Lista de Questões C8

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Lista de questões Competência 8

Habilidades 25, 26 e 27

Linguagens NÃO é interpretação


Questão 01 – (ENEM 2017)
Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chuva torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o sol ainda
escondido para tomar tenência dos primeiros movimentos da vida na roça. Num demorou nem um tiquinho e o cheiro
intenso do café passado por Dona Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar daquela rema letárgica derivada
da longa noite de sono. Levei as mãos até a água que corria pela bica feita de bambu e o contato gelado foi de arre-
piar. Mas fui em frente e levei as mãos em concha até o rosto. Com o impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns
instantes, mas o despertar foi imediato. Já aceso, entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome e me acercar do
aconchego do calor do fogão à lenha. Foi quando dei reparo da figura esguia e discreta de uma senhora acompanhada
de um garoto aparentando uns cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa em proseio íntimo com a dona da
casa. Depois de um vigoroso “Bom dia!”, de um vaporoso aperto de mãos nas apresentações de praxe, fiquei sabendo
que Dona Flor de Maio levava o filho Adão para tratamento das feridas que pipocavam por seu corpo, provocando pe-
quenas pústulas de bordas avermelhadas.
GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br. Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado).
A variedade linguística da narrativa é adequada à descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas pala-
vras e expressões usadas no texto está a serviço da
A localização dos eventos de fala no tempo ficcional.
B composição da verossimilhança do ambiente retratado.
C restrição do papel do narrador à observação das cenas relatadas.
D construção mística das personagens femininas pelo autor do texto.
E caracterização das preferências linguísticas da personagem masculina.

Questão 02 – (ENEM 2017)


O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há quatro
dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, É um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu marido e uns
companheiros, Quantos são, Ao todo, sete, Se estão a pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos,
Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena,
não serviu de nada, Por que diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os
soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a
cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país,
SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo, a violação de
determinadas regras de pontuação
A revela uma incompatibilidade entre o sistema de pontuação convencional e a produção do gênero romance.
B provoca uma leitura equivocada das frases interrogativas e prejudica a verossimilhança.
C singulariza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico.
D representa uma exceção às regras do sistema de pontuação canônica.
E colabora para a construção da identidade do narrador pouco escolarizado.

Questão 03 – (ENEM 2017)


Zé Araújo começou a cantar num tom triste, dizendo aos curiosos que começaram a chegar que uma mulher tinha
se ajoelhado aos pés da santa cruz e jurado em nome de Jesus um grande amor, mas jurou e não cumpriu, fingiu e
me enganou, pra mim você mentiu, ‘pra Deus você pecou, o coração tem razões que a própria razão desconhece, faz
promessas e juras, depois esquece. O caboclo estava triste e inspirado. Depois dessa canção que arrepiou os cabelos
da Neusa, emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena.
Era a história de uma boneca encantadora vista numa vitrine de cristal sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo fechava os
olhos e soltava a voz: Seus cabelos tinham a cor/ Do sol a irradiar/ Fulvos raios de amor./ Seus olhos eram circúnvagos/
Do romantismo azul dos lagos/ Mãos liriais, uns braços divinais,/ Um corpo alvo sem par/ E os pés muito pequenos./
Enfim eu vi nesta boneca/ Uma perfeita Vênus.
CASTRO, N. L. As pelejas de Ojuara: o homem que desafiou o diabo. São Paulo: Arx, 2006 (adaptado).
O comentário do narrador do romance “[ ... ] emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis,
mas bonita que só a gota serena” relaciona-se ao fato de que essa valsa é representativa de uma variedade linguística
A detentora de grande prestígio social.
B específica da modalidade oral da língua.
C previsível para o contexto social da narrativa.
D constituída de construções sintáticas complexas.
E valorizadora do conteúdo em detrimento da forma.
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Questão 04 – (ENEM 2017 - 2ª APLICAÇÃO)
Entrei numa lida muito dificultosa. Martírio sem fim o de não entender nadinha do eu vinha nos livros e do que o
mestre Frederico falava. Estranheza colosso me cegava e me punha tonto. Acho bem que foi desse tempo o mal que
me acompanha até hoje de ser recanteado e meio mocorongo. Com os meus, em casa, conversava por trinta, tinha
ladineza e entendimento. Na rua e na escola -- nada; era completamente afrásico. As pessoas eram bichos do outro
mundo que temperavam um palavreado grego de tudo. Já sabia ajuntar as sílabas e ler por cima toda coisa, mas des-
crencei e perdi a influência de ir à escola, porque diante dos escritos que o mestre me passava e das lições marcadas
nos livros, fiquei sendo um quarta-feira de marca maior. Alívio bom era quando chegava em casa.
BERNARDES, C. Rememórias dois. Goiânia: Leal, 1969.
O narrador relata suas experiências na primeira escola que frequentou e utiliza construções linguísticas próprias
de determinada região, constatadas pelo
A registro de palavras como “estranheza” e “cegava”.
B emprego de regência não padrão em “chegar em casa”.
C uso de dupla negação em “não entender nadinha”.
D emprego de palavras como “descrencei” e “ladineza”.
E uso do substantivo “bichos” para retomar “pessoas”.

Questão 05 – (ENEM 2015)


Essa pequena
Meu tempo é curto, o tempo dela sobra
Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito a nossa novela, mas
Eu sou tão feliz com ela
Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas
Não canso de contemplá-la
Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai
Cuidando dela, que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas ao vento, ai
Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena
CHICO BUARQUE. Disponível em: www.chicobuarque.com.br. Acesso em: 31 jun. 2012.
O texto “Essa pequena” registra a expressão subjetiva do enunciador, trabalhada em uma linguagem informal,
comum na música popular. Observa-se, como marca da variedade coloquial da linguagem presente no texto, o uso de
A palavras emprestadas de língua estrangeira, de uso inusitado no português.
B expressões populares, que reforçam a proximidade entre o autor e o leitor.
C palavras polissêmicas, que geram ambiguidade.
D formas pronominais em primeira pessoa.
E repetições sonoras no final dos versos.

Competência 8: h25, h26, h27 | 73


Questão 06 – (ENEM 2015)
Assum preto
Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do assum preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Assum preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil veiz a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá
GONZAGA, L.; TEIXEIRA, H. Disponível em: www.luizgonzaga.mus.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (fragmento).
As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da aplicação de um
conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico. No texto, é resul-
tado de uma mesma regra a
A pronúncia das palavras “vorta” e “veve”.
B pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”.
C flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”.
D redundância nas expressões “cego dos óio” e “mata em frô”.
E pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”.

Questão 07 – (ENEM 2017)


Nuances
Euforia: alegria barulhenta. Felicidade: alegria silenciosa. Gravar: quando o ator é de televisão. Filmar: quando ele
quer deixar claro que não é de televisão. Grávida: em qualquer ocasião. Gestante: em filas e assentos preferenciais.
Guardar: na gaveta. Salvar: no computador. Salvaguardar: no Exército. Menta: no sorvete, na bala ou no xarope. Hor-
telã: na horta ou no suco de abacaxi. Peça: quando você vai assistir. Espetáculo: quando você está em cartaz com ele.
DUVIVIER, G. Folha de S. Paulo, 24 mar. 2014 (adaptado).
O texto trata da diferença de sentido entre vocábulos muito próximos. Essa diferença é apresentada consideran-
do-se a(s)
A alternâncias na sonoridade.
B adequação às situações de uso.
C marcação flexional das palavras.
D grafia na norma-padrão da língua.
E categorias gramaticais das palavras.

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Questão 08 – (ENEM 2016)
De domingo
— Outrossim…
— O quê?
— O que o quê?
— O que você disse.
— Outrossim?
— É.
— O que é que tem?
— Nada. Só achei engraçado.
— Não vejo a graça.
— Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
— Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.
— Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira.
— Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.
— “Ônus”
— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
— “Resquício” é de domingo.
— Não, não. Segunda. No máximo terça.
— Mas “outrossim”, francamente...
— Qual o problema?
— Retira o “outrossim”.
— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”.
VERISSIMO, L. F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).
No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a)
A marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.
B tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais.
C caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras regionais.
D distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras com significados pouco conhecidos.
E inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um dos interlocutores
do diálogo.

Questão 09 – (ENEM 2012)


O senhor
Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao
autor chamando-o “o senhor”:
Senhora:
Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele não é,
de nada, nem de ninguém.
Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua condição, e esta nobre-
za tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis ‘você’ escolhestes a mim para tratar
de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus
cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”,
no meio de uma frase, ergueu entre nós um muro frio e triste.
Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.
BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991.
A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações específicas de uso
social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violação é:
A “Essa palavra, ‘senhor’, no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio e triste.”
B “A única nobreza do plebeu está em não querer esconder a sua condição.”
C “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa.”
D “O território onde eu mando é no país do tempo que foi.”
E “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.”

Competência 8: h25, h26, h27 | 75


Questão 10 – (ENEM 2016 - 2ª APLICAÇÃO)
Da corrida de submarino à festa de aniversário no trem
Leitores fazem sugestões para o Museu das Invenções Cariocas
“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins, é invenção do carioca, como também
o ‘vacilão’.”
“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer ‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um amigo pode até doer um pouco
no ouvido, mas é tipicamente carioca.”
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.”
“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é um carinho inventado pelo carioca para tratar bem quem ainda
não se conhece direito.”
“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de elogiar quem já é conhecido.”
SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.com. Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado).
Entre as sugestões apresentadas para o Museu das Invenções Cariocas, destaca-se o variado repertório linguís-
tico empregado pelos falantes cariocas nas diferentes situações específicas de uso social. A respeito desse repertório,
atesta-se o(a)
A desobediência à norma-padrão, requerida em ambientes urbanos.
B inadequação linguística das expressões cariocas às situações sociais apresentadas.
C reconhecimento da variação linguística, segundo o grau de escolaridade dos falantes.
D identificação de usos linguísticos próprios da tradição cultural carioca.
E variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa etária dos falantes.

Questão 11 – (ENEM 2016)


TEXTO I
Entrevistadora — eu vou conversar aqui com a professora A. D. ... o português então não é uma língua difícil?
Professora — olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é só regras gramaticais… não se você se
apaixona pela língua que você… já domina que você já fala ao chegar na escola se o teu professor cativa você a ler
obras da literatura… obras da/ dos meios de comunicação… se você tem acesso a revistas… é... a livros didáticos…
a... livros de literatura o mais formal o e/o difícil é porque a escola transforma como eu já disse as aulas de língua por-
tuguesa em análises gramaticais.
TEXTO II
Entrevistadora — Vou conversar com a professora A. D. O português é uma língua difícil?
Professora — Não, se você parte do princípio que a língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar à
escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a revistas, a
livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de língua portu-
guesa em análises gramaticais.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado).
O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por uma professora de português a um programa de rádio.
O Texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos
A apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.
B são modelos de emprego de regras gramaticais.
C são exemplos de uso não planejado da língua.
D apresentam marcas da linguagem literária.
E são amostras do português culto urbano.

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Questão 12 – (ENEM 2014)
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato.
Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não deve mais
corrigir? Não!
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto,
que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes
do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura
dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.
POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado).
Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua
portuguesa implica, entre outras coisas, saber
A descartar as marcas de informalidade do texto.
B reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
C moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
D adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
E desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.

Questão 13 – (ENEM 2012)


Entrevista com Marcos Bagno
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiam
nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o
uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado
momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós, brasi-
leiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque rece-
bemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos
decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais,
colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados
a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de
independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por menos
de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português que em toda a Europa!
Informativo Parábola Editorial, s/d.
Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão em toda a exten-
são do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
A adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso da norma
padrão.
B apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de ser ve-
rificado na materialidade do texto.
C propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele, enquanto a norma coloquial
deve ser usada por falantes não escolarizados.
D acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu cotidiano a
gramática normativa do português europeu.
E defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com a hegemonia do
antigo colonizado.

Competência 8: h25, h26, h27 | 77


Questão 14 – (ENEM 2018)

Disponível em: www.facebook.com/minsaude. Acesso em: 14 fev. 2018 (adaptado).


A utilização de determinadas variedades linguísticas em campanhas educativas tem a função de atingir o público-
-alvo de forma mais direta e eficaz. No caso desse texto, identifica-se essa estratégia pelo(a)
A discurso formal da língua portuguesa.
B registro padrão próprio da língua escrita.
C seleção lexical restrita à esfera da medicina.
D fidelidade ao jargão da linguagem publicitária.
E uso de marcas linguísticas típicas da oralidade.

Questão 15 – (ENEM 2018)


Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
— “Paz no futuro e glória no passado.”
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada0
.Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).
O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a)
A reverência de um povo a seu país.
B gênero solene de característica protocolar.
C canção concebida sem interferência da oralidade.
D escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.
E artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.

15. B 13. A 14. E 12. D 11. E 9. A 10. D 8. B 7. B 6. B 5. B 1. B 2. C 3. A 4. D


GABARITO

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