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Gestão de Alimentos

e Bebidas
Me. Lucas Ferreira Santiago
Me. Thanise Pitelli de Nigro
Missão
“Promover a educação de qualidade nas
diferentes áreas do conhecimento, forman-
do profissionais cidadãos que contribuam
para o desenvolvimento de uma sociedade
justa e solidária”

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva
Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
U58 Universidade Cesumar - UniCesumar. Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos
Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin
Gestão de Alimentos e Bebidas / Lucas Ferreira Santiago; Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
Thanise Pitelli de Nigro. - Indaial, SC: Arqué, 2022. Reimpresso
em 2023. NEAD - Núcleo de Educação a Distância
158 p. : il. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago
Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho
ISBN papel 978-85-459-2575-0 Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria
ISBN digital 978-85-459-2576-7 de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design
Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação
“Graduação em Gastronomia - EaD”.
Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie M.Vilela
1. Gestão. 2. Alimentos. 3. Bebidas. 4. Lucas Ferreira Santiago. Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de
5. Thanise Pitelli de Nigro. I. Título.
Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine C. da Silva
 CDD - 22ª Ed. 612.3 Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman
Gerência de Tecnologia Educacional Marcio A. Wecker
Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais
Núcleo de Educação a Distância.
Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722. Digitais Diogo R. Garcia Supervisora de Produção Digital
Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria
Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Indiara Beltrame
Coordenador de Contéudo Andrea Cristina Shima Motta, Projeto Gráfico
Impresso por:
Jaime de Marchi Junior e José Jhonny Coelho Editoração Lucas Pinna
Silveira Lima, Designer Educacional Ivana Martins e Cintia Prezoto,
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Ilustração Eduardo Aparecido Alves e Geison Ferreira da Silva, Fotos
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Shutterstock.
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
02511452
Professor(a) Me.
Apresentação do Livro

Lucas Ferreira Santiago

Olá, futuro(a) gastrólogo(a), eu sou o Lucas Ferreira


Santiago. Atuo no setor de alimentos e bebidas a mais
de 27 anos, tendo passado pelos mais diversos tipos de
empreendimentos. Comecei por necessidade, vendendo
bala de coco e sonho em uma cestinha de bambu aos 9
anos de idade. Como era criança e queria brincar, meu
objetivo era simples, vender o mais rápido possível para
poder brincar, sem pensar nas responsabilidades que
tinha, que era trazer recursos financeiros para meus
pais e irmãos e ajudar nas despesas de casa. Além de
contribuir na minha formação pessoal, aprendi muito
sobre atendimento e vendas, e a cada não que recebia,
Aqui você pode conhecer queria entender o porquê. Além disso, outra influên-
um pouco mais sobre mim,
além das informações do cia, meu pai sempre foi garçom, e fui me aventurar na
meu currículo gastronomia em uma pastelaria, no longínquo ano de
1994, e continuo na gastronomia até os dias de hoje.
Experimentei outras áreas – quando mais jovem,
fui concursado dos correios por quatro anos, mas não
tinha futuro promissor. Continuei trabalhando na
gastronomia, e pensei se teria que ter dois empregos,
Minha História, Meu Currículo
ou se deveria me focar em apenas um setor. E assim,
decidi que deveria estudar gastronomia, para aprimo-
rar e compreender os conhecimentos que já tinha da
prática de mercado. Tive o privilégio de trabalhar em
diversos segmentos: choperias; hotel; quiosque de praia;
hamburguerias; iate de turismo; gastrobar; confeitarias;
cafeterias; churrascaria; casa de eventos; padarias etc.
Foi assim que construí minha carreira profissional,
trabalhando em diversos segmentos. Ressalto que os
estudos, além de contribuírem no meu conhecimento
técnico, abriram-me muitas portas, sendo um deles ser
professor na própria instituição em que estudei gastro-
nomia. Depois, me tornei gestor de uma Vinícola em
Santa Catarina, lugar lindo e inimaginável para mim na
época. E hoje, além de professor, sou Chef, Sommelier
e Analista de Trade Marketing de uma Indústria de
Porcelanas, a Oxford S/A.

Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0699463053319082
Professor(a) Me.
Minha História, Meu Currículo

Thanise Pitelli de Nigro

Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a essa disciplina im-


portantíssima para qualquer área de atuação dentro da
Gastronomia. Muito prazer, sou a professora Thanise
Pitelli, e para nos conhecermos melhor, gostaria de me
apresentar e contar um pouquinho da minha experi-
ência profissional. Sou nutricionista e tecnóloga em
alimentos. Fiz alguns cursos que auxiliaram muito na
minha profissão e estou finalizando o doutorado pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Minha experiência profissional teve início quando
eu era muito jovem (apesar de ainda nem imaginar o
quanto seria importante), já que minha mãe se separou
Aqui você pode conhecer quando minha irmã mais nova ainda tinha 9 meses e
um pouco mais sobre mim,
além das informações do precisou começar a trabalhar em casa para gerar nosso
meu currículo sustento e cuidar das crianças ao mesmo tempo. Ela co-
meçou a fazer o que minha família faz de melhor: doces.
Imaginem só, cresci no meio do chocolate. Minha área
de atuação não poderia ser diferente, não é mesmo?!
Minha História, Meu Currículo
Apesar de ter escolhido trabalhar com alimentos,
minha jornada profissional acabou trilhando um ca-
minho que eu mesma nem imaginaria, pois logo que
me formei, comecei a trabalhar em um restaurante co-
mercial da cidade, sendo responsável por elaborar os
cardápios e fazer as compras de matérias-primas. Após
um tempo trabalhando lá, tive a oportunidade de tra-
balhar na Associação Brasileira de Bares e Restaurantes
(ABRASEL) Norte do Paraná, onde trabalho até hoje,
com assessoria voltada ao controle de qualidade, pre-
paro de alimentos, elaboração de cardápios e todas as
ferramentas de gestão.
Espero contribuir com sua formação e, junto com
as demais ferramentas do curso, que você possa se aper-
feiçoar no mundo da gestão da gastronomia.

Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4060411620527998
GESTÃO DE ALIMENTOS E BEBIDAS

A gestão de materiais é tão antiga quanto a humanidade, pois desde que o ser humano existe, a
sua preocupação na gestão dos alimentos foi fundamental para a sua sobrevivência. Sendo assim,
necessitou produzir utensílios a partir das pedras, para poder cozinhar e armazenar alimentos, e
com o passar dos tempos, começaram a trocar esses objetos por outros produtos. Assim começou
a distribuição dos alimentos, bem como a gestão de alimentos. Diante disso, pense: qual é a im-
portância da Gestão de Alimentos dentro do curso de Gastronomia?
A Gestão de Alimentos e Bebidas no Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia tem o
objetivo de contribuir na sua formação. Nele, são explorados os segmentos existentes e atuais no
setor de gastronomia, bem como os procedimentos administrativos de um estabelecimento de ali-
mentos e bebidas. Também é explorado como planejar e organizar o seu negócio, e você aprenderá
como o dirigir e controlar. Compreende-se que, para se ter um negócio gastronômico de sucesso,
antes de tudo, deve-se aprender e aplicar a gestão de alimentos e bebidas.
Afinal, quando você se alimenta, usa alimentos que ficaram expostos por horas fora da gela-
deira? Ou, quando você vai a um restaurante, você se preocupa com os produtos utilizados? Como
você faz a análise de qualidade dos alimentos que você utiliza e consome?
Você já pensou nas consequências de consumir e/ou vender produtos que não estão adequados
para o consumo? E quais estratégias podem ser utilizadas para se ter controle de qualidade dos
produtos que são manipulados? Pense sobre isso e use uma folha de papel para anotar quais as
transformações você poderia propor. Depois, veja se o que você pensou está de acordo com o que
você aprenderá neste livro.
Na Unidade 1, você terá a oportunidade de conhecer o mercado de alimentação fora do lar, como
os diversos tipos de segmentos existentes no setor de Alimentos e Bebidas – dados importantes
que contribuirão na tomada de decisões quando você estiver na posição de gestor.
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Já na Unidade 2, será apresentado a gestão no setor de alimentos e bebidas; como é o processo


administrativo nas atividades de planejamento, organização, direção e controle; e os cargos e as
funções (atribuições) que cada funcionário deverá cumprir na sua jornada de trabalho. Esses con-
ceitos são os pilares de um gestor de sucesso, pois, aqui, você terá o conhecimento de como fazer
um planejamento de uma gestão de qualquer empreendimento gastronômico.
Para a Unidade 3, será explorada a gestão de materiais e estoque. Esses conceitos, por sua vez,
contribuirão na sua gestão, pois você terá a oportunidade de conhecer como são os processos dos
materiais e como devem ser estocados e gerenciados.
Por fim, na Unidade 4, apresentamos a gestão de compras e custos. Esses conceitos complemen-
tam juntamente com os processos administrativos e, assim, você terá o conhecimento necessário
para se tornar um gestor de sucesso.
A disciplina de Gestão de Alimentos e Bebidas é fundamental na gestão de um negócio gastronô-
mico, pois, para poder produzir os produtos solicitados pelos clientes, é necessário que os alimentos
estejam aptos para o manipulação e consumo. Contudo, antes, existem etapas fundamentais que
os produtos percorrem (cadeia logística), aos quais são: recebimento; estocagem; armazenagem;
produção (manipulação dos alimentos); e finalização. Esses procedimentos devem ser seguidos, a
fim de manterem a qualidade dos alimentos e assim poderem ser servidos aos seus clientes com
total convicção de que os alimentos consumidos estão dentro do padrão de qualidade.
Caro(a) aluno(a), conhecer e aplicar a Gestão de Alimento e Bebidas fará de você um gestor
diferenciado no mercado, pois se aplicar os processos administrativos, o empreendimento terá um
controle efetivo e longevidade no mercado em que estiver atuando. Contudo, reforçamos que não
basta ter apenas comida boa e ambiente para garantir o sucesso do seu empreendimento – estes
elementos devem estar aliados com a gestão, que fará do seu negócio um grande sucesso. Faça a
leitura desse livro e se dedique, que não teremos dúvidas que o seu sucesso será certeiro! Boa leitura!
Legendas de
Ícones

dica do chef habilidades mão na massa

explorando ideias novas descobertas fatos e dados

minicaso pensando juntos recapitulando

Dica do Chef: dicas rápidas para complementar um conceito, detalhar procedimentos e proporcionar sugestões. Habilidades:
elo entre as disciplinas do curso. Mão na massa: indicação de atividade prática. Explorando Ideias: Informações adicionais ao
conteúdo. Novas Descobertas: conteúdos online que ampliam a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a
tecnologia a seu favor.. Fatos e Dados: complementação do conteúdo com informações relevantes ou acontecimentos. Minicaso:
aplicação prática do conteúdo. Pensando Juntos: informações relevantes que proporcionam a reflexão de determinado
conteúdo. Recapitulando: síntese de determinado conteúdo, abordando principais conceitos.
SUMÁRIO
1

12 O Mercado
de Alimentação
Fora do Lar

56 A Gestão no
Setor de A & B

86 Administração de
Materiais e Estoques

120 Administração
de Compras e Custos
O Mercado de Alimentação Fora do Lar
ME. THANISE PITELLI DE NIGRO
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Oportunidades de Aprendizagem:

Nesta unidade, conceituaremos e estudaremos o setor de alimentos e be-


bidas, visando entender como ocorreu a evolução do setor de alimentação
fora do lar até chegar aos moldes atuais. Para isso, focaremos no conhe-
cimento das características dos setores de alimentação fora do lar e na
regularização junto aos órgãos competentes. Dessa forma, vamos extrapo-
lar o conhecimento inicial acerca desse importante setor de trabalho para
o profissional da gastronomia. Vamos lá? Desejo, desde já, bons estudos!
Gestão de Alimentos e Bebidas
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 15

Caro(a) aluno(a), acredito que você já tenha notado a


quantidade de restaurantes que existem na sua cidade e,
mais do que isso, a grande quantidade de características
que os diferenciam, não é mesmo? São bares, lancho-
netes, cantinas, restaurantes que adotam o serviço de
empratado, restaurantes que adotam o autosserviço,
são tantas características diferentes, não é mesmo? Mas
você já parou para pensar se realmente todos estes esta-
belecimentos estão com saúde financeira para garantir
a continuidade do serviço por mais alguns anos? Se eles
estão regularizados em todos os aspectos, ou seja, estão
em dia com seus fornecedores, colaboradores, impostos
e até mesmo possuem liberação do corpo de bombeiros
e vigilância sanitária?
O serviço de alimentação, uma denominação que
engloba setores de alimentos e bebidas na rede hoteleira,
restaurantes comerciais (fast-food, lanchonetes, cantinas,
bares e restaurantes), institucionais (escolas, presídios,
asilos e creches, hospitais) e catering (refeições servidas
para um grupo de usuários, seja em eventos, como em
transporte aéreos, marítimos etc.) representam, do ponto
econômico, o setor mais importante para geração de
emprego e renda no Brasil e no mundo.
O setor de alimentação fora do lar possui expansão
em torno de 10% ao ano, além disso, gera cerca de 450
mil novas oportunidades de emprego por ano (SEBRAE,
2021a). Segundo a Gazeta do Povo (2021), o crescimento
médio desse setor que atende os 21,5 milhões de habi-
tantes de São Paulo e região metropolitana foi de 4,5% ao
ano entre 2006 e 2019, já em 2020, este crescimento foi
abruptamente interrompido de uma hora para a outra.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Ao mesmo tempo, em 2016, a Associação Dentre tantas as possibilidades de falhas que


Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL, possam ocorrer nos estabelecimentos destinados
[2022]) já alertava que o setor também é caracte- à alimentação fora do lar, tal como o que foi citado
rizado pela alta mortalidade, sendo que, aproxi- anteriormente: a dificultosa saúde financeira e
madamente, 35% dos novos empreendimentos a diversidade de regulamentações a serem se-
fecham antes do primeiro ano, porcentagem que guidas, a boa gestão pode fazer a diferença na
aumenta para 50% quando se analisa em um maioria delas, não é mesmo? Pense, aluno(a), a
período de dois anos; em uma década, apenas falta de controle de custos, que pode ser contro-
3 entre 100 continuam abertos. Estes dados lada por meio da implantação das fichas técnicas
foram reforçados atualmente, já que, devido à ou, ainda, a falta de interação com o cliente, que
pandemia de covid-19, cerca de 300 mil restau- pode ser melhorada após a realização de uma
rantes fecharam as portas no Brasil, em 2020 pesquisa de satisfação. O baixo faturamento, que
(GAZETA DO POVO, 2021). pode ser controlado por meio da revisão do car-
Com esse fenômeno observado, tanto no dápio, do ambiente, de promoções, entre tantas
amplo crescimento do setor de alimentos e bebi- outras questões onde a gestão se torna o centro
das, bem como a alta mortalidade característica, da maioria delas. Neste cenário econômico, tais
sugiro que você, aluno(a), levante as possíveis estabelecimentos necessitam se reinventar, rever
falhas cometidas por um estabelecimento para seus processos, diminuir seus custos e aumentar
que este não sobreviva no mercado. Pontue essas a produtividade. Isso só é possível com adequada
causas e possíveis atitudes que poderiam ser to- gestão, por isso, a gestão de A&B é uma ferramen-
madas para reverter a situação. Você pode utilizar ta necessária para o sucesso do estabelecimento
o Diário de Bordo para fazer as anotações. e a garantia do retorno financeiro.

Diário de Bordo

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GASTRONOMIA • UNICESUMAR 17

Para iniciar nosso estudo sobre o setor de alimentos e bebidas, aluno(a), precisamos compreen-
der como se deu a evolução ao longo do tempo. O hábito de comer fora de casa teve início com o
conceito de “hospice” que, em inglês, significa casa medieval destinada ao repouso de viajantes e
peregrinos. A evolução deste setor foi descrita por Câmara (2012), sendo a evolução a partir de
1400. O “hospice” mais famoso é o de Beaune, que foi fundado em 1443 pelo chanceler Nicolas
Rolin, na região francesa da Borgonha.

Figura 1 – Hospice de Beaune

Descrição da Imagem: a figura retrata o hospice de Beaune. Nela, é observável um edifício histórico francês. É um edifício
único, com telhado em desenhos geométricos nas cores vermelho, marrom e verde com o fundo amarelo. São observados
vincos na construção no formato triangular. O telhado é apoiado em diversos pilares na cor branca posicionados em frente ao
edifício. Também são observadas diversas janelas e portas, a pintura do edifício é na cor amarela e tem alguns pilares brancos.

Spang (2003), por sua vez, em seu livro intitulado “A invenção do restaurante” afirma que seu inventor
foi Marthurin Roze de Chantoiseau, filho de um rico proprietário de terras que foi morar em Paris no
início da década de 1760. Flandrin e Montanari (1998), por sua vez, afirmam, em sua obra “História
Gestão de Alimentos e Bebidas

da Alimentação” que um boulanger chamado Um ponto histórico importante no Brasil,


Champ d´ Oiseaux, em 1765, começou a vender que culminou na ampliação da alimentação co-
caldos restauradores, visando vender alimentos letiva foram as políticas trabalhistas do gover-
para recuperar a energia de quem necessitasse. no de Getúlio Vargas, que envolveu a criação
Independentemente de sua origem, fato é de restaurantes populares nas principais
que o costume de comer fora de casa foi real- cidades do País, estes eram conduzidos pelos
mente consolidado na Revolução Industrial, Serviços de Alimentação da Previdência Social,
no século XIX, com o surgimento da máquina a que tinha como objetivo servir refeições de
vapor, a energia elétrica e outras inovações que qualidade com preços acessíveis. Passaram-se
fizeram com que as pessoas passassem a viajar décadas e o Brasil tem crescido no que se refere
mais, por necessidade ou a lazer, assim a busca à hotelaria e sua diversidade de meios de hospe-
por serviço de hospedagem e refeição aumenta- dagem, cada um com sua originalidade, servindo
ram. Em contrapartida, a evolução dos serviços aos seus clientes, além de produtos de qualidade,
de alimentação também foi observada a partir da o que há de melhor em cada região onde esses
sua finalidade inicial, quando os primeiros restau- empreendimentos estão localizados.
rantes tinham apenas o propósito de “restaurar”, Atualmente, podemos usufruir desses ser-
ou seja, recuperar as energias do indivíduo que viços praticamente em todas as cidades do país,
tivesse afastado de seu domicílio por qualquer seja por meio de hotéis, pousadas e outros, que
motivo, seja trabalho, guerra ou passeio. oferecem, além dos serviços de hospedagem,
Já no século XX e com o avanço dos meios os de alimentos e bebidas (alcoólicas e não al-
de transporte, as viagens se tornaram mais aces- coólicas). Conhecida pela sigla A & B, a área de
síveis, possibilitando a escolha entre uma ampla Alimentos e Bebidas é, atualmente, uma das
gama de comida, acomodações e lazer. Assim, os mais importantes da hotelaria.
restaurantes surgiram com os mercados e feiras, Além disso, caro(a) aluno(a), devemos enten-
que obrigavam artesãos e camponeses a per- der que o setor de serviços também possui suma
manecerem fora de seus domicílios por maior importância e amplo crescimento, inclusive, pes-
período, buscando a alimentação fora de casa e quisas demonstram que o setor está 3,9% acima
estabelecendo relações sociais, de amizade ou do registrado no pré-pandemia, com destaque para
de negócios. A alta demanda gerou concorrência os serviços prestados às famílias que avançaram
no setor, fazendo com que os estabelecimentos com incremento de receita das empresas de hotéis,
fossem surgindo com novas características até restaurantes, serviços de buffet e empresas de
chegarmos ao que temos atualmente. parques de diversão e temáticos (BRASIL, 2021).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 19

Vale lembrar que a hotelaria não é restrita


apenas a hotéis, já que inclui o food service. O
Food service, ou mais comumente denominado
de serviço de alimentação, é conhecido como o
mercado de alimentação fora do lar, ou seja, são
consideradas todas as instituições que produzem
alimentos diretamente para o consumidor final.
O aquecimento do setor tem favorecido o surgi-
mento de novos negócios (de pequeno, médio e
grande porte), a ampliação das redes já existentes
e, logicamente, o aumento da concorrência.
Calumby (2014) retrata muito bem os prin-
cipais tipos de estabelecimentos que se enqua-
dram nesta categoria, então iremos abordar um
pouco de cada um deles conforme retratado pela
autora e por Fonseca (2000):

Hotel

O setor de A & B de um hotel envolve os se-


guintes departamentos: cozinha, restaurante,
serviço de quarto, frigobar, salões, bares, copas,
podendo, ainda, existir até mais departamentos
(CASTELLI, 2003). Este possui fundamental
importância ao hotel, pois além de ter impacto
na receita e faturamento do hotel, atrai eventos
(que, por sua vez, acabam trazendo hóspedes
para o hotel) e, se aberto ao público, pode atrair
a população local também, que podem se tornar
um público fiel e frequente.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Restaurantes
Caro(a) aluno(a), o importante é entender que
O restaurante pode ser definido como um esta- são vários os fatores que levam as pessoas a um
belecimento especializado em servir refeições determinado restaurante, pois hoje em dia não
avulsas a pessoas (denominadas de clientes) se pode dizer que os indivíduos frequentam
mediante pagamento. Para isso, o local pode restaurantes exclusivamente pela comida ou
variar de tamanho, decoração, tipo de alimento pelo serviço, pois existem outros motivos sociais
a ser servido, dentre outros fatores, já que são englobados nestes fatores, pode-se citar o status
estes os fatores que determinam a tipologia do (restaurantes destaque), ambiente e clima (com-
empreendimento. Todo restaurante tem um posição entre a decoração, música etc.), cardápio
conceito que pode atingir desde a mais simples específico, curiosidade, preço e, até mesmo, em
gastronomia à mais complexa e cada serviço busca do chefe de cozinha. Por isso, existem as
de alimentação se propõe a um determinado tipologias dos restaurantes para atender às mais
público-alvo, por isso se faz necessário criar um variadas pessoas, contemplando-se os diversos
produto gastronômico que atinja esses clientes. contextos existentes.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 21

Bares
Fonseca (2000) afirma que a necessidade
em se adequar às necessidades dos clientes, inú- Um bar pode ser designado como um estabe-
meros moldes de restaurantes acabaram sendo lecimento comercial no qual os clientes con-
desenvolvidos, cada um com diferentes conceitos somem bebidas alcoólicas e não alcoólicas e
e composições. Nesse conceito, temos os restau- alguns alimentos como petiscos e porções di-
rantes tradicionais (representado por um cardápio versas. Segundo a identificação pelo dicionário
extenso e variado, com preparações tradicionais Priberam da Língua Portuguesa (2008-2021),
e de aceitação geral, geralmente com custo aces- a palavra bar significa: “Estabelecimento co-
sível e ambiente mais simples), internacionais mercial que serve bebidas e onde se bebe quase
(possuem cardápios com preparações, simples sempre de pé ou sentado em bancos altos junto
e/ou sofisticadas, reconhecidas e consagradas de um balcão” ou, ainda, “local mobiliado com
internacionalmente), temático ou regional (con- um balcão destinado geralmente a servir bebi-
templa, de forma especializada, um país ou uma das”. Segundo a mesma fonte, a definição de
região específica, como mineiro, oriental etc.) botequim seria: “Estabelecimento comercial
Fonseca (2000) também afirma a existên- modesto que serve bebidas e refeições ligei-
cia dos restaurantes de especialidades, que se ras = BAR”, e Boteco seria: “Estabelecimento
caracterizam por especializar-se em determi- comercial modesto que serve bebidas e refei-
nado produto, preparação, método de cocção ções ligeiras. = BOTEQUIM”, ou seja, no que se
etc. Nesse caso, diversas são as especializações refere à definição formal, não há diferença entre
existentes, algumas, inclusive, serão descritas a definição de bar, boteco e botequim, mas, na
a seguir, como as churrascarias, por exemplo. prática, geralmente utiliza-se boteco para definir
Não podemos nos esquecer que, atualmen- um pequeno ou mais simples bar. Quanto à sua
te, é muito comum os restaurantes de coletivi- estrutura, o bar tem um elemento característico
dades, ou também chamados de institucionais. na qual é dado o seu nome, o seu balcão. Este
Normalmente, estão situados em grandes em- seria um pequeno “muro”, geralmente na altura
presas, complexos industriais ou comerciais, do tórax, que dispõe de uma tábua longa em que
com o intuito de oferecer alimentação para os as bebidas são servidas (e muitas vezes também
colaboradores da respectiva empresa. são preparadas) aos clientes.
Gestão de Alimentos e Bebidas

O balcão divide o bar em dois ambientes,


sendo que de um lado seria denominado como de madeira, mesas com bancos altos, várias
área pública, ou seja, aquela área em que os opções de cervejas e chopes importados, am-
clientes ficam em pé ou sentados em banqui- biente com pouca iluminação, além de bandas
nhos ou cadeiras. Por trás do bar estão dispostos tocando rock’n roll, blues e/ou jazz.
tudo o que é necessário para que o serviço de Em quase todas as partes do mundo, o bar
bar funcione, como utensílios e equipamentos se tornou um fenômeno social popular, res-
básicos necessários para o serviço. ponsável por marcar a cultura e os costumes
Hoje, temos variações para o bar, já que de várias gerações. Desde sua origem até os
existem os bares mais alternativos, como as dias atuais continua a ser um dos tradicionais
choperias, e tem-se, ainda, os pubs - abreviação pontos de encontro entre amigos, namorados,
da expressão inglesa public place - esta pala- amantes, entre outros grupos. Por esse motivo,
vra ganhou espaço nos dicionários da língua é comum os empreendimentos criados com tais
portuguesa e hoje é encontrada com a tradu- características e, assim como citamos no caso
ção “taverna”. Como principais características das choperias, o gestor de A & B é essencial para
de um pub, podemos citar as paredes feitas um bom funcionamento do bar.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 23

Lanchonetes

Uma lanchonete (também denominada como


lancheria) pode ser conhecida como um local
onde se vendem sanduíches, salgados, doces,
refrigerantes, sucos, dentre outras bebidas,
geralmente não alcoólicas, ou seja, é um esta-
belecimento comercial popular especializado
em pequenas refeições rápidas mesmo fora do
horário normal das refeições. Pode-se sentar-
-se à mesa ou nos balcões. A maior influência
para a criação das lanchonetes foram os Estados
Unidos da América (EUA) e muitas das grandes
lanchonetes que temos no Brasil são de origem
norte-americana, por exemplo, o Mc Donald´s.
Existem variações do formato de lancho-
nete, como as que são instaladas em trailers,
no qual adaptam-se os carrinhos com equipa-
mentos necessários para o preparo dos lan-
ches conforme o cliente solicita. Segundo o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE, 2021b), além da identifi-
cação de demanda potencial para o negócio, a
atividade de lanchonete mostra-se vantajosa
por não haver necessidade de determinação
de público-alvo específico e de consequentes
ações diferenciadas para tais, já que se trata de fatores que sustentam a demanda e fortificam
um negócio bem aceito pela população de todas as empresas do ramo. Assim, o gestor de A&B é
as regiões do país e de todas as classes sociais, essencial para definir todo planejamento, desde
dependendo do padrão do estabelecimento. a abertura, definição do que será vendido e ope-
Outra questão é a comodidade e praticidade que racionalização de uma lanchonete, incluindo o
envolve o consumo nestes estabelecimentos, controle dos custos.
Gestão de Alimentos e Bebidas
Esquema 1 - Funcionamento de uma Lanchonete
Uma lanchonete é um estabelecimento comercial, bastante popular, sendo
especializado em lanches e outros alimentos rápidos, consumidos no
período entre refeições ou como alternativa às refeições principais.
Fonte: SEBRAE (2021b).

ESTRUTURA
Para uma lanchonete, é necessário
possuir uma área destinada ao
VIABILIDADE atendimento dos clientes, área para
os clientes se sentarem, área de
A atividade de lanchonete mostra-se produção ou cozinha, área de
vantajosa porque se trata de um recebimento e armazenamento de
negócio bem aceito pela população. matérias-primas, sanitários e
Além disso, a demanda pelo ramo de vestiários para manipuladores e
alimentação fora do lar é cada vez sanitários para clientes, não se
maior, sendo que a lanchonete é uma restringindo apenas a isso.
das categorias com maior viabilidade
por se tratar de um negócio bem
aceito por públicos de diferentes
idades, classes sociais, gêneros em
todas as regiões do Brasil.

CUSTOS
Os custos dentro de um negócio são
empregados tanto na elaboração dos
serviços ou produtos quanto na
manutenção do pleno funcionamento
da empresa.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 25
PESSOAL
Uma lanchonete requer cargos, como
gerente, caixa, atendente, cozinheiro,
auxiliar de cozinha, chapeiro e auxiliar
de serviços gerais.
A quantidade de cada um desses
cargos dependerá do tamanho e do
faturamento da empresa.

DIFERENCIAL
A busca pela qualidade sempre deve
ser o maior diferencial das empresas,
assim, deve-se sempre prezar por
fornecedores certificados, produtos de
qualidade e mão de obra treinada.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Muitas lanchonetes foram criadas e se torna- existir acompanhamentos para serem pedidos
ram populares e amplamente conhecidas por juntamente com a cerveja. Vale ressaltar que há
serem franquias. Segundo o SEBRAE (2021b), os que afirmam que a choperia pode ser consi-
o franchising (se transformar em uma franquia) derada um tipo de bar.
é uma alternativa para os empreendedores que
não possuem vasta experiência no setor em Sorveterias
questão, mas que possuem capital para investir.
Dessa forma, as empresas franqueadoras são São os locais destinados a servir sorvete,
responsáveis pelo repasse das informações para porém, atualmente, elas estão ampliando
abertura e funcionamento, repasse também suas ofertas e comercializando muito além
da tecnologia, pelas ações de marketing que do gelado, como cafés e outros elementos,
divulgam a marca e, em alguns casos, atuam até tornando-se um ponto diferencial do empre-
mesmo como fornecedoras de matérias primas. endimento e, além disso, outra inovação se dá
Vamos ver, a seguir, outros tipos de nos sabores de sorvete e a ideia da produção
estabelecimentos: artesanal, sendo possível encontrar sorvetes
que se referem a elementos regionais, como é o
Brasseries ou choperias caso de sorvete de tapioca. Além de suas varia-
ções como uma composição menos gordurosa
O nome brasserie foi rebatizado no Brasil, ou a base de água (denominados de sorbet).
sendo conhecido como choperia. Este molde Segundo o Sebrae (2021e), uma sorveteria
de estabelecimento teve origem em países como é um comércio que tem como seu principal
Alemanha, Bélgica, França e Suíça e se trata de produto de venda os sorvetes que podem fabri-
um estabelecimento no qual a bebida tem maior car os sorvetes que comercializa ou recebê-los
destaque, sempre disponibilizando chope e cer- e vender ao consumidor. Nesse último caso,
veja dentre suas opções. Por mais que pareça o processo produtivo basicamente incluirá as
simples, a gerencia de locais que trabalham com atividades de atendimento e venda, compras
bebidas também é necessário, já que o arma- e gestão administrativa (compras, contas a
zenamento, a temperatura de distribuição e pagar e controle de caixa).
controle do desperdício são necessários. Além O Sebrae (2021e) também afirma que esse
disso, algumas bebidas necessitam de prepa- setor possui amplo crescimento e o mercado
ro e é essencial manter a padronização nesta brasileiro de sorvetes tem se tornado cada vez
etapa. Nestes estabelecimentos, também podem mais atrativo, sendo que o Brasil já é o sexto
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 27

maior produtor mundial (ficando atrás dos Estados Unidos,


China, Rússia, Japão e Alemanha).
As sorveterias também estão inovando nas formas de
servir o sorvete, seja espatulando-o em uma chapa quente,
acompanhado de um bolo, petit gateau, servido em uma
casquinha artesanal ou em uma casquinha na forma de
churros, com panetone etc.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Cafeterias

Também conhecido como coffee-shop, ou sim- Fonseca (2000) afirma que as cafeterias
plesmente, cafés. Como o próprio nome já costumam trabalhar com tipos de blends (com-
indica, este local é destinado a comercialização binações de tipos de café), e diferentes bebidas
do café e suas variações, tais como cappucci- podem ser preparadas pelo barista, além disso,
no, latte, chocolate quente e frio etc. Visando costumam ser lugares aconchegantes e inspi-
oferecer opções para acompanhar o café, há radores. Além da cafeteria, há o Coffee Shop,
a oferta de bolos, salgados, biscoitos, dentre que geralmente possui cardápios de mais fácil
outros alimentos. Também são comercializados preparação e apresentação simples, localizados
refrigerantes, sucos e chás. É possível encontrar em pontos de venda onde se pode comer a qual-
as cafeterias nos mais variados locais, desde quer hora uma comida rápida, por isso acabam
em um shopping como nas ruas e há, ainda, ficando abertos de manhã ao fim da tarde, muito
algumas variações, como as casas de chá. comum em aeroportos.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 29

Padaria

Foco principal nos pães dos mais diversos tradicionais, padarias artesanais, padarias in-
moldes, as padarias também vêm aumentando dustriais, padarias em supermercados, padarias
seu faturamento por meio de outros elementos gourmet e Boulangerie (pelo significado do fran-
disponíveis a venda, como acompanhamentos cês, significa produção dos pães, dessa forma,
do pão (presunto, queijo, manteiga...), café e até são as padarias com foco apenas na produção
gêneros perecíveis e não perecíveis geralmente de panificados, com uma diferenciação maior
adquiridos no mercado. nestes itens) (SEBRAE, 2017).
As padarias no Brasil têm passado por Vale ressaltar que muitas padarias mantêm,
transformações nos últimos anos, principal- juntamente, a operação da confeitaria, ofere-
mente a partir da década de 90, por isso é pos- cendo também as opções doces confeitadas.
sível identificar, basicamente, alguns tipos de Como as padarias tradicionais, que oferecem
padarias dentro do mercado nacional: padarias variados tipos de pães, itens de confeitaria e
Gestão de Alimentos e Bebidas

alguns poucos serviços de conveniência e até docerias e lojas de bolos têm se popularizado
refeições (SEBRAE, 2017). Porém, as mudanças cada vez mais e já podem ser consideradas até
na sociedade afetaram o consumo de alimentos, manias nacionais, nesse contexto, podem ser ca-
fazendo com que estabelecimentos buscassem racterizadas pela oferta de produtos artesanais
otimizar o processo e optaram pela adoção de e sabores diferenciados, sendo que os produtos
cardápios mais enxutos, impulsionando a cria- que mais se destacam neste mercado são brow-
ção das docerias. nies, cookies, brigadeiros, cupcakes, macarons,
donnuts e petit gateau.

Aluno(a), chamo atenção aqui ao con-


ceito de artesanal. Segundo a Resolução
SESA, número 1034 de 2020, que
define o grau de risco sanitário das
atividades econômicas, regulamenta os
procedimentos para o licenciamento
sanitário no Estado do Paraná, entende-
se por produto artesanal:

Aquele produzido em escala reduzida


com atenção direta e específica dos res-
ponsáveis por sua manipulação e com
Doceria predominância de técnicas, ferramen-
tas e utensílios manuais, resultando em
Destinada a oferecer opções diversas de doces produto singular, genuíno e de fabrico
individualizado. Sua produção é, em
e sobremesas aos clientes.
geral, de origem familiar ou de peque-
Esse setor, que é um braço da confeitaria nos grupos, o que possibilita e favorece
(muitas vezes até visto como similares), vem apa- a transferência de conhecimentos sobre
técnicas e processos originais com ca-
recendo no ranking de crescimento do setor de
racterísticas regionais, culturais e tra-
alimentação fora do lar. A Associação Brasileira dicionais (PARANÁ, 2020, s/p.)
da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP,
[2022]) afirma que confeitarias gourmet,
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 31

Pastelaria

Destinada a oferecer opções diversas de pastéis, Existem pastelarias por todo o Brasil, em ini-
um alimento composto por uma massa à base ciativas individuais, redes e franquias, devido à de-
de farinha a que se dá a forma de um envelope, manda dos clientes. Segundo o SEBRAE (2021c), as
se recheia com diversas opções e depois se frita pastelarias são comércios que vendem prioritaria-
por imersão em óleo fervente, resultando em mente pastéis, conforme definido anteriormente,
um produto quente, sequinho, crocante e com mas estes também podem vender alimentos agre-
recheio como carne moída, queijo, presunto e gados. É um dos alimentos mais frequentemente
queijo, frango com requeijão, pizza e até sabores encontrados em carrinhos de rua, feiras-livre e
mais requintados como bacalhau, carne seca, e centros de comércio popular do Brasil, também se
opções doces, como banana e chocolate. tornando populares no resto do mundo, visto que
Vale lembrar que as pastelarias são o pastel é um alimento simples, barato, gostoso e,
comuns e amplamente conhecidas para nós, por isso, popular, que ganhou evidência a partir da
brasileiros, mas acabam sendo pouco conhe- década de 60. Junto com o caldo-de-cana, tornou-
cidas fora do nosso país. -se uma dupla imbatível no gosto dos brasileiros,
como opção de alimentação rápida e barata.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Churrascaria

Destinada a oferecer churrasco aos clientes. Importante ressaltar que para diversos
Há quem as considere um tipo de restauran- grupos populacionais (como para os gaúchos,
te, que nesse caso se enquadraria como um por exemplo), além do produto em si, o
restaurante de especialidade, conforme citado preparo do churrasco envolve fatores e in-
anteriormente. dicadores de um estilo próprio; tais como
Segundo Araldi (2001), o churrasco é uma a forma de preparar o fogo, a utilização de
carne típica do Estado do Rio Grande do Sul, outras formas de calor como no caso da chur-
Brasil, com origem nas comunidades indígenas rasqueira elétrica, os utensílios (espetos e
catequizadas pelos jesuítas. Foram estes os res- facas), a forma de espetar e assar a carne, o
ponsáveis pela descoberta de assar a carne na próprio assador, visto que este tipo de ali-
brasa para torná-la mais saborosa. Atualmente, mento está muito relacionado à tradição, por
esse alimento típico é preparado em churras- isso, as diferentes churrascarias espalhadas
queiras, que se resumem, inicialmente, a um pelo Brasil podem ter diversas características
buraco dentro de uma parede, onde é colocada diferentes em torno desse eixo central (a carne
lenha ou carvão. assada na churrasqueira).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 33

Nessa vertente, também há o grill (casas com ambiente mais bem decorado, serviço à la
especializadas em grelhados), uma denominação carte. Vale ressaltar que foram as churrasca-
dada à churrascaria sofisticada em grelhados, ser- rias brasileiras que inauguraram o serviço de
vindo além da carne bovina, os pescados, suínos rodízio, você sabia?
e aves, além de carnes exóticas, sempre com a
característica de serem grelhados. Normalmente, Pizzaria
há buffet de frios e acompanhamentos para as
carnes, visando oferecer mais opções aos clientes O principal elemento, como o próprio nome diz,
(SEBRAE, 2014). é a comercialização de pizzas para clientes que
Aluno(a), grill é uma palavra de origem se dirigem ao estabelecimento ou pedem pelo
inglesa que significa grelha, equipamento delivery. Apesar de o produto ser praticamente
utilizado para assar carnes. Foi em meados o mesmo, existem basicamente quatro opções
de 1980 que esse tipo de empreendimento na forma de comercialização da pizza pelas pi-
registrou expansão para oferecer um produto zzarias (SEBRAE, 2021d):
diferenciado das churrascarias do tipo rodízio,
Gestão de Alimentos e Bebidas

de assar (forno a lenha, por exemplo), tamanho


Pizzaria à La Carte – É o formato mais
tradicional, onde o cliente escolhe a (broto, médio, grande) e pelas infinidades de
pizza a partir do cardápio sugerido. sabores possíveis, com as mais diversas combi-
nações, incluindo até a pizza de sorvete.
Pizzaria Rodízio – Veio na onda dos
rodízios e faz um grande sucesso. Hamburgueria
Trabalha com preço fixo e oferece uma
gama variada de tipos de pizza.
O Foco principal nos hambúrgueres, essa tipo-
Pizzaria Fast Food – Tem o modelo logia começou a criar espaço no mercado du-
americano de fast food e geralmente rante a expansão do fast food (como principal
comercializa apenas pedaços de
pizza para consumo imediato. característica a rapidez no serviço), atualmente,
a tendência inclui os hambúrgueres artesanais,
com carnes nobres e especiais, incluindo as mais
Pizzaria Delivery – Sua principal
característica é trabalhar apenas com diversas combinações de sabores, geralmente
o sistema de entrega em domicílio. também com pães exclusivos.
De um modo geral, possui um salão e uma
Quadro 1 - Características das pizzarias / Fonte: SEBRAE (2021d). cozinha, havendo diferenciações na forma de
servir, preparar a comida e atender. A atividade
Mais atualmente há, ainda, o sistema de buffet, de hamburgueria se apresenta como uma área
no qual vários sabores de pizzas ficam dispos- vantajosa, visto sua ampla aceitação pela po-
tos no balcão e o cliente se serve conforme pulação de todas as regiões do país e de todas
preferência. as classes sociais e, com isso, não há necessi-
O SEBRAE (2021d) afirma que ao contrário dade de determinar um público-alvo específi-
do que muitos imaginam, a pizza não foi uma co. Além disso, a comodidade e a praticidade
criação dos italianos. Ela surgiu há cerca de 6 que envolve o consumo nas hamburguerias
mil anos e consistia em uma fina camada de também sustentam a demanda e fortificam
massa conhecida como “pão de Abrahão” que o setor (SEBRAE, 2021f). Na hamburgueria,
os hebreus e egípcios consumiam. também podem ser comercializadas bebidas
Porém, hoje, as pizzas já caíram no gosto do como os milk-shakes ou rótulos de cervejas
brasileiro e, por isso, são comercializadas com importadas e especiais, em um ambiente mais
diferentes opções de massa, que se diferencia requintado do que a lanchonete, bem decorado
pelos ingredientes ou até pela espessura, forma e com cadeiras confortáveis.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 35
Gestão de Alimentos e Bebidas

Mercado

Mais atualmente, o mercado não é apenas


destinado a comercialização de gêneros perecí-
veis e não perecíveis, ou seja, matérias-primas
para serem adquiridos e preparados em casa.
Atualmente, muitos mercados trazem produtos
preparados e vendidos exclusivamente em suas
dependências, como comida preparada, pães,
tortas e bolos, ou seja, uma nova frente que
necessita da gestão de A&B.
Suas tendências são diversas: autoatendi-
mento, minimercados ou empórios com foco
na valorização do produtor local, produtos arte-
sanais e produtos diferenciados, mercados em
condomínios, mercado de congelados, venda
virtual, conveniência e não paramos por aí.
Essa área promissora de comercialização de
alimentos e bebidas está cada vez se moldando
às necessidades dos clientes.

Casas noturnas

Essa tipologia tem como foco o entretenimen-


to, por isso a música e o espaço para dança
são pontos principais, complementados com
seu foco principal nas bebidas. Atualmente,
podem oferecer serviços diferenciados como
barman, mixologia e os mais diversos drinks,
podendo também oferecer opções de porções
(geralmente preparo simples), todo serviço
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 37

ocorre com os clientes, em sua maioria, em consumo imediato ou posterior. Basicamente,


pé e sem locais para apoiar. food trucks são itinerantes e ambulantes e estão
Os estabelecimentos não param por aí, não é em um ponto fixo.
mesmo aluno(a)? Existem outros conhecidos há Dados demonstram que os habitantes das
tempos, inclusive há mais de 15 anos já foram zonas urbanas brasileiras gastam, em média,
apresentados por Popolim (2005): creperias (des- 34% da sua remuneração com alimentação fora
tinadas a vender crepe), frutarias (especializadas das suas residências, sendo que os principais
na comercialização de frutas), casas de sucos e vi- integrantes desse consumo são: 27% desse
taminas, lojas de conveniência, spas, entre outros. gasto ocorre em restaurantes de comida ven-
Atualmente, os estabelecimentos intitulados dida por quilo, 19% em lanchonetes ou redes
de Fusion Food também estão ganhando des- de fast food e, ainda, 18% em padarias e res-
taque. Trata-se de uma cozinha de criação com taurantes a la carte. (HENRIQUE; TINCANI;
foco na culinária de fusão, que mescla elemen- PACIÊNCIA, 2020).
tos de várias culturas, como a forma de cocção, Vale ressaltar, aluno(a), que os diferentes for-
apresentação ou ingredientes, objetivando obter matos de estabelecimentos também podem adotar
um resultado único, diferente e inusitado, uma diferentes estratégias de atendimento, como o ser-
tendência que surgiu como um movimento con- viço a la carte (ou empratado, onde as opções são
juntural internacional de globalização. apresentadas em um cardápio), o sistema de autos-
Dentro das tendências atuais, temos como serviço (onde o próprio cliente se serve), o delivery
exemplos: empresas de catering, termo que de- (quando o cliente recebe sua refeição em casa) ou
signa todo preparo de alimentos que é executado take away (quando o cliente retira seu pedido no
em um local e servido em outro, como é o caso estabelecimento, mas se alimenta em casa). Este
da alimentação servida em voos, eventos, refei- último, apesar de ser comum nos Estados Unidos,
ções servidas para presidiários e outros. Além foi potencializado no Brasil durante a pandemia
disso, temos o comércio ambulante ou food de covid-19, visto que muitas medidas restritivas
truck. Estes dois se diferenciam à medida em proibiam o consumo local. Assim, o cliente retira
que os food trucks são minicozinhas comerciais seu pedido na porta do estabelecimento para que
itinerantes que, geralmente, dependem de um seja consumido na residência.
estabelecimento de base para o preparo e o Outro tipo de estabelecimento que vem
armazenamento (AUAD et al., 2019), enquanto surgindo mais recentemente e recebe uma clas-
os ambulantes são alimentos e bebidas vendidos sificação própria são as dark kitchens (cozinhas
em vias públicas, em pontos fixos, destinados ao escuras, numa tradução livre - ou também “ghost
Gestão de Alimentos e Bebidas

kitchen”). Este tipo de estabelecimento se caracteriza como um tipo de restaurante que funciona de
portas fechadas, sem mesas e balcões, sem garçom e sequer tem um nome na fachada, que prepara
alimentos exclusivamente para delivery. Essa modalidade, inclusive, tem atraído empreendedores,
pois fatores como utilizarem imóveis fora dos setores tradicionalmente comerciais, com espaços
menores e sem funcionários voltados para o atendimento ao público em mesas têm custos fixos
otimizados (SOMMADOSSI, 2021).

Para melhor compreensão, vamos conceituar alguns dos estabelecimentos citados. As comidas
de rua, ou serviço ambulante de refeições, refere-se à alimentação preparada em locais abertos,
permanentes (ambulante) ou não (food truck), para consumo imediato do público em geral e
vendidos em vias públicas, tais como: trailers, quiosques, food truck e outros. O catering, por sua
vez, é definido pelo fornecimento de alimentos prontos para uma coletividade, por exemplo, as
refeições servidas durante os vôos, cruzeiros, eventos culturais ou até desportivos. A rotisseria
(ou rotisserie), por sua vez, é um local destinado a oferecer uma variedade de refeições, molhos
e sobremesas, geralmente prontos ou semiprontos, para serem consumidos na hora ou serem
finalizados na residência, setor crescente dentro de supermercados, por exemplo.

Caro aluno(a), diversas são as diferentes características dos estabelecimentos, não é mesmo?! Precisamos
entender que uma empresa está em constante luta para sua sobrevivência nesse mercado compe-
titivo e desafiador para a saúde financeira das empresas. Como foi visto anteriormente, o setor de
alimentação fora do lar é um setor amplo e com altos números de estabelecimento, faturamento e
até encerramento de atividades, por isso a empresa precisa ser competitiva, para poder se destacar no
mercado e sobreviver em meio à concorrência. Dessa forma, a gestão se torna uma peça fundamental.
Do latim “gestione”, o conceito de gestão se refere à ação e ao efeito de gerir ou de administrar
(ANDRADE, 2001). Gerir consiste em realizar ações que conduzem à realização de um negócio ou de
um desejo qualquer. Enquanto isso, administrar, por outro lado, consiste em governar, dirigir, ordenar
ou organizar. Por gestão, entende-se também a direção ou administração de uma empresa ou negócio.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 39

olhar conceitual

O setor de alimentação possui características próprias que demandam a necessidade de aperfeiçoar a análise
de mercado e a qualificação dos gestores dessas empresas. Kotler (1991) cita algumas das características
próprias do setor de A & B:

Na maior parte das vezes não podem ser vistos, sentidos ou


provados antes de serem escolhidos em um cardápio, com
INTANGIBILIDADE exceção de locais que ficam dispostos em balcões, pois assim
a análise visual se faz presente.

São produzidos e consumidos ao mesmo tempo, portanto a


INSEPARABILIDADE interação entre a empresa e os consumidores pode afetar o
resultado final.

Produtos alimentícios são altamente variáveis, à medida que


VARIABILIDADE dependem de quem, quando e onde são executados.

Em sua maioria, não podem ser estocados por longos períodos,


PERECIBILIDADE pois são servidos imediatamente e o sistema de produção é
sempre acionado pelo cliente.

Ao me referir à competitividade, é essencial en- depende também da interação com os clientes


tender que se trata da relação entre a qualidade e e com a dedicação dos colaboradores. Acima de
os custos, ou seja, para garantir a sobrevivência tudo, o estabelecimento precisa conhecer as ne-
de uma empresa, é importante apostar na quali- cessidades e tendências do mercado, respeitan-
dade cada vez melhor, buscando custos menores do as exigências legais para seu funcionamento.
e não se esquecendo da qualidade do elemento Assim, aluno(a), toda tomada de decisões
humano, já que a excelência do serviço (no que na criação de empresas ou até mesmo nas es-
se refere à competitividade e sua sobrevivência) tratégias a serem adotadas por empresas que
Gestão de Alimentos e Bebidas

estão em funcionamento devem estar baseadas • Promoção: não basta apenas criar bons
em 4 elementos básicos: Preço, Praça, Produto, produtos e disponibilizá-los ao mercado
Promoção. São as definições fundamentais que consumidor, é indispensável, neste pro-
uma empresa deve fazer para atingir um de- cesso, a comunicação, ou seja, promovê-
terminado público-alvo. Kotler e Keller (2006) -los para os clientes.
afirmam que:
• Preço: é o único elemento que produz
receita, ou seja, este elemento será res-
ponsável por garantir a continuidade da
empresa e será responsável pela quali-
dade percebida pelo cliente. O preço de
venda deve ser justo para o consumidor
e adequado para garantir a sobrevivência
da empresa.

• Praça: para tornar um produto dis-


ponível ao público-alvo, cada empresa
deve estudar o mercado e definir como
Figura 2 – Quatro elementos básicos na gestão estratégica atingi-lo da melhor maneira possível e
ao menor custo possível. Cada produto
Descrição da Imagem: a figura retrata um gráfico com
um círculo central branco com a sigla “4P”, em volta des- possui características próprias que levam
te círculo é apresentado, em sequência norteadas por
uma flecha colorida, as palavras “produto” (fundo ver- a que sua distribuição seja realizada con-
melho), “preço” (fundo amarelo), “praça” (fundo verde)
forme as estratégias de cada empresa.
e “promoção” (fundo azul).

• Produto: é a base para a existência das Torna-se imprescindível que os gesto-


empresas e seus negócios, que visam ofe- res levem em conta algumas questões
recer algo cada vez melhor para suprir as levantadas que são necessárias de serem
necessidades de seus clientes, superando respondidas para enfatizar a atenção que
a concorrência. devem dar aos clientes, são as seguintes
questões propostas por Davies (2007):
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 41

1. Quais são os objetivos atuais e futuros 12. Até que ponto a empresa excede
visando ao cliente? padrões de qualidade e serviço dos
2. Como a empresa busca atingir seus concorrentes?
objetivos? 13. O que é reconhecido como um ponto
3. Quais são os concorrentes que os clientes fraco da empresa?
mais comparam com a empresa? 14. Quais são os padrões de qualidade men-
4. Qual nota merece a qualidade de serviço suráveis na operação? Como a qualidade
oferecido pelos concorrentes? é avaliada?
5. Qual é o tipo de serviço e qualidade que 15. Como utilizar um grupo confiável de
os clientes desejam? E em relação à clien- pessoas para avaliar a qualidade dos
tela qual é o segmento de mercado que produtos?
o estabelecimento quer atingir? 16. Quais as metas a curto e a longo prazo
6. Como as diferenças de qualidade e servi- para melhorar a qualidade? Essas metas são
ço entre a empresa e a dos concorrentes condizentes com as expectativas dos clien-
são apresentadas? E como o cliente é tes em relação aos outros níveis de preço?
informado de tais diferenças?
7. Como os funcionários são informados
sobre as diferenças de qualidade do servi- Nestas questões, muito foi abordado sobre a
ço entre a empresa e a dos concorrentes? necessidade de oferecer produtos e serviços de
8. Qual é a política adotada pela empre- qualidade aos clientes, portanto vale ressaltar
sa sobre sugestão ou reclamação dos o conceito de qualidade.
clientes? A qualidade se refere a padrões, se-
9. A política de preços está de acordo com gurança e a atender às expectativas do
as expectativas de qualidade do serviço cliente, ou seja, o que define a qualidade é a ex-
do cliente? pectativa que o cliente tem do serviço. Portanto,
10. Como as consequências de um erro são envolve adaptar, comunicar e manter padrões
avaliadas? E quais são as medidas que adequados de desempenho das atividades ofere-
são tomadas para corrigir os erros? cidas pelo estabelecimento, buscando satisfazer
11. Qual é o programa adotado para melho- as necessidades do cliente. Inclusive, aluno(a), a
rar a qualidade dos produtos e serviços necessidade de entender a expectativa do cliente
com a redução dos custos? é abordado desde 1985, quando um dos primei-
ros grupos de pesquisadores propuseram um
Gestão de Alimentos e Bebidas

modelo de ferramenta para estudo da qualida- consultar as legislações específicas para cada tipo
de em serviços (PARASURAMAN; ZEITHAM; de empresa e na localidade em questão.
BERRY, 1985) e necessário até os dias atuais O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
(CARVALHO; CHEMIN; VALDUGA, 2021). Pequenas Empresas (SEBRAE, 2021b) é um
É necessário, então, um planejamento ade- serviço social autônomo brasileiro que busca
quado no que se refere a investimento inicial e auxiliar o desenvolvimento de micro e pequenas
até a cumprimento de regras estabelecidas por empresas, estimulando o empreendedorismo no
órgãos municipais e federais. país. Portanto, em seu site e nos pontos físicos,
Tanto no momento da escolha da região em muitas informações podem ser obtidas. Além
que o estabelecimento irá se instalar para que disso, o contador, profissional legalmente ha-
uma empresa possa iniciar suas atividades e até bilitado para elaborar os atos constitutivos de
mesmo para a manutenção do funcionamen- uma empresa (também conhecedor da legislação
to, diversas exigências estaduais e municipais tributária), é de grande valia nesse processo.
devem ser observadas e seguidas para o sucesso Para abrir uma empresa, o empreendedor
da implantação do negócio. poderá ter seu registro de forma individual (co-
As atividades econômicas da maioria nhecido como microempreendedor individual
das cidades são regulamentadas pelo Plano - MEI) ou em um dos enquadramentos jurídicos
Diretor Urbano (PDU), que determina o tipo de sociedade. É importante se informar sobre as
de atividade que pode funcionar em determi- possibilidades para cada tipo de negócio, visto
nado endereço. Portanto, durante a escolha do que existem diversas particularidades, mas,
imóvel, é importante a consulta de local junto em geral, os pequenos negócios podem optar
à Prefeitura, visando se atentar a dois pontos pelo Simples, desde que sua categoria esteja
imprescindíveis: se o imóvel está regularizado, contemplada no regime, sendo que a receita
ou seja, se possui HABITE-SE; e se as atividades bruta anual de sua atividade não ultrapasse o
a serem desenvolvidas no local respeitam a Lei teto estabelecido para microempresa, ou um
de Zoneamento do Município, pois alguns tipos pouco maior, o teto para empresa de pequeno
de negócios não são permitidos em qualquer porte e sejam respeitados os demais requisitos
bairro (SEBRAE, 2021c). previstos na Lei (SEBRAE, 2021c).
As etapas para formalização de uma empresa Após abertura da empresa, é necessário dar
do ramo de alimentação vão variar de acordo com andamento à regularização dela, sendo necessá-
o tipo, tamanho, localização, faturamento e muitos rio seguir alguns processos que incluem o que
outros fatores, por isso, é sempre importante será descrito a seguir:
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 43

DOCUMENTAÇÃO INICIAL E ALVARÁ O registro legal de uma empresa é feito


DE FUNCIONAMENTO - O SEBRAE (2021b) na Junta Comercial do estado ou no Cartório
instrui que antes de abrir uma empresa, é preci- de Registro de Pessoa Jurídica. Registrada a
so se informar, sendo necessário uma pesquisa empresa, será entregue ao seu proprietário o
antecipada sobre a existência de empresas cons- NIRE (Número de Identificação do Registro de
tituídas com nomes empresariais idênticos ou Empresa), uma etiqueta ou um carimbo, feito
semelhantes ao nome pesquisado. Essa é uma pela Junta Comercial ou Cartório, contendo
etapa obrigatória, que deve ser preenchida no um número que é fixado no ato constitutivo.
site da junta comercial. Com o NIRE em mãos, chega a hora de re-
Além da consulta de viabilidade do nome gistrar a empresa como contribuinte, ou seja,
empresarial, é importante procurar a prefeitura de obter o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa
para verificar os critérios de concessão do Alvará Jurídica) na Secretaria da Receita Federal.
de Funcionamento para o exercício da atividade
no local escolhido.
Gestão de Alimentos e Bebidas

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

CADASTRO NACIONAL DA PESSOA JURÍDICA


DATA DE ABERTURA
NÚMERO DE INSCRIÇÃO
COMPROVANTE DE INSCRIÇÃO E DE
SITUAÇÃO CADASTRAL
NOME EMPRESARIAL

TÍTULO DO ESTABELECIMENTO (NOME DE FANTASIA)

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA

LOGRADOURO NÚMERO COMPLEMENTO

CEP BAIRRO/DISTRITO MUNICÍPIO UF

ENDEREÇO ELETRÕNICO TELEFONE

ENTE FEDERATIVO RESPONSÁVEL (EFR)

SITUAÇÃO CADASTRAL DATA DA SITUAÇÃO CADASTRAL

MOTIVO DE SITUAÇÃO CADASTRAL

Figura 3 – Modelo de cartão CNPJ / Fonte: IFCE ([2022], on-line).

Descrição da Imagem: a figura retrata um modelo de cartão CNPJ. Neste documento, é observável o brasão da República
Federativa do Brasil, seu nome por extenso, seguido de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, todas informações no cabeçalho
do documento. Em seguida, apresenta-se um quadro com informações como número de inscrição, data de abertura, nome
empresarial, nome fantasia, código e descrição das atividades principais e secundárias, código e descrição da natureza jurídi-
ca, logradouro, número, complemento, CEP, bairro/distrito, município, estado, endereço eletrônico, telefone, ente federativo
responsável, situação cadastral, data da situação cadastral e motivo de situação cadastral.

Para as empresas que trabalham com a produ- interestadual. Também estão incluídos os servi-
ção de bens e/ou com venda de mercadorias, é ços de comunicação e energia. Ela é necessária
necessário o registro na Secretaria Estadual da para a obtenção da inscrição no ICMS (Imposto
Fazenda, a chamada Inscrição Estadual. Ela é sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
obrigatória para os setores do comércio, indús- Além disso, tem-se, ainda, a necessidade de:
tria e serviços de transporte intermunicipal e
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 45

• Cadastro na Previdência Social junto à Agência da Previdência Social do município da empresa


e de seus responsáveis legais, para assim poder contratar pessoal (INSS/FGTS).
• Autorização junto a Secretaria do Estado da Fazenda para impressão de notas fiscais e au-
tenticação de livros fiscais.
• Enquadramento na Entidade Sindical Patronal correspondente às atividades da empresa.

Todos os estabelecimentos comerciais, industriais e/ou de prestação de serviços precisam de


uma licença prévia do município para funcionar. Esta licença é o Alvará de Funcionamento e
Localização. Ele deve ser solicitado junto à prefeitura e o procedimento para obtenção do alvará
varia de acordo com a legislação de cada município.

Figura 4 – Modelo de Alvará de Funcionamento / Fonte: Cianorte ([2022], on-line).

Descrição da Imagem: a figura retrata um modelo de Alvará de Funcionamento. Neste documento, é observável o brasão
da Prefeitura de Cianorte, seu nome por extenso, Estado do Paraná, Secretaria de Finanças, Divisão de Receitas Diversas,
todas informações no cabeçalho do documento. Em seguida, apresenta-se um título “Alvará de Licença nº 16146”, seguido
de um quadro com informações, como razão social, nome fantasia, CNPJ/CPF, endereço, bairro, CEP, complemento e CNAE.
Gestão de Alimentos e Bebidas

LIBERAÇÃO PELO CORPO


DE BOMBEIROS - SEBRAE
(2021b) afirma que as edificações
e áreas de risco de incêndio deve- 000000
rão possuir Alvará de Prevenção
e Proteção Contra Incêndio - Projeto N° xxxxxx/xxxxxxxx/xxxx
Endereço: xxx xxxxx xxxxxxxxx N° xx
Complemento: xxxxxx xxxxxxxxx Bairro: xxxxxx
APPCI, expedido pelo Corpo de Município: xxxxxxxxxxxx
Ocupação: xxxxxx xxxxxxxxx xx xxxxxxxxxxxx x xxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxx x xxxxx xxxx xxxxxxxxxxx
Proprietário: xxxxxx xxxxxxxxx xx xxxxxxxxxxxx
Bombeiros Militar do estado. Responsável pelo Uso: xxxxxx xxxxxxxxx xx xxxxxxxxxxxx
Responsável Técnico: xxxxx xxxxxxxxxx xxxxxxxxx
CREA/CAU: xxxxxxxxxx ART/RRT: xxxxxxxxxxxxxxxxx
Essa solicitação deverá ser pro- Área Total (m2): xxxxx Área Aprovada (m2): xxxxx
Validade: xx/xx/xxxx
Vistoriador: x xxx xx xxxxx xxxxx xx xxxxxxx
tocolada juntamente ao Corpo de Homologação: xxx xxx xx xxxx xxxxxxxx xxxxxxxxx
OBSERVAÇÕES: xxxxxxxxxx xxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxx xx xxxxxxx xx xxxxxx xx

Bombeiros, que fará uma avalia-


ção do grau de risco da edificação.
O procedimento da vistoria varia
de acordo com o grau de risco de
cada edificação e ocorre visando
a liberação do Auto de Vistoria do
Corpo de Bombeiros (AVCB). O
AVCB é muito importante, pois
sustenta que uma edificação
possui as condições de segurança
contra incêndio.
Os estabelecimentos inte-
grantes do setor de A&B são
Figura 5 – Modelo de Auto de vistoria do corpo de bombeiros (AVCB)
visitados pelos órgãos de fis- Fonte: Câmara Municipal de Jardinópolis (2019, on-line).

calização sanitária devido aos Descrição da Imagem: a figura retrata um modelo de Auto de vistoria do
eventos de grande porte que corpo de bombeiros. Neste documento, é observável o brasão do Corpo de
Bombeiros de São Paulo e da Polícia Militar de São Paulo, seus nomes por
acontecem no Brasil, com ampla extenso no centro, seguido do título “Auto de vistoria do corpo de bombeiros”,
todas informações no cabeçalho do documento. Basicamente, nesse quadro,
visibilidade internacional, pois
são apresentadas algumas informações, com destaque no número do projeto,
tais estabelecimentos devem ocupação/endereço, área total, validade do documento e nome do vistoriador,
dentre outras informações. Ao fim do documento, há um QR Code para veri-
garantir a segurança e a saúde ficação da autenticidade do documento.

do consumidor.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 47

Figura 6 – Modelo de Licença Sanitária / Fonte: Prefeitura de Maringá (2018, on-line).

Descrição da Imagem: a figura retrata um modelo de Licença Sanitária. É possível visualizar duas mãos segurando um do-
cumento, onde é observável o brasão da Prefeitura do Município de Maringá, seu nome por extenso no centro, seguido dos
títulos “Secretaria Municipal de Saúde - SUS” e “Licença Sanitária”, todas informações no cabeçalho do documento. Em seguida,
apresenta-se um quadro com informações como Razão Social, Endereço completo, área total, data de validade e ramo de
atividade. Ao fim do documento, há um quadro demonstrando um carimbo eletrônico da prefeitura.

A Licença Sanitária é um documento admi- anual. A renovação da Licença Sanitária deve ser
nistrativo expedido pelo órgão municipal de solicitada, pelos estabelecimentos de interesse
vigilância sanitária, após inspeção sanitária à saúde, 30 dias antes do vencimento, indepen-
no local, para estabelecimentos de interesse à dente de comunicação.
saúde, atestando que o estabelecimento possui O sistema de vigilância sanitária no Brasil
condições operativas, físico-estruturais e sanitá- está presente na esfera Federal, Estadual e
rias, concedendo o direito ao estabelecimento de Municipal e as visitas geralmente ocorrem pelo
desenvolver atividade econômica de interesse à órgão municipal, que realiza as visitas de rotina
saúde. Esse documento é expedido com validade (para inspeção e liberação da Licença sanitária),
específica para cada ramo de atividade econô- mediante denúncias e em atividades junto a
mica e localização, geralmente, sua validade é outros órgãos fiscalizadores.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Tem como campo de atuação todos os se- independência administrativa, estabilidade de


tores relacionados a produtos e serviços que seus dirigentes durante o período de mandato e
possam afetar a saúde da população brasileira. autonomia financeira. A ANVISA é responsável
Sua competência abrange tanto a regulação sani- pelas principais regulamentações do setor, como
tária quanto a regulação econômica do mercado. é o caso da Resolução da Diretoria Colegiada
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC) número de 216 de 15 de setembro de
(ANVISA, [2022]), por sua vez, é o órgão federal, 2004, que dispõe sobre o regulamento técnico
sendo uma autarquia sob regime especial, ou de boas práticas para os serviços de alimentação.
seja, uma agência reguladora caracterizada pela

roda de conversa

Caro(a) aluno(a), não há nada melhor do que escutar um pouco mais sobre a atuação
com os órgãos regulamentadores, não é mesmo? Portanto, trouxe aqui um aprofunda-
mento sobre o funcionamento da vigilância sanitária como um órgão regulamentador
e fiscalizador no Brasil. Entenderemos que é um órgão presente nas três esferas de go-
verno, com responsabilidades compartilhadas. Espero que aproveite o nosso Podcast!

As empresas do ramo de alimentação também de Segurança e Medicina do Trabalho e das CLT


devem adotar outras legislações específicas, e consistem em obrigações, direitos e deveres
que se referem à elaboração do programa de a serem cumpridos por empregadores e tra-
gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) para balhadores com o objetivo de garantir traba-
a licença ambiental. lho seguro e sadio, com foco na prevenção da
Elaboração do programa de controle médico ocorrência de doenças e acidentes de trabalho,
de saúde ocupacional (PCMSO) e do programa dessa forma, esses programas são elaborados
de prevenção de riscos ambientais (PPRA) e pelas empresas especializadas em medicina no
estar em consonância à Consolidação das Leis trabalho, sendo que o PCMSO aborda os riscos
Trabalhistas (CLT) no quesito recurso humano. ocupacionais, e o PPRA os riscos ambientais. O
O PCMSO e o PPRA são programas exigidos site do Governo Federal, na aba Ministério do
pelas Normas Regulamentadoras (NR). Estas Trabalho e Previdência, apresenta todas as NR
são disposições complementares aos quesitos (BRASIL, 2022).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 49

Disponibilidade do código de defesa do compras mantendo equilíbrio entre eles. Deve-


consumidor (CDC), que estabelece normas se, também, atender os padrões de qualidade e
de proteção e defesa do consumidor, de ordem a legislação sanitária vigente, além de todas as
pública e interesse social. Dessa forma, caro(a) outras regulamentações exigidas pelos órgãos de
aluno(a), deve-se estar por dentro da obrigatorie- fiscalização. Também se refere a administrar a
dade ou não da área de fumantes, da cobrança de elaboração dos alimentos e bebidas para garantir
couvert, do pagamento de gorjeta, da necessidade os padrões estabelecidos, mantendo um rígido
de separação de lixo e várias outras questões, controle do desperdício, administrar também o
sendo essencial certificar-se de que o referido processo de vendas, buscando aprimoramento
estabelecimento é legal no que se refere ao cum- contínuo da qualidade do atendimento e esti-
primento de leis e documentos necessários. mulando o cliente.
Escolher um ponto estratégico, caprichar no Deve-se fazer cumprir as metas do plano de
cardápio, oferecer os melhores pratos e divulgar negócios e garantir a excelência no atendimento
massivamente os diferenciais, sem deixar de ao cliente e, ainda, controlar os procedimentos
lado as questões burocráticas, as leis e as regras de manutenção de equipamentos e instalações,
da fiscalização, é essencial para o sucesso do deixando-os adequados ao uso. A gestão de A &
estabelecimento. B engloba o controle das finanças do empreen-
Até o momento, vimos que os estabeleci- dimento, buscando adequação e equilíbrio nos
mentos de A&B possuem diferentes caracterís- fluxos dos recursos e administrar os custos, a
ticas e vertentes de atuação, também existem fim de manter um rígido controle do nível de
diversas regulamentações que precisam ser lucratividade.
seguidas, por isso, em um estabelecimento em Portanto, aluno(a), na posição de futuro
funcionamento e durante a estruturação de um profissional da gastronomia, não se esqueça
empreendimento, é essencial um gestor que da importância que um gestor possui para o
atue em todos os pontos citados, sendo que o treinamento e para a motivação da equipe, di-
profissional da gastronomia é capacitado para recionando-a em prol dos objetivos traçados,
tal, por entender das características dos esta- preocupando-se, ainda, com a interação e bom
belecimentos e conhecer as exigências legais. relacionamento com os seus clientes e, se possí-
Gerenciar consiste em administrar de vel, utilizando o que a tecnologia tem a oferecer.
forma eficiente e eficaz um empreendimen- Afinal, um estabelecimento de A&B é con-
to, garantindo a continuidade do negócio e, siderado uma atividade vital e, para a saúde
para isso, é necessário gerenciar os estoques e financeira, é essencial uma gestão em prol da
Gestão de Alimentos e Bebidas

continuidade do serviço, da fidelização dos clien- Imagine você, na posição de gestor de ali-
tes e que permita que o estabelecimento assuma mentos e bebidas da pizzaria que precisa rever
posição de destaque em seu campo de atuação. seu cardápio, conforme apresentado no início
Assim, querido(a) aluno(a), chegamos ao do nosso material, a compreensão dos fatores
fim da primeira unidade, entendendo que exis- como preço de venda, custo do produto, giro de
tem diversos tipos de estabelecimentos onde a mercadoria, satisfação do cliente e as demais
gestão de alimentos e bebidas se faz necessária. questões envolvidas nesse processo se tornam
O conhecimento de suas características indivi- fato essencial para possibilitar sua atuação pro-
duais é parte essencial para o bom desempenho fissional, atendendo aos objetivos específicos de
das atividades do profissional da gastronomia, cada tipo de estabelecimento.
neste vasto campo de atuação.
Mapa Mental
Agora, caro(a) aluno(a), é a sua vez de praticar os conhecimentos trabalhados nesta unidade e compartilhar os
seus pensamentos com a gente. Sugerimos que você construa um Mapa Mental, onde os estabelecimentos do
ramo de alimentação fora do lar é o elemento inicial do mapa, puxando os seguintes itens: tipos de estabe-
lecimentos, objetivos e documentos para regulamentação. Você pode dar continuidade neste mapa iniciado,
colocando, por exemplo, nos tipos de estabelecimento os restaurantes, lanchonetes etc., nos objetivos a
satisfação do cliente, controle dos custos etc. e nos documentos para regulamentação a licença sanitária etc.

Setor de alimentação fora do lar

Tipos de estabelecimentos Objetivos principais Documentos para regulamentação


GASTRONOMIA • UNICESUMAR

Confira suas respostas

Setor de alimentação fora do lar

Tipos de estabelecimentos Objetivos principais Documentos para regulamentação

padarias hoteis CNPJ


satisfação ao cliente
pizzarias restaurantes alvará de
bom relacionamento funcionamento
cafeterias com colaboradores
lanchonetes e fornecedores licença sanitária

outros bares e choperias alimentos de AVCB


qualidade e
sorveterias saborosos

atendimento
aos requisitos
legais

retorno
financeiro
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 53

ABIP. Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria. Docerias, bolerias e con-

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GASTRONOMIA • UNICESUMAR

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GASTRONOMIA • UNICESUMAR 55

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SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Bares e Restaurantes em


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SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Como montar uma lancho-
nete. 2021b. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-
-uma-lanchonete,8b187a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD. Acesso em: 20 abr. 2022.

SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Como montar uma pastelaria.
2021c. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/appportal/reports.do?metodo=runReportWEM&-
nomeRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Como%20montar%20uma%20pastelaria&COD_
IDEIA=6a787a51b9105410VgnVCM1000003b74010a____. Acesso em 22 ago. 2021.

SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Como montar uma pizzaria.
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zzaria,cd187a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD. Acesso em: 20 abr. 2022.

SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Como montar uma sorveteria.
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veteria,1f997a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD. Acesso em: 20 abr. 2022.

SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Como montar uma hambur-
gueria. 2021f. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-
-uma-hamburgueria,7a302f959f799510VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em: 20 abr. 2022.

SOMMADOSSI, G. Rappi e Uber Eats apostam em tendência das “dark kitchens”. Forbes Brrasil,
2020. Disponível em: https://forbes.com.br/negocios/2020/01/rappi-e-uber-eats-apostam-em-
-tendencia-das-dark-kitchens/. Acesso em: 20 abr. 2022.

SPRANG, R. A invenção do restaurante: Paris e a moderna cultura gastronômica. Rio de Janeiro:


Record, 2003.
A Gestão no Setor de A & B
ME. THANISE PITELLI DE NIGRO
Oportunidades de Aprendizagem:
Nesta unidade, abordaremos a gestão no setor de alimentos e bebidas, visando
o conhecimento das características necessárias para o gestor e a identificação
dos quatro integrantes do processo administrativo: planejamento, organização,
direção e controle. Nesta unidade, será reforçado a importância da aplica-
ção de tais etapas do processo administrativo para atingir os objetivos do
setor, garantindo a oferta de refeições que satisfaçam ao cliente e que sejam
produzidas de acordo com os limites operacionais e financeiros da empresa.
Gestão de Alimentos e Bebidas
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 59

Aluno(a), imagine um restaurante comercial do tipo


self-service que atende 300 pessoas somente no almoço
e trabalha com uma variedade de mais de 30 prepara-
ções disponíveis no balcão, uma realidade considerada
comum para grande parte dos estabelecimentos desse
tipo. Agora, coloque-se na posição de gastrólogo respon-
sável pela gestão dessa empresa. Já imaginou quantas
atribuições seriam de sua responsabilidade?
Visto a importância da gestão para a obtenção dos
objetivos operacionais, a compreensão das etapas do
processo administrativo é peça fundamental para o
gestor de A & B. Siebeneichler et al. (2007) reforça que,
para atender a crescente demanda, motivada pela busca
pela conveniência aliada à falta de tempo de muitas
pessoas para preparar suas próprias refeições, vários
estabelecimentos foram surgindo, com os mais variados
cardápios e nas mais diversas características de A & B.
Assim como nos restaurantes comerciais self-service
ou à la carte, padarias, confeitarias e até mesmo nos
setores industriais ou escolares, torna-se necessário
entender as características do setor, suas disponibilida-
des financeiras, localização, público-alvo e suas demais
particularidades, para que, durante todo processo ad-
ministrativo, a gestão caminhe em prol dos objetivos
do setor em questão.
Vejamos o caso do restaurante comercial do tipo
self-service citado anteriormente, considere que sua
localização é próxima de uma universidade e seu foco
é atender o almoço do dia a dia dos estudantes, por-
tanto, precisa trabalhar com cardápio variado, mas
dentro de um custo que seja acessível aos estudantes.
Cabe ao gestor desse restaurante, por exemplo, fazer
Gestão de Alimentos e Bebidas

todo o planejamento do que será servido para conhecimento da administração é importante


ajustar essa refeição à realidade da empresa, para conseguir realizar essa atividade dentro do
fazendo, ainda, o levantamento de compras de custo disponível. O gestor precisa, ainda, ser or-
matérias-primas, organizando a equipe em prol ganizado para conseguir levantar a necessidade
do que deve ser produzido e, posteriormente, das compras, manter o bom relacionamento com
atendendo ao cliente. os fornecedores, possibilitando melhores nego-
Veja, aluno(a), que um estabelecimento in- ciações; porém, diversas atribuições são neces-
tegrante desse setor consiste em uma empresa sárias também para a condução da equipe. Essas
que requer cuidados para sua administração atribuições do gestor de A & B formam o processo
ocorrer de maneira satisfatória, por isso, a administrativo, que compreende as etapas de
compreensão do processo administrativo é tão planejamento, organização, direção e controle.
importante quanto o conhecimento técnico do Caro(a) aluno(a), proponho, nesse mo-
profissional que trabalha na gestão. mento, a pensar nas diversas atribuições do
Por exemplo, o profissional da gastronomia profissional responsável pela gestão em um em-
deve ter conhecimento técnico para fazer o plane- preendimento de A & B. Utilize seu Diário de
jamento dos cardápios de forma que seja possível Bordo para registrar quais características e qua-
trabalhar com um cardápio variado, porém, o lidades são importantes para este profissional.

Diário de Bordo

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GASTRONOMIA • UNICESUMAR 61

Todo estabelecimento do setor de A & B, nas para, ou tendência para, e “minister”- subordi-
diferentes vertentes e características, para obter nação ou obediência. Assim, podemos enten-
seus objetivos institucionais e, acima de tudo, der que significa uma função que se desenvolve
garantir sua sobrevivência no mercado, preci- sob o comando de outro, portanto, o adminis-
sa de um planejamento administrativo. Nesse trador é responsável pelo comando da ação. De
contexto, o profissional da gastronomia é uma maneira geral, pode-se dizer que administrar
peça-chave nesse processo, atuando como ad- é obter resultados por intermédio de outros,
ministrador ou, ainda, gestor da unidade. sendo uma função fazer as coisas por meio de
Segundo Chiavenato (2014), a palavra ad- outras pessoas, obtendo os melhores resulta-
ministração tem origem no latim “ad”- direção dos possíveis.

Reflita que todas as empresas precisam de um líder para realizar a gestão dos processos e este
deve ter atenção ao efeito combinado de todos os componentes que compõe a empresa (ou seja,
não se deve dar atenção a um componente específico do serviço, por exemplo, só comida, ou só
serviço, ou só ambiente), pois a junção de todos os fatores é que vai influenciar a satisfação do
cliente e atingir os objetivos institucionais.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Dessa forma, administrar representa a maneira funções: planejamento, organização, direção e


de conduzir as etapas que são realizadas nos controle. Quando estas são visualizadas na sua
estabelecimentos de A & B, um restaurante abordagem total para o alcance dos objetivos,
comercial, bar, cafeteria, padaria ou qualquer constituem o processo administrativo. Vale
outro ramo de negócio. lembrar que, apesar dessas atividades serem
A administração e/ou gestão de A & B é vistas a seguir, de maneira individualizada, esse
composta por várias funções do administra- processo acaba sendo dinâmico e interativo,
dor, que irão formar o processo administra- principalmente nos setores de A & B. As etapas
tivo, que, por sua vez, é formado por quatro são apresentadas na Figura 1.

Planejamento

Controle
PROCESSO
Organização
ADMINISTRATIVO

Direção

Figura 1 – Ciclo do processo administrativo / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura retrata um ciclo, onde todas as partes estão conectadas entre si, no centro da figura tem-se
a palavra “PROCESSO ADMINISTRATIVO”, em volta dela, o ciclo apresenta as figuras “PLANEJAMENTO”, “ORGANIZAÇÃO”,
“DIREÇÃO” e “CONTROLE”.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 63

Desde anos atrás, Oliveira et al. (2010) já afir- As empresas que integram o setor pretendem
mava que o setor tem como desafio o aprimora- alcançar (e manter) sucesso no mercado, ne-
mento contínuo e a reavaliação dos conceitos de cessitam da adoção de um programa de gestão
qualidade de produtos e serviços, bem como de eficaz e duradouro, portanto, a utilização de
estratégias mais eficientes que visem a satisfa- diferentes ferramentas administrativas é ne-
ção do cliente, buscando um modelo administra- cessária. Pense, aluno(a), que um restaurante
tivo direcionado para qualidade, produtividade não se restringe somente ao prato que será
e envolvimento da equipe. servido, mas sim todo o processo de produção,
desde a matéria-prima adequada até a mão
Davies (2010) afirma que o gestor de A & de obra qualificada, finalizando pelo produto
B tenha como (algumas das) característi- e atendimento prestado ao cliente, visando a
cas pessoais e profissionais importantes: satisfação em todos os aspectos, tangíveis e
• Conhecimento. intangíveis, por isso, o processo administrativo
• Capacidade gerencial. deve se fazer presente.
• Honestidade. A seguir, entenderemos estas quatro etapas
• Consciência de qualidade. apresentadas no ciclo esquemático do processo
• Raciocínio voltado para lucro e custo. administrativo, individualmente, conforme des-
• Seja acessível às necessidades dos crito por Abreu, Spinelli e Pinto (2019):
funcionários e dos clientes.
• Coerência. Planejamento
• Criatividade.
• Orientação para ação. A etapa de planejamento é a primeira a ser citada,
• Adaptabilidade às mudanças. visto que é a etapa que consiste em decidir, por
• Lealdade ao estabelecimento. antecipação, sobre o que, com que meios, para
• Energia. que fim, como, onde e quanto fazer, bem como
• Diplomacia. quais são os objetivos a serem alcançados.
• Mobilidade ascendente. Complementando, Antunes e Dal Bosco
• Meta de emprego duradouro. (2019) afirmam que planejar é uma função que
• Concordância com prazos exigidos. busca prever as etapas necessárias para que um
• Experiência (preferencialmente). determinado objetivo seja colocado em prática.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Dessa forma, o sucesso para o bom planejamen- a tomada de decisões a respeito de ações futuras
to está em ter pleno conhecimento do que deseja e a determinação dos planos.
alcançar, ou seja, é necessário ter clareza dos A partir do estabelecimento dos objetivos,
objetivos que se quer atingir. Assim, no plane- as demais respostas podem ser respondidas
jamento existem três fases sequenciais: o esta- visando a decisão dos próximos passos, sendo
belecimento dos objetivos a serem alcançados, apresentadas no Quadro 1.

Perguntas da etapa do planejamento Possíveis respostas em A & B


Identificar quantas refeições devem ser
O que fazer? servidas, qual o cardápio será servido
e a estrutura física necessária.
Ter uma previsão de tempo para realizar
Quanto fazer? cada uma das atividades apresentadas
e fazer um cronograma de ação.

A condução do planejamento é responsabilidade


Quem irá fazer? do gestor da empresa, a realização do preparo
das refeições fica a cargo da equipe de cozinha.

Prever todos os custos, desde a fase


de planejamento e de execução do
Quanto custará para fazer?
projeto, até o processo de produção,
para conhecer o custo do produto.

Quadro 1 – Planejamento em A & B / Fonte: adaptado de Antunes e Dal Bosco (2019).

O planejamento possui importância essen- quatro tipos de planos: os procedimentos, os


cial para resolução dos problemas, visto que orçamentos, os programas ou programações,
é um instrumento de ordenação, eficiência, as normas ou regulamentos.
produtividade e pode ser utilizado contra a Caro(a) aluno(a), conforme visto, a etapa
rotina, improvisação e estagnação. No que de planejamento requer conhecimento, tempo
se refere à sua abrangência, o planejamento para detalhar as atividades e dedicação, sendo
pode ocorrer em três níveis: estratégico (em uma etapa complexa e essencial, pois, a partir
nível da diretoria), tático (em nível gerencial) e dela, será realizada a etapa posterior, denomi-
operacional (em nível de produção). E existem nada de organização.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 65

Organização

A organização é a função admi-


nistrativa que consiste no agrupa- Organizar consiste em:
mento das atividades necessárias • Caracterizar as unidades operacionais
visando a realização do que foi primárias.
planejado. Ela envolve tarefas, • Definir o fluxo de sequência do trabalho.
pessoas, órgãos e relações, envol- • Agrupar as unidades operacionais primá-
ve, portanto, o ato de organizar, rias para formar as unidades operacionais
estruturar e integrar os recursos complexas.
e os órgãos incumbidos da admi- • Estabelecer a estrutura de autoridade.
nistração, estabelecendo relação • Sistematizar o trabalho .
entre eles e suas atribuições.
Quanto à sua abrangência, a
Gestão de Alimentos e Bebidas

organização pode ocorrer em três níveis: a nível Portanto, a etapa de organização consiste
global (desenho organizacional), nível departa- em dividir e subdividir o trabalho, reunir ativi-
mental (desenho dos departamentos) e nível das dade em unidades, definir as atribuições indi-
tarefas e operações (desenho de cargos e tarefas). viduais e das unidades, definir relações entre
Os princípios aplicáveis à organização são chefes e subordinados e entre as unidades.
a especialização, definição funcional, paridade O gestor de A & B também precisa conhe-
entre autoridade e responsabilidade, escalar. cer as funções e atribuições a serem exercidas
A estrutura organizacional é a base que pelos colaboradores que possuem envolvi-
permite à empresa organizar-se para atingir mento no setor. A Classificação Brasileira de
seus objetivos e consiste na divisão do trabalho Ocupações (CBO) é o documento normalizador
em unidades especializadas, tornando claras as do reconhecimento, da nomeação e da codifi-
atribuições e responsabilidades. Essa divisão é cação dos títulos e conteúdo das ocupações
retratada de maneira literal, ou seja, encontra- do mercado de trabalho brasileiro. Segundo a
-se retratada nos regulamentos, regimentos, CBO (MINISTÉRIO DO TRABALHO, [2022],
documentos legislativos que direcionam o fun- on-line), são considerados cargos e suas res-
cionamento da entidade ou seus órgãos, devem pectivas atribuições:
se basear em uma situação jurídica, como por Chefe de cozinha (ou ainda Chef,
estatuto, regulamento ou regimento. Chefe de partida, Chefe executivo
Também pode ser retratada de maneira grá- de cozinha, Encarregado de cozinha,
Subchefe de cozinha, Supervisor de
fica, que visa retratar a organização formal de
cozinha, Tecnólogo em gastronomia
maneira de mais fácil entendimento ou, ainda, e Gastrólogo), sendo suas atribuições:
a estrutura que foi delineada no regulamento, “Criam e elaboram pratos e cardápios,
atuando direta e indiretamente na pre-
configurando os diversos órgãos, suas interde-
paração dos alimentos. Gerenciam bri-
pendências, linhas de autoridade e subordinação. gada de cozinha e planejam as rotinas
Mezomo (2015) afirma que o organograma de trabalho. Podem gerenciar, ainda,
é um gráfico que retrata esta organização formal. os estoques e atuar na capacitação de
funcionários”.
Para sua construção são utilizados elementos
gráficos, como figuras geométricas planas e Cozinheiro (mas mais diversas áreas
de atuação como restaurante, merenda,
fechadas, que representam as unidades estru-
hospital, embarcações), são responsá-
turais (cargos) e são utilizadas linhas cheias ou veis por atividades como: “Organizam
interrompidas, horizontais e verticais, para de- e supervisionam serviços de cozinha
terminar a comunicação entre os cargos. em hotéis, restaurantes, hospitais,
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 67

residências e outros locais de refeições, Chefe executivo: pessoa responsável


planejando cardápios e elaborando o pré- pela organização e planejamento das
-preparo, o preparo e a finalização de ali- cozinhas
mentos, observando métodos de cocção
Sous chef: substitui o chefe no exercício
e padrões de qualidade dos alimentos”.
de suas funções sendo responsável pela
Auxiliar nos serviços de alimen- cozinha no dia a dia.
tação (ou Ajudante de churrasqueiro,
Chefe de partie: cozinheiro com expe-
Ajudante de confeiteiro, Ajudante de
riência, responsável pelas diversas áreas
cozinha, Ajudante de padeiro, Ajudante
como caldos, molhos e grelhas. Possuem
de pizzaiolo, Ajudante de sushiman,
ajudantes para auxiliá-los em sua tarefa.
Auxiliar de churrasqueiro, Auxiliar
de confeiteiro, Auxiliar de cozinha, Poissonnier: cozinheiro responsável
Auxiliar de padeiro, Auxiliar de piz- por toda a limpeza e preparo dos peixes
zaiolo, Auxiliar de sushiman, Forneiro e frutos do mar.
(pizzaria), Lavador de pratos, Saladeiro,
Salgadeiro), tem como descrição: “Os Garde Manger: cozinheiro responsável
trabalhadores auxiliares nos serviços de pelo preparo da cozinha fria (patês, ter-
alimentação auxiliam outros profissio- rine, canapés, preparo de bandejas de
nais da área no pré-preparo, preparo e frios para o buffet)
processamento de alimentos, na mon-
Entremetier: cozinheiro responsável
tagem de pratos. Verificam a qualidade
pelo preparo de legumes, sopas e guar-
dos gêneros alimentícios, minimizando
nições em geral.
riscos de contaminação. Trabalham em
conformidade a normas e procedimen- Patissier: cozinheiro chefe responsável
tos técnicos e de qualidade, segurança, pela preparação de sobremesas como
higiene e saúde”. bolos, tortas, sorvetes, massas e outros

Ajudantes: pessoas com pouco conhe-


Caro(a) aluno(a), sugiro que você consulte o
cimento na área em que estão atuando,
site do Ministério do Trabalho para saber mais ajudando cozinheiros mais experientes
sobre a Classificação Brasileira de Ocupações na realização de suas tarefas.
(CBO) e possibilidades no setor de A & B, isso Cozinheiro de refeitório: pessoa res-
é essencial na descrição dos cargos e definição ponsável pelo preparo e distribuição da
das atribuições. alimentação para funcionários (quando
for o caso).
Para complementar, além do proposto para
o Brasil, Freund (2008, s.p.) aborda como ati- Commis: funcionário que está no início
da carreira, sendo ajudante de garçom.
vidades na brigada de cozinha mais tradicional
e/ou clássica: Garçom: pessoa que serve a mesa;
Gestão de Alimentos e Bebidas

Recepcionista: recepção dos clientes


indicando-lhes a mesa, presta informa-
Gerente de
ções sempre que forem solicitadas pelos A&B
clientes, oferece o cardápio e atende
eventuais telefonemas dirigidos aos
mesmos.
Supervisor
Mâitre
Sommelier: apresenta o cardápio de de A & B
vinhos, oferecendo opções de harmo-
nização com os pratos.

Mâitre: comanda a equipe, coordenan-


Garçom Cozinheiro
do e supervisionando o serviço da che-
gada do cliente até o momento em que
se retiram do salão, informa também ao Auxiliar de
Commis
gerente de A & B todas as ocorrências, cozinha
podendo oferecer sugestões para solução
dos mesmos. Figura 2 – Exemplo de organograma dos funcionários
subordinados ao Gerente de A & B.
Fonte: adaptada Calumby (2014) e Castelli (2000).

Entender os cargos existentes é importante,


Descrição da Imagem: a figura retrata um fluxo-
assim fica claro a divisão das tarefas e atribui- grama, onde, na parte superior, há um retângulo
com a palavra “Gerente de A & B”, retratando uma
ções, além disso, facilita a construção do or- centralização do comando. Abaixo, há os cargos
ganograma. Conforme vimos anteriormente, “Mâitre” e “Supervisor de A & B”, e, abaixo destes,
estão: "Garçons" e “Commis”, e “Cozinheiro” e “Au-
o organograma é um gráfico que consiste na xiliar de cozinha”, respectivamente.

definição de sua competência, das atribuições


por função e as especificações das relações
entre chefes e subordinados e entre os cargos em que a atividade emana de um único chefe.
existentes, evitando, assim, conflito de auto- Nesse tipo de relação, tem-se a retratação do
ridade. Um exemplo de organograma é apre- poder direto do chefe imediato em relação aos
sentado na Figura 2. subordinados, veja que é o direito de mandar e a
Nesse organograma, as linhas de ligação faculdade de delegar, em parte, o poder, baseado
entre os retângulos representam a autoridade, na unidade de comando.
que flui para os departamentos. Os retângulos A composição do organograma depende do
representam as funções. Além disso, essa es- porte dos estabelecimentos e dos cargos existen-
trutura tem uma autoridade de linha, que tem tes. A seguir é apresentado um organograma de
como principal característica a centralização um restaurante de porte médio contemplando
do comando, ou seja, é um tipo de estrutura alguns dos cargos citados.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 69

Chef de cozinha
1º cozinheiro

Rotisseur Entremetier Saucier Patissier Garde manger

ajudante cozinheiro ajudante Confeiteiro ajudante

ajudante ajudante ajudante ajudante


ajudante

Stuart ajudante
ajudante
Stuart

Figura 3 - Modelo de um organograma em restaurante de médio porte / Fonte: Carneiro e Reimer (2018).

Descrição da Imagem: a figura retrata um fluxograma, onde, na parte superior, há um retângulo com a palavra “Chef de
zonha”, retratando uma centralização do comando. Abaixo, há os cargos “Rotisseur, Entremetier, Saucier, Patissier, Garde
manger, e, abaixo destes, estão os ajudantes.

Direção

Dessa forma, podemos identificar que a or- A direção é a função administrativa que orienta
ganização é pensar nos detalhes previamente e indica o comportamento dos indivíduos na
e preparar para que as atividades ocorram de direção dos objetivos a serem alcançados, por
forma sincronizada, por exemplo, a divisão da isso, consiste em uma atividade de comunica-
estrutura física entre os alimentos que serão ção, motivação e liderança (esta última também
manipulados (por exemplo saladas), a divisão pode ser entendida como orientar e/ou condu-
da equipe de cozinha entre suas atribuições, zir). Dessa forma, a direção orienta os recursos
conhecendo as normas e hierarquia, bem como humanos para melhor utilização da energia,
a organização do que será produzido e quais visando obter resultados eficientes na realização
matérias-primas serão usadas. Assim, damos dos objetivos.
início à produção, etapa que deve ser dirigida As atividades de direção consistem no co-
(surge, então, a etapa de direção) em prol do mando ou, então, de dirigir o pessoal para o
que foi planejado e organizado. alcance dos objetivos propostos. É, portanto,
Gestão de Alimentos e Bebidas

uma atividade contínua de tomar deliberações que também podem ser realizadas por demais
incorporadas em ordem de instruções gerais e cargos especializados. A função de direção ou
específicas, fato essencial para o profissional comando se distribui pelos diversos chefes da
da gastronomia, que precisa comandar e dirigir empresa, cada um com a responsabilidade sobre
uma equipe em prol do que foi padronizado. a unidade de trabalho (ou cargo) respectivo, bem
A necessidade da direção é fato retratado como o dever de estimular que os funcionários
há tempos. Gouveia, em 1977, já tornou claro executem as atividades planejadas para que o
que a atividade de direção é essencial para o objetivo seja atingido.
processo administrativo. Este autor define que a
direção seria a gestão de atividades da empresa,
visando obter eficiência e satisfação no esforço
coordenado dos membros do grupo, a fim de
melhor alcançar a realização dos objetivos fixa-
dos. Deming, em 1990, demonstrou que 94% de
Citamos dois termos que se referem à
todos os problemas administrativos se devem pessoa que comanda a equipe: líder e
às causas comuns que podem ser atribuídas a chefe. Vale a pena deferi-los, pois, até
meados do século passado, a figura do
processos, aos métodos, ao gerente e apenas,
chefe era comum nas empresas, uma
6% podem ser atribuídas aos operários. Até os vez que a filosofia de gestão à época
dias atuais, podemos notar que a direção deve era centralizadora e mantinha toda res-

se fazer presente nos estabelecimentos. ponsabilidade no chefe, uma figura au-


toritária que comandava com braços de
No que se refere à sua abrangência, a direção
ferro a empresa. Porém, mais para o final
pode ocorrer em três níveis: a nível da direção do século, com a globalização, esse tipo
(identificado como nível global), a nível da ge- acabou sendo extinto.

rência (denominado de nível departamental) Foi após a década de 90 que as empre-


sas começaram a modificar a filosofia
e nível operacional ou supervisão. A direção
de gestão, adotando o termo líder para
se fundamenta nos conceitos de autoridade e quem comanda, e colaborador em subs-
poder e possui como princípios gerais: unidades tituição à denominação de empregado,
possibilitando a identificação da empre-
de comando, delegação, amplitude de controle,
sa com uma imagem de time de opera-
coordenação e relações funcionais. ções, assim, o líder é responsável por
Dessa forma, a direção é uma atribuição orientar, motivar e preparar as pessoas.
inerente e privativa das chefias, o que a difere do
planejamento e da organização, que são etapas
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 71

Caro(a) aluno(a), pense que, dentro da gastrono- A liderança é considerada uma função básica
mia, em diversos momentos será colocado como da direção, que consiste na influência interpesso-
líder de uma equipe e/ou de uma produção. Por al exercida em uma situação e dirigida, por meio
isso, é importante entender que as ações de do processo de comunicação, para a realização
direção devem ser executadas adequadamente, de objetivos. A produtividade máxima somente
por isso, o responsável deve: conhecer e compre- será alcançada quando todos os empregados se
ender os objetivos da empresa, conhecer com esforçam para atingir o mesmo objetivo, a lide-
domínio os seus objetivos: treinar funcionários rança é uma característica imprescindível a todo
e instruí-los quanto ao que precisa ser realiza- chefe, pois quando o chefe é um verdadeiro líder,
do, motivar os colaboradores, acompanhar o obterá a participação do grupo sem quaisquer
desenvolvimento do processo e controlar ou atitudes que sejam opositoras, bastará exercer
checar se as ações foram realizadas de forma a sua liderança, ou seja, liderar é obter a realização
atender aos objetivos planejados. das tarefas pelo trabalho em equipe.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Outra função básica da direção é


a gerência, que é definida como um
cargo que planeja, organiza, define,
controla e avalia a equipe e as etapas
do processo, possibilitando o alcan-
ce dos objetivos. Considera-se que a
melhor gerência é aquela que capacita
sua equipe e fornece as melhores con-
dições de trabalho, que tanto podem
ser organizacionais, operacionais ou
físicas, ou seja, a gerência é a capaci-
dade de alocar recursos para atingir São recomendações para uma melhor
objetivos, sendo que muitas pessoas comunicação:
estão envolvidas nesse processo. • Clareza na fala, evitando expres-
Assim, ao gerir pessoas, devem-se sões desconhecidas ou interpretação
direcionar corretamente as energias. ambígua.
Como todo gerenciamento requer um • Cortesia, evitando o tom impera-
planejamento, cabe à alta gerência tivo e usufruindo, ao máximo, das
fazer o planejamento de longo prazo expressões de educação como “por
(planejamento de objetivos); cabe à favor” e “obrigado” para criar situa-
média gerência os objetivos a médio ções que simulem a cooperação.
e curto prazo; e à baixa gerência, os • Adequação do tom de voz, visto
planejamentos de rotina. que as ordens devem ser emitidas
Para obter sucesso na etapa de com tom de voz firme, mas natural.
direção, a comunicação de sucesso é • Incentivar a motivação, ou seja,
essencial, por isso é necessário conhe- a predisposição do indivíduo ou do
cer a ordem expedida e o seu real signi- grupo para efetuar as ações visando
ficado, bem como o nível de percepção alcançar determinado objetivo. Os
das pessoas a quem a comunicação é motivos, necessidades ou desejos
destinada, visando a realização de uma são as forças que impelem o com-
comunicação de acordo com seu hori- portamento do indivíduo.
zonte de compreensão.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 73

roda de conversa

O Podcast desta unidade conta com uma participação especial, temos uma conversa
bastante interessante sobre motivação com um profissional que atua com motivação
de equipes em restaurantes há alguns anos. Nada melhor do que obter dicas com um
profissional que vive na prática atuando nisso, não é mesmo? Aproveite esse bate-papo!

Kotler et al. (2010), de maneira resumida, afirma por isso, essa etapa irá demonstrar se o caminho
que um líder precisa de características como: capaz percorrido está de encontro com o planejado,
de exercer funções que envolvem a orientação a sendo que, ao avaliar os resultados em relação
pessoas (e, para isso, é necessário a facilidade de aos planos, é possível apurar as distorções, a
contato, empatia, capacidade de motivação, coo- fim de corrigir o planejamento.
peração e objetividade), a orientação a tarefas (ou O controle é constituído por quatro fases
seja, deve fazer o planejamento, orientar em prol que consistem no estabelecimento de padrões
dos objetivos e ter independência) e orientação à ou critérios, na observação do desempenho,
ação (por meio da iniciativa, comprometimento na comparação do desempenho com o padrão
com o sucesso, persistência e equilíbrio). Assim estabelecido, na ação corretiva para corrigir os
sendo, é essencial que o líder sempre busque a desvios e variações. Dessa forma, o controle
evolução e a motivação, refletindo com foco no possui como princípios gerais a garantia do
desenvolvimento pessoal. objetivo, a definição dos padrões e a execução.
O controle só faz sentido quando há padrões
Controle definidos. Os padrões podem ser expressos em
tempo, preço, dinheiro, unidades físicas ou por
A quarta e última (na sequência lógica que apre- meio de índices e percentuais previamente esta-
sento) função do processo administrativo é o belecidos, representando o desempenho deseja-
controle, função administrativa que busca asse- do. Controlar consiste, portanto, em comparar
gurar se o que foi planejado, organizado e dirigi- a execução que foi obtida com o planejado e
do realmente cumpriu os objetivos pretendidos. com os objetivos fixados, sendo possível citar
Em síntese, a atividade de controlar consiste em como atividades de controle: observação do de-
comparar a execução com o planejamento dos sempenho do colaborador, desperdício, tempo
objetivos fixados e com os resultados obtidos, de preparo, temperatura, boas práticas, entre
Gestão de Alimentos e Bebidas

outros. O objetivo essencial do controle é o de Chegando ao fim da quarta etapa, vamos


assinalar falhas e erros em tempo hábil e opor- ver, na Figura 4, algumas atividades que fazem
tuno, a fim de repará-los e evitar sua repetição e, parte de cada uma das etapas do processo ad-
consequentemente, aumentar a eficácia da ação. ministrativo citado.

Elaboração de Previsões
Determinação de Objetivos Definição de Estruturas
Programação Delegação
Cronogramação Estabelecimento de Relações
Orçamentação
Definição de Políticas
Determinação de
Procedimentos

PLANEJAMENTO: ORGANIZAÇÃO:

CONTROLE: DIREÇÃO:

Definição de Padrões de Tomada de decisão


Desempenho Comunicação
Medição de Resultados Obtenção de Pessoal
Avaliação de Resultados Motivação de Pessoal
Correção de Desempenho Desenvolvimento de
Pessoal

Figura 4 – Funções administrativas / Fonte: adaptada de Abreu, Spinelli e Pinto (2019).

Descrição da Imagem: esquema apresentando as funções administrativas. Tem-se um círculo ao centro, dividido em quatro
partes, sendo elas as funções de Planejamento (em laranja), Organização (em cinza), Direção (em amarelo) e Controle (em
azul). Ao lado de cada divisão do círculo, temos as descrições das funções de: 1. Planejamento: Elaboração de Previsões,
Determinação de Objetivos, Programação, Cronogramação, Orçamentação, Definição de Políticas, Determinação de Proce-
dimentos; 2: Organização: Definição de Estruturas, Delegação, Estabelecimento de Relações; 3. Direção: Tomada de decisão,
Comunicação, Obtenção de Pessoal, Motivação de Pessoal, Desenvolvimento de Pessoal; e 4. Controle: Definição de Padrões
de Desempenho, Medição de Resultados, Avaliação de Resultados, Correção de Desempenho.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 75

identificação de problemas, buscando controlar


as variáveis, tornando possível a retomada do
processo de planejamento.
Pensando em sua aplicação, Antunes e Dal
Bosco (2019) sugerem algumas situações do
dia a dia de um estabelecimento integrante do
setor de A & B, em que as etapas do processo ad-
ministrativo se fazem presentes. Para executar
o planejamento, a primeira etapa é responder
qual o objetivo? Por exemplo, elaborar um cardá-
pio adequado para o público-alvo. Assim, dá-se
início a esta etapa, planejando o cardápio que
será servido. A etapa da organização se refere
a deixar a estrutura física em condições de uso,
os funcionários contratados e alocados em suas
funções, os gêneros alimentícios comprados,
portanto, consiste em deixar tudo organizado
para iniciar o preparo das refeições.
Durante o preparo das refeições, cabe ao
gestor realizar a direção da equipe em prol do
Encerrando o estudo, Vaz (2011) apresenta que foi abordado, ou seja, dirigir para que tudo
um breve resumo sobre as 4 funções citadas: seja elaborado conforme foi planejado e organi-
Planejamento, que visa identificar quais são os zado. Por fim, o controle visa obter informações
objetivos de uma empresa, quais são os meios acerca de possíveis desperdícios, aceitação dos
disponíveis para atingi-los e qual a melhor forma clientes, custo final do preparo, número de re-
de utilizá-los. Organização, que consiste em feições servidas, dentre outras respostas.
implementar o plano estratégico, alocando Vale ressaltar que o exercício das funções
os recursos disponíveis de forma otimizada. Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar não
Direção, por sua vez, trata-se da manutenção ocorre de maneira isolada e sempre separada
das rotinas operacionais, garantindo motivação ou de maneira consecutiva, visto que as quatro
e alcance dos objetivos propostos, orientando no funções se inter-relacionam e são dinâmicas,
caminho da direção correta. Controle, visando a conforme citado no início da nossa conversa.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Entender que esses componentes do proces- das atividades e ampliar a percepção de si


so administrativo (planejamento, organização, mesmo e das situações do cotidiano, visando
direção e controle) irão fornecer ao gestor um se tornar um bom profissional e que seja capaz
controle de toda operação, que este evita des- de atingir seus objetivos.
perdício de tempo e de recursos, aproveitando Dessa forma, é importante o conhecimen-
melhor a mão de obra, evitando o retrabalho to das atividades desenvolvidas na empresa,
e identificando, ao final da produção, se seus sendo indicado fazer uma descrição detalhada
objetivos foram cumpridos, é parte essencial da rotina de cada função e os horários em que
para a valorização e estudo dessas etapas. as tarefas devem ser realizadas, possibilitan-
Aluno(a), discorremos sobre as quatro do a delegação de tarefas e responsabilidades
etapas do processo administrativo, porém, para (também fundamental para que o gestor consiga
que se possa aplicar plenamente esse proces- administrar seu tempo).
so, é necessário que se consiga administrar o Para obter sucesso na gestão, a visão pro-
tempo adequadamente. fissional deve ser sistêmica, abordando desde
Em qualquer empresa integrante do setor o controle operacional interno, o atendimento
de A & B existem diversas demandas diárias, ao cliente e o conhecimento da concorrência. O
o que torna a administração do tempo uma Goomer é um sistema destinado aos serviços de
das principais ferramentas de gerenciamento, alimentação em bares, restaurantes, hotéis e em
sendo que a falta de tempo, devido à sobrecarga todo o setor de hospitalidade e frequentemente
das atividades, acaba se tornando o principal publica materiais interessantes.
fator que irá ocasionar decisões equivocadas, Um desses materiais apresenta os dez man-
tomadas às pressas. damentos da Gestão em Serviços de Alimentos
O profissional da gastronomia, como e Bebidas (GOOMER, 2015). O infográfico apre-
gestor de A & B, deve desenvolver habilidades sentado a seguir aborda estes mandamentos
para discernir prioridades, calcular a duração (Figura 5).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 77

olhar conceitual

OS DEZ MANDAMENTOS
DA GESTÃO EM SERVIÇOS DE ALIMENTOS E BEBIDAS

Nunca é tarde para ter um plano de negócio


Um plano de negócios é vital para empresa, uma vez que ele ameniza os riscos, com ele é possível
definir as metas, traçar os indicadores que permitirão mensurar os resultados.

Capacite e motive seus funcionários


Mesmo com o melhor ponto comercial, a melhor comida e os melhores clientes, o capital
humano de um estabelecimento sempre será o bem mais valioso. Dessa forma, torna-se essencial
investir na capacitação, na motivação e na retenção dos colaboradores.

Fique de olho nos aspectos legais e sanitários


Diversas questões legais devem fazer parte da rotina de um estabelecimento, conforme
abordado anteriormente. Estar de acordo com tais questões é uma necessidade, além de ser do
interesse da empresa, colaboradores e clientes.

Automatizar e informatizar as rotinas do estabelecimento se tornou essencial


A automação, a automatização e a informatização são ferramentas que auxiliam na execução de
processos, fazendo com que sejam realizados de maneira mais rápida e eficiente com a ajuda de
um sistema, auxiliando a produtividade e minimizando erros.
Cardápios eletrônicos, sistema de senhas de espera, software de controle de pedidos e estoques,
fornos modernos em que a receita já fica cadastrada são algumas das sugestões.

Tenha um controle financeiro completo


É importante controlar todas as finanças do estabelecimento, dessa forma, deve-se conhecer
os gastos com insumos, faturamento bruto e faturamento líquido, custos com mão de obra,
despesas para manutenção do estabelecimento, como água, luz, telefone, aluguel etc.,
mantendo um adequado mapeamento financeiro.

Não tenha medo da inovação


Inovação não está apenas no fato de oferecer um cardápio diferenciado, um prato típico de
algum lugar ainda não oferecido em sua região, ou mesmo na forma de atender. É necessário
inovar em todas as etapas, por meio de aplicativos para localizar os melhores restaurantes,
ferramentas que permitem combinar pratos e bebidas e até inovar em uma atração.

Acompanhe os resultados
O acompanhamento de alguns indicadores como a consolidação dos pedidos, fechamento e
sangria de caixa, controle de estoques, sobras e pagamentos, até as cotações dos fornecedores
é essencial para o negócio, dessa forma, é possível verificar os resultados.

Ouça o que os clientes têm a dizer


É importante ter um relacionamento próximo e saudável com os seus clientes, por isso é legal
estabelecer formas de fazer pesquisas de satisfação, pode ser em papel ou até mesmo
informatizada. Se possível, dê retorno ao cliente, ele saberá que sua opinião foi importante.

Divulgue o estabelecimento
Tenha um controle financeiro completo
É importante controlar todas as finanças do estabelecimento, dessa forma, deve-se conhecer
os gastos com insumos, faturamento bruto e faturamento líquido, custos com mão de obra,
despesas para manutenção do estabelecimento, como água, luz, telefone, aluguel etc.,
mantendo um adequado mapeamento financeiro.
Gestão de Alimentos e Bebidas
Não tenha medo da inovação
Inovação não está apenas no fato de oferecer um cardápio diferenciado, um prato típico de
algum lugar ainda não oferecido em sua região, ou mesmo na forma de atender. É necessário
inovar em todas as etapas, por meio de aplicativos para localizar os melhores restaurantes,
ferramentas que permitem combinar pratos e bebidas e até inovar em uma atração.

Acompanhe os resultados
olhar conceitual
O acompanhamento de alguns indicadores como a consolidação dos pedidos, fechamento e
sangria de caixa, controle de estoques, sobras e pagamentos, até as cotações dos fornecedores
é essencial para o negócio, dessa forma, é possível verificar os resultados.

Ouça o que os clientes têm a dizer


É importante ter um relacionamento próximo e saudável com os seus clientes, por isso é legal
estabelecer formas de fazer pesquisas de satisfação, pode ser em papel ou até mesmo
informatizada. Se possível, dê retorno ao cliente, ele saberá que sua opinião foi importante.

Divulgue o estabelecimento
O importante é identificar e explorar os diferenciais do estabelecimento e deixá-los bem à
vista de todos, estar atento às tendências de mercado para definição dos pontos de
divulgação é importante. Mas vale lembrar que a divulgação também deve buscar a
fidelização, cartões fidelidade, descontos e convênios para aniversariantes são pontos que
podem ser abordados.

Invista nas redes sociais


Independentemente do tamanho do estabelecimento, este deve estar onde os potenciais
clientes estão. E a melhor forma é por meio das redes sociais, nesse ponto, a forma de se
relacionar com o seu público deve gerar interesse e engajamento. Por isso, deve-se
aproveitá-las para deixar o estabelecimento ainda mais em evidência!

Figura 5 - Os dez mandamentos da Gestão em Serviços de Alimentos e Bebidas / Fonte: adaptada de Goomer (2015).

Descrição da Imagem: o infográfico apresenta os 10 mandamentos para a gestão. São citados os mandamentos, em seguida são brevemente
discutidos. O primeiro mandamento é “Nunca é tarde para ter um plano de negócio: um plano de negócios é vital para empresa, uma vez que ele
ameniza os riscos, com ele é possível definir as metas, traçar os indicadores que permitirão mensurar os resultados”. Em seguida, “Capacite e motive
seus funcionários: mesmo com o melhor ponto comercial, a melhor comida e os melhores clientes, o capital humano de um estabelecimento sem-
pre será o bem mais valioso. Dessa forma, torna-se essencial investir na capacitação, na motivação e na retenção dos colaboradores”. No terceiro:
“Fique de olho nos aspectos legais e sanitários: diversas questões legais devem fazer parte da rotina de um estabelecimento, conforme abordado
anteriormente. Estar de acordo com tais questões é uma necessidade, além de ser do interesse da empresa, colaboradores e clientes”. O quarto
se refere a “Automatizar e informatizar as rotinas do estabelecimento se tornou essencial: a automação, a automatização e a informatização são
ferramentas que auxiliam na execução de processos, fazendo com que sejam realizados de maneira mais rápida e eficiente com a ajuda de um
sistema, auxiliando a produtividade e minimizando erros. Cardápios eletrônicos, sistema de senhas de espera, software de controle de pedidos e
estoques, fornos modernos em que a receita já fica cadastrada são algumas das sugestões”. O quinto: “Tenha um controle financeiro completo: é im-
portante controlar todas as finanças do estabelecimento, dessa forma, deve-se conhecer os gastos com insumos, faturamento bruto e faturamento
líquido, custos com mão de obra, despesas para manutenção do estabelecimento, como água, luz, telefone, aluguel etc., mantendo um adequado
mapeamento financeiro”. O sexto se refere à inovação: “Não tenha medo da inovação: inovação não está apenas no fato de oferecer um cardápio
diferenciado, um prato típico de algum lugar ainda não oferecido em sua região, ou mesmo na forma de atender. É necessário inovar em todas
as etapas, por meio de aplicativos para localizar os melhores restaurantes, ferramentas que permitem combinar pratos e bebidas e até inovar em
uma atração”. O sétimo: “Acompanhe os resultados: o acompanhamento de alguns indicadores como a consolidação dos pedidos, fechamento e
sangria de caixa, controle de estoques, sobras e pagamentos, até as cotações dos fornecedores é essencial para o negócio, dessa forma, é possível
verificar os resultados”. O oitavo: “Ouça o que os clientes têm a dizer: é importante ter um relacionamento próximo e saudável com os seus clientes,
por isso é legal estabelecer formas de fazer pesquisas de satisfação, pode ser em papel ou até mesmo informatizada. Se possível, dê retorno ao
cliente, ele saberá que sua opinião foi importante”. Nono: “Divulgue o estabelecimento: o importante é identificar e explorar os diferenciais do
estabelecimento e deixá-los bem à vista de todos, estar atento às tendências de mercado para definição dos pontos de divulgação é importante,
mas vale lembrar que a divulgação também deve buscar a fidelização; cartões fidelidade, descontos e convênios para aniversariantes são pontos
que podem abordados”. Por fim, o décimo mandamento: “Invista nas redes sociais: independentemente do tamanho do estabelecimento, este deve
estar onde os potenciais clientes estão. E a melhor forma é por meio das redes sociais, nesse ponto, a forma de se relacionar com o seu público
deve gerar interesse e engajamento. Por isso, deve-se aproveitá-las para deixar o estabelecimento ainda mais em evidência!”.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 79

Caro(a) aluno(a), reforço que o gastrólogo deve ser um profissional que tenha
planejamento, seja capaz de motivar a equipe, oriente em prol da forma correta
de realizar uma tarefa, não procrastine e busque atingir metas e prazos (esti-
pulando-os de forma que sejam atingíveis) e, acima de tudo, seja capaz de criar
um bom fluxo de informações, assim, a busca pelo sucesso profissional estará
na direção correta.
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final da nossa unidade entendendo que o
profissional da gastronomia é um profissional que, frequentemente, é colocado
na posição de gestor de A & B, por isso, a compreensão das quatro etapas do
processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle são
importante para o desempenho das funções.
Inserindo as práticas do dia a dia dos diversos estabelecimentos integrantes
do setor de A & B nessas etapas do processo administrativo, é possível identificar
que, durante o planejamento, temos a elaboração dos cardápios; na organiza-
ção, temos a divisão das atribuições a serem executadas pelos colaboradores;
na direção, temos o acompanhamento do processo produtivo, verificando se
o cardápio planejado realmente está sendo executado e o controle, por meio
de pesquisa de aceitação do cardápio, por exemplo. Veja, caro(a) aluno(a), que
você, profissional da gastronomia, adquire conhecimentos ao longo do curso,
de forma a se tornar essencial em todas essas etapas.
Agora, teremos a oportunidade de praticar alguns conhecimentos traba-
lhados nesta unidade. A seguir, você encontrará atividades pensadas para a
reflexão do conteúdo abordado! Aproveite-as!
Mapa Mental

Considerando o papel do profissional da gastronomia como gestor de A & B e responsável pelas etapas
do processo administrativo, convido você, aluno(a), a completar o mapa mental a seguir. Que tal escrever
o conceito de cada uma das etapas do processo administrativo e possíveis atribuições ou tarefas em A
& B que se referem a tais atividades, bem como exemplos delas?

ETAPAS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

planejamento controle

organização direção
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 81

Agora é com você


1. O organograma consiste em uma forma gráfica de apresentar a hierarquia e a subordinação em
empresas, sendo utilizados elementos gráficos, como figuras geométricas planas e fechadas,
que representam as unidades estruturais (cargos) e linhas cheias ou interrompidas, horizontais
e verticais, que retratam a comunicação entre os cargos, bem como seu grau de hierarquia.

Fonte: ABREU, E. S.; SPINELLI, M. G. N.; PINTO, A. M. S. Gestão de unidades de alimentação e nutri-

ção: um modo de fazer. 7. ed. São Paulo: Editora Metha, 2019.

Com base no que foi estudado, descreva o que consiste em um organograma e identifique
qual cargo apresentado apresenta maior hierarquia dentro dessa estrutura, justifique sua
escolha.

Diretor

Cargo A Cargo B

Equipe A Equipe B

Descrição da Imagem: cinco retângulos dispostos da seguinte maneira: acima um retângulo intitulado “diretor”,
que se liga a dois retângulos abaixo, um ao lado do outro, intitulados, à esquerda, “cargo A” e, à direita, “cargo B”.
Estes dois se ligam a outros dois. Abaixo do “cargo A”, temos “Equipe A” e, abaixo de “cargo B”, temos “Equipe B”.

2. A administração é fundamental para a gestão eficiente nos estabelecimentos que integram


a alimentação fora do lar. Por isso, as quatro etapas do processo administrativo são sub-
sídios para uma gestão eficaz.

Fonte: ANTUNES, M. T. A; DAL BOSCO, S. M. Gestão em unidades de alimentação e nutrição: da

teoria à prática. Curitiba: Appris, 2019.


Gestão de Alimentos e Bebidas

Agora é com você

Com base no que foi estudado acerca das quatro etapas do processo administrativo, enu-
mere as colunas, relacionando as funções administrativas e seus conceitos ou finalidades.

1. Planejamento.
2. Organização.
3. Direção.
4. Controle.

( ) Distribuição de colaboradores em suas funções.


( ) Orienta e indica o comportamento dos colaboradores para o alcance dos objetivos
estabelecidos.
( ) Avaliação das etapas do processo produtivo, como realização do índice de sobras e aferição
de temperaturas.
( ) Estimativa prévia de despesas com insumos gerais, elaboração de cardápios e previsão de
gêneros.

A ordem correta da sequência é:

a. 2, 3, 4, 1.
b. 1, 2, 3, 4.
c. 3, 1, 4, 2.
d. 3, 2, 1, 4.
e. 2, 4, 3, 1.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 83

Agora é com você


3. A administração consiste em um conjunto de etapas visando a organização do trabalho
com objetivo de atingir os interesses comuns buscando os melhores resultados. Essas
etapas consistem em planejar, organizar, dirigir e controlar um grupo de indivíduos para
um objetivo comum.
KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 10. ed. São

Paulo: Atlas, 2000.

Sobre as funções administrativas, com base no que foi estudado, assinale a alternativa correta.

a. A primeira etapa do processo administrativo é a organização, sendo fundamental para que


os objetivos possam ser atingidos, os planos possam ser executados e as pessoas possam
trabalhar de maneira eficiente e eficaz.
b. Cabe ao líder, sozinho, executar todo processo administrativo para que a empresa funcione
adequadamente.
c. O planejamento tem a função de definir objetivos a alcançar, como decisões a respeito de
ações futuras e determinação de planos.
d. A primeira etapa do processo administrativo consiste na direção das atividades.
e. Dentro do processo administrativo, enquadram-se aspectos referente aos cargos envolvidos,
sendo que o controle será responsável pela definição das atribuições individuais.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR

Confira suas respostas

ETAPAS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

planejamento
controle
organização direção
consiste em decidir
antecipadamente o consiste em verificar se tudo
que deve ser feito é o processo está sendo feito de acordo
é o processo
para alcançar administrativo que com o que foi planejado e as
administrativo que
determinado visa a estruturação, ordens dadas, bem como
conduz e coordena o
objetivo ou meta. reunindo pessoas e assinalar as faltas e erros, a
pessoal na execução
equipamentos, de fim de repará-los e evitar
das tarefas
acordo com o repetições.
antecipadamente
planejamento efetuado
planejadas.
por exemplo realizar
o planejamento dos
por exemplo controle de
cardápios. por exemplo reunir
por exemplo dirigir sobras de alimentos
as atividades, dividir preparados, desperdício no
a equipe durante o
e subdividir o preparo, temperatura dos
preparo dos alimentos.
trabalho e definir as alimentos.
atribuições individuais.

1. O organograma consiste em uma ferramenta apresentada no formato de um gráfico organizacional que representa
a interação do agrupamento das atividades desenvolvidas, sendo retratado conforme o que, formalmente, é repre-
sentado na empresa, como no caso de regulamentos. Nessa estrutura apresentada, a hierarquia está no diretor,
que apresenta uma centralização do comando e está na parte superior dessa estrutura.

2. A. Visto que apresenta a ordem correta, por exemplo, o planejamento é a etapa inicial, que consiste na estimativa
prévia de despesas com insumos gerais, elaboração de cardápios e previsão de gêneros. A organização ocorre na
distribuição de colaboradores em suas funções. A etapa da direção consiste em dirigir, ou seja, orienta e indica o
comportamento dos colaboradores para o alcance dos objetivos estabelecidos. Por fim, o controle consiste na avaliação,
ou seja, avaliação das etapas do processo produtivo, como realização do índice de sobras e aferição de temperaturas.

3. C. Pois o planejamento é uma etapa inicial do processo administrativo e é a partir desta etapa que se determina os
objetivos a serem alcançados e possibilita-se a organização das atividades. As demais alternativas estão incorretas,
pois o processo administrativo eficaz depende da primeira etapa do processo administrativo, o planejamento.
Esta etapa visa a definição dos objetivos a serem alcançados e, posteriormente, a organização das atividades. Cabe
ressaltar que o processo administrativo não é inerente a um único cargo.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 85

ABREU, E. S.; SPINELLI, M. G. N.; PINTO, A. M. S. Gestão de unidades de alimentação e nu-

referências
trição: um modo de fazer. 7 ed. São Paulo: Editora Metha, 2019.
ANTUNES, M. T. A.; DAL BOSCO, S. M. Gestão em unidades de alimentação e nutrição: da
teoria à prática. Curitiba: Appris, 2019.
CALUMBY, F. Administração de Bares e Restaurantes. Secretaria de Educação de Pernambuco,
2014.
CARNEIRO, E. S.; REIMER, V. Administração aplicada à gastronomia. Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.
CASTELLI, G. Administração hoteleira. 7. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2000.
CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 5. ed. São Paulo: Manole, 2014.
DAVIES, C. A. Alimentos e bebidas. 7. ed. Caxias do Sul: Educs, 2010.
DEMING, E. Qualidade: a revolução na produtividade. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990.
FREUND, F. T. Alimentos e Bebidas: uma visão gerencial. 2. ed. São Paulo: Senac, 2008.
GOOMER. Os 10 mandamentos da gestão de Bares & Restaurantes. 2015. Disponível em:
https://blog.goomer.com.br/wp-content/uploads/2015/09/EbookOs-10-mandamentos-gestao-bares-
restaurantes-Goomer.pdf. Acesso em: 22 abr. 2022.
GOUVEIA, O. I. Elementos de administração geral. Recife: Universidade Federal de Pernambuco,
1977.
KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 10.
ed. São Paulo: Atlas, 2000.
KOTLER, P. et al. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser
humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
MEZOMO, I. F. B. Os serviços de alimentação: planejamento e administração. 6 ed. São Paulo:
Manole, 2015.
MINISTÉRIO DO TRABALHO. Classificação brasileira de Ocupações (CBO). Informações gerais,
[2022]. Disponível em: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/informacoesGerais.jsf. Acesso em:
22 abr. 2022.
OLIVEIRA, M. C. F. et al. Visão global da gestão de uma Unidade de Alimentação e Nutrição Institucional.
Revista Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, v. 35, n. 3, p. 115-131, 2010.
SIEBENEICHLER, T. et al. A satisfação de clientes de restaurantes: uma avaliação da satisfação e da
importância dos atributos. R. Administração, v. 7, n. 11, p. 39-58, dez, 2007.
VAZ, C. S. Alimentação de coletividade: uma abordagem gerencial: manual prático do gestor de
serviços de refeições coletivas. 3. ed. Brasília: [s.n.], 2011.
Administração de Materiais e Estoques
ME. LUCAS FERREIRA SANTIAGO
Oportunidades de Aprendizagem:
Na Unidade 3, você vai poder conhecer e explorar sobre administração de
materiais e seus fluxos, bem como conhecer estoques, tipos de armazenagem
e as funções dos estoques e, por fim, como se planeja e controla os produtos
em estoque. Esses conhecimentos são fundamentais para ser um gestor em
gastronomia de excelência.
Gestão de Alimentos e Bebidas
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 89

Um certo dia, em um empreendimento gastronômico,


percebi que a gestora estava preocupada com o seu negó-
cio, pois estava fazendo os atendimentos aos clientes com
muito desespero e sem aplicar técnica alguma de vendas.
Em seguida, perguntei a gestora como estavam indo as
vendas do seu negócio, ela aproveitou a oportunidade e
desabafou-se. Disse que tinha diversas contas a serem pagas
e, além disso, estava descartando produtos, por motivos de
deterioração. Também disse que precisaria comprar mais
produtos para poder ter todos os itens do cardápio, mas que
estava com pouco recursos financeiros para efetivar essas
compras, e muitos desses insumos eram de valor agregado.
Você já se viu nessa situação de estarem preocupa-
dos com a gestão do seu empreendimento? Então, diante
desse fato verídico que estamos vivendo com diversos
outros empreendimentos gastronômicos, quais seriam
as suas estratégias para poder melhorar o desempenho
desses empreendimentos ou do seu próprio negócio?
A falta de gestão em um empreendimento contribui
para o fechamento de diversos negócios, e de acordo
com a pesquisa Sobrevivência de Empresas (2020),
realizada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas), a taxa de mortalidade
de pequenos negócios de 01 a 05 anos correspondem
a 29% para o MEI (Microempreendedor Individual),
21,6% Microempresas e 17% Empresas de Pequeno
Porte (EPP). Segundo a EMBRAPA (2017), Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 33,33% dos alimen-
tos são descartados em restaurantes e/ou residências.
Somente os restaurantes, descartam, aproximadamente,
6 mil toneladas de alimentos (SAFRA, 2018). Sendo
assim, conhecer o setor de alimentos e bebidas e os
Gestão de Alimentos e Bebidas

seus principais “gargalos” na gestão é fundamen- o objetivo de averiguar por meio de quais ferra-
tal para poder encontrar novas oportunidades mentas são feitos os controles e armazenamento
e melhorar o desempenho do negócio e não desses dados do empreendimento.
estar inserido nas estatísticas das empresas que Após a sua visita técnica ao empreendimen-
fecham as portas até o seu quinto ano de vida. to, o que você percebeu e coletou de informações
Com base nesses dados, você, como um de como é feito os controles e armazenamento
futuro gestor gastronômico, deverá fazer uma de dados desse empreendimento? A gestão de
visita técnica a um empreendimento gastro- materiais e estoque existe? E como é controla-
nômico de qualquer segmento (confeitaria, do? Agora faça uma reflexão e descreva o que
pizzaria, buffets etc.) e realizar uma pesquisa você alteraria e ou implementaria para melhorar
diretamente com o gerente e/ou responsável o desempenho desse empreendimento. Utilize
pela administração dos materiais e estoque, com o seu Diário de Bordo.

Diário de Bordo

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GASTRONOMIA • UNICESUMAR 91

A ausência de gestão contribui para o alto índice produto acabado, portanto, para poder produ-
de fechamento de empresas e, sendo assim, zir, é necessário ter os materiais na hora certa
para se ter um empreendimento eficaz, é ne- e tempo certo.
cessário ter uma melhor compreensão sobre a Dependendo da tipologia do empreendi-
Administração de materiais. Segundo Gomes e mento, pode-se ter um rol de materiais muito
Chaves (2020, s.p.) “a administração de materiais vasto para poder produzir, tudo vai depender
trabalha na busca da maximização de recursos, de temática, cardápio, localização e horário de
do lucro e minimização dos prejuízos causados funcionamento para poder definir os materiais
pelas perdas decorrentes da falta de um gerencia- realmente necessários no seu negócio.
mento de estoque eficiente e eficaz”. Portanto, a De acordo com as áreas da economia e ad-
seguir, você terá a oportunidade de compreender ministração, materiais se definem como bens
a administração de materiais e estoque. tangíveis que, de acordo com Chiavenato (2005),
Conceito de Materiais - Segundo são aqueles que podem ser tocados; alguns
Chiavenato (2014), os materiais são recursos outros autores preferem chamar de insumos,
utilizados na produção de um determinado isto é, materiais que necessitam para poder
Gestão de Alimentos e Bebidas

transformar em produtos e, logo em seguida, mais eficientes e econômicas, o fluxo de mate-


serem comercializados. riais, partindo das especificações dos artigos à
Sendo assim, na gastronomia, os materiais compra até a entrega do produto terminando no
se encaixam mais com a definição de insumos, cliente”. Vale ressaltar que a palavra-chave desta
pois são necessários transformá-los, isto é, ma- definição é planejamento, execução e controle dos
nipulá-los para poderem se tornar produtos materiais que envolvem produções de produto.
acabados e serem entregues aos clientes. E para se ter a administração de materiais,
Agora que você já conhece o que são mate- envolvem diversos setores e pessoas, para que
riais, a seguir vamos aprender a administrá-los. se tenha resultado final na gestão de um em-
Administração de Materiais - Desde que preendimento e a maximização dos insumos
o homem iniciou a produção de ferramentas de utilizados na produção.
pedra e ou com ossos de animais, conseguiu A administração de recursos materiais en-
organizar a fabricação de alimentos e aprendeu globa a sequência de operações que tem o
a estocar os mantimentos, e tendo esses pro- seu início na identificação do fornecedor,
na compra do bem, em seu recebimen-
dutos a mais do que se consumia, começaram
to, transporte interno e seu acondicio-
a trocá-los por outros objetivos de interesse, namento, em seu transporte durante o
assim iniciou a contribuição para a evolução da processo produtivo em sua armazenagem
como produto acabado e, finalmente,
nossa existência. A evolução do homem e seus
em sua distribuição ao consumidor final
costumes se deram justamente por saberem (MARTINS; ALT, 2009, p. 4).
administrar os seus materiais excedentes.
Portanto, o gerente de um empreendi- A administração de materiais, portanto, é res-
mento deve saber administrar os materiais, ponsável por todo o processo que os produtos
independentemente do tamanho da empresa passam dentro da empresa, isto é, desde a sua
e do volume, para que a organização continue a aquisição até o consumidor final.
crescer e acompanhar as evoluções do mercado Segundo Marcondes (2020, on-line), a ad-
existente, então, planejar e controlar o fluxo de ministração de materiais
materiais inerentes aos processos de produção [...] é o seguimento da administração
é fundamental para manter o empreendimento voltado para o planejamento, organiza-
rentável (LÉLIS, 2016). ção, coordenação e controle dos meios
necessários, ao suprimento de materiais
Sendo assim, a administração de materiais,
imprescindíveis aos bons funcionamen-
de acordo com Gurgel (2002, p. 05), é “atividade tos da organização, no tempo oportuno
que planeja, executa e controla, nas condições
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 93

e quantidade necessária, na qualidade


requerida e pelo menor custo. Sendo assim, todas as etapas na adminis-
tração de materiais são fundamentais para
Fato que, se o gestor de um empreendimento que o empreendimento possa funcionar da
gastronômico não estiver alinhado a esse fluxo na melhor forma possível, portanto, segue o
gestão de materiais, a possibilidade da empresa ciclo da administração de materiais no setor
não estar gerando lucro desejado é muito grande. de gastronomia:

Matérias
Primas Materiais
e
Processa m Materiais
mento
semiacab Materiais
ados
acabados Produtos
Acabado
s

Figura 1 - Ciclo da administração de materiais no setor de gastronomia / Fonte: Adaptado de Martins e Alt (2009, p. 5).

Descrição da Imagem: temos um gráfico composto de cinco partes em formato de seta com fundo azul, onde estão as escri-
tas, em cada parte, as palavras: matérias-primas, materiais em processamento, materiais semiacabados, materiais acabados
e produtos acabados.

Matérias-primas: materiais básicos necessá- Materiais semiacabados: são materiais que


rios para a produção do empreendimento, no estão em processo de produção mais avançados,
caso de uma pizzaria, por exemplo, é essencial por exemplo, no caso da pizzaria a massa está
a farinha de trigo para a produção das massas. pronta, porém o pizzaiolo está esperando
crescer e/ou dobrar de volume para que possa
Materiais em processamento: são materiais porcionar os tamanhos desejados.
que não estão mais no estoque, já estão no setor
de produção à espera de ser manipulado, por Materiais acabados: são materiais que já
exemplo, em uma pizzaria, a farinha de trigo estão terminados e que serão anexados aos
retirada do estoque e levada ao setor de pro- demais produtos e, assim, após a junção, é o pro-
dução da massa. duto acabado. Em uma pizzaria, seria a massa da
Gestão de Alimentos e Bebidas

pizza pronta e porcionada, esperando o pedido de materiais, a fim de nortear a gestão do em-
dos clientes para a montagem da pizza e assar. preendimento. De tal modo, a classificação dos
materiais vai muito além de separar por tipo ou
Produtos acabados: produtos que já estão segmentação dos produtos, pois vão desde a sua
prontos para serem entregues aos clientes, no qualidade, flexibilidade e utilização dos mate-
caso aqui as pizzas prontas. riais. Portanto, classificar os materiais permitirá
aos gestores um melhor controle e planejamento
das compras, estoques, produção e distribuição
dos produtos acabados.
O principal objetivo da classificação de ma-
teriais é ter um meio de racionalizar e controlar
o estoque, permitindo que se tenham informa-
Digamos que você está gerenciando uma
pizzaria. Com base nessas informações ções ágeis e precisas para as tomadas de deci-
obtidas até o momento, que materiais sões, contribuindo com as rotinas operacionais,
você citaria como itens essenciais que
a fim de evitar perdas e ou prejuízos.
não podem faltar para não interromper
o processo produtivo das diversas pizzas Existem alguns meios que são fundamen-
oferecidas do seu cardápio? tais para a classificação dos materiais, sendo eles:
tipo de demanda quanto a aplicação, quanto ao
valor do consumo anual, quanto à importância
operacional, materiais críticos, materiais por
Portanto, a administração dos materiais de um perecibilidade, materiais ao modo de estoca-
empreendimento gastronômico, independente- gem, materiais com dificuldade de aquisição e
mente do seu tamanho e segmento é primordial materiais por estoque.
para o sucesso na gestão do empreendimento,
para que o seu negócio continue prosperando. Classificação dos Materiais
No próximo tópico, você vai aprender como são Materiais por tipo de demanda:
classificados os materiais.
São divididos em materiais de estoque
Classificações de Materiais e de não estoque e estão vinculados
com a demanda do produto. Os mate-
Cada tipo de empresa e conforme a sua seg- riais de estoque são aqueles que estão
mentação, é necessário que se faça uma divisão
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 95

presentes fisicamente no empreendi- Materiais em Estoque quanto ao


mento de fácil acesso e uso e reposição, valor de consumo: essa classificação
todos destinados a suprir a produção. é realizada de acordo com a energia
Por exemplo, no caso da pizzaria, uti- financeira despendida nos produtos,
liza-se muita farinha de trigo, pois é itens de classificação A, B ou C.
usado frequentemente na produção
das massas, esse é um produto que Materiais A: produtos de alto valor de
se tem demanda diariamente. Já os consumo e menor giro em quantidade.
materiais de não estoque são os não
imprevisíveis, isto é, a demanda que Materiais B: produtos de valor
oscila, normalmente deve ser solicita- médio de consumo e giro médio em
da para entrar no fluxo de compra con- quantidade.
forme vai se utilizando, por exemplo,
em uma pizzaria, um produto que não Materiais C: produtos de valor baixo
se tem tanta demanda é o presunto de consumo e alto giro de quantidade.
cru (tipo parma), pois é um produto
de valor agregado e as vendas tendem Materiais em Estoque quanto à
a ser menor com esse tipo de produto. importância operacional: são ma-
teriais de uso não tão importantes,
Materiais em Estoque com facilidade de substituição, por
quanto à aplicação: exemplo, salsinha na decoração de um
prato, tendo outras ervas, como o to-
Materiais produtivos: matérias- milho fresco. Esses produtos recebem
-primas, produtos para a fabricação, a classificação X. Materiais com certa
produtos acabados e materiais para dificuldade de se substituir leva-se a
a produção. classificação Y. Agora, materiais es-
senciais na produção, que se faltarem
Materiais improdutivos: materiais podem parar um setor e/ou todo a em-
de consumo em geral, por exemplo: presa, recebe a classificação Z, aqui é
materiais de limpeza. atenção total nesses itens (VIANA,
2002; MARTINS, 2009).
Gestão de Alimentos e Bebidas

Sendo assim, cada tipologia de empreendimento custo possível e eliminando os desperdícios, sem
terão as suas classificações de produtos, alter- que haja um hiato, isto é, não faltem produtos
nando as prioridades de controle, mas inde- e, consequentemente, o consumidor final fique
pendentemente disso, é importante fazer essa sem os produtos solicitados.
classificação para que você, um futuro(a) ges- Portanto, de acordo com Lélis (2016, p. 12),
tor(a) gastronômico(a), consiga administrar os “para qualquer coisa que se deseje produzir, em
materiais de forma mais assertiva e com mínimo menor ou maior escala, será necessário que se
de ausência de produtos. planeje, organize e controle o fluxo de materiais
Como você pode ver, é possível classificar envolvidos no processo de fabricação”, sendo
os materiais de um empreendimento gastronô- assim, independentemente do tamanho do seu
mico, a seguir você terá a oportunidade de com- empreendimento, fazer a gestão do fluxo de
preender como funciona o fluxo de materiais. materiais é fundamental para que se tenha o
O Fluxo de Materiais está interligado controle dos materiais utilizados e, consequen-
com os processos produtivos, com o objetivo temente, para que não falte e não tenha excesso
de ter os materiais no tempo certo ao menor de materiais em seus estoques.

pílula de aprendizagem

Gestão de Fluxo de Materiais


Olá, aluno(a), a gestão de fluxo de materiais na gastronomia é muito simples, porém
requer conhecimento e dedicação para se aplicar, para você compreender melhor, vou
te apresentar um exemplo, no caso de uma pizzaria, certamente será utilizado muitos
quilos de queijo muçarela, dependendo da cidade e localização pode-se chegar mais
de 1 tonelada por semana. Contudo, muitos empreendimentos não têm espaço físico
para estocar esses materiais, portanto, assim se faz um planejamento de uso e firma
acordo com os fornecedores para que esses produtos possam ser entregues pelo me-
nos duas vezes na semana. Pronto, super simples, gestão de fluxo de materiais, vai de-
pender da tipologia do seu negócio. Agora só colocar em prática o seu conhecimento.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 97

Então, o fluxo de materiais de um restaurante é Fato que alguns tipos de empreendimen-


fazer com que os materiais tenham rotatividade, tos, por falta de conhecimento e planejamento
pois alguns produtos têm o prazo de validade do fluxo de materiais, acabam tendo um fluxo
muito curto, e se têm muitos materiais perecíveis mais constante do que o normal, impactando no
para se acondicionar, portanto, tendo o fluxo de setor de produção, pois, em algumas ocasiões,
materiais adequado, além do empreendimento poderão sofrer paradas, esperando os materiais
ter produtos sempre novos e frescos, sem ter risco entrarem em estoque.
de perdas e prejuízos por estarem com estoques Veja as etapas do processo de fluxo de
altos de materiais. Vale ressaltar que estoque de materiais no Infográfico a seguir. Os materiais
materiais representa investimento parado, então, passam por diversas etapas e são transforma-
quanto menor o volume de estoque de materiais dos e modificados no decorrer do percurso até
que a empresa conseguir ter, consequentemente chegar nos clientes, sendo esses:
reduzirá os custos do empreendimento.
Gestão de Alimentos e Bebidas

olhar conceitual

FLUXO DE MATERIAIS

O processo de fluxo de materiais, se passam em diversas etapas e são transformados e modificados no decorrer
do percurso, até chegar nos clientes. Nesse infográfico é possível compreender os fluxos dos materiais (insumos)
de um empreendimento gastronômico, independente do seu porte e a segmentação, vale ressaltar que confor-
me a especificidade de um negócio poderá ter um ou mais fluxos, pois dependerá quais serão os produtos acaba-
dos que serão entregues aos seus clientes.

1 - Fornecedores: Atacados, 2 - Setor de Compras: 3 - Estoque de matéria-prima: 4 - Processamento de materiais -


Distribuidores de Alimentos responsável por comprar Onde são guardados as os materiais estão literalmente
as matérias primas. matérias-primas das empresas, no meio do caminho, saindo do
sendo que há diversos estoque e indo para os setores
tipos de estoques. de produção, podemos
compreender aqui o abastecimento
dos setores de produção com as
matérias-primas necessárias.

5- Submontagem: setor de
que inicia o pré-preparo dos 6 - Estoque de produtos
alimentos, no caso de uma pizzaria acabados: nesse setor as
e ou restaurantes podemos pessoas utilizam os produtos 7 - Montagem / Finalização:
compreender como a cozinha do estoque anterior para nesse setor podemos compreen-
de pré-preparo fria, por deixar o mise en place der que os cozinheiros utilizam os
exemplo, onde se higienizam (pré-preparo e preparo) dos produtos que já estão basicamen-
os hortifruti e depois alimentos, deixando te prontos, apenas finalizando-os, 8 - Distribuição: no setor de
cortam e fazem pronto para a finalização por exemplo, no caso de uma gastronomia empreendimen-
o porcionamento. e montagem. pizzaria, o pizzaiolo utiliza a massa tos que atendem in loco (no
que está pronta, o auxiliar do local) é compreendido pelo
pizzaiolo já deixou as massas setor dos garçons
prontas e boleadas, agora é só /garçonetes, onde levam os
montar e finalizar. Outro exemplo, alimentos prontos para os
é o chef de cozinha que após os clientes.
seus cozinheiros (as) deixarem
prontos os alimentos, utiliza a sua
estrutura (bancada) para fazer o
empratamento, ao qual é a
9 - Clientes: setor compreendido finalização dos pratos.
no fluxo de materiais no salão
onde os clientes estão no
aguardo dos produtos
finalizados.

Fonte: adaptado de Slack, Chambers e johnston (2002, p. 428).

Descrição da Imagem: o infográfico apresenta o fluxo de materiais do setor de gastronomia, sendo iniciado por fornecedores, onde consta uma
imagem de um atacado de mercadorias; em seguida, duas pessoas negociando as compras, na sequência estoque de matérias-primas com caixas
acondicionadas em prateleiras devidamente organizadas e, dando continuidade, imagens com diversos alimentos para demonstrar que os materiais
estão sendo selecionados para ir nos setores de produção. Em seguida está o setor de submontagem, onde os materiais serão semitransformados
e indo para o setor de estoque de produtos acabados, onde se tem diversos setores da gastronomia, seguindo para o setor de finalização, onde
o chef de cozinha e/ou responsável finaliza os pratos com os produtos de estoque de materiais acabados e, por fim, finaliza com a entrega dos
produtos acabados sendo levado pelo atendente (garçom) para os clientes que estão sentados em três mesas distintas.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 99

Sendo assim, para poder ter uma gestão mais efi- esses resultados, garantirá o bom desempenho,
ciente de uma empresa gastronômica, você deverá contribuindo com uma boa margem de lucrati-
conhecer profundamente o fluxo de materiais, pois vidade para o empreendimento.
para cada negócio gastronômico existem as suas Como você teve a oportunidade de conhecer
especificidades e gargalos e, por sua vez, como e compreender a administração de materiais,
está interligado com o setor produtivo, quaisquer suas classificações e seus fluxos, a seguir ini-
falhas poderão interromper a produção e, assim, ciaremos o conceito de estoques.
consequentemente, não ocorrerão as vendas,
impactando o financeiro do empreendimento. Conceito de Estoques
Então, o sucesso do empreendimento está
atrelado ao cardápio, que, por sua vez, está re- Agora, como você já conhece os materiais e os
lacionado aos materiais que serão utilizados seus fluxos, foi possível perceber que os insu-
e/ou manipulados, pois são diversos tipos e mos recebidos passam por diversos processos e
classificações, uns mais perecíveis do que os a importância de se estocar de forma adequada,
outros, alguns com certa especificidade após não somente pela questão da higiene e segurança
manipulados, mas o principal objetivo da ad- alimentar, mas sim que existem tipos de arma-
ministração e fluxo de materiais são para que as zenagem, tipos de estoques para que os insumos
empresas possam ter o ciclo de produção inin- estejam acondicionados de acordo com o que
terrupto e com menor e ou ausência de falhas e determina as leis nacionais – no caso no Brasil, a
com o menor custo possível; conseguindo obter Anvisa (Agência Nacional da Vigilância Sanitária).
Gestão de Alimentos e Bebidas

De acordo com Slack, Chambers e Johnston ser cumpridas várias etapas, sendo que o
(2002, p. 381) estoque é definido “como acu- norteador disso virá do setor de compras, isto
mulação armazenada de recursos materiais é, o comprador, ao qual terão as especificações
em um sistema de transformação, ou também de quantidades, qualidades, marcas e
quaisquer recursos armazenados”. segurança sanitária. Portanto, durante o
Já para Moreira (2004), estoques são quais- recebimento dessas mercadorias, a pessoa
quer quantidades de bens físicos conservados responsável por receber deverá averiguar as
de forma improdutiva, isto é, não está por hora condições sanitárias, bem como ter zelo ao
agregando valor, mas por um tempo determi- manuseio dos produtos, a fim de que não se
nado, sejam eles de produtos acabados, semia- tenha perdas em decorrência da manipula-
cabados e ou matérias-primas. ção incorreta. Segundo a FAO (Organização
Assim sendo, estoques, de uma forma geral, das Nações Unidas para a Alimentação e a
tem o objetivo de facilitar o setor produtivo de uma Agricultura), em 2017, estimou-se que 46%
empresa com o menor tempo de abastecimento dos insumos são desperdiçados no decorrer
possível para que não se tenha interrupções. do processamento, distribuição e consumo.
Sendo a parte de processamento interligada
Armazenagem com a armazenagem, pois se os produtos não
estiverem armazenados de forma adequada no
Conforme vimos anteriormente, no rece- momento da manipulação e processamento,
bimento de insumos (mercadorias) deve será feito o descarte.

roda de conversa

Técnicas de Armazenamento e estoque.


Nesse podcast, será explorado como é possível ter um empreendimento gastronô-
mico lucrativo utilizando técnicas de armazenagem e estoque. Acesse o link do QR.

Então, o recebedor de materiais deverá ter um materiais que estão inadequados para o con-
treinamento prévio para que ele possa fazer sumo e pontuar juntamente com o fornecedor,
uma análise prévia para poder identificar os bem como fazer a classificação dos produtos e
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 101

armazenagem adequada para que os empreen- (tipo de plástico) e prateleiras de inox para melhor
dimentos possam ter os materiais em condições armazenamento. Vale ressaltar que dentro dos
sanitárias de consumo. estoques secos, o estoque de bebidas deve ser

A armazenagem é o ponto em que as separado, devidos a vasilhames vazios, e estrutura


operações de negócios em alimentação adequada para se fazer as paletização (pilhas de
inspecionam os produtos e assumem pro- engradados de vasilhames) para se ter uma logís-
priedade legal e física dos itens pedidos. O
tica mais enxuta, se não o espaço físico deverá ser
objetivo do recebimento é assegurar que
os alimentos e suprimentos entregues enorme para atender a demanda do empreendi-
respeitem as especificações preestabele- mento (GAMBARDELLA; LOPES, 2015).
cidas de qualidade e quantidade (PAYNE-
PALÁCIO; THEIS, 2015, p. 190).
Armazenamento refrigerado: esse tipo de
Segundo Payne-Palácio e Theis (2015) e armazenamento é indicado para alimentos pe-
Gambardella e Lopes (2015), a armazenagem recíveis e requer muita atenção, desde a higiene
no setor de gastronomia possui três formas: do local e a separação por tipo de produtos mais
armazenamento a seco, armazenamento refri- o controle de temperaturas, que, por sua vez,
gerado e congelado. pode ser feito por antecâmaras (separando por
cortinas de plásticos, e cada subsetor da câmara
Armazenamento seco: aqui conhecido como se tem uma temperatura de acordo com os pro-
despensa, onde se armazena produtos secos como dutos específicos armazenados, por exemplo:
arroz, farináceos, feijão, açúcar, enlatados, massas uma câmara fria com 20 m², sendo separados por
secas, óleos etc. Vale ressaltar que a temperatura setores: hortifruti, laticínios e proteínas, sendo
não deve ultrapassar 26 ºC e o local deve estar que cada uma tem a sua temperatura específica,
limpo, ventilado, contendo pallets de polietileno segue imagem para você compreender melhor.
Gestão de Alimentos e Bebidas

A contruir
A demolir
A manter

Ante-câmara
5,20m²

Câmara de
Área Livre Congelamento
74m² 38,18 m²
Câmara de
refrigeração
24,36m2

Figura 3 - Layout de Implantação de Câmara frias / Fonte: Sesc (2021).

Descrição da Imagem: um projeto em croqui, onde apresenta no empreendimento um espaço livre de 74,86 m² para a
construção de uma câmara refrigerada. Na esquerda do projeto consta a área livre; no centro está proposto uma antecâma-
ra com 5,20 m², dando acesso à câmara de refrigeração com 24,36 m² e câmara de congelamento 38,18 m² sem portas. Na
direita do projeto consta a mesma metragem do projeto do centro com a inserção das portas entre a antecâmara e câmara
de refrigeração e congelamento.

Armazenamento congelado: o armazena- em empreendimentos com alto volume de aten-


mento congelado tem o objetivo de facilitar a lo- dimento além da organização diária de produ-
gística do empreendimento para matérias-primas ção, as câmaras frias são mais adequadas para
que necessitam de um acondicionamento especí- armazenagem dos produtos de acordo com a
fico para se ter uma durabilidade mais longa, bem legislação nacional sobre acondicionamento de
como por ausência de fornecedores locais, tendo alimentos e bebidas, ao qual, em nosso país,
que comprar de fornecedores mais longínquos. é a Vigilância Sanitária, a qual regulamenta e
Nesse tipo de armazenamento, a temperatura é fiscaliza os empreendimentos gastronômicos.
de -18 ºC, dependendo do produto; por exemplo, Sendo assim, todo e qualquer empreen-
os sorvetes podem chegar a -25 ºC. dimento gastronômico utilizam geladeiras,
Conforme Gambardella e Lopes (2015, p. freezers, balcões refrigerados e/ou câmaras
40) “restaurantes que atendem 300 couverts frias, para o armazenamento de seus produ-
diariamente é preferível a utilização de câ- tos, o que vai determinar os tipos (vertical e/
maras frigoríficas, dimensionadas à razão de ou horizontal) e as quantidades. É a tipologia
0,025m²/ total de refeições diárias”. Portanto, e capacidade de produção do empreendimento
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 103

que vai delinear qual será a melhor opção para Funções de Estoques - Para Chiavenato
armazenar as matérias-primas. (2005), o estoque possui algumas funções pri-
Agora que você já conhece os tipos de ar- mordiais, sendo um dos pilares fundamentais à
mazenamentos em gastronomia, no próximo empresa garantir o abastecimento de materiais
tópico, vamos abordar a função e os tipos de ao setor produção.
estoques.

Demora ou atraso no fornecimento de materiais.


Garantir o abastecimento de materiais à
Sazonalidade do suprimento.
empresa neutralizando os efeitos de:
Riscos de dificuldade no fornecimento.

Pela flexibilidade do processo produtivo.

Pela agilidade e eficiência no


Proporcionar economias de escala:
atendimento às necessidades.

Por meio de compras de lotes.

Quadro 1 - Principais funções do estoque / Fonte: adaptado de Chiavenato (2005, p. 68).

Conforme o quadro, as funções do estoque se vamos conhecer e compreender os principais


têm por diversas razões, portanto, o que de- tipos de estoques existentes na gastronomia.
terminará ter mais ou menos materiais está
atrelado à tipologia do empreendimento, pois as Tipos de estoques - para que os empreendi-
necessidades se alteram, por exemplo em uma mentos gastronômicos não tenham falhas, tanto
sorveteria, os materiais bases são totalmente nos procedimentos de compras e de produção,
diferentes que uma churrascaria. o planejamento e a organização de estoques
Então, o estoque deve ser muito bem plane- contribuem para o bom desenvolvimento do
jado, pois envolvem os setores de produção e de negócio. Sendo assim, de acordo com Slack,
vendas e, tendo falhas, quem sempre sofrerá as Chambers e Johnston (2002), as empresas co-
consequências serão os clientes por não poder merciais necessitam de alguns tipos de estoques,
experimentar tais produtos do cardápio e, em sendo eles:
seguida, o empreendimento deixará de vender.
Agora, como você já sabe as principais fun- Estoque mínimo: como o próprio nome diz,
ções de ter estoque em um empreendimento, é a quantidade mínima de cada produto que
Gestão de Alimentos e Bebidas

deve constar no estoque, pois o gestor (geren- de entrega tende a ser maior. Alguns autores
te) responsável, juntamente com chef de co- também chamam esse estoque de estoque de
zinha ou cozinheiro líder, determinarão esse segurança ou estoque de proteção.
estoque, mas com base no histórico de vendas Por exemplo, um empreendimento de cafe-
do empreendimento, ao estabelecer o estoque teria que está situado na região do interior do
mínimo, o objetivo é que não falte produtos, este Paraná tem como principal produto no estoque
estoque é utilizado caso haja algum problema o café em grãos para a produção dos cafés espe-
com os fornecedores ou caso tiver algum con- ciais, porém o fornecedor mais ágil (fornecedor
sumo excessivo. A quantidade (volume) deve de urgências) promete a entrega com dois dias,
ser estabelecida de acordo com o menor prazo e o consumo médio (uso médio diário) do café
de entrega do fornecedor, deve se atentar às são de 3 kg por dia.
questões geográficas de logística, pois quanto Então, o estoque mínimo será (FONSECA,
mais longe dos grandes centros urbanos, o prazo 2014):

Estoque mínimo = prazo de entrega x consumo médio diário


Estoque mínimo = 2x3 = 6kg. Esse será o estoque mínimo de café em grãos
Nesse viés, o estoque mínimo será de 6 kg de grãos de café.

Estoque máximo: é o nível máximo que o de garrafas), sendo que seu fornecedor demora
empreendimento deverá ter de acordo com a 3 dias para entregar e possui espaço físico para
tipologia dos insumos. Esse nível de estoque estocagem para este produto até 15 dias, dessa
deve ser determinado de acordo com a validade, forma, o gestor conseguirá ter um poder de
tempo de entrega do fornecedor e área disponí- negociação melhor, por causa do volume de
vel para estocagem (FONSECA, 2014). compra. Portanto, o estoque máximo deste
Por exemplo, um empreendimento “X” uti- produto será de (FONSECA, 2014):
liza 2.700 ml de óleo de soja por dia (3 unidades

Estoque máximo = Consumo médio da quinzena + Estoque Mínimo


Estoque máximo = 3*15+9 = 54 unidades de garrafas de óleo de soja
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 105

Estoque de contingência: tipo de estoque preço mais competitivo para o empreendimento


que as empresas optam por armazenar materiais (SEBRAE, 2019).
para se prevenir de eventuais falhas no abaste-
cimento. Na gastronomia, as especiarias, por Estoque de ciclo: são empresas que produ-
exemplo a fava de baunilha, por ser um produto zem diversos tipos de produtos que passam por
nobre e com alto valor agregado e, muitas vezes, diversas etapas, mas não podem produzir tudo
a origem é de outro país, a logística é complexa, é de uma vez, sejam por falta de espaço operacio-
um produto recomendado que se tenha estoque nal e/ou especificidades dos produtos, porém
de contingência, pois afeta diretamente o setor as vendas ocorrem em tempo integral, isto é,
de produção. simultaneamente. Diante disso, o gestor deverá
fazer uma escala de produção dos produtos, a fim
Estoque de antecipação: conhecido também de que não falte nenhum item à venda, por exem-
como estoque sazonal, na gastronomia é muito plo, uma rotisseria que tem, em seu portfólio,
utilizado em épocas festivas, por exemplo Dia massas lisas e recheadas (por exemplo, lasanha
das Mães, Páscoa, Dia dos namorados, Natal ao molho bolonhesa), por questão de logística,
e Ano Novo. São períodos que se tem alta só se produz uma vez por semana, então, aqui, o
demanda (no caso da Páscoa, chocolates e setor de produção irá confeccionar para atender
embalagens, os empreendimentos compram e a demanda semanal (fórmula a seguir), e nesse
estocam mais esses produtos, pois o consumo dia o empreendimento só irá produzir massas
é fora do padrão normal em outras épocas do lisas. Enfim, o gestor, nesse caso, deverá plane-
ano) e puxam muito produto do estoque. Saber jar e decidir em quais dias da semana se deverá
planejar e organizar esse estoque é fundamental produzir, e de acordo com o perfil da clientela e
para não faltar materiais, bem como assegurar da tipologia do negócio (SEBRAE, 2019).

Estoque de ciclo = demanda média diária * tempo médio de reposição


Exemplo: 10 lasanhas são vendidas por dia
Tempo médio de reposição = 7 dias
Estoque de ciclo = 10*7=70
Gestão de Alimentos e Bebidas

Conforme fórmula do estoque de ciclo, serão necessárias produzir 70 lasanhas semanalmente, para
atender a demanda prevista conforme planejamento do empreendimento.
Compreender e conhecer os diferentes tipos de estoques, além de garantir a boa eficiência
no seu negócio, permite ao empreendimento ter um fluxo de caixa mais saudável, isto é, a
empresa terá a probabilidade de ter os recursos financeiros para arcar com todas as despesas
e custos do empreendimento. Porém, materiais em estoque devem ser considerados um inves-
timento, e quanto maior o estoque de um comércio, mais recurso financeiro será necessário
para mantê-lo. Por isso, então, há o estoque mínimo e o máximo justamente para poder ter
um equilíbrio financeiro investido em materiais.
A seguir, vamos ver como são classificados os estoques.

Classificações de Estoque - o sucesso do empreendimento são os resultados dos esforços das gestões
administrativas e operacionais em conjunto, e as pessoas envolvidas devem estar sempre muito bem
alinhados com a demanda existente e conseguir fazer um controle eficaz dos estoques.
De acordo com Chiavenato (2005), os estoques são classificados por cinco ciclos ou fases, sendo
eles: estoque de matérias-primas, estoque de materiais em processamento, estoque de materiais
semiacabados, estoque de materiais acabados, estoque de produtos acabados.

São os insumos e materiais básicos iniciais utilizados na produção de outros e


Estoque de
serviços. A empresa é dependente destes materiais que, em sua maioria, são
matérias-primas
adquiridas de fornecedores externos e estocados em almoxarifados.
São os materiais em processo de produção ou que estão por serem processados
Estoque de materiais nas etapas de processo de produção. Não são mais considerados materiais iniciais
em processamento por não estarem mais no almoxarifado e nem são, ainda, produtos acabados.
Estes materiais se encontram em alguma das etapas do processo produtivo.
São os materiais que estão parcialmente acabados e, por isso, encontram-se
Estoque de materiais em um estágio mais avançado que os materiais em processamento devido a
semiacabados faltarem apenas alguns acabamentos para tornarem-se materiais acabados ou
mesmo produtos acabados.
São os materiais denominados componentes ou peças isoladas que estão
Estoque de materiais
prontos para serem anexados ao produto acabado. Em outras palavras, esses
acabados
materiais, juntos, constituirão o produto acabado.
Estoque de produtos São produtos já finalizados que passaram por todas as etapas anteriores no
acabados processo de produção.

Quadro 2 - Classificação dos estoques / Fonte: Chiavenato (2005, p. 69-71).


GASTRONOMIA • UNICESUMAR 107

Diante disso, conforme foram apresentados


os conceitos, funções, tipos e classificações de
estoques, foi possível perceber a importância do
gerenciamento, armazenamento e manipulação Preço Agilidade

adequada dos materiais dentro de uma empresa,


Vantagem
pois está diretamente ligado ao desempenho Competitiva
financeiro do seu negócio. Contudo, vale ressal-
tar que as classificações dos estoques estão de
acordo com o processo do ciclo produtivo dos Padronização
materiais, isto é, de acordo com a mudança de
características dos materiais que passam pelo Figura 4 - Vantagem competitiva de estoques bem
administrados / Fonte: os autores.
processo produtivo.
Descrição da Imagem: temos a imagem de um triân-
Sendo assim, os estoques contribuem para
gulo ao qual seu fundo está na cor azul, simbolizando
a lucratividade da empresa, mas para que isso o tripé para uma empresa ter vantagem competitiva
ao qual, em sua base, é a padronização; a esquerda
ocorra é necessário conhecer, planejar e contro- do triângulo, o preço; a direita, agilidade; e no meio do
triângulo a vantagem competitiva.
lar os estoques, a fim de conquistar o melhor
rendimento possível da sua gestão.
essas informações o percentual de assertividade
Planejamento e Controle de Estoques - uma de quanto de materiais em estoque deverão ter
das principais estratégias na empresa é saber con- na empresa será muito maior.
trolar os estoques, pois estando muito bem admi- Por isso, o planejamento e controle de es-
nistrado os setores de produção podem ser mais toques é baseado no cardápio, pois os materiais
ágeis e, assim, despontando-se da concorrência e serão adquiridos de acordo com o que será servido
terem vantagens mais competitivas, permitindo aos clientes. De tal modo, podemos compreender
sempre a inovação em seus produtos. Podemos que o pilar base do estoque de um empreendi-
compreender essa vantagem competitiva em um mento gastronômico está sobre o cardápio.
tripé fundamental (figura 4). Portanto, todos os restaurantes, não
Nesse viés, para se terem vantagem com- importa a sua temática e cardápio, obrigato-
petitiva de estoques, o cardápio do empreen- riamente, sempre terão estoques em processa-
dimento deve estar muito bem concebido, isto mento, estoque de materiais semiacabados e
é, de acordo com o seu público-alvo e previsão estoque de materiais acabados, com o objetivo
de demanda a ser atendida, pois somente com de atender o mais ágil possível a sua clientela.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Custos de Oportunidades:
Fato que o objetivo do planejamento e controle manter o capital investido em estoques,
em vez de estar investindo em outro
é buscar um equilíbrio para a empresa, para que segmento
os estoques não tenham produtos em demasia

Custos de Estoques
e nem que falte materiais. Isso só irá ocorrer Custo da Falta:
ausência de materiais para produzir e
quando todas as áreas do empreendimento não atender uma demanda existente.
tiverem informações sobre as vendas, compras,
atendimento aos clientes, produção e outras
Custo de Perdas:
(SEVERO FILHO, 2006). furto ou roubo, e ou deterioração
dos materiais.

Custos dos Estoques - Para fazer o gerencia-


mento de estoques com o menor custo possível, o Figura 5 – Custos de Estoque / Fonte: adaptada de Krajewski,
Ritzman e Malhotra (2009) e Garcia et al., (2206).
gerente necessitará de informações de demanda
prevista e, normalmente, faz-se análise semana a Descrição da Imagem: um fluxograma sendo iniciado
com a palavra-chave Custo de Estoques, em formato de
semana, mês a mês, juntamente com o histórico de hierarquia, sendo o 1° nível fluxograma iniciado pelo
custo de oportunidades ao qual está escrito: manter o
pedidos com os fornecedores, a fim de conseguir
capital investido em estoques, em vez de estar investin-
planejar as compras dos materiais o mínimo possí- do em outro segmento. O 2º nível do fluxograma está
escrito ausência de materiais para produzir e não aten-
vel, assim a empresa poderá ir utilizando o estoque der uma demanda existente. O 3° nível do fluxograma
está escrito Custo de Perdas ao qual significa: furto ou
dos fornecedores, esse é um dos principais objetivos
roubo e ou deterioração dos materiais.
dos gestores de empreendimentos gastronômicos.
Diante disso, caberá aos gestores do empre-
endimento tomar as decisões sobre os estoques, Conforme fluxograma apresentado, os três prin-
para saber se mantêm em níveis mais baixos ou cipais custos envolvidos na manutenção ou não
mais elevados, mas há pressões dos investido- de estoques, importante ressaltar que alguns
res e/ou proprietários para manter níveis mais custos vão se alastrando no caso da ausência
baixos. “A razão principal para manter estoques dos estoques, por exemplo, na falta de estoques
baixos é que o estoque representa um investi- se tem outro custo embutido, aos quais são o
mento monetário temporário” (KRAJEWSKI; custo de vendas perdidas, pois justamente são
RITZMAN; MALHOTRA, 2009, p. 385). os custos por não atenderem os pedidos soli-
Com tudo isso, para manter estoques em citados pelos clientes, e dependendo do dia e
quaisquer empresas, há alguns custos embutidos ocasião pode ser altíssimo.
para se terem esses materiais armazenados, Por isso, segundo os autores Krajewski,
mesmo que sejam por períodos curtos ou longos. Ritzman e Malhotra (2009), o empreendimento
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 109

que possui estoques, em contrapartida, conseguem que, por sua vez, o gestor deverá ter um plane-
oferecer bens e serviços mais pontuais, em virtude jamento para avaliar os fornecedores, pois é um
de não ter falhas ou pedidos atrasados, o mais custo que deve ser evitado, pois quanto menos
importante, contudo, é que ao possuir estoques impactar no custo final dos produtos, melhor
mais elevados geram outros custos, aos quais são: será o preço de venda. Esse custo está ligado
diretamente com ausência de fornecedores ao
Custo do pedido: são os custos voltados a redor do empreendimento e sendo necessário
pessoa responsável por contatar os fornecedores comprar fora do município e/ou região, tendo
e ao fazer as cotações e efetuar os pedidos, todas que vir de cidades e até de outros Estados, por-
as vezes que acionamos o setor de compras para tanto, o custo de estoques e mais o custo de
adquirirem materiais, deve-se embutir o custo transporte está interligado diretamente com o
do pedido nos produtos comprados. cardápio do empreendimento, talvez revitalizar
o cardápio e ajustar com fornecedores locais esse
Custo de mão de obra e equipamentos: é custo na maioria das vezes é zerado.
um custo necessário na gastronomia, pois tendo Para Severo Filho (2006), os custos su-
estoque, o gestor consegue aproveitar melhor a pracitados, por muitas vezes, o gestor não
mão de obra, pois é possível aproveitar o tempo consegue enxergar nas planilhas financeiras e
disponível dos colaboradores e das máquina e contábeis, de tal modo ficam obscuros e, con-
planejar produções, talvez que sejam mais com- sequentemente, têm-se as perdas e/ou des-
plexas e/ou adiantar demanda futuras previs- cartes de produtos impactando ainda mais os
tas, mas o interessante desse custo, que quanto custos dos estoques, pois, na dúvida, é melhor
melhor administrado, é possível reduzir os custos ter produtos a mais do que faltar, nesse sen-
de produção, pois reduz a necessidade de pagar tido, eleva-se os custos de capital investido
horas extras aos funcionários, então, basta ter no estoque e inicia-se o ciclo do desperdício
um bom planejamento e gerenciamento. constante, esse tipo de gestão se virar cíclico
compromete as finanças do negócio, pois os
Custo de Transporte: referente ao custo de índices podem chegar de 30% a 50% do valor
frete ao transporte dos produtos adquiridos, médio dos estoques.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Itens de Custo Custos Anuais de Estocagem

Custos financeiros do dinheiro imobilizado 20% a 30%


Custos de armazenagem (espaço,
5% a 10%
pessoal, energia)
Obsolescência, materiais estragados e perdidos 5% a 10%
Custos Totais de Estocagem 30% a 50%

Tabela 1 - Custos anuais de estocagem / Fonte: Filho (2006, p. 67).

Por tudo isso, os custos de estoques podem com- conferência minuciosa, pois tanto em relação
prometer e muito o empreendimento, pois se aos valores e quantidades podem ser diferentes
não tiverem um controle e planejamento assí- do que foi acordado. Por isso, a formalização da
duo, os custos dos materiais pode se elevar até compra deve ser por meio de um documento
50% a mais, tornando-o os produtos inviáveis a oficial, para assegurar o valor bruto e/ou total
venda, isto é, a empresa perde o poder de com- dos materiais cotados.
petitividade em relação a preço. Sendo assim, os preços em virtude dos im-
Outro indicador importante para controlar postos obrigatórios a serem pagos podem sofrer
os custos de estoques é conhecido como giro de alterações consideráveis, tornando os materiais
estoques, isto é, quantas vezes está repondo as com valores acima da média. A solução é buscar
mercadorias. novos fornecedores e/ou substituir os produtos
do cardápio oferecido.
Avaliação de Materiais – não é tão simples, Com tudo isso, o autor Costa (2002) apre-
pois todas as vezes ao comprar os materiais se senta quatro conceitos de preços:
tem a entrada de notas fiscais que, por sua vez,
impactam no lucro da empresa, pois incidem os Preço de compra: é o preço do produto que
impostos como IPI (Imposto sobre Produtos consta na nota fiscal de entrada de mercadorias,
Industrializados), frete e encargos, e influen- preço sem os impostos.
ciam no preço final dos produtos.
O comprador e o recebedor dos produtos Preço de custo: é o preço do produto que
devem ficar muito atentos nas notas fiscais, pois consta na nota fiscal de entrada das mercadorias,
é comum acontecer de os fornecedores infor- mas acrescida com os impostos de IPI (Imposto
mar o valor líquido dos produtos na cotação de sobre Produtos Industrializados), mas o frete
materiais, e o responsável ao receber deve fazer (logística de transporte) e encargos.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 111

Observação: se for empresa industrial, o O gestor terá que ficar atento a todas as despesas
IPI é isento. e custos do empreendimento, pois o objetivo é
que o preço de venda cubra todas essas despesas
Preço de venda: é o preço do custo total das e, assim, gere lucro para os proprietários.
mercadorias compradas mais a margem de lucro Vale ressaltar que o preço de custo total
do empreendimento embutida (COSTA, 2002). do produto pode sofrer algumas alterações
devido a alguns impostos serem recuperáveis
no caso do ICMS (Imposto sobre a Circulação
Preço de venda = Preço de Custo + da Mercadoria) e o IPI, e nessas flutuações de
Margem de Lucro
preços, o gestor deverá ficar atento, pois influen-
cia diretamente no lucro do empreendimento.

No preço de venda, deve-se colocar a margem de lucro do empreendimento. Cada empresa tem os
seus custos e, em virtude disso, o percentual adicionado em cima do preço de custo da mercadoria
adquirida é diferente de uma empresa para outra. A margem de lucro é diferente, pois como visto,
é o percentual que é adicionado aos produtos comprados para formar o preço de venda, e o lucro é
proveniente de todos os ganhos das vendas obtidas dos produtos, subtraindo todos os custos dos
produtos, impostos e despesas do empreendimento na produção e comercialização dos produtos.

Em virtude dessas oscilações nos preços de necessário fazer a avaliação dos estoques, o qual
custos, os preços dos materiais devem estar será o nosso próximo tópico.
sempre atualizados para que o gestor possa
acompanhar melhor o desempenho geral do Avaliação de Estoques - Saber avaliar os esto-
setor administrativo e operacional da empre- ques é fundamental para que os gestores possam
sa, e para um melhor controle dos estoques é conhecer os preços atualizados dos materiais.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Sendo assim, existem alguns métodos para ava- dos valores dos materiais mais recentes para as
liar os estoques e são três métodos principais mais antigas, nesse caso, o estoque é valorizado
mais utilizados: pelo preço de custo dos produtos mais antigos.

Custo médio: de acordo com Costa (2002), PVPS (Primeiro que vence, primeiro que
é um dos métodos mais utilizados no Brasil, sai) esse método é utilizado para produtos com
onde é feito averiguação do saldo do valor do data de validade próximo, porém o material não
estoque com o saldo físico, é um método eficaz está vencido ou deteriorado. Aqui, a prioridade
na apuração do estoque ao preço de custo. é a data de validade, isto é, mesmo tendo lotes
de produtos que entram antes, mas vencem
PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que depois, aqui vai ser utilizado os produtos que
sai) esse método avalia os estoques de acordo estejam com o prazo de validade mais próximo
com as saídas dos produtos que se tem e de acordo possível (BEZERRA, 2013).
com o valor das unidades mais antigas até as mais Fonseca (2014) cita que é possível utilizar
recentes. Nesse método, o saldo de estoque, além o índice de rotatividade do estoque, conhecido
de estar atualizado, tem uma valorização. popularmente como giro de estoques, para
saber por quantas vezes determinados produ-
UEPS (Último que entra, primeiro que tos giram no estoque. Então, esse índice per-
sai) esse método é justamente ao contrário mite averiguar por quanto tempo os produtos
do PEPS, pois o cálculo é feito com as baixas permanecem no estoque.

Produtos Tempo de Armazenamento Riscos


Perda de produtos por
Produtos com valores
Maior deterioração, isto é,
muito baixos
pela falta de uso.
Falta de produtos, pois
Produtos com valores altos Menor o estoque é bem enxuto
desses produtos.

Quadro 03 - Indicador de Rotatividade de Estoques / Fonte: adaptado de Fonseca (2014).


GASTRONOMIA • UNICESUMAR 113

Esses indicadores, de acordo com a localização, logística de armazenagem, bem como o fluxo de caixa
do empreendimento, terão oscilações, por exemplo, um empreendimento localizado em capitais,
os indicadores poderão ter giro maior, devido à facilidade de acesso aos fornecedores e tempo de
entrega bem mais curto em relação a empreendimentos que estão situados no interior, pois esses
terão estoque mais elevado em virtude do tempo de reposição ser mais elevado.
Para poder calcular o giro de estoque, o primeiro passo é saber o valor médio de estoque do
empreendimento (RICETTO, 2013).

Estoque Inicial + Estoque Final


Valor médio de estoque =
2

Por exemplo, um restaurante tem o estoque inicial de R$ 20.000,00 e comprou, ao longo do período,
mais R$ 33.000,00, e fechou o período com o estoque final R$ 30.000,00, e o saldo de estoque final
de R$ 12.000,00, agora vamos calcular o valor do estoque médio:

20000 + 30000
Valor médio
= de estoque = 25000
2

O valor médio de estoque desse empreendimento foi de R$ 25.000,00.

Agora que conhecemos o valor médio de estoque, é possível saber o giro do estoque (FONSECA, 2014):

(Estoque Inicial + Compras)- Estoque Final


Giro de estoque =
Valor Médio de Estoque

Sendo assim, continuando com o exemplo do restaurante, o giro de estoque ficou em:

(20000 + 33000) − 30000 23000


Giro de estoque
= = = 0,92
25000 25000

Conforme o resultado de 0,92, significa que o estoque girou quase 1 vez no período, porém o que
vai determinar se o giro de estoque deste restaurante está abaixo do desejado ou não é o gestor,
que irá identificar o desempenho do giro de estoques, pois o correto é classificar por grupos os
produtos. De acordo com Fonseca (2014, p. 123), é possível classificar o estoque da seguinte forma:
Gestão de Alimentos e Bebidas

• Alimentos. O empreendimento em si estava com pro-


• Bebidas alcoólicas. blemas de descarte de produtos, pois as vendas
• Bebidas não alcoólicas. não estavam como pretendia, bem como com
• Materiais de limpeza e higiene. escassez de recursos financeiros para poder
• Embalagens. comprar mais materiais.
O primeiro passo desse empreendimento é
Sendo assim, conforme a tipologia do empre- ter controle de estoques, isto é, possuir estoque
endimento, esses indicadores de giro de esto- mínimo dos produtos, para não estar descar-
que irão oscilar, pois em uma confeitaria, por tando alimentos, e o nível de estoque estava
exemplo, o giro de farinha de trigo e creme de no máximo. Para que ter estoques elevados se
leite será muito maior do que um bar, e as bebi- a demanda está menor do que a prevista?
das alcoólicas num bar terá um giro de estoque Além disso, conhecer os materiais mais
muito maior do que a confeitaria, portanto, essa a fundo e a melhor forma de armazenamen-
rotatividade de produtos será na prática do dia to contribuiria para um melhor desempenho,
a dia, em que cada gestor conseguirá planejar pois não haveria tanto descarte ou talvez até
com maior assertividade a previsão de demanda eliminar, por exemplo, como no caso deixar os
e consumo dos produtos. produtos congelados, pois a durabilidade de
Diante disso, podemos perceber que os materiais semiacabados e ou materiais acabados
estoques interferem diretamente no desempe- é maior do que apenas refrigerado.
nho dos empreendimentos, e quanto melhor Por fim, avaliar os materiais com o
administrado e controlado a possibilidade da preço de custo dos produtos, pois pode ser que
empresa ter uma trajetória duradoura e de su- a margem de lucro esteja equivocada e, assim,
cesso é muito maior. não estão cobrindo todos os custos e despesas
E agora, chegou o momento tão esperado, do empreendimento em questão.
como podemos resolver o problema levantado
no início desta unidade?
Mapa Mental
Agora que você teve a oportunidade de conhecer a administração de materiais e estoques utilizados
na gastronomia, convido você, como um futuro gestor de gastronomia, para desenvolver um Mapa
Mental por meio de palavras-chaves (no mínimo 10 palavras) de como esse empreendimento em ques-
tão com muitas dificuldades nas vendas e nas compras de materiais para continuar a sua produção,
poderá resolver esses problemas desse empreendimento.

Gestão de um empreendimento gastronômico

Previsão de Demanda

Conhecer os tipos de materiais


GASTRONOMIA • UNICESUMAR

Confira suas respostas

Caro(a) aluno(a), para conseguirmos auxiliar a


gestão desse empreendimento, o mapa mental
poderá ser da seguinte forma:

1 – Previsão de Demanda Atual


2 – Conhecer os tipos de materiais
3 – Averiguar o preço de custos dos produtos
4 – Averiguar a margem de lucro
5 – Avaliação dos Estoques
6 – Classificação dos Estoques
7 – Melhorar o estoque de congelamento
8 – Trabalhar ou possuir o Estoque Mínimo
9 – Planejar o estoque
10 – Controlar os custos do estoque
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 117

BEZERRA, G. PEPS, PVPS e a qualidade integrada ao estoque. 2013. Disponível em: https://

referências
certificacaoiso.com.br/qualidade-na-pratica-peps-e-pvps-e-a-qualidade-integrada-ao-estoque/.
Acesso em: 25 abr. 2022.

CHIAVENATO, I. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. 3. ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2005.

CHIAVENATO, I. Gestão de Materiais: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014.

COSTA, F.J. C. L. Introdução à Administração de Materiais em Sistemas


Informatizados. Ebook, iEditora, 2002. Disponível em: https://www.google.com.br/
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Mater/4POWlLFn6uUC?hl=pt-BR & gbpv= 1 & dq=administra%C3%A7%C3%A3o+de+materiais
print sec=front cover. Acesso em: 25 abr. 2022.

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6 mil toneladas de alimentos, 2018. Disponível em: http://revistasafra.com.br/31067-2/. Acesso
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EMBRAPA. Desperdícios de alimentos. 2017. Disponível em: https://www.embrapa.br/bus-


ca-de-noticias/-/noticia/28827919/os-desperdicios-por-tras-do-alimento-que-vai-para-o-lixo.
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FONSECA, M. T. Tecnologias Gerenciais de Restaurantes. 7. ed. São Paulo: Editora Senac, 2014.

GAMBARDELLA, A. M. D.; LOPES, J. A. C. Restaurantes Sustentáveis: um futuro em comum.


São Paulo: Atheneu, 2015.

GARCIA, E. S. et al. Gestão de estoques: otimizando a logística e a cadeia de suprimentos. Rio


de Janeiro: E-papers Servicos Editoriais Ltda., 2006.

GURGEL, F. A.; FRANCISCHINI, P. G. Administração de materiais e do patrimônio. Cengage


Learning Editores, 2002.

KRAJEWSKI, L.; RITZMAN, L.; MALHOTRA, M. Adminstração de produção e operações.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

LELIS, E. C. Adminstração de Materiais. Org. Eliacy Cavalcanti Lélis. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2016.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR

MARCONDES, J. S. Adminstração de Materiais: o que é? Conceitos e Definições, 2020.


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Barueri: Manole, 2015.

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SEVERO FILHO, J. S. Administração de logística integrada: materiais, PCP e marketing. 2.


ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: E-papers, 2006.

SLACK, N.; CHAMBLERS, S.; JOHNSTON, R. Adminstração da produção. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.

VIANA, J. J. Administração de Materiais: Um Enfoque Prático. São Paulo: Atlas, 2002.


Meu Espaço
4
Administração de Compras e Custos
ME. LUCAS FERREIRA SANTIAGO / ME. THANISE PITELLI DE NIGRO
Oportunidades de Aprendizagem:
Na unidade 4, você terá a oportunidade de explorar como a administração de
compras impacta no desempenho do empreendimento, bem como conhecer
a administração de custos e seus impactos na precificação dos produtos,
consequentemente na lucratividade do negócio. Esses conhecimentos são
essenciais para você que tem o desejo de empreender e/ou ser um gerente
de alimentos e bebidas.
Gestão de Alimentos e Bebidas
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 123

Um empreendimento gastronômico vinha tendo di-


ficuldades em sua gestão administrativa, então, seu
proprietário entrou em contato comigo solicitando
apoio, pois não estava obtendo lucro com o seu empre-
endimento. Ao chegar na empresa, apresentou-me os
dados do seu negócio, ao fazer análise, percebi que o
empreendimento estava com dificuldade na gestão de
compras e custos, a tal ponto de o proprietário relatar a
vontade de desistir do negócio. Empreendimento tem
clientela formada, isto é, tem vendas, porém o desem-
penho do empreendimento está abaixo do esperado.
Diante dessa situação verídica, não somente desse
empreendimento, mas de tantos outros que estão
passando por essa mesma dificuldade, quais seriam
as suas estratégias e ações para reverter e melhorar
a gestão desses empreendimentos gastronômicos?
Segundo Sebrae (2014), “33% dos empreendedores
não tinham informações de fornecedores e 42% não
calcularam o nível de vendas para cobrir os custos e
gerar lucro pretendido” antes de abrir o seu negócio.
Portanto, antes de abrir o seu negócio gastronômico, é
de fundamental importância desenvolver um planeja-
mento estratégico e colher dados sobre os fornecedores,
pois impactam diretamente no setor de compras, além
de conhecer os custos do empreendimento, que auxilia-
rá na gestão da sua empresa e, assim, prospectar uma
longevidade de atuação no mercado.
Diante destes dados obtidos, convido você a visitar
um empreendimento gastronômico (quaisquer segmen-
tos) e faça uma pesquisa com o gestor e/ou proprietário
no que tange a gestão de compras e custos.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Após realizar a visita técnica no empreen- visita técnica e descreva o que você implementa-
dimento gastronômico, o que você conseguiu ria ou alteraria na gestão desse empreendimento
obter de informações na gestão de compras e para que o desempenho possa ser melhorado.
custos? Agora, faça uma reflexão sobre a sua Utilize o Diário de Bordo.

Diário de Bordo

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A administração de compras está interligada elevados e/ou ausência deles. Portanto, definir
com o setor produtivo e o de fornecedores, onde o estoque mínimo (que vimos na Unidade 3) é
um dos objetivos é para que não falte maté- fundamental para o desempenho do negócio,
rias-primas e, assim, acarretar em perdas de pois essas matérias-primas (produtos) quando
venda pela ausência do produto, sendo assim, atingirem o nível mínimo, deverá ser acionado
justamente devido a esse impasse na gestão de o setor de compras para que sejam feitas novas
compras que diversas empresas gastronômi- aquisições de produtos.
cas acabam sendo prejudicadas pelos estoques
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 125

Para Rosa (2012), a administração de compras estar atento na previsão de demanda e dentre
passou do tempo em que se tratava apenas de outras atividades.
um setor operacional e burocrático, e não sendo Já para Baily (2013), o setor de compras
considerado peça-chave dentro da organização. desde a metade do século XX é visto como parte
Hoje, felizmente, é visto como parte do planeja- da gestão estratégica da empresa, onde as de-
mento estratégico, pois é considerado essencial cisões de compras começaram a fazer parte
para se ter vantagem competitiva. da diretoria das empresas, contribuindo na
A gestão de compras, de acordo com Ballou competitividade.
(2006), são vários fatores e atividades e que O fato é que as compras impactam direta-
entre os setores envolvidos da empresa se re- mente no setor financeiro das empresas, então
lacionam entre si, e durante o processo dessa podemos compreender que quanto melhor ad-
gestão de compras são: seleção de fornecedo- ministrado esse setor, melhor será o desempe-
res, produtos, prazos de entrega e pagamento, nho financeiro dela.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Mas, o que significa compras? De acordo De tal modo, que a empresa deverá ter uma equipe
com Chiavenato (2005), é toda a atividade do e/ou pessoa responsável para executar todas as
setor de compras entre encontrar o fornece- atividades de compra, a fim de garantir os produ-
dor e adquirir os produtos com as melhores tos e/ou serviços no momento certo. Portanto,
negociações de preço e prazo de pagamento e podemos compreender que todas as empresas
recebimento do pedido realizado. dependem de um ciclo de compras para que os

O termo “compra” pode ser definido produtos possam estar em seus devidos estoques
como a aquisição de um bem ou de um com o menor preço possível e de qualidade.
direito pelo qual se paga um preço esti- Veja todas as etapas do ciclo de compras no
pulado. Assim, o termo “comprar” pode
setor de gastronomia no fluxograma a seguir.
ser definido como um conjunto de ações
que as organizações devem realizar para As compras de produtos passam por diversas
adquirir todos os produtos e os serviços etapas e pessoas envolvidas até chegar no setor
necessários para a sua produção e/ou seu
de recebimento da empresa solicitante das com-
funcionamento (ROSA, 2012, p. 116).
pras, sendo esses:

Necessidade
da compra

Seleção de
Produção
Fornecedores

Compras
Estoque (Determinação
de preço e prazo

Acompanhamento
Recebimento
dos Pedidos

Figura 1 – Ciclo de compras / Fonte: adaptada de Fonseca (2014) e Arnold (1999).

Descrição da Imagem: um fluxograma do ciclo de compras na cor azul com sete ciclos, sendo iniciado pelo necessidade de
compras, em seguida o segundo ciclo passa para a seleção de fornecedores ao qual retorna as cotações feitas para o setor de
compras da empresa solicitante para confirmar ou não o pedido; esse, por sua vez, é o terceiro ciclo ao qual se determina preço
e prazo de entrega e pagamentos, então, o quarto ciclo, o setor de compras, faz o acompanhamento do pedido até chegar no
quinto ciclo, que é o recebimento de mercadoria, em seguida o sexto ciclo é o estoque, onde se armazena os produtos recebidos
de acordo com a sua tipologia e, por fim, o sétimo ciclo o setor de produção que utilizam os produtos que estão no estoques.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 127

1º Ciclo – Necessidade de Compras: estoque 7º Ciclo – Produção: setor responsável de


dos produtos atingem a quantidade mínima, transformar os produtos do estoque em produ-
gerando a necessidade de compra. tos acabados para serem entregues aos clientes,
nesse setor, que determinará a demanda de nova
2º Ciclo – Seleção de Fornecedores: o setor requisição de compras dos produtos diversos de
de compras fará os contatos com possíveis forne- um empreendimento gastronômico.
cedores e solicitação de cotações, no mínimo três.
Sendo assim, o ciclo de compras, ou seja, o proces-
3º Ciclo – Compras Determinação Prazo e so de compras não é tão simples como se imagina,
Preço: após receber as cotações, fazer a análise e dependendo da tipologia do empreendimento
finalizar as compras com os fornecedores e acordar e porte, o setor de compras deve ter um time
valores, o dia e horário aproximado de recebimento. muito bem engajado para que não tenha ausência
de produtos e, assim, prejudicar o faturamento
4º Ciclo – Acompanhamento dos pedidos: mensal do empreendimento gastronômico. Vale
o comprador ficará atendo ao prazo de entre- ressaltar que o perfil desejado do profissional de
ga, pois se tiver algum imprevisto no prazo da compras é possuir capacidade de planejamento,
entrega, ele poderá contatar outro fornecedor técnicas de negociação e análise de custos, bem
e suprir a demanda necessária em tempo hábil. como desenvolver práticas para otimização do
processo de compra (BAILY, 2013).
5 Ciclo - Recebimento: a pessoa responsável Vale ressaltar que a administração de
pelo recebimento irá conferir a quantidade solici- compras são processos administrativos e ope-
tada na requisição de compras (formulário de soli- racionais repetitivos e cíclicos, de acordo com
citação de compras), bem como aferir a qualidade Chiavenato (2005).
dos produtos que serão recebidos. Estando tudo Cíclica porque envolve um ciclo de
em conformidade, é autorizado o recebimento. etapas que necessariamente devem ser
cumpridas, cada qual a seu tempo e uma
após a outra. Repetitiva porque o ciclo é
6 º Ciclo – Estoque: após receber os produ-
acionado cada vez que surge a necessida-
tos, a pessoa responsável pelo recebimento de de se adquirir determinado material
irá estocar de acordo com a tipologia dos pro- (CHIAVENATO, 2005, p. 103).
dutos, isto é, as mercadorias serão estocadas
de acordo com as suas especificidades (secos, Nesse viés, a administração de compras para
refrigerados, congelados). se ter sucesso obrigatoriamente deverá seguir
Gestão de Alimentos e Bebidas

o ciclo, para que consiga os melhores preços no Dentro dessas vantagens, por exemplo,
prazo adequado de acordo com o nível de esto- empreendimentos de grande porte e que tem
que mínimo de cada produto que foi delineado, as suas filiais e/ou franquias tendem a terem
conforme o consumo no setor de produção. uma central única de compras, nesse sentido,
Diante disso, as empresas gastronômi- o poder de compra e a negociação com for-
cas apresentam algumas similaridades entre necedores se tornam mais vantajosas, pois a
si, isto é, tendem a ter um planejamento e obtenção de descontos em virtude do volume
organização de compras centralizada para de compras é maior em comparação às com-
conquistar algumas vantagens competitivas pras individuais.
na aquisição de materiais.

pílula de aprendizagem

É muito simples quando se faltam produtos nos setores de produção e dizer que
o setor de compras falhou, achar o culpado sempre é mais fácil, porém existem
estoques justamente para isso. Convido você a assistir o vídeo, pois vai ajudar ser
um gestor diferenciado.

Em virtude da especificidade de cada tipo de terão que investir em embalagens e transportes


negócio gastronômico e características singu- adequados, a fim de garantir a qualidade dos
lares de cada região do nosso país, a maioria produtos, de tal modo, descentralizar as com-
dos empreendimentos optam por fazer as com- pras, isto é, comprar da sua cidade e/ou região
pras descentralizadas, por diversas razões, por mais próxima; o custo dos produtos serão mais
exemplo, produtos como os hortifrutis, até acessíveis e o prazo de entrega é menor, dessa
desenvolver um fornecedor geral para os em- forma, a logística operacional desses empreen-
preendimentos que estão espalhados em um dimentos tornam-se mais fluída. No próximo
Estado ou região em um raio de 500 km é super tópico, você terá a oportunidade de conhecer e
difícil, além disso, o impacto no custo final dos explorar as metodologias de compras.
produtos são altíssimos, pois os fornecedores
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 129

novas descobertas

O setor de compras é muito exigido por parte dos investidores e/ou proprietários,
pois é na compra que se inicia o lucro do empreendimento, pois quanto melhor a ne-
gociação e o preço dos produtos, maior lucratividade dos produtos vendidos, assim
contribuindo com o desempenho financeiro da empresa. De tal modo, convido você a
fazer a leitura desse artigo para poder se aprofundar na gestão de empreendimentos
gastronômicos e conhecer as principais falhas na gestão que empresários fazem no
seu dia a dia e que contribuem para o fechamento do estabelecimento.

Metodologia de Compras – para Payne-


Palácio e Theis (2015, p.168), há alguns mé-
todos relacionados à atividade de comprar,
que poderão ser utilizados de acordo com as
diretrizes da empresa.

Compras informais ou no mercado


aberto: são mais utilizadas nos negócios
de alimentação de pequeno porte, pois
as cotações com os fornecedores são
feitas diariamente, semanalmente ou
mensal, de acordo com a necessidade
da empresa.

Compras por licitação formal com-


petitiva: nesse tipo de compras são
informados aos vendedores/ fornece-
dores as qualidades e especificações bem
como quantidades dos produtos, para
que sejam feitas as cotações dentro de
períodos pré-estabelecidos e são apre-
sentados os valores para a aquisição das
mercadorias, assim como as demais con-
dições para compra.

Diante disso, o processo de decisão de com-


pras depende exclusivamente da avaliação do
Gestão de Alimentos e Bebidas

comprador, e quando se trata do setor de ali- tem que haver um procedimento operacional
mentos e bebidas (A&B) existem muitas peculia- padrão na requisição de compras, para que seja
ridades desse segmento. Por exemplo, o setor de mais detalhada as características dos produtos e
produção solicitou comprar tomates, mas para ter a certeza que todos as mercadorias chegarão
ter certeza que o comprador irá negociar e com- corretamente. A seguir, no Quadro 1, apresen-
prar o produto certo, deveria estar especificado tamos um modelo de requisição de compra.
“tomates maduros” para fazer molho, portanto,

Solicitado por: Cozinha Fria


Responsável pelo pedido: Beltrano Assinatura:
Data de requisição: Data da entrega:
Produtos Quantidade Unidade Especificação

Tomate italiano 02 Kg Para molho

Tomate 02 kg Para salada

Assinatura do responsável pelo setor:

Quadro 1 – Modelo de requisição de compra / Fonte: adaptado de Fonseca (2014).


GASTRONOMIA • UNICESUMAR 131

Vale ressaltar que a requisição de compras fa- Agora, como você já conhece o modelo de
cilita as atividades operacionais do comprador, requisição de compra, o Quadro 2 traz o modelo
é possível perceber como é primordial, na re- de Ordem de Compra, sendo de responsabili-
quisição de compras, colocar as especificações, dade do comprador a elaboração e o preenchi-
pois o comprador vai cotar e comprar o que foi mento deste formulário.
realmente solicitado.

Ordem de compra nº: 01 Data emissão:


Fornecedor: Distribuidora de Carnes S/A
Condições de Pagamento: Faturar 15 dd (15 dias direto) - Boleto Bancário
Data da entrega: xx /xx/xxxx
Identificação do Restaurante: A La Trattoria
Favor encaminhar os seguintes produtos:
Custo unitário
Produtos Quantidade Unidade Custo Total Observações
por Kg
Patinho
Carne Moída 5 kg R$ 30,00 R$ 150,00
(Resfriado)
Músculo
5 kg R$ 28,00 R$ 140,00 Resfriado
sem osso
Valor Total da Compra: R$ 190,00
Obs.: esta ordem de compra se refere aos produtos solicitados no que tange a: quantidade, valores e
condições de pagamento. Caso houver alguma alteração sem o prévio aviso o pedido será recusado.

Logotipo da empresa:

Assinatura do responsável:

Quadro 2 – Modelo de Ordem de Compra / Fonte: adaptado de Fonseca (2014).

Como você pode perceber, a ordem de compra fiscal no dia do recebimento estiverem com
nada mais é do que um contrato de compra junto algum equívoco, o responsável pelo recebimento
com o fornecedor, ou seja, é a formalização da poderá recusar a mercadoria.
compra, a fim de garantir o preço, a quantidade Sendo assim, vale ressaltar que, para
e o produto em si; caso a mercadoria e a nota poder comprar o empreendimento, deve ter
Gestão de Alimentos e Bebidas

um controle de estoque e fazer apurações cícli- treinado, pois ele será responsável por avaliar
cas para poder ter uma maior assertividade do os produtos, porque se tiverem com problemas
volume e produtos a serem adquiridos. de qualidade deverá relatar ao comprador para
Diante disso, o processo operacional do questionar o fornecedor responsável e, se for o
setor de compras não termina quando se efeti- caso, substituí-lo. Payne-Palácio e Theis (2015)
va a compra, pois deverá estar atento ao dia do definiram algumas características específicas dos
recebimento das mercadorias e estar conectado alimentos no momento do recebimento das mer-
com o responsável pelo recebimento, esse por cadorias. No Quadro 3, é possível ver os itens
sua vez, deverá ser um funcionário devidamente avaliativos de qualidade por grupo de produtos.

Produtos Descrição Observações

Quantidade de nervos, textura, idade Chegou resfriado na


Carnes
do animal, ossos e rendimento. temperatura de 08 ºC às 09:00

Quantidade de carne, cobertura


Aves
de gordura e aparência.

Na casca: limpeza, rigidez, forma da casca.


Ovos No interior: condição da gema,
tamanho da gema.

Sabor, cor, aroma, textura, umidade,


Queijo Minas Frescal
acabamento e aparência.

Produtos agrícolas Uniformidade de tamanho, limpeza,


frescos cor e ausência de defeitos.

Cor, textura, aparência e


Frutas frescas
uniformidade de tamanho.
Sabor, textura tenra e suculenta,
Legumes frescos uniformidade do tamanho, forma,
cor, maciez e firmeza.

Validade, embalagem adequada, cor e


Secos
produto em conformidade para o uso.

Quadro 3 – Descrição da avaliação da qualidade dos produtos / Fonte: adaptado de Fonseca (2014).
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 133

Figura 2 – Filé Mignon Grelhado com batatas rústicas e tomate cereja

Descrição da Imagem: Carne bovina (filé mignon) grelhada e servida em uma tábua de madeira juntamente com batatas
rústicas assadas no forno acompanhado de tomates cerejas e decoração com folhas de manjericão.

desejáveis, como a cor, o sabor, aroma,


O objetivo do quadro de avaliação dos produtos textura, maciez e maturidade (PAYNE-
é garantir que as mercadorias recebidas estejam PALÀCIO; THEIS, 2015, p.174).
dentro do padrão mínimo de qualidade acordado
na negociação com os fornecedores. Nesse sentido, a qualidade das mercadorias,

A qualidade pode se referir à integra- por sua vez, impacta no rendimento do setor
lidade, à limpeza, ou estar a livre de de produção e, consequentemente, no resultado
substâncias indesejáveis. Pode denotar financeiro do negócio. Por isso, avaliar cons-
um grau de perfeição em termos de
tantemente as mercadorias no ato do recebi-
forma, uniformidade ou tamanho, ou
estar livre de manchas. Também pode mento é o mais indicado, pois demonstra aos
descrever a extensão de características fornecedores que você faz conferência item por
Gestão de Alimentos e Bebidas

item e que se não estiver em conformidade, elas há necessidade de se ter fornecedores confiáveis
serão devolvidas. Agora, no próximo tópico, para ter o máximo de certeza de que, quando
você vai poder conhecer como fazer cadastro solicitada a compra, o fornecedor eleito possa
de fornecedores. cumprir com o que foi acordado.
Vale ressaltar que, para eleger fornecedores
Cadastro de fornecedores – conforme a ti- para o seu negócio gastronômico, devem ser
pologia do empreendimento gastronômico a sua analisados alguns quesitos cruciais, a fim de
lista de produtos a serem comprados ultrapas- garantir confiança da entrega das mercadorias a
sam facilmente mais de 150 itens, sendo assim, cada novo pedido solicitado, são eles (Figura 3):

Capacidade Classificação
Idoneidade Tradição no Pesquisa Informal
Produtiva e A, B e C de
comercial mercado dos Fornecedores
de Estoques prioridade

Figura 3 – Critérios de avaliação para eleição dos fornecedores / Fonte: os autores.

Segue uma breve explicação de cada item men- Classificação dos Fornecedores: classificar
cionado na Figura 3: os fornecedores de acordo com a prioridade,
Idoneidade comercial: se os fornecedores por exemplo, fornecedores essenciais (A), isto é,
possuem boa relação comercial com outros produtos que não podem faltar de jeito nenhum;
clientes. fornecedores (B) fornecem produtos interme-
diários; e fornecedores (C) fornecem produtos
Capacidade produtiva e Estoques: analisar mais fáceis de se encontrar na sua cidade e/ou
se o fornecedor tem competência para produzir região e de fácil reabastecimento.
e tem estoques dos produtos que você eleger a
comprar dele, nesse caso eliminar as incertezas Pesquisa informal dos fornecedores: esse
possíveis de não entregar as mercadorias. critério de avaliação auxilia no processo de deci-
são de comprar ou não, pois a pesquisa informal
Tradição no mercado: analisar se o fornece- é você perguntar, em outros estabelecimentos,
dor tem conhecimento do mercado (now how), se compram dos fornecedores X, Y e Z e analisar
para ter certeza da qualidade das mercadorias o feedback captado, pois na documentação é
que estão comprando. fácil deixar tudo ajustado e organizado, mas na
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 135

prática pode ser diferente, nada que a pesquisa na planilha é simples de se fazer as compras,
de campo filtra todas as informações possíveis. mas, para isso, primeiramente, é ter bem claro
a política de compras do empreendimento e
Então, após você fazer a pesquisa informal, é a necessidade de suprimentos, aos quais são
a hora do fornecedor avaliar o seu empreendi- estabelecidos de acordo com o andamento do
mento, sendo que o procedimento inicia com a setor de produção.
entrega de documentos, normalmente o contra- Portanto, para saber exatamente o que
to social e CNPJ, ao qual serão feitas pesquisas deve ser comprado, deve ser analisado quais
financeiras e jurídicas para averiguar se o seu os pratos ou itens do cardápio que tem mais
negócio tem alguma pendência financeira; não e menos vendas, pois, de posse desses dados,
tendo, o cadastro da sua empresa gastronômica é ficará muito mais fácil de ajustar a quantidade
aprovada. Vale ressaltar que cada fornecedor tem de mercadorias a serem compradas, pois o índice
as suas regras de limite de compras semanal a ser de desperdício de alimentos tende a diminuir e,
faturado, pois, com o passar do tempo, pagando em alguns casos, até eliminar.
as primeiras compras corretamente, o seu limite Nesse sentido, o gestor do empreendimento
de crédito será ajustado conforme o volume de deve estar muito antenado com os estoques e
compras e pagamentos em dia dos boletos. uma das formas é definir o estoque mínimo
Sendo assim, todas essas orientações e o ponto de pedido para poder saber qual o
são para que você não tenha prejuízos nas momento de comprar.
negociações com fornecedores malsucedi- Para relembrar, o estoque mínimo foi abor-
dos ou com má intenção. Agora que você já dado na Unidade 3.
teve a oportunidade de conhecer o cadastro Por exemplo, a pizzaria “Dona Redonda” está
de fornecedores, no próximo tópico, será situada na região do interior do Paraná e tem
explorado sobre qual é o momento certo de como principal produto no estoque a farinha de
comprar as mercadorias. trigo para a sua produção das massas artesanais,
Qual é o momento certo de comprar? porém o fornecedor mais ágil (fornecedor de ur-
– Muito bem, agora que você já tem o conhe- gências) promete a entrega com dois dias, e o
cimento da importância da gestão de compras consumo médio (uso médio diário) da farinha de
e os seus ciclos, bem como a metodologia de trigo para produzir as massas são de 35 kg por dia.
compras, como eleger e cadastrar os fornece- Para sua melhor compreensão, segue, no
dores, a pergunta que ainda se têm é: quando Quadro 4, o estoque mínimo do exemplo da
comprar novas mercadorias? Se você tiver tudo “Pizzaria Dona Redonda”:
Gestão de Alimentos e Bebidas

• Estoque mínimo = prazo de reposição do fornecedor de urgências x consumo médio

Estoque mínimo = prazo de entrega x consumo médio diário


Estoque mínimo = 2x35 = 70kg
Esse é o estoque mínimo de farinha de trigo para esta pizzaria.

Quadro 4 - Estoque mínimo / Fonte: adaptado de Fonseca (2014).

Então o estoque mínimo da pizzaria Dona Redonda é de 70 kg de farinha de trigo, portanto,


agora você vai conhecer o consumo de aquisição.

• Consumo de aquisição: é o consumo médio diário dos produtos mais o tempo de reposição do
fornecedor no seu prazo normal, isto é, não no prazo (tempo) de urgência (FONSECA, 2014).

Por exemplo: o fornecedor oficial de farinha de trigo para a pizzaria “Dona Redonda” tem o
prazo de 5 dias para fazer a entrega dos produtos, e o consumo diário são de 35 kg.

Cons. Aquisição = prazo do fornecedor (entrega em dias) x consumo diário


Cons. Aquisição = 5x35 = 175kg Farinha de Trigo

Quadro 5 – Consumo de Aquisição / Fonte: adaptado de Fonseca (2014).

Agora que você já conhece a quantidade de consumo de aquisição, vamos conhecer o indicador de
ponto do pedido, isto é, o momento certo de comprar.

• Ponto do pedido (Ponto de compra): é quando deve ser elaborado um novo pedido de
compra, isto é, quando um determinado produto atinge um nível de segurança, em que o
consumo diário mais o tempo de reabastecimento é o tempo certo de se ter o novo pedido
(FONSECA, 2014).

Então:
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 137

Ponto de Pedido = Estoque mínimo + Consumo de Aquisição


Ponto do pedido = 70 + 175 = 245kg de Farinha de Trigo

Quadro 6 - Ponto do Pedido / Fonte: adaptado de Fonseca (2014).

Então, quando o estoque de farinha de trigo Sendo assim, o ponto ideal de comprar é
da pizzaria “Dona Redonda” estiver ou atingir baseado, primeiramente, no estoque mínimo
o nível de 245 kg, estará na hora de realizar depois no consumo de aquisição e, em seguida,
novo pedido de compra. Assim, se o seu forne- tem-se o indicador do ponto de pedido. O mais
cedor oficial com o prazo de entrega de cinco importante é saber realmente o prazo de entre-
dias falhar, o gestor terá mais dois dias para ga dos fornecedores para que os estoques não
utilizar o estoque mínimo e comprar de outro fiquem sem os produtos. Agora, convido você a
fornecedor de urgência. conhecer e explorar a administração de custos.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Administração de Custos: toda e quaisquer gestão financeira de um negócio, se não sabemos


empresa que queira ter longevidade em sua tra- a diferença entre cada tipo de desembolso de
jetória é primordial conhecer e administrar os caixa e, por sua vez, como o próprio nome diz,
custos que envolvem o seu segmento, pois com desembolso de caixa é tudo que é extraído de di-
base nos custos é que se forma e ou aplica a pre- nheiro ou fundo monetário de uma organização.
cificação dos produtos, portanto, não conhecer E o setor de alimentos e bebidas tem di-
e/ou não saber administrar é um dos primeiros versos tipos de gastos, quanto maior o porte e
passos para contribuir no processo de falência cardápio oferecido, mais se ramifica os gastos
do empreendimento. desses tipos de empreendimentos.
E para muitos gestores, administrar custos Gastos são todos os desembolsos reali-
é cortar gastos e despesas, e não é isso, pois zados pelo restaurante para atender os
administrar custos é zelar e conhecer o setor em seus objetivos. Quando os gastos refe-
rem-se à produção dos pratos, inclusi-
que está atuando, desde o setor administrativo,
ve a administração dessa produção, são
operacional e de produção, somente após conhe- chamados de custos, quando se referem
cer toda a cadeia logística do empreendimento é às atividades de venda dos produtos e à
administração são chamados de despesa”
possível administrar os custos da empresa. Para
(BRAGA, 2019, p. 6).
Zanella (2010, p. 9), “administrar custos não é
somente eliminar as despesas de forma sumá- Nesse sentido, para sua melhor compreensão, a
ria e às vezes intuitiva, sob pressão de fatores seguir, no Quadro 7, são apresentadas as clas-
externos. Administrar custos significa, acima sificações dos principais gastos que se tem nos
de tudo, gerir recursos de forma racional e com- empreendimentos gastronômicos:
petente, através de instrumentos adequados e
Gastos Tipo de Desembolso
eficientes.” Portanto, para saber administrar
custos é necessário compreender o segmento Compra de arroz Custo

em que está atuando, por exemplo, em uma Pagamento de Gás Custo

confeitaria os custos de produção são diferentes Dedetização do


Despesa
de uma churrascaria, pois tanto em questão Restaurante

de mão de obra quanto de produtos utilizados Dedetização


Custo
da Cozinha
no processo de produção, cada um tem as suas
Comissão dos garçons Despesa
peculiaridades a serem administradas.
Mas o que são gastos, custos e des- Pró-Labore do Dono
Despesa
do Restaurante
pesas? É praticamente impossível fazer uma
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 139

Gastos Tipo de Desembolso


isto é, só há custos se tiver produção, por
Salários Custo
exemplo, a produção de 1 bolo de briga-
Curso para os garçons Despesa
deiro, o custo variável será um valor, se
Frete da carne Custo
produzirem 7 bolos de brigadeiros será
Nutricionista Custo
outro valor, em virtude da quantidade das
Viagem do Cozinheiro
Custo matérias-primas utilizadas.
para curso
Manutenção do Fogão Custo
Manutenção das
• Custos Fixos: como o próprio nome
Despesas
Mesas do restaurante apresenta, são custos que não há altera-
ção, ou seja, produzindo mais ou menos
Quadro 7 – Classificação dos gastos na gastronomia. Fonte:
adaptado de Braga (2019). produtos o valor do aluguel não irá au-
mentar. Mas em relação aos custos dos
Diante disso, vale ressaltar que microempreen- produtos, o valor é diluído de acordo com
dedor individual (MEI), na maioria das vezes, o volume de produção, por exemplo, se
fica em dúvida com relação a alguns gastos o empreendimento gastronômico “Z”
como, por exemplo, energia elétrica, pois na vender no mês 500 hambúrgueres e o
maioria das vezes utiliza-se a cozinha do pró- valor do aluguel é R$ 3.500,00, o custo
prio lar, portanto, é preciso ter um mínimo de fixo de aluguel por sanduíche será de R$
controle, ou seja, anotar em uma planilha qual 7,00 diluído por sanduíche; mas, agora,
valor gasto adicional com a energia, água, gás se vender 1.500 hambúrgueres, o custo
na produção dos seus produtos, nesse caso, você fixo de aluguel por sanduíche será de R$
deve considerar um custo, pois se não tiver pro- 2,33. Então, quanto mais se produz o
dução, não há valores adicionais. custo fixo do aluguel se diluiu aos custos
dos produtos vendidos.
Classificação dos Custos - os custos de uma
empresa se alternam devido ao volume de pro- Portanto, os custos fixos e variáveis, de todo e
dução. Santos (2013) define a classificação em qualquer empreendimento, sempre haverá, e
custos variáveis e em custos fixos e os apresenta você, como futuro gestor, deverá classificá-los
da seguinte forma: para depois fazer a administração dos custos
do seu empreendimento e, nesse sentido, res-
• Custo Variável: o custo variável está salto que há os custos diretos (Figura 4) e os
ligado diretamente ao volume de produção, indiretos (Figura 5).
Gestão de Alimentos e Bebidas

Custos com
matérias-primas,
embalagens

Custos
Diretos

É atribuído Custo de mão


direto ao de obra do
produto e ou setor de
departamento produção

Figura 4 - Custos diretos / Fonte: adaptado de Santos (2013).

Sendo assim, os custos diretos são destinados direto, pois está interligado com o setor de pro-
ao próprio produto e se consegue ter a unidade dução, ou seja, diretamente com a atividade
de medida. Já os custos indiretos são os que não principal do negócio que é vender bolos.
se conseguem ter uma medida objetiva e sim Já para o cálculo dos custos indiretos,
por rateio (SILVA, 2014). também não há dificuldades em conseguir
O cálculo do custo direto é muito simples obter os valores. Por exemplo, depreciação de
e fácil, por exemplo, um(a) confeiteiro(a) fez a equipamentos e utensílios, é um custo indireto
receita de um bolo de milho. Para fazer 01 bolo do setor de produção e precisa ser calculado.
(20 cm) houve um gasto com matérias-primas Vamos pensar que uma panificadora investiu
(farinha de milho, milho verde, manteiga, ovos, em equipamentos de grande porte como fre-
fermento químico, açúcar e embalagens) sendo o ezers, geladeiras, masseiras, cilindro elétrico
valor final de R$ 7,00. Se produzirem 10 bolos, profissional, e dentro da contabilidade, o valor
o valor total gasto será de R$ 70,00, ele aumenta total investido foi de R$ 20.000,00, supondo
de acordo com a produção, porém é um custo que a depreciação desses equipamentos é de 5
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 141

anos (60 meses), pois dentro desse prazo você quantidade de produtos girem em torno de
vai ter que repor e vai ter o recurso financeiro 20.000 itens, então, no Quadro, 8 é apresen-
para tal destino, e a sua produção mensal em tado o cálculo da depreciação.

Produção Custo da
Itens
Valor Meses Valor Mensal Mensal em depreciação
depreciativo
unidades por produto

Utensílios R$ 20.000,00 60 R$ 333,33 20.000 R$ 0,016

Quadro 8 – Cálculo do custo de depreciação de equipamentos

Para melhor compreensão, o valor total de in- de R$ 333,33, e em seguida foi dividido pelo
vestimento de equipamentos no valor de R$ número total de produções mensais, ao qual
20.000,00 foi divido por 60 meses (5 anos é o chegou no custo de depreciação por produto
prazo máximo de depreciação em equipamentos) produzido de R$ 0,016 (quase dois R$ 0,02, até
assim você terá o valor mensal de depreciação poderia arredondar se fosse o caso).
Gestão de Alimentos e Bebidas

Custos com
manutenção,
depreciação

Custos
Indiretos

A atribuição
desses custos ao Óleo de
produto se tornam Lubrificantes para
difíceis e por isso se as máquinas
faz o rateio

Figura 5 - Custos Indiretos / Fonte: adaptada de Santos (2013) .

Independentemente de ser custo direto e/ou MP = matéria-prima


indireto, tem que estar atribuído aos produtos MOD = Mão de obra direta
e/ou serviços que serão vendidos, para que a CIF = Custos indiretos de Fabricação
precificação esteja correta e, assim, o empreen- Custo de Produção = MP + MPOD + CIF
dimento possa obter lucro com as suas opera-
ções. Aqui é uma das falhas mais comuns que Quadro 9 - Fórmula do cálculo do custo de produção
Fonte: Santos (2013, p. 22).
empreendedores cometem em seus negócios.

• Custo de Produção: caracteriza-se por Portanto, como você já conhece a fórmula do


todos os valores de bens e serviços que são custo de produção, vamos explorar como se cal-
consumidos no processo produtivo. Então, cula o custo total de matérias-primas. A seguir,
a sua fórmula é apresentada no Quadro 9. no Quadro 10, um exemplo de uma “Creperia”,
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 143

ao qual negociou a compra com o fornecedor comprador da Creperia, por não ter atingido
de laticínios e, por sua vez, está localizado em o pedido mínimo, que será cobrado o frete no
uma cidade próxima num raio de 50 km de valor de 10% da compra e o seguro da carga
distância, e o representante comunicou ao no valor fixado em R$ 60,00.

(+) Matéria-prima R$ 500,00


(-) Desconto pagamento antecipado R$ 50,00
(+) Frete R$ 50,00
(+) Seguro R$ 60,00
(+) Impostos R$ 32,00
Custo total de matérias-primas R$ 592,00

Quadro 10 - Custo total de matérias-primas / Fonte: adaptado de Santos (2013).

Então, o custo total de matérias-primas para a de obra direta (Quadro 11). Nesse sentido,
Creperia ficou em R$ 592,00. Tendo em vista que vamos pensar que, para a “Creperia”, são dois
o custo inicial era de R$ 550,00, teve o impacto de funcionários diretos na produção, um(a) cozi-
7,65%, isso apenas de um fornecedor, portanto, nheiro(a) e um(a) auxiliar de cozinha, e seus
o responsável pelas compras tem que ficar atento salários são, respectivamente, R$ 2.000,00 e R$
aos custos adicionais que poderão ocorrer, pois, 1.650,00. Então, os salários totais ficaram em
dependendo do tipo de negócio, o valor de venda R$ 3.650,00, consideramos 220 horas mensais
de alguns produtos poderá ficar inviável. de trabalho. Vamos pensar que, em média, são
Agora, após saber o valor total dos custos produzidas 60 unidades de crepe diariamente.
de matérias-primas, vamos calcular a mão O custo da hora em cada crepe ficará em:

Quantidade Custo Diário Custo Salário por


Salários Custo p/ Hora
Horas Mensais (8 horas) Crepe (60 unidades)
R$ 3.650,00 220 R$ 16,59 R$ 132,72 R$ 2,21

Quadro 11 - Custo de Mão de Obra Direta / Fonte: os autores.


Gestão de Alimentos e Bebidas

Para conhecer o custo por hora de mão de • Custo de transformação: é o custo


obra direta, basta dividir os valores de salários da mão de obra direta, em que os co-
sobre as horas trabalhadas no mês e, após isso, laboradores da empresa utilizam as
o resultado que você terá de custo por hora, matérias-primas bases e transformam
basta multiplicar pelas horas trabalhadas por em produtos acabados, portanto, essa
dia, dessa forma, você vai ter o custo diário dos atividade e/ou processo se chama custo
seus trabalhadores; em seguida, para se ter o da transformação. Então, para poder
custo de mão de obra por unidade do produto, conseguir produzir, as empresas neces-
basta utilizar o custo diário de mão de obra e sitam de ter pessoas para produzir, bem
dividir pela quantidade de produtos produzidos como se temos custos indiretos de fabri-
no dia, assim você terá o custo real de mão de cação (conforme Figura 5). O Quadro
obra direta por produto, como foi apresentado 12 apresenta como é realizado o custo
no Quadro 11. Portanto, agora vamos conhecer de transformação.
os custos de transformação.

MOD = Mão de Obra Direta


CIF = Custo indireto de Fabricação

Custo de Transformação = MOD + CIF

Quadro 12 – Cálculo do custo de transformação / Fonte: Santos (2013, p. 23).

Nesse viés, os custos indiretos de fabrica- Rateio dos custos no setor de alimentos e
ção contribuem para a formação do custo de bebidas – a melhor forma de se planejar e calcu-
transformação. lar os custos de um empreendimento de pequeno
Os custos indiretos de fabricação podem ser: e médio porte é fazer o custeio por absorção,
• Salários de trabalhadores que não atuam onde todos os custos de produção, sejam eles
na fábrica. fixos e variáveis, custos indiretos e diretos entram
• Materiais de limpeza e escritório. nos custos, sendo assim, não há distinção por
• Custos de internet e telefonia. departamento e/ou grau de uso. Nesse método
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 145

de custeio por absorção, quanto mais se produz, Contudo, esse método fere os princípios con-
menor ficará os custos finais dos produtos, bem tábeis, pois não está em conformidade com o
como há um equilíbrio nos custos. Regime de Competência e Confrontação de re-
Vamos pensar que a Pizzaria “De Lucca” ceitas e despesas, dessa forma, os contadores
tenha as seguintes despesas para produzir não aceitam (MARTINS, 2010).
2.000 pizzas: Fato que independentemente do tipo de
empreendimento, o método utilizado para em-
Custos fixos Valores Mensais
butir os custos fixos na precificação, pois todos
Energia R$ 3.000,00
estão interligados, é indissociável para separar
Água R$ 500,00
água, energia, aluguel, pois tudo é utilizado ao
Aluguel R$ 4.000,00
mesmo tempo (MORAIS et al., 2019), mas não
Seguro R$ 400,00
é impossível fazer essa separação dos custos por
Combo (telefone,
R$ 180,00 setor, apenas demanda mais tempo e dedicação
celular e internet)
na realização das planilhas e/ou inserir os dados
Marketing digital
R$ 1.500,00
+ Tradicional nos softwares que são utilizados na empresa.
Salários + Encargos R$ 10.000,00 Sendo assim, para empresas de médio e
Depreciação R$ 200,00 grande porte no setor de alimentação que produ-
Total R$ 19.580,00 zam alimentos congelados, por exemplo, tortas
Custeio por Absorção = R$ 19.780,00÷2000=R$ 9,89 e salgados, é possível fazer o rateio dos custos
Quadro 13 - Custeio por absorção de uma pizzaria separando por setor, para isso, você deve coletar
Fonte: os autores.
os seguintes dados:
Conforme Quadro 13, a pizzaria “De Lucca” tem • Medir em m² o espaço de cada setor,
um custeio por absorção dos custos fixos por para fazer o rateio do custo do aluguel
unidade de pizza produzida a R$ 9,89. Aqui, do imóvel.
falta acrescentar apenas os custos variáveis que • Anotar a potência de todos os equipa-
são as matérias-primas que envolve no processo mentos e utensílios elétricos utilizados
do fazer e embalar as pizzas. nas receitas.
Vale ressaltar que algumas empresas de • Anotar todo o tempo de uso de gás nos
grande porte em gastronomia preferem fazer pré-preparo e preparos, de cada setor,
o custeio variável e não por absorção, onde lembrando que deve ter anotado o con-
os custos fixos são tratados como despesas. sumo de cada equipamento.
Gestão de Alimentos e Bebidas

• Quantas lâmpadas tem em cada setor e que utiliza 10 m² da câmara fria de um total de
seu consumo. 50 m² e que consome por mês R$ 3.000,00. E o
• Nas câmaras frias, anotar em m² o que setor de produção da cozinha quente utiliza 40
cada setor utiliza para poder fazer o m² de um total de 800 m², sendo utilizado 50 kg
rateio do consumo da energia elétrica. de gás (a compra do gás é por kg).
• Quantos funcionários e salários que
ficam em cada setor.
Dados do empreendimento “Q Delícia”:
• Anotar os equipamentos que ficam em
Aluguel mensal = R$ 5.000,00 (por 800 m²)
cada setor, para fazer o rateio da depre-
Custos de Gás = R$ 7,00/ Kg
ciação por setor de produção. Energia Elétrica Mensal do Empreendimento :
1600 kwh
Nesse sentido, para você compreender como fazer
o rateio dos custos por setor, por exemplo, uma
empresa de produção de salgados “Q Delícia”, Segue planilha com o rateio dos custos por setor.

Setor: Cozinha Quente Custo Custo do Setor


40m² +10m² 5000/800 = R$
Espaço físico R$ 312,50
(câmara fria) 6,25 por m²
Gás 50 kg R$ 7,00/kg R$ 350,00
Energia Elétrica
1000 Kwh/mês R$ 0,90/ Kwh R$ 900,00
Câmara Fria
Custo Total R$ 1.562,50

Quadro 14 - Planilha para rateio dos custos por setor / Fonte: os autores.

A principal vantagem de se fazer a planilha de rateios de custos por setor é que o gestor saberá
exatamente quanto cada setor custa para o empreendimento, mas para poder aplicar essa metodo-
logia de rateio por setor, será necessário ter todos os dados para poder conseguir fazer 100% sem
que se esqueça de algum custo e, assim, falhar no custo total do empreendimento. A seguir, você
irá estudar sobre a precificação em alimentos e bebidas.
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 147

Precificação em alimentos e bebidas

A precificação dos produtos em um estabeleci- empresários, surgem muitas dúvidas na hora


mento para alguns empresários é uma atividade de precificar, receio por errar seja para mais ou
simples, pois já estão algum tempo no merca- para menos.
do e já sabe quem são os perfis de clientes que Portanto, para precificar, você deve analisar
atendem no seu dia a dia. Mas, para futuros os seguintes itens do empreendimento:
Gestão de Alimentos e Bebidas

olhar conceitual

Custos Fixos

Experiência
Público
do
Alvo
consumo

Ambiente
(infraestrutura)

Figura 6 - Ciclo da precificação / Fonte: os autores.

Descrição da Imagem: a imagem é um processo ou ciclo de quatro fases, mas que estão interligados para poder fazer a
precificação do empreendimento, aos quais são: os custos fixos, público-alvo, ambiente e a experiência do consumo. Após
análise dessas quatros informações é possível aplicar a precificação.

Conforme o infográfico, o gestor do empreendi- e isso reflete nos custos. Após, o segundo passo é
mento consegue aplicar a precificação dos pro- analisar o perfil do público-alvo, pois aqui vai de-
dutos ofertados após a análise dessas quatro terminar o poder de compra destes. Em seguida,
informações, sendo o primeiro passo analisar o tipo de ambiente que oferta para seus clientes
os custos fixos do empreendimento, pois cada será simples ou mais moderno e sofisticado? Pois
estabelecimento tem um tamanho e localização o ambiente interfere e muito na experiência do
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 149

consumo pelo cliente, e esse fator é determinante uma cafeteria simples na região central de uma
na precificação e oferta dos produtos. cidade com um ambiente limpo sem muito a
De acordo com Tonini (2009, p. 91), a ex- agregar com o tipo de negócio, apenas para
periência do consumo é definida como: atender público passante sem foco específico

A essência dos termos concentra-se na de clientela. E uma outra cafeteria na região


criação de experiências e emoções que o central, porém tem o foco no perfil de clientes
consumo de determinado produto pro- que queiram fazer uma reunião breve com am-
picia ao consumidor, oportunizando vi-
biente climatizado, mas, ao mesmo tempo, vão
vências individualizadas e, desta forma,
singulares. O consumo de um produto para apreciar o café, o ambiente e as pessoas que
satisfaz não apenas uma necessidade ali frequentam. Você, como gestor, é possível
evidente, mas gera uma série de outras
cobrar o mesmo preço do café?
satisfações de âmbito subjetivo.
Com certeza não é possível aplicar o mesmo
Segundo a definição, o que os clientes vivenciam preço de venda, pois, além da infraestrutura ser
no empreendimento são fatores que contribui totalmente diferente, aqui o gestor deve colocar
na precificação dos produtos oferecidos pelo na precificação do seu menu a “experiência do
estabelecimento. Vamos verificar dois exemplos: consumo” que o empreendimento oferece.

Figura 7 – Cafeteria com ambiente sofisticado

Descrição da Imagem: cafeteria com ambiente moderno com pol-


tronas largas na cor marrom claro e mesas com sofás e cadeiras em
conjunto. Paredes com sobre tom em relação às poltronas, e à di-
reita da imagem um balcão com uma vitrine quente para salgados.
Gestão de Alimentos e Bebidas

Então, para poder precificar, além do gestor uti- fixos, e por vezes, os preços apenas “empatam”,
lizar a experiência do consumo, também precisa isto é, os produtos vendidos não dão prejuízo,
utilizar métodos que garantirão o lucro mínimo mas também não dão lucro. Exemplo: nesse
desejado. A seguir, você vai aprender e conhecer tipo de precificação, o gestor faz a precificação
os principais métodos de precificação. de acordo com a concorrência que se tem no
bairro, cidade e/ou região. Aqui, se beltrano faz
Precificação dos produtos bolos no pote e vende por R$ 10,00 a unidade,
pois a sua concorrência vende por esse valor,
No setor de gastronomia existem dois mé- mas muitas vezes os custos e ingredientes são
todos na formulação do preço de venda, diferentes, esse tipo de precificação é uma das
sendo o método informal e o método formal mais utilizadas, porém estratégia equivocada,
(FONSECA, 2014). Assim, vamos aprofundar nessa metodologia, você pode estar vendendo
esses métodos agora: produtos no prejuízo.
Métodos informais (empíricos) é um método
amplamente utilizado por diversos gestores que Psicológico: a precificação é aplicada no que se
não têm conhecimento técnico, principalmente espera do valor gasto pelo cliente, é amplamente
pelos ambulantes e feirantes, por isso não leva utilizado quando se lança um produto/serviço
em consideração os custos do empreendimento novo, como é inovador não se tem concorrência
em si. Nesse método se os modelos: para levar em consideração. Exemplo: nessa
metodologia, por exemplo, você faz lanches sau-
Intuitivo: o preço é aplicado subjetivamente, dáveis com o foco nas escolas particulares para
isto é, precifica pelo que o cliente pagaria pelo as crianças, e na sua cidade não tem esse tipo de
produto. Exemplo: você produz um sanduíche produto, você monta o cardápio e coloca preço
natural e você faz os custos por cima e ficou a R$ 10,00 por kit ao dia, pois são os valores
em R$ 5,00. Você, sem nenhum critério e/ou habituais que os pais pagariam se os seus filhos
análise, precifica que os seus clientes pagariam comessem na cantina da escola.
R$ 10,00 no seu produto.
Tentativa e erro: aqui, literalmente, o gestor
Competidores: este modelo de precificação é aplica o preço e espera um período e faz análise
bastante utilizado, pois aplica de acordo com das vendas e se precisar fazer correção fará, porém,
a concorrência, e muitas vezes diversos gesto- trocas constantes de preço não é bem-vindo para
res negligenciam em conhecer os seus custos a sua clientela, é um dos modelos mais arriscados
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 151

para o negócio de gastronomia. Exemplo: você quinzenal, mensal) você faz uma análise, e viu que
vende hot-dog na sua cidade, e decidiu vender não sobrou o quanto queria ou deseja ter com os
por R$ 7,00 a unidade desse produto mais sim- seus produtos, em seguida você vai lá e aumenta
ples e por hora esse produto é o mais vendido; o preço sem nenhum critério, apenas achando que
chegando a um determinado período (semana, se aumentar o preço vai ter mais lucro.

roda de conversa

Se você, como gestor, não souber precificar, a concorrência fará por você!
Nesse podcast, será explorado a importância de saber precificar e as principais difi-
culdades do dia a dia do gestor na hora de precificar. Acesse o link do QR Code.
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Utilizar os modelos de precificação no método • Método de indexação: esse modelo


informal no cenário competitivo que está o setor de precificação é utilizado o custo da
de gastronomia podem ser, para alguns tipos mercadoria vendida (CMV) como inde-
de negócio, muito arriscados, pois em alguns xador de precificação, isto é, deve ser
empreendimentos, os custos fixos são conside- utilizado a ficha técnica para apurar o
ráveis e não utilizar aumenta o seu grau de risco valor gasto na receita.
de incerteza do empreendimento.
Já nos métodos formais e/ou científicos, os Para melhor compreensão, segue um modelo
gestores conhecem os seus custos fixos, custos dire- de ficha técnica simples de um prato para ave-
tos e indiretos de fabricação, onde procuram ter um riguarmos o gasto e, assim, poder aplicar a pre-
bom senso e ser justo na precificação dos produtos, cificação pelo CMV estimado em 35%, que, por
nesse viés, não subestimam e nem superestimam sua vez, será o percentual indexador.
os produtos do menu oferecido aos clientes.

Ingredientes Quantidade Fator Correção Valor do Produto Custo Total


Filé de Frango 0,200 2,17 R$ 10,00 R$ 4,34
Molho Bechamel 0,100 1,00 R$ 8,00 R$ 0,80
Presunto Cru 0,030 1,00 R$ 60,00 R$ 1,80
Ervilhas Frescas 0,050 1,00 R$ 15,00 R$ 0,75
Batata 0,100 1,21 R$ 3,99 R$ 0,48
Custo total R$ 8,17

Quadro 15 - Ficha técnica Filé de Frango à Diplomata / Fonte: os autores.

*Observação: prato e preços são meramente ilustrativos

Sendo assim, o custo de matéria-prima do Filé Preço Parcial de Vendas =


Custo ÷ Percentual do CMV
de Frango à Diplomata é de R$ 8,17, e sabendo
que o CMV estimado é de 35%, o cálculo de PPV = 8,17 / 0,35
precificação será: PPV = R$ 23,34
GASTRONOMIA • UNICESUMAR 153

O PPV é considerado parcial, pois no setor de Também é possível utilizar o fator indexador por
gastronomia, temos diversos impostos, e deve multiplicação, comumente conhecido como markup
ser contabilizado nos custos o ICMS (imposto
sobre circulação de mercadoria) e cada Estado Fator indexador = 35%
no Brasil tem variações nesse percentual. Para Múltiplo indexador de custo = 1% / 35
Fator multiplicador = 2,86
você conseguir ter o preço final de venda, vamos
utilizar o percentual de 17%. Então, é necessário
descontar esse percentual do valor de venda e, Utilizando o exemplo acima, o preço parcial de
após, aplicar o preço. vendas continua o mesmo:
Agora, basta utilizar a fórmula a seguir:
PPV = Custo do Produto x
Fator Multiplicadir
Então iniciamos o cálculo do gasto PPV = 8,17 x 2,86
com impostos = 100% (Preço da Ven- PPV = 23,36
da) — 17% impostos = 83%
Obs.: pequena variação de centavos devido ao arredonda-
Preço de Venda = PPV / 0,83 mento do fator multiplicador 2,856 para 2,86
Preço de Venda = 23,34 / 0,83
Preço de Venda = R$ 28,12 Para poder auxiliar, segue Quadro 16 com os
indexadores multiplicadores.

Fator Múltiplo Fator Múltiplo Fator Múltiplo


18% 5,56 29% 3,45 40% 2,50
19% 5,26 30% 3,33 41% 2,44
20% 5,00 31% 3,23 42% 2,38
21% 4,76 32% 3,13 43% 2,33
22% 4,55 33% 3,00 44% 2,27
23% 4,35 34% 2,94 45% 2,22
24% 4,17 35% 2,86 46% 2,17
25% 4,00 36% 2,78 47% 2,13
26% 3,85 37% 2,70 48% 2,08
27% 3,70 38% 2,63 49% 2,04
28% 3,57 39% 2,56 50% 2,00

Quadro 16 – Fator multiplicador em percentual do CMV / Fonte: Fonseca (2014, p. 128).


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Esse quadro tem como princípio facilitar e/ que o empreendimento almeja ter 10% de lucro
ou auxiliar na formação do preço parcial de e investir até 30% em salários e até 25% em
vendas de um empreendimento gastronômico gastos operacionais. Vale ressaltar que é possível
e vale ressaltar que, além dos custos (aqui fazer alteração, para poder rentabilizar mais o
não pode se esquecer do ICMS) do empreen- empreendimento, porém o que vai determinar
dimento, deve se analisar a concorrência e a onde diminuir os percentuais é a tipologia do
experiência do consumo antes de formalizar empreendimento e localização.
o preço final de venda, pois, alguns empre- E agora, chegou o momento tão esperado,
endimentos “fugirão” dessa regra, por fatores como podemos resolver o problema levantado
intrínsecos do empreendimento. no início desta unidade?
Também existe o método indexador TRA O empreendimento em si estava com pro-
(Texas Restaurant Association), em que, para blemas na gestão de compras e custos, e o mais
poder formalizar o preço de venda, deve ser curioso é que o estabelecimento tem clientes
incluído o CMV+ Gastos Operacionais+ CMO todos os dias, ou seja, as vendas são realizadas,
(custo de mão de obra). mas onde estão ocorrendo as falhas?
Sendo assim, o CMV deve ser o resultado O primeiro procedimento desse empre-
das outras deduções (reduções), segue o quadro endimento é rever e avaliar os fornecedores e
17 de exemplo para análise da TRA: custos dos produtos, e quais os custos diretos
e indiretos que não estão sendo contabilizados
Percentual em
Gastos e, consequentemente, ajustar a precificação,
relação a receita
pois infelizmente, no Brasil, tem-se muitos em-
Lucro 10%
preendimentos que fecham as portas mesmo
CMO 30%
vendendo todos os dias. E, por fim, avaliar se a
Gastos Operacionais 25%
experiência do consumo dos clientes está sendo
Total 65%
avaliada abaixo do esperado, e fazer ajustes ne-
Receita 100%
cessários para que possa contribuir na precifi-
(-) Total de Gastos 65%
cação mais justa do empreendimento.
CMV 35%

Quadro 17 – Precificação TRA / Fonte: Fonseca (2014, p. 129).

Portanto, nesse método, é possível perceber


Mapa Mental
Como você já conhece a administração de compras e custos, convido você, como um futuro gestor de
gastronomia, para desenvolver um Mapa Mental de Gestão de Compras e Custos por meio de pala-
vras-chaves (no mínimo 10 palavras) de como esse empreendimento em questão que está com muitas
dificuldades para continuar de portas abertas, poderá encontrar a melhora em seu desempenho.
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Confira suas respostas

Caro(a) aluno(a), o mapa mental para poder conseguirmos auxiliar a gestão de compras e custos
desse empreendimento poderá ser dar pelo seguinte meio:
1. Reavaliar fornecedores.
2. Negociação com fornecedores.
3. Rever custos das mercadorias.
4. Averiguar custos fixos.
5. Averiguar custos variáveis.
6. Avaliar o custo de mão de obra.
7. Ambiente está de acordo com o público-alvo.
8. Rever os custos dos produtos acabados.
9. Rever método de precificação.
10. Averiguar se os impostos estão embutidos.
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ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999.

referências
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ZANELLA, L. C. Administração de custos em hotelaria. 4. ed. Caxias do Sul: Educs, 2010.


Meu Espaço

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