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MATERIAL DE

APOIO PEDAGÓGICO
PARA APRENDIZAGENS

Ciências Humanas
3º Ano Ensino Médio
e Sociais Aplicadas
Língua Portuguesa
Caderno do Estudante - 2º Bimestre
2024
VOLUME 1
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE EDUCADORES
Governador do Estado de Minas Gerais
Romeu Zema Neto

Secretário de Estado de Educação


Igor de Alvarenga Oliveira Icassatti Rojas

Secretária Adjunta
Geniana Guimarães Faria

Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica


Kellen Silva Senra

Superintendente da Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de


Educadores
Weynner Lopes Rodrigues

Diretora da Coordenadoria de Ensino da EFE


Janeth Cilene Betônico da Silva

Produção de Conteúdo
Professores Formadores da Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de
Educadores

Revisão
Equipe Pedagógica e Professores Formadores da Escola de Formação e Desenvolvimento
Profissional de Educadores

Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores


Av. Amazonas, 5855 - Gameleira, Belo Horizonte - MG
30510-000

2
a
MATERIAL DE APOIO
PEDAGÓGICO PARA
APRENDIZAGENS
MAPA 2024

MATERIAL PARA O(A) ESTUDANTE(A)


Olá, estudante!

Convidamos você a conhecer e utilizar os Cadernos MAPA. Esse material foi elaborado com todo
carinho para que você possa realizar atividades interessantes e desafiadoras na sala de aula
ou em casa. As atividades propostas estimulam as competências como: organização, empatia,
foco, interesse artístico, imaginação criativa, entre outras, para que possa seguir aprendendo
e atuando como estudante protagonista. Significa proporcionar uma base sólida para que
você mobilize, articule e coloque em prática conhecimentos, valores, atitudes e habilidades
importantes na relação com os outros e consigo mesmo(a) para o enfrentamento de desafios,
de maneira criativa e construtiva. Ficou curioso(a) para saber que convite é esse que estamos
fazendo para você? Então não perca tempo e comece agora mesmo a realizar essa aventura
pedagógica pelas atividades.

Bons estudos!

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SUMÁRIO

GEOGRAFIA............................................................................................... 7
TEMA DE ESTUDO: Redes Geográficas e a hierarquia urbana ....................... 7
TEMA DE ESTUDO: Território e Territorialidades: aspectos socioespaciais
de Minas Gerais.......................................................................................... 10
REFERÊNCIAS......................................................................................... 12

HSTÓRIA.................................................................................................. 13
TEMA DE ESTUDO: Era Vargas (1930 – 1945)............................................ 13
TEMA DE ESTUDO: Segunda Guerra Mundial............................................. 18
TEMA DE ESTUDO: Guerra Fria................................................................. 22
TEMA DE ESTUDO: Descolonização Afro-asiática........................................ 25
REFERÊNCIAS......................................................................................... 29

FILOSOFIA............................................................................................... 30
TEMA DE ESTUDO: Filosofia Insurgente: decolonialidade e
Filosofia Africana........................................................................................ 30
REFERÊNCIAS......................................................................................... 35

SOCIOLOGIA...........................................................................................36
TEMA DE ESTUDO: Leitura Ativa: Cidadania, política, meio ambiente e
juventude.................................................................................................. 36
REFERÊNCIAS......................................................................................... 46

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3º ANO
Ensino medio
MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS - MAPA

REFERÊNCIA ANO DE ESCOLARIDADE ANO LETIVO


Ensino Médio 3º Ano 2024

ÁREA DE CONHECIMENTO COMPONENTE CURRICULAR


Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Geografia

TEMA DE ESTUDO:

Redes Geográficas e Hierarquia Urbana.

O espaço geográfico, segundo muitas abordagens, constroi-se e articula-se a partir das redes.
Milton Santos fez reconhecidas constatações sobre a importância, complexidade e hierarquização
das redes geográficas, formadas, segundo ele, por um conjunto de pontos fixos interligados por
meio dos fluxos.
Portanto, em uma definição mais abrangente, podemos entender as redes geográficas como um
conjunto de locais da superfície terrestre conectados ou interligados entre si. Essas conexões
podem ser materiais, digitais e culturais, além de envolver o fluxo de informações, mercadorias,
conhecimentos, valores culturais e morais, entre outros.
As redes possuem papel ativo na configuração do espaço geográfico, e isso se estabelece de forma
mais nítida na constituição das hierarquias no cerne das próprias redes. Um exemplo é a rede
urbana, que se define de local ao global nos mais diversos níveis hierárquicos, desde as cidades
globais mais avançadas até os centros regionais dos países periféricos.

REDE URBANA
A Rede Urbana é o conjunto articulado de cidades e grandes centros urbanos, que se integram em
escalas mundial, regional e local por meio de fluxos de serviços, mercadorias, capitais, informações
e recursos humanos. Essa rede estrutura-se por meio de uma hierarquia, em que as cidades
menores costumam ser relativamente dependentes das cidades maiores e economicamente mais
desenvolvidas.
O grau de integração de uma dada rede urbana de um país é um indicativo de seu nível de
desenvolvimento. Em regiões economicamente mais dinâmicas, a tendência é uma maior interligação
entre as suas diferentes cidades, geralmente mais adensadas e com uma melhor infraestrutura. Por
outro lado, países considerados subdesenvolvidos apresentam uma integração limitada entre as
suas cidades, apresentando uma organização territorial dispersa e pouco coesa.
A rede urbana expressa, dessa forma, a espacialização da divisão territorial do trabalho, em que
cada cidade ou centro urbano exerce uma função complementar para o todo dessa rede. Diante
disso, um sistema de transporte articulado e um sistema de informações avançado permitem um
melhor funcionamento operacional.
A formação de redes urbanas pelo mundo não é uma novidade. Um exemplo foi a rede de cidades
greco-romanas que perdurou até a Idade Média. Por outro lado, foi com o advento da Globalização
e da Terceira Revolução Industrial que esse fenômeno alcançou uma escala mundial através da
formação das chamadas cidades globais ou megalópoles.

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REDE URBANA BRASILEIRA
A rede urbana brasileira, nos últimos anos, vem passando por um grande processo de transformação
oriundo do forte fenômeno de integração dos mercados proporcionado pela Globalização.
Estas cidades ligadas umas às outras estão em processo contínuo de dinamismo e assumem a
sua importância dentro da rede de acordo com a sua produção, circulação, consumo e os diversos
aspectos das relações sociais.

HIERARQUIA URBANA
A hierarquia urbana determina a estrutura econômica em diversas escalas de organização (e posições),
o que cria uma rede de ligações e influências entre os centros urbanos do mundo (pequenas, médias
e grandes cidades).
Lembre-se que o conceito de hierarquia designa uma estrutura vertical de subordinações e poderes.
Portanto, a grande cidade exerce grande influência econômica sobre as médias e pequenas.
E, as cidades médias, influenciam as pequenas. Essas relações criam uma cadeia que
consequentemente resulta na rede urbana (infraestrutura, transportes, comunicação, etc.)
É importante considerar que essa relação hierárquica entre as cidades estrutura-se a partir da
formação de uma rede urbana, que se relaciona com a formação e consolidação do processo de
globalização. Assim, as relações comerciais e econômicas entre as diferentes localidades disseminam-
se, integrando-se, assim, em uma malha de transportes e comunicações, aumentando as interações
e elevando os níveis de interdependência entre as diferentes cidades.

REGIÕES METROPOLITANAS
As regiões metropolitanas são zonas com forte urbanização as quais abrigam um conjunto de diversas
cidades que foram se unindo com o passar do tempo e aproximando seus limites geográficos, num
processo denominado de conurbação.
Essas cidades contíguas, segundo a hierarquia urbana, exercem influência no espaço urbano sendo
importantes regiões econômicas e políticas do país.
Na região metropolitana, uma cidade principal (geralmente uma Metrópole) exerce maior influência
sobre as outras cidades adjacentes.

CIDADES GLOBAIS
São os principais centros de poder no mundo. Nelas é determinada toda a estrutura econômica
mundial, transformando essas grandes cidades em centros de difusão de ordens econômicas,
políticas e até culturais. Sua importância está em sediar instituições importantes, como bolsas de
valores e as sedes das maiores empresas estatais e privadas do mundo.
Podemos considerar como exemplos de cidades globais: Nova York, Londres (essas duas são
consideradas as grandes cidades de primeira grandeza no mundo), Tóquio, Paris, Hong Kong, Dubai,
São Paulo e algumas outras.

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ATIVIDADES

Estudante, cada atividade é uma oportunidade para expandir nossos horizontes mentais e aprimorar
nossas habilidades de pensamento crítico. Que as atividades propostas sejam o início de uma
jornada transformadora de descoberta e aprendizado. Bons estudos!

1– Como as redes de transporte influenciam a formação de cidades e regiões urbanas?

2 – Como a hierarquia urbana influencia a distribuição de recursos, serviços e oportunidades em


uma área urbana?

3 – Explique as principais características das diferentes categorias de cidades na hierarquia urbana,


como metrópole, cidades médias e pequenas.

4 – Por que a cidade de São Paulo é a única do país considerada uma grande metrópole nacional?

5 – Explique o que é uma Cidade Global e quais os principais critérios utilizados para classificar uma
cidade como global?

6 – O que é uma cidade inteligente? Quais os critérios que definem uma cidade inteligente?

7 – Proponha soluções para reduzir as desigualdades entre as cidades na hierarquia urbana,


considerando políticas de descentralização, investimento em infraestrutura e promoção do
desenvolvimento regional.

8 – Explique o que é uma região metropolitana e quais são os desafios enfrentados em termos de
planejamento urbano, mobilidade, habitação e meio ambiente?

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TEMA DE ESTUDO:

Território e Territorialidades: Aspectos Socioespaciais de Minas Gerais.

O território de Minas Gerais é vasto e diversificado, cobrindo uma área de dimensões impressionantes.
Com suas montanhas majestosas, rios sinuosos e extensas planícies, Minas Gerais oferece um
cenário deslumbrante para explorar.
No entanto, além de sua geografia física, é importante compreender a territorialidade do estado e
como as pessoas apropriam e dão significado ao espaço geográfico. Em Minas Gerais, encontramos
forte conexão entre o povo e a terra, refletida em sua rica história, cultura e tradições.
Minas Gerais, possuindo uma área de 588.384 km2 , ocupa 6,9% do território brasileiro e 63,5%
da Região Sudeste. É o Estado que tem o maior número de municípios do País: 853. Conta com
numerosa variedade de tipos de clima, relevo e vegetação. Também é grande a diversidade cultural.
Por esses e outros fatores, é inegável que Minas é um estado desigual. O sul, mais industrializado
e desenvolvido economicamente, é mais rico e apresenta bons indicadores sociais. A porção norte,
por sua vez, sofre com a seca e a ausência de políticas públicas eficazes, sendo uma das áreas
mais pobres do país, apresentando déficit nos serviços de saneamento ambiental, elevada taxa de
mortalidade infantil e alto índice de analfabetismo.

REGIONALIZAÇÃO DE MINAS GERAIS


Minas Gerais é um mosaico de regiões distintas, cada uma com suas próprias características e
peculiaridades. Essa diversidade reflete não apenas as diferenças físicas do território, mas também
as influências históricas, econômicas e sociais que moldaram cada região ao longo do tempo.
É importante entender que a regionalização socioeconômica de Minas Gerais não se limita apenas à
divisão entre áreas urbanas e rurais, mas também envolve questões como desigualdade de renda,
acesso a serviços públicos e qualidade de vida.
Explorar a regionalização socioeconômica de Minas Gerais é refletir sobre as disparidades e desafios
que o estado enfrenta e buscar formas de promover um desenvolvimento mais equitativo e
sustentável em todas as regiões mineiras.

INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DE DESENVOLVIMENTO:


Os indicadores socioeconômicos são importantes instrumentos utilizados para o acompanhamento da
realidade e orientação dos formuladores de políticas públicas. São dados e informações estatísticas
que caracterizam e quantificam os principais aspectos de uma população. Indicadores como o
Coeficiente de Gini, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Produto Interno Bruto (PIB) são
importantes para que nós possamos conhecer detalhadamente um grupo de pessoas e as dinâmicas
inerentes a ele e ao território em que ele se insere.
Os indicadores socioeconômicos são fundamentais para a compreensão das dinâmicas sociais que
acontecem em um território. Eles expressam os aspectos estruturais básicos de uma população que
reflete questões inerentes a ela e à conjuntura política e econômica daquela localidade, o que os
torna de grande importância para a análise da evolução socioeconômica do grupo em questão.

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ATIVIDADES

Estudante, cada atividade é uma oportunidade para expandir nossos horizontes mentais e aprimorar
nossas habilidades de pensamento crítico. Que as atividades propostas sejam o início de uma
jornada transformadora de descoberta e aprendizado.
Bons estudos!

1 – Como as políticas públicas podem ser adaptadas para lidar com os desafios decorrentes das
mudanças demográficas, como o envelhecimento da população e a diminuição da taxa de natalidade?

2 – Explique o conceito de bônus demográfico e como ele se relaciona com a transição demográfica.
Como um país pode aproveitar esse bônus para impulsionar seu desenvolvimento?

3 – Explique o conceito de transição demográfica e identifique as principais fases desse processo.


Como Minas Gerais se posiciona nesse contexto?

4 – Quais são os principais indicadores demográficos e como eles ajudam a analisar a estrutura da
população em um determinado local?

5 – Quais são os fatores que contribuem para a diminuição da taxa de natalidade em uma sociedade?
Discuta como esses fatores podem influenciar o desenvolvimento econômico.

6 – Analise as implicações sociais e econômicas do envelhecimento da população em uma região.


Como isso afeta os sistemas de saúde e previdência social?

7 – Discuta a relação entre urbanização e mudanças demográficas. Como as tendências urbanas


podem impactar a estrutura etária de uma população?

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paula Monteiro de. O índice de desenvolvimento humano e a teoria de desenvolvimento


de Amartya Sen. Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais – Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (Monografia). Belo Horizonte, 2011.

LUCCI, E. A. Território e Sociedade no Mundo Globalizado. 3º ano. 3 ed. São Paulo: Saraiva,
2017.

MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais:


Ensino Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2022. Disponível em: https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/
documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20do%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf.
Acesso em: 04 out. 2023.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2024.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 05 fev. 2024.
MOREIRA, João Carlos, SENE, Eustáquio de, Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico
e Globalização. Geografia – Ensino Médio. 3º Edicão, São Paulo – 2016. Editora Scipione.

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MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS - MAPA

REFERÊNCIA ANO DE ESCOLARIDADE ANO LETIVO


Ensino Médio 3º Ano 2024

ÁREA DE CONHECIMENTO COMPONENTE CURRICULAR


Ciências Humanas e Sociais Aplicadas História

TEMA DE ESTUDO:
Era Vargas (1930 – 1945).

Olá, estudante!
Iniciamos esse caderno MAPA com a expectativa que você aproveite, da melhor maneira possível, os
textos e atividades para engrandecer seus conhecimentos sobre determinados objetos da História e
consolide habilidades e competências da BNCC.
Utilizando a habilidade EM13CHS602, iremos tratar de um período específico da história brasileira:
a Era Vargas. Esse período compreende os anos entre 1930 e 1945 e está dividido em três fases:
o Governo Provisório, de 1930 a 1934; o Governo Constitucional, de 1934 a 1937; e a Ditadura do
Estado Novo, de 1937 a 1945.
Nesse período, destacam-se os seguintes acontecimentos: a Revolução Constitucionalista de 1932;
as primeiras eleições com voto e participação das mulheres; a Constituição de 1932; a Intentona
Comunista de 1935; o Plano Cohen; o golpe do Estado Novo e Constituição Polaca (1937); a criação
do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e os investimentos estatais no desenvolvimento
industrial do país (CSN, CVRD).

Governo Provisório (1930/1934)


Iniciado após o movimento que depôs o presidente Washington Luís e impediu a posse do candidato
eleito no pleito de 1929, Júlio Prestes. Getúlio Vargas foi alçado à presidência da república pelos
setores sociais descontentes com a organização política do país encabeçada pelas elites mineira e
paulista. O movimento tenentista, de 1922, foi a principal personagem pela moralização política que
desembocou na Revolução (ou golpe) de 1930.
Após assumir a presidência, Getúlio Vargas nomeou interventores para administrar os estados, o
que provocou descontentamento nos estados com lideranças políticas de oposição. Além disso, a
ideia era a convocação de uma assembleia constituinte (deputados eleitos para elaborar uma nova
constituição para o Brasil). O postergar da criação da assembleia, juntamente com a nomeação de
interventor, fez a elite paulista se organizar, criar um exército e declarar guerra ao governo federal
em 09 de julho de 1932. Era o início da Revolução Constitucionalista: movimento que reivindicava
a criação de uma nova constituição e a nomeação de um interventor paulista para o estado. O
movimento paulista se rende em outubro do mesmo ano e sua principal reivindicação foi posta em
prática: iniciou-se o processo de confecção das novas leis do país (Constituinte de 1933).
Nesse mesmo ano de 1932, ocorreram as primeiras eleições municipais com a participação das
mulheres. Ademais, nesse mesmo ano foi criada a Justiça Eleitoral, com a intenção de evitar os
descaminhos do período anterior. O Brasil é um dos poucos países que possui uma Justiça Eleitoral,
e seus tribunais, de caráter permanente.

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Governo Constitucional (1934/1937)

Com a promulgação da Constituição, Vargas foi eleito, de forma indireta, para um mandato de 4
anos. As primeiras eleições diretas após as eleições de 1929 deveriam ser realizadas em 1938. A
Constituição também confirmou as principais mudanças advindas da criação do Código Eleitoral
de 1932: o sufrágio universal e o voto secreto. Porém, o direito à cidadania só era permitido às
pessoas alfabetizadas. Foi nesse período, também, que o ensino público se tornou obrigatório
na fase de alfabetização.
Durante essa fase, Vargas concentrou seus esforços na recuperação econômica do país, que foi
abalado com a crise de 1929. Milhares de sacas de café foram queimadas para valorizar o preço
do principal produto brasileiro da época. Ademais, com os avanços da industrialização, foi criado
o Ministério do Trabalho (1930) e iniciou-se o controle varguista sobre os sindicatos.

Além disso, nesse período duas agremiações políticas com orientações ideológicas opostas:
a ANL (Aliança Nacional Libertadora), liderada por Luís Carlos Prestes [Coluna Prestes
da Revolução de 1930], de orientação socialista/comunista; e a AIB (Ação Integralista
Brasileira), liderada por Plínio Salgado, de orientação ultranacionalista, antissemita e fascista.

A ANL foi responsável, em 1935, pela Intentona Comunista: movimento que visava a
destituição da ordem vigente e a implantação do socialismo no país. O movimento foi debelado
pelo governo de Vargas e sua principal liderança foi presa. A esposa de Prestes, Olga Benário,
foi presa e deportada para a Alemanha de Hitler. Judia e Socialista, Olga morreu no cárcere
nazista.
A Intentona acelerou o processo de impedir os movimentos constitucionais do país e a implantação
de uma ditadura personalista. Em 1936, Vargas anuncia a descoberta de um suposto plano
[Plano Cohen] de um novo golpe comunista. Esse falso projeto permitiu os argumentos para
a suspensão da constituição de 1934 e a implantação do Estado Novo: ditadura de orientação
fascista e populista. Politicamente, Vargas governava por decretos-leis, ou seja, seus decretos
não precisavam de aprovação do Legislativo. Os partidos políticos e o poder legislativo municipal,
estadual e federal foram extintos.

Durante essa última fase da Era Vargas, foram criadas a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)
e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD): duas estatais ligadas à mineração e derivados. Suas
criações estão atreladas às necessidades de matérias-primas para a indústria bélica dos Aliados,
visto que Inglaterra, França, URSS e EUA lutavam contra o EIXO.

Nesse período, Vargas criou o salário mínimo (1940) e a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho
– 1943): duas importantes conquistas do movimento operário. Os sindicatos, no Estado Novo,
eram controlados pelo Estado.
No campo cultural, o regime estado novista, criou o DIP (Departamento de Imprensa e
Propaganda), que era responsável por censurar ideias contrárias ao pensamento varguista
e, também era responsável, por criar as campanhas de caráter populista e nacionalista que
enalteciam a figura de Vargas e seus feitos.

O desgaste da censura imposta e da participação na guerra aceleraram o descontentamento


populacional e a pressão por novas eleições. Essa pressão forçou Vargas a convocar eleições para
o fim de 1945. Nesse momento, o movimento queremista fazia campanha pela candidatura
de Vargas. Com medo da manutenção da situação política, os militares depuseram Vargas do
poder e garantiram a realização das eleições sem a participação dele.

14
ATIVIDADES

1 – (Enem 2015) A Justiça Eleitoral foi criada em 1932, como parte de uma ampla reforma no
processo eleitoral incentivada pela Revolução de 1930. Sua criação foi um grande avanço institucional,
garantindo que as eleições tivessem o aval de um órgão teoricamente imune à influência dos
mandatários.
TAYLOR, M. Justiça Eleitoral. In: AVRITZER, L.; ANASTASIA, F. Reforma política no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2006 (adaptado).

Em relação ao regime democrático no país, a instituição analisada teve o seguinte papel:


A) Implementou o voto direto para presidente.
B) Combateu as fraudes sistemáticas nas apurações.
C) Alterou as regras para as candidaturas na ditadura.
D) Impulsionou as denúncias de corrupção administrativa.
E) Expandiu a participação com o fim do critério censitário.

2 – Luiz Carlos Bresser-Pereira, no artigo Getúlio Vargas: o Estadista, a Nação e a Democracia,


define Vargas como um estadista, pois teve a capacidade de se antecipar aos fatos e liderar as
forças políticas em direção a novos rumos. A análise que faz sobre o Estado Novo é polêmica:
“Vargas foi um estadista porque teve a visão da oportunidade que a Grande Depressão dos anos
1930 abria para o Brasil iniciar sua industrialização e completar sua revolução nacional e capitalista”.
Este ponto de vista surge e “embora ele próprio fosse autoritário, não era elitista. Foi a primeira vez
na história política do Brasil que um grande líder político foi buscar as bases de sua legitimidade no
povo”. Apesar de pertencer a elite agrária, “se definiu como um político antes de esquerda do que
de direita, na medida em que fundou o primeiro partido de massas do país, o Partido Trabalhista
Brasileiro”. Apesar de todo rótulo que lhe foi posto ao longo da história, “Vargas é com frequência
chamado de ‘ditador’ devido ao Estado Novo (1937-1945), o que, tecnicamente, é correto. É preciso
considerar, no entanto, que o Estado Novo foi uma forma de completar a revolução econômica,
política e social, iniciada em 1930”. Entretanto, mesmo esse rótulo deve ser relativizado, pois, se
“Vargas errou ao decidir embarcar no Estado Novo, não teria sido o estadista que foi se houvesse
então realizado eleições e transferido o governo para um novo presidente eleito”.
FILHO, H. S. A Era Vargas: desenvolvimentismo, economia e sociedade. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ecos/a/5NrXd8XXCZhtFshHQnzDNqp/.
Acesso em: 16 fev. 2024.

Quais são as duas interpretações expostas no texto sobre a ditadura do Estado Novo?

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3 – Observe a imagem:

FONTE: https://www.todamateria.com.br/getulio-vargas/. Acesso em: 16 fev. 2024.


Descreve a imagem levando em considerando a ideia de exaltação da figura do presidente
Vargas e do nacionalismo promovida pela Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
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4 – Observe o cartaz revolucionário abaixo, criado pelos paulistas em 1932, durante a Revolução
Constitucionalista.
(Crédito da imagem: CPDOC/FGV)

16
A partir da análise do cartaz, indique a alternativa incorreta sobre as características da Revolução
Constitucionalista de 1932.w
A) Um dos motivos da revolta era o governo revolucionário federal, que havia assumido o poder
em 1930.
B) Para convocar a população à luta pela causa paulista, os revolucionários utilizaram de alguns
símbolos da identidade do estado de São Paulo, como os bandeirantes.
C) O fato de o bandeirante ter em suas mãos Getúlio Vargas indica que os revolucionários
paulistas apoiavam o presidente e seu governo.
D) Uma das principais reivindicações era a volta do regime político de democracia representativa.

17
TEMA DE ESTUDO:
Segunda Guerra Mundial (1939/1945).

Estudante, para construir e consolidar as habilidades da BNCC EM13CHS103, EM13CHS504


e EM13CHS604, iremos trabalhar com um objeto da História que é bem conhecido e muito
estudado: a Segunda Guerra Mundial. Isso se deve, pois, essa guerra encerra as disputas
de interesses iniciadas com a reorganização do espaço europeu após o Congresso de Viena,
em 1815.
Depois desse Congresso, e com a crescente industrialização dos países europeus, os sentimentos
nacionalistas foram sendo aflorados, o que resultou no seu uso para defender os interesses
econômicos das burguesias nacionais. Com as disputas por mercados consumidores e territórios
coloniais de exploração, as nações europeias se reuniram, em 1884, e dividiram o continente
africano (Conferência de Berlim). De forma não tão consensual, essas divisões levam a
disputas localizadas por territórios coloniais e rixas nacionalistas seculares, fazendo com que as
potências capitalistas industriais europeias se agrupassem, no início do século XX, em alianças
militares.
Nesse enredo todo, em 1914, um fato isolado: o assassinato do herdeiro do trono austríaco,
Francisco Ferdinando, em Sarajevo, território ocupado pelo Império Austro-Húngaro, fez com
que eclodisse a Primeira Guerra Mundial. Em 1917, tentando amenizar os estragos da guerra
e acelerar seu fim, os Estados Unidos entram no conflito contra a Alemanha e suas nações
aliadas. Nesse mesmo período, após a revolução socialista, a Rússia assina a paz com os
alemães.
Com apoio estadunidense, França e Inglaterra, em 1918, impuseram uma derrota incondicional
à Alemanha e obrigaram esse país a assinar o vexatório Tratado de Versalhes, que impunha
à nação alemã toda a responsabilidade pelo conflito. A Primeira Guerra colocou fim ao otimismo
gerado pela industrialização do século XIX e apresentou as facetas negativas das novas
tecnologias.
A derrota alemã e o humilhante Tratado de Versalhes vão criar o ambiente propício para o
revanchismo. As questões imperialistas não foram sanadas. Ademais, o surgimento da União
Soviética e a ascensão dos Estados Unidos como potência mundial, vão redefinir os papéis
geopolíticos das nações centrais do capitalismo. As áreas periféricas continuarão à mercê dos
interesses das burguesias europeia e estadunidense.
Todas essas situações catalisaram a ascensão da ideologia extremista de direita. Defendendo
o ultranacionalismo, o corporativismo, o militarismo, o antiliberalismo e anticomunismo, a
ideologia fascista se espalha por setores sociais, e ganha fôlego nos territórios mais atingidos
pelas consequências políticas da guerra: Itália e Alemanha. Os regimes fascistas e suas crenças
foram fortalecidos pela crise capitalista de 1929: crise econômica que atingiu todo o mundo
e fez surgir redefinições sobre o liberalismo econômico.

Nesse cenário de crise econômica e ascensão de discursos de salvação e ultranacionalistas,


em setembro de 1939, tem-se início a Segunda Guerra Mundial, que perdurou até 1945. A
Segunda Guerra é considerada o conflito final para solucionar todas as questões comentadas
nos parágrafos anteriores.

18
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: Antecedentes

Para entender a eclosão da guerra, tem-se de pensar que o continente europeu vivia sua
recuperação econômica, política e social. A economia sofreu um revés com a crise de 1929.
Politicamente, a ascensão da URSS como potência socialista permitia o avanço dos partidos
comunistas nas democracias europeias. Em contraposição, o fascismo também avançava com
críticas aos sistemas sociais democráticos.
Enquanto os sistemas democráticos liberais resistiam em algumas nações, outras passavam a
ter o ultranacionalismo de direita como esteio político: Itália, Portugal, Alemanha e Espanha.
No caso alemão, além das características gerais do fascismo, o nazismo ainda possuía os
componentes antissemita, da superioridade da raça ariana e do espaço vital alemão.

Para muitos especialistas, essa questão do espaço vital alemão e a anexação desses territórios
(Anschluss – anexação da Áustria; Sudetos Tchecos), sem a devida repreensão por parte das
nações assinantes do Tratado de Versalhes, foi uma forma de reorganização bélica dos países
europeus frente ao iminente conflito armado.

Em 1938, Hitler assina o Pacto de não agressão nazi-soviético. Era uma forma de dizer que,
apesar de anticomunista, não iria atacar a URSS governada por Stálin. A divulgação levou desse
pacto acendeu o alerta das nações aliadas (Inglaterra e França) frente aos avanços nazistas aos
territórios da Europa Ocidental.

Em 01 de setembro de 1939, numa ação já planejada e cláusula secreta do Pacto Nazi-soviético,


a Alemanha invade a parte ocidental da Polônia. Em repreensão à invasão, os países aliados
declararam guerra ao EIXO (Alemanha, Itália e Império Japonês).

Fases da Guerra

1ª: Avanços do Eixo (1939/1941): Alemanha conquista diversos territórios na Europa


utilizando a tática de “guerra relâmpago” (Blitzkrieg). O Império japonês domina diversos
territórios coloniais da Inglaterra, França e Holanda no continente asiático.

2ª: Equilíbrio das forças (1942/1943): Entrada da União Soviética e dos Estados Unidos no
conflito ao lado dos Aliados. A invasão nazista à URSS é considerada o maior erro estratégico
militar desse conflito. A abertura de dois fronts de batalha irá prejudicar o desempenho das
forças bélicas hitleristas.

3ª: Derrota do EIXO (1944/1945): as tropas soviéticas libertam todo o leste europeu,
adentra o território alemão e depõem Hitler em maio de 1945. Ao mesmo tempo, as tropas
aliadas derrotam Mussolini na Itália e libertam a França ocupada (Dia D). Na Ásia, o Império
japonês resiste até agosto de 1945, quando há a rendição incondicional após o lançamento das
bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.

O fim da Guerra

A libertação das áreas ocupadas pelo fascismo revelou ao mundo facetas horripilantes desse
regime: os campos de concentração e os campos de extermínios. Milhões de pessoas consideradas
indesejáveis pelo regime nazista foram mortas e escravizadas. Mais de 6 milhões de judeus
foram assassinados e roubados pelo estado alemão. Os genocídios provocados a determinados
agrupamentos humanos são conhecidos como Holocausto.

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Além disso, após o fim da guerra, duas potências ideologicamente divergentes irão protagonizar
as disputas geopolíticas da segunda metade do século XX: União Soviética e Estados Unidos.
Após o fim da guerra, as principais lideranças nazistas capturadas serão julgadas pelos seus
crimes contra a humanidade.

ATIVIDADES

1 – “Existe um debate intenso entre os historiadores a respeito da questão ética por trás do
lançamento dessas bombas sobre o Japão. Existem aqueles que defendem a hipótese de que o
lançamento foi apenas uma demonstração de força dos americanos e totalmente desnecessário,
tendo em vista a situação em que o Japão estava naquele momento. Por outro lado, existem
aqueles que afirmam que o lançamento foi justificado dentro daquele cenário porque o Japão
negava-se a se render, e a invasão da ilha principal do Japão custaria a vida de milhares de
soldados americanos. Além disso, dentro do cenário de resistência dos japoneses até a morte,
os americanos não sabiam até quando o conflito se estenderia. Assim, o lançamento seria
justificado como ferramenta para forçar o fim da guerra.”

Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/segunda-guerra-mundial.


htm#Fases+da+Segunda+Guerra+Mundial.

Apresente os dois argumentos sobre o uso das bombas nucleares nos momentos finais da Segunda
Guerra Mundial.
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2 – (UEFS 2014/1)

A análise da charge e os conhecimentos sobre a história da diplomacia internacional permitem


afirmar que esta se refere

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A) à fundação do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, que buscou limitar a
propriedade privada e reverter os lucros capitalistas em benefícios da coletividade.
B) ao Pacto de Não Agressão Nazi-Soviético, que tinha, em uma das suas cláusulas secretas, a
divisão da Polônia entre a União Soviética e a Alemanha nazista.
C) à aliança entre a Alemanha e a Rússia pelo controle dos estreitos de Bósforo e de Dardanelos,
buscando impedir o acesso da Inglaterra às riquezas do Oriente Médio.
D) à política russa, ao se associar ao nazismo na implantação dos pogroms, permitindo o
extermínio de milhares de judeus, consolidando os objetivos da política hitlerista de solução
final para o problema judaico.
E) à aproximação estratégica entre a União Soviética e a Alemanha para a contenção do
expansionismo estadunidense sobre o território europeu, ao final da Segunda Guerra Mundial.

3 – Pouco após a Alemanha anexar a Áustria, tropas de choque nazistas se perfilam, de forma a
assustar os transeuntes, em frente a uma loja de propriedade judaica. A inscrição pintada na janela
diz: “Porco judeu, que suas mãos apodreçam!”
A frase e a presença das tropas nazistas demonstram a intenção de
A) proteger a população judia da intolerância de austríacos xenofóbicos.
B) aprofundar a discriminação contra a população judaica nos territórios nazistas.
C) promover medidas sanitárias para evitar doenças transmitidas por carne mal conservada.
D) impor medo à toda população austríaca após a invasão alemã ao país.
E) propor uma solução pacífica entre judeus e austríacos e suas disputas de territórios.

4 – Explique o que foi a tática nazista da Blitzkrieg.


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TEMA DE ESTUDO:
Guerra Fria.

Olá Estudante! Através do objeto de conhecimento Guerra Fria, você poderá consolidar a habilidade
EM13CHS403 da BNCC. A Guerra Fria foi um período compreendido entre 1945 e 1991 e significou
um conflito ideológico, e não bélico, entre as duas superpotências emergentes da Segunda Guerra
Mundial: União Soviética e Estados Unidos.
Esse conflito ideológico já toma contornos ainda nos anos finais da Segunda Guerra. Nas conferências
de Teerã (1943), Ialta (1945) e Postdã (1945), as lideranças dos Estados Unidos, Reino Unido e
União Soviética discutiam a reorganização do mundo após a derrocada do EIXO.
Após o fim do conflito, decisões importantes dessas conferências foram colocadas em prática como,
por exemplo, incentivar os alemães a conhecerem os campos de extermínio, a criação da ONU e
a implementação do tribunal de Nuremberg. A Alemanha (e sua capital, Berlim) foi dividida em
quatro áreas de influência. As áreas estadunidense, francesa e inglesa deram origem à Alemanha
Ocidental (RFA) e à Berlim Ocidental, e a área soviética deu origem à Alemanha Oriental (RDA) e à
Berlim Oriental. Devido a essa divisão e às disputas ideológicas, em 1961 foi construído o Muro de
Berlim, separando o lado ocidental do lado oriental. O muro simboliza essa polarização ideológica
que marcou a segunda metade do século XX.
Logo, as potências hegemônicas desse mundo bipolarizado irão disputar aliados, expandir áreas
de influências e tentar assumir a liderança global. Nesse intento foram criados o Plano Marshall
(os países capitalistas se unem no financiamento da reconstrução das nações capitalistas afetadas
pela guerra) e o Cominform (alinhamento das diretrizes dos partidos comunistas no mundo todo) e
Comecon (conselho para o desenvolvimento econômico do bloco socialista).
No campo militar, foram criadas as alianças entre as nações centrais dos dois lados dessa disputa.
Em 1949 criou-se a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte): aliança militar das nações
capitalistas centrais e, em 1956, a resposta soviética foi a criação do Pacto de Varsóvia. O lado
capitalista ainda contou com a Doutrina Truman (promessa do governo estadunidense de auxiliar nas
lutas para manter as nações livres do comunismo) e a Aliança para o Progresso. Essas duas doutrinas
tiveram fortes influências nas relações entre EUA e as nações latino-americanas, influenciando na
constituição das ditaduras militares nesse período nessa região.
Ademais, ocorreu, entre URSS e EUA, a disputa por quem desenvolvia melhores e mais eficientes
armamentos de guerra. A corrida armamentista foi responsável pela proliferação de armamentos
nucleares nesse período. Além da corrida armamentista, houve a corrida espacial: a disputa pela
hegemonia do conhecimento sobre o Universo.
Outro campo de disputa foi nas Olimpíadas. O desempenho dos(as) atletas nas competências
representando as delegações das nações centrais desses blocos servia de propaganda política para
os dois lados.
Conflitos:
Durante a Guerra Fria, conflitos regionais refletiam as disputas ideológicas das superpotências do
pós-guerra. A Guerra da Coreia, que dividiu essa região asiática na Coreia do Sul (capitalista) e
Coreia do Norte (comunista), e a Guerra do Vietnã são exemplos dessas disputas. Além disso,
essas nações influenciaram nos processos de emancipação política e descolonização dos continentes
africano e asiático.

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Nesse período também, duas importantes nações fizeram suas revoluções socialistas: a China, em
1949, e Cuba, em 1959. Em 1962 ocorreu o momento mais tenso de toda a Guerra Fria: a crise
dos mísseis de Cuba. Nesse período, a URSS adotava a política da Coexistência Pacífica. Após
esse ocorrido que acirrou as tensões entre os dois lados, a política internacional passou a ser da
flexibilização, relaxamento, Détente.
A década de 1980 é marcada pela diferença cada vez maior do desenvolvimento tecnológico do
mundo capitalista frente ao socialista. Essa diferença acabou gerando queda produtiva no bloco
socialista e o início de sua derrocada.
O fim da Guerra Fria.
Mikhail Gorbatchov assumiu a presidência do PCUS, em 1985, e depois da URSS. O seu governo
tentou implantar mudanças estruturais para retirar o país da crise em que se encontrava. A
reestruturação econômica (Perestroika) e a transparência política (Glasnost) visavam acabar com
a corrupção sistêmica e dinamizar as relações econômicas e o desenvolvimento tecnológico. Essas
tentativas acabaram por catalisar as insatisfações da população em 1989, se iniciou os processos
de desassociação ao bloco soviético e a queda dos partidos comunistas na Europa Oriental. Em
novembro de 1989, o maior símbolo da Guerra Fria ruía (Queda do Muro de Berlim) marcava o fim
desse período e o início da ordem multipolar essencialmente capitalista. A dissolução da URSS se
oficializa no fim de 1992.

ATIVIDADES

1 – Observe a imagem:
germany-marshall-plan-aid-to-germany-totaled-dollar1390600-and-6d6b01.
FONTE: https://garystockbridge617.getarchive.net/amp/media/west-berlin-

Acesso em: 18 fev. 2024.

A imagem retrata um período logo após o início da Guerra Fria. Qual a medida adotada está sendo
divulgada na imagem e qual o objetivo principal dessa medida?
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2 – (Enem 2009) Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a Europa em dois blocos.
Essa divisão propiciou a formação de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que
aglutinava os países do bloco ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que concentrava os do bloco
oriental. É importante destacar que, na formação da OTAN, estão presentes, além dos países do
oeste europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu igualmente os âmbitos político e
econômico que se refletia pela opção entre os modelos capitalista e socialista. Essa divisão europeia
ficou conhecida como
A) Cortina de Ferro.
B) Muro de Berlim.
C) União Europeia.
D) Convenção de Ramsar.
E) Conferência de Estocolmo.

3 – Embora o aspecto mais óbvio da Guerra Fria fosse o confronto militar e a cada vez mais frenética
corrida armamentista, não foi esse o seu grande impacto. As armas nucleares nunca foram usadas.
Muito mais óbvias foram as consequências políticas da Guerra Fria.
HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Cia. das Letras, 1999 (adaptado).

O conflito entre as superpotências teve sua expressão emblemática no(a)


A) formação do mundo bipolar.
B) aceleração da integração regional.
C) eliminação dos regimes autoritários.
D) difusão do fundamentalismo islâmico.
E) enfraquecimento dos movimentos nacionalistas.

4 – A ideologia da Guerra Fria estava presente na publicidade, no cinema, nas histórias em quadrinhos
etc. A corrida espacial levou homens e animais ao espaço em projetos megalomaníacos. Os dois
lados usaram a espionagem (a agência americana CIA e a soviética KGB) e infiltraram seus agentes
em todas as partes do globo. [...] Como o objetivo era mostrar quem tinha mais poder e ampliar
suas respectivas áreas de influência, o esporte não ficou de fora desse contexto.
Nos Jogos Olímpicos realizados no período da Guerra Fria, EUA e URSS sempre brigavam pela
primeira posição no quadro de medalhas. A disputa era acirrada. A medalha de ouro representava
mais uma vitória contra o inimigo capitalista ou comunista. A quadra de jogo era o cenário do
conflito entre as gigantes. Algumas partidas marcaram essa rivalidade intensa. Em Munique-1972,
os soviéticos venceram uma final épica no basquete masculino. Porém, os episódios olímpicos
que mais simbolizam as tensões da Guerra Fria são os boicotes aos Jogos de Moscou-1980 e Los
Angeles-1984.
FONTE: https://medium.com/@rodrigocontessotto/a-guerra-fria-e-os-jogos-ol%C3%ADmpicos-5e7aed1c084b.

Usando seus conhecimentos sobre as disputas ideológicas no período da Guerra Fria, justifique o por
que URSS e EUA boicotaram os eventos olímpicos sediados em cidades pertencentes ao seu rival?
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TEMA DE ESTUDO:
Descolonização Afro-Asiática.

Olá estudante! Nas próximas linhas, iremos trabalhar a habilidade EM13CHS603 por meio do
objeto de conhecimento “Descolonização Afro-asiática”. Esse objeto versa sobre os processos de
emancipações políticas das antigas colônias europeias nos continentes África e Ásia.

FONTE: https://br.pinterest.com/pin/359654720216741678/. Acesso em: 20 fev. 2024.


As décadas que seguem o término da Segunda Guerra Mundial foi palco das emancipações da
maioria das colônias europeias na África e Ásia. Um fator importante desse processo foi a luta
dos próprios povos desses continentes nos movimentos de libertação de seus territórios. Além
disso, as nações europeias estavam exauridas da guerra e empenhadas em suas reconstruções. Os
movimentos nacionalistas aproveitaram o ensejo e intensificaram as lutas independentistas.
Na luta pela liberdade, surgiram movimentos como pan-africanismo (ideário político que visava
a união de todos os negros em defesa da solidariedade e independência dos povos africanos),
negritude (movimento que apoiava a ideia de que todos os negros americanos, europeus e africanos
têm a mesma ancestralidade e valorização das culturas negras-africanas) e o pan-arabismo (ideário
que defendia a união de todas as nações árabe-muçulmanas em defesa de seus interesses).
Nesse processo de luta emancipatória, em 1956, na Indonésia, foi realizada a Conferência de
Bandung. Nesse momento, as nações participantes decidiram pelo apoio incondicional às lutas de
libertações de povos africanos, asiáticos e da Oceania e, também, decidiram pela neutralidade, o
não alinhamento, na Guerra Fria. Decidiram, também, pela autodeterminação e cooperação entre
os países do Terceiro Mundo (nações periféricas).
Devido ao contexto da Guerra Fria, União Soviética e Estados Unidos enviaram recursos financeiros
e militares para as lutas independentistas nesses continentes visando aumentar suas respectivas
influências.

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Ásia
O caso mais emblemático das emancipações asiáticas é o caso indiano. Desde o século XIX, o povo
indiano já resiste à violenta exploração inglesa. Após o fim da Primeira Guerra, Mahatma Gandhi foi
se tornando o principal líder dessa resistência. Gandhi propunha a resistência pacífica (junção de
não violência com desobediência civil: não pagar impostos, não obedecer às leis discriminatórias,
não comprar produtos ingleses, dentre outros).
O desgaste resultante da Segunda Guerra levou o Reino Unido a reconhecer a independência indiana
em 1947. Nesse momento, a região foi dividida em três partes: a Índia, de maioria religiosa hindu e
o Paquistão Ocidental e o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) de maioria religiosa islâmica.

África
Ao final de 1945, o continente africano contava apenas com quatro nações livres: África do Sul, Egito,
Libéria e Etiópia. Até o final da década de 1970, a maioria das regiões obtiveram suas emancipações
ou pela via diplomática (pressionaram seus exploradores por meio de sabotagens, greves, boicotes,
passeatas) ou pela luta armada.
Nas colônias inglesas, esse país sempre adotou a política de incentivar as rivalidades entre os povos
africanos (dividir para governar). Após 1945, os movimentos nacionalistas foram, gradativamente,
conquistando suas emancipações frente ao colonizador inglês. No caso das áreas coloniais francesas,
a estratégia imperialista foi de propor um referendo às populações dominadas se queriam, ou não,
continuar pertencendo à Comunidade Francesa. O caso da Argélia se destaca. Esse país era dominado
pela França desde 1830. Desde então, a população francesa foi se apossando das melhores terras
e empregos e impondo humilhantes formas de vida e trabalho aos argelinos. Essa situação levou ao
início da luta armada na Argélia, em 1954. Após violentas batalhas e milhares de mortos, a Argélia
vence a França, em 1962, retomando sua liberdade. Os argelinos descendentes de franceses (os
brancos de “pés negros”) tiveram de deixar a Argélia.
Outro caso importante, na África, é a independência do Congo frente ao domínio belga. Após
décadas de exploração baseados no racismo e na falta absoluta de direitos, com a liderança de
Patrice Lumumba, inicia-se a luta congolesa. Lumumba era apoiado pela URSS, o que levou os
Estados Unidos a apoiar o movimento liderado pelo coronel Mobutu Desiré. Em 1961, as tropas de
Mobutu venceram e prenderam Lumumba. A instabilidade gerada levou a ONU a intervir no país.
Por fim, as últimas áreas colônias a se tornarem livres na África foram as portuguesas. Portugal,
até 1975, viveu sobre uma ditadura fascista (Salazarismo). As áreas coloniais portuguesas (Angola,
Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique) foram se organizando contra os portugueses a partir
de 1930. Após a Segunda Guerra, usando a tática de guerrilhas, essas nações foram buscando
suas liberdades. Os portugueses empenharam-se em manter suas colônias e enviaram milhares
de soldados. Os gastos da guerra e as mortes de jovens portugueses aceleram a queda do regime
salazarista (Revolução dos Cravos, 1974). Ao final do ano seguinte, as antigas colônias portuguesas
já eram nações livres.
Posto isso, é importante ressaltar que, mesmo independentes, essas regiões se mantiveram
dependentes economicamente das nações dominadoras. Além disso, o processo colonial dessas
regiões, além das guerras, é responsável pelas misérias, fome e catástrofes humanas existentes na
África e Ásia até os dias atuais.

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ATIVIDADES

1 – “E as mães tremiam de angústia ao trazer ao mundo um filho que se tornaria um inyensi (Barata),
que seria passível de humilhação, perseguição, de ser impunemente assassinado. Estávamos
cansados e, às vezes, nos deixávamos entregar ao desejo de morrer. Sim, estávamos prontos para
aceitar a morte, mas não aquela que nos foi dada. Éramos inyensis, bastava pisar em nós como se
faziam com baratas, de uma vez. Mas eles tinham prazer na nossa agonia. Ela era prolongada por
suplícios insuportáveis, por prazer. Havia prazer em cortar as vítimas vivas, estripar as mulheres,
arrancar o feto. E esse prazer me é impossível perdoar, está sempre perante mim como um escárnio
imundo”.
SCHOLASTIQUE, M. Baratas. Tradução: Elisa Nazarian. São Paulo: Editora Nós, 2018. p. 133

O trecho descreve uma ínfima parcela dos horrores cometidos pelo povo Hutu contra o povo Tutsi
em Ruanda, África, no genocídio de 1994. Esses conflitos de base nacionalista foram alimentados
pelas nações imperialistas europeias quando da colonização do continente africano. Os europeus
instigavam as rivalidades nacionalistas africanas com o objetivo de
A) impedir a influência socialista soviética sobre a região após o fim da Segunda Guerra
B) frear os processos emancipatórios das regiões colonizadas
C) facilitar a dominação europeia sobre os territórios coloniais
D) expandir o conceito de superioridade da raça branca sobre as demais
E) permitir o avanço das igrejas cristã frente ao politeísmo africano

2 – “A desobediência civil é um direito intrínseco do cidadão. Não ouse renunciar, se não quer deixar
de ser homem. A desobediência civil nunca é seguida pela anarquia. Só a desobediência criminal
com a força. Reprimir a desobediência civil é tentar encarcerar a consciência”. (Mahatma Gandhi).
FONTE: https://www.pensador.com/mahatma_gandhi_frases/11/. Acesso em: 20 fev. 2024.

Explique o que foi a proposta da desobediência civil.


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3 – “A independência de Angola não foi o início da paz, e sim de uma guerra aberta. Muito antes do
Dia da Independência, quando Agostinho Neto exclamou, “diante de África e do mundo proclamo
a Independência de Angola”, culminando assim a campanha independentista, iniciada em 4 de
fevereiro de 1961, os três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português
lutavam entre si pelo controle do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era
apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional”.
Fonte: https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/7513/hoje-na-historia-1975-mpla-proclama-a-independencia-de-
angola

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Explique por que grupos internos rivalizavam entre si e as motivações de potências estrangeiras, no
contexto da descolonização e da Guerra Fria, apoiavam esses diferentes grupos.

4 – (Enem 2012)

LORD WILLINGDON’S DILEMMA

Disponível em: www.gandhiserve.org. Acesso em: 21 nov. 2011


O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma
Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando

A) A) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano.


B) B) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.
C) C) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa.
D) D) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.
E) E) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu

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REFERÊNCIAS

ALTMAN, M. Hoje na História: 1975 – MPLA proclama a independência de Angola. Opera Mun-
di. 2020. Disponível em: https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/7513/hoje-na-historia-
-1975-mpla-proclama-a-independencia-de-angola. Acesso em: 20 fev. 2024.
CÂNEDO, L. B. A descolonização da Ásia e da África. São Paulo: Atual, 1985.
CONTESSOTTO, R. A Guerra Fria e os Jogos Olímpicos. 2016. Disponível em: https://medium.
com/@rodrigocontessotto/a-guerra-fria-e-os-jogos-ol%C3%ADmpicos-5e7aed1c084b. Acesso em:
19 fev. 2024.
FILHO, H. S. A Era Vargas: desenvolvimentismo, economia e sociedade. 2013. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/ecos/a/5NrXd8XXCZhtFshHQnzDNqp/. Acesso em: 16 fev. 2024.
GILBERT, M. A Segunda Guerra Mundial: os 2.174 dias que mudaram o mundo. Tradução Ana
Luísa Faria, Miguel Serras Pereira. Rio de Janeiro: Casa das Palavras, 2014.
ENCICLOPÉDIA DO HOLOCAUSTO. Holocausto: um local de aprendizado para estudantes.
s. d. Disponível em: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/project/the-holocaust-a-lear-
ning-site-for-students. Acesso em: 14 fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Inep. Enem: prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Caderno Azul. 2009. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/pro-
vas/2009/dia1_caderno1_azul.pdf. Acesso em: 17 fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Inep. Enem: prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Caderno Azul. 2012. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/pro-
vas/2012/dia1_caderno1_azul.pdf. Acesso em: 20 fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Inep. Enem: prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias. 2ª
Aplicação. Caderno Branco. 2013. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/
enem/provas/2013/2013_PV_reaplicacao_PPL_D1_CD3.pdf. Acesso em: 19 fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Inep. Enem: prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Caderno Azul. 2015. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/pro-
vas/2015/2015_PV_impresso_D1_CD1.pdf. Acesso em: 14 fev. 2024.
MENDONÇA, M. G. de. A descolonização da África: nacionalismo e socialismo. Sankofa. Revista
de História da África e de Estudos da Diáspora Africana Ano XII, NºXXII, maio/2019. Dis-
ponível em: https://www.revistas.usp.br/sankofa/article/view/158261/153444. Acesso em: 18 fev.
2024.
MUNHOZ, S. J. Guerra Fria: história e historiografia. Curitiba: Appris, 2020.
OLIVEIRA, L. L.; VELLOSO, M. P.; GOMES, Â. M. de C. Estado Novo: ideologia poder. Rio Janeiro:
Zahar Ed., 1982.
SCHOLASTIQUE, M. Baratas. Tradução: Elisa Nazarian. São Paulo: Editora Nós, 2018.
SCHOLASTIQUE, M. A mulher de pés descalços. Tradução: Marília Garcia. São Paulo: Editora
Nós, 2017.
UEFS. Vestibular 2014/1: Prova de História 2º Dia. 2014. Disponível em: http://csa.uefs.br/in-
dex.php/prosel141/gabaritos. Acesso em: 16 fev. 2024.

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MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS - MAPA

REFERÊNCIA ANO DE ESCOLARIDADE ANO LETIVO


Ensino Médio 3º Ano 2024

ÁREA DE CONHECIMENTO COMPONENTE CURRICULAR


Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Filosofia

TEMA DE ESTUDO:
Filosofias insurgentes: Cultura, decolonialidade e Filosofia Africana.

Olá, estudante!
A cultura do nosso país foi e é enriquecida constantemente pelo continente africano. Nossos saberes
e sabores, nosso tom, nosso som, nossa ginga e cantigas tem origem africana. África é ancestralidade
e o reconhecimento da nossa ancestralidade no presente pode nos oferecer um futuro de mais
harmonia com o outro e com a natureza (ética Ubuntu).
É evidente que possuímos traços indígenas e europeu também. E é importante reconhecermos e
bebermos da fonte da ancestralidade indígena para melhorar nossa relação com o meio ambiente e
com a nossa identidade. Mas você deve estar se perguntando, por que não começamos ressaltando
as contribuições da cultura européia na formação do nosso povo. A resposta não é fácil. Mas
podemos começar a explicação com um dos versos da cannção Negro Drama dos Racionais Mc´s:
“desde o início por ouro e prata, veja quem morre e veja você quem mata”. Nossa história é marcada
por uma colonização violenta dos brancos sobre o povo negro e indígena desde o início. O povo
europeu impôs uma agenda de dominação geográfica, epistemológica e religiosa sobre os povos
tradicionais e sobre o povo negro escravizado. O produto dessa colonização é, entre outras coisas,
o racismo estrutural, o racismo epistêmico e o pensamento colonialista que sobrevive sob a forma
de capitalismo neoliberal.
A influência e as contribuições da cultura européia são tão evidentes em nossa cultura, que nossos
padrões estético, epistemológico, civilizatório continua sendo a branquitude. A cultura negra e
indígena sobrevive apesar da monocultura branca hegemônica. Populações indígenas correm o risco
de serem dizimadas todos os dias, pessoas negras são as que mais morrem e as que ocupam os
trabalhos mais precarizados e menos rentáveis no Brasil. Se não somos mais colônia sob a tutela de
uma metrópole, por que a discriminação e o racismo contra negros e indígenas perdura?
Segundo uma leitura decolonial, o fim da relação entre metrópole e colônia não se encerra com a
independência do Brasil. A colonialidade é a permanência dos ideais e valores coloniais nas instituições
e nas diversas relações que se estabelecem após o colonialismo. Privilégios e lugares de poder, por
exemplo, continuam sob a regência de determinados grupos sociais. O acesso a determinados
cursos superiores, por exemplo, continua sendo desfrutado por uma minoria privilegiada.
O caminho para combater a colonialidade é a decolonização do pensamento, do poder e das
relações. Decolonizar significa, entre outras coisas, restabelecer outros parâmetros de compreensão
da realidade através de paradigmas diferentes dos oferecidos pelo colonizador. Do ponto de vista
da cultura, significa produzir e consumir cultura que não foi enlatada pela indústria cultural para

30
alimentar desejos alienados. Isso implica compreender a lógica da indústria cultural para produzir
e acessar a cultura popular da nossa gente. Significa também investigar as filosofias e modelos de
sociedade dos povos originários, da população negra, latino americana. Não se trata mais de buscar
um norte, mas de buscar um sul. Sulear é resgatar filosofias marginalizadas, culturas apagadas e,
principalmente, dignidades enfraquecidas pela lógica colonial da modernidade.
Estudante, através das atividades aqui propostas, você terá a oportunidade de pensar e se
posicionar a partir de perspectivas não hegemônicas, decoloniais. Nossa expectativa é que você
consiga analisar, debater e posicionar-se criticamente frente as relações de poder presentes entre
populações, territórios, epistemologias e culturas diversas. Além, é claro, de se preparar para provas
vestibulares e para o Enem.

ATIVIDADES

1 – (ENEM 2011) A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos
de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História
e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programático incluirá o estudo da História da
África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação
da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e
política pertinentes à História do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro
como data comemorativa do “Dia da Consciência Negra”.
A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade
brasileira, porque
A) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.
B) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira.
C) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura.
D) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação.
E) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país.

2 – (ENEM 2017 PPL, segunda aplicação)


TEXTO I
Frantz Fanon publicou pela primeira vez, em 1952, seu estudo sobre colonialismo e racismo, Pele
negra, máscaras brancas. Ao dizer que “para o negro, há somente um destino” e que esse destino
é branco, Fanon revelou que as aspirações de muitos povos colonizados foram formadas pelo
pensamento colonial predominante.
BUCKINGHAM, W. et al. O livro da filosofia. São Paulo: Globo, 2011 (adaptado).

TEXTO II
Mesmo que não queiramos cobrar desses estabelecimentos (salões de beleza) uma eficácia política
nos moldes tradicionais da militância, uma vez que são estabelecimentos comerciais e não entidades
do movimento negro, o fato é que, ao se autodenominarem “étnicos” e se apregoarem como
divulgadores de uma autoimagem positiva do negro em uma sociedade racista, os salões se colocam
no cerne de uma luta política e ideológica.
GOMES, N. Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Disponível em: www.rizoma.ufsc.br. Acesso em: 13 fev.
2013.

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Os textos apresentam uma mudança relevante na constituição identitária frente à discriminação
racial. No Brasil, o desdobramento dessa mudança revela o(a)
A) fortalecimento da organização partidária.
B) utilização de resistência violenta.
C) valorização de traços culturais.
D) enfraquecimento dos vínculos comunitários.
E) aceitação de estruturas de submissão social.

3 – (Enem 2023) Superar a história da escravidão como principal marca da trajetória do negro no
país tem sido uma tônica daqueles que se dedicam a pesquisar as heranças de origem afro à cultura
brasileira. A esse esforço de reconstrução da própria história do país, alia-se agora a criação da
plataforma digital Ancestralidades. “A história do negro no Brasil vai continuar sendo contada, e
cada passo que a gente dá para trás é um passo que a gente avança”, diz Márcio Black, idealizador
da plataforma, sobre o estudo de figuras ainda encobertas pela perspectiva histórica imposta pelos
colonizadores da América.
FIORATI, G. Projeto joga luz sobre negros e revê perspectiva histórica. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso
em: 10 nov. 2021 (adaptado).

Em relação ao conhecimento sobre a formação cultural brasileira, iniciativas como a descrita no


texto favorecem o(a)
A) recuperação do tradicionalismo.
B) estímulo ao antropocentrismo.
C) reforço do etnocentrismo.
D) resgate do teocentrismo.
E) crítica ao eurocentrismo.

4 – Enem (2023)

TEXTO I
Como presença consciente no mundo não posso escapar à responsabilidade ética no meu mover-me
no mundo. Se sou puro produto da determinação genética ou cultural ou de classe, sou irresponsável
pelo que faço no meu mover-me no mundo e, se careço de responsabilidade, não posso falar em
ética.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996

TEXTO II
Paulo Freire construiu uma pedagogia da esperança. Na sua concepção, a história não é algo pronto
e acabado. As estruturas de opressão e as desigualdades, apesar de serem naturalizadas, são sócio
e historicamente construídas. Daí a importância de os educandos tomarem consciência da sua
realidade para, assim, transformá-la.
DEMARCHI, J. L. Paulo Freire. Disponível em: https://diplomatique.org.br. Acesso em: 6 out. 2021 (adaptado).

Com base no conceito de ética pedagógica presente nos textos, os educandos tornam-se responsáveis
pela

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A) participação sociopolítica.
B) definição estético-cultural.
C) competição econômica local.
D) manutenção do sistema escolar.
E) capacitação de mobilidade individual.

5 – Unesp (2017/2) Concentração e controle, em nossa cultura, escondem-se em sua própria


manifestação. Se não fossem camuflados, provocariam resistências. Por isso, precisa ser mantida
a ilusão e, em certa medida, até a realidade de uma realização individual. Por pseudo-individuação
entendemos o envolvimento da cultura de massas com uma aparência de livre-escolha. A
padronização musical mantém os indivíduos enquadrados, por assim dizer, escutando por eles. A
pseudo-individuação, por sua vez, os mantém enquadrados, fazendo-os esquecer que o que eles
escutam já é sempre escutado por eles, “pré-digerido”.
(ADORNO, T. “Sobre música popular”. In: COHN, G. (org.). Theodor Adorno, 1986. Adaptado.)

Em termos filosóficos, a pseudo-individuação é um conceito


A) que identifica o caráter aristocrático da cultura musical na sociedade de massas.
B) identificado com a autonomia do sujeito na relação com a indústria cultural.
C) que expressa o controle disfarçado dos consumidores no campo da cultura.
D) aplicável somente a indivíduos governados por regimes políticos totalitários.
E) relacionado à autonomia estética dos produtores musicais na relação com o mercado.

6 – Leia os textos que seguem:

TEXTO I
Um professor de Português e Literatura chamou a atenção ao ensinar às crianças uma música sobre
o respeito e a valorização de todos os tipos de cabelo. Allan de Souza, que trabalha no Espaço de
Desenvolvimento Infantil (EDI) Professor Carlos Falseth, no Jardim América, afirmou que a ideia é
fortalecer a identidade e autoestima. O vídeo viralizou nas redes sociais
“O meu cabelo é bem bonito. É black power e bem pretinho. O do João também é bonito, é amarelo
e bem lisinho. O da vitória é uma gracinha, cor de chocolate, feito de trancinha. O do Ricardo é
muito legal, é bem crespinho e é natural. Muitos formatos, vários cabelos. Não tenha medo, se
olhe no espelho. Ele representa a sua identidade. Ninguém vai tirar a minha liberdade”, cantam as
crianças. (TORRES, 2022).

TEXTO II
“Dentre as muitas formas de violência impostas ao escravo e à escrava estava a raspagem do
cabelo. Para o africano escravizado esse ato tinha um significado singular. Ele correspondia a uma
mutilação, uma vez que o cabelo, para muitas etnias africanas, era considerado uma marca de
identidade e dignidade. Esse significado social do cabelo do negro atravessou o tempo, adquiriu
novos contornos e continua com muita força entre os negros e as negras da atualidade” (GOMES,
2002, p. 7-8).

A partir do texto II, explique por que a ação do professor Allan de Souza (texto I) é importante.

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7 – Considere os seguintes textos:
TEXTO I
“O homem é um ser essencialmente pensante, racional. Ora, o negro é incapaz de pensamento e
raciocínio. Ele não tem filosofia, ele tem uma mentalidade pré-lógica etc. Portanto, o negro não é
verdadeiramente um homem e pode ser, legitimamente, domesticado, tratado como um animal.”
(TOWA, 2015, p. 17).

TEXTO II
Após denúncia anônima, uma mulher negra de 84 anos foi resgatada da casa onde trabalhava
em condições análogas à escravidão no Rio de Janeiro. Sem receber salário, ela foi mantida como
empregada doméstica por três gerações da mesma família, há 72 anos. O caso é o mais longo de
escravidão contemporânea já registrado no Brasil, segundo o Ministério do Trabalho.
(MESQUITA, 2022).

O racismo epistêmico implica, em última análise, em desumanizar determinados grupos humanos


para subalterniza-los. Explique a relação entre a concepção apresentada no texto I e a condição da
mulher que trabalhou durante 72 anos em condições análogas a escravidão no texto II.

8 – Leia e desfrute da linda experiência que o professor Alexandre do Nascimento teve ao visitar
uma comunidade na África do Sul.

Quando estive na África do Sul visitei uma comunidade de etnia Zulu. Lá conheci
pessoas, assisti a uma apresentação de danças e pude presenciar alguns costumes, o
principal deles era o de fazer as coisas coletivas sempre da forma mais simples e em
grupo, nunca uma pessoa só, como quando, no almoço, usei as mãos para levar os ali-
mentos à boca, sentado no chão junto com outras pessoas em volta de um belo tecido
colorido onde foram postas as comidas. Tudo muito alegre, solidário, suave e lindo. Já
quase na hora de voltar para o hotel onde eu estava hospedado, como havia naquela
comunidade muitas crianças e elas gostavam de futebol, propus a elas uma brincadeira
para eu me despedir, uma corrida em que a criança que chegasse em primeiro lugar
ganharia uma bola como prêmio. Elas imediatamente toparam. Então organizei as
linhas de partida e a chegada. Todas as crianças se posicionaram na linha de partida
e o combinado era que quando eu desse o sinal elas começariam a correr em direção
à linha de chegada. Com tudo pronto, dei a partida e as crianças iniciaram a corrida.
Curiosamente para mim, elas correram juntas e chegaram juntas na linha de chegada.
Como achei aquilo diferente, eu lhes perguntei porque fizeram isso, ou seja, porque
saíram, correram e chegaram juntas. Uma delas me respondeu: É Ubuntu, senhor, so-
mos cada uma e cada um de nós porque nós fazemos e fazemos tudo juntos. O senhor
não percebeu que tudo que fizemos hoje, fizemos juntos? Meus olhos transbordaram
de emoção. Nunca uma experiência me afetou tão fortemente. Ubuntu, ternura e cons-
tituição comum do comum. Pretinhosidade.
NASCIMENTO, 2014, p. 1.

Ubuntu é uma Filosofia presente na vida e no pensamento filosófico de muitos povos africanos.
Ubuntu significa humanidade para todos. Na perspectiva Ubuntu, “eu sou porque tu és”. A partir do
texto apresentado, redija um texto sublinhando os valores fundamentais da Filosofia Ubuntu nas
relações humanas.

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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM 2011. INEP -
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 1° Dia, Caderno 1 Azul,
Questão 32 . https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2011/dia1_caderno1_
azul.pdf. Acesso em: 29 fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM 2017. INEP -
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 1° Dia, Caderno 1 Azul,
Questão 58. Disponível em:https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2017/
P2_01_azul.pdf Acesso em: 29 fev. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM 2023. INEP -
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. 1° Dia, Caderno 1 Azul,
Questões 50, 52 . Disponível em:https://download.inep.gov.br/enem/provas_e_gabaritos/2023_
PV_impresso_D1_CD1.pdf Acesso em: 29 fev. 2024.
GOMES, Nilma Lino. Corpo e cabelo como ícones de construção da beleza e da identidade
negra nos salões étnicos de Belo Horizonte. 2002. Tese (Doutorado) – Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
MESQUITA, Clivia. Idosa é resgatada após 72 anos de trabalho análogo à escravidão em
casa de família no Rio. Brasil de Fato, Rio de Janeiro, 13 maio 2022. Disponível em: https://
www.brasildefato.com.br/2022/05/13/idosa-e-resgatada-apos-72-anos-de-trabalho-analogo-a-
escravidao-em-casa-de-familia-no-rio. Acesso em: 01 mar. 2024.
NASCIMENTO, Alexandre do. Ubuntu como fundamento. UJIMA - Revista de Estudos Culturais
e afrobrasileiros, [s.l.], n. 20. v. 20, 2014, p. 1-4. Disponível em: https://filosofia-africana.
weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/alexandre_do_nascimento_-_ubuntu_como_fundamento.
pdf. Acesso em: 1 mar. 2024.
TORRES, Livia. Professor e alunos fazem sucesso com música sobre valorizar todos os tipos de
cabelo: ‘Não tenha medo, se olhe no espelho’. G1, Rio de Janeiro, 19 ago. 2022. Disponível em:
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/o-que-fazer-no-rio-de-janeiro/noticia/2022/08/19/professor-
e-alunos-fazem-sucesso-com-musica-sobre-valorizar-todos-os-tipos-de-cabelo-nao-tenha-medo-se-
olhe-no-espelho.ghtml. Acesso em: 01 mar. de 2024.
TOWA, Marcien. A Ideia de uma filosofia Negro-africana. Tradução de Roberto Jardim da
Silva. Belo Horizonte: Nandyala; Curitiba: NEAB-UFPR, 2015.

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MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGENS - MAPA

REFERÊNCIA ANO DE ESCOLARIDADE ANO LETIVO


Ensino Médio 3º Ano 2024

ÁREA DE CONHECIMENTO COMPONENTE CURRICULAR


Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Sociologia

TEMA DE ESTUDO:
Leitura Ativa: Cidadania, política, meio ambiente e juventude.

Olá, estudante!
Agora, vamos refletir sobre a importância da participação política na construção da cidadania. A
participação política é uma postura fundante para o exercício pleno da cidadania dentro de uma
sociedade democrática. É através da participação política que temos condições de protagonizar
as decisões que afetam nossas vidas e da sociedade como um todo.
A participação política cria condições para que os cidadãos expressem suas posições, ideias, e
interesses, na construção de políticas públicas justas, inclusivas e responsivas. Ela estimula os
cidadãos a lutarem por seus direitos e por causas que consideram importantes, como a igualdade
de gênero, pautas anti racistas, as questões ambientais, o exercício pleno dos direitos humanos,
entre outras.
É por meio do engajamento político que as mudanças sociais são impulsionadas e as demandas
da sociedade são atendidas de várias maneiras, através do voto nas eleições, no direito de eleger
seus representantes, na participação de movimentos sociais, entre outras.
É importante ressaltar que a participação política também é uma maneira para acompanhar
e fiscalizar a trajetória e o trabalho dos governantes, cobrando honestidade, transparência e
responsabilidade na gestão pública.
É por meio da participação política que as mudanças sociais acontecem e as pautas da sociedade
são atendidas.
Em suma, é importante que os cidadãos sejam protagonistas, acompanhando de perto o trabalho
dos políticos, envolvendo-se em debates, propondo soluções, fiscalizando a gestão pública e
buscando a integração com outros cidadãos.
No entanto, é importante ressaltar que a participação política vai além do voto em eleições.
É fundamental que os cidadãos sejam ativos e participem de forma contínua, acompanhando
o trabalho dos políticos, envolvendo-se em debates, propondo soluções, fiscalizando a gestão
pública e buscando a integração com outros cidadãos.
A construção da cidadania passa necessariamente pela participação política. É importante que os
cidadãos se sintam parte ativa do processo político, a fim de fortalecer a democracia e garantir
que seus direitos sejam respeitados. É dever de cada um de nós contribuir para a construção de
uma sociedade mais justa e democrática.
Portanto, caro (a) estudante, proponho a realização de duas atividades no sentido de se perceber
a importância da participação política na construção da cidadania. Para isso você irá ler o texto

36
e resolver algumas questões do ENEM pertinentes ao assunto “Participação política e a construção
da cidadania”.
Vamos lá! Estou certo de que estas atividades serão muito importantes e enriquecedoras para o seu

ATIVIDADES

Caro (a), estudante.


A leitura ativa é uma técnica de estudo que consiste na leitura de textos fazendo anotações,
destacando informações e colocando perguntas sobre o conteúdo. O objetivo dessa técnica é
propiciar compreensão e retendo informações de forma mais efetiva.
A leitura ativa consiste em etapas:
A) Pré-leitura geral identificando a estrutura do texto
B) Faça anotações das informações importantes
C) Marque e sublinhe informações relevantes.
D) Resuma o que foi lido.
Após a leitura ativa, resolva atividades relacionadas do simulado do ENEM para consolidar o
conhecimento adquirido.

Texto 1
Juventude, participação e cidadania: que papo é esse?
Juventude, cidadania e participação: que papo é esse? Pode ser um papo furado, que não
leve a nada. Pode ser que não renda, que seja insuficiente em termos de contribuição à
democracia, de questionar padrões da cultura brasileira. Se a juventude repetir apenas uma
maneira usual de fazer política, de disputar espaços, ela não vai mudar nada. Ou seja, não
estamos falando apenas de uma questão de faixa etária, mas de uma mudança de olhar
para a sociedade. Se assim for, este papo pode render muito. Pode render, sim, com muitos
desafios. Não é nada automático, nada mágico. Pode ser um importante elemento construtor
da democracia, de uma sociedade mais justa de direitos.
Acho que essa pergunta “que papo é esse?” poderia ser substituída “por que onda é essa?”,
“que moda é essa?” Por que está na moda falar em políticas públicas para a juventude?
Por que se inventou agora que a juventude é depositária de todas as possibilidades? Não
é por acaso que hoje, ao final do século XX e início do século XXI, um novo ator social [a
juventude] aparece na cena pública, como a questão racial e a das mulheres já apareceram.
Por que agora a juventude aparece? Infelizmente, não é por uma coisa boa. Poderia ser
por reconhecimento. Mas não é. A questão da juventude vem para a cena pública quando
ela passa a ser o segmento mais vulnerável frente às mudanças sociais que acontecem no
mundo de hoje.
Quando a gente soma, em especial no Brasil, uma história de desigualdades sociais e de
exclusão com uma realidade mundial de mudanças de relações de produção e de exclusão de
grupos sociais, a juventude torna-se o segmento mais atingido. É por isso que a juventude

37
aparece, atualmente, como um ator social, enfrentando diversos desafios da sociedade
contemporânea.
A grande questão é que o jovem dos dias atuais tem medo de sobrar. A sua inserção
produtiva não está garantida. Vocês poderão dizer que sempre foi assim. Sempre existiu o
jovem pobre e o jovem rico, o jovem incluído e o excluído. Sim, isto é verdade. Mas acontece
que tínhamos um sistema de produção que garantia uma reprodução: o filho do camponês
continuaria o trabalho do pai, da mesma forma que o filho do operário. Era injusto porque
o jovem não tinha possibilidade de ascender socialmente, mas havia a possibilidade de
pensar o futuro a partir de um lugar social. Aqueles que estudavam, que passavam no funil,
tinham a garantia que poderiam exercer a sua profissão ao final dos estudos.
Com a mudança do mundo do trabalho, cada vez mais restritivo e mutante, os jovens foram
e são atingidos. Todos os jovens passaram a ter medo do futuro. Neste cenário, temos
que ver todas as diferentes juventudes e suas questões sociais e raciais, suas questões de
gênero e opções/orientações sexuais. Os mais vulneráveis têm mais medo de sobrar e são
os mais atingidos. Estamos diante de uma geração que é atingida pela possibilidade de
pensar o futuro a partir de mudanças estruturais da sociedade.
Outro ponto importante é o medo de morrer de uma maneira prematura e violenta. O
jovem de hoje conhece a morte de pares. Toda ideia de juventude é que a morte está
longe. A vida humana é como se fosse uma vida de uma planta: nasce, cresce, desenvolve
e morre. É o ciclo da vida. O que acontece é que a juventude, dos nossos dias, convive
com a morte de seus pares. São seus irmãos, seus primos, seus vizinhos que morrem,
na maioria das vezes, por armas de fogo ou acidentes de trânsito. A questão da violência
tem causas locais e internacionais e há três elementos fundamentais que configuram este
cenário: a indústria bélica, o tráfico de drogas e o despreparo das polícias. Hoje nenhum
jovem, de uma grande cidade, como o Rio de Janeiro, seja das camadas populares ou das
classes mais favorecidas, sai para o lazer noturno sem pensar na hipótese de que ele não
voltará para a casa.
Temos, portanto, marcos geracionais que dizem respeito à inserção produtiva e ao fato de
poder projetar sua própria vida. Esses marcos exigem políticas públicas. As políticas surgem
no momento em que uma geração tem problemas diferentes de outras. Trata-se de uma
fase da vida que já não é mais a infância, sob a proteção dos pais, nem ainda uma nova
família. Esse momento de passagem exige direitos universais e direitos específicos que
dizem respeito a esta faixa etária.
As políticas públicas têm que somar estas duas coisas: os direitos universais (o acesso à
educação, ao trabalho etc.) e os específicos. As políticas públicas têm que pensar então
numa nova interface entre escolaridade e preparação para o mundo do trabalho. O Estado
tem que ter o compromisso de fazer as suas políticas macro, mas tem que fazer isto com
a sociedade civil para que cada um participe, transformando a política de juventude numa
política de Estado, não de Governo. O que tentamos fazer hoje é colocar duas palavras na
roda: direitos e oportunidades.
Mas para que tudo isto aconteça e para que esse papo seja produtivo e dê resultado
positivo, dependemos muito da ação de levar para a sociedade a perspectiva geracional.
Uma questão complicada. Quem entra no movimento feminista milita a vida inteira como

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mulher. Não sai deste lugar. Quem entra no movimento racial, passa a vida toda nisso. A
questão da juventude é uma questão marcada por uma faixa etária específica. Portanto,
ela não pode ser pensada sem levar em conta a relação intergeracional. Os jovens e
os adultos se colocam em todos os espaços sociais. É preciso que os jovens consigam
aprender com os adultos valores da cidadania que são trazidos pela história social do
país. Os jovens não podem achar que estão começando do zero. É preciso promover
um diálogo intergeracional, um diálogo que traz valores. Os jovens têm que escutar os
adultos e vice-versa, o que provocará um aprendizado mútuo. Só sabe o que é ser jovem
hoje quem é jovem. Os adultos de hoje foram jovens em outro tempo histórico.
Por fim, é necessário também que haja um diálogo intrageracional. Esse é o maior
desafio porque as tribos existem, os grupos são heterogêneos e têm objetivos diferentes.
Precisamos encontrar o que une esta geração e a partir daí desenvolver políticas
públicas. Claro que as diferenças continuarão existindo. Os jovens estarão no mesmo
jogo dos adultos (que às vezes não é um jogo muito bom) se eles se fragmentarem
completamente, não perceberem o que há de comum entre eles a partir dos desafios
e dos direitos de sua geração. Estabelecer diálogos é difícil. Não é fácil porque muitas
vezes os jovens reproduzem os preconceitos e os ‘faccionalismos’ dos adultos. Esta
geração tem uma chance de inovar na cultura política, inovar a partir de seus interesses
e de uma forma que faça até mesmo que os adultos aprendam.

Fonte: (Novaes,2009)

Texto 2
Juventude e meio ambiente: 36% dos jovens brasileiros não sabem em que
bioma vivem.
Pesquisa ouviu mais de 5 mil jovens entre 15 e 29 anos em todas as regiões do Brasil.
Juventude da Amazônia é a que menos se preocupa com questões ambientais
Cristiane Prizibisczki
Apesar do protagonismo juvenil em questões ambientais ter se fortalecido nos últimos
anos no Brasil – alô Txai Surui, Amanda Costa, Engajamundo e Fridays For Future – é
preciso ainda investir em educação sobre o tema para que essa grande parcela da
sociedade possa se apropriar da questão. Isso é o que mostra a pesquisa “Juventudes,
Meio Ambiente e Mudanças Climáticas”, divulgada nesta terça-feira (4).
O levantamento, conhecido pelo acrônimo “JUMA”, ouviu 5.150 pessoas com idades
entre 15 e 29 anos, provenientes de todas as classes sociais e níveis de escolaridade nas
várias regiões do Brasil, entre julho e novembro de 2022. O trabalho é uma realização
das redes Em Movimento e Conhecimento Social, em parceria com as organizações
Engajamundo, Instituto Ayíka e GT de Juventudes do movimento Uma Concertação pela
Amazônia.

39
Os resultados, considerados “curiosos e surpreendentes” pelos realizadores da pesquisa,
revelam muito do que a juventude brasileira sabe e como ela é afetada pelas mensagens
que recebem sobre meio ambiente e mudanças climáticas.
Segundo o levantamento, 36% dos jovens respondentes não souberam identificar o bioma
em que vivem. Esse desconhecimento foi maior entre a juventude do Sul e Sudeste do
Brasil, onde a Mata Atlântica é predominante.
Tal resultado não é reflexo de baixa escolaridade, mostra o estudo. Os jovens participantes
do levantamento possuíam, em grande parte, alto nível de escolaridade: 4 a cada 10 já
havia cursado ensino superior ou pós-graduação. Cerca de 30% dos entrevistados ainda
estavam estudando.
“Mesmo entre aqueles que indicaram o bioma da região em que moram, percebe-se algumas
confusões: pessoas do Sudeste e Sul acharem que moram na Amazônia ou Caatinga, ou
jovens do Nordeste que acreditam viver no Pampa”, diz trecho da pesquisa.
O trabalho mostrou ainda que, apesar do tema meio ambiente estar entre os três assuntos
que mais interessam pessoalmente à juventude – o primeiro é “qualidade na educação”
e o segundo é “direitos das mulheres” – menos de 30% dos jovens dizem conversar com
frequência sobre a temática ambiental.
Quando perguntados sobre que importância que dão ao tema considerando o cenário
nacional, o meio ambiente ficou em 6º lugar como mais relevante. Jovens acreditam que
educação, combate à corrupção, segurança, economia, trabalho e renda estão na frente da
temática ambiental, na escala de prioridades.
De modo geral, 90% dos jovens disseram se preocupar “totalmente” (50%) ou “mais ou
menos” (40%) com o meio ambiente. Quando separados por biomas, os jovens da Amazônia
foram os que menos (!) se mostraram preocupados com a temática, o equivalente a 88%
dos entrevistados na região. No Pampa, 95% se disseram preocupados; na Mata Atlântica,
93%; no Cerrado, 92%; na Caatinga, 91%; e no Pantanal, 89%.
“A gente que nasce no Norte do Brasil, tem uma grande dificuldade de identificação,
resquícios direto do processo de colonização, que está em curso até hoje, nunca acabou,
por vezes sentimentos vergonha de assumir nossa identidade”, diz a jovem amazônida
Thalita Silva, de 25 anos.
Apesar da importância atribuída ao assunto, há muitos limites de conhecimento sobre a
temática ambiental e climática, diz o trabalho. “Aquecimento global” e “mudanças climáticas”
são termos conhecidos por mais de 70% dos entrevistados. Já termos como “emissões de
carbono”, “crise climática”, “racismo ambiental” e “justiça climática” são conhecidos por
menos de 50% deles.
“Ainda que tenhamos catástrofes ambientais cada vez mais extremas no Brasil, como
enchentes e secas, o derretimento das geleiras foi o evento climático mais citado. Esse ponto
nos faz refletir sobre a necessidade de continuarmos construindo uma visão de mudança
climática a partir do que é isso na América Latina e no Brasil”, explica Mathaus Torres,

40
ATIVIDADES

Simulado ENEM
Olá, estudante!
O simulado Enem é um instrumento muito eficaz para aqueles estudantes que tem por objetivo
prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Ele simula a dinâmica da avaliação permitindo
que os estudantes identifiquem e avaliem seus conhecimentos como suas dificuldades a serem
aprimoradas.
Então, vamos treinar e nos prepararmos?

1 – (Enem 2011)

TEXTO I

A ação democrática consiste em todos tomarem parte do processo decisório sobre aquilo que
terá consequência na vida de toda coletividade.
GALLO, S. et al. Ética e Cidadania. Caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 1997 (adaptado).

TEXTO II

É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização sobre órgãos governamentais e


acesso por parte da população às informações trazidas a público pela imprensa.
Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 24 abr. 2010.

Partindo da perspectiva de democracia apresentada no Texto I, os meios de comunicação, de acordo


com o Texto II, assumem um papel relevante na sociedade por:
A) orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à sua sobrevivência e bem-estar.
B) fornecerem informações que fomentem o debate político na esfera pública.
C) apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos.
D) propiciarem o entretenimento, aspecto relevante para conscientização política.
E) promoverem a unidade cultural, por meio das transmissões esportivas.

2 – (Enem 2010)

41
O fragmento integra a letra de uma canção gravada em momento de intensa mobilização política. A
canção foi censurada por estar associada:

A) o rock nacional, que sofreu limitações desde o início da ditadura militar.


B) a uma crítica ao regime ditatorial que, mesmo em sua fase final, impedia a escolha popular
do presidente.
C) à falta de conteúdo relevante, pois o Estado buscava, naquele contexto, a conscientização da
sociedade por meio da música.
D) à dominação cultural dos Estados Unidos da América sobre a sociedade brasileira, que o
regime militar pretendia esconder.
E) à alusão à baixa escolaridade e à falta de consciência política do povo brasileiro.

3 – (Enem 2019)

A comunidade de Mumbuca, em Minas Gerais, tem uma organização coletiva de tal forma expressiva
que coopera para o abastecimento de mantimentos da cidade do Jequitinhonha, o que pode ser
atestado pela feira aos sábados. Em Campinho da Independência, no Rio de Janeiro, o artesanato
local encanta os frequentadores do litoral sul do estado, além do restaurante quilombola que atende
aos turistas.
ALMEIDA, A. W. B. (Org.). Cadernos de debates nova cartografia social: Territórios quilombolas e conflitos. Manaus:
Projeto
Nova Cartografia Social da Amazônia; UEA Edições, 2010 (adaptado).

No texto, as estratégias territoriais dos grupos de remanescentes de quilombo visam garantir:


A) Perdão de dívidas fiscais.
B) Reserva de mercado local.
C) Inserção econômica regional.
D) Protecionismo comercial tarifário.
E) Benefícios assistenciais públicos.

04 – (Enem 2019)

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral da
ONU na Resolução 217-A, de 10 de dezembro de 1948, foi um acontecimento histórico de grande
relevância. Ao afirmar, pela primeira vez em escala planetária, o papel dos direitos humanos na
convivência coletiva, pode ser considerada um evento inaugural de uma nova concepção de vida
internacional.
LAFER, C. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). In: MAGNOLI, D. (Org.). História da Paz. São Paulo:
Contexto, 2008.

A declaração citada no texto introduziu uma nova concepção nas relações internacionais a possibilitar a
A) Superação da soberania estatal.
B) Defesa dos grupos vulneráveis.
C) Redução da truculência belicista.
D) Impunidade dos atos criminosos.
E) Inibição dos choques civilizacionais

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05 – (Enem 2017)
A participação da mulher no processo de decisão política ainda é extremamente limitada em
praticamente todos os países, independentemente do regime econômico e social e da estrutura
institucional vigente em cada um deles. É fato público e notório, além de empiricamente comprovado,
que as mulheres estão em geral sub-representadas nos órgãos do poder, pois a proporção não
corresponde jamais ao peso relativo dessa parte da população.
TABAK, F. Mulheres públicas: participação política e poder. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2002.

No âmbito do Poder Legislativo brasileiro, a tentativa de reverter esse quadro de sub-representação


tem envolvido a implementação, pelo Estado, de
A) leis de combate à violência doméstica.
B) cotas de gênero nas candidaturas partidárias.
C) programas de mobilização política nas escolas.
D) propagandas de incentivo ao voto consciente.
E) apoio financeiro às lideranças femininas.

06 – (Enem 2023)
No Cerrado, o conhecimento local está sendo cada vez mais subordinado à lógica do agronegócio.
De um lado, o capital impõe os conhecimentos biotecnológicos, como mecanismo de universalização
de práticas agrícolas e de novas tecnologias, e de outro, o modelo capitalista subordina homens e
mulheres à lógica do mercado. Assim, as águas, as sementes, os minerais, as terras (bens comuns)
tornam-se propriedade privada. Além do mais, há outros fatores negativos, como a mecanização
pesada, a “pragatização” dos seres humanos e não humanos, a violência simbólica, a superexploração,
as chuvas de veneno e a violência contra a pessoa.

CALAÇA, M.; SILVA, E. B.; JESUS, J. N. Territorialização do agronegócio e subordinação do campesinato no Cerrado, Élisée, Rev. Geo.
ÚEG, n. 1, jan.-jun. 2021 (adaptado).

Os elementos descritos no texto, a respeito da territorialização da produção, demonstram que há


um:
A) cerco aos camponeses, inviabilizando a manutenção das condições para a vida.
B) descaso aos latifundiários, impactando a plantação de alimentos para a exportação.
C) desprezo ao assalariado, afetando o engajamento dos sindicatos para o trabalhador.
D) desrespeito aos governantes, comprometendo a criação de empregos para o lavrador.
E) assédio ao empresariado, dificultando o investimento de maquinários para a produção.

07 – (Enem 2014)

A sustentabilidade é o maior desafio global. Por isso o desenvolvimento de um país, por mais
exemplar que venha a ser, só poderá ser realmente sustentável quando a pegada ecológica mundial
deixar de ultrapassar a capacidade de regeneração da biosfera. Não é diferente em termos setoriais.
O setor agropecuário só será sustentável se também o forem o industrial, o terciário e a mineração.
VEIGA, J. E. O futuro da comida. Globo Rural, n. 312, out. 2011.

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De acordo com o texto, a busca da sustentabilidade ambiental envolve mudança de hábitos, para
que o desenvolvimento seja pautado no(a)
A) busca de alternativas tecnológicas visando reduzir a jornada de trabalho.
B) trabalho cooperativo, com remuneração justa e distribuição igualitária de renda.
C) satisfação das necessidades da geração atual, assim como as das gerações futuras.
D) incentivo à alta produtividade e ao consumo, para evitar crises econômicas mundiais.
E) redução dos lucros atuais, a fim de garantir capital e preservação de recursos para as futuras
gerações.

08 – (Enem 2015)

A questão ambiental, uma das principais pautas contemporâneas, possibilitou o surgimento de


concepções políticas diversas, dentre as quais se destaca a preservação ambiental, que sugere
uma ideia de intocabilidade da natureza e impede o seu aproveitamento econômico sob qualquer
justificativa.

PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 2006 (adaptado).

Considerando as atuais concepções políticas sobre a questão ambiental, a dinâmica caracterizada no


texto quanto à proteção do meio ambiente está baseada na
A) prática econômica sustentável.
B) contenção de impactos ambientais.
C) utilização progressiva dos recursos naturais.
D) proibição permanente da exploração da natureza.
E) definição de áreas prioritárias para a exploração econômica.

09 – (Enem 2016)
AROEIRA. Disponível em: http://appsodia.ig.com.br
Acesso em: 19 jun. 2012 (adaptado).

O processo ambiental ao qual a charge faz referência tende a se agravar em função do(a)
A) expansão gradual das áreas de desertificação.
B) aumento acelerado do nível médio dos oceanos.
C) controle eficaz da emissão antrópica de gases poluentes.
D) crescimento paulatino do uso de fontes energéticas alternativas.
E) dissenso político entre países componentes de acordos climáticos internacionais.

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10 – (Enem 2018)

Quer um conselho? Vá conhecer alguma coisa da terra e deixe os homens em paz... Os homens
mudam, a terra é inalterável. Vá por aí dentro, embrenhe-se pelo interior e observe alguma coisa
de proveitoso. Aqui na capital só encontrará casas mais altas, ruas mais cheias e coisas parecidas
ao que de igual existe em todas as cidades modernas. Mas ao contato com a terra você sentirá o
que não pode sentir nas avenidas asfaltadas.
LOBATO, M. Lobatiana: meio ambiente. São Paulo: Brasiliense, 1985.

O texto literário evidencia uma percepção dual sobre a cidade e o campo, fundamentada na ideia de
A) progresso científico.
B) evolução da sociedade.
C) valorização da natureza.
D) racionalidade econômica.
E) democratização do espaço.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. INEP. Provas e Gabaritos. Brasília, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/


areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/enem/provas-e-gabaritos. Acesso em: 19 fev.
2024.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Currículo Referência de Minas Gerais: Ensino
Médio. Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2022. Disponível em: https://acervodenoticias.educacao.mg.gov.br/images/
documentos/Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20do%20Ensino%20M%C3%A9dio.pdf.
Acesso em: 07 fev. 2024.
MINAS GERAIS. Secretaria do Estado de Educação. Plano de Curso: ensino médio. Escola de
Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2024.
Disponível em: https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/index.php/plano-de-cursos-crmg.
Acesso em: 07 fev. 2024.
NOVAES, Regina. Juventude, participação e cidadania: que papo é esse? Rio de Janeiro, 28 de
abril de 2009. Planetapontocom. Disponível em: https://planetapontocom.org.br/revista/edicoes-
anteriores-artigos/juventude-participacao-e-cidadania-que-papo-e-esse. Acesso em: 15 fev. 2024.
PRIZIBISCZKI, Cristiane. Juventude e meio ambiente: 36% dos jovens brasileiros não sabem
em que bioma vivem. O Eco, [s. l.] 5 abr. 2023. Disponível em: https://oeco.org.br/noticias/
juventude-e-meio-ambiente-36-dos-jovens-brasileiros-nao-sabem-em-que-bioma-vivem/. Acesso
em: 19 fev. 2024.

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