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JUDITH BELL

COMO REALIZAR
UM PROJECTO
DE INVESTIGAÇAO
UM GUIA PARA A PESQUISA EM
CIENCIAS SOCIAISE DA EDUCAÇÃO

REVISÃO CIENTÍFICA DE
JOSÉ MACHADO PAIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS
DO TRABALHOE DA EMPRESA

gradiva
Título original: Doíng Your Research PrDject.’A Guide for First-Time
Researchers in Education and Social St ience
S Judith Bell, 1993
Tradução: Maria João Cordeiro
Revisão de texto: Ana Isabel Silveii‘a
Capa: Armando Lopes
Fotocomposição: Gradiva
Impressãoe acabamento: Gráfica Manuel Barbosci& filhos, L.’°
Reservados os direitos para Portugal por:
Gradiva Publicações, S. A.
Rua Almeidae Sousa, 21 — r/c, esq. — 1399—041 Lisboa
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Dep. comercial: Telefs. 21 397 40 67/8 — Fax 21 397 14 11
geraldgradiva.mail.pt/ www.gradiva.pt Índice
1. edição: Fevereiro de 1997
5. edição: Setembro de 2010 Prefácio à 3. edição
Depósito legal n.° 316 905/2010 9
A gradecimentos
ISBN: 978-972-662-524-7 11
13

gradiva
Editor: Guilherme Valente PARTEI
PREP.ORAR O TERRENO
1. Abordagens à pesquisa educacional ............ ........
-- ............ 19
A investigação-acção e o modelo do professor-investigador • O
es-
tudo de caso• Estilo etnográfic o• Inquéritos • Estilo experimental
• O inquérito narrativo• Que método escolher? •Bibliografia.

2. Planeara investigação ....................


-- - - - ................ 35
Seleccionar UIT1 tÓpÍCO• Primeiras ideiase definição dap
roblemática
de estudo• Hipóteses ou objectivos?• Esquema de trabalho
• Calen-
darização• O trabalho do orientador• A propriedade
intelectual
• Revisão do capítulo.

3. Negociação de acessose problemas da pesquisa


«interna» ..... 53
Orientações e protocolos étiCOs• Uma investigação cumpridora de
pfeCeitos éticos em acção• Revisão do capítulo• B ibliografia.
1
Abordagensà pesquisa educacional

Pode perfeitamente levar-sea cabo uma investigação de valor


sem um conhecimento pormenorizado das diversas abordagens ou
estilos de pesquisa educacional possíveis; porém, um estudo des-
tas abordagens dar-lhe-á uma ideia das várias formas de planear
uma investigação e pode, eventualmente, contribuir para uma
melhor compreensão das fontes. Um dos problemas sentidos por
quem lê sobre este tema, bem como porquem lêosrelatórios de
pesquisa,é a terminologia. Os investigadores empregam termose
por vezes também um jargão quase incompreensível para as ou-
tras pessoas. O mesmo acontece em qualquer campo onde se
desenvolva uma linguagem especializada no sentido de facilitara
comunicação entre profissionais. Por isso, antes de considerar as
várias etapas do planeamentoe condução de uma investigação
pode serútil estudar as principais características de determinados
estilos de pesquisa bem estabelecidose definidos.
Estilos, tradições ou abordagens diferentes recorrera méto-
dos de recolha de informação igualmente diferentes, mas náo há
abordagem que prescreva ou rejeite uniformemente qualquer
método em particular. Os investigadores quantitativos recolhciH
OS factose estudara i-elação
entre eles. Realizain medições com naccanismos (questionàrios, di‹arios. entrevistas e estudos de casos,
a ajuda de técnicas científicas queconduzcin a conclusoes
quanti- por czemplo), de modo que os resultados subsequentes possam ser
ficadas e, se possível,g eneralizáveis. Os investigadores li‹iduzidos em modificações, ajustamentos, mudanças de direcção,
que adoptam
uma perspectiva qualitative estão mais interessados i cdefinições, de acordo com as necessidades, de modoa trazer van-
em compreender
as percepções individuais do iriundo. lagens duradouras ao próprio processo em curso.
Procuram compreensão, em
vez de análise estatística. Duvidam dae
xistência de factos «sociais» COHExe MASON, 1994, 192
e põem em questão a abordagem «científica»
quando se trata de
estudar seres humanos. Contudo, hã momentos
em que os investiga-
dores qualitativos recori'ein a técnicas
quantitatiVas, e vice-versa. Como estes autores sublinham, uma característica importante
ClaSSlficar uma pesqui sa como qttãI1tit¿t ,
tiV ã qualitativa ou i 1.i pesquisa-acçãoé o trabalho não estar terminado quandoo
etnográfica, comoinquérito ou investigação-a ção,
C etc., não sig- ¡u t›jecto acaba. Os participantes continuuma rever,a avaliare a
niíica que o inv estigador, uma vez escolhido
um determinado tipo inclhorar a sua prática. Elliott (1991, 69) levaa definição um
de abordagem, näo ]9OSsa mudar o.s mètodos
normalmente associa- ¡i‹›uco mais longe:
dos a esse estilo. Cada abordagem tern os
seus pontos fortes e
fracos, sendo cada uma delas particularme A sua finalidade è estimular a capacidade de ajuizar de forma
nte indicada para um
determinadO contexto. A ab ordagem prática end situaçoes concrctas,e a v‹i1idade das «teori‹is» on hipóte-
adoptadílC øs naétodos dc
l'CCOllã‹i de informação seleccionados ses que gera ‹lepenrle nao tanto dc testcs «científicos» de veracidadc,
depended aodõ natureza do
estudoe do tipo de *flİÒfliiaçfio que se pretends obter. como d‹i sua utilidade na tarefa de ajudat‘ as pessoasa agir de forma
E ímpossível, no inais inteligentee hábil. Na investi ø•açño-acção, as «teorias» não são
jtlstiçaa viilidadas independcntementee em seguida aplicadasä prática. São
qualquer dos estilos de pesquisaestabelecidos; contudo,
o que se validadas atravès da prática.
segue forneceiá pelo inenos uma base para uma leitura
posterior
e poderá dar—lhe algumas ideias sobre estilos de
pesquisa que
tałvez queira adopter na sua ¡ar‹apria investigaç3o.
Browne McIntyre, que descrevein urn modelo de investiga-
‹. .to-acção paraa inovação curricular nas escolas escocesas, cha-
t niim igualmentea atenção parao princípio da derivaçäo de hipó-
l‹'sesa partir da prática. Nas palavras destes autores:
A i/1vestigaçćio -acção 6'0 inodelo do professor-
-investigcdor As questóes de uma pesquisa surgeon de uma análise dos proble-
mas de quema pratica em determinada situação, tornando-se entãoo
seu objectivo imediatoa compreensão desses problemas.O investiga-
Ha Hlttitas defini ções deinvestigação-aCç
ão. Cohene Manion dor/actor formula primeiramente princípios especulativos, hipotéticos
descrevem-na como e gerais em relação aos problemas que foram identificados;a partir
um procedimento essencialmente it destes princípios, podem serdepoîs produzidas hipóteses quantoă
COC O, COITl VİStfla lidar com um acção que deverã mais provavelmente conduzir, na prática, aos me-
problems concreto localizado mima
sitUaçào imediata. Isto significa lhoramentos desejados. Essa acção será então experimentadae reco-
queo processo é constanterne nte controlado passoa
passo (isto é, lhidaa informaçăo conespondente aos seus efeitos; estas informações
numa situaçao ideal ), durante períodos variáveis,
atraVés de diversos serão utilizadas para rever as hipóteses preliminarese para identificar
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21
O estudo de caso
O método de estudo de caso particularé especialmente indi-
cado para investigadores isolados, dado que proporciona uma
t›portunidade para estudar, de uma forma mais ou menos aprofun-
dada, um determinado aspecto de um problema em pouco tempo —
embora alguns estudos sejam desenvolvidos durante um período
longo, comoo estudo da escola de Nailsea realizado ao longo de
três anos por Elizabeth Richardson (1973).
O estudo de caso tem sido definido como um «termo global
para uma família de métodos de investigação que têm em comum
concentrarem-se deliberadamente no estudo de um determinado
caso» (Adelman et al., 1977). Trata-se de muito mais que uma
história ou descrição de um acontecimento ou circunstância. Tal
como em qualquer outra investigação, os dados são recolhidos
sistematicamente,a relação entre as variáveisé estudadae o es-
tudoé planeado metodicamente. Um estudo de caso interessa-se
sobretudo pela interacção de factorese acontecimentos e, como
Nisbete Watt (1980, 5) salientam, «por vezes, apenas tomando
em consideração um caso prático pode obter-se uma ideia com-
pleta desta interacção». Apesar dea observaçãoe as entrevistas
serem os métodos mais frequentemente utilizados nesta aborda-
gem, nenhum métodoé excluído. As técnicas de recolha de infor-
mação seleccionadas são aquelas que se adequamã tarefa.
Inevitavelmente,a informação recolhida por apenas um inves-
tigador tem de ser sujeitaa uma selecção. Deste modo,o inves-
tigador selecciona a áreaa estudare decide qualo materiala
apresentar no relatório final.É difícil verificar de novo esta infor-
mação, sempre sujeita ao perigo de distorção. Os críticos desta
abordagem chamama atenção para estee outros problemas. Apon-
tamo facto de a generalização não ser geralmente possível e
questionamo valor do estudo de acontecimentos individuais. Mas
nem todos pensam assim.
Denscombe (1998, 36-37) defendea ideia de que «a possibi-
lidade de generalizar um estudo de casoa outros exemplos de-
pende da semelhança do exemplo em causa com outros do seu

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nan‘ativo quandoa recolha de dados,a interpretaçãoe a escrita são consequências das acções descritas num formato de história. A nar-
considerados processos «produtores de significado» com característi- rativaé uma forma de saber diferentee poderosa [...]
cas semelhantes às das histórias (Gudmunsdottir, 1996, 295). Um A recolha de dados para um inquérito narrativo exige queo inves-
inquérito narrativo pode envolver uma reflexão autobiográfica, uma tigador deixeo narrador estruturar as conversas e faça apenas as
história real ou a inclusão de excertos de histórias de participantes perguntas de seguimento. Assim, uma abordagem narrativaà questão
para ilustrar um tema desenvolvido pelo investigador.A abordagem de como os estudantes adultos que não concluíram as licenciaturas
narrativaé especialmente adequada quandoo investigador está inte- avaliama sua capacidade de enfrentara experiência de voltara estu-
ressado em ilustrar relatos de experiências humanas fortemente pes- dar implicariaa realização de entrevistas abertas com um ou dois
soais. As narrativas dão voz — ao investigador, aos participantese a estudantes adultos. Poderia também envolver «conversas» semelhan-
grupos culturais —, e neste sentido podem proporcionara capacidade tes com outras pessoas relacionadas com os seus estudos — talvez
de desenvolver um poderoso dispositivo marcadamente político. outros membros da família, ou assistentes ou professores — que pro-
porcionassem uma perspectiva múltipla do contexto da formação
Gnn , 1998,1 universitária dos estudantes adultos.
G v, 1998,2
Os colegas com quem jáfalara que tinham desenvolvido uma
abordagem deste tipo, narrativa, com grande sucesso, a um ou
vários dos seus projectos de investigação, sempre tinham deixado Jan acrescentou que «a vantagem de uma negociação cuida-
bem claro que as histórias não eram usadas meramente como uma dosae respeitosa será uma história que proporcione uma com-
série de «caixas» empilhadas sem uma estrutura particular ou sem preensão simultaneamente pessoale multifacetada da situação a
um tema de ligação.O meu problema foiperceber de que forma ser discutida». Estou certa de que assim é. Fiquei convencida do
as estruturase os temas podiam serderivados. A explicação de valor deste tipo de abordageme de que as histórias podem em
Jan foia seguinte: certos casos aumentar a nossa compreensão no contexto de um
estudo de caso ou de um estudo etnográfico. No entanto, as nar-
Todas as formas de inquérito narrativo envolvem um elemento de
rativas apresentam os seus próprios problemas:
análisee desenvolvimento de temas, dependendo da perspectiva do
investigador. Todas as histórias têm uma estrutura básica comum.O As entrevistas absorver muito tempoe exigem queo investiga-
poder de qualquer história depende do uso da linguagem feito pelo dor deixe os narradores voltarema contarã sua maneiraa experiência
narrador na apresentaçãoe interpretação de uma experiência pessoal. de ser (ou ensinar) um estudante adulto. Isto pode não acontecer na
O que se pede ao investigador quando lida com narrativasé a capa- primeira entrevista. Até que se desenvolva uma relação de confiança
cidade de estruturar os dados da entrevista numa forma que apresente entreo investigadore o narradoré muito improvável que as informa-
claramente um sentido de princípio, meioe fim. Emborao uso de ções mais íntimas desse tipo sejam realmente partilhadas. Um
narrativas como instrumento de investigação seja um conceito relati- envolvimento tão pessoal com o investigador implica riscose ques-
vamente recente nas ciências sociais, historicamente, as histórias têm tões éticas de um tipo muito particular. Os narradores podem achar
sido consideradas uma forma aceitável de relacionar conhecimentoe que revelaram mais dos seus sentimentos do que estariam dispostos
de desenvolvero autoconhecimento. Uma das maiores vantagens a mostrar publicamentee podem acabar por insistir quer em fazer
desta forma de conduzir um inquéritoé permitir aos leitores que não cortes substanciais, quer em retirar-se do projecto.
partilhama sua formação cultural com o inquirido ou com o inves
tigador desenvolver uma compreensão dos motivos e das

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tipo em praticamente todos os tema. Tire proveito da bibliografia disponível na biblioteca e, se
naqueles que dependem mais possível, da existente em bibliotecas próxilníls — de preferência
mas a relação íntima necessá- sem custos para si. Requisitar livros através de um sistema de
pode deixaro investigador (eo empréstimo interbibliotecário pode ser muito dispendioso — e
especialmente vulnerável. demorado.
narrativa apresentar várias dificulda-
para investigadores inexperientes,
com prazos muito apertados, não signi-
ser descartada quando procuramos a abordagem
Bibliog rafia
ao tema que escolhemos. Longe disso. Contudo,
com o planeamento de qualquer investigação, DELMAN, C., JENKINS, D.,e KEMMIS, S., 1977, «Re-thinking case study:
que se deve discutir amplamente o problema com um notes from thesecond Cambridge conference», in Cambridge Journal
t›rientador experiente antes de decidiro que fazer, e, se possível, of Education, 6, 139-150; também reproduzido como capítulo6 de J.
escolher um orientador que tenha experiência em inquéritos nar- Bell et a 1., 1984, Co nductirig Sma 11- Sca le Inv e stig atio tts in
rativos, ou pelo menos que tenha interesse pelo assunto. Educational Management, Londres, Paul Chapman.
ATKINsON, P.,e DEcAMONT, S., 1985, «A critique of ‘case study’ research
in education», in M. Shipman (ed.), Ed uca tion a 1 Resea rch:
Principles, Policies and Practices, Lewes, Falmer Press.
BASSEY, M., 1981, «Pedagogic research: on the relative merits of search
Que método escolher? for generalisation and study of single events», in Oxford Review of
Education, 7 (1), 73-93; também reproduzido como capítulo7 de
O facto de classificarmos um método como etnográfico, quali- J. Bell e/ at., 1984.
tativo, experimental, etc., não significa que, uma vez seleccionado BOGDAN, R. C., e B IKLEN, S. K., 19 82, Q u a litative R e se a rch for
um tipo de abordagem, o investigador não possa afastar-se dos Education: An Introduction to Theory and Methods, Boston, Allyn&
métodos normalmente associadosa esse estilo. Contudo, compre- Bacon.
ender as principais vantagense desvantagens de cada abordagem y Method inPsycholog y and Re lated
BROMLEY, D. B., 1986, The Case Stud
pode ajudar na selecção da metodologia mais apropriadaa um Disciplines, Chichester, John Wiley.
trabalho em mãos. Este capítulo abrange apenas os princípios CARR, W. e MMMIS, S., 1986, Becoming Critical: Education, Knowledge
and Action Research, Lewes, Falmer Press.
básicos associados aos diferentes estilos ou abordagens de pes-
CASEY, K. (1993 «The new narrative research in education», in Review
quisa —pelo menos até
o assuntoa investigare a informação que Education, 21, 211-253.
of Research
se pretende obter estarem escolhidos.
COHEN, L.,e MaNlON, L., 1994, «Case studies», capítulo 5, in Research
No final do capítulo apresenta-se uma lista bibliográfica. Ten- Methods in Education, 4. ed., Londres, Routledge.
tei indicar, na medida do possível, livrose publicações periódicas DENSCOMBE, M., 1998, The Good Research Guide, Buckingham, Open
que deverão estar disponíveis em bibliotecas universitárias. No University Press. O capítulo 2, pp. 30-40, oferece uma explicação
entanto, convém sempre consultaro catálogo da biblioteca. Se clara das vantagense limitações do estudo de caso.O capítulo3 fala
puder usufruir de equipamento informático,o bibliotecário facul- de experiências,o capítulo4 de investigação-acçãoe o capítulo5 de
tar-lhe-á as informações necessárias para trabalhar com esse sis- etnografia.

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ELLIOTT, J., 1991, Actic›n Research for Educacional Change, Milton
Keynes, Open University Press.
H MMERSLEY, M ., 1990, Cfassroom Ethnog ray
h y: Empi ri
c ul u nd
Methodological Essays, Buckingham, Open University Press.
HAMMERSLEY, M., e ATKINSON, P., 1983, Ethnogruph y: Principles in
Practice, Londres, Tavistock.
HART, E.,e Bom, M.,1995, Action Research for Health and Social Care,
Buckingham, Open University Press.
MARSH, C., 1982, The Survey Method: The Contribution of Surveys to
Sociological Explanation, Londres, Allen & Unwin.
McNirF, I., 1988, Action Research. Principles and Practice, Basingstoke,
Macmillan Education. 2
MOSER, C. A.,e ToN, G., 1971, Survey Methods in Social Investiga -
tion, â ed., Londres, Heinemann. Planeara investigação
NISBET, J.,e W rr, J., 1980, Case Study, Rediguide 26, Universidade de
Nottingham, School of Education; também reproduzido como capí-
tulo5 de J. Bell et al., 1984.
THODY, ., Com Dowws, P.,HEWLETT, M. e TovLINSON, H., 1997, «Lies,
damned lies — and storytelling: an exploration of the contribution of Seleccionar um tópico
principals‘ anecdotes to research, teaching and learning about the
management of schools and colleges», in Educacional Xlanagement Seo tema da sua pesquisa lhe tiver sido atribuído,a decisão já
and Administration, 25, 3, Julho. terá sido tomada por si; na maioria dos casos, porém, terá de
NILSON, N. J., 1979, «The ethnographic style of research», lu bloco 1 escolher um tópico de uma lista ou mesmo dedecidir sozinho qual
(«Variety in social science research»), partei («Styles of research»), o temaa investigar.É possível que tenha uma ideia ou que haja
do curso DE 304 da Open University, Research Methods inEducation uma área que lhe interesse particularmentee que queira explorar.
and theSocial Sciences, Milton Keynes, Open University Educational Possivelmente, dispõe até de várias ideias, todas elas igualmente
Enterprises; também reproduzido como capítulo2 de J. Bell et al., interessantes. Se assim for, comece por anotá-las num papel: es-
1984.
tudantes adultos do ensino superior; avaliação; stresse sentido
WINTER, R., 1987, Action Research and the Natttre of Social Inquiry:
pelos directores; algo que tenhaa ver com a aprendizagem no
Professional Innovation and Educational Work, Aldershot, Avebury.
local de trabalho. Todos estes aspectos constituem bons tópicos,
mas antes de tomar uma decisão há algum trabalhoa fazer. Não
terá tempo para fazer leituras aprofundadas sobre cada tópico,
mas convém consultaro catálogo da biblioteca para vero que já
foi escrito sobre cada um. Procure na biblioteca dissertaçííes e
artigos já elaborados sobre assuntos semelhantese fale com colc-
gas de trabalho ou de estudo. Discutir problemase temas possí-
veis com colegasé uma etapa essencial de qualquer plano de
trabalho. As opiniões deles podem serdiferentes das suas, ou até

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mesmo colidir corn elas,e sugerir, talvez, linhas alternatives de ticüites, privando-a da oportunidade de explorar alternativas po-
investigação. Podem conhecer aspectos delicados de certos temas lcncialmente mais eficazes» (Eggleston, 1979, 5).
que levantem problemas em determinada altura do trabalho ou ter É claro que a necessidade de explorar alternativas potencial-
conhecimento de publicações recentes que não estejam contem- mente mais eficazesà presente oferta educacional existirá sempre.
pladas no catálogo da biblioteca. Se espera levara caboa sua l°i ovavelmente, após 100 horas de estudo não se encontrará em
pesquisa na instituição a que pertence, está aí outra excelente c‹indições de fazer recomendações no sentido de uma mudança
razão para discutir tenias possíveis com colegas, dado que, muito l'tlndamental no sistema educacional. No entanto, qualquer que
provavelmente, lhes pedirá ajudae colaboração:é essencial fazer scjaa dimensão ouo alcance do trabalho, procederá sempreà
uma consulta pré›’ia para evitar dificuldades posteriores. timbilisee avaliação da informação recolhida, podendo encontrar-
A selecção de um assuntoé mais difícil do que pareceă pri- -se assim em condições de sugerir uma linha de acção que con-
meira vista. Se dispuser de pouco tempo, háa tentação de escolher ilviza na práticaa alterações de atitudes correntes ou a melhorias.
um tema antes de realizaro trabalho preliminar. Tente resistira Discuta com o seu orientador possíveis resultados práticose
essa tentação. Prepare as bases do trabalhoe poupará tempo mais tlccida em que direcção prosseguiro seu trabalho. As suas aplica-
tarde. As discussõese pesquisas que levara cabo ajudá-lo-ãoa çčìes práticas potenciais são importantes ou deveráo estudo ter
seleccionar um tópico de interesse, que mereçao seu esforço, para utltros objectivos? Uma vez decididoo tema do seu trabalho, há
cujo conhecimento possa dar um born contributo e que tenha ti* deterininara sua orientaçño. Tera de decidir exactamente que
posteriormente uma aplicação prática. iispectos do seu tema set ao investigadose de considerar as ques-
Muitos investigadores cm educação salientamo quantoé de- lñcs que gostaria de levantar.
sejável considerar os frutos pr áticos dc uina investigaç ão.
Langeveldé da opinião de que

o.s estudos em educação [...] constituern uina ‹ciência prática», na l'rimeiras ideiase definișuo du problemătica
medida em que não quereiros apenas conhecer factose compreender ‹Ie estudo
as relaçöes em nome do saber, mas tainbéin pretendemos conhecere
compreender com o objectivo de sermos capazes de agire de agir Num projecto pequeno năoé possível fazer tudo. Por isso, há
«melhor» que anteriormente. qt1e estabelecer prioridades. Se decidir que será interessante in-
LANGEVELD, 1965, 4 vestigar os obstáculos à aprendizagem por parte de estudantes
tiiiiversitários adultos, por exemplo, faça uma lista das primeiras
perguntas que lhe ocorrerem. Nesta etapa do trabalho,a ordeme
Isto não retira importància ăs pesquisas em educação que não ti estilo das perguntas não são importantes.O seu objectivo con-
tenham um resultado prático imediato. Eggleston recorda,a pro- srste em anotar todas as perguntas possíveis, por vagas que sejam.
pósito,a importància dos objectivosa longo prazoe a necessidade llcdefini-lase ordená-las ficará para mais tarde.
de ver para além das actuais práticas educacionais. Restringira Eis algumas linhas de orientação:
pesquisa educacional às práticas correntes em educação submetê- 1. Que significa «adulto» no contexto da sua investigação?
-la-ia, na opinião deste autor, «ă acusação de ter como única fun- 2. Há alguma relação entre curso/faculdadee desempenho
çãoo aumento da eficácia do sistema existente perante os critérios escolar?

36 37
3 Existem diferenças entreo desempenho dos estudantes -lo-áa eliminar aspectos irrelevantes e fará que a sua atenção
adultose o dos que começama estudar logoa seguirá incida sobre os aspectos importantes do tema.
escola secundária?
4. Os estudantes mais velhos que começam um curso univer-
sitário sem terem realizado os exames de ingresso no en- Hipóteses ou objectivos?
sino superior têm melhores ou piores resultados que os
que os realizaram? Muitos projectos de pesquisa começam como estabelecimento
5. Quais os obstáculosã aprendizagem referidos pelos pró- de uma hipótese, que é definida por Vermae Beard como
prios estudantes mais velhos?
Quais os obstáculos ã aprendizagem identificados pelos uma proposição hipotética que será sujeitaa verificação ao longo da
6.
investigação subsequente. Pode também servista como um guia parao
professores/tutores? São os mesmos?
investigador, na medida em que representae descreveo métodoa ser
7 Na opinião dos estudantes adultos,o que poderia estimulá- seguido no estudo do problema. Em muitos casos, as hipóteses são
-los ou ajudá-losa ultrapassar os obstáculosà aprendizagem? palpites do ins‘estigador sobrea existência de relações entre variáveis.
8. Há diferenças entre os obstáculosà aprendizagem senti-
dos pelos estudantes adultose os apontados pelos estu- VEJAe BEARD, 1981, 184

dantes mais novos? Se sim, quais?


9. Que estilos são, segundo os estudantes mais velhos, par- Esta definiçãoé levada mais longe por Medawar, que afirma:
ticularmente úteis (ou não)?
10. Se os estudantes mais velhos tivessema oportunidade de Qualquer avanço no conhecimento científico, a todos os níveis,
planear um sistema de iniciaçãoe de apoio, como seria este? começa por seruma aventura especulativa, uma concepção prévia
imaginativa do que pode ser verdade — uma concepção prévia que
vai sempree necessariamente um pouco (por vezes muito) além
daquilo em que temos autoridade lógica ou factual para acreditarmos.
Chegadoa este ponto, já deverá ter-se apercebido da necessi-
É a invenção de um mundo possível, ou de uma pequeníssima fracção
dade de redefinir algumas questões. Perguntea si mesmoo que desse mundo.A conjecturaé depois expostaã crítica para se desco-
pretende dizer com cada uma delas. Tem a certeza de que o vo- brir se esse mundo imaginadoé ou não de algum modo semelhante
cabulário utilizado significa para os estudantes e os professores ao verdadeiro. O raciocínio científicoé por isso,a todos os níveis,
exactamenteo mesmo quepara si? Talvez descubra que algumas uma interacção entre dois episódios do pensamento — um diálogo
questões podem sersubdivididas em várias rubricas mais peque- entre duas vozes, uma iinaginativae outra crítica; um diálogo, se qui-
nas. À medida que for sujeitando cada pergunta a um exame sermos, entreo possívele o real, entre propostae ordem, conjectura
rigoroso, começaráa distinguir claramente quais os objectivos do e crítica, entreo que pode sere o queé de facto verdadeiro.
seu estudoe a estabelecero seu centro de interesse. MEDAWAR, 1972, 22
Cada etapa consiste num processo de definiçãoe clarificação,
no final do qual acabará por ter urna lista de perguntas, tarefas ou
objectivosa questionar, realizare examinar. Decida exactamente As hipóteses fazem, portanto, afirmações sobre relações enli't'
aquilo que pretende descobrire porquê. Questionar-se sobre as variáveis e oferecem ao investigador uma linha de orientiiçiu›
razoes por que necessita de obter determinadas informações ajudá- quantoá forma comoo palpite original poderá ser testado›. S‹’

38
considerarmosa hipótese, porquea nossa conjectura assimo su- Quando se der por satisfeito, procure perceber se os indivíduos
quere, de que a idade (uma vari ável) influencia os resultados esco- que pretende investigar iráo colaborare se ter‹a tempo para reco-
lares (outra variável), poderemos tentar descobrir se, na realidade, lhere analisar as informaçóes. Este facto pode eliminar algumas
tal se verifica — pelo menos entre os indivíduos da nossa amostra. questõese corrigir outras.É possível que as discussões com co-
Na maioria dos estudos experimentaise em alguns inquéritos legas lhe sugiram aspectos importantesa considerar que ainda não
é postulada uma hipótese, sendo a investigação estruturada de lhe tenham ocorrido. Pense num título parao trabalhoe num ou
modoa permitir testá-la. Alguns estudos qualitativos começam dois objecti› os — talvezo que se segue lhe dê algumas ideias.
sem especificarem uma hipótese ou os objectivos. Os investigado-
res tém uma ideia daquilo que estãoa fazer, mas não estabelece-
Título do trabalho: obstáculosà aprendizagem
ram previamente um procedimento pormenorizado.É maiso tra-
balho em si que estruturaa investigação,e nãoo contrário (Bogdan A versão final do título deverá informaro leitor acerca do tema
e Biklen, 1982, 38-44). de estudo. Só lhe será possível, por isso, definir um título final
Há alguns perigos nesta forma de trabalhar, pois mesmo os |aarao seu trabalho quando tiver especificadoa orientação da sua
investigadores experientes acabam por vezes por obter uma tão pesquisa. «Obstáculos ã aprendizagem» servirá por agora; mais
grande quantidade de informação que ficam sem a mais pequena lítrde, um subtítulo clarificará, sem dúvida,a natureza do tema.
ideia do que fazer com ela. Recolher tudoo que é possível na
esperança de que surja um modelo nãoé recomendável.
Objectivos
Os projectos de pequena escala do tipo discutido neste livro não
exigem testes estatísticos das hipóteses, frequentemente requeridos 1. Investigar obstáculosã aprendizagem sentidos pelos estu-
para estudos sobre amostras de grande escala.A não ser que o seu dantes adultos da Universidade de Bramhope, caso estes
orientadoro aconselhe de outra forma,o estabelecimento preciso existam.
dos objectivosé geralmente suficiente. O importante não é haver 2. Se assim for, considerar que medidas podem sertomadas
uma hipótese, mas sim, por um lado, debruçar-se cuidadosamente com o intuito de eliminar ou minoraro impacto de tais
sobreo que vale ou não a pena investigar e, por outro, ponderara obstáculos.
forma comoa investigação irá ser conduzida.É possível fazer mo-
dificações menores dos objectivos do trabalhoã medida que este vai
Questões para as quais serão necessárias respostas
prosseguindo,o que não evita, contudo,a necessidade de identificar
exactamente desdeo inícioo que pretende fazer. Até atingir esta fase 1. Que instituições Jevem ser incluídas nesta investigaçâo?
não é possível considerar uma metodologia adequada. É preciso perguntar ao orientador como proceder para
obter as devidas autorizações. Será suficiente uma institui-
ção? Se não, quantas?
Esquema de trabalho 2. O que entenJem as instituiçôes por «estudantes’ adultos»?
Mais de 21/25 anos? Qualquer outra definição?O que
Antes de se prontificara submetero plano de trabalhoà apre- entendo em por «estudante adulto»?
ciação do seu orientador, voltea ler as primeiras ideiase reflicta 3. Existe alguma relação entre cttrso7factiltladee de.sempenho
sobre se precisa ou não de eliminar ou redefinir algumas delas. escolar?

40 41
Calendarízação
Descubra se as instituições já investigaram esta relação.
Verifiqueo material bibliográfico existente na biblioteca. Nunca há tempo suficiente para fazer todoo trabalho que
Nesta etapa não há tempo para ler muito, mas será útil saber parece fundamental na execução de uma pesquisa completa. Con-
se já há estudos realizados neste campo. Seránecessário inves- tudo, se tiver um prazo de entrega,o trabalho tem de ser realizado
tigdf OS resultados nos estudos dos estudantes maisv elhos
institui- dentro desse prazo. É pouco provável que consiga seguir um
nos últimOS 3(?)/5(?) anos.É possível fazé-lo, se as horário rígido, mas tem de estabelecer um plano de trabalho para
çõesconcordarem, apesar de isso ser demorado.E quanto ir verificando regularmente os avanços e, se necessário, passar de
ao rendimento nos exames ou trabalhos do primeiro e se- uma etapa do trabalho para outra.
gundo anos? Pode clarificar alguns aspectosrelacionados Se tiver de realizar mais de um trabalho num ano, será parti-
com os obstáculos. Talvez aqueles que tenham desistido no
cularmente importante que faça uma lista ou um mapa que lhe
primeiro ano tenham achado alguns obstáculos intranspo-
indiquea altura em que todaa informação deve estar totalmente
níveis.É preciso tecer mais algumas considerações. Poderá
recolhida, em que deve efectuara análisee em que deve iniciara
sernecessária alguma orientação sobrea análise. redacção do trabalho. Um atraso num projecto influenciará a
identificados pelos
4. Que obstáculos à aprendizagem são calendarização do segundoe do terceiro. Emboraa escolha entre
próprios est udantes mais velhos?
uma listae um mapa possa ser irrelevante,o mesmo não severi-
pergunta terá de ser feita aos estudantes. Será neces-
fica com o planeamento da progressão do trabalho.
sária alguma definição de «obstáculos», ou será que, ao Uma das razões mais frequentes dos atrasosé as leituras demo-
defini-los, só obterei respostas ao que eu entendo por obs- rarem mais que o previsto. Os livros e os artigos têm de ser
táculos? Um questionário, seguido de entrevistas a uma previamente localizadose a tentação de ler só mais um livroé
amostra, poderá sera melhor forma de recolhera informa- sempre forte. Numa determinada fase tem de tomara decisão de
conceber, gerir
ção básica. Será necessário considerar como não ler mais, por inadequada que tenha sidoa pesquisa do tema.
e analisar um questionário. Talvez os estudantes
de «idade
Obrigar-sea si mesmoa avançaré uma disciplina que tem de ser
normal»encontrem o mesmo tipo de obstáculos, seé que
aprendida. Mantenha-se em contacto com o seu orientador, infor-
encontram alguns. Significará então que terei de mandaro mando-o dos avanços que vai fazendo.
mesmo questionário a uma amostra de estudantes de idade Se algo correr mal e se encontrar bloqueado numa etapa,
normal? ISSO iiTipliCará muitO trabalho. É preciso reflectir poderá haver muitas outras maneiras de ultrapassaro obstáculo.
sobreo assUilto. Estarão as instituições dispostasa revelar Fale sobreo problema. Peça ajudae conselho antes de o atraso
vavelmente não.
os nomese asmoradas dos estudantes? Pro se prolongar demasiado, de modo queainda possa corrigiro plano
mais difícil
Se não, como poderei contactá-los? Poderá ser de trabalho original, o qual serve apenas como orientação. Se
do queá primeira vista parece. posteriormente houver indicações de que será preferível fazer
perguntas diferentes e até mesmo ter um objectivo diferente,
proceda às devidas alterações enquanto ainda tiver tempo. Como
Este exame sistemático das questões constitui um passo essen- tem de concluiro trabalho atéà data especificada pela institui-
procure escapar-lhe. Mais
cial neste processo de planeamento. NáO ção,o seu orientadore examinador externo compreenderão esse
além de lhegarantir que o que
tarde poupar—lhe-á mtlitO tfíibalho, facto.
incluir no seu esquema de trabalho será, em princípio,praticável.
43
42
O trabalho do orientador Phillipse Pugh (1987, 100-116) falam de uma grande v ric-
dade de expectativas da parte dos estudantese de orientador.<SC
Em tempos alguém me c ontou que um estudante de
‹le alguns tipos de trabalho que contribuem de forma positivo *°
doutoramento deixou muito claro que não precisava de orientador
negativa para os resultados dos estudantes, tal como eu fiznJ>^
e que não tinhaa menor intenção de comparecer ás reuniões com
investigação aos obstáculos à obtenção de graus académicoN de
o seu. Foi avisado de que isso era muito insensatoe de que as suas
pós-graduação (Bell, 1996). A maioria dos estudantes inquiri dOS
possibilidades de ser bem sucedido eram poucas. No entanto, ele
tinha excelentes relações com os orientadores. Os seus come HIV-
insistiue acabou por entregar um trabalho de grande profundidade
rios incluíain avaliações como «muito útil», «ensinou-meo que
e de uma qualidade notável.O seu júri não tevea menor hesitação
c¡ueria dizer ‘investigar’ », «não teria conseguido fazê-lo set â
em aprová-lo. Contudo, ha um problema com a sua forma de
ítjuda dela», «fez-me acreditar que era capaz, ajudou-me nos paus
abordagem, por exemplo, que poucas pessoas podem aspirara ser
locados, leu as minhas primeiras versões com muita atenção, foi
igualmente persistentes e brilhantes. Quase todas as outras pes-
l‘i anco acerca do que eu tinha escritoe do que eu tinha de faz•.**"
soas precisam de um orientador em quem confiem, com quem
No entanto, quando as coisas cori'eram ma1, correrem muito lTlilÍ
possam partilhar as suas ideias, que esteja na disposição de as
c os comentários dos estudantes incluíain coisas como «nu nca
ajudare de ler os seus rascunhose primeiras versões,c isto ‹iplica-
ctinseguia ap*inhã-lo», «nunca me ligav‹i cjriaiido eu deixav‹ii TCU-
-se tanto aos qtie estaoa trabalhar num projecto de 100 honis
tlos», «fazia-nte sentir incapaz», «não parecia ter lidoo meu tra-
corno aos que fazem um trabalho para uma cadeira da 1icenciattii‘a
halho», «pai ecia achar que nào tinha qualquer respons:ibili‹i ade
ou para uma pós-graduação.
ele me aconsell4ar em relaç'aoà minha abordagem», «rifar› esr ^*^
cli spostoa receber-mc senão uma vez por períodoe nrmcr pq¡ de
As relações entreo orientadore o estudante 2(1 minutos», «chegava sen•l•*e atrasado, tuas acabava sempre a
horas,e cu tinha de fazer mais de 100 quilómetros prii'a ira e SCS
J5 tenho ouvido muitos estudantes queixarem-se de que estão encontros de 10 minutos», «entrou em licença sabàtica,nr›y me
a ter dificuldades com os orientadores — e em muitos casos sào itViSoue não pediua ninguém queo substituísse num pontocrucial
capazes de ter razão, embora nem sempre. Os orientadores são tlo meu trabalhoe em que eu precisava especialmente de ajuN*l"
humanos:a maior parte tem de dar aulas, de supervisionaro tra- Alguns supervisores defendem-se vigorosamente. Os telefo one-
balho de outros estudantese ainda de le ara cabo os seus pró- nas regulares dos estudantes às 23 horas ou mais tarde, apesar
prios trabalhos de investigação. Geralmenteo tempo nãoé muito rl‹›s seus pedidos insistentes em sentido contrário, levaram UlTl
e alguns dos meus amigos que dedicam muito tempoà orientação or ientadora recusaro seu número de telefone ao grupo deeJtu-
de trabalhos acadêmicos têm-me dito que dou a impressão de que tÍílfltes que se seguiu. Também ouvi queixas em relaçãoa estudo.an-
eles deviam estar disponíveis a qualquer hora para receber os lee que não compareciam a encontros marcados, a outros que
estudantes que queiram discutir algum aspecto do seu trabalho, solicitavam que os seus trabalhos fossem lidos parao dia segui: nte
independentemente da hora, do tempo que isso demoree da c ‹i muitos que achavam que os orientadores deviam estar sem pre
frequência desses encontros. No entanto, as coisas não são assim. n‹›s seus gabinetesà disposição dos estudantes caso estes pr Ci‘
Tem de se encontrar uma forma razoável de equilíbrio, embora eu flílssem de um conselho.
eompreenda queo problema está precisamente no que significa Não levanto estes assuntos para fazer acusações num ou np°U‘
«razoável» para cada um dos lados. Iro sentido, mas para discutir formas de evitar conflitos e, apeW*'"

44 45
nos casos em que a razão não prevalecer, para considerar formas Depois de seguir todos os procedimentos sem qualquer resultado,
de revolver situaçôes difíceis. decidiu entrar em acção. Certo diaă hora de almoço chegouă
porta da sala de estar dos estudantes de pós-graduaçñoe gritou:
«Há aqui alguém que estejaa fazer investigação histórica?» Le-
Códigos paraa orientaçño de trabalhos académicos Vantaram-se várias mãose elaperguntoua cada um dos estudan-
Todas as universidades têm, ou deviam ter, um código paraa teso que pensava dos orientadorese quais eram as suas especia-
orientação de trabalhos académicos. No entanto, uma coisaé ter um lidades. Em desespero, solicitou uma reunião com um orientador
códigoe outra assegurar que todas as pessoas envolvidas no processo üonsiderado pelos seus estudantes «amigável, prestável, conhece-
o seguem. Se possível deve consultaro código da sua universidade dor do assunto, embora duro», que, embora com alguma relutân-
para saber quais os direitose asresponsabilidades do seu supervi- cia, acabou por aceitar orientá-la. Deram-se bem e, três anos mais
sore seus. Algumas universidades dão uma cópiaa cada estudante; tarde, ela acabou por defendera sua tese de doutoramento.O seu
outras não. O código do University of Manchester Institute of conselhoa outros estudantes em situações semelhantes foi:
Science and Technology (UMIST), que segueo que se tornou
Se as suas preocupações forem justificadas, discuta-as e tente
actualmente uma norma bastante comum, fazquestão de dizer que
resolvê-las informalmente. Se essa aproximação falhar, siga os canais
É importante que estudantese supervisores esclareçam, em cada oficiais. No meu caso, nenhuma destas abordagens conseguiu os re-
ponto do trabalho, aquilo que se espera da supervisão, para minimizar sultados que eu desejava, de maneira que decidi tomar as coisas nas
o risco de mal-entendidos, de conflitos de personalidades, de uma minhas próprias mãos. Não me agradou fazero que fiz, mas com o
orientação inconveniente ou de um trabalho insatisfatório, uma primeiro orientador nunca teria acabadoa tese. Ele fazia-me pensar
vez
que a relação varia de acordo com as pessoas nela envolvidas. que não estavaă altura do trabalho de investigação.

UMIST, 1998, parágrafo2 (c)


Mas normalmente as coisas funcionam bem e os orientadores
preocupam-se tanto como os estudantes com os trabalhos destes,
Esperemos queo conselho seja seguido, já que as dificuldades mas, se as coisas correrem muito mal, exponhao seu caso de
potenciais podem serresolvidas numa fase inicial do trabalho. forma clarae justae não desista.
Mesmo assim, por vezes, as relações entreo supervisore o estu-
dante azedam e, se todos os esforços para as melhorar falham,a
única coisaa fazeré pedir uma mudança de orientador antes que Manter registos
a depressãoe os sentimentos de impotência se instalem.
Delamont et al. (1997, 22) dizem aos orientadores que
[...] manterem um registo escrito da experiência de orientação
A mudança de orientador mostra que têm elevadas expectativas em relaçãoa esse trabalho, que
Uma mudança satisfatória pode não sertãofácil como parece. esperam que ele se vá prolongar. Mantenha uma espécie de acta das
Uma cstudante-trabalhadora que não se dava bem COMP 0 decisões que tomaram em conjuntoe conserve sempre uma cópia nos
seus ficheiros. Istoé particularmente útil se entretanto adoecerem,
orientador pediu uma mudança ao seu departamento, que não pedirem uma licença sabática on tiverem de se afastar por alguma
conseguiu arranjar nenhum que estivesse disposto a aceitá-la. razãoe tiverem de passaro trabalhoa um orientador substituto.

46 47
Por mim acrescentaria que é igualmente importante para os ç"ao. As discussões começaram de forma bastante amigável, mas
estudantes manterem uma cópia para os seus próprios ficheiros. t}uando se levantoua questão da propriedade intelectual depressa
Delarnont er al. levantar uma questão que entretanto assumiu uzedaram. Os estudantes queriam que fosse aprovada uma norma
alguma importància numa época em que há cada vez mais proces- sobrea propriedade dos resultados da sua investigaçãoe do seu
sos judiciais: «Isto tem igualmente um valor inquestionável se de trabalho escrito. Um queimou-se de queo seu orientadoro enco-
repente se vir envolvido num processo ou noutro procedimento rajaraa enviar um artigoa uma revista académica, escrito com
legal. Vai igualmente ajudar os estudantes quando estes estiverem base no seu trabalho de investigação, mas insistira que o seu nome
a redigir a sua tese, já que as decisões-chave terão ficado (doinvestigador) viesse em primeiro lugar. Isto foi considerado
registadas, tanto nos seus ficheiros como nos dos orientadores» não ético por muitos estudantes, mesmo poraqueles que achavam
(p. 22). Por mim, não poderia ser mais favorável a esta ideia. ter sido bem orientados e tinham excelentes relações com os
Infelizmente, o número de disputas tem aumentadoe é conve- orientadores.
niente para ambos os lados conservar um registo daquilo que É habitual nos departamentos técnicos e científicos que os
aconteceu, de quantas reuniões houve, de quais os conselhos que nomes dos orientadores apareçam em artigos conjuntos, sendoa
foram dadose de quais foram seguidose quais não foram. Manter ordem por que os nomes aparecem decidida pelo orientador de
registos não é mais uma tentativa de criar um novo patamar de acordo com a norma corrente do departamento ou da universi-
obrigações burocráticas.É uma boa prática profissional. ‹lade. Quandoa investigação foi financiada por ministérios ou por
organizações comerciais, as universidades costumam assinar um
acordo acerca dos direitos de propriedade intelectual de que os
A experiência da investigação propriamente dita estudantes são, ou devem ser, informados no início do seu traba-
No seu melhor,a relação supervisor-estudante exige quea expe- lho. Nalguns casos, pode pedir-se aos estudantes que concedama
riência de investigação seja exigente, mas é também útil, agradável propriedade intelectual á universidade, para assegurar que qual-
e tem como resultado que o trabalho seja completado — a tempoe quer patente potencial ou outros direitos não são perdidos, de
horas. Tal como jásugeri, só os génios isolados com muito tempo maneira queé muito importante que todos percebamo que isto
livree uma biblioteca de primeira classeà sua disposição têm significa.
hipótese de ser bem sucedidos — e os génios não abundam.A Na educaçãoe nas ciências sociais,é pouco habitual que estas
maior parte das pessoas precisa de ajuda, de encorajamentoe de linhas de orientação sejam igualmente precisas, embora as univer-
um orientador competente. Tal como muitos investigadores prin- sidades estejam actualmente a começara trabalhar na quest'ao
cipiantese experientes têm afirmado, um bom supervisoré ouro complexa de quem possui exactamenteo quê. Aquilo que os es-
puro e, sem dúvida,o mais valioso de todos os recursos. tudantes escrevemé propriedade da universidade ou da organiza-
ção ou conselho de investigação que financiouo projecto? Será
propriedade exclusivamente do investigador ou será propriedade
conjunta do orientador e do investigador? Se for propriedade
A propriedade intelectual conjunta, qualo nome que vem primeiro em qualquer trabalho
publicado? A questão da posição dos nomes pode parecer trivial,
O ano passado estive numa reunião de estudantes de pós-gra- mas a sua importáncia para as organizações, as universidadese as
duação que discutiam as suas variadas experiências de investiga- pessoas individualmente não deve ser subestimada. As universi-

48 49
3
Negociação de acessose problemas
da pesquisa «interna»
Antes de iniciar as suas leituras
preliminares, estude os capítulos 3 e 4.

Nenhum investigador pode exigiro acessoa instituições, orga-


nizações ou materiais. Casoo acesso lhe seja concedido, ser-lhe-á
leito um favor, sendo necessário especificar exactamenteo que irei
pedir ás pessoas para fazer, de quanto tempo poderá dispore que
utilização será feita da informação fornecida. Os professores,
ttdministradores, paise responsáveis pelos documentos terão de
convencer-se da sua integridadee do valor da pesquisa antes de
decidirem se querem ou não cooperar.
A autorização para levara cabo uma investigação deve ser
pedida logo no início. Mal tenha um plano de trabalho autorizado
e depois de ter lidoo suficiente para estar convencido de queo
projecto é viável, é aconselhável que aborde formalmente, por
escrito, os indivíduose organizações que lhe interessarem, apre-
sentando os seus planos. Seja honesto. Se levara cabo uma inves-
tigação relacionada com um diploma ou grau universitário, diga
que e isso exactamente que estáa fazer. Se achar que o estudo

52 53
produzirá resultados ou informações úteis e/ou interessantes, refira quando há crianças envolvidas numa pesquisa — e muitas outras
esse facto — mas seja cuidadoso, não exagere nos méritos da sua coisas. Os orientadores devem estara par de quaisquer restrições
investigação. ou condicionalismos legaise assegurar-se de que o estudante foi
Algumas instituiçõese organizações insistem no facto de os informado de todos os procedimentos antes de começara recolha
pedidos de estudantes que pretendem levara cabo uma investiga- de dados parao trabalho. No entanto, tenha cuidado: se tiver
ção terem de ser autorizados por um funcionário superior. Na quaisquer dúvidas em relaçãoà integridade da sua proposta, asse-
maioria dos casos,o director da escola ou da entidade superior gure-se de que consulta os seus orientadores, discute com eles as
teráa autoridade de conceder ou recusaro acesso, mas o desim- suas preocupaçõese não procede como sehouvesse de algum dos
pedimento dos canais oficiais é apenaso primeiro passo deste lados razões para desconfiansas.
processo. Consiste numa etapa importante, mas também será ne- Harte Bond (1995, 198-201), escrevendo sobrea investiga-
cessário certificar-se de que as pessoas que tenham de despender ção-acçáo na área da saúdee da assistência social, oferecem exem-
realmente tempo para responder ãs suas perguntas ou completar plos de diferentes tipos de códigos ou de protocolos que exigem
os questionários estão mesmo dispostasa fazê-lo. Se realizar uma que os investigadores se assegurem de que os participantes estão
investigação na sua própria instituiçãoe conhecer bem os seus inteiramentea par da finalidade da investigaçãoe percebem quais
colegas,é possível que parta do pressuposto de que todaa gente são os seus direitos. Alguns foram concebidos para ser lidos no
está dispostaa ajudar. Não é muito razoável ter como certaa sua início das entrevistas, com a explicação de que a participaçãoé
colaboração, particularmente se algum deles tiver tido uma má voluntária, de que os participantes são livres de recusar responder
experiência com outros investigadores. a qualquer perguntae de que podem retirar-se da entrevista em
qualquer momento. A maior parte promete confidencialidadee
anonimato, mas, como veremos mais adiante neste capítulo, pode
sermais difícil cumprir estas promessas do queà primeira vista
Orientaçõese protocolos éticos parece. Há quem sugira que se devia pedir aos inquiridos que
assinassem uma cópia de um exemplar do protocolo antes de a
Actualmente muitas organizações fizeram grandes avanços no entrevista começar, como sinal de que percebeme concordam
sentido de formalizar procedimentos de investigaçãoe imprimi- com todas as condições. Contudo, Harte Bond defendem que, do
ram os seus protocolose linhas de orientação éticas. Todos os seu ponto de vista,
hospitaise muitos departamentos universitários que desenvolvem
projectos de investigação envolvendo seres humanos terão comis- [...] não basta queo inquirido se limitea ler [o protocolo]e depois
sões de ética com a responsabilidade de assegurar que quaisquer assine [...] O inquirido pode terrazões para se sentir ansioso em
relaçãoa assinaro que quer que seja, especialmente na fase inicial,
propostas de investigação estão de acordo com os princípiose as
quando ainda não conheceo entrevistador. Do nosso ponto de vista,
condições aprovados pela instituição. Nenhum trabalho de inves- seria melhor dar ao inquirido tempo para lere relero protocolo por
tigaçãoé autorizado sem o acordo da comissão de ética. Certas si mesmo, ao seupróprio ritmo,e para negociar quaisquer alterações
sociedadese corpos profissionais seguem as suas próprias orien- ou novas condições com o investigador. Também gostaríamos de
tações, que podem incluir questões comoa comunicação de um recomendar queo inquirido ficasse com uma cópia assinada.
tema que nãoé o verdadeiro objectivo da investigação, os limites
á privacidade,a confidencialidade,a segurança, os cuidadosa ter H nT e Bom, 1995, 199

54 55
quem pode serprejudi—
Todos estes conselhos são sensatos. Do meu ponto de vista, nunca os investigadores perguntem a si mesmos
prevenindo de que
se deve solicitar aos inquiridos que assinem qualquer protocolo sem cado pela sua investigaç@O.E Colltinuam,
que tenham previamente tido tempo para lere considerar as impli-
objecto de investigaÇá0 Sem
cações do que leram. Todos os investigadores devem tercomo prin- Onde quer ‹que as pessoas sejam
tererri pOSSibilidade de
cípioo «consentimento informado» (ver Cohene Manion, 1994, disso terem conhecimento, e portanto sem al preocupaçãO do
salvaguardar OS SgtyS ptÓptiçyS interesses, a princip mesmo seaplica
349-376), que exige uma preparação cuidadosa, de que fazem parte O
investigador deve serp roteger esses interesses.
a consultae uma explicação antes que se iniciea recolha de dados. o objecto de estudoa oferecer—se para
onde forem as pessoas que sã
Blaxter er al. (1996b, 146) sumariani da seguinte forma os finalidade deste. O
Cooperar com o investigador, embora alheias ã
princípios da ética da investigação: qualquer efeitosecundário dos SetlS
ideal seriao in›'estigador prever
procedimentos e procurar evitá-los.
A ética da investigação tem a ver com a clareza em relaçãoà natu-
reza do acordo feito com os inquiridose outros contactos.É por isso S APsFonD e EVANS, 1984, 270
que os contactos podem sertãoúteis. Uma investigação conduzida de
forma êtica envolveo consentimento informado das pessoas que vão ser
decidiu criaro seu própriO
entrevistadas, questionadas, observadas, ou ainda junto de quem vãoser Stephen tomou nota destes avisose
Condiçóes e as garantias
recolhidos materiais. Fazem parte do processo os acordos relativos ao código de conduta, que tomou claras as
paraassegurar a sua
uso dos dadose ã forma comoa suaanálise vai ser comunicadae dentro das quais sentia que devia trabalhar,
difundida. Uma vez alcançados, tem a ver com respeitá-los. escola. Entre Janeiroe
integridade,a dOS .seus colegase a da SUíl dos COITIII
re laciona
Setembro tinha de completar três projectos sity, que decidiu,
da OpenUniver
Nenhum contrato, protocolo ou código de conduta pode resol- diploma em Gestão daEducaçãO Na altura era
suaprópria escola.
se possível, completar dentro da
ver todos os problemas, mas Cohene Manion (1994, 381) consi- cundária e estava interessadO
professor de Inglés numa escola se
deram que «[...] um código de conduta ética torna os investigado- chefe dedepartamento (GhR-
em investigarO papel do seu próprio
res conscientes das suas obrigações perante aqueles que são mostrou interesse pelo
mado «director de Inglés»).O director
objecto do seu estudoe também dasáreas problemáticas onde há que Stephen se con-
projectoe apoiouo seu trabalho, de maneira
consenso em relação ao que é e não aceitável. Neste sentido, tem assunto e de que haYÍll
venceu de que valiaa penainvestigaro
um valor de esclarecimento». trabalho ser completado dentro dO
boas possibilidades de o seu
meses). A preparação fez-se de acordo
prazo de que dispunha (trés
COITI as seguintes linhas de orientaç ão:
Uma investigação cumpridora de preceitos éticos da escola para obter
1. Conversa informal com O director
autorização;
objectiVOS
2. Aper feiçoamento do tó]JiCO, estabelecimentO dos
um planO de trabalho;
A experiência de uiri investigador, Stephen Waters, oferece- do estudoe preparação de
eriormente com o director;
-nos uma concepção interessante de alguns dos problemas que 3. Conversa com o orientador e post
podem ocorrer-, mesmo durante um estudo bem preparado. Waters 4. justamentos menores do esquema de trabalhoe pondera-
seguiu o conselho de Sapslorde Evans (1984), que sugerem que ção dos métodos a utilizar;
57
com mais cuidado. A colt—
5. Entrega formal do plano de trabalho ao director da escola, Reconheç‹a que deveria terprocedido
õde ser plenamente realizada, dado que, coino Vinea
conjuntamente com os nomes dos colegas que pretendia dição3 náo p
descobrir mßlS tarde, embora pudesse ter sido feita uma
entrevistar e certas garantias e condiçóes sob as quais a tempo suficiente
apropriada dat afirmaçöes dos indivíduos, näo havia
investigação seria conduzida. integralmente .
A condição4 fOi
para os participantes leremo trabalho
revelaram -se i mpeditivos, de
realizada, mas o custos implicados
condição quando leveia cabO OS outros
modo quedecidi eliminar esta
As condiçõese garantias foram apresentadas da seguinte forma: ecididamente parao pe-
dois estudos. Esta experiência a1ertou-me d
rigo de ptometer de mais dernasiado cedo.
1. Será dadaa todos os participantesa oportunidade de per- Só quando se aproximoua altura de divulge
as conclusõesé que me
manecerem anónimos; abertasă interpretação,
apercebi das duas matérias que se encontravam
2. Todaa informação será tratada com o máximo de confiden- linha formulado as condições da pesquisa.
devido ao estilo em que
cialidade; ao prometer co nfidencialid ade (condiçño 2),
primeira eraa de que,
ão implicari•t.
3. Será dada aos entrevistadosa oportunidade de verificarem não expliqueí claramenteo que a publicação de informal vcrsão
para distribuir uma pr imeira
as afirmações logo que haja uma primeira versão do traba- Como nãohouve tempo Suficiente
ssibilid ad e de verificar se a minha interpre-
lho escrito; dotrabalho, não houve po
ualquer dos casos,
4. Os participantes receberão uma cópia do trabalho final; tação das afirmações dos participantes era justa. Em q
conselho directivo eraa únicap essoa que possuí‹i
comoo presidente do
5. A investigação será examinada pela Open University apenas minhas g arantias, os inquiridOS só podiam inter-
uma Cópia escrita das
para fins de avaliação, mas, caso surja mais tardea hipótese pretar as condições sob as quais tinhamconcOrdado
particip ara partir
da sua publicação, será pedida autorização aos participantes; retrospectiva, teria sidop referível
da minha explicação verbal. Em
6. A pesquisa tentará explorara administração educacional na do curso da i nvestiga çaO G UlTl
fomecer uma explicaçáo em duplicado
prática. Espera-se que o trabalho final seja benéfico paraa minhas intenções. Os professores S3O pCSSOílS
esquema escrito das
que esta-
escolae para os participantes. ocupadas, pelo que não foi razoável partir do princípio de
conversa que ocorrera a1guia
vam em condições de recordar uma te
for malmen solicitadOs.
tempo antes de os seus serviços terem sido
garantias, estavam
E como correuo trabalho? Eiso que Stephen Waters escreveu Assim, quer se lembrassem quer não das tniRhítS
da minha integrida de na ap resent‹içño dos
depois de o projecto estar concluído: totalmente dep endentes
uma forma equilibrada e obj ectiva.
seus pontos de vista de
i i gé n ua, até escrevero pr imeìro trabalho n‹ao
Acheí que eraessenciala apresentação formal das garantias. Como De uma forma S ț l
que desem-
náopossuía qualquer tipo de experiência em investigação, tive de me tinha apercebido de que identificar as pessoas pelo papel
o para um leitor externo,
garantir ao presidente do conselho directivo que o trabalho de campo penham podia ser uma garantia de anonimat
e a quem fazparte da
seria levado a cabo com integridade e convencê-lo de que podia mas não conferiao mesmo grau de obscuridad
meu erro em clarifica r estas questões não causou
confiar em mim.A adverténcia de Simons estava ainda fresca na escola. Felizmente,o
de maneira dìterente.
minha memória: que «por harmoniosas que as relaçoes na escola qualquer problema— mas tudo podia ter corrido
pareçam, por democrática que seja uina organizaçño,a confiança não
se cstabelece automaticamente entre profissionais. Tern de sercriada» com esta primeira experiência
(Simons, 1984, 127). Alèm disso, queria convencer todos os partici- Stephen Watersaprendeu bastante
Achou que cometeu alguns erros na primeira
pantes de que haveria, parafraseando Preedye Riches (1985, 4), de investigação.
ter sido capaz decumprir todas as
«alguma recompensa, caso colaborassem». tiva e sentiu-se ìnseguro por não

59
58
condiçõese garantias. Tinha preparado muito bem o terreno, mas que a experiência de entrevistar uma secção do pessoal docente me
não tinha avaliado bem o tempoe o trabalho necessários para infor- deu muito maior conhecimento das práticas administrativas da escola.
mer os colegas e produzir cópias de trabalhos. Ficou preocupado Na verdade,a investigação absorveu-me de tal forma que por vezes
CO1TIa falta de precisão na definição exacta do que entendia por senti dificuldade em conciliú-la com as obrigaçoes escolares. Da
anonimatoe confidencialidad ee certificou-se de que em investiga- descriçâo de Peeke parece deduzir-se que este problema nñoé invulgar
ções futuras esta situação serta clarificada. Difícil foi sabero que entre professores-investigadores. «Ser um investigador bem sucedido
fazer em relação ao conflito de papéis. Waters eraprofessora tempo pode envolver um menor empenho na tarefa de professor;é irónico
inteiroe investigado r em part-time — uma combinação não invul- que uma preocupação pela qualidade da educação leve um professor
a envolver-se numa pesquisa, que pode prejudicar, por seu turno,o
gar —, tendo sentido em determinada altura dificuldades em conci-
próprio trabalho do professor na sala de aula» (Peeke, 1984, 24).
liar ambas as ocupações. Havia certas vantagens em levara cabo
Estou certo de que, mesmo sem um conhecimento posterior desta
uma investigação «intema». Por exemplo, possuía um conhecimento situação, pouco haviaa fazer para resolver este dilema. Posso dizer
muito próximo do contexto da pesquisae da micropolítica da insti- honestamente que a pesquisa me permitiu um melhor entendimento
tuição; não era preciso deslocar-see os indivíduos eram facilmente dos problemas com que se confrontam aqueles que são responsáveis
contactáveis. Sabia como abordar da melhor maneira os indivíduos pela condução de uma escola; fez-me pensar bastante sobre questões
e conseguia avaliar algumas das suas dificuldades. Descobriu que os educacionais. Se a minha investigação não tivesse sido relevante em
colegas acolhiam bem a oportunidade de falarem sobre alguns pro- termos práticos, teria ficado preocupado quanto ao aleance do meu
blemase dea sua situação ser analisada por alguém que compreen- empenho. Assim, várias recomendações sugeridas pelo meu primeiro
dia as realidades práticas diárias das suas tarefas. Por um lado, aper- trabalho foram tomadas em consideração pela escola;o meu terceiro
cebeu-se de como entrevistar alguns colegas pode ser uma trabalho sobreo papel do corpo directivo nos programas escolares foi
experiência desconfortável para ambas aspartes. Como investigador incluído na agenda da direcção na Primaverae muitos colegas têm
«interno», de pressa se apercebeu de queé necessário acarretar com elogiado o conteúdo de estudos de casos em geral. Se tivesse de
encorajar futuros investigadores internosa adoptarem uma estratégia,
as consequências dos erros cometidos depois de realizadaa investi-
escolheria uma que relacionasse o trabalho de investigação com as
gação.O contacto imediato com a instituiçãoe os colegas tornou preocupações pragmáticas da instituiçãoa que pertencem. Como Vyas
difícil conseguir uma abordagem objectiva e, na opinião de Waters, (1979) sugere, talvez seja estaa forma de ultrapassar a dicotomia
o facto de ter obtido informaçõesconfidenciais poderia ter afectado entre investigaçãoe práticae de persuadir os colegas de que partici-
a sua relação com os colegas. Neste CílSO não foi isso que aconteceu, par numa pesquisaé tão benéfico para eles como parao investigador.
mas era fácil prever situações em que tal poderia ter surgido.
Terminadoo curso com êxito, perguntaram-lhe se tudo valera
a penae se tinha comentáriosa fazer, eventualmente iiteisa outras Relacionar ou não a sua investigação com interesses pragmá-
pessoas que pretendessem realizar um projecto de pesquisa pela ticos da instituição depende da natureza da sua tarefae dos seus
primeira vez. Stephen Waters escreveuo seguinte: interesses particulares. Contudo, quer seja um investigador in-
terno ou externo, quer trabalhea tempo inteiro ou não, quer tenha
Talvez tenha ficadoa ideia de que a minha pesquisa estava de tal experiência ou não,é preciso proceder com cuidado na consulta
forma minada de dificuldades que se tornara contraproducentc. Se e estabelecimento de linhas de orientaçãoe não fazer promessas
ilssim foi, tal aconteceu por querer encorajar futuros investigadores que não possam sercumpridas.O born sensoe a cortesia ajudain
internosa serem cuidadosos e a estarem preparados para possíveis a agir correctamente. Lembre-se de quea investigação geralmente
engodos. Na realidade, gostei iinenso de fazer esta pesquisae achei
demora mais do que imaginou. Por isso, quando começaro pro-

60 61
de negociação de acessos, faça uma revisão da lista que se
segue para se certificar de que se lembrou de tudoe tente assegu-
rar-se fie que nao se propõe fazer mais do que pode.

a disponibilizara mesma quantidade de tempoe trabalho que agora pede


para si? Se assim não for, talvez estejaa pedir de mais dos ’outros.
Bibliografia
BERGER, R. M., e PATCHNER, M. A., 1994, «Research ethics», in Bennett,
N.,Glatter, R., e Levacic, R., Improving Edticational Managcment
thro•8* esearch and Consultancy, pp. 93-98, Londres, Paul Chap-
man.
B LAXTER, L., HUGHES, C.,e TicHT, M., et i., 1996, How to Research,
Buckingham, Open University Press. As páginas 145-149 tratam de
questões éticas.
OHEx, L.,e MANiON, L., 1994, «The ethics of educational and social
research», cap. 16, pp. 347-384, in Research Methods in Education,
Londres, Routledge.
HART, E.,e BoND, M., 1995, Action Research for Health
und Social
4
Care.-A Guide to Pratictioners, Buckingham, Open University Press.
As páginas 198-201 oferecem exemplos deprotocolos éticos.
K , T., 1993, SocialResearch. Issues, Method.e and Process,
Registo de informações, apontamentos
Bucking-
ham, Open University Press. As páginas 41 -48 tratam de
éticas na investigação de carácter social.
questões e bibliotecas

Antes de continuara planearo seu trabalhoé importante que


verifique se está familiarizado, enquanto investigador, com os dife-
rentes métodos de organizar ficheirose de tomar apontamentos.
Muitos profissionais experientes reagem desdenhosamenteá ideia de
que seria conveniente reverem algumas regras sobre as melhores
formas de manter ficheirose de tomar apontamentos. Contudo,a
experiência mostra que, por sofisticados que sejamos como estudan-
tes ou investigadores, todos precisamos de ser recordados da impor-
tância de manter ficheiros sistemáticos. As competências implicadas
nesse trabalho são as ferramentas do ofício de investigador.
Em primeiro lugar, reunir as informações de que necessitamos
pode por si ser bastante difícil. Voltara encontrá-las algum tempo
depois pode serainda mais difícil,a não ser que os nossos méto-
dos de registoe de organização sejam coerentese sistemáticos.
Todos estamos convencidos de que nos vamos recordar, mas, ao
fim de várias semanas de leitura, análisee selecçãoa memória
começaa fraquejar. Ao fim de vários meses podemos recordar-
64
65
-nos vagamente de ter lido qualquer coisa acerca do assunto que referências on porque inexplicavelmente se esqueceram de anotar
nos interessa, mas quandoe o què já nos escapa completamente. o nome da revista, do autor do artigo ou a sua data.
Ao finn de um período longo,a possibilidade de nos lembrarmos Por mim, continuoa usar fichas de cartão. Para coineçar, não
é bastante remota. Assim, tudoo queé lido tern de ser anotado, tenho computador portńtil, e, por outro lado, por portăteis que sejam,
e quanto mais cedo se iniciar um sistema qualquer de registo não deixam de serpesadose difíceis de transportar. Os cartões não
sistemático melhor. pesam praticamente nada, não custam praticamente nada, adaptam-
Tomar nota de qualquer coisa que acabe por se verificar não -se perfeitamentea qualquer caixa de sapatos e, desde que tenhamos
ter qualquer utilidade ou interesse pode parecer completamente sempre meia dúzia no bolso, permitem-nos tomar nota de todas as
inútil, mas deve haver alguma razão parao nos so interesse. O referèncias de um livro ou de um artigo onde quer que estejamos.
título pode ter-nos parecido interessante, ou então lemos outras Por outro lado, faço cópias de todoo meu material. Por feitio, sou
obras do mesmo autor que nos impressionaram. Isto pode explicar daquelas pessoas que pensam sempre «e se...?»E se eu perder todas
que muito tempo mais tardeo título nos voltea parecer interes- as minhas fichas?E se por distracção as deitar fora‘!E se...? Assim,
santee o autor voltea ser reconhecido por ter produzido trabalho ma1 posso copioa informaçáo de todas as fichas parao computador.
interessante noutro contexto.É possível que voltemosa encontrar Por uin lado, fico com uma segunda cópia do meu trabalho e, por
a mesrøa referênciae a requisitar novamenteo livro numa biblio- outro, fico com um princípio de lista alfabética de referências.A
teca. Tudo istoé uma perda de tempo. Em nenhum trabalho de acrescentara toda esta prudência, sou especialmente insegura em
investigação, em pequena ou grande escala,o tempoé suficiente relaçãoa tudoo que diz respeitoa computadores.E se mrna falha
para tudoo que háa fazer. Uma nota que recorde por que razão de corrente me fizer perder todoo meu trabalho?E se por engano
achámos queo trabalho não tinha interesse basta para avivara um dia carrego na tecla erradae apago definitivamente dez capí-
memóriae para nos afastar dessa linha de pesquisa. tulos do meu trabalho? A respostaa tudo isto são, naturalinente,
as cópias de segurança — duplas — só para termosa certeza de
que estamos realmente seguros. O método para as fazer é
0 ficheiro irrelevance: o importante é que sejam feítas. Alguns dos meus
colegas achama minha preocupação com as cópias de segurança,
Nos bons velhos tempos podia parecer-nos que bastava rabis- de vários tipos, um tanto exagerada. Talvez tenham razão, mas
car uma referência nas costas de um envelope, mas um monte de cada pessoa terna sua maneira de trabalhar, por isso nao valea
envelopes velhos amontoados numa caixa de cartão estão longe pena virem-nos dizer que há só uma forma de fazer as coisas.
de constituir uma fonte fidedignae o inais certoé que essas refe- Os computadores transformarama vida de todos nós. Ainda
rências estejam incompletase mais tarde venhama serdifíceis de me lembro do tempo em que quase ninguém tinha computadore
recuperar. Se apenas precisar de meia dúzia de referências, qual- produzir um livro, uin relatório ou uma tese queria dizer que era
quer pedaço de papel serve, mas,ă medida queo trabalho pros- preciso dactilografare voltara dactilografar tudo. Se uin parágrafo
segue as fontes de informaçño vfio-se acumulandoe é por essa ficava no sítio errado,o problema era fácil de revolver: bastava
razão queé preciso ter um sistema organizado desdeo princípio. voltara dactilografara păgina inteira. Actualmente podemos cor-
A maior parte dos investigadores acabam por reconhecer que tar, pòr o texto noutro sítioe apagar em poucos segundos. Fazer
perderam tempo precioso a procurar livros, revistas e citaçôes gráficos, diagrainase esquemas também eracomplicado. Eu, pelo
porque na altura em que os leram não lhes ocorreu tomar nota das menos, nunca conseguia que os meus ficassem com um aspecto

66 67
decente. Agora, apesar da minha incompetência em matéria de Para artigose capítulos de livros
computadores, mesmo euconsigo instruir decentementeo compu-
Apelido do autore nome ou iniciais
tador para ele fazero serviço por mim.
Data de publicaçäo
Apesar de tudo, continuoa usar fichas de 15 cm por 10 cm,
Título (entre aspas)
que normalmente têm espaço suficiente para itens adicionais,
Publicaçáo de onde foiretiradoo artigo ou capítulo, nomeada-
comoo international standard book number (ISBN), que permite
mente:
aos livreirose aos bibliotecários localizar qualquer título; talvez
uma nota para indicar em que biblioteca consultárnoso livro ou Título da revista ou livro (sublinhado ou em itălico)
revista; uma referênciaa capítulos ou páginas particulares relacio- Volume, númeroe páginas em que foram incluídos os ar-
nados com assuntos específicos — ou o que quer que nos pareça tigos no caso das revistas
útil. As fichas podem transformar-se na sua caixa de ferramentas
portátil e devem começara reunir-se assim que o projecto de
investigação tern início. O método de Harvard, que uso neste livro, tern vărias vanta-
gens em relaçäoa outros. Evita as notas de rodapé, muito abor-
recidas. Todas as fontes mencionadas no texto aparecem no finn
do livro ou relatório,e nño capítuloa capítulo. Quando h‹a neces-
ReferêncfäS bibliográficas sidade de referiro leitor para as fontes no meio do texto, basta
mencionar os autores e as datas de publicaç‹ao. Por exemplo,
Há várias formas perfeitamente aceitáveis de registar fontese «Como dizem Delamont eiu/. (1997, 47)...»A referência complete
outras informaçõese muitas instituições defines um estilo parti- do livro aparece por ordem alfabética no fim do relatório, tese ou
cular que se espera seja adoptado por estudantese professores. Se livro, e todos os nomesa que se refereo ei n/. são dados da
ficar ao seu critćrio, terá de escolhera que mais convier aos seus seguinte forma:
propósitos.
Também aseditoras podem ter diferentes estilos. Compare as DELAMONT, S.,ÅTKINSON, P.,e Penny, O., 1997, Supervising the PhD.
bibliografiase as secções de referências bibliográficas no fim de A Guide to Success. Buckingham, The Society for Research into
Higher Educatione Open University Press.
vários livros.O mais certoé que encontre diferentes abordagens
da questão, embora em todas se encontrem as seguintes informações:
Usa-se et al. quando há três on mais autores, mas quando são
apenas dois referem-se ambos os nomes.
Para livros
Se Delamont, Atkinsone Parry tiverem mais de uma publica-
Apelido do autore nome ou iniciais ção de 1997, acrescentam-se os sufixos «a» e «b». Por exemplo,
Data de publicação no texto indicar-se-ia Delamont ei a/. (1997a) ou (1997b)e nas
Título (sublinhado em originais dactilografadose em itálico em referèncias bibliográficas indicar-se-iam duas vezes os nomes
impressões de computador) completos, juntamente com o «a» ou o «b». Se forem citados
Local de edição vários livros dos mesmos autores publicados em anos diferentes,
Editora estes aparecem por ordem cronológica.

68 69
Se o desejar, pode acrescentar alguma informação particular Artigos incluídos em obras colectivas
ou lembrete na sua ficha. Se o fizer, esta poderá ter um aspecto
semelhante ao da seguinte:
BAKER, S., e CARTY, J., 1994, «Literature Searching,
Finding, Organizing and Recording Information», in
Delamont, S., Atkinson, P.,e Parry, O., 1997, Supervising the Bennet, N., Glatter, R.,e Levaci”c, R., eds., Improving
PhD.A Guide to Succ'ess. Buckingham, The Society for Education al Manageme nt thro u gh Rese arch and
Research into Higher Educatione Open University Press. Consultancj, Londres, Paul Chapman em associa ño com
a Open University.
ISBN0 335 195164 (pbcà

Ver p. 47 sobre ética. Reunir as referências bibliográficas de um trabalho pode ser


irritantemente demorado se tivermos de verificar de novo cons-
tantemente todos os pormenores.É por isso que os bons hábitos
Uma pequena linha acerca da forma como esta ficha foi adquiridos no início da investigação mais tarde acabam por com-
reproduzida: não há qualquer razão para usar um ponto finala pensar. Se as suas fichase os seus registos de computador estiver
seguir ao título. Pode perfeitamente usar-se uma vírgula ou dei- em ordem, quando quiser preparar as referências bibliográficas do
xar-se um espaço em branco. Também nãohárazão paraa segunda trabalho bastar-lhe-ú copiara informação das fichas ou seleccionar
linha ir recuada em relaçãoà margem. Seo desejar, pode escrever as fontes citadas no texto na sua lista do computador. De facto,ê
os nomes dos autores cm maiúsculas, como em alguns dos exem- nesta fase que o trabalho coerente de organização dos apontamen-
plos seguintes. No entanto, lembre-se de que as universidadese as tos compensa verdadeiramente. No entanto, deve recordar-se de
editoras podem tera sua própria orientaçãoe n3o hú razão para que não pode usaro sistema de Harvard numa referência,o por-
não adoptarmoso estilo que estas prefei-irem. Se não houver regras tuguês noutrae um terceiro da sua própria lavra noutr‹i.
Não é preciso muito tempo para fixar em porinenoro que deve
particulares,e se lhe parecer que há outra forma de apresentação
com melhor aspecto, adopte-a, mas lembre-se de a manter ao ir sublinhado (ou em itálico)e o que aparece entre aspas;o sítio
longo de todoo trabalho. onde são referidas as datas, como fazer citaçõese o tipo de pon-
tuação que decidimos adoptar. Depois de dominarmos todos os
Há algumas diferenças entre as referênciasa artigos publica-
pormenores,a tarefa de registar todas as fontes mal as encontra-
dos em revistase os artigos incluídos em obras colectivas, como
mos de uma mesma forma, coerente, torna-se automática. Até
seilustra nos exemplos seguintes.
estarmos absolutamente seguros de todos os pormenores talvez
valhaa pena andar com algumas fichas-modelos para verificar se
todas as informações fundamentais foram registadas.
Artigos publicados em revistas

GLATTER, R.,1997, «Context and Capability in Educational Apontamentose preparação do relatório final
Management», Educational Management and Adminis-
tration, 25(2), pp. 181-192. Além de registar os pormenores bibliográficos, convém que
elabore um sistema de apontamentos para se assegurar de que

70 71
tomou realmente nota dos elementos que lhe interessam parao seu Enfím, nunca nínguèm nos prometeu quea vida seria fácil, de
trabalho. Alguns investigadores preferem os blocos de apontamen- maneira que temos de nos limitara fazero melhor que pudermos
tos, outros folhas soltas; alguns andam sempre com um computador para garantir que temos um sistema qualquer de indexaçãoe re-
portátil ou com um pcilmtop,e ainda outros preferem as fichas de ferência fácil de mantere que em caso de necessidade nos facilite
cartolina. Se usar um bloco de notas,a informaçãoé registada tal o acessoă maior parte das nossas fontese dos nossos apontamen-
comoé obtida. Deixe uma margem largae escreva apenas de um dos tos. Como dizOrna, «não há uma ‘maneira correcta’ de fazer as
lados do papel. Mais tarde pode querer cortar as folhas, de preferèn- coisase os investigadores bem sucedidos usam uma grande varie-
cia em pedaços de papel de tamanho uniforme, para poder organizar dade de estratégias» (p. 36).
o material em secções prontasa formar uma estrutura provisória (o
esqueleto analítico) parao seu trabalho final. Usar blocos de apon-
tamentos, folhas soltas, computador portátil ou fichas de cartolina
depende apenas da sua preferência, mas o tipo de informação que vai A classificação dos dadas
registare o método parao fazer serão sempre os mesmos.
A certa altura da minha vida pareceu-me quea minha casa não Todoo trabalho preliminar está orientado paraa escrito do
era suficientemente grande para guardar mais fichas ou mais aponta- nosso relatório, da nossa dissertaçño ou da noss‹i tese. Se jà esco-
mentos, de maneira que ganheio hábito de cortaro papel de forma lhemos os títulos dos capítulos, começamosa ter um pequeno
a ficar com pequenos pedaços do tamanho das minhas fichas. Entre- mapa, que se há-de desenvolveră medida queo trabalho vai pros-
tanto ganheio hábito de agrafar estas folhas ăs fichas. Ăs vezes che- seguindo. Vai quase de certeza incluir alguns tópicos, palavras-
gam a formar verdadeiras resmas. Uma vez falei do assuntoa um -chave ou categorias que consideramos importantes. Se estes temas
estudante muito desembaraçado com computadores, que olhou para não lhe ocorrerem logo no início do trabalho, vão certainente
mim incréduloe disse apenas: «Não me diga?!» Mas como eu sem-
deparar-se-lheà medida que prossegue as suas leituras. No en-
pre disse,o que convéma uma pessoa pode não convira outra. Esco-
tanto,a sua primeira escolha (os seus palpites) pode vira revelar-
lhaa abordagem que mais lhe convéme procure não dar ouvidosa
-se inadequada; pode ter de fazer ajustamentosă medida quea sua
quem quer que lhe diga «Não me diga?!» num tom desaprovador.
compreensão do assunto vai aumentando.
Orna (1995, 48) recomenda vivamente que arranjemos uma
Uma das maneiras mais fáceis de elaborar um índice siinplifi-
forma de indexar os nossos apontamentos. O conselhoé sem
dúvida sensato, embora elareconheça que produzir um índice que cadoe fácil de usaré anotar nas suas fichas bibliogrúfic‹is as
nos conduza de facto facilmentea tudo aquilo de que precisemos palavras-chave potenciais à medida que estas forem emergindo
está longe de ser fácil: das suas leituras. Eu tinhao hábito de as escrever com uma caneta
de outra cor ou de as sublinhar no topo das minhas fichas. Os
[...] o próprio facto de reunir os itens de time certa forma (por meus estudantes chamaram-me a atenção paraa vantages de
autor, assunto principal ou data da entrada em ficheiro, por exemplo) escrever estas palavrasa lápis para mais tarde poderem serapa-
separa-os de outros com os quais tèm certas coisas em comum.O
gadas ou substituídas por outras. Como estou sempre na disposi-
mesmo autor pode ter escrito artigos sobre uma grande variedade de
assuntos, de maneira que, embora esse arranjo torne fácil encontrar
ção de aprender, é este o sistema que utilizo actualmente. N‹a
tudoo que foi escrito por um certo autor, torna difícil descobriro que entanto, se tiver caixase caixas de fichas bibliográficase estiver
foi escrito sobre certo assunto. a tentar localizar fontes relativesa um assunto específico, pode
One, 1995. 49 demorar muito tempo percorrê-lasa todas. Quando os temas prin-

72 73
cipais se forem definindo, pode começar a abrir ficheiros por
tle que precisar acerca das necessárias autorizações de reprodu-
temas. Assim, na sua pesquisa dos obstáculos a aprendizagem ç"ao). Se não tiver possibilidade de lõtocopiara sua potencial cita-
sentidos pelos estudantes adultos, pode ter fichas acerca do de- ção, deixe bem claro quala parte que correspondeã citaçãoe qual
sem penho em exames, da idade, da experiência educacional ante- a que corresponde ao seu comentário. Se não o fizer, arrisca-sea
rior, do interesse familiar, do acessoa livros, do nível de dispo- cometero pecado de usar as palavras de outra pessoa como se
nibilidade financeira, etc. Uma ficha subordinada ao tema «idade l'ossem suas.
e nível de desempenho» conteria todas as fontes relacionadas com
esse importante tema por autor, com referência da datae da pá-
gina. Quando elaborar as suas primeiras versões, estas aproxima-
ções estarão feitase prontasa usare tudoo que terá de fazer será
usar as suas notas originais (que, no meu caso, estão sempre
Muita lfSOO para nada?
agrafadasà ficha bibliográfica) para verificar tudo em pormenor. Nem porisso. Trata-se apenas de aprender os truques do of(cio.
O trabalho de identificar fontese citaçõesé irritantemente minucioso
e aborrecido, mas, quando se torna uma simples rotina, registar
informações deste tipo torna-se automáticoe deixa de nos custar.
Anotar citações Se assimilar as informações transmitidas neste capítuloe registar
cuidadosae coerentemente todas as suas fontes, começaráa criar
ma observação particularment e perspicaz de um autor pode bons hábitos de trabalhoe a estabelecer as fundações do seu tra-
muitas vezes ilustrar uma ideia que desejamos incluir num traba- balho futuro de investigação. Poderá vira serrecompensado pelo
lhoe acrescentar assim uma nova dimensão ao nosso argumento. seu trabalho de investigação, se não quando no céu, pelo menos
ÀnOtar as citações na altura em que as lemos é tão importante na altura de redigiro seu trabalho final. Vai poder localizar facil-
como registara informação completa sobrea sua fonte. Quando mente as informaçóes, reorganizare reformular os dadose encon-
redigimoso trabalho final não temos tempo de ir requisitar livros trar facilmente as citações que apoiam os seus argumentos. No
à biblioteca, nem de andara remexer no caixote dos envelopes entanto, antes que possa fazer qualquer destas coisas, terú de se
usados. Se na altura em que lemos uma certa frase ou parágrafo assegurar de que tem acessoa uma boa biblioteca e, nos tempos
elanos chamaa atenção como citação potencial, devemos copiá- que correm, em que os orçamentos para este tipo de coisas são
-la cuidadosamente, registaro capítuloe o número de página, cada vez mais limitadose em que todos os serviços são pagos
deixar claro se alguma palavra ou palavras ficaram de fora assi- separadamente, isso pode náo sertão fácil como foiem tempos.
nalandoo lugar com três pontos entre parêntesis rectose guardá-
-la num sítio onde estejamos certos de mais tarde conseguir
recuperá-la, mesmo que isto nos obriguea fazer várias fichas com
remissoes para aquela onde se encontra realmentea reprodução da
O aC6JAO àS bibliotecas
frase ou frases que nos interessam. Se tiver uma fotocopiadora à
mão,é ainda melhor fotocopiaro extracto que lhe interessa, acres- Em minha opinião, os investigadores não podem passar sem
centando as referências à fonte da maneira habituale agrafando-a bibliotecase sem o apoio de bibliotecários.É possível — desde
à sua ficha (o pessoal da biblioteca poderá dar-lhe as informações que tenhamoso equipamento necessário parao fazer, saibamos
74 75
comoe tenhamos negociadoo nosso acessoa redes especializadas conseguimos utilizar os muitos e muito variados sistemas
de recursos — acedera certas bases de dadosa partir de nossa informatizados existentes nas grandes bibliotecas, que podem
própria casa. No entanto, mesmo queoptemos por esta via, con- oferecer-nos uma imensa riqueza de informação — desde que
tinuamosa precisar de usar bibliotecas para consultar livros e, saibamos utilizá-los.
muito especialmente, revistas especializadas. Um dos problemas com que os investigadores têm de lidar são
Se trabalha numa universidade ou está aí inscrito como estu- os diferentes pontos de vista dos bibliotecários acerca da maneira
dante, tem, em princípio, acesso livre às suas bibliotecase aos como a informação nas suas bibliotecas deve ser organizadae
serviços que estas põemà disposição do seu público. Ao inscre- quais as bases on-line que devem subscrever. É preciso algum
ver-se em qualquer curso, se não houver referência ás bibliotecas tempo para nos familiarizarinos coraa organização das bibliotecas
e outros recursos, assegure-se de que estes existem antes de se que utilizamos, para que possamos saber, por exemplo:
matricular. Eles vão sem qualquer dúvida ser-lhe necessários.
Todos achamos que sabemos usar bibliotecas, e na verdade • onde estão arrumados os números antigos das publicações
periódicas, se estão digitalizados ou em microtilmee quais
nãoé preciso muito tempo para percebero sistema de funciona-
os títulos, se é que os há, que apenas estão disponíveis
mento de cada bibliotecae a forma como aspequenas bibliotecas
e lectronicamente;
secundárias funcionam em conjugação com as principais. Já con-
seguirmos orientar-nos e perceber‘ quais os livros que estão na • se há reservados ou colecções de livros que apenas são
emprestados por períodos muito curtose se todos os 1ivi'os
biblioteca principal de uma universidadee os que estào nas pe-
quenas bibliotecas, mais especializadas, de cada departamentoé da biblioteca são armazenados no próprio edifício onde esta
uma coisa muito diferente. Todas estas bibliotecas podem parecer está instalada;
verdadeiras grutas de Aladino aos estudantese aos investigado- • quais as bibliografias, os índicese os resumos de artigos
res. Contém tesouros que nos deixam ofuscados, mas ao mesmo que existem na biblioteca,e em que formatos; se hú biblio-
tempo podem ser¡Perigosas.É fácil perdermo-nose ficarmos t"ao grafias especializadas paraa nossa área específica; se a
ansiosos com a ideia de que podemos estara deixar alguns dos secç'ao de obras de referências — enciclopédias, anuários,
tesouros para trás que não conseguimos sair de lá. Tudo isto tem dicionários — está separada em colecções de referência por
assunto, gerais ou de pesquisa rápida.
muita graça, mas muitos projectos de investigação acabam por
fracassar por falta de disciplina nas leiturase incapacidade de usar
todas as vantagens oferecidas pelas bibliotecas à nossa dispo- Muitas bibliotecas imprimem os seus próprios guias, que o
sição. podem ajudara orientar-se muitorapidamente. Normalmente en-
Tem havido mudanças radicais na forma como as bibliotecas contram-se muitas orientaçõese conselhos no site da instituição
organizam os seus materiais impressose no desenvolvimento de na Internet (embora seja conveniente aprendera consultá-lo). No
bases de dados informatizadas, que (nas instituições que as subs- entanto,a chave do bom uso do fundo de uma biblioteca está no
crevem) nos dão acesso on-linea informações valiosíssimas rela- seu ficheiro. Actualmente, a maior parte das bibliotecas tem os
tivamente a citações indexadas, a pormenores bibliográficos de ficheiros on-line. Em inglés, são designados em geral como OPAC
artigos de revistas,a recensões críticas de livrose a muitas redes (on-line public access catalogues). Ao usar uma OPAC não só
internacionais de todos os tipos. A gruta de Aladino tornou-se ficamosa sabero que existe no fundo da biblioteca que consul-
muito sofisticadae actualmente podemos levar algum tempo até tamos, mas também podemos consultar os ficheiros de outras

76 77
bibliotecas. O interface dos OPAC orienta-nos na pesquisa por ,sultar os horários de funcionamentoe os períodos de férias de
autor, título ou assunto,e podemos ficara saber quais as biblio- cada bibliotecae evitar assim muitas deslocaçôes inúteis.
tecas que têm o material mais útil parao nosso trabalho. Parece
magia — embora isto não resolva todos os problemas. Por exem-
plo, podemos n'ao estar autorizados a usar todas as bibliotecas As bibliotecas públicas
(embora muitas vezes baste perguntar para obter uma resposta
útil). Contudo, todas estas portas se fecharãoa não ser que encon- Felizmente, embora os serviços disponíveis variem, as restri-
tremos uma bibliotecaa uma distância razoável da nossa residên- ções de acesso não se aplicam às bibliotecas públicase municipais
cia na qual estejamos autorizadosa consultar as obras de referên- de uma maneira geral. Algumas bibliotecas municipais têm exce-
cia, e, o que é ainda mais importante, a requisitar livros para lentes colecções de referência. Emboraa colecção principal tenha
leitura domiciliária. de ser bastante geral, por vezes encontram-se selecções de impor-
tantes revistas científicase sobre educaçãoe ciências sociais, além
de muitos resumose índices necessários para descobrir quais os
livrose artigos que existem acerca destas matérias. Utilizando-oS,
As bibliotecas universitárias
e procurando obter os que não existirem na sua biblioteca por
As bibliotecas das instituições académicas são provavelmente empréstimo interbibliotecas (um serviço pago), terá acesso a
as que reúnem mais recursos especializados na sua área de inves- grande parte da literatura de que necessita. O processo de em-
tigação, mas, caso não seja estudante ou funcionário da institui- préstimo interbibliotecas pode ser demorado, de maneira que a
ção, terá de informar-se acerca dos serviços que poderá utilizar. melhor forma de se assegurar de que conseguirá ter os livros de
Algumas bibliotecas não prestam qualquer serviço a pessoas que precisaa tempoe horasé fazero seu pedidoo mais cedo
exterioresà instituição; outras excluem completamenteo emprés- possível.
timo domiciliário, mas isto significa que só se podem consultar Actualmente, muitas bibliotecas públicas permitemo acessoã
livros, revistas, bibliografiase obras de referência. Algumas per- Internet, embora, mais uma vez, habitualmente este serviço seja
mitem exclusivamentea utilização de obras impressas e, devido pago,e ao longo de um projecto de investigação os custos se vão
aos termos dos acordos com redes de informações a que estão juntando a outros custos. No entanto, se não tiver conseguido
abonadas, os únicos recursos on-line cujo acessoé concedido são acesso a uma biblioteca universitária, as bibliotecas públiCaS
os OPAC. Certas bibliotecas cobram inclusivamenteo acesso ás podem bastar para reunira maior parte das informações de que
próprias obras de referência; outras admitema leitura domiciliária precisa, se procurar obtê-las com antecedência suficiente. Se
contrao pagamento de uma quota, por vezes com opção sobreo precisar de informações sobrea melhor forma de reunir as obras
uso do serviço de empréstimos interbibliotecas. Pode haver restri- de que necessita, não se esqueça de pedir ajuda ao pessoal da
ções específicas ao número de livros de empréstimo simultâneoe biblioteCa. Os funcionários conhecem as colecções da biblio-
ãs obras disponíveis para leitura domiciliária. Antes de fazero teca e as possibilidades de acessoà Internet que esta oferece,
primeiro pagamento, assegure-se de que as obras que lhe interes- bem como os restantes recursos de que dispoe, e por vezes os
sam lhe serão facultadas. ficheiros usados pelos bibliotecários não estáo abertos ao pú-
Se tem acessoá World Wide Web, poderá consultar on-line as blico, embora muitas vezes seja possível utilizá-los por pedido
condições de uso da maior parte das bibliotecas. Pode ainda con- expresso.

78 79
Finalmente, encontrará os sites da maior parte das bibliotecas
municipais da Europa, incluindo algumas das portuguesas, em
http://dspace.dial.pipex.corri/town/square/ac940/euro1ib.html.
!l':. .Tire apontamentos de tudo o Tome apontamentos mesmo das
coisas que não lhe serviram.

Muitos recursos, mas... '2.'}Üomece um ficheiro em papel Escolha um formato parã as suas
/./assim que começaro trabalho. fichase mantenha-o atéao fim.
Os serviçose sistemas actualmenteà disposição dos investiga-
dores são surpreendentemente bons e, se estivera trabalhar num ji:/‹/Quando tomar nota das fontes Há algumas variações entre livros,
doutoramento, por exemplo, terá de se esforçar por se familiarizar ’ .!|/'que utilizou, verifique que não artigos incluídos em obras co-
com tudoo que lheé oferecido. Contudo, se estivera trabalhar .i. ›,›ke esquece nunca de anotaro lectivase em revistas. Faça fi-
num projecto menos demorado, qualquer biblioteca local razoá- i i Sd chas-modelo para usar. como
vel, juntamente com os recursos da sua própria escola ou univer- , .’ daea de lin , títu ‘(su- referência.
sidade, ou mesmo de outro local de emprego, poderão oferecer- }.'blinhado em versões dactilogra-
: . fadase entre aspas no caso dos
-lhe materiais suficientes para ficar com uma ideia do trabalho
local de publicaçãoe
que já foi feito na sua áreae noutras afins.A quantidade de infor- ' Pedro.a.
mação preliminar de que vai necessitar depende inteiramente do
tamanho, profundidadee contexto da sua área de investigaçãoe „ l4’: Escolha um sistema de referên- O sistema de Harvardé o mais
atéé possível que não venhaa precisar de c{uaisquer bases de ' cia e use-o sempre. simples.
dados informatizadas, embora estas possam poupar-lhe muito
tempo. Mesmo assim há perigos: é muito fácil sermos deduzidos '5. Escolha entre tomar apontamen- Use apenas um dos lados das fo-
tos num bloco, em folhas sol- lhas para facilitara localização
pela grande quantidade de informação que eles produzem,a não
tas, no computador ou em fi- do que lhe interessae escolha
serque tenhamos uma ideia muito precisa daquilo que necessita- ^.| chas. um sistema de indexação.
mos realmente de saber.
Ao contrário do que geralmente se pensa, nem todos os inves- 6, Faça uma lista dos primeiros te- Se for preciso, escolha um assun-
tigadores tém, sabem usar ou estão interessados em computado- . mas que lhe vieremã cabeça. to-chave. Escreva os temase as
res,e mesmo assim conseguem fazer um trabalho interessante. No palavras-chavea lapis, parao
entanto, os computadores constituem uma ajuda preciosa, como caso de vira mudar de ideias.
”“'.“''* '*
os aspiradorese as máquinas de lavar. Depois de aprendemosa
nota de todas as citações Assinale qualquer omissão com
usá-los, podem poupar-nos muitas horas ou mesmo semanas de trés pontos entre parêntesis
./^ ‹::’. com grande rigor.
trabalho duro, emboraa chave do sucesso esteja em aprendera rectos ([...])e deixe bem claro
usar da melhor formao que eles têm para oferecer. O processo o que é citado e o que é um
pode demorar algum tempo, mas normalmente esse tempoé bem comentário seu. Caso seja pos-
empregue. sível, faça fotocópias; assim
teráa certeza de que não há
erros.

80 81
Revisão crítica da bibliografia

Qualquer investigação, seja qual fora sua dimensão, implica


a leitura do que outras pessoas já escreveram sobrea sua área de
interesse,a recolha de informações que fundamentem ou refutem
os seus argumentos e a redacção das suas conclusões. Num
projecto de pequena dimensão não lhe será exigido que produza
um relato definitivo do estado em que se encontraa investigação
na área que seleccionou. Terá, porém, de mostrar que fez deter-
minadas leituras importantese que se inteirou do estado do conhe-
cimento do seu tema.
O idealé fazera maior parte das suas leituras logo no início
da investigação, embora, na prática, muitas tarefas sejam reali-
zadas ao mesmo tempo, podendo mesmo acontecer que a fase
da leitura se prolongue pela fase de recolha de dados.É preciso
ter cuidado para que as leituras não consumam mais tempo do
que aquele de que dispõe. Contudo, raramenteé possível obter
cópias de todos os livrose artigos exactamente na altura em que
necessita delas, de modo queassobreposições das fases s3o ine-
vitáveis.

82 83
Quadros teóricose analíticos O rótulo não é importante, mas sim o processo de ordenação
e classificação da informação.
Ler o máximo sobreo tema, desde queo tempo de que dispõe À medida que forlendo, habitue-sea examinara forma como
lho permita, dar-lhe-á uma ideia não só de abordagense de mé- o autor classifica as conclusões, como explora as relações entre os
todos que porventura não lhe tenham ocorrido antes, como tam- factose como estes e as relações entre eles são explicados. Os
bém de formas de classificare de apresentara sua própria infor- métodos utilizados por outros investigadores podem não seros
mação. Poderá ajudá-lo a estabelecer um quadro teórico ou adequados para os seus fins, mas podem dar-lhe uma ideia de
analítico como base da sua análisee interpretação dos dados. Não como categorizar a sua informação e aproveitar o trabalho de
basta recolher os factose descrevê-los. Todos os investigadores outros investigadores para apoiar ou refutar os seus argumento.se
recolhem muitos factos, tendo posteriormente de os organizare conclusões.
classificar segundo um modelo coerente. Vermae Beard (1981)
sugerem que os investigadores necessitam de

identificare explicar as relações relevantes entre os factos. Por outras


palavras, o investigador tem de produzir um conceito ou construir
Revisão da bibliogra ra
uma estrutura teórica que possa explicar os factose as relações entre
Na maioria das teses de doutoramento será necessário estu-
eles [...] A importància da teoria está em ajudaro investigadora
resumira informação anteriore em guiara sua linha de acção futura. dar extensivamentea bibliografiae produzir no final do trabalho
Por vezes,a formulação de uma teoria pode indicara falta de deter- uma revisão crítica do que já foi escrito sobre o tópico. Um
minadas ideias ou ligaçõese a necessidade de outro tipo de dados. projecto que dure dois ou três meses não exige nada de tão am-
Assim,a teoriaé um instrumento essencial de pesquisa, um estímulo bicioso. Pode decidir omitir uma revisão inicial, caso as suas lei-
parao avanço progressivo do conhecimento. turas náo tenham sido suficientemente extensivas para justificara
sua inclusáo. Se, porém, decidir fazer uma revisão,é importante
VEJAe BEARD, 1981, 10
que tenha em conta que apenas as obras relevantes devem ser
mencionadas e que uma revisão é mais do que uma lista das
«obras lidas».
Por vezes, utiliza-se um «modelo» em vez de uma «teoria», ou A leitura da bibliografia pode ser um exercício exigente.
então usam-se indiferentemente. Cohene Manion explicam que Haywoode Wragg comentam ironicamente que as revisões críti-
cas são mais frequentemente revisões não críticas — o que estes
ambos devem servistos como dispositivos explicativos ou esquemas autores descrevem como sendo
que possuem uma estrutura conceptual, embora os modelos sejam
muitas vezes caracterizados pelo uso de analogias, por formaa darem o catálogo de vendas de mobiliário, no qual tudo merece uma entrada
uma representação mais gráfica ou visual de um fenómeno particular. de um parágrafo, não interessandoa qualidade com que foi conduzida
Desde que sejam bem definidose não representem os factos de forma a pesquisa: Bloggs (1975) acha isto, Smith (1976) acha aquilo, Jones
incorrecta, os modelos podem serde uma grande utilidade para alcan- (1977) acha outra coisa, Bloggs, Smithe Jones (1978) encontraram
çar uma certa clarezae focar questões-chave da natureza do fenómeno. a felicidade no céu.

CoinNe M NION, 1994, 16 H vwoooe WmcG, 1982,2

84 85
Blaxter et al. (1996b, 115) recordam-nos algumas coisas im- resposta conclusivaá seguinte questão aparentemente simples: «Os
portantes relativas ao uso e abuso de referências bibliográficas. estudantes mais velhos têm melhor ou pior aproveitamento que os
Sugerem que estas devem serusadas para: mais novos?»
Os dados reunidos por Harris (1940) nos Estados Unidos sugerem
• Justificare apoiar argumentos; que os estudantes mais novos tendema obter melhores resultados
• Permitir comparações com os resultados de outros traba- finais. Malleson (1959), Howell (1962), Barnette Lewis ( 1963),
lhos de investigação; McCracken ( 1969)e Kapur (1972), na Grã-Bretanha, chegarama
• Exprimir o que queremos dizer melhor do que seríamos conclusões semelhantes, tal como Flecker (1959)e Sanders (1961) na
Austrália, Fleming ( 1959) no Canadáe Small (1966) na No va
capazes de fazer por nós mesmos;
Zelândia. Contudo,a maioria destes estudos baseou-se em amostras
• Mostrara nossa familiaridade com a nossa área de investi-
de estudantes com idades geralmente compreendidas entre os 17e os
gação.
21 anose as técnicas de correlação empregues parecem significar que
a relação entre idadee aproveitamento apenas diz respeito a esta
Sugerem também que asreferências bibliográficas não devem estreita faixa etária. Como tal, os resultados sugerem, provavelmente,
servir para: que os jovens inteligentes que entrem cedo para uma instituição de
ensino superior têm mais hipóteses de obter melhores resultados que
• Impressionar os leitores com a vastidão das nossas leituras; aqueles cuja admissão for adiada enquanto vão adquirindo as qualifi-
• Salpicar os nossos trabalhos de nomese citações; cações necessárias. Este ponto de vistaé defendido por Harris (1940),
• Substituira expressão dos nossos próprios pensamentos; que descobriu que a relação entrea idadee o aproveitamento desa-
• Distorcero que dizem os outros autores. parece quando se procura controlaro factor «inteligência». Outros
estudos têm demonstrado que aqueles que adquirem as qualificações
Blaxter et al., 1996b, 115 necessáriase depois adiama entrada por um ou dois anos têm mais
êxito que aqueles que entram vindos directamente da escola (Thomas,
Beebye Oram, 1939; Comité de Educação do Derbyshire, 1966).
Para fazer uma revisão cri”tica que «mostre que quema fazesm- Nos estudos que envolveram amostras que incluíram um elevado
dou em profundidade o que está publicado na área» (Haywoode número de estudantes mais velhos, os resultados indicam quea rela-
Wragg, 1982, 2)é precisa uma grande disciplina, mas o ponto prin- ção entre idadee rendimento nãoé linear. Philipse Cullen (1955),
cipala ter em menteé que uma revisão crítica deve oferecer ao leitor por exemplo, chegaramã conclusão de que os estudantes com 24
uma imagem, embora limitada num projecto de curta duração, do anos ou mais tendiama obter melhores resultados que os de 18e 19
estado do conhecimentoe das principais questões na área em estudo. anos. Sanders (1961) provou que a taxa de sucesso universitário
Considerea seguinte introdução de um e,studo da autoria de baixava atéá idade de 21 anos, enquantoa partir dos 22 começava
Alan Woodley (1985), intitulado «Taking Account of Mature a subir novamente. O problema levantado por estes dois estudos
Students». Pode não estar familiarizado com este campo de estu- consiste em que muitos dos alunos mais velhos foram indivíduos que
voltarama estudar após terem prestadoo serviço militar, isto é, cuja
do, mas será que a introdução lhe dá uma perspectiva geral do
entrada «normal» foi adiada pela guerra. Muitos tinham tido até al-
assunto? Será que lhe transmite uma ideia da investigação que
guma prática em ciências ou matemática nas forças armadas. Isto que
tem vindoa ser realizadae o prepara parao que se segue? dizer que, enquanto Eaton (1980) cita nove estudos americanos que
Das muitas pesquisas que se têm debruçado sobrea relação entre confirmama superioridade acadêmica dos alunos veteranos, os estu-
idadee rendimento universitário, nenhuma conseguiu ainda dar uma dos britânicos apresentam dados contraditórios. Mountford (1957)

86 87
descobriu que não sóa probabilidade de o curso sc prolongar por A Os resultados académicos dos estudantes seniores com idades
mais um ano ou dois, mas tambéma da desistência eram maiores para coinpreendidas entre os 26 e os 30 anos foram melhores quc
os estudantes que tinham servido na guerrae que entraram paraa os de todos os outros estudantes seniores.
Universidade de Liverpool entre 1947e 1949.
Alguns estudos têm iiiostrado que o facto de os estudantes mais
velhos obterem melhores ou piores resultados que os mais novos Foram registadas várias outras diferenças, mas não sc revelaram
depende do curso estudado. Sanders (1963) indicou que a maturidade estatisticaniente importantes devido aos reduzidos números envolvi-
associadaà maior idadee experiência parece ser um indicador posi- dos.A amostra dos estudantes seniores apenas continha 33 mulheres,
tivo de sucesso nalguns cursos de ciências sociaise humanas.A ideia 26 estudantes de Ciênciase 37 com idades superioresa 30 anos.O
geral de que os estudantes mais velhos obtêm melhores resultados em objectivo do presente trabalho consistiu em alargara investigação de
ciências sociaise humanase piores em ciênciase matemáticaé defen- Walkera todas as universidades britãnicas. de forma que estas e
dida por Barnett, Holdere Lewis (1968), Fagin (1971), Sharon (1971) outras relações possam sertestadas numa amostra substancialmente
e Flecker (1959). maior de estudantes seniores.
O estudo de Walker (1975) sobre estudantes seniores na Univer- WOODLEY, 1985, 152- 154
sidade de Warwick representaa melhor tentativa britanica de explicar
a relação entre os factores «idade»e «rendimento». Considerou 240
estudantes universitários admitidos entre 1965e 1971e comparouo
Esta revisãoé mais completa que a normalmente exigida em
seu rendimento com o de todos os outros estudantes,o que lhe deu
projectos pequenos, mas a abordagemé a mesma, qualquer que
uma amostra de trabalho relativamente grande, garantindoo i/ining
que os resultados não eram distorcidos pelo factor «regresso da guer- sejaa dimensão do trabalho. Alan Woodley faza sua selecção
ra».A metodologia utilizada por Walker apresenta ainda outros re- entre a vasta bibliografia relacionada com estudantes seniores.
quintes. Este autor excluiu, primeiro, estudantes de proveniência ul- Agrupa certas categoriase comenta alguns aspectos de interesse
tramarina, que tendiama sermais velhos quea médiae tambéma ter particular. Compara os resultados de diferentes investigadorese
resultados académicos piores (Woodley 1979), influenciando assim discute com algum pormenor o estudo realizado por Walker
qualquer relação entre idadee rendimento. Em segundo lugar utilizou (1975), que serve de orientação parao seu estudo mais extenso
dois métodos de medição do rendimento: a proporção de indivíduos sobre estudantes seniores nas universidades britãnicas.
saídos da universidade sem obterem um grau académicoe os resul- O leitor foi introduzido no temae ficou com algum conheci-
tados daqueles que realizaram os exames finais. Finalmente, conside- mento do trabalho já realizado neste campo. Woodley omitiu com
roua categoria de notas, obtida de acordo com o seu valor de raridade certeza muitas publicações consultadas no decurso da sua pesquisa.
em cada faculdade.
É sempre difícil deixar de fora publicações que levaram muitas
As conclusões seguintes alcançaram importància estatística:
horas ou até semanasa ler, mas há que fazer uma selecção; trata-se
o) No total, os estudantes mais velhos obtiveram melhores notas de uma disciplina que tem de ser dominada. Uma vez identificadas
que os mais jovens; as categorias possíveisa partir das leituras iniciais,e tendo as suas
b) Nos cursos de Letras, os estudantes mais velhos obtiveram fichas organizadas, encontra-se em condições de agruparo mate-
melhores notas que os mais jovens; rial bibliográficoe a redacção da revisão crítica tornar-se-á muito
c) Os estudantes seniores que não tinham preenchido os requisi- mais fácil.
tos gerais paraa admissão ao ensino superior obtiveram me- Um segundo exemplo de revisão crítica bem sucedida, desta
lhores notas que todos os outros; vez numa dissertação de mestrado, foi levadoa cabo por Clara

88 89
Nai, estudante do mestrado em Ciências da Educação da Univer- o seguinte extracto da secção sobre obstáculos institucionais dê
sidade de Sheffielda viver em Singapura.O seu objecto de estudo uma ideia da forma como elaabordoua questão.
erao que descrevia comoa formação contínua entre os trabalha-
0s obstáculos institucionais vèm em segundo lugar pela sua im-
dores mais velhos do aeroporto de Singapura. Discutiua sua pró-
portància,a seguir aos obstáculos situacionais, representando 10% a
pria metodologia com algum pormenor,a metodologia usada por
25% dos potenciais formandos entre os inquiridos da maior parte dos
outros investigadorese os problemas que teve de superar para inquéritos (Cross, 1981). Trata-se de normase procedimentos criados
sintetizara grande quantidade de informação acerca de obstáculos não intencionalmente pelos responsáveis, o pessoal dos recursos
ă aprendizagem que obtivera. Lera muitas coisase teve de enfren- humanos ou pelos próprios formadores.
tar as dificuldades habituais para reuniro que lhe pareciam resul- Cross agrupou os obstáculos institucionais em «problemas de
tados importantes da sua investigação. Escreve: horários», «problemas de transportes», «falta de cursos interessantes,
práticos ou relevantes», «problemas com matrículas», «critérios rigo-
Depois de tanto ler, levei algum tempoa condensar os resul- rosos de admissão»e «falta de informaçño». Entre estes, uin quarto
tados que obtive numa revisão crítica concisa. Parece uma in- dos inquiridos citarama inconveniência do locale dos horáriose a
justiça que apenas uma fracção de tantos meses de leitura traba- falta de interesse ou de relevăncia dos cursos como os maiores obs-
lhosa possam aparecer no trabalho final. No entanto, pondo de lado táculosá participação. 10 % dos trabalhadores británicos especific‹i-
esses sentimentos, decidi [...] classificar em alguns temas prinei- ram a «falta de cursos adequados» como obstúculo (Great Britain
pais os factores que afectama participaçào, para facilitara sua con- Training Agency, 1989, quadro l 1.21).
solidação. O conceito de universidade aberta, de que no Rei no Unidoa Open
University, o Open Tech,o Open Le‹irning c o Open College sćao
Not, 1996, 33 bons exemplos de iniciativas concebid‹is especificamente parii estu-
dantes trabalhadores, enfrenta, surpreendcntemente, obstáculras
institucionais. McIntoshe Woodley (1975) fizeram algumas observa-
Imagino que muitos investigadores principiantese experientes ções dos obstáculos enfrentados pelos candidatos da Open University
possam simpatizar com a exasperação de Clara. Identificar cate- británica. O estudo mostra que, a não ser que os administradores
gorias logo no início das leituras ajuda, mesmo que mais tarde destas instituições se mostrem dispostos a comprometero nível de
algumas venhama serrejeitadas e outras acrescentadas, mas se ensino de forma significativa,a eliminação de obstáculos continuará
nenhuma tentativa tiver sido feita, mais tarde escolhé-las torna-se um sonho. Por exemplo, estarão estas instituições de ensino dispostas
muito difícil e extraordinariamente demorado. Com sensatez, a concedera isenção da obrigatoriedade de comparência às aulas às
mães de crianças pequenas oua baixar as notas irínimas que permi-
Clara examinoua forma como outros investigadores tinham orga-
tern transitar de ano para as pessoas com uma formação de origem de
nizado os seus resultadose decidiu utilizar os Sennas mais impor-
nível muito baixo,a desistir do pagamento de propinas no caso dos
tantes usados por Cross (1981) em obstáculos situacionais, alunos mais desfavorecidos economicamente oua alterar os horários
institucionaise disposicionais. Não há razão para os investigado- para permitir que os alunos que trabalham por turnos assistam ‹as
res não adoptarem uma metodologia criada por outra pessoa, tal aulas?
como Alan Woodley sepropós fazer no primeiro exemplo, desde De facto, o inquérito ă educação superior financiado pela US
quea fonte seja indicada. Commission of Non-Traditional Study (Ruylee Geiselman, 1974)
A escolha de categorias funcionou bem. Não temos aqui espaço mostra que algumas faculdades já começarama alterar os horários,a
suficiente para reproduzir todaa revisão crítica, mas espero que creditar, depois de um exame,o ensino não institucionale a criar

90 91
processos de admissão mais flexíveis, tendo em vista os estudantes
adultos. No entanto, muitos adultos continuama enfrentar obstáculos
insuperáveisă sua participação nestes cursos.
N I, 1996, 35-36

Será que este extracto começaa desenharo pano de fundo do


problema dos obstáculos institucionais, tal como estes são ident.i-
ficados nas quatro fontes citadas? Muito mais poderia ter sido
incluído, mas tratava-se apenas de uma dissertação de mestrado,
e não de uma tese de doutoramento, e não se espera de uma
revisão crítica que apresente um panorama definitivo de tudoo
que já foipublicado na área. Como Clara descobriu, muito do que PARTE II
foi lido pode ter de ser posto de lado quandoa revisão crítica for
preparada. Aquilo que num estádio pode parecer uma linha de
investigação prometedora pode vira revelar-se pouco útil depois
SELECŞÃO DOS MÉTODOS
de outras leituras. Podemos reunir cem, ou mesmo mil, peças DE RECOLHA DE DADOS
informativas interessantes por si mesmas, mas só quando forem
agrupadas, comparadas com outros resultadose apresentadas de
uma forma que os leitores possam compreender teremos uma re-
visão crítica coerentee que evitoua aproximação do catálogo de
saldos de mobiliário. Tudo isto exige um registo disciplinado do
material usado como fonte desdeo início do trabalho de pesąuisa
e durante todoo tempo em que as leituras se vão fazendo, com a
escolha das palavras-chave, categoriase agrupamentos mais indi-
cados.

92
Introdução

Uma vez decididoe bem definidoo temae especificados os


objectivos, estará em condições de considerara forma de recolha
da informação de que necessita. A pergunta inicial não será «que
metodologia?», mas «o que preciso de sabere porquê?». Só então
perguntará a si mesmo «qualé a melhor maneira de recolher
dados?»e «quando dispuser desta informação,o que farei com ela?».
Nenhuma abordagem depende unicamente de um método, da
mesma forma que não exclui determinado método apenas porque
é considerado «quantitativo», «qualitativo» ou designado por
«estudo de caso», «investigação-acção», etc. Como indiquei no
capítulo 1, algumas abordagens dependem muito do tipo de reco-
lha de dados — mas não exclusivamente.É possível que considere
que um estudo que recorrea inquéritosé inevitavelmente quanti-
tativo; este, porém, poderá também ter características qualitativas
Os estudos de casos, geralmente considerados estudos qualitati-
vos, podem combinar uma grande variedade de métodos, incluindo
técnicas quantitativas. Há que seleccionar métodos porque são
estes que fornecema informação de que necessita para fazer uma
pesquisa integral. Há que decidir quais os métodos que melhor
servem determinados fins e, depois, conceber os instrumentos de
recolha de informação mais apropriados parao fazer.

95
os métodos de ensino, as competências práticas, os interesses
culturais, as competências sociais,o relacionamento interpessoal,
A amplitude dos dados que recolher erá influenciada pelo a comunidade de espírito, e por aí adiante». Em trabalhos de
tempo de que dispuser. Esta atitude pode parecer um pouco nega- pesquisa mais longos, «a validade dos resultados podia ser muito
tiva, mas não adianta muito conceber urr esquema de trabalho alargada através do estudo de uma grande amostra de escolas
descomunal que exija um ano de pesquisac uma equipa de inves- (triangulação espacial), uma vez por ano, por exemplo, ao longo
tigadores se trabalhar sozinho, não tiver ‹disponibilidade econó- de cinco anos (triangulação temporal)» (p. 240).
mica para tale tiver de entregaro trabalho no prazo de três meses. Uma pesquisa mais prolongada deste tipo produzirá provavel-
Mesmo assim, se possível, deve ser .eito um esforço para mente resultados mais ricos, mas nenhum estudante envolvido num
verificare comparar os resultados e, num estudo mais amplo, para projecto de 100 horase apenas muito poucos estudantes de doutora-
usar mais de um método de recolha de cados. Este método de mento poderiam dar-se ao luxo de acompanhar um tal estudo ao
aproximação múltiplaé conhecido como triangulaçãoe é descrito longo de cinco anos.A maior parte dos projectos de 100 horas
no curso da Open University E81l como estaria limitadaa estudos com uso de um só método. Há que fazer
o melhor possível com o tempo de que se dispõe.O mais provável
verificação da existência de certos fenómenose da veracidade de
afirmações individuais através da recolha ôe dadosa partir de um é que haja ainda outros constrangimentos. Por exemplo, se quiser
determinado número de informantese de fontese comparaçãoe con- observar algumas reuniões, estará limitado pelo númeroe ocasião
frontação subsequentes de uma afirmação com a outra, de formaa das reuniões marcadas enquanto decorreo seu estudo. A disponibi-
produzir um estudo tão completoe equilibrado quanto possível. lidade das pessoas para serem entrevistadas ou observadas, para
completarem questionários ou diários vai igualmente afectar as suas
GUIA DE ESTUDOS DO CURSO E811 DA OU, 1988, 54
decisões em relação aos instrumentosa usar. Pode parecer-lhe que
um questionárioa enviar pelo correioé o modo mais adequado de
Cohene Manion (1994, 240) levama questão da triangulação obter uma certa informação, mas os questionários postais podem
um pouco mais longe: custar muito dinheiro, de maneira queo melhoré pensar se dispõe
de fundos parao realizar — mas também sea despesa se justifica.
Os métodos múltiplos são adequados quandoé preciso avaliar de
forma mais completa um aspecto controverso da educação.O proble-
ma das comprehensive schools, por exemplo, ainda não foi seriamen-
te debatido desdea sua criação. No entanto, até ao momento ainda
não houve trabalhos sérios de investigação destas instituições na sua Fiabilidadee validade
totalidade. Não é suficiente julgar estas escolas com base no desem-
penho académico, por importante que este seja.É preciso um retrato
Seja qual foro procedimento de recolha de dados que adoptar,
muito mais completo destas instituições, parao queo uso de métodos deverá sempre examiná-lo criticamentee ver até que ponto ele
múltiplosé claramente adequado. será fiávele válido. AÇ/agilidade de um teste ou de outro processo
de recolha de dados consiste na sua capacidade de fornecer resul-
tados semelhantes sob condições constantes em qualquer ocasião.
Estes autores sugerem que os métodos múltiplos poderiam Um relógio que esteja atrasado dez minutos alguns diase adian-
quantificare investigar factores comoo «desempenho acadêmico, tado noutros não é de confiança. Uma questão factual susceptível

96 97
de provocar um tipo de resposta num determinado momento e subdivisões do conceito de validade. Considerando os objectivos
uma resposta diferente num outro também nãoé de confiança. de projectos de 100 horas que não impliquem testese medições
Quaisquer perguntas que peçam uma opinião podem originar res- complexos, raramenteé necessário investigara fundoo grau de
postas diferentes por um variado número de razões.O inquirido validade de um método, embora deva serfeito um esfoYço para os
poderá ter visto um programa de televisão que tenha afectado as examinar criticamente.
suas opiniões ou tido alguma experiéncia queo tenha desapontado Perguntea si próprio se um outro investigador que utilizasse
ou lhe tenha agradado,o que influenciaráa sua resposta. Wragg o mesmo instrumento de pesquisa obteria as mesmas respostas.
(1980, 17), ao escrever sobre este tema, levantaa seguinte ques- Informe as outras pessoas (colegas de trabalho, inquiridos expe-
tão: «Será que dois entrevistadores, utilizando os mesmos planos rimentais, colegas de estudo) do que estáa tentar descobrir ou
e processos, obteriam resultados semelhantes? Será que um medire pergunte-lhes se as questõese métodos concebidos serão
entrevistador chegariaa uma conclusão semelhante usando os os mais apropriados. Este processoé um pouco grosseiro, mas
mesmos métodos em momentos diferentes?» Estas questões são terá, pelo menos,o mérito de lhe lembrara necessidade de alcan-
legítimas e deve apresentá-las a si próprio quando verificar os çar um determinado grau de fiabilidadee validade na formulação
assuntos abordados num inquérito ou entrevista. das perguntas, mesmo que seja pouco provável que sati.sfaça os
Há muitas formas de verificara fiabilidade recorrendoa esca- investigadores envolvidos na aplicação de escalase testesa um
lase testes, como testar-retestar (aplicaro mesmo teste decorrido número elevado de indivíduos.
algum tempo apóso primeiro), o método de formas alternaJas Por vezes pode serpreocupante para os investigadores princi-
(onde são dadas versões equivalentes dos mesmos temas e os piantes saber quantos inquéritos devem serdistribuídos ou quantas
resultados são correlacionados) ouo método da clivisão em meta- entrevistas devem serrealizadas. Não há regras fixas, pelo que
des (onde os assuntos no teste são divididos em duas metades de› erá pedir indicações ao seu orientador antes de se empenhar na
equivalentes, sendoa pontuação depois correlacionada). Estes realização de um grande plano, que excederá em muitoo quee
métodos nem sempre são viáveis ou necessários, havendo desvan- pedido. O seu objectivoé conseguiro leque de respostas mais
tagense problemas associadosa todos eles. Geralmente,e no caso representativo possível que lhe permita cumprir os objectivos do
deo seu orientadoro não aconselhar de outra forma, tais meca- estudoe lhe proporcione respostasa questões-chave.
nismos de verificação não serão necessários,a não ser que tente Os instrumentos de pesquisa são seleccionadose estabelecidos
fazer um teste ou escala. A verificação da fiabilidade de um de formaa permitir-lhe obter estas respostas. O instrumentoé
método surgirá no momento da formulação das questões e no apenasa ferramenta que lhe permite recolhera informação, ma›
processo experimental de recolha de dados. é importante que seleccione a ferramenta mais apropriada. Os
A validade é um conceito mais complexo. Diz-nos se um capítulos seguintes acompanhá-lo-ão através dos processos envol
método mede ou descreveo que supostamente deve medir ou vidos na análise de dados documentais, no estabelecimentoe
descrever. Se um método nãoé fiável, também nãoé válido, mas aplicação de inquéritos, no planeamentoe condução de entrevis-
um método fiável não é necessariamente válido. Pode darorigem tase estudos de observação. Pouca atençãoé prestadaá análise
a respostas iguais ou semelhantes em quaisquer ocasiões, mas das informações nesta parte do livro, mas todas têm de ser anali-
pode não mediro que se pretende que meça. Isto parece ser bas- sadase interpretadas de formaa terem utilidade. Os capítulos 12
tante simples, mas a medição do grau de validade de um método e 13 da parte iii deverão ser estudados conjuntamente corri os
pode tornar-se extremamente complicadae há muitas variaçõese capítulos da parte n.

98 99
podem seriiteis.

HAMMERSLEY, M. (1987), «Some notes on the terms ‘validity’ and


‘reliability’», in British Educational Research Journal, 13 (1), 73-81.
Esta recensão bastante completa discuteo significado de confiançae
validade e comenta as inconsistências na sua definiçãoe aplicação.
Um trabalho académico, mas de leitura árdua.
KiRK, J.,e MiLLER, M. L., 1985, Reliabílity and Validity in Qualitative
Research, Califórnia, Sage. Discute questões relacionadas com o
debate métodos qualitativos/quantitativ os e defende que os estudos
qualitativos devem sermais fiáveise válidos.

Análise de dados documentais


Brendan Duffy

A maioria dos projectos de ciências da educação exigea aná-


lise documental. Nalguns casos servirá para complementara in-
formação obtida por outros métodos; noutros constituiráo método
de pesquisa central ou mesmo exclusivo. Será particularmente útil
quandoo acesso aos indivíduos da pesquisa se torne difícil ou
mesmo impossível. Isto pode serfrustrante, mas a análise docu-
mental de ficheirose registos educacionais pode revelar-se uma
fonte de dados extremamente importante (Johnson, 1984, 23). Este
capítulo visa elucidar a forma de categorização, localização,
selecçãoe análise de documentos. A sua abordagem deriva de
métodos históricos que tratam essencialmente dos problemas da
selecçãoe avaliação de dados. Tais métodos tém influenciadoa
forma de redacção dos trabalhos académicos (Barzune Grafl,
1977, 5; Evans, 1997, 18).
100 101
Abordagens aos dndos documentais financiadora lidar com diferentes aspectos da administração da
faculdade, os seus registos são igualmente significativos.É im-
Quando iniciamos um estudo que inclui análise documental portante saber que tipo de registose de arquivos existem em cada
podemos escolher duas abordagens diferentes. Uma tem sido cha- organização. Que tipo de registos são conservados pela secretaria
mada «abordagem orientada para as fontes», na qualé a natureza da escola,a contabilidade ou a bibliotecae que tipo de arquivos
das fontes que determinao projectoe ajudaa formular as questões podem serconservados por particulares ou por departamentos da
a quea investigação vai responder. Neste caso, não se abordariam instituição?A autoridade local paraa educação conserva arquivos
as fontes com perguntas previamente determinadas, mas deixar- relativosa algumas escolas? Durante quanto tempo conservam as
-se-iao material que elas contêm conduzira pesquisa.A segunda instituições esses arquivos antes de os destruírem? Muitas vezes
aproximação,e tambéma mais comum, seriaa «orientada parao os investigadores ficam exasperados pela tendência das institui-
problema», que implica formular perguntas através da leitura de ções oficiais para destruírem documentos que mais tarde se vem
fontes secundárias, lero que já foi descoberto acerca do assunto a verificar serem importantes (Duffy, 1998, 29-30). Como inves-
e decidir qual vai sera orientação do trabalho antes de começar tigador, deve estar preparado para ir em busca dessas fontes de
a trabalhar com as fontes primárias (estas expressões são defini- informação. Naturalmente, nunca se deve partir do princípio de
das abaixo).À medida quea sua investigação for progredindo,a que, simplesmente por existirem, os documentos estãoà disposi-
ideia de quais as fontes relevantes vai-se tornando mais clara, ao ção dos investigadores. Algumas fontes podem serconsideradas
mesmo tempo que mais questões lhe vão sendo sugeridas com o confidenciaise não ser abertas ao público. Assim, convém queo
melhor conhecimento do seu assunto (Tosh, 1991, 54). investigador se informe antecipadamente da sua disponibilidade.

A localização dos documentos A natureza dos dados documentais


As pesquisas de dados documentais têm de serlevadasa cabo Antes de começara procurar os seus dados documentais, convém
exactamente da mesma forma que as pesquisas bibliográficas, para verificar exactamente que tipos de documentos existem. «Docu-
que se perceba seo projecto que o investigador se propõeé rea- mento»é um termo geral que designa uma impressão deixada num
lizávele para este se informar acerca do contextoe da natureza do objecto físico por um ser humano. A investigação pode envolver
assunto. A pesquisa de dados documentais pode ter de cobrir tanto a análise de fotografias, de filmes, de vídeos, de diapositivose de
as fontes estrangeiras como as do país do investigador. outras fontes não escritas, todas elas classificáveis como documen-
Ao nível local, seráa própria natureza do projectoa orientá-lo tos, mas os tipos mais comuns de documentos na investigação
para as fontes particulares que lhe podem interessar. Um projecto educacional são impressos, de maneira queé nesses que este capí-
acerca da relação entre uma faculdadee os seus financiadores tulo se concentra. As fontes também podem serde natureza quan-
exige uma pesquisa documental nos arquivos das várias institui- titativa ou estatística, mas, comoé natural, seria um erro conside-
ções, em que as características de todas sejam tidas em conta. Se rar estas chamadas fontes «duras» como de maior confiança que
a faculdade tiver um conselho académico ou algo de equivalente, outros tipos de materiais.É fundamental utilizar os métodos crí-
as suas actas podem seruma fonte com interesse. Se a instituição ticos de análise recomendados para verificar como foram obtidos

102 3
esses valores.O que contaram eles? Com que correcção? Quem As fontes inadvertidas são usadas pelo investigador com uma
contou? Quando? Onde?E porquê? (Stanford, 1994, 146). finalidade diferente daquela com que foram produzidas. Resultam
do funcionamento dos governos centrais e locais e nascem do
trabalho quotidiano do sistema educativo. São exemplos de docu-
Fontes primáriase secundárias mentos primários deste tipo:

Os documentos podem constituir fontes primárias ou secundá- • os arquivos dos corpos legislativos, dos departamentos go-
rias. As / mes primariox são as que foram produzidas duranteo vernamentaise das autoridades locais ligadasá educação;
períodoa ser investigado (por exemplo, as actas das reuniões dos • os números das estatísticas nacionais;
conselhos escolares). As fontes secundárias são interpretações de • os relatórios das inspecções escolares;
eventos desse período baseadas em fontes primárias (por exem- • os censos;
plo, uma história de uma escola escritaa partir das actas das • as actas dos conselhos escolares, dos grupos de direcçãoa
reuniões dos conselhos escolares). A distinçãoé complicada pelo vários níveis, de grupos de trabalhoe de reuniões de pes-
facto de alguns documentos serem primários de um ponto de vista soal;
e secundários de outro (Marwick, 1989, 200). Se o autor da his- • manuaise folhetos informativos;
tória da escola foro objecto da investigação, por exemplo,o seu • enunciados de exames;
livro passaa ser uma fonte primária parao historiador. A expres- • livros de presençase de sumários;
são análise secundária, usada por alguns cientistas sociais (Hakim, • ficheiros do pessoal;
1982) para designara análise do material resultante de um inqué- • folhas de vencimento do pessoal;
rito ou pesquisa reunido em colecções não é conveniente porque • boletins informativos;
pode serconfundida com o uso de fontes secundárias. Esta análise • cartase jornais;
secundária é, naturalmente, uma investigação primária tal como • orçamentos;
estaé aqui definida. • sites das escolas ou faculdades na Internete outro material
do mesmo tipo.

Fontes deliberadase inadvertidas Os documentos inadvertidos deste tipo são os mais comunse
normalmente também os tipos mais valiosos de fontes primárias.
As fontes primárias podem porseulado ser divididas em duas Foram produzidos com um fim prático contemporâneo da reali-
categorias. As /onieS de liberadas são produzidas tendo em mente dadea que se refereme parecem por isso mais simplese directos
os futuros investigadores. Incluem autobiografias, memórias de que as fontes deliberadas. Embora isto possa ser assim, não deixa
políticos ou de homens ligadosá educação, diários ou cartas es- de ser preciso tomar grandes cuidados com eles, porque não se
critas a pensar em posterior publicaç ão e documentos de pode pór de partea possibilidade de os documentos terem sido
autojustificação (Elton, 1967, 101). Envolvem uma tentativa de- deliberadamente forjados com a intenção de enganar outra pessoa
liberada de preservar provas parao futuro, possivelmente para que nãoo investigador, ou então que aquilo que á primeira vista
desviar suspeitas ou com a finalidade de firmar uma reputação pareçam fontes inadvertidas (certos registos governamentais, por
(Lehmanne Mehrens, 1971, 24). exemplo) sejam na realidade tentativas de justificar certas acções

104 105
perante as gerações futuras (Elton, 1967, 102). Alguns dos docu- a escolher. A familiaridade com as diferentes categorias de provas
mentos produzidos numa escola quando se prevê uma inspecção ajudá-lo-áa tomar decisões acerca do que é fundamental parao
podem ter o finn de deixar a melhor impressão possível aos projecto.É então necessária uma «selecção controlada» para asse-
inspectores,e tambémé possível que a escola não fosse tão pro- gurar que nenhuma categoria importanteé deixada de fora (Elton,
lífica na produção de documentos internos ou tão pontuala pòra 1967, 92). Tente não incluir demasiadas fontes deliberadase pro-
documentação em ordem como quando se espera uma inspecção. cure não seleccionar os documentos meramente com base na forma
como apoiam os seus pontos de vista ou hipóteses. A sua finali-
dadeé fazer uma selecção tão equilibrada quanto possível, sem
Dados conscientese não conscientes perder de vista os constrangimentos impostos pelo tempo. Verifi-
Um último aspecto acerca da natureza dos documentos diz res- que periodicamente se estáa cumprir as datas do seu plano de
peito ao carácter conscientee não consciente da informação que trabalho e, se achar que estáa invadiro tempo destinadoà fase
transmitem. Informaçčio conscienteé tudoo queo autor do docu- seguinte do seu trabalho, tome medidas para reduzira sua selec-
mento quis transmitir. Informação não conscienteé tudoo mais que ção. A sua sensibilidadeă importància dos documentos iră aumen-
possa serpercebidoa partir desse documento (Marwick, 1989, 216). tando com o desenvolvimento do projecto.
Se, por exemplo, um ministro da Educação fazum discurso em que
anuncia uma reforma,a informação consciente seria tudoo queé
dito acerca da reforma da educação nesse discurso. A informação A análise de conteúdo
nño consciente, por outro lado, poderia ser transmitida pelos pres-
supostos subjacentes involuntariamente revelados pelo ministro A selecçño adequada de documentosé particularmente impor-
através da linguagem que utilizoue pelo facto de o governo ter tante naquiloa que se chama «análise de conteúdo», que jú foi
escolhido um método particular para anunciara reforma. Se uin definida como «uma técnica de investigação para fazer inferências
ministro com uma pasta menos importante recebero encargo de válidase repetíveisa partir dos dadose em relação ao seu contex-
anunciar uma redução com os gastos com a educaçäo,o facto pode to» (Krippendorff, 1980, 21). A análise de conteúdo tern sido
indicar uma expectativa dos seus pares com pastas mais importan- usada para investigar distorções em reportagens, no conteúdo de
tes de que as medidas anunciadas vão ser objecto de críticas. jornais, ou os estereótipos sexuais ou raciais nos manuais escola-
Todos os documentos transmitem informações inconscientes, mas res (Weber, 1990, 10). Implica na realidadea contagem do número
é ao investigador que cabe interpretaro seu significado. de vezes que certos termos particulares ou «unidades de registo»
ocorrem numa amostra de fontes, mas também pode recorrera
métodos comoa contagem do número de colunas dedicadasa um
assunto num jornal ouo número de fotografias numa publicação.
selec *o dosdocumentos Talvez seja possível estudar todos os documentos de uma catego-
ria particular, como newsletters ou prospectos de escolas, mas
A quantidade de material documental queo investigador po- noutros casos é necessário usar uma técnica de amostragem.
derá estudaré inevitavelmente influenciada pelo tempo de que Consideremos por exemplo um caso em que um jornal diárioé
este dispõe para esta fase da investigação. Normalmente nãoé seleccionado num projecto de investigação que procura compre-
possível analisar tudo, de maneira que tern de sero investigador ender as atitudes dos tablóides em relação às escolas secundárias.

106 107
Podiam examinar-se todas as edições de um jornal durante um ' se faça um certo numero de perguntas em relação ao assunto. No
período de três meses ou podia seleccionar-sea primeira semana caso de uma carta, teria de incluiro seguinte:
de cada mês ao longo de um período de um ano.A natureza da
amostra deve serdefensávele esta deve sersuficientemente ampla ’• • Sabe-se seo autor da carta esteve no local de ondea carta
para permitir conclusões válidas. Se o investigador estiver interes- ) veio na altura em que foi escrita?
sado na apresentação das associações de professores pelos órgãos • Há outras fontes que corroborem quea pessoa escreveua
de comunicação, as amostragens semanais serão fortemente ina- carta?A cartaé compatível com todos os outros factos
dequadas porqueé pouco provável que as referências significati- conhecidos acerca do autor?
vas a associações específicas se confinemà primeira semana de • A carta tem um arranjo semelhantee a mesma forma que
cada mês. Tendo-se estabelecidoa frequência das palavras esco- outros documentos do mesmo tipo?
lhidas, tem de se situá-las em contexto antes de se tentar interpretá- • É típica do conjunto de outras cartase documentos escritos
-lase explicá-las. Para queo empreendimento seja bem sucedido, pelo autor?
é preciso aplicaro método crítico advogado na secção seguinte.
A aproximação á análise de conteúdo de documentos pode ser
É pouco provável que tenhamos de verificar, ou possamos
muito árida se a natureza do documento não for analisada da
fazê-lo, quaisquer falsificações ou brincadeiras, mas devemos
forma que aqui sugerimos, além de que pode não se adequara
' tentar concluir sea pessoa cuja assinatura consta do documento de
estudos de pequena dimensão.
factoo compós ou escreveu.

A crítica interna
A análise crítica dos documentos
O método analítico mais usado em projectos de investigação
A crítica externa breves na área educacionalé a critica interna, na qualo conteúdo
do documentoé sujeitoa uma análise rigorosa, que começa por
A análise dos documentos pode dividir-se em crítica externa procurar respostas às seguintes perguntas:
e interna, embora estas possam sobrepor-se em grande medida. A
crtfica externa procura saber se um documentoé genuíno (isto é, • De que tipo de documento se trata? De uma circular gover-
se não foi forjado)e autêntico (isto é, se é o que pretende sere namental? Dos estatutos de uma organização? De um docu-
seo que diz sobre aquiloa que se refereé verdadeiro) (Barzune mento administrativo? De um conjunto de minutas? De uma
Graf, 1977, 85). Por exemplo, um grupo de observadores pode carta incluída numa longa correspondência? Quantas cópias
escrever um relatório acerca de uma reunião em que os seus do documento existem?
membros nunca participaram.O seu relatório seria genuíno, por- • Que diz de factoo documento? Os termos que aísão usados
que de facto foi escrito por esses observadores, mas não seria têm o mesmo sentido que aquele que normalmente lhes
autêntico porque eles não estiveram presentes na reunião. atribuímos? Os documentos legais, ou os estatutos, por
Na crítica externaé necess/ario saber com todaa certeza que o exemplo, podem usar uma linguagem especializada que tem
autor esteve de facto na origem do documentoe isso implica que de ser dominada. Em correspondências particulares podem

108 109
surgir termos usados de forma idiossincrática que também • O autor costuma dizera verdade, exagerar, distorcer ou
têm de serentendidos. omitir aspectos do que descreve?
• Quem osproduziu? Que se sabe acerca do seu autor? • Quanto tempo depois do acontecimento produziuo autoro
• Qual foia sua finalidade?O autor procurou informar, orde- documento?A sua memória poderá ter-lhe pregado alguma
nar, recordar (como num memorando) ou ter qualquer outro partida?
efeito sobreo leitor? Um documentoé sempre escrito para
um ou vários leitores particularese conformado às expec-
tativas do seu autor em relaçãoá forma como os leitoresa É possível que nem todas estas questões sejam relevantes para
quem se dirigeo vão interpretar (Evans, 1997, 104). Da todos os documentos, mas quando fazemos uma análise crítica
mesma forma,o leitor está sempre consciente das finalida- dos documentos não devemos aceitá-los por aquilo que parecem.
des e das intenções do autor ao longo do acto de leitura. Devemos examiná-los com muito cuidado. As lacunas documen-
• Quandoe em que circunstâncias foio documento produzi- tais podem sermuito significativas, uma vez que podem indicar
do? Como seexplicaa sua existência? um preconceito oua determinação de ignorar uma mudança. Pro-
• O documentoé típico ou excepcional dentro do seu tipo? cure perceber se uma afiliação política particular pode influenciar
• Será completo? Terá sido alterado ou editado? Pode haver o tom ou a ênfase de um jornale procure chegara uma conclusão
mais possibilidades de completude se tiver sido publicado com base em todos os dados disponíveis. Uma verificação da
muito tempo depois dos acontecimentosa que se refere. fiabilidade de um documento pode implicara respostaà questão:
«Fiável para quê?» Será uma explicação fiável dos pontos de vista
do autor acerca de um assunto? Por outras palavras, será represen-
tativo desses pontos de vista? Pode não serverdadeiro num sen-
O investigador terá ainda de verificara assiduidade dos auto-
tido mais geral — por exemplo, um documento que defendaa
res de documentos. Quaisquer funcionários que produzam docu-
redução do número de alunos de uma escola pode não transmitir
mentosa serusados em apelos ou reuniões públicas são extraor-
a verdade acerca dos efeitos da utilização deste método na orga-
dinariamente cuidadosose a maneira como encaram um relatório
nização das turmas numa escola, mas pode ser uma expressão
acerca de um alunoé muito diferente se souberem que os pais do
verdadeirae portanto de confiança dos pontos de vista do autor
aluno ou outras pessoas,e não apenas os seus colegas, vão vero
sobreo assunto. Tambémé possível que o documento seja um
documento.
exemplo fiável do seu tipo, como acontece com um documento
Depois de fazer estas perguntas fundamentais, terá de levantar
que faz parte de uma série longa.
ainda algumas outras questões acerca do autor:

• Que se sabe acerca da sua origem social, das suas opiniões °


políticas, dos seus objectivos pessoaise da sua experiência Factos ou pontos de vista?
pessoal?
• Teráo autor observado ou passado por aquilo que descre— Um dos objectivos importantes da crítica académicaé verificar
ve? Se assim for, terá sido um especialista naquilo que é sea característica principal de um documentoé transmitir os fac-
observado? Terá sido um observador experiente dos acon- tos ou os pontos de vista do autor (Barzune Graff, 1977, 154). Os
tecimentos que descreve? autores raramente declaram quais são os seus pressupostos, de

110 111
maneira que é ao investigador que cabe expô-los, se isso for
possível. Esteja atentoa quaisquer expressões que revelem toma-
das de partido. Perguntea si mesmo seasprovas oferecidas pelo
documento apoiam de forma convincente os argumentos do autor.
Teria este apoiado um curso de acção particular em que os seus
interesses estivessem envolvidos? Se o documento for contra os
próprios interesses do autor,a probabilidade de estara dizera
verdade pode aumentar. Teriao autor sido afectado por alguma
pressão exercida sobre ele, pelo medo ou mesmo pela vaidade, ao
escrevé-lo? (Best, 1970, 105). Procure indícios.
O facto de detectar qualquer distorção no ponto de vista do
autor não significa que o documento deva ser considerado sem
interesse. Nalguns casos, os melhores dados podem serobtidos de
fontes deste tipo, que revelam de forma rigorosa os verdadeiros
pontos de vista de um indivíduo ou grupo. Tambémé possível
tirar conclusões válidas a partir de testemunhos involuntários,
mesmo queo testemunho inadvertido pareça pouco fiável. Por
exemplo, uma avaliação negativa de um programa de reforma
curricular pode oferecer um testemunho valioso das questões
políticas envolvidas no processo de inovação. Um documento que
revele pontos de vista pessoais fortes tem de ser analisado com
cuidadoe comparado com dados de outras fontes, mas mesmo
assim pode continuara ser útil.
Tente pôr-se na posição do autor do documentoe ver através
dos seus olhos. Em vez de tirar conclusóes precipitadas, procure
dados que contrariema sua primeira impressão para testara va-
lidade do documento com todoo rigor possível — e esteja atento
às distorções introduzidas pelo seu próprio ponto de vista. Pode
sermais fácil reconhecer distorções introduzidas pelos pontos de
vista de outras pessoas que pelos nossos, além de queé sempre
tentador rejeitar os dados que não apoiama nossa posição. Pro-
cure resistir à tentação. As fontes podem serinterpretadas de
muitas maneiras (embora haja fontes que só podem sercompreen-
didas de forma razoável de uma única forma), apesar deo ponto
de vista pós-modernista de que os documentos podem serlevados
a assumir uma infinidade de significados ter sido brilhantemente

112
11. Verifique seo documentoc Comparc-o com outras Íontes para
fiúvel para unha finalidade se certificar de que é de facto
particular. verdadeiro, m‹is lembre-se de
que, crnbora possa náo oferecer
uma descriç2ao fiável de um
acontecimento ou de um pro-
cesso, pode ser de confiança
como expressão dos pontos dc
vista do seu autor.

12. Procure avaliar de forma com- Use os seus conhecimentos para


pletao valor de uma fonte. perceber melhor cada documen-
toe procure fazer do método
crítico um hábito dos seus tra-
balhos de investigação.

114 115
í
7
Concebere aplicar inquéritos

Esta etapa, dedicadaà concepção de um inquérito, só chegará


depois de ter realizado todoo trabalho preliminar relacionado
com o planeamento, consultae definição exacta da informação
que necessita de obter. Só então saberá se determinado inquérito
é o mais adequado ao seu objectivoe se através dele obterá dados
relevantes. Considere seo inquérito seráa melhor forma de reco-
lher informação, em vez da realização de entrevistas ou da obser-
vação, por exemplo. Se assim for, deverá conceber um bom inqué-
rito que lhe dê a informação necessária, que por um lado seja
aceite pelos indivíduose por outro não lhe levante problemas na
altura de o analisare interpretar.
Planificar um bom inquérito é mais difícil do que imagina.
Oppenheim (1966, vii), no prefácio do seu livro Questionnaire
De sign and Altitude Measurement, afirma que o «mundo está
cheio de gente bem-intencionada que acredita que qualquer pes-
soa que escreva numa linguagem simplese fluentee possua um
senso comum médio consegue elaborar um bom inquérito». O
autor demonstra seguidamente que, emborao senso comume a
capacidade de se exprimir com simplicidade ajudem na concepção
de um questionário, esses factores não são suficientes. Há que
atentar na selecção do tipo de questões, na sua formulação, apre-
sentação, ensaio, distribuiçãoe devolução dos questionários.É na

117
altura da concepção,e não depois de todos os questionários terem ou questões verbais podem produzir informaçôes
sido devolvidos, queé necessário reflectir sobrea forma como as ABERTA uteis, mas a sua an‹alise levanta alguns problemas.
respostas serão analisadas. Os inquéritos constituem mia fo ma E possível que seja necess‹iria uma espécie de
rápidae relativamente barata de recolher um deter inado o de analise de conteúdo para material verbal,a não
in orma ãõ;partindo do princípio de que os inquiridos são ‘sufi- ser que a informação obtida tenha fins especiais.
cientemente disciplinados, abandonarn as questões supérfluas e Pode, por exemplo, considerar necessário dar aos
avançam paraa tarefa principal. respondentesa oportunidade de exprimirem as
suas opiniões sobreo tópicoa ser investigado —
ou de apresentarem algumas queixas. Pode desejar
utilizar estas questões como introdução a uma
O que precisa exactamente de saber? entrevista subsequente, ou em entrevistas-piloto,
As leituras preliminarese o plano de pesquisa terão identifi- ondeo importanteé saber que aspectos do tópico
são de interesse particular para os inquiridos.
cado as áreas importantesa investigar. Volteá hipótese ou aos
objectivos iniciaise decida que questões será necessário levantar
para alcançar esses objectivos. Depois anote perguntas potenciais
Asperguntas de estrutura mais complexa não levantarão tantos
em fichas ou em pedaços de papel soltos para facilitara sua or-
problemas quando chegara altura de as analisar. Youngman sugere
denação posterior. Serão necessárias várias tentativas para formu- o seguinte:
lar as questões, não só para eliminaro factor ambiUnidade, como
também para obtero grau de precisão necessário que faça que os LISTA Éapresentada uma lista de alíneas, podendo
indivíduos compreendamo que lhesé perguntado exactamente; qualquer delas ser seleccionada. Por exemplo,
além disso, será necessário verificar que a linguagem utilizada numa pergunta sobre as habilitações literáriaso
não inclui calãoe decidir qualo tipo de questõesa formular de inquirido pode possuir mais de uma de entre as
formaa serpossível mais tarde classificare analisar as respostas. mencionadas.
Algumas linhas de orientação paraa análise são indicadas no CATEGORIA A resposta será apenas uma de entre um
c onjunto de categorias. Se, por exemplo,
capítulo 11; antes de terminara concepção do seu questionário
apresentara categoria idade (20-29, 30-39, etc.),
deverá ler este capítulo.O tempo despendido na preparação pou-
o inquirido apenas pode assinalar uma categoria.
par-lhe-á horas de trabalho mais tarde. HIERARQUIA Neste tipo de questãoé pedido ao inquirido que
ordene algo. Pode, por exemplo, pedir ao inqui-
rido que coloque por ordem hierárquica certas
Tipos de questões qualidades ou características.
ESCALA Há vários níveis nos processos de escalonamento
Quanto mais estruturada for uma questão, mais fácil será de informação (nominal, ordinal, de intervalo,
analisá-la. Youngnian (1986) inventariou sete tipos de questões da relacional) que podem serutilizados nos ques-
forma que se segue: tionários; há, contudo, que proceder com cuidado.
QUANTIDADE A respostaé um número (exacto ou aproximado)
VERBAL A resposta aguardadaé uma palavra, uma frase que traduz uma quantidade de determinadas
ou um comentário mais longo. As respostas a características.

115
119
Memória Questões amplas
A memória prega-nos partidas. Se lhe pedirem que diga quais Pode parecer óbvio lembrar-lhe que nunca deve íazer pergun-
os programas de televisão que viu na semana passada, será que tas duplas, mas o seguinte tipo de questão passa facilmente des-
consegue lembrar-se de todos? Tem a certeza de que viu determi- percebido:
nado programa na semana passada? Não terá sido na semana
FREQUENTA AULAS DEMATEMÁTICA E QUÍMICA?
anterior? Considerea seguinte questão, que constou de um ques-
tionário relacionado com educação parental. À primeira vista
parece uma pergunta muito clara. A resposta et/ri significará que frequenta ambas ou apenas uma
delas? A pergunta deverá ser dividida em duas:
QUAIS AS DISCIPLINAS QUE ESTUDOU NA ESCOLA?
FREQUENTA AULAS DE MATEMATICA?

Se osinquiridos tiverem deixadoa escola há pouco tempo, FREQUENTA AULAS DE QUÌMICA?


talvez ainda consigam lembrar-se delas com clareza, mas que
sucederá se tiverem deixadoa escola há vinte ou mais anos?
Podem ter dificuldade em recordar-se. Se não incluírema disci-
plina de Inglês na lista, quererá isso dizer que não a tiveram ou Qttestões capciosHs
simplesmente que se esqueceram dea mencionar? Reflicta sobre
a informação de que realmente necessita. Se quiser saber quais as Nem sempreé fácil identificar uma pergunta que conduza
disciplinas realmente estudadas pelos inquiridos, talvez seja pre- uma determinada resposta;o uso de linguagem emotiva oua for-
ferível apresentar uma lista de disciplinas que possam serassina- ma comoa questãoé formulada podem levar os inquiridosa res-
ladas com uma cruz. Desta forma, certificar-se-á de que serão ponder ás questões de uma dada maneira. Por exemplo:
consideradas as disciplinas principais — mas o tipo de questão NÁO CONCORDA QUE OS ESTUDANTES SENIORES
dependerá do tipo de informação de que precisa. DEVIAM TERO DIREITO DE EXPRIMIR OS SEUS PONTOS
DE VISTA NAS REUNIÕES COM OS RESPECTIVOS
ORIENTADORES DE TRABALHO FINAL?

Conhecimentos A verdadeé que será muito difícil obter uma resposta negativa
Atente nas questões que solicitem informação que os inquiri- por parte de um estudantea esta questão.
dos possam desconhecer ou não sejam capazes de dar com pron-
tidão. Por exemplo, pode parecer razoável perguntar aos estudan-
tes seniores qualo critério seguido na distribuição dos estudantes Questões com pres›upostos
entre vários seminários de fim de curso.O mais provável será que
eles náo o saibam; se os inquiridos tiverem de procurar essa infor- Estas questões sào frequentemente fonte de erros em inquéri-
mação,é possível que desistam de respondera todoo questio- tos.A razão da sua inclusão deve-se ao facto deo investigador ter
nário. opiniões muito vincadas acerca de determinado assunto, não se

122 123
dando conta de que nem todaa gente pensa da mesma forma. Por formulae posiciona as perguntas. Alguns investigadores pensam
exemplo: que tais perguntas só devem serfeitas mais parao fim do ques-
tionário, defendendoa teoria de que, se os inquiridos desistirem
A UNIVERSIDADE/O INSTITUTO PROPORCIONA UM de responder nessa altura, terão, pelo menos, respondido às per-
ACONSELHAMENTO ADEQUADO AOS ESTUDANTES? guntas anteriores.
A idadeé geralmente considerada uma rubrica delicada; em
É possível que pense que todas as instituições dispõem de um vez de pedir aos inquiridos que indiquema idade exacta, será
serviço de aconselhamento.E se os inquiridos não o tiverem? melhor pedir-lhes que indiquema categoria etáriaa que perten-
Neste contexto,a palavra adequado não tem qualquer significado. cem da seguinte forma:
Com esta questão parte do pressuposto de que o serviço de
aconselhamentoé necessário,o que tornaa questão inválida. Inferior ou iguala 20 anos

21-24 anos

QUE IDADE TEM? 25-29 anos


Questões hipotéticas 30-34 anos
Esteja atentoa perguntas que apenas peçam respostas inúteis. Igual ou superiora 35 anos
A maioria das questões hipotéticas inclui-se nesta categoria. Por
exemplo.

SE NÃO TIVESSE RESPONSABILIDADES FAMILIARES Proceda com cuidado e não sobreponha categorias. N3o é
E DISPUSESSE DE MUITO DINHEIRO,O QUE FARIA? in ulgar encontrar faixas etárias ordenadas da seguinte forma: 21
anos ou menos, 21-25, 25-30, etc.

Porém, um inquirido poderá responder: tenho de facto respon-


sabilidades familiares, mas não tenho dinheiroe nuncao terei,
portanto, para quê pensar nisso? Apresentaçãoe formato
Um questionário preparado de uma forma excelente perderá
muito do seu impacto se tiver uma apresentação pouco cuidada.
Questões ofensivase questões Dê uma vista de olhos por alguns trabalhos publicados que te-
que abordem assuntos delicados nham recorrido ao inquérito como método de recolha de dados
para ter algumas ideias sobreo formato do seu. Os inquiridos
Não é preciso dizer que as questões que possam ofender os precisam de ser encorajados a lere a responder às questões e
inquiridos devem sereliminadas. Se precisar mesmo de informa- podem adiar esta tarefa se forem confrontados com um documento
ções sobre assuntos que possam serconsiderados delicados pelos de aparência descuidada, preparadoà pressa. N3o há regras defi-
inquiridos, terá de ter um cuidado adicional com a forma como nitivas sobreo formato de um questionário, inas algumas linhas

124 125
de orientação ditadas pele senso comum contribuirão para uma pouco provável que tenha tempoe meios para os incluira todos.
boa apresentação: Terá de seleccionar uma amostra.
Em estudos muito extensos, comoo censo, as técnicas de pro-
Os questionários devem serdactilografados (ou impressos, dução de amostras serão empregues de formaa darem origema
se realizar um trabalho de larga extensão); uma que seja, na medida do possível, representativa da população
2. As instruções devem serclaras (em letras maiúsculas ou total. As generalizações poderão então ser elaboradasa partir das
num tipo de letra diferente); descobertas feitas. Em pesquisas pequenas teremos de fazero
3. Espaçar as perguntas entre si será não só uma ajuda parao melhor que pudermos.
leitor como para si no momento de analisar as respostas; Todos os investigadores dependem da boa vontadee da disponi-
4. Se quiser restringiro questionárioa um número limitado de bilidade dos indivíduose é provável que seja difícila um investiga-
folhas, será melhor fazer cópias reduzidas; dor isolado que trabalhe num projecto de pequena dimensão obter
5. Coloque os quadrados para as respostas do lado direito da uma amostra verdadeira ao acaso. Se for efectivamente difícil, talvez
folha. Será mais fácil para os inquiridose ajudá-lo-á depois se veja forçadoa entrevistas pessoas ao acaso entrea população total
na extracção da informação; disponívele dispostaa colaborar nesse momento. As amostras de
6. Se tencionar usar um programa de computador, deixe um oportunidade deste tipo são geralmente aceitáveis, desde que se
espaço no lado direito da folha para posterior codificação explique claramentea forma como sechegoua elase se esteja ciente
das respostas; das limitações que tais dados implicam. No entanto, mesmo num
7. Examineo seuquestionário criticamentee pergunte-se com estudo pequeno há que tentar seleccionara amostra mais represen-
que impressão ficaria se fosseo receptor; tativa possível. Suponhamos que decide incluir 50 % da sua popula-
8. Atente na ordem das perguntas. Deixe as questões delica- ção. Numa amostra ao acaso todos os indivíduos abrangidos terão
das para mais tarde. Comece com asperguntas mais sim- iguais hipóteses de ser seleccionados. Pode seleccioná-los segundo
plese fáceis de respondere vá avançando para os tópicos nomes alternados de uma lista alfabética, sendoa primeira pessoa
mais complexos (apontar as perguntas em fichas ou em escolhida pela acção de espetar um alfinete no papel. Nem todos os
pedaços de papel soltos facilitaráa reorganização das per- seleccionados estarão disponíveis para colaborar, sendo por isso
guntas). aconselhável fazer uma lista de nomes de reserva. Por exemplo, se
a vigésima pessoa recusar ou não estiver disponível, terá decidido
antecipadamente,e dentro do plano de pesquisa, abordara seguinte.
Pode haver ocasiões em que deseje incluir subgrupos represen-
tativos. Talvez queira seleccionara proporção exacta de homens
Conceber uma amostra
e mulheres, de indivíduos de diferentes faixas etárias ou outros
O número de indivíduos abrangidos pela sua investigação subgrupos da população-alvo. Se assim for, poderá tero seguinte
dependerá necessariamente do tempo de que dispuser. Se traba- tipo de estratificação:
lhar num projecto de 100 horas, não estará em condições de in-
cluir todos os estudantes universitários seniores do país. Se tiver TOTAL DA POPULAÇÃO—ALVO: 100
decidido restringira sua pesquisaa uma instituição, necessitará de Número de homens: 60
Número de mulheres: 40
saber quantos estudantes seniores aí existem. Se houver 100,é

126 127
Em vez de seleccionar nomes alternados,a população da amos- tenha de recorrerà colaboração de membros da sua famíliae de
tra pode serseleccionada com base na relação de um em cada dois amigos.O ideal seria testaro questionário com um grupo seme-
homens e de uma em cada duas mulhere s. Seriam, assim, lhante ao que constituia população do seu estudo; contudo, se tal
seleccionados 30 homense 20 mulheres. não for possível, recorraa quem encontrar disponível. Os inqui-
Se pretendesse descobriro número de homense mulheres que ridos dir-lhe-ão quanto tempo levarama completaro questionário
tivessem realizado as provas com vistaà entrada na universidade, e, se tiverem deixado perguntas por responder, poderá perguntar-
poderia limitara amostra um pouco mais da seguinte forma: -lhes porquê.O objectivo de um exercício-piloto consiste em des-
cobrir os problemas apresentados pelo instrumento de recolha de
Homens Mulheres Total informação que escolher, de modo queosindivíduos no seu estudo
real não encontrem dificuldades em responder; por outro lado,
Realizaram provas de admissão .... 30 10 40
Não realizaram provas de admissão .. 30 30 60 poderá realizar uma análise preliminar dos dados obtidos para ver
seo estiloe o formato das questões levantam ou não problemas
Total ............ ....... 60 40 100 na altura de analisar os dados reais.
Pergunteo seguinte às suas «cobaias»:

1. Quanto tempo levoua completaro questionário?


Se os factores sexoe provas realizadas com vistaà admissão no
2. As instruções eram claras?
ensino superior fossem particularmente importantes, os subgrupos
3. Achou alguma questão pouco clara ou ambígua? Se sim,
seriam então especificados na altura da concepção da pesquisae a
qual(ais)e porquê?
amostra seria estabelecida na proporção exacta de cada subgrupo
4. Opôs-sea respondera alguma questão?
ou célula. Este exemploé relativamente grosseiro, mas, no caso
5. Na sua opinião, foi omitido algum tópico importante?
de um trabalho de pequena escala, será uma forma geralmente
6. Considerouo formato do questionário claro/atraente?
aceitável de seleccionar uma amostra. Se for necessária uma abor-
7. Tem algum comentárioa fazer?
dagem mais científica parao seu projecto, terá de fazer mais
leituras no sentido de adquirir uma certa experiência estatística.
Consulte as sugestões bibliográficas no final do capítulo. As respostasa estas perguntas permitir-lhe-ão revero questio-
nário destinadoa ser distribuído. Será necessário investir algum
tempo para conseguir um questionário bem concebidoe com boa
apresentação, mas, seo preparar cuidadosamente, poupará horas
Questionário-piloto e até semanas de trabalho na altura de analisar os dados.
Todos os instrumentos de recolha de informação devem ser
testados para saber quanto tempo demoram osreceptoresa realizá-
-los; por outro lado, isto permite eliminar questões que não con- Distribuiçãoe devolução dos questionários
duzama dados relevantes. Num trabalho pequeno háa tentação de
começar logoa distribuir os questionários; por muito pressionado Há que decidir logo de início a forma de distribuição dos
que esteja pelo tempo, náo deixe de testá-los, nem que para tal questionários e o que fazer no caso de não obter respostas. Há

128 129
vantagens claras na entrega pessoal dos questionários aos indiví- ção expressa de um dia, bem como de uma data, parece tero
duos. Poderá explicar os objectivos do estudo e, nalguns casos, os efeito de auxiliara memória.
questionários podem atéserpreenchidos na altura.É provável que Inclua um envelope endereçadoa si próprio (já selado, se os
obtenha uma maior colaboração se estabelecer um contacto pes- inquiridos tiverem de devolvê-lo pelo correio).
soal; se isto for impossível, terá de explorar outras vias de distri-
buição. Por vezesé possível obter autorização para distribuir os
questionários através de sistemas de correio interno. Outra alter-
nativa consiste em persuadir os colegase amigosa darem uma
ajuda. Se tudo isto falhar, poderá ter de enviar cópias pelo correio,
Ausência de resposta
o que é dispendiosoe não traz geralmente grandes resultados. Só Registe cuidadosamentea data em que os questionários foram
deve adoptar esta alternativa de distribuição se lhe parecer impos- distribuídose a data da sua devolução. Geralmente, de início há
sível contactar os indivíduos de outra forma. uma boa aceitação, mas depois as respostas chegam com menor
A não ser que planeie encontrar-se pessoalmente com os indi- regularidade. É inevitável que nem todos sejam devolvidos no
víduos, será necessário anexar uma carta explicandoo propósito prazo especificado, por isso, se tiver decidido abordar os inquiri-
do questionário, indicandoo facto de ter sido concedida aprova- dos mrna segunda vez, será necessário enviar uma segund‹i carta
ção oficial (se foro caso)e explicitandoa utilização que será dada corno questionário.
ă informaçäo obtida. Geralmente, promete-se confidencialidadee Se nño pedira identificação das pessoas, ou se nño estabelecer
anoniinato, mas antes de fazer promessas defina bem o que en- um sistema qualquer de numeraç2ao, não terá maneira de saber
tende por esses conceitos. Significa que não haverá possibilidade quem respondeue quem näo respondeu,o que não lhe pcrmitirá
de identificar os inquiridos ou que apenas certas pessoas verão as endereçar uma segunda carta. Se tiver prometido anonimato, não
respostas? Ou quererá dizer que publicaráo trabalho sem mencio- poderá identificar os formulărios com pequenos símbolos que lhe
nar nomes? Releiao capítulo 3, no qual Stephen Waters íala dos permitam saber quem respondeu. Anonimato significa que nfio
problemas que encontrou com o princípio da confidencialidadee existe qualquer forma de ligar as respostas aos indivíduos, por
decida depoiso que pode ou não prometer.É importante clarificar issoé necessário decidir quala forma de abordar os indivíduos
este aspecto antes de distribuir os questionários. pela segunda vez unres de os questionários serem enviados. Como
Atente no estilo em que redigea carta. Um carta demasiado Mosere Kalton (1971, 267-268) salientam, «a falta de resposta
brusca ou agradável pode ter um efeito adverso. Mostre-a por isso constitui um problema devidoă probabilidade — repetidamente
a alguns amigose peça-lhesa opinião. Lembre-se de dar um prazo confirmada na prática — de as pessoas que não devolvem os
de devolução, na carta ou numa posição destacada no questioná- questionários diferirem das que o fazein!» Scott (1961), cujo ar-
rio. A experiência tern revelado que não é razoável dar muito tigo «Research on mail surveys» constitui uma fonte importante
tempo. Se não for indicada nenhuma data, ou se der um prazo para investigadores que se encontrema realizar projectos de gran-
longo, facilmente será posto de parte,o que significa frequente- de dimensão que envolvam questionários enviados por correio,é
mente ficar esquecido. Duas semanasé um prazo razoável parao da opinião de que, sea falta de respostas for apenas de 10%,a
preenchimento de um questionário. Indiqueo dia ou data precisa, parcialidade dos não respondentes. na maior parte dos casos, não
em vez de se ficar confiadamente por um amável pedido de devo- se revestirá de grande importància; contudo, um elevado nível de
lução no espaço de duas semanas. Por qualquer motivo,a indica- falta de respostas poderá distorcer os resultados, pelo que, se tal

130
acontecer, deverá tentar, na medida do possível, encorajar as pes-
soasa devolverem os questionários preenchidos.
As opiniões variam quantoá melhor altura para enviar segun-
dos pedidos para preenchimento de questionários; todavia, num
projecto limitado pelo tempo será preciso voltara abordar os in-
divíduos cerca de uma semana depois da data original se quiser
completara recolha de dados dentro do tempo permitido. Nalguns
projectos de grande escala será enviado um terceiro e até um
quai'to pedido, sendo, porém, pouco provável que o numero de
devoluções obtido por este processo valhao tempoe o trabalho
investidos.

Análise de dados
O ideal seria esperar pela devolução de todos os questionários
e dar uma vista de olhos por todas as respostas antes de começar
a codificá-lase a registá-las. Num projecto em tempo reduzido
poderá sernecessário começara registar as respostas logo que os
primeiros questionários sejam devolvidos. Os processos de aná-
lisee apresentação dos resultados, descritos no capítulo 11, podem
influenciara estrutura do questionárioe a formulação das pergun-
tas, por isso, antes de tomar decisões sobreo conteúdoe o formato
definitivos do questionário, leia esse capítulo cuidadosamente.

132
15. Decida logo de inícioa forma Por correio? Por correio interno?
como os questionários serão Por si próprio? Se decidir
distribuídos. enviá-lo por correio, inclua um
envelope selado endereçadoa si
mesmo. As pessoas prestam-lhe
um favor ao completarem o
questionário. Não espere que
paguem por esse privilégio.

16. A não ser que distribua o Enuncie os objectivos da sua in-


questionário pessoalmente, in- vestigação. Se tiver aprovação
clua uma cartaa explicar o oficial para realizaro seu estu-
que pretendee um envelope do, não se esqueça de rcferi-la.
endereçadoa si próprio.

Lembre-se de indicar um pra- Mantenha um registo da data de


zo p‹tra os questionários serem envioe devolução dos mesmos.
devolvidos.

1 8. Decida que atitude tomar no Lembre-se de que não lhe será


caso de não obter resposta possível abordar os indivíduos
ANTES dedistribuir os ques- uma segunda vez se todas as
tionários. respostas forem an6nimiis.

j9 Não di stribua os questionári- Nunca pJrta do princípio de c[ue


os antes de verificar se será «tudo correrá bem».
necessária autorização parao
fazer.

20. Comece a registar os dados Não tem tempoa perder com retíir-
logo que os questionários co- datários.
mecema serdevolvidos.

21. Não procure fazer cálculos É perfeitamente possível produzir


estatísticos complicados se um bom trabalho sem ter gran-
não soubero que estáa fazer. des conhecimentos de estatísti-
ca desde que a estrutura do
questionário seja bem planeada.

134
Bfbliografia
A maioria dos livros sobre métodos de pesquisa incluem um capítulo
sobrea concepção de questionários; assim, os únicos exemplos aqui
indicados correspondema manuais comuns, em princípio disponíveis nas
bibliotecas. Todos eles proporcionam bons conselhose bases sólidas para
o planeamento de um questionário como parte da sua investigação.

MOSER, C. A., e KALTON, CI., 197 1 , Su rve y Metho ds in Soc ta


1
Investigation, Londres, Heinemann (v. capitulos 11 e 13).
OPPENHEIM, A. N., 19 66, Q uestio n ria i re De s ig ri an d Attitude
Mrasnrement, Londres, Heinemann. Embora jà antigo, contém ainda
informaçöes preciosas sobrea concepçào de questionàrios.
SCOTT, C., 1961, «Research on mail surveys», in Journal of the Ro yal
Statistical Society, sérieA (124), 143-205. Este artigo merece ser
estudado, se conseguir obtê-lo. Se nao for possivel, muitas das ques-
Planeare conduzir entrevistas
töes discutidas por este autor sào analisadas por Mosere Kalton.
ŸOUNGMANN, M. B ., 1982, Designing and Arialys ing Q ustionnai res,
Rediguide 12, Universidade de Nottingham, School of Education;
também como capitulo 10 de J. Bell et al. (1984), Conductitig Small- A grande vantagem da entrevistaé a sua adaptabilidade. Um
Scale Investigations in Educational Management, Londres, Harpere entrevistador habilidoso consegue explorar determinadas ideias,
Row. Um dos melhores e mais simples guias paraa concepçào e testar respostas, investigar motivose sentimentos, coisa queo inqué-
distribuiçäo de questionàrios. No capitulo 17 de Bennett e/ al., 1994, rito nunca poderá fazer.A forma como determinada respostaé dada
Imp rov ing Edu cati onal Mariag eme nt through R esea rc h end (o tom de voz,a expressão facial,a hesitaçáo, etc.) pode transmitir
Consultancy, Londres, Paul Chapman, aparece uma nova versào des-
informações que uma resposta escrita nunca revelaria. As respos-
te guia.
tasa questionários devem sertomadas pelo seu valor facial, mas
urna resposta numa entrevista pode serdesenvolvidae clarificada.
É claro que há problemas. os entrevistas consomem muito
tempo. Num projecto de 100 horas apenas poderá entrevistar um
número relativamente pequeno de pessoas. É uma técnica alta-
mente subjectiva, havendo sempreo perigo de ser parcial. A aná-
lise de respostas pode levantar problemas e a formulação das
questõesé sempre tão exigente nas entrevistas como nosquestio-
nários. Mesmo assim podemos obter material preciosoa partir de
uma entrevistae muitas vezes consolidar as respostas obtidas nos
inquéritos.
Mosere Kalton (1971, 271) descrevema entrevista como «uma
conversa entre um entrevistador e um entrevistado que tem o

136 137
objectivo de extrair determinada informação do entrevistado». Tipos de entrevistas
Isto, afirmam estes autores, pode parecer uma questão muito sim-
Uma vez especificadaa informação de que necessita terá de
ples, mas sair com êxito de uma entrevistaé muito mais compli-
decidiro tipo de entrevista que mais provavelmente lhe fornecerá
cado do que esta afirmação sugere.
essa informação. Grebenike Moser (1962, 16) situam os diferen-
Wisemane Aron (1972) comparama condução de uma entre-
tes tipos de entrevista no que chamam «um continuum de forma-
vista com uma expedição piscatória e, explicando esta analogia,
lidade». Num extremo encontra-se a entrevista completamente
Cohen (1976, 82) acrescenta que, «tal comoa pesca,a entrevista
formalizada, em que o entrevistador se comporta tanto quanto
é uma actividade que requer uma preparação cuidadosa, muita
possível como uma máquina. No outro extremo estáa entrevista
paciênciae experiência considerável sea eventual recompensa for
completamente informal, cuja formaé determinada por cada en-
uma captura valiosa».
trevistado. Quanto mais padronizada fora entrevista, mais fácil
A preparação de entrevistas segue os mesmos procedimentos
será agregare quantificar os resultados. Uma entrevista estruturada
que os questionários. Os tópicos tém de ser seleccionados, as
pode adoptara forma de um questionário ou de uma lista que
questões elaboradas, os métodos de análise considerados e um
sejam completados pelo entrevistadore não pelo entrevistado. Se
plano preparadoe testado.
entrevistar pela primeira vez, será mais fácil usar um formato
Emboraa formulação das questões seja importante, pode não
estruturado.
sertãoimportante precisaro uso de certos termos como nosques-
No caso de uma investigação sobre os obstáculosá aprendiza-
tionários, embora,é claro,a linguagem tenha de ser compreensí-
gem, poderá querer descobrir em que medida os estudantes
vel para todos os entrevistados. No capítulo dedicadoá concepção
seniores participaram nas actividades do clube dos estudantes
de questionários deio exemplo dos estudantesa quem foipedido
seniores. Nesse caso poderá preparar um esquema deste género:
que indicassemo tempo que dedicavam ao estudoe afirmei que
«muito», «algum»e «nenhum» tinham significados diferentes para
DATA DA ENTREVISTA: NOME DO ENTREVISTADO:
diferentes indivíduos. Numa entrevista seria possível perguntar LOCAL DA ENTREVISTA: DEPARTAMENTO:
«quanto tempo despendea estudar», seguindo-se depois uma pista TÓPICO: Participação de estudantes seniores em activi-
de resposta do tipo «por exemplo...». dades extracurriculares
Siga as regras estabelecidas para os questionários (não fazer {. De que forma participou nas actividades do
perguntas que influenciema resposta, que partam de certas pre- clube de estudantes seniores?
missas, que possam serofensivas, etc.). Prepare os tópicose apon-
te-os em fichas ou pedaços de papel, de formaa poder decidira PISTAS DE RESPOSTA Serviço de aconselhamento? 12 3
ordem das perguntas assim que tiver considerado todos os assun- Serviço de empréstimo? 12 3
tosa abordar. Pense na melhor ordem para fazer as perguntas, Eventos sociais? 12 3
pois esta pode serimportante para estabelecer um relacionamento Representação nos comitês
fácil com o entrevistado. A forma como fizer as perguntas será da universidade? 1 2 3
certamente muito importante. Pratiquea entrevistae a gestão do Grupos de apoioa congéneres? 1 2 3
tempo para garantir que o seu estilo de entrevistaé claro, põe à OutrOS?

vontadeo entrevistadoe lhe permite registar as respostas de forma 1 = nada;2 = com certa regularidade (apresente exemplos, se possível);
a saber quandoa entrevista chegou ao fim. 3 = muito (apresente exemplos, se possível).

138 139
Se os entrevistados derem livrementea informação, não será em v ez de falar sobreo queé importante paraõ entrevistador, mas
necessário forçar uma alternativa de resposta, ruas, se quiser saber o emprego de uma estrutura flexível, que garanta que todos os
em particular, por exemplo, se os estudantes usufruíram do serviço tópicos considerados cruciais serão abordados, eliminará alguns
de aconselhamentoe seo acharam útil,é possível que seja útil problemas das entrevistas sem qualquer estrutura. A entrevista
sugerir essa resposta. guiada ou focalizada preenche estes requisitos. Não se usa ne-
O formato apresentado em cima permite-lhe assinalar as res- nhum questionário ou lista, mas, ao serem seleccionados os tópi-
postas com um círculo e, se reservar espaço suficiente para tal, cos sobre os quais a entrevista será conduzida, estabelece-se já
poderá obter comentários interessantes dos entrevistados. Poupa uma determinada estrutura. Ao entrevistado será permitida uma
imenso tempo na altura de analisar os resultadose tem a garantia margem considerável de movimentos dentro desta estrutura. São
de que todos os tópicos sáo focados.O problema deste formatoé feitas determinadas perguntas, mas os entrevistados têm a liber-
sero entrevistadora decidir quais as perguntasa fazer — podendo dade de falar sobre o assuntoe de exprimir as suas opiniões.
eventualmente não fazer as mais relevantes. O entrevistador limita-se a fazer habilmente as perguntas e, se
As entrevistas não estruturadas centradas num só aspectoe necessário,a sondar opiniões na altura certa; se, porém,o entre-
conduzidas por um entrevistador habilidoso podem fornecer da- vistador se mover livremente de um tópico para outro,a conversa
dos valiosos.O controle destas entrevistas requer, contudo, muita poderá fluir sem interrupção.
experiência e a sua análise exige muito tempo. Uma conversa A vantagem de uma entrevista focalizada consiste em estabe-
sobre determinado tópico pode ser interessante, podendo fazer- lecer previamente uma estrutura, simplificando assim grandemente
-nos compreender melhor um problema, mas é preciso lembrar a análise subsequente. Este pontoé importante para qualquer
que uma entrevistaé muito mais do que uma conversa interes- pesquisa, especialmente para estudos limitados por um prazo.
sante.O entrevistador precisa de saber uma informação específica O tipo de entrevista seleccionado dependerá em certa medida
e, se possível, há que estipular os métodos paraa obter. da natureza do tópicoe do que quiser saber com exactidão. As
As entrevistas preliminares podem sersituadas no extremo entrevistas preliminares deverão dar-lhe uma ideia dos tópicosa
«completamente não estruturado» do continuam de formalidade. incluir no seu estudo, sendo, neste caso, necessária uma aborda-
É nesta etapa que um investigador se encontra quando tenta saber gem não estruturada. Nos casos em que for preciso obter uma
que tópicos e áreas são importantes e quando as pessoas informação específica convém geralmente estabelecer uma estru-
directamente interessadas nesse tópico são encorajadas a falar tura, pois caso contrário acabará por ficar com uma quantidade
sobreo que for de importància fulcral para elas. Nesta etapa pro- imensa de informação que pode não corresponder àquela de que
cura pistas quanto ás áreasa explorar ou a abandonar. As entre- necessitae com pouco tempo para explorá-la.
vistas deste tipo requerem apenas um mínimo de apontamentos,
que serão suficientes desde que lhe permitam extraír pontos de
interessee tópicos passíveis de serem incluídos no seu estudo.
A maioria das entrevistas realizadas na etapa de recolha de Parcialidade
dados da pesquisa situa-se algures entreo ponto completamente
estruturado e o ponto completamente não estruturado do Ha sempreo perigo deo factor parcialidade se imiscuir nas
continuum de formalidade.É importante dar liberdade ao entre- entrevistas, em grande parte devido ao facto, como Selltiz er al.
vistado para falar sobreo que é de importância central para ele, (1962, 583) salientam, «de os entrevistadores serem seres huma-

140 141
nose não rnáquinas»e dea sua maneira de serpoder influenciar Registoe verifiC^
os entrevistados. No caso de trabalhar com uma equipa de
entrevistadores, este factor poderá influir seriamente na análise de Se utilizar um formato estruturado que lhe permita assinalar as
dados, mas, se forapenas um investigadora conduzir um conjunto respostas num questionário ou lista previamente preparados, terá
de entrevistas, este será parcial de uma forma consistente, pas- no final da entrevista um conjunto de respostas facilmente
sando assim despercebido. analisáveis. Se escolher uma abordagem menos estruturada, ne-
Muitos factores podem influir nas respostas de uma forma ou cessitará de um processo qualquer de registo de respostas. Alguns
de outra. Borg chamaa atenção para alguns problemas que podem investigadores gravam as entrevistas (coma autorização dos en-
ocorrer: trevistados) e, se dispuserem da colaboração de urna secretária,
analisar as respostasa partir de uma transcrição. Comoé pouco
A ansiedade do entrevistado por agradar ao entrevistador, um provável que disponha deste apoio, se tiver de transcre ê-las so-
ligeiro antagonismo que por vezes surge entreo entrevistadore o zinho, terá de contar com cerca de dez horas para cada hora gra-
entrevistado ou a tendência do entrevistador para procurar fundamen- vada. Valea pena perguntar se pode despender este tempo todoe
tar as suas noções preconcebidas são apenas alguns factores que
seo resultado valeráo esforço. As gravações podem serúteis para
podem contribuir paraa análise parcial dos dados obtidos do entre-
verificar as palavras de uma afirmaçño que pretenda citare para
vistado. Estes factores são designados pelos investigadores pesquisas
por efeito de resposta. verificara exactidão das suas notas. Podem igualmente ser úteis
se pretender empreender uma análise de conteúdoe tiver de ouvir
BORG, 1981, 87
as entrevistas várias vezes para identificar categorias. No entanto,
com a experiência, os entrevistadores aprendema estipular sis-
temas estenográficos própriose assim, desde que as notas pos-
É mais fácil reconhecer que os nossos pontos de vista podem sam ser feitas imediatamente ou pouco depois da entrevista, é
imiscuir-se numa análise de dados do que evitar que ta1 aconteça. possível produzir um born registo do que foi dito acerca de
Gavron, durante uma pesquisa sobrea posiçãoe oportunidades áreas-chave. A preparação cuidada de um esquema ou guia de
das mães jovens, revelou-se consciente dos perigos inerentes a entrevista ajudá-lo-á a registar as respostas sob determinadas
uma pesquisa levadaa cabo por um único entrevistador. Esta linhas de orientação. É possível que os temas incluídos no seu
autora afirma: «É difícil evitar completamente este factor (isto é, esquema não cheguema correspondera respostas, mas podem
a parcialidade), mas estar ciente dos problemas e exercer um constituir uma espécie de subtítulos, fornecendo uma estrutura aos
controle constante sobre nós próprios pode ajudar» (Gavron, 1966, seus apontamentos.
159). Sempre que possível, as transcrições das entrevistas, particu-
Se está consciente de ter opiniões fortes acerca de determinado larmente as afirmações que serão usadas como citações directas
aspecto do assunto, terá de pôr um cuidado especial na maneira no seu trabalho, devem serverificadas com o entrevistado. A pior
como formula certas questões.É mais fácil «induzir» numa entre- coisa que lhe pode aconteceré que determinada afirmação seja
vista que num inquérito. A mesma pergunta feita por duas pessoas, posta em causa na altura da redacção do trabalho. Lembre-se, no
mas com ênfases diferentes e em tons de voz diferentes, pode entanto, de algumas das dificuldades, particularmente com o tem-
produzir respostas muito diversas.O que se pretendeé proceder po, que Stephen Waters teve de enfrentar (capítulo 3). Limite-se
com total objectividade. a fazero melhor possível com o tempo de que dispõe.

142 143
Tempo, locale estilo da entrevista ' mas éticas da pesquisa social profissional, de acordo com a qual mao
se deve deixara investigadores posteriores um campo de trabalho
As pessoas que acederama serentrevistadas merecem alguma com mais dificuldades que anteriormentee com entrevistados desilu-
consideração; terá por isso de se adaptar aos seus planos, por • didos com a noção de participação numa pesquisa.
inconvenientes que sejam para si. Tente estipular um locale uma l Jouxsox, 1984, 14—l5
hora em que saiba que não será perturbado. Tentar entrevistar
alguém quandoo telefone toca constantemente ou quando batem
á porta destrói qualquer possibilidade de manter uma conversa Fazer uma entrevista não é fácil, sendo para muitos investiga-
contínua. dores difícil encontrar um equilíbrio entrea objectividade totale
Antes de começara tirar apontamentos certifique-se de que os a tentativa de poremo entrevistadoá vontade. Há particularmente
canais oficiais, se os houver, se encontram desimpedidos. Uma dificuldades em entrevistar colegas mais velhos, como as que
carta do seu orientador ou do seu superior especificando o que í Stephen Waters sentiu ao entrevistar o presidente do conselho
estáa fazere porquê será sempre uma ajuda. directivo da sua escola. Este investigador afirmao seguinte:
É difícil estipular regras paraa condução de uma entrevista.O
senso comume asregras normais de boa educação são sempre,é Ao entrevistar membros mais velhos do pessoal docente da es-
claro, boas estratégias, mas há um ou dois actos de cortesia que cola, em particularo presidente do conselho directivo, tive consciên-
cia da posição subordinada em que o meu estatuto de professor me
também devem sersempre observados. Deverá apresentar-se e
colocava, enquanto, paradoxalmente,o meu papel de investigador me
explicar sempreo objectivo da sua investigação, mesmo quetenha
davao tipo de vantagem que Platt (1981) refere como sendo inerente
enviado uma carta oficial introdutória. Seja bem claro quanto ao à relação entrevistador-entrevistado. Nunca consegui superara sensa-
uso que fará da informaçãoe verifique se as citaçõese pontos de ção de desconforto surgida da tentativa de conciliar os dois papéis.
vista têm de ser anónimos ou se os seus autores podem seriden- Estou certo de que o presidente do conselho directivo deve ter sentido
tificados. Quando combinaro encontro digao tempo quea entre- um conflito interno semelhante. Não lhe deve ter sido fácil discutirã
vista durará e esforce-se por não exceder o tempo previsto. vontadeo processo de administração da escola com um investigador
Entusiasmamo-nos facilmente com determinado assunto,o tempo - inexperiente, também elemembro do seupróprio pessoal docente.
passa sem darmos por elee excedemoso limite de tempo. i. Ficoa devera todos os participanteso facto de apenas terencontrado
Johnson (1984)é da opinião de que é da responsabilidade do aberturae honestidade,o que me permitiu ultrapassaro que poderia
entrevistador,e não do entrevistado, terminar a entrevista. Esta ter sido uma séria restriçãoà minha pesquisa interna. Os entrevista-
dos escolheram naturalmente as palavras com cuidado, pois tinham
autora afirma:
consciência de que seria dada aos colegasa oportunidade de leremo
É possível que inicialmente tenha sido difícil negociaro acessoa trabalho final. Diplomacia, em vez de ocultação, pareceu sero valor
um determinado indivíduo, mas o entrevistador que. uma vez aceite, dominante.
permaneça até ser posto na rua trabalha mais segundoo estilo de
jornalismo de investigação do que numa pesquisa social [...] Se uma
entrevista durar duas ou três vezes mais do queo tempo anunciado É difícil saber como ultrapassar estes problemas. A honesti-
pelo entrevistador,o entrevistado pode arrepender-se mais tarde, por dade quanto ao objectivo do trabalho,a integridade na sua condu-
agradável que tenha sidoa conversa, pois adiou compromissos de çãoe na reprodução das entrevistase a promessa de que os entre-
trabalhoe sociais. Este tipo de comportamento quebra uma das nor- vistados poderão vera transcrição ou a primeira versão do trabalho

144 145
serão, todas estas medidas, boas ajudas, embora os custose o
tempo envolvidos dificultema circulação das cópias do trabalho.
Quaisquer que sejam as promessas feitas, há que cumpri-las; terá
por isso de ser cuidadosoe nño prometer demasiado.

Algumas palavras de advertência


As entrevistas consomem imenso tempo. Se der uma hora para
uma entrevista, há que considerar tambémo tempo de viageme
o tempo perdido com os inúmeros contratempos (o entrevistado
chega atrasadoa casa, uma crise inesperada com os filhos provoca
atrasos, uma visita inesperada que interrompea entrevista, etc.).
Depois há que terem contao tempo necessário para ponderaro
que foi dito na entrevista, rever notas, desenvolver ou clarificar
certos aspectos, porventura anotadosă pressa. Se trabalhara tem-
po inteiro no projecto, será pouco provável que possa fazer mais
de uma entrevista numa tarde, e, mesmo que possa dedicar-se
completamentea esta tarefa,é difícil trabalhar mais de três ou
quatro entrevistas por dia.O seu plano de trabalho original deve
pois ter em contao tempo necessário ao planeamentoe condução
de entrevistas, ă remediação de encontros cancelados, segundas
visitase substituição de pessoas que desistam.

146
Decida sequer gravara entre- Lembre-se de que seiá necessário
vista. muito tempo paraa transcrever.
Tera de pedir autorização para
o fazer. Não se esqueça de que,
se uma entrevista for gravada,
poderá influenciar a forma
como os entrevistados formu-
lam as respostas.

A honestidadee a integridade Näo faça promessas que nào possa


s'do muito importantes. cumprir. Respeite as opiniñes
dos entrevistados sobreo anoni-
mato. Se souber que um entre-
vistado foi indiscreto ao revelar
urna inlormaçào confidcncial,
nño se aproveite desse facto.

20. O senso comume regras de As pessoas que concordarem em


boa educação são boas estra- serem entrevistadas cstãti a
tégias. prestar-lhe um favor. Merecem,
por isso,a sua consideração.

21. Nao dificulteo campo de tra- Hà muitas formas de os desiludir:


balhoa outros investigadores, nào cumpriro combinado, che-
decepcionando os entrevista- gar atrasado, demorar mais que
dose a sua noçäo de partiei- o prometido; prometer verificar
paçäo em pesquisas, a exactidào das afirmaçôes e
nño o fazer; conduzira entre-
vista de forma hostil; nào agra-
deeer ao entrevistado.

148 149
Bibliografia
Tal como para os inquéritos,a maioria dos
livros sobre métodos de
inclui capítulos dedicadosà entrevista. Alguns dos mais conhe-
pesquisa
cidos são os seguintes:

BRENNER, M., BROWN, J., e C NTER, D., 1985, The Research Intervte v.’ •
Press. Constitui uma '
Use andA pproaches, Nova Iorque, Academic
s muitos dos problemas, bem
compilação de comunicaçõe que tratam
entrevistas no àmbito da pesquisa
como vantagens, da realização de
social. Uma leitura, por vezes, um pouco difícil.
a conversation» , in
BURGESS, R. G., 1982, «The unstructured interview as
Burgess, R. G., ed., Field Research.A Sou rce Book
and Fie ld Munttal, 9
Londres, Allen& Unwin.
COHEN, L.,e MANION, L.,1994, «The interview», capítulo
13 de Resem cli Diários
Methods in Education, 4. ed., Londres, Routledge.
MOSER, ü. A., e 7 1,Su rve) Me thods in Soc ra
KALTON, G., 19 1
Inve stig at ion, Londres, Heinemann, capítulo 12, «Methods of
collecting the information III — I nterviewing».
Research, Os diários são por si uma forma atraente de recolher informa-
powny, J.,e WAms, M., 1987, Interviewing in Edticational
Londres, Routledge & Kegan Paul. ção sobre a forma como os indivíduos empregamo seu tempo.
BRAGG, E. C.,1980, Conducting and Arialysing Interviews,
Rediguide Tais diários não são registos dos encontros ou apontamentos pes-
School of Education; também cOmo soais de pensamentos e actividades, mas sim registos de
11, Universidade de Nottingham,
capítulo 11 de J. Bell eta 1.
, 1984, COn duc Í!ri
g Sul ll-Sc ‹i actividades profissionais. Podem facultar informações valiosas
Managerucnt, Londres, Harper& Row, sobre modelos de trabalhoe actividades, desde que os indivíduos
Investigations in Educational
e como capítulo 18 de Bennett et al. (1994), Iinyt-oviug EClyCOtiOLtãl saibam exactamente aquilo que lhesé pedidoe o porquê.É pre-
Management through Research and Come ultnnc y, Londres, Paul ciso tempo para completar formulários para diários, podendo ser
Chapman. irritante para uma pessoa ocupada terde interromper sistematica-
menteo seu trabalho para registar algo. Se os indivíduos não
concordarem plenamente com esta tarefa, ou tiverem sido pressio-
nadosa fazê-la,é muito provável que não os completem de uma
forma cuidadosa. Tal como em todas as pesquisas, é essencial
encontrar as pessoas que estejam dispostasa conceder-lheo seu
tempo, às quais poderá explicar o objectivo do seu trabalho e
junto de quem poderá indagar eventuais problemas e, se possível,
resolvê-los. Os indivíduos que se mostrem relutantes muito rara-
mente darão informações úteis; por isso,é de extrema importància
fazer uma consulta preliminar.

150 l5l
Oppenheim chamaa atenção para um problema importante Método diário-entrevista
relacionado com esta técnica:
Como Burgess (1981) observa, os diários podem serutilizados
O interesse dos inquiridos em preencherem um diário altera pre-
como um estádio preliminar da entrevista. Zimmermane Wieder
cisamenteo comportamento que pretendemos que registem. Se, por
exemplo, completar um diário semanal sobre os seus hábitos
utilizaram-nos desta forma no seu estudo etnogràfico sobre a
televisivos, isso poderá levá-lo a ernpenhar-se num «visionamento contracultura nos EUA. Num artigo sobreo método diário-entre-
obrigatório», por formaa «ter algo para registar», ou assistiráa vista estes autores descrevemo objectivo dos diários:
«melhores» tipos de programas, no sentido de criar uma impressão
mais favorável. Os indivíduos são encarregados pelo entrevistador de manter
[...] um registo durante um determinado período de acordo com um
OPPENí-1EIM, 1966, 215 conjunto de instruções. Neste sentido,o emprego do material prove-
niente de um diário, quando acompanhado de uma entrevista (ou
séries de entrevistas) baseada no diário, é também semelhante ao
Os diários abrangem geralmente um período previamente es-
método «história de vida» [...] A técnica que descrevemos sublinha
tabelecido — um dia, uma semana, um mês ou, por vezes, espaços o papel dos diários como registo observacional conduzido pelos in-
de tempo maiores —, dependendo da informação necessária. Em divíduose que pode serusado como base para entrevistas de car‹acter
determinados períodos específicos, «no local» ou retrospectiva- intensivo.
mente, pede-se aos indivíduos que digamo que fizeram. Os diá-
rios lidam principalmente com comportamentos,e não com emo- ZOtMERvAx e WiEDER, 1977, 481
ções, embora possam ser adaptados para servir qualquer outro
objectivo que tenha em mente. As perguntas tomam geralmentea
Zimmermane Wider (p. 489) vêem, pois, no uso dos diários
forma seguinte:
uma fase anterior da entrevista, sempre que não hajaa certeza
Na ultima hora (dia, semana, etc.), com que frequência...? sobre as perguntas a fazer,e
Nos tiltimos sete dias realizou alguma das actividades seguintes:
‹a), (b), (c), etc.? a afirmação do diaristaé usada como forma de gerar questões paraa
Anote tudoo que fez entre as 16e as 17 horas. entrevista subsequente. Esta converteo diário — uma fonte de infor-
mação por direito próprio — num processo de produção de questões
e, por conseguinte, de dados.
As instruções devem serexplícitas. Quer mesmo saber se al-
(p. 489)
guém tomou chá, pagou ao homem do leite ou tomou banho, ou
está apenas interessado nas actividades de trabalho?
Em qualquer exercício diário surgem problemas relacionados O potencial dos diários como processos de fornecimento de
com a representatividade. Qualo dia da semana representativo questõesé claro; contudo, Zimmermane Wieder levam este pro-
dos outros, ou será sempre a segunda-feira o dia crítico? Será cesso um pouco mais além. Consideramo uso de um diário, em
determinada semana excepcional? Tal como com qualquer outra conjugação com a entrevista nele baseada, uma aproximação ao
forma de recolha, é muitas vezes desejável verificar os dados método da observação participante. Apontam algumas das dificul-
obtidos. dades da observação:o tempo envolvido;o facto deo observador,

152 153
até mesmo um participante, poder influenciaro comportamento
uma lista das pessoas com quem tivessem discutido assuntos re-
normal; nalguns estudos, as restrições morais, legais ou éticas.
lacionados com o trabalhoe que indicassemo que tivessem feito
Propoemo uso do método diário-entrevista «para aquelas situa-
fora da escola.
ções em que seja difícil encontrar uma solução para os problemas
Os tipos de questões irão,é claro, reflectira ênfase do estudo.
da observação directa ou em que a observação mais extensiva
Os diários preenchidos podem fornecer muitas informações,o que
esgote os recursos existentes» (p. 481). pode tornar-se um problema em si mesmo;é pois necessário não
Estes autores (p. 486) pediram aos indivíduos que registassem só formular cuidadosamente as perguntas (como para os inquéri-
cronologicamente as actividades realizadas durante um período de tose entrevistas), mas também pensar na forma comoa informa-
sete dias, seguindoa fórmula «o quê/quando/onde/co mo»: ção será posteriormente analisada, antes de os diários serem con-
cebidose preenchidos.
A questão «o quê?» envolveu uma descrição da actividade ou
Holly (1904, 5) acrescenta as suas próprias preocupações acerca
discussão registada nas categorias do próprio diarista. A pergunta
«quando?» envolveua referência ao tempoe duração da actividade, das dificuldades de manuseamento dos dados:
com especial atenção ao registo da sequência actual dos acontecimen- .'
Comoa escrita dos diáriosé interpretativa, descritiva, multidi-
tos. «Onde» implicoua designação do local da actividade realizada, mensional, não estruturada, por vezes factuale muitas vezes tudo
codificada adequadamente, de formaa impedira identificação dos isto em conjunto — é difícil de analisar. Não é fácil separar pen-
indivíduos ou locais. «Como» referiu-se à descrição de quaisquer samentos de sentimentos de factos...
recursos logísticos que a actividade implicou. Embora se deva chamara atenção para este tipo de dificul-
dades, não deve concluir-se que quaisquer tentativas para desco-
brir de que forma certos indivíduos particulares passamo seu
É claro que os diaristas têm de ter um certo nível educacional tempo deva serabandonada. Se as dificuldades com o manuseio
para compreenderem as instruçõese para completaremo diário. de diários se mostrarem insuperáveis, devemos identificar abor-
Têm, além disso, de dispor de tempo. Se pedira colegas que dagens alternativas. Oxtoby (1979, 239-240) sugere que em cer-
colaborarem, certifique—se de que o diárioé de factoa melhor tas circunstâncias a identificação de «incidentes críticos» e a
forma de obter a informação pretendida e de que consegue produção de «portfolios problemáticos» pode produzir dados
convencê-los de que o que estáa fazer terá utilidade prática. valiosos».
Uma abordagem menos abrangente foi adoptada por Bradleye
Eggleston (1976) no seu estudo sobre professores estagiários em
três LEA. Foipedidoa estes professores que mantivessem registos
semanais em trés períodos diferentes do trimestre.O objectivo era
obter informações acerca das actividades profissionais dos profes- Casos críticose pasta de problemas
sores fora do tempo curricular. Foi distribuído um formulário para Uma forma de investigaro trabalho das pessoas consiste em
cada dia da semana, incluindoo fim-de-semana. pedir-lhes que descrevam os «casos críticos» ocorridos durante
Além dosregistos semanais, foipedido aos professores estagiá- um período específico (Flanagan, 1951, 1954). Na abordagem dos
i-ios que anotassem os problemas em que pensassem bastante problemas com que os coordenadores dos departamentos do ensino
duranteo dia (por exemplo, problemas com alunos que não lêem, superior se confrontam, Oxtoby questiona a forma como estes
como mantero ruídoa um nível aceit‹ave1 na aula), que fizes.sem podem tentar descobrir corno empregamo tempo de que dispõem
154
155
e como podem distinguir no seu trabalho os aspectos essenciais Uma abordagem ainda mais flexívele produtiva para colegas
dos mais triviais: e chefes de departamento é, possivelmente,a da autoria de Marbles
(1967),
As actividades profissionais podem seranalisadasa partir de di-
ferentes pontos de vista [...] Alguns métodos não são utilizáveis pelos que sugere que uma forma de medição da capacidade de um director
chefes de departamento para supervisionarem as suas próprias pode serexpressa em termos do númeroe duração das «questões» ou
actividades, como, por exemplo, as entrevistas,o método de observa- problemas com que se debate em qualquer momento. Advogaa com-
ção, as amostras de actividades, os questionáriose as listas de veri- pilação de «pastas de problemas» que registem informações sobrea
ficação. 0s métodos mais adequados são os que se baseiam em forma como cada problema surgiu, métodosa empregar paraa sua
registos escritos das actividades, como diários, relatórios de casos resolução, dificuldades encontradas, etc. Uma análise deste tipo le-
críticos, pastas de problemas. A utilidade de um diário que registe vanta igualmente questões relativamente ao uso do tempo por parte
determinada actividade profissional talvez sejaa forma mais dimples do responsável pela tarefa: que proporção do seu tempoé dedicada ‹i
e largamente aceite de descobrir comoé empregueo tempo. Contudo, verificação,a tratar de problemas que lhe foram atribuídos por tercei-
os registos das nossas próprias actividades podem serinexactos — mui- ros, em problemas encontrados no desempenho da sua funçño, em
tos dos episódios mais curtos tendema seromitidos — e a compile- problemas de «máxima prioridade», em questões menores?
ção de um diário pormenorizado requer geralmente trabalhoe alguns
custos. Embora seja positivo, na medida em que permite que as pes- XTOBY, 1979, 240
soas utilizem mais eficientementeo seu tempo, um diário não oferece
informações muito fiáveis acerca das capacidades ou qualidades
No ámbito do seu estudo, Oxtoby enviou um questionárioa
desenvolvidas. Além disso,a perspectiva de utilizar os diários para
comparar as dîferenças entre números elevados de docentese os seus 240 chefes de departamento de institutos de ensino superior na
trabalhosé extremamente atemorizante, pelo menos pelas dificulda- Inglaterrae no País de Gales do qual constavaa pergunta «dual
des envolvidas no tratamento dos dados. Há, por conseguinte, obstá- a tarefa ou situação mais difícil que teve de enfrentar durante os
culos imprevisíveis na utilização de diários deste tipo para analisara últimos dois ou três anos?». Uma outra forma de abordara ques-
diversidade das actividades dos chefes de departamento. tão teria sido pedir aos chefes de departamento que completassem
A técnica dos casos críticos consiste numa tentativa de identificação um diário durante uma semana, no qual descrevessem em cerca de
dos aspectos de comportamentos profissionais «mais dignos de serem dez linhaso problema ou situação mais difícil com que tivessem
anotados»e baseia-se no pressuposto de que as profissões são constituí- sido confrontados em cada dia,a razão por que tinha surgido, por
das por tarefas críticase não críticas. Por exemplo, uma tarefa crítica que fora difícile como actuaram.
pode serdefinida como aquela que marcaa diferença entreo sucessoe
Será pouco provável que consiga abordar 240 departamentos
o fracasso na condução de partes importantes da profissão. A ideia
num projecto de 100 horas, mas poderá perguntara estudantes
consiste em recolher testemunhos sobre tarefas que contribuam efectiva-
mente para um born desempenhoe em ordenar depois as ocorrências universitários quanto tempo despendema estudare que matérias
segundo os critérios, dificuldades, frequènciae importància parao tra- lhes exigem mais tempo. Se foro caso, as técnicas dos casos
balho considerado no seu todo. A vantages desta técnica em relação ao críticos e da pasta de problemas podem seradequadas. Têm a
uso dos diários reside em centrar-se em acontecimentos específicose vantagem de não exigir dos indivíduos que dediquem muito tempo
naquilo que é considerado um comportamento efectivo. Exige, porèm, ao preenchimento de um diário com assuntos que possam parecer
muito trabalhoe não se prestaa uma quantificação objectiva. triviais, permitindo-lhe perceber o que consideraram proble-
OXTOBY, 1979, 239—240 mático.

156 157
Como sededuz do que ficou dito, podem surgir problemas na
utilização dos registos diários como método de recolha de dados,
a começar pelo tempo necessário parao preenchimento dos for-
mulários. Contudo, os diários podem fornecer dados muito úteis
e interessantese são relativamente fáceis de aplicar. A análise dos
formulários preenchidos não é, assim, muito fácil; terá por isso de
considerara forma como asrespostas serão codificadas antes de
sujeitar os indivíduos ao trabalho de preenchimento dos diários.
Se utilizar os diários como parte do seu projecto,é aconselhável
consultara lista abaixo indicada antes de os distribuir.
Ainda um último ponto acerca do uso de diários como ferra-
mentas de investigação. Burgess (1994, 310) recorda-nos que tam-
bém há questões éticas relacionadas com o uso e a escrita de
diários, especialmente com a invasão da privacidade:
Em muitos casos, defende-seo uso de diários como forma de
acessoa situações nas quais normalmente não seria possível obter
dados documentais. No entanto, pode defender-se que o investi-
gador se envolve muito mais na vidae no trabalho de professores
e alunos do que quando as observações são feitas em escolase
salas de aulas. Neste caso, temos de comparare ter em conside-
raçãoa informação de que se necessitae o grau de invasão da vida
de cada indivíduo.
Como sempre,é necessária autorizaçãoe dar todas as informa-
ções possíveis acerca daquilo que se pretende,a forma em que se
pretende obtê-loe a finalidade com que se desenvolveo projecto.
Se isso for feito,e o nosso próprio código de conduta for obser-
vado, não há razão para que as coisas corram ma1.

158 159
I

Bibliografia 10
BOGDAN, R.,e TAwOR, S.J., 1975, Introduction to Qualitative Research
Methods, Londres, Wiley. Dà exemplos de possiveis utilizaçöes de Estudos baseados na observação
gràficos nos diärios de pesquisa.
BURGESS, R. G., 1981, «Keepinga research diary», in Cambridge Journal
O investigador-professor, ouo estudante que trabalhe sozinho, pode
of Education, 11, parte I, 75-83; também reproduzido como capitulo
sercomparado com uma equipa de investigadores quando se dedica
12 de J. Bell et al., 1984, Conducting Small-Scale Investigations in
pessoalmenteá observaçãoe análise de casos individuais. A observa-
Educacional Management, Londres, Harper& Row.
ção, porém, nãoé um dom «natural», mas uma actividade altamente
BURGESS, R. G., 1982, Field Research.-A Source Book cind Field Manual,
qualificada paraa qualé necessário não só um grande conhecimento
Londres, Allen & Unwin.
e compreensão de fundo, mas tambéma capacidade de desenvolver
BURGESS, R. G., 1994, «On diaries and diary keeping», capitulo 21 de
raciocínios originaise uma certa argúcia na identificação de aconte-
Bennett etal., Improving Educational Management throtigh Research
cimentos significativos. Não é certamente uma opção fácil.
and Consulttition, Londres, Paul Chapman.
OPPENHEIM, A. N., 1966, Introduction to Qualitative Research Methods, NISBET, 1977, 15
Londres, Wiley. Apresenta exemplos de possiveis inclusöes de grà-
ficos nos diärios de pesquisa.

Qualquer pessoa que tenha realizado um estudo de observação


concordará com a afirmação de Nisbet de que a observação não
é uma opção fácil.O planeamentoe a condução cuidadosos deste
tipo de estudo são essenciaise é necessária alguma prática para
tiraro máximo partido desta técnica. Uma vez dominada, porém,
pode muitas vezes revelar características de grupos ou indivíduos
impossíveis de descobrir por outros meios. As entrevistas, como
Nisbete Watt (1980, 13) salientam, fornecem dados importantes,

160 l6l
mas apenas revelama forma como aspessoas•Freendein o que a introdução de métodos de contraverificação. As notas de campo
acontece, e não o que realmente acontece. Em muitos casos, a registadas logoa seguii‘a uma obscrvaçào requerem tempoe a
observação directa pode sermais fiável que aquilo que as pessoas respectiva interpretação exige experiência — e ainda mais tempo.
dizem. Pode serparticularmente útil descobrir se as pessoas fazem Cohene Manion chamama atenção para algumas críticasà
o que dizem fazer ou se se comportam da forma como afirmam observação participante:
comportar-se.
Há dois tipos principais de observação — participantee não Os testemunhos que emergem tipicamente da observação partici-
participante. Lacey (1976, 65) definiua observação participante pante s ão muitas vezes c onsiderados subjectivos, parciais,
como «a transferência do indivíduo total para uma experiéncia impressionistas, idiossincráticos,e carecem de medidas quantificáveis
imaginativae emocional na qualo investigador aprendeua viver precisas características da pesquisae da experimentação.
e a compreendero novo mundo». Esta definição surgea propósito CoiicNe MANION, 1 994, 110—1 11
das experiências realizadas por este autor na Hightown Grammar,
onde durante três anos ensinou, observou turmase conversou com
professores e alunos. A metodologia utilizadaé descrita na sua Os observadores participantes estão bem cientes dos riscos de
Clbra The Or86f•íSation and Impact of Social Research. t serem parciais. Ser-lhe-á difícil manter as suas opiniõese adoptar
Há um certo número de outros exemplos de investigadores um papel de observador objectivo se conhecer todos os membros
bem documentados que passaram meses ou anos numa comuni- do grupo ou organização. Se realizar uma investigação na sua
dade com o objectivo de mergulharem na sua vida de formaa própria organização, conhecerá as personalidades, os pontos for-
serem amplamente aceites como membros do grupo.A maioria tes e fracos dos colegas. Esta familiaridade poderá levá-lo a
dos estudos deste tipo não tem qualquer estrutura, o que quer descurar determinados aspectos comportamentais que seriam ime-
dizer que os investigadores não começama investigação com diatamente óbvios para um observador não participantea quem se
ideias preconcebidas acerca do que querem observar com deparasse pela primeira vez essa situação.
exactidão. Não dispõem de listas nem de tabelas. Observam os Apenas posso dizer que, tal como no caso das entrevistas,é
acontecimentos, situações, comportamentose apontam-nos de necessário ter consciência dos riscose fazero máximo poreliminar
seguida. Lacey não pode desempenhara sua função de professor preconceitose ideias preconcebidas.É claro que dizeré mais fácil
e, ao mesmo tempo, distribuir listas de verificação e tabelas. que fazer. Se puder, peça ajudaa um colega (de preferência alguém
Há problemas característicos desta abordagem,a começar pela que não seja participante) que depois compare as notas consigo.
própria interpretação do investigador do que é observado. Se três Será uma forma de, pelo menos, verificar os seus apontamentos.
ou quatro pessoas se encontrarem perto de uma janela com vista Em projectos de 100 horas não será razoável levara cabo uma
sobre uma rua movimentadaa observaro que se passa durante observação sem estrutura,a não ser que tenha experiênciae esteja
cinco minutos e depois a anotaro que tiverem visto, é muito familiarizado com as técnicas envolvidas. No sentido de obter
provável que os testemunhos variein. Cada observador teráo seu informações válidasa partir dos dados,é provável que tenha de
centro particular de atençãoe interpretará os acontecimentos sig- adoptar uma abordagem mais estruturadae de estabelecer um
nificativosà sua maneira. mecanismo de registo de informação para identificar os aspectos
Uma observação não estruturada pode ter utilidade para gerar comportamentais que tenha determinado previamente que serão
hipóteses, mas consome muito tempo,é difícil de conduzire exige relevantes parao seu estudo.

162 163
Esta abordagem pode novamente sercriticada como subjectiva Há pois que considerar outros métodos que lhe permitam registaro
e parcial.É o investigador quem decideo foco da investigação, acontecimento no local de uma forma adequada, de modo quedepois
em vez de permitir que este surja por si. Contudo, terá já formu- do acontecimentoa análise seja rapidae fácil.
lado uma hipótese ou identificado os objectivos do .seu estudoe
a importância de observar um determinado aspecto do comporta-
mento ter-se-á revelado óbvia.
Análise do processo interactivo
Quera sua observação seja estruturada ou não, quer seja par-
ticipante ou não,o seu papel consiste em observare registar da Há muitos esquemas de observação publicados, tal como expli-
forma mais objectiva possívele em interpretar depois os dados cações dos diferentes métodos para observar indivíduose grupos em
recolhidos. contextos diferentes tFlanders, 1970; Simone Boyer, 1975; Cohen,
1976; Galton, 1978; Wragge Kerry, 1978; Williams, 1984, 1994;
Hopkins, 1985). Muitos destes trabalhos baseiam-se num sistema
de análise do processo de interacção concebido por R. F. Bales
Re gistoe análise (1950).O sistema de Bales ilustraa tentativa de descrevero com-
portamento de indivíduos em grupos. Este autor concebeu um
Há imensas formas de registaro que se passa na sala de aula método de classificação ou codificação que permite ao observador
ou numa reunião; porém, antes de seleccionar um método há que registar aspectos relacionados com uma de entre doze categorias
decidiro que se quer observar,o que é mais difícil do que parece consideradas suficientemente abrangentese passíveis de classifi-
à primeira vista.É impossível registar tudo; por isso, tem de saber carem diferentes tipos de comportamento com probabilidade de
claramente se está interessado no conteúdo ou no processo de ocorrerem em qualquer grupo. Exemplos destas categorias de
uma aula ou de uma reunião, na interacção entre indivíduos, na comportamento sãoo «alívio de tensão» (anedotas, risos, mani-
natureza das contribuições ou num aspecto específico, como por festações de satisfação)e a «expressão de antagonismo» (depre-
exemploa eficácia da técnica de fazer perguntas. Uma vez deci- ciação da posição de terceiros, autodefesa ou auto-afirmação).
didoo que quer saber,e se achar que precisa dessa informação Desde 1950 têm sido concebidos vários tipos de categorias,
paraa conclusão da sua pesquisa, estará então em condições de umas relativamente simples, outras extremamente complicadas.
reflectir sobre os métodos de registo de dados que melhor se O sistema Flanders, derivado do método de Bales para classificação
adequam aos seus objectivos. de comportamentos,é um dos mais conhecidos. Flanders (1970)
concebeu dez categorias de comportamentos professor/aluno (cate-
gorias de análise interactiva de Flanders), usadas pelo observador
Registo audiovisual como base paraa categorizaçãoe registo dos acontecimentos que
ocorrem numa sala de aula. Foi pedido aos observadores que
Num projecto bem financiado, com uma equipa de investigado- reg•istassem tudoo que se fosse passando de três em três segundos
res,é possível registar ou mesmo filmaro que se passa numa aula e que apontassemo número correspondenteà categoria apropriada
ou numa reunião. Contudo, tal como nasentrevistas, quando se trata numa tabela previamente preparada.O problema dos sistemas do
de um projecto pequeno,é pouco provável que haja dinheiroe tempo tipo Flanders é as categorias serem bastante complexas, terem
suficientes para trabalhar com instrumentos de registo audiovisual. números que correspondema subsecçõese implicarem inevitavel-

164 165
mente que os observadores façam juízos de valor quantoá cate- 5. SOLICITAÇÃO DE INFOR- Um comportamento que implicaa
goria que mais se aproxima dos tipos r••ickllares de comporta- MAÇÃO procura de factos, opiniões ou
mentos observados. explicações de outro(s) indi-
O facto de ser necessário registaro que acontece de três em víduo(s).
três segundos significa que o observador tem de conhecer perfei- 6. DESENVOLVIMENTO Um comportamento que envolve
tamente as categoriase os critériose de recordara todoo instante o alargamento ou o desenvol-
o número que correspondea determinados aspectos comportamen- vimento de uma proposta feita
tais. Ora isto requer uma certa prática. Quanto mais complicado por outra pessoa.
(e, assim, mais completo) foro sistema de categorias, mais difícil
seráa sua aplicação. Estas categorias descrevemo tipo ou o estilo de comportamento
O curso D10l da Open University (entretanto substituído) observado, e não o conteúdo das afirmações. Lembre-se de urna
propunha um sistema muito mais simples, ainda que baseado em reunião em que tenha participado recentemente:é possível que tenha
princípios simples semelhantes ao de Bales/Flanders. Foi pedido encontrado dificuldades na distinção de certas categorias. Embora
aos estudantes que observassem duas reuniões num programa de diferentes, muitas dessas categorias podem porvezes ser descritas
televisão da Open University recorrendoa um sistema abreviado, com apenas uma frase. Uma afirmação de discordància pode tam-
concebido originalmente parao estudo das capacidades adminis- bém incluir uma proposta, da mesma forma que uma declaração de
trativase do comportamento pelo grupo de pesquisa de Huthwaite. apoio pode ter uma função informativa. Pode dizer-se que muitas
Foram propostas seis categorias no sentido de ajudar os estudan- afnmações podem sercategorizadas como Comunicação ou pedido
tesa classificar comportamentos em reuniões da seguinte forma: de informações. Trabalhar com sistemas deste tipo requer práticae
uma ponderação cuidada da forma como determinados comporta-
1. PROPOSTA Um comportamento que avança mentos serão classificados; dominada esta técnica, poderá obter
com uma nova ideia, sugestão dados úteis sobreo comportamento de indivíduos em grupo.
ou curso de acção. A forma de registo da informaçãoé em grande parte uma questão
2. APOIO Um comportamento que envolve de preferência pessoal. Ao utilizar as categorias de comportamento
uma declaração directae cons- acima indicadas, as entradas podem serintroduzidas num plano que
ciente de defesae concordân- representaa mesa onde se encontram os intervenientes na reunião,
cia com outra pessoa ou as como semostra na figura 10.1. As entradas numéricas são colocadas
suas ideias. nos círculos apropriados (por exemplo, «1» para proposta, «2» para
3. DISCORDÁNCIA Um comportamento que envolve apoio, etc.)e é feita uma lista do nfimero total de entradas no formato
uma declaração directae cons- que parecer mais adequado. Uma alternativa seriaa preparação de
ciente de diferença de opinião uma tabela, como semostra na figura 10.2.
ou crítica das ideias de outras As intervenções podem seranotadas num gráfico ou apresenta-
pessoas. das de formaa ilustrarema sua natureza. Não será suficiente apre-
4. INFORMAÇÃO Um comportamento que apresenta sentara informação apenas como foi observada. Serã necessário um
factos, opinióes ou explicuçoes comentário acerca do seu significado (ou falta de significado), tiran-
ri outros indivíduos. do-se conclusões acerca da natureza das intervenções individuais.

166 167
Fred (secretário) Conteúdo
Brendan Judith
A análise do conteúdo de uma reunião, oua consideração dos
3,3,1,2 tópicos discutidos,é muito mais simples. Se pretende saber quem
Mick foia pessoa que fez mais intervençõese que mais falou, recomen-
(presidente
Ian da mesa) da-sea preparação de uma simples tabela nos moldes da ilustrada
pela figura 10.3. Uma linha vertical indicaa pessoa que falou
durante um determinado espaço de tempo (por exemplo, meio
minuto) ou menos.A linha horizontal seguinte indica que a mes-
ma pessoa continuoua falar duranteo mesmo período.
Os exemplos anteriores são relativamente simples de realizar
e fornecem um número reduzido de informações úteis. Se apenas
3, k, 1 precisa de saber quem falou ou que tópicos foram mais discutidos,
Stephen Sandy os esquemas propostos serão suficientes. Têm sido usadas com
eficácia adaptações destas tabelas em muitas situações diferentes.
'igura 10.1 — Plano da mesa de uma reuníào que registao compor-
No entanto, se quiser saber quem falou mais sobreo quê,é neces-
tamento dos intervenientes de acordo com as categorias
sário um sistema mais complexo, sendo talvez aconselhável tirar
Participantes Categorias apontamentos mais pormenorizados duranteo curso da sua obser-
1 2 3 4 5 6 Totais
vação, que serão depois transferidos para uma tabela-resumo.

Presidente (Mick)
Participantes
Secretário (Fred) Mick

Judith Fred

Judith / /f
Brendan
Brendan
Ian
Ian

Stephen Stephen

Sandy
Sandy
Intervenções múltiplas
Totais

Figura 10.2 — Tabela de registo do número total de entradas para Figura 10.3 — Exemplo de uma tabela que regista
cada categoria comportamental as intervençôes de cada indivíduo

168 169
Há várias formas de elaborar estes registos. Shaw (1978, 10) Numa sala de aula há vantagens em sentar-se num local onde os
sugere que se preparem folhas de papel com linhas, de forma que alunoso vejam. Pelo menos desta maneira não se viram constan-
cada linha represente um minuto. A altura em que se começaa temente para trás para veremo que estáa fazer; se, porém, o
falare o tópico são registados numa margem largae vertical; sem- professor for de outra opinião, há que respeitá-la. Um observador
pre que alguém fala, são anotadasà margem asiniciais do orador. nunca poderá passar despercebido, mas o objectivoé sero mais
Faz-se uma nota sobrea intervençãoe desenha-se uma linha após discreto possível, de forma queo comportamento observado se
cada tópico. Os apontamentos são depois lançados na tabela-resu- aproximeo mais possível do normal.
mo. Este método pode não sero mais adequado para si, mas tem
de testar um ou dois métodos diferentes para ver qual delesé mais
fácil parao registo, análisee interpretação posteriores. Pr eparaçêío
Afirmei no início deste capítulo que a observação pode muitas
v'ezes revelar características de grupos ou indivíduos impossíveis de
Selecção do método descobrir por outros meios. Este facto tem sido demonstrado por
Flanders (1970), Simone Boyer (1975), Cohen (1976), Galton muitas pesquisas em que se recorreu exaustivamente ao uso de téc-
(1978), Wragge Kerry (1978), Hopkins (1985)e Williams (1994) nicas de observação; contudo, há que ter muito cuidado para garantir
apresentam muitos exemplos de gráficos, tabelas, categorias e que se tirao máximo partido dos períodos de observação. Não dis-
métodos de registo que lhe darão várias ideias úteis para conceber põe de três anos para começar uma investigação com um espírito
os seus próprios esquemas. Infelizmente, apesar de todas as téc- totalmente abertoe para desenvolver hipótesese métodosã medida
nicas que têm vindoa sertestadase utilizadas por investigadores que foravançando.É provável que tenha somente uma oportunidade
experientes ao longo dos anos, parece não haver um método ideal para observar uma reunião ou um grupo, pelo que tem de saber com
para um trabalho em particular. Chegará inevitavelmenteà con- clarezao objectivo da sua observaçãoe a razão por que observa
clusão de que terá de adaptar ou de conceber um método comple- determinado grupo ou indivíduo. Poderá vira descobrir que durante
tamente novoe de que todos os novos sistemas têm de ser cuida- o curso da sua observação emergem informações imprevistase in-
dosamente testados e aperfeiçoados à luz da experiência. Se teressantes. Porém,o tipo de dados que recolher no final dependerá
apenas tiver acessoa um grupo ou reunião, tem de tera certeza principalmente da decisão tomada antes de começaro período de
de que o método que seleccionou parao registo da informação observação. Se antes da reunião decidir que o seu principal interesse
funcionará.É provável que tenha de inventaro seu próprio siste- é o conteúdo desta, tem de conceber tabelas, gráficos ou listas com
ma de símbolos estenográficos, que tém, por sua vez, de ser esse objectivo em vista. Será demasiado tarde para registar
memorizados. Terá de decidir com que frequência quer registar os interacções. Se se interessar pelo processo em si, tem de encontrar
acontecimentos (constantemente, de três em três segundos, de outros métodos para registara forma como uma aula ou uma
cinco em cinco minutos, de vinte em vinte minutos)e com quem reunião são conduzidas.À medida que forseleccionandoe aper-
(como grupo todo, individualmente). A preparaçãoé muitíssimo feiçoando os seus métodos, tenha em consideração as questões «o
importante. Há que preparar tabelase planos da disposição dos que necessito de saber?», «por que preciso desta informação?»e
intervenientes na sala; deve discutir com o professor ou com o «o que farei com a informação obtida?». Os exercícios-pilotoe a
presidente da mesa onde deverá sentar-se. As opiniões variam. prática de registo responderãoa algumas destas questõese reve-

170 171
larão os pontos fracos das técnicas. Antes de começar um exercí-
cio de observação, que terá lugar apenas uma vez, deve ter‘ a
certeza de que está preparadoe pronto parao realizar.

Depois da observação
A tarefa não ficará completa depois dea observação ter tido
lugare de os registos terem sido feitos. Se observar uma reunião
e chegarà conclusão de que foi relativamente pouco produtiva,
será preciso analisar as razões de tal insucesso. Terá sidoo pro-
cesso demasiado formal?O presidente da mesa falou durante 80 do
do tempo? Foram rejeitadas intervenções de algumas pessoas?
Algumas formas de análise interactiva podem ajudá-loa classifi-
car o processoe o contetído, mas, sejam quais forem os métodos
de registo seleccionados,é essencial que considere o aconteci-
mento como um todo logo após este ter tido lugar. Reveja men-
talmenteo que aconteceue verifique se pode tirar algumas con-
clusões eventualmente interessantes parao seu estudo.
Por úteis que sejam as tabelas, gráficose listas, estes não regis-
tam as emoções, tensõese intenções escondidas. Shaw (1975), no
seu estudo sobre inovação na Faculdade de Educação de St. Luke,
utilizou um diagrama para registar as intervenções numa reunião
de docentes, reconhecendo depois as limitações desta técnica.
O registo subsequente das manipulações e das influências, as
ansiedades, as tácticas de adiamentoe a influência de certos mem-
bros-chave da instituição indicam muito claramentea importància
dos processos micropolíticos em qualquer instituição e o efeito
que estes podem ter na forma como asreuniões são conduzidase
as decisões tomadas.
Se observar uma reunião ou um grupo no àmbito da sua inves-
tigação, esforce-se não só por inseriro que vê no respectivo con-
texto organizacional e/ou curricular, mas também por ver para
além do próprio acontecimento e, parafraseando Nisbet, «por iden-
tificar eventos significativos» (1977, 15).

172
Homens, D., 1985,A Teocher’s Guide to Classroom Research, Milton
Keynes. Open University Press. Discute uma série de técnicas de
recolha de dados úteis nos estudos de observaç?ao.
PEBERDY, A., 1993, «Observing», cap.4 de Shakespeare, P., Atkinson,
D.,e French, F., eds., Re flecting on Researe h Pt‘cictice. Issues in
Henlth Care nnd Social We hare, Buckingham, Open University Press.
3HAW. K. E.,1978, Res earchin g an Organization, Rediguide 24, Univer-
sidade de Nottingham, School of Education. Considera os métodos
da observação participante.
S PRADLEY, J. P., 1980, Pai ticipant Observation, Nova Iorque, Holt,
Rinehart & Winston. Esquematiza fases da observação participantee
descreve técnicas para estudar culturas.
ILLI.SMS, G. L., 1984, Moking Your Me etings More Interesting and
I E ffecttve, Sheffield City Polytechnic, Pavic Publications.
WILLIAMS, G. L., 1984, capítulo 13 de J. Bell et al., Conducting Small-
Scale Investigations in Educational Management, Londres, Harper &
Row. Introduz uma série de métodos paraa observaçãoe registo de
conteúdose processos de reuniões. Se decidir observar uma reunião,
é conveniente ler primeiro este texto.

Bibliografia
Muitas fontes são mencionadas ao longo deste capítulo, sobretudo as
relacionadas com a análise do processo interactivo. Estas serão aqui
novamente indicadas se oferecerem orientações úteis para outros aspec-
tos da observação.

BOEHM, A. E.,e WEiNBERG, R. A., 1977, The Classroom Observer.


A Guide for Developing Observation Skills, Nova lorque, Teachers’
College Press.
COHEN, L.,e M oN, L., 1994, Research Methods in Education, Lon-
dres, Routledge.O capitulo 5, «Case studies», constitui urna excelente
introduçño às técnicas de observaçào em diferentes contextos. ,
NIXON, B. R., Bonne, G. D.,e ÀTKINSON, G. B. J., 1987,A Handbook oJ’
Social Science Research, Oxford, Oxford University Press. Urna obra
titile de fàcil leitura sobre diferentes métodos. Alguns bons exemplos
de esquemase listas de registo de dados.

174 175
PARTE III

INTERPRETAÇÂO DOS DADOS


E APRESENTAÇÃO DAS
CONCLUSÕES
Introdução

Os dados recolhidos por meio de inquéritos, entrevistas, diá-


rios ou qualquer outro método pouco significado têm até serem
analisadose avaliados. Recolher grande número de informações
na esperança de que algo surja não é aconselhável em nenhuma
investigação, principalmente nas limitadas a 100 horas. Como
afirmei na introdução deste livro, os investigadores que tiverem
conhecimentos estatísticos limitados não deverão aventuras-se em
estudos altamente complexos que envolvam técnicas estatísticas
avançadas; isto não quer dizer que não possam levara cabo uma
boa pesquisa.É tudo uma questão de trabalhar dentro dos limites
e de seleccionar os métodos de pesquisa mais adequados ao tra-
balho, que possam ser rapidamente analisados, interpretados e
apresentados.
Se em determinada altura decidir realizar um estudo quantita-
tivo extenso, precisará então, sem dúvida, de dominar os procedi-
mentos estatísticos, bem como uma série de recursos informáticos
e programas de computador, comoo pacote estatístico para as
ciências sociais (SPSS). Todas as instituições de educação supe-
rior devem dispor de aconselhamento de especialistas. Aproveite

179
os seus conhecimentos: eles ajudá-lo-ãoa manter-se no caminho ficientes. Num projecto de 100 horasé pouco provável que possa
certo, de modoa nãoperder tempo valioso seguindo pistas falsas. fazer generalizaçoes, mas é possível realizá-lo com fiabilidade.
Na maior parte dos projectos de 100 horas será suficiente Quando bem preparados, os estudos de pequena dimensão podem
compreender operações aritméticas simples, comoa deterrninaç'do informar, esclarecere oferecer uma base para as decisÕes de po-
de médiase percentagens. Se os seus instrumentos de recolha de lítica cducativa no interior de uma instituição. Neste sentido, tais
dados forem bem concebidos e tiverem sido convenientemente estudos podem serinestimáveis. Não é necessário pedir desculpa
testados, terá já feitoo trabalho básico necessárioá comparação, pela incapacidade de fazer gerieralizações, mas haverá, isso sim,
análisee apresentação da informação. que pedir desculpa se os dados forem manipulados no sentido de
Antes de iniciaro estudo dos próximos dois capítulos, há uma se tentar provar mais do que seria legítimo.
série de questões já anteriormente abordadas que têm de ser rei-
teradas. No capítulo 1 discuti brevementea questão da generali-
zação. Bassey (1981, 85-86) chamoua atenção para os problemas
da generalizaçãoa partir de dados insuficientes, defendendo ve-
ementemente que os investigadores individuais que trabalhem em
projectos limitados pelo tempo devem produzir uma pesquisa
estruturada em respostaa um problema existente ou potencial, de
forma queo resultado tenha utilidade paraa instituição. Este tipo
de pesquisa, na opinião deste autor, poderá contribuir paraa re-
solução de um problema particular ou conduzir à discussão
esclarecida de como um problema em particular pode ser abor-
dado. Bassey louvao estudo descritivoe avaliativo de aconte-
cimentos pedagógicos únicos e (relativamente aos métodos de
estudo de casos individuais) conclui que
um critério importante para julgaro mérito de um estudo de caso
consiste em verificar até que ponto os pormenores são suficientese
apropriados para que un professor que trabalhe numa situação seme-
lhante possa relacionar as suas tomadas de decisão com as descritas
na pesquisa.A fiabilidade de um estudo de casoé mais importante
que a possibilidade de o geueralizar.
B SSEY, 1981, 85

Levanto novamente esta questão porque na análise, interpreta-


ção e apresentação de dados há que proceder cuidadosamente para
não ir além daquilo que os resultados permitem; da mesma forma,
hã que ter atenção para não g•eneralizar com base em dados insu-

180 181
i1
Interpretaçãoe apresentação dos dados

Os dados em estado bruto, provenientes de inquéritos, esquemas


de entrevistas, listas, etc., têm de ser registados, analisadose inter-
pretados. Uma centena de informações interessantes soltas não terá
qualquer significado para um investigador ou para um leitor se não
tiverem sido organizadas por categorias.O trabalho do investigador
consiste em procurar continuamente semelhançase diferenças, agru-
pamentos, modelose questões de importância significativa.
É possível que tenha alguma ideia acerca das categorias antes
de recolher os dados.O seu palpite fundamentado diz-lhe queo mais
provávelé que as respostas tendama serincluídas nas seis ou sete
categorias principais. Pode serperigoso confiar demasiado em
ideias preconcebidas, poisé possível que o modo como formula
as questões leve os estudantesa responderem de uma determinada
forma. Contudo, supondo queé capaz de eliminar este tipo de
parcialidade, as categorias que lhe ocorrerem primeiro sonstituem
um começo no processo de comparação dos dados.À medida que
for prosseguindo, outras categorias irão certamente emergindo.
No capítulo 7, Michael Youngman sugere que, no caso dos
inquéritos,é útil identificar tipos de questõese encontrar proces-
sos de análisee apresentação das respostas. Lembra-se certamente
dos sete tipos de questões apresentados por este autor (lista, cate-
goria, hierarquia, escala, quantidade, tabelae verbal). Neste capí-

183
Um histogramaé outra hipótese. A variável (habilitações) se- Questões de categori7ação
ria colocada no eixo horizontale a frequência (número de estu-
dantes) no eixo vertical (recorde-se que ii = número). O que Michael Youngman descreve como questões de
35-
categorizaçãoé à primeira vista mais simples de analisar.
Exigem apenas uma resposta. Se perguntar aos indivíduos que
30 idade têm, estes só podem daruma resposta. Num estudo sobre
estudantes senioresé provável que precise de saber as respectivas
25- idades. Se tiver dedicado algum tempoà formulaçãoe aperfeiçoa-
ri — 50 (estudantes)
Número de estudantes

ri — 94 (habilitações) mento das questões, terá decidido se quer conhecer as idades dos
20-
estudantes na altura da sua inscrição, na altura em que completa-
rem os inquéritos ou noutra altura qualquer. Opte por fazer uma
15- pergunta directa.

10
Questão2

Que idaJe tinha quando se matriculou no curso?

O que fará com as respostas? Que quer saber exactamente?


A média das idades dos estudantes? Se sim, precisará de decidir
que tipo de média (ou medida da tendência central) mais se ade-
qua ao seu objectivo — a médin, a mediana oua moda.
Figura 11.1 — Habilitações dos estudantes antes do ingresso
A médiaé simples de determinar. Obtém-sea partir da adição
num curso supet-ior
dos números (ou valores), que é depois dividida pelo número total
desses valores. Assim, se tivermos 12 indivíduos (grupo A) cujas
Qual dos métodosé mais claro?A tabela ouo histograma? Os idades sejam 26, 26, 27, 28, 29, 30, 30, 31, 32, 33, 34e 34 anos
dados que não sejam significativos podem serpostos de parte, mas e as somarmos, obteremos 360. Dividimos este número por 12.
neste caso há características interessantesa assinalar. Trintae dois A média será 30.
de entre os cinquenta estudantes da nossa amostra (64 %) frequen- Consideremos outro grupo de 12 pessoas (grupo B) que apre-
taramo curso de acesso ou regressaram aos estudos, enquanto sente uma sequência diferente de idades, por exemplo, 21, 22, 24,
apenas 12 (24 %) tinhamo «nível A». Poderá ser interessante 25, 25, 29, 31, 31, 32, 35, 40e 45.A média etária, neste caso, será
descobrir qualo grupo que obteve melhores classificações. Seis também 30.Em ambos os exemplos há uma clara diferença na
estudantes (12 % do total de 50) não possuíam qualquer tipo de dispersão de resultados.
habilitações. De que forma se prepararam para os estudos univer- A mediana permite-nos encontraro valor central. Esta opera-
sitários? Conseguem acompanhar bem o ritmo? Poderá ser útil çãoé particularmente útil nos casos em que haja valores tão dis-
aprofundar estas questões e outras semelhantes nas entrevistas. tantes em ambas ou numa das extremidades da sequência que

186 187
possam afectaro valor médio de forma significativa. Para encon- obtidoa pavVY du mediana. Omitein-se os quartos mais altoe mais
trarmosa mediana temos de ordenar os valores o que neste baixoe considera-se o intervalo interquartil central correspon-
caso já foifeito. Se tivermos um numero ímpar de valores,o valor dentea 50 % dos valores.
central deve corresponderà mediana. Se tivermos um número par, Parao grupo A, os três valores do topo (34, 34 e 33 um
como no grupo A, tomamosa média dos dois valores centrais (30 quarto dos doze valores) são omitidos, bem como os três valores
4 30), sendo então 30a mediana.O facto de neste casoa média inferiores (26, 26 e 27). Isto dà um intervalo interquartil entre 28
e a mediana serem iguais deve-sea não haver valores extremos no e 32, isto é, quatro anos.
princípio nem no fim da sequência de idades. Hà uma progressão Relativamente ao grupo B, os valores 45, 40e 35 são omitidos,
etária; contudo, se as idades fossem 21, 22,29,30,30, 33,33, 33, bem como osvalores 21, 22e 24. Isto dá um intervalo interquartil
36, 84,as diferenças seriam óbvias. A média seria 35,1, enquanto de 25-32, que é de sete anos. Valeráa pena comentar? Nalguns
a mediana seriaa média dos pontos centrais, istoé 31,5. Seria casos valerá com certeza. Se tiver seleccionadoa mediana por esta
então necessário decidir sea mediana dá uma noção mais realista constituira melhor indicação da média de um determinado con-
que a média. junto de dados,o intervalo interquartil indicará até que ponto os
A moda, que nãoé muito usada nos estudos de pequena di- dados variam.
mensão, tema ver com o valor que ocorre com mais frequência. Se tiver seleccionadoa média, então terá de recorrer ao desvio-
Neste último exemploa modaé 33. -padrão para resumira dispersão.O desvio-padrão reflectea dis-
Cada uma destas formas de medição da tendência central tem persão e o grau de variação dos valores em relaçãoà média.
usos diferentes. Como sempre, tudo depende do queo investiga- Utiliza valores que consideram todoo grupo, em vez de uma só
dor pretender sabere porquê. secção, enquanto outras formas de medição nãoo fazem. Qual-
Atente novamente nos exemplos dos gruposA e B. Estes gru- quer manual de estatística dá a expressão matemática para calcu-
pos apresentam leques etários muito variados. No grupoA os laro desvio-padrão. A realização destes cálculosá mão pode ser
valores variam entre 26 e 34, situando-se as idades próximo da fastidiosa, particularmente se se tratar de grupos grandes. No
médiae da mediana. No grupoB variam entre 21e 45, não estando entanto, algumas calculadoras realizam esta operação rapidamen-
por isso concentradas em torno da idade media. Valeráa pena te; da mesma íorma muitos programas de computador estão pre-
comentar este facto? Se sim, há que encontrar formas de trabalhar parados para calcular automaticamenteo desvio-padrão em con-
com as medidas de extensão ou dispersão de valores. As medidas junto com a média. Na verdade,o desvio-padrão parao grupo A
normalmente mais utilizadas são o intei va lo, o inte rva lo é 2,8e parao grupoB é 7.
interquartile o desvio-padrão. No caso destes dois grupos, todas as medidas o intervalo,
O intervalo traduz simplesmentea diferença entre os valores o intervalo interquartile o desvio-padrão — indicam queo grupo
mais altoe mais baixo. Parao grupo A,o intervaloé de 8 anos, B apresenta uma dispersão de valores mais ampla queo grupo A.
mas parao grupoB é de 24.O intervalo não é particularmente tltil Usadas sozinhas, as médiase as medianas podem não sersufi-
para medira dispersão de valores, dado que pode serinfluenciado cientemente descritivos para dar uma ideia integral dos dados.
por um valor alto ou baixoe não tem em conta os números das Será preciso saber se uma destas medidas de dispersão será tam-
respostas do meio do grupo. bém necessária na altura de analisare interpretar os dados.
O intervalo interquartil dá uma ideia mais precisae reduza Foi simples determinara médiae a mediana dos dados apre-
importância dos pontos extremos do leque etário. Este valoré sentados na questão 2. No entanto, é possível que não queira

188 189
perguntara idade aos indivíduos. Talvez considere mais sensato Se divídirmos 1495 pelo número de indivíduos (50), obteremos
pedir-lhes que assinalem no quadrado ou círculoo número que uma média de 29,9.A primeira categoria inclui os indivíduos que
indiquea categoria etária correspondente. Dccida se deseja cate- entraram parao ensino superior com a idade de 20 anose aqueles
gorias (ou intervalos entre os escalões) de cinco (20-24, 25-29) ou que foram admitidos no ensino superior antes de completarem 30.
dez anos (20-29, 30-39). Até que pontoé importante ter grupos de Esta classe etária abrange quase dez anos, sendoo ponto médio mais
cinco? Se não for muito importante, opte por faixas etárias mais exacto 25 (e não 24,5, que é a média entre 20 e 29). As categorias
abrangentes. Será mais fácil trabalhar com elas. seguintes abrangem também dezanos, com excepção da última faixa
Certifique-se de que as instruções são claras. Na questão alter- etária (60 +). Normalmente, prevê-se que apenas um pequeno nú-
nativa2 pede-se aos entrevistados que façam um círculo em torno mero de respostas venhama serincluídas nesta faixa. No exemplo
do número (1-5) correspondenteã categoria etária adequada. Um acima indicadoo único inquirido pode ter qualquer idade acima dos
entrevistado de 32 anos assinalariao número2 por baixo da ca- 60 anos, sendo por isso necessário pressupor um ponto médio ao
tegoria etária 30-39. Certifique-se de que apresenta um leque acaso. Para este exercício foi seleccionadaa idade de 60 anos.
etário completo que inclua todos os indivíduos. Terá de decidir como irá apresentara informação, de maneira
a ilustrar da melhor formao equilíbrio etário da amostra. Há várias
hipóteses. Pode apresentar uma tabela simples concebidaa partir
Questão alternativa2 da sua folha-resumo (quadro 11.2).
Idade que fin/fn quando se inscrever no curso
Idade Número de estudantes
20—29 30-39 40—49 50-59 60+
1 3 4 5 20-29......................... 34
30-39.. 10
40-49................. ...... 4
Se quiser obter as médias das idades dos entrevistadosa partir 50-59................. ...... 1
das categorias etárias,o método que se segueé bastante simples. 60 + .... ....... 1
Considereo ponto médio de cada categoriae multiplique-o pelo Total ............ 50
número de ocorrência em cada classe. Isto é. ponto médio x
frequência: Quadro 11.2 — Distribuição etária dos estudantes
no início do curso
Idade Frequência Ponto médio Frequênciax ponto médio
A mesma informação pode serrepresentada por um histograma.
20-29.............. .. 34 25 850
Um histograma correspondea um quadro de barras em que estas
30-39 .......... 10 35 350
se tocam de formaa reílectirema natureza contínua da variável,
40-49 ......... . 4 45 180
50-59 . .. 1 55 55 que neste casoé a «idade» (figura 11.2).
60 +..................... 1 60 60 Outra alternativa consiste em apresentar uma representação grá-
fica em forma de queijo para dar uma ideia mais clara (ou diferente)
Total ........... 50 1 495 dos dados. Estes diagramas podem serdifíceis de realizar,a não ser

190 191
40-

34

30-
Número de estudantes

20-

10-

Figura 11.3 — Distribu! *! etária dos estudantes no início do curso

O quadro,o histogramae o «queijo» fornecem conclusões inte-


20—29
ressantes? Seria possível tecer comentários sobre esta distribuição
etária distorcida afirmando que um número limitado de estudantes
Idade
com mais de 39 anos se empenharam num cursoa tempo inteiro com
Figura 11.2 — Distribuiçào etária de estuJantes seniot‘es uma duração de três anos. Mas por que razão seria este facto interes-
na altura da inscriçêio sante? As entrevistas subsequentes podem fornecer mais informações
acerca dos motivos. Tinha suposto que a distribuição etária se reve-
que tenha acessoa um programa de computador. No entanto, são lasse mais densa no extremo mais jovem? Quando estudar os registos
úteis, particularmente se estiver interessado em ilustrara proporção universitários respeitantesà população estudantil sénior total (partin-
de estudantes que se inserem nos diferentes grupos etários. Neste do do princípio de que tem acesso autorizadoa esses registos), verifi-
caso, as frequências são primeiro transformadas em percentagens. que sea sua amostra possui as mesmas características ou seé diferente.
A faixa etária dos 30 aos 39 anos representa 20 c da amostra total. Se a diferença for significativa, pode ter de fazer um estudo mais
A circunferência de um círculoé de 360º. correspondendo1 9ca aprofundado no sentido de sabero porquê. Os registos universitários
3,6°. Multiplique 20 por 3,6e obterá 72º. Este cálculo simples per- indicam uma mudança gradual (ou súbita) no perfil etário dos estu-
mitir-lhe-á desenhar os segmentos com a ajuda de um transferidore dantes?E quantoá proporção de mulherese homens? Será útil saber
de um compasso. Como setrata de números pequenos, pode indicá- sea maioria dos estudantes mais jovens são do sexo masculinoe sea
-los conjuntamente com as percentagens (figura 11.3). maior parte dos estudantes mais velhos pertencem ao sexo feminino?

192 193
Se tiver pedido aos estudantes que indiquemo sexo, poderá
ficara saber se este factoé interessante, mas, senãoo tiver feito, A partir de uma tabela deste tipoé fácil obter respostas globiiis
para cada questão ou para cada parte de uma questão. Registar as
na altura da devolução dos questionários já será tarde de mais para
o fazer. respostas pode serdemorado, mas, se as tabelas forem previamente
preparadase estiverem bem concebidas,o trabalho tornar-se-á sim-
O questionário- pilotoe o ensaio de comparaçãoe apresentação
ples. Uma tabela-resumo deste tipo, ajustada às suas necessidades
de dados deverão dar-lhe algumas pistas em relaçãoà informação
particulares, significa que os questionários podem ser postos de parte
que poderá ser interessante; por outro lado, nesta fase ainda há
logo que estejam prontas todas as entradas. Pode ter de se referira elas
tempo para fazer alguns ajustamentos aos seus instrumentos de
periodicamente, mas a maior parte da informação necessária paraa
recolha de dados. Estes ensaios permitir-lhe- ão também preparar
as folhas-resumo que mais se adequam ao seu objectivo. comparação, análisee interpretação estará registada na tabela anterior.
A simples tabela-resumo sugerida paraa questão1 será suficiente
se desejar fazer registos com base em cada questão; contudo,é
muitas vezes desejável trabalhar com respostas questionário a
Grelhas
questionário. Os dados recolhidos na questão1 e na questão alter- É relativamente fácil trabalhar com respostasa questões sim-
nativa2 já estão agrupados, sendo portanto fàcil codificar cada ples, como listas, ou segundo categorias. As respostas registadas
resposta (isto é, atribuir um númeroa cada categoria). Assim, para em grelhas exigem um pouco mais de cuidado. Neste tipo de
a questão 1,a codificação poderá ser feita nos seguintes moldes: questionário pede-se aos estudantes que dêem respostasa duas ou
mais perguntas ao mesmo tempo.
Sem habilitações 1
Volteà pergunta sobre as habilitações dos estudantes antes de
GCE nível O/GCSE, etc. 2
ingressarem no ensino superior. Em vez de apenas lhes perguntar
Na questão2 e na questão alternativa 2, oS Códigos podem ser quais as habilitações que possuíam,é possível que ache útil obter
atribuídos de uma forma semelhante: informações acerca dos estudos realizados após os 18 anos. Se assim
for, pode conceber uma grelha de questões da seguinte forma:
20-29 1
30—39
Questão3
É então possível conceber uma tabela-resumo da seguinte forma: Quantos anos dedicou aos cursos abaixo indicadosa partir dos 18
anos? Ignore os períodos de menos de um ano académico.
1-2 3-4 5-6 mais de
Tabela-resumo para as questões 1, 2, etc. anos anos anos 6 anos

Número Questão1 Questão2 GCE nível0


Questão 3, etc.
do estudante } 2 › 4 5 . 2 3 4 . GCE nível A
Acesso/regresso
2 aos estudos
3 Nenhum estudo formal
Etc.
Outros (especifique)

194
195
Neste caso há duas dimensõesa considerar — anos de estudo plexas. As escalas de Thurstonee Guttman, em particular, exigem
e tipo de estudo. Pode verificar-se que os estudantes tenham pas- especial cuidado.A escala de medição de atitudes mais simplesé
sado um anoa estudar para um tipo de habilitação, dois anos para provavelmentea de Likert. As escalas de Likert pedem aosinquiri-
um curso de reingresso no ensino superiore cinco anosa estudar dos que indiquemo grau de concordância ou discordância em rela-
enfermagem. Neste caso haveria que assinalar trés quadrados. ção a determinada afirmação ou sérics de afirmaçoes, considerando
As respostas podem serapresentadas em forma de tabela, segundo uma escala de cinco ou sete pontos. As respostas são depois pontua-
o estilo da questão original, mas pode também serpossível conceber das, geralmente de 1 (discordância total)a 5 (concordância total),
um histograma que compare números de estudantes segundoo nú- permitindo assim avaliar as opinióes dos inquiridos.
mero de anos passados em cursos diferentes (v. figura 11.4). Uma escala de Likert simplificada pode serutilizada no se-
guinte caso:

Questão4

Consitlero ter boas hipóteses de obter bon.e resultados nos exames finnis

Discordo totalmente Discordo Indeciso Concordo Concordo totalmente

1 2 3 4 5

As respostas podem serapresentadas como seilustra no quadro


11.3.

Discordam Indecisos Concordam Concordam Totais


totalmente totalmente

10 7 6 16 11 50
(207c) (149u) (129c) (329c) (229c) (100%)

Quedro 11.3 — Ntveis de c'ancordáncia entre os estudantes seniores cujas


Figura 11.4 — Anos passadosa estudar ayÔs Os 18 atlOS hif›õteses de prestar em hons resultados nos exames finais sejam boas

É também possível conceber um histograma que ilustrea va-


riedade de respostas, como na figura 11.5.
A partir do quadro 11.3e do histograma (figura 11.5) vê-se
Os exemplos mencionados até agora pedem aosinquiridos que claramente que mais de metade dos estudantes (56 %) são
dêem informação factual. As escalas correspondema processos de optilnistas em relação aos seus resultados. E quanto ao resto?
medição de opiniões ou atitudes. Existem diferentes tipos de escalas, Serào estas percentagens influenciadas pelas matérias estudadas?
algumas das quais requerem uma concepçãoe análise bastante com- Seria interessante encontrar respostasa estas perguntas.

196 197
Apresentar estes dados em forma de quadroé perfeitamente
aceitável, mas pense primeiro se haverá outros métodos de apre-
14 sentação de dados que ilustres mais claramente os resultados.
Neste caso, os números podem não dara mesma ideia que as
12 percentagens, embora em estudos pequenos seja perigoso recorrer
a percentagens sem os valores respectivos. Podem conduzira mal-
Número de estudantes

10 -entendidose dara impressão de quea amostraé maior do que na


realidade é. No entanto, se considerar que é importante sabera
8 proporção de estudantes que discordam ou concordam com a afir-
mação atendendo às matérias estudadas, as frequências podem
serconvertidas em percentagens e o histograma ser efectuado
posteriormente (figura 11.6).
4 - Será quea figura 11.6 ilustra melhor os resultados?É preciso
tomar uma decisão. O que de facto emergeé queo quadroe o
2

n — 50
0
Discordam COhCOIdRI
totalmente
100 do (4)
Figura 11.S — Níveis de concordância entre os estudantes seniores Matemática Discordam total-
(ri —— 50) com boas hipóteses de obterem bons resultados os exames finais mente/discordam
85 do (12) 159c (2)
Os primeiros resultados de um estudo experimental podem tê-
Ciências
-loalertado paraa provável importáncia do factor nuitérias estu- Indecisos
dadas. Se assim for, poderá pedir aos estudantes que completem
80 do (16) 20 do (4)
uma questão combinada do tipo escala de Likert/grelha suscep-
tível de produzir os resultados que se mostram no quadro 11.4. Ciências sociais Concordam total-
mente/concordam
Discordam Discordam Indecisos Concordam Concordam 91,7 do (11) 8,3 'do (1)
Matérias totalmente ÍOtSiS
totalmente
Humanidades
Matemática.............. 4 0 0 0 0 4
Ciências..... 6 6 2 0 0 14
Ciências sociais....... 0 0 4 16 0 20 0 20 40 60 80 100
Humanidades........... 0 1 0 0 11 12 Percentagens por matérias
Totais .......... 10 7 6 16 11 50
Figura 11.6 — Percentagens de estudantes, por matérias e.studada.e, que
Quadro 11.4 — Níveis de concordância entre os estudante.e seniores cujns ›êío da opinião de que ns .suas hipóteses de terem bons resultados no.e
hipóteses de suce.sso são boas, atendendo à.x inatéria,s estudaclas exames finais são bons

198 199
histograma apresentam claramente o facto de haver diferenças )00-
importantes entre as opiniões dos estudantes de Matemáticae 90-
Ciênciase as dos de Ciências Sociaise Humanidades. O histo-
grama por percentagens mostrao intervalo das diferenças. Assim, 80-
que se passa em Matemáticae em Ciências? Será que os estudan-

Resultados dos trabalhos


70-
tes não estavam preparados adequadamente? Haverá alguma lição
a tirar destes dados? Ou serão os estudantes desnecessariamente 60-
pessimistas acerca das suas perspectivas? Todas estas perguntas 50-
podem serdiscutidas em entrevistas com os estudantese tutores.
O quadroe o histograma mostram atéque ponto existe uma 40-
relação entre as matérias estudadase as opiniões dos estudantes 30’
em relação às hipóteses de obterem bons resultados nos exames
finais. Se registar os dados num diagrama de pontos, talvez surja 20-
uma relação entre as duas variáveis. 10-
No ãmbito da sua investigação, pode ter postoa hipótese de ó0
haver uma relação entre os resultados obtidos nos trabalhose as 0
notas dos exames do 1.° ano. Apesar de pouco prováveis, eis os Resultados dos exames
resultados apresentados no quadro 11.5.
Figura 11.
7 — Relaçâo pc›sitiva entre as notas
dos examese dos trabcilhos

mão).O aumento dos resultados dos exames coincide com o au-


mento dos resultados dos trabalhos, dizendo-se, por isso, que os
resultados se correlacionam positivamente.
Dado queum aumento proporcional nos resultados dos exames
está associadoa um aumento proporcional igual nos resultados
obtidos nos trabalhos, atinge-se uma correlação positiva «perfei-
ta» entre as variáveis.
Quadro 11.5 — Resultados dos examese dos trabalhos do 1.° ano (1) Outra amostra poderá produzir dados diferentes (quadro 11.6).
Estes dados, transferidos para um gráfico (figura 11.8), mos-
É óbvio que as notas coincidem exactamente. Se estes dados tram mais uma vez quea correlaçãoé «perfeita»; contudo, desta
forem apresentados num gráfico, com as notas dos exames no vez,á medida que as notas nos exames vão aumentando,a pon-
eixo horizontale as notas dos trabalhos no eixo vertical, emergirã tuação dos trabalhos diminui,e vice-versa. Há portanto uma rela-
uma linha perfeitamente recta, como sevê na figura 11.7 (a uti- ção negativa entre as duas variáveis. Na verdade, tais relações são
lização de papel quadriculado facilita a execução do gráfico à raras. No quadro 11.7 são ilustrados dados mais realistas.

200 201
Quadro 11.
6 — Notas dos examese dos trabalhos realizados

Quando os pontos são introduzidos no gráfico,a figura resul-


tante (figura 11.9) mostra se existe uma tendência geral nos resul-
tadose indicaa sua dispersão. Neste caso, dado quea tendência

100-
90-
80-
Resultados dos trabalhos

70-
ó0-

50-
40-
30 -
20-
10-
50
0
Resultados dos exames
Figura 11.8 — Relação negativa entre as notas alcançadas
nos examese nos trabalhos

202
Por vezes, os dados registados num diagrama de pontos podem trabalhar com o material assim obtido. De facto, procederáà
terum aspecto completamente aleatório, não sendo possível mesma análise de conteüdo tal como seria aplicadaa um estudo
discernir qualquer modelo. Neste casoé recomendável partir do documental (v. capítulo 6). Como habitualmente, terá de procurar,
princípio de que há pouca ou nenhuma relação entre as variáveis. se os houver, categoriase critérios comuns.
Noutros casos pode haver aglomerações ou grupos de pontos,o
que sugere que dentro de uma amostra total há grupos mais pe-
quenos de indivíduos que possuem características semelhantes.É Conclusões
preciso, porém, proceder com cuidado. A não ser que sejam rea-
lizados cálculos para saber os coeficientes da cori'elação, só po- Neste capítulo apenas se consideraram os métodos de apresen-
dem inferir-se dados,e não relações causais directas. Se achar que tação de dados mais simplese que constituem um ponto de par-
precisa de conhecer os coeficientes da correlação, terá de familia- tida.É fácil trabalhar com quadrose tabelas, quer tenha ou não
rizar-se com as técnicas estatísticas necessárias ou de recorrer ao acessoa um programa de computador paraa concepção de gráfi-
pacote estatístico SPSS. cos. É possível que seja capaz de conceber diferentes tipos de
perguntas e métodos de análisee apresentação. A vantagem de
conhecer os tipos de questões possíveis está em, uma vez experi-
Questões abertas mentados vários formatose conhecidaa forma de realizar tabelas,
quadrose gráficos, ser capaz de concebero seu próprio método no
Um estudo das respostas às questões abertas fornecerá muitas formato que melhor se adequar aos seus dadose ao seu objectivo.
vezes indicadores iiteis para identificar os assuntos que valea Um diagrama pode muitas vezes simplificar dados bastante com-
pena aprofundar em entrevistas. Estas questões são muitas vezes plexos cuja explicação ocuparia eventualmente um ou mais pará-
incluídas nos questionários, de modoa permitirem que os inqui- grafos.
ridos exprimam as suas opiniões sobre determinados assuntos que Se quiser avançar para uma investigação de maior dimensãoe
considerem importantes. A referência ás respostas dadasé muitas mais elaborada, será necessário conhecer métodos de análise mais
vezes uma forma de começar uma entrevista. complexose aprendera utilizar programas de computador apro-
A prática normal consiste em redigir, à mão ou à máquina, priados. Se tiver acessoa um centro informático, poderá experi-
todas as respostas em folhas separadas, o que permite ter uma mentar alguns dos programas SPSS, recorrendoa dados que co-
ideia geral sobre todos os assuntose evitar temas recorrentes. Se nheça — possivelmente dados que tenham sido comparados,
estiver interessado em descobriro que os estudantes identificam analisadose apresentados «manualmente» no àmbito de um dos
como obstáculosà sua aprendizagem, terá de procurar em especial seus projectos de 100 horas. Este ensaio permitir-lhe-á compreen-
afirmações que se relacionem com problemas de estudo, apoio do der os princípiose inteirar-se das potencialidades do sistema.
tutor, etc. Algumas respostas, provavelmente, fornecerão citações
úteis para ilustrar determinados pontos no seu trabalho — embora
seja necessário resistirá tentação de dar maior ênfase ás afirma-
ções que por acaso fundamentemo seu ponto de vista.
Michael Youngman (capítulo 7) sugere que pode sernecessá-
rio i-ecorrera uma forma qualquer de análise de conteúdo para

204 205
Bffiliografia
Hoje em diaexistem no mercado muitos livros que tratam das técni-
cas básicas de estatística. Se achar que precisa de saber mais, informe-
se na sua biblioteca local ou na livraria, consultea introduçãoe o índice
para ver sea sua noção de técnicas «básicas» coincide com a do autor.
Outras fontesa consultar são as seguintes:

BRYMAN, A.,e CRAhlER, D., 1990, Quantitative Data Analysis for Social
Scientists, Londres, Routledge. Interessante para quem quiser saber
um pouco mais sobrea análise de dados com computadores, em
particular utilizando o pacote estatístico para as ciéncias sociais
(SPSS). A melhor obrae a mais acessível sobre este assunto (embora
sejam úteis alguns conhecimentos básicos de estatística).
COOLICAN, H., 1994, Research Methods and Statistics in Psychology, 2.*
ed., Londres, Routledge.
NIXON, B. R.,Boas, G.D., e ArmSON, G. B. J., 1987,A Handbook of
Social Science Research, Oxford, Oxford University Press. Um livro
útile de leitura fácil. Capítulos úteis sobrea «recolha de dados»
(capítulo 8)e «resumoe apresentação de dados» (capítulo 9).
GonDiNG, S., 1984, «Analysis and presentation of information», capítulo
11 de J. Bell em o/., Conducting Small-Scale Investigations in
Educacional Management, Londres, Harper& Row.
HEALEY, J. F.,e Em, R. B., 1997, SPSSforWindows. Exploi‘ing Social
Issues Using SPSS for Windows, Londres, Pineforge Press
Hocsri, 0. R., 1969, Content Arialysis for the Social Sciences and
Humanities, Reading, MA, Addison-Wesley. Já um pouco antiquada,
mas ainda considerada uma obra-padrão sobrea análise de conteúdo.
Talvez demasiado pormenorizada para estudos de pequena dimensão.
HOWARD, K.,e SHARPE, J. A., 1983, The Management of a Student
Research Project, Aldershot, Gower. Recomenda-se a leitura dos
capítulos 5, «Analysing the data» (análise de dados),e 6, «Gathering
the data» (recolha de dados).
NNEAR, P. R.,e Gov, C.D.,1994, SPSS for Windows made Simple,
Hove, Lawrence Erlbaum.
MARSH, C., 1988, Exploring Data.- An Introduction to Data Arialysis fon
Social Sciences, Londres, Polity Press. Pressupõe conhecimentos
básicos em ciências sociais, mas fornece uma orientação útil sobre
análisee apresentação.

206 207
MOSER, C . A., e K LTON, G ., 197 1, Su rvey Methods in Socia 1
Investigation, 2.‘ ed., Londres, Heinemann. Fonte essencial de orien-
tação sobreo planeamento de um estudo, concepção de amostras,
métodos de escalonamento, análise, interpretaçãoe apresentação de
dados.
OPPENHEIM, A. N., 1966, Q ue stiorina i re D esi gn and Attitude
Measurement, Londres, Heinemann. Contém uma secção util sobrea
concepção de modelos de codificação de dados, essencial em inves-
tigações de maior dimensão. Valea pena consultar os capítulos 6,
«Attitude-scaling niethods»,e 9, ‹The quantifieation of questionnaire
data».
SPSS, 1990, SPSS User's Guide, Chicago, SPSS Inc.
SPSS, 1990, SPSS Categories, Chicago, SPSS Inc.
Srmuss, A., 1987, Qualitative Analysis for Social Scientists, Cambridge, 12
Cambridge University Press. Comoo título indica, este livro discute
várias técnicas concebidas com o objectivo de analisar dados quali- Redacção do trabalho
tativos. Deve serusado como obra de consuJ ta, podendo prestar uma
valiosa ajuda na interpretaçãoe análise de dados.

Depois de concluira parte mais difícil da pesquisa,a recolha


e a análise dos dados, segue-sea redacção do trabalho. Bogdane
Biklen aconselhamo seguinte quanto às dificuldades em começar
a redigir:

Os investigadores novatos são especialistas em adiar continua-


mente esta tarefa. Encontram um sem-número de razões para n‹ao
começarema redigir. Mesmo sentados ‹a mesa de trabalho, parecem
sempre encontrar distracções: fazer café, afiaro lápis, irá casa de
banho, folhear um pouco mais alguns livros, muitas vezes até voltar
ao trabalho de campo. Lembre-se de que nunca estará «pronto» para
escrever; redigiré por vezes uma tarefa que requer uma decisão cons-
cientee disciplina para prossegui-la.
B OGDAxe B iKLEN, 1982, 172

Tudo isto é mais fácil de dizer do que de fazer, e não são


apenas os investigadores novatos que adiam esta tarefa. Lembre-

208 209
-sede queum estudo só estará concluído depois de redigidoe que Consideram que lhes será mais fácil começara redigir se
logo no planeamento inicial da pesquisa há que contar com o estabelecerem uma ligação entreo trabalhoe um deter-
tempo destinadoá redacção. Isto não significa que só começaráa minado lugar.O objectivoé nunca faltara uma sessão de
pensar na redacção quando tiver recolhido os dados todos. Se trabalho;
tiver seguido alguns conselhos anteriores, já terá avaliado as suas 3. Crie um ritmo de trabalho: B arzune Graff (1977, 325)
leituras temáticas, de forma que não perderá tempo voltandoa sugerem que os períodos dedicadosà redacção devem ser
livrose artigos lidos há mais tempo. Terá as suas fichas bibliográ- «suficientemente próximos uns dos outros para criar um
ficas organizadas, com notase citações úteis que orientarão a ritmo de trabalho». É tentador parar para verificar uma
redacção do trabalho; por outro lado, não terà começadoa pesquisa referência ou porque escreveu tantas páginas que lhe parece
sem ter clarificado primeiro os seus objectivos, que foram even- necessária uma paragem num ponto determinado, mas re-
tualmente corrigidosà medida quea investigação se desenvolveu. sistaà tentação. Continuea escrever;
A redacção de um trabalho não é, ou não deve ser, uma 4. Redija qualquer secção mal isso seja possível.’ algumas
actividade despachada precipitadamente no final de uma pesquisa. secções da pesquisa estarão prontasa ser redigidas mais
É um processo constituído por várias etapas, as quais devem ser cedo que outras. Qualquer que sejaa sequéncia que tente,
registadasà medida que forem sendo concluídas. Os seus primei- é sempre uma boa ideia tentar escrever um mínimo em cada
ros textos necessitarão, provavelmente, de ser revistose nalguns sessão;
casos até reescritos, mas os alicerces do trabalho escrito deverão 5. Pare de escrever num ponto em que seja /óci/ retomaro
ter sido estabelecidos na etapa inicial de planeamento. trabalho: se parar num ponto em quea passagem seguinte
A redacção de um trabalho ou de uma dissertação exige disci- for difícil, poderá sentir-se desanimado quando tiver de
plinae mesmo osinvestigadores mais experientes precisam de se retomaro trabalho.É melhor parar num posto que constitua
controlar para completara pesquisaa tempo. Todaa gente tem um começo na sessão seguinte;
métodos de trabalho diferentese o que se adequaa uma pessoa 6. Deixe espaços para revisões: será preciso, com certeza,
pode não sero ideal para outra. Terá de descobriro que é melhor revere reescrever; redija, portanto, apenas um parágrafo
para si, experimentando alguns métodose aprendendo com os em cada página, de formaa poder reordenar os parágrafos,
erros cometidos; porém, as seguintes linhas de orientação, prove- se necessário. Lembre-se também de redigir apenas numa
nientes em grande parte de Barzune Graff (1977), podem propor- daspáginas de cada folha;
cionar um ponto de partida paraa concepção do seu próprio plano: 7. Divulgue os seus planos de trabalho.’ poderá precisar da
ajuda da sua famíliae amigos para concluira tempo.E fácil
1. Fixe prazos.- o seu plano inicial terá certamente contem- arranjar boas razões para não começara escrever; por isso
plado prazose datas de conclusão das diferentes secçõese falea todaa gente da sua rotina de trabalho. Com sorte,
do trabalho integral. Contudo, duranteo curso da sua inves- ninguémo tentará com convites para sair ou para ver tele-
tigação, os planose as ideias vão por vezes sendo alterados. visão. Talvez até exerçam pressão para que se senteá se-
Com a ajuda do seu orientador, fixe um prazo paraa con- cretária. Como Barzune Graff (1977, 325) sublinham, «o
clusão da redacçãoe tenha-o sempre em mente; problema de quem escreveé o inverso do do alcoólico
2. Redija com regularidade.- muitos investigadores têm de reabilitado. Enquanto este não pode tocar numa gota, o
cumprir um horárioe de trabalhar sempre no mesmo local. primeiro não pode largaro trabalho».

210 211
Como estruturaro trabalho Se dispuser de mais espaço, pode desenvolver este resumo,
dando mais informações ao leitor, mas, se se tratar de um trabalho
Todas as instituições têm normas pt-óprias sobrea estrutui'a pequeno, nm texto deste género serã suficiente.
dos trabalhos;é óbvio que estas prescrições devem serseguidasà
letra. Se, por qualquer razão, não dispuser de qualquer orientação,
o formato que se segue será em geral aceitável. 5. Objectivose intenções do trabalho
Este ponto deve constituir uma explicação breve do objectivo
1. Página de título de pesquisa. Expliqueo problema da pesquisa em poucas frases.
Apresente os objectivos/finalidades/hipóteses do trabalho, sendo
Nesta página indiqueo título do trabalho,o seu nomee a data.
igualmente necessário contextualiza-lo devidamente.
O título deve reflectir com exactidãoa natureza do estudo, ser
Chamea atenção para quaisquer limitaçóes que se apresentem
concisoe directo. Poderá apresentar um subtítulo para clarificaro
á pesquisa. Um investigador individual que disponha apenas de
objectivo do estudo.
cerca de 100 horas para concluiro seu estude náo pode aspirara
envolver-se em técnicas complicadas de produção de amostras
2. Agradecimentos nem a entrevistar centenas de pessoas.É impossível fazer tudo
É possível que queira agradecera ajuda prestada na preparação num pequeno estudoe o seu orientador terá conhecimento desse
do trabalho. Se assim íor, os agradecimentos devem seguir-se facto; nesta parte do trabalho deverá, contudo, explicitar que tem
logoã primeira página. conhecimento das limitações da sua pesquisa.

3. Índice 6. Revisão da bibliografia

4. Resumo Nem todos os trabalhos incluem uma revisão das pesquisas


anteriores, emboraa maioriao faça.É possível que utilize as suas
Na maior parte dos casos será necessário fazer um resumo, leituras fundamentais para apoiar principalmente os seus argu-
embora aspráticas variem. Consulte as «regras da casa».É bastante mentos ao longo do trabalho; uma revisão bibliográfica é, porém,
difícil dizer em poucas palavras quais os objectivos de uma inves- útil parao leitor na medida em que constitui uma explicação do
tigação, os métodos utilizados e as conclusões a que se chegou. contexto em que a pesquisa se integra. Lembre-se do aviso de
O texto que se segue exemplifica uma forma de realizar esta tarefa: Haywoode Wragg de que as revisões críticas se tornam, não
raramente, revisões não críticas — «o catálogo de venda de mo-
Este trabalho visaa identificação de estratégias eficazes de ensinoe
biliário em que tudo merece uma exposição de um parágrafo, não
aprendizagem, bem como dos obstáculos a este processo sentidos
pelos estudantes seniores da Universidade de Bramhope. Os dados
importandoa qualidade com que foram conduzidas» (Haywoode
foram obtidos a partir de inquéritos, entrevistas. da otiservação e Wragg, 1982, 2). Há que fazer uma selecção, devendo apenas
participação em aulas, semináriose retiiiioes corri tutores.O trabalho incluir-se as obrase artigos que se relacionem directamente com
conclui que há razões para considerar abordagens mais ariadas na o seu tema. Recordea revisão da bibliografia relacionada com
concepção do programa escolare consultar os estudantes seniores estudantes seniores da autoria de Woodley( 1985), discutida no
quantoà fot‘n4a de introduzir alterações. capítulo 6. Este autor seleccionou,a partir de uma extensa quan-

212 213
tidade de obras, apenas o material que se relacionava com o seu rios stibjectivos ou concehido teCflicas de medição próprias, é
estudo. Agrupou determinadas categorias, comentou certas carac- necessário explicá-las.
terísticas de especial relevància, comparou os resultados de Todos os conceitos importantes devem serdeíinidos com pre-
investigações diversase discutiu pormenorizadamente um estudo cisão e me ncionadas quaisquer deficiências apresentadas
pelos
efectuado por Walker (1975), que serviu de estudo-piloto paraa métodos.É importante ter presente que em determinados tipos de
sua própria pesquisa. Na revisão bibliográfica Woodley estabelece investigação é necessário quea pesquisa seja repetível,
isto é, que
o cenário, situando a sua investigação no contexto adequadoe um colegainvestigador obtenha nesta secção as informações ne-
preparandoo leitor parao que se segue. cessárias que lhe permitam voltara realizá—la.
A revisáo bibliográfica pode serredigida em primeiro lugar e,
se tiver conseguido impora si mesmoa disciplina de ir redigindo
secçõese subsecçõesă medida que estas forem sendo concluídas, 8. presentaçãO dos resultados
esta parte do trabalho estará pronta para ser revista antes de co- Este pont0 e O COl'ação do relatório. É constituído por
tabelas
meçara recolher os dados. Mesmo queache necessário alterara e figuras on por texto, confoimea natureza do projecto.
A forma
versão original, não deverá precisar de voltar ao princípio,ă lei- Como osresultados sãoapresentadOSé importante. Quadros,
tabe—
tura das suas notas, para decidiro que deve serincluídoe o que las, gráficose outras figuras devem ilustrar
e elucidaro texto. Se
deve ser eliminado. não o fizerem, só servem para ocupar espaço.O texto, que deve
Foi estaa abordagem adoptada por Clara Nai. Identificou algu- ser escrito depois de os resultados estarem
preparados, n3o deve
mas categorias sob as quais podia agrupar os seus dadose ao fazé-lo limiter-sea reproduzira informaçño contida em quadrose figural;
produziu um enquadramento analítico que lhe permitiu sublinhar deve sim enfatizar os aspectos relevantese chamara atenção para
questões-chave e, num estado posterior da sua dissertação, po- o que for mais importante. Alcançar este equilíbrioé quase uma
sicionou os resultados da sua investigação nurn contexto mais vasto. arte, pelo queé possível que necessite de várias versões até se dar
po1‘ satisfeito com o resultado.
Todos os quadrose figuras devem sernumerados, legendados
7. Metodologia
e cuidadosamente verificados antes da entrega do
trabalho. O.s
Um título alternativoa este para esta secção poderá ser «Algu- quadrosconstituem geralmente apresentações numéricas, em
for—
mas considerações sobreo método utilizado› — ou qualquer outro ma de listas ou colunas, embora possam existir
quadros de nomes
que, na sua opinião, descreva bem o conteúdo deste capítulo. Esta ou outras rubricas. As figuras correspondema outro tipo de apre—
secção procura explicar comoa problemática foi investigadae a sentação de dados. É uma boa ideia ver a forma Como outros
razão por que determinados métodose técnicas foram utilizados. estudantes apresentaram os seus resultados e seguir cuidadosa—
É aqui que deve prestar esclarecimentos quanto aos processos segui- mente as prescrições dadas pela sua institui ção.
dos, tamanho da amostra, método de selecção, escolha das variáveis
e controles, testes de mediçãoe análises estatísticas, se as houver.
Nisbete Entwistle (1970, 169) salientamo facto de ser desne- 9. Análisee discussão
cessário descrever porinenorizadamente testes-padrões ou proces- Muitas vezesé preferível iniciar esta secção com a reafirmaçäo
sos sobejamente conhecidos acerca dos quais seja relativamente do problema antes de começara discutira forma como os resuI—
fácil obter mais inlormaçôes. Contudo, se tiver recorridoa ct-ité- tddOs afectamo conhecimento ílCttial do objecto de estudo. Se a

214
sua pesquisa pretender testar determinadas hipóteses, então esta minha opinião, apenas devem mencionar-se as obrase artigos que
tenham sido citados ou a que se fez referência no trabalho. Con-
secção deverá mostrar se elas foram ou não confirmadas pelos
tudo, há instituiçoes que também desejam uma bibliografia que
dados. Quaisquer deficiências na concepção da pesquisa devem
inclua todas as fontes consultadas durantea preparação da inves-
ser mencionadas . Além disso devem ser sugeridas abordagens
tigação. Consulteo seu orientador para saber qualé a prática da
diferentes, eventualmente mais apropriadas. Deve também tirar
instituição. Se adoptrwo método de referência que recomendei
conclusóes relativamenteà forma dea aperfeiçoar na prática.
A maior parte dos investigadores acham queo melhoré redigir neste livro, as rel'crüncias aparecerão por ordem alfabética, sim-
as secções 6,7 e 8 de seguida, de formaa conseguir queo traba- plificando todo este processoe evitando sobreposições.O tempo
lho tenha continuidadee progressão lógica.É perfeitamente viá- de que necessita para elaborar uma bibliografia ou lista de refe-
rências. ou ambas, dependerá da forma meticulosa, ou não, como
vel redigir algumas secções como unidades distintas em momen-
preparou as fichas bibliográficas.É nesta altura que o trabalho
tosdiferentes, mas estas três secções têm de ser consideradas
árduoe o registo sistemático são realmente recompensados.
como um todo. Se tiver de fazer uma pausa na redacção, certifi-
que-se de que relê as secções precedentes para garantir uma con-
tinuação harmoniosae evitar repetições. 12. Apêndices
Deve incluir, como apêndices, cópias dos instrumentos de
10. Resumoe conclusões pesquisa utilizados (questionários, planos de entrevistas, etc.), a
não ser que lhe tenha sido dito que proceda de outra forma.O seu
os conclusões principais do relatório — que foram discutidas
orientador não deverá querer receber todos os questionáriose fi-
na secção8 — devem serresumidas neste ponto de forma breve
as conclusões que caria certamente desanimado se encontrasse vários pacotes pesa-
e simples. Apenas devem serapresentadas
dosá porta de casa; contudo,é geralmente necessário juntar uma
decorram justificadamente dos dadOS. Isto parece (e é) óbvio, mas
cópia dos instrumentos de recolha de dados utilizados.
há semprea grande tentaçáo de inserir uma opinião paraa qual
não há fundamento. Proceda, pois, com cuidado ou poderá com-
prometer um bom trabalho ao incluir uma observaçáo precipitada. 13. Pormenores técnicos
Antes de redigir esta secção leiao relatório integralmentee
O seu orientador informá-lo-á da extensão queo trabalho de-
tome nota dos pontos-chave. Os leitores que pretendam ter uma
verá ter. Muitas instituições têm regras precisasa este respeito. Se
ideia rápida do tema do seu trabalho consultamo resumo, possi-
não dispuser de qualquer informação quanto ao nümero de pági-
velmentea introduçãoe certamenteo resumo finale a conclusão.
nas exigido, é conveniente perguntar. Seja fiel ao número de
Esta secção final deve ser suficientemente sucintae clara para
permitir aos leitores uma fácil compreensão da investigação rea- palavras que tenha sido estipulado, pois poderá vira ser penali-
lizadae das conclusõesa que chegou com base nos dadOS Obtidos. zado por exceder esse limite.

14. Citações
11. Bibliografia
Todas as citações têm de ser identificadas. Lembre-se de que
os opiniões variam quantoá inclusão de todaa bibliografia
consultada, apenas de uma lista de referências ou de ambas. Na o seu tutor terá, provavelmente, lido os mesmos livros, podendo

217
216
pois reconhecera fonte. Se citar apenas algumas palavras ou uma notas. Cabe-lhea si entregar um exemplar limpoe corrigido, com
frase, basta inseri-las entre aspas no texto principal, indicandoa instruções muito precisas sobrea maneira como ascoisas devem
fonte entre parêntesis. As palavras omitidas de urna citação devem serfeitas. Se fizer alterações no trabalho final, pode ter de pagar
serenunciadas com reticências. Por exemplo, como Hopkins mais queo que ficou combinado. Cuidado!
(1955, 78) afirma, «os documentos[ podem ilustrar fundamen-
tose objectivos de formas interessantes». Se as citações forem
compridas, destaque-as do texto, deixando uma margemã esquer-
dae (seo trabalho for passadoá máquina ou em computador) um Comoi eve
r o relatõrio
espaço apenas entre as linhas:
Como Hopkins afirma: Barzune Graff (1977, 31) recordam-nos que «NINGUÉM, POR DO-
TADO QUE SEJA,É CAPAZ DE ELABORAR UMA VERSÁO ACEITÁVELÀ PRIMEIRA
Os documentos (memorandos, cartas, notas diplomáticas, testes, LUZ.’ ESCREVER SIGNIFICA REESCREVER».É possível que chegueà conclu-
recortes de jornal, etc.) relacionados com um currículo escolar ou são de que necessita de duas, três ou mais versões até se dar final-
com qualquer outro assunto educacional podem ilustrar fundamentos
mente por satisfeito com o resultado; assim, hú que contar com o
e objectivos de formas interessantes.A utilização deste tipo de ma-
tempo necessário para este processo de redacçãoe aperfeiçoamento.
terial pode proporcionar informação de fundoe ajudara compreender
questões que de outra forma não seria possível obter. Um dos problemas de passar demasiado tempoa revera pri-
meira versão do trabalho (a parte mais difícil desta etapa)é o facto
Homens, 1985, 78 de certas passagens parecerem correctas por terem sido lidas tan-
tas vezes. Outro problema tema ver com o facto de, por conhecer
tão bem o tema, partir do princípio de que determinada questãoé
15. Apresentação compreensível parao leitor quando na realidadeo não é. Com o
É desejável, embora nem sempre essencial em estudos de pe- decorrer do tempo irá tendo uma melhor perspectiva sobreo tra-
quenas dimensões, escrevero trabalhoã máquina ou em compu- balho; deverá, para tal, pór de ladoo manuscrito — se puder,
tador (verifique, neste caso, as regras impostas pela sua institui- durante alguns dias —, de formaa voltara ele com um olhar mais
ção). Deverá redigir uma cópia com espaços duplos entre as linhas; crítico. Isto ajudá-lo-áa identificar as passagens repetidas, os erros
as citações (salvo as mais curtas) devem serdestacadas com es- de expressãoe a falta de clareza.
paços simples entre as linhas. As páginas devem sernumeradas. Revejaa primeira versão secção por secção de formaa garantir
Redija apenas num dos lados da página, deixando uma margemá continuidade de sentido, exactidão, sequência lógicae solidez na
esquerda de cerca de4 cm. Quer mande dactilografaro trabalho, argumentação (se tiver escrito apenas um parágrafo num dos la-
quer entregue uma cópia escritaá mão, certifique-se de que a sua dos de cada folha, como sugeri,a correcçãoe reorganização será
letraé legível. Não é justo paraa pessoa queo passarà máquina, relativamente fácil). Verifique em especial a ortografia (tenha
nem é aconselhável exasperaro examinador com um texto ilegí- sempre um dicionárioá mão), as citações,a pontuação, as referên-
vel. Não espere que a pessoa que passaro trabalhoá máquina cias bibliográficas,o uso excessivo de determinados tei‘inos (um
interprete as suas abreviaturas ou faça correcçóes. Cabe-lhea si dicionário de sinónimos poderá ser uma boa ajuda para encontrar
entregar uma versào correcta. Não conte com os outros para inter- expressões altcrnativas)e a gramática (atente particularmente na
pretar as suas abreviaturas pessoais nem para verificar as suas concordância dos tempos verbais com os sujeitos das frases).

218 219
À medida que forlendo, lembre-se de que, independentemente ‹ esta vers'ao, altero os par‹agrafos, introduzo novas ideias, elimino pas-
da estrutura que tenha adoptado para o seu trabalho, os leitores sa ens redundantes e começoa ficar satisfeito comigo próprio.
Pas-
quererão sabera razão por que se propós fazer esta investigação, sados alguns dias releio esta quarta versão, faço as correcções finais
comoa levoua cabo, que métodos utilizou para recolhera infor- e é a quinta versão que marido finalmente passarà máquina. Só
agora
maçãoe as conclusõesa que chegou. N"ao basta descrever: deve chcgo ao grau de espontaneidade a que aspii ava.
analisar, avaliar e, se os dadoso justificarem, sugerir formas de
acção.
É possível que não precise de cinco versões. Três podem ser
Se as conclusões da sua pesquisa tiverem objectivos práticos, suficientes se tiver facilidade de expressão. Mas é um alívio saber
há que apresentá-las de forma que os profissionais e políticos
que ninguém escapaa duas ou três tentativas — e a maioria pre-
possam entendê-las.É fundamental ter sempre presentea data de
CiSa de quatro ou cinco.
entrega dos projectos. Quanto ao estilo, não existe uma linguagem
Quando tiver terminadoa redacção do trabalho, tendo dadoo
especificamente académicaa utilizar em trabalhos universitários. seu melhor, peça ajudaa uma pessoa que leiao manuscritoe tente
Qualquer que sejao contexto,a boa escritaé sempre boa escrita. encontrar erros. Na ausência de alguém queo faça, leiao trabalho
A linguagem técnica constitui uma forma de poupar tempo em em voz alta, certificando-se de que se encontra sozinho; caso
conversas com colegas que possuam uma formação semelhanteá contrário,a sua família pensará que são sintomas do stresse! Ler
sua, mas raramente produzo mesmo efeito quando passada para em voz altaé particularmente útil para detectara necessidade de
o papel; por outro lado, os leitores (eo seu examinador) podem melhorar ligações entre as passagensd e um texto.
sentir-se incomodados com o uso exagerado de determinado jar-
gão ou linguagem obscura.
Uma entrevista recentemente veiculada pela rádio com um
economista mundialmente conhecido, autor de várias obras acadê- Havelá possibilidade de plá gio?
micas, sublinhaa necessidade de revere reescrever um trabalho
escrito. Ao elogiaro estilo praticado por este autor,o entrevista- Uma chamada de atenção. Tenha muito cuidado para se asse-
dor afirma que «deve seruma grande vantagem para si ser capaz gurar de que não cometeuo pecado do plágio. Se tiver sido me-
de escrever tão fácile livremente. Como consegue fazê-lo?» O ticuloso a registar as suas fontes, deixando bem claro quais das
economista revelao seu segredo: suas notas são citações directas, paráfrases suas ou as suas próprias
opiniões, não terá quaisquer problemas e não haverá qualquer
Primeiro faço um rascunhoe ponho-o de lado durante um ou dois
]9OSSibi1idade de ser acusado de proceder com desonestidade.
dias. Depois voltoa elee chegoà conclusão de que foi escrito por
Mesmo assim, tenhao maior cuidado em citar as suas fontes,
alguém que não faza mais pequena ideia do assuntoe deito-o fora.
mesmo queisso queira dizer que terá de perder um tempo pre-
Redijo então uma segunda versãoe ponho-a de lado durante alguns
dias. Leio-ae reconheço que contém os get‘mes pat‘a algumas boas CiOsoa verificar os seus ficheiros. Assegure-se de que seguiu as
ideias; contudo, está tfio mal escrita que não valea pena ficar- com ela; linhas de orientação acerca de plágio seguidas na sua instituição.
por isso deito-a fora. Decorridos alguns dias escrevoa terceira versão. A Universidade de Manchester (1997, 1) define plágio como o
Deixo-a repousar dtii‘ante algum tempo e, quando voltoa ela. descu- «roubo ou apropriação do trabalho de outra pessoa sem o devido
bro que as ideias se desenvolvem, que hà alguma coerência nos meus reconhecimento, com a apresentação do trabalho como sefosse do
argumentos, mas que a construção gramatical está péssimo. Corrijo próprio»,e previne que o «plágioé um crime académico grave,

220 221
que tem c onsequénci as muito s érias». O Australian Vice avaliar trabalhos de investigação. Os critérios dependerão da na-
Chancellors Committee (1990, 5) considera plágio «a cópia directa tureza da pesquisa. Sapsforde Evans (1984, 265) concordam em
de material textual,o uso de dados de outras pessoas sem a devida certa medida com aqueles autores, mas consideram que há certos
indicaçãoe o uso de ideias de outras pessoas sem que estas lhes aspectos que devem serexigidosa qualquer trabalho de investi-
sejam atribuídas». gação. Vermae Bearde Sapsforde Evans sugerem determinadas
Comoé evidente,o leitor nunca faria qualquer destas coisas, questões para as quais podem (oudevem) serprocuradas respos-
mas há outras ratoeiras que talvez nunca lhe tenham ocorrido. tas.É sempre uma boa ideia submetero seu trabalhoa um exame
A Universidade de Manchester (1997, 2) avisa asperamente que de rigor semelhante antes de mandar passaro manuscritoà má-
«nãoé aceitável que se reúnam passos não identificados de uma quina. É sempre melhor identificar primeiro os pontos fracos,
ou várias obras ligando-os com algumas palavras ou frases da enquanto há tempo para os corrigir, do que deixá-los parao exa-
autoria do próprioe alterando apenas algumas palavras do texto minador. Este pode muito bem decidir que o trabalho não tem
original: istoé considerado uma dependência exagerada de outras condições para passar. Assim, antes de entregara versão que pensa
fontes,o que consiste numa forma de plágio». sera versão final, submeta-oa um exame rigoroso. Perguntea si
Infelizmente, tem havido recentemente alguns casos de plágio mesmo:
muito publicitados que desacreditaram as pessoas neles envolvidas.
Por esta razão, os orientadores estão especialmente atentosa exem- 1. O significadoé ClãrO? Há passagens obscuras?
plos de plágio nos trabalhos dos esmdantes. Contudo,a responsabi- 2, O trabalho está bem redigido? Verifique os tempos ver-
lidade finalé do estudante; esteja atento. As regras que se aplicam bais,a gramática,a ortografia, as repetições,a pontuação,
nestas situações são regularmente actualizadas, por isso assegure-se o jargão.
de que tem uma cópia da última versão, que provavelmente está 3. A bibliografia está bem feita? Omitiu alguma coisa?
incluída nas publicações da sua universidade ou faculdade. 4. O resumo dá ao leitor uma ideia clara daquilo de que o
O plágio tornou-se uma questão importante na investigaçãoe trabalho trata?
na actividade académica em geral. Certifique-se de que não poderá 5. O título indicaa natureza da investigação?
ser acusado de qualquer falta nesta matéria. 6. Explicitou claramente os objectivos do seu estudo?
Verifiqueo trabalho final dactilografado. Mesmo aspessoas 7. Os objectivos foram conseguidos?
mais experientes cometem erros, especialmente ao copiar ou trans- 8. Caso tenham sido postuladas hipóteses, foram confirma-
crever textos escritos com uma letra difícil de interpretar. das ou rejeitadas?
9. Consultou bibliografia suficiente relacionada com o tema?
10.A revisão bibliográfica, sea houver, descreve bem o es-
tado do conhecimento do objecto de estudo?O tema en-
Como avaliar a própria pesquisa contra-se no contexto da área de estudo considerada como
um todo?
Se tivesse de criticar um trabalho de investigação feito por 11. Os conceitos foram claramente definidos?
outra pessoa, teria de decidir os critérios de acordo com os quais 12. Os métodos de recolha de dados foram descritos com pre-
o trabalho teria de ser avaliado. Vermae Beard (1951, 34-35) são cisão? São os mais adequadosà tarefa? Quala razão por
da opinião de que não há critérios universalmente aceites para que foram escolhidos?

222
223
13 Apresentou claramente as limitações impostas ao seu es-
tudo?
14. Utilizou técnicas estatísticas? Se sim, serão as adequadas
ao trabalho?
15. Os dados são analisadose interpretados ou somente des-
critos?
16. Os resultados foram claramente apresentados? Os qua-
dros, diagramase figuras foram bem concebidos?
17. As conclusões basearam-se em dados? Foram feitas afir-
mações que não possam serconsubstanciadas?
18. Há provas de parcialidade? Há termos emotivos ou lin-
guagem imoderada?
19 Os dados são fiáveis? Será provável que qualquer outro
investigador aplique os métodos usadose obtenha os mes-
mos resultados ou outros semelhantes?
20. No caso de fazer sugestões, serão praticáveis?
21. Haverá rubricas desnecessárias em apêndice?
22. Se fosseo examinador, daria ao nabalho uma nota positiva?
Em caso negativo, talvez seja bom fazer uma revisão.

Quando tiver respondidoa todas estas questõese se der por


satisfeito estará em condições de elaborar uma versão final.

Finalmente, felicite-se pelo excelente trabalho concluído — a


tempo. Entregueo trabalhoe saia nessa noite.

224
225
10. Náo se esqueça da página do

11. Ha agradecimentosa fazer?

II. Inclua títulos onde forpossí- Tudoo que permita ao leitor se-
vel fazê-lo. guir mais facilmentea estrutura
do trabalhoé útil.

13. Numeree legende os quadros Verifique cuidadosamente se os


e as figuras. quadrose figuras correspondem
às respectivas legendas, em es-
pecial depois do trabalho pas-
sadoà máquina.
Pós-escrito
14. Certifique—se de que referea Verifique se foi sempre adoptado
proveniência de todas as cita- um formato consistente.
VÔOS. Por vezes acontece que, apesar de um planeamentoe prepara-
ção cuidadosos.o projecto não corre de acordo com o planeado.
15. Apresente uma lista bibliográ- A não ser que lhe tenham sido Por exemplo, as pessoas que se mostraram disponíveis para for-
f‘ a. dadas instruções em contrário,
necer informação numa determinada data não o fazem, ou os re-
inclua apenas os títulos de que
tenha feito citações no trabalho. sultados não são muito frutíferos. Se de facto as coisas correrem
Verifique se utilizou sempreo mal, consulte o seu orientador e discuta com ele as medidas a
mesmo sistema de referênciase tomar. É possível que tenha aprendido imenso acerca da forma
se não houve omissões. como uma investigação é conduzida e um determinado tópico
investigado, mas o resultado pode não serexactamente aquele que
16. Devem apenas incluir-se apén- Se náo dispuser de instruções em esperava. Se não estiver em condições de efectuar um trabalho de
dices que sejam necessários contrário, deve incluir uma có- acordo com as linhas em que o planeou, entregue um estudo que
para consulta. Não enchao tra- pia de cada instrumento utiliza-
corresponda ao que foi capaz de realizar, juntamente com uma
balho com dados irrelevantes. do na recolha de dados.
explicação do que correu mal e do porquê e, se achar apropriado,
17. Lembre-se de contar com tem- Verifique seo seu portuguêsé sim- da forma como planeariae conduzlriaa investigação se pudesse
po suficiente paraa revistoe plese sea sua letraé legível. começar de novo. O importanteé pedir ajuda. Muitos investiga-
reformulação do texto. dores inteligentes que desenvolvem uma investigação pela pri-
meira vez pensam que têm de resolver tudo sozinhos e, sem recor-
18. Tente encontrar alguém que Outros olhos podem encontrar er- rer aos orientadores, ao pessoal do centro informático e aos
leiao trabalho. ros que possam ter-lhe passado funcionários das bibliotecas, podem perder muito tempo. Afirmei
despercebidos. na introdução deste livro que todos aprendema investigar investi-

226 227
gando. Istoé verdade, mas uma pessoa que realize uma investiga-
ção pela primeira vez precisa de alguma assistência. Certifique-se
de que tira partido de tudoo que tiverá sua disposição.
Mais uma palavra final. As pessoas que concordaram em ser
entrevistadas ou em completar questionários, diários ou listas, os
grupos de pessoas que o deixaram observar reuniões, os respon-
sáveis por arquivos que lhe autorizarama consulta de documen-
tos, merecema sua consideração e agradecimento.
Daphne Johnson resume bem a situação:

Se os ficheiros forem postos em desordem, se os documentos


emprestados não forem sequer devolvidos ou se os entrevistados
forem sujeitos a entrevistas demasiado longase frequentes ou em Bibliografia
momentos inconvenientes,o investigador deixará de ser bem-vindo.
Todos os investigadores em ciências sociais são, em certa medida,
uma espécie de pedintes que procuram uma dádiva desinteressada de ADELMAN, C.,JENKINS, D.,e KEwis, S.,1977, «Re-thinking case study:
tempoe informações dos indivíduos que constituíremo objecto do notes from thesecond Cambridge conference», in Cnmbridge Journal
seu estudo. Mas os investigadores que tiverem este facto em mentee of Education, 6, 139-150.
que, sem se tornarem prisioneiros dos seus informantes, conseguirem TKINSON, P.,e DELAMONT, S., 1985, «A critique of ‘case study’ research
tirar proveitoe utilidade da experiência de investigação sentir-se-ào in education», in M. Shipman (ed.), Educacional Research Principles,
certamente recompensados com a generosidade com que as pessoas Policies and Practices, Lewes, Falmer Press.
disporão do seu tempoe conhecimentos. Australian Vi ce Chancellor’s Committee (1990), Guidelines for
JOHNSON, 1984, 11 Responsible Practice in Research and Dealing with Problems of
Research Misconduct, Deakin, Victoria, Australian Vice Chancellor's
Committee.
BAKER, S.,e CARTY, J. (1994), «Literature searching: finding, organizing
and recording information», capítulo 15 de Bennett, N., Glatter, R.,
e Levacic, R. (eds.), Improviu g Education Management thrc ugh
Research Misconduct, Londres, Pau1 Chapman, em associação com
The Open University.
BALES, R. F. (1950), Interaction Process Arialysis:A Method )or the
Study of Small Groups, Cambridge, Massachusetts, Addison-Wesley.
BARNETT, V. D.,e LEwIS, T., 1963, «A study of the relation between GCE
and degree results», in Journal of the Ro yal Statistical Society, A
(126), 187-226.
BARNETT, V. D., HorDER, R. L.,e LEwIS, T., 1968, «Some new results on
the association between students’ ages and their degree results», in
Journal of the Ro yal Statistical Society, A (131).

229
Índice remissivo

acessos Bergere Patchner (1994), 64


negociação, 53-54 Best (1970), 112
revisão de capítulo, 62-63 bibliografia
Adelman, Jenkins e Kemmis revisão crítica da, 83—92, 213-
(1997), 23, 33 214
amostragem, l 26-128 bibliografias, 216-217
análise de conteúdo, 107 - 108, bibliotecas
119, 143, 205 acesso a, 75—78
Atkinsone Delamont (1985), 33 públicas, 79-80
Au stralian Vice Chance11ors’ revisão, 81—82
Committee (1990), 222 universitárias, 78-79
B laxter, Hughese Tight (1996),
Bakere Carty (1994), 71 56, 64, 86
Bales (1950), 165- 166 Boehme Weinberg (1977), 174
Barnette Lewis (1963), 87 Bogdane Biklen (1982), 33, 40,
Barnett, Holdere Lewis (1968), 88 209
Bartholomew (1971), 22 Bogdane Taylor (1975), 160
Barzune Graff (1977), 101, 108, Borg (1981), 142
1 11, 113, 210-211, 219 Bradleye Eggleston (1976), 154
Bassey (1981), 24, 33, 180 Brenner, Browne Canter (1985),
Bell (1984), 33, 34, 136, 150,1 60, 150
175, 207 Bromley (1986), 33
Bell (1996), 45 Browne McIntyre (198l ), 21-22

241
Brymane Cramer (1990), 207 distorção/parcialidade (bias), 112, estudo de caso, 23—25, 174, 180 Harte Bond( 1995), 34, 55, 64
Burgess (1981), 153, 160 141-142 ética, 54-64, 144—145. 158 Haywoode Wragg (1952), 85, 86,
Burgess (1982), 150, 160 Dixon, Boumae Atkinson (1987), orientações e protocolos, 54- 213
Burgess (1994), 158, 160 174, 207 60 Hightown Gramrnar,162
documentos Evans (1997), 101, 110, 113 hipóteses, 39-40
calendarização, 43 análise crítica dos, 108-111 histórias, 29-32
Carre Kemmis (1986), 33 localização dos, 102-103 Fagin( 1971). 88 Holly (1984), 155
Casey (1993), 33 natureza dos dados documen- fiabilidade, 97-99, 111 Holsti (1969), 207
casos críticos, 155—158 tais, 103- 104 fichas de cartolina, 66-68, 73-74 Hopkins (1985), 165, 170, 175, 218
citações, 74-75, 217-218 selecção dos, 106-107 Fidler t1992), 232 Howarde Sharp (1983), 14, 207
Cohen (1976), 138, 165, 170 significado dos, 103-104 Flanagan (1951), 155 Howell (1962), 87
Cohene Manion (1994), 20-21, Drew (1980), 15 Flanagan (1954), 155 Huthwaite, Grupo de Pesquisa de,
22, 33, 56, 64, 84, 96, 150, 163 Duffy (1998), 103 Flanders (1970), 165-166, 170 ver Grupo de Pesquisa de
Comité de Educação do Derby- Flecker (1959a, 87, 88 Huthwaite
shire (1966), 94 Eaton (1980), 87 Fleming (1959). 87
confidencialidade, 44, 54, 58-59, Eggleston( 1979), 36-37 fontes, 112-113 índices, 72-73
130 Elliott (1991), 21, 34 deliberadas, 104 inquérito narrativo, 29-32
Coolican (1994), 207 Elton (1967), 104, 106, 107 inadvertidas, 104 inquéritos, 26-27, 131
Copee Gray (1979), 22 enquadramentos primárias, 102, 104 intervalo, 188
crítica analítico, 72, 84-85 secundárias, 102, 104 investigação
externa, 108-109 teórico, 84-85 definição de, 14
interna, 108-111 entrevistas Galton (1978), 165, 170 investigação-acção, 20-22
Cross (1981), 90-91 local, momento e estilo das, Gavron (1966), 142
144-146 generalização, 26 Johnson (1984), 101, 144-145, 228
dados método diário-entrevista, 153- Glatter (1997), 70
classificação dos, 73-74 155 Goulding( 1984), 196 Kapur (1972), 87
conscientese não conscientes, parcialidade, 141- 142 Gray (1998), 29-31 Kinneare Gray (1994), 207
106, 112 registoe verificação das, 143 Great Britain Training Agency Kirke Miller (1985), 100
interpretação e listagem, 206 revisão, 147-148 (1989), 91 Krippendorff (1980), 107
Delamont, Atkinson e Parry tipo de, 139-141 Grebenike Moser (1962),139
(1997), 47-48, 50, 69-70 escalas, 196- 199 Grupo de Pesquisa de Huthwaite, Lacey (1976), 162
Denscombe (1998), 23-24, 33 escalas de Likert, 196-198 166 Langeveld (1965), 36
desvio-padrão, 188- 189 escalas de Thurstonee Guttman, 197 Gudmunsdottir (1996), 30 Lehmanne Mehrens (1971), 107
diários escola de Nailsea, 23 Likert, escalas de, ver escalas de
casos críticos, 1ú5-158 escrita do trabalho, 209—226 Hakim (1982). 104 Likert
método diário-entrevista, 153- avaliação da, 222-224 Hammersley (1987), 100
155 revisão, 225-226 Hammersley (1990), 34 McCracken (1969), 87
pastas de problemas, 156-157 estilo etnográfico, 25-26 Hammersleye Atkinson (1983), 34 McIntoshe Woodley (1975), 91
revisão do capítulo, 159—160 estilo experimental, 27-29 Hari‘is (1940), 87 McNiff (1988), 34

242 243
Malleson (1959), 87 orientação de trabalhos académi- registose notas, 65-74 triangulação, 96-97
Marples (1967), 157 cos, 44-50 revisão, 81-82
Marsh (1982), 34 código de orientação, 46 relações entre o estudante e o UMIST (University of Manchester
Marsh (1988), 207 registos, 47-48 orientador, 44-46 Institute of Sciciice and Tech-
Marwick( 1989), 104, 106, 113 Orna (1995), 72-73 relatabilidade, 26 nology — 1998), 46
May (1993), 64 Oxtoby (1979), 155-157 resumo, 212-213 universidade aberta, 91
Medawar (1972), 39 Richardson (1973), 23 Universidade de Manchester, 221-
média, medianae moda, 187-191 palavras-chave, 73, 81, 92 Ruylee Geiselman (1974), 91 222
modelos, 21-22 pastas de problemas, 155-157
ver também teoria Peberdy (1993), 175 Sanders (1961), 87 validade, 97-99
Mosere Kalton (1971), 34, 131, Peeke (1984), 61 Sanders (1963), 88 Vermae Beard (1981), 39, 84,
136, 137, 150, 208 Philipse Cullen (1955), 87 Sapsforde Evans (1984), 56-57, 222-223
Mountford (1957), 87 Phillipse Pugh (1987), 45 223 Vyas (1979), 61
plágio, 221-222 Scott (1961), 131, 136
Nai (1996), 89-92, 214 planearo projecto, 35-52 Selltiz, Jahoda, Deutsche Cook Walker (1975), 88-89, 214
Nailsea, escola de, ver escola de definiçño da problemática de (1962), 141 Waters, Stephen, 56-61, 130, 143,
Nailsea estudo, 37-38 Sharon (1971), 88 145
Nisbet (1977), 161, 172 esquema, 40-41 Shaw (1975), 172 Weber (1990), 107
Nisbete Entwistle (1979), 214 primeiras ideias, 37-38 Shaw (1978), 170, 175 Williams (1984a), 165
Nisbete Watt (1980), 23, 34, l6l revisão, 51-52 Simone Boyer (1975), 165, 170 Williams (1984b), 175
selecção do assunto, 35-37 Simons (1984), 58 Williams ( 1994), 165, 170, 175
objectivos, 39-40 Platt (1981), 145 Small (1966), 87 Wilson (1979), 28, 34
observação Powneye Watts (1987) 150 Spradley (1980), 175 Winter (1987), 34
análise do processo interac- Preedye Riches (1985), 58 SPSS (Pacote Estatístico para as Wisemane Aron (1972), 138
tivo, 165-169 professor como investigador, 20-22 Ciências Sociais) (1990), 179, Woodley (1979), 88
conteúdo, 169-170 propriedade intelectual, 48-50 204, 205, 208 Woodley (1985), 86, 89-90, 213-
depois da, 172 Stanford (1994), 104 214
não participante, 162-164 questionários Strauss (1987), 208 Wragg (1980), 98, 150
participante, 25, 162- 164 análise das respostas, 132 Wragge Kerry (1978), 165, 170
registoe análise, 164 ausència de resposta, 131-132 teoria, 21, 84-85
revisão, 173-174 distribuiçãoe devoluçäo, 129- Thody (1997), 34 Yin (1994), 25
selecção do método, 170-171 131 Thomas, Beebye Oram (1939), 87 Youngman (1982), 136
OPAC (online public acess cata- questionário-piloto, 128-129 Thurstonee Guttman, escalas de, Youngman (1986), 118-119, 183,
logue), 77 questões-tipo, l 18- 119, 125, ver escalas de Thurstone e 187, 204
Open University, 91 184—186, 195—197, 204-205 Guttman
curso D101 (1988) da, 166 revisão, 133-135 Tosh (1991), 102, 113 Zimmermane Wieder (1977), 153
curso E8l1 (1988) da, 96
Oppenheim (1966), 117, 136, 152, Ravene Parker (1981), 22
160, 208 referências bibliográficas, 68-71

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