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LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO

PRÁTICAS DE LETRAMENTO -
TRABALHO DE CAMPO
Autor: Esp. Lilian Maia Borges Testa
Revisor: Etna Paloma

INICIAR
introdução
Introdução
O processo de alfabetização tem sofrido mudanças significativas no decorrer dos anos, como,
por exemplo, o trabalho de forma a letrar e alfabetizar nossas crianças ao mesmo tempo, a
fim de levar o aluno a ter consciência daquilo que está aprendendo, ou seja, a leitura e a
escrita enquanto prática social. Assim, muito se tem abordado sobre alfabetização e
letramento.

Nesse contexto, faremos algumas considerações sobre como a escola deve proporcionar um
ambiente que favoreça, satisfatoriamente, o processo de ensino e aprendizagem. Nesse item,
exploraremos uma descrição de uma sala de aula de alfabetização a partir da apresentação
de um exemplo de observação e de momentos de intervenção para o desenvolvimento do
letramento.
O Processo de
Avaliação na
Alfabetização

No Brasil, o processo de avaliação ainda corre de forma a classificar e excluir o aluno, ou seja,
quando o professor seleciona os melhores alunos, ao aferir uma nota para verificar se houve
ou não aprendizagem do conteúdo ministrado. Assim, é válido salientar que todos os alunos
aprendem; entretanto, cada um possui suas especificidades e, principalmente, seu ritmo em
aprender. Sendo assim, há formas específicas de ensinar e de desenvolver o processo
avaliativo dentro de uma sala de aula.

Nesse contexto, ao fazermos uma breve análise da aprendizagem, também estamos


avaliando o ensino ministrado em sala de aula. Assim, ao considerarmos tal fato, é
imprescindível que entendamos a avaliação como processo que auxilia na construção de um
espaço democrático em que se desenvolverá o conhecimento.

A avaliação é um processo considerado indissociável em relação à prática docente, ao ser


considerada um instrumento de problematização e reflexões sobre o processo de ensino e
aprendizagem. Segundo Hadji (1994), muitas vezes, a prática avaliativa utilizada em sala de
aula se torna uma prática autoritária empregada pelo professor.

Nesse contexto, observamos que o processo de avaliação realizado de forma coerente, em


que há reflexão, volta-se para uma ação que, centrada em novas reflexões, que devem ser
realizadas sempre na construção do conhecimento, temos, portanto, uma ação reflexiva,
dialética.

Notamos que, muitas vezes, as provas são desenvolvidas conforme a disposição do


professor, não considerando se os objetivos foram realmente atingidos, nem mesmo os
trabalhos realizados no decorrer do período letivo.
Para Luckesi (2015), esse processo, em que é considerada a pedagogia do exame, volta-se
para a prática da aplicação de provas e exames, ou seja, não auxilia na reflexão em relação à
aprendizagem e acaba selecionando os melhores alunos, considerando que se centra na
reprovação ou aprovação do aluno.

Em tal situação, observamos que a avaliação, inserida no processo de ensino e


aprendizagem, estabelece um confronto entre os objetivos a serem alcançados, ao se
trabalhar determinado conteúdo, e o desempenho apresentado pelos alunos. Isso posto,
identificamos tais aspectos também no processo de alfabetização.

Figura 4.1 - Alfabetização e contemporaneidade


Fonte: Racorn / 123RF.
Isso nos leva a considerar o caminho que o aluno utilizou para chegar ao conhecimento
científico, ou seja, o conhecimento prévio que ele traz e que é mediado pelo professor até se
chegar ao conhecimento científico, sendo observado, inclusive, quando o processo de
avaliação é norteado por uma prática reflexiva.

É notório salientar, ainda, que o processo de avaliação é prática que deve ser devidamente
descrita no Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola, ou seja, o respectivo documento deve
apresentar todos os instrumentos avaliativos que permeiam o processo de ensino e
aprendizagem vigente na escola.

Em conformidade com os preceitos apontados por Veiga (2001), notamos que o Projeto
Político-Pedagógico possui duas perspectivas distintas: a perspectiva estratégico-empresarial
e perspectiva emancipatória. Dessa forma, salientamos a importância da elaboração do PPP,
que deve acontecer por meio de amplas discussões e reflexões de todos os envolvidos no
processo educativo, retirando a formalidade burocrática do documento.

Ainda comungando dos apontamentos feitos por Veiga (2001), sob a perspectiva estratégico-
empresarial, o fundamento do PPP baseia-se em pressupostos como o pensamento
separado da ação; a parte estratégica distante da parte operacional; os estudiosos separados
dos concretizadores e os estrategistas distantes das estratégias.

Assim, em relação à devida perspectiva, observamos que não há discussão coletiva; as


tomadas de decisão são consideradas centralizadoras, quer dizer, não leva em consideração
a necessidade da comunidade educativa que cerca a instituição em questão, portanto,
cumpre apenas um papel burocrático.

Veiga (2001) também considera que a perspectiva emancipatória apresenta os respectivos


fundamentos: singularidade no que se refere à teoria e à prática; ação consciente e
organizada; participação concreta da comunidade escolar e trabalho coletivo; articulação
escola-família-comunidade.

Um dos maiores propósitos da avaliação escolar é ajudar os professores a entenderem e


refletirem melhor em relação ao processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, o real
papel do processo de avaliação é apresentar um instrumento que favoreça a retomada de
uma prática pedagógica reflexiva que leve a uma aprendizagem coerente e que o
conhecimento faça sentido para o aluno.

Conforme nos adverte Hoffmann (2012), a ação de educar consiste em problematizar o


cotidiano para superar as contradições existentes em nosso mundo, reorganizando esse
mundo em que vivemos.

Ao analisarmos o processo de avaliação, notamos que existem algumas especificidades que


podem auxiliar o professor em sua prática docente, considerando um momento de reflexão
acerca de todo o processo que envolve a aprendizagem do aluno.

Avaliação Formativa
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96 considera a avaliação formativa como um
recurso relevante ao processo de ensino e aprendizagem. De acordo com o texto
apresentado pelo Departamento da Educação Básica do Estado do Paraná, no primeiro
encontro de formação docente, observamos que as características da avaliação formativa são
muito similares às características da avaliação diagnóstica e, dessa forma, muitos autores não
as separam.

Observamos que essa avaliação pode ocorrer sempre que o processo achar conveniente no
decorrer de suas aulas, ou seja, cabe ao professor definir quando avaliará se houve ou não
aprendizagem do conteúdo ministrado por meio da avaliação formativa, bem como
identificando as principais dificuldades apresentadas pelos alunos. Por meio dessa avaliação,
o professor poderá refletir sobre sua prática e reorganizar seu trabalho, a fim de que a
aprendizagem ocorra de forma satisfatória..

Sabemos que existe muita confusão em relação às definições: formativa e contínua e, por
isso, é válido salientar que o processo de avaliação não deve ser apenas contínuo, mas
também formativo, ou seja, fazer parte do processo que envolve a prática do professor em
sala de aula, cujo objetivo centra-se na aprendizagem do aluno.
Fernandes (2006) considera que a avaliação formativa possui algumas características próprias
e que auxiliam em todo o desenvolvimento da aprendizagem no momento em que ela é
aplicada.

Nesse contexto, notamos que a avaliação formativa leva os alunos a refletirem sobre o
processo de análise e síntese; o feedback confirma se houve ou não aprendizagem, porque
envolve os estudantes na aquisição do conhecimento, além de propiciar uma motivação para
que o aluno busque o conhecimento.

Sabemos que a avaliação é um procedimento que não pode ser considerado surpresa para
os alunos, que devem ser incluídos em todo o processo, seja no momento da aprendizagem
ou no momento de realizar a avaliação. Assim, os alunos também devem ser
responsabilizados pela sua aprendizagem.

Outro fator importante e que está diretamente relacionado ao processo avaliativo refere-se
às atividades que precisam ser planejadas previamente pelo professor por meio do Plano de
Trabalho Docente, em que o processo de avaliação também deve constar no referido
documento, a fim de nortear todas as práticas do professor para que o processo de ensino e
aprendizagem ocorra satisfatoriamente.

Quando o aluno assume a sua responsabilidade em relação ao conhecimento, ou melhor, no


que diz respeito à aprendizagem, ele atua ativamente nesse processo e realiza as atividades
propostas, demonstrando motivação em aprender, problematizando e buscando soluções
para os novos desafios encontrados.

Ao falarmos em alfabetização, o professor precisa sempre realizar uma devolutiva para o


aluno, com a intenção de mostrar se ele aprendeu ou não o conteúdo ministrado, a fim de
levar a um processo de autoavaliação, que dá autonomia e clareza sobre o sentido de avaliar
a aprendizagem, ou seja, verificar se realmente a criança aprendeu.

A partir das contribuições de Sordi (1995), percebemos que a avaliação deve ser um ato
dinâmico, em que o professor tem um papel ativo por meio de uma ação pautada na análise
e observação, comprometida com a construção do conhecimento.

Estamos, constantemente, nos deparando com momentos nos quais julgamos e


comparamos, isto é, a avaliação faz parte da nossa vida e permeia todas as relações sociais. O
processo de avaliação não deve, ou não deveria acontecer, como ocorre no nosso dia a dia,
mas sim extrapolar o senso comum.

Tradicionalmente, nossas experiências em avaliação são marcadas por uma


concepção que classificadas aprendizagens em certas ou erradas e, dessa forma,
termina por separar aqueles estudantes que aprenderam os conteúdos
programados para a série em que se encontram daqueles que não aprenderam.
Essa perspectiva de avaliação classificatória e seletiva, muitas vezes, torna-se um
fator de exclusão escolar para a série em que se encontram daqueles que não
aprenderam. Essa perspectiva de avaliação classificatória e seletiva, muitas vezes,
torna-se um fator de exclusão escolar (FERNANDES, 2005, p. 20).

Precisamos observar nossa ação, pois muitas vezes uma atividade avaliativa tem o foco
meramente classificatório e pouco tem contribuído para a compreensão da avaliação
enquanto processo.

A avaliação no contexto escolar ocorre em consonância com os objetivos do processo de


ensino e aprendizagem, que podem aparecer de forma implícita ou explícita no decorrer do
processo. Observamos, dessa forma, que as instituições de ensino estão repletas de práticas
avaliativas distintas e que contribuem para a formação do nosso aluno. É válido salientar,
ainda, que essas práticas são concebidas a partir de diferentes concepções teóricas que
permeiam a prática dos nossos docentes ao longo dos anos.

Avaliação Diagnóstica
Essa prática avaliativa cumpre o papel de refletir sobre a prática pedagógica, com o objetivo
de favorecer o processo educacional. A avaliação diagnóstica leva o professor a verificar em
qual nível de aprendizagem seu aluno está, além de auxiliar o professor na reorganização de
seu planejamento. A avaliação pode acontecer em qualquer período do ano letivo. Por meio
dela, o professor consegue fazer um diagnóstico e prever os objetivos que deseja alcançar ao
se ensinar determinado conteúdo.

Em relação à alfabetização, observamos que esse tipo de avaliação contribui para que o
professor acompanhe em que nível seu aluno se encontra quando nos referimos à
construção do processo de leitura e escrita. É uma prática avaliativa em que o professor faz
um diagnóstico acerca da aprendizagem dos alunos em relação à leitura e à escrita. .

Demo (2002, p. 2) faz algumas considerações sobre o papel da avaliação perante a


apropriação do conhecimento:

A avaliação só faz sentido se favorecer a aprendizagem. Todavia, não se realiza


aprendizagem qualitativa, sem avaliar. Quando se combate o tom classificatório,
[...] pretende-se, no fundo, superar abusos da avaliação, no que estamos todos de
acordo, mas não se poderia retirar daí que avaliação, de si, não é fenômeno
classificatório. Será mister distinguir acuradamente entre abusos da classificação,
de teor repressivo, humilhante e punitivo, e efeitos classificatórios implicados em
qualquer processo avaliativo, também quando dito qualitativo (DEMO, 2002, p. 2).

Na alfabetização, sabemos que a avaliação diagnóstica é imprescindível para que o professor


consiga compreender em que fase a criança se encontra e como ele deve atuar em sala de
aula para que a criança evolua para a fase seguinte, seja no desenho ou mesmo nos níveis
conceituais linguísticos.

Avaliação Somativa
O principal objetivo desta avaliação consiste em quantificar os resultados que foram obtidos
com as demais avaliações. Assim, a avaliação somativa deve ser transparente, ou seja, fazer
um balanço de tudo o que o aluno aprendeu no decorrer de um determinado período.
Notamos que, ao final desse período educacional, a avaliação somativa apresenta os
resultados se o aluno assimilou ou não o conteúdo ministrado pelo professor.

De acordo com as discussões propostas pelo Departamento da Educação Básica/ SEED/PR


(PARANÁ, 2008), a avaliação somativa deve ter critérios claros e transparentes, a fim de levar
tanto o professor quanto a escola a uma reflexão sobre o processo de ensino e
aprendizagem.

Ainda em consonância com o documento apresentado pela Seed/PR (PARANÁ, 2008, p. 3):

[...] não pode ser vista ou analisada fora do contexto do trabalho de ensino e
aprendizagem, fora da organização curricular. Ela é ação constituinte desse
trabalho e dessa organização. Por isso é que não há sentido num processo
avaliativo que não seja contínuo e formativo (PARANÁ, 2008, p. 3).

O atual sistema de ensino vigente em nosso país ainda exige uma prática em que os
resultados devem aparecer por meios quantitativos, ou seja, por intermédio de atribuições
de notas para se medir a aprendizagem de nossos alunos.

Alguns estudiosos do nosso sistema de avaliação nos lembram que muitos profissionais da
educação consideram impossível uma “avaliação justa e democrática, contínua e formativa,
que atenda a essa exigência de transformar em números os resultados apresentados por
nossos estudantes” (PARANÁ, 2008, p. 4).

Nesse contexto, salientamos que a avaliação somativa deve fazer parte de uma prática
adequada de aprendizagem, em que a quantificação se faz necessária para a verificação e
reflexão dos conhecimentos adquiridos no decorrer de um período letivo.

Portfólio
Quando nos remetemos à prática avaliativa, no contexto de letramento e alfabetização,
devemos considerar também o portfólio como uma forma de avaliarmos os níveis em que a
criança se encontra, um recurso a mais que auxiliará o professor a desenvolver seu trabalho,
a fim de que o aluno decodifique o código linguístico, mas consiga exercer a leitura e escrita
como prática social. Dessa forma, comungamos das ideias apresentadas por Villas Boas:

O portfólio é um procedimento de avaliação que permite aos alunos participar da


formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar seu progresso. Eles são,
portanto, participantes ativos da avaliação, selecionando as melhores amostras
de seu trabalho para incluí-las no portfólio (VILLAS BOAS, 2007, p. 38).

Este instrumento de avaliação possibilita a interação direta do aluno com o processo


avaliativo e, consequentemente, com sua aprendizagem. Por meio da observação das
atividades realizadas, é possível o crescimento dos alunos. No final do ano, o aluno terá
construído, de modo organizado, um relato do processo de alfabetização.

O portfólio exige, antes de qualquer coisa, que o professor estabeleça quais critérios de
avaliação quer enfatizar. Na construção da alfabetização, uma opção interessante é a
organização das produções textuais realizadas de forma espontânea pelos alunos no
decorrer do ano letivo, no intuito de propiciar a comunicação com a família no trajeto
percorrido na vida escolar do filho.

É uma prática muito comum na Educação Infantil, em que os pequenos levam para os pais ou
responsáveis uma pasta que apresenta as principais atividades realizadas durante
determinado período.

praticar
Vamos Praticar
Ao fazermos uma breve leitura sobre as especificidades da avaliação, vimos algumas características
da avaliação diagnóstica, ou seja, quando nos referimos ao processo de alfabetização, ela ajuda no
acompanhamento da aquisição da leitura e da escrita. Assim, em relação ao que aprendemos sobre
a avaliação diagnóstica, assinale a alternativa correta.

a) Há um período definido para a realização da avaliação diagnóstica.


b) A avaliação diagnóstica não permite determinar como está a aprendizagem do aluno.
c) A avaliação diagnóstica ocorre por bimestres e deve ser quantitativa.
d) A avaliação diagnóstica permite ao professor redirecionar sua prática.
e) A avaliação diagnóstica ocorre no final do ano letivo apenas.
Elaboração de Projetos
no Processo de
Alfabetização e
Letramento

Quando nos referimos ao trabalho com projetos em sala de aula, o professor tem que ter
clareza em relação ao objetivo pretendido. Por isso, para que esse objetivo seja atingido, o
professor deve realizar um bom planejamento e saber elencar as intervenções e os
instrumentos adequados para se efetivar significativamente o processo de ensino e
aprendizagem.

Ao se realizar um projeto bem-estruturado, com a descrição das intervenções coerentes que


visem sanar as necessidades das crianças em processo de alfabetização, observamos que a
criança irá sistematizar, de forma significativa, os conhecimentos oportunizados a ela.
reflita
Reflita
Sabemos que a prática de atividades
envolvendo a realização de projetos em
alfabetização é muito importante e auxilia o
professor a desenvolver um trabalho
significativo para a criança, fazendo com que a
atividade da leitura e da escrita tenha sentido
para o aluno. Assim, pensando a respeito desse
trabalho, como podemos elaborar projetos que
envolvam o processo de alfabetização e
letramento de forma inter ou, até mesmo,
transdisciplinar, voltado para crianças inseridas
na Educação Infantil?

Devemos, portanto, primeiramente, fazer a escolha do tema para, depois, iniciarmos o


trabalho com o projeto. Alguns estudiosos afirmam que as crianças buscam,
incessantemente, o conhecimento; portanto, cabe aos adultos proporcionar que essa
procura aconteça de forma satisfatória, ou seja, fazendo perguntas às crianças e propiciando
lugares adequados para a pesquisa, o que ocorre por meio do desenvolvimento de um
projeto em sala de aula, por exemplo.

A escolha do tema a ser desenvolvido pelo projeto deve despertar o interesse das crianças, a
fim de que o trabalho não se torne algo cansativo, sem um objetivo relacionado à
aprendizagem significativa dos alunos. Quando isso acontece, o trabalho com projeto fica
perdido, o professor apenas o cumpre para finalizá-lo e dificilmente terá o seu objetivo
atingido.

Figura 4.2 - A criança em fase de criação


Fonte: Inara Prusakova / 123RF.
Ao realizar um projeto, o papel do professor é mediar o processo de aprendizagem, bem
como despertar nos alunos a vontade de aprender coisas novas, para que cada criança
desenvolva a curiosidade pelo conhecimento. Portanto, o papel desempenhado pelo docente
é fazer com que os conhecimentos apresentados pelos alunos sejam discutidos e ampliados,
até que cheguem ao conhecimento científico.

saiba
mais
Saiba mais
De acordo com Saviani (1994), a tecnologia pode ser
boa ou ruim, tudo depende de como ela será utilizada
em sala de aula. Dessa forma, no processo de
alfabetização e letramento, o uso da tecnologia pode
auxiliar o professor a desenvolver seus alunos,
principalmente no que diz respeito à ludicidade. Dessa
forma, para que você compreenda melhor o uso da
tecnologia na alfabetização, te convido a ler o artigo
disponível no link a seguir.

Fonte: Adaptado de Saviani (1994, p. 35).

ACESSAR

Ao se trabalhar com o desenvolvimento de projetos em sala de aula, o professor tem a


possibilidade de atuar em consonância com diferentes áreas do conhecimento, de forma
interdisciplinar ou, até mesmo, transdisciplinar, a fim de envolver, em um mesmo projeto,
diferentes áreas do conhecimento. Entretanto, o professor deve ter o cuidado de não se
concentrar em muitas áreas em um único projeto, ou melhor, não transitar com muitos
temas, pois corre o risco de os alunos não se aprofundarem em nenhum tema e o trabalho
não se desenvolver de forma satisfatória. Observamos que, ao inserir várias áreas em um
único projeto, é imprescindível que ele considere que, em vez de auxiliar no desenvolvimento
do objetivo a ser atingido, o excesso de conteúdo pode atrapalhar e até comprometer a
aquisição de novos conceitos sobre o conteúdo trabalhado.

Assim, a atividade com projetos também propicia o desenvolvimento de pesquisa científica.


Entretanto, cabe ao professor mediar para que, de fato, isso ocorra e não fique apenas no
trabalho voltado para a leitura e a escrita, sem investigação. A ideia é realizar formulação de
hipóteses, sistematização do tema pesquisado e reflexão sobre as leituras realizadas, a fim
de considerar diferentes fontes e registros, promover discussões e estabelecer as conclusões
que se chegaram ao final do projeto.

Portanto, ao se ocupar com projetos, o professor também se torna um exímio pesquisador,


pois, para elaborar o planejamento, ele deve fazer pesquisas, procurar conhecer as
necessidades das crianças, além de investigar também o assunto que despertará a
curiosidade de seus alunos e elaborar, a partir disso, o tema a ser trabalhado. O objetivo
primordial é aprofundar o conhecimento científico dessa criança em relação ao tema
trabalhado.

praticar
Vamos Praticar
Em nossas leituras, verificamos que o trabalho com projetos auxilia o professor no desenvolvimento
de suas aulas, a fim de se tornar um exímio pesquisador. O professor tem a possibilidade de
trabalhar em consonância com diferentes áreas do conhecimento, ou seja, de forma interdisciplinar
ou, até mesmo, transdisciplinar. Assim, assinale a alternativa que apresenta corretamente qual o
cuidado que o professor deve tomar ao lidar com diferentes áreas do conhecimento.

a) Trabalhar com diferentes temas ao mesmo tempo e em diferentes disciplinas.


b) Trabalhar o mesmo assunto em uma única disciplina.
c) Desenvolver diferentes temas em uma única disciplina ao mesmo tempo.
d) Não trabalhar com muitas áreas em um único projeto.
e) O professor é o único detentor do conhecimento, portanto, ele faz a pesquisa.
A Investigação
do Processo de
Alfabetização e
Letramento em
uma Sala de Aula

Ao propormos um trabalho de pesquisa voltado para a investigação e análise de uma sala de


aula, em que ocorre o processo de alfabetização e letramento, primeiramente, é necessário
que o observador tenha conhecimento de todo o desenvolvimento de uma criança, daí a
importância de se inteirar de toda a teoria que faz parte do processo de alfabetização.

É válido salientar que, em nosso cotidiano, fazemos pesquisas a todo instante: pesquisamos
algo que nos chama atenção, ou que seja de nosso interesse. Por exemplo: buscamos
informações sobre política, religião, moda, culinária, educação, entre outros assuntos.

Dessa forma, notamos que essas pesquisas podem ser realizadas sem uma base científica,
sem um projeto estabelecido, isto é, de forma aleatória, sem base teórica, científica, em que
os resultados são obtidos de acordo com o conhecimento de senso comum, o que é
caracterizado como uma pesquisa não científica.

Assim, é possível compreender que a pesquisa científica tem seu alicerce na indagação,
realizada para alcançar a solução de um problema, e é considerada um método científico,
que deve ser desenvolvido de forma objetiva. Portanto, o pesquisador deve ser imparcial ao
analisar os resultados apurados, além da necessidade de documentação desses resultados
para uma maior confiabilidade da pesquisa realizada.
Segundo Gil (2002, p.120), o pesquisador deve apresentar as seguintes qualidades:

Conhecimento do assunto a ser pesquisado.


Curiosidade.
Criatividade.
Integridade intelectual.
Perseverança.
Atitude autocorretiva.
Imaginação disciplinada.
Paciência.
Confiança na experiência.

Ao analisar uma sala de aula voltada para alfabetização, o aluno deve considerar todas as
teorias estudadas, além de verificar as práticas realizadas em classe pelo professor que está
sendo observado.

Exemplo de Conclusão de uma Observação


Todos os dias em que entrei na sala de aula do primeiro ano do Ensino Fundamental I, notei
que havia uma preocupação da professora regente em desenvolver o plano de aula que
trazia em seu caderno.

A turma sempre demonstrou que a professora regente seguia uma rotina e que não mudou
devido a minha presença na classe. De acordo com a professora regente, a escola faz uso da
proposta pedagógica intitulada Histórico-crítica , mas, ao analisar as atividades desenvolvidas
em sala, percebi que, na tentativa de alfabetizar suas crianças, ela faz uso também do
construtivismo. A professora regente utiliza alguns jogos para estimular a alfabetização, mas
não verifiquei o uso do alfabeto móvel em sala, bem como um ambiente alfabetizador.

Levando em consideração os níveis conceituais linguísticos defendidos por Emília Ferreiro e


Ana Teberosky e que foram confirmados pela professora regente da turma, 16 crianças
encontravam-se no nível intermediário, mais da metade da turma, três estavam alfabéticos,
lendo e escrevendo, e apenas dois estavam no nível pré-silábico.

Assim, observei que a professora começou a leitura em sala de aula, levou diferentes gêneros
textuais para os alunos iniciarem a leitura e passou a destinar dez minutos iniciais da aula
para o desenvolvimento da leitura, inclusive, ela sugeriu que eles fizessem a leitura de
imagens e sequência de imagens.

Processo de Intervenção
Após toda a observação realizada em uma sala de alfabetização, passei para o momento de
intervenção, em que assumi a turma e comecei a ministrar aulas no lugar da professora
regente.

Desenvolvi, em princípio, uma atividade em círculo, para que os alunos pudessem sentar nos
lugares escolhidos pelos amigos. Dessa maneira, utilizei crachás com os nomes das crianças
escritos em letra de imprensa maiúscula, para que todos pudessem identificar os nomes dos
colegas. Nesse dia, mudei a disposição das carteiras, ou seja, os alunos sentaram em “U”.

Nessa dinâmica, os crachás foram colocados no centro do círculo, e cada aluno deveria pegar
um crachá, ler, identificar de quem era e colocar na carteira, para que o amigo pudesse se
sentar.

Depois que os alunos estavam em seus lugares, listei todos os nomes presentes no quadro.
Em seguida, entreguei uma cartela com oito espaços, para que eles pudessem escolher oito
nomes diferentes e colocassem em sua cartela. Depois que preencheram as cartelas,
conversamos sobre as regras do jogo. Colocaram seus nomes também nos papéis que seriam
sorteados durante o jogo do bingo.

Ao final do jogo, tivemos quatro vencedores, que conseguiram marcar toda a cartela,
conforme os nomes eram sorteados. Os alunos tiveram, também, que escrever o nome dos
vencedores em suas cartelas. Em seguida, lancharam e foram para o pátio.

Nesse dia, a direção passou alguns recados na sala dos professores; sendo assim, o lanche foi
realizado em 25 minutos.

Ao retornarem para a sala de aula, iniciei uma atividade de leitura, mais precisamente de
contação de histórias. Utilizei um avental de personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo , contei
a história intitulada Bolinhos de Chuva , explorei o nome de cada uma das personagens e,
após a contação, os alunos receberam o desenho das personagens em que tiveram que fazer
a tentativa de escrita dos nomes dessas personagens atrás do desenho. Alguns alunos
tentaram, primeiramente, com os jogos de alfabeto móvel que eu havia levado para a sala.

Finalizamos a atividade colorindo as personagens e colando em palitos de madeira. Assim,


cada aluno ficou com todas as personagens da história contada em forma de fantoches de
palitos.

No mais, posso arguir que não tive maiores dificuldades em desenvolver o plano de aula
elaborado, pois as crianças demonstraram muito interesse e vontade em participar da aula.
Para dar continuidade ao trabalho, levei os alunos para o laboratório de informática e lá
começaram a trabalhar com os computadores, explorando os desenhos do Sítio do Pica-pau
Amarelo que estava na tela de cada computador e, depois, brincaram um “jogo da memória”
com as personagens e o seus respectivos nomes, também no computador.
Ao final de todo o processo de intervenção, os trabalhos realizados foram recolhidos e
montamos um portfólio para cada criança, inclusive contendo as tentativas de escrita e os
jogos realizados na sala de informática, fechando o nosso trabalho com a avaliação descritiva
de cada aluno da turma.

Também foi sugerido à professora regente a criação de uma brinquedoteca na escola e um


ambiente alfabetizador dentro da sala de aula, com um cantinho destinado à leitura, com
almofadas, tapete para as crianças deitarem, diferentes livros de literatura e, além disso, que
a professora colocasse o nome de cada objeto dentro da sala de aula.

praticar
Vamos Praticar
Notamos que a pesquisa é um processo sistemático de construção do conhecimento. O principal
motivo para desenvolvermos uma pesquisa é no sentido de produção de novos conhecimentos. O
ato de pesquisar nos possibilita confirmar ou, ainda, refutar um conhecimento preexistente. Dessa
forma, assinale a alternativa que apresenta corretamente em que se centra a pesquisa científica.

a) Em um estudo de caso prático.


b) Em desenvolver resultados práticos.
c) Somente no desenvolvimento de uma teoria.
d) Na indagação realizada para alcançar a solução de um problema.
e) Na apresentação de uma única justificativa.
indicações
Material
Complementar

FILME

Além da Sala de Aula


Ano : 2011
Comentário : o filme apresenta uma professora recém-formada
que se depara com uma realidade bem diferente da que estava
acostumada, ou seja, começa a trabalhar em uma escola para sem-
teto. Essa professora encontra muitos desafios em trabalhar com
essas crianças, que possuem uma vida difícil.
Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer a seguir.

TRAILER
LIVRO

Avaliação da aprendizagem escolar: componente do


ato pedagógico
Editora : Cortez
Autor : Carlos Cipriano Luckesi
ISBN : 978-8524916571
Comentário : a obra apresenta elementos que auxiliarão o leitor a
compreender como ocorre o processo de avaliação em todo o
sistema educacional, além de trazer orientações para se
desenvolver uma avaliação pautada na aprendizagem dos
conteúdos e não somente na exclusão dos alunos.
conclusão
Conclusão
Em nossas leituras, observamos que a prática da alfabetização e do letramento ocorrem de
forma indissociável, portanto, a criança em processo de alfabetização precisa ter contato com
diferentes materiais, para que as habilidades de leitura e escrita sejam devidamente
trabalhadas. Para que isso ocorra, notamos que o desenvolvimento de projetos auxilia o
professor-alfabetizador.

Dessa forma, vimos também como deve ocorrer a observação e a intervenção em uma sala
real de alfabetização, visando a compreensão de todos os elementos que podem contribuir
para o exercício da docência, no processo de alfabetização, inclusive a questão do professor-
pesquisador.

referências
Referências
Bibliográficas
ALÉM da sala de aula, 2011. 1 trailer (0:35). Publicado por Studio Universal Brasil .
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mpM-Dqg0DG0 . Acesso em: 6 jun. 2020.

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letramento: investigação-ação educacional em uma escola pública da rede municipal de
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