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Índice

1.Introdução:..........................................................................................................................................2
1.1 Objectivo Geral:..................................................................................................3
1.1.3 Metodologia:.....................................................................................................3
2. Validação e invalidação dos actos administrativos............................................................4
2.1 Requisitos do Acto Administrativo.......................................................................................5
3. Validade do acto administrativo...............................................................................................7
3.1 Invalidade do acto administrativo..........................................................................................7
3.2. Vícios do acto administrativo e seus tipos.......................................................................8
4. O Vício de Forma...........................................................................................................................9
4.1. Nulidade por Defeito de Forma...........................................................................................11
4.1.2. A Violação da Lei.................................................................................................................12
4.2. Fundamentação do Acto Administrativo.........................................................................14
5. Conclusão........................................................................................................................................17
6. Bibliografia:....................................................................................................................................18
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1.Introdução:

Na administração pública, a validação e invalidação dos actos administrativos são temas


de extrema importância, pois determinam a legalidade e a eficácia das decisões tomadas pelos
órgãos governamentais. Neste texto, abordaremos detalhadamente a importância da
fundamentação dos actos administrativos, os vícios de forma que podem comprometer sua
validade e a nulidade, consequência directa da existência de irregularidades que tornam o ato
inválido desde sua origem. Ao longo da explanação, analisaremos cada um desses aspectos,
destacando sua relevância para a garantia da legalidade, transparência e protecção dos direitos
dos cidadãos.
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1.1 Objectivo Geral:


 Investigar e analisar a validação e invalidação dos atos administrativos.

1.1.2 Objectivos Específicos:


 Analisar a importância da fundamentação adequada dos actos administrativos para
garantir sua validade e legitimidade.
 Identificar e discutir os diferentes tipos de vícios de forma que podem comprometer a
validade dos actos administrativos
 Investigar os critérios e procedimentos utilizados para declarar a nulidade dos atos
administrativos e suas consequências jurídicas.
 Avaliar o impacto da observância ou negligência dos princípios relacionados à validação
e invalidação dos atos administrativos na administração pública.

1.1.3 Metodologia:
Esta pesquisa foi realizada com base em uma revisão bibliográfica detalhada, utilizando
livros de direito administrativo como fonte principal de informação. Foram consultadas obras de
renomados autores e especialistas na área, buscando compreender os fundamentos teóricos e as
principais discussões relacionadas à validação e invalidação dos actos administrativos.
Além disso, foram analisados casos jurisprudenciais e normas legais pertinentes para
enriquecer a discussão e fornecer exemplos práticos.
A abordagem adoptada nesta pesquisa foi qualitativa, buscando uma análise aprofundada
dos conceitos e princípios envolvidos, visando contribuir para o aprimoramento do conhecimento
sobre o tema.
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2. Validação e invalidação dos actos administrativos

Acto administrativo é a manifestação unilateral de vontade da administração pública que


tem por objecto constituir, declarar, confirmar, alterar ou desconstituir uma relação jurídica,
entre ela e os administrados ou entre seus próprios entes, órgãos e agentes.(Neto 2014, p.221)

De igual, modo, o acto administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da


Administração Pública que agindo nessa qualidade tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a
siprópria.( Meirelles, p. 145)

O acto administrativo é ainda declaração do Estado ou de quem o represente, que produz


efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e
sujeita a controle pelo Poder Judiciário.(Di Pietro 2001, p.196)

Por seu turno, salientar que o acto administrativo é a exteriorização da vontade dos
agentes da Administração Pública ou de seus delegatários, nessa condição, que sob regime de
direito público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público.
(Manzza 2009, p.181)

Enfatizar ainda que, o acto administrativo é a fonte e o limite material da actuação da


Administração.
Assim, o acto administrativo é o acto jurídico típico do Direito Administrativo, no
universo dos actos jurídicos, a identidade própria do acto administrativo decorre dos seus
atributos normativos específicos conferidos pela lei, tais como: presunção de legitimidade,
exigibilidade, imperatividade e auto executoriedade. No qual os efeitos jurídicos decorrentes do
acto administrativo consistem na criação, preservação, modificação ou extinção de direitos e
dever de espera a Administração Pública ou para ao administrado.
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2.1 Requisitos do Acto Administrativo

Quanto à quantidade a doutrina diverge sobre os requisitos de validade do acto


administrativo. Cada autor tem liberdade para apontar a divisão que entender mais conveniente.
O importante é enfatizar que a divisão didáctica do acto administrativo em requisitos
serve para facilitar o controlo de legalidade sobre eventuais defeitos nele existentes (Mirelles, p.
147).
Requisitos são as exigências que a lei fórmula em relação a cada um dos elementos do
acto administrativo, para garantia da legalidade e do interesse público ou dos direitos subjectivos
e interesses legítimos dos particulares. Dividem-se em requisitos de validade que cuja sua
inobservância o acto será inválido e requisitos de eficácia, que a sua inobservância o acto é
ineficaz. O que quer dizer que tais elementos constituem os pressupostos necessários para a
validade dos actos administrativos. Significa dizer que, praticado o acto sem a observância de
qualquer desses pressupostos ou ainda basta a inobservância de somente um deles, estará ele
contaminado de vício de legalidade, facto que o deixará, como regra, sujeito à anulação (Mirelles
2002, p. 147)
E a visão quanto à quantidade de requisitos de validade do acto administrativo, salienta-
se que são nulos os actos lesivos de direito que podem consistir nos aspectos que asseguir se
destacam:
No vício de forma; na incompetência na ilegalidade do objecto; na inexistência dos
motivos e no desvio de finalidade.
De acordo com essa visão, os requisitos do acto administrativo são: competência;
objecto; forma; motivo e finalidade.
Sendo certo que o motivo e objecto são discricionários uma vez que os requisitos podem
comportar margem de liberdade. Competência, forma e finalidade são requisitos vinculados
(Manzza 2012, p. 205).
a) Competência – Competência é uma expressão funcional qualitativa e quantitativa do
poder estatal, que a lei atribui às entidades, órgãos ou agentes públicos, para executar sua
vontade (Neto,2014, p.224).
Competência depende de previsão na lei e é de exercício obrigatório, irrenunciável,
imodificável, não admite transacção, é improrrogável é o primeiro requisito de validade do acto
administrativo. A competência é requisito vinculado. Para que o acto seja válido inicialmente é
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preciso verificar se foi praticado pelo agente competente segundo a legislação para a prática da
conduta. No Direito Administrativo é sempre a lei que define as competências conferidas a cada
agente, limitando sua actuação a cada área específica de atribuições.
De acordo com a 1ª linha do artigo 21 do decreto 30/2001 de 15 de Outubro, os órgãos da
administração publica tem poderes e autoridade para praticar actos administrativos decorrentes
das funções e atribuições definidas nos seus estatutos e regulamentos.

b) Forma – é a exteriorização material do acto administrativo, através da qual a vontade


manifestada se expressa, permanece e se comprova no mundo jurídico (Neto 2014,
p,226 ).
E somente a prevista em lei, sendo em regra por escrito, admitindo-se de outra maneira quando a
lei assim autorizar. O acto administrativo está sujeito ao princípio da solenidade, exigindo-se
formalidades específicas, procedimento administrativo prévio e motivação é diferente de motivo,
é a correlação lógica entre os elementos do acto, em regra obrigatória e deve ser realizada antes
ou durante.

c) Objecto – é o conteúdo do acto, a ordem por ele determinada, ou o resultado prático


pretendido ao se expedir. Todo acto administrativo tem por objecto a criação,
modificação ou comprovação de situações jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou
actividades sujeitas à acção da Administração.

d) Motivo – é o pressuposto de facto e de direito que determina ou possibilita a edição do


acto administrativo. Ou seja, é a situação de facto e o fundamento jurídico que autorizam
a prática do acto. Constitui requisito discricionário porque pode abrigar margem de
liberdade outorgada por lei ao agente público.
Exemplo: a ocorrência de uma infracção é o motivo da multa de trânsito.

e) Finalidade -é o aspecto específico do interesse público, expresso na norma legal, que


se pretende satisfazer pela produção dos efeitos jurídicos esperados do acto administrativo.(Neto,
2014, p. 225).
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E é requisito vinculado, a finalidade é o objectivo de interesse público pretendido com a


prática do acto. Sempre que o acto for praticado visando a defesa de interesse alheio ao interesse
público, será nulo por desvio de finalidade.

3. Validade do acto administrativo

Validade é a aptidão intrínseca do acto para produzir os efeitos jurídicos correspondentes


ao tipo legal a que pertence, em consequência da sua conformidade com a ordem jurídica.
Validade é a situação jurídica que resulta da conformidade do acto com a lei. Acto válido
é o que está em total conformidade com o ordenamento jurídico ou seja é o acto que observou
integralmente as exigências legais e infralegais impostas para que seja regularmente editado,
bem como os princípios jurídicos orientadores da actividade administrativa.
O acto válido respeitou em sua formação, todos os requisitos jurídicosrelativos à
competência para sua edição, à sua finalidade, à sua forma, aos motivos determinantes de sua
prática e a seu objecto. Por outras palavras, é o acto que não contém qualquer vício, qualquer
irregularidade, qualquer ilegalidade (Manzza 2012, p.202-206)
A validade é característica substantiva de qualquer acto administrativo dela decorrendo
uma presunção de validade, que analiticamente apresentada, se expressa por uma quádrupla
presunção como: a de veracidade, a de legalidade, a de legitimidade e a de licitude, subsistindo
até prova em contrário(Neto, 2014, p.223)

3.1 Invalidade do acto administrativo

Invalidade do Acto Administrativo é o juízo de desvalor emitido sobre o acto


administrativo em resultado da sua desconformidade com a ordem jurídica. São designadamente
anuláveis:
a) Os actos viciados de vício de forma, nas modalidades de carência relativa de forma
legal e salvo se a lei estabelecer para o caso da nulidade, de preterição de formalidades
essenciais;
b) Os actos viciados por desvio de poder; (Manzza 2012, p. 202-206)
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3.2. Vícios do acto administrativo e seus tipos


3.2.1. Vício do Acto Administrativo

Vícios do acto administrativo são toda violação das normas que regem a actividade
administrativa. Todavia, a estes não têm sempre as mesmas consequências jurídicas dependendo
do tipo de vício, pode gerar nulidade ou anulabilidade. Vício é normalmente grave resultante de
uma anormal má-fé ou intenção dolosa da Administração que é avaliado em uma das
características de cada tipo de acto praticado.
No entanto, para o presente estudo nos importa salientar muito mais o vício de forma e de
violação de lei que afecta o indeferimento tácito da pretensão dos cidadãos. Salientar que
apresenta-se os outros tipos de vício como forma de elucidar o tema, bem como facilitar
compreensão e esclarecer como esse instituto opera na esfera administrativa. Com base na
identificação dos requisitos do acto administrativo, é possível precisar quais as patologias mais
frequentes envolvendo a sua prática e indicar as consequências normativas delas decorrentes.
Porém, todo acto viciado é nulo, rejeita – se inclusive a possibilidade de convalidação de defeitos
leves do acto administrativo, considerando que o interesse privado não poderia preponderar
sobre actos ilegais. Daí a impossibilidade jurídica de convalidar-se o acto considerado anulável,
que não passa de um acto originariamente nulo. (Mirelles 2002, p. 169)

Neste contexto, nos termos do artigo 129 da Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, Lei de
Procedimento Administrativo poderão ser nulos os actos administrativos que não cumprem os
ditames definidos pelas normas administrativas ao prever de forma evidente que, são nulos os
actos a que falte qualquer dos elementos essenciais ou para os quais a lei imponha essa forma de
invalidade, referindo-se nesse caso que podem se constituir, fundamentalmente como actos nulos
os que careçam de fundamentação nos termos do nº 1 do artigo 121 da Lei nº 14/2011, de 10
dQuanto ao pressuposto da fundamentação dos actos, não é suficiente que Administração Pública
indefira tacitamente as pretensões dos administrados, mas a mesma deve ser expressa, através de
sucinta exposição dos fundamentos de facto e de direito da decisão ou seja deve ser esclarecido
ao administrado as razões que levaram a administração a rejeitar o pedido, podendo consistir em
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mera declaração de concordância com a lei conforme o disposto no nº 1 do artigo 122 da Lei nº
14/2011, de 10 de Agosto, Lei de Procedimento Administrativo.

4. O Vício de Forma

Forma é a maneira regrada e escrita em lei de como o acto deve ser praticado; é o
revestimento externo do acto e é vinculado ou seja, é o mecanismo pelo qual a vontade da
Administração Pública é exteriorizada. Pelo princípio da solenidade das formas, em regra a
actuação da administração dá-se pela forma escrita, uma vez que a documentação viabiliza o
controlo e a fiscalização pelo poder judiciário, pelo próprio administrador anos depois, e ainda
possibilita a informação ao cidadão. Excepção a forma escrita só é admitida se prevista em lei
desde que não haja contrariedade(Neto 2014, p. 337)

O grande defeito que incide sobre a forma do acto administrativo é a ofensa à


especificidade que a lei impõe para a exteriorização da vontade administrativa. O vício de forma
consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à
existência ou seriedade do acto. Se a lei estabelece determinada forma como revestimento do
acto, não pode o administrador deixar de observá-la, sob pena de invalidação por vício de
legalidade.
Não obstante, é preciso reconhecer que a análise da adequação da forma à lei exige
comportamento que denota moderaçãoe razoabilidade por parte do intérprete.
O vício deforma é insanável, porque afecta o acto em seu próprio conteúdo. Cumpre
salientar que o vício de forma é a preterição de formalidades anteriores à prática do acto; ou seja
a carência de forma legal.(Di Pietro 2014, p .254)
O acto é ilegal, por vício de forma, quando a lei expressamente a exige ou quando uma
finalidade só possa ser alcançada por determinada forma. Como se pode ver que o indeferimento
tácito da Administração Pública esta inquinado de vício de forma porque omite a fundamentação
dos actos negativos conforme exigência da lei.
O vício de forma é o vício que consiste na preterição de formalidades essenciais ou na
carência de forma legal o qual comporta três modalidades como:

a) Preterição de formalidades anteriores a prática do acto;


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Exemplo 1: a falta de audiência prévia dos interessados num procedimento administrativo


quando não tenha sido nem esteja dispensada.

b) Preterição de formalidades relativas a pratica do acto;


Exemplo 2: regras sobre a votação em órgãos colegiais

c) Carência de forma legal,


Exemplo 3: prática, por despacho, de actos em relação aos quais a lei exigia a forma de
Decreto.(Amaral,2012, p. 428)
Salientar ainda que no momento em que um acto administrativo é praticado pode ser
invalidado por estar em contradição com a lei, ou porque antes da sua pratica foram cometidas
outras ilegalidades. Mas se a preterição das formalidades ocorrer depois de um acto ser
praticado, o acto não fica invalidado por causa do que se passou depois dele. Isto quer dizer que
não há repercussão para trás. Aquilo que se passa depois da prática do acto não o invalida.
Exemplo 4: a lei estabelece que um certo acto administrativo que envolva a realização de
despesa tem de ser sujeito a visto do Tribunal de Contas depois de praticado. Se administração
não sujeita esse acto a visto é evidente que viola a lei, não cumpre uma formalidade essencial
que a lei exige.(Amaral, 2012, p, 428)
O vício de forma é ainda uma ilegalidade atípica do acto administrativo que resulta da
omissão ou irregularidade de uma formalidade essencial. A omissão ou irregularidade tanto se
podem verificar quando as formalidades que integram no decurso do procedimento
administrativo, precedem ou devem preceder o acto administrativo. A omissão da forma
legalmente exigida, é qualificada pelo legislador como carência absoluta de forma legal e
determina a nulidade do acto. Assim sucede por exemplo a lei pode exigir que a declaração de
vontade seja enunciada por escrito e a decisão apenas foi omissa oralmente assim se esta diante
de uma irregularidade a qual poderá provocar apenas anulabilidade(Correia 1980,p. 428-429)
Concordante a isto, o vício de forma existe sempre na formação ou na declararão da
vontade traduzida no acto administrativo, foi preterida alguma formalidade essencial ou que o
acto reveste a forma legal. O acto definitivo pode aparecer inquinado de vícios resultantes da
omissão ou irregularidades de formalidades praticadas ao longo do processo gracioso que lhe
haja dado origem. Porém, diante destas irregularidades é facultado aos interessados reclamar ou
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recorrer graciosamente no momento em que se verificarem, só depois de praticado o acto


definitivo são susceptíveis de discussão em recurso contencioso.(Caetano 1980, p. 505)

Tais omissões ou irregularidades podem ser oportunamente supridas pela prática da


formalidade omitida ou mediante a revogação do acto e sua repetição, bem como pela ratificação
reforma ou conversão. Pelo que respeita a forma, é importante salientar que se a forma
legalmente exigida foi omissa, se terá a carência absoluta de forma legal. Todavia, também tem
sido equiparada a carência absoluta de forma legal a omissão de certa forma solene reputada
essencial a existência do acto, o que sucede quando a lei impõe a prática do acto por decreto
(Caetano 1980, p. 506-507)
Se o acto não é fundamentado, nos casos em que a fundamentação é exigida por
lei,verifica-se também o vício de forma. E nesse caso a fundamentação é incongruente, deve
sempre entender-se que não foi cumprida a exigência legal e que houve preterição de
formalidades.
Nesta ordem de ideia, há aqui uma divergência ou discrepância de normas que versam
sobre a mesma matéria que depois de uma análise criteriosa, considera-se que o indeferimento
tácito da pretensão do administrado está inquinado de vício de forma, na medida em que o
mesmo não reveste a forma legalmente exigida para produzir os efeitos jurídicos a que se
destinam de acordo com o disposto no artigo 121 da Lei nº14/2011, de 10 de Agosto.
No entanto, o indeferimento tácito da pretensão do administrado previsto neste artigo 108
da Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, Lei de Procedimento Administrativo esta inquinado de um
vício de forma e de violação de lei, tendo em conta que o legislador já definiu as formalidades
essenciais que deve patentear um acto administrativo quando neguem, extingam, restrinjam, ou
afectem por qualquer modo, direitos e interesses legalmente protegidos, imponham ou agravem,
dever, encargos ou sanções para o administrado ou ainda quando decidam em contrário da
pretensão ou oposição formulada pelo interessado, conforme o disposto nas alíneas c) e d) do
artigo 34, conjugado com o artigo 35 ambos da Lei nº 7/2014, de 28 de Fevereiro, Lei do
Processo Administrativo Contencioso.
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4.1. Nulidade por Defeito de Forma


O vício de forma consiste na má observância do requisito essencial de exteriorização
do acto previsto em lei. Forma essencial é aquela exigida para a exteriorização dos elementos
constitutivos do acto. Em consequência, a forma essencial é a necessária ao atingimento do
objectivo do acto administrativo. Todavia, como uma aplicação prática do princípio da finalidade
em Direito Administrativo, tem-se que no caso de formalidade essencial, a sua preterição gera
ulidade material (Neto 2014, p.337)
Salientar que só a forma que a lei considere essencial à validade do acto é que, se
descumprida, origina um acto nulo. Uma vez que a motivação ou declaração escrita dos motivos
que levaram a prática do acto integra a forma do acto administrativo. A ausência de motivação,
quando a mesma for obrigatória, acarreta a nulidade do acto por vício de forma, nesses casos a
lei considera a forma do acto com motivação expressa essencial como elemento para à validade
do acto. (Alexandre 2012, p. 463)
Pelo que, a Administração pode anular seus próprios actos quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitando os direito adquiridos e ressalvada em todos os casos a
apreciação judicial.
Se um acto é anulado por vício de forma a administração pode praticar novo acto desde
que sejam observadas as formalidades devidas. Nos casos em que a fundamentação é exigida a
sua falta provoca vicio de forma, o mesmo sucede quando, por obscuridade, contradição ou
insuficiência os fundamentos apresentados.
Exemplo 1: o Decreto é a forma que deve revestir o acto do Chefe do Poder Executivo; o
edital é a única forma possível para convocar os interessados em participar de uma concorrência.
Poderá gerar nulidade do acto nos termos do nº 1 do artigo 122, conjugado com a alínea
b) do artigo 121 e o nº 1 do artigo 129, ambos da Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, Lei de
Procedimento Administrativo.
Nulidade também encontramos nos ternos do artigo 32 da Lei nº 7/2014, de 28 de
Fevereiro, Lei do Processo Administrativo
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4.1.2. A Violação da Lei

É o vício que consiste na discrepância entre o conteúdo ou objecto do acto e as normas


jurídicas que lhe são aplicáveis. O vício de violação de lei assim definido, configura uma
ilegalidade de natureza material.
Neste caso, é a própria substância do acto administrativo, é a decisão em que o acto
consiste contrária a lei. A ofensa da lei não se verifica aqui nem a competência do órgão, nem
nas formalidades ou na forma que o acto reveste, nem o fim tido em vista, mas no próprio
conteúdo ou no objecto do acto. Não há pois correspondência entre a situação abstractamente
delineada na norma e os pressupostos de facto e de direito que integram a situação concreta sobre
a qual administração age, ou coincidência entre a decisão tomada ou os efeitos de direitos
determinados pela administração e o que a norma ordena (Amaral, 2012, p. 430)
O vício de violação de lei produz-se normalmente quando no exercício do poder
vinculado, a administração decida coisa diversa do que a lei estabelece ou nada decida, quando a
lei manda decidir algo.
A violação da lei é quando ainda são infringidos os princípios gerais que limitam ou
condicionam, de forma genérica, a discricionariedade administrativa, designadamente os
princípios constitucionais como o princípio da imparcialidade, o princípio da igualdade, o
princípio da justiça, princípio da boa fé, entre outros. A violação da lei, comporta várias
modalidades como:
a) A falta de base legal, isto é a prática de um acto administrativo quando nenhuma lei
autoriza a prática de um acto desse tipo.
b) O erro de direito cometido pela administração na interpretação, integração ou
aplicação das normas jurídicas;
c) Ilegalidade ou impossibilidade do conteúdo do acto administrativo;
d) Ilegalidade ou impossibilidade do objecto do acto administrativo;
e) Ilegalidade, dos pressupostos de facto ou de direito, relativos ao conteúdo ou ao
objecto do acto administrativo;
f) A ilegalidade de elementos acessórios incluídos pela administração no conteúdo do
acto.
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g) Qualquer outra ilegalidade do acto administrativo insusceptível de ser conduzida a


outro vício.(Amaral 2012, p. 428)

De tal forma que, a violação de lei pode ser ainda um vício que enferma o acto
administrativo, cujo objecto incluindo os próprios pressupostos contrariam as normas jurídicas
com as quais se devia conformar. Estas normas podem constar de lei formal, de regulamentos
pelo qual administração se haja vinculado. Salientar ainda que traduz-se de uma violação da lei
na medida em que esta confere os poderes discricionários o agente para serem exercidos dada
existência certas circunstancias cuja apreciação conduza o agente a optar entre varias decisões
possíveis, pela que considere mais adequada a realização do fim legal. Se estas não existiam nos
termos supostos, a lei foi violada no seu espírito.(Caetano 1980, p. 501-504)

Fundamento em violação de lei, nos termos do disposto na alínea d) do artigo 34 da Lei


nº 7/2014, de 28 de Fevereiro, Lei do Processo Administrativo Contencioso, invocando que
Administração Pública devia fundamentar os actos negativos como forma desta cumprir o dever
de fundamentação presente no artigo 121 da Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, Lei de
Procedimento Administrativo, bem como do nº 2 da Constituição da República de Moçambique.

4.2. Fundamentação do Acto Administrativo

A fundamentação de um acto administrativo é a enunciação explícita das razões que


levaram o seu autor a praticar esse acto ou dotá-lo de certo conteúdo. A fundamentação tem de
preencher os seguintes requisitos:
 Tem de ser expressa;
 Tem de consistir na exposição, ainda que suscinta, dos fundamentos de facto e de direito
da decisão;
 Tem de ser clara, coerente e completa, isto é, será ilegal se for obscura, contraditória ou
insuficiente.
Esta descrição prevê que o acto administrativo deve consistir numa declaração de
concordância com os fundamentos de anterior parecer, informação ou proposta. Se assim for, o
dever de fundamentar considera-se cumprido com essa mera declaração de concordância, não
sendo necessário anunciar expressamente os fundamentos da decisão tomada. Havendo
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homologação, nem sequer é necessário fazer expressamente qualquer declaração de


concordância: a homologação absorve automaticamente os fundamentos e conclusões do acto
homologado.
Importa explicar que como todo cidadão, para ser acolhido na sociedade, há-de provar
sua identidade, o acto administrativo, para ser bem recebido pelos cidadãos, deve patentear sua
legalidade, vale dizer, sua identidade com a lei. Fundamentar é enunciar expressamente as razões
de facto e de direito que autorizam ou determinam a prática de um acto jurídico. Trata-se de um
mecanismo de controlo sobre a legalidade e legitimidade das decisões da Administração Pública.
O Estado, ao assim decidir, vincula-se tanto ao dispositivo legal invocado como aos
factos sobre os quais se baseou, explícita ou implicitamente, para formar sua convicção.
Caso a lei imponha como condição de validade do acto a fundamentação, esta passa a
integrar o modo obrigatório de exteriorização do acto, e a sua falta será um vício insanável, não
passível de convalidação, ou seja, o acto será nulo. Impportante referir queos actos
administrativos deverão ser motivados, com indicação dos factos e dos fundamentos jurídicos,
quando ainda:
a) Neguem, limitem ou afectem direitos ou interesses;
b) Imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
c) Decidam processos administrativos de concurso ou selecção pública;
d) Decidam recursos administrativos;
e) Decorram de reexame de ofício;
f) Importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de acto administrativo.

Não obstante, a boa prática administrativa recomenda a motivação de todos os actos


administrativos, uma vez que a declaração escrita dos motivos que levaram à edição do acto
possibilita um controle mais eficiente da actuação administrativa por toda a sociedade e pela
própria administração, concretizando o princípio da transparência e sendo consentânea à
cidadania. Vale referir que, nos casos em que a motivação é obrigatória a sua ausência implica
vício do acto relativamente ao elemento forma.(Alexandre 2012, p.473)
Fundamentar é ainda indicar quais os motivos, as razões porque se pratica um acto em
deduzir das premissas indicadas a decisão tomada ou o juízo formulado.
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Com base no que acima foi exposto, fica o dever de fundamentar todos os actos
administrativos susceptíveis do recurso contencioso por particulares, sobretudo aqueles cujo a
ilegalidade só podem levar-se através da fundamentação. Porém o objectivo que se pretende
atingir com a imposição do dever de fundamentar é certamente o interesse objectivo ou público
da legalidade dos actos administrativos, uma vez que estando obrigado a fundamentar o órgão
administrativo não se precipitará para a decisão sem conhecer integralmente a letra e o espírito,
da lei aplicável, sem assentar nos factos ocorridos, ou sem averiguar da justeza e mérito do acto
que se propõe praticar.

O dever de fundamentação obriga-o a ponderar a legalidade e o mérito das diversas


condutas que são apresentadas como passíveis. O dever de fundamentação serve ainda para
facilitar o recurso aos Tribunais pelos particulares lesados pela actividade administrativa que a
lei instituiu, uma vez que serve para se convencer de que o acto é efectivamente legal, justo e
oportuno. Exige-se que a fundamentação seja congruente ou não seja contraditória, porque quer-
se precisamente avaliar aptidão lógica das premissas aduzidas para dela retirar a decisão tomada.
Pelo que, se formalmente as razões invocadas serem capazes de justificar a decisão
tomada afundamentação diz-se congruente.(Oliveira 1980, p.470-475)
No que se refere a questão da fundamentação dos actos administrativos encontramos no
nº 2 do artigo 253 da Constituição da República de Moçambique que todos e quaisquer actos
administrativos, devem ser notificados aos interessados nos termos e nos prazos da lei e são
fundamentados quando afectam direitos ou interesses dos cidadãos legalmente tutelados.
Esta consagração é também acolhida ao nível da regulamentação pelo Decreto 30/2001,
de 15 de Outubro, através do artigo 12, que segundo a qual, prevê que administração pública
deve fundamentar os seus actos administrativos que implique designadamente o indeferimento
do pedido, revogação, alteração ou suspensão de outros actos administrativos anteriores.
A lei impõe administração a necessidade de motivar as suas decisões particularmente as
que possam prejudicar os direitos subjectivos e interesses legítimos dos particulares. Isto é,
Administração Pública deve informar, o que impõe a notificação das decisões ou publicação,
dependendo da forma aplicável ao acto, explicando as razões de facto que lavou a administração
a rejeitar o pedido do administrado, sobretudo quando prejudicam situações anteriores ou
agravam.
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Ainda no mesmo âmbito a fundamentação em cada actuação concreta, em particular que


possa lesar ou prejudicar direitos ou interesses alheios, a indicação das razões de facto e de
direito que terão levado a administração a decidir desta e daquela maneira.
Para além do Decreto 30/2001, de 15 de Outubro, em concretização do imperativo
constitucional que acima foi exposto, o dever de fundamentação faz parte do princípio da
fundamentação dos actos administrativo, como princípio basilar do direito administrativo
moçambicano, presente no artigo 14 da Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto e no nº 1 do artigo 121
da Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto.

5. Conclusão
Em conclusão, A validação e invalidação dos actos administrativos são processos cruciais
dentro do contexto da administração pública, pois garantem que as decisões tomadas pelos
órgãos governamentais estejam em conformidade com a legislação vigente e os princípios do
Estado de Direito.
A fundamentação dos actos administrativos é um aspecto fundamental para sua validade.
Uma decisão administrativa deve ser devidamente justificada, apresentando os motivos de fato e
de direito que a embasam. A ausência de uma fundamentação adequada pode levar à invalidação
do ato, pois viola o princípio da motivação, que é essencial para a transparência e a legalidade
das decisões administrativas.
Além da fundamentação, os vícios de forma também podem comprometer a validade dos
actos administrativos. Vícios de forma referem-se a irregularidades no procedimento de
elaboração ou na estruturação do acto, que podem ocorrer, por exemplo, pela falta de
observância de requisitos formais previstos em lei ou regulamento. Esses vícios podem tornar o
acto passível de invalidação, pois afectam sua regularidade e legitimidade.
A nulidade é uma consequência da existência de vícios que tornam o acto administrativo
inválido desde sua origem. Quando um ato é considerado nulo, ele é considerado inexistente aos
olhos da lei, não produzindo quaisquer efeitos jurídicos. A nulidade pode ser declarada pela
própria administração pública, pelo Poder Judiciário ou até mesmo pode ser reconhecida de
ofício, quando evidente a ilegalidade do acto.
Portanto, a observância rigorosa da fundamentação, a prevenção de vícios de forma e a
correcção de eventuais nulidades são medidas essenciais para garantir a legalidade, a eficácia e a
18

legitimidade dos actos administrativos, contribuindo para o bom funcionamento do Estado e a


protecção dos direitos dos cidadãos.

6. Bibliografia:

Alexandre, R. (2012). Direito administrativo descomplicado (p.475). São Paulo: Método.

Amaral, L. (2012). Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense.

Caetano, M. (1980). Manual de direito administrativo (pp. 501-504). Coimbra: Almedina.

Di Pietro, M. S. Z. (2014). Direito administrativo. São Paulo: Atlas.

Meirelles, H. L. (2002). Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros.

Neto, J. P. (2014). Direito administrativo (p.337). Porto: Vida Económica.

Oliveira, J. C. (1980). Licitação e contratos administrativos (pp.470-475). São Paulo: Atlas.

Legislações consultadas :

Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto

Lei nº 7/2014, de 28 de Fevereiro


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Decreto 30/2001, de 15 de Outubro

Constituição da República de Moçambique

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