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APRESENTAÇÃO

Olá, pessoal, tudo certo?!


Em 25/02/2024, foi aplicada a prova objetiva do concurso público para Procurador do Estado de
São Paulo. Assim que divulgados o caderno de provas e o gabarito preliminar oficial, nosso time
de professores analisou cada uma das questões que agora serão apresentadas em nossa PROVA
COMENTADA.
Este material visa a auxiliá-los na aferição das notas, elaboração de eventuais recursos, verificação
das chances de avanço para fase discursiva, bem como na revisão do conteúdo cobrado no
certame.
Desde já, destacamos que nosso time de professores identificou 5 questões passíveis de recurso,
por apresentarem duas ou nenhuma alternativa correta, como veremos adiante. No tipo de prova
comentado, trata-se das questões 29, 30, 46, 53 e 85.
De modo complementar, elaboramos também o RANKING da PGE-SP, em que nossos alunos e
seguidores poderão inserir suas respostas à prova, e, ao final, aferir sua nota, de acordo com o
gabarito elaborado por nossos professores. Através do ranking, também poderemos estimar a nota
de corte da 1º fase. Essa ferramenta é gratuita e, para participar, basta clicar no link abaixo:
https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/simulados/6f7cd9f8-597e-4b54-8f43-de1dc6519792

Além disso, montamos um caderno para nossos seguidores, alunos ou não, verem os comentários
e comentar as questões da prova:
https://cj.estrategia.com/cadernos-e-simulados/cadernos/1aa246a8-4b84-4063-b4e4-740fb0c1fed4

Por fim, comentaremos a prova, as questões mais polêmicas, as possibilidades de recurso, bem
como a estimativa da nota de corte no TERMÔMETRO PÓS-PROVA, no nosso canal do Youtube.
Inscreva-se e ative as notificações!

Estratégia Carreira Jurídica - YouTube

Esperamos que gostem do material e de todos os novos projetos que preparamos para que
avancem rumo à aprovação.
Contem sempre conosco.
Yasmin Ushara,
Coordenação de Rodadas do Estratégia Carreiras Jurídicas.
PROVA COMENTADA –
PROCURADORIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
QUESTÃO 01. O Supremo Tribunal Federal reconheceu que há um “estado de coisas
inconstitucional do sistema carcerário brasileiro” responsável pela violação massiva de
direitos fundamentais dos presos, ao julgar parcialmente procedente os pedidos contidos
na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF 347/DF. É correto afirmar
sobre o tema:
a) a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) foi considerada o meio
processual adequado a ser adotado no presente caso diante do seu caráter subsidiário e
dinâmico, o qual permite celeridade na emissão de medida cautelar pelo quórum simples
dos membros do Supremo Tribunal Federal, com eficácia pelo prazo de 180 dias.
b) diante do grave impacto sobre a segurança pública, em especial, na formação e expansão
de organizações criminosas que operam de dentro do cárcere e afetam a população de modo
geral, restou determinado que todas as novas medidas deverão ser submetidas previamente
a Audiências Públicas, convocadas pelo Supremo Tribunal Federal, respeitada a
competência privativa da União para legislar sobre direito penitenciário.
c) a intervenção judicial nos processos estruturais é legítima quando se detecta violação dos
direitos fundamentais por uma falha crônica no funcionamento das instituições estatais,
razão pela qual há necessidade de reconhecer o estado de desconformidade constitucional
e acompanhar o detalhamento das medidas, a homologação e o monitoramento da execução
da reformulação das políticas públicas.
d) o Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária deve ser reelaborado pela União, no
âmbito da sua competência privativa, e homologado pelo Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), com ênfase em programas de Justiça Restaurativa a serem realizados pelos Estados
e Distrito Federal.
e) deverão ser realizados estudos e criadas varas judiciárias novas em quantidade
proporcional à população carcerária de cada unidade da federação, pelo Poder Executivo,
visando superar as falhas crônicas no funcionamento das instituições estatais e o
denominado “ponto cego legislativo” gerado pela ausência do devido debate parlamentar
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata do tema da ADPF 347 - estado de coisas
inconstitucional do sistema carcerário brasileiro.
A alternativa A está incorreta. O quórum para medida cautelar requer a maioria absoluta, nos termos
da Lei 9.882/99: “Art. 5º. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus
membros, poderá deferir pedido de medida liminar na argüição de descumprimento de preceito
fundamental. § 1o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período
de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno. § 2o O relator
poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o Advogado-
Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum de cinco dias. § 3o A liminar
poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo
ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a

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matéria objeto da argüição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da
coisa julgada.”
A alternativa B está incorreta. Direito Penitenciário é competência concorrente e não competência
privativa, conforme a Constituição Federal. “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico;” Na ADPF 347, o Supremo verificou grave violação a direitos fundamentais da
população carcerária. Entendeu-se que, reiteradamente, o Poder Público tem abandonado a
população carcerária.
A alternativa C está correta. É o posicionamento adotado na ADPF 347, diante da formulação das
políticas públicas entendidas pelo STF.
A alternativa D está incorreta. Há uma Política Criminal e Penitenciária que deve ser elaborada pela
União, em conjunto com os Estados e com o Distrito Federal, a ser homologada pelo STF, não pelo
CNJ.
A alternativa E está incorreta. Cabe ao CNJ fazer o estudo sobre a criação de varas de execuções
penais. Esta quantidade de VEPs deverá ser proporcional ao número de presos.

QUESTÃO 02. Ao Estado de São Paulo cumpre proporcionar o bem-estar social, garantindo
o pleno acesso aos bens e serviços essenciais ao desenvolvimento individual e coletivo,
sendo correto afirmar que a Constituição paulista assegura:
a) a competência do Estado em garantir o ensino fundamental público e gratuito aos jovens
e adultos que, na idade própria, a ele não tiveram acesso, com organização adequada às
características dos alunos, assim como, ao Município, a competência para definir as normas,
autorização de funcionamento, supervisão e fiscalização da educação da criança de zero a
seis anos.
b) o atendimento médico à mulher, em todas as fases da vida, pelo corpo clínico
especializado da rede pública de saúde, excluída a prática do aborto nos casos excludentes
de antijuridicidade, previstos na legislação penal.
c) a construção de políticas públicas pelo Sistema Estadual de Ensino deve atender a todos
os níveis e modalidades, incluindo a educação para as pessoas com deficiência, ou seja,
inclui a definição de normas gerais de funcionamento das escolas públicas estaduais, com
exceção das escolas particulares, que gozarão de plena autonomia para organizar sistemas
de ensino.
d) diante da natureza emergencial e compensatória, a prevalência dos programas de
assistência social sobre a formulação e aplicação de políticas sociais básicas nas áreas de
saúde, educação, abastecimento, transporte e alimentação.
e) ao paciente, internado em hospitais da rede pública ou privada, a faculdade de ser
assistido, religiosa e espiritualmente, por ministro de culto religioso, assim como o ensino
religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas
públicas de ensino fundamental.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata do tema Constituição do Estado de São Paulo.

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A alternativa A está incorreta. De acordo com art. 248, parágrafo único c/c art. 250 da CE/SP: “Artigo
248 - (...) Parágrafo único - Aos Municípios, cujos sistemas de ensino estejam organizados, será
delegada competência para autorizar o funcionamento e supervisionar as instituições de educação
das crianças de zero a seis anos de idade.”; “Artigo 250 - O Poder Público responsabilizar-se-á pela
manutenção e expansão do ensino médio, público e gratuito, inclusive para os jovens e adultos que,
na idade própria, a ele não tiveram acesso, tomando providências para universalizá-lo.”
A alternativa B está incorreta. De acordo com art. 224 da CE/SP: “Artigo 224 - Cabe à rede pública
de saúde, pelo seu corpo clínico especializado, prestar o atendimento médico para a prática do
aborto nos casos excludentes de antijuridicidade, previstos na legislação penal.”
A alternativa C está incorreta. De acordo com art. 239 da CE/SP: “Artigo 239 - O Poder Público
organizará o Sistema Estadual de Ensino, abrangendo todos os níveis e modalidades, incluindo a
especial, estabelecendo normas gerais de funcionamento para as escolas públicas estaduais e
municipais, bem como para as particulares.”
A alternativa D está incorreta. De acordo com art. 233 da CE/SP: “Artigo 233 - As ações
governamentais e os programas de assistência social, pela sua natureza emergencial e
compensatória, não deverão prevalecer sobre a formulação e aplicação de políticas sociais básicas
nas áreas de saúde, educação, abastecimento, transporte e alimentação.”
A alternativa E está correta. De acordo com artigo 231 c/c art. 244 da CE/SP: “Artigo 231 -
Assegurar-se-á ao paciente, internado em hospitais da rede pública ou privada, a faculdade de ser
assistido, religiosa e espiritualmente, por ministro de culto religioso.”; “Artigo 244 - O ensino
religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas
de ensino fundamental.”

QUESTÃO 03. Segundo Tércio Sampaio Ferraz Jr: “A interpretação legitima meios, alterando
a realidade social, de modo que os fins positivamente vinculados possam ser alcançados.
[...] A interpretação legitima os fins, de modo que a realidade seja alterada, a fim de que os
meios, se não existentes, possam ser adequadamente criados pelo legislador”; nesse
contexto, é correto afirmar sobre o tema da eficácia e aplicabilidade das normas
constitucionais:
a) a eficácia significa correlacionar condições técnicas, axiológicas e fáticas da atuação da
norma jurídica, de modo que não há norma constitucional sem eficácia, como nos casos das
normas constitucionais de princípio institutivo impositivas, as quais indicam sempre o
sentido dos fins sociais e do bem comum que almejam, com normatividade suficiente à sua
incidência imediata.
b) a eficácia exaurida de uma norma objeto de ação de controle abstrato de
constitucionalidade conduz o Supremo Tribunal Federal a decretar a extinção do processo
por perda superveniente do objeto, efeito a ser replicado automaticamente em todos os
processos individuais nos quais se discutem eventuais lesões advindas da mesma norma.
c) a vigência é o modo específico de existência da norma jurídica; a constituição pode ser
promulgada em determinada data, com cláusula de vigência que estabelece outro momento
em que ela começará a vigorar e, com isso, tornar-se apta a produzir os efeitos próprios do
seu conteúdo, conforme modelos adotados nas Constituições brasileiras de 1934, 1946 e
1967.
d) a aplicabilidade é a qualidade do que é executável; significa que a norma tem capacidade
para produzir efeitos, como nos casos das normas constitucionais de eficácia limitada, as

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quais receberam do constituinte normatividade suficiente para reger os interesses relativos
a determinada matéria, mas deixando margem à atuação restritiva por parte da competência
discricionária do Poder Público, razão pela qual possuem aplicabilidade não integral e
indireta.
e) a efetividade da norma constitucional expressa o seu cumprimento pela materialização
dos preceitos legais no mundo dos fatos; simboliza a aproximação entre o dever-ser e o ser
da realidade social, conforme visão doutrinária impulsionada pelas teorias do
neoconstitucionalismo e da teoria dos direitos fundamentais.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. A questão trata do tema eficácia e aplicabilidade das normas
constitucionais.
A alternativa A está incorreta. As normas constitucionais de princípio institutivo são normas de
aplicabilidade futura, cuja implementação integral depende de regulamentação infraconstitucional.
Além disso, as normas de princípios institutivos são direcionadas à criação de órgãos, enquanto
que as normas programáticas é que direcionam a atividade social do Estado.
A alternativa B está incorreta. É preciso considerar o prejuízo individual da norma que está exaurida.
Mas esse prejuízo será aferido durante o período em que a norma declarada inconstitucional
produziu os seus efeitos.
A alternativa C está incorreta. As constituições do Brasil entram em vigor de imediato, sem o período
de espera conhecido como vacatio constitutionis, diferentemente do que ocorre com a vacatio legis
para outras normas. As disposições constitucionais são aplicadas assim que promulgadas, exceto
quando o próprio texto constitucional estabelece um prazo específico para sua entrada em vigor,
como aconteceu com a Constituição de 1969.
A alternativa D está incorreta. A alternativa trouxe o conceito da norma de eficácia contida, a qual
pode receber restrições legais. Por outro lado, a norma de eficácia limitada é aquela que depende
de norma regulamentadora para surtir seus efeitos.
A alternativa E está correta. A efetividade da norma constitucional expressa o seu cumprimento
pela materialização dos preceitos legais. A realidade aproxima-se da norma. Busca-se que as
normas constitucionais tenham, além de eficácia jurídica, a eficácia social, conforme a doutrina do
Ministro Roberto Barroso. Há um viés neoconstitucionalista de defesa dos Direitos Fundamentais
que exige aproximação do texto constitucional com a realidade.

QUESTÃO 04. Assinale a alternativa correta sobre a aferição dos parâmetros constitucionais
do direito ao saneamento básico.
a) O tratamento constitucional diferenciado dado às matérias que envolvem saneamento
básico e saúde reflete a opção pela promoção de estruturas organizacionais autônomas na
condução das diretivas setoriais; assim, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi concebido em
forma de rede regionalizada e hierarquizada, sem ingerência na formulação da política e da
execução das ações de saneamento básico.
b) A participação dos Municípios e dos Estados deve ser ajustada com o fim de promover
programas de saneamento básico específicos, em conformidade com as diretrizes
normativas gerais fixadas pela União e com as leis complementares criadas pelos Estados
para instituir regiões metropolitanas.

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c) A realidade brasileira histórica de desatendimento às essencialidades sanitárias
decorrentes dos problemas de cooperação interfederativa e da falta de sustentabilidade
econômico-financeira dos modelos adotados estabeleceu a diretriz jurisprudencial de que
compete à União legislar e promover programas de saneamento básico, a serem executados
de forma exclusiva pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
d) A regra geral fixada é a da competência concorrente entre os entes da federação para
legislar sobre o saneamento básico, saúde, combate à poluição, proteção ao meio ambiente,
águas e energia, temas interligados, que visam proteger os direitos fundamentais
envolvidos.
e) O arranjo institucional baseado no perfil de dados dos entes federados, e não em sua
localização territorial, faz com que o serviço de saneamento possa se beneficiar de
mecanismos automatizados de tomada de decisão em grande escala, razão pela qual
compete à União legislar e promover programas específicos de saneamento básico, com
foco nas regiões metropolitanas.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata do tema direito ao saneamento básico.
A alternativa A está incorreta. O SUS tem ingerência na formulação da política e da execução das
ações de saneamento básico, conforme estabelecido na Constituição Federal: “Art. 200. Ao sistema
único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: (...) IV - participar da
formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;”
A alternativa B está correta. O artigo 23 da Constituição apresenta o saneamento básico como
competência material comum para todos os entes federativos, bem como o artigo 30, V e VI, informa
ser assunto de interesse local do município. Além disso, o posicionamento do STF na ADI 6583
estabelece que, nas regiões metropolitanas, implementadas por lei complementar, o Estado passa
a ter ingerência no saneamento básico, delimitando normas a serem respeitadas pelos municípios
que formam esta região metropolitana.
A alternativa C está incorreta. Não cabe exclusivamente à Agência Nacional de Águas, a regra é
que o tema é de competência comum, como visto.
A alternativa D está incorreta. Legislar sobre água e energia é competência privativa da União,
conforme artigo 22 da Constituição.
A alternativa E está incorreta. Nas regiões metropolitanas, a competência para os programas de
saneamento básico recai sobre os Estados, por meio de Lei Complementar.

QUESTÃO 05. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, aos
quais é assegurada a autonomia para definir a sua estrutura interna e estabelecer regras
sobre sua organização e funcionamento, sendo correto afirmar sobre as diretrizes
constitucionais estabelecidas:
a) cada partido deve fixar parâmetros transparentes sobre o tempo de propaganda gratuita
no rádio e na televisão, considerando o número de mulheres candidatas, a partir de critérios
específicos a serem definidos pelas suas normas estatutárias, tendo em conta a autonomia
e o interesse partidário.
b) os partidos políticos devem aplicar no mínimo 30% (trinta por cento) dos recursos do
fundo partidário na criação e na manutenção de programas de promoção e difusão da
participação política das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários.

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c) os Deputados Estaduais que se desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos
poderão perder o mandato, de modo que a migração de partido será computada para fins de
distribuição de recursos do fundo partidário ou de outros fundos públicos e de acesso
gratuito ao rádio e à televisão, sendo sempre irrelevante a anuência dos partidos envolvidos.
d) somente terão acesso gratuito ao rádio e à televisão os partidos políticos que
conseguirem eleger, no mínimo, 15 (quinze) Deputados Federais, distribuídos em pelo
menos 1/3 (um terço) das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento)
dos votos válidos em cada uma delas.
e) ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos pela Constituição Federal
para ter acesso gratuito ao rádio e à televisão é assegurado o mandato e facultada a filiação,
sem perda do mandato, a outro partido que os tenha preenchido, não sendo essa filiação
considerada para fins de distribuição dos recursos para o fundo partidário e para o acesso
gratuito ao tempo de rádio e de televisão.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. A questão trata do tema partidos políticos.
A questão cobrou a literalidade do artigo 17 da Constituição Federal.
A alternativa A está incorreta. É preciso seguir a proporcionalidade de candidaturas femininas,
segundo entendimento do STF na ADI 5617.
A alternativa B está incorreta. O percentual é de 5%, conforme o texto constitucional: “Art. 17. (...)
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos do fundo
partidário na criação e na manutenção de programas de promoção e difusão da participação política
das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 117, de 2022)”
A alternativa C está incorreta. Deputados Estaduais que se desligarem dos partidos pelos quais
foram eleitos, poderão perder seus mandatos. Veja o que diz a Constituição Federal: “Art. 17. (...)
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os Vereadores que
se desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos de
anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em lei, não computada,
em qualquer caso, a migração de partido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário
ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 111, de 2021)”
A alternativa D está incorreta. Os critérios são alternativos para a cláusula de desempenho,
consoante a Constituição: “Art. 17. (...) § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que
alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) I - obtiverem,
nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por
cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97,
de 2017) II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos
um terço das unidades da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)”
A alternativa E está correta. Literalidade do texto constitucional: “Art. 17. (...) § 5º Ao eleito por
partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e
facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa
filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito
ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)”

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QUESTÃO 06. Assinale a alternativa correta quanto ao desenho constitucional estabelecido
para a promoção e o incentivo de ações com vistas ao desenvolvimento científico,
capacitação tecnológica e inovação.
a) As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por
escolas públicas, escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas poderão receber
apoio financeiro do Poder Público, opção não extensível às universidades e instituições de
educação profissional e tecnológica.
b) O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) deve ser organizado pela
União com vistas a promover a cultura de inovação e visão empreendedora, no âmbito da
sua competência privativa, devendo prever a participação colaborativa de entes públicos e
privados em Conselhos, inclusive para a composição de distribuição orçamentária e
financeira.
c) A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência,
tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a
essas funções, mediante prévia autorização legislativa.
d) O Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional pode ser destinado para a promoção de
ações com vistas ao desenvolvimento científico e tecnológico e à inovação, mediante a
entrega de recursos da União aos Estados e ao Distrito Federal, fixados por parâmetros
constitucionais denominados coeficientes individuais de participação, regulamentados e
calculados pelo Tribunal de Contas da União.
e) As pesquisas na área de ciência, tecnologia e inovação devem ser essencialmente
direcionadas para a solução dos problemas nacionais e para o desenvolvimento do sistema
produtivo regional, razão pela qual não cabe ao Poder Público incentivar, promover e
financiar a atuação das instituições públicas nessa área, no exterior.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata dos temas ciência, tecnologia e inovação.
A alternativa A está incorreta. As Universidades também poderão receber apoio financeiro,
conforme estabelecido na Constituição Federal: “Art. 213. (...) § 2º As atividades de pesquisa, de
extensão e de estímulo e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições de
educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro do Poder
Público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)”
A alternativa B está incorreta. Não é o que estabelece a Constituição: “Art. 219-B. O Sistema
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) será organizado em regime de colaboração
entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o desenvolvimento científico e
tecnológico e a inovação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) § 1º Lei federal
disporá sobre as normas gerais do SNCTI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de
2015) § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão concorrentemente sobre suas
peculiaridades. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)”
A alternativa C está incorreta. Não se exige autorização de lei para transferência de recursos de
uma área para outra dentro da pesquisa científica. Estabelece a Constituição: “Art. 167. (...) § 5º A
transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação
para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com

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o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder
Executivo, sem necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste
artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)”
A alternativa D está correta. Trata-se da literalidade do texto constitucional, cobrou-se atualização
feita pela EC 132/2023: “Art. 159-A. Fica instituído o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional,
com o objetivo de reduzir as desigualdades regionais e sociais, nos termos do art. 3º, III, mediante
a entrega de recursos da União aos Estados e ao Distrito Federal para: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 132, de 2023)”
A alternativa E está incorreta. O incentivo para pesquisa no exterior está previsto no texto
constitucional: “ Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a
pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 85, de 2015) (...) § 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior das
instituições públicas de ciência, tecnologia e inovação, com vistas à execução das atividades
previstas no caput. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)”

QUESTÃO 07. Assinale a alternativa correta no que se refere à posição da jurisprudência


brasileira sobre o tema “direito ao esquecimento”.
a) O direito ao esquecimento é parte da proteção dos dados pessoais em face da memória
coletiva, enfatizado pelos efeitos da chamada era das informações; assim, no conflito entre
liberdades comunicativas, há o direito de não ser lembrado contra a própria vontade nos
casos de natureza criminal, com predileção constitucional para soluções protetivas da
dignidade da pessoa humana.
b) O acesso à informação é assegurado a todos, em consonância com a livre expressão da
atividade de comunicação, independentemente de censura, o que implica ao intérprete
considerar, em seu esforço hermenêutico, o denominado direito à verdade histórica no
âmbito do princípio da solidariedade entre gerações, não sendo possível, do ponto de vista
jurídico, que uma geração negue à próxima o direito de saber a sua história.
c) A concepção da Constituição Federal brasileira é compatível com a teoria do direito ao
esquecimento, a qual possibilita impedir a divulgação de qualquer fato ou dado desabonador
ou desagradável em meios de comunicação digital, por força da passagem do tempo e do
respeito aos direitos de proteção à personalidade.
d) A Suprema Corte brasileira acatou a acepção de que é necessário proteger o direito de
personalidade nos casos de acesso ilimitado da mídia à pessoa do criminoso e à sua
privacidade, de modo que a tutela aos direitos da personalidade prepondera sobre a
liberdade de comunicação, adotando-se a tese fixada pelo Tribunal Constitucional Federal
da Alemanha, nos históricos casos denominados “Casos Lebach I e II”.
e) É legítima a conduta dos veículos da imprensa em divulgar fatos ocorridos no passado,
direito que não perece pelo transcurso do tempo, razão pela qual, na ponderação entre
conflitos de direitos fundamentais, afasta-se integralmente a tese da responsabilidade, por
não se tratar de dano injusto, mas de exercício regular de direito que afasta a ideia da
censura.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata do direito ao esquecimento previsto no Tema 786
do STF (Recurso Extraordinário 1.010.606-RJ).

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Fatos da vida pessoal seriam apagados da história para não serem mais revividos. Entendeu o STF
que este direito ao esquecimento criaria uma forma de censura que seria sempre inconstitucional.
A alternativa A está incorreta. A alternativa trouxe o conceito do direito ao esquecimento, porém ele
não tem aplicabilidade no Brasil.
A alternativa B está correta. Trata-se de paráfrase daquilo que foi decidido pelo STF. Deve-se
observar que a garantia do acesso à informação para todos está alinhada com a liberdade de
expressão e comunicação, livre de censura. Isso exige que, na interpretação das normas, se leve
em conta o chamado direito à verdade histórica, fundamentado no princípio da solidariedade
intergeracional. Juridicamente, não é aceitável que uma geração prive a seguinte do direito de
conhecer sua própria história.
A alternativa C está incorreta. Pelo contrário, entendeu o STF que a nossa Constituição não é
compatível com o direito ao esquecimento.
A alternativa D está incorreta. Mais uma vez, não se adotou a tese do direito ao esquecimento.
A alternativa E está incorreta. Não se afasta integralmente a responsabilidade dos meios de
comunicação que divulgam informações pessoais de terceiros. Todavia, embora não se possa fazer
uma censura prévia, havendo excessos, quem os tiver praticado, irá responder, incluindo a
impressa.

QUESTÃO 08. Segundo a Constituição do Estado de São Paulo, é correto afirmar sobre os
parâmetros do processo legislativo das leis orçamentárias:
a) as emendas individuais ao projeto de lei orçamentária destinadas às ações e aos serviços
públicos de saúde devem corresponder no mínimo a 0,45% (quarenta e cinco centésimos
por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo
e podem ser utilizadas somente em projetos que envolvam despesas de custeio, capital e
pagamento de pessoal.
b) a lei que instituir o plano plurianual estabelecerá as metas e prioridades da administração
pública estadual, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
c) é vedada a realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de
capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com fim
preciso, aprovados pelo Poder Legislativo, por maioria absoluta.
d) os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais, bem como suas emendas, serão apreciados pela Assembleia
Legislativa, podendo o Governador enviar mensagens ao Legislativo para propor
modificações até o início da deliberação pelo Plenário.
e) os recursos que ficarem sem despesas correspondentes em decorrência de veto, emenda
ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual não poderão ser utilizados mediante créditos
especiais ou suplementares.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata do tema Constituição do Estado de São Paulo.

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A alternativa A está incorreta. De acordo com art. 175, § 6º, da CE/SP: “§ 6° - As emendas
individuais ao projeto de lei orçamentária serão de 0,45% (quarenta e cinco centésimos por cento)
da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo, sendo que, no
mínimo, a metade do percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde.”
A alternativa B está incorreta. De acordo com art. 174, § 2º, da CE/SP: “§2° - A lei de diretrizes
orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública estadual, incluindo
as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei
orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de
aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.”
A alternativa C está correta. De acordo com art. 176, III, da CE/SP: “Artigo 176 - São vedados: III -
a realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com fim preciso,
aprovados pelo Poder Legislativo, por maioria absoluta;”
A alternativa D está incorreta. De acordo com art. 175, § 3º, da CE/SP: “§3° - O Governador poderá
enviar mensagem ao Legislativo para propor modificações nos projetos a que se refere este artigo,
enquanto não iniciada, na Comissão competente, a votação da parte cuja alteração é proposta.”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 175, § 5º, da CE/SP: “§5° - Os recursos que, em
decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem
despesas correspondentes, poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais
ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.”

QUESTÃO 09. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência de um direito


fundamental autônomo à proteção de dados pessoais e à autodeterminação informacional,
que restou positivado pela Emenda Constitucional no 115, de 10 de fevereiro de 2022, por
meio do artigo 5o , inciso LXXIX. Nesse contexto, assinale a alternativa correta quanto ao
tratamento de dados pessoais pelo Estado brasileiro.
a) O compartilhamento de informações pessoais em atividades de inteligência deve observar
a adoção de medidas proporcionais e estritamente necessárias ao atendimento do interesse
público, bem como a instauração de procedimento administrativo formal, acompanhado de
prévia e exaustiva motivação, para permitir o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.
b) O tratamento de dados pessoais pelo Estado é essencial para a execução de políticas e
prestação de serviços, razão pela qual prevalece o interesse público de acesso à informação
como bem jurídico a ser tutelado no exercício de prerrogativas estatais típicas, em desfavor
da privacidade e da proteção de dados pessoais.
c) Por força de evolução do tema, o Supremo Tribunal Federal fixou a tese de que houve
mutação constitucional para reconhecer a subtração de eventuais aplicações ou
interpretações que conflitem com o direito fundamental à proteção de dados pessoais, do
campo semântico das normas.
d) O fortalecimento da tutela da privacidade considera a natureza ostensiva ou reservada
dos dados pessoais para fins de análise do direito à autodeterminação informática; assim,
quando há o envolvimento de informações simples ou triviais, pelo baixo grau de
sensibilidade, prevalece a interpretação que zela pelo princípio da eficiência e do interesse
público envolvido.

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119
e) Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, enquanto
instrumento de tutela material do direito à autodeterminação informativa de retificação de
dados ou para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público, assegurando o controle de legalidade pelo Poder Judiciário.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata do tema dados pessoais. Houve cobrança do
decidido na ADI 6649 do STF.
A alternativa A está correta. Paráfrase da decisão do STF. Nestes termos, a divulgação de dados
pessoais no contexto das atividades de inteligência deve ser regida pela implementação de ações
que sejam proporcionais e indispensáveis à satisfação do interesse público. Ademais, é necessário
que seja estabelecido um procedimento administrativo formal, com uma fundamentação prévia e
detalhada, a fim de possibilitar a verificação de sua legalidade pelo Judiciário.
A alternativa B está incorreta. Nem sempre haverá a prevalência do interesse público sobre a
privacidade dos indivíduos. Esta é a essência da ponderação entre entre princípios constitucionais.
O caso concreto é que ditará a solução.
A alternativa C está incorreta. O que houve foi interpretação conforme a constituição e não mutação
constitucional. A interpretação conforme a Constituição ajusta a compreensão de normas
infraconstitucionais à Constituição, sem alterá-las, enquanto a mutação constitucional modifica o
sentido da própria Constituição sem mudança textual, refletindo novas interpretações ou práticas
sociais.
A alternativa D está incorreta. A defesa da informação pessoal desconsidera a natureza ostensiva
de direitos da coletividade. Ou seja, ao defender as informações de caráter pessoal, dados
pessoais, protege-se o particular contra ingerências do Poder Público.
A alternativa E está incorreta. O habeas data e mandado de segurança tem preferência, mas que
não ultrapassa a preferência do habeas corpus. Vejamos o que diz a Lei n. 9.507/97: “Art. 19. Os
processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-corpus e
mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira
sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator.”

QUESTÃO 10. A respeito do controle judicial de constitucionalidade, sob a ótica da


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa correta.
a) A técnica denominada superação total (overruling) pressupõe respeitar de forma
impositiva a força vinculante do precedente fixado pela Corte Constitucional, de modo a
garantir a manutenção da segurança jurídica alicerçada no sistema da dupla coerência
(previsibilidade e proteção da confiança legítima).
b) A declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução do texto é uma técnica
decisória que sempre parte da interpretação conforme a Constituição, para reconhecer a
improcedência da ação constitucional, com a fixação de ressalvas expressas sobre a
interpretação do conteúdo de determinado dispositivo normativo.
c) A lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência por força dos
efeitos repristinatórios da declaração de inconstitucionalidade em abstrato, lógica aplicável
a toda a cadeia normativa pertinente.

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119
d) A possibilidade de modulação de efeitos temporais da declaração de
inconstitucionalidade não implica o afastamento da supremacia da Constituição, mas uma
ponderação entre a norma violada e as normas constitucionais que protegem os efeitos
produzidos pela lei inconstitucional.
e) A declaração de inconstitucionalidade por arrastamento ou reverberação normativa tem
lugar quando peculiaridades fáticas ou sociais impõem o deslocamento da norma
inconstitucional para ser validada em outro momento, com a finalidade de evitar a situação
de anomia ou dano ainda maior à ordem constitucional.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata do tema controle de constitucionalidade.
A alternativa A está incorreta. O overruling ocorre quando um precedente judicial é completamente
superado por uma nova decisão, indicando uma mudança na jurisprudência. Embora o efeito
vinculante de decisões anteriores obrigue as instâncias inferiores, ele não restringe o Supremo
Tribunal Federal (STF), que possui autonomia para revisar e alterar seus próprios entendimentos.
A alternativa B está incorreta. Na declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto, quando
a ação é julgada procedente, o que é declarado inconstitucional é uma ou outra interpretação dada
ao dispositivo infraconstitucional impugnado.
A alternativa C está incorreta. Declarada a inconstitucionalidade da norma, um dos efeitos da
decisão é o efeito temporal retroativo desde a origem, eficácia “ex tunc”, e repristinatório de norma
anterior. Assim, a norma revogada volta a valer devido à perda da eficácia da norma revogadora.
A alternativa D está correta. Para garantir o interesse da coletividade ou a segurança jurídica é
possível fazer a modulação do efeito temporal, criando efeito para o futuro, conforme ADI 2231.
Assim, não necessariamente, a decisão de controle de eficácia terá efeitos “ex tunc”.
A alternativa E está incorreta. Na verdade, a declaração de inconstitucionalidade por arrastamento
ou reverberação normativa ocorre quando a inconstitucionalidade de uma norma específica leva à
invalidação de outras normas relacionadas ou dependentes, sem que estas tenham sido
diretamente questionadas, devido à sua conexão lógica ou funcional com a norma originalmente
considerada inconstitucional.

QUESTÃO 11. O Estado "X" pretende realizar acordo de cooperação com organização da
sociedade civil (OSC), sob as regras da Lei nº 13.019/2014. Assinale a alternativa que
apresenta cláusula confeccionada para fins de inclusão na minuta do instrumento de
parceria que se revela adequada ao negócio jurídico a ser celebrado.
a) "A entidade parceira declara preencher o requisito de prazo mínimo de existência, com
cadastro ativo na Secretaria de Receita Federal do Brasil, nos termos da Lei nº 13.019/2014".
b) "Fica dispensada a apresentação de plano de trabalho pela entidade parceira, que poderá
ser substituído por carta de intenções subscrita pelo dirigente da entidade, a ser
disponibilizada no prazo de cinco dias a contar da assinatura do ajuste".
c) "A parceria produzirá efeitos jurídicos a partir da data de assinatura, sem prejuízo da
oportuna publicação do ajuste no diário oficial do Estado".
d) "Em vista da vedação legal à celebração de parcerias com organizações de cunho
religioso, a entidade parceira declara não ostentar tal natureza".

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e) "As atividades previstas no plano de trabalho serão inteiramente financiadas pela OSC
parceira, a quem caberá, portanto, a responsabilidade pela captação dos recursos
necessários para sua execução".
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema da celebração de parcerias entre a Administração e entidades da
sociedade civil sem fins lucrativos, à luz da Lei 13.019/2014.
A alternativa A está incorreta, pois, em se tratando de acordo de cooperação, inexiste a alegada
exigência de prazo mínimo de existência, com cadastro ativo na Secretaria de Receita Federal do
Brasil. A rigor, por força do art. 33, I e §1º, da referida lei federal, exige-se apenas que a entidade
possua objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância pública e social.
A alternativa B está incorreta, porquanto, nos termos do parágrafo único do art. 42 da sobredita lei
federal, “Constará como anexo do termo de colaboração, do termo de fomento ou do acordo de
cooperação o plano de trabalho, que deles será parte integrante e indissociável.” Logo, é
equivocado sustentar a possibilidade de dispensa da apresentação de plano de trabalho pela
entidade parceira.
A alternativa C está incorreta, uma vez que afronta a regra do art. 38 da Lei 13.019/2014, na linha
do qual “O termo de fomento, o termo de colaboração e o acordo de cooperação somente
produzirão efeitos jurídicos após a publicação dos respectivos extratos no meio oficial de
publicidade da administração pública”. Assim sendo, o marco inicial da produção de efeitos jurídicos
consiste na publicação dos extratos, e não na data de assinatura do instrumento.
A alternativa D está incorreta, na medida em que o art. 2º, I, “c”, da Lei 13.019/2014 prevê como
organização da sociedade civil as organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a
projetos de interesse público e de cunho social distintas das destinadas a fins exclusivamente
religiosos, de maneira que inexiste a alegada vedação legal à celebração de parcerias com
organizações de cunho religioso.
A alternativa E está correta, pois, de fato, os acordos de cooperação constituem instrumentos de
parceria que não preveem transferências de recursos financeiros por parte da Administração à
entidade privada, de modo que cabe à respectiva organização da sociedade civil o ônus captação
dos recursos necessários à execução do respectivo projeto ou atividade.

QUESTÃO 12. A Lei estadual de Processos Administrativos (Lei nº 10.177/1998) determina


que
a) o descumprimento injustificado, pela Administração, dos prazos previstos na lei gera
responsabilidade disciplinar, imputável aos agentes públicos encarregados do assunto e a
nulidade do procedimento em que ocorreu o atraso.
b) os procedimentos sancionatórios serão acessíveis a qualquer pessoa que demonstre
legítimo interesse.
c) a instância máxima para conhecer do recurso administrativo, no caso da Administração
descentralizada, será o Secretário de Estado a que esteja vinculada a pessoa jurídica.
d) a Administração anulará seus atos inválidos, de ofício ou por provocação de pessoa
interessada, ainda que deles não resulte qualquer prejuízo.

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119
e) o interessado poderá considerar deferido o requerimento na esfera administrativa, se
ultrapassado o prazo legal sem decisão da autoridade competente, salvo previsão legal ou
regulamentar em contrário.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata do tema Processos Administrativos no Estado de São Paulo (Lei Estadual nº
10.177/98).
A alternativa A está incorreta. De acordo com art. 90 da Lei Estadual nº 10.177/98: “Artigo 90 - O
descumprimento injustificado, pela Administração, dos prazos previstos nesta lei gera
responsabilidade disciplinar, imputável aos agentes públicos encarregados do assunto, não
implicando, necessariamente, em nulidade do procedimento.”
A alternativa B está correta. De acordo com art. 64 da Lei Estadual nº 10.177/98: “Artigo 64 - O
procedimento sancionatório será sigiloso até decisão final, salvo em relação ao acusado, seu
procurador ou terceiro que demonstre legítimo interesse.”
A alternativa C está incorreta. De acordo com art. 40 da Lei Estadual nº 10.177/98: “Artigo 40 -
Salvo disposição legal em contrário, a instância máxima para o recurso administrativo será: I - na
Administração centralizada, o Secretário de Estado ou autoridade a ele equiparada, excetuados os
casos em que o ato tenha sido por ele praticado originariamente; e II - na Administração
descentralizada, o dirigente superior da pessoa jurídica.”
A alternativa D está incorreta. De acordo com art. 10, II, da Lei Estadual nº 10.177/98: “Artigo 10 -
A Administração anulará seus atos inválidos, de ofício ou por provocação de pessoa interessada,
salvo quando: II - da irregularidade não resultar qualquer prejuízo;”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 33, § 1º, da Lei Estadual nº 10.177/98: “Artigo 33
- O prazo máximo para decisão de requerimentos de qualquer espécie apresentados à
Administração será de 120 (cento e vinte) dias, se outro não for legalmente estabelecido. § 1° -
Ultrapassado o prazo sem decisão, o interessado poderá considerar rejeitado o requerimento na
esfera administrativa, salvo previsão legal ou regulamentar em contrário.”

QUESTÃO 13. A propósito da responsabilidade por ato de improbidade, a Lei nº 8.429/1992,


em sua redação vigente, veda a responsabilização
a) dos sócios, cotistas, diretores e colaboradores de pessoa jurídica de direito privado a que
tenha sido imputado ato de improbidade, salvo se, comprovadamente, houver participação
e benefícios diretos, caso em que responderão nos limites da sua participação.
b) dos integrantes do Poder Judiciário e Tribunais de Contas, ainda que em exercício de
funções administrativas.
c) dos administradores de empresas públicas e de sociedade de economia mista pela prática
de atos de gestão comercial.
d) do sucessor ou herdeiro do condenado por ato improbo, em observância do princípio da
intranscendência penal.
e) dos agentes políticos sujeitos a processo por crime de responsabilidade, nos casos
previstos na Constituição Federal.
Comentários

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A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda disposições da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa – LIA).
A alternativa A está correta, pois se mostra em absoluta sintonia com a regra do art. 3º, §1º, da LIA,
segundo o qual “Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa jurídica de direito
privado não respondem pelo ato de improbidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo
se, comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso em que responderão nos
limites da sua participação.”
A alternativa B está incorreta, uma vez que membros do Poder Judiciário, assim como de Tribunais
de Contas, são agentes públicos e, por conseguinte, não se furtam à incidência das disposições
contidas na LIA, mormente quando no exercício de funções meramente administrativas.
A alternativa C está incorreta, porquanto inexiste a alegada vedação à responsabilização de
administradores de empresas públicas e de sociedade de economia mista pela prática de atos de
gestão comercial. Trata-se de agentes públicos, estando, pois, abraçados pelo conceito amplo
contido no art. 2º da LIA.
A alternativa D está incorreta, na medida em que a LIA é explícita ao contemplar, em seu art. 8º, a
possibilidade de responsabilização de herdeiros e sucessores, desde que observado o limite do
valor da herança ou do patrimônio transferido, in verbis: “O sucessor ou o herdeiro daquele que
causar dano ao erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de
repará-lo até o limite do valor da herança ou do patrimônio transferido.”
A alternativa E está incorreta, pois não apenas inexiste a pretensa vedação genérica à punição de
agentes políticos, ainda que respondam (também) por crime de responsabilidade, como, na
verdade, o STF possui entendimento firmado no sentido da independência de tais instâncias. No
ponto, confira-se: “O processo e julgamento de prefeito municipal por crime de responsabilidade
(Decreto-lei 201/67) não impede sua responsabilização por atos de improbidade administrativa
previstos na Lei 8.429/1992, em virtude da autonomia das instâncias” (RE 976566, rel. Ministro
Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 13-09-2019, publicado em 26-09-2019).

QUESTÃO 14. O Serviço de Patrimônio do Estado "X" constata que, em determinado


perímetro territorial, há glebas de terras que considera devolutas, havendo incerteza
dominial, decorrente da possível sobreposição de terras privadas na mesma área, cuja
titulação é de legitimidade duvidosa, em virtude do histórico de "grilagem" da região. Diante
dessa situação e caso tenha se revelado inviável a solução administrativa da questão, a
Procuradoria Geral do Estado deverá ajuizar ação
a) reivindicatória.
b) discriminatória.
c) demarcatória.
d) possessória.
e) divisória.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema do instrumento processual adequado para fins de se determinar os limites
e a abrangência de terras devolutas.

16
119
A alternativa B está correta, pois se revela devidamente embasada na regra do art. 1º da Lei
6.383/76, na linha do qual “O processo discriminatório das terras devolutas da União será regulado
por esta Lei.”
As alternativas A, C, D e E estão, por conseguinte, incorretas, porquanto indicaram outros
instrumentos processuais como supostamente adequados à finalidade descrita no enunciado da
questão, o que não é verdade. Trata-se de hipótese de questão em que a identificação do item
correto elimina, por si só, as demais opções arroladas pela Banca.

QUESTÃO 15. Com o intuito de promover programa de moradia destinado à população de


baixa renda, o Estado "X" pretende implantar um conjunto habitacional em terreno
pertencente a determinado Município. Para execução de sua obra, celebrou contratação
integrada com a empreiteira "W", sendo que o contrato prevê que a contratada deverá
promover a desapropriação do terreno em questão. No citado terreno, há um núcleo urbano
informal, ocupado predominantemente por população de baixa renda. Diante de tal situação
e nos termos da legislação aplicável,
a) não é possível delegar à empreiteira contratada os poderes expropriatórios, visto que
apenas as delegatárias de serviço público podem exercer tal incumbência.
b) a autorização legislativa para a desapropriação não será necessária, visto que promover
programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais é matéria
de competência comum dos entes envolvidos na situação.
c) corre o prazo de dois anos, a partir da decretação da referida desapropriação, para
efetivação da aludida desapropriação e início das providências de aproveitamento do bem
expropriado.
d) a existência de núcleo urbano informal não exige providências por parte do ente
expropriante, visto que a questão da posse não é objeto da ação de desapropriação.
e) tendo em vista a natureza de desapropriação por interesse social para cumprimento da
função social da propriedade urbana, deverá ser aprovada lei municipal específica
autorizando a desapropriação.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema da desapropriação, em especial no tocante à destinação de terreno para
fins de implantação de programa de moradia a cidadãos de baixa renda.
A alternativa A está incorreta, pois a Lei 14.133/2021, em seu art. 25, §5º, II, é explícita ao
possibilitar que o edital estabeleça a responsabilidade do contratado pela realização da
desapropriação autorizada pelo poder público.
A alternativa B está incorreta, na medida em que a autorização legislativa se faz necessária, sim,
em se tratando de desapropriação de bem público, por força do art. 2º, §2º, do Decreto-lei 3.365/41:
“Será exigida autorização legislativa para a desapropriação dos bens de domínio dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal pela União e dos bens de domínio dos Municípios pelos Estados.”
A alternativa C está correta, uma vez que, em se tratando de hipótese de desapropriação por
interesse social, aplica-se o prazo previsto no art. 3º da Lei 4.132/62, litteris: “O expropriante tem o
prazo de 2 (dois) anos, a partir da decretação da desapropriação por interesse social, para efetivar
a aludida desapropriação e iniciar as providências de aproveitamento do bem expropriado.”

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A alternativa D está incorreta, porquanto em desacordo à regra do art. 4º-A do Decreto-lei 3.365/41,
em vista do qual “Quando o imóvel a ser desapropriado caracterizar-se como núcleo urbano
informal ocupado predominantemente por população de baixa renda, nos termos do §2º do art. 9º
da Lei 13.465, de 11 de julho de 2017, e seu regulamento, o ente expropriante deverá prever, no
planejamento da ação de desapropriação, medidas compensatórias.” Logo, está errado afirmar que
a hipótese não exigiria providências por parte do ente expropriante.
A alternativa E está incorreta, uma vez que, tratando-se de desapropriação promovida por estado-
membro, não é verdade que haja necessidade de aprovação prévia de lei municipal específica
autorizando a desapropriação. A rigor, a autorização legislativa a ser concedida deve partir do
próprio ente expropriante, no caso, o estado-membro, na forma do art. 2º, §2º, do Decreto-lei
3.365/41, acima já transcrito.

QUESTÃO 16. Assinale a alternativa correta a respeito dos critérios de julgamento das
licitações de acordo com a Lei nº 14.133/2021 (Lei de Licitações e Contratos).
a) O julgamento por maior retorno econômico, utilizado para a celebração de quaisquer
contratos que impliquem dispêndio financeiro, considerará a maior economia para a
Administração, e a remuneração deverá ser fixada em percentual que incidirá de forma
proporcional à economia efetivamente obtida na execução do contrato.
b) No julgamento por melhor técnica, uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-
se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes e à negociação das condições
propostas, com a proponente mais bem classificada, tendo como referência o limite
representado pela proposta de menor preço entre os licitantes que obtiveram a valorização
mínima.
c) O julgamento por maior desconto terá como referência o preço global fixado no edital de
licitação, sendo vedado o aditamento do contrato resultante da disputa realizada com base
nesse critério.
d) O julgamento por menor preço ou maior desconto e, quando couber, por técnica e preço
considerará o menor dispêndio para a Administração, considerados apenas os custos
diretos e atendidos os parâmetros mínimos de qualidade definidos no edital de licitação.
e) No julgamento por técnica e preço, deverão ser avaliadas e ponderadas as propostas
técnicas e, em seguida, as propostas de preço apresentadas pelos licitantes, na proporção
máxima de 70% (setenta por cento) de valoração para a proposta técnica.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema dos critérios de julgamento de licitações, nos termos da Lei 14.133/2021.
A alternativa A está incorreta, pois o julgamento por maior retorno econômico somente se destina
a contratos de eficiência, a teor do art. 39, caput, da citada lei federal: “O julgamento por maior
retorno econômico, utilizado exclusivamente para a celebração de contrato de eficiência,
considerará a maior economia para a Administração, e a remuneração deverá ser fixada em
percentual que incidirá de forma proporcional à economia efetivamente obtida na execução do
contrato.”
A alternativa B está incorreta, uma vez que o julgamento por melhor técnica não tem por referência
o limite representado pela proposta de menor preço entre os licitantes que obtiveram a valorização
mínima.

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A alternativa C está incorreta, eis que em franco desacordo à regra do art. 34, §2º, da nova Lei de
Licitações, da leitura do qual vê-se que o julgamento por maior desconto admite, sim, extensão aos
termos aditivos: “O julgamento por maior desconto terá como referência o preço global fixado no
edital de licitação, e o desconto será estendido aos eventuais termos aditivos.”
A alternativa D está incorreta, porquanto não devem ser considerados exclusivamente os custos
indiretos, tal como afirmado nesta assertiva, o que se vê do art. 34, §1º, da Lei 14.133/2021: “Os
custos indiretos, relacionados com as despesas de manutenção, utilização, reposição, depreciação
e impacto ambiental do objeto licitado, entre outros fatores vinculados ao seu ciclo de vida, poderão
ser considerados para a definição do menor dispêndio, sempre que objetivamente mensuráveis,
conforme disposto em regulamento.” Como daí se extrai, a lei abre a possibilidade expressa de
outros fatores também serem objeto de consideração.
A alternativa E está correta, pois exibe a literalidade do art. 36, §2º, do mencionado diploma legal:
“No julgamento por técnica e preço, deverão ser avaliadas e ponderadas as propostas técnicas e,
em seguida, as propostas de preço apresentadas pelos licitantes, na proporção máxima de 70%
(setenta por cento) de valoração para a proposta técnica.”

QUESTÃO 17. Após regular licitação, o Estado "X" firmou contrato de obra para construção
de um hospital público com determinada empreiteira, em regime de empreitada integral, com
previsão de prestação de seguro-garantia, nos termos da Lei nº 14.133/2021. No caso, não
houve elaboração de matriz de riscos para orientar a alocação dos riscos contratuais.
Durante a execução do contrato, a falência de subcontratado escolhido pela empreiteira
acabou ocasionando o atraso na entrega de parcelas da obra e o aumento dos custos de
execução contratual. Em vista disso, a contratada pleiteou o restabelecimento do equilíbrio
econômico-financeiro inicial do contrato, de modo a que seja alterado o preço inicialmente
ofertado, para contemplar os encargos decorrentes da situação imprevista. Diante de tal
pleito, a Administração deverá
a) negar o reequilíbrio solicitado, pois o seguro-garantia contratado fornece cobertura a esse
tipo de evento.
b) conceder o reequilíbrio solicitado, pois a situação configura hipótese contemplada na
teoria do risco administrativo, impondo-se a responsabilidade objetiva estatal.
c) negar o reequilíbrio solicitado, pois, no caso de contratação em regime de empreitada
integral, não cabe reequilíbrio econômico-financeiro em nenhuma hipótese.
d) negar o reequilíbrio solicitado, uma vez que a contratação em regime de empreitada
integral pressupõe a assunção pela contratada dos riscos relativos às decisões adotadas
para execução do objeto.
e) conceder o reequilíbrio solicitado, pois o evento se qualifica como álea administrativa,
suportada pela teoria da imprevisão.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema da empreitada integral como regime de execução de obra pública, assim
como as consequências, daí decorrentes, em caso de atraso na entrega do objeto contratado.
A alternativa A está incorreta, pois a existência do seguro-garantia não é justificativa para a negativa
do pedido de reequilíbrio econômico-financeiro. O fundamento correto, na realidade, consiste na

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própria responsabilidade da empreiteira contratada, em se tratando de obra por regime de
empreitada integral, de modo que não lhe é dado transferir riscos do negócio à Administração.
A alternativa B está incorreta, uma vez que o pedido de reequilíbrio, na verdade, deveria ser negado,
considerando a assunção de riscos inerentes ao negócio, pela empreiteira, em se tratando de
regime de empreitada integral.
A alternativa C está incorreta, porquanto também não é acertado dizer que, na empreitada integral,
não seja cabível o reequilíbrio da equação econômico-financeira do contrato em nenhuma hipótese.
A rigor, o caso descrito no enunciado, consistente em falência de empresa contratada, é que não
legitimaria tal pedido de reequilíbrio, por se tratar de acontecimento abarcado pelos riscos inerentes
ao regime de empreitada integral, derivados da opção de subcontratar parcela dos serviços.
A alternativa D está correta, eis que devidamente amparada na própria noção conceitual do regime
de empreitada integral, tal como se visualiza do art. 6º, XXX, da Lei 14.133/2021: “contratação de
empreendimento em sua integralidade, compreendida a totalidade das etapas de obras, serviços e
instalações necessárias, sob inteira responsabilidade do contratado até sua entrega ao contratante
em condições de entrada em operação, com características adequadas às finalidades para as quais
foi contratado e atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização com segurança
estrutural e operacional;”.
A alternativa E está incorreta, pois o pedido não deveria ser acatado, tendo em vista que a hipótese
não legitimaria a aplicação da teoria da imprevisão, tratando-se, na verdade, de riscos ordinários
que devem ser suportados pela empreiteira contratada no bojo de contrato de obra pública por
empreitada integral.

QUESTÃO 18. A respeito do tratamento que a Constituição dá ao tema dos serviços públicos,
o Supremo Tribunal Federal, por decisão proferida em sede de controle concentrado de
constitucionalidade, fixou ser
a) constitucional legislação federal que estabelece gratuidade do direito de passagem para
instalação de infraestrutura de telecomunicações em faixas de domínio e bens públicos de
uso do povo, ainda que de titularidade de outros entes federativos.
b) constitucional legislação estadual que confere ao Governador do Estado o poder de
isentar tarifas de energia elétrica aos usuários que tenham sido afetados por calamidades
públicas.
c) constitucional legislação estadual que obrigue as concessionárias de serviços públicos
de fornecimento de água a oferecer aos consumidores a opção de pagamento da dívida por
cartão de crédito ou débito, antes da suspensão do serviço.
d) inconstitucional a constituição de fundação pública de direito privado para a prestação de
serviço público de saúde.
e) inconstitucional a transferência da concessão, prevista no artigo 27 da Lei nº 8.987/1995,
visto que o instituto viola o princípio da licitação e a natureza intuitu personae desse
contrato.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema do tratamento que a Constituição dá ao tema dos serviços públicos, à luz
da jurisprudência do STF.

20
119
A alternativa A está correta, na medida em que afinada com o que restou decidido pelo STF,
conforme trecho de julgado a seguir: “O art. 12, caput, da Lei 13.116/2015 institui verdadeiro ônus
real sobre o direito de propriedade dos bens de Estados e Municípios nas vias públicas, faixas de
domínio e outros bens públicos de uso comum do povo. Dado que o direito de propriedade não se
revela de caráter absoluto, essa restrição ‘pode ser admitida constitucionalmente quando decorrer
da necessidade de prestação de serviço público no interesse da coletividade. Este privilégio ainda
se reveste da maior importância quando se trata de ocupação de bens públicos de qualquer
natureza quando esta ocupação for indispensável à própria exploração do serviço’. (CAVALCANTI,
Themistocles Brandão. Tratado de Direito Administrativo, vol. IV. Rio de janeiro: Editora Freitas
Bastos, 1943, p. 404-405).” (ADI 6482, rel. Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 18-
02-2021, publicado em 21-05-2021).
A alternativa B está incorreta, uma vez que o STF, na realidade, considerou inconstitucional lei
estadual que concede isenção de tarifas de energia elétrica (ADI 7337, rel. Ministro Alexandre de
Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 27-03-2023, publicado em 04-04-2023).
A alternativa C está incorreta, porquanto o Supremo, na verdade, afirmou a inconstitucionalidade
de lei estadual que obrigue as concessionárias de serviços públicos de fornecimento de água a
oferecer aos consumidores a opção de pagamento da dívida por cartão de crédito ou débito, antes
da suspensão do serviço (ADI 7405, relatora Ministra Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 27-
11-2023, publicado em 07-12-2023).
A alternativa D está incorreta, pois o STF fixou tese em direção oposta àquela ora sustentada pela
Banca, in verbis: “É constitucional a constituição de fundação pública de direito privado para a
prestação de serviço público de saúde” (ADI 4197, rel. Ministro Luís Roberto Barroso, Tribunal
Pleno, julgado em 01-03-2023, publicado em 23-03-2023).
A alternativa E está incorreta, na medida em que o STF, a rigor, julgou constitucional a transferência
da concessão, prevista no artigo 27 da Lei nº 8.987/1995 (ADI 2946, rel. Ministro Dias Toffoli,
Tribunal Pleno, julgado em 09-03-2022, publicado em 18-05-2022).

QUESTÃO 19. O Município "X" disponibiliza aos munícipes a prestação do chamado "serviço
de atendimento móvel de urgência"(SAMU). Em dada ocasião, um cidadão faleceu depois de
aguardar duas horas pela prestação do serviço, que fora acionado por familiares.
Investigação policial realizada concluiu que o motorista da ambulância havia se ausentado
durante o serviço para participar de uma confraternização com amigos e que o cidadão
provavelmente teria sobrevivido se prestado o serviço no tempo adequado. A família do
falecido – cônjuge e filhos – tem pretensão de ser indenizada pelo evento danoso. Diante de
tais fatos, a responsabilidade civil
a) do ente público será subsidiária, caso o motorista, responsável direto, não tenha
patrimônio para satisfazer eventual condenação.
b) será atribuível exclusivamente ao ente público, com base na teoria do risco integral.
c) não subsistirá, visto que a morte natural descaracteriza o nexo causal, pois é considerada
circunstância de força maior.
d) do ente público será afastada, visto que a culpa exclusiva de terceiro, no caso, do
motorista da ambulância, descaracteriza o nexo causal.
e) será imputável ao ente público, em razão da prestação deficiente do serviço, sendo cabível
a responsabilização do motorista apenas em caráter regressivo.

21
119
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema da responsabilidade civil do Estado.
A alternativa A está incorreta, pois a responsabilidade direta e primária pelos danos causados a
terceiros por agentes públicos, no exercício de suas funções, pertence ao próprio Estado (sentido
amplo), na forma do art. 37, §6º, da Constituição Federal, de modo que está errado sustentar que
a hipótese seria de responsabilidade meramente subsidiária por parte do ente público.
A alternativa B está incorreta, uma vez que nosso ordenamento abraça, na verdade, a teoria do
risco administrativo, sendo a teoria do risco integral aplicável apenas a casos deveras excepcionais,
o que não seria a hipótese versada na questão.
A alternativa C está incorreta, uma vez que teria restado comprovado que o atraso acentuado na
prestação do serviço acarretou o evento morte, de maneira que haveria nexo causal entre a
ausência do serviço e o dano ocorrido. Jamais poderia ser acatado, portanto, o argumento de causa
natural do óbito, a título de uma pretensa força maior.
A alternativa D está incorreta, pois a responsabilidade civil direta pertenceria ao ente público, tendo
o STF, inclusive, fixado tese na linha da ilegitimidade passiva do agente público para responder
diretamente pelos danos que vier a ocasionar no exercício de suas funções, in verbis: “A teor do
disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a ação por danos causados por agente público
deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço
público, sendo parte ilegítima para a ação o autor do ato, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa.”(RE 1027633, relator Ministro Marco Aurélio, Tribunal
Pleno, julgado em 14-08-2019, publicado em 06-12-2019)
A alternativa E está correta, uma vez que teria restado comprovado que a ausência da prestação
do serviço público foi causa determinante para a eclosão do dano, o que configura a
responsabilidade civil do Estado, em faceta omissiva. De seu turno, caberia a ação regressiva
contra o agente público, em caso de dolo ou culpa, consoante parte final do art. 37, §6º, da CRFB.

QUESTÃO 20. Segundo a Lei estadual n° 10.294/1999 (proteção e defesa do usuário do


serviço público do Estado), a qualidade do serviço público é pautada por determinados
princípios, dentre os quais a
a) autonomia, conceituada como a capacidade de eleger os meios mais adequados para
atingir as metas referentes à prestação do serviço.
b) efetividade da gestão pública, conceituada como a capacidade de atendimento das reais
necessidades da população.
c) produtividade, conceituada como a capacidade de gerar bens e serviços de forma célere
e com economia de recursos.
d) eficácia dos gastos públicos, conceituada como a capacidade de promover os resultados
pretendidos com o dispêndio mínimo de recursos.
e) eficiência administrativa, conceituada como a capacidade de promover os resultados
pretendidos com o alcance máximo da meta traçada.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.

22
119
A questão trata do tema proteção e defesa do usuário do serviço público do Estado de São Paulo
(Lei Estadual n° 10.294/1999).
A alternativa A está incorreta. O princípio da autonomia não consta no rol de princípios do art. 7º-A
da Lei Estadual n° 10.294/1999: “Artigo 7°-A - A qualidade do serviço público é pautada pelos
princípios da efetividade da gestão pública, eficiência administrativa e eficácia dos gastos públicos.”
A alternativa B está correta. De acordo com art. 7º-A, parágrafo único, item 1, da Lei Estadual n°
10.294/1999: “Artigo 7°-A - A qualidade do serviço público é pautada pelos princípios da efetividade
da gestão pública, eficiência administrativa e eficácia dos gastos públicos. Parágrafo único - Fica
determinado que os princípios descritos no "caput" são conceituados da seguinte forma: 1.
efetividade da gestão pública: capacidade de atendimento das reais necessidades da população;”
A alternativa C está incorreta. O princípio da produtividade não consta no rol de princípios do art.
7º-A da Lei Estadual n° 10.294/1999: “Artigo 7°-A - A qualidade do serviço público é pautada pelos
princípios da efetividade da gestão pública, eficiência administrativa e eficácia dos gastos públicos.”
A alternativa D está incorreta. De acordo com art. 7º-A, parágrafo único, item 3, da Lei Estadual n°
10.294/1999: “Artigo 7°-A - A qualidade do serviço público é pautada pelos princípios da efetividade
da gestão pública, eficiência administrativa e eficácia dos gastos públicos. Parágrafo único - Fica
determinado que os princípios descritos no "caput" são conceituados da seguinte forma: 3. eficácia
dos gastos públicos: capacidade de promover os resultados pretendidos com o alcance máximo da
meta traçada.”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 7º-A, parágrafo único, item 2, da Lei Estadual n°
10.294/1999: “Artigo 7°-A - A qualidade do serviço público é pautada pelos princípios da efetividade
da gestão pública, eficiência administrativa e eficácia dos gastos públicos. Parágrafo único - Fica
determinado que os princípios descritos no "caput" são conceituados da seguinte forma: 2.
eficiência administrativa: capacidade de promover os resultados pretendidos com o dispêndio
mínimo de recursos;

QUESTÃO 21. A respeito dos agentes públicos do Estado de São Paulo, é correto afirmar:
a) Os policiais militares são regidos pelo Estatuto das Forças Armadas e permanecem
necessariamente vinculados ao Sistema de Proteção Social quando em gozo de licença-
prêmio.
b) Os titulares de mandato eletivo são regidos pelo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
do Estado e permanecem necessariamente vinculados ao Regime Geral de Previdência
Social quando afastados para exercer cargo de Secretário de Estado.
c) Os servidores admitidos em caráter temporário, nos termos do inciso X do artigo 115 da
Constituição Estadual, são regidos por legislação específica e permanecem
necessariamente vinculados ao Regime Geral de Previdência Social durante o gozo de
licença-maternidade.
d) Os servidores titulares de cargo efetivo são regidos pelo Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis do Estado e permanecem necessariamente vinculados ao Regime Próprio de
Previdência Social quando licenciados para tratar de interesses particulares.
e) Os servidores ocupantes de emprego público são regidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho e serão necessariamente vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social
quando afastados para ocupar, exclusivamente, cargo em comissão na Administração
Direta.

23
119
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata do tema agentes públicos do Estado de São Paulo.
A alternativa A está incorreta. Os policiais militares não são regidos pelo Estatuto das Forças
Armadas; este estatuto rege os militares federais (Exército, Marinha e Aeronáutica). De acordo com
artigos 1º e 2º da Lei 6880/90: “Art. 1º O presente Estatuto regula a situação, obrigações, deveres,
direitos e prerrogativas dos membros das Forças Armadas. Art. 2º As Forças Armadas, essenciais
à execução da política de segurança nacional, são constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, e destinam-se a defender a Pátria e a garantir os poderes constituídos, a lei e a ordem.
São instituições nacionais, permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República e dentro dos limites da lei.”
A alternativa B está incorreta. Os titulares de mandato eletivo não se submetem ao Estatuto dos
Servidores Públicos, mas sim a regime próprio dos agentes políticos. De acordo com art. 1º da Lei
10,261/68: “Artigo 1º - Esta lei institui o regime jurídico dos funcionários públicos civis do Estado.”
A alternativa C está correta. De acordo com art. 126, § 2º, da CE/SP: “§ 13 - Ao agente público
ocupante exclusivamente de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração,
de outro cargo temporário - inclusive aos detentores de mandato eletivo - ou de emprego público,
aplica-se o Regime Geral de Previdência Social.”
A alternativa D está incorreta. Quando licenciados para tratar de interesses particulares, os
servidores titulares de cargo efetivo não recebem remuneração, não havendo contribuição
previdenciária; logo, não podem estar regidos pelo RPPS, que é contributivo. Para não deixar esse
intervalo em seu vínculo, o servidor possui 3 opções: trabalhar na iniciativa privada durante o
período da licença não remunerada; recolher contribuições ao Regime Próprio ao qual está
vinculado; ou recolher contribuições ao Regime Geral como segurado facultativo.
Veja o que determina art. 183, §§ 2º e 3º,da Lei 8.112/90: “§ 2º O servidor afastado ou licenciado
do cargo efetivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial internacional
do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que contribua para regime de
previdência social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade
Social do Servidor Público enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste
período, os benefícios do mencionado regime de previdência. § 3º Será assegurada ao servidor
licenciado ou afastado sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição,
no mesmo percentual devido pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total
do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive,
as vantagens pessoais.”
A título de exemplo, veja decisão do TJ-MG: “EMENTA: APELAÇÃO - SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL - FHEMIG - AFASTAMENTO - LICENÇA DE SERVIÇO PARA TRATAR DE
INTERESSE PARTICULAR - AUSÊNCIA DE REMUNERAÇÃO - CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA - COTA PATRONAL - EXIGÊNCIA INDEVIDA - VIOLAÇÃO PRINCÍPIO DA
SOLIDARIEDADE - PEDIDO PROCEDENTE - SENTENÇA MANTIDA. A exigência de pagamento
pelo servidor público da cota patronal da contribuição previdenciária, no período da licença para
tratar de interesses particulares, quando já está em prejuízo de sua remuneração, viola o princípio
da solidariedade (art. 40, CF), pois descaracteriza a repartição do custeio dos benefícios
previdenciários. Precedente do Supremo Tribunal Federal. (TJ-MG - AC: 10000170902480003 MG,
Relator: Kildare Carvalho, Data de Julgamento: 21/10/2021, Câmaras Cíveis / 4ª CÂMARA CÍVEL,
Data de Publicação: 22/10/2021).”

24
119
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 126, § 2º, da CE/SP: “§ 13 - Ao agente público
ocupante exclusivamente de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração,
de outro cargo temporário - inclusive aos detentores de mandato eletivo - ou de emprego público,
aplica-se o Regime Geral de Previdência Social.”

QUESTÃO 22. Suponha que a Assessoria Técnico-Legislativa é instada a examinar


anteprojeto de lei que almeja promover reestruturação administrativa, unificando as
carreiras de Analista Administrativo I, cuja remuneração inicial equivale a R$ 5.000,00 (cinco
mil reais) e Analista Administrativo II, cuja remuneração inicial equivale a R$ 5.000,00 (cinco
mil reais), as quais passarão a compor a carreira de Especialista em Administração Pública,
cuja remuneração inicial será de R$ 5.300,00 (cinco mil e trezentos reais).
O requisito para ingresso nas duas carreiras sempre foi graduação em Administração
Pública, a qual também será exigida para ingresso na nova carreira, e, em ambos os casos,
as atribuições são equivalentes àquelas que o anteprojeto prevê para a carreira de
Especialista em Administração Pública.
Diante disso, na qualidade de Procurador do Estado-Assessor competente para opinar
acerca desse ponto do anteprojeto, será correto afirmar que a proposta é juridicamente:
a) viável, pois, nessa hipótese, a ascensão funcional não implica lesão ao princípio do
concurso público.
b) viável, pois, nessa hipótese, a transformação de cargos não implica lesão ao princípio do
concurso público.
c) inviável, pois, como a remuneração atribuída às carreiras não é equivalente, a pretendida
ascensão funcional implica lesão ao princípio do concurso público.
d) inviável, pois, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, transposição,
transformação e ascensão são modalidades de provimento vedadas pela Constituição de
1988.
e) inviável, pois, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o provimento derivado
em regra implica lesão ao princípio do concurso público.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata do tema agentes públicos.
De acordo com decisão proferida pelo STF no bojo da ADI 4616, não há transposição de carreira
quando não houver: alteração substancial da remuneração; alteração do requisito de ingresso; e
alteração substancial das atribuições. Vejamos: “EMENTA: AÇÕES DIRETAS DE
INCONSTITUCIONALIDADE. JULGAMENTO CONJUNTO. REFORMULAÇÃO DA
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA FEDERAL. TRANSPOSIÇÃO DO CARGO DE TÉCNICO DO
TESOURO NACIONAL PARA O CARGO DE TÉCNICO DA RECEITA FEDERAL. MEDIDA
PROVISÓRIA 1.915/1999 E LEI FEDERAL 10.593/2002. TRANSFORMAÇÃO DO CARGO DE
TÉCNICO DA RECEITA FEDERAL EM CARGO DE ANALISTA-TRIBUTÁRIO DA RECEITA
FEDERAL DO BRASIL. REDISTRIBUIÇÃO DE CARGOS DA SECRETARIA DA RECEITA
PREVIDENCIÁRIA PARA A RECEITA FEDERAL DO BRASIL. LEI FEDERAL 11.457/2007.
AMPLIAÇÃO DOS EFEITOS DA TRANSFORMAÇÃO A OUTROS CARGOS INICIALMENTE NÃO
CONTEMPLADOS. EMENDA PARLAMENTAR. PROJETO DE LEI DO PODER EXECUTIVO.
VETO. SUPERAÇÃO DO VETO. LEI FEDERAL 11.907/2009. 1. A reestruturação de cargos

25
119
públicos pressupõe similitude entre as atribuições, a equivalência salarial e a identidade dos
requisitos de escolaridade para ingresso nos cargos envolvidos. A transposição do cargo de
Técnico do Tesouro Nacional para o cargo de Técnico da Receita Federal (Art. 9º da MP 1.915/1999
e Art. 17 da Lei 10.593/2002) se mostra ofensiva à regra constitucional do concurso público (Art.
37, II da CF/88) por representar provimento derivado em cargo de nível de escolaridade distinto.
Inconstitucionalidade. Modulação de Efeitos. Precedentes. 2. A transformação do cargo de Técnico
da Receita Federal em cargo de Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil se mostra
compatível com a Constituição Federal ante a similitude entre as atribuições e a identidade dos
requisitos de escolaridade. Equivalência salarial. Comparação inaplicável. Constitucionalidade.
Precedentes. 3. Mostra-se ofensivo à isonomia e à eficiência administrativa a não inclusão do cargo
de Analista Previdenciário dentre os cargos transformados em Analista-Tributário da Receita
Federal do Brasil. Distinções e particularidades quanto ao requisito da equivalência salarial.
Interpretação conforme sem redução de texto. 4. É inconstitucional, porque ofensiva à reserva de
iniciativa do chefe do Poder Executivo, a ampliação, via emenda parlamentar, dos cargos
inicialmente previstos na estreita transformação de cargos enunciada na redação original do Art.
10, II da Lei 11.457/2007. 5. Ações Diretas de Inconstitucionalidade 4.151 e 4.616 julgadas
parcialmente procedentes. Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.966 julgada procedente,
referendando-se a medida cautelar anteriormente deferida. (STF - ADI: 4616 DF, Relator: Min.
GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 27/11/2023, Tribunal Pleno, Data de Publicação:
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 08-01-2024 PUBLIC 09-01-2024)
No caso narrado pelo enunciado, não foi alterado o requisito de ingresso (continuará sendo
graduação em Administração Pública), não há alteração substancial da remuneração (irá de R$
5.000 reais para R$ 5.300 reais), e as atribuições são equivalentes. Portanto, não houve lesão ao
princípio do concurso público. Correta, portanto, a alternativa B.
Tomando por base o mesmo entendimento jurisprudencial acima colacionado, as alternativas A, C,
D e E ficam automaticamente incorretas.

QUESTÃO 23. Desde os idos de 1999, Abdias Nascimento é titular de cargo efetivo de
Professor em universidade estadual, pelo qual percebe remuneração equivalente a R$
25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Em 2022, aprovado em concurso público, passou a exercer
emprego público de Pesquisador Científico em uma autarquia paulista, fazendo jus a
remuneração equivalente a R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais). Além desses dois vínculos,
Abdias é sócio de uma empresa de consultoria, pelo que percebe “pro labore” mensal
equivalente a R$ 12.000,00 (doze mil reais).
Nessas circunstâncias, é correto afirmar que a situação de acúmulo em questão é:
a) irregular, pois o acúmulo entre os vínculos de Professor e de Pesquisador Científico é
vedado pela Constituição da República; mas, caso o acúmulo fosse autorizado, o teto
remuneratório incidiria, isoladamente, sobre a remuneração devida por cada vínculo
funcional havido entre o Estado e Abdias.
b) irregular, pois o acúmulo entre os vínculos de Professor e de Pesquisador Científico é
vedado pela Constituição da República; mas, caso o acúmulo fosse autorizado, o teto
remuneratório incidiria sobre a soma das remunerações devidas pelo Estado a Abdias.
c) regular, pois nem o emprego público nem a sociedade em empresa privada são
considerados pela Constituição da República para fins de acúmulo de cargos; no caso, o
teto remuneratório incidirá sobre a soma das remunerações devidas pelo Estado a Abdias.

26
119
d) regular, pois o acúmulo entre os vínculos de Professor e de Pesquisador Científico é
autorizado pela Constituição da República; no caso, o teto remuneratório incidirá
isoladamente, sobre a remuneração devida por cada vínculo funcional havido entre o Estado
e Abdias.
e) irregular, pois o tríplice acúmulo verificado implicaria incompatibilidade de horários e, por
conseguinte, incidência da vedação constitucional; mas, caso o acúmulo fosse autorizado,
o teto remuneratório incidiria sobre a soma das remunerações devidas pelo Estado a Abdias.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema agentes públicos, mais precisamente acerca da remuneração.
Em regra, não é possível cumular dois cargos públicos, esta proibição também vale, inclusive, para
empregos e funções da administração indireta, conforme art. 37, XVII, da CF: “XVII - a proibição de
acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público;”
No entanto, há exceções, trazidas pela própria CF. De acordo com artigo 37, XVI, da CF: “XVI - é
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b)
a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos
privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;”
Desta feita, conforme artigo 37, XVI, alínea “b”, da CF, a acumulação dos cargos de Professor em
universidade estadual e de Pesquisador Científico em autarquia é plenamente possível, pois se
trata de cargo de professor + cargo científico.
Neste caso de acumulação lícita, o STF decidiu que o texto constitucional incidirá individualmente
sobre cada vínculo, e não sobre a soma das remunerações recebidas nos cargos acumulados. Veja
tese fixada no julgamento do RE 612975: “Nos casos autorizados constitucionalmente de
acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, inciso XI, da Constituição
Federal pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do
teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público. (RE 612975. Relator(a):
Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-203 DIVULG 06-09-2017 PUBLIC 08-09-2017).
Por fim, o vínculo privado de Abdias na empresa de consultoria não precisa obedecer ao teto
constitucional, pois não é vínculo público.
Assim sendo, a situação de Abdias é totalmente regular, pois o acúmulo entre os vínculos de
Professor e de Pesquisador Científico é autorizado pela Constituição da República; no caso, o teto
remuneratório incidirá isoladamente, sobre a remuneração devida por cada vínculo funcional havido
entre o Estado e Abdias. Correta, portanto, a letra D.
As alternativas A, B e E estão incorretas, pois falam em irregularidade e, conforme explicado acima,
a situação de Abdias é regular.
A alternativa C está incorreta, pois conforme art. 37, XVII, da CF, acima transcrito, o emprego
público é sim considerado para fins de acúmulo de cargos.

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QUESTÃO 24. Aos 27 de abril de 2019, titular de cargo de efetivo foi demitido a bem do
serviço público por ter incorrido, aos 15 de setembro de 2017, em assédio sexual no
ambiente de trabalho, infração funcional correspondente, nos termos do artigo 257, inciso
XIII, da Lei n° 10.261/1968, a “praticar ato definido em lei como de improbidade”, eis que,
àquela altura, o artigo 11 da Lei n° 8.429/1992 caracterizava “qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições” como
ato de improbidade administrativa.
Com o advento da Lei n° 14.230/2021, o ex-professor solicitou, em sede revisional, sua
reintegração ao cargo. Na esteira das decisões já proferidas pelo Supremo Tribunal Federal
acerca da matéria, é correto concluir que o requerente:
a) não tem direito à reintegração, com fundamento no princípio da retroatividade mitigada.
b) tem direito à reintegração, com fundamento no princípio “tempus regit actum”.
c) tem direito à reintegração, com fundamento no princípio da ultratividade mitigada.
d) tem direito à reintegração, com fundamento no princípio da retroatividade da lei penal
mais benéfica.
e) não tem direito à reintegração, com fundamento no princípio da ultratividade da lei penal
mais benéfica.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata do tema agentes públicos no Estado de São Paulo, mais especificamente sobre
formas de provimento.
Até o advento da Lei 14.230/2021, a conduta praticada pelo agente seria, de fato, enquadrada como
ato administrativo que atentava contra os princípios da administração pública.
Ocorre que, com o advento da Lei 14.230/2021, o artigo 11 da Lei 8.429/92 foi modificado, e seu
rol passou a ser taxativo, não constando, em nenhum de seus incisos, a conduta de “assédio sexual”
como ato de improbidade. Vejamos: “Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de
honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas:
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)”.
Nesses casos, o STF tem entendimento pacífico de que a norma administrativa mais benéfica
retroage para beneficiar o agente público, nos casos de direito administrativo disciplinar.
Ocorre que o assédio sexual, mesmo não se configurando mais como ato de improbidade, continua
sendo uma conduta que leva à demissão a bem do serviço público, conforme inciso I do art. 257 da
Lei Estadual nº 10.261/1968. Vejamos: “Artigo 257 - Será aplicada a pena de demissão a bem do
serviço público ao funcionário que: I - for convencido de incontinência pública e escandalosa e de
vício de jogos proibidos;”
Então, embora o fundamento pelo qual o agente foi demitido não exista mais, existem outros
fundamentos que levam à manutenção de sua demissão.
Portanto, no caso narrado, o agente não tem direito à reintegração, com fundamento no princípio
da retroatividade mitigada. Correta, portanto, a letra A.
As alternativas B, C e D estão incorretas, pois falam que o agente teria direito à reintegração.

28
119
A alternativa E está incorreta, pois não houve modificação na lei penal, e sim em uma lei
administrativa.

QUESTÃO 25. Cora Coralina ingressou no serviço público estadual, em cargo


exclusivamente em comissão, aos 25 de fevereiro de 1990. Aprovada em concurso público,
em 17 de junho de 1998, exonerou-se do cargo em comissão e, na mesma data, tomou posse
e iniciou o exercício do cargo efetivo de Executivo Público, no qual permanece até os dias
atuais. Ao completar 60 (sessenta) anos, em 5 de fevereiro de 2024, Cora requereu
aposentadoria.
A partir desses dados, é correto afirmar que a servidora
a) faz jus à aposentadoria voluntária, nos termos do artigo 40, § 1o , III, da Constituição da
República, na redação anterior à EC no 103/2019 (direito adquirido), com proventos
necessariamente equivalentes à média aritmética simples das remunerações de
contribuição, correspondentes a 100% (cem por cento) de todo o período contributivo, e
reajustados nos termos da lei.
b) ainda não faz jus à aposentadoria voluntária.
c) faz jus à aposentadoria voluntária, nos termos do artigo 2o , III, da Lei Complementar no
1.354/2020 (regra permanente), com proventos equivalentes à média aritmética simples das
remunerações de contribuição, correspondentes a 100% (cem por cento) de todo o período
contributivo, e reajustados nos termos da lei.
d) faz jus à aposentadoria voluntária, nos termos do artigo 6o , da EC no 41/2003 (direito
adquirido), com proventos calculados segundo a regra da integralidade e reajustados
paritariamente.
e) faz jus à aposentadoria voluntária, nos termos do artigo 26, da EC no 103/2019 (regra de
transição), com proventos necessariamente equivalentes à média aritmética simples das
maiores remunerações de contribuição, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo
o período contributivo, e reajustados nos termos da lei.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
Essa questão aborda sobre regras de transição e acerca do Regime Próprio de Previdência Social
do Estado de São Paulo, exigindo do examinando conhecimentos específicos do art. 3º da ECE
49/2020, do art. 26-A da Lei 1.354/2020 e do art. 6º da EC 41/2003.
Cora entrou no Regime Geral em 1990 e ingressou em 1998 para o Regime Próprio de Previdência
Social do Estado de São Paulo, ela teria em fevereiro de 2024 quase 34 anos de contribuição.
A EC 103, ela deixou para os entes fazerem sua própria reforma previdenciária. Então as regras
anteriores seguiam aplicadas até a reforma que eles fizessem. Ou seja, até dia 05/03/2020 a regra
para Cora era: 55 nãos de idade, 30 nãos de contribuição, 10 anos de serviço público e 05 anos no
cargo.
Já que ela era uma servidora que entrou antes da EC 41, ela teria que completar: 30 nãos de
contribuição, 55 nãos de idade. Porém, o tempo de efetivo exercício que ela teria que ter era de 20
nãos de serviço público, 10 nãos de cargo e 05 nãos na carreira, para conservar o direito à
integralidade e paridade.

29
119
Em 06/03/2020, Cora tinha 30 anos de contribuição, isto é de 1990 a 2020. Ela tinha 56 anos de
idade em fevereiro de 2020. Tinha 20 anos de serviço público, de 1998 a 2024 contava com mais
de 20 anos, sendo 10 cargo e 5 na carreira, pois a questão não demonstra que houve mudança de
cargo.
Portanto, quando veio a reforma do estado, ela já tinha cumprido as condições para se aposentar
com as regras anteriores. A reforma lhe garantiu o direito de se aposentar com as regras anteriores.
Sendo Cora uma segurada que preencheu todos os requisitos para ter a paridade e a integralidade,
art. 6º EC 41/2003.
Em que pese à referida Emenda Constitucional ter sido revogada, continuou valendo para os entes
que não tinham feito a reforma.
Assim, computando de 1990 a 2020, Cora faz jus à aposentadoria voluntária, nos termos do artigo
6º, da EC no 41/2003 (direito adquirido), com proventos calculados segundo a regra da integralidade
e reajustados paritariamente.
A alternativa A está incorreta. Em verdade Cora faz jus a aposentadoria com integralidade e
paridade por ser anterior a EC 41, portanto, não podemos considerar 100% média aritmética
simples das remunerações de contribuição, a regra anterior correspondia a média dos maiores
salários de contribuição correspondentes a 80% do período contributivo. Essa foi uma importante
alteração trazida pela EC 103/2019 no art. 26.
A alternativa B está incorreta. Se não considerarmos o período de 1990 a 1988 ela teria 8 anos de
contribuição. E se não for considerado para a contagem recíproca, na data da Reforma, Cora
contaria com 22 anos de contribuições e em 2024 ela contaria com 26 anos, não tendo direito a
aposentadoria. Contudo, o examinador não aponta que o tempo que exerceu o cargo de
contribuição teria sido utilizado para a contagem recíproca com o período abrangido pelo RGPS.
A alternativa C e D estão incorretas. Ela teria que ter 66 anos de idade, sendo 2% para cada ano
que excede 20 anos de contribuição.
A regra de transição é no seguinte sentido, aplica-se o coeficiente de 60% (sessenta por cento) da
média do salário de benefício + 2% para cada ano de contribuição que exceder 20 (vinte) anos de
contribuição para os homens e 15 (quinze) anos para as mulheres. Vejamos o art. 26, §2º nesse
sentido: "O valor do benefício de aposentadoria corresponderá a 60% (sessenta por cento) da
média aritmética definida na forma prevista no caput e no § 1º, com acréscimo de 2 (dois) pontos
percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 (vinte) anos de contribuição
nos casos (...)".
A alternativa E está incorreta. A regra de transição para Cora é do Estado de São Paulo, o qual
utilizou os mesmos métodos para a aposentadoria de servidores públicos federais, nos termos do
art. 34 da EC 103/19: "Na hipótese de extinção por lei de regime previdenciário e migração dos
respectivos segurados para o Regime Geral de Previdência Social, serão observados, até que lei
federal disponha sobre a matéria.

QUESTÃO 26. No âmbito do Regime Próprio de Previdência Social do Estado de São Paulo,
a contagem recíproca de tempo de atividade exercida com efetiva exposição a agentes
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes
a) não deve ser admitida, diante da vedação legal à contagem recíproca de tempo de
atividade sob condições especiais.

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119
b) deve ser admitida, independentemente do período, desde que para fins de elegibilidade à
aposentadoria especial por exercício de atividade em condições de prejuízo à saúde ou à
integridade física.
c) deve ser admitida, desde que referente a período anterior ao advento da EC nº 103/2019 e
somente para fins de elegibilidade à aposentadoria especial por exercício de atividade em
condições de prejuízo à saúde ou à integridade física.
d) deve ser admitida, desde que referente a período anterior ao advento da Lei Complementar
no 1.354/2020 e para fins de conversão de tempo especial em comum.
e) deve ser admitida, desde que referente a período anterior ao advento da Lei Complementar
no 1.354/2020, para fins de conversão de tempo ou de elegibilidade à aposentadoria especial
por exercício de atividade em condições de prejuízo à saúde ou à integridade física.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa B está correta. Conforme a Lei 3.048/99 que regulamenta a Previdência Social a
contagem recíproca de tempo de atividade exercida com efetiva exposição a agentes nocivas à
saúde deve ser admitida, independentemente do período, desde que para fins de elegibilidade à
aposentadoria especial, nos termo do art. 127, IX. Vejamos: "O tempo de contribuição de que trata
este Capítulo será contado consoante a legislação pertinente, observadas as seguintes normas: IX
- para fins de elegibilidade às aposentadorias especiais referidas no § 4º do art. 40 e no § 1º do art.
201 da Constituição, os períodos reconhecidos pelo regime previdenciário de origem como de
tempo especial sem conversão em tempo comum deverão estar incluídos nos períodos de
contribuição compreendidos na certidão de tempo de contribuição e discriminados de data a
data. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)".
As alternativas A e C estão incorretas, conforme o fundamento da alternativa B.
O art.40, §4º da CRFB/88 determina o seguinte: "O regime próprio de previdência social dos
servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019) (...) § 4º "É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos
§§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º (...) § 4º-C. "Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo
ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas
atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria
profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)".
As alternativas D e E estão incorretas. A conversão do tempo especial em tempo comum poderá
ser feita somente para períodos de 12/11/2019, pois essa regra vale para todos os entes da
aprovação da EC 103/2013, nos termos do art. 10, §3º, a saber: "A aposentadoria a que se refere
o § 4º-C do art. 40 da Constituição Federal observará adicionalmente as condições e os requisitos
estabelecidos para o Regime Geral de Previdência Social, naquilo em que não conflitarem com as
regras específicas aplicáveis ao regime próprio de previdência social da União, vedada a conversão
de tempo especial em comum.".

QUESTÃO 27. Constituem vantagens a que fazem jus os militares do Estado de São Paulo:

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119
a) proteção social e proventos calculados de acordo com o tempo de contribuição.
b) adicional por tempo de serviço e encostamento.
c) adicional de insalubridade e estabilidade após aprovação em estágio probatório com
duração de 2 (dois) anos;
d) adicional de local de exercício e abono de permanência.
e) gratificação pela sujeição ao regime especial de trabalho policial e licença para tratar de
interesse particular.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda sobre vantagens atribuídas aos militares do Estado de São Paulo, exigindo
conhecimento da Lei Complementar 731/93, da Lei Orgânica da Polícia, Lei nº 10.123/68 e do
Estatuto dos Funcionários Civis do Estado de São Paulo (Lei 10.261/68).
A alternativa A está incorreta. De acordo com a LC 1.357/2020, os proventos da inatividade se
baseiam na remuneração do servidor na ativa. Poderá ser proporcionalmente quando não completa
o tempo todo, mas provento de acordo com o tempo de contribuição está incorreto, nos termos do
art. 10, §§ 6º e 8º da § 6° - Os proventos das aposentadorias concedidas nos termos do disposto
neste artigo corresponderão: 1 - à totalidade da remuneração do servidor público no cargo efetivo
em que for concedida a aposentadoria, observado o disposto no § 8°, para o servidor público que
tenha ingressado no serviço público, com vinculação ao Regime Próprio de Previdência Social, até
31 de dezembro de 2003, desde que cumpridos 5 (cinco) anos no nível ou classe em que for
concedida a aposentadoria (...) §8° - Considera-se remuneração do servidor público no cargo
efetivo, para fins de cálculo dos proventos de aposentadoria que tenham fundamento no disposto
no item 1 do § 6°, o valor constituído pelo subsídio, pelo vencimento e pelas vantagens pecuniárias
permanentes do cargo, estabelecidos em lei, acrescidos dos adicionais de caráter individual e das
vantagens pessoais permanentes, observados os demais critérios legais.".
As alternativas B, C e D estão incorretas diante da ausência de previsão legal.
A alternativa E está correta. O policial militar possui gratificação pela sujeição ao regime especial
de trabalho policial, nos termos do art. 3º, I, da LC 731/93. Vejamos: “As vantagens pecuniárias a
que se refere o artigo 1° desta lei complementar são as seguintes:
I - gratificação pela sujeição ao Regime Especial de Trabalho Policial Militar, de que trata o artigo
1° da Lei n.° 10.291, de 26 de novembro de 1968, e gratificação pela sujeição ao Regime Especial
de Trabalho Policial, de que trata o artigo 45 da Lei Complementar n.° 207, de 5 de janeiro de 1979,
calculadas em 100% (cem por cento) do valor do respectivo padrão de vencimento, fixado na forma
do artigo 2° desta lei complementa.”.
Ainda, faz jus à licença para tratar de interesse particular, nos termos do o art. 33, da Lei nº
10.123/68, vejamos: "No que respeita aos deveres, direitos, vantagens e regimes de trabalho,
aplicam-se aos servidores policiais as disposições do Estatuto dos Servidores Civis do Estado,
exceto no que contrariarem as desta lei e a da legislação especifica." Deve ser feita leitura
concomitante ao Estatuto dos Funcionários Civis do Estado de São Paulo (Lei 10.261/68), cuja
disposição acerda da licença para tratar de interesses particulares estão disposta na seção VII:
"Artigo 202 - Depois de 5 (cinco) anos de exercício, o funcionário poderá obter licença, sem
vencimento ou remuneração, para tratar de interesses particulares, pelo prazo máximo de 2 (dois)
anos.
§ 1º - Poderá ser negada a licença quando o afastamento do funcionário for inconveniente ao

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119
interesse do serviço.
§ 2º - O funcionário deverá aguardar em exercício a concessão da licença.
§ 3º - A licença poderá ser gozada parceladamente a juízo da Administração, desde que dentro do
período de 3 (três) anos.
§ 4º - O funcionário poderá desistir da licença, a qualquer tempo, reassumindo o exercício em
seguida.
Artigo 203 - Não será concedida licença para tratar de interesses particulares ao funcionário
nomeado, removido ou transferido, antes de assumir o exercício do cargo.
Artigo 204 - Só poderá ser concedida nova licença depois de decorridos 5 (cinco) anos do término
da anterior.”.

QUESTÃO 28. Com o falecimento do Major PM Mário Quintana, em 24 de julho de 2023, um


menor, que estava sob sua guarda por decisão judicial, solicitou habilitação à pensão legada
pelo militar paulista, que ainda se encontrava em atividade, por ocasião do óbito.
Considerando tais informações, é correto afirmar que o benefício solicitado deverá ser
a) deferido, com fundamento na legislação estadual, e corresponderá ao valor dos proventos
a que o militar faria jus se estivesse reformado.
b) deferido, com fundamento na legislação federal, e corresponderá ao valor da remuneração
do militar.
c) deferido, com fundamento na legislação estadual, e corresponderá ao valor da
remuneração do militar.
d) indeferido, eis que não há previsão legal para concessão de pensão militar a menor sob
guarda.
e) deferido, com fundamento na legislação federal, e corresponderá ao valor dos proventos
a que o militar faria jus se estivesse reformado.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão exige do examinando a compreensão que a legislação da polícia militar dos Estados
segue a regra da lei das forças armadas para fins de benefício de pensão militar.
Houve falecimento de militar que estava na ativa, assim, a pensão militar será conforme o valor da
remuneração do militar que se encontrava na ativa.
A alternativa B está correta. Com fundamento na legislação federal. Com a reforma da trazida pela
Lei 13.954/2019 altera o Decreto 667/69 nos seguintes termos: "Art. 24-B. Aplicam-se aos militares
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios as seguintes normas gerais relativas à pensão
militar: (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) (Regulamento) (Vigência) I - o
benefício da pensão militar é igual ao valor da remuneração do militar da ativa ou em
inatividade; (Incluído pela Lei nº 13.954, de 2019) (...) III - a relação de beneficiários dos
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, para fins de recebimento da pensão
militar, é a mesma estabelecida para os militares das Forças Armadas. (Incluído pela Lei nº
13.954, de 2019)" Veja que a relação de beneficiários dos militares dos Estados para fins de
recebimento da pensão militar, é a mesma estabelecida para os militares das Forças Armadas.
Logo, o benefício será deferido com fundamento na legislação federal, e corresponderá ao valor da
remuneração do militar.

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A alternativa C está incorreta. Veja que o que difere é a parte da fundamentação, pois como vimos
no fundamento da alternativa B, segue as normas gerais relativas à pensão militar.
As alternativas demais alternativas estão incorretas, conforme o fundamento da alternativa B.

QUESTÃO 29. Carolina de Jesus ingressou em emprego público no Departamento de


Estradas de Rodagem – DER em 7 de dezembro de 1973. Embora a Lei no 200/1974 tenha
revogado as normas que contemplavam o benefício de complementação de aposentadoria,
em 9 de novembro de 2018, a servidora alcançou inatividade no âmbito do Regime Geral de
Previdência Social e solicitou ao DER a correspondente complementação. O pleito foi
deferido mas, em 1⁠º de dezembro de 2019, Carolina veio a falecer e o viúvo houve por bem
solicitar complementação de pensão à autarquia. Nesse contexto, é correto afirmar que o ato
de deferimento da complementação de aposentadoria é
a) regular, na medida em que a Lei no 200/1974 assegurou expectativas de direito dos
empregados admitidos até sua vigência; mas o viúvo não faz jus à complementação de
pensão.
b) regular, na medida em que a Lei no 200/1974 assegurou o direito adquirido dos
empregados até sua vigência; mas o viúvo não faz jus à complementação de pensão.
c) regular, na medida em que a Lei no 200/1974 assegurou expectativas de direito dos
empregados admitidos até sua vigência; e o viúvo faz jus à complementação de pensão.
d) irregular, na medida em que a Lei no 200/1974 não assegurou expectativas de direito dos
empregados; e o viúvo não faz jus à complementação de pensão.
e) irregular, na medida em que a Lei no 200/1974 não assegurou o direito adquirido dos
empregados admitidos até sua vigência; e o viúvo não faz jus à complementação de pensão.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa correta conforme o entendimento da banca examinadora é a letra B. Contudo, essa é
uma questão passível de recurso, pois a alternativa C também está correta.
O ato de deferimento da complementação de aposentadoria é regular, pois o art. 1º Lei 200/1974
extingue essa complementação de aposentadorias e pensões. Contudo, no seu parágrafo único
deixa claro que aqueles empregados admitidos até a data da vigência da lei e seus beneficiários
terão seus direitos ressalvados, a saber: "Os atuais beneficiários e os empregados admitidos até a
data da vigência desta lei, ficam com seus direitos ressalvados, continuando a fazer jus aos
benefícios decorrentes da legislação ora revogada.".
Nesse mesmo sentido, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em 2023, em situação
análoga ao caso narrado, a segurada falece após a EC 103/19, compreendendo o Tribunal o
beneficiário da pensão por morte tem direito à complementação da pensão. Vejamos a seguinte
ementa:
"APELAÇÃO – SERVIDOR ESTADUAL CELETISTA – EX -FUNCIONÁRIO DA CESP –
COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA PELO ESTADO – CONCESSÃO DE
COMPLEMENTAÇÃO DE pensão por morte À VIÚVA –Pretensão inicial voltada à condenação da
requerida ao pagamento de complementação de pensão por morte, com fundamento nas Leis nº
4.819/58 e 200/74, em decorrência da morte do cônjuge da postulante, ex-funcionário da CESP –
sentença que julgou improcedente o feito, sob o fundamento de que inexiste direito adquirido a

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119
regime jurídico e, como a aposentadoria e a pensão são regidas pela norma vigente ao tempo de
sua instituição, as pensões por morte adquiridas após a vigência da EC nº 103/2019 estão
desprovidas de complementação, ressalvadas as exceções do art. 37, § 15, da CF/88 – Mérito:
óbito do cônjuge da postulante em 18.01.2020, posteriormente à vigência da EC nº 103/2019 –
irrelevância – vedação constitucional prevista no art. 37, § 15, da CF que não altera a situação dos
autos, pois a extinção do benefício da complementação de aposentadoria e pensão no âmbito do
Estado de São Paulo ocorreu com a Lei nº 200/74, sendo resguardado o direito adquirido dos
empregados (e futuros beneficiários) admitidos até a vigência desta norma – inteligência do art. 1º,
parágrafo único, da Lei nº 200/74 e do art. 7º da EC nº 103/2019 cc. art. 6º, § 2º, da LINDB – não
pertinência da Súmula nº 340 do STJ ao caso – sentença reformada para fins de julgar procedente
a demanda - inversão do ônus de sucumbência – recurso adesivo prejudicado. Recurso da autora
provido e recurso dos causídicos da CTEEP prejudicado. (TJ-SP - AC: 10068990320218260053
SP 1006899-03.2021.8.26.0053, Relator: Paulo Barcellos Gatti, Data de Julgamento: 04/07/2022,
4ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 29/07/2022)."
Note que a alteração do art. 37, §15 da CRFB/88 torna-se irrelevante, pois a extinção do benefício
da complementação de aposentadoria e pensão no âmbito do Estado de São Paulo ocorreu com a
Lei nº 200/74, sendo resguardado o direito adquirido dos empregados (e futuros beneficiários)
admitidos até a vigência desta norma.
Portanto, consideramos a alternativa C como correta,, por haver respaldo da jurisprudência e da
legislação nesse sentido, sendo uma questão passível de recurso.
As alternativas A, D e E estão incorretas. Depreende-se com a leitura do art. 1º, parágrafo único,
da lei 200/1974 que a aposentaria complementar é regular. A servidora falece em 1º de dezembro
de 2019, data em que já estava em vigor a EC 103/19, que altera o §15 do art. 37 da CRFB/88.
Dessa forma, a lei 200/1974 assegurou uma expectativa de direito. Ainda, quanto ao direito
adquirido, não foi assegurado, pois não havia direito adquirido, mas a expectativa de um direito,
pois caso aposentasse, faria jus à complementação.

QUESTÃO 30. O princípio da unicidade da advocacia pública:


a) não obsta a contratação de assessores jurídicos especiais no âmbito de cada Secretaria.
b) obsta a contratação, pelo ente de advocacia pública, de jurista para a emissão de parecer
sobre matéria específica.
c) não obsta a existência de procuradorias jurídicas próprias para universidades públicas.
d) não obsta a criação de procuradorias jurídicas próprias para autarquias.
e) obsta a existência de procuradorias jurídicas próprias para a Assembleia Legislativa.
Comentários
A alternativa apontada correta pela banca é a letra C, mas entende-se correta a letra A.
A questão trata do tema agentes públicos no Estado de São Paulo.
De acordo com entendimento fixado pelo STF no julgamento da ADI 5215: “EMENTA: DIREITO
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
EMENDA À CONSTITUIÇÃO ESTADUAL QUE CRIA O CARGO DE PROCURADOR
AUTÁRQUICO, EM ESTRUTURA PARALELA À PROCURADORIA DO ESTADO.
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL. (...) 2. O exercício da atividade de
representação judicial e de consultoria jurídica no âmbito dos Estados e do Distrito Federal é de

35
119
competência exclusiva dos Procuradores do Estado (art. 132, CF/88), sendo vedada a criação de
Procuradoria Autárquica para a consultoria e o assessoramento jurídico das autarquias e fundações
estaduais. 3. O modelo constitucional da atividade de representação judicial e consultoria jurídica
dos Estados exige a unicidade orgânica da advocacia pública estadual, incompatível com a criação
de órgãos jurídicos paralelos para o desempenho das mesmas atribuições no âmbito da
Administração Pública Direta ou Indireta, com exceção dos seguintes casos: (i) procuradorias
jurídicas nas Assembleias Legislativas e Tribunais de Contas para a defesa de sua autonomia e
assessoramento jurídico de suas atividades internas (ADI 94, Rel. Min. Gilmar Mendes); (ii)
contratação de advogados particulares em casos especiais (Pet 409-AgR, Rel. Min. Celso de Mello);
e (iii) consultorias paralelas à advocacia estadual que já exerciam esse papel à época da
promulgação da Constituição de 1988 (art. 69 do ADCT). (...) 6. Procedência do pedido, com a
fixação da seguinte tese: “É inconstitucional a criação de Procuradorias Autárquicas no âmbito dos
Estados e do Distrito Federal, em razão da violação à unicidade orgânica da advocacia pública
estadual”.”
A partir deste entendimento, pode-se concluir que as alternativas B, C, D e E estão incorretas.
Explique-se.
A alternativa B está incorreta. Conforme fixado pelo STF no bojo da ADI 5215, acima transcrita, é
sim possível a contratação de advogados particulares em casos especiais.
A alternativa C está incorreta. Há sim este óbice. Somente podem continuar a existir as
procuradorias de universidade que já existiam à época da promulgação da CF/88, não sendo mais
possível sua criação atualmente. Na forma do art. 69 do ADCT: “Art. 69. Será permitido aos Estados
manter consultorias jurídicas separadas de suas Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais,
desde que, na data da promulgação da Constituição, tenham órgãos distintos para as respectivas
funções.”
Ademais, de modo geral, a alternativa está em contrariedade com o entendimento pacífico do STF:
“Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Emenda Constitucional 59/2018 à Constituição do Estado
de Roraima. Vício de iniciativa. 3. Emenda Constitucional 61/2018. PEC de iniciativa do Governador
do Estado de Roraima. Vício formal sanado. 5. Emenda Constitucional 61 com idêntica redação
dada a Emenda Constitucional 59. Vício material. 6. Emenda Constitucional que amplia a autonomia
universitária, conferindo autonomia administrativa, financeira e orçamentária à Universidade
estadual, iniciativa privativa para propositura de lei, eleição de reitor e procuradoria jurídica própria.
7. Inconstitucionalidade material. Caput e §§1º, 3º, 4º e 5º do art. 154 da Constituição estadual, na
redação dada pela EC 61/2018. Violação ao princípio da separação dos poderes. Usurpação de
competência do Poder Executivo. 8. Constitucionalidade do §2º do art. 154 da Constituição
estadual, na redação dada pela EC 61/2018. Possibilidade de repasse orçamentário por duodécimo.
8. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente. (ADI 5946, Relator(a):
GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 24/05/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-118
DIVULG 18-06-2021 PUBLIC 21-06-2021).”
A alternativa D está incorreta. De acordo com tese fixada pelo STF no bojo da ADI 5215, acima
transcrita: “É inconstitucional a criação de Procuradorias Autárquicas no âmbito dos Estados e do
Distrito Federal, em razão da violação à unicidade orgânica da advocacia pública estadual”.
A alternativa E está incorreta. De acordo com julgamento da ADI 5215, acima transcrita, é possível
a existência de procuradorias jurídicas nas Assembleias Legislativas e Tribunais de Contas para a
defesa de sua autonomia e assessoramento jurídico de suas atividades internas.
Por fim, a alternativa A está correta. É plenamente possível a existência de assessores jurídicos
especiais no âmbito de cada Secretaria, se esses assessores não possuírem atribuições típicas de

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119
Procuradores do Estado, como elaboração de parecer etc. A título de exemplo, veja o que
determinam os artigos 3º, V, e 14 do Decreto Estadual 52182/1969: “Artigo 3.º - A Secretaria da
Saúde compreende: V - Consultoria Jurídica;”; “Artigo 14 - A Consultoria Jurídica, compete: I - Emitir
parecer em processos e assuntos que envolvam matéria jurídica e cujo exame lhe for determinado
pelo Secretário de Estado ou solicitado pelos diretores dos órgãos mencionados no artigo 3.º deste
decreto; II - elaborar ou rever os projetos de lei, decretos e atos de interesse da Secretaria; III -
rever as minutas de contratos ou convênios a serem firmados pela Secretaria; IV - emitir parecer
nos pedidos de informação oriundos do Congresso Nacional, Assembleia Legislativa do Estado e
Câmaras Municipais, quando envolvam matéria jurídica; V - preparar informações em mandados
de segurança impetrados contra atos emanados da Secretaria: VI - assessorar grupos de trabalhos
e comissões constituídas na Secretária; VII - organizar o fichamento, registro, índice de leis,
decretos, atos oficiais, jurisprudência e doutrina relativos a assuntos de interesse da Secretaria.”

QUESTÃO 31. O Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) foi instituído pela Política
Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) em 2009 no Estado de São Paulo e, desde então,
já foram desenvolvidos diversos projetos como o Projeto Conexão Mata Atlântica e, mais
recentemente, o PSA Guardiões da Floresta e o PSA Mar sem Lixo. Sobre o instituto do
pagamento por serviços ambientais, assinale a alternativa correta:
a) a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNPSA) estabelecida pela Lei
n. 14.119/2021 tem como um de seus objetivos a adequação do imóvel rural e urbano à
o

legislação ambiental;
b) os Projetos de Pagamento por Serviços Ambientais no âmbito do Estado de São Paulo
não poderão adotar como modalidade de pagamento a retribuição
monetária direta;
c) para os fins da Lei n. 14.119/2021, são considerados serviços ambientais aqueles que
o

constituem benefícios não materiais providos pelos ecossistemas, por meio da recreação,
do turismo, da identidade cultural, de experiências espirituais e estéticas e do
desenvolvimento intelectual, entre outros;
d) de acordo com o Decreto Estadual n. 66.549/2022, o Comitê Consultivo do Programa
o

Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais será composto por 9 (nove) membros
titulares e seus respectivos suplentes, com representantes do Governo do Estado, do setor
produtivo e da sociedade civil;
e) as modalidades de pagamento por serviços ambientais são estabelecidas taxativamente
pelo artigo 3 da Lei n. 14.119/2021.
o o

Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A Lei n.º 14.119/2021institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais; e alterou
as Leis n 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e 6.015, de 31 de
os

dezembro de 1973, para adequá-las à nova política.


A alternativa A está incorreta, pois não elenca os dos objetivos elencados pela lei. Vejamos:
Art. 4º Fica instituída a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNPSA), cujos
objetivos são:

37
119
I - orientar a atuação do poder público, das organizações da sociedade civil e dos agentes privados
em relação ao pagamento por serviços ambientais, de forma a manter, recuperar ou melhorar os
serviços ecossistêmicos em todo o território nacional;
II - estimular a conservação dos ecossistemas, dos recursos hídricos, do solo, da biodiversidade,
do patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado;
III - valorizar econômica, social e culturalmente os serviços ecossistêmicos;
IV - evitar a perda de vegetação nativa, a fragmentação de habitats , a desertificação e outros
processos de degradação dos ecossistemas nativos e fomentar a conservação sistêmica da
paisagem;
V - incentivar medidas para garantir a segurança hídrica em regiões submetidas a escassez de
água para consumo humano e a processos de desertificação;
VI - contribuir para a regulação do clima e a redução de emissões advindas de desmatamento e
degradação florestal;
VII - reconhecer as iniciativas individuais ou coletivas que favoreçam a manutenção, a recuperação
ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos, por meio de retribuição monetária ou não monetária,
prestação de serviços ou outra forma de recompensa, como o fornecimento de produtos ou
equipamentos;
VIII - estimular a elaboração e a execução de projetos privados voluntários de provimento e
pagamento por serviços ambientais, que envolvam iniciativas de empresas, de Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e de outras organizações não governamentais;
IX - estimular a pesquisa científica relativa à valoração dos serviços ecossistêmicos e ao
desenvolvimento de metodologias de execução, de monitoramento, de verificação e de certificação
de projetos de pagamento por serviços ambientais;
X - assegurar a transparência das informações relativas à prestação de serviços ambientais,
permitindo a participação da sociedade;
XI - estabelecer mecanismos de gestão de dados e informações necessários à implantação e ao
monitoramento de ações para a plena execução dos serviços ambientais;
XII - incentivar o setor privado a incorporar a medição das perdas ou ganhos dos serviços
ecossistêmicos nas cadeias produtivas vinculadas aos seus negócios;
XIII - incentivar a criação de um mercado de serviços ambientais;
XIV - fomentar o desenvolvimento sustentável.;
A alternativa B está incorreta. O decreto n.º 66.549/2022 disciplina a aplicação, no âmbito do Estado
de São Paulo, da Lei federal nº 14.119, de 13 de janeiro de 2021, institui a Política Estadual de
Pagamento por Serviços Ambientais - PEPSA, o Programa Estadual de Pagamento por Serviços
Ambientais - PPSA e o Cadastro Estadual de Projetos de Pagamento por Serviços Ambientais.
De acordo com o decreto poderá haver o pagamento monetário direto.
Artigo 9º - Os Projetos de PSA poderão adotar as seguintes modalidades de pagamento por
serviços ambientais:
I - pagamento monetário direto;

38
119
A alternativa C está incorreta, pois conforme art. 2 , III, da Lei, são serviços ambientais as atividades
o

individuais ou coletivas que favorecem a manutenção, a recuperação ou a melhoria dos serviços


ecossistêmicos.
A alternativa elencou o conceito de serviços culturais que são os que constituem benefícios não
materiais providos pelos ecossistemas, por meio da recreação, do turismo, da identidade cultural,
de experiências espirituais e estéticas e do desenvolvimento intelectual, entre outros.
Art. 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
II - serviços ecossistêmicos: benefícios relevantes para a sociedade gerados pelos ecossistemas,
em termos de manutenção, recuperação ou melhoria das condições ambientais, nas seguintes
modalidades:
d) serviços culturais: os que constituem benefícios não materiais providos pelos ecossistemas, por
meio da recreação, do turismo, da identidade cultural, de experiências espirituais e estéticas e do
desenvolvimento intelectual, entre outros;
A alternativa D está correta, pois conforme art. 6 , do Decreto Estadual n. 66.549/2022: o Comitê
o o

Consultivo do Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais será composto por 9
(nove) membros titulares e seus respectivos suplentes, com representantes do Governo do Estado,
do setor produtivo e da sociedade civil,
A alternativa E está incorreta, pois não são modalidades previstas em rol taxativo. O próprio artigo
menciona que outras modalidades de pagamento por serviços ambientais poderão ser
estabelecidas por atos normativos do órgão gestor da PNPSA.
Art. 3º São modalidades de pagamento por serviços ambientais, entre outras:
I - pagamento direto, monetário ou não monetário;
II - prestação de melhorias sociais a comunidades rurais e urbanas;
III - compensação vinculada a certificado de redução de emissões por desmatamento e degradação;
IV - títulos verdes (green bonds);
V - comodato;
VI - Cota de Reserva Ambiental (CRA), instituída pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012.
§ 1º Outras modalidades de pagamento por serviços ambientais poderão ser estabelecidas por atos
normativos do órgão gestor da PNPSA.
§ 2º As modalidades de pagamento deverão ser previamente pactuadas entre pagadores e
provedores de serviços ambientais.
Nesse sentido, as alternativas A, B, D e E estão incorretas.

QUESTÃO 32. A respeito das Áreas de Preservação Permanente, trazidas pela Lei n o

12.651/2012 (Código Florestal), é correto afirmar:


a) a supressão indevida de vegetação em área de preservação permanente obriga apenas o
proprietário do imóvel à época da supressão a promover a sua recomposição;
b) a intervenção em área de preservação permanente para fins de interesse social ou
utilidade pública prescinde da comprovação de existência de alternativa técnica e/ou
locacional;

39
119
c) o Superior Tribunal de Justiça decidiu, quando do julgamento do Tema 1.010, pela
prevalência do Código Florestal (Lei n 12.651/2012) sobre a Lei de Parcelamento Urbano do
o

Solo (Lei n 6.766/79);


o

d) são áreas de preservação permanente apenas as áreas protegidas cobertas por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas;
e) o conceito de Amazônia Legal trazido pela Lei n 12.651/2012 é geográfico, limitando-se
o

aos Estados da Região Norte do Brasil.


Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão cobra o conhecimento sobre a Área de Preservação Permanente disciplinada na Lei n. o

12.651/2012 (Código Florestal).


A alternativa A está incorreta, pois a as obrigações ambientais possuem natureza propter rem, ou
seja, podem ser cobradas do proprietário/possuidor atual ou anterior, conforme entendimento
sumulado do STJ:
Súmula 623 do STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível
cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano ambiental, equiparam-se quem faz, quem
não faz quando deveria fazer, quem deixa fazer, quem não se importa que façam, quem financia
para que façam, e quem se beneficia quando outros fazem. (STJ. 2ª Turma. REsp 650.728/SC, Rel.
Min. Herman Benjamin, DJe 2/12/2009)
Atenção ao julgado do STJ que complementa a Súmula 623 do STJ: As obrigações ambientais
possuem natureza propter rem, sendo possível exigi-las, à escolha do credor, do proprietário ou
possuidor atual, de qualquer dos anteriores, ou de ambos, ficando isento de responsabilidade o
alienante cujo direito real tenha cessado antes da causação do dano, desde que para ele não tenha
concorrido, direta ou indiretamente. (STJ. 1ª Seção. REsps 1.953.359-SP e REsp 1.962.089-MS,
Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 13/9/2023 - Recurso Repetitivo – Tema 1204).
A alternativa B está incorreta, pois é para a intervenção em área de preservação permanente para
fins de interesse social ou utilidade pública é imprescindível a comprovação de existência de
alternativa técnica e/ou locacional.
A resolução do CONAMA n.º 369/2006 disciplina o assunto.
Art. 3 da Resolução: A intervenção ou supressão de vegetação em APP somente poderá ser
o

autorizada quando o requerente, entre outras exigências, comprovar:


I - a inexistência de alternativa técnica e locacional às obras, planos, atividades ou projetos
propostos;
II - atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos de água;
III - averbação da Área de Reserva Legal; e
IV - a inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão ou movimentos
acidentais de massa rochosa.
A alternativa C está correta, de acordo com o STJ, no julgamento de recursos especiais repetitivos
(Tema 1.010), o Código Florestal (Lei 12.651/2012) deve ser aplicado para a delimitação da

40
119
extensão da faixa não edificável a partir das margens de cursos d'água em áreas urbanas
consolidadas, não se aplicando os limites menores previstos na Lei do Parcelamento do Solo
Urbano.
O Código Florestal além de ser mais específico garante uma proteção maior ao meio ambiente.
A alternativa D está incorreta, pois de acordo com o art. 3 , II, do Código Florestal, considera-se
o

Área de Preservação Permanente – APP, a área protegida, coberta ou não por vegetação nativa,
com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e
a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
das populações humanas.
A alternativa E está incorreta, pois de acordo o art. 3 , I, do Código Florestal considera-se Amazônia
o

Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as
regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do
meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão.
Nesse sentido, as alternativas A, B, D e E estão incorretas.

QUESTÃO 33. A discussão acerca da litigância climática tem crescido no mundo em


conjunto com a preocupação com a responsabilidade ambiental e com a injustiça
intergeracional ambiental. O Brasil também tem visto crescer o número
de litígios dessa natureza, sobretudo na série de ações pautadas para julgamento pelo
Supremo Tribunal Federal desde 2018, que ficou conhecida como “Pauta Verde”.
Sobre a referida pauta, é correto afirmar:
a) no julgamento da ADI 6808, o STF julgou o pedido improcedente para declarar
constitucional a concessão automática de licença ambiental para funcionamento de
empresas que exerçam atividades classificadas como de risco médio;
b) a ADI 6148 foi julgada procedente declarando a inconstitucionalidade da Resolução
CONAMA n. 491/2018, que dispõe sobre os padrões de qualidade do ar;
o

c) a decisão que julgou a ADO 59, que trata da implementação das prestações normativas e
materiais da área da Amazônia Legal, especialmente aquelas relativas ao Fundo Amazônia,
não reconheceu o estado de coisas inconstitucional na Amazônia Legal;
d) foi julgada procedente a ADPF 735 que questionava a atuação das Forças Armadas na
Garantia da Lei e da Ordem para ações subsidiárias, no período de 11 de maio a 10 de junho
de 2020, na faixa de fronteira, nas terras indígenas, nas unidades federais de conservação
ambiental e em outras áreas federais nos Estados da Amazônia Legal, visando a realização
de ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais, direcionadas ao
desmatamento ilegal e ao combate a focos de incêndio;
e) com relação à ADPF 651, que trata do Fundo Nacional do Meio Ambiente, o STF, recebendo
a arguição como Ação Direta de Inconstitucionalidade, julgou procedente a ação para
declarar inconstitucional a norma do artigo 5 do Decreto n 10.224/2020, pela qual se
o o

extinguiu a participação da sociedade civil no Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do


Meio Ambiente.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.

41
119
A questão cobra o conhecimento de precedentes do STF. Vamos analisar o teor de cada um.
A alternativa A está incorreta, pois no julgamento da ADI 6808, o STF decide pela
inconstitucionalidade da concessão de licença ambiental pelo método simplificado.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 6º E 11-A DA LEI N. 11.598/2007,
ALTERADOS PELO ART. 2º DA MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.040/2021. CONVERSA~O DA
MEDIDA PROVISO´RIA N. 1.040/2021 NA LEI N. 14.195/2021. INEXISTÊNCIA DE ALTERAÇÃO
SUBSTANCIAL DAS NORMAS IMPUGNADAS. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PELO NÃO
ADITAMENTO TEMPESTIVO DA PETIÇÃO INICIAL. CONVERSÃO DA APRECIAÇÃO DA
MEDIDA CAUTELAR EM JULGAMENTO DE MÉRITO. PROCEDIMENTO AUTOMÁTICO E
SIMPLIFICADO DE EMISSÃO DE ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO E LICENÇAS AMBIENTAIS
PARA ATIVIDADE DE RISCO MÉDIO NO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO REDESIM. VEDAÇÃO DE
COLETA DE DADOS ADICIONAIS PELO ÓRGÃO RESPONSÁVEL À REALIZADA NO SISTEMA
REDESIM PARA A EMISSÃO DAS LICENÇAS E ALVARÁS PARA FUNCIONAMENTO DE
EMPREENDIMENTOS AMBIENTAIS. DESOBEDIÊNCIA AO PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E AO
DEVER DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO (ART. 225
DA CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA). AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE
PROCEDENTE PARA DAR INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO. 1. Conversão da
apreciação da medida cautelar em julgamento de mérito: prescindibilidade de novas informações.
Princípio da razoável duração do processo. Precedentes. 2. A ausência de aditamento à petição
inicial não importa no prejuízo da ação quando não constatada alteração substancial das normas
impugnadas. Precedentes. 3. São inconstitucionais as normas pelas quais simplificada a obtenção
de licença ambiental no sistema responsável pela integração (Redesim) para atividade econômica
de risco médio e vedada a coleta adicional de informações pelo órgão responsável à realizada no
sistema Redesim para a emissão das licenças e alvarás para o funcionamento do empresário ou
da pessoa jurídica, referentes a empreendimentos com impactos ambientais. Não aplicação das
normas questionadas em relação às licenças ambientais. 4. Ação direta conhecida quanto ao
disposto no art. 6º-A e inc. III do art. 11-A da Lei n. 14.195/2021, decorrentes da conversão,
respectivamente, do art. 6º e inc. II do art. 11 da Medida Provisória n. 1.040/2021. Julgamento de
mérito. Parcial procedência do pedido do pedido para dar interpretação conforme à Constituição ao
art. 6º-A e ao inc. III do art. 11-A da Lei n. 14.195/2021 no sentido de excluir a aplicação desses
dispositivos às licenças em matéria ambiental. (STF - ADI: 6808 DF 0052474-24.2021.1.00.0000,
Relator: CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 28/04/2022, Tribunal Pleno, Data de Publicação:
14/07/2022)
A alternativa B está incorreta, pois a Resolução do Conama foi declarada constitucional, no entanto,
o STF estabeleceu o prazo de 24 (vinte e quatro) meses, para que o CONAMA edite novo ato que
represente um avanço material na política pública relacionada à qualidade do ar.
(...) Reconhecimento de que a Resolução CONAMA nº 491, de 2018, afigura-se “ainda
constitucional”. Determinação ao CONAMA de edição de nova resolução sobre a matéria que
considere (i) as atuais orientações da Organização Mundial de Saúde sobre os padrões adequados
da qualidade do ar; (ii) a realidade nacional e as peculiaridades locais; e (iii) os primados da livre
iniciativa, do desenvolvimento social, da redução da pobreza e da promoção da saúde pública. 10.
Se decorrido o prazo de 24 (vinte e quatro) meses, sem a edição de novo ato que represente avanço
material na política pública relacionada à qualidade do ar, passarão a vigorar os parâmetros
estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde enquanto perdurar a omissão administrativa na
edição da nova Resolução. 11. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente. (STF -
ADI: 6148 DF, Relator: CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 05/05/2022, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: PROCESSO ELETRÔNICO DJe-184 DIVULG 14-09-2022 PUBLIC 15-09-2022)

42
119
A alternativa C está incorreta, pois no julgamento da ADO 59 o STF reconheceu o estado de coisas
inconstitucional.
Na visão do STF, “o quadro normativo e fático da Amazônia Legal traduz a realidade de um
autêntico estado de coisas inconstitucionais na Amazônia Legal, a revelar um cenário de tutela
insuficiente e deficiente dos biomas patrimônios nacionais por parte do Estado brasileiro.
O retrato contemporâneo da Amazônia Legal não responde aos deveres de tutela assumidos pelo
Estado constitucional brasileiro, expressamente desenhado no art. 225 da Constituição e na
arquitetura legislativa, como prescreve a Lei n. 12.187 /2009, que instituiu a Política Nacional sobre
Mudança do Clima – PNMC. Tampouco responde à normativa internacional, devidamente ratificada
e promulgada pelo Estado brasileiro, a demonstrar seu comprometimento político e jurídico com a
centralidade e importância da tutela do meio ambiente, em particular a proteção contra o
desmatamento e as mudanças climáticas, a saber a Convenção-Quadro sobre Mudanças
Climáticas de 1992 (Decreto n. 2.652 de 01 de julho de 1998); o Protocolo de Kyoto, de 2005
(Decreto n. 5.445 de 12 de maio de 2015); e o Acordo de Paris, aprovado no final de 2015 e em
vigor desde 2016 (Decreto n. 9.073 , de 05 de junho de 2017). (...)” (STF - ADO: 59 DF, Relator:
ROSA WEBER, Data de Julgamento: 03/11/2022, Tribunal Pleno, Data de Publicação: PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 15-08-2023 PUBLIC 16-08-2023)
A alternativa D está incorreta. O decreto n.º 10.341/2020 autorizou o emprego das Forças Armadas
na Garantia da Lei e da Ordem e em ações subsidiárias na faixa de fronteira, nas terras indígenas,
nas unidades federais de conservação ambiental e em outras áreas federais nos Estados da
Amazônia Legal. O referido Decreto foi revogado pelo Decreto nº 11.367, de 2023.
A ADPF tratada na questão foi extinta por perda superveniente do objeto, pois os decretos tinham
efeitos temporários.
A alternativa E está correta, pois de acordo com o STF é inconstitucional a restrição ou exclusão
da participação da sociedade civil em órgãos ambientais. O STF no julgamento da ADPF 651 julgou
inconstitucional o art. 5º do Decreto nº 10.224/2020, que extinguiu a participação da sociedade civil
no Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente.
“São inconstitucionais as normas que, a pretexto de reestruturarem órgãos ambientais, afastam a
participação da sociedade civil e dos Governadores do desenvolvimento e da formulação de
políticas públicas, bem como reduzem, por via de consequência, o controle e a vigilância por eles
promovidos. STF. Plenário. ADPF 651/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/4/2022”
Por essa razão, as alternativas A, B, C, D estão incorretas.

QUESTÃO 34. Sobre os princípios do Direito Ambiental, assinale a alternativa correta:


a) muito embora sejam amplamente utilizados pelo sistema jurídico ambiental brasileiro, os
princípios da precaução e do usuário-pagador não se encontram positivados em nenhum
instrumento normativo;
b) o Princípio das Responsabilidades Comuns, mas Diferenciadas, norteia o Direito
Climático, estabelecendo diretriz normativa para atribuição de carga maior de obrigações
voltadas à adoção de medidas de redução na emissão de gases do efeito estufa às nações
menos desenvolvidas;
c) O princípio da proibição ao retrocesso ecológico, apesar de largamente difundido na
América Latina, não encontra aplicação no Direito Ambiental Brasileiro;

43
119
d) Como critério para solucionar antinomias no Direito Ambiental, destaca-se o princípio
hermenêutico in dubio pro natura;
e) A dimensão ecológica da dignidade humana traduz a ideia em torno de um bem-estar
ambiental (qualidade, equilíbrio e segurança ambiental), que não significa, contudo, o
reconhecimento de um direito-garantia ao mínimo existencial ecológico.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão cobra o conhecimento sobre princípios do direito ambiental, bem como alguns julgados
acerca do tema.
A alternativa A encontra-se incorreta, tanto o princípio da precaução, quanto o princípio do usuário
pagador estão positivados no ordenamento jurídico brasileiro.
Pelo princípio da precaução quando não há certeza dos danos ambientais advindos de uma
determinada atividade, protege-se o meio ambiente impedindo que aquela atividade se desenvolva.
É do princípio da precaução que advém a inversão do ônus probatório, cabendo ao empreendedor,
portanto, a incumbência de provar que a instalação do a sua atividade não causará consideráveis
danos ambientais.
Segundo o ministro Herman Benjamin, no julgamento do REsp 883.656, o preceito é reconhecido
implícita e explicitamente pelo direito brasileiro e “estabelece, diante do dever genérico e abstrato
de conservação do meio ambiente, um regime ético-jurídico em que o exercício de atividade
potencialmente poluidora, sobretudo quando perigosa, conduz à inversão das regras de gestão da
licitude e causalidade da conduta, com a imposição ao empreendedor do encargo de demonstrar a
sua inofensividade.”
Na legislação pátria pode-se citar vários dispositivos legais que expressam esse princípio, como,
por exemplo, inciso IV do §1º do artigo 225 própria Constituição Federal, que exige o estudo prévio
de impacto ambiental em relação às atividades potencial ou efetivamente causadoras de
significativa degradação ambiental, bem como o §3º do artigo 53 do Decreto nº 4.297/02 estabelece
o princípio da precaução como instrumento de proteção ao meio ambiente.
Por sua vez, pelo princípio do usuário-pagador aquele que se utiliza de recursos ambientais naturais
deve pagar por eles. Como exemplo desse princípio, tem-se o art. 36 da Lei 9.985/00.
Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto
ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de
impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a
implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo
com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.
§ 1 O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser
o

inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo
o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental
causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº 3.378-6, de 2008)
§ 2 Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem
o

beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor,


podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação.
§ 3 Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de
o

amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido
mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo

44
119
que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da
compensação definida neste artigo.
§ 4º A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude do interesse público, ser
cumprida em unidades de conservação de posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável,
especialmente as localizadas na Amazônia Legal.
A alternativa C está incorreta, a proibição ao retrocesso ecológico é consagrada no direito brasileiro.
São vários os precedentes em que se adota referido princípio. Vejamos:
“É inconstitucional — por invadir a competência legislativa geral da União (art. 24, VI, §§ 1º e 2º, da
CF/88) e violar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225, § 1º, IV, da CF/88)
— norma estadual que cria dispensa do licenciamento ambiental para atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente. (STF. Plenário. ADI 4529/MT, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 21/11/2022)”
“É inconstitucional a redução ou a supressão de espaços territoriais especialmente protegidos,
como é o caso das unidades de conservação, por meio de medida provisória. Isso viola o art. 225,
§ 1º, III, da CF/88.
Assim, a redução ou supressão de unidade de conservação somente é permitida mediante lei em
sentido formal.
A medida provisória possui força de lei, mas o art. 225, § 1º, III, da CF/88 exige lei em sentido
estrito. (STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018)”.
A alternativa D está correta, pelo princípio in dubio pro natura em caso de dúvida deve ser aplicada
a norma que seja mais favorável ao meio ambiente. A tradução do termo é “Na dúvida, pró
natureza”.
A alternativa E está incorreta, a dimensão ecológica da dignidade da pessoa humana, diferente do
que dispõe a alternativa, exige o reconhecimento de um direito-garantia ao mínimo existencial
ecológico.
Por esse motivo, as alternativas A, B, C, E estão incorretas.

QUESTÃO 35. Apesar do forte protagonismo das discussões sobre mudanças climáticas no
cenário brasileiro em 2023, o Brasil e o Estado de São Paulo já contavam com normativas
relacionadas à Política sobre Mudança do Clima (Lei Federal n 12.187/2012 e Lei Estadual n
o o

13.798/2009). Sobre o tema, considerando as normas internacionais, nacionais e estaduais,


bem como a jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa correta:
a) o STF julgou procedente a ADPF 708 fixando a tese de que o Poder Executivo tem o dever
constitucional de fazer funcionar e alocar anualmente os recursos do Fundo Clima, para fins
de mitigação das mudanças climáticas, estando vedado seu contingenciamento;
b) a Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei Federal no 12.187/2012) conceitua
como efeitos adversos da mudança do clima aqueles que possam ser direta ou indiretamente
atribuídos à atividade humana que altere a composição da atmosfera mundial e que se some
àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos
comparáveis.
c) O rol de medidas a serem fomentadas pelo Poder Público que privilegiem padrões
sustentáveis de produção, comércio e consumo, de maneira a reduzir a demanda de

45
119
insumos, utilizar materiais menos impactantes e gerar menos resíduos, previsto pela Lei
Estadual n 13.798/2009, é taxativo.
o

d) para fins da Lei da Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei Federal no 12.187/2012),
entende-se por mitigação as iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos
sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima.
e) a Comunicação Estadual, documento oficial do Governo do Estado de São Paulo sobre
políticas e medidas abrangentes para a proteção do sistema climático global, será realizada
com periodicidade bienal, em conformidade com os métodos aprovados pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão cobra o conhecimento sobre a Política sobre Mudança do Clima.
A alternativa A está correta, pois trouxe exatamente a decisão do STF no julgamento da ADPF 708,
em que fixou a seguinte tese: O Poder Executivo tem o dever constitucional de fazer funcionar e
alocar anualmente os recursos do Fundo Clima, para fins de mitigação das mudanças climáticas,
estando vedado seu contingenciamento, em razão do dever constitucional de tutela ao meio
ambiente ( CF, art. 225), de direitos e compromissos internacionais assumidos pelo Brasil ( CF, art.
5º, § 2º), bem como do princípio constitucional da separação dos poderes ( CF, art. 2º, c/c o art. 9º,
§ 2º, LRF)”. (STF - ADPF: 708 DF, Relator: ROBERTO BARROSO, Data de Julgamento:
04/07/2022, Tribunal Pleno, Data de Publicação: PROCESSO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 27-
09-2022 PUBLIC 28-09-2022)
A alternativa B está incorreta, pois de acordo com o art 2 , II, da Lei n.12.187/09, entende-se por
o

efeitos adversos da mudança do clima: mudanças no meio físico ou biota resultantes da mudança
do clima que tenham efeitos deletérios significativos sobre a composição, resiliência ou
produtividade de ecossistemas naturais e manejados, sobre o funcionamento de sistemas
socioeconômicos ou sobre a saúde e o bem-estar humanos.
A alternativa C está incorreta, pois o rol é meramente exemplificativo. A Lei Estadual n. 13.798/2009
o

institui a Política Estadual de Mudanças Climáticas - PEMC, contendo seus princípios, objetivos e
instrumentos de aplicação.
Dispõe o art. 11 da Lei que “cabe ao Poder Público propor e fomentar medidas que privilegiem
padrões sustentáveis de produção, comércio e consumo, de maneira a reduzir a demanda de
insumos, utilizar materiais menos impactantes e gerar menos resíduos, com a consequente redução
das emissões dos gases de efeito estufa.”
Por sua vez, o art. 12 elenca um rol de medidas, mas, não exclui a possibilidade de adoção de
outras. Vejamos: "Artigo 12 - Para os fins do artigo 11 deverão ser consideradas, dentre outras, as
iniciativas nas áreas de: (...)"
A alternativa D está incorreta, pois dispõe o art. 2 , VII, da Lei Federal que a mitigação consiste nas
o

mudanças e substituições tecnológicas que reduzam o uso de recursos e as emissões por unidade
de produção, bem como a implementação de medidas que reduzam as emissões de gases de efeito
estufa e aumentem os sumidouros.
A alternativa E está incorreta, pois, nos termos do art. 7 da Lei, a Comunicação Estadual será
o

realizada com periodicidade quinquenal, em conformidade com os métodos aprovados pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Por essa razão, as alternativas B, C, D, E estão incorretas.

46
119
QUESTÃO 36. Sobre os instrumentos previstos pela Lei n. 6.938/1981, é correto afirmar:
o

a) são exemplos de instrumentos coercitivos ou de comando e controle o licenciamento


ambiental, a fiscalização e aplicação de penalidades administrativas aos infratores
ambientais e o seguro ambiental;
b) de acordo com o quanto decidido no bojo da ADI 4757, a prevalência do auto de infração
lavrado pelo órgão originalmente competente para o licenciamento ou autorização ambiental
não exclui a atuação supletiva de outro ente federado, desde que comprovada omissão ou
insuficiência na tutela fiscalizatória;
c) o instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve incluir apenas os
seguintes itens: memorial descritivo da área e prazo da servidão;
d) cabe ao Estado mais populoso promover o licenciamento ambiental de empreendimentos
e atividades localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
e) o decurso do prazo de licenciamento sem a emissão de licença pelo órgão competente
implica licenciamento tácito da atividade ou serviço, interpretando- -se o silêncio
administrativo como anuência.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão cobra o conhecimento da Lei n. 6.938/1981 e precedentes relacionados. A Lei n.
o o

6.938/1981 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação.
A alternativa A está incorreta, pois a fiscalização das atividades não é um dos instrumentos da
Política Nacional, mas sim, o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras; aplicação de penalidades administrativas aos infratores ambientais e o seguro
ambiental, todos com previsão no art. 9º da Lei.
A alternativa B está correta, no julgamento da ADI 4757 o STF declarou que a LC 140/2011 é
constitucional. No entanto, alguns dispositivos sofrerem interpretação conforme, dentre eles, o § 3º
do art. 17 da LC 140/2011:
Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de
um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo
administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento
ou atividade licenciada ou autorizada.
§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição
comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor,
prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de
licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
De acordo com o STF, o § 3 deve ser interpretado da seguinte forma: “A prevalência do auto de
o

infração lavrado pelo órgão originalmente competente para o licenciamento ou autorização


ambiental não exclui a atuação supletiva de outro ente federado, desde que comprovada omissão
ou insuficiência na tutela fiscalizatória. No exercício da cooperação administrativa cabe atuação
suplementar — ainda que não conflitiva — da União com a dos órgãos estadual e municipal. (STF.
Plenário. ADI 4757/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/12/2022)

47
119
A alternativa C está incorreta, pois o art. 9 -A, § 1 , da Lei n. 6.938/1981, elenca um rol mínimo,
o o o

básico com os itens que deve conter o instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental.
Vejamos:
Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento
público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama,
limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os
recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental.
§ 1 O instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve incluir, no mínimo, os
o

seguintes itens:
I - memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo menos um ponto de amarração
georreferenciado;
II - objeto da servidão ambiental;
III - direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor;
IV - prazo durante o qual a área permanecerá como servidão ambiental.
A alternativa D está incorreta, pois cabe à União promover o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados, conforme
disposto no art. Art. 7 , XIV, “e”, da Lei n. 6.938/1981.
o o

A alternativa E está incorreta, pois o decurso dos prazos de licenciamento, sem a emissão da
licença ambiental, não implica emissão tácita nem autoriza a prática de ato que dela dependa ou
decorra, mas instaura a competência supletiva referida no art. 15 da Lei n. 6.938/1981.
o

Nesse sentido, as alternativas A, C, D, E estão incorretas.

QUESTÃO 37. O Estado de São Paulo possui cerca de 120 Unidades de Conservação em seu
território, regulamentadas a partir da Lei n 9.985/2000 (SNUC). Tomando por base o referido
o

diploma legal, assinale a alternativa correta:


a) a visitação pública ao MoNa (Monumento Natural Estadual) da Pedra Grande está sujeita
às condições e restrições estabelecidas pelos proprietários das áreas particulares incluídas
em seus limites;
b) na Estação Ecológica Jureia-Itatins, unidade de conservação de proteção integral, são
permitidas pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele
causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos
ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão total
da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares;
c) no Parque Estadual da Serra do Mar, unidade de conservação de proteção integral
instituída no Estado de São Paulo, é possível o consumo e coleta de recursos naturais;
d) a Lei n 9.985/2000 traz como conceito de conservação da natureza o conjunto de métodos,
o

procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e
ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação
dos sistemas naturais;
e) a Lei no 9.985/2000 (SNUC) estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas
de Preservação Permanente e áreas de Reserva Legal.
Comentários

48
119
A alternativa correta é a letra B.
A questão cobra o conhecimento da Lei n. 9.985/2000 que regulamenta o art. 225, § 1 , incisos I,
o o

II, III e VII da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza.
A alternativa A está incorreta, pois conforme dispõe o art. 13, § 3 , da Lei, a visitação pública está
o

sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas


estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento.
A alternativa B está correta, pois a Estação Ecológica integra o grupo das Unidades de Proteção
Integral, conforme art. 8 , I, da Lei do SNUC. Dispõe o art. 9 , § 4 , da Lei que na Estação Ecológica
o o o

só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de: IV - pesquisas científicas cujo
impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela
coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo
três por cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.
A alternativa C está incorreta, pois no Parque Nacional não há previsão da possibilidade do
consumo e coleta de recursos naturais. Vejamos:
Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de
grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e
o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato
com a natureza e de turismo ecológico.
§ 1 O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas
o

em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.


§ 2 A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da
o

unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas
previstas em regulamento.
§ 3 A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração
o

da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas
previstas em regulamento.
§ 4 As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas,
o

respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.


A alternativa D está incorreta, pois de acordo com o art. 2 , II, da Lei do SNUC, a conservação da
o

natureza consiste no o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a


manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que
possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu
potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a
sobrevivência dos seres vivos em geral.
A alternativa E está incorreta, pois a Lei n. 9.985/2000 que regulamenta o art. 225, § 1 , incisos I,
o o

II, III e VII da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza.
Nesse sentido, as alternativas A, C, D, E estão incorretas.

QUESTÃO 38. Lavrado Auto de Infração Ambiental pela Polícia Militar Ambiental, impondo-
se a penalidade de multa ao infrator em razão de supressão de vegetação em área protegida
e não tendo sido interpostos recursos administrativos, a Secretaria de Meio Ambiente,

49
119
Infraestrutura e Logística encaminhou o processo administrativo à Procuradoria Geral do
Estado para a adoção das medidas judiciais cabíveis. Considerando a legislação e
jurisprudência acerca da responsabilidade administrativa, civil e criminal do poluidor,
assinale a alternativa correta:
a) constatada pelo Auto de Infração Ambiental lavrado a construção de edificação na área
em que a vegetação foi indevidamente suprimida, caberá pedido de demolição na ação
judicial a ser ajuizada, uma vez que não se aplica a teoria do fato consumado na seara
ambiental;
b) a pretensão de cobrança de eventual multa cominada em razão da infração ambiental
cometida é imprescritível em razão da natureza de direito fundamental que ostenta o direito
a um meio ambiente saudável;
c) apesar do princípio da reparação integral do dano ambiental, eventual ação a ser ajuizada
não pode cumular os pedidos de reparação do dano in natura, do dano ambiental
intermitente e do dano moral à coletividade;
d) a aplicação de penalidades administrativas como decorrência da prática de infrações
administrativas ambientais pelos poluidores é tarefa dos órgãos ambientais que integram o
SISNAMA que, contudo, não detém o poder de polícia ambiental;
e) o Procurador do Estado que receber o processo administrativo deverá ajuizar ação civil
pública visando à reparação de dano ambiental apenas contra o proprietário da área à época
da infração.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão cobra o conhecimento de precedentes a respeito da responsabilidade em decorrência
de danos gerados ao meio ambiente.
A alternativa A está correta, pois caberá judicialmente o pedido de demolição, não se aplicando, ao
direito ambiental, a Teoria do Fato Consumado, conforme entendimento sumulado do STJ.
Súmula 613 do STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito
Ambiental.
A alternativa B está incorreta, pois a multa administrativa por infração ao meio ambiente prescreve
em 5 anos.
Súmula 467-STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a
pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.
A alternativa C está incorreta, é perfeitamente possível a cumulação de pedidos justamente porque
se busca a reparação integral do meio ambiente.
A jurisprudência do STJ está firmada no sentido da viabilidade, no âmbito da Lei 7.347/85 e da Lei
6.938/81, de cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar (REsp 1.145.083/ MG,
Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 4.9.2012; REsp 1.178.294/MG, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 10.9.2010; AgRg nos EDcl no Ag 1.156.486/PR,
Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 27.4.2011; REsp 1.120.117/AC, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 19.11.2009; REsp 1.090.968/SP, Rel. Ministro Luiz
Fux, Primeira Turma, DJe 3.8.2010; REsp 605.323/MG, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão
Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 17.10.2005; REsp 625.249/PR, Rel. Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 31.8.2006, entre outros).

50
119
A alternativa D está incorreta, pois os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público,
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do
Meio Ambiente – SISNAMA e são detentores do poder de polícia ambiental.
A alternativa E está incorreta, pois a obrigação de reparar os danos ambientais possui natureza
jurídica de obrigação propter rem, podendo ser cobradas do proprietário ou possuidor atual e/ou
dos anteriores, à escolha do credor.
Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível
cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
Nesse sentido, as alternativas B, C, D, E estão incorretas.

QUESTÃO 39. Com relação à biodiversidade, os biomas originais encontrados no território


paulista são Mata Atlântica e Cerrado. Estima-se que a área original da Mata Atlântica
recobria aproximadamente 68% da área do Estado, com o restante sendo ocupado
principalmente pelo Cerrado. Sobre a Lei da Mata Atlântica (Lei n 11.428/2006), é correto
o

afirmar:
a) o STF, quando do julgamento da ADI 6446, acolheu o pedido inicial para declarar a
nulidade parcial, sem redução de texto, dos artigos 61-A e 61-B da Lei no 12.651/2012 (Código
Florestal) e dos artigos 2 , parágrafo único, 5o e 17 da Lei n 11.428/2006, de modo a excluir
o o

do ordenamento jurídico a interpretação que impeça a aplicação do regime ambiental de


áreas consolidadas às áreas de preservação permanente inseridas no bioma da Mata
Atlântica;
b) é vedada, em qualquer hipótese, a supressão de vegetação primária ou secundária em
estágio avançado do Bioma Mata Atlântica, para fins de loteamento ou edificação, nas
regiões metropolitanas e áreas urbanas consideradas como tal em lei específica;
c) a supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de regeneração
poderá ser autorizada nos casos de utilidade pública e interesse social, em todos os casos
devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio;
d) a conservação, em imóvel rural ou urbano, da vegetação primária ou da vegetação
secundária em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata Atlântica cumpre função
social e é de interesse público, podendo, a critério do proprietário, as áreas sujeitas à
restrição de que trata esta Lei serem computadas para efeito da Reserva Legal e seu
excedente utilizado para fins de compensação ambiental ou instituição de Cota de Reserva
Ambiental – CRA, excetuadas as áreas de preservação permanente;
e) o corte, a supressão e a exploração da vegetação do Bioma Mata Atlântica não terão
qualquer distinção no que diz respeito ao tipo da vegetação (primária ou secundária),
levando-se em conta apenas o estágio de regeneração.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão cobra o conhecimento da Lei da Mata Atlântica (Lei n 11.428/2006) e julgados
o

relacionados.
A alternativa A está incorreta, pois o STF não conheceu a ADI 6446. Vejamos:

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119
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO AMBIENTAL. ARTIGOS 61-A
E 61-B DA LEI FEDERAL 12.651/2012 (CÓDIGO FLORESTAL) E ARTIGOS 2º, PARÁGRAFO
ÚNICO, 5º E 17 DA LEI FEDERAL 11.428/2006 (LEI DA MATA ATLÂNTICA). PEDIDO DE
DECLARAÇÃO DE NULIDADE PARCIAL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO, DE MODO A EXCLUIR
DO ORDENAMENTO JURÍDICO A INTERPRETAÇÃO QUE IMPEÇA A APLICAÇÃO DO REGIME
AMBIENTAL DE ÁREAS CONSOLIDADAS ÀS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
INSERIDAS NO BIOMA DA MATA ATLÂNTICA. ALEGADA OFENSA AOS ARTIGOS 1º, IV; 5º,
CAPUT , XXII E XXIII; 170, II, III E VI; E 225, CAPUT E § 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
CONTROVÉRSIA A RESPEITO DO ALCANCE DE REGIME JURÍDICO PREVISTO EM NORMAS
INFRACONSTITUCIONAIS. EVENTUAL OFENSA REFLEXA À CONSTITUIÇÃO. INVIABILIDADE
DE EXAME EM SEDE DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO. AÇÃO NÃO CONHECIDA.
(ADI 6446, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 13-06-2023, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 26-06-2023 PUBLIC 27-06-2023)
A alternativa B está incorreta. O erro da questão está na expressão “qualquer hipótese” e no que
tange à disciplina referente à vegetação secundária em estágio avançado.
Art. 30 da Lei n. 11.428/06: É vedada a supressão de vegetação primária do Bioma Mata Atlântica,
o

para fins de loteamento ou edificação, nas regiões metropolitanas e áreas urbanas consideradas
como tal em lei específica, aplicando-se à supressão da vegetação secundária em estágio
avançado de regeneração as seguintes restrições:
I - nos perímetros urbanos aprovados até a data de início de vigência desta Lei, a supressão de
vegetação secundária em estágio avançado de regeneração dependerá de prévia autorização do
órgão estadual competente e somente será admitida, para fins de loteamento ou edificação, no
caso de empreendimentos que garantam a preservação de vegetação nativa em estágio avançado
de regeneração em no mínimo 50% (cinqüenta por cento) da área total coberta por esta vegetação,
ressalvado o disposto nos arts. 11, 12 e 17 desta Lei e atendido o disposto no Plano Diretor do
Município e demais normas urbanísticas e ambientais aplicáveis;
II - nos perímetros urbanos aprovados após a data de início de vigência desta Lei, é vedada a
supressão de vegetação secundária em estágio avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica
para fins de loteamento ou edificação.
A alternativa C está incorreta, pois vai de encontro com o disposto no artigo 30 acima citado.
A alternativa D está correta, pois elenca exatamente o disposto no art. 35 da Lei n. 11.428/06:
o

Art. 35. A conservação, em imóvel rural ou urbano, da vegetação primária ou da vegetação


secundária em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata Atlântica cumpre função social e
é de interesse público, podendo, a critério do proprietário, as áreas sujeitas à restrição de que trata
esta Lei ser computadas para efeito da Reserva Legal e seu excedente utilizado para fins de
compensação ambiental ou instituição de Cota de Reserva Ambiental - CRA.
Parágrafo único. Ressalvadas as hipóteses previstas em lei, as áreas de preservação permanente
não integrarão a reserva legal.
A alternativa E está incorreta, pois o art. 8 da Lei n. 11.428/06 dispõe de maneira diversa: o corte,
o o

a supressão e a exploração da vegetação do Bioma Mata Atlântica far-se-ão de maneira


diferenciada, conforme se trate de vegetação primária ou secundária, nesta última levando-se em
conta o estágio de regeneração.
Nesse sentido, as alternativas A, B, C, E estão incorretas.

52
119
QUESTÃO 40. Sobre as medidas de compensação ambiental previstas tanto pelo Código
Florestal (Lei no 12.651/2012) como pela Lei do SNUC (Lei no 9.985/2000), assinale a
alternativa correta:
a) conforme prevê o § 1 do artigo 36 da Lei do SNUC, que teve sua constitucionalidade
o

confirmada pelo STF na ADI 3378/DF, o montante de recursos a ser destinado pelo
empreendedor para compensação ambiental não pode ser inferior a 10% dos custos totais
previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão
ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo
empreendimento;
b) a compensação de reserva legal prevista pelo Código Florestal prescinde da inscrição da
propriedade no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e pode ser feita somente mediante aquisição
de Cota de Reserva Ambiental – CRA ou doação ao poder público de área localizada no
interior de Unidade de Conservação de domínio público pendente de regularização fundiária;
c) o proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de julho de 2008, área de
Reserva Legal em extensão inferior ao estabelecido no artigo 12, do Código Florestal, poderá
regularizar sua situação, desde que realize a adesão ao Programa de Regulação Ambiental
(PRA), adotando as seguintes alternativas, isolada ou conjuntamente: recomposição da
Reserva Legal, Regeneração natural na área de Reserva Legal e Compensação.;
d) o STF, quando do julgamento da ADC 42 e das ADIs 4937 e 4901, declarou constitucional
o artigo 48, § 2 , do Código Florestal afastando o entendimento de que a compensação por
o

meio de Cota de Reserva Ambiental (CRA) somente pode ser realizada entre áreas com
identidade ecológica;
e) a medida compensatória prevista pela Lei do SNUC para os casos de licenciamento
ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental que obriga o
empreendedor a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do grupo
de proteção integral representa a aplicação do princípio do poluidor-pagador e
responsabilização do empreendedor pelo dano ambiental causado.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão cobra o conhecimento de duas leis bastante incidentes em concursos públicos com os
precedentes correlatos.
A alternativa A está incorreta, pois, na verdade, o STF declarou a inconstitucionalidade da
porcentagem estabelecida.
“(...) Inconstitucionalidade da expressão "não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais
previstos para a implantação do empreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O valor
da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após
estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de
percentual sobre os custos do empreendimento. 6. Ação parcialmente procedente.
(STF - ADI: 3378 DF 0005394-60.2004.1.00.0000, Relator: CARLOS BRITTO, Data de Julgamento:
09/04/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 20/06/2008)”
A alternativa B está incorreta, pois a compensação da Reserva Legal deverá ser precedida pela
inscrição da propriedade no CAR e podendo ser feita mediante I - aquisição de Cota de Reserva
Ambiental – CRA. Vejamos:
Art. 66 do Código Florestal: (...)

53
119
§ 5º A compensação de que trata o inciso III do caput deverá ser precedida pela inscrição da
propriedade no CAR e poderá ser feita mediante:
I - aquisição de Cota de Reserva Ambiental - CRA;
II - arrendamento de área sob regime de servidão ambiental ou Reserva Legal;
III - doação ao poder público de área localizada no interior de Unidade de Conservação de domínio
público pendente de regularização fundiária;
IV - cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Legal, em imóvel de mesma
titularidade ou adquirida em imóvel de terceiro, com vegetação nativa estabelecida, em regeneração
ou recomposição, desde que localizada no mesmo bioma.
A alternativa C está incorreta, pois a regularização independe de adesão ao PRA.
Art. 66. O proprietário ou possuidor de imóvel rural que detinha, em 22 de julho de 2008, área de
Reserva Legal em extensão inferior ao estabelecido no art. 12, poderá regularizar sua situação,
independentemente da adesão ao PRA, adotando as seguintes alternativas, isolada ou
conjuntamente:
I - recompor a Reserva Legal;
II - permitir a regeneração natural da vegetação na área de Reserva Legal;
III - compensar a Reserva Legal.
A alternativa D está incorreta, pois, na verdade, na ADC 42, o STF conferiu interpretação conforme
a Constituição ao art. 48, §2º, para permitir compensação apenas entre áreas com identidade
ideológica.
A alternativa E está correta, pois pelo princípio do poluidor-pagador, o empreendedor deve arcar
com os custos da reparação do dano causado ao meio ambiente por ele causado, importando, ao
poluidor/empreendedor, os custos de sua atividade geradora de significativo impacto ambiental.
Por essa razão, as alternativas A, B, C, D estão incorretas.

QUESTÃO 41. A Constituição Federal, no artigo 150, inciso VI, alínea “a”, proíbe os entes
federados de instituírem impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços uns dos outros.
Trata-se da chamada imunidade recíproca. Os parágrafos 2o e 3o do mesmo dispositivo
constitucional ampliam a aplicação dessa imunidade a entes componentes da administração
indireta. Diante disso, considerando o decidido pelo E. Supremo Tribunal Federal nos
leading cases dos temas 1.140 e 508 da Repercussão Geral, assinale a alternativa correta.
a) A imunidade recíproca estende-se apenas às autarquias e fundações instituídas e
mantidas pelo poder público prestadoras de serviços públicos essenciais, desde que não
cobrem tarifas como contraprestação dos serviços prestados.
b) Sociedade de economia mista com ações negociadas em bolsa e inequivocamente voltada
à remuneração do capital de seus investidores públicos e privados tem direito à imunidade
recíproca se prestar serviço público essencial.
c) Sociedade de economia mista delegatária de serviço público essencial, desde que não
distribua lucros a acionistas privados, tem direito ao gozo da imunidade recíproca, contanto
que isso não implique risco ao equilíbrio concorrencial, ainda que haja cobrança de tarifas
como contraprestação dos serviços.

54
119
d) A imunidade recíproca estende-se apenas às autarquias e fundações instituídas e
mantidas pelo poder público prestadoras de serviços públicos essenciais, ainda que cobrem
tarifas como contraprestação dos serviços.
e) As empresas públicas têm direito ao gozo de imunidade recíproca, ainda que não se
dediquem à prestação de serviços públicos essenciais e cobrem tarifas dos usuários.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
Trata-se do Tema 1.140, Leading Case: RE 1320054, do STF: “As empresas públicas e as
sociedades de economia mista delegatárias de serviços públicos essenciais, que não distribuam
lucros a acionistas privados nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias da
imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, VI, a, da Constituição Federal,
independentemente de cobrança de tarifa como contraprestação do serviço.”
A alternativa A está incorreta. Não existe qualquer impedimento para a cobrança de tarifas, vide
julgado acima.
A alternativa B está incorreta. Há vedação para a remuneração do capital dos investidores, vide
julgado acima.
A alternativa D está incorreta. Não há óbice para a imunidade de empresas públicas e sociedades
de economia mista, se atendidos os requisitos, vide julgado acima.
A alternativa E está incorreta. Há vedação para a prestação de serviços não essenciais, vide
julgado acima.

QUESTÃO 42. Sobre o tema da competência tributária atribuída aos entes federados e suas
características, assinale a alternativa correta.
a) Se não exercida por um longo período, a competência para a instituição do tributo caduca,
tendo em vista o princípio da segurança jurídica e o brocardo jurídico segundo o qual o
direito não socorre aos que dormem.
b) A despeito da competência para instituição do tributo ser facultativa, no sentido de que o
ente político, em geral, não está obrigado a exercer a competência que lhe foi franqueada
constitucionalmente, deixar de exercer essa competência não enseja a perda do poder de
instituir o tributo.
c) A privatividade ou exclusividade não se aplica aos tributos vinculados a uma atuação
estatal, seja direta ou indiretamente, de modo que taxas e contribuições de melhoria podem
ser instituídas por ente diverso daquele que, respectivamente, prestou o serviço ou realizou
a obra pública.
d) Embora o seu não exercício, ainda que por longo tempo, não implique a perda do poder
de instituir o tributo, o ente competente pode renunciá-la, desde que o faça por meio de lei.
e) Em razão da parafiscalidade, a competência para instituição do tributo pode ser delegada
a outra pessoa jurídica que esteja devotada ao interesse público.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.

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Conforme ensina o professor Felipe Duque: “Não há que se confundir competência tributária com
capacidade tributária ativa, porque trata-se de fenômenos bastante distintos. Enquanto a
competência tributária diz respeito à aptidão para instituir tributos, a capacidade tributária ativa
compreende a sua arrecadação ou fiscalização, ou seja, concerne a quem ocupa o polo ativo da
relação jurídica de direito tributário. É possível apontar a existência de quatro características
fundamentais da competência tributária: facultatividade, indelegabilidade, irrenunciabilidade e
incaducabilidade.”
As demais alternativas estão, por exclusão, incorretas.

QUESTÃO 43. Sobre o princípio da anterioridade tributária, considerando que a anterioridade


geral está prevista na alínea “b” do inciso III do artigo 150 da Constituição Federal e a
anterioridade nonagesimal, na alínea “c” do mesmo dispositivo constitucional, assinale a
alternativa correta.
a) A majoração do imposto de importação submete-se apenas à anterioridade nonagesimal
e não à geral.
b) O empréstimo compulsório instituído para subsidiar investimento público de caráter
urgente e de relevante interesse nacional não se submete aos princípios da anterioridade
nonagesimal e geral.
c) Os princípios da anterioridade geral e nonagesimal aplicam-se aos impostos sobre a
propriedade territorial urbana e sobre a propriedade de veículos automotores em toda e
qualquer situação, sem exceção.
d) A lei que majora o Imposto sobre Produtos Industrializados submete-se aos princípios da
anterioridade geral e nonagesimal.
e) Uma lei que majora o Imposto de Renda, publicada em dezembro do ano de 2023, aplica-
se aos fatos geradores ocorridos a partir de 01 de janeiro de 2024, uma vez que a ele se
aplica apenas a anterioridade geral e não a nonagesimal.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão cobra a leitura atenta do art. 150 da Constituição Federal, buscando diferenciar os
impostos que se submetem a cada uma das modalidades do princípio da anterioridade. Vejamos:
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro
em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias
da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na
alínea b; § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I,
153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155,
III, e 156, I.”
A alternativa A está incorreta. Imposto de importação é uma exceção as duas anterioridades,
conforme dispositivo constitucional apresentado.
A alternativa B está incorreta. empréstimo compulsório instituído para subsidiar investimento
público de caráter urgente e de relevante interesse nacional se submete à Anterioridade anual.

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A alternativa C está incorreta. A fixação base de cálculo do IPTU e IPVA constituem exceção à
anterioridade nonagesimal apenas.
A alternativa D está incorreta. O Imposto sobre Produtos Industrializados é uma exceção apenas à
anterioridade anual.

QUESTÃO 44. O Código Tributário Nacional, no artigo 151, inciso II, prevê que o depósito do
montante integral suspende a exigibilidade do crédito tributário. É cediço que, já há certo
tempo, os contribuintes lançam mão do seguro garantia e da fiança bancária para garantia
de créditos tributários, seja em ações anulatórias, seja em execuções fiscais. Sobre a
eficácia destas modalidades de garantia do crédito tributário, assinale a alternativa correta,
conforme entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede representativa
de controvérsia.
a) Fiança bancária e seguro garantia equivalem a depósito integral para fins de suspensão
da exigibilidade do crédito tributário, ainda que em montante que abranja exclusivamente o
valor do crédito tributário, sem o acréscimo de 30% (trinta por cento).
b) Fiança bancária e seguro garantia não equivalem a depósito integral para fins de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário; todavia, desde que apresentados como
garantia em execução fiscal no valor integral atualizado do crédito, permitem a obtenção,
pelo devedor, de Certidão de Regularidade Fiscal, na forma do artigo 206 do Código
Tributário Nacional.
c) Fiança bancária e seguro garantia não equivalem a depósito integral para fins de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário e não permitem a obtenção, pelo devedor,
de Certidão de Regularidade Fiscal, na forma do artigo 206 do Código Tributário Nacional.
d) Fiança bancária e seguro garantia equivalem a depósito integral para fins de suspensão
da exigibilidade do crédito tributário, desde que em montante que abranja o valor do crédito
tributário acrescido de 30% (trinta por cento).
e) Fiança bancária e seguro garantia equivalem a depósito integral para fins de suspensão
da exigibilidade do crédito tributário; somente quando apresentados em execução fiscal em
substituição a depósito judicial e desde que em montante que abranja o valor do crédito
tributário acrescido de 30% (trinta por cento).
Comentários
A alternativa correta é a letra B
Trata-se de julgado previsto no Tema Repetitivo nº 378 do STJ: “A fiança bancária não é equiparável
ao depósito integral do débito exequendo para fins de suspensão da exigibilidade do crédito
tributário, ante a taxatividade do art. 151 do CTN e o teor do Enunciado Sumular n. 112 desta Corte.”
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência
de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora,
ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
O tema repetitivo não abordou, em definitivo, nenhum percentual necessário ao acréscimo do
crédito tributário, embora tribunais regionais tenham feito tal distinção em momento anterior.
Incorretas, portanto, as demais alternativas.

57
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QUESTÃO 45. Sobre as figuras do contribuinte e do responsável tributário no âmbito do
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, considere a seguinte situação
hipotética:
O proprietário de um veículo automotor efetuou a sua venda para um terceiro no dia
30.03.2022 e tanto ele quanto o comprador não informaram a alienação ao Fisco Estadual,
de modo que o veículo, no cadastro estadual, permaneceu em nome do antigo proprietário.
No ano seguinte, o Fisco notificou o alienante do lançamento tributário do IPVA de 2023,
feito em seu nome, dando-lhe o prazo de 30 (trinta) dias para efetuar o pagamento do débito.
O contribuinte, então, ingressou com ação para anular o crédito tributário, sob o argumento
de que, com a tradição do automóvel ao comprador, ele deixou de manter qualquer vínculo
com a situação que constitui o fato gerador – a propriedade do veículo – o que torna a
cobrança ilegal, pois não poderia figurar como sujeito passivo da obrigação tributária, seja
na qualidade de contribuinte, seja na de responsável.
Considerando o teor da Súmula 585 do Superior Tribunal de Justiça e o decidido por este
mesmo Tribunal Superior no julgamento do tema repetitivo 1.118, assinale a alternativa
correta.
a) A ação anulatória deve ser julgada improcedente, desde que haja expressa previsão legal
dessa hipótese de responsabilidade tributária em lei estadual específica.
b) A ação anulatória deve ser julgada improcedente, porque o contribuinte do imposto é
quem figura nessa qualidade no cadastro do veículo junto ao Fisco Estadual, não tendo
qualquer importância o fato de ele ter sido vendido antes da ocorrência do fato gerador.
c) A ação anulatória deve ser julgada improcedente, pois a responsabilização do alienante
do veículo é legítima, sendo despicienda a sua previsão em lei estadual, bastando para tanto
a previsão na legislação de trânsito.
d) A ação anulatória deve ser julgada procedente, pois fere o disposto no artigo 128 do
Código Tributário Nacional a imposição de responsabilidade tributária ao alienante de
veículos, dado que este, com a tradição, não mantém mais relação direta ou indireta com o
fato gerador do IPVA.
e) A ação anulatória deve ser julgada procedente, dado que a obrigação de informar a
alienação do veículo compete exclusivamente ao comprador, sendo, portanto, ilegal punir o
vendedor pelo descumprimento de um dever que não lhe compete.
Comentários
A alternativa correta é a letra A
O Tema 1.118 do STJ determina a necessidade de lei estadual ou distrital específica para
responsabilizar o antigo proprietário, e o entendimento sumulado dita que não há responsabilidade
referente ao IPVA após alienação do veículo. Vejamos os dois enunciados.
A Súmula 585 do STJ assim disciplina: “A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no
art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo
automotor, no que se refere ao período posterior à sua alienação."
Já o Tema 1.118 do STJ possui a seguinte redação: “Somente mediante lei estadual/distrital
específica poderá ser atribuída ao alienante responsabilidade solidária pelo pagamento do Imposto
sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA do veículo alienado, na hipótese de ausência
de comunicação da venda do bem ao órgão de trânsito competente.”

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Todas as demais alternativas são contraditórias ao entendimento sumulado e ao tema julgado,
estando, portanto, incorretas.
A alternativa B está incorreta. Nos termos da súmula, o momento da alienação deve ser
considerado para fins de responsabilidade.
A alternativa C está incorreta. Nos termos do Tema anterior, é necessária a existência de norma
estadual ou distrital.
A alternativa D está incorreta. A questão depende do disposto em lei estadual ou distrital, não sendo
possível tal afirmativa de modo genérico.
A alternativa E está incorreta. A questão depende do disposto em lei estadual ou distrital, não
sendo possível tal afirmativa de modo genérico.

QUESTÃO 46. Considere a seguinte situação em relação à não cumulatividade do ICMS e aos
institutos da prescrição e da decadência tributárias: um contribuinte de ICMS realizou
operações de saídas de mercadorias no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para um
determinado mês de referência e, nesse mesmo mês, adquiriu mercadorias no valor de R$
15.000,00 (quinze mil reais). Diante desse quadro, tendo ainda em vista que ele não detinha
saldo credor de ICMS relativo às referências passadas para transferir, ele declarou,
constituindo o crédito tributário mediante apresentação de Guia de Informação e Apuração
de ICMS-GIA-ICMS, débito no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) e fez o pagamento
integral desse montante dentro do prazo de vencimento.
Considerando, hipoteticamente, que a alíquota do ICMS é de 20% (vinte por cento), analise
as alternativas a seguir e assinale aquela que está correta.
a) O contribuinte declarou ICMS em valor inferior ao devido, cabendo ao Fisco Estadual
efetuar a cobrança do valor não declarado no prazo prescricional de 5 (cinco) anos, contados
da data do vencimento, sendo desnecessária a realização de lançamento, nos moldes da
Súmula 436 do Superior Tribunal de Justiça.
b) O contribuinte declarou ICMS em valor inferior ao devido, cabendo ao Fisco Estadual
efetuar o lançamento do valor não declarado dentro do prazo prescricional de 5 (cinco) anos,
contados da data do vencimento.
c) O contribuinte declarou ICMS em valor inferior ao devido, cabendo ao Fisco Estadual
efetuar o lançamento do valor não declarado dentro do prazo decadencial de 5 (cinco) anos,
contados da data do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento deveria
ser efetuado, porquanto não se cogitou da ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
d) O contribuinte declarou ICMS em valor inferior ao devido, cabendo ao Fisco Estadual
efetuar o lançamento do valor não declarado dentro do prazo decadencial de 5 (cinco) anos,
contados da data da ocorrência do fato gerador
e) O contribuinte declarou o ICMS em valor inferior ao devido, mas como efetuou o
pagamento antecipado do valor, o Fisco não pode efetuar o lançamento do valor
remanescente.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. Passível de recurso
A questão cobra, inicialmente, o conhecimento sobre a Súmula nº 555 do STJ: “Quando não houver
declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário

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119
conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao
sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.
(SÚMULA 555, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2015, DJe 15/12/2015)”.
Deve, entretanto, ser observado, também, o momento de início do prazo decadencial quinquenal
para que seja possível eliminar todas as alternativas apresentadas pela banca.
O STJ assim julgou sobre o tema recentemente: O termo inicial do prazo decadencial de tributo
sujeito a lançamento por homologação - como é o caso, em regra, do ICMS -, depende da
circunstância de ter o contribuinte antecipado, ou não, o pagamento da exação. Com efeito, nos
termos da Súmula 555 do STJ, "quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial
quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173,
I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o
pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa" . Ou seja, não antecipado o
pagamento, o prazo decadencial inicia-se no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que
poderia ter sido efetuado o lançamento. Por outro lado, antecipado o pagamento do tributo, o prazo
decadencial observa o art. 150, § 4º, do CTN, ou seja, desde a ocorrência do fato gerador inicia-se
o prazo decadencial para o lançamento suplementar, sob pena de homologação tácita do
lançamento. Nesse sentido: STJ, AgInt no REsp 1.817.191/RS, Rel. Ministro Francisco Falcão,
Segunda Turma, DJe de 24/04/2020.
O enunciado, em conjunto com as alternativas, entretanto, não deixa claro se o prazo em questão
se refere ao excedente não pago ou ao que foi adimplido. Se considerado que diz respeito ao
montante que não foi pago, deve ser observada a regra geral do art. 173 do CTN, que remete o
início da contagem ao exercício seguinte àquele que o lançamento deveria ter sido efetuado. O
STJ, inclusive, já se manifestou nesse sentido. Vejamos:
Nos tributos sujeitos à homologação em que não há o pagamento destes, o início do prazo
decadencial para a constituição do crédito tributário ocorre a partir do primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, inciso I, do CTN). 3.
Entendimento reiterado pela Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 973.733/SC, relatoria
Min. Luiz Fux, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC). 4. O
inconformismo posterior ao julgado 'representativo da controvérsia' implica, em regra, a aplicação
da multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC. [...]" (AgRg no AREsp 260213 PE, Rel. Ministro
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 25/04/2013.
Dessa forma, a questão apresenta duplicidade de gabarito, a depender da interpretação dada pelo
candidato, em razão da insuficiência de clareza do enunciado e das alternativas apresentadas.

QUESTÃO 47. Sobre o regime jurídico da isenção do Imposto sobre a Circulação de


Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações,
assinale a alternativa correta.
a) Apesar da autonomia dos Estados, decorrente do princípio federativo e do princípio da
estrita legalidade tributária, é legítima a concessão de isenção de ICMS tão logo celebrado
Convênio pelos Estados no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ,
independentemente de sua ratificação, tácita ou expressa, pelo Poder Executivo do
respectivo Estado Federado.
b) Apesar da autonomia dos Estados, decorrente do princípio federativo e do princípio da
estrita legalidade tributária, a isenção de ICMS prevista em Convênio celebrado no âmbito

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do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ é legítima tão logo o Poder Executivo
respectivo ratifique-o, mesmo que outros Estados tenham-no rejeitado.
c) Apesar da autonomia dos Estados, decorrente do princípio federativo e do princípio da
estrita legalidade tributária, a concessão de isenções de ICMS depende de autorização por
intermédio de Convênio celebrado pelos Estados no âmbito do Conselho Nacional de
Política Fazendária – CONFAZ, ratificado, tácita ou expressamente, pelo Poder Executivo de
todos os entes federados, sem o que sua aplicação torna-se ilegítima.
d) Em razão da autonomia dos Estados, decorrente do princípio federativo e do princípio da
estrita legalidade tributária, é legítima a concessão de isenção de ICMS por meio de lei
estadual, independentemente de autorização do Conselho Nacional de Política Fazendária –
CONFAZ, tal qual exigido pela Lei Complementar no 24/75.
e) Em razão do princípio da autonomia dos entes federados e da proibição da concessão de
isenções heterônomas, considerando que o CONFAZ é órgão federal, a Lei Complementar
no 24/75 não foi recepcionada pela Constituição Federal, cabendo exclusivamente aos
Estados decidir acerca da isenção do ICMS em seus respectivos territórios.
Comentários
A alternativa correta é a letra C
A resposta para a questão pode ser encontrada na Lei Complementar 24/1975, vejamos: “Art. 1º -
As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão concedidas
ou revogadas nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito
Federal, segundo esta Lei.” E “Art. 4º - Dentro do prazo de 15 (quinze) dias contados da publicação
dos convênios no Diário Oficial da União, e independentemente de qualquer outra comunicação, o
Poder Executivo de cada Unidade da Federação publicará decreto ratificando ou não os convênios
celebrados, considerando-se ratificação tácita dos convênios a falta de manifestação no prazo
assinalado neste artigo.”
É certo que os Estados devem observar a autorização do CONFAZ e a ratificação pelo Poder
Executivo, sem que isso comprometa a autonomia do ente federativo. Tais comandos legais não
encontram disposição diversa na Constituição Federal, inexistindo comando de não recepção da
norma. Estão incorretas, portanto, as demais alternativas.

QUESTÃO 48. Considere a seguinte situação: o sujeito passivo de uma obrigação tributária
ingressa com ação anulatória do débito fiscal, que é julgada procedente por sentença, que
foi mantida pelo Tribunal de Justiça por ocasião do julgamento da apelação. O Estado
interpõe recursos especial e extraordinário. Diante desse quadro, assinale a alternativa
correta.
a) Deve o Procurador do Estado oficiante efetuar pedido de atribuição de efeito suspensivo
ao recurso especial e, somente após a decisão acerca desse pedido, caso indeferido,
requerer à Secretaria da Fazenda a anotação da extinção do crédito tributário em razão de
sua anulação pelo Acórdão.
b) Deve o Procurador do Estado oficiante efetuar pedido de atribuição de efeito suspensivo
ao recurso extraordinário e, somente após a decisão acerca desse pedido, caso indeferido,
requerer a anotação da extinção do crédito tributário em razão de sua anulação pelo
Acórdão.

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c) Deve o Procurador do Estado oficiante solicitar a anotação da extinção do crédito
tributário, tendo em vista que os recursos interpostos não são dotados de efeito suspensivo
ope legis.
d) Deve o Procurador do Estado oficiante efetuar pedido de atribuição de efeito suspensivo
aos recursos especial e extraordinário e, somente após a decisão acerca desses pedidos,
caso indeferidos, requerer a anotação da extinção do crédito tributário em razão de sua
anulação pelo Acórdão.
e) Considerando que não há decisão judicial transitada em julgado, a anotação da extinção
do crédito tributário não deve ser solicitada pelo Procurador do Estado oficiante, o que
somente deve ser feito após o julgamento definitivo dos recursos especial/extraordinário.
Comentários
A alternativa correta é a letra E
Nos termos do CTN, deve-se aguardar o trânsito em julgado da demanda para que seja verificada
a extinção do crédito tributário. Nesse sentido: “Art. 156. Extinguem o crédito tributário: X - a decisão
judicial passada em julgado.”
Em artigo da Revista Da Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, o
procurador Daniel Colen, afirma que “A eficácia da sentença constitutiva não retroage, sendo ex
nunc como regra geral, salvo na anulação de atos jurídicos, art. 182 do Código Civil, assim como
na anulação de negócios jurídicos de direito privado, atos administrativos ou do casamento, tendo
eficácia retroativa, ex tunc. O momento de vigor da decisão constitutiva é o trânsito em julgado,
quando ocorre a efetiva tutela jurisdicional. Não há execução provisória, já que não cabe execução
forçada, nem existem títulos executivos, já que os efeitos decorrem da decisão, modificando a
situação jurídica. Além da doutrina do professor Cândido Rangel Dinamarco, que coloca a
necessidade do trânsito em julgado para poder se cumprir os provimentos constitutivos, há a
disposição tributária no art. 156, X do Código Tributário Nacional que determina a necessidade do
trânsito em julgado para poder ser extinto o crédito tributário.”.
Restam, portanto, incorretas as demais alternativas, que não consideram o momento do trânsito
em julgado como de real extinção do crédito tributário.

QUESTÃO 49. Considere o decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADC
49: “O deslocamento de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo titular não configura
fato gerador da incidência de ICMS, ainda que se trate de circulação interestadual” e assinale
a alternativa correta.
a) Tendo em vista que essas remessas não consubstanciam operações de circulação de
mercadorias, mas meras transferências de estoque, houve o reconhecimento de que não é
devido ICMS nessas operações, sem qualquer modulação dos efeitos dessa decisão, de
modo que está aberta a possibilidade de restituição do que foi cobrado nos exercícios
anteriores por parte dos contribuintes.
b) Uma vez decidida a inconstitucionalidade da incidência de ICMS na transferência de
mercadorias entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, presentes razões de
segurança jurídica e interesse social, foram modulados os efeitos da decisão para que se
aplique às operações de circulação de mercadorias ocorridas a partir de 01/01/2024,
ressalvados os processos administrativos e judiciais pendentes de conclusão até a data da
publicação da ata de julgamento da decisão de mérito da ADC 49.

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c) Em razão do disposto no inciso II do § 2o do artigo 155 da Constituição Federal, a
operação, interna ou interestadual, não implicará crédito para compensação com o montante
devido nas operações ou prestações seguintes e acarretará a anulação do crédito relativo
às operações anteriores, uma vez que equivale a uma não incidência.
d) Embora essas remessas não consubstanciem operações de circulação de mercadorias,
mas meras transferências de estoque, restou decidido que se os Estados não disciplinarem
a transferência dos créditos entre os estabelecimentos do mesmo titular, para evitar a guerra
fiscal, eles (os créditos) serão anulados nas remessas interestaduais.
e) Tendo em vista que estas remessas não consubstanciam operações de circulação de
mercadorias, mas meras transferências de estoque, o crédito não é anulado e, desde logo,
fixou o Supremo Tribunal Federal, vislumbrando a omissão legislativa, que eles (os créditos)
devem ser assegurados integralmente pelas unidades federadas de origem e de destino na
mesma proporção (metade para cada unidade federada), nas operações interestaduais, em
aplicação do princípio da igualdade dos entes federativos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B
O caso de modulação apresentado é exatamente o levantado no julgamento da ADC, em seu item
3, apresentado no enunciado. Vejamos: “1. Uma vez firmada a jurisprudência da Corte no sentido
da inconstitucionalidade da incidência de ICMS na transferência de mercadorias entre
estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (Tema 1099, RG) inequívoca decisão do acórdão
proferido. 2. O reconhecimento da inconstitucionalidade da pretensão arrecadatória dos estados
nas transferências de mercadorias entre estabelecimentos de uma mesma pessoa jurídica não
corresponde a não-incidência prevista no art.155, §2º, II, ao que mantido o direito de creditamento
do contribuinte. 3. Em presentes razões de segurança jurídica e interesse social (art.27, da Lei
9868/1999) justificável a modulação dos efeitos temporais da decisão para o exercício financeiro
de 2024 ressalvados os processos administrativos e judiciais pendentes de conclusão até a data
de publicação da ata de julgamento da decisão de mérito. Exaurido o prazo sem que os Estados
disciplinem a transferência de créditos de ICMS entre estabelecimentos de mesmo titular, fica
reconhecido o direito dos sujeitos passivos de transferirem tais créditos. 4. Embargos declaratórios
conhecidos e parcialmente providos para a declaração de inconstitucionalidade parcial, sem
redução de texto, do art. 11, § 3º, II, da Lei Complementar nº87/1996, excluindo do seu âmbito de
incidência apenas a hipótese de cobrança do ICMS sobre as transferências de mercadorias entre
estabelecimentos de mesmo titular.”
Todas as demais alternativas encontram óbice no próprio julgado apresentado pela questão. Estão,
portanto, incorretas as alternativas “a”, “c”, “d” e “e”.

QUESTÃO 50. Sobre o direito à restituição do indébito tributário, assinale a alternativa


correta, tendo em vista o disposto no Código Tributário Nacional, artigos 165 e 166, bem
como o decidido pelo E. Superior Tribunal de Justiça nos Recursos Especiais
representativos de controvérsia nos 1.125.550, 903.394 e 1.299.303.
a) O direito à restituição do indébito, nos tributos indiretos, é do contribuinte de direito,
condicionado à demonstração de que arcou com o respectivo encargo financeiro ou à
expressa autorização de quem efetivamente arcou com o referido encargo, cabendo tal
direito ao contribuinte de fato apenas no caso em que o indébito decorra de ICMS sobre
energia elétrica.

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b) O direito à restituição do indébito, nos tributos indiretos, é do contribuinte de direito, que
pode exercê-lo independentemente da demonstração de que arcou com o respectivo
encargo financeiro.
c) O direito à restituição do indébito, nos tributos diretos, é do contribuinte de direito,
condicionado à demonstração de que arcou com o respectivo encargo financeiro ou à
expressa autorização de quem efetivamente arcou com o referido encargo.
d) O direito à restituição do indébito tributário, nos tributos indiretos, é sempre do
contribuinte de fato, uma vez que é ele quem arca com ônus financeiro do tributo indevido
e, portanto, é quem sofre o dano patrimonial decorrente de sua cobrança.
e) Não há direito à restituição do indébito tributário nos tributos indiretos, encontrando-se
de acordo com a atual ordem constitucional o enunciado da Súmula 71 do STF – “Embora
pago indevidamente, não cabe restituição de tributo indireto.”.
Comentários
A alternativa correta é a letra A
A regra geral sobre legitimidade pode ser encontrada no Tema Repetitivo 537 do STJ: “Diante do
que dispõe a legislação que disciplina as concessões de serviço público e da peculiar relação
envolvendo o Estado-concedente, a concessionária e o consumidor, esse último tem legitimidade
para propor ação declaratória c/c repetição de indébito na qual se busca afastar, no tocante ao
fornecimento de energia elétrica, a incidência do ICMS sobre a demanda contratada e não
utilizada.”
Entretanto, deve ser considerada a exceção da alternativa, que remete ao Tema 752 do STF que
considerou a “Legitimidade do consumidor final para propor ação de repetição de indébito tributário
relativo a valores do ICMS incidente sobre a demanda contratada de energia elétrica.”. Tal tema foi
uma confirmação do julgado anterior do STJ, por entender que a questão era de cunho
infraconstitucional, mas é encontrada – de forma expressa - como anotação no Tema 537, já
apresentado.

QUESTÃO 51. Suponha que no bojo de discussões no âmbito do Programa Estadual de


Desestatização esteja sendo cogitada a alienação de parcela das ações de uma sociedade
de economia mista detida pelo Estado, de forma que esse deixará de ser o detentor da
maioria das ações com direito a voto. Nas discussões, ficou claro que o Estado pretende
manter a prerrogativa de influir na decisão sobre determinados temas que considera
estratégicos. De acordo com os preceitos da legislação societária, para atingir tal objetivo,
o modelo de desestatização
a) deveria ter sido concebido na forma de alienação integral de bloco de controle, uma vez
que somente em tal modalidade é possível identificar o acionista ou grupo de acionistas que
exercem poder de controle e imputar obrigações estatutárias ou legais.
b) somente poderá contemplar tal prerrogativa se também estabelecer que o Estado
permanecerá com percentual relevante de ações, ordinárias ou preferenciais, de, no mínimo,
25% (vinte e cinco por cento) do capital social, dado o princípio de “uma ação, um voto”.
c) somente poderá assegurar tal objetivo por meio da regulação do serviço público prestado
pela companhia, não havendo instrumentos societários que possam estabelecer direitos
diferenciados aos acionistas ou emissão de ações de diferentes classes.

64
119
d) poderá prever a criação de ação preferencial de classe especial a ser detida pelo Estado,
à qual o estatuto social poderá conferir o poder de veto às deliberações da assembleia-geral
nas matérias que especificar.
e) deverá prever a emissão de ações ordinárias a serem detidas pelo Estado, as quais, não
obstante não atribuam direito de voto, conferem o direito de eleger um terço dos
administradores da companhia.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema ações Golden Share, previsto na Lei de Sociedade Anônima (Lei nº
6.404/1976).
A alternativa A está incorreta, pois a hipótese legal da alienação de controle, prevista no artigo 254-
A da Lei de Sociedade Anônima, objetiva a proteção do acionista minoritário, conforme ensina a
doutrina[1], o que não é o objetivo trazido pela questão, que informou que o Estado desejava influir
nas questões estratégicas apenas.
A alternativa B está incorreta, pois a mudança na legislação introduzida pela Lei nº 14.195/2021
revogou o §2º do artigo 110 da Lei de Sociedade Anônima que vedava o voto plural, flexibilizando,
assim, o princípio de “uma ação, um voto”, portanto, é possível, com a mudança legislativa, a
adoção do voto plural.
A alternativa C está incorreta, pois há, na legislação em vigor, instrumentos societários que podem
estabelecer direitos diferenciados aos acionistas, ou ainda, emissão de ações de classes diferentes.
Conforme leciona a doutrina especializada[2], há três tipos principais de ações: a) ordinárias, que
conferem direitos normais ao seu titular; b) preferenciais, que conferem uma preferência ou
vantagem ao seu titular; c) de fruição, que conferem apenas direitos de gozo ao seu titular.
A alternativa D está correta, pois se trata da previsão legal disposta no artigo 17, §7º da Lei de
Sociedade Anônima, denominada Golden Share, que dispõe: “Nas companhias objeto de
desestatização poderá ser criada ação preferencial de classe especial, de propriedade exclusiva do
ente desestatizante, à qual o estatuto social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o
poder de veto às deliberações da assembléia-geral nas matérias que especificar.”
A alternativa E está incorreta, pois as ações ordinárias, ao contrário do que a assertiva afirma,
conferem aos seus titulares o direito ao voto, conforme artigo 110 da Lei de Sociedade Anônima:
“Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembléia-geral.”

QUESTÃO 52. Considere que o Estado pretenda transferir a propriedade de um imóvel à


empresa por ele controlada, como forma de integralização de ações subscritas em face de
aumento de capital deliberado em Assembleia de Acionistas. De acordo com o que disciplina
a legislação de regência,
a) trata-se de prerrogativa do acionista controlador que seja pessoa jurídica de direito
público, conferida para cumprimento de relevante interesse coletivo que justificou a criação
da empresa pública ou sociedade de economia mista, não sendo a mesma possibilidade
conferida a acionistas privados.
b) a integralização de participação acionária em bens somente se afigura juridicamente
possível quando se trata de empresa pública, na qual o Estado e outras entidades da
Administração indireta detenham a integralidade do capital social, e depende de avaliação
pelo critério patrimonial contábil.

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119
c) é possível a integralização do capital subscrito em bens, com preço aferido em avaliação
de mercado, desde que a Assembleia de Acionistas que deliberou sobre o aumento tenha
autorizado tal modalidade e desde que se trate de companhia fechada, sem ações ou títulos
negociados em bolsa de valores.
d) a operação configura abuso do acionista controlador, uma vez que a regra é a
integralização do capital subscrito em dinheiro ou em ativos financeiros com liquidez para
negociação no mercado de capitais ou em mercado secundário, salvo para formação do
capital inicial da companhia.
e) a integralização em bens condiciona-se à avaliação, mediante laudo fundamentado,
realizada por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembleia-geral,
constituindo abuso do acionista controlador a realização em bens estranhos ao objeto social
da companhia.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema de integralização do capital social e abuso no poder de controle, também
previstos na Lei de Sociedade Anônima (Lei nº 6.404/1976).
A alternativa A está incorreta, pois a integralização do capital não se trata de prerrogativa conferida
ao acionista controlador, tampouco os artigos 7º e 8º diferenciam a forma de integralização por bens
a depender do tipo de pessoa jurídica, se de direito público ou de direito privado. Vejamos a
literalidade da lei: “Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em
qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. Art. 8º A avaliação dos bens será
feita por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembléia-geral dos
subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em
primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do
capital social, e em segunda convocação com qualquer número.”
A alternativa B está incorreta, pois, novamente, a legislação, no artigo 7º, não limita a integralização
de capital social por bens somente às empresas públicas.
A alternativa C está incorreta, pois o artigo 170, §3º da Lei de Sociedade Anônima determina que
a integralização do capital por bens deverá obedecer o artigo 8º o qual, por sua vez, determina, em
seu parágrafo 1º, que o preço da avaliação seja feita por peritos que indicarão os critérios de
avaliação. Vejamos os dispositivos legais: “Art. 170. Depois de realizados 3/4 (três quartos), no
mínimo, do capital social, a companhia pode aumentá-lo mediante subscrição pública ou particular
de ações. (...) § 3º A subscrição de ações para realização em bens será sempre procedida com
observância do disposto no artigo 8º, e a ela se aplicará o disposto nos §§ 2º e 3º do artigo 98.” e
“Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados
em assembléia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos
fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença de subscritores que
representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer
número. § 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a
indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com os
documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que conhecer do laudo,
a fim de prestarem as informações que lhes forem solicitadas.”
A alternativa D está incorreta, pois o artigo 7º da Lei de Sociedade Anônima permite,
expressamente, a integralização do capital social por bens, não só em dinheiro ou ativos como

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119
trouxe a assertiva, vejamos o dispositivo legal: “Art. 7º O capital social poderá ser formado com
contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro”
A alternativa E está correta, conforme expressa previsão legal no artigo 8º da Lei de Sociedade
Anônima e, ainda, como dispõe o artigo 117, §1º, alínea “h”: Art. 117. O acionista controlador
responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder. § 1º São modalidades
de exercício abusivo de poder: (...) h) subscrever ações, para os fins do disposto no art. 170, com
a realização em bens estranhos ao objeto social da companhia.”

QUESTÃO 53. Pedro, servidor público ocupante de cargo permanente, foi indicado para
integrar o Conselho de Administração de sociedade de economia mista controlada pelo
Estado. Ocorre que, por ocasião da Assembleia de Acionistas em que se daria a eleição, um
grupo de acionistas minoritários apresentou impugnação à eleição de Pedro, alegando que,
pelo fato de ter sido nomeado Secretário Executivo (cargo em comissão) no Governo do
Estado, haveria impedimento à sua eleição de acordo com as regras previstas na Lei das
Estatais. Alegaram referidos acionistas, ainda, que haveria conflito de interesses impeditivo
à eleição de Pedro pelo fato de já integrar o Conselho de Administração de empresa pública
federal. Na condição de Procurador encarregado de avaliar as referidas impugnações,
caberia:
a) afastar ambas as impugnações, uma vez que a existência de vínculo efetivo com a
administração pública permite a eleição para Conselho de Administração da estatal ainda
que, cumulativamente, o indicado seja Secretário de Estado ou Secretário Executivo, e, além
disso, só caberia falar em conflito de interesses se o indicado participasse de órgão
estatutário de empresa privada.
b) afastar a primeira impugnação, uma vez que o impedimento previsto na Lei das Estatais
recai sobre os que ocupam exclusivamente cargo em comissão, bem como sobre Secretário
de Estado (agente político); e, quanto à segunda impugnação, considerar cabível, caso se
trate de empresa considerada concorrente no mercado, podendo a Assembleia-Geral
autorizar a eleição.
c) acolher ambas as impugnações, uma vez que a Lei das Estatais veda a participação de
quaisquer agentes públicos nos órgãos diretivos das sociedades de economia mista,
admitindo que integrem apenas o Conselho Fiscal e, além disso, há conflito presumido
quando o indicado integra outro Conselho de Administração, salvo o de empresa estatal
controlada pelo mesmo ente.
d) acolher a primeira impugnação, eis que configurado impedimento previsto na Lei das
Estatais, o que, por si só, já vedaria a eleição de Pedro, não obstante descabida a segunda
impugnação, eis que a legislação não contempla hipótese de conflito de interesse em tese
ou ex ante, cabendo avaliar a ocorrência de conflito apenas em situações concretas em
função da matéria.
e) acolher ambas as impugnações, na medida em que ocupantes de cargo em comissão são
impedidos de integrar Conselho de Administração de empresa estatal, independentemente
de possuírem também vínculo efetivo, e, além disso, a legislação veda, por potencial conflito
de interesses, a atuação simultânea em órgãos estatutários de empresas controladas por
entes de diferentes esferas governamentais.
Comentários
Não há alternativa correta.

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A questão aborda o tema das Empresas Estatais, tratada na Lei nº 13.303/2016.
A questão traz dois fundamentos em cada alternativa, porém, em nenhuma delas ambos os
fundamentos estão corretos.

QUESTÃO 54. Suponha que o Estado manifeste a intenção de instituir um programa de apoio
a comerciantes que atuam em regiões onde tem sido verificado o fechamento de
estabelecimentos e o aumento dos índices de criminalidade. Pretende, com isso, fomentar a
economia local e induzir a requalificação do espaço público com o maior fluxo de pessoas.
O programa idealizado contempla a criação de uma linha de crédito a juros abaixo daqueles
praticados no mercado financeiro, destinada a capital de giro dos comerciantes, e prevê a
celebração de convênio com instituições financeiras, que deverão ofertar essas linhas com
juros subsidiados ao público alvo e receberão recursos do Estado destinados à cobertura
do subsídio. Tendo sido a matéria submetida à análise jurídica da Procuradoria Geral do
Estado (PGE), caberá ao procurador oficiante no feito apontar
a) a obrigatoriedade de operação das citadas linhas de crédito por agência ou banco de
fomento estadual, devendo os recursos destinados à equalização de juros ingressarem
mediante aporte de capital.
b) que o programa somente será viável se comprovado que os destinatários da linha de
crédito enquadram-se como elegíveis para recebimento de subvenção social e, ainda, desde
que haja previsão orçamentária para suportar as despesas correspondentes.
c) que o programa envolve subvenção econômica por parte do Estado, demandando, assim,
autorização legislativa específica, não sendo suficiente apenas a previsão dos recursos
destinados à equalização de juros na Lei Orçamentária Anual.
d) que a instituição do programa ensejará a geração de despesa de caráter continuado e,
embora prescinda de autorização legal específica, deverá comprovar sua adequação com as
projeções e metas estabelecidas no Plano Plurianual.
e) a inviabilidade jurídica do modelo proposto, que viola regras do sistema financeiro
nacional, as quais vedam a oferta de crédito subvencionado com recursos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema da destinação de recursos públicos para o setor privado.
A alternativa A está incorreta pois não há necessidade de que as linhas de crédito sejam operadas
por banco de fomento, requisito esse não previsto na legislação, conforme comentários à alternativa
C.
A alternativa B está incorreta pois as subvenções sociais são transferências destinadas a
instituições de caráter assistencial ou cultural, conforme art. 12, § 3º, I, da Lei nº 4.320/1964:
“subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial
ou cultural, sem finalidade lucrativa”.
A alternativa C está correta. Com efeito, trata-se de subvenção econômica nos moldes do art. 12,
§ 3º, II, da Lei nº 4.320/1964: “Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as
transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindo-
se como subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter
industrial, comercial, agrícola ou pastoril.”

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119
Como se trata de benefício creditício, deve ainda ser aplicado dispositivo da LRF, que determina a
necessidade de lei específica para concessão de empréstimo com juros subsidiados: “Art. 27. Na
concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu
controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres não serão
inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação. Parágrafo único. Dependem de autorização
em lei específica as prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações de crédito,
bem como a concessão de empréstimos ou financiamentos em desacordo com o caput, sendo o
subsídio correspondente consignado na lei orçamentária.”
A alternativa D está incorreta pois é necessária lei específica, conforme comentários à alternativa
C.
A alternativa E está incorreta pois não há óbice à concessão de benefício creditício, havendo
dispositivo específico permitindo a prática, conforme comentários à alternativa C.

QUESTÃO 55. Considere que o Estado pretenda contratar operação de crédito com
organismo multilateral, que contará com garantia da União junto ao financiador, tendo sido
exigida contragarantia do Estado, proveniente do produto da arrecadação de Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e do fluxo de recebíveis oriundos
do Fundo de Participação dos Estados (FPE). A operação, tal como estruturada, afigura-se
juridicamente
a) viável, uma vez que é admissível a vinculação de produto de imposto para pagamento de
dívidas e constituição de garantia perante a União, valendo notar que não seria admissível
que o Estado ofertasse garantia direta ao financiador sobre produto da arrecadação de ICMS
ou outro tributo de sua competência instituidora.
b) inviável, uma vez que o oferecimento de garantia incidente sobre a receita oriunda da
participação do Estado no produto de impostos da União caracteriza vinculação de receita
futura, vedada pela Lei de Responsabilidade Fiscal, salvo em operações de securitização de
recebíveis realizadas perante o Mercado de Capitais.
c) viável, desde que a contragarantia limite-se aos recursos do Fundo de Participação dos
Estados (FPE), uma vez que a Constituição veda a vinculação, em garantia ou contragarantia
de operações de crédito, do produto de imposto pelo ente que detém a respectiva
competência instituidora.
d) inviável, uma vez que a prestação de garantia pela União em operação de crédito cujo
tomador seja o Estado configura financiamento indireto a ente subnacional, somente sendo
admitida em hipótese de adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal.
e) admissível, no que concerne à contragarantia exigida do Estado, apenas na hipótese de a
garantia da União importar extrapolação do limite global fixado pelo Senado Federal, o que
demanda reforço mediante vinculação de receitas tributárias e não tributárias do Estado.
Comentários
A alternativa correta é a letra A, pois é permitida a vinculação de receitas de ICMS e do FPE para
prestação de contragarantia pelo Estado à União, conforme art. 167, § 4º, da CF: “É permitida a
vinculação das receitas a que se referem os arts. 155, 156, 157, 158 e as alíneas "a", "b", "d" e "e"
do inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição para pagamento de débitos com a
União e para prestar-lhe garantia ou contragarantia.”
A questão aborda os temas crédito público e vinculação de receitas.

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As alternativas B, C, D e E, ao imporem restrições às vinculações, violam o art. 167, § 4º, da CF,
sendo incorretas.

QUESTÃO 56. Considere que no primeiro quadrimestre do exercício financeiro em curso


tenha ocorrido o ingresso de um montante elevado de receitas extraorçamentárias, o que
significa, de acordo com a legislação de regência, que
a) ocorreu excesso de arrecadação em relação às previsões constantes na Lei Orçamentária
Anual, podendo tais receitas constituir fonte para abertura de créditos adicionais ou
suplementares, mediante decreto.
b) se trata de receitas que pertencem ao exercício anterior e que, pelo princípio da
anualidade, somente podem ser utilizadas para o pagamento de despesas daquele exercício
que não tenham sido inscritas em restos a pagar.
c) se trata de recursos provenientes da alienação de ativos, que, pela sua natureza, não são
previstos na Lei Orçamentária Anual e que somente poderão ser aplicados em despesas de
capital.
d) tais recursos, embora transitem pelo caixa do Tesouro, sendo objeto de lançamento, não
serão passíveis de utilização para suportar despesas públicas previstas na Lei Orçamentária
Anual ou a abertura de créditos especiais, uma vez que já estão comprometidos com um
passivo exigível.
e) se procedeu ao cancelamento de restos a pagar processados, cujo valor correspondente
passa a ser de livre alocação em despesas do exercício corrente, com prioridade para as
despesas de pessoal e custeio.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema classificação das receitas.
A alternativa A está incorreta, pois, apesar de não previsto na LOA, o excesso de arrecadação
detém natureza de receita orçamentária, pois não há necessidade de devolução dos recursos.
A alternativa B está incorreta, pois o Brasil adotou o regime de caixa para a receita pública,
pertencendo ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas, conforme Lei nº 4.320/1964: “Art.
35. Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas”.
A alternativa C está incorreta, pois a receita decorrente de alienação de ativos é receita de capital,
podendo fazer frente às despesas públicas, ao contrário das receitas extraorçamentárias.
A alternativa D está correta. Conforme entendimento doutrinário, as receitas extraorçamentárias
são aquelas que, cumulativamente: (i) não sejam previstas no orçamento; e (ii) haja necessidade
de devolução dos recursos que ingressaram temporariamente. Assim, não basta não estar prevista
no orçamento para ser denominada de receita extraorçamentária, pois existem receitas públicas
que não são previstas no orçamento, mas que detêm natureza de receita orçamentária, como é o
caso do excesso de arrecadação. São receitas extraorçamentárias, portanto, os ingressos
financeiros que transitam pelo caixa, sendo objeto de lançamento contábil, porém não passíveis de
utilização para suportar despesas públicas previstas na Lei Orçamentária Anual.
A alternativa E está incorreta, pois o cancelamento de restos a pagar não se enquadra no conceito
de receita extraorçamentária, conforme comentários à alternativa D.

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119
QUESTÃO 57. Tratando-se de programação orçamentária decorrente de dotação introduzida
na Lei Orçamentária Anual do Estado por emenda parlamentar individual impositiva, ou seja,
aprovada no limite de 2% (dois por cento) da receita corrente líquida do exercício anterior ao
encaminhamento do projeto, é correto afirmar que
a) poderá ser destinada a ações executadas por Municípios, inclusive na forma de
transferência especial, que, observadas as regras constitucionais, independe da celebração
de convênio ou instrumento congênere.
b) deverá ser integralmente executada (empenhada, liquidada e paga) no exercício
correspondente, vedada a inscrição em restos a pagar.
c) não poderá ser afetada por limitação geral de empenho (contingenciamento) e tampouco
cancelada ou remanejada por inviabilidade técnica de execução da ação correspondente.
d) demanda, na hipótese de ação a ser executada mediante transferência de recursos a
Município, a comprovação da adimplência do ente no que concerne a obrigações perante o
Estado e a União.
e) não poderá ser considerada para verificação do cumprimento dos limites mínimos
constitucionais de aplicação de recursos em despesas com saúde e educação, ainda que
contemple ação nas referidas áreas.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema das emendas parlamentares individuais impositivas ao Orçamento.
A alternativa A está correta. É o teor do art. 166-A, § 2º, I, da CF: “Na transferência especial a que
se refere o inciso I do caput deste artigo, os recursos serão repassados diretamente ao ente
federado beneficiado, independentemente de celebração de convênio ou de instrumento
congênere”.
A alternativa B está incorreta. O art. 166, § 17, da CF prevê a possibilidade de inscrição em restos
a pagar na hipótese: “Os restos a pagar provenientes das programações orçamentárias previstas
nos §§ 11 e 12 deste artigo poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução
financeira até o limite de 1% (um por cento) da receita corrente líquida do exercício anterior ao do
encaminhamento do projeto de lei orçamentária, para as programações das emendas individuais,
e até o limite de 0,5% (cinco décimos por cento), para as programações das emendas de iniciativa
de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal.”
A alternativa C está incorreta. O art. 166, § 13, da CF prevê a possibilidade de inexecução em caso
de inviabilidade técnica: “As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 deste artigo não
serão de execução obrigatória nos casos dos impedimentos de ordem técnica.”
A alternativa D está incorreta. O art. 166, § 16, da CF dispõe que as transferências independerão
da adimplência do ente federativo: “Quando a transferência obrigatória da União para a execução
da programação prevista nos §§ 11 e 12 deste artigo for destinada a Estados, ao Distrito Federal e
a Municípios, independerá da adimplência do ente federativo destinatário e não integrará a base de
cálculo da receita corrente líquida para fins de aplicação dos limites de despesa de pessoal de que
trata o caput do art. 169.”
A alternativa E está incorreta. O art. 166, § 10, da CF prevê o cômputo do montante recebido para
fins do cumprimento do mínimo de aplicação em serviços de saúde: “A execução do montante

71
119
destinado a ações e serviços públicos de saúde previsto no § 9º, inclusive custeio, será computada
para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198, vedada a destinação para pagamento de
pessoal ou encargos sociais.”

QUESTÃO 58. De acordo com a Lei no 12.529, de 2011, que estrutura o Sistema Brasileiro de
Defesa da Concorrência, presume-se que uma empresa detém posição dominante no
mercado relevante em que atua
a) desde que caracterizada a inequívoca existência de poder de mercado, decorrente da
concentração vertical, essa que se dá pelo controle de um determinado nível da cadeia
produtiva e configura presunção absoluta de infração à ordem econômica.
b) quando controla ao menos 30% (trinta por cento) do mercado em questão, podendo tal
percentual ser desconsiderado pelo CADE para setores específicos da economia nos quais
a concentração favoreça ganhos de eficiência, comprovados em estudos técnicos.
c) apenas se constatada a existência de mercado imperfeito, com a formação de monopólio,
demandando do CADE medidas de entrada forçada de concorrentes, inclusive mediante
venda compulsória de ativos, após o necessário processo administrativo.
d) desde que haja indícios de prática de ato de concentração horizontal, que corresponda à
presença do mesmo agente econômico controlando, direta ou indiretamente, os diferentes
níveis da cadeia produtiva no mercado em questão.
e) sempre que uma empresa ou grupo de empresas for capaz de alterar, unilateral ou
coordenadamente, as condições de mercado ou quando controlar 20% (vinte por cento) ou
mais do mercado relevante, podendo esse percentual ser alterado pelo CADE para setores
específicos da economia.
Comentários
A alternativa correta é a letra E, pois obedece ao disposto no art. 36, §2º, da Lei nº 12.159/2011:
“Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for capaz de
alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando controlar 20% (vinte
por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo Cade para
setores específicos da economia.”
A questão aborda o tema das infrações da ordem econômica e o Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência – SBDC.
As alternativas A, B, C e D não apresentam o conceito legal de presunção de posição dominante,
estando incorretas.

QUESTÃO 59. De acordo com a disciplina de operações de crédito e endividamento público,


estabelecida na Constituição Federal e na Lei de Responsabilidade Fiscal, a realização de
operação de crédito por Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) enfrenta algumas
vedações e também condicionantes e, nesse sentido, verifica-se, entre outras, a
a) vedação de realização no último quadrimestre do mandato do Chefe do Executivo, exceto
se os recursos forem destinados para cobertura do déficit do regime de previdência próprio
ou geral dos servidores e haja autorização legal específica.

72
119
b) obrigatoriedade de liquidar a operação, com juros e outros encargos incidentes, até 10 de
dezembro do exercício em que tenha sido realizada, sendo vedada a realização de uma
segunda ARO sem que a primeira tenha sido integralmente resgatada.
c) ilegalidade da destinação dos recursos captados para despesas de custeio, os quais
somente podem ser destinados a despesas de capital, sob pena de violação à denominada
“regra de ouro” e obrigatoriedade de liquidação do montante antecipado até o exercício
subsequente.
d) obrigatoriedade de contratação com instituição financeira oficial e a vedação de repetição
de operação da mesma natureza em exercício subsequente, admitindo-se apenas duas AROs
no mesmo mandato do Chefe do Executivo.
e) necessidade de observância do limite de endividamento do Estado, fixado em resolução
do Senado Federal e a obrigatoriedade de incorporação do valor total da operação (principal
e juros) ao saldo da dívida consolidada.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema operação de crédito por antecipação de receita orçamentária.
A alternativa A está incorreta, pois a vedação é para realização no último ano de mandato do Chefe
do Poder Executivo, conforme LRF. “Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita
destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências
mencionadas no art. 32 e mais as seguintes: IV - estará proibida: b) no último ano de mandato do
Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.”
A alternativa B está correta. É o regramento da LRF. “Art. 38. A operação de crédito por antecipação
de receita destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as
exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes: II - deverá ser liquidada, com juros e outros
encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano; (...) IV - estará proibida: a) enquanto
existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada”.
A alternativa C está incorreta. Conforme visto nos comentários à alternativa B, a operação deverá
ser liquidada até o dia dez de dezembro de cada ano.
A alternativa D está incorreta. Não há obrigatoriedade de contratação com instituição financeira
oficial, mas com a instituição financeira vencedora de processo competitivo, conforme art. 38, §2º,
da LRF: “As operações de crédito por antecipação de receita realizadas por Estados ou Municípios
serão efetuadas mediante abertura de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo
competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.”. Ademais, não há limite para a
contratação da operação, desde que se observe que somente poderá ser contratada operação se
a anterior já estiver integralmente resgatada, conforme art. 38, IV, a, da LRF.
A alternativa E está incorreta. Não há necessidade de incorporação do valor total da operação ao
saldo da dívida consolidada, pois, para a dívida consolidada, são consideradas as operações de
crédito para amortização em prazo superior a doze meses, conforme art. 29, I, da LRF: “dívida
pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações
financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados
e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses”. Como
a operação de crédito por ARO deve ser integralmente resgatada dentro do exercício financeiro,
não se enquadra no conceito.

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119
QUESTÃO 60. A denominada Reserva de Contingência, de acordo com a disciplina
estabelecida na Lei de Responsabilidade Fiscal, corresponde a
a) dotação global, em montante estabelecido no Anexo de Riscos Fiscais, destinada a
suportar a abertura de créditos especiais, adicionais ou suplementares, sem a necessidade
de indicação de cancelamento de outras dotações ou comprovação de excesso de
arrecadação, mediante autorização legal específica.
b) dotação orçamentária fixada na Lei Orçamentária Anual, não atrelada à programação de
despesa específica, que pode ser utilizada exclusivamente para fazer frente à abertura de
créditos extraordinários para suportar despesas geradas em situações de decretação de
calamidade pública.
c) montante da despesa que deve ser contingenciado, em percentual fixado na Lei
Orçamentária Anual, caso não sejam cumpridas as metas de arrecadação previstas no Anexo
de Metas Fiscais que integra a Lei de Diretrizes Orçamentárias ou haja extrapolação do
percentual previsto para crescimento de despesas de caráter continuado.
d) montante máximo fixado no Anexo de Metas Fiscais que integra a Lei de Diretrizes
Orçamentárias a ser utilizado para suportar medidas compensatórias de renúncia fiscal,
configurando limitação para os impactos orçamentários-financeiros dos benefícios fiscais
em cada exercício.
e) montante destinado a fazer frente a passivos contingentes e outros riscos e eventos
fiscais imprevistos, definido com base na receita corrente líquida, na forma estabelecida na
Lei de Diretrizes Orçamentárias, essa última que contempla também o Anexo de Riscos
Fiscais.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema reserva de contingência.
A alternativa A está incorreta, pois o montante da reserva de contingência será estabelecido na lei
de diretrizes orçamentárias e não no anexo de riscos fiscais dessa lei, conforme Art. 5º, III, da LRF:
“O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano plurianual, com a
lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar conterá reserva de
contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida,
serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
A alternativa B está incorreta, pois, conforme art. 5º, III, b, da LRF, a reserva de contingência se
destina ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.
Assim, não se destina exclusivamente à abertura de créditos extraordinários, já que outros
pagamentos inesperados que não puderam ser previstos durante a programação do orçamento,
como por exemplo aqueles decorrentes de ações judiciais trabalhistas, cíveis etc., que não ensejam
a abertura de crédito extraordinário poderão ser atendidos.
A alternativa C está incorreta, pois o montante da reserva de contingência deve ser estabelecido
na lei de diretrizes orçamentárias, conforme comentários à alternativa A.
A alternativa D está incorreta, pois o montante da reserva de contingência deve ser estabelecido
na lei de diretrizes orçamentárias, conforme comentários à alternativa A.
A alternativa E está correta, pois a reserva de contingência é destinada a fazer frente a passivos
contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos, definido com base na receita corrente
líquida, na forma estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme comentários à

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alternativa B e, ademais, a LDO deve conter o anexo de riscos fiscais, conforme art. 4º, §3º, da
LRF: “A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os
passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as
providências a serem tomadas, caso se concretizem.”

QUESTÃO 61. Assinale a alternativa que contém ato ou negócio jurídico, válido e eficaz,
realizado por menor relativamente incapaz, com idade de 17 anos, não emancipado e sem
assistência de seus pais ou responsáveis ou posterior aprovação destes.
a) Pacto antenupcial feito pelo menor no qual é previsto o regime da separação convencional
de bens.
b) Mútuo feito pelo credor ciente da menoridade do devedor, para alimentos deste, em razão
da pessoa responsável pela guarda do menor, apesar de presente, não possuir recursos
suficientes.
c) Obrigação contraída pelo menor que não declarou sua idade por não ter sido inquirido
pela outra parte.
d) Testamento feito pelo menor, por instrumento particular.
e) Quitação dada pelo credor menor ao devedor que conhecia a idade daquele, tendo em
vista a presunção legal de que o valor reverteu em benefício do menor.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta, pois o pacto antenupcial celebrado pelo menor, com previsão do
regime da separação convencional de bens, tem a sua eficácia condicionada à aprovação de seu
representante legal. Nos termos do art. 1.654 do Código Civil: “A eficácia do pacto antenupcial,
realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses
de regime obrigatório de separação de bens”. De acordo com Cristiano Chaves: “Sintetizando:
sendo celebrado um casamento entre menores, com o regular consentimento dos pais, não
havendo nova intervenção dos genitores para a celebração de um pacto antenupcial, prevalecerá
o regime supletivo (comunhão parcial). Havendo convenção pré-nupcial celebrada pelos noivos,
condiciona o legislador a sua eficácia à aprovação pelos assistentes do adolescente, não se
confundindo esta com a própria autorização para que o menor venha a casar. O pacto antenupcial,
contudo, não poderá produzir efeitos quando se tratar de casamento submetido ao regime de
separação obrigatória, nos casos em que o menor necessita de autorização judicial para casar”.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 588 do Código Civil: “O mútuo feito a pessoa
menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do
mutuário, nem de seus fiadores”. De acordo com Flávio Tartuce: “Em regra, o mútuo feito a menor
sem a autorização do seu representante, ou daquele sob cuja guarda estiver, não poderá ser
reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores (art. 588 do CC). Trata-se, portanto, de caso de
ineficácia do negócio, pois a obrigação é natural ou incompleta: a dívida existe, mas não há a
correspondente responsabilidade (“Schuld sem Haftung”).”
A alternativa C está incorreta, pois, nessa hipótese, o negócio jurídico não é válido. Observe que a
situação da alternativa, na qual o “menor não declarou sua idade por não ter sido inquirido pela
outra parte”, afasta o disposto no art. 180 do Código Civil, que prevê a validade e eficácia de negócio
jurídico quando o menor invocar a sua idade para eximir-se de obrigação após ocultá-la
dolosamente quando inquirido pela outra parte.

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Dispõe o art. 180: “O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se,
no ato de obrigar-se, declarou-se maior”. No mesmo sentido afirma Flávio Tartuce: “Também no
que concerne ao menor púbere (de 16 a 18 anos), não pode este valer-se da própria torpeza,
beneficiando-se de ato malicioso (a malícia supre a idade). Não pode, portanto, para eximir-se de
uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou
se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. O negócio jurídico reputa-se válido e gera efeitos,
afastando-se qualquer anulabilidade (art. 180 do CC)”.
A alternativa D está correta, nos termos do parágrafo único do art. 1.860 do Código Civil: “Parágrafo
único. Podem testar os maiores de dezesseis anos”. Aduz Cristiano Chaves que: “O próprio texto
legal já estabelece uma ressalva no que diz respeito ao maior de dezesseis anos de idade. Malgrado
ainda esteja incluso no rol dos relativamente incapazes, já lhe é autorizada a elaboração de
testamento, independentemente de assistência (por conta do caráter personalíssimo do ato),
considerando que a sua incapacidade decorre de uma causa etária, e não psíquica”.
A alternativa E está incorreta, pois a quitação dada pelo credor menor, com 17 anos, somente será
válida se houver a assistência de seus pais ou responsáveis, tendo em vista que é relativamente
incapaz, nos termos do art. 4º, I, do Código Civil: “São incapazes, relativamente a certos atos ou à
maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos”. Cumpre destacar
que a quitação consiste em um negócio jurídico unilateral, portanto, deve observar o regramento
civilista no que diz respeito aos requisitos de validade do negócio jurídico previstos no art. 104 do
Código Civil. De acordo com Cristiano Chaves: “No primeiro plano (existência), os elementos
aparecem, estruturam o negócio. Já no plano seguinte (validade), aqueles mesmos elementos se
qualificam, para que se tornem aptos a produzir efeitos. Assim, qualificando os elementos
existenciais, tem-se como requisitos da validade do negócio jurídico, a partir da leitura do art. 104
do Código Civil: i) agente capaz; ii) objeto lícito, possível, determinado ou determinável; iii) forma
adequada (prescrita ou não defesa em lei); iv) vontade exteriorizada conscientemente, de forma
livre e desembaraçada. Em primeiro lugar, veja-se que o agente deve ser capaz, respeitadas as
hipóteses de absoluta e relativa incapacidade traçadas pelos arts. 3º e 4º da Codificação”.

QUESTÃO 62. A cláusula “se constituíres sociedade empresarial com João, dar-te-ei a
quantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais)” pode ser classificada como uma condição
a) puramente potestativa.
b) promíscua.
c) mista.
d) simplesmente potestativa.
e) perplexa.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
Nos termos do art. 121 do Código Civil: “Considera-se condição a cláusula que, derivando
exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e
incerto”.
As alternativas A e D estão incorretas. De acordo com Flávio Tartuce, as condições potestativas:
“são aquelas que dependem do elemento volitivo, da vontade humana, sendo pertinente a seguinte
subclassificação: – Condições simplesmente ou meramente potestativas – dependem das vontades

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intercaladas de duas pessoas, sendo totalmente lícitas. Exemplo: alguém institui uma liberalidade
a favor de outrem, dependente de um desempenho artístico (cantar em um espetáculo). –
Condições puramente potestativas – dependem de uma vontade unilateral, sujeitando-se ao puro
arbítrio de uma das partes (art. 122 do CC, parte final). São ilícitas, segundo esse mesmo
dispositivo. Exemplo: dou-lhe um veículo, se eu quiser”.
A alternativa B está incorreta. Maria Helena Diniz conceitua a condição promíscua como aquela
“que se caracteriza no momento inicial como potestativa, vindo a perder tal característica por fato
superveniente, alheio à vontade do agente, que venha a dificultar sua realização. Por exemplo, ‘dar-
lhe-ei um carro se você, campeão de futebol, jogar no próximo torneio’. Essa condição potestativa
passará a ser promíscua se o jogador vier a se machucar”.
A alternativa C está correta, pois, na condição mista, conjuga-se a vontade de um dos agentes (dar-
te-ei a quantia de R$ 1.000.000,00) e outra circunstância externa (se constituíres sociedade
empresarial com João). De acordo com Cristiano Chaves, a condição poderá ser classificada por
diferentes prismas, considerando critérios diversos. Nesse contexto, quanto à fonte de onde deriva,
o autor afirma que: “a condição pode ser casual, potestativa ou mista, se originou de evento fortuito,
da vontade de um dos negociantes ou, a um só tempo, da vontade de um dos agentes e de outra
circunstância. Se a condição depende do acaso, diz-se casual (exemplo nítido é a não ocorrência
de uma tempestade). Se decorrer da vontade de uma das partes, é potestativa (lembrando que
somente são admitidas as condições simplesmente ou meramente potestativas, sendo aquelas
dependentes de manifestação volitiva de uma das partes, como no exemplo de realizar uma
viagem, pois as condições puramente potestativas são vedadas pelo art. 122 do Código Civil).
Finalmente, a condição mista é a que conjuga a vontade de uma das partes e uma circunstância
externa, como na doação que se realizará se o donatário casar com determinada pessoa.”
A alternativa E está incorreta. O conceito de condição perplexa é encontrado no artigo publicado
pelo Estratégia Concursos intitulado “Elementos acidentais dos negócios jurídicos: Condição”.
Assim, de acordo com o resumo, as condições perplexas ocorrem quando “a própria condição
inserida no negócio jurídico é incompreensível ou contraditória de tal forma que priva todo o efeito
do negócio jurídico (ex.: empresto a alguém um imóvel desde que não more nele e nem o alugue)”.
Artigo disponível em: <https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/elementos-acidentais-
negocios-juridicos/>. Acesso em: 26/02/2024.

QUESTÃO 63. Assinale a alternativa correta sobre prazos prescricionais, tendo em vista o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
a) Aplica-se o prazo prescricional trienal — previsto no Código Civil de 2002 — às ações
indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo quinquenal
contido no Decreto nº 20.910/32.
b) É trienal o prazo prescricional para que o condomínio geral ou edilício (vertical ou
horizontal) exercite a pretensão de cobrança de taxa condominial ordinária ou extraordinária,
constante em instrumento público ou particular, a contar do dia seguinte ao vencimento da
prestação.
c) É ânuo o prazo prescricional para exercício de qualquer pretensão do segurado em face
do segurador — e vice-versa — baseada em suposto inadimplemento de deveres.
d) A pretensão de reparação civil lastreada na responsabilidade contratual submete-se ao
prazo quinquenal.

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e) A pretensão de repetição de indébito de contrato de cédula de crédito rural prescreve no
prazo de cinco anos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta, pois aplica-se o prazo quinquenal (Decreto 20.910/32) às ações
indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública. De acordo com a tese firmada pelo STJ no Tema
Repetitivo 553: “Aplica-se o prazo prescricional quinquenal – previsto do Decreto 20.910/32 – nas
ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido
do Código Civil de 2002”.
A alternativa B está incorreta, pois o prazo é quinquenal. De acordo com a tese firmada pelo STJ
no Tema Repetitivo 949: “Na vigência do Código Civil de 2002, é quinquenal o prazo prescricional
para que o condomínio geral ou edifício (horizontal ou vertical) exercite a pretensão de cobrança da
taxa condominial ordinária ou extraordinária constante em instrumento público ou particular, a
contar do dia seguinte ao vencimento da prestação”.
A alternativa C está correta, nos termos da tese fixada pelo STJ no Tema/IAC 2: “É ânuo o prazo
prescricional para exercício de qualquer pretensão do segurado em face do segurador – e vice-
versa – baseada em suposto inadimplemento de deveres (principais, secundários ou anexos)
derivados do contrato de seguro, ex vi do disposto no artigo 206, § 1º, II, "b", do Código Civil de
2002 (artigo 178, § 6º, II, do Código Civil de 1916).”
A alternativa D está incorreta, pois a pretensão de reparação civil lastreada na responsabilidade
contratual submete-se ao prazo de 10 (dez) anos, nos termos do art. 205 do Código Civil. A Corte
Especial do STJ definiu que, nas pretensões relacionadas à responsabilidade contratual, aplica-se
a regra geral (art. 205 do CC/02), que prevê 10 anos de prazo prescricional e, nas demandas que
versarem sobre responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do
mesmo diploma, com prazo prescricional de 3 anos. Nesse sentido, destaca-se trecho do seguinte
julgado proferido no EREsp n. 1.280.825/RJ: “4. O instituto da prescrição tem por finalidade conferir
certeza às relações jurídicas, na busca de estabilidade, porquanto não seria possível suportar uma
perpétua situação de insegurança. 5. Nas controvérsias relacionadas à responsabilidade contratual,
aplica-se a regra geral (art. 205 CC/02) que prevê dez anos de prazo prescricional e, quando se
tratar de responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/02, com
prazo de três anos”.
A alternativa E está incorreta, nos termos da tese firmada pelo STJ no Tema Repetitivo 919: “I – A
pretensão de repetição de indébito de contrato de cédula de crédito rural prescreve no prazo de
vinte anos, sob a égide do art. 177 do Código Civil de 1916, e de três anos, sob o amparo do art.
206, §3º, IV, do Código Civil de 2002, observada a norma de transição do art. 2.028 desse último
Diploma Legal; II – O termo inicial da prescrição da pretensão de repetição de indébito de contrato
de cédula de crédito rural é a data da efetiva lesão, ou seja, do pagamento.”

QUESTÃO 64. José, em razão de contrato oneroso, era devedor da obrigação alternativa de
dar a João o veículo modelo Mustang Fastback 1967 ou o veículo modelo Landau V8 1970.
Não foi previsto no instrumento de contrato a quem caberia a escolha da prestação. Antes
da data prevista para a entrega, em razão de um incêndio na garagem de José, causado por
uma instalação elétrica inadequada por ele feita, o veículo modelo Mustang Fastback 1967
foi totalmente destruído. Uma semana depois, ainda antes da data prevista para a entrega,
em razão de um acidente provocado por inadequada manutenção do sistema de freios

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realizada por José, o modelo Landau V8 1970 também foi totalmente destruído. Tendo em
vista o caso hipotético narrado, assinale a alternativa correta.
a) A prerrogativa da escolha da prestação era de José, estando ele obrigado a pagar a João
indenização equivalente ao valor do Landau V8 1970, mais as perdas e os danos que o caso
determinar.
b) Independentemente de quem tinha a prerrogativa da escolha da prestação, José deverá
pagar o valor do veículo mais valioso, acrescido de perdas e danos que o caso determinar.
c) Independentemente de quem tinha a prerrogativa da escolha da prestação, José deverá
pagar o valor do veículo menos valioso, acrescido de perdas e danos que o caso determinar.
d) A prerrogativa da escolha da prestação era de João, podendo este escolher o valor de
quaisquer dos veículos que se perderam, mais as perdas e os danos que o caso determinar.
e) Não tendo ocorrido dolo na perda dos veículos, mas apenas culpa indireta,
independentemente de quem tinha a prerrogativa da escolha da prestação, a obrigação
estará extinta, devendo José pagar a João o equivalente à metade do valor do veículo que
por último se perdeu.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A situação hipotética narrada consiste em uma obrigação alternativa, na qual, conforme Cristiano
Chaves: “a particularidade das obrigações alternativas reside no fato de que, apesar da pluralidade
de prestações possíveis e distintas, estas se excluem no pressuposto de que apenas uma delas
deverá ser satisfeita. Na clássica lição de Clovis Beviláqua, ‘São duas prestações distintas,
independentes, das quais uma tem de ser cumprida, ficando a escolha ao arbítrio do devedor, ou,
anormalmente do credor’. O devedor se liberta da obrigação com o cumprimento de apenas uma
das prestações. Por isso é fácil identificar a obrigação alternativa pela conjunção disjuntiva ou.
Exemplificando, A pagará a dívida perante B, mediante a entrega de R$ 200.000,00 ou de um
apartamento nesse valor. Enfim, o devedor exonera-se do débito quando oferece uma das
prestações”.
Após breve introdução, passamos à análise das alternativas.
A alternativa A está correta. De acordo com o art. 252 do Código Civil: “Nas obrigações alternativas,
a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou”. Logo, é correto afirmar que a
prerrogativa da escolha da prestação era de José (devedor). Além disso, no caso concreto, José
está obrigado a pagar a João uma indenização equivalente ao valor do Landau V8 1970, mais as
perdas e os danos que o caso determinar, em razão da incidência do art. 254 do Código Civil: “Se,
por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a
escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas
e danos que o caso determinar”.
As alternativas B e C estão incorretas, pois a solução é diversa conforme quem tinha a prerrogativa
da escolha da prestação. Quando a escolha couber ao devedor, este ficará obrigado a pagar o valor
da prestação que por último se impossibilitou, conforme o disposto no art. 254 do Código Civil: “Se,
por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a
escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas
e danos que o caso determinar”.
Por outro lado, quando a escolha couber ao credor, e se, por culpa do devedor, ambas as
prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além

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da indenização por perdas e danos. Nesse caso há aplicação da 2ª parte do art. 255 do Código
Civil: “Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do
devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e
danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor
reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos”.
A alternativa D está incorreta, pois a prerrogativa da escolha da prestação era de José (devedor),
nos termos do art. 252 do Código Civil: “Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor,
se outra coisa não se estipulou”. Ademais, João não pode escolher o valor de quaisquer dos
veículos que se perderam, pois aplica-se ao caso o teor do art. 254 do Código Civil: “Se, por culpa
do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha,
ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos
que o caso determinar”.
A alternativa E está incorreta. No caso hipotético, a impossibilidade de cumprimento das prestações
decorreu de culpa de José, pois o veículo modelo Mustang foi totalmente destruído em razão de
um incêndio na garagem de José, causado por uma instalação elétrica inadequada por ele feita,
além disso o modelo Landau V8 1970 também foi totalmente destruído em razão de um acidente
provocado por inadequada manutenção do sistema de freios realizada por José. Nesse contexto,
considerando que a escolha cabia ao devedor (José), este ficará obrigado a pagar o valor da
prestação que por último se impossibilitou, conforme o disposto no art. 254 do Código Civil: “Se,
por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a
escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas
e danos que o caso determinar”.

QUESTÃO 65. O Município X localizou imóveis urbanos inseridos em seu território, sem
moradores ou possuidores, bem como sem o pagamento de tributos imobiliários por período
superior a 5 (cinco) anos. Foram adotadas as providências pelo Município para dar início aos
processos administrativos visando à arrecadação dos imóveis em razão do abandono
presumido, na forma prevista na legislação federal e conforme procedimento previsto em
decreto do Prefeito. Acerca do caso hipotético, assinale a alternativa correta.
a) Os proprietários poderão reivindicar a posse dos imóveis declarados abandonados em
até cinco anos da arrecadação, mediante ressarcimento prévio, e em valor atualizado, de
todas as despesas em que eventualmente houver incorrido o Município, inclusive tributárias,
em razão do exercício da posse provisória.
b) Devem ser notificados os titulares do domínio para, querendo, apresentarem impugnação
no prazo de 15 (quinze) dias, contado da data de recebimento da notificação, sob pena de
concordância tácita.
c) O procedimento da arrecadação não poderia ter sido disciplinado por decreto do Prefeito,
tendo em vista que se trata de assunto sujeito à reserva de lei.
d) Respeitado o procedimento da arrecadação, o Município terá a posse provisória dos
imóveis arrecadados e poderá realizar os investimentos necessários para que eles atinjam
prontamente os objetivos sociais a que se destinam.
e) Poderá ser dispensada a abertura de processo administrativo específico para tratar da
arrecadação, caso tenha havido manifestação dos proprietários dos imóveis nos processos
administrativos dos tributos imobiliários devidos.
Comentários

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A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta, pois o prazo é trienal. De acordo com o art. 64, §5º, Lei 13.465/17: “§
5º Na hipótese de o proprietário reivindicar a posse do imóvel declarado abandonado, no transcorrer
do triênio a que alude o art. 1.276 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), fica
assegurado ao Poder Executivo municipal ou distrital o direito ao ressarcimento prévio, e em valor
atualizado, de todas as despesas em que eventualmente houver incorrido, inclusive tributárias, em
razão do exercício da posse provisória”.
A alternativa B está incorreta, pois o prazo para impugnação é de 30 (trinta) dias. Acerca do
procedimento, aduz o art. 64, §2º, Lei 13.465/17 que: “§ 2º O procedimento de arrecadação de
imóveis urbanos abandonados obedecerá ao disposto em ato do Poder Executivo municipal ou
distrital e observará, no mínimo: I – abertura de processo administrativo para tratar da arrecadação;
II – comprovação do tempo de abandono e de inadimplência fiscal; III – notificação ao titular do
domínio para, querendo, apresentar impugnação no prazo de trinta dias, contado da data de
recebimento da notificação”. Cumpre destacar que “a ausência de manifestação do titular do
domínio será interpretada como concordância com a arrecadação”, nos termos do art. 64, §3º, Lei
13.465/17.
A alternativa C está incorreta, pois o procedimento da arrecadação poderia ter sido disciplinado por
decreto do Prefeito, tendo em vista expressa previsão legal. De acordo com o art. 64, §2º, Lei
13.465/17: “O procedimento de arrecadação de imóveis urbanos abandonados obedecerá ao
disposto em ato do Poder Executivo municipal ou distrital”.
A alternativa D está correta, nos termos do art. 64, §4º, Lei 13.465/17: “Art. 64. Os imóveis urbanos
privados abandonados cujos proprietários não possuam a intenção de conservá-los em seu
patrimônio ficam sujeitos à arrecadação pelo Município ou pelo Distrito Federal na condição de bem
vago. § 4º Respeitado o procedimento de arrecadação, o Município poderá realizar, diretamente ou
por meio de terceiros, os investimentos necessários para que o imóvel urbano arrecadado atinja
prontamente os objetivos sociais a que se destina”.
A alternativa E está incorreta, pois a lei prevê que é necessária a abertura de processo
administrativo para tratar da arrecadação. Dispõe o art. 64, §2º, Lei 13.465/17 que: “§ 2º O
procedimento de arrecadação de imóveis urbanos abandonados obedecerá ao disposto em ato do
Poder Executivo municipal ou distrital e observará, no mínimo: I – abertura de processo
administrativo para tratar da arrecadação”.

QUESTÃO 66. O Estado da Federação X, após regular trâmite de processo judicial de


desapropriação por utilidade pública, obteve carta de adjudicação expedida pelo juiz que foi
encaminhada para registro ao Cartório de Registro de Imóveis. A carta de adjudicação
descrevia um polígono de 2 000 m2. Foi constatado pelo Cartório de Registro de Imóveis que
o polígono descrito na carta de adjudicação era formado pela Transcrição A, de 1 600 m2, e
pela Transcrição B, de 390 m2. Ademais, foi constatado pelo Cartório de Registro de Imóveis
que a descrição constante da carta de adjudicação era divergente das descrições contidas
nas Transcrições A e B. Tendo em vista o caso hipotético, em relação ao pedido de registro
da carta de adjudicação, o Oficial de Registro de Imóveis deverá
a) negar o registro, pois a descrição divergente dos registros anteriores constante da carta
de adjudicação ofende os princípios da especialidade objetiva e da disponibilidade.
b) realizar o registro e proceder à abertura de nova matrícula, devendo a informação sobre a
diferença apurada ser averbada na matrícula aberta.

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119
c) condicionar o registro da carta de adjudicação à prévia retificação dela para adequação
da sua descrição às descrições constantes das Transcrições A e B.
d) averbar, nas Transcrições A e B, a aquisição derivada da propriedade pelo Estado X,
devendo desconsiderar a diferença da área, pois inferior a um vigésimo da área registrada,
condicionando a abertura de nova matrícula ao prévio procedimento administrativo de
retificação de área.
e) negar o registro da carta de adjudicação, tendo em vista que a área nela descrita é maior
que as áreas registradas, resultando em ofensa ao princípio da especialidade objetiva.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa B está correta. Dispõe o art. 176-A, § 5º, II, da Lei nº 6.015/73 que: “O disposto neste
artigo aplica-se, sem prejuízo de outros, ao registro de: II – carta de adjudicação, em procedimento
judicial de desapropriação”. Assim, considerando o disposto no enunciado, aplica-se ao caso
hipotético o disposto no art. 176-A da Lei nº 6.015/73, segundo o qual: “O registro de aquisição
originária ensejará a abertura de matrícula relativa ao imóvel adquirido, se não houver”. Ademais,
nos termos do art. 176-A, § 4º-A, da Lei nº 6.015/73: “Eventuais divergências entre a descrição do
imóvel constante do registro e aquela apresentada pelo requerente não obstarão o registro”.
Portanto, em relação ao pedido de registro da carta de adjudicação, o Oficial de Registro de Imóveis
deverá realizar o registro e proceder à abertura de nova matrícula.
Além disso, considerando que a “descrição constante da carta de adjudicação era divergente das
descrições contidas nas Transcrições A e B”, deve a informação sobre a diferença apurada ser
averbada na matrícula aberta, nos termos do art. 176-A, § 4º, da Lei nº 6.015/73: “Se a área
adquirida em caráter originário for maior do que a constante do registro existente, a informação
sobre a diferença apurada será averbada na matrícula aberta. (Redação dada pela Lei nº 14.620,
de 2023)”.
As alternativas A, C, D e E estão incorretas, conforme o fundamento exposto na alternativa B.

QUESTÃO 67. Um terreno onde cada um dos proprietários tem a propriedade exclusiva sobre
o seu lote, havendo partes de propriedade comuns dos condôminos, bem como outras
partes onde foram instituídos direitos reais sobre coisa alheia em benefício do poder público,
da população em geral e da proteção da paisagem urbana, denomina-se condomínio
a) de lotes.
b) de acesso controlado.
c) misto.
d) em multipropriedade.
e) urbano simples.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta, nos termos do art. 1.358-A do Código Civil, inserido na seção que trata
do condomínio de lotes: “Pode haver, em terrenos, partes designadas de lotes que são propriedade
exclusiva e partes que são propriedade comum dos condôminos”.

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119
A alternativa B está incorreta. Dispõe o art. 2º, §§1º e 8º, da Lei nº 6.766/79: “Art. 2º. O parcelamento
do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou desmembramento, observadas as
disposições desta Lei e as das legislações estaduais e municipais pertinentes. § 1º Considera-se
loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de
circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias
existentes. § 8º Constitui loteamento de acesso controlado a modalidade de loteamento, definida
nos termos do § 1º deste artigo, cujo controle de acesso será regulamentado por ato do poder
público Municipal, sendo vedado o impedimento de acesso a pedestres ou a condutores de
veículos, não residentes, devidamente identificados ou cadastrados”.
A alternativa C está incorreta. Em apertada síntese, o condomínio misto ou empreendimento misto
diz respeito à propriedade que apresenta construções com fins comerciais e residenciais.
A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 1.358-C do Código Civil: “Multipropriedade é o regime
de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma fração de
tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel,
a ser exercida pelos proprietários de forma alternada”.
A alternativa E está incorreta. O condomínio urbano simples está previsto no art. 61 da Lei nº
13.465/17, segundo a qual: “Art. 61. Quando um mesmo imóvel contiver construções de casas ou
cômodos, poderá ser instituído, inclusive para fins de Reurb, condomínio urbano simples,
respeitados os parâmetros urbanísticos locais, e serão discriminadas, na matrícula, a parte do
terreno ocupada pelas edificações, as partes de utilização exclusiva e as áreas que constituem
passagem para as vias públicas ou para as unidades entre si. Parágrafo único. O condomínio
urbano simples será regido por esta Lei, aplicando-se, no que couber, o disposto na legislação civil,
tal como os arts. 1.331 a 1.358 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil)”.

QUESTÃO 68. Acerca da Regularização Fundiária Urbana (Reurb) incidente sobre bens
públicos, assinale a alternativa correta.
a) Na Reurb-E, promovida sobre bem público, havendo solução consensual, a aquisição de
direitos reais pelo particular ficará condicionada ao pagamento do justo valor da unidade
imobiliária regularizada, mediante apuração do valor da terra, das acessões e das
benfeitorias do ocupante, bem como da valorização decorrente da implantação dessas
acessões e benfeitorias.
b) As áreas de propriedade do poder público registradas no Registro de Imóveis que sejam
objeto de ação judicial versando sobre a sua titularidade não poderão ser objeto da Reurb,
salvo por meio de acordo judicial ou extrajudicial, dispensada a homologação deste.
c) Para as terras de sua propriedade, os órgãos da administração direta e as entidades da
administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ficam
autorizados a instaurar, processar e aprovar a Reurb-S ou a Reurb- E.
d) Fica facultado aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal utilizar a prerrogativa de
venda direta aos ocupantes de suas áreas públicas objeto da Reurb-E, dispensada a
licitação, desde que a ocupação tenha ocorrido até 11 de julho de 2017.
e) A Reurb sobre áreas públicas deve ser instrumentalizada mediante legitimação de posse,
vedado o uso da legitimação fundiária.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.

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A alternativa A está incorreta, pois não devem ser considerados os valores das acessões e das
benfeitorias do ocupante, tampouco a valorização decorrente da implantação dessas acessões e
benfeitorias. Dispõe o art. 16 da Lei nº 13.465/17: “Na Reurb-E, promovida sobre bem público,
havendo solução consensual, a aquisição de direitos reais pelo particular ficará condicionada ao
pagamento do justo valor da unidade imobiliária regularizada, a ser apurado na forma estabelecida
em ato do Poder Executivo titular do domínio, sem considerar o valor das acessões e benfeitorias
do ocupante e a valorização decorrente da implantação dessas acessões e benfeitorias”.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 16, parágrafo único, da Lei nº 13.465/17:
“Parágrafo único. As áreas de propriedade do poder público registradas no Registro de Imóveis,
que sejam objeto de ação judicial versando sobre a sua titularidade, poderão ser objeto da Reurb,
desde que celebrado acordo judicial ou extrajudicial, na forma desta Lei, homologado pelo juiz”.
A alternativa C está correta, nos termos do art. 30, §4º, da Lei nº 13.465/17: “§ 4º Para as terras de
sua propriedade, os órgãos da administração direta e as entidades da administração indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ficam autorizados a instaurar, processar
e aprovar a Reurb-S ou a Reurb-E e a utilizar os demais instrumentos previstos nesta Lei. (Incluído
pela Lei nº 14.620, de 2023)”.
A alternativa D está incorreta, pois, de acordo com a lei, os imóveis devem se encontrar ocupados
até 22 de dezembro de 2016. Dispõe o art. 98 da Lei nº 13.465/17: “Fica facultado aos Estados,
aos Municípios e ao Distrito Federal utilizar a prerrogativa de venda direta aos ocupantes de suas
áreas públicas objeto da Reurb-E, dispensados os procedimentos exigidos pela Lei nº 8.666, de 21
de junho de 1993, e desde que os imóveis se encontrem ocupados até 22 de dezembro de 2016,
devendo regulamentar o processo em legislação própria nos moldes do disposto no art. 84 desta
Lei”.
A alternativa E está incorreta, pois, conforme dispõe o art. 15 da Lei nº 13.465/17: “Poderão ser
empregados, no âmbito da Reurb, sem prejuízo de outros que se apresentem adequados, os
seguintes institutos jurídicos: I – a legitimação fundiária e a legitimação de posse, nos termos desta
Lei”.

QUESTÃO 69. João vivia em união estável com Maria, tendo com ela uma relação pública,
contínua e duradoura, formalizada por meio de escritura pública, com o objetivo de constituir
família. Entretanto, João conheceu Pedro e, após alguns meses de amizade, iniciaram uma
relação amorosa homoafetiva. A relação entre João e Maria manteve o caráter de
continuidade. Por vários anos, João manteve-se em união estável com Maria e,
concomitantemente, em relação amorosa homoafetiva com Pedro. João faleceu e, na data
da sua morte, permanecia em união estável com Maria e em relação amorosa homoafetiva
com Pedro. Este pretende ingressar com uma ação judicial visando ao reconhecimento da
sua relação amorosa homoafetiva com João como união estável, para fins sucessórios e
previdenciários. Acerca do caso hipotético, tendo em vista o entendimento do Supremo
Tribunal Federal, assinale a alternativa correta.
a) É possível o reconhecimento da relação amorosa homoafetiva como união estável apenas
para fins previdenciários, devendo o valor do benefício ser dividido igualmente entre Maria
e Pedro.
b) É possível o reconhecimento da relação amorosa homoafetiva como união estável, não
sendo óbice a existência de relação heteroafetiva anterior, por se configurar relação de
gênero diverso da que se busca reconhecer.

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c) É possível o reconhecimento da relação amorosa homoafetiva como união estável, para
fins sucessórios, desde que seja provado que Pedro contribuiu para a aquisição onerosa de
bens durante a relação amorosa.
d) Deve ser reconhecida como união estável apenas a relação que melhor representava, na
data da morte de João, o desejo deste de constituir família, tendo em vista o princípio da
dignidade da pessoa humana e da autonomia privada.
e) A preexistência da união estável com Maria impede o reconhecimento de novo vínculo
com Pedro, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de
fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa E está correta. De acordo com a tese fixada pelo Supremo Tribunal Federal no
julgamento do processo paradigma do Tema nº 529 sob a sistemática da repercussão geral, in
verbis: “A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a
exceção do artigo 1723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo referente
ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de
fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro”.
Portanto, considerando que a relação entre João e Maria (caracterizada pela união estável e
formalizada por meio de escritura pública) manteve o caráter de continuidade, há impedimento
quanto ao reconhecimento de novo vínculo com Pedro referente ao mesmo período, inclusive para
fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo
ordenamento jurídico-constitucional brasileiro.
Sobre o tema, cumpre destacar a seguinte tese de repercussão geral fixada pelo STF no RE
883168: “É incompatível com a Constituição Federal o reconhecimento de direitos previdenciários
(pensão por morte) à pessoa que manteve, durante longo período e com aparência familiar, união
com outra casada, porquanto o concubinato não se equipara, para fins de proteção estatal, às
uniões afetivas resultantes do casamento e da união estável”.
As alternativas A, B, C, e D estão incorretas, conforme o fundamento exposto na alternativa E.

QUESTÃO 70. Tendo em vista o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o cônjuge


sobrevivente, casado sob o regime da comunhão parcial de bens, é herdeiro necessário do
cônjuge falecido, concorrendo com os descendentes deste, em relação
a) a todo o conjunto dos bens deixados pelo falecido.
b) a todos os bens adquiridos onerosamente na constância do casamento, excluída a
meação do cônjuge sobrevivente.
c) à metade de todos os bens adquiridos onerosamente na constância do casamento, sem
prejuízo da meação.
d) aos bens adquiridos antes do casamento e aos bens adquiridos após o casamento que
não estejam, por qualquer motivo, sujeitos à comunhão.
e) a um terço de todo o conjunto de bens deixados pelo falecido.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.

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A alternativa D está correta. Nos termos do art. 1.829, I, do Código Civil: “Art. 1.829. A sucessão
legítima defere-se na ordem seguinte: I – aos descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial,
o autor da herança não houver deixado bens particulares”.
De acordo com Flávio Tartuce: “no regime da comunhão parcial de bens, a concorrência sucessória
somente se refere aos bens particulares. Nesse sentido o Enunciado n. 270 do CJF/STJ, da III
Jornada de Direito Civil: o art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de
concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação
convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos
aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a
tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os
descendentes”.
Nesse contexto, a Segunda Seção do STJ consolidou a posição majoritária da doutrina no sentido
de que a concorrência do cônjuge, no regime da comunhão parcial de bens, diz respeito aos bens
particulares, isto é, aqueles que não fazem parte da meação. Vejamos trecho da ementa do julgado:
“2. Nos termos do art. 1.829, I, do Código Civil de 2002, o cônjuge sobrevivente, casado no regime
de comunhão parcial de bens, concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido somente
quando este tiver deixado bens particulares. 3. A referida concorrência dar-se-á exclusivamente
quanto aos bens particulares constantes do acervo hereditário do de cujus. 4. Recurso especial
provido. (REsp n. 1.368.123/SP, relator Ministro Sidnei Beneti, relator para acórdão Ministro Raul
Araújo, Segunda Seção, julgado em 22/4/2015, DJe de 8/6/2015.)”.
As alternativas A, B, C, e E estão incorretas, conforme o fundamento exposto na alternativa D.

QUESTÃO 71. A empresa X proprietária de imóvel celebra contrato de locação com o DER,
autarquia estadual, que naquele local, instala sua sede. Porém, após 3 meses, o locatário
DER deixa de efetuar os pagamentos mensais. A empresa X promove ação de despejo. Sobre
o tema, assinale a alternativa correta.
a) Não deve ser facultado ao DER o direito de purgar a mora.
b) Deve ser facultado à autarquia o direito de purgar a mora.
c) As autarquias podem ser despejadas, porém os órgãos da administração direta não
podem.
d) Apenas as pessoas jurídicas de direito privado da administração pública indireta podem
ser despejadas.
e) As autarquias não podem ser despejadas.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema Lei de Locações.
A alternativa A está incorreta, pois o direito de purgar a mora é garantido a todos, tanto aos
particulares quanto ao Poder Público, como explicita o art. 62, II, da Lei de Locações. Vejamos:
“Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, de
aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou somente de quaisquer dos acessórios da locação,
observar-se-á o seguinte: II - o locatário e o fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando,

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no prazo de 15 (quinze) dias, contado da citação, o pagamento do débito atualizado,
independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, incluídos: a) os aluguéis e acessórios
da locação que vencerem até a sua efetivação; b) as multas ou penalidades contratuais, quando
exigíveis; c) os juros de mora; d) as custas e os honorários do advogado do locador, fixados em
dez por cento sobre o montante devido, se do contrato não constar disposição diversa;".
A alternativa B está correta, pois o direito de purgar a mora é garantido a todos, tanto aos
particulares quanto ao Poder Público, possuindo as autarquias, portanto, o direito de purgar a mora,
como explicita o art. 62, II, da Lei de locações. Vejamos: “Nas ações de despejo fundadas na falta
de pagamento de aluguel e acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis,
ou somente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o seguinte: II - o locatário e o
fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da
citação, o pagamento do débito atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito
judicial, incluídos: a) os aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação; b) as
multas ou penalidades contratuais, quando exigíveis; c) os juros de mora; d) as custas e os
honorários do advogado do locador, fixados em dez por cento sobre o montante devido, se do
contrato não constar disposição diversa;".
A alternativa C está incorreta, pois as autarquias seguem o mesmo regime da Fazenda Pública, ou
seja, de órgãos da administração direta, podendo, dessa forma, ser despejados; incidirá, porém, a
previsão especial do art. 63, §3º, da Lei de Locações, que determina: "Julgada procedente a ação
de despejo, o juiz determinará a expedição de mandado de despejo, que conterá o prazo de 30
(trinta) dias para a desocupação voluntária, ressalvado o disposto nos parágrafos seguintes. § 3º.
Tratando-se de hospitais, repartições públicas, unidades sanitárias oficiais, asilos,
estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público, bem como
por entidades religiosas devidamente registradas, e o despejo for decretado com fundamento no
inciso IV do art. 9º ou no inciso II do art. 53, o prazo será de um ano, exceto no caso em que entre
a citação e a sentença de primeira instância houver decorrido mais de um ano, hipótese em que o
prazo será de seis meses.” (Redação dada pela Lei nº 9.256, de 9.1.1996).
A alternativa D está incorreta, tendo em vista que todas as pessoas da administração, seja ela direta
ou indireta, podem ser despejadas, o que ocorrerá segundo a Lei de Locações. Vejamos: "Art. 63.
Julgada procedente a ação de despejo, o juiz determinará a expedição de mandado de despejo,
que conterá o prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação voluntária, ressalvado o disposto nos
parágrafos seguintes."
A alternativa E está incorreta, tendo em vista que, conforme supracitado, todas as pessoas da
administração, seja ela direta ou indireta, podem ser despejadas, incluindo as autarquias, o que
ocorrerá segundo a Lei de Locações. Vejamos: "Art. 63. Julgada procedente a ação de despejo, o
juiz determinará a expedição de mandado de despejo, que conterá o prazo de 30 (trinta) dias para
a desocupação voluntária, ressalvado o disposto nos parágrafos seguintes."

QUESTÃO 72. Acerca da ação de improbidade administrativa, segundo o posicionamento


atual do STF, é possível afirmar que
a) A Administração Pública Direta somente possui legitimidade ativa nesse tipo de ação nas
hipóteses em que o Ministério Público não promover esse tipo de ação.
b) As autarquias não têm legitimidade ativa para esse tipo de ação.
c) A Administração Pública Direta não possui legitimidade para propor esse tipo de ação.

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d) Há legitimidade ativa concorrente entre o Ministério Público e os entes públicos lesados,
para ajuizar esse tipo de ação.
e) O Ministério Público é o único legitimado a propor esse tipo de ação, e os entes públicos
poderão apenas atuar na condição de assistentes.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema da ação de improbidade administrativa.
A alternativa A está incorreta, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, acerca da
legitimidade para impetrar ações de improbidade administrativa, que os entes públicos que tenham
sofrido prejuízos em decorrência de atos de improbidade possuem legitimidade para propor esse
tipo de ação, conforme o julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade de números 7042
e 7043. Vejamos um trecho do julgamento da ADI 7042/DF, que elucida tal entendimento: "[...] a
subtração da legitimidade dos entes públicos para ajuizar ação de improbidade administrativa: (a)
representaria uma injustificável afronta à autonomia da Advocacia Pública, na medida em que a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios se colocariam à mercê da atuação do
Ministério Público, sendo transformados em meros coadjuvantes no combate à improbidade
administrativa, e (b) caracterizaria um grave escolho ao exercício do poder-dever da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios de zelar pela guarda da Constituição e conservar o
patrimônio público, que abarca, em seu sentido amplo, a reserva moral e ética da Administração
Pública brasileira, em verdadeiro retrocesso no combate à corrupção [...]". (ADI 7042, Relator(a):
Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2022, DJe-s/n DIVULG 27-02-
2023 PUBLIC 28-02-2023).
A alternativa B está incorreta, pois conforme o atual entendimento do STF, a respeito da
legitimidade para propositura das ações de Improbidade Administrativa, as pessoas jurídicas
atingidas pela conduta, como as autarquias em questão, possuem legitimidade ativa. Vejamos
trecho da ADI 7042, que trata desse tema: "A supressão da legitimidade ativa das pessoas jurídicas
interessadas para a propositura da ação por ato de improbidade representa uma inconstitucional
limitação ao amplo acesso à jurisdição (CF, art. 5º, XXXV) e a defesa do patrimônio público, com
ferimento ao princípio da eficiência (CF, art. 37, caput) e significativo retrocesso quanto ao
imperativo constitucional de combate à improbidade administrativa". (ADI 7042, Relator(a): Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2022, DJe-s/n DIVULG 27-02-2023
PUBLIC 28-02-2023).
A alternativa C está incorreta, pois, conforme supracitado, o Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu pela legitimidade dos entes da administração lesados pelos atos de improbidade,
juntamente ao Ministério Público, para propor este tipo de ação. Vejamos trecho da ADI 7042, que
mostra esse entendimento: "Nada obstante, o art. 129, § 1º, da Constituição Federal, dispõe
expressamente que a legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas nesse
dispositivo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto na própria
Constituição e na lei." (ADI 7042, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno,
julgado em 31/08/2022, DJe-s/n DIVULG 27-02-2023 PUBLIC 28-02-2023).
A alternativa D está correta, pois consoante entendimento do STF, há uma legitimidade ativa
concorrente entre o Ministério Público e o ente interessado na responsabilização pela improbidade,
de forma que há uma inconstitucionalidade na previsão que confere exclusividade ao Ministério
Público para acionar aquele que cometeu ato de improbidade administrativa. Vejamos trecho da
Ementa da ADI 7042: "[...] declarar a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, do caput
e dos §§ 6º-A e 10-C do art. 17, assim como do caput e dos §§ 5º e 7º do art. 17-B, da Lei

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8.429/1992, na redação dada pela Lei 14.230/2021, de modo a restabelecer a existência de
legitimidade ativa concorrente e disjuntiva entre o Ministério Público e as pessoas jurídicas
interessadas para a propositura da ação por ato de improbidade administrativa e para a celebração
de acordos de não persecução civil; [...]" (ADI 7042, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES,
Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2022, DJe-s/n DIVULG 27-02-2023 PUBLIC 28-02-2023).
A alternativa E está incorreta, pois, conforme acima elucidado, contraria a decisão do STF, presente
na ADI 7042, que aponta a ausência de exclusividade do Ministério Público para a propositura da
ação de improbidade administrativa.

QUESTÃO 73. Acerca do mandado de segurança, é correto afirmar que


a) Das decisões denegatórias da ordem proferidas em única instância pelos tribunais não
cabe recurso ordinário.
b) Da decisão do relator não é cabível qualquer tipo de recurso.
c) Da decisão do relator que denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente
do tribunal respectivo.
d) Nos termos da jurisprudência sumulada do STF, somente serão cabíveis recursos aos
tribunais superiores da decisão do relator.
e) Não cabe agravo contra decisão do relator que concede liminar.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema do mandado de segurança.
A alternativa A está incorreta, pois na hipótese de decisão denegatória da segurança, proferida em
única instância pelos tribunais, o recurso cabível é o recurso ordinário, ao STJ. É o que dispõe o
art. 105, II, b, CF, vejamos: "Compete ao Superior Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso
ordinário: b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a
decisão;”.
A alternativa B está incorreta, pois nos casos em que o Tribunal tiver competência originária para o
recebimento do mandado de segurança, da decisão dada pelo relator caberá agravo interno,
conforme o parágrafo único do artigo 16, da Lei 12.016/2009, que determina: "Nos casos de
competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo assegurada
a defesa oral na sessão do julgamento do mérito ou do pedido liminar. Parágrafo único. Da decisão
do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente do
tribunal que integre."
A alternativa C está correta, pois encontra-se em conformidade com a Lei de Mandado de
Segurança (Lei n. 12.016/09), que dispõe o cabimento de agravo contra decisão que concede ou
denega liminar, vejamos: "Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao
relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do mérito
ou do pedido liminar. Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida
liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre."
A alternativa D está incorreta, pois, conforme acima elucidado, contraria o parágrafo único do artigo
16, da Lei 12.016/2009, que determina: "Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá
ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do

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mérito ou do pedido liminar. Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a
medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre."
A alternativa E está incorreta, pois encontra-se em desconformidade com a Lei do Mandado de
Segurança (Lei n. 12.016/09), que dispõe sobre o cabimento de agravo contra decisão que concede
ou denega liminar, vejamos: "Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá
ao relator a instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do
mérito ou do pedido liminar. Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a
medida liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre."

QUESTÃO 74. Quanto aos meios de impugnação dos provimentos judiciais, assinale a
alternativa correta
a) Da decisão que inadmite intervenção de terceiros cabe agravo de instrumento.
b) É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas
causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível, sendo, neste caso,
desnecessário o requisito da repercussão geral.
c) Da decisão que exclui litisconsorte não cabe agravo de instrumento.
d) Não é cabível agravo de instrumento contra decisão que acolhe pedido de revogação de
gratuidade da justiça.
e) É cabível reclamação em face de ato judicial não impugnado e transitado em julgado, que
desrespeita decisão do STF.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema dos meios de impugnação dos provimentos judiciais.
A alternativa A está correta, pois encontra-se em conformidade com o Código de Processo Civil,
que dispõe que, contra as decisões interlocutórias que inadmitirem intervenção de terceiros, caberá
agravo de instrumento. Veja: "Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões
interlocutórias que versarem sobre: IX – admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;".
A alternativa B está incorreta, pois encontra-se em desacordo com a Súmula 640 do STF, que prevê
o cabimento de recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau em causas
de alçada, desde que, distintamente do que afirma a alternativa, seja comprovada a existência de
controvérsia de natureza constitucional. Vejamos a Súmula 640, STF: "É cabível recurso
extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma
recursal de juizado especial cível e criminal." Nesta senda, é cabível o RE, mas não fica dispensado
o requisito da repercussão geral, que tem fundamento constitucional, em seu art. 102, §3º, CF,
vejamos: "Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe: § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que
o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois
terços de seus membros. (Incluído pela EC 45/2004)".
A alternativa C está incorreta, pois contraria o Código de Processo Civil, que dispõe caber agravo
de instrumento contra decisão que exclui litisconsorte, veja: "Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento
contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: (...) VII - exclusão de litisconsorte;".

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A alternativa D está incorreta, pois contraria o Código de Processo Civil, que dispõe caber agravo
de instrumento da decisão que acolher pedido de revogação da gratuidade da justiça, veja: "Art.
1015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: V -
rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;".
A alternativa D está incorreta, pois contraria a Súmula 734 do STF, que veda o cabimento da
reclamação no caso já tenha transitado em julgado o ato judicial que se alegue ter desrespeitado
decisão do STF. Vejamos: "Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato
judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal."

QUESTÃO 75. Fornecedor contratado pela Administração Pública propõe ação de cobrança
em face da Fazenda Estadual, instruída com recibo de entrega de mercadoria de forma a
comprovar a obrigação inadimplida. Em âmbito administrativo verificou-se a inautenticidade
do documento.
Nesse caso, é correto afirmar que
a) A Fazenda Pública não poderá requerer ao juiz que decida a alegação de falsidade como
questão principal, eis que se trata de mero incidente.
b) A arguição de falsidade somente deve ser apresentada na fase probatória.
c) A falsidade deve ser obrigatoriamente alegada em incidente autônomo, a fim de que seja
apreciada como questão prejudicial à contestação.
d) A falsidade deve ser suscitada na contestação fazendária.
e) Não cabe a alegação de falsidade.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema arguição de falsidade.
A alternativa A está incorreta, pois contraria o art. 430, parágrafo único do CPC, que faculta à parte
requerer ao juiz que este decida a arguição de falsidade como questão principal, veja: "Art. 430. A
falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a
partir da intimação da juntada do documento aos autos. Parágrafo único. Uma vez arguida, a
falsidade será resolvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a decida como
questão principal, nos termos do Inciso II do art. 19".
A alternativa B está incorreta, pois contraria o art. 430, caput, do CPC, que determina que a arguição
de falsidade deve ser apresentada na contestação, na réplica, que é a fase postulatória, ou no prazo
de 15 dias da intimação da juntada do documento, que é a fase probatória. Veja: "Art. 430. A
falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a
partir da intimação da juntada do documento aos autos."
A alternativa C está incorreta, pois contraria o art. 430 do CPC, que determina que a arguição de
falsidade deve ser apresentada na contestação, na réplica, no prazo de 15 dias da intimação da
juntada do documento, ou ainda apreciada como questão principal, a pedido da parte. Veja: "Art.
430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias,
contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos. Parágrafo único. Uma vez
arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que o juiz a
decida como questão principal, nos termos do Inciso II do art. 19."

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A alternativa D está correta, pois está em conformidade com o art. 430 do CPC. Como o documento
falso instruiu a petição inicial, caberá à Fazenda Estadual alegar a falsidade na contestação, já que
a falsidade deve ser arguida na primeira oportunidade em que a parte deva se manifestar. Vejamos:
"Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze)
dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos.”
A alternativa C está incorreta, pois conforme acima explicitado, a alternativa contraria o art. 430 e
seguintes do CPC, que tratam da arguição de falsidade e tornam possível a mesma, no caso em
questão. Veja: "Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de
15 (quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos. Parágrafo único.
Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental, salvo se a parte requerer que
o juiz a decida como questão principal, nos termos do Inciso II do art. 19".

QUESTÃO 76. Uma escola pública estadual vem sofrendo constante perigo à sua segurança,
por conta de muro que ameaça desabar, bem como poluição sonora e atmosférica, sendo
tudo isso causado por uma casa de baile vizinha. Estando presentes os requisitos para
propositura de ação judicial e visando a proteção do patrimônio público, tem-se que a ação
correta a ser proposta é:
a) Ação de manutenção na posse.
b) Ação de esbulho possessório.
c) Ação de reintegração na posse.
d) Ação de reivindicação da propriedade.
e) Ação de dano infecto.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema das ações possessórias.
A alternativa A está incorreta, pois, no caso apresentado, a escola permaneceu na posse do imóvel,
havendo perigo à segurança dos indivíduos que lá transitam, além da perturbação sonora e
atmosférica. A ação de manutenção de posse, diversamente, busca protegê-la contra quem venha
perturbar a posse em si. Nas palavras de Wilson Valmir de Azevêdo: "[...] a turbação em sentido
jurídico, decorre da prática de atos abusivos que podem afrontar direitos de outrem ensejando o
impedimento do livre exercício da posse, sem, contudo, causar o efeito perda, conforme preceitua
o artigo 1.210 do Código Civil. A turbação pode se manifestar por meio de diversos atos abusivos,
tais como: a derrubada de uma cerca limítrofe, o trânsito de pessoas ou máquinas em propriedade
alheia, o uso indevido de calçada e estacionamento privativo etc. [...]" (AZEVÊDO, Wilson Valmir
de. Turbação, esbulho e ameaça. Significado e as ações correspondentes. Disponível
em:<https://www.jusbrasil.com.br/artigos/turbacao-esbulho-e-ameaca-significado-e-as-acoes-
correspondentes/306775131>. Acesso em: 26 de fevereiro de 2024.)
A alternativa B está incorreta, pois o esbulho possessório possui as seguintes características,
distintas do caso em questão, e nas palavras de Wilson Valmir de Azevêdo: "[...] Quanto ao esbulho
podemos definir como sendo um ato de terceiro que se apodera, ilegitimamente, da coisa alheia
em decorrência de violência, clandestinidade e precariedade, são atos que importam na perda do
direito da posse da coisa, estes atos se caracterizam pela força bruta, pelo desconhecimento do
possuidor legítimo e pelo abuso de confiança daquele que recebe a coisa com a obrigação de
restituí-la e não o faz, respectivamente [...].” O esbulho possessório enseja a reintegração da posse,

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nos termos do art. 560, CPC, vejamos: "O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso
de turbação e reintegrado em caso de esbulho." (AZEVÊDO, Wilson Valmir de. Turbação, esbulho
e ameaça. Significado e as ações correspondentes. Disponível
em:<https://www.jusbrasil.com.br/artigos/turbacao-esbulho-e-ameaca-significado-e-as-acoes-
correspondentes/306775131>. Acesso em: 26 de fevereiro de 2024.)
A alternativa C está incorreta, pois na ação de reintegração de posse o autor exercia o seu direito
normalmente até ser privado da posse do bem, o que caracterizaria um esbulho possessório, que,
por sua vez, enseja a reintegração da posse, nos termos do art. 560, CPC: "O possuidor tem direito
a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho." Não se adequaria,
portanto, ao caso descrito na questão.
A alternativa D está incorreta, pois a propriedade do imóvel da escola não se encontra ameaçada
no caso em questão. A ação de reivindicação da propriedade é exercida pelo proprietário, detentor
do título/certidão do registro de imóveis, e visa, através do reconhecimento de seu direito de
propriedade, a restituição da coisa pelo possuidor ou detentor dela, o que não é o caso
exemplificado na questão. Nas palavras de Marcello Benevides: "[...] na ação reivindicatória, o
indivíduo tem o título de propriedade, mas não a posse, que está sendo exercida por outra pessoa.
Assim, caso a pessoa tenha o título de propriedade, mas não tenha a posse, ela deve ingressar
com a ação reivindicatória, para que o possuidor saia do imóvel [...]". (BENEVIDES, Marcello. Ação
reivindicatória: Como Funciona. Disponível em: <https://marcellobenevides.com/acao-
reivindicatoria/#E-_Acao_petitoria_reivindicatoria>. Acesso em: 26 de fevereiro de 2024).
A alternativa E está correta, pois a ação de dano infecto é utilizada quando se tem justo receio de
sofrer dano em uma propriedade, e sua finalidade é proteger o proprietário ou possuidor de riscos
advindos do uso anômalo de propriedade vizinha. Ela tutela a segurança, a tranquilidade e a saúde
dos ocupantes do imóvel e se fundamenta no artigo 1.277 do Código Civil, vejamos: "O proprietário
ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança,
ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha." Para
Washington de Barros Monteiro, a ação de dano infecto busca coibir: "[...] ofensas à segurança
pessoal, ou dos bens, todos os atos que possam comprometer a estabilidade e a solidez do prédio,
bem como a incolumidade de seus habitantes. (...) são ofensas ao sossego ruídos exagerados que
perturbam ou molestam a tranquilidade dos moradores, como gritarias e desordens, diversões
espalhafatosas, bailes perturbadores, atividades de discotecas ou danceterias, artes rumorosas,
barulho ensurdecedor de indústria vizinha, emprego de alto-falantes de grande potência nas
proximidades de casas residenciais para transmissões de programas radiofônicos ou televisivos e
instalação de aparelhos de ar-condicionado ruidosos [...]", sendo precisamente o caso descrito no
enunciado da questão. (MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. Direito das
Coisas. Editora Saraiva. 37ª edição. São Paulo, 2003, p. 135/136.)

QUESTÃO 77. Acerca do deslocamento de competência para a Justiça Federal em ação


judicial em que a Fazenda Estadual faz parte da relação processual, é correto afirmar que:
I. A participação da União desloca obrigatoriamente o processo para Justiça Federal.
II. Nos casos de falência, a competência é deslocada, mas não nos casos de recuperação
judicial.
III. A competência não é deslocada nos casos de insolvência civil.
IV. A competência não é deslocada nos casos de acidente do trabalho.
Está correto somente o contido em:

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a) IV.
b) III e IV.
c) II e IV.
d) I.
e) II e III.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema deslocamento de competência para Justiça Federal.
O item I está incorreto, pois haverá o deslocamento da competência para a Justiça Federal nos
casos em que a União seja parte ou interveniente; contudo, de acordo com o STJ, há a possibilidade
da chamada “intervenção anômala” da União, prevista no art. 5º, parágrafo único da Lei 9469/97,
que, segundo entendimento da Corte, não enseja o deslocamento da competência para a Justiça
Federal. Veja trecho do julgado EREsp 1.265.625/SP, que trata do tema: "Outrossim, no que diz
respeito à competência por ocasião da ocorrência da intervenção anômala, conforme entendimento
desta Corte Superior, a intervenção anômala da União no processo não é causa para o
deslocamento da competência para a Justiça Federal." (STJ. Corte Especial. EREsp 1.265.625/SP.
Rel. Min. Francisco Falcão; Julg. 30/03/2022; DJE 01/08/2022).
O item II está incorreto, pois compete à Justiça Estadual julgar os casos de insolvência civil, mesmo
que envolva a participação da União, de entidades autárquicas ou empresas públicas federais,
conforme o art. 109, I, da CF, que expressamente exclui as causas de falência da competência da
Justiça Federal. Veja: "Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em
que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;".
O item III está correto, pois ausente a previsão de deslocamento de competência para a Justiça
Federal em casos de acidente de trabalho, ou seja, no rol elencado pelo art. 109 da CF.
O item IV está correto, pois o art. 109, I, da CF, expressamente exclui as causas de acidente de
trabalho da competência da Justiça Federal. Veja: "Art. 109. Aos juízes federais compete processar
e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;".
Portanto, considerando as razões acima, a única alternativa correta é a letra B, estando erradas as
alternativas A, C, D e E.

QUESTÃO 78. Um policial militar do Estado de São Paulo, dirigindo em alta velocidade, colide
a viatura contra um muro, danificando severamente o veículo. Instaurado procedimento
administrativo militar é apurada a responsabilidade funcional, impondo o dever deste
ressarcir o erário quanto ao valor gasto no reparo da viatura. Instado a fazê-lo, recusa-se.
Manejada ação de cobrança pela PGE, o policial é condenado, e a ação transita em julgado.
Deflagrado o cumprimento de sentença, o qual não resta impugnado pelo réu, inicia-se a
fase de penhora e expropriação de bens. Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
a) Quando a residência familiar do policial se constituir em imóvel rural, a impenhorabilidade
restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis.

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b) A quantia depositada em caderneta de poupança do policial, em qualquer valor, pode ser
penhorada, preferindo esta aos imóveis.
c) Por se tratar do policial militar, incide regra de lei estadual que o dispensa de reparar o
dano.
d) Não se aplica a impenhorabilidade do bem de família, podendo o imóvel residencial do
policial ser penhorado, eis que o dever de indenizar decorre de ato ilícito.
e) O veículo do policial é impenhorável, em qualquer circunstância, eis que se presume a
utilização deste, para locomover-se ao serviço.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema penhora e expropriação de bens.
A alternativa A está correta, pois encontra-se de acordo com os diplomas normativos pátrios, que
trazem como impenhoráveis, no caso do imóvel rural, a residência familiar. Veja o artigo 4º da Lei
8009, que traz a restrição da impenhorabilidade sobre a sede da moradia e seus bens móveis: "Art.
4º. Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé
imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga.
(...) § 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade restringir-
se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5º, inciso XXVI, da
Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural."
A alternativa B está incorreta, pois contraria o Código de Processo Civil, que veda a penhora
incidente sobre caderneta de poupança com valores de até 40 salários-mínimos. Vejamos: "Art.
833. São impenhoráveis: X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40
(quarenta) salários-mínimos;".
A alternativa C está incorreta, pois inexiste tal disposição legal. O dever de reparar o dano subsiste
ao funcionário público, que deverá ressarcir a administração Pública. Sobre o tema, leciona Ricardo
Marcondes Martins: “Se este não efetuar espontaneamente o pagamento, há duas possibilidades:
(1) se o agente possuir patrimônio suficiente para saldar seu débito e este não for de diminuta
quantia, deve a Administração proceder à inscrição na dívida ativa e ajuizar execução fiscal; (2) se
o agente não possuir patrimônio suficiente ou se o débito for de pequena monta, deve a
Administração proceder ao desconto da quantia na remuneração paga a ele; nesse caso o desconto
deve limitar-se a uma percentagem que possibilite o adequado sustento do agente.” (MARTINS,
Ricardo Marcondes. Efeitos dos vícios do ato administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 605).
A alternativa D está incorreta, pois o art. 3º da Lei 8009/90 traz a impenhorabilidade do bem de
família como oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou
de outra natureza, e o rol de exceções a tal oponibilidade, que não incluem indenização por ato
ilícito.
A alternativa E está incorreta, pois o veículo só será impenhorável caso haja prova de que ele é
necessário ou útil ao exercício da profissão do executado, conforme art. 833, V, CPC, não sendo o
caso do veículo do policial militar. Vejamos o dispositivo em questão: "Art. 833. São impenhoráveis:
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis
necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;".

QUESTÃO 79. Acerca da competência para o cumprimento de sentença, é correto afirmar


que

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a) o cumprimento de sentença deverá ser distribuído livremente, cabendo ao juízo definir o
local menos prejudicial ao executado.
b) somente pode ser proposto o cumprimento de sentença no local onde o devedor possuir
bens, a fim de que possa ser garantida a eventual penhora ou hasta pública.
c) o cumprimento da sentença será efetuado perante os tribunais nas causas de sua
competência originária.
d) sob pena de extinção da ação, por incompetência absoluta do juízo, o autor deverá
obrigatoriamente distribuir o cumprimento de sentença perante o mesmo juízo que decidiu
a causa em primeiro grau.
e) nas causas obrigacionais o cumprimento de sentença deverá ser processado
exclusivamente no domicílio do executado.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema competência para cumprimento de sentença.
A alternativa A está incorreta, pois, conforme o Código de Processo Civil, o cumprimento de
sentença não será distribuído livremente, sendo a competência, em regra, do juízo de primeiro grau
que a proferiu, e sendo possível ao exequente optar pelo juízo do atual domicílio do executado ou
onde se encontrem seus bens. Vejamos: "Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á
perante: I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; II - o juízo que decidiu a causa
no primeiro grau de jurisdição; III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal
condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal
Marítimo. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo
do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução
ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que
a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem."
A alternativa B está incorreta, pois contraria o art. 516 do CPC, que não restringe o cumprimento
de sentença aos locais onde o devedor possua bens, sendo também possível que ocorra no juízo
que decidiu a causa em primeiro grau. Vejamos: "Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-
á perante: I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; II - o juízo que decidiu a causa
no primeiro grau de jurisdição; III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal
condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal
Marítimo. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo
do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução
ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que
a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem."
A alternativa C está correta, pois é o que prevê o art. 516, I, do CPC, que atribui aos Tribunais a
competência para o cumprimento de sentença nos casos em que detenham competência originária;
nesse caso o exequente não tem a possibilidade de optar pelo foro do domicílio do executado ou
local de seus bens. Vejamos: "Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I - os
tribunais, nas causas de sua competência originária;".
A alternativa D está incorreta, pois o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição é
apenas um dos designados pela lei como competentes para o cumprimento de sentença. Vejamos:
"Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I - os tribunais, nas causas de sua
competência originária; II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; III - o juízo

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cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de
sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. Parágrafo único. Nas
hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado,
pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva
ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do
processo será solicitada ao juízo de origem."
A alternativa E está incorreta, pois o Código de Processo Civil também prevê a possibilidade de
execução no juízo em que tramitou a causa em primeiro grau bem como no local onde deva ser
executada a obrigação. Vejamos: "Art. 516. (...) Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III,
o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se
encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação
de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo
de origem."

QUESTÃO 80. Acerca da ação rescisória, é correto afirmar que


a) Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, somente o tribunal competente
para a ação rescisória poderá conduzir a instrução processual.
b) Pode ser proposta exclusivamente por quem foi parte no processo ou o seu sucessor a
título universal ou singular.
c) A Fazenda Pública deve depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da
causa, como requisito essencial da petição inicial.
d) Reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será
intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar o seu objeto, quando a decisão
apontada como rescindenda tiver sido substituída por decisão posterior.
e) Julgando o pedido procedente, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o caso,
novo julgamento e determinará que o valor originalmente depositado seja utilizado como
custas judiciais.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema ação rescisória.
A alternativa A está incorreta, pois contraria o Código de Processo Civil, que possibilita ao tribunal
competente pelo julgamento da ação rescisória a delegação da instrução processual, caso os fatos
alegados pelas partes necessitem de prova, ao órgão que proferiu a decisão rescindenda. Vejamos:
"Art. 972. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a
competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses
para a devolução dos autos."
A alternativa B está incorreta, pois contraria o Código de Processo Civil, que atribui às partes do
processo original, seus sucessores, aos terceiros interessados, àqueles que não foram ouvidos no
processo, quando deveriam, e ao Ministério Público a proposição da ação rescisória. Vejamos: "Art.
967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória: I – quem foi parte no processo ou o seu
sucessor a título universal ou singular; II – o terceiro juridicamente interessado; III – o Ministério
Público: a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a
decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) em

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outros casos em que se imponha sua atuação; IV - aquele que não foi ouvido no processo em que
lhe era obrigatória a intervenção."
A alternativa C está incorreta, pois o Código de Processo Civil incumbe ao autor o depósito de tal
importância para que seja impetrada a ação rescisória, e não à Fazenda Pública, que se encontra
dispensada do mesmo. Vejamos: "Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos
requisitos essenciais do art. 319, devendo o autor: II – depositar a importância de cinco por cento
sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos,
declarada inadmissível ou improcedente. §1º Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito
público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de
gratuidade da justiça."
A alternativa D está correta, pois está em conformidade com o Código de Processo Civil, que prevê,
nos casos de incompetência do Tribunal para julgar a ação rescisória, quando a decisão apontada
como rescindenda tiver sido substituída por decisão posterior, a intimação do autor, para que este
emende a inicial. Vejamos: "Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos
requisitos essenciais do art. 319, devendo o autor: (...) §5º Reconhecida a incompetência do tribunal
para julgar a ação rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar
o objeto da ação rescisória, quando a decisão apontada como rescindenda: I – não tiver apreciado
o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 2º do art. 966; II – tiver sido substituída por
decisão posterior."
A alternativa E está incorreta, pois contraria o Código de Processo Civil, que determina que a
importância previamente depositada, caso o pedido seja julgado procedente, seja restituída.
Vejamos: "Art. 974. Caso o pedido formulado na ação rescisória seja julgado procedente, enfim, a
decisão será rescindida, e o tribunal proferirá novo julgamento, se for o caso. Ainda, o tribunal
determinará a restituição da importância de 5% sobre o valor da causa de que fala o inciso II do art.
968 do Novo CPC."

QUESTÃO 81. Em janeiro de 2024, uma autarquia estadual paulista, responsável pela gestão
de um hospital público, celebrou contrato de gestão com uma organização social, com a
finalidade de prestação de serviços específicos na área de saúde. Referida entidade estatal
também possui contrato de terceirização com empresa privada, celebrado na mesma época,
a qual é responsável pelas atividades de segurança patrimonial e de limpeza da unidade
hospitalar. O quadro de pessoal da autarquia estadual é regido pela Consolidação das Leis
do Trabalho – CLT. Tendo em vista o quadro hipotético narrado, é correto afirmar:
a) admite-se a responsabilização subsidiária da autarquia estadual pelo pagamento dos
encargos trabalhistas devidos aos empregados da empresa terceirizada, caso caracterizado
o contrato de prestação de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão
de obra e a existência de falha na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais.
b) os empregados públicos integrantes do quadro de pessoal da autarquia, contratados após
1988, sem concurso público, ao terem os seus contratos de trabalho invalidados, possuem
direito ao recebimento de saldo de salário, depósitos fundiários, 13° salário e férias.
c) a inconstitucionalidade da contratação de pessoal pela autarquia estadual sob o regime
celetista, haja vista a previsão constitucional do regime jurídico único, permite a incidência
transitória das regras do estatuto dos titulares de cargo efetivo, até a edição de ato legislativo
específico para a cessação da mora legislativa.

98
119
d) a celebração do contrato de gestão com a organização social permite a responsabilização
solidária da autarquia estadual pela existência de grupo econômico.
e) o contrato de gestão celebrado com a organização social é nulo, ao contrário da avença
de prestação de serviços com a empresa privada, considerando que somente é legítima a
terceirização das atividades-meio da entidade pública.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata do tema agentes públicos.
A alternativa A está correta. De acordo com art. 121, § 2º, da Lei nº 14.133/2021: “§ 2º
Exclusivamente nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de
mão de obra, a Administração responderá solidariamente pelos encargos previdenciários e
subsidiariamente pelos encargos trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do cumprimento
das obrigações do contratado.”
A alternativa B está incorreta. De acordo com a Súmula 363 do TST: “A contratação de servidor
público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo
art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em
relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário-mínimo, e dos
valores referentes aos depósitos do FGTS.”
A alternativa C está incorreta. De acordo com o julgamento da ADI 5615 pelo STF: “Constituição
Federal não excluiu a possibilidade de ser adotado o regime de emprego público (celetista) para as
autarquias”. De acordo com voto do Ministro Alexandre de Moraes, tendo em vista que o artigo 39,
da Constituição Federal, é norma de eficácia limitada, a “ausência da lei [estadual] instituidora de
um único regime de servidores na Administração Direta, autárquica e fundacional, apesar de se
mostrar como uma situação constitucionalmente indesejável, não possui o condão de censurar as
normas [específicas] que estipularem um ou outro regime enquanto perdurar essa situação de mora
legislativa”.
Ademais, de acordo com a Súmula 243 do TST: “Exceto na hipótese de previsão contratual ou legal
expressa, a opção do funcionário público pelo regime trabalhista implica a renúncia dos direitos
inerentes ao regime estatutário.”
A alternativa D está incorreta. De acordo com doutrina do professor Henrique Correia, o grupo
econômico pressupõe a finalidade lucrativa: “Outro aspecto importante para caracterizar o grupo
empresarial é a finalidade lucrativa, ou seja, o grupo deve exercer atividade econômica. Assim, a
união de pessoas jurídicas que não exploram atividade econômica, por exemplo, hospital
universitário e faculdade de medicina, não acarretará a formação de grupo econômico” (CORREIA,
Henrique. Curso de Direito do Trabalho).
Já as Organizações Sociais, por natureza, não possuem finalidade lucrativa. Conforme art. 2º da
Lei nº 9.637/98: “São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo
anterior se habilitem à qualificação como organização social: (...) b) finalidade não-lucrativa, com a
obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias
atividades;”
A alternativa E está incorreta. No bojo da ADI 1923, o STF declarou válidos os contratos de gestão.
Vejamos: “(...) 12. A figura do contrato de gestão configura hipótese de convênio, por
consubstanciar a conjugação de esforços com plena harmonia entre as posições subjetivas, que
buscam um negócio verdadeiramente associativo, e não comutativo, para o atingimento de um

99
119
objetivo comum aos interessados: a realização de serviços de saúde, educação, cultura, desporto
e lazer, meio ambiente e ciência e tecnologia, razão pela qual se encontram fora do âmbito de
incidência do art. 37, XXI, da CF. (...) 20. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido é julgado
parcialmente procedente, para conferir interpretação conforme à Constituição à Lei nº 9.637/98 e
ao art. 24, XXIV, da Lei nº 8666/93, incluído pela Lei nº 9.648/98, para que: (...) (ii) a celebração do
contrato de gestão seja conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos
princípios do caput do art. 37 da CF;”

QUESTÃO 82. Sobre o regime normativo aplicável a acordos e convenções coletivas


celebrados pelas pessoas jurídicas de direito público, é correto afirmar:
a) são válidos os acordos e as convenções coletivas celebrados que estabeleçam cláusulas
sociais despidas de impactos financeiro e orçamentário.
b) resta legítima a concessão de aumento remuneratório aos empregados públicos por meio
de negociação coletiva, desde que haja previsão orçamentária específica.
c) podem ser objeto de negociação coletiva cláusulas assecuratórias de estabilidade no
emprego público, tal como o impedimento da demissão arbitrária por conta de concessão
de aposentadoria programada (idade ou tempo de contribuição).
d) é juridicamente viável a implantação da jornada de 12 x 36 horas aos empregados públicos
por meio de instrumento coletivo ou de ato regulamentar do ente público contratante.
e) poderá ser criado, por meio de negociação coletiva, banco de horas para a compensação
do labor em sobrejornada, desde que, no período máximo de 24 meses, as horas acumuladas
não excedam à soma das jornadas laborais semanais de trabalho previstas nem ultrapassem
o limite de 10 horas diárias.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata do tema acordos e convenções coletivas.
A alternativa A está correta. De acordo com a OJ 5 da SDC do TST: “DISSÍDIO COLETIVO.
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. POSSIBILIDADE JURÍDICA. CLÁUSULA DE
NATUREZA SOCIAL. Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados,
cabe dissídio coletivo exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza social.”
A alternativa B está incorreta. Não é possível conceder aumento a empregados públicos, por meio
de negociação coletiva. De acordo com a OJ 5 da SDC do TST: “DISSÍDIO COLETIVO. PESSOA
JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. POSSIBILIDADE JURÍDICA. CLÁUSULA DE NATUREZA
SOCIAL. Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha empregados, cabe dissídio
coletivo exclusivamente para apreciação de cláusulas de natureza social.”
A alternativa C está incorreta. Estabilidade não pode ser concedida excepcionalmente, tendo em
vista letra do § 14 do art. 37 da CF. Vejamos: “§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de
tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral
de Previdência Social, acarretará o rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de
contribuição.”
A alternativa D está incorreta. A jornada 12x36 deve ser estabelecida por convenção coletiva,
acordo coletivo ou via acordo escrito individual. De acordo com art. 59-A da CLT: “Art. 59-A. Em
exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo

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119
individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho
de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou
indenizados os intervalos para repouso e alimentação.”
A alternativa E está incorreta. O banco de horas poderá ser, no máximo, anual. De acordo com 59,
§ 2º, da CLT: “§ 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou
convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela
correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um
ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo
de dez horas diárias.”

QUESTÃO 83. No que diz respeito à rescisão do contrato de trabalho, assinale a alternativa
correta.
a) Os empregados públicos admitidos após a promulgação da Constituição Federal de 1988
podem ser demitidos por meio de ato motivado da autoridade competente.
b) A rescisão do contrato de trabalho por mútuo acordo importa no pagamento de metade
da multa incidente sobre o saldo do depósito do FGTS, bem como a integralidade do aviso
prévio, se indenizado, e das demais verbas trabalhistas devidas.
c) É válida a previsão de cláusula de quitação geral de verbas trabalhistas em plano de
demissão voluntária ou incentivada, alocada em acordo ou convenção coletiva.
d) Nos contratos de trabalho por prazo determinado, a despedida feita pelo empregador, sem
justa causa, enseja o pagamento ao empregado de um terço da remuneração a que este teria
direito até o termo do contrato.
e) São estáveis no serviço público os empregados admitidos antes da Constituição Federal
de 1988, desde que contassem, no momento da promulgação da Carta Constitucional, com
três anos de serviço público continuado, admitida a sua demissão mediante processo
administrativo disciplinar antecedente.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata do tema rescisão do contrato de trabalho
A alternativa A está incorreta. Apenas os empregados públicos (celetistas) admitidos após a
promulgação da EC 19/1998 é que podem ser demitidos por meio de ato motivado da autoridade
competente. Aqueles empregados públicos que foram admitidos após a promulgação da CF/88,
mas que, quando da modificação do art. 41 pela EC 19/98, já haviam cumprido seu estágio
probatório, são estáveis e somente poderiam ser demitidos nas hipóteses do atual art. 41, § 1º da
CF.
Veja o texto original do art. 41 da CF: “Art. 41. São estáveis, após dois anos de efetivo exercício,
os servidores nomeados em virtude de concurso público. § 1º - O servidor público estável só perderá
o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou mediante processo administrativo
em que lhe seja assegurada ampla defesa. § 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga reconduzido ao cargo de
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade. § 3º -
Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade
remunerada, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.”

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Agora, veja texto do art. 41 após modificações da EC 19/98: “Art. 41. São estáveis após três anos
de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: I - em virtude de sentença
judicial transitada em julgado II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada
ampla defesa; III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao
cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade
com remuneração proporcional ao tempo de serviço. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua
desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao
tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. § 4º Como condição para a
aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
instituída para essa finalidade.”
A alternativa B está incorreta. De acordo com art. 484-A da CLT: “Art. 484-A. O contrato de trabalho
poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que serão devidas as
seguintes verbas trabalhistas: I - por metade: a) o aviso prévio, se indenizado; e b) a indenização
sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista no § 1º do art. 18 da Lei no
8.036, de 11 de maio de 1990.”
A alternativa C está correta. De acordo com Tema 152 de Repercussão Geral do STF: “A transação
extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão voluntária do
empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas
objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo
coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado.”
A alternativa D está incorreta. De acordo com art. 479 da CLT: “Art. 479. Nos contratos que tenham
termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a
pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do
contrato.”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 19 do ADCT: “Art. 19. Os servidores públicos civis
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e
das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos
cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da
Constituição, são considerados estáveis no serviço público.”

QUESTÃO 84. Segundo a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho e do Supremo


Tribunal Federal, assinale a alternativa que expressa o enunciado verdadeiro.
a) É possível o pagamento cumulado do adicional de insalubridade e periculosidade, quando
a mesma atividade sujeitar o empregado a exposição a agentes insalubres e situações
perigosas previstas em lei, tendo em vista a previsão contida no artigo 7°, XXIII, da
Constituição Federal.
b) O empregado público em comissão equipara-se, para fins de controle de jornada, ao
contratado para cargo de gerência ou administração de empresas privadas.
c) Viola as regras previstas na Consolidação das Leis do Trabalho a criação de plano de
carreira que preveja a evolução profissional por critério exclusivo de merecimento, editado
após a Lei Federal nº 13.467/2017.

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119
d) O teto constitucional previsto no artigo 37, XI, da Constituição Federal aplica-se à
remuneração principal dos empregados públicos das empresas estatais não dependentes,
ressalvadas as distribuições de lucros/resultados e os abonos de produtividade.
e) Aplicam-se aos empregados públicos os pisos salariais profissionais fixados por meio de
lei de caráter nacional, admitido o seu estabelecimento em valor fixo, bem como em
percentuais do salário-mínimo, anualmente reajustável.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata de vários entendimentos jurisprudenciais do TST e do STF acerca do direito do
trabalho.
A alternativa A está incorreta. De acordo com Tema 17 de Recurso de Revista Repetitivo: “A SBDI-
I, em sua composição plena, por maioria, definiu a seguinte tese jurídica para o Tema Repetitivo nº
0017 – CUMULAÇÃO DE ADICIONAIS DE PERICULOSIDADE E DE INSALUBRIDADE
AMPARADOS EM FATOS GERADORES DISTINTOS E AUTÔNOMOS: o art. 193, § 2º, da CLT foi
recepcionado pela Constituição Federal e veda a cumulação dos adicionais de insalubridade e de
periculosidade, ainda que decorrentes de fatos geradores distintos e autônomos. (...)”
A alternativa B está correta. De acordo com precedentes do TST: “AGRAVO DE INSTRUMENTO
DO RECLAMADO - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014
- PRELIMINAR DE NULIDADE DO DESPACHO DENEGATÓRIO - INCOMPETÊNCIA O Juízo de
admissibilidade do Recurso de Revista é feito pelos órgãos a quo e ad quem , e o pronunciamento
do primeiro não gera preclusão para o segundo, que tem o poder-dever de examinar o recurso.
Dessa forma, não há falar em usurpação da competência desta Corte. HORAS EXTRAS -
OCUPANTE DE CARGO EM COMISSÃO CONTRATADO SOB O REGIME DA CLT 1. Consoante
o art. 37, V, da Constituição, os cargos em comissão destinam-se apenas às atribuições de direção,
chefia e assessoramento no âmbito da Administração Pública. 2. Nesses termos, aplica-se a
previsão do art. 62, II, da CLT, porquanto o ocupante de cargo em comissão está em situação
análoga à de gerente, incompatível com a fixação de jornada e o consequente direito às horas
extras. Agravo de Instrumento a que se nega provimento.” (TST - AIRR: 5821420145200006,
Relator: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 27/04/2016, 8ª Turma, Data de
Publicação: 29/04/2016)
A alternativa C está incorreta. De acordo com art. 461, §§ 2º e 3º, da CLT: “Art. 461, CLT. (...) § 2º
Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em
quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva,
plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão
público. § 3º No caso do § 2º deste artigo, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por
antiguidade, ou por apenas um destes critérios, dentro de cada categoria profissional.”
A alternativa D está incorreta. O teto não se aplica às não dependentes. De acordo com
entendimento do STF, fixado no julgamento da ADI 6584: “O teto constitucional remuneratório não
incide sobre os salários pagos por empresas públicas e sociedades de economia mista, e suas
subsidiárias, que não recebam recursos da Fazenda Pública. STF. Plenário. ADI 6584/DF, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 21/5/2021.”
A alternativa E está incorreta. De acordo com precedentes do TST: “RECURSO DE EMBARGOS.
ENGENHEIRO. PISO SALARIAL. EMPREGADO PÚBLICO. ADPF 53. A jurisprudência do c. TST,
a teor da Orientação Jurisprudencial 71 da c. SDI admite que a estipulação do salário profissional
em múltiplos do salário-mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só

103
119
incorrendo em vulneração do referido preceito constitucional a fixação de correção automática do
salário pelo reajuste do salário-mínimo. Em decisão publicada em 18/3/2022 o e. STF, no
julgamento da ADPF firmou tese no sentido de atribuir interpretação conforme a Constituição ao
art. 5º da Lei nº 4.950-A/1966, com o congelamento da base de cálculo prevista em tal dispositivo,
de modo a inviabilizar posteriores reajustes automáticos com base na variação do salário-mínimo.
De tal modo, julgou parcialmente procedentes os pedidos, a adotar o critério de congelar a base de
cálculo dos pisos profissionais fixados na norma, adotando como marco temporal a data da
publicação da ata de julgamento da ADPF 53. A v. decisão alcança os contratos de trabalho em
face das "relações de emprego regidas, enquanto tais, pela Consolidação das Leis do Trabalho,
tanto nas empresas privadas quanto nos órgãos e entidades da Administração Pública direta e
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios" (ADPF 53). Embargos
conhecidos e parcialmente providos.” (TST - E-ED-Ag-ARR: 00112296020155030021, Relator:
Aloysio Correa Da Veiga, Data de Julgamento: 17/11/2022, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Data de Publicação: 02/12/2022)

QUESTÃO 85. A categoria dos agentes socioeducativos estaduais, contratados sob o regime
celetista, responsável pela segurança das unidades de acolhimento de menores infratores,
entrou em processo de greve, com a interrupção parcial da prestação de serviço público. Foi
ajuizado pelo sindicato da categoria profissional dissídio coletivo de natureza econômica,
com a finalidade de fixação de reajuste do auxílio alimentação. Sobre o caso hipotético
narrado, é correto afirmar:
a) a greve é legítima, desde que mantida a prestação de serviço por parte dos servidores em
nível suficiente ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
b) a competência para julgamento do dissídio coletivo de greve, bem como da eventual
abusividade do movimento paredista, é da Justiça do Trabalho.
c) os agentes públicos que aderiram ao movimento de greve terão o contrato de trabalho
suspenso, sendo vedado, contudo, o desconto de salários nesse período.
d) é viável a propositura do dissídio coletivo de caráter econômico pelo sindicato da
categoria profissional, independentemente da aquiescência do Poder Público, quando
frustrada a negociação coletiva ou a arbitragem.
e) a greve é irregular, considerando a proibição constitucional de paralisação dos agentes
estatais da área de segurança pública.
Comentários
A alternativa apontada correta pelo gabarito preliminar da banca foi letra E, mas entende-se que a
alternativa correta é a letra A. Expliquemos.
A questão trata do tema greve.
A alternativa A está correta. De acordo com jurisprudência do TST: “DISSÍDIO COLETIVO DE
GREVE. RECURSO ORDINÁRIO DA FUNDAÇÃO CENTRO DE ATENDIMENTO
SOCIOEDUCATIVO AO ADOLESCENTE - FUNDAÇÃO CASA/ SP E REMESSA NECESSÁRIA.
PROCESSO ANTERIOR À LEI 13.467/2017. 1. ABUSIVIDADE DO MOVIMENTO PAREDISTA. A
Constituição apresenta limitações ao direito de exercício de greve, como a que diz respeito à noção
de serviços ou atividades essenciais. Nesse segmento destacado, cujo rol compete à lei definir,
caberá a esta também dispor sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade
(art. 9º, § 1º da CF). Com isso, a Constituição firma qualificativo circunstancial importante na

104
119
realização dos movimentos paredistas: os serviços ou atividades essenciais. Concretizado o
movimento nesse âmbito diferenciado, seus condutores deverão atentar para o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade. Ou seja: a Constituição não proíbe a greve em tais
segmentos (ao contrário do que já ocorreu em tempos anteriores da história do País); mas cria para
o movimento paredista imperiosos condicionamentos, em vista das necessidades inadiáveis da
comunidade. No caso concreto, trata-se de greve deflagrada no âmbito da Fundação CASA, ente
de natureza pública que presta assistência social a jovens inseridos nas medidas socioeducativas
de privação de liberdade (internação) e semiliberdade, atividade considerada essencial. O TRT
proferiu duas decisões em sede de liminar, fixando percentual mínimo de trabalhadores para
prestação do serviço durante a greve, mostrando-se a segunda decisão mais apropriada para fins
de verificação, desde o início da greve, do cumprimento da obrigação. (...) (TST - ReeNec e RO:
10010821420165020000, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 11/06/2018,
Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT 18/06/2018).”
Tomando por base o mesmo entendimento acima colacionado, a alternativa E fica incorreta. A título
de reforço, importante destacar que, em junho de 2023, a greve dos agentes socioeducativos da
Fundação Casa foi considerada não abusiva, o que exclui a tese de que ela seria irregular em sua
essência. No julgamento (Processo nº 1010349-63.2023.5.02.0000), por unanimidade, a Seção de
Dissídios Coletivos (SDC) do TRT-2 declarou não abusiva a paralisação de trabalhadores da
Fundação Casa, determinou a volta imediata ao trabalho e aplicou reajuste de 6% à categoria
(incidentes em vale-alimentação, vale-refeição, auxílio-creche e auxílio-funeral). Seguindo voto da
desembargadora-relatora, Catarina von Zuben, o colegiado concluiu pelo cumprimento integral da
liminar concedida pela Justiça que determinava contingente mínimo de 80% de pessoal durante a
greve. Os julgadores também entenderam que todas as vias de negociação foram respeitadas pelos
trabalhadores.
A alternativa B está incorreta. De acordo com Tema 544 de Repercussão Geral do STF: “A justiça
comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores
públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas.” (STF.
Plenário. RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 1º/8/2017).
A alternativa C está incorreta. De acordo com Tema 531 de Repercussão Geral do STF: “A
administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício
do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que
dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível
se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.” (STF.
Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016).
A alternativa D está incorreta. Dissídio econômico depende de concordância. De acordo com art.
114, § 2º, da CF: “§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem,
é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica,
podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de
proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.”

QUESTÃO 86. Sobre as disposições legais relativas ao Processo do Trabalho, é correto


afirmar:
a) nos processos de alçada, a sentença é irrecorrível, salvo violação da Constituição Federal
ou da jurisprudência notória e iterativa do Tribunal Superior do Trabalho.

105
119
b) ausente o reclamado na audiência inaugural, é possível o recebimento da contestação e
dos documentos apresentados, se presente o advogado da causa.
c) a exceção de incompetência territorial deve ser alegada como preliminar de contestação.
d) a Fazenda Pública goza do prazo mínimo de 20 dias úteis de antecedência para a
realização da audiência inaugural e apresentação de defesa, cujo termo inicial é a data da
própria notificação, quando a ciência da existência do processo é realizada por intermédio
de oficial de justiça ou por meio eletrônico.
e) a concessão de tutela de urgência ou de evidência no corpo da sentença é combatível por
meio da impetração de mandado de segurança dirigido ao Tribunal Regional do Trabalho
competente.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata do tema audiência no processo do trabalho.
A alternativa A está incorreta. De acordo com art. 2º, § 4º, da Lei nº 5.584/70: “§ 4º - Salvo se
versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas nos
dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do
salário-mínimo à data do ajuizamento da ação.”
A alternativa B está correta. De acordo com art. 844, § 5º, da CLT: “§ 5º Ainda que ausente o
reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos
eventualmente apresentados.”
A alternativa C está incorreta. De acordo com art. 800 da CLT: “Art. 800. Apresentada exceção de
incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em
peça que sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento estabelecido neste
artigo.”
A alternativa D está incorreta. De fato, o prazo para a fazenda será de 20 dias úteis, de acordo com
art. 1º, II, do DL 779: “Art. 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito
público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica: II - o quádruplo
do prazo fixado no artigo 841, "in fine", da Consolidação das Leis do Trabalho;”
No entanto, de acordo com art. 775 da CLT: “Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão
contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento”. Portanto,
o termo inicial não é a data da própria notificação.
A alternativa E está incorreta. De acordo com Súmula 414, I, do TST: “MANDADO DE
SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA
SENTENÇA. I - A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via
do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o
meio próprio para se obter efeito suspensivo a recurso. (...)”.

QUESTÃO 87. Houve alteração significativa das incumbências da Justiça do Trabalho


quando da promulgação da Emenda Constitucional n° 45/2004, com a constitucionalização
de diversas situações novas e de hipóteses de atuação antes presentes somente na
legislação ordinária. Desde então, o Supremo Tribunal Federal tem analisado com

106
119
profundidade esse rol de competências, com o estabelecimento de algumas exceções e
limitações. Sobre esses precedentes, é possível afirmar com correção que:
a) compete excepcionalmente à Justiça do Trabalho o julgamento das ações penais relativas
aos crimes de desobediência praticados no âmbito das ações trabalhistas.
b) é da competência da Justiça do Trabalho o julgamento das causas em que se discute a
legalidade de atos praticados na fase pré-contratual de concursos públicos.
c) compete à Justiça do Trabalho o julgamento das lides propostas por empregados públicos
em que se pleiteiam parcelas remuneratórias previstas na legislação administrativa e na CLT.
d) é de atribuição da Justiça Comum estadual ou federal o julgamento das lides ajuizadas
contra entidades privadas de previdência com o propósito de obter complementação de
aposentadoria.
e) compete à Justiça do Trabalho julgar as causas relativas aos servidores contratados para
suprir necessidade temporária de excepcional interesse público.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema competência na justiça do trabalho.
A alternativa A está incorreta. De acordo com entendimento consolidado do STF no julgamento da
ADI 3684, a Justiça do Trabalho não tem competência para julgar ações penais: “Ação direta de
inconstitucionalidade. 2. Art. 114, I, IV e IX, da CF, na redação dada pela Emenda Constitucional
45/2004. 3. Competência Criminal da Justiça do Trabalho. Inexistência. 4. Medida cautelar deferida
pelo Plenário e confirmada no julgamento de mérito. 5. Interpretação conforme ao disposto no art.
114, I, IV e IX, da Constituição da República, de modo a afastar a competência da Justiça do
Trabalho para processar e julgar ações penais. 6. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
procedente.”
A alternativa B está incorreta. Tal competência é da Justiça Comum, conforme fixado pelo STF no
Tema 992 de repercussão geral: “Compete à Justiça Comum processar e julgar controvérsias
relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade do
certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o
regime celetista de contratação de pessoas, salvo quando a sentença de mérito tiver sido proferida
antes de 6 de junho de 2018, situação em que, até o trânsito em julgado e a sua execução, a
competência continuará a ser da Justiça do Trabalho.”
A alternativa C está incorreta. De acordo com tese fixada pelo STF no Tema 1143 de repercussão
geral: “1. A Justiça Comum é competente para julgar ação ajuizada por servidor celetista contra o
Poder Público, em que se pleiteia parcela de natureza administrativa.”
A alternativa D está correta. De acordo com tese fixada pelo STF no Tema 190 de repercussão
geral: “Compete à Justiça comum o processamento de demandas ajuizadas contra entidades
privadas de previdência com o propósito de obter complementação de aposentadoria, mantendo-
se na Justiça Federal do Trabalho, até o trânsito em julgado e correspondente execução, todas as
causas dessa espécie em que houver sido proferida sentença de mérito até 20/2/2013.
A alternativa E está incorreta. É competência da Justiça Comum. De acordo com entendimento
fixado pelo STF no julgamento da Rcl 4351 MC-AgR/PE: “A justiça comum é competente para
processar e julgar causas em que se discuta a validade de vínculo jurídico-administrativo entre o
poder público e servidores temporários. (STF. Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 11/11/2015)”.

107
119
QUESTÃO 88. Acerca do regramento legal e jurisprudencial dos recursos na Justiça do
Trabalho, é correto afirmar:
a) compete à parte zelar pela completude do despacho denegatório de recurso de revista,
devendo opor embargos de declaração para sanar eventual omissão em seu conteúdo, sob
pena de preclusão da discussão da matéria não apreciada.
b) verificada a nulidade da sentença por ausência de produção de prova pericial, é possível
ao Tribunal julgar o mérito do recurso ordinário pela aplicação da teoria da causa madura.
c) a decisão monocrática do relator que reconhece a ausência de transcendência do agravo
de instrumento em recurso de revista não é passível de recurso.
d) o agravo de petição exige, para fins de conhecimento, a delimitação dos valores
impugnados, mesmo quando a discussão do mérito do recurso for eminentemente jurídica.
e) a decisão que concede a segurança em writ impetrado junto ao Tribunal Regional do
Trabalho somente é passível de reforma por meio da interposição de recurso de revista.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata do tema recursos na justiça do trabalho.
A alternativa A está correta. De acordo com art. 1º da IN 40 do TST: “Art. 1° Admitido apenas
parcialmente o recurso de revista, constitui ônus da parte impugnar, mediante agravo de
instrumento, o capítulo denegatório da decisão, sob pena de preclusão.”
A alternativa B está incorreta. Neste caso, o processo retorna à primeira instância para realização
da prova pericial. Veja exemplo: “PROVA PERICIAL. MATÉRIA NÃO ESCLARECIDA. AUSÊNCIA
DE RESPOSTA CONCLUSIVA DE QUESITOS. INDEFERIMENTO DE NOVOS
ESCLARECIMENTOS. NÃO REALIZAÇÃO DE NOVA PERÍCIA. NULIDADE. OCORRÊNCIA.
Quando as matérias objeto da lide e da prova pericial não estão suficientemente esclarecidas, e o
juiz indefere a realização de nova perícia e até mesmo a prestação de outros esclarecimentos pelo
perito, caracteriza-se nulidade por cerceamento de defesa, sendo necessária a realização de nova
perícia. Inteligência dos artigos 473, II e IV, 477, § 2º, I, e 480, todos do CPC, de aplicação
subsidiária. Preliminar de cerceamento de defesa acolhida para anular a sentença e determinar a
reabertura da instrução processual, com realização de nova perícia por outro perito. (TRT-2
10022042520175020001 SP, Relator: BENEDITO VALENTINI, 12ª Turma - Cadeira 4, Data de
Publicação: 28/08/2020).”
A alternativa C está incorreta. O art. 896-A, § 5º, da CLT, foi julgado inconstitucional pelo Pleno do
TST (ArgInc-1000845-52.2016.5.02.0461) , por violar o princípio da reserva de plenário. Veja o que
determinava o dispositivo: “§ 5º É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de
instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da matéria.”
A alternativa D está incorreta. Não há tal exigência no caso de a discussão do mérito do recurso
ser eminentemente jurídica. Veja decisão do TRT-3, neste sentido: “AGRAVO DE PETIÇÃO.
MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE DE DIREITO. DESNECESSIDADE DE DELIMITAÇÃO DE
VALORES. Versando o agravo de petição sobre matéria exclusivamente de direito, não há que se
falar em delimitação de valores, na forma do art. 897, § 1º, da CLT. (TRT-3 - APPS:
00101040820205030110 MG 0010104-08.2020.5.03.0110, Relator: Alexandre Wagner de Morais
Albuquerque, Data de Julgamento: 26/11/2021, Quinta Turma, Data de Publicação: 29/11/2021.)”

108
119
A título de esclarecimento, acompanhe texto do art. 897, § 1º, da CLT: “§ 1º - O agravo de petição
só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores
impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos
ou por carta de sentença.”
A alternativa E está incorreta. Se a competência é originária de TRT, o recurso irá para o TST por
RO. De acordo com art. 895, II, da CLT: “Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:
II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua
competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer nos dissídios
coletivos.”

QUESTÃO 89. Um empregado público estadual de certa autarquia obteve em ação judicial o
direito à aplicação de reajustes remuneratórios conferidos por lei somente aos agentes
estatais que laboram em órgão similar do ente federa-do, com base no princípio
constitucional da isonomia, por ausência de plano de carreira próprio. Tempos depois, o
Supremo Tribunal Federal julgou, em sede de recurso extraordinário com repercussão geral,
que tal concessão de reajuste por meio de decisão judicial é inconstitucional. Haja vista o
quadro hipotético apresentado, resta correta a seguinte afirmação:
a) a inexigibilidade do título judicial por inconstitucionalidade pode ser alegada a qualquer
tempo da execução, mesmo após a sua extinção por sentença não mais passível de recurso.
b) segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a decisão mostra-se inatacável
por meio de ação rescisória, se o tema de fundo era de interpretação controvertida nos
tribunais ao tempo da prolação da decisão.
c) a superveniência de lei estadual que regule a carreira do empregado público cessa os
efeitos da decisão transitada em julgado, desde que atendido o princípio da irredutibilidade
salarial.
d) é possível a rescisão desse julgado, ainda que tenha transitado no período de vigência do
Código de Processo Civil de 1973, desde que a decisão em repercussão geral lhe seja
posterior e seja ajuizada a ação rescisória no prazo de 2 anos, contados do encerramento
definitivo do processo paradigma no STF.
e) se a decisão judicial que conferiu o reajuste passou em julgado antes do encerramento
definitivo do processo paradigma no STF, o prazo de ajuizamento da ação rescisória,
fundada nesse precedente, conta-se do trânsito em julgado do processo no qual constituído
o título tido por inconstitucional.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata do tema ação rescisória no processo do trabalho.
De acordo com art. 535, III, e §§ 5º, 7º e 8º, do CPC: “Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na
pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no
prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: III -
inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; § 5º Para efeito do disposto no inciso III
do caput deste artigo, considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo
judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal
Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo
Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal , em controle de

109
119
constitucionalidade concentrado ou difuso. § 7º A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no
§ 5º deve ter sido proferida antes do trânsito em julgado da decisão exequenda. § 8º Se a decisão
referida no § 5º for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação
rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal.
Utilizando por base os mesmos dispositivos legais acima colacionados, as alternativas A, B, D e E
ficam incorretas.
Desta feita, correta a alternativa C: a superveniência de lei estadual que regule a carreira do
empregado público cessa os efeitos da decisão transitada em julgado, desde que atendido o
princípio da irredutibilidade salarial. A aplicação de reajustes remuneratórios conferidos ao
empregado público por decisão judicial fundamentou-se na isonomia, por ausência de plano de
carreira próprio. Sendo criado o plano de carreira próprio, a decisão judicial deve deixar de produzir
efeitos, pois deixa de ser aplicável a isonomia, diante da legislação específica que passa a ser
aplicável. No caso, a irredutibilidade salarial assegura que não haverá prejuízo ao trabalhador
enquanto a remuneração devida em razão do novo plano de carreira seja inferior ao recebido por
força da decisão judicial.

QUESTÃO 90. A delimitação jurídica dos princípios protetor e da irrenunciabilidade dos


direitos trabalhistas sofreu grande alteração com a promulgação da Reforma Trabalhista de
2017, bem como pelas recentes decisões do Supremo Tribunal Federal. Sobre essa
realidade, é possível afirmar com correção que
a) a demissão em massa de trabalhadores prescinde de intervenção sindical prévia.
b) é possível a flexibilização das normas relativas à saúde, higiene e segurança do trabalho,
por meio de instrumentos de negociação coletiva.
c) o regime contratual de emprego prevalece sobre outras formas de organização do
trabalho, sendo irregulares as prestações de serviços intermediadas por meio de pessoas
jurídicas (pejotização).
d) é considerado hiper suficiente o trabalhador que possua diploma de curso superior e
receba salário igual ou superior a três vezes o teto de benefícios do RGPS, podendo pactuar
as cláusulas do contrato de trabalho nos mesmos limites dos instrumentos de negociação
coletiva.
e) é inconstitucional a previsão legal que permite o trabalho da gestante ou lactante em
ambiente insalubre.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata do tema princípios em direito do trabalho.
A alternativa A está incorreta. De acordo com Tema 638 de Repercussão Geral do STF: “A
intervenção sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para a dispensa em massa de
trabalhadores, que não se confunde com autorização prévia por parte da entidade sindical ou
celebração de convenção ou acordo coletivo.”
A alternativa B está incorreta. De acordo com art. 611-B, XVII, da CLT: “Art. 611-B. Constituem
objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão

110
119
ou a redução dos seguintes direitos: (...) XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho
previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;”
A alternativa C está incorreta. De acordo com entendimento consolidado pelo STF: “(...) 12.
Considero, portanto, que o contrato de emprego não é a única forma de se estabelecerem relações
de trabalho. Um mesmo mercado pode comportar alguns profissionais que sejam contratados pelo
regime da Consolidação das Leis do Trabalho e outros profissionais cuja atuação tenha um caráter
de eventualidade ou maior autonomia. Desse modo, são lícitos, ainda que para a execução da
atividade-fim da empresa, os contratos de terceirização de mão de obra, pareceria, sociedade e de
prestação de serviços por pessoa jurídica (pejotização), desde que o contrato seja real, isto é, de
que não haja relação de emprego com a empresa tomadora do serviço, com subordinação, horário
para cumprir e outras obrigações típicas do contrato trabalhista, hipótese em que se estaria
fraudando a contratação.” (Rcl 56.285/SP).
A alternativa D está incorreta. De acordo com art. 444, parágrafo único, da CLT: “Parágrafo único.
A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-
A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos
coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário
mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
A alternativa E está correta. De acordo com decisão proferida pelo STF no julgamento da ADI 5938:
“EMENTA: DIREITOS SOCIAIS. REFORMA TRABALHISTA. PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL À
MATERNIDADE. PROTEÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO DA MULHER. DIREITO À
SEGURANÇA NO EMPREGO. DIREITO À VIDA E À SAÚDE DA CRIANÇA. GARANTIA CONTRA
A EXPOSIÇÃO DE GESTANTES E LACTANTES A ATIVIDADES INSALUBRES. 1. O conjunto dos
Direitos sociais foi consagrado constitucionalmente como uma das espécies de direitos
fundamentais, caracterizando-se como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória
em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida aos
hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social, e são consagrados como
fundamentos do Estado Democrático, pelo art. 1º, IV, da Constituição Federal. 2. A Constituição
Federal proclama importantes direitos em seu artigo 6º, entre eles a proteção à maternidade, que é
a ratio para inúmeros outros direitos sociais instrumentais, tais como a licença-gestante e o direito
à segurança no emprego, a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
específicos, nos termos da lei, e redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança. 3. A proteção contra a exposição da gestante e lactante a atividades
insalubres caracteriza-se como importante direito social instrumental protetivo tanto da mulher
quanto da criança, tratando-se de normas de salvaguarda dos direitos sociais da mulher e de
efetivação de integral proteção ao recém-nascido, possibilitando seu pleno desenvolvimento, de
maneira harmônica, segura e sem riscos decorrentes da exposição a ambiente insalubre (CF, art.
227). 4. A proteção à maternidade e a integral proteção à criança são direitos irrenunciáveis e não
podem ser afastados pelo desconhecimento, impossibilidade ou a própria negligência da gestante
ou lactante em apresentar um atestado médico, sob pena de prejudicá-la e prejudicar o recém-
nascido. 5. Ação Direta julgada procedente.”

QUESTÃO 91. A respeito da proteção internacional dos direitos humanos e da proteção dos
indivíduos e grupos vulneráveis, assinale a alternativa correta.
a) A solicitação para que o Estado adote medidas provisórias implica prejulgamento quanto
à admissibilidade da comunicação perante o Comitê dos Direitos das Crianças.

111
119
b) A existência de uma declaração de estado de emergência configura motivo razoável para
obstar a visita do Subcomitê de Prevenção da Tortura a um local de detenção.
c) A Convenção Internacional para a proteção de todas as pessoas contra o desaparecimento
forçado adota uma perspectiva restritiva do conceito de reparação, com omissão quanto às
garantias de não repetição.
d) A Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993 reconhece expressamente que os
direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e interrelacionados.
e) Ao conferir densidade normativa ao elemento da vulnerabilidade dos sujeitos protegidos,
texto convencional autoriza o recebimento de comunicações anônimas pelo Comitê para a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata do tema direitos humanos.
A alternativa A está incorreta. Conforme o art. 6, parágrafo 2, da Convenção sobre os Direitos da
Criança, a manifestação do Comitê quanto à adoção de medida provisória não constitui
prejulgamento quanto à admissibilidade ou quanto ao mérito, que serão analisados
separadamente.
A alternativa B está incorreta. Conforme o art. 14, parágrafo 2, do Protocolo Facultativo à
Convenção contra a Tortura, a declaração de estado de emergência não pode ser invocada por um
Estado como óbice à visita por parte do Subcomitê de Prevenção ao local de detenção.
A alternativa C está incorreta. Conforme a definição constante do art. 2 da Convenção,
desaparecimento forçado inclui atos de prisão, detenção, rapto e qualquer outra forma de privação
da liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos com autorização, apoio ou
aquiescência do Estado. O termo “qualquer outra forma de privação” torna o conceito amplo, e não
restritivo, como afirma a alternativa.
A alternativa D está correta. A Declaração de Viena de 1993 traz previsão expressa no sentido de
que os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados.
A alternativa E está incorreta. De acordo com o art. 3 do Protocolo Facultativo à Convenção sobre
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, as comunicações não podem
ser anônimas.

QUESTÃO 92. A respeito da proteção regional dos direitos humanos, assinale a alternativa
correta.
a) As especificidades que orientam os direitos humanos impedem a formulação e a
apreciação de pedido de desistência no procedimento perante a Comissão Interamericana
de Direitos Humanos.
b) Sob pena da Corte Interamericana de Direitos Humanos rejeitar a objeção relativa à falta
de esgotamento de recursos internos, o Estado deve apresentar a referida preliminar durante
o procedimento de admissibilidade perante a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos.
c) A ausência de um consenso interno nos Estados submetidos à jurisdição da Corte
Interamericana de Direitos Humanos impede o exercício da atividade consultiva em torno de
determinada questão.

112
119
d) A Corte Interamericana de Direitos Humanos, intérprete última da Convenção Americana
de Direitos Humanos, tem competência para emitir interpretações a respeito de todas as
disposições da Convenção, salvo aquelas de natureza processual.
e) Por força da teoria da hierarquia dos tratados, a Corte Interamericana de Direitos Humanos
poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade das leis internas dos Estados-membros,
salvo as de natureza constitucional, com a Convenção Americana ou com outros tratados
de proteção dos direitos humanos nos Estados americanos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata dos temas Corte e Comissão Interamericanas de
Direitos Humanos.
A alternativa A está incorreta. O art. 41 do Regulamento da Comissão admite a desistência por
parte do peticionário a qualquer momento, o que será analisado pela Comissão.
A alternativa B está correta. A Corte tem interpretação consolidada no sentido de que o Estado
deve argumentar a falta de esgotamento de recursos internos em momento processual oportuno,
que é a fase de admissibilidade do caso.
A alternativa C está incorreta. No procedimento de consulta à Corte há um prazo para que os
possíveis interessados na aplicação da norma se manifestem, o que quer dizer que eles participam
do procedimento de consulta. Não se exige consenso dos Estados para que se emita parecer
consultivo.
A alternativa D está incorreta. A consulta pode se referir a norma de natureza processual, não
existindo a exceção mencionada.
A alternativa E está incorreta. No caso García Rodriguez y Alpizar Ortíz a Corte determinou que o
Estado do México adequasse sua Constituição às normas de Direitos Humanos da Convenção
Americana de Direitos Humanos. A noção de hierarquia do tratado é um instituto que se aplica ao
direito interno dos Estados, não ao plano internacional, em que são analisadas as obrigações do
Estado como um todo.

QUESTÃO 93. No que se refere às sentenças relacionadas ao Brasil no âmbito da Corte


Interamericana de Direitos Humanos, assinale a alternativa correta.
a) No caso Nova Favela Brasília, a Corte reconheceu que as vítimas estavam submetidas a
padrões de discriminação estrutural e interseccional, haja vista a condição de pobreza
estrutural e por se tratarem, em sua maioria, de meninas e mulheres afrodescendentes.
b) No caso Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde, a Corte concluiu que, em decorrência do
dever geral de prevenção, um Estado é responsável por qualquer violação de direitos
humanos cometida entre particulares dentro da sua jurisdição.
c) No caso Nogueira de Carvalho e outro, a Corte afirmou não poder conhecer do fato da
morte de Gilson Nogueira de Carvalho, mas se declarou competente para examinar as ações
e as omissões relacionadas com violações contínuas ou permanentes.
d) No caso Sales Pimenta, a Corte determinou a criação de um mecanismo para a reabertura
de processos judiciais, salvo naqueles acobertados pela prescrição, quando, em uma
sentença da Corte, se determinar a responsabilidade do Estado.

113
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e) No caso Barbosa de Souza e outros, a Corte rejeitou o pedido de reparação para a adoção
e a implementação de um protocolo nacional que estabeleça critérios para a investigação
dos feminicídios.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata do tema o Brasil perante Corte Interamericana de
Direitos Humanos.
A alternativa A está incorreta. A Corte reconheceu padrão de discriminação estrutural, mas não
interseccional. A maioria das vítimas no caso eram homens.
A alternativa B está incorreta. Exige-se que haja alguma ação ou omissão do Estado para que este
seja responsabilidade por violação de direitos humanos cometida por particular. No caso concreto,
a Corte decidiu que o Estado se omitiu em realizar ações efetivas para eliminar a prática de trabalho
forçado, de tráfico de pessoas e de servidão por dívidas na Fazenda.
A alternativa C está correta. A Corte não pôde conhecer do fato relativo à morte de Gilson Nogueira
de Carvalho em razão de se tratar de fato anterior ao reconhecimento da competência do Tribunal
pelo Estado brasileiro. As violações de Direitos Humanos contínuas ou permanentes, no entanto,
por se prolatar para além da data do reconhecimento da competência da Corte, estão submetidas
ao seu exame.
A alternativa D está incorreta. A Corte reputou que a prescrição não pode servir de empecilho à
investigação de violações de direitos humanos, já que a prescrição ocorre por omissão ilícita dos
agentes estatais. Assim, determinou a Corte que mesmo os casos em que tivesse havido prescrição
estariam submetidos ao procedimento de reabertura.
A alternativa E está incorreta. A Corte determinou que se adotasse e implementasse um protocolo
nacional para a investigação de feminicídios.

QUESTÃO 94. Em relação ao direito à igualdade, à identidade, à diferença e ao dever de


antidiscriminação, é correto afirmar:
a) a proibição de discriminação com base na identidade de gênero é entendida não só em
relação à identidade real ou percebida, mas igualmente em relação à identidade percebida
de forma externa, salvo se essa percepção não corresponder à realidade.
b) na sentença do caso Garibaldi vs. Brasil, a Corte Interamericana de Direitos Humanos
considerou que o HIV é um motivo pelo qual está proibida a discriminação no marco do
termo “outra condição social”, previsto na Convenção Americana de Direitos Humanos.
c) não se configura uma situação de discriminação quando um dispositivo, prática ou critério
aparentemente neutro tem a capacidade de acarretar uma desvantagem particular para
pessoas pertencentes a um grupo específico juridicamente protegido, ou a de colocá-las em
desvantagem.
d) a cláusula geral de proteção contra a discriminação da Convenção Americana de Direitos
Humanos é literal em relação ao termo idade, cuja tutela protetiva foi reforçada e aprimorada
a partir de Convenção Interamericana específica para a proteção dos idosos.
e) no relatório de mérito do caso Neusa dos Santos Nascimento e outra, a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos recomendou ao Brasil a adoção de providências para
exigir que empresas realizem nos processos de contratação a devida diligência em matéria

114
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de direitos humanos, especialmente sem qualquer discriminação em relação às mulheres
afrodescendentes.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. A questão trata do tema discriminação.
A alternativa A está incorreta. A proteção à identidade de gênero independe da correspondência
entre a percepção de identidade e a realidade externa. Admite-se que haja uma realidade interna
distinta da externa.
A alternativa B está incorreta. O caso Garibaldi vs. Brasil se refere à não investigação de um caso
de homicídio. Foi no caso Cuscul Pivaral vs. Guatemala que a Corte afirmou que a proibição de
discriminação do portador de vírus HIV está inseria no conceito de “outra condição social” previsto
no art. 1.1 da Convenção Americana de Direitos Humanos.
A alternativa C está incorreta. Há discriminação indireta quando uma norma neutra causa impactos
desproporcionais.
A alternativa D está incorreta. O conceito de idade constante da Convenção não é restritivo, mas
amplo.
A alternativa E está correta. Trata-se da quarta recomendação da Comissão no caso: “4. Adotar
marcos legislativos, de política pública ou de qualquer outra índole que exijam, promovam e
orientem as empresas a realizar a devida diligência em matéria de direitos humanos dentro de seus
processos de contratação de funcionários, particularmente a respeito do acesso ao emprego sem
discriminação de mulheres afrodescendentes, em conformidade com os padrões com os padrões
interamericanos aplicáveis.”

QUESTÃO 95. A respeito da proteção dos direitos sexuais e reprodutivos, assinale a


alternativa correta.
a) Na sentença do caso Gónzales e outras (“campo algodoeiro”) vs. México, a Corte
Interamericana reconheceu que o Estado não havia adotado as medidas adequadas para
abordar atos de violência sexual no âmbito educacional, bem como não promoveu uma
educação sobre direitos sexuais e reprodutivos.
b) Na Opinião Consultiva no 29/2022, a Corte Interamericana de Direitos Humanos afirmou
que o Estado tem a obrigação reforçada de assegurar o acesso à saúde sexual e reprodutiva
para as mulheres privadas de liberdade, o que não inclui o acesso à
anticoncepção/contracepção de emergência para os casos de violência sexual.
c) Na sentença do caso Rodríguez Pacheco e outra vs. Venezuela, a Corte Interamericana de
Direitos Humanos afirmou que há uma relação entre o direito à saúde sexual e reprodutiva e
a ideia de autonomia e de liberdade reprodutiva, no sentido do direito de tomar decisões
autônomas sobre o projeto de vida, o corpo e a saúde sexual e reprodutiva, livre de violência,
coerção e discriminação.
d) Na Opinião Consultiva no 29/2022, a Corte Interamericana de Direitos Humanos deixou de
garantir às pessoas trans privadas de liberdade os direitos à saúde reprodutiva, à terapia
hormonal, bem como ao tratamento para a redesignação/reafirmação sexual, sob a
justificativa das especificidades nacionais dos sistemas prisionais.

115
119
e) Na sentença do caso Escher e outros vs. Brasil, a Corte Interamericana de Direitos
Humanos definiu a violência obstétrica como uma forma de violência baseada no gênero e
proibida pelos tratados interamericanos de direitos humanos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata do tema proteção dos direitos sexuais e
reprodutivos.
A alternativa A está incorreta. O caso Gónzales e outros vs. México se refere ao desaparecimento
forçado de jovens, aos homicídios correspondentes e à ausência de promoção de investigação. Foi
no caso “Guzmán Albarracín y otras vs. Ecuador” que a Corte se manifestou quanto ao dever do
Estado de prestar educação contra a violência sexual.
A alternativa B está incorreta. O direito à saúde sexual inclui o acesso a meios anticoncepcionais
ou contracepcionais nos casos de violência sexual, o que foi reconhecido na Opinião Consultiva.
A alternativa C está correta. A Corte entendeu que o direito à saúde sexual é parte do direito à
saúde e deve ser garantido como forma de assegurar a autonomia da mulher.
A alternativa D está incorreta. Foi reconhecido o direito de mulheres trans a ter acesso a tratamento
hormonal.
A alternativa E está incorreta. O caso Escher e outros vs. Brasil se refere à interferência policial
indevida sobre atividades do MST. A violência obstétrica foi reconhecida no caso Brítez Arce e
outros vs. Argentina.

QUESTÃO 96. Segundo as análises de Norberto Bobbio sobre as formas de Estado,


desenvolvidas pelo autor na obra Estado, Governo, Sociedade, a diferença do Estado
representativo diante do Estado estamental está no fato de que a representação por
categorias ou corporativa é substituída pela representação
a) das comissões parlamentares, às quais se atribui poderes irrestritos.
b) das unidades federativas, às quais se reconhece relativa legitimidade.
c) de colegiados superiores, aos quais se atribui poderes públicos ilimitados.
d) dos indivíduos singulares, aos quais se reconhecem os direitos políticos.
e) das ligas de associações, às quais se outorga direitos políticos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema diversas formas de Estado lecionada por Norberto Bobbio.
Conforme o autor, “a diferença do Estado representativo diante do Estado estamental está no fato
de que a representação por categorias ou corporativa (hoje se diria representação de interesses) é
substituída pela representação dos indivíduos singulares (num primeiro tempo somente os
proprietários), aos quais se reconhecem os direitos políticos”, trecho retirado da página 152-153 do
livro “Estado, Governo, Sociedade para uma teoria geral da política”.
As demais alternativas não encontram respaldo na doutrina do autor.

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QUESTÃO 97. Michel Foucault, em seu curso no Collège de France de 1972-1973, intitulado
A Sociedade punitiva, mais precisamente na aula de 21 de fevereiro de 1973, sintetiza aquilo
a que chama “sociedade punitiva”, como sendo uma sociedade na qual o aparato judiciário
desempenharia as seguintes funções:
a) corretivas e penitenciárias.
b) vingativas e dissipadoras.
c) arbitrárias e dissipadoras.
d) corretivas e arbitrárias.
e) vingativas e penitenciárias.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema a sociedade punitiva lecionada por Michel Foucault na aula 21 de fevereiro
de 1973 no curso College de France.
Conforme o autor leciona, o conceito de sociedade punitiva seria uma “sociedade na qual o aparato
estatal judiciário desempenha, ademais, funções corretivas e penitenciárias”
As demais alternativas não encontram respaldo na doutrina do autor.

QUESTÃO 98. Relativamente à teoria da “polissistemia simultânea”, formulada por André-


Jean Arnaud, é correto afirmar que se trata de uma teoria sociológica
a) que se baseia no pensamento de Karl Marx e que considera o direito como instrumento
de dominação de classe a ser subvertido pelo proletariado.
b) que se insere no debate acerca do pluralismo jurídico, em consonância com as obras de
autores como Georges Gurvitch.
c) que se insere no “Critical Legal Studies Movement”, e que considera o direito como um
instrumento de dominação política.
d) baseada no realismo escandinavo, especialmente na obra de Alf Ross.
e) baseada no monismo jurídico, especialmente na obra de Hans Kelsen.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema tratado no livro Direito, Globalização e Governança: uma abordagem a
partir da perspectiva sociojurídica de André-Jean Arnaud.
Interpretando a obra do autor, o Professor Ihuru Assunção leciona que a teoria da polissistemia
simultânea seria a conjunção de diversos sistemas em um só tempo e lugar, o que traz a ideia do
pluralismo jurídico.
As demais alternativas não encontram respaldo na doutrina do autor.

QUESTÃO 99. É correto afirmar que o sociólogo alemão Niklas Luhmann, em sua obra O
direito da sociedade, concebe o direito como um subsistema social

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a) que compensa o seu fechamento cognitivo mediante a consistência do fundamento
dogmático de suas decisões.
b) que, para produzir decisões justas, subordina-se a valores morais.
c) que, no que concerne à consecução de sua função, opera de maneira normativamente
fechada e cognitivamente aberta.
d) sem abertura cognitiva, pois as suas operações são desenvolvidas autopoieticamente.
e) caracterizado por determinações políticas exógenas e, portanto, aberto tanto
operativamente como cognitivamente.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema tratado no livro O Direito da Sociedade de Niklas Luhmann.
Interpretando a obra do autor, o Professor Ihuru Assunção leciona que o subsistema social opera
de maneira normativamente fechada, com base nas regras por eles mesmos criadas, e
cognitivamente aberta, pois se comunica com outros sistemas (inptus e outputs) mediante
acoplamentos estruturais.
As demais alternativas não encontram respaldo na doutrina do autor.

QUESTÃO 100. É correto afirmar que, em sua obra Direita e Esquerda, relativamente à
distinção entre igualdade e desigualdade, Norberto Bobbio sustenta que o conceito de
igualdade é
a) relativo, na medida em que depende exclusivamente do consenso entre os povos.
b) relativo, na medida em que implica a consideração de variáveis que são essenciais à sua
definição.
c) absoluto, na medida em que decorre do consenso natural entre os homens.
d) absoluto, pois se trata de uma decorrência do imperativo categórico, nos termos em que
este foi definido por Jean-Jacques Rousseau.
e) absoluto, pois se trata de um valor transcendente que não depende de quaisquer variáveis.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema igualdade e desigualdade tratado na obra Direita e Esquerda razões e
significados de uma distinção política por Norberto Bobbio.
Conforme o autor, “o conceito de igualdade é relativo, não absoluto. É relativo ao menos a três
variáveis que precisam ser consideradas toda vez que se introduz o discurso sobre a maior ou
menor desejabilidade, e/ou sobre a maior ou menor realizabilidade, da ideia de igualdade: a) os
sujeitos entre os quais se trata de reparar os bens e os ônus; b) os bens e os ônus a serem
repartidos; c) o critério com base no qual fazer a repartição”, trecho retirado da página 112 do livro
“Direita e Esquerda razões e significados de uma distinção política”.
As demais alternativas não encontram respaldo na doutrina do autor.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos que tenham gostado do material.

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