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MECANISMO

DE AGRESSÃO
E DEFESA

EXCLUSIVE
@emmanuelpacheco_20
MECANISMO DE AGRESSÃO E DEFESA - MAD

IMUNOLOGIA

@emmanuelpacheco_20
Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - IMUNOLOGIA


PROPRIEDADES GERAIS DOS MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA

1. Características principais da Imunidade Inata e Adaptativa

A função fisiológica e diretamente relacionada ao Sistema Imunológico é conferir proteção


especificamente contra doenças infecciosas, elaborando uma resposta contra componentes dos
microorganismos. O sistema imune, nesse sentido, é organizado em moléculas, células e tecidos
especializados ou não, que elaboram coletiva e coordanadamente uma resposta imune à entrada
de substâncias estranhas.

ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed

O sistema imunológico é dividido em Imunidade inata e Imunidade adaptativa. A imunidade


adaptativa é ainda subdividida em imunidade humoral e imunidade mediada por células. Em
resumo, a imunidade inata é:

✓ A primeira linha de defesa contra patógenos;


✓ Está presente mesmo antes do momento da infecção;
✓ É inespecífica (não distingue diferenças entre os patógenos).

Seus componentes são:

➔ Barreiras físicas e químicas: Epitélio, mucosa, agentes antimicrobianos (as barreiras epiteliais,
como nossa pele produzem antibióticos naturais, como as defensinas e lisozimas).
➔ Células fagocíticas (neutrófilos, macrófagos, mastócitos), células dendríticas e células NK +
outras linfóides.

As reações da imunidade inata são efetivas no controle e mesmo na erradicação das


infecções. Entretanto, muitos microrganismos patogênicos evoluíram para resistir à imunidade inata.
A defesa contra esses patógenos necessita de mecanismos mais potentes e especializados da
imunidade adaptativa.
A imunidade adaptativa é responsável por uma resposta mais tardia à infecção, cerca
depois de 12h, e tem como principal característica sua especificidade, e respostas especializadas
contra diferentes microorganismos, possuindo portanto a distinção imunológica que a inata não
tinha. Além disso, ela produz uma memória imunológica em infecções recidivas, fazendo com que

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nosso corpo responda de forma mais rápida e mais eficaz contra os mesmos patógenos. Há também
a diversidade, uma característica também exclusiva da resposta adaptativa definida pelos
receptores e ligantes de linfócitos. Esses conceitos serão descritos mais a diante. Como já havia sido
dito, ela é dividida em Imunidade Humoral e Imunidade Mediada por Células, e seus componentes
principais são os linfócitos.

ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed

Em resumo, temos que a Imunidade humoral é mediada por moléculas do sangue (soro) e
secreções de mucosas, sobretudo os anticorpos, que são secretados pelos Linfócitos B e coferem
resposta contra microorganismos extracelulares, que reconhecem antígenos, neutralizam o
patógeno, focam a resposta, selecionando e finalmente eliminando aquele agente invasor. É
possível observar que os anticorpos explicam a especificadade e memória da Imunidade adapativa.
Os anticorpos ao se ligarem com toxinas e componentes da parede celular das bactérias ativam
mecanismos efetores dos mais variados tipos, e uma das principais é justamente a fagocitose, através
da ligação e liberação de proteinas pró-inflamatórias (as etapas e processos da FAGOCITOSE serão
elucidadas na próxima aula).

Já a Imunidade mediada por células é uma resposta interpretada pelos Linfócitos T, e confere
uma defesa contra infecções provenientes de microorganismos intracelulares (vírus que residem
fagócitos), através do recrutamento de leucócitos (que secretam citocinas e quimiocinas) 1 e

1Didaticamente, toda substância ou molécula terminada no sufixo –ina é uma proteína. Portanto, citocinas são
proteínas produzidas por células (-cito) que tem uma determinada função. As quimiocinas são um subgrupo de
citocinas que regulam a movimentação e a migração de células,, no processo de quimiotactismo. Outas
citocinas importantes são o TNF (Fator de necrose tumoral) e interferom). Nessa aula o objetivo é apnas
apresentar os conceitos para familiarização.

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ativação dos Linfócitos B (que secretam anticorpos) pelas células T auxilares (CD4+), que
indiretamente participa da proteção contra microorganismos extracelulares.

A forma de imunidade que é induzida pela exposição a um antígeno estranho é chamada


de imunidade ativa, porque o indivíduo imunizado tem papel ativo na resposta ao antígeno
(descritos mais à frente)*. Indivíduos e linfócitos que não encontraram um antígeno particular são
ditos como sendo inativos (imaturos), implicando que eles são imunologicamente competentes,
porém inexperientes. Indivíduos que responderam a um antígeno microbiano e são protegidos de
exposições subsequentes àquele microorganismo são tidos como imunes. Já na imunidade passiva
há a transferência no soro de linfócitos e anticorpos prontos, e o receptor dessa transferência
adpatativa se torna imune a um antígeno em particular apesar de nunca ter sido exposto ou ter
respondido por conta própria àquele mesmo antígeno. A imunidade passiva é um método útil para
conferir rapidamente resistência, sem ter que esperar pelo desenvolvimento de uma resposta imune.

Um exemplo fisiologicamente importante de imunidade passiva é a transferência de


anticorpos maternos através da placenta para o feto (IgG), o que permite aos recém-nascidos o
combate a infecções antes de eles próprios desenvolverem a habilidade de produzir anticorpos. A
imunização passiva contra toxinas pela administração de anticorpos de animais imunizados é um
tratamento salvador para infecções letais (VACINAÇÃO), tais como raiva e picadas de cobras
(SOROS).

O termo sensibilizado diz respeito a um indivíduo que entrou em contato com um


determinado antígeno. Essa prerrogativa faz com que o corpo elabore uma resposta e proteção
contra o microorganismo em exposições subsequntes, futuras, quando está de fato imune.

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2. Conceitos e Características das respostas imunes adaptativas

• Especificidade: quando as respostas são específicas para *antígenos2 distintos.

• Diversidade: capacidade do repertório de linfócitos reconhecer grande número de antígenos


resultante da variabilidade de locais receptores de antígenos para ligação.

2Antígenos são constituidas por partes ser complexos de proteína, polissacarídeos e outras macromoléculas
oriundas de um patógeno ou organismo estranho. São reconhecidas por linfócitos em locais específicos em sua
membrana cujos ligantes são chamados de determinantes ou Epítopos para cada espécie de antígeno. Isso
confere à imunidade adaptativa especificidade e diversidade.

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• Memória: capacidade do sistema imune em desenvolver respostas imunológicas secundárias,
normalmente mais rápidas, potentes, quantitativamente maiores (em número) à primária
(imunidade inata). A memória imunológica ocorre porque cada exposição a um antígeno gera
células de vida longa e específicas para aquele antígeno.

• Expanção clonal: aumento no número de células que expressam receptores idênticos para o
antígeno após a exposição e, assim, pertencem a um clone. Este aumento nas células específicas
para um antígeno permite a adaptação da resposta imune em manter o ritmo com os patógenos
infecciosos em rápida divisão.

• Especialização: característica da imunidade adaptativa que diz respeito às respostas


selecionadas a fim de melhor combater cada classe de microorganismos (bactérias, vírus,
fungos). É diferente de especificidade, que é referente a respostas exclusivas para cada tipo de
antígeno.

• Contração: capacidade da imunidade adaptatia de retornar aos valores normais (estado de


repouso basal) de células de defesa e mecanismos após a resposta ao antígeno.

• (Auto)tolerância - não reatividade ao próprio: conjunto de mecanismos da imunidade


adaptativa para evitar que o corpo reaja aos próprios antígenos. As falhas nesses mecanismos
resultam nas doenças autoimunes (lúpus, artrite reumatóide).

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3. Componentes Celulares e Fases da Imunidade Adaptativa

O sistema imune adapatativo é composto principalmente por linfócitos B e T, células


apresentadoras de antígenos e as células efetoras. Esses primeiros são as únicas células capazes de
produzir anticorpos, em um processo que se diferenciam em plasmócitos circulantes. Já as células T
reconhecem os antígenos, auxiliam os fagócitos a destruir os microoganismos e matam as células
infectadas, as chamadas células T citotóxicas – CTLs (TCD8+). Por outro lado, não produzem
anticorpos e tem sua especificidade restrita a antígenos, ou seja, reconhecem proteínas estranhas
ligadas ao hosdeiro, presentes na superfície celular, não solúveis, atraves das moléculas do MHC (do
inglês, Complexo Principal de Histocompatibilidade).

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Em resposta à estimulação antigênica, as células T auxiliares secretam citocinas, que são
responsáveis por muitas das respostas celulares da imunidade inata e adaptativa, funcionando
como “ moléculas mensageiras ” do sistema imune. As citocinas secretadas pelos linfócitos T
auxiliares estimulam a proliferação e diferenciação das próprias células T e ativam outras células,
incluindo células B, macrófagos e outros leucócitos. Os CTLs matam as células que produzem
antígenos estranhos, tais como células infectadas por vírus e outros microrganismos intracelulares.
Alguns linfócitos TCD4, denominados células T regulatórias (Treg), funcionam principalmente para inibir
as respostas imunes.

O início e desenvolvimento das respostas imunes adaptativas necessitam que os antígenos


sejam capturados e apresentados aos linfócitos específicos. As células que servem a este papel são
as chamadas células apresentadoras de antígeno – APCs. As APCs mais especializadas são as células
dendríticas, que capturam antígenos microbianos que se originam do ambiente externo,
transportam seus antígenos aos órgãos linfoides e apresentam os antígenos aos linfócitos T imaturos
para iniciar as respostas imunes. Também APCs, os macrófagos e células B apresentam os antígenos
aos linfócitos T nas respostas imunes mediadas por células e humorais, respectivamente.

A ativação dos linfócitos pelos antígenos leva à geração de numerosos mecanismos que
funcionam para eliminar o antígeno. A eliminação do antígeno frequentemente necessita da
participação das células efetoras (TCD4+/Treg e TCD8+/CTLs), porque elas medeiam o efeito final da
resposta imune, que é se livrar dos microrganismos. Os linfócitos T ativados, fagócitos mononucleares
e outros leucócitos funcionam como células efetoras em diferentes respostas imunes.

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4. Imunidade Humoral: Classes de Anticorpos

Tecer esses comentários é importante para o entendimento mais para frente dos métodos
diagnóstico em microbiologia e parasitologia. Os anticorpos secretados se ligam aos
microorganismos extracelulares, bloqueiam sua habilidade de infectar as células do hospedeiro e
promovem sua ingestão e subsequente destruição pelos fagócitos.

plasmócito
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Na ativação pelo antígeno, os linfócitos B se proliferam e se diferenciam em células que
secretam diferentes classes de anticorpos com funções distintas. A resposta das células aos
antígenos proteicos necessita de sinais de ativação (auxílio) das células T CD4+ (que é a razão
histórica para se chamar essas células de células T auxiliares). As células B podem responder a vários
antígenos não proteicos sem a participação de células T auxiliares.

Algumas das progênies dos clones de células B expandidos se diferenciam em plasmócitos


secretores de anticorpo. Cada plasmócito secreta anticorpos que têm o mesmo local de ligação do
antígeno que os anticorpos da superfície células (receptores em célula B) que primeiro
reconheceram o antígeno. Polissacarídios e lipídios estimulam a secreção principalmente do
anticorpo de classe denominada IgM. Os antígenos proteicos induzem a produção de anticorpos de
classes funcionalmente diferentes (IgG, IgA, IgE) a partir de um único clone de células B. A produção
desta classe de anticorpos com diferentes funções é denominada troca de classe. O processo
necessita da ação de células T auxiliares. Ele fornece plasticidade na resposta do anticorpo,
permitindo que sirva a várias funções.

Existem 5 classes (tipos) de anticorpos, IgM, IgG, IgD, IgA e IgE. Cada um possui uma
localização, função e meia-vida plasmática específica, e mais detalhes sobre cada uma será
descrita na aula de Imunidade adaptativa. Porém de maneira geral, é de extrema importância
compreender que quando se fala de FASE AGUDA, a resposta é mediada por IgM, a principío. À
medida que a imunidade adaptativa vai sendo ativada e chega a FASE CRÔNICA, a resposta imune
humoral passa a ser feita principalmente por IgG.

Anticorpos IgG recobrem os microrganismos e os tornam alvo para a fagocitose porque os


fagócitos (neutrófilos e macrófagos) expressam receptores para partes das moléculas de IgG. IgG e
IgM ativam o sistema complemento, e os produtos do complemento promovem a fagocitose e a
destruição dos microrganismos. Alguns anticorpos atendem a papéis especiais em locais anatômicos
em particular. A IgA é secretada pelo epitélio da mucosa e neutraliza microrganismos nos lumens
dos tecidos mucosos, tais como os tratos respiratório e gastrintestinal. A IgG materna é ativamente
transportada através da placenta e protege o feto até que o seu sistema imune e do futuro recém
nascido se torne maduro. A maioria dos anticorpos tem meia-vida de poucos dias, mas grande parte
dos anticorpos IgG tem meia-vida de cerca de 3 semanas.

A imunidade mediada por células será descrita melhor e mais detalhadamente nas próximas
aulas, sendo desnecessário fazer um resumo dela agora, embora no Abbas está descrita no final do
Capítulo 1.

REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULO 1

2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 57 (COMPLEMENTAR)

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IMUNIDADE INATA
Como já foi dito na aula anterior, a resposta imune inata é inespecífica, e embora aconteça
junto com a imunidade adquirida, cada uma apresenta características e componentes distintos.
Posteriormente iremos aprender também que existe uma conexão ou comunicação entre as duas,
sendo uma responsável por ativar a outra, de forma recíproca.

É uma resposta inicial, ou seja, incipiente e nãotem nenhum pré-requisito para que se inicie.
Muitos microorganismos patogênicos desenvolvem estratégias para resistir à imunidade inata, as
quais são cruciais para a virulência destes. As respostas imunes inatas podem monter sob controle a
infecção até que as respostas imunes adaptativas sejam ativadas, e são mais potentes e
especializadas.

1. Principais Tipos de Respostas


Defesa inflamatória (Inflamação): processo pelo qual leucócitos e proteínas circulantes são
trazidos ao local da infecção para destruir os agentes agressores por quimiotaxia. São os
principais responsáveis os neutrófilos e os macrófagos, células que também fazem o raparo das
células danificadas e mortas.
Defesa antiviral: consiste em alterações nas células que previnem a replicação viral e
aumentama suceptibilidade à morte pelos linfócitos, principalmente os citotóxicos ou natrual
killer (LTCD8+) eliminando, assim, os reservatórios de infecção viral.
Barreira epitelial: As células epiteliais, bem como alguns leucócitos produzem peptídios que têm
propriedades antimicrobianas. Duas famílias estruturalmente distintas de peptídios
antimicrobianos são as defensinas e as catelicidinas. A barreira epitelial contém certos tipos de
linfócitos, incluindo linfócitos T intraepiteliais, que reconhecem e respondem aos microrganismos
comumente encontrados.
2. Componentes e Células
➢ Barreiras Epiteliais: pele e cobertura (mucosa) dos tratos gastrointestinal, respiratório e
genitourinário.
➢ Células Efetoras Circulantes
✓ Fagócitos: Neutrófilos e Macrófagos

Os neutrófilos são leucócitos polimorfonucleados, têm um tempo de vida médio


de 6h no sangue e 1-2 dias nos tecidos e são os primeiros a chegar às áreas de
inflamação, tendo uma grande capacidade de fagocitose. Estão envolvidos
na defesa contra bactérias e fungos.
Os macrófagos são células de grandes dimensões do tecido conjuntivo, ricos em
lisossomos, que fagocitam elementos estranhos ao corpo. Os macrófagos derivam
dos monócitos do sangue (que se direcionam aos tecidos e se denominam como
macrófagos) e de células conjuntivas ou endoteliais. Intervêm na defesa do
organismo contra infecções. Possuem duas grandes funções na resposta imunitária:
fagocitose e destruição do microrganismo; e apresentação de antigénios a
linfócitos T. Suas funções mais relevantes são fagocitose, apresentação de
antígenos para os linfócitos (APCs) e secreção de citocinas e mediadores

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✓ Células Dendríticas

As células dendríticas, uma família heterogênea de células com longos processos citoplasmáticos do
tipo dendritos, estão constitutivamente presentes no epitélio e na maioria dos tecidos do corpo. Além
disso, as células dendríticas expressam mais tipos diferentes de TLRs e receptores de padrão de
reconhecimento do que qualquer outro tipo celular, tornando-as os mais versáteis sensores de PAMPs
e DAMPs dentre todos os tipos celulares no corpo. As células dendríticas são as únicas capazes de
disparar e direcionar as respostas imunes adaptativas mediadas por célula T, e isso depende de suas
respostas imunes inatas aos microrganismo.

✓ Células linfóides inatas: Linfócitos T citotóxicos (TCD8+) → Células NK

As células natural killer (NK), as primeiras e mais bem descritas células


linfoides inatas, são um subgrupo de ILCs tipo I, que desempenham
importantes papéis nas respostas imunes inatas principalmente
contra vírus e bactérias intracelulares. Quando as células NK são
ativadas, a exocitose dos grânulos libera essas proteínas adjacentes
às células-alvo. Uma proteína do grânulo da célula NK, chamada de
perforina, facilita a entrada de outras proteínas granulares,
denominadas granzimas, para o citosol das células-alvo. As
granzimas são enzimas que iniciam uma sequência de eventos de
sinalização que causam a morte das células-alvo por apoptose.
Alguns tumores, especialmente aqueles de origem hematopoética,
são alvos das células NK, talvez porque as células tumorais não
expressem níveis normais ou tipos de moléculas de MHC de classe I.

✓ Linfócitos T e B com receptores limitados


✓ Mastócitos

Os mastócitos estão presentes no sangue em menor número, na pele e no epitélio mucoso e


secretam rapidamente citocinas pró-inflamatórias e mediadores lipídicos em resposta às
infecções e outros estímulos.

➢ Proteínas Circulantes Plasmáticas


✓ Citocinas: As citocinas são mediadores celulares do sistema imunitário que permitem às células
comunicar entre si e com outras de outros orgãos. São um sistema incrivelmente complexo e
inteligente ainda pouco conhecido. As citocinas, sobretudo as interleucinas (IL-1, IL-2, etc), terão
suas funções elucidadas nas próximas aulas e as demais serão estudadas mais futuramente.
✓ Sistema Complemento: será detalhado a diante.

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3. Ação dos Fagócitos: Etapas da fagocitose


1. Reconhecimento (receptores): deve faver, necessariamente, um receptor ou um ligante. Nesse
caso, o Receptor estará no fagócito e o ligante no patógeno (ex.: lipídeo – bactérias)
2. Projeção de pseudópodes: é uma consequência do reconhecimento → ligação do ligante com
os receptores e resulta na opsonização do patógeno.
3. Formação do Fagossomo: formação da vesícula endocítica (Endossomo) + Patógeno englobado,
também chamado de engolfamento.
4. Fusão com o Lisossomo: resulta na formação do Fagolisossoma (Fagossomo + Lisossomo), no
qual ocorre a liberação de enzima lisossômicas (lisozimas).
5. Destruição ou morte do Patógeno: Uma série de reações. A digestão (lise/quebra) acontece
através de enzimas hidrolíticas do lisossomo. Mas outro mecanismo são ireações de oxidação por
meio de Espécies Reativas de Oxigênio – EROS1. A outra via é pelo óxido nítrico, bombeado para
dentro do lisossomo e consegue neutralizar os subprodutos. Há também uma via independente de
oxigênio, em que o microorganismo morre devido ao acúmullo de ácido lático produzido pela
células hospedeia no metabolismo anaeróbio, e diminui pH intracelular.
6. Eliminação: acontece por exocitose.
7. Apresentação de Antígeno (cadeias petídicas de 8-11 aa.): é AQUI que acontece a INTERFACE
entre a resposta inata e adaptativa mencionada no começo do resumo.

4. Reconhecimento dos Patógenos

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Existem um grupo de receptores de membrana nos fagócitos chamado de TLR – receptor tipo
Toll (do inglês, Toll-like receptor) que identifica, por exemplo, lipídeos da parede celular bacteriana.
Essas substâncias microbianas que estimulam a imunidade inata são compartilhadas por classes de
microorganismos e são chamadas de PAMPs – Padrões moleculares Associados a Patógenos.2 Como
produto da fagocitose e que serão detalhados mais futuramente existem os DAMPs – Padrões
Moleculares Associados ao Dano.
Esse receptor varia de pessoa a pessoa e tem natureza proteica sintetizada a partir do DNA.
Ou seja, os genes que vão definir quão eficiente será a elaboração da resposta através desse

1Os EROS possuem um ligante (elétron) covalente a menos, e isso garente estabilidade, por isso são
bastante instáveis. O2 → O2•- → O22-
2 Por exemplo, os Lipopolissacarídeos (LPS) estão presentes na Parede Celular das bactérias Gram-

negativas enquanto que o ácido lipoteicoico está nas das bactérias Gram-positivas.

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reconhecimento. Isso define ou a menos participa da suceptibillidade de certos indivíduos a


infecções recorrentes.
Existem 9 tipos no total de receptores extracelulares TLR e de lectina. São dividos nos
receptores presentem no citoplasma da célula, os citosólicos, como os NOD (NLR) e os RIG (RLRs) e
os receptores endossomais expressos das membranas no interior da célula eucarionte e reconhecem
ácidos nucleios dos microorganismos que foram fagocitados. OBS.: Todas as células possuem todos
os genes para a produção de TLRs, o que vai diferenciar vai ser a versão alélica.

5. Sistema Complemento
São um conjunto de proteínas que se associam a bactérias capazes de matá-las através do aumento
de sua permeabilidade por meio de “poros” na sua superfície (Parede celular e membrana externa),
para o extravasamento do seu citoplasma e lise. Acontece por meio de 3 vias: a via Clássica, via
Alternativa e Via das Lectinas.
Todas elas convergem para uma via comum. Essa via cria o MAC (Complexo de ataque à
Membrana) que vai induzir à formação do poro. Paralelamente, elas liberam fatores tanto para
inflamação quanto para a opsonização do patógeno. Na verdade, a via alternativa é a primeira a
ser ativada. A via clássica, apesar de ter sido descoberta primeiro, necessita da resposta imune
adaptativa (produção de Anticorpos) para ser ativada.

LEVINSON – Microbiologia médica e Imunologia, 10ª ed.

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O sistema complemento começa com a via alternativa, quando uma proteína plasmáica ou
sérica, C3, sofre hidrólise espontânea no plasma, liberando C3a3 e C3b que se liga à superfíce do
patógeno. (Normalmente, o C3 é continuamente clivado no plasma a uma taxa baixa para gerar
C3b em um processo que é chamado amplificação de C3). A Fator B4 se liga ao C3b formando
C3bB. É a vez do Fator D se ligar a esse complexo e clivar o fator B, liberando um fragmento do Fator
B, Ba, resultando em C3bBb, a C3 convertase da via Alternativa. Nesse momento, mais um C3 se junta
ao complexo e chega a hora da Properdina clivar o C3, formando um fragmento menor de C3a*.
Agora etá formada a C5 convertase da via Alternativa, C3bBbC3b. Esse complexo cliva o C5 que se
junta, resultando em C5a* e o complexo final de amplificação para a ativação do MAC da via
alternativa, C3bBbC3bC5b.

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Essa via terminal já tem o potencial de clivar as demais protéinas para a formação do MAC,
C6, C7, C8 e C9, o complexo C5C7C8(C9)n se junta formando o Complexo de Ataque à Membrana,
a VIA COMUM das três vias, ...C5b,6,7,8,9.
A via clássica acontece por meio da ligação com anticorpos das classes IgG e IgM. (A IgM é
um anticorpo mais eficaz para a ligação ao complemento do que a IgG). Nos livros são descritos
detalhes do acoplamento das cadeias das imunoglobulinas a cadeia de C1 (com as partes C1 q, C1r,
C1s, etc) porém isso não é cobrado e para facilitar vamos começar pela ligação de C1 ao anticorpo,
apenas. Esse imunocomplexo se liga ao Patógeno ou seu antígeno. A primeira proteína envolvida
que se liga é o C4, que é clivada pelo complexo ficando sua porção maior e lierando C4a*,
formando C1C4b. A segunda é o C2, que faz o mesmo processo, liberando C2a*, e ficando seu
fragmento maior, formando C1C4bC2b, a C3 convertase da via Clássica. (Há uma confusão na
literatura do Abbas desatualizado – pois diz que é a C2a, pois isso foi convencionado no último
congresso de Imunologia, e isso deve ter a ver com o conceito dos fragmentos). O próximo é o C3,
clivado formando C3a e ficando C1C4bC2bC3b, a C5 convertase da via Clássica. A última porção
(C3b) opsoniza a bacteria para a ação do macrófago e/ou parte para a formação do MAC, que
segue o mesmo sentido da via alternativa, chegando C5 e saindo C5a, formando a VIA COMUM,
C5b, 6,7,8,9.

3 O “a” é o fragmento menor e o “b” é o fragmento menor. Para ficar de forma didática foi convencionado
assim, mas alguns livros ainda usam o sentido oposto.
4 O Fator B, o Fator D e a Properdina fazem parte de um conjunto de proteínas séricas produzidas no

metabolismo hepático, são liberados do fígado para a corrente sanguínea.


*Os fragmentos menores resultantes da lise do complemento de forma geral participam da Inflamação,
promovendo vasodilatação com extravasamento plasmáticos e são quimioatrantes.

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Finalmente a via das lectinas, que é associada a uma proteína ligadora de Manose, e por isso
não se associa a qualquer patógeno, apenas aqueles que apresentam manose (um tipo de açucar
em sua superfície celular, como por exemplo as bactérias. Também é chamada de MBL, e NÃO
depende da resposta imune adaptativa e evita a etapa que requer anticorpos, conferindo proteção
na infecção precoce, antes de os anticorpos serem produzidos para atuar, porém é necessário fazer
algumas diferenciações. A via das lectinas apenas requer a lise de C4 e C2 para formar a C3
convertase, e depois disso a via clássica é ativada e segue seu rumo para a MAC normalmente.
Por fim, é preciso fazer uma correlação clínica importante, pois diz respeito a Microbiologia,
e as questões de prova de MAD costumam mesclar os conteúdos. Pessoas que tem deficiência na
produção de proteínas do sistema complemento em geral tem maior suscepetbilidade a infecções
bacterianas graves, sobretudo contra bacterias GRAM-NEGATIVAS, e em maior prevalência no
gênero Neisseria sp. e isso não foi descoberto o porquê. Em especial, pessoas com deficiência em
C5 não conseguem sequer formar a MAC, devendo se haver uma atenção especial a esses
pacientes.

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A parte final da aula versa sobre os Efeitos Sistêmicos das componentes celulares (citocinas)
da imunidade inata no corpo, mas esse assunto será visto melhor futuramente em Patologia e
geralmente não é cobrado em prova. Porém, de maneira geral, as principais interleucinas pró-
inflamatórias produzidas pelos macrógfagos são a TNF, IL-1 e IL-6 e têm efeitos sistêmicos que
contribuem para a defesa do hospedeiro e são responsáveis por muitas das manifestações clínicas
da infecção e da doença inflamatória. A interleucina 1 (IL-1) é particularmente importante por
participar de praticamente todas as vias da inflamação aguda e crônica. O processos vasculares e
transmigração leucocitária também não são importantes agora e não são cobrados em prova,
exceto com correlação com o sistema complemento.

REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULOS 2, 4 e 13.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 58, 63.

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Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - IMUNOLOGIA

IMUNIDADE ADAPTATIVA
Como já foi visto nas aulas anteriores, a resposta imune adaptativa é ativada ao mesmo
tempo que a resposta imune inata, porém leva um tempo para se tornar predominante, pois ela
possui as fases de reconhecimento, de ativação (através da proliferação linfocitária), e a efetora
(onde ocrre diferenciação de linfócitos B → plasmócitos e a produção de anticporpos, com auxílio
de LTCD4+ 1 ativados com produção de citocinas inflamatórias). Com o fim há declínio das
populações de células caracterizando a homeostasia, restando apenas as células de memório.
Relembrar desses processos é muito importante.

ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed.

Como já havia visto também a resposta imune adaptativa é dividida na Imunidade Humoral
e na Imunidade mediada por celulas, ou simplesmente celular. Já foi introduzido a função dos
anticorpos na aula de Propriedades Gerais, e agora vamos aprofundar esse estudo e introduzir e
explicar como ocorre a resposta imune celular desse sistema. Antes disso, é precido falar sobre um
assunto bastante pertinente no estudo da imunologia, que é o HLA.

1. Antígeno Leucocitário Humano (HLA)

O HLA (antígeno leucocitário humano) é o tipo específico de MHC (complexo principal de


histompatibilidade, comentado na primeira aula), nos HUMANOS, pois este último termo foi
designado primeiramente a experimentos com ratos. São PROTEÍNAS na membrana celular da Célula
Apresentadora de Antígeno (APC) que mediante a entrada do patógeno e seu reconhecimento e
consequente fagocitose, esta célula que a fez deve apresentar de alguma forma este antígeno
resultante (macrófagos, células dendríticas e linfóctios T). Dessa forma:

Linfócito TCD8 → TCR → via HLA de classe I → ATIVADO → CTL - células citotóxicas efetoras

Linfócito TCD4 → TCR → via HLA de classe II → ATIVADO → TCD4+ ↔ Linfócito B → Plasmócito

Essas vias de apresentação de antígeno e ativação serão melhores descritas na imunidade


celular, aqui está um breve resumo. Assim, linfócitos TCD8 são apresentados por uma APC via HLA de
classe I, e se diferenciam em CTLs. Do mesmo modo, células TCD4 são ativadas via HLA de classe II e
se deferenciam em células TCD4+ auxiliares, essas secretam citocinas específicas para cada função

1 O “+” depois da sigla de linfócitos T CD4 ou CD8 denota ativação, processo no qual são apresentados antígenos a essas
células e são ativadas para se proliferarem, mediante a expressão e secreção de uma citocina importante, a IL-2, que é
secretada sobretudo por linfóctios TCD4 principalmente e TCD25.

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dependendo do patógeno (esse processo será melhor explicado na aula de Imundidade contra os
microorganismos) e apresentam ao Linfócito B (se verá melhor que esse linfócito B também tem
múltiplas funções, que também estimula mais células T) e se diferencia em plasmócito para secretar
anticorpos. Percebe-se que existem dois tipos de HLA o de Classe I e os de Classe II, e agora por
meio da Genética isso será melhor explanado.

Genes do MHC da classe I e classe II são os genes mais polimórficos presentes em qualquer
genoma de mamífero. Moléculas do MHC da classe I apresentam peptídios e são reconhecidos por
células T CD8. Moléculas de MHC de classe II apresentam para células T CD4. No cromossomo
autossômico 6, há duas cópias em cada. Há 3 grupos de genes, que possuem baixa frequência de
crossing over. Quando um bloco de alelos em lócus próximos é herdado sem sofrer recombinação,
chamamos de haplótipo. Os HLA de classe I e II são os principais que apresentam antígenos,
responsáveis por codificar proteínas que apresentam antígenos. Os de classe III codificam proteínas
do sistema complemento, proteínas de choque térmico, chaperonas, fator de necrose tumoral (TNF).
Apesar de estar no mesmo lócus, não codifica proteínas relacionadas com apresentação de
antígenos.

Veja que os lócus A, B e DR são os mais polimórficos (são os mais usados para transplantes,
veremos mais para frente). Vamos supor que os alelos A1, Bw4 e DR2 são haplotídeos. Sempre se
herdará esses 3 juntos, pois não sofrem recombinação, uma vez que o crossing over não afeta a área
deles. A expressão é de codominância, ou seja, os dois alelos expressam sem que um interfira na
dominância do outro. Por exemplo, dois grupos de antígenos HLA-I e HLA-II podem ser produzidos
pelo alelo do lócus A. Todas as células nucleadas expressam HLA de classe I, e de classe II somente
as APCs. Os fagócitos são capazes de expressar as duas.

ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed.

O HLA de CLASSE I vai apresentar especificamente para linfócitos T CD8 especificamente por
causa de sua morfologia. As moléculas da classe I são expressas em virtualmente todas as células
nucleadas. O HLA de CLASSE II é um heterodímero formado por uma molécula de HLA e uma
molécula de homodímero. Enquanto que as moléculas da classe II são expressas apenas em APCs,
células dendríticas, linfócitos B, macrófagos e alguns outros tipos de células.

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ATENÇÃO – LEMBRAR!

➔ TODAS AS CÉLULAS NUCLEADAS EXPRESSAM HLA DE CLASSE I (FUNCIONAM COMO APC PARA
MACRÓFAGOS.
➔ SOMENTE AS APC CONSEGUEM EXPRESSAR HLA-II (CÉLULAS DENDRÍTICAS, MACRÓFAGOS E
LINFÓCITOS TCD4+ E LINFÓCITOS B.

2. Vias de Processamento e Apresentação de Antígenos

As vias de processamento de antígenos convertem antígenos de proteínas presentes no


citosol ou internalizadas a partir do meio extracelular em peptídios e ligam estes peptídeos a
moléculas do MHC para apresentação aos linfócitos T.

ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed.

Os antígenos de proteínas presentes no citosol (geralmente sintetizados na célula) dão origem


a peptídios associados à classe I que são reconhecidos por células T CD8. Os peptídios associados
ao MHC da classe I são produzidos pela degradação proteolítica em proteassomas principalmente
das proteínas citossólicas e os peptídios produzidos são transportados para o retículo endoplasmático
(ER), onde se ligam a moléculas da classe I recém-sintetizadas. Este transporte é mediado por uma
proteína dimérica denominada transportador associado ao processamento de antígenos (TAP), que
é um membro da família de proteínas transportadoras ABC. Complexos peptídio-MHC da classe I
estáveis que foram produzidos no RE se movimentam através do complexo de Golgi e são
transportados para a superfície celular por vesículas exocíticas. Uma vez expressados na superfície
da célula, os complexos peptídio-classe I podem ser reconhecidos por células T CD8+ específicas
para peptídios antigênicos, com o correceptor CD8 desempenhando um papel essencial na ligação
a regiões não polimórficas das moléculas da classe I.

Antígenos interiorizados do meio extracelular para as vesículas das APCs geralmente dão
origem a peptídios apresentados pelas moléculas do MHC da classe II e reconhecidos pelas células

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T CD4. A geração de peptídios associados ao MHC da classe II a partir de antígenos endocitados


envolve a degradação proteolítica das proteínas internalizadas em vesículas endocíticas e ligação
de peptídios a moléculas do MHC da classe II nas vesículas. Com a fusão do fagolisossomo com o
HLA-II, como o conteúdo é ácido, destroi-se a proteína de clipagem que antes prendia o HLA-II.
Então associa-se ao antígeno.

A diferença fundamental entre as vias do MHC da classe I e do MHC da classe II reside


principalmente no local da degradação do peptídio. As proteínas degradadas em proteossomas,
muitas das quais provêm do citosol, fornecem principalmente peptídios para moléculas do MHC da
classe I. Somente as proteínas degradadas em endolisossomos fornecem peptídios para moléculas
do MHC da classe II.

3. Receptores, Ligantes e Correceptores Imunológicos

No capítulo de imunidade inata já foi apresentado um dos receptores mais importantes no


estudo da Imunologia, o TLR, e esse conhecimento se tornará importante posteriormente em
Imunidade contra os Microorganismos e Imunopatologia. Esse assunto particularmente gera bastante
confusão entre os estudantes de medicina pela quantidade de siglas e detalhes (um dos motivos
pelos quais a Imunologia é tão temida nesse meio da área da Saúde) porém não é tão difícil quanto
parece. Dramas a parte, vamos em frente.

ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed.

Antes de apresentar os demais, devemos fazer uma leigeria diferenciação entre esses termos:
receptor, ligante e correceptor. Existe um capítulo específico do Abbas para tratar desse aspecto,
porém de maneira vamos aprender que a função principal de um receptor2 é de transdução de
sinais: “Os receptores de superfície celular têm duas funções principais, a indução da sinalização
intracelular e a adesão célula-célula ou célula-matriz extracelular”.

Existem outros personagens que auxiliam nesse processo e também são muito importantes e
sem os quais a comunicaçao célula-célula e as funções imunes serão impossíveis de executar. Os
correctores que dão nomes aos Linfócitos mais importantes, CD4 e CD8 são responsáveis por essas
atividades, enquanto que os ligantes são inúmeros e podem ser extracelulares alheios ou não as

2 “Os receptores imunológicos são uma única família de complexos receptores tipicamente composta de proteínas integrais da membrana da

superfamília da imunoglobulina (Ig), que estão envolvidos no reconhecimento do ligante, associado a outras proteínas transmembranas de
sinalização que possuem moléculas únicas contendo tirosina em suas caudas citoplasmáticas.” (ABBAS, 2011).

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nossas células ou intracelulares, assim como os domínios dos receptores e dos correceptores. Os
correceptores também são chamados moléculas acessórias e a própria molécula de MHC é um
ligante para o receptor TCR.

O receptor presente na superfcíe das células T são chamados de receptores de células T ou


TCRs. O receptores presentes nas células ou linfócitos B são os receptores de células B ou BCRs. Ambos
os linfócitos TCD4 e TCD8 têm TCR (receptor para reconhecimento de antígeno) o que diferencia são
os correceptores que também se ligam aos HLA-I e HLA-II. Moléculas importantes para a transdução
de sinal são aquelas que participam da coestimulação, os CD28 e B7, sendo o primeiro um
correceptor presente nos linfócitos T e o outro um ligante presente nas APC, mas precisamente nos
linfócitos B. A função desses e mais outros, como o CTLA, será melhor explicada na aula de
Autoimunidade e Tolerância imunológica.

ATENÇÃO – LEMBRAR!

PROLIFERAÇÃO CELULAR EM DUAS POPULAÇÕES CLONAIS:

• POPULAÇÃO DE MEMÓRIA:

- LONGA DURAÇÃO (MESES OU ANOS)

- POUCA ATIVIDADE (AUMENTA NA REATIVAÇÃO)

• POPULAÇÃO EFETORA:

- CURTA DURAÇÃO (DIAS OU SEMANAS)

- ELEVADA ATIVIDADE (REGULADO POR SINAIS SUPRESSORES)

4. Imunidade Celular: Resposta das Células TCD8, TCD4 e Células B

A diferenciação das células T CD8+ em CTLs efetores envolve a aquisição da maquinaria para
matar as células-alvo. A célula infectada ou tumoral que é morta por CTLs é geralmente chamada
de célula-alvo. Células CD8+ imaturas reconhecem antígenos, mas precisam se proliferar e
diferenciar para gerar um conjunto suficientemente grande de CTLs para destruir a origem do
antígeno. Dentro do citoplasma de CTLs diferenciados, existem numerosos lisossomos modificados
(denominados grânulos) que contêm proteínas, incluindo perforinas e granzimas, cuja função é
matar outras células (descrito mais adiante). Além disso, os CTLs diferenciados são capazes de
secretar citocinas, principalmente IFN-gama., que têm a função de ativar os fagócitos.

Perforinas → perfuram a membrana celular


Granzimas → ativam caspases (são enzimas que induzem apoptose)

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Linfócitos T auxiliares CD4+ ativados proliferam e se diferenciam em células efetoras cujas


funções são grandemente mediadas por citocinas secretadas. Quando as células T CD4+ imaturas
são ativadas pelo antígeno, elas secretam a citocina interleucina-2 (IL-2), que é um fator de
crescimento que estimula a proliferação (expansão clonal) de células T específicas para antígeno.
Algumas das progênies destes linfócitos ativados se diferenciam em células efetoras que podem
secretar diferentes grupos de citocinas e, então, realizar diferentes funções. Muitas das células
efetoras deixam os órgãos linfoides quando elas são geradas e migram para locais de infecção e
inflamação. Quando essas células T efetoras diferenciadas encontram novamente os
microrganismos associados a células, elas são ativadas para realizar as funções que são responsáveis
pela eliminação dos microrganismos. Algumas células T auxiliares CD4+ secretam citocinas que
recrutam leucócitos e estimulam a produção de substâncias microbicidas nos fagócitos. Assim, essas
células T auxiliam os fagócitos a matar os patógenos infecciosos. Outras células T auxiliares CD4+
secretam citocinas que auxiliam as células B a produzir um tipo de anticorpo denominado
imunoglobulina E (IgE) e ativam os leucócitos chamados de eosinófilos, que são capazes de matar
parasitas muito grandes para serem fagocitados. Como discutiremos mais à frente, algumas células
T auxiliares CD4+ permanecem nos órgãos linfoides e estimulam as respostas da célula B.

Os linfócitos B expressam constitutivamente moléculas da classe II e podem aumentar a


expressão em resposta ao reconhecimento de antígenos e citocinas produzidas pelas células T
auxiliares, aumentando assim a apresentação de antígenos para células auxiliares. A função dessas
células já foi bastante elucidada já na primeira aula, agora falaremos mais sobre seus produtos: os
anticorpos.

5. Imunidade Celular: Subpopulações de Células TCD4

Três grandes subgrupos de células T CD4+ efetoras, chamadas de TH1, TH2 e TH17, funcionam
na defesa do hospedeiro contra diferentes tipos de agentes patogênicos infecciosos e estão
envolvidas em diferentes tipos de lesões de tecidos em doenças imunológicas. Embora existe um
capítulo apenas para Imunidade Contra os Microorganismos (cuja leitura recomendo), na aula esse
assunto é abordado de forma sucinta, juntamente com Imunidade Adaptativa. Porém, entrarei em
detalhes no próximo resumo.

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Esta tabela é de extrema importância e eu recomendo a memorizá-la para o próximo resumo.


A principal função das células TH1 é ativar os macrófagos para ingerir e destruir os microrganismos. O
IFN-gama (interferon gama) é a principal citocina secretada por essas células, envolvida no estímulo
da expressão de moléculas da classe II em APCs tais como as células dendríticas e macrófagos.
Anticorpos IgG recobrem os microorganismos e os tornam alvo para fagocitose (opsonização)
porque os fagócitos (neutrófilos e macrófagos) expressam receptores das moléculas de IgG. IgG e
IgM ativam o sistema complemento, cujos produtos promovem fagocitose e destruição desses
patógenos.

As células TH2 estimulam as reações que servem para erradicar infecções por helmintos
mediadas por IgE, mastócitos e eosinófilos. As principais citocinas secretadas são as IL-4, IL-5 e IL-13,
que voltarão a ser faladas em Patologia em inflamação. Os helmintos são muito grandes para serem
fagocitados por neutrófilos e macrófagos e podem ser mais resistentes às atividades microbicidas
desses fagócitos que são a maioria das bactérias e vírus. Portanto, são necessários mecanismos
especiais para a defesa contra infecções por helmintos.

LTCD4 → LINFÓCITOS B → IgE → eosinófilos

O desenvolvimento das células TH17 é estimulado pelas citocinas pró-inflamatórias produzidas


em resposta às bactérias e fungos. Várias bactérias e fungos agem sobre as células dendríticas e
estimulam a produção de citocinas, incluindo a IL-6, IL-1, e IL-23, as quais promovem a diferenciação
de células T CD4+ para o subgrupo TH17. As células TH17 combatem os microrganismos através do
recrutamento dos leucócitos, principalmente neutrófilos, para os locais de infecção. Uma vez que os
neutrófilos são um dos principais mecanismos de defesa contra as bactérias extracelulares e fungos,
as células TH17 possuem um papel especialmente importante na defesa contra essas infecções.
Possui papel importante também em doenças autoimunes inflamatórias, sendo bastante agressiva
na EM.

6. Anticorpos: Classes, Dinâmicas e Funções Efetoras

Anticorpos são imunoglobulinas do tipo gama. Há cinco classes de anticorpos: IgG, IgM, IgA,
IgD e IgE. Os anticorpos são subdivididos nessas cinco classes com base em diferenças em suas
cadeias pesadas. As funções mais importantes dos anticorpos são neutralização de toxinas e vírus,
opsonização micróbios, de modo a facilitar sua fagocitose, ativação do complemento e prevenção
da ligação de micróbios às superfícies mucosas. Imunoglobulinas são glicoproteínas compostas por
cadeias polipeptídicas leves (L) e pesadas. A parte molecular que envolve a estrutura dos anticorpos
em sua maior parte não é importante, mas o que diz respeito às porções Fab e Fc sim, pois isso diz
respeito a suas funções efetoras, e esse conhecimento se tornará importante na aula de
Hipersensibilidades.

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Essa explanação voltará na aula de Alergias sobre a mudança de isotipo, mas já vou
colocando aqui. O que diferencia a IgM, IgD e IgE é a parte Fc. A parte para especidade, Fab é a
mesma, não muda. Ou seja, se esse linfócito já é específico para determinado antígeno, o receptor
reconhece, transduz o sinal, fagocita, apresenta para um Linfócito TCD4 - dependendo do contexto
- se diferencia em TH1, TH2 e TH17, e for o Th2 produz a IL-4 que induz a transcrição para produção
desse anticorpo e muda o isotipo de anticorpo do Linfócito B, produzindo internamente, a mesma
porção Fab, mas a Fc será diferente. O linfócito se diferencia morfologicamente em plasmócito para
secretar IgE.
Tabela 1: Classes de imunoglobulinas

A tabela acima é bastante importante porque mostra de maneira muito simples as


características, localização e meia-vida das diferentes classes de Anticorpos. É importante relembrar
da importância do IgG na FASE CRÔNICA, pois ela tem MEIA-VIDA maior (23 dias) e a IgM na FASE
AGUDA devido a sua MV mais curta e ser a primeira a chegar no local da infecção/inflamação. IgG
é o anticorpo predominante na resposta secundária e constitui uma defesa importante contra
bactérias e vírus. IgG é o único anticorpo que atravessa a placenta; somente sua porção Fc liga-se
a receptores na superfície de células placentárias. IgG, portanto, é a imunoglobulina mais
abundante em recém-nascidos. IgG é uma das duas imunoglobulinas capazes de ativar o
complemento; IgM é a outra. A IgG é a imunoglobulina que opsoniza. Ela é capaz de opsonizar, isto
é, intensificar a fagocitose, devido à presença de receptores da cadeia γ H na superfície de
fagócitos.

LEVINSON – Microbiologia médica e Imunologia, 10ª ed.

IgM é a principal imunoglobulina produzida nos estágios iniciais da resposta primária. Como
o pentâmero apresenta 10 sítios de ligação ao antígeno, a IgM consiste na imunoglobulina mais
eficiente na realização de aglutinação, na fixação do complemento (ativação) e em outras reações
de anticorpos, sendo uma importante defesa contra bactérias e vírus. A IgM pode ser produzida pelo
feto, no caso de certas infecções. Dentre as imunoglobulinas, é a que apresenta maior avidez; sua
interação com o antígeno pode envolver todos seus 10 sítios de ligação.

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A IgE tem importância médica por duas razões: Medeia a hipersensibilidade imediata
(anafilática), participa das defesas do hospedeiro contra certos parasitas, por exemplo, helmintos
(vermes). A região Fc da IgE liga-se à superfície de mastócitos e basófilos. A IgE ligada atua como
receptor de antígeno (alérgeno). Quando os sítios de ligação ao antígeno de IgEs adjacentes são
ligados de forma cruzada por alérgenos, vários mediadores são liberados pelas células, promovendo
a ocorrência de reações de hipersensibilidade imediata (anafilática). Embora as IgEs sejam
encontradas em quantidades traço no soro normal (aproximadamente 0,004%), indivíduos alérgicos
apresentam quantidades significativamente maiores e as IgEs podem ser detectadas em secreções
externas. A IgE não fixa complemento e não atravessa a placenta. A IgE consiste na principal defesa
do hospedeiro contra determinadas infecções por helmintos de importância, como Strongyloides,
Ascaris e os ancilóstomas Necator e Ancylostoma. A concentração sérica de IgE é geralmente
aumentada nessas infecções. Como esses vermes são muito grandes para serem ingeridos por
fagócitos, acabam sendo mortos por eosinófilos que liberam enzimas que os destroem. A IgE
específica para proteínas de vermes liga-se a receptores dos eosinófilos, desencadeando a resposta
de Citotoxicidade Celular Dependente de Anticorpos (ADCC).

A IgA é a principal imunoglobulina encontrada em secreções, como colostro, saliva, lágrima


e secreções dos tratos respiratório, intestinal e genital. Ela impede a ligação de micro-organismos,
como bactérias e vírus, às membranas mucosas. Esta imunoglobulina não desempenha funções
conhecidas de anticorpos, mas pode atuar como um receptor de antígenos; é encontrada na
superfície de Linfócitos B. A IgD é encontrada em baixas concentrações no soro.

Dinâmica dos Anticorpos

ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed.

REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULOS 5, 6, 7, 9, 10, 11, 12.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULOS 58, 59, 60, 61.

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IMUNIDADE CONTRA OS MICROORGANISMOS


Este assunto é particularmente importante entre todos os assuntos de Imunologia do módulo
de Mecanismos de Agressão e Defesa pois é um perfeito casamento entre todas as disciplinas
(Imunologia, Microbiologia e Parasitologia) ministradas, portanto é um forte candidato a múltiplas
questões de prova. Por isso, já que Parasitologia não é visto normalmente juntamente com
Imunologia (ficaria na 2ª Unidade), recomendo que reveja a aula de Morfo e Fisiologia Bacteriana,
antes de começar a ler este material.

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Foi visto em imunidade adaptativa as subpopulações de células Th1, Th2 e Th17 e suas funções
no combate a infecções bacterianas, virais, parasitárias e fúngicas. Para relembrar a imagem acima
também resumo seus mecanismos de combate, mas rever o resumo de Imunidade Adaptativa
também é recomendado para relembrar alguns conceitos. O interferon gama (IFNγ) é o principal
mediador da resposta contra bactérias intracelulares e vírus; o IgE é a principal combatente de
parasitoses por helmintos por meio da estimulação de IL-4 e IL-5, principalmente, e a IL-17 no
combate a fungos e a bactérias extracelulares.

Nesse capítulo do Abbas veremos mais aspectos relacionados à resposta imune inata em
parceria à adapatativa na tentativa de neutralizar, destruir (fagocitar) e eliminar com sucesso essses
microorganismos, por meio de mecanismos inflamatórios e imunocomplexos (antígeno-anticorpo
mediados).

1. Resposta contra Bactérias Extracelulares

Como as bactérias extracelulares tem a capacidade de se replicarem no exterior, algumas


barreiras iniciais da resposta imune inata são importantes para limitar a infecção bacteriana,
contruibuindo para redução incipiente e expulsão fisiológica desses patógenos. Dentre essas
barreiras naturais destacam-se os movimentos peristálticos, a secreção de muco gastrintestinal, os
movimentos ciliares das vias aéreas, além de claro um epitélio íntegro que atua como uma barreira
ora física o patógeno e o tecido do hospedeiro, ora química secretando agentes antimicrobianos
naturais. No caso das bactérias que permeiam o sistema circulatório, o baço e o figado são os
principais responsáveis por eliminá-las, uma vez que estes locais são ricos em células fagocíticas

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especializadas, como as células de Kupffer hepáticas, e a circulação nesses locais é lenta,


favorecendo sua eliminação.

Assim, dos mecanimos celulares e humorais da imunidade inata destacam-se a ação das
enzimas, defensinas, citocinas inflamatórias, e do sistema complementos (via alterantiva e das
lectinas, pois a clássica entra na adaptativa). A importância do complemento reside no fato de que
as bactérias apresentam estruturas que ativam diretamente a via das lecticas e, quando revestidas
pelo produto C3b, são fagocitadas pelos macrófagos e neutrófilos através de ligantes específicos
para o C3b na opsonização. Além desses, há os receptores de manose e scavenger que podem
participar desse processo de reconhecimento e engolfamento.

No mais, os fragmentos menores C3a e C5a, principalmente, são resposáveis pela ativação
da inflamação aguda, pois recrutam leucócitos através da vasodilatação mediante ativação
neutrófilos e mastócitos. Os mastócitos liberam grânulos de histamina em seu interior, que tem a
função de vasodilatar e extravasar conteúdo celular plasmático. A continuação da cascata do
sistema complemento resulta, como jpa foi visto, na lise bacteriana direta por meio do MAC –
Complexo de Ataque à Membrana. A via das lectinas também auxilia na ativação da via clássica
na ausência ainda da produção de anticorpos específicos.

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Na resposta imune adaptativa, temos a imunidade humoral como a principal responsável


pela elaboração de mecanismos de eliminação das bactérias extracelulares, como mostra o
esquema A da imagem acima. Os anticorpos produzidos contra esses patógenos desempenham os
seguintes mecanimos efetores: Neutralização, Opsonização seguida de Fagocitose e ativação do
Complemento na via clássica. Na neutralização, os anticorpos IgG e IgA, principalmente, ao se
ligarem a superficie da parece celular impedirão a ligação da mesma a receptores das células alvos,
impossibilitando a ação patogênica desses microorganismos como a adesão. A presença de IgA em
sítios de mucosa nas vias aéreas superiores e vaginal é fator importante para controlar a invasão
desses patógenos, impedindo a gênese de pneumonias e doenças sexualmente transmissíveis.

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A ação dos anticorpos também pode se na opsonização, quando o IgG ao revestir a


membrana externa das bactérias (Gram-negativas) viabiliza a fagocitose pelos macrófagos
teciduais e neutrófilos, graças aos receptores para a porção F c (efetora) presente nessas células. A
via clássica do complemento participa na geração e deposição de C3b que levará também na
opsonização seguida de fagocitose da bactéria e na indução de resposta inflamatório pelos
fragmentos menores, assim como a formação do MAC dessa via. Adicionalmente, as APCs (células
apresentadoras de antígenos) após a fagocitose e processamento e degradação antigênica desses
patógenos nos lisossomos, estimulam as células TCD4+ que reconhecem os peptídeos via HLA de
classe II, estimulando essas células a produção de IFN-γ, um potente ativador de macrófagos, e TNF
(fator de necrose tumoral – citocina inflamatória) que podem favorecer a destruição e interagir com
as células B para produzirem e secretarem outros isotipos de anticorpos.

ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed.

Por outro lado, as bacterias extracelulares possuem um vasto arsenal de mecanismos de


resistência e evasão do sistema imune para desencadear doenças. Dentre esses mecanismos
destacam-se a Variação antigênica apresentada por algumas bacterias tais como N. gonorrhoeae,
E. coli e S. typhimurium. A presença de cápsula polissacarídica também inibe os mecanismos de
fagocitose do sistema imune inato. A proteína A, liberada por S. aureus é um mecanismo engenhoso,
desde que a mesma consiga inibir IgG. Assim, embora também haja várias estratégias de combate,
os mecanimsos de escape aliado a produção de populações de células auxiliares efetoras não
efetivas nesse combate fazem persisitir quadros crônicos relacionados a essas bacterias. Nesse
contexto, problemas sérios de saúde são causados por danos relacionados ao combate a bacterias
extracelulares. O choque séptico, por exemplo, decorrente de infecções por bactérias Gram-
positivas, como S. aureus ou Gram-negativas, como E. coli enteropatogênica, que atuam por
liberação de exo e enterotoxinas, respectivamente, levando à produção de TNFα, citocina
inflamatório, que ao invés de combater a infecção leva a esse quadro grave.

2. Resposta contra Bactérias Intracelulares

As bactérias intracelulares são geralmente micobactérias, o M. tuberculosis, o M. leprae e a


L. monocitogenesis, que possuem a capacidade de sobreviver e replicar dentro dos macrófagos.
Sendo assim, quando ocorre à fuga do patógeno para dentro da célula faz com que o sistema

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imunológico do indivíduo não seja ativado excessivamente, pois pode causar uma lesão tecidual
grave.

A resposta imunológica adquirida a microrganismos que residem nos fagossomos dos


fagócitos é mediada por linfócitos TCD4+ efetores, denominados de células Th1, que reconhecem
os antígenos microbianos e ativam os fagócitos a destruir os microrganismos ingeridos. Essa destruição
ocorre porque os fagócitos estimulam a produção de uma citocina, IL-12, que ativa as células NK a
produzirem IFN-γ, ativando assim os macrófagos e promovendo essa destruição de bactérias
fagocitadas. Dessa forma, pode-se afirmar que a imunidade inata foi ativada pelos fagócitos, porém
ela pode não erradicar totalmente a infecção.

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Por isso, os mecanismos efetores da imunidade mediada por células acentuam as ações
microbicidas, espécies reativas do oxigênio (EROS), oxido nítrico (NO) e enzimas lisossômicas dos
fagócitos por meio da liberação de citocina para que o microrganismo seja eliminado
definitivamente. Ademais, as células T expressam ligante CD40 e secretam IFN-γ que também
estimula a produção de tipos de anticorpos e ativa o sistema complemento para que ocorra a
opsonização de bactérias auxiliando a função efetora dos macrófagos.

No entanto, se os antígenos bacterianos saírem do fagossomo e se deslocarem para o citosol


ou escaparem do fagossomo estimula a resposta de TCD8 fazendo com que a célula infectada seja
destruída pelos linfócitos T citotóxicos. Assim, desencadeará uma cooperação das imunidades, pois
os macrófagos serão ativados causando uma lesão tecidual. Essa lesão, pode ser manifestada pelo
organismo em forma de hipersensibilidade tardia ou por meio de uma inflamação granulomatosa
que pode até gerar uma necrose tecidual ou fibrose.

Finalmente, as bactérias intracelulares desenvolveram várias estratégias para resistir à


eliminação pelos fagócitos. Isso inclui a inibição da fusão do fagolisossomo ou escapar para o citosol,
escondendo-se, assim, a partir dos mecanismos microbicidas dos lisossomos, e a eliminação direta
ou inativação de substâncias microbicidas como as espécies reativas de oxigênio. O resultado de
infecção por estes organismos, muitas vezes vai depender de as células T estimuladas por
mecanismos antimicrobianos de macrófagos ou a resistência à morte levarem vantagem. A
resistência à eliminação mediada por fagócitos também é a razão pela qual estas bactérias tendem
a causar infecções crônicas que podem durar anos, muitas são recorrentes após cura aparente e
são difíceis de erradicar.

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3. Respostas contra Fungos

Fungos são basicamente organismos eucarióticos com um só núcleo. Diversos tipos agem em
seres humanos causando várias doenças como, por exemplo, micoses. Diante das mais diversas
patologias fúngicas manifestadas nos homens, o organismo obviamente desenvolveu resposta
imunológica para amenizar ou neutralizar os efeitos da ação dos fungos no corpo. As infecções
causadas pelos fungos são muitas vezes resultado da inalação de esporos ou até mesmo da
infecção oportunista, ou seja, aquela que se manifesta quando o sistema imunológico da pessoa
contaminada se encontra debilitado, tornando o indivíduo mais suscetível e consequentemente
vulnerável a uma infecção. Não raro, pacientes portadores do HIV, contaminam-se por exemplo
com o fungo Pneumocystis jiroveci, causando pneumonia. Assim como na imunidade relacionada a
bactérias por exemplo, no caso dos fungos pode-se ramificar a ação imunológica também em duas
vertentes: imunidade inata e imunidade adaptativa.

Como existe uma variedade de tipos de fungos, a maneira como estes atingem o organismo
não é igual, pois existem fungos que podem agir de maneira extracelular ou pode até mesmo agir
dentro de fagócitos (células do sangue que realizam fagocitose de partículas estranhas).
Bascicamente a resposta imune inata trabalha mediante a ação dos neutrófilos e macrófagos. Os
macrófagos reconhecem os fungos através dos TLR e dos receptores chamados dectinas. Já os
neutrófilos liberam substâncias que facilitam a fagocitose para posterior morte intracelular do
microorganismo.

A resposta imune adapativa consiste no tipo mais importante e eficaz de defesa do corpo
contra patologias fúngicas. Em pacientes imunossuprimidos, ao se infectarem com fungos a resposta
imunológica desencadeada será com base na ação de células TCD4 e CD8, método semelhante
ao de defesa a bactérias intracelulares. Além disso em muitos casos, as respostas TH1 são benéficas
e as respostas TH2 são prejudicais para o organismo.

4. Resposta contra Vírus

Os vírus são microrganismos intracelulares obrigatórios, e para entrar nas células do


hospedeiro para se disseminarem, utilizam moléculas de superfície celular normais, os receptores;
após sua entrada, podem causar lesão tecidual e doença por vários mecanismos. As respostas
imunológicas, tanto a inata quanto a adaptativa, vão tentar bloquear a infecção e eliminar as
células infectadas. A infecção é prevenida por Interferons tipo I (IFN-I), na imunidade inata, e por
anticorpos neutralizantes, que vão contribuir para que a imunidade adaptativa se desenvolva. As
células que forem infectadas vão ativar células NK (na imunidade inata) e os TCD8 (na imunidade
adaptativa).

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Assim, na resposta imune inata tem como mecanismos principais a inibição da infecção por
meio da liberação de interferons do tipo I, e a morte de células infectadas devido a ação das células
NK (natural killer). A inibição vai acontecer quando uma quantidade muito grande de vírus estiver
infectando as células do hospedeiro; com isso, estas células vão começar a produzir Interferon tipo
1 (IFN-I), que tem como função, nessa situação, fazer com que o vírus pare de se reproduzir inibindo
sua replicação. Para que possa ser produzido IFN-I é necessário que uma série de vias bioquímicas
desencadeiem esse processo; essas vias vão servir para ativar uma proteína chamada cinase, que
vai ser responsável pela ativação de fatores de transcrição que vão estimular a produção de IFN. As
células NK vão reconhecer e destruir as células infectadas, isso vai acontecer pois os vírus causam
um bloqueio na expressividade do MHC de classe 1 e dessa forma as células NK reconhecem que
tal célula está agindo de forma anormal e a destrói. Tal mecanismo é importante no início da
infecção, antes do desenvolvimento da imunidade adquirida. As células NK são a primeira linha de
defesa quando se fala de uma infecção viral, e em especial na AIDS, seu número e sua atividade
vão aumentar no início da infecção, e vão perder sua atividade e funcionalidade com o passar do
tempo. Também mencionam as células dendríticas plasmocitóides (PDC - plasmacytoid dendritic
cells), que vão impedir que as células TCD4 infectadas pelo HIV produzam partículas virais.

A resposta imune adapativa se trata de um processo mediado por anticorpos, que vão
impedir que os vírus se liguem às células e nelas entrem. Além disso, há a eliminação da infecção
com a destruição das células infectadas, isso será feito pelo CTL. Podemos dizer que a imunidade
adaptativa vai apresentar duas vias, uma humoral e uma celular. Na via humoral, os anticorpos vão
neutralizar os vírus e impedir que a infecção comece ou progrida, isso vai acontecer com a ligação
dos anticorpos ao envoltório do vírus ou aos antígenos presentes nos capsídeos virais, prevenindo a
ligação e entrada do vírus na célula hospedeira. Os anticorpos podem ainda, opsonizar partículas
virais e ativar o sistema complemento, ambos iram permitir a fagocitose do microrganismo. Esse tipo
de imunidade, dita humoral, quando induzida previamente, seja por vacinação ou pela infecção,
será capaz de proteger o organismo de uma posterior infecção viral; no entanto, ela é especifica
para um tipo sorológico de vírus, e pode não ser eficaz para microrganismos já presentes no
organismo, mas que estejam dentro das células. Na via celular ou mediada por células, quando os
anticorpos não conseguem agir antes que o vírus entre na célula, haverá a ativação do TCD8, para
destruir essas células, essa ativação será feita pelas células infectadas ou pelo TCD4, por meio do
INF-γ. Com essa ativação, haverá uma expansão clonal de células TCD8, e suas células efetoras vão
ser responsáveis pela destruição das células infectadas, e também pela ativação de nucleases e
pela secreção de IFN-gama, a primeira é responsável pela degradação do genoma viral, e a
segunda, pela ativação dos fagócitos.

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Existe um tipo de infecção que é chamada de latente, nela o DNA do vírus fica latente no
hospedeiro, e esse estado depende da resposta do sistema imune, dessa forma, quando a
imunidade do portador cair, o DNA viral volta a se replicar, e haverá o surgimento dos efeitos
citopáticos: lise celular ou proliferação descontrolada das células; sendo uma infecção comum com
os vírus do herpes. Há ainda infecções em que o sistema imune acaba provocando as lesões
teciduais, um exemplo desse tipo de infecção é a hepatite B.

Até então vimos o que o sistema imunológico faz para evitar uma infecção, no entanto, os
vírus realizam algumas particularidades que permitem sua sobrevivência, como por exemplo, a
capacidade que o HIV tem de promover uma grande variação de seus antígenos, impedindo que
o sistema imunológico do hospedeiro o detecte e combata, por esse motivo não é possível fazer
uma vacina específica para a AIDS, tendo como base esse mecanismo, pois quando a vacina for
aplicada, os antígenos contidos nela já não estarão circulando há muito tempo. Além disso, o HIV
apresenta outras duas particularidades, a primeira é a sua capacidade de infectar células da
imunidade, mais especificamente TCD4, que são as sinalizadoras da resposta imune adaptativa. A
segunda é a produção de substâncias que vão gerar uma falha na ativação dos linfócitos T. Existem
ainda outros mecanismos, como por exemplo, a capacidade de inibir a apresentação de antígenos
proteicos que leva ao impedimento de MHC-1 se expressarem e consequentemente, não estimula
TCD8 e não ocorre a degradação da célula; ou ainda, a produção de moléculas que vão agir como
antagonistas de citocinas e vão inibir a resposta imunológica.

5. Resposta contra Parasitas

Infecções parasitárias são acusadas por protozoários, helmintos ou ectoparasita. Cerca de


30% da população mundial sofre com alguma infecção parasitária e a malária atinge sozinha, 100
milhões de pessoas. O ciclo de vida das doenças parasitárias consiste em duas etapas: a etapa
intermediária é a que acontece no inseto e a outra etapa acontece no homem, onde se se infecta
através da picada do inseto. Grande parte das infecções parasitárias é crônica, pois antibióticos
parasitários muitas vezes não fazem efeito, e pela capacidade dos parasitas resistirem as respostas
imunológicas. A quimioterapia repetitiva e indicada para áreas endêmicas, pois o indivíduo vai está
em constante contato com o parasita, por isso, o desenvolvimento de vacina profilática é importante
em ar às de desenvolvimento devido ao lar possuírem condições favoráveis para o desenvolvimento
dos hospedeiros intermediários.

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Na resposta imune inata, a maioria dos parasitas conseugem ativar a resposta imunológica
natural, porém muitas vezes ela não é eficaz. Porém a principal resposta imunológica natural contra
os protozoários e a fagocitose, porém muitos são resistentes e conseguem se desenvolver dentro do
macrófago. Os favoritos também atacam os helmintos e secretam substâncias microbicidas para
matar esses organismos que são muito grandes para ser fagocitados.

Quando à resposta imune adapatativas desses organimsos, o principal mecanismo de defesa


contra protozoários que sobrevivem dentro dos macrófagos é a imunidade mediada por células,
particularmente a ativação do macrófago por citocinas derivadas das células TH1. A resistência da
infecção aos parasitas esta geralmente associada à ativação de células TCD4 + TH1 específicas para
determinada patogenicidade, as quais irão produzir o Interferon alfa e vão ativar os macrófagos
para destruírem parasitas intracelulares. Vale ressaltar que contrariamente a TH1, a ativação de
células TH2 pelos protozoários resulta em sobrevivência aumentada do parasita e exacerbação das
lesões devido as ações supressoras de macrófago das citocinas de Th2, especialmente a IL-4. Os
protozoários que se replicam dentro de várias células do hospedeiro e lisam estas células estimulam
respostas específicas de anticorpos e CTLs de modo semelhante aos vírus citopáticos. Com isso,
atualmente parece que a resposta por CTL é uma defesa contra a propagação desse protozoário
intracelular. A defesa contra muitas infecções por helmintos é mediada pela ativação das células
Th2, a qual resulta na produção de anticorpos IgE e na ativação de eosinófilos. Nesse caso, os
anticorpos IgE que se ligam a superfície dos helmintos podem ativar os mastócitos. Essas ações
combinadas de mastócitos e eosinófilos levam a expulsão e destruição dos parasitas. A produção
de anticorpo IgE específico e a eosinofilia são observadas frequentemente em infecções por
helmintos. Essas respostas são atribuídas à tendência que os helmintos possuem para estimular a
diferenciação de células TCD4+ auxiliares naives em subconjuntos Th2 das células efetoras, as quais
vão secretar sobretudo IL-4 e IL-5. As respostas imunológicas adquiridas contra os parasitas podem
contribuir para a lesão tecidual, já que, seus produtos induzem respostas granulomastosas com
fibrose concomitante.

6. Vacinas

Um dos métodos mais eficazes de prevenção a determinadas patologias são as vacinas, que
é a inoculação de um antígeno, atenuado ou morto, que vai ativar a resposta imunológica e dessa
forma haverá a formação de memória imunológica, e num próximo contato com esse antígeno a
resposta do organismo será mais rápida e efetiva, fazendo com que a doença seja mais branda ou
até mesmo nem seja efetivada.

As vacinas atenuadas, são compostas de microrganismos não patogênicos intactos (não


patogênicos pois vão receber um tratamento especial para não provocar a doença no indivíduo
que o receber), podendo também apresentar os microrganismos mortos com sua imunogenicidade
preservada. Uma grande vantagem desse tipo de imunização é que induz a respostas imunológicas
totais, tanto da imunidade inata quanto da adquirida.

Existem vacinas para alguns tipos de microrganismos, como por exemplo, vacinas para
bactérias, que vão apresentar um curto período de duração e oferecer uma proteção
extremamente limitada; há ainda: vacinas virais, que vão ser as mais eficazes pois vão estimular uma
imunidade mais específica, e vai apresentar uma duração muito maior, um exemplo é a vacina da
poliomielite, no entanto vai apresentar uma certa limitação para indivíduos. imunossuprimidos, pois
esses pacientes podem expressar a doença antes de iniciar a resposta imunológica; e vacinas
inativadas, que são constituídas pelo vírus influenza, em forma bivalente inativada, ou seja, o vírus vai

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estar morto, um bom exemplo é a vacina da gripe; essa vacina deve ser aplicada
intramuscularmente.

Já a imunização passiva, realizada por soros, que será utilizada no tratamento de doenças
fatais causadas por toxinas, vai iniciar uma resposta rápida do organismo, no entanto as células do
sistema imunológico do paciente não serão ativadas, uma vez que esse soro contém os anticorpos
específicos para essa toxina, uma consequência disso é a não formação de memória imunológica.
Dessa forma, o soro irá apresentar um curto período de funcionamento do organismo, assim como
uma ‘vida’ curta, pois ele só permanecerá no organismo até o fim do controle da toxina em questão.

REFERÊNCIAS
1. KUMAR,V; ABBAS, A. K; FAUSTO, N. Imunologia Celular e Molecular,Ed. Elsevier, 8ª. Edição, 2011.
CAPÍTULO 16.

2. RUBIRA, Ana Paula; NOGUEIRA, Isabela de Araújo Torres; ALMEIDA, Lucas Araujo. Imunidade
contra microorganismos. Uma análise em relação às defesas inatas e adquiridas. Ciência
Amazônida: ILES/ULBRA, Porto Velho, v. 1, n. 1, p.1-13, jan. 2016. Disponível em:
<http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/amazonida/article/view/2114>. Acesso em: 18 jan. 2019.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - IMUNOLOGIA

IMUNODIAGNÓSTICO
Embora não seja um assunto recorrente em provas, os Métodos Diagnósticos em Imunologia
facilitam o entendimento e complementam conhecimentos de diagnóstico em Microbiologia e
Parasitologia que são bem mais cobrados. Aqui veremos uma explicação resumida e simplificada
dos principais, além de uma introdução aos métodos que serão vistos nas demais disciplinas. Os
detalhes aprofundados acerca da técnica não é necessária para fazer a prova, apenas os objetivos
e as aplicações principais.

1. Métodos de Diagnóstico em Microbiologia

O diagnóstico das infecções bacterianas pode ser realizado por diversos procedimentos. O
diagnóstico de certeza é realizado pelo isolamento e pela identificação do agente bacteriano a
partir de materiais clínicos colhidos adequadamente do sítio de infecção, conhecido normalmente
como exame bacteriológico ou cultura. Os procedimentos que utilizam métodos para a
demonstração do agente diretamente no material clínico apresentam grande interesse, pois são
geralmente rápidos por dispensarem as técnicas de cultivo, contudo, são métodos presuntivos.

Exame Direto

O primeiro passo no processamento do material clínico para a identificação do patógeno é


o exame microscópico da amostra clínica. O exame direto é rápido e o custo é baixo. Métodos para
demonstração direta do agente têm como objetivo revelar e enumerar micro-organismos e células
eucarióticas. A observação dos micro-organismos pode indicar presumivelmente agentes
etiológicos, orientar o microbiologista na escolha dos meios de cultura mais indicados para aquele
material e ao médico, a melhor terapia empírica a ser ministrada. Outros dados importantes podem
ser obtidos, como, por exemplo, a qualidade da amostra clínica e a intensidade da resposta
inflamatória.

Pode ser direto do antígeno ou do anticorpo. Sabemos que a produção de anticorpos está
relacionada com os granulócitos. A presença exclusiva de IgM ou IgG, é definidora de diagnóstico.

O diagnóstico das doenças infecciosas com testes imunológicos pode ser feito pela pesquisa
de Ags (antígenos) diretamente na amostra clínica ou para a identificação de um dado agente
após ele ter sido isolado em cultura. Diferentes métodos imunológicos podem ser utilizados para esse
fim. Atualmente, há crescente interesse nesta área, não só pela vantagem de os métodos permitirem
um diagnóstico rápido, como também pela especificidade e sensibilidade que eles apresentam. Os
métodos mais empregados em laboratório clínico são os testes de aglutinação e os métodos
imunológicos que utilizam um suporte sólido.

O teste de aglutinação mais comum no laboratório clínico é aquele que utiliza partículas de
látex absorvidas com anticorpos específicos contra Ags bacterianos de superfície. Esse método tem
sido utilizado na detecção de vários agentes, por exemplo: Haemophilus influenzae, Neisseria
meningitidis, Streptococcus pneumoniae, S. pyogenes e C. neoformans, principalmente em casos de
meningites, nos quais o diagnóstico rápido é fundamental para o sucesso do tratamento.

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Um teste com grande sensibilidade é o método imunológico de suporte sólido. O mais


utilizado é o ELISA (Enzyme-Linked Immuno Sorbent Assay). Para a detecção de Ags, utiliza-se com
maior frequência um dos três métodos de ELISA de captura, a saber: competitivo, direto ou indireto.
No método competitivo, Ag marcado com enzima ou com iodo radioativo é misturado à amostra
clínica. Haverá uma competição entre o Ag adicionado e o presente na amostra por uma
quantidade limitada de anticorpos (Ac) ligados à uma fase sólida, normalmente uma placa de
poliestireno. Deve-se adicionar sempre um controle negativo que será uma amostra negativa
contendo somente Ag marcado. Ags que não se ligaram são tirados do teste por lavagens
sucessivas. O resultado é dado pela diferença entre a leitura do controle negativo e da amostra
clínica.

O método de captura direto para a pesquisa de Ags envolve a adição da amostra clínica a
Acs específicos aderidos a uma superfície sólida. Antígenos que não se ligaram são retirados por
lavagens antes da adição de um segundo Ac marcado (conjugado), geralmente com uma enzima.
Ensaios que utilizam a associação de Acs monoclonais com policlonais frequentemente têm uma
melhor performance. O método indireto é similar ao direto, porém o segundo Ac não é marcado e
um terceiro Ac marcado, que é um Ac anti-imunoglobulina é adicionado. Esse teste tem se tornado
popular, pois diferentes antígenos podem ser pesquisados com um mesmo conjugado. O teste
indireto amplifica o sinal, sendo, portanto, mais sensível. Contudo, reações inespecíficas podem
ocorrer.

Outra técnica que pode ser empregada é a que se utiliza de anticorpos específicos
marcados com isotiocianato de fluoresceína. Atualmente os laboratórios clínicos substituíram essa
técnica imunológica por outras como ELISA e aglutinação devido principalmente ao alto custo da
manutenção do microscópio e dos conjugados. Além disso, o método exige mão-de-obra altamente
qualificada. Porém, os métodos de imunofluorescência direta (IFD) ou indireta (IFI) são ainda
empregados por alguns laboratórios no diagnóstico da sífilis primária, legionelose, tracoma, uretrites
e cervicites por C. trachomatis, entre outras.

Meios de Cultura

ATENÇÃO – LEMBRAR!

O OBJETIVO DA PESQUISA POR EXAME DIRETO É VISUALIZAR DIRETAMENTE O MICROORGANISMO E


SUA MORFOLOGIA. ELE TEM MUITOS FALSOS NEGATIVOS, UMA VEZ QUE A CARGA É AQUELA QUE SE
VISUALIZA APENAS NO LOCAL DA LESÃO.

Dois problemas devem ser considerados: a escolha de um meio de cultura apropriado e o


isolamento de um microrganismo bacteriano em cultura pura. A técnica utilizada e o tipo de meio
escolhido dependem da natureza da investigação. Em geral, podem ser encontradas três situações:
(1) pode haver necessidade de cultivar um grupo de células de uma determinada espécie
disponível; (2) pode haver a necessidade de certo número e dos tipos de microrganismos presentes
em determinado material; ou (3) pode-se desejar isolar determinado tipo de microrganismo de uma
fonte natural.

Os microrganismos cujo crescimento no ambiente natural podem ser observados ao


microscópio podem exibir extrema dificuldade de crescer em cultura pura em um meio artificial. Por
exemplo, certas formas parasitárias nunca foram cultivadas fora do hospedeiro. Todavia, em geral
pode-se preparar um meio apropriado com a cuidadosa reprodução das condições encontradas

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no ambiente natural do microrganismo. É simples reproduzir o pH, a temperatura e a aeração; os


nutrientes constituem o principal problema. A contribuição feita pelo ambiente vivo é importante e
difícil de analisar; assim, um parasito pode necessitar de um extrato do tecido do hospedeiro,
enquanto uma forma de vida livre pode exigir uma substância excretada por um microrganismo ao
qual está associada na natureza. Pode ser necessária considerável experimentação para determinar
as necessidades do microrganismo, de modo que o sucesso irá depender do suprimento de uma
fonte apropriada de cada categoria de nutriente relacionada no início deste capítulo.

Os principais meios de cultura para identificação de gêneros e espécies de microorganismos


específicos são pedidos no1º Relatório Complementar do Módulo. São eles: Meio Stuart, Ágar
nutriente, Ágar CLED, Ágar Mueller-Hinton, Ágar MacConkey, Ágar Sabouraud, Caldo BHI (Brain-
Heart-Infusion) e Ágar chocolate.

Coloração e Microscopia
Material celular e micro-organismos são frequentemente transparentes e podem ser mais bem
distinguidos pelo uso de corantes. A visualização direta das amostras clínicas em diversas montagens
a fresco, entre lâminas e lamínulas, dá informações quanto à composição celular, morfologia do
micro-organismo e motilidade. As amostras podem ser observadas por microscópio óptico de luz
direta, de contraste de fase ou de campo escuro.

A coloração de Gram é o teste mais útil no laboratório de microbiologia. É o método de


coloração diferencial mais utilizado em exames diretos ao microscópio de amostras clínicas e de
colônias bacterianas devido ao seu largo espectro de coloração. Este espectro inclui praticamente
todas as bactérias, muitos fungos e parasitas tais como Trichomonas, Strongyloides e cistos de vários
protozoários. As exceções significantes incluem Treponema, Mycoplasma, Chlamydia e Rickettsia,
que são pequenos demais para a visualização em microscopia óptica de luz direta ou porque
perderam a parede.

Pela coloração de Gram dividem-se as bactérias em dois grandes grupos, Gram-positivas e


Gram-negativas. Os micro-organismos Gram-positivos são aqueles que retêm o corante cristal violeta
devido ao aumento na quantidade de ácido teicóico e a diminuição da permeabilidade da parede
celular aos solventes orgânicos, por conterem menos lipídeos na parede celular. A parede das
bactérias Gram-negativas apresenta grande quantidade de lipídeos, que aumenta a
permeabilidade aos solventes orgânicos permitindo a descoloração. Estes micro-organismos
perdem, portanto, o cristal violeta, corando-se com o corante de fundo, safranina ou fucsina.

Certos micro-organismos, como as bacérias do gênero Mycobacterium sp. possuem nas suas
paredes, ácidos graxos de cadeia longa (ácido micólico), que conferem impermeabilidade ao
cristal violeta a outros corantes básicos. Calor ou detergentes devem ser usados para permitir a
entrada de corantes primários nessas bactérias. Uma vez dentro da célula bacteriana, o corante não
é eliminado mesmo com solvente álcool-ácido. o método usado para a pesquisa de micobactérias
nos diferentes materiais clínicos, sendo de grande valor diagnóstico. A presença de bacilos álcool-
ácidos-resistentes no escarro é fortemente sugestiva de tuberculose pulmonar. O exame de
esfregaços corados pelo método de Zihel-Neelsen é o único recurso disponível para o diagnóstico
da hanseníase.

Provas bioquímicas

As metodologias empregadas na identificação de amostras bacterianas isoladas de sítios de


infecção tiveram modificações importantes nos últimos 40 anos, porém osfundamentos continuaram

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os mesmos. As provas bioquímicasestão fundamentadas, principalmente: a) na pesquisade enzimas


estruturais, importantes no metabolismo do micro-organismo (fenilalanina desaminase, catalase,
descarboxilases, citocromo C oxidase); b) na pesquisa de produtos metabólicos e catabólicos
(acetoína, indol, ácidos orgânicos); c) na sensibilidade a diferentes compostos (bacitracina,
optoquina, novobiocina. Hoje métodos automatizados com miniaturização das provas bioquímicas
e diminuição no tempo de incubação são bastante empregados, principalmente em laboratórios
de grande porte.

Nesses sistemas, a seleção do conjunto de substratos é feita cuidadosamente a fim de permitir


que as provas positivas e negativas produzam resultados que possam levar à identificação do
patógeno. Na maioria dos sistemas automatizados diferentes conjuntos são oferecidos para se
identificar diferentes micro-organismos. Normalmente, são agrupados por características
semelhantes, a saber: membros da família Enterobacteriaceae, cocos Gram-positivos, bacilos Gram-
negativos não fermentadores, bactérias anaeróbias estritas e leveduras. Testes adicionais para a
identificação microbiana podem ser adicionados.

Os métodos automatizados, rápidos ou não, devem ser escolhidos pela acurácia que ele
apresenta. Normalmente os micro-organismos devem ser identificados com uma acuidade de 95%
em relação ao método convencional. Eles fornecem o índice de probabilidade de acerto na
identificação de um dado micro-organismo. Contudo, os microbiologistas não devem tornar-se
dependentes destes índices, principalmente, quando o resultado não é lógico. Bactérias podem não
reagir como o esperado em um sistema comercial, ou ainda, por problemas técnicos, ser aplicada
uma mistura de bactérias. Os métodos automatizados frequentemente não permitem conferir a
qualidade do inóculo, outra deficiência está no tamanho deste que deve ser aplicado. Erros na
identificação podem ocorrer e o microbiologista deve estar sempre atento aos resultados fornecidos.

Quando seu julgamento sugerir uma taxonomia diferente daquela fornecida pelo aparelho,
devem-se utilizar métodos convencionais para a identificação daquela amostra. Além disso, alguns
sistemas não são capazes de identificar com maior acuidade micro-organismos mais fastidiosos; para
estes, os métodos convencionais são os mais recomendados. Como se pode observar, a
microbiologia ainda está longe da automação que encontramos em outros setores do laboratório
clínico.

Testes de Resistência aos Antimicrobianos

A determinação do perfil de sensibilidade das bactérias aos antimicrobianos é uma


ferramenta extremamente importante tanto do ponto de vista clínico quanto epidemiológico. A
indicação dos testes é fundamentalmente dirigida para aquelas bactérias que tem comportamento
incerto diante de uma terapêutica empírica, pela possibilidade de aquisição e/ou expressão de um
mecanismo de resistência . Um ponto fundamental para estabelecer o perfil de sensibilidade de uma
bactéria é determinar o valor da Concentração Inibitória Mínima da bactéria (CIM) em relação ao
antimicrobiano, ou seja, a menor concentração do antimicrobiano que é capaz de inibir a sua
multiplicação e estabelecer os pontos de corte (breakpoints) para interpretação dos testes de
sensibilidade.

Para cada método são preconizados aspectos que dizem respeito ao inóculo, meio de
cultura, temperatura, tempo e atmosfera de incubação, bem como as cepas-padrão utilizadas no
controle de qualidade do teste. Em cada combinação micro-organismo e droga são também
estabelecidos os critérios interpretativos de acordo com o seguinte:

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Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
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• Sensível: o isolado é inibido quando doses usuais dos antimicrobianos são utilizadas;

• Intermediário: inclui isolados cuja CIM possa ser atingida por níveis de antimicrobianos no sangue e
nos tecidos, mas a taxa de resposta possa ser menor que para àqueles classificados como sensíveis.
A categoria intermediária implica eficácia clínica em sítios aonde fisiologicamente as drogas são
mais concentradas como, por exemplo, as quinolonas e beta-lactâmicos na urina, ou quando doses
maiores que as usuais possam ser utilizadas (beta-lactâmicos). Esta categoria ainda inclui uma zona
de classificação de incerteza aonde podem existir fatores técnicos não controlados;

• Sensível dose-dependente (SDD): trata de uma categoria recentemente introduzida para


interpretação do perfil de sensibilidade de bactérias. Implica que a susceptibilidade do isolado é
dependente do regime terapêutico utilizado. Estas doses são superiores àquelas referendadas para
classificação da categoria sensível;

• Resistente: refere-se a isolados que não são inibidos por concentrações de antimicrobianos
utilizados em doses habituais ou que os limites indicam a presença de um mecanismo de resistência
como, por exemplo, a produção de beta-lactamases.

Espera-se que os testes de sensibilidade possam detectar os principais mecanismos de


resistência, porém deve-se ficar sempre atento para a detecção de novos mecanismos que possam
ser descritos. Os testes de sensibilidade podem ser realizados manualmente ou de forma
automatizada e assim, produzirem resultados qualitativos ou quantitativos (quando verdadeiramente
determinam o valor da CIM).

2. Métodos Diangósticos em Parastiologia

A aula da professora Tatiana sobre esse assunto já aprecia o que iria ser falado aqui. Para ler
sobre, vá para o meu resumo de Métodos Diagnóstico em Parasitologia.

3. Métodos Diagnóstico em Imunologia

Finalmente, é o foco da aula. Alguns dos conhecimentos de métodos laboratoriais usando


anticorpos já foram passados, iremos apenas aprofundar um pouco mais aqui. A requintada
especificidade dos anticorpos para antígenos particulares torna os anticorpos valiosos reagentes
para a detecção, purificação e quantificação dos antígenos. Pelo fato de os anticorpos poderem
ser produzidos contra virtualmente qualquer tipo de macromoléculas e pequenas moléculas
químicas, as técnicas baseadas em anticorpos podem ser usadas para estudar virtualmente
qualquer tipo de molécula em solução ou nas células.

Sorologia

É a pesquisa de anticorpos no soro do paciente. A fração é obtida a partir da segmentação


instantânea do sangue. A parte sobrenadante é o soro. Podem-se observar também vários
componentes da imunidade humoral, como proteínas do sistema complemento e outras citocinas.

Leucograma

Vai identificar resposta celular (leucócitos). O método em si já foi introduzido na Morfofisiologia


do Sistema Hematopoiético e irá ser trabalhada melhor na clínica de hematologia.

Imunoensaios Enzimáticos

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ELISA é um tipo de imunoensaio enzimático. O objetivo da técnica é quantificar o


ANTICORPO. Pode ser uma solicitação direta. Este ensaio usa dois anticorpos diferentes reativos com
diferentes epítopos em um antígeno cuja concentração necessita ser determinada.

A TÉCNICA

O antígeno já veio de fábrica e é ligado ao anticorpo do paciente. Essa ligação anígeno-


anticorpo é altamente específica e não pode ser rompida facilmente - firmemente associados. A
coloração (ex.: em amarelo) vai ser diretamente proporcional à quantidade de substratos ligados às
enzimas dos anticorpos. É preciso que haja uma via de rompimento. Uma quantidade fixa de um
anticorpo é ligada a uma série de réplicas em suporte sólido, tais como placas plásticas de
micropoços. As soluções de teste contendo o antígeno em concentração desconhecida ou uma
série de soluções-padrão com concentrações conhecidas do anticorpo são adicionadas aos poços
e deixadas aderir. O antígeno não ligado é removido por lavagem, e um anticorpo secundário, que
é uma enzima ligada ou radiomarcada, é adicionado também para aderir. O antígeno serve como
uma ponte, de tal forma que quanto mais antígeno houver em solução ou nas soluções-padrão,
mais enzima ligada ou anticorpo secundário radiomarcado irá se ligar. Os resultados das soluções-
padrão são utilizados para construir uma curva de ligação para o anticorpo secundário como uma
função da concentração do antígeno, da qual as quantidades de antígeno nas soluções em teste
podem ser inferidas. Quando este teste é realizado com dois anticorpos monoclonais, é essencial
que esses anticorpos não se sobreponham aos determinantes no antígeno; de outra forma, o
anticorpo secundário não poderá se ligar.

Cada plaquinha tem 96 poços, equivalente a 96 pacientes. A


quantidade é de aproximadamente 500 microlitros ou 0,5 ml.
Cada pocinho já vem de fábrica o antígeno específico a ser
pesquisado (HIV, por exemplo).

Objetivo: Quantificação de anticorpos


Método de quantificação: Espectrofotometria
Exemplos de aplicação: HIV; Leishmania spp; Herpesvirus;
Dengue; Treponema pallidum; Neurocisticercose.

Imunocromatografia
São exemplos os TESTES RÁPIDOS de gravidez, sífilis (Quase todos os testes rápidos usam o princípio
da imunocromatografia). A cromatografia é uma técnica de separação de moléculas. Na imunocromatografia
o que vai ser pesquisado será a reação antígeno-anticorpo. A afinidade de um determinado anticorpo para o
antígeno.

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Objetivo: Detecção qualitativa de


anticorpos
Método: Imunocromatografia
Aplicações:
- HIV
- Sífilis
- Hepatite B
A TÉCNICA

Os testes dispensam o uso de reagente adicional ou equipamentos. São testes de triagem,


portanto de elevada sensibilidade, e consequentemente elevado custo. Alguns deles, como a
determinação da glicemia (glicosímetros), usam métodos enzimáticos químicos, e outros são
imunológicos como para o teste de gravidez. O sistema é realizado em uma matriz constituída de
membrana de nitrocelulose ou de náilon coberta por acetato transparente para facilitar a
visualização do teste. O antígeno ou o anticorpo é fixado na membrana na forma de linhas ou pontos
e o restante da membrana é bloqueado com proteína inerte como nos testes imunoenzimáticos
(ELISA). Para detecção de antígenos podem ser utilizados anticorpos fixados na linha de captura e
como conjugado um segundo anticorpo conjugado ao corante. A amostra aplicada se liga ao
conjugado colorido e após a migração por cromatografia a formação do imunocomplexo é
revelada pelo depósito do corante coloidal na linha de captura. Para assegurar a qualidade dos
reagentes e a realização adequada do procedimento, esses testes rápidos utilizam controles
internos, como nos testes imunoenzimáticos.
POSITIVO: Duas linhas são visíveis, sendo uma linha na região controle (C) e outra na região teste (T).
A intensidade de cor da linha teste (T) poderá variar de acordo com a concentração presente na
amostra. Todavia, qualquer intensidade de cor na linha teste indica resultado positivo.
NEGATIVO: Apenas uma linha é visível na região controle (C), não sendo observada linha na região
teste.
INVÁLIDO: Não é evidenciada a linha controle (C). As razões mais comuns de falha são o volume
insuficiente de amostra ou falha no procedimento técnico. Neste caso, reler a técnica e repetir o
teste com uma nova tira.

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Citometria de Fluxo
É usado para diferenciar populações celulares. É possível diferenciar os tipos de Linfócitos T CD8/CD4.

Objetivo:
Quantificação de
células específicas

Método de
quantificação:
Imunofenotipagem

Exemplo de aplicação:
Quantificação de CD4
em pacientes HIV+

As demais técnicas a seguir são secundárias na pesquisa clínica, são mais usados para exclusão ou
confirmatória.

Imunohistoquímica e Imunofluorecência

Na Patologia é bem utilizada. Os anticorpos podem ser utilizados para identificar a distribuição
anatômica de um antígeno dentro de um tecido ou de compartimentos celulares. Para fazer isso, o
tecido ou célula é incubado com um anticorpo que está marcado com um fluorocromo ou enzima
e a posição do marcador, determinada com um microscópio apropriado, é usada para inferir a
posição do antígeno. Na versão mais antiga deste método, chamada de imunofluorescência, o
anticorpo era marcado com um corante fluorescente e incubado para se ligar a uma monocamada
de células ou a uma seção congelada de tecido. As células ou tecidos corados eram examinados
com um microscópio de fluorescência para localizar o anticorpo. Embora sensível, o microscópio de
fluorescência não é uma ferramenta ideal para a identificação de estruturas celulares ou teciduais
detalhadas em virtude de uma baixa razão sinal-ruído.

Western-blotting

É uma técnica para detecção da presença de determinadas proteínas (ANTÍGENOS) em um


patógeno. Não é largamente utlizada. O Western blotting é usado para identificar e determinar a
quantidade relativa e o peso molecular de uma proteína dentro de uma mistura de proteínas ou
outras moléculas. A mistura é primeiramente submetida à separação analítica, tipicamente por SDS-
PAGE1, de tal forma que as posições finais de diferentes proteínas no gel ocorrem em função de seus
tamanhos moleculares. A matriz de proteínas separadas é, então, transferida do gel de separação
de poliacrilamida para um suporte de membrana por eletroforese, de maneira que a membrana
adquire uma réplica do padrão das macromoléculas separadas e presentes no gel. O SDS é
deslocado da proteína durante o processo de transferência, e os determinantes antigênicos nativos
são frequentemente recuperados como dobras das proteínas. A posição do antígeno proteico na
membrana pode, então, ser detectada com a ligação de um anticorpo não marcado específico
para aquela proteína (o anticorpo primário) seguido por um anticorpo secundário marcado e que
se liga ao anticorpo primário. Este procedimento fornece informações sobre o tamanho do antígeno

1 gel de Poliacrilamida-Sódio Dodecil Sulfato.

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e sua quantidade. A técnica de transferência das proteínas do gel para a membrana é chamada
de Western blotting como uma brincadeira do bioquímico. Southern é o último nome do cientista
que primeiro fez um blot de DNA separando um gel para uma membrana por transferência capilar,
uma técnica desde então denominada como Southern blotting. Por analogia, o Nothern blotting foi
o termo aplicado à técnica de transferência de RNA de um gel para uma membrana e Western
blotting é o termo utilizado para descrever a transferência de proteínas para a membrana.

Testes de aglutinação e imunoprecipitação

ABBAS - Imunologia celular e Molecular, 8 ed.

Se baseiam na associação de antígeno-anticorpo formando Imunocomplexos. Eles podem


formar redes aglutinantes. A imunoprecipitação é uma técnica na qual um anticorpo específico
para um antígeno proteico em uma mistura de proteínas é usado para identificar este antígeno
específico. O anticorpo é tipicamente adicionado à mistura de proteína (normalmente um lisado
detergente de células específicas), e uma proteína A estafilocócica (ou proteína G) covalentemente
ligada a partículas de agarose é adicionada na mistura. As porções Fab do anticorpo se ligam às
proteínas-alvo, e a porção Fc do anticorpo é capturada pela proteína A ou proteína G nas partículas.
Proteínas indesejadas que não se ligam ao anticorpo são, então, removidas com lavagens das
partículas (por adição repetitiva de detergente e centrifugação). A proteína específica que é
reconhecida e agora ligada ao anticorpo pode ser eluída das partículas e dissociada do anticorpo
com o uso de uma solução desnaturante (p. ex., sódio dodecil sulfato) e as proteínas são separadas
por eletroforese em SDS-PAGE. As proteínas podem ser detectadas após a eletroforese com
coloração do gel de poliacrilamida com um corante de proteína ou com análise do Western blot.
Se a mistura original contiver proteínas marcadas radioativamente, as proteínas específicas
imunoprecipitadas pelo anticorpo podem ser reveladas por autofluorografia ou autorradiografia,
com as bandas proteicas sendo capturadas em um filme de raios X colocado no gel SDS-
poliacrilamida seco e contendo as proteínas separadas.

REFERÊNCIAS
1. 1. KUMAR,V; ABBAS, A. K; FAUSTO, N. Imunologia Celular e Molecular,Ed. Elsevier, 8ª. Edição, 2011.
APÊNDICE IV.
2. TRABULSI, L. R., ALTERTHUM, F., GOMPERTZ, O. F., CANDEIAS, J. A. N., Microbiologia. Editora Atheneu. 5a.
ediçao, São Paulo. 2011. CAPÍTULO 11.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - IMUNOLOGIA

IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES


Entende-se por transplante a retirada de órgãos, tecidos ou células (que passam a ser
chamados de enxerto) de um indivíduo e a sua inserção em um indivíduo (geralmente) diferente. A
técnica do transplante surgiu para suprir um déficit funcional ou anatômico do receptor. O individuo
que fornece o enxerto é chamado de doador, e o que recebe é chamado de receptor ou
hospedeiro. Este fenômeno que estabelece o insucesso do enxerto é causado por uma reação
inflamatória chamada rejeição. Quando à terminologia e classificação um transplante pode ser:

• Autólogo: Acontece de um paciente para ele


mesmo (autoenxerto).
• Alogênico: Entre pessoas que não são
geneticamente idênticas. Pode ser da mesma
família ou não. É um dos mais comuns.
• Singênico: SIN = singularidade genética. Entre
Gêmeos - indivíduos geneticamente iguais
(monogenia).
• Xenogênico: Entre seres humanos e animais (mais
comum - bovino). Tem a maior pobabilidade de
rejeição.

Outros termos, para ler agora e enquanto estiver lendo este material:

• Alorreconhecimento: ALO = diferente. Reconhecimento de antígenos que foram transplantados.


O corpo vai reagir imunologicamente contra aquele tecido.
• Haplótipos: Ver material de Imunidade Adaptativa. Refere-se a genes que estão em locais do
cromossomo que não sofrem crossing-over, sem variabilidade. É o que aumenta o grau de
compatibilidade genética nos transplantes.
• Mismatch: genes que são incompatíveis (não inguais). Quanto maior o mismatch, maior a
probabilidade de rejeição.
• Crossmatch: Compatibilidade cruzada. É feito esse teste para ver se há anticorpos pré-formados
para aquele tecido antes do transplante, para evitar rejeição hiperagura. É então feita uma
imunossupressão.
• Rejeição Hiperaguda, Rejeição Aguda, Rejeição Crônica: são os tipos de rejeição. Não são
classificados mais quanto ao tempo, mas sim quanto a adesão do paciente.
• Mieloablação: MIELO = medula. Paciente que faz transplante de medula óssea faz uma
mieloablação (ou ablação da medula óssea) antes do procedimento, combinação de quimio
e radioterapia 7-15 dias antes do transplante.
• Imunossupressão: Quando a queda do sistema imune é induzida através de drogas e fármacos
imunossupressores.
• Doença do enxerto contra o hospedeiro: É o que acontece em situações de transplante de
células imunológicas, por exemplo, de medula, que responde para o corpo todo.
• Quimerismo: Há dois perfis genéticos para respostas imunológicas. É herdado.
• Quimerismo misto: É possível que após o transplante, resquícios da medula em parte destruída
volte. Tem-se no mesmo compartimento tecidual dois perfis genéticos (na medula o perfil original
e do doador). É adquirido.

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1. Princípios Gerais

Os resultados de experimentos com transplantes em camundongos indicam que a rejeição


de enxertos apresenta as características de respostas imunes adaptativas, ou seja, com o uso de
células de memória e linfócitos moduladores desta resposta. A presença das células de memória no
fenômeno de rejeição foi provado com o seguinte experimento:

Um camundongo da linhagem B rejeitará um


enxerto de um camundongo da linhagem A
com uma cinética primária (de forma lenta, ou
seja, o período entre o enxerto e a rejeição foi
de 10 dias, por exemplo). Este mesmo
camundongo, já sensibilizado previamente
pelo primeiro enxerto da linhagem A
(apresentando, portanto, uma memória
adaptativa), ao receber um segundo enxerto
da linhagem A, rejeitará o material com uma
cinética secundária (de maneira bem mais
rápida, com cerca de 3 dias, por exemplo). Um
camundongo da linhagem B injetado com
linfócitos de outro camundongo da linhagem B
que rejeitou o enxerto da linhagem A, rejeitará
o seu primeiro enxerto oriundo da linhagem A
com uma cinética secundária, mesmo sem
nunca ter tido contato prévio com o órgão
transplantado, mas sim, com linfócitos que já
Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8 d. foram expostos à proteínas deste enxerto.

Ocorre rejeição entre 10 a 14 dias após o primeiro transplante de um dador para um receptor não
idêntico (chamado de rejeição do primeiro conjunto) e mais rapidamente após o segundo transplante a partir
do mesmo doador para esse receptor (chamado de rejeição do segundo conjunto), indicando que o receptor
desenvolveu uma memória para tecido enxertado; mas não a partir de um dador diferente o que demonstra
que o processo de rejeição é imunologicamente específico.

2. Imunogenética dos Transplantes

O principal componente imunitário responsável pelo


mecanismo da rejeição é o Complexo Principal De
Histocompatibilidade (MHC / HLA). O reconhecimento
de células transplantadas como próprias ou estranhas
é determinado por genes polimórficos herdados de
ambos os pais e expressos de maneira co-dominante.
Por isso, é mais provável de se encontrar um doador
compatível nos irmãos. Embora os pais queiram doar,
eles tem apenas 50% de compatibilidade.

Veremos agora todas as fases da resposta imune adaptativa referente aos chamados
aloenxertos, que são mais comuns de serem realizados e mais comuns de serem rejeitados.

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ALORRECONHECIMENTO
O comum é que se tenha um HLA próprio para especificamente seres humanos, em que um
antígeno estranho se encaixa na fenda do HLA apresentando para um TCR. Isso faz com que o
linfócito T responda. No alorreconhecimento, as APCs terão um MHC que para o receptor, é
alogênico (estranho), que pode se conectar com tecido próprio, mas como é diferente ele também
pode se encaixar nas mesmas fendas do TCR, complementando-o. Se o MHC alogênico for parecido
com o do paciente, não teria as projeções do encaixe para ativar o linfócito. Para um melhor
entendimento do processo de apresentação, lembremos que existem moléculas de MHC (do tipo I)
em todas as células nucleadas do organismo, assim como nas células transplantadas do órgão ou
tecido na forma de enxerto. O MHC das células do enxerto (MHC alogênico) passa a expressar,
portanto, proteínas que para o organismo de onde o enxerto é oriundo, são próprias, mas para o
doador, são estranhas (chamadas de aloantígenos).

Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8 d.

O reconhecimento destes aloantígenos gera, portanto, uma resposta imune (indesejada do


ponto de vista clínico). Moléculas do MHC alogênica são apresentadas para o reconhecimento
pelas células T de um receptor de enxerto por duas vias fundamentais. Esta apresentação pode se
dar de maneira direta ou indireta. A forma direta se dá quando um antígeno alogênico está sendo
apresentado por MHC do doador ao linfócito T do receptor, desta forma havará uma resposta mais
rápida pois não houve processamento do peptídeo. A forma indireta se dá quando um MHC do
doador está sendo processado pelo APC especializado do receptor, dessa forma essa APC
apresentará o aloantígeno processado para um linfócito T do receptor via MHC próprio.

Abbas – Imunologia Celular e Molecular, 8 d.

A apresentação indireta pode resultar em um alorreconhecimento via MHC II com células T CD4+
assim como podem se dar via MHC I com células T CD8+. Como o MHC alogênico é diferente do
MHC próprio, tudo acontece semelhantemente a uma apresentação antigênica microbiana.

COMPATIBILIDADE HLA
Nossos linfócitos não “atacam” nossas células porque elas possuem HLA próprio (tolerância).
O tecido transplantado possui HLA do doador (estranho) que está apresentando antígenos de outra

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pessoa (doador). Para evitar isso, precisamos combinar os tipos HLA do doador com os do receptor
para que nossos linfócitos “pensem” que o HLA do doador é igual ao nosso, através do teste de
compatibilidade gênica de HLA, feita em qualquer sugestão de transplante. Se o HLA for
extremamente diferente do que nosso corpo é acostumado a reconhecer, essa diferença pode
mimetizar a situação de um antígeno estranho ativar resposta dos linfócitos contra o tecido
transplantado, havendo rejeição. Se o HLA for muito parecido com o nosso, haverá tolerância
imunológica. O número de Mismatches mostrado no resultado está relacionado com o grau de
probabilidade de rejeição ao transplante. O mais comum grau de compatibilidade é próximo a 50%.

COMPATIBILIDADE ABO
A verificaçação de compatibilização do sistema ABO é importante para diminuir a gravidade
da rejeição tanto em relação ao parênquima, quando ao aos antígenos do endotélio. A todo
momento, temos uma célula dendrítica própria apesentando via HLA próprio, um antígeno próprio.
Desse modo, a resposta imunológica é programada para NÃO responder (ser ativado). Apesar da
compatibilidade ABO ser mais importante em Transfusões sanguíneas, nos tranplantes de órgãos
também tem seu papel. Embora o enxerto ser lavado, ainda há células sanguíneas ativas nele.
Antígenos ABO são expressos em todas as células, incluindo as hemácias. Indivíduos que não
apresentam um antígeno particular de grupo sanguíneo podem produzir anticorpos IgM naturais
contra aquele antígeno, provavelmente de respostas de reação cruzada contra antígenos expressos
por bactérias que colonizam o intestino.

O sangue do tipo O possui anticorpos contra A e B (anti-A e anti-B) e mesmo assim é


considerado doador universal pois a quantidade de anticorpo total que é transferido é muito menor
que o volume de sangue (o sangue é muito diluido). Por isso que não se podem prescrever
transfusões para grupos sanguíneos diferentes com volumes maiores que ¼ do volume total de
sangue. Além disso, deve-se pedir bolsas sanguíneas com concentrados de hemácias, com o mínimo
possível de plasma e anticorpos. Em resumo, segue-se que indivíduos AB podem tolerar transfusões
de todos os doadores potenciais e são, portanto, chamados de receptores universais. Da mesma
forma, indivíduos do tipo toleram transfusões somente de doadores tipo O, mas podem fornecer
sangue para todos os receptores, sendo chamado de doadores universais.

3. Mecanismos de Rejeição

A maior parte dos órgãos contém APCs residentes, tais como células dendríticas. Como já
vimos, podemos ter uma APC residente do tecido (célula dendrítica) do doador apresentando o
aloantígeno - alorreconhecimento direto ou a célula dendrítica do receptor reconhecendo o
aloantígeno do doador - alorreconhecimento indireto. O transplante desses órgãos para um receptor
alogênico fornece APCs que expressam moléculas do MHC do doador, assim como coestimuladores.

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No caso se não houver coestimulação (B7/CD28) (ver Autoimunidade), e for um HLA muito
parecido com o que é próprio, isso induz tolerância. Existem situações, porém, em que a APC do
doador consegue apresentar e fazer coestimulação mesmo na ausência de infecções.
Dependendo do tempo que ocorrer a retirada do tecido do doador até a implantação no receptor,
pode ocorrer dano tecidual por hipóxia. A partir do momento que o doador faleceu, acontece um
processo de necrose tecidual. Nesses casos (diferente da apoptose), na necrose (após isquemia e
hipóxia) ocorre extravasamento citoplasmático no tecido, e serão fagocitados. Esses corpos
citoplasmáticos são chamados de DAMP's (Padrões moleculares associado a danos) reconhecidos
por PRRs1 e fagocitados. Esse fator influencia tanto no risco quanto na gravidade da rejeição.

De qualquer forma, essas células dendríticas após fagocitose ganham a circulação linfática
e vão para os linfonodos próximos. Lá vai haver a apresentação de antígeno e proliferação de
linfócitos (havendo ativação e proliferação da população de memória/efetora). Células T
alorreativas no receptor podem se ativadas por ambas as vias, e estas células T migram para os
enxertos e causam a sua rejeição. Células T CD4+ auxiliares alorreativas se diferenciam em células
efetoras produtoras de citocinas que lesam os enxertos mediante reações que se parecem com a
hipersensibilidade tardia (veremos na aula de Hiperssensibilidades que a Rejeição a Transplantes é
um tipo de hiperssensibilidade tipo IV). Células T CD8+ alorreativas ativadas pela via direta se
diferenciam em linfócitos T citotóxicos que destroem as células nucleadas no enxerto que expressam
as moléculas alogênicas MHC da classe I. Os LT CD8+ que são gerados mediante a via indireta são
restritos ao MHC próprio, portanto, não podem destruir diretamente as células estranhas no enxerto.

Exceto quando medidas imunossupressoras são adotadas, os aloenxertos são rejeitados por
um processo denominado reação ao aloenxerto. Na rejeição ao aloenxerto aguda, inicialmente a
vascularização do enxerto é normal; entretanto, em 11-14 dias, ocorre acentuada redução da
vascularização, bem como infiltração de células mononucleares, com eventual necrose. Isso é
denominado uma reação primária (primeira etapa). Uma reação mediada por células T é a principal
causa da rejeição de vários tipos de enxertos (por exemplo, a pele) porém anticorpos contribuem
para a rejeição de determinados transplantes, especialmente de medula óssea. Além disso, animais
deficientes de células T não rejeitam enxertos, ao contrário de animais deficientes em células B.

REJEIÇÃO AGUDA
O que vai se considerar em rejeição aguda ou crônica não é tanto em relação ao tempo,
porque o tratamento com imunossupressão mudou esse perfil de respostas, tendo reação após
mesmo 1 ano, assim como crônica em seis meses. Na rejeição tem-se simultaneamente ataque de

1 Os TLRs são um tipo de Receptor De Reconhecimento Padrão (PRR) e reconhecem molélulas que são geralmente
compartilhadas entre os patógenos porém distintas das moléculas do hospedeiro, coletivamente referidas como padrões
moleculares associados a patógenos (PAMPs) (ver material de Imunidade Inata).

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células do receptor tanto contra antígenos no vaso quanto no parênquima no tecido transplantado
- endotelite. Em nenhum desses casos vai haver necessariamente perda funcional do tecido
transplantado. Haverá lesões e reações inflamatórias, e o paciente terá sofrimento patológico, mas
não terá perda do transplante. Nesses casos de rejeição aguda, se consegue detectar e reverter
com mudanças de esquema terapêutico.

Toda lesão induz necessariamente a mecanismos compensatórios de reparo, nesse caso será
a fibrose. Uma outra forma é reposição de colágeno (TC) por tecido fibrótico. Nesse caso, a lesão
constante a rejeição aguda, pode induzir a uma rejeição crônica, que é justamente a perda da
função do tecido. A continuidade e multiplicidade dessas reações agudas podem levar a crônica.

REJEIÇÃO CRÔNICA
Um enxerto que sobrevive a uma reação aguda ao aloenxerto pode tornar-se não funcional
como resultado da rejeição crônica. Essa rejeição pode ocorrer de meses a anos após a realização
do enxerto. O principal achado patológico em enxertos que sofrem rejeição crônica consiste em
aterosclerose do endotélio vascular. A causa imunológica da rejeição crônica é incerta, porém a
incompatibilidade de antígenos minoritários de histocompatibilidade (em ínfimas quantidades) e os
efeitos colaterais dos fármacos imunossupressores provavelmente desempenham algum papel.

A rejeição crônica vai ser caracterizada pela perda funcional do tecido transplantado. Essa
perda vai ser atribuída, principalmente, pela falta de irrigação desse tecido. O efeito então volta a
ser no vaso. Tanto pela questão de deficiência funcional tanto pela continuada reação imunológica,
haverá uma contante estimulação para o remodelamento dos vasos sanguíneos, resultando em
espessamento da musculatura lisa por proliferação (hiperplasia da camada média) através de
citocinas. Normalmente, em casos de rejeição crônica, pouco pode-se fazer quando a mudança
de esquema terapêutico. O paciente muito provavelmente vai precisar de outro transplante.

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REJEIÇÃO HIPERAGUDA
Além da rejeição aguda e crônica, pode ocorrer um terceiro tipo, denominado rejeição
hiperaguda. A rejeição hiperaguda ocorre tipicamente em um prazo de após MINUTOS o
enxertamento e deve-se à reação de anticorpos anti-ABO pré-formados do receptor com antígenos
ABO na superfície do endotélio do enxerto. A rejeição hiperaguda é frequentemente denominada
reação de “enxerto branco”, uma vez que o enxerto torna-se branco como resultado da perda do
suprimento sanguíneo causado por espasmo e oclusão dos vasos que irrigam o enxerto. Em virtude
dessa severa reação de rejeição, a tipagem de grupo sanguíneo ABO de doadores e receptores
deve ser compatível, sendo necessária a realização de um teste de reação cruzada - Crossmatch.

A rejeição hiperaguda é caracterizada pela oclusão trombótica da vasculatura do enxerto


que começa dentro de minutos a horas após vasos sanguíneos do hospedeiro serem anastomosados
aos vasos do enxerto e é mediada por anticorpos preexistentes na circulação que se ligam aos
antígenos endoteliais do doador. A ligação do anticorpo ao endotélio ativa o complemento e os
produtos do anticorpo e do complemento juntos induzem uma série de mudanças no enxerto
endotélio que promovem a trombose intravascular.

A probabilidade de acontecimento é muito pequena. Atualmente a rejeição hiperaguda por


anticorpos anti-ABO é extremamente rara porque todos os pares, doador e receptor, são
selecionados para que eles tenham tipos ABO compatíveis. Em casos raros em que os enxertos têm
que ser feitos entre doadores e receptores ABO incompatíveis, a sobrevida do enxerto pode ser
melhorada através de uma rigorosa depleção de anticorpos de células B. Às vezes, se o enxerto não
for rapidamente rejeitado, ele sobrevive mesmo na presença de anticorpos antienxerto – resistência.
Um possível mecanismo de resistência a esta rejeição hiperaguda é um aumento na expressão de
proteínas reguladoras do complemento em células endoteliais do enxerto, uma adaptação
benéfica do tecido que tem sido chamada de acomodação.

4. Transplante de Medula Óssea

É o único tratamento curativo para leucemias. Os mecanismos pelos quais o transplante de


HSC cura neoplasias hematopoéticas é do efeito enxerto versus tumor, em que o sistema imunológico
do doador reconstituído reconhece as células tumorais residuais como estranhas e as destrói. Os
transplantes de HSC também são usados clinicamente para o tratamento de doenças causadas por
mutações hereditárias em genes que afetam apenas células derivadas das células-tronco
hematopoéticas como linfócitos ou hemácias. No processo de mieloablação, o receptor é tratado

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antes do transplante com uma combinação de quimioterapia, imunoterapia ou irradiação para


esgotar as células da medula (Pancitopenia) para liberar locais para as células-tronco transferidas.

DOENÇA DO ENXERTO CONTRA HOSPEDEIRO (GVHD)


A Doença do Enxerto-Versus-Hospedeiro (GVHD) é causada pela reação de células T
maduras ativadas enxertadas no inóculo da Medula óssea - MO com aloantígenos do hospedeiro.
Ela ocorre quando o receptor é imunocomprometido e, portanto, incapaz de rejeitar as células
alogênicas no enxerto. Na maioria dos casos, mesmo quando o doador e receptor possuem
proteínas do MHC de classe I e classe II idênticas, ou seja, haplótipos idênticos, pode haver uma
reação de GVH, elicitada por diferenças nos antígenos de histocompatibildiade minoritários. A GVHD
pode também se desenvolver quando órgãos sólidos que contêm um número significativo de células
T são transplantados, tais como o intestino delgado, o pulmão ou o fígado.

GVHD é a principal causa de mortalidade entre receptores de transplantes de medula óssea.


A GVHD pode ser classificada com base nos padrões histológicos em formas agudas e crônicas.

• A GVHD aguda é caracterizada pela morte das células epiteliais na pele, fígado
(principalmente no epitélio biliar), e no TGI. Ela manifesta-se clinicamente por erupção
cutânea, icterícia, diarreia e hemorragia gastrintestinal. Quando a morte das células epiteliais
é extensa, a pele ou a mucosa do intestino podem desprender-se. Nesta circunstância, a
GVHD aguda pode ser fatal.
• A GVHD crônica é caracterizada por fibrose e atrofia de um ou mais dos mesmos órgãos, sem
evidência de morte celular aguda. A GVHD crônica pode também envolver os pulmões e
produzir obliteração das pequenas vias aéreas, chamada de bronquiolite obliterante,
semelhante ao que é visto na rejeição crônica de aloenxertos pulmonares. Quando é grave,
a GVHD crônica leva a uma completa disfunção do órgão afetado.

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5. Imunossupressão na prevenção e tratamento da rejeição

Drogas imunossupressoras que inibem ou destroem os linfócitos T são o principal regime de


tratamento para a rejeição de transplantes. Há os que impedem a ativação e os que impedem a
proliferação, bem como os intracelulares os extracelulares.

O mais importante agente imunossupressor na prática clínica é a Ciclosporina (intracelular)


capaz de inibir a transcrição de certos genes nas células T, principalmente aqueles que codificam
citocinas tais como a IL-2. A ciclosporina se liga com alta afinidade a uma proteína celular
universalmente chamada de ciclofilina. O complexo ciclofilina/ciclosporina se liga e inibe a
atividade enzimática da proteína fosfatase calcineurina (que por sua vez, é ativada por
cáclio/calmodulina). Como a função da calcineurina (quando ativada pelo cálcio/calmodulina) é
ativar a transcrição do fator NFAT (fator nuclear de células T ativadas), a ciclosporina bloqueia a
ativação do NFAT e a transcrição da IL-2 e outras citocinas. O resultado final é que a ciclosporina
bloqueia o crescimento dependente de IL-2 (proliferação)e a diferenciação em células T.

Um outro agente imunossupressor com diferente mecanismo de ação é o antibiótico


Rapamicina, cujo principal efeito é inibir a proliferação das células T independente de Cálcio, mas
por meio da inibição dos receptores de IL-2. A rapamicina se liga a proteína FKBP, formando um
complexo que não inibe a calcineurina, mas outra proteína celular chamada de alvo da ripamicina
em mamíferos (MTOR). O mecanismo pelo qual a rapamicina inibe o crescimento de células T não é
bem conhecido. Associações de Ciclosporina (que bloqueia a síntese de IL-2) e Rapamicina (que
bloqueia a proliferação induzida por IL-2, reduzindo a expressão de seus receptores) são bastante
usadas como inibidores potentes das respostas das células T.

Toxinas metabólicas que destroem as células T em proliferação também são usadas para
tratar a rejeição de enxertos. São exemplos deste grupo de drogas a Azatioprina que diminui a síntese
de DNA das células T, e Micofenolato mofetil (MMF), metabolizado em ácido micofenólico, que
bloqueia uma isoforma específica para linfócitos da inosina monofosfato desidroxigenase, enzima
necessária para a síntese de novo de nucleotídeos de guanina. É utilizado em combinação com a
ciclosporina

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REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULO 17.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 62.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - IMUNOLOGIA

HIPERSENSIBILIDADES
Os distúrbios causados por respostas imunes exacerbadas em indivíduos geneticamente
susceptíveis e previamente sensibilizados são chamados de hipersensibilidades. Em geral, as respostas
imunes erradicam os organismos infectantes sem provocar graves lesões aos tecidos do hospedeiro.
No entanto, essas respostas são, algumas vezes, controladas de maneira inadequada,
inapropriadamente direcionadas aos tecidos do hospedeiro. Neste material, descreveremos a
patogenia de diferentes tipos de reações de hipersensibilidade, com ênfase nos mecanismos
efetores que causam lesão tecidual.

1. Tipos de Hipersensibilidade

Na década de 1970, dois pesquisadores, Gell e Coombs, classificaram as “reações alérgicas”


em quatro tipos (classificação clássica – hipersensibilidades tipo I, II, III, IV) e deu-se o nome genérico
de hipersensibilidade a todas as reações em que ocorre resposta imune exacerbada diante de
substâncias geralmente inócuas, presentes no meio ambiente ou células próprias alteradas.

HIPERSENSIBILIDADE TIPO I – ALERGIAS


A Hipersensibilidade tipo 1 é a marca das doenças alérgicas e são mediada por IgE , que é
produzida pelos linfócitos B que se diferencia em plasmócitos, estimulados pela IL-4 produzidas pelas
células T CD4+ auxiliares ativadas.

A IgE estimula desgranulação e a produção e novos compostos (como leucotrienos e


prostaglandinas) de mastócitos e basófilos liberando histamina e eosinófilos liberando enzimas líticas
envolvidas no dano tecidual. A ação de mastócitos e basófilos é semelhante, a diferença é que os
mastócitos agem nos tecidos e basófilos na circulação. A IgE atua na superfície dessas células em
seu respectivo receptor. Fc e Fab são as regiões estruturais dos anticorpos em suas cadeias pesadas.

A região Fab é responsável pela especificidade ao antígeno ou pela ação efetora, é a maior
parte da cadeia variável de anticorpos. A porção Fc é onde há maior extensão da cadeia constante
(não variável) e é também responsável pela ação efetora, determinando o que acontece com o
patógeno, antígeno. O receptor dessas células se liga com a porção Fc efetora, deflagrando a ação
dos mastócitos e basófilos (desgranulação de reservas de histamina, produção de novos mediadores
lipídicos e citocinas inflamatórias) e eosinófilos (desgranulação de enzimas hidrolíticas - causam lesão
tecidual e produção de citocinas inflamatórias).

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O que diferencia a IgM, IgD e IgE é a parte Fc. A parte para especifidade, Fab é a mesma,
não muda. Ou seja, se esse linfócito já é específico para determinado antígeno, o receptor
reconhece, transduz o sinal, fagocita, apresenta para um Linfócito TCD4 - dependendo do contexto
- se diferencia em TH1, TH2 e TH17, e for o Th2 produz a IL-4 que induz a transcrição para produção
desse anticorpo e muda o isotipo de anticorpo do Linfócito B, produzindo internamente, a mesma
porção Fab, mas a Fc será diferente. O linfócito assim se diferencia morfologicamente em plasmócito
para secretar IgE.

O plasmócito secreta IgM (um dos primeiros) mas também IgE!. Dentro do contexto de
citocinas que esse linfócito amadureceu, passa a secretar também IgE, que vai para receptores
específicos. Cada tipo de alérgeno passa por uma pré sensibilização na sua primeira exposição, em

A IL-4, especificamente, induz a transcrição de genes que mudam a classe (isotipo) do anticorpo.
Naturalmente, é produzido IgM e agora IgE.

que é apresentado para o receptor de linfócito B, produzindo IgE para os mastócitos, basófilos e
eosinófilos. Porém, ele não se conecta imediatamente ao alérgeno e a porção Fab vai ficar vazia.
No segundo contato, há a ligação antígeno-anticorpo e a ação é desencadeada.

A hipersensibilidade imediata (ou hipersensibilidade do tipo I), causada por anticorpos IgE
específicos para antígenos ambientais, comumente chamada de alergia ou atopia, é o exemplo de
doença resultante da ativação de células T auxiliares produtoras de IL-4 (principalmente), IL-13 e IL-5
classicamente denominadas células TH2, onde as células T estimulam a produção de anticorpos IgE
e a inflamação. Assim, a sequência típica de eventos na hipersensibilidade imediata consiste em:

1) Exposição a um antígeno;
2) Ativação dos linfócitos específicos para o antígeno;
3) Produção do anticorpo IgE;
4) Ligação do anticorpo aos receptores fc de mastócitos;
5) Ativação de mastócitos através da reexposição ao antígeno, resultando na liberação de
mediadores a partir de mastócitos e a subsequente reação patológica.

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As manifestações clínicas de hipersensibilidade do tipo I podem apresentar várias formas, por


exemplo, urticária, (também conhecida como fervor-do-sangue), eczema, rinite, conjuntivite
(também conhecida como febre do feno), e asma. Indivíduos que respondem a um alérgeno com
urticária possuem IgEs específicas para o alérgeno em mastócitos na pele, enquanto aqueles que
respondem com rinite possuem mastócitos específicos para o alérgeno no nariz.

A forma mais severa de hipersensibilidade de tipo I consiste na anafilaxia sistêmica, na qual


a broncoconstrição e hipotensão (choque) podem ser de risco à vida. As causas mais comuns de
anafilaxia são alimentos, como amendoins e mariscos, crustáceos (caranguejo, lagosta e camarão),
venenos de insetos e outros fármacos. O choque anafilático consiste justamente na associação da
parada cardíaca (infarto agudo do miocárdio) e queda da pressão com a broncoconstricção
intensa. A Adrenalina é utilizada terapeuticamente para reverter os efeitos vasodilatadores e
broncoconstrictores dos vários mediadores dos mastócitos.

Há dois tipos de testes cutâneos para a


avaliação da hipersensibilidade
imediata: o de punctura (aplicação do
alérgeno glicerinado levemente com
uma lanceta ou agulha sobre o
membro do indivíduo) e o intradérmico.
Este consiste na inoculação de
pequena quantidade do alérgeno de
forma subcutânea na face anterior do
antebraço, por exemplo. Se houver
hipersensibilidade (com um quadro Th2
montado), as células locais degranulam
e causam edema e eritema local na forma de uma pápula. O hemograma mostra uma alta
eosinofilia, com aumento de IgE sérica, de histamina, PGD2 e fator quimiotáxico de neutrófilos.

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HIPERSESIBILIDADE TIPO II E DOENÇAS PROVOCADAS POR ANTICORPOS


ESPECÍFICOS CELULARES TECIDUAIS
A diferença entre as hipersensibilidades tipo II e III os será contra quem esses anticorpos vão
reagir. Na hipersensibilidade tipo II, teremos reação desses anticorpos contra antígenos superficiais.
Na hipersensibilidade tipo III, contra antígenos solúveis, ocorrendo a formação de imunocomplexos.

Na hipersensibilidade tipo II há duas situações, em que o anticorpo se liga ao antígeno


provocando alteração de função (que pode ser hipo ou hiper) ou se ligando a superfície celular
causando dano tecidual, por isso também pode ser chamada de citotóxica. A que o anticorpo se
ligue ao receptor causando mudança de função, passou a ser chamada de hipersensibilidade tipo
V, mediada por IgG e IgM contra antígenos superficiais, cujo efeito é alteração da função.
ATENÇÃO! Usando a classificação clássica, hipersensibilidade tipo II será tanto reação imunológica
quanto alteração de função.

Os anticorpos que se ligam a antígenos da superfície celular podem opsonizar diretamente


as células ou ativar o sistema complemento, resultando na produção de proteínas do complemento
que opsonizam as células. Essas células opsonizadas são fagocitadas e destruídas pelos fagócitos,
que expressam receptores para as porções Fc dos anticorpos IgG e receptores para proteínas do
complemento. Este é o principal mecanismo de destruição celular na anemia hemolítica autoimune
e púrpura trombocitopênica autoimune, nas quais os anticorpos específicos para os eritrócitos ou
para as plaquetas, respectivamente, levam à opsonização e remoção dessas células da circulação.
O mesmo mecanismo é responsável pela hemólise nas reações transfusionais.

Os anticorpos que se ligam a receptores celulares normais ou outras proteínas podem interferir
nas funções destes receptores ou proteínas e causar doença sem inflamação ou dano tecidual. Os
anticorpos específicos para o receptor do TSH ou o receptor nicotínico da acetilcolina provocam
anormalidades funcionais que levam à doença de Graves e à miastenia grave, respectivamente. Em
uma rara sequela de infecção estreptocócica conhecida como febre reumática, os anticorpos
produzidos contra as bactérias reagem de forma cruzada (reação cruzada) com antígenos do
coração, depositam-se neste órgão e produzem inflamação e danos teciduais. Os depósitos de
anticorpos no tecido podem ser detectados por exame morfológico em algumas dessas doenças, e
a deposição de anticorpo frequentemente está associada a ativação local de complemento,
inflamação e lesão dos tecidos.

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HIPERSENSIBILIDADE TIPO III E DOENÇAS PROVOCADAS POR


IMUNOCOMPLEXOS
Os anticorpos IgG e IgM podem causar lesão tecidual por meio da ativação do sistema
complemento, recrutando células inflamatórias e interferindo nas funções celulares normais, sendo
encontrados ligados a essas células. as doenças induzidas por esses anticorpos são chamadas de
hipersensibilidade tipo II. Outros anticorpos podem formar imunocomplexos na circulação – de modo
que os complexos são subsequentemente depositados nos tecidos, particularmente nas paredes dos
vasos sanguíneos – e causar lesões. As doenças decorrentes de imunocomplexos também são
chamadas de hipersensibilidade do tipo III.

O Lúpus Eritematoso Sistêmico, por exemplo, é uma doença autoimune causada por uma
reação de hipersensibilidade do tipo III. O paciente que desenvolve Lúpus terá uma reação não
desejada contra uma quantidade muito pequena de antígenos solúveis. Todos podem se expor, a
diferença é que o paciente está predisposto geneticamente.

Os imunocomplexos que causam doença podem ser compostos por anticorpos ligados a
autoantígenos ou a antígenos estranhos. As características patológicas das doenças provocadas
por imunocomplexos refletem o local de deposição do complexo antígeno-anticorpo e não são
determinadas pela fonte celular do antígeno. Dessa maneira, as doenças mediadas por
imunocomplexos tendem a ser sistêmicas e afetar vários órgãos e tecidos, embora alguns sejam
particularmente suscetíveis, como os rins e as articulações.

Em quase 50% dos casos das vasculite mediada por imunocomplexo envolvendo artérias
musculares médias, está a poliarterite nodosa, onde os complexos são compostos de antígenos virais
e anticorpos e a doença é uma complicação tardia da infeção viral, mais frequentemente com o
vírus da hepatite B. Os anticorpos depositados nos tecidos recrutam neutrófilos e macrófagos, que se
ligam aos anticorpos ou às proteínas do complemento ligadas pelos receptores de Fc de IgG e do
complemento. Esses leucócitos são ativados pela sinalização dos receptores (Fc) e produtos de
leucócitos, incluindo enzimas lisossomais e espécies reativas de oxigênio (ROS), que são liberados e

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produzem lesão tecidual. O mecanismo de lesão na glomerulonefrite mediada por anticorpos e em


muitas outras doenças é a inflamação e ativação de leucócitos.

HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV E DOENÇAS MEDIADAS POR CÉLULAS T

Na hipersensibilidade tipo IV, ou terá uma inflamação mediada por citocinas, se a reação for
mediada por linfócitos T CD4+ (quando é chamada de hipersensibilidade tardia) ou uma ação direta
de linfócitos T citotóxicos (CD8+)contra antígenos que se depositam no tecido.

A lesão tecidual pode ocorrer em razão dos linfócitos T que induzem inflamação ou matam
diretamente as células-alvo; tais condições são chamadas de hipersensibilidade do tipo IV. Elas são
causadas principalmente pela ativação de células T auxiliares CD4+, as quais secretam citocinas que
promovem a inflamação e ativam leucócitos, especialmente neutrófilos e macrófagos. As reações
inflamatórias são desencadeadas principalmente por células T CD4+ das subpopulações TH1 e TH17,
que secretam citocinas que recrutam e ativam os leucócitos. Em algumas doenças mediadas por
células T, os CTLs CD8+ matam as células hospedeira.

Uma característica que diferencia a tipo IV que é semelhante coma do tipo II, é que o
antígeno também está na superfície, então a hipersensibilidade tipo IV também é contra antígenos
superficiais. A hipersensibilidade tardia é um exemplo dessas reações inflamatórias e será descrita
mais adiante. As reações inflamatórias crônicas frequentemente produzem fibrose, como resultado
da secreção de citocinas e de fatores de crescimento por macrófagos e células T CD4.

Muitas doenças autoimunes específicas de órgãos são causadas pela interação de células T
autorreativas com autoantígenos, o que leva à liberação de citocinas e inflamação. Acredita-se que
esse seja o principal mecanismo de base da Artrite Reumatoide (AR), da Esclerose Múltipla, do
Diabetes Mellitus tipo 1, da psoríase e de outras doenças autoimunes. Reações de células T
específicas para microrganismos e outros antígenos estranhos também podem levar a inflamação e
lesão dos tecidos. Bactérias intracelulares, tais como Mycobacterium tuberculosis, causador da
Tuberculose, induzem fortes respostas de células T e de macrófagos que resultam em inflamação
granulomatosa e fibrose (descritas mais adiante); a inflamação e a fibrose podem causar destruição
extensa do tecido e incapacidade funcional, característicamente nos pulmões.

HIPERSENSIBILIDADE TARDIA (DTH)


A hipersensibilidade do tipo tardio (DTH, do inglês delayed-type hypersensitivity) é uma reação
inflamatória prejudicial mediada por citocinas resultantes da ativação de células T, particularmente
das células T CD4+.

A reação é chamada tardia porque se desenvolve tipicamente 24 a 48 horas após a


exposição com o antígeno, em contraste com as reações de hipersensibilidade imediata (alérgicas),
que se desenvolvem em minutos. No modelo clássico de DTH, o paciente é imunizado pela primeira
vez pela administração de um antígeno de uma proteína em adjuvante; este passo é chamado de
sensibilização. Cerca de 2 semanas depois, o animal é desafiado por via subcutânea com o mesmo
antígeno e a subsequente reação é analisada; este passo é chamado de fase de elicitação.

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Humanos podem ser sensibilizados para as reações DTH por infeção microbiana, por sensibilização
de contato com produtos químicos e antígenos ambientais ou por injeção intradérmica ou
subcutânea de antígenos proteicos.

Abbas - Imunologia celular e molecular, 8 ed.

Cerca de 4 horas depois da injeção do antígeno em um indivíduo sensibilizado, os neutrófilos


acumulam-se em torno das vênulas pós-capilares no local da injeção. Aproximadamente após 12
horas, o local da injeção torna-se infiltrado por células T e monócitos sanguíneos, também
organizados em uma distribuição perivenular. A deposição de fibrina, o edema e o acúmulo de
células T e de monócitos no espaço extravascular do tecido em torno do local da injeção promovem
inchaço, que se torna firme (endurecido). O endurecimento, um recurso de diagnóstico de DTH, é
detectável por cerca de 18 horas após a injeção do antígeno e torna-se máximo 24 a 48 horas após.

As respostas imunes contra antígenos microbianos podem causar doença se as reações


forem excessivas ou se os microrganismos forem anormalmente persistentes. As respostas das células
T contra microrganismos persistentes podem dar origem a uma inflamação grave, algumas vezes,
com a formação de granulomas; esta é a causa da lesão tecidual observada na tuberculose,
esquistossomose, hanseníase e algumas outras infecções crônicas. Se forem produzidos anticorpos
contra antígenos microbianos, eles podem se ligar aos antígenos para produzir imunocomplexos, que
se depositam nos tecidos e desencadeiam inflamação.

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A DTH crônica caracteriza uma inflamação granulomatosa, causada por sinais prolongados
de citocinas. A inflamação granulomatosa é uma tentativa de conter a infecção no curso da
inflamção CRÔNICA, mas também é a causa de lesão tecidual significativa e prejuízo funcional. Esse
conceito será melhor visto no próximo semestre, em Fundamentos da Patologia.

2. Abordagens terapêuticas para as doenças imunológicas: Imunoterapia


Uma das realizações recentes mais impressionantes da Imunologia foi desenvolvimento de
novas terapias para doenças imunológicas com base no entendimento da ciência básica. Os
tratamentos podem ser divididos em vários grupos amplos de fármacos.

A base do tratamento para as doenças de hipersensibilidade foi, durante muitos anos, o


emprego de fármacos anti-inflamatórios, particularmente corticosteroides. Esses fármacos inibem a
secreção de citocinas e de outros mediadores de inflamação e, assim, reduzem a inflamação
associada às respostas imunes patológicas. Também são usados rotineiramente para a prevenção e
o tratamento da rejeição de enxertos. Além de apresentar função anti-inflamatória, antálgica e
antitérmica, desencadeiam função imunossupessora importante. O mecanismo de ação proposto
para esses hormônios naturais e seus análogos sintéticos é o bloqueio da síntese e secreção de
citocinas, incluindo TNF e a IL-1 pelos macrófagos (reduzindo a ativação celular endotelial do enxerto
e o recrutamento de leucócitos inflamatórios). Os corticosteroides podem também bloquear outros
mecanismos efetores dos macrófagos, tais como a geração de prostaglandinas, intermediários de
ROS e óxido nítrico.

O aumento da expressão de CTLA-4 também é uma estratégia usada nesse sentido. A CTLA4
como foi visto é uma molécula que se liga ao B7 e modula, de maneira inibitória, a co-estimulação
emitida por este marcador. A CTLA-4 impede a interação das moléculas B7 nas APCs com o CD28
das células T e impede sua interação com o CD40 nas APCs. Os agentes que bloqueiam os
coestimuladores B7 estão aprovados para o tratamento da AR e da rejeição ao enxerto. Os
anticorpos contra as integrinas têm sido utilizados para inibir a migração de leucócitos para os
tecidos, fortalecendo a inflamação, particularmente no sistema nervoso central (SNC) na EM.

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REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULOS 19 e 20.

2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 65.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - IMUNOLOGIA

IMUNODEFICIÊNCIAS CONGÊNITAS E ADQUIRIDAS


Defeitos em um ou mais componentes do sistema imunológico podem causar doenças sérias
e frequentemente fatais, chamadas coletivamente de imunodeficiências. Essas doenças são
classificadas em dois grupos:

1) As imunodeficiências primárias ou congênitas, que são defeitos genéticos que resultam em um


aumento na suscetibilidade a infecções, que se manifesta precocemente em bebês e crianças,
sendo uma condição constitutiva do indivíduo desde o seu nascimento;
2) As imunodeficiências adquiridas ou secundárias, que se desenvolvem devido à desnutrição,
câncer disseminado, tratamento com imunossupressores ou infecção das células do sistema
imunológico, especialmente com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o agente etiológico
da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

1. Características das imunodeficências


A principal consequência da imunodeficiência é a maior suscetibilidade a infecções. A
deficiência da imunidade humoral resulta em um aumento da suscetibilidade a infecções com
bactérias piogênicas, enquanto defeitos na imunidade celular levam a infecções com vírus e outros
microrganismos intracelulares.

Já se conhecem a maioria dos genes que são associados as causas dessas


imunodeficiências. O que não se sabe exatamente é a relação direta do microorganismo com a
imunodeficiência. Os pacientes com imunodeficiências são suscetíveis a determinados tipos de
câncer. Muitos desses tumores parecem ser causados por vírus oncogênicos, como o vírus Epstein-
Barr (EBV). Enquanto algumas imunodeficiências podem resultar de defeitos no desenvolvimento ou
ativação dos linfócitos ou de defeitos nos mecanismos efetores da imunidade natural e adquirida,
outras estão associadas a um aumento na incidência de autoimunidade (devido à deficiência dos
linfócitos T reguladores, que normalmente mantém a autotolerância).

O caso do menina da bolha, David Vetter (1971-1984), que tinha uma imunodeficiência
combinada severa por incapacidade de maturação dos linfócitos (alinfocitose). Ele tinha os
precursores linfóides mas não conseguia os maturar. Na época, não se tinha uma estratégia de
tratamento e diagnóstico. O mais eficiente era isolar o paciente, normalmente em áreas estéreis
como hospital (o que até ainda se faz). O caso de Vetter foi o primeiro que se fez em casa. A família
foi voluntária por um projeto da NASA para que isso fosse possível.

Quando ele completou 13 anos, os pais tiveram uma filha, sua irmã que tinha um HLA
compatível. Se cogitou então a possibilidade de transplante de medula óssea. Na época, não se
sabia que a filha tinha uma infecção por um vírus, e ele contrai uma leucemia. O transplante foi bem
sucedido, mas ele contraiu a doença por conta da infecção e morreu em decorrência dela.

2. Imunodeficiências Secundárias

Deficiências imunológicas frequentemente se desenvolvem devido a anormalidades que não


genéticas, mas adquiridas durante a vida. Dentre essas anormalidades a mais proeminente é a

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infecção pelo HIV. As doenças de imunodeficiências adquiridas são causadas por dois tipos
principais de mecanismos patológicos:

➢ a Imunossupressão, que pode ocorrer como uma complicação biológica de outra doença;
➢ as Imunodeficiências iatrogênicas, que podem se desenvolver como complicação do
tratamento de outras doenças.

Doenças nas quais imunodeficiências é uma complicação comum incluem a desnutrição,


neoplasias e infecções. As causas e mecanismos mais comuns de imunodeficiências adquiridas estão
discutidas na tabela a seguir.

3. Imunodeficiências Primárias
Embora sejam consideradas doenças de incidência rara, estima-se que as imunodeficiências
primárias ocorram em mais de 1 a cada 2.000 nascimentos. Na Pediatria, aproximadamente 10% dos
pacientes com infecções respiratórias recorrentes podem ter alguma imunodeficiência congênita.
Há preponderância no sexo masculino (5:1), já que algumas IDPs são ligadas ao cromossomo X.
O tipo de imunodeficiência primária mais comum na população humana é a relacionada
com a imunidade humoral (mediada por linfócitos B), correspondendo a cerca de 60% dos casos. A
forma mais grave – a imunodeficiência combinada em linfócitos T e B – é encontrada em cerca de
17% dos casos de imunodeficiência primária. A incidência de casos de imunodeficiência em
fagócitos é similar (12%) às de imunodeficiência em linfócitos T e B. O restante dos casos de
imunodeficiências está relacionado à redução na função de linfócitos T (7%), à produção de
moléculas do sistema complemento (1%) e outras causas conhecidas ou não (2%).

DEFICIÊNCIAS PREDOMINANTEMENTE DE ANTICORPOS (LINFÓCITOS B)

Agamaglobulinemia ligada ao x
Nesta doença, a criança sofre com a falta de imunoglobulinas de um modo geral. O defeito
nesta doença é a ausência ou mutação de um gene que origina uma tirosina quinase importante
no processo de amadurecimento (diferenciação e ativação celular), a qual foi denominada de
tirosina quinase do Linfócito B ou de Bruton (Btk). Sem esta tirosina, o linfócito B torna-se incapaz de
alcançar a sua maturidade (ou seja, apresentar BCR em sua membrana composto de IgM, IgD, IgA
e Igβ). É caracterizada pelos seguintes fatores:

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✓ Defeito no amadurecimento do linfócito;


✓ Baixa de Linfócitos B e anticorpos;
✓ Ausência de plasmócitos;
✓ Diminuição da ativação dos linfócitos T devido à deficiência no papel de apc realizada pelo
linfócito B;
✓ Leva ao surgimento de várias infecções recorrentes, como otite média, bronquite, pneumonia e
meningite ocasionadas, em geral, por Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae,
outras espécies de Streptococcus e bactérias gram-negativas.

Esses pacientes necessitam receber doses mensais de gama-blobulina intramuscular ou endovenosa


e antibióticos. A administração endovenosa é preferível à intramuscular, que, além de dolorosa, leva
à maior degradação das imunoglobulinas e não permite a administração de altas doses.

Deficiência de IgA seletiva

Durante uma resposta imune primária, os linfócitos B secretam inicialmente IgM e após
interação com os linfócitos T auxiliares, dependendo das citocinas liberadas, passam a produzir IgG,
IgA ou IgE (mecanismo chamado de troca de isotipo).
No caso da deficiência seletiva em IgA, ocorre a manutenção da produção de IgM e IgG e
a redução na síntese de IgA1 e IgA2 nas formas sérica e secretória. A concentração de IgA sérica
nos indivíduos acometidos por essa síndrome é de 5 μg/mL (enquanto uma pessoa normal produz
entre 2 a 4 mg/mL) com níveis normais ou elevados de IgM e IgG.
O defeito nesses pacientes é um bloqueio na diferenciação das células B em plasmócitos
secretores de IgA. O mecanismos para este defeito ainda é incerto, mas sugere-se que seja um
defeito intrínseco do LB ou anormalidades na transcrição do TGF-β. Nos seres humanos, o TGF-β é
responsável pela troca de IgM em IgA. Como o IgA é a principal Ig de mucosa, a sua deficiência por
levar a um aumento na incidência de infecções bacterianas e virais das vias aéreas superiores e dos
sistemas gastrintestinal e urogenital. No entanto, em certos casos, em especial na primeira década
de vida, talvez pelas concentrações normais de IgM e IgG, os pacientes são assintomáticos. É
caracterizada pelos seguintes fatores:
✓ Ausência de diferenciação do LB em plasmócitos secretos de IgA.
✓ Sinais e sintomas variáveis (infecções respiratórias, diarreias e doenças autoimunes), mas
alguns portadores mostram-se assintomáticos.
✓ A administração de gamaglobulina não é efetiva porque quase não existe IgA nesses
preparados. Para indivíduos sintomáticos, o tratamento das infecções deve ser realizado para
evitar doenças pulmonares crônicas.

Síndrome de Hiper-IgM

O que ocorre é deficiência em IgG e IgA associada a uma produção aumentada de IgM.
Indivíduos normais produzem cerca de 1,5 mg/mL de IgM, enquanto estes pacientes podem produzir
até 20 mg/mL. Como os pacientes apresentam muita IgM, mas não a converte em outros isotipos de
Igs, ele sofre imunodeficiência por carência das demais imunoglobulinas. Este defeito está associado
ao cromossomo X e manifesta-se nos meninos após o primeiro ano de vida, quando as
imunoglobulinas maternas declinam.
A falha no cromossomo X está relacionada à ausência de produção de molécula CD40L,
presente em LT ativados e importante na ativação de linfócitos B e de outras células. A deficiência
na expressão do CD40L leva à ausência da troca de isotipo e à hiperprodução de IgM. Ocorre com

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isso um defeito na ativação e função dos linfócitos e na ativação de LB dependente de LT. Isso ocorre
porque a troca de isotipos está relacionada com a participação dos LT auxiliares.

Imunodeficiência Variável Comum

A imunodeficiência variável comum é um grupo heterogêneo de doenças definidas pela


redução dos níveis séricos de Ig (IgA e IgG), falha na resposta de anticorpos à infecção e vacinas, e
aumento da incidência de infecções. O diagnóstico geralmente é realizado por exclusão quando
outras imunodeficiências primárias são descartadas. A apresentação e a patogênese são, como o
nome indica, muito variáveis. A deficiência de Ig e as infecções patogênicas associadas,
normalmente por Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae, são as principais
características desta desordem. Nestes pacientes, os linfócitos B maduros estão presentes, mas os
plasmócitos estão ausentes nos tecidos linfoides, sugerindo um bloqueio da diferenciação das
células B em células secretoras de anticorpos.

DEFICIÊNCIAS CELULARES - LINFÓCITOS T

Síndrome do Linfócito nu ou Deficiência de HLA-II

A deficiência do Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) de classe II, também


chamada de síndrome do linfócito nu, é um grupo heterogêneo raro de doenças autossômicas
recessivas, nas quais os pacientes expressam pouco ou nenhum HLA-II nos linfócitos B, macrófagos,
e células dendríticas e não conseguem expressar moléculas do MHC de classe II em resposta ao IFN-
γ. Apresentam níveis normais ou levemente reduzidos de moléculas do MHC de classe I e

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microglobulina β2. A maioria dos casos de síndrome do linfócito nu é causada por mutações nos
genes que codificam proteínas que regulam a transcrição de genes do MHC de classe II.

A falha na apresentação de antígenos pode resultar na seleção positiva defeituosa das


células T no timo, com uma redução no número de células T CD4+ maduras ou ativação defeituosa
das células na periferia. Indivíduos afetados apresentam deficiência nas respostas de DTH e nas
respostas de anticorpos a antígenos proteicos dependentes de células T. O aparecimento da
doença acontece durante o primeiro ano de vida e normalmente é fatal a menos que seja tratada
com transplante de medula óssea.

Deficiência de HLA-I

Deficiências autossômicas recessivas do MHC de classe I também têm sido descritas e são
caracterizadas pela diminuição do número e da função das células T CD8+. Em alguns casos, a
ausência da expressão de moléculas de MHC de classe I deve-se a mutações nos genes TAP-1 ou
TAP-2, que codificam as subunidades do complexo TAP (transportador associado a processamento
de antígeno), que normalmente transporta peptídios do citosol para o retículo endoplasmático,
onde são montados em moléculas do MHC de classe I. Como as moléculas do MHC estão vazias e
são degradadas no meio intracelular, o nível de moléculas do MHC de classe I da superfície celular
está reduzido nestes pacientes com deficiência de TAP.

Estes pacientes sofrem principalmente de lesões granulomatosas necrosantes da pele e


infecções bacterianas do trato respiratório, mas não de infecções virais, o que é surpreendente,
considerando que a principal função das células T CD8+ é a defesa contra os vírus.

Síndrome linfoproliferativa ligada ao X

A síndrome linfoproliferativa ligada ao X (XLP) é uma desordem caracterizada pela


incapacidade de eliminar o EBV, levando eventualmente à mononucleose infecciosa fulminante e
ao desenvolvimento de tumores de células B. Em cerca de 80% dos casos, a doença é causada por
mutações no gene que codifica uma molécula adaptadora chamada SAP (proteína associada à
SLAM) que se liga a uma família de moléculas da superfície celular envolvida na ativação de células
NK e linfócitos T e B. Defeitos na SAP contribuem para falha na ativação de células T e NK, resultando
no aumento da susceptibilidade a infecções virais.

Ataxia-telangiectasia
Ataxia-telangiectasia é uma doença autossômica recessiva caracterizada por marcha
anormal (ataxia), malformações vasculares (telangienctasias), déficits neurológicos, aumento da
incidência de tumores e imunodeficiência. Os defeitos imunológicos são de intensidade variável e
podem afetar tanto células B como células T. O defeito imune humoral mais comum é a deficiência
de IgA e de IgG2, provavelmente por causa do papel crucial de uma proteína chamada ATM
(ataxia-telangiectasia mutada) que atua na recombinação de troca de classe.

IMUNODEFICIÊNCIAS COMBINADAS SEVERAS (SCID) – LINFÓCITOS T E


B

As imunodeficiências que afetam tanto a imunidade humoral como a celular são chamadas
de imunodeficiências combinadas severas (SCID, do inglês severe combinated imunodeficiency). A
SCID é o resultado de problemas no desenvolvimento dos linfócitos T com ou sem defeitos na
maturação de células B. Quando não há bloqueio no desenvolvimento das células B, o defeito de
imunidade humoral deve-se à ausência de células T auxiliares.

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Síndrome de DiGeorge (Aplasia Tímica Congênita)

Caracteriza-se imunologicamente pela malformação (aplasia ou hipoplasia congênita) do


timo. Associada à deficiência na maturação de LT, os portadores dessa síndrome apresentam
hipocalcemia, hipoparatireoidismo, cardiopatia e anomalias na estrutura do esôfago, da boca e do
pavilhão auditivo. Essas anormalidades se devem a alterações que ocorrem durante a vida intra-
uterina. Um dos fatores que tem sido associado a essa síndrome é o alcoolismo materno. Há,
portanto, um defeito no amadurecimento de LT devido a uma deleção no cromossomo 22q 11.2, o
que gera uma malformação congênita do timo entre a 6ª e 8ª semana de gestação. Acontece uma
produção de normal de anticorpos, uma vez que os LB estão normais, mas é característico um
número reduzido ou anormal de LT.

A imunodeficiência associada à síndrome de DiGeorge pode ser corrigida por transplante


fetal tímico ou transplante de medula óssea. No entanto, este tratamento geralmente não é
necessário porque a função das células T tende a melhorar com a idade e uma grande parte dos
pacientes com esta síndrome muitas vezes fica normal por volta dos 5 anos. A melhora com a idade
provavelmente ocorre devido à presença de algum tecido tímico ou porque alguns locais
extratímicos ainda não definidos assumem a função de maturação das células T. É também possível
que, à medida que estes pacientes envelhecem, o tecido do timo desenvolva-se em locais
ectópicos (ou seja, fora do local típico).

REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULO 21.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - IMUNOLOGIA

TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA E AUTOIMUNIDADE


Um dos funcionamentos exacerbados do sistema imunológico é a autoimunidade. O que é
clinicamente esperado (normal) é que o paciente responda muito bem contra antígenos estranhos
(patógenos e células tumorais). Temos de um lado um paciente imunodeficiente (congênitas e
adquiridas) e de outro as doenças autoimunes. Nesse último caso, acontece quando as células do
sistema imunológico reconhecem antígenos próprios e reagem contra eles.

“Indivíduos normais são tolerantes aos seus próprios antígenos porque os linfócitos responsáveis pelo
reconhecimento dos autoantígenos foram eliminados ou inativados, ou a especificidade destes
linfócitos encontra-se alterada”.

Da frase acima podemos retirar uma informação subliminar: Durante o processo de produção
dos linfócitos, na medula óssea, vão existir linfócitos autorreativos que reagem a autoantígenos
(antígenos próprios). A tolerância resulta da ausência de resposta quando ocorre reconhecimento
dos antígenos por linfócitos específicos, embora o sistema imune esteja atuando normalmente, e isso
é considerado normal. Em geral, antígenos apresentados durante a vida embrionária são
considerados “próprios” e não estimulam uma resposta imunológica, ou seja, somos tolerantes a tais
antígenos. A ausência de uma resposta imune no feto é causada pela deleção de precursores de
células autorreativas no timo. Ao contrário, antígenos não apresentados durante o processo de
maturação, isto é, encontrados pela primeira vez quando o organismo encontra-se
imunologicamente maduro (muitas vezes antes mesmo do nascimento), são considerados “não
próprios” e geralmente elicitam uma resposta imunológica. Tanto células B como células T participem
da tolerância, mas a Tolerância de Células T desempenha o papel principal.

1. Visão Geral

Abbas – Imunologia celular e molecular, 12 ed.

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TOLERÂNCIA CENTRAL
A autotolerância porde ser induzida em linfócitos autorreativos imaturos nos órgãos linfóides
centrais (timo e medula óssea) – Tolerância Central – ou em linfócitos maduros em tecidos periféricos
(baço e linfonodos) – Tolerância periférica.

Quando um precursor linfóide está passando ainda por um processo de especificidade


(definição de sua função) no Timo ele é um linfócito imaturo. Quando uma célula apresentadora de
antígenos apresenta um autoantígeno a um linfócito imaturo precursor autorreativo, ou seja, que tem
o potencial para se tornar de fato autorreativo, e há o reconhecimento, acontecerá:

I. Apoptose: ou deleção, e pode ser induzida de duas maneiras: de forma intrínseca ou extrínseca.
Geralmente dano celular por DNA interno causa ativação intrínseca, e a ligação de uma
molécula indutora de morte com seu receptor causa a ativação extrínseca. No linfocito
autorreativo que vai sofrer apoptose, quando há a ligação do autoantígeno com o receptor do
linfócito autorreativo, uma das proteínas expressas é a Fas indutora de morte, que se associa com
seu liganete, o FasL, na APC. Quando há essa associação, induz-se toda uma transdução de sinal
para indução de apoptose - via extrínseca.
II. Mudança de receptores: ou edição de linfócitos B. SOMENTE O LINFÓCITO B TEM A CAPACIDADE
DE MUDAR SEU RECEPTOR - tanto o Linfócito B quanto o T tem dificuldade de se multiplicar, mas
o B possui dois genes que se recombinam para criar novas estruturas de receptores.
III. Desenvolvidmento de Linfócitos T regulatórios: SOMENTE PARA O TCD4 é a transformação em
linfócito regulador que inibe respostas imunológicas, que impede que haja lesões patológicas.
Todos os linfócitos ou ficam circulando ou vão para o tecidos linfóides secundários (linfonodos,
baço).

Com isso, para o linfócito TCD8 nem há mudança de receptor ou diferenciação em Treg,
APENAS APOPTOSE na tolerância central.

TOLERÂNCIA PERIFÉRICA
Por outro lado, na tolerância periférica, quando os linfócitos que já sofreram diferenciação e são
maduros, transportador via linfática até os órgãos linfóides periféricos (linfonodo, baço), ao sofrer
reconhecimento pela APC, acontecerá:

I. Anergia: ou não responsividade. Se não houver a ligação Fas-FasL acontece a anergia. O linfócito
reconhece o autoantígeno, mas vai ser inibida a capacidade de resposta, por mecanismos
descritos adiante. Eles se tornam incapazes de serem ativados pela reexposição àquele
antígeno.
II. Apoptose: ou deleção, assim como na central. Mecanismos que induzem apoptose do linfócitos
autorreativos. Essa ligação Fas-FasL desencadeia a liberação de enzimas caspases, que são
serinoproteases e digerem o exoesqueleto celular.
III. Supressão; O Treg que veio do timo pode suprimir ativamente aquele linfócito maduro.

Um conceito, chamado ignorância clonal refere-se a células T autorreativas que ignoram


antígenos próprios. Essas células T autorreativas são mantidas ignorantes pela separação física dos
antígenos alvo, por exemplo, barreira hematoencefálica, ou ignoram antígenos próprios porque os
antígenos estão presentes em quantidades muito pequenas. Porém de alguma maneira, como
veremos posteriormente, essas células podem passar a reconhecer e reagir, e isso pode ser tarde
demais ou em condições especiais do paciente, o que pode levar a gênese de doenças autoimunes.

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2. Tolerância de Células T

Durante sua maturação no timo, muitas células T


imaturas que reconhecem antígenos com grande
avidez são deletadas por apoptose e algumas das
células sobreviventes na linhagem CD4+ transformam-se
em células T regulatórias (Treg). Esses antígenos de
tecidos periféricos são expressos nas células epiteliais
medulares tímicas sob o controle da proteína reguladora
autoimune AIRE.

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PROTEÍNA AIRE

Abbas - Imunologia Celular e Molecular, 8 ed.

A proteína AIRE é parte de um complexo que regula a expressão de antígenos restritos a


tecidos (TRAs, do inglês tissue-restricted antigens) nas células epiteliais da medula do timo (MTECs).
No mecanismo mecaismo de autotolerância central normal, peptídios derivados desses antígenos
são mostrados nas MTECs e reconhecidos por células T antígeno-específicas imaturas, levando à
deleção de muitas células T autorreativas.

Todos temos um gene chamado AIRE,


para expressão de antígenos imunológicos.
Consegue induzir a expressão de grande maioria
dos antígenos do corpo todo no TIMO. Mutações
no gene AIRE tonrna o AIRE não funcional, e
essas células T autorreativas não são eliminadas;
elas podem entrar nos tecidos onde os antígenos
continuam a ser produzidos e causar danos. São
a causa de uma doença autoimune que afeta
diversos órgãos, chamada de Síndrome
Poliglandular Autoimune tipo 1 (APS-1, do inglês
autoimmune polyendocrine syndrome type 1.
Este grupo de doenças e sintomas (Síndrome)
caracteriza-se por lesões causadas por
anticorpos e lesões mediadas por linfócitos que
atingem diversos órgãos endócrinos, incluindo
paratireoides, adrenais e ilhotas pancreáticas.
Condição autossômica recessiva (cr 21) e suas
primeiras manifestações são:
• Candidíase mucocutânea crônica
• Hipoparatiroidismo (85% do casos) - antes dos 20 anos.

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TOLERÂNCIA PERIFÉRICA DE CÉLULAS T


A tolerância periférica é devida a
anergia, deleção clonal ou supressão das
células T. Anergia significa a
incapacidade de reagir contra um
antígeno. Se as células T CD4+
reconhecerem antígenos peptídicos
apresentados pelas APCs que são
deficientes em co-estimuladores, as
células T sobrevivem, mas tornam-se
incapazes de responder ao antígeno,
mesmo se mais tarde eles forem
apresentados por APCs complementares.
Este tipo de não-resposta é denominado
anegia clonal.

Quando a APC não apresenta um


número adequado de co-estimuladores
ou apresenta ligado a eles moléculas
inibidoras, como é o caso da CTLA-4, as
células T anérgicas deixam de produzir o
seu fator de crescimento, a IL-2, e
aproliferar em resposta ao antígeno.
Assim, a anergia pode ser induzida
quando as células T usam receptores
inibidores como a CTLA-4 nas ligações
com o co-estimulador B7 presente no
linfócito B, que normalmente, se liga ao
co-estimulador CD-28 dos linfócitos
durante o processo de reconhecimento
do antígeno. O CTLA-4 é uma molécula
linfocitária que se liga ao co-estimulador
B7 das APCs, modulando a co-
estimulação do linfócito T. a CTLA-4 deve
funcionar continuamente para manter as
células T em ordem

Abbas - Imunologia Celular e Molecular, 8 ed.

Outro mecanismo da anergia é uma insuficiência no 1º sinal (entre o MHC-peptídeio-TCR) e


acontece quando o peptídeo que é apresentado está alterado (antígeno ou peptídeo mutado).
Quando o linfócito T sofre uma nova reestimulação com peptídeo nativo, gera uma falta de resposta
ao mesmo (anergia) por bloqueio de sinalização. Esse sinal de bloqueio pode ser resultado do
recrutamento de fosfatases para o complexo TCR ou da ativação de ubiquitina ligases que
degradam proteínas de sinalização.

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O CTLA-4 é expresso nas células T regulatórias, descritas mais a seguir, mediando a função
supressiva dessas células por meio da inibição da ativação de células imaturas. Acredita-se que o
CTLA-4 seja capaz de mediar sua atividade inibitória por dois mecanismos principais:

• Bloqueio de sinalização. A ligação do CTLA-4 ao B7 (coestimulador) ativa a fosfatase, que


remove fosfatos das moléculas de sinalização associadas ao TCR e ao CD28, terminando então
as respostas.
• Redução da disponibilidade de B7. O CTLA-4, especialmente nas células T regulatórias liga-se às
moléculas B7 das APCs, impedindo-as de se ligarem ao CD28. O CTLA-4 também captura e faz
endocitose das moléculas B7, reduzindo a expressão destas nas APCs. O resultado final é que se
reduz o nível de B7 nas APCs disponíveis para se ligarem ao CD28 e a deficiência de
coestimulação leva à resposta diminuída da célula T.

Abbas - Imunologia Celular e Molecular, 8 ed.

Algumas respostas imunes são inibidas por linfócitos T reguladores capazes de bloquear a
ativação e a função dos linfócitos T efetores. Assim como temos respostas Th1 (para microrganismos
intracelulares) e Th2 (para helmintos e alérgenos), tem-se uma resposta reguladora capaz de regular
todos os outros tipos de resposta imune, impedindo o efeito lesivo das mesmas contra o organismo.
As células regulatórias podem ser geradas mediante o reconhecimento de antígenos próprios no
timo ou nos órgãos linfoides periféricos.

Algumas células T CD4+ autorreativas que encontram


autoantígenos no timo não são deletadas, mas, ao
contrário disso, diferenciam-se em células T regulatórias
específicas para esses antígenos. A maioria desses
linfócitos T regulatórios CD4+ expressam altos níveis de
um ligante para uma citocina de proliferação, a
interleucina-2 (IL-2), denominada CD25. Um gene e seu
fator de transcrição produzido chamado FOXP3 é crítico para o desenvolvimento e função da
maioria das células T regulatórias. As células regulatórias FoxP3+ normalmente expressam níveis altos
de CTLA-4, o que também é necessário para o seu funcionamento, cujo papel já foi descrito. A ação
supressora dessas células está ligada à secreção de citocinas imunossupressoras, como IL-10 e
principalmente TGF-β. A TGF-β inibe a proliferação de células T e B. A IL-10, que é produzida por
algumas células T auxiliares (e outras células), inibe a ativação de macrófagos e é antagonista do
principal fator de ativação de macrófagos, o IFN-γ. Assim, células T que secretam citocinas inibidoras

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podem suprimir a resposta de outras células. Em virtude do alto nível de expressão do receptor de IL-
2, essas células podem consumir IL-2, privando outras populações de células desse fator de
crescimento, o que resulta na redução da proliferação e diferenciação de outras células
dependentes de IL-2 como células B e NK.

A estimulação repetida dos linfócitos T (por uma grande produção de IL-2, por exemplo) por
antígenos resulta na morte das células ativadas por um processo de apoptose (deleção). Este
mecanismo de morte celular regulada é chamada de morte celular induzida por ativação. Ela é
induzida quando um grande número de células T recentemente ativadas é reativado por antígenos
ou por agentes similares aos antígenos.

A morte celular induzida por ativação é uma forma de apoptose produzida pelos sinais
originados dos receptores de morte da membrana. Nas células T CD4+ a repetida ativação com o
antígeno leva à co-expressão de duas moléculas, a molécula Fas (CD95), que é um receptor indutor
de morte celular, e o seu ligante Fas L. Quando as células T são ativadas repetidamente, o FasL é
expresso na superfície celular e liga-se ao Fas da superfície da mesma ou das células T adjacentes.
Isso ativa uma cascata de proteases de proteínas intracelulares, chamadas caspases, que levam à
morte das células por apoptose. As células apoptóticas são rapidamente envolvidas pelos fagócitos
e não induzem a inflamação (diferentemente da necrose). Essa é a via etrínseca da apoptose,
porém o funcionamento e sua coparticipação com a intrínseca será vista melhor em Patologia.

TOLERÂNCIA DE LINFÓCITOS TCD8


Grande parte do conhecimento sobre a tolerância das células T periféricas é limitada ao T
CD4+, e muito pouco se sabe acerca dos mecanismos de tolerância de células T CD8+ maduras. É
possível que, se as células T CD8+ reconhecerem os peptídeos associados ao MHC de classe I sem
co-estimulação ou sem a participação da célula T auxiliar, elas se tornem anérgicas. O papel do
CTLA-4 na indução de anergia nas células T CD8+ não está bem estabelecido. A apoptose destas
células, quando expostas a altas concentrações de antígenos, não envolve o receptor de morte Fas.
Células T regulatórias CD25+ podem inibir diretamente a ativação de células T CD8+ ou suprimir
células auxiliares CD4+, que são necessárias para respostas completas das células T CD8+.

3. Tolerância de Células B

TOLERÂNCIA CENTRAL DE CÉLULAS B

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No mecanismo de tolerância periférica do linfócito B, acontece da mesma maneira do


linfócito T: por deleção (apoptose) e anergia clonal. Já na tolerância central, há um evento diferente:
o chamado edição de receptor e ainda a anergia central (que também, não acontecia no LT,
Abbas - Imunologia Celular e Molecular, 8 ed.
apenas anergia periférica).

A deleção acontece da mesma maneira do LT. O principal mecanismo de tolerância central


das células B, que encontram antígenos próprios multivalentes, como as proteínas de membrana, é
a morte por apoptose. Isso é semelhante ao mecanismo de seleção negativa das células T imaturas
no timo. O mecanismo de anergia dos LB é praticamente igual ao mecanismo de anergia periférica
do LT. Células B em desenvolvimento ao reconhecerem autoantígenos fracamente tornam-se
funcionalmente não responsivas (anérgicas) e saem da medula óssea nesse estado de não
responsividade. A anergia deve-se à regulação negativa da expressão do receptor de antígeno,
assim como a um bloqueio na sinalização do mesmo.

As células B que, na medula óssea, encontram antígenos próprios podem também responder
a esses antígenos pela reativação dos seus genes RAG1 e RAG2 e expressando uma nova cadeia
leve de Ig, desta forma adquirindo uma nova especificidade, com uma conformação molecular
diferente. Desta maneira, ao invés de apresentar aquele formato que reconhecia proteínas do
próprio, depois dessa edição, o LB expressará apenas Igs que não reconhecem espacialmente estas
proteínas. Este processo é um mecanismo potencial para as células B auto-reativas perderem sua
reatividade e sobreviverem.

TOLERÂNCIA PERIFÉRICAS DE CÉLULAS B


Os linfócitos B maduros, que reconhecem
antígenos próprios nos tecidos periféricos na
ausência de células T auxiliares específicas,
podem se tornar funcionalmente sem resposta
ou são excluídos dos folículos linfoides.

O principal destino dessas células B auto-


reativas é o de anergia funcional de longa vida,
resultando na incapacidade de responder aos
antígenos. Se a célula B anérgica encontra
qualquer célula T auxiliar antígeno-específico,
esta célula B pode ser destruída pelo FasL
presente nas células T, que ativa o Fas nas
células B por meio de deleção.

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Células B que reconhecem autoantígenos com baixa afinidade podem ser impedidas de
responder através do acoplamento de vários receptores inibitórios. A função desses receptores

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inibitórios é definir um limiar para ativação da célula B, o que permite respostas a antígenos externos
com ajuda da célula T, mas não respostas a autoantígenos.

Os mecanismos da tolerância nos linfócitos T e B são semelhantes em muitos aspectos, mas


existem também importantes diferenças, resumidos na tabela a seguir:

4. Mecanismos de Autoimunidade

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A seleção tímica é um dos mecanismos fisiológicos que impedem que os linfócitos T auto-
reativos circulem no organismo; no entanto, muitas dessas células não morrem e permanecem na
circulação em estágio anérgico, ou seja, não respondem aos antígenos. Essas células em
determinadas circunstâncias podem deixar o estado anérgico e tornar-se ativadas, bem como
aquelas células ignorantes que vimos. Da mesma forma, organismo normalmente produz percentuais

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baixos (5%) de anticorpos que reconhecem estruturas próprias, como por exemplo, anticorpos
anticitocinas, anticolágeno e anti-DNA. No entanto, essa produção de anticorpos auto-reativos
pode se tornar desequilibrada e levar a doenças de auto-agressão, as doenças autoimunes, que
afetam entre 1 a 5% dos indivíduos em algum momento de sua vida. Doenças autoimunes tendem
a ser crônicas, progressivas e de autoperpetuação.

Doenças autoimunes podem ser sistêmicas ou órgão-específicas, dependendo da


distribuição dos autoantígenos que são reconhecidos:
> Circulação De Imunocomplexos (Lupus Eritematoso Sistêmico)
> Autoantígenos ou Células T autorreativas com Distribuição Tecidual Restrita (Diabetes
Mellitus tipo 1; Miastenia Gravis; Esclerose Múltipla)

. A doença autoimune é processo multifatorial em que estão envolvidos alterações genéticas


e fatores ambientais, provenientes da dieta, do estresse e do contato com os antígenos. Vários
mecanismos podem estar implicados no surgimento das doenças autoimunes: fatores genéticos;
falha da tolerância central (auto-tolerância); falha da tolerância periférica; reações cruzadas
(agentes infecciosos); fatores dietéticos; e fatores neuroendócrinos. Outros fatores como mudanças
na microbiota do indivíduo e alterações epigenéticas nas células imunológicas podem
desempenhar papéis importantes na patogênese.

BASES GENÉTICAS DAS DOENÇAS AUTOIMUNES


Diversas doenças autoimunes apresentam acentuada incidência familiar, sugerindo-se uma
predisposição genética a tais distúrbios. Estes genes agem em conjunto com os fatores ambientais
para causarem as doenças. Dentre os genes que estão associados à autoimunidade, os mais
significativos são os genes HLA. Existe uma forte associação de algumas doenças com determinadas
especificidades do Antígeno Leucocitário Humano (HLA), especialmente os de classe II. Por
exemplo, a artrite reumatoide ocorre predominantemente em indivíduos portando o gene HLA-DR4.

Deve-se observar, no entanto, que o fato de uma pessoa desenvolver ou não uma doença
autoimune é evidentemente multifatorial, uma vez que indivíduos com genes HLA que sabidamente
predispõem a certas doenças autoimunes, apesar disso não desenvolvem a doença, como, por
exemplo, muitos indivíduos carreando o gene HLA-DR4 não desenvolvem artrite reumatoide. Isto é,
acredita-se que genes HLA são necessários, mas não suficientes, para causar doenças autoimunes.
Em geral, doenças relacionadas a MHC de classe II, por exemplo, artrite reumatoide, doença de
Graves (hipertireoidismo) e lúpus eritematoso sistêmico, ocorrem de forma mais comum em mulheres,
enquanto doenças relacionadas a MHC de classe I, por exemplo, espondilite anquilosante e
síndrome de Reiter, ocorrem mais comumente em homens.

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INFECÇÕES E AUTOIMUNIDADE

Abbas - Imunologia Celular e Molecular, 8 ed, / LEVINSON – Microbiologia médica e Imunologia, 10 ed.

Infecções virais e bacterianas podem contribuir para o desenvolvimento e exacerbação da


autoimunidade. Na maioria desses casos, o microrganismo infeccioso não está presente em lesões
nem mesmo é detectável no indivíduo quando a autoimunidade se desenvolve. As lesões da
autoimunidade não se devem ao agente infeccioso por si só, mas resultam das respostas
imunológicas do indivíduo, que podem ser disparadas ou desreguladas pelo microrganismo.

A semelhança entre moléculas próprias e os antígenos microbianos pode desencadear o


surgimento de doenças autoimunes. Reação cruzada consiste na ação dos anticorpos contra
moléculas próprias que apresentam semelhanças morfofuncionais com antígenos patológicos. Na
Febre Reumática, infecções de garganta com alguns sorotipos de estreptococos β-hemolíticos
levam à produção de anticorpos contra a proteína M da parede celular bacteriana. Alguns desses
anticorpos reagem de forma cruzada com proteínas do sarcolema do miocárdio e miosina,
causando inflamação local (cardite). Reações cruzadas ocorrem também na doença de Chagas,
em que anticorpos contra antígenos do Trypanossoma cruzi reagem com a laminina. Os epítopos
compartilhados entre o vírus cosackie B3 e as células cardíacas parecem estar associadas com a
miocardite induzida por vírus, o mimetismo entre o poliovírus e o receptor de acetilcolina parece estar
envolvido com a patogênese da Miastenia Gravis. A própria Esclerose Múltipla é desencadeada
por uma reação cruzada entre a proteína da bainha de mielina (MBP) e o vírus da hepatite B. No
caso da Artrite Reumatoide, tem-se observado reação cruzada entre epítopos do HLA-DR4 e Proteus
mirabilis.

A microbiota intestinal e cutânea também pode influenciar o desenvolvimento de doenças


autoimunes. Há um grande interesse na ideia de que humanos são colonizados por microrganismos
comensais que têm efeitos significativos na maturação e ativação do sistema imunológico.

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5. Algumas Doenças Autoimunes


Aproximadamente 90% de todas as doenças autoimunes ocorrem em mulheres. Embora a
explicação para essa taxa acentuadamente desigual em relação ao gênero seja incerta, existem
algumas evidências, a partir de modelos animais, que o estrogênio pode alterar o repertório de
células B e intensificar a formação de anticorpos contra DNA. Clinicamente, a observação de que o
lúpus eritematoso sistêmico surge ou exacerba-se durante a gravidez (ou imediatamente após o
parto) fundamenta o conceito de que os hormônios desempenham um importante papel na
predisposição de mulheres a doenças autoimunes. Nas seções a seguir, descreveremos a patogenia
de doenças selecionadas que são causadas por anticorpos e células T e a aplicação de novas
terapias para essas doenças para ilustrar os princípios que discutimos anteriormente

LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO - LES

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença


autoimune crônica, multissistêmica, com períodos de
exacerbação e remissão; afeta predominantemente pessoas
do sexo feminino (razão mulher/homem = 10:1), na idade entre
20 e 60 anos. É mais incidente entre negras e orientais.

Nesta doença, são formados autoanticorpos contra


DNA, histonas, proteínas nucleolares e outros componentes do
núcleo celular (anti-DNA, anti-histonas e anti-proteínas do
nucléolo). Anticorpos contra DNA de fita dupla são a
característica do lúpus eritematoso sistêmico. Indivíduos com
genes HLA-DR2 ou DR3 são predispostos ao lúpus eritematoso
sistêmico. Na maioria dos pacientes, o agente que induz esses
autoanticorpos é desconhecido. Os fatores ambientais
incluem a exposição à luz ultravioleta (UV-B, principalmente).
Postula-se que isso conduza à morte apoptótica de células e
liberação de antígenos nucleares.

Polimorfismos em diversos genes de suscetibilidade para o


lúpus levam à habilidade defeituosa para manter a
autotolerância em linfócitos B e T, motivo pelo qual os linfócitos
autorreativos permanecem funcionais. A falha na tolerância
de células B pode ocorrer em virtude de defeitos na edição
do receptor ou na deleção de células B imaturas na MO ou na
tolerância periférica. As células B autorreativas que não se
tornam tolerantes são estimuladas por antígenos próprios
nucleares e ocorre produção de anticorpos contra esses
antígenos.

Os imunocomplexos ligam-se a receptores Fc em DCs e ao BCR podem ser internalizados em


endossomos. Os componentes de ácidos nucleicos ligam-se a TLRs endossomais e estimulam as
células B a produzirem autoanticorpos e as células dendríticas, particularmente as plasmocitoides, a
produzirem IFN-alfa, que aumenta ainda mais a resposta imune e pode provocar mais apoptose. Os
estudos em pacientes revelaram que as células sanguíneas exibem uma assinatura molecular

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marcante (padrão de expressão de genes) que indica exposição ao IFN-alfa, um interferon de tipo I
que é produzido principalmente por células dendríticas plasmocitoides. (DCs)

O resultado final é um ciclo de liberação de antígenos e ativação do sistema imune que leva
à produção de autoanticorpos de alta afinidade. Os imunocomplexos formados a partir desses
autoanticorpos e seus antígenos específicos são responsáveis por glomerulonefrite, artrite e vasculite
envolvendo arteríolas por todo o corpo, (daí seu nome ‘sistêmico’) . A anemia hemolítica e a
trombocitopenia ocorrem devido a autoanticorpos contra eritrócitos e plaquetas, respectivamente.

O diagnóstico de LES é apoiado pela detecção de anticorpos antinucleares (ANAs) por meio
de testes de anticorpos fluorescentes, e anticorpos contra DNA de fita dupla por ELISA. Anticorpos
contra vários outros componentes nucleares são também detectados, assim como uma
concentração reduzida do complemento. O tratamento do lúpus eritematoso sistêmico varia
dependendo da severidade da doença e dos órgãos afetados. Aspirina, fármacos anti-inflamatórios
não esteroides (AINES) ou corticoides são comumente utilizados.

ARTRITE REUMATÓIDE

A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação crônica
(hipersensibilidade tardia como mecanismo imunológico) das articulações sinoviais com destruição
progressiva de estruturas cartilaginosas e ósseas. As principais articulações afetadas são as das mãos,
punhos, joelhos e pés, em geral, de forma simétrica. Indivíduos com genes HLA-DR4 são predispostos
à AR. Fatores hormonais provavelmente estão envolvidos porque a incidência maior ocorre em
mulheres (3:1) de 35 a 50 anos de idade. Além dos fatores hormonais, agentes infecciosos têm sido
associados ao surgimento da artrite reumatoide, tais como: Mycoplasma, vírus da rubéola,
citomegalovírus, herpes vírus, parvovírus B19, o vírus Epstein-Barr e o Mycobacterium tuberculosis.

Nesta doença, são formados autoanticorpos contra IgG (Anti-


IgG). Estes autoanticorpos são denominados fatores
reumatoides e são da classe IgM. O agente que induz esses
autoanticorpos é desconhecido. No interior das articulações
inflamadas, a membrana sinovial é infiltrada com células T,
plasmócitos e macrófagos, e o líquido sinovial contém altas
concentrações de citocinas inflamatórias produzidas por
macrófagos, como fator de necrose tumoral (TNF), IL-1 e IL-8. Os
pacientes frequentemente apresentam anticorpos circulantes
IgM ou IgG que reagem com as porções Fc (e raramente Fab)
de suas próprias moléculas de IgG. Esses autoanticorpos são
denominados fatores reumatoides, e sua presença é utilizada
como um teste de diagnóstico para a AR. Os fatores
reumatoides podem participar na formação de
imunocomplexos prejudiciais, mas seu papel patogênico ainda
não foi estabelecido. O resultado final é a destruição progressiva
da cartilagem e do osso. As respostas imunes crônicas nas
articulações podem levar à formação de tecidos linfoides
terciários na sinóvia, e esses tecidos linfoides terciários podem
manter e propagar a reação inflamatória local.

O diagnóstico de artrite reumatoide é sustentado pela detecção de fatores reumatoides no


soro. A detecção de anticorpos contra peptídeos citrulinados no soro também apoia o diagnóstico.
O tratamento da artrite reumatoide envolve tipicamente aspirina, fármacos anti-inflamatórios não

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esteroides, fármacos imunossupressores (especialmente Metotrexato), ou corticosteroides. A terapia


anticitocinas, consistindo em uma proteína de fusão do receptor de TNF e do fragmento Fc da IgG
humana (Etanercept, Enbrel), também é disponível.

DIABETES MELLITUS TIPO 1 (DM1)

A diabetes tipo I é uma doença autoimune na qual são destruídas as células β, produtoras de
insulina, das ilhotas de Langerhans do pâncreas. Além das células β, que constituem cerca de 80%
das ilhotas, fazem parte destas as células secretoras de glucagon (células α) e somastotatina (células
δ), que não são afetadas pela doença. A destruição das células β acarreta a diminuição da
produção de insulina, resultando em hiperglicemia e na necessidade de administração de insulina
exógena. Nesta doença, células T autorreativas destroem as células das ilhotas do pâncreas. O
principal antígeno contra o qual o ataque da célula T é dirigido é a enzima descarboxilase do ácido
glutâmico das células da ilhota. Demonstrou-se que a infecção por vírus coxsackie B4 é um
desencadeador de DMDI em camundongos, mas ainda não foi estabelecida como causa da
diabetes humana.. Infecção congênita pelo vírus da Rubéola em indivíduos HLA-DR3 também
aumenta a prevalência da diabetes tipo I. Anticorpos contra vários antígenos das células beta
também são produzidos, mas o principal dano é mediado por células T.

Em pacientes com diabetes, a maioria das ilhotas com redução no número de células β
apresenta um infiltrado constituído sobretudo de linfócitos T CD8+ (que induzem a apoptose das
células β das ilhotas, produzindo altas concentrações de IL-1β que estimula a produção de NO, que
induz, por sua vez, a expressão de Fas nas células β), com proporção variável de linfócitos T CD4+,
linfócitos B, células NK e macrófagos. A ativação de mecanismos dependentes de
perforina/granzima é sugerida pelo aumento da expressão das moléculas do MHC-I na superfície das
células β das ilhotas. Os sinais clínicos são: urinar em grande quantidade e muitas mais vezes (poliúria);
sede constante e intensa (polidipsia); fome constante e difícil de saciar (polifagia); fadiga; prurido no
corpo; visão turva (retinopatia diabética).

ESCLEROSE MÚLTIPLA

A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória que ocorre no sistema nervoso central
(SNC) e leva à perda da bainha de mielina que reveste os axônios, bainha esta que propicia maior
rapidez e eficácia na transmissão dos impulsos elétricos entre neurônios. A desmielinização resulta
em diferentes quadros clínicos, dependendo na área do SNC mais afetada (o cérebro, tronco
cerebral, medula espinhal, nervo óptico). A EM acomete mais as mulheres e vários fatores, entre eles
hormonais, ambientais e genéticos, estão envolvidos.

Trata-se de um processo de hipersensibilidade tardia, mediada por linfócitos Th1 e Th17


autorreativos que ativam macrófagos e causam desmielinização da substância branca cerebral. A
estrutura alvo na EM é proteína básica de mielina (MBP). O adenovírus tipo 2 tem uma sequência de
aminoácidos similar àquela presente na MPB que ativam linfócitos T auxiliares que ultrapassam a
barreira hematoencefálica. A polimerase do vírus da hepatite B também compartilha seis
aminoácidos com uma região da MBP. As manifestações clínicas envolvem: problemas visuais,
distúrbios da linguagem, da marcha, do equilíbrio, da força, fraqueza transitória no início da doença,
em uma ou mais extremidades, dormências O tratamento da EM é feito por meio do IFN-β
(Betainterferona) justamente por ser um fator antiviral e anti-proliferativos. Fármacos
imunossupressores, por exemplo, prednisona e metotrexato e a própria betainterferona são efetivas
na redução da severidade de alguns dos sintomas (tratamento sintomático).

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REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULOS 8, 9, 15, 19.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011. CAPÍTULO 66.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - IMUNOLOGIA

IMUNOLOGIA DOS TUMORES


Muitos conceitos que seriam atribuídos a essa aula serão melhor vistos no assunto de
neoplasias em Fundamentos da Patalogia humana. Neoplasia (do grego, neo = novo + plasia =
formação) ou tumor são termos utilizados para determinar um crescimento autônomo de clones de
células que escapam das restrições normais de proliferação celular e passam a exibir graus variáveis
de fidelidade a seus precursores. Dependendo da sua velocidade e forma de crescimento, o tumor
pode ser benigno ou maligno (também responde pelo termo “câncer”). O câncer, portanto, resulta
de mutações que causam crescimento celular descontrolado.

O câncer é um grave problema de saúde em todo o mundo e uma das causas mais
importantes de morbidade e mortalidade em crianças e adultos. O fenótipo maligno dos cânceres
reflete defeitos na regulação da proliferação celular, resistência das células tumorais à morte
apoptótica, capacidade das células tumorais de invadir os tecidos do hospedeiro e formar
metástases para locais distantes e evasão tumoral dos mecanismos de defesa imune. O conceito de
vigilância imune do câncer, proposto por Macfarlane Burnet na década de 1950, afirma que uma
função fisiológica do sistema imune é de reconhecer e destruir clones de células transformadas antes
que se transformem em tumores e de eliminar tumores depois de formados.

A proteína p53 é conhecida como a "Guardiã do Genoma". Ela atua em várias vias para evitar as
mutações no DNA e impedir que o tumor se forme. Por exemplo, atua impedindo a formação de
vasos sanguíneos (angiogênese) e vascularizar o tumor. O gene da p53 é um supressor tumoral.

1. Visão geral da imunidade tumoral

Estudos histopatológicos mostram que muitos tumores são circundados por infiltrados de
células mononucleares compostos por linfócitos T, células natural killer (NK) e macrófagos ativados,
e que os linfócitos e macrófagos ativados estão presentes nos linfonodos que drenam os locais de
crescimento tumoral. A presença de linfócitos infiltrados em alguns tipos de melanomas e carcinomas
do colo do intestino e da mama é preditiva de um prognóstico melhor. Nestas imagens abaixo
podemos ver os dois exemplos. A seta vermelha mostra crescimento tumoral. A seta amarela mostra
regiões de infiltrados de leucócitos.

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Tumores estimulam respostas imunes adaptativas específicas. as respostas imunes contra os


tumores apresentam as características que definem a imunidade adaptativa, ou seja, a
especificidade e a memória, e constituem a função fundamental dos linfócitos. A resposta mais
eficaz contra tumores surge naturalmente e parece ser mediada principalmente pelos linfócitos T.

Porém, muitos tumores apresentam mecanismos especializados para evadir da resposta


imune do hospedeiro. As células tumorais são derivadas das células do hospedeiro e assemelham-se
a células normais em muitos aspectos. Assim, muitos tumores tendem a ser fracamente imunogênicos.
Os tumores que induzem fortes respostas imunes incluem aqueles induzidos por vírus oncogênicos,
nos quais as proteínas virais são antígenos estranhos. Por outro lado, crescimento rápido e a
disseminação de um tumor pode superar a capacidade do sistema imune de controlar.

Os camundongos cirurgicamente
curados de um tumor induzido pelo
carcinógeno químico (MCA) rejeitam
transplantes subsequentes do mesmo
tumor, enquanto um tumor
transplantado cresce em um
camundongo singênico.

O tumor também é rejeitado nos


camundongos normais que recebem
transferência adaptativa de linfócitos T
do animal portador do tumor original.

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O sistema imune, no entanto, como veremos, pode ser ativado para eliminar eficazmente as
células tumorais e erradicar tumores. A existência dessa imunidade antitumoral específica indica que
tumores devem expressar antígenos reconhecidos como estranhos pelo hospedeiro.

2. Antígenos tumorais

O desenvolvimento de uma neoplasia por células multadas geneticamente, faz desencadear


a expressão de vários antígenos que são reconhecidos pelo sistema imune como um corpo estranho.
Os antígenos expressos em células tumorais, mas não em células normais, são chamados de
antígenos específicos do tumor; alguns destes antígenos são exclusivos de alguns tumores, enquanto
outros são compartilhados entre tumores do mesmo tipo. Dentre eles, temos:

✓ Produtos de genes mutados (oncogenes)


✓ Produtos de genes normalmente silenciados (não-expressadas)
✓ Proteínas celulares anormalmente expressadas (superexpressos)1 Ex.: HER2
✓ Oncoproteínas virais

1 Em todas as células de origem epitelial, temos receptores para fatores de crescimento. Esses receptores só são ativados na
presença do fator de crescimento. Normalmente, a quantidade de fator liberado é a maior que a de receptores, justamente
para que ele consiga prontamente ativar aquele receptor. Algumas pessoas herdam ou produzem uma mutação que causa
o aumento da quantidade de receptores. Com isso, os fatores irão ativar bem mais essas células (mais sensíveis).

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✓ Proteínas não oncogênicas super-expressas (antígenos glicolipídicos)


✓ Antígenos Oncofetais
✓ Antígenos de Diferenciação Tecido-Específicos

3. Mecanismos de resposta imunológica aos tumores

Foi demonstrado que respostas imunes adaptativas, mediadas principalmente por células T,
controlam o desenvolvimento e a progressão de tumores malignos. O principal mecanismo de
proteção imune adaptativa contra tumores está na eliminação das células tumorais por CTLs CD8+.
Também participam macrófagos ativados por CD4+ e células NK, um tipo de linfócito que não
precisa passar por todo o processo de apresentação de antígeno e proliferação celular para
desempenhar sua função. É de origem leucocitária, mas tem ação imediata contra algum antígeno
que consiga ativar seu receptor. Entre esses mecanismos efetores imunitários, o papel dos CTLs na
proteção de indivíduos com tumores é o mais bem definido.

RESPOSTA INATA (CÉLULAS NK)


Esse mecanismo imunológico
inato contra o tumor é muito comum no
inicio do desenvolvimento. Com a
progressão, é provável o surgimento de
novas células tumorais que produzam o
HLA de classe I (evasão do sistema
imunológico).

Naturalmente, a célula natural


killer por princípio já produz dois tipos de
receptores. Um receptor inibidor de
morte e um indutor de morte. O indutor
de morte é o que reconhece o antígeno.
Se é uma célula própria normal, ela
produz HLA de classe I, haverá a ligação
com o receptor inibidor de morte.

Em fases iniciais do desenvolvimento tumoral, perde-se a diferenciação do tecido normal


para se tornar uma célula de replicação rápida. Esse processo de desdiferenciação faz com que ela
deixe de expressar o HLA de classe I, evitando que a célula NK execute sua morte através da ligação
com o receptor indutor de morte, através da liberação de grânulos de enzimas tóxicas.

RESPOSTA ADAPTATIVA (CÉLULAS T)


A maioria das células tumorais não são derivadas de APCs e, não expressam os
coestimuladores necessários para iniciar as respostas das células T ou das moléculas de HLA de classe
II necessárias para estimular as células T auxiliares, que promovem a diferenciação de células T CD8+.

Uma explicação provável de como as respostas das células T contra tumores são iniciadas é e que
as células tumorais ou seus antígenos sejam ingeridos pelas APCs do hospedeiro, particularmente
pelas células dendríticas, e os antígenos tumorais sejam processados no interior das APCs. Os
peptídios derivados destes antígenos são em seguida exibidos ligados às moléculas do MHC de

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classe I para reconhecimento pelas células T CD8+. As APCs expressam coestimuladores que
fornecem os sinais necessários para a diferenciação de células T CD8+ em CTLs antitumorais.

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Uma vez sendo gerados os CTL efetores, eles são capazesde reconhecer e destruir as células
tumorais sem a necessidade de haver uma coestimulação. As células CD4+ podem desempenhar
um papel nas respostas imunes antitumorais proporcionando citocinas para a diferenciação de
células T CD8+ e de memória em CTL efetores. Além disso, as células T auxiliares específicas para
antígenos tumorais são capazes de secretar citocinas, como TNF e IFN-γ, que podem aumentar
expressão do HLA de classe I pelas células tumorais e a sensibilidade à lise por CTLs. O IFN-γ também
pode ativar macrófagos para eliminar células tumorais.

4. Evasão tumoral ao sistema imune

Muitos tumores malignos possuem mecanismos que


permitem a evasão ou resistência às respostas
imunológicas do hospedeiro. Dentre eles estão:

✓ Regulação negativa da expressão de moléculas do


MHC;
✓ Crescimento seletivo de células que não expressam
antígenos tumorais;
✓ Produção de substâncias imunossupressoras solúveis;
✓ Acoplamento dos receptores inibitórios nos linfócitos por
seus ligantes expressos nas células tumorais;
✓ Indução de células T regulatórias.

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5. Imunoterapia
O potencial para o tratamento de pacientes com câncer através de abordagens
imunológicas é promissor para oncologistas e imunologistas por muitos anos. A principal razão para
interesse em uma abordagem imunológica é que a maioria das terapias atuais para o câncer
depende de medicamentos que destroem as células em divisão ou a divisão celular e estes
tratamentos têm efeitos nocivos sobre as células normais em proliferação.

A imunoterapia apresenta o potencial para ser o tratamento mais específico que pode ser
concebido contra os tumores. A imunoterapia contra tumores tem como objetivo aumentar a
resposta imunológica do hospedeiro contra os tumores (imunização ativa) ou para administrar
anticorpos ou células T específicos contra tumores, uma forma de imunidade passiva.

IMUNIZAÇÃO ATIVA – VACINAS TUMORAIS


A imunidade ativa consiste na administração de vacinas tumorais, no aumento da expressão
de citocinas ou co-estimuladores e na estimulação inespecífica do sistema imune (por agentes
inflamatórios e ativadores policlonais). A imunização de indivíduos portadores de tumor com células
tumorais mortas ou antígenos tumorais pode aumentar as respostas imunológicas contra o tumor.

A vacina consiste justamente na inoculação de plasmídeos contendo em seu interior


moléculas de DNA codificador (DNAc) de antígenos tumorais, estando estes antígenos expressos em
sua superfície. Uma vez inoculados, estes plasmídeos são fagocitados por APCs, como as células
dendríticas, e são apresentadas, via MHC, para linfócitos T citotóxicos, os quais, ativados, passam a
responder efetivamente contra células que apresentarem este antígeno (células tumorais).

Por sua vez, antígenos tumorais compartilhados por muitos tumores (como MAGE, tirosinase,
antígenos gp100 em melanomas e proteínas Ras e p53 multadas) são imunógenos potencialmente
úteis para todos os pacientes com certos tipos de cânceres.

IMUNIZAÇÃO ATIVA - AUMENTO DA EXPRESSÃO DE CITOCINAS E CO -


ESTIMULADORES
Como já foi discutido, as células tumorais podem induzir respostas imunológicas fracas porque
são desprovidas de co-estimuladores e porque, geralmente, não expressam moléculas do MHC
classe II, não ativando, portanto, as células T auxiliares. Por isso, duas abordagens potenciais para
reforçar as respostas imunológicas do hospedeiro ao tumor são fornecer artificialmente a co-

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estimulação para as células T específicas para tumores e fornecer citocinas que possam potencializar
a ativação das células T específicas de tumor, particularmente a dos LTc CD8+.

Por exemplo, na figura acima, uma célula tumoral foi transfectada com gene de co-
estimulador dos linfócitos (B7) ou de IL-2, sendo induzida a produzir e expressar estas moléculas. A
molécula de B7 expressa é reconhecida pelo CD28 da célula T, que é estimulada. Esta estimulação
sofre uma maior somação quando o IL-2, produzido por genes previamente inoculados na célula
tumoral, interage com a célula T e esta, por intermédio do IL-2, aumenta sua proliferação e
diferenciação em células T tumor-específicas. Este efeito gera clones ativados destas células.

IMUNIZAÇÃO PASSIVA – TRANSFERÊNCIA DE LINFÓCITOS T (TERAPIA


CELULAR ADOTIVA)

A Imunoterapia celular adotiva é a transferência de células imunológicas cultivadas que


tenham reatividade antitumoral em um paciente portador de tumor. As células a serem transferidas
são linfócitos isolados, propagados e cultivados (em altas concentrações de IL-2 de pacientes com
tumor. Estas células T já são inoculadas prontas para agir contra o crescimento tumoral. Este
tratamento, muitas vezes combinado à administração sistêmica de IL-2, leva à regressão de tumores
em alguns pacientes. Em alguns casos, as células T do paciente podem ser geneticamente

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transduzidas ex vivo para expressar receptores de antígeno quiméricos recombinantes (CARs)2 antes
de serem transferidos de volta para o paciente.

IMUNIZAÇÃO PASSIVA – ADMINISTRAÇÃO DE ANTICORPOS


A terapia com anticorpos monoclonais específicos para tumor pode ser útil na imunoterapia
específica contra tumores. Os anticorpos inoculados podem erradicar os tumores por meio dos
mesmos mecanismos efetores usados na eliminação de microrganismos, incluindo opsonização e
fagocitose, e a ativação do sistema complemento. Além disso, alguns anticorpos podem ativar
diretamente vias de apoptose intrínsecas nas células tumorais; este é o mecanismos proposto para
o uso de anti-CD30 para tratar linfomas. Anticorpos monoclonais específicos para o produto
oncogênico Her-2/Neu, expresso em altos níveis em alguns tumores, tiveram sucesso em pacientes
com câncer de mama, sendo agora aprovados para uso clínico. Os anticorpos anti-Her-2/Neu
interferem ainda com as funções de sinalização de crescimento da molécula de Her-2/Neu.

REFERÊNCIAS
1. ABBAS, A.K. LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2015. CAPÍTULO 18.

2 CARs são compostos por domínios de receptores específicos para antígenos tumorais e domínios de sinalização, como ITAMs
e motivos citossólicos de CD28, que promovem uma robusta ativação das células T.

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MICROBIOLOGIA

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - MICROBIOLOGIA


MORFOLOGIA E FISIOLOGIA BACTERIANA
A Microbiologia trata do estudo dos microorganismos tais como bactérias, vírus, protozoários
e fungos. A Parasitologia é uma grande subárea da microbiologia que se dedica mais ao estudo de
doenças por parasitas de grande relevância epidemiológica no cenário mundial, como helmintíases
e protozooses. As bactérias são organismos filogeneticamente primitivos, por serem estudadas no
ensino médio como seres procariontes, ou seja, não possuem a carioteca, a membrana que envolve
o núcleo. Por serem seres tão pequenos, na ordem, de micrômetros (µm), só podem ser visualizadas,
ainda que grosseiramente em um microscópio óptico de qualidade, em preparação, condições e
coloração adequadas. Elas podem ser classificadas quando à FORMA e a à DISPOSIÇÃO ESPACIAL.

1. Quanto à Forma

MURRAY – Microbiologia médica, 2014, 7 ed.

Cocos (esféricos): Ex.: Streptococos sp1, Staphylococos aureus e Neisseria sp.

Bacilos (alongadas, semelhantes a “bastões” ou “bastonetes”): Escherichia coli (geralmente


ocasiona lesões na genitália feminina e pode ocasionar infecções urinárias, ascende dependendo
da higiene pessoal.), Mycobacterium tuberculosis (causador da Tuberculose), Mycobacterium
leprae (causador da lepra ou Hanseníase),Clostridium tetani (causador do Tétano), Clostridium
botulinum (causa o Botulismo, infecção alimentar que ataca o SNC).

Cocobacilos (Ovais, corpo mais redondo que achatado): Haemophilus sp. (causadores da
pneumonia e meningite em crianças e idosos), Brucella sp. (mais comum animais, brucelose)

Fuso espiralar

✓ Espiroquetas (em espiral): Treponema pallidum (causador da sífilis), Leptospira sp. (causador
da leptospirose)
✓ Espirilos (em onda): Spirillum sp. (geralmente não faz parte da microbiota ou afeta o
homem, está espalhada na natureza).

Fatores de virulência: são todos os constituintes presentes nos microorganismos


capazes de aumentar a patogeniciadade (capacidade de provocar doenças) dos
memsos. Ex.: toxinas

As bactérias geralmente são monomórficas, ou seja, apresentam uma única forma,


mas há exceções. Bacérias pleomórficas são bacterias que, em determinadas condições
ambientais, são capazes de mudar de forma, como os gêneros Rhyzobium sp. e
Corynebacterium sp.

1 Quando se põe sp. não se especifica a espécie, e spp. Não se especifica o gênero. Lembrar do Ensino Médio:
REFICLOFAGE (Reino, Filo, Classe, Família, Gênero e Espécie). NÃO ESQUECER de sublinhar na prova para escrever sem
itálico as espécies de bactérias ou qualquer outro organismo.

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2. Quanto à disposição espacial

Cocos (são as formas que mais formam arranjos de inúmeras maneiras, mas as mais conhecidas são
as a seguir)

▪ Diplococos (em pares): Neisseria gonorhoeae e Neisseria meningitidis.


▪ Estreptococos (em cadeias): Streptococcus pneumoniae.
▪ Estafilococos (em forma de “cachos de uva”, irregulares): Staphylococcus aureus.
▪ Tétrades (4 cocos que se juntam formando um quadrado)
▪ Sarcinas (quando formama arranjos cúbicos)

Bacilos

▪ Diplobacilos (em pares)


▪ Estreptobacilos (em cadeias)
▪ Vibrido ou “vibriões” (sofrem uma curvatura em uma das suas extremidades e assumem
forma de vírgula): Vibrium cholarae (agente acausador da Cólera)

3. Citologia bacteriana

TRABULSI – Microbiologia, 6 ed.

A estrutura da célula procariota não apresenta núcleo, portanto o material genético está
disperso no citplasma (anuclear). A região onde é encontrado o seu genoma (DNA) é chamado de
nucleoide. A célula bacteriana possui elementos essenciais e não essenciais. Os elementos
essenciais são aqueles importantes para a sobrevivência, sem os quais a bacteria morreria. Os não-
essenciais garantem sobrevida, com os quais a bacteria pode viver mais, e geralmente constituem
fatores de virulência, pois aumentam sua patogenicidade.

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• Parece celular
Elementos • Membrana citoplasmática
essenciais • Citoplasma
• Nucleóide

Podem fornecer fuga da bacteria ao


• Cápsula
Elementos • Flagelo
sistema imunitário humano. A cápsula possui
não ação antifagocitária pois os neutrófilos não
essenciais • Pili a reconhecem, “enganando” essas células
• Esporo (‘capa da invisibilidade’)

PAREDE CELULAR

É alvo de antimicrobianos (antibióticos) beta-lactâmicos como a Penicilia, que hajem inibindo


sua síntese. É uma estrutura semi–rígida2, situada por fora da membrana plasmática. Desempenha
duas funções vitais: protege a bactéria contra a lise osmótica, sem a qual facilmente romperia devido
à enorme pressão osmótica dentro da célula bacteraiana e dar forma definitiva do microorganismo.

O Mycoplasma é uma das bactérias atípicas, aquelas que não possuem parede
celular e não podem ser visualizadas por métodos convencionais por serem muito
pequenas. Outros gêneros desse tipo de bactéria são as Rickettsias e Chlamydias.

TORTORA – Microbiologia, 12 ed.

2Como o peptidoglicano proporciona rigidez, ele também ajuda a determinar a forma particular de cada célula bacteriana.
As bactérias Gram-negativas também são envolvidas por uma membrana externa. As camadas rígidas de peptidoglicano
(mureína) cirundam as membranas citoplasmáticas da maioria dos procariotas. As exceções são as Archaea (que contêm
pseudoglicanos ou pseudomureínas), os micoplasmas e as clamídias (que não têm peptidoglicano). Essas últimas são
bactérias atípicas que possuem diâmetro menor que 1 µm e o tamanho do maior vírus é o dessas bactérias.

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A coloração de Gram é um teste rápido, eficaz e fácil, que permite aos clínicos diferenciar as
duas principais classes de bactérias, desenvolver um diagnóstico inicial, e iniciar a terapêutica com
base nas diferenças inerentes às bactérias. As bactérias são fixadas a quente ou deixadas secar
sobre uma lâmina, coradas com cristal violeta, um corante que é precipitado com iodo (lugol), e
em seguida o corante não ligado ou em excesso é removido por lavagem com descorante, à base
de acetona, e água. Um contracorante vermelho, a safranina, é adicionado para corar as células
descoradas. Este processo leva menos de 10 minutos. Para as bactérias Gram-positivas, que se
tornam roxas, o corante fica preso em uma estrutura grossa e emaranhada, a camada de
peptidoglicano, que circunda a célula. As bactérias Gram-negativas possuem uma fina camada de
peptidoglicano que não retém o corante cristal violeta, e então as células são coradas com
safranina e tornam-se vermelhas.

TORTORA – Microbiologia, 12 ed.

A bactéria Gram-positiva apresenta uma parede celular espessa, de múltiplas camadas, que
consiste principalmente em peptidoglicano em torno da membrana citoplasmática. O
peptidoglicano é essencial para a estrutura, replicação e sobrevivência em condições normalmente
hostis nas quais as bactérias crescem. A parede celular das bactérias Gram-positivas também
podem incluir outros componentes, tais como proteínas, ácidos teicoicos 3 e lipoteicoicos 4 e
polissacarídeos complexos (geralmente chamados de polissacarídeos C). A proteína M dos
estreptococos e a proteína R dos estafilococos estão associadas ao peptidoglicano. Os ácidos
teicoicos são polímeros aniônicos de fosfato de poliol hidrossolúveis, os quais estão covalentemente
ligados ao peptidoglicano e são essenciais à viabilidade celular. Os ácidos lipoteicoicos possuem
um ácido graxo e estão ancorados na membrana citoplasmática. Estas moléculas são antígenos
comuns de superfície que distinguem os sorotipos bacterianos e promovem a fixação às outras
bactérias e aos receptores específicos das superfícies de células.

3 Ácidos teicoicos são importantes fatores de virulência. A importância médica dos ácidos teicoicos reside em sua
capacidade de induzir o choque séptico quando causado por determinadas bactérias gram-positivas; isto é, os ácidos
teicoicos ativam as mesmas vias que a endotoxina (LPS) de bactérias gram-negativas. Os ácidos teicoicos também medeiam
a ligação de estafilococos às células mucosas. São constituídos por álcool, carboidratos e fosfato.
4 Ácidos lipoteicoicos são liberados no meio e no hospedeiro, e podem induzir respostas de defesa inata similar à endotoxina,

embora de maneira mais fraca. Além de possuírem os mesmos constituintes do ácido teicoico, ainda são encorados a ácidos
graxos da membrana plasmática.

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A parede celular das bactérias Gram-negativas é mais complexa do que a parede das
células Gram-positivas, tanto estrutural quanto quimicamente. Estruturalmente, a parede celular
Gram-negativa contém duas camadas externas à membrana citoplasmática. Imediatamente
externa à membrana citoplasmática existe uma fina camada de peptidoglicano, que é responsável
por apenas 5% a 10% do peso da parede celular das bactérias Gram-negativas. Ácidos teicoicos ou
lipoteicoicos não estão presentes na parede celular de Gram-negativos. Externa à camada de
peptidoglicano existe uma membrana externa, que é única para as bactérias Gram negativas. A
área entre a superfície externa da membrana citoplasmática e a superfície interna da membrana
exterior é denominada de espaço periplasmático.

TRABULSI – Microbiologia, 6 ed.

O lipopolissacarídeo (LPS) da membrana externa da parede celular de bactérias gram-


negativas é uma endotoxina. É responsável por várias características das doenças, como febre e
choque (especialmente hipotensão), causadas por esses organismos. É denominado endotoxina
porque consiste em uma porção integral da parede celular, contrariamente às exotoxinas, as quais
são livremente liberadas pelas bactérias. A reação de Shwartzman (coagulação intravascular
disseminada) ocorre após a liberação de grandes quantidades de endotoxina na circulação
sanguínea.
Um fosfolipídeo denominado lipídeo A é responsável pelos efeitos tóxicos. Esse polímero
externo corresponde ao importante antígeno somático, ou O, de várias bactérias gram-negativas,
utilizado na identificação de certos organismos no laboratório clínico. O polissacarídeo do antígeno
O encontra-se exposto na face exterior da célula, enquanto o lipídeo A encontra-se voltado ao
interior.
Contrariamente, os organismos Gram-negativos possuem uma camada externa complexa,
consistindo em polissacarídeos, lipoproteínas e fosfolipídeos. Situado entre a camada da membrana
externa e a membrana citoplasmática encontra-se o espaço periplasmático, que, em algumas
espécies, corresponde ao sítio de enzimas denominadas ß-lactamases, as quais degradam
penicilinas e outros fármacos ß-lactâmicos.
As bactérias que não podem ser classificados pela coloração de Gram incluem as
micobactérias, que possuem um revestimento externo lipídico e são diferenciadas pelas colorações
álcool-acidorresistentes, e os micoplasmas, que não possuem peptidoglicano. As micobactérias, por
exemplo, Mycobacterium tuberculosis, apresentam uma parede celular incomum, responsável pela
impossibilidade das microbactérias de serem coradas pela coloração de Gram. Essas bactérias são
referidas como acidorresistentes, uma vez que resistem à descoloração por álcool-ácido após serem
coradas com carbol-fucsina. Essa propriedade está relacionada à alta concentração de lipídeos,
denominados ácidos micólicos, observada na parede celular de micobactérias. A Colaração de
Zichl-Nieelsen OU BAAR (Bacilos Álcool-Ácido resistentes) é usada, uma vez que os bacilos resistem
ao descolamento do álcool ácido (acetona -descorante).

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MEMBRANA CITOPLASMÁTICA

TRABULSI – Microbiologia, 6 ed.

Internamente adjacente à camada de peptideoglicano da parede celular localiza-se a


membrana citoplasmática, composta por uma bicamada fosfolipídica similar àquela de células
eucarióticas quanto ao aspecto microscópico. A membrana desempenha quatro funções
importantes: transporte ativo de moléculas para o interior da célula, geração de energia pela
fosforilação oxidativa, síntese de precursores da parede celular e secreção de enzimas e toxinas.
A membrana sofre uma pequena invaginação formando o mesossoma que está envolvido
no processo de divisão celular pelaformação do septo equatorial. Esta invaginação da membrana
citoplasmática é importante durante a divisão celular, quando atua como a origem do septo
transverso que divide a célula pela metade, e como sítio de ligação do DNA que se tornará o
material genético de cada célula-filha.

CITOPLASMA
Substância semifluida dentro da membrana citoplasmática. Constituído de 80% de água,
enzimas, carboidratos, lipídeos e uma variedade de íons inorgânicos. No seu interior encontramos os
ribossomos e o material genético (DNA) dispersos.

RIBOSSOMOS

TORTORA – Microbiologia, 12 ed.

Os ribossomos bacterianos são o sítio da síntese proteica, como nas células eucarióticas,
porém diferem dos ribossomos eucarióticos em relação ao tamanho e à composição química. Os
ribossomos bacterianos exibem tamanho de 70S, com as subunidades 50S e 30S, enquanto os
ribossomos eucarióticos apresentam tamanho de 80S, com as subunidades 60S e 40S. As diferenças
nas proteínas e RNAs ribossomais constituem a base para a ação seletiva de vários antibióticos que
inibem a síntese proteica de bactérias, mas não de humanos. As proteínas e RNA do ribossomo
bacteriano são significativamente diferentes daquelas presentes nos ribossomos eucarióticos e são
os principais alvos dos antimicrobianos.
NUCLEÓIDE
Ao contrário dos eucariotas, o cromossomo bacteriano é uma fita única circular de cadeia
dupla, que não está contido em um núcleo, mas em uma área definida conhecida como nucleoide.
Uma vez que o nucleoide não apresenta membrana nuclear, nucléolo, fuso mitótico, nem histonas,

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há pouca semelhança com o núcleo eucariótico. Uma diferença importante entre o DNA
bacteriano e o DNA eucariótico é o fato de o DNA bacteriano não apresentar íntrons, ao contrário
do DNA eu cariótico.
Os plasmídeos5, que são fragmentos extracromossômicos menores de DNA circular, também
podem estar presentes. Os plasmídeos, embora geralmente não sejam essenciais para a
sobrevivência celular, frequentemente conferem uma vantagem seletiva: muitos conferem
resistência a um ou mais antibióticos. A falta de uma membrana nuclear simplifica as necessidades
e os mecanismos de controle para a síntese de proteínas. Sem uma membrana nuclear, a transcrição
e a tradução são acopladas; em outras palavras, os ribossomos podem ligar-se ao RNAm, e a
proteína pode ser produzida ao mesmo tempo que o RNAm está sendo sintetizado e ainda ligado
ao DNA.
GRÂNULOS E VACÚOLOS
O citoplasma contém vários tipos diferentes de grânulos que atuam como áreas de
armazenamento de nutrientes e coram-se de modo característico com determinados corantes. Os
grânulos metacromáticos são uma propriedade característica de Corynebacterium diphtheriae, o
causador da difteria. Os grânulos têm como função armazenamento de substância de reserva.

CÁPSULA OU GLICOCÁLICE
A cápsula é uma camada gelatinosa protetora que reveste toda a bactéria. É composta por
polissacarídeos 6 , exceto no bacilo do antraz, que possui uma cápsula de ácido D-glutâmico
polimerizado. É fracamente antigênica, ou seja, não ativa avidamente o sistema imunológico. É um
fator da virulência de diversas bactérias, uma vez que limita a capacidade de fagócitos engolfarem
as bactérias – é antifagocitária. A cápsula pode desempenhar um papel na adesão das bactérias
aos tecidos humanos, a qual consiste em uma etapa inicial importante da infecção.
FLAGELOS
Os flagelos são apêndices longos, semelhantes a um chicote, que deslocam as bactérias em
direção aos nutrientes e outros fatores atrativos, processo denominado quimiotaxia. O longo
filamento que atua como um propulsor é composto por várias subunidades de uma única proteína,
a flagelina, organizadas em diversas cadeias entrelaçadas. As bactérias possuem 5 (cinco) diferentes
tipos de arranjos de flagelos:
▪ Monotríquio: possui um flagelo em uma das extremidades.
Ex.: Pseudomonas aeruginosa. (A)
▪ Anfitríquio: Possui um flagelo em ambas as extremidades.
▪ Lofotríquio: Possui dois ou mais flagelos em uma das
extremidades. (B)
▪ Peritíquio: Possui flagelos distribuídos em toda superfície da
célula bacteriana. (C)

Ainda há as anfilofotríquias, possuindo 2 ou + flagelos em uma


das extremidades.

5 Os plasmídeos são moléculas de DNA de fita dupla, circulares e extracromossomais, capazes de replicar-se
independentemente do cromossomo bacteriano. Embora sejam geralmente extracromossomais, os plasmídeos podem
integrar-se ao cromossomo bacteriano.
6 Os açúcares que compõem o polissacarídeo variam de uma espécie bacteriana a outra, e, frequentemente, determinam
o tipo sorológico de uma espécie. Por exemplo, existem 84 tipos sorológicos distintos de Streptococcus pneumoniae, os quais
são distinguidos pelas diferenças antigênicas dos açúcares da cápsula polissacarídica.

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FÍMBRIAS OU PILI
Os pili são filamentos semelhantes a pelos, que se estendem a partir da superfície
celular. São mais curtos e lineares que os flagelos, sendo compostos por subunidades
de uma proteína, a pilina, organizadas em fitas helicoidais. Os pili de fixação são
encontrados principalmente nos microorganismos Gram-negativos e promovem
adesão a outras bacterias ou a superfície epitelial ou mucosa do hospedeiro. O pili
sexual 7 , estabelece a ligação entre as bactérias macho (doadora) e fêmea
(receptora) durante a conjugação.

ENDOSPOROS
São células desidratadas especializadas de
repouso (latentes). Contém características da célula que
a originou, são seres vegetativos capazes de sobreviver
a condições extremas medianete ao processo de
esporulação ou esporogênese.‘Endo’ quer dizer que o
esporo é formado no interior da célula. Estas estruturas
altamente resistentes são formadas em resposta às
condições adversas por dois gêneros de bacilos gram-
positivos de importância médica: o gênero Bacillus, que
inclui o agente do antraz, e o gênero Clostridium, que
inclui os agentes do tétano e botulismo. Contém DNA
bacteriano, uma pequena quantidade de citoplasma,
membrana celular, peptideoglicano, pouquíssima água
e, o mais importante, um revestimento espesso
semelhante à queratina, responsável pela acentuada resistência do esporo ao calor, à
desidratação, à radiação e a compostos químicos. Uma vez formado, o esporo não exibe qualquer
atividade metabólica, podendo permanecer dormente por muitos anos. Quando exposto à água e
a nutrientes apropriados, enzimas específicas degradam o revestimento, a água e os nutrientes
penetram, e ocorre a germinação em uma célula bacteriana potencialmente patogênica. Observe
que esse processo de diferenciação não corresponde a uma forma de reprodução, uma vez que
uma célula produz um esporo que germina, originando uma célula. A importância médica dos
esporos reside em sua extraordinária resistência ao calor e a compostos químicos. Como resultado
de sua resistência ao calor, a esterilização não é obtida por meio da fervura.

4. Fisiologia Bacteriana
O fator nutricional é um elemento essencial para o crescimento bacteriano. Os
MICRONUTRIENTES são aqueles que a célula requer em menores quantidades, são todos os íons
inorgânicos (iodo, ferro, cálcio, magnésio, sódio, potássio, etc). Já os MACRONUTRIENTES as células
requerem em quantidades abundantes e são mais requisitados: carbono, hidrogênio, oxigênio,
nitrogênio, fóforo, enxofre e água (H2O).
Quanto as exigências nutricionais, as bactérias são classificadas em: fastidiosas, pois
requerem nutrientes específicos e são altamente exigentes quando ao meio de cultura para crescer
(Streptococcus sp. – ágar sangue) e ubiquitárias, pois não tem grandes exigências nutricionais (Ex.:
S. aureus e Pseudomonas sp.).

7ATENÇÃO! A denominação pili sexual está entrando em desuso e passando a se chamar PILI DE CONJUGAÇÃO. Só acontece
conjugação nas bactérias que assumem forma de BACILO.

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Os Meios de cultura (ver resumo Imunodiagnóstico) abrigam um


conjunto de nutrientes necessários para o crescimento artificial dos
microorganismos. Ágar – é um polissacarídeo encontrado nas algas
marinhas que dão consistências a esses meios sólidos de cultura.
colônias

Os processos metabólicos começam, geralmente, no ambiente celular externo, com a


hidrólise de grandes moléculas por enzimas específicas. As moléculas menores produzidas são
transportadas através das membranas celulares para dentro do citoplasma, por mecanismos de
transporte ativos ou passivos, específicos para o metabólito. Os metabólitos são convertidos por uma
ou mais vias para um intermediário universal comum, o ácido pirúvico. O termo “fermentação” refere-
se à clivagem de um açúcar (como glicose ou maltose) a ácido pirúvico, e em seguida, geralmente
a ácido láctico.
Na presença de oxigênio, o piruvato produzido pela fermentação entra no ciclo de Krebs,
sendo metabolizado em dois produtos finais, CO2 e H2O. O ciclo de Krebs produz mais ATP que o ciclo
glicolítico; assim, as bactérias facultativas exibem crescimento mais rápido na presença de oxigênio.
As bactérias facultativas e anaeróbias realizam a fermentação, porém as aeróbias, que crescem
somente na presença de oxigênio, não a realizam. Organismos aeróbios, tais como Pseudomonas
aeruginosa, produzem metabólitos que entram no ciclo de Krebs por processos distintos da
fermentação, como a desaminação de aminoácidos.

TRABULSI – Microbiologia, 6 ed. / MURRAY, Microbiologia médica, 7 ed.

O crescimento bacteriano é considerado o aumento do número


de células e não o aumento no tamanho de uma determinadacélula.
Ocorre por divisão binário ou cissipariedade, em que uma única célula
mãe dá origem a duas células filhas com idêntico material genético, e
esse processo se dá por replicação do cromossomo e formação do septo.
A ligação do DNA à membrana puxa cada fita “filha” para uma nova
célula. A depleção de metabólitos ou o aumento da formação de
subprodutos tóxicos (p. ex., etanol) desencadeiam a formação de
alarmonas, que provocam a interrupção dos processos de síntese, mas as
reações de degradação continuam. A síntese de DNA continua até que

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todos os cromossomos iniciados estejam completos, apesar dos efeitos deletérios na célula.
Ribossomos são canibalizados em busca de precursores de desoxirribonucleotídeos, peptidoglicano
e proteínas são degradados para fornecer metabólitos, e a célula encolhe.A formação de septo
pode ser iniciada, mas a divisão celular não ocorre. Muitas células ao redor e aquelas que participam
morrem nesse processo. Sinais semelhantes podem causar o início da esporulação em espécies
capazes de realizar esse processo. O ciclo de crescimento de bactérias apresenta quatro fases
principais:
1) A primeira corresponde à fase lag, durante a qual
ocorre intensa atividade metabólica; contudo, as
células não se dividem. Essa fase pode durar de
alguns minutos a muitas horas.
2) A fase log (logarítmica) ou expoenencial é
aquela em que se observa rápida divisão celular.
Fármacos ß-lactâmicos, como a penicilina, atuam
durante esta fase, uma vez que os fármacos são
eficazes no período em que as células estão
produzindo peptideoglicano, isto é, quando estão
0h 10h em divisão.
3) A fase estacionária ocorre quando a depleção
de nutrientes ou os produtos tóxicos provocam uma
diminuição no crescimento até que o número de
células novas produzidas equilibra-se com o número de células que morrem.
4) A fase final corresponde à fase de morte, caracterizada por um declínio no número de
bactérias viáveis. Ocorre quando o número de células mortas excede o número de células
novas. Pode ser devido a um aumento populacional que aumenta a quantidade de produtos
tóxicos, diminuindo o suprimento nutricional de oxigênio.

Os fatores necessários para o crescimento microbia- no podem ser divididos em duas


categorias principais: físicos e químicos. Os fatores físicos incluem temperatura, pH e pressão
osmótica. Os fatores químicos incluem fontes de carbono, nitrogênio, enxofre, fósforo, oxigênio,
elementos-traço e fatores orgânicos de crescimento. A maioria dos microrganismos cresce bem nas
temperaturas ideais para os seres humanos. Contudo, certas bactérias são capazes de crescer em
extremos de temperatura que certamente impediriam a sobrevivência de quase todos os organismos
eucarióticos.
Os microrganismos são classificados em três grupos principais, com base na faixa de
temperatura que eles preferem: psicrófilos (micróbios que gostam de frio), mesófilos (micró- bios que
gostam de temperaturas moderadas) e termófilos (micróbios que gostam de calor). A maioria das
bactérias cresce em uma faixa limitada de temperatura, e há somente 30°C de dife- rença entre as
temperaturas máxima e mínima de crescimento. Elas crescem pouco nas temperaturas extremas,
considerando sua faixa ideal.
Cada espécie bacteriana cresce a temperaturas mínima,
ótima e máxima específicas. A temperatura mínima de
crescimento é a menor temperatura na qual a espécie
pode crescer. A temperatura ótima de crescimento é a a
qual a espécie cresce melhor. A temperatura máxima de
crescimento é a maior na qual o crescimento é possível.
A refrigeração é o método mais comum de pre-
servação dos alimentos nos domicílios. Esse método tem
como base o princípio de que as velocidades de re-

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produção microbiana decrescem em baixas temperaturas. Embora os microrganismos sobrevivam


mesmo em temperaturas próximas do congelamento (podem apresentar dormência total), eles
gradualmente diminuem seu número. Algumas espécies diminuem mais rapida- mente do que
outras. Os psicrotróficos, na verdade, não crescem bem em temperaturas baixas, exceto quando
comparados com outros microrganismos; contudo, em determinado período, eles são capazes de
deteriorar lentamente o alimento. Essa deterioração pode tomar a forma de micélio fúngico, limo na
superfície do alimento ou alterações de sabor ou cor nos alimentos. A tem- peratura dentro de um
refrigerador bem ajustado retardará muito o crescimento da maioria dos organismos deteriorantes,
impedindo totalmente o crescimento da maior parte das bactérias patogênicas.
Em testes de fermentação realizados no laboratório clínico, a produção de piruvato e lactato
torna o meio ácido, fato que pode ser detectado por um indicador de pH cuja cor modifica-se
diante de alterações no pH. Por exemplo, quando um açúcar é fermentado na presença do
indicador vermelho de fenol, o pH torna-se ácido e o meio passa a exibir coloração amarela. No
entanto, se o açúcar não for fermentado, não há a produção de ácido e o vermelho de fenol
permanece vermelho. A maioria das bactérias crescem melhor entre valores em torno da
neutralidade entre pH 6,5 e 7,5. Poucas são capazes de sobreviver em pH ácido(4,0). Ex:
Lactobacillus, Helicobacter sp. 8 . Ainda existem bactérias que crescem em ambientes alcalinos,
vivem entre valores de ph 9,0. Ex: Vibrio cholerae, Agrobacterium em pH 12.
O oxigênio pode ser indispensável, letal ou inócuo para as bactérias, o que permite classificá-
las em: aeróbias estritas, aquelas que necessitam no oxigênio para sua sobrevivências. Portanto,
algumas bactérias, como M. tuberculosis, são aeróbias obrigatórias; isto é, requerem oxigênio para
o crescimento, uma vez que seu sistema de geração de ATP depende do oxigênio como aceptor
de hidrogênio. Outras bactérias, tais como E. coli, são anaeróbias facultativas (a literatura as trata
como aeróbias, apenas): utilizam o oxigênio para gerar energia por meio da respiração, caso este
se encontre presente; contudo, são capazes de utilizar a via da fermentação para sintetizar ATP na
ausência de oxigênio suficiente. O terceiro grupo de bactérias consiste nas anaeróbias obrigatórias,
como Clostridium tetani, incapazes de crescer na presença de oxigênio, uma vez que são
desprovidas de superóxido dismutase ou catalase, ou ambas.
Anaeróbios obrigatórios variam em sua resposta à exposição ao oxigênio; alguns podem
sobreviver, mas são incapazes de crescer, enquanto outros são rapidamente mortos. Para a maioria
dos organismos, um suprimento adequado de oxigênio intensifica o metabolismo e o crescimento.
O oxigênio atua como o aceptor de hidrogênio nas etapas finais da produção de energia catalisada
pelas flavoproteínas e pelos citocromos. Uma vez que a utilização de oxigênio gera duas moléculas
tóxicas, o peróxido de hidrogênio (H2O2) e o radical livre superóxido (O2-), as bactérias requerem essas
duas enzimas para utilizar o oxigênio. A primeira corresponde à superóxido dismutase (SOD), que
catalisa a reação:

2O2- + 2H+ → H2O2 + O2

E a segunda consiste na catalase, que catalisa a reação:

H2O2 → O2 +H2O

REFERÊNCIAS

8 Atenção! Gastrites: maioria provocada pela Helicobacter pilori que provoca destruição da mucosa estomacal devido
ingestão de substância secretagogas (gordurosas). Vaginose bacteriana: quando há um crescimento da Gardnerella
vaginalis, pois o trato genital feminino se tornou muito alcalino.

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Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
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1. TORTORA, G. I., FUNKE, B. R., CASE, C. L. Microbiologia. Editora Artmed. 12a edição. Porto Alegre.
2017.
2. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011
3. MURRAY. P. R. ROSENTHAL K. S., PFALLER M. A. Microbiologia Médica. Editora Elsevier. 6ª edição. Rio
de Janeiro, 2014.
4. TRABULSI, L. R., ALTERTHUM, F., GOMPERTZ, O. F., CANDEIAS, J. A. N., Microbiologia. Editora Atheneu.
6a. ediçao, São Paulo. 2015.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - MICROBIOLOGIA


MICROBIOTA NORMAL E INTERAÇÕES PARASITA -HOSPEDEIRO
Nosso corpo é habitado por uma série de microorganismos que nos habitam sem causar
danos ou doenças, parte deles também é benéfica e auxilia em funções fisiológicas, como digestão
e metabolismo, degradação de toxinas e maturação do sistema imunológico. No total, há em média
100 trilhões de microorganismos, número 10 vezes maior que nossas células somáticas, ou seja, nosso
corpo possui mais bactérias que nossas células. Esse conjunto está dividido em autóctone, residente
e permanente, e parte delas não pode ser eliminada do corpo por métodos convencionais, não
importa o quando tomemos banho.

As bactérias residentes não patogênicas ocupam sítios de adesão na pele e mucosa,


podendo interferir na colonização por bactérias patogênicas. A capacidade dos membros da
microbiota normal limitarem o crescimento de patógenos é denominada resistência à colonização.
Quando a microbiota normal é suprimida, os patógenos podem crescer e causar doenças. Por
exemplo, os antibióticos podem reduzir a microbiota normal do cólon, permitindo que Clostridium
difficile, organismo resistente a antibióticos, cresça em abundância, causando uma colite
pseudomembranosa.

1. Microbiota Normal e conceitos


Microbiota normal é o termo utilizado para descrever as várias bactérias e fungos que são
residentes permanentes de determinados sítios corporais, especialmente a pele, a orofaringe, o
cólon e a vagina. Embora a microbiota normal seja encontrada povoando intensamente várias
regiões do corpo, os órgãos internos habitualmente são estéreis. Regiões como o sistema nervoso
central, o sangue, os brônquios inferiores e alvéolos, o fígado, o baço, os rins e a bexiga são
desprovidas de organismos, exceto por aqueles organismos transientes.

As espécies e o número da microbiota normal variam com o sítio anatômico particular, com
a idade, e outros fatores. Esses microrganismos são comensais e seu crescimento em determinada
área depende de fatores fisiológicos. Relembrando do Ensino Médio, Comensalismo é a associação
na qual uma das espécies é beneficiada, enquanto as outras não são afetadas.

De acordo com sua freqüência é subclassificada em indígena e suplementar. A microbiota


residente indígena existe em elevado número em proporção maior que 1% do total dos
microrganismos em um sítio anatômico particular. A microbiota residente suplementar existe em
baixos números na microbiota residente, menor que 1% do total dos microrganismos em um sítio
anatômico particular e que podem aumentar caso ocorra alterações ambientais. Os síitios
anatômicos estéreis, ou seja, são desprovidos de qualquer microorganismos, são: líquido
cerebroespinal; sangue; bexiga; útero; orelha média; rins; seios paranasais; laringe; trato respiratório
inferior; cérebro; fígado e baço.

A Microbiota transiente, alóctone ou adventícia é formada por microrganismos não


patogênicos ou potencialmente patogênico que estão temporariamente no hospedeiro. São
provenientes de uma fonte exógena,pois eles vem de outros ambientes como ar, alimentos, bebidas
e mãos. Algumas espécies da microbiota transitória não tem importância desde que a microbiota
residente esteja em equilíbrio, pois senão eles podem se proliferar e causar doença. Entre os
microrganismos que constituem a microbiota residente e transiente, existem algumas espécies que
podem causar doenças sob certas condições como:
▪ Deficiência das defesas do hospedeiro;

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▪ Introdução de organismos em locais diferentes do usual;

▪ Distúrbios na microbiota normal

MICROBIOTA DA PELE E ORELHA EXTERNA


A maior parte dos organismos que vivem sobre a pele são Gram positivos. O organismo
predominante é o Staphylococcus epidermidis, que não é patogênico quando situado na pele,
porém pode causar doenças quando atinge determinados sítios, como válvulas cardíacas artificiais
ou articulações prostéticas. É encontrado na pele com frequência muito superior que o organismo
patogênico relacionado, Staphylococcus aureus.

A maioria localiza-se superficialmente no estrato córneo, porém alguns encontram-se nos


folículos pilosos e atuam como reservatório para substituir a microbiota superficial após a lavagem
das mãos. Organismos anaeróbios, como Propionibacterium sp. e Peptococcus, estão situados em
folículos mais profundos da derme, onde a tensão de oxigênio é baixa. Propionibacterium acnes é
um organismo anaeróbio comum da pele, implicado na patogênese da acne.

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A levedura Candida albicans é também um membro da microbiota normal da pele. Pode


atingir a corrente sanguínea de um indivíduo quando a pele é perfurada por agulhas (por exemplo,
em pacientes em uso de cateteres intravenosos, ou indivíduos que fazem uso de fármacos
intravenosos). Ela é uma importante causa de infecções sistêmicas em pacientes que apresentam
baixa imunidade mediada por células.

MICROBIOTA DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR


Um amplo espectro de organismos coloniza o nariz, a garganta e a boca, porém os brônquios
inferiores e alvéolos tipicamente contêm poucos organismos, ou nenhum. O nariz é colonizado por
uma variedade de espécies estreptocóccicas e estafilocóccicas, das quais a mais importante
corresponde ao patógeno S. aureus.

A garganta contém uma variedade de estreptococos do grupo viridans, espécies de


Neisseria e S. epidermidis. Os estreptococos do grupo viridans correspondem a cerca de metade
das bactérias encontradas na cavidade oral. Streptococcus mutans, um membro do grupo viridans,
tem interesse especial por estar presente em grande número na placa dental, a precursora da cárie.
Bactérias anaeróbias, como espécies de Bacteroides, Prevotella, Fusobacterium, Clostridium e
Peptostreptococcus, são encontradas nos sulcos gengivais, onde a concentração de oxigênio é
muito baixa. Quando aspirados, esses organismos podem causar abscessos pulmonares,
especialmente em pacientes debilitados e com má higiene dental.

MICROBIOTA DO TRATO GASTRINTESTINAL


A cavidade oral apresenta 30 gêneros bacterianos, 800 espécies e alguns vírus e fungos. 750
milhões de bactérias/mL de saliva. Dentre os que residem estão bacterias Gram-positivas como
Streptococcus salivarius, Streptococcus mutans e Gram-negativos como Neisseria sp., Candida sp.,
e até vírus lantetes como Citomegalovírus e herpes vírus. Os estreptococos do grupo viridans
correspondem a cerca de metade das bactérias encontradas na cavidade oral. Streptococcus
mutans, um membro do grupo viridans, tem interesse especial por estar presente em grande número
na placa dental, a precursora da cárie. As bactérias aprisionadas nas placas (biofilme) produzem
grande quantidade de ácido, o qual promove a desmineralização do esmalte, iniciando a formação
da cárie. Os estreptococos viridantes são também a principal causa da endocardite bacteriana
(infecciosa) subaguda. Esses organismos podem atingir a corrente sanguínea durante cirurgias
odontológicas, aderindo-se a válvulas cardíacas danificadas

O estômago é praticamente estéril devido a ação do ácido clorídrico. Em indivíduos com


dieta normal, o estômago contém poucos organismos devido a seu baixo pH e suas enzimas. Note
que em desequilíbrios e em quadros de gastrite a bactéria Helicobacter pylori pode estar presente e
está associada ao câncer gástrico.

O intestino delgado habitualmente contém pequeno número de estreptococos, lactobacilos


e leveduras, particularmente C. albicans. Grandes números destes organismos são encontrados na
porção terminal do íleo. A microbiota normal do trato intestinal desempenha importante papel nas
doenças extraintestinais. Por exemplo, a membra Escherichia coli corresponde à principal causa de
infecções do trato urinário, enquanto que Bacteroides fragilis é uma importante causa de peritonite
associada à perfuração da parede intestinal por trauma, apendicite ou diverticulite. Outros
organismos incluem Enterococcus faecalis, responsável por infecções do trato urinário e
endocardite,

A terapia antibiótica com clindamicina, por exemplo, pode suprimir a microbiota normal
predominante, permitindo assim, que um organismo raro, como Clostridium difficile produtor de
toxina, cresça em abundância e cause colite severa. A administração oral de certos antibióticos,

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como a neomicina, previamente à cirurgia gastrintestinal para “esterilizar” o intestino, leva uma
redução significativa da microbiota normal por vários dias, seguida de um retorno gradativo aos
níveis normais.

MICROBIOTA DO TRATO GENITOURINÁRIO


A microbiota vaginal de mulheres adultas contém principalmente espécies de Lactobacillus
sp. Os lactobacilos são responsáveis pela produção do ácido que mantém baixo o pH da vagina da
mulher adulta. Aparentemente, os lactobacilos impedem o crescimento de potenciais patógenos,
uma vez que sua supressão por meio de antibióticos pode levar ao crescimento abundante de C.
albicans. O crescimento excessivo dessa levedura pode resultar em vaginite por Candida.

Antes da puberdade e após a menopausa, quando os níveis de estrógeno são baixos, os


lactobacilos são raros e o pH vaginal é alto. A pele que reveste o trato genitourinário corresponde
ao sítio de Staphylococcus saprophyticus, uma causa de infecções do trato urinário em mulheres. A
vagina situa-se próximo ao ânus, podendo ser colonizada por membros da microbiota fecal. Por
exemplo, mulheres propensas a infecções recorrentes do trato urinário albergam organismos como
E. coli e Enterobacter no introito.

2. Interações Parasita-Hospedeiro
Os mamíferos, quando no útero, desenvolvem-se em um ambiente estéril, sem qualquer
exposição a microrganismos. A colonização, o crescimento de um microrganismo após o acesso aos
tecidos hospedeiros, inicia-se à medida que os animais são expostos aos microrganismos a partir do
nascimento. As superfícies da pele são prontamente colonizadas por várias espécies. Da mesma
forma, a cavidade oral e o trato gastrintestinal adquirem microrganismos por meio da alimentação
e exposição ao corpo materno que, juntamente com outras fon- tes ambientais, iniciam a
colonização da pele, da cavidade oral, dos tratos respiratório superior e gastrintestinal.

TORTORA – Microbiologia, 12 ed.

As infecções frequentemente iniciam-se em sítios localizados nas membranas mucosas. As


membranas mucosas consistem em células epiteliais, células fortemente associadas que fazem
interface com o ambiente externo. Elas são encontradas por todo o corpo, revestindo os tratos uro-
genital, respiratório e gastrintestinal. As células epiteliais nas membranas mucosas secretam muco,
uma secreção líquida e espessa que contém proteínas solúveis em água e glicoproteínas. O muco
retém a umidade e inibe a adesão microbiana; invasores são normalmente afastados por processos
físicos, como engolir ou espirrar, mas alguns microrganismos aderem à superfície epitelial e a
colonizam. Os microrganismos também são encontrados em superfícies do corpo que não são
membranas mucosas, mas são expostas ao meio ambiente, especialmente a pele.

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Mutualismo ou simbioses é a associação entre microrganismos e ocorre benefício mútuo. Por


exemplo, o intestino grosso contém bactérias, como a E. coli, que sintetizam vitamina K e algumas
vitaminas do complexo B. Essas vitaminas são absorvidas pela corrente san- guínea e distribuídas
para uso pelas células do corpo. Em troca, o intestino grosso oferece nutrientes utilizados pelas
bactérias, permitindo a sua sobrevivência. Antibiose é uma associação de antagonistas entre as
espécies envolvidas. Parasitismo é a associação na qual uma das espécies é beneficiada, enquanto
as outras são afetadas causando danos teciduais.

RESUMO

REFERÊNCIAS

1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011
2. MADIGAN, M. T., et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

3. TORTORA, G. I., FUNKE, B. R., CASE, C. L. Microbiologia. Editora Artmed. 12a edição. Porto Alegre.
2017.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - MICROBIOLOGIA

BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS

Os dois grandes grupos de bactérias, como já foi visto, são classificados de


acordo com as características de sua parede celular, esse aspecto é de suma
importância, sendo uma questão certa de prova. As bactérias Gram-positivas são
caracterizadas por possuírem uma espessa camada de peptidoglicanos e
composta por uma variedade de compostos antigênicos ativadores da imunidade,
como os ácidos teicoico e lipoteicoico, porém não ativam-na melhor que as Gram-
negativas.
No mais, essas duas classes de bactérias são mais heterogênias do que se
parece. Há uma grande variabilidade de formas, porém de modo didático,
veremos que:
“Todas os cocos são Gram-positivos, com exceção do gênero Neisseria sp.
Todos os bacilos são Gram-negativos, com exceção dos gêneros Clostridium
sp.”
É absolutamente razoável dizer que essas afirmações são grosseiras, e que
existem várias outros gêneros e espécies que fogem a essa regra, mas
aprenderemos com mais calma. De maneira geral, os microorganismos que cobrem
essa regra são os de maior interesse médico e são eles que trataremos, muito
embora os que não cobrem terão sua importância mais para frente. Dessa forma,
os microorganismos que trataremos são as espécies de Estafilococos, Estreptococos
e Clostrídios, cocos e bacilos Gram-postivos.
1. Estafilococos
Staphylococcus (do latim,staphylé=uva), ou em português, Estafilococos,
corresponde a um gênero de bactérias Gram-positivas que podem se agrupar em
forma de “cachos de uva”, com forma de cocos que causam doenças no ser
humano. Os estafilococos são um dos mais comuns patógenos do homem. Eles
evoluíram concomitantemente com a espécie humana durante muitos milhões de
anos e desenvolveram defesas e contra-ataques não menos impressionantes que
os nossos contra eles.
Do ponto de vista epidemiológico e econômico, são extremamente
importantes tanto na medicina humana quanto na veterinária: para a humana, são
responsáveis pela produção de várias enzimas e toxinas que vão produzir diferentes
patologias; na medicina veterinária, são responsáveis pela otite canina e a mastite
bovina (que reduz a produção de leite pelo animal, trazendo prejuízos comerciais
consideráveis).

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O estudo dos estafilococos para a medicina humana, como já foi dito, é de


considerável importância uma vez que esses micro-organismos, além de
apresentarem grandes resistências a antibióticos, são responsáveis por gerarem
desde lesões mais simples (como o furúnculo e o terçol) a infecções mais profundas
(como a endocadite, osteomielite, pneumonia e até mesmo meningites causadas
por estafilococos). É característica a presença de purulência (pus) nas infecções
causadas por este grupo de micro-organismos, sendo considerados, por isso, como
germes piogênicos

MORFOLOGIA E CARACTERÍSTICAS

Os estafilococos têm forma esférica (padrão dos cocos), com cerca de 1 μm


de diâmetro, e formam grupos com aspecto de cachos de uvas. Realizada a
técnica de coloração Gram, apresentam-se roxos ao microscópio óptico (sendo
classificados então como Gram-positivos), devido à sua membrana simples e
parede celular de peptidoglicano grossa constituida por mureína, ácido teicoico e
polissacarídeos.

São micro-organismos imóveis (o que significa dizer que não apresentam


flagelo ou cílios, logo são incapazes de se mover por si só) e não formam esporos
(forma de resistência bacteriana), tendo pouca resistência ao calor (em
temperaturas elevadas, como 70ºC, tem-se a destruição dos estafilococos).

Os estafilococos são anaeróbios facultativos, ou seja, podem viver em meios


aeróbios, usando oxigênio, ou anaeróbios através de fermentação, mas crescem
muito mais rápido aerobicamente. A sua temperatura preferida é de 37ºC, que é a
mesma do corpo humano. Crescem em uma concentração de NaCl a 9%,
ratificando a preferência desses micro-organismos pelo sal. Quanto ao seu cultivo,
os estafilococos não são exigentes, são ubiquitárias: crescem em diversos tipos de
meios de cultura (tanto em condições aeróbias ou em microaerofilia), na
temperatura ideal para a maioria das bactérias (37ºC) e crescem formando
colônias. O meio ideal para o seu crescimento é o ágar-sangue. Dentro do gênero
Staphylococcus, as espécies que apresentam a maior importância clínica são:

• S. aureus (essencialmente patogênico)


• S. epidermidis (presente na microbiota das mucosas, de uma forma geral)
• S. saprophyticus (também presente na microflora, especialmente na região
anal)
▪ PROPRIEDADES ESPECIAIS
Esses micro-organismos apresentam uma grande versatilidade quanto ao
desenvolvimento de mecanismos de resistência, tanto a antibióticos quanto aos
demais quimioterápicos. Esta versatilidade se dá a partir de três elementos

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genéticos: genes presentes no cromossomo da bactéria, genes presentes nos DNA


extracromossômicos (plasmídios) e genes presentes nos transposons. Os
Staphylococcus aureus, em especial, é uma espécie de estafilococos que
apresenta a maior versatilidade à resistência já conhecida.
O manitol é um açúcar presente em um meio de cultura chamado de ágar
manitol salgado (por apresentar NaCl), que apresenta normalmente uma
coloração avermelhada, mas que serve como um meio indicador e seletivo para
os estafilococos: esses micro-organismos, por apresentarem a propriedade de
fermentação do manitol, ao crescerem no meio, modificam a cor avermelhada
deste para a coloração amarelada.
Alguns estafilococos apresentam a enzima catalase, responsável por quebrar
peróxidos de hidrogênio (H2O2), liberando água (H2O) e oxigênio (½O2), sendo mais
um método de diferenciação dos estafilococos: na superfície de uma lâmina com
uma suspensão de crescimento bacteriano (ágar-base), aplica-se uma gota de
água oxigenada à 3%. Se a gota borbulhar (assim como ocorre em ferimentos, pois
as hemácias também apresentam catalase), diz-se que a bactéria é catalase-
positiva (o que significa que o mesmo produz a catalase), caso contrário, catalase-
negativa.
Os estafilococos apresentam como temperatura ideal aquela que o próprio
corpo humano apresenta: 37ºC. Não apresentam grande tolerância ao calor,
entrando em desnaturação com temperaturas acima de 70ºC, mostrando a
importância de se ferver os alimentos.

ESTRUTURA ANTIGÊNICA E FATORES DE VIRULÊNCIA


Os principais elementos antigênicos (moléculas de alto peso molecular,
capazes de desencadear uma respostas imunes) dos estafilococos são:
polissacarídeos, proteínas antigênicas e o ácido teicoico, constituindo a estrutura
antigênica dos estafilococos presentes na parede ou na cápsula bacteriana.
Apresentam como função a indução de produção de anticorpos. Suas principais
enzimas e toxinas que representam seus fatores de virulência são:
Coagulase: é um fator de patogenicidade exclusivo dos S. aureus, sendo
responsável pela coagulação do plasma sanguíneo (funciona como a
protrombina, convertendo fibrinogênio em fibrina).
Hialuronidase: serve como um fator de propagação por quebrar o ácido
hialurônico, um dos constituintes essenciais do tecido conjuntivo.
Catalase: quebra o peróxido de hidrogênio e serve como método de
identificação dos estafilococos.
Proteinases e Lipases: realiza a lise de proteínas e lipídios constituintes dos tecidos
humanos.

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β-lactamases: é codificada em genes plasmidiais penicilinases, responsáveis por


quebrar o anel β-lactâmico das penicilinas, inativando esse antibiótico.
Exotoxinas: como por exemplo, as enterotoxinas produzidas pelos S. aureus que
provocarão as intoxicações alimentares.
Hemolisinas: toxina produzida por algumas cepas de estafilococos que destroem
as hemácias do sangue. Nas placas de petri com ágar-sangue, nas quais
crescem colônias de estafilococos há, ao seu redor, uma área transparente, a
qual indica a quebra dessas hemácias.
Leucocidinas: apresenta a propriedade de destruir os leucócitos, principalmente
os neutrófilos e macrófagos, importantes por realizar a fagocitose.
Toxina esfoliativa: exclusiva dos S. aureus, responsável por penetrar na pele e
descolar camadas da pele, desenvolvendo a síndrome da pele escaldada,
deixando o tecido com uma aspecto semelhante a queimaduras. Essa mesma
toxina pode causar a descamação da pele.
Toxina da síndrome do choque tóxico: causa choque tóxico, especialmente em
mulheres menstruadas fazendo uso de absorvente higiênico interno, ou em
indivíduos apresentando infecções de ferimentos. O choque tóxico também
ocorre em pacientes utilizando tampão nasal para estancar sangramento nasal.
A TSST é produzida localmente por S. aureus na vagina, no nariz ou em outro sítio
infectado. A toxina atinge a corrente sanguínea causando uma toxemia. As
hemoculturas são tipicamente negativas quanto ao crescimento de S. aureus.

STAPHYLOCOCCUS AUREUS
O Staphylococcus aureus é uma bactéria encontrada com relativa
frequência como membro da microbiota normal do corpo humano (mucosas e
fossas nasais), porém, é uma das bactérias mais importantes, uma vez que atua
como agente de uma ampla gama de infecções, variando desde aquelas
localizadas, geralmente superficiais, até algumas disseminadas, com elevada
gravidade.
Uma das principais características das patogenias superficiais desse micro-
organismo é a formação de abcessos (furúnculos, terçol) justamente pelo fato do S.
aureus produzir uma enzima chamada de coagulase, enzimas responsável por
coagular o plasma sanguíneo durante suas infecções. A coagulase, entre muitos
outros fatores, é um dos determinantes da patogenicidade do S. aureus, além de
servir como método diferencial de diagnóstico laboratorial, atestanto, por meio da
utilização de sangue em tubos de ensaio, estafilococo-coagulase-positiva,
diferenciando-se das demais espécies de seu gênero.
O S. aureus, mesmo presente na microbiota normal (40 – 50% das pessoas
estão presentes no Nariz), quando há uma queda nas defesas imunológicas, ele
comporta-se como um micro-organismo oportunista. Na maioria dos meios de

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cultura, apresentam uma coloração amarelada, determinando sua denominação


(aureus = ouro).
As infecções estafilocócicas podem ser classificadas em superficiais e
profundas. As superficiais afetam a pele e o tecido celular subcutâneo e,
geralmente, são decorrentes da invasão direta dos tecidos por amostras de S.
aureus existentes na pele ou mucosas. Com excessão da pneumonia por aspiração,
as infecções profundas são decorrentes de bacteremias que se originam nos focos
de infecção superficiais. As infecções associadas às bacteremias são do tipo
metastático (osteomielites e abscessos) ou consequências da colonização direta
das válvulas cardíacas, gerando endocardite. Para que ocorra uma infecção
metastática, a bactéria presente no sangue deve primeiro atravessar a parede
vascular, para então alcançar o tecido a ser infectado. Uma complicação
importante das bacteremias é a sepse ou choque séptico.

QUADROS CLÍNICOS E PATOLOGIAS ASSOCIADAS


Apesar da grande variedade de quadros clínicos causados pelo S. aureus,
eles podem ser divididos em três principais tipos: as infecções superficiais, tais como
os abcessos cutâneos e as infecções de feridas; as infecções sistêmicas, tais como
osteomielite, miosite tropical, endocardite, pneumonia; e septicemia e os quadros
tóxicos, tais como síndrome do choque tóxico, síndrome da pele escaldada e a
intoxicação alimentar.

A foliculite é uma infecção do folículo piloso, com formação de uma


pequena coleção de pus abaixo da epiderme. Quando ocorre nos pelos das
pálpebras, a infecção chama-se hordéolo (ou terçol). O impetigo bolhoso é uma
infecção muito comum em crianças, que pode afetar qualquer região da pele, mas
acomete, principalmente, face e mãos. O furúnculo é uma extensão da foliculite
que se apresenta sob a forma de nódulos dolorosos, com uma coleção de pus na
parte central. O carbúnculo ocorre quando os furúnculos coalescem e a infecção
se estendem para os tecidos mais profundos.

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O S. aureus é uma das causas mais frequentes de bacteremias. A bacteremia


é um processo secundário a infecções cutâneas ou de outros locais e podem dar
origem a diferentes tipos de infecções, tais como endocardites, osteomielites e
abcessos metastáticos em vários órgãos. Pode também evoluir
para sepse, com mortalidade elevada.
As endocardites consistem na infecção do endocárdio, a
membrana mais interna do coração, também podendo afetar
as valvas cardíacas e as cordas tendíneas. O S. aureus é a causa
mais comum de endocardite aguda, sendo a valva mitral a
mais acometida (em usuários de drogas endovenosas, a mais
acometida é a tricúspide). A infecção se dá devido à disseminação a partir de uma
infecção local ou de cateteres intravenosos colonizados.
A pneumonia pode ser devido à aspiração da secreção oral ou disseminação
hematogênica a partir de um foco infeccioso distante, e seu principal agente
causador é o Streptococus pneumoniae. A pneumonia estafilocócica costuma ser
de evolução grave e pode ser acompanhada de empiema (coleção de material
purulento no espaço pleural – derrame pleural). A osteomielite é inflamação óssea
geralmente decorrente de infecções bacterianas, que pode permanecer
localizada ou difundir-se, comprometendo medula, parte cortical, parte esponjosa
e periósteo. A bactéria pode alcançar os ossos por via hematogênica, em
consequência de traumas (cirúrgicos ou não) e por extensão de infecções em
tecidos contíguos. O S. aureus é a principal causa de osteomielite hematogênica
em todas as faixas etárias (exceção: pacientes portadores de anemia falciforme
são mais acometidos por Salmonella).
A síndrome da pele escaldada caracteriza-se,
principalmente, pelo descolamento de extensas áreas de
epiderme (lembrando o que ocorre quando a pele é
banhada por água fervente). O descolamento da
epiderme é consequência da destruição da desmogleína
pela esfoliatina, produzida pelo S. aureus em um foco de infecção e levada até a
pele pela corrente sanguínea (a secreção existente na pele não contém bactérias).
O deslocamento da epiderme observado no impertigo bolhoso é também
provocado pela esfoliatina, mas, nesse caso, as lesões cutâneas são altamente
contagiosas.

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DIAGNÓSTICO
O diagnóstico das infecções estafilocócicas é feito pelo
exame bacterioscópio de esfregaços corados pelo método
de Gram, isolamento e identificação de micro-organismos.
Os materiais mais comuns para o seu diagnóstico são swab
superficial (hastes flexíveis com pontas de algodão) de
secreções dos mais variados tipos (pus, sangue, aspirado
traqueal, etc). Deve-se fazer a cultura com placas de ágar-
sangue para realizar a sua identificação: teste da catalase
(utilizando água oxigenada – H2O2), teste da coagulase
(pode ser feita em lâmina ou tubo utilizando plasma de
coelho) e o teste de sensibilidade a antibióticos e
quimioterápicos (antibiograma). No exame bacterioscópico
das secreções purulentas, as células bacterianas podem ser
observadas formando arranjos em cachos irregulares ou isoladamente. O
isolamento é realizado nos meios de cultura comuns, como ágar sangue, no qual a
bactéria forma colônias relativamente grandes.

STAPHYLOCOCCUS EPIDERMIDIS
Staphylococcus epidermidis é uma espécie caracterizada por ser coagulase
negativa e catalase positiva, mais frequentemente encontrada na microbiota
normal ou como causa de infecções em seres humanos. Em meios de cultura, estes
se apresentam com caráter puntiforme e coloração esbranquiçada. De maneira
semelhante ao que ocorre com outros membros da microbiota normal, o S.
epidermidis tornou-se um importante agente de infecção hospitalar na pele e
mucosas (principalmente através de cateteres, sondas e próteses). Dentre os
múltiplos fatores que podem ter contribuído para isto está a sua reconhecida
capacidade de formar biofilmes em superfícies de polímeros. As principais
patologias relacionadas com o S. epidermidis são:
✓ Endocardite (é o agente mais comum da endocardite valvar protética de
início precoce)
✓ Furúnculo
✓ Abscessos
✓ Outras patologias associadas ao estado de imunossupressão.

STAPHYLOCOCCUS SAPROPHYTICUS
O S. saprophyticus é uma bactéria cocoide (esférica), Gram positiva,
anaeróbia facultativa, imóvel, não esporuladora, não encapsulada que possui
atividade ureásica e coagulase negativa (o que permite diferenciá-la do
Staphylococcus aureus). Em meios de cultura, assim como os S. epidermidis,

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apresentam-se brancos, sem pigmentação, de maneira puntiforme. O S.


saprophyticus é, depois da Escherichia coli, o agente mais comum de infecção
urinária em mulheres na faixa de 20 a 40 anos de idade. Isso ocorre porque ele
também faz parte da microbiota normal, habitando a região perianal, e com a
diminuição das defesas imunológicas, essa bactéria migra desta região para as vias
urinárias.
A patogenicidade está relacionada com a sua capacidade de poder aderir

ATENÇÃO - LEMBRAR!
▪ Staphylococcus aureus → catalase + e coagulase +
▪ Staphylococcus epidermidis → catalase + e coagulase –
▪ Staphylococcus saprophyticus → catalase + e coagulase –

às células do aparelho urinário devido a presença de proteína com propriedade de


adesina/hemaglutinina; E tido como agente patogênico oportunista,
principalmente em mulheres jovens, sexualmente ativas. É frequentemente agente
de cistites e pielonefrites.

2. Estreptococos
Os Streptococcus (do latim, streptus = enlaçados, em cadeia) compreendem
um conjunto heterogêneo de cocos patogênicos que se dividem num só plano
agrupando-se em cadeias de tamanhos variáveis. Englobam-se no conjunto de
cocos Gram-positivos, catalase-negativos, com uma grande importância em
medicina humana e animal. O arranjo celular característico é em forma de cadeias,
o que deu origem à denominação “estreptococos” (cocos em forma de cadeia),
ou aos pares.
Embora esses micro-organismos façam parte da microbiota normal, muitos
deles são responsáveis por uma variedade de manifestações clínicas, e são
considerados importantes agentes infecciosos tanto para o homem quanto para os
animais. Dentre os mais importantes, podemos destacar o Streptococcus pyogenes,
um dos mais conhecidos pela sua incidência na população, principalmente em
países tropicais.

MORFOLOGIA E CARACTERÍSTICAS
São cocos que se agrupam em colônias lineares ou aos pares. Com técnica
Gram, por possuir parede celular grossa e membrana simples, determinam
coloração roxa (Gram-positivos). São imóveis, já que não possuem órgãos de
locomoção (como flagelos e cílios). Nenhum fabrica a enzima catalase, sendo,
portanto, catalase-negativos, uma distinção importante contra os Staphylococcus.

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Todos os estreptococos são anaeróbios facultativos (podem ser cultivadas


tanto em aerobiose quanto em anaerobiose), podendo viver na ausência de
oxigênio (fermentando os nutrientes em ácido láctico), mas preferindo a sua
presença. São bactérias homofermentativas (produzem apenas um produto final
durante a fermentação) produtoras de ácido lático. Suas células são esféricas ou
ovais, medindo 0,5-2,0 μm de diametro e apresentando-se dispostas em pares ou
em cadeias. Não formam esporos e, às vezes, são encapsuladas.

CULTURA E CRESCIMENTO
Os estreptococos são micro-organismos extremamente exigentes com
relação ao seu crescimento em meio de cultura. Devem ser adicionadas ao meio
onde se deseje obter o crescimento dessas bactérias: substancias como o sangue
ou soro, que são substâncias ricas em nutrientes, vitaminas, sais minerais, proteínas e
ferro (fatores de crescimento).
Quando à sua afinidade ao oxigênio, com relação ao seu crescimento, como
já vimos, essas bactérias são aeróbias (crescem muito bem na presença do
oxigênio) ou até mesmo microaerófilas (cresce em pouco teor de oxigênio).
Crescem com temperatura ideal de 37ºC (bactéria mesófila).
Além disso, realizam hemólise em colônias com base de sangue. Os
estreptococos são classificados como beta-hemolíticos (quando causam a lise total
das hemácias) ou não-beta-hemolíticos (quando causam a lise parcial das
hemácias) e gama ou não-hemolíticos.

ESTRUTURA ANTIGÊNICA E FATORES DE VIRULÊNCIA


Assim como todo micro-organismo, os estreptococos apresentam antígenos
(qualquer substância capaz de induzir a produção de anticorpos) na sua superfície
(ou na cápsula ou na parede celular). Esses antígenos são de uma variedade
imensa: mais de 80 tipos de substâncias antigênicas podem ser encontradas na sua
superfície celular.
A partir desse fato, foi possível dividi-los em grupos sorológicos baseados nas
suas características antigênicas. Tomando por base estes grupos, os estreptococos
foram divididos em 20 grupos sorológicos (grupos de Lancefield): de A – U,
recebendo mais importância os enquadrados no grupo A (mais patogênicos, com
patologias de pior prognóstico).
Como antígenos mais importantes, podemos destacar:
o Proteína M: fator de virulência, principalmente para os estreptococos beta-
hemolíticos do grupo A. Esses são responsáveis por causarem a febre
reumática.
o Substância T: proteína que serve principalmente para a classificação desses
estreptococos.

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o Nucleoproteínas: ajudam no processo de classificação e taxonomia dessas


bactérias.
Suas toxinas e enzimas que caracterizam seus fatores de virulências são:
Estreptoquinase: toxina com ação de fibrinolisina que favorece a disseminação
dos estreptococos, caracterizados justamente por essa alta capacidade de
difusão e disseminação nos tecidos (principalmente por parte do Streptococcus
pyogenes).
Estreptodornase (desoxirribonuclease estreptocócica): enzima produzida por
essas bactérias que tem a capacidade de quebrar a molécula de DNA de
células teciduais, facilitando a sua propagação.
Hialuronidase: é um fator de propagação das bactérias que quebra o ácido
hialurônico do tecido conjuntivo, faciltando a disseminação das bactérias pelos
tecidos.
Exotoxinas pirogênicas (toxina eritrogênica/escarlatase): enterotoxina que
alcança o centro regulador da temperatura no hipotálamo, gerando febres
altíssimas nos infectados.
Hemolisinas: enzimas com capacidade de lisar hemácias. Estreptococos β-
hemolíticos, por serem hemolisina-positivo, têm a capacidade de causar
hemólise total onde crescem. Os estreptococos αhemolíticos apresentam uma
pequena capacidade hemolítica, enquanto que os γ-hemolíticos não

ATENÇÃO – PROVA!!! A estreptolisina O apresenta propriedades altamente


imunogênicas. Um dos critérios diagnósticos obrigatórios para a febre reumática,
por exemplo, se faz na detecção de evidência de infecção recente
estreptocócica. Para isso, tanto serve encontrar a própria bactéria como detectar
a presença de anticorpos contra ela, como o anticorpo anti-estreptolisina O
apresentam nenhuma capacidade hemolítica. As hemolisinas que contribuem
(ASLO).
para essas quebras são: estreptolisina O e estreptolisina S1.

CLASSIFICAÇÃO DOS ESTREPTOCOCOS


Os estreptococos são classificados de acordo com a sua capacidade de
provocar lise (morte celular) em eritrócitos, em alfa (α) (hemólise incompleta), beta
(β) (hemólise total) ou gama (γ)(nenhuma hemolise)-hemolítico. Também podem
ser classificados de acordo com os antígenos nas suas membranas, de acordo com
a classificação de Lancefield de 1933 ainda usada.
• Streptococcus pyogenes: enquadrado no Grupo A, é uma bactéria β-hemolítica.
É reponsável por causar a faringite estreptocócia (faringoamidalite), a mais

1 A Estreptolisina S é fracamente antigênica, enquanto a Estreptolisina O é altamente antigênica.

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comum forma de faringite. Pode ser agente etiológico de penumonias raras e


graves.
• Streptococcus agalactiae: pode ser β ou γ-hemolítico. Enquadrados no grupo B
(por isso também são classicamente conhecidos pela sigla “GBS”), representam
uma causa importante de sepse neonatal (principal causa), resultante de
produtos tóxicos produzidos por esses micro-organismos.
• Enterococcus faecalis: associados a infecções alimentares.
• Streptococcus pneumoniae: principal agente etiológico das pneumonias.
• S. mitis, S. sanguis e S. mutans: estreptococos da cavidade oral. Os dois primeiros
são os responsáveis pela produção do biofilme dental e este último, responsável
por fixar-se a este biofilme e gerar as cáries.

QUADROS CLÍNICOS E PATOLOGIAS ASSOCIADAS


O S. pyogenes é também conhecido como estreptococo do grupo A. É a
principal representante dos estreptococos beta-hemolíticos. A espécie S. pyogenes
tem mostrado, ao longo do tempo, alto poder de adaptação ao hospedeiro
humano, atuando como importante agente etiológico de uma série de
manifestações clínicas, entre as quais predomina a
orofaringite, assim como sequelas não supurativas,
representadas pela febre reumática e a glomerulonefrite
aguda pós-estreptocócica.
Erisipela (linfangite estreptocócica): é uma infecção
cutânea superficial causada geralmente por bactérias de
tipo Streptococcus do grupo A. Para a sua etiologia, o micro-organismo geralmente
usa como porta de entrada lesões na própria pele (ou nas unhas). Cursa usualmente
com eritema, edema, bolhas na região acometida e dor. Na maioria dos casos
também com febre e leucocitose (significando atingimento
sistêmico). Ao exame objetivo é perceptivel claramente uma linha
de demarcação entre a área não atingida vs. a área atingida.
Pode ser acompanhada de linfangite e linfadenite.
Impetigo crostoso (piodermite estreptocócica) é uma
infecção superficial da pele causada pelo estreptococo. É
uma infecção semelhante ao impetigo bolhoso do
Staphylococcus, entretanto, ele não cursa com bolhas. É
caracterizado por lesões que se manifestam com crostas
melicéricas (que lembram a cor do mel). A infeção pode afetar qualquer segmento
da pele, sendo a face e as mãos são os locais mais comuns.
Faringite é uma inflamação da faringe causada por S. pyogenes, a área situada
entre as tonsilas e a laringe, que provoca muitas vezes dor, febre e rouquidão.

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Caracteriza-se por uma infecção localizada (o que é comum do S. pyogenes),


geralmente com a presença de pus na região (o sinal mais específico, porém, é a
presença de petéquias no palato).
A Febre reumática é uma doença reumática, inflamatória, de origem
autoimune, em resposta do organismo a infecções pelo estreptococo
(Streptococcus pyogenes) do grupo A de Lancefield. O paciente acometido pode
apresentar poliartrites, febre, coreia (se houver lesão do SNC) e cadite. Esta é
causada pelo fato de a parede celular dos estreptococos apresentar antígenos
semelhantes às células cardíacas; estas passam a ser atacadas por anticorpos que
foram previamente produzidos para combater a célula bacteriana (caracterizando
o que chamamos de reação cruzada).
▪ DIAGNÓSTICO
✓ Amostras: Swab de garganta, amostras de pus ou sangue.
✓ Esfregaços são corados pelo método de Gram.
✓ O material é empregado em meio de cultura ideal: ágar sangue.
✓ Provas sorológicas: ASLO (pesquisa do anticorpo anti-estreptolisina O).

3. Bactérias Anaeróbias: Clostrídios


As bactérias anaeróbias são encontradas em todo o corpo humano – pele,
superfície das mucosas, trato gastrointestinal, microbiota normal. Infecções
causadas por bactérias anaeróbicas patogênicas causam patologias como:
Botulismo, Tétano, Gangrena Gasosa. A disseminação do tétano se dá por objetos
ou pelo solo contaminado com esporos, mas não se trata de uma doença
contagiosa.

CLOSTRIDIUM TETANI
O C. tetani é um bacilo Gram-positivo (o que se diferencia da maioria dos
outros bacilos, que são Gram-negativos), sendo eles anaeróbios estritos móveis
peritríqueos. O habitat natural desse bacilo é o solo, estando presente na pele de
alguns animais. Estes micro-organismos crescem em meio de cultura enriquecidos
(como, por exemplo, o Ágar-Sangue), à 37ºC, sendo necessários materiais
completamente fechados e à vácuo que condicionam a anaerobiose para a
cultura desse bacilo.
Este bacilo em relato apresenta a produção de duas importantes toxinas
biologicamente ativas: a neurotoxina chamada de tetanospasmina e uma
hemolisina. A hemolisina, como o próprio nome já sugere, provoca a lise de
hemácias, gerando quadro de anemia aguda. A Tetanospasmina é uma exotoxina
produzida por esta bactéria e liberada para o meio ambiente. O bacilo, porém, só
libera esta neurotoxina quando sofre lise (morte). Sua maior função é atuação no

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SNC: ela impede o processo de relaxamento, ligando-se a gangliosídeos do SNC,


causando a inibição dos neurônios pós-sinápticos. Isso bloqueia a liberação de um
mediador inibidor o que resulta na hiperreflexia e espasmos musculares. O C. tetani
não é um microorganismo invasor. A infecção, por tanto, permanece estritamente
localizada na área do tecido desvitalizado (ferida, queimadura, lesão, coto
umbilical ou sutura cirúrgica). No mesmo local da lesão, o bacilo produz toxinas,
sendo estas as responsáveis por circular no organismo e causar as toxemias (que
culmina no tétano), o que significa a presença da toxina na corrente sanguínea.
Para a germinação do esporo e o desenvolvimento do micro-organismo para a
produção de toxinas, é necessário duas condições: presença de tecido necrótico
(para atender a sua anaerobiose) e infecções piogênicas associadas.

CLOSTRIDIUM PERFRINGENS
O C. perfringens é um gram-positivo, anaeróbico, produtor de esporos. A
doença é produzida pela formação de toxinas no organismo. Ele é o responsável
por realizar a gangrena gasosa, doença de prognóstico ruim. É uma espécie de
Clostridium que produz infecções invasivas. O Clostridium perfringens apresenta um
subtipo designado como subtipo A que produz toxina chamada de lecitinase, que
causa danos à membrana citoplasmática das células humanas. Além de produzir
esta lecitinase, este bacilo produz uma enterotoxina podendo provocar
intoxicações alimentares.
Na Gangrena gasosa, os esporos dos clostrídios podem ser encontrados no solo e
nas fezes. Tecidos com baixo teor de oxidação-redução facilita a germinação de
células vegetativas e a multiplicação das mesmas. Com isso, há a produção de gás
(dióxido de carbono e hidrogênio) e de toxina necrotizante (que causa
fermentação do tecido muscular, resultando em odor pultrido) e hialuronidase (fator
de propagação). A infecção generalizada leva a uma anemia hemolítica e
toxemia grave, resultando facilmente em morte. Como manifestações clínicas,
destacam-se a ferida contaminada (de 1 a 3 dias), com secreção de odor fétido,
necrose, febre e hemólise devido a toxemia, o que pode gear o choque e a morte.

CLOSTRIDIUM BOTULINUM
Os C.botulinum são grandes bacilos Gram-positivos, produtores de esporos e
toxinas, relacionados com o gênero Bacillus, cujo habitat normal é a água. São
móveis, possuindo flagelos em toda a sua superfície. São bacilos formadores de
esporos que podem sobreviver em água fervendo por até 5h. Produzem uma
neurotoxina que funciona como uma enzima metaloprotease, destruindo as
proteínas envolvidas na exocitose (Exocitose é o para o ambiente aquático, por

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modificação da membrana celular, ou seja, sem ser por difusão) do


neurotransmissor acetilcolina na placa nervosa motora. A sua ação resulta da
paralisia dos músculos, e se for extensa a paralisia do diafragma pode impedir a
respiração normal e levar à morte por asfixia.
O botulismo (botulus = salsicha) é, portanto, uma intoxicação alimentar (e não
uma infecção, pois é causada pela toxina secretada pelo C. botulinum). A toxina
botulínica apresenta sete variedades antigênicas (classificadas de A – G) das quais
a sequência A, B, E e F são as principais causadoras da doença em humanos,
estando sempre presentes no alimento. Esta toxina, como um efeito inverso ao da
proteína tetânica, bloqueia a passagem da acetilcolina na fenda sináptica,
causando o relaxamento generalizado.
O organismo geralmente não é cultivado. A toxina botulínica é demonstrável
no alimento não ingerido e no soro do paciente por testes de proteção em
camundongos. Os camundongos são inoculados com uma amostra do espécime
clínico e morrerão, exceto se protegidos pela antitoxina. Administra-se a antitoxina
trivalente (tipos A, B e E), juntamente com suporte respiratório. A antitoxina é
produzida em cavalos, e a doença do soro ocorre em cerca de 15% dos receptores
do antissoro. A esterilização apropriada de todos os alimentos enlatados e
embalados a vácuo é essencial. Os alimentos devem ser cozidos adequadamente
a fim de inativar a toxina. Latas estufadas devem ser descartadas (as enzimas
proteolíticas de clostrídios formam gás, promovendo o estufamento das latas).

REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2011

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - MICROBIOLOGIA

QUIMIOTERAPIA ANTIMICROBIANA E MECANISMOS DE RESISTÊNCIA

Toxicidade seletiva: inibição seletiva do crescimento do microorganismo sem danar o


hospedeiro, ou seja, não sendo tóxica para a célula eucarionte, do ser humano.
➢ 1900: Paul Ehrlich
➢ 1928: Alexander Fleming: ao acaso, foi o principal responsável pela descoberta dos
antibióticos depis de ter descoberto que onde havia o desenvolvimento do fungo Penicilium
notatum, bactérias eram exterminadas → o fungo estava produzindo uma substância
antimicrobiana (Penicilina).
➢ 1930: Domagk → Sulfonamidas (excelente para Pediatria, ação antimicrobiana seletiva)
1. CONCEITOS
o Antibiótico: antimicrobianos que provém de organismos vivos. Podem ser naturais (quando a
molécula da droga é totalmente de origem natural. Ex.: Penicilina, que é extraída de fungos
ou semi-sintética (quando é alterada em laboratório – ex.: Oxacilina).
o Quimioterápico: drogas sintetizadas completamente em laboratório, podendo ser
classificada apenas como sintéticas (ex.: Sulfas). Para nosso estudo, esse tipo será descrito
didaticamente como antibiótico.
2. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS
Quando à origem
o Naturais: de origem natural (encontrada na natureza). Ex.: Penicilina.
o Semi-sintéticos: a molécula natural é adicionada a um radical químcio qualquer. Ex.:
Meticilina.
o Sintéricos: totalmente produzida em laboratório. Ex.: Quinolonas.
Quanto ao mecanismo de ação
o Bactericidas: provocam a morte das bactérias. Ex.: Aminoglicosídeos.
o Bacteriostáticos: inibme o crescimento bacteriano, bloqueando o seu cresciemento. Ex.:
Sulfas.
Quanto ao espectro de ação
o Pequeno espectro: realizam ação contra determinados grupos de bactérias. Ex.: Penicilinas e
Vancomicina, atuam apenas contra certos cocos Gram-positivos (estafilo, estrepto e
enterococos).
o Amplo espectro: realizam ação contra bactérias sem grupo específico, podendo agir contra
diversos grupos, tanto Gram-positivas quanto Gram-negativas. Ex: Ex.: Tetraciclias – são ativas
contra diversos bacilos Gram-negativos e bactérias atípicas (clamídias, micoplasmas e
riquétisias) e Carbapenéns.
OBS1: Existem muito mais fármacos antibacterianos que fármacos antivirais. Isso se deve à dificuldade
de produzir drogas que inibam seletivamente a replicação viral sem causar danos à célula
hospedeira.

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OSB2: Existem quatro sítios principais na célula bacteriana que a diferem o suficiente da célula
humana, de modo que podem atuar como a base da ação de fármacos clinicamente efetivos:
parede celular, ribossomos, ácidos nucleicos e membrana celular.
3. MECANISMOS DE AÇÃO

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INIBIÇÃO DA SÍNTESE DA PAREDE CELULAR

Beta-lactâmicos (Penicilinas, Cefalosporinas, Carbapenéns e Monobactâmicos) e Glicopeptídeos


(Vancomicina e Teicoplanina)
Alguns antibióticos impedem a síntese da parede celular, estrutura responsável pela proteção
mecânica da bactéria. Já se sabe que o peptidoglicano que fornece estrutura à parede celular
bacteriana é composta, basicamente, por N-acetilglicosamina e N-acetilmurâmico. A parede
celular, então, é produzida em três fases:
1 - Produção dos principais compostos da parede celular ainda no citoplasma
2 - Passagem dessas substâncias por meio da membrana citoplasmática
3 - Formação da malha de peptidoglicano através da ligação estabelecida por enzimas (como a
transpeptidase), formando, enfim, a parede celular.
Esses antibióticos inibem a atividade enzimática que forma o peptidoglicano. Sem a formação da
parede celular, a bactéria fica completamente vulnerável a ação do meio, morrendo logo em
seguida → SÃO BACTERICIDAS.
BETA-LACTÂMICOS
PENICILINAS: terminados em -cilinas (Ampicilina, omoxicilina, oxacilina e meticilina).
As penicilinas (e cefalosporinas) atuam inibindo as transpeptidases, enzimas que catalisam a
etapa final das ligações cruzadas durante a síntese de peptideoglicano. As PBPs (Proteínas de
ligação de Penicilina) são receptores da membrana e parede celular bacteriana e algumas são
Transpeptidases – mecanimos de resistência. Enzimas autolíticas como as mureína-hidrolases são
ativadas com ação da Penicilina e assim degradam o peptideoglicano → linhagens tolerantes a
ação de Penicilina de S. aureus não ativam essas enzimas.
OBS3: A penicilina é bactericida, entretanto mata as células apenas quando as células se encontram
em fase de crescimento. Desse modo, as penicilinas são mais ativas durante a fase log do
crescimento das células bacterianas do que durante a fase estacionária (rever fisiologia bacteriana).
As penicilinas são denominados fármacos ß-lactâmicos devido à importância do anel ß-
lactâmico em sua estrutura. As penicilinases (tipo ß-lactamases) são um mecanismo de resistência e
inativam-no. O composto de ocorrência natural mais importante corresponde à benzilpenicilina
(penicilina G) que possui uma cadeia lateral benzil a mais. As três principais preprações clínicas são:
▪ Penicilina G cristalina: metabolizada rapidamente
▪ Penicilina G procaína: metabolizada letamente, menos dolorosa → anestésico IM
▪ Penicilina G benzatina (Benzetacil®) – preparação em depósito (muito lento). A benzilpenicilina é
um dos fármacos mais eficazes e amplamente utilizado hoje em dia.

➢ DESVANTAGENS:
1 - Eficácia limitada contra vários bacilos gram-negativos;
2 - Hidrólise pelos ácidos gástricos, de modo que não pode ser administrada oralmente - VO;
3 - Inativação por β-lactamases.
A eficácia das penicilinas contra bacilos gram-negativos foi aumentada por meio de uma
série de modificações químicas na cadeia lateral. Pode-se observar que a ampicilina e a amoxicilina
exibem atividade contra vários bacilos gram-negativos, que penicilinas anteriores não apresentam.
Contudo, esses fármacos não são úteis contra Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae.

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Desse modo, outras penicilinas foram introduzidas. Em termos gerais, à medida que a atividade
contra bactérias gram-negativas aumenta, a atividade contra bactérias gram-positivas diminui. Pelo
mesmo motivo, a hidrólise pela acidez gástrica também foi minimizada pela VO.
A inativação da penicilina G pelas β-lactamases é outra desvantagem importante,
especialmente no tratamento de infecções por S. aureus. O acesso da enzima ao anel β-lactâmico
é bloqueado modificando-se a cadeia lateral pela a adição de grandes anéis aromáticos contendo
grupos metil ou etil (meticilina, oxacilina – presente no BR, etc). Outra defesa contra as β-lactamases
consiste em inibidores como o ácido clavulânico e sulbactam. Esses inibidores são análogos
estruturais da penicilina que exibem pouca atividade antibacteriana, mas ligam-se fortemente às β-
lactamases e, dessa forma, protegem a penicilina. No mercado, há Amocilicina + clavulonato de
potássio (IBL) – Clavulin®.
CEFALOSPORINAS – começam com -cef (Cefalexina, Ceftarolina, Ceftazidime, Cefepime).

As cefalosporinas são fármacos ß-lactâmicos que atuam da mesma maneira que as


penicilinas; isto é, são agentes bactericidas que inibem as ligações cruzadas do peptideoglicano. As
cefalosporinas de primeira geração são ativas principalmente contra cocos gram-positivos. Com o
intuito de expandir a atividade contra bacilos gram-negativos, foram desenvolvidas novas
Cefalosporinas, de segunda, terceira e quarta gerações. Cada geração expande sua atividade
contra bacilos gram-negativos. As cefalosporinas são eficazes contra uma ampla gama de
organismos, e geralmente são bem toleradas, produzindo menos reações de hipersensibilidade que
as penicilinas.
CARBAPENÉNS – terminam com –eném (Meropeném, Ertapeném, Imipeném)

Carbapenens são fármacos β-lactâmicos, estruturalmente distintos das penicilinas e


cefalosporinas. O imipenem possui o maior espectro de ação dentre os fármacos β-lactâmicos.
Apresenta excelente atividade bactericida contra diversas bactérias gram-positivas, gram-negativas
e anaeróbias. Este é eficaz contra a maioria dos cocos gram-positivos, por exemplo, estreptococos
e estafilococos, a maioria dos cocos Gram-negativos, por exemplo, Neisseria, diversos bacilos Gram-
negativos, por exemplo, Pseudomonas, Haemophilus e membros da família Enterobacteriaceae,
como E. coli; e vários anaeróbios, por exemplo, Bacteroides e Clostridium. Este fármaco é prescrito
em combinação com a cilastatina, que é um inibidor da desidropeptidase, uma enzima renal que
inativa o imipenem. O imipenem não é inativado pela maioria das β-lactamases. Outros dois
carbapenens, Ertapenem e Meropenem, encontram-se disponíveis, também com amplo espectro.
MONOBACTÂMICOS – Aztreonam é o mais importante.

Os monobactâmicos são também fármacos β-lactâmicos, estruturalmente distintas das


penicilinas e cefalosporinas. O aztreonam, atualmente o monobactâmico de maior utilidade, exibe
excelente atividade contra vários bacilos gram-negativos, como Enterobacteriaceae e
Pseudomonas, porém é inativo contra bactérias gram-positivas e anaeróbias. É resistente à maioria
das β-lactamases e extremamente útil em pacientes hipersensíveis à penicilina, pois não há reação
cruzada.
GLCOPEPTÍDEOS
Vancomicina
A vancomicina é um glicopeptídeo que inibe a síntese da parede celular ao bloquear a
transpeptidação, porém por um mecanismo diferente daquele dos fármacos β-lactâmicos. A
vancomicina liga-se diretamente à porção D-alanil-D-alanina do pentapeptídeo, bloqueando a
ligação da transpeptidase, enquanto os fármacos β-lactâmicos ligam-se à própria transpeptidase. A
vancomicina também inibe uma segunda enzima, a transglicosilase bacteriana, que também atua

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na síntese de peptideoglicano, contudo a inibição desta parece ser menos importante que a
inibição da transpeptidase.
A vancomicina é um agente bactericida efetivo contra algumas bactérias gram-positivas.
Sua utilização mais importante está no tratamento de infecções por linhagens de S. aureus resistentes
às penicilinas penicilinase-resistentes, como a nafcilina. Observe que a vancomicina não é um
fármaco β-lactâmico e, portanto, não é degradada pela β-lactamase. A vancomicina é também
utilizada no tratamento de infecções causadas por S. epidermidis e enterococos. Linhagens de S.
aureus, S. epidermidis e enterococos com resistência parcial ou total à vancomicina foram
recuperadas de pacientes.
Outro representante desse grupo é a Teicoplanina, reservada ao ambiente hospitalar, que
será falada no próximo semestre em Farmacologia terapêutica.

INIBIÇÃO DA SÍNTESE PROTEICA

Diversos fármacos inibem a síntese proteica de bactérias, sem interferir significativamente na


síntese proteica das células humanas. Essa seletividade é decorrente das diferenças entre as
proteínas ribossomais, RNAs e enzimas associadas bacterianas e humanas. As bactérias apresentam
ribossomos 70S, com as subunidades 50S e 30S, enquanto as células humanas exibem ribossomos
80S, com subunidades 60S e 40S. Cloranfenicol, Eritromicina, Clindamicina e Linezolida atuam sobre
a subunidade 50S, enquanto as Tetraciclinas e Aminoglicosídeos atuam sobre a subunidade 30S.
1. Aqueles que atuam na SUBUNIDADE 30 S
TETRACICLINAS – Limeciclina, Tetraciclina, Doxiciclina (etc)
As tetraciclinas constituem uma família de antibióticos com atividade bacteriostática contra
uma variedade de bactérias gram-positivas e gram-negativas, micoplasmas, clamídias e riquétsias.
Inibem a síntese proteica ligando-se à subunidade ribossomal 30S e bloqueando a entrada do
aminoacil RNA de transferência (tRNA) no sítio aceptor do ribossomo. No entanto, a ação seletiva da
tetraciclina sobre as bactérias não ocorre em nível ribossomal, uma vez que, in vitro, a tetraciclina
inibe igualmente a síntese proteica em ribossomos purificados de células tanto bacterianas quanto
humanas. Sua seletividade baseia-se em sua captação significativamente aumentada em células
bacterianas suscetíveis em comparação às células humanas.
Em geral, as tetraciclinas apresentam baixa toxicidade, contudo
estão associadas a dois importantes efeitos colaterais. Um
consiste na supressão da microbiota normal do trato intestinal,
podendo levar à diarreia e crescimento abundante de bactérias
e fungos resistentes ao fármaco. O outro consiste na formação de
manchas marrons na dentição de fetos e crianças de pouca
idade, como resultado da deposição do fármaco nos dentes em desenvolvimento; as tetraciclinas
são fortes quelantes de cálcio. Por essa razão, a tetraciclina é contraindicada para mulheres grávidas
e crianças com idade abaixo de 8 anos.
AMINOGLICOSÍDEOS – Estreptomicina, Gentamicina, Amicacina (etc)
Os aminoglicosídeos são fármacos bactericidas especialmente úteis contra vários bacilos
gram-negativos. Certos aminoglicosídeos são utilizados contra outros organismos. A estreptomicina,
por exemplo, é utilizada na terapia multifármacos da tuberculose, e a gentamicina é utilizada em
combinação com a penicilina G contra enterococos.
Os dois importantes mecanismos de ação de aminoglicosídeos foram mais bem
documentados em relação à estreptomicina; outros aminoglicosídeos provavelmente atuam de

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forma similar. Tanto a inibição do complexo de iniciação como a leitura incorreta do RNA mensageiro
(mRNA) ocorrem; o primeiro processo provavelmente é mais importante para a atividade
bactericida do fármaco. Um complexo de iniciação composto por uma subunidade 30S tratada
com estreptomicina, uma subunidade 50S e um mRNA não atuará. A leitura incorreta da trinca do
códon do mRNA, de modo que o aminoácido incorreto é inserido na proteína, também ocorre em
bactérias tratadas com estreptomicina. O sítio da ação na subunidade 30S inclui uma proteína
ribossomal e o RNA ribossomal (rRNA). Como resultado da inibição da iniciação e de leitura incorreta,
ocorrem danos à membrana e morte bacteriana. Os aminoglicosídeos apresentam certas limitações
quanto ao uso:
• Têm efeito tóxico sobre os rins e porções auditiva e vestibular do oitavo nervo craniano. Para
evitar a toxicidade, os níveis do fármaco no soro, e de nitrogênio ureico e creatinina sanguíneos
devem ser medidos.
• São pouco absorvidos a partir do trato gastrintestinal e não podem ser administrados oralmente.
• Exibem pequena penetração no liquor e devem ser administrados intratecalmente no
tratamento da meningite.
• São ineficazes contra anaeróbios, uma vez que seu transporte para o interior da célula
bacteriana requer oxigênio.

2. Aqueles que atuam na SUBUNIDADE 50 S


CLORANFENICOL
O cloranfenicol é ativo contra uma ampla gama de organismos, incluindo bactérias gram-
positivas e gram-negativas (inclusive anaeróbias). Tem efeito bacteriostático contra certos
organismos como Salmonella typhi, entretanto exibe atividade bactericida contra os três importantes
organismos capsulados que causam meningite: Haemophilus influenzae, Steptococcus pneumoniae
e Neisseria meningitidis.
O cloranfenicol inibe a síntese proteica ligando-se à subunidade ribossomal 50S e bloqueando
a ação da peptidiltransferase, o que impede a síntese de novas ligações peptídicas. O fármaco inibe
seletivamente a síntese proteica bacteriana, uma vez que se liga ao sítio catalítico da transferase na
subunidade ribossomal 50S bacteriana, mas não da transferase da subunidade ribossomal 60S
humana. O cloranfenicol inibe a síntese proteica nas mitocôndrias das células humanas em certo
grau, uma vez que as mitocôndrias apresentam uma subunidade 50S (acredita-se que as
mitocôndrias evoluíram a partir de bactérias). Essa inibição pode ser responsável pela toxicidade
dose-dependente do cloranfenicol em relação à medula óssea (discutida posteriormente).
Uma manifestação tóxica específica do cloranfenicol é a Síndrome do “bebê cinza”, na qual
a pele da criança apresenta coloração cinza, ocorrendo vômitos e choque. Isso decorre da
atividade reduzida da glucuronil transferase em crianças, resultando na concentração tóxica de
cloranfenicol. A glucuronil transferase é a enzima responsável pela destoxificação do cloranfenicol.
MACROLÍDEOS – Eritromicina, Claritromicina e Azitromicina
Eritromicina, azitromicina e claritromicina são membros de um
grupo de fármacos denominados macrolídeos, devido a sua
grande estrutura de anel lactona macrocíclico. A eritromicina
liga-se à subunidade 50S e bloqueia a síntese proteica ao
Eritromicina impedir a liberação do tRNA descarregado a partir do sítio
doador após a formação da ligação peptídica. Apresenta
uma estrutura macrolídea composta por um grande anel de

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13 carbonos, ao qual dois açúcares são unidos por ligações glicosídicas. A eritromicina é uma dos
fármacos menos tóxicos, havendo apenas algum desconforto gastrintestinal associado ao uso oral.
Dois derivados da eritromicina, a azitromicina e claritromicina, exibem o mesmo mecanismo de ação
que a eritromicina, contudo são eficazes contra uma gama mais ampla de organismos, e possuem
maior meia-vida, indicando que podem ser administradas apenas uma ou duas vezes ao dia.
CLINDAMICINA
A atividade clínica mais útil deste fármaco bacteriostático ocorre contra anaeróbios, tanto
bactérias gram-positivas, como Clostridium perfringens, quanto gram-negativas, como Bacteroides
fragilis. A clindamicina liga-se à subunidade 50S e bloqueia a formação de ligações peptídicas por
um mecanismo indeterminado. Sua especificidade em relação às bactérias deve-se a sua
incapacidade de ligar-se à subunidade 60S dos ribossomos humanos.
O efeito colateral mais importante da clindamicina corresponde à colite
pseudomembranosa, a qual, de fato, pode ocorrer com virtualmente
qualquer antibiótico, quer administrado por via oral quer por via
parenteral. A patogênese dessa complicação potencialmente severa
consiste na supressão da microbiota normal do intestino causada pelo
fármaco e pelo crescimento abundante de uma linhagem de
Clostridium difficile resistente ao fármaco. O organismo secreta uma
exotoxina que produz a pseudomembrana no cólon e causa diarreia
severa, frequentemente sanguinolenta.

❖ Inibição da Síntese de Ácido Nucleico (RNA)


RIFAMPICINA
A Rifampicina é utilizada principalmente no tratamento da Tuberculose, em combinação
com Isoniazida e Pirazinamida, assim como na profilaxia de contatos próximos de pacientes com
meningite causada por N. meningitidis ou H. influenzae. É também utilizada em combinação com
outros fármacos no tratamento de endocardite associada a válvulas prostéticas causada por S.
epidermidis. Com exceção da profilaxia de curto prazo da meningite, a rifampicina é administrada
em combinação com outros fármacos, uma vez que mutantes resistentes surgem em uma taxa
elevada quando esta é utilizada isoladamente.
O mecanismo de ação seletivo da rifampina é baseado no bloqueio da síntese de mRNA
pela RNA polimerase bacteriana, sem afetar a RNA polimerase das células humanas.
A rifampicina é vermelha, de modo que a urina, a saliva e o suor de
pacientes fazendo uso de rifampicina frequentemente assumem
coloração laranja e odor forte, que é desagradável, porém inócuo. A
Rifampicina é excretada em altas concentrações na saliva, fato
responsável por seu sucesso na profilaxia da meningite bacteriana,
uma vez que os organismos encontram-se presentes na garganta.
QUINOLONAS E FLUORQUINOLONAS
As quinolonas são fármacos bactericidas que bloqueiam a síntese de DNA bacteriano pela
inibição da DNA girase (topoisomerase). As fluoroquinolonas, como ciprofloxacina, norfloxacina,
ofloxacina e outras, são ativas contra uma ampla gama de organismos que causam infecções do
trato respiratório inferior, do trato intestinal, do trato urinário e de tecidos esqueléticos e moles.
As fluoroquinolonas não devem ser administradas em mulheres grávidas e crianças, uma vez
que danificam ossos em crescimento. O ácido nalidíxico, que não é uma fluoroquinolona, é muito

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menos ativo, sendo utilizado apenas no tratamento de infecções do trato urinário. As quinolonas não
são recomendadas para crianças e mulheres grávidas por danificarem cartilagens em crescimento.
SULFONAMIDAS E TRIMETROPIM
Quer isoladamente quer em combinação com
trimetoprim, as sulfonamidas são úteis em uma variedade
de doenças bacterianas, como infecções do trato urinário
causadas por Escherichia coli, otite média causada por S.
pneumoniae ou H. influenzae em crianças, shigelose,
nocardiose e cancroide. Em combinação, também são os
fármacos de escolha utilizados para o tratamento de duas
doenças causadas por protozoários, a toxoplasmose e
pneumonia por Pneumocystis. As sulfonamidas
correspondem a uma grande família de fármacos
bacteriostáticos produzidos por síntese química.
Para compreender como essas drogas atuam, é
necessário entender como se dá a síntese de ácido fólico,
tanto nos protozoários como nos seres humanos. E que,
esse ácido fólico tem importância, porque ele vai ser
utilizado na formação de DNA, RNA e de proteínas. Nas
bactérias e nos protozoários e processo vai ser todo obtido
por via SINTÉTICA, por reações bioquímicas. Nelas, o ácido paraminobenzóico (PABA) se liga com a
Pteridina e leva a formação do ácido diidropteróico, que por sua vez sofre uma nova reação para
se transformar no ácido Diidrofolato também denominado de ácido fólico, que sofre uma nova
reação para levar à formação do ácido folínico, usado na formação de DNA, RNA e de proteínas.
Em nós seres humanos, essas reações se inciam a partir dessa etapa porque esse ácido fólico é obtido
a partir da DIETA. Diferentemente dos procariontes, em que todo esse processo é feito por completo.
Nós apenas necessitamos dessa enzima - Diidrofolato redutase (DHFR) para transformar o ácido fólico
em ativo, denominado ácido folínico. As Sulfas são inibidoras da enzima diidropteroato sintetase. As
sulfas não são usadas isoladamente, mas em associação. O trimetoprim é mais frequentemente
utilizado de forma associada ao sulfametoxazol. Observe que ambos os fármacos atuam sobre a
mesma via – porém em sítios diferentes – a fim de inibir a síntese de tetraidrofolato. O intuito disso é
promover sinergismo de ação, potencializar o efeito e reduzir os níveis de resistência antimicrobiana,
pois cada droga atua em um segmento diferente da reação bioquímica. As sulfonamidas são de
baixo custo e raramente causam efeitos colaterais. No entanto, podem ocorrer febre relacionada
ao fármaco, erupções e supressão da medula óssea.

ALTERAÇÃO NA MEMBRANA CELULAR

Existem poucos compostos antimicrobianos que atuam sobre a membrana celular, uma vez
que as semelhanças estruturais e químicas das membranas celulares bacterianas e humanas
dificultam a existência de toxicidade seletiva suficiente.
POLIMIXINAs (B e E)
As polimixinas são uma família de antibióticos polipeptídicos, dos quais o composto de maior
utilidade clínica é a Polimixina E (colistina), que é ativa contra bacilos gram-negativos, especialmente
P. aeruginosa. O outro é Polimixina B, utilizada na forma de sulfato de polimixina B (forma ativa),
sendo seu uso bastante reservado, principalmente contra Gram-negativos (possui membrana
externa) por ter muitos efeitos tóxicos.

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O mecanismo de ação dessas drogas reside nos seus grupamentos amino de carga livre, que
atuam interagindo com os fosfolipideos de membrana da parede celular das bactéras, agindo
como “detergente”, desorganizando e rompendo a membrana, aumentando a permeabilidade
seletiva e efluxo de íons, assim como os Beta-lactêmicos, e portanto são fármacos eminentemente
bacteridas.

OUTROS MECANISMOS
METRONIDAZOL
O metronidazol (Flagyl) é bactericida contra bactérias anaeróbias. (Também é eficaz
contra determinados protozoários, como Giardia e Trichomonas.) Este fármaco exibe dois possíveis
mecanismos de ação, não estando claro qual o mais importante.
O primeiro, que explica sua especificidade por anaeróbios, corresponde a sua capacidade
de atuar como depósito de elétrons. Ao captar os elétrons, o fármaco priva o organismo do poder
redutor necessário. Além disso, quando os elétrons são adquiridos, o anel do fármaco é clivado e
forma-se um intermediário tóxico que provoca danos ao DNA. A natureza precisa do intermediário e
sua ação são desconhecidas. O segundo mecanismo de ação do metronidazol consiste em sua
capacidade de inibir a síntese de DNA. O fármaco liga-se ao DNA e provoca clivagem nas fitas,
impedindo sua atuação adequada como um molde para a DNA polimerase.
ISONIAZIDA E PIRAZINAMIDA
A isoniazida, ou hidrazida de ácido isonicotínico (INH, do inglês, isonicotinic acid hydrazide),
é um fármaco bactericida altamente específico para Mycobacterium tuberculosis e outras
micobactérias. É utilizada em combinação com outros fármacos no tratamento da tuberculose, e
isoladamente na prevenção de tuberculose em indivíduos expostos. Uma vez que penetra bem em
células humanas, é eficaz contra os organismos que crescem no interior de macrófagos. INH inibe a
síntese de ácido micólico, o que explica sua especificidade por micobactérias e sua relativa
atoxicidade para humanos. O fármaco inibe a redutase necessária à síntese de ácidos graxos de
cadeia longa denominados ácidos micólicos, os quais são constituintes essenciais das paredes
celulares de micobactérias. O fármaco ativa provavelmente corresponde a um metabólito de INH,
formado pela ação da catalase-peroxidase, uma vez que a deleção dos genes destas enzimas
resulta em resistência ao fármaco. Seu principal efeito colateral consiste na toxicidade hepática. O
fármaco é administrada associada à piridoxina a fim de prevenir complicações neurológicas.
A pirazinamida (PZA) é um fármaco bactericida utilizado no tratamento da tuberculose, mas
não no tratamento da maioria das infecções micobacterianas atípicas. PZA é particularmente
eficiente contra organismos semidormentes presentes na lesão, os quais não são afetados por INH
ou rifampina. PZA atua inibindo um ácido graxo sintetase, impedindo a síntese de ácido micólico.
PZA é convertida no intermediário ativo, o ácido pirazinoico, por uma amidase de micobactérias.

4. Mecanismos Genéticos de Resistência Antimicrobiana


Quando uma bactéria, que normalmente era susceptível ao tratamento com um
determinado fármaco, não funciona mais, digamos que ela é resistente a esse antibiótico. As
bactérias podem possuir resistência natural ou adiquirirem por mecanismos genéticos, sobre as quais
iremos discorrer. Geralmente os mecanismos de resistênicia oferecem ao microorganismo uma
proteção não contra apenas um, mas contra uma classe inteira, ou dependendo do mecanismo, a
mais de uma classe de drogas, como discorreremos a seguir.
Há quatro mecanismos principais que medeiam a resistência das bactérias aos fármacos:
➢ Inativação do fármaco através de enzimas

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➢ Sintetizam alvos modificados, contra os quais os fármacos não têm efeito
➢ Redução da permeabilidade, assim os fármacos não alcnçam a concentração intracelular para
poderem ter efeito terapêutico
➢ Exportação ativa das drogas usando uma “bomba de resistência a múltiplos fármacos” (bomba
MDR, ou bomba de “efluxo”)
Grande parte da resistência ao fármaco deve-se a uma modificação genética do organismo,
quer seja uma mutação cromossomal quer a aquisição de um plasmídeo ou transposon.
Do ponto de vista clínico, a resistência mediada por plasmídeos exibe grande importância por três
razões:
1. Ocorre em várias espécies diferentes, especialmente em bacilos gram-negativos;
2. Os plasmídeos frequentemente medeiam a resistência a múltiplos fármacos;
3. Os plasmídeos exibem uma alta taxa de transferência de uma célula a outra, geralmente por
conjugação.
Plasmídeos de resistência (fatores de resistência, fatores R) são moléculas de DNA de fita
dupla extracromossomais e circulares que carreiam os genes de uma variedade de enzimas capazes
de degradar antibióticos e modificar os sistemas de transporte de membrana Os fatores R podem
carrear um gene de resistência a antibióticos ou podem carrear dois ou mais desses genes.
A implicação médica de um plasmídeo carrear mais de um gene de resistência é dupla:
primeiro, e mais óbvio, é o fato de uma bactéria contendo aquele plasmídeo poder ser resistente a
mais de uma classe de antibióticos (p. ex., penicilinas e aminoglicosídeos), e, segundo, o uso de um
antibiótico que seleciona um organismo resistente a outro antibiótico selecionará um organismo
resistente a todos os antibióticos cujos genes de resistência sejam carreados pelo plasmídeo. Por
exemplo, se um organismo possui o plasmídeo R, o uso de penicilina selecionará um organismo
resistente não somente à penicilina, mas também a tetraciclinas, aminoglicosídeos (como
estreptomicina e gentamicina), cloranfenicol e eritromicina.
Além da produção de resistência a fármacos, os fatores R apresentam duas propriedades
muito importantes: podem replicar-se independentemente do cromossomo bacteriano; assim, uma
célula pode conter várias cópias, e podem ser transferidos não somente a células da mesma
espécie, mas também a outras espécies e gêneros. Observe que essa transferência por conjugação
encontra-se sob o controle dos genes do plasmídeo R e não do plasmídeo F (fertilidade, o qual
controla a transferência do cromossomo bacteriano).

Transposons são fragmentos de DNA linear. Os transposons são


elementos genéticos móveis capazes de se inserirem em diferentes
pontos do cromossomo bacteriano. Após inserir-se em um determinado
sítio do cromossomo, o transposon pode deixar uma cópia neste sítio e
inserir-se em outro ponto do cromossomo, um fenômeno denominado
transposição.

A transposição ocorre devido à presença, no transposon, de


sequências específicas de DNA denominadas sequências de inserção
(IS). As IS são pequenas sequências de DNA que codificam a enzima
transposase, responsável pela transposição. Quando o transposon se liga ao cromossomo da
bactéria, isso a confere uma maior mutagenicidade (por induzir mutações) bem como o isolamento
de parte de seu material genético (“DNA egoísta”). Os transposons codificam uma ou mais proteínas

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que conferem características como resistência a drogas antimicrobianas, enterotoxinas e enzimas
degradativas.

A maioria das bactérias possui uma única cadeia de DNA circular. As bactérias, por serem
organismos assexuados, herdam cópias idênticas dos genes de suas progenitoras (ou seja, elas são
clonais). Algumas bactérias também transferem material genético entre as células. A transferência
de genes é particularmente importante na resistência
à antibióticos. A resistência a antibióticos acontece
devido à "colocação" de um plasmídeo que vai dar
essa resistência ao antibiótico.

A maioria das batérias não apresenta reprodução


sexuada, mas podem ocorrer misturas de genes entre
indivíduos diferentes, o que é chamado de
recombinação genética. Esse processo leva à
formação de novos indivíduos com característias
genéticas diferentes, resultando na mistura de
material genético. Uma bactéria pode adquirir genes
de outra bactéria e misturá-los aos seus por meio das
três principais maneiras:

TRANSFORMAÇÃO

Ocorre pela absorção de moléculas ou


fragmentos de moléculas de DNA que estejam dipostos no
ambiente, proveniente de bactérias mortas e
decompostas; a célula bacteriana transformada
(receptora) passa a apresentar novas características
hereditárias, condicionadas pelo DNA incorporado. Este
não precisa ser de bactérias da mesma espécie; em
princípio, qualquer tipo de DNA pode ser capturado se as
condições forem adequadas. Entretanto, um DNA
capturado só será introduzido no cromossomo bacteriano
se for semelhante ao DNA da bactéria receptora.

TRANSDUÇÃO

Consiste na transferência de segmentos de


moléculas de DNA de uma bactéria para outra. Isso ocorre
porque, ao formarem-se no interior das células hospedeiras,
os bateriófagos (vírus) podem eventualmente incorporar
pedaços do DNA bacteriano. Depois de serem liberados
para infectar outra bactéria, os bacteriófagos podem
transmitir a ela os genes bacterianos que transportavam. A
bactéria infectada eventualmente incorpora em seu
cromossomo os genes recebido do fago. Se este não destruir
a bactéria, ela pode multiplicar-se e originar uma linhagem
"transduzida" com novas características, adquiridas de
outras bactérias via fago.

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CONJUGAÇÃO

Consiste na transferência de DNA diretamente de uma bactéria doadora para uma


receptora através de um tubo de proteína denominado pêlo sexual ou “pili” (rever material sobre
Morfologia e Fisiologia Bacterianas), que conecta duas bactérias. Os “pili” estão presentes apenas
em bactérias doadoras de DNA. Quando a recombinação genética foi descoberta pelo biólogo
Joshua Lederberg, pensou-se que se tratava de um processo sexual comparável ao dos seres
eucariontes. Por isso, na época, as bactérias doadoras de DNA foram denominados machos e as
receptoras, fêmeas.

A continuidade dos estudos mostrou que a


capacidade de doar DNA está ligada à presença de
um plasmídeo denominado F (de fertilidade); bactérias
portadoras do plasmídeo F, denominadas F+, atuam
como doadoras de DNA e as que não possuem o
plasmídeo F atuam como receptoras, sendo chamadas
de F-. Hoje se sabe que o DNA transferido de uma
bactéria para outra, na conjugação, é quase sempre o
plasmídeo F. Algumas vezes, porém, um pequeno
pedaço de DNA cromossômico une-se ao plasmídeo e
é transferido junto com ele na conjugação. Na bactéria
receptora pode ocorrer recombinação genética entre
o cromossomo e o fragmento de DNA unido ao
plasmídeo recebido da bactéria doadora.

A capacidade de adaptação ao novo ambiente garante à bactéria variabilidade genética


gerada por mutação e mecanismos de transferência. As condições que favorecem a seleção e
disseminação de genes de resistência aos antibióticos são:

➢ Uso abusivo dos antimicrobianos nos hospitais;


➢ Venda livre/Aquisição direta pelo doente (Automedicação);
➢ Indicação indiscriminada por médicos;
➢ Uso como aditivo em ração animal;
➢ A tecnologia do DNA recombinante, que gera organismos transgênicos, pode criar vetores
plasmídeos resistentes;
➢ Pressão seletiva natural de muitos antibióticos (fungos e bactérias);
➢ Exposição a outros agentes seletivos como mercúrio;
➢ Fatores atuais: Maior imunodepressão (decorrente da AIDS, quimioterapia anticâncer e maior
frequência de transplantes);
➢ Modernos meios de transportes, o que facilita o transporte de pessoas ao redor do mundo,
carregando consigo bactérias de variados meios de resistência.

REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.

2. MURRAY. P. R. ROSENTHAL K. S., PFALLER M. A. Microbiologia Médica. Editora Elsevier. 6ª edição. Rio
de Janeiro, 2014.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - MICROBIOLOGIA

BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS

O estudo da bacteriologia clíncia se divide nas bactérias gram-positivas e negativas. Estas


se dividem nos cocos Gram-negativos, enterobacterias (fermentadoras) e as não fermentadoras,
relacionadas a infecções respiratórias e oportunistas.

1. Cocos Gram-negativos (gênero Neisseria)

O gênero Neisseria contém dois importantes patógenos de humanos: Neisseria meningitidis e


Neisseria gonorrhoeae. N. meningitidis causa principalmente meningite e meningococcemia. É a
principal causa de morte por infecção em crianças nos Estados Unidos.

▪ São cocos Gram-negativos, dispostos aos pares (diplococos intracelulares),


▪ Podem ser capsuladas ou não, sendo os capsulados mais resistentes.
▪ Não possuem flagelos, portanto são atríqueas e imóveis.
▪ Não produzem esporos (não-esporuladores). São aeróbias estritas, dependem do oxigênio
para o metabolismo (produzem catalase e superóxido desmutase),
▪ São oxidase-positivas (isto é, possuem a enzima citocromo c)

i. Neisseria gonorrhoeae

A Neisseria gonorrhoeae é uma bactéria Gram-negativa que provoca uma doença


sexualmente transmissível, gonorréria (gonococos). Apesar de Infecções do trato genital são a fonte
mais comum do organismo, porém as infecções anorretais e faríngeas são também importantes
fontes. Uma vez que o gonococo é bastante sensível à desidratação e a condições de baixa
temperatura, a transmissão sexual favorece sua sobrevivência, portanto é a principal forma de
transmissão. A infecção também pode acontecer em neonatos (transmissão vertical), em
consequência de contato com a mucosa de uma mãe portadora durante o nascimento.

EPIDEMIOLOGIA

É uma das DSTs mais disseminadas, devido a terem alto grau e frequência de
transmissibilidade (são patogênicas). As infecções disseminadas geralmente surgem a partir de
infecções assintomáticas altamente prevalente em mulheres, indicando que a inflamação
localizada pode inibir a disseminação.

Carboidratos na superfície da neisseria estão sempre se modificando, dificultando o


desenvolvimento de uma nova vacina para um antígeno específico da parede celular, por isso não
tem vacinação. São sensíveis a antibióticos mais simples, mas devido ao uso inadequado, as
bactérias se tornam resistentes. A liberdade sexual e o não uso de preservativos por jovens tem
aumentado os casos.

FATORES DE VIRULÊNCIA

Endotoxina (LOS)

As neissérias contêm endotoxina em sua membrana externa. A endotoxina de N. meningitidis


é um lipopolissacarídeo (LPS) similar àquele encontrado em diversos bacilos gram-negativos,
enquanto a endotoxina de N. gonorrhoeae é um lipo-oligossacarídeo (LOS). Tanto o LPS como o LOS

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contêm o lipídeo A. Entretanto, LOS é desprovido das cadeias laterais com longas repetições de
açúcares observadas no LPS, apresentam cadeias curtas de antígeno somárico O.

Pili

Os pili controlam e aumentam a adesão às superfícies das células mucosas. É sempre


produzido pelo gênero neisseria. Também é antifagocitário.

IgA protease

Estão geralmente nas mucosas - a bactéria produz essa enzima (proteinase) que vai destruir
a IgA secretória presente nas mucosas, facilitando a penetração dos microorganismos.

Proteina A e Por

A primeira nativa o componente C3b do complemento, parece desempenhar um papel importante.


E a segunda tem efeito semelhante ao MAC produzindo poros na superficíe celular hospdeira.

QUADRO CLÍNICO

Os gonococos infectam principalmente as superfícies mucosas, por exemplo, uretra e vagina,


porém ocorre disseminação.

• Em HOMENS, a gonorreia caracteriza-se principalmente por uretrite, acompanhada de disúria e


descarga purulenta. A epididimite pode ocorrer.
• Em MULHERES, a infecção localiza-se principalmente no endocérvix, provocando secreção
vaginal purulenta e sangramento intermenstrual (cervicite). A complicação mais frequente nas
mulheres consiste em uma infecção ascendente das trompas uterinas, a salpingite, um abscesso
no tubo ovariano (doença inflamatória pélvica - DIP) podendo resultar em esterilidade ou
gravidez ectópica como resultado da formação de cicatrizes nas trompas.

Outros sítios infectados incluem a região anorretal, garganta e olhos. As


infecções gonocóccicas disseminadas (IGD) comumente manifestam-
se como artrite, tenossinovite ou pústulas na pele. A infecção
disseminada é a causa mais comum de artrite séptica em adultos
sexualmente ativos. Em crianças recém-nascidas, a conjuntivite
purulenta (oftalmianeonatorum) é resultante de infecção gonocóccica
adquirida da mãe durante a passagem pelo canal do parto.

A incidência de oftalmia gonocóccica diminuiu significativamente nos


anos recentes devido ao amplo uso profilático de unguento ocular de
eritromicina (ou nitrato de prata), aplicado logo aós o nascimento. A
conjuntivite gonocóccica também ocorre em adultos como resultado
da transferência dos organismos a genitália para os olhos.

TRATAMENTO

Ceftriaxona é o tratamento de escolha para infecções gonocóccicas não complicadas. Uma


vez que infecções mistas com Chlamydia trachomatis são comuns, a tetraciclina também deve ser
prescrita. Uma cultura de acompanhamento deve ser realizada 1 semana após a conclusão do
tratamento para determinar se ainda há presença de gonococos.

ii. Neisseria meningitidis

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São diplococos Gram-negativos e causam principalmente meningite e meningococcemia.
são disseminados por gotículas transmitidas pelo ar e transmitidas através do contato aéreo
prolognado. Colonizam as membranas da nasofaringe e tornam-se parte da microbiota transiente
do trato respiratório superior. Os portadores são geralmente assintomáticos.

FATORES DE VIRULÊNCIA

Os meningococos apresentam três importantes fatores de virulência:

Capsula polissarídica – antifagocitária


Endotoxina (LPS – lipopolissacarídio)
IgA proteinase

QUADRO CLÍNICO

A partir da nasofaringe, o organismo pode atingir a corrente sanguínea e disseminar-se a sítios


específicos, como as meninges ou articulações, ou pode disseminar-se por todo o corpo
(meningococcemia).

Meningite é uma inflamação das meninges, cujos sintomas resultam da infecção e da PIC
aumentada. A cefaléia ,febre e calafrio aparecem com frequência, nos sintomas iniciais. Ocorre
uma desorientação e comprometimento da memória. A rigidez na nuca também é um sinal inicial.

Dois organismos são responsáveis por mais de 80% dos casos de meningite bacteriana em
indivíduos com idade acima de 2 meses: Streptococcus pneumoniae e N. meningitidis. Desses
organismos, os meningococos, especialmente aqueles do grupo A, exibem maior probabilidade de
causar epidemias de meningite. Em geral, N. meningitidis corresponde à segunda causa de
meningite, quando comparada a S. pneumoniae, porém é a causa mais comum em indivíduos com
idades entre 2 e 18 anos.

A meningoccemia ou apoplexia consiste em uma trombose dos


pequenos vasos sanguíneos e comprometimento de múltiplos órgãos. É
comum observar lesões petequiais no tronco e membros inferiores,
ocasionando coagulação intravascular disseminada (CID) com choque
tóxico na forma mais grave de meningococcemia é a síndrome de
Waterhouse-Friderichsen, de risco à vida, caracterizada por febre alta,
púrpura disseminada, CID, trombocitopenia e insuficiência adrenal.

TRATAMENTO

A penicilina G é o tratamento de escolha para infecções meningocóccicas. Linhagens


resistentes à penicilina são de rara emergência, mas a resistência à sulfonamida é comum.

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2. Enterobactérias (Bacilos Gram-negativos fermentadores)

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Essas bactérias são chamadas assim porque pertencem à familia Enterobacteriacae e são os
principais anaeróbios facultativos do intestino grosso, mas estão presentes em números relativamente
pequenos quando comparados a anaeróbios como Bacteroides.

Todos os membros da família Enterobacteriaceae, por serem gram-negativos, contêm


endotoxinas em suas paredes celulares. Além disso, várias exotoxinas são produzidas; por exemplo,
E. coli e Vibrio cholerae secretam exotoxinas, denominadas enterotoxinas, que ativam a adenilato
ciclase no interior das células do intestino delgado, provocando diarreia.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

▪ São bacilos Gram-negativos;


▪ São imóveis (atríquios) ou peritriquios (flagelos ao redor da bacteria);
▪ São anaeróbios facultativos
▪ Fermentam a lactose em glicose como fonte de carbono (EXCETO SHIGUELLA E SALMONELLA)
▪ Reduzem nitrato (NO3-) a nitrito (NO2-) e utilizam a amônia como fonte de energia;
▪ São catalase positivos e oxidase negativos;

i. Escherichia coli

A maioria das infecções causadas pela E.coli são endógenas com contaminação a partir do
intestino onde ocorre como microbiota normal. Está associado a uma série de doenças. Provoca
com frequência gastroenterites diarreicas, infecções do trato urinário e sepse. A fonte de E. coli que
provoca meningite neonatal é o canal de parto materno; a infecção é adquirida durante o
nascimento.

E. coli é a causa mais comum de infecção do trato urinário e sépsis associada a bacilos gram-
negativos. É uma das duas importantes causas de meningite neonatal e o agente associado com
maior frequência à “diarreia do viajante”, uma diarreia aquosa. Algumas linhagens de E. coli são
entero-hemorrágicas e provocam diarreia sanguinolenta.

FATORES DE VIRULÊNCIA

Endotoxina (LPS)

A endotoxina de E. coli corresponde ao lipopolissacarídeo da parede celular, sendo


responsável por várias características da sépsis por gram-negativos, como febre, hipotensão e
coagulação intravascular disseminada.

Antígeno somático O

O antígeno da parede celular (também conhecido como antígeno somático ou O) corresponde


à porção polissacarídica externa do lipopolissacarídeo. É composto por oligossacarídeos repetidos.

Cápsula - antifagocitária
Plasmídeos

Esses organismos frequentemente realizam conjugação, adquirindo plasmídeos (fatores R) que


medeiam a resistência a múltiplos fármacos.

Adesinas
Têm a capacidade de aderir ao trato gastrointestinal ou nas vias urinárias;

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Enterotoxinas

São exotoxinas extracelulares que podem ser excretadas nos tecidos do hospedeiro. Ao
contrário das endotexinas, as bacterias não morrem quando as liberam. Estas toxinas incluem as
toxinas de Shiga (STx-1,STx-2). As outras enterotoxinas são a toxina termoestável (ST, do inglês, stable
toxin) de baixa massa molecular, que estimula a guanilato ciclase, e a termolábel.

As toxinas de Shiga, uma vez que são muito similares àquelas produzidas por espécies de
Shigella. A verotoxina atua removendo uma adenina do RNA ribossomal maior (28S), interrompendo,
assim, a síntese proteica. Também é também chamada de verotoxina, assim denominada por ser
tóxica às células Vero (macaco) em cultura e também às células de revestimento do cólon.

A toxina termolábil (LT, do inglês, labil toxin) atua estimulando a adenilato ciclase. A LT atua
catalisando a adição de adenosina difosfato ribose (um processo denominado ADP-ribosilação) à
proteína G, que estimula a ciclase, o que ativa irreversivelmente a ciclase. O aumento resultante na
concentração de AMP cíclico intracelular estimula a proteína quinase dependente de AMP cíclico,
que fosforila os transportadores de íons da membrana. Os transportadores exportam íons, causando
um extravasamento de fluidos, potássio e cloro a partir dos enterócitos para o lúmen intestinal,
resultando em diarreia aquosa. Observe que a toxina colérica possui o mesmo mecanismo de ação.

QUADRO CLÍNICO

As infecções do trato urinário (ITUs) são causadas principalmente por E. coli; os outros
organismos são menos comuns. São infecções que podem afetar a uretra, a bexiga e os rins. Têm
origem intestinal, onde as bactérias podem migrar e colonizar as regiões periuretrais. Tais infecções
ocorrem principalmente em mulheres, achado atribuído a três características que facilitam a
infecção ascendente até a bexiga, ou seja, uretra curta, proximidade entre a uretra e o ânus e
colonização da vagina por membros da microbiota fecal. Sepse geralmente origina-se de infecções
nas vias urinárias ou no trato grastointestinal.

Esse organismo também é a causa mais frequente de infecções


nosocomiais (adquiridas em hospitais) do trato urinário, as quais
ocorrem com a mesma frequência em homens e mulheres e são
associadas ao uso de cateteres urinários de longa duração. As
infecções do trato urinário podem limitar-se à bexiga ou
estender-se pelo sistema coletor até os rins. Quando apenas a
bexiga está envolvida, a doença é denominada Cistite, ao passo
que a infecção renal é denominada Pielonefrite. Os sintomas
mais marcantes da cistite são dor (disúria) e micção frequente; a
pielonefrite é caracterizada por febre, calafrios e dor no flanco.

Linhagens enterotoxigênicas de Escherichia coli são uma causa comum de diarreia nos países
em desenvolvimento, porém são menos comuns nos Estados Unidos. As linhagens produtoras de
enterotoxina não causam inflamação, não invadem a mucosa intestinal, e causam diarreia aquosa
não sanguinolenta. As cepas de E.coli que causam gastroenterite estão subdivididas em cinco
grupos distintos:

➢ Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC)

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A diarreia causada por E. coli enterotoxigênica geralmente é aquosa, não sanguinolenta,
autolimitante e de curta duração. Está frequentemente associada a viagens (diarreia do viajante ou
“turista”)

➢ Escherichia coli enteropatogênica (EPEC)

Causam doença não pela formação de enterotoxina, mas pela invasão do epitélio do
intestino grosso, provocando diarreia sanguinolenta (disenteria) 1 acompanhada por células
inflamatórias (neutrófilos) nas fezes.

➢ Escherichia coli enterohemorrágica (EHEC)

Resultam em uma síndrome similar à disenteria, caracterizada por diarreia sanguinolenta,


cólica abdominal e febre, similar àquela causada por Shigella. Essas linhagens estão associadas a
surtos de diarreia sanguinolenta decorrentes da ingestão de hambúrguer malcozido,
frequentemente em restaurantes do tipo “fast-food”. As bactérias na superfície do hambúrguer são
mortas pela cocção, mas aquelas presentes no interior malcozido sobrevivem. Determinadas
linhagens entero-hemorrágicas de E. coli, também causam diarreia sanguinolenta por produzirem
verotoxina.

Alguns pacientes acometidos por diarreia sanguinolenta causada por linhagens também
apresentam uma complicação de risco à vida, denominada síndrome hemolítica-urêmica, que
ocorre quando a verotoxina atinge a corrente sanguínea. Essa síndrome consiste em anemia
hemolítica, trombocitopenia e insuficiência renal aguda. Ocorre particularmente em crianças
tratadas com fluoroquinolonas ou outros antibióticos por apresentarem diarreia como efeito adverso.

ii. Shiguella sp.

As espécies de Shigella causam enterocolite. A enterocolite causada por Shigella é


frequentemente denominada disenteria bacilar. Não fermentam lactose.

As shigelas, que causam doença quase que exclusivamente no trato gastrintestinal,


produzem disenteria por invadirem as células da mucosa do íleo distal e cólon. Há uma inflamação
local acompanhada de ulceração, mas os organismos raramente atravessam a parede ou atingem
a corrente sanguínea, diferentemente das salmonelas. Embora algumas linhagens produzam uma
enterotoxina (denominada toxina Shiga), a invasão corresponde ao fator crítico na patogênese.

iii. Salmonella sp.

As espécies de Salmonella causam enterocolite, febres entéricas, como febre tifoide (S. typhi),
e septicemia com infecções metastáticas, como a osteomielite. Estão entre as causas mais comuns
de enterocolite bacteriana nos Estados Unidos.

A capacidade diferencial destes últimos meios baseia-se na fermentação de lactose, que


consiste no critério metabólico mais importante utilizado na identificação desses organismos. Nesses
meios, os não fermentadores de lactose, por exemplo, Salmonella e Shigella, formam colônias
incolores, enquanto os fermentadores de lactose, por exemplo, E. coli, formam colônias coloridas.

iv. Proteus, Morganella ,Providência, Klebsiella,Enterobacter, Citrobacter spp.

1 O termo “disenteria” refere-se à diarreia sanguinolenta.

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Todas essas espécies são encontradas regularmente no interior do intestino humano e
acometem principalmente o trato urinário, podendo causar também otite, infecções na pele,
peritonite, pneumonia, infecções nosocomiais e outros.

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3. Bacilos Gram-negativos não fermentadores (infecções oportunistas)

Este grupo é taxonomicamente heterogênio e suas espécies de maior relevência são:


Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumanii, Stenotrophomonas maltophila e Moraxella
catarrhalis e Haemophilus influenzae.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

▪ São aeróbios estritos (produzem catalase e oxgenio desmutase)


▪ Não esporuladores
▪ Não fermentam lactose como fonte de enregia
▪ Os pacientes infectados por elas tem algumas cracterísticas de condições em comum:
• uso de instrumentos cirurgicos, cateterização, punção lombar e respiração mecânica;
• tratamento prolongado com quimioterápicos, antibióticos e carticosteroides
(imunossupressores);
• doenças crônicas com complicações infecciosas (Fibrose cística e DPOC – doença
pulmonar obstrutiva crônica);
• queimaduras, feridas abertas (neuropatia diabética) e lesões exudativas

i. Pseudomonas aeruginosa

A Pseudomonas aeruginosa causa infecções (p. ex., sépsis, pneumonia e infecções do trato
urinário), principalmente em pacientes apresentando baixas defesas (Pseudomonas aeruginosa é
também conhecida como Burkholderia aeruginosa. As pseudomonas são bacilos gram-negativos
que se assemelham aos membros da família Enterobacteriaceae, entretanto diferem pelo fato de
serem organismos aeróbios estritos e serem fermentadores de lactose.

Por serem ubiquitárias, as pseudomonas são capazes de crescer em água contendo apenas
traços de nutrientes, por exemplo, água de torneira, fato que favorece sua presença no ambiente
hospitalar. Sua capacidade de crescer em soluções aquosas simples resultou na contaminação de
equipamentos de terapia respiratória e anestesia, fluidos intravenosos e, até mesmo, água destilada.

São bactérias oportunistas restritas a pacientes imunodeprimidos e


imunossuprimidos, como neonatos, idosos, queimados é encontrado
principalmente em pacientes com Fibrose cística. P. aeruginosa
pode causar infecções em virtualmente qualquer região do corpo,
sendo predominantes ITUs, pneumonias (especialmente em
pacientes com fibrose cística) e infecções de ferimentos
(especialmente queimaduras e em pé diabético). A partir desses
sítios, o organismo pode atingir o sangue, causando sépsis. Otite
externa severa (otite externa maligna) e outras lesões de pele (p. ex.,

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foliculite) ocorre em usuários de piscinas e hidromassagens, nas quais a cloração é feita de forma
inadequada.

ii. Haemophilus influenzae

H. influenzae era a principal causa de meningite em crianças. É uma importante causa de


infecções do trato respiratório superior (otite média, sinusite e epiglotite) e sépsis em crianças. Causa
também pneumonia em adultos, particularmente naqueles com DPOC.

A patogênese envolve a cápsula antifagocitária e a endotoxina; não há produção de


exotoxina. Após estabelecer-se no trato respiratório superior, o organismo pode atingir a corrente
sanguínea (bacteriemia) e disseminar-se até as meninges. A meningite é causada principalmente
por linhagens capsuladas, apesar de linhagens acapsuladas estarem frequentemente envolvidas em
otite média, sinusite e pneumonia, sendo a segunda maior causa dessas infecções, perdendo
apenas para os pneumococos (Streptococcus pneumoniae).

A meningite causada por H. influenzae não pode ser diferenciada clinicamente daquela
causada por outros patógenos bacterianos, por exemplo, pneumococos ou meningococos. A
rápida manifestação de febre, cefaleia e rigidez de nuca, juntamente com sonolência, é típica.
Sinusite e a otite média causam dor na região afetada, opacificação dos seios infectados, e
vermelhidão e abaulamento da membrana timpânica.

iii. Acinetobacter baumanii

As espécies de Achromobacter são cocobacilos gram-negativos encontrados


principalmente em suprimentos de água. Esses organismos são patógenos oportunistas e estão
envolvidos em sépsis, pneumonias e infecções do trato urinário.

iv. Moraxella catarrhalis

As espécies de Moraxella são cocobacilos gram-negativos similares às neissérias. M.


catarrhalis é o principal patógeno desse gênero. O organismo é encontrado apenas em humanos,
sendo transmitido por aerossois respiratórios. Causa otite média e sinusite, principalmente em
crianças, assim como bronquite e pneumonia em idosos com doença pulmonar obstrutiva crônica.

v. Stenotrophomonas maltophila

Pseudomonas maltophilia foi renomeada Xanthomonas maltophilia e atualmente


denominada Stenotrophomonas maltophilia. É importate patógeno oportunista hospitalar, causando
com frequência sepse, pneumonias e infecções cirúrgicas. Ela, P. aeruginosa e P. cepacia exibem
marcante capacidade de resistir a desinfetantes, responsável, em parte, por seu papel nas
epidemias hospitalares.

REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - MICROBIOLOGIA


MICOLOGIA MÉDICA
Micologia é o estudo dos fungos (do grego ‘mykes’ que significa cogumelo). A micologia
clínica trata do estudo, diagnóstico e tratamento de infecções fúngicas mais relevantes no cenário
global e epidemiológico. Aqui veremos as carcterísticas gerais dos fungos, bem como a estrutura
geral da célula fúngica, reprodução e formas evolutivas, micoses superficiais, cutâneas, subcutâneas
(profundas), sistêmicas e oportunistas.

1. Características gerais dos fungos


Os fungos são organismos:

✓ Eucariontes;
✓ Unicelulares (leveduriformes) ou Multicelulares (filamentosos)

O hábitat natural da maioria dos fungos, portanto, é o meio ambiente. Candida albicans,
membro da microbiota normal de humanos, é uma importante exceção. Todos os fungos requerem
uma fonte orgânica de carbono pré-formada – fato que justifica sua frequente associação à matéria
em decomposição. Quanto a hábitos e nutrição eles podem ser subdivididos em:

• Saprófitas obrigatórios: Fungos que vivem exclusivamente em matéria orgânica morta, não
podendo parasitar organismos vivos.
• Parasitas facultativos ou sapróftas facultativo: Fungos capazes de causar doenças ou de
viver em restos orgânicos, de acordo com as circunstâncias.
• Parasitas obrigatórios: Fungos que vivem exclusivamente atacando organismos vivos.

Em sua maioria, os fungos são aeróbios obrigatórios; alguns são anaeróbios facultativos; porém
nenhum é anaeróbio obrigatório.

▪ Reino: Mycota
▪ Filo: Zygomycota (fungos inferiores zoopatogênicos); Ascomycota (Candida spp.) e
Basidiomycota (Cryptococcus spp.)

CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS E MICROSCÓPICAS


Formas básicas dos fungos:

• Leveduriformes: unicelulares
• Células esféricas ou elipsoides, unicelulares e isoladas
• Estrutura básica é o blastoconídio e sua reprodução é por gemulação
(brotamento) ou cissiparidade. Pseudohifas: quando a gêmula não se
separa da célula mãe, dando a impressão de ser uma hifa.
• Filamentosos: geralmente multicelulares
▪ Os bolores crescem como filamentos longos (hifas) e formam uma massa
(micélio).
▪ Algumas hifas formam paredes transversais (hifas septadas), ao contrário de
outras hifas não septadas, que são multinucleadas (cenocíticas).
• Dimórfico: dependendo da temperatura ele pode passar por fase filamentosa
e fase leveduriforme
• Em temperatura ambiente é fungo filamentoso, a 37°C (temperatura basal
do corpo humano) é leveduriforme.

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CARACTERÍSTICAS DA CÉLULA FÚNGICA E REPRODUÇÃO

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Diferem da célula eucariótica animal por apresentarem parede celular constituída de
polissacarídeo (quitina) e não peptideoglicanos, como nas bactérias; assim, os fungos são insensíveis
a antibióticos, como a penicilina, que inibem a síntese de peptideoglicano.

✓ Também possuem glucanas, mananas e proteínas → formam glicoproteínas

▪ Esse é um dos fatores que dificulta o tratamento dos fungos, pois são semelhantes às células do
hospedeiro, e os fármacos possuem mais efeitos danosos ao organismo.

▪ Membrana celular: proteínas transmembranas e periféricas


▪ Citoplasma (retículo endoplasmático, complexo golgiense, mitocôndrias e ribossomos)

▪ Núcleo apresenta cromossomos com dupla fita de DNA

A maioria dos fungos de importância médica propaga-se assexuadamente pela formação


de conídios (esporos assexuados), a partir das laterais ou extremidades de estruturas especializadas.
C. albicans, podem formar múltiplos brotos que não se destacam, produzindo, assim, cadeias
similares a salsichas, denominadas pseudo-hifas. Alguns fungos reproduzem-se sexuadamente por
acasalamento e formação de esporos sexuados, por exemplo, zigósporos, ascósporos e
basidiósporos.1 A classificação desses fungos baseia-se na morfologia de seus esporos sexuados. Os
que não formam esporos sexuados são referidos como “fungos imperfeitos”.

2. Classificação das micoses

1 O termo “esporos” pode ser substituído por “conídios”, por exemplo, artroconídios.

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1. MICOSES SUPERFICIAIS PROPRIAMENTE DITAS


As micoses superficiais são infecções causadas por fungos que invadem as camadas mais
superficiais da capa córnea da pele ou a haste livre dos pelos. As lesões se manifestam como
mancha pigmentar na pele, nódulo ou pelos. São causados por fungos leveduriformes.

1.1. Ptiríase versicolo


▪ Agente Etiológico: Malassezia furfur
▪ Aspectos clínicos: Infecção geralmente assintomática, mas, em
raras ocasiões, pode ser relatado pelo paciente um discreto
prurido. Apresenta-se como manchas hipo ou hiperpigmentada,
descamativas geralmente no tórax, pescoço e braços em
adultos jovens, sem distinção de sexo.
▪ Aspectos laboratoriais: Esse fungo apresenta-se na forma
leveduriforme e é considerada parte da microbiota normal
cutânea humana.
▪ Diagnóstico: Raspado de pele clareado com KOH.
▪ Tratamento: aplicação tópica de sulfeto de selênio ou os azóis
típicos ou orais

1.2. Tinea nigra


▪ Ag. etiológico: Hortaea werneckii
▪ Aspectos clínicos: Micose benigna do estrato córneo.
Geralmente assintomática, mas pode apresentar lesões de cor
preta/marrom escura, sem descamação e de bordas
delimitadas, mais frequentes nas palmas das mãos.
▪ Tratamento: ácido salicítico tópico ou antifúngicos azóis

1.3. Piedra branca


▪ Ag. etiológico: leveduras do gênero Trichosporon sp (Trichosporon beigelli)
▪ Epidemiologia: Doença de distribuição geográfica com predileção por climas tropicais e
temperados
▪ Aspectos clínicos: Nódulos fracamente aderidos aos cabelos ou
pêlos de cor brancaamarelado., de caráter assintomático,
benigno e de baixo contágio, que acomete indistintamente
cabelos e pêlos das regiões axilares, pubianos, perianal, barba e
bigode.
▪ Tratamento das pidedras: tricotomia (cortar os pelos) e utilizar
derivados imidazólicos tópicos; pode fazer associação dos orais e tópicos em casos crônicos.

1.4. Piedra preta


▪ Ag. Etiológico: Piedraia hortae
▪ Aspectos clínicos: Nódulos endurecidos e de coloração escura.
Doença benigna, baixo contágio, caráter crônico, freqüentemente
recidivante que afeta ambos os sexos.
▪ Tratamento das pidedras: tricotomia (cortar os pelos) e utilizar
derivados imidazólicos tópicos; pode fazer associação dos orais e
tópicos em casos crônicos.

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2. MICOSES CUTÂNEAS (DERMATOFITOSES)


Dermatofitoses são causadas por fungos (dermatófitos) que infectam apenas estruturas
superficiais queratinizadas (pele, pelos e unhas) e não tecidos mais profundos. Pertencem ao grupo
dos fungos denominados de dermatófitos os fungos filamentosos, hialinos, septados, algumas vezes
artroconidiados, queratinofílicos, passíveis de colonizar e causar lesões clínicas em pêlos e/ou extrato
córneo de homens e animais.

Em relação ao seu habitat podem ser divididos em geofílicos – vivem em solos, zoofílicos –
vivem em animais e antropofílicos – vivem no homem. Os geofilicos são mais partogênicos e induzem
resposta inflamatória maior, por isso agridem mais o organismo. Os aspectos clínicos das lesões
dermatofíticas são bastante variados e resultam da combinação de destruição da queratina
associada a uma resposta inflamatória.

Na classificação clínica das dermatofitoses são utilizadas as denominações Tinea seguidas do


sítio anatômico das lesões, exemplo: Tinea capitis (couro cabeludo), Tinea pedis (pé de atleta) e
Tinea cruris (tinha inguinal). São divididos em três gêneros:

▪ Trichophyton sp.: é um dos dermatófitos mais comuns, produzindo lesão no pelo, na pele e nas
unhas
▪ Microsporum sp.: Lesão no pelo e na pele
▪ Epidermophyton sp.: Causam lesões na pele

2.1. Tinea capitis: associada ao couro cabeludo. Dividida em:


2.1.1. Tinea tonsurante: apresenta uma ou mais placas de
alopecia
2.1.2. Tinea supurativa: também chamada de Kerion de Celse.
São lesões com sinais clássicos de inflamação, observando
um caminho serpentiginoso com gotas de pus
✓ Lesão torna irreversível o crescimento dos pelos
✓ Geralmente causada pelos geofílicos (mais agressivos)
2.1.3. Tinea fávica: forma uma massa espessa em torno do pelo,
que em seguida desseca e será eliminada com o ato de
coçar
✓ Não ocorrerá mais o crescimento do pelo
✓ Deixa o corpo mais susceptível ao crescimento de
outros microorganismos quando o indivíduo coça a
lesão e expõe o meio
2.2. Tinea corporis: dermatofitose associada à pele glaba (sem pelos). A
forma mais comum é a lesão anular, pruriginosa e com vesículas nas
bordas
2.3. Tinea cruris: dermaofitose associada à pele da região inguinal (lesões
das grandes pregas)
2.4. Tinea unguium: associadas às unhas

▪ Tratamento: pode ser tópico ou sistêmico

▪ Tópico: tintura de iodo, ácido salicílico ou antifúngico em forma


de cremes (celoconasol, isoconazol, miconazao, outos)

▪ Sistêmico: griseofulvina, cetoconazol e itraconazol e fluconazol.

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2.5. Candidíase

A candidíase é micose causada por leveduras do gênero


Candida, em especial pela espécie C. albicans. Elas são hóspedes
normais do trato gastrintestinal do homem e fazem parte da microbiota
de determinadas regiões do tegumento cutâneo – candidíase cutânea.
Porém a Candida pode invadir a camada córnea da pele ou a lâmina
ungueal de hospedeiros normais - onicomicose. A invasão da pele
ocorre em áreas mornas e úmidas, que se tornam avermelhadas e
exsudativas. As lesões tem localização peculiar: nas unhas das mãos e
nas áreas intertriginosas da pele (regão inguinal, espaços interdigitais das
mãos, regão submamaria e axilar). Também é possível ocorrerem lesões
nas unhas dos pés.

Quando as defesas locais ou sistêmicas do hospedeiro


encontram-se comprometidas, podem ocorrer as formas mais agressivas.
O crescimento exacerbado de C. albicans na cavidade oral origina
placas esbranquiçadas pseudomembranosas (células epiteliais +
leveduras + pseudohifas) denominadas aftas – candidíase oral. A
candidíase vaginal ou vulvovaginite, com prurido e secreção, é
favorecida pelo pH elevado, diabetes, ou uso de antibióticos.

3. MICOSES SUBCUTÂNEAS (PROFUNDAS)


As micoses subcutâneas se caracterizam por resultar da inoculação de um fungo patogênico
por ocasião de um traumatismo, manifestando-se como tumefação ou lesão supurada da pele ou
do tecido subcutâneo, produto da disseminação do fungo por contiguidade ou por via linfática. Em
geral produz lesões crônicas e recidivas

Os agentes causais das micoses subcutâneas são geralmente considerados com potencial
patogênico baixo e são comumente isolados do solo, de madeira, da matéria orgânica em
decomposição e vegetação.
3.1. Esporotricose
▪ Agente etiológico: Sporothrix schenkii
▪ Epidemiologia: Mais comum em climas quentes; muita incidência em pessoas que
trabalham na agricultura e jardineiro que trabalham com plantas.
▪ Transmissão: inoculação traumática de solo, vegetais ou MO contaminada com o fungo
▪ Aspectos clínicos: Quando introduzido na pele,
tipicamente por um espinho, causa uma pústula ou
úlcera localizada, uma infecção crônica
caracterizada pelo aparecimento de lesões nodulares
e ulcerativas (podem se tornar abertas) que se
desenvolvem ao longo dos vasos linfáticos.
✓ Pode produzir lesões hiperpigmentadas
✓ Infecção recidiva
✓ Raramente há enfermidade sistêmica
▪ Aspectos laboratoriais: são fungos dimórficos
▪ Tratamento: iodeto de potássio em solução (VO); itraconazol em baixas doses
tratamento sistêmico quando comparado às micoses cutâneas.

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3.2. Cromoblastomicose
▪ Agente etiológico: Cladosporium carrionii
▪ Epidemiologia: micose esporádica e mais comum em climas quentes. Incidência maior
em pessoas que trabalham com agricultura
▪ Transmissão: inoculação traumática do solo ou MO
contaminada
▪ Aspectos clínicos: infecção crônica recidiva,
pruriginosa, progressiva, indolores (atinge SNP), com
pápulas verrugosas semelhantes a uma “couve-flor”
▪ Aspectos laboratoriais: fungos filamentosos
(pigmentados naturalmente), apresentam conídeos
nas extremidades, hifas septadas e pigmentadas
▪ Tratamento: itraconazol e terbinafina

3.3. Micetoma eumicótico


▪ Agente etiológico: Fusarium spp., Aspergillus nidulans, Scedosporium apiospermum, entre
outros
▪ Epidemiologia: micose comum em climas quentes; incidência maior em pessoas que
trabalham na agricultura. Homens são mais afetados.
▪ Transmissão: inoculação traumática de solo ou MO
contaminada
▪ Aspectos clínicos: infecção crônica, uma lesão nodular ou
uma placa subcutânea com grânulos visíveis
▪ Aspectos laboratoriais: são fungos filamentosos demáceos
(pigmentados naturalmente), apresentam grânulos e hifas
septadas ou cenocíticas e pigmentadas
▪ Tratamento: Terbinafina, voriconazol e posaconasol

3.4. Zigomicose subcutânea


▪ Agente etiológico: Basidiobolus ranarum e Conidiobolus coronatus
▪ Epidemiologia: micose mais comum na áfrica e na índia. Mais comum em crianças
▪ Transmissão:
✓ Basidiobolus ranarum → inoculação traumática do fungo nas coxas, nádegas e
tronco
✓ Conidiobolus coronatus → ocorrem após inalação dos esporos fúngicos que invadem
os tecidos das fossas nasais, seios paranasais, dentre outros
▪ Aspectos clínicos:
✓ B. ranarum: massas discoides flexíveis e
móveis
✓ C. coronatus: tumefação na parte superior
dos lábios e fossas nasais
▪ Aspectos laboratoriais: ambos os tipos
requerem biopsia do tecido para o diagnóstico
mostrando área de inflamação com eosinófilos
com hifas largas
▪ Tratamento: itraconazol e iodeto de potássio
(VO).

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4. MICOSES SISTÊMICAS
As micoses sistêmcias se caracterizam por serem adquiridas por inalação de esporos
(conídeos) fúngicos, sendo, consequentemente a lesão primária pulmonar, com tendência a
regresão espontânea. O fungo pode se disseminar pelo corpo através do sangue, originando lesões
extrapulmonares nos indivíduos. Os agentes de micoses sistêmicas raramente são implantados
traumaticamente; quando isso ocorre, determinam uma lesão granulomatosa. Os agentes
etiológicos são encontrados no solo e em dejetos animais e geralmente são fungos dimórficos.

4.1. Paracoccidioidomicose
▪ Agente etiológico: Pacacoccidioides brasiliensis
▪ Epidemiologia: é endêmica por toda a américa latina, porém é mais
prevalente na américa do sul e está mais associada a pessoas ligadas
à atividade no campo
▪ Transmissão: inalação dos conídeos; também está relacionada aos
tatus, que são hospedeiros desses fungos e não apresentam a doença
(pode contrair pelo contato com fezes e ingestão da carne
malcozida)
▪ Aspectos clínicos: infecção pulmonar aguda e crônica, lesões úlcero-
vegentantes na face e estomatite moriforme (pequenas lesões na
cavidade oral)
▪ Aspectos laboratoriais: fungo dimórfico
▪ Tratamento: itraconazol por 6 meses
4.2. Coccidiomicose
▪ Agente etiológico: Coccidioides immitis e Coccidiodes pasadasii
▪ Epidemiologia: é endêmica na américa do norte e em algumas áreas
da américa do sil; está mais associada a ambientes intensificados com
dejetos de morcegos e roedores silvestres – acomete bastante
mineradores
▪ Transmissão: inalação dos artroconídios a partir da suspensão do ar
▪ Aspectos clínicos: infecção pulmonar aguda e crônica
▪ Aspectos laboratoriais: fungo dimórfico
▪ Tratamento: Não há necessidade de tratamento para infecções
assintomáticas ou brandas. Anfotericina B ou itraconazol são utilizados
em lesões pulmonares persistentes ou na doença disseminada.
4.3. Histoplasmose
▪ Agente etiológico: Histoplasma capsulatum
▪ Epidemiologia: é endêmica na américa do norte e em algumas áreas
da américa do sul; está mais associada a solos intensificados com
elevado conteúdo de nitrogênio com excretas de morcegos e
pássaros.
▪ Transmissão: inalação dos microconídios a partir da suspensão pelo ar
▪ Aspectos clínicos: infecção pulmonar aguda e crônica. Lesões
polimórficas (várias formas) prevalentes em face de pacientes HIV
positivos.
▪ Aspectos laboratoriais: fungo dimórfico.
▪ Tratamento: Anfotericina B por 12 semanas.

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4.4. Blastomicose
▪ Agente etiológico: Blastomyces dermaittidis
▪ Epidemiologia: é endêmica na américa do norte. Está mais
associada a solos e dentritos de folhas contendo fungo.
▪ Transmissão: inalação dos conídios a partir da suspensão pelo ar.
▪ Aspectos clínicos: Infecção pulmonar aguda e crônica. Casos
assintomáticos ou brandos raramente são reconhecidos. A
disseminação pode resultar em granulomas ulcerados na pele, nos
ossos ou em outros sítios.
▪ Aspectos laboratoriais: fungo dimórfico
▪ Tratamento: itraconazol (de escolha) ou fluconazol. Anfotericina B deve ser utilizada no
tratamento de doença severa.

5. MICOSES OPORTUNISTAS
As micoses oportunísticas são causadas por fungos termotolerantes (que crescem a uma
temperatura de 37ºC), de baixa virulência e que determinam doenças em hospedeiros com graves
deficiências do sistema imunológico. Esses fungos tem porta de entrada variável, usualmente
provocam reação supurativa necrótica. Podem acometer os mais variados órgãos, produzindo
quadros polimórficos que se apresentam como manifestação cutânea, subcutânea ou sistêmica.

5.1. Criptococose
▪ Agente etiológico: Criptococcus neoformans (levedura)
▪ Epidemiologia: C. neoformans causa criptococose, especialmente meningite
criptocóccica. A criptococose é a doença fúngica de risco à vida mais comum em
pacientes com AIDS.
▪ Transmissão: É abundante especialmente em solo rico em excretas de pássaros sobretudo
pombos por inalação.
▪ Aspectos clínicos: A infecção pulmonar é frequentemente assintomática ou pode
produzir pneumonia. A doença ocorre principalmente em pacientes com a imunidade
mediada por células comprometida, especialmente pacientes com AIDS, onde o
organismo dissemina-se para o sistema nervoso central (meningite) e para outros órgãos.
Nódulos subcutâneos frequentemente são observados na doença disseminada.
▪ Aspectos aboratoriais: C. neoformans é uma levedura oval com brotamento, envolta por
uma extensa cápsula polissacarídica. Não é dimórfico.
▪ Tratamento: O tratamento combinado com Anfotericina B e flucitosina é utilizado na
meningite e em outras doenças disseminadas. Fluconazol é utilizado em pacientes com
AIDS para supressão a longo prazo de meningite criptocóccica.
5.2. Aspegilose
▪ Agente etiológico: várias espécies do gênero Aspergillus sp., mas principalmente
aspergilus fumigatus
▪ Transmissão: os bolores Aspergillus são amplamente distribuídos na natureza. Crescem na
vegetação em decomposição, produzindo cadeias de conídios. A transmissão ocorre a
partir de conídios disseminados pelo ar.
▪ Aspectos clínicos:
▪ Forma invasiva: A forma mais grave da doença é a infecção invasiva aguda do
pulmão, a qual pode ser disseminada ao cérebro, TGI e outros órgãos.

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▪ Forma não-invasiva: Os aspergilos são


conhecidos por sua capacidade de crescer
em cavidades no interior dos pulmões,
especialmente cavidades causadas pela
tuberculose. No interior das cavidades,
produzem um aspergiloma (bola fúngica),
que pode ser visualizado no raio X de tórax
como uma estrutura radiopaca que troca
de posição quando o paciente alterna da
posição ereta para a posição supina.
▪ Tratamento: A aspergilose invasiva é tratada com anfotericina B, contudo os resultados
podem ser discretos. A caspofungina pode ser efetiva em casos de aspergilose invasiva
que não respondem à anfotericina B. Uma bola fúngica em crescimento em um seio ou
uma cavidade pulmonar pode ser removida cirurgicamente.
5.3. Candidíase
▪ Agente etiológico: levedura Candida albicans e outras espécies
▪ Muitos indivíduos HIV-positivos (baixa da imunidade), com distúrbio da microbiota normal ou
do pH (ácido) → acabam desenvolvendo candidíase oral, na língua ou gengiva
▪ As placas podem se tornar ulceradas e se espelhar pela garganta, que frequentemente se
espalha para o esôfago (indicativa de AIDS estabelecida)
▪ A candidíase sistêmica é uma infecção potencialmente letal que ocorre em indivíduos
comprometidos. Pode-se desenvolver no TGI, rins, fígado e baço, dentre outros.

REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - MICROBIOLOGIA

VIROLOGIA MÉDICA

Virologia é o estudo dos vírus de suas propriedades. Vírus são os menores agentes infecciosos
que se têm registros, apresentando diâmetro que varia de 20 a 300 ηm, contendo RNA ou DNA como
genoma. Por não ter bateria enzimática ou organelas próprias, replicam-se apenas em células vivas,
parasitando-as em nível genético. Já que são capazes de reproduzir-se apenas no interior de células,
os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios1.

1. Propriedades gerais dos Vírus


MORFOLOGIA VIRAL

• Ácido nucleico: o vírus contém em geral, apenas um tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA,
que é o portador das informações genéticas para sua propagação. Esse material genético
pode apresentar-se de variadas formas nos vírus: DNA de fita simples (ssDNA), DNA de fita
dupla (dsDNA), RNA de fita simples (ssRNA) e RNA de fita dupla (dsRNA).
• Capsídeo (cápside): capa proteica que protege o genoma viral. O agrupamento das
proteínas virais 2 dá ao capsídeo sua simetria característica, normalmente icosaédrica ou
helicoidal. Há ainda as complexas. O genoma em conjunto com o capsídeo constitui o
nucleocapsídeo. O capsídeo viral tem que ser formado de subunidades identicas, chamadas
protômeros, que se agrupam formando subunidades maiores, os capsômeros. É esta capa
proteica que dá formato aos vírus quando são observados pela microscopia eletrônica.
• Envelope: além do material genético e do capsídeo, alguns vírus possuem estruturas
complexas de membrana envolvendo o nucleocapsídeo. O envelope viral consiste em uma
bicamada lipídica com proteínas, em geral glicoproteínas. A membrana lipídica provêm da
célula hospedeira, muito embora as proteínas sejam codificadas exclusivamente pelos vírus.

Vírion é a unidade infecciosa inteira do vírus, sendo constituido de cerne de ácido nucleico e invólucro
proteico (nucleocapsídeo). Nesta forma, o vírus é capaz de replicar-se no interior da célula.

1 As únicas bactérias parasitas intracelulares obrigatórias são as Clamídias e Riquétsias. Elas são incapazes de sintetizar energia
suficiente para replicar-se de forma independente.
2 As proteínas da superfície viral medeiam a ligação a receptores da célula hospedeira. Essa interação determina a
especificidade do vírus pelo hospedeiro e pelo órgão.

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Porém, muitas vezes, encontramos vírus defectivos (defeituosos), os quais apresentam faltas com
relação às estruturas de sua capa proteica (como antígenos), deixando-o, muitas vezes, sem a
capacidade de infecção. Pseudovírions contêm DNA da célula hospedeira, ao invés de DNA viral, no
interior do capsídeo. São formados durante a infecção por determinados vírus, quando o DNA celular
é fragmentado e segmentos deste são incorporados no interior do capsídeo proteico. Os pseudovírions
podem infectar células, contudo não se replicam. Os viroides consistem apenas em uma única
molécula de RNA circular sem envoltório proteico ou envelope. Os Príons2 são partículas infecciosas
compostas unicamente por proteínas, isto é, não contêm ácido nucleico detectável.

Existem quatro exceções aos vírus típicos, conforme descrito a acima. A Infectologia (doenças
infecciosas e parasitárias – DIP) é uma especialidade médica que estuda as carcterísticas,
diagnóstico e tratamento das patalogias geradas por bactérias, parasitas, vírus, príons e animais. 3

Levinson – Microbiologia média e imunologia, 10 ed.

Os vírus helicoidais (p. ex., Ebola - Filovírus) lembram longos bastões, e seus capsídeos são
cilindros ocos que circundam o ácido nucleico. Os vírus poliédricos (p. ex., adenovírus) são
multifacetados, sendo o capsídeo, em geral, na forma de um icosaedro. Os vírus envelopados são
quase esféricos, mas altamente pleomórficos. Existem vírus envelopados helicoidais (p.
ex., Influenzavirus) e icosaédricos (p. ex., Simplexvirus).
Os vírus podem ser transmitidos de várias formas, detacando-se por:
➢ Inalação (causadores de doenças respiratórias: Adenovírus, Rhinovírus, Coronavírus)
➢ Ingestão (causadores de doenças gastrintestinais: Picornavírus, Reovírus)
➢ contato de mucosa ou de solução de continuidade – fluidos corporais (vírus sexualmente
transmissíveis: Herpesvírus, Retrovírus, Hepadnovírus)
➢ Vetores - arboviroses, como mosquitos, pulgas, carrapatos, percevejos, moscas, pulgões, etc
(Togavírus, Flavivírus, Rhabdovírus)

3 Príons são implicados como a causa de determinadas doenças “lentas”, denominadas encefalopatias espongiformes
transmissíveis, que incluem doenças como a doença de Creutzfeldt-Jakob em humanos e animais (transmissores), como
vacas (também chamada de Doença da vaca louca). Os príons são muito mais resistentes à inativação por luz ultravioleta e
calor que os vírus.

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ATENÇÃO! - LEMBRAR
✓ Todos os vírus conhecidos de seres humanos que possuem nucleocapsídeo helicoidal são
envelopados.
✓ Não se conhecem vírus helicoidais não envelopados que infectem seres humanos
✓ Vírus que possuem um nucleocapsídeo icosaédrico podem ser tanto envelopados quanto
não envelopados.
✓ O genoma de todos os vírus de DNA é de dupla-fita, com exceção dos Parvovírus.
✓ O genoma de todos os vírus de RNA é de fita simples, exceto os genomas dos Reovírus (p.
ex., Rotavírus)
✓ Quase todos os vírus de DNA replicam-se no núcleo, exceto Poxvírus (RNApol+, Vaccínia,
Varíola)
✓ Quase todos possuem DNA dupla-fita, exceto Parvovírus (provocam Eritema Infeccioso)

REPLICAÇÃO E CICLO VIRAL

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A replicação viral, que ocorre no interior da célula do hospedeiro, evolui seguindo as etapas de
adsorção, penetração, desnudamento, transcrição e tradução (síntese), maturação e liberação.
1) Adsorção
É a ligação de uma molécula presente na superfície da partícula viral com os receptores
específicos da membrana celular do hospedeiro. Nos vírus envelopados, as estruturas de ligação
geralmente se apresentam sob a forma de espículas, como nos Paramyxovírus e nos vírus sem
envelope. A ligação célula-vírus geralmente está relacionada a um ou grupo de polipeptídeos
estruturais, como acontece nos Papilomavírus. A presença ou ausência de receptores celulares
determina o tropismo viral, ou seja, o tipo de célula em que são capazes de ser replicados. Para
haver a adsorção, é necessária uma ponte entre as proteínas mediadas por íons livres de cálcio e
magnésio, uma vez que as proteínas apresentam carga negativa. Outros fatores vão influenciar
diretamente na adsorção do vírus na membrana celular, tais como, temperatura, pH e envoltórios
com glicoproteínas.
2) Penetração
É a entrada do vírus na célula. Esta pode ser feita de duas maneiras: fusão e viropexia. A fusão é
quando a membrana celular e o envelope do vírus se fundem, permitindo a entrada deste no citosol
da célula. No caso da família Paramixoviridae, a proteína F catalisa a ligação da membrana com o
envelope. A viropexia é uma invaginação da membrana celular mediada por receptores e por
proteínas, denominadas clatrinas, que revestem a membrana internamente. Nos dois mecanismos
existe uma dependência em relação à temperatura adequada, que fica em torno de 37ºC, em vírus
que replicam em células de vertebrado.
3) Desnudamento
Neste processo, o capsídeo é removido pela ação de enzimas celulares existentes nos lisossomos,
expondo o genoma viral. Além disso, se observa a fase de eclipse, onde não há aumento do número
de partículas infecciosas na célula hospedeira. De uma maneira geral, o vírus que possui como ácido
nucleico, o DNA faz síntese no núcleo, com exceção do Poxvírus, uma vez que precisa da enzima
polimerase, encontrada no núcleo da célula. O vírus que possui como genoma o RNA faz a síntese
viral no citoplasma, com exceção do vírus Influenza, pois já possui a enzima polimerase.
4) Síntese Viral
A síntese viral compreende a
formação das proteínas estruturais e não
estruturais a partir dos processos de
transcrição e tradução. Os vírus foram
agrupados em sete classes propostas por
Baltimore em 1971, de acordo com as
características do ácido nucleico e as
estratégias de replicação. Nos vírus
inseridos nas classes I, III, IV e V, o
processo de tradução do RNA
mensageiro ocorre no citoplasma da
célula hospedeira. Já nos vÍrus da classe
II, este processo ocorre no núcleo. Em
todas estas classes, o RNA mensageiro
sintetizado vai se ligar aos ribossomas,
codificando a síntese das proteínas virais.
As primeiras proteínas a serem sintetizadas
são chamadas de estruturais (precoces), pois vão formar a partícula viral. As tardias são as proteínas
não estruturais, que participam do processo de replicação viral. Na classe VI, os vírus de RNA realizam
a transcriptase reversa formando o DNA complementar (RNA’ → DNA’ → RNA), devido a presença
da enzima transcriptase reversa (família Retroviridae, o vírus do HIV).

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5) Montagem e Maturação
Nessa fase, as proteínas vão se agregando ao genoma, formando
o nucleocapsídeo. Alguns vÌrus, como o Rotavírus, apresentam mais de
um capsídeo. A maturação consiste na formação das partículas virais
completas, ou vírions, que, em alguns casos, requerem a obtenção do
envoltório lipídico ou envelope. Este processo, dependente de enzimas
tanto do vírus quanto da célula hospedeira, podendo ocorrer no
citoplasma ou no núcleo da célula. De uma forma geral, os vírus que
possuem genoma constituído de DNA condensam as suas partes no
núcleo, enquanto os de RNA, no citoplasma.
6) Liberação
A saída do vírus da célula pode ocorrer por lise celular ou brotamento. Na lise celular (ciclo lítico),
a quantidade de vírus produzida no interior da célula é tão grande que a célula se rompe, liberando
novas partículas virais que vão entrar em outras células. Geralmente, os vírus não envelopados
realizam este ciclo, ao passo que os envelopados saem da célula por brotamento. Neste caso, os
nucleocapsídeos migram para a face interna da membrana celular e saem por brotamento,
levando parte da membrana. Os bacteriófagos praticam os ciclos lítico e o lisogênico, que
compreende uma fase de latencia, mas não é o nosso foco estudar essa parte.

PATOGÊNESE E IMUNOPATOGÊNESE VIRAL

A capacidade de os vírus causarem doença pode ser analisada em dois níveis distintos:

1) CELULAR
Existem quatro efeitos principais da infecção viral de uma célula:
▪ Morte
▪ Fusão de células, formando células multinucleadas
▪ Transformação maligna
▪ Ausência de alteração morfológica ou funcional aparente.
A morte da célula decorre provavelmente da inibição da
síntese de macromoléculas. A inibição da síntese proteica da
célula hospedeira ocorre primeiro e é provavelmente o efeito mais
importante. A inibição da síntese de DNA e RNA pode ser um efeito
secundário. As células infectadas frequentemente contêm corpos
de inclusão, que são áreas distintas, contendo proteínas virais ou
partículas virais. Esses corpos de inclusão apresentam localização
intranuclear ou intracitoplasmática e aspecto característicos, dependendo do vírus. Um dos
melhores exemplos de corpos de inclusão capazes de auxiliar no diagnóstico clínico corresponde
aos corpúsculos de Negri, que consistem em inclusões citoplasmáticas eosinofílicas encontrados em
neurônios infectados pelo vírus da Raiva.
A fusão de células infectadas por vírus origina Células Gigantes
Multinucleadas, formadas caracteristicamente após a infecção por
Herpesvírus e Paramixovírus. A fusão ocorre como resultado de
alterações na membrana celular, provavelmente causadas pela
inserção de proteínas virais na membrana. O diagnóstico clínico de
infecções cutâneas por herpesvírus é auxiliado pelo achado de
células gigantes multinucleadas com inclusões intranucleares
eosinofílicas em raspados de pele.

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A infecção por determinados vírus causa transformação maligna, caracterizada por


crescimento irrestrito, sobrevida prolongada e alterações morfológicas, como áreas focais de células
arredondadas e empilhadas. A infecção da célula acompanhada pela produção de vírus pode
ocorrer sem alterações morfológicas ou grandes alterações funcionais. Essa observação destaca as
amplas variações na natureza da interação entre o vírus e a célula, desde a rápida destruição da
célula a um relacionamento simbiótico, em que a célula sobrevive e multiplica-se apesar da
replicação do vírus.

2) PACIENTE
A patogênese no paciente infectado envolve:
I. TRANSMISSÃO do vírus e sua entrada no hospedeiro
II. REPLICAÇÃO do vírus e dano às células
III. DISSEMINAÇÃO do vírus a outras células e órgãos
IV. RESPOSTA IMUNE, como uma defesa do hospedeiro e como uma causa que contribui para
determinadas doenças
V. PERSISTÊNCIA do vírus em algumas circunstâncias.
Os estágios de uma infecção viral típica são os mesmos das para a infecção bacteriana:
1) Período de incubação, que corresponde ao período entre a aquisição do organismo (ou toxina)
e o início dos sintomas (este tempo varia de horas a dias ou semanas, dependendo do organismo);
2) Período prodrômico, durante o qual ocorrem sintomas inespecíficos, como febre, mal estar e
perda de apetite;
3) Período específico da doença, durante o qual ocorre a manifestação dos sinais e sintomas
característicos da doença;
4) Período de recuperação, durante o qual a infecção regride e o paciente retorna ao estado sadio.
A persistência de um agente viral, sem que o hospedeiro manifeste sintomas clÌnicos
específicos, caracteriza o Período de latência. Em relação aos padrıes de doenças virais no
hospedeiro, as infeções podem se apresentar das seguintes formas:
▪ Localizada ou Disseminada
▪ Sintomática ou Inaparente
▪ Aguda ou Crônica.
Após o período de recuperação, alguns indivíduos tornam-se portadores crônicos dos
organismos e podem eliminá-los, embora permaneçam clinicamente bem. Outros podem
desenvolver uma infecção latente, a qual pode recorrer da mesma maneira que a infecção primária
ou manifestar sinais e sintomas diferentes. Embora muitas infecções provoquem sintomas, várias
outras são subclínicas; isto é, o indivíduo permanece assintomático, embora infectado pelo
organismo. Nas infecções subclínicas, bem como após o período de recuperação, a presença de
anticorpos é frequentemente utilizada para determinar a ocorrência de uma infecção.
Os mecanismos de imunopatogênese e evasão viral já foram explicados no material de
Imunidade contra microogarnismos. As defesas do hospedeiro contra os vírus classificam-se em duas
categorias principais: inespecíficas, das quais os mais importantes são os interferons e as células
natural killer, e específicas, incluindo a imunidade humoral e a imunidade mediada por células.
O Interferon (IFN) é uma proteína produzida pelas leucócitos e fibroblastos para interferir na
replicação de fungos, vírus, bactérias e células de tumores e estimular a atividade de defesa de
outras células. Existem três tipos de interferon (I, II e III), classificados de acordo com o receptor

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celular e resposta que ativam. Interferons consistem em uma defesa precoce de primeira linha,
enquanto a imunidade humoral e a imunidade mediada por células são efetivas apenas
posteriormente, uma vez que a indução de uma resposta imune demanda vários dias.
Os interferons (IFN) inibem a replicação intracelular de uma ampla variedade de vírus de DNA
e RNA, porém exibem pouco efeito sobre o metabolismo de células normais; isto é, exibem
acentuado grau de inibição seletiva. Atuam induzindo a síntese de três proteínas celulares que
inibem a tradução do mRNA viral, sem afetar a tradução do mRNA celular. Os interferons não
exercem efeito direto sobre partículas virais extracelulares.
Os interferons não penetram na célula, porém atuam ligando-se a um receptor da superfície
celular que sinaliza para a célula sintetizar a ribonuclease e as demais proteínas antivirais. Uma vez
que os interferons são produzidos em poucas horas após a iniciação da replicação viral, podem
atuar na fase precoce das doenças virais, limitando a disseminação dos vírus. Contrariamente, os
anticorpos começam a surgir no sangue vários dias após a infecção.

2. Viroses
RUBÉOLA

Seu agente etiológico pertence a família Togaviridae, do gênero Rubivirus. A rubéola é uma
doença causada pelo vírus da rubéola e transmitida por via respiratória. É uma doença geralmente
benigna, mas que pode causar malformações no embrião em infecções de mulheres grávidas. A
rubéola é um dos cinco exantemas (doenças com marcas vermelhas na pele) da infância. Os outros
são: o sarampo, a varicela, o eritema infeccioso e a roséola.
A rubéola pode se manifestar na forma pós-natal. A transmissão é por contacto direto,
secreções ou pelo ar. O vírus multiplica-se na faringe e nos órgãos linfáticos e depois se dissemina
pelo sangue (disseminação hematogênica) até a pele, onde causará erupções ruborosas
características. O período de incubação é de duas a três semanas; transmissível até 2 meses após a
infecção.
A rubéola congênita também é um grave quadro médico. O vírus da rubéola só é realmente
perigoso quando a infecção ocorre durante a gravidez, com invasão da placenta e infecção do
embrião, especialmente durante os primeiros três meses de gestação. Nessas circunstâncias, a
rubéola pode causar aborto, morte fetal, parto prematuro e malformações congênitas (cataratas,
glaucoma, surdez, cardiopatia congênita, microcefalia com retardo mental, defeitos dentários ou
espinha bífida). Uma infecção nos primeiros três meses da gravidez pelo vírus da rubéola é suficiente
para a indicação de aborto voluntário da gravidez.
A infecção, geralmente, tem evolução benigna e em metade dos casos não produz qualquer
manifestação clínica. As manifestações mais comuns são febre baixa (até 38°C), aumento dos
gânglios linfáticos no pescoço, hipertrofia ganglionar retro-ocular e suboccipital, manchas (máculas)
cor-de-rosa (exantemas) cutâneas, inicialmente no rosto e que evoluem rapidamente em direção
aos pés e em geral desaparecem em menos de 5 dias. Outros sintomas são a vermelhidão
(inflamação) dos olhos (sem perigo), dor muscular das articulações, de cabeça e dos testículos, pele
seca e congestão nasal com espirros.

HERPES SIMPLES

Tem como agente etiológico o vírus da familia Herpesviridae, do gênero Simplexvirus, que
também apresenta como ácido nucleico o DNA. A herpes é uma doença viral recorrente,
geralmente benigna, causada pelos vírus Herpes simplex 1 (HSV-1) e 2 (HSV-2), que afeta

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principalmente a mucosa da boca ou região genital, mas pode causar graves complicações
neurológicas.
HSV são dois vírus da família dos Herpesvirus, com genoma de DNA bicatenar (dupla hélice)
que se multiplicam no núcleo da célula-hóspede, produzindo cerca de 90 proteínas víricas em
grandes quantidades. Têm nucleocapsídeo de simetria icosaédrica e envelope bilipídico. Têm a
propriedade de infectar alguns tipos de células de forma lítica (destrutiva) e outras de forma latente
(hibernante). Os HSV1 e 2 são líticos nas células epiteliais e nos fibroblastos, e latentes nos neurônios,
onde são reativados em alturas de fragilidade do indivíduo, como stress, febre, irradiação solar
excessiva, trauma ou terapia com glucocorticoides (corticosteroides).
➢ O HSV-1 tem maior afinidade pela pele e mucosas, principalmente lábios, mas podem realizar
uma via hematogênica e alcançar as células nervosas. Desse modo, podem causar cegueira
corneal ou uma encefalite fatal.
➢ O HSV-2 tem características de maior virulência e infecciosidade para a mucosa genital, como
vulvovaginites herpética e herpes neonatal (que é transmitido durante o momento do parto).
A produção de proteínas víricas pelas células tomadas pelo vírus têm três fases: na primeira
produzem-se as proteínas envolvidas na replicação do seu genoma e essa replicação ocorre. Na
segunda há produção de proteínas reguladoras víricas que regulam o metabolismo da célula para
maximizar o número de virions produzíveis; e na terceira há produção das proteínas do
nucleocapsídeo e construção das novas unidades virais, após o qual a célula é destruída pela
grande quantidade de vírus que é fabricada.
Após infecção da mucosa, o vírus multiplica-se produzindo os
característicos exantemas (manchas vermelhas inflamatórias) e
vesículas (bolhas) dolorosas (causadas talvez mais pela resposta
destrutiva necessária do sistema imunitário à invasão). As vesículas
contêm líquido muito rico em virions e a sua ruptura junto à mucosa
de outro indivíduo é uma forma de transmissão (contudo também
existe vírus nas secreções vaginais e do pênis ou na saliva). Este fato
remete o caso em que a transmissão dessa patologia não acontece em períodos de latência,
porém, há relatos na literatura em que a herpes genital foi transmitida por portadores assintomáticos.
Essas vesículas desaparecem e reaparecem sem deixar quaisquer marcas ou cicatrizes. É
possivel que ambos os vírus e ambas as formas coexistam num só indivíduo. Os episódios agudos
secundários são sempre de menor intensidade que o inicial (devido aos linfócitos memória), contudo
a doença permanece para toda a vida, ainda que os episódios se tornem menos frequentes. Muitas
infecções e recorrências são assintomáticas.

ENTERITE VIRAL

É um quadro causado principalmente pelo Rotavírus, um vírus de RNA encapsulado que


causa diarreia em lactentes. Os rotavírus invadem e destroem células epiteliais, diminuindo a
absorção de sódio e água, gerando a diarreia. A profilaxia para este tipo de virose é de cunho
higiênico: diminuir a exposição a resíduos sanitários e insetos, bebida potável limpa, lavagem das
mãos e cozimento adequado dos alimentos.

HEPATITE A

É uma doença aguda do fígado, causada pelo vírus da Hepatite A (Familia: Picornaviridae;
Gênero: Hepatovírus), geralmente de curso benigno. O vírus da Hepatite A é de RNA unicatenar
(simples) positivo (é usado diretamente como mRNA na síntese proteica). Tem capsídeo icosaédrico,

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mas não possui envelope. O vírus é muito resistente a condições externas adversas (sobrevivendo em
temperaturas relativamente altas, como a 60 ºC por 30 min). A transmissão se dá via oral-fecal, sendo
mais frequente em crianças e adolescentes. O período de incubação dura cerca de um mês.
No intestino infecta os enterócitos da mucosa onde se multiplica. Daí dissemina-se pelo
sangue, e depois infecta principalmente as células para as quais mostra a preferência, os
hepatócitos do fígado. Este tropismo é devido à abundância nessas células dos receptores
membranares a que o vírus se liga durante a invasão. Os vírions produzidos são secretados nos canais
biliares e daí migra para o duodeno, sendo expelidos nas fezes. Os sintomas são tantos devidos aos
danos do vírus como à reação destrutiva para as células infectadas pelo sistema imunitário. Mais da
metade dos doentes poderão ser assimtomáticos, particularmente crianças. Surgem geralmente de
forma abrupta febre, dor abdominal, náuseas, alguma diarreia que se mantém durante cerca de
um mês. Mais de metade dos doentes desenvolve então icterícia. Em 99% dos casos segue-se a
recuperação e cura sem problemas.

HEPATITE B

É uma doença infecciosa frequentemente crônica causada pelo vírus da Hepatite B (HBV)
(Família: Hepadnaviridae; Gênero: Orthohepadnavirus). É transmitida sexualmente, por agulhas
infectadas, transfusão sanguíena e pode progredir para cirrose hepática ou cancro do fígado
(hepatocarcinoma). O vírus da hepatite D é um vírus que só ataca células já infectadas pelo HBV
piorando o prognóstico dos doentes com hepatite B crônica. Como complicação mais grave desse
quadro, é a origem do carcinoma hepatocelular (câncer no fígado).
O medicamento utilizado para o tratamento é a ribavirina e vidarabina. A profilaxia consiste
no reconhecimento de indivíduos infectados; eliminação de sangue e plasma de doadores
infectados pela pesquisa HbsAg (antígeno contra o vírus da hepatite B); vacinação a partir de
antígenos do vírus da Hepatite B por meio da técnica de DNA recombinante (vacina de DNA).

HEPATITE C

É uma doença viral do fígado causada pelo vírus da hepatite C (Família: Flaviviridae; Gênero:
Hepacivirus). A hepatite C pode ser considerada a mais temida e perigosa de todas as hepatites
virais, devido à inexistência de vacina e limitações do tratamento, e à sua alta tendência para a
cronicidade que complica eventualmente em cirrose hepática mortal. O vírus da hepatite C é um
RNA-vírus flavivirus, um dos poucos dessa família (que inclui os vírus da dengue, febre amarela e Nilo
ocidental) que não é transmitido por artrópodes. A transmissão deste vírus é feita por via parentérica
(por transfusão sanguínea). Ele é capaz de sobreviver em temperaturas de 100 ºC por 2 minutos.

Em 85% dos casos, incluindo quase todas as crianças, a hepatite inicial pode ser assintomática
ou leve. O sistema imunitário não responde eficazmente ao vírus, e o resultado é cronicidade em 80%
dos casos. Destes, 40% progridem rapidamente para cirrose e morte; 25% progridem lentamente com
cirrose e morte ao fim de 10 anos; e outros 35% após 20 anos. O cancro do fígado surge em mais 5%
após 30 anos. Os restantes tornam-se portadores a longo prazo, infecciosos. A incidência de hepatite
C pôde ser reduzida pelo rastreamento adequado de doadores de sangue nas últimas décadas.
Hoje, apenas 5% dos novos casos são adquiridos dessa forma. A melhor forma de prevenção reside
no combate ao uso de drogas endovenosas. Há evidências de que o tratamento da hepatite C
reduz o risco de surgimento do hepatocarcinoma.

HEPATITE D (AGENTE DELTA)


é uma forma grave e recentemente descrita de hepatite, em que ocorre uma superinfecção
de portadores crônicos de vírus da hepatite B ou co-infecção de pacientes pelo agente delta

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(sozinho, este não é capaz de produzir a infecção, mas deve se associar ao HBV para gerar essa
superinfecção). A hepatite frequentemente é fulminante em casos de infecção pelo VHD e é
caracterizada por alta mortalidade

HEPATITE E
É uma doença hepática que não se cronifica. Etiologicamente causada por um RNA-vírus.
Considera-se como uma hepatite benigna e autolimitada (quando não ligada à gravidez). A
transmissão é oral-fecal: a contaminação geralmente se dá através da água contaminada. Por
causa disso, os surtos se desencadeiam após longos períodos de fortes chuvas, em que há a
contaminação de água de poço e de reservatórios por esgoto. A transmissão pessoa a pessoa não
é tão eficiente como na hepatite A.
O vírus sofre replicação no fígado, intestino e ducto biliar. Ocorre degradação das partículas
virais por proteases (culminando na pequena presença dessas partículas nas fezes), mas o indivíduo
continua sendo um portador. Como manifestações clínicas, apresenta formas subclínicas até
infecções fulminantes. O prognostico é, na maioria, benigno, mas apresenta pior prognóstico em
gestantes com quadros fulminantes, com mortalidade de aproximadamente 20%.

SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA ADQUIRIDA (AIDS)

A síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA, normalmente em Portugal, ou AIDS, mais


comum no Brasil) é o conjunto de sintomas e infecções em seres humanos resultantes do dano
específico do sistema imunológico ocasionado pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH, ou HIV
segundo a terminologia anglo-saxónica). O alvo principal são os linfócitos T CD4+ (Linfócitos T
auxiliares), fundamentais para a coordenação das defesas do organismo. Assim que o número destes
linfócitos diminui abaixo de certo nível (o centro de controle de doenças dos Estados Unidos da
América define este nível como 200 por mm³), o colapso do sistema imune é possível, abrindo
caminho a doenças oportunistas e tumores que podem matar o paciente. Existem tratamentos para
a SIDA/AIDS e o HIV que diminuem a progressão viral, mas não há nenhuma cura conhecida.

Os aspectos clínicos da doença provem dos seguintes sinais: imunodepressão profunda,


infecções oportunistas, perda de peso e degeneração do sistema nervoso central. O HIV é um
retrovírus, ou seja é um vírus com genoma de RNA, que infecta as células e, através da sua enzima
transcriptase reversa, produz uma cópia do seu genoma em DNA e incorpora o seu próprio genoma
no genoma humano, localizado no núcleo da célula infectada. O HIV reconhece a proteína de
membrana CD4, presente nos linfócitos T4 e macrófagos, e pode ter receptores para outros dois tipos
de moléculas presentes na membrana celular de células humanas: o CCR5 e o CXCR4.

O HIV também é classificado como um lentivírus (que podem passar anos para iniciar o
desenvolvimento da infecção). Há dois subtipos de vírus HIV, o HIV-1 que causa a SIDA/AIDS típica,
presente em todo o mundo, e o HIV-2, que causa uma doença em tudo semelhante, mais frequente
na África Ocidental, e também existente em Portugal. O fato do HIV ser altamente mutagênico faz
com que uma forma possa se converter na outra durante uma mesma infecção. A partícula
infecciosa destes vírus é caracterizada por duas fitas de RNA (capaz de sintetizar proteínas virais
específicas), presença de envelope de bicamada fosfolipídica e de proteínas de membrana. As
sequências gênicas codificadas por este vírus fazem parte do genoma LTRs (long terminal repeats),
sendo eles os genes gag e os genes env, que são genes regulatórios.

O ciclo de vida do HIV inicia com a sua presença no sangue, sêmen ou fluidos corporais do
indivíduo infectado. O contato sexual ou picada de agulha contaminada faz com que este vírus seja
disseminado com bastante facilidade. A manifestação da doença é caracterizada quando o vírion

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HIV estabelece ligações ao LT CD4 e as quimiocinas, por meio de uma fusão da membrana do HIV
com a membrana da célula, sendo esta fusão auxiliada por duas proteínas virais: a gp41 e a gp120.
A partir do momento que o RNA viral (pró-vírus) é integrado ao genoma da célula hospedeira, temos
então o início da síntese de DNA pró-viral por meio da transcriptase reversa. Este DNA gerado passa
a se integrar cada vez mais ao genoma da célula. Um fato interessante é que a liberação de
citocinas por células de defesa, quando o HIV está implantado, aumenta a ativação deste vírus,
facilitando a sua transcrição e o transporte dos RNAs para o citoplasma.

O LT CD4+ não é o principal responsável por destruir micro-organismos invasores, mas é o


responsável por ativar Linfócitos B (que se diferenciam em plasmócitos e produzem anticorpos) e
ativar os próprios LT CD8+ (citotóxicos). Uma vez infectado e inativado, o LT CD4+ fica incapaz de
realizar as suas funções básicas, desencadeando um déficit imunológico grave ao hospedeiro. A
doença se manifesta nas seguintes fases:

1) 1ª Fase: o início é caracterizado por uma infecção aguda, em que há a disseminação da


infecção, desencadeando respostas humorais e celulares aos antígenos virais.
2) 2ª Fase: o vírus é sequestrado para órgãos linfoides como o baço e linfonodos, onde haverá a
sua multiplicação, iniciando o declínio de células T CD4+, diminuindo os seus níveis circulantes no
sangue. Nesta fase, que dura vários anos, o portador é soropositivo, mas não desenvolveu ainda
SIDA/AIDS, pois não há sintomas, e o portador pode transmitir o vírus a outros sem saber. Os níveis
de T CD4+ diminuem lentamente e ao mesmo tempo diminui a resposta imunitária contra o vírus
HIV, aumentando lentamente o seu número, devido à perda da coordenação dos T CD4+ sobre
os eficazes T CD8+ e linfócitos B (linfócitos produtores de anticorpo).

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3) Progressão crônica: há uma produção crônica de citocinas e a resposta a infecção microbiana


gera, cada vez mais, a destruição dos tecidos linfoides.
4) HIV (fase final): é a forma final e fatal, propriamente dita, da AIDS. Ocorre destruição completa
dos tecidos linfoides, fazendo com que o nível sanguíneo de células T CD4+ caia para baixo do
nível crítico de 200 células/mm³, caracterizando, então, a AIDS. Começam a surgir cansaço,
tosse, perda de peso, diarreia, inflamação dos gânglios linfáticos e suores noturnos, devidos às
doenças oportunistas, como a pneumonia por Pneumocystis jiroveci (fungo), os linfomas,
infecção dos olhos por citomegalovírus, demência e o sarcoma de Kaposi. Ao fim de alguns
meses ou anos advém inevitavelmente a morte.

Estima-se que mais de 15 000 pessoas sejam infectadas por dia em todo o mundo (dados de
1999); 33 milhões estão atualmente infectadas, e 3 milhões morrem a cada ano. A esmagadora
maioria dos casos ocorre na África, onde a principal forma de transmissão é o sexo heterossexual, e
o uso de prostitutas. A transmissão se dá por fluidos corporais de origem sanguínea, tais como sêmen
e secreções vaginais. O HIV não é transmitido por toque casual, espirros, tosse, picadas de insetos,
água de piscinas, ou objetos tocados por soropositivos. O convívio social, portanto, não está
associado a transmissão do vírus. Um dos problemas mais graves para a saúde pública é a
trasnmissão vertical (da mãe para o filho através do útero ou pelo leite materno). O diagnóstico ideal
para o HIV é a técnica de PCR para detecção do vírus.

O diagnóstico da infecção pelo HIV é naturalmente realizado por sorologia, ou seja detecção
dos anticorpos produzidos contra o vírus com um teste ELISA. Eles são sempre os primeiros a serem
efetuados, contudo dão resultados positivos falsos, por vezes. Por isso é efetuado nos casos positivos
um teste, muito mais específico e caro, de western blot, para confirmar antes de se informar o
paciente. Eles não detectam a presença do vírus nos indivíduos recentemente infectados.

Quanto ao tratamento, destacamos o papel dos Inibidores da transcriptase reversa


nucleosídeos (ITRN), dentre os quais existe o famoso AZT (zidovudina), que foi a primeira droga de
grande eficiência no combate à infecção. Esta droga é quase sempre associada a outras drogas
antivirais, como os Inibidores da transcriptase reversa não-nucleosídeos (Ex: Efavirenz e Nevirapina).

REFERÊNCIAS
1. LEVINSON, W.; JAWETZ E. Microbiologia médica e imunologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010.

VÍDEOS

Replicação viral:

https://www.youtube.com/watch?v=MOxdorNhPvo

HIV:

https://www.youtube.com/watch?v=Cn6wHnwFJ0Q

https://youtu.be/GF_6a3aW-Ww

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PARASITOLOGIA

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - PARASITOLOGIA

MÉTODOS LABORATORIAIS EM PARASITOLOGIA

Esta aula é relativamente nova no módulo e cada vez mais tem ganhado importância em
associação a assuntos relativos a Parasitologia, como Helmintíases e protozooses. O foco aqui é saber
a applicação dos principais métodos diagnósticos diretos e indiretos e como suas especificidades
bem como vantagens e desvantagens se aplicam na escolha para cada conduta do médico desde
a confirmação da hipótese diagnóstica até o tratamento.

1. O Médico e o Laboratório

Levando em conta que as etapas iniciais do processo diagnóstico já tenham sido cumpridas
(história clínica, dados epidemiológicos e o cuidadoso exame físico), estabelecem-se as hipóteses
diagnósticas iniciais e parte-se para os exames laboratoriais e de imagem do diagnóstico.

Didaticamente, divide-se essa fase em duas etapas. Na primeira delas, costumam-se realizar
exames laboratoriais de caráter mais geral, com o objetivo de estabelecer índices de saúde geral,
na maior parte das vezes, não característicos ou típicos para uma ou outra doença, mas que podem
nos ajudar a definir as etapas subsequentes de investigação laboratorial ou de imagem. Nessa fase
do processo costumam-se incluir o hemograma e dosagens de proteínas de fase aguda ou de
avaliação de processo inflamatório geral pois, embora relativamente inespecíficos, costumam trazer
informações úteis a respeito da natureza do processo nosológico (presença ou não de infecção,
que tipo de agente infeccioso envolvido, entre outros).

Todos esses exames iniciais não têm a pretensão de fazer o diagnóstico isoladamente.
Entretanto, por serem de rápida obtenção, amplamente disponíveis e de baixo custo,
habitualmente, podem guiar as etapas subsequentes do diagnóstico, particularmente a sorologia,
as culturas e as técnicas moleculares, visando ganhar tempo e reduzir custos dos procedimentos
diagnósticos mais específicos.

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Nesse tema, cabe lembrar que o diagnóstico laboratorial específico pode ser feito pelo
emprego de dois métodos ou abordagens:

• Diretos: emprega-se esse termo toda vez que a pesquisa do agente etiológico se faz com o uso
de técnica que detecta o próprio agente infeccioso, seja qual for a técnica, agente ou material
clínico investigado. Assim, exemplos de técnicas diretas são: hemocultura para bactérias, fungos,
isolamento viral em culturas de células; pesquisa de antígenos bacterianos, fúngicos ou virais;
técnicas moleculares para identificação do DNA ou do RNA bacteriano, fúngico ou viral. Enfim,
qualquer técnica cujo produto seja algum componente do agente infeccioso, total ou parcial,
enquadra-se na definição de diagnóstico direto.
• Indiretos: emprega-se esse termo quando se faz a pesquisa de uma reatividade do organismo
infectado face à presença do agente infectante. Regra geral, isso é praticamente sinônimo de
pesquisa de anticorpos, independentemente do material biológico em que se faz essa pesquisa,
do tipo de imunoglobulina pesquisada e da técnica utilizada. Assim, exemplos de técnicas
indiretas são pesquisa de IgM para toxoplasmose no soro pela quimioluminescência; pesquisa de
IgG para herpes simples no liquor (embora a rigor não se trate de “sorologia”, esse termo é
rotineiramente usado), pela técnica imunoenzimática ou outras (ver material de
Imunodiagnóstico).

No campo do diagnóstico direto, é importante ter em mente alguns detalhes que podem ter
impacto na efetividade do procedimento diagnóstico. Assim, podem-se citar a escolha do material
biológico (sangue total, liquor, secreção, líquido cavitário); o momento da coleta frente a uma
medicação já instituída (pico da concentração sérica de um antibiótico, por exemplo); o tempo
transcorrido depois do início das manifestações clínicas; o meio de cultura apropriado; o tipo de
célula para possibilitar isolamento viral; a estabilidade da amostra (temperatura ambiente,
refrigerada a 4°C ou congelada); o tempo de transporte, dentre inúmeros outros. Ao conjunto desses
fatores que antecedem a realização dos exames propriamente ditos costuma-se denominar fatores
pré-analíticos.

No diagnóstico indireto também são muito importantes o material biológico, o tipo de


imunoglobulina pesquisada em função do tempo de início dos sintomas, a estabilidade do analito,
dentre inúmeros outros detalhes. Assim, no momento em que se listarem os exames específicos a
serem solicitados, é importante lembrar sempre das condições particulares de cada caso, o tipo de
exame que pode esclarecer melhor esse diagnóstico, a disponibilidade desse exame no local onde
se trabalha e, se for o caso, se é possível encaminhá-lo a outro local (estabilidade).

2. Técnicas Básicas Para Diagnóstico Em Parasitologia

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❖ EXAME PARASITOLÓGICO DE SANGUE

Diversas doenças parasitárias que apresentam formas ou estágios no sangue circulante


podem ser diagnosticadas com precisão por meio do exame de sangue. Assim, a malária, a Filariose
Brancroftiana, a Babesiose e a Doença de Chagas em sua fase aguda são diagnosticadas
parasitologicamente por esse exame Em verdade, o exame parasitológico de sangue consiste em
se examinar ao microscópio uma gota de sangue do paciente colocada sobre uma lâmina. A partir
daí, conforme será mostrado em seguida, podemos realizar um dos seguintes procedimentos:
observar o parasito vivo ou observar o parasito fixado e corado, a partir de "esfregaços delgados" ou
"esfregaços espessos" (gota espessa).

No método direto, gota é coletada no centro de uma lâmina, coberta com lamínula e
examinada imediatamente após, pois a coagulação é rápida. Esse exame direto ou a fresco permite
visualizar os parasitos vivos, movimentando-se.

Existem dois tipos fundamentais de esfregaços - o esfregaço em camada


delgada e o esfregaço em camada espessa. São conhecidos também,
por gota estirada e gota espessa respectivamente. Ambos são muito
utilizados. O gota estirada é mais usado para identificação da forma e
espécie de vános parasitos, pois, quando é bem feito, os mesmos
aparecem nitidamente. Já o gota espessa é mais utilizado em
diagnóstico epidemiológico. É um método de enriquecimento, isto é, a
gota de sangue é disposta numa pequena área e então examinada. Os
parasitos aí presentes podem ser diagnosticados com muita economia
de tempo, mas a sua identificação específica é dificultada.

A gota espessa é a melhor alternativa para detecção dos parasitos da Malária, sendo
considerada padrão-ouro para o diagnóstico da doença. É também empregada para encontrar
microfilárias de Wuchereria bancrofti e de tripomastigotas sanguíneos de Trypanosoma cruzi
durante a fase aguda da infecção chagásica.

MARCELO URBANO – Parasitologia Contemporânea

Para a confecção de esfregaços sanguíneos e de gotas espessas para exame microscópico,


o uso de anticoagulantes não é recomendado, por sua possível interferência na morfologia dos
parasitos e no processo de coloração. Os Corantes mais usados são os derivados do Romanowsky.
Destes, os mais comuns são o Giemsa e o Leishman. O esfregaço corado pelo Leishrnan, ao contrário
de Giemsa, não necessita de fixação prévia pelo álcool metílico, pois este já faz parte da fórmula do
corante. Em geral, as lâminas preparadas por esse método não são muito duráveis nem tão perfeitas
quanto pelo método de Giemsa, mas é uma técnica muito utilizada, em vista da rapidez e facilidade
de execução.

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ATENÇÃO – LEMBRAR!

O diagnóstico parasitológico consiste na identificacão direta do parasito em tecidos ou secrecões


de indivíduos infectados, com ou sem o auxílio de métodos de concentracão, isolamento ou
cultivo. Embora diversos metodos imunológicos e moleculares permitam o diagnóstico indireto de
doencas parasitarias por meio da deteccao de produtos do parasito (antigenos ou material
nucleico) ou de respostas especificas do hospedeiro (humorais ou celulares), a visualizacao direta
dos parasitos permanece como recurso essencial para o diagnóstico de determinadas infeccões.

❖ EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES

O Exame Parasitológico de Fezes (EPF) tem como objetivo diagnosticar os parasitos intestinais,
por meio da pesquisa das diferentes formas parasitárias que são eliminadas nas fezes. O
Parasitológico de fezes é indicativo de carga parasitária. Em geral, apenas uma amostra de fezes é
insuficiente para diagnóstico. Devem ser, no mínimo, 3 amostras ALTERNADAS (dia sim/ dia não), isso
elimina ao acaso presença de patógenos diferentes. Pode ser estendido até 5 amostras, o que é
para patógenos menos encontrados. O paciente não pode ter tomado o antiparasitário nos últimos
15 dias ou estiver usando laxantes até 1 semana depois de ter realizado o exame,1 o que muitas
vezes se mostra como interferência e é necessário, nesses casos, postergar a data do exame no
momento da consulta. É um exame de:

✓ Simples realização
✓ Fácil execução
✓ Não invasivo
✓ Baixo custo

De maneira geral, a realização do exame se dá da seguinte maneira:

1) A amostra do montante de fezes é coletada (na maioria das vezes solicitado para o próprio
paciente);
2) Essa amostra é levada ao laboratório solicitado conforme orientação;
3) Adiciona-se água destilada;
4) Homogeiniza-se essa mistura;
5) Realiza-se filtração simples para retirada de resíduos maiores;
6) Parte é transferida a um tubo de ensaio (alíquota)
7) Centrifuga-se a alíquota (1.500 rpm por 3 min);
8) Despreza-se grande parte da parcela centrifugada;
9) O restante, a depender do método adotado, é finalmente analisado em microscópio.

A coleta, armazenamento e conservação das fezes são de fundamental importância na


qualidade do EPF. E preciso orientar o paciente, dizendo-lhe que a evacuação deve ser feita em
recipiente limpo e seco e parte das fezes transferida para um frasco próprio, de boca larga, bem
fechado e identificado. A identificação deve conter o nome do paciente, idade, data e, se possível,
a hora da coleta. No caso de fezes frescas (sem conservador) a remessa para o laboratório deve ser
imediata. As instruções sobre como coletar as fezes devem ser claras e passadas ao paciente por

1 CAUTELA: uso de laxantes, sulfato ferroso, óleos minerais, contrastes com bário ou iodo.

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escrito. E importante verificar se o paciente as entendeu, pois é na coleta adequada da amostra


fecal que se inicia a qualidade do EPF.

Quando solicitada pela clínica médica poderá ser feita a coleta de múltiplas amostras. O
mais recomendado é a coleta de três amostras em dias alternados. Para isso o paciente recebe um
frasco com o conservador, onde ele irá colocar, a cada dia, uma porção de fezes,
homogeneizando-as. Finalizada a coleta, o frasco é enviado ao laboratório para a realização do
EPF. Quando não há possibilidade de remeter as fezes frescas rapidamente ao laboratório ou então
examiná-las logo que cheguem, estas deverão ser mantidas a baixas temperaturas (5" a 10" C), para
evitar a putrefação, devendo ser examinadas o mais rapidamente possível ou no máximo dois a três
dias após a emissão, para que não se inviabilize a amostra.

As fezes poderão, também ser mantidas em conservadores ou conservantes, permitindo que


o exame seja realizado semanas após a coleta. O ideal é que as fezes sejam colocadas no
conservador logo após a evacuação. Para tanto, o paciente deve receber, do laboratório, o frasco
contendo o conservador. Qualquer conservador deve ser usado na proporção de três partes deste
para uma parte de fezes, sendo estas bem homogeneizadas. Os mais empregados são:

• FORMOL 10% - conserva por mais de um mês os ovos ou larvas de helmintos e os


cistos e oocistos de protozoários.
• MIF (Mertiolato (ou mercurocromo), Iodo e Formol.)
• SAF (Acetato de Sódio, Ácido acético e Formol): são as iniciais dos componentes de
um fixador usado para conservar cistos e trofozoítos, sendo útil para fezes formadas
ou diarréicas

Os trofozoítos de amebas e Giardia não se conservam no formol 10% ou MIF, dois conservadores
muito utilizados.

Identificação Morfológica de Parasitos – Principais Parasitos Encontrados

❖ Pesquisa de Helmintos ❖ Pesquisa de Protozoários


▪ Ascaris lumbricoides ▪ Amoeba sp.
▪ Ancilostomídeos ▪ Giardia sp.
▪ Strongiloides stercoralis ▪ Balantidium coli
▪ Enterobius vermicularis ▪ Isospora belli
▪ Trichuris trichiura ▪ Cryptosporidium pallidum

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Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
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Todos os parasitos encontrados no EPF deverão ser relatados, sejam eles patogênicos ou não.
Deverão ser citados a forma parasitária observada (ovo, larva, cisto, trofozoíto, oocisto, verme
adulto) e o nome científico do parasito, incluindo o gênero e espécie, sempre que possível. Também
deverá constar o(s) método(s) executado(s) e a consistência das fezes, tendo em vista que os
métodos rotineiramente empregados não permitem o encontro de trofozoítos de protozoários em
fezes diarréicas. Observações sobre o numero de amostras colhidas devem ser relatadas.

O exame analítico, finalmente, no microscópio no laboratório especializado, consiste em


duas partes, o exame MACROSCÓPIO e o MICROSCÓPIO.

1 - O exame macroscopico, que permite a verificação da consistência das fezes, do odor,


da presença de elementos anormais, como muco ou sangue, e de vermes adultos ou partes deles.

2 - O exame microscópico permite a visualização dos ovos ou larvas de helmintos, cistos,


trofozoítos ou oocistos de protozoários. Pode ser subidivido em qualitativo ou quantitativo:

➢ Os métodos qualitativos são os mais utilizados, demonstrando a presença das formas


parasitárias, sem, entretanto, quantificá-Ias.
➢ Os métodos quantitativos são aqueles nos quais se faz a contagem dos ovos nas fezes,
permitindo, assim, avaliar a intensidade do parasitismo. São pouco utilizados, pois a dose dos
medicamentos antiparasitária não leva em conta a carga parasitária e sim o peso corporal
do paciente. Os mais conhecidos são o Método de Stoll-Hausheer e o Método de Kato-Katz,
sendo o último mais empregado e, portanto, descrito mais adiante.

URBANO – Parasitologia Contemporânea / NEVES – Parasitologia Humana, 3 ed.

As formas parasitárias variam quanto ao seu peso e sobrevida no meio exterior. Assim, não
existe um método capaz de diagnosticar, ao mesmo tempo, todas as formas parasitárias. Alguns
métodos são mais gerais, permitindo o diagnóstico de vários parasitos intestinais, outros são métodos
específicos, indicados para um parasito em especial. Entre os métodos gerais, podemos citar o
método de Hoffman, Pons e Janer e o os métodos de centrifugação (MIFC, Ritchie e Coprotest).

IMPORTANTE ! Na maioria dos pedidos de EPF, a suspeita clínica não é relatada, e o exame é
feito por um dos métodos gerais, acima citados. Quando é solicitada a pesquisa de um parasito que
exige a execução de um método específico, tanto este como o método geral devem ser
executados. Por exemplo, ao se solicitar apenas “Exame Parasitológico de Fezes”, se realizará
apenas Hofmann, porém ao se especificar suspeita de Esquistossomose, deve-se realizar também
Kato-Katz. Desta forma, o EPF ficará mais completo, pois será feita a pesquisa dos vários parasitos
intestinais e não apenas daquele solicitado. Tal conduta se justifica pelo fato de vários parasitos

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intestinais determinarem sintomas semelhantes. Se for executado apenas o método específico,


outros parasitos intestinais porventura presentes, não serão diagnosticados.

DIRETO A FRESCO

Esse método apresenta baixa sensibilidade, pois não utiliza um processo para a concentração
das formas parasitárias, a quantidade de fezes empregada é muito pequena e o excesso de detritos
pode mascarar as formas parasitárias. Estas serão detectadas quando presentes em grande
quantidade. Entretanto, este método pode ser útil para a pesquisa de trofozoítos de protozoários em
fezes diarreicas recém-emitidas (no máximo 30 minutos após). E aconselhável examinar, no mínimo,
três lâminas de cada amostra.

MÉTODO DE HOFFMAN

No Brasil, a técnica de concentração mais frequentemente empregada na rotina clínica é


aquela descrita por Hoffman. É possível encontrar ovos e larvas de vários Hemintos, cistos de
protozoáriso e oocistos maiores como Isospora belli.

MÉTODO DE GRAHAM

Essa técnica deve ser feita ao amanhecer, antes do paciente fazer a higiene e repetida, em
dias sucessivos, caso dê negativo. Caso a lâmina não possa ser examinada no mesmo dia, deve ser
embalada em papel alumínio e conservada em geladeira. É utilizada para pesquisa de ovos de
Taenia sp. e Enterobius vermicularis na região perianal.

MÉTODO DE KATO-KATZ

A técnica quantitativa de uso mais frequente em todo


o mundo é a de KatoKatz, sendo específico e
recomendado pelo Ministério da Saúde para
diagnóstico da Esquistossomose. Emprega uma
pequena placa ou cartão perfurado para medir o
volume da amostra a ser examinada. O método de
Kato-Katz e suas variantes permitem a visualização e
contagem de ovos de helmintos, porém não de cistos
de protozoários. Além disso, não podem ser usados
com fezes líquidas ou semiformadas nem com fezes
mantidas em soluções preservadoras. Para a
conservação de amostras a serem submetidas ao
método de Kato-Katz, recomenda-se a refrigeração a
4°C ou o uso do dispositivo Coproseco®.

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❖ MEIOS DE CULTURAS

Frequentemente há necessidade de se usar meios de cultura para manutenção ou mesmo


evidenciação (diagnóstico) de algum parasito. Existem vários meios de cultura, sendo que cada
laboratório prefere usar um ou outro.

MEIO NNN (Mcneal, Novy e Nicolle)

Essas letras representam as iniciais de McNeal, Novy e Nicolle, seus autores. Muito utilizado
para isolamento e manutenção de espécies do gênero Leishmania OU Trypanosoma cruzi.
Necessitam de 4 a 6 semanas de incubação.

MEIO DIAMOND

É usado para cultura axênica de tricomonídeos (trofozoítos e outros estágios) de


Trichomonas vaginalis, com 10 dias de incubação.

MEIO STUART

Usado para transporte e conservação de protozoários (Trichomonas sp.) e bactérias


patogênicas resistentes (Haemophilus sp, Salmonella sp, e Shigela sp.)

REFERÊNCIAS
1. NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 12ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.

2. FERREIRA, Marcelo Urbano. Parasitologia Contemporânea. Guanabara Koogan, 08/2012.


VitalSource Bookshelf Online.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - PARASITOLOGIA

HELMINTOS
Helmintos são vermes de corpo achatado que representam um dos maiores reinos animais
que existem, apenas perdendo para o reino insecta. As infecções por esse parasitas intestinais se
chamam Helmintíases, semelhante a nomeclatura do sufixo -ose, para parasitoses intestinais. Nessas
aulas serão dados os Helmintos de mais relevância nacional e mundial epidemiologicamente, porém
claro que existem outras dúzias de vermes parasitos que também são de interesse médico, porém
seus casos de infecção são mais isolados.

Esse grande Reino se ramifica no filo dos Platelmintos e dos Nelmatelmintos. Os Platelmintos
são inteiramente adaptados ao parasitismo e atacam os seres humanos nas regiões tropicais e
temperadas, principalmente em países subdesenvolvidos. Ela por sua vez se divide nas classes do
Trematódeos, cujo gênero de maior importância é o Squistosoma sp. cujas suas espécies são os
principais agentes etiológicos de doenças no homem dentro dessa classe; e dos Cestódeos, cujas
espécies Taenia solium e Taenia saginata discutiremos aqui. Depois falaremos das principais
ocorrências dos Nematelmintos, Ascaris, Ancylostoma e Strongyloides.

1. Esquistossomose
A classe Trematoda constitui um conjunto de vermes que são endoparasitos obrigatórios
(abrigam-se nos vasos sanguíneos) e apresentam um ciclo biológico complexo, com morfologia e
hospedeiros diferentes em cada fase do ciclo. Constituem um grupo zoológico de espécies
inteiramente adaptadas ao parasitismo, muitas das quais têm o homem como hospedeiro habitual
ou ocasional. Possuem corpo segmentado e uma ou mais ventosas de fixação.

As esquistossomíases, denominadas também esquistossomoses ou bilharzioses, são doenças


produzidas por trematódeos do gênero Schistosoma que, para o homem, têm como principais
agentes etiológicos as espécies S. mansoni, S. haematobium e S. japonicum.

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S. mansoni ocorre na África, na América do Sul e nas Antilhas, onde determina uma infecção
denominada Esquistossomose mansônica ou intestinal, pela localização dos parasitos nas vênulas
da parede do grosso intestino, sigmóide e reto, com sintomas predominantemente intestinais.
Discorreremos mais sobre ele nesse resumo.

S. haematobium localiza-se de preferência no plexo vesical e produz quadro clínico com


sintomas urinários, que é conhecido por esquistossomíase hematóbica, esquistossomíase uri- nária,
vesical ou geniturinária. Sua distribuição é predominantemente africana, estendendo-se também a
outras áreas da Bacia do Mediterrâneo, ao Próximo e Médio Oriente. S. japonicum é responsável por
outra modalidade intes- tinal da doença, circunscrita ao Extremo Oriente e Pacífico Ocidental, onde
se encontram os hospedeiros intermediários adequados, que são diferentes espécies de moluscos
proso- brânquios do gênero Oncomelania: é a esquistossomíase japônica.

DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL

O número de pessoas com infecção esquistossomótica, em todo o mundo, foi estimado entre
150 e 200 milhões. A grande maioria delas vive na Ásia e na África. Na América do Sul e no Caribe
encontram-se vários milhões de casos. No Brasil, existem mais de 6 milhões de indivíduos infectados,
se concentrando nas regiões litorâneas Enquanto a maioria das parasitoses humanas vai diminuindo
de importância, em função do desenvolvimento econômico e dos métodos de controle disponíveis,
a esquistossomíase encontra-se ainda em expansão, em muitas regiões do mundo, vinculada
inclusive ao desenvolvimento de recursos hídricos para a irrigação ou para a produção de energia
hidrelétrica, especialmente na África, o país mais afetado com mais de 200 milhões de casos
documentados.

SQUISTOSOMA MANSONI
Weiland em 1858 denominou o gênero deste helminto de Schistosoma, uma vez que o macho
apresenta o corpo fendido (schisto = fenda; soma = corpo), sendo esta designação aceita até hoje.
O nome fenda é algo incorreto, uma vez que o sulco e na realidade formado pelas extremidades
laterais do macho, que se dobram no sentido ventral. Somente em 1907 com Sambon foi dada a
denominação da espécie Schistosoma mansoni. As observações dessse autor, que o levaram a criar
uma espécie nova, foram independentemente vistas por Pirajá da Silva, na Bahia, na mesma época,
que a denominou Schistosoma americanum.

É a Esquistossomose mais importante no Brasil, onde pode ser conhecida ainda pelos
seguintes termos: xistossomose, xistosa, doença do caramujo, doença de Pirajá da Silva, “barriga
d’água” (ascite), bilharsiose. O Schistosoma mansoni chegou ao Brasil durante os tempos de intenso
tráfico de escravos, em que pessoas parasitadas chegavam aos portos brasileiros, principalmente no
nordeste, disseminando-se para todo o Brasil.

No Brasil, os casos predominam nas regiões litorâneas. As áreas endêmicas importantes estão
compreendidas no norte do Maranhão e em uma faixa que abrange as regiões orientais do Rio

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Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco (Zonas do Litoral e Mata, do Agreste e do Brejo), grande
parte dos Estados de Alagoas e Sergipe, bem como da Bahia e de Minas Gerais, e a Zona Serrana
do Espírito Santo.

FORMAS EVOLUTIVAS NO CICLO


Depois de atravessarem a mucosa intestinal, os
ovos são eliminados com as fezes e, quando
chegam em tempo útil a uma coleção de água
doce superficial, libertam suas larvas — miracídios
— que nadam durante algum tempo até
encontrarem moluscos do gênero Biomphalaria.
Penetrando nos tecidos do molusco de uma
espécie adequada, o miracídio transforma-se em
Adultos Ovo um novo tipo larvário, o esporocisto, que, por
Sangue → esquistossômulo
poliembrionia, gera esporocistos-filhos e, depois,
larvas infectantes para os hospedeiros vertebrados:
as cercárias. Várias gerações de esporocistos
podem suceder-se, todas elas produzindo durante
algum tempo suas cercárias.
Voltando ao meio líquido, as cercárias que
abandonaram o hospedeiro invertebrado ficam
Cercária
nadando na água, quase sempre em direção à
Caramujo → esporocisto superfície, até que tenham a oportunidade de
Miracídio entrar em contato com a pele do hospedeiro
vertebrado (homem ou outro animal suscetível), através da qual penetram ativamente. Aí, cada
cercária que consegue sobreviver transforma-se logo em esquistossômulo, última forma larvária do
parasito. Somente os que chegam ao sistema porta intra-hepático podem completar seu
desenvolvimento e alcançar a fase adulta. Os vermes adultos acasalam-se e migram para as vênulas
da parede intestinal.

MORFOLOGIA
Apresentam os sexos separados, ous seja, são dióicos, são delgados e longos, com
acentuado dimorfismo sexual. Os vermes adultos habitam o sistema porta do hospedeiro definitivo.
Com a maturação sexual, migram para as veias mesentéricas, onde acasalam e liberam ovos. O
macho mede cerca de 1 cm e tem cor esbranquiçada. Apresenta o corpo dividido em duas
porções: anterior, na qual encontramos a ventosa oral e a ventosa ventral (acetábulo), que são bem
mais evidentes no macho do que na fêmea; e a posterior (que se inicia logo após a ventosa ventral)
onde encontramos o canal ginecóforo, que nada mais é do que dobras das laterais do corpo no
sentido longitudinal para albergar a fêmea, e fecundá-la. A fêmea mede cerca de 1,5 cm e tem cor

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mais escura. Na metade anterior, encontramos a ventosa oral e o acetábulo. A metade posterior é
preenchida pelas glândulas vitelogênicas (ou vitelinas) e o ceco.

O ovo Mede cerca de 50μm de comprimento por 60 de largura, tem o pólo


anterior mais delgado e o posterior mais volumoso, com um espinho lateral.
Durante o desenvolvimento embrionário, a camada de células mais superficiais
forma um envoltório que, perdendo a estrutura celular e tornando-se hialino,
passa a constituir a segunda casca ovular ou membrana vitelina, como é
também conhecida. Sua casca é dupla: a externa (ou cório) é resistente,
enquanto a interna (ou membrana vitelina) envolve o embrião (miracídio). O
que caracteriza o ovo maduro é a presença de um miracídio formado, visível
pela transparência da casca. O ovo maduro é a forma usualmente encontrada
nas fezes.

Os ovos, ao serem depositados, podem levar dois caminhos: serem eliminados nas fezes ou
formarem granulomas (ovos + células de defesa do sistema imune). No hospedeiro, o ovo pode durar
cerca de 20 dias. Em fezes líquidas, pode durar cerca de 24h, enquanto que em fezes pastosas, dura
cerca de 5 dias. Condições ideais: temperatura elevada, ambiente úmido e luz.

O miracídio apresenta forma cilíndrica, com dimensões


médias de 180μm de comprimento por 64μm de largura. Na
extremidade anterior do miracídio abre-se um par de
glândulas adesivas e glândulas de penetração, todas
unicelulares, contendo materiais que se supõe que sejam
enzimas. Os miracídios de S. mansoni exibem marcado
fototropismo, buscando sempre as áreas mais claras, apesar
de não terem olhos ou outros órgãos fotossensíveis
conhecidos. São indiferentes à ação da gravidade e, se
nadam de preferência junto à superfície da água, são
capazes de buscar o molusco hospedeiro em
profundidades de um ou dois metros. Observações de
laboratório sugerem que Biomphalaria e outros gêneros de
moluscos eliminam substâncias capazes de estimular a
atividade miracidiana, desenvolvendo uma ação
quimiocinética inespecífica, as miraxones.

Quando maduros, exibem na extremidade anterior uma protuberância móvel e um poro para
a eliminação de cercárias. O tempo necessário para a maturação dos esporocistos-filhos e
formação das primeiras cercárias é de 3 a 4 semanas, variando com a temperatura ambiente.

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Em resumo, a cercária é divida, morfologicamente, em corpo (que abriga


estruturas que se desenvolverão para formar de estruturas do verme adulto)
e cauda (que se bifurca posteriormente). A cercária é a única forma
infectante, capaz de penetrar na pele ou mucosas. Tem uma expectativa
de vida de 36 a 48h, mas sua capacidade infectante é maior nas primeiras
8h. A longevidade pode estender-se por dois dias, porém a infectividade
decai rapidamente, nas primeiras 8h, devido a fatores ambientais, tais como
temperatura, luz e umidade. As cercárias começam a aparecer na água
cerca das 9 horas da manhã e alcançam sua densidade máxima por volta
das 11 horas (Picos solares), para diminuir depois e desaparecerem quase
com- pletamente entre as 16 e as 17 horas.

O número de cercárias produzidas varia de um dia para ou- tro, com o ciclo
de desenvolvimento dos esporocistos. Varia também com a espécie de
molusco hospedeiro, sendo muito alta em Biomphalaria glabrata, que pode eliminar 1.000 a 3.000
cercárias por dia e mais de 100.000 durante toda a vida do molusco.

OS HOSPEDEIROS E O CICLO BIOLÓGICO

O ciclo da esquistossomose é um ciclo heteroxeno, pois há dois tipos de hospedeiros: um


hospedeiro definitivo (todo aquele que abriga a fase adulta ou sexuada do parasita) e hospedeiro
intermediário (aquele que abriga a fase larvária ou assexuada do parasita).

O hospedeiro definitivo é o homem, do ponto de vista epidemiológico, é o principal H.D.


Pode-se encontrar ainda a forma adulta do verme em bovinos (apenas um ciclo transitório, sendo
rapidamente eliminado) e roedores (Nectomys squamips, o rato lava-pé).

O hospedeiro intermediário é o caramujo de água doce ou salobra do gênero Biomphalaria:


B. glabrata é o principal, capaz de eliminar 4100 cercárias por dia, distribuído em várias regiões do
Nordeste. B. tenagophila e B. straminea eliminam 400 cercárias por dia. Tem como habitats naturais
lagos, lagoas, córregos, valas de irrigação, brejos, áreas alagadas, açudes e poços.

A transmissão dá-se por meio da penetração ativa das cercárias na pele e mucosa. As
cercárias penetram mais frequentemente nos pés e nas pernas por serem áreas do corpo que mais
ficam em contato com águas contaminadas. O horário em que são vistas em maior quantidade na
água e com maior atividade é entre 10 e 16 horas, quando a luz solar e o calor são mais intensos.

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A capacidade invasora das larvas depende de um esforço mecânico de penetração e da


ação exercida pela secreção das glândulas cefálicas de penetração. Nessa secreção encontrou-
se uma enzima predominante, com características de elastase, capaz de fragmentar queratina,
colágenos e outros constituintes da pele. Quando a cercária penetra na pele, agora sem cauda, há
a transformação no esquistossômulo, que tem uma distribuição pelo corpo inteiro do ser humano e
o organismo começa a perceber que há algo errado e começamos a ter um quadro
inflamatório agudo, com muita liberação de citocinas, assim, muitas pessoas apresentam um
quadro febril após a penetração da cercária, denominada pela literatura de Febre de Katayma.
Depois de algum tempo, os esquistossômulos penetram nos vasos cutâneos e, através da circulação,
chegam à rede vascular dos pulmões. Do pulmão, os esquistossômulos voltam ao coração e são
enviados pela circulação geral a todas as partes. Mas somente quando alcançam o sistema porta
intra-hepático podem completar seu desenvolvimento.

As localizações habituais do S. mansoni são as vênulas da parede do reto, do sigmoide e de


outros segmentos do intestino grossso do homem. Mas há também localizações ectópicas. Cada
esquistossômulo tem um tropismo por um sítio específico, no caso do esquistossômulo, enquanto há
a disseminação, o verme matura em feminino ou masculino e acaba se fixando no plexo venoso
mesentérico, de preferência pela VEIA MESENTÉRICA INFERIOR e seus ramos. As veias mesentéricas,
apesar de ser um sistema venoso, tem um sangue muito rico em nutrientes, pois vêm no intestino e se
confluem para formar a veia porta e dá acesso ao fígado. Sendo assim, o esquistossômulo
escolhe justamente os vasos desse sistema, pois é muito rico em nutrientes e o macho e a fêmea
ficarão nesse local copulando e produzindo ovos. Em seu hábitat definitivo, a fêmea fecundada
começa a ovipor, insinuando-se nas vênulas mais estreitas da mucosa e da submucosa, onde fazem
sua postura, enchendo-as de ovos. Assim, a circulação nesses vasos chega a interromper-se,
propiciando sua desorganização e a extrusão dos ovos para o tecido circundante. Antes disso, o
casal de vermes já se deslocou para outros ramos da rede vascular onde o mesmo processo irá
repetir-se sucessivamente.

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No momento que a fêmea está cheia de ovos para liberar, ela migra contra a corrente de
sangue venoso, para depositar os ovos na região do ceco. Alguns ovos ficam no meio do
caminho, inflamando a região, uns são eliminados pelas fezes e outros são levados pela
corrente do sangue venoso e ficam acumulados na parte pré-sinusoidal no fígado. Caso haja
esse desvio dessa rota e os ovos sejam arrastados pela circulação em direção ao fígado, pode levar
a formação do granuloma (ovo associado às células da resposta imune). A formação do granuloma
é imprescindível para o combate da doença pelo organismo. Porém, esse conjunto ovos + células
de defesa pode levar a uma fibrose no fígado, gerando uma obstrução resistente à passagem
venosa portal. Isso gera uma Hipertensão Portal, que tem como consequência a hepatomegalia,
esplenomegalia e a busca do sangue por uma circulação colateral. Essa circulação é responsável
pelo aumento do calibre de veias envolvidas nas anastomoses sistêmico-portal, gerando varizes cujo
rompimento gera um quadro hemorrágico grave, o que pode levar o paciente à morte em poucas
horas. O extravasamento de líquidos pela hipertensão, que passa a se acumular na cavidade
peritoneal, gera o quadro conhecido como ascite (com o nome popular de barriga d’água).

QUADRO CLÍNICO

O parasitismo por Schistossoma mansoni é na maioria dos casos assintomático ou


oligossintomático; mas pode produzir alterações anatomopatológicas cujo caráter e gravidade
cobrem extensa gama de situações, o que imprime a essa doença grande polimorfismo e, em muitos
casos, prognóstico incerto. Em algumas áreas, 4 a 5 % dos doentes desenvolvem lesões
hepatoesplênicas graves.

A pele constitui, habitualmente, a porta de entrada para os Schistosoma. Mesmo cercárias


de outros trematódeos (parasitos de aves, especialmente), incapazes de evoluir no organismo
humano, penetram facilmente no tegumento, onde não conseguem completar sua atividade
migratória e morrem produzindo fenômenos inflamatórios locais bastante pronunciados: é a
dermatite cercariana.

A penetração das cercárias pode acompanhar-se de exantema, prurido e outras


manifestações alérgicas locais. Algumas horas depois, observa-se infiltração de polimorfonucleares
ao redor dos parasitos e nas proximidades dos vasos. Mais tarde surgem linfócitos e macrófagos.
Pode occrer também nesse período o que se chama de Febre de Katayama, maracada por
linfadenopatia, febre, anorexia, dor abdominal e cefaleia. Esse conjunto de reações imuno-
mediadas imediatamente após a infecção caracterizam o quadro de esquistossomose aguda.

Na esquistossomose crônica, pode apresentar grandes variações clínicas, dependendo de


serem as alterações predominantemente intestinais, hepatointestinais ou hepatoesplênicas.

Em muitos casos, há apenas a forma intestinal da doença, em que o paciente apresenta


diarreia mucossanguinolenta (disenteria), dor abdominal e tenesmo. Nos casos crônicos graves,
pode haver fibrose da alça retossigmoide, levando à diminuição do peristaltismo e constipação
constante. Na forma hapato-intestinal, diferentemente da primeira, além dos sintomas da forma

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intestinal, soma-se um comprometimento do fígado (com rigidez, fibrose e hepatomegalia), sem


ainda haver hipertensão ou esplenomegalia. As alterações hepáticas típicas surgem a partir do início
da oviposição e formação de granulomas. Em consequência, teremos um quadro evolutivo,
dependendo do número de ovos que chega a esse órgão, bem como do grau de reação
granulomatosa que induzem.

No início, o fígado apresenta-se aumentado de volume e bastante doloroso a palpação. Os


ovos prendem-se nos espaços porta, com a formação de numerosos granulomas. Com o efeito
acumulativo das lesões granulomatosas em torno dos ovos, as alterações hepáticas se tornarão mais
sérias. O fígado, que inicialmente está aumentado de volume, numa fase mais adiantada pode estar
menor e fibrosado. Essa forma é caracterizada hematologicamente com a eosinofilia, mas as
funções hepáticas continuam normais.

A forma hepato-espênica é considerada a forma mais grave da doença, que se desenvolve


em uma progressão muito lenta. Já haveria um quadro de hipertensão portal com o aumento do
baço. Observa-se, predominantemente na polpa vermelha e centro germinal dos folículos linfoides,
uma proliferação basofílica que coincide com um aumento de imunoglobulinas e posteriormente,
devido principalmente a congestão passiva do ramo esplênico (veia esplênica do sistema porta)
com distensão dos sinusoides. Essa fase é caracterizada por duas formas distintas:

▪ Forma compensada (C/ Hipertensão portal): há hipertensão portal, mas funções hepáticas
normais. Apresentam hematêmese e melena. A prevalência é de cerca de 10 a 30 anos,
apresentado pacientes com um estado geral e prognóstico bom.
▪ Forma descompensada (S/ hipertensão portal): geralmente acontece quando a infecção é
associada ao alcoolismo ou hepatite. Nesses casos, há comprometimento das funções
hepáticas, caracterizando um quadro geral precário do paciente. A prevalência é acima de 30
anos.

COMPLICAÇÕES
Deve-se considerar que a esquistossomose mansoni é uma doença resultante da reação
inflamatória dos ovos nos tecidos e que, diariamente, cada casal de S. mansoni pode levar a
formação de cerca de 200 granulomas. Desta maneira, a esquistossomose apresenta efeito
acumulativo de lesões, o que pode resultar, ao longo do tempo, no aparecimento de formas graves
da doença. Por outro lado, mesmo nos indivíduos com cargas parasitárias baixas, podem ocorrer
complicações, como presença de ovos na medula espinhal que podem levar a paraplegia e
também, devido a características peculiares do sistema imunológico individual, pode ocorrer
deposição de imunocomplexos na membrana basal glomerular, gerando reações inflamatórias com
graves consequências renais.

Esses ovos também podem penetrar nos arteríolas pulmonares, que a partir do AD já entram
nas artérias pulmonares, provocando Hipertensão Pulmonar. Através das circulações colaterais
anômalas (shunts intra-hepáticos), ou mesmo das anastomoses utilizadas (principalmente da
mesentérica inferior ligando-se com a pudenda interna e essa dirigindo-se para a cava inferior),
alguns ovos passariam a circulação venosa, ficando retidos nos pulmões. Nos capilares desse órgão,
os ovos dão origem a granulomas pulmonares, que podem levar a duas consequências: primeira,
dificultando a pequena circulação e causando o aumento do esforço cardíaco, que poderá chegar
até a insuficiência cardíaca tipo cor pulmonale; segunda, viabilizando ligações arteriovenosas
(shunts), que permitem a passagem de ovos do parasito para a circulação geral e encistamento dos
mesmos em vários órgãos, com formação de granulomas, inclusive no SNC.

Sendo assim, a Neuroesquistossomose é rara, e ocorre quando os ovos (ou granulomas)


através da circulação atingem o SNC sobretudo na medula e pode acontecer nos estágios iniciais
da doença sem depender de comprometimento hepático.

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IMUNOPATOGENIA E RELAÇÕES PARASITA -HOSPEDEIRO


Nas observações epidemiológicas que em indivíduos de áreas endêmicas, a parasitose
apresentava uma certa estabilidade com relação a carga parasitária e a sintomas, enquanto em
pessoas de áreas sem a doença, que se expunham as fontes de infecção, mesmo por período de
tempo relativamente curto, a doença se manifestava de maneira grave e até mesmo fatal.

O quadro inicial e a evolução do processo patológico pro- vocado pelo S. mansoni, no


organismo do hospedeiro, variam consideravelmente com uma série de circunstâncias, entre as
quais devem ser consideradas:

a) a linhagem do parasito, a carga infectante (número de cercárias que penetraram), as


condições fisiológicas do material infectante (idade das cercárias, sua vitalidade etc.) e a
freqüência com que ocorrem as reinfecções;

b) as características do hospedeiro e seu meio (idade, desenvolvimento, ocupação, nutrição,


hábitos e condições de vida etc.), ocorrência ou não de outras infecções anteriores (intensi- dade
destas e intervalos havidos entre elas), grau de imunidade desenvolvida;

c) carga parasitária acumulada ao longo dos anos e duração da infecção.

A carga parasitária, que varia para um mesmo indivíduo no decurso do tempo, é, na
generalidade dos casos, fator importante para a determinação da gravidade da doença. Nas áreas
endêmicas essa carga aumenta com a idade, alcança seu máximo entre os 15 e 20 ou 25 anos e
declina em seguida.

No mecanismo de atenuação dos efeitos da doença estão envolvidos a resposta


imunológica contra as formas infectantes (cercárias) impedindo, assim, uma superinfecção, e os
mecanismos imunomoduladores da resposta granulomatosa. A imunidade protetora que existe nas
populações humanas seria do tipo chamado "imunidade concomitante".

Este conceito de imunidade adquirida decorre da existência de uma resposta imune que
atua contra as formas iniciais das reinfecções (principalmente nos níveis de pele e pulmões) sem
afetar os vermes adultos já estabelecidos no sistema visceral porta, que seria do tipo Th2, e uma
proteção efetiva por IgE e menos de IgG. É por isso que a permanência do verme adulto no sistema
porta pode durar meses ou até mesmo anos em pessoas infectadas que estão em áreas endêmicas
expostas diariamente ao ambiente e seus fatores de risco, ao tomar banho em açudes e lagos, por
exemplo.

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A resposta imunológica aos helmintos pode se dar por duas vias após o reconhecimento
linfocitário: Th1 (em que há ativação de macrófagos) e a resposta Th2 (em que há a formação de
IgE, IL-10 e eosinófilos). A princípio, a resposta se dá de forma inespecífica, através da secreção de
IL-1, IL-12 e ativação do sistema complemento. Dessa forma, se instala um quadro infalamatório
agudo inicial, com recrutamento de mais e mais neutrófilos, além de proliferação monocítica e
ativação de macrófagos via IFN-gama, IL-2 e IL-6. Posteriormente, com a inflamação crônica já
instalada, ocorre a resposta específica, caracterizada pelo recrutamento de células Th2 e secreção
de IL-4, 5, 13 E 10, principalmente.

TRATAMENTO
O tratamento quimioterápico da esquistossomose através das drogas mais modernas,
oxarnniquina e praziquantel, deve ser preconizado para a maioria dos pacientes com presença de
ovos viáveis nas fezes ou na mucosa retal.

A Oxamniquina apesar de ter sido oprovada e ter sido usada por vários anos em larga escala,
tendo baixa toxicidade, é de dose única em adultos (15 mg/kg) e, notou-se com o passar do tempo
o surgimento de cepas resistentes e devido aos seus efeitos colaterais, como sonolência, tontura,
alucinações e convulsões, não é mais tratamento de primeira linha para a esquistossomose
mansônica.

O Praziquantel é uma droga que atua contra todas as espécies do gênero Schistosoma que
infectam o homem e também outros helmintos, enquanto que a Oxamniquina tinha ação seletiva e
específica pra S. mansoni. O esquema terapêutico de escolha é de dose única de 50 mg/kg para
adultos e 60 mg/kg para crianças. Os efeitos colaterais são pouco intensos e passageiros, e a dor
abdominal, cefaléia e sonolência constituemse as mais importantes. O praziquantel atua também
nas formas jovens do parasito. A droga atua, principalmente, lesando o tegurnento do parasito,
expondo assim antígenos-alvo da resposta Imune, através do aumento da permeabilidade da
membrana e inibição de bombas catioiônicas (sódio-potássio) e abertura de canais de cálcio,
levando a contrações espásticas e paralisia do parasito, podendo ser levado à eliminação via fecal.

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2. Teníase e Cisticercose
A classe Cestoda compreende um interessante grupo de parasitos, endoparastias,
hermafroditas, de tamanhos variados, encontrados em animais vertebrados. Apresentam o corpo
achatado dorsoventralmente, são providos de órgãos de adesão na extremidade mais estreita, a
anterior, sem cavidade geral, e sem sistema digestório. Os cestódeos mais frequentemente
encontrados parasitando os humanos pertencem a família Taenidae, na qual são destacadas Taenia
solium e T. saginata. Essas espécies, popularmente conhecidas como solitárias, são responsáveis pelo
complexo teníase-cisticercose, que pode ser definido como um conjunto de alterações patológicas
causadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros.

Didaticamente, a Teníase e a Cisticercose são duas entidades mórbidas distintas, causadas


pela mesma espécie, porém com fase de vida diferente. A Teníase é uma alteração provocada
pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da T. saginata no intestino delgado do
hospedeiro definitivo, os humanos; já a Cisticercose é a alteração provocada pela presença da
larva (popularmente conhecida como “canjiquinha”) nos tecidos de hospedeiros intermediários
normais, os suínos, pois apenas possuem a T. solium. Os hospedeiros anômalos ou acidentais, como
cães, gatos, macacos e os próprios humanos (logicamente), também podem albergar a forma larvar
da T. solium.

Diferenças: Na Teníase temos o helminto dentro do intestino delgado, e esse cestoide vai virar
adulto. E esse quadro vai ser associado a essa transição. Nesse caso, a forma principal de
contaminação vai ser oral via ingestão de carnes contaminadas. Na Cisticercose, há a ingestão
do ovo, que vai se fixar e deve virar o embrião, mas não vai virar adulto.

Na teníase, o hospedeiro definitivo (humanos) infecta-se ao ingerir carne suína ou bovina,


crua ou malcozida, infectada, respectivamente, pelo cisticerco de cada espécie de Taenia. A
cisticercose humana é adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis da T. solium que foram
eliminados nas fezes de portadores de teníase.

ATENÇÃO – LEMBRAR!
A principal diferença é que a T. saginata está presente com mais frequência nos bovinos, que
provoca o quadro de teníase, cuja carne passou inadequadamente pelo controle sanitário. No
caso da T. solium, irá passar grande parte da vida no porco. ASSIM, A CISTICERCOSE OCORRERÁ
APENAS NA T. SOLIUM.

MORFOLOGIA
Possuem corpo segmentado, dividido em 3 porções principais:
anteriormente, o Escólix, pequena dilatação, funcionando
como órgão de fixação à mucosa do intestino delgado do
homem; Colo, porção mais delgada do corpo onde as células
do parênquima estão em intensa atividade de multiplicação, é
a zona de crescimento do parasito ou de formação das
proglotes, e Estróbilo, onde dentro estarão as estruturas
reprodutivas masculinas e femininas. O cisticerco e o escólex da
T. solium ainda possuem uma espécie de "coroa de espinhos",
os acúleos, que ajudam na fixação pelas ventosas.
Estróbilo

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Os ovos são esféricos, morfologicamente caracterósticos, medindo cerca


de 30 mm de diâmetro. São constituídos por uma casca protetora (o
embrióforo), que é formado por blocos piramidais de quitina unidos entre si
por uma substância proteica cementante que lhe confere resistência no
ambiente. Internamente, encontra-se o embrião hexacanto (ou seja, que
apresenta seis espinhos, independente da espécie) ou oncosfera, provido
de três pares de acúleos e dupla membrana. Não se consegue distinguir o
ovo dentre as espécies.

EPIDEMIOLOGIA

Stool, em 1947, a partir de dados da literatura estimou a prevalência de teníase por T. saginata
em 39 milhões de indivíduos e 2,5 milhões por T. solium na população mundial. Atualmente, acredita-
se que existam cerca de 77 milhões de pessoas parasitadas por T. saginata no mundo, dos quais, 32
milhões na Africa, 11 milhões na Asia (excluindo a Rússia), dois milhões na América do Sul e um milhão
na América do Norte.

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No Brasil, os dados referentes a prevalência do complexo são imprecisos, escassos e


geralmente representam trabalhos pontuais de profissionais de saúde. De acordo com os dados da
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a cisticercose é endêmica no país, particularmente nos
Estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

IMPORTANTE: As tênias estão presentes em todas as partes do mundo, entretanto a


prevalência da doença varia com os hábitos populacionais e culturais: T. saginata é rara em hindus,
uma vez que os mesmos não comem carne. T. solium por sua vez é infrequente entre os judeus e
mulçumanos, que culturalmente não se alimentam de porcos.

CICLO BIOLÓGICO
Para o indivíduo estar parasitado, ele deve possuir a forma adulta do verme no seu intestino
delgado. Os humanos parasitados eliminam as proglotes grávidas cheias de ovos para o exterior.
Mais frequentemente as proglotes se rompem no meio externo, por efeito da contração muscular ou
decomposição de suas estruturas, liberando milhares de ovos no solo.

No ambiente úmido e protegido de luz solar intensa os ovos têm grande longevidade
mantendo-se infectantes por meses. Um hospedeiro intermediário próprio (suíno para T. solium e
bovino para T. saginata) ingere os ovos, e os embrióforos (“casca” do ovo) no estômago sofrem a
ação da pepsina, que atua sobre a substância cementante dos blocos de quitina. No intestino, as
oncosferas sofrem a ação dos sais biliares, que são de grande importância na sua ativação e
liberação. Uma vez ativadas, as oncosferas liberam-se do embrióforo e movimentam-se no sentido
da vilosidade, onde penetram com auxílio dos acúleos. Permanecem nesse local durante cerca de
quatro dias para adaptarem-se às condições fisiológicas do novo hospedeiro. Em seguida, penetram
nas vênulas e atingem as veias e os linfáticos mesentéricos. Através da acorrente circulatória, são
transportadas por via sanguínea a todos os órgãos e tecidos do organismo até atingirem o local de
implantação por bloqueio do capilar. Posteriormente, atravessam a parede do vaso, instalando-se
nos tecidos circunvizinhos.

As oncosferas desenvolvem-se para cisticercos em qualquer tecido mole (pele, músculos


esqueléticos e cardíacos, olhos, cérebro etc.), mas preferem as estruturas de maior movimentação
e com maior oxigenação (masseter, língua, coração e cérebro). No interior dos tecidos, perdem os
acúleos e cada oncosfera transforma-se em um pequeno cisticerco delgado e translúcido, que
começa a crescer atingindo ao final de quatro ou cinco meses de infecção 12 mm de comprimento.
Permanecem viáveis nos músculos por alguns meses e o cisticerco da T. solium no SNC, alguns anos.
A infecção humana ocorre pela ingestão de carne crua ou malcozida de porco ou de boi infectado.

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O cisticerco ingerido sofre a ação do


suco gástrico, evagina-se e fixa-se,
através do escólex, na mucosa do
intestino delgado, transformando-se em
uma tênia adulta, que pode atingir até
oito metros em alguns meses. Três meses
após a ingestão do cisticerco, inicia-se a
eliminação de proglotes grávidas. A
proglote grávida de T. solium tem menor
atividade locomotora que a de T.
saginata, sendo observada em alguns
pacientes a eliminação de proglotes
dessa espécie ativamente pelo ânus e
raramente pela boca. A T. solium tem
uma longevidade de três anos enquanto
a T. saginata até dez anos. Durante o
parasitismo, várias proglotes grávidas se
desprendem diariamente do estróbilo,
três a seis de cada vez em T. solium e oito
a nove (individualmente) em T. saginata.
O colo, produzindo novas proglotes,
mantém o parasito em crescimento
constante.

Um indivíduo que possua T. solium (Teníase) em seu organismo pode estar mais susceptível à
desenvolver neurocisticercose por meio de uma autoinfecção externa, em que ao liberar ovos da
T. solium nas fezes, caso não haja uma boa higiene pessoal e com seus alimentos, esses mesmos
ovos podem retornar ao TGI do indivíduo, gerando, dessa vez, cisticercose.
Uma infecção pode se dar por meio de uma autoinfecção interna, que está geralmente associada
a movimentos retroperistálticos, em que ovos retornam por meio do vômito, chegam ao estômago
e retornam ao intestino, ocorrendo de maneira interna, sem a exteriorização dos ovos.

Duas situações são fundamentais para que ocorra a cisticercose: os ovos ingeridos devem ser
de T. solium e eles devem passar pelo estômago, para que haja o enfraquecimento do embrióforo.

QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO


Apesar da tênia popularmente ser conhecida como solitária, indicando que um hospedeiro
alberga apenas um parasito, na prática, o que se observa são pessoas infectadas com mais de uma
tênia, da mesma espécie. Apesar da maioria dos portadores serem assintomáticos, Devido ao longo
período em que a T. solium ou T. saginata parasita o homem, elas podem causar uma série de
alterações: fenômenos tóxicos alérgicos, através de substâncias excretadas; provocar hemorragias
através da fixação na mucosa; destruir o epitélio e produzir inflamação com infiltrado celular difuso.

O problema realmente sério, que provoca lesões graves no paciente, é a cisticercose. A


cisticercose no sistema nervoso central pode acometer o paciente por três processos: presença do
cisticerco no parênquima cerebral ou nos espaços liquóricos; pelo processo inflamatório decorrente;
ou pela formação de fibroses, granulomas e calcificações. Os cisticercos parenquimatosos podem
ser responsáveis por processos compressivos, irritativos, vasculares e obstrutivos; os instalados nos

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ventrículos podem causar a obstrução do fluxo líquido cefalorraquidiano, hipertensão intracraniana


e hidrocefalia e, finalmente, as calcificações, que correspondem a forma cicatricial da
neurocisticercose e estão associadas a epileptogênese (surgimento de convulsões).

O diagnóstico da cisticercose humana tem como base aspectos clínicos, epidemiológicos e


laboratoriais. Relatos, como procedência do paciente, criação inadequada de suinos, hábitos
higiênicos, serviço de saneamento básico, qualidade da água utilizada para beber e irrigar
hortaliças, ingestão de carne de porco malcozida, relato de teníase do paciente ou familiar, são
relevantes. O diagnóstico laboratorial tem como base a pesquisa do parasito, através de
observações anatomopatológicas das biopsias, necropsias e cirurgias. O cisticerco pode ser
identificado por meio direto, através do exame oftalmoscópico de fundo de olho – fundoscopia – ou
ainda pela presença de nódulos subcutâneos no exame fisico.

No diagnóstico parasitológico, é feito pela pesquisa de proglotes e, mais raramente, de ovos


de tênia nas fezes (EPF). Para as duas tênias, o diagnóstico é genérico, pois microscopicamente os
ovos são iguais, assim no exame não se especifica a espécie (Taenia sp.), a não ser que seja feita
por um método mais específico, como a “tamização” porém é mais dispendioso.

Durante algum tempo os métodos usados para detectar anticorpos anticisticercos no soro,
líquido cefalorraquidiano (LCR) e humor aquoso eram: a fixação do complemento (reação de
Weinberg), hemaglutinação indireta e imunofluorescência que apresentavam limitações devido a
baixa sensibilidade e especificidade. Posteriormente, o teste imunoenzimático (ELISA) passou a ser
recomendado após a melhora na qualidade e preparo de antígenos.

O diagnóstico através do RX utilizado durante algum tempo é limitado, pois somente


evidência cisticercos calcificados que podem aparecer anos após a infecção. A tomografia
computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RNM) do cérebro foram um grande avanço para
o diagnóstico de neurocisticercose. São métodos sensíveis, que fornecem informações quanto a
localização, ao numero, a fase de desenvolvimento e a involução dos cisticercos.

TRATAMENTO
As drogas mais recomendadas para o tratamento da teníase por T. solium ou T. saginata são
a Niclosamida ou o Praziquantel. A Niclosamida atua no sistema nervoso da tênia, levando a
imobilização da mesma, facilitando a sua eliminação com as fezes. Devem ser ingeridos quatro
comprimidos de dois em dois com intervalo de uma hora pela manhã. Uma hora após a ingestão
dos últimos comprimidos, o paciente deverá ingerir duas colheres de leite de magnésio para facilitar
a eliminação das tênias inteiras e evitar a autoinfecção interna por T. solium.

Para o praziquantel é usado, o tratamento com quatro comprimidos de 150 mg cada (5


mgl/kg) em dose única. Os efeitos colaterais induzidos pelas drogas são: cefaleia, dor de estômago,
náuseas e tonteiras, porém de pouca duração. O Praziquantel não deve ser empregado para o
tratamento da teníase em pacientes com as duas formas concomitantemente da doença, ou seja,
a teníase e a cisticercose. Neste caso, é recomendado o tratamento separado e específico para
cada uma das formas clínicas. O medicamento atua com eficiência em pacientes sintomáticos,
apresentando cisticercos viáveis múltiplos, em topografia encefálica intraparenquimatosa,
subaracnoidianos e, ainda, muscular ou subcutâneo, causando a sua morte. O Praziquantel rompe
a membrana do cisticerco, ocorrendo vazamento do líquido da vesícula, altamente antigênico,
causando uma intensa reação inflamatória local, sendo necessária a associação com altas doses
de corticoide (corticoterapia) em geral em ambiente hospitalar. Devido aos efeitos colaterais graves
provocados pela toxicidade do Praziquantel, o Albendazol* (15 mg/kg/dia por 8 dias) vem sendo
utilizado e considerado o medicamento de escolha na Neurocisticercose até por ser mais barato.

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3. Ascaridíase
Os Nematoideos tem como característica serem cilíndricos. Podem estar na terra, na água
(variável). Tem o corpo segmentado e sua estrutura anterior se chama de proglócito. São dióicos, o
seja, consegue-se ter uma diferenciação de macho para fêmea. A fêmea geralmente é maior em
termos de comprimento. Possuem tubo digestivo completo e fusiformes sem segmentação.

A ascaridíase ou ascaríase é uma parasitose geralmente benigna causada pelo verme


nemátode Ascaris lumbricoides, também conhecido popularmente como “lombriga”. A reprodução
é sexuada, sendo a fêmea (com até 40cm de comprimento) bastante maior que o macho, e com
o diâmetro de um lápis.

O Ascaris lumbricoides é encontrado em quase todos os países do mundo – distribuição


mundial – e ocorre com frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e,
principalmente, do grau de desenvolvimento socioeconômico da população. Atualmente, apesar
das campanhas realizadas nas escolas, sabe-se que os níveis de parasitismo. continuam elevados,
especialmente em crianças com idade inferior a 12 anos (70-90% das crianças de 1-10 anos) em
várias regiões brasileiras quer seja na cidade ou em zonas rurais. O Brasil é altamente prevalente,
chegando a mais de 70%, e dados mais recentes indicam que o A. lumbricoides é o helminto mais
frequente nos países pobres, sendo sua estimativa de prevalência de aproximadamente 30%, ou
seja, 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo.

MORFOLOGIA
O estudo da morfologia deste parasito deve ser feito
observando-se as fases evolutivas no seu ciclo biológico, isto
é, os vermes macho e fêmea e o ovo. As formas adultas são
longas, robustas, cilíndricas e apresentam as extremidades
afiladas. No entanto, deve-se mencionar que o tamanho
dos exemplares de A. lumbricoides está na dependência
do número de parasitos albergados e do estado nutricional
do hospedeiro. Assim, as dimensões dadas para machos e
fêmeas referem-se a helmintos recolhidos de crianças com
baixas cargas parasitárias e bem nutridas. Quando adultos,
os machos medem cerca de 20 a 30cm de comprimento e apresentam cor
leitosa. A extremidade posterior fortemente encurvada para a face ventral é
o caráter sexual externo que o diferencia facilmente das fêmeas, que medem
cerca de 30 a 40 cm, quando adultas, são mais robustas e sua extremidade
posterior é retilínea. Os ovos originalmente são brancos e adquirem cor
castanha devido ao contato com as fezes. São grandes, com cerca de 50 μm
de diâmetro, ovais e com cápsula espessa, em razão da membrana externa
mamilonada, protrusões características dessa espécie. Entre o estado ovo e
adulto, o período larvário, o que vai depender é do estágio no TGI.

CICLO BIOLÓGICO
Em infecções moderadas, os vermes adultos são encontrados no intestino delgado,
principalmente no jejuno e íleo, mas, em infecções intensas, estes podem ocupar toda a extensão
do intestino delgado. Podem ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios ou migrarem pela luz
intestinal. Apresenta ainda um Ciclo Pulmonar, assim como os demais nematelmintos estrongiloide e
ancilostomídeo. Das três parasitoses com ciclo pulmonar (ascaridíase, estrongiloidíase e

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ancilostomíase), a ascaridíase é a responsável por uma maior expressão das manifestações no


aparelho respiratório.

A primeira larva (L1) formada dentro do ovo é


do tipo rabditoide, isto é, possui o esôfago com
duas dilatações, uma em cada extremidade e
uma constrição no meio. Após uma semana,
ainda dentro do ovo, essa larva sofre muda
transformando-se em L2 e, em seguida, nova
muda transformando-se em L3 infectante com
esôfago tipicamente filarioide (esôfago
retilíneo). Estas formas permanecem
infectantes no solo por vários meses podendo
ser ingeridas pelo hospedeiro.

Após a ingestão, os ovos contendo a L3


atravessam todo o trato digestivo e as larvas
eclodem no intestino delgado. A eclosão
ocorre graças a fatores ou estímulos fornecidos
pelo próprio hospedeiro, como a presença de agentes redutores, o pH, a temperatura, os sais e, o
mais importante, a concentração CO2 cuja ausência inviabiliza a eclosão. Essa larva liberada no
lúmen intestinal vai cair na corrente sanguínea e linfática e percorre todo o organismo.

Durante esse percurso ela vai amadurecendo que quando chega no PULMÃO (L4) ela
começa a sofrer uma transformação em L5. Quando começa a virar o adulto ela começa a ter
outras demandas metabólicas/nutricionais. Nos capilares alveolares (muito fino) e passa para dentro
do alvéolo. Há então a ruptura da barreira hemato-aérea, associada em quadro de inflamação
intensa com aumento de IgE e eosinófilos – ciclo de pulmonar de Loss.

A síndrome de Löeffler é uma associação das manifestações pulmonares com o aumento da


eosinofilia. Chegando na região da faringe, há pigarreio que culmina em deglutição, chegando no
TGI novamente e chegará até as fezes. Não há mecanismos de autoinfecção na ascaridíase.
Portanto, o número de ovos ingeridos determina o número de vermes parasitando o indivíduo.

QUADRO CLÍNICO
Com larvas: em infecções de baixa intensidade, normalmente não se observa nenhuma
alteração. Em infecções maciças encontramos lesões hepáticas e pulmonares. A migração das
larvas pelos alvéolos pulmonares, dependendo do número de formas presentes, pode determinar
um quadro pneumônico com febre, tosse, dispneia e eosinofilia. Há edemaciação dos alvéolos com
infiltrado parenquimatoso eosinofilico, manifestações alérgicas, febre, bronquite e pneumonia - a
este conjunto de sinais denomina-se Síndrome de Löeffler. Na tosse produtiva (com muco) o catarro
pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto. Não é fácil de
diagnósticar e confunde-se com quadro de bronquite em crianças. Há
também mistura de muco com sangue. Uma criança suspeita de quadro
de bronquite, o raio X está diferente em todos os dias de emissão.
Traduzida de forma diferente na radiografia de tórax. Como uma
manifestão alérgica, é natural encontrar eosinofilia e aumento
plasmático de IgE. Em uma criança suspeita de quadro de bronquite, o
raio X está diferente em todos os dias de emissão. A síndrome de Löeffler
é traduzida de forma diferente na radiografia de tórax.

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Com vermes adultos: Em infecções de baixa intensidade, três a quatro vermes, o hospedeiro
não apresenta manifestação clinica. Já nas infecções médias, 30 a 40 vermes, ou maciças, 100 ou
mais vermes, podemos encontrar as seguintes alterações:

• Ação espoliadora: os vermes consomem grande quantidade de


proteínas, carboidratos, lipídios e vitaminas A e C, levando o paciente,
principalmente crianças, a subnutrição e depauperamento físico e
mental;
• Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e anticorpos
alergizantes do hospedeiro, causando edema, urticária, convulsões
epileptiformes etc.;
• Ação mecânica: causam irritação na parede e podem enovelar-se na
luz intestinal, levando à sua obstrução. As crianças são mais propensas a
este tipo de complicação, causada principalmente pelo menor tamanho
do intestino delgado e pela intensa carga parasitária;
• Localização ectópica: nos casos de pacientes com altas cargas parasitárias ou ainda em que o
verme sofra alguma ação irritativa, a exemplo de febre, uso impróprio de medicamento e
ingestão de alimentos muito condimentados o helminto desloca-se de seu hábitat normal
atingindo locais não-habituais. Em cargas parasitárias muito altas, em crianças é frequentemente
vistas as formas adultas sendo expelidas das narinas.

DIAGNÓSTICO
Usualmente a ascaridíase humana é pouco sintomática, por isto mesmo difícil de ser
diagnosticada em exame clínico, sendo a gravidade da doença determinada pelo número de
vermes que infectam cada pessoa. Como o parasito não se multiplica dentro do hospedeiro, a
exposição contínua a ovos infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos
no intestino do hospedeiro.

O diagnóstico laboratorial (e parasitológico é feito pela pesquisa de ovos nas fezes. Como as
fêmeas eliminam diariamente milhares de ovos por dia, não há necessidade, nos exames de rotina,
de metodologia específica ou métodos de enriquecimento, bastando a técnica de sedimentação
espontânea. O método de Kato modificado por Katz (Kato-katz - ver Métodos Laboratoriais) permite
a quantificação dos ovos e consequentemente estima o grau de parasitismo dos portadores,
compara dados entre várias áreas trabalhadas e demonstra maior rigor no controle de cura.

TRATAMENTO
A Organização Mundial da Saúde recomenda quatro drogas - Albendazol, Mebendazol,
Levamisol. Pamoato de pirantel e Ivermectina - para o tratamento e controle de helmintíases
transmitidas pelo solo. Os Benzimidazólicos (Albendazol e Mebendazol)são altamente efetivas contra
o A. lumbricoides (em todos seus estágios de ciclo de vida) e outras helmintoses intestinais.

Albendazol é um componente dos benzimidazóis com um amplo espectro antiparasitário,


principalmente para o Ascaris spp. A droga é encontrada sob a forma de comprimidos de 200 e
400mg, e de suspensão oral de 100 mg/5ml. A dose única de 400 mg é altamente eficaz contra a
ascaridíase, mostrando níveis de cura e de redução de ovos de até 100%. Este fármaco pode atuar
de duas maneiras: através da ligação seletiva nas tubulinas inibindo a tubulina-polimerase,
previnindo a formação de microtúbulos e impedindo a divisão celular; e, ainda, impedindo a
captação de glicose inibindo a formação de ATP que é usado como fonte de energia pelo verme.
A droga é pouco absorvida pelo hospedeiro e sua ação anti-helmíntica ocorre diretamente no trato
gastrointestinal.

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O Mebendazol é um outro derivado dos benzimidazóis com ampla e efetiva atividade anti-
helmíntica. É encontrada sob a firma de comprimidos de 100 e 500mg e também em suspensão oral
de 100mg/5ml. O mecanismo de ação de mebendazol é o mesmo descrito para o albendazol. A
dose única de 500mg mostrou alta efetividade contra a ascaridíase e outras parasitoses intestinais. A
absorção da droga é pequena, mas pode ser aumentada pela ingestão de alimentos gordurosos.
Usualmente a maior parte da droga é encontrada inalterada nas fezes, o que explica sua excelente
atividade contra os helmintos intestinais. O tratamento com mebendazol alcança níveis de cura e
taxas de redução de ovos de quase 100%.

O tratamento é simples, e são encontradas em qualquer posto de saúde, no entanto,


segundo a OMS (2002), estes anti-helmínticos são recomendados para o tratamento de lactantes e
grávidas somente após o primeiro trimestre de gravidez, em dose oral única. O tratamento com
benzimidazóis em crianças com menos de 2 anos de idade é outra questão crucial. Quando as
infecções helmínticas se estabelecem em crianças de até 24 meses de idade e estas infecções
causam danos para o desenvolvimento físico, mental e para o crescimento saudável da criança, o
tratamento é recomendável. O uso de benzimidazóis em crianças menores de 2 anos de idade
indica benefícios a saúde, e os riscos são minimizados quando existe correta administração da droga.

Outras drogas usadas são Levamisol, Pamoato de Pirantel e Ivermectina. O Levamisol é um


isômero levógiro do fetramisol e tem uma boa eficácia contra o A. lumbricoides. E encontrado em
comprimidos de 40 mg e administrado em dose única de 2,5 mg/kg. Levamisol inibe os receptores
de acetilcolina, causando contração espásmica seguida de paralisia muscular e consequente
eliminação dos vermes. Não apresenta capacidade ovicida, mas, ao contrário, observa-se uma
atividade estimuladora do desenvolvimento embrionário.

O Pamoato de Pirantel é uma droga derivada da pirimidina, sendo efetiva contra a


ascaridíase e a ancilostomíase. É encontrada em forma de comprimidos de 250mg, sendo
administrada em dose única oral de 10mgkg. O modo de ação é similar ao levamisol. Estudos não
identificaram efeito ovicida desta droga.

A Ivermectina é uma potente lactona macrolítica semisintética com boa eficácia contra o
A. lumbricoides e outras infecções por nematodas. A droga é administrada em dose única de 0,l a
0,2 mg/kg. Sua atuação está baseada na indução do fluxo de íons cloro que atravessam a
membrana, fazendo uma disruptura nervosa na transmissão de sinais, resultando na paralisia do
parasita e sua posterior eliminação. O uso da ivermectina para o tratamento de infecções
helmínticas intestinais no homem tem sido pouco investigado. Apesar de sua atividade comprovada
em vários estágios do ciclo de vida de muitos nematóides de animais domésticos, em humanos é
utilizada principalmente para o tratamento de oncocercose.

4. Ancilostomíase
A ancilostomíase ou ancilostomose, também conhecida por amarelão (devido aos quadros
de anemia apresentados pelo paciente), necatorose ou necatoríase, é uma doença causada por
vermes nematódeos (espécie: Necator americanus e Ancylostoma duodenale). As formas adultas
desses parasitas se instalam no aparelho digestivo dos seres humanos, onde ficam fixadas na porção
que compreende o intestino delgado, nutrindo-se de sangue do hospedeiro e causando anemia.

As ancilostomoses humanas, geralmente negligenciadas, têm grande importância no


contexto universal, pois foi estimado que cerca de 900 milhões de pessoas são parasitadas por A.
duodenale e N. amencanus, e que desta população, mais de 60 mil morrem, anualmente. A
distribuição é mundial, mas afeta de maneira mais prevalente as regiões com clima quente e

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tropical, justamente por favorecer um solo adequado para o crescimento e desenvolvimento do


verme. Portanto, deve haver fezes humanas contaminadas no solo para haver disseminação. É uma
parasitose bastante comum devido ao grande número de ovos liberados pela fêmea em um único
dia, além de que eles apresentam grande resistência, podendo durar por até um ano em um certo
ambiente. São resistentes inclusive contra agentes de limpeza.

Outra doença derivada dos ancilostomídeos, a larva migrans cutânea


também denominada dermatite serpiginosa e dermatite pruriginosa,
ocorre com maior frequência nas regiões tropicais e subtropicais. Os
principais agentes etiológicos envolvidos são larvas infectantes de
Ancylostoma braziliense e A. caninum, parasitos do intestino delgado de
cães e gatos. As L3 desses ancilostomídeos penetram ativamente na pele
do ser humano e migram através do tecido subcutâneo durante semanas
ou meses e então morrem. A medida que as L3 progridem, deixam atrás de si um rastro sinuoso
conhecido popularmente como "bicho geográfico".

MORFOLOGIA
Os vermes adultos se diferenciam com relação a quantidade de dentes que apresentam: o
A. caninum apresenta três pares de dentes, o A. duodenale apresenta dois pares de dentes e o A.
braziliense, um par de dentes. Já o Necator americanus, ao invés de dentes, apresenta estruturas
semelhantes a lâminas. Eis algumas das principais diferencias entre os vermes adultos do gênero
ancilostoma e necator:

Na parte anterior onde há estruturas de fixação reside a principal e mais marcante diferença
entre essas duas espécies: enquanto o Ancylostoma duodenale apresenta a boca com “lâminas”, o
Necator amerianus apresenta “dentinhos”.

Os ovos são parecidos com o de Ascaris, porém sem a presença da membrana


externa mamilonada. Os ovos de todas as espécies da família de
ancilostomídeos são morfologicamente iguais (tanto dos parasitas humanos
quanto dos parasitas animais), sem ser possível determinar, por meio de um
exame laboratorial com amostras de ovos, o gênero do parasita que acometeu
o paciente. No resultado do exame parasitológico, deve estar explícito: “ovos de Ancylostomidae”.

CICLO BIOLÓGICO

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Os ancilostomídeos, como muitos outros nematoides parasitos, apresentam um ciclo


biológico direto, não necessitando de hospedeiros intermediários, ou seja, monoxêmico. Durante o
desenvolvimento, duas fases são bem definidas: a primeira, que se desenvolve no meio exterior, é de
vida livre – rabditóide -, e a segunda, que se desenvolve no hospedeiro definitivo, obrigatoriamente
de vida parasitária – filariódie.

Os ovos dos ancilostomídeos depositados pelas fêmeas (após a cópula), no intestino delgado
do hospedeiro, são eliminados para o meio exterior através das fezes. No meio exterior, os ovos
necessitam de um ambiente propício, principalmente boa oxigenação, alta umidade e temperatura
elevada. São condições indispensáveis para a formação da larva de primeiro estágio (L1), do tipo
rabditoide, e sua eclosão. A L1 se desenvolve num processo de troca de cutículas de revestimento
da pele, transformando-se em larva de segundo estágio (L2) e em um terceiro estágio, L3, do tipo
filarioide, denominada larva infectante. A infecção pelos ancilostomídeos para o homem só ocorre
quando as L3 (larva filarioide ou infectante) penetram ativamente, através da pele, conjuntiva e
mucosas, ou passivamente, por via oral. Quando a infecção é ativa, da pele, as larvas L3 alcançam
a circulação sanguínea e/ou linfática, e chegam ao coração, indo pelas artérias pulmonares até os
pulmões.

Atingindo os alvéolos, as larvas migram para os bronquíolos, com auxílio de seus movimentos,
secreções e cílios da árvore brônquica. Durante a migração pelos pulmões, que dura de dois a sete
dias, a larva perde a cutícula e adquire uma nova, transformando-se em larva do quarto estádio
(L4). Dos brônquios atingem a traqueia, faringe e laringe quando, então, com pigarreio, são
deglutidas, chegando ao TGI onde haverá a reprodução até a eliminação dos ovos. Ao chegar no

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intestino delgado, após oito dias da infecção, a larva começa a exercer o parasitismo hematófago,
fixando a cápsula bucal na mucosa do duodeno. A transformação da L4 em larva de quinto estágio
(L5) ocorre aproximadamente 15 dias após a infecção, e a diferenciação de L5 em adultos ocorre
após 30 dias da infecção.

QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO


Praticamente, as lesões se manifestam em três níveis: cutâneas, pulmonar e intestinal. A
intensidade das lesões depende da sensibilidade do hospedeiro e da carga parasitária. A patogenia
da enfermidade é diretamente proporcional ao número de parasitos presentes no intestino delgado.
A anemia causada pelo intenso hematofagismo exercido pelos vermes adultos é o principal sinal de
ancilostomose. Porém, anemia aguda hemorrágica é extremamente rara. Temos, pois, dois aspectos
distintos na ancilostomose:

Uma fase aguda, determinada pela migração das larvas no tecido cutâneo e pulmonar e pela
instalação dos vermes adultos no intestino delgado (duodeno);

Uma fase crônica, determinada pela presença do verme adulto que, associado à expoliação
sanguínea e à deficiência nutricional irão caracterizar a fase de anemia.

1) Quadro cutêneo: Tão logo penetrem na pele do hospedeiro, as larvas de ancilostomídeos podem
provocar, no local de penetração, lesões traumáticas, seguidas por fenômenos vasculares.
Transcomdos alguns minutos, aparecem os primeiros sinais e sintomas: uma sensação de "picada",
hiperemia, prurido e edema resultante do processo inflamatório ou dermatite urticariforme.

2) Quadro pulmonar: Alterações pulmonares, resultantes da passagem das larvas, são pouco usuais,
embora possa ocorrer tosse de longa ou curta duração de carácter produtivo (sangue e larvas),
infiltrado pulomonar migratório, dispnéia e febre, caracterizando síndrome de Löeffler.

3) Quadro intestinal: As lesões intestinais são causadas por vermes adultos, estando elas diretamente
relacionadas com a capacidade hematofágica além de sua grande capacidade de movimento e
fixação por meio da cápsula bucal, produzindo pontos hemorrágicos. Sinais e sintomas abdominais
podem ser evidentes após a chegada dos parasitos ao intestino. Há registro de dor epigástrica,
diminuição de apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas, vômitos, flatulências, às vezes,
podendo ocorrer diarreia sanguinolenta ou não e, menos frequente, constipação. Estes sinais e
sintomas são mais graves quando tem inicio a deposição de ovos.

Com a instalação e persistência da anemia ferropriva (microcítica e hipocrômica), da


leucocitose, da eosinofilia e da baixa taxa de hemoglobina, várias mudanças fisiológicas e
bioquímicas agravam o estado orgânico do hospedeiro. Além disso, as reservas de ferro e a dieta
alimentar de ferro são insuficientes para suprir as perdas, causadas pelo hematofagismo. Um quadro
bem característico da ancilostomose é o hábito de comer substancias não nutritivas como terra
(geofagismo) e cabelo no intuito irracional de obter nutrientes para o corpo, devido à desnutrição.
A parasitose nas crianças, quando há o desencadeamento de uma anemia ferropriva, significa uma
carência de ferro para compor as hemácias das mesmas, afetando o seu desenvolvimento: perda
cognitiva, dificuldade de perda de peso, distúrbios de crescimento e desenvolvimento. Isso ocorre
porque a deficiência de ferro é associada a outros distúrbios nutricionais.

Na fase aguda, a eosinofilia é o mais marcante registro imunológico na ancilostomose,


seguida por pequeno aumento de anticorpos IgE e IgG. A ancilostomose crônica, além de induzir a
eosinofilia, provoca elevação de IgE total e de anticorpos específicos IgG, IgA e IgM, detectados
pela imunofluorescência, fixação de complemento, ELISA e hemaglutinação. O diagnóstico da

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ancilostomose pode ser analisado sob o ponto de vista coletivo ou individual. No diagnóstico
epidemiológico (coletivo) observa-se o quadro geral da população. Já o diagnóstico clínico
individual baseia-se na anamnese e na associação e sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais,
seguidos ou não de anemia. Em ambos os casos o diagnóstico de certeza será alcançado pelo
exame parasitológico de fezes.

TRATAMENTO
A terapêutica, que também é uma medida de controle, do tipo curativo, só deve ser
recomendada para indivíduos que apresentam diagnóstico parasitológico de ancilostomose,
através de exame de fezes. Uma vez administrado um anti-helmíntico, é importante o
acompanhamento laboratorial do paciente para se recomendar um segundo tratamento, após 20
dias do primeiro. Esta conduta é preconizada porque os vermífugos não matam as larvas que estão
nos pulmões e os pacientes podem contribuir para contaminação de fontes de infecção, e até
mesmo se reinfectar.

Atualmente, o uso de vermífugos a base de pirimidinas (Pamoato de Pirantel) e de


benzimidazois (Mebendazol e Albendazol) têm sido os mais indicados. Estes últimos são mais
eficientes. Suas propriedades farmacológicas, bem como suas indicações já foram descritas.

5. Estrongiloidíase
O quadro gerado por essa helmintíase faz com que seja o momento mais importante da aula
devido a suas característias especiais, portanto é de foco especial distinguí-la das outras verminoses.
A estrongiloidíase é uma afecção intestinal causada pelo parasita nemátode Strongyloides
stercoralis. Ao contrário de outros parasitas, estes nemátodes podem viver indefinidamente no solo
como formas livres. A elevada prevalência em regiões tropicais e subtropicais, a facilidade de
transmissão, o caráter de cronicidade e autoinfecção, originando formas graves de hiperinfecção e
disseminação, além da possibilidade da reagudização em indivíduos imunodeprimidos, evoluindo
muitas vezes para óbito, tornam a estrongiloidíase um importante problema médico e social.

EPIDEMIOLOGIA

A estrongiloidíase tem dismbuição mundial heterogênea. Nos países desenvolvidos, a


infecção prevalece em agncultores, hortigranjeiros, trabalhadores rurais, imigrantes e os viajantes
que visitaram áreas endêmicas enquanto, nos países em desenvolvimento, que coincidem com as
áreas endêmicas, a doença atinge principalmente crianças, pela frequente permanência em solos
contaminados.

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No Brasil, a estrongiloidíase é uma doença parasitária de grande importância em saúde


pública, cujas taxas de infecção variam de acordo com a região estudada. Os estudos
epidemiológicos realizados predominam na faixa etária de zero a 15 anos, mas a maioria dos
trabalhos não utilizou métodos específicos para detecção de larvas, além de ser de difícil
comparação devido a diversidade de técnicas empregadas.

MORFOLOGIA
A fêmea partenogenética parasita possui
corpo cilíndrico com aspecto filiforme longo,
extremidade anterior arredondada e
posterior afilada. Mede de 1,7 a 2,5mm de
comprimento por 0,03 a 0,04mm de largura.
Não há receptáculo seminal. A fêmea, que
coloca de 30 a 40 ovos por dia, é
ovovivípara, pois elimina na mucosa intestinal
o ovo já larvado; a larva rabditoide, que é
frequentemente libertada ainda no interior
do hospedeiro, toma-se a forma evolutiva de
fundamental importância no diagnóstico.
A fêmea de vida livre ou estercoral mede de
0,8 a 1,2mm de comprimento por 0,05 a 0,07mm de largura possui aspecto fusiforme, com
extremidade anterior arredondada e posterior afilada, assim como a patogenética, porém apresenta
receptáculo seminal.
O macho de vida livre possui aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e
posterior recurvada ventralmente, diferentemente das fêmeas. Mede 0,7mm de comprimento por
0,04mrn de largura. Apresenta dois pequenos espículos, auxiliares na cópula, que se deslocam
sustentados por uma estrutura quitinizada denominada gubernáculo.
Os ovos são elípticos, de parede fina e transparente, praticamente idênticos aos dos
ancilostomídeos. Excepcionalmente, os ovos podem ser observados nas fezes de indivíduos com
diarreia grave ou após utilização de laxantes.
Nas larvas rabditóides, o esôfago das
larvas é do tipo rabditóide de dá nome a
elas. Terminam em cauda pontiaguda. Nas
formas disseminadas são encontradas na
bile, no escarro, na urina, nos líquidos
duodenal, pleural e cefalorraquiano (LCR).
Nas larvas filarióides, assim como nas de
vida livre (rabditóides), o esôfago dá nome
a elas. A porção anterior é ligeiramente
afilada e a posterior afina-se
gradualmente terminando em duas
pontas, conhecida com cauda entalhada,
que a diferencia das larvas filarioides de ancilostomídeos, que é pontiaguda. Esta é a forma
infectante do parasito (L3) capaz, portanto, de penetrar pela pele ou pelas mucosas; além de serem
vistas no meio ambiente, também podem evoluir no interior do hospedeiro, ocasionando os casos
de autoinfecção interna.
CICLO BIOLÓGICO

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Larvas filarioides infectantes (L3) penetram usualmente através da pele (não tendo
preferência por um ou outro ponto do tegumento), ou, ocasionalmente, através das mucosas,
principalmente da boca e do esôfago. Em condições naturais, a infecção percutânea se realiza de
modo idêntico ao dos ancilostomídeos. Nas pessoas que não usam calçados a penetração ocorre
através da pele dos pés, particularmente nos espaços interdigitais, uma vez que a superfície plantar
muito espessa pode constituir uma barreira. Este modo de transmissão parece ser o mais frequente.

Estas larvas secretam melanoproteases, que as auxiliam, tanto na penetração quanto na


migração através dos tecidos. Algumas morrem no local, mas o ciclo continua pelas larvas que
atingem a circulação venosa e linfática e através destes vasos seguem para o coração e pulmões.
Chegam aos capilares pulmonares, onde se transformam em L4, atravessam a membrana alveolar
e, através de migração pela árvore brônquica, chegam a faringe – ciclo de Loss. Podem ser
expelidas pela expectoração, que provocam, ou serem deglutidas, atingindo o intestino delgado,
onde se transformam em fêmeas partenogenéticas. Os ovos são depositados na mucosa intestinal e
as larvas alcançam a luz intestinal. O tempo decorrido desde a penetração da larva filarióide na
pele até que ela se tome adulta e comece a eliminar ovos larvados, e eclosão das larvas no intestino,
é de aproximadamente 15 a 25 dias.

Quando adultas, as fêmeas são capazes de se multiplicarem com posturas de 40 ovos por
dia, que se transformam em larvas. Elas podem ser eliminadas pelas fezes enquanto que algumas
larvas não infectantes podem sofrer mutações em infectantes, que invadem a parede
gastrointestinal e estabelecem uma autoinfecção endógena ou hiperinfecção. Esse ciclo é único do
S. stercoralis e explica a importância dessa verminose. A autoinfecção por S. stercoralis aumenta
devido ao grande número de larvas filariformes que penetram na mucosa dos intestinos delgado e
grosso e se alojam posteriormente nos capilares pulmonares, onde sintomas respiratórios similares a
pneumonia e asma podem ser observados.

QUADRO CLÍNICO, REPERCUSSÕES E DIAGNÓSTICO


Larvas rabditoides, ainda na luz intestinal de indivíduos infectados, transformam-se em larvas
filarioides, que penetram na mucosa intestinal (íleo ou cólon). Esse mecanismo pode cronificar a
doença por vários meses ou anos. Em casos raros, nesse tipo de autoinfecção, podem ser
encontradas fêmeas partenogenéticas nos pulmões. Esta modalidade pode ocorrer em indivíduos
com estrongiloidíase e constipação intestinal devido ao retardamento da eliminação do material
fecal.

Em pacientes com ou sem retardo de eliminação de fezes mas com baixa de imunidade
devido ao uso de drogas imunossupressoras, radioterapia, indivíduos imunodeprimidos por
neoplasias, síndrome nefrótica, presença do vírus da imunodeficiência humana (HIV), síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS), gravidez, desnutrição proteico-calórica, alcoolismo crônico e
idade avançada, pode ocorrer autoinfecção interna com presença de L1, L2, e L3, em diferentes
órgãos. IMPORTANTE: O maior problema que se tem é que o hormônio de crescimento do
estrongiloide é muito semelhante a algumas estruturas químicas como os corticoides, que são drogas
imunossupressoras. Porém isso acarreta em acelerar o processo maturativo das larvas, que provoca
uma lesão inflamatória sistêmica gravíssima, gerando um quadro de estrongiloidíase disseminada.

A autoinfecção interna pode acelerar-se, provocando a elevação do número de parasitos


no intestino e nos pulmões (localizações próprias das larvas), fenômeno conhecido como
hiperinfecção; ou disseminar por vários órgãos do paciente, conhecido como forma disseminada.
Ambas são consideradas formas graves, potencialmente fatais, em indivíduos imunodeprimidos.

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Contudo, somente poucos casos de estrongiloidíase disseminada têm sido relatados em pacientes
com AIDS.

O diagnóstico pode ser feito através da pesquisa do Strongyloides stercoralis nas fezes, líquido
duodenal, líquido pleural, líquido cefalorraquidiano e exsudato pulmonar. Como métodos
parasitológicos (diretos) mais comumente utilizados, destacamos: exame de fezes, pesquisa de larvas
em secreções e outros líquidos orgânicos, endoscopia digestiva, biópsia intestinal, etc. Como
método métodos indiretos, citamos: hemograma, diagnósticos por imagem, métodos imunológicos,
etc.

TRATAMENTO
Das infecções causadas por nematódeos, a estrongiloidíase é a mais difícil de ser tratada. O
Mebendazol, em doses eficazes para outros parasitos, não atua sobre S. stercoralis, mas, observando-
se a contraindicação no período gestacional e durante a lactação, as outras drogas do grupo dos
benzimidazólicos (Tiabendazol, Cambendazol e Albendazol) e a Ivermectina são empregadas no
tratamento específico da estrongiloidíase.

Tiabendazol atua somente sobre as fêmeas partenogenéticas, provavelmente inibindo o


desencadeamento das vias metabólicas do parasito. O tratamento preconizado é feito com
tiabendazol 25 mg/Kg, duas vezes ao dia, durante 2 a 3 dias. Albendazol atua sobre as fêmeas
partenogenéticas e sobre larvas. É recomendado tanto para crianças acima de 2 anos como para
adultos na dose de 400 mg/dia durante três dias consecutivos (com eficácia em tomo de 50%), ou
800 mg/dia durante três dias (com eficácia de 90%).

Ivermectina é a melhor droga usada tanto para quadro geral tanto para profilaxia
(prevenção). Recomendada em dose única oral de 200 mg/kg com eficácia acima de 80%. Nas
formas graves e disseminadas da doença e em pacientes com AIDS, recomendam-se multidoses de
200 μm/kg nos dias 1,2, 15 e 16 de tratamento. É a droga mais bem tolerada e seus efeitos colaterais
são leves, observando-se diarreia, anorexia e prurido.

REFERÊNCIAS

1. NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 12ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.

2. REY, Luís. Bases da Parasitologia Médica, 3ª edição. Guanabara Koogan, 10/2009. VitalSource
Bookshelf Online.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - PARASITOLOGIA

ARTRÓPODES DE INTERESSE MÉDICO

O nome Arthropoda significa pés articulados (podas = pés; arthro = articulação). É o filo que
apresenta o maior número de indivíduos do reino animal, possuindo hoje mais de 1.500.000 espécies
já descritas. Podem ser ectoparasitas ou funcionar como veículo para transmissão de outros
patógenos. Possuem simetria bilateral, com esqueleto externo (exoesqueleto) formado pelo
tegumento. Possuem um exoesqueleto de quitina por isso vão sofrer um processo de muda ou
equidíase. Os apêndices locomotores ou alimentares são articulados de estrutura especializada e
dispostos aos pares. O corpo é dividido em duas porções (cefalotórax e abdome, cabeça e tronco)
ou três (cabeça, tórax e abdome).

O interesse no estudo desses animais na Medicina se dá pela sua relação com a transmissão
e propagação de doenças, bem como acidentes cada vez mais comuns com relação a seus
mecanismos naturais de defesa. Assim, iremos vê-os como espécies de:

• Transmissão vetorial;
• Transmissão de doenças com participação ativa no ciclo de vida do parasita;
• Produtores de doença (como é o caso da Bernie);
• Animais peçonhentos;

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Artrópodos localizam hospedeiros graças a estímulos percebidos por receptores quimicos e


mecanicos distribuidos pelo corpo principalmente antenas e peças bucais. Como mecanismos de
agressão, podem provocar injúrias no hospedeiros e presas por meio de:

• Fezes;
• Picada;
• Esmagamento;
• Dejetos;
• Ferroada;
• Contato.

1. Classe Insecta
A classe que apresenta maior número de espécies causando lesão ou transmitindo doenças
aos humanos é a Insecta. Apresentam o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome e possuem três
pares de patas. Podem ou não apresentar asas. A cabeça, que está unida ao tórax pelo pescoço
ou cérvix, apresenta numerosos escleritos (são olhos compostos parecidos com o das abelhas, são
grandes órgãos sensoriais), com considerável variação de forma, bem como um par de antenas.

A maior parte deles tem um ciclo biológico mais complexo, sofrem um processo de
metamorfose que pode ser completamente diferente ou não. Ex.: Ovos → Larvas → Ninfas. As ordens
de maior representatividade de animais que causam doenças no ser humano e portanto de maior
interesse médico são:

▪ Ordem Hemiptera: Barbeiros e Percevejos


▪ Ordem Díptera: Moscas e Mosquitos
▪ Ordem Siphonaptera: Pulgas
▪ Ordem Phthiraptera: Piolhos e “Chatos”

Esses artrópodes vão ter um aparelho bucal que vai ou não ser adaptado por um
determinado mecanismo de prensão na presa ou hospedeiro. Existem 2 tipos práticas dentro
Hematofagia:

Telmatofagia: Os insectos que praticam por terem peças bucais mais curtas, não conseguem chegar
até os vasos do hospedeiro. Por isso, penetram na presa de forma mais rudimentar, por isso provocam
mais lesões na presa para inocular seus resíduos e sugar seu alimento. Cai no tecido celular
subcutâneo, e apenas em um momento posterior, esse patógeno inoculado pode ou não alcançar
outras regiões no corpo. Tem-se uma reação inflamatória, e dependendo do caso, pode-se resolver.
Em outros hospedeiros pode-se evoluir para outros estágios da doença. Ex.: Flebotomídeos na
transmissão da Leishmaniose tegumentar.

Solenofagia: Os insetos que praticam possuem peças bucais longas e flexíveis, podendoo assim de
forma silenciosa e sutil alcançar com facilidade os vasos sanguíneos do hospdeiro, sem desencadear
grandes repercussões no sistema imunitário humano, a princípio. São insetos que transmitem vírus,
predominantemente, e parasitas (protozoários e filárias) diretamente no sangue. Ex.: Culicídeos na
transimissão de arboviroses, filariose e malária.

ORDEM HEMÍPTERA

Compreendem a ordem Hemíptera os insetos com aparelho bucal (probóscida ou tromba)


do tipo picador-sugador. Poassuem cerca de 2-3 cm e dois pares de asas que se sobrepõem
horizontalmente no abdome. Apresentam cerca de 37.000 espécies, conferindo-lhes o lugar de
insetos de metamorfose incompleta mais abundante e com maior diversidade. Portanto tem famílias
de insetos fitófagos, predadores e hematófagos.

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Os triatomíneos ou "barbeiros" são seus únicos


representantes hematófagos e assumem grande
destaque por serem vetores do Trypanosoma cruzi e
outras espécies do gênero Trypanosoma sp., parasitos
de roedores silvestres e domésticos. Assim, nem todo
barbeiro transmite a Doença de Chagas, apenas os
hematófagos. O Panstrogylus megistus é uma espécie
de grande importância na transmissão da doença de
Chagas ao homem no Brasil, sem, no entanto, produzir
colônias tão grandes como as de Triatoma infestans.
Também tem grande importância histórica, uma vez que foi dissecando um exemplar desta espécie
que Carlos Chagas verificou pela primeira vez a presença de formas evolutivas de T. cruzi em
barbeiros, fechando assim o ciclo da doença de Chagas.

ORDEM DÍPTERA

Nessa ordem, temos algumas subfamílias. Uma importante é subfamília Phlebotominae, dos
flebotomíneos ou flebotomídeos. Os flebotomídeos apresentam ampla distribuição geográfica,
sendo vistos sob as mais diversas condições climáticas e de altitude e em ambientes silvestres, rurais
e até urbanos. No Brasil, são popularmente denominados: asa-branca, birigui, cangalhinha,
flebótomo (ou fi-eboti), mosquito palha e tatuquira. Isso indica que o povo distingue estes insetos dos
outros hematófagos.

Suas fêmeas são hematófagos e transmitem a Leishmaniose. Pode ser


restrita ao tecido celular subcutâneo, ou pode repercutir
sistemicamente, as leishmanioses cutânea e visceral ou calazar, cuja
classificação vai depender do hospedeiro e principalmente da
espécie, que a depender tem uma afinidade por um tipo de
protozoário que vai levar a uma outra doença. Geralmente é muito
comum na faixa tropical, importante no Ceará.

Lesão típica de Leishmaniose cutânea ou tegumentar característica


de borda emoldurada.

A família Culicidae (latim culex = mosquitos) apresenta grande interesse em parasitologia


médica, em vista de nela encontrarmos o maior número e os mais importantes insetos hematófagos
entre todos os Arthropoda, e apenas as fêmeas exercem hematofagia. As numerosas espécies de
culicídeos apresentam grande adaptabilidade biológica, variabilidade genética e ampla valência
ecológica.

Possuem enorme dispersão, encontrando-se espécies desde as regiões árticas,


até as equatoriais. Também estão disseminadas em áreas tropicais e subtropicais,
sendo que apenas as fêmeas terão o hábito de picar animais de sangue quente.
Tem corpos cobertos por escamas e durante o hematofagismo, o inseto perturba
o repouso do hospedeiro, espolia o sangue do mesmo e, mais grave ainda, pode
transmitir doenças, como viroses (dengue, febre amarela e encefalites),
protozooses (malária) e helmintoses (elefantíase).

Popularmente são conhecidos por mosquitos, pernilongos, muriçocas,


mossorongos, sovelas, mosquitos-prego, carapanãs, etc. Em alguns estados
brasileiros, a Musca domestica é erroneamente denominada mosquito; a mosca
é da família Muscomorpha, confundida com os outros dípteros.

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Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
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O desinteresse do governo brasileiro para com a saúde pública em geral e para com as
doenças transmitidas por artrópodes em particular tem desestimulado continuamente a formação
de Entomologistas nos últimos anos.

Aliás, muitas das campanhas de controle de insetos têm apresentado resultados falhos em
vista dessa ausência de Entomologistas forenses, especializados e competentes, capazes de darem
suporte científico a essas atividades. Por outro lado, os órgãos encarregados de controle lembram-
se apenas de inseticidas químicos como forma de combate, esquecendo-se dos inseticidas
biológicos, da educação sanitária e ambiental, da imprescindível participação da população e,
principalmente, da falta de monitoramento dos mosquitos vetores periodicamente.

Os Diptera Muscomorpha possuem grande importância para nós, quer sob o ponto de vista
biológico, quer sob o ponto de vista médico-veterinário. Sob o primeiro ângulo, muitas moscas são
extremamente úteis como polinizadoras, como decompositoras de matéria orgânica, como fonte
de alimentos para vários animais e como predadoras de larvas de borboletas e besouros. Os
mecanismos pelos quais a M. domestica (e as demais moscas sinantrópicas) veiculam patógenos
são os seguintes:

a) pela regurgitação alimentar (alimenta-se em fezes, feridas ou animais mortos e, depois, voando a
distância, deposita a saliva contaminada sobre o alimento humano);

b) pela veiculação mecânica de patógenos aderidos as patas e cerdas do corpo. Através de


dejetos da mosca, dificilmente ocorre infecção humana, pois apesar de suas fezes possuírem
patógenos, as moscas usualmente defecam em pareciam a oviposição. A longevidade dos adultos
varia entre redes, tetos, fios etc.

Entende-se por Miíase ou Bernie a “infestação de vertebrados vivos por larvas de dípteros
que, pelo menos durante certo período, se alimentam dos tecidos vivos ou mortos do hospedeiro, de
suas substâncias corporais líquidas ou do alimento por ele ingerido". Ou seja, não é uma patologia
isolada das moscas da espécie M. domestica, mas sim de outros Dipteros e artrópodes que
apresentam comportamento semelhante.

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Dessa forma, larvas de moscas que completam seu


ciclo, ou pelo menos parte do seu desenvolvimento
normal dentro ou sobre o corpo de um hospedeiro
vertebrado podem ser classificadas como
causadoras de miíases. A incidência de miíases
humanas em nosso meio não é muito grande, mas
em algumas regiões podem provocar sérios danos
nos homens e animais. O termo miíase tem essa
etimologia: myie=moscas; ase=doença. No meio rural
é conhecido como "bicheira".

Todas essas miíases podem ser tratadas 1 do seguinte modo: limpar a ferida, anestesiar
localmente a área (conforme a lesão, não há necessidade de anestésico); com o auxílio de uma
pinça, realizar a retirada mecânica de larva por larva; tratar a ferida com gaze + éter sulfúrico e
deixar com bacteriostático local ou, conforme o caso, usar antibiótico de largo espectro.

ORDEM SIPHONAPTERA
A ordem Siphonaptera (siphon = tubo; aptera = sem asas) compreende insetos hematófagos
de ambos os sexos, vulgarmente conhecidos como pulgas e bichos-de-pé. Esses insetos são
encontrados em todo o mundo, com aproximadamente 3.000 espécies conhecidas.

As pulgas são insetos pequenos - 1 a 3 rnm - , de cor castanho-escuro e corpo achatado


lateralmente (para facilitar a locomoção entre os pêlos). São ápteras; o último par de pernas é
adaptado para saltar, o que lhes permite dar pulos extraordinários, de várias vezes o seu tamanho.
Apresentam aparelho bucal do tipo picador-sugador.

Os Bicho-de-pé, também chamado de "bicho-de-porco" e


"bicho-de-cachorro". é uma pulga da espécie Tunga penetrans,
a menor espécie de pulga já conhecida (l mm). Ela penetra
geralmente nos pés, que vive em locais que tem areais, através
da suas patas anteriores e se aloja na pele e fica lá sendo
necessário retirá-la mecanicamente.

O maior perigo da tungíase é a veiculação mecânica de


tétano (Clostridium tetani), micoses (Paracoccidioides
brasiliensis), gangrena gasosa (Clostridium perfringens). As
lesões iniciais podem servir também como porta de entrada
para outros agentes bactenanos.

Após a desinfecção local com álcool iodado, com uma agulha previamente esterilizada,
fazer pequenas dilacerações na pele, circundando a turnoração. E necessário muito cuidado para
não aprofundar a agulha, o que iria provocar dor e romper a pulga. Após incisão completa da pele,
retirar o bicho-de-pé, puxando-o com os dedos polegar e indicador, que funcionam como pinça.
Esta não deve ser usada, para não romper o parasito. Depois de retirado, o mesmo é colocado no
fogo ou em álcool (para destruir os ovos); faz-se a aplicação de bacteriostático oxidante no orifício
deixado (mertiolato).

1O tratamento deve ser o mais precoce, pois a lesão pode estender-se em poucos dias devido a voracidade das larvas.
Muitas vezes, quando o tratamento não é feito a tempo, há necessidade de cirurgia plástica para recompor a área destruída.
No caso de não se conseguir retirar todas as larvas, é recomendável a aplicação de um spray veterinário próprio, que mata
as larvas e estimula a cicatrização da ferida.

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ORDEM PHTHIRAPTERA
A Ordem Phthiraptera (do grego phthirus=achatado; a=sem; ptera=asas) constitui insetos
com corpo metamerizado. Nessa ordem encontramos os insetos vulgarmente conhecidos como
piolhos. São todos hematófagos.

Apenas duas famílias apresentam espécies que parasitam o homem,


Pediculidae, com as espécies Pediculus capitis, que é o piolho da cabeça
e Pediculus humanus ou P. corporis, que é o piolho do corpo ou
"muquirana" e Pthiridae, com a espécie Phthirus pubis, vulgarmente
conhecida como "chato".

Chama-se pediculose a infestação por piolhos sugadores: A pediculose do couro cabeludo


e pediculose do corpo. A infestação determinada pelos "chatos" é denominada pitiríase, pitirose,
fitiríase, fitirose, ou, impropriamente, "pediculose do púbis", é considerada uma DST. Elas são
caracterizadas por prurido, irritação da pele ou do couro cabeludo e infecções estafilocócicas
secundárias (impetigo), podendo, também, determinar inflamação ganglionar satélite e alopecia.
Quando infestações graves por piolho da cabeça estão associadas a más condições sociais e dietas
inadequadas, as crianças parasitadas podem apresentar-se anêmicas pela deficiência de ferro
subtraído pela hematofagia.

A picada do inseto ocasiona, ainda, uma dermatite, causada pela reação do hospedeiro a
saliva injetada ao início da hematófaga. O prurido leva o paciente a arranhar a pele, abrindo a
porta de entrada para patógenos. Além do prurido intenso, esses insetos tem sua importância na
história da Medicina da humanidade, pois podem veicular o tifo exantemático (Rickettsia
prowazeki), a febre das trincheiras (Bartonella quintana) e a febre recorrente (Borrelia recurrentis)2.

Como os piolhos são insetos altamente específicos aos seus hospedeiros, e por ocuparem
diferentes territórios no corpo dos mesmos, o seu estudo abre importantes perspectivas para o
esclarecimento da co-evolução hospedeiro parasito, afinidades taxonômicas, geográficas e
antropológicas e consequentemente da incessante busca as origens do homem.

2. Classe Arachnida

A classe Arachnida compreende as seguintes


ordens de interesse médico e veterinário:
Scorpiones, os escorpiões verdaderios, Araneida,
as aranhas, e Acari que inclui os carrapatos ou
ixodideos, os ácaros das sarnas, dos grãos e do pó
domiciliar e ainda os "micuins" e "piolhinhos" de
ninhos de aves. Os artrópodes pertencentes a
essa classe são então chamados de aracnídeos.

Os aracnídeos são artrópodes com o corpo


fundido em cefalotórax e abdome, com quatro
pares de patas e sem antenas. Na parte anterior,
localizam-se as peças bucais: quelíceras e os
palpos ou pedipalpos. As quelíceras possuem
"pinças" em suas extremidades, utilizadas para
cortar ou perfurar os tecidos.

2 Rickettsia prowazeki são bactérias atípicas; Bartonella é um gênero de bacilos gram-negaticos e Borrelia são espiroquetas
que podem causar também a doença de Lyme e a febre maculosa das montanhas rochosas.

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ORDEM ACARI
Existem várias espécies de Acari responsáveis por sarnas nos
animais, pertencentes a diferentes famílias. Já no homem apenas
uma espécie, Sarcoptes scabiei, provoca tal lesão, conhecida
como sarna sarcóptica ou escabiose. O inseto vai liberar os ovos
dentro do tecido celular subcutâneo que é por onde vai ficar
escondido por dentro. Isso vai provocar prurido no hospedeiro e
ele irá coçar e liberar mais ovos ao ambiente. Algumas lesões na
pele eritematosas e pruriginosas podem ser apresentadas.

A Sarna norueguesa clinicamente é apresentada como lesões


esbranquiçadas, semelhante a uma descamação da pele. É a
mesmo parasita que a provoca, a diferença é que os hospedeiros
geralmente são imunodeprimidos, levando a um quadro
sistêmico e grave.

AmbIyomma cajennense possivelmente é, entre as dezenas de espécies


no Brasil, a mais comum e mais importante na transmissão de doenças para
os humanos. Os adultos são conhecidos por "carrapato-estrela" ou
"rodoleiro". picadas ferimentos, às vezes, de cura demorada. Pode reter o
vírus da febre amarela e é, em nosso meio, a mais importante transmissora
da Febre Maculosa (Rickettsia rickettsi), uma vasculite potencialmente
fatal. Essa riquétsia pode ser mantida em reservatórios silvestres e
domésticos (cão), bem como no próprio carrapato. O A. cajennense é
também o provável vetor da doença de Lyme no Brasil.

ORDEM SCORPIONES
Os escorpiões, assim como as aranhas, são aracnídeos
(possuem quatro pares de patas). Apresentam o corpo
alongado, dividido em carapaça e uma cauda longa que
apresenta no nal um aguilhão, o Telson pelo qual é inoculado o
veneno (toxina) quando se sentem ameaçados.

Todos os escorpiões são terrestres e são encontrados nos mais


diversos ambientes. A maioria apresenta hábitos noturnos.
Durante o dia, os escorpiões procuram abrigo embaixo de
pedras, telhas, madeiras e troncos em decomposição e à noite,
saem à procura de alimentos. Nas residências, podem se
esconder dentro de calçados ou em roupas caídas no chão.
São mais ativos durante os meses mais quente do ano.

A ordem Escorpiones, com mais de 1000 espécies de escorpiões


conhecidas pelo mundo, cerca de 25 apresentam interesse toxicológico. Todas as espécies de
escorpiões consideradas de importância médica pertencem à família Buthidae. No Brasil, apenas
algumas espécies do gênero Tityus podem causar acidentes graves.

Os acidentes são classicados em leves quando ocorrem predominantemente sintomas locais,


sendo que a dor está presente em praticamente todos os casos. Ocasionalmente podem ocorrer
vômitos, taquicardia e agitação discretas, muitas vezes associadas a quadros de ansiedade. Os
acidentes moderados e graves são causados pelos quatro escorpiões de interesse médico: Tityus
serrulatus, T.bahiensis, T.stigmurus e T.obscurus.

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Acidentes moderados são caracterizados pela dor local e manifestações sistêmicas de média
intensidade como sudorese, náuseas e vômitos, hipertensão arterial, taquicardia, taquipnéia e
agitação. Nestes casos existe a necessidade da utilização de soro antiescorpiônico ou aracnídico.
Nos acidentes graves, as manifestações sistêmicas são intensas como: vômitos profusos e frequentes,
sudorese generalizada e abundante, pilo ereção (pele arrepiada), palidez, agitação alternada com
sonolência, hipotermia, taquicardia ou bradicardia, extra-sístoles, hiperpnéia, tremores, espasmos
musculares, hipertensão. Pode evoluir para choque cardiorrespiratório e edema agudo de pulmão
que são as causas dos óbitos no escorpionismo.

ORDEM ARANEIDA
As Aranhas são animais quelicerados, ou seja, possuem quelíceras, que é a estrutura
especializada para inocular o veneno. Esta estrutura é formada por duas partes, uma basal maior e
outra dura em formato de ferrão ou dente. Neste ferrão há um canal por onde passa o veneno
proveniente da glândula de veneno.

Apresentam o corpo dividido em duas partes: o cefalotórax, que seria a cabeça fundida com
o tórax e o abdômen, e estas duas partes são ligadas por uma estrutura chamada de pedicelo. No
cefalotórax ficam localizados os olhos, geralmente em número de seis ou oito, dispostos em duas ou
três fileiras, um par de pedipalpos, que apresenta função sensorial, um par de quelíceras, e os quatro
pares de pernas.

As aranhas são predadoras, geralmente solitárias, e possuem hábitos diurnos e noturnos.


Vivem em teias geométricas ou irregulares, ocupam buracos naturais no solo, em fendas de
barrancos, em árvores e arbustos, sob troncos podres, em cupinzeiros, em bromélias. Algumas podem
viver domiciliadas, dentro das residências, em depósitos, garagens e outras construções. Habitam
praticamente todas as regiões da terra com exceção da Antártica. São encontradas em vários
ecossistemas, inclusive na água. Têm como inimigos naturais os pássaros, lagartixas, sapos, rãs e
outras aranhas, entre outros.

Existem mais de 40.000 espécies de aranhas, mas a Organização Mundial de Saúde considera
apenas quatro gêneros de aranhas de importância médica, capazes de causarem acidentes
graves: Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus. No período de 1988 e 1989, foram notificados ao
Ministério da Saúde 4.636 acidentes atribuídos a aranhas. Destes, 60% foram causados por
Phoneutria, 21 % por Loxosceles e 0,21 % por Latrodectus.

As caractéristicas gerais, comportamentos, hábitos e costumes dessas aranhas bem como o


quadro clínico dos acidentes provocados por elas (Phoneutrismo, Loxoscelismo e Latrodectismo) são
tópicos que frequentemente tem sido tema de questões de prova.

Phoneutria sp. (Aranha Armadeira)

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Entre as aranhas de importância médica, as aranhas conhecidas como Armadeira ou Aranha


das Bananeiras destacam-se pelo seu tamanho e a postura agressiva ao erguer as patas dianteiras,
sendo capaz de saltar até 30 cm. Medem 3 cm de corpo e até 15 cm de envergadura de patas
quando adulta, apresentam coloração marrom-acinzentada e corpo coberto por pelos curtos.
Vivem em arbustos, árvores, paredes rústicas, sob as cascas desprendidas dos troncos, em locas de
pedras, refugiando-se da luz. Nos meses de maio a julho, época do acasalamento, machos e fêmeas
penetram nos jardins, quintais, garagens e mesmo nas casas e se escondem durante o dia em
sapatos, cortinas, atrás de móveis. Assim, acidentes têm sido observados no ato de calçar-se, ao
realizar a limpeza doméstica e ao manuseio de legumes e frutas, especialmente bananas. Desse
modo, as regiões do corpo mais atingidas são as extremidades dos membros superiores e inferiores.

O veneno tem ação neurotóxica periférica e central causando dor intensa e imediata no
local da picada, muitas vezes irradiada para raiz do membro e edema. Pode _ car marca de dois
pontos da picada. Manifestações sistêmicas como sudorese, hiperemia, parestesia, taquicardia,
hipertensão arterial, agitação psicomotora, visão turva, vômitos ocasionais, dor abdominal,
priapismo, sialorréia discreta e fasciculação muscular podem ocorrer.

Os acidentes graves são raros, sendo praticamente restritos aos acidentes com crianças. O
tratamento para dor local deve incluir um analgésico sistêmico e a realização de bloqueio
anestésico por infiltração local. Como tratamento específico, a soroterapia (Soro Antiaracnídeo) é
formalmente indicada nos casos de manifestações sistêmicas em crianças e, obrigatoriamente, em
todos os acidentes graves.

Loxosceles sp. (Aranha Marrom)

É uma aranha pequena, 1 cm de comprimento suas teias são construídas em ambientes


escuros, tais como: atrás de móveis, porões, quartos de despejo. Não são agressivas, tem hábitos
noturnos, e de maneira similar a Aranha Armadeira, ela se refugia da luz, se escondendo muitas vezes
nos domicílios, e seus acidente acontecem quando inadvertidamente as pessoas vestem seus

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casasos onde ela costuma se esconder. Seu veneno é um dos mais ativos sobre o organismo humano.
Uma única picada pode determinar a morte de uma criança ou mesmo de um adulto.

Dessa forma, o acidente causado por aranhas do gênero Loxosceles, chamado de


Loxoscelismo, ocorre, geralmente em ambiente intradomiciliar, em circunstâncias nas quais a aranha
é comprimida contra o corpo do indivíduo, como ao vestir-se e ao dormir. Em consequência disso, o
tronco e a região proximal dos membros são os segmentos do corpo mais comumente acometidos.
O veneno tem ação local proteolítica local e manifestações sistêmicas. A picada é indolor. Há dois
tipos de loxoscelismo: o cutâneo e o visceral.

A forma cutânea do loxoscelismo é a mais comum, e é caracterizada por uma “lesão em


alvo”, com um ponto necrótico ou uma área de necrose central circundada por halo isquêmico e
eritema. Como a picadar é indolor, gerlamente se passa muito tempo para ser tratada enquanto
ambiente ambulatorialmente e muitas vezes o que se vê é esse tipo de acidente evoluir para a sua
próxima forma, evoluindo até para necrose.

O loxoscelismo cutâneo-visceral (cutâneo-hemolítico) é a forma mais grave do acidente e


caracteriza-se pela hemólise (ruptura de hemácias) intravascular associada à presença de lesão
cutânea, catacterizando um quadro de anemia aguda. Os pacientes podem evoluir para um
quadro de Insuciência Renal Aguda (IRA); secundariamente, à hemólise; e há probabilidade de
evolução para rabdomiólise, decorrente do extenso dano tecidual no local da picada e da
Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD).

O tratamento será sintomático para os casos leves sem presença de necrose e de soro
antiaracnídeo ou soro antiloxoscélico para casos moderados e graves.

Latrodectus sp. (Viúva-Negra)

Também conhecida como “flamenguinha”, pertence ao gênero Latrodectus, é comum nos


estados do nordeste brasileiro. São aranhas pequenas, de 1,5 cm corpo e 3 cm de envergadura de
pernas. Em algumas espécies, apresentam coloração preta com vermelho vivo. Em outras, a cor
varia do verde ao cinza com manchas alaranjadas. O abdômen é globoso e na parte ventral há um
desenho em forma de ampulheta vermelha ou laranja. Não são agressivas.

Frequentemente são encontradas em ambientes externos, vegetação arbustiva, em locais


de erosão de gramados. No ambiente doméstico, podem estar em canaletas de água de chuva,
abrigando-se em latas vazias, pneus, etc. Os machos vivem na teia das fêmeas, podendo servir de
alimento para elas logo após a cópula, daí a denominação de viúva.

O veneno tem ação neurotóxica central e periférica, caraterizado pela dor intensa no local
da picada que pode persistir por até 48 horas. Podem ocorrer manifestações sistêmicas, como
contraturas musculares generalizadas e miagia intensa que podem evoluir para convulsões. Pode
ocorrer também dor abdominal intensa, um quadro bem similar ao de abdome agudo. Em casos

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mais graves, podem ocorrer taquicardia e hipertensão, seguidos de bradicardia, arritmias, fibrilação
atrial entre outros.

O tratamento sintomático é realizado com a administração de analgésicos potentes, porém


o tratamento específico com soro é obrigatório em casos moderados a graves.

Geralmente os acidentes com aranhas são mais GRAVES que os com escorpião. Em acidentes com
Loxoceles mesmo administrando o soro, o paciente ainda precisaria ir para uma UTI se recuperar.

REFERÊNCIAS
1. 1. NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 12ª. ed. São Paulo: Atheneu, 2011.

2. SILVA, K. R. L. M.; MARQUES, M. G. B. M; NICOLELLA, A. (Org.). Manual de acidentes por animais


peçonhentos e venenosos. Porto Alegre: CIT/RS, 2016.

VÍDEOS

ESCORPIÕES:

https://www.youtube.com/watch?v=9C-5W5DehRc

ARANHAS:

http://www.youtube.com/attribution_link?a=umDAWoooWQw&u=/watch%3Fv%3DkzfKi7X-
imQ%26feature%3Dem-share_video_user

https://www.youtube.com/watch?v=IKm-8SId9Rg&index=9&list=PLwtsvp7-
wG7NKrY7buEqVXYq54wnjU-5o

https://www.youtube.com/watch?v=XYl463Cz5kA&index=10&list=PLwtsvp7-
wG7NKrY7buEqVXYq54wnjU-5o

https://www.youtube.com/watch?v=m1keiTOAwEw&index=11&list=PLwtsvp7-
wG7NKrY7buEqVXYq54wnjU-5o

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - PARASITOLOGIA

AMEBÍASE, GIARDÍASE E TRICOMONÍASE

Os Protozoários englobam todos os organismos protistas, constituídos por uma única célula.
Os protozoários são micro-organismos cuja classificação taxonômica é feita com base em suas
estruturas de locomoção e são agrupados em um reino próprio, denominado Reino Protista (junto às
algas unicelulares). São seres eucariontes (núcleo celular organizado dentro de uma membrana), a
maioria é heterótrofa, embora alguns sejam autótrofos, produzem clorofila e com ela fazem a
fotossíntese, obtendo seu próprio alimento.

Os protozoários apresentam grandes variações, conforme sue fase evolutiva e meio a que
estejam adaptados. Podem ser esféricos, ovais ou mesmo alongados. Alguns são revestidos de cílios,
outros possuem flagelos, outros projetam pseudópodes, e ainda os que não possuem nenhum destes.

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Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas.
Assim, temos:

▪ Trofozoíto: é a configuração ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz, por


distintos processos;
▪ Cisto: é a configuração de resistência, onde o protozoário possui uma parede resistente que o
protegerá quando estiver em meio impróprio ou em fase de latência;
▪ Gameta: é a configuração sexuada, que aparece em algumas espécies de protozoários.

Encontramos os seguintes tipos de reprodução:

o ASSEXUADA o SEXUADA

• Divisão binária ou Cissiparidade;


• Conjugação: consiste na união temporária
• Brotamento ou Gemulação; de dois indivíduos, com troca mútua de
materiais nucleares;
• Endogenia: formação de duas ou mais
células-filhas por brotamento interno à célula;
• Singamia ou Fecundação: consiste na união
• Esquizogonia: divisão nuclear seguida da
de microgameta e macrogameta formando
divisão do citoplasma, constituindo indivíduos
o ovo ou zigoto, que pode dividir-se para
isolados. Esses rompem a membrana celular
fornecer esporozoítos. O processo de
da célula mãe e continuam a desenvolver-se.
formação de gametas recebe o nome de
Na realidade, existem três tipos de
gametogonia.
esquizogonia: merogonia (produz merozoítos),
gametogonia (produz microgametas) e
esporogonia (produz esporozoítos).

Microrganismos de vida livre são presentes em muitos ambientes. No entanto alguns levam
vida parasitária causando doenças em animais. Febre, cistos dolorosos e outros efeitos são alguns
sintomas em seus hospedeiros. Muitos protozoários causam doenças nos seres humanos e a outros
animais vertebrados. Por exemplo: Trypanosoma cruzi, é um protozoário flagelado causador da
Doença de Chagas. Entre as outras doenças provocadas por protozoários destacam-se a Amebíase
(pela Entamoeba histolytica), a Giardíase (pela Giardia lamblia), a Malária (por Plasmódios sp),
diferentes tipos de Leishmaniose (pelas Leishmania sp) e diversas outras patogenias.

Aqui, por hora, debateremos apenas as protozooses intestinais mais relevantes de interesse
médico, a Amebíase, Giardíase e uma doença sexualmente transmissível, a Tricomoníase.

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1. Amebíase
A causa da Amebíase se dá pela infecção de protozoário (Entamoeba histolytica), que pode
se beneficiar de seu hospedeiro sem causar benefício ou prejuízo, ou ainda, agir de forma invasora.
Neste caso, a doença pode se manifestar dentro do intestino ou fora dele. O gênero Entamoeba
alberga um conjunto de espécies comensais (presentes no intestino, mas não são causadoras de
doenças) e outra apresenta padrões patogênicos. A E. histolytica é o agente etiológico da
amebíase, importante problema de saúde pública, constituindo a segunda causa de mortes por
parasitoses. A E. dispar é uma espécie que acomete o homem de forma assintomática, quadro
denominado colite não-disentérica.

No geral, todas essas amebas apresentam semelhanças morfológicas que, para o


diagnóstico e identificação, pequenas diferenças devem ser notadas como a quantidade de
núcleos presentes na célula, disposição do mesmo, presença de vacúolos, etc. Entretanto, a E. dispar
e a E. hitolytica apresentam importantes semelhanças morfológicas que dificultam ainda mais o
diagnóstico. Por esse motivo, em exames de fezes, o achado laboratorial deve constar: “Cistos de
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar”. Por essa razão, mesmo sendo considerada não-
patogênica, alguns autores defendem que a E. dispar deve ser tratada, não só pela sua semelhança
com a patogênica E. histolytica, mas pelo fato da E. dispar ser responsável por causar a forma mais
branda da amebíase: colite não-disentérica.

EPIDEMIOLOGIA

Estima-se que existam cerca de 500 milhões de pessoas infectadas e 100 mil mortes
anualmente constituindo a segunda causa de mortes por parasitoses, isso equivale a uma pesssoa
morta por uma forma amebíase a cada 5 minutos. A distribuição no Brasil é variável, porém na região
Amazônica, a prevalência de abscessos hepáticos é alta. Tem maior prevalência nos países tropicais
e subtropicais, mais relacionados com condições sanitárias e socioeconômicas precárias. É mais
frequente em adultos e o predomínio é da formas não-disentéricas e dos casos assintomáticos, que
são são os principais responsáveis pela contaminação de alimentos, contaminados pelos cistos, as
formas de resistência do parasito. Os cistos são veiculados através de água e alimentos, moscas e
baratas (vetores mecânicos), com uma viabilidade: 20 dias.

MORFOLOGIA
As amebas citadas se distinguem umas das outras pelo
tamanho do trofozoíto e do cisto, pela estrutura e pelo
número dos núcleos nos cistos, pelo número e formas das
inclusões citoplasmáticas (vacúolos nos trofozoítos e corpos
cromatoides apenas nas fases iniciais e menos madura dos
cistos).

O gênero Entamoeba se caracteriza por possuir núcleo


esférico ou arredondado e vesiculoso, com a cromatina
periférica formada por pequenos grânulos justapostos e
distribuídos regularmente na parte interna da membrana nuclear, lembrando uma roda de carroça;
o cariossoma é relativamente pequeno, central ou excêntrico.

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Uma forma de distinguir a espécie de Entamoeba é por meio da


morfologia do núcleo do trofozoíto. O núcleo das espécies do
gênero Entamoeba, de uma forma geral, apresenta forma
esférico; com cromatina periférica que circunda todo
carioplasma; e um cariossoma característico. As espécies E.
histolytica, E. dispar, E. hartmannni apresentam uma cromatina
periférica bastante regular e uniforme, e um cariossoma central e
pequeno. A espécie E. coli apresenta uma cromatina periférica
um tanto que irregular e um cariossoma mais excêntrico, um poço
deslocado do centro do núcleo.

Em culturas ou disenterias, os trofozoítos medem entre 20 e 30μm.


Geralmente tem um só núcleo, bem nítido nas formas coradas e
pouco visível nas formas vivas. Examinando a fresco, apresenta-se
pleomórfico, ativo, alongado, com emissão contínua e rápida de
pseudópodes, grossos e hialinos; costuma imprimir movimentação
direcional, parecendo estar deslizando na superfície, semelhante
a uma lesma. Quando proveniente de casos de disenteria, é
comum encontrar eritrócitos no citoplasma; o trofozoíto não-
invasivo ou virulento apresenta bactérias, grãos de amido ou
outros detritos em seu citoplasma, mas nunca eritrócitos. Quanto
a capacidade de invadir células ou não, os trofozoítos podem ser
encontrados nas seguintes formas:

Forma magna: é a forma invasiva, sendo a única capaz de


invadir tecidos. Por ser hematófago, apresenta hemácias
engolfadas em seu interior. Suas parasitoses são sintomáticas e
não apresenta a capacidade de formar cistos. Apresenta-se
apenas na espécie E. hitstolytica (por isso que esta é
considerada patogênica), sendo um indicador de diagnóstico
diferencial.

Forma minuta: é a forma não-invasiva, apresentando apenas


bactérias em seu interior. Suas parasitoses são assintomáticas e,
por serem capazes de formar cistos, disseminam-se facilmente (uma vez que o portador não se tratar,
por estar assintomático). Tanto a E. histolytica quanto a E. dispar podem apresentar esta forma e, por
isso, não serve como meio de diagnóstico diferencial.

Os Cistos são esféricos ou ovais, medindo 8 a 20μm de


diâmetro. Os núcleos são pouco visíveis e variam de um a
quatro. Os corpos cromatoides, quando presentes nos
cistos, têm a forma de bastonetes ou de charutos, com
pontas arredondadas. Encontramos também no
citoplasma dos cistos regiões que se coram de castanho
pelo lugol: são as reservas de glicogênio, também
chamadas "vacúolos de glicogênio". Os cistos jovens são
aqueles em que se encontram 1 a 3 núcleos, vacúolos de
glicogênio e corpos cromatoides. Já os cistos maduros,
encontramos 4 núcleos e raramente são encontrados
vacúolo de glicogênio e corpos cromatoides.

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CICLO BIOLÓGICO

A E. histolytica é um parasita monoxeno (ciclo monoxêmico) de ciclo biológico direto e


simples. A via de infecção normal para o homem é a ingestão de cistos. Após a ingestão, o
desencistamento ocorre no meio ácido do estômago e é completado no duodeno e jejuno, onde
ocorre a colonização do parasita. Este se reproduz por divisão binária longitudinal. O ciclo se
completa com o encistamento do parasita e a sua eliminação nas fezes. Quando o trânsito intestinal
está acelerado, é possível achar trofozoítos nas fezes.

Os trofozoítas da E. histolytica normalmente vivem na luz do intestino grosso podendo,


ocasionalmente, penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do
organismo, como fígado, pulmão, no rim e, raramente, no cérebro. Os trofozoítos de E. histolytica são
essencialmente anaeróbios. Contudo, amebas são hábeis para consumir oxigênio, podendo crescer
em atmosferas contendo até 5% de oxigênio. Esses trofozoítos migram para o intestino grosso no qual
se colonizam. A partir daí, podem tomar dois rumos fisiológicos diferentes:

Ciclo não-patogênico: em geral, ficam aderidos à mucosa


do intestino, vivendo como um comensal, alimentando-se
de detritos e de bactérias. Através de divisões nucleares
sucessivas, se transformam, primeiramente em pré-cisto e,
depois, em cistos tetranucleados, que são eliminados com
as fezes normais ou formadas. Geralmente não são
encontrados em fezes liquefeitas ou disentéricas.

Ciclo patogênico: o equilíbrio parasito-hospedeiro pode


ser rompido e os trofozoítos invadem a submucosa
intestinal, multiplicando-se ativamente no interior das
úlceras e podem, através da circulação porta, atingir
outros órgãos, como o fígado e, posteriormente, pulmão,
rim, cérebro ou pele, causando a amebíase extraintestinal.
O trofozoíto presente nas úlceras é denominado forma
invasiva ou virulenta (forma magna). Não formam cistos e
são hematófagos (se alimentam de hemácias).

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Como vimos, a forma minuta dos trofozoítos pode viver de forma comensal e dar
continuidade ao ciclo, estabelecendo a forma colite não-disentérica (quadros de diarreia sem
presente de fezes mucossanguinolentas). Por não ter a capacidade de invadir outros tecidos, é
considerada não patogênica, mesmo causando os sintomas da colite não-disentérica. Entretanto,
algumas formas (como a magna) podem liberar citocinas e enzimas proteolíticas e invadir a mucosa
intestinal, se multiplicar na submucosa e atingir outros órgãos via corrente sanguínea (causando a
forma patogênica da doença). Este ciclo patogênico representa a forma mais grave da amebíase,
sendo caracterizada pela presença de fezes diarreicas mucossanguinolentas.

A E. histolytica pode, portanto, evoluir de comensal para invasor, realizando o ciclo


patogênico da doença devido a uma quebra do equilíbrio parasita-hospedeiro. Os fatores
determinantes relacionam-se ao hospedeiro (idade e resposta imune) e ao meio no qual a ameba
vive (flora bacteriana e reinfecções sucessivas).

IMUNOPATOGENIA E QUADRO CLÍNICO


O início da invasão amebiana é resultante da ruptura ou quebra do equilíbrio parasito-
hospedeiro, em favor do parasito. São inúmeros os fatores ligados ao hospedeiro: localização
geográfica, raça, sexo, idade, resposta imune, estado nutricional, dieta, alcoolismo, clima e hábitos
sexuais. Os "portadores assintomáticos" que manipulam alimentos são os principais disseminadores
dessa protozoose por dois motivos: porque apenas os assintomáticos apresentam a forma minuta, ou
seja, capaz de formas cistos; por não apresentar sintomas, dificilmente realiza tratamento para
debelar o parasito.

Sabe-se que a evolução da patogenia ocorre através da invasão dos tecidos pelos trofozoítos
invasivos e virulentos. Tudo indica que a E. histolytica tem um efeito letal direto sobre a célula,
necessitando, para isso, que haja inicialmente uma forte adesão entre a ameba e a célula que será
lesada. Esta adesão parece estar mediada por lectinas contidas na superfície das amebas, sendo
auxiliadas por formações filopódicas que ampliam a adesão, logo seguida pela fagocitose.

Na adesão às celulas epiteliais do cólon, desempe- nha papel fundamental a lectina de
adesão, que não somente participa do fenômeno de adesão, mas também bloqueia a deposição,
na superfície das amebas, do complexo de ataque de membrana do sistema complemento,
impedindo sua lise. Essa lectina de adesão é também alvo de imunidade protetora, naturalmente
adquirida, mediada por anticorpos de classe IgA. Outras proteínas com ação enzimática, como

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Proteases, facilitam o contato inicial com as células-alvo ao degradarem as Mucinas que compõem
o reves- timento mucoso do epitélio intestinal. Uma vez aderidas, as amebas invasivas desencadeiam
a morte das células do epitélio intestinal mediante dois processos distintos. O primeiro é conhecido
como citólise. Os trofozoítos de E. histolytica contém uma proteína formadora de poros, conhecida
como amoebapore, cuja principal função, no interior dos vacúolos fagocitários, consiste na
inativação e morte das bactérias ingeridas pelas amebas. Entretanto, as amebas também
desencadeiam a morte das células epiteliais por apoptose e fagocitam preferencialmente as células
apoptóticas. A morte celular estimula a produção de pré-interleucinas, que, por sua vez, ativam o
fator de transcrição nuclear NF-kB, resultando na produção de diversos mediadores inflamatórios (IL-
1, IL-8, IL-6, COX-2) e no recrutamento de neutrófilos. A migração de neutrófilos e outros leucócitos,
atraídos pelos mediadores liberados, agrava a lesão epitelial. Nas áreas de erosão epitelial inicia-se
a invasão das amebas, preferencialmente através do epitélio interglandular. Em sua passagem até
as camadas internas da mucosa intestinal, as amebas lisam células e degradam componentes da
matriz extracelular. Neste processo agem as diversas proteases produzidas pelas amebas. A morte
de neutrófilos recrutados para a lesão resulta na liberação de mais citocinas inflamatórias, como o
fator de necrose tumoral (TNF-a), o que contribui para agravar a inflamação e a destruição celular.

As formas clínicas, como vimos, pode ser caracterizada tanto por


formas assintomáticas (80% dos casos, pode ser causada tanto por E.
histolytica e E. dispar) quanto por formas sintomáticas (causada
apenas pela E. histolytica). Estas podem ainda serem dividias em
intestinais (colites desintéricas, colites não-desintéricas e amebomas) e
extra-intestinais (abscessos hepáticos).

Uma vez invadida a mucosa, os trofozoítos se multiplicam na


submucosa e prosseguem penetrando nos tecidos sob a forma de
microulcerações. As lesões amebianas são mais frequentes no ceco e
na região retossigmodiana. Mais raramente, os trofozoítos podem
induzir uma resposta inflamatória proliferativa com formação de uma
massa granulomatosa, chamada "ameboma" (que pode ser
confundido com um tumor do intestino), caracterizado por um grande
nódulo (ameboma) que comumente causa obstrução intestinal.

A colite não-disentérica se manifesta por duas a quatro evacuações,


diarréicas ou não, por dia, com fezes moles ou pastosas, às vezes
contendo muco ou sangue. Pode apresentar desconforto abdominal
ou cólicas, em geral localizadas na porção superior. Raramente há
manifestação febril.
A disenteria amebiana aparece mais frequentemente de modo
agudo, acompanhada de cólicas intestinais e diarréia, com
evacuações mucossanguinolentas ou com predominância de muco
ou de sangue, acompanhadas de cólicas intensas, de tenesmo ou tremores de frio.

O Abscesso amebiano no fígado ou hepático é a forma mais comum da amebíase extra-


intestinal. As principais manifestações clínicas do abscesso hepático amebiano são representados
pela tríade: dor, febre e hepatomegalia. Acomete homens de 20 a 60 anos em mais de 80% dos
casos. A dor se localiza no quadrante superior direito do abdome, com hepatomegalia dolorosa em
90% dos pacientes. Inclui, entre outros sintomas, febre intermitente e irregular. Complicações
torácicas são comuns, causando arnebíase pleuropulmonar e, às vezes, pericardites. Os abscessos
pulmonares e cerebrais são raros (8% dos casos), principalmente este último, e ocorrem em geral
quando há ruptura do abscesso hepático. A pele, sobretudo a região perianal, pode ser lesionada.

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DIAGNÓSTICO
O diagnóstico clínico (na consulta – ver Métodos Laboratoriais em parasitologia) é difícil de
ser feito por apresentar sintomatologia comum a várias doenças intestinais. Deverá ser feito
diganóstico diferencial com Disenteria Bacilar, Salmoneloses, Doença de Crohn e Esquistossomose.
No trato hepático, além da dor, febre e esplenomegalia, pode-se fazer o diagnóstico através de RX,
Cintilografia, USG e Tomografia computadorizada.

O diagnóstico laboratorial é através do exame parasitológico de fezes (EPF), procurando por


cistos ou trofozoítos. O exame do aspecto e da consistência das fezes é muito importante,
principalmente se ela é desintérica e contém muco e sangue. Deve ser fresco tão logo ela seja
emitida, no máximo 20 a 30 minutos após, pois tem o objetivo de encontrar trofozoítos. Como a
emissão de cistos e trofozoítos não é constante recomenda-se vários exames em dias alternados. O
diagnóstico sorológico pode ser realizado por ELISA, hemaglutinação direta, Reação de
Imunofluorescência indireta.

TRATAMENTO

O tratamento é indicado tanto para pacientes doentes na fase aguda e quanto para
portadores assintomáticos, pois a E. histolytica dormente pode causar infecções futuras no carreador
e ser fonte potencial de infecção para outros. Os fármacos contra a amebíase são classificados
como amebicidas: luminais, sistêmicos ou mistos de acordo com o local de ação. Por exemplo, os
amebicidas luminais atuam nos parasitas no lúmen do intestino, e os amebicidas sistêmicos são
eficazes contra as amebas na parede intestinal e no fígado. Os amebicidas mistos são eficazes
contra as formas luminal e sistêmica da doença, embora as concentrações luminais sejam muito
baixas para tratamento como fármaco único.

1. MISTOS

O Metronidazol1, é o amebicida misto de escolha no tratamento das infecções por amebas.


As amebas possuem proteínas de transporte de elétrons de baixo potencial redox, tipo ferredoxina,

1 O metronidazol é usado também no tratamento de infecções causadas por Giardia lamblia, Trichomonas vaginalis, cocos
anaeróbicos e bacilos gram-negativos anaeróbicos [p. Ex., espécies de Bacteroides] e é o fármaco de escolha para o
tratamento da colite pseudomembranosa causada pelo bacilo gram-positivo anaeróbico Clostridium difficile.

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que participa em reações de remoção de elétrons metabólicos. O grupo nitro do metronidazol é


capaz de servir como aceptor de elétrons, formando compostos citotóxicos reduzidos que se ligam
às proteínas e ao DNA, resultando na morte dos trofozoítos da E. histolytica. Os efeitos adversos mais
comuns são náuseas, êmese, azia e cólicas abdominais. Comumente, sente-se um desagradável
gosto metálico. O Tinidazol é um nitroimidazol de segunda geração com espectro de atividade,
absorção, efeitos adversos e interações similares aos do metronidazol. É usado para o tratamento de
amebíases, abscesso amébico hepático, giardíase e tricomoníase. É tão eficaz quanto o
metronidazol, com duração de tratamento mais curta, mas é mais dispendioso. O consumo de
álcool deve ser evitado durante o tratamento.

2. LUMINAIS

Após completar o tratamento da doença amébica invasiva intestinal ou extraintestinal, deve


ser administrado um fármaco luminal, como o iodoquinol, o furoato de diloxanida ou os antibióticos
paromomicina e eritromicina, para a eliminação de estados de colonização assintomáticos.

Para portamdores assistomáticos são também utilizados os medicamentos de síntese, como


Falmonox (Teclosan), que são dicloroacetamídicos usados por via oral na dose de dois comprimidos
de 500mg por dia durante sete dias. O outro medicamento é o Kitnos (Etofamida), apresentado em
comprimidos de 500mg; o tratamento é feito com dois comprimidos por dia durante cinco a sete
dias, atuam sobre os cistos.

3. SISTÊMICOS

Esses fármacos são úteis no tratamento de abscessos hepáticos e infecções da parede


intestinal causados por amebas. A cloroquina é usada em associação com o metronidazol (ou como
substituto para um dos nitroimidazóis em caso de intolerância) para tratar abscessos hepáticos
amébicos. Ela elimina os trofozoítos no abscesso hepático, mas não é útil no tratamento da amebíase
luminal. O tratamento deve ser seguido com um amebicida luminal. A cloroquina também é eficaz
no tratamento da malária. A desidroemetina é um fármaco alternativo para o tratamento da
amebíase.

Em resumo, temos 2:

• Formas intestinais • Formas graves extra-intestinais


✓ 1ª opção: Secnidazol (eficácia de 95 %). ✓ 1ª opção: Metronidazol
▪ Adulto: 2g (4 comprimidos de ▪ Adulto: 750mg, 3x ao dia, durante 10
500mg em dose única)] dias
▪ Criança: 30 mg/kg/dia (máximo ▪ Criança: 50 mg/kg/dia (em 3
de 2 g). tomadas), por 10 dias
✓ 2ª opção: Metronidazol: mesma eficácia ✓ 2ª opção: Tinidazol
do Secnidazol, mas não é dose única. ▪ Adulto: 2g (4 comprimidos de 500mg),
▪ Adulto: 500mg, 3x ao dia, durante dose única.
5 dias. ▪ Criança: 50mg/kg/dia durante 2 dias.
▪ Criança: 35 mg/kg/dia (em 3 • Portadores assintomáticos
tomadas) – por 5 dias ✓ 1ª opção: Teclozam 100mg, 3x ao dia,
✓ 3ª opção: Tinidazol (eficácia: 85%) por 5 dias.
▪ Adulto: 2g (4 comprimidos de ✓ 2ª opção: Etofamida 1g (2 comprimidos
500mg) durante 2 dias. de 500mg), por 3 dia
▪ Criança: 50 mg/kg/dia durante 2
dias.

2 Último protocolo do Ministério da Saúde (MS).

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2. Giardíase
Giardíase é a doença provocada pela infecção do intestino delgado pelo protozoário
Giardia lamblia. O gênero Giardia tem mais de 50 espécies que inclui parasitos flagelados do intestino
delgado de mamíferos (G. duodenalis), aves (G. psittaci), répteis e anfíbios (G. agilis), tendo sido,
possivelmente, o primeiro protozoário intestinal humano a ser conhecido. A primeira descrição do
trofozoíto tem sido atribuída a Anton van Leeuwenhoek (1681), que os chamou de “animalúnculos
móveis”. Em países em desenvolvimento, a giardíase é uma das causas mais comuns de diarreia
infecciosa entre crianças, que em consequência da infecção, muitas vezes, apresentam problemas
de má nutrição e retardo no desenvolvimento.

EPIDEMIOLOGIA
O protozoário da Giardíase que parasita as pessoas com más respostas infecciosas existe em
todo o mundo (Distribuição Mundial), mais comum e prevalente em países subdesenvolvidos. as
crianças de até 10 a 12 anos constituem a faixa etária mais acometida. Tanto o clima (tropical ou
subtropical) quanto à condições econômicas da população parece estar envolvidas na proporção
de pessoas infectadas. Levantamentos realizados em países desenvolvidos têm encontrado a
infecção em 2% a 5% das pessoas, enquanto a taxa em países em desenvolvimento e
subdesenvolvidos é de 20% a 30%. No Brasil, estudos indicam a infecção em 4% a 30% das pessoas.
As giárdias infectam indistintamente seres humanos, cães, gatos e gado. A transmissão pode ser de
um animal para outro da mesma espécie ou de espécies diferentes.

MORFOLOGIA
Giardia apresenta duas
formas evolutivas: o trofozoíto
e o cisto. O trofozoíto tem
formato de pêra, com
simetria bilateral e mede
20pm de comprimento por
10pm de largura. É
binucleado (diferentemente
do cisto, que apresenta
quatro núcleos). A face
dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava, apresentando uma estrutura
semelhante a uma ventosa, que é conhecida por várias denominações: disco ventral, adesivo ou
suctorial. O disco tem a função de fixação do parasita, sendo formado por microtúbulos,
microfilamentos e proteínas contráteis. Abaixo do disco, ainda na parte ventral, é observada a
presença de uma ou duas formações paralelas, em forma de vírgula, conhecidas como corpos
medianos. O cisto é oval ou elipsoide, medindo cerca de 12 μm de comprimento por 8 μm de largura.
No seu interior encontram-se dois ou quatro núcleos, um número variável de fibrilas (axonemas de
flagelos) e os corpos escuros com forma de meia-lua e situados no polo oposto aos núcleos.
Destacam-se os seguintes aspectos biológicos do cisto:

✓ Resistem a cloração da água;


✓ Temperaturas de até 60oC;
✓ Desinfecção para luz ultravioleta;
✓ São necessários cerca de 20 cistos para produzir uma infecção;
✓ Resistem até 2 meses no meio exterior.

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CICLO BIOLÓGICO

G. lamblia é um parasito monoxeno (ciclo monoxêmico) de ciclo biológico dueto. A via


normal de infecção do homem é a ingestão de cistos (um pequeno número já é o bastante para
debelar a infecção). Após a ingestão do cisto, o desencistamento é iniciado no meio ácido do
estômago e completado no duodeno e jejuno, onde ocorre a colonização do intestino delgado
pelos trofozoítos. O trofozoíto é a forma flagelada, quando é desencistada ela começa a sofrer
divisão binária, onde começa a se multiplicar dentro da luz do Intestino Delgado. Os trofozoítos se
multiplicam por divisão binária longitudinal (no citoplasma) resultando assim dois trofozoítos
binucleados. Ele vai sofrer desencistamento no ID e depois de se encista quando for liberado nas
fezes. O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior. Tal
processo pode se iniciar no baixo íleo, mas o ceco é considerado o principal sítio de encistamento.
Os cistos são resistentes e, em condições favoráveis de temperatura e umidade, podem
sobreviver, pelo menos, dois meses no meio ambiente. Quando o trânsito intestinal está acelerado,
é possível encontrar trofozoítos nas fezes. Em fezes diarreicas (em que o trânsito intestinal é rápido), é
possível encontrar cistos e trofozoítos nas mesmas. Em caso de fezes formadas (em que o trânsito
intestinal é normal), é encontrado apenas cistos (o que é usual).

QUADRO CLÍNICO E IMUNOPATOGENIA


A giardíase apresenta um espectro clínico diverso, que varia desde indivíduos assintomáticos
até pacientes sintomáticos que podem apresentar um quadro de diarreia aguda e autolimitada, ou
um quadro de diarreia persistente, com evidência de má-absorção e perda de peso, que muitas
vezes não responde ao tratamento específico, mesmo em indivíduos imunocompetentes.

A maioria das infecções é assintomática e ocorre tanto em adultos quanto em crianças, que
muitas vezes podem eliminar cistos nas fezes por um período de até seis meses (portadores
assintomáticos). Geralmente, em indivíduos não-imunes, isto é, na primo-infecção, a ingestão de um
elevado número de cistos é capaz de provocar diarreia do tipo aquosa, explosiva, de odor fétido,
acompanhada de gases com distensão e dores abdominais (enterite aguda). Muco e sangue

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aparecem raramente nas fezes. Essa forma aguda dura poucos dias e seus sintomas iniciais podem
ser confundidos com aqueles das diarreias dos tipos viral e bacteriano. Essa forma é muito comum
entre viajantes originários de áreas de baixa endemicidade que visitam áreas endêmicas.

Os mecanismos pelos quais a Giárdia causa diarreia e má absorção intestinal não são bem
conhecidos. Não há invasão da mucosa intestinal. Observa-se, entretanto, que podem ocorrer
mudanças na arquitetura da mucosa. Ela pode se apresentar completamente normal ou com atrofia
parcial ou total das vilosidades. A explicação mais plausível para a alteração morfológica e
funcional do epitélio intestinal é dada pelos processos inflamatórios aí desencadeados pelo parasito,
devido à reação imune do hospedeiro. A resposta imune local e a degranulação de mastócitos gera
uma reação anafilática local (reação de hipersensibilidade), que provoca edema da mucosa e
contração de seus músculos lisos, levando a um aumento da motilidade do intestino, o que poderia
explicar o aumento da renovação dos enterócitos.

Além dos aspectos associados às alterações morfológicas do intestino, outros fatores têm sido
aventados para explicar o aparecimento de diarreia e má absorção em alguns indivíduos, como,
por exemplo, o atapetamento da mucosa por um grande número de trofozoítos impedindo a
absorção de alimentos. As prostaglandinas liberadas pelos enterócitos e pelos parasitas são outra
forma de explicar o aumento da motilidade e a diarreia.

DIAGNÓSTICO
Diagnóstico clínico: a sintomatologia mais indicativa de giardíase é diarreia (de odor muito dorte e
característico) com esteatorreia, irritabilidade, insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite
(acompanhada ou não de emagrecimento) e dor abdominal. Apesar de estes sintomas serem
bastante característicos, é conveniente a comprovação por exames laboratoriais.

Diagnóstico laboratorial: deve-se fazer exame parasitológico de fezes nos pacientes para
identificação.

➢ Fezes formadas: os métodos de escolha são os de concentração: método de Faust ou de MIFC.


➢ Fezes diarréicas: usar o método direto (com salina ou lugol) ou o método da hematoxilina férrica.

O diagnóstico da giardíase apresenta dificuldades devido ao fato de que pacientes infectados


não eliminam cistos continuamente. Para contornar tal situação, recomenda-se fazer o exame de
três amostras fecais em dias alternados. Caso ainda não se encontrem cistos, recomenda-se o
exame do fluído duodenal e biópsia jejunal, obtidas através de tubagem duodenal – Entero test.

Os métodos imunológicos ainda carecem de padronização e são usa.dos somente em


levantamentos epidemiológicos. Os exames de Imunofluorescência indireta e ELISA são mais sensíveis
e possuem maior significado em caso de pacientes assintomáticos. O diangóstico sorológico
(Sorologia) na detecção de anticorpos anti-Giardia no soro tem apresentado problemas
relacionados com a ocorrência de falso-positivos e baixas sensibilidade e especificidade. Os
anticorpos IgG permanecem elevados por um longo período, o que impede a distinção entre
infecções passadas e recentes, dificuldando o diagnóstico nas áreas endêmicas.

TRATAMENTO
O medicamento mais utilizado e de primeira é o
Metronidazol com eficiência entre 70% - 100%.
Outras opções, com eficácia similar são
Secnidadzol (dose única), tinidazol ou albendazol.
Furazolidona, nitazoxanida e quinacrina são
raramente utilizadas.

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3. Tricomoníase
O gênero Trichomonas abrange espécies que parasitam o homem como Trichomonas
vaginalis, Trichomonas tenax e Pentatrichomonas hominis. As espécies citadas são membros da
família Trichomonadidae. Entretanto, delas, apenas a primeira, ou seja, o Trichomonas vaginalis é
patogênico, sendo ele responsável pela Tricomoníase, considerada a doença sexualmente
transmissível (DST) não-viral mais comum no mundo.

A transmissão do T. vaginalis se dá, majoritariamente, por contato sexual, embora seja descrito
na literatura sua transmissão via objetos íntimos e fômites como toalhas, roupas, vasos sanitários.
Entretanto, esses mecanismos de transmissão são muito questionados uma vez que esse protozoário
não apresenta forma cística, ou seja, apresenta apenas trofozoíto, o qual não apresenta tanta
resistência no meio adverso como a forma cística apresenta.

EPIDEMIOLOGIA
O T. vaginalis é o mais frequente patógeno encontrado entre as DST’s (Doenças Sexualmente
Transmissiveis). Estima-se que 180 milhões de mulheres no mundo se infectem anualmente, isso
siginifica 1 caso novo a cada 3 minutos, correspondendo a 1/3 de todas as vaginites diagnosticadas.
O organismo, não possuindo forma cística, não resiste à dessecação e a altas temperaturas. É um
parasito cosmopolita (encontrado nas metrópoles e comunidades), sendo mais encontrado em
mulheres de vida sexual ativa.Incidência depende de vários fatores: idade, atividade sexual, número
de parceiros, condições socioeconômicas. Tem prevalência baixa no homem e alta e em pessoas
de baixa renda, pacientes de clínicas ginecológicas, pré-natais e serviços de DSTs.

MORFOLOGIA
O Trichomonas vaginalis é um protozoário unicelular polimorfo que,
quando vivo, é elipsoide ou oval e, algumas vezes, esférico. O
protozoário é muito plástico, tendo a capacidade de formar
pseudópodes, os quais são usados para capturar os alimentos e se
fixar em partículas sólidas. Como todos os tricomonadídeos, não
possui a forma cística, somente a trofozoítica. As principais
estruturas morfológicas que caracterizam o T. vaginalis são:
✓ Quatro flagelos anteriores livres, de tamanhos desiguais;
✓ Uma membrana ondulante e a costa que nascem do
complexo granular basal. A margem livre da membrana
consiste em um filamento acessório fixado ao flagelo
recorrente;
✓ Um axóstilo, estrutura rígida e hialina que se projeta através do
centro do organismo, prolongando-se até a extremidade
posterior, que orienta a forma e estrutrua do parasito;
✓ Possui um aparelho parabasal que consiste num corpo em
forma de "V", associado a dois filamentos parabasais, onde se
dispõe o aparelho de Golgi composto por vesículas paralelas
achatadas;
✓ O blefaroplasto que está situado antes do axóstilo, sobre o qual
se inserem os flagelos, e coordena os seus movimentos.
✓ É desprovido de mitocôndrias, mas apresenta grânulos densos
paraxostilares ou hidrogenossomos, dispostos em fileiras. Estes
hidrogenossomos apresentam enzimas responsáveis pela
síntese de ATP.

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Mecanismo de Agressão e Defesa (MAD)
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CICLO, PATOGENIA, QUADRO CLÍNICO E COMPLICAÇÕES

A tricomoníase é uma DST. O T. vaginalis é um parasito monoxeno (ciclo monoxêmico)


transmitido através da relação sexual e pode sobreviver por mais de uma semana sob o prepúcio
do homem sadio, após o coito com a mulher infectada. O homem (que na maioria das vezes, é
assintomático) representa o principal vetor da doença: com a ejaculação, os tricomonas presentes
em alta concentração na mucosa da uretra e próstata do parceiro são levados à vagina pelo
esperma. Atualmente, admite-se que a transmissão não-sexual. A tricomoníase neonatal em meninas
é adquirida durante o parto (transmissão vertical). Tem maior frequência em mulheres que são
assistidas em Clínicas de DST e menor frequência entre mulheres em pós menopausa e virgens.

Não é conveniente falar de ciclo biológico da tricomoníase, uma vez que se dá de maneira
direta como descrito na transmissão. De uma forma resumida, quando o protozoário atinge o
hospedeiro e encontra condições favoráveis ao seu crescimento, ele coloniza a vagina ou a uretra.
Através de relações sexuais ou do uso de objetos, como toalhas, contaminados, o indivíduo tem
contato com o parasita que sob a forma trofozoíta, ele se instala na mucosa vaginal ou na uretra
peniana. Por cissiparidade o número de protozoários prolifera e coloniza as regiões infectadas. O T.
vaginalis é um organismo anaeróbio facultativo. Cresce perfeitamente bem na ausência de oxigênio
na faixa de pH compreendida entre 5 e 7,5 e em temperaturas entre 20ºC e 40ºC. Um contato inicial
entre T. vaginalis e leucócitos resulta em formação de pseudópodes, internalização e degradação
das células imunes nos vacúolos fagocíticos do parasito. Na mulher, o parasita passa a se alojar,
principalmente, na vagina, colo do útero e, mais dificilmente, no trato urinário.

Na mulher, o T. vaginalis infecta principalmente o epitélio escamoso do trato genital. Das


mulheres infectadas, entre 25% e 50% são assintomáticas. Um terço das pacientes assintomáticas
torna-se sintomático dentro de seis meses. Mulheres com vaginite aguda causada por T. vaginalis
frequentemente têm corrimento vaginal devido a infiltração por leucócitos. Há também odor vaginal
anormal e prurido vulvar. A vagina e a cérvice podem ser edematosas e eritematosas, com erosão
e pontos hemorrágicos na parede cervical conhecidos como colpitis macularis ou cérvice com
aspecto de morango. No exame físico, apresenta-se: corrimento abundante (amarelo-esverdeado),
odor fétido, aspecto bolhoso ou espumoso; prurido e irritação de vulva e vagina; disúria (dificuldade
ao urinar), estrangúria (dor ao urinar) e dispaurenia (dor durante o ato sexual); cervicite, vaginite,
vulvite, dor.

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Diferentemente da mulher, homens infectados pelo contato com parceira sexual infectada,
por razão desconhecida, podem ter somente infecção autolimitada. No sexo masculino, classifica-
se a parasitose em três grupos: estado assintomático 3 ; estado agudo, caracterizado por uretrite
purulenta abundante; e doença assintomática leve, clinicamente indistinguível de outras causas de
uretrite. No homem, a clínica da infecção se caracteriza pela manhã, pela presença secreção clara,
viscosa (durante o dia é escasso), além dor ao urinar e prurido.

Aumento da Transmissão de DSTs e HIV: Qualquer DST aumenta por sí só aumenta a transmissibilidade
de outras DST. Essa trichomonas na região genital vai predispor a gestante a problemas posteriores.
O T. vaginalis pode ter um papel crítico na amplificação da transmissão do HIV. A infecção por T.
vaginalis tipicamente faz surgir uma agressiva resposta imune celular local com inflamação do
epitélio vaginal e da exocérvice em mulheres e da uretra em homens. Essa resposta inflamatória
induz uma grande infiltração de leucócitos, incluindo células-alvo do HIV, como linfócitos TCD4+ e
macrófagos, aos quais o HIV pode se ligar e ganhar acesso. Além disso, o T. vaginalis frequentemente
causa pontos hemorrágicos na mucosa, permitindo o acesso direto do vírus à corrente sanguínea.
Desse modo, há um aumento na porta de entrada para o vírus em indivíduos HIV-negativos e
aumento da carga viral em pacientes já soropositivos.

Problemas gestacionais: Estudos têm relatado associação entre tricomoníase e ruptura prematura
de membrana, parto prematuro, baixo peso ao nascer associado a parto prematuro, endometrite
pós-parto, natimorto e morte neonatal. A resposta inflamatória gerada pela infecção por T. vaginalis
pode conduzir direta ou indiretamente a alterações na membrana fetal ou decídua. Isso ocorre
devido a resposta imune liberar diversas citocinas (dentre elas a TGF-β) que tem uma maior afinidade
pelo tecido muscular liso. Com isso vai atuar no útero (miométrio) promovendo assim contrações
dessa musculatura ocasionando um parto prematuro.

Problemas de fertilidade: o risco de infertilidade e câncer do colo do útero é quase duas vezes maior
em mulheres com história de tricomoníase comparado com as que nunca tiveram tal infecção. O T.
vaginalis está relacionado com doença inflamatória pélvica, pois infecta o trato urinário
superior,causando resposta inflamatória que destrói a estrutura tubária e danifica as células ciliadas
da mucosa tubária, inibindo a passagem de espermatozoides ou óvulos através da tuba uterina.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da tricomoníase não pode ser baseado somente na apresentação clínica,


pois a infecção poderia ser confundida com outras DSTs, visto que o clássico achado da cérvice
com aspecto de morango é observado somente em 2% das pacientes, e o corrimento espumoso,
em somente 20% das mulheres infectadas. Investigação laboratorial é necessária e essencial para o
diagnóstico da tricomoníase, uma vez que leva ao tratamento apropriado e facilita o controle da
propagação da infecção.

3 A maioria dos portadores é assintomática principalmente devido à concentração de zinco no líquido prostático. O zinco é
altamente tóxico para T. vaginalis, e é possível que muitos homens refratários a esta infecção tenham quantidades
consideráveis deste metal no fluido prostático.

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• No homem: os pacientes devem comparecer no local pela manhã, sem terem urinado no dia e
sem terem tomado nenhum medicamento tricomonicida há mais de 15 dias. O material uretral é
colhido com uma alça de platina ou com swab de algodão não absorvente ou de poliéster. O
organismo é mais encontrado no sêmen que na urina ou em esfregaços uretrais. O organismo é
mais facilmente encontrado no sêmen do que na urina ou em esfregaços uretrais. Uma amostra
fresca poderá ser obtida pela masturbação em um recipiente limpo e estéril.
• Na mulher: As mulheres não deverão realizar a higiene vaginal durante um período de 18 a 24
horas anterior a coiheita do material, e não devem ter feito uso de medicamentos tricomonicidas,
tanto vaginais (geléias e cremes) como orais, há 15 dias. a vagina é o local mais facilmente
infectado, e os tricomonas são mais abundantes durante os primeiros dias após a menstruação.
O material é normalmente coletado na vagina com um swab de algodão não absorvente ou de
poliéster. O diagnóstico é feito através da observação do material coletado a fresco no
microscópio ou em cultura de parasitas.

Este é o mais prático e rápido método de diagnóstico, mas possui uma sensibilidade
relativamente baixa. Para aumentar a sensibilidade das preparações a fresco, estas podem ser
coradas, com safranina (vermelho), e outros. As culturas de parasita são mais sensíveis, porém
demoram de 3 a 7 dias para fornecer resultados. Os exames de Imunofluorescência indireta e ELISA
são mais sensíveis e possuem maior significado em caso de pacientes assintomáticos.

TRATAMENTO
O tratamento da Trichomonas pode ser feito através de duas intervenções clínicas através da
associação de ambos:

I. sistêmico, através da administração do Tinidazol 2g, VO dose única e Metronidazol 2g, VO


dose única;
II. local, com a acidificação do meio vaginal, uma aplicação via vaginal de Metronidazol
(creme) diariamente durante 10 dias. As principais recomendações quanto ao uso desses
medicamentos são: tratar sempre o(s) parceiro(s), evitar ingestão de álcool durante o uso
do medicamento oral, evitar uso de cremes combinados, evitar atividade sexual durante o
tratamento, realizar sempre citologia oncótica do colo uterino pós-tratamento.

A gestante deve ser tratada com:

• Tinidazol 250mg, via oral de 12/12 horas por sete dias; ou


• Metronidazol 500mg, Via oral de 12/12 horas por sete dias.

As recomendações devidas para gestantes consistem em: executar o tratamento mesmo


quando a gestante não apresentar sintomatologia exuberante devido aos riscos de rotura e
membranas de descolamento prematuro de placenta, na lactação emprega-se Metronidazol 2g,
Via oral dose única, com abstenção das mamadas por 24 horas.

REFERÊNCIAS

1. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010.

2. FERREIRA, Marcelo Urbano. Parasitologia Contemporânea. Guanabara Koogan, 08/2012.

2. ASH, L. R.; ORIHEL, T. C. Atlas of human parasitalogy . Chicago : American Society of Clinical
Pathologists, 1980.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA


LEISHMANIOSE
A leishmaniose ou leishmaníase é a doença provocada pelos protozoários do gênero
Leishmania, transmitida ao homem pela picada de mosquitos flebotomíneos, também chamados de
mosquito-palha e bririgui. Ela pode ser dividida em Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e
Leishmaniose Visceral (LV) Filo: Sarcomastigota
Subfilo: Mastigophora

✓ Gênero Leishmania Ordem: Kinetoplastida


Família: Trypanosomatidae

São protozoários flagelados, parasitas intracelulares obrigatórios e unicelulares, heteroxenos,


encontradas nas formas promastigota e paramastigota, flageladas livres ou aderidas ao trato
digestivo dos hospedeiros invertebrados, e amastigota, sem flagelo livre, parasito intracelular. A
reprodução ocorre por divisão binária simples em ambos os hospedeiros.

EPIDEMIOLOGIA
Ao estudar LTA e LV, observa-se que há um ciclo
silvestre que, gradativamente, atingiu as
residências humanas, formando um novo ciclo
doméstico. O panorama da leishmaniose está
relacionado com áreas de desmatamento e
invasão humana, em que a opção do vetor foi
migrar para as residências e, por incidente, gerar
um ciclo doméstico envolvendo o homem. A LTA,
no Brasil, ocorre em todos os estados, com maior
incidência na região NORTE (sobretudo Tocantíns)
e CENTRO-OESTE.
A LV, no Brasil, tem uma distribuição mais localizada no NORDESTE, sendo uma parasitose
tipicamente rural. O principal reservatório doméstico da LV é o cão, que desenvolve alopecia,
ulcerações, crescimento desordenado das unhas, emagrecimento. A espécie mais prevalente no
Brasil para este tipo de doença é: Leishmania chagasi e no mundo, L. infantum.
MORFOLOGIA
Enquanto que o Trypanossoma cruzi apresenta como formas morfológicas as seguintes:
amastigotas, epimastigotas e tripomastigotas; a leishmania vai se apresentar nas seguintes formas
morfológicas: amastigota, promastigota e paramastigota.
Forma amastigota: aparece a microscopia óptica como organismos ovais, esféricos ou fusiformes. É
a forma morfológica que parasita o hospedeiro vertebrado
Paramastigotas: São caracterizadas por se
encontrarem aderidas no trato digestivo do vetor.
Forma promastigota: são encontradas no trato
digestivo do hospedeiro invertebrado. As
promastigotas metacíclicos são as formas infectantes
para os hospedeiros vertebrados, possuem os
diâmetros do corpo nos menores limites apresentados
pelos promastigotas e o flagelo muito longo, cerca
de duas vezes o comprimento do corpo. Possuem
mobilidade intensa e são encontrados livres nas
porções anteriores do trato digestivo do inseto.

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CICLO BIOLÓGICO

A transmissão da leishmaniose se dá principalmente por via vetorial. O ciclo é heteroxeno, isto


é, apresentando um hospedeiro invertebrado e vertebrado. Os hospedeiros vertebrados são
infectados quando formas promastigotas metacíclicas são inoculadas pelas fêmeas dos insetos
vetores, durante o repasto sanguíneo.
Estes insetos possuem o aparelho bucal muito curto e adaptado para dilacerar o tecido do
hospedeiro (TELMATOFAGIA), formando condições para obter o sangue durante a alimentação.
Sabe-se que fatores presentes na saliva de flebotomíneos têm ação quimiotática para monócitos e
imunorregulador, com capacidade de interagir com os macrófagos, aumentando sua proliferação
e impedindo a ação efetora destas células na destruição dos parasitos.
A internalização de Leishmania se faz através da
endocitose mediada por receptores na superfície do
macrófago. Após a internalização, o promastigota
metacíclico é encontrado dentro do vacúolo parasitóforo.
A promastigota transforma-se em amastigota, capaz de
desenvolver e multiplicar no meio ácido encontrado no
fagossomo. A amastigota inicia o processo de sucessivas
multiplicações. Na ausência do controle parasitário pela
célula hospedeira, esta se rompe e as amastigotas
liberadas serão, por mecanismo semelhante,
internalizadas por outros macrófagos.
Este ciclo (multiplicação da forma amastigota dentro do
macrófago) acontece tanto na LTA quanto na LV. A diferença é a seguinte:
LTA: o ciclo ocorre nos macrófagos residentes na pele e/ou mucosas.
LV: o ciclo ocorre em órgãos linfoides (medula óssea, baço, linfonodos) e vísceras.
A infecção para o hospedeiro invertebrado ocorre quando da ingestão, no momento do
repasto sanguíneo em indivíduo ou animal infectado, das formas amastigotas que acompanham o
sangue e/ou os vasos linfátivos. A reprodução assexuada da Leishmania se dá por meio da divisão
binária: os amastigotas se multiplicam dentro dos macrófagos do hospedeiro vertebrado; os
promastigotas, no TGI (INTESTINO MÉDIO – midgut) do vetor.

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IMUNOPATOGENIA E INTERAÇÕES PARASITA -HOSPEDEIRO


A principal célula hospedeira da leishmania é o macrófago (sistema fagocitário mononuclear
– SFM). A interação entre a forma promastigota e esta célula hospedeira, como vimos a propósito
do estudo do ciclo biológico, se dá pelos seguintes fatores:

➢ Moléculas de superfície do protozoário como


a GP63 e a LPG: o LPG reveste o parasito de
forma a protegê-lo da ação enzimática
digestiva no interior da matriz peritrófica (do
vetor). Por outro lado, a gp63, com sua ação
enzimática, exerce papel importante na
ruptura da matriz e consequente liberação
dos parasitos, antes que o bolo alimentar siga
seu percurso intestinal. As formas liberadas,
também por ação do LPG, se ligam, através
do flagelo, as microvilosidades intestinais do
inseto, garantindo a sua permanência e
desenvolvimento naquele local.
➢ Com relação aos elementos sorológicos do hospedeiro, destacam-se as proteínas do
complemento, os anticorpos (IgG) e a fibronectina.
➢ A saliva contribui efetivamente na infecciosidade
das formas promastígotas, por meio de substância
vasodilatadora (Maxidilan). Essa substância
imunossupressora parece inibir a apresentação de
antígenos de Leishmania pelos macrófagos. Além
disso, ela exerce um papel de imunomodulador da
resposta imune, inibindo a secreção de IL-12 e
INFy). IL-4 e IL-10 são antiinflamatórias e agem
suprimindo a resposta imune celular favorecendo
assim o sucesso da infecção.

QUADRO CLÍNICO

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença de caráter zoonótico que


acomete o homem e diversas espécies de animais silvestres e domésticos, podendo se manifestar
através de diferentes formas clínicas. Trata-se de uma doença parasitária da pele e mucosas,
causada por protozoários do gênero Leishmania. A lesão inicial ocorre no local da picada do inseto.
Entretanto, nem toda lesão originada da picada pode gerar úlcera: as pápulas pruriginosas e
avermelhadas formam depois da picada podem regredir, permanecer em estado estacionário

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(úlcera leishmaniótica típica) ou evoluir. A úlcera leishmaniótica típica apresenta uma borda elevada
(emoldurada), bem delimitada e arredondada. A LTA pode se manifestar nas seguintes formas:

➢ CUTÂNEA (presença da úlcera típica isolada),


➢ CUTANEO-MUCOSA (presença de lesões de úlcera tanto na pele quanto nas mucosas),
➢ CUTÂNEO-DIFUSA (manifestação de nódulos não-ulcerativos na pele).

A leishmaniose visceral é uma doença causada por Leishmania donovani na África, Ásia,
Europa e nas Américas. Na Índia é conhecida como Kala-Azar, palavra de origem indiana que em
sânscrito significa "doença negra", e febre Dum-Dum. Na América Latina, leishmaniose visceral
americana ou calazar neotropical.
A doença é crônica, grave, de alta letalidade se não tratada, e apresenta aspectos clínicos
e epidemiológicos diversos e característicos, para cada região onde ocorre. Os fatores de risco para
o desenvolvimento da doença incluem a desnutrição, o uso de drogas imunossupressoras e a
coinfecção com HIV1. A sintomatologia é caracterizada por:

✓ febre irregular de longa duração; ✓ leucopenia;


✓ esplenomegalia; ✓ trombocitopenia;
✓ hepatomegalia; ✓ hipergamaglobulinemia;
✓ anemia; ✓ hipoalbuminemia.

O emagrecimento, o edema e o estado de debilidade progressiva contribuem para a


caquexia e o óbito, se o paciente não for submetido ao tratamento específico. A febre é o primeiro
sinal de presença de amastigotas já disseminaram em vias diversas e alcançaram as vísceras.

DIAGNÓSTICO

LTA
DIAGNÓSTICO CLÍNICO - pode ser feito com base na característica da lesão que o paciente
apresenta, associado a anamnese, na qual os dados epidemiológicos são de grande importância.
Deve ser feito o diagnóstico diferencial de outras dermatoses granulomatosas que apresentam lesões
semelhantes à LTA e que podem ser confundidas, como tuberculose cutânea, hanseníase, infecções
por fungos (blastomicose e esporotricose), úlcera tropical e neoplasmas.

DIAGNÓSTICO LABORATORAL - Pode ser feito por métodos:

DIRETOS

– Biópsias, raspados, Imprinting


– Visualização direta das formas amastigotas

– Culturas no meio próprio (Novy, McNeal, Nicolle)

Na leishmaniose tegumentar, o material a ser examinado é obtido por biopsia, punção ou


escarificação. Além disso, recomenda-se seu exame utilizando-se a técnica de imprint que consiste
na aposição do tecido coletado a uma lâmina, para fixação e exame após coloração com os
corantes de Giemsa ou Leishman.

Vantagens:

✓ MAIS BARATOS, PRÁTICOS E ESPECÍFICOS

1 A leishmaniose visceral pode ser uma das doenças oportunistas associadas à síndrome da Imunodeficiência adquirida (AIDS)

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Desvantagens:

✓ Encontrar formas amastigotas no interior de macrófagos pode ser uma tarefa árdua,
especialmente em lesões causadas por L. braziliensis, que frequentemente têm um número muito
reduzido de parasitos!!!
✓ visualização dos parasitos intramacrofágicos não possibilita a diferenciação de espécies, mas
apenas a identificação do gênero Leishmania sp.

- PCR/RT-PCR: - coleta do DNA do Leishmania da borda da lesão.

Vantágens:

✓ ALTA SENSIBILIDADE! - mais moderna. Com isso, as biópsias das bordas das lesões de pacientes
suspeitos de serem portadores de LTA são fontes de pesquisa de DNA de Leishmania sp., pela
PCR.
✓ É POSSÍVEL IDENTIFICAR A ESPÉCIE em PCR.
✓ MAIS RÁPIDO (Resultados saem na hora)

Desvantagens:

São MAIS CARO - Requerem laboratório e aquipe profissional especializada.

INDIRETOS

- ELISA (imunoensaio enzimático)

- Imunofluorecência indireta – RIFI (humoral)

- Teste de Montenegro (hipersensibilidade tardia – mediada por células)

Métodos imunológicos podem ser utilizados como auxiliares no diagnóstico. Um teste


classicamente utilizado em pacientes com LTA é o teste de Montenegro, um teste de
hipersensibilidade tardia. Antígenos totais de formas promastigotas de Leishmania são injetados, por
via intradérmica, no antebraço do paciente. A positividade da reação de Montenegro é alta em
pacientes com leishmaniose cutânea. Na leishmaniose cutânea difusa espera-se encontrar o
resultado negativo enquanto que na leishmaniose cutânea é esperado a resultado positivo.

LV
Mesmos métodos que LTA, a diferença é que na leishmaniose visceral, o material é obtido por
aspiração da medula óssea e não se usa Teste de Montenegro. É possível fazer ainda
Imunocromatografia (TESTE RÁPIDO) e Hemaglutinação.

TRATAMENTO
O arsenal terapêutico contra a leishmaniose visceral é limitado. Os antimoniais pentavalentes
(Sb5+) antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime®) e o estibogliconato sódico (Pentostam®) são,
na maioria dos países primeira escolha. No Brasil, a droga de escolha é o antomoniato de meglumina
(Glucantime), que é de distribuição gratuita pelo SUS. O Ministério da Saúde recomenda a dose de
20mg de Sb5+kg/dia por via endovenosa ou intramuscular, durante 20 dias e, no máximo, por 40 dias.

REFERÊNCIAS

1. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - PARASITOLOGIA

TOXOPLASMOSE
A Toxoplasmose é uma zoonose que infecta o gato e inúmeras outras espécies de
vertebrados homeotérmicos (de sangue quente). Ela tem por causa o Toxoplasma gondii, um
esporozoário que desenvolve parasitismo intracelular e ocorre com muita frequência na população
humana sob a forma de infecção crônica assintomática.

1. Toxoplasma gondii
É um parasito intracelular obrigatório e heteroxeno (ciclo mais complexo). O gato, o felídeo, pode
funiconar tanto como o hospedeiro intermediário quanto definitivo, por isso é chamado de
hospedeiro COMPLETO. Outros mamíferos e alguns relatos de aves também são hospedeiros
intermediários. O homem só pode ser o hospedeiro intermediário, encontrado em vários tecidos do
corpo humano.
EPIDEMIOLOGIA
T. gondii é um protozoário de distribuição geográfica mundial heterogênia e variável com alta
prevalência sorológica, podendo atingir mais de 80% da população em alguns países. No entanto,
os casos de doença clínica são menos frequentes. Nestes, a forma mais grave é encontrada em
crianças recém--nascidas, sendo caracterizada por encefalite, icterícia, urticária e hepatomegalia
com altas taxas de morbidade e mortalidade.
Somente a partir da década de 70, com o conhecimento de sua ampla distribuição geográfica
por meio de testes sorológicos e do grande número de mamíferos (inclusive o homem) e aves
adngidos, é que seu estudo foi aprofundado Até então era um parasita que causava doenças em
outros animais, não no homem.
MORFOLOGIA
Tem-se 3 formas infecctantes principais:
– Taquizoítos;
– Bradizoítos;
– Oocistos.
Essas três formas apresentam organelas
citoplasmáticas características do filo
Apicomplexa (visíveis apenas em nível de
microscopia eletrônica de transmissão)
que constituem o complexo apical:
composto pelo conoide, anel polar (em
número de dois), microtúbulos
subpeliculares, roptrias, micronemas e grânulos densos. Este complexo, localizado abaixo da
membrana plasmática, é responsável pela adesão, reconhecimento e penetração do parasito nas
mais diversas células do hospedeiro. A invasão dessas formas na célula hospedeira é um processo
ativo que requer a motilidade e a liberação controlada de proteínas e lipídeos das organelas do
complexo apical do parasito.

Taquizoítos: é a forma encontrada durante a fase aguda da


infecção, sendo também denominada forma proliferativa, forma
livre ou trofozoíto. Apresenta-se com a forma grosseira de banana
ou meia-lua, com uma das extremidades mais afilada e a outra
arredondada

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Bradizoítos: é a forma encontrada em vários tecidos (musculares


esqueléticos e cardíacos, nervoso, retina), geralmente durante a fase
crônica da infecção, sendo também denominada cistozoíto (por
formar cistos nestes tecidos). Os bradizoítos se multiplicam lentamente
(brady = lento) dentro do cisto, por endodiogenia ou endopoligenia.
IMAGEM: CISTO COM BRADIZOÍTOS.

Oocisto: é a forma de resistência que possui uma parede dupla bastante resistente às condições do
meio ambiente. Os oocistos são produzidos nas células intestinais de felídeos não-imunes e
eliminados, ainda imaturos, junto com as fezes. Os oocistos são esféricos e, após esporulação e
amadurecimento no meio ambiente, apresentam dois esporocistos, com quatro esporozoítos cada.

CICLO BIOLÓGICO

T. gondii desenvolve um ciclo sexuado nos hospedeiros definitivos e um ciclo assexuado nos
hospedeiros intermediários. Os outros animais (mamíferos ou aves) não podem manter senão as fases
assexuadas do ciclo e desempenham, portanto, o papel de hospedeiros intermediários. Eles
transmitem a infecção apenas quando sua carne servir para a alimentação de animais carnívoros
ou onívoros (e do próprio homem) ou quando venham a fazê-lo por via congênita.

Um hospedeiro suscetível (homem, por exemplo), ingerindo oocistos maduros contendo


esporozoítos, encontrados em alimentos ou água contaminada, cistos contendo bradizoítos
encontrados na carne crua, ou, mais raramente, taquizoítos eliminados no leite, poderá adquirir o
parasito e desenvolver a FASE ASSEXUADA. Se o hospedeiro tiver um mecanismo de imunidade
satisfatória, a célula que está infecctada se diferenciar no Bradizoíto. É bastante semelhante em
morfologia ao taquizóito. O que diferencia é a lozalização. É muito dificíl ter repercussões
sintomáticas da doença quando está em forma de latência. Quando a imunidade está baixa, o
Bradizoíto se desdiferencia no Taquizoíto.

Essa fase inicial da infecção – fase proliferativa com TAQUIZOÍTOS no sangue - caracteriza a
fase aguda da doença. Neste ponto, a evolução poderá ir até a morte do hospedeiro, o que poderá
ocorrer em fetos ou em indivíduos com comprometimento imunológico, ou diminuir e cessar pelo
aparecimento de resposta imune específica.

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Com o aparecimento da imunidade, os parasitos extracelulares desaparecem do sangue, da


linfa e dos órgãos viscerais, ocorrendo uma diminuição de parasitismo. Alguns parasitos evoluem
para a formação de cistos com bradizoítos. Essa fase cística, com a diminuição da sintomatologia,
caracteriza a fase crônica. Entretanto, em pacientes com baixa de imunidade (AIDS ou pós-
transplantes), o cisto pode se romper liberando taquizoítos, reativando a fase aguda da
toxoplasmose. A não ser que ocorra esta reativação, a fase crônica geralmente é assintomática.
QUADRO CLÍNICO E COMPLICAÇÕES

Mulheres com infecção crônica pelo T. gondii não contaminam seus filhos durante o
desenvolvimento intrauterino. Nem existem provas de que a toxoplasmose crônica possa causar
abortamento. No entanto, as mulheres que contraem toxoplasmose durante o período de gestação
estão sujeitas a riscos de alta gravidade. O curso da doença parece depender da idade que tenha
a gestação quando se der a infecção, e da capacidade que possam ter os anticorpos maternos
para proteger o feto.
Quando a infecção materna ocorre:
CONCEPÇÃO até 6º MÊS: quadro agudo ou subagudo, invadindo os parasitos todos os órgãos fetais,
mas prevalecendo as lesões do sistema nervoso e da retina.
ÚLTIMO TRIMESTRE: a doença tende a ser branda ou assintomática. Entretanto, mais de 50% dos filhos
de mães que se infectaram durante a gravidez nasce sem toxoplasmose.

As formas graves da doença se iniciam de forma agudo em que há principalmente espleno


e hepatomegalia, icterícia, exantema. Esse quadro agudo poucas vezes é observado, porque ocorre
geralmente durante a vida intrauterina e leva à morte fetal ou ao abortamento. As crianças que
sobrevivem, em geral, apresentam anomalias e grande retardo no desenvolvimento físico e mental.

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Pneumonite por TG:


- febre prolongada
- tosse seca
- dispneia, infiltrado pulmonar.

A retinocoroidite é a lesão mais frequentemente associada à toxoplasmose, uma vez que 30%
a 60% dos casos se devem ao T. gondii. É consequência de uma infecção aguda (retinite aguda)
com a presença de taquizoítos ou crônica com a presença de cistos contendo bradizoítos
localizados na retina. A toxoplasmose ocular ativa consiste em um foco coagulativo e necrótico bem
definido da retina (retinite crônica).
PACIENTE IMUNODEPRIMIDO com Toxoplasmose cerebral (forma meningoencefálica) supeitar
de co-infecção HIV-AIDS – ALTEMENTE PREDITIVO e prevalente em outras populações
imunocompromentidas. Manifestações clínicas: cefaleia, febre, paralisia, confusão mental,
convulsões, delírio, alucinações, coma e morte.
DIAGNÓSTICO
➢ CLÍNICO: não é fácil de se realizar, pois os casos agudos podem levar a morte ou evoluir para a
forma crônica. Esta pode se manifestar assintomaticamente ou então se assemelhar a outras
doenças (mononucleose, por exemplo). É importante, portanto, realizar o diagnóstico diferencial
em gestantes e imunocomprometidos.
➢ LABORATORIAL:
– Sorologias (ELISA, IFI) – PCR
– Métodos direto com visualização do parasito – RNM
– Isolamento em animais – TC DE Crânio
– Histopatologia
▪ EM GESTANTES: O método de escolha é a pesquisa dos anticorpos do tipo IgM no soro do recém-
nascido. Esse anticorpo é incapaz de atravessar a placenta materna. Os anticorpos do tipo IgG
são capazes de atravessar passivamente a placenta de uma mãe com sorologia positiva.
TRATAMENTO
Ainda não existe um medicamento eficaz contra a toxoplasmose na fase crônica da
infecção. As drogas utilizadas atuam contra taquizoítos, mas não contra os cistos. Os medicamentos
mais utilizados são:
➢ PIRIMETAMINA + SULFADOXINA (Daraprim®) / PIRIMETAMIDA + SULFADIAZINA(Fansidar®): Esta
última associação é a mais usada, mas como a pirimetamina em dosagens prolongadas torna-
se tóxica, recomenda-se adicionar ácido fólico ou levedo de cerveja a dieta do paciente.
➢ Gestantes: Espiramicina + Ác. Folínico

REFERÊNCIAS
1. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - PARASITOLOGIA

MALÁRIA
A Malária é uma doença causada pelo protozoário do gênero Plasmodium nas espécies
vivax, falciparum, ovale e malarie. A malária por P. falciparum é um quadro grave e potencialmente
fatal em certos casos. A P. vivax caracterizada por febres terçãs benignas é endêmica no Brasil e a
malária por P. ovale é presente apenas na África. Tem como vetor transmissor o mosquito Anopheles.

1. Plasmodium
Os parasitos causadores de malária pertencem ao filo Apicomplexa e ao gênero
Plasmodium. Existem mais de 150 espécies, mas destas, apenas quatro espécies parasitam o homem:
Plasmodium falciparum, vivax, malariae e ovale. Este último ocorre em apenas algumas regiões
estritas do continente africano.

EPIDEMIOLOGIA

A malária é uma doença que ocorre nas áreas tropicais e subtropicais do mundo. Entretanto,
sua distribuição nessas regiões não é homogênea. Na América Latina, o maior número de casos é
verificado na AMAZÔNIA brasileira, com registro de cerca de 500 mil casoslano. No Brasil, do total de
casos, 77% foram causados pelo P. vivax e 23% pelo P. falciparum. Destacaram-se pela intensidade
de transmissão os Estados de Pará, Rondônia e Amazonas.

MORFOLOGIA
As FORMAS EXTRACELULARES, capazes de
invadir as células hospedeiras são:

• Esporozoítos
• Merozoítos
• Oocineto

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Possuem um complexo apical formado por organelas conhecidas como roptrias e


micronemas, diretamente envolvidas no processo de interiorização celular. Os esporozoítos são
móveis, apesar de não apresentarem cílios ou flagelos. A microscopia eletrônica, estas formas do
parasito apresentam uma membrana externa simples e uma membrana interna dupla, que é
fenestrada e incompleta, principalmente na extremidade anterior, onde está localizado o complexo
apical. O complexo apical está ausente nas FORMAS INTRACELULARES:

• Trofozoítos
• Esquizontes
• Gametócitos

CICLO BIOLÓGICO
A transmissão natural da malária ao homem se dá quando fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles,
parasitadas com esporozoítos em suas glândulas salivares, inoculam estas formas infectantes durante o repasto
sangüíneo. A infecção malárica inicia-se quando esporozoítos infectantes são inoculados nos humanos pelo
inseto vetor. As fontes de infecção humana para os mosquitos são pessoas doentes ou mesmo indivíduos
assintomáticos, que albergam formas sexuadas do parasito. Apesar de infrequente, a infecçáo malárica pode
ser transmitida também:

• Acidentalmente, como resultado de transfusão sanguínea,


• Compartilhamento de seringas contaminadas
• Acidentes em laboratório
• Infecção congênita (transmissão vertical é RARA)

Nestes casos, o ciclo exo-eritrocítico não é observado.

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Somente no HEPÁTÓCITO se processa o desenvolvimento parasitário, cerca de 30 minutos


após a infecção. A eficiência da invasão e a especificidade da célula-alvo sugerem a participação
de moléculas do parasito e receptores específicos na superfície da célula hospedeira.

ATENÇÃO!!

A FORMA LATENTE (ASSINTOMÁTICA)


DA MALÁRIA É CAUSADA PELO
FORMA DO HIPNOZOÍTO, QUE
OCORRE SOBRETUO NO CICLO
HEPÁTICO (PRÉ-ERITROCÍTICO) E SE
CARACTERIZA PELAS RACAÍDAS
TARDIAS DA DOENÇA.

É POR ISSO QUE AS PESSOAS CONTUMAM DIZER QUE


TIVERAM MALÁRIA DEZENAS DE VEZES, POR CONTA
DAS RACAÍDAS ENTRE OS CICLOS ERITROCÍTICOS E
PRÉ-ERITROCÍTICOS (“FEBRE = 1 MALÁRIA”).

OCORRE APENAS EM P. vivax e P. ovale.

Após invadir o hepatócito, os esporozoítos se diferenciam em trofozoítos pré-eritrocíticos. Estes


se multiplicam por reprodução assexuada do tipo esquizogonia, dando origem aos esquizontes
teciduais e posteriormente a milhares de merozoítos que invadirão os eritrócitos. O desenvolvimento
intra-eritrocítico do parasito se dá por esquizogonia, com consequente formação de merozoítos que
invadirão novos eritrócitos. Depois de algumas gerações de merozoítos sanguíneos, ocorre a
diferenciação em estágios sexuados, os gametócitos, que não mais se dividem e que seguirão o seu
desenvolvimento no mosquito vetor, dando origem aos esporozoítos.

Durante o repasto sangüíneo, a fêmea do anofelino ingere as formas sanguíneas do parasito,


mas somente os gametócitos serão capazes de evoluir no inseto, dando origem ao CICLO SEXUADO
ou esporogônico. Dentro de 24 horas após a fecundação, o zigoto passa a movimentar-se por
contrações do corpo, sendo denominado oocineto. Atinge a parede do intestino médio (MIDGUT),
onde se encista e passa a ser chamado oocisto. Inicia-se então o processo de divisão esporogônica
e, após um período de 9 a 14 dias, ocorre a ruptura do oocisto, sendo liberados os esporozoítos
formados durante a esporogonia. Estes serão disseminados por todo o corpo do inseto através da
hemolinfa até atingir as células das glândulas salivares. Estes esporozoítos atingirão a glândula para
serem injetados no hospedeiro vertebrado, juntamente com a saliva, durante o repasto sanguíneo
infectante.

QUADRO CLÍNICO E COMPLICAÇÕES

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APENAS O CICLO ERITROCÍTICO ASSEXUADO é responsável pelas manifestações clínicas e


patologia da malária. A passagem do parasito pelo figado (ciclo exo-eritrocítico) não é patogênica
e não determina sintomas. A LISE DOS ERITRÓCITOS e a conseqüente liberação dos parasitos na
circulação provocam uma série de sintomatologias e alterações observadas no paciente como
ANEMIA hemolítica e FEBRE alta.

➢ FASE AGUDA: As manifestações clínicas mais frequentemente observadas são comuns as quatro
espécies que parasitam os humanos. Em geral, os acessos maláricos são acompanhados de
intensa debilidade física, náuseas e vômitos. Ao exame físico, o paciente apresenta-se pálido e
com baço palpável (ESPLENOMEAGLIA).

Em áreas de transmissão intensa, como na África, a malária é considerada a principal causa


de febre em crianças. Entretanto, no Brasil, onde a malária acomete principalmente adultos que
migraram para a área endêmica da Amazônia, a febre nem sempre é referida pela totalidade dos
pacientes, principalmente se já sofreram várias infecções no passado. A ANEMIA, apesar de
frequente, apresenta-se em graus variáveis, e é mais intensa nas infecções por P. falsiparum. Estima-
se que cerca de 20% dos pacientes com malária tenham hematócrito inferior a 35% na fase aguda.

➢ MALÁRIA CEREBRAL: Estima-se que ocorre em cerca de 2% dos indivíduos não-imunes, parasitados
pelo P. falciparum. Os principais sintomas são uma forte cefaléia, hipertermia, vômitos e
sonolência. Em crianças ocorrem convulsões. O paciente evolui para um quadro de coma, com
pupilas contraídas e alteração dos reflexos profundos.
➢ IRA (INSUFICIENCIA RENAL AGUDA): Caracteriza-se pela redução do volume urinário a menos de
400 ml ao dia e aumento da uréia e da creatinina plasmáticas. É mais frequente em adultos do
que em crianças, e tem sido descrita como a complicação grave mais frequente de áreas de
transmissão instável, como o Brasil.
➢ EDEMA AGUDO DE PULMÃO: É particularmente comum em gestantes e inicia-se com
hiperventilação e febre alta. As formas mais graves caracterizam-se por intensa transudação
alveolar, com grave redução da pressão arterial de oxigênio (síndrome da angústia respiratória
do adulto).
➢ HIPOGLICEMIA: Mais frequente em crianças, ocorre geralmente em associação com outras
complicações, principalmente a malária cerebral. Os níveis de glicose sanguínea são inferiores a
30 mg/dl e a sintomatologia pode estar ausente ou ser mascarada pelo quadro em si.

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➢ ICTERÍCIA: Definida como coloração amarelada da pele e mucosa, em decorrência do aumento


da bilirrubina sérica. Pode resultar de hemólise excessiva ou de comprometimento da função
hepática na malária grave.
➢ MIOGLOBINÚRIA: Caracterizada por hemólise intravascular aguda maciça, acompanhada por
hiper-hemoglobinemia e hemoglobinúria, ocorre em alguns casos de malária aguda e também
em indivíduos que tiveram repetidas formas de malária grave por P. falciparum. O paciente
apresenta urina colúria acentuada, vômitos biliosos e icterícia intensa. Necrose tubular aguda
com insuficiência renal é a complicação mais frequente e que pode levar a morte.

DIAGNÓSTICO

CLÍNICO (SUSPEIÇÃO CLÍNICA + ASPECTOS EPIDEMIOLOGICOS): É importante que os profissionais de


saúde que atuam em áreas não endêmicas, mantenham alto nível de suspeição da doença para
qualquer indivíduo com febre e com história de viagem recente para a área endêmica de malária.
Sabendo-se que em alguns casos a sintomatologia pode preceder a carga parasitária, é importante
o acompanhamento desses pacientes por alguns dias, antes de se excluir o diagnóstico de malária.
LABORATORIAL:
• Gota Espessa: mais eficiente, diagnostico específico da MALÁRIA através da análise da
morfologia, categorização da específica contribuindo para uma eficiência diagnóstica,
simplicidade de realização e baixo custo. REQUER PESSOAL TREINADO e NÃO REQUER
LABORATÓRIO, NEM É CARO.
• Teste rápido – Imunocromatografia: ALTA
SENSIBILIDADE E ESPECIFICADE. Amplamente
utilizada quando não se tem um profissional
técnico qualificado para fazer o diagnóstico
por meio da gota espessa em varredura em
microscópio (mais células sanguíneas) Ex.:
Regiões endêmicas da África e remotas em
caso de epidemias. OS RESULTADOS POSSÍVEIS SÃO SOMENTE SE A INFECÇÃO É FASIPARUM OU
NÃO FALSIPARUM. Ou seja, tem a desvantagem de não permitir diagnóstico de infecção mista.
NÃO É CARO E NEM REQUER PROFISSIONAIS.
• PCR (Reação de Cadeia Polimerase): avaliar RESISTÊNCIA por meio da genética, utilizado em
laboratórios. O diagnóstico de malária através da PCR ainda é restrito aos laboratórios de
pesquisa, em virtude de ter CUSTO ELEVADO e ALTA COMPLEXIDADE técnica.

TRATAMENTO
O tratamento da malária visa à interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela
patogenia e manifestações clínicas da infecção. É também objetivo da terapêutica proporcionar a
erradicação de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P.
ovale, evitando assim as recaídas tardias.
➢ P. vivax – Cloroquina + Primaquna durante 7 dias. Primeiros 3 dias com cloroquina e primaquina
e a partir do quarto só primaquina.
➢ P. falciparum – Artemer + Lumefantrina.
➢ Em gestantes e crianças < 6 meses: Quinino + Clindamicina. Ao final recomenda-se uma dose
de Primaquina para atingir os gametócitos.
➢ Mista – Artemer + Lumefantrina nos primeiros 3 dias e Primaquina nos últimos 4 dias.
PROFILAXIA: MEDIDAS DE CONTROLE E P REVENÇÃO
Do ponto de vista teórico, a profilaxia da malária pode ser feita em níveis individual e coletivo:

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Coletivas • Uso de telas e mosquiteiros.

• Educação sanitária; Indviduais


• Combate às formas aquáticas dos
• Uso de inseticidas domésticos;
vetores;
• Uso apropriado de repelentes;
• Saneamento peridomicilios;
• Profilaxia quando indicada:
• Inseticidas de efeito residual nos
• –Viajantes*
domicílios;
• Uso de roupas com mangas no fim do
• Diagnóstico e tratamento precoce:
dia.
Vigilância Epidemiológica;

Como o anofelino tem, em geral, hábitos noturnos de alimentação, recomenda-se evitar a


aproximação em áreas de risco após o entardecer e logo ao amanhecer do dia. O uso de repelentes
nas áreas expostas do corpo, telar portas e janelas e dormir com mosquiteiros também são medidas
que têm este objetivo.
*Como medida de curto prazo, a quimioprofilaxia pode ser recomendada apenas para viajantes
internacionais e grupos especiais que viajam para áreas de intensa transmissão. O único fármaco
que pode mostrar-se eficaz como profilático no Brasil é a Mefloquina (250 mg semanalmente), que
deve ser iniciada uma semana antes do deslocamento para o local de destino e interrompida após
quatro semanas do regresso a área de origem. NÃO ATUA SOBRE ESPOROZOÍTAS OU FORMAS
HEPÁTICAS (HIPNOZOÍTAS) DO P. VIVAX, não protegendo, portanto, das RECAÍDAS causadas por esta
espécie de plasmódio. ÍNDICE TERAPEUTICO BAIXO + JANELA TERAPÊUTICA ESTREITA (índice muito
próximo dos valores tóxicos). Efeitos colaterais: pesadelos, insônia, vertigem, tontura, ansiedade,
depressão, dificuldades visuais e cefaléia:

REFERÊNCIAS
1. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010.

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MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA - PARASITOLOGIA

DOENÇA DE CHAGAS
A Doença de Chagas ou Tripanossomíase americana é um antropozoonose que acomete
principalmente a américa latina com alta prevalência na América do Sul, inclusive o Brasil. Ela é
causada pelo protozooário do Trypanosoma cruzi, da ordem Kynetoplastidae 1 . Não há cura e
medicamentos eficazes para a fase crônica da doença, mas o tratamento na fase aguda precoce
traz cura em até 80%. O vetor transmissor é o triatomídeo hematófago, conhecido como “barbeiro”.

1. Trypanosoma
No dia 14 de abril de 1909, ao examinar uma criança de 2 anos com quadro febril chamada
Berenice, Carlos Chagas descobriu em seu sangue aquele mesmo protozoário (T. cruzi) encontrado
nos barbeiros e nas diversas espécies de animais examinados. A mãe da criança informou-o que a
menina havia sido sugada por barbeiro e quais sintomas havia apresentado.

EPIDEMIOLOGIA

O Brasil é endêmico para o trypanossoma cruzi. É uma doença que foi bastante estudada
por Oswaldo Cruz que deu o nome do parasito. É a ANTROPOZOONOSE mais frequente na América
Latina. O barbeiro hematófago é o verdadeiro transmissor. Nem toda espécie vai transmitir.
Pantrogylos megistus (BRASIL) e Triatoma infestans (ARGENTINA) são os principais. No Brasil, cerca de
6 milhões de habitantes são infectados. Trypanosoma gambiense é o agente etiológico da Doença
do Sono. É encontrado SOMENTE na África.

MORFOLOGIA
Em resumo, o T. cruzi apresenta três fases morfológicas que participam de seu ciclo biológico:
as formas TRIPOMASTIGOTA, EPIMASTIGOTA e AMASTIGOTA. Os tripomastigotas do sangue humano
ingeridos pelo inseto se transformam rapidamente em seu estômago do inseto em organismos
arredondados "esferomastigotas". No intestino médio processa-se a multiplicação do parasita sob a
forma de "epimastigota", sendo essa fase do ciclo aparentemente a responsável pela infecção no
vetor. Na parte terminal de seu intestino (RETO) ocorre a diferenciação de formas epimastigotas em

1É a mesma ordem do gênero Leishmania. A ordem kinetoplastida é caracterizada pela presença de uma organela
chamada cinetoplasto (ou k-DNA) onde se localiza parte de seu material genético.

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"tripomastigotas metacíclicas", que se acumulam na ampola retal e são eliminadas nas fezes
juntamente com as formas epimastigotas não transformadas e SÃO AS FORMAS INFECTANTES.

CICLO BIOLÓGICO

O ciclo biológico do T. cruzi é heteroxexo, passando o parasito por uma fase de


multiplicação intracelular no homem e extracelular no inseto vetor (triatomíneos).
O barabeiro infectado, ao fazer seu repasto sanguíneo, defeca e lança na pele lesada
a forma tripomastigota metacíclica. REFLEXO GASTRO-CÓLICO: Quanto mais o barbeiro
suga sangue do ser humano, ele aumenta seu peristaltismo e libera as fezes e urina no
hospedeiro, que vão ficar ao lado da picada. Geralmente o hospedeiro sente um
prurido e coça, a partir disso o parasita deve entrar. Na FASE AGUDA, temos
tripomastigota no sangue. As células do tecido muscular está cheia de amastigotas que
vão se multiplicar por divisão binária. Nessa fase, podem ser observados sinais associados
à porta de entrada do parasito, como o sinal de Romaña (edema bipalpebral unilateral
com linfadenopatia-satélite, que sugere penetração do parasito pela mucosa da
conjuntiva) ou o Chagoma de Inoculação (lesão cutânea eritematosa e endurecida,
porém indolor, que se desenvolve no sítio de penetração do parasito).

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A forma tripomastigota no sangue circulante pode penetrar em outra célula ou ser ingerida
pelo triatomíneo, quando chega no estômago do triatomíneo há transformação da forma
tripomastigota em epimastigota no intestino posterior do inseto, esse multiplica pro divisão binária. A
forma epimastigota transforma-se em forma TRIPOMASTIGOTA METACÍCLICA no reto do inseto; passa
para as fezes do triatomíneo e torna-se apta a penetrar em células do homem e reiniciar o ciclo.

A TRANSMISSÃO é classicamente vetorial pelo barberio, e geralmente esses barbeiros tem


fotofobia, estando presentes em casas de extrema pobreza. A maior parte das vias é de picadura.
Quando o indivíduo coça o local da picada, as FEZES do inseto transmitem o tripanosoma no sangue.
Fora essa forma, tem-se por via transmissão sanguíneas, porém são mais raras. Pode-se haver a
transmissão vertical congênita, quando a gestante tem a forma aguda da doença; acidentes em
laboratório em pessoas que manipulam no sangue dos pacientes. Há ainda por ingestão de açaí.

QUADRO CLÍNICO E COMPLICAÇÕES

A infecção crônica pode ser indeterminada ou


sintomática (APENAS 10-20%). A forma INDETERMINADA é aquela
que se segue à fase aguda, aparente ou não, em que o
indivíduo permanece assintomático. A forma indeterminada
acomete aproximadamente 70% dos indivíduos cronicamente
infectados, tem duração variável, podendo estender-se por
alguns meses ou muitos anos, até o final da vida do paciente.

Eventualmente a forma indeterminada pode evoluir para


formas sintomáticas ou determinadas, das quais as mais comuns
são a cardíaca e a digestiva. Na forma CARDÍACA, a
manifestação clínica mais comum é a ICC2, acompanhada de
alterações eletrocardiográficas típicas como o bloqueio
completo do ramo direito e, frequentemente, o hemibloqueio
anterior esquerdo. Em casos avançados, ocorre
CARDIOMEGALIA. Arritmias complexas e morte súbita são
relativamente comuns. Na forma DIGESTIVA, a destruição dos
plexos nervosos ao longo do trato digestivo produz alterações
funcionais e morfológicas principalmente no esôfago, no cólon
ou ambos. As manifestações clínicas mais comuns são aquelas
associadas ao MEGAESÔFAGO (disfagia, regurgitação, dor
epigástrica) e o MEGACÓLON (constipação intestinal crônica,
distensão abdominal).
Podem ocorrer formas mistas em que se associam sintomas cardíacos e digestivos.
Finalmente, em pacientes imunocomprometidos pode ocorrer uma forma cerebral. Na infecção que

2 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

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acomete o SNC, observa-se geralmente meningoencefalite que pode assemelhar-se ao quadro de


neurotoxoplasmose, um importante diagnóstico diferencial a ser feito pelo clínico.

O quadro clínico da doença de Chagas AGUDA tipicamente se instala nos primeiros dias ou
meses após a infecção primária e dura entre 4 e 12 SEMANAS, quando não há tratamento.
Caracteriza-se por febre baixa e mal-estar acompanhados de linfadenopatia e de
hepatoesplenomegalia. A resposta imune é inespecífica (IgM), porém com parasitemia elevada. Em
10-15% dos casos, principalemnte em pacientes imunodeprimidos pode haver morte por miocardite
e/ou meningoencefalite. A fase CRÔNICA inicia-se entre ALGUMAS SEMANAS e uns POUCOS MESES
depois de adquirida a infecção, caracterizando-se pela ausência de parasitemia e por uma intensa
resposta imune humoral, com predomínio de IgG.

DIAGNÓSTICO

Para o diagnóstico, deve-se lembrar do caráter da parasitemia durante as fases aguda e crônica:

➢ Durante a FASE AGUDA, a parasitemia está elevada, sendo possível o diagnóstico tanto por
meio da pesquisa do protozoário como por meio de técnicas imunológicas.
➢ Durante a FASE CRÔNICA, a parasitemia é baixa ou é nula. Portanto, é inviável a pesquisa do
protozoário devido a este não se encontrar no sangue. O diagnóstico, entretanto, por ser feito
por meio de técnicas imunológicas.

DIRETAS: INDIRETAS

• Exame direto – GOTA ESPESSA (parasito); • Sorologias (RIFI E ELISA3 - imunoensaio) →


sensibilidade e especificidade baixa na
• Culturas
aguda, mas especificidade aumenta na
• Xenodiagnóstico/Hemocultura CRÔNICA.
• PCR

A principal desvantagem dessas técnicas parasitológicas no diagnóstico da doença de


Chagas AGUDA reside no TEMPO necessário (semanas) para a obtenção de resultados,
principalmente XENODIAGNÓSTICO e CULTURA, ainda que a sensibilidade seja próxima a 100%. Na
fase crônica, as técnicas de cultura de parasitos de amostras clínicas têm sensibilidade muito
variável: entre 13 e 59% para o xenodiagnóstico natural e entre 22 e 79% para a hemocultura,
dependendo de diversas variáveis experimentais. A PCR permite a detecção de parasitos no sangue
e tecidos de pacientes, com elevada sensibilidada na fase CRÔNICA (45 a 100%). É frequentemente
utilizada em contexto de pesquisa (epidemiologia), mas ainda não se tornou amplamente disponível
em laboratórios de rotina.

➢ DESVANTAGENS DO XENODIAGNÓSTICO: Em geral, realiza-se nos pacientes o


xenodiagnóstico natural, colocando-se os triatomíneos para sugar o braço do paciente
(desconfortável). Para que o xenodiagnóstico dê bons resultados, há necessidade de se
empregar espécies de triatomíneos (HEMATÓFAGOS, NÃO FITÓFAGOS) bem adaptados as
cepas locais do T. cruzi. A Hemocultura quando realizado em paralelo com o
xenodiagnóstico, pode apresentar maior sensibilidade, dependendo da técnica utilizada.

Reação de imunofluorescência indireta (RIFI). Apresenta alta sensibilidade a partir do 15º dia de infecção,
detectando anticorpos da classe IgM, que raramente ocorrem na fase crônica da doença, mas que são
constantes na fase aguda, com títulos elevados.
Enzime-linked-immunosorbent-assay (ELISA). Esta técnica também detecta classes específicas de anticorpos
e, portanto, é indicada para o diagnóstico de fase aguda da doença, utilizando-se conjugado anti-IgM.

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ATENÇÃO – LEMBRAR!

MÉTODOS DIRETOS → MAIS ÚTEIS PARA FASE AGUDA (esfregaço – gota espessa)
MÉTODOS INDIRETOS E XENODIAGNÓSTICO → MAIS ÚTEIS PARA FASE CRÔNICA
(sorologia e hemocultura)

TRATAMENTO

Na doença de Chagas, o tratamento é baseado em drogas antiparasitárias, para aniquilar o


parasita, e no controle dos sinais e sintomas da infecção. O tratamento tem como objetivo a
supressão da parasitemia, com o intuito de reduzir a velocidade de acometimento do SNP. Os
distúrbios autonômicos (SNA) provocados pela doença podem resultar, eventualmente, em
megaesôfago, megacólon e miocardiopatia dilatada acelerada.

➢ Benzonidazol: possui efeitos apenas contra as formas sanguíneas. Os efeitos colaterais


observados são: anorexia, perda de peso, vertigens, dermatites urticariformes, cefaleia,
sonolência e dores abdominais, hiperexcitabilidade, depressão medular, polineuropatia (mais
frequente em idosos e de efeito cumulativo). As doses são:
Adulto: 5 mg/kd/dia;
Criança: 5 – 10 mg/kg/dia; 2 doses diárias, por 90 dias.
Lactentes: 10 mg/kd/dia.
➢ Nifurtimox: age contra as formas sanguíneas e parcialmente contra as formas teciduais. É
administrado via oral, sob a forma de comprimido na dose 8 a 12mg/kg por dia, até 90 dias. Os
efeitos colaterais (que aumentam com doses mais prolongadas) são anorexia, emagrecimento,
náuseas, vômitos, alergia cutânea, parestesias irreversíveis, polineuropatia. Esta droga foi
recentemente retirada do mercado.

REFERÊNCIAS

1. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010.

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