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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.

Departamento de Microbiologia e Parasitologia – DMP.


Disciplina de Imunologia – 2017.1

Profª: Dra. Rosa Haido


Monitores: Thaynan Lopes, Amanda Vergueiro, Ygor Parladore

ED 9: Ativação e resposta imune de linfócitos B

1. Sobre a interação entre linfócitos T e B na ativação do último, responda:


a) Por que antígenos proteicos induzem essa interação?
Esses Ag podem ser capturados por LB e processados via MHC-II ou
apresentados e transferidos por APC via MHC. Tanto o processamento quanto a
apresentação e coestimulação por B7/CD28 induzem a expressão de B7.1 e B7.2 na
superfície do LB e do receptor de quimiocina CCR, o que faz o linfócito migrar para a
zona de T nos linfonodos e interagir com células estimuladas pelo mesmo Ag.

b) Como ocorre essa interação?


Alguns linfócitos T estimulados passam a expressar CXCR5 e são atraídos para
a zona de B nos linfonodos, os folículos. À margem do folículo há o encontro com
linfócitos B expressando CCR7 em uma zona de interação T-B, onde ocorre uma
segunda apresentação de Ag por LB e a interação de coestimuladores CD40/CD40L.

c) Qual o resultado e a importância dessa interação?


Com essa estimulação os LT são induzidos a secretar citocinas que ativam os LB
e induzem sua diferenciação e proliferação, a qual acontece em um primeiro momento
na região marginal do folículo e, em seguida, dentro do folículo no centro germinativo.
Essa diferenciação consiste principalmente na mudança de classe de Ig e hipermutação
somática, processos importantíssimos para a produção de uma resposta humoral
específica e eficiente. Dessa interação também resulta a diferenciação de linfócitos Tfh,
que tem importância na proliferação e maturação de afinidade de LB.

2. Quais as condições para formação do centro germinativo no folículo linfóide?


Ativação da enzima AID para recombinação genética e indução da proliferação
por citocinas de LTh.

3. Sobre os eventos do centro germinativo, responda:


a) Descreva resumidamente o evento de troca de classe de Ig salientando o papel
das enzimas envolvidas. Quais estímulos induzem cada classe de Ig?
A ativação de fatores de transcrição por citocinas torna acessível regiões do
DNA que sofrerão clivagem pela enzima AID. Essa enzima causa de-aminação do
DNA, substituindo bases citosina por uracila, a qual não é natural do DNA, mas sim do
RNA. A presença de bases uracila no DNA ativa a enzima UNG a remover essas bases,
causando a presença de buracos na sequência. Então a enzima APE1 cliva esses sítios
vazios e excisa toda uma região do DNA para unir duas extremidades do gene de isotipo
de Ig.
As citocinas do microambiente são responsáveis pela troca de isotipo e se
correlacionam com o tipo de resposta imune em andamento. A interação com IFN-γ
secretado por LTh1 induz a classe de IgG, importante na opsonização de patógenos e
inativação de antígenos. Já o TGF-β, secretado pelo epitélio mucoso e por Treg, é
indutor da classe de IgA responsável pela imunidade de barreira. A presença de IL-4
secretada principalmente por LTh2 induz a diferenciação em IgE, importante na
imunidade contra parasitas e na resposta de hipersensibilidade.

b) O que é hipermutação somática? Como ocorre e qual é sua importância?


Consiste na recombinação genética para alteração do receptor de Ig. Ocorre pela
reativação de enzimas de edição da porção receptora de Ig (hipervariável) e tem
importância na geração de receptores com maior avidez pelo Ag apresentado.

c) Em que consiste a maturação de afinidade? Qual o papel das células


dendríticas e dos linfócitos T auxiliares foliculares nesse processo?
Esse processo é responsável por selecionar linfócitos com maior afinidade pelo
antígeno dentre aqueles gerados na hipermutação somática, decorrendo basicamente de
uma nova seleção que pode gerar sobrevivência ou apoptose dos linfócitos.
As FDCs capturam Ags complexados com Acs ou produtos do complemento e
apresentam esses Ags em suas superfícies para reconhecimento pelos LB. A célula B
entra novamente em contato com o antígeno peptídico, na superfície das FDCs ou na
forma solúvel, e sofre mutações nas regiões hipervariáveis da imunoglobulina (CDR-1,
CDR-2 e CDR-3). Se esse processo gerar maior afinidade pelo antígeno as células B são
se ligam fortemente ao Ag e recebem sinal de sobrevivência pelo LTfh, ao passo que se
as mutações gerarem menor afinidade, essas células B entram em apoptose.

4. Como se diferenciam FDC e linfócitos Th foliculares de outras populações de DC e


LTh?
As células dendrítica foliculares (FDCs) são células com projeções
membranosas encontradas em áreas enriquecidas de células B ativadas, chamadas
centros germinativos, nos folículos linfoides dos gânglios linfáticos, do baço e dos
tecidos linfoides das mucosas. As FDCs não são derivadas de precursoras da medula
óssea e não são relacionadas com as DCs que apresentam Ags aos LT.
Linfócitos Tfh são provenientes da interação T-B que recebem indução do fator
de transcrição bcl-6 e migram para os centros germinativos do folículo, onde passam a
secretar IL-21, indutora de sobrevivência, e a participar no processo de maturação de
afinidade por meio da coestimulação CD40/CD40L mediante apresentação MHC-II de
LB.
5. Sobre antígenos T-independentes, responda:
a) Como não podem ser apresentados via MHC, portanto não promovem a
coestimulação clássica de ativação, quais são as condições para ativação eficiente de
linfócitos B por esses antígenos?
Devem proporcionar ligações cruzadas: antígenos multivalentes (BCR), ativação
de CR2 (receptor de complemento C3d), ativação de TLR

b) O que justifica a baixa ocorrência de mudança de classe de Ig mediante


ativação por esses Ag?
Uma vez que o Ag não gera ativação de LT, não ocorre ativação de LB por
CD40/CD40L, o que não ativa a enzima AID responsável por iniciar o processo de
recombinação genética. Além disso, dificilmente há citocinas no meio para induzir tal
processo de mudança (Certo?)

c) Ainda que não produza anticorpos de alta afinidade, qual a importância das
células B ativadas por esses antígenos? Onde se encontram as principais células ativadas
dessa forma?
Essas células produzem anticorpos de baixa afinidade, mas que atuam na
primeira linha da defesa humoral contra Ag polissacarídicos de patógenos. Além disso,
produzem anticorpos naturais que circulam mesmo sem exposição à patógenos, como os
anticorpos contra aglutininas dos sorotipos sanguíneos. Os principais responsáveis pela
resposta T-independente são os linfócitos B1 presentes na cavidade peritoneal e
linfócitos B de zona marginal presentes no baço.

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