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ÍNDICE
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3
Objectivos ............................................................................................................................... 3
BIODIVERSIDADE .................................................................................................................. 4
BIODIVERSIDADE VEGETAL ............................................................................................... 4
Recursos Florestais ................................................................................................................ 4
BIODIVERSIDADE VEGETAL MOÇAMBICANA ............................................................... 5
Recursos Florestais em Moçambique ..................................................................................... 5
PRINCIPAIS TIPOS DE VEGETAÇÃO .................................................................................. 5
Floresta aberta indiferenciada ................................................................................................. 5
Balcedo litoral ........................................................................................................................ 6
Mangal .................................................................................................................................... 6
Savana arborizada ................................................................................................................... 6
Mosaico de floresta aberta e savana com lenhosas................................................................. 7
Savana edáfica ........................................................................................................................ 7
Floresta de areias .................................................................................................................... 7
Vegetação ribeirinha ............................................................................................................... 7
ACÇÃO DO HOMEM NA VEGETAÇÃO ............................................................................... 8
Utilização dos recursos vegetais ............................................................................................. 8
Desmatamento ...................................................................................................................... 10
BIODIVERSIDADE VEGETAL BRASILEIRA .................................................................... 10
Mata Atlântica ...................................................................................................................... 10
Manguezais ........................................................................................................................... 11
Restinga ................................................................................................................................ 11
Floresta Ombrófi la Densa .................................................................................................... 12
Floresta Ombrófi la Mista..................................................................................................... 12
Floresta Estacional ................................................................................................................ 12
Cerrado ................................................................................................................................. 13
Cerradão................................................................................................................................ 13
Cerrado Típico ...................................................................................................................... 14
Campo Cerrado ..................................................................................................................... 14
Campo Sujo .......................................................................................................................... 14
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 16
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa intitulada “Biodiversidade Vegetal” e tem como finalidade
conhecer a biodiversidade e biodiversidade vegetal, identificar os tipos, sua classificação,
origem e sua distribuição em região anivel nacional tal como mundial, especialmente a
biodiversidade vegatal brasileiro.

No que concerne a metodologia, no presente trabalho foram usados livros, artigos científicos e
monografias de menstrado, como consulta bibliográfica, que constitui como á ferramenta chave
na leitura e interpretação análise das informações.

Os autores das referidas obras estão citados dentro do corpo do trabalho e também na referência
bibliográfica.

No que emerge a estrutura do presente trabalho de pesquisa, esta estruturado da seguinte forma:
introdução, desenvolvimento, conclusão e as referências bibliográficas.

Objectivos
Geral:

 Entender a imensa variabilidade das formas, tamanhos e cores das flores, das arvores,
sua utilidade, sua importância e suas vantagens para os seres vivos, principalmente o
Homem.

Específicos:

 Identificar alguns tipos da biodiversidade vegetal existente em Moçambique e Brasil;


 Classificar a biodiversidade vegetal quanto o seu tamanha, caracteristica;
 Importancia da biodiversiade para a medicina tradicional, alimentação, construção civil,
manufactura de cordas, combustível lenhoso, interesse madeireiro e por último no
artesanato.
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BIODIVERSIDADE
Os termos Biodiversidade ou diversidade biológica foram criados na década de 1980 para se
referir ao número de espécies de seres vivos existentes no planeta, incluindo todos os vegetais,
animais e microrganismos. (RAVEN; EVERT e EICHHORN, 2007).

Raven, Evert e Eichhorn, (2007) descrevem que as características de muitas comunidades


(plantas, animais e microrganismos) dependem dos factores abióticos da região (temperatura,
salinidade, humidade, solo, luz e outros), proporcionando diversos ecossistemas distintos no
planeta.

BIODIVERSIDADE VEGETAL
Os recursos florestais são parte integrante das comunidades que vivem na zona rural. Estes
recursos desempenham um papel preponderante para a sobrevivência das famílias rurais,
proporcionando materiais de construção, alimento (frutos silvestres), forragem, combustíveis
lenhosos, tanto para o consumo local como para o abastecimento das zonas urbanas e
periurbanas, gerando emprego.( Zulu et al., 2013; Robledo et al., 2012).

Recursos Florestais
Segundo Zulu et al., 2013; Robledo et al., 2012, a floresta é definida como sendo uma cobertura
vegetal capaz de fornecer madeira ou produtos vegetais, albergar a fauna e exercer um efeito
directo ou indirecto sobre o solo, clima ou regime hídrico. A floresta é um conjunto dinâmico
de seres vivos que estabelecem uma relação complexa entre si, ela é sustentada pelo solo e
suporta muitos organismos que lá habitam através da purificação do ar, oferta de alimento e
condições favoráveis para o desenvolvimento de outros seres vivos.

As florestas possuem uma diversidade de ecossistemas de extrema importância para a vida dos
seres vivos fornecendo serviços ambientais como o sequestro de carbono, controle da erosão
dos solos, tratamento dos resíduos, reciclagem de nutrientes, conservação da água, controle de
pragas e doenças entre outros. A floresta é também um meio de subsistência das famílias que
vivem nas zonas rurais, fornecendo alimentos, combustível, forragem, medicamentos
tradicionais e rendimentos da venda de alguns produtos (Zulu et al., 2013; Robledo et al., 2012).

As florestas tropicais produtivas representam um ganho para os países por possuírem uma
dimensão económica directa, fornecem receita que advém da exploração e exportação
madeireira e é um sector que gera emprego e renda nas comunidades rurais (Brancalion et al.,
2010).
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BIODIVERSIDADE VEGETAL MOÇAMBICANA


Recursos Florestais em Moçambique
Segundo a Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia de Moçambique (DNFFB, 1999),
define recursos florestais como florestas e outras formas de vegetação, incluindo os produtos
florestais, a fauna bravia, os troféus e despojos, que tenham ou não sido processados.

Cerca de 70% do território Moçambicano (54,8 milhões de hectares) está coberto de floresta e
outras formações lenhosas. A cobertura florestal actual corresponde a 51% da superfície do país
e confere uma riqueza de vegetação, com destaque para as províncias de Zambézia, Sofala,
Niassa, Cabo Delgado, Inhambane e Nampula (Ministério de Energia, 2013). As classes
definidas como florestas incluem: Florestas densas sempre-verdes, Florestas densas decíduas,
Florestas abertas sempre-verdes, Florestas abertas decíduas, Mangais, Florestas abertas em
áreas regularmente inundadas. Outras formações lenhosas ocupam cerca de 19% da cobertura
do país incluem classes como: Matagais, áreas arbustivas, arbustos em áreas húmidas, mosaico
de florestas com agricultura itinerante (Marzoli 2007).

67% (26.9 milhões de hectares) do total das florestas de Moçambique foram classificadas como
florestas produtivas, com potencial para produção de madeira, perfazendo um total de 1.7 *109
m3 (Marzoli, 2007).

A distribuição de floresta com potencial de produção de madeira difere nas três regiões do país
(Figura 2). A capacidade de produção de madeira em termos de superfície está concentrada nas
regiões Norte (Nampula, Cabo Delgado e Niassa) com 44% e Centro (Manica, Tete, Sofala e
Zambézia) com 39%; No Sul (Maputo, Gaza e Inhambane) a área potencial para a produção de
madeira atinge apenas 17%.

PRINCIPAIS TIPOS DE VEGETAÇÃO


Floresta aberta indiferenciada
É uma floresta seca semicaducifólia e tem, como espécies lenhosas mais características, Acacia
nigrescens, Afzelia quanzensis, Androstachys johnsonii, Bauhinia galpinii, Bridelia cathartica,
Combretum paniculatum, Dichrostachys cinerea, Erythroxylum delagoense, Euphorbia
tirucalli, Olea europaea subsp. africana, Peltophorum africanum, Philenoptera violacea,
Sclerocarya birrea subsp. caffra, Strychnos madagascariensis, Trichilia emetica, Ximenia
americana e Ziziphus mucronata e como espécies herbáceas Andropogon shirensis, Brachiaria
serrata, Eragrostis superba, Malvastrum coromandelianum, Merremia tridentata, Pupalia
lappacea e Sporobolus indicus, entre outras. Em alguns pontos encontram-se associadas
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pequenas manchas de floresta densa com Breonadia salicina, Rauvolfia caffra e Erythrophleum
suaveolens como dominantes. Ocorre na região dos Montes Libombos, Pequenos Libombos,
Goba, Namaacha e Ressano Garcia, entre c. 350 e 800 m de altitude (WILD & BARBOSA,
1967).

Balcedo litoral
É uma formação cerrada de arbustos e trepadeiras frequentemente impenetrável e geralmente
não ultrapassando 7 m de altura. Este tipo de vegetação mata das dunas ou brenha das
dunas.Tem, como espécies mais características, Cissus quadrangularis, Diospyros rotundifolia,
Encephalartos ferox, Euclea natalensis, Grewia glandulosa, Gymnosporia markwardii,
Mimusops caffra e Vepris lanceolata. Ocorre nas dunas litorais recentes logo a seguir à
vegetação herbácea das areias com Ipomoea pes-caprae, Canavalia rosea e Cyperus crassipes.
(BANDEIRA et al., 2007).

Mangal
É um tipo de vegetação constituído por árvores e arbustos crescendo nas costas marinhas e
margens de rios periodicamente inundadas por água salgada. As espécies constituintes são
relativamente poucas sendo as mais características na região Avicennia marina, Bruguiera
gymnorhiza, Ceriops tagal, Lumnitzera racemosa, Rhizophora mucronata e Xylocarpus
granatum. Como espécies associadas são frequentes Hibiscus tiliaceus, Sesuvium
portulacastrum, Sporobolus virginicus e Juncus kraussii. Ocorre na baía norte da ilha da Inhaca
e no chamado “Saco” (baía sul da Inhaca), e nas margens da baía de Maputo e dos rios Incomati,
Umbeluzi, Matola, Tembe e Maputo (BANDEIRA et al., 2007).

Savana arborizada
É um tipo de vegetação constituído essencialmente por gramíneas e outras herbáceas, com
árvores e arbustos semicaducifólios dispersos ou em pequenos grupos, em solos de dunas mais
ou menos recentes do Quaternário. Como espécies mais características ocorrem Aloe marlothii,
Acacia kraussiana, Albizia adianthifolia, Dialium schlechteri, Garcinia livingstonei,
Sclerocarya birrea subsp. caffra, Syzygium guineense subsp. guineense, Tabernaemontana
elegans, Terminalia sericea e Xylotheca kraussiana além das gramíneas Cymbopogon caesius,
Hyperthelia dissoluta e Trachypogon excavatus. Ocorre nas regiões sublitorais do Sudeste da
província e na ilha da Inhaca. (BANDEIRA et al., 2007).
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Mosaico de floresta aberta e savana com lenhosas


Formação mista em que a manchas de savana com árvores e arbustos dispersos sucedem
manchas de floresta aberta, com espécies tropicais nativas, espécies extratropicais e espécies
fruteiras introduzidas.

Salientam-se como espécies mais características Afzelia quanzensis, Albizia adianthifolia,


Anacardium occidentalis, Entandrophragma caudatum, Garcinia livingstonei, Mangifera
indica, Raphia australis, Sclerocarya birrea subsp. australis, Strychnos madagascariensis e
Terminalia sericea. Ocorre em áreas costeiras a norte e a sul da cidade de Maputo. (BANDEIRA
et al., 2007).

Savana edáfica
Formação mista de gramíneas e outras herbáceas, palmeiras, arbustos e outras plantas lenhosas
anãs com caules anuais ou de curta duração emergindo de partes subterrâneas perenes. Como
constituintes mais característicos realçam-se a palmeira Hyphaene coriacea, as lenhosas
Diospyros villosa, Eugenia capensis, Garcinia livingstonei, Parinari capensis, Salacia kraussii
e Syzygium cordatum e as herbáceas Cyperus aequalis, Fuirena umbellata e Imperata
cylindrica. Ocorre nas regiões mal drenadas de Matutuíne, a sul da cidade de Maputo.
(BANDEIRA et al., 2007).

Floresta de areias
É uma floresta mais ou menos densa, por vezes de difícil penetração, com três estratos, em que
ocorrem numerosas espécies endémicas no Centro de Endemismo da Maputalandia. É também
conhecida por Floresta de Licuáti. Como espécies mais características ocorrem Afzelia
quanzensis, Artabotrys monteiroae, Balanites maughamii, Monodora junodii, Mystroxylon
aethiopicum, Pteleopsis myrtifolia, Sclerocarya birrea subsp. caffra, Sideroxylon inerme e
Spirostachys africana. No estrato herbáceo são frequentes Asparagus falcatus, Corchorus
junodii, Crotolaria monteiroi e Crinum acaule. Desenvolve-se em dunas costeiras antigas desde
o Sudoeste da baía de Maputo para sul, até à África do Sul (BANDEIRA et al., 2007).

Vegetação ribeirinha
A vegetação aquática, semi-aquática e terrestre das margens de rios, pântanos e lagunas de água
doce é constituída por numerosas espécies das quais se destacam como mais características,
Acacia nilotica subsp. kraussiana, Cyperus papyrus, Ficus sycomorus, Fuirena umbellata,
Mimosa pigra, Phoenix reclinata, Phragmites australis, Pycreus macranthus, Sesbania sesban e
Typha domingensis. (BANDEIRA et al., 2007).
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ACÇÃO DO HOMEM NA VEGETAÇÃO


O Homem, como parte do ecossistema, tem nele uma acção directa, umas vezes moderada,
outras vezes extremamente forte. A procura de terras aráveis para novas culturas com a
destruição da vegetação natural, frequentemente associada a queimadas e a derruba
descontrolada de árvores e arbustos para obtenção de lenha e carvão provocam um forte impacto
no ecossistema por rarefacção ou destruição total de espécimes, podendo levar à extinção de
espécies e diminuição da biodiversidade. Este impacto é particularmente visível no sopé dos
Montes Libombos, nas regiões de Boane e Moamba onde se pratica a actividade agrícola, com
o desaparecimento da floresta densa costeira e a sua substituição por savana secundária e
matagais com o abandono das culturas. Também a introdução deliberada de novas espécies para
cultura, por vezes acompanhada por introdução acidental de outras, com comportamento
ruderal e infestante, afecta o equilíbrio no ecossistema. Por outro lado, a utilização controlada
dos recursos naturais, nomeadamente com a recolha de frutos e plantas alimentares ou de
plantas medicinais pode contribuir para a manutenção da biodidersidade e o equilíbrio do
ecossistema.

Utilização dos recursos vegetais


São numerosas as espécies nativas utilizadas pelas populações, quer na alimentação ou na
medicina tradicional, quer como materiais de construção, de fabrico de ferramentas e outros
utensílios, artesanato, combustível lenhoso ou outros. Apresenta-se seguidamente uma lista de
algumas plantas utilizadas com indicação da ou das respectivas utilizações (JANSEN &
MENDES, 1982, 1983, 1990, 1991).

Plantas com interesse para as populações


Espécie Família Utilização
Amaranthus cruentus L. Amaranthaceae
Ficus sycomorus L. Moraceae
Garcinia livingstonei T.Anderson Clusiaceae
Mimusops caffra E. Mey. ex A.DC. Sapotaceae Alimentação
Mimusops zeyheri Sond. Sapotaceae
Sclerocarya birrea subsp. caffra (Sond.) Kokwaro Anacardiaceae
Strychnos madagascariensis Poir. Strychnaceae
Syzygium guineense (Willd.) DC. subsp. Guineense Myrtaceae
Aloe marlothii A.Berger Aloaceae Medicina Tradicional
Annona senegalensis Pers. Annonaceae
Boophone disticha (L.f.) Herb. Amaryllidaceae
Bridelia cathartica G.Bertol. Phyllanthaceae
Carissa bispinosa Desf. ex Steud. Apocynaceae
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Crinum stuhlmannii Baker Amaryllidaceae Medicina Tradicional


Euclea natalensis A.DC: Ebenaceae
Euphorbia tirucalli L. Euphorbiaceae
Melinis repens (Willd.) Zizka Gramineae
Androstachys johnsonii Prain Euphorbiaceae Construção civil
Berchemia zeyheri (Sond.) Grubov Rhamnaceae
Ptaeroxylon obliquum (Thunb.) Radlk. Ptaeroxylaceae Armações de
Androstachys johnsonii Prain Euphorbiaceae telhados e coberturas
Berchemia zeyheri (Sond.) Grubov Rhamnaceae
Olea europaea subsp. africana (Mill.) P.S. Green Oleaceae Postes e estacas
Ptaeroxylon obliquum (Thunb.) Radlk. Ptaeroxylaceae

Acacia nigrescens Oliv. Mimosaceae


Acacia robusta Burch. Mimosaceae
Cissampelos hirta Klotzsch Menispermaceae
Grewia hexamita Burret Tiliaceae Manufactura de
Sansevieria hyacinthoides (L.) Druce Dracaenaceae cordas
Sterculia rogersii N.E.Br. Sterculiaceae
Triumfetta spp. Tiliaceae
Acacia karroo Hayne Mimosaceae
Acacia nigrescens Oliv. Mimosaceae
Afzelia quanzensis Welw. Caesalpiniaceae
Balanites maughamii Sprague Balanitaceae
Combretum imberbe Wawra Combretaceae Combustível lenhoso
Dichrostachys cinerea (L.) Wight & Arn. Mimosaceae
Gymnosporia arenicola Jordaan Celastraceae
Peltophorum africanum Sond. Caesalpiniaceae
Philenoptera violacea (Klotzsch) Schrire Papilionaceae
Afzelia quanzensis Welw. Caesalpiniaceae
Androstachys johnsonii Prain Euphorbiaceae
Balanites maughamii Sprague Balanitaceae
Ptaeroxylon obliquum (Thunb.) Radlk. Ptaeroxylaceae Interesse madeireiro
Pterocarpus angolensis DC. Papilionaceae
Sclerocarya birrea subsp. caffra (Sond.) Kokwaro Anacardiaceae
Spirostachys africana Sond. Euphorbiaceae
Trichilia emetica Vahl Meliaceae
Afzelia quanzensis Welw. Caesalpiniaceae
Balanites maughamii Sprague Balanitaceae
Combretum apiculatum Sond. subsp. Apiculatum Combretaceae Artesanato
Gardenia volkensii K. Schum. Rubiaceae
Manilkara discolor (Sond.) Sapotaceae
Trichilia emetica Vahl Meliaceae
Fonte: Instituto de Investigação Científica Tropical, Lisboa, 2013
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Desmatamento
A cobertura florestal actual em resultado da acção humana, corresponde a aproximadamente
metade da que existia há três décadas atrás. O declínio das áreas de floresta tem sido atribuída
a vários factores que incluem mudanças de padrões de subsistência, tais como a transição da
caça para a agricultura sedentária, as demandas socioeconómicas de madeira e combustíveis
lenhosos, o crescimento populacional e a expansão urbana (FAO 2005). Segundo a mesma
fonte, o desmatamento é um problema que afecta o globo terrestre com taxas elevadas, de cerca
de 13 milhões de há/ano, sendo predominante no continente Africano e na América do Sul.

O desmatamento e a degradação florestal em Moçambique são uma realidade múltipla e


complexa em que muitas causas proximais (agentes de desmatamento e degradação florestal)
agem de forma combinada sendo por vezes difíceis de separar. A floresta intacta é explorada
para a produção de madeira (de 4 a 5 espécies de madeira valiosa), as picadas são usadas pelos
madeireiros e posteriormente utilizadas pelos carvoeiros e lenhadores para extrair combustíveis
lenhosos para abastecer os centros urbanos. Por fim, as áreas florestais são convertidas em áreas
para agricultura do sector familiar, acompanhadas de estabelecimento de novas aldeias (Sitoe
et al., 2007 cit. CEAGRE 2016). Em todas as formações florestais do país aponta-se a
agricultura itinerante como o maior agente de desmatamento e degradação da floresta. A
proporção do desmatamento nas florestas é maioritariamente causada pela agricultura itinerante
(62%), expansão urbana (12%) e a exploração de lenha e carvão vegetal com 10%.

A produção de carvão vegetal aumenta a vulnerabilidade e exposição das florestas e como


consequência elevam-se os riscos de degradação por desmatamento, erosão dos solos e aumento
de emissão de gases (Zulu et al., 2013).

BIODIVERSIDADE VEGETAL BRASILEIRA


Segundo explica Raven; Evert e Eichhorn, (2007), o Estado de São Paulo apresenta dois biomas
principais, a Mata Atlântica e o Cerrado e seus ecossistemas associados.

 Mata Atlântica

Pode-se dizer que o bioma Mata Atlântica em seu sentido amplo engloba várias formações
vegetais, relacionadas com o tipo de solo, clima e relevo. Próximos ao mar, nas desembocaduras
de rios, ocorrem os manguezais, em substrato lamoso. Na planície costeira arenosa estão as
formações da restinga (complexo da restinga com diferentes fisionomias). Nas encostas
íngremes, vales e planaltos estão as florestas ombrófilas densas e as florestas ombrófilas mistas.
Mais para o interior, surgem as florestas estacionais (decidual e semidecidual) e os brejos
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interioranos. Nos cumes das serras estão os campos de altitude. No Estado de São Paulo, a Mata
Atlântica é representada da costa atlântica para o interior, pelos manguezais, formações de
restinga, pela floresta ombrófila densa, floresta ombrófi la mista, campos de altitude e floresta
estacional decidual e semidecidual, estas últimas entremeadas com o cerrado. (LINO, 1992,
pag. 101).

Manguezais
Manguezal é uma formação que ocorre ao longo dos estuários, em função da água salobra
produzida pelo encontro da água doce dos rios com a do mar. É uma vegetação muito
característica, pois o manguezal tem poucas espécies de árvores: o mangue-vermelho, o
mangue-branco, o mangue-preto ou canoé e o mangue-de-botão, menos de 1% das espécies
registradas na Mata Atlântica. Abriga uma diversidade de microalgas pelo menos dez vezes
maior que usualmente encontradas nos lagos da Mata Atlântica. Essa abundância de algas
garante a sobrevivência de uma grande quantidade de animais e a produtividade do ambiente,
importante para a população do litoral, que vive da pesca artesanal de peixes, camarões,
caranguejos e moluscos, e para a indústria pesqueira em geral. As plantas possuem raízes
providas de poros, que se projetam para fora do solo pobre em oxigênio e têm capacidade de
utilizar esse gás diretamente da da atmosfera. (LINO, 1992, pag. 103).

Restinga
Vegetação de restinga é o conjunto de comunidades vegetais fisionomicamente distintas, sob
influência marinha e fl úvio-marinha, distribuídas em áreas com grande diversidade ecológica,
sendo classifi cadas como comunidades edáficas, por dependerem mais da natureza do solo que
do clima. A vegetação sobre dunas e planícies costeiras inicia-se junto à praia, com gramíneas
e vegetação rasteira composta por ipomeia, pinheirinhoda-praia, carrapicho-da-praia entre
outras. À medida que se avança para o interior a vegetação vai fi cando cada vez mais variada
assumindo diversos portes. Na formação arbustiva encontramos a camarinha, a congonhinha, a
maçã-da-praia, o araçá, os cambuis e as pitangas além de diversas outras. (LINO, 1992, pag.
104).

Onde a vegetação assume porte arbóreo e nas fl orestas nota-se a clúsia, as canelas, a
mandioqueira, o palmito-juçara, as guaricangas e diversas epífitas e trepadeiras, e no chão da
floresta há uma grande quantidade de bromélias. Nas fl orestas paludosas há predominância de
caxeta ou de guanandi. Em alguns locais aparecem brejos com densa vegetação aquáticacomo
as taboas e o chapéu-de-couro.(idem)
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A vegetação de restinga, em geral, caracteriza-se por folhas rijas e resistentes, caules duros e
retorcidos e raízes com forte poder de fixação no solo arenoso.(idem)

Floresta Ombrófi la Densa


A floresta ombrófila densa caracteriza-se pela presença dominante de árvores que ocorrem em
ambientes úmidos, praticamente sem épocas secas e de clima quente durante quase todo ano. O
solo em geral é raso, ácido e pobre em nutrientes. É uma mata perenifólia (sempre verde) com
diversos estratos, com dossel (“teto” da floresta) fechado ultrapassando 15 metros e árvores
emergentes de até 40 metros de altura. Densa vegetação arbustiva, composta por samambaias
arborescentes, bromélias e palmeiras. A floresta destaca-se pela riqueza de epífitas,
representada principalmente pelas orquídeas e bromélias e, pelas lianas (trepadeiras e cipós).
As plantas apresentam adaptações ao ambiente extremamente chuvoso, com folhas de
superfície lisa e ápice em forma de goteira para o escoamento da água.(ibidem, pag. 106)

Floresta Ombrófila Mista


Nos maciços descontínuos de São Paulo (serras de Pararanapiacaba, Mantiqueira e Bocaina), a
Floresta Atlântica combina-se com o pinheiro-doparaná e dá origem a Floresta Pluvial de
Araucária (ou Mata de Araucária).

O pinheiro-do-paraná constitui o andar superior da floresta, abaixo das araucárias encontra-sea


as canelas e as imbuias, e no sub-bosque são comuns mirtáceas, xaxins, samabaias e o pinheiro-
bravo. A presença de casca-de-anta, pinheiro-do-paraná e pinheiro-bravo, sugere, pela altitude
e latitude do planalto meridional, uma ocupação recente na história da Terra a partir de refúgios
alto-montanos. Na época da frutifi cação da araucária é comum observar esquilos comendo seus
frutos. O corocoxó e o pica-paudourado são duas aves restritas a essa fl oresta e a serpente
muçurana também é restrita à fl oresta ombrófi la mista das serras do Mar e Mantiqueira.
(ibidem, pag. 107)

Floresta Estacional
Passando o planalto atlântico, em direção ao interior do estado, a precipitação anual das chuvas
diminui, o clima apresenta sazonalidade mais definida, com inverno seco e verão chuvoso, e é
nesse ambiente que se desenvolve a floresta estacional (decidual ou semidecidual). O inverno
seco, com redução de água disponível no solo e diminuição da temperatura, faz a maioria das
espécies de árvores perderem parte de suas folhas (semidecíduas), ou todas (decíduas),
reduzindo seu ritmo de desenvolvimento e de consumo de água. A floresta estacional apresenta
árvores altas de 25 a 30 metros, vegetação bastante diversifi cada, com muitos cipós e epífitas
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e samambaias nos locais mais úmidos. Está entremeada com o cerrado, sendo considerada uma
transição entre a floresta ombrófila densa e o cerradão. O factor determinante da existência de
cerrado ou floresta estacional em uma região é o tipo de solo, que é mais pobre sob o cerrado.
(ibidem, pag. 109)

 Cerrado

O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com
a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com mais de dez mil espécies de plantas,
com 4.400 endêmicas (exclusivas) dessa área. A fauna apresenta 837 espécies de aves; 67
gêneros de mamíferos, abrangendo 161 espécies e 19 endêmicas; 150 espécies de anfíbios, das
quais 45 endêmicas; 120 espécies de répteis, das quais 45 endêmicas. (SÃO PAULO, 1997, p
113).

Apenas no Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 espécies
de abelhas e vespas. As árvores do cerrado são muito peculiares, com troncos tortos, cobertos
por uma cortiça grossa, cujas folhas são geralmente grandes e rígidas. Muitas plantas herbáceas
têm órgãos subterrâneos para armazenar água e nutrientes. Cortiça grossa e estruturas
subterrâneas podem ser interpretadas como algumas das muitas adaptações dessa vegetação às
queimadas periódicas a que é submetida, protegendo as plantas da destruição e capacitando-as
para rebrotar após o fogo.(idem)

Esse bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, caracterizadas por extensas
formações savânicas, interceptadas por matas ciliares ao longo dos rios, nos fundos de vale.
Entretanto, outros tipos de vegetação podem aparecer na região dos cerrados, tais como os
campos húmidos ou as veredas de buritis, em que o lençol freático é superficial; os campos
rupestres podem ocorrer nas maiores altitudes.(idem)

Cerradão
O cerradão apresenta fi sionomia fl orestal, as árvores formam um dossel contínuo com poucas
emergentes. No sub-bosque podemos observar arbustos pequenos e herbáceas como o capim-
navalha e o caraguatá. A vegetação tem um aspecto de mata seca. No cerradão encontramos
árvores típicas do cerrado como o barbatimão e o pequi, mas são mais comuns árvores como a
candeia, o cinzeiro, a copaíba, o angico-preto, a marmelada entre outras. Os animais que vivem
nessa formação em geral também estão presentes na fl oresta estacional e nas outras fi sionomias
de cerrado como a anta, o porco-do-mato, a onça-pintada, gambás, veados, diversos roedores e
um número muito grande de aves. (ibidem, pag. 114)
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Cerrado Típico

O cerrado típico apresenta árvores e arbustos em geral tortuosos e com casca espessa, dispersos
em uma área dominada por gramíneas e outras plantas herbáceas. Nessa fi sionomia ocorre a
perobinha-do-campo, o ipêamarelo, o marolo, o paratudo, o pequi entre diversas outras.

O cerrado apresenta uma fauna extremamente característica como por exemplo, o tamanduá-
bandeira, o lobo-guará, o tatu-canastra entre outros. (ibidem, pag. 115)

Campo Cerrado
O campo cerrado, também chamado cerrado ralo, apresenta fi sionomia um pouco mais aberta
que o cerrado típico. As árvores cobrem de 5 a 20% do terreno e apresentam as mesmas
características do cerrado típico, porém são mais baixas. Como espécies típicas temos o
cajuzinhodo-cerrado, a douradinha, a fruta-de-lobo, a jalapa, entre outras. A fauna é
representada pelos tamanduás, tatus, diversos répteis e aves. (ibidem, pag. 116)

Campo Sujo
No campo sujo a vegetação lenhosa é muito esparsa, geralmente representada pelos mesmos
subarbustos ocorrentes nas outras fisionomias do cerrado. As gramíneas dominam a paisagem.
Os animais observados no campo sujo são os mesmos presentes nas outras fi sionomias.

É difícil correlacionar as espécies da flora do cerrado com as fisionomias do bioma. A maioria


das espécies pode ocorrer em diferentes fisionomias, porém com abundâncias e aparências
(hábitos) variáveis. (ibidem, pag. 117).

No cerrado de São Paulo existem espécies que podem ser consideradas exclusivas como
gochnatia, gabiroba e fruta-de-pomba, com muito poucas coletas em outros estados e não
encontradas em outros biomas.(idem).

Em relação à fauna também não é possível correlacioná-la com as diferentes fi sionomias do


bioma, uma vez que os animais se movimentam de uma fi sionomia para outra em busca de
alimentos ou abrigo.(idem).
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CONCLUSÃO
Após uma análise criteriosa chega-se a conclusão que a biodiversidade vegetal é definida como
sendo uma cobertura vegetal capaz de fornecer madeira ou produtos vegetais, albergar a fauna
e exercer um efeito directo ou indirecto sobre o solo, clima ou regime hídrico. A floresta é um
conjunto dinâmico de seres vivos que estabelecem uma relação complexa entre si, ela é
sustentada pelo solo e suporta muitos organismos que lá habitam através da purificação do ar,
oferta de alimento e condições favoráveis para o desenvolvimento de outros seres vivos.

Dentro da biodiversiadade vegetal podemos encontrar recursos Florestais que segundo Zulu
et al., 2013; Robledo et al., 2012, é definida como sendo uma cobertura vegetal capaz de
fornecer madeira ou produtos vegetais, albergar a fauna e exercer um efeito directo ou indirecto
sobre o solo, clima ou regime hídrico.
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