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DE AGRESSÃO
E DEFESA
EXCLUSIVE
@emmanuelpacheco_20
MECANISMO DE AGRESSÃO E DEFESA - MAD
IMUNOLOGIA
@emmanuelpacheco_20
Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
@emmanuelpacheco_20
➔ Barreiras físicas e químicas: Epitélio, mucosa, agentes antimicrobianos (as barreiras epiteliais,
como nossa pele produzem antibióticos naturais, como as defensinas e lisozimas).
➔ Células fagocíticas (neutrófilos, macrófagos, mastócitos), células dendríticas e células NK +
outras linfóides.
Em resumo, temos que a Imunidade humoral é mediada por moléculas do sangue (soro) e
secreções de mucosas, sobretudo os anticorpos, que são secretados pelos Linfócitos B e coferem
resposta contra microorganismos extracelulares, que reconhecem antígenos, neutralizam o
patógeno, focam a resposta, selecionando e finalmente eliminando aquele agente invasor. É
possível observar que os anticorpos explicam a especificadade e memória da Imunidade adapativa.
Os anticorpos ao se ligarem com toxinas e componentes da parede celular das bactérias ativam
mecanismos efetores dos mais variados tipos, e uma das principais é justamente a fagocitose, através
da ligação e liberação de proteinas pró-inflamatórias (as etapas e processos da FAGOCITOSE serão
elucidadas na próxima aula).
Já a Imunidade mediada por células é uma resposta interpretada pelos Linfócitos T, e confere
uma defesa contra infecções provenientes de microorganismos intracelulares (vírus que residem
fagócitos), através do recrutamento de leucócitos (que secretam citocinas e quimiocinas) 1 e
1Didaticamente, toda substância ou molécula terminada no sufixo –ina é uma proteína. Portanto, citocinas são
proteínas produzidas por células (-cito) que tem uma determinada função. As quimiocinas são um subgrupo de
citocinas que regulam a movimentação e a migração de células,, no processo de quimiotactismo. Outas
citocinas importantes são o TNF (Fator de necrose tumoral) e interferom). Nessa aula o objetivo é apnas
apresentar os conceitos para familiarização.
2Antígenos são constituidas por partes ser complexos de proteína, polissacarídeos e outras macromoléculas
oriundas de um patógeno ou organismo estranho. São reconhecidas por linfócitos em locais específicos em sua
membrana cujos ligantes são chamados de determinantes ou Epítopos para cada espécie de antígeno. Isso
confere à imunidade adaptativa especificidade e diversidade.
• Expanção clonal: aumento no número de células que expressam receptores idênticos para o
antígeno após a exposição e, assim, pertencem a um clone. Este aumento nas células específicas
para um antígeno permite a adaptação da resposta imune em manter o ritmo com os patógenos
infecciosos em rápida divisão.
A ativação dos linfócitos pelos antígenos leva à geração de numerosos mecanismos que
funcionam para eliminar o antígeno. A eliminação do antígeno frequentemente necessita da
participação das células efetoras (TCD4+/Treg e TCD8+/CTLs), porque elas medeiam o efeito final da
resposta imune, que é se livrar dos microrganismos. Os linfócitos T ativados, fagócitos mononucleares
e outros leucócitos funcionam como células efetoras em diferentes respostas imunes.
Tecer esses comentários é importante para o entendimento mais para frente dos métodos
diagnóstico em microbiologia e parasitologia. Os anticorpos secretados se ligam aos
microorganismos extracelulares, bloqueiam sua habilidade de infectar as células do hospedeiro e
promovem sua ingestão e subsequente destruição pelos fagócitos.
plasmócito
ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed.
Existem 5 classes (tipos) de anticorpos, IgM, IgG, IgD, IgA e IgE. Cada um possui uma
localização, função e meia-vida plasmática específica, e mais detalhes sobre cada uma será
descrita na aula de Imunidade adaptativa. Porém de maneira geral, é de extrema importância
compreender que quando se fala de FASE AGUDA, a resposta é mediada por IgM, a principío. À
medida que a imunidade adaptativa vai sendo ativada e chega a FASE CRÔNICA, a resposta imune
humoral passa a ser feita principalmente por IgG.
A imunidade mediada por células será descrita melhor e mais detalhadamente nas próximas
aulas, sendo desnecessário fazer um resumo dela agora, embora no Abbas está descrita no final do
Capítulo 1.
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULO 1
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 57 (COMPLEMENTAR)
IMUNIDADE INATA
Como já foi dito na aula anterior, a resposta imune inata é inespecífica, e embora aconteça
junto com a imunidade adquirida, cada uma apresenta características e componentes distintos.
Posteriormente iremos aprender também que existe uma conexão ou comunicação entre as duas,
sendo uma responsável por ativar a outra, de forma recíproca.
É uma resposta inicial, ou seja, incipiente e nãotem nenhum pré-requisito para que se inicie.
Muitos microorganismos patogênicos desenvolvem estratégias para resistir à imunidade inata, as
quais são cruciais para a virulência destes. As respostas imunes inatas podem monter sob controle a
infecção até que as respostas imunes adaptativas sejam ativadas, e são mais potentes e
especializadas.
✓ Células Dendríticas
As células dendríticas, uma família heterogênea de células com longos processos citoplasmáticos do
tipo dendritos, estão constitutivamente presentes no epitélio e na maioria dos tecidos do corpo. Além
disso, as células dendríticas expressam mais tipos diferentes de TLRs e receptores de padrão de
reconhecimento do que qualquer outro tipo celular, tornando-as os mais versáteis sensores de PAMPs
e DAMPs dentre todos os tipos celulares no corpo. As células dendríticas são as únicas capazes de
disparar e direcionar as respostas imunes adaptativas mediadas por célula T, e isso depende de suas
respostas imunes inatas aos microrganismo.
Existem um grupo de receptores de membrana nos fagócitos chamado de TLR – receptor tipo
Toll (do inglês, Toll-like receptor) que identifica, por exemplo, lipídeos da parede celular bacteriana.
Essas substâncias microbianas que estimulam a imunidade inata são compartilhadas por classes de
microorganismos e são chamadas de PAMPs – Padrões moleculares Associados a Patógenos.2 Como
produto da fagocitose e que serão detalhados mais futuramente existem os DAMPs – Padrões
Moleculares Associados ao Dano.
Esse receptor varia de pessoa a pessoa e tem natureza proteica sintetizada a partir do DNA.
Ou seja, os genes que vão definir quão eficiente será a elaboração da resposta através desse
1Os EROS possuem um ligante (elétron) covalente a menos, e isso garente estabilidade, por isso são
bastante instáveis. O2 → O2•- → O22-
2 Por exemplo, os Lipopolissacarídeos (LPS) estão presentes na Parede Celular das bactérias Gram-
negativas enquanto que o ácido lipoteicoico está nas das bactérias Gram-positivas.
5. Sistema Complemento
São um conjunto de proteínas que se associam a bactérias capazes de matá-las através do aumento
de sua permeabilidade por meio de “poros” na sua superfície (Parede celular e membrana externa),
para o extravasamento do seu citoplasma e lise. Acontece por meio de 3 vias: a via Clássica, via
Alternativa e Via das Lectinas.
Todas elas convergem para uma via comum. Essa via cria o MAC (Complexo de ataque à
Membrana) que vai induzir à formação do poro. Paralelamente, elas liberam fatores tanto para
inflamação quanto para a opsonização do patógeno. Na verdade, a via alternativa é a primeira a
ser ativada. A via clássica, apesar de ter sido descoberta primeiro, necessita da resposta imune
adaptativa (produção de Anticorpos) para ser ativada.
O sistema complemento começa com a via alternativa, quando uma proteína plasmáica ou
sérica, C3, sofre hidrólise espontânea no plasma, liberando C3a3 e C3b que se liga à superfíce do
patógeno. (Normalmente, o C3 é continuamente clivado no plasma a uma taxa baixa para gerar
C3b em um processo que é chamado amplificação de C3). A Fator B4 se liga ao C3b formando
C3bB. É a vez do Fator D se ligar a esse complexo e clivar o fator B, liberando um fragmento do Fator
B, Ba, resultando em C3bBb, a C3 convertase da via Alternativa. Nesse momento, mais um C3 se junta
ao complexo e chega a hora da Properdina clivar o C3, formando um fragmento menor de C3a*.
Agora etá formada a C5 convertase da via Alternativa, C3bBbC3b. Esse complexo cliva o C5 que se
junta, resultando em C5a* e o complexo final de amplificação para a ativação do MAC da via
alternativa, C3bBbC3bC5b.
Essa via terminal já tem o potencial de clivar as demais protéinas para a formação do MAC,
C6, C7, C8 e C9, o complexo C5C7C8(C9)n se junta formando o Complexo de Ataque à Membrana,
a VIA COMUM das três vias, ...C5b,6,7,8,9.
A via clássica acontece por meio da ligação com anticorpos das classes IgG e IgM. (A IgM é
um anticorpo mais eficaz para a ligação ao complemento do que a IgG). Nos livros são descritos
detalhes do acoplamento das cadeias das imunoglobulinas a cadeia de C1 (com as partes C1 q, C1r,
C1s, etc) porém isso não é cobrado e para facilitar vamos começar pela ligação de C1 ao anticorpo,
apenas. Esse imunocomplexo se liga ao Patógeno ou seu antígeno. A primeira proteína envolvida
que se liga é o C4, que é clivada pelo complexo ficando sua porção maior e lierando C4a*,
formando C1C4b. A segunda é o C2, que faz o mesmo processo, liberando C2a*, e ficando seu
fragmento maior, formando C1C4bC2b, a C3 convertase da via Clássica. (Há uma confusão na
literatura do Abbas desatualizado – pois diz que é a C2a, pois isso foi convencionado no último
congresso de Imunologia, e isso deve ter a ver com o conceito dos fragmentos). O próximo é o C3,
clivado formando C3a e ficando C1C4bC2bC3b, a C5 convertase da via Clássica. A última porção
(C3b) opsoniza a bacteria para a ação do macrófago e/ou parte para a formação do MAC, que
segue o mesmo sentido da via alternativa, chegando C5 e saindo C5a, formando a VIA COMUM,
C5b, 6,7,8,9.
3 O “a” é o fragmento menor e o “b” é o fragmento menor. Para ficar de forma didática foi convencionado
assim, mas alguns livros ainda usam o sentido oposto.
4 O Fator B, o Fator D e a Properdina fazem parte de um conjunto de proteínas séricas produzidas no
Finalmente a via das lectinas, que é associada a uma proteína ligadora de Manose, e por isso
não se associa a qualquer patógeno, apenas aqueles que apresentam manose (um tipo de açucar
em sua superfície celular, como por exemplo as bactérias. Também é chamada de MBL, e NÃO
depende da resposta imune adaptativa e evita a etapa que requer anticorpos, conferindo proteção
na infecção precoce, antes de os anticorpos serem produzidos para atuar, porém é necessário fazer
algumas diferenciações. A via das lectinas apenas requer a lise de C4 e C2 para formar a C3
convertase, e depois disso a via clássica é ativada e segue seu rumo para a MAC normalmente.
Por fim, é preciso fazer uma correlação clínica importante, pois diz respeito a Microbiologia,
e as questões de prova de MAD costumam mesclar os conteúdos. Pessoas que tem deficiência na
produção de proteínas do sistema complemento em geral tem maior suscepetbilidade a infecções
bacterianas graves, sobretudo contra bacterias GRAM-NEGATIVAS, e em maior prevalência no
gênero Neisseria sp. e isso não foi descoberto o porquê. Em especial, pessoas com deficiência em
C5 não conseguem sequer formar a MAC, devendo se haver uma atenção especial a esses
pacientes.
A parte final da aula versa sobre os Efeitos Sistêmicos das componentes celulares (citocinas)
da imunidade inata no corpo, mas esse assunto será visto melhor futuramente em Patologia e
geralmente não é cobrado em prova. Porém, de maneira geral, as principais interleucinas pró-
inflamatórias produzidas pelos macrógfagos são a TNF, IL-1 e IL-6 e têm efeitos sistêmicos que
contribuem para a defesa do hospedeiro e são responsáveis por muitas das manifestações clínicas
da infecção e da doença inflamatória. A interleucina 1 (IL-1) é particularmente importante por
participar de praticamente todas as vias da inflamação aguda e crônica. O processos vasculares e
transmigração leucocitária também não são importantes agora e não são cobrados em prova,
exceto com correlação com o sistema complemento.
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULOS 2, 4 e 13.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 58, 63.
IMUNIDADE ADAPTATIVA
Como já foi visto nas aulas anteriores, a resposta imune adaptativa é ativada ao mesmo
tempo que a resposta imune inata, porém leva um tempo para se tornar predominante, pois ela
possui as fases de reconhecimento, de ativação (através da proliferação linfocitária), e a efetora
(onde ocrre diferenciação de linfócitos B → plasmócitos e a produção de anticporpos, com auxílio
de LTCD4+ 1 ativados com produção de citocinas inflamatórias). Com o fim há declínio das
populações de células caracterizando a homeostasia, restando apenas as células de memório.
Relembrar desses processos é muito importante.
Como já havia visto também a resposta imune adaptativa é dividida na Imunidade Humoral
e na Imunidade mediada por celulas, ou simplesmente celular. Já foi introduzido a função dos
anticorpos na aula de Propriedades Gerais, e agora vamos aprofundar esse estudo e introduzir e
explicar como ocorre a resposta imune celular desse sistema. Antes disso, é precido falar sobre um
assunto bastante pertinente no estudo da imunologia, que é o HLA.
Linfócito TCD8 → TCR → via HLA de classe I → ATIVADO → CTL - células citotóxicas efetoras
Linfócito TCD4 → TCR → via HLA de classe II → ATIVADO → TCD4+ ↔ Linfócito B → Plasmócito
1 O “+” depois da sigla de linfócitos T CD4 ou CD8 denota ativação, processo no qual são apresentados antígenos a essas
células e são ativadas para se proliferarem, mediante a expressão e secreção de uma citocina importante, a IL-2, que é
secretada sobretudo por linfóctios TCD4 principalmente e TCD25.
dependendo do patógeno (esse processo será melhor explicado na aula de Imundidade contra os
microorganismos) e apresentam ao Linfócito B (se verá melhor que esse linfócito B também tem
múltiplas funções, que também estimula mais células T) e se diferencia em plasmócito para secretar
anticorpos. Percebe-se que existem dois tipos de HLA o de Classe I e os de Classe II, e agora por
meio da Genética isso será melhor explanado.
Genes do MHC da classe I e classe II são os genes mais polimórficos presentes em qualquer
genoma de mamífero. Moléculas do MHC da classe I apresentam peptídios e são reconhecidos por
células T CD8. Moléculas de MHC de classe II apresentam para células T CD4. No cromossomo
autossômico 6, há duas cópias em cada. Há 3 grupos de genes, que possuem baixa frequência de
crossing over. Quando um bloco de alelos em lócus próximos é herdado sem sofrer recombinação,
chamamos de haplótipo. Os HLA de classe I e II são os principais que apresentam antígenos,
responsáveis por codificar proteínas que apresentam antígenos. Os de classe III codificam proteínas
do sistema complemento, proteínas de choque térmico, chaperonas, fator de necrose tumoral (TNF).
Apesar de estar no mesmo lócus, não codifica proteínas relacionadas com apresentação de
antígenos.
Veja que os lócus A, B e DR são os mais polimórficos (são os mais usados para transplantes,
veremos mais para frente). Vamos supor que os alelos A1, Bw4 e DR2 são haplotídeos. Sempre se
herdará esses 3 juntos, pois não sofrem recombinação, uma vez que o crossing over não afeta a área
deles. A expressão é de codominância, ou seja, os dois alelos expressam sem que um interfira na
dominância do outro. Por exemplo, dois grupos de antígenos HLA-I e HLA-II podem ser produzidos
pelo alelo do lócus A. Todas as células nucleadas expressam HLA de classe I, e de classe II somente
as APCs. Os fagócitos são capazes de expressar as duas.
O HLA de CLASSE I vai apresentar especificamente para linfócitos T CD8 especificamente por
causa de sua morfologia. As moléculas da classe I são expressas em virtualmente todas as células
nucleadas. O HLA de CLASSE II é um heterodímero formado por uma molécula de HLA e uma
molécula de homodímero. Enquanto que as moléculas da classe II são expressas apenas em APCs,
células dendríticas, linfócitos B, macrófagos e alguns outros tipos de células.
ATENÇÃO – LEMBRAR!
➔ TODAS AS CÉLULAS NUCLEADAS EXPRESSAM HLA DE CLASSE I (FUNCIONAM COMO APC PARA
MACRÓFAGOS.
➔ SOMENTE AS APC CONSEGUEM EXPRESSAR HLA-II (CÉLULAS DENDRÍTICAS, MACRÓFAGOS E
LINFÓCITOS TCD4+ E LINFÓCITOS B.
Antígenos interiorizados do meio extracelular para as vesículas das APCs geralmente dão
origem a peptídios apresentados pelas moléculas do MHC da classe II e reconhecidos pelas células
Antes de apresentar os demais, devemos fazer uma leigeria diferenciação entre esses termos:
receptor, ligante e correceptor. Existe um capítulo específico do Abbas para tratar desse aspecto,
porém de maneira vamos aprender que a função principal de um receptor2 é de transdução de
sinais: “Os receptores de superfície celular têm duas funções principais, a indução da sinalização
intracelular e a adesão célula-célula ou célula-matriz extracelular”.
Existem outros personagens que auxiliam nesse processo e também são muito importantes e
sem os quais a comunicaçao célula-célula e as funções imunes serão impossíveis de executar. Os
correctores que dão nomes aos Linfócitos mais importantes, CD4 e CD8 são responsáveis por essas
atividades, enquanto que os ligantes são inúmeros e podem ser extracelulares alheios ou não as
2 “Os receptores imunológicos são uma única família de complexos receptores tipicamente composta de proteínas integrais da membrana da
superfamília da imunoglobulina (Ig), que estão envolvidos no reconhecimento do ligante, associado a outras proteínas transmembranas de
sinalização que possuem moléculas únicas contendo tirosina em suas caudas citoplasmáticas.” (ABBAS, 2011).
nossas células ou intracelulares, assim como os domínios dos receptores e dos correceptores. Os
correceptores também são chamados moléculas acessórias e a própria molécula de MHC é um
ligante para o receptor TCR.
ATENÇÃO – LEMBRAR!
• POPULAÇÃO DE MEMÓRIA:
• POPULAÇÃO EFETORA:
A diferenciação das células T CD8+ em CTLs efetores envolve a aquisição da maquinaria para
matar as células-alvo. A célula infectada ou tumoral que é morta por CTLs é geralmente chamada
de célula-alvo. Células CD8+ imaturas reconhecem antígenos, mas precisam se proliferar e
diferenciar para gerar um conjunto suficientemente grande de CTLs para destruir a origem do
antígeno. Dentro do citoplasma de CTLs diferenciados, existem numerosos lisossomos modificados
(denominados grânulos) que contêm proteínas, incluindo perforinas e granzimas, cuja função é
matar outras células (descrito mais adiante). Além disso, os CTLs diferenciados são capazes de
secretar citocinas, principalmente IFN-gama., que têm a função de ativar os fagócitos.
Três grandes subgrupos de células T CD4+ efetoras, chamadas de TH1, TH2 e TH17, funcionam
na defesa do hospedeiro contra diferentes tipos de agentes patogênicos infecciosos e estão
envolvidas em diferentes tipos de lesões de tecidos em doenças imunológicas. Embora existe um
capítulo apenas para Imunidade Contra os Microorganismos (cuja leitura recomendo), na aula esse
assunto é abordado de forma sucinta, juntamente com Imunidade Adaptativa. Porém, entrarei em
detalhes no próximo resumo.
As células TH2 estimulam as reações que servem para erradicar infecções por helmintos
mediadas por IgE, mastócitos e eosinófilos. As principais citocinas secretadas são as IL-4, IL-5 e IL-13,
que voltarão a ser faladas em Patologia em inflamação. Os helmintos são muito grandes para serem
fagocitados por neutrófilos e macrófagos e podem ser mais resistentes às atividades microbicidas
desses fagócitos que são a maioria das bactérias e vírus. Portanto, são necessários mecanismos
especiais para a defesa contra infecções por helmintos.
Anticorpos são imunoglobulinas do tipo gama. Há cinco classes de anticorpos: IgG, IgM, IgA,
IgD e IgE. Os anticorpos são subdivididos nessas cinco classes com base em diferenças em suas
cadeias pesadas. As funções mais importantes dos anticorpos são neutralização de toxinas e vírus,
opsonização micróbios, de modo a facilitar sua fagocitose, ativação do complemento e prevenção
da ligação de micróbios às superfícies mucosas. Imunoglobulinas são glicoproteínas compostas por
cadeias polipeptídicas leves (L) e pesadas. A parte molecular que envolve a estrutura dos anticorpos
em sua maior parte não é importante, mas o que diz respeito às porções Fab e Fc sim, pois isso diz
respeito a suas funções efetoras, e esse conhecimento se tornará importante na aula de
Hipersensibilidades.
Essa explanação voltará na aula de Alergias sobre a mudança de isotipo, mas já vou
colocando aqui. O que diferencia a IgM, IgD e IgE é a parte Fc. A parte para especidade, Fab é a
mesma, não muda. Ou seja, se esse linfócito já é específico para determinado antígeno, o receptor
reconhece, transduz o sinal, fagocita, apresenta para um Linfócito TCD4 - dependendo do contexto
- se diferencia em TH1, TH2 e TH17, e for o Th2 produz a IL-4 que induz a transcrição para produção
desse anticorpo e muda o isotipo de anticorpo do Linfócito B, produzindo internamente, a mesma
porção Fab, mas a Fc será diferente. O linfócito se diferencia morfologicamente em plasmócito para
secretar IgE.
Tabela 1: Classes de imunoglobulinas
IgM é a principal imunoglobulina produzida nos estágios iniciais da resposta primária. Como
o pentâmero apresenta 10 sítios de ligação ao antígeno, a IgM consiste na imunoglobulina mais
eficiente na realização de aglutinação, na fixação do complemento (ativação) e em outras reações
de anticorpos, sendo uma importante defesa contra bactérias e vírus. A IgM pode ser produzida pelo
feto, no caso de certas infecções. Dentre as imunoglobulinas, é a que apresenta maior avidez; sua
interação com o antígeno pode envolver todos seus 10 sítios de ligação.
A IgE tem importância médica por duas razões: Medeia a hipersensibilidade imediata
(anafilática), participa das defesas do hospedeiro contra certos parasitas, por exemplo, helmintos
(vermes). A região Fc da IgE liga-se à superfície de mastócitos e basófilos. A IgE ligada atua como
receptor de antígeno (alérgeno). Quando os sítios de ligação ao antígeno de IgEs adjacentes são
ligados de forma cruzada por alérgenos, vários mediadores são liberados pelas células, promovendo
a ocorrência de reações de hipersensibilidade imediata (anafilática). Embora as IgEs sejam
encontradas em quantidades traço no soro normal (aproximadamente 0,004%), indivíduos alérgicos
apresentam quantidades significativamente maiores e as IgEs podem ser detectadas em secreções
externas. A IgE não fixa complemento e não atravessa a placenta. A IgE consiste na principal defesa
do hospedeiro contra determinadas infecções por helmintos de importância, como Strongyloides,
Ascaris e os ancilóstomas Necator e Ancylostoma. A concentração sérica de IgE é geralmente
aumentada nessas infecções. Como esses vermes são muito grandes para serem ingeridos por
fagócitos, acabam sendo mortos por eosinófilos que liberam enzimas que os destroem. A IgE
específica para proteínas de vermes liga-se a receptores dos eosinófilos, desencadeando a resposta
de Citotoxicidade Celular Dependente de Anticorpos (ADCC).
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULOS 5, 6, 7, 9, 10, 11, 12.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULOS 58, 59, 60, 61.
Foi visto em imunidade adaptativa as subpopulações de células Th1, Th2 e Th17 e suas funções
no combate a infecções bacterianas, virais, parasitárias e fúngicas. Para relembrar a imagem acima
também resumo seus mecanismos de combate, mas rever o resumo de Imunidade Adaptativa
também é recomendado para relembrar alguns conceitos. O interferon gama (IFNγ) é o principal
mediador da resposta contra bactérias intracelulares e vírus; o IgE é a principal combatente de
parasitoses por helmintos por meio da estimulação de IL-4 e IL-5, principalmente, e a IL-17 no
combate a fungos e a bactérias extracelulares.
Nesse capítulo do Abbas veremos mais aspectos relacionados à resposta imune inata em
parceria à adapatativa na tentativa de neutralizar, destruir (fagocitar) e eliminar com sucesso essses
microorganismos, por meio de mecanismos inflamatórios e imunocomplexos (antígeno-anticorpo
mediados).
Assim, dos mecanimos celulares e humorais da imunidade inata destacam-se a ação das
enzimas, defensinas, citocinas inflamatórias, e do sistema complementos (via alterantiva e das
lectinas, pois a clássica entra na adaptativa). A importância do complemento reside no fato de que
as bactérias apresentam estruturas que ativam diretamente a via das lecticas e, quando revestidas
pelo produto C3b, são fagocitadas pelos macrófagos e neutrófilos através de ligantes específicos
para o C3b na opsonização. Além desses, há os receptores de manose e scavenger que podem
participar desse processo de reconhecimento e engolfamento.
No mais, os fragmentos menores C3a e C5a, principalmente, são resposáveis pela ativação
da inflamação aguda, pois recrutam leucócitos através da vasodilatação mediante ativação
neutrófilos e mastócitos. Os mastócitos liberam grânulos de histamina em seu interior, que tem a
função de vasodilatar e extravasar conteúdo celular plasmático. A continuação da cascata do
sistema complemento resulta, como jpa foi visto, na lise bacteriana direta por meio do MAC –
Complexo de Ataque à Membrana. A via das lectinas também auxilia na ativação da via clássica
na ausência ainda da produção de anticorpos específicos.
imunológico do indivíduo não seja ativado excessivamente, pois pode causar uma lesão tecidual
grave.
Por isso, os mecanismos efetores da imunidade mediada por células acentuam as ações
microbicidas, espécies reativas do oxigênio (EROS), oxido nítrico (NO) e enzimas lisossômicas dos
fagócitos por meio da liberação de citocina para que o microrganismo seja eliminado
definitivamente. Ademais, as células T expressam ligante CD40 e secretam IFN-γ que também
estimula a produção de tipos de anticorpos e ativa o sistema complemento para que ocorra a
opsonização de bactérias auxiliando a função efetora dos macrófagos.
Fungos são basicamente organismos eucarióticos com um só núcleo. Diversos tipos agem em
seres humanos causando várias doenças como, por exemplo, micoses. Diante das mais diversas
patologias fúngicas manifestadas nos homens, o organismo obviamente desenvolveu resposta
imunológica para amenizar ou neutralizar os efeitos da ação dos fungos no corpo. As infecções
causadas pelos fungos são muitas vezes resultado da inalação de esporos ou até mesmo da
infecção oportunista, ou seja, aquela que se manifesta quando o sistema imunológico da pessoa
contaminada se encontra debilitado, tornando o indivíduo mais suscetível e consequentemente
vulnerável a uma infecção. Não raro, pacientes portadores do HIV, contaminam-se por exemplo
com o fungo Pneumocystis jiroveci, causando pneumonia. Assim como na imunidade relacionada a
bactérias por exemplo, no caso dos fungos pode-se ramificar a ação imunológica também em duas
vertentes: imunidade inata e imunidade adaptativa.
Como existe uma variedade de tipos de fungos, a maneira como estes atingem o organismo
não é igual, pois existem fungos que podem agir de maneira extracelular ou pode até mesmo agir
dentro de fagócitos (células do sangue que realizam fagocitose de partículas estranhas).
Bascicamente a resposta imune inata trabalha mediante a ação dos neutrófilos e macrófagos. Os
macrófagos reconhecem os fungos através dos TLR e dos receptores chamados dectinas. Já os
neutrófilos liberam substâncias que facilitam a fagocitose para posterior morte intracelular do
microorganismo.
A resposta imune adapativa consiste no tipo mais importante e eficaz de defesa do corpo
contra patologias fúngicas. Em pacientes imunossuprimidos, ao se infectarem com fungos a resposta
imunológica desencadeada será com base na ação de células TCD4 e CD8, método semelhante
ao de defesa a bactérias intracelulares. Além disso em muitos casos, as respostas TH1 são benéficas
e as respostas TH2 são prejudicais para o organismo.
Assim, na resposta imune inata tem como mecanismos principais a inibição da infecção por
meio da liberação de interferons do tipo I, e a morte de células infectadas devido a ação das células
NK (natural killer). A inibição vai acontecer quando uma quantidade muito grande de vírus estiver
infectando as células do hospedeiro; com isso, estas células vão começar a produzir Interferon tipo
1 (IFN-I), que tem como função, nessa situação, fazer com que o vírus pare de se reproduzir inibindo
sua replicação. Para que possa ser produzido IFN-I é necessário que uma série de vias bioquímicas
desencadeiem esse processo; essas vias vão servir para ativar uma proteína chamada cinase, que
vai ser responsável pela ativação de fatores de transcrição que vão estimular a produção de IFN. As
células NK vão reconhecer e destruir as células infectadas, isso vai acontecer pois os vírus causam
um bloqueio na expressividade do MHC de classe 1 e dessa forma as células NK reconhecem que
tal célula está agindo de forma anormal e a destrói. Tal mecanismo é importante no início da
infecção, antes do desenvolvimento da imunidade adquirida. As células NK são a primeira linha de
defesa quando se fala de uma infecção viral, e em especial na AIDS, seu número e sua atividade
vão aumentar no início da infecção, e vão perder sua atividade e funcionalidade com o passar do
tempo. Também mencionam as células dendríticas plasmocitóides (PDC - plasmacytoid dendritic
cells), que vão impedir que as células TCD4 infectadas pelo HIV produzam partículas virais.
A resposta imune adapativa se trata de um processo mediado por anticorpos, que vão
impedir que os vírus se liguem às células e nelas entrem. Além disso, há a eliminação da infecção
com a destruição das células infectadas, isso será feito pelo CTL. Podemos dizer que a imunidade
adaptativa vai apresentar duas vias, uma humoral e uma celular. Na via humoral, os anticorpos vão
neutralizar os vírus e impedir que a infecção comece ou progrida, isso vai acontecer com a ligação
dos anticorpos ao envoltório do vírus ou aos antígenos presentes nos capsídeos virais, prevenindo a
ligação e entrada do vírus na célula hospedeira. Os anticorpos podem ainda, opsonizar partículas
virais e ativar o sistema complemento, ambos iram permitir a fagocitose do microrganismo. Esse tipo
de imunidade, dita humoral, quando induzida previamente, seja por vacinação ou pela infecção,
será capaz de proteger o organismo de uma posterior infecção viral; no entanto, ela é especifica
para um tipo sorológico de vírus, e pode não ser eficaz para microrganismos já presentes no
organismo, mas que estejam dentro das células. Na via celular ou mediada por células, quando os
anticorpos não conseguem agir antes que o vírus entre na célula, haverá a ativação do TCD8, para
destruir essas células, essa ativação será feita pelas células infectadas ou pelo TCD4, por meio do
INF-γ. Com essa ativação, haverá uma expansão clonal de células TCD8, e suas células efetoras vão
ser responsáveis pela destruição das células infectadas, e também pela ativação de nucleases e
pela secreção de IFN-gama, a primeira é responsável pela degradação do genoma viral, e a
segunda, pela ativação dos fagócitos.
Existe um tipo de infecção que é chamada de latente, nela o DNA do vírus fica latente no
hospedeiro, e esse estado depende da resposta do sistema imune, dessa forma, quando a
imunidade do portador cair, o DNA viral volta a se replicar, e haverá o surgimento dos efeitos
citopáticos: lise celular ou proliferação descontrolada das células; sendo uma infecção comum com
os vírus do herpes. Há ainda infecções em que o sistema imune acaba provocando as lesões
teciduais, um exemplo desse tipo de infecção é a hepatite B.
Até então vimos o que o sistema imunológico faz para evitar uma infecção, no entanto, os
vírus realizam algumas particularidades que permitem sua sobrevivência, como por exemplo, a
capacidade que o HIV tem de promover uma grande variação de seus antígenos, impedindo que
o sistema imunológico do hospedeiro o detecte e combata, por esse motivo não é possível fazer
uma vacina específica para a AIDS, tendo como base esse mecanismo, pois quando a vacina for
aplicada, os antígenos contidos nela já não estarão circulando há muito tempo. Além disso, o HIV
apresenta outras duas particularidades, a primeira é a sua capacidade de infectar células da
imunidade, mais especificamente TCD4, que são as sinalizadoras da resposta imune adaptativa. A
segunda é a produção de substâncias que vão gerar uma falha na ativação dos linfócitos T. Existem
ainda outros mecanismos, como por exemplo, a capacidade de inibir a apresentação de antígenos
proteicos que leva ao impedimento de MHC-1 se expressarem e consequentemente, não estimula
TCD8 e não ocorre a degradação da célula; ou ainda, a produção de moléculas que vão agir como
antagonistas de citocinas e vão inibir a resposta imunológica.
Na resposta imune inata, a maioria dos parasitas conseugem ativar a resposta imunológica
natural, porém muitas vezes ela não é eficaz. Porém a principal resposta imunológica natural contra
os protozoários e a fagocitose, porém muitos são resistentes e conseguem se desenvolver dentro do
macrófago. Os favoritos também atacam os helmintos e secretam substâncias microbicidas para
matar esses organismos que são muito grandes para ser fagocitados.
6. Vacinas
Um dos métodos mais eficazes de prevenção a determinadas patologias são as vacinas, que
é a inoculação de um antígeno, atenuado ou morto, que vai ativar a resposta imunológica e dessa
forma haverá a formação de memória imunológica, e num próximo contato com esse antígeno a
resposta do organismo será mais rápida e efetiva, fazendo com que a doença seja mais branda ou
até mesmo nem seja efetivada.
Existem vacinas para alguns tipos de microrganismos, como por exemplo, vacinas para
bactérias, que vão apresentar um curto período de duração e oferecer uma proteção
extremamente limitada; há ainda: vacinas virais, que vão ser as mais eficazes pois vão estimular uma
imunidade mais específica, e vai apresentar uma duração muito maior, um exemplo é a vacina da
poliomielite, no entanto vai apresentar uma certa limitação para indivíduos. imunossuprimidos, pois
esses pacientes podem expressar a doença antes de iniciar a resposta imunológica; e vacinas
inativadas, que são constituídas pelo vírus influenza, em forma bivalente inativada, ou seja, o vírus vai
estar morto, um bom exemplo é a vacina da gripe; essa vacina deve ser aplicada
intramuscularmente.
Já a imunização passiva, realizada por soros, que será utilizada no tratamento de doenças
fatais causadas por toxinas, vai iniciar uma resposta rápida do organismo, no entanto as células do
sistema imunológico do paciente não serão ativadas, uma vez que esse soro contém os anticorpos
específicos para essa toxina, uma consequência disso é a não formação de memória imunológica.
Dessa forma, o soro irá apresentar um curto período de funcionamento do organismo, assim como
uma ‘vida’ curta, pois ele só permanecerá no organismo até o fim do controle da toxina em questão.
REFERÊNCIAS
1. KUMAR,V; ABBAS, A. K; FAUSTO, N. Imunologia Celular e Molecular,Ed. Elsevier, 8ª. Edição, 2011.
CAPÍTULO 16.
2. RUBIRA, Ana Paula; NOGUEIRA, Isabela de Araújo Torres; ALMEIDA, Lucas Araujo. Imunidade
contra microorganismos. Uma análise em relação às defesas inatas e adquiridas. Ciência
Amazônida: ILES/ULBRA, Porto Velho, v. 1, n. 1, p.1-13, jan. 2016. Disponível em:
<http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/amazonida/article/view/2114>. Acesso em: 18 jan. 2019.
IMUNODIAGNÓSTICO
Embora não seja um assunto recorrente em provas, os Métodos Diagnósticos em Imunologia
facilitam o entendimento e complementam conhecimentos de diagnóstico em Microbiologia e
Parasitologia que são bem mais cobrados. Aqui veremos uma explicação resumida e simplificada
dos principais, além de uma introdução aos métodos que serão vistos nas demais disciplinas. Os
detalhes aprofundados acerca da técnica não é necessária para fazer a prova, apenas os objetivos
e as aplicações principais.
O diagnóstico das infecções bacterianas pode ser realizado por diversos procedimentos. O
diagnóstico de certeza é realizado pelo isolamento e pela identificação do agente bacteriano a
partir de materiais clínicos colhidos adequadamente do sítio de infecção, conhecido normalmente
como exame bacteriológico ou cultura. Os procedimentos que utilizam métodos para a
demonstração do agente diretamente no material clínico apresentam grande interesse, pois são
geralmente rápidos por dispensarem as técnicas de cultivo, contudo, são métodos presuntivos.
Exame Direto
Pode ser direto do antígeno ou do anticorpo. Sabemos que a produção de anticorpos está
relacionada com os granulócitos. A presença exclusiva de IgM ou IgG, é definidora de diagnóstico.
O diagnóstico das doenças infecciosas com testes imunológicos pode ser feito pela pesquisa
de Ags (antígenos) diretamente na amostra clínica ou para a identificação de um dado agente
após ele ter sido isolado em cultura. Diferentes métodos imunológicos podem ser utilizados para esse
fim. Atualmente, há crescente interesse nesta área, não só pela vantagem de os métodos permitirem
um diagnóstico rápido, como também pela especificidade e sensibilidade que eles apresentam. Os
métodos mais empregados em laboratório clínico são os testes de aglutinação e os métodos
imunológicos que utilizam um suporte sólido.
O teste de aglutinação mais comum no laboratório clínico é aquele que utiliza partículas de
látex absorvidas com anticorpos específicos contra Ags bacterianos de superfície. Esse método tem
sido utilizado na detecção de vários agentes, por exemplo: Haemophilus influenzae, Neisseria
meningitidis, Streptococcus pneumoniae, S. pyogenes e C. neoformans, principalmente em casos de
meningites, nos quais o diagnóstico rápido é fundamental para o sucesso do tratamento.
O método de captura direto para a pesquisa de Ags envolve a adição da amostra clínica a
Acs específicos aderidos a uma superfície sólida. Antígenos que não se ligaram são retirados por
lavagens antes da adição de um segundo Ac marcado (conjugado), geralmente com uma enzima.
Ensaios que utilizam a associação de Acs monoclonais com policlonais frequentemente têm uma
melhor performance. O método indireto é similar ao direto, porém o segundo Ac não é marcado e
um terceiro Ac marcado, que é um Ac anti-imunoglobulina é adicionado. Esse teste tem se tornado
popular, pois diferentes antígenos podem ser pesquisados com um mesmo conjugado. O teste
indireto amplifica o sinal, sendo, portanto, mais sensível. Contudo, reações inespecíficas podem
ocorrer.
Outra técnica que pode ser empregada é a que se utiliza de anticorpos específicos
marcados com isotiocianato de fluoresceína. Atualmente os laboratórios clínicos substituíram essa
técnica imunológica por outras como ELISA e aglutinação devido principalmente ao alto custo da
manutenção do microscópio e dos conjugados. Além disso, o método exige mão-de-obra altamente
qualificada. Porém, os métodos de imunofluorescência direta (IFD) ou indireta (IFI) são ainda
empregados por alguns laboratórios no diagnóstico da sífilis primária, legionelose, tracoma, uretrites
e cervicites por C. trachomatis, entre outras.
Meios de Cultura
ATENÇÃO – LEMBRAR!
Coloração e Microscopia
Material celular e micro-organismos são frequentemente transparentes e podem ser mais bem
distinguidos pelo uso de corantes. A visualização direta das amostras clínicas em diversas montagens
a fresco, entre lâminas e lamínulas, dá informações quanto à composição celular, morfologia do
micro-organismo e motilidade. As amostras podem ser observadas por microscópio óptico de luz
direta, de contraste de fase ou de campo escuro.
Certos micro-organismos, como as bacérias do gênero Mycobacterium sp. possuem nas suas
paredes, ácidos graxos de cadeia longa (ácido micólico), que conferem impermeabilidade ao
cristal violeta a outros corantes básicos. Calor ou detergentes devem ser usados para permitir a
entrada de corantes primários nessas bactérias. Uma vez dentro da célula bacteriana, o corante não
é eliminado mesmo com solvente álcool-ácido. o método usado para a pesquisa de micobactérias
nos diferentes materiais clínicos, sendo de grande valor diagnóstico. A presença de bacilos álcool-
ácidos-resistentes no escarro é fortemente sugestiva de tuberculose pulmonar. O exame de
esfregaços corados pelo método de Zihel-Neelsen é o único recurso disponível para o diagnóstico
da hanseníase.
Provas bioquímicas
Os métodos automatizados, rápidos ou não, devem ser escolhidos pela acurácia que ele
apresenta. Normalmente os micro-organismos devem ser identificados com uma acuidade de 95%
em relação ao método convencional. Eles fornecem o índice de probabilidade de acerto na
identificação de um dado micro-organismo. Contudo, os microbiologistas não devem tornar-se
dependentes destes índices, principalmente, quando o resultado não é lógico. Bactérias podem não
reagir como o esperado em um sistema comercial, ou ainda, por problemas técnicos, ser aplicada
uma mistura de bactérias. Os métodos automatizados frequentemente não permitem conferir a
qualidade do inóculo, outra deficiência está no tamanho deste que deve ser aplicado. Erros na
identificação podem ocorrer e o microbiologista deve estar sempre atento aos resultados fornecidos.
Quando seu julgamento sugerir uma taxonomia diferente daquela fornecida pelo aparelho,
devem-se utilizar métodos convencionais para a identificação daquela amostra. Além disso, alguns
sistemas não são capazes de identificar com maior acuidade micro-organismos mais fastidiosos; para
estes, os métodos convencionais são os mais recomendados. Como se pode observar, a
microbiologia ainda está longe da automação que encontramos em outros setores do laboratório
clínico.
Para cada método são preconizados aspectos que dizem respeito ao inóculo, meio de
cultura, temperatura, tempo e atmosfera de incubação, bem como as cepas-padrão utilizadas no
controle de qualidade do teste. Em cada combinação micro-organismo e droga são também
estabelecidos os critérios interpretativos de acordo com o seguinte:
• Sensível: o isolado é inibido quando doses usuais dos antimicrobianos são utilizadas;
• Intermediário: inclui isolados cuja CIM possa ser atingida por níveis de antimicrobianos no sangue e
nos tecidos, mas a taxa de resposta possa ser menor que para àqueles classificados como sensíveis.
A categoria intermediária implica eficácia clínica em sítios aonde fisiologicamente as drogas são
mais concentradas como, por exemplo, as quinolonas e beta-lactâmicos na urina, ou quando doses
maiores que as usuais possam ser utilizadas (beta-lactâmicos). Esta categoria ainda inclui uma zona
de classificação de incerteza aonde podem existir fatores técnicos não controlados;
• Resistente: refere-se a isolados que não são inibidos por concentrações de antimicrobianos
utilizados em doses habituais ou que os limites indicam a presença de um mecanismo de resistência
como, por exemplo, a produção de beta-lactamases.
A aula da professora Tatiana sobre esse assunto já aprecia o que iria ser falado aqui. Para ler
sobre, vá para o meu resumo de Métodos Diagnóstico em Parasitologia.
Sorologia
Leucograma
Imunoensaios Enzimáticos
A TÉCNICA
Imunocromatografia
São exemplos os TESTES RÁPIDOS de gravidez, sífilis (Quase todos os testes rápidos usam o princípio
da imunocromatografia). A cromatografia é uma técnica de separação de moléculas. Na imunocromatografia
o que vai ser pesquisado será a reação antígeno-anticorpo. A afinidade de um determinado anticorpo para o
antígeno.
Citometria de Fluxo
É usado para diferenciar populações celulares. É possível diferenciar os tipos de Linfócitos T CD8/CD4.
Objetivo:
Quantificação de
células específicas
Método de
quantificação:
Imunofenotipagem
Exemplo de aplicação:
Quantificação de CD4
em pacientes HIV+
As demais técnicas a seguir são secundárias na pesquisa clínica, são mais usados para exclusão ou
confirmatória.
Imunohistoquímica e Imunofluorecência
Na Patologia é bem utilizada. Os anticorpos podem ser utilizados para identificar a distribuição
anatômica de um antígeno dentro de um tecido ou de compartimentos celulares. Para fazer isso, o
tecido ou célula é incubado com um anticorpo que está marcado com um fluorocromo ou enzima
e a posição do marcador, determinada com um microscópio apropriado, é usada para inferir a
posição do antígeno. Na versão mais antiga deste método, chamada de imunofluorescência, o
anticorpo era marcado com um corante fluorescente e incubado para se ligar a uma monocamada
de células ou a uma seção congelada de tecido. As células ou tecidos corados eram examinados
com um microscópio de fluorescência para localizar o anticorpo. Embora sensível, o microscópio de
fluorescência não é uma ferramenta ideal para a identificação de estruturas celulares ou teciduais
detalhadas em virtude de uma baixa razão sinal-ruído.
Western-blotting
e sua quantidade. A técnica de transferência das proteínas do gel para a membrana é chamada
de Western blotting como uma brincadeira do bioquímico. Southern é o último nome do cientista
que primeiro fez um blot de DNA separando um gel para uma membrana por transferência capilar,
uma técnica desde então denominada como Southern blotting. Por analogia, o Nothern blotting foi
o termo aplicado à técnica de transferência de RNA de um gel para uma membrana e Western
blotting é o termo utilizado para descrever a transferência de proteínas para a membrana.
REFERÊNCIAS
1. 1. KUMAR,V; ABBAS, A. K; FAUSTO, N. Imunologia Celular e Molecular,Ed. Elsevier, 8ª. Edição, 2011.
APÊNDICE IV.
2. TRABULSI, L. R., ALTERTHUM, F., GOMPERTZ, O. F., CANDEIAS, J. A. N., Microbiologia. Editora Atheneu. 5a.
ediçao, São Paulo. 2011. CAPÍTULO 11.
Outros termos, para ler agora e enquanto estiver lendo este material:
1. Princípios Gerais
Ocorre rejeição entre 10 a 14 dias após o primeiro transplante de um dador para um receptor não
idêntico (chamado de rejeição do primeiro conjunto) e mais rapidamente após o segundo transplante a partir
do mesmo doador para esse receptor (chamado de rejeição do segundo conjunto), indicando que o receptor
desenvolveu uma memória para tecido enxertado; mas não a partir de um dador diferente o que demonstra
que o processo de rejeição é imunologicamente específico.
Veremos agora todas as fases da resposta imune adaptativa referente aos chamados
aloenxertos, que são mais comuns de serem realizados e mais comuns de serem rejeitados.
ALORRECONHECIMENTO
O comum é que se tenha um HLA próprio para especificamente seres humanos, em que um
antígeno estranho se encaixa na fenda do HLA apresentando para um TCR. Isso faz com que o
linfócito T responda. No alorreconhecimento, as APCs terão um MHC que para o receptor, é
alogênico (estranho), que pode se conectar com tecido próprio, mas como é diferente ele também
pode se encaixar nas mesmas fendas do TCR, complementando-o. Se o MHC alogênico for parecido
com o do paciente, não teria as projeções do encaixe para ativar o linfócito. Para um melhor
entendimento do processo de apresentação, lembremos que existem moléculas de MHC (do tipo I)
em todas as células nucleadas do organismo, assim como nas células transplantadas do órgão ou
tecido na forma de enxerto. O MHC das células do enxerto (MHC alogênico) passa a expressar,
portanto, proteínas que para o organismo de onde o enxerto é oriundo, são próprias, mas para o
doador, são estranhas (chamadas de aloantígenos).
A apresentação indireta pode resultar em um alorreconhecimento via MHC II com células T CD4+
assim como podem se dar via MHC I com células T CD8+. Como o MHC alogênico é diferente do
MHC próprio, tudo acontece semelhantemente a uma apresentação antigênica microbiana.
COMPATIBILIDADE HLA
Nossos linfócitos não “atacam” nossas células porque elas possuem HLA próprio (tolerância).
O tecido transplantado possui HLA do doador (estranho) que está apresentando antígenos de outra
pessoa (doador). Para evitar isso, precisamos combinar os tipos HLA do doador com os do receptor
para que nossos linfócitos “pensem” que o HLA do doador é igual ao nosso, através do teste de
compatibilidade gênica de HLA, feita em qualquer sugestão de transplante. Se o HLA for
extremamente diferente do que nosso corpo é acostumado a reconhecer, essa diferença pode
mimetizar a situação de um antígeno estranho ativar resposta dos linfócitos contra o tecido
transplantado, havendo rejeição. Se o HLA for muito parecido com o nosso, haverá tolerância
imunológica. O número de Mismatches mostrado no resultado está relacionado com o grau de
probabilidade de rejeição ao transplante. O mais comum grau de compatibilidade é próximo a 50%.
COMPATIBILIDADE ABO
A verificaçação de compatibilização do sistema ABO é importante para diminuir a gravidade
da rejeição tanto em relação ao parênquima, quando ao aos antígenos do endotélio. A todo
momento, temos uma célula dendrítica própria apesentando via HLA próprio, um antígeno próprio.
Desse modo, a resposta imunológica é programada para NÃO responder (ser ativado). Apesar da
compatibilidade ABO ser mais importante em Transfusões sanguíneas, nos tranplantes de órgãos
também tem seu papel. Embora o enxerto ser lavado, ainda há células sanguíneas ativas nele.
Antígenos ABO são expressos em todas as células, incluindo as hemácias. Indivíduos que não
apresentam um antígeno particular de grupo sanguíneo podem produzir anticorpos IgM naturais
contra aquele antígeno, provavelmente de respostas de reação cruzada contra antígenos expressos
por bactérias que colonizam o intestino.
3. Mecanismos de Rejeição
A maior parte dos órgãos contém APCs residentes, tais como células dendríticas. Como já
vimos, podemos ter uma APC residente do tecido (célula dendrítica) do doador apresentando o
aloantígeno - alorreconhecimento direto ou a célula dendrítica do receptor reconhecendo o
aloantígeno do doador - alorreconhecimento indireto. O transplante desses órgãos para um receptor
alogênico fornece APCs que expressam moléculas do MHC do doador, assim como coestimuladores.
No caso se não houver coestimulação (B7/CD28) (ver Autoimunidade), e for um HLA muito
parecido com o que é próprio, isso induz tolerância. Existem situações, porém, em que a APC do
doador consegue apresentar e fazer coestimulação mesmo na ausência de infecções.
Dependendo do tempo que ocorrer a retirada do tecido do doador até a implantação no receptor,
pode ocorrer dano tecidual por hipóxia. A partir do momento que o doador faleceu, acontece um
processo de necrose tecidual. Nesses casos (diferente da apoptose), na necrose (após isquemia e
hipóxia) ocorre extravasamento citoplasmático no tecido, e serão fagocitados. Esses corpos
citoplasmáticos são chamados de DAMP's (Padrões moleculares associado a danos) reconhecidos
por PRRs1 e fagocitados. Esse fator influencia tanto no risco quanto na gravidade da rejeição.
De qualquer forma, essas células dendríticas após fagocitose ganham a circulação linfática
e vão para os linfonodos próximos. Lá vai haver a apresentação de antígeno e proliferação de
linfócitos (havendo ativação e proliferação da população de memória/efetora). Células T
alorreativas no receptor podem se ativadas por ambas as vias, e estas células T migram para os
enxertos e causam a sua rejeição. Células T CD4+ auxiliares alorreativas se diferenciam em células
efetoras produtoras de citocinas que lesam os enxertos mediante reações que se parecem com a
hipersensibilidade tardia (veremos na aula de Hiperssensibilidades que a Rejeição a Transplantes é
um tipo de hiperssensibilidade tipo IV). Células T CD8+ alorreativas ativadas pela via direta se
diferenciam em linfócitos T citotóxicos que destroem as células nucleadas no enxerto que expressam
as moléculas alogênicas MHC da classe I. Os LT CD8+ que são gerados mediante a via indireta são
restritos ao MHC próprio, portanto, não podem destruir diretamente as células estranhas no enxerto.
Exceto quando medidas imunossupressoras são adotadas, os aloenxertos são rejeitados por
um processo denominado reação ao aloenxerto. Na rejeição ao aloenxerto aguda, inicialmente a
vascularização do enxerto é normal; entretanto, em 11-14 dias, ocorre acentuada redução da
vascularização, bem como infiltração de células mononucleares, com eventual necrose. Isso é
denominado uma reação primária (primeira etapa). Uma reação mediada por células T é a principal
causa da rejeição de vários tipos de enxertos (por exemplo, a pele) porém anticorpos contribuem
para a rejeição de determinados transplantes, especialmente de medula óssea. Além disso, animais
deficientes de células T não rejeitam enxertos, ao contrário de animais deficientes em células B.
REJEIÇÃO AGUDA
O que vai se considerar em rejeição aguda ou crônica não é tanto em relação ao tempo,
porque o tratamento com imunossupressão mudou esse perfil de respostas, tendo reação após
mesmo 1 ano, assim como crônica em seis meses. Na rejeição tem-se simultaneamente ataque de
1 Os TLRs são um tipo de Receptor De Reconhecimento Padrão (PRR) e reconhecem molélulas que são geralmente
compartilhadas entre os patógenos porém distintas das moléculas do hospedeiro, coletivamente referidas como padrões
moleculares associados a patógenos (PAMPs) (ver material de Imunidade Inata).
células do receptor tanto contra antígenos no vaso quanto no parênquima no tecido transplantado
- endotelite. Em nenhum desses casos vai haver necessariamente perda funcional do tecido
transplantado. Haverá lesões e reações inflamatórias, e o paciente terá sofrimento patológico, mas
não terá perda do transplante. Nesses casos de rejeição aguda, se consegue detectar e reverter
com mudanças de esquema terapêutico.
Toda lesão induz necessariamente a mecanismos compensatórios de reparo, nesse caso será
a fibrose. Uma outra forma é reposição de colágeno (TC) por tecido fibrótico. Nesse caso, a lesão
constante a rejeição aguda, pode induzir a uma rejeição crônica, que é justamente a perda da
função do tecido. A continuidade e multiplicidade dessas reações agudas podem levar a crônica.
REJEIÇÃO CRÔNICA
Um enxerto que sobrevive a uma reação aguda ao aloenxerto pode tornar-se não funcional
como resultado da rejeição crônica. Essa rejeição pode ocorrer de meses a anos após a realização
do enxerto. O principal achado patológico em enxertos que sofrem rejeição crônica consiste em
aterosclerose do endotélio vascular. A causa imunológica da rejeição crônica é incerta, porém a
incompatibilidade de antígenos minoritários de histocompatibilidade (em ínfimas quantidades) e os
efeitos colaterais dos fármacos imunossupressores provavelmente desempenham algum papel.
A rejeição crônica vai ser caracterizada pela perda funcional do tecido transplantado. Essa
perda vai ser atribuída, principalmente, pela falta de irrigação desse tecido. O efeito então volta a
ser no vaso. Tanto pela questão de deficiência funcional tanto pela continuada reação imunológica,
haverá uma contante estimulação para o remodelamento dos vasos sanguíneos, resultando em
espessamento da musculatura lisa por proliferação (hiperplasia da camada média) através de
citocinas. Normalmente, em casos de rejeição crônica, pouco pode-se fazer quando a mudança
de esquema terapêutico. O paciente muito provavelmente vai precisar de outro transplante.
REJEIÇÃO HIPERAGUDA
Além da rejeição aguda e crônica, pode ocorrer um terceiro tipo, denominado rejeição
hiperaguda. A rejeição hiperaguda ocorre tipicamente em um prazo de após MINUTOS o
enxertamento e deve-se à reação de anticorpos anti-ABO pré-formados do receptor com antígenos
ABO na superfície do endotélio do enxerto. A rejeição hiperaguda é frequentemente denominada
reação de “enxerto branco”, uma vez que o enxerto torna-se branco como resultado da perda do
suprimento sanguíneo causado por espasmo e oclusão dos vasos que irrigam o enxerto. Em virtude
dessa severa reação de rejeição, a tipagem de grupo sanguíneo ABO de doadores e receptores
deve ser compatível, sendo necessária a realização de um teste de reação cruzada - Crossmatch.
• A GVHD aguda é caracterizada pela morte das células epiteliais na pele, fígado
(principalmente no epitélio biliar), e no TGI. Ela manifesta-se clinicamente por erupção
cutânea, icterícia, diarreia e hemorragia gastrintestinal. Quando a morte das células epiteliais
é extensa, a pele ou a mucosa do intestino podem desprender-se. Nesta circunstância, a
GVHD aguda pode ser fatal.
• A GVHD crônica é caracterizada por fibrose e atrofia de um ou mais dos mesmos órgãos, sem
evidência de morte celular aguda. A GVHD crônica pode também envolver os pulmões e
produzir obliteração das pequenas vias aéreas, chamada de bronquiolite obliterante,
semelhante ao que é visto na rejeição crônica de aloenxertos pulmonares. Quando é grave,
a GVHD crônica leva a uma completa disfunção do órgão afetado.
Toxinas metabólicas que destroem as células T em proliferação também são usadas para
tratar a rejeição de enxertos. São exemplos deste grupo de drogas a Azatioprina que diminui a síntese
de DNA das células T, e Micofenolato mofetil (MMF), metabolizado em ácido micofenólico, que
bloqueia uma isoforma específica para linfócitos da inosina monofosfato desidroxigenase, enzima
necessária para a síntese de novo de nucleotídeos de guanina. É utilizado em combinação com a
ciclosporina
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULO 17.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 62.
HIPERSENSIBILIDADES
Os distúrbios causados por respostas imunes exacerbadas em indivíduos geneticamente
susceptíveis e previamente sensibilizados são chamados de hipersensibilidades. Em geral, as respostas
imunes erradicam os organismos infectantes sem provocar graves lesões aos tecidos do hospedeiro.
No entanto, essas respostas são, algumas vezes, controladas de maneira inadequada,
inapropriadamente direcionadas aos tecidos do hospedeiro. Neste material, descreveremos a
patogenia de diferentes tipos de reações de hipersensibilidade, com ênfase nos mecanismos
efetores que causam lesão tecidual.
1. Tipos de Hipersensibilidade
A região Fab é responsável pela especificidade ao antígeno ou pela ação efetora, é a maior
parte da cadeia variável de anticorpos. A porção Fc é onde há maior extensão da cadeia constante
(não variável) e é também responsável pela ação efetora, determinando o que acontece com o
patógeno, antígeno. O receptor dessas células se liga com a porção Fc efetora, deflagrando a ação
dos mastócitos e basófilos (desgranulação de reservas de histamina, produção de novos mediadores
lipídicos e citocinas inflamatórias) e eosinófilos (desgranulação de enzimas hidrolíticas - causam lesão
tecidual e produção de citocinas inflamatórias).
O que diferencia a IgM, IgD e IgE é a parte Fc. A parte para especifidade, Fab é a mesma,
não muda. Ou seja, se esse linfócito já é específico para determinado antígeno, o receptor
reconhece, transduz o sinal, fagocita, apresenta para um Linfócito TCD4 - dependendo do contexto
- se diferencia em TH1, TH2 e TH17, e for o Th2 produz a IL-4 que induz a transcrição para produção
desse anticorpo e muda o isotipo de anticorpo do Linfócito B, produzindo internamente, a mesma
porção Fab, mas a Fc será diferente. O linfócito assim se diferencia morfologicamente em plasmócito
para secretar IgE.
O plasmócito secreta IgM (um dos primeiros) mas também IgE!. Dentro do contexto de
citocinas que esse linfócito amadureceu, passa a secretar também IgE, que vai para receptores
específicos. Cada tipo de alérgeno passa por uma pré sensibilização na sua primeira exposição, em
A IL-4, especificamente, induz a transcrição de genes que mudam a classe (isotipo) do anticorpo.
Naturalmente, é produzido IgM e agora IgE.
que é apresentado para o receptor de linfócito B, produzindo IgE para os mastócitos, basófilos e
eosinófilos. Porém, ele não se conecta imediatamente ao alérgeno e a porção Fab vai ficar vazia.
No segundo contato, há a ligação antígeno-anticorpo e a ação é desencadeada.
A hipersensibilidade imediata (ou hipersensibilidade do tipo I), causada por anticorpos IgE
específicos para antígenos ambientais, comumente chamada de alergia ou atopia, é o exemplo de
doença resultante da ativação de células T auxiliares produtoras de IL-4 (principalmente), IL-13 e IL-5
classicamente denominadas células TH2, onde as células T estimulam a produção de anticorpos IgE
e a inflamação. Assim, a sequência típica de eventos na hipersensibilidade imediata consiste em:
1) Exposição a um antígeno;
2) Ativação dos linfócitos específicos para o antígeno;
3) Produção do anticorpo IgE;
4) Ligação do anticorpo aos receptores fc de mastócitos;
5) Ativação de mastócitos através da reexposição ao antígeno, resultando na liberação de
mediadores a partir de mastócitos e a subsequente reação patológica.
Os anticorpos que se ligam a receptores celulares normais ou outras proteínas podem interferir
nas funções destes receptores ou proteínas e causar doença sem inflamação ou dano tecidual. Os
anticorpos específicos para o receptor do TSH ou o receptor nicotínico da acetilcolina provocam
anormalidades funcionais que levam à doença de Graves e à miastenia grave, respectivamente. Em
uma rara sequela de infecção estreptocócica conhecida como febre reumática, os anticorpos
produzidos contra as bactérias reagem de forma cruzada (reação cruzada) com antígenos do
coração, depositam-se neste órgão e produzem inflamação e danos teciduais. Os depósitos de
anticorpos no tecido podem ser detectados por exame morfológico em algumas dessas doenças, e
a deposição de anticorpo frequentemente está associada a ativação local de complemento,
inflamação e lesão dos tecidos.
O Lúpus Eritematoso Sistêmico, por exemplo, é uma doença autoimune causada por uma
reação de hipersensibilidade do tipo III. O paciente que desenvolve Lúpus terá uma reação não
desejada contra uma quantidade muito pequena de antígenos solúveis. Todos podem se expor, a
diferença é que o paciente está predisposto geneticamente.
Os imunocomplexos que causam doença podem ser compostos por anticorpos ligados a
autoantígenos ou a antígenos estranhos. As características patológicas das doenças provocadas
por imunocomplexos refletem o local de deposição do complexo antígeno-anticorpo e não são
determinadas pela fonte celular do antígeno. Dessa maneira, as doenças mediadas por
imunocomplexos tendem a ser sistêmicas e afetar vários órgãos e tecidos, embora alguns sejam
particularmente suscetíveis, como os rins e as articulações.
Em quase 50% dos casos das vasculite mediada por imunocomplexo envolvendo artérias
musculares médias, está a poliarterite nodosa, onde os complexos são compostos de antígenos virais
e anticorpos e a doença é uma complicação tardia da infeção viral, mais frequentemente com o
vírus da hepatite B. Os anticorpos depositados nos tecidos recrutam neutrófilos e macrófagos, que se
ligam aos anticorpos ou às proteínas do complemento ligadas pelos receptores de Fc de IgG e do
complemento. Esses leucócitos são ativados pela sinalização dos receptores (Fc) e produtos de
leucócitos, incluindo enzimas lisossomais e espécies reativas de oxigênio (ROS), que são liberados e
Na hipersensibilidade tipo IV, ou terá uma inflamação mediada por citocinas, se a reação for
mediada por linfócitos T CD4+ (quando é chamada de hipersensibilidade tardia) ou uma ação direta
de linfócitos T citotóxicos (CD8+)contra antígenos que se depositam no tecido.
A lesão tecidual pode ocorrer em razão dos linfócitos T que induzem inflamação ou matam
diretamente as células-alvo; tais condições são chamadas de hipersensibilidade do tipo IV. Elas são
causadas principalmente pela ativação de células T auxiliares CD4+, as quais secretam citocinas que
promovem a inflamação e ativam leucócitos, especialmente neutrófilos e macrófagos. As reações
inflamatórias são desencadeadas principalmente por células T CD4+ das subpopulações TH1 e TH17,
que secretam citocinas que recrutam e ativam os leucócitos. Em algumas doenças mediadas por
células T, os CTLs CD8+ matam as células hospedeira.
Uma característica que diferencia a tipo IV que é semelhante coma do tipo II, é que o
antígeno também está na superfície, então a hipersensibilidade tipo IV também é contra antígenos
superficiais. A hipersensibilidade tardia é um exemplo dessas reações inflamatórias e será descrita
mais adiante. As reações inflamatórias crônicas frequentemente produzem fibrose, como resultado
da secreção de citocinas e de fatores de crescimento por macrófagos e células T CD4.
Muitas doenças autoimunes específicas de órgãos são causadas pela interação de células T
autorreativas com autoantígenos, o que leva à liberação de citocinas e inflamação. Acredita-se que
esse seja o principal mecanismo de base da Artrite Reumatoide (AR), da Esclerose Múltipla, do
Diabetes Mellitus tipo 1, da psoríase e de outras doenças autoimunes. Reações de células T
específicas para microrganismos e outros antígenos estranhos também podem levar a inflamação e
lesão dos tecidos. Bactérias intracelulares, tais como Mycobacterium tuberculosis, causador da
Tuberculose, induzem fortes respostas de células T e de macrófagos que resultam em inflamação
granulomatosa e fibrose (descritas mais adiante); a inflamação e a fibrose podem causar destruição
extensa do tecido e incapacidade funcional, característicamente nos pulmões.
Humanos podem ser sensibilizados para as reações DTH por infeção microbiana, por sensibilização
de contato com produtos químicos e antígenos ambientais ou por injeção intradérmica ou
subcutânea de antígenos proteicos.
A DTH crônica caracteriza uma inflamação granulomatosa, causada por sinais prolongados
de citocinas. A inflamação granulomatosa é uma tentativa de conter a infecção no curso da
inflamção CRÔNICA, mas também é a causa de lesão tecidual significativa e prejuízo funcional. Esse
conceito será melhor visto no próximo semestre, em Fundamentos da Patologia.
O aumento da expressão de CTLA-4 também é uma estratégia usada nesse sentido. A CTLA4
como foi visto é uma molécula que se liga ao B7 e modula, de maneira inibitória, a co-estimulação
emitida por este marcador. A CTLA-4 impede a interação das moléculas B7 nas APCs com o CD28
das células T e impede sua interação com o CD40 nas APCs. Os agentes que bloqueiam os
coestimuladores B7 estão aprovados para o tratamento da AR e da rejeição ao enxerto. Os
anticorpos contra as integrinas têm sido utilizados para inibir a migração de leucócitos para os
tecidos, fortalecendo a inflamação, particularmente no sistema nervoso central (SNC) na EM.
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULOS 19 e 20.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 65.
O caso do menina da bolha, David Vetter (1971-1984), que tinha uma imunodeficiência
combinada severa por incapacidade de maturação dos linfócitos (alinfocitose). Ele tinha os
precursores linfóides mas não conseguia os maturar. Na época, não se tinha uma estratégia de
tratamento e diagnóstico. O mais eficiente era isolar o paciente, normalmente em áreas estéreis
como hospital (o que até ainda se faz). O caso de Vetter foi o primeiro que se fez em casa. A família
foi voluntária por um projeto da NASA para que isso fosse possível.
Quando ele completou 13 anos, os pais tiveram uma filha, sua irmã que tinha um HLA
compatível. Se cogitou então a possibilidade de transplante de medula óssea. Na época, não se
sabia que a filha tinha uma infecção por um vírus, e ele contrai uma leucemia. O transplante foi bem
sucedido, mas ele contraiu a doença por conta da infecção e morreu em decorrência dela.
2. Imunodeficiências Secundárias
infecção pelo HIV. As doenças de imunodeficiências adquiridas são causadas por dois tipos
principais de mecanismos patológicos:
➢ a Imunossupressão, que pode ocorrer como uma complicação biológica de outra doença;
➢ as Imunodeficiências iatrogênicas, que podem se desenvolver como complicação do
tratamento de outras doenças.
3. Imunodeficiências Primárias
Embora sejam consideradas doenças de incidência rara, estima-se que as imunodeficiências
primárias ocorram em mais de 1 a cada 2.000 nascimentos. Na Pediatria, aproximadamente 10% dos
pacientes com infecções respiratórias recorrentes podem ter alguma imunodeficiência congênita.
Há preponderância no sexo masculino (5:1), já que algumas IDPs são ligadas ao cromossomo X.
O tipo de imunodeficiência primária mais comum na população humana é a relacionada
com a imunidade humoral (mediada por linfócitos B), correspondendo a cerca de 60% dos casos. A
forma mais grave – a imunodeficiência combinada em linfócitos T e B – é encontrada em cerca de
17% dos casos de imunodeficiência primária. A incidência de casos de imunodeficiência em
fagócitos é similar (12%) às de imunodeficiência em linfócitos T e B. O restante dos casos de
imunodeficiências está relacionado à redução na função de linfócitos T (7%), à produção de
moléculas do sistema complemento (1%) e outras causas conhecidas ou não (2%).
Agamaglobulinemia ligada ao x
Nesta doença, a criança sofre com a falta de imunoglobulinas de um modo geral. O defeito
nesta doença é a ausência ou mutação de um gene que origina uma tirosina quinase importante
no processo de amadurecimento (diferenciação e ativação celular), a qual foi denominada de
tirosina quinase do Linfócito B ou de Bruton (Btk). Sem esta tirosina, o linfócito B torna-se incapaz de
alcançar a sua maturidade (ou seja, apresentar BCR em sua membrana composto de IgM, IgD, IgA
e Igβ). É caracterizada pelos seguintes fatores:
Durante uma resposta imune primária, os linfócitos B secretam inicialmente IgM e após
interação com os linfócitos T auxiliares, dependendo das citocinas liberadas, passam a produzir IgG,
IgA ou IgE (mecanismo chamado de troca de isotipo).
No caso da deficiência seletiva em IgA, ocorre a manutenção da produção de IgM e IgG e
a redução na síntese de IgA1 e IgA2 nas formas sérica e secretória. A concentração de IgA sérica
nos indivíduos acometidos por essa síndrome é de 5 μg/mL (enquanto uma pessoa normal produz
entre 2 a 4 mg/mL) com níveis normais ou elevados de IgM e IgG.
O defeito nesses pacientes é um bloqueio na diferenciação das células B em plasmócitos
secretores de IgA. O mecanismos para este defeito ainda é incerto, mas sugere-se que seja um
defeito intrínseco do LB ou anormalidades na transcrição do TGF-β. Nos seres humanos, o TGF-β é
responsável pela troca de IgM em IgA. Como o IgA é a principal Ig de mucosa, a sua deficiência por
levar a um aumento na incidência de infecções bacterianas e virais das vias aéreas superiores e dos
sistemas gastrintestinal e urogenital. No entanto, em certos casos, em especial na primeira década
de vida, talvez pelas concentrações normais de IgM e IgG, os pacientes são assintomáticos. É
caracterizada pelos seguintes fatores:
✓ Ausência de diferenciação do LB em plasmócitos secretos de IgA.
✓ Sinais e sintomas variáveis (infecções respiratórias, diarreias e doenças autoimunes), mas
alguns portadores mostram-se assintomáticos.
✓ A administração de gamaglobulina não é efetiva porque quase não existe IgA nesses
preparados. Para indivíduos sintomáticos, o tratamento das infecções deve ser realizado para
evitar doenças pulmonares crônicas.
Síndrome de Hiper-IgM
O que ocorre é deficiência em IgG e IgA associada a uma produção aumentada de IgM.
Indivíduos normais produzem cerca de 1,5 mg/mL de IgM, enquanto estes pacientes podem produzir
até 20 mg/mL. Como os pacientes apresentam muita IgM, mas não a converte em outros isotipos de
Igs, ele sofre imunodeficiência por carência das demais imunoglobulinas. Este defeito está associado
ao cromossomo X e manifesta-se nos meninos após o primeiro ano de vida, quando as
imunoglobulinas maternas declinam.
A falha no cromossomo X está relacionada à ausência de produção de molécula CD40L,
presente em LT ativados e importante na ativação de linfócitos B e de outras células. A deficiência
na expressão do CD40L leva à ausência da troca de isotipo e à hiperprodução de IgM. Ocorre com
isso um defeito na ativação e função dos linfócitos e na ativação de LB dependente de LT. Isso ocorre
porque a troca de isotipos está relacionada com a participação dos LT auxiliares.
microglobulina β2. A maioria dos casos de síndrome do linfócito nu é causada por mutações nos
genes que codificam proteínas que regulam a transcrição de genes do MHC de classe II.
Deficiência de HLA-I
Deficiências autossômicas recessivas do MHC de classe I também têm sido descritas e são
caracterizadas pela diminuição do número e da função das células T CD8+. Em alguns casos, a
ausência da expressão de moléculas de MHC de classe I deve-se a mutações nos genes TAP-1 ou
TAP-2, que codificam as subunidades do complexo TAP (transportador associado a processamento
de antígeno), que normalmente transporta peptídios do citosol para o retículo endoplasmático,
onde são montados em moléculas do MHC de classe I. Como as moléculas do MHC estão vazias e
são degradadas no meio intracelular, o nível de moléculas do MHC de classe I da superfície celular
está reduzido nestes pacientes com deficiência de TAP.
Ataxia-telangiectasia
Ataxia-telangiectasia é uma doença autossômica recessiva caracterizada por marcha
anormal (ataxia), malformações vasculares (telangienctasias), déficits neurológicos, aumento da
incidência de tumores e imunodeficiência. Os defeitos imunológicos são de intensidade variável e
podem afetar tanto células B como células T. O defeito imune humoral mais comum é a deficiência
de IgA e de IgG2, provavelmente por causa do papel crucial de uma proteína chamada ATM
(ataxia-telangiectasia mutada) que atua na recombinação de troca de classe.
As imunodeficiências que afetam tanto a imunidade humoral como a celular são chamadas
de imunodeficiências combinadas severas (SCID, do inglês severe combinated imunodeficiency). A
SCID é o resultado de problemas no desenvolvimento dos linfócitos T com ou sem defeitos na
maturação de células B. Quando não há bloqueio no desenvolvimento das células B, o defeito de
imunidade humoral deve-se à ausência de células T auxiliares.
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULO 21.
“Indivíduos normais são tolerantes aos seus próprios antígenos porque os linfócitos responsáveis pelo
reconhecimento dos autoantígenos foram eliminados ou inativados, ou a especificidade destes
linfócitos encontra-se alterada”.
Da frase acima podemos retirar uma informação subliminar: Durante o processo de produção
dos linfócitos, na medula óssea, vão existir linfócitos autorreativos que reagem a autoantígenos
(antígenos próprios). A tolerância resulta da ausência de resposta quando ocorre reconhecimento
dos antígenos por linfócitos específicos, embora o sistema imune esteja atuando normalmente, e isso
é considerado normal. Em geral, antígenos apresentados durante a vida embrionária são
considerados “próprios” e não estimulam uma resposta imunológica, ou seja, somos tolerantes a tais
antígenos. A ausência de uma resposta imune no feto é causada pela deleção de precursores de
células autorreativas no timo. Ao contrário, antígenos não apresentados durante o processo de
maturação, isto é, encontrados pela primeira vez quando o organismo encontra-se
imunologicamente maduro (muitas vezes antes mesmo do nascimento), são considerados “não
próprios” e geralmente elicitam uma resposta imunológica. Tanto células B como células T participem
da tolerância, mas a Tolerância de Células T desempenha o papel principal.
1. Visão Geral
TOLERÂNCIA CENTRAL
A autotolerância porde ser induzida em linfócitos autorreativos imaturos nos órgãos linfóides
centrais (timo e medula óssea) – Tolerância Central – ou em linfócitos maduros em tecidos periféricos
(baço e linfonodos) – Tolerância periférica.
I. Apoptose: ou deleção, e pode ser induzida de duas maneiras: de forma intrínseca ou extrínseca.
Geralmente dano celular por DNA interno causa ativação intrínseca, e a ligação de uma
molécula indutora de morte com seu receptor causa a ativação extrínseca. No linfocito
autorreativo que vai sofrer apoptose, quando há a ligação do autoantígeno com o receptor do
linfócito autorreativo, uma das proteínas expressas é a Fas indutora de morte, que se associa com
seu liganete, o FasL, na APC. Quando há essa associação, induz-se toda uma transdução de sinal
para indução de apoptose - via extrínseca.
II. Mudança de receptores: ou edição de linfócitos B. SOMENTE O LINFÓCITO B TEM A CAPACIDADE
DE MUDAR SEU RECEPTOR - tanto o Linfócito B quanto o T tem dificuldade de se multiplicar, mas
o B possui dois genes que se recombinam para criar novas estruturas de receptores.
III. Desenvolvidmento de Linfócitos T regulatórios: SOMENTE PARA O TCD4 é a transformação em
linfócito regulador que inibe respostas imunológicas, que impede que haja lesões patológicas.
Todos os linfócitos ou ficam circulando ou vão para o tecidos linfóides secundários (linfonodos,
baço).
Com isso, para o linfócito TCD8 nem há mudança de receptor ou diferenciação em Treg,
APENAS APOPTOSE na tolerância central.
TOLERÂNCIA PERIFÉRICA
Por outro lado, na tolerância periférica, quando os linfócitos que já sofreram diferenciação e são
maduros, transportador via linfática até os órgãos linfóides periféricos (linfonodo, baço), ao sofrer
reconhecimento pela APC, acontecerá:
I. Anergia: ou não responsividade. Se não houver a ligação Fas-FasL acontece a anergia. O linfócito
reconhece o autoantígeno, mas vai ser inibida a capacidade de resposta, por mecanismos
descritos adiante. Eles se tornam incapazes de serem ativados pela reexposição àquele
antígeno.
II. Apoptose: ou deleção, assim como na central. Mecanismos que induzem apoptose do linfócitos
autorreativos. Essa ligação Fas-FasL desencadeia a liberação de enzimas caspases, que são
serinoproteases e digerem o exoesqueleto celular.
III. Supressão; O Treg que veio do timo pode suprimir ativamente aquele linfócito maduro.
2. Tolerância de Células T
PROTEÍNA AIRE
O CTLA-4 é expresso nas células T regulatórias, descritas mais a seguir, mediando a função
supressiva dessas células por meio da inibição da ativação de células imaturas. Acredita-se que o
CTLA-4 seja capaz de mediar sua atividade inibitória por dois mecanismos principais:
Algumas respostas imunes são inibidas por linfócitos T reguladores capazes de bloquear a
ativação e a função dos linfócitos T efetores. Assim como temos respostas Th1 (para microrganismos
intracelulares) e Th2 (para helmintos e alérgenos), tem-se uma resposta reguladora capaz de regular
todos os outros tipos de resposta imune, impedindo o efeito lesivo das mesmas contra o organismo.
As células regulatórias podem ser geradas mediante o reconhecimento de antígenos próprios no
timo ou nos órgãos linfoides periféricos.
podem suprimir a resposta de outras células. Em virtude do alto nível de expressão do receptor de IL-
2, essas células podem consumir IL-2, privando outras populações de células desse fator de
crescimento, o que resulta na redução da proliferação e diferenciação de outras células
dependentes de IL-2 como células B e NK.
A estimulação repetida dos linfócitos T (por uma grande produção de IL-2, por exemplo) por
antígenos resulta na morte das células ativadas por um processo de apoptose (deleção). Este
mecanismo de morte celular regulada é chamada de morte celular induzida por ativação. Ela é
induzida quando um grande número de células T recentemente ativadas é reativado por antígenos
ou por agentes similares aos antígenos.
A morte celular induzida por ativação é uma forma de apoptose produzida pelos sinais
originados dos receptores de morte da membrana. Nas células T CD4+ a repetida ativação com o
antígeno leva à co-expressão de duas moléculas, a molécula Fas (CD95), que é um receptor indutor
de morte celular, e o seu ligante Fas L. Quando as células T são ativadas repetidamente, o FasL é
expresso na superfície celular e liga-se ao Fas da superfície da mesma ou das células T adjacentes.
Isso ativa uma cascata de proteases de proteínas intracelulares, chamadas caspases, que levam à
morte das células por apoptose. As células apoptóticas são rapidamente envolvidas pelos fagócitos
e não induzem a inflamação (diferentemente da necrose). Essa é a via etrínseca da apoptose,
porém o funcionamento e sua coparticipação com a intrínseca será vista melhor em Patologia.
3. Tolerância de Células B
As células B que, na medula óssea, encontram antígenos próprios podem também responder
a esses antígenos pela reativação dos seus genes RAG1 e RAG2 e expressando uma nova cadeia
leve de Ig, desta forma adquirindo uma nova especificidade, com uma conformação molecular
diferente. Desta maneira, ao invés de apresentar aquele formato que reconhecia proteínas do
próprio, depois dessa edição, o LB expressará apenas Igs que não reconhecem espacialmente estas
proteínas. Este processo é um mecanismo potencial para as células B auto-reativas perderem sua
reatividade e sobreviverem.
Células B que reconhecem autoantígenos com baixa afinidade podem ser impedidas de
responder através do acoplamento de vários receptores inibitórios. A função desses receptores
inibitórios é definir um limiar para ativação da célula B, o que permite respostas a antígenos externos
com ajuda da célula T, mas não respostas a autoantígenos.
4. Mecanismos de Autoimunidade
A seleção tímica é um dos mecanismos fisiológicos que impedem que os linfócitos T auto-
reativos circulem no organismo; no entanto, muitas dessas células não morrem e permanecem na
circulação em estágio anérgico, ou seja, não respondem aos antígenos. Essas células em
determinadas circunstâncias podem deixar o estado anérgico e tornar-se ativadas, bem como
aquelas células ignorantes que vimos. Da mesma forma, organismo normalmente produz percentuais
baixos (5%) de anticorpos que reconhecem estruturas próprias, como por exemplo, anticorpos
anticitocinas, anticolágeno e anti-DNA. No entanto, essa produção de anticorpos auto-reativos
pode se tornar desequilibrada e levar a doenças de auto-agressão, as doenças autoimunes, que
afetam entre 1 a 5% dos indivíduos em algum momento de sua vida. Doenças autoimunes tendem
a ser crônicas, progressivas e de autoperpetuação.
Deve-se observar, no entanto, que o fato de uma pessoa desenvolver ou não uma doença
autoimune é evidentemente multifatorial, uma vez que indivíduos com genes HLA que sabidamente
predispõem a certas doenças autoimunes, apesar disso não desenvolvem a doença, como, por
exemplo, muitos indivíduos carreando o gene HLA-DR4 não desenvolvem artrite reumatoide. Isto é,
acredita-se que genes HLA são necessários, mas não suficientes, para causar doenças autoimunes.
Em geral, doenças relacionadas a MHC de classe II, por exemplo, artrite reumatoide, doença de
Graves (hipertireoidismo) e lúpus eritematoso sistêmico, ocorrem de forma mais comum em mulheres,
enquanto doenças relacionadas a MHC de classe I, por exemplo, espondilite anquilosante e
síndrome de Reiter, ocorrem mais comumente em homens.
INFECÇÕES E AUTOIMUNIDADE
Abbas - Imunologia Celular e Molecular, 8 ed, / LEVINSON – Microbiologia médica e Imunologia, 10 ed.
marcante (padrão de expressão de genes) que indica exposição ao IFN-alfa, um interferon de tipo I
que é produzido principalmente por células dendríticas plasmocitoides. (DCs)
O resultado final é um ciclo de liberação de antígenos e ativação do sistema imune que leva
à produção de autoanticorpos de alta afinidade. Os imunocomplexos formados a partir desses
autoanticorpos e seus antígenos específicos são responsáveis por glomerulonefrite, artrite e vasculite
envolvendo arteríolas por todo o corpo, (daí seu nome ‘sistêmico’) . A anemia hemolítica e a
trombocitopenia ocorrem devido a autoanticorpos contra eritrócitos e plaquetas, respectivamente.
O diagnóstico de LES é apoiado pela detecção de anticorpos antinucleares (ANAs) por meio
de testes de anticorpos fluorescentes, e anticorpos contra DNA de fita dupla por ELISA. Anticorpos
contra vários outros componentes nucleares são também detectados, assim como uma
concentração reduzida do complemento. O tratamento do lúpus eritematoso sistêmico varia
dependendo da severidade da doença e dos órgãos afetados. Aspirina, fármacos anti-inflamatórios
não esteroides (AINES) ou corticoides são comumente utilizados.
ARTRITE REUMATÓIDE
A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação crônica
(hipersensibilidade tardia como mecanismo imunológico) das articulações sinoviais com destruição
progressiva de estruturas cartilaginosas e ósseas. As principais articulações afetadas são as das mãos,
punhos, joelhos e pés, em geral, de forma simétrica. Indivíduos com genes HLA-DR4 são predispostos
à AR. Fatores hormonais provavelmente estão envolvidos porque a incidência maior ocorre em
mulheres (3:1) de 35 a 50 anos de idade. Além dos fatores hormonais, agentes infecciosos têm sido
associados ao surgimento da artrite reumatoide, tais como: Mycoplasma, vírus da rubéola,
citomegalovírus, herpes vírus, parvovírus B19, o vírus Epstein-Barr e o Mycobacterium tuberculosis.
A diabetes tipo I é uma doença autoimune na qual são destruídas as células β, produtoras de
insulina, das ilhotas de Langerhans do pâncreas. Além das células β, que constituem cerca de 80%
das ilhotas, fazem parte destas as células secretoras de glucagon (células α) e somastotatina (células
δ), que não são afetadas pela doença. A destruição das células β acarreta a diminuição da
produção de insulina, resultando em hiperglicemia e na necessidade de administração de insulina
exógena. Nesta doença, células T autorreativas destroem as células das ilhotas do pâncreas. O
principal antígeno contra o qual o ataque da célula T é dirigido é a enzima descarboxilase do ácido
glutâmico das células da ilhota. Demonstrou-se que a infecção por vírus coxsackie B4 é um
desencadeador de DMDI em camundongos, mas ainda não foi estabelecida como causa da
diabetes humana.. Infecção congênita pelo vírus da Rubéola em indivíduos HLA-DR3 também
aumenta a prevalência da diabetes tipo I. Anticorpos contra vários antígenos das células beta
também são produzidos, mas o principal dano é mediado por células T.
Em pacientes com diabetes, a maioria das ilhotas com redução no número de células β
apresenta um infiltrado constituído sobretudo de linfócitos T CD8+ (que induzem a apoptose das
células β das ilhotas, produzindo altas concentrações de IL-1β que estimula a produção de NO, que
induz, por sua vez, a expressão de Fas nas células β), com proporção variável de linfócitos T CD4+,
linfócitos B, células NK e macrófagos. A ativação de mecanismos dependentes de
perforina/granzima é sugerida pelo aumento da expressão das moléculas do MHC-I na superfície das
células β das ilhotas. Os sinais clínicos são: urinar em grande quantidade e muitas mais vezes (poliúria);
sede constante e intensa (polidipsia); fome constante e difícil de saciar (polifagia); fadiga; prurido no
corpo; visão turva (retinopatia diabética).
ESCLEROSE MÚLTIPLA
A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória que ocorre no sistema nervoso central
(SNC) e leva à perda da bainha de mielina que reveste os axônios, bainha esta que propicia maior
rapidez e eficácia na transmissão dos impulsos elétricos entre neurônios. A desmielinização resulta
em diferentes quadros clínicos, dependendo na área do SNC mais afetada (o cérebro, tronco
cerebral, medula espinhal, nervo óptico). A EM acomete mais as mulheres e vários fatores, entre eles
hormonais, ambientais e genéticos, estão envolvidos.
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULOS 8, 9, 15, 19.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 66.
O câncer é um grave problema de saúde em todo o mundo e uma das causas mais
importantes de morbidade e mortalidade em crianças e adultos. O fenótipo maligno dos cânceres
reflete defeitos na regulação da proliferação celular, resistência das células tumorais à morte
apoptótica, capacidade das células tumorais de invadir os tecidos do hospedeiro e formar
metástases para locais distantes e evasão tumoral dos mecanismos de defesa imune. O conceito de
vigilância imune do câncer, proposto por Macfarlane Burnet na década de 1950, afirma que uma
função fisiológica do sistema imune é de reconhecer e destruir clones de células transformadas antes
que se transformem em tumores e de eliminar tumores depois de formados.
A proteína p53 é conhecida como a "Guardiã do Genoma". Ela atua em várias vias para evitar as
mutações no DNA e impedir que o tumor se forme. Por exemplo, atua impedindo a formação de
vasos sanguíneos (angiogênese) e vascularizar o tumor. O gene da p53 é um supressor tumoral.
Estudos histopatológicos mostram que muitos tumores são circundados por infiltrados de
células mononucleares compostos por linfócitos T, células natural killer (NK) e macrófagos ativados,
e que os linfócitos e macrófagos ativados estão presentes nos linfonodos que drenam os locais de
crescimento tumoral. A presença de linfócitos infiltrados em alguns tipos de melanomas e carcinomas
do colo do intestino e da mama é preditiva de um prognóstico melhor. Nestas imagens abaixo
podemos ver os dois exemplos. A seta vermelha mostra crescimento tumoral. A seta amarela mostra
regiões de infiltrados de leucócitos.
Os camundongos cirurgicamente
curados de um tumor induzido pelo
carcinógeno químico (MCA) rejeitam
transplantes subsequentes do mesmo
tumor, enquanto um tumor
transplantado cresce em um
camundongo singênico.
O sistema imune, no entanto, como veremos, pode ser ativado para eliminar eficazmente as
células tumorais e erradicar tumores. A existência dessa imunidade antitumoral específica indica que
tumores devem expressar antígenos reconhecidos como estranhos pelo hospedeiro.
2. Antígenos tumorais
1 Em todas as células de origem epitelial, temos receptores para fatores de crescimento. Esses receptores só são ativados na
presença do fator de crescimento. Normalmente, a quantidade de fator liberado é a maior que a de receptores, justamente
para que ele consiga prontamente ativar aquele receptor. Algumas pessoas herdam ou produzem uma mutação que causa
o aumento da quantidade de receptores. Com isso, os fatores irão ativar bem mais essas células (mais sensíveis).
Foi demonstrado que respostas imunes adaptativas, mediadas principalmente por células T,
controlam o desenvolvimento e a progressão de tumores malignos. O principal mecanismo de
proteção imune adaptativa contra tumores está na eliminação das células tumorais por CTLs CD8+.
Também participam macrófagos ativados por CD4+ e células NK, um tipo de linfócito que não
precisa passar por todo o processo de apresentação de antígeno e proliferação celular para
desempenhar sua função. É de origem leucocitária, mas tem ação imediata contra algum antígeno
que consiga ativar seu receptor. Entre esses mecanismos efetores imunitários, o papel dos CTLs na
proteção de indivíduos com tumores é o mais bem definido.
Uma explicação provável de como as respostas das células T contra tumores são iniciadas é e que
as células tumorais ou seus antígenos sejam ingeridos pelas APCs do hospedeiro, particularmente
pelas células dendríticas, e os antígenos tumorais sejam processados no interior das APCs. Os
peptídios derivados destes antígenos são em seguida exibidos ligados às moléculas do MHC de
classe I para reconhecimento pelas células T CD8+. As APCs expressam coestimuladores que
fornecem os sinais necessários para a diferenciação de células T CD8+ em CTLs antitumorais.
Uma vez sendo gerados os CTL efetores, eles são capazesde reconhecer e destruir as células
tumorais sem a necessidade de haver uma coestimulação. As células CD4+ podem desempenhar
um papel nas respostas imunes antitumorais proporcionando citocinas para a diferenciação de
células T CD8+ e de memória em CTL efetores. Além disso, as células T auxiliares específicas para
antígenos tumorais são capazes de secretar citocinas, como TNF e IFN-γ, que podem aumentar
expressão do HLA de classe I pelas células tumorais e a sensibilidade à lise por CTLs. O IFN-γ também
pode ativar macrófagos para eliminar células tumorais.
5. Imunoterapia
O potencial para o tratamento de pacientes com câncer através de abordagens
imunológicas é promissor para oncologistas e imunologistas por muitos anos. A principal razão para
interesse em uma abordagem imunológica é que a maioria das terapias atuais para o câncer
depende de medicamentos que destroem as células em divisão ou a divisão celular e estes
tratamentos têm efeitos nocivos sobre as células normais em proliferação.
A imunoterapia apresenta o potencial para ser o tratamento mais específico que pode ser
concebido contra os tumores. A imunoterapia contra tumores tem como objetivo aumentar a
resposta imunológica do hospedeiro contra os tumores (imunização ativa) ou para administrar
anticorpos ou células T específicos contra tumores, uma forma de imunidade passiva.
Por sua vez, antígenos tumorais compartilhados por muitos tumores (como MAGE, tirosinase,
antígenos gp100 em melanomas e proteínas Ras e p53 multadas) são imunógenos potencialmente
úteis para todos os pacientes com certos tipos de cânceres.
estimulação para as células T específicas para tumores e fornecer citocinas que possam potencializar
a ativação das células T específicas de tumor, particularmente a dos LTc CD8+.
Por exemplo, na figura acima, uma célula tumoral foi transfectada com gene de co-
estimulador dos linfócitos (B7) ou de IL-2, sendo induzida a produzir e expressar estas moléculas. A
molécula de B7 expressa é reconhecida pelo CD28 da célula T, que é estimulada. Esta estimulação
sofre uma maior somação quando o IL-2, produzido por genes previamente inoculados na célula
tumoral, interage com a célula T e esta, por intermédio do IL-2, aumenta sua proliferação e
diferenciação em células T tumor-específicas. Este efeito gera clones ativados destas células.
transduzidas ex vivo para expressar receptores de antígeno quiméricos recombinantes (CARs)2 antes
de serem transferidos de volta para o paciente.
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULO 18.
2 CARs são compostos por domínios de receptores específicos para antígenos tumorais e domínios de sinalização, como ITAMs
e motivos citossólicos de CD28, que promovem uma robusta ativação das células T.
MICROBIOLOGIA
@emmanuelpacheco_20
Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
@emmanuelpacheco_20
1. Quanto à Forma
Cocobacilos (Ovais, corpo mais redondo que achatado): Haemophilus sp. (causadores da
pneumonia e meningite em crianças e idosos), Brucella sp. (mais comum animais, brucelose)
Fuso espiralar
✓ Espiroquetas (em espiral): Treponema pallidum (causador da sífilis), Leptospira sp. (causador
da leptospirose)
✓ Espirilos (em onda): Spirillum sp. (geralmente não faz parte da microbiota ou afeta o
homem, está espalhada na natureza).
1 Quando se põe sp. não se especifica a espécie, e spp. Não se especifica o gênero. Lembrar do Ensino Médio:
REFICLOFAGE (Reino, Filo, Classe, Família, Gênero e Espécie). NÃO ESQUECER de sublinhar na prova para escrever sem
itálico as espécies de bactérias ou qualquer outro organismo.
Cocos (são as formas que mais formam arranjos de inúmeras maneiras, mas as mais conhecidas são
as a seguir)
Bacilos
3. Citologia bacteriana
A estrutura da célula procariota não apresenta núcleo, portanto o material genético está
disperso no citplasma (anuclear). A região onde é encontrado o seu genoma (DNA) é chamado de
nucleoide. A célula bacteriana possui elementos essenciais e não essenciais. Os elementos
essenciais são aqueles importantes para a sobrevivência, sem os quais a bacteria morreria. Os não-
essenciais garantem sobrevida, com os quais a bacteria pode viver mais, e geralmente constituem
fatores de virulência, pois aumentam sua patogenicidade.
• Parece celular
Elementos • Membrana citoplasmática
essenciais • Citoplasma
• Nucleóide
PAREDE CELULAR
O Mycoplasma é uma das bactérias atípicas, aquelas que não possuem parede
celular e não podem ser visualizadas por métodos convencionais por serem muito
pequenas. Outros gêneros desse tipo de bactéria são as Rickettsias e Chlamydias.
2Como o peptidoglicano proporciona rigidez, ele também ajuda a determinar a forma particular de cada célula bacteriana.
As bactérias Gram-negativas também são envolvidas por uma membrana externa. As camadas rígidas de peptidoglicano
(mureína) cirundam as membranas citoplasmáticas da maioria dos procariotas. As exceções são as Archaea (que contêm
pseudoglicanos ou pseudomureínas), os micoplasmas e as clamídias (que não têm peptidoglicano). Essas últimas são
bactérias atípicas que possuem diâmetro menor que 1 µm e o tamanho do maior vírus é o dessas bactérias.
A coloração de Gram é um teste rápido, eficaz e fácil, que permite aos clínicos diferenciar as
duas principais classes de bactérias, desenvolver um diagnóstico inicial, e iniciar a terapêutica com
base nas diferenças inerentes às bactérias. As bactérias são fixadas a quente ou deixadas secar
sobre uma lâmina, coradas com cristal violeta, um corante que é precipitado com iodo (lugol), e
em seguida o corante não ligado ou em excesso é removido por lavagem com descorante, à base
de acetona, e água. Um contracorante vermelho, a safranina, é adicionado para corar as células
descoradas. Este processo leva menos de 10 minutos. Para as bactérias Gram-positivas, que se
tornam roxas, o corante fica preso em uma estrutura grossa e emaranhada, a camada de
peptidoglicano, que circunda a célula. As bactérias Gram-negativas possuem uma fina camada de
peptidoglicano que não retém o corante cristal violeta, e então as células são coradas com
safranina e tornam-se vermelhas.
A bactéria Gram-positiva apresenta uma parede celular espessa, de múltiplas camadas, que
consiste principalmente em peptidoglicano em torno da membrana citoplasmática. O
peptidoglicano é essencial para a estrutura, replicação e sobrevivência em condições normalmente
hostis nas quais as bactérias crescem. A parede celular das bactérias Gram-positivas também
podem incluir outros componentes, tais como proteínas, ácidos teicoicos 3 e lipoteicoicos 4 e
polissacarídeos complexos (geralmente chamados de polissacarídeos C). A proteína M dos
estreptococos e a proteína R dos estafilococos estão associadas ao peptidoglicano. Os ácidos
teicoicos são polímeros aniônicos de fosfato de poliol hidrossolúveis, os quais estão covalentemente
ligados ao peptidoglicano e são essenciais à viabilidade celular. Os ácidos lipoteicoicos possuem
um ácido graxo e estão ancorados na membrana citoplasmática. Estas moléculas são antígenos
comuns de superfície que distinguem os sorotipos bacterianos e promovem a fixação às outras
bactérias e aos receptores específicos das superfícies de células.
3 Ácidos teicoicos são importantes fatores de virulência. A importância médica dos ácidos teicoicos reside em sua
capacidade de induzir o choque séptico quando causado por determinadas bactérias gram-positivas; isto é, os ácidos
teicoicos ativam as mesmas vias que a endotoxina (LPS) de bactérias gram-negativas. Os ácidos teicoicos também medeiam
a ligação de estafilococos às células mucosas. São constituídos por álcool, carboidratos e fosfato.
4 Ácidos lipoteicoicos são liberados no meio e no hospedeiro, e podem induzir respostas de defesa inata similar à endotoxina,
embora de maneira mais fraca. Além de possuírem os mesmos constituintes do ácido teicoico, ainda são encorados a ácidos
graxos da membrana plasmática.
A parede celular das bactérias Gram-negativas é mais complexa do que a parede das
células Gram-positivas, tanto estrutural quanto quimicamente. Estruturalmente, a parede celular
Gram-negativa contém duas camadas externas à membrana citoplasmática. Imediatamente
externa à membrana citoplasmática existe uma fina camada de peptidoglicano, que é responsável
por apenas 5% a 10% do peso da parede celular das bactérias Gram-negativas. Ácidos teicoicos ou
lipoteicoicos não estão presentes na parede celular de Gram-negativos. Externa à camada de
peptidoglicano existe uma membrana externa, que é única para as bactérias Gram negativas. A
área entre a superfície externa da membrana citoplasmática e a superfície interna da membrana
exterior é denominada de espaço periplasmático.
MEMBRANA CITOPLASMÁTICA
CITOPLASMA
Substância semifluida dentro da membrana citoplasmática. Constituído de 80% de água,
enzimas, carboidratos, lipídeos e uma variedade de íons inorgânicos. No seu interior encontramos os
ribossomos e o material genético (DNA) dispersos.
RIBOSSOMOS
Os ribossomos bacterianos são o sítio da síntese proteica, como nas células eucarióticas,
porém diferem dos ribossomos eucarióticos em relação ao tamanho e à composição química. Os
ribossomos bacterianos exibem tamanho de 70S, com as subunidades 50S e 30S, enquanto os
ribossomos eucarióticos apresentam tamanho de 80S, com as subunidades 60S e 40S. As diferenças
nas proteínas e RNAs ribossomais constituem a base para a ação seletiva de vários antibióticos que
inibem a síntese proteica de bactérias, mas não de humanos. As proteínas e RNA do ribossomo
bacteriano são significativamente diferentes daquelas presentes nos ribossomos eucarióticos e são
os principais alvos dos antimicrobianos.
NUCLEÓIDE
Ao contrário dos eucariotas, o cromossomo bacteriano é uma fita única circular de cadeia
dupla, que não está contido em um núcleo, mas em uma área definida conhecida como nucleoide.
Uma vez que o nucleoide não apresenta membrana nuclear, nucléolo, fuso mitótico, nem histonas,
há pouca semelhança com o núcleo eucariótico. Uma diferença importante entre o DNA
bacteriano e o DNA eucariótico é o fato de o DNA bacteriano não apresentar íntrons, ao contrário
do DNA eu cariótico.
Os plasmídeos5, que são fragmentos extracromossômicos menores de DNA circular, também
podem estar presentes. Os plasmídeos, embora geralmente não sejam essenciais para a
sobrevivência celular, frequentemente conferem uma vantagem seletiva: muitos conferem
resistência a um ou mais antibióticos. A falta de uma membrana nuclear simplifica as necessidades
e os mecanismos de controle para a síntese de proteínas. Sem uma membrana nuclear, a transcrição
e a tradução são acopladas; em outras palavras, os ribossomos podem ligar-se ao RNAm, e a
proteína pode ser produzida ao mesmo tempo que o RNAm está sendo sintetizado e ainda ligado
ao DNA.
GRÂNULOS E VACÚOLOS
O citoplasma contém vários tipos diferentes de grânulos que atuam como áreas de
armazenamento de nutrientes e coram-se de modo característico com determinados corantes. Os
grânulos metacromáticos são uma propriedade característica de Corynebacterium diphtheriae, o
causador da difteria. Os grânulos têm como função armazenamento de substância de reserva.
CÁPSULA OU GLICOCÁLICE
A cápsula é uma camada gelatinosa protetora que reveste toda a bactéria. É composta por
polissacarídeos 6 , exceto no bacilo do antraz, que possui uma cápsula de ácido D-glutâmico
polimerizado. É fracamente antigênica, ou seja, não ativa avidamente o sistema imunológico. É um
fator da virulência de diversas bactérias, uma vez que limita a capacidade de fagócitos engolfarem
as bactérias – é antifagocitária. A cápsula pode desempenhar um papel na adesão das bactérias
aos tecidos humanos, a qual consiste em uma etapa inicial importante da infecção.
FLAGELOS
Os flagelos são apêndices longos, semelhantes a um chicote, que deslocam as bactérias em
direção aos nutrientes e outros fatores atrativos, processo denominado quimiotaxia. O longo
filamento que atua como um propulsor é composto por várias subunidades de uma única proteína,
a flagelina, organizadas em diversas cadeias entrelaçadas. As bactérias possuem 5 (cinco) diferentes
tipos de arranjos de flagelos:
▪ Monotríquio: possui um flagelo em uma das extremidades.
Ex.: Pseudomonas aeruginosa. (A)
▪ Anfitríquio: Possui um flagelo em ambas as extremidades.
▪ Lofotríquio: Possui dois ou mais flagelos em uma das
extremidades. (B)
▪ Peritíquio: Possui flagelos distribuídos em toda superfície da
célula bacteriana. (C)
5 Os plasmídeos são moléculas de DNA de fita dupla, circulares e extracromossomais, capazes de replicar-se
independentemente do cromossomo bacteriano. Embora sejam geralmente extracromossomais, os plasmídeos podem
integrar-se ao cromossomo bacteriano.
6 Os açúcares que compõem o polissacarídeo variam de uma espécie bacteriana a outra, e, frequentemente, determinam
o tipo sorológico de uma espécie. Por exemplo, existem 84 tipos sorológicos distintos de Streptococcus pneumoniae, os quais
são distinguidos pelas diferenças antigênicas dos açúcares da cápsula polissacarídica.
FÍMBRIAS OU PILI
Os pili são filamentos semelhantes a pelos, que se estendem a partir da superfície
celular. São mais curtos e lineares que os flagelos, sendo compostos por subunidades
de uma proteína, a pilina, organizadas em fitas helicoidais. Os pili de fixação são
encontrados principalmente nos microorganismos Gram-negativos e promovem
adesão a outras bacterias ou a superfície epitelial ou mucosa do hospedeiro. O pili
sexual 7 , estabelece a ligação entre as bactérias macho (doadora) e fêmea
(receptora) durante a conjugação.
ENDOSPOROS
São células desidratadas especializadas de
repouso (latentes). Contém características da célula que
a originou, são seres vegetativos capazes de sobreviver
a condições extremas medianete ao processo de
esporulação ou esporogênese.‘Endo’ quer dizer que o
esporo é formado no interior da célula. Estas estruturas
altamente resistentes são formadas em resposta às
condições adversas por dois gêneros de bacilos gram-
positivos de importância médica: o gênero Bacillus, que
inclui o agente do antraz, e o gênero Clostridium, que
inclui os agentes do tétano e botulismo. Contém DNA
bacteriano, uma pequena quantidade de citoplasma,
membrana celular, peptideoglicano, pouquíssima água
e, o mais importante, um revestimento espesso
semelhante à queratina, responsável pela acentuada resistência do esporo ao calor, à
desidratação, à radiação e a compostos químicos. Uma vez formado, o esporo não exibe qualquer
atividade metabólica, podendo permanecer dormente por muitos anos. Quando exposto à água e
a nutrientes apropriados, enzimas específicas degradam o revestimento, a água e os nutrientes
penetram, e ocorre a germinação em uma célula bacteriana potencialmente patogênica. Observe
que esse processo de diferenciação não corresponde a uma forma de reprodução, uma vez que
uma célula produz um esporo que germina, originando uma célula. A importância médica dos
esporos reside em sua extraordinária resistência ao calor e a compostos químicos. Como resultado
de sua resistência ao calor, a esterilização não é obtida por meio da fervura.
4. Fisiologia Bacteriana
O fator nutricional é um elemento essencial para o crescimento bacteriano. Os
MICRONUTRIENTES são aqueles que a célula requer em menores quantidades, são todos os íons
inorgânicos (iodo, ferro, cálcio, magnésio, sódio, potássio, etc). Já os MACRONUTRIENTES as células
requerem em quantidades abundantes e são mais requisitados: carbono, hidrogênio, oxigênio,
nitrogênio, fóforo, enxofre e água (H2O).
Quanto as exigências nutricionais, as bactérias são classificadas em: fastidiosas, pois
requerem nutrientes específicos e são altamente exigentes quando ao meio de cultura para crescer
(Streptococcus sp. – ágar sangue) e ubiquitárias, pois não tem grandes exigências nutricionais (Ex.:
S. aureus e Pseudomonas sp.).
7ATENÇÃO! A denominação pili sexual está entrando em desuso e passando a se chamar PILI DE CONJUGAÇÃO. Só acontece
conjugação nas bactérias que assumem forma de BACILO.
todos os cromossomos iniciados estejam completos, apesar dos efeitos deletérios na célula.
Ribossomos são canibalizados em busca de precursores de desoxirribonucleotídeos, peptidoglicano
e proteínas são degradados para fornecer metabólitos, e a célula encolhe.A formação de septo
pode ser iniciada, mas a divisão celular não ocorre. Muitas células ao redor e aquelas que participam
morrem nesse processo. Sinais semelhantes podem causar o início da esporulação em espécies
capazes de realizar esse processo. O ciclo de crescimento de bactérias apresenta quatro fases
principais:
1) A primeira corresponde à fase lag, durante a qual
ocorre intensa atividade metabólica; contudo, as
células não se dividem. Essa fase pode durar de
alguns minutos a muitas horas.
2) A fase log (logarítmica) ou expoenencial é
aquela em que se observa rápida divisão celular.
Fármacos ß-lactâmicos, como a penicilina, atuam
durante esta fase, uma vez que os fármacos são
eficazes no período em que as células estão
produzindo peptideoglicano, isto é, quando estão
0h 10h em divisão.
3) A fase estacionária ocorre quando a depleção
de nutrientes ou os produtos tóxicos provocam uma
diminuição no crescimento até que o número de
células novas produzidas equilibra-se com o número de células que morrem.
4) A fase final corresponde à fase de morte, caracterizada por um declínio no número de
bactérias viáveis. Ocorre quando o número de células mortas excede o número de células
novas. Pode ser devido a um aumento populacional que aumenta a quantidade de produtos
tóxicos, diminuindo o suprimento nutricional de oxigênio.
H2O2 → O2 +H2O
REFERÊNCIAS
8 Atenção! Gastrites: maioria provocada pela Helicobacter pilori que provoca destruição da mucosa estomacal devido
ingestão de substância secretagogas (gordurosas). Vaginose bacteriana: quando há um crescimento da Gardnerella
vaginalis, pois o trato genital feminino se tornou muito alcalino.
1. TORTORA, G. I., FUNKE, B. R., CASE, C. L. Microbiologia. Editora Artmed. 12a edição. Porto Alegre.
2017.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011
3. MURRAY. P. R. ROSENTHAL K. S., PFALLER M. A. Microbiologia Médica. Editora Elsevier. 6ª edição. Rio
de Janeiro, 2014.
4. TRABULSI, L. R., ALTERTHUM, F., GOMPERTZ, O. F., CANDEIAS, J. A. N., Microbiologia. Editora Atheneu.
6a. ediçao, São Paulo. 2015.
As espécies e o número da microbiota normal variam com o sítio anatômico particular, com
a idade, e outros fatores. Esses microrganismos são comensais e seu crescimento em determinada
área depende de fatores fisiológicos. Relembrando do Ensino Médio, Comensalismo é a associação
na qual uma das espécies é beneficiada, enquanto as outras não são afetadas.
A terapia antibiótica com clindamicina, por exemplo, pode suprimir a microbiota normal
predominante, permitindo assim, que um organismo raro, como Clostridium difficile produtor de
toxina, cresça em abundância e cause colite severa. A administração oral de certos antibióticos,
como a neomicina, previamente à cirurgia gastrintestinal para “esterilizar” o intestino, leva uma
redução significativa da microbiota normal por vários dias, seguida de um retorno gradativo aos
níveis normais.
2. Interações Parasita-Hospedeiro
Os mamíferos, quando no útero, desenvolvem-se em um ambiente estéril, sem qualquer
exposição a microrganismos. A colonização, o crescimento de um microrganismo após o acesso aos
tecidos hospedeiros, inicia-se à medida que os animais são expostos aos microrganismos a partir do
nascimento. As superfícies da pele são prontamente colonizadas por várias espécies. Da mesma
forma, a cavidade oral e o trato gastrintestinal adquirem microrganismos por meio da alimentação
e exposição ao corpo materno que, juntamente com outras fon- tes ambientais, iniciam a
colonização da pele, da cavidade oral, dos tratos respiratório superior e gastrintestinal.
RESUMO
REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011
2. MADIGAN, M. T., et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
3. TORTORA, G. I., FUNKE, B. R., CASE, C. L. Microbiologia. Editora Artmed. 12a edição. Porto Alegre.
2017.
BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS
MORFOLOGIA E CARACTERÍSTICAS
STAPHYLOCOCCUS AUREUS
O Staphylococcus aureus é uma bactéria encontrada com relativa
frequência como membro da microbiota normal do corpo humano (mucosas e
fossas nasais), porém, é uma das bactérias mais importantes, uma vez que atua
como agente de uma ampla gama de infecções, variando desde aquelas
localizadas, geralmente superficiais, até algumas disseminadas, com elevada
gravidade.
Uma das principais características das patogenias superficiais desse micro-
organismo é a formação de abcessos (furúnculos, terçol) justamente pelo fato do S.
aureus produzir uma enzima chamada de coagulase, enzimas responsável por
coagular o plasma sanguíneo durante suas infecções. A coagulase, entre muitos
outros fatores, é um dos determinantes da patogenicidade do S. aureus, além de
servir como método diferencial de diagnóstico laboratorial, atestanto, por meio da
utilização de sangue em tubos de ensaio, estafilococo-coagulase-positiva,
diferenciando-se das demais espécies de seu gênero.
O S. aureus, mesmo presente na microbiota normal (40 – 50% das pessoas
estão presentes no Nariz), quando há uma queda nas defesas imunológicas, ele
comporta-se como um micro-organismo oportunista. Na maioria dos meios de
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico das infecções estafilocócicas é feito pelo
exame bacterioscópio de esfregaços corados pelo método
de Gram, isolamento e identificação de micro-organismos.
Os materiais mais comuns para o seu diagnóstico são swab
superficial (hastes flexíveis com pontas de algodão) de
secreções dos mais variados tipos (pus, sangue, aspirado
traqueal, etc). Deve-se fazer a cultura com placas de ágar-
sangue para realizar a sua identificação: teste da catalase
(utilizando água oxigenada – H2O2), teste da coagulase
(pode ser feita em lâmina ou tubo utilizando plasma de
coelho) e o teste de sensibilidade a antibióticos e
quimioterápicos (antibiograma). No exame bacterioscópico
das secreções purulentas, as células bacterianas podem ser
observadas formando arranjos em cachos irregulares ou isoladamente. O
isolamento é realizado nos meios de cultura comuns, como ágar sangue, no qual a
bactéria forma colônias relativamente grandes.
STAPHYLOCOCCUS EPIDERMIDIS
Staphylococcus epidermidis é uma espécie caracterizada por ser coagulase
negativa e catalase positiva, mais frequentemente encontrada na microbiota
normal ou como causa de infecções em seres humanos. Em meios de cultura, estes
se apresentam com caráter puntiforme e coloração esbranquiçada. De maneira
semelhante ao que ocorre com outros membros da microbiota normal, o S.
epidermidis tornou-se um importante agente de infecção hospitalar na pele e
mucosas (principalmente através de cateteres, sondas e próteses). Dentre os
múltiplos fatores que podem ter contribuído para isto está a sua reconhecida
capacidade de formar biofilmes em superfícies de polímeros. As principais
patologias relacionadas com o S. epidermidis são:
✓ Endocardite (é o agente mais comum da endocardite valvar protética de
início precoce)
✓ Furúnculo
✓ Abscessos
✓ Outras patologias associadas ao estado de imunossupressão.
STAPHYLOCOCCUS SAPROPHYTICUS
O S. saprophyticus é uma bactéria cocoide (esférica), Gram positiva,
anaeróbia facultativa, imóvel, não esporuladora, não encapsulada que possui
atividade ureásica e coagulase negativa (o que permite diferenciá-la do
Staphylococcus aureus). Em meios de cultura, assim como os S. epidermidis,
ATENÇÃO - LEMBRAR!
▪ Staphylococcus aureus → catalase + e coagulase +
▪ Staphylococcus epidermidis → catalase + e coagulase –
▪ Staphylococcus saprophyticus → catalase + e coagulase –
2. Estreptococos
Os Streptococcus (do latim, streptus = enlaçados, em cadeia) compreendem
um conjunto heterogêneo de cocos patogênicos que se dividem num só plano
agrupando-se em cadeias de tamanhos variáveis. Englobam-se no conjunto de
cocos Gram-positivos, catalase-negativos, com uma grande importância em
medicina humana e animal. O arranjo celular característico é em forma de cadeias,
o que deu origem à denominação “estreptococos” (cocos em forma de cadeia),
ou aos pares.
Embora esses micro-organismos façam parte da microbiota normal, muitos
deles são responsáveis por uma variedade de manifestações clínicas, e são
considerados importantes agentes infecciosos tanto para o homem quanto para os
animais. Dentre os mais importantes, podemos destacar o Streptococcus pyogenes,
um dos mais conhecidos pela sua incidência na população, principalmente em
países tropicais.
MORFOLOGIA E CARACTERÍSTICAS
São cocos que se agrupam em colônias lineares ou aos pares. Com técnica
Gram, por possuir parede celular grossa e membrana simples, determinam
coloração roxa (Gram-positivos). São imóveis, já que não possuem órgãos de
locomoção (como flagelos e cílios). Nenhum fabrica a enzima catalase, sendo,
portanto, catalase-negativos, uma distinção importante contra os Staphylococcus.
CULTURA E CRESCIMENTO
Os estreptococos são micro-organismos extremamente exigentes com
relação ao seu crescimento em meio de cultura. Devem ser adicionadas ao meio
onde se deseje obter o crescimento dessas bactérias: substancias como o sangue
ou soro, que são substâncias ricas em nutrientes, vitaminas, sais minerais, proteínas e
ferro (fatores de crescimento).
Quando à sua afinidade ao oxigênio, com relação ao seu crescimento, como
já vimos, essas bactérias são aeróbias (crescem muito bem na presença do
oxigênio) ou até mesmo microaerófilas (cresce em pouco teor de oxigênio).
Crescem com temperatura ideal de 37ºC (bactéria mesófila).
Além disso, realizam hemólise em colônias com base de sangue. Os
estreptococos são classificados como beta-hemolíticos (quando causam a lise total
das hemácias) ou não-beta-hemolíticos (quando causam a lise parcial das
hemácias) e gama ou não-hemolíticos.
CLOSTRIDIUM TETANI
O C. tetani é um bacilo Gram-positivo (o que se diferencia da maioria dos
outros bacilos, que são Gram-negativos), sendo eles anaeróbios estritos móveis
peritríqueos. O habitat natural desse bacilo é o solo, estando presente na pele de
alguns animais. Estes micro-organismos crescem em meio de cultura enriquecidos
(como, por exemplo, o Ágar-Sangue), à 37ºC, sendo necessários materiais
completamente fechados e à vácuo que condicionam a anaerobiose para a
cultura desse bacilo.
Este bacilo em relato apresenta a produção de duas importantes toxinas
biologicamente ativas: a neurotoxina chamada de tetanospasmina e uma
hemolisina. A hemolisina, como o próprio nome já sugere, provoca a lise de
hemácias, gerando quadro de anemia aguda. A Tetanospasmina é uma exotoxina
produzida por esta bactéria e liberada para o meio ambiente. O bacilo, porém, só
libera esta neurotoxina quando sofre lise (morte). Sua maior função é atuação no
CLOSTRIDIUM PERFRINGENS
O C. perfringens é um gram-positivo, anaeróbico, produtor de esporos. A
doença é produzida pela formação de toxinas no organismo. Ele é o responsável
por realizar a gangrena gasosa, doença de prognóstico ruim. É uma espécie de
Clostridium que produz infecções invasivas. O Clostridium perfringens apresenta um
subtipo designado como subtipo A que produz toxina chamada de lecitinase, que
causa danos à membrana citoplasmática das células humanas. Além de produzir
esta lecitinase, este bacilo produz uma enterotoxina podendo provocar
intoxicações alimentares.
Na Gangrena gasosa, os esporos dos clostrídios podem ser encontrados no solo e
nas fezes. Tecidos com baixo teor de oxidação-redução facilita a germinação de
células vegetativas e a multiplicação das mesmas. Com isso, há a produção de gás
(dióxido de carbono e hidrogênio) e de toxina necrotizante (que causa
fermentação do tecido muscular, resultando em odor pultrido) e hialuronidase (fator
de propagação). A infecção generalizada leva a uma anemia hemolítica e
toxemia grave, resultando facilmente em morte. Como manifestações clínicas,
destacam-se a ferida contaminada (de 1 a 3 dias), com secreção de odor fétido,
necrose, febre e hemólise devido a toxemia, o que pode gear o choque e a morte.
CLOSTRIDIUM BOTULINUM
Os C.botulinum são grandes bacilos Gram-positivos, produtores de esporos e
toxinas, relacionados com o gênero Bacillus, cujo habitat normal é a água. São
móveis, possuindo flagelos em toda a sua superfície. São bacilos formadores de
esporos que podem sobreviver em água fervendo por até 5h. Produzem uma
neurotoxina que funciona como uma enzima metaloprotease, destruindo as
proteínas envolvidas na exocitose (Exocitose é o para o ambiente aquático, por
REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2011
➢ DESVANTAGENS:
1 - Eficácia limitada contra vários bacilos gram-negativos;
2 - Hidrólise pelos ácidos gástricos, de modo que não pode ser administrada oralmente - VO;
3 - Inativação por β-lactamases.
A eficácia das penicilinas contra bacilos gram-negativos foi aumentada por meio de uma
série de modificações químicas na cadeia lateral. Pode-se observar que a ampicilina e a amoxicilina
exibem atividade contra vários bacilos gram-negativos, que penicilinas anteriores não apresentam.
Contudo, esses fármacos não são úteis contra Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae.
Existem poucos compostos antimicrobianos que atuam sobre a membrana celular, uma vez
que as semelhanças estruturais e químicas das membranas celulares bacterianas e humanas
dificultam a existência de toxicidade seletiva suficiente.
POLIMIXINAs (B e E)
As polimixinas são uma família de antibióticos polipeptídicos, dos quais o composto de maior
utilidade clínica é a Polimixina E (colistina), que é ativa contra bacilos gram-negativos, especialmente
P. aeruginosa. O outro é Polimixina B, utilizada na forma de sulfato de polimixina B (forma ativa),
sendo seu uso bastante reservado, principalmente contra Gram-negativos (possui membrana
externa) por ter muitos efeitos tóxicos.
OUTROS MECANISMOS
METRONIDAZOL
O metronidazol (Flagyl) é bactericida contra bactérias anaeróbias. (Também é eficaz
contra determinados protozoários, como Giardia e Trichomonas.) Este fármaco exibe dois possíveis
mecanismos de ação, não estando claro qual o mais importante.
O primeiro, que explica sua especificidade por anaeróbios, corresponde a sua capacidade
de atuar como depósito de elétrons. Ao captar os elétrons, o fármaco priva o organismo do poder
redutor necessário. Além disso, quando os elétrons são adquiridos, o anel do fármaco é clivado e
forma-se um intermediário tóxico que provoca danos ao DNA. A natureza precisa do intermediário e
sua ação são desconhecidas. O segundo mecanismo de ação do metronidazol consiste em sua
capacidade de inibir a síntese de DNA. O fármaco liga-se ao DNA e provoca clivagem nas fitas,
impedindo sua atuação adequada como um molde para a DNA polimerase.
ISONIAZIDA E PIRAZINAMIDA
A isoniazida, ou hidrazida de ácido isonicotínico (INH, do inglês, isonicotinic acid hydrazide),
é um fármaco bactericida altamente específico para Mycobacterium tuberculosis e outras
micobactérias. É utilizada em combinação com outros fármacos no tratamento da tuberculose, e
isoladamente na prevenção de tuberculose em indivíduos expostos. Uma vez que penetra bem em
células humanas, é eficaz contra os organismos que crescem no interior de macrófagos. INH inibe a
síntese de ácido micólico, o que explica sua especificidade por micobactérias e sua relativa
atoxicidade para humanos. O fármaco inibe a redutase necessária à síntese de ácidos graxos de
cadeia longa denominados ácidos micólicos, os quais são constituintes essenciais das paredes
celulares de micobactérias. O fármaco ativa provavelmente corresponde a um metabólito de INH,
formado pela ação da catalase-peroxidase, uma vez que a deleção dos genes destas enzimas
resulta em resistência ao fármaco. Seu principal efeito colateral consiste na toxicidade hepática. O
fármaco é administrada associada à piridoxina a fim de prevenir complicações neurológicas.
A pirazinamida (PZA) é um fármaco bactericida utilizado no tratamento da tuberculose, mas
não no tratamento da maioria das infecções micobacterianas atípicas. PZA é particularmente
eficiente contra organismos semidormentes presentes na lesão, os quais não são afetados por INH
ou rifampina. PZA atua inibindo um ácido graxo sintetase, impedindo a síntese de ácido micólico.
PZA é convertida no intermediário ativo, o ácido pirazinoico, por uma amidase de micobactérias.
A maioria das bactérias possui uma única cadeia de DNA circular. As bactérias, por serem
organismos assexuados, herdam cópias idênticas dos genes de suas progenitoras (ou seja, elas são
clonais). Algumas bactérias também transferem material genético entre as células. A transferência
de genes é particularmente importante na resistência
à antibióticos. A resistência a antibióticos acontece
devido à "colocação" de um plasmídeo que vai dar
essa resistência ao antibiótico.
TRANSFORMAÇÃO
TRANSDUÇÃO
REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.
2. MURRAY. P. R. ROSENTHAL K. S., PFALLER M. A. Microbiologia Médica. Editora Elsevier. 6ª edição. Rio
de Janeiro, 2014.
BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS
i. Neisseria gonorrhoeae
EPIDEMIOLOGIA
É uma das DSTs mais disseminadas, devido a terem alto grau e frequência de
transmissibilidade (são patogênicas). As infecções disseminadas geralmente surgem a partir de
infecções assintomáticas altamente prevalente em mulheres, indicando que a inflamação
localizada pode inibir a disseminação.
FATORES DE VIRULÊNCIA
Endotoxina (LOS)
Pili
IgA protease
Estão geralmente nas mucosas - a bactéria produz essa enzima (proteinase) que vai destruir
a IgA secretória presente nas mucosas, facilitando a penetração dos microorganismos.
Proteina A e Por
QUADRO CLÍNICO
TRATAMENTO
FATORES DE VIRULÊNCIA
QUADRO CLÍNICO
Meningite é uma inflamação das meninges, cujos sintomas resultam da infecção e da PIC
aumentada. A cefaléia ,febre e calafrio aparecem com frequência, nos sintomas iniciais. Ocorre
uma desorientação e comprometimento da memória. A rigidez na nuca também é um sinal inicial.
Dois organismos são responsáveis por mais de 80% dos casos de meningite bacteriana em
indivíduos com idade acima de 2 meses: Streptococcus pneumoniae e N. meningitidis. Desses
organismos, os meningococos, especialmente aqueles do grupo A, exibem maior probabilidade de
causar epidemias de meningite. Em geral, N. meningitidis corresponde à segunda causa de
meningite, quando comparada a S. pneumoniae, porém é a causa mais comum em indivíduos com
idades entre 2 e 18 anos.
TRATAMENTO
CARACTERÍSTICAS GERAIS
i. Escherichia coli
A maioria das infecções causadas pela E.coli são endógenas com contaminação a partir do
intestino onde ocorre como microbiota normal. Está associado a uma série de doenças. Provoca
com frequência gastroenterites diarreicas, infecções do trato urinário e sepse. A fonte de E. coli que
provoca meningite neonatal é o canal de parto materno; a infecção é adquirida durante o
nascimento.
E. coli é a causa mais comum de infecção do trato urinário e sépsis associada a bacilos gram-
negativos. É uma das duas importantes causas de meningite neonatal e o agente associado com
maior frequência à “diarreia do viajante”, uma diarreia aquosa. Algumas linhagens de E. coli são
entero-hemorrágicas e provocam diarreia sanguinolenta.
FATORES DE VIRULÊNCIA
Endotoxina (LPS)
Antígeno somático O
Cápsula - antifagocitária
Plasmídeos
Adesinas
Têm a capacidade de aderir ao trato gastrointestinal ou nas vias urinárias;
São exotoxinas extracelulares que podem ser excretadas nos tecidos do hospedeiro. Ao
contrário das endotexinas, as bacterias não morrem quando as liberam. Estas toxinas incluem as
toxinas de Shiga (STx-1,STx-2). As outras enterotoxinas são a toxina termoestável (ST, do inglês, stable
toxin) de baixa massa molecular, que estimula a guanilato ciclase, e a termolábel.
As toxinas de Shiga, uma vez que são muito similares àquelas produzidas por espécies de
Shigella. A verotoxina atua removendo uma adenina do RNA ribossomal maior (28S), interrompendo,
assim, a síntese proteica. Também é também chamada de verotoxina, assim denominada por ser
tóxica às células Vero (macaco) em cultura e também às células de revestimento do cólon.
A toxina termolábil (LT, do inglês, labil toxin) atua estimulando a adenilato ciclase. A LT atua
catalisando a adição de adenosina difosfato ribose (um processo denominado ADP-ribosilação) à
proteína G, que estimula a ciclase, o que ativa irreversivelmente a ciclase. O aumento resultante na
concentração de AMP cíclico intracelular estimula a proteína quinase dependente de AMP cíclico,
que fosforila os transportadores de íons da membrana. Os transportadores exportam íons, causando
um extravasamento de fluidos, potássio e cloro a partir dos enterócitos para o lúmen intestinal,
resultando em diarreia aquosa. Observe que a toxina colérica possui o mesmo mecanismo de ação.
QUADRO CLÍNICO
As infecções do trato urinário (ITUs) são causadas principalmente por E. coli; os outros
organismos são menos comuns. São infecções que podem afetar a uretra, a bexiga e os rins. Têm
origem intestinal, onde as bactérias podem migrar e colonizar as regiões periuretrais. Tais infecções
ocorrem principalmente em mulheres, achado atribuído a três características que facilitam a
infecção ascendente até a bexiga, ou seja, uretra curta, proximidade entre a uretra e o ânus e
colonização da vagina por membros da microbiota fecal. Sepse geralmente origina-se de infecções
nas vias urinárias ou no trato grastointestinal.
Linhagens enterotoxigênicas de Escherichia coli são uma causa comum de diarreia nos países
em desenvolvimento, porém são menos comuns nos Estados Unidos. As linhagens produtoras de
enterotoxina não causam inflamação, não invadem a mucosa intestinal, e causam diarreia aquosa
não sanguinolenta. As cepas de E.coli que causam gastroenterite estão subdivididas em cinco
grupos distintos:
Causam doença não pela formação de enterotoxina, mas pela invasão do epitélio do
intestino grosso, provocando diarreia sanguinolenta (disenteria) 1 acompanhada por células
inflamatórias (neutrófilos) nas fezes.
Alguns pacientes acometidos por diarreia sanguinolenta causada por linhagens também
apresentam uma complicação de risco à vida, denominada síndrome hemolítica-urêmica, que
ocorre quando a verotoxina atinge a corrente sanguínea. Essa síndrome consiste em anemia
hemolítica, trombocitopenia e insuficiência renal aguda. Ocorre particularmente em crianças
tratadas com fluoroquinolonas ou outros antibióticos por apresentarem diarreia como efeito adverso.
As espécies de Salmonella causam enterocolite, febres entéricas, como febre tifoide (S. typhi),
e septicemia com infecções metastáticas, como a osteomielite. Estão entre as causas mais comuns
de enterocolite bacteriana nos Estados Unidos.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
i. Pseudomonas aeruginosa
A Pseudomonas aeruginosa causa infecções (p. ex., sépsis, pneumonia e infecções do trato
urinário), principalmente em pacientes apresentando baixas defesas (Pseudomonas aeruginosa é
também conhecida como Burkholderia aeruginosa. As pseudomonas são bacilos gram-negativos
que se assemelham aos membros da família Enterobacteriaceae, entretanto diferem pelo fato de
serem organismos aeróbios estritos e serem fermentadores de lactose.
Por serem ubiquitárias, as pseudomonas são capazes de crescer em água contendo apenas
traços de nutrientes, por exemplo, água de torneira, fato que favorece sua presença no ambiente
hospitalar. Sua capacidade de crescer em soluções aquosas simples resultou na contaminação de
equipamentos de terapia respiratória e anestesia, fluidos intravenosos e, até mesmo, água destilada.
A meningite causada por H. influenzae não pode ser diferenciada clinicamente daquela
causada por outros patógenos bacterianos, por exemplo, pneumococos ou meningococos. A
rápida manifestação de febre, cefaleia e rigidez de nuca, juntamente com sonolência, é típica.
Sinusite e a otite média causam dor na região afetada, opacificação dos seios infectados, e
vermelhidão e abaulamento da membrana timpânica.
v. Stenotrophomonas maltophila
REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.
✓ Eucariontes;
✓ Unicelulares (leveduriformes) ou Multicelulares (filamentosos)
O hábitat natural da maioria dos fungos, portanto, é o meio ambiente. Candida albicans,
membro da microbiota normal de humanos, é uma importante exceção. Todos os fungos requerem
uma fonte orgânica de carbono pré-formada – fato que justifica sua frequente associação à matéria
em decomposição. Quanto a hábitos e nutrição eles podem ser subdivididos em:
• Saprófitas obrigatórios: Fungos que vivem exclusivamente em matéria orgânica morta, não
podendo parasitar organismos vivos.
• Parasitas facultativos ou sapróftas facultativo: Fungos capazes de causar doenças ou de
viver em restos orgânicos, de acordo com as circunstâncias.
• Parasitas obrigatórios: Fungos que vivem exclusivamente atacando organismos vivos.
Em sua maioria, os fungos são aeróbios obrigatórios; alguns são anaeróbios facultativos; porém
nenhum é anaeróbio obrigatório.
▪ Reino: Mycota
▪ Filo: Zygomycota (fungos inferiores zoopatogênicos); Ascomycota (Candida spp.) e
Basidiomycota (Cryptococcus spp.)
• Leveduriformes: unicelulares
• Células esféricas ou elipsoides, unicelulares e isoladas
• Estrutura básica é o blastoconídio e sua reprodução é por gemulação
(brotamento) ou cissiparidade. Pseudohifas: quando a gêmula não se
separa da célula mãe, dando a impressão de ser uma hifa.
• Filamentosos: geralmente multicelulares
▪ Os bolores crescem como filamentos longos (hifas) e formam uma massa
(micélio).
▪ Algumas hifas formam paredes transversais (hifas septadas), ao contrário de
outras hifas não septadas, que são multinucleadas (cenocíticas).
• Dimórfico: dependendo da temperatura ele pode passar por fase filamentosa
e fase leveduriforme
• Em temperatura ambiente é fungo filamentoso, a 37°C (temperatura basal
do corpo humano) é leveduriforme.
▪ Esse é um dos fatores que dificulta o tratamento dos fungos, pois são semelhantes às células do
hospedeiro, e os fármacos possuem mais efeitos danosos ao organismo.
1 O termo “esporos” pode ser substituído por “conídios”, por exemplo, artroconídios.
Em relação ao seu habitat podem ser divididos em geofílicos – vivem em solos, zoofílicos –
vivem em animais e antropofílicos – vivem no homem. Os geofilicos são mais partogênicos e induzem
resposta inflamatória maior, por isso agridem mais o organismo. Os aspectos clínicos das lesões
dermatofíticas são bastante variados e resultam da combinação de destruição da queratina
associada a uma resposta inflamatória.
▪ Trichophyton sp.: é um dos dermatófitos mais comuns, produzindo lesão no pelo, na pele e nas
unhas
▪ Microsporum sp.: Lesão no pelo e na pele
▪ Epidermophyton sp.: Causam lesões na pele
2.5. Candidíase
Os agentes causais das micoses subcutâneas são geralmente considerados com potencial
patogênico baixo e são comumente isolados do solo, de madeira, da matéria orgânica em
decomposição e vegetação.
3.1. Esporotricose
▪ Agente etiológico: Sporothrix schenkii
▪ Epidemiologia: Mais comum em climas quentes; muita incidência em pessoas que
trabalham na agricultura e jardineiro que trabalham com plantas.
▪ Transmissão: inoculação traumática de solo, vegetais ou MO contaminada com o fungo
▪ Aspectos clínicos: Quando introduzido na pele,
tipicamente por um espinho, causa uma pústula ou
úlcera localizada, uma infecção crônica
caracterizada pelo aparecimento de lesões nodulares
e ulcerativas (podem se tornar abertas) que se
desenvolvem ao longo dos vasos linfáticos.
✓ Pode produzir lesões hiperpigmentadas
✓ Infecção recidiva
✓ Raramente há enfermidade sistêmica
▪ Aspectos laboratoriais: são fungos dimórficos
▪ Tratamento: iodeto de potássio em solução (VO); itraconazol em baixas doses
tratamento sistêmico quando comparado às micoses cutâneas.
3.2. Cromoblastomicose
▪ Agente etiológico: Cladosporium carrionii
▪ Epidemiologia: micose esporádica e mais comum em climas quentes. Incidência maior
em pessoas que trabalham com agricultura
▪ Transmissão: inoculação traumática do solo ou MO
contaminada
▪ Aspectos clínicos: infecção crônica recidiva,
pruriginosa, progressiva, indolores (atinge SNP), com
pápulas verrugosas semelhantes a uma “couve-flor”
▪ Aspectos laboratoriais: fungos filamentosos
(pigmentados naturalmente), apresentam conídeos
nas extremidades, hifas septadas e pigmentadas
▪ Tratamento: itraconazol e terbinafina
4. MICOSES SISTÊMICAS
As micoses sistêmcias se caracterizam por serem adquiridas por inalação de esporos
(conídeos) fúngicos, sendo, consequentemente a lesão primária pulmonar, com tendência a
regresão espontânea. O fungo pode se disseminar pelo corpo através do sangue, originando lesões
extrapulmonares nos indivíduos. Os agentes de micoses sistêmicas raramente são implantados
traumaticamente; quando isso ocorre, determinam uma lesão granulomatosa. Os agentes
etiológicos são encontrados no solo e em dejetos animais e geralmente são fungos dimórficos.
4.1. Paracoccidioidomicose
▪ Agente etiológico: Pacacoccidioides brasiliensis
▪ Epidemiologia: é endêmica por toda a américa latina, porém é mais
prevalente na américa do sul e está mais associada a pessoas ligadas
à atividade no campo
▪ Transmissão: inalação dos conídeos; também está relacionada aos
tatus, que são hospedeiros desses fungos e não apresentam a doença
(pode contrair pelo contato com fezes e ingestão da carne
malcozida)
▪ Aspectos clínicos: infecção pulmonar aguda e crônica, lesões úlcero-
vegentantes na face e estomatite moriforme (pequenas lesões na
cavidade oral)
▪ Aspectos laboratoriais: fungo dimórfico
▪ Tratamento: itraconazol por 6 meses
4.2. Coccidiomicose
▪ Agente etiológico: Coccidioides immitis e Coccidiodes pasadasii
▪ Epidemiologia: é endêmica na américa do norte e em algumas áreas
da américa do sil; está mais associada a ambientes intensificados com
dejetos de morcegos e roedores silvestres – acomete bastante
mineradores
▪ Transmissão: inalação dos artroconídios a partir da suspensão do ar
▪ Aspectos clínicos: infecção pulmonar aguda e crônica
▪ Aspectos laboratoriais: fungo dimórfico
▪ Tratamento: Não há necessidade de tratamento para infecções
assintomáticas ou brandas. Anfotericina B ou itraconazol são utilizados
em lesões pulmonares persistentes ou na doença disseminada.
4.3. Histoplasmose
▪ Agente etiológico: Histoplasma capsulatum
▪ Epidemiologia: é endêmica na américa do norte e em algumas áreas
da américa do sul; está mais associada a solos intensificados com
elevado conteúdo de nitrogênio com excretas de morcegos e
pássaros.
▪ Transmissão: inalação dos microconídios a partir da suspensão pelo ar
▪ Aspectos clínicos: infecção pulmonar aguda e crônica. Lesões
polimórficas (várias formas) prevalentes em face de pacientes HIV
positivos.
▪ Aspectos laboratoriais: fungo dimórfico.
▪ Tratamento: Anfotericina B por 12 semanas.
4.4. Blastomicose
▪ Agente etiológico: Blastomyces dermaittidis
▪ Epidemiologia: é endêmica na américa do norte. Está mais
associada a solos e dentritos de folhas contendo fungo.
▪ Transmissão: inalação dos conídios a partir da suspensão pelo ar.
▪ Aspectos clínicos: Infecção pulmonar aguda e crônica. Casos
assintomáticos ou brandos raramente são reconhecidos. A
disseminação pode resultar em granulomas ulcerados na pele, nos
ossos ou em outros sítios.
▪ Aspectos laboratoriais: fungo dimórfico
▪ Tratamento: itraconazol (de escolha) ou fluconazol. Anfotericina B deve ser utilizada no
tratamento de doença severa.
5. MICOSES OPORTUNISTAS
As micoses oportunísticas são causadas por fungos termotolerantes (que crescem a uma
temperatura de 37ºC), de baixa virulência e que determinam doenças em hospedeiros com graves
deficiências do sistema imunológico. Esses fungos tem porta de entrada variável, usualmente
provocam reação supurativa necrótica. Podem acometer os mais variados órgãos, produzindo
quadros polimórficos que se apresentam como manifestação cutânea, subcutânea ou sistêmica.
5.1. Criptococose
▪ Agente etiológico: Criptococcus neoformans (levedura)
▪ Epidemiologia: C. neoformans causa criptococose, especialmente meningite
criptocóccica. A criptococose é a doença fúngica de risco à vida mais comum em
pacientes com AIDS.
▪ Transmissão: É abundante especialmente em solo rico em excretas de pássaros sobretudo
pombos por inalação.
▪ Aspectos clínicos: A infecção pulmonar é frequentemente assintomática ou pode
produzir pneumonia. A doença ocorre principalmente em pacientes com a imunidade
mediada por células comprometida, especialmente pacientes com AIDS, onde o
organismo dissemina-se para o sistema nervoso central (meningite) e para outros órgãos.
Nódulos subcutâneos frequentemente são observados na doença disseminada.
▪ Aspectos aboratoriais: C. neoformans é uma levedura oval com brotamento, envolta por
uma extensa cápsula polissacarídica. Não é dimórfico.
▪ Tratamento: O tratamento combinado com Anfotericina B e flucitosina é utilizado na
meningite e em outras doenças disseminadas. Fluconazol é utilizado em pacientes com
AIDS para supressão a longo prazo de meningite criptocóccica.
5.2. Aspegilose
▪ Agente etiológico: várias espécies do gênero Aspergillus sp., mas principalmente
aspergilus fumigatus
▪ Transmissão: os bolores Aspergillus são amplamente distribuídos na natureza. Crescem na
vegetação em decomposição, produzindo cadeias de conídios. A transmissão ocorre a
partir de conídios disseminados pelo ar.
▪ Aspectos clínicos:
▪ Forma invasiva: A forma mais grave da doença é a infecção invasiva aguda do
pulmão, a qual pode ser disseminada ao cérebro, TGI e outros órgãos.
REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.
VIROLOGIA MÉDICA
Virologia é o estudo dos vírus de suas propriedades. Vírus são os menores agentes infecciosos
que se têm registros, apresentando diâmetro que varia de 20 a 300 ηm, contendo RNA ou DNA como
genoma. Por não ter bateria enzimática ou organelas próprias, replicam-se apenas em células vivas,
parasitando-as em nível genético. Já que são capazes de reproduzir-se apenas no interior de células,
os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios1.
• Ácido nucleico: o vírus contém em geral, apenas um tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA,
que é o portador das informações genéticas para sua propagação. Esse material genético
pode apresentar-se de variadas formas nos vírus: DNA de fita simples (ssDNA), DNA de fita
dupla (dsDNA), RNA de fita simples (ssRNA) e RNA de fita dupla (dsRNA).
• Capsídeo (cápside): capa proteica que protege o genoma viral. O agrupamento das
proteínas virais 2 dá ao capsídeo sua simetria característica, normalmente icosaédrica ou
helicoidal. Há ainda as complexas. O genoma em conjunto com o capsídeo constitui o
nucleocapsídeo. O capsídeo viral tem que ser formado de subunidades identicas, chamadas
protômeros, que se agrupam formando subunidades maiores, os capsômeros. É esta capa
proteica que dá formato aos vírus quando são observados pela microscopia eletrônica.
• Envelope: além do material genético e do capsídeo, alguns vírus possuem estruturas
complexas de membrana envolvendo o nucleocapsídeo. O envelope viral consiste em uma
bicamada lipídica com proteínas, em geral glicoproteínas. A membrana lipídica provêm da
célula hospedeira, muito embora as proteínas sejam codificadas exclusivamente pelos vírus.
Vírion é a unidade infecciosa inteira do vírus, sendo constituido de cerne de ácido nucleico e invólucro
proteico (nucleocapsídeo). Nesta forma, o vírus é capaz de replicar-se no interior da célula.
1 As únicas bactérias parasitas intracelulares obrigatórias são as Clamídias e Riquétsias. Elas são incapazes de sintetizar energia
suficiente para replicar-se de forma independente.
2 As proteínas da superfície viral medeiam a ligação a receptores da célula hospedeira. Essa interação determina a
especificidade do vírus pelo hospedeiro e pelo órgão.
Porém, muitas vezes, encontramos vírus defectivos (defeituosos), os quais apresentam faltas com
relação às estruturas de sua capa proteica (como antígenos), deixando-o, muitas vezes, sem a
capacidade de infecção. Pseudovírions contêm DNA da célula hospedeira, ao invés de DNA viral, no
interior do capsídeo. São formados durante a infecção por determinados vírus, quando o DNA celular
é fragmentado e segmentos deste são incorporados no interior do capsídeo proteico. Os pseudovírions
podem infectar células, contudo não se replicam. Os viroides consistem apenas em uma única
molécula de RNA circular sem envoltório proteico ou envelope. Os Príons2 são partículas infecciosas
compostas unicamente por proteínas, isto é, não contêm ácido nucleico detectável.
Existem quatro exceções aos vírus típicos, conforme descrito a acima. A Infectologia (doenças
infecciosas e parasitárias – DIP) é uma especialidade médica que estuda as carcterísticas,
diagnóstico e tratamento das patalogias geradas por bactérias, parasitas, vírus, príons e animais. 3
Os vírus helicoidais (p. ex., Ebola - Filovírus) lembram longos bastões, e seus capsídeos são
cilindros ocos que circundam o ácido nucleico. Os vírus poliédricos (p. ex., adenovírus) são
multifacetados, sendo o capsídeo, em geral, na forma de um icosaedro. Os vírus envelopados são
quase esféricos, mas altamente pleomórficos. Existem vírus envelopados helicoidais (p.
ex., Influenzavirus) e icosaédricos (p. ex., Simplexvirus).
Os vírus podem ser transmitidos de várias formas, detacando-se por:
➢ Inalação (causadores de doenças respiratórias: Adenovírus, Rhinovírus, Coronavírus)
➢ Ingestão (causadores de doenças gastrintestinais: Picornavírus, Reovírus)
➢ contato de mucosa ou de solução de continuidade – fluidos corporais (vírus sexualmente
transmissíveis: Herpesvírus, Retrovírus, Hepadnovírus)
➢ Vetores - arboviroses, como mosquitos, pulgas, carrapatos, percevejos, moscas, pulgões, etc
(Togavírus, Flavivírus, Rhabdovírus)
3 Príons são implicados como a causa de determinadas doenças “lentas”, denominadas encefalopatias espongiformes
transmissíveis, que incluem doenças como a doença de Creutzfeldt-Jakob em humanos e animais (transmissores), como
vacas (também chamada de Doença da vaca louca). Os príons são muito mais resistentes à inativação por luz ultravioleta e
calor que os vírus.
ATENÇÃO! - LEMBRAR
✓ Todos os vírus conhecidos de seres humanos que possuem nucleocapsídeo helicoidal são
envelopados.
✓ Não se conhecem vírus helicoidais não envelopados que infectem seres humanos
✓ Vírus que possuem um nucleocapsídeo icosaédrico podem ser tanto envelopados quanto
não envelopados.
✓ O genoma de todos os vírus de DNA é de dupla-fita, com exceção dos Parvovírus.
✓ O genoma de todos os vírus de RNA é de fita simples, exceto os genomas dos Reovírus (p.
ex., Rotavírus)
✓ Quase todos os vírus de DNA replicam-se no núcleo, exceto Poxvírus (RNApol+, Vaccínia,
Varíola)
✓ Quase todos possuem DNA dupla-fita, exceto Parvovírus (provocam Eritema Infeccioso)
A replicação viral, que ocorre no interior da célula do hospedeiro, evolui seguindo as etapas de
adsorção, penetração, desnudamento, transcrição e tradução (síntese), maturação e liberação.
1) Adsorção
É a ligação de uma molécula presente na superfície da partícula viral com os receptores
específicos da membrana celular do hospedeiro. Nos vírus envelopados, as estruturas de ligação
geralmente se apresentam sob a forma de espículas, como nos Paramyxovírus e nos vírus sem
envelope. A ligação célula-vírus geralmente está relacionada a um ou grupo de polipeptídeos
estruturais, como acontece nos Papilomavírus. A presença ou ausência de receptores celulares
determina o tropismo viral, ou seja, o tipo de célula em que são capazes de ser replicados. Para
haver a adsorção, é necessária uma ponte entre as proteínas mediadas por íons livres de cálcio e
magnésio, uma vez que as proteínas apresentam carga negativa. Outros fatores vão influenciar
diretamente na adsorção do vírus na membrana celular, tais como, temperatura, pH e envoltórios
com glicoproteínas.
2) Penetração
É a entrada do vírus na célula. Esta pode ser feita de duas maneiras: fusão e viropexia. A fusão é
quando a membrana celular e o envelope do vírus se fundem, permitindo a entrada deste no citosol
da célula. No caso da família Paramixoviridae, a proteína F catalisa a ligação da membrana com o
envelope. A viropexia é uma invaginação da membrana celular mediada por receptores e por
proteínas, denominadas clatrinas, que revestem a membrana internamente. Nos dois mecanismos
existe uma dependência em relação à temperatura adequada, que fica em torno de 37ºC, em vírus
que replicam em células de vertebrado.
3) Desnudamento
Neste processo, o capsídeo é removido pela ação de enzimas celulares existentes nos lisossomos,
expondo o genoma viral. Além disso, se observa a fase de eclipse, onde não há aumento do número
de partículas infecciosas na célula hospedeira. De uma maneira geral, o vírus que possui como ácido
nucleico, o DNA faz síntese no núcleo, com exceção do Poxvírus, uma vez que precisa da enzima
polimerase, encontrada no núcleo da célula. O vírus que possui como genoma o RNA faz a síntese
viral no citoplasma, com exceção do vírus Influenza, pois já possui a enzima polimerase.
4) Síntese Viral
A síntese viral compreende a
formação das proteínas estruturais e não
estruturais a partir dos processos de
transcrição e tradução. Os vírus foram
agrupados em sete classes propostas por
Baltimore em 1971, de acordo com as
características do ácido nucleico e as
estratégias de replicação. Nos vírus
inseridos nas classes I, III, IV e V, o
processo de tradução do RNA
mensageiro ocorre no citoplasma da
célula hospedeira. Já nos vÍrus da classe
II, este processo ocorre no núcleo. Em
todas estas classes, o RNA mensageiro
sintetizado vai se ligar aos ribossomas,
codificando a síntese das proteínas virais.
As primeiras proteínas a serem sintetizadas
são chamadas de estruturais (precoces), pois vão formar a partícula viral. As tardias são as proteínas
não estruturais, que participam do processo de replicação viral. Na classe VI, os vírus de RNA realizam
a transcriptase reversa formando o DNA complementar (RNA’ → DNA’ → RNA), devido a presença
da enzima transcriptase reversa (família Retroviridae, o vírus do HIV).
5) Montagem e Maturação
Nessa fase, as proteínas vão se agregando ao genoma, formando
o nucleocapsídeo. Alguns vÌrus, como o Rotavírus, apresentam mais de
um capsídeo. A maturação consiste na formação das partículas virais
completas, ou vírions, que, em alguns casos, requerem a obtenção do
envoltório lipídico ou envelope. Este processo, dependente de enzimas
tanto do vírus quanto da célula hospedeira, podendo ocorrer no
citoplasma ou no núcleo da célula. De uma forma geral, os vírus que
possuem genoma constituído de DNA condensam as suas partes no
núcleo, enquanto os de RNA, no citoplasma.
6) Liberação
A saída do vírus da célula pode ocorrer por lise celular ou brotamento. Na lise celular (ciclo lítico),
a quantidade de vírus produzida no interior da célula é tão grande que a célula se rompe, liberando
novas partículas virais que vão entrar em outras células. Geralmente, os vírus não envelopados
realizam este ciclo, ao passo que os envelopados saem da célula por brotamento. Neste caso, os
nucleocapsídeos migram para a face interna da membrana celular e saem por brotamento,
levando parte da membrana. Os bacteriófagos praticam os ciclos lítico e o lisogênico, que
compreende uma fase de latencia, mas não é o nosso foco estudar essa parte.
A capacidade de os vírus causarem doença pode ser analisada em dois níveis distintos:
1) CELULAR
Existem quatro efeitos principais da infecção viral de uma célula:
▪ Morte
▪ Fusão de células, formando células multinucleadas
▪ Transformação maligna
▪ Ausência de alteração morfológica ou funcional aparente.
A morte da célula decorre provavelmente da inibição da
síntese de macromoléculas. A inibição da síntese proteica da
célula hospedeira ocorre primeiro e é provavelmente o efeito mais
importante. A inibição da síntese de DNA e RNA pode ser um efeito
secundário. As células infectadas frequentemente contêm corpos
de inclusão, que são áreas distintas, contendo proteínas virais ou
partículas virais. Esses corpos de inclusão apresentam localização
intranuclear ou intracitoplasmática e aspecto característicos, dependendo do vírus. Um dos
melhores exemplos de corpos de inclusão capazes de auxiliar no diagnóstico clínico corresponde
aos corpúsculos de Negri, que consistem em inclusões citoplasmáticas eosinofílicas encontrados em
neurônios infectados pelo vírus da Raiva.
A fusão de células infectadas por vírus origina Células Gigantes
Multinucleadas, formadas caracteristicamente após a infecção por
Herpesvírus e Paramixovírus. A fusão ocorre como resultado de
alterações na membrana celular, provavelmente causadas pela
inserção de proteínas virais na membrana. O diagnóstico clínico de
infecções cutâneas por herpesvírus é auxiliado pelo achado de
células gigantes multinucleadas com inclusões intranucleares
eosinofílicas em raspados de pele.
2) PACIENTE
A patogênese no paciente infectado envolve:
I. TRANSMISSÃO do vírus e sua entrada no hospedeiro
II. REPLICAÇÃO do vírus e dano às células
III. DISSEMINAÇÃO do vírus a outras células e órgãos
IV. RESPOSTA IMUNE, como uma defesa do hospedeiro e como uma causa que contribui para
determinadas doenças
V. PERSISTÊNCIA do vírus em algumas circunstâncias.
Os estágios de uma infecção viral típica são os mesmos das para a infecção bacteriana:
1) Período de incubação, que corresponde ao período entre a aquisição do organismo (ou toxina)
e o início dos sintomas (este tempo varia de horas a dias ou semanas, dependendo do organismo);
2) Período prodrômico, durante o qual ocorrem sintomas inespecíficos, como febre, mal estar e
perda de apetite;
3) Período específico da doença, durante o qual ocorre a manifestação dos sinais e sintomas
característicos da doença;
4) Período de recuperação, durante o qual a infecção regride e o paciente retorna ao estado sadio.
A persistência de um agente viral, sem que o hospedeiro manifeste sintomas clÌnicos
específicos, caracteriza o Período de latência. Em relação aos padrıes de doenças virais no
hospedeiro, as infeções podem se apresentar das seguintes formas:
▪ Localizada ou Disseminada
▪ Sintomática ou Inaparente
▪ Aguda ou Crônica.
Após o período de recuperação, alguns indivíduos tornam-se portadores crônicos dos
organismos e podem eliminá-los, embora permaneçam clinicamente bem. Outros podem
desenvolver uma infecção latente, a qual pode recorrer da mesma maneira que a infecção primária
ou manifestar sinais e sintomas diferentes. Embora muitas infecções provoquem sintomas, várias
outras são subclínicas; isto é, o indivíduo permanece assintomático, embora infectado pelo
organismo. Nas infecções subclínicas, bem como após o período de recuperação, a presença de
anticorpos é frequentemente utilizada para determinar a ocorrência de uma infecção.
Os mecanismos de imunopatogênese e evasão viral já foram explicados no material de
Imunidade contra microogarnismos. As defesas do hospedeiro contra os vírus classificam-se em duas
categorias principais: inespecíficas, das quais os mais importantes são os interferons e as células
natural killer, e específicas, incluindo a imunidade humoral e a imunidade mediada por células.
O Interferon (IFN) é uma proteína produzida pelas leucócitos e fibroblastos para interferir na
replicação de fungos, vírus, bactérias e células de tumores e estimular a atividade de defesa de
outras células. Existem três tipos de interferon (I, II e III), classificados de acordo com o receptor
celular e resposta que ativam. Interferons consistem em uma defesa precoce de primeira linha,
enquanto a imunidade humoral e a imunidade mediada por células são efetivas apenas
posteriormente, uma vez que a indução de uma resposta imune demanda vários dias.
Os interferons (IFN) inibem a replicação intracelular de uma ampla variedade de vírus de DNA
e RNA, porém exibem pouco efeito sobre o metabolismo de células normais; isto é, exibem
acentuado grau de inibição seletiva. Atuam induzindo a síntese de três proteínas celulares que
inibem a tradução do mRNA viral, sem afetar a tradução do mRNA celular. Os interferons não
exercem efeito direto sobre partículas virais extracelulares.
Os interferons não penetram na célula, porém atuam ligando-se a um receptor da superfície
celular que sinaliza para a célula sintetizar a ribonuclease e as demais proteínas antivirais. Uma vez
que os interferons são produzidos em poucas horas após a iniciação da replicação viral, podem
atuar na fase precoce das doenças virais, limitando a disseminação dos vírus. Contrariamente, os
anticorpos começam a surgir no sangue vários dias após a infecção.
2. Viroses
RUBÉOLA
Seu agente etiológico pertence a família Togaviridae, do gênero Rubivirus. A rubéola é uma
doença causada pelo vírus da rubéola e transmitida por via respiratória. É uma doença geralmente
benigna, mas que pode causar malformações no embrião em infecções de mulheres grávidas. A
rubéola é um dos cinco exantemas (doenças com marcas vermelhas na pele) da infância. Os outros
são: o sarampo, a varicela, o eritema infeccioso e a roséola.
A rubéola pode se manifestar na forma pós-natal. A transmissão é por contacto direto,
secreções ou pelo ar. O vírus multiplica-se na faringe e nos órgãos linfáticos e depois se dissemina
pelo sangue (disseminação hematogênica) até a pele, onde causará erupções ruborosas
características. O período de incubação é de duas a três semanas; transmissível até 2 meses após a
infecção.
A rubéola congênita também é um grave quadro médico. O vírus da rubéola só é realmente
perigoso quando a infecção ocorre durante a gravidez, com invasão da placenta e infecção do
embrião, especialmente durante os primeiros três meses de gestação. Nessas circunstâncias, a
rubéola pode causar aborto, morte fetal, parto prematuro e malformações congênitas (cataratas,
glaucoma, surdez, cardiopatia congênita, microcefalia com retardo mental, defeitos dentários ou
espinha bífida). Uma infecção nos primeiros três meses da gravidez pelo vírus da rubéola é suficiente
para a indicação de aborto voluntário da gravidez.
A infecção, geralmente, tem evolução benigna e em metade dos casos não produz qualquer
manifestação clínica. As manifestações mais comuns são febre baixa (até 38°C), aumento dos
gânglios linfáticos no pescoço, hipertrofia ganglionar retro-ocular e suboccipital, manchas (máculas)
cor-de-rosa (exantemas) cutâneas, inicialmente no rosto e que evoluem rapidamente em direção
aos pés e em geral desaparecem em menos de 5 dias. Outros sintomas são a vermelhidão
(inflamação) dos olhos (sem perigo), dor muscular das articulações, de cabeça e dos testículos, pele
seca e congestão nasal com espirros.
HERPES SIMPLES
Tem como agente etiológico o vírus da familia Herpesviridae, do gênero Simplexvirus, que
também apresenta como ácido nucleico o DNA. A herpes é uma doença viral recorrente,
geralmente benigna, causada pelos vírus Herpes simplex 1 (HSV-1) e 2 (HSV-2), que afeta
principalmente a mucosa da boca ou região genital, mas pode causar graves complicações
neurológicas.
HSV são dois vírus da família dos Herpesvirus, com genoma de DNA bicatenar (dupla hélice)
que se multiplicam no núcleo da célula-hóspede, produzindo cerca de 90 proteínas víricas em
grandes quantidades. Têm nucleocapsídeo de simetria icosaédrica e envelope bilipídico. Têm a
propriedade de infectar alguns tipos de células de forma lítica (destrutiva) e outras de forma latente
(hibernante). Os HSV1 e 2 são líticos nas células epiteliais e nos fibroblastos, e latentes nos neurônios,
onde são reativados em alturas de fragilidade do indivíduo, como stress, febre, irradiação solar
excessiva, trauma ou terapia com glucocorticoides (corticosteroides).
➢ O HSV-1 tem maior afinidade pela pele e mucosas, principalmente lábios, mas podem realizar
uma via hematogênica e alcançar as células nervosas. Desse modo, podem causar cegueira
corneal ou uma encefalite fatal.
➢ O HSV-2 tem características de maior virulência e infecciosidade para a mucosa genital, como
vulvovaginites herpética e herpes neonatal (que é transmitido durante o momento do parto).
A produção de proteínas víricas pelas células tomadas pelo vírus têm três fases: na primeira
produzem-se as proteínas envolvidas na replicação do seu genoma e essa replicação ocorre. Na
segunda há produção de proteínas reguladoras víricas que regulam o metabolismo da célula para
maximizar o número de virions produzíveis; e na terceira há produção das proteínas do
nucleocapsídeo e construção das novas unidades virais, após o qual a célula é destruída pela
grande quantidade de vírus que é fabricada.
Após infecção da mucosa, o vírus multiplica-se produzindo os
característicos exantemas (manchas vermelhas inflamatórias) e
vesículas (bolhas) dolorosas (causadas talvez mais pela resposta
destrutiva necessária do sistema imunitário à invasão). As vesículas
contêm líquido muito rico em virions e a sua ruptura junto à mucosa
de outro indivíduo é uma forma de transmissão (contudo também
existe vírus nas secreções vaginais e do pênis ou na saliva). Este fato
remete o caso em que a transmissão dessa patologia não acontece em períodos de latência,
porém, há relatos na literatura em que a herpes genital foi transmitida por portadores assintomáticos.
Essas vesículas desaparecem e reaparecem sem deixar quaisquer marcas ou cicatrizes. É
possivel que ambos os vírus e ambas as formas coexistam num só indivíduo. Os episódios agudos
secundários são sempre de menor intensidade que o inicial (devido aos linfócitos memória), contudo
a doença permanece para toda a vida, ainda que os episódios se tornem menos frequentes. Muitas
infecções e recorrências são assintomáticas.
ENTERITE VIRAL
HEPATITE A
É uma doença aguda do fígado, causada pelo vírus da Hepatite A (Familia: Picornaviridae;
Gênero: Hepatovírus), geralmente de curso benigno. O vírus da Hepatite A é de RNA unicatenar
(simples) positivo (é usado diretamente como mRNA na síntese proteica). Tem capsídeo icosaédrico,
mas não possui envelope. O vírus é muito resistente a condições externas adversas (sobrevivendo em
temperaturas relativamente altas, como a 60 ºC por 30 min). A transmissão se dá via oral-fecal, sendo
mais frequente em crianças e adolescentes. O período de incubação dura cerca de um mês.
No intestino infecta os enterócitos da mucosa onde se multiplica. Daí dissemina-se pelo
sangue, e depois infecta principalmente as células para as quais mostra a preferência, os
hepatócitos do fígado. Este tropismo é devido à abundância nessas células dos receptores
membranares a que o vírus se liga durante a invasão. Os vírions produzidos são secretados nos canais
biliares e daí migra para o duodeno, sendo expelidos nas fezes. Os sintomas são tantos devidos aos
danos do vírus como à reação destrutiva para as células infectadas pelo sistema imunitário. Mais da
metade dos doentes poderão ser assimtomáticos, particularmente crianças. Surgem geralmente de
forma abrupta febre, dor abdominal, náuseas, alguma diarreia que se mantém durante cerca de
um mês. Mais de metade dos doentes desenvolve então icterícia. Em 99% dos casos segue-se a
recuperação e cura sem problemas.
HEPATITE B
É uma doença infecciosa frequentemente crônica causada pelo vírus da Hepatite B (HBV)
(Família: Hepadnaviridae; Gênero: Orthohepadnavirus). É transmitida sexualmente, por agulhas
infectadas, transfusão sanguíena e pode progredir para cirrose hepática ou cancro do fígado
(hepatocarcinoma). O vírus da hepatite D é um vírus que só ataca células já infectadas pelo HBV
piorando o prognóstico dos doentes com hepatite B crônica. Como complicação mais grave desse
quadro, é a origem do carcinoma hepatocelular (câncer no fígado).
O medicamento utilizado para o tratamento é a ribavirina e vidarabina. A profilaxia consiste
no reconhecimento de indivíduos infectados; eliminação de sangue e plasma de doadores
infectados pela pesquisa HbsAg (antígeno contra o vírus da hepatite B); vacinação a partir de
antígenos do vírus da Hepatite B por meio da técnica de DNA recombinante (vacina de DNA).
HEPATITE C
É uma doença viral do fígado causada pelo vírus da hepatite C (Família: Flaviviridae; Gênero:
Hepacivirus). A hepatite C pode ser considerada a mais temida e perigosa de todas as hepatites
virais, devido à inexistência de vacina e limitações do tratamento, e à sua alta tendência para a
cronicidade que complica eventualmente em cirrose hepática mortal. O vírus da hepatite C é um
RNA-vírus flavivirus, um dos poucos dessa família (que inclui os vírus da dengue, febre amarela e Nilo
ocidental) que não é transmitido por artrópodes. A transmissão deste vírus é feita por via parentérica
(por transfusão sanguínea). Ele é capaz de sobreviver em temperaturas de 100 ºC por 2 minutos.
Em 85% dos casos, incluindo quase todas as crianças, a hepatite inicial pode ser assintomática
ou leve. O sistema imunitário não responde eficazmente ao vírus, e o resultado é cronicidade em 80%
dos casos. Destes, 40% progridem rapidamente para cirrose e morte; 25% progridem lentamente com
cirrose e morte ao fim de 10 anos; e outros 35% após 20 anos. O cancro do fígado surge em mais 5%
após 30 anos. Os restantes tornam-se portadores a longo prazo, infecciosos. A incidência de hepatite
C pôde ser reduzida pelo rastreamento adequado de doadores de sangue nas últimas décadas.
Hoje, apenas 5% dos novos casos são adquiridos dessa forma. A melhor forma de prevenção reside
no combate ao uso de drogas endovenosas. Há evidências de que o tratamento da hepatite C
reduz o risco de surgimento do hepatocarcinoma.
(sozinho, este não é capaz de produzir a infecção, mas deve se associar ao HBV para gerar essa
superinfecção). A hepatite frequentemente é fulminante em casos de infecção pelo VHD e é
caracterizada por alta mortalidade
HEPATITE E
É uma doença hepática que não se cronifica. Etiologicamente causada por um RNA-vírus.
Considera-se como uma hepatite benigna e autolimitada (quando não ligada à gravidez). A
transmissão é oral-fecal: a contaminação geralmente se dá através da água contaminada. Por
causa disso, os surtos se desencadeiam após longos períodos de fortes chuvas, em que há a
contaminação de água de poço e de reservatórios por esgoto. A transmissão pessoa a pessoa não
é tão eficiente como na hepatite A.
O vírus sofre replicação no fígado, intestino e ducto biliar. Ocorre degradação das partículas
virais por proteases (culminando na pequena presença dessas partículas nas fezes), mas o indivíduo
continua sendo um portador. Como manifestações clínicas, apresenta formas subclínicas até
infecções fulminantes. O prognostico é, na maioria, benigno, mas apresenta pior prognóstico em
gestantes com quadros fulminantes, com mortalidade de aproximadamente 20%.
O HIV também é classificado como um lentivírus (que podem passar anos para iniciar o
desenvolvimento da infecção). Há dois subtipos de vírus HIV, o HIV-1 que causa a SIDA/AIDS típica,
presente em todo o mundo, e o HIV-2, que causa uma doença em tudo semelhante, mais frequente
na África Ocidental, e também existente em Portugal. O fato do HIV ser altamente mutagênico faz
com que uma forma possa se converter na outra durante uma mesma infecção. A partícula
infecciosa destes vírus é caracterizada por duas fitas de RNA (capaz de sintetizar proteínas virais
específicas), presença de envelope de bicamada fosfolipídica e de proteínas de membrana. As
sequências gênicas codificadas por este vírus fazem parte do genoma LTRs (long terminal repeats),
sendo eles os genes gag e os genes env, que são genes regulatórios.
O ciclo de vida do HIV inicia com a sua presença no sangue, sêmen ou fluidos corporais do
indivíduo infectado. O contato sexual ou picada de agulha contaminada faz com que este vírus seja
disseminado com bastante facilidade. A manifestação da doença é caracterizada quando o vírion
HIV estabelece ligações ao LT CD4 e as quimiocinas, por meio de uma fusão da membrana do HIV
com a membrana da célula, sendo esta fusão auxiliada por duas proteínas virais: a gp41 e a gp120.
A partir do momento que o RNA viral (pró-vírus) é integrado ao genoma da célula hospedeira, temos
então o início da síntese de DNA pró-viral por meio da transcriptase reversa. Este DNA gerado passa
a se integrar cada vez mais ao genoma da célula. Um fato interessante é que a liberação de
citocinas por células de defesa, quando o HIV está implantado, aumenta a ativação deste vírus,
facilitando a sua transcrição e o transporte dos RNAs para o citoplasma.
Estima-se que mais de 15 000 pessoas sejam infectadas por dia em todo o mundo (dados de
1999); 33 milhões estão atualmente infectadas, e 3 milhões morrem a cada ano. A esmagadora
maioria dos casos ocorre na África, onde a principal forma de transmissão é o sexo heterossexual, e
o uso de prostitutas. A transmissão se dá por fluidos corporais de origem sanguínea, tais como sêmen
e secreções vaginais. O HIV não é transmitido por toque casual, espirros, tosse, picadas de insetos,
água de piscinas, ou objetos tocados por soropositivos. O convívio social, portanto, não está
associado a transmissão do vírus. Um dos problemas mais graves para a saúde pública é a
trasnmissão vertical (da mãe para o filho através do útero ou pelo leite materno). O diagnóstico ideal
para o HIV é a técnica de PCR para detecção do vírus.
O diagnóstico da infecção pelo HIV é naturalmente realizado por sorologia, ou seja detecção
dos anticorpos produzidos contra o vírus com um teste ELISA. Eles são sempre os primeiros a serem
efetuados, contudo dão resultados positivos falsos, por vezes. Por isso é efetuado nos casos positivos
um teste, muito mais específico e caro, de western blot, para confirmar antes de se informar o
paciente. Eles não detectam a presença do vírus nos indivíduos recentemente infectados.
REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.
VÍDEOS
Replicação viral:
https://www.youtube.com/watch?v=MOxdorNhPvo
HIV:
https://www.youtube.com/watch?v=Cn6wHnwFJ0Q
https://youtu.be/GF_6a3aW-Ww
PARASITOLOGIA
@emmanuelpacheco_20
Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
@emmanuelpacheco_20
Esta aula é relativamente nova no módulo e cada vez mais tem ganhado importância em
associação a assuntos relativos a Parasitologia, como Helmintíases e protozooses. O foco aqui é saber
a applicação dos principais métodos diagnósticos diretos e indiretos e como suas especificidades
bem como vantagens e desvantagens se aplicam na escolha para cada conduta do médico desde
a confirmação da hipótese diagnóstica até o tratamento.
1. O Médico e o Laboratório
Levando em conta que as etapas iniciais do processo diagnóstico já tenham sido cumpridas
(história clínica, dados epidemiológicos e o cuidadoso exame físico), estabelecem-se as hipóteses
diagnósticas iniciais e parte-se para os exames laboratoriais e de imagem do diagnóstico.
Didaticamente, divide-se essa fase em duas etapas. Na primeira delas, costumam-se realizar
exames laboratoriais de caráter mais geral, com o objetivo de estabelecer índices de saúde geral,
na maior parte das vezes, não característicos ou típicos para uma ou outra doença, mas que podem
nos ajudar a definir as etapas subsequentes de investigação laboratorial ou de imagem. Nessa fase
do processo costumam-se incluir o hemograma e dosagens de proteínas de fase aguda ou de
avaliação de processo inflamatório geral pois, embora relativamente inespecíficos, costumam trazer
informações úteis a respeito da natureza do processo nosológico (presença ou não de infecção,
que tipo de agente infeccioso envolvido, entre outros).
Todos esses exames iniciais não têm a pretensão de fazer o diagnóstico isoladamente.
Entretanto, por serem de rápida obtenção, amplamente disponíveis e de baixo custo,
habitualmente, podem guiar as etapas subsequentes do diagnóstico, particularmente a sorologia,
as culturas e as técnicas moleculares, visando ganhar tempo e reduzir custos dos procedimentos
diagnósticos mais específicos.
Nesse tema, cabe lembrar que o diagnóstico laboratorial específico pode ser feito pelo
emprego de dois métodos ou abordagens:
• Diretos: emprega-se esse termo toda vez que a pesquisa do agente etiológico se faz com o uso
de técnica que detecta o próprio agente infeccioso, seja qual for a técnica, agente ou material
clínico investigado. Assim, exemplos de técnicas diretas são: hemocultura para bactérias, fungos,
isolamento viral em culturas de células; pesquisa de antígenos bacterianos, fúngicos ou virais;
técnicas moleculares para identificação do DNA ou do RNA bacteriano, fúngico ou viral. Enfim,
qualquer técnica cujo produto seja algum componente do agente infeccioso, total ou parcial,
enquadra-se na definição de diagnóstico direto.
• Indiretos: emprega-se esse termo quando se faz a pesquisa de uma reatividade do organismo
infectado face à presença do agente infectante. Regra geral, isso é praticamente sinônimo de
pesquisa de anticorpos, independentemente do material biológico em que se faz essa pesquisa,
do tipo de imunoglobulina pesquisada e da técnica utilizada. Assim, exemplos de técnicas
indiretas são pesquisa de IgM para toxoplasmose no soro pela quimioluminescência; pesquisa de
IgG para herpes simples no liquor (embora a rigor não se trate de “sorologia”, esse termo é
rotineiramente usado), pela técnica imunoenzimática ou outras (ver material de
Imunodiagnóstico).
No campo do diagnóstico direto, é importante ter em mente alguns detalhes que podem ter
impacto na efetividade do procedimento diagnóstico. Assim, podem-se citar a escolha do material
biológico (sangue total, liquor, secreção, líquido cavitário); o momento da coleta frente a uma
medicação já instituída (pico da concentração sérica de um antibiótico, por exemplo); o tempo
transcorrido depois do início das manifestações clínicas; o meio de cultura apropriado; o tipo de
célula para possibilitar isolamento viral; a estabilidade da amostra (temperatura ambiente,
refrigerada a 4°C ou congelada); o tempo de transporte, dentre inúmeros outros. Ao conjunto desses
fatores que antecedem a realização dos exames propriamente ditos costuma-se denominar fatores
pré-analíticos.
No método direto, gota é coletada no centro de uma lâmina, coberta com lamínula e
examinada imediatamente após, pois a coagulação é rápida. Esse exame direto ou a fresco permite
visualizar os parasitos vivos, movimentando-se.
A gota espessa é a melhor alternativa para detecção dos parasitos da Malária, sendo
considerada padrão-ouro para o diagnóstico da doença. É também empregada para encontrar
microfilárias de Wuchereria bancrofti e de tripomastigotas sanguíneos de Trypanosoma cruzi
durante a fase aguda da infecção chagásica.
ATENÇÃO – LEMBRAR!
O Exame Parasitológico de Fezes (EPF) tem como objetivo diagnosticar os parasitos intestinais,
por meio da pesquisa das diferentes formas parasitárias que são eliminadas nas fezes. O
Parasitológico de fezes é indicativo de carga parasitária. Em geral, apenas uma amostra de fezes é
insuficiente para diagnóstico. Devem ser, no mínimo, 3 amostras ALTERNADAS (dia sim/ dia não), isso
elimina ao acaso presença de patógenos diferentes. Pode ser estendido até 5 amostras, o que é
para patógenos menos encontrados. O paciente não pode ter tomado o antiparasitário nos últimos
15 dias ou estiver usando laxantes até 1 semana depois de ter realizado o exame,1 o que muitas
vezes se mostra como interferência e é necessário, nesses casos, postergar a data do exame no
momento da consulta. É um exame de:
✓ Simples realização
✓ Fácil execução
✓ Não invasivo
✓ Baixo custo
1) A amostra do montante de fezes é coletada (na maioria das vezes solicitado para o próprio
paciente);
2) Essa amostra é levada ao laboratório solicitado conforme orientação;
3) Adiciona-se água destilada;
4) Homogeiniza-se essa mistura;
5) Realiza-se filtração simples para retirada de resíduos maiores;
6) Parte é transferida a um tubo de ensaio (alíquota)
7) Centrifuga-se a alíquota (1.500 rpm por 3 min);
8) Despreza-se grande parte da parcela centrifugada;
9) O restante, a depender do método adotado, é finalmente analisado em microscópio.
1 CAUTELA: uso de laxantes, sulfato ferroso, óleos minerais, contrastes com bário ou iodo.
Quando solicitada pela clínica médica poderá ser feita a coleta de múltiplas amostras. O
mais recomendado é a coleta de três amostras em dias alternados. Para isso o paciente recebe um
frasco com o conservador, onde ele irá colocar, a cada dia, uma porção de fezes,
homogeneizando-as. Finalizada a coleta, o frasco é enviado ao laboratório para a realização do
EPF. Quando não há possibilidade de remeter as fezes frescas rapidamente ao laboratório ou então
examiná-las logo que cheguem, estas deverão ser mantidas a baixas temperaturas (5" a 10" C), para
evitar a putrefação, devendo ser examinadas o mais rapidamente possível ou no máximo dois a três
dias após a emissão, para que não se inviabilize a amostra.
Os trofozoítos de amebas e Giardia não se conservam no formol 10% ou MIF, dois conservadores
muito utilizados.
Todos os parasitos encontrados no EPF deverão ser relatados, sejam eles patogênicos ou não.
Deverão ser citados a forma parasitária observada (ovo, larva, cisto, trofozoíto, oocisto, verme
adulto) e o nome científico do parasito, incluindo o gênero e espécie, sempre que possível. Também
deverá constar o(s) método(s) executado(s) e a consistência das fezes, tendo em vista que os
métodos rotineiramente empregados não permitem o encontro de trofozoítos de protozoários em
fezes diarréicas. Observações sobre o numero de amostras colhidas devem ser relatadas.
As formas parasitárias variam quanto ao seu peso e sobrevida no meio exterior. Assim, não
existe um método capaz de diagnosticar, ao mesmo tempo, todas as formas parasitárias. Alguns
métodos são mais gerais, permitindo o diagnóstico de vários parasitos intestinais, outros são métodos
específicos, indicados para um parasito em especial. Entre os métodos gerais, podemos citar o
método de Hoffman, Pons e Janer e o os métodos de centrifugação (MIFC, Ritchie e Coprotest).
IMPORTANTE ! Na maioria dos pedidos de EPF, a suspeita clínica não é relatada, e o exame é
feito por um dos métodos gerais, acima citados. Quando é solicitada a pesquisa de um parasito que
exige a execução de um método específico, tanto este como o método geral devem ser
executados. Por exemplo, ao se solicitar apenas “Exame Parasitológico de Fezes”, se realizará
apenas Hofmann, porém ao se especificar suspeita de Esquistossomose, deve-se realizar também
Kato-Katz. Desta forma, o EPF ficará mais completo, pois será feita a pesquisa dos vários parasitos
intestinais e não apenas daquele solicitado. Tal conduta se justifica pelo fato de vários parasitos
DIRETO A FRESCO
Esse método apresenta baixa sensibilidade, pois não utiliza um processo para a concentração
das formas parasitárias, a quantidade de fezes empregada é muito pequena e o excesso de detritos
pode mascarar as formas parasitárias. Estas serão detectadas quando presentes em grande
quantidade. Entretanto, este método pode ser útil para a pesquisa de trofozoítos de protozoários em
fezes diarreicas recém-emitidas (no máximo 30 minutos após). E aconselhável examinar, no mínimo,
três lâminas de cada amostra.
MÉTODO DE HOFFMAN
MÉTODO DE GRAHAM
Essa técnica deve ser feita ao amanhecer, antes do paciente fazer a higiene e repetida, em
dias sucessivos, caso dê negativo. Caso a lâmina não possa ser examinada no mesmo dia, deve ser
embalada em papel alumínio e conservada em geladeira. É utilizada para pesquisa de ovos de
Taenia sp. e Enterobius vermicularis na região perianal.
MÉTODO DE KATO-KATZ
❖ MEIOS DE CULTURAS
Essas letras representam as iniciais de McNeal, Novy e Nicolle, seus autores. Muito utilizado
para isolamento e manutenção de espécies do gênero Leishmania OU Trypanosoma cruzi.
Necessitam de 4 a 6 semanas de incubação.
MEIO DIAMOND
MEIO STUART
REFERÊNCIAS
1. NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 12ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
HELMINTOS
Helmintos são vermes de corpo achatado que representam um dos maiores reinos animais
que existem, apenas perdendo para o reino insecta. As infecções por esse parasitas intestinais se
chamam Helmintíases, semelhante a nomeclatura do sufixo -ose, para parasitoses intestinais. Nessas
aulas serão dados os Helmintos de mais relevância nacional e mundial epidemiologicamente, porém
claro que existem outras dúzias de vermes parasitos que também são de interesse médico, porém
seus casos de infecção são mais isolados.
Esse grande Reino se ramifica no filo dos Platelmintos e dos Nelmatelmintos. Os Platelmintos
são inteiramente adaptados ao parasitismo e atacam os seres humanos nas regiões tropicais e
temperadas, principalmente em países subdesenvolvidos. Ela por sua vez se divide nas classes do
Trematódeos, cujo gênero de maior importância é o Squistosoma sp. cujas suas espécies são os
principais agentes etiológicos de doenças no homem dentro dessa classe; e dos Cestódeos, cujas
espécies Taenia solium e Taenia saginata discutiremos aqui. Depois falaremos das principais
ocorrências dos Nematelmintos, Ascaris, Ancylostoma e Strongyloides.
1. Esquistossomose
A classe Trematoda constitui um conjunto de vermes que são endoparasitos obrigatórios
(abrigam-se nos vasos sanguíneos) e apresentam um ciclo biológico complexo, com morfologia e
hospedeiros diferentes em cada fase do ciclo. Constituem um grupo zoológico de espécies
inteiramente adaptadas ao parasitismo, muitas das quais têm o homem como hospedeiro habitual
ou ocasional. Possuem corpo segmentado e uma ou mais ventosas de fixação.
S. mansoni ocorre na África, na América do Sul e nas Antilhas, onde determina uma infecção
denominada Esquistossomose mansônica ou intestinal, pela localização dos parasitos nas vênulas
da parede do grosso intestino, sigmóide e reto, com sintomas predominantemente intestinais.
Discorreremos mais sobre ele nesse resumo.
DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL
O número de pessoas com infecção esquistossomótica, em todo o mundo, foi estimado entre
150 e 200 milhões. A grande maioria delas vive na Ásia e na África. Na América do Sul e no Caribe
encontram-se vários milhões de casos. No Brasil, existem mais de 6 milhões de indivíduos infectados,
se concentrando nas regiões litorâneas Enquanto a maioria das parasitoses humanas vai diminuindo
de importância, em função do desenvolvimento econômico e dos métodos de controle disponíveis,
a esquistossomíase encontra-se ainda em expansão, em muitas regiões do mundo, vinculada
inclusive ao desenvolvimento de recursos hídricos para a irrigação ou para a produção de energia
hidrelétrica, especialmente na África, o país mais afetado com mais de 200 milhões de casos
documentados.
SQUISTOSOMA MANSONI
Weiland em 1858 denominou o gênero deste helminto de Schistosoma, uma vez que o macho
apresenta o corpo fendido (schisto = fenda; soma = corpo), sendo esta designação aceita até hoje.
O nome fenda é algo incorreto, uma vez que o sulco e na realidade formado pelas extremidades
laterais do macho, que se dobram no sentido ventral. Somente em 1907 com Sambon foi dada a
denominação da espécie Schistosoma mansoni. As observações dessse autor, que o levaram a criar
uma espécie nova, foram independentemente vistas por Pirajá da Silva, na Bahia, na mesma época,
que a denominou Schistosoma americanum.
É a Esquistossomose mais importante no Brasil, onde pode ser conhecida ainda pelos
seguintes termos: xistossomose, xistosa, doença do caramujo, doença de Pirajá da Silva, “barriga
d’água” (ascite), bilharsiose. O Schistosoma mansoni chegou ao Brasil durante os tempos de intenso
tráfico de escravos, em que pessoas parasitadas chegavam aos portos brasileiros, principalmente no
nordeste, disseminando-se para todo o Brasil.
No Brasil, os casos predominam nas regiões litorâneas. As áreas endêmicas importantes estão
compreendidas no norte do Maranhão e em uma faixa que abrange as regiões orientais do Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco (Zonas do Litoral e Mata, do Agreste e do Brejo), grande
parte dos Estados de Alagoas e Sergipe, bem como da Bahia e de Minas Gerais, e a Zona Serrana
do Espírito Santo.
MORFOLOGIA
Apresentam os sexos separados, ous seja, são dióicos, são delgados e longos, com
acentuado dimorfismo sexual. Os vermes adultos habitam o sistema porta do hospedeiro definitivo.
Com a maturação sexual, migram para as veias mesentéricas, onde acasalam e liberam ovos. O
macho mede cerca de 1 cm e tem cor esbranquiçada. Apresenta o corpo dividido em duas
porções: anterior, na qual encontramos a ventosa oral e a ventosa ventral (acetábulo), que são bem
mais evidentes no macho do que na fêmea; e a posterior (que se inicia logo após a ventosa ventral)
onde encontramos o canal ginecóforo, que nada mais é do que dobras das laterais do corpo no
sentido longitudinal para albergar a fêmea, e fecundá-la. A fêmea mede cerca de 1,5 cm e tem cor
mais escura. Na metade anterior, encontramos a ventosa oral e o acetábulo. A metade posterior é
preenchida pelas glândulas vitelogênicas (ou vitelinas) e o ceco.
Os ovos, ao serem depositados, podem levar dois caminhos: serem eliminados nas fezes ou
formarem granulomas (ovos + células de defesa do sistema imune). No hospedeiro, o ovo pode durar
cerca de 20 dias. Em fezes líquidas, pode durar cerca de 24h, enquanto que em fezes pastosas, dura
cerca de 5 dias. Condições ideais: temperatura elevada, ambiente úmido e luz.
Quando maduros, exibem na extremidade anterior uma protuberância móvel e um poro para
a eliminação de cercárias. O tempo necessário para a maturação dos esporocistos-filhos e
formação das primeiras cercárias é de 3 a 4 semanas, variando com a temperatura ambiente.
O número de cercárias produzidas varia de um dia para ou- tro, com o ciclo
de desenvolvimento dos esporocistos. Varia também com a espécie de
molusco hospedeiro, sendo muito alta em Biomphalaria glabrata, que pode eliminar 1.000 a 3.000
cercárias por dia e mais de 100.000 durante toda a vida do molusco.
A transmissão dá-se por meio da penetração ativa das cercárias na pele e mucosa. As
cercárias penetram mais frequentemente nos pés e nas pernas por serem áreas do corpo que mais
ficam em contato com águas contaminadas. O horário em que são vistas em maior quantidade na
água e com maior atividade é entre 10 e 16 horas, quando a luz solar e o calor são mais intensos.
No momento que a fêmea está cheia de ovos para liberar, ela migra contra a corrente de
sangue venoso, para depositar os ovos na região do ceco. Alguns ovos ficam no meio do
caminho, inflamando a região, uns são eliminados pelas fezes e outros são levados pela
corrente do sangue venoso e ficam acumulados na parte pré-sinusoidal no fígado. Caso haja
esse desvio dessa rota e os ovos sejam arrastados pela circulação em direção ao fígado, pode levar
a formação do granuloma (ovo associado às células da resposta imune). A formação do granuloma
é imprescindível para o combate da doença pelo organismo. Porém, esse conjunto ovos + células
de defesa pode levar a uma fibrose no fígado, gerando uma obstrução resistente à passagem
venosa portal. Isso gera uma Hipertensão Portal, que tem como consequência a hepatomegalia,
esplenomegalia e a busca do sangue por uma circulação colateral. Essa circulação é responsável
pelo aumento do calibre de veias envolvidas nas anastomoses sistêmico-portal, gerando varizes cujo
rompimento gera um quadro hemorrágico grave, o que pode levar o paciente à morte em poucas
horas. O extravasamento de líquidos pela hipertensão, que passa a se acumular na cavidade
peritoneal, gera o quadro conhecido como ascite (com o nome popular de barriga d’água).
QUADRO CLÍNICO
▪ Forma compensada (C/ Hipertensão portal): há hipertensão portal, mas funções hepáticas
normais. Apresentam hematêmese e melena. A prevalência é de cerca de 10 a 30 anos,
apresentado pacientes com um estado geral e prognóstico bom.
▪ Forma descompensada (S/ hipertensão portal): geralmente acontece quando a infecção é
associada ao alcoolismo ou hepatite. Nesses casos, há comprometimento das funções
hepáticas, caracterizando um quadro geral precário do paciente. A prevalência é acima de 30
anos.
COMPLICAÇÕES
Deve-se considerar que a esquistossomose mansoni é uma doença resultante da reação
inflamatória dos ovos nos tecidos e que, diariamente, cada casal de S. mansoni pode levar a
formação de cerca de 200 granulomas. Desta maneira, a esquistossomose apresenta efeito
acumulativo de lesões, o que pode resultar, ao longo do tempo, no aparecimento de formas graves
da doença. Por outro lado, mesmo nos indivíduos com cargas parasitárias baixas, podem ocorrer
complicações, como presença de ovos na medula espinhal que podem levar a paraplegia e
também, devido a características peculiares do sistema imunológico individual, pode ocorrer
deposição de imunocomplexos na membrana basal glomerular, gerando reações inflamatórias com
graves consequências renais.
Esses ovos também podem penetrar nos arteríolas pulmonares, que a partir do AD já entram
nas artérias pulmonares, provocando Hipertensão Pulmonar. Através das circulações colaterais
anômalas (shunts intra-hepáticos), ou mesmo das anastomoses utilizadas (principalmente da
mesentérica inferior ligando-se com a pudenda interna e essa dirigindo-se para a cava inferior),
alguns ovos passariam a circulação venosa, ficando retidos nos pulmões. Nos capilares desse órgão,
os ovos dão origem a granulomas pulmonares, que podem levar a duas consequências: primeira,
dificultando a pequena circulação e causando o aumento do esforço cardíaco, que poderá chegar
até a insuficiência cardíaca tipo cor pulmonale; segunda, viabilizando ligações arteriovenosas
(shunts), que permitem a passagem de ovos do parasito para a circulação geral e encistamento dos
mesmos em vários órgãos, com formação de granulomas, inclusive no SNC.
A carga parasitária, que varia para um mesmo indivíduo no decurso do tempo, é, na
generalidade dos casos, fator importante para a determinação da gravidade da doença. Nas áreas
endêmicas essa carga aumenta com a idade, alcança seu máximo entre os 15 e 20 ou 25 anos e
declina em seguida.
Este conceito de imunidade adquirida decorre da existência de uma resposta imune que
atua contra as formas iniciais das reinfecções (principalmente nos níveis de pele e pulmões) sem
afetar os vermes adultos já estabelecidos no sistema visceral porta, que seria do tipo Th2, e uma
proteção efetiva por IgE e menos de IgG. É por isso que a permanência do verme adulto no sistema
porta pode durar meses ou até mesmo anos em pessoas infectadas que estão em áreas endêmicas
expostas diariamente ao ambiente e seus fatores de risco, ao tomar banho em açudes e lagos, por
exemplo.
A resposta imunológica aos helmintos pode se dar por duas vias após o reconhecimento
linfocitário: Th1 (em que há ativação de macrófagos) e a resposta Th2 (em que há a formação de
IgE, IL-10 e eosinófilos). A princípio, a resposta se dá de forma inespecífica, através da secreção de
IL-1, IL-12 e ativação do sistema complemento. Dessa forma, se instala um quadro infalamatório
agudo inicial, com recrutamento de mais e mais neutrófilos, além de proliferação monocítica e
ativação de macrófagos via IFN-gama, IL-2 e IL-6. Posteriormente, com a inflamação crônica já
instalada, ocorre a resposta específica, caracterizada pelo recrutamento de células Th2 e secreção
de IL-4, 5, 13 E 10, principalmente.
TRATAMENTO
O tratamento quimioterápico da esquistossomose através das drogas mais modernas,
oxarnniquina e praziquantel, deve ser preconizado para a maioria dos pacientes com presença de
ovos viáveis nas fezes ou na mucosa retal.
A Oxamniquina apesar de ter sido oprovada e ter sido usada por vários anos em larga escala,
tendo baixa toxicidade, é de dose única em adultos (15 mg/kg) e, notou-se com o passar do tempo
o surgimento de cepas resistentes e devido aos seus efeitos colaterais, como sonolência, tontura,
alucinações e convulsões, não é mais tratamento de primeira linha para a esquistossomose
mansônica.
O Praziquantel é uma droga que atua contra todas as espécies do gênero Schistosoma que
infectam o homem e também outros helmintos, enquanto que a Oxamniquina tinha ação seletiva e
específica pra S. mansoni. O esquema terapêutico de escolha é de dose única de 50 mg/kg para
adultos e 60 mg/kg para crianças. Os efeitos colaterais são pouco intensos e passageiros, e a dor
abdominal, cefaléia e sonolência constituemse as mais importantes. O praziquantel atua também
nas formas jovens do parasito. A droga atua, principalmente, lesando o tegurnento do parasito,
expondo assim antígenos-alvo da resposta Imune, através do aumento da permeabilidade da
membrana e inibição de bombas catioiônicas (sódio-potássio) e abertura de canais de cálcio,
levando a contrações espásticas e paralisia do parasito, podendo ser levado à eliminação via fecal.
2. Teníase e Cisticercose
A classe Cestoda compreende um interessante grupo de parasitos, endoparastias,
hermafroditas, de tamanhos variados, encontrados em animais vertebrados. Apresentam o corpo
achatado dorsoventralmente, são providos de órgãos de adesão na extremidade mais estreita, a
anterior, sem cavidade geral, e sem sistema digestório. Os cestódeos mais frequentemente
encontrados parasitando os humanos pertencem a família Taenidae, na qual são destacadas Taenia
solium e T. saginata. Essas espécies, popularmente conhecidas como solitárias, são responsáveis pelo
complexo teníase-cisticercose, que pode ser definido como um conjunto de alterações patológicas
causadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros.
Diferenças: Na Teníase temos o helminto dentro do intestino delgado, e esse cestoide vai virar
adulto. E esse quadro vai ser associado a essa transição. Nesse caso, a forma principal de
contaminação vai ser oral via ingestão de carnes contaminadas. Na Cisticercose, há a ingestão
do ovo, que vai se fixar e deve virar o embrião, mas não vai virar adulto.
ATENÇÃO – LEMBRAR!
A principal diferença é que a T. saginata está presente com mais frequência nos bovinos, que
provoca o quadro de teníase, cuja carne passou inadequadamente pelo controle sanitário. No
caso da T. solium, irá passar grande parte da vida no porco. ASSIM, A CISTICERCOSE OCORRERÁ
APENAS NA T. SOLIUM.
MORFOLOGIA
Possuem corpo segmentado, dividido em 3 porções principais:
anteriormente, o Escólix, pequena dilatação, funcionando
como órgão de fixação à mucosa do intestino delgado do
homem; Colo, porção mais delgada do corpo onde as células
do parênquima estão em intensa atividade de multiplicação, é
a zona de crescimento do parasito ou de formação das
proglotes, e Estróbilo, onde dentro estarão as estruturas
reprodutivas masculinas e femininas. O cisticerco e o escólex da
T. solium ainda possuem uma espécie de "coroa de espinhos",
os acúleos, que ajudam na fixação pelas ventosas.
Estróbilo
EPIDEMIOLOGIA
Stool, em 1947, a partir de dados da literatura estimou a prevalência de teníase por T. saginata
em 39 milhões de indivíduos e 2,5 milhões por T. solium na população mundial. Atualmente, acredita-
se que existam cerca de 77 milhões de pessoas parasitadas por T. saginata no mundo, dos quais, 32
milhões na Africa, 11 milhões na Asia (excluindo a Rússia), dois milhões na América do Sul e um milhão
na América do Norte.
CICLO BIOLÓGICO
Para o indivíduo estar parasitado, ele deve possuir a forma adulta do verme no seu intestino
delgado. Os humanos parasitados eliminam as proglotes grávidas cheias de ovos para o exterior.
Mais frequentemente as proglotes se rompem no meio externo, por efeito da contração muscular ou
decomposição de suas estruturas, liberando milhares de ovos no solo.
No ambiente úmido e protegido de luz solar intensa os ovos têm grande longevidade
mantendo-se infectantes por meses. Um hospedeiro intermediário próprio (suíno para T. solium e
bovino para T. saginata) ingere os ovos, e os embrióforos (“casca” do ovo) no estômago sofrem a
ação da pepsina, que atua sobre a substância cementante dos blocos de quitina. No intestino, as
oncosferas sofrem a ação dos sais biliares, que são de grande importância na sua ativação e
liberação. Uma vez ativadas, as oncosferas liberam-se do embrióforo e movimentam-se no sentido
da vilosidade, onde penetram com auxílio dos acúleos. Permanecem nesse local durante cerca de
quatro dias para adaptarem-se às condições fisiológicas do novo hospedeiro. Em seguida, penetram
nas vênulas e atingem as veias e os linfáticos mesentéricos. Através da acorrente circulatória, são
transportadas por via sanguínea a todos os órgãos e tecidos do organismo até atingirem o local de
implantação por bloqueio do capilar. Posteriormente, atravessam a parede do vaso, instalando-se
nos tecidos circunvizinhos.
Um indivíduo que possua T. solium (Teníase) em seu organismo pode estar mais susceptível à
desenvolver neurocisticercose por meio de uma autoinfecção externa, em que ao liberar ovos da
T. solium nas fezes, caso não haja uma boa higiene pessoal e com seus alimentos, esses mesmos
ovos podem retornar ao TGI do indivíduo, gerando, dessa vez, cisticercose.
Uma infecção pode se dar por meio de uma autoinfecção interna, que está geralmente associada
a movimentos retroperistálticos, em que ovos retornam por meio do vômito, chegam ao estômago
e retornam ao intestino, ocorrendo de maneira interna, sem a exteriorização dos ovos.
Duas situações são fundamentais para que ocorra a cisticercose: os ovos ingeridos devem ser
de T. solium e eles devem passar pelo estômago, para que haja o enfraquecimento do embrióforo.
Durante algum tempo os métodos usados para detectar anticorpos anticisticercos no soro,
líquido cefalorraquidiano (LCR) e humor aquoso eram: a fixação do complemento (reação de
Weinberg), hemaglutinação indireta e imunofluorescência que apresentavam limitações devido a
baixa sensibilidade e especificidade. Posteriormente, o teste imunoenzimático (ELISA) passou a ser
recomendado após a melhora na qualidade e preparo de antígenos.
TRATAMENTO
As drogas mais recomendadas para o tratamento da teníase por T. solium ou T. saginata são
a Niclosamida ou o Praziquantel. A Niclosamida atua no sistema nervoso da tênia, levando a
imobilização da mesma, facilitando a sua eliminação com as fezes. Devem ser ingeridos quatro
comprimidos de dois em dois com intervalo de uma hora pela manhã. Uma hora após a ingestão
dos últimos comprimidos, o paciente deverá ingerir duas colheres de leite de magnésio para facilitar
a eliminação das tênias inteiras e evitar a autoinfecção interna por T. solium.
3. Ascaridíase
Os Nematoideos tem como característica serem cilíndricos. Podem estar na terra, na água
(variável). Tem o corpo segmentado e sua estrutura anterior se chama de proglócito. São dióicos, o
seja, consegue-se ter uma diferenciação de macho para fêmea. A fêmea geralmente é maior em
termos de comprimento. Possuem tubo digestivo completo e fusiformes sem segmentação.
MORFOLOGIA
O estudo da morfologia deste parasito deve ser feito
observando-se as fases evolutivas no seu ciclo biológico, isto
é, os vermes macho e fêmea e o ovo. As formas adultas são
longas, robustas, cilíndricas e apresentam as extremidades
afiladas. No entanto, deve-se mencionar que o tamanho
dos exemplares de A. lumbricoides está na dependência
do número de parasitos albergados e do estado nutricional
do hospedeiro. Assim, as dimensões dadas para machos e
fêmeas referem-se a helmintos recolhidos de crianças com
baixas cargas parasitárias e bem nutridas. Quando adultos,
os machos medem cerca de 20 a 30cm de comprimento e apresentam cor
leitosa. A extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral é
o caráter sexual externo que o diferencia facilmente das fêmeas, que medem
cerca de 30 a 40 cm, quando adultas, são mais robustas e sua extremidade
posterior é retilínea. Os ovos originalmente são brancos e adquirem cor
castanha devido ao contato com as fezes. São grandes, com cerca de 50 μm
de diâmetro, ovais e com cápsula espessa, em razão da membrana externa
mamilonada, protrusões características dessa espécie. Entre o estado ovo e
adulto, o período larvário, o que vai depender é do estágio no TGI.
CICLO BIOLÓGICO
Em infecções moderadas, os vermes adultos são encontrados no intestino delgado,
principalmente no jejuno e íleo, mas, em infecções intensas, estes podem ocupar toda a extensão
do intestino delgado. Podem ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios ou migrarem pela luz
intestinal. Apresenta ainda um Ciclo Pulmonar, assim como os demais nematelmintos estrongiloide e
ancilostomídeo. Das três parasitoses com ciclo pulmonar (ascaridíase, estrongiloidíase e
Durante esse percurso ela vai amadurecendo que quando chega no PULMÃO (L4) ela
começa a sofrer uma transformação em L5. Quando começa a virar o adulto ela começa a ter
outras demandas metabólicas/nutricionais. Nos capilares alveolares (muito fino) e passa para dentro
do alvéolo. Há então a ruptura da barreira hemato-aérea, associada em quadro de inflamação
intensa com aumento de IgE e eosinófilos – ciclo de pulmonar de Loss.
QUADRO CLÍNICO
Com larvas: em infecções de baixa intensidade, normalmente não se observa nenhuma
alteração. Em infecções maciças encontramos lesões hepáticas e pulmonares. A migração das
larvas pelos alvéolos pulmonares, dependendo do número de formas presentes, pode determinar
um quadro pneumônico com febre, tosse, dispneia e eosinofilia. Há edemaciação dos alvéolos com
infiltrado parenquimatoso eosinofilico, manifestações alérgicas, febre, bronquite e pneumonia - a
este conjunto de sinais denomina-se Síndrome de Löeffler. Na tosse produtiva (com muco) o catarro
pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto. Não é fácil de
diagnósticar e confunde-se com quadro de bronquite em crianças. Há
também mistura de muco com sangue. Uma criança suspeita de quadro
de bronquite, o raio X está diferente em todos os dias de emissão.
Traduzida de forma diferente na radiografia de tórax. Como uma
manifestão alérgica, é natural encontrar eosinofilia e aumento
plasmático de IgE. Em uma criança suspeita de quadro de bronquite, o
raio X está diferente em todos os dias de emissão. A síndrome de Löeffler
é traduzida de forma diferente na radiografia de tórax.
Com vermes adultos: Em infecções de baixa intensidade, três a quatro vermes, o hospedeiro
não apresenta manifestação clinica. Já nas infecções médias, 30 a 40 vermes, ou maciças, 100 ou
mais vermes, podemos encontrar as seguintes alterações:
DIAGNÓSTICO
Usualmente a ascaridíase humana é pouco sintomática, por isto mesmo difícil de ser
diagnosticada em exame clínico, sendo a gravidade da doença determinada pelo número de
vermes que infectam cada pessoa. Como o parasito não se multiplica dentro do hospedeiro, a
exposição contínua a ovos infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos
no intestino do hospedeiro.
O diagnóstico laboratorial (e parasitológico é feito pela pesquisa de ovos nas fezes. Como as
fêmeas eliminam diariamente milhares de ovos por dia, não há necessidade, nos exames de rotina,
de metodologia específica ou métodos de enriquecimento, bastando a técnica de sedimentação
espontânea. O método de Kato modificado por Katz (Kato-katz - ver Métodos Laboratoriais) permite
a quantificação dos ovos e consequentemente estima o grau de parasitismo dos portadores,
compara dados entre várias áreas trabalhadas e demonstra maior rigor no controle de cura.
TRATAMENTO
A Organização Mundial da Saúde recomenda quatro drogas - Albendazol, Mebendazol,
Levamisol. Pamoato de pirantel e Ivermectina - para o tratamento e controle de helmintíases
transmitidas pelo solo. Os Benzimidazólicos (Albendazol e Mebendazol)são altamente efetivas contra
o A. lumbricoides (em todos seus estágios de ciclo de vida) e outras helmintoses intestinais.
O Mebendazol é um outro derivado dos benzimidazóis com ampla e efetiva atividade anti-
helmíntica. É encontrada sob a firma de comprimidos de 100 e 500mg e também em suspensão oral
de 100mg/5ml. O mecanismo de ação de mebendazol é o mesmo descrito para o albendazol. A
dose única de 500mg mostrou alta efetividade contra a ascaridíase e outras parasitoses intestinais. A
absorção da droga é pequena, mas pode ser aumentada pela ingestão de alimentos gordurosos.
Usualmente a maior parte da droga é encontrada inalterada nas fezes, o que explica sua excelente
atividade contra os helmintos intestinais. O tratamento com mebendazol alcança níveis de cura e
taxas de redução de ovos de quase 100%.
A Ivermectina é uma potente lactona macrolítica semisintética com boa eficácia contra o
A. lumbricoides e outras infecções por nematodas. A droga é administrada em dose única de 0,l a
0,2 mg/kg. Sua atuação está baseada na indução do fluxo de íons cloro que atravessam a
membrana, fazendo uma disruptura nervosa na transmissão de sinais, resultando na paralisia do
parasita e sua posterior eliminação. O uso da ivermectina para o tratamento de infecções
helmínticas intestinais no homem tem sido pouco investigado. Apesar de sua atividade comprovada
em vários estágios do ciclo de vida de muitos nematóides de animais domésticos, em humanos é
utilizada principalmente para o tratamento de oncocercose.
4. Ancilostomíase
A ancilostomíase ou ancilostomose, também conhecida por amarelão (devido aos quadros
de anemia apresentados pelo paciente), necatorose ou necatoríase, é uma doença causada por
vermes nematódeos (espécie: Necator americanus e Ancylostoma duodenale). As formas adultas
desses parasitas se instalam no aparelho digestivo dos seres humanos, onde ficam fixadas na porção
que compreende o intestino delgado, nutrindo-se de sangue do hospedeiro e causando anemia.
MORFOLOGIA
Os vermes adultos se diferenciam com relação a quantidade de dentes que apresentam: o
A. caninum apresenta três pares de dentes, o A. duodenale apresenta dois pares de dentes e o A.
braziliense, um par de dentes. Já o Necator americanus, ao invés de dentes, apresenta estruturas
semelhantes a lâminas. Eis algumas das principais diferencias entre os vermes adultos do gênero
ancilostoma e necator:
Na parte anterior onde há estruturas de fixação reside a principal e mais marcante diferença
entre essas duas espécies: enquanto o Ancylostoma duodenale apresenta a boca com “lâminas”, o
Necator amerianus apresenta “dentinhos”.
CICLO BIOLÓGICO
Os ovos dos ancilostomídeos depositados pelas fêmeas (após a cópula), no intestino delgado
do hospedeiro, são eliminados para o meio exterior através das fezes. No meio exterior, os ovos
necessitam de um ambiente propício, principalmente boa oxigenação, alta umidade e temperatura
elevada. São condições indispensáveis para a formação da larva de primeiro estágio (L1), do tipo
rabditoide, e sua eclosão. A L1 se desenvolve num processo de troca de cutículas de revestimento
da pele, transformando-se em larva de segundo estágio (L2) e em um terceiro estágio, L3, do tipo
filarioide, denominada larva infectante. A infecção pelos ancilostomídeos para o homem só ocorre
quando as L3 (larva filarioide ou infectante) penetram ativamente, através da pele, conjuntiva e
mucosas, ou passivamente, por via oral. Quando a infecção é ativa, da pele, as larvas L3 alcançam
a circulação sanguínea e/ou linfática, e chegam ao coração, indo pelas artérias pulmonares até os
pulmões.
Atingindo os alvéolos, as larvas migram para os bronquíolos, com auxílio de seus movimentos,
secreções e cílios da árvore brônquica. Durante a migração pelos pulmões, que dura de dois a sete
dias, a larva perde a cutícula e adquire uma nova, transformando-se em larva do quarto estádio
(L4). Dos brônquios atingem a traqueia, faringe e laringe quando, então, com pigarreio, são
deglutidas, chegando ao TGI onde haverá a reprodução até a eliminação dos ovos. Ao chegar no
intestino delgado, após oito dias da infecção, a larva começa a exercer o parasitismo hematófago,
fixando a cápsula bucal na mucosa do duodeno. A transformação da L4 em larva de quinto estágio
(L5) ocorre aproximadamente 15 dias após a infecção, e a diferenciação de L5 em adultos ocorre
após 30 dias da infecção.
Uma fase aguda, determinada pela migração das larvas no tecido cutâneo e pulmonar e pela
instalação dos vermes adultos no intestino delgado (duodeno);
Uma fase crônica, determinada pela presença do verme adulto que, associado à expoliação
sanguínea e à deficiência nutricional irão caracterizar a fase de anemia.
1) Quadro cutêneo: Tão logo penetrem na pele do hospedeiro, as larvas de ancilostomídeos podem
provocar, no local de penetração, lesões traumáticas, seguidas por fenômenos vasculares.
Transcomdos alguns minutos, aparecem os primeiros sinais e sintomas: uma sensação de "picada",
hiperemia, prurido e edema resultante do processo inflamatório ou dermatite urticariforme.
2) Quadro pulmonar: Alterações pulmonares, resultantes da passagem das larvas, são pouco usuais,
embora possa ocorrer tosse de longa ou curta duração de carácter produtivo (sangue e larvas),
infiltrado pulomonar migratório, dispnéia e febre, caracterizando síndrome de Löeffler.
3) Quadro intestinal: As lesões intestinais são causadas por vermes adultos, estando elas diretamente
relacionadas com a capacidade hematofágica além de sua grande capacidade de movimento e
fixação por meio da cápsula bucal, produzindo pontos hemorrágicos. Sinais e sintomas abdominais
podem ser evidentes após a chegada dos parasitos ao intestino. Há registro de dor epigástrica,
diminuição de apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas, vômitos, flatulências, às vezes,
podendo ocorrer diarreia sanguinolenta ou não e, menos frequente, constipação. Estes sinais e
sintomas são mais graves quando tem inicio a deposição de ovos.
ancilostomose pode ser analisado sob o ponto de vista coletivo ou individual. No diagnóstico
epidemiológico (coletivo) observa-se o quadro geral da população. Já o diagnóstico clínico
individual baseia-se na anamnese e na associação e sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais,
seguidos ou não de anemia. Em ambos os casos o diagnóstico de certeza será alcançado pelo
exame parasitológico de fezes.
TRATAMENTO
A terapêutica, que também é uma medida de controle, do tipo curativo, só deve ser
recomendada para indivíduos que apresentam diagnóstico parasitológico de ancilostomose,
através de exame de fezes. Uma vez administrado um anti-helmíntico, é importante o
acompanhamento laboratorial do paciente para se recomendar um segundo tratamento, após 20
dias do primeiro. Esta conduta é preconizada porque os vermífugos não matam as larvas que estão
nos pulmões e os pacientes podem contribuir para contaminação de fontes de infecção, e até
mesmo se reinfectar.
5. Estrongiloidíase
O quadro gerado por essa helmintíase faz com que seja o momento mais importante da aula
devido a suas característias especiais, portanto é de foco especial distinguí-la das outras verminoses.
A estrongiloidíase é uma afecção intestinal causada pelo parasita nemátode Strongyloides
stercoralis. Ao contrário de outros parasitas, estes nemátodes podem viver indefinidamente no solo
como formas livres. A elevada prevalência em regiões tropicais e subtropicais, a facilidade de
transmissão, o caráter de cronicidade e autoinfecção, originando formas graves de hiperinfecção e
disseminação, além da possibilidade da reagudização em indivíduos imunodeprimidos, evoluindo
muitas vezes para óbito, tornam a estrongiloidíase um importante problema médico e social.
EPIDEMIOLOGIA
MORFOLOGIA
A fêmea partenogenética parasita possui
corpo cilíndrico com aspecto filiforme longo,
extremidade anterior arredondada e
posterior afilada. Mede de 1,7 a 2,5mm de
comprimento por 0,03 a 0,04mm de largura.
Não há receptáculo seminal. A fêmea, que
coloca de 30 a 40 ovos por dia, é
ovovivípara, pois elimina na mucosa intestinal
o ovo já larvado; a larva rabditoide, que é
frequentemente libertada ainda no interior
do hospedeiro, toma-se a forma evolutiva de
fundamental importância no diagnóstico.
A fêmea de vida livre ou estercoral mede de
0,8 a 1,2mm de comprimento por 0,05 a 0,07mm de largura possui aspecto fusiforme, com
extremidade anterior arredondada e posterior afilada, assim como a patogenética, porém apresenta
receptáculo seminal.
O macho de vida livre possui aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e
posterior recurvada ventralmente, diferentemente das fêmeas. Mede 0,7mm de comprimento por
0,04mrn de largura. Apresenta dois pequenos espículos, auxiliares na cópula, que se deslocam
sustentados por uma estrutura quitinizada denominada gubernáculo.
Os ovos são elípticos, de parede fina e transparente, praticamente idênticos aos dos
ancilostomídeos. Excepcionalmente, os ovos podem ser observados nas fezes de indivíduos com
diarreia grave ou após utilização de laxantes.
Nas larvas rabditóides, o esôfago das
larvas é do tipo rabditóide de dá nome a
elas. Terminam em cauda pontiaguda. Nas
formas disseminadas são encontradas na
bile, no escarro, na urina, nos líquidos
duodenal, pleural e cefalorraquiano (LCR).
Nas larvas filarióides, assim como nas de
vida livre (rabditóides), o esôfago dá nome
a elas. A porção anterior é ligeiramente
afilada e a posterior afina-se
gradualmente terminando em duas
pontas, conhecida com cauda entalhada,
que a diferencia das larvas filarioides de ancilostomídeos, que é pontiaguda. Esta é a forma
infectante do parasito (L3) capaz, portanto, de penetrar pela pele ou pelas mucosas; além de serem
vistas no meio ambiente, também podem evoluir no interior do hospedeiro, ocasionando os casos
de autoinfecção interna.
CICLO BIOLÓGICO
Larvas filarioides infectantes (L3) penetram usualmente através da pele (não tendo
preferência por um ou outro ponto do tegumento), ou, ocasionalmente, através das mucosas,
principalmente da boca e do esôfago. Em condições naturais, a infecção percutânea se realiza de
modo idêntico ao dos ancilostomídeos. Nas pessoas que não usam calçados a penetração ocorre
através da pele dos pés, particularmente nos espaços interdigitais, uma vez que a superfície plantar
muito espessa pode constituir uma barreira. Este modo de transmissão parece ser o mais frequente.
Quando adultas, as fêmeas são capazes de se multiplicarem com posturas de 40 ovos por
dia, que se transformam em larvas. Elas podem ser eliminadas pelas fezes enquanto que algumas
larvas não infectantes podem sofrer mutações em infectantes, que invadem a parede
gastrointestinal e estabelecem uma autoinfecção endógena ou hiperinfecção. Esse ciclo é único do
S. stercoralis e explica a importância dessa verminose. A autoinfecção por S. stercoralis aumenta
devido ao grande número de larvas filariformes que penetram na mucosa dos intestinos delgado e
grosso e se alojam posteriormente nos capilares pulmonares, onde sintomas respiratórios similares a
pneumonia e asma podem ser observados.
Em pacientes com ou sem retardo de eliminação de fezes mas com baixa de imunidade
devido ao uso de drogas imunossupressoras, radioterapia, indivíduos imunodeprimidos por
neoplasias, síndrome nefrótica, presença do vírus da imunodeficiência humana (HIV), síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS), gravidez, desnutrição proteico-calórica, alcoolismo crônico e
idade avançada, pode ocorrer autoinfecção interna com presença de L1, L2, e L3, em diferentes
órgãos. IMPORTANTE: O maior problema que se tem é que o hormônio de crescimento do
estrongiloide é muito semelhante a algumas estruturas químicas como os corticoides, que são drogas
imunossupressoras. Porém isso acarreta em acelerar o processo maturativo das larvas, que provoca
uma lesão inflamatória sistêmica gravíssima, gerando um quadro de estrongiloidíase disseminada.
Contudo, somente poucos casos de estrongiloidíase disseminada têm sido relatados em pacientes
com AIDS.
O diagnóstico pode ser feito através da pesquisa do Strongyloides stercoralis nas fezes, líquido
duodenal, líquido pleural, líquido cefalorraquidiano e exsudato pulmonar. Como métodos
parasitológicos (diretos) mais comumente utilizados, destacamos: exame de fezes, pesquisa de larvas
em secreções e outros líquidos orgânicos, endoscopia digestiva, biópsia intestinal, etc. Como
método métodos indiretos, citamos: hemograma, diagnósticos por imagem, métodos imunológicos,
etc.
TRATAMENTO
Das infecções causadas por nematódeos, a estrongiloidíase é a mais difícil de ser tratada. O
Mebendazol, em doses eficazes para outros parasitos, não atua sobre S. stercoralis, mas, observando-
se a contraindicação no período gestacional e durante a lactação, as outras drogas do grupo dos
benzimidazólicos (Tiabendazol, Cambendazol e Albendazol) e a Ivermectina são empregadas no
tratamento específico da estrongiloidíase.
Ivermectina é a melhor droga usada tanto para quadro geral tanto para profilaxia
(prevenção). Recomendada em dose única oral de 200 mg/kg com eficácia acima de 80%. Nas
formas graves e disseminadas da doença e em pacientes com AIDS, recomendam-se multidoses de
200 μm/kg nos dias 1,2, 15 e 16 de tratamento. É a droga mais bem tolerada e seus efeitos colaterais
são leves, observando-se diarreia, anorexia e prurido.
REFERÊNCIAS
1. NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 12ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
2. REY, Luís. Bases da Parasitologia Médica, 3ª edição. Guanabara Koogan, 10/2009. VitalSource
Bookshelf Online.
O nome Arthropoda significa pés articulados (podas = pés; arthro = articulação). É o filo que
apresenta o maior número de indivíduos do reino animal, possuindo hoje mais de 1.500.000 espécies
já descritas. Podem ser ectoparasitas ou funcionar como veículo para transmissão de outros
patógenos. Possuem simetria bilateral, com esqueleto externo (exoesqueleto) formado pelo
tegumento. Possuem um exoesqueleto de quitina por isso vão sofrer um processo de muda ou
equidíase. Os apêndices locomotores ou alimentares são articulados de estrutura especializada e
dispostos aos pares. O corpo é dividido em duas porções (cefalotórax e abdome, cabeça e tronco)
ou três (cabeça, tórax e abdome).
O interesse no estudo desses animais na Medicina se dá pela sua relação com a transmissão
e propagação de doenças, bem como acidentes cada vez mais comuns com relação a seus
mecanismos naturais de defesa. Assim, iremos vê-os como espécies de:
• Transmissão vetorial;
• Transmissão de doenças com participação ativa no ciclo de vida do parasita;
• Produtores de doença (como é o caso da Bernie);
• Animais peçonhentos;
• Fezes;
• Picada;
• Esmagamento;
• Dejetos;
• Ferroada;
• Contato.
1. Classe Insecta
A classe que apresenta maior número de espécies causando lesão ou transmitindo doenças
aos humanos é a Insecta. Apresentam o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome e possuem três
pares de patas. Podem ou não apresentar asas. A cabeça, que está unida ao tórax pelo pescoço
ou cérvix, apresenta numerosos escleritos (são olhos compostos parecidos com o das abelhas, são
grandes órgãos sensoriais), com considerável variação de forma, bem como um par de antenas.
A maior parte deles tem um ciclo biológico mais complexo, sofrem um processo de
metamorfose que pode ser completamente diferente ou não. Ex.: Ovos → Larvas → Ninfas. As ordens
de maior representatividade de animais que causam doenças no ser humano e portanto de maior
interesse médico são:
Esses artrópodes vão ter um aparelho bucal que vai ou não ser adaptado por um
determinado mecanismo de prensão na presa ou hospedeiro. Existem 2 tipos práticas dentro
Hematofagia:
Telmatofagia: Os insectos que praticam por terem peças bucais mais curtas, não conseguem chegar
até os vasos do hospedeiro. Por isso, penetram na presa de forma mais rudimentar, por isso provocam
mais lesões na presa para inocular seus resíduos e sugar seu alimento. Cai no tecido celular
subcutâneo, e apenas em um momento posterior, esse patógeno inoculado pode ou não alcançar
outras regiões no corpo. Tem-se uma reação inflamatória, e dependendo do caso, pode-se resolver.
Em outros hospedeiros pode-se evoluir para outros estágios da doença. Ex.: Flebotomídeos na
transmissão da Leishmaniose tegumentar.
Solenofagia: Os insetos que praticam possuem peças bucais longas e flexíveis, podendoo assim de
forma silenciosa e sutil alcançar com facilidade os vasos sanguíneos do hospdeiro, sem desencadear
grandes repercussões no sistema imunitário humano, a princípio. São insetos que transmitem vírus,
predominantemente, e parasitas (protozoários e filárias) diretamente no sangue. Ex.: Culicídeos na
transimissão de arboviroses, filariose e malária.
ORDEM HEMÍPTERA
ORDEM DÍPTERA
Nessa ordem, temos algumas subfamílias. Uma importante é subfamília Phlebotominae, dos
flebotomíneos ou flebotomídeos. Os flebotomídeos apresentam ampla distribuição geográfica,
sendo vistos sob as mais diversas condições climáticas e de altitude e em ambientes silvestres, rurais
e até urbanos. No Brasil, são popularmente denominados: asa-branca, birigui, cangalhinha,
flebótomo (ou fi-eboti), mosquito palha e tatuquira. Isso indica que o povo distingue estes insetos dos
outros hematófagos.
O desinteresse do governo brasileiro para com a saúde pública em geral e para com as
doenças transmitidas por artrópodes em particular tem desestimulado continuamente a formação
de Entomologistas nos últimos anos.
Aliás, muitas das campanhas de controle de insetos têm apresentado resultados falhos em
vista dessa ausência de Entomologistas forenses, especializados e competentes, capazes de darem
suporte científico a essas atividades. Por outro lado, os órgãos encarregados de controle lembram-
se apenas de inseticidas químicos como forma de combate, esquecendo-se dos inseticidas
biológicos, da educação sanitária e ambiental, da imprescindível participação da população e,
principalmente, da falta de monitoramento dos mosquitos vetores periodicamente.
Os Diptera Muscomorpha possuem grande importância para nós, quer sob o ponto de vista
biológico, quer sob o ponto de vista médico-veterinário. Sob o primeiro ângulo, muitas moscas são
extremamente úteis como polinizadoras, como decompositoras de matéria orgânica, como fonte
de alimentos para vários animais e como predadoras de larvas de borboletas e besouros. Os
mecanismos pelos quais a M. domestica (e as demais moscas sinantrópicas) veiculam patógenos
são os seguintes:
a) pela regurgitação alimentar (alimenta-se em fezes, feridas ou animais mortos e, depois, voando a
distância, deposita a saliva contaminada sobre o alimento humano);
Entende-se por Miíase ou Bernie a “infestação de vertebrados vivos por larvas de dípteros
que, pelo menos durante certo período, se alimentam dos tecidos vivos ou mortos do hospedeiro, de
suas substâncias corporais líquidas ou do alimento por ele ingerido". Ou seja, não é uma patologia
isolada das moscas da espécie M. domestica, mas sim de outros Dipteros e artrópodes que
apresentam comportamento semelhante.
Todas essas miíases podem ser tratadas 1 do seguinte modo: limpar a ferida, anestesiar
localmente a área (conforme a lesão, não há necessidade de anestésico); com o auxílio de uma
pinça, realizar a retirada mecânica de larva por larva; tratar a ferida com gaze + éter sulfúrico e
deixar com bacteriostático local ou, conforme o caso, usar antibiótico de largo espectro.
ORDEM SIPHONAPTERA
A ordem Siphonaptera (siphon = tubo; aptera = sem asas) compreende insetos hematófagos
de ambos os sexos, vulgarmente conhecidos como pulgas e bichos-de-pé. Esses insetos são
encontrados em todo o mundo, com aproximadamente 3.000 espécies conhecidas.
Após a desinfecção local com álcool iodado, com uma agulha previamente esterilizada,
fazer pequenas dilacerações na pele, circundando a turnoração. E necessário muito cuidado para
não aprofundar a agulha, o que iria provocar dor e romper a pulga. Após incisão completa da pele,
retirar o bicho-de-pé, puxando-o com os dedos polegar e indicador, que funcionam como pinça.
Esta não deve ser usada, para não romper o parasito. Depois de retirado, o mesmo é colocado no
fogo ou em álcool (para destruir os ovos); faz-se a aplicação de bacteriostático oxidante no orifício
deixado (mertiolato).
1O tratamento deve ser o mais precoce, pois a lesão pode estender-se em poucos dias devido a voracidade das larvas.
Muitas vezes, quando o tratamento não é feito a tempo, há necessidade de cirurgia plástica para recompor a área destruída.
No caso de não se conseguir retirar todas as larvas, é recomendável a aplicação de um spray veterinário próprio, que mata
as larvas e estimula a cicatrização da ferida.
ORDEM PHTHIRAPTERA
A Ordem Phthiraptera (do grego phthirus=achatado; a=sem; ptera=asas) constitui insetos
com corpo metamerizado. Nessa ordem encontramos os insetos vulgarmente conhecidos como
piolhos. São todos hematófagos.
A picada do inseto ocasiona, ainda, uma dermatite, causada pela reação do hospedeiro a
saliva injetada ao início da hematófaga. O prurido leva o paciente a arranhar a pele, abrindo a
porta de entrada para patógenos. Além do prurido intenso, esses insetos tem sua importância na
história da Medicina da humanidade, pois podem veicular o tifo exantemático (Rickettsia
prowazeki), a febre das trincheiras (Bartonella quintana) e a febre recorrente (Borrelia recurrentis)2.
Como os piolhos são insetos altamente específicos aos seus hospedeiros, e por ocuparem
diferentes territórios no corpo dos mesmos, o seu estudo abre importantes perspectivas para o
esclarecimento da co-evolução hospedeiro parasito, afinidades taxonômicas, geográficas e
antropológicas e consequentemente da incessante busca as origens do homem.
2. Classe Arachnida
2 Rickettsia prowazeki são bactérias atípicas; Bartonella é um gênero de bacilos gram-negaticos e Borrelia são espiroquetas
que podem causar também a doença de Lyme e a febre maculosa das montanhas rochosas.
ORDEM ACARI
Existem várias espécies de Acari responsáveis por sarnas nos
animais, pertencentes a diferentes famílias. Já no homem apenas
uma espécie, Sarcoptes scabiei, provoca tal lesão, conhecida
como sarna sarcóptica ou escabiose. O inseto vai liberar os ovos
dentro do tecido celular subcutâneo que é por onde vai ficar
escondido por dentro. Isso vai provocar prurido no hospedeiro e
ele irá coçar e liberar mais ovos ao ambiente. Algumas lesões na
pele eritematosas e pruriginosas podem ser apresentadas.
ORDEM SCORPIONES
Os escorpiões, assim como as aranhas, são aracnídeos
(possuem quatro pares de patas). Apresentam o corpo
alongado, dividido em carapaça e uma cauda longa que
apresenta no nal um aguilhão, o Telson pelo qual é inoculado o
veneno (toxina) quando se sentem ameaçados.
Acidentes moderados são caracterizados pela dor local e manifestações sistêmicas de média
intensidade como sudorese, náuseas e vômitos, hipertensão arterial, taquicardia, taquipnéia e
agitação. Nestes casos existe a necessidade da utilização de soro antiescorpiônico ou aracnídico.
Nos acidentes graves, as manifestações sistêmicas são intensas como: vômitos profusos e frequentes,
sudorese generalizada e abundante, pilo ereção (pele arrepiada), palidez, agitação alternada com
sonolência, hipotermia, taquicardia ou bradicardia, extra-sístoles, hiperpnéia, tremores, espasmos
musculares, hipertensão. Pode evoluir para choque cardiorrespiratório e edema agudo de pulmão
que são as causas dos óbitos no escorpionismo.
ORDEM ARANEIDA
As Aranhas são animais quelicerados, ou seja, possuem quelíceras, que é a estrutura
especializada para inocular o veneno. Esta estrutura é formada por duas partes, uma basal maior e
outra dura em formato de ferrão ou dente. Neste ferrão há um canal por onde passa o veneno
proveniente da glândula de veneno.
Apresentam o corpo dividido em duas partes: o cefalotórax, que seria a cabeça fundida com
o tórax e o abdômen, e estas duas partes são ligadas por uma estrutura chamada de pedicelo. No
cefalotórax ficam localizados os olhos, geralmente em número de seis ou oito, dispostos em duas ou
três fileiras, um par de pedipalpos, que apresenta função sensorial, um par de quelíceras, e os quatro
pares de pernas.
Existem mais de 40.000 espécies de aranhas, mas a Organização Mundial de Saúde considera
apenas quatro gêneros de aranhas de importância médica, capazes de causarem acidentes
graves: Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus. No período de 1988 e 1989, foram notificados ao
Ministério da Saúde 4.636 acidentes atribuídos a aranhas. Destes, 60% foram causados por
Phoneutria, 21 % por Loxosceles e 0,21 % por Latrodectus.
O veneno tem ação neurotóxica periférica e central causando dor intensa e imediata no
local da picada, muitas vezes irradiada para raiz do membro e edema. Pode _ car marca de dois
pontos da picada. Manifestações sistêmicas como sudorese, hiperemia, parestesia, taquicardia,
hipertensão arterial, agitação psicomotora, visão turva, vômitos ocasionais, dor abdominal,
priapismo, sialorréia discreta e fasciculação muscular podem ocorrer.
Os acidentes graves são raros, sendo praticamente restritos aos acidentes com crianças. O
tratamento para dor local deve incluir um analgésico sistêmico e a realização de bloqueio
anestésico por infiltração local. Como tratamento específico, a soroterapia (Soro Antiaracnídeo) é
formalmente indicada nos casos de manifestações sistêmicas em crianças e, obrigatoriamente, em
todos os acidentes graves.
casasos onde ela costuma se esconder. Seu veneno é um dos mais ativos sobre o organismo humano.
Uma única picada pode determinar a morte de uma criança ou mesmo de um adulto.
O tratamento será sintomático para os casos leves sem presença de necrose e de soro
antiaracnídeo ou soro antiloxoscélico para casos moderados e graves.
O veneno tem ação neurotóxica central e periférica, caraterizado pela dor intensa no local
da picada que pode persistir por até 48 horas. Podem ocorrer manifestações sistêmicas, como
contraturas musculares generalizadas e miagia intensa que podem evoluir para convulsões. Pode
ocorrer também dor abdominal intensa, um quadro bem similar ao de abdome agudo. Em casos
mais graves, podem ocorrer taquicardia e hipertensão, seguidos de bradicardia, arritmias, fibrilação
atrial entre outros.
Geralmente os acidentes com aranhas são mais GRAVES que os com escorpião. Em acidentes com
Loxoceles mesmo administrando o soro, o paciente ainda precisaria ir para uma UTI se recuperar.
REFERÊNCIAS
1. 1. NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 12ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.
VÍDEOS
ESCORPIÕES:
https://www.youtube.com/watch?v=9C-5W5DehRc
ARANHAS:
http://www.youtube.com/attribution_link?a=umDAWoooWQw&u=/watch%3Fv%3DkzfKi7X-
imQ%26feature%3Dem-share_video_user
https://www.youtube.com/watch?v=IKm-8SId9Rg&index=9&list=PLwtsvp7-
wG7NKrY7buEqVXYq54wnjU-5o
https://www.youtube.com/watch?v=XYl463Cz5kA&index=10&list=PLwtsvp7-
wG7NKrY7buEqVXYq54wnjU-5o
https://www.youtube.com/watch?v=m1keiTOAwEw&index=11&list=PLwtsvp7-
wG7NKrY7buEqVXYq54wnjU-5o
Os Protozoários englobam todos os organismos protistas, constituídos por uma única célula.
Os protozoários são micro-organismos cuja classificação taxonômica é feita com base em suas
estruturas de locomoção e são agrupados em um reino próprio, denominado Reino Protista (junto às
algas unicelulares). São seres eucariontes (núcleo celular organizado dentro de uma membrana), a
maioria é heterótrofa, embora alguns sejam autótrofos, produzem clorofila e com ela fazem a
fotossíntese, obtendo seu próprio alimento.
Os protozoários apresentam grandes variações, conforme sue fase evolutiva e meio a que
estejam adaptados. Podem ser esféricos, ovais ou mesmo alongados. Alguns são revestidos de cílios,
outros possuem flagelos, outros projetam pseudópodes, e ainda os que não possuem nenhum destes.
Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas.
Assim, temos:
o ASSEXUADA o SEXUADA
Microrganismos de vida livre são presentes em muitos ambientes. No entanto alguns levam
vida parasitária causando doenças em animais. Febre, cistos dolorosos e outros efeitos são alguns
sintomas em seus hospedeiros. Muitos protozoários causam doenças nos seres humanos e a outros
animais vertebrados. Por exemplo: Trypanosoma cruzi, é um protozoário flagelado causador da
Doença de Chagas. Entre as outras doenças provocadas por protozoários destacam-se a Amebíase
(pela Entamoeba histolytica), a Giardíase (pela Giardia lamblia), a Malária (por Plasmódios sp),
diferentes tipos de Leishmaniose (pelas Leishmania sp) e diversas outras patogenias.
Aqui, por hora, debateremos apenas as protozooses intestinais mais relevantes de interesse
médico, a Amebíase, Giardíase e uma doença sexualmente transmissível, a Tricomoníase.
1. Amebíase
A causa da Amebíase se dá pela infecção de protozoário (Entamoeba histolytica), que pode
se beneficiar de seu hospedeiro sem causar benefício ou prejuízo, ou ainda, agir de forma invasora.
Neste caso, a doença pode se manifestar dentro do intestino ou fora dele. O gênero Entamoeba
alberga um conjunto de espécies comensais (presentes no intestino, mas não são causadoras de
doenças) e outra apresenta padrões patogênicos. A E. histolytica é o agente etiológico da
amebíase, importante problema de saúde pública, constituindo a segunda causa de mortes por
parasitoses. A E. dispar é uma espécie que acomete o homem de forma assintomática, quadro
denominado colite não-disentérica.
EPIDEMIOLOGIA
Estima-se que existam cerca de 500 milhões de pessoas infectadas e 100 mil mortes
anualmente constituindo a segunda causa de mortes por parasitoses, isso equivale a uma pesssoa
morta por uma forma amebíase a cada 5 minutos. A distribuição no Brasil é variável, porém na região
Amazônica, a prevalência de abscessos hepáticos é alta. Tem maior prevalência nos países tropicais
e subtropicais, mais relacionados com condições sanitárias e socioeconômicas precárias. É mais
frequente em adultos e o predomínio é da formas não-disentéricas e dos casos assintomáticos, que
são são os principais responsáveis pela contaminação de alimentos, contaminados pelos cistos, as
formas de resistência do parasito. Os cistos são veiculados através de água e alimentos, moscas e
baratas (vetores mecânicos), com uma viabilidade: 20 dias.
MORFOLOGIA
As amebas citadas se distinguem umas das outras pelo
tamanho do trofozoíto e do cisto, pela estrutura e pelo
número dos núcleos nos cistos, pelo número e formas das
inclusões citoplasmáticas (vacúolos nos trofozoítos e corpos
cromatoides apenas nas fases iniciais e menos madura dos
cistos).
CICLO BIOLÓGICO
Como vimos, a forma minuta dos trofozoítos pode viver de forma comensal e dar
continuidade ao ciclo, estabelecendo a forma colite não-disentérica (quadros de diarreia sem
presente de fezes mucossanguinolentas). Por não ter a capacidade de invadir outros tecidos, é
considerada não patogênica, mesmo causando os sintomas da colite não-disentérica. Entretanto,
algumas formas (como a magna) podem liberar citocinas e enzimas proteolíticas e invadir a mucosa
intestinal, se multiplicar na submucosa e atingir outros órgãos via corrente sanguínea (causando a
forma patogênica da doença). Este ciclo patogênico representa a forma mais grave da amebíase,
sendo caracterizada pela presença de fezes diarreicas mucossanguinolentas.
Sabe-se que a evolução da patogenia ocorre através da invasão dos tecidos pelos trofozoítos
invasivos e virulentos. Tudo indica que a E. histolytica tem um efeito letal direto sobre a célula,
necessitando, para isso, que haja inicialmente uma forte adesão entre a ameba e a célula que será
lesada. Esta adesão parece estar mediada por lectinas contidas na superfície das amebas, sendo
auxiliadas por formações filopódicas que ampliam a adesão, logo seguida pela fagocitose.
Na adesão às celulas epiteliais do cólon, desempe- nha papel fundamental a lectina de
adesão, que não somente participa do fenômeno de adesão, mas também bloqueia a deposição,
na superfície das amebas, do complexo de ataque de membrana do sistema complemento,
impedindo sua lise. Essa lectina de adesão é também alvo de imunidade protetora, naturalmente
adquirida, mediada por anticorpos de classe IgA. Outras proteínas com ação enzimática, como
Proteases, facilitam o contato inicial com as células-alvo ao degradarem as Mucinas que compõem
o reves- timento mucoso do epitélio intestinal. Uma vez aderidas, as amebas invasivas desencadeiam
a morte das células do epitélio intestinal mediante dois processos distintos. O primeiro é conhecido
como citólise. Os trofozoítos de E. histolytica contém uma proteína formadora de poros, conhecida
como amoebapore, cuja principal função, no interior dos vacúolos fagocitários, consiste na
inativação e morte das bactérias ingeridas pelas amebas. Entretanto, as amebas também
desencadeiam a morte das células epiteliais por apoptose e fagocitam preferencialmente as células
apoptóticas. A morte celular estimula a produção de pré-interleucinas, que, por sua vez, ativam o
fator de transcrição nuclear NF-kB, resultando na produção de diversos mediadores inflamatórios (IL-
1, IL-8, IL-6, COX-2) e no recrutamento de neutrófilos. A migração de neutrófilos e outros leucócitos,
atraídos pelos mediadores liberados, agrava a lesão epitelial. Nas áreas de erosão epitelial inicia-se
a invasão das amebas, preferencialmente através do epitélio interglandular. Em sua passagem até
as camadas internas da mucosa intestinal, as amebas lisam células e degradam componentes da
matriz extracelular. Neste processo agem as diversas proteases produzidas pelas amebas. A morte
de neutrófilos recrutados para a lesão resulta na liberação de mais citocinas inflamatórias, como o
fator de necrose tumoral (TNF-a), o que contribui para agravar a inflamação e a destruição celular.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico clínico (na consulta – ver Métodos Laboratoriais em parasitologia) é difícil de
ser feito por apresentar sintomatologia comum a várias doenças intestinais. Deverá ser feito
diganóstico diferencial com Disenteria Bacilar, Salmoneloses, Doença de Crohn e Esquistossomose.
No trato hepático, além da dor, febre e esplenomegalia, pode-se fazer o diagnóstico através de RX,
Cintilografia, USG e Tomografia computadorizada.
TRATAMENTO
O tratamento é indicado tanto para pacientes doentes na fase aguda e quanto para
portadores assintomáticos, pois a E. histolytica dormente pode causar infecções futuras no carreador
e ser fonte potencial de infecção para outros. Os fármacos contra a amebíase são classificados
como amebicidas: luminais, sistêmicos ou mistos de acordo com o local de ação. Por exemplo, os
amebicidas luminais atuam nos parasitas no lúmen do intestino, e os amebicidas sistêmicos são
eficazes contra as amebas na parede intestinal e no fígado. Os amebicidas mistos são eficazes
contra as formas luminal e sistêmica da doença, embora as concentrações luminais sejam muito
baixas para tratamento como fármaco único.
1. MISTOS
1 O metronidazol é usado também no tratamento de infecções causadas por Giardia lamblia, Trichomonas vaginalis, cocos
anaeróbicos e bacilos gram-negativos anaeróbicos [p. Ex., espécies de Bacteroides] e é o fármaco de escolha para o
tratamento da colite pseudomembranosa causada pelo bacilo gram-positivo anaeróbico Clostridium difficile.
2. LUMINAIS
3. SISTÊMICOS
Em resumo, temos 2:
2. Giardíase
Giardíase é a doença provocada pela infecção do intestino delgado pelo protozoário
Giardia lamblia. O gênero Giardia tem mais de 50 espécies que inclui parasitos flagelados do intestino
delgado de mamíferos (G. duodenalis), aves (G. psittaci), répteis e anfíbios (G. agilis), tendo sido,
possivelmente, o primeiro protozoário intestinal humano a ser conhecido. A primeira descrição do
trofozoíto tem sido atribuída a Anton van Leeuwenhoek (1681), que os chamou de “animalúnculos
móveis”. Em países em desenvolvimento, a giardíase é uma das causas mais comuns de diarreia
infecciosa entre crianças, que em consequência da infecção, muitas vezes, apresentam problemas
de má nutrição e retardo no desenvolvimento.
EPIDEMIOLOGIA
O protozoário da Giardíase que parasita as pessoas com más respostas infecciosas existe em
todo o mundo (Distribuição Mundial), mais comum e prevalente em países subdesenvolvidos. as
crianças de até 10 a 12 anos constituem a faixa etária mais acometida. Tanto o clima (tropical ou
subtropical) quanto à condições econômicas da população parece estar envolvidas na proporção
de pessoas infectadas. Levantamentos realizados em países desenvolvidos têm encontrado a
infecção em 2% a 5% das pessoas, enquanto a taxa em países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos é de 20% a 30%. No Brasil, estudos indicam a infecção em 4% a 30% das pessoas.
As giárdias infectam indistintamente seres humanos, cães, gatos e gado. A transmissão pode ser de
um animal para outro da mesma espécie ou de espécies diferentes.
MORFOLOGIA
Giardia apresenta duas
formas evolutivas: o trofozoíto
e o cisto. O trofozoíto tem
formato de pêra, com
simetria bilateral e mede
20pm de comprimento por
10pm de largura. É
binucleado (diferentemente
do cisto, que apresenta
quatro núcleos). A face
dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava, apresentando uma estrutura
semelhante a uma ventosa, que é conhecida por várias denominações: disco ventral, adesivo ou
suctorial. O disco tem a função de fixação do parasita, sendo formado por microtúbulos,
microfilamentos e proteínas contráteis. Abaixo do disco, ainda na parte ventral, é observada a
presença de uma ou duas formações paralelas, em forma de vírgula, conhecidas como corpos
medianos. O cisto é oval ou elipsoide, medindo cerca de 12 μm de comprimento por 8 μm de largura.
No seu interior encontram-se dois ou quatro núcleos, um número variável de fibrilas (axonemas de
flagelos) e os corpos escuros com forma de meia-lua e situados no polo oposto aos núcleos.
Destacam-se os seguintes aspectos biológicos do cisto:
CICLO BIOLÓGICO
A maioria das infecções é assintomática e ocorre tanto em adultos quanto em crianças, que
muitas vezes podem eliminar cistos nas fezes por um período de até seis meses (portadores
assintomáticos). Geralmente, em indivíduos não-imunes, isto é, na primo-infecção, a ingestão de um
elevado número de cistos é capaz de provocar diarreia do tipo aquosa, explosiva, de odor fétido,
acompanhada de gases com distensão e dores abdominais (enterite aguda). Muco e sangue
aparecem raramente nas fezes. Essa forma aguda dura poucos dias e seus sintomas iniciais podem
ser confundidos com aqueles das diarreias dos tipos viral e bacteriano. Essa forma é muito comum
entre viajantes originários de áreas de baixa endemicidade que visitam áreas endêmicas.
Os mecanismos pelos quais a Giárdia causa diarreia e má absorção intestinal não são bem
conhecidos. Não há invasão da mucosa intestinal. Observa-se, entretanto, que podem ocorrer
mudanças na arquitetura da mucosa. Ela pode se apresentar completamente normal ou com atrofia
parcial ou total das vilosidades. A explicação mais plausível para a alteração morfológica e
funcional do epitélio intestinal é dada pelos processos inflamatórios aí desencadeados pelo parasito,
devido à reação imune do hospedeiro. A resposta imune local e a degranulação de mastócitos gera
uma reação anafilática local (reação de hipersensibilidade), que provoca edema da mucosa e
contração de seus músculos lisos, levando a um aumento da motilidade do intestino, o que poderia
explicar o aumento da renovação dos enterócitos.
Além dos aspectos associados às alterações morfológicas do intestino, outros fatores têm sido
aventados para explicar o aparecimento de diarreia e má absorção em alguns indivíduos, como,
por exemplo, o atapetamento da mucosa por um grande número de trofozoítos impedindo a
absorção de alimentos. As prostaglandinas liberadas pelos enterócitos e pelos parasitas são outra
forma de explicar o aumento da motilidade e a diarreia.
DIAGNÓSTICO
Diagnóstico clínico: a sintomatologia mais indicativa de giardíase é diarreia (de odor muito dorte e
característico) com esteatorreia, irritabilidade, insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite
(acompanhada ou não de emagrecimento) e dor abdominal. Apesar de estes sintomas serem
bastante característicos, é conveniente a comprovação por exames laboratoriais.
Diagnóstico laboratorial: deve-se fazer exame parasitológico de fezes nos pacientes para
identificação.
TRATAMENTO
O medicamento mais utilizado e de primeira é o
Metronidazol com eficiência entre 70% - 100%.
Outras opções, com eficácia similar são
Secnidadzol (dose única), tinidazol ou albendazol.
Furazolidona, nitazoxanida e quinacrina são
raramente utilizadas.
3. Tricomoníase
O gênero Trichomonas abrange espécies que parasitam o homem como Trichomonas
vaginalis, Trichomonas tenax e Pentatrichomonas hominis. As espécies citadas são membros da
família Trichomonadidae. Entretanto, delas, apenas a primeira, ou seja, o Trichomonas vaginalis é
patogênico, sendo ele responsável pela Tricomoníase, considerada a doença sexualmente
transmissível (DST) não-viral mais comum no mundo.
A transmissão do T. vaginalis se dá, majoritariamente, por contato sexual, embora seja descrito
na literatura sua transmissão via objetos íntimos e fômites como toalhas, roupas, vasos sanitários.
Entretanto, esses mecanismos de transmissão são muito questionados uma vez que esse protozoário
não apresenta forma cística, ou seja, apresenta apenas trofozoíto, o qual não apresenta tanta
resistência no meio adverso como a forma cística apresenta.
EPIDEMIOLOGIA
O T. vaginalis é o mais frequente patógeno encontrado entre as DST’s (Doenças Sexualmente
Transmissiveis). Estima-se que 180 milhões de mulheres no mundo se infectem anualmente, isso
siginifica 1 caso novo a cada 3 minutos, correspondendo a 1/3 de todas as vaginites diagnosticadas.
O organismo, não possuindo forma cística, não resiste à dessecação e a altas temperaturas. É um
parasito cosmopolita (encontrado nas metrópoles e comunidades), sendo mais encontrado em
mulheres de vida sexual ativa.Incidência depende de vários fatores: idade, atividade sexual, número
de parceiros, condições socioeconômicas. Tem prevalência baixa no homem e alta e em pessoas
de baixa renda, pacientes de clínicas ginecológicas, pré-natais e serviços de DSTs.
MORFOLOGIA
O Trichomonas vaginalis é um protozoário unicelular polimorfo que,
quando vivo, é elipsoide ou oval e, algumas vezes, esférico. O
protozoário é muito plástico, tendo a capacidade de formar
pseudópodes, os quais são usados para capturar os alimentos e se
fixar em partículas sólidas. Como todos os tricomonadídeos, não
possui a forma cística, somente a trofozoítica. As principais
estruturas morfológicas que caracterizam o T. vaginalis são:
✓ Quatro flagelos anteriores livres, de tamanhos desiguais;
✓ Uma membrana ondulante e a costa que nascem do
complexo granular basal. A margem livre da membrana
consiste em um filamento acessório fixado ao flagelo
recorrente;
✓ Um axóstilo, estrutura rígida e hialina que se projeta através do
centro do organismo, prolongando-se até a extremidade
posterior, que orienta a forma e estrutrua do parasito;
✓ Possui um aparelho parabasal que consiste num corpo em
forma de "V", associado a dois filamentos parabasais, onde se
dispõe o aparelho de Golgi composto por vesículas paralelas
achatadas;
✓ O blefaroplasto que está situado antes do axóstilo, sobre o qual
se inserem os flagelos, e coordena os seus movimentos.
✓ É desprovido de mitocôndrias, mas apresenta grânulos densos
paraxostilares ou hidrogenossomos, dispostos em fileiras. Estes
hidrogenossomos apresentam enzimas responsáveis pela
síntese de ATP.
Não é conveniente falar de ciclo biológico da tricomoníase, uma vez que se dá de maneira
direta como descrito na transmissão. De uma forma resumida, quando o protozoário atinge o
hospedeiro e encontra condições favoráveis ao seu crescimento, ele coloniza a vagina ou a uretra.
Através de relações sexuais ou do uso de objetos, como toalhas, contaminados, o indivíduo tem
contato com o parasita que sob a forma trofozoíta, ele se instala na mucosa vaginal ou na uretra
peniana. Por cissiparidade o número de protozoários prolifera e coloniza as regiões infectadas. O T.
vaginalis é um organismo anaeróbio facultativo. Cresce perfeitamente bem na ausência de oxigênio
na faixa de pH compreendida entre 5 e 7,5 e em temperaturas entre 20ºC e 40ºC. Um contato inicial
entre T. vaginalis e leucócitos resulta em formação de pseudópodes, internalização e degradação
das células imunes nos vacúolos fagocíticos do parasito. Na mulher, o parasita passa a se alojar,
principalmente, na vagina, colo do útero e, mais dificilmente, no trato urinário.
Diferentemente da mulher, homens infectados pelo contato com parceira sexual infectada,
por razão desconhecida, podem ter somente infecção autolimitada. No sexo masculino, classifica-
se a parasitose em três grupos: estado assintomático 3 ; estado agudo, caracterizado por uretrite
purulenta abundante; e doença assintomática leve, clinicamente indistinguível de outras causas de
uretrite. No homem, a clínica da infecção se caracteriza pela manhã, pela presença secreção clara,
viscosa (durante o dia é escasso), além dor ao urinar e prurido.
Aumento da Transmissão de DSTs e HIV: Qualquer DST aumenta por sí só aumenta a transmissibilidade
de outras DST. Essa trichomonas na região genital vai predispor a gestante a problemas posteriores.
O T. vaginalis pode ter um papel crítico na amplificação da transmissão do HIV. A infecção por T.
vaginalis tipicamente faz surgir uma agressiva resposta imune celular local com inflamação do
epitélio vaginal e da exocérvice em mulheres e da uretra em homens. Essa resposta inflamatória
induz uma grande infiltração de leucócitos, incluindo células-alvo do HIV, como linfócitos TCD4+ e
macrófagos, aos quais o HIV pode se ligar e ganhar acesso. Além disso, o T. vaginalis frequentemente
causa pontos hemorrágicos na mucosa, permitindo o acesso direto do vírus à corrente sanguínea.
Desse modo, há um aumento na porta de entrada para o vírus em indivíduos HIV-negativos e
aumento da carga viral em pacientes já soropositivos.
Problemas gestacionais: Estudos têm relatado associação entre tricomoníase e ruptura prematura
de membrana, parto prematuro, baixo peso ao nascer associado a parto prematuro, endometrite
pós-parto, natimorto e morte neonatal. A resposta inflamatória gerada pela infecção por T. vaginalis
pode conduzir direta ou indiretamente a alterações na membrana fetal ou decídua. Isso ocorre
devido a resposta imune liberar diversas citocinas (dentre elas a TGF-β) que tem uma maior afinidade
pelo tecido muscular liso. Com isso vai atuar no útero (miométrio) promovendo assim contrações
dessa musculatura ocasionando um parto prematuro.
Problemas de fertilidade: o risco de infertilidade e câncer do colo do útero é quase duas vezes maior
em mulheres com história de tricomoníase comparado com as que nunca tiveram tal infecção. O T.
vaginalis está relacionado com doença inflamatória pélvica, pois infecta o trato urinário
superior,causando resposta inflamatória que destrói a estrutura tubária e danifica as células ciliadas
da mucosa tubária, inibindo a passagem de espermatozoides ou óvulos através da tuba uterina.
DIAGNÓSTICO
3 A maioria dos portadores é assintomática principalmente devido à concentração de zinco no líquido prostático. O zinco é
altamente tóxico para T. vaginalis, e é possível que muitos homens refratários a esta infecção tenham quantidades
consideráveis deste metal no fluido prostático.
• No homem: os pacientes devem comparecer no local pela manhã, sem terem urinado no dia e
sem terem tomado nenhum medicamento tricomonicida há mais de 15 dias. O material uretral é
colhido com uma alça de platina ou com swab de algodão não absorvente ou de poliéster. O
organismo é mais encontrado no sêmen que na urina ou em esfregaços uretrais. O organismo é
mais facilmente encontrado no sêmen do que na urina ou em esfregaços uretrais. Uma amostra
fresca poderá ser obtida pela masturbação em um recipiente limpo e estéril.
• Na mulher: As mulheres não deverão realizar a higiene vaginal durante um período de 18 a 24
horas anterior a coiheita do material, e não devem ter feito uso de medicamentos tricomonicidas,
tanto vaginais (geléias e cremes) como orais, há 15 dias. a vagina é o local mais facilmente
infectado, e os tricomonas são mais abundantes durante os primeiros dias após a menstruação.
O material é normalmente coletado na vagina com um swab de algodão não absorvente ou de
poliéster. O diagnóstico é feito através da observação do material coletado a fresco no
microscópio ou em cultura de parasitas.
Este é o mais prático e rápido método de diagnóstico, mas possui uma sensibilidade
relativamente baixa. Para aumentar a sensibilidade das preparações a fresco, estas podem ser
coradas, com safranina (vermelho), e outros. As culturas de parasita são mais sensíveis, porém
demoram de 3 a 7 dias para fornecer resultados. Os exames de Imunofluorescência indireta e ELISA
são mais sensíveis e possuem maior significado em caso de pacientes assintomáticos.
TRATAMENTO
O tratamento da Trichomonas pode ser feito através de duas intervenções clínicas através da
associação de ambos:
REFERÊNCIAS
2. ASH, L. R.; ORIHEL, T. C. Atlas of human parasitalogy . Chicago : American Society of Clinical
Pathologists, 1980.
EPIDEMIOLOGIA
Ao estudar LTA e LV, observa-se que há um ciclo
silvestre que, gradativamente, atingiu as
residências humanas, formando um novo ciclo
doméstico. O panorama da leishmaniose está
relacionado com áreas de desmatamento e
invasão humana, em que a opção do vetor foi
migrar para as residências e, por incidente, gerar
um ciclo doméstico envolvendo o homem. A LTA,
no Brasil, ocorre em todos os estados, com maior
incidência na região NORTE (sobretudo Tocantíns)
e CENTRO-OESTE.
A LV, no Brasil, tem uma distribuição mais localizada no NORDESTE, sendo uma parasitose
tipicamente rural. O principal reservatório doméstico da LV é o cão, que desenvolve alopecia,
ulcerações, crescimento desordenado das unhas, emagrecimento. A espécie mais prevalente no
Brasil para este tipo de doença é: Leishmania chagasi e no mundo, L. infantum.
MORFOLOGIA
Enquanto que o Trypanossoma cruzi apresenta como formas morfológicas as seguintes:
amastigotas, epimastigotas e tripomastigotas; a leishmania vai se apresentar nas seguintes formas
morfológicas: amastigota, promastigota e paramastigota.
Forma amastigota: aparece a microscopia óptica como organismos ovais, esféricos ou fusiformes. É
a forma morfológica que parasita o hospedeiro vertebrado
Paramastigotas: São caracterizadas por se
encontrarem aderidas no trato digestivo do vetor.
Forma promastigota: são encontradas no trato
digestivo do hospedeiro invertebrado. As
promastigotas metacíclicos são as formas infectantes
para os hospedeiros vertebrados, possuem os
diâmetros do corpo nos menores limites apresentados
pelos promastigotas e o flagelo muito longo, cerca
de duas vezes o comprimento do corpo. Possuem
mobilidade intensa e são encontrados livres nas
porções anteriores do trato digestivo do inseto.
CICLO BIOLÓGICO
QUADRO CLÍNICO
(úlcera leishmaniótica típica) ou evoluir. A úlcera leishmaniótica típica apresenta uma borda elevada
(emoldurada), bem delimitada e arredondada. A LTA pode se manifestar nas seguintes formas:
A leishmaniose visceral é uma doença causada por Leishmania donovani na África, Ásia,
Europa e nas Américas. Na Índia é conhecida como Kala-Azar, palavra de origem indiana que em
sânscrito significa "doença negra", e febre Dum-Dum. Na América Latina, leishmaniose visceral
americana ou calazar neotropical.
A doença é crônica, grave, de alta letalidade se não tratada, e apresenta aspectos clínicos
e epidemiológicos diversos e característicos, para cada região onde ocorre. Os fatores de risco para
o desenvolvimento da doença incluem a desnutrição, o uso de drogas imunossupressoras e a
coinfecção com HIV1. A sintomatologia é caracterizada por:
DIAGNÓSTICO
LTA
DIAGNÓSTICO CLÍNICO - pode ser feito com base na característica da lesão que o paciente
apresenta, associado a anamnese, na qual os dados epidemiológicos são de grande importância.
Deve ser feito o diagnóstico diferencial de outras dermatoses granulomatosas que apresentam lesões
semelhantes à LTA e que podem ser confundidas, como tuberculose cutânea, hanseníase, infecções
por fungos (blastomicose e esporotricose), úlcera tropical e neoplasmas.
DIRETOS
Vantagens:
1 A leishmaniose visceral pode ser uma das doenças oportunistas associadas à síndrome da Imunodeficiência adquirida (AIDS)
Desvantagens:
✓ Encontrar formas amastigotas no interior de macrófagos pode ser uma tarefa árdua,
especialmente em lesões causadas por L. braziliensis, que frequentemente têm um número muito
reduzido de parasitos!!!
✓ visualização dos parasitos intramacrofágicos não possibilita a diferenciação de espécies, mas
apenas a identificação do gênero Leishmania sp.
Vantágens:
✓ ALTA SENSIBILIDADE! - mais moderna. Com isso, as biópsias das bordas das lesões de pacientes
suspeitos de serem portadores de LTA são fontes de pesquisa de DNA de Leishmania sp., pela
PCR.
✓ É POSSÍVEL IDENTIFICAR A ESPÉCIE em PCR.
✓ MAIS RÁPIDO (Resultados saem na hora)
Desvantagens:
INDIRETOS
LV
Mesmos métodos que LTA, a diferença é que na leishmaniose visceral, o material é obtido por
aspiração da medula óssea e não se usa Teste de Montenegro. É possível fazer ainda
Imunocromatografia (TESTE RÁPIDO) e Hemaglutinação.
TRATAMENTO
O arsenal terapêutico contra a leishmaniose visceral é limitado. Os antimoniais pentavalentes
(Sb5+) antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime®) e o estibogliconato sódico (Pentostam®) são,
na maioria dos países primeira escolha. No Brasil, a droga de escolha é o antomoniato de meglumina
(Glucantime), que é de distribuição gratuita pelo SUS. O Ministério da Saúde recomenda a dose de
20mg de Sb5+kg/dia por via endovenosa ou intramuscular, durante 20 dias e, no máximo, por 40 dias.
REFERÊNCIAS
TOXOPLASMOSE
A Toxoplasmose é uma zoonose que infecta o gato e inúmeras outras espécies de
vertebrados homeotérmicos (de sangue quente). Ela tem por causa o Toxoplasma gondii, um
esporozoário que desenvolve parasitismo intracelular e ocorre com muita frequência na população
humana sob a forma de infecção crônica assintomática.
1. Toxoplasma gondii
É um parasito intracelular obrigatório e heteroxeno (ciclo mais complexo). O gato, o felídeo, pode
funiconar tanto como o hospedeiro intermediário quanto definitivo, por isso é chamado de
hospedeiro COMPLETO. Outros mamíferos e alguns relatos de aves também são hospedeiros
intermediários. O homem só pode ser o hospedeiro intermediário, encontrado em vários tecidos do
corpo humano.
EPIDEMIOLOGIA
T. gondii é um protozoário de distribuição geográfica mundial heterogênia e variável com alta
prevalência sorológica, podendo atingir mais de 80% da população em alguns países. No entanto,
os casos de doença clínica são menos frequentes. Nestes, a forma mais grave é encontrada em
crianças recém--nascidas, sendo caracterizada por encefalite, icterícia, urticária e hepatomegalia
com altas taxas de morbidade e mortalidade.
Somente a partir da década de 70, com o conhecimento de sua ampla distribuição geográfica
por meio de testes sorológicos e do grande número de mamíferos (inclusive o homem) e aves
adngidos, é que seu estudo foi aprofundado Até então era um parasita que causava doenças em
outros animais, não no homem.
MORFOLOGIA
Tem-se 3 formas infecctantes principais:
– Taquizoítos;
– Bradizoítos;
– Oocistos.
Essas três formas apresentam organelas
citoplasmáticas características do filo
Apicomplexa (visíveis apenas em nível de
microscopia eletrônica de transmissão)
que constituem o complexo apical:
composto pelo conoide, anel polar (em
número de dois), microtúbulos
subpeliculares, roptrias, micronemas e grânulos densos. Este complexo, localizado abaixo da
membrana plasmática, é responsável pela adesão, reconhecimento e penetração do parasito nas
mais diversas células do hospedeiro. A invasão dessas formas na célula hospedeira é um processo
ativo que requer a motilidade e a liberação controlada de proteínas e lipídeos das organelas do
complexo apical do parasito.
Oocisto: é a forma de resistência que possui uma parede dupla bastante resistente às condições do
meio ambiente. Os oocistos são produzidos nas células intestinais de felídeos não-imunes e
eliminados, ainda imaturos, junto com as fezes. Os oocistos são esféricos e, após esporulação e
amadurecimento no meio ambiente, apresentam dois esporocistos, com quatro esporozoítos cada.
CICLO BIOLÓGICO
T. gondii desenvolve um ciclo sexuado nos hospedeiros definitivos e um ciclo assexuado nos
hospedeiros intermediários. Os outros animais (mamíferos ou aves) não podem manter senão as fases
assexuadas do ciclo e desempenham, portanto, o papel de hospedeiros intermediários. Eles
transmitem a infecção apenas quando sua carne servir para a alimentação de animais carnívoros
ou onívoros (e do próprio homem) ou quando venham a fazê-lo por via congênita.
Essa fase inicial da infecção – fase proliferativa com TAQUIZOÍTOS no sangue - caracteriza a
fase aguda da doença. Neste ponto, a evolução poderá ir até a morte do hospedeiro, o que poderá
ocorrer em fetos ou em indivíduos com comprometimento imunológico, ou diminuir e cessar pelo
aparecimento de resposta imune específica.
Mulheres com infecção crônica pelo T. gondii não contaminam seus filhos durante o
desenvolvimento intrauterino. Nem existem provas de que a toxoplasmose crônica possa causar
abortamento. No entanto, as mulheres que contraem toxoplasmose durante o período de gestação
estão sujeitas a riscos de alta gravidade. O curso da doença parece depender da idade que tenha
a gestação quando se der a infecção, e da capacidade que possam ter os anticorpos maternos
para proteger o feto.
Quando a infecção materna ocorre:
CONCEPÇÃO até 6º MÊS: quadro agudo ou subagudo, invadindo os parasitos todos os órgãos fetais,
mas prevalecendo as lesões do sistema nervoso e da retina.
ÚLTIMO TRIMESTRE: a doença tende a ser branda ou assintomática. Entretanto, mais de 50% dos filhos
de mães que se infectaram durante a gravidez nasce sem toxoplasmose.
A retinocoroidite é a lesão mais frequentemente associada à toxoplasmose, uma vez que 30%
a 60% dos casos se devem ao T. gondii. É consequência de uma infecção aguda (retinite aguda)
com a presença de taquizoítos ou crônica com a presença de cistos contendo bradizoítos
localizados na retina. A toxoplasmose ocular ativa consiste em um foco coagulativo e necrótico bem
definido da retina (retinite crônica).
PACIENTE IMUNODEPRIMIDO com Toxoplasmose cerebral (forma meningoencefálica) supeitar
de co-infecção HIV-AIDS – ALTEMENTE PREDITIVO e prevalente em outras populações
imunocompromentidas. Manifestações clínicas: cefaleia, febre, paralisia, confusão mental,
convulsões, delírio, alucinações, coma e morte.
DIAGNÓSTICO
➢ CLÍNICO: não é fácil de se realizar, pois os casos agudos podem levar a morte ou evoluir para a
forma crônica. Esta pode se manifestar assintomaticamente ou então se assemelhar a outras
doenças (mononucleose, por exemplo). É importante, portanto, realizar o diagnóstico diferencial
em gestantes e imunocomprometidos.
➢ LABORATORIAL:
– Sorologias (ELISA, IFI) – PCR
– Métodos direto com visualização do parasito – RNM
– Isolamento em animais – TC DE Crânio
– Histopatologia
▪ EM GESTANTES: O método de escolha é a pesquisa dos anticorpos do tipo IgM no soro do recém-
nascido. Esse anticorpo é incapaz de atravessar a placenta materna. Os anticorpos do tipo IgG
são capazes de atravessar passivamente a placenta de uma mãe com sorologia positiva.
TRATAMENTO
Ainda não existe um medicamento eficaz contra a toxoplasmose na fase crônica da
infecção. As drogas utilizadas atuam contra taquizoítos, mas não contra os cistos. Os medicamentos
mais utilizados são:
➢ PIRIMETAMINA + SULFADOXINA (Daraprim®) / PIRIMETAMIDA + SULFADIAZINA(Fansidar®): Esta
última associação é a mais usada, mas como a pirimetamina em dosagens prolongadas torna-
se tóxica, recomenda-se adicionar ácido fólico ou levedo de cerveja a dieta do paciente.
➢ Gestantes: Espiramicina + Ác. Folínico
REFERÊNCIAS
1. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010.
MALÁRIA
A Malária é uma doença causada pelo protozoário do gênero Plasmodium nas espécies
vivax, falciparum, ovale e malarie. A malária por P. falciparum é um quadro grave e potencialmente
fatal em certos casos. A P. vivax caracterizada por febres terçãs benignas é endêmica no Brasil e a
malária por P. ovale é presente apenas na África. Tem como vetor transmissor o mosquito Anopheles.
1. Plasmodium
Os parasitos causadores de malária pertencem ao filo Apicomplexa e ao gênero
Plasmodium. Existem mais de 150 espécies, mas destas, apenas quatro espécies parasitam o homem:
Plasmodium falciparum, vivax, malariae e ovale. Este último ocorre em apenas algumas regiões
estritas do continente africano.
EPIDEMIOLOGIA
A malária é uma doença que ocorre nas áreas tropicais e subtropicais do mundo. Entretanto,
sua distribuição nessas regiões não é homogênea. Na América Latina, o maior número de casos é
verificado na AMAZÔNIA brasileira, com registro de cerca de 500 mil casoslano. No Brasil, do total de
casos, 77% foram causados pelo P. vivax e 23% pelo P. falciparum. Destacaram-se pela intensidade
de transmissão os Estados de Pará, Rondônia e Amazonas.
MORFOLOGIA
As FORMAS EXTRACELULARES, capazes de
invadir as células hospedeiras são:
• Esporozoítos
• Merozoítos
• Oocineto
• Trofozoítos
• Esquizontes
• Gametócitos
CICLO BIOLÓGICO
A transmissão natural da malária ao homem se dá quando fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles,
parasitadas com esporozoítos em suas glândulas salivares, inoculam estas formas infectantes durante o repasto
sangüíneo. A infecção malárica inicia-se quando esporozoítos infectantes são inoculados nos humanos pelo
inseto vetor. As fontes de infecção humana para os mosquitos são pessoas doentes ou mesmo indivíduos
assintomáticos, que albergam formas sexuadas do parasito. Apesar de infrequente, a infecçáo malárica pode
ser transmitida também:
ATENÇÃO!!
➢ FASE AGUDA: As manifestações clínicas mais frequentemente observadas são comuns as quatro
espécies que parasitam os humanos. Em geral, os acessos maláricos são acompanhados de
intensa debilidade física, náuseas e vômitos. Ao exame físico, o paciente apresenta-se pálido e
com baço palpável (ESPLENOMEAGLIA).
➢ MALÁRIA CEREBRAL: Estima-se que ocorre em cerca de 2% dos indivíduos não-imunes, parasitados
pelo P. falciparum. Os principais sintomas são uma forte cefaléia, hipertermia, vômitos e
sonolência. Em crianças ocorrem convulsões. O paciente evolui para um quadro de coma, com
pupilas contraídas e alteração dos reflexos profundos.
➢ IRA (INSUFICIENCIA RENAL AGUDA): Caracteriza-se pela redução do volume urinário a menos de
400 ml ao dia e aumento da uréia e da creatinina plasmáticas. É mais frequente em adultos do
que em crianças, e tem sido descrita como a complicação grave mais frequente de áreas de
transmissão instável, como o Brasil.
➢ EDEMA AGUDO DE PULMÃO: É particularmente comum em gestantes e inicia-se com
hiperventilação e febre alta. As formas mais graves caracterizam-se por intensa transudação
alveolar, com grave redução da pressão arterial de oxigênio (síndrome da angústia respiratória
do adulto).
➢ HIPOGLICEMIA: Mais frequente em crianças, ocorre geralmente em associação com outras
complicações, principalmente a malária cerebral. Os níveis de glicose sanguínea são inferiores a
30 mg/dl e a sintomatologia pode estar ausente ou ser mascarada pelo quadro em si.
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
O tratamento da malária visa à interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela
patogenia e manifestações clínicas da infecção. É também objetivo da terapêutica proporcionar a
erradicação de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P.
ovale, evitando assim as recaídas tardias.
➢ P. vivax – Cloroquina + Primaquna durante 7 dias. Primeiros 3 dias com cloroquina e primaquina
e a partir do quarto só primaquina.
➢ P. falciparum – Artemer + Lumefantrina.
➢ Em gestantes e crianças < 6 meses: Quinino + Clindamicina. Ao final recomenda-se uma dose
de Primaquina para atingir os gametócitos.
➢ Mista – Artemer + Lumefantrina nos primeiros 3 dias e Primaquina nos últimos 4 dias.
PROFILAXIA: MEDIDAS DE CONTROLE E P REVENÇÃO
Do ponto de vista teórico, a profilaxia da malária pode ser feita em níveis individual e coletivo:
REFERÊNCIAS
1. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010.
DOENÇA DE CHAGAS
A Doença de Chagas ou Tripanossomíase americana é um antropozoonose que acomete
principalmente a américa latina com alta prevalência na América do Sul, inclusive o Brasil. Ela é
causada pelo protozooário do Trypanosoma cruzi, da ordem Kynetoplastidae 1 . Não há cura e
medicamentos eficazes para a fase crônica da doença, mas o tratamento na fase aguda precoce
traz cura em até 80%. O vetor transmissor é o triatomídeo hematófago, conhecido como “barbeiro”.
1. Trypanosoma
No dia 14 de abril de 1909, ao examinar uma criança de 2 anos com quadro febril chamada
Berenice, Carlos Chagas descobriu em seu sangue aquele mesmo protozoário (T. cruzi) encontrado
nos barbeiros e nas diversas espécies de animais examinados. A mãe da criança informou-o que a
menina havia sido sugada por barbeiro e quais sintomas havia apresentado.
EPIDEMIOLOGIA
O Brasil é endêmico para o trypanossoma cruzi. É uma doença que foi bastante estudada
por Oswaldo Cruz que deu o nome do parasito. É a ANTROPOZOONOSE mais frequente na América
Latina. O barbeiro hematófago é o verdadeiro transmissor. Nem toda espécie vai transmitir.
Pantrogylos megistus (BRASIL) e Triatoma infestans (ARGENTINA) são os principais. No Brasil, cerca de
6 milhões de habitantes são infectados. Trypanosoma gambiense é o agente etiológico da Doença
do Sono. É encontrado SOMENTE na África.
MORFOLOGIA
Em resumo, o T. cruzi apresenta três fases morfológicas que participam de seu ciclo biológico:
as formas TRIPOMASTIGOTA, EPIMASTIGOTA e AMASTIGOTA. Os tripomastigotas do sangue humano
ingeridos pelo inseto se transformam rapidamente em seu estômago do inseto em organismos
arredondados "esferomastigotas". No intestino médio processa-se a multiplicação do parasita sob a
forma de "epimastigota", sendo essa fase do ciclo aparentemente a responsável pela infecção no
vetor. Na parte terminal de seu intestino (RETO) ocorre a diferenciação de formas epimastigotas em
1É a mesma ordem do gênero Leishmania. A ordem kinetoplastida é caracterizada pela presença de uma organela
chamada cinetoplasto (ou k-DNA) onde se localiza parte de seu material genético.
"tripomastigotas metacíclicas", que se acumulam na ampola retal e são eliminadas nas fezes
juntamente com as formas epimastigotas não transformadas e SÃO AS FORMAS INFECTANTES.
CICLO BIOLÓGICO
A forma tripomastigota no sangue circulante pode penetrar em outra célula ou ser ingerida
pelo triatomíneo, quando chega no estômago do triatomíneo há transformação da forma
tripomastigota em epimastigota no intestino posterior do inseto, esse multiplica pro divisão binária. A
forma epimastigota transforma-se em forma TRIPOMASTIGOTA METACÍCLICA no reto do inseto; passa
para as fezes do triatomíneo e torna-se apta a penetrar em células do homem e reiniciar o ciclo.
O quadro clínico da doença de Chagas AGUDA tipicamente se instala nos primeiros dias ou
meses após a infecção primária e dura entre 4 e 12 SEMANAS, quando não há tratamento.
Caracteriza-se por febre baixa e mal-estar acompanhados de linfadenopatia e de
hepatoesplenomegalia. A resposta imune é inespecífica (IgM), porém com parasitemia elevada. Em
10-15% dos casos, principalemnte em pacientes imunodeprimidos pode haver morte por miocardite
e/ou meningoencefalite. A fase CRÔNICA inicia-se entre ALGUMAS SEMANAS e uns POUCOS MESES
depois de adquirida a infecção, caracterizando-se pela ausência de parasitemia e por uma intensa
resposta imune humoral, com predomínio de IgG.
DIAGNÓSTICO
Para o diagnóstico, deve-se lembrar do caráter da parasitemia durante as fases aguda e crônica:
➢ Durante a FASE AGUDA, a parasitemia está elevada, sendo possível o diagnóstico tanto por
meio da pesquisa do protozoário como por meio de técnicas imunológicas.
➢ Durante a FASE CRÔNICA, a parasitemia é baixa ou é nula. Portanto, é inviável a pesquisa do
protozoário devido a este não se encontrar no sangue. O diagnóstico, entretanto, por ser feito
por meio de técnicas imunológicas.
DIRETAS: INDIRETAS
Reação de imunofluorescência indireta (RIFI). Apresenta alta sensibilidade a partir do 15º dia de infecção,
detectando anticorpos da classe IgM, que raramente ocorrem na fase crônica da doença, mas que são
constantes na fase aguda, com títulos elevados.
Enzime-linked-immunosorbent-assay (ELISA). Esta técnica também detecta classes específicas de anticorpos
e, portanto, é indicada para o diagnóstico de fase aguda da doença, utilizando-se conjugado anti-IgM.
ATENÇÃO – LEMBRAR!
MÉTODOS DIRETOS → MAIS ÚTEIS PARA FASE AGUDA (esfregaço – gota espessa)
MÉTODOS INDIRETOS E XENODIAGNÓSTICO → MAIS ÚTEIS PARA FASE CRÔNICA
(sorologia e hemocultura)
TRATAMENTO
REFERÊNCIAS