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Felisberto Lázaro Mussala Vireque

Séries de Funções

(Licenciatura em Ensino de Matemática com Habilitações em Estatística)

Universidade Rovuma

Lichinga

2024
Felisberto Lázaro Mussala Vireque

Séries de Funções

Trabalho da cadeira de Análise Harmónica, a


ser entregue no Departamento de Ciências,
Tecnologias, Engenharia e Matemática para
fins avaliativos, sob orientação do Msc: Vital
de Melo Napapacha.

Universidade Rovuma

Lichinga

2024
Índice
0.Introdução ................................................................................................................................ 3
1. Séries numéricas .................................................................................................................. 4
1.1 Série numérica ............................................................................................................. 4
1.3 Uma condição necessária para que uma série seja convergente – Critério do termo
geral para divergência ............................................................................................................. 8
1.3.1 Critério do termo geral para divergência .............................................................. 8
2. Critérios de convergência e divergência para séries de termos positivos ........................... 8
2.1 Critério ou teste da integral ............................................................................................... 8
2.2 Critérios ou Testes de comparação e do limite ............................................................... 11
2.2.1 Critério de comparação ............................................................................................ 11
2.2.2 Critério do Limite ..................................................................................................... 12
2.3 Critério de Comparação de Razões ................................................................................. 12
2.4 Critérios da Razão e da Raíz ........................................................................................... 13
2.4.1 Critério da razão ou de Cauchy ................................................................................ 13
2.4.2 Critério da raíz ou de d`Alembert ............................................................................ 14
3.Critério de Raabe ............................................................................................................ 14
4.Critério de De Morgan ........................................................................................................... 15
5. Séries absolutamente convergentes. Critério da razão para séries de termos quaisquer ...... 17
5.1 Série absolutamente convergente e série condicionalmente convergente ...................... 17
5.2 Critério da razão para séries termos quaisquer ............................................................... 18
6. Critério de Cauchy para convergência de série numérica .................................................... 19
7. Critério de Dirichlet .............................................................................................................. 19
8. Séries de funções .................................................................................................................. 21
8.1 Critério de Cauchy para convergência uniforme de uma série de funções ..................... 21
8.2 O Critério M de Weierstrass para convergência uniforme de uma série de funções ...... 21
8.3 Campo ou intervalo de convergência .............................................................................. 22
9. Conclusão ............................................................................................................................. 24
Referências bibliográficas ........................................................................................................ 25
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0.Introdução
Em muitas situações não é possível escrever a solução de um problema utilizando funções
elementares e suas combinações finitas. Então utilizam-se sucessões e séries de funções que,
como vamos ver mais tarde, dão a possibilidade de descrever analiticamente uma classe
bastante larga de funções.

O trabalho em mãos tem como temaː Séries de funções. Este tem como objectivo geral:
Conhecer as séries de funções.

Tem como objectivos específicosː

 Definir séries numéricas;


 Identificar as propriedades das séries numéricas;
 Reconhecer os principais teoremas das séries.
Utilizou-se uma pesquisa exploratória para a concretização do presente trabalho.

Ao longo do trabalho, inclui-se definições, teoremas, exemplos e/ou exercícios resolvidos,


conclusão e referências bibliográficas.
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1. Séries numéricas

1.1 Série numérica

Seja e um natural fixo, uma sequência numérica; a sequência de termo geral

(1) ∑

denomina-se série numérica associada à sequência (Guidorizzi, 2002). Os números


são denominados termos da serie; é o termo geral da série. Referir-nos-
emos a (1) como soma parcial de ordem da série.

O limite da série, quando existe (finito ou infinito), denomina-se soma da série e é


indicada por ∑ . Assim ∑ ∑ .

Se a soma for finita, diremos que a série é convergente. Se a soma for infinita ( + ou
ou se o limite não existir, diremos que a série é divergente.

O símbolo ∑ foi usado para indicar a soma da série. Tal símbolo será utilizado
ainda para representar a própria série. A série ∑ , se trata da série cuja soma
parcial de ordem é ∑ Escreveremos com frequência

Trabalhar com a série ∑ é o mesmo que trabalhar com a série ∑ onde


Por esse motivo, doravante, todos os resultados serão estabelecidos para
séries ∑

Algumas propriedades imediatas das séries:

a) Seja um real dado. Se ∑ for convergente, então ∑ será


convergente e

∑ ∑

b) Se ∑ e∑ forem convergentes, então ∑ será convergente


e

∑ ∑ ∑
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c) ∑ será convergente se e somente se, para todo natural , ∑ for


convergente. Além disso, se ∑ for convergente, teremos, para
∑ ∑ ∑ .

Exemplos
1 – (Série geométrica). Mostre que, para | | ∑

Solução

Como | | Daí

Logo, a série dada é convergente e tem por soma

A série ∑ onde é um real dado, denomina-se série harmônica de ordem

2 – (Série harmônica). Considere a série harmônica ∑ .

Prove
a) ∑ é convergente

b) ∑

Solução
a) A sequência de termo geral ∑ é crescente. Vamos mostrar, a seguir,

que é limitada superiormente.

∑ ∫
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A sequência ∫ é crescente e ∫

Assim, para todo ∫ Segue que, para todo

Portanto, ∑ é limitada superiormente. Como é crescente, resulta que tal

sequência é convergente, isto é, a série ∑ com tem soma finita e

b) Se ∫ daí

Se ∫ | | Como estamos supondo

Assim, para


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Portanto, para

∑ ∫

Como estamos supondo ∫ Segue que

Portanto, para a série é divergente e ∑

1.2 Critério de convergência para série alternada

No entender de Guidorizzi (2002), uma série alternada é uma série do tipo

para todo natural As séries abaixo são exemplos de séries alternadas:

a) ∑

b) ∑

c) ∑
8

Observe que

∑ ∑

Seja a série alternada ∑ Se a sequência for decrescente e se

então a série alternada ∑ será convergente.

Exemplo

1. A série ∑ é alternada. Como a sequência = é decrescente e

segue, pelo teorema acima, que a série dada é convergente.

1.3 Uma condição necessária para que uma série seja convergente – Critério
do termo geral para divergência

O próximo teorema conta-nos que uma condiçao necessária (mas não suficiente )
para que a série ∑ seja convergente é que

Teorema. Se ∑ for convergente, então .

1.3.1 Critério do termo geral para divergência

Seja a série ∑ . Se ou se não existir, então a


série ∑ será convergente.

Exemplo 1. A série ∑ é divergente, pois =1. Como a sequência

∑ é crescente e divergente, resulta

2. Critérios de convergência e divergência para séries de termos positivos

2.1 Critério ou teste da integral


A relação entre as expressões
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∑ ∫

é que o integrando da integral imprópria resulta quando o índice do termo geral da série
for substituído por e os limites do somatório da série forem substituídos pelos limites de
integração correspondentes (Anton, 2014).

O seguinte teorema mostra que há uma relação entre a convergência da série e da integral.

Teorema – (Teste da Integral) – Seja ∑ uma série com termos positivos. Se for uma
função decrescente e contínua no intervalo [ [ e tal que com então

∑ e∫

ambas convergirão ou divergirão.

Exemplos

1. A série ∑ é convergente ou divergente? Justifique.

Solução

Vamos aplicar o critério da integral utilizando a função Tal função

é positiva, contínua e decrescente em [ [ como se verifica facilmente.

Temos

∫ |

Como , resulta ∫ . Pelo critério da integral,

a série é divergente.

2- Mostre que o Teste da Integral é aplicável e use esse teste para determinar se as
seguintes séries convergem ou divergem.
a) ∑ b) ∑
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Solução a) Já sabemos que essa é a série harmônica divergente, assim o teste da


integral providenciará somente uma outra maneira simples de estabelecer a
divergência.

Observa-se, inicialmente, qu a série tem termos positivos, de modo que o teste é


aplicável. Se substituirmos por no termo geral ⁄ obteremos a função

⁄ que é decrescente e contínua com (como exigido para


aplicar o teste da integral com Como

∫ ∫ [ ]

a integral diverge e, consequentemente, a série também.

Solução b) Observa-se, inicialmente, que a série tem termos positivos, de modo


que o teste é aplicável. Se substituirmos por no termo geral obtemos a

função ⁄ que é decrescente e contínua com Como

∫ ∫ = | * +

A integral converge e, consequentemente, a série converge pelo teste da integral


com .

 Séries

Na óptica de Anton (2014), uma série ou hiper – harmônica é uma série infinita da forma

Onde Exemplos de séries são


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√ √ √ √

O seguinte teorema nos mostra quando uma série converge.


Teorema - (Convergência de séries

Converge se e diverge se

Exemplo

√ √ √

Diverge uma vez que é uma série com

2.2 Critérios ou Testes de comparação e do limite


2.2.1 Critério de comparação
Sejam as séries ∑ e∑ . Suponhamos que exista um natural tal que, para
todo Nestas condições, tem-se:

(i) ∑ convergente ∑ convergente.


(ii) ∑ divergente ∑ divergente.

Exemplo 1. A série ∑ é convergente ou divergente? Justifique.

Solução
Para todo

+ *

Como ∑ é convergente, pois trata-se de uma série harmônica de ordem 2, segue do

critério de comparação que ∑ é convergente. Isto significa que existe um

número tal que


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2.2.2 Critério do Limite


Sejam ∑ e∑ duas séries, com e para todo onde é um
natural fixo. Suponhamos que

Então

a) se real, ou ambas são convergentes ou ambas são divergentes.


b) Se e se ∑ for divergente, ∑ também será divergente.
c) Se e se ∑ for convergente, ∑ também será convergente.

Exemplo

1. A série ∑ é convergente ou divergente? Justifique.

Solução

A série ∑ é convergente, pois trata-se de uma série geométrica de razão

Façamos

Teremos

Pelo critério do limite, conclui-se que a série dada é convergente.

2.3 Critério de Comparação de Razões

Sejam ∑ e ∑ duas séries de termos positivos. Suponhamos que exista

Um natural tal que, para

Nestas condições, tem-se

a) ∑ convergente ∑ convergente
b) ∑ divergente ∑ divergente.
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Exemplo 1

Considere a série de termos positivos ∑ e suponha que existe um natural tal que,
para todo Prove que a série ∑ é divergente.

Solução

Consideremos a série ∑ com para todo Tal série é evidentemente


divergente e, para todo

Pelo critério de comparação de razões, a série ∑ é divergente.

2.4 Critérios da Razão e da Raíz


2.4.1 Critério da razão ou de Cauchy
Seja a série ∑ com para todo onde é um natural fixo. Suponhamos
que exista, finito ou infinito. Seja

Então,

a) ∑ é convergente.
b) ou ∑ é divergente.
c) Se o critério nada revela.

Exemplo

1. A série ∑ é convergente ou divergente? Justifique.

Solução

Como , temos
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Pelo critério da razão, a série ∑ é convergente.

2.4.2 Critério da raíz ou de d`Alembert


Seja a série ∑ com para todo onde é um natural fixo. Suponhamos
que √ exista, finito ou infinito. Seja

Então

a) ∑ é convergente.
b) ou ∑ é divergente.
c) o critério nada revela.

Exemplo 1

A série ∑ é convergente ou divergente? Justifique.

Solução

Vamos aplicar o critério da raiz. Temos

√ √ √

pois √ Logo, a série é convergente.

3.Critério de Raabe
Seja a série ∑ , com para todo natural Suponhamos que (

) existe, finito ou infinito. Seja

( )

Nestas condições, tem-se:

a) ou ∑ é convergente.
b) ou ∑ é divergente.
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c) o critério nada revela.

Exemplo
Utilizando o critério de Raabe, verifique que a série

é convergente.

Solução

Temos

[ ] [ ]

Segue que

( )

Pelo critério de Raabe, a série é convergente.

4.Critério de De Morgan
Seja a série ∑ com para onde é um natural fixo.
Suponhamos que

[ ( ) ]

com finito ou infinito. Então,

ou ∑ é convergente.

ou ∑ é divergente.

d) o critério nada revela.


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Exemplo
Estude a série ∑ com relação a convergência e divergência, onde

e um real dado.

Solução

Como segue que o critério da razão nada revela sobre a

convergência ou divergência da série. Vamos então aplicar o critério de Raabe.


Temos

( )

Daí

( ) [ ]

Pela regra de L`Hospital

e, portanto,

( )
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Pelo critério de Raabe, a série é convergente para e divergente para Para

, o critério de Raabe nada revela. Vamos aplicar o critério de De Morgan para

tentar decidir quando Fazendo Temos

[ ( ) ] [ ]

O 2º membro pode ser colocado na seguinte forma:

[ ]

Temos

Assim,

[ ( ) ]

Pelo critério de De Morgan, a série é divergente para A série é convergente para e

divergente para

5. Séries absolutamente convergentes. Critério da razão para séries de termos


quaisquer
5.1 Série absolutamente convergente e série condicionalmente convergente
Dizemos que a série ∑ é absolutamente convergente se ∑ | | for convergente.

Exemplo

Verifique que a série ∑ é absolutamente convergente.

Solução

Para todo
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| |

Como ∑ é convergente, resulta, pelo critério de comparação, que

∑| |

é convergente. Deste modo, a série dada é absolutamente convergente.

Teorema. Se ∑ | | for convergente, então ∑ será, também, convergente.

5.2 Critério da razão para séries termos quaisquer


Seja a série ∑ com para todo natural Suponhamos que | |

exista, finito ou infinito. Seja

| |

Nestas condições, tem-se:

a) Se a série ∑ | | será convergente.


b) Se ou a série ∑ será divergente.
c) o critério nada revela.

Exemplo

Determine para que a série ∑ seja convergente.

Solução

Para a série é convergente. Para vamos aplicar o critério da razão:

| | | | | |

Segue, do critério da razão, que a série é convergente para | | e divergente para


| |

Para temos a série harmônica ∑ que já sabemos ser divergente. Para

temos a série alternada convergente


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Portanto, a série é convergente para

6. Critério de Cauchy para convergência de série numérica


A série ∑ é convergente se, e somente se, a sequência ∑ , for
convergente.

O Critério de Cauchy diz que a série ∑ é convergente se, e somente se, para todo

dado, existir um natural tal que, quaisquer que sejam os naturais e com

| |

7. Critério de Dirichlet
Seja a série ∑ . Suponhamos que a sequência seja decrescente e tal que
. Suponhamos, ainda, que exista tal que, para todo natural

|∑ |

Nestas condições, a série ∑ é convergente.

Exemplo

1- Prove que a série ∑ é convergente.

Solução

( )

| |
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As sequências e satisfazem, então, as condições do critério de

Dirichlet. Logo, a série ∑ é convergente.


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8. Séries de funções
Uma série de funções é uma série ∑ onde cada é uma função (Guidorizzi, 2002).

Dizemos que a série ∑ converge, em B, à função se, para cada

O que significa que, para cada

A função dada por ∑ denomina-se soma da série ∑

Exemplo

Já sabemos que, para todo com | |

Assim, a série ∑ converge, em ] [ à função | | Aqui

convencionou-se que

8.1 Critério de Cauchy para convergência uniforme de uma série de funções


A série de funções ∑ converge uniformente, em B, à função ∑ se, e
somente se, para todo dado, existir um natural tal que, quaisquer que sejam os
naturais e e para todo

|∑ ∑ |

8.2 O Critério M de Weierstrass para convergência uniforme de uma série de funções


Seja ∑ uma série de funções e suponhamos que exista uma série numérica ∑
tal que, para todo e para todo

| |
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Nestas condições, se a série ∑ for convergente, então a série ∑ convergirá


uniformemente, em B, à função ∑

Exemplo

Verifique que a série ∑ é uniformemente convergente em

Solução

Para todo e para todo natural

| |

A série numérica ∑ é convergente. Segue do critério M de Weierstrass que a série

dada converge uniformemente em à função

8.3 Campo ou intervalo de convergência


Para Smirnov (2003), chama-se intervalo de convergência duma série de funções ao
intervalo compreendido entre os pontos e tal que a série converge, e mesmo
absolutamente, nos pontos desse e diverge nos pontos que lhe são exteriores.

O número designa-se por raio de convergência da série.

O raio de convergência pode ser calculado a partir da regra da razão (Critério d`Alembert)
ou pela regra da raiz ( Critério de Cauchy).

| | ou .
√| |

Exemplo

Determinar o intervalo de convergência da série ∑ .

Resolução

Tendo em conta que


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| |

O intervalo de convergência da série é ( ). A série converge absolutamente no

intervalo ( ) e diverge em ( ) ( ).
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9. Conclusão

Depois de uma breve análise acerca dos conteúdos abordados e segundo os objectivos que
desejava alcançar, conclui-se que foram alcançados de maneira eficiente; podendo
contribuir positivamente para a carreira que nos advém.

O limite da série, quando existe (finito ou infinito), denomina-se soma da série e é indicada
por ∑ . Assim ∑ ∑ .

Existem diversos testes de convergência de séries numéricas, cabendo ao praticante optar


por viável.
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Referências bibliográficas

ANTON, H.; BIVENS, D. & DAVIS, S. (2014). Cálculo. Vol. II. (10. ed.). Brazil:
Bookman.
ÁVILA, G. (1999). Introdução à Análise Matemática. (2. ed.). São Paulo: Edgard Blucher.
GUIDORIZZI, L. H. (2008). Um Curso de Cálculo. Vol. 4. (5. ed.). Rio de Janeiro: LTC.
SMIRNOV, G. V. (2003). Análise Complexa e Aplicações. Lisboa. Escolar Editora.

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