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IMUNOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto.

ATIVAÇÃO DE CÉLULAS B E PRODUÇÃO DE ANTICORPOS

Já sabemos que, na resposta humoral, os linfócitos B têm uma participação essencial, pois são eles que, quanto
ativados, se diferenciam em plasmócitos e produzem anticorpos. Sabemos também que a função fisiológica dos
anticorpos é neutralizar e eliminar os antígenos que induziram sua formação. O sistema imune humoral só possui a
capacidade de responder a diferentes tipos de antígenos por meio da produção de diferentes classes de anticorpos.

Progenitor Pro B Pro B Pré B B B


Linfoide Precoce Tardia Imatura madura

CD10 (LLA)

CD19 CD19 CD19 CD19 CD19 CD19

CD45R CD45R CD45R CD45R CD45R CD45R

MHCII MHC II MHCII MHCII MHCII MHCII

CD38 CD38 CD38 CD38

CD40 CD40 CD40 CD40 CD40

CD20 CD20 CD20


CD21 CD21 CD21

IgM IgM,IgD
(BCR)

Desde a medula óssea, com a presença da precursora Stem cell, tem-se a origem e maturação dos linfócitos B:
esta stem cell dará origem a duas linhagens: a linhagem mieloide e linfoide. Esta linhagem linfoide dará origem aos LB,
LT e células NK. A designação dos LB é assim dada devido a sua origem e maturação ser realizada em nível de medula
óssea.
 O progenitor linfoide é uma célula tronco menos diferenciada que apresenta, assim como as demais fases de
maturação das células B, marcadores específicos que caracterizam esta fase: CD10, CD19, CD45R, MHCII e
CD38. Todos estes estão ancorados na membrana dos LB ainda nessa fase progenitora, mas alguns desses
marcadores direcionam a diferenciação para a célula B. Em leucemias, é comum a presença de células CD10 no
plasma, o que caracteriza a presença de células imaturas na corrente sanguínea.
 O progenitor linfoide então passa para um outro estágio de evolução, perde o marcador CD10 e ganha um
marcador CD40, passando a se chamar pro B precoce, diferenciando-se fenotipicamente da primeira célula.
Esta se diferencia do pro B tardio apenas por uma questão de tempo, e não por marcadores fenotípicos.
 O pro B tardio, ao receber dois marcadores (o CD20 e o CD21), passa a ser designado como Pré B, sendo
praticamente uma célula B quase madura, diferenciando-se desta devido a presença do marcador CD38.
 Ao passo que o Pré B perde este marcador CD38 e ganha o como primeiro isotipo o IgM, passa a ser designado
como Célula B imatura.
 Quando esta célula recebe o isotipo IgD que, juntamente ao IgM (e às imunoglobulinas α e β), entrarão na
composição do marcador próprio do LB – o BCR – diz-se que a célula B imatura evoluiu para a Célula B
madura, que já pode ser designada como linfócito B, sendo capaz de responder a antígenos.

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TEORIA DA SELEÇÃO CLONAL (EXPANSÃO CLONAL)


Os linfócitos, de uma forma geral, devido a
presença de seus marcadores típicos (o BCR para os LB
e o TCR para os LT), são células altamente capacitadas
em reconhecer peptídeos, sendo justificada esta
capacidade pela teoria da seleção clonal: existe um
clone de linfócitos responsável por pinçar determinadas
sequencias de aminoácidos antigênicos e se proliferar.
Isso acontece devido à grande variedade (ou clone) de
conformações espaciais apresentadas pelas fendas dos
receptores dos linfócitos (BCR e TCR).
Este variado repertório de receptores é de
extrema importância para a especificidade da resposta
imune humoral, uma vez que, por meio deles, os linfócitos
serão capazes de reconhecer qualquer tipo de
aminoácido antigênico.
A expansão clonal é, portanto, a proliferação de
linfócitos que reconheceram uma determinada sequência
de aminoácidos e serão responsáveis de responder
apenas a ela e, para cada sequência estranha de
aminoácidos, haverá uma expansão clonal específica.

FASES DA RESPOSTA IMUNE HUMORAL


As respostas imunes humorais,
iniciadas nos órgãos linfoides periféricos
(como o baço ou linfonodos), apresentam uma
participação bastante significante do LB.
O processo de ativação das células B
e a geração de células produtoras de
anticorpos consistem de distintas fases
sequenciais. A fase de reconhecimento é
iniciada pela interação dos antígenos com um
pequeno número de linfócitos B maduros
expressando IgM e IgD específicas para cada
antígeno. Os linfócitos B maduros responsivos
a antígenos desenvolvem-se na medula óssea
antes da estimulação antigênica. Essas células
entram nos tecidos linfoides periféricos, que
são os sítios de interação com os antígenos
estranhos.
O antígeno, via APC, liga-se à IgM e à IgD de membrana nas células B específicas (ou por meio da ativação de
sinais via LT auxiliares) e assim se inicia a fase de ativação. A ativação da célula B consiste de uma série de respostas
que induzem a proliferação, resultando na expansão clonal das células, e em diferenciação, resultando na produção
de células efetoras que secretam anticorpos ativamente e células B de memória.
A função dos plasmócitos oriundos da diferenciação dos LB são responsáveis, então, por produzir e secretar
anticorpos; mudar o isotipo do anticorpo (como por exemplo, alternar IgM em IgE); promover um amadurecimento da
afinidade; produção de células de memória (células que não secretaram anticorpos).
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OBS : Uma célula que produziu anticorpo não poderá se tornar uma célula de memória: ou o LB é efetor ou é de
memória.

RECEPTOR DA CÉLULA B (BCR)


A ativação dos linfócitos B antígeno-específicos é iniciada pelo contato do antígeno com as moléculas Ig de
membrana, que são os receptores de antígenos das células B maduras (BCR). A IgM e a IgD de membrana na
superfície das células B maduras estão associadas a moléculas invariáveis de Igα e Igβ, que contém ITAMs
(immunoreceptor tyrosine-based activation motif = motivos de ativação de imunoreceptores baseado em tirosina) nas
suas caudas citoplasmáticas e que medeiam as funções citoplasmáticas de sinalização.
Esses pequenos complexos transmembranares (o Igα e o Igβ) associados ao BCR são os reais transdutores de
sinal para as regiões mais internas da célula: o BCR reconhece o antígeno, interage com estes pequenos complexos e
eles, por sua vez, transduzem o sinal transmembranamente por meio das ITAMs, domínios ancorados na cauda

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citoplasmática das Igα e Igβ. A Igα e a Igβ só são capazes de transduzir o sinal devido
a presença de uma cauda citoplasmática considerável, diferentemente da BCR (Lis,
Val, Lis).
Os receptores de antígenos dos LB exercem dois papeis importantíssimos na
ativação da célula B: (1) a agregação de receptores induzida pelo antígeno libera
sinais bioquímicos para as células B, que dão início ao processo de ativação; (2) o
receptor liga-se ao antígeno e o internaliza nas vesículas endossômicas, e, se é uma
proteína, o antígeno será degradado em peptídeos a serem apresentados na
superfície da célula B para reconhecimento pelas células T auxiliares.

TRANSDUÇÃO DE SINAL PELO COMPLEXO RECEPTOR DE ANTÍGENO DO LINFÓCITO B


Estudaremos agora o mecanismo
pelo qual o complexo antígeno-receptor
de linfócito B se torna capaz de ativar
esta célula.
O receptor de antígenos da
célula B (BCR) libera sinais de ativação
para a célula quando duas ou mais
moléculas receptoras são postas em
conjunto ou estabelecem uma ligação
cruzada por antígenos multivalentes.
A IgM e a IgD de membrana, que
são os receptores de LB em repouso,
possuem curtas caudas citoplasmáticas
consistindo de apenas três aminoácidos
(lisina, valina e lisina). Essas caudas são
pequenas demais para a transdução de
sinais gerados pela agregação da Ig. Os
sinais mediados pela Ig são realmente
transduzidos por duas outras moléculas,
designadas Igα e Igβ que são ligadas não
covalentemente à Ig de membrana.
Desse modo, Igα e Igβ exercem
nas células B as mesmas funções que as
proteínas CD3 e ζ (“zeta”) têm nos
linfócitos T (o que veremos no próximo
capítulo).
Os domínios citoplasmáticos da Igα e Igβ contêm motivos ricos em tirosinas (já conhecidos por nós e chamados
de ITAMs), que também são encontrados nas proteínas CD3 e ζ e são necessários para a transdução de sinais. A
ligação cruzada da Ig de membrana mantém vários ITAMs em proximidade, e este fato desencadeia subsequentes
eventos de sinalização.
Minutos após a ligação cruzada da Ig de membrana, a tirosina dos ITAMs da Igα e Igβ é fosforilada,
provavelmente pela ação das proteínas tirosina-quinases da família Src, tais como Lyn, Blk e Fyn, que são associadas
ao BCR citoplasmaticamente e facilitam a transdução de sinal. A tirosina-quinase Syk liga-se, em seguida, via seus
domínios Src de homologia-2 (SH2) aos resíduos de fosfotirosina da Igα e da Igβ (equivalente ao ZAP-70 do LT). A Syk
é ativada somente quando fosforilada em um resíduo de tirosina em particular; esta fosforilação pode ser catalisada por
quinases associadas ao receptor de antígenos da célula B (como é o caso da própria Lyn, Blk ou da Fyn). Os ITAMs,
fosforilados pelas proteínas tirosina-quinases, estão ativados e são capazes agora de desencadear uma série de sinais
que recrutam novas proteínas tirosina-quinases clássicas na ativação do LB.
Syk, e talves ouras tirosina-quinases associadas ao receptor da célula B, por sua vez, ativam várias moléculas
de sinalização consecutivamente. Uma dessas ativações é a da fosfolipase C-γ (PLCγ), que degrada bifosfato de
2+
fosfatidilinositol (PIP2) para gerar trifosfato de inositol (IP3) e diacilglicerol (DAG). O IP3 mobiliza o Ca iônico das
2+
reservas intracelulares, induzindo uma rápida elevação de Ca citoplasmático, que poderá ser ainda aumentado pelo
influxo deste mesmo íon originário do meio extracelular. Outra ativação que ocorre concomitantemente a pré-citada, é a
ativação da Grb-2Sos, responsável pela produção de outros intermediários bioquímicos (MAP-quinases) indispensáveis

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para a transdução do sinal. Há também a ativação da SLP-65, proteína adaptadora que, quando ativada, é responsável
por ativar cada vez mais proteínas transdutoras de sinal (inclusive a PLCγ e a Grb-2Sos), formando uma rede de
comunicações que, mesmo localizadas rente à membrana plasmática, serão responsáveis por atingir o núcleo da célula
por meio de fatores de transcrição, ativando, de fato, o LB.
Essas cascatas de sinalização finalmente ativam os fatores de transcrição (NF-κB, NFAT e AP-1) que induzem
a expressão de genes cujos produtos são necessárias para a ativação funcional das células B.

SEGUNDO SINAL DA ATIVAÇÃO DOS LB – RECEPTORES DO COMPLEMENTO


A ativação das células B requer, além do contato com o antígeno, a
emissão de um segundo sinal, que pode ser fornecido pelas proteínas do
complemento. Um produto de degradação do complemento liga-se ao
receptor do complemento tipo 2 (CR2) das células B e serve como
importante segundo sinal para ativação do LB. O CR2 é um receptor para a
proteína C3d do complemento, que é gerada pela proteólise do componente
principal do complemento, o C3b. O complexo formado de C3d e antígeno
liga-se às células B, com a membrana Ig reconhecendo o antígeno e o CR2
reconhecendo o C3d ligado. O CR2 é expresso nas células B maduras
como um complexo composto de três proteínas integrais de membrana
(CR2, CD19 e o CD81), servindo como um co-receptor (co-estimuladoes) da
célula.
A ligação do C3d ao receptor do complemento da célula B recruta o
CD19 para o complexo, e a cauda citoplasmática do CD19 (que também
apresenta ITAM) torna-se rapidamente fosforilada pelas proteínas tirosina-
quinase associadas ao complexo receptor de antígenos das células B. Essa
fosforilação ativa outra proteína, a PI-3 quinase. Isso induz aumento das
vias de sinalização iniciadas pela ligação do antígeno à Ig de membrana, e a
resposta da célula B é grandemente facilitada.

CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAIS DA SINALIZAÇÃO PELO COMPLEXO RECEPTOR DE ANTÍGENOS DOS LB


Os eventos celulares iniciais, que são induzidos pela ligação cruzada do complexo receptor da célula B mediada
pelo antígeno, preparam as células B para a subsequente proliferação e diferenciação. Esses eventos são:
 Entrada de células, previamente em repouso, no estágio G1 do ciclo celular;
 Aumento de tamanho da célula, do RNA citoplasmático e da biossíntese de organelas;
 Favorecimento da sobrevivência dos LB como resultado da indução de vários genes antiapoptócos;
 Aumento da expressão das moléculas de MHC de classe II e dos co-estimuladores, primeiro o CD86 (B7-2) e
mais tarde o B7-1.
 Aumento da expressão dos receptores para diversas citocinas derivadas das células T, que capacitam os
linfócitos B antígeno-específicos a responderem às células T auxiliares.

EVENTOS DA RESPOSTA IMUNE HUMORAL PARA ANTÍGENOS PROTEICOS (TD)


A resposta de anticorpo aos antígenos proteicos
requer o reconhecimento do antígenos pelas células T
auxiliares e a cooperação entre os linfócitos B antígeno-
específicos e os LT. Quando o antígeno apresenta uma
natureza de carboidrato ou lipídica, o LB pode resolver por si
só, mas quando se tratar de antígenos proteicos, deve haver
uma resposta mais qualificada, sendo necessária a interação
LB e LT auxiliar (sendo este o responsável por ativar o LB).
A interação das células T com os linfócitos B envolve
sequencialmente a apresentação do antígeno aos LT
auxiliares diferenciados, ativação dos mesmos e expressão
das moléculas de membrana e secretadas pelos LT auxiliares
que se ligam aos LB. O resultado final é a estimulação da
expansão clonal das células B, troca de isotipos, maturação
da afinidade e diferenciação em células B de memória.
No folículo primário dos linfonodos (porção onde se concentra mais LB), o LB reconhece peptídeos ancorados na
superfície do antígeno. Fora do folículo (região onde se concentra mais LT), o LT auxiliar é apresentado ao mesmo
peptídeo por uma APC. Depois dessas apresentações, acontece uma interação entre as células T e B nos limites entre
os folículos linfoides e as zonas de LT. Após essa interação, o LB se torna capaz de se diferenciar em plasmócito e de
produzir Ig, terminando assim, os eventos iniciais.

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Na fase mais tardia, que acontece dentro do folículo, acontece a troca de isotipo e o amadurecimento de
afinidade do anticorpo.
Os eventos sequenciais nas interações células B-T e os mecanismos pelos quais as células T auxiliares
estimulam os linfócitos B são os que seguem:
 Interação LTa x LB (1ª etapa): os
linfócitos B antígeno-específicos ligam o
antígeno nativo às moléculas de Ig de
membrana, interiorizam e processam o
antígeno nas vesícula endossômicas e
apresentam fragmentos peptídicos do
antígeno associados às moléculas do
MHC de classe II nas suas superfícies.
Assim, as próprias células B funcionam
como APCs. Isso acontece para o LT
produza citocinas que induzem a
proliferação dos LB. Dessa forma, os dois
linfócitos cooperantes reconhecem o
diferentes epítopos do mesmo complexo
antigênico.
o Participação dos Co-estimuladores: a ligação do antígeno à Ig de membrana favorece a expressão
dos co-estimuladores que aumentam a capacidade do linfócito B para ativar as células T. Os principais
co-estimuladores que são expressos nas células B ativadas são o B7-2 e B7-1, ambos ligando-se ao
CD28 nas células T. As células T auxiliares podem então reconhecer os complexos peptídeo-MHC (sinal
1) e os co-estimuladores (sinal 2, como o que ocorre com o CD40 do LB com o CD40L do LT), sendo
assim estimuladas para executar a sua função efetora, que é a de promover o crescimento e
diferenciação do LB.

 Diferenciação de células B em células secretoras de


anticorpos (2ª Etapa): os anticorpos secretados são as
moléculas efetoras da imunidade humoral, e a
diferenciação das células B, desde o reconhecimento do
antígeno até a condição de célula efetora, envolve uma
mudança na expressão da Ig de membrana para a forma
secretada. As moléculas de Ig de membrana e as
secretadas diferem no seu carboxiterminal. A transição da
Ig de membrana para a Ig secretada reflete uma mudança
no processamento do RNAm da cadeia pesada. O que
acontece é uma não expressão da sequência TM
(transmembranar) do gene produtor das Ig. Uma vez
carente da sua porção hidrofóbica transmembranar, o
anticorpo passa de uma forma membranar para uma
forma secretora.

 Mudança de Isótipo (classe) de cadeia pesada (3ª etapa): em resposta ao comprometimento com o CD40 e
com as citocinas, algumas células B ativadas expressando IgM e IgD passam pelo processo de troca de isotipos
(classe) das cadeias pesadas, induzindo a produção de anticorpos com cadeias pesadas de diferentes classes,
tais como γ, α e ε. Os mecanismos pelos quais os sinais do CD40 induzem a troca de isotipos não estão bem
definidos. As diferentes citocinas que regulam a troca de isotipos das cadeias pesadas são constituídas de
diferentes subpopulações de células T auxiliares que são geradas em resposta a distintos tipos de
microrganismos. Para que haja alteração no isotipo mediante citocinas (e natureza do antígeno), deve haver
uma alteração na cadeia pesada (Fc), ocorrendo a chamada recombinação de troca, processo no qual um
segmento do gene VDJ rearranjado recombina-se com um gene da região C e o DNA interposto é deletado.

RESPOSTA PRIMÁRIA X RESPOSTA SECUNDÁRIA


Primeiramente, na resposta primária, há uma grande produção de IgM, o qual vai sendo gradativamente trocado
por IgG, sendo predominante da resposta secundária. Isso acontece porque na resposta primária há uma secreção basal
de IgM.
Já na resposta secundária, devido ao grande número de células de memória que reagiram mas não secretaram
anticorpos durante a resposta imune, há uma grande produção de IgG por estas células.

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EVENTOS TARDIOS DA RESPOSTA IMUNE DEPENDENTE DE CÉLULAS T


Os eventos tardios nas respostas anticorpos dependentes de células T auxiliar, incluindo a maturação da
afinidade e a geração de células B de memória, ocorrem nos centros germinativos dos órgãos linfoides. O centro
germinativo é uma região levemente corada no folículo determinada por uma região em que há grande proliferação de
LB. O tempo de duplicação dessas células B em proliferação no centro germinativo é estimado em 6 a 12 horas, de
modo que dentro de 5 dias um único linfócito poderá dar origem a uma progênio de quase 5000.
A formação dos centros germinativos depende da presença de células T auxiliares e das interações CD40 com o
CD40L, e por isso é observada apenas nas respostas de anticorpo aos antígenos proteicos dependentes de células T
auxiliares.
Nessa fase tardia, acontecem dois eventos fundamentais para uma efetiva resposta humoral:
 Maturação da afinidade dos anticorpos: ocorre
mutações somáticas nos genes da Ig e seleção de
células de alta afinidade. Esta maturação é o processo
que induz o aumento da afinidade dos anticorpos para
um antígeno particular à medida que a resposta
humoral T-dependente progride e é resultado da
mutação somática dos genes de Ig, seguida da
sobrevivência seletiva de células B que estão
produzindo anticorpos com a mais alta afinidade.
 Geração de células B de memória e respostas
imunes humorais secundárias: algumas das células
B ativadas por antígenos não se desenvolvem em
célula secretoras de anticorpos. Em vez disso,
adquirem a capacidade de sobreviver durante longos
períodos aparentemente sem estimulação antigênica,
formando as células de memória. É possível dizer que
as células de memória sejam continuamente geradas e
mantidas por um baixo nível de estimulação pelos
antígenos, que são exibidos pelas células dendríticas
foliculares durante meses ou anos.

RESPOSTA DE ANTICORPOS PARA ANTÍGENOS T-INDEPENDENTES


Todos os mecanismos estudados neste capítulo até agora se tratava de respostas a antígenos dependentes de
células T, sendo estes antígenos de natureza proteica. Porém, muitos antígenos não proteicos, tais como
polissacarídeos e lipídeos, estimulam a produção de anticorpos na ausência de células T auxiliares, esses antígenos são
designados timo-independentes ou T-independentes.
Ao contrário das repostas descritas anteriormente, os anticorpos que são produzidos na ausência das células T
auxiliares são em geral de baixa afinidade, consistem principalmente de IgM, com limitada troca de isotipos para alguns
subtipos de IgG, e têm pouca memória nas situações experimentais.

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Ag TIMO Ag TIMO INDEPENDENTE


DEPENDENTE
NATUREZA QUIMICA Proteínas Polissacarídeos, Glicolipídios

MUDANÇA DE ISOTOPO SIM ( Ig M, IgG, IgE, POUCO (IgM)


IgA)
MATURAÇAO DA SIM POUCO
AFINIDADE
RESPOSTA SECUNDARIA SIM POUCOS CASOS

A resposta aos antígenos proteicos é uma resposta mais qualificada. Já os antígenos constituídos de natureza
não-proteica são menos patogênicos, de tal modo que o LB sozinho é capaz de destruí-los. Os mais importantes
antígenos TI são polissacarídeos, glicolipídeos e ácidos nucleicos.

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