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FORMAÇÃO INICIAL EM

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
AULA 2

Prof. Adriano Antonio Farias


CONVERSA INICIAL

O objetivo desta aula é trazer informações sobre o ensino EaD na


educação superior. Serão apresentadas temáticas que envolvem o papel da
universidade, o aprendizado da educação a distância, fundamentos da prática
pedagógica, autonomia e autoaprendizagem.
Sobre o aumento na utilização da EaD na universidade, Teles (2009)
informa que as décadas mais recentes registraram grande aumento na
comunicação humana com uso de computador para fins educativos, favorecendo
a proliferação de tecnologias voltadas ao objetivo de criar ambientes
educacionais on-line.
A falta de um diploma ao indivíduo é creditada, geralmente, à falta de
tempo, recursos financeiros e alternativas que atendam às necessidades, mas
especialmente se destaca a ausência de motivação para o estudo. Por isto:

O ressurgimento da EAD com o uso das novas tecnologias fez


renascer a esperança de formação superior para esse público.
Entretanto, o modelo oferecido ainda não está suficientemente
consolidado para motivar as pessoas a fazer um curso a distância.
Além disso, o modelo pedagógico ainda está baseado no conceito do
ensino presencial e não focaliza as necessidades de aprendizagem do
aluno, desconsiderando, por exemplo, sua experiência profissional e
pessoal. (Maia, 2009, p. 202)

Os e-mails, chats e plataformas de aprendizagem educacionais e a


comunicação humana, mediada pelo computador, recursos e ferramentas que
se tornam muito usados no ensino superior, revelam-se como uma inovação que
propicia discussões acerca do papel do professor no processo de ensino e
aprendizagem (Teles, 2009).

TEMA 1 – O PAPEL DA UNIVERSIDADE NO ENSINO SUPERIOR EM EAD

Neste tema, estudaremos a EaD na formação superior, que deve ter por
objetivo uma educação de qualidade, indo além do simples passar informação.
O papel da universidade não se esgota no lecionar, pois precisa retornar à
sociedade em forma de atuação profissional ética e competente na busca de
responder seus anseios.
Teles (2009, p.72), afirmando sobre a educação a distância no ensino
superior, salienta e questiona:

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Com a introdução de sistemas de comunicação mediada pelo
computador, emergem novas práticas de ensino, as quais nos levam a
novas reflexões sobre o papel do professor no processo de ensino-
aprendizagem. Na sala de aula virtual, o ambiente é diferente do
presencial, pois não existem fisicamente as quatro paredes, o quadro-
negro, a disposição das cadeiras, geralmente todas voltadas para o
professor. Também mudam as noções de espaço geográfico e de
tempo: o acesso pode ser feito de qualquer lugar do planeta pela
Internet, e o tempo é expandido a uma ou mais semanas ou dias,
diferentemente da hora regular da sala de aula tradicional, que requer
um determinado horário específico. Como é o processo de ensino
nesse novo ambiente e qual é o papel do professor nele?

Maia (2009) compreende que a educação a distância no ensino superior


se caracteriza pelos desafios inerentes ao professor e ao aluno. O aluno, sob
determinado ponto de vista, consegue o apoio do professor para as suas
atividades, aprendendo como melhorar o seu desempenho.
Para o professor, os desafios são mais incidentes, porque precisa
modificar o papel que desempenha como “expositor oral ou de conteúdos para
o de orientador e facilitador da aprendizagem, mas suas habilidades e sua
experiência serão muito mais percebidas e seu trabalho será otimizado” (Maia,
2009, p. 203).

1.1 O que a universidade pode fazer

A universidade deve ter como objetivo principal: ajudar o estudante a


compreender, ressignificar e a se apropriar crítica e criativamente dos
conteúdos.
Em seu papel, a universidade deve prover o suporte teórico e pedagógico
para que a aprendizagem do aluno seja fundamentada e aprofundada,
fornecendo relatórios, leituras, pesquisas e a interatividade entre alunos e
professores (Maia, 2009).
É dessa forma que as mídias são utilizadas na educação superior a
distância “como suporte para facilitar essa interatividade e colaboração, criando
assim um modelo inovador de ensino superior a distância para complementar e
consolidar a aprendizagem dos adultos trabalhadores no Brasil” (Maia, 2009, p.
202) (Figura 1).

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Figura 1 – Visualização do ensino na universidade, presencial e em EaD

Créditos: Mediterraneo /adobe stock; adriaticfoto/ /shutterstock; e ty /adobe stock.

No destaque de Alves (2009), desde a publicação da nova LDB, Lei n.


9.394, de 20 de dezembro de 1996, a EaD passou a ser conhecida em todos os
níveis, um avanço importante da educação brasileira em cursos de graduação e
de pós-graduação, bem como na educação básica, ensino fundamental, ensino
médio, educação de jovens e adultos e na educação especial.
Com a LDB, “A lei teve a grande virtude em admitir, de maneira indireta,
os cursos livres a distância, neles inseridos os ministrados pelas chamadas
‘universidades corporativas’ e outros grupos educativos” (Alves, 2009, p. 11).

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1.2 A formação acadêmica no ensino superior em EaD

Para Oliveira (2008, p. 44), “A formação a distância, numa perspectiva


reflexivo-investigativa, pode possibilitar um pensamento autônomo que facilite a
autoformação, com vista à construção de sua identidade profissional”.
A LDB, em seu artigo 80, determina que o Estado incentivará o
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos
os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada: §1º A educação
a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por
instituições especificamente credenciadas pela União” (Brasil, 1996).
Em 1998, o Decreto n. 2.494, de 10 de fevereiro, e a Portaria MEC n. 301,
de 7 de abril do mesmo ano, regulamentou a EaD, registrando a primeira
definição sobre o conceito dessa modalidade de educação:

Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a


autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos
sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes
de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados
pelos diversos meios de comunicação. (Alves, 2016)

Segundo Paula (2010, p. 81), a universidade, considerando a sua lógica


e os interesses específicos, tem estruturada a sua base central e define a sua
identidade a partir de um conjunto de premissas. Portadora de estratégias, um
saber organizado em função dos objetivos a serem atingidos, é um pensar
interessado, “orientado para uma ação concreta – como, por exemplo, estar em
contato pela cooperação internacional – com maior diversidade cultural”.
As sociedades nacionais e o sistema de relações internacionais, segundo
Paula (2010), consistem em componentes essenciais na globalização, como
conceitos de indivíduo e de humanidade. Assim, a universidade aberta ou a
distância possibilita o senso de comunidade e a descoberta da solidariedade
entre as pessoas do mundo, como componentes necessários a uma eventual
emergência de uma identidade global, caso exista uma ação política de
cooperação de um governo nacional ou de uma instituição universitária, para que
esse processo ocorra de fato.

TEMA 2 – A EAD E A UNIVERSIDADE

A história da educação a distância no Brasil, segundo Torres e Fialho


(2009, p. 457), “nos traz um século de acontecimentos que se entrelaçam com o

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uso de diversas mídias que foram despontando, sendo superadas e convivendo
ao longo de todo este período”.
Niskier (2009) já havia chamado a atenção para a continuidade do tema,
seguindo a proposta entregue ao Conselho Nacional de Educação, para a
criação de um Sistema Nacional de Educação Aberta e a Distância. Elencam-se
a seguir algumas sugestões importantes para a EaD na universidade.

• Treinar profissionais de multimídia – roteiristas, engenheiros de software,


produtores visuais, animadores, produtores de vídeo, fotógrafos,
locutores, dubladores, entre outros, os profissionais de newmedia.
• Orientar a produção de software educativo no país para distribuição nas
escolas públicas, com vistas ao aperfeiçoamento da qualidade do ensino,
com ênfase na educação básica.
• Promover a formação de equipes multidisciplinares para a produção de
programas.
• Ampliar o acervo das bibliotecas escolares, incorporando também vídeos
e outros materiais.
• Apoiar técnica e financeiramente programas e projetos de EaD,
promovidos por instituições públicas de ensino e organizações da
sociedade civil sem fins lucrativos.
• Aproveitar a infraestrutura de instituições de ensino de nível médio e
superior para torná-las centros de EaD regionais e/ou estaduais.
• Incluir a modalidade de EaD nos currículos dos cursos de educação e de
comunicação (Niskier, 2009, p. 32).

Desde o ano de 2006, foram oferecidas novas possibilidades pela EaD e,


impulsionadas pelo progresso das tecnologias de informação e de comunicação,
ocupam espaço significativo na formação dos profissionais da educação, com
inovações que superam os limites do tempo e espaço, com acesso à
universidade, permitindo a intercomunicação, a troca de informações e de dados
de pesquisa entre as pessoas. Significa que os avanços tecnológicos mostram
a capacidade humana de criação e colocação a serviço da humanidade (Oliveira,
2008).

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2.1 Como aprendemos na EaD?

Conseguimos aprender em ambientes diferentes (Figura 2), nos quais


construímos o saber pautado nas experiências e nas interrelações com a família,
amigos, escola, trabalho e vida particular, em um contexto doméstico de
vivência.

Figura 2 – Diferentes ambientes de aprendizagem

Créditos: putilov_denis /adobe stock; balanceformcreative/adobe stock.

O aluno aprende na EaD utilizando-se dos recursos tecnológicos e virtuais


que a instituição de ensino oferece e disponibiliza via internet. A maioria das
universidades brasileiras têm disponibilizado as disciplinas presenciais e aquelas
do ensino a distância, incorporando ferramentas da internet, como o correio

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eletrônico, os chats, a comunicação extraclasse, páginas web para acesso aos
conteúdos virtuais de aprendizagem, de modo a estender as salas de aula para
além dos limites físicos (Cruz, 2009).
O aprendizado pode ocorrer com aulas mistas, em que alunos e
professores realizam a interatividade com computadores acessados por meio de
aulas virtuais, ou na modalidade de estúdio, em que o professor, sozinho em sua
sala de aula, grava aulas e disponibiliza previamente aos alunos, mesmo quando
ministra aulas para alunos distantes, também equipados com câmeras e
microfones (Figura 3) para a comunicação oral e visual (Cruz, 2009).

Figura 3 – Aulas interativas e gravação em estúdio

Créditos: insta_photos/adobe stock; e insta_photos/adobe stock.

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Nas orientações de Oliveira (2008, p. 49),

Uma EaD centrada no sujeito coletivo deve priorizar os recursos


tecnológicos mais interativos para mediatizarem o trabalho
colaborativo de construção do conhecimento com base na pesquisa e
na resolução de problemas. Isso significa formar comunidades, virtuais
ou presenciais, a fim de preparar o professor para aprender a aprender,
trabalhar em equipe, partilhar experiências, solucionar conflitos,
readequar ações, dominar diferentes formas de acesso às
informações, desenvolver a capacidade crítica de avaliar, reunir e
organizar as informações mais relevantes para construir e reconstruir
o cotidiano de sua prática como ator e autor da própria prática.

Com isto, o aluno aprende na EaD ao estudar individualmente ou em


conjunto com demais alunos, os conteúdos disponibilizados pela instituição de
ensino, em materiais de apoio, aprendendo por si mesmo e fornecendo
respostas às lições propostas como avaliação do aprendizado, enviando-as aos
responsáveis pela correção e atribuição de nota (Almeida, 2009).

TEMA 3 – FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO E PRÁTICA PEDAGÓGICA

É imprescindível haver relações e as ações entre os diferentes


interlocutores: professores (autores, regentes e tutores), alunos, fundamentados
no diálogo e na autonomia.

3.1 Apresentando o diálogo

Como condição necessária para a comunicação multidirecional, o diálogo


na educação é apontado por Kenski (2003) que, ao ensinar no ambiente virtual,
(Figura 4) encontra tempo para interagir, se comunicar, tirar as dúvidas dos
alunos e dialogar com cada um deles e com todos e:

no diálogo, aprender diferente. Diferente do ensinar e aprender que é


feito em cursos presenciais. Quase posso dizer que nos nossos ricos
diálogos virtuais, na distância, sinto que conheço melhor cada aluno, e
que vocês me conhecem e conhecem, também, melhor os seus
colegas de turma do que se estivessem na sala l, no limitado tempo da
aula presencial (Kenski, 2003, p.122).

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Figura 4 – Exemplos de comunicação virtual em educação a distância

Créditos: bsd studio/shutterstock; e VasilkovS/shutterstock.

Salientado por Hack (2011), o diálogo representa a atitude afetiva por


parte da instituição e do professor, atuante no espaço no qual os acadêmicos
permanecem para estudar e, quanto à abertura para a conversa informal,
auxiliando na comunicação fluida, constante e bidirecional, que incentiva o
discente ainda relapso no diálogo do ensino e aprendizagem.
“O diálogo com o conhecimento que privilegia o saber da experiência, o
autoconhecimento [...] contribui para a adesão do sujeito aprendiz à proposta de
estudo, liberando o esforço e a dedicação que a EaD requer” (Oliveira, 2008, p.
41). Para que se concretize a presença e o exercício do diálogo,

É importante que os envolvidos na EaD fomentem de forma contínua a


comunicação educativa, utilizando-se de estratégias variadas para
promover o diálogo construtivo e afetivo entre todos. Assim, se
valorizará o respeito às múltiplas interações sociais e culturais, por
movimentos individuais e coletivos, tão salutar no processo de
construção do conhecimento em qualquer nível ou modalidade. (Hack,
2001, p. 104)

No papel do professor e do aluno, é difícil a definição de ambos e assim


também do tutor como segmentos isolados e estratificados, conforme salienta
Kenski (2003, p. 123) de que “A possibilidade de permanente diálogo e de
colaboração de todos com todos os demais altera a tradicional hierarquia do
saber escolar”.
Relacionando a teoria com a prática, na EaD o diálogo ocorre entre o tutor
e o aluno. O tutor possui a capacidade de acompanhar e de intervir nas
atividades que o aluno desenvolve, como desempenho da função para a qual
está qualificado. Algumas vezes, poderá agir como observador ou como agente
de apoio, estimulando a participação, colaborando em uma situação de conflito

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e auxiliando para o esclarecimento de dúvida. “Ao idealizar os processos
mediados de aprendizagem, é necessário que se estipule em que momentos o
professor ou o tutor vai atuar e como essa prática se dará” (Souza, 2018, p.142).
Um ensino em EaD precisa de respeito mútuo e livre expressão na relação
de um ensino colaborativo, resultando no equilíbrio da autoestima do sujeito que
estuda. Em um fórum flexível com respeito à temática, o tutor deve ser o
moderador, garantindo que sejam respeitadas as normas de participação aos
usuários e aos direitos humanos (Souza, 2018).

3.2 A autonomia obtida com o conhecimento

Como elemento fundamental da emancipação do aluno, portanto, diálogo


e autonomia são elementos interdependentes na prática pedagógica. A
autonomia do adulto, em sua origem grega, significa auto + nomina, ou seja, a
lei ou o território que designa a capacidade de o indivíduo fazer as próprias
escolhas, tomando as decisões que considera ideais para si, sem receber
influências ou condicionamentos externos.
Piaget já havia enumerado os patamares da autonomia, partindo de 0,
quando se considera a construção da pessoa; de 1, a nomia, que expressa as
normas e as regras; 2, a heteronomia, momento em que o indivíduo está sujeito
ao comando ou vontade de outra pessoa; e, por fim, a autonomia, já definida
anteriormente.
De modo mais esclarecedor, apresentam-se conceitos sobre essas
etapas de crescimento e aprendizado, em seu significado. Veja.
A anomia, ou a + nomia: negação da regra/lei. Este é um estado de
ausência de regras, a pessoa age de acordo com o que considera certo pelos
seus interesses pessoais.
Já a hetero = diferente/vários + nomia = regra/lei. Trata-se de perceber a
existência de muitas e diferentes regras que são impostas por outros que
exercem autoridade.
Consoante à autonomia, em relação à educação,

É uma educação do pensamento, da razão e da própria lógica, é


necessário e é condição primeira da educação da liberdade. Não é
suficiente preencher a memória de conhecimentos úteis para se fazer
homens livres: é preciso formar inteligências ativas. (Piaget, 1998, p.
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Em respeito à autonomia como autogoverno, governar-se a si próprio,
autodeterminação, autoformação, autogestão, considera-se que o princípio da
autonomia na EaD não pode ser entendido apenas como sendo a
autodeterminação de um indivíduo, mas como resultado do “processo de
socialização”.
Como disciplina, não é um fim em si mesmo, mas um elemento produtor
de autodisciplina, enquanto manifestação de autonomia do aluno como pessoa
livre e, por isso, responsável. Consiste na qualidade de um indivíduo de tomar
suas próprias decisões, com base em sua razão individual (Estrela, 1992, p. 12).

TEMA 4 – EAD: A APRENDIZAGEM COM AUTONOMIA

Freire (1997, p. 58) propõe uma pedagogia da autonomia e enfatiza o


respeito devido à autonomia do ser do educando que se funda na raiz da
inconclusão do ser que se sabe inconcluso. Tal respeito à autonomia e à
dignidade de cada um “é um imperativo ético e não um favor que podemos ou
não conceder uns aos outros”.
Já Kenski (2003) argumenta que, no ensino virtual, alunos com mais
experiência podem ser os alunos monitores, articulando-se de modo permanente
com o professor e os demais alunos, construindo pontes e possibilitando o
fortalecimento do grupo, para que cada um dos alunos adquira confiança para
crescer e realizar trocas comunicativas. É com o acolhimento de um pequeno
grupo oferecendo condições para minimizar o medo de exposição e de conceder
abertura do aluno para a liberdade e para a autonomia de si na condução da
própria aprendizagem.

4.1 Como é a autoaprendizagem?

A autoaprendizagem se caracteriza como outro fundamento da EaD,


porquanto exige uma abordagem andragógica em relação ao que se estuda.
Neste caso, ao aprendiz compete, com base no material didático disponível e
orientações pedagógicas específicas, a aprender e construir seu próprio
conhecimento.
Trazendo os conceitos de andragogia e a relação que mantém com a
Pedagogia, Almeida (2009, p. 105) a relaciona como “um novo conceito

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educacional voltado à educação de adultos que tomam a decisão de aprender
algo que seja importante para sua vida e trabalho”.

A pedagogia (do grego paidós — criança — e agogus – guiar, conduzir,


educar), considerada a arte e a ciência de ensinar crianças e jovens,
originou-se na Europa, no século VII, quando foi sistematizado o modo
como se ministrava o ensino religioso nas catedrais ou escolas
monásticas. Esse modelo se manteve até o início do século XX,
constituindo a base organizacional da educação formal
contemporânea, estruturada para atender os alunos de determinada
faixa etária, em lugares e tempos previamente determinados, com
conteúdos previamente definidos para serem transmitidos a alunos
passivos. (Almeida, 2009, p. 105)

A aplicação desse conceito mostra um papel ativo no processo de


aprendizagem, assim como ao realizar atividades nas condições iguais aos
demais participantes, quais sejam professor e alunos, mas que se mantém ao
longo da vida.
Kenski (2003) indica que o acesso de todos às informações que
possibilitem a utilização de novas tecnologias requer esforço educacional geral,
pois tais tecnologias, que estão em permanente mudança, tornam a
aprendizagem permanente uma consequência natural do momento social e
tecnológico vivenciado.
De acordo com Hack (2011, p. 105), a autoaprendizagem em EaD tem
nos processos de ensino e aprendizagem a oferta de materiais impressos ou
ambientes virtuais, tornando a leitura uma importante atividade “para que o aluno
acesse as informações organizadas nesses meios, transformando-as em
conhecimento”.
De acordo com Souza (2018, p. 122), um aluno precisa organizar a sua
rotina de estudos, e o ambiente propicio à aprendizagem colaborativa deve
prover os meios de interação e de comunicação, sob a afirmação de que
“aprendemos melhor quando perguntamos, interagimos, discutimos,
manipulamos e transformamos nosso alvo de estudo”.
Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) são ambientes
estruturados para comportar aprendizagem colaborativa para a construção
coletiva do conhecimento e ajudam o aluno no equilíbrio das necessidades e
habilidades pessoais por meio de atividades em grupo e do fortalecimento dos
aspectos interativos (Souza, 2018).
No processo de aprendizagem em EaD, cabe ao aluno assumir o
compromisso de desenvolver habilidades para utilizar os recursos tecnológicos,

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dominando o AVA em seus estudos, de modo que estará apto a participar das
atividades propostas pelo curso (Santos, 2021).
Alguns itens, em especial, contribuem para esse processo:

há outros itens que também ajudam os alunos nesse caminho de


sucesso nos estudos dessa modalidade, o gerenciamento do tempo, a
organização do material de estudo, o acesso regulamente ao ambiente
virtual de aprendizagem a interatividade com fórum, chat, biblioteca
virtual, a leitura do material adicionais postados no AVA, a criação de
hábitos de estudos e outros. (Santos, 2021)

Ao se tornar ativo e independente, o aluno saberá usufruir dos objetivos,


pelo desenvolvimento de iniciativas que contribuem para a construção do
conhecimento, disciplinado e responsável, com resultados desse empenho
(Santos, 2021).

4.2 O ambiente virtual de aprendizagem

Nesse tipo de ambiente, a sala de aula se encontra exposta na tela do


computador, e a escola virtual se apresenta pela sua imagem como um ícone de
um novo tempo tecnológico do espaço educativo, pois,

nas escolas virtuais, invisíveis, é verdade, no espaço do mundo, o que


há de mais normal do que partilhar números, histórias, línguas, receitas
[...] que conteúdos se poderiam melhor adaptar às imagens, às
associações, às instituições [...] virtuais a não ser os do saber e da
formação? (Seres, 1994, p. 175-89 apud Kenski, 2003, p. 45)

Em um AVA, o alcance dos objetivos e o estímulo ao aluno para que


desenvolva as competências planejadas pelo seu professor devem passar por
um planejamento e elaboração considerando alguns cuidados básicos.

• Adequação das estratégias de comunicação educativa adotadas na AVA


com o perfil do aluno, interesses, conhecimentos, preocupações e
dificuldades.
• Composição e organização das unidades textuais, atividades, dos fóruns
virtuais e outras estratégias a partir das habilidades e competências que
se pretende estimular.
• Linguagem clara, direta e expressiva para transmitir ao aluno a ideia de
que ele está em interlocução permanente com o docente e que ambos
participam da construção do conhecimento a distância.

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• Organização do AVA de forma hipertextual, desafiando o aluno
continuamente, através de links, dicas de leitura complementar e de
atividades (Hack, 2011).

No AVA, ocorre o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando


ao docente oportunidade de elaborar as aulas, mediadas pelos dispositivos
tecnológicos disponíveis. Essa forma de ensino “requer do professor tutor uma
preparação e um planejamento de atividades que oportunize momentos de
aprendizagem ativa” (Camacho et al., 2020 citado por Ferreira; Mourão, 2021, p.
64).
É o professor tutor que conduz o processo formativo, acompanhando o
aluno no AVA e em encontros presenciais, atuando como agente mediador e
auxiliando os alunos da EaD na compreensão, utilização e avaliação crítica dos
conteúdos que favorecem a construção do conhecimento (Ferreira; Mourão,
2021).
O AVA Univirtus, por exemplo, disponibiliza videoaulas; conteúdo de
leitura; provas e atividades; postagem de trabalhos; consulta de desempenho;
biblioteca virtual; e contato com os tutores. Além disso, o aluno pode resolver os
problemas acessando a área de mediação acadêmica, responsável por orientar
o aluno em toda a sua jornada de estudos. No ícone Aula ao Vivo, o aluno pode
conferir a agenda de eventos e as aulas transmitidas ao vivo.
O AVA Univirtus mostra o ícone calendário de eventos, permitindo ao
aluno tomar conhecimento de todas as atividades do curso, apresentando
período de abertura e fechamento de provas, atividades e postagem de
trabalhos, bem como os períodos de solicitação de serviços de secretaria, como
segunda chamada, recuperação, exame, TCC, transferência interna de curso,
por exemplo.
Acompanhar o calendário do curso por meio dos recursos da Ava Univirtus
possibilita ao aluno ter autonomia e conhecimento, organizar a sua vida
acadêmica. Além disso, deve manter-se informado acessando os avisos para
não perder as atualizações acadêmicas de cada disciplina.
Com o Manual do Aluno, é possível conhecer as diferentes formas de
avaliação que são praticadas em outras instituições de ensino. Também
apresenta uma divisão para atendimento a alunos com necessidade de ensino,
e aspectos de cada modalidade de ensino.

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No ícone Serviços, o AVA Univirtus apresenta o Regime Tutorial, o
Material Didático, a solicitação do serviço e informações sobre pagamentos dos
serviços. O ícone Biblioteca disponibiliza acesso às bibliotecas: Minha biblioteca,
Biblioteca Virtual Pearson e ao Sistema Integrado de Bibliotecas.

TEMA 5 – A EAD COMO MODALIDADE DE ENSINO QUE CONDUZ À


AUTONOMIA

O propósito deste tema é fazer lembrar que o aluno em EaD aprende a


estudar sozinho ou em grupo, porém em meio virtual, acompanhado ou não pelo
professor/tutor.
O sucesso de seu aprendizado depende da sua capacidade de adquirir
autonomia, participar do ensino com conceitos de andragogia, associado à
determinação e constância.
Com a manutenção da comunicação dialógica, respeitando as interações
sociais e culturais do ambiente virtual de ensino, com ações coletivas ou
individuais, como benefícios e contribuições à construção do conhecimento, em
qualquer nível ou modalidade, a autonomia do aluno será fortalecida (Hack,
2011).

5.1 Comunicação educativa dialógica

Em estudo de Hack (2011, p. 104), os resultados identificaram que o


processo comunicacional dialógico na educação superior a distância aparece
quando fundado em atitudes afetivas equilibradas. São essas atitudes que
fomentam a interação social, seja presencial ou pela via tecnológica, implicando
na atuação dos envolvidos na EaD para que “mantenham a comunicação
educativa, utilizando-se de estratégias variadas para promover o diálogo
construtivo e afetivo entre todos”.
Na modalidade de educação a distância, uma relação dialógica é
construída entre o professor e o aluno, visando ao aparato pedagógico que
compreende os recursos pedagógicos empregados na EaD, e o emprego dessas
tecnologias e o nível de interação trazidos por elas no contexto do ensino podem
promover o atendimento às necessidades de inovação e racionalidade no
desenvolvimento das atividades acadêmicas (Zambonato; Gois; Gonçalves,
2021).

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O processo de ensino e aprendizagem tem na inserção de tecnologias o
auxílio de um processo que permita acompanhar as mudanças sociais, culturais
e tecnológicas presentes na atualidade. O desafio para uma EaD de qualidade
é minimizar a ausência do aluno no curso, e isso requer renovação cotidiana do
processo de ensino e aprendizagem, incluindo “tecnologias sustentáveis que
conectem as figuras do aluno e do professor, aproximando-os cada vez mais”
(Zambonato; Gois; Gonçalves, 2021, p.31).

NA PRÁTICA

Considerando uma situação prática relacionada aos conteúdos da aula,


abordam-se as argumentações de Ninin e Gervai:

O conceito de mediação abre caminho para o desenvolvimento de uma


explanação não determinista do desenvolvimento humano, em que os
mediadores servem como meios pelos quais os indivíduos agem sobre
os fatores sociais, culturais e históricos e, por sua vez, também sofrem
a ação desses fatores. Assim, o indivíduo é visto como um agente ativo
em seu processo de desenvolvimento. Essa visão traz à tona a
importância dos efeitos contextuais, pois, o desenvolvimento ocorre
pelo uso das ferramentas disponíveis, em um tempo e espaço
particulares. (Ninin; Gervai, 2015, p. 182)

O aporte desta aula é para a compreensão de que, na EaD, o professor


tutor atua também como mediador do aluno, no processo de ensino e
aprendizagem, que deverá manter-se atuante e aprender de forma autônoma.
Para que o aluno conheça o AVA, propõe-se como atividade prática que
realize pesquisa sobre o ambiente, acessando todos os links e relacionando as
características e finalidades de cada um.

FINALIZANDO

Os conteúdos abordados nesta aula registraram a literatura sobre a EaD


e a universidade, como ambiente para a formação no ensino superior, o papel
do aluno e do tutor no processo de ensino e aprendizagem, além da
caracterização do diálogo entre os participantes das aulas virtuais, como
elemento afetivo que propicia o aprendizado e facilita a autonomia do aluno.
É importante destacar que a EaD não se separa da construção do
aprendizado do aluno pela mediação do professor/tutor, em tempo real.

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REFERÊNCIAS

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discência. Jundiaí: Paco Editorial, 2016.

ALVES, J. R. M. A história da EaD no Brasil. In: LITTO, M.; FORMIGA, M. M. M.


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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.


São Paulo: Paz e Terra, 2000.

HACK, J. R. Introdução à educação a distância. Florianópolis:


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NININ, M. O. G.; GERVAI, M. S. Mediação pedagógica: uma reflexão sobre a


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LOBATO, M. C. A.; SERPA, A. F.; CUNHA, G. A. L. A. (Orgs.). Educação a
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