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Artigo de opinião: Maioridade penal

Recentemente no município de Panambi/RS, ao voltar da escola, um jovem de


apenas 15 anos foi abordado por seu colega, que desferiu-lhe 4 disparos de pistola, o
motivo aparentemente havia sido por uma discussão que tiveram durante a aula. A vítima
foi socorrida, mas chegou no hospital sem vida. Casos como esse, infelizmente não são
raros no Brasil e reacendem as discussões a respeito da redução da maioridade penal.
Além disso, segundo dados publicados no site BBC, jovens entre 16 e 18 anos são os que
mais cometem crimes graves no país.
Isto ocorre pois, com a consciência de que não podem ser presos, estes jovens
sentem maior liberdade para cometer tais crimes e ao saírem impunes tendem a servir de
exemplo a outros jovens, criando assim uma “cultura da impunidade”. Sem falar que muitos
deles são usados por organizações criminosas, visto que contam com a proteção da lei,
aumentando assim as taxas criminais.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) os jovens que têm
uma conduta descrita como crime ou contravenção penal, devem ser chamados de autores
de atos infracionais, seja o crime leve ou hediondo, e só podem ser punidos com medidas
socioeducativas, e em casos graves, a internação de no máximo 3 anos. O que me deixa
instigada é que a mesma lei que prevê a proteção destes jovens, não protege as vítimas de
tais atos. Como explicar para uma família enlutada que o homicida merece a proteção das
autoridades, sendo que seu ente querido não teve essa chance.
Os defensores da constituição atual alegam que os jovens dessa faixa etária não
estão ainda bem desenvolvidos psicologicamente, mas fica cada dia mais evidente que
jovens acima de 16 anos já possuem sim maturidade e discernimento suficiente para
entender que todo ato gera uma consequência. Ademais, se jovens nessa idade já possuem
o direito de votar, de trabalhar com carteira assinada ou de cuidar das próprias finanças, por
que não podem ser responsabilizados pelo que fazem. A igualdade e justiça em relação aos
crimes cometidos devem ser cumpridas igualmente, independente da idade, pois se tem
mentalidade para executar qualquer crime, tem mentalidade para cumprir a pena.
Reconheço que a punição não é o único remédio para a violência cometida pelos
jovens. Evidentemente, políticas sociais, educação, prevenção, assistência social são
medidas que, se aplicadas à toda população jovem, ajudam a reduzir a violência. Porém,
em determinados casos, é preciso uma punição mais eficaz do que aquelas previstas pelo
ECA. O estatuto é muito importante para a proteção e garantia de vida de crianças e
adolescentes, mas isso não significa que não precise de mudanças. Creio que as questões
do código penal e da maioridade penal precisam e devem ser revisadas e rediscutidas.

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