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Alexandre Alberto

Armando Muiane
Awage Aiuba Ahamada
Delsen Didi Pereira
Erasmo Marcelino Augusto
Frana Alves Vireque
Katia F. A. Rosario
Suzete António B. Moreira
Xavier Carlitos Tebulo

GESTÃO AMBIENTAL TERRITORIAL

(Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitações em Turismo)

Universidade Rovuma
Nampula
2021

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Alexandre Alberto
Awage Aiuba Ahamada
Armando Muiane
Delsen Didi Pereira
Erasmo Marcelino Augusto
Frana Alves Vireque
Suzete António B. Moreira
Katia F. A. Rosario
Xavier Carlitos Tebulo

GESTÃO AMBIENTAL TERRITORIAL

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de


Gestão Ambiental, entregue ao departamento de
Ciências de Terra e Ambiente, 4o ano do curso
de Licenciatura em Geografia, leccionada pelo:
Mestre Maria Florência.

Universidade Rovuma
Nampula
2021

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Índice
Introdução........................................................................................................................................4

1. GESTAO AMBIENTAL TERRITORIAL..................................................................................5

1.1. A Constituição da República de Moçambique.........................................................................5

1.1.1. O esverdear do discurso político e o advento de quadro jurídico-ambiental.........................6

1.1.4. Legislação ambiental complementar.....................................................................................8

1.1.5. Quadro legal sobre ordenamento do território.......................................................................9

1.2. Tipos Territoriais da protecção do Ambiente.........................................................................11

1.2.1. Territórios de Protecção Ambiental.....................................................................................11

1.2.2. Tipos de áreas de protecção Ambiental...............................................................................13

1.3. Tecnologia Ambiental............................................................................................................15

1.3.1. Tecnologias sustentáveis.....................................................................................................16

1.3.2. Tipologia das tecnologias ambientais..................................................................................16

1.3.3. Tipologia das empresas desenvolvedoras de tecnologias ambientais..................................18

Conclusões.....................................................................................................................................19

Bibliografia....................................................................................................................................20

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Introdução
O presente trabalho aborda sobre Gestão Ambiental Territorial, é indispensável um
aprofundamento no que diz respeito a importância da Gestão ambiental territorial, uma vez que
nesses últimos anos verifica-se problemas ambientais. O tema em si reveste-se de grandes
instâncias pelo que, em Gestão Ambiental é um tema de análise bastante essencial no que diz
respeito a conservação do meio ambiente usando tecnologia para conservação do ambiente. O
respectivo trabalho tem como objectivos geral e específicos.

Objectivo Geralː
Compreender. Quadro jurídico sobre a protecção do ambiente em Moçambique.

Objectivos específicos:
 Explicar a Lei do ambiente em Moçambique;
 Identificar Principais áreas de protecção ambiental
 Identificar tipos de tecnologia Ambiental.

Metodologias
No que diz respeito a metodologias, o grupo recorreu a pesquisa bibliográfica.

Estrutura do trabalho
O vigente trabalho está estruturado em introdução, desenvolvimento, conclusão e referências
bibliográficas.

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1. GESTAO AMBIENTAL TERRITORIAL

Moçambique deu passos importantes e significativos na construção, aprovação e


desenvolvimento de um quadro jurídico sobre a protecção do ambiente. Para além do reforço do
regime constitucional, da aprovação de políticas e estratégias e da adesão aos principais
instrumentos internacionais no domínio do ambiente, vigora entre nós uma Lei do Ambiente
bastante actual, cujas bases têm vindo a ser gradualmente regulamentadas, através de um
assinalável esforço protagonizado pelo Governo. Porém, este esforço ainda não está terminado,
havendo aspectos por regulamentar que deverão merecer atenção por parte do legislador
nacional, tal como é exemplo a questão da tipificação de crimes ambientais.

Importa ainda referir a inclusão de aspectos ambientais na diversa legislação que versa sobre as
actividades económicas, incluindo a exploração de recursos naturais. Neste caso, também urge
atender à necessidade de acautelar as questões ambientais em alguns sectores de actividades,
como, por exemplo, o da agro-pecuária.

“Apesar do assinalável trabalho na produção de instrumentos legais, há agora que enfrentar o


sério défice que se coloca no capítulo da implementação, por muitos apontado como o principal
desafio na construção de um Estado que se pretende de Direito”. CARLOS M. Serra, (2012,
pág. 9).

1.1. A Constituição da República de Moçambique


A Constituição, em primeiro lugar, eleva o ambiente à categoria de bem jurídico fundamental da
comunidade, ao lado de outros bens clássicos, como a vida, a integridade física, as diferentes
liberdades, entre outros. A protecção constitucional do bem jurídico ambiente foi
significativamente reforçada na Lei Fundamental de 2004, a qual não só sublinhou o direito
fundamental de todo o cidadão ao ambiente equilibrado e respectivo dever de o defender, como
ainda maximizou o interesse público de protecção do ambiente, criou uma norma geral prevendo
deveres do cidadão para com a comunidade, incluindo o de defender o ambiente, consagrou o
direito de acção popular como garantia para defender bens jurídicos de natureza difusa ou
colectiva, entre os quais o ambiente, e consubstanciou como um dos princípios estruturantes o
princípio do desenvolvimento sustentável.

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1.1.1. O esverdear do discurso político e o advento de quadro jurídico-ambiental
O advento de um quadro jurídico ambiental especifica ocorre em Moçambique, tal como
aconteceu na grande maioria dos países, a seguir à sua participação na Conferência das Nações
Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992. A
questão ambiental tornou-se central nos discursos políticos nacionais a partir do início da década
de noventa, ganhando corpo nos anos seguintes, constituindo uma das áreas transversais do
principal instrumento programático do Governo moçambicano – o Plano Quinquenal.

“Contudo, um passo importante foi dado dois anos antes – a aprovação da segunda
Constituição de Moçambique Independente, em 1990. Esta Constituição consagrou um
conjunto de normas ambientais sem correspondência no texto fundamental anterior, com
especial destaque para o preceito que reconheceu o direito fundamental ao direito
equilibrado e a norma que consubstanciou, ainda que muito genericamente, uma
obrigação do Estado em promover acções de protecção, conservação e valorização do
ambiente”. CARLOS M. Serra, (2012, pág. 12).

Desde então, o País tem registado um movimento significativo no domínio jurídico- ambiental
traduzido em quatro linhas fundamentais:

 Aprovação de um conjunto significativo de legislação com importância directa ou indirecta


para a protecção e conservação do ambiente, incluindo leis da Assembleia da República,
decretos do Governo e inúmeros diplomas ministeriais;
 Criação de órgãos públicos específicos no domínio do ambiente ou reforço das competências
dos órgãos pré-existentes de modo a integrar um, leque cada vez mais diversificado de
atribuições e competências ambientais;
 Aprovação de políticas sectoriais que reflectem uma preocupação crescente com a protecção
do ambiente;
 Adesão a instrumentos internacionais de protecção e conservação do ambiente,
nomeadamente convenções internacionais e protocolos regionais.

Moçambique dispõe, presentemente, de um quadro jurídico-legal que se pode considerar actual,


significativo, abrangente, adequado em muitos aspectos e diversificado, focando variados
aspectos na problemática ambiental. Este quadro assenta fundamentalmente na Constituição da
República de Moçambique (de 2004), na Lei do Ambiente (Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro), e nos
respectivos regulamentos, aprovados por Decreto do Conselho de Ministros.

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1.1.2. A Lei do Ambiente
A Lei do Ambiente configura-se actualmente como uma espécie de Lei-quadro, fixando os
pilares do regime de protecção jurídico-legal do ambiente. Segundo o respectivo artigo 2, esta
Lei “tem como objecto a definição das bases legais para uma utilização e gestão correctas do
ambiente e seus componentes, com vista à materialização de um sistema de desenvolvimento
sustentável no país.

De acordo com CARLOS M. Serra, (2012, pág. 15) Assim, a Lei do Ambiente centrou-se
fundamentalmente na definição de um conjunto de conceitos e princípios fundamentais
da gestão ambiental, na fixação do quadro institucional básico de protecção do ambiente,
na eleição de uma norma geral de proibição de todas as actividades que causem
degradação ambiental para além dos limites legalmente definidos (com destaque para a
poluição), da enunciação de normas especiais de protecção do ambiente (com especial
enfoque na protecção da biodiversidade), na previsão de um conjunto de instrumentos de
prevenção ambiental (o licenciamento ambiental, o processo de avaliação do impacto
ambiental e a auditoria ambiental) e na caracterização do sistema de infracções,
penalidades e fiscalização.

1.1.3. Regulamentos da Lei do Ambiente


Em termos de regulamentação, há a destacar um assinalável esforço por parte do Governo
moçambicano, traduzido na aprovação de um conjunto importante de regulamentos sobre os
temas principais da Lei do Ambiente.

A Lei do Ambiente versa sobre a poluição do ambiente e foi já objecto de um assinalável esforço
de regulamentação. Destacam-se o Regulamento sobre a Gestão dos Lixos Biomédicos
(aprovado pelo Decreto n.º 8/2003, de 18 de Fevereiro), o Regulamento sobre Padrões de
Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes (aprovado pelo Decreto n.º 18/2004, de 2 de
Junho, alterado pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro), o Regulamento sobre a Gestão de
Resíduos (aprovado pelo Decreto n.º 13/2006, de 15 de Junho), o Regulamento sobre Prevenção
da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro (aprovado pelo Decreto n. ° 45/2006,
de 30 de Novembro), na parte que diz respeito à poluição, o Regulamento sobre a Gestão das
Substâncias que Destroem a Camada de Ozono (aprovado pelo Decreto n. ° 24/2008, de 1 de
Julho) e o Regulamento obre o Banimento do Amianto e seus Derivados (aprovado pelo Decreto
n. ° 55/2010, de 22 de Novembro).

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1.1.4. Legislação ambiental complementar
A incorporação de normas ambientais na legislação sectorial
O quadro jurídico-legal do ambiente é complementado por um conjunto de leis e regulamentos
respeitantes aos diversos sectores de actividade, designadamente de terras, águas, florestas e
fauna bravia, pescas, turismo, saúde, agro-pecuária, indústria, comércio, transportes e
comunicações, minas, petróleos (incluindo gás natural), energia, obras públicas e cultura.

CARLOS M. Serra, (2012, pág. 20) “A preocupação com a protecção do ambiente tornou-se
paulatinamente presente na vasta e dispersa legislação sectorial, ainda que o tratamento tenha
sido feito de forma bastante diferenciada em termos de profundidade, existência e alcance”.

Os sectores de águas, florestas e fauna bravia, pescas, minas, petróleos e turismo são aqueles
que, no presente momento, se encontram na dianteira em termos de desenvolvimento de normas
jurídico-ambientais, apesar de o enfoque estar na exploração do recurso e não propriamente na
questão da protecção e conservação, justificando-se que o assento tónico seja sobre o
licenciamento da actividade.

Agro-pecuária
Tal como é o caso da actividade agrícola, grandemente responsável pela problemática ambiental
a nível planetário e também nacional (a título de exemplo, veja-se a destruição das florestas e
redução da biodiversidade, o esgotamento dos recursos hídricos, subterrâneos e de superfície, a
degradação dos solos - erosão, empobrecimento, excesso de sal, a poluição química dos solos e
águas devido ao uso e abuso de fertilizantes e pesticidas químicos e o esgotamento das reservas
hídricas por causa decorrente do uso não regrado da água).

Urge portanto elaborar e fazer aprovar uma Lei-quadro sobre a actividade agrícola, facilitando o
papel do Executivo na implementação das respectivas políticas e estratégias. Esta lei fixaria,
entre outros aspectos de natureza social e económica, os princípios e regras fundamentais para
protecção e conservação dos solos, dos recursos hídricos e da biodiversidade, estabelecendo
igualmente um regime específico e mais adequado do que o geral sobre a avaliação dos impactos
ambientais.

“Procurar-se-ia em tal lei estabelecer as relações fundamentais com conceitos como o


ordenamento do território e a avaliação ambiental estratégica, considerados fundamentais para

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a reconstrução do equilíbrio desfeito entre o Homem, território e recursos naturais” CARLOS
M. Serra, (2012, pág. 24).

Esta Lei poderia ainda contemplar a actividade de pecuária, dada a estreita relação entre as duas
áreas, assumindo-se como Lei da Actividade Agro-Pecuária, ainda que, ao nível da actividade
pecuária, exista legislação regulamentar contendo algumas normas ambientais, longe de
constituir o nível adequado de protecção.

Conservação
Para além da questão da necessidade de “esverdear” a actividade agrícola, importa ainda dar
seguimento ao trabalho iniciado com a elaboração e a aprovação da Política de Conservação e
Estratégia da sua Implementação, aprovada pela Resolução n.º 63/2009, de 2 de Novembro,
procedendo-se à elaboração de uma autêntica Lei da Conservação, capaz de responder às lacunas
existentes ao nível da legislação de florestas e fauna bravia, cujo enfoque é, efectivamente, o
licenciamento do uso e exploração dos recursos florestais e faunísticos, e não propriamente a sua
conservação.

Esta Lei teria como objectivo fundamental a promoção de um sistema nacional de conservação
dos recursos naturais biológicos e seus ecossistemas, integrando a rica biodiversidade terrestre e
aquática, contribuindo para a sustentação da vida, crescimento económico e para a erradicação
da pobreza em Moçambique.

1.1.5. Quadro legal sobre ordenamento do território


“A organização racional e equilibrada do espaço territorial, à qual responde o desafio do
ordenamento do território, é hoje perspectivada como uma das condições fundamentais para
alcançar o desenvolvimento sustentável, nas suas dimensões económica, social e ambiental”
CARLOS M. Serra, (2012, pág. 28).
O ordenamento do território foi finalmente objecto de atenção legislativa, tendo presente a sua
enorme importância na organização das diferentes actividades socioeconómicas no espaço
territorial com salvaguarda pelos valores ambientais, resultando na aprovação da Política de
Ordenamento Territorial (aprovada pela Resolução n. ° 18/97, de 30 de Maio), da Lei do
Ordenamento do Território (Lei n.º 19/2007, de 18 de Julho), do respectivo Regulamento
(aprovado pelo Decreto n.º 23/2008, de 1 de Julho) e, mais recentemente, da Directiva sobre o

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Processo de Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial (aprovado pelo Diploma
Ministerial n.º 181/2010, de 3 de Novembro).

Estes instrumentos legais reforçaram consideravelmente os princípios e regras constantes na


legislação de terras (consolidando a segurança e posse da terra, especialmente por parte das
populações mais desfavorecidos) e do ambiente (o ordenamento do território constitui uma
importante ferramenta de protecção do ambiente, de cada um dos respectivos componentes e dos
recursos naturais).

Energia
No sector energético, a Lei n.º 21/97, de 1 de Outubro, regula a actividade de produção,
transporte, distribuição e comercialização de energia eléctrica. Esta Lei teve sequência
regulamentar através do Decreto n.º 42/2005, de 29 de Novembro (que aprovou o Regulamento
que Estabelece Normas Referentes à Rede Nacional de Energia Eléctrica) e do Decreto n.º
48/2007, de 22 de Outubro (que aprovou o Regulamento de Licenças para Instalações
Eléctricas). Esta Lei está de certo modo desajustada em relação aos grandes desafios que se
colocam em face da corrida para os biocombustíveis, bem como das chamadas energias novas ou
renováveis.

Para o efeito, o Governo aprovou duas importantes políticas – a Política e Estratégia de


Biocombustíveis (aprovada pela Resolução n.º 22/2009, de 21 de Maio e a Política de
Desenvolvimento de Energias Novas e Renováveis (aprovada pela Resolução n.º 62/2009, de 14
de Outubro). Falta agora preparar o necessário arranjo legal, que pode ser via aprovação de uma
nova Lei sobre a Energia, ou então, solução mais fácil, através da preparação de regulamentos a
aprovar pelo Conselho de Ministros.

Construção
Se existe um sector que tem vindo a ser relegado para o esquecimento em matéria legislativa esse
sector é o da construção. Na realidade, contínua em vigor o velho Regulamento Geral de
Edificações Urbanas (aprovado pelo Diploma Legislativo n.º 1976, de 10 de Março de 1960),
bastante desajustado em relação aos desafios rumo à sustentabilidade que se colocam a este
sector de actividade. O Regime de Licenciamento de Obras Particulares (aprovado pelo Decreto
n.º 2/2004, de 31 de Março) pouco disse em relação à protecção do ambiente.

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De acordo com CARLOS M. Serra, (2012, pág. 28), “torna-se necessário fazer aprovar
um instrumento legal que regule a actividade da construção, garantindo a necessária
sustentabilidade ambiental, através da previsão de normas que definam o tipo de
matérias-primas, que promovam a reciclagem e reutilização de materiais, que adeqúem as
construções às diferentes mudanças climáticas de que Moçambique é alvo, que garantam
a poupança energética, bem como a auto-suficiência hídrica (incluindo a captação de
águas pluviais e a reutilização e reciclagem de águas) ”.

1.2. Tipos Territoriais da protecção do Ambiente


Os territórios de protecção são áreas territoriais delimitadas, representativas do património
natural nacional, destinadas à conservação da diversidade biológica e de ecossistemas frágeis ou
de espécies animais ou vegetais, podendo estas serem do domínio publico do Estado ou do
domínio privado e nelas podendo ocorrer actividades económicas compatíveis com seu
propósito.

1.2.1. Territórios de Protecção Ambiental


Território de Protecção Ambiental é uma área de conservação de uso sustentável, de domínio
público, delimitada, gerida de forma integrada, onde a interacção entre a actividade humana e a
natureza modelam a paisagem com qualidades estéticas, ecológicas ou culturais específicas e
excepcionais, produzindo serviços ecológicos importantes para os seus residentes e seus
vizinhos.
A Área de Protecção Ambiental visa a realização dos seguintes objectivos:

a) Assegurar a protecção e preservação dos componentes ambientais, bem como a manutenção e


melhoria dos ecossistemas de reconhecido valor ecológico e socioeconómico;
b) Manter uma relação harmoniosa da natureza e da cultura, protegendo a paisagem e garantindo
formas tradicionais de ocupação do solo e de construção bem como de expressão de valores
socioculturais;

c) Encorajar modos de vida e actividades socioeconómicas sustentáveis em harmonia com a


natureza, bem como com a preservação de valores culturais das comunidades locais;

d) Manter a diversidade da paisagem e do habitat, bem como as espécies e ecossistemas


associados;

e) Prevenir e eliminar qualquer forma de ocupação do solo e actividades incompatíveis que, pela
dimensão ou grandeza, ponham em causa os objectivos da protecção da paisagem;

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f) Proporcionar aos cidadãos espaços de lazer ao ar livre respeitando as qualidades essenciais da
área de conservação;

g) Contribuir para o desenvolvimento sustentável ao nível local, pela promoção do turismo e da


participação das comunidades locais nos benefícios resultantes dessas actividades.

As áreas definidas como Áreas de Protecção Ambiental devem possuir as seguintes


características principais:

a) Constituída por uma ou várias áreas chave, destinadas à protecção integral da natureza;
b) Possua uma ou várias zonas entre estas áreas chave, onde o processo de ocupação do espaço e
o maneio dos recursos naturais sejam planificados e conduzidos de modo participativo e em
bases sustentáveis;
c) Possua uma ou várias zonas de desenvolvimento económico, onde só sejam admitidas
actividades de que não resultem em danos para as áreas chave.

A Área de Protecção Ambiental pode abranger áreas terrestres, águas lacustres, fluviais ou
marítimas e outras zonas naturais distintas.

1.2.2. Tipos de áreas de protecção Ambiental


Coutada Oficial
A Coutada Oficial é uma área de conservação de uso sustentável, de domínio público do Estado,
delimitada, destinada a actividades cinegéticas e a protecção das espécies e ecossistemas, na qual
o direito de caçar só é reconhecido por via do contrato de concessão celebrado entre o Estado e o
operador e mediante quotas aprovadas anualmente.

A Coutada Oficial tem os seguintes objectivos de conservação:


a) Assegurar a protecção e preservação dos componentes ambientais, bem como a manutenção e
melhoria dos ecossistemas de reconhecido valor ecológico, social, cultural ou económico;
b) Manter a diversidade e conectividade da paisagem e do habitat, bem como as espécies e
ecossistemas associados;
c) Encorajar modos de vida e actividades sócio-económicas sustentáveis em harmonia com a
natureza, bem como com a preservação de valores culturais e espirituais das comunidades locais;

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d) Contribuir para o desenvolvimento sustentável ao nível local, pela promoção do turismo
cinegético com a participação das comunidades locais nos benefícios resultantes dessas
actividades.

Área de Conservação Comunitária


A Área de Conservação Comunitária constitui uma área de conservação de uso sustentável, do
domínio público comunitário, delimitada, sob gestão de uma ou mais comunidades locais onde
estas possuem o direito de uso e aproveitamento da terra, destinada à conservação da fauna e
flora e uso sustentável dos recursos naturais.

A Área de Conservação Comunitária visa a realização dos seguintes objectivos:


a) Proteger e conservar os recursos naturais existentes na área do uso consuetudinário da
comunidade, incluindo conservar os recursos naturais, florestas sagradas e outros sítios de
importância histórica, religiosa, espiritual e de uso cultural para a comunidade local;
b) Garantir o maneio sustentável dos recursos naturais de forma a resultar no desenvolvimento
sustentável local;
c) Assegurar o acesso e perenidade das plantas de uso medicinal e à diversidade biológica em
geral.
Para além do previsto no número anterior, a Área de Conservação Comunitária tem,
também, os seguintes objectivos de conservação:

a) Assegurar a partilha de benefícios provenientes da conservação dos recursos naturais e dos


seus serviços de ecossistemas para o desenvolvimento socioeconómico e cultural das
comunidades e a sua manutenção para as gerações vindouras;
b) Promover a sensibilização local sobre o valor da sua biodiversidade, ecossistema, paisagem,
social, cultural, espiritual e económico.
As Áreas de Conservação Comunitária devem possuir as seguintes características:
a) Área com ecossistemas conservados;
b) Áreas de utilização múltipla dos recursos naturais principalmente pelas comunidades locais
seguindo as normas e práticas costumeiras.

Santuário
O Santuário é uma área de domínio público do Estado ou de domínio privado, destinada à
reprodução, abrigo, alimentação e investigação de determinadas espécies de fauna e flora. O
Santuário pode ser demarcado dentro de uma área de conservação já criada ou fora dela.

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O Santuário tem os seguintes objectivos de conservação:

a) Preservar e conservar a condição natural dos habitats para salvaguarda das áreas inalteradas ou
áreas pouco alteradas sem habitação humana permanente ou significativa no meio;
b) Preservar populações representativas de espécies de flora e fauna raras, endémicas, em
extinção, em declínio ou de valor intrínseco elevado ao nível local, nacional ou internacional, e
seus habitats;
c) Criar as condições para a reprodução, abrigo e alimentação de determinadas espécies de fauna
e flora;
d) Estabelecer as condições para a investigação de determinadas espécies de fauna e flora quando
isso não seja possível ou não seja prático noutras circunstâncias.

Parque Ecológico Autárquico


O Parque Ecológico Autárquico é uma área de conservação de uso sustentável de domínio
público autárquico, para a conservação de ecossistemas sensíveis no contexto urbano e de
povoação.
O Parque Ecológico Autárquico visa a realização dos seguintes objectivos:
a) Proteger elementos da natureza cruciais para o equilíbrio ecológico da autarquia local,
incluindo terras húmidas, mangais, encostas, dunas, áreas florestais;
b) Proteger e conservar espécies e ecossistemas endémicos, raros ou ameaçados;
c) Prevenir a ocupação arbitrária e a urbanização descontrolada e desregrada dos espaços verdes
localizados nas autarquias locais;
d) Contribuir para a qualidade de vida dos autarcas;
e) Estimular a educação ambiental, recreação e lazer dos munícipes bem como a prática de
ecoturismo; f) Permitir a regeneração de espécies essenciais à subsistência das populações;
g) Incentivar a pesquisa científica, especialmente associada aos estabelecimentos de ensino e
investigação.

1.3. Tecnologia Ambiental


A preservação do meio ambiente é um tema urgente e de necessário debate, principalmente neste
momento em que, mesmo com esforços colectivos de diversos países, ainda podemos observar
os impactos causados à natureza derivados do desmatamento, queimadas, emissão de gases
poluentes, entre outros. Com o passar do tempo, é possível observar a criação e fortalecimento de

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tecnologias de baixo custo capazes de reduzir os impactos causados à natureza. Por outro lado,
são inegáveis as dificuldades para estas em práticas, de forma que possam alcançar os resultados
para quais foram desenvolvidas. A implantação de tecnologias sustentáveis tem como objectivo
possibilitar a coexistência do crescimento populacional e nosso ecossistema, atendendo as
necessidades das sociedades atuais sem comprometer as futuras gerações.

“Com o avanço da globalização e evolução das tecnologias, foi possível perceber um


encurtamento de distâncias, tanto em comunicação e transporte, entre países do mundo
todo, proporcionando uma integração que tornou comum a expressão aldeia global. O
termo “aldeia” faz referência a um lugar pequeno, onde todas as coisas estão próximas
umas das outras, sendo assim, remete a ideia de que a integração mundial no meio
técnico-informacional tornou o planeta metaforicamente menor” FERREIRA, A. Soares
(2018, pág. 13).

1.3.1. Tecnologias sustentáveis


Podemos entender tecnologia sustentável como sendo a junção e a aplicação de todas as ciências
de que o ser humano dispõe, para, que de modo prioritário, possamos dar continuidade, não só de
nossa, como também das gerações futuras. Cada vez mais são necessárias soluções e saídas
inteligentes para problemas como lixo, descarte de materiais, falta d’água, poluição, geração de
energia etc.

A tecnologia sustentável é uma das várias formas de utilizar tecnologias sem poluir o meio
ambiente. A ideia de desenvolvimento sustentável surgiu a partir do conceito de
ecodesenvolvilmento, proposto durante a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida em Estocolmo, na Suécia, em 1972.

1.3.2. Tipologia das tecnologias ambientais


As propostas de inovações em tecnologias ambientais engendram um paradoxo complexo, cuja
interpretação determina o tipo de tecnologia ambiental que será escolhida para desenvolvimento.
Isso porque, se por um lado a geração de rupturas radicais nesse campo depende de um esforço
inovador superior ao exigido para o desenvolvimento de abordagens incrementais, além de
apresentar um risco maior para empresas desenvolvedoras e poder ser mais contestada por alguns
grupos de stakeholders; por outro lado há uma crença de que, a despeito de necessária, a geração
de tecnologias ambientais incrementais não é capaz de fazer frente aos atuais imperativos
ambientais.

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“Nesse contexto, para além dos tipos radical e incremental, cabe destacar a proposta de
tipologias ambientais desenvolvida por Kuehr (2007). O autor afirma que a formulação
de uma tipologia das tecnologias ambientais constitui uma carência da literatura
especializada. Assim, ele empreendeu uma tipologia oriunda, principalmente, de sua
percepção e experiência sobre o tema. Sua proposta é de que o conjunto das tecnologias
ambientais pode ser dividido em quatro categorias” CHARBEL J. Chiappetta (2010, pág.
600).

Tecnologia de mensuração ambiental

Envolve ferramentas, instrumentos, equipamentos e sistemas de gestão da informação para


mensuração e controle ambientais.
Uma categoria desse tipo possui como objectivos:

Fornecer uma gama confiável de opções para a tomada de decisões sobre a qualidade do meio
ambiente;
Fornecer à humanidade informações úteis na busca por alternativas ambientais, como, por
exemplo, a falta de água e aquecimento global.

A tecnologia de mensuração ambiental contrasta com suas congéneres por não focar
necessariamente na redução dos impactos produzidos pela humanidade sobre o ambiente natural,
mas sim por subsidiar o entendimento de como o meio ambiente vem se alterando e quais são as
melhores alternativas para minimizar os impactos dessas alterações sobre a perspectiva de
qualidade de vida da população;

Tecnologias de controlo da poluição


Engloba o conjunto de processos e materiais que foram desenvolvidos para neutralizar os
impactos gerados durante o ciclo produtivo, sem, necessariamente, implicar modificações nos
processos originais. Em outras palavras, tais tecnologias apoiam o controlo da poluição gerada
em um determinado processo, sem alterá-lo completamente. Se por um lado tais tecnologias
podem controlar a poluição; por outro podem gerar outros tipos de impactos ambientais, como,
por exemplo, aumento no consumo de energias.

Tecnologias mais limpas ou de prevenção da poluição


Diz respeito às modificações empreendidas para minimizar ou até mesmo eliminar qualquer
efeito prejudicial que um processo pode gerar no meio ambiente. Diferem-se das tecnologias de

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controlo da poluição por requererem uma perspectiva holística de como podem ser reduzidos os
impactos ambientais de um processo ou produto.

Tecnologias ambientais de impacto nulo


Tecnologias que, de fato, não geram impacto algum durante seu processo de desenvolvimento e
utilização. Dentro de uma perspectiva pontual, essas tecnologias podem ser observadas no campo
da biotecnologia, mas no contexto de um ciclo produtivo completo, sua existência é considerada
utópica.

1.3.3. Tipologia das empresas desenvolvedoras de tecnologias ambientais


Tipo Características Nichos explorados
Geralmente são empresas Produtos activados por energia solar,
baseadas em engenharia que conversores de energia solar, materiais
alteraram seus produtos alternativos para embalagens, baterias
Empresa ambientalmente convencionais para produtos recarregáveis e produtos similares
“intermediária” ambientalmente melhorados, em
termos de performance ou
benefícios. Grande enfoque em
soluções ambientais, incluindo
redução de desperdícios
Empresas com uma visão Produtos para tratamento de efluentes,
sistémica da inserção da tecnologias alternativas radicais
Empresa ambientalmente dimensão ambiental no contexto
“intensiva” de seus negócios, cuja actuação
é inerente ao desenvolvimento
de tecnologias ambientais
Empresas não manufactureiras e Produtora de vídeos para treinamento
gerenciadores de informações. ambiental, instituições financeiras
Empresa de serviços Utilizam e entregam serviços ambientalmente orientadas, softwares para
“ambientais” que objectivam a redução de a análise do ciclo de vida dos produtos
impactos ambientais
Fonte: Baseado em Smith (2001)

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Como se percebe, a tipologia das tecnologias ambientais defendida por Kuehr (2007) possui
similaridades com as abordagens de outras pesquisas, mas o autor avança nesse sentido ao
reflectir sobre os dois tipos de tecnologias que ocupam os extremos dessa proposta: as
tecnologias de mensuração ambiental e de impacto nulo.

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Conclusões
Como principal conclusão, o grupo confirma que Moçambique possui um quadro político-
jurídico sobre o ambiente de valor assinalável, começando pela Constituição da República, que
tratou como nenhum das suas antecessoras a questão ambiental, passando pela Lei do Ambiente
de 1997 e respectivos regulamentos, culminando na já rica e variada legislação ambiental
sectorial. Este quadro é significativamente reforçado com a aprovação da Lei do Ordenamento
do Território e respectivo Regulamento, prevendo um conjunto significativo de princípios e
normas ambientais, bem como um leque de instrumentos de ordenamento territorial à escala
nacional, provincial, distrital e autárquica, que a serem levados a cabo com rigor, método,
esmero e abertura, sendo posteriormente implementados, contribuiriam sobremaneira para a
resolução de grande parte dos problemas ambientais que ocorrem em Moçambique.

Assim, ao buscar-se um significado de tecnologia ambiental, este trabalho Assim, busca um


significado de tecnologia ambiental, este artigo propõe o desenvolvimento de hardwares ou
softwares que, por meio da adopção de novos conceitos de design, equipamentos e
procedimentos operacionais, passam a incorporar práticas de melhoria contínua de desempenho
ambiental, principalmente por utilizar matérias-primas de baixo impacto ambiental, processá-las
de forma eficiente, fomentar o reaproveitamento e o mínimo desperdício de seus produtos finais,
alterando um dado ciclo produtivo.

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Bibliografia
CARLOS Manuel l Serra, O Meio Ambiente em Moçambique, 2012.

CHARBEL José C. Jabbour, Tecnologias ambientais: em busca de um significado,2010.

FERREIRA, O uso de tecnologias sustentáveis a favor do meio ambiente no, 2018.

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