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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.

Departamento de Microbiologia e Parasitologia – DMP.


Disciplina de Imunologia – 2018.1

Profª: Dra. Rosa Haido


Monitores: Thaynan Lopes e Hugo Oyamada
Nome: Júlia Nascimento Muniz de Andrade

ED 9: Ativação e resposta imune de linfócitos B

1. Sobre a interação entre linfócitos T e B na ativação do último, responda:


a) Por que antígenos proteicos induzem essa interação?
Porque linfócitos T só reconhecem peptídeos ligados ao MHC.
b) Como ocorre essa interação?
A resposta de célula B a antígenos protéicos é dependente da interação com
célula T que ocorre na interface entre a zona de célula B e zona de célula T do
linfonodo. A ligação cruzada do antígeno ao BCR leva à endocitose e processamento do
antígeno e à expressão de B7.1 e B7.2 na superfície do LB. Ocorre o reconhecimento do
peptídeo ligado ao MHC de classe II da célula B com o TCR da célula T, e do B7 da
célula B com o CD28 do LT, com consequente estimulação da expressão de CD40L
pela célula T e secreção de citocinas.
c) Qual o resultado e a importância dessa interação?
Ocorre dessa forma, a ativação da célula B pelas citocinas e interação do CD40
da célula B com o CD40L da célula T, responsável por promover proliferação e
diferenciação das células B. A célula B se diferencia em plasmócito capaz de secretar
anticorpos que através da circulação sanguínea chegam ao foco de infecção para exercer
suas funções efetoras. Nesta resposta, ocorrem eventos de troca de isotipo (IgG, IgE,
IgA), maturação por afinidade e formação de célula de memória.
2. Quais as condições para formação do centro germinativo no folículo linfóide?
A formação de centros terminativos é observada apenas na resposta para
antígenos proteicos. Porque a sua formação é dependente das interações entre CD40-
C40L, as quais só ocorrem em respostas T-dependentes.

3. Sobre os eventos do centro germinativo, responda:


a) Descreva resumidamente o evento de troca de classe de Ig salientando o papel
das enzimas envolvidas. Quais estímulos induzem cada classe de Ig?
Em respostas T-dependentes algumas células das progênies de células B ativadas que
expressam IgM e IgD sofrem troca de isotipo (classe) da cadeia pesada e produzem
anticorpos com cadeias pesadas de diferentes classes, tais como γ, α e μ. A enzima
chave necessária para a troca de isotipo (e maturação de afinidade) é a deaminase
induzida por ativação (AID, do inglês, activation-induced deaminase). Como
mencionamos anteriormente, a expressão de AID é ativada principalmente por sinais de
CD40 de células TFH. A enzima desamina citosinas em moldes de DNA de fita simples,
convertendo resíduos de citosina (C) em resíduos de uracila (U). As regiões de troca são
ricas em bases G e C e os transcritos da região de troca tendem a formar híbridos DNA-
RNA estáveis envolvendo a fita codificante (superior) de DNA, deixando, assim, a parte
inferior livre ou sem uma fita molde, a qual forma uma alça aberta de DNA de fita
simples denominada alça-R. A alça-R é a região na qual um grande número de resíduos
de C da sequência de DNA de troca é convertido em resíduos U pela AID. Uma enzima
chamada uracila N-glicosilase remove os resíduos de U, deixando locais abásicos. A
endonuclease ApeI, e provavelmente outras endonucleases, cliva esses pontos abásicos,
gerando um corte em cada posição. Alguns cortes são gerados na fita superior também,
de uma maneira dependente da enzima AID, mas ainda não se sabe como isso acontece.
Os cortes nas duas fitas contribui para as quebras da fita dupla tanto na região Sμ quanto
na região posterior à região de troca que está envolvida em um determinado evento de
troca de isotipo. As quebras de fita dupla nas duas regiões de troca são unidas
(reparadas) pela utilização da maquinaria celular
envolvida no reparo de rupturas da fita dupla por meio da união de terminações não
homólogas. Nesse processo, o DNA entre as duas regiões de troca é eliminado e o
resultado final é que a região V rearranjada original torna-se adjacente à uma nova
região constante. IFN-γ induz a troca para a classe IgG em células B (mais
bem documentado em camundongos) e a IL-4 induz à troca para IgE. A mudança para
IgA é estimulada pelo fator transformante de crescimento-β (TGF-β), produzido por
muitos tipos celulares, incluindo células T auxiliares, na mucosa e em outros tecidos.

b) O que é hipermutação somática? Como ocorre e qual é sua importância?


Estima-se que esta taxa seja de 1 em 103 pares de bases do gene V gene por célula em
divisão, sendo aproximadamente mil vezes mais altado que a taxa espontânea da
mutação em outros genes de mamíferos. Por este motivo, a mutação de genes V de Ig
também é chamada de hipermutação somática. Os genes V das cadeias pesadas e leves
expressas em cada célula B contêm um total de cerca de 700 nucleotídeos; isto implica
que ocorre acúmulo de mutações nas regiões V expressas em uma taxa média de quase
uma por divisão celular. As mutações do gene V de Ig continuam a ocorrer na progênie
das células B individuais. Como resultado, qualquer clone de células B pode acumular
mais e mais mutações durante sua vida no centro germinativo.

c) Em que consiste a maturação de afinidade? Qual o papel das células


dendríticas e dos linfócitos T auxiliares foliculares nesse processo?
Conforme uma resposta imune humoral se desenvolve, células B ativadas produtoras de
anticorpos que se ligam a antígenos com afinidade crescente passam a dominar
progressivamente a resposta; este processo é chamado de maturação da afinidade. No
início da resposta imune, há produção de anticorpos de baixa afinidade. Durante a
reação do centro germinativo, a mutação somática dos genes V da Ig e a seleção das
células B com receptores de antígeno de alta afinidade resultam na
produção de anticorpos com alta afinidade para o antígeno.

4. Como se diferenciam FDC e linfócitos Th foliculares de outras populações de DC e


LTh?
As FDCs são encontradas apenas em folículos linfoides e expressam receptores do
complemento (CR1, CR2 e CR3) e receptores de Fc. Estas moléculas estão
envolvidas na apresentação de antígenos para a seleção de células B do centro
germinativo, como será descrito mais adiante. As FDCs não expressam moléculas de
MHC de classe II e não são derivadas de células progenitoras na medula óssea.
Assim, apesar do seu nome, elas são distintas das células dendríticas que
expressam MHC de classe II e que capturam os antígenos nos tecidos e os transporta
para os órgãos linfoides, onde apresentam os péptidos aos linfócitos T. Os longos
processos citoplasmáticos das FDCs formam uma malha em torno da qual são
formados os centros germinativos.
O termo linfócito T auxiliar surgiu a partir da constatação de que as
células T estimulam, ou auxiliam, os linfócitos B a produzir anticorpos. Um tipo
especializado de célula T auxiliar, denominada célula T auxiliar folicular, facilita a
formação de centros germinativos, os quais são estruturas geradas em órgãos
linfoides, onde ocorrem vários eventos relacionados às respostas imunitárias
humorais T-dependentes.
5. Sobre antígenos T-independentes, responda:
a) Como não podem ser apresentados via MHC, portanto não promovem a
coestimulação clássica de ativação, quais são as condições para ativação eficiente de
linfócitos B por esses antígenos?
A resposta da célula B a antígenos não protéicos é independente da interação
com células T, podendo ocorrer ativação da célula B por duas formas distintas: a)
ligação cruzada do antígeno em mais de um BCR ou b) o antígeno opsonizado pelo
complemento é reconhecido simultaneamente pelo BCR e pelo receptor de
complemento CR2, ambos expressos na membrana da célula B.
b) O que justifica a baixa ocorrência de mudança de classe de Ig mediante
ativação por esses Ag?
A ativação da célula B independente de célula T leva à restrição em eventos de
troca de isotipo (somente IgM), maturação por afinidade e formação de célula de
memória.
c) Ainda que não produza anticorpos de alta afinidade, qual a importância das
células B ativadas por esses antígenos? Onde se encontram as principais células ativadas
dessa forma?
As respostas T-independentes a antígenos multivalentes são mediadas principalmente
pelas células B da zona marginal no baço e por células B-1 na mucosa.

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