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MD_UDxxxxxx_V(11)Pt

23 Soldadura - por pontos, electro


- arco e oxi - acetileno
UD005061_V(02)
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
- ACETILENO

ÍNDICE

MOTIVAÇÃO......................................................................................... 3 
OBJECTIVOS ........................................................................................ 4 
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 5 
1. SOLDADURA – POR PONTOS, ELECTRO-ARCO E OXI-ACETILENO ......... 7 
1.1.  TRATAMENTOS TÉRMICOS .......................................................... 7 
1.1.1.  Recozimento..................................................................................... 8 
1.1.2.  Têmpera ......................................................................................... 10 
1.1.3.  Revenido ........................................................................................ 15 
1.1.4.  Cementação ................................................................................... 17 
1.1.4.1.  Aplicações da Cementação .................................................... 17 
1.1.5.  Formas de aquecimento utilizadas nos tratamentos térmicos ...... 18 
1.1.6.  Formas de refrigeração utilizadas nos tratamentos térmicos ........ 19 
1.1.7.  Cuidados na refrigeração ............................................................... 19 
1.2.  DUREZA DOS MATERIAIS.......................................................... 20 
1.2.1.  Tipos de ensaios de Dureza ........................................................... 21 
1.2.1.1.  Dureza Brinell (HB) .................................................................. 21 
1.2.1.2.  Dureza Rockwell ...................................................................... 22 
1.2.1.3.  Dureza Vickers ......................................................................... 22 
1.2.1.4.  Dureza Janka ........................................................................... 23 
1.3.  ESTUFAS DE UTILIZAÇÃO E ACABAMENTOS ................................ 24 
1.4.  TIPOS DE UNIÃO DE AÇOS – APLICAÇÕES ................................... 26 
1.4.1.  Soldadura por ponto ...................................................................... 26 
1.4.2.  Soldadura por electro-arco ............................................................ 27 
1.4.3.  Soldadura por oxi-acetileno ........................................................... 30 
1.4.3.1.  Técnicas de soldadura por oxi-acetileno ................................ 32 
1.4.3.1.1.  Método da soldadura à esquerda .............................................. 32 
1.4.3.1.2.  Método da soldadura à direita ................................................... 32 

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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1.4.3.1.3.  Método de soldadura com duplo cordão ascendente ............... 33 


1.4.3.1.4.  Soldadura de canto .................................................................... 33 
1.5.  REPRESENTAÇÃO EM DESENHO TÉCNICO – UTILIZAÇÃO DA
SIMBOLOGIA DE ACABAMENTO NAS SOLDADURAS EFECTUADAS ... 34 
1.5.1.  Soldadura por ponto....................................................................... 34 
1.5.2.  Soldadura por electro-arco ............................................................ 35 
1.5.3.  Soldadura por oxi-acetileno ........................................................... 36 
1.5.3.1.  Soldadura topo a topo, em chapa de aço ............................... 36 
1.5.3.2.  Soldadura topo-a-topo com chanfro ....................................... 37 
1.5.3.3.  Soldaduras de ângulo exterior................................................. 37 
1.5.3.4.  Soldadura de ângulo interior ................................................... 37 
1.6.  NORMAS DE SEGURANÇA E HIGIENE ASSOCIADAS À
SOLDADURA ........................................................................... 38 
CONCLUSÃO...................................................................................... 40 
RESUMO ........................................................................................... 41 
AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 43 
SOLUÇÕES ........................................................................................ 47 
PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ................................. 48 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 49 

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Unidade didáctica 23
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MOTIVAÇÃO

Durante muito tempo a soldadura foi utilizada na ligação de metais sem qual-
quer evolução significativa. Porém, por volta dos anos 30 surgiu o desenvolvi-
mento de métodos que têm permitido uma evolução contínua da soldadura,
tanto em processos e equipamentos, como nos metais utilizados, nas técnicas
e meios de controlo.

A soldadura é, assim, um meio de ligação de metais que resulta em ligações


permanentes e inamovíveis, que proporciona continuidade metálica. Estas e
outras características fazem da soldadura o processo tecnológico mais utiliza-
do, no âmbito da ligação de metais, na maior parte dos sectores da indústria.

Vamos a isso!!!

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OBJECTIVOS

 Identificar e caracterizar tratamentos térmicos.


 Caracterizar estufas de utilização e acabamentos.
 Executar soldaduras experimentais unindo peças de aço em chapa e
barra, utilizando as soldaduras – por pontos, electro-arco e oxi-
acetileno.

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INTRODUÇÃO

Os tratamentos térmicos são aplicados aos materiais com o objectivo de modi-


ficarem a sua estrutura e de os tornarem mais fáceis de maquinar ou com ca-
racterísticas que te sejam mais convenientes.

Uma das principais características dos materiais é a dureza. A dureza de um


material dita a sua utilização e o seu comportamento mecânico. São realizados
ensaios de dureza, em laboratório, para determinar a dureza dos materiais.

A união de aços pode ser feita através de meios mecânicos ou através de sol-
dadura; a soldadura proporciona continuidade metálica, e é por esse motivo
muito utilizada na indústria. Existem diversos tipos de soldadura, empregando
métodos completamente diferentes, assim como máquinas e materiais. Ao lon-
go desta unidade didáctica vais conhecer alguns desses processos, bem como
as respectivas aplicações e características.

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1. SOLDADURA – POR PONTOS, ELECTRO-ARCO E


OXI-ACETILENO

1.1. TRATAMENTOS TÉRMICOS

Tratamento térmico - Tratamento que permite, através do aqueci-


mento, mudar as condições físicas de um aço, aumentando a sua
resistência ou a sua dureza, conforme o processo.

Aplicas tratamentos térmicos a todos os produtos metálicos, mesmo aos metais


simples. Os tratamentos térmicos aplicados aos metais simples uniformizam a
sua estrutura, que pode ter sido alterada devido a condições de trabalho.

Nas ligas metálicas, os tratamentos térmicos têm como finalidade uniformizar a


sua estrutura e modificar alguns dos seus elementos constituintes.

Para que o tratamento térmico seja executado correctamente, verifica:

1. Qual a percentagem de carbono ou grau de dureza da peça ou ferra-


menta.
2. Qual a função que a peça ou a ferramenta vai executar.

Em ambientes industriais, os técnicos possuem instrumentos adequados, que


lhes permitem verificar o teor de carbono. Nas oficinas de menor dimensão, o
teor de carbono é reconhecido através da utilização de centelhas ou chispas
desprendidas pelo esmeril, conforme te mostra a figura seguinte.

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Figura 1. Utilização de centelhas.

Figura 2. Tratamentos térmicos.

Os principais tratamentos térmicos que se aplicam aos aços são:

 Recozimento;
 Têmpera;
 Revenido.

Estes tratamentos modificam principalmente as características de resistência,


dureza, limite elástico, alongamento e resistência ao choque (resiliência). Modifi-
cam a estrutura interna dos elementos e estão dependentes da variação de
temperatura e da velocidade dessa variação.

1.1.1. RECOZIMENTO

Recozimento - tratamento térmico que consiste em aquecer o


material, a uma dada temperatura, dependente da sua composi-
ção e do fim a que se destina, e arrefecê-lo lentamente.

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A acção do recozimento nos aços é um pouco contrária à acção da têmpera.


Este tratamento tem uma acção estabilizadora, na estrutura dos materiais, e tem
várias aplicações.

Aplicas este tipo de tratamento para poderes trabalhar um aço mais facilmente,
como por exemplo:

 Furar mais facilmente;


 Serrar;
 Dar formato.

O termo “recozimento” é, em linguagem popular, substituído por


“destemperar”.

Uma peça, depois de recozida, torna-se mais macia e um aço temperado duro e
resistente, torna-se brando e fácil de trabalhar.

Figura 3. Peça temperada e peça recozida, respectivamente.

De uma forma geral, para realizares o recozimento, aquece a peça entre 700°C
e 800°C, dependendo do aço. Depois, arrefece-o lentamente em fornos ou em
caixas fechadas com areia, cal ou cinza, de forma a protegeres a peça de um
arrefecimento rápido.

A tabela seguinte dá-te algumas orientações para as temperaturas de recozi-


mento, dos aços ao carbono.

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Materiais e % de carbono Temperatura Cor de aquecimento


Aço de 0,3% a 0,5% de carbono.
800°C a 840°C Vermelho suave
Poucas chispas.
Aço de 0,5% a 0,8% de carbono.
780°C a 800°C Vermelho forte
Maior quantidade de chispas que o anterior.
Aço de 0,8% a 1,1% de carbono.
700°C a 780°C Vermelho escuro
Boa quantidade de chispas.
Aço de 1,1% a 1,5% de carbono.
680°C a 710°C Vermelho acastanhado
Alta quantidade de chispas.
Aço rápido e ligas. 720°C a 880°C Vermelho claro

Quando conheces a percentagem de carbono do aço, que é fornecida pelo fa-


bricante, basta consultares a tabela do recozimento. Se não tens acesso à tabe-
la, tens que verificar a centelha pelo esmeril e seguires a tabela acima represen-
tada.

1.1.2. TÊMPERA

Têmpera - tratamento térmico que se aplica aos aços e que con-


siste em aquecê-los a uma determinada temperatura, designada
por temperatura de têmpera, e arrefecê-los bruscamente.

A têmpera produz efeitos nos aços, tais como:

 Aumento da resistência;
 Aumento da dureza;
 Aumento do limite elástico;
 Diminuição do alongamento;
 Redução da resistência ao choque.

Para que se formem os elementos desejados, e o aço adquira as propriedades


desejadas é necessário ter em atenção alguns factores muito importantes, tais
como:

 Temperatura de têmpera;
 Arrefecimento dos aços;
 Velocidade de arrefecimento dos aços.

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A tabela seguinte mostra-te as temperaturas dos tratamentos térmicos aplica-


dos aos aços carbono:

Quando vais temperar um aço, o primeiro passo é determinar qual a temperatu-


ra correcta de aquecimento e as condições de aquecimento.

Para aquecer o aço, podes utilizar:

 Forja de ferreiro;
 Maçarico;
 Fornos de mufla;
 Fornos de sais.

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Quando utilizares a forja de ferreiro para aquecer o aço, deixa a peça coberta
pelo carvão para evitares que o aço perca carbono.

Quando aqueces a forja directamente, se existirem perdas de carbono da peça,


que designas por descarburação. Estas perdas, alteram a constituição do aço.

Durante o processo de aquecimento é muito difícil conseguires controlar a tem-


peratura do aço; a forma mais simples é recorreres às cores, conforme te indica
a tabela anterior.

Este método requer alguma prática e está sujeito a erros.

Quando a temperatura de têmpera ou o tempo de aquecimento são ultrapassa-


dos, os cristais crescem demasiado e a sua ductilidade diminui. Neste caso,
dizes que o aço está sobreaquecido e só podes voltar a utilizá-lo depois de um
novo tratamento térmico. No entanto, se ultrapassares demasiado a temperatu-
ra, de forma a que o aço liberte chispas, parte do carbono e do ferro queimam,
em contacto com o ar. Quando isto acontece, o óxido de ferro formado aloja-se
entre os grãos de aço, dizes, então, que o aço está queimado. Este aço quei-
mado é inútil.

O oxigénio do ar diminui o carbono do aço, e se o teor de carbono diminuir, a


dureza também diminui. Por essa razão, nos tratamentos térmicos, evita deixar
peças expostas ao ar durante muito tempo.

Figura 4. Têmpera do aço.

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Para temperares o aço sem utilizares o pirómetro podes aplicar dois métodos:

 Utilizando um íman;
O íman tem atracção sobre o aço frio e quente. Porém, quando atinge
um determinado grau de aquecimento, o íman perde a acção sobre o
aço. Quando atinge este ponto mergulha o aço no banho de arrefeci-
mento, para temperar.
 Realizar a prova de centelha;
Quando realizas a prova de centelha, dependendo da quantidade de
chispas que o aço liberta, fazes a tua escolha relativamente ao refrige-
rante a utilizar.

Muita chispa no esmeril Arrefecer em óleo


Pouca chispa no esmeril Arrefecer em água
Média quantidade de chispas Arrefecer em água ou óleo

Realiza o arrefecimento a uma velocidade constante que deve ser dependente


da composição do aço. Um arrefecimento que não seja uniforme pode originar:

 Deformações;
 Tensões internas;
 Fendas que inutilizem a peça.

No banho de arrefecimento, introduz as peças alongadas na vertical e agita-as


no mesmo sentido. Introduz as peças pequenas, rapidamente, no sentido do
comprimento. Quando estás na presença de peças, de espessura variável, de-
ves introduzir primeiro as de maior secção, mas no sentido do comprimento.

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Figura 5. Modo correcto e incorrecto de temperar.

Imperfeições no aquecimento e arrefecimento das peças ou deficiências do aço


podem originar alguns problemas, tais como:

 Deformações;
 Tensões internas;
 Descarburação;
 Formação de fendas.

Se o aquecimento e o arrefecimento fossem perfeitamente unifor-


mes, por toda a peça, e o material fosse perfeitamente homogé-
neo, estas deficiências não eram verificadas.

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1.1.3. REVENIDO

O revenido consiste num tratamento térmico que aplicas aos aços,


depois de temperados. Podes considerar o revenido um tratamento
complementar da têmpera.

O objectivo do revenido é:

 Diminuir a rigidez e a fragilidade dos aços;


 Aumentar a resistência do aço ao choque;
 Aumentar o alongamento;
 Diminuição da dureza do aço.

Para realizares um tratamento térmico aqueces a peça, imediatamente a seguir


à têmpera, a uma temperatura dependente da composição do aço e do fim a
que se destina, deixando-a arrefecer lentamente e de preferência, ao ar livre. A
temperatura pode estar compreendida entre 220°C e 325°C.

CORES DO REVENIDO DO AÇO


Amarelo palha 220°C
Amarelo 230°C
Amarelo pardo 245°C
Amarelo marrom 255°C
Marrom púrpura 265°C
Vermelho púrpura 275°C
Violeta 285°C
Azul escuro 295°C
Azul claro 310°C
Cinza verde 325°C

Acima dos 330°C a cor desaparece e o aço toma a cor ne-


gra.

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Tens dois processos para realizar o revenido:

 Por calor interno;


 Por calor externo.

No processo de revenido, por calor interno, aproveitas o calor da têmpera para


realizares logo o revenido.

Revenido por calor interno


1. Aquece a peça a temperar;
2. Introduz a peça no banho de refrigeração;
3. Passado algum tempo, retira a peça do banho;
4. O calor interno da peça distribui-se por ela própria e pode ser suficiente para a levar à
temperatura de revenido.
5. Atingida a temperatura de revenido, deixa arrefecer a peça lentamente.

No processo de revenido por calor externo, a peça é temperada e arrefecida


totalmente, sendo depois aquecida, novamente, para o revenido.

Em peças de maior dimensão, realiza o aquecimento da peça em fornos de


têmpera. Quando trabalhas com peças pequenas, aquece uma barra de aço e
coloca a peça a revenir sobre ela. Desta forma, consegues aquecer a peça por
contacto.

Para realizares correctamente o revenido, existem algumas considerações que


deves ter em atenção, nomeadamente:

 Efectua o revenido imediatamente após a têmpera.


 Quando trabalhas as temperaturas através da observação da cor, certi-
fica-te que as peças estão isentas de óleos e óxidos, caso contrário
não vais conseguir observar mudança de cor.
 Para obteres uma maior dureza escolhe as cores de revenido mais cla-
ras, ou seja, temperaturas mais baixas.
 Para que os materiais resistam a forças exteriores sem se degradarem,
ou seja, para que os materiais apresentem uma maior tenacidade, es-
colhe as cores do revenido mais escuras, ou seja, temperaturas mais
altas.

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1.1.4. CEMENTAÇÃO

Cementação - tratamento termoquímico que consiste na carbura-


ção de peças de aço pouco carburado, para posteriormente se
submeter a uma têmpera superficial.

A cementação é um tratamento da máxima importância; através deste trata-


mento, consegues obter peças com uma resistência superficial ao desgaste,
sem se tornar frágil, como acontece com as peças totalmente temperadas.

1.1.4.1. Aplicações da Cementação

 Engrenagens;
 Roscas;
 Parafusos;
 Eixos;
 Arames;
 Hastes de êmbolos;
 Todas as peças que trabalhem por atrito, mas que necessitem de su-
portar bem outros esforços.

O tratamento de cementação forma uma camada superficial de aço, com um


baixo teor de carbono. A profundidade da camada cementada pode variar des-
de um endurecimento superficial, até 2,5 cm de espessura, conforme a tempe-
ratura a dar à peça a cementar, e ainda pode obter-se uma capa de 1% de car-
bono.

No tratamento de cementação as temperaturas variam entre 820°C e 920°C,


durante 1,5 a 4 horas por milímetro de espessura da capa carburada, nos aços
simples. Em aços ligados, a duração pode ser maior, para a mesma espessura
de capa carburada.

Não aumentes demasiado o tempo de duração e não apliques


uma temperatura muito elevada, pois corres o risco de sobreaque-
cer o aço.

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Para realizares a cementação, adquire substâncias carburantes ou então utiliza


misturas de carvão de ossos,carvão de coiro, raspas de chifre de boi com car-
bonato de bário ou cianeto de potássio.

A tabela seguinte representa a influência do tempo e da temperatura na Cemen-


tação:

Tempo na Cementação
Temperatura
1h 1h30 2h 2h30 3h 4h 5h 7h 8h
250°C 0,2 0,5 0,8 1 1,2 1,5
1000°C 0,5 0,8 1 1 1,2 1,5 2 2,3 2,5

1.1.5. FORMAS DE AQUECIMENTO UTILIZADAS NOS TRATAMENTOS


TÉRMICOS

Nos tratamentos térmicos, para aqueceres o aço, podes utilizar: a forja, o maça-
rico ou fornos.

Quando trabalhas com peças pequenas, que necessitam apenas de um aque-


cimento local, utilizas o maçarico ou a forja de ferreiro e avalias a temperatura
através da cor.

Figura 6. Tipos de fornos utilizados no aquecimento do aço.

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1.1.6. FORMAS DE REFRIGERAÇÃO UTILIZADAS NOS TRATAMENTOS


TÉRMICOS

Nos tratamentos térmicos, as formas de refrigeração utilizadas são:

 Óleo;
 Sebo;
 Água;
 Ar;
 Cal;
 Cinza.

Arrefecimento da Têmpera
Têmpera Suave Têmpera Média Têmpera Dura
Água morna Água morna
Óleo Óleo
Sal Sal
Água Salgada
Sebo Sebo
Água acidulada (ácido muriático ou ácido clorídrico)
Óleo de Colza Óleo de Colza
Água de cal Água de cal
Água quente Água quente

1.1.7. CUIDADOS NA REFRIGERAÇÃO

Na realização dos tratamentos térmicos existem diversos cuidados que deves


tomar para que o processo decorra sem problemas.

Utiliza água fria e renova-a sempre que tiveres muitas peças para temperar. Se
não o fizeres, a água vai aquecer rapidamente.

Quando estiveres a trabalhar uma ferramenta de corte, aquece o gume cerca de


25 mm acima e mergulha cerca de 35 mm, durante o processo de refrigeração.

Durante o processo de refrigeração não encostes a peça a tratar, nas paredes


do recipiente.

Produtos como: o ar, a cinza, a cal e a areia são refrigerantes muito lentos que
deves aplicar no recozimento.

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1.2. DUREZA DOS MATERIAIS

Dureza - propriedade de um material resistir à penetração de ou-


tros ou ser riscado por eles.

O ensaio de dureza pode servir-te como uma forma de controlo sobre um de-
terminado material.

Num ensaio de dureza, um instrumento adequado utiliza uma carga específica


de forma a forçar um penetrador numa área plana e lisa do material, sujeito ao
ensaio. Após um intervalo de tempo, pré-definido, a carga é removida e o mos-
trador indica o número de dureza que corresponde à profundidade da penetra-
ção do penetrador. Se aplicares a carga e o penetrador adequados, podes obter
uma medida sensível de dureza para materiais que vão desde polímeros macios
até cerâmicos duros.

A classificação da dureza, segundo a escala de Mohs, é aplicada principalmente


a minerais. Esta escala é baseada na capacidade que uma substância dura tem,
de riscar outra substância mais mole. Por exemplo, o vidro comum risca o ferro
e o cobre, tal como uma lima de aço temperado risca o vidro.

Na tabela seguinte podemos ver a escala de dureza de Mohs:

Mineral de referência Número de Mohs Exemplos típicos


Talco 1 Chumbo
Polietileno
Polipropileno
Gipsite Alumínio
Unha
Calcite 3 Cobre
Clips
Fluorite
Apatite 5 Vidro de cal de soda
Vidro de sílica
Feldspato 6 Aço temperado
Quartzo 7
Topázio 8
Corundum 9
Diamante 10 Carboneto de tungsténio

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1.2.1. TIPOS DE ENSAIOS DE DUREZA

Existem diversos tipos de ensaios de dureza, entre os quais:

 Dureza Brinell;
 Dureza Rockwell;
 Dureza Vickers;
 Dureza Janke.

1.2.1.1. Dureza Brinell (HB)

O ensaio de dureza Brinell é realizado, submetendo um corpo à acção de uma


esfera de material duro.

Para realizares este ensaio é necessário conheceres:

 Diâmetro da esfera (D);


 Força aplicada (F);
 Diâmetro da côncavidade no material (d).

Podes calcular o valor da dureza de Brinell (HB) através da expressão matemá-


tica:

F
HB 
   D  D  D 2  d2 
1
2  

A unidade de medida da dureza Brinell é o Pascal.

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1.2.1.2. Dureza Rockwell

O ensaio de dureza Rockwell é aplicado em materiais duros. Neste caso, o ob-


jecto penetrante é um cone de diamante com ângulo de vértice de 120°.

A escala de medida é denominada Rockwell C ou HRC.

Podes ainda utilizar a escala Rockwell B ou HRB, se trabalhares com materiais


semiduros ou macios, em que aplicas para o ensaio, uma esfera de aço tempe-
rado de diâmetro 1/16”.

A dureza é dada pelo grau de penetração, em que aplicas uma


carga padrão definida.

1.2.1.3. Dureza Vickers

Neste ensaio utilizas uma pirâmide de diamante com ângulo de diedro de 136°.
Esta pirâmide é comprimida com uma força arbitrária, F, contra a superfície do
material.

Através da medição das suas diagonais, calculas a área da superfície impressa.

Dureza Vickers – método de classificação de dureza de materiais,


atribuído através da relação entre a força aplicada a uma área de
um determinado material.

Existe uma relação de proporção entre a força aplicada e a área e,


por isso, o resultado não depende da força.

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1.2.1.4. Dureza Janka

Este método é, geralmente, usado em madeira. É definido pela força necessária


para penetrar, até metade do diâmetro, uma esfera de aço, de 11,28 mm de
diâmetro.

Este método é uma variação do método de Brinell.

Utilizando o ensaio de Dureza Janka, o que obtens é uma força, ou seja, não
existe um padrão de unidade.

Figura 7. Dureza de alguns materiais de uso frequente.

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Unidade didáctica 23
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1.3. ESTUFAS DE UTILIZAÇÃO E ACABAMENTOS

Num processo de soldadura é necessário equipamento para armazenares, se-


cares e manteres a secagem. Esse equipamento é geralmente uma estufa que
absorve facilmente a humidade do ar.

Figura 8. Tipos de estufas.

A estufa para armazenamento é um compartimento fechado, com aquecedores


eléctricos e ventiladores para que o ar quente possa circular entre as embala-
gens. A temperatura da estufa dever ser superior à temperatura ambiente 5°C,
no mínimo e nunca deve ser inferior a 20 °C.

Neste tipo de estufas devem existir estrados ou prateleiras para facilitar a arru-
mação das embalagens.

Utilizas a estufa de secagem para secares os eléctrodos revestidos de baixo


hidrogénio. Esta deve ter um aquecimento controlado através de uma resistên-
cia eléctrica, mantendo uma temperatura de 400°C, e também um método de
renovação de ar, por meio de conversão controlada. A estufa de secagem deve
ter um termómetro e um termostato, assim como prateleiras furadas ou em for-
ma de grade.

Figura 9. Estufa de secagem.

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A estufa para manutenção da secagem é mais pequena que a estufa de seca-


gem e deve trabalhar com temperaturas até 200°C. O seu funcionamento é
idêntico ao funcionamento das estufas de secagem; porém é comum utilizar
neste tipo de estufas a construção cilíndrica, pois desta forma a distribuição do
ar é uniforme e o calor distribui-se de forma igual em toda a estufa, evitando
que a humidade se concentre em cantos mal ventilados.

Figura 10. Estufa para manutenção de secagem.

Existem estufas portáteis para manutenção de secagem. Tal como as fixas,


também estas estufas possuem aquecimento por resistência, porém são meno-
res de forma a permitirem ao soldador transportá-las.

Quando trabalhas com eléctrodos revestidos de baixo hidrogénio, a estufa por-


tátil deve manter uma temperatura entre 80 a 100°C.

Figura 11. Estufa portátil.

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1.4. TIPOS DE UNIÃO DE AÇOS – APLICAÇÕES

1.4.1. SOLDADURA POR PONTO


Na soldadura por pontos, as peças são ligadas, apenas, através de porções
limitadas das suas respectivas superfícies, ou seja, apenas por “pontos de sol-
dadura”. Este é o processo de soldadura mais fácil de executar e é também
aquele que produz melhor resultado.

Colocas os dois eléctrodos conforme mostra a figura seguinte. Eles vão exercer
a pressão necessária e levar a corrente eléctrica à peça, para realização da sol-
dadura.

Figura 12. Soldadura por pontos.

A soldadura por ponto é um tipo de soldadura por resistência que requer uma
combinação bem determinada da pressão na zona da soldadura, nomeadamen-
te da sua amplitude e duração e da intensidade de corrente eléctrica.

A corrente eléctrica deve passar de um corpo para outro através das peças a
soldar. A pressão exercida entre o eléctrodo e as chapas garante a continuidade
do meio, por isso esta deve ser suficientemente elevada, de forma a garantir um
encosto perfeito entre as peças a soldar e entre estas e os eléctrodos. A pres-
são na zona da soldadura é originada pela força de aperto dos eléctrodos.

A figura seguinte mostra-te o esquema de uma máquina de soldadura. Como


podes observar, o secundário do transformador está ligado aos eléctrodos. Os
eléctrodos vão exercer pressão sobre a peça, que é originada por uma força de
aperto obtida a partir de um dispositivo hidráulico ou pneumático.

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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Figura 13. Máquina de soldadura por resistência.

1.4.2. SOLDADURA POR ELECTRO-ARCO

A soldadura por electro-arco consiste numa descarga contínua entre dois con-
dutores, separados ligeiramente entre si, por onde passa a corrente eléctrica
por ionização, tornando condutor o ar ou o gás existente entre os mesmos. Este
processo origina uma grande emissão de luz e calor.

O electro-arco é a fonte de calor utilizada mais frequentemente nos processos


de soldadura.

Figura 14. Soldadura por electro-arco.

O electro-arco consiste numa descarga de corrente, de intensidade elevada,


que é fornecida através de uma coluna gasosa. Os gases em condições normais
comportam-se como não condutores, para conseguires obter o arco é necessá-
rio que o gás se torne condutor.

Podes utilizar corrente contínua ou corrente alternada para estabelecer o elec-


tro-arco entre um eléctrodo e a peça a soldar.

Sempre que uma corrente eléctrica circula num condutor eléctrico é produzido
um campo magnético, em redor do mesmo. No processo de soldadura, vai
acontecer o mesmo; porém, a existência de um campo magnético em redor do
eléctrodo tem outras repercussões importantes: a origem do sopro magnético.

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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O sopro magnético é o desvio do arco de soldadura produzido pela


distorção do campo magnético existente em redor do arco.

O sopro magnético vai fazer-se sentir nos extremos das peças que se soldam
quando estas são ferromagnéticas.

Um dos factores que pode produzir distorção do campo magnético é a mudan-


ça de direcção da corrente quando entra na peça de metal base e se dirige até
à pinça de massa.

Figura 15. Distorção do campo magnético.

As linhas de força, do campo magnético existente, tendem a passar pela peça


de metal base, em vez de passarem pelo ar, pois é mais fácil este caminho. Por
esse motivo, as linhas de força juntam-se nas proximidades dos bordos da
chapa.

As principais razões de origem do sopro do arco são:

 Soldar perto dos extremos da peça;


 Soldar perto da pinça de massa;
 Soldar perto de grandes peças ferromagnéticas.

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Com corrente alternada não existe sopro magnético, porque a mu-


dança rápida e contínua de direcção da corrente, neutraliza os
efeitos magnéticos.

Para diminuires o sopro magnético deves tomar os seguintes cuidados:

1. Coloca a pinça de massa tão longe quanto possível das peças que vais
soldar;

Figura 16. Sopro magnético produzido pela ligação da massa.

2. Reduz a corrente de soldadura tanto quanto possível;


3. Utiliza um comprimento de arco pequeno;
4. Posiciona o ângulo do eléctrodo em posição oposta ao sopro magnéti-
co, de forma a que a força do arco contrarie a força que origina aquele
fenómeno;
5. Coloca apêndices nos extremos da união;

6. Aplica corrente alternada.

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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1.4.3. SOLDADURA POR OXI-ACETILENO

A soldadura por oxi-acetileno é uma variante da soldadura oxi-gás. A soldadura


oxi-gás é um processo que utiliza a chama produzida pela combustão de um
gás combustível no oxigénio. Este proceso, utiliza a chama como fonte de calor
para fundir o material a soldar e, sempre que necessário, utiliza uma vareta co-
mo material de adição. A soldadura por oxi-acetileno é uma soldadura oxi-gás
em que o gás combustível é o acetileno.

A soldadura oxi-gás é um processo adequado para realizar repara-


ções, soldar chapas finas ou tubos de diâmetro muito reduzido.

Uma chama oxiacetilénica modifica muito o seu aspecto, em função da propor-


ção do gás admitido no queimador e da sua temperatura. Uma chama normal
ou redutora é muito quente.

Um ligeiro excesso de acetileno origina uma chama em que o dardo é rodeado


por uma auréola branca; a sua dimensão e temperatura dependem do excesso
de acetileno, sendo bastante inferior à da chama normal.

Figura 17. Chama oxiacetilénica.

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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Os maçaricos de soldadura são aparelhos que te permitem obter uma mistura


conveniente dos gases, proporcionando uma chama estável de forma, de po-
tência e de propriedades bem definidas. Este aparelho apresenta todas as qua-
lidades para a boa execução das soldaduras.

Figura 18. Maçarico.

Existem vários tipos de maçaricos; estes aparelhos podem ser classificados


segundo o débito de gás ou pela pressão de alimentação.

De acordo com a pressão de alimentação, os maçaricos podem ser:


 Maçaricos de alta pressão – quando a pressão de alimentação, de ca-
da um dos gases (combustível e comburente), medida imediatamente
antes do rifício de saída, é superior à pressão da mistura gasosa.
 Maçaricos de baixa pressão – a pressão de admissão do acetileno,
medida imediatamente antes do orifício de saída, é inferior à pressão
da mistura gasosa.
Em função do débito de gás, os maçaricos podem classificar-se como:
 Maçaricos de débito único – são maçaricos capazes de fornecer um
único débito de gás, do qual não se podem afastar senão em limites
muito estreitos.
 Maçaricos de débito múltiplo – são maçaricos capazes de fornecer uma
gama de débitos de gás bem determinada, correspondente a diferentes
orifícios de saída, por substituição da lança ou do bico.

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Unidade didáctica 23
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1.4.3.1. Técnicas de soldadura por oxi-acetileno

Existem essencialmente três métodos que podes usar para soldadura oxiaceti-
lénica.

 Método da soldadura à esquerda;


 Método da soldadura à direita;
 Método de soldadura com duplo cordão ascendente.

1.4.3.1.1. Método da soldadura à esquerda

Este método é utilizado para soldar chapas de aço com bordos virados, ou
chapas de aço topo-a-topo sem chanfro, com espessuras até 5 mm.

Podes também utilizar este método para soldar ferro fundido e metais não ferro-
sos. Inicias a soldadura na extremidade direita e progrides para o lado esquer-
do. O maçarico e a vareta de adição formam um ângulo de 45° com a horizon-
tal, e a chama é dirigida para a frente do banho de fusão.

Este é um método muito lento e que consome muito gás, no entanto é de fácil
execução e produz soldaduras com muito bom aspecto.

1.4.3.1.2. Método da soldadura à direita

Neste método, o maçarico e a vareta do metal de adição encontram-se sempre


no plano de simetria do cordão de soldadura, ou seja, no plano perpendicular à
superfície das chapas. Varia a inclinação do maçarico entre 40 a 50°, durante a
execução da soldadura. Seguindo este método a chama é dirigida para o senti-
do inverso ao da progressão da soldadura.

Figura 19. Método da soldadura à direita.

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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Este método é mais rápido e mais económico que o método de soldadura à


esquerda e podes utilizá-lo para soldares chapas chanfradas de 6 a 15mm de
espessura.

1.4.3.1.3. Método de soldadura com duplo cordão ascendente

Realizas este método soldando de baixo para cima, ou seja, no sentido ascen-
dente. Este tipo de soldadura pode ser realizado por uma ou duas pessoas si-
multaneamente.

Figura 20. Método de soldadura com duplo cordão ascendente.

O facto deste tipo de soldadura poder ser realizado por duas pes-
soas simultaneamente, torna o processo mais rápido.

1.4.3.1.4. Soldadura de canto

Realizas a soldadura de canto quando as chapas a soldar formam, entre si, um


ângulo importante. Podes realizar a soldadura de canto utilizando o método à
esquerda ou à direita.

Figura 21. Soldadura de canto.

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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O facto deste tipo de soldadura poder ser realizado por duas pes-
soas em simultâneo, torna o processo mais rápido.

1.5. REPRESENTAÇÃO EM DESENHO TÉCNICO – UTILIZAÇÃO


DA SIMBOLOGIA DE ACABAMENTO NAS SOLDADURAS
EFECTUADAS

1.5.1. SOLDADURA POR PONTO

O calor produzido na zona de contacto entre os materiais a soldar, propaga-se


no metal e produz a fusão; obténs um núcleo de metal fundido, envolvido em
metal de contacto.

Pelo facto de obteres um núcleo de metal fundido, este tipo de soldadura é de-
signado soldadura por ponto.

Figura 22. Formação do ponto de soldadura.

Quando interrompes a corrente, inicia-se o processo de arrefecimento e o calor


é escoado para o exterior. A zona plastificada solidifica e torna-se indeformável.

Quando o metal fundido solidifica, a contracção que lhe está associada produz
um ligeiro “abatimento”, na superfície das chapas. Este abatimento designa-se
por “endentação”.

A figura seguinte mostra-te uma imagem de soldadura por ponto. Conforme po-
des observar, após ser aquecida, a zona criou um núcleo, ou seja uma zona fun-
dida, e podes ver um abatimento relativamente à espessura inicial das chapas.

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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Figura 23. Soldadura por ponto.

1.5.2. SOLDADURA POR ELECTRO-ARCO

O método corrente para iniciar um arco é estabelecer um curto-circuito entre a


peça e o eléctrodo, de forma a produzir um grande aquecimento na extremida-
de do eléctrodo ligado ao pólo negativo, devido à passagem de uma corrente
eléctrica elevada. Se de seguida separares o eléctrodo da peça, basta uma pe-
quena diferença de potencial para que se estabeleça o arco.

A figura seguinte ilustra a soldadura por electro-arco; podes observar o eléctro-


do a aproximar-se da peça a soldar e o arco eléctrico, estabelecido entre eles.

Figura 24. Soldadura por electro-arco.

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1.5.3. SOLDADURA POR OXI-ACETILENO

Na soldadura por oxi-acetileno podes utilizar uma grande variedade de juntas


ou preparação dos bordos das chapas.

Os pontos que se seguem descrevem alguns tipos de soldadura por oxi-


acetileno, nomeadamente:

 Soldadura topo a topo, em chapa de aço;


 Soldadura topo-a-topo com chanfro;
 Soldaduras de ângulo exterior.

1.5.3.1. Soldadura topo a topo, em chapa de aço

Neste tipo de soldadura são unidas duas chapas de aço, topo a topo, conforme
podes ver na figura seguinte.

Deves representar as chapas de aço, bem como as soldaduras, conforme po-


des observar na figura seguinte.

Figura 25. Soldadura topo a topo, em chapa de aço.

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1.5.3.2. Soldadura topo-a-topo com chanfro

Sempre que exista um chanfro é necessário que o representes. Deves marcar o


seu ângulo, conforme foi feito na figura seguinte.

Figura 26. Soldadura topo-a-topo com chanfro.

1.5.3.3. Soldaduras de ângulo exterior

As soldaduras de ângulo exterior podem ser representadas de acordo com as


imagens seguintes.

Figura 27. Soldaduras de ângulo exterior.

1.5.3.4. Soldadura de ângulo interior

Tal como as soldaduras exteriores, também as soldaduras interiores devem ser


representadas em desenho técnico. A figura seguinte mostra-te como as podes
representar.

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Figura 28. Soldadura de ângulo interior.

1.6. NORMAS DE SEGURANÇA E HIGIENE ASSOCIADAS À


SOLDADURA

Quando praticas soldadura existe uma série de cuidados, que deves ter, para
protegeres os equipamentos.

 Aperta perfeitamente todas as uniões dos cabos à fonte;


 Protege os cabos da chuva, caso eles não estejam preparados para
ambientes húmidos;
 Evita colocar os cabos em zonas onde exista água;
 Não forces os comandos de regulação da intensidade de corrente;
 Evita quedas e choques;
 Não deixes os eléctrodos ligados ao porta eléctrodos quando não estás
a soldar, assim evitas curto-circuitos e avarias na fonte;
 Desliga a fonte da rede principal, quando a máquina não estiver em
serviço;
 Em caso de incêndio da fonte de corrente corta imediatamente a cor-
rente de entrada e tenta apagar o fogo com extintores de pó ou terra,
mas nunca com água;
 Quando manipulares fontes de corrente, não lhes toques com as mãos
nem uses calçado molhado. Utiliza luvas secas e certifica-te de que o
cabo de terra está ligado. Toca no equipamento apenas com as costas
das mãos.

Os cabos de soldadura são formados por vários condutores, geralmente, de


cobre, cobertos com uma ou várias camadas de isolante. Sempre que verifiques
algum defeito no isolamento, deves trocar o cabo.

Os cabos eléctricos oferecem resistência à passagem da corrente eléctrica e


aquecem. Torna-se por isso necessário que determines a secção dos conduto-
res em função da intensidade de corrente que por ele vai circular.

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Certifica-te que as ligações entre os condutores não têm folgas e que o com-
primento dos cabos não é excessivo.

Um outro aspecto importante é a tomada de terra; esta evita que uma possível
descarga eléctrica possa atingir o soldador, quando este manipula a fonte de
energia.

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CONCLUSÃO

São aplicados tratamentos térmicos para alterar as condições físicas dos aços.

Existem vários tratamentos térmicos que podes aplicar, tais como: Recozimen-
to, Têmpera, Revenido e Cementação.

Cada um destes tratamentos produz efeitos diferentes e tem métodos de exe-


cução distintos.

A dureza é uma propriedade dos materiais que é ensaiada e te permite ter um


certo controlo sobre o material.

As estufas absorvem a humidade do ar e são necessárias num processo de sol-


dadura.

Existem diversos tipos de soldadura, entre eles a soldadura por ponto, soldadu-
ra por electro-arco e soldadura por oxi-acetileno; cada tipo de soldadura utiliza
técnicas diferentes.

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SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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RESUMO

 Nas ligas metálicas, os tratamentos térmicos têm como finalidade uni-


formizar a sua estrutura e modificar alguns dos seus elementos consti-
tuintes.
 Uma peça, depois de recozida, torna-se mais macia e um aço tempe-
rado duro e resistente, torna-se brando e fácil de trabalhar.
 Quando trabalhas com peças pequenas, que necessitam apenas de um
aquecimento local, utilizas o maçarico ou a forja de ferreiro e avalias a
temperatura através da cor.
 O Revenido consiste num tratamento térmico que aplicas aos aços,
depois de temperados.
 A Cementação é um tratamento Termoquímico que consiste na carbu-
ração de peças de aço pouco carburado, para posteriormente se sub-
meter a uma têmpera superficial.
 Produtos como: o ar, a cinza, a cal e a areia são refrigerantes muito len-
tos que deves aplicar no recozimento.

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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AUTO-AVALIAÇÃO

1. Aplicas tratamentos térmicos a:

a) Papel.
b) Plástico.
c) Metais.
d) Tecidos.

2. De uma forma geral, para realizares o recozimento deves aquecer a


peça entre:

a) 700°C e 800°C.
b) 500°C e 600°C.
c) 800°C e 900°C.
d) 1700°C e 1800°C.

3. Tens dois processos para realizar o revenido:

a) A frio e a quente.
b) Com água e com óleo.
c) Com cal e com carvão.
d) Por calor interno e por calor externo.

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Unidade didáctica 23
SOLDADURA - POR PONTOS, ELECTRO - ARCO E OXI
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4. Na soldadura por pontos:

a) As peças não são ligadas.


b) As peças são ligadas, apenas, através de porções limitadas das suas
respectivas superfícies, ou seja por “pontos de soldadura”. Este é o pro-
cesso de soldadura mais difícil de executar e é também aquele que pro-
duz o pior resultado.
c) As peças são ligadas, por linhas de 10cm de comprimento. Este é o pro-
cesso de soldadura mais difícil de executar e é também aquele que pro-
duz melhor resultado.
d) As peças são ligadas, apenas, através de porções limitadas das suas
respectivas superfícies, ou seja por “pontos de soldadura”. Este é o pro-
cesso de soldadura mais fácil de executar e é também aquele que pro-
duz melhor resultado.

5. Um dos objectivos do Revenido é:

a) Diminuir a dureza do aço.


b) Aumentar a dureza do aço.
c) Diminuir a resistência do aço ao choque.
d) Aumentar a rigidez e a fragilidade do aço.

6. O tratamento térmico que se aplica aos aços e que consiste em


aquecê-los a uma temperatura determinada e arrefecê-los bruscamen-
te designa-se por:

a) Revenido.
b) Recozimento.
c) Têmpera.
d) Cementação.

7. Para temperares o aço sem usares o pirómetro podes utilizar dois mé-
todos:

a) Utilizando um termómetro ou realizando a prova de centelha.


b) Utilizando um íman ou realizando a prova de centelha.
c) Utilizando um termómetro ou realizando a prova de centeio.
d) Utilizando um íman ou realizando a prova de centena.

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8. Na refrigeração dos tratamentos térmicos deves:

a) Utilizar água fria e renová-la sempre que tiveres muitas peças para tem-
perar.
b) Utilizar água quente e renová-la sempre que tiveres muitas peças para
temperar.
c) Utilizar cubos de gelo.
d) Utilizar leite quente e renová-lo sempre que tiveres muitas peças para
temperar.

9. Nas oficinas de maior dimensão, o teor do carbono é reconhecido:

a) Através da utilização de pirómetros ou chispas desprendidas pelo esmeril.


b) Através da utilização de centelhas ou chispas desprendidas pelo esmeril.
c) Através do cheiro.
d) Através do calor libertado.

10. A figura seguinte representa:

a) Soldadura de canto.
b) Soldadura por electro-arco.
c) Soldadura por oxi-acetileno.
d) Soldadura à esquerda.

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SOLUÇÕES

1. c 2. a 3. d 4. d 5. a

6. c 7. b 8. a 9. b 10. b

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PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

A fim de poderes desenvolver o estudo desta unidade didáctica aqui ficam al-
gumas propostas:

 Realiza um estudo acerca dos vários tipos de soldadura e respectivas


técnicas utilizadas.
 Realiza uma pesquisa junto de fabricantes, a fim de conheceres os ma-
teriais e equipamentos utilizados nos vários tipos de soldadura.

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BIBLIOGRAFIA

 HERNÁNDEZ RIESCO, GÉRMAN. Manual del Soldador. 2ª edição, Aso-


ciación Espanõla de Soldadura y Tecnologías de Unión,1996.
 BROUGHTON, J.D. E ROBERTS, P.M., Furnace Brazing – A Survey of
Media Processes and Plant, Welding and Metal Fabrication, 1973.
 GUY, A.G., “Ciência dos Materiais”, Editora da Universidade de São
Paulo-McGraw-Hill International Book Company, 1976.

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Unidade didáctica 23

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