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Coesão
Coesão
º Ano
Os elementos que contribuem para a coesão de um texto são, em primeira linha, os conectores, ou seja, um conjunto de
palavras de várias classes que estabelecem relações entre palavras (preposições), frases (conjunções), ou blocos de texto
(advérbios).
Contribuem ainda para a coesão textual os pronomes, ao referirem entidades já anteriormente nomeadas (e estamos a
falar de pronomes anafóricos), ou que o serão a seguir (e o processo designa-se por catáfora) ou a concatenação verbal, ou
seja, a articulação correta entre os tempos verbais utilizados, ou mesmo a modalização, ou seja, o uso de uma expressão
verbal que vai suavizar, ou clarificar, a informação veiculada pelo verbo.
Coesão frásica
A coesão frásica resulta da unidade entre os vários elementos de uma frase, através do recurso aos seguintes
mecanismos: Ordem sintática das palavras (normalmente a estabelecida é SVO, ou seja, Sujeito, Verbo, Complementos(i) (no
entanto, pode sofrer alterações); Concordância em género e número(ii); Princípio da regência(iii)
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Esclarecer, explicar uma ideia quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é
Organizar as ideias por ordem em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em seguida,
sequencial (tempo ou espaço) seguidamente, depois de, após, até que, simultaneamente, enquanto, quando,
por fim, finalmente, ao lado, à direita, em cima, no meio, naquele lugar
Apresentar a intenção, o objetivo com o intuito de, para (que), a fim de, com o objetivo de, de forma a
com que se produz o que é descrito
anteriormente
Anunciar uma ideia de causa Pois, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez que, por causa
de
Indicar uma hipótese ou condição Se, caso, a menos que, salvo se, exceto se, a não ser que, desde que,
supondo que
Exprimir um facto dado como certo com certeza, naturalmente, é evidente que, certamente, sem dúvida que
Evidenciar ideias alternativas Fosse...fosse, ou...(ou), ora...ora, quer...quer
Coesão temporal
Coesão temporal é conferida pela sequencialização dos enunciados de acordo com uma lógica temporal através de
• Palavras/expressões sequencializadoras
Ex..: Em primeiro lugar, faço o plano do texto; depois, redijo-o; finalmente, procedo à sua correção.
• Advérbios/expressões que apontam para a localização temporal
Ex: Antigamente, a escolaridade era limitada. Atualmente, a realidade é bem diferente.
• Correlação dos tempos verbais (ver o exemplo anterior, cujos verbos estabelecem uma relação temporal com os
advérbios sublinhados).
Coesão referencial
Quando num texto há um ou mais elementos textuais sem referência autónoma cuja interpretação depende de um
referente (expressão que corresponde àquilo de que se fala) apresentado anteriormente (anáfora) ou subsequentemente
(catáfora) estamos perante uma cadeia de referência.
Catáfora
Atente, agora, no seguinte exemplo:
Com ele toda a gente se sentia bem. Ninguém lhe queria mal. De facto, o meu avô era uma pessoa especial. Neste caso,
em que os termos anafóricos (ele e lhe) vêm antes da expressão nominal com que se relacionam (o meu avô), falamos de
catáfora.
Elipse
A elipse é uma categoria vazia cuja interpretação depende em absoluto do antecedente. Ocorre quando, numa cadeia
de referência, o termo anafórico não está lexicalmente realizado.
O Nuno é um aluno aplicado e [O Nuno] tem boas notas.
Neste exemplo, verifica-se a elipse do sujeito da segunda oração. No entanto, esse sujeito continua a ser interpretado
anaforicamente porque retoma o valor referencial do antecedente, O Nuno.
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Coesão lexical
A coesão lexical (relação entre palavras/expressões que remetem para um mesmo referente)
obtém-se por:
• Repetição
Ex.: Ela cumprimentou o rapaz. Mal ela sabia que aquele rapaz lhe mudaria a vida.
• Substituição
- por sinonímia: É uma alegria ver o interesse destes jovens! É uma felicidade saber que estão a interpretar a
mensagem do autor.
- por antonímia: Ele esteve ausente da reunião. Se tivesse estado presente, aquela proposta não teria sido aprovada.
- por hiperonímia/hiponímia: O Simão não larga o brinquedo. Aquele boneco anda sempre com ele.
(hiperónimo/hipónimo).
- por holonímia/meronímia: Ele levou o carro à revisão. O mecânico arranjou o travão e a embraiagem.
(holonímia/meronímia)
EXERCÍCIOS
1. Ao texto que vais ler, foram retirados os conectores da lista. Volta a colocá-los nos respetivos lugares:
Na minha opinião / Bem sabemos que / Por mais ... que (dois espaços) / Porém / muito menos /
/ Em suma / Acredito que / E, certamente / parece-me que / justamente / Depois, e finalmente /
/ Inquestionavelmente, e sem margem para dúvidas
Pena de morte
_________________ hediondo e horrendo _____________ seja o crime e o criminoso, _______________um Estado
não tem o direito de decidir sobre a morte de um indivíduo. Em nenhuma circunstância deveria existir a pena de morte,
_________________na mais civilizada das democracias, que instituiu e mantém em funcionamento, em alguns estados, uma
verdadeira fábrica de execuções.
_________________ , a pena de morte é contra tudo o que nós, portugueses, acreditamos: o princípio do
arrependimento, do humanismo, e da preservação da vida como um bem intocável. Para todos.
__________________ há sempre o argumento das vítimas ou famílias: e se fosse connosco, manteríamos o mesmo
princípio? Por ser __________________um princípio, fundado no nosso humanismo religioso, é que a morte de um criminoso
não faz terminar a culpa e o horror, nem repara o que aconteceu. _________________ , na tragédia global, é mais um morto.
_________________ , sendo uma pena sem remédio, nem possibilidade de voltar atrás, levanta a eterna dúvida –
cada vez mais importante, pelos erros já cometidos – de ser este ou aquele, __________________ , que cometeu o crime
pelo qual paga com a vida. ___________________ , quantos não foram já executados inocentemente, e quantos mais não o
vão ser?
_________________ a grandeza e a nobreza dos Estados, e das suas leis, reside na crença do perdão, absolvição e
arrependimento dos seus cidadãos, sejam eles o que forem, mesmo quando a justiça exige e impõe uma punição máxima
para um crime horrível. ___________________ , uma punição máxima pode ser tudo, menos o direito de o Estado matar.
Luís Delgado, in Diário Digital, 11 de Junho de 2001 ( adaptado)
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2. Identifica os conectores presentes nas frases que se seguem e explica os respetivos valores:
3. Lê o excerto:
“Vi nesse mesmo dia a velha que morava nas vizinhanças: perguntei-lhe se alguma vez a afligira o não saber como
era feita a sua alma. Ela nem sequer compreendeu a minha pergunta: nunca na vida dela tinha refletido um único
momento sobre um único dos pontos que atormentavam o brâmane. “
Voltaire, “História de um bom brâmane”
3.1. Procede ao levantamento de todos os elementos que retomam, em termos anafóricos, o referente “a velha”.
“Ela era muito bonita quando a conheci, com o suave nariz afilado e o lábio superior mais curto da divindade de
camafeu, humanizada por uma covinha que lhe despontava na face sempre que se dizia qualquer coisa com os
atributos externos do humor, sem a sua qualidade intrínseca. Pois a querida senhora era providencialmente
desprovida de humor (…).”
Edith Wharton, “O pelicano”
4.1. Refere o valor expressivo do seu uso em cada um dos casos.
5. Destaca a expressividade do recurso à elipse como mecanismo de coesão nos exemplos que se seguem:
b. A Vanda escolheu a colega de carteira para fazer o trabalho e começaram a prepará-lo de imediato.
6.2. O único caso em que o pronome pessoal é uma catáfora (ou termo catafórico) e não uma anáfora (ou termo
anafórico) é
a) Pedro, olha o João, responde-lhe!
b) Cada vez o admirava mais, Pessoa, poeta fascinante.
c) O salmão também é um peixe saboroso. Prefiro-o ao pargo.
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6.4. Só uma destas frases não infringe a articulação entre tempos verbais (um dos requisitos da coesão temporal):
a) Herman José tinha seis anos quando eu tinha nascido.
b) - Perguntei se fizestes as fichas!
c) O Rui tinha vivido em Bruxelas, até que a polícia o prenda.
d) O Dário tinha estado em Londres, mas antes estará em Paris.
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SOLUÇÕES
1.
Por mais ... que (dois espaços)
parece-me que
muito menos
Na minha opinião
Bem sabemos que
justamente
Porém
Depois, e finalmente
Inquestionavelmente, e sem margem para dúvidas
Em suma
Acredito que
E, certamente
3.2. Vi nesse mesmo dia a velha; a velha morava nas vizinhanças: perguntei à velha se alguma vez à velha afligira o não
saber como era feita a alma da velha. A velha nem … na vida da velha tinha refletido … .
4. Os pronomes ela ,a, lhe e o determinante sua aparecem antes do referente senhora.
4.1 Com a catáfora, e o protelamento da identificação do referente, consegue-se despertar e manter o interesse do
interlocutor. (…)
5. a. e b. Com a elipse subentende-se a mesma ideia sem que se sobrecarregue o discurso com a sua
repetição, com as mesmas ou diferentes palavras.
6.1 c)
6.2 b)
6.3 a)
6.4 b)
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6.5 d)