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Alexandre Adriano Muchanga

Cláudio de Sousa
João Manuel Tchavane Mondlane
Júlio José Manhiça
Márcia Alima Jorge Jamal
Pedro Manhiça Júnior

O Relato de Experiências em Moçambique de Programas de formação no ensino Secundário


Geral e Ensino Superior (IEDA, UPM e UEM)

Licenciatura em Ciências de Educação


4º Ano, Regular

Universidade Pedagógica
Maputo
2021
1
Alexandre Adriano Muchanga
Cláudio de Sousa
João Manuel Tchavane Mondlane
Júlio José Manhiça
Márcia Alima Jorge Jamal
Pedro Manhiça Júnior

Licenciatura em Ciências de Educação


4⁰ Ano, Regular

Trabalho a ser apresentado na Faculdade


de Educação e Psicologia, na cadeira de
Educação à Distância, para efeitos de
avaliação sob orientação de Dr. Ernesto
Muinga.

Universidade Pedagógica
Maputo
2021
3

1. Introdução.................................................................................................................................4

2. Definição de Conceitos-Chave.................................................................................................5

3. Contextualização......................................................................................................................6

4. Relato de Experiências em Moçambique de Programas de formação no ensino Secundário


Geral e Ensino Superior (IEDA, UPM e UEM)..............................................................................7

5. Experiência de EAD em Moçambique.....................................................................................7

6. Instituto de Educação aberta (IEDA).......................................................................................9

6.1. Programa de Ensino Secundário Geral à Distancia..............................................................9

6.2. Plataformas utilizadas...........................................................................................................9

6.3. Grupos – alvo e Abrangência.............................................................................................10

6.4. Sistemas de Avaliação........................................................................................................10

6.5. Equivalência atribuída........................................................................................................10

7. Relatos de EaD na Universidade Pedagógica (UP)................................................................10

7.1. Início da leccionação dos Cursos à Distância.....................................................................11

7.2. Avaliação............................................................................................................................13

8. Relatos sobre Educação à Distancia na Universidade Eduardo Mondlane (UEM)................13

8.1. Centro de Ensino à Distância..............................................................................................13

9. Reflexão..................................................................................................................................15

10. Conclusão...........................................................................................................................16

11. Referências bibliográficas..................................................................................................17


4

1. Introdução
A prática de ensino, hoje, deixou de ser uma actividade meramente centrada no professor. Tanto
os alunos, os pais e encarregados de educação, bem como a comunidade no geral, são chamados
a participar nas mudanças e/ou inovações que estão sendo concebidas e/ou implementadas no
processo de ensino e aprendizagem.
Do ponto de vista do ensino à distância, após a independência até os dias de hoje, essa
modalidade de ensino foi sempre e/ou continua sendo vista como uma das estratégias para
minimizar as dificuldades de acesso ao ensino em quase todos os subsistemas do Sistema
Nacional de Educação em Moçambique (embora sendo implementada com constrangimentos
financeiros e estruturas). Com a criação de uma política específica, em 2001, o Governo e outras
instituições provedoras dessa modalidade de ensino passaram a encará-la com maior
determinação como uma estratégia que garante a dinamização do crescimento económico,
político e sociocultural da população moçambicana.
Os actores do Processo de Ensino-Aprendizagem estabelecem interações através de
equipamentos informáticos e das telecomunicações, que rapidamente detetam e se aliam ao
sistema de redes sem fio. Nos programas de Educação a Distância (EaD) e E-Learning, neste
tempo da cibercultura, os professores e os alunos, ainda que estejam geograficamente dispersos e
desfasados em tempos, podem estar virtualmente juntos em potência através das redes de
comunicação online, síncrona e assíncrona, disponíveis na Internet. Porém, há ecologias
educativas da EaD, que mesmo em tempos da Internet, conservam práticas de educação de
gerações tecnológicas anteriores, exigindo também a presença física dos alunos em polos. Esta
situação poderá ter resposta no desenho e implementação de cursos EaD mediados pela web,
antecedido por um levantamento exaustivo das condições reais em que os programas de
educação ou formação são oferecidos.
Deste modo pretende-se pela sua importância abordar sobre as experiencias em Moçambique de
Programas de Formação no Ensino Secundário Geral e Ensino superior (IEDA, UPM e UEM).
Definem-se os seguintes objectivos específicos que nortearam a reflexão em destaque: descrever
as plataformas utilizadas para a ministração das aulas a distância; Indicar os grupos-alvo, a
abrangência desta modalidade; citar os sistemas de avaliação e por último mencionar a
equivalência atribuída. Para a consecução do trabalho, basear-se-á, no método do levantamento
bibliográfico, fontes virtuais e teses de autores que versam o assunto em destaque.
5

2. Definição de Conceitos-Chave
Educação – é um processo pelo qual a sociedade prepara os seus membros para garantir a sua
continuidade e o seu desenvolvimento. Trata-se de um processo dinâmico que busca,
continuamente, as melhores estratégias para responder aos novos desafios que a continuidade,
transformação e desenvolvimento da sociedade impõem. (PCEB – 2004).
Segundo Golias (1993), educação é um processo pelo qual a sociedade forma seus valores,
membros, imagem em função de seus interesses.
Educação a distancia – Conforme Moran (2002), Educação a Distancia (EaD) é o processo de
ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados
espacial e/ou temporalmente. É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão
normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias,
principalmente as telemáticas, como a Internet.
Segundo DOHMEM, (1967) citado por LUCINEIA (2011), Educação a Distância é uma forma
sistematicamente organizada de auto-estudo onde o aluno instrui-se a partir do material de estudo
que lhe é apresentado, o acompanhamento e a supervisão do sucesso do estudante são levados a
cabo por um grupo de professores. Isto é possível através da aplicação de meios de comunicação,
capazes de vencer longas distâncias.
O Governo Moçambicano através do seu Plano estratégico da Educação a distância (PEED)
(2014-2018), define a Educação a distância como sendo “o modelo de ensino que se distingue
pela separação entre aluno e professor, uso de tecnologia para mediar a aprendizagem,
comunicação bidirecional que permite a interação entre alunos, professores e tutores e a
possibilidade de encontros presenciais para tutorias.” (PEED,2013).
Neste sentido, definimos a Educação ou Ensino à Distância como uma modalidade de
educação medida por tecnologias, em que discentes e docentes estão separados especialmente ou
temporariamente ou seja, não estão fisicamente presentes em ambiente presencial do ensino-
aprendizagem.
Educação a Distancia (EaD) podia ser caracterizada como o sistema educacional onde há total
separação física entre professor e aluno (em contraposição com a Educação Presencial).
6

3. Contextualização
Nas últimas décadas, segundo Almeida (2009), a preocupação com a disseminação e a
democratização do acesso à educação para atender à grande massa de estudantes, evidenciou a
importância da Educação a Distância (EaD), realizada a princípio por meio de correspondência;
posteriormente, por meio do uso de meios de comunicação, como o rádio e a televisão,
associados a materiais impressos enviados pelo correio.
A Educação a Distância (EaD) revigorou-se nesta última década, em função, principalmente, do
surgimento das novas tecnologias de comunicação, mediadas por computador em rede – mais
precisamente, com a popularização da Internet. Neste sentido, a Internet, por exemplo, conforme
Spanhol (1999, p. 26), forma uma rede mundial de computadores, permitindo que usuários, uma
vez habilitados com equipamentos, como software e hardware, possam se comunicar com
quaisquer outros usuários em diversos lugares do planeta, e receber um volume cada vez maior
de informações e serviços. Nesse sentido, Pratt e Palloff (2004, p. 88) consideram que é
necessário ter conhecimento básico da Internet, incluindo como “usar um navegador, acessar o
site do curso, usar o ambiente online, fazer pesquisas básicas na Internet e enviar e-mails [...] e
saber usar um processador de textos”.
Em Moçambique, a Educação a Distancia (EaD) no Ensino Superior e uma modalidade
praticamente em fase inicial de realização, sendo um dos objetivos do Governo, no âmbito da
Educação. Segundo o Portal do Governo de Moçambique (2007), a politica nacional de educação
e assegurar o acesso a educação a um numero cada vez maior de cidadãos e de melhorar a
qualidade dos serviços prestados em todos os níveis e tipos de ensino.

O Ensino Superior a Distancia em Moçambique é realizado principalmente nas seguintes


universidades: a Universidade Católica de Moçambique (UCM), a Universidade Eduardo
Mondlane (UEM), e mais recentemente a Universidade Pedagógica (UP), a Escola Superior
Aberta (Apolitécnica-ESA) e o Instituto Superior Dom Bosco (ISDB).
7

4. Relato de Experiências em Moçambique de Programas de formação no ensino


Secundário Geral e Ensino Superior (IEDA, UPM e UEM)
Moçambique é um país africano que tem se destacado na contemporaneidade pelo grande
investimento na utilização e desenvolvimento de tecnologias digitais de informação e
comunicação (TDIC) nos setores econômicos e sociais. Desde 20001 há um movimento
governamental que visa introduzir reformas no setor público, com vistas à adoção de TDIC,
cujos resultados esperados estão vinculados à melhoria dos serviços públicos.

A nível da educação superior, data de 2001 as primeiras iniciativas em EaD como política
nacional de formação no país, a partir da criação da Comissão Instaladora do Instituto Nacional
de Educação a Distância (CIINED) (MOORE e PEREIRA, 2007). Some-se a isso a introdução
dos conteúdos sobre as tecnologias no currículo do ensino secundário a partir de 2005, por meio
do Programa de Ensino Secundário a Distância (PESD), conforme histórico do Ministério de
Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique.
A Educação a Distância actualmente é reconhecida pelo governo moçambicano como uma das
estratégias comprovadas para minimizar as assimetrias regionais em Moçambique e, por
conseguinte, promover inclusão social, econômica e educacional a um número significativo da
população.

5. Experiência de EAD em Moçambique


A experiência de EAD em Moçambique é de recente implantação. A criação do Instituto
Nacional de Educação a distância (INED) de Moçambique, em 2006, foi sinal claro de
compromisso e desafios que o País tem pela frente, relativamente à implementação de sistemas
de EAD, que atendam às necessidades de desenvolvimento do capital humano, num contexto de
globalização, competitividade, mudanças tecnológicas e conhecimento, como principal fonte de
desenvolvimento. Brito (2010, p105).
Contudo, é importante recordar que os primeiros registros de implantação da modalidade de
ensino à distância no país verificaram-se na década de 70. Neeleman & Nhavoto (2003) relatam
que “em cumprimento das orientações saídas do Terceiro Congresso da FRELIMO foi criado em
1977, dentro do Instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação (INDE), um Departamento
de Ensino à Distância (DED). Este Departamento produziu um documento (Ministério de
Educação e Cultura 1980) que foi uma tentativa de estudo de viabilidade.
8

O documento ampliou o conceito de ensino por correspondência e introduziu no país o termo


"Ensino à Distância". O estudo recomendou que os professores primários fossem considerados o
primeiro grupo alvo do ensino à distância. Neeleman & Nhavoto (2003, p3)
Como primeira medida a ser implementada, estes autores sustentam que o DED selecionou vinte
pessoas para constituírem o primeiro núcleo de especialistas em ensino à distância no país, pois
segundo ele, este grupo começou a ser formado a partir de 1983. Já em 1984 teve lugar no país
um curso de formação com a duração de cerca de seis meses, dado pelo Instituto de Radiodifusão
Educativa da Bahia (IRDEB), com financiamento do Governo do Brasil e da UNESCO. Os
participantes no curso foram treinados em três áreas: elaboração de material radiofónico,
elaboração de material escrito e planificação e avaliação.
Os relatos de Neeleman & Nhavoto (2003, p.3) dão conta de uma falha sistémica no processo ora
implantado pois que, segundo estes autores “ o curso iniciou enquanto a formação dos
especialistas responsáveis pelo mesmo ainda estava a decorrer, o que resultou em frequentes
atrasos na expedição dos materiais e na emissão dos programas radiofónicos. A isto acresce que
ainda com este curso a decorrer em fase experimental, o Ministério de Educação decidiu
introduzir o novo Sistema Nacional de Educação (SNE), alterando os programas e obrigando o
curso a reescrever os materiais que acabavam de ser elaborados”.
Essa fase embrionária da Educação a distância não teve o desenvolvimento e a evolução
esperada, pois que nesse mesmo período o país mergulhou numa guerra civil que viria a durar
dezasseis anos, Neeleman & Nhavoto (2003) referem que:
Com as comunicações cortadas, com as escolas funcionando com dificuldades cada vez maiores
e com muitos professores, principalmente nas zonas rurais, enfrentando perigo de vida, a
formação de professores à distância teve que ser interrompida.
O DED deixou de existir como departamento do INDE, em 1987, e foi integrado no
Departamento de Formação em Exercício de Professores do Ministério da Educação. Essa
reorganização mostrou que se tinha perdido a perspetiva de educação a distância para todos, que
tinha sido a filosofia do DED. Em vez disto, a Educação a distância passou a ser uma
modalidade apenas na formação dos professores. Grande parte dos originais dos materiais
escritos e das bobinas com os programas radiofónicos foram perdidos. Neeleman & Nhavoto
(2003, p.4).
9

Foram várias as tentativas de implementação desta modalidade de ensino em Moçambique e


naturalmente nem todas elas foram bem-sucedidas por motivos de vária ordem, contudo houve
sempre a noção de que apostar nesta modalidade de educação era também apostar na educação.
O quadro seguinte mostra o panorama geral do EAD em Moçambique.

6. Instituto de Educação aberta (IEDA)


O Instituto de Educação Aberta e à Distância (IEDA), é uma instituição Moçambicana de Ensino
à Distância, criada em 2005, como resultado da fusão do Instituto de Aperfeiçoamento de
Professores (IAP) e o Departamento de Educação à Distância (DED), com a aprovação em 29/07
pelo Conselho Nacional da Função Pública do Estatuto do Ministério da Educação e Cultura.

6.1. Programa de Ensino Secundário Geral à Distancia


Programa de Ensino Secundário Geral à Distancia é uma forma de provisão do Ensino
Secundário que o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano oferece através do
Instituto de Educação Aberta e à distância (IEDA), no âmbito dos esforços visando o
alargamento do acesso ao Ensino Secundário Geral dos graduados do ensino Primário e do
ensino secundário primeiro ciclo ou equivalente, independentemente da sua idade, sexo,
profissão e zona de residência, que optem pela modalidade de Ensino a distancia, através do
Programa do Ensino Secundário a Distância.

6.2. Plataformas utilizadas


De tal modo que havia sido referenciado, o EaD, é um modelo que se distingue pela separação
entre aluno professor, uso tecnologia para mediar a aprendizagem, comunicação bidirecional que
permite a interacção entre alunos, professores e tutores, possibilidades de encontros presenciais
para tutorias (Estratégia da Educação à distancia 2014 – 2018, pag.11).

Existem no CAA (Centro de Apoio a Aprendizagem) materiais auto-instrucionais para a auto-


aprendizagem (módulos, CDs, etc.) que possibilitam o estudo autónomo do aluno.
Os alunos inscritos podem levantar os módulos para casa e beneficiam-se de tutória em regime
presencial, isto é, no CAA há professores disponíveis, de acordo com um horário estabelecido,
para ajudarem aos alunos a compreender aquilo que sozinhos não conseguem compreender.
10

No contexto actual o IEDA aderiu as plataformas digitais de modo a tornar o processo de ensino
a distância mais eficiente, dos quais apresentam-se: Whatsapp, Google Meet, Zoom, assim como
o tradicional recurso SMS.

6.3. Grupos – alvo e Abrangência


O Programa de Ensino Secundário Geral à Distancia abrange todo o individuo interessado, desde
que tenha concluído a 7ª ou 10ª Classe do ensino secundário geral ou equivalente,
independentemente da sua idade ou sexo.
6.4. Sistemas de Avaliação
Nesta modalidade de ensino a avaliação é regida pelos critérios constantes do Regulamento de
Avaliação do Ensino Secundário Geral (8ª, 9ª e 10ª Classe). Entretanto, são também
considerados outros critérios de acordo com a especificidade do EAD.

 Auto-avaliação (exercícios de auto-avaliação);


 Teste de Fim do Módulo (TFM) é feito no CAA depois de ler cada módulo e é corrigido

pelo docente de disciplina;


 Depois de terminar todos os módulos da disciplina calcula-se a média final da disciplina;
 Depois de terminar todos os módulos da classe calcula-se a media final da classe que

determina a aprovação ou não de acordo com o regulamento.


 O aluno da 10ª Classe, em caso de admissão, é submetido a um exame final que é
nacional e é o mesmo que dos alunos do ensino presencial.
6.5. Equivalência atribuída
A equivalência atribuída para esta modalidade não se defere, com a que é atribuída a modalidade
presencial.

7. Relatos de EaD na Universidade Pedagógica (UP)


A Universidade Pedagógica (UP) é uma universidade estatal de Moçambique,
vocacionada para a formação de professores. A UP tem a sua sede e campus principal em
Maputo e delegações em seis províncias do país. Foi criada em 1986. Estabeleceu filiais nas
cidades da Beira e Nampula (UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MOÇAMBIQUE, 2010).
11

A Universidade Pedagógica (UP) adotou a Educação a Distância (EaD) como uma das formas
para melhorar a sua prestação e assegurar a formação de professores em exercício no e para o
Ensino Secundário Geral (ESG) em todo o país (UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE
MOÇAMBIQUE, 2010).
Desde outubro de 2007, o Centro de Educação Aberta e a Distância da UP (CEAD) implementa
um projeto-piloto de formação de professores em exercício no e para o ESG, financiado pela
Intermón Oxfam. Neste Projeto, o CEAD, em parceria com as Faculdades de Ciências Naturais e
Matemática, Faculdade de Línguas e a Direção Provincial de Educação e Cultura de Cabo
Delgado, proporcionou a introdução dos cursos de Bacharelato em Ensino de Física e Ensino de
Inglês, na província de Cabo Delgado (UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MOÇAMBIQUE,
2010).

7.1. Início da leccionação dos Cursos à Distância


Os cursos iniciaram-se com 100 estudantes, sendo 49 de Inglês e 51 de Física.
Atualmente, frequentam os dois cursos 97 estudantes, dos quais 49 são de Física e 48 de Inglês.
Estes estudantes estão distribuídos por quatro centros de recursos, nomeadamente, Pemba,
Macomia, Montepuez e Mueda (UNIVERSIDADE PEDAGOGICA DE MOCAMBIQUE,
2010).
No quadro das suas atribuições, em dezembro de 2008, o CEAD fez uma avaliação do
primeiro ano dos referidos cursos, com os seguintes objetivos: i) verificar a eficiência dos
materiais auto-instrucionais; ii) analisar o processo de tutoria; iii) analisar o processo de
avaliação dos estudantes (UNIVERSIDADE PEDAGOGICA DE MOCAMBIQUE, 2010).
A estratégia metodológica utilizada para o alcance dos objetivos descritos teve como base a
utilização de questionários, apresentando uma combinação de perguntas abertas e fechadas,
submetidos a setenta e quatro estudantes, dos quais trinta e cinco pertenciam ao curso de Física e
trinta e nove ao de Inglês, representando 71.4% (setenta e um virgula quatro por cento) e 81,3%
(oitenta e um virgula três por cento), respectivamente. Os dados dos questionários foram
cruzados com os resultados das avaliações dos estudantes e com o auxílio de bibliografia básica
em matéria de EaD (UNIVERSIDADE PEDAGOGICA DE MOCAMBIQUE, 2010).

Material de estudo
12

Nos cursos acima referidos os conteúdos das disciplinas são apresentados em forma de módulos
impressos para estudo individual, “embora se esteja na era da computação, da microelectrónica e
da telecomunicação, o material didáctico auto-instrucional, impresso - primeira geração de
recursos didácticos de EAD - permanece exercendo um papel essencial nesta modalidade de
ensino/aprendizagem” Landim (1997:86). O mesmo autor considera ainda que o importante é ter
sempre em consideração que qualquer proposta pedagógica deve estar contextualizada à
realidade económica, social e política de cada país.

De facto a UP optou pelo material impresso pois o seu público-alvo (professores em exercício)
encontra-se nas zonas rurais, desprovido de energia eléctrica, sem acesso ao computador e outros
meios tecnológicos. De forma a garantir a qualidade do material houve envolvimento de uma
equipa multidisciplinar. O conteúdo científico do módulo foi da responsabilidade dos docentes
da UP especializados numa determinada área de conhecimento, enquanto o desenho instrucional,
revisão linguística e arranjo gráfico é feito por técnicos de EAD, revisores linguísticos,
maquetizadores e ilustradores, contratados para o efeito.

Os Módulos em uso na UP apresentam a mesma estrutura e são constituídos por unidades


didácticas que por sua vez são compostas por lições cujo número é variável, existindo módulos
com 20 lições e outras com 40 lições ou mais. O número de lições depende da extensão de
conteúdos apresentados no programa.
As lições acima referidas para além do conteúdo, contêm algumas actividades, exercícios de
auto-avaliação, chave de correcção dos exercícios e bibliografia a consultar. Também fazem
parte das lições alguns estudos de caso, descrição de experiências que podem ser realizadas em
casa ou nos centros de recurso.

Centro de recurso
O apoio ao estudante tem como pólo, o Centro de recurso (CR) que geralmente encontra-se
localizado nas escolas secundárias. É no CR que o estudante encontra a bibliografia, material
audiovisual, “Kits” para a realização de experiências e material informático. O centro de recurso
funciona ainda como local onde o estudante:

 Encontra a calendarização das actividades de cada semestre, como por exemplo, as datas
das tutorias de especialidade e das avaliações;
13

 Participa das sessões de tutoria geral assim como das de especialidade;


 Realiza os testes e os exames;
 Encontra apoio administrativo e pedagógico no geral.
Como forma de flexibilizar o atendimento aos estudantes e público em geral estabeleceu-se um
horário de funcionamento do CR. Assim, os centros estão abertos de terça-feira à sexta-feira das
7.30 às 17 horas e aos sábados das 8 às 12 horas. Este horário poderá ser ajustado de acordo com
a realidade de cada centro de recurso, sem contudo diminuir as horas de funcionamento diário. A
existência do centro de recurso indicado pela UP, não anula a possibilidade do estudante ser
aconselhado pelos tutores a ir procurar outras bibliotecas ou locais onde possa ter outro tipo de
apoio.

7.2. Avaliação
No processo educativo, o sistema de avaliação ocupa um lugar fundamental. Por isso, no estudo
dos módulos, estão previstas diferentes formas de avaliação como: actividades de auto-avaliação,
testes e trabalhos de investigação. O processo de avaliação culmina com a realização de um
exame presencial escrito. O calendário das avaliações é enviado ao centro de recurso no início de
cada semestre. Os testes e os exames são assistidos pelos tutores locais ou por docentes da UP.
As avaliações são corrigidas pelos docentes da UP.

8. Relatos sobre Educação à Distancia na Universidade Eduardo Mondlane (UEM)


8.1. Centro de Ensino à Distância
O Centro de Ensino a Distância, designado por CEND, é uma unidade orgânica da Universidade
Eduardo Mondlane (UEM) que se dedica à operacionalização de iniciativas de Ensino a
Distância (EaD) assim como à promoção e coordenação das actividades de EaD a nível das
faculdades de modo a garantir que as diferentes unidades orgânicas de ensino ofereçam cursos a
distância de qualidade e relevância, através de tecnologias sofisticadas e modelos apropriados.

O CEND foi criado através da deliberação 13/CUN/2002, de 29 de Novembro, publicada no BR,


II série, nº 51, de 18/12/02, estando criadas as condições jurídico-institucionais para tornar a
UEM numa instituição de ensino superior bi-modal, ou seja, provedora de ensino presencial e à
distância. As normas que regem o funcionamento do CEND estão plasmadas no seu regulamento
14

aprovado por Deliberação 7/CUN/2004 de 16 de Dezembro, publicado no BR, II série, nº 9, de


01/03/06.

Causas que levaram a implementação desta modalidade na instituição


Na concepção de BRITO (2010) citando RODRIGUES, a Educação a Distância (EaD) surgiu em
decorrência da necessidade social de proporcionar educação aos segmentos da população não
adequadamente servidos pelo sistema tradicional de ensino. EaD pode ter um papel
complementar ou paralelo aos programas do sistema tradicional de ensino. Por vezes, é a única
oportunidade de estudos oferecida a adultos engajados na força de trabalho e as donas de casa
que não podem deixar crianças e outras obrigações familiares para frequentarem cursos
totalmente presenciais.

Mas também JOAO (2013) defende que o Sistema de Ensino à Distância em Moçambique, surge
como um sistema político implementado pelo Ministério da Educação como forma de dinamizar
o ensino, criar interacções entre instituições escolares e dar possibilidade de formação aos
indivíduos localizados em distritos que não têm escolas de ensino técnico e superior.

O EaD havia sido inscrito no Objectivo 8 do Plano Estratégico da UEM (1999/2003). A


integração do EaD na estratégia da UEM surgiu como resposta, por um lado, ao número
limitado de vagas no ensino convencional que era insuficiente para atender a grande demanda
de acesso ao Ensino Superior que se verificava na época; e por outro, a localização da UEM,
que não permite cobrir todo o País em termos territoriais. Daí que o objectivo do EaD é alargar
o acesso ao ensino superior aos cidadãos que por várias razões como por exemplo,
profissionais, não podem frequentar uma instituição de ensino presencial, e, ao mesmo tempo,
dar oportunidades aos docentes de participarem em cursos de curta duração de índole
profissional sem o abandono das salas de aulas.

O Centro de Ensino a Distância (CEND) oferece, actualmente, 3 cursos a distância à nível de


graduação em parceria com as faculdades, a destacar:

 Licenciatura em Gestão de Negócios (Faculdade de Economia),


 Licenciatura em Organização e Gestão da Educação (Faculdade de Educação)
15

 Licenciatura em Administração Pública (Faculdade de Letras e Ciências Sociais)

Este último curso é oferecido no âmbito do projecto da Universidade Aberta do Brasil, numa
parceria entre a UEM e a Universidade Juiz de Fora do Brasil.

A nível de pós-graduação tem o Mestrado em:


 Economia Agrária (Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal)
 Mestrado em Produção Animal (Faculdade de Veterinária)
 Mestrado em Planeamento e Gestão de Assentamentos Informais (Faculdade de
Arquitectura e Planeamento Físico).

9. Reflexão
A Educação a Distancia (EaD) apresenta-se como uma alternativa de expansão das
oportunidades de educação. Esta modalidade tem-se revelado, nas últimas décadas, um recurso
eficiente, utilizado por muitos países, para potencializar as suas capacidades de oferta educativa
a custos suportáveis. No caso moçambicano, a expansão das oportunidades educativas,
preconizada pela política do Governo, dificilmente será viável, nos próximos anos, recorrendo-se
apenas as instituições de ensino convencionais. O aumento de estabelecimentos escolares no país
para atender as necessidades educativas requereria a mobilização de recursos humanos e
materiais cujos custos não são suportáveis pelo atual estágio da economia nacional. E neste
contexto que o estabelecimento da educação a distancia se justifica e se fundamenta, por ser uma
alternativa potencializadora de expansão e diversificação das oportunidades de educação.
A adopção do ensino a distância possibilita a introdução de alternativas flexíveis de formação e
de treinamento, comumente conhecidas por educação aberta.
16

10. Conclusão
Findo o trabalho conclui -se que educação a distância possibilita condições adicionais de acesso
à aprendizagem ao longo da vida, aproveitando as oportunidades possibilitadas pelas tecnologias
de informação e comunicação (TIC). A evolução da EAD está intimamente relacionada com os
desafios do acompanhamento do rápido desenvolvimento tecnológico, que possibilitam a criação
de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) que proporcionem maior facilidade e comodidade
de interação entre os diversos atores do processo.
Importa referir que na IES de Moçambique analisadas, o processo de implantação e
implementação da EaD vem se realizando sob condições institucionais inteiramente distintas
daquelas que viabilizaram a consolidação da modalidade educação a distância especificamente
de educação superior. A IES de Moçambique, por exemplo, vêm estruturando seus cursos por
conta própria, tornando o processo muito oneroso, o contexto pedagógico em que se inscrevem
os cursos precisa ser revisto, principalmente, no atual momento de transição de paradigmas que
caracteriza o dia-a-dia das IES de Moçambique.
Percebemos que para o sucesso desta modalidade há necessidade da implantação de Pólos de
Apoio Presencial e/ou Melhoramento dos Centros de Recursos Criação de condições de
reabilitação e apetrechamento dos Centros de Recurso com: biblioteca, kits de experiências,
material audiovisual e computadores com acesso à Internet;
Introdução gradual das novas tecnologias na modalidade de EaD. Expansão dos cursos Expansão
da modalidade de EaD para os professores em exercício a nível de todo o país; Identificar a
demanda dos cursos técnicos profissionais e de gestão; Expandir os cursos técnicos profissionais
nas províncias.
Em linhas gerais ressalta-se que as experiências e perspectivas da EaD em Moçambique devem
ser vistas como uma estratégia positiva na contribuição para a formação e educação dos recursos
humanos do país. Por isso, não se pode achar que a EaD seja apenas uma possibilidade, mas sim
assumir como um dever, uma obrigação do país, para elevar os níveis de educação dos seus
recursos humanos, pois, só com profissionais qualificados, o país poderá sair da pobreza extrema
e avançar para outros níveis de desenvolvimento econômico, social e cultural.
17

11. Referências bibliográficas


 BRITO, Carlos Estrela: Educação a Distância no Ensino Superior de Moçambique:
UAM. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2010.

 JOAO, Ana Amalene Emília Victor: As Políticas Educativas de Moçambique: uma análise
crítica. 2013.

 LANDIM, Cláudia. Educação à distância: Algumas considerações. Rio de Janeiro,


1997.

 LUCINEIA, Alves: Educação à Distância: Conceitos e Historia no Brasil e no


Mundo. S/ed., Rio de Janeiro, 2011.

 NEELEMAN, Wim & NHAVOTO, Arnaldo; Educação a distância em


Moçambique;Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância;São
Paulo.setembro. 2003. Disponível em:
<http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2003_Educacao_Distancia_
Mocambique_Wim_Neeleman_Arnaldo_Nhavoto.pdf> Acessado em 7 de outubro de
2012.
 SPANHOL, Fernando Jose. Critérios de avaliação institucional para pólos de
educação a distância. Tese apresentada ao Programa de Pos- Graduacao em Engenharia
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 UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MOÇAMBIQUE. Homepage . 2010.
Disponívelem: <http://www.up.ac.mz/>. Acesso em: 10 mai. 2010.

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