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Impacto do ensino à distância no 1o ciclo do ensino secundário geral.

Sónia Armando Benzane

Mestrando em Gestão de Projetos e Desenvolvimento

Docente: PhD Lourenço Vilanculos

Disciplina: Métodos de Investigação Científica

Resumo
Devido ao aumento da demanda de alunos em busca de conhecimento, aliado à fraca capacidade
institucional das escolas em absorver todos alunos, o Governo de Moçambique através do Ministério da
Educação, introduziu o ensino à distância; entretanto, verifica-se baixo tempo de contacto entre alunos e
professores, sendo uma vez em cada duas semanas, apenas para o professor esclarecer as dúvidas do
aluno. É neste diapasão que o presente artigo pretende analisar o impacto do ensino secundário à
distância. Para a realização do estudo, recorreu-se as técnicas nomeadamente, consulta bibliográfica e
análise de conteúdos. Assim, o estudo constatou que no ensino à distância, a interacção aluno-professor,
aluno-aluno é muito fraca e o material fornecido ao aluno não proporciona excelente aprendizagem.
Palavras-chaves: educação, ensino, ensino secundário do 1o ciclo, educação à distância.

Abstract
Due to the increased demand of students in search of knowledge, coupled with the weak institutional
capacity of schools to absorb all students, the Government of Mozambique through the Ministry of
Education, introduced distance learning; however, it if low contact time between students and teachers,
being once every two weeks, only for the teacher to clarify the doubts of the student. This article aims to
analyse the impact of secondary education at a distance. For the study, we used the techniques namely,
bibliographic consultation and content analysis. Thus, the study found that in distance learning, student-
teacher interaction is very weak and the material provided to the student does not provide excellent
learning.
Keywords: education, teaching, 1st cycle secondary education, distance education.

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1. Introdução
1.1. Contextualização
A educação é o conjunto de princípios, valores e normas de conduta socialmente
transmitidas que estruturam a personalidade de um individuo; ela pode ser formal, que
decorre em instituições oficiais e informal. Segundo Piletti (2004) ″ensinar é transmitir
conhecimentos. Seguindo esse conceito, o método utilizado baseia-se em aulas
expositivas e explicativas. O professor fala aquilo que sabe sobre determinado assunto e
espera que o aluno saiba reproduzir o que ele lhe disse″. Educação a distância é a
modalidade educacional na qual alunos e professores estão separados física ou
temporalmente e, por isso, faz-se necessária a utilização de meios e tecnologias de
comunicação e informação.
Em Moçambique, devido ao aumento da demanda e inexistência de capacidade para as
escolas absorverem todos os alunos do ensino secundário e, por outro lado
reconhecendo que o ensino presencial não seria capaz de oferecer oportunidades de
estudo às populações que vivem distante dos grandes centros urbanos, o governo
introduziu em 2004 o Ensino à Distância (EaD), como estratégia para operacionalizar as
políticas públicas de educação. A Educação à Distância (EaD) actualmente é
reconhecida como uma das alternativas comprovadas para minimizar as assimetrias
regionais em Moçambique.
Tendo em conta às condições do decurso das actividades lectivas do EaD e da pouca
aderência dos alunos/encarregados de educação a este tipo de ensino, o presente artigo
pretende fazer uma reflexão sobre o seu impacto.
Assim, o presente estudo está estruturado em cinco capítulos por forma a acomodar a
sua compreensão, da seguinte forma: o primeiro foi reservado para a introdução, sendo
que esta contém os seguintes itens nomeadamente contextualização, problematização,
objectivos (geral e específicos) e justificativa; o segundo capítulo contém a revisão da
literatura; o terceiro reserva-se para os procedimentos metodológicos usados para a
efectivação desta pesquisa; o quarto faz-se uma análise e a devida discussão dos dados
e, finalmente o quinto, que apresenta a conclusão e respectivas fontes bibliográficas
consultadas.

1.2. Problematização
No ensino secundário à distância verifica-se baixo tempo de contacto entre alunos e
professores, sendo uma vez em cada duas semanas, apenas para o professor esclarecer

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as dúvidas dos alunos; outrossim, isso regista-se desde a classe inicial (8ª classe), onde
há novas disciplinas, como a Física e a Química, que necessitam de mais interação entre
o aluno e o professor, com vista a proporcionar no aluno melhor aprofundamento dos
conteúdos e a respectiva compreensão.
Diante das constatações ora apresentadas, levanta-se a seguinte pergunta: quais são os
principais impactos do ensino à distância no 1o ciclo do ensino secundário geral?

1.3. Objectivos
1.3.1. Objetivo geral

 Analisar o impacto do ensino à distância no ensino secundário do 1o ciclo.

1.3.2. Objectivos específicos

 Descrever o funcionamento do ensino à distância no ensino secundário do 1 o


ciclo;
 Identificar os principais constrangimentos do ensino à distância;

 Propor estratégias que visam a melhoria do ensino à distância.

1.4. Justificativa
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituí em 2015 (até 2030) os Objectivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS), sendo a educação ODS 4 (ipea, 2019): assegurar a
educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todos; sendo Moçambique membro da ONU e
signatário da agenda 2030, tem a responsabilidade de melhorar os indicadores com vista
a atingir as metas. A nível nacional, segundo o último censo geral da população e
habitação 2017 (INE, 2017), a taxa de analfabetismo em Moçambique situa-se nos
39.3%, sendo maior parte da população analfabeta das zonas rurais e do sexo feminino,
o que torna primordial incrementar mais esforços com vista na sua diminuição. Devido
a dificuldade de expansão da Educação convencional para as zonas mais recônditas, o
governo Moçambicano decidiu massificar essa modalidade no país através do ensino à
distancia, ministrado a partir da distribuição de módulos para estudos individuais, com
pouco contacto entre o aluno/professor; para tal, surge a necessidade de se fazer um
diagnóstico dos principais entraves encontrados pelos alunos na frequência de módulos

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oferecidos por forma a propor soluções que minimizem o impacto no aproveitamento
pedagógico destes.

2. Revisão bibliográfica
2.1. Base conceptual

 Educação - Segundo Libâneo (1990) a Educação corresponde a toda


modalidade de influências e interações que resultam na formação de traços de
personalidade social e de carácter; a actividade educativa acontece nas mais
variadas esferas sociais (nas famílias, nos grupos sociais, nas instituições
educacionais, nas igrejas, etc.). Ainda de acordo com Libâneo (1990) educação
escolar constitui-se num sistema de instrução e ensino com propósitos
intencionais, práticas sistematizadas e alto grau de organização.
 Instrução - Para Libâneo (1990), a instrução se refere à formação intelectual,
formação e desenvolvimento das capacidades cognitivas mediante o domínio de
certos conhecimentos sistematizados, enquanto o Ensino corresponde a acções,
meios e condições para a realização da instrução.
Segundo Piletti (2004) ″ensinar é transmitir conhecimentos, seguindo esse
conceito, o método utilizado baseia-se em aulas expositivas e explicativas. O
professor fala aquilo que sabe sobre determinado assunto e espera que o aluno
saiba reproduzir o que ele lhe disse″. Ensino é uma forma sistemática de
transmissão de conhecimentos de modo a possibilitar que o aluno vá além dos
conhecimentos cotidianos.

 PEA é o sistema de trocas de informações entre professores e alunos, que deve


ser pautado na objetividade daquilo que há necessidade que o aluno aprenda.

 Impacto1 do latim tardio impactus, o impacto é o choque de um objeto contra


algo; Impacto pode ainda ser a consequência de uma acção, uma influência
decisiva dos acontecimentos no decurso da história.

2.2. Sistema Nacional de Educação (SNE)


Segundo o IESE (2012), o SNE foi estabelecido em 1983 no intuito de proporcionar
educação para todos em Moçambique, bem como de romper com o sistema educacional
1
Equipe editorial de Conceito.de. (14 de Março de 2013). Atualizado em 8 de Março de 2021. Impacto - O que é, conceito e
definição. Conceito.de. https://conceito.de/impacto

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herdado do colonialismo. Desde então sofreu algumas alterações com vista a se adequar
às novas exigências no país, tendo sido alterado em 1992 com a introdução da Lei 6/92
de 6 de Maio, revogada pela Lei nr 18/2018 de 28 de Dezembro.
O SNE conforme a Lei nr 18/2018 de 28 de Dezembro, é constituído por seis
subsistemas, nomeadamente de: (a) Educação Pré-Escolar, (b) Educação Geral, (c)
Educação de Adultos, (d) Educação Profissional, (e) Educação e Formação de
Professores e, (f) Ensino Superior, podendo ser de forma presencial ou à distância. O
subsistema de Educação Geral, compreende o ensino primário e ensino secundário, este
último subdividido em 1º ciclo, (da 7ª a 9ª classes) o qual é objecto de análise deste
estudo, e 2º ciclo (abarcando de 10ª a 12ª classes). Importa referenciar que a inclusão da
7ª no 1º ciclo do ensino secundário, entrou na fase piloto em 2022; assim que nesse
mesmo período, o ensino secundário à distância iniciava na 8ª classe.

2.3. Ensino à distância


Educação a Distância (EaD) - Modelo de ensino que se distingue pela separação entre aluno e
professor, uso da tecnologia para mediar a aprendizagem, comunicação bidirecional que permite
a interação entre alunos, professores e tutores, e a possibilidade de encontros presenciais para
tutorias (Estratégia de Educação à Distância 2014/2018); educativas em lugares ou tempos
diversos (MEC, 2007).
De cordo com a Lei nr 18/2018 de 28 de Dezembro, do SNE, a educação à distância é
caraterizada pela modalidade de educação essencialmente não presencial contemplada
nos subsistemas de educação geral, educação de adultos, educação profissional,
educação superior e formação de professores. Tem como objectivos proporcionar a
todos os cidadãos que, não podendo ou não querendo realizar os seus estudos em regime
presencial, pretendam a elevação dos seus conhecimentos científicos e técnicos.
A modalidade de Educação à Distância possui princípios e fundamentos bem diferentes
do ensino presencial, caracterizado pelo contacto entre professores e alunos através de
aulas presenciais, bem como do material didático, geralmente utilizado para as aulas;
todo o processo acontece entre o docente e o aluno, cujo este último, tem geralmente,
um papel mais submisso, de receptor das informações. No ensino à distância, o aluno
ganha protagonismo e autonomia para realizar o estudo, o professor é mais um
profissional envolvido no processo de ensino. Nesse sentido, o professor precisa atuar
como espécie de orientador, capaz de apresentar caminhos, realizar mediações
pedagógicas, redirecionando o foco do processo de ensino-aprendizagem.

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O Governo moçambicano através do seu Plano Estratégico da Educação à Distância
(PEED) (2014-2018), define a Educação a distância como sendo “o modelo de ensino
que se distingue pela separação entre aluno e professor, uso de tecnologia para mediar a
aprendizagem, comunicação bidirecional que permite a interação entre alunos,
professores e tutores e a possibilidade de encontros presenciais para tutorias.”
Educação a distância trata-se de uma modalidade educacional na qual alunos e
professores estão separados física ou temporalmente e, por isso, faz-se necessária a
utilização de módulos, onde o aluno tem a liberdade de levar o mesmo para sua casa.

Breve histórico da situação educacional em Moçambique


Em Junho de 1975, quando Moçambique se tornou independente, 93% dos seus
habitantes nunca tinha tido acesso a qualquer tipo de ensino (PNUD, 2001).
Moçambique foi uma colónia de Portugal. Durante séculos a presença portuguesa em
Moçambique limitava-se à região litoral e ainda no início do século XX, as últimas
batalhas foram travadas entre o exército português e a população que se opunha à sua
subjugação.
Segundo Mazula (1995) no período colonial, o ensino estava organizado em dois subsistemas de
ensino: ensino oficial e ensino rudimentar. “Enquanto o primeiro estava destinado aos filhos dos
colonos ou assimilados, permitindo assim ao aluno prosseguir os seus estudos até ao ensino
superior” o ensino indígena desenvolvia-se nas regiões rurais e escolas das missões, controladas
pela igreja.
O conteúdo do ensino indígena, de acordo com Gomez (1999), era altamente religioso,
com grande parte dos horários preenchida pela aprendizagem da doutrina católica; e os
conteúdos, quando existiam, tinham referência conceitual e cultural portuguesa.

Início do ensino à distância em Moçambique


Em 2004 foi lançado o Programa do Ensino Secundário à Distância do 1º Ciclo
(PESD1) na província de Nampula, tendo-se expandido em 2008 para as restantes
províncias acolhendo um total de 7.260 alunos. De registar que o Ensino Secundário à
Distância do 1º ciclo é uma realidade em todas as províncias do país. Para o Ministério
de Educação, o IEDA vai ajudar estudantes a dar passos importantes, para além de
atender aos alunos em idade escolar, este sistema atende, igualmente, os outros jovens e
adultos que por razões diversas não podem frequentar o ensino presencial.
O governo encara a educação como uma arma fundamental no processo de luta contra a
pobreza, batalha para a qual todos são convidados a tomar parte independentemente da

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crença religiosa ou filiação partidária. Enquanto fazemos o esforço de garantir que a
escola seja um lugar seguro e feliz para todos, livre de abuso sexual, de casamentos
prematuros e gravidezes precoces, para todos os que a frequentarem, incluindo as
crianças com necessidade educativas especiais, o ensino à distância visa passar a
mensagem de que não é apenas no recinto escolar onde se deve aprender.
Entretanto, em Moçambique encontramos uma realizada diferente do que se planificou
quanto a implementação do ensino à distância; a falta de recursos tem contribuído
negativamente para a aprendizagem dos alunos, atendendo que o país ainda está em via
de desenvolvimento as dificuldades são maiores, os centros de aprendizagem não tem
equipamentos como: computadores, Internet e os alunos estão sujeitos ao uso de
módulos para facilitar a aprendizagem e, encontramos alunos que enfrentam
dificuldades económicas impossibilitando-lhe de adquirir um “smartphone” para a
aquisição do material e aulas eletrónicas.

Política e estratégia de educação à distância


Em 2000, o Governo pela primeira vez, foi criou o Ministério do Ensino Superior,
Ciência e Tecnologia, e a ministra de tutela criou em 2001 uma comissão
interdisciplinar com a tarefa de desenhar uma estratégia para a introdução da educação à
distância no ensino superior em Moçambique.
A comissão recebeu a tarefa de ampliar o seu trabalho para abranger todos os níveis da
educação, do primário ao superior, incluindo a educação não formal, tendo criado o
Instituto Nacional de Educação à Distância (INED), responsável pela coordenação da
educação à distância, mas deixando a produção dos cursos fundamentalmente a cargo
das instituições existentes. O INED foi responsabilizado em desenvolver e gerir as
infraestruturas para a educação à distância e oferecer formação em metodologias
específicas em diversas instituições, cabendo-lhe também a criação e gestão da rede de
centros de atendimento aos alunos; as instituições implementadoras dos diferentes
cursos à distância foi-lhes responsabilizada a avaliação e certificação dos alunos.

3. Fundamentos metodológicos
3.1 Tipo de pesquisa
No que diz respeito ao tipo de pesquisa, o presente artigo contou com o apoio da
pesquisa qualitativa (quanto a abordagem), básica (quanto a natureza), descritiva
(quanto aos objectivos) e bibliográfica (quanto aos procedimentos técnicos). A escolha

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destes tipos de pesquisa deve-se ao facto de estas proporcionarem maior familiaridade
com o tema em análise.

3.2 Técnicas de recolha de dados


No que concerne às técnicas de recolha de dados, o presente estudo recorreu à consulta
bibliográfica que consistiu nas leituras de artigos científicos, jornais académicos,
relatórios e livros que abordam questões sobre os aspectos de educação e procurou-se
analisar as contribuições de diferentes pensadores que pesquisam sobre essa área de
conhecimento.

3.3. Técnicas de análise de dados


Este estudo recorreu às técnicas de análise de conteúdos que consistiu na leitura de
diversos documentos, sua profunda análise e comparação (entre os tipos de ensino
ministrados no ensino secundário geral, nomeadamente o ensino presencial e ensino à
distância).

4. Análise e discussão dos dados


4.1. Funcionamento do ensino à distância no ensino secundário do 1o ciclo
O programa de Ensino Secundário à Distância (PESD) é uma forma de provisão do
Ensino Secundário que o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano oferece,
através do Instituto de Educação Aberta e à Distância (IEDA), no âmbito dos esforços
visando o alargamento do acesso ao Ensino Secundário Geral, dos graduados do ensino
primário e do ensino secundário do primeiro ciclo ou equivalente.
O PESD tem como objetivo oferecer mais uma opção de estudo no Ensino Secundário
Geral (ESG) através de uma modalidade que estimula a auto-aprendizagem, promover a
abertura do ensino secundário geral; promover a inclusão da mulher e promover a
inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais.
O EaD inicia com a afectação/matrículas dos alunos, e depois da abertura do ano lectivo
(obedecendo o mesmo calendário do ensino presencial), ocorre o encontro entre o gestor
e os alunos, para explicação do funcionamento do processo; de seguida há um encontro
de integração entre os alunos e os tutores/professores.
Feito isso, os alunos levantam os módulos e iniciam o estudo individual nas casas,
segundo as orientações dos tutores, que se encontram posteriormente uma vez a cada

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duas semanas com os alunos, para esclarecer certas dúvidas. Referenciar que o encontro
é marcado a partir da aproximação do aluno com o gestor, que marca o horário da aula,
após interagir com o professor; o encontro pode ser apenas entre um aluno ou grupo de
alunos, com o tutor. Findo o módulo dentro do calendário pré-definido, o aluno
comunica ao gestor e, este em coordenação com o tutor, marca a avaliação. Para a classe
de exames, o exame final é realizado junto (no mesmo júri) os alunos do ensino
presencial.

4.2. Comparação do ensino à distância com o ensino presencial


É importante salientar que o facto de haver um distanciamento físico entre os
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem não significa que o aluno fique
solitário com suas dúvidas e dificuldades, entretanto maior interação entre os alunos e
alunos tutor, melhora o nível de aprendizagem/socialização.
No ensino à distância o aprendizado acontece de forma bem diferente do padrão que se
conhecia até então que é o ensino presencial, em que o professor introduz as
informações para os alunos; na modalidade de educação à distância o estudante primeiro
tem acesso aos módulos de aprendizagem, o aluno tem mais flexibilidade de horários;
enquanto isso nas aulas presenciais é necessário separar tempo para ir até a escola todas
as semanas no mesmo horário.
Segundo Carvalho (2007) a questão mais inquietante é que a maior vantagem da Educação à
Distância é também a razão do insucesso dos alunos. A flexibilidade propiciada pela
metodologia, que é o principal atrativo para os alunos que almejam estudar em seu tempo livre
ou não ter a obrigação de frequentar a sala de aula todos os dias, acaba por tornar-se o maior
obstáculo no desenvolvimento da aprendizagem. A compressão espaço-tempo ou a redefinição
destas duas categorias tão essenciais ao ser humano provoca uma dificuldade em lidar com o
tempo (que sempre parece mais longo do que é de facto e com as distâncias, a não exigência
presencial provoca o isolamento e sensação de abandono no aluno.
O contato síncrono é sempre uma vantagem e facilidade do presencial, contudo, na EaD
também é possível criar momentos síncronos, e sanar essas dificuldades. Discentes e
docentes são desafiados a diminuir a distância provocada pela ausência de constante
contacto físico. Daí a necessidade premente do estudante acompanhar as actividades,
bem como dos professores, tanto os conteudistas quanto os tutores, em promover um
bom direcionamento das atividades propostas nas disciplinas. Os fóruns de discussão,
por exemplo, oportunizam o redireccionamento de questões bem como a intervenção em
momentos em que haja qualquer espécie de tensão ou desacordo.

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Desse modo, pode-se dizer que uma grande diferença entre as aulas presenciais e
em EaD é o facto de que na educação à distância é possível aos alunos ter mais
flexibilidade de horários. Enquanto isso nas aulas presenciais é necessário separar
tempo para ir até a escola ver as aulas todas as semanas no mesmo horário.

Quadro: Comparação entre o ensino à distância e presencial


Particularidades Presencial À distância
Modalidades de ensino Presencial À distância: para
esclarecimento de dúvidas
Métodos pedagógicos Tradicional Objectivista e construtivista

Local Fixo: sala de aula Sala de aula e casa


Horário Determinado e fixo. Preferencial e flexível.
Tempo de contacto Aulas presenciais de 2ª a 6ªF Um dia em cada 2 semanas
Professor Expositor, centro do saber, Orientador, facilitador.
especialista.
Recursos utilizados Discurso oral. Quadro preto e Módulos, Quadro preto
Livros
Materiais didáticos Referências bibliográficas Referências bibliográficas,
tradicionais, Material da textos preparados para o
biblioteca EaD, Material da Biblioteca
Provas Programada pelo professor O aluno informa ao tutor
quando estiver preparado
Probabilidade do Maior Menor
cumprimento do
programa
Nível de aprendizagem Maior Menor

4.3. Principais constrangimentos do ensino à distância


De acordo com a tabela sobre a comparação entre o ensino à distância e presencial,
verifica-se que há pouco tempo de comunicação professor-aluno, aluno-aluno; existem
poucos tutores e uma fraca capacitação dos mesmos; falta de espaços para estudos para
interacção com os tutores e para estudos individuais; deficiente material didáctico
(módulos e outros manuais). Também se nota uma fraca participação dos encarregados
de educação, baixa preferência dos mesmos por esta modalidade de ensino, deficiente
avaliação e controle dos objetivos do ensino e fraca exploração das capacidades
cognitivas do aluno, pois maior parte dos módulos apresentam soluções, o que pode
induzir ao aluno a não se esforçar mentalmente na resolução dos exercícios, correndo
para ver os resultados enquanto resolve.

4.4. Estratégias que visam a melhoria do ensino à distância


 Devem ser avaliados periodicamente os seus resultados face aos objectivos do

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ensino à distância;
 Conhecer as capacidades cognitivas e factores não cognitivos próprios de cada
aluno;
 Elaborar actividades que permitam com que os alunos interajam dentro e fora
dos centros de apoios a aprendizagem;
 Criação de grupos de estudo entre alunos;
 Maior envolvimento dos encarregados de educação para que possam influenciar
na aprendizagem dos alunos;
 Aumentar o tempo de contacto entre aluno e professor;
 Melhorar os módulos escolares, métodos de avaliação;
 Capacitar periodicamente os professores.

5. Conclusão e referências bibliográficas


Conclusão
Com o presente artigo “impacto do ensino à distância no 1º ciclo do ESG” conclui-se o
seguinte:
 O ensino à distância decorre através da recepção de módulos para estudos
individuais em casa ou no centro, e em caso de dúvidas, o aluno interage com o
gestor do centro de ensino à distância, que de seguida comunica com o tutor para
marcar um encontro de esclarecimento das dúvidas do aluno, sendo uma vez em
cada duas semanas, por disciplina;
 O ensino à distância oferece baixo contacto entre o tutor e o aluno, e aluno-
aluno, não facilitando maior abordagem dos conteúdos e melhor aprendizagem,
privilegia a auto-aprendizagem, o que leva com que o aluno tome dianteira no
processo de ensino e aprendizagem; assim, considerando a abordagem
construtivista deste ensino, uma maior aproximação entre os principais
intervenientes e potenciação dos recursos (livros, espaço, capacitação dos
tutores, participação activa dos pais), poderá melhorar o ensino à distância, em
prol dos objectivos de desenvolvimento sustentável;
 Como estratégias de melhoramento da qualidade do ensino, este artigo propõe a
realização de avaliações periódicas dos resultados face aos objectivos do ensino
à distância; elaboração de actividades que permitam com que os alunos
interajam dentro e fora dos centros de apoios a aprendizagem; aumentar o tempo

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de contacto entre aluno e professor; melhorar os módulos escolares, métodos de
avaliação e capacitar periodicamente os professores.

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Referências bibliográficas
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