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DOI: 10.1590/1413-812320172211.

20042017 3527

Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas

ARTIGO ARTICLE
com deficiência: barreiras de acesso e lacunas intersetoriais

Continuous Cash Benefit (BCP) for disabled individuals:


access barriers and intersectoral gaps

Este artigo também está disponível em áudio

Jeni Vaitsman 1
Lenaura de Vasconcelos Costa Lobato 2

Abstract The 1988 Constitution approved the Resumo A Constituição Federal de 1988 apro-
Continuous Cash Benefit (BCP) directed to el- vou o Benefício de Prestação (BPC) para idosos
ders and disabled persons with a household per e pessoas com deficiência com renda familiar até
capita income of 25% of the minimum wage, 1/4 do salário mínimo, que alcançou em 2015
and around 4 million people received this benefit cerca de 4 milhões de pessoas. Para pessoas com
in 2015. The design of BPC for disabled persons deficiência, a implementação do BPC envolve or-
involves organizations of social security, social ganizações da previdência social, assistência social
welfare and health. This paper discusses how e saúde. O trabalho discute como algumas lacunas
some intersectoral coordination mechanisms gaps nos mecanismos de coordenação intersetorial en-
between these areas produce access barriers to tre essas áreas produzem barreiras de acesso aos
potential beneficiaries. Results stem from a quali- potenciais beneficiários. Os resultados são de pes-
tative study performed with physicians, adminis- quisa qualitativa realizada com médicos, técnicos
trative staff and social workers from the Nation- administrativos e assistentes sociais do Instituto
al Institute of Social Security (INSS) and of the Nacional do Seguro Social (INSS) e dos Centro de
Social Welfare Reference Center (CRAS) in three Referência da Assistência Social (CRAS) em três
municipalities of different Brazilian regions. In- municípios de diferentes regiões do país. A coor-
tersectoral coordination and cooperation are more denação e a cooperação intersetoriais mais estru-
structured at the Federal level. At the local level, turadas ocorrem no nível federal. No nível local,
they rely on informal and horizontal initiatives, dependem de iniciativas informais e horizontais,
which produce immediate but discontinuous solu- o que produz soluções imediatas, mas descontínu-
tions. The role of the CRAS remains contingent as. O papel dos CRAS permanece contingente na
on the implementation. The need to establish in- implementação. Ficou patente a necessidade de es-
stitutionalized mechanisms for coordination and tabelecimento de mecanismos institucionalizados
1
Escola Nacional de cooperation between social welfare, health and so- de coordenação e cooperação entre os setores da
Saúde Pública, Fiocruz. R. cial insurance to improve the implementation and assistência social, saúde e previdência para me-
Leopoldo Bulhões 1480,
reduce barriers to access to the BCP is apparent. lhorar a implementação e diminuir as barreiras
Manguinhos. 21041-210
Rio de Janeiro RJ Brasil. Key words Continuous Cash Benefit, Implemen- de acesso ao BPC.
vaitsman@ensp.fiocruz.br tation, Access barriers, intersectoriality, coopera- Palavras-chave Benefício de Prestação Continu-
2
Escola de Serviço Social,
tion, Coordination ada, Implementação, Barreiras de acesso, interse-
Universidade Federal
Fluminense. Niterói RJ torialidade, cooperação, Coordenação
Brasil.
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Vaitsman J, Lobato LVC

Introdução resultado de um forte questionamento ao mo-


delo biomédico da deficiência, envolvendo mo-
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é vimentos sociais, organizações da sociedade civil
um direito assistencial garantido pela Consti- e organismos internacionais, um novo modelo
tuição Federal de 1988 a idosos com 65 anos ou de avaliação da deficiência para a elegibilidade
mais de idade e a pessoas com deficiência cuja ao BPC foi instituído em 20071 e implantado em
renda familiar seja de até 1/4 do salário mínimo. 2009. Com base na Classificação Internacional
Com valor de um salário mínimo, em 2015 al- de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)
cançou cerca de 4 milhões de pessoas. Sua im- da Organização Mundial de Saúde (OMS), esse
plementação envolve organizações de três setores novo modelo passou a considerar as deficiências
sociais: previdência social, assistência social e como problemas nas funções ou nas estruturas
saúde. No caso das pessoas com deficiência, físi- do corpo, porém dentro de um contexto social
ca ou mental, várias barreiras se colocam para o e pessoal. Funcionalidade e incapacidade pas-
acesso ao benefício. Algumas delas são resultado saram a ser vistos como resultado da interação
da precariedade de mecanismos de coordenação entre estados de saúde, contextos ambiental, so-
e cooperação entre os serviços de saúde, de assis- ciofamiliar e participação na sociedade. A pessoa
tência social e previdência. com deficiência é considerada elegível ao bene-
O Ministério do Desenvolvimento Social e fício se apresentar (além de renda familiar per
Agrário (MDSA) é responsável pela gestão, co- capita de ¼ do salário mínimo) impedimentos de
ordenação, regulação, financiamento, monito- longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ramento e avaliação do Benefício, enquanto ao ou sensorial, os quais, em interação com diversas
INSS cabe sua operacionalização, incluindo o re- barreiras, podem obstruir sua participação plena
conhecimento do direito e a concessão, com base e efetiva na sociedade em igualdade de condições
nas avaliações médica e social. com as demais pessoas2. Como critério de impedi-
Neste trabalho, discutimos como algumas mento de longo prazo, a lei considera o período
barreiras de acesso encontradas por pessoas com mínimo de dois anos.
deficiência no processo de requerimento ao be- Com isso, a avaliação do requerente para fins
nefício relacionam-se a lacunas nos mecanismos de concessão do benefício, além da perícia mé-
de coordenação e cooperação entre previdência, dica, incorporou a avaliação social realizada por
assistência social e saúde. Assim como outras assistentes sociais, também do Instituto Nacional
políticas sociais, a natureza intersetorial do BPC de Seguro Social (INSS). Cabe aos assistentes
decorre da adoção de princípios normativos sociais avaliar o componente fatores ambientais
avançados em seu desenho e formulação, mas – ambiente físico, social e atitudes – que cons-
que não foram acompanhados, na gestão, por tituem barreiras para a participação da pessoa
mecanismos de coordenação que viabilizassem a com deficiência na sociedade e alguns domínios
cooperação intersetorial na implementação. do componente atividades e participação. O com-
O artigo divide-se em cinco seções, além ponente funções do corpo, alguns domínios do
desta Introdução. Na primeira, descrevemos as componente atividades e participação. Quesitos
características do BPC para pessoas com defici- específicos sobre prognóstico desfavorável, com-
ência; em seguida apresentamos a metodologia prometimento de estrutura do corpo e impedi-
da pesquisa que originou este artigo; na terceira, mentos de longo prazo são avaliados pela perícia
discutimos as categorias analíticas pertinentes ao médica.
tema; na quarta, apresentamos alguns resultados Apesar dos avanços na concepção e operacio-
e finalmente, as considerações finais. nalização da avaliação, a concessão do benefício
ainda depende bastante do caráter subjetivo im-
O BPC para pessoas com deficiência plícito a qualquer julgamento. É difícil definir pa-
râmetros uniformes3 ou critérios claros para que
Desde 1988, as definições de deficiência para cada indivíduo seja tratado do mesmo modo no
a concessão do BPC vêm passando por várias processo de requerimento4. Isso se estende para a
mudanças positivas. Até 2007, a concepção de caracterização do grau de incapacidade da pessoa
deficiência inscrita na lei era estritamente biomé- com deficiência. A avaliação pericial deve consi-
dica. Os critérios de elegibilidade se baseavam na derar não só a gravidade, mas o tempo que ela
concepção de deficiência vista como incapacida- pode persistir, fundamental para a concessão do
de para a vida independente e para o trabalho de- benefício e que não é necessariamente uma preo-
correntes de anomalias/lesões corpóreas. Como cupação do médico que assistiu àquela a pessoa.
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A avaliação também depende dos valores, CRAS. Os gestores nacionais foram entrevistados
percepções e mesmo do viés profissional dos por Skype. Foram entrevistados: 30 requerentes,
envolvidos nas várias etapas do processo de con- 15 profissionais e 5 gestores nacionais.
cessão. A diversidade de valores, sobretudo os
relacionados às diferentes culturas profissionais, Categorias de análise
podem dificultar a comunicação ou envolver
concepções divergentes sobre incapacidade. Pro- Para discutir em que medida barreiras de
fissionais de saúde envolvidos com o diagnóstico acesso ao BPC podem estar relacionadas a la-
sobre incapacidade, vida independente e partici- cunas na cooperação e coordenação, definimos
pação possuem distintas compreensões, sobretu- a seguir, de forma sucinta, essas categorias, tal
do quando se trata de pessoas com alguma defi- como orientaram a análise dos dados.
ciência física ou mental5,6. Há também diferenças
entre profissionais médicos e assistentes sociais. Acesso
Embora os médicos reconheçam a importância Como categoria analítica, acesso já foi ampla-
da avaliação social no processo de concessão, ex- mente estudado e aplicado nas áreas de saúde e
pressam maior resistência a essa parceria, assim educação, mas pouco na previdência e assistência
como quanto aos objetivos do BPC5,7. social. Na previdência, o acesso é normatizado
pela participação na estrutura contributiva. As-
sim, os problemas de acesso são mais investiga-
Metodologia da pesquisa dos quanto à entrada no serviço, ou seja, as di-
ficuldades e as facilidades que os indivíduos têm
Os dados foram coletados no segundo semestre para requerer um dado benefício. Na assistência
de 2015 junto a instituições e atores envolvidos social, pelas características de sua população-al-
no processo de formulação e concessão: gestores vo, a investigação do acesso implica em entender
nacionais do INSS e MDS, os profissionais – téc- não só aspectos relativos ao momento do requeri-
nicos administrativos; médicos peritos e assisten- mento, mas também os relativos a restrições que
tes sociais do INSS – e potenciais beneficiários, antecedem e envolvem esse requerimento, como
isto é, requerentes ao BPC. Embora não necessa- a informação sobre o benefício, as condições para
riamente participando do processo de concessão, requerer e acessar as agências implementadoras,
que é operacionalizado pelo INSS no nível local, bem como os valores e as atitudes dos profissio-
os assistentes sociais do Centro de Referência de nais responsáveis pelas várias etapas da avaliação.
Assistência Social (CRAS) – unidade municipal No caso das pessoas com deficiência, é importan-
que é a porta de entrada para o atendimento à te entender como as relações entre os três setores
população –, também podem ter importante envolvidos pode facilitar ou dificultar o acesso.
papel no encaminhamento de potenciais bene- O acesso aos serviços envolve características
ficiários ao INSS. Para verificar a articulação/ culturais, geográficas, econômicas, organizacio-
cooperação intersetorial no nível local entrevis- nais e individuais. Em nosso estudo, tomamos
tamos um assistente social em cada município acesso como acessibilidade – ou seja, os compo-
selecionado. nentes que facilitam ou dificultam a entrada no
Três municípios de médio porte (regiões Su- serviço que presta os cuidados8-10. A acessibili-
deste, Nordeste e Norte) foram selecionados in- dade está relacionada com as características dos
tencionalmente. Os dados foram coletados em serviços que permitem o seu alcance e utilização,
agências com número expressivo de profissionais tais como sua organização, disponibilidade ge-
atuando no processo de concessão e na alta frequ- ográfica, capacidade de pagamento e aceitabili-
ência de beneficiários e perfis de concessão, indi- dade8. Além disso, influenciam o acesso fatores
cados pelo contratante da pesquisa. As entrevistas como idade, sexo, valores; condições de chegar e
semiestruturadas buscaram apreender, de acordo entrar nos serviços; necessidades percebidas pelo
com a especificidade de cada segmento, percep- paciente ou diagnosticadas11.
ções e posicionamentos em relação às barreiras de Esses fatores e dimensões, originalmente ana-
acesso relacionadas aos componentes do estudo. lisados para o acesso a serviços de saúde, podem
Os profissionais do INSS e os requerentes foram ser aplicados a outros serviços sociais onde há
entrevistados nas agências do INSS nos dias agen- uma necessidade explícita do indivíduo, como é
dados para a avaliação social e/ou médica de ido- o caso das pessoas com deficiência que buscam
sos e pessoas com deficiência. Os assistentes so- o BPC. Na pesquisa, eles foram classificados em
ciais dos CRAS foram entrevistados nas sedes dos três componentes principais do acesso: o compo-
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nente individual, o sociofamiliar e o organizacio- tação de políticas intersetoriais no nível local po-
nal. Neste artigo, discutimos especificamente as dem, em maior ou menor grau, se aproximar das
barreiras para o acesso ao BPC produzidas pelo formas horizontais de gestão, cuja coordenação
componente organizacional. Introduzimos a dis- pode ser mais ou menos frouxa e a cooperação
cussão relacionada a lacunas na coordenação e ultrapassa as fronteiras entre órgãos e organiza-
cooperação intersetorial, entre as organizações de ções. Sobretudo no nível local, as relações hori-
distintos setores envolvidos na implementação. zontais são respostas aos processos de implemen-
tação nos quais o cidadão tem que se relacionar
Cooperação e coordenação intersetoriais com órgãos de diferentes setores sociais. Hopkins
O estabelecimento de ações para se alcançar et al.21 argumentam que, embora difusa, a ges-
um objetivo de política pública é tratado pela tão horizontal pode ser um meio crucial para se
ciência política como um problema de ação co- administrar questões transversais relacionadas a
letiva12-14. Isso implica que a provisão de um bem certas políticas ou na prestação de alguns servi-
público não ocorre voluntariamente, mas depen- ços. Podem envolver diferentes tipos de vínculos
de de mecanismos de cooperação e de coorde- entre os atores e as organizações envolvidas: vín-
nação, sem os quais é improvável que se alcance culos informais que facilitam as trocas mútuas;
resultados sustentáveis15,16. coordenação para reduzir ou eliminar a sobrepo-
No caso de políticas ou programas com inter- sição e a duplicação e colaboração por meio de
faces em diferentes setores, coordenação e coope- recursos, o trabalho ou os processos decisórios
ração são ainda mais cruciais para que se alcance estão integrados em todas as organizações envol-
resultados17. Peters17 define coordenação como a vidas. Mecanismos de gestão inadequados pro-
necessidade de se garantir que as várias organi- duzem importantes barreiras, enquanto iniciati-
zações envolvidas em prestar algum serviço pú- vas mais adequadas produzem sinergias e mino-
blico em conjunto não produzam redundâncias ram os problemas de implementação, favorecen-
ou lacunas. Os níveis de coordenação podem ser do tanto as agências implementadoras quanto os
mínimos ou máximos. Nos mínimos, as organi- requerentes. Os resultados a seguir apresentam
zações simplesmente conhecem as atividades de barreiras de acesso ao BPC relacionadas a lacunas
todos os envolvidos e procuram não duplicar na cooperação/coordenação intersetoriais.
ou interferir. Nos níveis máximos, há controles
mais rígidos sobre as atividades das organiza-
ções e meios para fazer com que as lacunas nos Resultados
serviços sejam supridas17. Mecanismos de coor-
denação permitem ajustar políticas e programas As lacunas na coordenação e cooperação inter-
intersetoriais para aumentar suas interconexões setoriais serão discutidos com foco nas relações
horizontais, com o possível compartilhamento entre a) o INSS e a assistência social e b) o INSS
de fontes financeiras18,19. e a saúde.
Cooperação é a ação em conjunto de um gru- a) Relações entre o INSS e a assistência social
po de indivíduos para alcançar um objetivo co- As relações entre o setor previdenciário e o
mum14. Trata-se de uma interação entre setores assistencial podem se dar dentro de um mesmo
para se conseguir maior eficiência em suas ações, nível federativo, como por exemplo, entre o MDS
envolvendo a otimização de recursos ao mesmo e o INSS, nas comissões e reuniões para tratar da
tempo que se estabelecem formalidades nas rela- gestão nacional do benefício; entre níveis fede-
ções de trabalho. O compartilhamento de infor- rativos distintos, entre os gestores nacionais do
mação é o primeiro passo para a cooperação18,19. INSS e gestores e gerentes municipais da assistên-
Ainda que dentro de um arcabouço jurídico- cia social; dentro de um mesmo município, entre
normativo, as atividades relacionadas à imple- as agências locais do INSS e os CRAS.
mentação de uma política podem ser organiza- A coordenação e a cooperação intersetoriais
das de diferentes maneiras. Os mecanismos e os mais estruturadas ocorrem no nível federal, entre
processos podem conformar distintos arranjos, INSS e MDS. Várias iniciativas conjuntas foram
dependendo do contexto local15,20. O modo como tomadas em diferentes áreas relacionadas à im-
os atores envolvidos agem e criam soluções, a plementação do BPC, como na regulamentação,
partir das regras, produzem as formas locais de no orçamento, na elaboração do novo modelo de
implementação. avaliação, na capacitação de quadros do INSS e
Ainda que dependentes de relações top-down nas relações com os CRAS. Como instância for-
que seguem as hierarquias setoriais, a implemen- mal de coordenação, foi constituído um Comitê
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Gestor do BPC, com a participação do MDS e do a políticas federais, pode ser uma barreira im-
INSS, para a discussão de problemas de gestão, portante para a cooperação interfederativa. Além
tomadas de decisão e encaminhamentos das de- disso, nem todos os municípios possuem unida-
cisões para os grupos técnicos. des do INSS, e os requerentes têm que se deslocar
A criação do Grupo de Monitoramento da a outros municípios para requerer o benefício,
Avaliação da Deficiência e do Grau de Incapaci- envolvendo um maior número de atores nas re-
dade (GMADI) em 2010 e formado por técnicos lações intersetoriais. Em municípios pequenos
do MDS e do INSS, envolvidos na definição, im- é mais fácil que as assistentes sociais do INSS e
plantação e monitoramento do modelo de ava- CRAS cooperem para a resolução de certos pro-
liação para concessão do BPC buscou coordenar blemas. Isso é mais complicado em municípios
conjuntamente esta área da implementação do maiores, inclusive por problemas de rotatividade
BPC. As próprias mudanças na concepção da de pessoal e maior dificuldade de contato com a
avaliação foram feitas em grupo de trabalho for- rede socioassistencial.
mado por profissionais do MDS e do INSS. A necessidade de se estabelecer cooperação
Existem atos normativos do MDS orientando – geralmente mencionada como “parcerias” ou
a interação entre o INSS e a gestão municipal em “colaboração” – é consensual entre gestores na-
relação ao processo de concessão, porém formas cionais e também entre as várias categorias de
mais estruturadas de cooperação nos municípios profissionais de entrevistados nos municípios.
acabam dependendo das iniciativas das gerências Foram apontados pelos profissionais envolvidos
das agências locais do INSS. A cooperação cos- na implementação do BPC problemas que pode-
tuma ser contingente, não formalizada, embora riam ser minorados se as agências locais do INSS
se tenha tentado estabelecer pactos por convênio, e os CRAS cooperassem de forma mais estrutu-
processo que acabou não indo para a frente. rada.
A cooperação entre o INSS e a rede socioa-
ssistencial, apesar ser pactuada nas três esferas Informações de entrada
como parte do desenho descentralizado das po-
líticas sociais, depende muito das relações políti- A porta de entrada para a solicitação é o agen-
cas do governo federal com a prefeitura e a ges- damento para a habilitação na agência da previ-
tão municipal ou mesmo estadual. Não há uma dência social através do número 135, serviço de
instância formal ou instrumento legal definindo call-center que fornece as primeiras informações
as atribuições com o objetivo de estabelecer me- oficiais sobre o benefício. O desconhecimento
canismos de cooperação. As interações e a coope- das regras pode constituir a primeira barreira.
ração são informais e a responsabilidade por essa No dia agendado para a habilitação do pedido,
interface é o serviço social do INSS. o requerente deve levar à agência do INSS a do-
Alguns lugares têm feito parceria, mesmo sem cumentação de todos os membros de seu grupo
ter assim uma direção formal institucional [...] familiar para comprovação de renda e compo-
Então o INSS [...] as agências, eles conversam com sição familiar. Contudo, a composição familiar
os assistentes sociais dos CRAS, conversam com o adotada pelo benefício não é necessariamente a
município. O assistente social tem um papel fun- mesma que os requerentes adotam. Muitas vezes
damental nesse processo e eles buscam isso... No a informação dada pelo 135 não é compreendida
ano passado o MDS fez vários encontros regionais sequer para que o requerente faça perguntas.
buscando tanto o servidor do INSS como servidores O requerente não necessita passar por um
dos municípios, dos estados e tal. Então foi assim CRAS antes da primeira visita ao INSS. Mas se ele
uníssono a necessidade dessas parcerias [...] Mas assim o faz, pode receber as informações adequa-
tem alguns municípios que não querem, não ade- das. Nem sempre, porém, as próprias assisten-
rem, né? ‘ Não, esse benefício é do governo federal, tes sociais dos CRAS conhecem todas as regras.
parará, parará... e termina...’ Mas a maioria com Como o CRAS não tem nenhum papel formal
certeza quer, nós do INSS queremos porque pra nós ou autoridade no processo de requerimento e
é importante porque a gente melhora o nosso traba- decisão sobre o benefício e as assistentes sociais
lho, nosso fluxo ( profissional da gestão nacional). estão sempre sobrecarregados com muitas ou-
Cada um dos 5.570 municípios brasileiros é tras demandas, elas esclarecem, encaminham e
autônomo para aderir a instrumentos e mecanis- até apoiam no preenchimento do requerimento,
mos de gestão conjunta entre os diferentes níveis mas esta não é uma iniciativa regular. O processo
federativos. A dimensão partidária, sobretudo de requerimento só começa, de fato, na agência
quando não há incentivo monetário para aderir do INSS.
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Vaitsman J, Lobato LVC

Vários entrevistados sugerem que o CRAS Não há arranjos formalizados nem qualquer
poderia ter algum mecanismo de cadastramento sistema de informações sociais sobre o reque-
antes que o requerente chegasse até a agência do rente compartilhado entre INSS e CRAS. Existe
INSS. Inclusive porque, se o requerente não leva um formulário, o Sistema de Informações Sociais
a documentação completa quando dá entrada no (SIS), que diante de alguma dúvida o assistente
requerimento, ele tem prazo de 30 dias para re- social do INSS preenche e encaminha pelo pró-
tornar com as exigências atendidas, ou o proces- prio requerente para que o do CRAS complete
so é indeferido. Considerando que os requerentes com algumas informações. Mas é o próprio re-
são pessoas com deficiência, além da vulnerabili- querente quem tem que levar o formulário e tra-
dade social e econômica e que grande parte vive zê-lo preenchido, o que torna o processo bastante
longe dos centros onde estão as agências, o custo aleatório e lento.
financeiro e emocional do deslocamento é alto. Os contatos entre CRAS e INSS são iniciati-
Tanto do ponto de vista do INSS quanto do vas individuais e limitadas pelos prazos e metas
requerente, tempo e recursos são desperdiçados instituídos pelo próprio atendimento do INSS,
porque as organizações envolvidas não conse- pois não há servidores disponíveis para uma ar-
guem estabelecer mecanismos sólidos de coope- ticulação permanente com os CRAS. O planeja-
ração interorganizacionais. Para isso acontecer mento organizacional do INSS não contempla as
seriam necessários outros mecanismos de coor- relações com os CRAS e as ações individualiza-
denação por parte das instâncias superiores, além das podem atrasar os prazos de atendimento das
dos já existentes. agências e ameaçar as metas de desempenho. O
Diante da falta de informação, da vulnerabili- desempenho institucional e pessoal dos servido-
dade, do medo de enfrentar a burocracia, recorrer res do INSS é avaliado e mensurado semestral-
a um intermediário torna-se uma solução à mão mente a partir de um plano de ação anual, sendo
para os requerentes. Os servidores do INSS têm o tempo médio de atendimento monitorado pela
escassa capacidade de interferência em relação gerência local. A cooperação entre INSS e CRAS é
aos intermediários, porque não podem impedir iniciativa local e informal, produzindo formas de
que um requerente venha acompanhado de outra gestão horizontais. Porém, mais do que institu-
pessoa, que não é colocado como intermediário, cionalizadas, são os esforços individuais e os vín-
mas sim como “amigo”, “vizinho”, “conhecido”. culos informais que permitem as trocas mútuas.
Os técnicos administrativos se queixam mui- Como a coordenação entre as agências locais
to dos intermediários, a quem os requerentes do INSS e os CRAS são precárias ou inexisten-
devem pagar se o benefício é deferido. Também tes, tampouco há qualquer acompanhamento
apontam o potencial dos CRAS para a orientação regular dos requerentes indeferidos por parte
dos requerentes como um caminho para minorar do CRAS sobre o resultado do requerimento.
esse problema. É bem difundida a visão, entre os A área assistencial não toma conhecimento dos
profissionais do INSS, de que se houvesse uma casos encaminhados e indeferidos, tampouco o
rede articulada entre INSS e CRAS o papel dos porquê do indeferimento. O conhecimento sobre
intermediários diminuiria muito. o resultado dos processos poderia evitar novos
encaminhamentos às agências do INSS de pesso-
Avaliação social as não elegíveis, assim como favorecer o apoio a
indeferimentos considerados incorretos.
Uma vez habilitado o requerimento, são Muitas vezes o benefício é negado por um
agendadas a avaliação social e a perícia médica. A pequeno excedente na renda ou, no caso da pes-
avaliação social consiste em uma entrevista com soa com deficiência, se já há outra pessoa com
a assistente social do INSS, que tem total auto- deficiência beneficiária do BPC na mesma famí-
nomia para pontuar os quesitos do formulário lia. Esses, embora não elegíveis, são vulneráveis e
social, o qual, junto com o da perícia médica, com dificuldade de acesso a renda. No momen-
compõem uma soma de pontos que determina o to da pesquisa houve a informação por parte de
deferimento do requerimento. Há muitas críticas um gestor nacional do INSS de que eles estavam
ao processo de avaliação social feito na agência trabalhando junto com o MDS para o requerente
do INSS. O fato da assistente social do CRAS não indeferido ser encaminhado para outra política e
participar do processo de avaliação, nem de sua não ficar abandonado.
opinião ser levada em consideração no processo, Nesse processo, as relações construídas de-
foi visto por um entrevistado como uma falha pendem do contexto local e do envolvimento dos
grave do sistema. profissionais nas iniciativas de cooperação. Em
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uma das agências, após a introdução da avalia- ir lá conseguir, depende de terceiros pra trazer... Aí
ção social, segundo um entrevistado, houve uma muitas vezes eles sabem dessa dificuldade, o próprio
pactuação interna para se procurar a rede social requerente diz: ‘Ih, pra eu conseguir consulta vai
de apoio nos municípios e áreas de abrangência demorar 3 meses’... Aí a gente avalia com base na-
das agências do INSS. Esta iniciativa permitiu o quele documento e ele vai sair prejudicado [...] Na
estabelecimento de vínculos com instituições de parte de função do corpo a gente tem que seguir a
pesquisa, a criação de grupos de trabalho sobre documentação médica, então essa é uma barreira.
problemas específicos da região, a divulgação dos (médico perito)
instrumentos e maior discussão nas agências do Não há nenhum mecanismo institucional
INSS, a integração com comissões e conselhos. de comunicação, os sistemas não se cruzam, não
b) Relações entre o INSS e o SUS se comunicam. A avaliação médica ou mesmo a
A coordenação e a cooperação entre INSS e avaliação social, ficam pendentes e o requerente
SUS coloca problemas de outra ordem. Há maior deve voltar dentro de 30 dias, do contrário o be-
interação do INSS com os profissionais da saú- nefício é indeferido.
de mental, sendo mais comuns as reuniões entre Como devem ser avaliadas as repercussões
assistentes sociais do INSS e do SUS da área de para a vida independente e o trabalho nos dois
saúde mental para o esclarecimento de mudan- anos seguintes, geralmente a reabilitação depen-
ças, troca de experiências e busca de soluções. de da rede de assistência à saúde. Segundo um
Em relação às deficiências físicas ou doenças perito, as dificuldades maiores são em relação às
crônicas, os requerentes precisam levar laudos funcionalidades, que não necessitam estar rela-
médicos para a avaliação pericial e não há qual- cionadas a uma deficiência, mas também podem
quer mecanismo de coordenação ou cooperação ser associadas a alguma doença crônica, como
com o SUS, pelo menos nos locais onde foi feito cardiopatia, diabetes e que têm repercussão so-
o estudo. bre a função e as condições de vida e trabalho. O
A perícia médica feita no INSS consiste em papel da rede de saúde é portanto crucial para o
um exame que verifica o laudo médico trazido fornecimento de informações:
pelo requerente e avalia se a condição de saúde Porque aqui nós não fazemos assistência em
atestada pelo SUS é impedimento para a vida saúde, nós fazemos o atendimento médico pericial
independente e o trabalho por no mínimo dois [...] Então (trata-se do) reconhecimento do direi-
anos. É comum que o médico do SUS, além de to em cima de informações que estão comprovadas
não saber que o paciente precisa do laudo para tecnicamente e documentalmente. (médico perito)
dar entrada no BPC, tampouco saiba o que é o A avaliação médica depende não apenas do
BPC e por isso não coloca no laudo informa- conjunto de documentos ou de laudos do SUS,
ções que seriam relevantes para a perícia médi- mas também de que a pessoa comprove que bus-
ca previdenciária. A documentação médica que cou assistência e que segue tratamento médico
o perito do INSS recebe do SUS frequentemente para a condição que geraria o benefício. Ou seja,
é incompleta. O perito precisa avaliar o quadro ela não pode alegar uma condição que nunca
clínico do requerente no momento da perícia e tentou resolver de alguma forma, o que implica
verificar se há comprometimento de suas funções em comprovação por laudos e exames apropria-
a longo prazo ou não. Para isso, é necessário o dos do SUS.
acesso a certos exames e a algumas informações A falta de exames e a necessidade de voltar
detalhadas, que nem sempre o requerente tem ao SUS para buscar um novo laudo ou um exa-
em sua documentação. O perito pode fazer uma me seria um custo evitável se os médicos da rede
Solicitação de Informação a Médico Assistente SUS já soubessem de que documentos o paciente
(SIMA), um requerimento que ele imprime soli- precisa para dar entrada no requerimento. Com
citando ao médico ou profissional da área de saú- mais conhecimento sobre o BPC, os médicos do
de, psicólogo, fonoaudiólogo, etc. as informações SUS poderiam apoiar o acesso quando identifi-
faltantes. É o próprio requerente quem deve levar cam paciente elegíveis ao BPC. Para isso preci-
o SIMA para que o médico que o atende, ou al- sariam conhecer, ter contato com o benefício e
gum outro, preencha; pode também pedir cópia com a avaliação médica; ou então isso poderia
do prontuário no posto de saúde ou no hospital ser feito com a intermediação de um assistente
em que foi atendido, o que nem sempre consegue social da saúde. A falta de informação que cons-
dentro do prazo. titui uma barreira não se dá apenas por parte do
Então fica essa dificuldade com o requerente, requerente, mas também por parte do profissio-
que às vezes mora em (outro município) e até ele nal de saúde.
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Vaitsman J, Lobato LVC

Vários requerentes entrevistados souberam ro seria evitar o agendamento de pessoas não


da existência do BPC na unidade de saúde. De elegíveis, melhorando os fluxos e diminuindo o
fato, alguns profissionais de saúde conhecem um tempo de espera dos requerentes nas agências. O
pouco o benefício e indicam aos pacientes, mas segundo seria melhorar a informação ao público,
como iniciativa individual. Os assistentes sociais problema crucial do BPC.
já incluem o BPC em sua prática profissional, É preciso, por outro lado, também reconhe-
mas nem sempre conhecem bem o benefício e cer que o BPC é um benefício bastante complexo
nem todos os pacientes passam pelo atendimento com regras difíceis de entender e sobre as quais
do serviço social das unidades. os requerentes não têm qualquer controle. A vul-
Quanto às iniciativas sinérgicas, em uma das nerabilidade dos requerentes potencializa as bar-
agências foi desenvolvido um piloto de progra- reiras produzidas pela falta de informação, pois
ma de comunicação do INSS com o sistema de eles não sabem ao certo as funções de cada insti-
saúde, com a construção de um formulário e o tuição e muitas vezes nem mesmo que benefício
encaminhamento através da assistente social estão solicitando. A atuação do CRAS também
para tentar resolver problemas em relação à as- poderia diminuir o papel dos intermediários,
sistência à saúde que impediam a recuperação que se tornaram uma solução do ponto de visa
do requerente e o mantinham no BPC. Criou-se do requerente, vulnerável, sem informação, que
uma cooperação não apenas intraorganizacional, se sente apoiado para lidar com uma burocracia
entre assistentes sociais e peritos médicos, mas com a qual não tem nenhuma familiaridade.
também intersetorial, entre INSS e SUS, que não A introdução da avaliação social no processo
foi adiante, segundo o entrevistado, por falta de de concessão em 2009 e a entrevista com assis-
apoio adequado. Uma iniciativa local, horizontal, tentes sociais na previdência permitiram maior
que não conseguiu sustentabilidade. aproximação com as necessidades dos beneficiá-
rios, o que estimulou a rede de proteção através
de encaminhamentos para outros serviços e di-
Considerações finais reitos. Mas também são alvo de críticas dos pró-
prios profissionais, já que as avaliações sociais são
Ficou patente a necessidade de se estabelecer me- feitas nas agências do INSS.
canismos de coordenação e cooperação institu- Há processos relativos à perícia médica do
cionalizados com os setores da assistência social BPC que extrapolam a governabilidade das agên-
e saúde que podem melhorar os processos de cias locais do INSS e que dependem da comuni-
implementação e diminuir as barreiras de aces- cação com a rede SUS. Tais mecanismos, no en-
so ao BPC. A gestão federal conseguiu estabele- tanto, mesmo quando construídos por iniciativas
cer instrumentos de coordenação e cooperação locais, dependem, para sua sustentabilidade, de
intersetoriais e procura estender mecanismos outros de coordenação e incentivos dos níveis
similares para os níveis locais, onde a política centrais.
é implementada. Contudo, estes são processos No nível local, vários problemas identificados
mais lentos pois dependem de pactuações inter são às vezes resolvidos por iniciativas horizontais,
e intrafederativas envolvendo um número maior mas provavelmente seriam enfrentados de forma
de instâncias e atores. mais efetiva com arranjos institucionalizados en-
O BPC é um benefício assistencial, mas como tre o INSS, os CRAS e o SUS, o que por sua vez,
é implementado pelo INSS, o papel dos CRAS depende das relações verticalizadas, com os ní-
permanece contingente. Como a porta de entra- veis decisórios centrais.
da é no INSS, o processo de requerimento pode As lacunas observadas e as soluções dos pro-
se dar inteiramente isolado da rede assistencial. blemas que envolvem as distintas instituições
Isso remete ao desenho do BPC. Um benefício dependem de vínculos e relações informais, o
assistencial ser concedido pela previdência é uma que é uma característica de formas de gestão ho-
contradição que expressa um desenho viável para rizontais e difusas. O problema das várias ações
ser implementado em um primeiro momento, intersetoriais positivas e sinérgicas a partir do ní-
mas que com a construção do SUS aparece como vel local é que não costumam ser sustentáveis. As
disfuncional. iniciativas locais são mais ágeis e desburocratiza-
Mecanismos de coordenação e cooperação das, dependem de ações individuais, porém são
institucionalizados entre as agências locais do descontínuas e aleatórias. Isso fica evidente nas
INSS e os CRAS poderiam melhorar o processo iniciativas encaminhadas por algumas agências
de implementação em vários aspectos. O primei- locais e que não tiveram continuidade. Há de fato
3535

Ciência & Saúde Coletiva, 22(11):3527-3536, 2017


contradições entre as iniciativas individuais não
burocratizadas na ponta e a estrutura hierárquica
do INSS. As dinâmicas horizontais não substitu-
íram a lógica verticalizada das políticas e progra-
mas federais. Mas para cumprir todas as funções
reivindicadas para a melhoria da implementação
do BPC é necessário que os CRAS tenham mais
estrutura e sejam reconhecidos como partícipes
no processo de decisão sobre a concessão do be-
nefício.
Este artigo não incorporou as alterações re-
alizadas pelo governo federal a partir de julho de
2016 para acesso ao BPC.

Colaboradores

J Vaitsman e LVC Lobato contribuíram igual-


mente para o artigo.
3536
Vaitsman J, Lobato LVC

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