Revista Brasil Mineral #437 Março 2024

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MINERAÇÃO - METALURGIA - SIDERURGIA Ano XLI - Março de 2024 - Nº 437 - ISSN 0102-4728

FERTILIZANTES
O BRASIL JÁ CONTA
COM O FOSFATO DA EUROCHEM
SGB: PLANO VISA CONHECER MELHOR POTENCIAL MINERAL DO PAÍS
MULHERES: QUANDO MAIS PODE SIGNIFICAR MENOS
A maior Feira de Máquinas e
Equipamentos para Construção
e Mineração da América Latina

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EDITORIAL

O BRASIL TEM CHANCE NESSA CORRIDA?

C
aso se confirmem as projeções feitas pelo do território brasileiro nas escalas 1:250.000 e
Banco Mundial, de crescimento acentuado 1:100.000, com prioridade para esta última. Con-
da demanda por alguns minerais, especial- vém observar que, atualmente, de acordo com o
mente aqueles que são decisivos para a transição SGB, o País tem 27% do seu território coberto na
energética, abre-se uma grande oportunidade para escala 1:100.000 e 49% da área na escala 1:250.000.
alguns países detentores de reservas desses mine- Nos Escudos Pré-Cambrianos, que são mais fa-
rais, dentre eles o Brasil. voráveis à ocorrência de grande diversidade de
A previsão da instituição é que, em alguns casos, minérios, o mapeamento alcança 42% na escala
o crescimento da demanda, até 2050, será da ordem 1:100.000 e 69% na escala 1:250.000. Ou seja: tive-
de 500%. No caso do lítio, por exemplo, a previsão é mos um bom avanço, se considerarmos a dimensão
que serão necessárias mais 415 mil t/ano, ou quase do nosso território, mas ainda há muito por fazer.
10 vezes mais o que o mundo produzia em 2017. Também consideramos positivo o anúncio de
De grafita, serão necessárias mais 4,5 milhões t/ que o SGB vai voltar a realizar levantamentos aero-
ano, ou 383% a mais do que se produz atualmente. geofísicos, que são muito importantes e que foram
De Neodímio, um dos Elementos de Terras Raras, paralisados por alguns anos. Os levantamentos ae-
serão requeridas mais 8,4 mil t/ano, 37% a mais rogeofísicos feitos em décadas passadas, pelo SGB
do que se produz hoje, lembrando que este é um isoladamente ou em parceria com entes estaduais
elemento cuja produção é dominada pela China. de mineração, foram decisivos para o desenvolvi-
É muita coisa. Tais previsões assustam os países mento da mineração brasileira nesse período.
desenvolvidos, que dependem da importação des- Porém, para que as metas do PlanGeo sejam
ses materiais e por isto estão criando programas atingidas e o País amplie, de fato, o conhecimento
de incentivo à produção local ou, pelo menos, à do território, são necessários recursos financeiros
transformação, em seus territórios, de matérias- e humanos, porque sem isso tudo fica no papel (ou
-primas oriundas de países que não a China. no computador). É preciso considerar que, além
O Brasil pode desempenhar um papel importan- dos minerais para transição energética, o Brasil
te nessa corrida, mas precisa se preparar. E um fator precisa de outros, como, por exemplo, os fertili-
preponderante, neste caso, é o conhecimento do zantes que podem garantir a segurança alimentar
potencial do seu território, que ainda tem lacunas da população. Lembramos que, recentemente,
importantes. Esta é uma tarefa que compete ao SGB foi inaugurado um complexo da EuroChem, que
(Serviço Geológico do Brasil), a quem cabe revelar vai suprir 15% da demanda brasileira de fosfato
os ambientes promissores à ocorrência dos diver- e que se baseia em um depósito descoberto e
sos minerais, a fim de que os agentes produtores dimensionado algumas décadas atrás. O que se
possam realizar pesquisas de detalhe, identificar espera, portanto, é que não faltem esses recursos
e quantificar possíveis depósitos de minerais que financeiros e humanos para que o Brasil possa, de
a sociedade precisa para enfrentar as mudanças fato, conhecer o seu potencial
climáticas. mineral, que muitos dizem ser
Por esta razão, consideramos muito positiva a grande, mas que ninguém tem
criação, neste mês de março de 2024, do PlanGeo certeza, pelo menos no caso de
(Plano Decenal de Mapeamento Geológico Básico alguns bens minerais. 
e Levantamento de Recursos Minerais), que tem
como objetivo principal ampliar o conhecimento Francisco Alves, Editor

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ÍNDICE

FERTILIZANTES DIVERSIDADE
Com Serra do Salitre, EuroChem ajuda "Mais mulheres num ambiente não significa diversidade".............. 30
a reduzir a dependência de importações ......................................... 6
ESPECIAL MULHERES
LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS Quebrando barreiras na mineração ........................................... 36
Com o PlanGeo, governo quer agilizar conhecimento
do potencial mineral do País ......................................................... 18 EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS ................................... 48

EXPEDIENTE

ISSN 0102-4728
Produtor Gráfico/Capa
Alexandre Paes Dias
Diretor Editorial armazemdecriativos@gmail.com
Francisco E. Alves
franalves@signuseditora.com.br Publicidade e Redação
Rua Correia de Lemos, 158 - sala 01 - Chácara Inglesa
Diretor Comercial 04140-000 - São Paulo - SP
Sergio de Oliveira brasilmineral@signuseditora.com.br
sergio@signuseditora.com.br www.brasilmineral.com.br
Redação
Periodicidade
Francisco E. Alves (editor) Mensal
franalves@signuseditora.com.br Editada pela Signus Editora Ltda. Brasil Mineral é diri-
Mara Cristina Fornari gida às empresas de mineração, metalurgia, siderurgia,
mara@signuseditora.com.br ferro­ligas, petróleo, engenharia e projetos, geologia,
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CONSELHO CONSULTIVO

Para orientação de sua linha editorial, principalmente Homero Delboni Jr.


a avaliação do conteúdo técnico de seus artigos, Brasil
Mineral constituiu o seu Conselho Consultivo, integrado Iran Ferreira Machado
pelos profissionais relacionados abaixo e que, além de
serem conhecidos no setor, possuem notória compe- João Luiz Nogueira de Carvalho
tência. Esclarecemos que estes profissionais participam
Joel Weisz
do Conselho em caráter pessoal, não representando
a posição das empresas ou entidades em que atuam. José Jaime Sznelwar

José Márcio J. Paixão


Ana Carolina Chieregati
Kenro Matsui
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Antenor F. Silva Júnior
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Arthur Pinto Chaves Luiz Antonio Vessani

Breno Augusto dos Santos Luiz Enrique Sanchez

Carlos Oití Berbert Manoel Régis de Moura Neto


Cisnea Menezes Basílio Maria Amélia Enriquez
Cláudia Diniz Maria José G. Salum
Daniel Debiazzi Neto
Paulo César de Sá
Débora Toci
Paulo Misk
Elmer Prata Salomão
Renato Ciminelli
Eugenio Singer
Rolf Georg Fuchs
Fernando Freitas Lins
Umberto Raimundo Costa
Fernando Valverde
Vânia de Lima Andrade
Francisco R. C. Fernandes
Frederico Bedran Oliveira Vicente Lôbo

Giorgio De Tomi Virgínia Ciminelli

Hildebrando Hermann Wilfred Bruijn (Bill)

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FERTILIZANTES

Vista do complexo integrado Serra do Salitre

COM SERRA DO SALITRE, EUROCHEM AJUDA


A REDUZIR A DEPENDÊNCIA DE IMPORTAÇÕES
Francisco Alves

A
partir de março de 2024, a EuroChem atividades de mineração, beneficiamento,
aumentou sua contribuição para a produção e distribuição de fertilizantes
redução da dependência brasileira de fosfatados e tem capacidade para produzir
importações de fertilizantes a fim de suprir 1,2 milhão toneladas/ano de concentrado
as necessidades do crescente agronegócio fosfático, 1 milhão toneladas/ano de ácido
no País, com a inauguração do Complexo sulfúrico e 250 mil toneladas/ano de ácido
Mineroindustrial de Serra do Salitre, o fosfórico, além de 1 milhão de toneladas/
primeiro projeto verticalizado do grupo ano de fertilizantes fosfatados.
Eurochem fora da Europa. Com o empreendimento, o grupo Euro-
Localizado na região do Alto Paranaíba, Chem contribuirá para que o Brasil reduza
mais especificamente no município de Ser- em 15% a dependência de importações de
ra do Salitre, Minas Gerais, o complexo, no fertilizantes fosfatados. O complexo Salitre
qual o grupo investiu mais de US$ 1 bilhão produzirá, dentre outros, três fertilizantes
– incluindo o valor pago pela aquisição do essenciais à agricultura: SSP (Fosfato Super
empreendimento da Yara – compreende Simples), TSP (Fosfato Triplo Simples) e

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MAP (Fosfato Monoamônico) que abaste-
cerão as lavouras de soja, milho e cana-de-
-açúcar, principalmente.
De acordo com Gustavo Horbach,
diretor-presidente da EuroChem para a
América do Sul, “trata-se de um ativo ex-
tremamente estratégico, pois transforma a
EuroChem em um player importante na
produção de fertilizantes no Brasil e na
América do Sul. Estamos alinhados com
o Plano Nacional de Fertilizantes, contri-
buindo com o fortalecimento da competi-
tividade do setor e, consequentemente, com Gustavo Horbach - Diretor Presidente América Latina
a soberania alimentar do País”.
adquirida em suas outras quatro minas,
Ocupando uma área de 20 milhões de
além de nove plantas químicas com ca-
metros quadrados, o complexo do Salitre pacidade de produção de 20 milhões de
é composto por uma mina a céu aberto, toneladas/ano de fertilizantes para acelerar
que conta com reservas de 350 milhões t o projeto com mudanças simples de gestão,
de minério (apatita) com teor de 4,5% de conforme explica Gustavo Horbach. Uma
P2O5, suficiente para uma vida útil de 25 das novidades introduzidas, para acelerar
anos na escala atual, uma planta de ácido o cronograma de implantação, foi o “bônus
sulfúrico, com capacidade de 1 milhão t/ de antecipação”, uma espécie de prêmio
ano, e outra de ácido fosfórico, com capa- concedido para as empresas contratadas
cidade de produzir 250 mil t/ano, além de e que contribuiu para agilizar as decisões.
unidades de acidulação e granulação. Durante a fase de implantação, foram
“O complexo terá capacidade de distri- engajadas nas obras cerca de 3.500 pessoas
buir fertilizantes fosfatados de alta qualida- e para a operação a empresa contará com
de para todo o país. Por conta de questões 1.500 funcionários, sendo boa parte da
logísticas, devemos ser ainda mais competi- região, o que requereu investimentos em
tivos nas culturas agrícolas de MG, GO, SP, programas de treinamento, em parceria
MS e MT”, afirma David Crispim, diretor de com o Senai. Por não haver um histórico
operações do Complexo de Salitre. Com a de atividade mineral na Serra do Salitre, a
produção do complexo, a EuroChem deve EuroChem buscou desenvolver, junto ao
ampliar sua participação no mercado nacio- Senai e prefeituras locais, cursos com dura-
nal de fertilizantes, que hoje ainda depende ção de três a quatro meses para a formação
de cerca de 85% de importações. de operadores. Boa parte dos 800 inscritos
Muito embora Salitre seja a primeira na primeira turma atuaram no ramp up do
unidade de mineração da EuroChem fora empreendimento e agora estão atuando no
da Europa, o grupo se valeu da experiência startup das plantas químicas. “Nosso intuito

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FERTILIZANTES
querem maior especialização, a EuroChem
procura contratar localmente. Como parte
desse fomento ao empreendedorismo, a
empresa estimulou a abertura de dois hotéis
para servir funcionários e fornecedores da
empresa, sendo um em Patrocínio e outro
em Serra do Salitre.
David Crispim, diretor de Operações do
complexo, salientou os diferenciais do em-
preendimento, destacando a verticalização
(vai desde a extração mineral até a produ-
ção dos fertilizantes), adoção de um circuito
de efluentes completamente fechado (todo
o efluente é tratado e retorna ao circuito)
e circularidade (os subprodutos da planta
David Crispim - Diretor de Operações industrial são comercializados).
foi dar oportunidades ao máximo possível “Vislumbrando a importância da unida-
para pessoas da região. Trabalhamos de de, foram aportados grandes investimen-
forma integrada e temos o compromisso de tos e alocados os melhores recursos para
atuar de maneira sustentável e contribuir concluir o projeto dentro do menor tempo
com o desenvolvimento socioeconômico possível. Estamos inaugurando o complexo
dos territórios onde estamos inseridos, antes do cronograma previsto, mas vale
compartilhando valor com as comunidades destacar também que avançamos sem re-
que nos recebem”, disse Horbach, salien- nunciar à segurança, um valor inegociável
tando a longevidade do projeto (25 anos, para a Companhia. Celebramos a marca
no mínimo). O curso formou 178 pessoas de dez milhões de horas trabalhadas em
da região, das quais 134 foram aproveitadas segurança no projeto”, completa Horbach.
na operação. Foram 345 horas/aula, minis- Ele acrescentou que a planta nasce den-
tradas pelo Senai. tro do conceito de economia circular, com
Para operar a parte química do com- características técnicas que possibilitarão
plexo, a empresa fez a contratação de 420 o reaproveitamento de subprodutos oriun-
pessoas, das quais mais de 134 passaram dos do processo produtivo e que poderão
pelos programas de formação na parceria ser vendidos ou reintegrados à operação,
da EuroChem com o Senai de Patrocínio. como gesso e torta de fosfato, por exemplo.
Além da contratação de mão de obra Além disso, a operação vai reutilizar 100%
local, a empresa buscou fomentar o empre- da água dos processos produtivos e gerar
endedorismo, visando adquirir localmente cerca de 45% de energia própria, com o
uma parte de insumos e serviços que conso- reaproveitamento dos gases da planta de
me. Com exceção daqueles serviços que re- sulfúrico.

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Outras ações incluem o monitoramento O complexo Serra do Salitre foi inicialmen-
e controle de qualidade e vazão de água te concebido pela empresa Galvani, que depois
de córregos do entorno, recuperação de se associou à Yara. Posteriormente a Yara ficou
nascentes de água, programa de reflores- como único controlador do empreendimento
tamento, criação e manutenção de Áreas e em 2022 decidiu vender o complexo para a
de Preservação Permanente, Reservas Par- EuroChem, que assumiu em fevereiro de 2022.
ticulares de Patrimônio Natural (RPPN) e Na época, estavam operando apenas a mina e
monitoramento da qualidade do ar. a planta de beneficiamento, sendo o concen-
Horbach disse ainda, na inauguração, trado de fosfato comercializado junto a outros
que a EuroChem está comprometida produtores, incluindo a própria Yara. A planta
com o Brasil no sentido de reduzir as química estava em construção, mas com as
importações de fertilizantes para suprir obras praticamente paralisadas, devido à pan-
a agricultura e que Salitre “não será o demia Covid-19. Logo depois que assumiu, a
último projeto da EuroChem no País”. EuroChem retomou as obras, em meados de
Atualmente, dos mais de 20 milhões t/ano 2022, e acelerou a construção, visando colocar
de fertilizantes que a EuroChem produz o empreendimento em operação no início de
globalmente, cerca de 30% são destinados 2024. A Licença de Operação foi obtida em
ao Brasil. dezembro de 2023.

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FERTILIZANTES

Planta Química e de Mistura


Instalações do complexo das com a empresa Fagundes Engenharia,
que opera mediante um plano de lavra en-
Mina
Trata-se de uma mina a céu aberto, di- tregue pela EuroChem, que responde por
mensionada para uma capacidade de 12,5 toda a inteligência da mina: decide onde
milhões t/ano de minério, através de lavra será executada a lavra, bem como a quanti-
convencional com desmonte mecânico dade de material que será retirado em cada
(sem o uso de explosivos) através de escava- frente. “Eles executam o plano, que tem
deiras, sendo o transporte até as instalações uma gestão por turno, para garantir que se
de britagem realizado por caminhões rodo- extraia os volumes planejados”, diz David.
viários basculantes convencionais. Segundo A operação normal da mina é 24 horas por
David Crispim, a mina é relativamente rasa, dia, 7 dias por semana.
com profundidade variando entre zero e Como instalações auxiliares da mina
100 metros, mas tendo, em média, cerca de existe uma barragem de contenção de rejei-
40 metros de profundidade. tos (classe III), pilhas de estéril (ocupando
Normalmente a empresa opera com três uma área de 58,6 hectares), unidade de tra-
frentes, blendando o material para obter o tamento de minerais com processamento a
teor correto de alimentação na britagem e úmido (capacitada a processar 12, milhões
mais uma ou duas frentes de extração de t/ano de material), e uma barragem de
estéril, para permitir o sequenciamento da acumulação de água para mineração (com
lavra. As operações de lavra são terceiriza- 24,2 hectares).

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As instalações do complexo químico são seco, para que ocorra a queima completa.
compostas por: fábrica de ácido sulfúrico O calor de combustão do enxofre é recupe-
a partir de enxofre elementar, com capa- rado numa caldeira de vapor, onde os gases
cidade de 1 milhão t/ano; fábrica de ácido são refrigerados de 1.100°C para 420°C,
fosfórico, com capacidade de 250 mil t/ano; gerando vapor a uma taxa de 1,24 toneladas
fábrica de produtos intermediários para fins de vapor por tonelada de ácido sulfúrico
fertilizantes (ureia, nitratos de amônio NA e 100%. No conversor com quatro leitos de
CAN, fosfatos de amônio DAP e MAP e fos- catalisador da planta de sulfúrico, a mistu-
fatos SSP e TSP (1 milhão t/ano); unidade ra gasosa efluente do forno de combustão,
de produção de energia termoelétrica, com contendo N2, O2, SO2 e pequenas quanti-
capacidade de 30 mW; e unidade de formu- dades de SO3, é resfriada, para a formação
lação de adubos e fertilizantes, capacitada a de SO3. Na torre de absorção intermediária
produzir 770 mil t/ano. Também faz parte ocorre a absorção completa do SO3. A água
das instalações uma pilha de fosfogesso, de diluição presente no agente absorvente
ocupa uma área de 20 hectares. reage com SO3, formando o ácido sulfúrico.
Planta de Ácido Sulfúrico Planta de Ácido Fosfórico
Na planta de ácido sulfúrico, o enxofre Segundo exposto no processo de licencia-
líquido é pulverizado e misturado com ar mento do complexo, há três etapas básicas

Horto Florestal

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FERTILIZANTES
fogesso, com água em contracorrente, para
recuperação do H3PO4 remanescente e que
resultará na corrente de ácido de retorno (16
a 22% P2O5), reciclada para os reatores.
Após a extração de ácido fosfórico e la-
vagem, a torta de fosfogesso é descarregada
numa correia transportadora, e daí transfe-
rida para a pilha de fosfogesso.
O processo de concentração consiste,
essencialmente, de três operações: Aque-
Laboratório de Teste de Qualidade
cimento e circulação do ácido fosfórico;
no processo de produção de ácido fosfórico, Ebulição e remoção do arraste de gotículas
que são: ataque do concentrado fosfático de ácido pelo vapor; Condensação do vapor
em reatores agitados mecanicamente; e controle do nível de vácuo no sistema. A
separação de gesso do ácido fosfórico por unidade de concentração é composta por
filtração a vácuo; concentração do ácido três conjuntos de evaporação operando em
fosfórico por evaporação. série, elevando a concentração do ácido
O sistema de reação consiste em quatro fosfórico de 28 para 54 % de P2O5.
reatores em série, dotados de agitadores
mecânicos. É utilizado um resfriador a vácuo
para remoção do calor gerado na reação. Nos
reatores são alimentados a rocha fosfática
úmida (com10 a 12% de H2O), ácido
sulfúrico (98%) e o ácido de retorno (reci-
clo de ácido fosfórico diluído originado na
lavagem do fosfogesso durante a filtração).
O ácido sulfúrico é alimentado nos
reatores por meio de bomba dosadora. A
suspensão fosfórica, proveniente do quarto
reator, é transferida para um filtro a vácuo,
por meio de bomba centrífuga. Este filtro
efetua a separação do ácido fosfórico e
do fosfogesso, resultantes do ataque do
concentrado fosfático. Na primeira seção
do filtro, efetua-se a extração do ácido
fosfórico fraco – 1o. Filtrado, com 27 a 29%
de P2O5 – que é coletado e transferido para
a estocagem de ácido 28% P2O5.
A partir da segunda seção do filtro, inicia-
-se o processo de lavagem da torta de fos- Detalhe da Planta Química e de Mistura

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Acidulações I e II é constantemente medida, de forma que
Os fertilizantes Superfosfato Simples ao atingir 20% de concentração, a água do
(SSP) e Superfosfato Triplo (TSP) são estágio deve ser renovada com água pro-
produzidos em plantas de acidulação de veniente do segundo estágio de lavagem.
diferentes capacidades, em virtude da Por sua vez, a renovação de água do segun-
programação de produção. O SSP é produ- do estágio é feita com a água do terceiro
zido com o concentrado fosfático fino que estágio, que recebe água nova, que pode vir
dispensa sua moagem. O concentrado fino tanto da lagoa de efluente ácido como da
é repolpado em tanque agitado e bombe- estação de tratamento de água ETA. A água
ado para o reator, onde são dosados ácido do quarto estágio é utilizada na diluição
sulfúrico 98% e água complementar. do ácido sulfúrico na reação com a rocha.
O processo de produção de TSP tem início A renovação desta água também é feita da
com a moagem do concentrado fosfático mesma forma que no terceiro estágio.
grosso, seco. Após moagem, o material em O fluossilícico, que é um subproduto, re-
pó alimenta o reator, onde é dosado ácido tirado do tanque de circulação do primeiro
fosfórico aquecido com 50% de P2O5. estágio, é filtrado em filtro prensa e bombe-
A concentração do ácido fluossilícico no ado para o tanque de estocagem e posterior-
tanque de circulação do primeiro estágio mente vendido para tratamento de água. O

“A Eurochem desenvolve uma mineração estratégica, voltada para a qualidade da lavra. Utilizando
tecnologia de ponta, evita o desperdício e o retrabalho. O Complexo Salitre é um projeto inovador na
região: promove a geração de empregos, integra e desenvolve a mão de obra local. Em Minas Gerais, na
região de Serra do Salitre e de Patrocínio, a agricultura tem papel de destaque dentre as atividades
econômicas, o que facilita a capacitação da mão de obra, pois os trabalhadores têm familiaridade com
máquinas e equipamentos, sendo necessário apenas aperfeiçoar o conhecimento e treiná-los para operar
na mineração. Isso repercute no mercado de trabalho, criando novas oportunidades e promovendo uma
transformação imensa na região.” – Adelino Neto | Gerente de Operações Fagundes em Serra do
Salitre/MG.

Atuando ao lado da Eurochem desde 2017, quando iniciou o pré-stripping da mina, a Fagundes destaca a
relevância do projeto para a região. Assim, neste momento parabenizamos nossa parceira Eurochem pela
inauguração do Complexo Salitre e desejamos ainda mais sucesso neste empreendimento
verdadeiramente desafiador!

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FERTILIZANTES

Segurança e Uso de EPIs

tanque de estocagem tem capacidade para O fertilizante pó é alimentado no granu-


2400 m3 e deve ser revestido com borracha. lador rotativo, onde os grãos são formados
O material sólido, composto basicamente com a utilização de vapor e água recuperada
de sílica, é incorporado ao SSP em pó para dos lavadores de gases. O granulado produ-
utilização na granulação I. zido é seco e transferido para um resfriador
rotativo, onde resfria até temperatura apro-
Granulação I priada para beneficiamento e estocagem.
Na granulação I, a produção se inicia O produto atendendo à granulometria
com a alimentação do fertilizante fosfatado adequada é transportado para o armazém
em pó oriundo do armazém de tombado. de estocagem de fertilizantes por correias
Esta unidade poderá fazer a granulação de transportadoras.
SSP, TSP ou uma mistura dos dois. Também
é prevista a granulação de SSP com a adição Granulação II
de micronutrientes (Zinco, Cobre, Boro e Uma segunda unidade de granulação
Manganês), sendo estas matérias primas será implementada para a produção de
em big bags alimentadas em moegas da monofosfato de amônia (MAP) e sulfato de
granulação por meio de ponte rolante do amônia (SAM). Para produzir MAP e SAM
armazém de micronutrientes. será utilizada a rota “melt granulation”, em

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que um reator tubular PCR – “pipe cross
reactor” - alimenta um “melt” diretamente
no granulador, pulverizado sobre um leito
de rolamento, oriundo do silo de reciclo da
Unidade.
O SAM granulado e úmido resultante
será submetido à secagem em tambor ro-
tativo, dotado de gerador de gases quentes
(fornalha), a partir de biomassa como
combustível. O material seco será classi- Laboratório de Teste de Qualidade
ficado em peneiras vibratórias, sendo a
fração acima de 2 mm transferida para dade de 2.400 m3 cada, acomodados em
um resfriador rotativo, para redução de bacia de contenção; ácido fosfórico, nas
sua temperatura. Ao deixar o resfriador concentrações 28% e 54%, a ser utilizado na
rotativo, o SAM passará novamente por produção de fertilizantes. O armazenamen-
um conjunto de peneiras vibratórias que to do ácido fosfórico 28% é feito em dois
classificará os grãos. A fração acima de 4 tanques com capacidade de 2.400 m3 cada,
mm será direcionada para uma estação de enquanto o ácido fosfórico 54% é armaze-
moagem e se juntará à fração abaixo de 2 nado em quatro tanques com capacidade
mm, gerando a corrente de reciclo de ma- de 2.400 m3 cada um; ácido fluossilícico
terial. A fração produto – 2 a 4 mm –, aten- (subproduto da produção de ácido fosfóri-
dendo às especificações granulométricas e co), a ser comercializado para aplicações no
teores de N-S (21%-23% respectivamente), setor químico ou em tratamento de água.
será transferida, por meio de correias trans- O armazenamento ocorrerá em um tanque
portadoras, para o armazém de estocagem de 2.400 m3; Amônia, para utilização na
de SAM granulado. segunda unidade de granulação de fertili-
zantes para produção de MAP (monofosfa-
Armazenamento de Matérias-primas, to de amônia) e SAM (sulfato de amônia).
Insumos e Produtos O armazenamento será feito em 2 esferas;
As matérias primas utilizadas no com- Concentrado fosfático, utilizado como ma-
plexo químico são: soda cáustica, para ser téria prima na produção de ácido fosfórico,
utilizada na regeneração da resina aniôni- a ser armazenado em armazém com área
ca, que são armazenadas em dois tanques de 2.830 m2.; SSP (Superfosfato Simples) e
de 1.000 litros cada. Também haverá um TSP (Superfosfato Triplo), produzidos nas
estoque de soda cáustica em escamas, para plantas de acidulação, que são dispostos em
uso em eventuais paradas da planta de um Armazém de Granulados; SAM (Sulfato
sulfúrico; ácido sulfúrico, para utilização de Amônia) e MAP (Monofosfato de Amô-
na planta de ácido fosfórico. O sulfúrico é nia) serão acondicionados em um armazém
armazenado em três tanques com capaci- de 6.480 m2; Biomassa – lenha de eucalipto

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FERTILIZANTES
ou pinus, briquete de bagaço de cana e/ou 10 milhões de toneladas por ano de fer-
palha de milho ou cavaco de madeira que tilizantes fosfatados, suprindo assim 25%
serão utilizados na unidade de produção de do consumo interno anual de 40 milhões
fertilizantes granulados MAP e SAM como de toneladas deste tipo de insumo, “o que
combustível para geração de gases quentes nos faz um player muito importante e que
para secagem destes produtos, será acon- mostra a estratégia da EuroChem para o
dicionada em armazéns; Enxofre natural, Brasil. Nosso apetite por aquisições e ati-
utilizado na produção de ácido sulfúrico, vos é grande no país e estamos de olho em
armazenado no pátio; sulfato de alumínio, oportunidades que façam sentido”, afirmou
para utilização na ETA (Estação de Trata- Horbach.
mento de Água), cujo consumo previsto é Em entrevista concedida a Brasil Mi-
de 130 t/ano, armazenado em pallets; hipo- neral em 2023, o diretor-presidente da
clorito de sódio para uso também na ETA, EuroChem para a América do Sul forne-
tem o mesmo esquema de armazenamento. ceu mais detalhes sobre a retomada do
complexo Serra do Salitre. Confira em:
Sobre a EuroChem https://youtu.be/NSzjERlL51o 
Um dos líderes globais do segmento de
fertilizantes e um dos únicos produtores
dos três principais macronutrientes da
agricultura (nitrogênio, fósforo e potássio),
o grupo EuroChem está verticalmente in-
tegrado com atividades que abrangem mi-
neração, produção, logística e distribuição
de fertilizantes, atuando da mina à mesa
e empregando mais de 30 mil pessoas em
instalações de produção na Europa, Ásia e
Comunidade dos Estados Independentes
(CIS). Seus produtos estão em mais de cem
países.
Na América do Sul, além de Serra do
Salitre, o grupo tem presença comercial
em todos os estados brasileiros com as
22 unidades de mistura e distribuição da
EuroChem Fertilizantes Tocantins e da
Fertilizantes Heringer, da qual detém o
controle acionário. E, na Argentina, com a
EuroChem Emerger Fertilizantes.
A EuroChem afirma ter fôlego para
colocar no mercado brasileiro cerca de Viveiro de mudas

16 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


É possível harmonizar interesses?
Ainda o X da questão
Belo Horizonte 18 e 19 de junho de 2024

• Diversidade, Inclusão, gênero, raça e • Como construir legados positivos e


direitos humanos nas empresas e duradouros com as comunidades
comunidades • O que vem depois da sustentabilidade
• Como quebrar a grande resistência à e ESG? Regeneração
chegada da mineração em novos territórios. • Como a comunicação trata este "X"?
• Mineração, descarbonização, mudanças Ela leva à harmonização de interesses?
climáticas e transição energética. A • O engajamento das comunidades pelo
influência destas novas vertentes nos viés cultural.
territórios e comunidades.
• ODS e ESG - últimas evoluções
• Como engajar lideranças locais
• Mecanismos de financiamento
• Mecanismos de cooperação entre atrelados às práticas ESG.
empresas e poder público local
• Greenwashing, como evitar a falsa
• Fomento ao empreendedorismo local propaganda ESG?
• Compartilhamento de territórios entre
mineradoras e comunidades

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BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 17


LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS

COM O PLANGEO, GOVERNO QUER AGILIZAR


CONHECIMENTO DO POTENCIAL MINERAL DO PAÍS
Francisco Alves

C
om o objetivo de identificar e prio- lógico que segundo o presidente do SGB,
rizar áreas estratégicas, estabelecer Inácio Melo, “não apenas permite acesso
metas mensuráveis, bem como o simplificado aos mapeamentos realizados
monitoramento contínuo das atividades ao longo de mais de 50 anos, como garante
de mapeamento geológico e levantamento maior transparência aos projetos em anda-
de recursos minerais do País, o governo mento e previsibilidade das nossas ações”.
federal criou, no dia 13 de março de 2024, Ele acrescenta que "o PlanGeo evidencia
o PlanGeo (Plano Decenal de Mapeamento a relevância do mapeamento geológico e
Geológico Básico e Levantamento de Re- reafirma nosso compromisso com o de-
cursos Minerais) e estabeleceu diretrizes e senvolvimento socioeconômico do Bra-
orientações sobre o mapeamento geológico sil. Guiados pelas diretrizes do governo
básico e levantamento de recursos minerais. federal para uma gestão mais eficiente e
No bojo da criação do Plano, o Serviço responsável, garantiremos acesso a dados
Geológico do Brasil-SGB lançou no PDAC estratégicos e transparência nos projetos.
2024 a Plataforma de Mapeamento Geo- Nosso foco é ampliar o conhecimento so-

18 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


bre minerais para transição energética e fácil e tempestivo aos produtos resultantes
segurança alimentar, uma demanda global e dos projetos realizados ao longo de três
que tem nossa atenção devido ao potencial ciclos de execução (1969-1993, 1994-2002,
geológico do Brasil para se tornar protago- 2003-atual). Também disponibiliza o Plano
nista no fornecimento dessas commodities. de Trabalho 2024 de mapeamento geoló-
Além disso, teremos a previsibilidade em gico do SGB, com todas as informações
nossas ações, por meio do plano decenal, básicas dos projetos atualmente em desen-
que será atualizado de forma constante e volvimento pelo órgão, visando dar “ampla
participativa. Com o PlanGeo, o SGB não transparência aos recursos investidos”.
só consolida seu papel como instituição de Para Valdir Silveira, o PlanGeo de certa
excelência na produção e disseminação de forma é decorrência do Plano de Mineração
conhecimento geocientífico, mas também 2030, que foi lançado em 2010/2011, o qual
se posiciona como indutor do progresso continha uma série de ações transversais do
sustentável." MCTI e MME e que determinava algumas
Segundo o presidente, as informações tarefas a serem desenvolvidas pelo SGB.
que estão disponíveis na plataforma “são Ele lembra que esse plano já contemplava
essenciais para reduzir os riscos explora- os minerais estratégicos, em três linhas:
tórios envolvidos na pesquisa de depósitos minerais estratégicos, minerais portadores
minerais, pois garantem maior segurança de futuro e minerais que eram importantes
aos investidores e impulsionam o desenvol- para a balança comercial do País. “Naquele
vimento do setor mineral brasileiro”. momento, os minerais críticos para o Brasil
Já o diretor de Geologia e Recursos Mi- eram o fosfato e o potássio”, diz ele, acres-
nerais do SGB, Valdir Silveira, afirma que a centando que o PlanGeo chega para dar
Plataforma apresenta o “Estado da Arte” do transparência a tudo isso que começou lá
mapeamento geológico no Brasil, “em di- atrás. “Estamos simplesmente organizando
ferentes escalas de referência, com acesso os dados e disponibilizando de forma trans-

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 19


LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS

parente. Ou seja, todas as informações de áreas trabalhadas. Além disso, a plataforma


planejamento que eram internas, de avanço contém nosso plano atual de trabalho, com
de mapeamento, de aerogeofísica, de geo- informações sobre todas as áreas que estão
química, que eram apresentadas apenas em sendo mapeadas no País, incluindo os pla-
eventos, agora estão disponibilizadas para nos de gerenciamento de projetos, onde são
o público em geral e de forma que podem apresentadas informações sobre orçamento,
ser acessadas e compreendidas inclusive por corpo técnico, cronograma anual de execu-
pessoas leigas”. ção, produtos esperados, etc”.
Lúcia Travassos, assessora da DGM e Tanto Valdir Silveira quanto Lúcia
que coordena a Plataforma do Mapeamen- Travassos ressaltam que, além da transpa-
to, juntamente com o pesquisador Marcos rência, a plataforma apresenta a facilidade
Ferreira, acrescenta que “o sistema é bastante de navegação, podendo ser explorada por
intuitivo, permitindo acesso rápido a todos qualquer pessoa, por menos conhecimento
os produtos de mapeamentos realizados nas que tenha da geologia. Os usuários podem,
várias escalas, desde o início da atuação da a partir da consulta, extrair informações
CPRM, até aqueles recentemente finalizados. com gráficos estatísticos e números.
Todos os produtos resultantes de um projeto Outro aspecto ressaltado por ambos é
de mapeamento são disponibilizados, como que a plataforma apresenta 3 cenários de
mapas geológicos, os conjuntos de vetores planejamento decenal para expansão do re-
relacionados ao mapa e os relatórios de cobrimento da cartografia geológica no âm-
mapeamento, onde se encontram informa- bito do PlanGeo, considerando incremento
ções mais detalhadas sobre a geologia das progressivo de capacidade operacional do

20 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


SGB para execução do mapeamento e de ou não incorporadas.
disponibilidade orçamentária. A elaboração do PlanGeo não significará,
“O PLANGEO prevê a priorização de entretanto, a descontinuidade dos projetos
projetos. Se o governo chegar e disser que que atualmente são realizados pelo SGB.
só tem dinheiro para tocar um projeto, o “Todos os projetos que estão sendo execu-
SGB sabe exatamente quais projetos terão tados vão continuar. O que pode acontecer
continuidade e quais aqueles que deverão é a priorização de alguns projetos que estão
ficar em compasso de espera. Porque há alinhados com minerais estratégicos, críti-
um ranking de priorização dentro desse cos, ou segurança alimentar”.
novo modelo que está sendo desenhado. Os Com relação aos recursos financeiros,
projetos prioritários, neste momento, são Silveira destaca que várias iniciativas do
aqueles para atender à segurança alimentar governo federal, como o novo PAC, no
e à transição energética”, diz Silveira. eixo Transição e Segurança Energética, e o
Para ele, tanto a plataforma quanto o lançamento do programa Mineração para
PlanGeo contribuirão para aproximar o Segurança Alimentar, são oportunidades
SGB do público, do usuário de seus ser- de alavancar a pesquisa geológica no País.
viços. Por isso a decisão de submeter o Além disso, tem havido tratativas com o
mesmo a consulta pública, que vai trazer Congresso Nacional para disponibilização
informações sobre se aquilo que o SGB de recursos para pesquisa geológica básica,
programou se coaduna, ou não, com o in- incluindo os levantamentos aerogeofísicos.
teresse público. Todas as sugestões vão ser O que o corpo dirigente da instituição espe-
analisadas pelo corpo técnico e poderão ser ra é que essas várias fontes proporcionem

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 21


LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS

recursos suficientes para conduzir os pro- E para isso temos uma prioridade, porque
jetos a que o SGB se propôs. Há um certo se começaria pelas províncias minerais e
otimismo quanto a isso. distritos mineiros, já que não se pode co-
meçar pelo país como um todo. Sabemos
Levantamentos aerogeofísicos e geoquímicos das dificuldades que existem hoje, não tan-
A direção do SGB tem esperança de que, to de recursos, mas da disponibilidade de
ainda este ano, sejam retomados os levan- empresas, que foram embora por volta de
tamentos aerogeofísicos, bem como os 2015, quando terminou o grande progra-
levantamentos geoquímicos. “Estamos oti- ma do SGB. Eram empresas canadenses,
mistas de chegar aos níveis de 2012/2013, australianas, e praticamente não ficou gen-
quando se tinha cinco empresas de aero- te trabalhando em aerogeofísica no Brasil.
levantamento voando para o SGB em todo Nossa viagem ao Canadá, por ocasião do
o território nacional. Falta muito pouco PDAC, também teve o propósito de fazer
para se ter a cobertura aerogeofísica to- contato com as empresas e dizer que o SGB
tal dos escudos cristalinos do Brasil, e é vai voltar a voar a partir deste ano”, diz o
importante em alguns setores melhorar a diretor da DGM.
resolução dos dados, assim como começar Ele também afirma que o SGB tem todo
a voar nas bacias sedimentares, e aumentar o interesse em voltar a estabelecer parcerias
a resolução dos voos que foram feitos na com os estados, “que são parceiros desde
resolução de 500 m de espaçamento de sempre”, e explica que já existem alguns es-
linhas, acrescentando uma linha no meio, tados interessados, como é o caso de Goiás,
para ficar na resolução para 250 metros. Tocantins e Minas Gerais. O SGB também

22 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


LIDAR. Esses levantamentos, conforme
Silveira, “são extremamente importantes,
tanto para a indústria de energia quanto
a petrolífera”. A ideia é abranger toda a
margem equatorial e a parte leste do País,
principalmente para os empreendimentos
de energia renovável, hidrogênio verde,
monitoramento costeiro, de meio ambiente,
instalação de infraestrutura portuária. É
um levantamento que está previsto no PPA
2024-2027, dentro do Programa Oceanos,
Inácio Melo, presidente do SGB
Zonas Costeira e Antártica, envolvendo o
Ministério de Minas Energia junto com o
quer retomar o trabalho junto ao Censipam
Ministério da Defesa e o executor é o SGB,
(Centro Gestor e Operacional do Sistema
que está tentando buscar recursos para
de Proteção da Amazônia, vinculado ao
também fazer isso.
Ministério da Defesa) para realização da Ele explica que até há pouco tempo a
Cartografia da Amazônia. Petrobras era responsável por pesquisar
Outra tarefa que o SGB tem interesse em as bacias sedimentares, enquanto o SGB
assumir são os levantamentos na Plataforma praticamente só trabalhava nos escudos
Continental brasileira, em parceria com o cristalinos. “Agora, entendemos que o SGB
Censipam e a Petrobrás, utilizando a técnica é o setor de estado que tem de mapear o

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 23


LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS

País e as bacias também fazem parte desse geoquímica e geologia marinha. “Ou seja,
contexto. E para isso vamos atrás de todas todas atividades do SGB que tratem de ge-
as informações possíveis, sejam aquelas ociências, principalmente voltadas ao setor
produzidas pela ANP, pelas universidades mineral”. Ele acredita que até maio deste
ou empresas do setor de petróleo e gás. ano já vai estar pronto também a parte dos
A Petrobras tem acenado para trabalhos Recursos Minerais, que interessa mais à
conjuntos e não há nenhum problema em comunidade empresarial.
continuarmos trabalhando conjuntamente
para aumentar a cobertura de mapeamen- Províncias minerais
to e o conhecimento da geologia do País Ambientes que o SGB deve priorizar são
e atrair mais investimentos, o que é papel as províncias minerais, tanto as “maduras”
tanto da ANP quanto do SGB. Devemos (como Carajás e Quadrilátero Ferrífero de
fomentar bons negócios, diminuir riscos Minas Gerais), quanto aquelas cujo nível de
exploratórios e atrair investimentos para o conhecimento geológico ainda é baixo, mas
País. Investimentos de empresas grandes, que se sabe têm potencial. Estas o diretor
sérias, comprometidas com as políticas glo- chama de “províncias emergentes”, em que
bais de economia de baixo carbono, verde, se inserem as províncias de Borborema,
circular”, pondera o diretor. Vale do Ribeira, Tapajós e Nova Brasilân-
Ele acrescenta que, assim como foi dis- dia. Há também a área da Renca (Reserva
ponibilizada a Plataforma do Mapeamento Nacional do Cobre e Associados), da qual
Geológico, estão em preparação as plata- quase não temos conhecimento. Ou seja,
formas de recursos minerais, aerogeofísica, existem várias áreas do Brasil que sabemos

24 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


do potencial, mas das quais não temos ainda Recursos humanos
conhecimento suficiente. E o SGB, como
Uma dificuldade que o SGB enfrenta para
instituição de estado, deve ter conhecimento cumprir todo o programa de trabalho que
do país inteiro. Por isso temos que focar em tem pela frente, em função do PlanGeo, está
realizar trabalhos nessas várias regiões”. relacionada com os recursos humanos, já que
Valdir Silveira pondera, no entanto, que o quadro técnico atual, além de ter sofrido
o SGB, sozinho, não pode dar conta de um um processo de “envelhecimento”, é insufi-
território do tamanho do Brasil. Por isto, ele ciente para dar conta de todos os projetos
prega a necessidade de que o Serviço Geoló- que se tem pela frente. Por esta razão, estão
gico se junte a outros órgãos de governo para sendo feitas gestões junto à SEST (Secretaria
estudar áreas que hoje apresentam restrições de Coordenação das Estatais), que autoriza as
para atividades econômicas. “São áreas do contratações, no sentido de mostrar a neces-
Estado e precisam ser conhecidas. O que não sidade de reposição de pessoal. “É fundamen-
quer dizer que se vá montar empreendimen- tal, para o SGB, buscar meios para aumentar
tos mineiros nessas regiões. Mas precisa ser o efetivo. É prioridade zero. Mesmo sabendo
conhecido do ponto de vista do potencial que, no contexto atual, o efetivo dá conta do
geológico e de recursos naturais. Isso envolve que se comprometeu para o PlanGeo, preci-
biomassa, fauna e outros recursos. Portanto, samos nos preparar para demandas que virão
é dever do Estado conhecer o território, in- pela frente. Por isso fizemos os cenários 1, 2
clusive para monitorar, ter políticas públicas e 3 para o plano.”
efetivas e saber o que existe. Como se vai
proteger o que não se sabe que tem? O SGB Buscar outros minerais
está totalmente disponível para se engajar Valdir Silveira afirma que o SGB não está
com outros órgãos para avançar em projetos preocupado apenas com os minerais que
que atinjam todas essas áreas”, salienta. atualmente estão na mídia, que são críticos

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25
LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS
ou estratégicos para a transição energética,
porque existem outros minerais que tam-
bém são importantes. Para ele, o mundo
está numa corrida aeroespacial, que vai
demandar alguns minerais estratégicos. “Se
olharmos a matriz crítica dos EUA, América
Latina e Comunidade Europeia, já aparecem
outros minerais que são considerados críti-
cos, como tungstênio, berílio e molibdênio.
Outro mineral que vai ser crítico muito em
breve é o titânio, um dos metais mais im-
portantes da indústria para diminuir o peso
dos veículos e outras coisas. Assim, voltamos
Valdir Silveira, diretor da DGM
nosso olhar para outros minerais que já es-
tão no radar de vários governos do mundo trabalhadas, duas escalas básicas de ma-
e dos serviços geológicos de outros países. peamento, que são 1:250.000 e 1:100.000
Aqui não deveria ser diferente e temos no (prioritariamente). A primeira deverá ser
radar projetos que envolvem esses bens utilizada em áreas de menor conhecimen-
minerais para aumentarmos nossa carteira to, especialmente em áreas mais interiores
de minerais que são importantes para toda da Amazônia e bacias sedimentares, que
essa indústria verde, de baixo carbono, num são áreas ainda com vazios cartográficos.
modelo de economia circular, obedecendo Já a escala 1:100.00 o SBG entende como
a sustentabilidade ESG. É nessa linha que sendo a escala mínima para se poder fazer
pensamos”, argumenta. realmente uma avaliação de potencial mi-
O diretor também pondera que é preci- neral e estudos de favorabilidade mineral
so olhar para os depósitos atuais de rejei- de uma área.
tos, a fim de analisar os que eles contêm. A geóloga acrescenta que o SGB é
“Vamos entrar num momento de se olhar demandado para fazer levantamentos
muito para o que não se olhava, que são os em outras áreas e em escalas de maior
rejeitos, para buscar subprodutos que são detalhe, citando como exemplo a área
extremamente valiosos. Ou seja, praticar do Vale do Lítio, em Minas Gerais. “O
a economia circular, com aproveitamento SGB tem sido demandado para fazer
de 100% dos recursos. Tem que estar tudo mapeamento de detalhe naquela área, na
envolvido e isso é uma janela de oportuni- escala 1:25.000, por exemplo, mas nós no
dades”, conclui. momento não podemos priorizar, porque
temos áreas imensas no Brasil que preci-
Duas escalas básicas de mapeamento sam ser trabalhadas. Se deslocamos uma
De acordo com Lúcia Travassos, no equipe para mapear em detalhe, deixamos
PlanGeo foram estabelecidas, para serem outras regiões importantes descobertas”,

26 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


diz ela. Em razão disso, a pesquisadora específicos, como o estado da arte do
considera muito importante a consulta mapeamento, que abrange tudo o que já
pública prevista no PlanGeo. “No planeja- foi realizado no País, ao longo de toda
mento decenal nós optamos por priorizar a história da CPRM, identifica os ciclos
a escala 1:100.000 em todas as regiões do de mapeamento e define as escalas de
País, inclusive na Amazônia. Mas se esse mapeamento que se pretende visualizar.
não for o pensamento do usuário do setor Assim, por exemplo, se o usuário define,
mineral, nada nos impede de rever nossos numa busca, a escala 1:50.000, tem acesso
planos para mapear em escala de maior imediato aos produtos do mapeamento e
detalhe em determinada área. Se esta é pode fazer download, separar escalas etc.
a necessidade do Brasil e da sociedade, Ela salienta que não estão publicados
assim o faremos. Esperamos que na con- apenas os mapeamentos realizados pelo
sulta pública essas demandas apareçam”. SGB, mas por outros agentes, em alguns
Ela diz que atualmente estão trabalhando casos em parceria com o SGB, citando
na estruturação do sistema, para realizar como exemplo trabalhos realizados por
a consulta pública que será aberta no instituições estaduais de geologia e mi-
próximo dia 15 de abril, preconizada pela neração, como a com a CODEMIG, de
portaria 72/GM/MME (13/03/2024), que Minas Gerais, e a CBPM, da Bahia, e no
institui o PlanGeo. âmbito do PRONAGEO, programa que
A Plataforma também contém temas estabeleceu parcerias entre o SGB e uni-
versidades brasileiras para realização de
mapeamento geológico.
Na parte do Estado da Arte, a Platafor-
ma mostra que, de 2023 até hoje, foram
executadas 1.162 folhas cobrindo 27%
do território na escala 1:100.000 e 49%
da área na escala 1:250.000. Nos Escudos
Pré-Cambrianos, que são mais favoráveis
à ocorrência de grande diversidade de mi-
nérios, o mapeamento alcança 42% na es-
cala 1:100.000 e 69% na escala 1:250.000.
A outra parte da Plataforma é o plano
de trabalho, ou seja, todas as áreas que
estão sendo mapeadas em 2024 e os vá-
rios projetos, em diferentes estados de
evolução. Há um conjunto de informa-
ções básicas sobre cada projeto, como
orçamento etc.
Lúcia Travassos, assessora da DGM Além disso, há a programação para os

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 27


LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS

próximos dez anos, no âmbito do plano do PRONAGEO, mais de 100 folhas


decenal 2025-2034, que é previsto no 1:100.000 foram mapeadas pelas univer-
PlanGeo. No plano decenal foram coloca- sidades, sob chancela do SGB. Outras
dos 3 cenários de mapeamento: o cenário parceiras são aquelas com as instituições
1 prevê que, se o SBG continuar com a estaduais de geologia e mineração. Cabe
mesma força de trabalho que tem hoje mencionar o exemplo do estado de Mi-
para mapeamento e a média de orçamen- nas Gerais, com mais de 90% mapeado
to que é previsto para mapeamento, em na escala 1:100.000, graças às iniciativas
dez anos consegue fazer um determinado conjuntas do SGB, da CODEMIG e das
quantitativo; nos cenários 2 e 3 se prevê universidades, especialmente a UFMG.
que, se houver incremento na força de Isto permite que em Minas Gerais já se
trabalho e no orçamento disponibilizado, consiga avançar numa escala maior de
em dez anos o SBG consegue atingir outro mapeamento, a exemplo do Quadriláte-
nível de cobertura. ro Ferrífero, onde estamos revisando e
Ela acrescenta que o incremento de entregando mapas geológicos na escala
pessoas pode ser através de concurso 1:25.000. Da mesma forma, esse contexto
público (há um previsto para 2024) ou favoreceria também o mapeamento de
de parcerias. “O passado já demonstrou maior detalhe no Vale do Lítio, porque
que o SGB avançou muito mais celere- já se tem no mínimo um conhecimento
mente no mapeamento quando houve básico na escala 1:100.000”.
orçamento para desenvolver programas As principais premissas adotadas no
como o PRONAGEO, em parceria com planejamento 2025-2034, são: Manu-
as universidades brasileiras. Através tenção das escalas 1:250.000 e 1:100.000

28 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


como principais referências, mas com por exemplo, eles também não possuem
flexibilidade para mapeamento de maior toda extensão territorial mapeada em
detalhe (1:50.000 e 1:25.000), de acordo detalhe, mas focam muito nas províncias
com as demandas ao longo do período; minerais, têm um conhecimento de mais
ampliação da cartografia 1:100.000 em detalhe do que temos das nossas provín-
províncias minerais, distritos mineiros cias minerais.
e áreas de mais alto potencial para no- Retomando a questão das parcerias,
vas descobertas minerais; ampliação da ela informa que está sendo retomada a
cartografia 1:250.000 em setores de mais ideia de parceria com as universidades,
baixo conhecimento geológico, especial- num modelo que se assemelha ao PRO-
mente nas porções mais interiores da NAGEO, mas com novo formato. “Nos
Amazônia e bacias sedimentares fanero- cursos de geologia é atividade curricular
zóicas; seleção e priorização de áreas para a realização dos estágios de mapeamento
mapeamento com base no interesse geo- geológico, e há professores-pesquisadores
lógico, sem restrições conceituais rígidas que orientam estudantes há anos em
para áreas amazônicas ou não amazôni-
determinadas áreas. Certamente há um
cas. Não são consideradas no processo de
grande volume de dados e informações
hierarquização de prioridades as grandes
represados, que poderiam ser aproveita-
áreas com restrições de acesso, como Ter-
dos no desenvolvimento de projetos de
ras Indígenas e Unidades de Conservação
mapeamento geológico. Acreditamos que
de Proteção Integral.
há muita informação também nas empre-
Ao contrário do que afirmam algumas
sas de mineração que não são acessadas e
pessoas, Lúcia Travassos não considera
que o fato de não se ter todo o País mape- que poderiam contribuir para aumentar a
ado seja uma situação específica do Brasil. cobertura de mapeamento no País”.
“Se formos analisar países correlatos no Com relação às escalas adequadas para
mundo como Canadá, Austrália e Estados se avaliar o potencial mineral do País, a
Unidos, de grande extensão territorial e pesquisadora do SGB diz que a cartografia
tradição mineira, a situação não é muito mínima para as áreas de maior potencial
diferente. Se olharmos os mapeamentos mineral é 1:100.000. Por isso esta escala é
geológicos realizados nas nossas prin- priorizada no PlanGeo, especialmente nas
cipais escalas de referência 1:250.000 províncias minerais e distritos mineiros,
e 1:100.000 nos EUA, veremos que há consolidados ou emergentes.
grandes vazios cartográficos. No PDAC Ela informa, ainda, que o SGB já está
2024 agendamos reuniões com serviços trabalhando para lançar a plataforma
geológicos do Canadá e Austrália, tam- dos Recursos Minerais e que a ideia é ir
bém para entender um pouco o cenário liberando gradativamente os outros níveis
dos levantamentos básicos nestes países, e de conhecimento, as demais plataformas
constatamos que, no Canadá e Austrália, temáticas.

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 29


DIVERSIDADE

"MAIS MULHERES NUM AMBIENTE


NÃO SIGNIFICA DIVERSIDADE"
É O QUE OPINA LÍVIA MANDELLI, PH.D EM COMPORTAMENTO HUMANO
Mara Fornari

“M
ãe da Florah e estudante da
vida” – é assim que Lívia
Mandelli, Ph.D em Com-
portamento Humano/Neurociência
e Embaixadora da Parentalidade no
Brasil e professora da Fundação Dom
Cabral, entre outras atribuições, se de-
fine. Autora de diversos livros, Lívia
conversou com a revista Brasil Mine-
ral sobre a temática da diversidade e
inclusão como um todo, mas também
pontuando exemplos de ações que
estão sendo implementadas pelas
companhias no setor de mineração.
Saber o que precisa ser feito é
essencial, mas é muito mais impor-
tante saber o que não se deve fazer. A
contratação é a última etapa dentro de
um processo que busca construir de fato
um ambiente mais diverso e inclusivo,
que valorize o que as pessoas são.
Lívia também alerta que apesar de
as contratações de mulheres terem
subido de 32% para 43% no setor
mineral, o desligamento aumentou
16 pontos percentuais em 2023, “pois
estamos errando no jeito como esta-
mos fazendo. Colocar mais mulheres
dentro de um ambiente está longe de
ser diversidade”. Lívia Mandelli

30 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


BRASIL MINERAL – Qual o cenário LÍVIA MANDELLI – Diversas esferas
atual da diversidade de gênero dentro do precisam ser discutidas, como: qual a pre-
segmento de mineração? paração do ambiente que eu faço para que
LÍVIA MANDELLI – Tenho trabalhado essas mulheres queiram trabalhar no seg-
para grandes mineradoras no país tanto em mento de mineração e que se sintam valori-
programas de liderança quanto de equi- zadas e respeitadas como seres humanos? O
dade, dentro da diversidade de gênero, e a uniforme está adaptado para a mulher? Tem
mineração, dentro da cadeia de valor, é um banheiro feminino na operação de subsolo?
dos maiores desafios no que tange à equi- Como essas mulheres estão sendo tratadas,
dade. O número de denúncias de assédio e tanto na superfície quanto no subsolo das
de comportamento machista é alto, por ser minas? O quanto essas mulheres estão
uma indústria onde tem mais homens que sendo vistas como potenciais enquanto
mulheres. Mas este não é um problema da estão dirigindo ou pilotando uma supermá-
mineração em si, mas porque existe de fato quina? Não adianta começar a questão da
um acúmulo maior de homens e, genera- diversidade se não houver a preparação do
lizando, os homens ainda não estão pre- ambiente. Sem isso, acontece a contratação,
parados para um mundo mais equitativo. mas essa mulher sofre, fica doente e sai.
Então, é óbvio que na mineração aparecem Além da preparação do ambiente físico, é
os problemas de forma mais aberta do que, preciso a preparação do ambiente social, o
por exemplo, do outro lado da cadeia de que exige muita conversa com os homens
valor, em investimentos, onde se tem mais que já estão na mineradora e também com
homens e mulheres trabalhando juntos. O suas famílias. Existem também as questões
que vemos hoje na indústria mineradora do de respeito, de educação e de relacionamen-
País, segundo o último relatório do Women to com essas mulheres antes da contratação.
in Mining Brasil, é que as contratações Dentre essas estratégias é preciso que haja
de mulheres aumentaram muito, porque uma prática inclusiva. Por exemplo, a mu-
as mineradoras já perceberam que não lher que está amamentando tem um espaço
dá pra ficar no mundo só masculino se a para levar e deixar a criança ou para tirar
maior parte da nossa população brasileira o leite enquanto está trabalhando? São as-
é feminina. Mas ao mesmo tempo em que suntos que precisam ser falados dentro de
há um volume de contratação, elas não uma indústria mineradora.
ficam. A grande discussão no momento
não é quantas mulheres estão conseguindo BRASIL MINERAL – Como fazer para
colocar para dentro das empresas e nem ensinar o “respeito”, uma vez que o número
falar também de retenção. de assédios sexual e moral é grande?
LÍVIA MANDELLI – Isso vem de uma
BRASIL MINERAL – O que fazer então falta de fundamentos de vida, de educação
para que essas mulheres queiram traba- básica. É uma questão social. E não é um
lhar em mineradoras? treinamento que resolve. É uma constância

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 31


DIVERSIDADE
ras já abordam a questão de maneira aber-
ta, sabem o que devem fazer. Mas ainda há
muito a melhorar. O que não se deve fazer,
então, na diversidade de gênero?
LÍVIA MANDELLI – Número 1: en-
tender que as mulheres não precisam de
ambientes cor-de-rosa. Muitas mineradoras
entendem que, para que a mulher se sinta
bem-vinda naquele lugar, basta um banheiro
cor-de-rosa com florzinha no espelho. Não
é isso. Isso é infantilizar ou romantizar a
presença da mulher dentro da organização.
Não é um ambiente cor-de-rosa que torna
essa empresa mais atrativa para as mulheres.
Não dá para fazer coisas sem ouvir o que as
de mudança de mentalidade dentro daquela mulheres precisam, sem ouvir como querem
organização. Para tornar o ambiente mais ser tratadas. Não dá para fazer em cima do
atrativo, onde as mulheres queiram ficar, “achismo” masculino. É preciso conside-
são necessárias políticas que permitam rar fatos. E aqui estão dois grandes erros:
conciliar a vida de uma profissional do quando se fala no que fazer para aumentar
setor de mineração, de mulher, de mãe, de a diversidade dentro das mineradoras para
esposa. Falar de algo praticamente impos- que as mulheres queiram ficar, vejo que as
sível, como horários flexíveis ou trabalho empresas têm feito programas. A história
híbrido. O topo da direção precisa estar começou trabalhando viés inconsciente de
“comprado” e participando de todo esse preconceito, empatia, relacionamento. Tudo
processo. Não adianta colocar na mídia o isso é muito interessante para a diversidade,
que está fazendo, se as ações não estiverem mas é pouco, porque não é sustentável. Você
internalizadas. As mineradoras precisam não muda a mentalidade de uma pessoa
investir em uma sociedade onde as mulhe- só porque falou do viés inconsciente ou de
res estejam capacitadas e respeitadas por empatia. É necessário que haja um processo
essa formação. Diversidade não é apenas físico, emocional e comportamental. Físico é
uma questão de contratação e de respeito. É a infraestrutura da organização, emocional
uma grande transformação de mentalidade – o que sentimos determina o que fazemos
social e um processo contínuo de atitudes – e comportamental é quando realmente
frutíferas que vão gerar um ambiente cada as atitudes no que tangem à diversidade
vez mais diverso e inclusivo. acontecem. É preciso uma preparação de
toda a estrutura organizacional para que a
BRASIL MINERAL – Esses pontos são diversidade possa adentrar e isso começa
bastante sensíveis e as grandes minerado- com os homens. Depois de anos falando

32 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


sobre empoderamento feminino, sobre pro-
tagonismo feminino, as mulheres já sabem
o que querem, já entendem o seu posicio-
namento, especialmente as que vivem em
grandes cidades. Pelo menos a maioria delas.
O primeiro passo, então, é conscientizar os
homens sobre o que é esperado deles em um
ambiente diverso. O que eu tenho percebido
nos meus treinamentos sobre interromper
uma mulher, sobre pegar a ideia de uma
mulher sem dar o crédito a ela, ou sobre
infantilizar o que uma mulher está falando,
eu falo que isso não pode e que se trata de as-
sédio moral, porque essa mulher está sendo
diminuída moralmente. É preciso começar a
mudança de paradigmas pelos homens, que posicionamento mais adulto para que os
ainda mantêm um comportamento tóxico homens passem a olhar também a mulher
no que tange à diversidade. Mas muitas vezes de maneira mais adulta.
eles não percebem dessa forma. Os homens
sempre ocuparam um espaço privilegiado na BRASIL MINERAL – Na sua opinião,
sociedade, ao contrário das mulheres, que lu- qual a grande dificuldade que as mulheres
tam para conquistar esse direito. Muitas ve- enfrentam?
zes eles não sabem do impacto negativo que LÍVIA MANDELLI – O que percebo
isso tem em uma sociedade mais evoluída ao longo dessa jornada de diversidade e
do que na sociedade machista e patriarcal de inclusão é que elas aprenderam a se proteger
antes. Por esta razão é que eu sempre convido ou a se posicionarem, sendo atacadas. Isso
os homens para iniciar o processo de diver- vai formando diversas crianças, diversos
sidade e inclusão. Depois é que vou para as modelos de liderança, diversos modelos de
mulheres, que erram no seu posicionamento. interação organizacional que não funcio-
Elas já estão com uma “casca grossa” para se nam nessas mulheres. Há dois anos, criei,
defenderem do machismo inconsciente, do junto com a Luciana Passadori, o programa
preconceito de uma sociedade paternal. Ao ALMA – Aceleradora de Liderança para
invés de se posicionarem de forma madura, Mulheres Autênticas, onde desconstruimos
se infantilizam – generalizando também. todas as crenças e pensamentos que limitam
Falando de neurociência, quando eu aponto essas mulheres a quererem uma posição
o dedo para alguém, eu fortaleço a crença de liderança, a quebrarem o teto de vidro
dessa pessoa. Eu preciso, então, mudar a for- e a perenizar a posição de liderança para
ma de me defender, de me posicionar como construir a melhor versão delas mesmas.
mulher de forma a questionar. É preciso um Não é uma questão só do ambiente. Temos

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 33


DIVERSIDADE
mais doentes do que os homens. A carga
emocional é muito maior.

BRASIL MINERAL – Como fica essa


análise quando se fala em diversidade de
raça?
LÍVIA MANDELLI – Essa é a pergunta
do milhão. O problema não existe apenas
nas mineradoras. Estamos muito acos-
tumados a viver entre os “iguais”. Fico
questões internas que precisam ser traba- indignada quando ouço alguém dizer que
lhadas. Voltando: trabalhamos o ambiente, “precisa” de um PCD ou de um profis-
os homens, as conversas com as mulheres sional negro. Como assim? Apenas para
e suas questões pessoais, processo que de- cumprir cotas? Queremos essas pessoas
mora um tempo para só depois começar a dentro da organização, mas estamos pro-
contratar. Quando a organização está com curando onde elas estão. Isso é desumano.
a mentalidade preparada, as mulheres se Precisamos começar a enxergar as pessoas
sentem mais incluídas. Esta é a prática pelo que elas representam e não pela sua
que tem dado mais resultado. Para cada “carcaça”. Enquanto isso não acontecer,
quatro homens, há uma mulher na mine- não sairemos do nível de escassez. Além da
ração. Existe 43% a mais de contratação de
mentalidade, é preciso mudar o padrão de
mulheres, mas 32% delas saem do setor.
discriminação de um país preconceituoso.
Ou seja, apesar de as contratações terem
Assim, quando falamos de pessoas negras,
subido de 32% para 43%, o desligamento
as mulheres negras ficam “atrás do atrás”.
aumentou 16 pontos percentuais em 2023,
É uma luta muito específica sobre esse
pois estamos errando no jeito que estamos
fazendo. Colocar mais mulheres dentro de grupo de pessoas que precisa começar a ser
um ambiente está longe de ser diversidade. abordada com mais maturidade e clareza.
Um líder dentro de uma organização tem
BRASIL MINERAL – O que falta, então? um impacto social muito grande e quando
LÍVIA MANDELLI – Entendo que a sua voz reverbera, o entorno começa a
não falta capacitação e sim transformação mudar. As pessoas em posição de liderança
de mentalidade social. As pesquisas nos precisam se conscientizar do poder que
mostram que as mulheres estudam muito têm. Quando eu mudo a minha mentali-
mais que os homens. Ou seja, não é uma dade no que tange à diversidade, eu mudo
questão de falta de conhecimento e sim o que eu sinto. Enquanto continuarmos
de mudar a mentalidade coletiva social. tratando diversidade e inclusão como meta
As empresas precisam promover essa mu- e não como mudança comportamental,
dança. As mulheres estão ficando muito não vamos chegar a lugar algum. 

34 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


III FEIRA DA INDÚSTRIA DA MINERAÇÃO

Patrocínio 24 a 26 | JUNHO | 2025


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MINERAL- EDIÇÃO
- Nº 437ESPECIAL
- MARÇO -DE
nº2024
431 - JULHO DE 2023 127 35
ESPECIAL MULHERES

Mineração também é lugar de mulher

QUEBRANDO BARREIRAS
NA MINERAÇÃO
Mara Fornari

G
radativamente, o ambiente predomi- cargos de liderança, apesar dos desafios. E
nantemente masculino da mineração engana-se quem pensa que se trata de uma
começa a se abrir para a diversidade competição: inserir não significa excluir,
e inclusão: políticas internas desenvolvidas mas somar novos pontos de vista em prol
e implementadas por diversas minerado- de um setor de inquestionável importância
ras, como ressaltamos a seguir, mostram para a economia do Brasil e do mundo.
uma evolução nos indicadores e as metas O assunto começou a ganhar mais vi-
estão próximas de serem alcançadas. Mais sibilidade há alguns anos com a criação
mulheres estão presentes na força de tra- do Women in Mining Brasil (Mulheres na
balho dessas empresas, especialmente em Mineração) - WIM Brasil, movimento vo-

36 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


luntário que busca maior diversidade, equi- se mudou para Londres, na Inglaterra, e,
dade e inclusão na mineração. E, para auxi- além de seu cargo de CFO na sede global
liar nessa caminhada, lançou recentemente da empresa, acumulou também, em 2022,
uma cartilha com objetivo de letramento o de diretora interina da área de Projetos
de gênero sobre o Dia Internacional da de Capital do grupo.
Mulher, celebrado em 8 de março (https:// Na data em que se comemora o Dia
mailchi.mp/wimbrasil/cartilha-mulheres). Internacional da Mulher Ana destaca que
Em seu último relatório o WIM mostra uma série de medidas estão sendo coloca-
que o número de contratações de mulheres das em prática pelo setor, como programas
subiu de 32%, em 2022, para 43% no ano de desenvolvimento de carreira para mu-
passado e que a força de trabalho de mu- lheres na liderança, capacitações femininas
lheres na indústria mineral correspondeu em cargos de base, investimentos em infra-
a 21% do total, em 2023, quatro pontos estrutura nas operações e nos escritórios,
acima do resultado de 2022 (17%). Mais que além de políticas de acolhimento e códigos
quebrar as barreiras de gênero, as mulheres de conduta que coíbem práticas discrimi-
vêm conquistando cada vez mais espaço, natórias nas corporações.
visibilidade, respeito e reconhecimento Entretanto, os desafios são inúmeros,
em suas carreiras na mineração e em toda “uma vez que estigmas sociais, culturais e
a cadeia produtiva. históricos de que a mineração é “trabalho
Até mesmo nas entidades do setor, onde
as mulheres já se fazem presentes a algum
tempo, as mudanças se tornam mais evi-
dentes. Em fevereiro, o Instituto Brasileiro
de Mineração (IBRAM) anunciou Ana San-
ches, atual presidente da Anglo American
Brasil, como a primeira mulher a ocupar
o cargo de Presidente do seu Conselho
Diretor.
Dona de uma carreira de sucesso, a exe-
cutiva ingressou na Anglo American em
2012, durante a fase de implementação do
projeto Minas-Rio, e, de 2015 a 2021, foi
Chief Financial Officer (CFO) das opera-
ções de minério de ferro e níquel no Brasil.
Em 2018, foi nomeada como uma das mu-
lheres mais influentes na mineração global
pelo Women in Mining e, em 2019, ganhou
o prêmio Equilibrista do Ibef-MG, como
diretora financeira de destaque. Em 2021, Ana Sanches, presidente da Anglo American

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 37


ESPECIAL MULHERES
de homem” dificultam, até hoje, a partici-
pação das mulheres. É importante lembrar
que, segundo dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua
(Pnad), a população feminina corresponde
a 51,5% dos brasileiros. Ao compararmos
este número geral com o percentual de par-
ticipação de mulheres na indústria mineral,
vemos um longo caminho a ser percorrido”,
diz a presidente da Anglo American.
Já é consenso que a diversidade no mun-
do dos negócios traz mais soluções criativas
e que as empresas que adotam essa prática
relatam ganhos em inovação, colaboração,
liderança, saúde mental e retenção de ta- Fernanda Castanheira, gerente de Diversidade e Inclusão da Vale
lentos, o que acaba resultando, consequen- focado na atração, retenção e valorização
temente, em uma melhor performance das mulheres por meio de ações afirmativas
operacional e financeira. e com oportunidades de crescimento na
“Em busca dessa excelência que a diver- carreira.
sidade nos oferece, precisamos tornar o De acordo com a gerente de Diversidade
setor mineral cada vez mais atrativo para e Inclusão da Vale, Fernanda Castanheira,
as gerações atuais e futuras de mulheres, este trabalho é combinado com o fomento
aumentando também oportunidades de da inclusão, potencializando a capacidade
inclusão dos demais grupos minoritários. da empresa de trazer soluções inovadoras e
Os primeiros passos dessa jornada longa sustentáveis para a mineração e para a so-
e resiliente foram dados e já mostram os ciedade. “Nosso avanço vai além da amplia-
primeiros frutos. Para o futuro dos negó- ção de representatividade, pois oferecemos
cios, precisamos ampliá-los e aperfeiçoá-los desenvolvimento de carreira para mulheres
constantemente. Trata-se de um movimen- de dentro e de fora da Vale e, ainda, letra-
to que certamente proporcionará grandes mento e capacitações para que empregados
oportunidades”, afirma Ana Sanches. e lideranças entendam a diversidade como
uma alavanca para sermos uma empresa
Vale: ampliando a representatividade cada vez mais segura e sustentável. Dessa
A Vale caminha para alcançar, já em forma buscamos construir um ambiente de
2025, a meta de 26% de mulheres na compa- trabalho com diálogo, respeito à pluralida-
nhia, “dentro de um ambiente cada vez mais de e engajamento para buscar as melhores
inclusivo, com oportunidades equânimes e soluções para o negócio”, explica Fernanda.
onde as pessoas possam se desenvolver e ser Para avançar nessa pauta, é preciso des-
quem elas são”. Para tanto, a empresa tem construir as barreiras de gênero que im-

38 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


pactam as trajetórias de suas empregadas. pecificamente para empregadas, durante
Alguns dos temas trabalhados são: “Vieses três meses, mulheres líderes da empresa
Inconscientes” e “Vencendo a síndrome da têm a oportunidade de receber mentoria
impostora”. Outras oportunidades que a mi- de profissionais renomados de mercado
neradora disponibiliza abordam questões que atuam nas mais diversas áreas e seg-
como “O papel dos homens pela equidade mentos, a fim de trocarem experiências e
de gênero” e “Antimachismo - identificando compartilharem novas formas de pensar e
e combatendo o machismo”, fundamentais atuar. A iniciativa visa o empoderamento
para disseminar a cultura do respeito. das empregadas e o desenvolvimento de
A empresa também atua no combate ao suas carreiras.
assédio sexual por meio de conscientização
e gestão de consequências. O Treinamento Gerdau: compromisso com a diversidade
Reagir, obrigatório para empregados e dis- A evolução dos indicadores dentro do
ponível também para toda a sociedade no contexto diversidade e inclusão é muito
site da empresa, orienta sobre o que fazer boa na Gerdau: em cargos de liderança, as
ao ser vítima ou presenciar uma situação mulheres ocupam atualmente 27,6% - eram
de assédio sexual, destacando o papel dos 17% em 2019 e existe uma meta atrelada a
aliados no combate a este crime. remuneração variável das principais lide-
Em sua segunda edição o Programa de ranças da empresa, de elevar este número
Aceleração de Carreira para Mulheres Ne- para 30% em 2025; em relação a mulheres
gras, visa potencializar o desenvolvimento na operação, o crescimento foi consisten-
profissional de mulheres negras da socie- te: de 2,3% em 2019 para 9,7% em 2023;
dade, dando suporte para que se destaquem e quanto a pessoas negras na liderança, a
no mercado de trabalho. O programa, de- companhia passou de 16,5% em 2019 para
senvolvido em parceria com consultores 27,9% em 2023.
especialistas na pauta racial, é online, com Para promover a equidade de gênero e
aulas ao vivo, gratuito e tem duração de inclusão dentro da empresa, a Gerdau tor-
cinco meses, com uma média de três horas nou-se, em 2017, signatária da ONU Mu-
de dedicação semanal. lheres, a partir da assinatura dos Princípios
O desenvolvimento de carreira de seus de Empoderamento das Mulheres (WEPs
empregados também é outro objetivo da – Women Empowerment Principles), refor-
Vale. Além do programa Potencializando çando o seu compromisso de promoção da
Talentos, que tem o objetivo de aumentar igualdade entre homens e mulheres. Desde
a prontidão de empregados que demons- então, a empresa tem evoluído em seus es-
trem potencial de assumir posições mais forços internos em promover a equidade de
estratégicas dentro da organização, e que gênero e o empoderamento de mulheres.
teve turmas exclusivas para mulheres no O negócio mineração, dentro da Gerdau,
ano passado, a Vale também promove a foi o que começou a avançar de forma mais
ação Conversas Inspiradoras. Voltado es- específica na pauta de inclusão de mulheres

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 39


ESPECIAL MULHERES
para avançar dentro da pauta de diversida-
de. “A mudança é responsabilidade de todos
os colaboradores dentro da organização.
Trabalhamos com todos os colaboradores
para engajamento através de grupos de
afinidade e começam algumas ações afir-
mativas para avançar mais rapidamente.
Uma delas foi o programa destinado para
mulheres na operação – na época, menos de
2% de mulheres atuavam nesse setor, hoje
são quase 10%. Através desse programa,
chamado Pertencer, a Gerdau contratou
Carla Fabiana Daniel, líder Global de Diversidade e Inclusão na Gerdau mais de 2 mil mulheres para trabalharem
e onde os resultados começaram a aparecer em todas as suas localidades no Brasil. Após
mais rapidamente no Grupo como um todo. contratadas, a companhia inicia o desenvol-
Esse trabalho teve início no fim de 2017 e vimento de carreira dessas pessoas dentro
veio como um desdobramento de revisão da organização. Quando começamos a
e modernização da cultura da organização. buscar mulheres para trabalhar em nossas
“Quando pensamos em diversidade e inclu- oficinas, não encontrávamos pessoas que
são estamos falando de um tema que, em tivessem nem experiência e formação, pois
essência, é um tema de cultura dentro da or- os cursos técnicos para o perfil que busca-
ganização. De nada vai adiantar implemen- mos eram pouco procurados por mulheres”,
tar ações para a promoção da diversidade conta Carla.
se o ecossistema interno não der eco para Foi preciso então dar um passo atrás,
essas ações”, explica Carla Fabiana Daniel, para incentivar, capacitar e depois contra-
Líder Global de Diversidade e Inclusão. tar. Ter 10% de mulheres na operação é,
Na revisão de Resultados, Missão e Valo- segundo Carla, uma quebra de paradigma
res nasceram 10 princípios que trazem um e a Gerdau conseguiu vencer essa barreira.
ambiente diverso inclusivo. Ele deixa de ser Outro programa da companhia teve como
visto como um projeto ou uma iniciativa foco mulheres em posição média de lide-
que vai ter começo, meio e fim para algo rança para prepará-las para funções geren-
conectado com a essência do negócio da or- ciais. Esse nível dentro da hierarquia foi es-
ganização, com visão de perenidade – “algo colhido pela percepção de que havia maior
que pode até parecer pequeno e simples, dificuldade de ascensão. Esse programa
mas que traz uma mensagem poderosa para para mulheres que ocupam o primeiro nível
as pessoas”, prossegue Carla. de liderança visando sua preparação para
A partir de 2018 começaram os trabalhos níveis gerenciais começou no Brasil e hoje
de desenvolvimento da liderança para a é global dentro da Gerdau. Ele foi imple-
mudança de cultura e ações direcionadas mentado há três anos e 75% das mulheres

40 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


que passaram por ele já ocupam posições Outro compromisso público da Gerdau
gerenciais hoje. Além da capacitação, todas é em relação a pessoas negras – até 2025 o
as participantes do programa têm a mento- compromisso é ter 30% de mulheres e 30%
ria de uma profissional da Gerdau que tem de pessoas negras dentro da organização.
mais experiência na posição executiva, que Da mesma forma que houve uma série de
faz o compartilhamento de práticas. iniciativas para aumentar a participação
Em 2019, a Gerdau dedicou um grande de mulheres e o desenvolvimento de car-
esforço para disseminar e consolidar, em reira, iniciativas similares também existem
todos os níveis da companhia, o propósito para garantir a participação de pessoas
da empresa – empoderar pessoas que cons- negras em programas de Trainee, estágio e
troem o futuro. Desse modo, foi possível aprendizagem. Existe ainda um programa
avançar numa profunda transformação específico voltado ao desenvolvimento de
cultural que tornou a companhia mais ágil, carreira de pessoas negras, onde são ofe-
transparente, diversa e inclusiva, dentro recidas capacitações para coordenadores
de três objetivos: criar um ambiente livre especialistas se tornarem líderes.
de discriminação e assédio; proporcionar Carla considera que para expandir na
equidade de carreira e desenvolvimento pauta da diversidade, as empresas do setor
para as mulheres; e ampliar a participação precisam de fato colocar o tema diversi-
de mulheres em posições de lideranças e dade como algo relevante para o negócio,
nas áreas operacionais do negócio. identificar qual a contribuição que a di-
Seguindo nessa trajetória, de 2020 para versidade traz para o negócio de maneira
2021 a Gerdau firmou um compromisso pú- muito concreta. Não é possível mensurar o
blico em relação à participação de mulheres quanto investir em diversidade traz retor-
em posição de liderança. A meta é atingir no., mas é possível o quanto não investir
globalmente 30% até 2025. No Brasil já são em diversidade pode trazer de prejuízo
27,6%. Desde que foi iniciado o trabalho para as empresas. O risco de reputação é
de diversidade, baseado em cinco pilares, enorme para quem não faz uma boa gestão
os indicadores da Gerdau são crescentes. do tema. “Na pesquisa de clima da Gerdau,
Ainda assim, existe a dificuldade de dar um diversidade é hoje o segundo item mais
grande salto – “no nosso negócio não há um valorizado pelo nosso colaborador”, diz
turnover muito alto, se comparado a em- ela, acrescentando que o tema colabora de
presas de varejo ou de serviços. Com isso, o forma estratégica para a sustentabilidade da
tempo para mudança da população é lento, organização. Sem dúvida esses programas
segue um ciclo natural”, explica Carla. Por têm um custo, mas a empresa entende que
esta razão o trabalho da diversidade é mais este é um investimento relevante para o
direcionado à “entrada”, nos programas de resultado do negócio.
aprendizagem, estágio e de Trainee, com O eco de todas essas iniciativas envolve as
metas mínimas de contratação de mulheres famílias dos colaboradores, além de várias
dentro desses grupos. ações na comunidade. Um bom exemplo

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 41


ESPECIAL MULHERES
é o Projeto Lapidar, direcionado para a
mineração, que busca alavancar a carreira
de formados na área de direito, que sejam
pessoas negras. A Gerdau fez uma parceria
com o Instituto Brasileiro de Direito Mi-
nerário, que ofereceu uma especialização
gratuita para essas pessoas. Era preciso
estar dentro do perfil de pessoas negras, já
formadas, mas que não estivessem atuando
como advogados. Essa formação foi feita
no primeiro e no segundo ano da parceria,
mas a Gerdau entendeu que era preciso
ainda ajudá-los a entrarem no mercado e
convidou todos os escritórios parceiros e
de outras empresas, para que os advogados
atuantes no direito minerário pudessem ser Angela Vasconcelos, vice-presidente de Administração e Finanças da Equinox Gold
mentores e mentoras desses profissionais. vimento importante sobre essa temática,
Foram seis encontros para inserir essas principalmente sob o viés de equidade
pessoas no mercado de trabalho. “Foi uma de gênero, para reforçar a importância
iniciativa com baixo investimento da Ger- da representatividade feminina dentro da
dau, mas que envolveu mais a sua rede de empresa e começar a desconstruir barreiras
influência”, afirma Carla. Ao longo de dois internas, muitas delas vindas de um históri-
anos de projeto, muitos deles foram contra- co-cultural enraizado”, complementa a vice-
tados ou em mineradoras ou em escritórios -presidente de Administração e Finanças da
que prestam serviço de direito minerário. Equinox Gold, Angela Vasconcelos.
Atualmente, a companhia conta com
Equinox Gold: estratégia global
210 mulheres, o que representa 13% do
O tema de Diversidade e Inclusão faz quadro de funcionários próprios. Desse
parte da estratégia global da Equinox Gold total, 22 estão em cargos de liderança, nú-
e está fortemente presente nas suas práticas mero equivalente a pouco mais de 10% do
de ESG. Nos últimos anos, o foco principal nível de gestão. A empresa trabalha com
tem sido a equidade de gênero, com meta a diretriz de aumentar esse percentual de
de aumento da participação feminina em mulheres – total e cargos de liderança – para
todas as áreas da empresa, do operacional 25% até 2027.
aos cargos de liderança. Uma das estratégias para conquistar esse
Batizado de SOU EQX, o Programa de objetivo é buscar a diversidade desde os
Diversidade & Inclusão foi implementado chamados programas de “porta de entra-
oficialmente no Brasil em novembro de da”, como o Programa Jovem Aprendiz e
2022. “Por meio dele, é realizado um mo- o Programa de Estágio.

42 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


Atualmente, a companhia oferece opor- de Recursos Humanos, Juliana Andrade.
tunidades afirmativas ou preferenciais para Uma das jovens que iniciou sua jornada
mulheres em suas quatro unidades no Brasil, na Equinox Gold foi Sanny Vitória Nunes
nos estados de Minas Gerais, Maranhão e Silva Mineiro, de 20 anos. Em abril do ano
Bahia e nos processos seletivos recentes, a passado ela começou seu período de expe-
empresa já obteve resultados práticos deste riência (que vai até julho deste ano) na área
novo olhar para a diversidade. Das 124 pes- de Recursos Humanos da Unidade Riachos
soas que entraram para a empresa desde o dos Machados, no Norte de Minas. Estu-
ano passado por meio dos dois programas, dante do 5º período do curso de Psicologia
67 foram mulheres, o que significa 54% de da Favenorte, de Porteirinha, Sanny atua
contratações femininas, número significativo como auxiliar administrativo. “Tem sido
considerando que a atividade minerária tem uma experiência muito marcante, pois logo
uma histórica predominância masculina. que entramos percebemos que a empresa
No momento, a Equinox Gold busca possui uma política muito bem definida
priorizar o público feminino para promover com relação à valorização e à motivação da
um equilíbrio entre os gêneros na empresa mulher no ambiente de trabalho”, afirma
– “dessa forma, conseguimos agir na base, Sanny, que entrou na empresa junto com
incentivando jovens mulheres na entrada do outras 12 colegas pelo programa Jovem
mercado de trabalho e, especificamente, no Aprendiz.
setor da mineração” , afirma a coordenadora ArcelorMittal: criando condições
A ArcelorMittal tem avançado na meta
de ampliar a representatividade feminina
em seu quadro de empregados. A empresa
revela que atingiu 21% de representação
feminina na liderança no Brasil no ano
passado, dentro de uma meta global que
foi estabelecida de ter ao menos 25% de
mulheres nestas posições até 2030.
A meta foi um marco na história da em-
presa e, para a diretora de Pessoas, Saúde e
Bem-Estar da ArcelorMittal Aços Longos
LATAM e sponsor global do Conselho do
Programa de Diversidade & Inclusão, Sofia
Trombetta, antes de estabelecê-la, a produ-
tora de aço procurou se preparar para am-
pliar a representatividade feminina e criar
condições para que o mercado oferecesse
Sanny Vitória Nunes Silva Mineiro, da MRDM - Equinox mão de obra qualificada.

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 43


ESPECIAL MULHERES
“Os nossos esforços para atingir essa de acelerar a carreira, que começou em
meta envolvem desde a formação de base 2022 e já contou com mais de 100 mulheres
com o projeto voltado para meninas nas mentoradas.
áreas da ciência, tecnologia, engenharia, ar-
tes e matemática, o chamado STEAM Girls, NEXA: bons indicadores
realizado pela Fundação ArcelorMittal, A Nexa, uma das maiores mineradoras
passando pela capacitação profissional em de zinco do mundo, vem adotando uma
comunidades onde atuamos, em parceria política de atração de mulheres, que já com-
com o SENAI, e a sensibilização dentro põem hoje 30% da mão de obra da empresa.
da própria empresa”, afirma Sofia. Desde Para celebrar o Dia das Mulheres, a Nexa
a primeira turma, em 2019, foram mais de destaca a história de três colaboradoras.
18 mil meninas impactadas pelo projeto. Drielle Diane é coordenadora de Pla-
De acordo com a diretora, os reflexos po- nejamento de Mina da Nexa desde 2018.
sitivos desta jornada para ampliar a repre- Começou como Engenheira Júnior, foi
sentatividade das mulheres nos quadros da promovida para Engenheira Pleno e pos-
empresa já estão sendo observados – “tem teriormente à Engenheira Sênior, antes
sido uma jornada desafiadora, pois somos de conquistar o cargo de coordenadora. Ela
uma empresa de um setor tradicional e reforça que a maior presença de mulheres
majoritariamente masculino, mas estamos na força de trabalho enriquece o mercado
comprometidos em ampliar a representa-
tividade das mulheres na empresa. Hoje,
os nossos programas de porta de entrada,
como os estágios, já reúnem mais mulheres
do que homens”.
Na capacitação profissional, a produ-
tora de aço desenvolveu um programa
direcionado para pessoas das comunidades
onde atua. Até o momento, já foram capa-
citadas mais de 300 pessoas em diferentes
formações como Manutenção Mecânica,
Operação de Empilhadeira, entre outros.
Na unidade de Sabará (MG), foi aberta
uma turma para o curso de qualificação
em operação de empilhadeira e do total
de mulheres treinadas nesta turma, 47% já
foram admitidas na unidade.
Na mentoria, foi criado uma iniciativa
que foca no desenvolvimento e preparação
de mulheres para liderança com o objetivo Drielle Diane, coordenadora de Planejamento de Mina da Nexa

44 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


muita força e determinação, demonstrando
principalmente liderança. A pessoa mais
qualificada para liderar não é a pessoa mais
forte fisicamente. É a mais culta, a mais
criativa, a mais inovadora. E não existem
hormônios para esses atributos. Sendo as-
sim, o que você decidir ser, seja de forma
plena”, afirma Luana.
Nayara Oliveira de Abreu, gerente de De-
senvolvimento Humano e Organizacional
da Nexa, diz que a pluralidade é um dos pi-
lares da companhia. “Buscamos a diversi-
dade e a inclusão a partir do acolhimento,
valorização e incentivo à participação e
contratação de grupos diversos, gerando
um ambiente com pluralidade. O cenário
precisa avançar e acredito que estamos
no caminho. A Nexa tem o compromisso
Luana Moraes, Médica do Trabalho Nexa com a mineração que muda com o mun-
– “somos fortes e desempenhamos nossas do e as mulheres estão conquistando cada
funções com segurança, cumprimos pra- vez mais seus espaços com determinação
zos, realizamos um trabalho de excelência e competência. Essas características inde-
e interdisciplinaridade. Além disso, sempre pendem de gênero, credo e etnia”, afirma a
busquei enxergar e entender a cadeia glo- gestora.
bal de processos e como isso afeta o meu
AngloGold Ashanti: vagas afirmativas
trabalho e vice-versa. Entender o porquê
de cada demanda é fundamental para cons- A produtora de ouro AngloGold Ashanti
truir o processo com qualidade”, destaca a está atenta ao movimento de diversidade
coordenadora. e inclusão (D&I) e tem a meta de 25%
Luana Garcia de Moraes tem 25 anos de representatividade feminina até 2025.
e é médica do Trabalho da Nexa. Foi na Para isso implementou diversas iniciativas
mineradora que a profissional teve a pri- nesse sentido: abriu vagas afirmativas es-
meira oportunidade de emprego sólido pecíficas para mulheres; mantém cursos
e com plano de carreira após a formação de qualificação profissional para o público
acadêmica. “Acredito fielmente que, apesar feminino nas cidades onde opera; conta
do predomínio do público masculino na com ambiente seguro e protegido para as
mineração ou em grande parte dos cargos mulheres (dos pontos de vista físico e psico-
do mercado mundial, nós mulheres con- lógico), e ainda quebrou paradigmas dentre
quistamos diariamente nosso espaço, com os cargos da alta liderança, contratando a

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 45


ESPECIAL MULHERES
nica Industrial e Auxiliar de Geologia, em
Nova Lima, Caeté e Crixás (GO), onde a
empresa mantém operações. O Programa
Alma, de formação de lideranças femini-
nas, conta com ações específicas voltadas
para o desenvolvimento dessas profissio-
nais, como alavanca para a promoção de
ambientes mais seguros psicologicamente
para promover a diversidade.
Na parte de infraestrutura, a AngloGold
possui banheiros femininos em todas as
Dayse Guelman, CFO da AngloGold Ashanti unidades e em boas localizações não só
na superfície, mas também no subsolo das
executiva Dayse Guelman para o cargo de
minas; adequou o uniforme para calça e
CFO, à frente de finanças e suprimentos.
blusa, no lugar do até então usado maca-
Dayse é formada em Economia e Comér-
cio Exterior, com pós-graduação em Finan- cão; possui salas de amamentação/coleta de
ças na Fundação Getúlio Vargas; pós em leite materno em todas as suas operações e
Negócios na Fundação Dom Cabral e, em está em processo de instalação de uma sala
Gestão no MIT (Massachusetts Institute of de coleta de leite materno no subsolo da
Technology), nos Estados Unidos. Recém- Mina Cuiabá, em Sabará. Conta também
-chegada à AngloGold Ashanti, a executiva com canais interno de acolhimento de
tem mais de 30 anos na mineração, onde demandas, e de denúncias, para qualquer
enfrentou, com alta qualificação técnica e possível relato de assédio ou discriminação.
autoconfiança, os desafios de diversidade Hydro Alunorte: projeto itinerante
que são realidade no setor.
No Programa Mulheres de Ouro, de va- Em Barcarena, no Pará, um projeto
gas afirmativas, a mineradora fortalece as itinerante vem dando oportunidades a vá-
ações de equidade de gênero, com espaço rias mulheres para ingressar no mercado de
para quaisquer raças. No lançamento do trabalho e alcançar a autonomia financeira,
programa, 22 mulheres foram contratadas com a realização de cursos em Labtruck. É
para o cargo de operadora de caminhão na o projeto “Mulheres do Nosso Bairro”, co-
Mina Cuiabá em Sabará/Caeté. Já com o ordenado pelo Fundo de Sustentabilidade
Programa de Qualificação Profissional Lo- Hydro (FSH) com o apoio da Plataforma
cal (PRO), o objetivo é fortalecer a econo- Parceiros pela Amazônia (PPA), Agência
mia e valorizar a mão de obra feminina nos dos Estados Unidos para o Desenvolvimen-
municípios onde a empresa atua. Mais de 90 to Internacional (USAID) e Aliança Biover-
mulheres já foram capacitadas em cursos de sity & CIAT, com execução da Talento RH.
Elétrica Automotiva, Mecânica Industrial, Desde março do último ano, mais de
Eletricista Industrial, Manutenção Mecâ- 150 mulheres já se formaram pelo projeto

46 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


“FOI UMA MUDANÇA ESPETACULAR
NA MINHA VIDA E DA MINHA FAMÍLIA.
O CURSO DE ORATÓRIA ME AJUDOU A
VENCER A TIMIDEZ E A ME EXPRESSAR
MELHOR, ME AJUDANDO A CONSEGUIR
O EMPREGO QUE ESTOU HOJE”
Claudine Menezes, aluna do projeto
Alunas do Projeto Itinerante da Hydro Alunorte

e já há previsão de nova turma, com início isso. A partir das conversas com diversos
em março de 2024. Para este ano, além grupos sociais, na IBS, o Fundo de Sustenta-
da turma prevista para a Vila do Conde, bilidade Hydro enxergou esta necessidade.
em Barcarena, o projeto também fechou A aceitação foi enorme e superou nossas
parceria com a Secretaria Municipal de expectativas. Tivemos grandes conquistas
Juventude, Esporte e Lazer de Barcarena, como contratações, aprimoramentos no
que cedeu o espaço da Quadra Poliesportiva local de trabalho, na vida acadêmica e no
Antônio Dias dos Anjos, para instalação núcleo familiar. Elas perceberam o quanto
do LabTruck, com aulas de informática a informação e o conhecimento são impor-
itinerantes. tantes em todos os aspectos da vida”, ressalta
“O Fundo de Sustentabilidade Hydro Daiane Costa, diretora do projeto.
teve essa sensibilidade em visualizar que o Participante do projeto, Mayara Barbosa
projeto seria importante para levar infor- entrou para o programa Jovem Talento da
mação e conhecimento a essas mulheres. A Hydro Alunorte. “O curso veio como uma
ação visa principalmente inserir essas mu- porta de entrada de um novo mundo para
lheres no contexto do empreendedorismo nós, mulheres com histórias de vida dife-
local, e ajudá-las a terem mais participação rentes, com um propósito de se desenvolver.
na geração de renda do núcleo familiar e a As habilidades que eu aprendi me ajudaram
se tornarem mulheres independentes, em- a conseguir uma colocação como jovem
poderadas e valorizadas”, destaca Milene aprendiz e a sonhar com um futuro cheio
Maués, gerente de parcerias do FSH. de conquistas”, conta a aluna.
A iniciativa tem permitido que as mulhe- Claudine Menezes, uma das alunas
res aproveitem todas as oportunidades do destaques da formação, também relata sua
mundo digital por meio do acesso à internet experiência: “foi uma mudança espetacular
e outras ferramentas, além das capacitações na minha vida e da minha família. O curso
com foco em inovação. “O projeto nasceu de oratória me ajudou a vencer a timidez
da observação de que a mulher precisa atuar e a me expressar melhor, me ajudando a
em diversas frentes e estar preparada para conseguir o emprego que estou hoje”. 

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 47


EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS

Com pontos de inspeção de fácil acesso e


ao nível do solo, é possível checar tranqui-
lamente todas as pressões hidráulicas do
equipamento, graças às tomadas de teste
agrupadas.
A geometria do braço da carregadeira
conta com barra em Z, proporcionando alta
força de desagregação e menores tempos
de carregamento. Além dessas vantagens,
possui baixa necessidade de manutenção,
isto é, foi projetada para a máxima dispo-
nibilidade mecânica.
Nova Pá-carregadeira da JCB
O modelo 455ZX vem equipado de
fábrica com o sistema de monitoramento
PÁ CARREGADEIRA
remoto Livelink, padrão de fábrica de 5
JCB LANÇA MODELO anos, e conta com garantia completa de 2
anos para todos os componentes. A tecno-
455ZX NO BRASIL logia de monitoramento remoto permite,
O portfólio de equipamentos da JCB no por exemplo, saber a quantidade de horas
Brasil acaba de ganhar o reforço de mais trabalhadas no dia, o consumo de combus-
um modelo: a pá-carregadeira 455ZX, com tível, emite alertas de manutenção prediti-
caçamba de 3.3 m³, desenvolvida espe- vo e alerta de georreferencia, entre outras
cialmente para atender aos segmentos de funcionalidades.
construção civil e de mineração. A novida- Ao apresentar a nova pá-carregadeira,
de apresenta articulação central reforçada, Adriano Merigli, CEO da JCB para a Amé-
com estrutura dupla superior e inferior. Seu rica Latina, reforçou que a inovação faz
motor oferece alta potência e alto torque em parte do DNA da empresa e que é a base
baixa rotação, além do sistema hidráulico para a evolução de todo o portfólio ofertado
sob demanda configurados para manter para o Brasil e para a América Latina – “o
curtos tempos de ciclo, enquanto propor- lançamento faz parte do plano de cresci-
ciona turnos de trabalho longos e eficientes. mento da empresa no Brasil”.
Com peso operacional de 18 toneladas Davi Lunardi, Diretor de Vendas e Ma-
e motor de 165kW (221hp), a 455ZX foi rketing da JCB América Latina, também
desenvolvida para mover grandes volumes destaca que “o desenvolvimento de novos
de material. Conta com eixos de patinagem produtos vai ao encontro do propósito
limitada (LSD) padrão exclusivo para o da JCB de ter um portfólio cada vez mais
porte, transmissão e sistema hidráulico robusto e completo, que agregue em pro-
funcionando em harmonia, buscando dutividade e eficiência”.
eficiência máxima em todas as operações. Fundada há 78 anos na Inglaterra, a JCB

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BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 49
EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS
é ainda hoje uma empresa familiar. São Para o modelo 455, a JCB considera dois
dela as patentes de invenção das retroesca- mercados-chave: construção e mineração,
vadeiras e dos manipuladores telescópicos por se tratar de uma máquina de maior por-
Loadall. No Brasil, a empresa chegou em te, com 18 toneladas de peso operacional.
2001. Em 2012 foi inaugurada a fábrica de Em volume, a novidade representa por volta
Sorocaba (SP), que atende toda a América de 10% das pás carregadeiras utilizadas na
Latina e comercializa restroescavadeiras, mineração, setor que demanda equipa-
miniretroescavadeiras, miniescavadeira mentos de maior robustez e performance.
elétrica, escavadeiras hidráulicas de esteira, O modelo é especialmente indicado para
pás-carregadeiras e manipuladores telescó- operação em portos de areia, polo gessei-
picos Loadall, além de rolos compactadores ro, pedreiras, mineração e construção e
e plataformas elevatórias elétricas. seu preço varia entre R$ 1 milhão e R$ 1,5
Nova no Brasil, a 455ZX não é exata- milhão.
mente uma novidade dentro do portfólio A 455ZX está na faixa de 18 toneladas
mundial da JCB. A máquina já vem sendo de peso operacional, caçamba padrão de
utilizada em regiões com temperatura ex- 3.3 m³, “é um equipamento voltado para
trema, altitudes elevadas e na movimenta- altas produções e grande produtividade,
ção de materiais altamente abrasivos, com além de facilidade de manutenção”, explica
excelente performance de resultados. Bruno Bortoloti, Gerente de Aplicação de
Produtos. O motor diesel de 6 cilindros é
Mercado fabricado pela JCB, com potência de 221 Hp
Foram comercializadas pouco mais de 30 e alto torque, inclusive em baixas rotações.
mil máquinas da linha amarela no Brasil em A transmissão e eixos são da ZF, o sistema
2023, sendo: 30% de escavadeiras, 29% de hidráulico é assinado pela Rexroth Bosch
retroescavadeiras e 25% de pás carregadei- Group e o comando hidráulico é Parker.
ras (por volta de 7 mil máquinas, das quais “Uma máquina com engenharia mecânica
400 da marca JCB). Considerando todos os robusta, mas ao mesmo tempo simples”,
seus modelos, a JCB produziu no total 5000 define ele.
máquinas no ano passado, sendo 3,5 mil O modelo 455 estará disponível em
vendidas internamente e 1,5 mil exportadas duas configurações: L3 + Dentes e L5 +
para a América Latina. Lâminas. Na primeira, a caçamba é confi-
O primeiro lote com 10 pás-carregadei- gurada com dentes e pneus L3, com maior
ras 455ZX foi importado da Índia. Havendo capacidade de tração e desagregação maior.
boa aceitação e procura tanto no Brasil, Em mineração, é indicada para reaterro de
quanto na América Latina, o equipamento áreas exploradas com material de decape e
poderá vir a ser produzido na fábrica de carregamento de material estéril agregado.
Sorocaba, conforme sinaliza Adriano, mas A segunda vem equipada com lâminas
sem determinar em qual horizonte com reversíveis e pneus L5, que apresentam
exatidão. maior resistência contra perfuração por

50 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


objetos pontiagudos ou perfurocortantes.
É indicada para extração de areia (carrega-
mento de areia em pátio e movimentação de
estéril) e extração de rocha com britagem
(carregamento de rocha britada de diversas
granulometrias em pátio e limpeza de frente
após fogo). Também pode ser empregada
na indústria de processamento de minérios.
Em ambas a capacidade da caçamba é de 3.3
m³. Entretanto, o equipamento permite o
uso de outros tipos de caçamba, desenvol-
vidas de forma customizada.

RAILROAD

SOLUÇÕES DE REVESTIMENTOS
CUSTOMIZADAS CONTRA DESGASTE
Há 37 anos, nascia no mercado a Rail-
road, hoje bastante conhecida por suas
soluções para revestimentos de proteção Chute funil invertido da RailRoad
contra o desgaste e recuperação de compo- estrangeiros, começou a contactar os fabri-
nentes industriais, com produtos voltados cantes dos EUA e da Alemanha para com-
para empresas e indústrias de mineração, prar as peças de maior demanda. Quando
Siderurgia, Cimento, Ferrovias e pedreiras. o processo de importação começou a se
O primeiro foco foi o setor de ferrovias, em tornar “mais simples”, o executivo passou
função da expertise do presidente Mauri- a visitar pessoalmente os fornecedores em
cio Monte, que na época trabalhava como busca de componentes que não estavam
vendedor e desenvolvedor de produtos – disponíveis no Brasil, abreviando assim
“todos os componentes do motor de uma um processo que levaria 18 meses para um
locomotiva eram importados dos EUA e da período de dois meses em média.
Europa e esse processo era muito trabalho- Cinco anos depois da fundação da Railro-
so e demorado. Era necessário fazer uma ad, o negócio de mineração entrou no portfó-
solicitação de importação, obter a LI -Li- lio da empresa. Era um mercado bastante pro-
cença de Importação. Etapas que levavam missor, conforme conta Mauricio: “visitando
às vezes mais de um ano e meio”. as plantas de grandes mineradoras de minério
Inquieto, ele percebeu a importância de de ferro, percebi que o desgaste das chapas de
ter à disposição dos clientes essas peças de chute de transferência era muito grande e que
reposição e, mesmo sem dominar idiomas a necessidade de troca era quinzenal”.

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 51


EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS
Na época Mauricio comercializava Fer- soluções com maior vida útil – “oferecer o
ramentas de Soca para máquinas Plasser & que os concorrentes vendem, porém, com
Theurer (Áustria), para compactar a brita muito maior performance e durabilida-
debaixo do dormente, fazendo o alinhamen- de”, reforça Mauricio. Em 2012 a empresa
to e nivelamento de ferrovias. Para garantir ganhou um grande contrato da Vale para
maior durabilidade, ele trouxe dos EUA uma fornecer chapas de desgaste para o projeto
ferramenta com tungstênio em parceria com S11D – ao todo foram 2 mil toneladas de
uma empresa americana. Foi quando ele teve placas Wear Plate revestidas com solda
a ideia de desenvolver com essa mesma em- (hardfacing) e outro contrato para forneci-
presa uma placa revestida com tungstênio.
mento de 1000 toneladas de placas AR500.
O primeiro conjunto de placas foi colocado
Na sequência foram adicionadas ao catá-
na Vale, no Porto de Vitória, onde a dura-
logo as cerâmicas de alta alumina, sempre
bilidade que antes era de 15 dias em média,
em função do desenvolvimento de projetos
passou de um ano com o novo produto.
Mesmo custando de cinco a seis vezes o valor e melhora na relação custo x benefício.
de uma placa comum, ainda assim o custo x
benefício era muito viável.
Como o tungstênio tinha custo elevado,
Mauricio partiu em busca de desenvolver
outro tipo de material de revestimento, que
também tivesse boa qualidade. Assim de-
senvolveu o uso com diversos projetos e pa-
tentes e registrou a marca Chocky Bar para
uso em grandes empresas de mineração
no Brasil e no mundo. Produzidos a partir
de uma liga especial de alta resistência ao
impacto ao desgaste por abrasão severa, o
produto tem dureza mínima de 700 HB.
As aplicações amplas e variadas, que vão
desde a proteção contra o desgaste em pás
de carregadeiras, escavadeiras, dragas, chu-
tes de transferência e hidroclassificadores
de minério, chapas do virador de vagões,
caçambas de retomadora de minério, gre-
lhas de britadores, peneiras de pelotização
e até trituradores de resíduos utilizados na
indústria de reciclagem.
A cada visita que fazia aos clientes, o ob-
jetivo era identificar as dificuldades e criar Mauricio Monte, CEO da RailRoad

52 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


Em 2013, na Exposibram, apresentou em desenvolvimento, todos com sucesso”,
o Chute Funil Invertido. Este novo desen- finaliza o executivo.
volvimento foi feito em função do extremo
desgaste e baixa produtividade do chute na
ABB
britagem da Vale em Carajás. A vida e de-
sempenho deste projeto saiu de 30/45 dias APORTE EM STARTUP QUE BUSCA
do projeto original, para mais de um ano sem
necessidade de paradas para manutenção. REDUZIR EMISSÕES DO CIMENTO
Foi sucesso absoluto, "o que considero como A empresa de automação ABB realizou
um dos melhores projetos que desenvolvi aporte de capital na startup sueca Salt X,
para mineração, o que proporcionou mi- que pesquisa uma forma de substituir gás
lhares de reais de economia e maior produ- natural por energia renovável na calcinação
tividade para a mineradora", diz Maurício. de cimento e cal viva para reduzir emissões
Em 2017 a RailRoad, através de seu do processo. A injeção de capital faz da ABB
fundador Maurício Campelo do Monte, re- acionista minoritária da Salt X e a coloca em
cebeu da UFMG (Universidade Federal de posição de colher dividendos da inovação
Minas Gerais) o prêmio de melhor empresa quando disponível à indústria cimenteira,
de material de desgaste do Brasil. que busca, como outros setores de difícil
descarbonização, reduzir emissões.
Planos de expansão A Salt X já pesquisa com o apoio da em-
presa desde 2022 uma tecnologia de plasma
Os desenvolvimentos de novos produtos
elétrico de origem renovável que possibilite
não param. No momento, a RailRoad está
a substituição do gás natural como fonte de
aumentando a linha de produção de placas
geração de calor para processos de calcina-
de desgaste na fábrica em Minas Gerais. A
ção a temperaturas acima de 900 graus Cel-
matéria-prima continua sendo importada:
sius. A tecnologia, portanto, pode oferecer
cerâmica, Chocky Bar, Tungstênio, Placas
à indústria cimenteira a possibilidade de
Wear Plate, Placas AR 500, mas a customi-
eliminar ao menos as emissões geradas pela
zação das ideias é feita localmente. “Nosso
desafio é sempre melhorar a vida útil dos
materiais que entregamos”, garante Maurício,
que continua planejando novos horizontes,
com a perspectiva de expandir os negócios
internacionalmente. Atualmente a empresa
já tem escritórios no Canadá e EUA.
“Nunca deixamos de lado o segmento
de mineração e a criação de novos proje-
tos, onde fizemos toda a nossa história e
possuímos muitas patentes, cerca de 25. Os
projetos e os novos produtos continuam ABB pesquisa energias renováveis com a Salt-X

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 53


EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS
queima de combustível fóssil na calcinação divulgados e também não há previsão para
do clínquer do cimento e, desta forma, a disponibilização da calcinação a arco-
diminuir de forma expressiva a pegada de -elétrico em escala comercial.
carbono do material, cuja cadeia produtiva
gera até 7% das emissões totais do planeta. VEÍCULOS PESADOS
A ABB contribuirá com expertise em
automação, sistemas elétricos e de controle XCMG BRASIL LANÇA TRÊS
para sistema de calcinação em desenvolvi-
mento pela Salt X, criando uma proposta
NOVIDADES NO MERCADO
de valor atrativa à indústria cimenteira. A XCMG Brasil lançou no mercado
Ainda sem poder dispensar a queima de gás brasileiro três novos produtos para os seg-
natural na calcinação do clínquer, essencial mentos de mineração e construção pesada:
ao cimento, o setor procura maneiras de os caminhões XDR100, o Diesel Elétrico
incluir materiais alternativos, como geopo- XDE130 e a nova escavadeira XE1350. “Os
límeros, para reduzir a pegada de carbono equipamentos irão preencher uma lacuna
do material. A indústria tem recorrido a de mercado de grande porte do setor de
aditivos químicos para viabilizar, já no elo mineração”, anuncia Daniel Sasaki, gerente
da produção de concreto, a usinagem de comercial de mineração da multinacional
argamassas construtivas funcionais com chinesa. O executivo comenta que os novos
cimento de menor conteúdo de clínquer e produtos foram projetados para aplicações
até rejeitos da indústria siderúrgica. pesadas e têm o DNA da XCMG de qualida-
Ao encabeçar a pesquisa de uma tecno- de, confiabilidade e o melhor TCO (Custo
logia de calcinação a arco de eletricidade, a Total de Propriedade) do mercado. Sendo
ABB prevê contar um dia com uma solução assim, os caminhões XDR100, o Diesel Elé-
efetiva para reduzir emissões em gran- trico XDE130 e a nova escavadeira XE1350
des cimenteiras, no processo em que elas suprem as necessidades de mercado até
então não atendidas. “São máquinas robus-
ocorrem em maior proporção. “Na ABB,
atuamos no coração da descarbonização da
indústria de cimento e outros segmentos,
enquanto oferecemos soluções inovadoras
aos nossos clientes”, disse Michael Marti,
gerente global de Growth Industries, da
ABB. O executivo se refere às tecnologias
de automação aplicadas à produção de
cimento já comercializadas pela empresa,
capazes, por exemplo, de automatizar de-
cisões, processos, padronizar a produção
e até economizar energia. Os valores da
transação entre ABB e Salt X não foram Caminhão XDR100 da XCMG

54 BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024


tas, com alta qualidade de construção e um
powertrain muito confiável. Aliado a tudo
isso, apresentam alta produtividade, baixo
consumo de combustível e de manutenção".
Uma equipe especializada no segmento fará
a venda dos novos equipamentos direta-
mente da fábrica. Desta forma, os clientes
terão todo o suporte, desde o dimensiona-
mento da frota, TCO e acessórios, além das
soluções de financiamento customizadas
pelo XCMG BANK. Carregadeira elétrica em operação na AngloGold Ashanti
O caminhão XDR100 tem capacidade de
91 toneladas e peso total carregado de 158 (MG). Comparado com o modelo con-
toneladas, com capacidade cúbica de 42m3 vencional, o equipamento elétrico é zero
a 60 m3. Já o caminhão Diesel Elétrico carbono, funciona a baterias e conta com
XDE130 tem capacidade de 120 toneladas sistemas com baixas emissões de calor e
e peso total carregado de 205 toneladas, ruídos. A carregadeira elétrica tem ainda
com as caçambas de capacidade cúbica de aumento potencial de 8% em sua capaci-
60m3 a 73 m3. dade de carregamento, em razão do ganho
Por último, a Escavadeira XE1350 per- em velocidade e deslocamento gerado pelo
tence à classe de 121 toneladas, para tra- torque instantâneo. O veículo que iniciará
balhos pesados, com o motor Cummins a operação na mina subterrânea Cuiabá é
QSK23 de 567 kW e a bomba Kawasaki. o primeiro 100% elétrico a trabalhar nesse
“A XCMG Brasil entende que para ser ambiente, com profundidade de mais de
protagonista no segmento da mineração, 1.600 metros. “Este é mais um importante
deve lançar produtos que vão ao encontro passo na estratégia de descarbonização da
das necessidades dos clientes, além de um AngloGold Ashanti com foco nos pilares
eficiente pós-vendas, diretamente da fá- de sustentabilidade e inovação. Já temos
brica", complementa Amanda Machado, implementados na mina Cuiabá o sistema
diretora de Novos Negócios e Mineração. autônomo de carregamento (tele-remote) e
o sistema de monitoramento de pessoas no
subsolo (people tracking), além da perfura-
ANGLOGOLD ASHANTI
ção autônoma. Agora, estamos adquirindo
CARREGADEIRA 100% ELÉTRICA a primeira máquina 100% elétrica para sub-
solo”, comenta Luís Otávio de Lima, diretor
ESTREIA NA MINA CUIABÁ das Operações Cuiabá.
A AngloGold Ashanti iniciou, em março, A AngloGold Ahanti visa zerar as emis-
a operação da carregadeira 100% elétrica sões de gases de efeito estufa até 2050 e, para
na mina Cuiabá, no município de Sabará isto, em 2022, já conseguiu reduzir em 33%

BRASIL MINERAL - Nº 437 - MARÇO DE 2024 55


EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS
a emissão de dióxido de carbono (CO₂), A carregadeira contribui também para
na comparação com o ano anterior. Para uma redução de aproximadamente 9.120
chegar a este cenário, a mineradora de ouro litros de óleo diesel/mês, o que correspon-
manteve 100% do consumo de energia elé- de a uma queda de 500 kg de emissões de
trica proveniente de fonte renovável certifi- CO2 durante um turno de 6 horas e de
cada, sem emissões de carbono associadas. 285 toneladas ao longo de um ano. O valor
Outros projetos de eletrificação da frota deste investimento inicial é de aproxima-
estão em andamento para o alcance das damente R$ 11 milhões, para um período
novas metas. “A implantação de um equipa- de 18 meses de locação, e de mais R$ 2,7
mento como este proporciona ganhos que milhões em infraestrutura. Posteriormente,
vão além dos operacionais. Os benefícios a AngloGold Ashanti pretende eletrificar a
ambientais e em segurança reafirmam o frota de carregadeiras da empresa e levar
compromisso da AngloGold Ashanti em a tecnologia para caminhões que trans-
promover uma mineração cada vez mais portam minérios. Veículos leves e frota
sustentável”, comenta Othon de Villefort de apoio também podem estar no escopo,
Maia, vice-presidente de Sustentabilidade futuramente. O planejamento da empresa
e Assuntos Corporativos da AngloGold é substituir mais duas carregadeiras a die-
Ashanti. sel por equipamentos elétricos até 2025 e
A carregadeira 100% elétrica que irá concluir o processo com toda a frota deste
operar na mina Cuiabá é uma Epiroc Sco- tipo de veículo, nas Operações Cuiabá, até
optram ST14, com tecnologia que oferece o final de 2027. “Este avanço tecnológico na
um funcionamento mais silencioso e efi- mineração subterrânea demonstra um
ciente, sem a emissão de gases. “Isso não comprometimento notável com a inovação,
só melhora a segurança e a produtividade, a sustentabilidade e a eficiência, alinhando-
mas também reduz significativamente os -se com as tendências globais de redução de
custos operacionais. Ela é movida a bate- impactos ambientais e promoção de práti-
rias de íon-lítio que podem ser trocadas no cas de mineração responsáveis”, completa
próprio local para uma operação contínua Gustavo Rezende, gerente de Desenvolvi-
pelo tempo que for necessário”, explica mento de Negócios da Epiroc.
André Balhestero, gerente Nacional de A AngloGold Ashanti já implemen-
Vendas da Epiroc. Todos os componentes tou outras soluções inovadoras em parceria
sujeitos a manutenção, tais como filtros e com a mesma empresa, como o sistema
blocos de válvulas e pontos de lubrificação Mobilaris Situational Awareness (people
diários são de fácil acesso, o que permite tracking), para monitoramento em tempo
intervalos mais longos entre manutenções. real das equipes e equipamentos atuando no
A redução da quantidade de partes móveis subsolo; e o sistema de operação tele remota
em relação a um motor a diesel também que permite operar máquinas da superfície
contribui para um menor custo total de trazendo um ambiente mais seguro e con-
manutenção. fortável para os operadores.

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autônomos na região já estão operando.
Isso significa a conclusão da primeira etapa
deste grande projeto, que pode se estender
para outros locais, levando o benefício do
que está sendo conduzido aqui hoje”, disse
Abraham Chahuán, diretor de Ativos de
Cobre da Glencore na América do Sul.
Para Masayuki Moriyama, presidente
global da Divisão de Negócios de Minera-
ção da Komatsu, a parceria coma Glencore é
Caminhão autônomo da Komatsu inestimável, para o desenvolvimento da im-
plantação bem-sucedida do AHS na mina
CAMINHÕES AUTÔNOMOS de cobre Lomas Bayas. “O FrontRunner está
trazendo operações de minas mais seguras,
KOMATSU ATINGE A MARCA DE 700 confiáveis e consistentes, ao mesmo tempo
VEÍCULOS EM PROJETO CHILENO em que reduz os custos operacionais e au-
menta a produção”, disse.
A Komatsu global alcançou a marca de A Komatsu está empenhada em aju-
700 caminhões autônomos em operação em dar os clientes a atingir os seus objetivos,
todo o mundo com o sistema FrontRun- como melhora na segurança e redução de
ner, dos quais cem deles são do modelo emissões de gases com efeito de estufa, por
980E-AT, um dos maiores equipamentos meio da utilização da tecnologia AHS. Este
basculantes de ultraclasse do mundo, ca- compromisso está refletido no plano de
paz de transportar 400 toneladas. O 700º gestão de médio prazo da Komatsu, tendo
caminhão AHS (Autonomous Haulage o valor Dantotsu – palavra japonesa que re-
System, em Português Sistema Autônomo presenta os conceitos de único e inigualável
de Transporte) foi implantado na mina de – para o crescimento sustentável, ou seja,
cobre Lomas Bayas da Glencore, no Chi- a criação de valor para o cliente que gera
le, que introduziu o Komatsu AHS pela um ciclo positivo de melhoria nos lucros
primeira vez em novembro de 2023. Esta e nas resoluções ESG. Os equipamentos
é uma conquista significativa para a Ko- automatizados e operados remotamente
matsu, que iniciou o teste AHS em 2005 aumentam a segurança das operações e
e implementou o primeiro equipamento protegem as pessoas, além de oferecer be-
comercial do mundo em janeiro de 2008. nefícios ambientais notáveis. Destaca-se
Desde então, a empresa já implantou seus também o aumento de aproximadamente
caminhões autônomos em 23 minas, em 40% na vida útil dos pneus e uma dimi-
cinco países, transportando mais de sete nuição de até 13% em manutenções gerais,
bilhões e meio de toneladas métricas de resultando em menos resíduos quando
materiais. “Nossos primeiros caminhões comparado às operações convencionais.

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EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS
Como resultado, as operações autônomas
VEÍCULOS ELÉTRICOS
e teleoperadas contribuem para a diminui-
ção da emissão de gases nocivos ao meio
ARCELORMITTAL TESTA
ambiente.. "Observamos que a automação
impacta positivamente em todas as fases CAMINHÃO PARA TRANSPORTAR
do processo produtivo. Por exemplo, os BOBINAS NO SUL
custos com carregamento e transporte A ArcelorMittal foi a primeira empresa a
de materiais caem até 15% em relação às testar um caminhão 100% elétrico no trans-
operações que utilizam máquinas tripu- porte de bobinas em rotas de curta e média
ladas. Em condições de baixa visibilidade, distância. O teste, realizado pela unidade
como chuva ou neblina, comuns na região Vega da ArcelorMittal, em São Francisco do
Norte do País, os caminhões autônomos Sul (SC), percorreu um trajeto de 488 km,
conseguem operar com segurança, o que com trechos de serra e foi dividido em três
também favorece a produtividade", analisa rotas de entrega: duas em Santa Catarina,
Ricardo Alexandre Vieira dos Santos, vice- para Araquari (Sampaio Distribuidora)
-presidente da Divisão de Equipamentos de e São Bento do Sul (Tuper) e uma para o
Mineração da Komatsu. O uso eficiente dos Paraná, em Araucária, na ArcelorMittal
equipamentos gerenciados pelo Sistema Gonvarri. Com a utilização do caminhão
Autônomo Komatsu com a capacitação de elétrico, a empresa evitou a emissão de 1,5
pessoas gera um desempenho mais estável tonelada de CO2.
dos caminhões, com maior eficiência ope- O teste foi viabilizado com o apoio do
racional e traz ganhos do ponto de vista Programa Logística Verde Brasil (PLVB),
técnico, de segurança e sustentabilidade, do Instituto Brasileiro de Transporte Sus-
como, por exemplo, a redução do consumo tentável (IBTS). Em 2023, a ArcelorMittal
de combustível. Isso leva a uma emissão foi a primeira produtora de aço a se tornar
menor de CO2 (para cada litro de diesel membro do PLVB, e recebeu o certificado
economizado aproximadamente 2,6 kg de como empresa que possui a sustentabilida-
CO2 deixam de ser emitidos) e também de como valor em suas operações. O pro-
diminui a liberação de partículas poluen-
tes na atmosfera. A Komatsu realizou o
primeiro teste de caminhão autônomo no
Japão em 1990. Implementou a tecnologia
no Chile (2005), Austrália (2008), Canadá
(2013) e Brasil (2019). A Vale foi a primeira
parceria no Brasil a implantar caminhões
autônomos na mina de Carajás (PA). Pri-
meiro caminhão autônomo entrou em
operação no País em setembro de 2021.
Hoje são 14 em operação. ArcelorMittal testa caminhão 100% elétrico

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grama integra empresas transportadoras, nhão a diesel convertido para elétrico, com
embarcadores e provedores de soluções autonomia adaptada para as necessidades
juntamente com instituições de apoio para da operação. A opção foi escolhida porque
tornar a logística brasileira mais sustentável. o Brasil ainda não conta com o desenvol-
“O teste é um desdobramento da estratégia vimento de veículos pesados movidos a
de descarbonização da empresa, que já eletricidade para a dimensão de peso de
conta com práticas sustentáveis de trans- carga operada pela siderurgia (Capacidade
porte como a otimização dos caminhões Máxima de Tração de 80 toneladas). Diver-
nas rotas e o uso de meios de transporte sos procedimentos de segurança foram re-
alternativos, como a cabotagem break bulk, alizados pelas equipes internas da empresa
container e ferrovia para atendimento a para garantir a realização do teste dentro
alguns destinos. Esta é mais uma iniciativa dos padrões de segurança.
que integra as diversas ações mapeadas pela
empresa para tornar os processos cada vez
EMISSÕES
mais sustentáveis e promover diferenciais
no atendimento aos clientes, alinhados ao ALLEIMA IMPLANTA AVALIAÇÃO
nosso propósito de produzir aços inteligen-
tes para as pessoas e o planeta”, comenta DO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS
Eduardo Raya, Diretor de Planejamento e Fabricante de produtos de alto valor
Logística da ArcelorMittal, no segmento de agregado em aços inoxidáveis avançados
aços planos. e ligas especiais, a Alleima decidiu imple-
Segundo Marcelo Campos, Gerente de mentar a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)
Logística da ArcelorMittal em São Fran- de seus produtos para fornecer a pegada de
cisco do Sul, a companhia conseguiu iden- carbono específica de cada produto para
tificar que o caminhão elétrico apresenta a aço para perfuração de rocha destinado
mesma condição de dirigibilidade, segu- ao setor mineral. "A análise de terceiros
rança e facilidade de operação. “Estamos é muito importante porque mostra que
trabalhando para mudar a matriz energética o resultado é confiável e que os cálculos
das nossas operações e tornar o transporte foram feitos de acordo com o padrão. Isso
de cargas mais viável, sustentável e limpo está alinhado com a nossa estratégia de
com o uso da energia elétrica. O próximo fornecer ao mercado produtos e soluções
passo para evoluir na descarbonização é sustentáveis. A Sandvik Rock Tools lidera
avaliar alternativas e rotas, junto com as o caminho na transição para um negócio
transportadoras parceiras, para iniciar a mais sustentável em nossa indústria, agindo
substituição dos veículos a diesel por elé- como um parceiro de negócios inovador
tricos”, afirma. que oferece valores sustentáveis para todas
O veículo utilizado, com seguro homo- as partes interessadas, afirma Boel Schylan-
logado pelo Inmetro e dentro dos padrões der, vice-presidente de sustentabilidade da
de rodagem do DENATRAN, foi um cami- Sandvik Mining and Rock Solutions”.

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EQUIPAMENTOS & TECNOLOGIAS
tivamente as emissões de carbono através
de processos eficientes, da utilização de
eletricidade livre de combustíveis fósseis e
de investimentos dedicados, como a mu-
dança para combustíveis não fósseis para
tratamento térmico. Os produtos Alleima
possuem alto teor de sucata, reduzindo a
necessidade de recursos primários. A Allei-
ma reutiliza sucata de aço na produção há
mais de 100 anos. O uso de forno elétrico
Sandvik Rock Tools na transição para um negócio mais sustentável
a arco é hoje uma prática comum e há um
A União Europeia comprometeu-se a forte foco na redução da pegada de carbo-
criar uma sociedade com impacto neutro no em toda a organização. Em dezembro
no clima até 2050 e a reduzir as emissões de de 2022, Alleima decidiu comprometer-se
gases com efeito de estufa em 55% até 2030, a estabelecer metas de emissões líquidas
em comparação com os níveis de 1990. zero com base científica, consistentes com
Uma das principais formas pelas quais as o Acordo de Paris. A Sandvik Rock Tools
indústrias podem apoiar estes objetivos também se comprometeu com a iniciativa
climáticos é reduzindo os níveis de carbono de metas baseadas na ciência (SBTi). 
que emitem. “Temos o prazer de informar
que agora podemos apoiar a Sandvik Rock
Tools com uma pegada de carbono específi-
ca do produto. Ao colaborar com os nossos Índice de Anunciantes
clientes e implementar soluções sustentá-
veis, todos podemos contribuir para fazer ADIMB/Simexmin................................. 49
escolhas mais ecológicas para a indústria.
A sustentabilidade é de importância cru- Brasmin................................................ 35
cial para a sociedade que nos rodeia, bem
como para os nossos clientes e a ACV será Califórnia Aços ........................................ 9
importante para as empresas no futuro. O
próximo passo da Alleima é expandir esta Clam ..................................................... 19
abordagem em toda a cadeia de produção,
verificando os produtos downstream no flu- Fagundes.............................................. 12
xo de produção”, afirma Mattias Eriksson,
gerente global de produtos para produtos GE21 ..................................................... 25
de perfuração de rocha na Alleima.
Os produtos de aço para perfuração de Mineração & Comunidades................... 17
rocha (RDS) da Alleima têm baixa pegada
de carbono. A empresa reduziu significa- M&T EXpo ......................................2ª capa

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