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Questionário de Biologia Molecular -

Teoria

Apresentado por:

Diego Yamir Ocán Torres

Curitiba, 2023
1 O QUE É SEXEDUÇÃO?

A transferência cromossômica de plasmídeo de cepas Hfr (High Frequency of


Recombination, alta frequência de recombinação), ou também chamada de "sexodução", é o
processo que envolve a conjugação bacteriana, no qual uma cepa Hfr que contém um
plasmídeo F (fator f) integrado ao cromossomo bacteriano transfere fragmentos de seu
cromossomo para uma cepa receptora por meio do processo de conjugação.

O processo começa com a formação de cepas Hfr, nas quais o plasmídeo F é integrado ao
cromossomo bacteriano por recombinação homóloga ou específica mediada por um
elemento chamado IS. É importante ressaltar que o plasmídeo F contém genes necessários
para a formação do pili sexual e outros componentes que permitirão a transferência de
genes entre bactérias.

Uma vez integrado ao genoma bacteriano, o plasmídeo F estimulará a formação do pili


sexual, que permitirá o contato com outras células bacterianas (células receptoras) e iniciará
o processo de conjugação, no qual fragmentos do cromossomo bacteriano são transferidos
para a célula receptora juntamente com o plasmídeo F; No entanto, devido ao curto período
de tempo de contato entre as duas células, a quantidade de material genético replicado e
transferido é limitada, resultando em uma célula bacteriana receptora Hfr incompleta, mas
com fragmentos específicos do genoma bacteriano do doador (Henkin and Peter. 2020).

2 OPERON TRIPTOFANO

O operon do triptofano em bactérias é um sistema regulador de genes que controla a


biossíntese do triptofano. O operon triptofano é composto por vários genes (trpE, trpD, trpC,
trpB e trpA) organizados em uma unidade funcional e controlados por um único promotor e
operador (trpO), além de incluir um líder transcrito (região trpL) contendo o terminal TAA,
responsável pela regulação transcricional.

A regulação do operon triptofano ocorre por repressão induzível, ou seja, regula a expressão
gênica na ausência ou na presença de triptofano.

Na ausência de triptofano, a transcrição do operon de triptofano é iniciada para sintetizar as


enzimas necessárias para a biossíntese de aminoácidos. Nessas condições, o repressor
não se liga ao operador (trpO) e a RNA polimerase transcreve os genes do operon. Por
outro lado, na presença de triptofano, a célula bacteriana não requer a biossíntese de
triptofano e o triptofano se liga ao repressor, alterando sua conformação e permitindo que
ele se ligue ao operador do operon triptofano. Essa ligação do repressor ao operador inativa
a RNA polimerase e impede a transcrição do gene.

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Por fim, o mecanismo regulador no final da transcrição, o líder transcrito (trpL) contém um
códon TAA que pode ser traduzido na ausência de triptofano, o que resulta na formação de
um hairpin no mRNA que interrompe a transcrição antes de atingir os genes do operon; no
entanto, na presença de triptofano, a taxa de tradução diminui, permitindo a formação de
uma estrutura alternativa (anti-terminator hairpin) que impede o término da transcrição e
permite a síntese das enzimas do operon (Alberts et al., 2017)

3 METABOLISMO DE NITROGÊNIO

A regulação da absorção de nitrogênio em bactérias é um processo essencial para a


sobrevivência e o desenvolvimento adequado do metabolismo, pois o nitrogênio é um
componente essencial de muitas biomoléculas, como aminoácidos, nucleotídeos e
proteínas. Por esse motivo, o mecanismo de regulação da absorção de nitrogênio está
ligado à percepção do nitrogênio, pois as bactérias nitrificantes têm mecanismos de
detecção da disponibilidade de nitrogênio no ambiente. Quando as bactérias detectam uma
escassez de nitrogênio, elas ativam sistemas reguladores globais que coordenam a
expressão de vários genes envolvidos na absorção de nitrogênio. Um dos principais
reguladores desse processo é o fator NtrC, que é ativado em resposta à falta de nitrogênio.

As bactérias apresentam operons de assimilação de nitrogênio com genes capazes de


absorver e assimilar diferentes fontes de nitrogênio, como amônio e aminoácidos. O
regulador NtrC (ativado pela falta de nitrogênio) liga-se a regiões promotoras nesses
operons e estimula a transcrição de genes envolvidos na assimilação de nitrogênio. Isso
permite que as bactérias explorem com eficiência as fontes de nitrogênio disponíveis. Por
outro lado, quando as bactérias têm acesso a fontes ricas de nitrogênio, como amônio ou
aminoácidos, elas ativam sistemas de repressão para evitar a expressão desnecessária de
genes de assimilação de nitrogênio. Por exemplo, o regulador GlnR controla a regulação
dos genes de assimilação de amônio. Na presença de amônio, o GlnR se liga aos operons
de assimilação de amônio e reprime sua transcrição.

Por fim, a regulação do nitrogênio pode ser realizada pela glutamina e pelo glutamato, pois
são metabólitos importantes para a assimilação do nitrogênio. A enzima glutaminase
converte a glutamina em glutamato e amônio. O glutamato pode ser usado para sintetizar
outros aminoácidos. A presença de glutamina e glutamato também influencia a regulação
dos operons de assimilação de nitrogênio. Os reguladores PII e GlnK, que se ligam à
glutamina e ao trifosfato de adenosina (ATP), respectivamente, modulam a atividade do
regulador NtrC e regulam a expressão dos genes de assimilação de nitrogênio (Henkin and
Peter. 2020; Liu et al., 2023).

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4 REGULAÇÃO DO CICLO LÍTICO E LISOGÊNICO DO FAGO LAMBDA

No ciclo lítico, o fago lambda invade a bactéria, replica seu material genético e, em seguida,
induz a lise da célula hospedeira para liberar novas partículas virais. Quando o fago lambda
se liga a receptores específicos na superfície da célula hospedeira e injeta seu material
genético na célula hospedeira, o DNA viral é transcrito. Para isso, o repressor cl se liga a
operadores específicos do DNA viral e bloqueia a transcrição dos genes envolvidos na
replicação viral. Se os níveis do repressor cl forem insuficientes, ele se liga aos operadores
e promotores do operon lítico, bloqueando assim a transcrição dos genes necessários para
a síntese de novas partículas virais. Entretanto, se os níveis de cI forem baixos, o operon
lítico é ativado e a produção de proteínas necessárias para a montagem de novos vírus e a
lise celular é iniciada.

No ciclo lisogênico, o fago lambda integra seu material genético ao cromossomo da bactéria
hospedeira e se replica junto com o cromossomo. Durante essa fase, o fago não destrói a
célula hospedeira. Após a injeção de DNA, o DNA do fago lambda se integra ao
cromossomo bacteriano e forma-se uma estrutura chamada prófago. O profago é latente e é
herdado junto com o cromossomo bacteriano nas divisões celulares. O repressor cI (ativado
pelo DNA do profago) bloqueia a transcrição dos genes do operon lítico, impedindo a
entrada no ciclo lítico. O gene Cro, quando expresso, promove a transição para o ciclo lítico.
Por fim, em resposta a determinados estímulos, como danos ao DNA, o cI pode ser
inativado e o gene Cro pode ser expresso. Isso pode levar à ativação do ciclo lítico, com a
expressão de genes líticos e a lise da célula hospedeira (Dodd et al., 2005).

5 REFERENCIAS BIBLIGRÁFICAS

Alberts, B., Johnson, A., Lewis, J., Morgan, D., Raff, M., Roberts, K., ... & Hunt, T.
(2017). Biologia molecular da célula. Artmed Editora

Dodd, I. B., Shearwin, K. E., & Egan, J. B. (2005). Revisited gene regulation in
bacteriophage λ. Current opinion in genetics & development, 15(2), 145-152

Henkin, T. M., & Peters, J. E. (2020). Snyder and Champness molecular genetics of bacteria.
John Wiley & Sons.

Liu, S., Zheng, T., Li, Y., & Zheng, X. (2023). A critical review of the central role of microbial
regulation in the nitrogen biogeochemical process: New insights for controlling groundwater
nitrogen contamination. Journal of Environmental Management, 328, 116959.

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