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Nº 7, Novembro de 2020

Guia Prático de Atualização


Departamentos Científicos de
G a s t r o e n t e r o l o g i a e I n f e c t o l o g i a (2019-2021)

Parasitoses intestinais:
diagnóstico e tratamento

Departamento Científico de Gastroenterologia


Presidente: Cristina Helena Targa Ferreira
Secretária: Marise Helena Cardoso Tófoli
Conselho Científico: Elisa de Carvalho, Maria do Carmo Barros de Melo, Mauro Batista de Morais,
Matias Epifânio, Roberta Paranhos Fragoso, Rose Terezinha Marcelino,
Silvio da Rocha Carvalho

Departamento Científico de Infectologia


Presidente: Marco Aurélio Palazzi Sáfadi
Secretária: Cristina de Oliveira Rodrigues
Conselho Científico: Analíria Morais Pimentel, Aroldo Prohmann de Carvalho,
Eitan Naaman Berezin, Euzanete Maria Coser, Maria Angela Wanderley Rocha,
Silvia Regina Marques
Relatores: Ana Daniela Sadovsky, Aristides Schier da Cruz, Christiane Leite,
Silvia Regina Marques, Robério Dias

Este documento científico oferece ao leitor A. Helmintos


uma atualização sobre diagnóstico e tratamento Nematelmintos:
das parasitoses intestinais (helmintos e proto- – Ascaris lumbricoides (ascaridíse)
zoários). Inicia com descrição da epidemiologia – Ancilostoma duodenale ou Necator americanus
e atuais estratégias de intervenção coletiva e (ancilostomíase)
comunitária. Em seguida descreve os métodos – Strongyloides stercoralis (estrongiloidíase)
diagnósticos das parasitoses e os medicamen- – Enterobius vermiculares (enterobíase ou oxiuríse)
tos de primeira e segunda escolhas. Diante do – Trichuris trichiura (trichiuríase ou tricocefalíase)
interesse a respeito do diagnóstico ou tratamen- Platelmintos:
to de determinada parasitose, recomenda-se a – Taenia saginata e Taenia solium (teníase)
leitura da parte final, que apresenta a descrição – Hymenolepis nana (himenolepíase)
das parasitoses e enfatiza situações específicas, – Diphylobothrium latum (difilobotríase)
tais como complicações graves da ascaridíase,
estrongiloidíase disseminada em pacientes imu- B. Protozoários:
nodeprimidos, formas sintomáticas de protozoá- – Entamoeba histolytica e Entamoeba dispar (ame-
rios comuns e oportunistas, entre outros1-5. bíase)

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Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

– Balantidium coli (balantidíase) das no segundo e terceiro trimestres e mulheres


– Giardia lamblia (giardíase) que amamentam], adultos em certas ocupações
– Isospora belli (isosporíase) de alto risco, como apanhadores de chá ou mi-
– Cryptosporidium sp. (criptosporidiose) neiros) vivendo em áreas de risco, apoiadas com
– Blastocystis hominis (blastocistose) estratégias para melhorar o saneamento básico
– Cyclospora cayetanensis (ciclosporose) e a educação para saúde. A estratégia de trata-
mento comunitário requer o levantamento da
prevalência e intensidade da infecção na comu-
nidade para determinar a carga parasitária da
Epidemiologia no mundo e no Brasil população e o planejamento (Tabela 3). A OMS
não recomenda o rastreamento individual, já que
As helmintíases transmitidas pelo solo (HTS) o custo deste é de quatro a dez vezes maior do
são de grande preocupação na saúde pública que o tratamento em si. Recomenda que haja
mundial. São causadas por um grupo de parasi- tratamento comunitário empírico anual somente
tas intestinais compreendendo Ascaris lumbri- em áreas onde a prevalência de HTS esteja entre
coides, Trichuris trichiura, Necator americanus e 20% e 50% da população, e tratamento duas ve-
Ancylostoma duodenale, transmitidos por conta- zes por ano em áreas com mais de 50%6,7.
minação fecal do solo.
Os medicamentos recomendados pela OMS -
As infecções por HTS são mais prevalentes albendazol (400 mg – dose única) e mebendazol
nas áreas tropicais e subtropicais, com os maio- (500 mg – dose única) - são eficazes, baratos e
res números ocorrendo na África subsaariana, nas fáceis de administrar). Estes medicamentos pas-
Américas, na China e no leste da Ásia, diretamen- saram por extensos testes de segurança e foram
te ligadas à falta de saneamento e baixas condi- usados em milhões de pessoas com poucos e pe-
ções socioeconômicas, vinculadas à pobreza6. quenos efeitos colaterais. Recomenda-se a dis-
ponibilização aos ministérios da saúde nacionais
As últimas estimativas mundiais indicam que
em todos os países endêmicos o tratamento com
mais de 1,5 bilhão de pessoas, ou 24% da popu-
estas doses para todas as crianças pré-escolares
lação mundial, sendo cerca de 880 milhões de
com idade entre 24 e 60 meses e crianças em
crianças precisam de tratamento e intervenções
idade escolar. Meia dose de albendazol (isso é,
preventivas para estes parasitas6,7.
200 mg) é recomendada para crianças com 12 a
No Brasil há uma tendência para o declínio 24 meses de idade.
na prevalência de HTS, com número atual de
A quimioterapia preventiva (desverminação),
9,3 milhões de pré-escolares e escolares que se-
usando uma dose de albendazol (400 mg) ou
riam candidatas a receberem quimioterapia pro-
mebendazol (500 mg) é recomendada como in-
filática. Estes números significariam quase 11%
tervenção de saúde pública para gestantes, após
da população (tabela 1)6-8
o primeiro trimestre de gestação, que habitem
áreas onde: (i) a linha de base da prevalência de
infecções por ancilostomídeos e/ou T. trichiura
Recomendações de estratégias seja 20% ou superior para mulheres gestantes,
coletivas de combate e tratamento e (ii) a anemia seja um problema grave de saúde
pública, com prevalência de 40% ou mais entre
as mulheres gestantes, para reduzir a carga de
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pro- infecção por ancilostomídeos e T. trichiura.
põe intervenções de controle baseadas na admi-
nistração periódica de anti-helmínticos em gru- O Brasil, a partir de 2016, saiu da situação
pos de pessoas (pré-escolar, escolar, mulheres endêmica de HTS, não necessitando mais de ad-
em idade reprodutiva [incluindo mulheres grávi- ministração em massa de medicações anti-hel-

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mínticas. Atualmente, nosso país se encontra em permaneçam abaixo dos limiares de eliminação
vigilância para garantir que os níveis de infecção comunitária (tabela 1)6-9.

Tabela 1. Quimioterapia preventiva para comunidade por categoria de risco

Classificação da região Prevalência Frequência recomendada


quanto ao risco de helmintíases para terapia em massa

Alto risco ≥ 50% 2 X por ano

Risco moderado ≥ 20% e <50% 1 X por ano

Baixo risco < 20% Individualizada

Medidas de precaução e de controle Além das precauções padrão, recomenda-se


as de contato para as crianças com fraldas ou
incontinentes durante o período da doença ou
É importante analisar os aspectos coletivos
para controlar surtos institucionais. Na desin-
e individuais. As boas condições sanitárias (edu-
fecção do ambiente, o peróxido de hidrogênio é
cação da comunidade; controle e vigilância dos
preferível ao cloro para limpeza ambiental.
alimentos, lixo e esgoto; oferta de água tratada)
e de moradia, assim como a boa saúde da popu- Para evitar alguns helmintos é importante
lação contribuem para a profilaxia geral. não consumir carne crua ou defumadas e verifi-
car a procedência destes alimentos. Além disso,
Para protozoários a disseminação da infec-
evitar o contato íntimo com terra contaminada
ção poderá ser controlada pela higienização das
com fezes humanas ou de animais.
mãos após a defecação e o manuseio de alimen-
tos, lavagem de frutas e vegetais antes do con- No caso da amebíase, a transmissão sexual
sumo, saneamento básico e tratamento da água pode ser evitada pelo uso de preservativos e evi-
potável. tar práticas sexuais que podem permitir a trans-
missão fecal-oral.
Nas creches, devem ser enfatizados o sa-
neamento adequado e os cuidados pessoais. A Em pessoas imunocompetentes, a excreção
higienização das mãos com água e sabão pela de oocistos geralmente cessa dentro de duas se-
equipe e pelas crianças deve ser enfatizada, es- manas após a resolução completa dos sintomas.
pecialmente no uso do banheiro ou no manuseio
de fraldas sujas, ação preventiva fundamental
para a disseminação da giardíase. Quando há
Diagnóstico das helmintíases
suspeita de um surto, o serviço de vigilância epi-
demiológica deve ser contatado e a investigação
deve ser realizada para tratar todas as crianças Habitualmente, as helmintíases são diag-
com sintomas, cuidadores de crianças e familia- nosticadas pelo exame de amostras fecais ou de
res infectados com Giardia. Crianças infectadas outras amostras com presença de ovos, larvas
devem ser excluídas da creche até que as fezes ou, às vezes, vermes adultos ou seus segmentos.
fiquem na fralda ou na criança continente, que O exame macroscópico das fezes quanto à sua
a frequência das evacuações não seja supe- cor, consistência, a visualização da presença de
rior a duas vezes da frequência normal daquela qualquer verme ou seus segmentos, ou de san-
criança. gue ou de muco podem dar uma pista sobre o

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Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

agente etiológico. Devido à eliminação intermi- útil em levantamentos epidemiológicos para de-
tente de ovos e/ou larvas e à variação da carga terminação da carga de parasitas, além da sim-
da infestação, várias amostras (pelo menos três) plicidade e do baixo custo. Esse método se ba-
coletadas durante o período de 10 dias são mais seia na concentração dos ovos de helmintos pela
sensíveis para detectar parasitas10. Amostras fe- filtração em uma malha que, ao reter os detritos
cais frescas de quantidade aproximadamente de maiores, permite a passagem somente dos de-
uma colher das de chá grande ou cerca de 10 mL tritos menores e dos ovos. A OMS recomenda a
de amostra de fezes líquidas devem chegar ao la- realização desse exame com lâminas duplicadas
boratório idealmente dentro de uma hora após a ao se utilizar esse método13.
coleta11. Além da análise direta das fezes, o diag-
Técnicas FLOTAC e mini-FLOTAC - São méto-
nóstico de algumas helmintíases pode ser rea-
dos de contagem de ovos fecais desenvolvidos
lizado ou inferido por outros exames, tais como
mais recentemente. FLOTAC determina a flutua-
hemograma, sorologia e testes moleculares.
ção da amostra em uma centrífuga, seguida pelo
corte da suspensão flutuante e quantificação de
ovos. A principal vantagem é poder ser usado
Técnicas baseadas em microscopia para a detecção de diferentes helmintos, bem
como protozoários intestinais simultaneamen-
A. Microscopia direta te. Alto custo e necessidade do uso de centrífu-
ga são os principais fatores limitantes para sua
Permite a observação de ovos e larvas de utilização14. O método Mini-FLOTAC, uma forma
helmintos em lâmina de microscópio contendo simplificada do FLOTAC, foi desenvolvido para
esfregaço de amostra das fezes. Nos casos de in- locais com recursos limitados, com a vantagem
festação leve a sensibilidade é baixa. de poder avaliar amostras fecais preservadas15.
A sensibilidade do mini-FLOTAC é comparável à
Métodos de concentração fecal – Quando é
do Kato-Katz, mas inferior à do FLOTAC16.
pequena a quantidade de organismos, as téc-
nicas de concentração fecal podem aumentar
a sensibilidade diagnóstica. O método de Ho- B. Método de Graham (Fita Adesiva)
ffman, Pons e Janer, também conhecido como
É um método específico para pesquisa de
método de Lutz, pela sedimentação espontânea,
ovos de Taenia sp. e Enterobius vermicularis, si-
permite o encontro de ovos e larvas de helmin-
tuação na qual o prurido anal leva à suspeita
tos e de cistos de protozoários. Os métodos de
diagnóstica. A técnica é simples, recolhendo-se
Blagg (também conhecido por método de MIFC),
os ovos que ficam na região anal, perianal e pe-
de Ritchie e Coprotest, pela sedimentação por
rineal pela parte adesiva, aplicando-se a seguir
centrifugação, são usados para a pesquisa de
sobre uma lâmina para visualização por micros-
ovos e larvas de helmintos, cistos e alguns oo-
copia17.
cistos de protozoários. Já o método de Willis,
baseado no princípio de flutuação espontânea,
é mais indicado para a pesquisa de ovos leves, C. Cultura
principalmente de ancilostomídeos. Por sua vez,
A cultura é usada principalmente para recu-
o método de Faust, combina centrifugação e flu-
perar S. stercoralis, que é vivíparo. Ancilostoma
tuação, usado para a pesquisa de cistos e alguns
pode ser artificialmente cultivado em labora-
oocistos de protozoários, permite, também, o en-
tório para produzir larvas rabdiformes. Existem
contro de ovos leves12.
muitos métodos, alguns dos quais são obsoletos,
Contagem de ovos (Método de Kato – Katz) enquanto outros são usados em ambientes de
- Este é o método mais comumente empregado pesquisa: Harada-Mori (cultura em tiras de pa-
para quantificação de ovos de helmintos, muito pel de filtro); técnica de cultura de inclinação em

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papel de filtro usando placa de Petri; cultura em a demora. Além disso, amostras antigas e refrige-
carvão; técnica de cultura de Baermann-Morais e radas não são adequadas18.
de Rugai. As desvantagens das técnicas de cultu- A tabela 2 resume os exames parasitológicos
ra incluem a necessidade de perícia técnica, difi- de fezes mais utilizados na helmintíases e suas
culdade de execução sob condições de campo e principais indicações.

Tabela 2. Princípios e indicações dos principais exames parasitológicos de fezes

Exame Princípio Principais indicações

Hoffman, Pons e Sedimentação Ovos e larvas de helmintos, cistos de


Janer e Lutz espontânea protozoários

Blagg (MIFC), Sedimentação por Ovos e larvas de helmintos, cistos e oocistos de


Ritchie e Coprotest centrifugação protozoários

Willis Flutuação espontânea Ovos leves (Ancilostomídeos)

Flutuação e Cistos e oocistos de protozoários, ovos leves


Faust
centrifugação (Ancilostomídeos)

Baermann-Morais
Cultura Larvas (Strongyloides)
e Rugai

Kato-Katz Filtração Ovos de helmintos

Graham (fita adesiva) Adesão Enterobius vermicularis, Taenia sp

Outros exames relevantes maior sensibilidade em comparação com os tes-


tes parasitológicos convencionais20. Uma outra
opção são os testes de detecção de coproantí-
A. Testes sorológicos
genos, estando disponíveis principalmente para
Em situações em que amostras fecais não es- Strongyloides e ancilostomídeos11.
tão disponíveis, a sorologia pode ter um papel
no diagnóstico. Existem duas categorias de tes- B. Testes de biologia molecular
tes sorológicos: detecção de antígenos e ensaios
de detecção de anticorpos. Estes incluem ELISA, Os avanços nas técnicas de biologia molecu-
imunofluorescência indireta, imunofluorescên- lar proporcionaram uma grande vantagem de de-
cia direta, imunoblot e imunocromatografia19. As tecção rápida, bem como quantificação de ovos
desvantagens associadas ao diagnóstico soroló- de helmintos. A sensibilidade muito melhor das
gico são: sua natureza mais invasiva; persistên- técnicas moleculares as torna especialmente
cia dos anticorpos após o tratamento e, portanto, úteis para monitorar o efeito do tratamento ou
resultados positivos não serem necessariamente estratégias de controle. Estão disponíveis vários
indicativos de infecção ativa; e reação cruzada métodos diferentes de reação em cadeia da po-
com outros nematódeos. No entanto, a sorolo- limerase (PCR), tais como PCR convencional, PCR
gia desempenha um papel importante no diag- quantitativo (qPCR) e PCR multiplex. Esse último
nóstico de infecção por S. stercoralis, pois tem tem como superioridade a possibilidade de de-

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Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

tectar múltiplos parasitas de uma só vez. Muitos (60%) e baixa concentração de ferritina (33%)
estudos compararam as sensibilidades dos mé- podem ser vistas em pacientes com infestação
todos moleculares e tradicionais. Para A. lumbri- maciça por ancilóstomo21.
coides, a microscopia teve sensibilidade de 70%
a 88% versus 85% a 100% nos métodos mole- D. Escarro
culares, e de 30% a 88% versus 75% a 100%,
16% a 50% versus 76% a 93% e de 88% ver- Em caso de ascaridíase, ancilostomose ou S.
sus 100% para ancilostomídeos, S. stercoralis e sterocoralis, durante a fase de migração larval da
T. trichiura respectivamente21. infecção, o diagnóstico pode ser feito encontran-
do-se as larvas no escarro ou nas lavagens gástri-
cas. Na ascaridíase, cristais de Charcot-Leyden e
C. Hemograma
eosinófilos podem ser encontrados no escarro22.
A eosinofilia (>600/mm3 ou > 6%) pode ser
usada como marcador de possível infecção por
helmintos. Muitos estudos mostraram correla-
ção entre a presença de eosinofilia e helmintí-
Diagnóstico das infecções
intestinais por protozoários
ase, que é geralmente observada em cerca de
47% dos casos de ascaridíase, 78% dos casos
de tricuríase e 82% dos casos de estrongiloidía- A tabela 3 resume os principais exames la-
se, até 60% dos casos de infecção por ancilósto- boratoriais para diagnóstico das infecções intes-
mo. Além de eosinofilia, hemoglobina de ≤ 5g/dL tinais por protozoários36.

Tabela 3. Exames laboratoriais para o diagnóstico das infecções intestinais por protozoários.

Parasito Diagnóstico Laboratorial

Exame microscópico direto das fezes (60% a 70% do diagnóstico, com duas ou
mais amostras).
Giardia lamblia
Técnicas de ELISA ou imunofluorescência para a detecção de antígenos nas
fezes (90% a 100% de sensibilidade e especificidade); Técnica de PCR.

Exame microscópico das fezes.


Entamoeba
Técnicas de PCR, métodos enzimáticos (antígenos e anticorpos) e o uso de
histolytica
anticorpos monoclonais ajudam a fazer a distinção com Entamoeba dispar

Exame histológico das lesões, por biópsia, via sigmoidoscopia ou colonoscopia


Balantidium ou parasitológico das fezes, com a presença de trofozoítos (menos
frequentemente, cistos) nas fezes ou espécimes de tecido

Detecção de oocistos nas fezes pelo método de anticorpo fluorescente direto


Cryptosporidium
por microscopia, ou ensaio imunoenzimático (ELISA) para pesquisa do antígeno
parvum
do Cryptosporidium sp PCR

Identificação dos oocistos nas fezes, em aspirados duodenais ou amostras de


Cystoisospora
biópsia (intestino delgado).
belli
Técnicas de Kinyoun (método Ziehl-Neelsen modificado) e Auramina-Rodamina

Blastomycis
Espécimes do parasita nas fezes podem ser vistas por microscopia óptica
hominis

Cyclosporidium
Técnicas de Kinyoun (método Ziehl-Neelsen modificado)
cayetanensis

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ma duodenale, Necator americanus, Trichuris


Tratamento das helmintíases
trichiura, Taenia sp e Hymenolepis nana. A
dose recomendada por idade varia: 12-47
Dependendo do seu mecanismo de ação, as meses: 100 mg, VO, 2x/dia por 3 dias; 4-11
drogas anti-helmínticas podem ser amplamente anos: 200mg VO, 2x/dia por 3 dias; maiores
classificadas nas seguintes categorias: de 11 anos: 500mg, VO, 2x/dia por 3 dias.
1) Ligantes de beta-tubulina: os benzimidazóli- O albendazol é metabolizado após a absor-
cos, incluindo mebendazol e albendazol, que ção, e o metabólito bioativo resultante pode se
são drogas comumente usadas nesta catego- distribuir amplamente nos tecidos humanos,
ria. Ao se ligarem seletivamente à beta-tubu- tornando-se a droga de escolha para as infec-
lina dos nematoides, eles inibem a formação ções por larvas de toxocara e de cisticerco, bem
dos microtúbulos, causando a ruptura do ci- como para a maioria das infecções por helmintos
toesqueleto, bem como má captação intesti- intestinais. Por sua vez, o mebendazol, que não
nal de glicose, e determina então inanição do é absorvido de forma apreciável fora do intes-
verme; tino, pode ser considerado um medicamento de
2) Agentes espásticos paralisantes: incluem o primeira linha quando utilizado em dose única,
palmoato de pirantel e o levamisol, que são apenas para ascaridíase e enterobíase. Cursos
agonistas dos receptores nicotínicos de ace- prolongados de albendazol ou mebendazol são
tilcolina necessários para tratar a tricuríase e o mebenda-
zol para ancilostomídeos. Terapias combinadas
3) Agente indutores de paralisia flácida: a droga
com albendazol e ivermectina também podem
clássica é piperazina que inibe reversivel-
ser usadas para tricuríase. Tanto o albendazol
mente a transmissão neuromuscular no ver-
quanto o mebendazol podem causar dor abdo-
me, sendo um agonista de GABA23.
minal transitória, náusea ou diarreia em crianças
4) Nitazoxanida: é um novo composto de nitro- infectadas com grande quantidade de vermes.
tiazol benzamida com atividade no tratamen- A ivermectina representa hoje o tratamento de
to de várias infecções intestinais por protozo- primeira linha para a estrongiloidíase. Crianças
ários e helmintos24. No Brasil, está aprovada que necessitam de doses elevadas ou prolon-
em bula pela ANVISA para crianças maiores gadas de corticosteroides devem ser rastreados
de 12 meses de idade para os seguintes hel- para avaliação de risco de hiperinfecção por
mintos: Enterobius vermicularis, Ascaris lum- Strongyloides e tratados com ivermectina antes
bricoides, Strongyloides stercolaris, Ancylosto- de começar a imunossupressão25.

Tabela 4. Tratamento das helmintíases intestinais

Tratamento
Helmintíase
1ª linha dose 2ª linha dose
Ascaridíase Albendazola 400 mg (200 mg em < 2 anos), VO, dose única Ivermectinab,c 150-200 mcg/kg, VO, dose única
Mebendazol 100 mg, VO, 1x/dia por 3 dias Pamoato de pirantel 11 mg/kg (máximo 1g), VO,
1x/dia por 3 dias
Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg),
2x/dia por 3 dias
Tricuríase Albendazola 400 mg, VO, 1x/dia por 3-7 dias Ivermectinab,c 200 mcg/kg, VO, por 3 dias
Mebendazol 100 mg, VO, 1x/dia por 3-7 dias Sinergismo com Albendazol relatado na
literatura para essa indicação
Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg),
2x/dia por 3 dias

continua...

7
Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

... continuação

Tratamento
Helmintíase
1ª linha dose 2ª linha dose
Ancilostomíase Albendazol 400 mg, VO, dose única (200 mg em < 2 anos) Pamoato de pirantel 11 mg/kg (máximo 1g), VO, 1x/dia por 3 dias
a

ou Necatoríase
Mebendazol 100 mg, VO, 1x/dia por 3 dias Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg),
2x/dia por 3 dias
Estrongiloidíase Ivermectinab,c 200 mcg/kg, VO, por 2 dias Albendazola 400 mg, VO, 2x/dia, 10-14 dias
Na hiperinfecção por Strongyloides, Na hiperinfecção por Strongyloides associar
prolongar para 7-14 dias após a depuração Ivermectinab,c
do parasita ou repetições podem ser
necessárias Tiabendazol 25mg/kg, VO, 2x/dia por 3 dias
Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg),
2x/dia por 3 dias
Enterobíased Albendazola 400 mg, VO, dose única; Pamoato de pirantel 11 mg/kg (máximo 1g), VO,
repetir em 2 semanas 1x/dia por 3 dias
Mebendazol 100 mg, VO, dose única; Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg),
repetir em 2 semanas 2x/dia por 3 dias
Toxocaríase Albendazola 400 mg, VO, 2x/dia, 5 dias – –
Toxocaríase ocular: 400-800 mg – –
2x/dia por 28 dias; pode ser
necessário associar corticoide
Cisticercose Albendazola 15mg/kg/dia ou 400mg 2x/dia, VO, Praziquantel 50mg/kg/dia, VO, 1x/dia, 15 dias
2x/dia, 2-4 semanas, associado com
corticosteroide administrado antes, durante
e após o tratamento para diminuir os riscos
de convulsão. Excluir cisticercose ocular
antes de iniciar a terapia sistêmica
Triquinose Albendazola 400 mg VO, 2x/dia, 8-14 dias Mebendazol 200 a 400 mg VO, 3x/dia, 3 dias;
depois 400 a 500 mg, VO, 3x/dia, 10 dias
Teníase Praziquantel 5-10 mg, VO, dose única Niclosamida 50mg/kg, VO, dose única
Após o tratamento, as fezes devem ser
Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg),
coletadas por 3 dias para procurar proglotes
2x/dia por 3 dias
de tênia para identificação das espécies.
As fezes devem ser reexaminadas para
os ovos de Taenia 1 e 3 meses após o
tratamento para controle de cura
Himenolepíase Praziquantel 25mg/kg/dia, VO, dose única Niclosamida 11-34 kg: 1 g, VO, seguido por 500 mg/dia,
6 dias;
> 34 kg: 1,5 g, VO, seguido por 1 g/dia, 6 dias.
Nitazoxanida 7,5 mg/kg/dose (máximo 500mg),
2x/dia por 3 dias
Equinococose Albendazola 10-15 mg/kg/dia (máximo 800 mg) VO, Praziquantel pode ser útil no pré-operatório ou em caso
(Hidatidose) 2x/dia, 1-6 meses. Cirurgia pode ser de derrame do conteúdo do cisto durante a
necessária. cirurgia
a Ingerir com alimento; b Segurança não estabelecida em < 15kg e na gestação; c deve ser tomado com o estômago vazio com água; Reinfecções são
comuns, sendo necessário indicar tratamento para todos os indivíduos da mesma residência acima de 6 meses de idade. A infecção dos dedos e de ob-
jetos contaminados é fácil e os pacientes devem ser aconselhados a limpar bem sob as unhas evitar se coçarem. Roupas pessoais e de cama devem ser
lavadas em água quente ou passadas com ferro quente para matar os ovos; VO = via oral

Tratamentos das infecções


intestinais por protozoários

Os medicamentos utilizados para tratamen-


to das parasitoses por protozoários estão esque-
matizados na tabela 535.

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Tabela 5. Tratamento das infecções intestinais por protozoários.

Parasita Antiparasitário Dose

Giardia lamblia Metronidazol 15 mg/kg/dia, 3x/dia, por 5 a 7 dias

Albendazol 400mg/dia, 5 dias

Tinidazol ≥3 anos 50mg/kg, dose única

Secnidazol 30 mg/kg, dose única

Nitazoxanida ≥1 ano 7,5mg/kg /dose, 2x/dia por 3 dias

Entamoeba histolytica Etofamida 500mg, 2x/dia, 3 dias ou


Forma intestinal assintomática Teclosan 100mg, 3x/dia, 5 dias

Forma Intestinal sintomática Metronidazol 500 a 750mg. 3x/dia, 10 dias ou


ou extra-intestinal 35 a 50mg/kg/dia, em 3 doses, 10 dias
Tinidazol ≥3 anos: 2g ou 50mg/kg, dose única
Secnidazol 2g ou 30mg/kg, dose única

A Forma intestinal ou Etofamida 500mg, 2x/dia, 3 dias ou


extraintestinal sintomática Teclosan 100mg, 3x/dia, 5 dias
após o tratamento com os
nitrimidazólicos devem sempre
ser seguidos da administração
de Etofamida ou Teclosan

Cryptosporidium parvum Nitazoxanida 1-3 anos: 100mg, 2x/d;


4-11 anos: 200mg, 2x/d;
≥12 anos: 500mg, 2x/d ou 7,5mg/kg 2x/dia.
Por 3 dias.

Cystoisospora belli Sulfametoxazol- 8-10mg/kg/d/TMP, 2x/d, por 7-10 dias


trimetropim (TMP)

Balantidium coli Tetraciclina ≥8 anos, 40mg/kg/d, 4x/d, 10 dias,


Metronidazol 35-50mg/kg/d, 3x/d, 5 dias
Nitazoxanida Idem Cryptosporidium

Blastomycis hominis Metronidazol 250 a 750mg ou 35 a 50mg/kg/dia,


3x/dia, 10 dias
Nitazoxanida Idem Cryptosporidium
Tiniodazole ≥3 anos 50mg/kg, dose única

Cyclosporidium cayetanensis Sulfametoxazol- 8-10mg/kg/d/TMP, 2x/d, por 7-10d


trimetropim (TMP)

Descrição das helmintíases


intestinais e formas sintomáticas
maior letalidade no Brasil, devido às suas com-
plicações graves.
1. Ascaridíase (Ascaris lumbricoides):
Morfologia: é o maior dos nematelmintos: fê-
Epidemiologia: é o helminto mais prevalente meas com 30 a 40 cm, machos com 15 a 30 cm,
no mundo (mais de 1 bilhão de pessoas) e o de coloração leitosa.

9
Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

Local da infestação: intestino delgado, prin- men do intestino delgado. O paciente, em


cipalmente jejuno e íleo. De grande força mus- geral desnutrido, apresenta cólicas, dis-
cular, prende-se no lúmen intestinal por assumir tensão abdominal, anorexia, vômitos bi-
postura em U e exercer pressão contra as pare- liosos, desidratação e às vezes diarreia no
des. início do quadro. É comum a criança eli-
minar as lombrigas pela boca, narinas ou
Ciclo biológico: os ovos são eliminados com
ânus, antes ou durante a vigência do qua-
as fezes e contaminam o solo. A transmissão se
dro. Palpa-se massa cilíndrica na região
dá pela ingestão do ovo com larva madura, pela
periumbilical ou próximo aos flancos. Os
contaminação das mãos na terra, geofagia, con-
ruídos hidroaéreos podem desaparecer,
taminação de água e alimentos. O ovo eclode
caso ocorra oclusão intestinal total ou íleo
no intestino delgado, libera a larva, que no ceco
adinâmico. Pode ocorrer isquemia de alça,
atravessa a mucosa e por via linfática ou venosa
necrose, perfuração ou volvo do intestino.
passa pelo fígado, atinge o átrio direito, artérias
A radiografia de abdome pode mostrar ní-
pulmonares e se aloja nos alvéolos. Sofre evo-
veis hidroaéreos no intestino delgado ou
luções larvárias, ascende pelas vias aéreas até a
sinais de perfuração intestinal, sombra ra-
faringe, é deglutida e vai se alojar no lúmen do
dio-lúcida na forma de aparência de “fei-
intestino delgado. O ciclo é de 15 a 30 dias até
xe de charuto” ou “efeito de redemoinho”
este momento e vai demorar mais 30 a 60 dias
devido ao contraste da massa de vermes
para se tornar adulto e a fêmea iniciar a postura
contra o ar intestinal na radiografia sim-
de ovos.
ples. A visualização direta de vermes é
Patogenia e manifestações clínicas: possível na ultrassonografia abdominal. O
corpo espiralado do verme do Ascaris no
1) Pelas larvas: quando em infestações mais
trato biliar dá um sinal clássico na imagem
intensas, pode ocorrer migração de larvas para
no ultrassom, chamado “sinal do olho de
o parênquima hepático, com necrose focal e fi-
boi” ou “sinal de dupla sonda”26.
brose (semelhante ao quadro de toxocaríase).
c) Migração do áscaris – pode causar qua-
A principal ação das larvas é no pulmão: pneu-
dros graves: 1) apendicite, por invasão
monite larvária, com febre, tosse, expectoração,
do apêndice cecal; 2) pancreatite hemor-
dispneia, eosinofilia periférica moderada ou in-
rágica, por obstrução da ampola de Vater
tensa (síndrome de Löeffler – duração de uma ou
e ducto de Wirsung; 3) colestase e colan-
duas semanas)11;
gite, por obstrução da ampola de Vater
2) Vermes adultos: no intestino o quadro é e árvore biliar; 4) abcesso hepático, pela
assintomático, ou há sintomas inespecíficos. subida dos vermes até o interior do parên-
Quando ocorre infestação média (mais de 30 quima do fígado; 5) asfixia, por obstrução
vermes), ou maciça (mais de 100 vermes) as ma- de vias aéreas ou cânula traqueal.
nifestações são perigosas:
a) Ação espoliadora – consumo de grande A ultrassonografia continua sendo uma fer-
parte dos macronutrientes e micronu- ramenta diagnóstica de escolha para ascaridíase
trientes ingeridos pela criança, desnutri- hepatobiliar e pancreática, embora sua sensibili-
ção proteico-energética, baixa estatura, dade possa ser ruim. A endoscopia digestiva alta
desenvolvimento comprometido; pode identificar áscaris duodenal e a colangio-
pancreatografia endoscópica retrógrada pode
b) Sub-oclusão ou obstrução intestinal – é
ser usada para remover vermes de ductos e duo-
um quadro grave, letal em muitos casos e
deno27.
de incidência inaceitavelmente ainda ele-
vada em nosso país. O enovelamento de Diagnóstico: microscopia direta, exame pa-
grande número de parasitas obstrui o lú- rasitológico de fezes (método de concentração

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ou método da avaliação quantitativa). Os vermes mum de desobstrução mecânica é a laparotomia


adultos são ocasionalmente visualizados direta- e a massagem do bolo de vermes impactados em
mente nas fezes, boca ou nariz e são reconhecí- direção ao cólon32. Quando a causa da obstrução
veis pelas suas características macroscópicas28. é o volvo, o tratamento é diferente. A ordenha
do intestino em volvo pode danificar o intestino
Tratamento: ver tabela de tratamento das delgado e, portanto, a enterotomia é o método
helmintíases intestinais preferido de tratamento cirúrgico33.

O tratamento da obstrução intestinal rela- O tratamento inicial da cólica biliar, cole-


cionada ao Ascaris depende se a condição é su- cistite e pancreatite aguda associadas à ascari-
baguda ou aguda. A terapia inicial convencional díase consiste na restrição da ingestão oral, hi-
conservadora para obstrução subaguda envolve dratação, uso de antibióticos e de analgésicos.
a hidratação venosa e aspiração nasogástrica A terapia anti-helmíntica é iniciada após a re-
por 48 a 72 horas. A administração de óleo mi- missão dos sintomas agudos34. A colangite agu-
neral, na dose de 15 a 30ml a cada duas horas, da é muito mais grave e requer descompressão
tem o objetivo de lubrificar o lúmen e facilitar e drenagem biliares cirúrgicas ou endoscópicas
a eliminação dos vermes29. O uso de ascaricida urgentes. O abscesso hepático é controlado por
neste momento exige cautela, pois a morte e de- aspiração guiada por ultrassonografia e remoção
gradação maciça dos vermes libera toxinas que de pus, juntamente com antibióticos, analgési-
podem provocar inflamação de parede intesti- cos e agentes anti-helmínticos27.
nal, paralisia, necrose e perfuração. O citrato de
piperazina, na dose de 75 mg/kg era adminis-
2. Ancilostomíase
trado após reidratação intravenosa e colocação
de sonda nasogástrica, pois promovia paralisia Epidemiologia: Necator americanus nas Amé-
dos vermes, sem destruí-los. No entanto, este ricas, África, sul da Índia e China; Ancylostoma
medicamento foi retirado do mercado em 1999 duodenale na Europa, costa do Mediterrâneo,
pela ANVISA, devido à sua toxicidade. Caso não Japão, norte da China e Índia. As duas espécies
haja resolução da obstrução, enema com salina coexistem em alguns locais do Brasil e América
hipertônica pode ser eficaz, pois a concentração Latina. Infectam mais de 400 milhões de pessoas
salina serve como um irritante para o bolo de no mundo.
vermes, que costuma se romper, deslocando os
Morfologia: Medem de 5 a 18mm de compri-
áscaris para o intestino grosso e o reto30. Como
mento; a fêmea é maior que o macho, e a espécie
opção tem sido utilizado a gastrografina (con-
A. duodenale é quase o dobro do tamanho da es-
traste hiperosmolar), que determina condução
pécie N. americanus.
de água para o lúmen intestinal, causa a sepa-
ração dos áscaris e os torna mais escorregadi- Ciclo biológico: os ovos eliminados com as
ços. Além disso, quando ingerido pelos vermes, fezes contaminam o solo; as larvas evoluem em
pode causar desidratação e redução do tamanho 5 estágios. A larva filarioide L3 é a infectante.
dos mesmos. A dose varia de 15 a 30 mL e a di- Consegue penetrar na pele do hospedeiro e por
luição depende da faixa etária (recém nascidos via linfática ou venosa é transportada até os pul-
e lactentes utilizar 3 vezes o volume de água; mões. Na evolução sobe dos alvéolos, pela ár-
crianças duas vezes)31. O tratamento cirúrgico vore respiratória, até ser deglutida. No intestino
da obstrução intestinal é indicado em pacientes delgado origina o verme adulto. Transcorrem 35
com sangramento retal e toxemia ou naqueles a 60 dias desde a infecção até o início da elimi-
que não respondem ao tratamento médico. A nação de ovos nas fezes do hospedeiro. Vivem
ressecção com anastomose de ponta a ponta do no intestino de 1 a 10 anos. Pode haver infesta-
intestino afetado não é necessária, a menos que ção direta, sem ciclo pulmonar, a partir da inges-
haja perfuração ou gangrena. A técnica mais co- tão da larva L3.

11
Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

Local da infestação: principalmente o duo- Morfologia: fêmeas partenogenéticas com


deno e jejuno, onde se fixam pela cápsula bucal. aproximadamente 2mm de comprimento.
Cada exemplar adulto de A. duodenale ocasiona
perda diária de 0,05 a 0,3ml de sangue, sendo Ciclo evolutivo: é complexo e envolve uma
esta perda de 0,01 a 0,04ml por dia na espécie N. fase no intestino delgado do hospedeiro, pro-
americanus. A perda de sangue ocorre porque o tagonizada por fêmeas, e uma fase estercoral
verme suga o sangue da mucosa e porque muda (daí a origem do nome), com machos e fêmeas
de lugar 4 ou 5 vezes por dia e lesiona a mucosa exercendo reprodução em vida livre, no solo. As
a cada vez em que se fixa. larvas originárias dos ovos provenientes das fê-
meas de vida livre ou das fêmeas existentes no
Patogenia e manifestações clínicas: na maio- intestino humano evoluem rapidamente para a
ria das vezes são ausentes, mas dependendo do forma infectante filarioide. Existe mais de uma
número de vermes, da espécie de ancilostomí- forma de transmissão. Na primo-infecção, as lar-
deo, ou das condições do hospedeiro, são possí- vas presentes no solo penetram o homem atra-
veis os seguintes sintomas: vés da pele e depois migram para o ciclo pulmo-
1) Dermatite Larvária: prurido, eritema, ede- nar igual aos ancilostomídeos. Na autoinfecção,
ma, erupção papulovesicular durante até os ovos provenientes das fêmeas habitantes do
duas semanas; mais frequente com a es- intestino eclodem e rapidamente as larvas evo-
pécie N. americanus; 2) Pneumonite Lar- luem em etapas até a forma infectante e, antes
vária: menos intensa do que na infecção de serem excretadas com as fezes, penetram a
por áscaris; mucosa no íleo, nos cólons ou penetram a pele
na região perianal. Por via linfática ou venosa
2) Parasitismo Intestinal: na fase aguda pode
atingem o coração direito, para em seguida fa-
ocorrer dor epigástrica, náuseas, vômitos,
zer o ciclo pulmonar. As larvas deglutidas vão
anorexia ou bulemia, flatulência ou diar-
se tornar fêmeas adultas no duodeno e jejuno,
reia; na fase crônica, que é a mais compli-
onde se alojam no interior das criptas da muco-
cada e pode demorar vários anos para se
sa. Transcorrem cerca de 20 dias entre a pene-
estabelecer, pode ocorrer anemia hipo-
tração das larvas na pele ou mucosa e o início
crômica e microcítica, que é mais grave na
da oviposição.
infestação por A. duodenale, anorexia, fra-
queza, cefaleia, palpitações, sopro cardía- Patogenia e manifestações clínicas: a es-
co, hipoproteinemia e edema por entero- trongiloidíase pode ser assintomática, oligos-
patia perdedora de proteínas. Tornam-se sintomática ou com formas graves. Dermatite
indivíduos de baixa produtividade. larvária pode ocorrer nos pés, mãos, nádegas
ou região anogenital. Pneumonite larvária, com
Diagnóstico: exame parasitológico de fezes;
dispneia, tosse, febre e eosinofilia podem ocor-
método de cultura de larvas28. Também a endos-
rer, porém são menos frequentes do que na as-
copia digestiva alta e biópsias de duodeno pode
caridíase. A infecção por vermes localizados nas
ser o exame de confirmação20.
criptas do intestino delgado proximal determi-
Tratamento: ver a tabela de tratamento das na manifestações diversas, tais como anorexia,
helmintíases intestinais náuseas, vômitos, distensão abdominal, dor em
cólica ou queimação, muitas vezes no epigástrio
(síndrome pseudo-ulcerosa). O paciente pode
3. Estrogiloidíase (Strongyloides stercoralis)
apresentar síndrome de má absorção exube-
Epidemiologia: geo-helminto responsável rante (diarreia secretora ou estatorreica e des-
por mais de 50 milhões de infectados no mundo. nutrição proteico-energética), com duração de
Causa doença grave em indivíduos imunossupri- várias semanas ou meses. Nos pacientes que
midos. recebem corticosteroides, ou nos imunodepri-

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midos por doenças crônicas debilitantes, como nhecida ou suspeita, relatos de casos publicados
desnutrição, neoplasias, doença inflamatórias demonstraram eficácia com a administração por
intestinais, doenças autoimunes, nefropatias, via retal. Se as administrações orais e/ou retais
alcoolismo, os vermes infectam todo o intestino não forem possíveis, o uso da formulação subcu-
e a autoinfecção interna ocorre maciçamente. tânea veterinária de Ivermectina já foi concedida
As larvas filarioides migram para o fígado, pul- pelo FDA como isenção de Medicamentos Novos
mões e inúmeras outras vísceras e glândulas, ge- Investigatórios28.
ralmente originando bacteremia, pois carregam
consigo as enterobactérias intestinais. Assim se
desenvolve a estrongiloidíase disseminada, gra- 4. Trichiuríase ou Tricocefalíase
ve e de alta mortalidade. Associa sintomas intes- (Trichuris trichiura)
tinais, respiratórios e de sepse ou meningite por Epidemiologia: 700 milhões de portadores
coliformes. Alguns infectados não conseguem no mundo, na grande maioria crianças.
eliminar o parasita espontaneamente, por força
de seu próprio sistema imune. Permanecem por- Morfologia: medem entre 3 e 5 cm de com-
tadores crônicos, graças à autoinfecção interna. primento e as fêmeas são um pouco maiores que
os machos. A extremidade anterior é mais fina do
Diagnóstico: o padrão ouro é o exame pa- que a posterior.
rasitológico de fezes seriado, até sete amostras
para atingir sensibilidade de 100%; exame de Local da infestação: intestino grosso, espe-
detecção de larvas; cultura de larvas. O aspirado cialmente o ceco.
duodenal é mais sensível que o exame de fezes,
Ciclo biológico: os ovos são eliminados
e a biópsia duodenal pode revelar parasitas nas
com as fezes e demoram de 13 a 20 dias para
criptas gástricas, nas glândulas duodenais ou in-
se tornar infectantes. O homem ingere os ovos,
filtração eosinofílica na lâmina própria. Frequen-
que sofrem ação de sucos digestivos e libertam
temente, as larvas podem ser vistas por meio de
as larvas. Estas sofrem várias mudas e somente
um suporte simples em líquido a partir de uma
90 dias após a contaminação tornam-se vermes
lavagem bronco-alveolar28.
adultos e iniciam a oviposição.
Tratamento: A terapia de primeira escolha é
Patogenia e manifestações clínicas: o verme
a Ivermectina, em dose única, 200 mcg/kg por
adulto introduz a extremidade anterior na muco-
via oral por 1-2 dias. A alternativa terapêutica
sa intestinal para se fixar. Diariamente muda de
é o Albendazol, 400 mg por via oral duas vezes
lugar e assim provoca erosões e ulcerações múl-
ao dia por 7 dias. Para pacientes com exame de
tiplas. Cada verme ingere até 0,005ml de sangue
fezes positivo para Strongyloides e sintomas per-
por dia. A intensidade do quadro clínico varia
sistentes, exames de acompanhamento devem
de acordo com a carga parasitária. Geralmente é
ser realizados 2 a 4 semanas após o tratamento
assintomática ou de manifestações leves, quan-
para confirmar a eliminação da infecção. Se o re-
do a criança possui poucos vermes no ceco. No
crudescimento das larvas for observado, o retra-
entanto, em crianças desnutridas, especialmen-
tamento é indicado28.
te pré-escolares, que vivem em comunidades
Na síndrome de hiperinfecção/estrongiloidí- aglomeradas e com ausência total de saneamen-
ase disseminada, se possível, a terapia imunos- to básico, pode se instalar a trichiuríase maciça.
supressora deve ser interrompida ou reduzida, O intestino grosso inteiro, do ceco ao reto, pode
indicando-se Ivermectina, 200 mcg/kg por dia, estar infectado com vermes em número de 2 a
por via oral por duas semanas, até exames de 5 mil. Em quase todos os casos ocorre distensão
fezes e/ou expectoração negativos. Para os pa- abdominal e cólicas, vômitos, disenteria crôni-
cientes incapazes de tolerar a terapia oral, como ca com fezes mucossanguinolentas, tenesmo,
aqueles com íleo, obstrução ou má absorção co- anemia hipocrômica e microcítica e desnutrição

13
Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

proteico-energética. Prolapso retal ocorre em al- pior à noite, pela presença das fêmeas no local.
guns pacientes. Pode causar apendicite aguda. A criança pode ficar em desespero e apresentar
Há boa recuperação de peso e estatura nas crian- insônia, tal o sofrimento induzido pelo prurido.
ças com trichiuríase maciça após o tratamento Ocorre processo inflamatório na região anal. Nas
específico. meninas o verme pode migrar para a região ge-
nital e pode ser encontrado na vulva, uretra, va-
Diagnóstico: Exame parasitológico de fezes
gina e até na cavidade peritoneal. Causa intenso
(método de concentração; método de quantifica-
prurido vulvar, corrimento, estimulação erótica e
ção). O exame da mucosa retal por proctoscopia
até complicações anexiais.
ou colonoscopia (ou diretamente no caso de pro-
lapsos) revelam vermes adultos na trichiuríase Diagnóstico: A confirmação diagnóstica da
maciça35. oxiuríase pode ser feita a partir de três técnicas
simples: 1) procurar os vermes na região peria-
Tratamento: ver a tabela de tratamento das
nal duas a três horas após o indivíduo infectado
helmintíases intestinais. Na trichiuríase maciça o
estar dormindo; 2) tocar a pele perianal com fita
tratamento precisa ser realizado três vezes, com
adesiva transparente para coletar possíveis ovos
intervalos de 15 dias.
de E. vermicularis ao redor do ânus na primeira
hora da manhã, para observação em microsco-
5. Enterobíase ou Oxiuríase (Enterobius pia direta. O método da fita deve ser conduzido
vermicularis ou Oxyurus vermicularis) em três manhãs consecutivas logo após a pessoa
infectada acordar e antes de fazer qualquer hi-
Epidemiologia: ocorre no mundo todo e nos giene; 3) devido ao prurido anal pode-se analisar
países desenvolvidos é a helmintíase de maior amostras obtidas sob as unhas por microscopia.
prevalência. Os ovos e os vermes são muitas vezes escassos
Morfologia: o macho tem menos de 5 mm de nas fezes, e assim o exame de amostras de fezes
comprimento e a fêmea perto de 10 mm. poucas vezes resulta positivo28.

Tratamento: Qualquer um dos medicamentos


Locais de infestação: principalmente o ceco
(ver tabela) é administrado como dose única ini-
e o reto.
cial e repetida em duas semanas. A segunda dose
Ciclo biológico: após a cópula o macho é eli- é para eliminar a reinfecção por vermes adultos
minado e morre. A fêmea fecundada não solta os que eclodem de quaisquer ovos não mortos pelo
ovos até que seu útero esteja repleto. Então ela primeiro tratamento28.
migra para a região anal, onde faz a postura. Sua
As infecções repetidas devem ser tratadas
presença nesta região causa intenso prurido, o
pelo mesmo método que a primeira infecção. Nos
que favorece a transmissão direta do ânus para
domicílios onde mais de um membro está infec-
a boca, principalmente por crianças, adultos sem
tado ou onde ocorrem repetidas infecções sinto-
cuidados de higiene e doentes mentais. A trans-
máticas, recomenda-se que todos os membros do
missão indireta também é possível, com a inala-
domicílio sejam tratados ao mesmo tempo. Nas
ção de ovos presentes na poeira e utensílios do-
instituições, o tratamento em massa e simultâ-
mésticos. Os ovos ingeridos liberam as larvas no
neo, repetido em duas semanas, pode ser eficaz28.
intestino e estas se fixam no ceco. O ciclo é de
30 a 50 dias até a evolução para a forma adulta.
6. Teníase (Taenia solium e Taenia saginata)
Patogenia e manifestações clínicas: o pa-
rasita pode provocar inflamação superficial na Epidemiologia: o homem é o hospedeiro de-
mucosa colônica e alguns sintomas, como náu- finitivo destes citoides platelmintos, conheci-
sea, cólica abdominal, tenesmo e puxo. Mas o dos como solitária. O hospedeiro intermediário
sintoma predominante é o intenso prurido anal, é o porco para o embrião da T. solium, e o gado

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bovino doméstico para o embrião da T. sagina- vômitos, dor abdominal (“dor de fome”), perda
ta. Na fase adulta, as tênias habitam o intestino de peso, diarreia e/ou constipação, urticária, eo-
delgado do homem, onde podem viver por 3 a sinofilia moderada ou intensa. Há inflamação no
25 anos. A maior prevalência ocorre em adultos local de fixação do verme, no duodeno ou jejuno.
jovens e nas regiões rurais da América Latina, É raro, mas pode ocorrer sub-oclusão intestinal,
África e Ásia. Os hábitos culturais de consumo apendicite, colangite ou pancreatite. Todas es-
de carnes cruas ou malcozidas nestas comunida- tas manifestações são quase que exclusivas da
des, além do destino inadequado das fezes hu- teníase por T. saginata. O grande problema da
manas, favorecem sua disseminação. As teníases T. solium é quando o homem se torna o hospe-
são subdiagnosticadas e em geral as notificações deiro intermediário. Isto ocorre pela ingestão
não são espécie-específicas. A OMS estimou a dos ovos do meio externo ou pela autoinfesta-
existência de 70 milhões de pessoas contamina- ção, na qual as proglotes refluem ao estômago e
das, com 50 mil mortes anuais, geralmente pe- liberam os ovos e estes liberam o embrião, ocor-
las complicações da neurocisticercose induzida rendo então a migração por via circulatória até
pela T. solium. Inspeções veterinárias em aba- os tecidos. Assim é gerada a neurocisticercose e
tedouros na América Latina estimam a presença suas complicações.
de cisticercose em menos de 1% dos suínos e
Diagnóstico: A identificação de ovos e pro-
aproximadamente 5% dos bovinos. Isto induz a
glótides nas fezes por microscopia é diagnóstica
uma substancial perda econômica anual para a
para a teníase. Exames repetidos e técnicas de
pecuária na América Latina.
concentração aumentarão a probabilidade de
Morfologia e ciclo biológico: As tênias são detectar infecções leves. O exame de três amos-
achatadas dorsoventralmente e chegam ao com- tras de fezes coletadas em dias diferentes é re-
primento de 3 a 10 metros, sendo a T. saginata comendado para aumentar a sensibilidade dos
mais longa que a T. solium. O escólex possui ven- métodos microscópicos. Ovos de Taenia spp. não
tosas, e com estas o verme se fixa à mucosa do podem ser diferenciados; uma determinação de
duodeno ou jejuno. A tênia é hermafrodita e em espécie pode ser possível se proglótides madu-
geral vive solitária no intestino do homem. Os ros e gravídicos (ou, mais raramente, exame do
anéis ou proglotes distais são maduros e abar- escólex) estiverem presentes.
rotados com 30 a 80 mil ovos. Então eles se des- Coproantígeno e ensaios moleculares nas fe-
prendem e sua eliminação é passiva, com as fe- zes, além de métodos sorológicos, estão em de-
zes, no caso da T. solium ou forçando ativamente senvolvimento e no futuro serão mais sensíveis
a passagem anal, no caso da T. saginata. Os ovos que o exame de fezes. Os contatos domiciliares
contaminam as pastagens e após serem ingeri- dos casos de neurocisticercose devem ser ava-
dos pelos animais hospedeiros intermediários liados quanto à teníase para reduzir o risco de
os embriões migram até o tecido conjuntivo dos também desenvolverem cisticercose28.
músculos, onde formam os cisticercos, com 2 a
5 mm de diâmetro (canjiquinhas). A carne in- Tratamento: O praziquantel é o medicamen-
gerida pelo homem determina a contaminação. to mais usado para tratar a teníase ativa, admi-
Os sucos digestivos fazem o cisticerco liberar o nistrado na dose de 5-10 mg/kg por via oral em
escólex, que irá se fixar à mucosa e iniciar seu dose única. Se o doente tiver cisticercose, além
desenvolvimento. Demora mais de 3 meses para de teníase, o praziquantel deve ser utilizado com
ter início a eliminação das proglotes maduras. precaução. O praziquantel é cisticida e pode cau-
sar inflamação ao redor dos cistos em morte nos
Patogenia e manifestações clínicas: a teníase pacientes com cisticercose, o que pode levar a
é muitas vezes assintomática. Porém, vários tipos convulsões ou outros sintomas. A niclosamida
de sintomas são a ela atribuídos: fadiga, irrita- é uma alternativa, administrada em dose única
ção, cefaleia, tontura, bulimia, anorexia, náuseas, 50mg/kg (máximo 2g) por via oral. Após o trata-

15
Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

mento, as fezes devem ser coletadas por 3 dias podos (pulgas, besouros, borboletas, baratas),
para procurar proglotes de tênia para identifica- que são os hospedeiros intermediários e pos-
ção das espécies. As fezes devem ser reexamina- suem as larvas cisticercoides no seu interior. O
das para os ovos de tênia um e três meses após verme mede 10 a 60 cm. O rato é o hospedeiro
o tratamento para garantir que a infecção foi re- definitivo habitual.
solvida28.
Diagnóstico: microscopia direta

Tratamento: O tratamento de escolha é fei-


7. Himenolepíase
to com praziquantel. Nitazoxanida é a segunda
Epidemiologia: É a infestação intestinal pelo opção terapêutica. É comum a infecção persistir
cestoide Hymenolepis nana (conhecida como após o tratamento inicial, e o tratamento com
“tênia anã”), parasita habitual do homem e sem praziquantel a cada 20 dias precisa ser repetido
hospedeiro intermediário, ou eventualmente mais vezes28.
Hymenolepis diminuta, parasita habitual do rato.
É o cestoide mais comum em humanos. No Brasil
predomina nos estados do sul, com prevalência 8. Difilobotríase
de 3% a 10%, o mesmo ocorrendo nos países É a parasitose causada pelo cestoide Dyphylo-
da América Latina de clima mais temperado. Em botrium latum, conhecido como “tênia do peixe”.
clima tropical a prevalência é inferior a 1%. Pre- É o maior parasita intestinal humano e pode che-
domina entre os 2 e 15 anos de idade. Deveria gar a 10 metros de comprimento. O hábito de
ser de pouca importância, mas realmente é ca- ingerir peixe defumado ou cru (sushi, sashimi,
paz de provocar sintomas e sua erradicação total ceviche) favorece a transmissão, que é endêmi-
é difícil. ca em certas regiões do Chile, Peru, América do
Morfologia e ciclo biológico: O H. nana atin- Norte, Europa, Rússia e Japão. Os parasitas in-
ge 2 a 10 cm de comprimento e se fixa na região festam o intestino delgado e são consumidores
do íleo. A infestação se dá a partir da ingestão de vitamina B12. Em casos esporádicos chegam
dos ovos do meio externo ou por auto infesta- e desencadear o quadro completo de anemia
ção a partir da liberação intraluminal de ovos. perniciosa e, então, a anemia megaloblástica ou
As larvas cisticercoides se alojam nos linfáticos manifestações neurológicas podem ocorrer. Ra-
das vilosidades intestinais. Depois retornam ao ramente provocam obstrução intestinal. O trata-
lúmen e se tornam adultos. O ciclo é de 20 a 30 mento é feito com niclosamida ou praziquantel,
dias. A forma adulta vive só 14 dias, mas é uma associado à suplementação de vitamina B12 e
verminose que se perpetua, por meio da auto in- ácido fólico. Foram registrados casos de difilo-
festação contínua. botríase no Brasil em 2005 e 2006, em consu-
midores de sushi e sashimi, quando houve falha
Patogenia e manifestações clínicas: geral- na profilaxia (peixes importados de áreas endê-
mente a himenolepíase é assintomática, devido micas precisam ficar congelados a -20°C durante
ao pequeno número de parasitas. No entanto, 7 dias).
em crianças que sofrem grande contaminação e
que são desnutridas ou imunodeficientes, a auto
infestação se acelera e assim se dá a hiperinfes-
Protozoários
tação. No local infectado ocorre processo infla-
matório na mucosa e podem surgir sintomas ge-
rais, associados a cólicas abdominais e diarreia 1. Amebíase (Entamoeba histolytica)
crônica.
Agente e Epidemiologia: são duas espécies
A infestação por H. diminuta é rara e ocorre morfologicamente idênticas de protozoários:
pela ingestão acidental ou proposital de artró- 1) E. histolytica propriamente dita, patogênica

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e invasiva, capaz de causar diversas síndromes camadas mais profundas da parede do có-
clínicas graves, é responsável por milhares de lon, principalmente no hemi-cólon direito,
mortes anuais. Das mortes causadas por proto- ocorrendo úlceras profundas, isquemia, he-
zoários, só é superada pela malária; 2) E. dispar, morragia, megacólon tóxico, colite fulmi-
patógeno de baixa virulência e não invasivo, nante e às vezes perfuração. A mortalidade
responsável por 90% dos casos de amebíase no do quadro necrosante é elevada. Sua ocor-
mundo, especialmente as formas assintomáticas rência parece depender de debilidades
e a colite não disentérica. A primeira é a forma imunológicas e uso de imunossupressores.
predominante na Região Norte do Brasil e a se- O quadro é fulminante, com febre alta, fá-
gunda na Região Nordeste. cies toxêmica, sinais de choque hipovolê-
mico, sinais de peritonite, diarreia profusa
Ciclo biológico: a contaminação se dá pela
sanguinolenta e com odor de ovo podre,
ingestão de cistos maduros presentes em ali-
mais de 20.000 leucócitos no hemograma
mentos ou água contaminada. O desencistamen-
e distúrbios metabólicos; 4) ameboma: é
to ocorre pouco antes de alcançar o intestino
a formação de granuloma na mucosa no
grosso. Os cistos se multiplicam até se trans-
ceco, cólon ascendente ou anorretal, com
formar em trofozoítos. Por terem metabolismo
edema e estreitamento do lúmen. As mani-
anaeróbico são adaptados para viver nos cólons,
festações alternam momentos de diarréia
onde se alimentam de detritos e bactérias. Em
e constipação intestinal.
condições adversas, sofrem encistamento e são
c) Amebíase extra-intestinal: ocorre mais nos
eliminados com as fezes, contaminando o meio
adultos. Os trofozoítos de E. histolytica po-
ambiente. Quando o equilíbrio parasito-hospe-
dem migrar através da veia mesentérica
deiro é rompido, os trofozoítos invadem a muco-
superior e chegar ao fígado, promovendo
sa dos cólons e formam úlceras. Pela circulação
inflamação difusa, degeneração celular e
porta podem invadir outros órgãos, como fígado,
necrose. Assim se forma o abscesso hepá-
pulmão, pele e cérebro. Na intimidade dos teci-
tico amebiano, em geral no lobo direito. O
dos invadidos os trofozoítos são hematófagos.
paciente apresenta febre alta, dor intensa
Manifestações clínicas: são diversas formas no hipocôndrio direito com irradiações tí-
clínicas: picas de cólica biliar e hepatomegalia mui-
a) Amebíase assintomática: a grande maioria to dolorosa à palpação. Em geral não há ic-
dos portadores de amebíase terícia. Esta doença grave pode complicar
com infecção bacteriana secundária, rup-
b) Amebíase intestinal: 1) colite não disenté-
tura para a cavidade abdominal, com ele-
rica: cólicas abdominais, períodos de diar-
vada mortalidade, ruptura para o pulmão
reia com fezes líquidas ou semi-líquidas,
e pleura ou pericárdio. A disseminação he-
raramente com muco ou sangue, interca-
matogênica do trofozoíto pode determinar
lados com períodos de acalmia; 2) colite
localização da inflamação ou abscessos no
disentérica (disenteria amebiana): após
pulmão, pericárdio, pele, aparelho genitu-
período de incubação em média de um
rinário e cérebro.
mês, inicia-se febre moderada, distensão
abdominal, flatulência, cólicas abdominais Diagnóstico: o diagnóstico definitivo da in-
difusas ou na fossa ilíaca direita, disenteria fecção do trato intestinal depende da identifi-
com mais de 10 evacuações mucossangui- cação de trofozoítas ou cistos nas amostras de
nolentas por dia, tenesmo. Há inflamação e fezes. Pode ser feito o exame microscópico di-
úlceras na mucosa colônica. Podem ocorrer reto de fezes colhidas até 30 minutos ou com
distúrbios hidroeletrolíticos e desnutrição fixação em formol ou álcool polivinílico (dispo-
proteico-energética; 3) colite necrosante: nível em kits) para coloração permanente e sub-
a invasão do protozoário se estende para sequente exame microscópico. Não diferencia a

17
Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

E. histolytica de cepas menos patogênicas e tem trato intestinal ou doença extraintestinal


uma positividade somente de 72% a 76% dos (incluindo abscesso hepático): tratar com
casos, mesmo após a execução de seis exames amebicina tissular (metronidazol, tinida-
protoparasitológicos. zol ou secnidazol), seguido por um amebi-
cida intraluminal (teclosan ou etofamida).
Para auxiliar o diagnóstico foi desenvolvido
A nitazoxanida pode ser eficaz para ame-
um teste imunoenzimático (ELISA) para a pes-
bíase intestinal leve a moderada, embora
quisa do antígeno da E. histolytica nas fezes.
não seja aprovada pela Food and Drug Ad-
O método é capaz de diferenciar a infecção cau-
ministration (FDA) dos EUA para essa indi-
sada pela E. histolytica (patogênica) da E. díspar
cação.
(não-patogênica), sendo significativamente mais
sensível (97%), específico (99%) e rápido que • A aspiração percutânea ou cirúrgica de
os recursos tradicionais de investigação. grandes abscessos hepáticos pode ser oca-
sionalmente necessária quando a resposta
Reação em cadeia da polimerase (PCR) e rea- do abscesso à terapia medicamentosa é in-
ção com anticorpos monoclonais podem diferen- satisfatória ou existe risco de ruptura.
ciar a infecção por E. histolytica (patogênica) das
não-patogênicas. O exame de fezes de acompanhamento é re-
comendado após o término da terapia, porque
Outro método diagnóstico imunoenzimático nenhum esquema farmacológico é completa-
detecta anticorpos específico para E. histolytica mente efetivo na erradicação da infecção do tra-
em 95% ou mais em pacientes com amebíase to intestinal.
extraintestinal, 70% dos pacientes com infecção
intestinal ativa e 10% de pessoas assintomáti-
cas que estão eliminando cistos de E. histolytica. 2. Balantidíase (Balantidium coli)
Os pacientes podem continuar a ter resultados
É o maior protozoário causador de infecção
sorológicos positivos, mesmo após terapia ade-
intestinal humana e o único ciliado. É parasita
quada.
natural do porco, mas pode ser encontrado em
Tratamento: o tratamento deve ser priori- vários outros animais. A incidência da balantidí-
zado para todos os pacientes com E. histolytica, ase humana é baixa, porém a contaminação pode
incluindo aqueles que são assintomáticos, dada ocorrer no meio rural, principalmente entre cria-
a possibilidade desse parasito causar infecção dores de suínos. O local preferencial da infecção
invasiva e disseminar-se entre os membros da é o intestino grosso, especialmente o ceco. Pode
família. causar inflamação, invasão da submucosa e úl-
ceras, semelhantes às encontradas na amebía-
Nos locais em que os testes para distinguir
se. É uma infecção quase sempre assintomática.
espécies patogênicas de não-patogênicas não
Quando chega a causar sintomas, o quadro é se-
estão disponíveis, o tratamento deve ser admi-
melhante ao da colite amebiana. Pode eventual-
nistrado às crianças sintomáticas com base em
mente se tornar grave e letal.
resultados positivos de exame microscópico.
Diagnóstico: o diagnóstico é estabelecido
Os seguintes regimes são recomendados:
com a presença de trofozoítos (menos frequen-
• Paciente assintomático com excreção de temente, cistos) nas fezes ou espécimes de te-
cistos (infecções intraluminais): tratar ape- cido. Os exames de fezes são menos sensíveis,
nas com um amebicida intraluminal (teclo- e várias amostras podem ser necessárias, para o
san ou etofamida). O metronidazol não é diagnóstico, pois a eliminação do parasita pode
eficaz contra cistos. ser intermitente. O exame microscópico do ma-
• Pacientes com colite invasiva com sín- terial diarreico deve ser feito prontamente, por-
dromes leves a moderadas ou graves do que os trofozoítos degeneram rapidamente.

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O diagnóstico da infecção pode ser feito atra- Manifestações clínicas: a maioria das crian-
vés do exame histológico das lesões, por biópsia, ças infectadas com Giardia não manifesta qual-
via sigmoidoscopia ou colonoscopia ou parasito- quer sintoma. Na dependência de se tratar de
lógico das fezes. criança desnutrida, fisicamente debilitada por
doenças primárias, ou exposta a contaminação
Tratamento: a droga de escolha é a tetracicli-
ambiental intensa, então os sintomas aparecem.
na para crianças maiores de oito anos. As drogas
Há indícios de que a giardíase sintomática é mais
alternativas são metronidazol, iodoquinol e nita-
provável de ocorrer na primeira infecção por este
zoxanida.
protozoário, sendo assintomáticas as recidivas
posteriores. O segundo ano de vida parece ser
3. Giardíase o mais vulnerável para as formas graves da giar-
(Giardia duodenalis, Giardia lamblia) díase. O quadro clínico pode variar desde uma
diarreia aguda, com fezes líquidas, autolimitada,
Epidemiologia: protozoário flagelado, en- até um quadro arrastado por semanas ou meses
contrado principalmente em pré-escolares e es- e de intensidade variável. A criança pode mani-
colares e de distribuição cosmopolita. Parece ser festar apenas sintomas dispépticos gerais, como
o parasita intestinal mais prevalente no mundo náuseas, vômitos, distensão abdominal alta, dor
(4% a 8%), mesmo em famílias com renda fami- abdominal difusa ou epigástrica, flatulência e
liar média ou alta. Água não potável é uma das anorexia, ou pode manifestar uma síndrome de
maiores fontes de transmissão. Dissemina-se fa- má absorção muito semelhante à doença celíaca,
cilmente entre crianças de creche ou de abrigo. que inclui diarreia crônica esteatorreica ou cons-
Estima-se em 200 milhões os portadores de giar- tipação, perda de peso, parada de crescimento,
díase sintomática em todo o mundo. desnutrição proteico-energética, má absorção
secundária de lactose, enteropatia perdedora de
Ciclo biológico e Patogenia: a localização
proteínas, edema, hipoproteinemía, deficiência
preferida é o duodeno e jejuno. Os cistos pre-
de ferro, zinco, vitamina B12, ácido fólico, vita-
sentes no meio externo são ingeridos pela água
minas A e E.
ou alimentos contaminados. Transformam-se em
trofozoítos no duodeno, onde se multiplicam ra- Diagnóstico: os testes imunoenzimáticos
pidamente e se fixam à mucosa pelo disco suc- específicos (ELISA) e de imunofluorescência di-
torial. Em ocasiões imprevisíveis, os trofozoítos reta (IFD) nas fezes são os testes atualmente
se transformam em cistos e são eliminados com usados para o diagnóstico de giardíase. Esses
as fezes. A patogenia da giardíase inclui diversos testes baseados em antígeno têm substituído o
efeitos adversos induzidos por este protozoário, exame microscópico (MO) direto de ovos e pa-
nem todos comprovados: 1) atapetamento da rasitas como diagnóstico de primeira linha para
mucosa duodenal com formação de barreira me- giardíase. O ELISA tem uma sensibilidade de até
cânica; 2) atrofia vilositária de variados graus no 95% e especificidade de 98% a 100% com uma
intestino delgado, associada a infiltrado inflama- a duas amostras de fezes, melhor do que exame
tório e hipertrofia de criptas; 3) lesão nas estru- MO com três amostras.
turas do enterócito, vista em microscopia óptica
Também de ótimo desempenho são os testes
e eletrônica; 4) invasão da mucosa (fenômeno
moleculares de amplificação de antígeno ou áci-
raramente visto); 5) sobrecrescimento bacteria-
dos nucleicos (reação em cadeia da polimerase-
no no intestino delgado; 6) desconjugação de
-PCR) nas fezes.
ácidos biliares; 7) diminuição da atividade das
dissacaridases. Como consequência destes me- Tradicionalmente, o diagnóstico na prática
canismos a criança desenvolve má absorção de tem sido baseado na identificação microscópica
açúcares, gorduras, vitaminas A, D, E, K, B12, áci- de trofozoítos ou cistos em amostras de fezes.
do fólico e ferro, entre outros nutrientes. No entanto, a sensibilidade é baixa se a amos-

19
Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

tra contiver um pequeno número de parasitos. fratária para esses pacientes, maior duração do
Quando a giardíase é suspeita, mas o organismo tratamento ou combinação de terapia antipara-
não é encontrado em exames repetidos de fezes, sitária, por exemplo, metronidazol mais uma das
a análise de conteúdos duodenais obtidos por seguintes: paromomicina ou albendazol pode
aspiração direta pode ser diagnóstica. Eventual- ser necessária.
mente o diagnóstico é feito por biópsia duode-
O tratamento de portadores assintomáticos
nal ou intestinal em pacientes com sintomas clí-
não é recomendado, a não ser em domicílio de
nicos característicos que apresentam resultados
paciente com hipogamaglobulinemia, fibrose
negativos de fezes. Giardíase não está associada
cística ou outras imunodeficiências.
à eosinofilia.

Tratamento: algumas infecções são autoli-


mitadas e o tratamento não é necessário. O me- 4. Criptosporidiose (Cryptosporidium spp)
tronidazol, albendazol, nitazoxanida, tinidazol e A infecção por este protozoário ganhou gran-
secnidazol são os medicamentos de escolha. O de importância a partir da observação de que a
metronidazol é a terapia mais barata em relação criptosporidiose é frequente entre portadores da
às outras drogas. Pode ser usado por sete dias síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS).
com eficácia de 80% a 100% em pacientes pe- São várias espécies hoje reconhecidas como
diátricos. Uma dose de tinidazol ou secnidazol, causadoras de infecção humana (C. parvum,
tem eficácia de 80% a 100% e menos efeitos C. hominis e C. meleagridis). Apesar de ser um mi-
colaterais que o metronidazol. Um ciclo de três crorganismo oportunista, provoca também infec-
dias de suspensão oral de nitazoxanida tem efei- ção em pessoas imunocompetentes. A infecção
to semelhante ao metronidazol e a vantagem de é adquirida a partir da ingestão de água ou ali-
tratar outros parasitas intestinais sendo aprova- mentos contaminados com os oocistos. O local
do para uso em crianças a partir de um ano de preferencial da infecção é o intestino delgado,
idade. O mesmo se aplica para o albendazol. A onde os protozoários invadem os enterócitos e
paromomicina (aminoglicosídeo) é recomenda- se localizam em vacúolos parasitóforos superfi-
da para o tratamento de infecção sintomática em ciais extracitoplasmáticos. São capazes de inten-
mulheres grávidas no segundo e terceiro trimes- sa multiplicação, o que gera danos à morfologia
tre, com eficácia de 50% a 70%. dos enterócitos, atrofia vilositária intestinal e in-
A recorrência de sintomas após o término do tenso infiltrado inflamatório na mucosa.
tratamento pode ser atribuída a reinfecção, imu- A criptosporidiose é assintomática na maio-
nossupressão, tratamento insuficiente ou resis- ria dos infectados imunocompetentes, mas pode
tência a droga. Se há suspeita de reinfecção, um ocorrer quadro de diarreia aguda aquosa, volu-
segundo curso de tratamento pode ser eficaz. O mosa e autolimitada, com 3 a 12 dias de duração.
tratamento com classe diferente de droga é re- Em lactentes e pré-escolares pode evoluir para
comendado para giardíase resistente. diarreia persistente, desnutrição e desidratação.
Pacientes imunocomprometidos apresentam Nas pessoas imunodeprimidas por AIDS, neopla-
maior risco de giardíase, sendo difícil tratar es- sias, hipogamaglobulinemia ou uso de imuno-
ses pacientes. Nas crianças infectadas pelo vírus supressores, ocorre diarreia grave, prolongada
da imunodeficiência humana (HIV) a terapia an- e recidivante. Esta diarréia pode cursar com sín-
tiretroviral combinada com a terapia antiparasi- drome de má absorção e grande perda de peso, o
tária são primordiais para o tratamento dessas que é mais provável quando o número de linfóci-
infecções. tos CD4+ está abaixo de 200 por mm3. A criptos-
poridiose pode cursar com colecistite, colangite
Pacientes com AIDS frequentemente res- esclerosante, estenose de colédoco distal, hepa-
pondem à terapia padrão. Se a giardíase for re- tite ou pancreatite.

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Diagnóstico: o exame protoparasitológico mentos contaminados. No intestino delgado in-


de rotina não inclui a pesquisa para Cryptospo- vadem os enterócitos e multiplicam-se, causan-
ridium, assim a pesquisa desse parasita deve ser do danos na estrutura das células absortivas, na
solicitada especificamente. A detecção de oocis- arquitetura das vilosidades intestinais e proces-
tos nas fezes é feita pelo método de anticorpo so inflamatório. Na maioria das vezes a infecção
fluorescente direto pela microscopia, bem como é assintomática ou provoca diarreia aguda auto-
o ensaio imunoenzimático (ELISA) para pesqui- limitada. Em portadores de imunodeficiência o
sa do antígeno do Cryptosporidium sp. Esse úl- quadro é mais grave e arrastado, cursando com
timo método é significativamente mais sensível desidratação e síndrome de má absorção. Pode
(97%), específico (99%) e rápido do que as téc- levar a adenite mesentérica, invasão do baço e
nicas anteriormente usadas. Além disso, não há fígado e colecistite.
descrição de reação cruzada (falso-positivo) com
Diagnóstico: o diagnóstico é feito pela iden-
outros parasitas.
tificação dos oocistos nas fezes, em aspirados
Métodos moleculares (PCR) têm sido usados, duodenais ou em amostras de biópsia de intes-
aumentando a detecção do parasita. tino delgado.

Como a eliminação pode ser intermitente pelo Os oocistos podem ser eliminados em baixo
menos 3 amostras de fezes devem ser analisadas número, mesmo com diarreia abundante, necessi-
antes de considerar os resultados negativos. tando a investigação em pelo menos três amostras
de fezes. São necessários métodos mais sensíveis
Tratamento: a terapia específica geralmente
e métodos que destaquem os oocistos (microsco-
não está indicada para as pessoas imunocompe-
pia de fluorescência ultravioleta). Tem-se utiliza-
tentes. O tratamento indicado é com a nitazoxa-
do as técnicas de Kinyoun (método Ziehl-Neelsen
nida durante 3 a 14 dias na diarreia associada à
modificado) e Auramina-Rodamina, corando-se
criptosporidiose em pacientes com um ano ou
em vermelho intenso o esporoblasto da Isospo-
mais. Cursos de nitazoxanida por períodos maio-
ra belli. O laboratório deve ser notificado que há
res que 14 dias estão recomendados em pacien-
suspeita clínica de parasita coccídio, para que se-
tes receptores de transplantes de órgãos sóli-
jam utilizados métodos específicos, além do exa-
dos para o tratamento da diarreia causada por
me tradicional de ovos e parasitas.
Cryptosporidium, apesar da baixa eficácia.
Tratamento: Sulfametoxazol-trimetoprim, por
Em pacientes infectados pelo HIV, a melhora
7 a 10 dias, tem sido a droga de escolha. A pirime-
na contagem de linfócitos T CD4+ associada à te-
tamina pode ser uma opção para pacientes com
rapia antirretroviral pode levar à resolução dos
intolerância ao sulfametoxazol-trimetoprim. A
sintomas e à cessação da eliminação dos oocistos.
nitazoxanida tem sido estudada, mas com resul-
Assim, a administração da terapia antirretroviral
tados limitados.
combinada é o principal tratamento para a crip-
tosporidiose em pacientes com infecção pelo HIV. Os pacientes imunocomprometidos podem
precisar de doses mais altas e tratamentos mais
prolongados. Em crianças e adolescentes coin-
5. Isosporíase (Isospora belli) fectados com HIV a terapia de manutenção de-
Protozoário da classe dos esporozoários e pende da situação imunológica (contagem de
subclasse dos coccídeos. No Haiti a prevalência linfócitos CD4/CD8).
é de 15%, enquanto que na população brasileira
é menor que 1%. Entre portadores de AIDS é de
6. Blastomicose (Blastocystis hominis)
2%, chegando a 7% entre os doentes de AIDS
com diarreia. Estes protozoários são adquiridos Microrganismo comensal, é talvez o proto-
pela ingestão de oocistos através da água e ali- zoário mais presente nas fezes humanas. Even-

21
Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento

tualmente em pessoas imunodeprimidas, espe- do. Passou a ser diagnosticado a partir do apa-
cialmente com AIDS, pode causar infecção tanto recimento da AIDS. É mais um enteropatógeno
no intestino delgado quanto no intestino grosso. predominante em indivíduos imunodeficientes.
As manifestações clínicas envolvem desde sinto- Ocasiona processo inflamatório e atrofia vilosi-
mas gastrointestinais inespecíficos até um qua- tária no intestino delgado. Os sintomas de diar-
dro de diarreia aguda e eventualmente crônica. reia e má absorção intestinal podem ser graves
nos portadores da AIDS e, por outro lado, leves
Diagnóstico: espécimes do parasita nas fezes
e autolimitados ou ausentes em pessoas imuno-
podem ser vistas por MO. O estágio do trofozoita
competentes.
é muito difícil de identificar e raramente é visto.
Diagnóstico: o diagnóstico é feito pela
Tratamento: as indicações para tratamento
identificação microscópica de oocistos (8 a 10
não estão estabelecidas. Alguns especialistas
μm) nas fezes, fluídos/aspirados intestinais, ou
recomendam o tratamento para pacientes que
biopsias. O diâmetro do oocisto é o dobro do
apresentam sintomas persistentes. As drogas in-
Criptosporidium. Tem-se utilizado as técnicas
dicadas são a nitazoxanida e o metronidazol. O
de Kinyoun (método Ziehl-Neelsen modificado)
tinidazol pode ser uma opção nos pacientes com
onde os oocistos tingem-se de vermelho pálido
intolerância ao metronidazol.
ou róseo.

Tratamento: a droga de escolha é o sulfa-


7. Ciclosporose (Cyclospora cayetanensis)
metoxazol-trimetoprim, por 7 a 10 dias. Pacien-
É um coccídio intracelular parecido com o tes imunocomprometidos necessitam períodos
Cryptosporidium spp., com o qual é confundi- maiores de tratamento.

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23
Diretoria
Triênio 2019/2021

PRESIDENTE: MEMBROS: Dirceu Solé (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA)


Luciana Rodrigues Silva (BA) Henrique Mochida Takase (SP) Joel Alves Lamounier (MG) Dirceu Solé (SP)
1º VICE-PRESIDENTE: João Carlos Batista Santana (RS) EDITORES ASSOCIADOS: Evelyn Eisenstein (RJ)
Clóvis Francisco Constantino (SP) Luciana Cordeiro Souza (PE) Danilo Blank (RS) Daniel Becker (RJ)
2º VICE-PRESIDENTE: Luciano Amedée Péret Filho (MG) Paulo Roberto Antonacci Carvalho (RJ) Ricardo do Rêgo Barros (RJ)
Edson Ferreira Liberal (RJ) Mara Morelo Rocha Felix (RJ) Renata Dejtiar Waksman (SP) OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA:
Marilucia Rocha de Almeida Picanço (DF) COORDENAÇÃO:
SECRETÁRIO GERAL: Vera Hermina Kalika Koch (SP) COORDENAÇÃO DO PRONAP
Sidnei Ferreira (RJ) Fernanda Luísa Ceragioli Oliveira (SP) Fábio Ejzenbaum (SP)
DIRETORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Tulio Konstantyner (SP) MEMBROS:
1º SECRETÁRIO: Nelson Augusto Rosário Filho (PR)
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Cláudia Bezerra de Almeida (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA)
Sergio Augusto Cabral (RJ) Dirceu Solé (SP)
2º SECRETÁRIO: COORDENAÇÃO DO TRATADO DE PEDIATRIA
REPRESENTANTE NA AMÉRICA LATINA Luciana Rodrigues Silva (BA) Galton Carvalho Vasconcelos (MG)
Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) Ricardo do Rego Barros (RJ) Julia Dutra Rossetto (RJ)
Fábio Ancona Lopez (SP)
3º SECRETÁRIO: DIRETORIA DE DEFESA PROFISSIONAL Luisa Moreira Hopker (PR)
Virgínia Resende Silva Weffort (MG) DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA
COORDENAÇÃO: Joel Alves Lamounier (MG) Rosa Maria Graziano (SP)
DIRETORIA FINANCEIRA: Fabio Augusto de Castro Guerra (MG) Celia Regina Nakanami (SP)
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) COORDENAÇÃO DE PESQUISA
MEMBROS: Cláudio Leone (SP) SAÚDE MENTAL
2ª DIRETORIA FINANCEIRA: Gilberto Pascolat (PR) COORDENAÇÃO:
Cláudio Hoineff (RJ) Paulo Tadeu Falanghe (SP) COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO Roberto Santoro P. de Carvalho Almeida (RJ)
Cláudio Orestes Britto Filho (PB) COORDENAÇÃO:
3ª DIRETORIA FINANCEIRA: Rosana Fiorini Puccini (SP) MEMBROS:
Hans Walter Ferreira Greve (BA) João Cândido de Souza Borges (CE) Daniele Wanderley (BA)
Anenisia Coelho de Andrade (PI) MEMBROS: Vera Lucia Afonso Ferrari (SP)
DIRETORIA DE INTEGRAÇÃO REGIONAL Rosana Alves (ES)
Fernando Antônio Castro Barreiro (BA) Isabel Rey Madeira (RJ) Rossano Cabral Lima (RJ)
Donizetti Dimer Giamberardino Filho (PR) Suzy Santana Cavalcante (BA) Gabriela Judith Crenzel (RJ)
COORDENADORES REGIONAIS Jocileide Sales Campos (CE) Angélica Maria Bicudo-Zeferino (SP) Cecy Dunshee de Abranches (RJ)
NORTE: Maria Nazareth Ramos Silva (RJ) Silvia Wanick Sarinho (PE) Adriana Rocha Brito (RJ)
Bruno Acatauassu Paes Barreto (PA) Gloria Tereza Lima Barreto Lopes (SE) COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA E ESTÁGIOS
Adelma Alves de Figueiredo (RR) MUSEU DA PEDIATRIA
Corina Maria Nina Viana Batista (AM) EM PEDIATRIA COORDENAÇÃO:
NORDESTE: DIRETORIA DOS DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS E COORDENAÇÃO: Edson Ferreira Liberal (RJ)
Anamaria Cavalcante e Silva (CE) COORDENAÇÃO DE DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) MEMBROS:
Dirceu Solé (SP) MEMBROS: Mario Santoro Junior (SP)
SUDESTE: DIRETORIA-ADJUNTA DOS DEPARTAMENTOS Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) José Hugo de Lins Pessoa (SP)
Rodrigo Aboudib Ferreira Pinto (ES) CIENTÍFICOS Fátima Maria Lindoso da Silva Lima (GO)
Isabel Rey Madeira (RJ) Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) REDE DA PEDIATRIA
Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho (PE) COORDENAÇÃO:
SUL: DIRETORIA DE CURSOS, EVENTOS E PROMOÇÕES Victor Horácio da Costa Junior (PR)
Silvio da Rocha Carvalho (RJ) Luciana Rodrigues Silva (BA)
Darci Vieira Silva Bonetto (PR) COORDENAÇÃO: Rubem Couto (MT)
Helena Maria Correa de Souza Vieira (SC) Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck (SP) Tânia Denise Resener (RS)
Delia Maria de Moura Lima Herrmann (AL) MEMBROS:
CENTRO-OESTE: MEMBROS:
Regina Maria Santos Marques (GO) Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA) SOCIEDADE ACREANA DE PEDIATRA:
Ricardo Queiroz Gurgel (SE) Jefferson Pedro Piva (RS) Ana Isabel Coelho Montero
Natasha Slhessarenko Fraife Barreto (MT) Paulo César Guimarães (RJ) Sérgio Luís Amantéa (RS) SOCIEDADE ALAGOANA DE PEDIATRIA:
COMISSÃO DE SINDICÂNCIA Cléa Rodrigues Leone (SP) Susana Maciel Wuillaume (RJ)
TITULARES: Ana Carolina de Carvalho Ruela Pires
COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE REANIMAÇÃO Aurimery Gomes Chermont (PA)
Gilberto Pascolat (PR) NEONATAL Luciano Amedée Péret Filho (MG) SOCIEDADE AMAZONENSE DE PEDIATRIA:
Aníbal Augusto Gaudêncio de Melo (PE) Maria Fernanda Branco de Almeida (SP) Elena Marta Amaral dos Santos
Maria Sidneuma de Melo Ventura (CE) COORDENAÇÃO DE DOUTRINA PEDIÁTRICA
Ruth Guinsburg (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA) SOCIEDADE AMAPAENSE DE PEDIATRIA:
Isabel Rey Madeira (RJ) Rosenilda Rosete de Barros
Valmin Ramos da Silva (ES) COORDENAÇÃO PALS – REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA Hélcio Maranhão (RN)
Alexandre Rodrigues Ferreira (MG) COORDENAÇÃO DAS LIGAS DOS ESTUDANTES SOCIEDADE BAIANA DE PEDIATRIA:
SUPLENTES: Kátia Laureano dos Santos (PB) Dolores Fernandez Fernandez
Paulo Tadeu Falanghe (SP) Adelma Figueiredo (RR)
COORDENAÇÃO BLS – SUPORTE BÁSICO DE VIDA André Luis Santos Carmo (PR) SOCIEDADE CEARENSE DE PEDIATRIA:
Tânia Denise Resener (RS) Anamaria Cavalcante e Silva
João Coriolano Rego Barros (SP) Valéria Maria Bezerra Silva (PE) Marynea Silva do Vale (MA)
Marisa Lopes Miranda (SP) COORDENAÇÃO DO CURSO DE APRIMORAMENTO Fernanda Wagner Fredo dos Santos (PR) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO DISTRITO FEDERAL:
Joaquim João Caetano Menezes (SP) EM NUTROLOGIA PEDIÁTRICA (CANP) GRUPOS DE TRABALHO Dennis Alexander Rabelo Burns
CONSELHO FISCAL Virgínia Weffort (MG) DROGAS E VIOLÊNCIA NA ADOLESCÊNCIA SOCIEDADE ESPIRITOSSANTENSE DE PEDIATRIA:
TITULARES: PEDIATRIA PARA FAMÍLIAS COORDENAÇÃO: Roberta Paranhos Fragoso
Núbia Mendonça (SE) Nilza Maria Medeiros Perin (SC) João Paulo Becker Lotufo (SP) SOCIEDADE GOIANA DE PEDIATRIA:
Nelson Grisard (SC) Normeide Pedreira dos Santos (BA) MEMBROS: Marise Helena Cardoso Tófoli
Antônio Márcio Junqueira Lisboa (DF) Marcia de Freitas (SP) Evelyn Eisenstein (RJ) SOCIEDADE DE PUERICULTURA E PEDIATRIA
SUPLENTES: PORTAL SBP Alberto Araujo (RJ) DO MARANHÃO: Marynea Silva do Vale
Adelma Alves de Figueiredo (RR) Luciana Rodrigues Silva (BA) Sidnei Ferreira (RJ) SOCIEDADE MINEIRA DE PEDIATRIA:
João de Melo Régis Filho (PE) PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO CONTINUADA Adelma Alves de Figueiredo (RR) Marisa Lages Ribeiro
Darci Vieira da Silva Bonetto (PR) À DISTÂNCIA Nivaldo Sereno de Noronha Júnior (RN) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO MATO GROSSO
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA PARA POLÍTICAS Luciana Rodrigues Silva (BA) Suzana Maria Ramos Costa (PE) DO SUL: Carmen Lucia de Almeida Santos
PÚBLICAS: Edson Ferreira Liberal (RJ) Iolanda Novadski (PR)
Beatriz Bagatin Bermudez (PR) SOCIEDADE MATOGROSEENSE DE PEDIATRIA:
COORDENAÇÃO: Natasha Slhessarenko Fraife Barreto (MT) Mohamed Kassen Omais
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (RJ) Darci Vieira Silva Bonetto (PR)
Carlos Eduardo Reis da Silva (MG) SOCIEDADE PARAENSE DE PEDIATRIA:
MEMBROS: DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza
Luciana Rodrigues Silva (BA) Paulo César Pinho Ribeiro (MG)
Clóvis Francisco Constantino (SP) Milane Cristina De Araújo Miranda (MA) SOCIEDADE PARAIBANA DE PEDIATRIA:
Maria Albertina Santiago Rego (MG) Dirceu Solé (SP)
Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho (PE) Ana Marcia Guimarães Alves (GO) Leonardo Cabral Cavalcante
Donizetti Dimer Giamberardino Filho (PR) Camila dos Santos Salomão (AP)
Sérgio Tadeu Martins Marba (SP) Joel Alves Lamounier (MG) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE PERNAMBUCO:
Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (MT) DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES DOENÇAS RARAS Katia Galeão Brandt
Evelyn Eisenstein (RJ) Fábio Ancona Lopez (SP) COORDENAÇÃO: SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO PIAUÍ:
Paulo Augusto Moreira Camargos (MG) Salmo Raskin (PR) Anenisia Coelho de Andrade
EDITORES DA REVISTA SBP CIÊNCIA
João Coriolano Rego Barros (SP) Joel Alves Lamounier (MG) MEMBROS: SOCIEDADE PARANAENSE DE PEDIATRIA:
Alexandre Lopes Miralha (AM) Altacílio Aparecido Nunes (SP) Magda Maria Sales Carneiro Sampaio (SP) Kerstin Taniguchi Abagge
Virgínia Weffort (MG) Paulo Cesar Pinho Ribeiro (MG) Ana Maria Martins (SP)
Claudio Cordovil (RJ) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO ESTADO
Themis Reverbel da Silveira (RS) Flávio Diniz Capanema (MG) DO RIO DE JANEIRO: Katia Telles Nogueira
DIRETORIA E COORDENAÇÕES Lavinia Schuler Faccini (RS)
EDITORES DO JORNAL DE PEDIATRIA (JPED) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO RIO GRANDE
DIRETORIA DE QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO COORDENAÇÃO: ATIVIDADE FÍSICA
COORDENAÇÃO: DO NORTE: Katia Correia Lima
PROFISSIONAL Renato Procianoy (RS) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE RONDÔNIA:
Maria Marluce dos Santos Vilela (SP) Ricardo do Rêgo Barros (RJ)
MEMBROS: Luciana Rodrigues Silva (BA) José Roberto Vasques de Miranda
Edson Ferreira Liberal (RJ) Crésio de Aragão Dantas Alves (BA)
MEMBROS: SOCIEDADE RORAIMENSE DE PEDIATRIA:
COORDENAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO PROFISSONAL Paulo Augusto Moreira Camargos (MG) Adelma Alves de Figueiredo
José Hugo de Lins Pessoa (SP) João Guilherme Bezerra Alves (PE) Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA)
Marco Aurelio Palazzi Safadi (SP) Patrícia Guedes de Souza (BA) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO RIO GRANDE DO SUL:
COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO Teresa Maria Bianchini de Quadros (BA) Sérgio Luis Amantea
Mauro Batista de Morais (SP) Magda Lahorgue Nunes (RS)
Giselia Alves Pontes da Silva (PE) Alex Pinheiro Gordia (BA) SOCIEDADE CATARINENSE DE PEDIATRIA:
Kerstin Tanigushi Abagge (PR) Isabel Guimarães (BA)
Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (RJ) Dirceu Solé (SP) Rosamaria Medeiros e Silva
Antonio Jose Ledo Alves da Cunha (RJ) Jorge Mota (Portugal)
COORDENAÇÃO DO CEXTEP Mauro Virgílio Gomes de Barros (PE) SOCIEDADE SERGIPANA DE PEDIATRIA:
(COMISSÃO EXECUTIVA DO TÍTULO DE EDITORES REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA Dirceu Solé (SP) Ana Jovina Barreto Bispo
ESPECIALISTA EM PEDIATRIA) EDITORES CIENTÍFICOS: SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO:
Clémax Couto Sant’Anna (RJ) METODOLOGIA CIENTÍFICA
COORDENAÇÃO: COORDENAÇÃO: Sulim Abramovici
Hélcio Villaça Simões (RJ) Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ) SOCIEDADE TOCANTINENSE DE PEDIATRIA:
Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ)
MEMBROS: EDITORA ADJUNTA: Elaine Carneiro Lobo
Márcia Garcia Alves Galvão (RJ) MEMBROS:
Ricardo do Rego Barros (RJ) Gisélia Alves Pontes da Silva (PE) DIRETORIA DE PATRIMÔNIO
Clovis Francisco Constantino (SP) CONSELHO EDITORIAL EXECUTIVO: Cláudio Leone (SP) COORDENAÇÃO:
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Sidnei Ferreira (RJ) Fernando Antônio Castro Barreiro (BA)
Carla Príncipe Pires C. Vianna Braga (RJ) Isabel Rey Madeira (RJ) PEDIATRIA E HUMANIDADE
COORDENAÇÃO: Cláudio Barsanti (SP)
Flavia Nardes dos Santos (RJ) Sandra Mara Moreira Amaral (RJ) Edson Ferreira Liberal (RJ)
Cristina Ortiz Sobrinho Valete (RJ) Maria de Fátima Bazhuni Pombo March (RJ) Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE)
Luciana Rodrigues Silva (BA) Sergio Antônio Bastos Sarrubo (SP)
Grant Wall Barbosa de Carvalho Filho (RJ) Silvio da Rocha Carvalho (RJ) Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ)
Sidnei Ferreira (RJ) Rafaela Baroni Aurílio (RJ) Clóvis Francisco Constantino (SP)
João de Melo Régis Filho (PE) ACADEMIA BRASILEIRA DE PEDIATRIA
Silvio Rocha Carvalho (RJ) Leonardo Rodrigues Campos (RJ) PRESIDENTE:
Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE) Dilza Teresinha Ambros Ribeiro (AC)
COMISSÃO EXECUTIVA DO EXAME PARA Aníbal Augusto Gaudêncio de Melo (PE) Mario Santoro Júnior (SP)
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EM Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE)
Marcia C. Bellotti de Oliveira (RJ) Crésio de Aragão Dantas Alves (BA) VICE-PRESIDENTE:
PEDIATRIA AVALIAÇÃO SERIADA Luiz Eduardo Vaz Miranda (RJ)
COORDENAÇÃO: CONSULTORIA EDITORIAL: CRIANÇA, ADOLESCENTE E NATUREZA
Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) COORDENAÇÃO: SECRETÁRIO GERAL:
Victor Horácio de Souza Costa Junior (PR) Fábio Ancona Lopez (SP) Laís Fleury (RJ) Jefferson Pedro Piva (RS)

24
Nº 4, Setembro de 2020

Documento Científico
Departamento Científico
de Pediatria Ambulatorial
(2019-2021)

Parasitoses intestinais

Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial


Presidente: Tadeu Fernando Fernandes
Secretária: Normeide Pedreira dos Santos França (Relatora)
Conselho Científico: Geila de Amorim Rocha, José Paulo Vasconcellos Ferreira,
Regis Cardoso Assad, Renata Rodrigues Aniceto, Samir Buainain Kassar

Introdução Epidemiologia

As parasitoses intestinais determinam várias As parasitoses intestinais representam as do-


consequências; sua maior importância relaciona- enças mais comuns, com alta prevalência em pa-
-se ao efeito nocivo sobre a nutrição das crianças, íses em desenvolvimento, associadas a múltiplos
seu crescimento e o desenvolvimento cognitivo, fatores socioeconômicos e ambientais, como o
o que reduz a escolarização e exerce impacto ne- acesso limitado ao saneamento básico. Em países
gativo sobre a produtividade no trabalho, com desenvolvidos ocorrem sob a forma de surtos, ge-
geração de barreira econômica e piora nos níveis ralmente relacionados à contaminação da água.1
de pobreza. Desta forma, mais do que um proble-
Estas parasitoses afetam um bilhão de pes-
ma para a saúde, as enteroparasitoses represen-
soas no mundo e 49 milhões de crianças abaixo
tam um entrave ao desenvolvimento humano e
dos 15 anos em trinta países da América Latina e
econômico das nações.1,2
no Caribe estão em risco para aquisição de para-
sitoses intestinais.2
Outros aspectos são os custos gerados por
cuidados médicos e as alterações nos ciclos bio- Globalmente há aproximadamente um bi-
lógicos dos parasitas em imunocomprometidos. lhão de pessoas com Ascaris lumbricoides e um

1
Parasitoses intestinais

pouco menos com Trichuris trichiura e ancilosto- Protozoários


mídeos. A Giardia lamblia afeta 200 milhões de
Organismos unicelulares que têm cistos,
indivíduos, sendo 2% de adultos e 6% a 8% de
oocistos e esporos como fontes de infecção e
crianças em países desenvolvidos enquanto em
diagnóstico. A Giardia lamblia e o complexo
países em desenvolvimento atinge 20% a 60%
Entamoeba histolytica/dispar são os de maior
das crianças. Quanto à Entamoeba histolytica,
interesse na assistência a crianças imunocom-
acomete 500 milhões de indivíduos, sendo 50
petentes.5
milhões com a forma invasiva, e causa 100 mil
óbitos/ano.1,3
Transmissão5
No Brasil a prevalência de parasitoses em ge-
ral varia de 15% a 80%, de acordo com a popu- • Alimentar: água, frutas e hortaliças cruas, con-
lação estudada. Entre escolares varia de 23,3% a taminadas por cistos de protozoários, e conta-
66,3% e é de 15% para lactentes. O poliparasi- minação alimentar por manipuladores parasi-
tismo ocorre em 15% a 37% dos casos.3 tados
• Ambiental: contato com solo contaminado, ba-
nhos em água parada, hábitos sanitários inade-
quados e vetores (poeira, baratas, besouros e
Classificação dos parasitas4,5
moscas veiculam ovos infectantes)

Helmintos

São seres pluricelulares visíveis ao olho nu, Manifestações clínicas


que possuem sistemas nervoso e muscular ru-
dimentares e se reproduzem por oviposição
A intensidade das manifestações clínicas de-
(depositam ovos no meio externo, que se trans-
pende de vários fatores, individuais, parasitários
formam em larvas, maturadas até a forma adul-
e ambientais. São fatores associados a quadros
ta), ou de forma sexuada, por heterofecundação
clínicos mais graves:1,4,5
(machos e fêmeas) e auto-fecundação (herma-
– Relacionados ao hospedeiro: desnutrição, com-
froditas).4
prometimento imunológico;
Os helmintos estão divididos em: – Parasitários: carga parasitária e virulência do
1. Platelmintos, vermes achatados, subdivididos parasita infectante;
em: – Ambientais: habitação sem saneamento bási-
• Trematódeos (vermes chatos, não segmenta- co, hábitos higiênicos inadequados.
dos): Schistosoma mansoni Em geral, estão presentes sintomas comuns
• Cestódeos (vermes chatos, segmentados em às parasitoses:1,4,5
forma de fita): Taenias solium e saginata e – Sintomas gastrointestinais crônicos: diarreia,
Hymenolepis nana má absorção (giardíase, estrongiloidíase),
2. Nematelmintos (vermes cilíndricos, não seg- náuseas, vômitos, dor abdominal e prurido
mentados): anal

• Ascaris lumbricoides – Alterações hematológicas: eosinofilia periféri-


ca (helmintos) e anemia ferropriva, principal-
• Ancylostoma duodenale/ Necator americanus
mente em crianças
• Enterobius vermicularis
– Sintomas respiratórios (Síndrome de Löeffler):
• Strongyloides stercoralis relacionados aos parasitas que têm passagem
• Trichuris trichiura pulmonar em seu ciclo biológico (Strongyloi-

2
Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial (2019-2021) • Sociedade Brasileira de Pediatria

des stercoralis, A. duodenale/Necator america- Embora a maioria das parasitoses intestinais


nus e A. lumbricoides) apresente quadro clínico indistinguível, há algu-
– Outros: perda ponderal, hepatoesplenomega- mas particularidades em sua morbidade que as
lia, febre e dermatite perianal. diferenciam, conforme descrição na tabela 1.

Tabela 1. Particularidades na morbidade das enteroparasitoses1,3-5

Parasita Aspectos peculiares da parasitose

Ascaris lumbricoides Semi-oclusão ou oclusão intestinal

Ancylostoma duodenale/ Principal causa de anemia ferropriva na infância, por hematofagismo:


Necator americanus A.duodenale: 0,05-0,3ml/verme/dia N.americanus: 0,01-0,04ml/verme por dia

Migração dos parasitas para a genitália feminina e consequente vaginite,


Enterobius vermicularis
cervicite e/ou salpingite

Anemia ferropriva secundária à perda de sangue oculto nas fezes; diarreia


Trichuris trichiura
crônica com tenesmo; prolapso retal

Hiperinfestação em imunodeficientes e pessoas HIV+; risco de infecções


Strongyloides stercoralis
secundárias por enterobactérias e fungos

Schistosoma mansoni Comprometimento hepatointestinal, hepatoesplênico e varizes esofágicas

Taenia solium Crises epilépticas, hipertensão intracraniana, meningite, distúrbios


(neurocisticercose) psíquicos

Esteatorreia, perda ponderal, prejuízo na absorção de nutrientes, déficit de


Giardia lamblia
vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), vitamina B12, ferro e lactase

Disenteria amebiana, tenesmo, fezes muco-sanguinolentas, dor abdominal


Entamoeba histolytica intensa, invasão da mucosa intestinal por trofozoítos atingindo sítios extra
intestinais por via hematogênica
HIV+ = infectado pelo vírus da imunodeficiência humana

a baixa frequência de exames positivos dificulta


Diagnóstico4,5
o diagnóstico.

Suspeição A positividade de uma amostra fecal é em


torno de 50% e sobe para 60% a 90% se forem
É feita pelo quadro clínico, entretanto, a se-
coletadas três amostras. Os cistos são excreta-
melhança dos sintomas dificulta o diagnóstico
dos em fezes sólidas e os trofozoítos são mais
clínico de poliparasitismo.
encontrados em fezes diarreicas.

Confirmação Fatores que dificultam a obtenção


É feita pela visualização de helmintos elimi- de um parasitológico de fezes positivo5
nados ou positividade de algum método diag- – Qualidade da amostra fecal: pode ser compro-
nóstico. O parasitológico de fezes é o método metida pelo uso de antiácidos, laxativos, óleo
mais econômico e de mais fácil execução, porém mineral, antimicrobianos, medicamentos com

3
Parasitoses intestinais

bário, bismuto, ferro e soluções hipertônicas de 2. Qual a idade do paciente?


enema. Quando em uso, deverão ser suspensos – A maioria dos fármacos tem contraindicação
por uma semana antes da coleta da amostra. abaixo dos dois anos de idade
– Tempo decorrido entre a coleta e o processa-
3. Qual o efeito desejado?
mento da amostra: após 20 minutos os tro-
fozoítos sofrem degeneração. Desta forma, o – Ovicida, larvicida e/ou vermicida
ideal é coletar com algum fixador.
4. A posologia e possíveis reações adversas po-
– Variedade de métodos diagnósticos: nem sem- dem comprometer a adesão ao tratamento?
pre o método usado é adequado ao caso.
– Preferir fármacos com menor reatogenicida-
de, posologia mais cômoda e menor duração
de tratamento
Tratamento
5. Como prevenir reinfecção?
– Considerar tratar toda a família nas hel-
A eficácia terapêutica de um fármaco na
mintíases, principalmente na enterobíase e
pediatria relaciona-se a vários fatores, dentre
orientar a família sobre medidas profiláticas
os quais a adesão ao tratamento. Esta pode ser
comprometida por má palatabilidade do fárma- 6. Como fazer o controle de cura?
co, posologia e duração do tratamento inconve-
– Exames de controle nos 7°, 14º e 21º dias.
nientes para os pais e cuidadores das crianças,
Se não for possível, deverá repetir o trata-
além de efeitos adversos desagradáveis.
mento

Considerações prévias à escolha 7. O paciente tem terapia imunossupressiva pro-


do antiparasitário: gramada?
– Investigar S. stercoralis ou usar esquema
1. Há poliparasitismo?
profilático
– Prescrever um antiparasitário de amplo
espectro ou começar pela espécie mais pa- A tabela 2 descreve o espectro, os mecanis-
togênica, caso necessite usar mais de um mos de ação e a posologia dos antiparasitários
fármaco mais frequentemente recomendados.

Tabela 2. Antiparasitários, seus espectros, mecanismos de ação e posologia1-7

Fármaco Espectro Mecanismo


Posologia Observações
antiparasitário de ação de ação

Metronidazol G. lamblia Interage com o 15-25 mg/kg/dia por Ingerir depois


(comprimidos DNA e impede a 5 a 7 dias para Giardia de refeição;
500 mg e E. histolytica sua replicação. lamblia e por 7 a 10 dias
suspensão Ação mista contra para E. histolytica 10 a 20%
20 mg/mL) amebíase intestinal de resistência
e extra-intestinal na giardíase7
Secnidazol G.lamblia Penetra na célula do 30mg/kg, à noite, 2 dias Usar após
(suspensão protozoário, destrói (Giardia); 30mg/kg, dose refeição;
450mg/15mL e E. histolytica a cadeia de DNA ou única (amebíase formas palatabilidade
900mg/30mL) inibe a sua síntese leves e moderadas) ruim, dificulta
OU aceitação pelas
30mg/kg dose única diária crianças
por 5 dias (formas graves)

continua...

4
Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial (2019-2021) • Sociedade Brasileira de Pediatria

... continuação

Fármaco Espectro Mecanismo


Posologia Observações
antiparasitário de ação de ação

Tinidazol G. lamblia Penetra na célula do Para giardíase: Disponível


(comprimidos E. histolytica protozoário, destrói 50mg/kg em dose única apenas em
500 mg) a cadeia de DNA ou à noite comprimidos
inibe a sua síntese Para amebíase:
50mg/kg/dia,
1 a 2 vezes ao dia,
3 dias (forma leve) ou
60mg/kg/dia,
1 a 2 vezes ao dia,
5 dias (forma grave)

Mebendazol E. vermiculares Impede captação de 100 mg (5 mL) de Ovicida,


(comprimidos A. lumbricoides glicose pelo parasita 12/12 horas, vermicida
500 mg e S. stercolaris e depleta o estoque durante 3 dias
suspensão A. duodenale de glicogênio e (por não ser larvicida, Ingerir fora da
20 mg/mL) T. trichiura, ATP, essenciais para deverá ser repetido refeição
T. solium sua reprodução e 10 a 14 dias depois)
T. saginata sobrevivência Eliminação dos
H. nana parasitas em
alguns dias

Albendazol E. vermiculares Impede captação de 400 mg, em dose única Para neurocisti-
(comprimidos A. lumbricoides glicose pelo parasita para giardíase, repetir -cercose, usar
500 mg e S. stercolaris e depleta o estoque por 5 dias seguidos 15 mg/dia,
suspensão A. duodenale de glicogênio e ATP dividido em
40 mg/mL) T. trichiura, 3 tomadas
T. solium diárias,
T. saginata durante 30 dias
G. lamblia

Tiabendazol S. stercoralis Impede captação de 25 mg/Kg de Ingerir após


(comprimidos E. vermicularis glicose pelo parasita 12/12 horas refeição ou
500 mg e Larva migrans e depleta o estoque à noite
suspensão 20 cutânea e de glicogênio e ATP
mg/mL) visceral

Cambendazol S. stercoralis Impede captação de 5 mg/Kg/dia Mais potente


glicose pelo parasita que o
e depleta o estoque tiabendazol
de glicogênio e ATP e com menos
efeitos
colaterais

Pamoato de E. vermicularis Interfere na 10 mg/Kg dose única Colore as fezes


pirvínio captação de glicose e vômitos em
(drágeas pelos helmmintos vermelho
100 mg e e depleta sua fonte
suspensão energética
50 mg/5,0 mL)

Praziquantel S. mansoni Aumenta a 60 mg/Kg, dose única; Se usado


(comprimidos Taenia solium permeabilidade para as tênias: por nutriz:
500 mg e T. saginata da membrana, 100 mg/Kg dose única; suspender LM
suspensão H. nana causando contrações repousar por 3 horas por 72 horas
20 mg/mL) e paralisia da sua para evitar náuseas e (oferecer LM de
musculatura tonturas ordenha prévia)

continua...

5
Parasitoses intestinais

... continuação

Fármaco Espectro Mecanismo


Posologia Observações
antiparasitário de ação de ação

Ivermectina S. stercoralis, Age em receptores 200 microgramas/Kg Os metabólitos


(comprimidos larva migrans de membrana dose única têm meia-vida
6mg) cutânea e celular causando de 3 dias
visceral, paralisia tônica da
ectoparasitoses musculatura dos
vermes
Nitazoxanida E. vermicularis Para helmintos: 7,5 mg/kg/dose, Usar durante ou
(comprimidos A. lumbricoides inibe a 12/12 horas, após refeição
500 mg e S. stercolaris polimerização por 03 dias
suspensão A. duodenale da tubulina do A urina assume
20 mg/mL) T. trichiura, parasita coloração
T. solium esverdeada
T. saginata Para protozoários:
H. nana interfere na
G.lamblia enzima piruvato-
E. histolytica ferredoxina-
oxidoredutase
(PFOR); bloqueia
transferência de
elétrons

O uso de piperazina foi descontinuado pelo – Indivíduos com diarreia por G. lamblia devem
FDA e pela Anvisa desde 2012. Em caso de semi- manter-se afastados de águas recreativas (pis-
-oclusão ou oclusão intestinal por áscaris, a reco- cinas, lagos e rios) por pelo menos duas sema-
mendação atual é fazer hidratação parenteral e nas após a resolução dos sintomas;
administrar óleo mineral por sonda nasogástrica – Pacientes hospitalizados com giardíase devem
até eliminação retal do óleo, aguardar a elimina- receber cuidados com precauções básicas e de
ção dos parasitas, para depois tratar a parasito- contato;
se. A migração errática de vermes para a árvore
– Para controle das parasitoses intestinais em
biliar indica retirada por via endoscópica.8
áreas endêmicas, o uso empírico de um antipa-
rasitário de amplo espectro duas a três vezes
por ano é uma alternativa para reduzir os efei-
Prevenção2,4,5 tos maléficos das parasitoses sobre a saúde da
população.2
É baseada nas formas de transmissão: Algumas características dos parasitas dificul-
– Evitar o consumo de água potencialmente con- tam a sua erradicação (tabela 3) e contribuem
taminada (não filtrada) ou alimentos crus, prin- para a manutenção das parasitoses em áreas en-
cipalmente frutas e hortaliças; dêmicas.
– Adotar medidas de saneamento e higiene para
a população em geral, principalmente em cre-
ches, após o manejo de fraldas sujas;

6
Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial (2019-2021) • Sociedade Brasileira de Pediatria

Tabela 3. Características que dificultam a erradicação das parasitoses2,4,5

Forma
Parasitas Fatores que dificultam a erradicação
infectante

Ascaris lumbricoides ovos grande eliminação de ovos/dia

Trichuris trichiura ovos aerossolização de ovos

os ovos são altamente resistentes em meio favorável


Enterobius vermicularis ovos
durante anos

grande eliminação de cistos por dia (300 milhões a


14 bilhões), os quais permanecem viáveis por meses
Giardia lamblia cistos em água (4-10°C); baixa dose infectante (10 cistos
podem provocar doença); resistência dos cistos à
cloração da água

os cistos resistem ao cloro e em queijos, pães,


verduras e frutas por pelo menos 48 horas; em
E. histolytica cistos
temperaturas adequadas permanecem viáveis por
semanas a meses

REFERÊNCIAS

01. CDC. Centers for Disease Control and Prevention. 06. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Parasites. Disponível em: https://www.cdc.gov/ Vigilância em Saúde. Coordenação Geral
parasites/ acesso em 20/03/2020. de Desenvolvimento da Epidemiologia em
Serviços. Guia de Vigilância em Saúde –
02. Pan American Health Organization. Operational 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2017.
Guidelines for the Implementation of Deworming Disponível em: http://portalarquivos.
Activities: A Contribution to the Control of Soil- saude.gov.br/images/pdf/2017/outubro/
Transmitted Helminth Infections in Latin America 06/Volume-Unico-2017.pdf>. Acesso em:
and the Caribbean. Washington, DC: PAHO, 2015. 28/03/2020.

03. Brasil.Ministério da Saúde. Plano Nacional de 07. Meltzer E, Lachish T, Schwartz E. Treatment of
Vigilância e Controle das Enteroparasitoses, Giardiasis after Nonresponse to Nitroimidazole.
2005. Brasília -DF Emerg Infec Dis. 2014;20(10):1742-4.

04. Neves DP. Parasitologia Humana. 13. ed. São 08. American Academy of Pediatrics. Red Book: 2018
Paulo: Atheneu, 2016. Report of the Committee on Infectious Diseases,
31th ed,.Elk Grove Village, IL: Kimberlin D (Ed),
05. Gasparini E. Manual de Parasitoses intestinais. American Academy of Pediatrics, Elk Grove
Rio de Janeiro: Livraria e Editora Rubio, 2004 Village, IL 2018.

7
Parasitoses intestinais

Diretoria
Triênio 2019/2021

PRESIDENTE: MEMBROS: Dirceu Solé (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA)


Luciana Rodrigues Silva (BA) Henrique Mochida Takase (SP) Joel Alves Lamounier (MG) Dirceu Solé (SP)
1º VICE-PRESIDENTE: João Carlos Batista Santana (RS) EDITORES ASSOCIADOS: Evelyn Eisenstein (RJ)
Clóvis Francisco Constantino (SP) Luciana Cordeiro Souza (PE) Danilo Blank (RS) Daniel Becker (RJ)
2º VICE-PRESIDENTE: Luciano Amedée Péret Filho (MG) Paulo Roberto Antonacci Carvalho (RJ) Ricardo do Rêgo Barros (RJ)
Edson Ferreira Liberal (RJ) Mara Morelo Rocha Felix (RJ) Renata Dejtiar Waksman (SP) OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA:
Marilucia Rocha de Almeida Picanço (DF) COORDENAÇÃO:
SECRETÁRIO GERAL: Vera Hermina Kalika Koch (SP) COORDENAÇÃO DO PRONAP
Sidnei Ferreira (RJ) Fernanda Luísa Ceragioli Oliveira (SP) Fábio Ejzenbaum (SP)
DIRETORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Tulio Konstantyner (SP) MEMBROS:
1º SECRETÁRIO: Nelson Augusto Rosário Filho (PR)
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Cláudia Bezerra de Almeida (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA)
Sergio Augusto Cabral (RJ) Dirceu Solé (SP)
2º SECRETÁRIO: COORDENAÇÃO DO TRATADO DE PEDIATRIA
REPRESENTANTE NA AMÉRICA LATINA Luciana Rodrigues Silva (BA) Galton Carvalho Vasconcelos (MG)
Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) Ricardo do Rego Barros (RJ) Julia Dutra Rossetto (RJ)
Fábio Ancona Lopez (SP)
3º SECRETÁRIO: DIRETORIA DE DEFESA PROFISSIONAL Luisa Moreira Hopker (PR)
Virgínia Resende Silva Weffort (MG) DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA
COORDENAÇÃO: Joel Alves Lamounier (MG) Rosa Maria Graziano (SP)
DIRETORIA FINANCEIRA: Fabio Augusto de Castro Guerra (MG) Celia Regina Nakanami (SP)
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) COORDENAÇÃO DE PESQUISA
MEMBROS: Cláudio Leone (SP) SAÚDE MENTAL
2ª DIRETORIA FINANCEIRA: Gilberto Pascolat (PR) COORDENAÇÃO:
Cláudio Hoineff (RJ) Paulo Tadeu Falanghe (SP) COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO Roberto Santoro P. de Carvalho Almeida (RJ)
Cláudio Orestes Britto Filho (PB) COORDENAÇÃO:
3ª DIRETORIA FINANCEIRA: Rosana Fiorini Puccini (SP) MEMBROS:
Hans Walter Ferreira Greve (BA) João Cândido de Souza Borges (CE) Daniele Wanderley (BA)
Anenisia Coelho de Andrade (PI) MEMBROS: Vera Lucia Afonso Ferrari (SP)
DIRETORIA DE INTEGRAÇÃO REGIONAL Rosana Alves (ES)
Fernando Antônio Castro Barreiro (BA) Isabel Rey Madeira (RJ) Rossano Cabral Lima (RJ)
Donizetti Dimer Giamberardino Filho (PR) Suzy Santana Cavalcante (BA) Gabriela Judith Crenzel (RJ)
COORDENADORES REGIONAIS Jocileide Sales Campos (CE) Angélica Maria Bicudo-Zeferino (SP) Cecy Dunshee de Abranches (RJ)
NORTE: Maria Nazareth Ramos Silva (RJ) Silvia Wanick Sarinho (PE) Adriana Rocha Brito (RJ)
Bruno Acatauassu Paes Barreto (PA) Gloria Tereza Lima Barreto Lopes (SE) COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA E ESTÁGIOS
Adelma Alves de Figueiredo (RR) MUSEU DA PEDIATRIA
Corina Maria Nina Viana Batista (AM) EM PEDIATRIA COORDENAÇÃO:
NORDESTE: DIRETORIA DOS DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS E COORDENAÇÃO: Edson Ferreira Liberal (RJ)
Anamaria Cavalcante e Silva (CE) COORDENAÇÃO DE DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) MEMBROS:
Dirceu Solé (SP) MEMBROS: Mario Santoro Junior (SP)
SUDESTE: DIRETORIA-ADJUNTA DOS DEPARTAMENTOS Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) José Hugo de Lins Pessoa (SP)
Rodrigo Aboudib Ferreira Pinto (ES) CIENTÍFICOS Fátima Maria Lindoso da Silva Lima (GO)
Isabel Rey Madeira (RJ) Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) REDE DA PEDIATRIA
Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho (PE) COORDENAÇÃO:
SUL: DIRETORIA DE CURSOS, EVENTOS E PROMOÇÕES Victor Horácio da Costa Junior (PR)
Silvio da Rocha Carvalho (RJ) Luciana Rodrigues Silva (BA)
Darci Vieira Silva Bonetto (PR) COORDENAÇÃO: Rubem Couto (MT)
Helena Maria Correa de Souza Vieira (SC) Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck (SP) Tânia Denise Resener (RS)
Delia Maria de Moura Lima Herrmann (AL) MEMBROS:
CENTRO-OESTE: MEMBROS:
Regina Maria Santos Marques (GO) Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA) SOCIEDADE ACREANA DE PEDIATRA:
Ricardo Queiroz Gurgel (SE) Jefferson Pedro Piva (RS) Ana Isabel Coelho Montero
Natasha Slhessarenko Fraife Barreto (MT) Paulo César Guimarães (RJ) Sérgio Luís Amantéa (RS) SOCIEDADE ALAGOANA DE PEDIATRIA:
COMISSÃO DE SINDICÂNCIA Cléa Rodrigues Leone (SP) Susana Maciel Wuillaume (RJ)
TITULARES: Ana Carolina de Carvalho Ruela Pires
COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE REANIMAÇÃO Aurimery Gomes Chermont (PA)
Gilberto Pascolat (PR) NEONATAL Luciano Amedée Péret Filho (MG) SOCIEDADE AMAZONENSE DE PEDIATRIA:
Aníbal Augusto Gaudêncio de Melo (PE) Maria Fernanda Branco de Almeida (SP) Elena Marta Amaral dos Santos
Maria Sidneuma de Melo Ventura (CE) COORDENAÇÃO DE DOUTRINA PEDIÁTRICA
Ruth Guinsburg (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA) SOCIEDADE AMAPAENSE DE PEDIATRIA:
Isabel Rey Madeira (RJ) Rosenilda Rosete de Barros
Valmin Ramos da Silva (ES) COORDENAÇÃO PALS – REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA Hélcio Maranhão (RN)
Alexandre Rodrigues Ferreira (MG) COORDENAÇÃO DAS LIGAS DOS ESTUDANTES SOCIEDADE BAIANA DE PEDIATRIA:
SUPLENTES: Kátia Laureano dos Santos (PB) Dolores Fernandez Fernandez
Paulo Tadeu Falanghe (SP) Adelma Figueiredo (RR)
COORDENAÇÃO BLS – SUPORTE BÁSICO DE VIDA André Luis Santos Carmo (PR) SOCIEDADE CEARENSE DE PEDIATRIA:
Tânia Denise Resener (RS) Anamaria Cavalcante e Silva
João Coriolano Rego Barros (SP) Valéria Maria Bezerra Silva (PE) Marynea Silva do Vale (MA)
Marisa Lopes Miranda (SP) COORDENAÇÃO DO CURSO DE APRIMORAMENTO Fernanda Wagner Fredo dos Santos (PR) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO DISTRITO FEDERAL:
Joaquim João Caetano Menezes (SP) EM NUTROLOGIA PEDIÁTRICA (CANP) GRUPOS DE TRABALHO Dennis Alexander Rabelo Burns
CONSELHO FISCAL Virgínia Weffort (MG) DROGAS E VIOLÊNCIA NA ADOLESCÊNCIA SOCIEDADE ESPIRITOSSANTENSE DE PEDIATRIA:
TITULARES: PEDIATRIA PARA FAMÍLIAS COORDENAÇÃO: Roberta Paranhos Fragoso
Núbia Mendonça (SE) Nilza Maria Medeiros Perin (SC) João Paulo Becker Lotufo (SP) SOCIEDADE GOIANA DE PEDIATRIA:
Nelson Grisard (SC) Normeide Pedreira dos Santos (BA) MEMBROS: Marise Helena Cardoso Tófoli
Antônio Márcio Junqueira Lisboa (DF) Marcia de Freitas (SP) Evelyn Eisenstein (RJ) SOCIEDADE DE PUERICULTURA E PEDIATRIA
SUPLENTES: PORTAL SBP Alberto Araujo (RJ) DO MARANHÃO: Marynea Silva do Vale
Adelma Alves de Figueiredo (RR) Luciana Rodrigues Silva (BA) Sidnei Ferreira (RJ) SOCIEDADE MINEIRA DE PEDIATRIA:
João de Melo Régis Filho (PE) PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO CONTINUADA Adelma Alves de Figueiredo (RR) Marisa Lages Ribeiro
Darci Vieira da Silva Bonetto (PR) À DISTÂNCIA Nivaldo Sereno de Noronha Júnior (RN) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO MATO GROSSO
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA PARA POLÍTICAS Luciana Rodrigues Silva (BA) Suzana Maria Ramos Costa (PE) DO SUL: Carmen Lucia de Almeida Santos
PÚBLICAS: Edson Ferreira Liberal (RJ) Iolanda Novadski (PR)
Beatriz Bagatin Bermudez (PR) SOCIEDADE MATOGROSEENSE DE PEDIATRIA:
COORDENAÇÃO: Natasha Slhessarenko Fraife Barreto (MT) Mohamed Kassen Omais
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (RJ) Darci Vieira Silva Bonetto (PR)
Carlos Eduardo Reis da Silva (MG) SOCIEDADE PARAENSE DE PEDIATRIA:
MEMBROS: DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza
Luciana Rodrigues Silva (BA) Paulo César Pinho Ribeiro (MG)
Clóvis Francisco Constantino (SP) Milane Cristina De Araújo Miranda (MA) SOCIEDADE PARAIBANA DE PEDIATRIA:
Maria Albertina Santiago Rego (MG) Dirceu Solé (SP)
Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho (PE) Ana Marcia Guimarães Alves (GO) Leonardo Cabral Cavalcante
Donizetti Dimer Giamberardino Filho (PR) Camila dos Santos Salomão (AP)
Sérgio Tadeu Martins Marba (SP) Joel Alves Lamounier (MG) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE PERNAMBUCO:
Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (MT) DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES DOENÇAS RARAS Katia Galeão Brandt
Evelyn Eisenstein (RJ) Fábio Ancona Lopez (SP) COORDENAÇÃO: SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO PIAUÍ:
Paulo Augusto Moreira Camargos (MG) Salmo Raskin (PR) Anenisia Coelho de Andrade
EDITORES DA REVISTA SBP CIÊNCIA
João Coriolano Rego Barros (SP) Joel Alves Lamounier (MG) MEMBROS: SOCIEDADE PARANAENSE DE PEDIATRIA:
Alexandre Lopes Miralha (AM) Altacílio Aparecido Nunes (SP) Magda Maria Sales Carneiro Sampaio (SP) Kerstin Taniguchi Abagge
Virgínia Weffort (MG) Paulo Cesar Pinho Ribeiro (MG) Ana Maria Martins (SP)
Claudio Cordovil (RJ) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO ESTADO
Themis Reverbel da Silveira (RS) Flávio Diniz Capanema (MG) DO RIO DE JANEIRO: Katia Telles Nogueira
DIRETORIA E COORDENAÇÕES Lavinia Schuler Faccini (RS)
EDITORES DO JORNAL DE PEDIATRIA (JPED) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO RIO GRANDE
DIRETORIA DE QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO COORDENAÇÃO: ATIVIDADE FÍSICA
COORDENAÇÃO: DO NORTE: Katia Correia Lima
PROFISSIONAL Renato Procianoy (RS) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE RONDÔNIA:
Maria Marluce dos Santos Vilela (SP) Ricardo do Rêgo Barros (RJ)
MEMBROS: Luciana Rodrigues Silva (BA) José Roberto Vasques de Miranda
Edson Ferreira Liberal (RJ) Crésio de Aragão Dantas Alves (BA)
MEMBROS: SOCIEDADE RORAIMENSE DE PEDIATRIA:
COORDENAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO PROFISSONAL Paulo Augusto Moreira Camargos (MG) Adelma Alves de Figueiredo
José Hugo de Lins Pessoa (SP) João Guilherme Bezerra Alves (PE) Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA)
Marco Aurelio Palazzi Safadi (SP) Patrícia Guedes de Souza (BA) SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO RIO GRANDE DO SUL:
COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO Teresa Maria Bianchini de Quadros (BA) Sérgio Luis Amantea
Mauro Batista de Morais (SP) Magda Lahorgue Nunes (RS)
Giselia Alves Pontes da Silva (PE) Alex Pinheiro Gordia (BA) SOCIEDADE CATARINENSE DE PEDIATRIA:
Kerstin Tanigushi Abagge (PR) Isabel Guimarães (BA)
Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (RJ) Dirceu Solé (SP) Rosamaria Medeiros e Silva
Antonio Jose Ledo Alves da Cunha (RJ) Jorge Mota (Portugal)
COORDENAÇÃO DO CEXTEP Mauro Virgílio Gomes de Barros (PE) SOCIEDADE SERGIPANA DE PEDIATRIA:
(COMISSÃO EXECUTIVA DO TÍTULO DE EDITORES REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA Dirceu Solé (SP) Ana Jovina Barreto Bispo
ESPECIALISTA EM PEDIATRIA) EDITORES CIENTÍFICOS: SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO:
Clémax Couto Sant’Anna (RJ) METODOLOGIA CIENTÍFICA
COORDENAÇÃO: COORDENAÇÃO: Sulim Abramovici
Hélcio Villaça Simões (RJ) Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ) SOCIEDADE TOCANTINENSE DE PEDIATRIA:
Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ)
MEMBROS: EDITORA ADJUNTA: Elaine Carneiro Lobo
Márcia Garcia Alves Galvão (RJ) MEMBROS:
Ricardo do Rego Barros (RJ) Gisélia Alves Pontes da Silva (PE) DIRETORIA DE PATRIMÔNIO
Clovis Francisco Constantino (SP) CONSELHO EDITORIAL EXECUTIVO: Cláudio Leone (SP) COORDENAÇÃO:
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Sidnei Ferreira (RJ) Fernando Antônio Castro Barreiro (BA)
Carla Príncipe Pires C. Vianna Braga (RJ) Isabel Rey Madeira (RJ) PEDIATRIA E HUMANIDADE
COORDENAÇÃO: Cláudio Barsanti (SP)
Flavia Nardes dos Santos (RJ) Sandra Mara Moreira Amaral (RJ) Edson Ferreira Liberal (RJ)
Cristina Ortiz Sobrinho Valete (RJ) Maria de Fátima Bazhuni Pombo March (RJ) Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE)
Luciana Rodrigues Silva (BA) Sergio Antônio Bastos Sarrubo (SP)
Grant Wall Barbosa de Carvalho Filho (RJ) Silvio da Rocha Carvalho (RJ) Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ)
Sidnei Ferreira (RJ) Rafaela Baroni Aurílio (RJ) Clóvis Francisco Constantino (SP)
João de Melo Régis Filho (PE) ACADEMIA BRASILEIRA DE PEDIATRIA
Silvio Rocha Carvalho (RJ) Leonardo Rodrigues Campos (RJ) PRESIDENTE:
Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE) Dilza Teresinha Ambros Ribeiro (AC)
COMISSÃO EXECUTIVA DO EXAME PARA Aníbal Augusto Gaudêncio de Melo (PE) Mario Santoro Júnior (SP)
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE ESPECIALISTA EM Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE)
Marcia C. Bellotti de Oliveira (RJ) Crésio de Aragão Dantas Alves (BA) VICE-PRESIDENTE:
PEDIATRIA AVALIAÇÃO SERIADA Luiz Eduardo Vaz Miranda (RJ)
COORDENAÇÃO: CONSULTORIA EDITORIAL: CRIANÇA, ADOLESCENTE E NATUREZA
Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) COORDENAÇÃO: SECRETÁRIO GERAL:
Victor Horácio de Souza Costa Junior (PR) Fábio Ancona Lopez (SP) Laís Fleury (RJ) Jefferson Pedro Piva (RS)

8
Departamento Científico de Gastroenterologia (gestão 2022-2024) • Sociedade Brasileira de Pediatria

Guia Prático de Orientação


Departamento Científico de
Gastroenterologia (gestão 2022-2024)

Nº 144, 04 de Abril de 2024

Constipação intestinal

Departamento Científico de Gastroenterologia (gestão 2022-2024)


Presidente: Cristina Helena Targa Ferreira
Secretária: Elisa de Carvalho
Conselho Científico: Amália Maria Porto Lustosa, Caroline Sales de Souza,
Maria do Carmo Barros de Melo, Marise Helena Cardoso Tófoli,
Mauro Batista de Morais, Roberta Paranhos Fragoso, Rose Terezinha Marcelino

Relatores: Mário César Vieira e Gabriela Guimarães Vieira

O hábito intestinal normal na criança é muito tórios pediátricos e até 25% das consultas nos
variável, mas o número de evacuações tende a serviços de gastroenterologia pediátrica.3
reduzir com a idade, ocorrendo em média quatro
vezes ao dia em lactentes; duas vezes ao dia em A constipação intestinal funcional é o diag-
crianças de até dois anos e uma vez ao dia após nóstico mais frequente, sendo responsável
os quatro anos de idade.1,2 por 95% dos casos na infância.2 A prevalência
populacional agrupada é estimada em 9,5% no
Os distúrbios da evacuação na criança, geram mundo todo, sendo que em 17% a 40% dos
desconforto e preocupação para o paciente e pacientes os sintomas se iniciam no primeiro
para os familiares de forma muito marcante. As ano de vida.4
queixas de constipação intestinal com ou sem
incontinência fecal correspondem a aproxima- A constipação intestinal deve ser conside-
damente 3% das consultas de rotina em consul- rada um sintoma, e não um diagnóstico (isto é,

1
Constipação intestinal

pode ser a manifestação de uma variedade de manifestam após uma experiência dolorosa ou
doenças). desagradável durante a evacuação. Os pais des-
crevem uma criança que subitamente parece an-
A definição de constipação intestinal funcio- siosa, cujo corpo fica rígido, com palidez facial e
nal na infância mais aceita foi proposta pelos cri- que cruza as pernas, pula para cima e para baixo
térios de Roma,5,6 com atualização publicada em e muitas vezes corre para um canto da casa ou
2016 (Roma IV),7,8 descritos na Tabela 1.1,7,8 atrás de um sofá, em movimentos estereotipa-
dos. Os pais muitas vezes confundem o compor-
Para fins práticos, o termo inclui um número
tamento de retenção com a tentativa de defecar.1
de sintomas e sinais que determinam tanto a di-
Devido às tentativas repetidas e bem sucedidas
ficuldade para evacuar, quanto a retenção anor-
de reter as fezes, o reto se dilata e enche-se de
mal de fezes. As fezes podem ser ressecadas,
grandes quantidades de material fecal. Como
volumosas, expelidas com dificuldade e/ou em
consequência desse tipo de comportamento, a
menor frequência.
retenção fecal pode se complicar com inconti-
A constipação intestinal e o comportamento nência fecal retentiva (no passado, denominada
subsequente de retenção fecal geralmente se escape fecal ou “soiling”).1,2,9

Tabela 1. Critérios de Roma IV para diagnóstico de constipação intestinal funcional em crianças e


adolescentes.1,7,8

Para crianças de menores de quatro anos


(dois ou mais dos critérios seguintes presentes por pelo menos um mês)

– Duas ou menos evacuações por semana;


– Retenção excessiva de fezes;
– História de dor ou dificuldade nas evacuações;
– Fezes com grande calibre;
– Massa fecal no reto.
Crianças com controle esfincteriano – critério adicional:
– Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana;
– Fezes volumosas que podem obstruir o vaso sanitário.

Para crianças de quatro anos à adolescência


(dois ou mais dos critérios seguintes presentes ao menos
uma vez por semana por pelo menos um mês)

– Duas ou menos evacuações no banheiro por semana;


– Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana;
– História de comportamento de retenção ou retenção voluntária excessiva de fezes;
– História de dor ou dificuldade para evacuar;
– História de fezes de grande diâmetro que podem obstruir o vaso sanitário;
– Grande massa fecal no reto.

Em todas as faixas etárias

– Deve haver critérios insuficientes para o diagnóstico de síndrome do intestino irritável nos
pacientes com idade superior a quatro anos.
– Os sintomas não devem ser plenamente explicados por outra condição médica.

2
Departamento Científico de Gastroenterologia (gestão 2022-2024) • Sociedade Brasileira de Pediatria

– Fissuras anais, ânus ectópico anterior, este-


Diagnóstico diferencial
nose e atresia anal,
• Constipação intestinal neurogênica,
Pode-se classificar a constipação intestinal – Doenças da medula espinhal (mielomenin-
em aguda ou crônica e em orgânica ou funcional. gocele), paralisia cerebral,
A constipação intestinal aguda pode ocorrer – Doença de Hirschsprung, pseudo-obstrução
em crianças que apresentem intercorrências clí- intestinal crônica,
nicas (p.ex. doença infecciosa) por diminuição • Constipação intestinal secundária a doenças
da ingestão de alimentos e de líquidos, causan- endócrinas e metabólicas,
do redução no volume e ressecamento das fezes.
– Hipotireoidismo, acidose tubular renal,
Nesses casos, a normalidade é restabelecida na
maioria das vezes com a recuperação do quadro • Constipação intestinal induzida por drogas,
clínico desencadeante, mas pode eventualmen- – Uso de medicamentos (fenitoína, imiprami-
te progredir para o início de quadro de constipa- na, fenotiazida, codeína, sais de ferro), e
ção intestinal funcional.2,9 • Constipação intestinal por alergia à proteína
Quando a constipação intestinal é causada de leite de vaca.
por doença orgânica, a natureza real do proble- • Doença celíca
ma geralmente é evidente na primeira infância
e identificada na avaliação clínica. Em crianças
maiores, mesmo que possível, raramente há as-
sociação com doença orgânica (constipação in-
Abordagem diagnóstica
testinal funcional).2

Na presença de sinais e sintomas de alarme A avaliação clínica do paciente deve começar


para causas orgânicas, deve ser realizada in- com a anamnese e o exame físico detalhados,
vestigação complementar direcionada. Alguns tendo-se em mente a história natural da consti-
sintomas e sinais de alarme incluem o atraso na pação intestinal funcional. Exames complemen-
eliminação de mecônio (mais de 48 horas após tares não são necessários, na maioria das vezes,
o nascimento); o início no primeiro mês de vida; e devem ser reservados aos pacientes refratários
a presença de outros sintomas extraintestinais ao tratamento e àqueles que apresentem sinais
(vômitos biliosos, febre, queda do estado geral); ou sintomas de alarme.
o baixo ganho de peso e estatura; as alterações
ao exame neurológico ou ao exame da coluna Deve-se ter em mente algumas situações clí-
lombar; a presença de sangue nas fezes; de tufo nicas que devem ser consideradas na avaliação
de pelos na região sacral, e a presença de fístulas do lactente com constipação intestinal.
perineais,1,2 A pseudoconstipação intestinal ocorre na vi-
A seguir, estão descritos alguns dos diagnós- gência de aleitamento materno e corresponde
ticos diferenciais que devem ser considerados ao aumento no intervalo entre as evacuações,
em crianças com constipação intestinal.1,2 no entanto, com fezes amolecidas e eliminadas
sem dor ou dificuldade. Pode gerar preocupação
• Pseudoconstipação intestinal na vigência de
para os pais e pediatras e não necessita inter-
aleitamento natural,
venção terapêutica.9 Estima-se que prevalência
• Disquesia do lactente, de pseudoconstipação intestinal seja de 5,1%
• Constipação intestinal funcional (90%-95%), no primeiro semestre de vida.10

• Constipação intestinal secundária a lesões Outra situação que deve ser reconhecida é a
anais, disquesia do lactente que se inclui entre os dis-

3
Constipação intestinal

túrbios gastrintestinais funcionais do lactente.7,9 doença de Hirschsprung (DH). Informações da


Caracteriza-se pela ocorrência de pelo menos 10 anamnese e exame físico contribuem para que
minutos de esforço ou choro antes da evacuação esta diferenciação seja feita. Esforço intenso
que se completa ou não, na ausência de outros para evacuar e incontinência fecal são raramente
problemas de saúde, em lactentes com idade in- observados na DH, uma vez que as fezes são re-
ferior a 9 meses (critério de Roma IV).7 Pesquisa tidas acima do reto. Por sua vez, o canal anal e o
realizada em consultórios pediátricos brasileiros reto são estreitos e quase sempre vazios na DH.
identificou a presença de disquesia em 3,9% Nas crianças com constipação intestinal funcio-
dos lactentes.11 Apesar de não exigir tratamento nal com retenção, geralmente o reto é dilatado e
e desaparecer espontaneamente, é fundamental cheio de fezes.
seu reconhecimento para evitar que sejam ado-
tadas práticas desnecessárias, como por exem-
plo, o uso de supositórios.7,9

Deve-se obter informações sobre a idade de Exames complementares


início; a frequência das evacuações; o tamanho e
a consistência das fezes; o hábito de retenção e A maioria das crianças requer mínima ou ne-
a presença de incontinência fecal. Deve-se tam- nhuma investigação com exames complemen-
bém pesquisar a história familiar de constipação tares. Estudos radiológicos geralmente não são
intestinal e de outros sintomas gastrintestinais indicados na constipação intestinal funcional.
funcionais. Há elevada frequência de constipa- A radiografia simples de abdômen pode even-
ção intestinal entre os familiares, principalmen- tualmente ser útil para avaliar a presença e a
te levando em conta a influência dos hábitos ali- extensão da retenção fecal nos pacientes em
mentares que dizem respeito a toda a família. que a palpação abdominal é difícil, mas não é
recomendada de rotina.2,12
A escala de Bristol pode contribuir na defini-
ção das características das fezes como um com- A investigação de hipotireoidismo, de doen-
plemento à anamnese detalhada que é impres- ça celíaca ou de hipercalemia em pacientes sem
cindível para aplicar os critérios de Roma IV.9 sinais de alarme não é recomendada de rotina,
mas pode ser considerada nos casos que não res-
Ao exame físico deve-se avaliar o tônus da
pondem ao tratamento inicial. Em lactentes com
musculatura abdominal, o conteúdo abdomi-
constipação intestinal refratária, pode ser con-
nal e o estado neurológico do paciente. Deve
siderada a realização de teste terapêutico com
ser realizada inspeção da região perineal, para
dieta de exclusão de proteína do leite de vaca,
identificar a posição do orifício anal, assim como
seguido de teste de desencadeamento oral aber-
fissuras anais e escape fecal. Não há evidências
to para identificar alergia a essa proteína.1,13
para recomendar a realização de toque retal para
o diagnóstico de constipação intestinal em todos A principal indicação de realização de mano-
os pacientes, especialmente em crianças maio- metria anorretal é a constipação intestinal refra-
res de um ano de idade sem sinais e sintomas tária, para avaliar a presença do reflexo inibitório
de alarme. O toque retal não deve ser realizado retoanal e outros aspectos da função evacuató-
quando há suspeita de violência sexual, situação ria. Este exame também pode ser recomendado
que exige avaliação multiprofissional. Entretan- em crianças maiores que apresentam sintomas
to, o toque retal pode ser recomendado quando sugestivos de DH.1
há suspeita de fecaloma, sinais de alarme e/ou
suspeita de causas orgânicas.1 O exame radiológico de enema opaco (sem
preparo) pode ser realizado nos casos suspeitos
O pediatra pode necessitar fazer a diferen- de DH, mas não exclui a necessidade de realiza-
ciação entre constipação intestinal funcional e ção de biópsia retal ou de manometria anorretal,

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tendo mais importância na avaliação da exten- trointestinal.19-21 O PEG interage com as molécu-
são do segmento agangliônico antes da aborda- las de água formando ligações de hidrogênio, em
gem cirúrgica.1,2 uma proporção de 100 moléculas de água por
1 molécula de PEG, o que leva a um aumento
adicional na água no conteúdo do cólon.21

As preparações estão disponíveis em dife-


Tratamento rentes formulações e dosagens, que variam en-
tre os fabricantes incluindo o PEG 3350 e o PEG
4000 (os números indicam o peso molecular do
O pediatra que tem contato com a criança e a produto). O PEG com peso molecular alto e in-
família desde o nascimento pode dar o aconse- termediário é considerado atóxico, pois é mini-
lhamento preventivo quanto às práticas alimen- mamente absorvido após ingestão oral. Algumas
tares, à interpretação do funcionamento intesti- formulações contêm eletrólitos adicionados,
nal normal e à detecção precoce de sintomas de como cloreto de sódio, cloreto de potássio, bi-
constipação intestinal. A dieta da família deve carbonato de sódio e sulfato de sódio.10-13 A for-
ser reestruturada para ser saudável e fornecer ma farmacêutica em solução pode oferecer mais
quantidade adequada de fibras alimentares con- comodidade posológica e a ausência de eletróli-
forme destacado no Brasil há mais de duas déca- tos melhora a palatabilidade e pode beneficiar a
das.14,15 A ingestão de líquidos também deve ser adesão ao tratamento. O PEG pode também ser
avaliada, considerando que, no Brasil, a exemplo obtido em farmácias de manipulação.
de outros países, se observa alta prevalência de
hipoidratação (desidratação voluntária)16 que O PEG é altamente eficaz, tem bom perfil de
pode se associar à constipação intestinal funcio- segurança, sendo bem tolerado pelos pacien-
nal.17,18 tes.19-23

Uma vez estabelecida, a constipação intesti- Sua eficácia é dose dependente, o que signi-
nal deve ser tratada com um programa que in- fica que doses mais altas levam à evacuação de
clua elementos de educação e aconselhamen- fezes cada vez mais amolecidas. Após a ingestão
to; esvaziamento e manutenção (prevenção da oral, leva-se aproximadamente 24 a 48 horas
retenção). para que seja observado efeito na consistência
das fezes.
Deve-se explicar em detalhes o programa
de tratamento aos pais/responsáveis e à crian- Quando se inicia o tratamento, é importante
ça, informando que há necessidade de acompa- garantir a “limpeza” do cólon para assegurar o
nhamento a longo prazo. Quando os pacientes e sucesso terapêutico do tratamento e evitar com-
familiares estão adequadamente informados, há plicações, como incontinência fecal por aumento
redução na preocupação e frustração, com me- de fluxo de fezes.
lhor adesão ao tratamento. A comunicação com
A opção pela modalidade de esvaziamento
a criança é muito importante, para discutir os
depende da gravidade da retenção e da colabo-
aspectos de culpa, vergonha e punição.
ração do paciente e dos familiares.
Há diferentes opções de tratamento farma-
O uso do PEG e do enema ou clister são igual-
cológico.
mente efetivos para o esvaziamento do cólon,
O polietilenoglicol (PEG) é o medicamento entretanto, o uso do PEG é recomendado como
de primeira escolha no tratamento da constipa- tratamento de primeira linha mesmo se asso-
ção intestinal funcional em crianças.1 O PEG é ciando com maior frequência de incontinência
um polímero biologicamente inerte e solúvel em fecal durante a fase inicial da desimpactação.1
água que é minimamente absorvido no trato gas- A dose nesta primeira fase de tratamento é de

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Constipação intestinal

1 a 1,5 g/kg/dia por três dias ou até que se perce- O óleo mineral age como lubrificante e deve ser
ba que houve esvaziamento das fezes retidas.1,2 evitado em pacientes menores de dois anos ou
É possível utilizar enema com solução salina com distúrbios de deglutição associados, e nun-
0,9% (5 a 10 ml/Kg à noite) em menores de um ca deve ser administrado à força às crianças, pelo
ano e 6 ml/Kg em maiores de um ano) ou ene- risco de aspiração.1-3,26,27
ma de fosfato de sódio em pacientes acima de
Apesar do PEG ter sido descrito na literatura
um ano (2,5 ml/Kg).1 No entanto, esta estratégia
brasileira em 2011, uma parcela expressiva dos
tende a ser mais desconfortável e invasiva para o
médicos não utiliza este produto, provavelmen-
paciente, devendo ser reservada para os casos
te por falta de informações sobre sua eficácia e
em que o tratamento com PEG por via oral não
segurança.28-31
seja possível. Pelo fato de existir algum risco de
hiperfosfatemia, o enema de fosfato de sódio É frequente, na prática, observar-se fracas-
deve ser evitado.24 so do programa terapêutico que pode estar re-
lacionado com falta de adesão ao tratamento.32
O objetivo do tratamento de manutenção é
Considera-se, também, que o custo do tratamen-
manter a evacuação de fezes pastosas diárias ou
to nem sempre é compatível com o orçamento
a cada dois dias, para prevenir retenção fecal e
da família de muitos pacientes. Neste contexto,
evitar a passagem de fezes volumosas.1 Os ele-
em 2022, Morais comenta no Reporte Semanal
mentos principais incluem o uso de medicamen-
do Jornal de Pediatria que o PEG, considerado
tos, a modificação da dieta e o recondicionamen-
como a primeira opção para o tratamento da
to do hábito intestinal.
constipação intestinal funcional, em geral, não
Nessa fase, o PEG é superior a outros laxan- é disponibilizado pela maior parte dos serviços
tes orais, sendo recomendado como tratamento de saúde.33 Assim, propõe que os profissionais
de manutenção de primeira linha para constipa- de saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria
ção intestinal. A dose recomendada é de 0,2 a devam desenvolver ações para que as autori-
0,8 g/kg/dia, podendo ser aumentada ou reduzi- dades sanitárias incluam o PEG nas unidades
da de acordo com a consistência das fezes. O PEG de dispensação de medicamentos em todo o
é seguro para uso em longo prazo em qualquer território nacional.33
faixa etária, tem poucos e toleráveis efeitos co-
Outro aspecto importante, do ponto de vista
laterais e sua aceitação via oral é boa.1,2,20,21,23-26
de saúde pública, é a falta de reconhecimento
Vale lembrar que nas bulas de produtos comer-
da constipação intestinal funcional na popula-
cializados no Brasil indica-se sua utilização a
ção em geral. Estudo com escolares mostrou que
partir dos dois anos de idade.
apenas 17% daqueles com constipação intesti-
A lactulose é um dissacarídeo sintético com- nal funcional caracterizada pelo critério de Roma
posto de galactose e frutose, não absorvível que IV haviam recebido algum tipo de tratamento
aumenta o conteúdo de água nas fezes por efei- nos últimos dois meses.34 Assim, tanto pacientes
to osmótico, sendo bem tolerada para o uso pro- e familiares como profissionais de saúde devem
longado e podendo ser recomendada como se- estar atentos para identificar e tratar a constipa-
gunda opção terapêutica quando o PEG não está ção intestinal funcional interrompendo a pro-
disponível, na dose de 1 a 3 mL/kg/dia.1,3 Como gressão para situações com maior gravidade.1,7-9
se trata de um açúcar, este produto pode sofrer
O tratamento medicamentoso de manuten-
fermentação pelas bactérias do cólon, levando a
ção deve ser recomendado por ao menos dois
flatulência e cólicas.
meses e, todos os sintomas de constipação
O uso de óleo mineral, leite de magnésia e intestinal devem estar ausentes por ao menos
laxantes estimulantes pode ser considerado um mês, antes de a redução gradual da dosagem
como tratamento adicional ou de segunda linha. da medicação ser considerada.1,3

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Além do tratamento medicamentoso, é im- no tratamento da constipação intestinal funcio-


portante considerar a qualidade da alimentação nal em crianças ou na alteração da frequência da
que tem grande importância no início e na per- evacuação, quando comparados ao placebo.35
petuação da constipação intestinal e que deve
Outros medicamentos e procedimentos tera-
ser avaliada na tentativa de detectar e corrigir
pêuticos devem ser indicados, quando necessá-
possíveis erros. Sabe-se que a dieta com baixo
rio, após avaliação pelo especialista em Gastro-
teor de fibras é fator de risco para constipação
enterologia Pediátrica.
intestinal funcional na infância, entretanto, não
há evidências para recomendar o uso de fibras
adicionais para o tratamento.14,15 A ingestão
adequada de fibras deve ser recomendada, mas
não sua suplementação.1,3 A utilização de ali- Constipação intestinal refratária
mentos crus, como frutas, com casca e bagaço
quando possível, leguminosas, hortaliças, e de
cereais e pães integrais deve ser estimulada.14,15 Em 2014, constipação intestinal intratável
foi definida pelas Sociedades Europeia e Ame-
É importante enfatizar que a mudança na ricana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nu-
dieta requer a participação e o apoio familiar. trição para os pacientes que não respondem ao
tratamento ótimo no período de três meses.1
O recondicionamento do hábito de evacuar
Entretanto, o termo refratário vem sendo uti-
compreende o treinamento para sentar-se no
lizado com maior frequência e propriedade.9,36
vaso e evacuar em horários regulares, principal-
Na prática, observa-se que a principal causa
mente após as refeições, para tirar vantagem do
de fracasso terapêutico é a falta de tratamento
reflexo gastrocólico. Um período razoável (de 5 a
adequado por baixa adesão ou mesmo devido
10 minutos) deve ser gasto na tentativa de eva-
à prescrição de doses baixas administradas de
cuar por completo. O uso adequado de suporte
forma não contínua.9 É frequente, também, a
para os pés e “redutores” do vaso sanitário é
falta de plena desimpactação na fase inicial, o
muito importante.1,2
que inviabiliza o êxito do tratamento de manu-
É recomendável que os pais/responsáveis e tenção.9
pacientes mantenham um diário de evacuação, Em geral, no contexto da constipação intes-
de incontinência fecal e de uso de medicamentos tinal refratária discute-se a utilização de outros
para ajudar a monitorar a adesão ao tratamento laxantes ou novas moléculas como lubiprostona,
e ajustar o programa. Os elogios e recompensas linaclotida e prucaloprida que apesar de apre-
devem ser utilizados para as atitudes de sucesso sentarem resultados promissores em adultos,
e a punição deve ser evitada. ainda não devem ser utilizadas em crianças e
adolescentes.27 Em alguns centros especializa-
Apesar de haver associação entre os proble-
dos o biofeedback, estimulação elétrica transcu-
mas comportamentais e psicológicos com a re-
tânea, enemas anterógrados e irrigação transanal
tenção e a incontinência fecal, o tratamento clí-
são realizados em pacientes que não respondem
nico apropriado geralmente leva à melhora das
ao tratamento habitual, em geral, como parte
tensões emocionais do paciente e dos familia-
de protocolos de pesquisa clínica.24,37 Estes pro-
res. Algumas vezes, problemas comportamentais
cedimentos, assim como determinados proce-
e psiquiátricos dificultam o tratamento e estes
dimentos cirúrgicos, devem ficar restritos aos
pacientes devem ser acompanhados pela psico-
serviços especializados e ser destinados a grupo
logia durante o programa de tratamento clínico.
extremamente limitado de pacientes que preen-
Até o momento, não há evidências suficien- cham critérios clínicos, fisiológicos e psicológi-
tes para concluir que os probióticos são eficazes cos rigorosamente definidos.

7
Constipação intestinal

Fluxograma Prático para o Manejo da Constipação Intestinal

Sinais/ Encaminhar para


Constipação Sintomas de Alarme SIM atendimento
especializado
NÃO

Esvaziamento Impactação
SIM Constipação Funcional (Critério de Roma IV)
do cólon Fecal
NÃO

Tratamento:
• Educação
• Laxante osmótico (Polietilenoglicol 3350 ou 4000)
• Ingestão adequada de fibras alimentares
• Atividade física
• Treinamento de toalete

SIM Melhora NÃO

• Tratamento de manutenção Considerar investigar outras causas


• Retirada gradual da medicação conforme evolução *ver texto

Encaminhar para atendimento especializado para exames


(manometria, exames radiológicos) e tratamentos específicos
*ver texto

Considerações finais
e dos familiares gerando impacto significativo
na qualidade de vida.
Apesar da constipação intestinal poder ser
considerada um problema simples, é uma situa- Portanto, a atenção preventiva, o diagnós-
ção crônica e estressante para as crianças e para tico e o tratamento devem ser realizados ade-
toda a sua família. Quando não é tratada ade- quadamente para mostrar resultados positivos
quadamente, o hábito intestinal da criança vai se que levem à melhora clínica e à restauração da
tornar o foco primário da atenção dos pacientes qualidade de vida e da dinâmica familiar.

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Diretoria Plena
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Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) Antonio Jose Ledo Alves da Cunha (RJ)
Dirceu Solé (SP) Márcia Gomes Penido Machado
Luciana Rodrigues Silva (BA) EDITORES REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA MS - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO MATO GROSSO DO SUL
COORDENADORES REGIONAIS
MÍDIAS EDUCACIONAIS EDITORES CIENTÍFICOS: Carmen Lúcia de Almeida Santos
NORTE: Adelma Alves de Figueiredo (RR) Clémax Couto Sant’Anna (RJ) MT - SOCIEDADE MATOGROSSENSE DE PEDIATRIA
Luciana Rodrigues Silva (BA)
NORDESTE: Marynea Silva do Vale (MA) Edson Ferreira Liberal (RJ) Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ) Paula Helena de Almeida Gattass Bumlai
SUDESTE: Marisa Lages Ribeiro (MG) Rosana Alves (ES) EDITORA ADJUNTA: PA - SOCIEDADE PARAENSE DE PEDIATRIA
Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (ES) Márcia Garcia Alves Galvão (RJ) Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza
SUL: Cristina Targa Ferreira (RS) CONSELHO EDITORIAL EXECUTIVO:
PROGRAMAS NACIONAIS DE ATUALIZAÇÃO PB - SOCIEDADE PARAIBANA DE PEDIATRIA
CENTRO-OESTE: Renata Belem Pessoa de Melo Seixas (DF) Sidnei Ferreira (RJ) Maria do Socorro Ferreira Martins
PEDIATRIA - PRONAP Isabel Rey Madeira (RJ)
COMISSÃO DE SINDICÂNCIA Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira (SP) PE - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE PERNAMBUCO
Mariana Tschoepke Aires (RJ) Alexsandra Ferreira da Costa Coelho
TITULARES: Tulio Konstantyner (SP) Maria De Fatima Bazhuni Pombo Sant’Anna (RJ)
Jose Hugo Lins Pessoa (SP) Claudia Bezerra Almeida (SP) Silvio da Rocha Carvalho (RJ) PI - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO PIAUÍ
Marisa Lages Ribeiro (MG) NEONATOLOGIA - PRORN Rafaela Baroni Aurílio (RJ) Ramon Nunes Santos
Marynea Silva do Vale (MA) Renato Soibelmann Procianoy (RS) Leonardo Rodrigues Campos (RJ) PR - SOCIEDADE PARANAENSE DE PEDIATRIA
Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) Clea Rodrigues Leone (SP) Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE) Victor Horácio de Souza Costa Junior
Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza (PA) TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA - PROTIPED Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) RJ - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
SUPLENTES: Werther Bronow de Carvalho (SP) Marcia C. Bellotti de Oliveira (RJ) Cláudio Hoineff
Analiria Moraes Pimentel (PE) TERAPÊUTICA PEDIÁTRICA - PROPED CONSULTORIA EDITORIAL RN - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO RIO GRANDE DO NORTE
Dolores Fernanadez Fernandez (BA) Claudio Leone (SP) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Manoel Reginaldo Rocha de Holanda
Rosana Alves (ES) Sérgio Augusto Cabral (RJ) Fábio Ancona Lopez (SP) RO - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE RONDÔNIA
Silvio da Rocha Carvalho (RJ) EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA - PROEMPED Dirceu Solé (SP) Cristiane Figueiredo Reis Maiorquin
Sulim Abramovici (SP) Hany Simon Júnior (SP) Angélica Maria Bicudo (SP) RR - SOCIEDADE RORAIMENSE DE PEDIATRIA
CONSELHO FISCAL Gilberto Pascolat (PR) EDITORES ASSOCIADOS: Erica Patricia Cavalcante Barbalho
TITULARES: DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Danilo Blank (RS) RS - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO RIO GRANDE DO SUL
Cléa Rodrigues Leone (SP) Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho (PE) Paulo Roberto Antonacci Carvalho (RJ) Jose Paulo Vasconcellos Ferreira
Licia Maria Moreira (BA) Dirceu Solé (SP) Renata Dejtiar Waksman (SP) SC - SOCIEDADE CATARINENSE DE PEDIATRIA
Carlindo de Souza Machado e Silva Filho (RJ) Luciana Rodrigues Silva (BA) DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA Nilza Maria Medeiros Perin
SUPLENTES: PUBLICAÇÕES Angelica Maria Bicudo (SP) SE - SOCIEDADE SERGIPANA DE PEDIATRIA
Jocileide Sales Campos (CE) TRATADO DE PEDIATRIA COORDENAÇÃO DE PESQUISA Ana Jovina Barreto Bispo
Ana Márcia Guimarães Alves (GO) Fábio Ancona Lopes (SP) Cláudio Leone (SP) SP - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO
Gilberto Pascolat (PR) Luciana Rodrigues Silva (BA) COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO Renata Dejtiar Waksman
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA PARA POLÍTICAS PÚBLICAS: Dirceu Solé (SP) COORDENAÇÃO: TO - SOCIEDADE TOCANTINENSE DE PEDIATRIA
Clovis Artur Almeida da Silva (SP) Rosana Fiorini Puccini (SP) Ana Mackartney de Souza Marinho
COORDENAÇÃO:
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) Clóvis Francisco Constantino (SP) MEMBROS: DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS
Edson Ferreira Liberal (RJ) Rosana Alves (ES) • Aleitamento Materno
MEMBROS: Anamaria Cavalcante e Silva (CE)
Donizetti Dimer Giamberardino Filho (PR) Alessandra Carla de Almeida Ribeiro (MG) • Alergia
Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (MT) OUTROS LIVROS Angélica Maria Bicudo (SP) • Bioética
Evelyn Eisenstein (RJ) Fábio Ancona Lopes (SP) Suzy Santana Cavalcante (BA) • Cardiologia
Rossiclei de Souza Pinheiro (AM) Dirceu Solé (SP) Ana Lucia Ferreira (RJ) • Dermatologia
Helenilce de Paula Fiod Costa (SP) Clóvis Francisco Constantino (SP) Silvia Wanick Sarinho (PE) • Emergência
DIRETORIA DE CURSOS, EVENTOS E PROMOÇÕES Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) • Endocrinologia
DIRETORIA E COORDENAÇÕES • Gastroenterologia
DIRETORIA DE QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL DIRETORA: COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA E ESTÁGIOS EM PEDIATRIA
Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck (SP) COORDENAÇÃO: • Genética Clínica
Edson Ferreira Liberal (RJ) • Hematologia
José Hugo de Lins Pessoa (SP) MEMBROS: Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
• Hepatologia
Maria Angelica Barcellos Svaiter (RJ) Ricardo Queiroz Gurgel (SE) MEMBROS: • Imunizações
Maria Marluce dos Santos Vilela (SP) Paulo César Guimarães (RJ) Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) • Imunologia Clínica
Cléa Rodrigues Leone (SP) Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) • Infectologia
COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO Paulo Tadeu de Mattos Prereira Poggiali (MG) Victor Horácio da Costa Junior (PR)
Sidnei Ferreira (RJ) • Medicina da Dor e Cuidados Paliativos
COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE REANIMAÇÃO NEONATAL Silvio da Rocha Carvalho (RJ) • Medicina do Adolescente
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Tânia Denise Resener (RS)
Mauro Batista de Morais (SP) Maria Fernanda Branco de Almeida (SP) • Medicina Intensiva Pediátrica
Ruth Guinsburg (SP) Delia Maria de Moura Lima Herrmann (AL) • Nefrologia
Kerstin Tanigushi Abagge (PR) Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA)
COORDENAÇÃO PALS – REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA • Neonatologia
COORDENAÇÃO DO CEXTEP (COMISSÃO EXECUTIVA DO Jefferson Pedro Piva (RS) • Neurologia
Alexandre Rodrigues Ferreira (MG) Sérgio Luís Amantéa (RS)
TÍTULO DE ESPECIALISTA EM PEDIATRIA) Kátia Laureano dos Santos (PB) • Nutrologia
Susana Maciel Wuillaume (RJ) • Oncologia
COORDENAÇÃO: COORDENAÇÃO BLS – SUPORTE BÁSICO DE VIDA Aurimery Gomes Chermont (PA)
Hélcio Villaça Simões (RJ) Valéria Maria Bezerra Silva (PE) • Otorrinolaringologia
Silvia Regina Marques (SP) • Pediatria Ambulatorial
COORDENAÇÃO ADJUNTA: COORDENAÇÃO DO CURSO DE APRIMORAMENTO Claudio Barssanti (SP)
Ricardo do Rego Barros (RJ) Marynea Silva do Vale (MA) • Ped. Desenvolvimento e Comportamento
EM NUTROLOGIA PEDIÁTRICA (CANP) • Pneumologia
MEMBROS: Virgínia Resende Silva Weffort (MG) Liana de Paula Medeiros de A. Cavalcante (PE)
Clovis Francisco Constantino (SP) - Licenciado • Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) PEDIATRIA PARA FAMÍLIAS COORDENAÇÃO DAS LIGAS DOS ESTUDANTES na Infância e Adolescência
Carla Príncipe Pires C. Vianna Braga (RJ) COORDENAÇÃO GERAL: COORDENADOR: • Reumatologia
Cristina Ortiz Sobrinho Valete (RJ) Edson Ferreira Liberal (RJ) Lelia Cardamone Gouveia (SP) • Saúde Escolar
Grant Wall Barbosa de Carvalho Filho (RJ) COORDENAÇÃO OPERACIONAL: MEMBROS: • Sono
Sidnei Ferreira (RJ) Nilza Maria Medeiros Perin (SC) Cassio da Cunha Ibiapina (MG) • Suporte Nutricional
Silvio Rocha Carvalho (RJ) Renata Dejtiar Waksman (SP) Luiz Anderson Lopes (SP) • Toxicologia e Saúde Ambiental
MEMBROS: Anna Tereza Miranda Soares de Moura (RJ) GRUPOS DE TRABALHO
COMISSÃO EXECUTIVA DO EXAME PARA OBTENÇÃO DO Adelma Alves de Figueiredo (RR)
TÍTULO DE ESPECIALISTA EM PEDIATRIA AVALIAÇÃO SERIADA Adelma Alves de Figueiredo (RR) • Atividade física
Marcia de Freitas (SP) André Luis Santos Carmo (PR) • Cirurgia pediátrica
COORDENAÇÃO: Marynea Silva do Vale (MA)
Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) Nelson Grisard (SC) • Criança, adolescente e natureza
Normeide Pedreira dos Santos Franca (BA) Fernanda Wagner Fredo dos Santos (PR) • Doença inflamatória intestinal
Luciana Cordeiro Souza (PE)
MUSEU DA PEDIATRIA (MEMORIAL DA PEDIATRIA BRASILEIRA) • Doenças raras
MEMBROS: PORTAL SBP • Drogas e violência na adolescência
João Carlos Batista Santana (RS) Clovis Francisco Constantino (SP) COORDENAÇÃO:
Edson Ferreira Liberal (RJ) • Educação é Saúde
Victor Horácio de Souza Costa Junior (PR) Edson Ferreira Liberal (RJ) • Imunobiológicos em pediatria
Ricardo Mendes Pereira (SP) Anamaria Cavalcante e Silva (CE) MEMBROS:
Mario Santoro Junior (SP) • Metodologia científica
Mara Morelo Rocha Felix (RJ) Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) • Oftalmologia pediátrica
Vera Hermina Kalika Koch (SP) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) José Hugo de Lins Pessoa (SP)
Sidnei Ferreira (RJ) • Ortopedia pediátrica
Rodrigo Aboudib Ferreira Pinto (ES) • Pediatria e humanidades
DIRETORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Claudio Hoineff (RJ) Jeferson Pedro Piva (RS)
Nelson Augusto Rosário Filho (PR) • Pediatria Internacional dos Países de Língua Portuguesa/
Sidnei Ferreira (RJ) DIRETORIA DE PATRIMÔNIO Povos Originários do Brasil
Sergio Augusto Cabral (RJ) Maria Angelica Barcellos Svaiter (RJ)
COORDENAÇÃO: • Políticas públicas para neonatologia
REPRESENTANTE NA AMÉRICA LATINA Donizetti Dimer Giambernardino (PR) • Radiologia e Diagnóstico por Imagem
Ricardo do Rego Barros (RJ) Claudio Barsanti (SP)
PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO CONTINUADA À DISTÂNCIA Edson Ferreira Liberal (RJ) • Saúde mental
INTERCÂMBIO COM OS PAÍSES DA LÍNGUA PORTUGUESA Luciana Rodrigues Silva (BA) Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) • Saúde digital
Marcela Damasio Ribeiro de Castro (MG) Edson Ferreira Liberal (RJ) Paulo Tadeu Falanghe (SP) • Saúde oral

www.sbp.com.br 11
recomendações
Atualização de Condutas em Pediatria
nº 78 Departamentos Científicos SPSP - gestão 2016-2019
Setembro 2016

Departamento de
Otorrinolaringologia
Tratamento atual
da rinossinusite
aguda
Departamento de Terapia Intensiva
Recomendações
para uso de
fluidoterapia
isotônica

Sociedade de Pediatria de São Paulo


Diretoria de Publicações
R. Maria Figueiredo, 595, 10º andar
04002-003 São Paulo, SP
(11) 3284-9809
recomendações
Departamento de Terapia Intensiva

Recomendações para uso


de fluidoterapia isotônica

Autores:
Laura Naspitz,
Renato Lopes de Souza e
Mário Roberto Hirschheimer
A oferta de líquidos in-
travenosos, ou flui-
doterapia, é uma das
intervenções médicas mais
frequentes em pacientes in-
processos fisiológicos, como
diurese, suor, evacuação e
perspiração.1,2
Desde 1957, a fórmu-
la de Holliday e Segar para
DEPARTAMENTO DE ternados, com a finalidade fluidoterapia de manutenção
TERAPIA INTENSIVA
Gestão 2016-2019 de reposição ou manutenção é utilizada. Ela estima uma
Presidente:
hídrica.1,2 relação entre o volume de
Ivan Polastrini Pistelli Fluidoterapia de reposi- líquidos necessário e o gasto
Vice-presidente:
Toshio Matsumoto
ção é utilizada para expansão energético basal da criança
Secretário: do espaço extracelular deple- na proporção de 100mL/
Ricardo Luiz dos Santos Queiroz
Membros: tado, como ocorre em pa- Kcal/dia (Tabela 1).
Agnes Clini Baptista, Ana Paula cientes com diarreia aguda, e Na aplicação dessa fór-
de C. Panzeri Carlotti, Christiane
Finardi Pancera, Cristina não será discutida neste texto. mula, o bom senso é fun-
Malzoni F. Mangia, Dafne C.
Bouguignon, Daniela Carla de
Fluidoterapia de manu- damental, uma vez que é
Souza, Eduardo Juan Troster, tenção é utilizada para man- arbitrária e o volume a ser
Eliana R. M Zlochevsky, Fernando
Tadeu Valente, Flavia Andrea
ter a homeostase corporal de idealmente infundido é
K. Foranda, Flávio Roberto pacientes em jejum, ofere- aquele suficiente para que os
Nogueira de Sá, Graziela de
Araujo Costa Zanatta, Jacira D. cendo a quantidade necessá- rins não tenham que concen-
Pacces, José Carlos Milaré, José ria de água e eletrólitos para trar ou diluir a urina e con-
Ernesto Augusto Trigo, José
Oliva Proença Filho, José Roberto repor as perdas devidas aos sigam manter a densidade
Fioretto, Juang Horng Jyh, June
Ho Lee, Karl G. W. Rosenfeld,
Katia J. dos Santos, Luci Carla
Ernesto, Lucilia Santana Faria, Tabela 1 - Fórmula de reposição hídrica
Márcia E. F. Ellovitch, Marcelo segundo fórmula de Holliday e Segar
Barciela Brandão, Marcia Puato (cada 100 calorias necessárias demanda 100mL de líquidos)
V. Pupim, Marcos Alvo, Mariana
Pia G. Machado Arbex, Mário
R. Hirschheimer, Nilton Ferraro Peso Volume
Oliveira, Norberto Antonio Freddi,
Otavio A. G. Branchini, Paula Até 10Kg 100mL/Kg
Perez Domingues Peron, Raul
Gutierrez Lamelas, Renato Lopes De 10 a 20Kg 1.000mL + 50mL para cada Kg
de Souza, Roberto Lucas Arbex,
Rodrigo de F. Nóbrega, Rossano
acima de 10Kg
Cesar Bonatto, Sergio Massaru
Horita, Simone Brasil de Oliveira Maior que 20Kg 1.500mL + 20mL para cada Kg
Iglesias, Sueli de Almeida, Tânia acima de 20Kg
A. Bernardes Page, Werther B. Fonte: Holliday MA, Segar WE.3
de Carvalho.
10
recomendações
Departamento de Terapia Intensiva

urinária entre 1.008 e 1.010 uma criança internada por


(300mOsm/L).3 pneumonia, sob ventilação
A recomendação pro- mecânica, não deve receber
posta por Malcolm Holliday a mesma fluidoterapia que
e William Segar, em 1957, aquela internada por gastro-
para as concentrações de só- enterite e febre.1,2,4
dio, potássio e cloretos, para O ADH é o principal re-
fluidoterapia de manutenção, gulador da absorção de água,
tomou por base valores inter- não absorvendo eletrólitos.
mediários entre o que é ofer- A administração de mais só-
tado normalmente pelo leite dio e menos água livre pode
de vaca e pelo leite materno: reduzir o risco de hipervole-
• 3mEq de mia, hiponatremia e queda
sódio/100Kcal/dia, da osmolaridade plasmática.
• 2mEq de Distúrbios do sódio plasmá-
potássio/100Kcal/dia e tico podem ser assintomá-
• 2mEq de ticos ou levar a alterações
cloretos/100Kcal/dia. neurológicas graves, como
Esses valores são pró- convulsões, coma e até mes-
ximos às necessidades dos mo a morte. Retenção de
adultos e aplicáveis a crian- água livre com aumento de
ças saudáveis, porém podem peso é fator independente
ter efeitos indesejáveis em associado a óbito em pacien-
crianças doentes com habi- tes gravemente enfermos.
lidade limitada para excretar Por este motivo, novas re-
água livre.2-4 comendações sugerem o uso
O cálculo do volume e da de fluidoterapia com formu-
quantidade de eletrólitos ne- lação isotônica (concentra-
cessários para cada paciente ção de sódio de 136mEq/L)
pode, portanto, variar e deve e restrição hídrica em pa-
ser baseado na enfermida- cientes portadores de enfer-
de que motivou sua inter- midades graves (50 a 80% da
nação, nos procedimentos oferta determinada pela fór-
que serão necessários e nas mula de Holliday e Segar).2,4,5
alterações das suas respostas Revisões sistemáticas da
fisiológicas, como a secreção literatura mostram que crian-
inapropriada do hormônio ças hospitalizadas recebendo
antidiurético (ADH) levan- soro de manutenção hipotô-
do à retenção hídrica. Assim, nico com 30mEq/L, como
11
recomendações
Departamento de Terapia Intensiva

sugerido por Holliday e Se- portância da prevenção deste


gar, têm risco maior de hipo- distúrbio eletrolítico utilizan-
natremia, quando comparado do soluções isotônicas.7
com aquelas que receberam A ocorrência de hiper-
soluções isotônicas.1,2,4,5 natremia, flebite ou hiper-
Artigo de revisão rea- tensão arterial em pacientes
lizado por Alves et al., em utilizando solução isotônica
2011, analisou três revisões não foram observadas.4,6,7
sistemáticas e quatro estudos Levantamento da litera-
randomizados controlados.4 tura utilizando o Sistema de
Destes, apenas o estudo rea- Banco de Dados Cochrane
lizado por Marthur et al., em e o National Clinical Guideline
2008, não mostrou que o uso Centre, publicados em 2014
de soluções hipotônicas au- e 2015, analisando mais de
mentava o risco de hipona- 1.150 pacientes e comparan-
tremia significativa.6 O estu- do solução isotônica versus
do de Arieff et al., em 1992, hipotônica encontraram os
revelou maior incidência de dados da Tabela 2:5,8
morte entre pacientes hipo- Para todos os grupos,
natrêmicos, mostrando a im- não houve diferença estatis-

Tabela 2 - Comparação entre solução isotônica e


solução hipotônica

Idade Prevenção Prevenção Presença de Hipoglicemia


hiponatremia hiponatremia hipernatremia e mortalidade
(Na<135 grave (Na>145 mEq/L)
mEq/L) (Na<130mEq/L)
48h a 28 dias Benefício em SDES Houve aumento
usar solução com o uso da
isotônica solução isotônica
28 dias a Benefício em Benefício em SDES SDES
16 anos usar solução usar solução
Internados em isotônica isotônica
enfermarias
28 dias a Benefício em Benefício em SDES SDES*
16 anos usar solução usar solução
Internados isotônica isotônica
em UTIs
SDES – sem diferença estatisticamente significante. * Sem diferença estatisticamente significativa no tempo de internação.
Fonte: McNab S, Ware RS, Neville KA, et al.5 National Clinical Guideline Centre.8

12
recomendações
Departamento de Terapia Intensiva

ticamente significante nos tremia mesmo com o uso de


custos entre ofertar uma so- fluidos isotônicos. Isso foi
lução ou outra.5 observado em pacientes que
A tonicidade dos fluidos precisaram receber grandes
é o ponto central da discus- volumes de fluidoterapia,
são na maioria dos estudos, como após indução anestési-
entretanto o volume de líqui- ca, devido à maior produção
do infundido pode ter papel de água livre decorrente da
importante nos distúrbios do excreção de urina hipertôni-
sódio. Foram realizados três ca. Esse processo, chamado
estudos prospectivos ran- de “dessalinização”, ainda
domizados controlados, so- não tem sua fisiopatologia
mando mais de 300 crianças, completamente esclarecida.
com resultados similares: Provavelmente tem causa
não houve repercussão esta- multifatorial, como: uso de
tisticamente significante na grandes volumes de solução
variação da natremia quando isotônica para evitar hipoten-
foi ofertado 100mL/Kcal de são, aumento da secreção do
solução isotônica. Portanto, ADH e do peptídeo natriu-
para a maioria dos pacientes, rético, aumento da filtração
para evitar a hiponatremia glomerular e aumento da su-
iatrogênica, não há necessi- pressão da aldosterona.2,4,11
dade de restrição de volume Levando em considera-
fluídico, mas é importante ção o exposto, a recomenda-
lembrar de individualizar os ção atual, baseada nos estu-
casos de pacientes críticos, dos recentes, é:
como cardiopatas, nefropa- ÆÆFluidoterapia isotônica
tas e hepatopatas.3,5,9,10 deve ser a primeira opção
Outra preocupação em para hidratação de manuten-
oferta maior de cloreto de ção de pacientes internados.
sódio (NaCl) seria a acidose ÆÆA fluidoterapia de ma-
hiperclorêmica. Esse desfe- nutenção deve ser calculada
cho foi analisado por Neville para manter a natremia em
et al., em 2010, e pelo Natio- torno de 136mEq/L.
nal Clinical Guideline Cen- ÆÆManter uma oferta basal
tre, em 2015. Nesses estudos, de glicose e realizar controle
nenhum paciente apresentou por glicemia capilar.
acidose hiperclorêmica.4,5,8,10 ÆÆPrescrever oferta hídri-
Existe o risco de hipona- ca individualizada para cada
13
recomendações
Departamento de Terapia Intensiva

criança, levando em conside- nutenção prescrita.


ração doenças pré-existentes ÆÆSe o paciente apresen-
Referências
1. Somers MJ. Maintenance fluid
e a condição clínica atual. tar natremia maior que
therapy in children. In: UpToDate,
Mattoo TK, editors. UpToDate,
ÆÆPara crianças previamen- 150mEq/L em exame labo-
Waltham, MA. (Accessed on March
01, 2016.)
te hígidas, que não estejam ratorial admissional ou de
2. João PR. Manutenção recebendo tratamento em controle, deve-se reavaliar a
hidroeletrolítica no paciente
criticamente enfermo. In: Associação
de Medicina Intensiva Brasileira,
unidade de terapia intensiva, prescrição.
Sociedade Brasileira de Pediatria; Piva
JP, Carvalho WB, editors. PROTIPED
não há necessidade de restri- ÆÆNão utilizar prescrição
Programa de Atualização em Terapia
Intensiva Pediátrica: Ciclo 5 – vol. 3.
ção de oferta hídrica (manter com soro fisiológico acresci-
Porto Alegre: Artmed/Panamericana;
2014 p. 11-28.
oferta de 100mL/Kcal/dia). do de glicose 50% pelo risco
3. Holliday MA, Segar WE. The ÆÆPara crianças em UTI de acidose hiperclorêmica.
maintenance need for water in
parenteral fluid therapy. Pediatrics. com alto risco de retenção Assim, a prescrição de
1957;19:823-32.
4. Alves JT, Troster EJ, Oliveira CA. hídrica por secreção inapro- fluidoterapia de manuten-
Isotonic saline solution as maintenance
intravenous therapy to prevent acquired priada do ADH, conside- ção com soro isotônico está
hyponatremia in hospitalized children. J
Pediatr (Rio J). 2011;87:478-86. rar restrição fluídica de 50 a contraindicada nas seguintes
5. McNab S, Ware RS, Neville KA,
et al. Isotonic versus hypotonic
80% da taxa de manutenção situações:
solutions for maintenance intravenous
fluid administration in children. habitual, pelo risco de hiper- ÆÆNatremia maior que
Cochrane Database of Systematic
Reviews 2014, Issue 12. Available volemia (não houve compro- 150mEq/L.
from: http://onlinelibrary.wiley.com/
doi/10.1002/14651858.CD009457. vação de que tal conduta re- ÆÆPacientes no período
pub2/abstract
6. Marthur A, Duke T, Kukuruzovic R,
duza risco de hiponatremia). neonatal.
et al. Soluciones salinas hipotónicas
versus isotónicas para los líquidos
ÆÆPrescrição inicial de po- ÆÆDoenças com perda de
intravenosos em el tratamiento de las
infecciones agudas. In: La Biblioteca
tássio de 25mEq/L (caso água livre (como diabetes
Cochrane Plus, 2008 Número 4.
não exista contraindicação insipido).
7. Arieff AI, Ayus JC, Fraser CL.
Hyponatraemia and death or permanent
brain damage in healthy children. BMJ.
formal, como anúria). ÆÆHipertensão arterial sis-
1992;304:1218-22. ÆÆDosar eletrólitos plas- têmica.
8. National Clinical Guideline
Centre [homepage on the Internet]. máticos na admissão do ÆÆDoenças renais pré-exis-
Intravenous Fluid Therapy in Children
and Young People in Hospital. NICE paciente e após 24 horas do tentes que necessitem restri-
Guideline 29. London: National Institute
for Health and Care Excellence (UK) uso de fluidoterapia de ma- ção de sódio.
[cited 10 Dec 2015]. Available from:
https://www.nice.org.uk/guidance/ng29
9. Kannan L, Lodhs R, Vivekanandhan
S, et al. Intravenous fluid regimen
and hyponatremia among children: Exemplo de prescrição de fluidoterapia de
a randomized controlled trial. Pediatr manutenção em criança de 10Kg, previamente
Nephrol. 2010;25:2303-9
hígida, internada em enfermaria:
10. Neville KA, Sanderman DJ,
Rubinstein A, et al. Prevention of Parâmetros para o cálculo:
hyponatremia during maintenance
intravenous fluid administration: a • Oferta hídrica 100mL/Kcal
prospective randomized study of fluid • Sódio 136mEq/L
type versus fluid rate. J Pediatr. 2010;
156:313-9. • Potássio 25mEq/L
11. Steele A, Gowrishankar M, Prescrição de soro de manutenção para 24 horas:
Abrahamson S, et al. Postoperative
hyponatremia despite near-isotonic • Glicose a 5% 1.000mL
saline infusion: a phenomenon • NaCl a 20% 40mL
of desalination. Ann Intern Med.
1997;126:20-5. • KCl a 19,1% 10mL

14
PROVAS PEDIATRIA

2016

1) Mãe procura o posto de saúde pois seu filho, um lactente de 30 dias de vida, apresenta quadro de tosse há duas
semanas, que vem piorando progressivamente e que, nos últimos dias, tem atrapalhado as mamadas, Nasceu de
parto normal, peso de nascimento de 3,5 kg. Mãe teve verminose na gravidez e é asmática. O bebê apresentou
conjuntivite purulenta entre o terceiro e sétimo dia de vida. Exame físico: bom estado geral, afebril, FR 65 irpm,
estertores difusos à ausculta pulmonar, ausência de tiragem, restante sem alterações. Hemograma: aumento do
número de eosinófilos. Assinale a alternativa CORRETA quanto a principal hipótese diagnóstica nesse caso:
a) Bronquiolite d) Asma de início precoce
b) Coqueluche e) Pneumonia por Chlamydia Trachomatis
c) Síndrome de Loeffler

2) Em relação ao aleitamento materno para crianças filhas de mães infectadas pelo Vírus da Imunideficiência Humana
(HIV), assinale a alternativa CORRETA quanto ao recomendado pelas as diretrizes brasileiras:
a) Tornar indetectável a replicação viral (medida por PCR – RNA no sangue) independentemente da contagem de
linfócitos T CD4+, por meio de terapia antiretroviral materna, e recomendar o aleitamento materno, para prevenir
desnutrição e infecções gastrointestinais
b) Contraindicar o aleitamento materno e fornecer fórmula láctea para substituição nos casos em que a mãe esteja
sendo tratada com inibidores de protease, pois tais drogas tem passagem no leite materno e toxicidade hepática
no lactente
c) Contraindicar o aleitamento materno e fornecer fórmula láctea para substituição em todos os casos
d) Tornar indetectável a replicação viral (medida por PCR – RNA no sangue) e manter contagem de linfócitos T CD4+
acima de 500/m3, por meio de terapia antiretroviral materna, e recomendar o aleitamento materno, para prevenir
desnutrição e infecções gastrointestinais
e) Contraindicar o aleitamento materno e sugerir aleitamento cruzado

3) Criança já senta sem apoio, sendo capaz de segurar a mamadeira, entende o próprio nome e o significado do não,
consegue bater palmas e emitir fonemas como ma, pa e ta (sem significado específico); ainda não deambula, nem
mesmo com o apoio. Essa criança deve ter aproximadamente a idade entre:
a) 4-6 meses d) 10-11 meses
b) 7-8 meses e) 12-14 meses
c) 9-10 meses

4) Lactente de 5 meses é trazido a UBS por apresentar febre alta, irritabilidade, tosse e falta de ar há 5 dias. No exame
físico apresentava FR 62 irpm, estava febril (39,9°C), descorado, hidratado, taquipneico, tiragens intercostais e de
fúrcula e em mal estado geral, desnutrido, hipoativo, prostado, não aceitado bem a alimentação artificial. Foi
desmamado desde os 3 meses. A ausculta do tórax revelou diminuição do MV no terço médio e ausente no lobo
inferior do pulmão D e com macicez a percussão. Qual a principal hipótese diagnóstica e os sinais na história mais
importantes para a sua hipótese? Qual o agente etiológico mais frequente nessa idade, a complicação associada e
a conduta mais adequada? ANULADA
a) Pneumonia aguda adquirida na comunidade – febre, tosse e falta de ar – vírus – Pneumotórax – Tratamento
ambulatorial – sintomáticos
b) Pneumonia aguda adquirida na comunidade – tiragens, febre, prostação – Estafilococos – Pneumatocele –
Internação hospitalar – Oxacilina
c) Pneumonia aguda adquirida na comunidade – febre, tosse e falta de ar – Pneumococo – Derrame pleural –
Tratamento ambulatorial – Amoxicilina
d) Pneumonia aguda adquirida na comunidade – febre, tosse e falta de ar – Estafilococos – Derrame pleural –
Tratamento hospitalar – Oxacilina CERTA
e) Pneumonia aguda adquirida na comunidade – febre, tosse e falta de ar – Pneumococo – Derrame pleural –
Internação hospitalar – Penicilina Cristalina

5) Lactente de nove meses, feminino, com quadro de diarreia aguda sem sangue e desidratação não grave é levado à
emergência. Após introdução de TRO, observa-se aumento da frequência e volume das evacuações. Mãe procura o
médico assistente e questiona a terapêutica que seu filho está recebendo. Qual a orientação feita pelo médico
assistente?
a) Iniciar antimicrobiano por via oral d) Manter a TRO
b) Iniciar TREV e) Iniciar reidratação por gastróclise
c) Alterar a concentração da TRO

6) Lactente de 6 meses é levado ao pediatra pela primeira vez. Nunca realizou exames e sua vacinação está atrasada.
Sua mãe informa que ele ficou um pouco “amarelinho” até quase dois meses de idade, tem muita dificuldade para
mamar, se engasgando com frequência, e passa muitos dias sem evacuar. O exame físico mostra fontanela
bregmática ampla, hipotonia, macroglossia, hernia umbilical e pele seca. Desenvolvimento neuropsicomotor: não
sustenta a cabeça, não pega objetos e não sorri quando estimulado. Diante do caso, a patologia que deve ser
imediatamente investigada é:
d) Fenilcetonúria d) Deficiência de cortisol
a) Hipotireoidismo e) Doença lipossomal
b) Infecção congênita

7) Lactente de onze meses é levado ao posto de Saúde da Sacramenta pela avó, que p “acha muito magrinho”. No
relatório de alta da maternidade do povo, consta que nasceu de parto normal, a termo, sem intercorrências, com
Apgar de 7 e 10, pesando 2.800g e com 48cm de comprimento. Durante a consulta, a avó apresentou o cartão da
criança, com anotações das vacinas em dia, e do peso do 2º, 4º, 6º, 8º e 9º meses. Após pesar a criança, o você
verifica que ele está abaixo do escore -3 com inclinação horizontal da curva. Com relação à condição de crescimento
da criança, como você a classifica:
a) Alerta d) Magreza
b) Insatisfatório com risco nutricional e) Satisfatório
c) Magreza acentuada

8) No tratamento de um lactente de um ano e seis meses com rinofaringite aguda viral que está com bom estado geral,
afebril, com tosse há dois dias, dor de garganta, coriza hialina, deve-se indicar:
a) Amoxicilina e uso de solução fisiológica nasal e analgésica
b) Aumento da ingestão hídrica, uso de solução fisiológica nasal e analgésicos
c) Anti-inflamatórios não hormonais, uso de solução fisiológica nasal e analgésicos
d) Mucolíticos, uso de solução fisiológica nasal e descongestionante tópico
e) Amoxicilina, antitussígenos e manutenção da dieta habitual

9) Criança de 1 ano e 2 meses de idade é levada ao posto de saúde para atualizar seu carteira de vacinação. Nota-se
cicatriz vacinal de BCG, e a mãe refere que realizou dose de hepatite B na maternidade. Após verificar a carteira
nota-se que não realizou a vacina contra meningite e contra o pneumococo. Qual a recomendação à sala de vacina?
a) Realizar dose única de Meningo C e 2 doses de Pneumo 10 com intervalo de mês
b) Realizar dose única de Pneumo 10 e 2 doses de Meningo C com intervalo de 1 mês entre as doses
c) Realizar 2 doses de Pneumo 10 e 2 doses de Meningo C com intervalo de 1 mês entre as doses para ambas as
vacinas
d) Realizar dose única de Pneumo 10 e Meningo C
e) Realizar 2 doses de Pneumo 10 e 2 doses de Meningo C com intervalo de 2 meses entre as doses para ambas as
vacinas

10) Criança de cinco anos, masculino há três dias com otalgia bilateral aguda, e, intenso prurido nos ouvidos. Informante
refere que o quadro iniciou após ter tomado banho de praia de rio. Otoscopia: pavilhões auriculares dolorosos a
manipulação, canal auditivo externo edemaciado, hiperemiado e com exsudato purulento. Qual a conduta a ser
prescrita:
a) Antibiótico IM d) Gotas otológicas de antibiótico e corticosteroide
b) Gotas otológicas de álcool a 70% e) Gotas otológicas de cetoconazol
c) Antibiótico por via oral e gotas otológicas de álcool a 70%

11) A avaliação da condição do RN durante os procedimentos de reanimação é baseada em:


a) Tônus muscular e frequência cardíaca d) Frequência cardíaca e tônus muscular
b) Frequência cardíaca e respiração e) Dor
c) Respiração e tônus muscular

12) O primeiro minuto de vida, denominado de GOLDEN MINUTE, refere-se ao tempo máximo após o nascimento para
iniciar:
a) Ventilação com pressão positiva d) Massagem cardíaca
b) Oferta de oxigênio suplementar e) Aspiração de vias aéreas
c) Intubação traqueal

13) Gestante diabética, insulinodependente, acompanhada no pré-natal com controle rigoroso da glicemia, teve
gestação interrompida por cesariana com 36 semanas de idade gestacional, devido à diminuição da vitalidade fetal.
O recém-nascido, GIG, apresenta taquidispneia, gemido expiratório, tiragens subcostais e intercostais, batimentos
de asas de nariz. Nesse caso, o diagnóstico mais provável do RN é de:
a) Taquipneia transitória do recém-nascido d) Pneumonia intra-uterina
b) Síndrome da aspiração do mecônio e) Síndrome de aspiração do líquido amniótico
c) Doença da membrana hialina

14) Recém-nascido de 40 semanas, apresenta, no exame físico com 48h de vida, abaulamento limitado ao osso parietal
esquerdo. Ao exame, observa-se coloração normal da pele na área da lesão, ausência de pulsação e de alterações
durante o choro. O diagnóstico mais provável é?
a) Bossa serossanguinolenta d) Hemangioma
b) Cefalo-hematoma e) TCE
d) Meningocele cranial

15) Recém nascido de parto normal com idade gestacional de 36 semanas, cuja mãe recebeu antibiótico intraparto, duas
horas antes do nascimento, por colonização por estreptococos do grupo B. O RN está assintomático, com exame
físico normal. Nesse caso, assinale a alternativa que apresenta a melhor conduta a ser realizada (CDC 2012):
a) Manter em observação por período igual ou superior a 48h
b) Iniciar ampicilina e gentamicina, após coleta de hemograma, hemocultura e PCR
c) Colher hemocultura, hemograma e PCR. Manter em observação por período igual ou superior a 48h
d) Colher hemocultura, hemograma e PCR e liquor cefaloraquidiano. Manter em observação por período igual ou
superior a 48h
e) Colher hemocultura, hemograma e PCR e liquor cefalorraquidiano, realizar radiografia de tórax. Manter em
observação por período igual ou superior a 48h

16) Na sepse precoce são considerados agentes causadores:


a) Strepto agalactie, E. coli, Klebsiella d) E. coli, Klebsiella, S. epidermidis
b) S. epidermidis, Sebatia marcescens, Candida albicans e) Klebsiella, S. epidermidis, C. albicans
c) Strepto agalactie, Pseudomonas, C. albicans

17) RN a termo, PIG, apresentando dextro 40 mg/dL apresentado hipoatividade, sucção débil e abalos. Qual a sua
conduta?
a) Colher glicemia e oferecer glicose a 5% via oral 2 mL
b) Colher glicemia e oferecer glicose a 10% via oral 2 mL
c) Colher glicemia e oferecer glicose a 10% EV 2 mL por Kg
d) Colher glicemia e oferecer glicose a 5% EV 2 mL por kg
e) Colher glicemia e oferecer glicose a 25% EV 2 mL por kg

18) RN de dois dias de vida é internado na maternidade por apresentar significativo sangramento retal e nasal. O parto
foi domiciliar, natural, feito por doula. Segundo a mãe, a criança nasceu bem, chorando forte. Aceita bem o leite
materno. O quadro clínico do RN sugere deficiência de:
a) Vitamina A b) Vitamina K c) Vitamina B1 d) Vitamina D e) Vitamina C
19) Recém-nascido Miguel, idade gestacional de 37 3/7 semanas pelo Capurro, peso ao nascer de 2.250g, nasceu de
parto normal, estatura de 48 cm e perímetro cefálico de 33 cm. Mãe de 14 anos, sorologia negativa para
toxoplasmose no primeiro trimestre. Com 30 semanas apresentou quadro de adenomegalia com positivação de IgG
e IgM anti-toxoplasmose gondii e teste de avidez de IgG < 15%. A infectologista iniciou espiramicina até o
nascimento. Após os resultados do RN com IgM positivo para toxoplasmose com TC e fundoscopia negativos qual o
tratamento indicado:
a) Sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico d) Pirimetamina
b) Sulfadiazina + pirimetamina + prednisona e) Prednisona
c) Espiramicina

20) RNT, parto vaginal, Apgar 8/9, AIG, mãe O Rh negativo, Coombs indireto negativo. Com 18 horas de vida icterícia
leve em face e tronco (zona 2 de Kramer). Pele e mucosas levemente hipocoradas. Exames: Teste de CD: negativo,
RN A positivo, BT 10,5 mg/dL, BD 0,4 mg/dL, BI 10,1 mg/dL, hemoglobina 12 mg/dL, reticulócitos 5%.
No gráfico de Buthani e de fototerapia podemos afirmar que é necessário:

a) Colocar em fototerapia de alta irradiância porque é Doença Hemolítica por Incompatibilidade materno-fetal no
sistema Rh e acompanhar os resultados de bilirrubina
b) Fazer exsanguineotranfusão porque é Doença Hemolítica por Incompatibilidade materno-fetal no sistema Rh
c) Colocar em fototerapia de alta irradiância porque é Doença Hemolítica por Incompatibilidade materno-fetal no
sistema ABO e acompanhar os resultados de bilirrubina a cada 6 a 12h
d) Colocar em fototerapia de baixa irradiância porque é Doença Hemolítica por Incompatibilidade materno-fetal no
sistema ABO
e) Manter a criança em observação em casa e colher exames de 12/12h

2017

1) Os rotavírus são os principais agentes causadores de gastroenterite aguda entre crianças abaixo de 5 anos de
idade. No Brasil, desde 2006, o VORH (Vacina oral contra rotavírus humano) encontra-se disponível no Programa
Nacional de Imunizações (PNI). Analise as sentenças abaixo e marque a CORRETA:
a) A primeira dose da VORH deve ser administrada com no mínimo 1 mês e 15 dias de vida e no máximo até os 3
meses e 15 dias de vida porém, excepcionalmente, poderá ser administrada fora do período preconizado pelo PNI
a exemplo de outras vacinas do calendário básico de imunizações
b) O limite máximo para a administração da segunda dose da VORH é até os 6 meses de vida
c) Ainda que a criança não tenha recebido a primeira dose da VORH, a segunda poderá ser administrada desde que
a criança esteja na faixa etária preconizada para a segunda dose
d) Naquelas crianças que receberam a primeira dose da VORH, o Ministério da Saúde (Nota Técnica Nº
193/2012/CGPNI/DEVEP/SVS/MP, em vigor desde Janeiro de 2013) estendeu a administração da segunda dose
até os 7 meses e 29 dias de idade
e) É contraindicada a administração concomitante da VORH com a vacina oral contra a poliomielite (VOP)
2) Escolar, 8 anos de idade, é trazido à emergência com queixa de “tosse e falta de ar”. Mãe informa que o menor fazia
consultas regulares com pneumologista para tratamento de Asma, mas que há 6 meses não apresentava crises e
que não estava mais fazendo uso das medicações de controle. Há 2 dias apresentou sintomas gripais acompanhados
de febre baixa – SIC (37,5°C) evoluindo com desconforto respiratório nas ultimas horas. Não fez uso de qualquer
medicação em domicilio. Ao exame: taquipneico, FR 50 irpm, acianótico, hidratado, PCP 2 seg, presença de tiragem
subcostal, AR MV+ com sibilos difusos bilateralemte. Que conduta deve ser instituída?
a) Prescrever β2-agonista de ação curta duração, via inalatória, 20/20 min, na primeira hora e dar alta após o termino
da prescrição
b) Prescrever β2-agonista de ação curta duração, via inalatória, 20/20 min, na primeira hora, associar
broncodilatador de longa duração e aminofilina na primeira administração, solicitar Rx tórax e hemograma
c) Prescrever β2-agonista de ação curta duração, via inalatória, 20/20 min, na primeira hora, associar
broncodilatador de longa duração e avaliar a necessidade de uso de sulfato de magnésio
d) Prescrever β2-agonista de ação curta duração e brometo de ipatrópio, via inalatória, 20/20 min, na primeira hora,
considerar o uso de prednisolona (via oral), pois trata-se de exacerbação moderada. Após a primeira hora de
tratamento, reavaliar o paciente
e) Prescrever β2-agonista de ação curta duração, via inalatória, 20/20 min, na primeira hora, considerar o uso de
brometo de ipatrópio na primeira inalação e de prednisolona (via oral), pois trata-se de exacerbação moderada.
Após a primeira hora de tratamento, reavaliar o paciente

3) Mãe trouxe seu bebê de 2 mês à consulta na UBS, informou que estava tudo bem, sem queixas, o bebê estava em
aleitamento materno exclusivo, já havia iniciado as vacinas do calendário, realizado os testes de triagem neonatal
(pezinho – aguardando resultado, olhinho e orelhinha). Estava feliz por que o teste do olhinho havia “dado normal”,
pois tinha “medo que seu bebê também fosse míope como a maioria das pessoas de sua família”. Estava preocupada
por que a “vacina do bracinho não pegou” (BCG). Assinale a alternativa CORRETA quanto à conduta mais adequada
que o médico deveria tomar nesta situação:
a) Dizem “também ficou muito contente” pelo bebê não ser míope. Indicar revacinação com BCG
b) Parabenizar a mãe pelo bebê, pelo fato de estar fazendo as vacinas, ter realizados os testes e estar em aleitamento
materno exclusivo, porém deve explicar que o teste do olhinho não é exame indicado para avaliar se o bebê terá
ou não miopia. Tranquilizar sobre o BCG pois deve aguardar a “pega vacinal” até 6 meses após vacinação
c) Concordar com a mãe, mesmo sabendo que este exame não é adequado para avaliar miopia. Indicar revacinação
com BCG nessa consulta.
d) Dizer que a criança agora não tem miopia, mas pode desenvolve-la e é por isso que o teste do olhinho deve ser
repetido. Pedir teste tuberculínico (PPD), se necessário revacinar imediatamente
e) Corrigir a mãe, pois o teste do olhinho não serve para miopia e sim para astigmatismo. Revacinar com BCG e
administrar 2ª dose da vacina contra hepatite B

4) Adolescente de 15 anos, sexo feminino, comparece a consulta com Pediatra, desacompanhada dos pais. O motivo
principal da consulta é receber orientações sobre contracepção. Sobre a consulta do adolescente analise as
sentenças abaixo:
I. Orientação quanto a prática de sexo seguro e prescrição de método contraceptivo deve ser realizado na consulta
da adolescente, sendo lhe garantida a manutenção do sigilo médico inclusive quanto a seus pais/responsáveis
sobre tais orientações, se a adolescente assim o desejar
II. A adolescente não pode ser atendida sem a presença dos pais ou responsáveis, seja em consulta de matrícula ou
nos retornos às consultas
III. Em situações consideradas de risco (gravidez, abuso de drogas, não adesão a tratamento recomendados, doenças
graves, risco à vida ou a saúde de terceiros) e frente à realização de procedimentos de maior complexidade
(biópsias e intervenções cirúrgicas), torna-se necessária a participação e/ou consentimento dos pais ou
responsáveis
IV. Em todas as situações em que se caracterizar a necessidade da quebra do sigilo médico a adolescente deve ser
informada, justificando-se os motivos para essa atitude
a) Somente I e II estão corretas d) Somente II e IV estão corretas
b) Somente I e IV estão corretas e) I, III e IV estão corretas
c) Somente IV está correta
5) O sinal clínico precoce de choque em uma criança
a) Palidez d) Taquicardia/taquipneia
b) Tempo de enchimento capilar lento e) Distensão abdominal
c) Manchas na pele

6) Luiz Romantiezer, 5 anos e 6 meses, compareceu a UBS Guamá, com dor abdominal leve, fezes amolecidas (1
episódio ao dia), flatulência fétida (SIC mãe). Ao exame físico: distensão abdominal leve e palidez cutâneo mucosa
(+/4+). Mãe refere que o menor faz uso de água mineral. A renda familiar é de cerca de 1 salário mínimo.
Considerando-se o citado acima, marque o alternativa correta:
a) O diagnóstico nosológico é anemia ferropriva
b) É uma síndrome diarreica aguda
c) Necessita realizar exame parasitológico de fezes para instituir a terapêutica adequada
d) É uma parasitose intestinal de provável causa helmíntica
e) É um quadro de giardíase, tratável com metronidazol

7) Laura Beatriz, 2 anos e 9 meses, está apresentando lesões eritemato-pustulosas, pruriginosas, em todo o corpo, há
cerca de 1 mês. Mãe refere que as mesmas iniciaram com “bolhinhas que coçavam, primeiro em axilas, depois em
virilhas e se espalharam logo em seguida. O diagnóstico nosológico mais provável é:
a) Piodermite d) Larva migrans cutânea
b) Foliculite e) Tinea corporis
c) Escabiose impetiginizada

8) Maria Berenice, 1 ano e 3 meses, compareceu a consulta na UBS e lhe foi dito que seu peso está entre mais 2 e
menos 2 do escore z. Isto quer dizer que:
a) Seu peso está adequado para meninas de sua idade
b) Seu peso está elevado para meninas de sua idade
c) Seu peso está abaixo para meninas de sua idade
d) Seu peso está muito abaixo para meninas de sua idade
e) Ela necessita realizar acompanhamento nutricional imediatamente

9) Constitui contra-indicação ao aleitamento materno:


a) Mastite d) Mãe em uso de fenobarbital
b) Psicose materna pós-parto e) Mãe com herpes simples labial
c) Mãe com cintomegalovírus

10) Mãe de um lactente de 3 meses está preocupada porque acha o desenvolvimento de seu filho lento. Dentre os
achados abaixo, aquele que pode ser considerado um sinal de alerta é:
a) Não brinca com os pés
b) Membros inferiores permanentemente estendidos com hipertonia moderada
c) Não se vira no leito, de frente e de bruços
d) Sorria, mas não dá risada
e) Mãos persistentemente fechadas

11) No primeiro exame físico do recém-nascido, frequentemente são observados os seguintes achados clínicos, sem
significado patológico:
a) Edema localizado em mãos e pés, hemangiomas em pálpebras, manchas cutâneas eritematosas, pontos brancos
amarelados em asas nasais
b) Edema localizado em mãos e pés, hemangiomas em pálpebras, pontos brancos amarelados em asas nasais, lesões
bolhosas em tronco
c) Edema localizado em mãos e pés, hemangiomas em pálpebras, manchas cutâneas eritematosas, sangramento
nasal
d) Artéria umbilical única, hemangiomas em pálpebras, manchas cutâneas eritematosas, pontos brancos amarelados
em asas nasais
e) Edema generalizado, hemangiomas em pálpebras, manchas cutâneas eritematosas, pontos brancos amarelados
em asas nasais

12) Recém-nascido de três dias de vida apresente discreta icterícia, com reatividade e atividade normais, sugando bem
o seio; fígado e baço dentro de limites normais, tipagem sanguínea “O” negativo, hematócrito 52%, leucócitos
16.000 (baso 0, eosino 2, neutro 60, linfo 32, mono 6), coombs direto negativo e mão do grupo “O” positivo. O
diagnóstico provável é:
a) Policitemia d) Icterícia fisiológica
b) Doença hemolítica pelo sistema Rh e) Microesferocitose
c) Doença hemolítica pelo sistema ABO

13) Gestante diabética, insulinodependente, acompanhada no pré-natal com controle rigoroso da glicemia, teve
gestação interrompida por cesariana com 36 semanas de idade gestacional, devido à diminuição da vitalidade fetal.
O recém-nascido, GIG, apresenta taquidispneia, gemido expiratório, tiragens subcostais e intercostais, batimentos
de asas de nariz. Nesse caso, o diagnóstico mais provável do RN é de:
a) Taquipneia transitória do recém nascido d) Pneumonia intra-uterina
b) Síndrome da aspiração do mecônio e) Síndrome da aspiração do líquido amniótico
c) Doença da membrana hialina

14) Recém nascido a termo atendido na sala de parto 30 segundos após o nascimento, não apresenta movimentos
respiratórios espontâneos e a frequência cardíaca e de 90 bpm. A conduta correta é:
a) Infundir adrenalina IV d) Ventilar com pressão positiva
b) Prover 100% de oxigênio e) Realizar estimulação cinestésica
c) Realizar massagem cardíaca

15) Recém nascido de 40 semanas, apresenta, no exame físico com24h de vida, edema de couro cabeludo, depressível,
de limites imprecisos. Ao exame, observa-se coloração normal da pele na área da lesão, ausência de pulsação e de
alterações durante o choro. O diagnóstico mais provável é?
a) Bossa serossanguinolenta d) Hemangioma
b) Cefalo-hematoma e) TCE
c) Meningocele cranial

16) Recém nascido de parto normal com idade gestacional de 36 semanas, cuja mãe recebeu antibiótico intraparto, duas
horas antes do nascimento, por colonização por estreptococos do grupo B. O RN está assintomático, com exame
físico normal. Nesse caso, assinale a alternativa que apresenta a melhor conduta a ser realizada (CDC 2012):
f) Manter em observação por período igual ou superior a 48h
g) Iniciar ampicilina e gentamicina, após coleta de hemograma, hemocultura e PCR
h) Colher hemocultura, hemograma e PCR. Manter em observação por período igual ou superior a 48h
i) Colher hemocultura, hemograma e PCR e liquor cefaloraquidiano. Manter em observação por período igual ou
superior a 48h
j) Colher hemocultura, hemograma e PCR e liquor cefalorraquidiano, realizar radiografia de tórax. Manter em
observação por período igual ou superior a 48h

17) Neonato de uma mãe sem pré-natal apresenta máculas arredondadas em tronco, palmas e plantas,
hepatoesplenomegalia e manifestações hemorrágicas no nariz; hemoglobina de 10g e plaquetopenia. O diagnóstico
provável é:
a) Toxoplasmose d) Rubéola
b) Citomegalia e) Sífilis
c) Leucemia

18) A mãe de um recém nascido de 15 dias, levado para consulta no PROAME, queixa-se de que seus mamilos estão
muitos doloridos e que seu filho “passa o dia todo no peito”. Ao exame físico, verifica-se pequena fissura na aréola
direita e que a pega e a posição são adequadas. O neonato teve ganho ponderal de 300g em relação ao peso de
nascimento. Qual a orientação mais adequada para o caso:
a) Limitar o tempo de mamada em cada seio
b) Estimular a amamentação em posições diferentes
c) Prescrever a aplicação de cremes à base de nistatina nos mamilos
d) Completar as mamadas com fórmulas oferecidas de colher
e) Orientar o inicio da amamentação sempre na mama esquerda

19) RN de dois dias de vida é internado na maternidade por apresentar significativo sangramento retal e nasal. O parto
foi domiciliar, natural, feito por doula. Segundo a mãe, a criança nasceu bem, chorando forte. Aceita bem o leite
materno. O quadro clínico do RN sugere deficiência de:
a) Vitamina A b) Vitamina K c) Vitamina B1 d) Vitamina D e) Vitamina C

20) RN a termo PIG apresentando dextro = 40 mg/mL apresentado hipoatividade, sucção débil e abalos. Qual a sua
conduta?
f) Colher glicemia e oferecer glicose a 5% via oral 2 mL
g) Colher glicemia e oferecer glicose a 10% via oral 2 mL
h) Colher glicemia e oferecer glicose a 10% EV 2 mL por Kg
i) Colher glicemia e oferecer glicose a 5% EV 2 mL por kg
j) Colher glicemia e oferecer glicose a 25% EV 2 mL por kg

2018

1) Mãe de 40 anos, G5P5A0, RN PIG simétrico com 1.900g, sucção débil, apresenta caderneta do pré-natal com os
seguinte resultado. Sorologia para Toxoplasmose com 25 semanas IgG e IgM positivo, Avidez IgG fraca, resultado
esse mantido e ela fez uso de espiramicina durante somente 30 dias porque após não encontrou mais na farmácia.
Qual o tratamento que deve ser realizado para essa criança?
a) Pirimetamina 2 mg/kg/dia dose única diária por 6 meses, seguido da mesma dose 3 vezes por semana por mais 6
meses + sulfadiazina 100 mg/kg/dia dividido em 2 doses VO por 10 meses + ácido folínico 10-15 mg em dose única
VO 3 vezes/semana administrada até 2 semanas após a interrupção da pirimetamina
b) Pirimetamina 1 mg/kg/dia dose única diária por 6 meses, seguido da mesma dose 2 vezes por semana por mais 6
meses + sulfadiazina 100 mg/kg/dia dividido em 3 doses VO por 6 meses + ácido folínico 10-15 mg em dose única
VO 3 vezes/semana administrada até 1 semanas após a interrupção da pirimetamina
c) Pirimetamina 1 mg/kg/dia dose única diária por 6 meses, seguido da mesma dose 3 vezes por semana por mais 6
meses + sulfadiazina 100 mg/kg/dia dividido em 3 doses VO por 12 meses + ácido folínico 10-15 mg em dose única
VO 3 vezes/semana administrada até 1 semanas após a interrupção da pirimetamina
d) Pirimetamina 1 mg/kg/dia dose única diária por 12 meses + sulfadiazina 50 mg/kg/dia dividido em 2 doses VO por
12 meses + ácido folínico 10-15 mg em dose única VO 2 vezes/semana administrada até 1 semanas após a
interrupção da pirimetamina
e) Nenhuma das alternativas anteriores

2) De acordo com a SBP/ILCOR o GOLDEN MINUTE significa que:


a) Se após os cuidados para manter a temperatura e permeabilidade das vias aéreas do RN, o mesmo apresentar
apneia, respiração irregular e/ou FC < 100 bpm TEM que iniciar nos primeiros 60 segundos de vida (“Minuto de
Ouro”) a VPP
b) Se após os cuidados para manter a permeabilidade das vias aéreas do RN, o mesmo apresentar apneia, respiração
regular e/ou FC < 100 bpm TEM que iniciar nos primeiros 60 segundos de vida (“Minuto de Ouro”) a VPP
c) Se após os cuidados para manter a permeabilidade das vias aéreas do RN, o mesmo apresentar apneia, respiração
irregular e/ou FC > 100 bpm TEM que iniciar nos primeiros 60 segundos de vida (“Minuto de Ouro”) a VPP
d) Se após os cuidados para manter a permeabilidade das vias aéreas do RN, o mesmo apresentar apneia, respiração
regular e/ou FC < 100 bpm TEM que iniciar nos primeiros 60 segundos de vida (“Minuto de Ouro”) a VPP
e) Nenhuma das alternativas anteriores

3) Recém-nascido a termo apresentou icterícia com seis horas de vida. O tipo sanguíneo da sua mãe: grupo O – Rh
negativo, com Teste de Coombs indireto negativo com 28 semanas de gestação e no momento do parto. RN: tipagem
A Rh positivo com Teste Direto de Coombs no sangue de cordão umbilical positivo. Exame de sangue periférico:
reticulocitose intensa e alguns esferócitos. O diagnóstico mais provável para o caso é:
a) Doença hemolítica por incompatibilidade de subgrupo sanguíneo
b) Doença hemolítica por incompatibilidade ABO
c) Doença hemolítica por incompatibilidade Rh
d) Esferocitose congênita
e) Anemia hemolítica por anticorpos a frio

4) Uma criança nascida de 34 semanas de idade gestacional, 2190g, escore de Apgar 7 no 1º minuto e 8 no 5º minuto,
apresenta desconforto respiratório precoce necessitando de oxigenoterapia. A mãe é portadora de diabetes
gestacional e hipertensão arterial, teve as membranas amnióticas rompidas 4hs antes do parto vaginal. A
gasometria arterial com 2hs de vida com oxigênio (...) foi pH 7,38, pCO2 58 mm, HCO3 22 mEq/L. Com 6hs de vida a
oferta de oxigênio foi aumentada para (...). Qual o diagnóstico mais provável?
a) Pneumonia congênita d) Taquipneia transitória
b) Síndrome da aspiração meconial e) Doença da membrana hialina
c) Cardiopatia congênita

5) Recém-nascido de 2 semanas de vida, sob aleitamento materno exclusivo, apresenta perda de peso, recusa
alimentar, vômitos, desidratação com sódio 120 mEq/L, potássio 6,5 mEq/L além de glicemia de 40 mg/dL. Qual
diagnóstico provável?
a) Filho de mãe diabética d) Estenose hipertrófica de piloro
b) Ingestão insuficiente de leite e) Alergia a proteína do leite de vaca
c) Hiperplasia adrenal congênita

6) Você é chamado para prestar assistência na sala de parto de um recém-nascido a termo, parto normal com presença
de liquido amniótico meconial, sendo que a criança não chorou e se encontra cianótica e hipotônica. A conduta
imediata correta neste caso, após colocarem o bebê sob calor radiante é:
a) Aspirar boca, hipofaringe e traqueia sob visualização direta d) Iniciar massagem cardíaca
b) Promover estímulos táteis para que chore e) Administrar adrenalina por cateter umbilical
c) Ventilação com máscara sob pressão positiva

7) O teste do pezinho é um exame de triagem neonatal. A dosagem de tripsina imunorreativa no sangue é o melhor
método utilizado para a triagem de:
a) Fibrose cística d) Fenilcetonúria
b) Galactosemia e) Hemoglobinopatia
c) Hiperplasia adrenal congênita

8) Uma primigesta com gestação de 37 semanas e 1 dia entrou em trabalho de parto, procurando a maternidade mais
próxima de casa. Havia feito 5 consultas de pré-natal, não apresentado qualquer intercorrência na gravidez. Seu
recém nascido (RN) teve APGAR 6/8 e pesou 2.200g. No exame físico, apresentava diversas petéquias e
hepatoesplenomegalia e o perímetro cefálico era menor que o esperado. Com base exclusivamente no enunciado
descrito, analise as afirmativas a seguir: Está(ão) correta(s):
I. O RN é de baixo peso e a termo a) Apenas II d) I e II
II. O RN é prematuro e de baixo peso b) Apenas III e) Apenas I
III. O RN nasceu asfixiado c) II e III

9) Ainda em relação a questão anterior qual o provável diagnóstico para as alterações encontradas no RN?
a) Sífilis congênita d) Toxoplasmose congênita
b) Citomegalovírus e) Rubéola congênita
c) Leucemia congênita

10) A frequência cardíaca é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação. Logo
após o nascimento, o recém-nascido deve respirar de maneira regular e suficiente para manter a FC acima de:
a) 80 bpm d) 150 bpm
b) 100 bpm e) 140 bpm
c) 120 bpm

11) Menina de 7 anos de idade está em consulta ambulatorial de rotina. Não há queixas ativas durante a consulta. No
exame clínico, observa-se índice de massa corpórea acima do percentil 97 para seu sexo e idade, de acordo com as
curvas da OMS. Sem outras alterações ao exame. Além da glicemia de jejum, colesterol total e frações e
triglicerídeos, qual exame laboratorial está indicado de acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de
Pediatria?
a) Alanina aminotransferase d) Hormônio tireoestimulante
b) Insulina de jejum e) Dosagem de fosfatase alcalina
c) Teste de tolerância oral à glicose

12) Menino de 13 anos de idade é levado por sua mãe para Unidade Básica de Saúde. Eles procuram orientação médica
sobre a vacinação para HPV. Qual alternativa reflete as recomendações atuais do Ministério da Saúde?
a) Ele não pode receber a vacina, pois é disponibilizada apenas para meninas
b) Ele só pode receber a vacina se for transplantado portador de câncer ou HIV
c) Ele não pode receber a vacina, pois ela é indicada aos 11 anos de idade ou menos
d) Ele pode receber duas doses da vacina, com intervalos de 6 meses entre as doses
e) Ele pode receber 3 doses da vacina, com intervalo de 1 mês entre a 1ª e 2ª dose e 6 meses entre a 2ª e 3ª dose

13) Menina de 3 anos de idade apresenta episódios de dores abdominais discretas, diarreia esporádica e prurido anal,
principalmente à noite. A mãe encontrou na região anal um possível verme. Na consulta, o exame clínico não tinha
alterações. Qual é a principal hipótese diagnóstica?
a) Ascaridíase d) Enterobíase
b) Tricuríase e) Giardíase
c) Giardíase

14) Menina de 9 anos de idade está em seguimento ambulatorial por quadro de sibilância recorrente, iniciada aos 6
meses de idade. Os episódios são desencadeados por infecções virais, mudança de temperatura ambiental e
exposição a alérgenos (poeira e fumaça). Foi internada 3 vezes devido a exacerbações, e a última internação foi aos
6 anos de idade. Nas últimas 4 semanas a mãe refere que a criança tem apresentado tosse e cansaço durante a
noite, acordando 1 vez por semana devido a estes sintomas. Durante o dia a criança fica bem, faz suas atividades
habituais, sem dificuldades, participando inclusive das aulas de educação física da escola. A mãe refere que a criança
não faz uso de broncodilatador há mais de 6 meses. Qual é a classificação da asma dessa paciente?
a) Parcialmente controlada d) Episódica descontrolada
b) Intermitente moderada e) Sazonal
c) Persistente leve

15) Menino com 16 horas de vida, em alojamento conjunto, apresenta icterícia em região de face e tronco, pouco acima
do umbigo. Nasceu por via vaginal com idade gestacional de 35 semanas e 4 dias. apresentava máscara equimótica
em face, devido a duas circulares cervicais de cordão umbilical. Seu peso ao nascer foi 2620g e seu boletim de Apgar
8-10-10. Dentre as alternativas abaixo, qual está correta sobre a icterícia desse recém-nascido?
a) Trata-se de icterícia neonatal precoce decorrente da prematuridade, com quadro clínico diverso da icterícia
fisiológica do RN de termo
b) É decorrente da colestase transitória encontrada no prematuro nas primeiras 24 horas de vida, e deve
desaparecer com 3 a 5 dias de vida
c) É causada pela reabsorção do sangue extravasado em face (máscara equimótica), e espera-se que desapareça
entre 24 e 48 horas de vida
d) Deve ser iniciado tratamento com fototerapia e investigada doença hemolítica (decorrente de incompatibilidade
sanguínea, por exemplo)

16) Uma família de São Paulo vai viajar para o Amazonas em 1 mês e procura o Posto para tomar vacina de febre
amarela. Pai 32 anos, tomou a vacina de febre amarela há 12 anos. Mãe, 30 anos, nunca vacinada, amamentando
bebê de 5 meses. Filho – 4 anos, nunca vacinado. Filha – 5 meses, nunca vacinada. Entre os membros da fam´lia,
qua(is) deve(m) ser vacinado(s)?
a) Todos porque vão para área de risco
b) Mãe, pai e filho de 4 anos
c) Todos com exceção do pai que já tomou a vacina
d) Não vacinar agora. Pedir para retornarem e dar a vacina 10 dias antes da viagem
e) Filho de 4 anos

17) Menino de 3 anos de idade, é trazido à consulta por sua mãe que solicita laudo para inclusão escolar da criança, por
achar que é superdotada. Segundo a mãe, o paciente já consegue ler alguns letreiros na rua e nomes de jogos no
tablet; gosta de assistir a programas de alfabetização para adultos na TV e de ler revistas; prefere brincar com
carrinhos, enfileirando-os meticulosamente pela sala de casa mas não gosta de mudanças de rotina e, embora fale
poucas palavras, às vezes é capaz de repetir frases completas ouvidas dias antes no rádio ou na TV. A conduta mais
adequada diante do caso é:
a) Solicitar a avaliação de um especialista por suspeita de diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo
b) Solicitar a avaliação de um especialista por suspeita de diagnóstico de Transtorno Obsessivo
c) Solicitar a avaliação neuropsicológica para confirmação do alto desempenho cognitivo
d) Realizar laudo para a escola por concordar com a hipótese da mãe de se tratar de uma criança superdotada
e) Tranquilizar a mãe, pois a criança apresenta desenvolvimento normal para a sua idade

18) A aplicação da vacina DTP é contra-indicada nas seguintes situações, exceto:


a) Reação anafilática após a aplicação na primeira dose
b) Doença neurológica estável ou pregressa com sequela presente
c) Convulsão afebril nas primeiras 72h após a aplicação da primeira dose
d) Encefalopatia nos primeiros sete dias com ou sem convulsão após a aplicação da primeira dose
e) Síndrome hipotônica e hiporesponsiva e após a aplicação da primeira dose

19) Criança de 05 anos está em investigação diagnóstica de febre de origem obscura há 03 semanas. Apresenta PPD =
14 mm e raio X de tórax com imagens micronodulares disseminadas. Encontra-se eupneico, ausculta pulmonar
normal e sem visceromegalias. A principal hipótese diagnóstica é:
a) Pneumonia atípica d) Pneumonia por Pneumocystis carinii
b) Tuberculose e) Pneumonia intersticial linfocítica
c) Histoplasmose pulmonar

20) Mãe de um lactente de 3 meses está preocupada porque acha o desenvolvimento de seu filho lento. Dentre os
achados abaixo, aquele que pode ser considerado um sinal de alerta é:
a) Não brinca com os pés d) Mãos sempre fechadas
b) Não se vira no leito, de frente e de bruços e) Membros inferiores sempre estendidos com
c) Sorri, mas não dá risada hipertonia moderada

2019

1) A conduta adequada para um RNT assintomático, recém-nascido de mãe com o pré-natal incompleto e com VRDL
1/32, FTA-ABS positivo, reagente coletados na admissão para o parto é:
a) Realizar tratamento com Penicilina Cristalina 50.000 Ui/kg/dose, IV a cada 12h (nos primeiros 7 dias de vida) e a
cada 8h (após 7 dias de vida) durante 10 dias
b) Solicitar FTA-ABS IgM e condicionar tratamento ao resultado positivo
c) Solicitar VDRL e indicar tratamento somente se título for superior ao materno com Penicilina G benzatina 800.000
UI
d) Solicitar VRDL mensal e indicar tratamento caso houver queda do título após três meses
e) Realizar acompanhamento ambulatorial, exame sorológico e indicar tratamento se surgirem alterações clínicas
2) Recém-nascido a termo, parto vaginal de difícil extração, pélvico, com peso de 4.380g. Lopo após o nascmento,
apresenta flacidez e incapacidade de movimentação do membro superior direito principalmente do ombro e
cotovelo. A hipótese mais provável é:
a) Fratura de clavícula d) Paralisia braquial obstétrica total (C5-T1)
b) Fratura de úmero e) Paralisia braquial obstétrica TIPO ERB-Duchenne
c) Paralisia braquial obstétrica tipo Klumpke (C7-C8-T1) (C5-C6)

3) Quais dos itens abaixo, é um fator preditivo de risco para icterícia neonatal grave?
a) Gestação de mais de 40 semanas
b) História Familiar negativa para deficiência de flicose-6-fosfato desidrogenase
c) Bilirrubina sérica total maior que 15mg% nas primeiras 48h de vida
d) Uso de meperidina durante o parto
e) Parto vaginal

4) Após cuidados iniciais de rotina, se o RNT mantém FC < 100 bpm e a respiração é irregular a conduta CORRETA é:
a) Ventilação com pressão positiva e massagem cardíaca d) Massagem cardíaca
b) Ventilação com pressão positiva e) Oxigenoterapia
c) Intubação

5) Peso ao nascer superior a 4.000g, retardo na eliminação de mecônio, icterícia prolongada, fontanela bregmática
ampla, hipotonia, macroglossia, constipação intestinal, atraso de desenvolvimento neuropsicomotor nos primeiros
meses de vida, associam-se a:
a) Hipertireoidismo d) Deficiência de cortisol
b) Hipotireoidismo e) Síndrome de Down
c) Fenilcetonúria

6) Pedro, 1 ano e 8 meses, compareceu ao ambulatório da UBS Combú com prurido anal, distensão abdominal leve,
fezes aquosas (4 episódios ao dia), com muco, sem sangue, flatulência fétida (SIC mãe), há cerca de 05 dias. Ao
exame físico: dor abdominal leve a palpação e palidez cutâneo mucosa (+/++++). Mãe refere que o menor faz uso
frequente de água coada. A renda familiar é de cerca de 1 salário mínimo. Considerando-se o quadro clínico descrito,
o paciente deve estar acometido de:
a) Anemia e enterobíase d) Diarreia aguda e giardíase
b) Anemia e giardíase e) Enterobíase, anemia e diarreia aguda
c) Diarreia aguda e anemia

7) Maria, 3 anos e 6 meses, está apresentando pápulas com pústulas disseminadas em região de dorso, abdome,
nádegas, mãos e pés, há cerca de 01 mês. Mãe refere que as mesmas iniciaram nas axilas e foram se espalhando. As
lesões coçam muito e Joana, sua irmã também está se coçando, pois “está com alergia”. Ao exame físico: escoriações
por coçadura e temperatura axilar de 38°C. O diagnóstico mais provável é:
a) Piodermite d) Larva migrans cutanea
b) Foliculite e) Tinea corporis
c) Escabiose impetiginizada

8) José, 7 meses, ainda no peito. Seu pai trabalha em uma venda de açaí. Atualmente sua mãe quer iniciar outros
alimentos para ele. Quais os mais adequados?
a) Mingau e açaí d) Iogurte e mel
b) Frutas e leguminosas e) Mingau e leguminosas
c) Mel e sopinhas

9) Célia, 2 anos e 3 meses, compareceu a consulta na UBS Guamá com sua mãe. Ela está com peso entre mais 2 e menos
2 do escores z. Isso quer dizer que:
a) Seu peso está adequado para meninas de sua idade
b) Seu peso está elevado para meninas de sua idade
c) Seu peso está abaixo para meninas de sua idade
d) Seu peso está muito abaixo para meninas de sua idade
e) Ela necessita realizar acompanhamento nutricional imediatamente

10) Lactente de 6 meses de idade, apresenta febre há 2 dias, de até 39 graus, sem outras alterações. Foi atendido num
serviço de urgência, quando foi prescrito pelo pediatra de plantão, amoxicilina 50 mg/kg/dia. A febre cessou no dia
seguinte, quando surgiram manchas avermelhadas no corpo, assintomáticas. Qual o provável diagnóstico e conduta
mais adequada?
a) Sarampo. Notificar o caso e internar paciente
b) Chikungunya. Notificar o caso e orientar tratamento domiciliar
c) Alergia a amoxicilina. Suspender o antibiótico e prescrever anti-histamínico
d) Exantema súbito. Suspender o antibiótico e orientar a mãe sobre a natureza benigna e o curso da doença
e) Varicela. Iniciar aciclovir por se tratar de criança com menos de 1 ano de idade

11) João tem 4 anos, mora em área sem saneamento básico, sua família usa água de poço não artesiano. Atualmente
pesa 14 quilos e apresenta palidez cutâneo mucosa importante. Compareceu a Unidade Básica de Saúde trazendo
alguns exames que haviam sido solicitados em consulta anterior. Sua hemoglobina era de 9 e exame parasitológico
de fezes detectou cistos de Giardia lamblia e ovos de Ascaris lumbricoides. Marque a alternativa correta para tratar
as parasitoses:
a) Albendazol suspensão – 5 mL 2 vezes ao dia durante 7 dias e Metronidazol – 7,5 mL via oral 2 vezes ao dia durante
3 dias
b) Mebendazol suspensão – 5 mL 2 vezes ao dia durante 3 dias e Metronidazol – 5 mL via oral 2 vezes ao dia durante
3 dias
c) Albendazol suspensão – 10 mL dose única e Metronidazol – 20 mL dose única
d) Mebendazol suspensão – 5 mL 2 vezes ao dia durante 3 dias e Metronidazol – 3,5 mL via oral 2 vezes ao dia
durante 7 dias
e) Mebendazol suspensão – 7,5 mL 2 vezes ao dia durante 3 dias e Metronidazol – 7,5 mL via oral 2 vezes ao dia
durante 3 dias

12) Considerando o caso clínico anterior (10ª questão), marque a alternativa em que a proposta de tratamento da
anemia está correta:
a) Sulfato ferroso gotas 25 mg Fe/mL (20 gotas) – 8 gotas duas vezes ao dia durante 1 mês
b) Sulfato ferroso gotas 25 mg Fe/mL (20 gotas) – 58 gotas duas vezes ao dia durante 3 meses
c) Sulfato ferroso gotas 25 mg Fe/mL (20 gotas) – 28 gotas duas vezes ao dia durante 3 meses
d) Sulfato ferroso gotas 25 mg Fe/mL (20 gotas) – 28 gotas uma vez ao dia durante 1 mês
e) Sulfato ferroso gotas 25 mg Fe/mL (20 gotas) – 70 gotas duas vezes ao dia durante 1 mês

13) Em relação ao resfriado comum na criança, marque a alternativa CORRETA:


a) Crianças menores de cinco anos podem ter de três a cinco episódios por ano
b) Crianças menores de cinco anos podem ter de cinco a oito episódios por ano
c) Ao exame físico, percebe-se congestão da mucosa faríngea e petéquias no palato
d) Faz parte do tratamento, antitussígenos, antitérmicos e aumento da oferta hídrica
e) O uso de anti-inflamatórios para alivio dos sintomas é a chave do tratamento

14) Lactente de 4 meses, iniciou quadro de coriza hialina, acompanhada de febre de até 38 graus há 3 dias. Há 24 horas
apresentando desconforto respiratório com taquipneia e tiragem intercostal. Ausculta pulmonar com sibilos
difusos. Qual a hipótese diagnóstica mais provável?
a) Pneumonia viral d) Crise de asma
b) Bronquiolite e) Aspiração de corpo estranho
c) Pneumonia bacteriana

15) O tratamento e a quimioprofilaxia da coqueluche tinha como antibiótico preferencial a eritromicina. Qual droga o
Ministério da Saúde do Brasil passou a definir como droga de primeira escolha, tanto para o tratamento como para
a quimioprofilaxia da coqueluche?
a) Sulfametoxazol-trimetoprim d) Azitromicina
b) Amoxicilina e) Claritromicina
c) Ciprofloxacino

16) Uma criança de 2 anos e 6 meses chega à Unidade Básica de Saúde com queixa de tosse produtiva, coriza hialina e
febre (temperatura axilar de 38°C – 38,5°C) há 2 dias. A mãe percebeu também o aparecimento de diarreia. Ao
exame físico, notadas coriza clara com leve obstrução nasal, hiperemia das tonsilas com exsudato esbranquiçado e
hiperemia conjuntival moderada, sem outras alterações. Você explica à mãe que o diagnóstico da criança é uma
faringotonsilite aguda. qual o agente etiológico mais provável para o quadro?
a) Streptococcus pneumoniae d) Corynebacterium diphteriae
b) Streptococcus pyogenes e) Rinovirus
c) Adenovírus

17) Uma menina de 8 anos apresenta prurido no couro cabeludo há 15 dias e, ao exame, observa-se a presença de
lêndeas e piolhos. Com relação a doença apresentada por essa paciente, assinale a alternativa correta:
a) A permetrina a 1% é uma opção terapêutica segura e eficaz
b) A permetrina tem ação pediculicida e é capaz de retirar as lêndeas
c) As lêndeas viáveis são retiradas pelo uso de ivermectina
d) O uso de ivermectina está contraindicado pela faixa etária da criança
e) X

18) O desenvolvimento infantil, ao contrário do crescimento, pode ser difícil de medir e avaliar. Apesar disto, é possível
estabelecer certos padrões e áreas do desenvolvimento com vistas a identificar fatores que possam intervir na
evolução desse processo. Em razão disso:
a) Alterações de linguagem e cognitivas são mais facilmente identificáveis do que alterações do desenvolvimento
motor
b) A avaliação do desenvolvimento implica investigação mais detalhada das crianças com suspeita de problemas no
desenvolvimento, sendo geralmente multidisciplinar e diagnóstica
c) No grupo de crianças 6 a 9 meses a ausência de sorriso social, classifica-se como um provável atraso de
desenvolvimento
d) Criança classificada como provável atraso no desenvolvimento, seus pais devem ser orientados a estimulá-las em
casa pois é possível tratar-se apenas de falta de estímulo
e) Crianças com fatores de risco para o desenvolvimento infantil devem ser encaminhadas de imediato para os
especialistas e terapeutas em desenvolvimento infantil

19) Marcos tem 10 meses e senta apenas com apoio. Sua mãe está preocupada, pois seu filho anterior ao Marcos sentou-
se sem apoio com 6 meses de idade. Assinale a alternativa correta:
a) Marcos tem um desenvolvimento normal, pois algumas crianças só sentam sem apoio com 11 meses de idade
b) Marcos está com o desenvolvimento atrasado, pois a maioria doas crianças sentam sem apoio até 9 meses de
idade
c) Marcos está com o desenvolvimento atrasado, pois a maioria doas crianças sentam sem apoio até 6 meses de
idade
d) Marcos está com o desenvolvimento normal, pois aos 10 meses já senta com apoio
e) Marcos pode estar com atraso no desenvolvimento, portanto, deverá ser observado por mais 30 dias

20) A criança com Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) apresenta:


a) Interesse particular em assuntos restritos e específicos
b) Dificuldades relacionadas a um baixo nível de atenção, inquietude e impulsividade, podendo predominar alguns
sintomas do déficit de atenção ou da hiperatividade
c) Tem cura apenas com tratamento medicamentoso
d) Apenas a psicoterapia consegue amenizar os sintomas deste transtorno
e) Na maioria das vezes apresentam importante déficit cognitivo
GABARITO

2016

1- E 6- B 11- B 16- A
2- C 7- C 12- A 17- C
3- C 8- B 13- C 18- B
4- NULA 9- D 14- A 19- A
5- D 10- D 15- C 20- C

2017

1- D 6- E 11- A 16- C
2- E 7- B 12- D 17- E
3- B 8- A 13- C 18- B
4- E 9- D 14- D 19- B
5- D 10- B 15- A 20- C

2018

1- C 6- A 11- A 16- E
2- A 7- A 12- D 17- A
3- B 8- E 13- D 18- B
4- E 9- A 14- A 19- B
5- C 10- B 15- D 20- D

2019

1- A 6- E 11- D 16- B
2- E 7- C 12- C 17- A
3- C 8- B 13- B 18- C
4- B 9- A 14- B 19- B
5- B 10- D 15- D 20- B
PEDIATRIA

PROVA

1) RN de 35 semanas de idade gestacional, parto cesáreo por indicação materna. APGAR de 5 e 7, no primeiro
e quinto minutos. Após os procedimentos habituais de reanimação, com 15 minutos de vida, apresenta
desconforto respiratório caracterizado por gemência, batimento de asa nasal, tiragem intercostal e retração
diafragmática. A saturação de oxigênio pré-ductal é de 91% com FC 110 bpm e FR 80 irpm. A conduta mais
adequada é:
a) Iniciar oferta de oxigênio por via inalatória
b) Administrar surfactante exógenos nas primeiras duas horas de vida
c) Indicar suporte respiratório com pressão contínua nas vias aéreas (CPAP)
d) Realizar VPP com balão e máscara de FR 40-60 irpm
e) Colocar o RN em oxihood a 100% de FiO2

2) Adolescente, sexo masculino, 12 anos, comparece a consulta na UBS, solicitando atestado para a prática de
natação. Assintomático, sem história familiar de risco para doença cardiovascular. Ao exame físico, os dados
vitais e exame segmentar normais. Traz electrocardiograma realizado há um ano para avaliação pré-
operatória de cirurgia ortopédica com laudo de arritmia sinusal. A conduta nesse caso é:
a) Encaminhar para o cardiologista pediátrico, pois necessita fazer um tilt teste
b) Encaminhar para o cardiologista pediátrico para realizar ecocardiograma
c) Encaminhar para o cardiologista pediátrico e solicitar novo eletrocardiograma (ECG)
d) Encaminhar para o cardiologista pediátrico e pedir novo ECG e ecocardiograma
e) Liberar para a prática de natação

3) Jenifer, 13 meses, nascido de parto normal, com 38 semanas de idade gestacional, compareceu a consulta
no ambulatório UMS do Guamá para ser avaliada quanto ao seu desenvolvimento. Dos 4 marcos do
desenvolvimento para sua faixa etária, a mesma já mostra o que quer, colocar blocos na caneca e fala uma
palavra. Deste modo, a impressão diagnóstica conduta quanto à vigilância do seu desenvolvimento são:
a) Alerta para o desenvolvimento / orientar a mão sobre como estimular a criança e marcar retorno em 30
dias
b) Desenvolvimento adequado com fatores de risco / informar a mãe sobre os sinais de alerta
c) Desenvolvimento adequado / manter a estimulação da criança e marcar retorno em 60 dias
d) Provável atraso do desenvolvimento / referir para avaliação neuropsicomotora
e) Desenvolvimento adequado / observar a criança e marcar retorno em 30 dias

4) Recém-nascido, cinco dias de vida, a termo, apresenta há 24-48 horas máculas, pápulas e pústulas
eritematosas localizada em fronte, face, tronco e membros, sem acometimento de palmas das mãos e
plantas dos pés. Mãe relata que as lesões desaparecem de uma área e surgem em outra área em horas e
que o RN se encontra em excelente estado geral e sugando bem o seio materno. O diagnóstico mais provável
nesse caso é:
a) Miliária
b) Impetigo
c) Milium
d) Eritema tóxico
e) Melanose pustular transitória

5) Mariana, 4 meses, é levada por sua mãe para consulta de puericultura, na UBS do Combú. Neste caso, o
pediatra deve orientar a mãe:
a) Evitar aplicar vacinas se o bebe estiver resfriado ou com febre baixa
b) Que o lugar seguro para o bebe dormir é o berço e não na cama dos pais
c) Que deverá incentivar a criança a imitar gestos como bater palmas e dar tchau
d) Que o crescimento dela vai acelerar, pois passou dos três meses de idade
e) Iniciar papa de frutas, pois nessa idade o aleitamento exclusivo não é mais suficiente

6) Escolar, seis anos, é trazido à emergência com dor forte em ouvido esquerdo iniciada há menos de 24 horas.
Há três dias apresenta febre, que hoje se tornou mais elevada além de tosse e secreção nasal. Exame físico:
chorando, fácies de dor, febre, com opacidade, hiperemia e abaulamento da membrana timpânica esquerda.
Nesse caso, o achado que tem maior especificidade para o diagnóstico é:
a) Febre
b) Tosse
c) Hiperemia
d) Opacidade
e) Abaulamento

7) Em relação ao resfriado comum na criança, é correto afirmar:


a) Crianças menores de cinco anos podem ter de três a cinco episódios por ano
b) Crianças menores de cinco anos podem ter de cinco a oito episódios por ano
c) Ao exame físico, percebe-se congestão da mucosa faríngea e petéquias em palato
d) Faz parte do tratamento, antitussígenos, antitérmicos e aumento da oferta hídrica
e) O uso de anti-inflamatórios para alivio dos sintomas é a chave do tratamento

8) Mãe do lactente de quatro meses em aleitamento materno exclusivo, procurou orientação na UBS do Portal,
porque vai trabalhar em 15 dias. A orientação adequada é que a mãe retire seu leite e armazene em frascos
de vidro com tampa plástica:
a) Na geladeira por até duas horas ou em congelador / freezer por até 12 horas
b) Na geladeira por até 12 horas ou congelador / freezer por até duas semanas
c) Na geladeira por até 24 horas ou congelador / freezer por até cinco semanas
d) Na geladeira por até 24 horas ou congelador / freezer por até quatro semanas
e) Na geladeira por até 12 horas ou congelador / freezer por até três semanas

9) Adolescente, sexo feminino, 12 anos, é atendida na UPA Terra-Firme, após sofrer queda de bicicleta,
apresentando-se com múltiplas escoriações e ferimentos corto-contusos profundos. A caderneta de saúde
de criança revela que a menor recebeu as três doses do esquema básico com DTP, com um reforço aos seis
anos. A conduta mais adequada com relação à profilaxia antitetânica é aplicar:
a) Uma dose de reforço de DT (duplo tipo infantil) e de soro antitetânico
b) Uma dose de reforço de dT (duplo tipo adulto) ou vacina antitetânica
c) Uma dose de reforço de dT (duplo tipo adulto) e de soro antitetânica
d) Apenas uma dose de reforço de DT (dupla tipo infantil)
e) Apenas o soro antitetânico, uma vez que a série básica está completa

10) Escolar, oito anos, é levada à unidade básica de saúde apresentando há uma semana prurido anal diário, na
madrugada, que o faz perder o sono. Seu irmão mais novo teve o mesmo sintoma, melhorando após uso de
medicação. Exame físico: sem alterações. Os medicamentos que podem ser utilizados no tratamento desta
patologia são:
a) Levamizol e ivermectina
b) Tiabendazol e mebendazol
c) Pamoato de pirantel e secnidazol
d) Pamoato de pirantel e metronidazol
e) Albendazol e pamoato de pirvinio

11) Recém-nascido, 40 semanas de idade gestacional, APGAR 9/10, sem fatores de risco, apresenta icterícia em
face com 18 horas de vida. História obstétrica sem fatores de risco. Grupo sanguíneo materno: O+, do RN:
B+. Exame físico: ativo, mamando bem, já eliminou mecônio e apresentou diurese. Nesse caso, está
indicado:
a) Aguardar completar 24 horas e colher exames para avaliar exsanguineotransfusão
b) Observar e reavaliar a icterícia antes da alta para decidir sobre a realização de exames
c) Colher exames laboratoriais para avaliar incompatibilidade ABO e decidir sobre fototerapia
d) Colher exames laboratoriais para avaliar deficiência de G6PD e decidir sobre fototerapia
e) Suspender o aleitamento materno, pois se trata de icterícia associado ao aleitamento materno

12) Recém-nascido com 6 horas de vida apresenta icterícia zona II leve. Ele nasceu de parto normal, com idade
gestacional de 37 semanas e 3/7, devido pré-eclâmpsia. O APGAR foi 7 e 8. A tipagem sanguínea da mãe é B
negativo e a do bebe é A positivo. A principal hipótese para a icterícia é?
a) Fisiológica
b) Por incompatibilidade ABO
c) Por incompatibilidade Rh
d) Devido à prematuridade
e) Problemas de amamentação

13) Mãe adolescente inicia pré-natal no quarto mês de gestação. Os exames solicitados na primeira consulta
mostraram VDRL de 1/64 e a gestante foi tratada com Penicilina Benzatina 2.400.000 UI por semana, durante
três semanas. O teste não treponêmico realizado nos meses subsequentes mostrou titulações em queda. Na
internação em trabalho de parto com 38 semanas o título foi de 1/8. O recém-nascido sem alterações ao
exame físico apresenta VDRL de 1/8. A assertiva correta em relação ao quadro apresentado pelo recém-
nascido é:
a) Sífilis congênita é possível por falta de tratamento do parceiro. Colher hemograma com contagem de
plaquetas, líquor e realizar radiografia de ossos longos, para orientar tratamento
b) Sífilis congênita é possível pois o tratamento materno ocorreu tardiamente. Colher hemograma com
contagem de plaquetas, análise do liquor e realizar radiografia de ossos longos, para orientar tratamento
c) Sifilis congênita é improvável pois a titulação de VDRL do recém-nascido é igual à materna. Deve ser
acompanhado com VDRL com 1, 3 e 6 meses e, na impossibilidade, investigar e tratar de acordo com
resultados
d) Sífilis congênita menos provável, por tratamento adequado de mãe e não necessita avaliação de
hemograma, analise de liquor ou radiografia de ossos longos. Administrar penicilina benzatina IM e
acompanhar o recém nascido com VDRL com 1, 3 e 6 meses
e) Internação para tratamento com ceftriaxona EV, por 10 dias

14) O bebe da jovem Rosenilda, 14 anos, é um RMPT 36 semanas, com 20 horas de vida ainda não mamou e a
mãe refere “ele é bem comportado, dormiu a noite inteira e não chora quase. A avó relata que tentou
colocar para mamar, mas a criança só quer dormir. Por ser pré-termo tardio e baixo peso 2,250 g qual o
exame que você deve realizar que exame a beira do leito?
a) Oximetria de pulso
b) Glicemia capilar
c) Gasometria arterial
d) Hemograma
e) Estimulação tátil

15) Criança de quatro anos apresenta há cinco dias secreção e obstrução nasal. Hoje iniciou febre com piora da
tosse e queda do estado geral. Ao exame físico mostrou-se eupneico, sem dificuldade respiratória. A
oroscopia observa-se hiperemia de faringe com drenagem de secreção posterior e visualização de crostas
amareladas no vestíbulo nasal. A conduta indicada neste caso é utilizar:
a) Soro fisiológico e nafazolina nasais
b) Anti-histaminicos oral e nafazolina nasal
c) Antibioticoterapia oral e soro fisiológico nasal
d) Corticoide de baixa potencia e soro fisiológico nasais
e) Antibioticoterapia oral e corticoide de baixa potencia
16) João tem três anos e foi levado por sua mãe à consulta, pois não quer comer. Ela teme que ele fique
desnutrido. Relata que faz de tudo para que coma, mas só aceita alimentos pastosos e líquidos. Muitas
vezes, deixa o biscoito na boca até derreter. Tem preferencia por alimentos lácteos. Em função disso, ela
cede e coloca suplementos no leite para tentar manter seu peso. A proposta adequada é:
a) Utilizar inicialmente a coerção para alterar a preferência
b) Oferecer alimentos sólidos quando a criança solicitar leite
c) Evitar uso de utensílios que a criança rejeite como a colher
d) Deixar que ele veja vídeos no celular, durante as refeições
e) Observar, pois tal comportamento é normal até quatro anos de idade

17) A mãe de J. S. S., masculino, 13 anos, procurou atendimento na UBS Guamá, preocupada com o crescimento
do filho, pois é o mais baixo da sua turma escola. No momento sem outras queixas clínicas e relata que
quase não adoece. A pediatra aferiu a estatura da mãe, que mediu 1,65 m e informou a que o pai é um pouco
mais alto que ela. A criança foi medida e sua estatura ficou entre os escores z -2 e z -3. Realizou a idade óssea
há 1 mês atrás que estava compatível com 11 anos e 6 meses. A hipótese diagnóstica é:
a) Doença celíaca
b) Hipotireoidismo
c) Baixa estatura constitucional
d) Baixa estatura constitucional e familiar
e) Baixa estatura familiar

18) Após 30 segundos de ventilação com pressão positiva com máscara facial com O2 a 21%, um termo precoce
de 37 semanas de idade gestacional apresenta frequência cardíaca de 70 bpm e saturação de O2 de 60%. A
conduta correta é:
a) CPAP nasal e surfactante na sala de parto
b) Iniciar a massagem cardíaca e indicar a intubação traqueal utilizado O2 a 30%
c) Indicar a intubação traqueal e ventilar com pressão positiva com cânula traqueal e O2 a 50%
d) Verificar a técnica de ventilação com pressão positiva, corrigir os possíveis problemas e após 30 segundos
sem melhora ventilar com pressão positiva com O2 a 40%
e) Aumentar a concentração de O2 para 50%, considerando que a saturação de O2 esperada nos primeiros
cinco minutos de vida é de 70-80%

19) Nos pacientes pediátricos com de Asma, a conduta preconizada nos momentos de crise será:
a) A oxigenoterapia deve ser evitada até que possamos reverter o quadro de broncoespasmo
b) Nos casos em que a criança se apresenta muito agitada a melhor conduta é aplicar alguma sedação com
objetivo de melhorar a ventilação pulmonar
c) Na inalação (nebulização) devemos utilizar a solução isotônica (soro fisiológico 0,9%) com diluições de até
5mL e fluxos de 5 a 8L/min, associado ao medicamento broncodilatador
d) Devemos evitar o uso de corticoide nas primeiras 12h de evolução
e) Nos lactentes, nunca devemos repetir a inalação com agente beta 2 (broncodilatador), pelo risco de
taquicardia excessiva

20) Lactente, dois meses, nasceu com 2.200 g a termo, sem outras complicações e encontra-se em aleitamento
materno exclusivo. A suplementação profilática de ferro neste caso deve ser realizada a partir do:
a) Sexto mês de idade na dose de 1 mg/kg/dia
b) Quarto mês de idade na dose de 1 mg/kg/dia
c) Primeiro mês de idade na dose de 2 mg/kg/dia
d) Segundo mês de idade na dose de 2 mg/kg/dia
e) Terceiro mês de idade na dose de 2 mg/kg/dia
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02. A icterícia constitui-se em um dos problemas mais frequentes do período 0/5


neonatal ecorresponde à expressão clínica da hiperbilirrubinemia. Sobre a
icterícia neonatal, indique a assertiva correta *

O tratamento de escolha para os diferentes tipos de icterícia neonatal é


aexsanguineotransfusão, tendo em vista sua alta eficácia em um curto período de
tempo.

A icterícia pode ser fisiológica ou patológica, a depender da forma de apresentação e


dos níveis de bilirrubina no sangue.

e) Nenhuma das alternativas acima

Uma das causas da icterícia neonatal é a incompatibilidade sanguínea. Mediante


ohemograma, será possível identificar a existência de anticorpos maternos
agregados nosangue do recém-nascido

d) A indicação sobre o início do tratamento fototerápico independe da idade e do


peso do recém-nascido.

3. As infecções congênitas e perinatais conhecidas como TORCH´S são 5/5


associadas a risco mais elevado de malformações congênitas. As principais
manifestações clínicas de toxoplasmose congênita são: *

e) Nenhuma das alternativas acima

b) Catarata, cardiopatia congênita (PCA ou estenose pulmonar), perda auditiva

d) Calcificações intracranianas difusas, hidrocefalia, coriorretinite

a) Calcificacões periventriculares, microcefalia, trombocitopenia

c) Rash maculopapular (palmas das mãos e plantas dos pés), rinite persistente,
osteocondrite e periostite

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfP3mjXf9--ZoD6dLxPSeS9MGIcrL-HzOZAsQJ3-6qSP0AXog/viewscore?sid=71edf492f69bc524&vc… 2/11
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4. A sepse neonatal é uma síndrome caracterizada por elevada 5/5


morbimortalidade no período neonatal. Qual das afirmações abaixo está
correta em relação a este diagnóstico neste período da vida? *

a) A avaliação da frequência respiratória não é necessária para avaliar os recém-


nascidos com fator de risco para sepse neonatal.Opção 1

b) A disseminação das infecções ocorre por contiguidade no período neonatal, não


predispondo a ocorrência da sepse.

c) A sepse precoce ocorre nos primeiros 5 dias de vida, sendo relacionada


principalmente a fatores do recém-nascido.

d) O tratamento da sepse precoce no recém-nascido deve incluir terapia


antimicrobiana, com ampicilina associada a aminoglicosídeo.

e) Nenhuma das alternativas acima

5. A conduta adequada para um RNT assintomático recém-nascido de mãe 5/5


com o pré-natal incompleto e com VDRL 1/32FTA-ABS + reagentes coletados
na admissão para o parto é: *

d) Solicitar VDRL mensal e indicar tratamento caso não houver queda do título após
três meses.

e) realizar acompanhamento ambulatorial, exame sorológico e indicar tratamento se


surgirem alterações clínicas.

c) Solicitar VDRL e indicar tratamento somente se título for superior ao materno com
Penicilina G benzatina 800.000 U

a) Realizar tratamento com Penicilina cristalina, 50.000 UI/kg/dose, IV, a cada 12


horas (nos primeiros 7dias de vida) e a cada 8 horas (após 7 dias de vida), durante 10
dias

b) Solicitar FTA-ABS IgM e condicionar tratamento ao resultado positivo.

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfP3mjXf9--ZoD6dLxPSeS9MGIcrL-HzOZAsQJ3-6qSP0AXog/viewscore?sid=71edf492f69bc524&vc… 3/11
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6. Recém-nascido a termo, parto vaginal de difícil extração, pélvico, com peso5/5


de 4.380g. Logo após o nascimento apresenta flacidez e incapacidade de
movimentação do membro superior direito principalmente do ombro e
cotovelo. A hipótese mais provável é: *

d) Paralisia braquial obstétrica total (C5 a T1)

b) Fratura de úmero

c) Paralisia braquial obstétrica tipo klumpke (C7-C8-T1)

e) Paralisia braquial obstétrica tipo Erb-Duchenne (C5-C6)

a) Fratura de clavícula

7. Após cuidados iniciais de rotina, se o RNT mantém FC < 100bpm e a 0/5


respiração é irregular, a conduta CORRETA é: *

b) Ventilação com pressão positiva.

a) Ventilação com pressão positiva e massagem cardíaca.

e) Oxigenoterapia.

d) Massagem cardíaca.

c) Intubação.

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfP3mjXf9--ZoD6dLxPSeS9MGIcrL-HzOZAsQJ3-6qSP0AXog/viewscore?sid=71edf492f69bc524&vc… 4/11
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8. C.M.S, 4 anos, branca, apresenta lesões cutâneas nas pernas, rosto e 5/5
braços, de características bolhosas, edemaciadas, avermelhadas e
purulentas. Relata persistência do quadro por mais de 1 semana, com
aumento do número de lesões. Iniciou tratamento com anti-inflamatório
tópico por alguns dias, mas não obteve melhora. O provável diagnóstico e seu
tratamento são: *

a) Prurigo estrófulo; hidrocotisona creme

b) Impetigo bolhoso; mupirocina pomada

c) Impetigo bolhoso; cefalexina suspensão oral

d) Ectima; mupirocina pomada

e) Foliculite; Penicilina G Benzatina

9. Maria, 3 anos de idade, tem diagnóstico de Púrpura Trombocitopênica 5/5


Imune há 2 meses, em uso de Prednisona 30 mg ao dia (2 mg/kg/dia) desde o
diagnóstico. Sua mãe vai a consulta na Unidade Básica de Saúde e questiona
sobre quais vacinas a criança poderá fazer. Nesse contexto, assinale a
alternativa que contém a orientação correta a cerca da vacinação da criança:
*

b) Não poderá receber a vacina contra influenza enquanto estiver fazendo uso de
corticoide em dose imunossupressora;

c) Está contraindicada a vacina oral contra Poliomielite para a paciente e seus


contactantes;

a) Por estar em uso de corticoide, deverá seguir rigorosamente o calendário vacinal, a


fim de evitar infecções;

d) Está contraindicada a vacina contra meningococo por se tratar de vacina com


microorganismo vivo atenuado;

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfP3mjXf9--ZoD6dLxPSeS9MGIcrL-HzOZAsQJ3-6qSP0AXog/viewscore?sid=71edf492f69bc524&vc… 5/11
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e) Estão contraindicadas todas as vacinas por não haver resposta imunológica


adequada durante o uso de doses altas de corticoides;

10. Criança de 3 anos de idade, masculina, está há 5 dias com tosse produtiva, 5/5
febre intermitente de 38-39°c, respirando com dificuldade, sem antecedentes
de chiado no peito em outras situações. Ao exame: FR: 45 incursões por
minuto, saturação periférica de oxigênio em ar ambiente de 98%, ausência de
tiragem subcostal, ausência de estridor, sem batimentos de asas de nariz, não
está letárgica. Ausculta pulmonar: murmúrio vesicular rude em base pulmonar
direita. Assinale o diagnóstico correto deste paciente: *

d) Bronquiolite viral

b) Pneumonia

a) Bronquite aguda

c) Asma brônquica

e) IVAS

11. Lactente de 4 meses de idade, está com febre de 39, 5 °C, irritabilidade há 5/5
2 dias. Mantém obstrução nasal frequente desde o seu nascimento, que
melhora com soro fisiológico tópico nasal. Ao exame físico: AP: MV presente,
sem ruídos adventícios. AC: BCNF, RCI, 2T, sem sopros, abdomem: levemente
distendido, sem visceromegalias. Qual a hipótese diagnóstica mais provável
para o caso? *

a) IVAS

b) Meningo-encefalite

c) ITU

d) Pneumonia

e) Bronquiolite

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfP3mjXf9--ZoD6dLxPSeS9MGIcrL-HzOZAsQJ3-6qSP0AXog/viewscore?sid=71edf492f69bc524&vc… 6/11
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12. J.R.C ,sexo masculino , 7 anos veio a consulta médica pois a mãe refere 5/5
que a criança tosse diariamente principalmente ao correr e rir e não consegue
acompanhar seus amigos no jogo de futebol , pois sempre interrompe as
atividades físicas antes de seus colegas. Desde a fase de lactente apresenta
episódios de tosse, cansaço e é levado a urgência para realizar aerossol com
intervalos trimestrais. Apresenta despertar noturno duas vezes na semana
por tosse . Aos 2 anos iniciou episódios de lesões pruriginosas em dobras
cutânease face. A mãe tem rinite alérgica e teve crises de cansaço na
infância. Ao exame clinico: encontra-se em bom estado geral, eupneico,
afebril, rinoscopia: cornetos pálidos, boa perfusão periférica, ACP; normal;
peak flow 90% do esperado para idade. Baseado nestas informações o
médico realizará como tratamento: *

d) Beclometasona inalatório 12/12 horas diariamente

a) Salbutamol 6/6 horas- 7 dias (nas crises)

c) Prednisolona 1 mg/kg/ dia -7 dias( nas crises)

b) Fenoterol 6/6 horas diariamente

e) Montelucaste de sódio 12/12 horas diariamente

13. Maria Eduarda , 3 anos foi avaliada pela pediatra devido quadro de tosse 0/5
seca há 2 dias, astenia , anorexia , febre 38,5°C e coriza nasal. A médica
tranquilizou a mãe relatando que o diagnóstico era de infecção de vias aéreas
superiores (IVAS). É correto afirmar sobre as IVAS em crianças: *

e) Amoxicilina com clavulanato é a melhor opção terapêutica

a) A incidência das IVAS é inversamente proporcional a idade da criança

b) O principal agente etiológico são adenovírus

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfP3mjXf9--ZoD6dLxPSeS9MGIcrL-HzOZAsQJ3-6qSP0AXog/viewscore?sid=71edf492f69bc524&vc… 7/11
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d) Amoxicilina é a primeira escolha para tratamento

c) Não apresenta relação com sazonalidade3

14. Pedro, 7 meses, ainda mama no peito. Seu pai trabalha em uma venda de 5/5
açaí. Atualmente, sua mãe quer iniciar outros alimentos para ele. Quais os
mais adequados? *

b) Frutas e leguminosas

d) Iogurte e mel

a) Mingau e açaí

e) Mingau e sopinhas

c) Mel e sopinhas

15. O desenvolvimento infantil, ao contrário do crescimento, pode ser difícil 0/5


de medir e avaliar. Apesar disto, é possível estabelecer certos padrões e
áreas do desenvolvimento com vistas a identificar fatores que possam intervir
na evolução desse processo. Em razão disso: *

b) A avaliação do desenvolvimento implica investigação mais detalhada de crianças


com suspeita de problemas no desenvolvimento, sendo obrigatoriamente
multidisciplinar.

e) A criança em alerta para o desenvolvimento deverá ser encaminhada para


avaliação especializada.

a) Alterações de linguagem e cognitivas são mais facilmente identificáveis do que


alterações do desenvolvimento motor.

c) No grupo de crianças 6 a 9 meses a ausência de sorriso social e que não segura


objetos, classifica-se como um provável atraso de desenvolvimento.

d) Criança classificada como provável atraso no desenvolvimento, seus pais devem


ser orientados a estimulá-las em casa pois é possível tratar-se apenas de falta de
estímulo.

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfP3mjXf9--ZoD6dLxPSeS9MGIcrL-HzOZAsQJ3-6qSP0AXog/viewscore?sid=71edf492f69bc524&vc… 8/11
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16. Juliana, 2 ano e 6 meses, compareceu a consulta na UBS Guamá com sua 0/5
mãe. Ela está com o IMC entre mais 1 e mais 2 escores z. Isto quer dizer que: *

c) Seu IMC indica risco de sobrepeso para meninas de sua idade.

e) Seu IMC indica magreza para meninas de sua idade.

a) Seu IMC indica obesidade para meninas de sua idade.

d) Seu IMC está adequado para meninas de sua idade

b) Seu IMC indica sobrepeso para meninas de sua idade

17. Menina, 05 anos de idade, com desenvolvimento neuropsicomotor normal, 0/5


está com disúria, dor abdominal e febre, há 2 dias. Procurou atendimento
médico, quando suspeitaram de Infecção do Trato Urinário. Em relação a
solicitação de exames complementares, a conduta mais adequada é: *

b) Solicitar urocultura com contagem de colônias e antibiograma e urina tipo I sem


higiene prévia.

e) Solicitar apenas hemograma.

d) Solicitar urina tipo I e urocultura com contagem de colônias e antibiograma por


jato médio com higiene prévia com água e sabão.

a) Solicitar apenas urina tipo I.

c) Solicitar urina tipo I e urocultura com contagem de colônias e antibiograma por


saco coletor com higiene prévia com água e sabão.

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfP3mjXf9--ZoD6dLxPSeS9MGIcrL-HzOZAsQJ3-6qSP0AXog/viewscore?sid=71edf492f69bc524&vc… 9/11
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18. A criança com baixa estatura é de fato um importante problema para o 5/5
pediatra, pela constante preocupação dos pais com o crescimento dos filhos
e também pelos problemas sociais e emocionais que pode acarretar. Qual das
alternativas está correta sobre crescimento e suas alterações? *

c) A criança para crescer consome no primeiro ano de vida cerca de 20% das calorias
que ingere e cerca de 40% no 2º ano.

e) No hipotiroidismo congênito o acompanhamento laboratorial deve ser realizado a


cada 6 meses nos três primeiros anos de vida.

b) A velocidade de crescimento no primeiro ano de vida corresponde a cerca de 70%


ao obtido no período fetal.

d) A herança é importante para o crescimento porque determina a intensidade e a


velocidade da multiplicação celular.

a) O período de repleção ocorre de 2 aos 5 anos de idade e no início da puberdade e o


período de estirão ocorre de 0 a 2 anos de idade e na plenitude da puberdade.

19. Escolar de 8 anos do sexo feminino é levada ao ambulatório de pediatria 5/5


por sua mãe achar que a criança não está crescendo bem. Ao exame
antropométrico verificou-se que sua estatura é menor que -2 escores z. Qual
a conduta inicial mais adequada? *

a) Encaminhar para o endocrinologista.

b) Acompanhar velocidade de crescimento.

c) Solicitar T4 livre, TSH e GH, IGF-I e IGFBP-3

d) Solicitar idade óssea e cariótipo com banda G.

e) Verificar a estatura dos pais e solicitar a idade óssea.

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfP3mjXf9--ZoD6dLxPSeS9MGIcrL-HzOZAsQJ3-6qSP0AXog/viewscore?sid=71edf492f69bc524&… 10/11
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20. A criança com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) 5/5


apresenta: *

c) Condição em que apenas a psicoterapia consegue amenizar os sintomas deste


transtorno.

d) Tem cura apenas com tratamento medicamentoso.

b) Dificuldades relacionadas a um baixo nível de atenção, inquietude e impulsividade.

e) Na maioria das vezes importante déficit cognitivo.

a) Interesse particular em assuntos restritos e específicos, além de prejuízo da


interação social e da linguagem.

Este formulário foi criado em Universidade Federal do Pará.

Formulários

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