Você está na página 1de 21

Saneamento Básico

Professor: Alisson Aureo Fernandes


Engenheiro Civil e Engenheiro de Segurança do Trabalho
Especialização em Saneamento
Saneamento Básico
Poluição das águas

É comum analisarmos a água por meio de algumas características, sendo possível afirmar se ela
está ou não apta ao consumo. Em outras palavras, intuitivamente, ao observar um curso d’água e
suas características, por exemplo, odor ou cor, conseguimos fazer uma pré-avaliação da sua
qualidade. Contudo, será que realmente este liquido está poluído?

A água da concessionária está apta ao consumo humano, no que diz respeito à ausência de
coliformes totais (em 95% das amostras em 100 mL).
Saneamento Básico
Poluição das águas

Os parâmetros de qualidade da água podem ser definidos como fatores, indicadores ou substâncias presentes na água,
e se alcançam valores superiores aos estabelecidos para determinado uso, podem ser interpretados como um indício
de poluição. Por sua vez, essa poluição implicará ou não na classificação de uma água como própria ou imprópria
para o consumo humano. Contudo, vale ressaltar que, além da classificação para o consumo humano, temos ainda
outras relacionadas aos recursos aquáticos de acordo com os seus usos. Por exemplo, não precisamos de uma água
potável para o apagar um incêndio.
Saneamento Básico
Poluição das águas

Água potável: apresenta os parâmetros de qualidade atendidos por lei, ou seja, é a água que atende ao padrão de
qualidade determinado no local.
• Água para consumo humano: refere-se àquela propriamente consumida pela população. É a água potável designada
para a ingestão, preparação de alimentos e higiene das pessoas.
• Água tratada: refere-se àquela que passou por algum tipo de tratamento com o objetivo de contemplar os padrões de
potabilidade. A água passará por uma série de processos físicos e (ou) químicos a fim de atender a esses padrões.
Saneamento Básico
Poluição das águas

Assim, é estabelecido pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama) (BRASIL, 2005), na Resolução nº 357, todas as classificações das águas doces, salinas e salobras, de
acordo com o seu uso.
Saneamento Básico
Poluição das águas

Podemos refletir sobre os usos das águas e seus “graus” de qualidade. Os usos mais exigentes são atividades como a
proteção e preservação dos ecossistemas aquáticos, além do consumo humano, que demandam uma qualidade da água
“maior” para a proteção do ecossistema e saúde da população. Já os menos exigentes, por exemplo, atividades de
navegação e paisagismo, podem utilizar águas com menor qualidade, ou seja, “mais poluídas”. Dessa maneira, os
padrões apresentarão limites dos parâmetros diferentes para cada uma das classificações, de acordo com o grau de
exigência do uso. Por exemplo, conforme a Resolução n° 357 (BRASIL, 2005), o oxigênio dissolvido das águas
doces, classe 1, deve ter, no mínimo, 6 mg/L em qualquer amostra. Já para águas salobras, classe 3, deve ter, no
mínimo, 3 mg/L.
Saneamento Básico
Poluição das águas

Alguns dos parâmetros são utilizados em conjunto para a determinação do Índice de Qualidade das Águas (IQA),
recomendado pela Agência Nacional de Águas e adotado por diversos estados brasileiros. O IQA leva em
consideração uma média ponderada dos resultados de nove parâmetros de qualidade em uma amostra e nos apresenta
uma ideia de avaliação. Para conhecer seu cálculo, acesse o site do Portal da Qualidade das Águas e procure por
Indicadores de Qualidade – Índice de Qualidade das Águas (IQA).

Vejamos como funciona a medição de alguns dos parâmetros da


qualidade da água.
Saneamento Básico
Poluição das águas

pH: trata-se de um indicador químico que demonstra o potencial


hidrogeniônico de uma água, ou seja, mede o quanto ácida ou
alcalina ela é. O pH é medido de 0 a 14; o pH 7 é considerado
neutro, abaixo deste número consideramos uma amostra ácida,
enquanto que acima consideramos uma amostra alcalina. Além
disso, vale acrecentar que o pH das águas doces de classe 1
devem ser de 6,0 a 9,0.
Saneamento Básico
Poluição das águas

Oxigênio dissolvido: é um dos principais parâmetros de


qualidade da água, uma vez que o ecossistema aquático depende
dele para a sua sobrevivência. Os animais aquáticos necessitam
desse oxigênio para realizar a sua respiração. Além disso, vale
apresentar que este oxigênio tem sua origem a partir de dois
processos básicos: fotossíntese das plantas aquáticas e aeração
por meio de contato com o ar atmosférico. Alguns processos
físicos, químicos e biológicos interferem na concentração do
oxigênio dissolvido no meio aquático. Por fim, quanto à sua
medição, esta acontece em mg/L, sendo 2 a 5 mg/L sua
concentração mínima para a manutenção do ecossistema
aquático.
Saneamento Básico
Poluição das águas

Turbidez: é uma medida de passagem da luz através do meio


aquático. Na prática, isso significa que a turbidez pode ser uma
medida indireta da quantidade de partículas em suspensão que
determinada amostra apresenta, caracterizando-a como mais ou
menos turva. Além disso, a turbidez é mensurada por uma
unidade especifica chamada de unidades nefelométricas, ou
seja, Unidades de Turbidez (UNT). Nota-se que quanto mais
calmo, quanto menor a velocidade de escoamento da água,
menores serão suas medidas de turbidez. O contrário também é
válido: geralmente, quanto mais agitado um curso d’água, maior
serão suas medidas de turbidez. Por fim, vale acrescentar que
este parâmetro pode ser acrescido com o lançamento de esgotos
durante o trajeto do curso d’água e, no que se refere à turbidez
de águas doces, classe 1, esta deve ser de até 40 UNT.
Saneamento Básico
Poluição das águas
Coliformes: como vimos anterior, o meio aquático é composto
por diversos organismos, entre eles estão os microrganismos. Os
coliformes são utilizados para observar a presença dos
microrganismos em uma amostra e são divididos em dois
grupos principais: os coliformes totais e os termotolerantes.
Aqueles englobam um grupo maior de bactérias que não
necessariamente transmitem doenças, já estes são utilizados
como indicadores da presença de bactérias patogênicas, pois
elas vivem normalmente no trato intestinal de animais de sangue
quente. Como elas não vivem muito tempo fora do intestino, sua
presença indica uma infecção por fezes recente. Medidos de
forma quantitativa, os coliformes totais e termotolerantes
apresentam exigências diferentes para cada tipo de uso. Para
água doce de distribuição após o tratamento, os totais devem
estar ausentes em 100 mL de todas as amostras (nas estações de
tratamento). Já para amostras colhidas na rede, ou em
reservatórios, devem ser ausentes em 95% das amostras de 100
mL.
Saneamento Básico
Poluição das águas
DBO e DQO: as chamadas Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e a Demanda Química de Oxigênio (DQO)
são medidas que indicam indiretamente a presença de matéria orgânica na água. Quando temos um lançamento de
esgoto com presença de matéria orgânica em um corpo hídrico, esse equilíbrio é alterado pela tentativa de voltar ao
equilíbrio pelo consumo dessa matéria orgânica pelos organismos presentes (necessitando, além da MO, oxigênio
dissolvido) – esse desequilíbrio caracteriza uma situação de poluição. As medidas de DBO e DQO funcionam
como um indicativo deste tipo de poluição (presença exacerbada de MO). A DBO e DQO medem o quanto de
oxigênio é necessário para uma estabilização da MO que a amostra contém, sendo, geralmente, medidos em mg/L.
Assim, as medidas de DBO e DQO indicam a demanda de oxigênio dissolvido que o meio apresenta em relação a
MO que está “sobrando”. Nesse contexto, vale acrescentar que a principal diferença entre DBO e DQO é o tipo de
MO que será estabilizada. A DBO estará ligada à estabilização da MO por meio da ação dos microrganismos,
enquanto que a DQO incluirá, além dos microrganismos, a estabilização promovida por reações químicas (por isso,
o nome demanda bioquímica de oxigênio). A DBO será um valor sempre menor que o da DQO e leva ao todo um
período de 5 dias e uma temperatura de 20°C para estabilizar. As águas doces de classe I devem ter a DBO (5 dias
a 20°C) de até 3 mg/L.
Saneamento Básico
Parâmetros da qualidade da água: panorama internacional e legislação brasileira
No Brasil, chamamos de padrão de qualidade da água, ou padrão de potabilidade, aquele que tem os valores dos
parâmetros analisados dentro do que é estabelecido pela lei vigente. Além disso, denominamos de padrão
organoléptico a água que apresenta os valores dos parâmetros relacionados aos sentidos sensoriais (cor, odor e
sabor) dentro dos limites da lei vigente.
No Brasil, a partir de 1977 foi promulgada a primeira legislação que tinha como objetivo elaborar normas e padrões
necessários para determinar a potabilidade da água. Este foi o primeiro decreto em relação ao assunto e estabeleceu
ao Ministério da Saúde a competência de elaborar normas e fiscalizar sua obediência no país.
Atualmente, temos em vigência algumas normas que estabelecem os padrões de potabilidade. A mais importante
delas é a antiga Portaria n° 2.914, de 2011, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), referida pela PRC n° 5, de 28
de setembro de 2017, Anexo XX, que dispõe, entre outros aspectos, os “procedimentos de controle de vigilância da
qualidade de consumo humano e seu padrão de potabilidade” (BRASIL, 2011).
Saneamento Básico
Parâmetros da qualidade da água: panorama internacional e legislação brasileira
Temos também a Resolução n° 357, do Conama (BRASIL, 2005), que estabelece “a classificação dos corpos de
água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como as condições e os padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências”, e é muito importante para entendermos as classificações dos corpos hídricos
em relação a classes e usos, como vimos anteriormente.

Nos Estados Unidos, as normas são elaboradas por agências especializadas e, posteriormente, tornam-se vigentes no
país. Os padrões de potabilidade dos Estados Unidos apresentam um rigor maior em relação aos limites dos
parâmetros adotados no Brasil, fato que se torna um grande desafio em termo de tratamento de água para
abastecimento.
Saneamento Básico
Parâmetros da qualidade da água: panorama internacional e legislação brasileira

Cobertura dos estados e regiões incluídos em nossas análises estatísticas. Algumas partes do país não foram incluídas
em nossa análise porque elas não tinham um sistema de água comunitário registrado ou porque não éramos capazes de
coletar dados de nitrato para essa área.
Saneamento Básico
Parâmetros da qualidade da água: panorama internacional e legislação brasileira
Já na União Europeia observamos uma norma diretiva a todos os países constituintes, devendo todos serem responsáveis
pelo cumprimento desta dentro dos limites de seu lugar de origem. Nesse contexto, observa-se uma linha mais restritiva
em relação à concentração máxima de alguns parâmetros nas águas para consumo humano. Para a União Europeia, há um
cuidado especial para as águas de abastecimento, bem como para a inclusão de parâmetros considerados recentes na
literatura, como os pesticidas, por exemplo, parâmetro este que não é mencionado na Portaria n° 2.914 (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2011).
Saneamento Básico
Parâmetros da qualidade da água: panorama internacional e legislação brasileira
Saneamento Básico
Parâmetros da qualidade da água: panorama internacional e legislação brasileira

No Brasil, temos algumas legislações que vigiam a potabilidade e os padrões de


potabilidade das águas, por exemplo, as federais, estaduais e municipais. Muitas
vezes, os valores permitidos pelos parâmetros de qualidade da água divergem.
Saneamento Básico

Você também pode gostar