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31/3/2022

ABORDAGENS
ESTRUTURALISTAS
DO SOCIAL
Karl Marx, Émile Durkheim Robert K.Merton

Docente: Adriano Zilhão


Discente: Isabel Santos 210102041

31/03/2022

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ÍNDICE
Introdução......................................................................................................................2

A perspetiva estruturalista na linha do conflito: O contributo de Marx..........................3

A perspetiva estruturalista da linha do consenso: O contributo de Durkheim................7

A perspetiva estruturalista da linha do consenso: O contributo de Robert K.Merton...9

Observações críticas....................................................................................................10

Conclusão.....................................................................................................................12

Bibliografia....................................................................................................................13

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Introdução

O presente trabalho foi realizado no âmbito da cadeira Teorias Socilógicas 1 lecionada


ao primeiro ano de Serviço Social do Instituto de serviço Social do Porto no ano letivo
de 2021/2022 pelo professor Adriano Azilhão.

O trabalho está divido em quatro pontos, sendo que o primeiro ponto irá incidir sobre a
perspetiva estruturalista na linha do conflito de Marx, o segundo ponto irá focar-se na
perspetiva estruturalista na linha do consenso de Durkheim, o terceiro incidirá sobre a
perspetiva estruturalista na linda do consenso de Robert K.Merton e o quarto ponto
corresponderá às convergências e divergências entre estas duas perspetivas,
originando as considerações finais.

A informação recolhida baseia-se nos textos “ A Perspetiva Estruturalista na linha do


Conflito” e “ A Perspetiva Estruturalista na linha do Consenso”, como também os
apontamentos realizados em aula.

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A perspetiva estruturalista na linha do conflito: O


contributo de Marx

Segundo a teoria de Karl Marx, um dos objetivos fundamentais do mesmo foi


desenvolver uma explicação científica dos mecanismos de estabilidade e de mudança
na sociedade. A explicação que Marx dá da sociedade, baseia-se em pensamentos
acerca do Homem e do Mundo.
Estes mesmos pensamentos podem-se distinguir em seis proposições básicas
tais como: O mundo, que é melhor caracterizado em termos de fluxo e mudança do
que conjunto de fenómenos estáveis e permanentes, ou seja, o mundo está em
constante mudança; Este mundo de mudança não surge por acaso , mas sim de forma
ordenada e obedecendo a regularidades; para além disto a sociedade pode ser vista
como um conjundo de elementos interdependentes que se podem aplicar a diversas
áreas do conhecimento, desta forma a sociedade é uma conjunto de elementos inter-
relacionados, que são estruturas1- económicas, políticas e ideológicas-, em que a
economia condiciona todas as outras partes. Os indíviduos da sociedade são
plasmados em termos de atitudes e comportamentos, pelas instituições sociais. Por
último, o ponto de vista materialista de Marx em relação ao mundo encontra oposição
com o idealismo, uma vez que, segundo este o mundo existe na mente dos Homens,
isto é, o mundo pode mudar conforme o modo de pensar do Homem, enquanto que,
de acordo com o materialismo o mundo está do lado de fora, sendo um mundo de
objetos materiais e físicos,que modela os pensamentos e ideais do indivíduo. Desta
forma Marx considera que é só quando os ideias são traduzidas em ações que podem
transformar as práticas sociais.
Karl Marx enfocou a sua análise, essencialmente, na análise da sociedade
capitalista. Com o desenvolvimento da indústria capitalista, as ligações entre os
indivíduos em sociedade ficaram enfraquecidas, pois antes da industrialização não
havia divisão na organização do trabalho, uma vez que eram os artesãos que
concecionvam e executavam os produtos, para além disto não havia competividade,

1A estrutura económica corresponde à forma como está organizada a produção de


bens numa sociedade e também apresenta os meios de produção-fábricas,
máquinas, terra, matéria-prima- que servem para produzir os bens materiais; a
estrutura política designa à forma como está organizado o poder político, como o
governo e os tribunais e a estrutura ideológica condiz à forma como está organizada
a transição de ideias, como por exemplo, a comunicação social e o sistema de
ensino.

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contudo com a revolução industrial os bens passaram a ser produzidos nas


grandes empresas, que se passaram a localizar longe das áreas de residência o que
destruturou a forma tradicional das famílias que eram alargadas e que passaram a ser,
por conseguinte, nucleares.
No capitalismo, o principal laço entre os indivíduos passa a ser um laço
mercantil, que se tornou na principal relação da vida social.
A maioria dos indivíduos tem apenas a sua força de trabalho como bem
comercializável, constituindo assim uma nova categoria, os trabalhadores livres2.
Existe ainda um grupo mais pequeno, consituído pelos capitalistas industriais, que são
aqueles que possuem os meios de produção e o poder, quer económico quer o político
que são assegurados para manter os seus interesses. Sendo os capitalistas, os donos
dos meios de produção, são eles que passam a ser os “meios” principais para
empregar os trabalhadores livres.
Marx considera o capitalismo um “explorador”, uma vez que, existe alguém (
capitalistas/grupo mais pequeno ) que se apropria do trabalho de outrem (
trabalhadores livres/grupo maior ). Os capitalistas pretendem maximizar o trabalho,
com o menor número de trabalhadores possível, que acabam por receber o pagamento
mais baixo possível, é desta forma que os capitalistas trabalham e tentam sobreviver.
No que diz respeito às contradições do capitalismo, foi o prórpio sistema que
gerou conflitos e tensões, baseando-se nos salários e condições de trabalho.
Relativamente à mudança do sistema, Marx considera que esta só pode
acontecer por iniciativa dos Homens, pois como criaram o sistema capitalista, apenas
os Homens poderão criar uma nova ordem social. Marx recai a mudança nos
trabalhadores livres, pois considera que, se estes ganharem consciência do que que
aconteceu à sua volta, do que têm em comum, da comunidade, das condições de
existência que os une em torno de uma identidade em comum, estes possam se
transformar num grupo social ativo, o mesmo que dizer, uma classe social. A esta
classe de trabalhadores “organizados por si” e “para si” Marx, chama de proletários.
No decorrer de uma aula de Teorias sociológicas assistiu-se ao filme “Tempos
Modernos” (Morden Times, EUA, 1936), o último filme mudo de Chaplin. Este filme
retrata não só a vida urbana após a crise de 1929, nos EUA, quando toda a sociedade
foi atingida pela grande depressão, o que levou ao desemprego e, consequentemente

2Trabalhadores livvres- trabalhadores que são livres de de encontrar trabalho no


mercado de trabalho, ou de morrer de fome, por não poderem oferecer mais nada
para além da sua força de trabalho

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à fome; como também retrata a organização do trabalho nesta era do capitalismo.


Neste filme são visíveis três pontos que remetem para a teoria de Marx.
Primeiramente, destaca-se a forma de organização do trabalho industrial. A
personagem principal do filme é Carlitos, que consegue um emprego numa fábrica. A
forma como a produção de bens é realizada, remete para uma organização do
processo de trabalho industrial a que chamamos de cadeia de montagem, onde cada
trabalhador executa apenas uma tarefa sendo esta relativamente simples e monótona,
no filme os trabalhodres executam durante todo o dia a mesma tarefa como, apertar
um parafuso. Este modelo de organização do trabalho provoca um sentimento de
alienação nos trabalhadores, porque estes não se sentem realizados com a sua
atividade profissional, não só por serem atividades simples e repetitivas, como dito
anteriormente, como também por não ser um trabalho que motiva, nem que valoriza o
conhecimento global, gerando assim desinteresse; corresponde a uma forma de
trabalho que afasta o trabalhador da possibilidade de se sentir realizado com o que faz.
De seguida, neste filme verifica-se também os problemas provocados pela
crise económica e fincanceira do século XX. O filme apresenta uma crítica ao
capitalismo, uma vez que o século XX é marcado pela industrialização, que torna o
operário dependente do capital e perseguido pelas suas ideias revolucionárias. Desta
forma, é o próprio sistema que produz as tenções e conflitos que ameaçam destruir o
capitalismo, como conflitos com os assalariados acerca dos salários e condições de
trabalho, competição entre os capitalistas e desespero proveniente das dificuldades
na venda produtos o que gera em desemprego. Segundo Marx, estas tensões vão-se
agravando em virtude de várias tendências que são obsersáveis na sociedade
capitalista: a polarização de classes- há uma diminuição dos trabalhadores livres, isto
é, pela lógica do desenvolvimento capitalista estes trabalhadores vão diminuindo
porque têm dificuldade em sobreviver num mercado que têm como concorrência
empresas que produzem em largas escalas a preços mais baixos. Quando não
conseguem manter a sua atividade fecham e encontram outros mecanismos de
trabalho aos trabalhadores para outros, ou seja, mais trabalhadores assalariados e
menos trabalhadores independentes-; a pauperização- a diminuição dos custos de
produção traduz-se na diminuição dos salários o que aumenta, consequentemente, a
mais-valia, ou seja, níveis mínimos ( níveis suficientes para os trabalhadores
garantirem a sua subsistência básica ), o que provoca um empobrecimento dos
trabalhadores-; e a monopolização- resulta da inviabilidade das pequenas empresas,

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sendo que os donos destas se tornam assalariados, por exemplo, as médias empresas
têm trabalhadores contratados, e acontece-lhes o mesmo que às pequenas empresas,
ou seja, chegam à falência ou são compradas pelas empresas maiores, acabando por
se tornarem trabalhadores assalariados. As grandes empresas, desta forma,
aumentam a sua dimensão, comprando mais matéria-prima (diminuindo o custo),
aumentando o seu fundo. Criam, assim, economias de escala tornado-se empresas
internacionais/ multinacionais.
Por último, também se verfica no filme conflitos sociais. A segunda parte do
filme retrata as desigualdades entre a vida dos mais pobres em comparação com as
dos mais ricos. Mostra também também que a sociedade capitalista além de explorar
o proletariado também reforça o poderio e conforto da burguesia. Assim sendo, existem
dois grandes grupos que definem este mundo capitalista industrializado, sendo eles a
burguesia e o proletariado. A burguesia correspondia aos donos dos meios de
produção, necessários para a execução dos bens de produção. O proletariado, pelo
contrário, não possuía os meios de produção, de modo que tinha de vender a sua força
de trabalho à burguesia, sendo a única coisa que poderia oferecer e estando, assim,
dependentes da burguesia. Para que um bem de produção possa entrar no mercado
de trabalho e, efetivamente, dar lucro para o proprietário, é necessário considerar a
despesa dos meios de produção, incuída aqui a força de trabalho ( que corresponde
aos salários ) e o lucro. Tudo junto dá origem a um preço e produto final. O valor do
lucro vem do trabalho coletivo dos operários, que enquanto conjunto acrescentam, no
processo de produção, um acréscimo de valor, que se designa por mais valia3.

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Mais-valia: para outros designado de lucro, contudo, segundo Marx o suposto lucro é
designado de mais-valia, que corresponde áquilo que as entidades empregadoras
tiram para si mesmas em vez de dar aos trabalhadores. Marx não vê o lucro para a
empresa, mas sim para as pessoas, daí designar de mais valia. O valor acrescentado
dos trabalhodres está incorporado no preço do produto final, mas esse valor vai para o
proprietário e não para o trabalhador, apropriando-se do trabalho destes, que
representa a exploração.

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A perspetiva estruturalista na linha do consenso: O


contributo de Durkheim

A abordagem estruturalista na linha do consenso assume que as nossas ações


são desenvolvidas pelo envolvente social. Na perspetiva do consenso as sociedades
podem ser vistas como totalidades persistentes, coesas, estáveis, que se diferenciam
entre si no que respeita aos ordenamentos cultural e social que as caracterizam.
Durkheim prececiona a sociedade como um sistema ordenado, estável cujas
experiências mudam e ajustam situações alternadas de modo a criar um novo estado
de equilíbrio. A sociedade, segundo este autor existe como entidade independente.
Para este autor, as sociedades são entidades morais, uma vez que as pessoas
desenvolvem entre si múltiplas relações, criando assim, modos comuns de
prececionar, avaliar, sentir e agir, ou seja, o modo como as pessoas devem comportar-
se.
O autor afirma que, para viver em conjunto, de forma civilizada, os indivíduos
devem concordar com as suas prioridades em grupo e de como que se comportam uns
com os outros e de ordenar os seus relacionamentos. Para que isto se torne uma
realidade os indivíduos têm de fazer contratos, que só é possível se haver um acordo
comum acerca do valor que constitui a essência da sociedade. Assim, um consenso
fundamental acerca dos valores elementares torna-se sinónimo de sociedade.
Para além disto a sociedade é considerada por Durkheim, um sistema de
elementos interrelacionados, cuja função é promover e facilitar o processo de uma
integração harmoniosa e sob uma base de valores que ajudem a integrar numa
sociedade organizada. Deste modo, segundo o autor, os elementos são a família, a
religião, o trabalho, o ensino e o círculo de relacionamentos mais próximos.
A família transmite valores que, interiorizados nas crianças, permite-lhes serem
futuros adultos, cujos comportamentos estejam na base desses valores, isto é,
comportamentos socialmente expectáveis.
A escola, como sistema de ensino tem a missão de transmissão de
conhecimento, promovendo competências às crianças para se tornarem adultos
capacitados a desenvolver todo o tipo de tarefas e profissões, das menos às mais
exigentes, garantindo um bom desenvolvimento da sociedade, promovendo,
consequentemente, uma evolução. O filme “Escritores da Liberdade”, assistido em
aula, demonstra a realidade de uma escola, em que se veririfcam dificuldades na
transmissão de conhecimentos escolares. A dificuldade desta transmissão deve-se à

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diversidade de etnias, à relação entre os alunos e a relação destes com a professora.


Devido a estes fatores a escola estava a falhar na sua função. Se a estrutura não
conseguir desempenhar a sua função, pode-se dizer que a ação dessa estrutura não
está a contribuir para a construção de uma sociedade coesa. Apesar dos obstáculos,
a professora, aos poucos, vai ganhando a confiança e respeito dos alunos, ao
investigar mais sobre a vida pessoal dos mesmos; o que permitiu aos alunos confiança
suficiente para falar de si mesmos, como o seu contexto social e familiar.
O trabalho tem uma função complementar à da família, a atividade profissional
assegura segurança material e financeira, relações sociais, uma organização do tempo
e do espaço, um sentido de utilidade, uma identidade como também promove a
construção de uma mesma vida moral entre os trabalhadores, ou seja, de valores
comuns que ajudarão os indivíduos a adpataram-se melhor ao que que é socialmente
exigido.
A religão, para este autor tem uma função positiva, pois permite a unidade moral
na sociedade. Durkheim, para explicar o papel da religião enfocou-se no estudo das
tribos aborígenes da Austrália pois, permitiu concuir que a função das cerimónias
religiosas era reforçar a solidariedade entre os membros da sociedade.

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A perspetiva estruturalista na linha do consenso: O


contributo de Robert K.Merton

Robert K.Merton colocará em questão os comportamentos que à primeira vista,


não parecem contribuir para a estabilidade do sistema social. Merton diz que os
comportamentos desviantes podem ser funcionais e que podem fazer crescer a
solidariedade em certos grupos marginalizados e para isto focou-se no estudo de
situações específicas, pois só através destas é que poderá construir uma teoria mais
geral, sobre a Sociologia.
Desta forma, muitas práticas podem não ser funcionais por referência ao
sistema no seu conjunto, ma sim por relação a uma parte do sistema, já que atingiu
alto nível de complexidade na sociedade moderna, logo ser necessário precisar sempre
a unidade de referência, isto é, se se trata de um grupo, família ou escola, por exemplo
no filme “Escritores da Liberdade”, os diferentes gangs, em que os alunos pertenciam
demonstram comportamentos ditos desviantes da sociedade, contudo cada gang tem
determinado tipo de comportamento que é funiconal dentro desse mesmo gang, pois é
um padrão de comportamento exercido por todos os membros do gang, e por isso é
que algumas componentes de uma sociedade podem reprecutir efeitos disruptivos,
geradores de instabilidades paras outros, pois, por exemplo, remetendo novamente
para o filme, o facto de cada gang possuir práticas específicas geram discordância com
os restantes gangs.
As funções manifestas são comportamentos normativos que são vistos como
modelos numa sociedade e que portanto os indivíduos vão agir em conformidade com
esses comportamentos no sentido de promover uma organização de uma sociedade
harmoniosa. A disfunção latetente é vista por Merton como uma falha na matriz de uma
sistema social, supostamente, organizada, portanto Merton define a existência destes
comportamentos desviantes como forma de os combater conseguindo uma interação
social positiva entre os indivíduos.
Associando a problemática do insucesso escolar a esta teoria, pode-se
relacionar a função manifesta ao objetivo patente do sistema de ensino direcionado ao
sucesso escolar, sendo que todo o processo segue nesse sentido, voluntária ou
involuntariamente, promovendo os alunos mais favorecidos; isto entrecala-se com a
disfunção latente, com o insucesso escolar que acontece em oposição ao primeiro
cenário e para o qual a escola, dificilmente, tem respostas estruturadas no combate a.

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Observações críticas

A Sociologia foi reconhecida como disciplina científica em meados do século


XIX sendo que este período histórico teve uma duração de 200 anos, em que se
afirmou na evolução das sociedades europeias. A Sociologia não ocorreu por acaso,
surge num período de tempo em que aconteceram um conjunto de grandes
transformações nas sociedades na forma económica, política, familiar e de ideias, que
foram rápidas e que ajudam a perceber o porquê da sociologia neste momento.
Algumas destas transformações foram a industrialização/Revolução Industrial, a
revolução francesa, as ideias e na família.
A revolução industrial ocorreu na Inglaterra, onde ocorreram mudanças na
forma como a indústria estava desenvolvida, assim como na capacidade de reprodução
de bens. No período de pré-revolução verificava-se que a produção era executada
pelos artesãos em pequenas oficinas, e eram estes que produziam os bens e
valorizava-se o saber-fazer; para além disto, o trabalho era sobreposto à família, que
se caracterizava por ser numerosa. Em contrapartida, no pós-revolução surgiram as
máquinas a vapor e os bens começaram a ser produzidos em grandes quantidades.
As famílias numerosas foram-se esvanecendo dando origem a um novo tipo de
famílias, as famílias nucleares. Esta mudança no tipo de família foi adequada a um
novo tipo de trabalho, mais competitivo.
A revolução francesa consituiu uma revolta dos pobres contra os nobres, e que
regeu-se pelo princípio da igualdade de direitos ou “iguais perante a lei”, pois até então
os nobres tinham mais direitos que os pobres. Da revolução francesa, que
correspondeu a uma revolta no plano político, surgiu a igualdade de direitos e,
consequentemente, da Cidadania.
A Sociologia tem como principais fundadores Karl Marx e Émile Durkheim. O
objeto de estudo varia de criador para criador, sendo que para Durkheim o objeto são
os factos sociais e para Marx, as relações sociais. Deste forma, verifica-se que estes
dois autores divergem em certos aspetos, nomeadamente, Marx valoriza o conflito
como fonte de estudo dos fenómenos societais, enquanto que Durkheim e Merton
valorizam o consenso.
Sendo assim Marx, é um radical da sociedade ao contrário de Durkheim e
Merton que se apresentam defensores da ordem social. Para Marx o capitalimo é um

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sistema caracterizado pela exploraçáo de uma grande número de indivíduos (


trabalhadores ) por uma maioria ( proprietários ), e pelas contradições, conflitos e
tensões no seio do sistema. Os trabalhadores por estarem sujeitos aos empregadores
e por poderem oferecer apenas a sua força de trabalho sentem-se desprotegidos,
devido aos salários baixos e vivem constantemente num clima de conflito e violência.
Para Durkheim, a sociedade é constituída por diversas estruturas/elementos,
que têm um contributo a dar para organizar a vida em sociedade da forma mais
harmonisosa possível. Merton aprofunda e desenvolve o conceito de função das
estruturas de Durkheim, chegando ao conceito de disfunção- ações que resultam de
consequências negativas. Existem também ações que podem ser enquadradas na
disfunção manifesta, por exemplo, a ação dos gangs é incorreta, mas eles assumem
esse comportamento. Esse comportamento é disfuncional do ponto de vista da
sociedade, contudo de acordo com a sua realidade é um ponto funcional pois reforça
a sua união. Essa união é considerada função latente-algo que eles querem que
aconteça.
Todos os autores apresentam conceitos diversos, mas têm um aspeto em
comum, que é importante valorizar, que é a análise estrutural, isto é, o paradigma
estruturalista.

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Conclusão

Nesta ficha de leitura foram abordadas duas teorias sobre a Sociologia, tendo
sido analisadas a perspetiva estruturalista da linha do conflito e a perspetiva
estruturalista da linha do consenso, de Karl Marx e Durkheim e Merton, respetivamente.
Conclui-se que segundo teoria de Marx a sociedade sente-se insegura e instável, em
enquanto que com Durkheim assume-se que as ações são estruturadas pelo
envolvente social.
Também se verificam aspetos destas teorias, na sociedade atual, como por
exemplo, a instabilidade dos trabalhadores relativamente ao desemprego, como se
verifica em Marx, por outro lado também se verifica, nos dias de hoje, uma sociedade
que se preza pela integração social, seja no ensino seja no trabalho e, ainda, na família,
como se verifica em Durkheim e Merton.
As duas perspetivas apresentam pontos de vista diferentes em relação à
perceção sobre a vida social, o que permite concluir que nenhuma é mais ou menos
que a outra, apenas que são teorias mais direcionais para estudar determinadas
realidades no contexto histórico.

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Bibliografia

” Estruturalismo do conflito”, in: E.C. Cuff, G.C.F.Payne, Perspetives in Sociology,


Londo, Unwin Hyman, 1989, texto traduzido e adaptado.
“Estruturalismo do consenso”, in: E.C.F. Payne, Perspectives in Sociology, London,
Unwin Hyman, 1989, texto traduzido e adaptado.
Apontamentos feitos no contexto de sala de aula.

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