Você está na página 1de 8

Natan Viana

COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Perseguiremos os objetivos traçados pelo autor
da lição, para não desvirtuarmos desse propósito,
citaremos as palavras dele em cada subponto deste
subsídio.

I – A NATUREZA DA IGREJA NA SUA


DIMENSÃO CONFESSIONAL
1. Fundamentada na Palavra. “Não há igreja Sua natureza é
verdadeira sem fundamentação bíblica (2Tm espiritual. O
3.15)”, diz-nos o autor. Qual é o fundamento da Espírito Santo usa
Igreja? Encontraremos em Efésios 2:20 - a Palavra e opera
“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e no coração do
dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra crente.
da esquina”. Os apóstolos, dentre eles Paulo,
inspirado pelo Espírito
inspirado pelo EspíritoSanto,
Santo, deixou-nos
deixou-nos escritaescrita
a a doutrina cristã
fundamentada
doutrina cristã no Antigo Testamento. Isso
fundamentada no não foi uma criação da mente dele,
Antigo
mas uma revelação
Testamento. de Deus,
Isso não foi uma porcriação
isso Paulo pode dizer: “...obedecestes de
da mente
coração
dele, masà umaforma de doutrina
revelação de Deus,a por
queissofostes
Paulo entregues” (Rm 6.17).
Descreveremos o imagináriode
pode dizer: “...obedecestes de coração
como seria uma de
à forma igreja não fundamentada na
Palavra:
doutrinaI) aDeus
queseria parecido
fostes com a concepção
entregues” (Rm 6.17). pessoal de cada indivíduo;
II) Não haveria oum
Descreveremos testemunho
imaginário de Cristo
de como ressuscitado; III) A voz do
seria uma
intelectualismo e cientificismo
igreja não fundamentada sobrepujariam
na Palavra: I) Deusàseria
Bíblia.
Exemplificaremos
parecido a construçãopessoal
com a concepção doutrinária
de decadaPaulo, com base no Antigo
Testamento,
indivíduo; II)e Não
também
haveria destacaremos
um testemunho entre parênteses algumas doutrinas
de Cristo
essenciais, inegociáveis
ressuscitado; III) A voze indispensáveis à Igreja. Epístola
do intelectualismo e aos Romanos: I) a
ira de Deus (JUÍZO
cientificismo FINAL) virá
sobrepujariam sobre a impiedade dos homens e cairá sobre
à Bíblia.
eles, inclusive sobre os judeus, pois todos estão extraviados (HAMARTIOLOGIA),
isto é, longe de Deus; II) alguns gentios, embora não sendo circuncidados, têm
a lei escrita no coração (NOVA ALIANÇA) e manifestam as obras da lei de forma
perseverante no comportamento, alegando, com isso, que a circuncisão só tem
valor para Deus se houver obediência (SANTIDADE); III) “o homem é justificado
(JUSTIFICAÇÃO) pela fé, sem as obras da lei (GRAÇA)” (Rm 3.28), de forma
análoga, Paulo mostra que Abraão, antes da lei mosaica e sem estar
circuncidado, foi justificado pela fé a fim de que entendamos duas coisas: a)
o antônimo de graça é dívida (Rm 4.4); e b) é impossível Deus se tornar
devedor do homem; IV) no capítulo 5, Paulo descreve o estado da humanidade
(ênfase no judeu) como “morta”, (PECADO ORIGINAL) isto é, separada de Deus
em virtude do pecado de Adão. Por estar separado de Deus, o pecado reina no
homem; mas, diz ele, (Rm 5.17): “os que recebem a abundância da graça, e
do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo” (CRISTOLOGIA);
V) a fim de que o judeu não pensasse que estar “sem lei” significava desprezo
à lei, Paulo expõe uma nova maneira de compreender a aplicabilidade da lei
(CONTRA O ANTINOMISMO): aplica-se a lei considerando-se morto para o pecado
(pois morremos com Cristo)
JANEIRO*FEVEREIRO*MARÇO 2024 e apresentando-se os LIÇÕES
membros 01
do corpo para
BÍBLICAS*SUBSÍDIO

servir a Deus; VI) no capítulo 3, Paulo diz que pela inteligência


(CONTRA O ANTINOMISMO): aplica-se a lei considerando-se morto para o pecado
(pois morremos com Cristo) e apresentando-se os membros do corpo para servir
a Deus; VI) no capítulo 3, Paulo diz que pela inteligência compreendemos a lei
(3.20); mas, no capítulo 7, explica que pela racionalidade é impossível cumpri-
la (7.8,9), pois somos estimulados e derrotados pelo pecado, porque nos falta
poder (7.18) do Espírito Santo (7.13), porquanto a “letra”, isto é, o conhecimento
intelectual não é suficiente (7.23); VII) no capítulo 8, Paulo afirma que a vitória
sobre o pecado vem pelo Espírito Santo (Rm 8.9, PNEUMATOLOGIA), não por lei
ou regras, mas pelo relacionamento íntimo com Deus (Rm 8.14).
2. Habitada pelo Espírito Santo. “O Senhor é Espírito” (2Co 3.17).
Conforme o autor: “O Espírito Santo é a força-motriz da Igreja”. Deus prometeu
a Abraão aquilo que já era propósito do coração divino – “serão benditas todas
as famílias da terra”. Essa bênção disponível a todas as famílias da terra tem seu
cumprimento na Igreja: Deus habitando no homem e se manifestando em suas
assembleias. A) DEUS HABITA NO HOMEM - Deus, no Antigo Testamento,
habitava no Tabernáculo, não que Ele estivesse preso ao Tabernáculo, mas era
ali o lugar físico onde Ele se manifestava. Com a vinda do Messias, por meio do
seu ministério, vida e morte, abriu-se a possibilidade de o Espírito Santo também
vir para todos os que cressem. Jesus disse que enviaria outro Consolador (Jo
14.16) e este passaria a habitar no coração do ser humano, como nos é mostrado
em João 14:23 – “Jesus respondeu e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a
minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”.
B) DEUS SE MANIFESTA NA IGREJA - A Igreja é o corpo do Senhor, é um
organismo vivo, pois o Espírito Santo é a vida (Rm 8.2) desse corpo, sendo
responsável: I) pelo novo nascimento (Jo 3; 16.7-8); II) pelo mover (Jo 16.13);
III) pelo ensino (1Co 2.13); IV) pelo apoio nas fraquezas (Rm 8.26); V) pela
maturidade (Gl 5.22; Ef 5.9); e VI) pela comunhão com Deus e com os irmãos
(1Co 1.9; 2.10; 13.13). E poderíamos apontar mais coisas que fazem parte da
nossa espiritualidade, tipo: a coragem, a fé e os dons. Assim, podemos concluir:
sem o Espírito Santo não há Igreja.
3. Quem faz parte da Igreja anda no Espírito. Conforme o autor da revista,
após a conversão “o cristão passa a andar ou ser dirigido pelo Espírito (Rm
8.14)”. O homem tem duas opções: ou ele anda na carne ou no espírito.
Recorreremos à primeira de Coríntios 3 para diferenciarmos o homem carnal do
menino em Cristo. Carnal é um estado permanente, todavia quando o homem
morre com Cristo, deixa de ser carnal e entra em processo de mudança, ou seja,
em crescimento espiritual, então passa a ser menino em Cristo, provisoriamente.
O menino em Cristo apresenta as obras da carne, mas não está na carne, embora
Paulo tenha dito aos coríntios: “não vos pude falar como a espirituais, mas como
a carnais, como a meninos em Cristo” (1Co 1.1), pois entre eles ainda havia
invejas, contendas e dissensões, os tais não iam ficar apresentando essas obras
carnais para sempre, eles iriam crescer espiritualmente e manifestar o amor ou
o fruto do Espírito (Ef 5.9). O carnal, descrito em Romanos 8.1-9, não dá
oportunidade ao Espírito Santo de agir no interior humano para mortificar as
obras do corpo (Rm 8.13), assim estagna-se - não cresce ou para de crescer -
porquanto, pelo tempo, já deveria apresentar o fruto do Espírito (Gl 5.22), no
entanto só manifesta as obras da carne (Gl 5.19-21). Conforme Gálatas 5.21, os
tais02“não herdarão
LIÇÕES o reino de Deus”. O engano carnal
BÍBLICAS*SUBSÍDIO é achar que, a nossa2024
JANEIRO*FEVEREIRO*MARÇO força
de vontade pode vencer o pecado, sem o Espírito Santo (Pelagianismo), ou ainda
tais “não herdarão o reino de Deus”. O engano carnal é achar que a nossa força
de vontade pode vencer o pecado sem o Espírito Santo (Pelagianismo) ou ainda
achar que temos uma pequena força contra o pecado e que o nosso esforço
precisa apenas de uma pequena ajuda do Espírito para dar conta do pecado
(Semipelagianismo). O espiritualmente correto é crer que não temos força
alguma contra o pecado, somos totalmente depravados (Arminianismo) e
derrotados por ele. Graças a Deus por Jesus Cristo! Só Ele pode nos dar vitória.
Quanto mais lutarmos contra o pecado com as nossas forças, mais ele se
agigantará contra nós, por isso deixemos o Espírito Santo derrotá-lo. Qual o
lugar, então, do esforço religioso? Conforme Filipenses 1.6; 2.12,13, após a
conversão, a tarefa do cristão é deixar o Espírito Santo fazer a obra interna e
crer que, sobrenaturalmente, o Espírito o fará vencer o pecado.
Paulo desfaz outro engano carnal ao chamá-los de meninos em Cristo, em
Primeira aos Coríntios. O apóstolo demostrava a desproporcionalidade que
poderia existir entre o conhecimento intelectual e a espiritualidade. Ele não era
contra a sabedoria humana, pois o conhecimento teológico era (e ainda
é)necessário; entretanto, o conhecimento por si só não garante a espiritualidade.
Uma pessoa pode saber História da Igreja; Teologia Sistemática ou Dogmática;
enfim, toda grade curricular de um bom curso teológico, e ainda assim ser
carnal, porquanto toda a ciência do mundo não dá comunhão com Deus nem
enche ninguém do Espírito Santo nem traz domínio sobre as paixões e nem nos
faz apresentar o fruto do Espírito. Pelo contrário, quanto aos coríntios, o
conhecimento os ensoberbecia em vez de os humilhar e os deixar mais
dependentes da graça de Deus.

II – A NATUREZA DA IGREJA NAS SUAS


DIMENSÕES LOCAL E UNIVERSAL Por ser
1. Local e Visível. O autor afirma que a Igreja espiritual, a igreja
“pode ser vista e sentida”, cabe então a pergunta: o é invisível, sendo
que é tão visível nas igrejas locais? O próprio Deus reconhecida ou
ou a glória Dele, como versa em Mateus 5.16: manifestada por
“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, suas obras.
para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem
o vosso Pai, que está está nos
nos céus”.
céus”.AAsociedade
sociedadevê vêasasobras dos cristãos, então ou
obras dosa cristãos,
glorifica Deus ou entãomaldizoudeles.
glorifica a Deus
Mas não é sóoua sociedade que as vê, Deus
maldiz deles.
também as vê,Mas não é só aDeus
por exemplo, sociedade que as sete
olhou para vê, igrejas do Apocalipse (não
Deus também
entraremos na as vê, por exemplo,
interpretação Deus olhou
escatológica) para“conheço as tuas obras” (Ap
e disse:
as sete
2.2, igrejas
9, 13, do Apocalipse
19; 3.1, 8, 15). Além (não entraremosdigo,
da santidade, na de uma vida moralmente
interpretação (Ef
irrepreensível escatológica)
4;1, 5.1-5),eo disse: “conheço
amor entre as
os membros da igreja local deve ser
atuas obras”
coisa mais(Ap 2.2,aos
visível 9, 13, 19; 3.1,do
moradores 8,bairro
15). Além
ou dada cidade em que a congregação
santidade,
está situada. digo,
A razãode uma igreja
de sermos vida é moralmente
porque nós, coletivamente, geramos ou
irrepreensível
inspiramos (Ef 4;1,
fé numa 5.1-5),incrédula,
sociedade o amor observe
entre os bem as palavras de Jesus, em
membros da
João17.21: igreja
“para que local
todos deve
sejamserum,acomo
coisatu,mais
ó Pai, o és em mim, e eu em ti;
visível
que aos moradores
também eles sejamdoum bairro ou da
em nós, cidade
para que em que creia que tu me enviaste”.
o mundo
a congregação
Mas, para isso, estáprecisa
situada.haver
A razão de sermosentre
comunhão igrejaos congregados, disse João
é porque“Mas,
(1Jo.1.7): nós,se andarmos
coletivamente, geramos
na luz, como ele na ou
luz está, temos comunhão uns
inspiramos
com fé numa
os outros, sociedade
e o sangue incrédula,
de Jesus observe
Cristo, seu Filho, nos purifica de todo
JANEIRO*FEVEREIRO*MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS*SUBSÍDIO 03
bem as palavras
pecado”. O ápicededa Jesus, em João17.21:
comunhão “paraentre
é a amizade que os membros: “Já vos não
todos
chamareisejam um, como
servos, porque tu,oóservo
Pai, onão
és em
sabemim,
o quee eu
faz o seu senhor, mas tenho-
com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo
pecado”. O ápice da comunhão é a amizade entre os membros: “Já vos não
chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-
vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito
conhecer” (Jo.15.15). Isso é medido pelo grau de confiança que existe entre os
membros congregados, ou seja, eles acreditam que o coração de um está cheio
de bondade para com o outro. Esse é o sinal de que o óleo precioso do Espírito
foi derramado sobre a convivência na Igreja (Sl 133). Porém, vivemos uma
realidade bem diferente do pretendido por Jesus. Muitos líderes evangélicos,
em vez de fazerem “meia” culpa, enchem-se de autodefesa, chamando os que
estão sem igreja de desviados, quando, na verdade, tais líderes nunca foram
amigos de tais membros, sequer se esforçaram para saber quais eram os
desconfortos destes. O que queremos dizer com “meia” culpa é o seguinte:
imaginemos uma mulher agredida pelo marido porque foi pega em flagrante
adultério. A agressão do marido não se justifica em hipótese alguma!
Entretanto ele pode alegar o motivo – adultério. Da mesma forma, nada
justifica a evasão da congregação, entretanto o “desigrejado” pode alegar seu
motivo – falha da liderança. Há muitos “desigrejados” tais quais há muitas
denominações em que internamente os membros não têm vínculo de amor, são
corpos sem cabeças, são membros sem ligaduras, sem nervos, sem tendões e
sem músculos, ou melhor, congregações que não se enquadram em Efésios
4.16.
2. As particularidades das igrejas locais. Paulo escreveu suas epístolas às
igrejas a fim de solucionar problemas doutrinários, morais e de
relacionamentos. A igreja em Tessalônica tinha problemas doutrinários sobre
a volta do Senhor e a de Colossos sobre a pessoa de Cristo; a de Filipos e a de
Roma tinham problemas de relacionamentos, uma de unidade e a outra de
desprezo; a de Corinto tinha problemas de moral e de liderança, enfim, todas
tinham problemas. Por outro lado, podemos perceber que uma é mais
pentecostal, outra é mais amorosa, outra é mais estudiosa, outra é mais fiel,
enfim, cada uma tinha uma virtude que sobrepujava as demais. Concordamos
então com o autor: “um método que funciona em determinada igreja pode ser
inadequado em outra”. Assim, tanto naquela época como atualmente, cada
igreja tem suas particularidades, suas diferenças. Agora, devemos nos atentar
para uma coisa importante: os olhos de Deus estão sobre os justos! Ele olha
para as boas e as más obras dos cristãos congregados, porque, embora haja
diferença, de todos é exigido a mesma coisa: que deem o fruto do Espírito. Por
isso, o olhar de Deus se volta para a Igreja analisando/julgando a sua complexa
relação com o pecado, especificamente entre suportar o pecador e não tolerar
o pecado. Há quatro maneiras de não tolerar o pecado: I) não praticando; II)
quando perguntado sobre o tema, discordar; III) pregando e ensinando a
Palavra de Deus; IV) Punindo e disciplinando o pecador. Não tolerar é mais
do que simplesmente não praticar, pois alguns cristãos podem não praticar,
porém não têm coragem de reprovar as práticas pecaminosas. Sabemos que o
amor tudo suporta, de modo que a Igreja deve suportar os pecadores, mas
também deve, concomitantemente, reprovar a prática pecaminosa, do contrário
será tolerante para com o pecado (isso é muito complexo para discutirmos
aqui, não há espaço). Quanto ao proceder de cada membro, Paulo disse:
04 LIÇÕES BÍBLICAS*SUBSÍDIO JANEIRO*FEVEREIRO*MARÇO 2024
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos,
nem à igreja de Deus” (1Co 10.32). Observe que Paulo estava se dirigindo a
aqui, não há espaço). Quanto ao proceder de cada membro, Paulo disse:
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos,
nem à igreja de Deus” (1Co 10.32). Observe que Paulo estava se dirigindo a
igreja de Corinto, onde aconteceu um escândalo enorme, tão grande que era
absurdo! “Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal,
que nem ainda entre os gentios se nomeia...” (1Co 5.1). Sim, absurdo! Como
também são absurdos os pecados dos crentes hodiernos divulgados nas mídias
sociais.
3. Universal e invisível. O autor explica: “É importante se diferenciar
‘Igreja’ de ‘denominação’”. Numa cidade, por exemplo, pode haver várias
denominações, contudo, somente há uma Igreja”. Nesse sentido, a concepção
de Igreja ultrapassa o olhar denominacional e as particularidades de cada uma,
pois os salvos não estão dentro de uma só denominação, mas espalhados nelas
por todo o globo terrestre. Entretanto, se uma denominação se julga detentora
da verdade e excomunga quem pensa diferente, logo julga que os salvos são
somente aqueles que comungam do mesmo pensamento que ela, porque as tais
se veem virtuosas e corretas na prática do amor, na doutrina e no poder do
Espírito, não percebendo que o orgulho destrói todas as suas virtudes.
Precisamos identificar o que é universal, ou comum, em todas as igrejas, para
quebrarmos esse orgulho denominacional que advém das particularidades das
igrejas locais: I) centrada em Cristo, sua morte e ressurreição; e II)
fundamentada nas Escrituras Sagradas. Esses dois pontos colocam um marco
definidor: a aceitação do pecado descaracteriza a Igreja. Em Apocalipse, para
a igreja de Éfeso, Jesus disse: “odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu
também odeio” (Ap 2.6). Não sabemos precisamente quais eram essas obras,
mas podemos afirmar: eram pecaminosas, pois Deus odeia o pecado. Porém,
na igreja de Pérgamo (Ap 2.15), percebemos que as obras dos nicolaítas
passaram a ser ensinadas. Uma coisa é sabermos que há erros dentro de uma
igreja local, porém ensiná-los como certos é algo gravíssimo! Não estamos
negando a existência de pecado numa igreja verdadeira, contudo, esta exige do
pecador o arrependimento e dos fieis a misericórdia, características da verdade
do Evangelho.
III – A IGREJA NA SUA DIMENSÃO
COMUNITÁRIA
O fruto do Espírito
1. A igreja é uma. Conforme o autor da são as nossas boas
revista, “uma igreja verdadeiramente cristã é obras, que proporciona
unida”, porém a quebra da unidade advém por o maior e melhor bem-
vários motivos, dentre eles o aspecto estar entre os homens -
doutrinário. A cruz é a principal coisa que nos a comunhão é o
une. Numa pregação do YouTube, ouvi o resultado da
dublador do Jimmy Swaggart dizer: “Não transformação em
estamos salvos porque estamos Cristo.
(TOTALMENTE) certos, mas por causa do
sacrifício de
sacrifício de Jesus
JesusnanaCruz”
Cruz” (o acréscimo
(o acréscimo é A morte e a ressurreição de
é meu).
meu). realmente
Cristo A morte são e a osressurreição de Cristo
principais pontos doutrinários que devem nos unir,
realmente
embora sãodiferenças
haja os principais pontose costumes
de ideias doutrinários
entre os irmãos (as) das diversas
que devem nos unir,
denominações, não embora
2024 haja diferenças
precisamos
JANEIRO*FEVEREIRO*MARÇO deixar de de conviver pacificamente.
LIÇÕES 05 o
BÍBLICAS*SUBSÍDIOSe
ideias e costumes
calvinista entremesmo,
estiver errado os irmãos
a cruz(as) das Se o não pentecostal estiver
o salva.
,

embora haja diferenças de ideias e costumes entre os irmãos (as) das diversas
denominações, não precisamos deixar de conviver pacificamente. Se o calvinista
estiver errado mesmo, a cruz o salva. Se o não pentecostal estiver errado mesmo,
a cruz o salva. E se o católico, ou o Testemunha de Jeová, ou o adventista ou outro
qualquer estiver em processo de conversão ou de revelação, quem sabe? a cruz o
salva, isso também inclui a nós, Arminianos. Jesus não tem vários corpos, apenas
um. Qual foi a intenção de Paulo ao usar a metáfora do corpo? Acabar com o
preconceito judaico da separação entre os povos, isto é, entre judeus e gentios,
como está expresso em Efésios 2.16: “E pela cruz reconciliar ambos com Deus
em um corpo, matando com ela as inimizades”. Não devemos nos valorizar em
virtude de raça, de nação, de sexo, de cor ou de quaisquer outras coisas. O valor
de todos nós está em fazer parte do corpo de Cristo, não importando qual a função
do órgão no corpo.
2. Unidade na igreja. A unidade é em Cristo, isto significa que quanto mais
conhecimento tivermos do Messias mais unidade alcançaremos. O trabalho de
pregação e ensino efetuado por aqueles que possuem os dons ministeriais leva os
membros a crescerem espiritualmente até alcançarem a unidade da fé e a estatura
completa de Cristo (Ef 4.13), porquanto os santos precisam ser aperfeiçoados (Ef
4.12, Tg 2.22). Se não houver esse crescimento, cedo ou tarde a unidade acabará.
Os requisitos básicos dados por Paulo para manter a unidade são: humildade,
mansidão e paciência (Ef 4.2,3) que surgem como resultado do crescimento em
Cristo, pois sem eles não seremos capazes de nos suportarmos nem de
guardarmos “a unidade do Espírito pelo vínculo da paz”. Em 1 Coríntios 3.6-16,
temos duas metáforas a respeito do crescimento: uma diz respeito a lavoura e a
outra, a construção de um edifício. Quanto ao crescimento do corpo, só Deus o
pode fazer. Homem nenhum é capaz de fazer uma planta ou um animal crescer,
ele deve saber que só Deus pode dar o crescimento do corpo de Cristo. O homem
trata do solo e cuida das plantas, alimenta e cuida de um bebê, mas só Deus faz
crescer a ambos. Da mesma forma a Igreja, o homem prega e ensina a Palavra,
mas é o Espírito quem a faz crescer sobrenaturalmente. Quanto à construção, será
bem edificada a depender do material utilizado. Aquele que edifica com pedras
preciosas (no Espírito) alcançará a unidade, mas aquele que constrói com (a
carne) madeira, feno ou palha terá uma igreja bem problemática.
3. Diversidade na igreja. O autor expõe a união entre as pessoas da Trindade
e nos conclama a buscar essa mesma qualidade de união – “...Pai santo, guarda
em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós” (Jo
17.11). Unidade é mais do que união – união nos leva a pensar nos elementos
(braços, olhos etc.) do conjunto de várias coisas ou de pessoas reunidas, já
unidade nos faz pensar naquilo que os elementos formam, ou seja, no próprio
conjunto – o corpo. Podemos ser diferentes em vários aspectos, mas há uma coisa
que nos une, o propósito de Deus. Ora, universalmente a Igreja sabe que (Ef 4.4-
7) só há um Deus, um só Espírito, um só Senhor, um só corpo, uma só fé, uma só
esperança e um só batismo, e se cremos nessas mesmas coisas, como poderemos
nos separar?

06 LIÇÕES BÍBLICAS*SUBSÍDIO JANEIRO*FEVEREIRO*MARÇO 2024


CONCLUSÃO

Analisamos a natureza da igreja em três dimensões: universal, local e


comunitária. Sendo ela de natureza espiritual e pautada nas Escrituras
Sagradas, seus membros manifestam o Cristo vivo.

LIVROS CONSULTADOS

NEE, Watchman. A ORTODOXIA DA IGREJA. Ed. Árvore da Vida. São


Paulo, SP. 1990.

ALLISON, Gregg R. ECLESIOLOGIA. Edições Vida Nova. São Paulo,


SP, 2021

JANEIRO*FEVEREIRO*MARÇO 2024 LIÇÕES BÍBLICAS*SUBSÍDIO 07

Você também pode gostar