1 - Expansão Cafeeira e Origens Da Indústria No Brasil - Sérgio Silva - Industrialização e Transição

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Economia Brasileira

Expansão Cafeeira e origens da Indústria no Brasil na visão de Sérgio Silva


Livro: Silva, S. - Expansão Cafeeira e origens da Indústria no Brasil. 5ª. ed. São Paulo: Alfa-
Ômega, 1981.

1 Introdução

Principal produto exportado, já na década de 1840, o café (e a sua região) foi o centro de
acumulação de capital no Brasil, responsável pelo desenvolvimento acelerado das relações de
produção capitalistas. Contudo, foi na metade do Século XIX (Década de 1860 e 1870) que o Brasil
se tornou palco de profundas transformações na produção cafeeira, formando novas relações em
toda a economia e sociedade brasileira

O desenvolvimento e a crise da economia cafeeira também são marcados pela substituição


do trabalho escravo pelo trabalho assalariado, pelo desenvolvimento do mercado, a expansão de
estradas de ferro, juntas à aparição das primeiras indústrias do país. Foi o período das condições
necessárias para a industrialização, o que para Sérgio, explica a relação da economia cafeeira com a
industrialização brasileira do século XIX e XX.

Na sua visão, esta mudança nos métodos de produção não ocorreu automaticamente, não
aconteceu pelas leis naturais da economia. A industrialização brasileira foi um processo de
contradições sociais, graças à ruptura com o passado. Partindo do exame dos variados conceitos de
indústria e industrialização, é possível expor como a expansão cafeeira e a industrialização são dois
estágios da transição capitalista do Brasil.

Faz-se necessário, então, indicar as visões do autor sobre a industrialização, capitalismo,


ascensão do modo capitalista de produção e a constituição da economia capitalista mundial.

2 Industrialização e Capitalismo

Sérgio Silva afirma que grande parte dos estudos analisam apenas consequências sociais da
industrialização, observando vantagens e inconveniências, isto porque os estudos expõem-na apenas
como o progresso das forças produtivas, progresso técnico da produtividade, mudando sua natureza.

Propondo uma nova visão, recomenda que analisemos se o resultado de um tipo de


industrialização não cria um obstáculo à sua própria existência, pois deve ser vista como um
processo social, onde as forças produtivas se adaptam às relações de produção dominantes.
Esta nova visão tem como questões fundamentais: Como os frutos da industrialização
serão repartidos? Quais as relações existentes entre os vários tipos de industrialização e
distribuição de renda?

Pelo fato do desenvolvimento de forças produtivas ser o reforço da dominação do capital


sobre o trabalho, Sérgio Silva afirma que os dois processos estão ligas: Todo o desenvolvimento de
relações de produção está ligado a um desenvolvimento específico das forças produtivas,
transformando as relações técnicas de produção correspondentes às antigas. A industrialização é a
transformação do trabalho através de relações de produção capitalistas.

3 Industrialização e Transição

A industrialização é o final do período de transição. No início, o capitalismo subordina o


trabalho nas condições técnicas do período anterior. A estrutura de transição não é apenas a
justaposição de diferentes modos de produção, pois seu desenvolvimento é o resultado de um
conjunto de contradições sociais, e a resistência do antigo modo de produção.

Esta resistência é dividia em duas partes: antes e durante a fase de transição. Apesar de
serem problemas interligados, são diferentes porque o modo de produção, nas duas fases, são tanto
diferentes, somado ao fato de que os diferentes modos de produção estão “combinados”, gera uma
estrutura onde nenhum dos modos está no seu estado puro, esta é a estrutura de transição

Para o autor, os conhecimentos sobre os modos de produção são exíguos, o que permite
apenas criar um ponto de partida para o estudo das contradições sociais presentes dentro da
estrutura de transição.

4 Transição e Economia Mundial

A transição do capitalismo propõe contradições novas, pois se realizou num cenário onde o
capitalismo já era dominante em escala mundial. Tal dominação internacional das relações de
produção expõe que a reprodução do capital não se realiza somente a nível nacional.

Portanto, a dominação mundial das relações capitalistas significa a submissão do


desenvolvimento econômico de cada país (a reprodução do capital em escala mundial) à
reprodução do capital em escala internacional. A economia mundial supõe um todo estruturado.

Nos países em transição, as contradições particulares descendem de uma relação de


dominação da economia mundial à nacional, somada à estrutura de transição. Esta é a problemática
do estudo de Sérgio Silva.

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