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Lúcia Raimundo Monteiro

Educação em Moçambique

Curso de Licenciatura em Ensino Básico com Habilitações em Administração e Gestão


Escolar

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2021
Lúcia Raimundo Monteiro

Educação em Moçambique

Trabalho de carácter avaliativo, recomendado


no Departamento de Ciências de Educação e
Psicologia na cadeira de Planificação da
Educação, do Curso de Licenciatura em
Ensino Básico, com habilitações em
Administração e Gestão Educacional, 4º Ano,
Turma única, 1º Semestre, 2021.

Docente: MA Uquiva Maria Binasse

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2021
Índice

Introdução..........................................................................................................................3

Educação em Moçambique................................................................................................4

Conceito de educação........................................................................................................4

Qualidade da Educação em Moçambique.........................................................................4

Factores que contribuem a falta de qualidade na educação...............................................5

O direito à Educação e as políticas públicas.....................................................................6

Educação e Equidade do Género em Moçambique...........................................................7

Equidade de Género e Igualdade de Género.....................................................................8

Género e sexualidade na educação escolar........................................................................9

Desigualdade de género na educação................................................................................9

Socialização de género....................................................................................................10

Igualdade de género na educação....................................................................................11

Educação Primaria Universal..........................................................................................11

Perspectiva da conferência de EPT de DAKAR (2010) quanto a baixa qualidade de


educação tendo em conta: As causas e as consequências..............................................12

Conclusão........................................................................................................................14

Referências bibliográficas...............................................................................................15
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Introdução

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, se constituiu enquanto um


marco dos direitos universais inerentes a condição humana, dentre eles, a educação, que
passou a ser reconhecida, no cenário internacional, como um direito de todas as pessoas,
independentemente de suas condições físicas, sociais, territoriais, económicas, culturais,
etárias, religiosas e de género.

Embora o referido documento tenha reconhecido a educação como um direito humano


universal, o debate sobre o direito educacional, no âmbito mundial, passou a ser pautado
com mais ênfase a partir da década de 1990, quando uma série de eventos e
recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) passa a compor uma agenda internacional de uma “Educação para
Todos”.

O presente trabalho tem como tema “Educação em Moçambique”, onde vai se cingir na
qualidade do ensino, à situação da educação de jovens e adultos, género, à
universalização do Ensino Primário e ao desenvolvimento da Educação Pré-Escolar e as
causas e as consequências da baixa qualidade da educação em Moçambique. É
pertinente aos cursistas trabalhos desta natureza, e em especial na cadeira, visto que
contribui bastante no enriquecimento e dinamização das suas capacidades de reflexão e
aplicação dos curricula ao nível das instituições de ensino.

A metodologia usada na produção deste trabalho foi da consulta bibliográfica de obras e


instrumentos legislados que abordam o tema em causa. Foi necessária uma profunda
leitura e cuidadosa, onde os instrumentos e obras lidas constam na referência
bibliográfica do presente trabalho.
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Educação em Moçambique

Conceito de educação

Educação é o processo pelo qual consiste na transmissão dos conhecimentos, valores,


hábitos e costumes da geração mais experiente para os menos experientes.

Paulo Freire (2003, p.75) diz mais: “[...] a educação como pura exposição de fatos,
como transferência de valores abstractos, da herança de um saber casto, tudo isso são
crenças que a consciência ingénua do ‘analfabeto’ político sempre proclama.”

Para Paulo Freire (2003, p.10), a educação, “Como processo de conhecimento,


formação política, manifestação ética, procura da boniteza, capacitação científica e
técnica, [...] é prática indispensável aos seres humanos e deles específica na História
como movimento, como luta.”

Qualidade da Educação em Moçambique

A educação é um sistema que se integra num sistema mais amplo que o sistema social,
um sistema da educação interage com muitos outros sistemas que caracterizam um dada
sociedade: sistema político, sistema governamental, sistema económico.

Moçambique, como tantos países foi atravessado por várias épocas, nas quais o conceito
de qualidade, concretamente da educação foi tomando contornos de acordo com a
realidade em vigor. Registam-se no país momentos durante a colonização; pôs
colonização (pôs independência); durante a guerra de desestabilização e por fim o
momento actual, o pôs guerra de desestabilização.

A definição da educação enquanto um direito humano compreende que sua protecção


tem uma dimensão que ultrapassa a consideração dos interesses meramente individuais.
O reconhecimento do direito à educação legítima a concepção de que o saber
sistemático é mais do que uma importante herança cultural. O acesso a esse bem
fomenta no indivíduo a capacidade de se apoderar de padrões cognitivos e formativos,
que serão decisivos para a ampliação das possibilidades de participar dos destinos de
sua sociedade e colaborar com a sua transformação (CURY, 2008).
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A qualidade de ensino sugere se a formação mais profissional dos docentes, oferecendo


melhores condições de trabalho e adianta se também a aposta nas infra-estruturas
escolares melhoradas, e que não só se restringem nas zonas urbanas, mais sim em todo o
país.

Desde a adopção da Reforma de Educação em 2004, Moçambique registou progressos


consideráveis, particularmente em termos de acesso e participação na educação.
Contudo, permanecem grandes desafios em termos de qualidade e relevância da
educação oferecida. A expansão quantitativa da escola (acesso e participação) às vezes
era feita a um custo para a qualidade educacional. Por exemplo, para proporcionar mais
vagas nas escolas, tem recorrido à prática de turnos triplos, embora o facto de reduzir o
tempo de contacto professor - aluno e as actividades de aprendizagem relacionadas, ao
mesmo tempo leva a uma deterioração do ambiente escolar. Devido a várias razões
(fraco estatuto, baixa motivação / incentivos, falta de espaço para preparação, etc.), o
elevado absentismo dos professores tem sido mencionado como uma grande
preocupação para a maioria das escolas públicas moçambicanas, o que afecta o
compromisso do Governo em construir um ambiente de aprendizagem robusto.

A má qualidade de ensino em Moçambique tem sido um problema que assola o país,


pois não sabe onde deriva este problema deixando assim muitas dúvidas, alguns
analistas chegam a concluir que a má qualidade de em ensino deriva da má formação
dos professores, turmas numerosas, a carga horária que se presume ser pouco, a falta de
equipamentos escolares, a falta de interesse dos alunos, a falta da motivação dos
professores.

Factores que contribuem a falta de qualidade na educação

Falta de escolas, é a falta de vagas nas escolas, são as barreiras excludentes da


desigualdade sociais inclusive legais como era o caso dos exames admissão, a
discriminação que desigualava o ensino profissional, os limites do ensino não gratuito e
a descontinuidade administrativa. A não qualidade se expressou e ainda está presente
nas repetências sucessivas redundando nas reprovações seguidas do desencanto, da
evasão e abandono. Em termos gerais a qualidade da educação em Moçambique é
verificada por meio de avaliações externas. O Sistema de Avaliação da Educação Básica
é composto por um conjunto de avaliações externas em larga escala.
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Oferecendo melhores condições de trabalho e adianta se também a aposta nas infra-


estruturas escolares melhoradas, e que não só se restringem nas zonas urbanas, mais sim
em todo o país.

O direito à Educação e as políticas públicas

Educação de jovens e adultos incluí programas destinados para os que são chamados
juventude fora da escola, bem como muitos adultos que são classificados como
educação não formal.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é a modalidade de ensino destinada a garantir os


direitos educativos dessa numerosa população com 15 anos ou mais que não teve acesso
ou interrompeu estudos antes de concluir a Educação Básica. Conforme assinala
Oliveira (1999), a modalidade não é definida propriamente pelo recorte etário ou
geracional, e sim pela condição de exclusão socioeconómica, cultural e educacional da
parcela da população que constitui seu público-alvo.

Em algumas regiões metropolitanas, existem centros especialmente destinados aos


jovens e adultos que adoptam formas de organização do ensino flexíveis e inovadoras
(Haddad et al, 2007), porém a oferta pública de EJA quase sempre é realizada em
período nocturno e nas mesmas escolas - e com os mesmos professores - que atendem
em período diurno crianças e adolescentes. Como a maioria das licenciaturas não
prepara para actuar com jovens e adultos, os professores tendem a reproduzir nessas
turmas os métodos e conteúdos curriculares do ensino das crianças, até que o acúmulo
de experiência e o trabalho colectivo lhes permita construir novos saberes da docência
(Pereira e Fonseca, 2001; Ribeiro, 1999). A rotatividade dos professores, que na maior
parte dos casos apenas completa suas jornadas de trabalho na EJA, entretanto, torna os
esforços de formação em serviço pouco efectivos. O coordenador desempenha um papel
estratégico para o enfrentamento desse quadro, pois cabe a ele promover a formação
continuada da equipe e incentivar o estudo, as práticas de registo, a análise crítica e o
intercâmbio de experiências.

A legislação vigente sobre a educação nacional apresenta avanços e retrocessos em


relação à Educação de Jovens e Adultos (EJA). A Constituição de 1988 representou
uma conquista para o reconhecimento da Educação de Jovens e Adultos como direito
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público subjectivo, alterando a concepção de que a EJA possui um carácter apenas


compensatório, passando a ser reconhecida como parte do ensino fundamental. No
entanto, a Lei de Directrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº. 9394/96, ao
regulamentar o financiamento do ensino fundamental, prioriza a faixa etária de 07 (sete)
a 14 (catorze) anos, o que, na prática, significa um retrocesso para as conquistas da
Educação de Jovens e Adultos.

Em 2001, foi aprovado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) o documento das
Directrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Nesse documento, que apresenta
historicamente as mazelas da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, o perfil dos
alunos, a necessidade de formação docente específica e as bases legais, são
reconhecidas as seguintes funções da EJA: reparadora, equalizadora, qualificadora ou
permanente.

Educação e Equidade do Género em Moçambique

A Política de Género rege-se por vários princípios, nomeadamente o princípio da


unidade, o princípio da justiça social, o princípio da equidade, o princípio da igualdade,
o princípio da não discriminação, o princípio da integração de género e o princípio da
não-violência. O princípio da equidade assenta no reconhecimento e respeito dos
direitos humanos e no facto de que a equidade entre o homem e a mulher deve conduzir
a acções específicas de melhoramento do estatuto do género a todos os níveis, com
observância da diversidade cultural que caracteriza a sociedade moçambicana.

Porém, este princípio está intrinsecamente ligado ao princípio da igualdade que assenta
na igualdade de direitos, oportunidades e benefícios entre o homem e a mulher em todos
os domínios da vida política, social, económica e cultural, independentemente da cor,
raça, origem étnica ou geográfica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução,
posição socioeconómica, profissão, filiação partidária e crença política.

Todavia, as dificuldades em trabalhar este tema, e em trabalhá-lo de forma


interdisciplinar, ou seja, fazendo a integração das várias disciplinas deste nível de
ensino. Esta dificuldade deve-se, fundamentalmente, a uma das razões: os professores
pensam que questões de género e sexo são culturalmente sensíveis e complexas, pelo
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que não podem ser facilmente compreendidas por alunos no PEA, o que em alguns
poderia influenciar no conhecimento de algumas directrizes de Género e Equidade.

Equidade de Género e Igualdade de Género

Equidade de Género é um princípio ético, reconhece que os indivíduos são diferentes


entre si e, portanto, merecem tratamento diferenciado que elimine ou reduza a
desigualdade. A equidade de género implica uma série de acções que procura o
tratamento justo para mulheres e homens. Garantir esta justiça requer novas medidas
por parte da sociedade, e assim compensar as desvantagens históricas e sociais que
impedem às mulheres beneficiar de oportunidades iguais com os homens. Apesar de a
equidade poder ser um meio para alcançar a igualdade, estes conceitos não são
sinónimos. A equidade de género implica que existe a possibilidade de haver
tratamentos diferenciais para corrigir desigualdades de ponto de partida; medidas não
necessariamente iguais mas que conduzem à igualdade em termos de direitos,
benefícios, obrigações e oportunidades. Significa que é necessário empreender acções
diferenciais para acabar com a desigualdade.

Equidade de género significa conceder oportunidades iguais para mulheres e homens,


meninas e meninos para desenvolver o seu potencial. Para garantir a equidade, as
medidas são postas em prática para enfrentar a discriminação social ou histórica e
desvantagens enfrentadas pelas meninas em relação aos meninos.

Igualdade de género é um assunto de direitos humanos. Refere-se aos direitos,


responsabilidades e oportunidades iguais para mulheres e homens. Inclui a perspectiva
quantitativa que se refere à igual distribuição de mulheres e homens em todas as áreas
da sociedade e a perspectiva qualitativa refere-se à necessidade de dar a mesma
importância ao conhecimento, experiência e valores de ambos, homens e mulheres,
direccionados a todas as áreas de desenvolvimento. Igualdade de género valoriza a
pessoa humana de igual forma. Igualdade significa reconhecer a forma como as
mulheres e os homens têm sido tradicionalmente tratados de forma diferente e fazer
mudanças para que o trabalho realizado pelas mulheres e homens seja reconhecido
como valioso.
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Género e sexualidade na educação escolar

Educação envolve o conjunto dos processos pelos quais aprendemos a nos tornar e a nos
reconhecer como sujeitos de uma cultura. Para que nos tornemos sujeitos de uma
cultura, é preciso que estejamos expostos, de forma continuada, a um conjunto amplo de
forças, de processos de aprendizagem e de instituições nem sempre convergentes e
harmoniosas do ponto de vista de suas prioridades e objectivos políticos; esse conjunto
inclui, hoje, uma infinidade de “lugares pedagógicos” além da família, da igreja e da
escola e engloba uma ampla e variada gama de processos educativos, incluindo aqueles
que são chamados, em outras teorizações, de socialização.

Portanto, tais processos educativos podem, grosso modo, ser divididos em intencionais
e não intencionais, sendo que quase tudo o que aprendemos a definir como educação
nos cursos de formação de professores/as e, também, o que se privilegia discutir como
objecto específico desse campo se inclui nessa categoria de processos educativos
intencionais, que poderiam, ainda, ser desdobrados em formais e não formais. Os
processos educativos não intencionais têm sido muito pouco reconhecidos, visibilizados
e problematizados, a não ser em alguns campos específicos que se ocupam, por
exemplo, de questões vinculadas a género, raça e sexualidade.

Desigualdade de género na educação

A desigualdade de género tem vindo a ser reconhecida como um factor de perpetuação


do subdesenvolvimento e da pobreza. Constata-se que as mulheres encontram-se cada
vez mais e de um modo desproporcional, vulneráveis à pobreza. Porém reconhece-se
que a igualdade de género e o empoderamento das mulheres são condições
fundamentais para o desenvolvimento (UNFPA, 2006).

A desigualdade de género refere-se às diferenças de estatuto, poder e prestígio entre


mulheres e homens em vários contextos. Os funcionalistas, ao explicarem a
desigualdade de género, sublinham que as diferenças de género e a divisão sexual do
trabalho contribuem param a estabilidade e a integração social. As abordagens feminis-
tas rejeitam a ideia de a desigualdade de género ser, de alguma forma, natural.
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Verifica-se ainda, e apesar das enormes mudanças ocorridas nas últimas décadas, um
domínio masculino no plano económico e simbólico (nos valores, na tradição, nas
actividades verdadeiramente valorizadas, que são as dos homens, nos comportamentos
etc.). Por exemplo, se pensarmos a questão da educação na nossa sociedade, a actual
desvalorização do papel do professor, apesar de estar obviamente associada a vários
factores, não será talvez alheia ao facto de o ensino ter deixado de ser um domínio dos
homens para passar a ser uma profissão sobretudo feminina, principalmente nos
primeiros anos da escolaridade.

Existem ainda disparidades de género no sector da educação apesar dos esforços


empreendidos para melhorar a situação de igualdade de género. Raparigas e rapazes,
mulheres e homens ainda não beneficiam de igual acesso às oportunidades, aos recursos
e aos benefícios do sector. Vários são os constrangimentos que limitam ou reduzem as
possibilidades de êxito. A equidade de género deve ser vista como um meio para se
alcançar a igualdade em todos os aspectos, incluindo a participação na tomada de
decisão.

Socialização de género

Os comportamentos e atitudes considerados adequados ao feminino e ao masculino são


assim interiorizados de acordo com as sanções e as expectativas sociais e o processo de
socialização é viabilizado através dos agentes de socialização, instituições como a
família, a escola, a religião, a economia e o estado.

A socialização de género não é um processo inerentemente harmonioso; diferentes


agentes, como a família, a escola e o grupo de amigos, poderão entrar em conflito entre
si.” É certo que as pessoas não são agentes passivos perante as influências sociais, mas
todos somos expostos a padrões e modelos de género cujas expectativas acabamos por
melhor ou pior cumprir por forma, a construir uma identidade de género que nos sirva
de referência no grupo social a que pertencemos, ou seja, uma definição pessoal de nós
próprios baseada naquilo que significa para cada um ser homem ou mulher.

Todavia, o processo de socialização começa desde o nascimento e prolonga-se ao longo


da vida, havendo recurso a mais estereótipos de género na infância. Porém, o individuo
precisa da Escola para a sua socialização e para saber enquadrar as suas experiências no
Processo de Ensino e Aprendizagem.
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Igualdade de género na educação

Os casamentos precoces, quer eles tenham como objectivo aliviar a carga económica da
família ou assegurar o futuro da filha, são um dos obstáculos ao progresso educacional
das raparigas. A alteração da idade legal para o casamento não tem grandes
possibilidades de mudar as práticas locais, caso as condições de vida subjacentes
também não sejam mudadas. Esta é a razão da necessidade de adoptar medidas que
promovam a importância da educação das raparigas, através de campanhas, de pessoas
que sirvam de exemplo, da melhoria das condições de segurança, o trabalho directo com
adolescentes de género feminino, de modo a fortalecer a sua voz, permitindo assim que
concluam a formação educacional.

Actualmente, mulheres e raparigas têm acesso a oportunidades que anteriormente lhes


eram restritas. As taxas de matrícula das raparigas na escola primária aumentou e a
diferença de género na educação tem estado a diminuirmos; o número de mulheres que
entram no mercado de trabalho é grande; e a representação das mulheres na política está
a crescer em muitas partes do mundo. A pobreza, a desigualdade e a violência afectam
as mulheres de maneira desproporcional, pois, elas constituem a maior parte dos pobres
do mundo, representam cerca de dois terços das pessoas analfabetas, e, juntamente com
as crianças.

Educação Primaria Universal

A conclusão do ensino primário continua actualmente a ser uma das maiores


preocupações de Governos e organismos que se ocupam da educação. Com efeito,
continuam a ser muitas as crianças que, em idade oficial de ingresso para o primário,
não tem acesso a escola. Noutros termos, o ritmo de redução do número de crianças fora
da escola continua lento.

O facto de ainda não se ter atingido a universalização do acesso ao ensino primário faz
com que aumente o número de pessoas analfabetas em Moçambique. Estes, quando
adultos, provavelmente, terão filhos que nãoirão frequentar a escola, dado que
engrossarão o grupo de criançasvulneráveis.
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Os impedimentos da universalização do Ensino Primário estão relacionados com a


inexistência de escolas e com a fraca eficácia interna dos sistemas de ensino, quer dizer,
as taxas de reprovação têm de ser reduzidas, para permitir maior fluxo de alunos de uma
classe para a outra, libertando, desse modo, espaços educativos para os novos ingressos
na 1a Classe.

Maior eficácia interna do sistema (redução das reprovações) leva a conclusão do Ensino
Primário em tempo útil, o que igualmente contribui para a redução do custo unitário por
aluno e, evidentemente, maiores possibilidades de ingresso para outras crianças.

Pretende ainda promover o acesso à educação, a salvaguarda do princípio de equidade


de género e igualdade de oportunidades, e erradicação do analfabetismo, garantindo
uma educação equitativa e inclusiva, bem como a modernização e ajustamento da sua
estrutura de funcionamento.

A preocupação com educação que está se ofertando nas escolas de educação básica
ainda preocupa muitos profissionais da área, considerando que alcançar a qualidade em
educação almejada por organismos internacionais e nacionais não está demonstrando ser
tão fácil assim de ser alcançada

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e


incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

O processo de universalização do ensino fundamental caminha para sua materialização,


entretanto a permanência e o sucesso nestas etapas da educação básica ainda se
constituem como metas a serem concretizadas e como desafios a serem superados.

Perspectiva da conferência de EPT de DAKAR (2010) quanto a baixa qualidade de


educação tendo em conta: As causas e as consequências

São várias causas e consequências da baixa qualidade de ensino nos países em


desenvolvimento, nomeadamente: o rácio aluno/professor, muito alto em relação ao
desejável; o reduzido tempo de permanência do aluno na escola; a deficiente gestão e
apetrechamento das escolas; a existência de uma grande percentagem de professores
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sem qualificação mínima para o exercício da função assim como a irrelevância dos
curricula.

É importante chamar a atenção para o facto de que a pandemia do HIV/SIDA também


contribuir para a baixa substancial da qualidade de educação. O HIV/SIDA concorre
significativamente para a morte e absentismo dos docentes, para o surgimento de
crianças órfãs, instabilidade social

A AGENDA-2025, é um documento de iniciativa presidencial, datado de 2003, que


representa um amplo consenso entre o Governo, parceiros da sociedade civil, partidos
políticos e a comunidade internacional e traça uma ampla estratégia sobre a direcção
futura de Moçambique, criando uma visão comum de longo prazo, nos planos político,
económico, social e cultural.

Com o advento da independência, como seria de esperar, assistiu-se a mudanças


profundas na Educação. As escolas foram nacionalizadas e houve muito esforço na
formação de docentes e os moçambicanos tiveram acesso a educação, incluindo a
alfabetização. Explica, a AGENDA-2015, que até 1984 conseguiram-se resultados
positivos surpreendentes na educação.

Mas este quadro mudou. De acordo com a AGENDA-2015 (2003), as agressões


externas, as sanções e a guerra entre os moçambicanos prejudicaram os esforços acima
descritos, sobretudo ao nível das zonas rurais. Com efeito, o cenário do conflito nãosó
levou a deslocação da população (com especial destaque para alunos e professores),
como também à destruição de 46% da rede escolar de nívelprimário e 20% das escolas
técnicas.

Segundo a AGENDA 2025 (2003:29) algumas das causas são as seguintes:

 Insuficiente qualificação pedagógica dos professores;


 Condições difíceis e precárias em que trabalham os professores;
 Baixos salários e atrasos no seu pagamento;
 Falta de motivação por parte dos professores que abraçaram a carreira como um
emprego de recurso à espera de um outro melhor;
 Falta de reconhecimento e incentivos aos professores mais dedicados;
 Falta de reciclagem periódica.
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Conclusão
Nesta ordem de ideias depois de tanta pesquisa e ter se feito o trabalho sobre situação da
educação, concluí que em Moçambique não está preparada com o sistema de ensino
vigente, por estar “turbulenta” (devido a pobreza, as calamidades que assolam o país
anualmente, as influências estrangeiras mal interpretadas), será que os encarregados de
educação dão um acompanhamento contínuo aos seus educandos? Esta e outras
questões se colocam em volta deste problema.
Embora, os professores expressem entusiasmo ao defender que não há diferenças de
género entre pessoas dos sexos masculino e feminino através de conversa informal, seus
escritos colectados por meio do questionário denotam que questões de género estão
presentes no quotidiano escolar interferindo na permanência de mulheres e homens nas
salas de aula
Universalização de o ensino primário Garantir uma educação para todos são torná-la
universal, universalizar o ensino é torná-lo comum a todos, garantindo que todos
tenham oportunidade de ensino, a verdade é que todas as experiências educativas
promovidas por uma excelente educação pré-escolar contribuem para o
desenvolvimento pleno da criança,
Tendo efeitos positivos na prevenção do abandono escolar e da exclusão social. A auto-
estima, através da criação de situações que possibilitem o reforço da concentração numa
tarefa e o contacto e a exploração sensorial, nas quais as crianças possam pesquisar o
que as rodeia e descobrir por si próprias materiais e objectos, desenvolvendo o
autocontrole e a autoconfiança. A capacidade de resiliência, através da realização de
actividades que permitam dinâmicas criativas face às contrariedades. Assim é possível
promover a imaginação e o sentido crítico da criança, reforçando o optimismo face às
adversidades e aceitação positiva de novos desafios.
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Referências bibliográficas

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.


BASTOS, Ludimila Corrêa. Traçando metas, vencendo desafios: experiências escolares
de mulheres egressas na EJA. 2011. 134 f. Dissertação (Mestrado em Educação) -
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.
BRITO, Rosemeire dos Santos. Masculinidades, raça e fracasso escolar: narrativas de
jovens na Educação de Jovens e Adultos em uma escola pública municipal de São
Paulo. 2009
SANTOS, Mário Ferreira dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. São Paulo:
Matese, 2008.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Prefácio. In: FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de
Ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados/Cortez, 2003.
WEFFORT, Francisco C. Educação e Política: reflexões sociológicas sobre uma
pedagogia da liberdade. In: FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 2009.

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