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UNIVALI

DIREITO

ISADORA MACHADO

TRIBUNAL DO JÚRI

Itajaí, maio 2024.


RESUMO

O Tribunal do Júri é uma instituição venerável e central no sistema judicial de

muitos países democráticos. É uma manifestação tangível do princípio de que a

justiça não é apenas administrada pelo Estado, mas também pela comunidade. O

Tribunal do Júri não apenas julga os fatos de um caso criminal, mas também

encarna a participação cívica, a democracia e a responsabilidade coletiva. Neste

paper, exploraremos em profundidade o funcionamento e a importância do Tribunal

do Júri, desde a seleção dos jurados até a emissão do veredicto final.

Ao longo da história, o Tribunal do Júri tem sido um baluarte da justiça,

protegendo os cidadãos contra a opressão estatal e garantindo que a voz da

comunidade seja ouvida nos tribunais. Sua origem remonta aos primórdios do direito

consuetudinário, e ao longo dos séculos, evoluiu para se tornar um pilar fundamental

do sistema jurídico moderno.


Introdução

No Brasil, o Tribunal do Júri, também conhecido como "Tribunal Popular", é


responsável por julgar crimes específicos contra a vida, conforme estabelecido na
Constituição Federal. Estes crimes estão listados nos artigos 121 a 126 do Código
Penal e incluem:
Homicídio (Art. 121, CP)
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (Art. 122, CP)
Infanticídio (Art. 123, CP)
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (Art. 124, CP)
Aborto provocado por terceiro sem consentimento da gestante (Art. 125, CP)
Aborto provocado com consentimento da gestante (Art. 126, CP)
Entretanto, antes de chegar à fase de julgamento pelo Tribunal do Júri, é
necessário seguir um procedimento especial estabelecido pela Constituição Federal
e pelo Código de Processo Penal, que regula a forma como deve tramitar a ação
penal relacionada a esses crimes.
Este paper examinará detalhadamente cada etapa do processo do Tribunal do
Júri, desde a seleção dos jurados até a emissão do veredicto, destacando sua
importância na proteção dos direitos individuais, na busca da verdade e na
administração da justiça criminal. Ao compreendermos plenamente o funcionamento
e a relevância do Tribunal do Júri, estaremos melhor equipados para apreciar sua
contribuição única para a sociedade e para o sistema judicial como um todo.

1. Primeira Fase do Procedimento do Júri (“judicium accusationis” ou

juízo de acusação)

Essa etapa visa determinar se a acusação deve ser aceita para julgamento
pelo Tribunal do Júri. Envolve a apresentação de evidências para verificar se há a
ocorrência de um crime doloso contra a vida. Começa com a apresentação da
denúncia ou queixa e termina com a decisão judicial de pronunciar o réu para
julgamento, impronunciá-lo, desclassificar o crime ou absolvê-lo sumariamente.
1.1 Oferta da Denúncia e Citação do Acusado

Oferta da Denúncia: O Ministério Público, como titular da ação penal pública,


inicia o procedimento do júri oferecendo a denúncia contra o acusado por
cometer um crime contra a vida, conforme os tipos previstos nos artigos 121 a
126 do Código Penal brasileiro. A denúncia é um documento formal que
descreve os fatos ocorridos, indicando a conduta criminosa atribuída ao acusado,
assim como os fundamentos legais que embasam a acusação. É essencial que a
denúncia seja clara, objetiva e contenha elementos suficientes para embasar o
processo.

Citação do Acusado: Após o recebimento da denúncia pelo juiz competente, o


próximo passo é a citação do acusado para que ele possa exercer seu direito de
defesa. A citação é o ato processual pelo qual o acusado é convocado a
comparecer perante o juízo para apresentar sua resposta à acusação.
Geralmente, a citação é realizada por meio de um oficial de justiça, que entrega
pessoalmente ao acusado uma cópia da denúncia e o intima a comparecer ao
tribunal em determinada data para apresentar sua defesa.

Essas etapas são cruciais para garantir o exercício do contraditório e da ampla


defesa, princípios fundamentais do devido processo legal. O acusado tem o
direito de conhecer formalmente a acusação que pesa contra ele e de se
defender das alegações feitas pelo Ministério Público durante o processo judicial.
A oferta da denúncia e a citação do acusado marcam o início formal do
procedimento do júri e dão início ao desenvolvimento das demais fases do
julgamento.

1.2 Audiências e Interrogatório

Audiências: Durante as audiências, são ouvidas as testemunhas de acusação e


de defesa, bem como outras pessoas envolvidas ou que possam fornecer
informações relevantes para o caso. As audiências visam elucidar os
acontecimentos relacionados ao crime em questão, permitindo que as partes
apresentem suas versões dos fatos e que o juiz possa formar sua convicção de
maneira mais completa. É importante ressaltar que as audiências devem ser
conduzidas de forma imparcial pelo juiz, garantindo o direito das partes de
produzirem suas provas e fazerem seus questionamentos de maneira adequada.

Interrogatório do Acusado: Após a oitiva das testemunhas, é concedida a


oportunidade ao acusado de prestar seu interrogatório. Neste momento, o
acusado tem o direito de se manifestar e responder às perguntas feitas pelo juiz,
pelo Ministério Público e pela defesa. O interrogatório do acusado é uma
oportunidade crucial para que ele possa exercer sua autodefesa, esclarecer
eventuais dúvidas e apresentar sua versão dos fatos. Durante o interrogatório, é
assegurado ao acusado o direito ao silêncio, bem como o direito de ser assistido
por seu advogado.

Essas etapas são fundamentais para o desenvolvimento adequado do


procedimento do júri, permitindo que as partes apresentem suas argumentações
e provas, garantindo, assim, o devido processo legal e o direito à ampla defesa e
ao contraditório. Após a realização das audiências e do interrogatório do
acusado, o processo segue para a fase de análise das provas e emissão da
sentença pelo juiz togado.

1.3 Sentença e Pronúncia

Sentença de Pronúncia: Se, após a análise das provas e dos elementos


apresentados durante as audiências, o juiz considerar que existem indícios
suficientes de autoria e prova da materialidade do crime, ele profere a sentença
de pronúncia. Nessa decisão, o juiz reconhece que há elementos que justificam
submeter o acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri. No entanto, é importante
ressaltar que a sentença de pronúncia não significa uma decisão definitiva sobre
a culpabilidade do acusado, apenas indica que há indícios que justificam a
continuidade do processo perante o júri popular.
Outras Possíveis Sentenças: Além da sentença de pronúncia, o juiz também
pode proferir outras decisões, dependendo das circunstâncias do caso:

Impronúncia: Se o juiz entender que não há elementos suficientes para submeter


o acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri, ele profere a sentença de
impronúncia, determinando o arquivamento do processo em relação ao crime
imputado ao acusado.
Desclassificação: Se o juiz entender que o crime não se enquadra nos tipos
previstos nos artigos 121 a 126 do Código Penal brasileiro, ele pode
desclassificar o crime para outra categoria, remetendo o processo para uma vara
criminal comum.
Absolvição Sumária: Se o juiz reconhecer que não há elementos suficientes para
condenar o acusado, mesmo que o crime tenha ocorrido, ele pode absolvê-lo
sumariamente, geralmente com base em alguma excludente de ilicitude, como
legítima defesa ou estado de necessidade.
Essas decisões marcam o encerramento da primeira fase do procedimento do
júri e direcionam o processo para as próximas etapas, que envolvem a formação
do Conselho de Sentença e o julgamento pelo Tribunal do Júri.

2. Segunda fase do procedimento do júri (judicium causae” ou juízo da causa)


2.1 . Instalação:
2.2 O momento da instalação do Tribunal do Júri é marcado por um ritual solene,
conduzido pelo juiz-presidente. Este inicia a sessão com um toque na
campainha, simbolizando o início oficial do julgamento.
2.3 Na presença do promotor, escrivão e oficiais de justiça, o juiz-presidente abre a
sessão e inicia os procedimentos formais.
2.4 Uma vez iniciada a sessão, o oficial de justiça é encarregado de chamar os
jurados sorteados que estão presentes, garantindo assim a composição do
Conselho de Sentença.
2.5 Durante esta fase, o juiz analisa os pedidos de dispensa apresentados pelos
jurados, assegurando que a seleção do conselho seja justa e imparcial.
2.6 2. Escolha dos Jurados:
2.7 O juiz verifica se há pelo menos 15 jurados presentes para garantir a formação
adequada do Conselho de Sentença.
2.8 Após a confirmação da presença dos jurados, é realizado o sorteio para
selecionar os membros do Conselho de Sentença, que será responsável por
julgar o caso.
2.9 Durante o sorteio, são observadas as restrições legais, como impedimentos de
parentesco e vínculos pessoais com as partes envolvidas no processo,
garantindo assim a imparcialidade do conselho.
2.10 3. Anúncio do Processo/Pregão:
2.11 Após a escolha dos jurados, o oficial de justiça é instruído a realizar o pregão,
anunciando formalmente o início do julgamento.
2.12 Este momento é importante para dar publicidade ao processo e assegurar
que todas as partes interessadas estejam cientes do início do julgamento.
2.13 4. Chamada das Testemunhas:
2.14 As testemunhas presentes são conduzidas a salas separadas, uma para a
acusação e outra para a defesa, garantindo que seus depoimentos sejam dados
de forma independente e imparcial.
2.15 Esta separação visa evitar influências externas e garantir a integridade dos
depoimentos prestados pelas testemunhas.
2.16 5. Condução do Réu ao Plenário:
2.17 O réu é conduzido ao plenário sob a guarda de autoridades penitenciárias,
respeitando-se seus direitos fundamentais e a presunção de inocência.
2.18 Caso seja necessário o uso de algemas, isso deve ser devidamente
justificado pelas autoridades, garantindo a segurança de todos os presentes sem
comprometer a dignidade do réu.
2.19 6. Sorteio dos Jurados:
2.20 O juiz realiza o sorteio dos jurados presentes para compor o Conselho de
Sentença, garantindo a aleatoriedade na seleção dos membros.
2.21 Durante o sorteio, são observados os impedimentos legais e vedações para
assegurar a imparcialidade do conselho.
2.22 Os jurados sorteados são orientados sobre suas responsabilidades e
compromissos durante o julgamento, incluindo a proibição de se comunicarem
com outras pessoas até o final das deliberações.
2.23
2.24
2.25 Alistamento dos jurados.
2.26

Segundo a legislação brasileira, anualmente, são listados pelo presidente do


Tribunal do Júri um determinado número de jurados, que varia de acordo com a
população da comarca. Esses jurados são selecionados a partir de diversas
fontes, como autoridades locais, entidades de classe, associações de bairro e
instituições de ensino.

Após a listagem, que geralmente ocorre até o dia 10 de outubro de cada ano, os
nomes dos jurados são publicados na imprensa e afixados em editais na porta do
Tribunal do Júri. Essa divulgação tem como objetivo informar a população sobre
os cidadãos que foram selecionados para servir como jurados em eventuais
julgamentos que ocorrerão ao longo do ano.

2.2 Sorteio e Formação do Conselho de Sentença:

Uma vez alistados, os jurados são convocados para participar do sorteio que definirá
quais deles irão compor o Conselho de Sentença em cada julgamento. Geralmente,
são sorteados mais jurados do que os necessários para compor o Conselho, de
forma a garantir a presença mínima estabelecida por lei.

Durante o sorteio, são selecionados os jurados que participarão do julgamento


específico, sendo que sete deles serão escolhidos para compor o Conselho de
Sentença. Esses jurados são selecionados de forma aleatória, assegurando assim a
imparcialidade do processo.

Uma vez formado o Conselho de Sentença, os jurados são instruídos pelo juiz
presidente sobre suas responsabilidades e o papel que desempenharão durante o
julgamento. É importante ressaltar que os jurados devem agir de forma imparcial e
decidir com base nas provas apresentadas durante o julgamento, seguindo sempre
as orientações do juiz.
Essas etapas do procedimento do júri garantem a seleção imparcial dos jurados e a
formação adequada do Conselho de Sentença, contribuindo para a realização de
julgamentos justos e transparentes.

3 Os debates e a votação dos jurados.


3.1 Apresentação de Argumentos pelas Partes.

Após a formação do Conselho de Sentença, tem início a etapa dos debates, na qual
as partes apresentam seus argumentos finais perante os jurados. Nesse momento,
tanto o Ministério Público quanto a defesa têm a oportunidade de expor suas teses e
convencer os jurados sobre a culpabilidade ou inocência do réu.

O Ministério Público, como órgão acusador, começa os debates apresentando suas


razões e evidências que sustentam a acusação contra o réu. São destacados os
elementos probatórios que indicam a autoria do crime e a materialidade dos fatos,
buscando persuadir os jurados a votarem pela condenação.

Por sua vez, a defesa tem a chance de rebater as acusações e apresentar suas
próprias argumentações em favor do réu. São destacadas possíveis falhas na
investigação, contradições nas provas apresentadas ou a ausência de elementos
suficientes para comprovar a culpa do acusado. A defesa busca convencer os
jurados da inocência ou da existência de circunstâncias que justifiquem uma decisão
favorável ao réu.

3.2 Restrições e Procedimentos Durante os Debates:

Durante os debates, algumas restrições e procedimentos devem ser observados


para garantir a lisura e a imparcialidade do julgamento. Por exemplo, é vedado fazer
referência à decisão de pronúncia ou a qualquer outra decisão judicial que tenha
admitido a acusação, bem como ao silêncio do acusado durante o interrogatório.
Além disso, não são permitidas leituras de documentos ou exibição de objetos que
não tenham sido previamente juntados aos autos com antecedência mínima,
assegurando assim o contraditório e a igualdade entre as partes.
Os debates são conduzidos sob a supervisão do juiz presidente, que tem o dever de
garantir que as regras processuais sejam observadas e que as partes tenham
igualdade de condições para apresentar seus argumentos. Ao final dos debates, os
jurados estão aptos a iniciar a votação, decidindo sobre a culpa ou inocência do réu
com base nas provas e argumentos apresentados durante o julgamento.

1. Os debates e a votação dos jurados.


4.1 Apresentação de Argumentos pelas Partes

Após as fases iniciais do procedimento do júri, as partes envolvidas no processo têm


a oportunidade de apresentar seus argumentos finais perante os jurados. Durante os
debates, o Ministério Público e a defesa têm a chance de expor suas teses e
persuadir os jurados sobre a culpabilidade ou inocência do réu.

O Ministério Público, como representante da acusação, inicia os debates


apresentando suas razões e evidências que sustentam a acusação contra o réu.
São destacados os elementos probatórios que indicam a autoria do crime e a
materialidade dos fatos, buscando convencer os jurados a votarem pela
condenação.

Por outro lado, a defesa tem a oportunidade de rebater as acusações e apresentar


seus próprios argumentos em favor do réu. São destacadas possíveis
inconsistências na investigação, falhas na coleta de provas ou a ausência de
elementos suficientes para comprovar a culpa do acusado. A defesa busca persuadir
os jurados da inocência do réu ou da existência de circunstâncias que justifiquem
uma decisão favorável ao réu.

4.2 Restrições e Procedimentos Durante os Debates:

Durante os debates, há várias restrições e procedimentos a serem seguidos para


garantir a lisura e a imparcialidade do julgamento. Algumas dessas restrições
incluem:
É proibido fazer referência à decisão de pronúncia ou a qualquer outra decisão
judicial que tenha admitido a acusação, assim como ao silêncio do acusado durante
o interrogatório. Essas restrições visam evitar influências indevidas sobre os jurados
e garantir que sua decisão seja baseada apenas nas provas apresentadas durante o
julgamento.
Não são permitidas leituras de documentos ou exibição de objetos que não tenham
sido previamente juntados aos autos com antecedência mínima de três dias úteis.
Isso garante que ambas as partes tenham conhecimento prévio das provas a serem
apresentadas e evita surpresas de última hora que possam prejudicar a defesa ou a
acusação.
O juiz presidente tem o dever de garantir que as regras processuais sejam seguidas
durante os debates e que as partes tenham igualdade de oportunidades para
apresentar seus argumentos. Ele deve intervir caso alguma das partes desrespeite
as regras estabelecidas ou tente influenciar os jurados de maneira inadequada.

4.3 Quesitação e Votação:

Após os debates finais das partes, tem início a fase de quesitação e votação dos
jurados. Nessa etapa crucial do procedimento do júri, o juiz presidente formula uma
série de perguntas, conhecidas como quesitos, que os jurados devem responder
com base nas provas apresentadas durante o julgamento.

Os quesitos são elaborados de forma a abordar todos os aspectos relevantes do


caso em julgamento, como a materialidade do crime, a autoria ou participação do
réu, a existência de circunstâncias atenuantes ou agravantes, entre outros pontos
essenciais para a decisão final.

Os jurados votam de forma individual e secreta em cada quesito apresentado pelo


juiz. Eles utilizam cédulas contendo as opções "sim" e "não" para cada pergunta
formulada. Após a votação, as cédulas são recolhidas e os votos são contabilizados
pelo juiz presidente.

É importante ressaltar que a decisão dos jurados deve ser baseada exclusivamente
nas provas apresentadas durante o julgamento e nas instruções fornecidas pelo juiz.
Eles devem analisar de forma imparcial e objetiva as evidências apresentadas,
chegando a uma conclusão justa e fundamentada sobre a culpabilidade ou inocência
do réu.

Ao final da votação, o juiz presidente proclama o resultado do julgamento no


plenário, anunciando a decisão tomada pelo Conselho de Sentença. Essa decisão
tem um impacto significativo no destino do réu, pois determina se ele será absolvido
ou condenado pelos crimes imputados.

5. Discussão sobre a Obrigatoriedade do Quesito de Absolvição

A discussão sobre a obrigatoriedade do quesito de absolvição no procedimento


do júri é um tema relevante no contexto jurídico, suscitando diferentes
interpretações e posicionamentos entre juristas e estudiosos do direito.

A obrigatoriedade do quesito de absolvição é prevista no §2º do art. 483 do


Código de Processo Penal brasileiro, o qual determina que, se respondidos
afirmativamente os quesitos relativos à materialidade do fato e à autoria ou
participação, deve ser formulado o quesito: "O jurado absolve o acusado?". Essa
disposição legal tem gerado debates acerca da sua aplicabilidade e necessidade
nos julgamentos pelo Tribunal do Júri.

Alguns juristas argumentam que, se os jurados reconhecerem a materialidade do


crime e a autoria ou participação do réu, a formulação do quesito de absolvição
se torna desnecessária e até mesmo contraditória. Eles sustentam que a simples
presença desse quesito poderia confundir os jurados e desviar o foco da decisão
principal, que é determinar a culpa ou inocência do réu.

Por outro lado, a maioria da doutrina e a jurisprudência têm entendido que a


obrigatoriedade do quesito de absolvição é fundamental para garantir a plena
observância do princípio do in dubio pro reo, que estabelece que, em caso de
dúvida, deve-se decidir a favor do réu. Além disso, a inclusão desse quesito
assegura que os jurados considerem todas as possibilidades antes de proferirem
sua decisão final, evitando possíveis erros judiciais.
Assim, apesar das controvérsias, a maioria das decisões judiciais tem mantido a
obrigatoriedade do quesito de absolvição nos julgamentos pelo Tribunal do Júri,
entendendo que sua formulação é necessária para garantir a integridade e a
imparcialidade do processo de julgamento.

6. Resultado do julgamento e sentença.

Após a fase de votação dos jurados e a contabilização dos votos pelo juiz
presidente, é proclamado o resultado do julgamento no plenário do Tribunal do
Júri. Essa etapa é crucial, pois determina o destino do réu com base na decisão
tomada pelo Conselho de Sentença.

Se a maioria dos jurados votar pela absolvição do réu em todos os quesitos


formulados pelo juiz, o réu é considerado inocente e absolvido das acusações
que pesavam contra ele. Nesse caso, o juiz proclama a absolvição do réu e
determina sua imediata liberdade, encerrando o processo penal.

Por outro lado, se a maioria dos jurados votar pela condenação do réu em um ou
mais quesitos, o réu é considerado culpado pelos crimes imputados. Nesse caso,
o juiz presidente profere a sentença condenatória, que estabelece a pena a ser
aplicada ao réu de acordo com as leis penais vigentes.

A sentença condenatória pode incluir a determinação do cumprimento de pena


privativa de liberdade, como a prisão, ou outras medidas restritivas de direitos,
dependendo da gravidade do crime e das circunstâncias específicas do caso. O
réu é então encaminhado para o cumprimento da pena conforme as disposições
legais aplicáveis.

Independentemente do resultado do julgamento, tanto a defesa quanto a


acusação têm o direito de recorrer da decisão do Tribunal do Júri, caso
entendam que houve algum erro processual ou injustiça durante o julgamento. O
recurso é analisado por instâncias superiores, que podem confirmar, modificar ou
anular a decisão proferida pelo júri popular.
CONCLUSÕES

O procedimento do júri é uma parte fundamental do sistema jurídico,


representando a participação direta da sociedade na administração da justiça. Ao
longo deste trabalho, exploramos as diferentes etapas desse processo, desde a
oferta da denúncia até o resultado do julgamento e a proclamação da sentença.

Durante a primeira fase do procedimento do júri, ocorrem a oferta da denúncia


pelo Ministério Público, a citação do acusado e as audiências para oitivas de
testemunhas e interrogatório. Posteriormente, o juiz profere a sentença de
pronúncia, determinando se o réu será submetido ao julgamento pelo Tribunal do
Júri.

Na segunda fase, ocorre o alistamento dos jurados, o sorteio e a formação do


Conselho de Sentença, composto por sete jurados que decidirão o destino do réu.
Durante os debates, as partes apresentam seus argumentos finais, seguidos pela
fase de quesitação e votação dos jurados.

Finalmente, após a votação dos jurados, é proclamado o resultado do


julgamento. Se a maioria votar pela absolvição, o réu é considerado inocente e
liberado. Se a maioria votar pela condenação, o réu é sentenciado de acordo com as
leis penais vigentes.

Em suma, o procedimento do júri é um processo complexo e cuidadosamente


estruturado, projetado para garantir a imparcialidade e a justiça na tomada de
decisões sobre crimes graves. Ele reflete os princípios fundamentais do Estado de
Direito e da participação democrática, contribuindo para a manutenção da ordem
jurídica e social em uma sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Deve ser redigido em ordem alfabética, espaço simples entre linhas, e dois
espaços simples para separar as próprias obras. Quando se tratar de obras de um
mesmo autor, as quais aparecem sucessivamente, o nome deste deve ser
substituído por um traço equivalente a seis espaços.
Exemplo:
BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de
materiais e distribuição física. [Livro] / trad. Yoshizaki Hugo T. Y.. - São Paulo :
Atlas, 1993. - 1ª : p. 388.

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