚𝑚
> 19 8 𝑚𝑚
As dimensões máximas que devem ser adotadas para os lados dos filetes são
determinadas pela espessura mais fina da chapa (Fig. 14). Uma folga de 1,5 mm entre a
espessura da chapa e a perna do filete de solda é destinada a evitar a fusão da quina superior
da chapa e, consequentemente, a redução da perna e da garganta de solda, o que poderia
comprometer o desempenho do conjunto (Pfeil; Pfeil, p. 100, 2021).
O tamanho mínimo das soldas de filete projetadas para qualquer carga de cálculo deve
ser pelo menos quatro vezes o comprimento da perna ou 40 mm, o que for maior. Além disso,
esse tamanho não deve exceder 25% do comprimento total da solda (Vasconcellos, p. 55,
2011).
𝐿 ≥ 4𝑏 > 40 𝑚𝑚 (2.7.4)
Figura 14 - Dimensões máximas dos lados de filetes de solda
Figura 16 - Emendas de entalhe com chanfro em bisel ou em V. Espessuras efetivas da solda. 𝑡𝑒, (garganta de
solda).
ângulo for maior que 60° em chanfros em V ou bisel, a espessura efetiva é igual à
profundidade do entalhe. Em casos de chanfro sem J ou em U, a espessura efetiva é
equivalente à profundidade do chanfro (Pfeil; Pfeil, p. 98, 2021).
Para uniões de topo de chapas de espessuras diferentes, se a parte saliente da peça
mais espessa for superior a 10mm, é recomendado realizar um chanfro conforme ilustrado na
Figura 16a, a fim de evitar concentrações de tensão na seção de transição. Já para uniões de
chapas com larguras diferentes, é aconselhável usar uma curva de transição, também para
prevenir concentrações de tensão (Pfeil; Pfeil, p. 98, 2021).
As gargantas de solda com penetração parcial (Figura 16b) são projetadas com
espessuras mínimas construtivas (𝑡𝑒 𝑚í𝑛) para garantir a fusão do metal-base, conforme
Tabela 9 - Dimensões Mínimas das Gargantas de Solda de Entalhe com Penetração Parcial (NBR 8800).
Espessura da chapa mais fina em mm Garganta de solda com penetração parcial
𝑡𝑒 𝑚í𝑛(mm)- ver a Fig. 5
até 6,3 3
6,3 - 12,5 5
12,5 - 19 6
1 9 - 37,5 8
37,5 - 57 10
57 - 152 13
Acima de 152 16
Onde:
𝐴𝑤 = á𝑟𝑒𝑎 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 (𝑙𝑊𝑎) ;
classe 8 ou 80 550
desaprovam seu uso em casos de tração. A resistência calculada para cisalhamento paralelo ao
eixo da solda é determinada pelo menor valor entre os dois estados limites últimos aplicáveis:
● ruptura da solda na seção efetiva:
0,60𝐴𝑤𝑓𝑤
𝐹𝑤,𝑅𝑑 = γ𝑤2
(1)
Onde:
𝐴𝑤 = á𝑟𝑒𝑎 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑑𝑎 (𝑙𝑊𝑎) ;
Onde:
𝐴𝑀𝐵 = á𝑟𝑒𝑎 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 (𝑙𝑊𝑎) ;
Segunda a ABNT NBR 8800 (2008), o valor de γ𝑤1 é igual a 1,25 para combinações
normais, especiais ou de construção e igual a 1,05 para combinações excepcionais. O valor de
γ𝑤2 é igual a 1,35 para combinações normais especiais ou de construção e igual a 1,15 para
combinações excepcionais.
2.7 Exercício
Uma placa de aço 12mm, sujeita à tração axial de 40kN,está ligada a uma outra placa 12𝑚𝑚
formando um perfil T,por meio de solda. Dimensionar a solda usando eletrodo E60 e aço
ASTM A36. Compare com o resultado se a solda for de entalhe (Pfeil; Pfeil, p. 98, 2021).
1 - Esforço de cálculo
𝑆𝑑 = 40 • 1, 5 = 60 𝑘𝑁
0,6•𝐴𝑤•𝑓𝑤 0,6•7•41,5
Resistência: 𝑅 = γ𝑎1
= 1,35
= 129, 11 𝑘𝑁
𝑑
𝐴𝑀𝐵•𝑓𝑦 12•25
Resistência: 𝑅 = γ𝑎1
= 1,10
= 272, 73 𝑘𝑁
𝑑
34
3 CONCLUSÃO
A realização deste trabalho foi de extrema importância para a formação acadêmica dos
autores, pois o conhecimento foi enriquecido através da análise teórica referente ao conteúdo
de ligações soldadas.
Após todo o estudo realizado, os autores concluíram que as conexões soldadas
oferecem uma vantagem significativa na simplificação das uniões. No entanto, requerem mão
de obra qualificada, condições controladas de execução e inspeção adequada. Dependendo do
processo de fabricação, pode-se ter a quase totalidade das ligações de fábrica como sendo
soldadas, ficando as ligações parafusadas para ligações de campo.
É preferível evitar o uso de soldas em conexões realizadas no campo devido às
dificuldades de acesso ao local de soldagem, à necessidade de andaimes, às posições
desfavoráveis ou inadequadas para soldagem, à necessidade de proteção contra vento e chuva
no local da solda e às dificuldades de controle de qualidade da solda.
35
REFERÊNCIAS