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Análise das Demonstrações Contábeis

ANÁLISE DAS ANÁLISE DAS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Organizador Michel Teixeira Pereira Organizador Michel Teixeira Pereira

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GRUPO SER EDUCACIONAL

gente criando o futuro


Análise das Demonstrações
Contábeis

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P436a Pereira, Michel Teixeira.


Análise das demonstrações contábeis [recurso eletrônico]/
Michel Teixeira Pereira. – Recife: Telesapiens, 2020.
200 p. : pdf
ISBN: 978-65-86073-01-0
1.Demonstração contábil I. Título.
CDU 657.3

(Bibliotecário responsável: Nelson Oliveira da Silva – CRB 10/854)

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Análise das Demonstrações
Contábeis

Créditos Institucionais

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Diretor-Presidente:
Jânyo Diniz
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O AUTOR
MICHEL TEIXEIRA PEREIRA
Olá. Meu nome é Michel Teixeira Pereira. Sou formado em
Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) e Professor do departamento de Administração do
Centro de Ensino Grau Técnico Curitiba, com uma experiência
em ministrar as disciplinas de Contabilidade Societária, Analise
das Demonstrações Contábeis, Economia e Mercado, Gestão
da Qualidade e Contabilidade Introdutória. Possuo experiência
profissional em empresa de gestão financeira onde trabalhei
com avaliação de empresas e gestão de recursos através de
Indicadores Econômicos e Financeiros. Também fui Assistente
Contábil e Financeiro em empresas da área de comunicação (TV,
rádio e jornal) com ênfase Gestão Contábil e Financeira. Atuei
no setor bancário com atendimento a empresas de pequeno e
médio porte realizando visitas técnicas e negociações. Sou
apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência
de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso
fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

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ICONOGRÁFICOS
Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem
significam:
OBSERVAÇÃO
OBJETIVO
Uma nota explicativa
Breve descrição do objetivo
sobre o que acaba de
de aprendizagem; +
ser dito;

RESUMINDO
CITAÇÃO
Uma síntese das
Parte retirada de um texto;
últimas abordagens;

TESTANDO
DEFINIÇÃO
Sugestão de práticas ou
Definição de um
exercícios para fixação do
conceito;
conteúdo;

IMPORTANTE ACESSE
O conteúdo em destaque Links úteis para
precisa ser priorizado; fixação do conteúdo;

DICA SAIBA MAIS


Um atalho para resolver Informações adicionais
algo que foi introduzido no sobre o conteúdo e
conteúdo; temas afins;

++
EXPLICANDO
SOLUÇÃO
+ DIFERENTE Resolução passo a
Um jeito diferente e mais passo de um problema
simples de explicar o que ou exercício;
acaba de ser explicado;

EXEMPLO CURIOSIDADE
Explicação do conteúdo ou Indicação de curiosidades e
conceito partindo de um fatos para reflexão sobre o
caso prático; tema em estudo;

PALAVRA DO AUTOR REFLITA


Uma opinião pessoal e O texto destacado deve
particular do autor da obra; ser alvo de reflexão.

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SUMÁRIO
UNIDADE 01
Objetivos e usuários da análise das demonstrações contábeis...12
Conceitos e objetivos da análise das demonstrações............... 12
Usuários da análise das demonstrações contábeis................... 21
Finalidades da análise das demonstrações contábeis............... 24
Padronização e limitação na análise das demonstrações
contábeis................................................................................. 26
Padronização na análise das demonstrações contábeis............ 26
Modelos de padronização........................................................ 29
Limitações da análise das demonstrações contábeis................ 32
Estrutura das demonstrações contábeis............................... 39
Principais alterações introduzidas no Brasil pela Lei Nº 11.638/07
e complementos....................................................................... 39
Balanço Patrimonial (BP)........................................................ 41
Demonstrações de resultados................................................ 51
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)................... 51
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA).. 56
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)....57
UNIDADE 02
Processos de análise das demonstrações contábeis............. 62
Conceitos.................................................................................. 62
Metodologias de análise das demonstrações contábeis........... 64

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Análise por meio de índices................................................... 74
A função dos índices................................................................ 74
Descrição detalhada dos índices de estrutura de capital.......... 77
Índices de liquidez e rentabilidade....................................... 84
Descrição detalhada dos índices de liquidez............................ 84
Descrição detalhada dos índices de rentabilidade.................... 89
Quadro resumo dos índices...................................................... 93
Como avaliar os índices........................................................... 95
Análise vertical/horizontal.................................................... 97
Análise Horizontal (AH).......................................................... 97
Análise Vertical (AV)............................................................... 98
Análise Horizontal e Vertical do Balanço Patrimonial (BP).... 99
Análise Horizontal e Vertical da Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE)..................................................................... 105
UNIDADE 03
Elaboração e análise do fluxo de caixa............................... 112
Demonstração do fluxo de caixa (DFC)................................. 112
Métodos de elaboração da demonstração de fluxo de caixa
(DFC)..................................................................................... 115
Índices para análise da Demonstração de Fluxo de Caixa
(DFC)..................................................................................... 120
Elaboração e análise do valor adicionado.......................... 123
Demonstração do Valor Adicionado (DVA)........................... 123
Modelo de Demonstração do Valor Adicionado (DVA)........ 125

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Índices para análise da Demonstração do Valor Adicionado
(DVA)..................................................................................... 127
Entendendo a situação financeira....................................... 131
Indicadores de atividade ou rotatividade (prazos médios)..... 131
Mensuração dos ciclos operacionais e financeiros a partir das
demonstrações contábeis........................................................ 132
Avaliação dos Ciclos Operacionais........................................ 136
Análise da necessidade de capital de giro (NCG).............. 138
Necessidade de capital de giro (NCG)................................... 139
Exemplo prático de determinação da necessidade de capital de
giro (NCG)............................................................................. 141
Efeito Tesoura........................................................................ 142
Overtrade ou overtrading....................................................... 144
Fontes de Financiamento da Necessidade de Capital de Giro
(NCG).................................................................................... 145
Capital de Giro Próprio (CGP).............................................. 145
UNIDADE 04
Retorno sobre o investimento (ROI).................................. 150
Entendendo o retorno sobre o investimento (ROI)................ 150
Alavancagem Financeira..................................................... 154
Introdução à alavancagem financeira..................................... 154
Grau de Alavancagem Financeira.......................................... 159
Estratégias para aumentar o grau de alavancagem financeira.161
Calculando o GAF – exemplo................................................ 162

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Alavancagem operacional e alavancagem total................. 171
Grau de alavancagem operacional......................................... 171
Determinando o GAO - exemplo........................................... 173
Alavancagem total................................................................. 178
Ponto de equilíbrio (Break Even Point)................................. 180
Considerações sobre alavancagem......................................... 182
Análise de ações e valor criado ao acionista (tópicos especiais).....183
Valor patrimonial................................................................... 183
Valor de mercado................................................................... 185
Lucro por ação (LPA)............................................................ 186
Preço/lucro (P/L).................................................................... 187
Dividendos por ação (DPA)................................................... 188
Dividend yield (DY).............................................................. 188
Margem EBITDA................................................................... 189

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Análise das Demonstrações Contábeis 11

01
UNIDADE

ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES

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12 Análise das Demonstrações Contábeis

INTRODUÇÃO
Esta Unidade visa introduzir o leitor no estudo das principais
características da Análise das Demonstrações Contábeis. O que
pretende a análise de balanços? Quais são os seus métodos? Quem
a usa? Qual a sua validade? Qual a sua confiabilidade, extensão
e profundidade? Onde obter os dados contábeis sobre a empresa?
Quais informações se pode obter com a Análise de balanço? A
presente obra foi preparada de forma bastante objetiva e direta
e busca integrar teoria e prática. Espero que este livro possa
ser uma efetiva contribuição não somente para a sua formação
acadêmica, leitor, mas também para o seu aprimoramento e
evolução profissional. Mergulhe de cabeça neste universo faça
uma boa leitura!

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Análise das Demonstrações Contábeis 13

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 1 – Elementos
Fundamentais para Análise das Demonstrações Contábeis. Nesta
unidade, o nosso objetivo é auxiliá-lo no desenvolvimento das

1
seguintes competências profissionais:

Compreender os objetivos, quem são os usuários e


finalidades das análises das demonstrações contábeis;

2 Entender a padronização e os limites da análise das


demonstrações contábeis;

3 Identificar a estrutura das demonstrações contábeis


e o Balanço Patrimonial;

4 Assimilar a Demonstração do Resultado do Exercício,


a Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados e
a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!

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14 Análise das Demonstrações Contábeis

Objetivos e usuários da análise das


demonstrações contábeis

OBJETIVO

Ao término desta competência você será capaz de entender a


finalidade das demonstrações contábeis. Quais são elas? Quem
são os seus usuários? E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Conceitos e objetivos da análise das


demonstrações
Figura 1: Análise das demonstrações contábeis

Fonte: Freepik

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Análise das Demonstrações Contábeis 15

A comunicação internacional proporcionada pela


globalização reforçou a necessidade de as empresas
apresentarem relatórios contábeis harmônicos, com alto grau de
comparabilidade entre os países. A Contabilidade é a principal
linguagem de comunicação dos agentes econômicos na busca de
oportunidades de investimentos e na avaliação do risco de suas
transações. Por consequência, a evidenciação da informação
contábil deve ser a mais homogênea possível nos diferentes
países.
A Contabilidade aborda a mensuração e a supervisão do
patrimônio. É aplicada em entidades em geral, sendo utilizada
com a finalidade de gestão e controle. As informações contábeis
são evidenciadas com base nas demonstrações contábeis, as
quais seguem uma formatação padrão, com variações específicas
para bancos e seguradoras, por exemplo, as quais seguem uma
legislação especial.
As demonstrações contábeis, apresentam diversas
finalidades, dependendo do propósito de quem às analisa. Devem
ser elaboradas na moeda corrente do país impreterivelmente
(em real, no caso brasileiro). É interessante observar que elas se
complementam e são consistentes entre si, pois há uma lógica
que permite comparar dados de uma demonstração contábil com
outras ao longo do tempo.
O lucro apresentado na Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE), por exemplo,
tem efeito no Patrimônio Líquido (PL) refletido
no Balanço Patrimonial (BP) e, casualmente, no
passivo circulante, se houver dividendos a pagar,
ou até mesmo no caixa, se houver dividendos a
pagar no próprio exercício social (SAPORITO,
2015).
Por meio das demonstrações contábeis é possível
examinar a situação da companhia para a qual foram elaboradas.
Entretendo, às vezes, é necessário transformar os dados em

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16 Análise das Demonstrações Contábeis

informações úteis, como indicadores, por exemplo, para que


possam contribuir para o entendimento e objetivo do analista.
Nesse contexto, o analista é quem vai definir quais são as
partes de interesse do seu objeto do estudo. Se a finalidade for a
obtenção de crédito no curto prazo, por exemplo, normalmente
avalia-se a situação financeira, a situação estrutural e o
desempenho da empresa. Normalmente, para fins de análise,
esses são os três componentes que são avaliados em uma
companhia.
Sendo assim, faz-se necessário a transformação dos dados
brutos contidos nas demonstrações contábeis em indicadores
que possam contribuir para o processo de avaliação de cada um
desses três componentes em que a companhia foi dividida. Após
a obtenção dos indicadores é possível compará-los ao longo do
tempo.
A análise das informações contábeis permite uma avaliação
da situação econômica, financeira e de desempenho da entidade,
bem como fazer inferências sobre tendências e perspectivas
futuras. Os investidores e credores são os destinatários
prioritários das demonstrações contábeis, já que os investidores
basicamente tomam decisões de compra, manutenção e venda, e
os credores tomam decisões associadas à concessão de crédito à
empresa (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Sendo assim:
O objetivo primordial da Contabilidade é fornecer
informações úteis para seus usuários, que auxiliem na tomada
de decisões.
O trabalho do profissional de Contabilidade se inicia
com a interpretação e o registro dos fatos econômicos, ou
seja, a escrituração. Em seguida, por meio da elaboração
das demonstrações contábeis, é possível verificar a posição
econômica, financeira e patrimonial da empresa.
Desta forma, a Norma Brasileira de Contabilidade NBC
TG 26 - Apresentação das Demonstrações Contábeis editada

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Análise das Demonstrações Contábeis 17

pelo Conselho Federal de Contabilidade [CFC] (CFC, 2017)


define que:
As demonstrações contábeis são uma representação
estruturada da posição patrimonial e financeira
e do desempenho da entidade. O objetivo das
demonstrações contábeis é o de proporcionar
informação acerca da posição patrimonial e
financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa
da entidade que seja útil a um grande número de
usuários em suas avaliações e tomada de decisões
econômicas.
Nesse sentido, as demonstrações contábeis retratam a
situação atual da companhia, da mesma forma que uma fotografia
retrata um determinado momento no tempo.

ACESSE

Para saber mais leia a NBC TG 26 - Apresentação das


Demonstrações Contábeis acessível, disponível em: http://bit.
ly/38rSLcD

Abordar a análise das demonstrações contábeis pode ser


um assunto extremamente amplo. Porém, de forma sucinta, é
possível resumi-la em uma “técnica” que visa coleta de dados
e apuração de indicadores que possibilitam a avaliação da
capacidade de solvência (situação financeira), compreender
a estrutura patrimonial (situação patrimonial) e analisar a
capacidade da entidade em gerar bons resultados (situação
econômica).

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18 Análise das Demonstrações Contábeis

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre o objetivo da Contabilidade leia o Artigo:


“O real objetivo da Contabilidade” (LUNELLI), acessível pelo
link: http://bit.ly/38ndtuh

O analista de demonstrações contábeis exerce uma


importante tarefa dentro do processo contábil. Enquanto o
contador procura captar, organizar e compilar dados, oferecendo
como produto final as demonstrações contábeis, o analista
deverá preocupar-se com as informações ali contidas. Para que
os dados das demonstrações contábeis sejam úteis a NBC TG
Estrutura Conceitual – Estrutura Conceitual Para Elaboração
e Divulgação De Relatório Contábil-Financeiro (CFC, 2011)
elenca algumas características fundamentais da informação.
Características qualitativas fundamentais (CFC, 2011, p.
12-13).
Leia a definição das características qualitativas fundamentas
na NBC TG Estrutura Conceitual. São elas:
 Relevância
 Materialidade
 Representação fidedigna
Características qualitativas de melhoria (CFC, 2011, p.
14-16).
A definição das características qualitativas de melhoria na
NBC TG Estrutura Conceitual, são:
 Comparabilidade
 Verificabilidade

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Análise das Demonstrações Contábeis 19

 Tempestividade
 Compreensibilidade

SAIBA MAIS

Para saber mais faça recomendo fazer uma leitura completa


da NBC TG Estrutura Conceitual – Estrutura Conceitual Para
Elaboração e Divulgação De Relatório Contábil-Financeiro,
acessível pelo link: http://bit.ly/2E4cIIu

Essas características são muito importantes para tornar a


informação divulgada melhor. Daí a importância de transformar
dados em informação inteligível. Na Figura 1 é possível observar
a sequência do processo de análise das demonstrações contábeis.

Figura 2: Sequência do processo de análise

Fonte: Editorial Telesapiens

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20 Análise das Demonstrações Contábeis

As análises das demonstrações contábeis podem gerar


como produto relatórios escritos em linguagem corrente. É
recomendado o uso de gráficos como auxílio para simplificar
conclusões mais complexas. O analista tem a função de elaborar
um relatório de análise dirigido a leigos, mesmo que não o
sejam, pois, o objetivo é simplificar a leitura das demonstrações
contábeis a qualquer dirigente da companhia, gerente de banco
ou outras pessoas interessadas.
Por outro lado, as demonstrações contábeis não têm
nenhuma preocupação nesse sentido, seguem normas específicas
de divulgação. As demonstrações contábeis exprimem termos
técnicos e suas notas explicativas, às vezes, são singulares
a tal ponto que permitem frequentemente manipulações e
acobertamentos. Assim, a análise das demonstrações contábeis
deve assumir também a função de tradução dos elementos
contidos nas mesmas.

EXEMPLO

O que se pode incluir em um relatório de análise de balanços,


segundo Matarazzo (2010, p. 6):
 Situação financeira;
 Situação econômica;
 Desempenho;
 Eficiência na utilização dos recursos;
 Pontos fortes e fracos;
 Tendências e perspectivas;
 Quadro evolutivo;

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Análise das Demonstrações Contábeis 21

EXEMPLO (CONTINUAÇÃO)

 Adequação das fontes às aplicações de recursos;


 Causas das alterações na situação financeira;
 Causas das alterações na rentabilidade;
 Evidência de erros da administração;
 Providências que deveriam ser tomadas e não foram;
 Avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras.

Muitas podem ser as finalidades de analisar as demonstrações


contábeis. O relatório elaborado vai depender do objetivo da
análise e carrega características de cunho pessoal do analista.
Dois analistas com vivências e experiências diferentes podem até
chegar a uma mesma conclusão, mas a elaboração do relatório
será diferente. Outro aspecto que influencia na preparação do
relatório são os interesses dos seus usuários. Existem aqueles que
querem uma análise rápida e o objetiva, por outro lado há também
outros que desejam a informação detalhada e minuciosa.
Normalmente o analista prepara indicadores para a
análise, na Figura 2 verifica-se o processo que o analista realiza
nas Etapas 1, 2 e 3. O gestor ou usuário realiza apenas a Etapa 4.

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22 Análise das Demonstrações Contábeis

Figura 3: Processo de tomada de decisão na análise de balanços

Fonte: Matarazzo (2010, p. 7).

Analistas que demonstrem maior nível de experiência


poderão apresentar conclusões bem próximas. Entretanto,
raramente irão apresentar conclusões exatamente iguais.

IMPORTANTE

Por meio de estudos e interpretações de dados extraídos das


demonstrações financeiras, a análise de balanços tem por
finalidade prestar informações sobre a situação econômica e
financeira da entidade, para que as pessoas interessadas possam
tomar decisões.

Para Iudícibus (2017, p. 9) as demonstrações contábeis são


úteis para os usuários para tomada de decisões, como:
 decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos
patrimoniais;
 avaliar a administração da entidade quanto à
responsabilidade quelhe tenha sido conferida e quanto à
qualidade de seu desempenho e de sua prestação de contas;
 avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados
e de sua prestação de contas;

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Análise das Demonstrações Contábeis 23

 avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos


financeiros emprestados à entidade;
 determinar políticas tributárias;
 determinar a distribuição de lucros e dividendos;
 elaborar e usar estatísticas da renda nacional; ou
 regulamentar as atividades das entidades.

Usuários da análise das demonstrações


contábeis
A necessidade de interpretação das informações contábeis
podem ser as mais diversas, assim como há uma variedade
nos possíveis usuários deste material. Os resultados obtidos
nas análises se destinam a um grupo muito abrangente de
usuários, que a utilizarão estas informações principalmente
como ferramenta para tomada de decisões de financiamento e
investimento.
Em tempos passados a análise das demonstrações contábeis
era utilizada preponderantemente por instituições financeiras
com propósito de avaliar os riscos de crédito. Entretanto, no
decorrer do tempo, se estabeleceu como instrumento de auxílio
gerencial e provedora de informações para investidores.
Os usuários das demonstrações contábeis, sejam eles
internos ou externos, têm diferentes necessidades a serem
satisfeitas, Silva (2012) elenca alguns possíveis usuários das
demonstrações contábeis e o que pretendem eles com a análise.
Usuários internos a entidade:
Sócios e gestores
 Aumentar ou reduzir investimentos
 Aumentar o capital ou emprestar recursos

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24 Análise das Demonstrações Contábeis

 Expandir ou reduzir as operações


 Comprar/vender à vista ou a prazo Instituições
financeiras Clientes e fornecedores em geral
Usuários Externos a entidade:
Instituições financeiras
 Conceder ou não empréstimos
 Estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa, prazo
e garantias)
Clientes e fornecedores em geral
 Avaliação com vistas à concessão ou não de crédito, em
que valor e a que prazo
 Informações sobre a continuidade operacional da
entidade, especialmente quando têm um relacionamento a longo
prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante
Investidores
 Adquirir ou não o controle acionário
 Investir ou não em ações na bolsa de valores
 Avaliação do risco inerente ao investimento e potencial
de retorno proporcionado (dividendos)
Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
 Observar se as demonstrações contábeis de uma empresa
de capital aberto respondem aos requisitos legais do mercado
de valores mobiliários, como periodicidade de apresentação,
padronização e transparência
Poder Judiciário
 Solicitação e apreciação objetiva de perícia
Fiscalização tributária
 Buscar indícios de sonegação de impostos

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Análise das Demonstrações Contábeis 25

Comissões de licitação
 Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do
capital de giro próprio, da solidez econômico-financeira,
buscando identificar se há garantia acessória para o início ou
continuidade no fornecimento dos bens ou serviços.
 A Lei n º 8.666/93, que institui normas para licitações
e contratos da Administração Pública, em seu art. 31 estabelece
que a exigência de índices [constantes em editais de licitação]
limitar-se-á à demonstração da capacidade financeira do licitante
com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja
adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de
faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade.
 Estabelece ainda que a comprovação de boa situação
financeira da empresa será feita de forma objetiva, através do
cálculo de índices contábeis previstos no edital e devidamente
justificados no processo administrativo da licitação que tenha
dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de índices
e valores não usualmente adotados para correta avaliação de
situação financeira suficiente ao cumprimento das obrigações
decorrentes da licitação.
Empregados e sindicatos
 Informações sobre a estabilidade e a lucratividade de
seus empregadores (solvência, distribuição de lucros etc.)
 Avaliação da capacidade que tem a entidade de prover
sua remuneração, seus benefícios de aposentadoria e oferta de
oportunidades de emprego
Na concepção de Hendriksen e Breda (1999), os
investidores e credores são os destinatários prioritários das
demonstrações contábeis, já que os investidores basicamente
tomam decisões de compra, manutenção e venda, e os credores
tomam decisões associadas à concessão de crédito à empresa.

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26 Análise das Demonstrações Contábeis

Finalidades da análise das demonstrações


contábeis
Visto os diversos os usuários da análise das demonstrações
contábeis e os seus múltiplos os interesses em relação às
empresas analisadas, vamos agora entender o que pretendem
eles com essas informações. Iniciamos como dois exemplos
práticos: uma instituição financeira pode utilizar a análise como
forma de decidir se concederá um empréstimo de curto prazo a
uma empresa. Um investidor do mercado de capitais pode valer-
se da análise dessa empresa para decidir se compra ou não suas
ações.
Evidentemente, o foco de análise de uma instituição
financeira será muito diferente daquele do investidor, pois os
interesses nos resultados da análise que ambos fazem são
diferentes. O gerente do banco está interessado principalmente
na capacidade de pagamento do empréstimo e nos juros da
operação em curto prazo, e o investidor procura elementos para
entender se vale a pena participar da companhia na condição de
acionista, vislumbrando os ganhos futuros que poderão ocorrer.
É importante observar que nem todas as instituições financeiras
utilizam a análise das demonstrações contábeis para tomar
decisões no curto prazo. Se uma mesma companhia solicitasse
um financiamento de vários anos, a prioridade do gerente de
banco passaria a ser a capacidade de quitação da dívida que
essa empresa teria a longo prazo. Nesse caso, entende-se que
o investidor poderia tanto ter seus interesses mais direcionados
a curto prazo, e priorizar ganhos a curto prazo, como também
poderia ter horizontes a longo prazo,
De acordo com a necessidade específica de cada
usuário, podem ser criados diferentes modelos de análise das
demonstrações contábeis (RIBEIRO, 2014). Há uma tendência
ao analista atribuir maior importância aos conceitos que se
associem mais diretamente aos interesses do usuário em relação
à companhia estudada.

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Análise das Demonstrações Contábeis 27

A análise das demonstrações contábeis é, portanto, um


instrumento flexível que permite a seus usuários valorizar o
que for mais importante para a sua necessidade específica. Não
existe uma única forma de analisar as demonstrações contábeis.
Há conceitos de análise, cuja relevância relativa pode mudar de
um usuário para outro.
Assim, é fundamental que, antes de se iniciar um processo
de análise das demonstrações contábeis, seja bem definido qual
é o objetivo do usuário nessa análise, ou seja, que uso será feito
dela.

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste item, vamos resumir tudo o que
vimos. Você deve ter aprendido que o objetivo primordial da
Contabilidade é fornecer informações úteis para seus usuários,
que auxiliem na tomada de decisões. Para que essas informações
contábeis sejam úteis a NBC TG Estrutura Conceitual elenca
algumas características fundamentais da informação. O
preparador das demonstrações contábeis deve orientar-se por
essas características na elaboração dos demonstrativos para que
o analista tenha informações úteis na hora da análise. O trabalho
do analista é interpretar, analisar e comparar de forma a tornar o
conteúdo perceptível a todos os usuários. Os usuários podem ser
externos ou internos à empresa, pessoa física ou jurídica, com
os mais diversos interesses na interpretação das demonstrações
contábeis. E aí? Você já se interessou em analisar a situação
econômico-financeira de alguma empresa/instituição?

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28 Análise das Demonstrações Contábeis

Padronização e limitação na análise das


demonstrações contábeis

OBJETIVO

Ao término deste item você será capaz de entender o porquê


da padronização das demonstrações contábeis. Você também
vai entender as limitações que ocorrem na análise. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá.
Avante!

Padronização na análise das


demonstrações contábeis
As demonstrações contábeis são a linguagem dos negócios,
por isso é importante que sejam padronizadas, tornando-as
intelegíveis universalmente.
Vamos a um exemplo: uma consulta médica é um processo
de análise no qual a primeira etapa é realizada na recepção do
consultório. Naquele local se preenche a ficha do paciente, o
conteúdo vai desde o nome, dados, patologias até os motivos
que o levaram a consulta. Em alguns casos, é realizado a
medição de temperatura e pressão antes da entrada do paciente
no consultório. Quando iniciado o atendimento, o médico
dispõe dessas informações previamente coletadas, que serão
complementares durante a consulta.
As demonstrações contábeis devem ser preparadas para
análise, da mesma forma que um paciente que vai submeter-se a
exames médicos (SAPORITO, 2015).

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Análise das Demonstrações Contábeis 29

O médico realizar seu diagnóstico, podendo constatar uma


emergência e indicar a internação ou simplesmente prescrever
um medicamento e solicitar que o paciente volte outro dia, caso
sua enfermidade não se resolva. Em outras situações, o médico
solicita que o paciente faça exames específicos e volte para
uma nova consulta com os resultados. Nesse caso, podemos
inferir da situação que o profissional médico percebeu não ter
elementos suficientes para chegar a uma conclusão definitiva,
ou seja, faltam-lhe partes essenciais do que está analisando para
que possa chegar a um entendimento. Os resultados dos exames
solicitados, que o paciente deverá portar na consulta seguinte,
ajudarão o médico a decidir o encaminhamento que dará ao
tratamento.
Assim sendo, não se trata de uma ciência exata, mas sim de
uma opinião com base em uma série de informações. Há casos
em que dois médicos de uma mesma especialidade concordam no
encaminhamento e tratamento dado a um determinado paciente.
Entretendo um dos médicos pode indicar cirurgia, o outro pode
julgar mais conveniente um tratamento medicamentoso. Caberá
ao paciente escolher qual das opiniões seguirá.
Entende-se que o processo de análise aplicado a uma
consulta médica pode ser flexível. Duas partes podem constituir
distintas conclusões, ou seja, há a possibilidade de profissionais
respeitáveis de uma mesma área médica, em função de suas
experiências e crenças, discordem ou recomendem diferentes
tipos de tratamento.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado a área de análise
das demonstrações contábeis. Antes de se iniciar uma análise,
deve-se atentar para detalhamento das demonstrações contábeis.
Esse trabalho é conhecido como padronização e consiste numa
crítica às contas, bem como na transcrição delas para um modelo
previamente definido. Assim, Matarazzo (2010) explica que a
padronização é feita pelos seguintes motivos:

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30 Análise das Demonstrações Contábeis

Simplificação: um Balanço Patrimonial (BP) apresentado


segundo a Lei das S.A., compreende diversas contas. Isso
dificulta a visualização sua visualização como um todo. Assim,
a simplificação consiste em reduzir o número de contas do BP,
ou seja, unindo aquelas contas que fazem sentido estarem juntas.
Comparabilidade: toda companhia tem seu próprio
plano de contas, com maior ou menor grau de detalhes e com
rubricas em que é difícil descobrir a origem. Como uma análise
se baseia em comparação, só faz sentido analisar um BP após
o seu enquadramento em um modelo que permita comparação
com BPs de outras empresas. Há como exceção companhias
que operam em ramo onde existe um plano de contas legal
obrigatório (como acontece com bancos e seguradoras).
Adequação aos objetivos de análise: normalmente há pelo
menos uma conta que deve sempre ser reclassificada: Duplicatas
Descontadas; do ponto de vista contábil, é uma dedução de
Duplicatas a Receber; do ponto de vista de financiamentos,
entretanto, é um recurso tomado pela empresa junto aos bancos,
devido à insuficiência de recursos próprios. Em nada muda de
empréstimos bancários, do ponto de vista financeiro. Por esse
motivo, as Duplicatas Descontadas devem figurar no Passivo
Circulante.
Precisão nas classificações de contas: com frequência
encontrarem-se demonstrações contábeis com falhas nas
classificações de contas. Como é o exemplo de certos
investimentos de caráter permanente que aparecem no Ativo
Circulante, ou despesas do próprio exercício que figuram
como Despesas do Exercício Seguinte. Gastos indevidamente
lançados como Ativo Diferido quando deveriam fazer parte das
despesas ou perdas do exercício, empréstimos de curto prazo
que aparecem no Exigível a Longo Prazo. Todos esses detalhes
distorcem o BP. Uma padronização rigorosa deve corrigir isso.
Descoberta de erros: há casos de erros, intencionais
ou não, verificados nas demonstrações contábeis. O analista

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Análise das Demonstrações Contábeis 31

experiente pode desconfiar de itens que normalmente são usados


para manipulação e solicitar esclarecimentos à companhia em
análise.
Intimidade do analista com as demonstrações contábeis
da empresa: a padronização obriga o analista a pensar em
cada conta das demonstrações contábeis e a decidir sobre sua
consistência com outras contas, sobre a classificação que deve
dar a ela, enquanto a transcreve para um modelo predefinido
de padronização. Ao realizar esse trabalho, o analista adquire
grande familiaridade com os números da companhia e, em
consequência, poderá visualizar detalhes que, de outra forma,
não conseguiria.

Modelos de padronização
A seguir é apresentado o modelo de padronização do
Balanço Patrimonial (BP).
Quadro 1: Padronização do Balanço Patrimonial

31/12/X1
ATIVO
CIRCULANTE
Financeiro
Disponível 34.665
Aplicações Financeiras 128.969
Total Financeiro 163.634
Operacional
Clientes 1.045.640
Estoques 751.206
Outros 0
Total Operacional 1.796.846
TOTAL ATIVO CIRCULANTE 1.960.480
ATIVO NÃO CIRCULANTE

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32 Análise das Demonstrações Contábeis

Investimentos 72.250
Imobilizado 693.448
Diferido 0
TOTAL ATIVO NÃO CIRCULANTE 765.698
TOTAL ATIVO 2.726.178
PASSIVO
CIRCULANTE
Financeiro
Empréstimos Bancários 66.165
Duplicatas Descontadas 290.633
Total Financeiro 356.798
Operacional
Fornecedores 708.536
Outros 275.623
Total Operacional 984.159
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Empréstimos/Financiamentos 314.360
Outros 0
TOTAL PASSIVO NÃO CIRCULANTE 314.360
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital + Reservas 657.083
Lucros Acumulados 413.778
TOTAL PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.070.861
TOTAL PASSIVO 2.726.178

Obs: Valores fictícios


Fonte: Matarazzo (2010).

No Quadro 2 é possível verificar a padronização da


Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

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Análise das Demonstrações Contábeis 33

Quadro 2: Padronização da Demonstração do Resultado do Exercício

31/12/X1
RECEITA LÍQUIDA 4.793.123
Custo dos Produtos Vendidos 3.621.530
LUCRO BRUTO 1.171.593
Despesas Operacionais 495.993
Outras Rec. Desp. Oper 8.394
LUCRO OPER. (sem Res. Fin.) 683.994
Receitas Financeiras 10.860
Despesas Financeiras 284.308
LUCRO OPERACIONAL 410.546
Resultado Não Operacional 1.058
LUCRO ANTES DO I.R. 411.604
LUCRO LÍQUIDO 223.741

Obs: Valores fictícios


Fonte: Matarazzo (2010).

No Quadro 3 verifica-se a padronização da Demonstração


dos Fluxos de Caixa (DFC).
Quadro 3: Padronização da Demonstração dos Fluxos de Caixa

31/12/X2 31/12/X3
RESULTADO DO EXERCÍCIO 167.116 165.956
Depreciação 101.511 167.477
Res. Equiv. Patrimonial -10.541 -20.277
Outros Ajustes 0 0
RESULTADO BRUTO DE CAIXA 258.086 313.156
Variação de NCG -420.497 -490.857
RESULTADO OPER. DE CAIXA -162.411 -177.701
Variação de Emp. Bancários de Curto 120.516 357.429
Prazo

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34 Análise das Demonstrações Contábeis

RESULTADO CORRENTE DE -41.895 179.728


CAIXA
VARIAÇÃO DOS ITENS
PERMANENTES DE CAIXA
Aumento de Capital 255.440 156.673
Dividendos -86.232 -61.987
Acréscimo de Ativo Permanente -1.040.151 -1.152.081
Outros 0 0
Total Variação Itens Permanentes -870.943 -1.057.395
VARIAÇÃO DOS ITENS NÃO
CORRENTES
Empréstimos/Financiamentos Longo 856.428 857.443
Prazo
Outros 0 0
Total Variação Itens Não Correntes 856.428 857.443
RESULTADO LÍQUIDO DE CAIXA -56.410 -20.224
Ativo Circulante Financeiro Inicial 163.634 107.224
Ativo Circulante Financeiro Final 107.224 87.000

Obs: Valores fictícios


Fonte: Matarazzo (2010).

Prezado, prezada estudante fique tranquilo, tranquila!


Estes são apenas modelos padronizados das demonstrações
contábeis que veremos adiante.

Limitações da análise das demonstrações


contábeis
Podemos considerar que a análise das demonstrações
contábeis é um conjunto de técnicas capazes de transformar
valores monetários das mais diversas contas abrangidas nas
demonstrações em indicadores capazes de trazer informações
úteis para o entendimento da situação econômica e financeira da
empresa analisada. No entanto, por ser uma ferramenta das mais

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Análise das Demonstrações Contábeis 35

importantes no auxílio à tomada de decisões, muitas vezes pode


criar expectativas que estão acima de suas reais possibilidades,
principalmente para aqueles que estão iniciando na área.
É importante entender que há algumas limitações inerentes
ao processo de análise das demonstrações contábeis. As primeiras
decorrem da própria qualidade das demonstrações analisadas.
Se as demonstrações contábeis não são confiáveis, do ponto de
vista de fidedignidade dos números e da efetiva obediência às
normas contábeis em sua elaboração, não há processo de análise
que possa trazer conclusões seguras.
Outro fator que não pode deixar de ser citado entre as
limitações é a ausência da captação dos efeitos da inflação nas
demonstrações contábeis. Mesmo que a inflação no Brasil, no
período pós-real (cuja circulação começou em 1994), não seja
tão expressiva quanto já foi no passado, ela tem efeitos nos
valores reais de várias das contas e grupos mensurados pela
Contabilidade. Na hipótese de o nível de inflação anual ficar
em patamares acima dos atuais, os números mostrados pela
Contabilidade podem ficar bastante alterados.
Entre o momento que se faz uma análise e a data de
elaboração das demonstrações que servem de base para ela,
podem ocorrer mudanças significativas na empresa que não
foram incluídas no processo de estudo. Por exemplo, uma análise
que faz uso de demonstrações que se referem às atividades do
fim do ano, mas que são analisadas apenas em março do ano
seguinte pode concluir que a empresa praticamente não tem
endividamento, ainda que em fevereiro esta tenha feito um
grande empréstimo. Isso quer dizer que a dívida da organização
pode aumentar sem que o analista responsável pela análise tome
conhecimento disso. Com isso, fica fácil concluir que, quanto
maior é a defasagem temporal entre as demonstrações analisadas
e o momento da análise, maior é o risco de as demonstrações não
mais refletirem a realidade da empresa estudada. É preciso ter
em mente que os estudos de análise com base em demonstrações

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36 Análise das Demonstrações Contábeis

contábeis são válidos para os períodos específicos de tais


demonstrações e não podem ser entendidos como válidos para
estendê-los ao futuro. Os resultados dos estudos são sobre o
passado da empresa estudada; julgá-los como tendência para o
futuro, além de altamente arriscado, não é correto. O fato de
uma empresa, por exemplo, apresentar retornos crescentes nos
últimos três anos não é um argumento válido para inferir que no
próximo ano o retorno será ainda maior, até porque, dependendo
da economia, do mercado de atuação da empresa e das decisões
tomadas por sua administração, o retomo obtido pode ser muito
menor e até negativo.
A análise por meio de índices deve ser realizada com
muito cuidado e critério técnico rigoroso, haja vista as suas
limitações. Existem entidades que operam simultaneamente em
vários ramos de atividade, o que pode levar à não existência de
concorrentes com o mesmo perfil econômico. Em tais situações,
a análise de um usuário externo se torna mais complexa, em
razão de não haver acesso às informações contábeis separadas
de cada uma das atividades exploradas pela companhia.
Por outro lado, quando a multiplicidade de
atividades é explorada por um conglomerado de
empresas, no qual cada uma desempenha uma
atividade específica, a análise fica mais objetiva,
pois o analista poderá analisar não somente a
empresa holding, mas também cada empresa do
grupo em si, comparando assim os dados com os
respectivos concorrentes setoriais (SILVA, 2012,
p. 10).
Dessa forma, é esperado que as empresas holding
sejam uma forma mais fácil de analisar um conglomerado de
companhias e atividades.

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Análise das Demonstrações Contábeis 37

CURIOSIDADE

Holding: trata-se de uma empresa que possui a maioria das ações


de outras empresas e que detém o controle de sua administração
e políticas empresariais. Holding é uma sociedade gestora de
participações sociais que administra conglomerados de um
determinado grupo.

Outros casos de distorções das demonstrações contábeis


são os efeitos da inflação. Empresas com dívidas de longo prazo
contratadas em moeda estrangeira, podem apresentar um alto
lucro ao final de um exercício quando a cotação da moeda caiu
em relação ao exercício anterior. Neste caso, o analista deve
atentar-se para o volume de resultados estritamente operacional
versus os resultados financeiros. Distorções poderão surgir,
quando comparados empresas do mesmo segmento que tenham
e não tenham contraído empréstimos em moeda estrangeira.
O analista poderá trabalhar com softwares ou
modelos de planilhas que façam os ajustes
necessários, de forma a expurgar os efeitos da
inflação, ou trabalhar com demonstrativos já
corrigidos pelo método de correção integral.
Algumas companhias de capital aberto
disponibilizam na web acesso à suas demonstrações
contábeis em dólar (SILVA, 2012, p. 10).
No caso de adoção de práticas contábeis diferentes entre
as diversas companhias de um mesmo segmento, sem dúvida,
irá distorcer os indicadores apurados. Critérios diversos na
avaliação dos estoques, taxas de depreciação utilizada e
forma de contabilização dos contratos de leasing são apenas

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38 Análise das Demonstrações Contábeis

alguns exemplos (SILVA, 2012). O analista irá desempenhar


melhor o seu papel na medida em que conhecer os princípios e
convenções contábeis, visto que a falta de conhecimento pode
ser um limitador para sua capacidade de julgamento dos índices
e quocientes obtidos.

SAIBA MAIS

Leasing - negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica na


qualidade de arrendadora e pessoa física ou jurídica na qualidade
de arrendatária, que tenha por objeto o arrendamento de bens
adquiridos pela arrendadora segundo especificações da arrendatária,
para uso próprio desta.

Mesmo em um ambiente de convergência às normas


internacionais de contabilidade, onde mais de 100 países
passaram a adotar as International Financial Reporting Standards
(IFRS) do International Accounting Standards Board (IASB)
que é a organização internacional sem fins lucrativos que
publica e atualiza as IFRS em língua inglesa, o analista poderá
se defrontar, por exemplo, com critérios diversos de valoração
de ativos e passivos entre empresas do mesmo segmento
econômico. A metodologia aplicada para ajustes ao valor
presente e mensuração do valor justo sendo divergentes, poderá
acarretar sérias distorções na apuração do valor patrimonial e
nos resultados das empresas analisadas.
Visando minimizar as distinções entre as nações,
o principal objetivo das International Financial
Reporting Standards (IFRS) divulgadas pela IFRS
Fundation é adequar as demonstrações contábeis, de
modo que possam ser comparáveis entre si, fazendo
com que se tenha uma maior credibilidade no que

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Análise das Demonstrações Contábeis 39

desrespeito a transparência, responsabilidade e


eficiência aos mercados financeiros em todo o
mundo (IFRS FOUNDATION, 2019).
As notas explicativas devem trazer informações sobre os
princípios contábeis adotados pela companhia, sendo assim,
o analista deve se debruçar sobre as mesmas para identificar
possíveis distorções caso a empresa adote práticas não
condizentes com a melhor técnica contábil. Além de verificar se
as práticas adotadas estão em sintonia com as dos concorrentes.
Além da leitura das notas explicativas, o acompanhamento
das notícias veiculadas sobre a empresa e seu segmento
econômico podem revelar eventos subsequentes à data de
levantamento das demonstrações contábeis que sinalizem
problemas de continuidade ou ampliação da própria atividade
econômica da empresa analisada. A leitura atenta do Relatório
dos Auditores Independentes, em especial os possíveis destaques
quanto aos critérios e práticas contábeis utilizadas, permitirá ao
analista identificar a aderência das demonstrações contábeis aos
Princípios Contábeis, e saber se elas foram elaboradas com um
mínimo de qualidade.

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste item, vamos resumir tudo o
que vimos. Você deve ter aprendido que a padronização das
demonstrações contábeis é necessária já que não se trata de uma
ciência exata, mas de uma opinião com base em uma série de
informações. Assim o processo de análise pode ser flexível no
momento em que diferentes partes podem construir

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40 Análise das Demonstrações Contábeis

RESUMINDO (CONTINUAÇÃO)

entendimentos que não levam a uma única e indiscutível


conclusão. Assim a padronização é feita pelos motivos de
simplificação, comparabilidade, adequação aos objetivos de
análise, precisão nas classificações de contas, Descoberta de
erros e intimidade do analista com as demonstrações contábeis
da empresa. Por fim, é importante entender que há algumas
limitações inerentes ao processo de análise das demonstrações
contábeis, como os efeitos da inflação e do câmbio, por exemplo.
Você sabia que é possível analisar as demonstrações contábeis
de qualquer empresa de capital aberto no Brasil?

ACESSE

Investigue sua empresa favorita: http://bit.ly/347bxT7

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Análise das Demonstrações Contábeis 41

Estrutura das demonstrações contábeis

OBJETIVO

Essa competência é de fundamental importância para toda


a análise das demonstrações contábeis. Pelo entendimento
da estrutura contábil é que se pode desenvolver avaliações
mais acuradas das empresas. Mais especificamente, todo
processo de análise requer conhecimentos sólidos da forma de
contabilização e apuração das demonstrações contábeis, sem os
quais ficam seriamente limitadas as conclusões extraídas sobre
o desempenho da empresa. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

Principais alterações introduzidas no Brasil


pela Lei Nº 11.638/07 e complementos
No Quadro 4 é possível visualizar as principais alterações
no Balanço Patrimonial (BP) trazidas pela Lei 11.638/07.

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42 Análise das Demonstrações Contábeis

Quadro 4: Nova estrutura do Balanço Patrimonial

LEI ANTERIOR NOVA LEGISLAÇÃO


ATIVO PASSIVO + PL
ATIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTE
ATIVO REALIZÁVEL A ATIVO NÃO CIRCULANTE
LONGO PRAZO
ATIVO PERMANENTE Realizável a Longo Prazo
Investimentos Investimentos
Imobilizado Imobilizado
Diferido Intangível
PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
PASSIVO EXIGÍVEL A PASSIVO NÃO CIRCULANTE
LONGO PRAZO
RESULTADOS DE Exigível a Longo Prazo
EXERCÍCIOS FUTUROS
PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social Capital Social
Reservas de Capital Reservas de Capital
Reservas de Reavaliação Ajustes Avaliação Patrimonial
Reservas de Lucros Reservas de Lucros
Lucros ou Prejuízos Prejuízos Acumulados
Acumulados

No Quadro 5, visualiza-se as principais alterações


nas demonstrações contábeis obrigatórias trazidas pela Lei
11.638/07.

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Análise das Demonstrações Contábeis 43

Quadro 5: Nova composição das demonstrações contábeis obrigatórias

LEI ANTERIOR NOVA LEGISLAÇÃO


BALANÇO PATRIMONIAL - MANTIDA
BP
DEMONSTRAÇÃO MANTIDA
DE RESULTADOS DO
EXERCÍCIO - DRE
DEMONSTRAÇÃO DE MANTIDAS
LUCROS (PREJUÍZOS)
ACUMULADOS OU
DEMONSTRAÇÃO
DAS MUTAÇÕES DO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO -
DMPL
DEMONSTRAÇÃO DE DEMONSTRAÇÃO DOS
ORIGENS E APLICAÇÕES DE FLUXOS DE CAIXA - DFC
RECURSOS - DOAR
DEMONSTRAÇÃO DO
VALOR ADICIONADO –
DVA (SOMENTE PARA
COMPANHIAS ABERTAS)

Fonte: Elaborada pelo autor (2019)

Balanço Patrimonial (BP)


Apresenta a situação patrimonial e financeira da empresa
em determinado momento (data). A informação é de natureza
estática e provavelmente, sua estrutura se apresentará diferente
algum tempo após seu encerramento.
Diversas informações relevantes de tendências podem
ser extraídas de seus grupos de contas, o balanço servirá como
elemento de partida indispensável para o conhecimento da
situação econômica e financeira de uma empresa.
Compõe-se de três partes essenciais: Ativo, Passivo e
Patrimônio Líquido. Cada uma dessas partes apresenta suas

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44 Análise das Demonstrações Contábeis

diversas contas classificadas em “grupos”. O conceito de balanço


origina-se do equilíbrio destas partes, situando-se o passivo e o
patrimônio líquido no lado direito e o ativo do lado esquerdo.
Sendo sua identidade básica:
Figura 4: Conceito de balanço

Fonte: Elaborada pelo autor (2019)

Sua estrutura configura-se da seguinte forma:


Figura 5: Estrutura do balanço

Fonte: Elaborada pelo autor (2019)

No Ativo relacionam-se todas as aplicações de recursos


efetuadas pela empresa. Esses recursos podem estar distribuídos
em ativos circulantes (caixa, contas a receber em curto prazo) e
ativos não circulantes (realizável em longo prazo, investimentos,
imobilizado e intangível).
Somente compõem o Ativo de uma entidade os itens que
promovem a geração de benefícios econômicos futuros. Bens
nos quais não existe nenhum comprador potencial no mercado
e que também não possam representar um benefício para a

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Análise das Demonstrações Contábeis 45

empresa, não são classificados no Ativo. Conceito conhecido


como a essência sobre a forma, ou seja, a essência econômica
prevalece sobre a forma jurídica.

SAIBA MAIS

Sobre o conceito de a essência sobre a forma na NBC TG


Estrutura Conceitual. Disponível em: http://bit.ly/2E4cIIu

O Passivo identifica as exigibilidades da empresa e suas


obrigações, cujos valores encontram-se investidos em ativos.
Classificam-se em passivo circulante (curto prazo) e passivo não
circulante (longo prazo).
O Passivo é composto de todas as obrigações atuais da
entidade, geradas por eventos ocorridos no passado, e cuja
liquidação futura vai exigir um desembolso de caixa da empresa.
O Patrimônio Líquido é representado pela diferença entre o
total do Ativo e do Passivo em determinado momento. Identifica
os recursos próprios da empresa, sendo formado:
Pelo capital investido pelos sócios (CAPITAL SOCIAL);
Lucros gerados nos exercícios e que foram retidos na
empresa (LUCROS NÃO DISTRIBUÍDOS).
O que determina a classificação entre curto e longo prazo:
exercício social ou ciclo operacional. A Lei estabelece ser longo
prazo valores com vencimento após o término do exercício
social seguinte. Normalmente o exercício social coincide com
o ano-calendário (inicia em primeiro de janeiro e termina em 31
de dezembro), mas isso é relativo de cada empresa.

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46 Análise das Demonstrações Contábeis

Ciclo operacional equivale ao tempo despendido por uma


companhia desde a aquisição de matérias-primas (indústria) ou
mercadorias (comércio) até o recebimento da venda.
O Exercício social é definido no estatuto da empresa.
Companhias como estaleiros, atividades na pecuária ou agrícola
podem ter ciclo operacional muito maior que o ano-calendário.
Alterando o que seria curto e longo prazo para a maioria dos casos.
Para estruturar o Balanço Patrimonial os grupos e contas
são dispostos em ordem decrescente de liquidez para o ativo e
decrescente de grau de exigibilidade para o passivo.
Quadro 6: Estrutura básica do Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
ATIVO NÃO PASSIVO NÃO
CIRCULANTE CIRCULANTE
Realizável a Longo Exigível a Longo
Prazo Prazo
Investimentos PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
Imobilizado Capital Social
Intangível Reservas de Capital
Ajustes Avaliação
Patrimonial
Reservas de Lucros
Ações em Tesouraria
Prejuízos Acumulados

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Análise das Demonstrações Contábeis 47

Observe no Quadro 7 como estão dispostas as contas no


Balanço Patrimonial, comentaremos algumas em seguida.
Quadro 7: Estrutura mais completa do Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO
ATIVO TOTAL PASSIVO TOTAL
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
DISPONÍVEL Fornecedores
Caixa e Bancos Empréstimos e Financiamentos
Títulos de Negociação Imediata Impostos, Taxas e Contribuições
Aplicações Financeiras (CDB, Salários a Pagar
Letras de Câmbio, Debêntures,
etc.)
REALIZÁVEL A CURTO Dividendos a Pagar
PRAZO
Valores a Receber Provisões
(-) Provisão para Devedores Outros Passivos de Curto Prazo
Duvidosos
(-) Títulos Descontados
Outros Valores a Curto Prazo a PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Receber
ESTOQUES EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Matérias-primas e Embalagens Empréstimos e Financiamentos
Produtos em Elaboração Outros Passivos a Longo Prazo
Produtos Acabados/Mercadorias PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Materiais Diversos (consumo e Capital Social Realizado
Almoxarifado)
DESPESAS ANTECIPADAS Reservas de Capital
Despesas Apropriáveis a Custo Reservas de Lucros
no Exercício Seguinte
Seguinte
ATIVO NÃO CIRCULANTE Ajustes Avaliação Patrimonial
REALIZÁVEL A LONGO Prejuízos Acumulados
PRAZO

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48 Análise das Demonstrações Contábeis

Créditos Diversos Ações em Tesouraria


INVESTIMENTOS
Participações Acionárias
Outros Investimentos
IMOBILIZADO
Prédios e Terrenos
Máquinas e Equipamentos
Veículos, Mobiliário, etc.
INTANGÍVEL
Marcas e Patentes
Fundo de Comércio

Os valores do Balanço Patrimonial a posição no momento


de sua apuração e não consideram a continuidade do negócio.
O Balanço Patrimonial não reflete o futuro (tendência) dos
ativos operacionais da empresa.
Como devem ser registrados os valores das contas no
Balanço Patrimonial:
Contas a receber (circulante) – valor dos títulos a receber
líquido de estimativas de não recebimento (perdas) [Duplicatas
descontadas e Provisão para Devedores Duvidosos – PDD];
Aplicações em instrumentos financeiros – pelo valor
econômico (valor justo) ou pelo valor do principal atualizado de
juros e outros rendimentos previstos na operação;
Estoques – custo de compra ou de fabricação (custo
histórico); deduzir do valor calculado estimativa de eventuais
perdas caso o preço de mercado dos estoques seja inferior
[diferentes critérios de avaliação possíveis, só um aceito pela
lei];
Ativo Imobilizado – custo de aquisição líquido da
depreciação (tangíveis), amortização (intangíveis) e exaustão

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Análise das Demonstrações Contábeis 49

(recursos naturais). Ao final de cada exercício social, a empresa


deve aplicar o teste de recuperabilidade dos ativos (impairment );
Participações relevantes em Coligadas e Controladas –
método de equivalência patrimonial;
Ativos Realizáveis e Passivos – de maneira geral, todos
os ativos realizáveis e passivos, notadamente de longo prazo,
devem ser avaliados a valor presente pela taxa de juros de
mercado.
Empréstimos – não exigem a destinação específica de
recursos.
Financiamentos – devem apresentar uma destinação aos
recursos, como aquisição de máquinas e equipamentos, aquisição
de veículos, edificações, etc.
Passivos – com encargos financeiros explícitos, são
avaliados pelo valor atualizado até a data do balanço;
Em moeda estrangeira, são convertidos em moeda nacional
pela taxa de câmbio vigente na data do balanço;
Com encargos financeiros classificados no passivo
circulante, são apurados pelo seu valor presente.
Obrigações de curto prazo são ajustadas sempre que
produzirem efeitos relevantes.
Capital Social - Lei 6404 - Art. 182 A conta do capital
social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a
parcela ainda não realizada.

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50 Análise das Demonstrações Contábeis

(-) Capital Social a Integralizar

SAIBA MAIS

Leia a Lei No 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível


em: http://bit.ly/2qN9xlC

RESERVAS DE CAPITAL
Ganhos patrimoniais não relacionados com os valores
integrantes do Ativo e que, por isso, não podem ser computadas
na apuração do resultado.
As reservas de capital somente poderão ser utilizadas para:
 absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros
acumulados e as reservas de lucros (artigo 189, parágrafo único);
 resgate, reembolso ou compra de ações;
 resgate de partes beneficiárias;
 incorporação ao capital social;
 pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando
essa vantagem lhes for assegurada.
Art. 182. § 1º (BRASIL, 1976) diz que serão classificadas
como Reservas de Capital:
 a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o
valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor
nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do
capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de
debêntures ou partes beneficiárias;

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Análise das Demonstrações Contábeis 51

 o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus


de subscrição;
 o resultado da correção monetária do capital realizado,
enquanto não-capitalizado.
A reserva constituída com o produto da venda de partes
beneficiárias poderá ser destinada ao resgate desses títulos.
AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL
Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial,
enquanto não computadas no resultado do exercício em
obediência ao regime de competência:
 (+-) as contrapartidas de aumentos ou diminuições de
valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência
da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou,
em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, com
base na competência conferida pelo § 3o do art. 177.
RESERVAS DE LUCROS
Serão classificados como reservas de lucros as contas
constituídas pela apropriação de lucros da companhia.
O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma:
 indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
 fixe os critérios para determinar a parcela anual dos
lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; e
 estabeleça o limite máximo da reserva.
O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências,
de incentivos fiscais e de lucros a realizar não poderá ultrapassar
o capital social.
Atingindo este limite, a assembleia deliberará sobre a
aplicação do excesso na integralização/aumento do capital social
ou na distribuição de dividendos.

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52 Análise das Demonstrações Contábeis

AÇÕES EM TESOURARIA
 Representam a compra no mercado acionário das
próprias ações pela empresa
 Mantém guardadas para posterior revenda
 As ações em tesouraria deverão ser destacadas no
balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que
registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição
PREJUÍZOS ACUMULADOS
Art. 5º No encerramento do exercício social, a conta de lucros
e prejuízos acumulados não deverá apresentar saldo positivo.
 Parágrafo único. Eventual saldo positivo remanescente
na conta de lucros e prejuízos acumulados deverá ser destinado
para reserva de lucros, nos termos dos art. 194 a 197 da Lei
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, ou distribuído como
dividendo. (SILVA, 2012, p. 46-47).
Na publicação do balanço patrimonial constará somente
saldo quando existir prejuízos acumulados.

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o
que vimos. Você verificou quais são as demonstrações contábeis
obrigatórias no Brasil. Viu a estrutura completa do Balanço
Patrimonial e como devem ser registrados os valores das suas
contas. É importante lembrar que as sociedades por ações são
orientadas pela Lei 6404. Legislação que orienta os contadores
na excelência da preparação das demonstrações contábeis.

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Análise das Demonstrações Contábeis 53

Demonstrações de resultados

OBJETIVO

Esta competência é de fundamental importância para toda


a análise das demonstrações contábeis. Pelo entendimento
da estrutura contábil é que se pode desenvolver avaliações
mais acuradas das empresas. Mais especificamente, todo
processo de análise requer conhecimentos sólidos da forma de
contabilização e apuração das demonstrações contábeis, sem os
quais ficam seriamente limitadas as conclusões extraídas sobre
o desempenho da empresa. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

Demonstração do Resultado do Exercício


(DRE)
A demonstração do Resultado do Exercício (DRE) visa
fornecer os resultados, seja lucro ou prejuízo, auferidos pela
empresa em determinado período (exercício social), os quais
são transferidos para contas do patrimônio líquido. O lucro ou
prejuízo é resultante de receitas, custos e despesas incorridos
pela empresa no período e apropriados segundo o regime de
competência, ou seja, independentemente de que tenham sido
esses valores pagos ou recebidos.

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54 Análise das Demonstrações Contábeis

Quadro 8: Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício de acordo com a Lei 6404.

RECEITA OPERACIONAL BRUTA


Vendas de Produtos
Vendas de Mercadorias
Prestação de Serviços
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
Devoluções de Vendas
Abatimentos
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) CUSTOS DAS VENDAS
Custo dos Produtos Vendidos
Custo das Mercadorias
Custo dos Serviços Prestados
= RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas Com Vendas
Despesas Administrativas
(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado da Equivalência Patrimonial
Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE
RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o
Lucro
= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores,
Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para
Empregados
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Fonte: Matarazzo (2010).

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Análise das Demonstrações Contábeis 55

Receita Bruta: Por regime de competência;


(-) Deduções: descontos incondicionais; devoluções;
abatimentos e impostos incidentes sobre vendas (ICMS é o mais
comum);
Receita Líquida = Receita Bruta (-) Deduções
(-) Custo da Mercadoria Vendida (CMV), Custo do Produto
Vendido (CPV), Custo do Serviço Prestado (CSP): O custo no
período é influenciado pelo método de avaliação de estoques
usado e pelo método de custeio (no caso do custo industrial);
CMV = Estoque Inicial (EI) + Compras (CO) – Estoque
Final (EF) (Semelhante nas Indústrias)
Receita Operacional Líquida ou Lucro Bruto = Receita
Líquida (-) CMV
O montante apurado do lucro bruto destina-se a cobrir
as despesas operacionais, despesas financeiras, despesas de
impostos (imposto de renda), e remunerar os proprietários da
empresa por meio de geração de lucro líquido.
Despesas com vendas - constam, entre outras, as comissões
sobre vendas, despesas com salários dos vendedores promoções,
publicidade, provisão para devedores duvidosos, etc.
Despesas administrativas– incluem salários do pessoal
da administração, encargos sociais, honorários da diretoria,
despesas legais e judiciais, material de escritório, etc.
Despesas financeiras líquidas – a atual Lei 6404 entendeu
que as despesas financeiras e as receitas financeiras como
itens operacionais, apresentando-se geralmente por seu valor
líquido, ou seja, do montante de despesas financeiras incorridas
no período são deduzidas as receitas financeiras auferidas.
Evidentemente, se as receitas excederem as despesas, têm-se
receitas financeiras líquidas. Exemplos de despesas financeiras:
juros de empréstimos e financiamentos, variações monetárias,
encargos de mora, descontos concedidos, etc. Exemplos de

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56 Análise das Demonstrações Contábeis

receitas financeiras: juros de aplicações financeiras, descontos


obtidos, etc.
Outras receitas/despesas operacionais – itens que não
se enquadram como despesas de vendas, administrativas e
financeiras. Em um sentido restrito, podem ainda não ser
identificadas como operacionais. Nesse grupo estão incluídos
dividendos recebidos de investimentos societários, variações
nos investimentos avaliados pelo método de equivalência
patrimonial, receitas de vendas de sucatas, etc.
O cálculo do imposto de renda a pagar é processado com
base no lucro tributável denominado lucro real. O lucro real
é igual ao lucro antes do imposto de renda, conforme aparece
na Demonstração do Resultado do Exercício, acrescido de
determinados ajustes previstos pela legislação.
O lucro líquido final é calculado deduzindo-se do lucro
líquido após o imposto de renda, as diversas participações e
contribuições previstas no estatuto da companhia.
Lucro por ação
Exigido pela legislação societária, o Lucro por Ação
(LPA) é registrado normalmente logo após o resultado líquido
do exercício na DRE.
LPA= (Lucro Líquido do Exercício)
(Número de Ações)
Exemplo: Determinada empresa aferiu lucro líquido
de R$ 50.000.000 em determinado exercício social e possui
125.000.000 ações em circulação, seu LPA é:
LPA= (R$ 50.000.000)
(125.000.000 ações)
LPA= R$ 0,40/ação
O LPA é um indicador útil para análise, principalmente

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Análise das Demonstrações Contábeis 57

por parte dos investidores, que verificam os resultados gerados


pela empresa em relação às ações possuídas. Mede o ganho
potencial, e não o efetivo, de cada ação, dados que o lucro do
exercício não é normalmente todo distribuído.
Dividendos no Brasil
O valor a ser distribuído de dividendos é de competência
dos estatutos da companhia. Não há percentual fixado legalmente
e as empresas têm liberdade em estabelecer em seus estatutos o
percentual de lucro que deve ser pago aos acionistas.
Quando o estatuto for omisso com relação ao montante a
ser distribuído, determina a legislação que o dividendo deverá
ser de 50% do lucro líquido do exercício.
Por outro lado, se o estatuto for omisso e a assembleia geral
de acionistas decidir alterá-lo fixando um valor, o dividendo
obrigatório não poderá ser inferior a 25% do lucro líquido do
exercício.
O dividendo deixa de ser obrigatório caso a administração
declare à assembleia geral ordinária ser ele incompatível com a
situação financeira da companhia.
Juros Sobre o Capital Próprio (JSCP)
O JSCP é uma forma de remuneração do capital investido
na empresa pelos seus proprietários. Para a companhia reduz a
carga tributária, em razão dos valores pagos serem dedutíveis
para o cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social.
Para a pessoa física que o recebe, sofrem tributação do
Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) na alíquota atual de
15%, ao contrário dos dividendos que não são tributados no Brasil.

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58 Análise das Demonstrações Contábeis

Demonstração de Lucros ou Prejuízos


Acumulados (DLPA)
A DLPA promove a integração entre o BP e a DRE. Seu
objetivo básico é o de demonstrar a destinação do lucro líquido,
ou seja, a parcela distribuída aos acionistas e aquela retida para
reinvestimento.
A DRE apura o lucro líquido e a DLPA destaca como
foi decidida a sua destinação. Pela lei 6404, a conta Lucros
Acumulados no BP não pode apresentar saldo positivo ao
final do exercício social. Os resultados apurados no exercício
que não foram pagos aos acionistas (permanecem retidos para
reinvestimentos) devem obrigatoriamente ser destinados a
reservas próprias.
Assim, a estrutura da DLPA é apresentada no Quadro 9.
Quadro 9 Estrutura da Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

SALDO INICIAL

(+/-) Ajustes de Exercícios Anteriores

(-) Parcela de Lucros Incorporada ao Capital Social

(+) Reversões de Reservas

(+/-) Resultado Líquido do Exercício

(-) PROPOSTA DE DESTINAÇÃO DO LUCRO

Transferências para Reservas

Dividendos a Distribuir

Juros Sobre o Capital Próprio

(=) SALDO FINAL

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Análise das Demonstrações Contábeis 59

Demonstração das Mutações do


Patrimônio Líquido (DMPL)
A DMPL é um demonstrativo contábil mais abrangente que
a DLPA. A DMPL abrange todas as contas do Patrimônio Líquido,
identificando os fluxos ocorridos entre uma conta e outra e as
variações (acréscimos e diminuições) verificadas no exercício.
A DMPL complementa as informações fornecidas pelo
BP e pela DRE. Revela, de forma mais elucidativa, a formação
e as movimentações das reservas e dos lucros, a apuração dos
dividendos do exercício, as variações patrimoniais incorridas nas
empresas investidas, entre outras informações e dados relevantes.
A estrutura da DMPL pode ser consultada no Apêndice A
da NBC TG 26. Disponível em: https://bit.ly/2ZTOzym.

RESUMINDO

E então? Você aprendeu a diferença entre DRE, DLPA e


DMPL? Só para termos certeza de que você realmente entendeu
o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que
vimos. Você verificou quais são as demonstrações contábeis de
resultado obrigatórias no Brasil. Viu a estrutura completa dessas
demonstrações e suas peculiaridades. Sem dúvida, a DRE apura
o resultado da companhia em determinado exercício e a DLPA
e DMPL ajudam a entender a destinação desses recursos na
companhia. Espero que essa apostila seja muito proveitosa no
seu processo de aprendizado, consultada e relida sempre que
necessário!.

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60 Análise das Demonstrações Contábeis

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Análise das Demonstrações Contábeis 61

02
UNIDADE

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL

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62 Análise das Demonstrações Contábeis

INTRODUÇÃO
Esta Unidade visa introduzir o leitor na Análise das
Demonstrações Contábeis propriamente dita. Quais são as
metodologias da análise das demonstrações contábeis? Como
é feito a análise por índices? Quais são eles? Como é feito a
análise horizontal e vertical do Balanços Patrimonial e da
Demonstração do Resultado do Exercício? A presente obra foi
preparada de forma bastante objetiva e direta e busca integrar
teoria e prática. Espero que este livro possa ser uma efetiva
contribuição não somente para a sua formação acadêmica, leitor,
mas também para o seu aprimoramento e evolução profissional.
Quem sabe você não se torne um analista ou um investidor de
alguma empresa? Tenha em mente que este conteúdo requer
estudo constante e contínuo. Mergulhe de cabeça neste universo
e faça uma boa leitura!

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Análise das Demonstrações Contábeis 63

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 2 – Avaliação
do Desempenho Empresarial. Nesta unidade, o nosso objetivo
é auxiliá-lo no desenvolvimento das seguintes competências

1
profissionais:

Compreender o processo de análise das demonstrações


contábeis;

2 Entender a função dos índices e assimilar os


quocientes de estrutura de capital;

3 Aprender os índices de liquidez e rentabilidade;

4 Assimilar como se estrutura a Análise Vertical e


Horizontal do Balanço Patrimonial e da Demonstração
do Resultado do Exercício.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!

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64 Análise das Demonstrações Contábeis

Processos de análise das demonstrações


contábeis

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender os processos


e metodologias de análise das demonstrações contábeis. Quais
são elas? Quais são suas finalidades? E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Conceitos
As demonstrações contábeis contêm diversas partes.
Fazem parte de um conjunto de publicações das demonstações
contábeis:
 Relatório da Diretoria
Por meio desse relatório, os diretores prestam informações
aos acionistas sobre diversos aspectos do desempenho e de
perspectivas da sociedade relativas a estratégias de vendas,
compras, produtos, expansão, efeitos conjunturais, legislação,
política financeira, de recursos humanos, resultados alcançados,
planos, previsões, etc. É uma forma de manter os acionistas e
terceiros informados do que se realiza na companhia. O Relatório
da Diretoria é um instrumento em que se relata livremente aquilo
que se julga importante e, invariavelmente, “dar um brilho” na
empresa.
As demonstrações contábeis em si são compostas por
quatro peças:
 Balanço Patrimonial (BP)
 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

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Análise das Demonstrações Contábeis 65

 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados


(DLPA), que poderá ser substituída pela Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) (visto que esta
contém aquela).
 Demonstrações dos Fluxos de Caixa (DFC)
 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) (somente
para companhias abertas)
 Notas Explicativas (NE)
Figura: Demonstrações contábeis

Fonte: Freepik

São dados e informações que ora complementam as


demonstrações contábeis, trazendo informes como taxas de juros,
vencimentos, garantias de obrigações de longo prazo, etc, ora
fornecem critérios contábeis adotados, como os de avaliação de
estoques, depreciação e demais provisões, ou ainda acrescentam
notas, como garatias prestadas a terceiros, espécies de ações do
capital social, eventos subsequentes à data do balanço que tenham
efeitos relevantes sobre a situação financeira da companhia, etc.
Enfim, as NE contêm um conjunto de elementos que auxiliam a
fazer avaliação mais ampla da empresa.

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66 Análise das Demonstrações Contábeis

 Parecer dos Auditores


A Lei 6.404 obriga apenas as companhias abertas a
serem submetidas a auditoria por adutores independentes. Os
auditores indepentes são contadores que não possuem vínculo
empregatício com a empresa, tendo a liberdade de opinar sobre
a veracidade das demonstrações contábeis. Os auditores buscam
as informações lendo pareceres de auditoria de anteriores, os
relatórios de auditoria interna, ata de reunião de acionistas,
documentos auxiliares de controle, legislação fiscal, normas
de contabilidade vigente, visitando a fábrica, os principais
departamentos da empresa e conversando com os gestores
de cada área. Além de conhecer o mercado de atuação da
empresa e seus principais concorrentes. Normalmente, realizam
verficações por amostragem, o que não necessariamente garante
informações livres de erros e fraudes.

Metodologias de análise das demonstrações


contábeis
Durante o processo de análise das demonstrações
contábeis, o profissional poderá utilizar várias metodologias, de
acordo com os objetivos a serem alcançados.
Principais metodologias
 Diferenças absolutas
Esta tipo de análise é normalmente a primeira a ser feita,
por meio do uso de planilhas eletrônicas, não necessariamente
para todas as contas ou grupos de contas. Com esta metodologia
é possível identificar as diferenças mais significativas,
comparando-se uma mesma conta ou de um mesmo grupo,
de uma data para outra. Sua limitação é visível nos casos de
economias que estejam atravessando um processo inflacionário,
porém servirá para de análise de usos e fontes, uma vez que é
possível evidenciar os montantes líquidos dos recursos obtidos

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Análise das Demonstrações Contábeis 67

e aplicados entre duas datas, as variações de preços de venda,


compras, etc.
 Análise horizontal
A análise horizontal, também conhecida como análise de
tendências, é rea­lizada a partir da observação da evolução de
uma conta ou de um grupo de contas ao longo de vários períodos,
tendo seu foco nos efeitos, não revelando, entretanto, as causas
das mudanças. Este tipo de análise pode ser elaborada de forma
evolutiva ou retrospectiva. Esta metodologia é importante, pois
permite descobrir e avaliar a estrutura e composição de itens
das demonstrações e a sua evolução no tempo, evidenciando
os caminhos até então trilhados pela companhia, servindo para
construção de uma série histórica, o que é fundamental para
ajudar no estudo de tendências e na construção de cenários.
 Análise vertical
Com a análise vertical é possível identificar, no BP, a real
importância de uma conta dentro do grupo de contas na qual
está inserida. Na DRE, o montante de cada componente desta
demonstração com as respectivas receitas e despesas, a depender
do foco do analista. A análise vertical é também denominada de
análise de estrutura das demonstrações contábeis e serve para
estabelecer tendências, revelando ainda os seus efeitos, e em
alguns casos é possível descobrir algumas causas primárias das
variações.
 Análise através de índices ou quocientes
Além da análise horizontal e vertical, faz-se necessária a
apuração de quocientes ou índices que forneçam uma ampla visão
da situação econômica, financeira e patrimonial da empresa.
A análise deve ser realizada por meio da construção de série
histórica de índices, apurados através da relação entre contas ou
grupos de contas que integram as demonstrações contábeis. O

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68 Análise das Demonstrações Contábeis

analista deverá ser cuidadoso, não se estendendo na análise de


muitos índices, pois a prática tem revelado que os rendimentos
nas informações obtidas não são proporcionais à quantidade de
índices analisados. A análise através de índices é decomposta
em dois grandes grupos: Indicadores de Atividade/Rotatividade
e Indicadores Financeiros
Metodologias complementares
Além dos indicadores básicos, o analista deverá proceder
análises complementares sobre a situação financeira através das
seguintes metodologias:
 análise da alavancagem;
 análise das necessidades de capital de giro (NCG);
 determinação do grau de insolvência, através de modelos
estatísticos;
 análise da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC);
 análise da Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido (DMPL);
 análise da Demonstração do Valor Adicionado (DVA);
 análise do Balanço Social (BS);
 análise fundamentalista;
 análise do EBITDA e EBIT
Análise da alavancagem
Por meio desta análise é possível determinar o resultado
do uso de ativos ou fundos a custo fixo para ampliar os retornos
dos investimentos pelos proprietários e acionistas da empresa,
medindo os graus de alavancagem operacional, financeira e total.
Análise das Necessidades de Capital de Giro (NCG)
A análise da Necessidade de Capital de Giro (NCG) busca
identificar o montante de recursos que a companhia necessita em

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Análise das Demonstrações Contábeis 69

função do seu ciclo financeiro. Esta análise permite identificar


a situação financeira de uma empresa, expressando o nível de
recursos necessários para a manutenção do giro dos negócios,
pois as contas que compõem a NCG expressam operações de
curto prazo e de efeitos rápidos.
Determinação do grau de insolvência através de modelos
estatísticos
O estado de insolvência de uma empresa pode ser definido
como a incapacidade para pagar as suas obrigações financeiras
na data de seu vencimento, bem como quando seus ativos forem
inferiores ao valor dos seus passivos (Passivo a Descoberto).
Análise da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
Esta análise permite a identificação da capacidade da
empresa de gerar caixa por meio de suas atividades operacionais,
além de demonstrar como a mesma está financiando as suas
necessidades de Capital de Giro e Investimentos. Como os
fluxos de caixa são segregados em operacionais, financiamentos
e investimentos, o analista conseguirá ainda perceber a eficiência
da empresa na utilização dos recursos gerados decorrentes das
atividades operacionais. Sua leitura é indispensável para uma
boa compreensão dos indicadores de liquidez e de atividade. A
DFC também pode ser examinada sob as análises horizontal e
vertical.
Análise da Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido (DMPL)
Basicamente, as técnicas de análise são compostas pelas
análises vertical e horizontal dos saldos das contas e do total das
mutações. Os resultados na aplicação da metodologia favorecem
a compreensão da evolução do capital próprio em determinado
período, da distribuição do resultado do exercício, do status
das reservas obrigatórias, bem como determinar a rentabilidade
efetiva dos sócios.

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70 Análise das Demonstrações Contábeis

Análise da Demonstração do Valor Adicionado (DVA)


Por meio da análise da DVA é possível mensurar a
capacidade da entidade em gerar riqueza, bem como identificar
a destinação dos recursos. Desta-se que através da análise da
DVA é possível obter:
 nível de contribuição de uma empresa para a riqueza
regional ou setorial;
 conferir a contribuição da empresa à sociedade em
geral por meio de pagamento de impostos ao governo; e
 permitir às empresas determinarem o grau de
participação da mão de obra na geração de sua riqueza.
As possibilidades de utilização de indicadores são variadas,
como por exemplo:
 Utilização do valor adicionado como medida de
produtividade (Valor adicionado/Número de empregados).
 Quociente entre mão de obra e valor adicionado ou
vice-versa;
 Quociente entre valor adicionado e faturamento;
 Quociente entre valor adicionado e ativo total;
 Quociente entre a remuneração do capital e o
financiamento do ativo total;
 Quociente entre gastos com pesquisa e desenvolvimento
e valor adicionado;
 Quociente entre valor adicionado do ano e do ano
anterior;
 Quociente entre gastos com pessoal e valor adicionado;
 Quociente entre gastos com impostos e valor adicionado;
 Quociente entre gastos com juros e aluguéis e valor
adicionado;

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Análise das Demonstrações Contábeis 71

 Quociente de lucros retidos e dividendos e valor


adicionado.
A DVA também pode ser examinada sob as análises
horizontal e vertical.
Análise do Balanço Social
Apesar do Balanço Social não ser um relatório
essencialmente contábil, nele são inseridos dados obtidos a
partir das demonstrações contábeis, a exemplo da própria
DVA. Alguns modelos de análise de Balanço Social começam
a surgir, dentre eles merece destaque os propostos pelo Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), Instituto
Ethos e pela Global Reporting Initiative (GRI).
Análise Fundamentalista
A análise fundamentalista é aquela realizada pelos analistas
do mercado de capitais. Como o próprio nome sugere esta é
uma técnica onde os fundamentos econômicos da companhia
(indicadores de rentabilidade) e o desempenho de suas ações no
mercado de capitais são o alvo da análise. Neste tipo de análise
são realizadas também projeções quanto ao compor­tamento de
preços de ações a partir do estudo de características particulares
de cada empresa, a partir da análise histórica da mesma. Para
tanto, o analista deverá utilizar as demonstrações contábeis
divulgadas pela companhia e reunir o máximo possível de
informações setoriais além de dados macroeconômicos. Seu
principal objetivo é, portanto, dar suporte à tomada de decisão
de investidores em relação às ações que devem ser compradas
ou vendidas.
Esta decisão, pode estar ou não associada à Análise Gráfica
ou Análise Técnica, realizada por meio do estudo de gráficos e
tendências na cotação de ações (preços) e no volume de ações
negociadas, possibilitando ao analista estabelecer mediante

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72 Análise das Demonstrações Contábeis

a observação das curvas gráficas (tendências ou ciclos) suas


previsões sobre o comportamento futuro dos preços e volume. A
análise fundamentalista trabalha essencialmente com o estudo de
tendências de vários indicadores, dentre os quais destacam-se:
1. P/L (Preço/Lucro): Apurado mediante a divisão do valor
da cotação de um determinado papel, em certo momento, pelo
lucro líquido por ação proporcionado pela respectiva empresa.
Este indicador demonstra o prazo de retorno do investimento.
Assim, quanto mais baixo o P/L mais recomendável será realizar
aquisições das ações analisadas, e vice-versa.
P/L=(Valor da cotação da ação)
(Lucro por Ação)
2. Lucro por Ação (LPA): Demonstra a rentabilidade das
ações em relação ao seu preço de mercado, revelando assim a
rentabilidade anual do investidor.
LPA=(Lucro Líquido)
(Número de Ações)
3. Dividend Yield (DY): Permite
X 100conhecer quantas ações
seria possível comprar, em determinado momento, pela sua
cotação corrente, com o valor total da remuneração paga aos
acionistas (dividendos). Esta é uma medida para determinar o
ganho real, pois demonstra qual o percentual de crescimento
que o acionista conseguiria na sua parte do capital da empresa,
caso investisse todo aquele valor nas ações da mesma. Um
maior percentual do Dividend Yield sinaliza uma política mais
agressiva de distribuição de lucros aos acionistas, ou então maior
está sendo o resultado da empresa.
DY=(Dividendo por Ação)
X 100
(Valor de cotação da ação)

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Análise das Demonstrações Contábeis 73

4. Valor Patrimonial por Ação (VPA): Demonstra a


relação entre o Patrimônio Líquido (PL) e o número de ações do
capital. Também é chamado de valor nominal da ação.
VPA=(Patrimônio Líquido)
(Número de Ações)
5. Payout: representa o quanto a empresa distribuiu de
dividendos em relação ao lucro gerado. Possibilita a mensuração
da capacidade da companhia em gerar lucros suficientes para os
pagamentos de dividendos.
Payout=(Dividendo pago por Ação)
(Lucro por Ação)
Outros indicadores também utilizados na análise
fundamentalista e serão vistos mais adiante são:
 Liquidez Geral.
 Liquidez Corrente.
 Composição do Endividamento.
 Margem Líquida.
 Rentabilidade do Ativo (ROA ou ROI).
 Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE).
Análise do EBITDA e EBIT
O EBITDA corresponde, em inglês, a Earnings Before
Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, e o EBIT a
Earnings Before Interest, Taxes, nada mais é do que o lucro
operacional ajustado. No Brasil é conhecido como LAJIDA
(Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) e
LAJIR (Lucro Antes dos Juros e Impostos sobre a Renda). Sua
divulgação no Brasil, apesar de não obrigatória, vem sendo feita

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74 Análise das Demonstrações Contábeis

pela maioria das empresas de capital aberto, as quais o fazem


seguindo orientações da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM).
Ao desconsiderar todas as despesas operacionais que não
afetam o caixa – como depreciação e amortização, por exemplo
– e não levar em consideração os custos de financiamento
representado pelas despesas financeiras, além dos efeitos da
tributação sobre os resultados do exercício, o EBITDA tem sido
considerado um bom indicador de geração de caixa operacional.
Ou seja, o EBITDA traz a informação daquilo que a companhia
realmente consegue gerar de resultado com a sua atividade
principal. O EBITDA não representa o volume monetário
efetivo que ingressou no caixa da empresa, já que pelo regime de
competência nem todas as despesas podem estar efetivamente
pagas quando da apuração do resultado. O EBITDA deve ser
visto como um indicador do potencial de geração de caixa
proveniente de ativos operacionais.
O potencial de geração de caixa (sendo valores antes
de se considerarem as depreciações) produzido pelos ativos
genuinamente operacionais (excluindo-se então as receitas
financeiras que, neste caso, não são o objetivo da companhia),
sem os efeitos decorrentes da forma de financiamento da entidade
(portanto, excluindo-se também as despesas financeiras) e antes
dos efeitos dos tributos sobre o resultado (Imposto de Renda e
Contribuição Social sobre o Lucro no caso brasileiro).
Muito se tem comentado sobre os cuidados na utilização
do valor do EBITDA, e sobre a consideração quanto a visão
deste indicador como uma medida confiável. Isso porque
em seu valor, lembre-se, não estão computados os efeitos
do endividamento da empresa e as despesas financeiras a ele
associadas, o que pode levar a uma falsa ideia de rentabilidade
e potencial de geração de caixa quando ocorrerem situações em
que os valores de financiamento sejam relevantes em relação
ao volume total de capital de terceiros à disposição da empresa.

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Análise das Demonstrações Contábeis 75

O uso do EBITDA como medida de valor deve ser tomado


com reservas, pois, ao analisar as contas que compõem a DRE,
verifica-se que após o EBITDA há uma variada gama de contas
que devem ser consideradas durante um processo de análise.
Por exemplo, em determinado momento a economia
brasileira, pode ser vigorosamente influenciada pelas variações
cambiais, levando a situações de distorções, no caso de
companhias com estrutura de financiamento diferenciadas. O
câmbio e as taxas de juros contratadas podem ter um impacto
bastante relevante quando se compara concorrentes que tenham
contraído dívidas apenas em moeda nacional ou dívidas em
moeda estrangeira.
Numa comparação entre empresas do mesmo
segmento com percentual similar de EBITDA
em relação ao lucro bruto, podemos estar diante
de uma situação em que algumas delas não
sejam tão sólidas em relação a outras em razão
do impacto das despesas financeiras e variações
cambiais sobre o lucro líquido decorrentes dos
financiamentos contraídos (SILVA, 2000, p. 115).
Outra situação a ser considerada na utilização do EBITDA
é quando o lucrolíquido estiver influenciado por incentivos fiscais
relacionados a tributos incidentes sobre o resultado do exercício
que proporcionam carga tributada diferenciada. Como qualquer
indicador, sua análise deve ser feita considerando uma série
histórica, correlacionando-o com outras medidas de desempenho.
A ocorrência prolongada de EBITDA negativo pode sugerir que
a empresa esteja consumindo caixa ao invés de gerá-lo de forma
suficiente para manter suas atividades, acarretando uma situação
de overtrade (Consiste em procurar manter um certo nível de
operações comerciais sem recursos financeiros suficientes). Em
uma situação ideal o EBITDA gerado deveria ser suficiente o
bastante para o pagamento das despesas com juros e impostos
sobre os lucros, e ainda sobrar para remunerar os sócios com a

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76 Análise das Demonstrações Contábeis

distribuição de dividendos. A despeito dessas e outras situações,


o EBITDA ainda tem sido uma medida bastantew divulgada
entre as companhias de capital aberto.

Análise por meio de índices

OBJETIVO

Neste capítulo são apresentados a função dos índices e seus


principais aspectos. Além disso é evidenciado os principais
índices de estrutura de capital que constituem o instrumento
básico da análise das demonstrações contábeis. A função de
cada índice, sua fórmula, seu significado e sua interpretação.
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá.
Avante!

A função dos índices


De acordo com o interesse do usuário ao qual será dirigido
o Relatório de Análise, é possível extrair das demonstrações
contábeis um número maior ou menor de índices para analisar.
Os índices são extraídos das demonstrações contábeis por
meio de confrontos entre grupos de contas.
Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das
demonstrações contábeis, que visa evidenciar determinado
aspecto da situação econômica ou financeira de uma entidade.
Os índices constituem a técnica de análise mais utilizada. Sua
característica fundamental é fornecer uma visão ampla da
situação econômica ou financeira da companhia.
Os índices ou indicadores são úteis para analisar diversos
aspectos econômicos e financeiros das companhias. Um médico,

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Análise das Demonstrações Contábeis 77

por exemplo, usa certos indicadores, como temperatura e pressão,


para examinar o quadro clínico de um paciente, os índices
extraídos das demonstrações contábeis permitem verificar a
situação empresarial.
No caso médico, existe a certeza de que há algo errado
com o paciente que apresenta pressão alta, nas companhias,
um endividamento elevado não significa que esteja à beira
da insolvência (MATARAZZO, 2010). Há outros fatores que
devem ser observados, antes de definir a situação empresarial.
Quando os indicadores genéricos não são suficientes,
o médico solicita novos exames. Da mesma maneira, para
um conhecimento mais aprofundado da companhia, além do
conjunto de índices, podem-se utilizar outras técnicas de análise.

IMPORTANTE

O importante não é o cálculo de um grande número de índices,


mas de um conjunto de índices que permita conhecer a situação
da companhia, segundo o grau de profundidade desejada pelo
analista.

Sendo assim, a profundidade da análise é variável para cada


usuário. O fornecedor, por exemplo, pode apenas querer rápidas
informações sobre a empresa, a respeito de sua rentabilidade,
de seu índice de liquidez. Se esse mesmo fornecedor estiver
interessado não em vender mercadoria, mas em adquirir a própria
empresa-cliente ou fundi-la com a sua, evidentemente desejará
uma análise muito mais aprofundada. Portanto, a quantidade de
índices que deverá ser utilizada dependerá exclusivamente da
profundidade que se deseja com a análise.

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78 Análise das Demonstrações Contábeis

IMPORTANTE

O aumento da quantidade de índices é também aumento de custos;


portanto, a análise de índices entra em rendimentos decrescentes
a partir de certo ponto. Ou seja, a análise de índices é do tipo
que começa muito bem e vai perdendo fôlego à medida que se
acrescentam novos índices, isto é, há um redimento decrescente.

Inicialmente, analisa-se a situação financeira separadamente


da situação econômica; no momento seguinte, juntam-se as
conclusões dessas duas análises. Assim, os índices são divididos
em índices que evidenciam aspectos da situação financeira e
índices que evidenciam aspectos da situação econômica. Os
índices da situação financeira, por sua vez, são divididos em
índices de estrutura de capitais e índices de liquidez, conforme
a Figura 1.
Figura 1: Principais aspectos revelados pelos índices financeiros

Embora, profissionais e analistas concordem em alguns


pontos quanto aos principais índices, existem algumas diferenças
em suas análises. Existem índices que são interessantes
apenas em determinadas análises e para determinado usuário.
Por exemplo, é comum os bancos se interessarem por certas
informações que incluem o relacionamento da companhia

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Análise das Demonstrações Contábeis 79

com instituições financeiras, como, por exemplo, quanto estas


financiam do Ativo Total da empresa ou do Ativo Circulante,
qual o percentual de Duplicatas Descontadas, etc. Enfim, trata-
se de índices para avaliar particularmente o relacionamento com
aquele usuário e não com a situação da empresa.

Descrição detalhada dos índices de


estrutura de capital
Os índices de Estrutura de Capitais servem para evidenciar
o grau de endividamento da companhia em decorrência das
origens dos capitais investidos no patrimônio. Estes indicadores
estão ligados às decisões de financiamento e investimento,
servindo, portanto, para demonstrar as grandes linhas de decisões
financeiras adotadas pela companhia, em termos de obtenção e
aplicação de recursos. Ao analisar as políticas de financiamento
adotadas por uma entidade, é preciso levar em consideração,
além do custo, o impacto das modificações sobre a estrutura de
capital, ou seja, a proporção da participação de capitais próprios
e de terceiros no financiamento dos ativos.
Para uso interno da companhia, os indicadores de
endividamento sinalizam o grau de risco acarretado pelos
financiamentos. A administração financeira (a ciência que
trata dos assuntos relacionados à administração das finanças
das organizações) também se preocupa com os níveis de
endividamento porque fornecedores, bancos, clientes e
concorrentes também avaliam a solidez financeira da empresa
com base nesses indicadores.
Não existem padrões universais para os índices de
endividamento. A melhor forma de interpretá-los é compará-los
com a média setorial e avaliar o impacto que esta estrutura pode
acarretar no resultado da companhia, ao incorporar eventuais
despesas financeiras.

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80 Análise das Demonstrações Contábeis

Quando os investimentos na companhia forem finaciados


pelos Capitais de Terceiros em proporção maior do que pelos
Capitais Próprios, é possível afirmar que, em princípio, a
empresa está endividada.
Participação de capital de terceiros (grau de
endividamento)
Os Capitais de Terceiros compreendem o somatório
do Passivo Circulante (PC) e Passivo Não Circulante (PNC),
representando, portanto, o endividamento da empresa. Pode ser
vantajoso trabalhar com Capitais de Terceiros desde que seu custo
seja inferior ao lucro conseguido com a sua aplicação nos negócios.
Por outro lado, do ponto de vista financeiro pode ser preocupante,
porque revela uma menor liberdade de decisões financeiras da
empresa ou uma maior dependência para com terceiros.
Grau de endividamento=(Capital de Terceiros (PC+PNC)
(Patrimônio Líquido (PL))
Interpretação:Quanto menor,melhor

Esse quociente (índice) revela qual a proporção existente


entre Capitais de Terceiros e Capitais Próprios, ou seja, quanto
a companhia utiliza de Capitais de Terceiros para cada R$ 1 de
Capital Próprio.
Uma das marcas das empresas falidas é o seu alto grau
de endividamento. Porém, a causa da falência não se restringe
ao endividamento, mas a uma série de outros fatores, como,
por exemplo: má gestão, falta de organização, má aplicação
dos recursos disponíveis (próprios ou de terceiros), projetos
malsucedidos, dentre outros.
Variáveis a serem ponderadas ao analisarmos a capacidade
de endividamento:
Geração de recursos: capacidade de gerar recursos para
amortizar as dívidas (ver índices de rentabilidade).

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Análise das Demonstrações Contábeis 81

Liquidez: permite analisar o perfil da dívida (objetivos,


volume, prazos) – Quais as razões que levaram a empresa a
contrair dívidas: complemento do capital próprio (ampliação,
expansão, modernização etc.) ou reforço do caixa para saldar
dívidas?; Qual sua proporção em relação ao Capital Próprio?;
Quando vencerá a dívida?
Renovação: a capacidade de renovação dos empréstimos
está associada à capacidade da empresa em gerar recursos e do
seu grau de liquidez.
Composição do endividamento
Por meio desta análise é possível mensurar o volume de
dívidas da empresa com vencimento no curto prazo em relação
à dívida total.
Composição do endividamento = (Passivo Circulante (PC)
(Capital de Terceiros (PC+PNC)
Interpretação:Quanto menor,melhor

Este índice revela qual a proporção existente entre


Obrigações de Curto Prazo e as Obrigações Totais, ou seja,
quanto a companhia terá de pagar a curto prazo para cada R$ 1
do total de obrigações existentes.
O estudo deste indicador nos permite visualizar o perfil da
dívida da entidade. O alongamento do perfil da dívida pode ser
explicado pela renegociação de dívidas antigas vencíveis no curto
prazo ou pela contratação de novos empréstimos com prazos de
vencimento mais dilatados. O que deve ser observado em relação
ao perfil da dívida identificado durante a extração dos índices:
Perfil de dívidas de curto prazo: refere-se às dívidas
que precisam ser pagas com recursos já disponíveis ou que
venham a ser gerados em curto prazo. O analista deverá
levantar a composição desta dívida (onerosa ou não onerosa),
possibilitando, assim, a identificação do volume dos custos com
os encargos que incidirão até o pagamento.

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82 Análise das Demonstrações Contábeis

Perfil de dívidas de longo prazo: neste caso, a companhia


dispõe de maior prazo para gerar recursos para quitá-la.
Geralmente, aqui são classificadas as dívidas onerosas e captadas
para investimentos de caráter permanente, a exemplo de Ativo
Imobilizado.
Os Passivos não Onerosos são aqueles inerentes à
atividade da empresa, como salários, fornecedores, impostos
e outros que normalmente não costumam apresentar, de forma
explícita, custos financeiros embutidos; caso contrário, deverão
ser classificados como Passivos Onerosos.
Pontos importantes a considerar:
 Quanto menor for o valor a pagar a curto prazo em
relação às Obrigações Totais, maior tempo terá a companhia
para obter recursos financeiros visando a saldar todos os seus
compromissos.
 Para gerar recursos a curto prazo visando a cobrir
os compromissos do Passivo Circulante, a companhia poderá
realizar várias operações, como levantar empréstimos para
pagamento a longo prazo, oferecer descontos especiais para
promover vendas, incentivar sesus clientes a pagar as duplicatas
antes dos vencimentos, concedendo-lhes vantagens, etc.
Essas operações entretanto nem sempre oferecem resultados
satisfatórios, pois dependem de fatores externos que fogem do
controle da empresa, como a existência de Disponibilidades
nos estabelecimentos bancários para oferecer empréstimos a
longo prazo;
 Gerar recursos financeiros a curto prazo nem sempre é
tarefa fácil de realizar por parte da administração;
 Recursos Financeiros para cobrir os compromissos
de longo prazo poderão surgir em função do desenvolvimento
normal das atividades da companhia, sem a necessidade de
recorrer a operações que geram recursos imediatos. Nem sempre
essas operações são benéficas para a saúde financeira da empresa;

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Análise das Demonstrações Contábeis 83

 Quanto menor for este índice, maiores serão os


prazos que a companhia terá para saldar seus compromissos,
consequentemente, melhor será sua situação financeira atual.
Composição da Participação de Terceiros sobre Recursos
Totais (Debt Ratio)
Esse quociente, também conhecido como Debt Ratio,
relaciona o Capital de Terceiros com os Fundos Totais Providos
(por capitais próprios e capitais de terceiros).
Debt Ratio=(Capital de Terceiros (PC+PNC))
(Passivo Total )
Interpretação:Quanto menor,melhor

Expressa o endividamento sobre os fundos totais, também


representa qual o percentual do Ativo Total é financiado com
recursos de terceiros.
No longo prazo, o percentual de capitais de terceiros
sobre os fundos totais não poderia ser muito grande, pois isto
iria progressivamente aumentando as despesas financeiras,
prejudicando a rentabilidade da empresa. Entretanto, muito
irá depender da taxa de retorno ganha pelo giro do ativo dos
recursos tomados por empréstimo, quando comparada com a
taxa de despesas financeiras sobre o endividamento.
Se a taxa de depesas financeiras sobre o endividamento
médio se mantiver menor que a taxa de retorno obtida pelo uso
dos fundos obtidos por empréstimo, a participação de capitais
de terceiros será benéfica para a empresa, desde que isso não
prejudique sua liquidez.
Alguns autores também utilizam a terminologia de Capital
de terceiros como Dívida Total. Como sabemos que o Passivo
Total é igual ao Ativo Total, podemos reescrever a fórmula da
seguinte forma:

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84 Análise das Demonstrações Contábeis

Debt Ratio = (Dívida Total)


(Ativo Total)
Um índice maior que 1 mostra que uma parcela considerável
da dívida é financiada por ativos. Em outras palavras, a
empresa tem mais passivos que ativos. Um alto índice também
indica que uma empresa pode estar se colocando em risco de
inadimplência em seus empréstimos se as taxas de juros subirem
repentinamente. Uma proporção abaixo de 1 se traduz no fato de
que uma parcela maior dos ativos de uma empresa é financiada
pelo patrimônio líquido.
Imobilização do patrimônio líquido
Quanto mais uma empresa investir no Ativo Imobilizado
(AI), mais ela se torna dependente de capitais de terceiros para o
seu capital de giro. A análise deste índice possibilita a identificação
de quanto do Patrimônio Líquido (PL) da empresa está aplicado
no AI, revelando assim o volume de Capital Circulante Próprio
(CCP = Patrimônio Líquido – Ativo Imobilizado):
Imobilização do Patrimônio Líquido = (Ativo Imobilizado (AI))
(Patrimônio Líquido (PL))
Interpretação:Quanto menor,melhor

Havendo uma real necessidade de investimento no AI, a


empresa deverá sempre buscar a melhor forma de financiamento.
Normalmente, financiamentos com longo prazo de vencimento,
cujas taxas de juros tendem a ser menores, em razão dos bens
financiados servirem como garantia, deixando os recursos
próprios para serem aplicados no Capital de Giro.
Imobilização dos recursos não correntes
Este indicador permite identificar quanto dos Recursos
não Correntes da empresa (Patrimônio Líquido + Exigível a
Longo Prazo) está aplicado no Ativo Permanente, evidenciando
o quanto a empresa possui de Capital Circulante Próprio (CCP =
Patrimônio Líquido – Ativo Permanente).

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Análise das Demonstrações Contábeis 85

Imobilização dos Recursos não Correntes=


(Ativo Imobilizado (AI)) +Passivo Não Circulante
(PNC)
(Patrimônio Líquido (PL))
Interpretação:Quanto menor,melhor

Quando este indicador for superior a 100%, teremos a


evidenciação de que o PL + PNC não apresenta valor suficiente
para cobrir os investimentos no AI, o que logicamente nos leva a
concluir que estes foram adquiridos com recursos do Disponível
ou, ainda, financiados com recursos de terceiros com vencimento
no curto prazo, trazendo reflexo para o nível de liquidez da
empresa.
Por outro lado, quando o índice se apresentar igual ou
inferior a 100%, teremos a evidência de que a empresa vem
financiando seu Capital de Giro com recursos de longo prazo.
Como os elementos do AI possuem normalmente uma vida útil
muito elástica, pode não ser viável a sua aquisição com recursos
próprios. Os investimentos no AI preferencialmente devem ser
feitos com recursos captados por meio de financiamento de
longo prazo, devendo ser observados pelo menos dois aspectos:
 que o prazo de vencimento da dívida deve ser compatível
com o tempo de vida útil do bem financiado;
 o período de carência e de vencimento das prestações
oferecido pelo agente financeiro deve ser suficiente para que a
companhia possa gerar recursos capazes de quitar estas dívidas
de longo prazo.

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86 Análise das Demonstrações Contábeis

Índices de liquidez e rentabilidade

OBJETIVO

Neste capítulo são apresentados a função dos índices de liquidez


e rentabilidade e seus principais aspectos. A função de cada
índice, sua fórmula, seu significado e sua interpretação. Por
fim, é apresentado um tópico de como analisar e comparar os
quocientes. Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Descrição detalhada dos índices de


liquidez
O analista deve ficar atento para o fato de que a capacidade
de pagamento da empresa deve ser avaliada considerando-se a
qualidade e os graus de conversibilidade para moeda corrente
dos direitos (venda de estoques e recebimentos de duplicatas),
bem como das dívidas existentes, já que estas também podem
ter prazos diferenciados de vencimento, além de serem passíveis
ou não de atualização, a exemplo dos financiamentos bancários.
O objetivo do estudo da liquidez é avaliar o grau de
solvência da empresa, ou seja, capacidade financeira para saldar
seus compromissos.
A confusão feita por alguns entre liquidez e capacidade de
pagamento foi apropriadamente abordada por Matarazzo (2010,
p. 99), ao comentar que “muitas pessoas confundem índices de
liquidez com os índices de capacidade de pagamento. Os índices
de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa que
comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices
que, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas,

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Análise das Demonstrações Contábeis 87

procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa.


Uma empresa com bons índices de liquidez tem condições
de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará,
obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de
outras variáveis como prazo, renovação de dívidas etc.”
Os índices de liquidez visam fornecer um indicador da
capacidade da companhia de pagar suas dívidas, a partir da
comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades.
Em razão disso pode parecer que quanto maior o índice de
liquidez, melhor a situação financeira da empresa. Todavia, o
crescimento demasiado dos quocientes de liquidez pode indicar
sérias dificuldades em relação à estrutura dos negócios, tais
como a elevação da liquidez imediata, acima das necessidades
operacionais; estoques elevados, em decorrência de itens
invendáveis ou baixa capacidade de comercialização; grande
volume de contas a receber, por dilatação de prazos concedidos a
clientes etc. Assim, a necessidade de examinar cada componente
dos ativos e passivos (Circulante e Não Circulante).
É importante que a análise da liquidez seja efetuada de
forma comparativa com vários exercícios ou períodos, não
apenas da mesma companhia, mas também de seus principais
concorrentes, pois somente dessa forma será possível identificar
o nível de comprometimento do capital de giro, de forma a
melhor determinar a capacidade de contrair novas obrigações.
O estudo da análise horizontal e vertical, que vermos adiante,
em conjunto com a análise dos indicadores de rentabilidade,
permitirá ao analista identificar as causas principais das
variações ocorridas nos indicadores de liquidez da empresa.
A leitura da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), não
deve ser desconsiderada, pois é possível identificar as causas
determinantes da falta ou excesso de disponibilidades.
Liquidez Geral ou Total
Por meio deste índice é possível perceber toda a capacidade
de pagamento da empresa a Longo Prazo, considerando tudo

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88 Análise das Demonstrações Contábeis

o que ela converterá em dinheiro (a Curto e a Longo


Prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida
(a Curto e a Longo Prazo).
Liquidez Geral= Ativo Circulante (AC)+Ativo Não Circulante

Passivo Circulante (PC)+Passivo Não Circulante (PNC)


Interpretação:Quanto maior,melhor

Não deve ser esquecido que existindo a possibilidade de


divergência entre as datas de recebimentos e de pagamentos, a
análise de longo prazo pode gerar distorções bastante acentuadas.
Neste caso, é interessante obter a composição e a finalidade dos
créditos a receber e dos financiamentos de longo prazo, com
vistas a determinar os prazos de realização dos mesmos.
No longo prazo, devem estar consignadas todas as
operações entre empresas coligadas e controladas e os
financiamentos de longo prazo para investimento no Ativo
Imobilizado. Uma verificação dos dados da DFC pode subsidiar
uma melhor análise, já que será possível identificar as origens e
as aplicações de recursos que efetivamente transitaram no caixa
da companhia.
Liquidez Imediata ou Instantânea
Há de se ressaltar que este não é um dos índices de
liquidez dos mais importantes, pois normalmente as empresas
mantêm poucos valores disponíveis em Caixa, Bancos e, em
contrapartida, as dívidas da mesma podem ter vencimento de
até 360 dias.
Liquidez Imediata=Disponibilidades

Passivo Circulante (PC)
Interpretação:Quanto maior,melhor

Deve se considerar, ainda, que os valores apresentados no


Balanço Patrimonial (BP) em determinado momento podem não
representar a média dos saldos verificados ao longo do exercício
financeiro.

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Análise das Demonstrações Contábeis 89

Portanto, este índice tem maior significado quando o


analisamos de forma conjunta com o fluxo de caixa da empresa,
ou utilizamos a média dos saldos mensais das contas, fugindo,
assim, de situações anormais que porventura tenham ocorrido à
véspera do levantamento do BP.
Liquidez Corrente
Este índice demonstra quanto a empresa possui em
dinheiro, em bens e em direitos realizáveis no curto prazo,
comparando com suas dívidas a serem pagas no mesmo período.
É o índice mais utilizado para medir a situação (saúde) financeira
das empresas.
Liquidez Corrente=(Ativo Circulante (AC)

(Passivo Circulante (PC) )


Interpretação:Quanto maior,melhor

Alguns aspectos restritivos a serem considerados:


 índice não revela a qualidade dos itens no Ativo
Circulante (os Estoques estão superavaliados, são obsoletos, os
Títulos a Receber são totalmente recebíveis?);
 índice não revela a sincronização entre recebimentos
e pagamentos, ou seja, por meio dele não identificamos se
os recebimentos ocorrerão em tempo para pagar as dívidas
vincendas;
 índice pode estar distorcido em razão dos critérios para
avaliação dos Estoques.
Considerando o primeiro aspecto, podemos concluir que
este índice tende a ser mais preciso quando existe um equilíbrio
entre os índices que apuram o Prazo Médio de Rotação dos
Estoques (PMRE) e o Prazo Médio de Recebimento das Vendas
(PMRV). Para isso utilizamos a Liquidez Seca.

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90 Análise das Demonstrações Contábeis

Liquidez Seca
O analista deve considerar que existe forte relação deste
indicador com o de Liquidez Corrente. Este indicador é muito
útil quando necessitamos ver a capacidade de pagamento da
empresa nas situações em que a mesma tem uma rotação de
estoque muito baixa, o que pode refletir uma má gestão sobre o
volume de compras de material para revenda ou industrialização.
No cálculo deste indicador, devemos eliminar os estoques do
total do Ativo Circulante. Este indicador é denominado também
como Acid Test Ratio (Prova Ácida) ou Quociente Absoluto de
Liquidez.
Liquidez Seca = Ativo Circulante (AC)-Estoques

(Passivo Circulante (PC)

Interpretação:Quanto maior,melhor

Não podemos nos esquecer de que os estoques também


são investimentos e que o fato do Balanço apresentar saldos
significativos pode ser consequência da sazonalidade dos
negócios, o que pode levar a empresa a manter altos investimentos
ao final do exercício social para fazer frente à grande demanda
no início do exercício seguinte. O conhecimento do negócio
da companhia é fundamental na análise deste e dos demais
indicadores de liquidez e dos indicadores de atividade.
Um exemplo seria o caso de um supermercado ou loja de
departamento que tende a ter um elevado saldo de Estoque e
pequeno saldo de Duplicatas a Receber de clientes, já que suas
vendas ocorrem geralmente a vista ou através de cartões de
crédito com reduzido prazo de recebimento. Caso o quociente
de Liquidez Seca demonstre que uma empresa é capaz de saldar
seus compromissos sem contar com a venda de estoques, deve-se
observar o prazo de realização dos seus créditos e do pagamento
dos seus compromissos, para que se possa estabelecer a real
medida de solvência da empresa.

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Análise das Demonstrações Contábeis 91

Com relação aos estoques, geralmente é o item menos


líquido do Ativo Circulante. Além disso é o item para o qual
o valor contábil é o menos confiável como medida de valor
de mercado, uma vez que as condições do Estoque não são
consideradas. Parte do Estoque pode ter estragado, tornado-se
obsoleta ou perdida. Mais exatamente, Estoques relativamente
grandes geralmente são sinal de problemas a curto prazo. A
empresa pode ter superestimado as vendas e, consequentemente,
comprado ou produzido em excesso. Assim, a companhia pode
ter uma porção substancial de sua liquidez empatada em estoque
de giro muito lento.

Descrição detalhada dos índices de rentabilidade


Todo empresário ou investidor espera que o capital
investido seja adequadamente remunerado e, por outro lado, os
financiadores ou fornecedores de capital desejam ter a certeza de
que o financiado é capaz de gerar lucro suficiente para remunerar
seus ativos e ainda honrar os financiamentos.
É possível avaliar o desempenho global de um
empreendimento por meio do estudo das taxas de retorno. Esta
análise busca a identificação do retorno sobre o investimento
total, o retorno sobre as vendas e o retorno sobre o capital
próprio, portanto, uma avaliação não apenas da produtividade,
mas, sobretudo, da lucratividade do negócio.
Uma das alternativas para eliminar os efeitos dos benefícios
fiscais relacionados ao imposto de renda e demais contribuições
sobre o lucro, inclusive nos casos de impostos diferidos, é
calcular os indicadores de rentabilidade tomando por base o
lucro antes destes tributos, sempre que houver grande distorção
sobre a carga tributária final entre as empresas analisadas.

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92 Análise das Demonstrações Contábeis

Determinadas questões devem ser consideradas quando


da análise da rentabilidade de uma empresa, pois algumas
ações poderão repercutir de forma significativa no lucro líquido
exercício, como, por exemplo:
 diminuir o valor das despesas de depreciação alongando
a vida útil do bem, o que levará a uma redução da taxa anual a
ser contabilizada. Este é um aspecto altamente subjetivo, bem
característico da essência sobre a forma, onde deixando de lado
os critérios da legislação do imposto de renda, a empresa passará
a contabilizar a depreciação de acordo com taxas que entenda
ser as corretas;
 superestimando o valor dos estoques, não contabilizando
a baixa de itens considerados, por exemplo, como obsoletos ou
danificados, ou ainda não reconhecendo o valor de mercado,
quando este estiver abaixo do preço de custo de aquisição ou
produção;
 ignorando novas obrigações, as quais deveriam estar
contabilizadas na forma de provisões para cobrir demandas
judiciais e passivos contingentes;
 superestimando vendas, naqueles casos em que são
realizadas de forma desmedida para clientes cuja capacidade de
pagamento não foi devidamente avaliada.
Giro do Ativo
Este indicador estabelece a relação entre as vendas
do período e os investimentos totais efetuados na empresa,
expressando o nível de eficiência com que são utilizados os
recursos aplicados, ou seja, a produtividade dos investimentos
totais (Ativo Total).
No cálculo deve ser usado o Ativo Médio (ao invés do AT)
quando ocorrer discrepância significativa entre os dois saldos
(ano corrente e ano anterior), o qual é obtido pela soma do Ativo
Total do ano anterior com Ativo Total do ano em curso, dividido
por dois.

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Análise das Demonstrações Contábeis 93

Giro do Ativo=(Vendas Líquidas (ou Receita Líquida)

(Ativo Total (AT) ou Ativo Médio)


Interpretação:Quanto maior,melhor

Deverá estar atento aos seguintes aspectos:


 Quais são os critérios de avaliação dos ativos,
especialmente os integrantes do ativo permanente, observando:
efeitos da inflação; reavaliação de ativos.
 Itens representativos, que não estejam relacionados
com produção e vendas, pois estes podem superavaliar o ativo e
distorcer o indicador.
 Nos anos em que a empresa estiver em fase de ampliação
e expansão, o indicador poderá apresentar distorções.
 Nos casos em que ocorra mudança significativa no valor
do saldo do ativo total de um exercício para o outro, devemos
utilizar o saldo médio destes na composição do índice.
Margem Líquida
Conhecida também como Retorno sobre as Vendas (RV),
este índice compara o Lucro Líquido (LL) em relação às Vendas
Líquidas do período, apresentando o percentual de lucratividade
gerado. Não existe um índice ideal, o analista deverá comparar
o índice apurado com a média verificada no segmento ou região
onde opera a empresa.
Muitos fatores podem influenciar a rentabilidade sobre as
vendas, dentre os quais destacam-se o ramo de atividade, a rotação
dos estoques, mercados, custos de produção, produtividades,
dentre outros. Atuando a companhia em um segmento onde a
margem de lucro seja curta, não adiantará para a mesma tentar
aumentar seus lucros com aumento do preço de venda. Nesta
situação, o aumento no faturamento deverá ocorrer por meio da
conquista de novos mercados.

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94 Análise das Demonstrações Contábeis

Margem Líquida=(Lucro Líquido (LL)

(Vendas Líquidas (ou Receita Líquida)


Interpretação:Quanto maior,melhor

Deverá estar atento aos seguintes aspectos:


 volume de despesas ou receitas não operacionais, os
quais podem distorcer o resultado;
 os critérios de avaliação de estoques e de apropriação de
custos podem interferir no valor do CMV (ou CPV) e, portanto,
no lucro.
Rentabilidade ou Retorno do Ativo (ROA)
Também denominada de Taxa de Retorno sobre o Ativo
Total (ROA , do inglês Return On Assets). Este indicador tem
por objetivo medir a eficiência global da alta direção da empresa
na geração de lucros com seus investimentos totais. Não havendo
variações significativas nos saldos do Ativo, o analista poderá
optar por mediar a relação direta entre o Lucro Líquido (LL) do
Exercício e o saldo do Ativo.
Caso contrário, utiliza-se o Ativo Médio, que é obtido pela
soma do Ativo Total do ano anterior com Ativo Total do ano em
curso, dividido por dois.
ROA=Lucro Líquido (LL)

(Ativo Total (AT)


Interpretação:Quanto maior,melhor

O Ativo Total nada mais é do que o capital econômico da


empresa, em que parte deste capital refere-se ao aporte dos sócios
e a outra parte é captada junto a terceiros, além das parcelas de
lucros incorporados ao capital dos sócios.
Rentabilidade do Patrimônio Líquido ou Retorno do
Capital Próprio (ROE)
Também denominada de Taxa de Retorno sobre o
Patrimônio Líquido (ROE, do inglês Return On Equity), este

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Análise das Demonstrações Contábeis 95

indicador apresenta o retorno que os acionistas ou quotistas da


empresa estão obtendo em relação aos seus investimentos na
companhia. Fica evidente o prêmio que o investidor paga pelo
risco de seu empreendimento, devendo este índice ser superior
à taxa média de juros do mercado. Caso contrário, seria mais
vantajoso investir em uma aplicação de renda fixa com retorno
na média do mercado. Sendo assim, o quando investidor aplica
seu dinheiro em negócio arriscado, espera receber um prêmio
maior que média por isso.
ROE=Lucro Líquido (LL)

Patrimônio Líquido (PL)


Interpretação:Quanto maior,melhor

Observamos que se não ocorrer aporte de capital ao longo


do exercício ou outras modificações significativas na estrutura
do PL, o analista poderá optar por mediar a relação direta entre
o LL e o saldo do PL. Caso contrário, pode-se usar o Patrimônio
Líquido Médio, que é obtido pela soma do Patrimônio Líquido
do ano anterior com o Patrimônio Líquido do ano em curso,
dividido por dois.

Quadro resumo dos índices


Quadro 1: Resumo dos índices

ÍNDICES FÓRMULAS INTERPRETAÇÃO


ESTRUTURA DE CAPITAL
PC + PNC
Endividamento (1)
PL
Composição do PC
Endividamento (1)
PC + PNC
Debt Ratio PC + PNC
(1)
AT

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96 Análise das Demonstrações Contábeis

Imobilização do AI
Patrimônio Líquido (1)
AL
Imobilização dos AI
Recursos Não (1)
Correntes PL + PNC
LIQUIDEZ
AC + ANC
Geral (2)
PC + PNC
Disponibilidade
Imediata (2)
PC
AC
Corrente (2)
PC
Seca AC - Estoques
(2)
PC
RENTABILIDADE
Vendas Líquidas
Giro do Ativo (2)
AT
LL
Margem Líquida (2)
Vendas Líquidas
Rentabilidade do LL
Ativo (ROA) (2)
AT
Rentabilidade do PL LL
(ROE) (2)
PL

Nota: (1) Quanto menor, melhor; (2) Quanto maior, melhor.

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Análise das Demonstrações Contábeis 97

Como avaliar os índices


Há três tipos básicos de avaliações de um índice:
1. Pelo significado intrínseco;
2. pela comparação ao longo de vários exercícios;
3. pela comparação com índices de outras empresas/
índices-padrão.
1. Avaliação intrínseca de um índice:
Pode-se tentar qualificar a situação financeira de uma
companhia com base no índice de Liquidez Corrente: se
apresentar valor de 1,5, sabe-se que para cada R$ 1 de dívida a
curto prazo há R$ 1,5 de investimento a curto prazo. A folga de
50% pode ser considerada suficiente com margem de segurança
à entidade; conclusão feita por intuito do analista ou por ter
trabalhado em empresas que conseguiram operar bem com esse
nível de Liquidez Corrente.
2. Comparação dos índices ao longo do tempo:
Comparar os índices de uma empresa com valores
observados nos anos anteriores revela-se bastante útil por
mostrar tendências seguidas pela companhia. Se por um lado a
empresa endividar-se mais a cada exercício e, simultaneamente,
apresentar aumento de sua rentabilidade, e ainda ocorrer a
redução dos índices de liquidez. Essas informações permitem
ao analista formar uma opinião a respeito de diversas políticas
seguidas pela companhia, bem como das tendências que estão
sendo registradas. É fundamental que os índices sejam analisados
conjuntamente.
3. Comparação com padrões:
A avaliação de um índice e sua conceituação como
ótimo, bom, satisfatório, razoável ou deficiente só pode ser
feita por meio da comparação com padrões. O bem só é bom
em relação a outros elementos. É preciso definir um conjunto

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98 Análise das Demonstrações Contábeis

e, em seguida, comparar um elemento com os demais do


conjunto para atribuir-lhe determinada qualificação. Esse é um
processo natural do raciocínio humano em que todas avaliações
são feitas por comparações, ainda que quase nunca tabuladas
metodologicamente (daí as divergências de opiniões). Suponha-
se que uma companhia possua índice de Liquidez Corrente de
1,93; se 80% das empresas do ramo possuem índice menor do
que o dessa companhia e se a Liquidez Corrente é do tipo quanto
maior, melhor, a conclusão é de que a empresa possui bom
índice de Liquidez Corrente em relação às demais empresas do
ramo. Uma conclusão objetiva. Não é possível conceber uma
boa análise sem a comparação dos índices da empresa analisada
com padrões.
Processo de avaliação de índices
Um vez calculados os índices e comparados com padrões,
pode-se fazer primeiro uma avaliação individual de cada índice,
depois uma avaliação conjunta e, assim, avaliar-se a empresa e
sua administração.
Ordem do processo de avaliação
1. Descoberta do índices
2. Definição do comportamento do indicador (quanto
maior, melhor; quanto menor, melhor; ponto ótimo em torno de
um parâmetro)
3. Tabução de padrões (índices de empresas do mesmo
ramo, de maneira que permita a comparação dos índices de uma
empresa com os das demais)
4. Escolha dos melhores índices e atribuição de importância tais

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Análise das Demonstrações Contábeis 99

Análise vertical/horizontal

OBJETIVO

Neste capítulo são apresentadas as análises Vertical e Horizontal.


Por intermédio desse tipo de análise podem-se conhecer
pormenores das demonstrações contábeis que escapam à análise
genérica por meio de índices. A análise Horizontal e Vertical é
a forma mais comum de expressar a análise de demonstrações
contábeis, pois, apesar de sua simplicidade, elas irão destacar
as variações mais importantes no BP e na DRE. Isso significa
que é mais adequado fazer a análise com grupos de contas os
mais resumidos possível. Identificando-se algum indício de
problema, o analista poderá efetuar uma análise detalhada,
buscando identificar as contas que compõem o grupo de conta
preliminarmente analisado e verificar seu peso em relação ao
todo. Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Análise Horizontal (AH)


A análise horizontal permite analisar a evolução de uma
conta ou de um grupo de contas ao longo de períodos sucessivos.
Trabalha fundamentalmente com efeitos e dificilmente revela
as causas das mudanças. Pode ser evolutiva ou retrospectiva.
Esta análise é muito importante para a construção de uma
série histórica, o que é fundamental para ajudar no estudo de
tendências.

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100 Análise das Demonstrações Contábeis

Metodologia de cálculo
1. Considerar todas as contas do ano mais distante como
base 100%.
2. Para cada conta, calcular primeiramente o número-
índice da seguinte forma:
Dividir o valor/saldo da conta do período mais recente
pelo do período mais distante, diminuir 1 e multiplicar por 100,
para encontrar o percentual de variação.
Fórmula=((AnoSeguinte (Ano 2)) x 100
(AnoBase(Ano 1))-1)

É recomendável que o analista proceda ao arredondamento


dos índices apurados em duas casas decimais. Quando o valor
do item correspondente ao ano-base é zero, o número-índice não
pode ser calculado, pois os números não são divisíveis por zero.
Da mesma forma, quando o ano-base apresenta um número
negativo e no ano seguinte o número fica positivo (e vice-versa),
o número-índice não pode ser calculado. Convém observar que
os efeitos inflacionários podem distorcer as conclusões obtidas
na análise.

Análise Vertical (AV)


A análise vertical pode ser entendida como a análise da
estrutura das demonstrações, pois permite a identificação da real
importância de uma conta dentro do conjunto de contas ao qual
pertence no BP ou na estrutura da DRE. A análise vertical espelha
os efeitos e, em algumas demonstrações, é também possível
descobrir algumas das causas primárias. Uma vez efetuado
o levantamento dos percentuais, o analista focará sua análise
nestes percentuais, deixando para trás os valores monetários
absolutos, sendo possível verificar as tendências de forma mais
objetiva. Uma análise limitada a expressões monetárias, sejam

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Análise das Demonstrações Contábeis 101

elas expressas em valores históricos ou corrigidos, não permitiria


uma visualização dos impactos de cada conta patrimonial ou de
resultado no conjunto das respectivas demonstrações.
Metodologia de cálculo
1. BP – dividir o valor de cada conta ou grupo de contas pela
totalização do ativo ou passivo, conforme o caso, multiplicando
por 100, obtendo, assim, a participação de cada conta ou grupo
de conta em relação ao total.
2. DRE – dividir o valor de cada item (ou parcela) da
demonstração pelo valor da Receita Operacional Líquida (ou
Bruta) e multiplicar por 100, obtendo assim a participação de
conta na formação do resultado.
É recomendável que o analista proceda ao arredondamento
dos índices apurados em duas casas decimais. A comparabilidade
na Análise Vertical pode ser prejudicada sempre que houver a
incorporação de valores significativos no ativo ou passivo, bem
como eventos anormais que alterem as relações estruturais.

Análise Horizontal e Vertical do Balanço


Patrimonial (BP)
Alguns dos aspectos que podem ser observados a partir
da análise horizontal e vertical das principais contas e grupos
patrimoniais.
No Quadro 2 observa-se a extração dos percentuais que
comporão a análise horizontal e vertical das contas do ativo de
uma companhia fictícia.

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102 Análise das Demonstrações Contábeis

Quadro 2: Padronização do balanço patrimonial

31/12/X1 AV AH 31/12/X2 AV AH
ATIVO CIRCULANTE
Financeiro
Disponível 34.665 1 100 26.309 1 76
Aplicações 128.969 5 100 80.915 2 63
Financeiras
Total Financeiro 163.634 6 100 107.224 3 66
OPERACIONAL
Clientes 1.045.640 38 100 1.122.512 28 107
Estoques 751.206 28 100 1.039.435 26 138
Outros 0 0 100 0 0 0
Total Operacional 1.796.846 66 100 2.161.947 54 120
TOTAL ATIVO 1.960.480 72 100 2.269.171 57 116
CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE
Investimentos 72.250 3 100 156.475 4 217
Imobilizado 693.448 25 100 1.517.508 38 219
Diferido 0 0 100 40.896 1 0
TOTAL
ATIVO NÃO 765.698 28 100 1.714.879 43 224
CIRCULANTE
TOTAL ATIVO 2.726.178 100 100 3.984.050 100 146
PASSIVO CIRCULANTE
Financeiro
Empréstimos 66.165 2 100 83.429 2 126
Bancários
Duplicatas 290.633 11 100 393.885 10 136
Descontadas
Total Financeiro 356.798 100 477.314 12 134
Operacional
Fornecedores 708.536 26 100 639.065 16 90
Outros 275.623 10 100 289.698 7 105
Total Operacional 984.159 36 100 928.763 23 94

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Análise das Demonstrações Contábeis 103

TOTAL PASSIVO 1.340.957 49 100 1.406.077 35 105


CIRCULANTE
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Empréstimos/ 314.360 12 100 1.170.788 29 372
Financiamentos
Outros 0 0 100 0 0 0
TOTAL
PASSIVO NÃO 314.360 12 100 1.170.788 29 372
CIRCULANTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital + Reservas 657.083 24 100 1.194.157 30 182
Lucros Acumulados 413.778 15 100 213.028 5 51
TOTAL
PATRIMÔNIO 1.070.861 39 100 1.407.185 35 131
LÍQUIDO
TOTAL PASSIVO 2.726.178 100 100 3.984.050 100 146

Obs: Valores fictícios

Ativo Circulante (AC)


As variações identificadas no Ativo Circulante (AC) devem
ser comparadas com os percentuais de variação (horizontal)
do Ativo não Circulante (ANC). Uma empresa que aumenta
o ANC em bases superiores ao AC poderá estar apresentando
problemas com liquidez. É importante ainda ver a composição
do circulante e do não circulante (análise vertical), pois um
excessivo aumento nos estoques e nas contas a receber também
compromete a liquidez imediata e seca.
Na análise do AC, não se deve deixar de verificar o outro
lado da equação patrimonial, no caso o Passivo Circulante (PC).
Esta análise deve ser feita por meio do estudo dos indicadores de
liquidez e do Capital Circulante Líquido, que será visto adiante.
Uma lida criteriosa do Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC)
pode explicar as variações ocorridas neste grupo patrimonial.

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104 Análise das Demonstrações Contábeis

Contas a receber a curto prazo: deve ser observado como


se comportou a evolução destas contas em relação aos períodos
anteriores, bem como em relação à sua participação dentro do
AC (através da análise vertical). Mudanças significativas na
representatividade destas contas em relação ao total do Circulante
podem revelar, por exemplo, mudanças na política de vendas a
prazo. Convém observar se as notas explicativas trazem alguma
informação adicional sobre os critérios e saldo da Provisão para
Devedores Duvidosos (PDD). Deve ser observado ainda se o
crescimento nos saldos das contas a receber acompanha a taxa
de crescimento das vendas (DRE), qualquer descompasso deve
ser analisado para identificar se houve mudanças na política de
prazos concedidos, por meio do estudo do indicador de prazos
de pagamento (será visto adiante).
Estoques: aqui o analista deve estar atento ao saldo dos
estoques sob dois aspectos: Índice de Liquidez Seca e Giro dos
Estoques. Uma empresa que possua boa Liquidez Corrente pode
ter sérios problemas se tiver uma baixa rotação do estoque, daí
a importância da análise da Liquidez Seca das demais empresas
do setor ou segmento para atestar se não há algum desvio no
indicador da empresa em relação a estas. Uma empresa que possui
o estoque muito alto em relação às demais contas do circulante
bem como em relação à concorrência pode sinalizar um excesso
de compra ou produção, ou existência de itens obsoletos.
As notas explicativas podem trazer informações sobre os
critérios de avaliação dos estoques. Numa análise comparativa
com outros exercícios é preciso estar seguro de que a empresa
não mudou os critérios de avaliação dos seus estoques, pois caso
tenha feito o analista deverá apurar os possíveis efeitos desta
mudança. Por outro lado, é importante saber se os concorrentes
utilizam os mesmos critérios de avaliação.
O comportamento do indicador que mede o prazo médio
de recebimento das contas a receber e do giro dos estoques
deve ser levado em consideração neste momento, já que eles

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Análise das Demonstrações Contábeis 105

demonstram o “Ciclo Operacional e Financeiro” da empresa


(serão vistos adiante).
O analista deverá ter cuidado na utilização de valores
extraídos de BP iniciais e finais, principalmente na área de
contas a receber e estoques, visto que muitas vezes tais contas,
nas datas de balanço, não são representativas das médias reais
do período.
Ativo Não Circulante
Quando o saldo das contas que compõem este grupo
patrimonial aumenta de um exercício para outro, pode estar
representando a transferência de recursos do curto prazo e,
quando diminui, representa remessas para o curto prazo. Seu
aumento pode decorrer também do aumento das vendas a prazo,
do aumento dos prazos concedidos ou do baixo giro (ineficácia)
da carteira de cobrança. Na redução, raciocina-se de forma
inversa. Por isso é importante ser criterioso ao avaliar os índices
de Liquidez e de Prazo Médio de Recebimento de Duplicatas
sem mensurar os efeitos desta classificação contábil, ou trabalhar
apenas com balanços consolidados.
Ativo Imobilizado (AI)
O Ativo Imobilizado (AI) deve ser analisado juntamente
com o Patrimônio Líquido (PL) e PNC, por meio da análise da
estrutura de capital. Através da análise do grau de imobilização
é possível identificar quanto dos recursos não correntes da
empresa estão aplicados no AI.
Quanto mais uma empresa investir no AI, mais ela se torna
dependente de capitais de terceiros para o seu capital de giro.
Dessa forma, havendo uma real necessidade de investimento
no AI, a empresa deverá sempre buscar uma melhor forma de
financiamento (custo financeiro × prazo de pagamento), tendo
em vista que o aumento esperado da produtividade deve ser
confrontado com a margem de remuneração deste capital
imobilizado (rentabilidade).

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106 Análise das Demonstrações Contábeis

Passivo Circulante (PC)


As variações identificadas no PC devem ser comparadas
com os percentuais de variação (horizontal e vertical) do PNC.
A análise do PC está diretamente relacionada à análise daquele
grupo de contas, por meio dos índices de Liquidez.
O comportamento do indicador que mede o Prazo Médio do
Pagamento das Compras (Fornecedores), conta esta que integra o
PC, é muito importante, pois é elemento integrante na composição
e análise do “Ciclo Operacional e Financeiro” da empresa. Nas
notas explicativas é possível obter informações quanto à natureza
das provisões (contingências trabalhistas, tributárias e judiciais),
além das taxas de juros e moedas dos financiamentos contraídos,
quer sejam eles de curto ou de longo prazo.
Passivo não Circulante (PNC)
O aumento no saldo das contas que compõem este grupo
patrimonial, de um exercício para outro, pode ser decorrente da
obtenção de novos recursos de longo prazo e sua diminuição da
reclassificação de valores para o curto prazo.
Uma companhia que tem aumentado o seu PNC demonstra
sua capacidade na obtenção de financiamentos de longo prazo. O
analista deverá identificar o destino dos financiamentos de longo
prazo, os quais são recomendados para projetos de ampliação
das instalações, aquisição de máquinas e equipamentos ou
renovação da sua frota, ou seja, imobilizações (AI). Assim como
na análise do ANC , o analista deve procurar identificar as contas
que compõem este grupo por meio da análise vertical, o que lhe
permitirá conhecer a natureza das dívidas.
A leitura das notas explicativas pode fornecer informações
quanto ao objetivo da captação de recursos junto a instituições
financeiras, taxas de juros aplicadas, moeda de contratação,
prazo e carências para pagamento, o que pode ser muito útil, por
exemplo, para efeito de comparativos com o perfil das dívidas
dos concorrentes.

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Análise das Demonstrações Contábeis 107

Patrimônio Líquido (PL)


Deverá ser identificada a evolução dos saldos da contas do
PL, bem como da participação das mesmas dentro do referido
grupo patrimonial, por meio da leitura da Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) , a qual detalha as
modificações ocorridas durante o exercício social nas contas do
PL. Por trazer informações que complementam os demais dados
constantes do BP e da DRE, a DMPL é imprescindível na análise
da evolução do PL.
Deve-se observar que o crescimento do PL de um
exercício para outro já é indicativo positivo que se destaca na
análise econômica, sabendo, entretanto, que a forma como
se processa o crescimento do PL deve ser o foco da análise
econômica. A evolução do PL pode ser avaliada como favorável
nos casos de incorporação dos lucros, ou de integralização do
capital em dinheiro ou outros bens. Por outro lado, se o aumento
for provocado por reavaliações, terá ocorrido apenas evolução
nominal, ou seja, simples atualização do valor monetário desses
bens, sem que tenha aumentado a capacidade produtiva da
empresa, ou sua liquidez.
É importante considerar na análise a relação entre as
fontes de recursos, pois quanto maior for a participação do PL
nas fontes de recursos da empresa, menor será a dependência de
capitais de terceiros

Análise Horizontal e Vertical da Demonstração


do Resultado do Exercício (DRE)
A análise deve iniciar com a observação da evolução do
comportamento das mesmas, bem como dos indicadores a ela
relacionados. Na análise vertical da DRE deve ser considerado

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108 Análise das Demonstrações Contábeis

não apenas o controle sobre os custos e despesas, mas, sobretudo,


o aumento das receitas, descontada a inflação do período ou
variação da moeda estrangeira, nos casos em que a empresa
opere no mercado externo. Alguns relatórios de administração
trazem informações sobre o quantitativo comercializado, volume
de vendas no mercado interno e externo.
Já começa a ser difundida também a informação segregada
do faturamento, demonstrando o volume de produção ou vendas
do exercício findo proporcionado por unidades da companhia já
existente desde os exercícios anteriores e o volume proporcionado
pelas unidades inauguradas ao longo do exercício findo, de forma
a deixar transparente o real fator de acréscimo no faturamento.
O analista deve estar bastante atento ao nível de variação
horizontal no volume de faturamento bruto, pois é necessária
extrema cautela para extrair conclusões quando houver uma
variação brusca das vendas quando não houver proporcionalidade
com a evolução dos custos e despesas.
No Quadro 3 apresenta-se a extração dos percentuais que
comporão a análise horizontal e vertical das contas do Ativo da
DRE de uma companhia fictícia.
Quadro 3: Padronização da demonstração do resultado do exercício

31/12/X1 AV AH 31/12/X2 AV AH
RECEITA LÍQUIDA 4.793.123 100 100 4.425.866 100 92
Custo dos Produtos 3.621.530 76 100 3.273.530 74 90
Vendidos
LUCRO BRUTO 1.171.593 24 100 1.152.336 26 98
Despesas Operacionais 495.993 10 100 427.225 10 86
Outras Rec. Desp. Oper 8.394 0 100 17.581 0 209
LUCRO OPER. (sem 683.994 14 100 742.692 17 109
Res. Fin.)
Receitas Financeiras 10.860 0 100 7.562 0 70
Despesas Financeiras 284.308 6 100 442.816 10 156

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Análise das Demonstrações Contábeis 109

LUCRO 410.546 9 100 307.438 7 75


OPERACIONAL
Resultado Não 1.058 0 100 0 0 0
Operacional
LUCRO ANTES DO I.R. 411.604 9 100 307.438 7 75
LUCRO LÍQUIDO 223.741 5 100 167.116 4 75

Obs: Valores fictícios


Receita líquida
A análise da evolução da receita bruta ao longo dos
períodos sob análise (horizontal) busca identificar os motivos
que determinaram seu crescimento (novos mercados, novos
produtos, aumento considerável no volume de vendas ou dos
preços das mercadorias, incorporação de outras empresas etc.),
ou quedas (perda de grandes clientes, fechamento de filiais,
sinistros etc.).
Custo dos produtos vendidos
Sua análise busca verificar se a empresa manteve o mesmo
patamar dos custos em relação à sua receita bruta (análise
vertical). Havendo variações, o analista deve identificar as
possíveis causas determinantes. Um aumento no faturamento
com redução dos custos revela que a empresa experimenta uma
boa gestão, significando ainda que as mercadorias adquiridas
para revenda ou matérias-primas e secundárias e demais custos
foram devidamente considerados pelos administradores.
Lucro bruto
Sua análise é decorrente das ocorrências verificadas com
os dois elementos anteriores.
Despesas operacionais
Revelam de forma direta a preocupação da empresa em
lidar com a gestão dos negócios. O analista deve observar

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110 Análise das Demonstrações Contábeis

as variações ocorridas nas principais contas demonstradas.


Normalmente, é neste grupo de contas que se percebe a
capacidade dos administradores em promover os saneamentos
porventura necessários.
Lucro operacional
É o resultado das políticas de vendas, de custos e de
controle das despesas, demonstrados nos itens anteriores. É
interessante a análise do Lucro Operacional expurgando os
efeitos das Receitas e Despesas Financeiras, já que uma empresa
pode possuir uma forte lucratividade operacional e, ao finalizar
a apuração do resultado, apresentar uma forte redução no seu
lucro líquido, ou até mesmo findar o exercício com prejuízos em
decorrência da má gestão dos custos operacionais, inclusive dos
encargos financeiros.
Receitas e despesas financeiras
Refletem a política de captação de recursos junto a terceiros,
sendo bastante acentuadas nas empresas com problemas de
capital de giro próprio.
Lucro líquido (LL)
Aqui o analista encontra o elemento-chave para apurar
o nível de rentabilidade da empresa, fazendo as devidas
comparações com as vendas líquidas, PL e Ativo Total. Ao
analisar a rentabilidade de uma empresa, sendo esta adequada
e a liquidez não, deverão ser verificados atentamente os
quocientes de rotatividade (giro de estoques, contas a receber e
fornecedores) e endividamento.
Lucros distribuídos (após o LL)
Uma empresa que enfrenta problemas com seu capital de
giro normalmente não deveria promover distribuição de lucros,
à exceção, é claro, da distribuição obrigatória por determinação
legal ou estatutária.

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Análise das Demonstrações Contábeis 111

03
UNIDADE

ANÁLISE DA GESTÃO

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112 Análise das Demonstrações Contábeis

INTRODUÇÃO
Esta Unidade visa introduzir o leitor na Análise da gestão
financeira das companhias. Quais são os índices de rotatividade
e como é essa análise por índices? Quais são eles? O que a
Demonstração do Valor Adicionado revela? Por que o fluxo
de caixa é importante? Empresa com problema em seu fluxo
de caixa são propensas a falência? Esse e-Book foi preparado
de forma bastante objetiva e direta e busca integrar teoria e
prática. Espero que ele possa ser uma efetiva contribuição não
somente para a sua formação acadêmica, mas também para o
seu aprimoramento e evolução profissional. Tenha em mente
que este conteúdo requer estudo constante e contínuo. Mergulhe
de cabeça neste universo faça uma boa leitura!

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Análise das Demonstrações Contábeis 113

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3 – Análise da Gestão
Financeira. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos
seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa

1
de estudos:

Compreender e analisar a Demonstração do Fluxo


de Caixa (DFC);

2 Compreender e analisar a Demonstração do Valor


Adicionado (DVA);

3 Entender principais índices que constituem a


análise financeira de uma empresa;

4 Assimilar e analisar a necessidade de capital de


giro (NGC).

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!

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114 Análise das Demonstrações Contábeis

Elaboração e análise do fluxo de caixa

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é


a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e como analisá-la.
Quais são suas finalidades? O que ela indica? E então? Motivado
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Demonstração do fluxo de caixa (DFC)


A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) é uma
demonstração financeira que traz informações essenciais para
uma organização empresarial. Facilita a previsão de fluxos de
caixa futuros e proporciona uma visão direta das entradas e
saídas de caixa ocorridas no período, fornecendo apoio a tomada
de decisão (BORGES; NUNES; ALVES, 2012).
Muitas companhias vão à falência por não saberem
administrar seu fluxo de caixa.
O Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE) baseiam-se nos métodos de competência,
o que significa que as receitas e as despesas são reconhecidas
no momento da compra ou venda, e em contrapartida, a DFC
acompanha as implicações em dinheiro das transações (BODIE;
KANE; MARCUS, 2011). Diante do regime de competência (BP
e DRE), a Contabilidade considera a receita gerada e a despesa
incorrida em determinado exercício social, não importando seu
recebimento ou pagamento. Já o regime de caixa (DFC) consiste
em considerar receita e despesa aquelas efetivamente ocorridas
dentro do exercício.

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Análise das Demonstrações Contábeis 115

Para a análise da evolução do patrimônio e para o


conhecimento da sua efetiva rentabilidade, o BP e a DRE juntos
respondem adequadamente e de forma muito mais eficiente, já
para a análise financeira de curtíssimo prazo a DFC mostra-se
mais útil (MARTINS, 1999).
A DFC surgiu nos Estados Unidos, em 1987, com a
publicação do Financial Accounting Standard (FAS) nº 95,
seguido em 1992 pelo Reino Unido, com a publicação do
Financial Reporting Standard (FRS) nº 01 (SILVA, 2000).
A DFC somente passou a ser obrigatória e normatizada
para as companhias abertas no Brasil em 2008, embora algumas
companhias já faziam sua divulgação.
Substitui a Demonstração das Origens e Aplicações de
Recursos [DOAR]. Conforme a Lei 11.638/07, as companhias
fechadas com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a
R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), não serão obrigatórias
a elaboração e publicação da DFC.
Na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
as receitas e despesas são registradas segundo o regime
de competência, ou seja, independente do recebimento ou
desembolso efetivo. Na DFC utiliza-se o regime de caixa, em que
se leva em consideração os ingressos e desembolsos de recursos
na companhia, não apenas os oriundos das receitas e despesas,
mas também de todas as origens e aplicações de recursos.
Como por exemplo: aporte de capital; captação e pagamento de
empréstimos, aquisição ou alienação de bens; recebimentos de
duplicatas emitidas em exercício anterior, porém recebidas no
exercício da elaboração da DFC (SILVA, 2000).
A DFC indica as alterações ocorridas, durante o exercício,
no saldo de caixa e equivalentes de caixa, separando essas
alterações em três fluxos de atividades:
 Atividades operacionais – são as principais atividades
geradoras de receita da entidade e outras atividades diferentes
das de investimento e de financiamento.

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116 Análise das Demonstrações Contábeis

 Atividades de investimento – são as referentes à


aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros
investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa.
 Atividades de financiamento – são aquelas que resultam
em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e
no endividamento da entidade, não classificadas como atividade
operacional.
Estes fluxos evidenciarão os recebimentos e pagamentos,
demonstrando as causas da variação do Capital Circulante
Líquido (será visto adiante) em um determinado período.
A Demonstração do Fluxo de Caixa permite extrair
informações importantes sobre o comportamento financeiro da
companhia em um exercício.
A insuficiência de geração de caixa, para pagar em dia as
operações e dívidas da companhia, pode levar a falência. Por isso,
a importância de uma demonstração que se utiliza do regime de
competência, tornando evidente aos usuários os problemas que
uma geração de caixa ruim pode causar.
A DOAR (que foi substituída pela DFC) carregava
conceitos, como, por exemplo, as variações de capital circulante
líquido que não eram facilmente compreendidos. Ao inverso da
DFC, que se utiliza de conceitos mais simples e possibilita um
melhor entendimento por parte dos usuários das demonstrações
contábeis.
A DFC é um ótimo instrumento para o gestor financeiro
atentar-se à prazos de pagamentos e recebimentos. O excesso
de caixa não é aconselhável, pois a companhia está deixando
de investir ou deixando recursos parados. Entretanto, ter caixa
suficiente para honrar compromissos é estritamente importante.
O gestor financeiro também deverá atentar-se para o
momento certo de contrair dívidas para cobrir a falta de fundos,
assim como quando fazer alguma aplicação com o excesso
de dinheiro, para, assim proporcionar maior rendimento à

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Análise das Demonstrações Contábeis 117

companhia. O controle constante do fluxo de caixa é essencial


para que o gestor dimensione o volume de entradas e saídas
de recursos financeiros, realizando mudanças nos prazos de
recebimentos e pagamentos.
A Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral (NBC
TG) 03 (CFC, 2016, p. 1-2) apresenta seu objetivo e os benefícios
da informação dos fluxos de caixa.

ACESSE

Acesse a norma completa no link abaixo e faça a leitura.


http://bit.ly/2Q0dADs

Métodos de elaboração da demonstração


de fluxo de caixa (DFC)
A DFC para um determinado período ou exercício deve
apresentar o fluxo de caixa e equivalentes de caixa oriundos
ou aplicados nas atividades operacionais, de investimentos
e de financiamentos e o seu efeito líquido sobre os saldos de
caixa, conciliando seus saldos no início e no final do período
ou exercício. Essa demonstração será obtida de forma direta (a
partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa) ou de
forma indireta (com base no Lucro/Prejuízo do Exercício).
A DFC é o único demonstrativo contábil elaborado com
base em regime de caixa, enquanto os demais são elaborados de
acordo com o Princípio da Competência de Exercício.
 Método direto
A DFC apresentada pelo Método Direto facilita a
visualização e a compreensão são do fluxo financeiro, demons-
trando os recebimentos e pagamentos decorrentes das atividades

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118 Análise das Demonstrações Contábeis

operacionais da empresa, possibilitando a avaliação do


comportamento do seu nível de solvência. Neste método são
apresentados os componentes dos fluxos por seus valores brutos,
ao menos para os itens mais significativos dos recebimentos e
dos pagamentos.
Quadro 1: Método direto simplificado para fins de entendimento

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

Companhia ABC - Exercício X5

Saldo Inicial em 31-12-X4 40.000


Entradas
Receita Operacional Recebida 730.000
Receitas Financeiras 10.000
Recebimentos de Coligadas 10.000
Vendas Investimentos 10.000
Novos Financiamentos 50.000
Aumento de Capital em $ 40.000 850.000
Saídas
Compras Pagas (660.000,00)
Despesas de Vendas Pagas (30.000,00)
Despesas Administrativas (50.000,00)
Despesas Financeiras (30.000,00)
Imposto de Renda (60.000,00)
Dividendos Pagos (50.000,00) (880.000)
Saldo final em 31-12-X5 10.000
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Conforme a NBC TG 03, destacando os fluxos das


operações, dos financiamentos e dos investimentos.

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Análise das Demonstrações Contábeis 119

Quadro 2: Método direto completo

DFC - Método Direto em 31/12/X2 (em $)


Atividades Operacionais
Recebimentos de Clientes 4.796.250
Pagamentos a Fornecedores (3.620.000)
Pagamentos de Despesas (753.750)
Pagamento de Imposto de Renda (97.500)
Caixa Gerado nas Atividades Operacionais (+) 325.000
Atividades de Investimento
Compra de Imóveis 50.000
Aumento em Investimentos 43.750
Caixa Consumido nas Atividades de
Investimento (-) 93.750
Atividades de Financiamento
Aumento de Capital 62.500
Pagamento de Dividendos (75.000)
Captação de Empréstimos 200.000
Pagamento de Empréstimos (50.000)
Caixa Gerado nas Atividades de Financiamento (+) 137.500
Aumento das Disponibilidades 368.750
Saldo inicial (BP) - X1 168.750
Saldo final (BP) - X2 537.500
Variação no Caixa 368.750
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

 Método indireto
A DFC exibida pelo Método Indireto é semelhante a
DOAR, visto que a primeira linha da demonstração é o Lucro
Líquido do Exercício, sendo somadas rubricas sem efeito de
caixa para, então, em seguida, vir a efetiva variação do caixa. A
composição dessa relação, é feita da seguinte forma:

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120 Análise das Demonstrações Contábeis

 Adiciona-se as rubricas que na DRE não afetaram o


caixa, como, por exemplo, a Depreciação, a Variação Cambial e
os Resultados de Equivalência Patrimonial;
 Retira-se as rubricas que afetam caixa decorridas antes
ou após o período de apuração do resultado.
Quadro 3: Método indireto completo

DFC - Método Indireto em 31/12/X2 (em $)


Atividades Operacionais
Lucro Líquido (DRE) 50.500
Mais depreciação 50.000
Mais Encargos Financeiros Empréstimos 37.000
Mais Variação Cambial 50.000
Mais Compensação Tributos Diferidos 15.000
Diminuição em Fornecedores (120.000)
Diminuição em Despesas Antecipadas 1.250
Diminuição em Duplicatas a Receber e Títulos
(Líquido) 308.750
Diminuição em Impostos a Pagar (67.500)
Caixa Gerado nas Atividades Operacionais 325.000
Atividades de Investimento
Compra de Imóveis 50.000
Aumento em Investimentos 43.750
Caixa Consumido nas Atividades de Investimento 93.750
Atividades de Financiamento
Aumento de Capital 62.500
Pagamento de Dividendos (75.000)
Captação de Empréstimos 200.000
Pagamento de Empréstimos (50.000)
Caixa Gerado nas Atividades de Financiamento 137.500
Aumento das Disponibilidades 368.750
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

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Análise das Demonstrações Contábeis 121

Existem determinadas rubricas na DRE que reduzem o


Lucro Líquido (LL), mas não representam saída de dinheiro da
empresa. É o caso da Depreciação. Por isso, na DFC, pelo método
indireto, se adiciona a Depreciação ao LL. A Depreciação não
caracteriza um desembolso, mas um fato econômico.
Aumentos no Ativo Circulante levam ao uso do dinheiro.
Reduções no Ativo Circulante aumentam o caixa. Temos como
exemplo: o aumento do estoque, que reduz o dinheiro em caixa
(necessário para o pagamento); o aumento de duplicatas a receber
retarda o recebimento de recursos (caixa). Uma diminuição de
estoques e duplicatas a receber indica mais recursos disponível
em caixa. Por outro lado, quando os clientes antecipam um
pagamento, diminui o saldo de duplicatas a receber e, como
resultado, há um aumento do caixa.
Aumentos no Passivo Circulante, de forma geral, impedem
a saída de caixa e reduções no Passivo Circulante indicam que um
pagamento foi realizado, reduzindo o dinheiro em caixa. Temos
como exemplo: Um aumento de Fornecedores significa que um
pagamento foi postergado, podendo-se utilizar o dinheiro para outras
finalidades. Logo, um pagamento de um Fornecedor (diminuição
do Passivo Circulante) representa dinheiro saindo do caixa.
De forma geral, temos que para calcular as variações
líquidas de caixa, é necessário pegar o saldo atual das contas do
Ativo Circulante e Passivo Circulante e subtrair do saldo anterior.
No que diz respeito as atividades de Investimento (Ativo
Não Circulante), a compra de prédios, máquinas, ações, entre
outros, reduz o dinheiro em caixa. Por outro lado, a venda desses
itens aumento o saldo de caixa.
As atividades de Financiamento são referentes aos
proprietários ou à terceiros. Um aumento do capital social da
empresa ou empréstimo bancário representa mais dinheiro em
caixa. Logo, o pagamento de dividendos aos acionistas ou a
liquidação de empréstimos significa uma redução do caixa.

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122 Análise das Demonstrações Contábeis

ACESSE

Acesse o texto “Um terço dos negócios no Brasil fecha em dois


anos” em: http://bit.ly/38HwcRg e analise a principal causa de
mortalidade em empresas no Brasil.

Índices para análise da Demonstração de


Fluxo de Caixa (DFC)
Neste subitem você verá que a partir da DFC é possível
calcular alguns índices ou indicares que ajudam em análises das
demonstrações contábeis específicas. Inicialmente é exposto o
Quadro 4 como referência para a formulação dos índices.
Quadro 4: Exemplo DFC

DFC - Cia. ABC

Receita Recebida 24.000


(–) Custos Pagos (4.000)
a) Caixa Bruto nas Operações 20.000
(–) Desp. Vendas/Administrativas (5.000)
b) Caixa gerado nas Operações 15.000
(–) Despesas Não Operacionais (3.000)
c) Caixa após Itens Não Operacionais 12.000
(–) Desp. Financeiras Pagas (5.000)
d) Caixa após Operações Financeiras 7.000
(–) Amortização de Empréstimos (3.000)
e) Caixa após Amortização de Empréstimos 4.000
Novos Financiamentos 3.500
f) Caixa após Novas Fontes 7.500
(–) Aquisição de Imobilizado (4.000)
g) Caixa Líquido Final 3.500
Fonte: Adaptado de Marion (2012).

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Análise das Demonstrações Contábeis 123

Cobertura de juros

Nesse caso, o Caixa Gerado nas Operações (CGO) seria


antes dos Impostos e Juros. Admita que a empresa tem um
CGO de R$ 15.000 e pagou R$ 5.000 de juros no ano. Assim, a
cobertura de juros seria:

A cada R$ 1,00 pago de juros foram gerados R$ 3,00 de


caixa na atividade operacional. Ou seja, a empresa trabalha 4
meses (12/3) para gerar caixa relativo aos juros.
Capacidade de quitar dívidas

Nesse caso, o Caixa Gerado nas Operações (CGO) seria


depois do pagamento dos Impostos e Juros. Também seriam
subtraídos os dividendos pagos no período, pois eles (os
dividendos) são obrigações anuais repetitivas.
Admita que o novo CGO seja de R$ 7.000 e que os
financiamentos de Longo Prazo que geraram os juros de R$
5.000 acima sejam R$ 28.000:

A companhia gerou recursos para pagar 25% da dívida.


Esse financiamento poderia ser pago ao longo de 4 anos
(100%/25%). No caso do prazo de financiamento ser superior a
4 anos (por exemplo, 8 anos), a companhia poderia gerar caixa
para reinvestimento. Esse indicador poderia carregar no seu
denominador toda a dívida da companhia, incluindo do curto
prazo, dependendo da análise que se pretende fazer.

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124 Análise das Demonstrações Contábeis

Taxa de retorno do caixa

Considere o CGO de R$ 15.000 e um Ativo Total de


R$ 75.000. Em tal caso, o CGO utilizado é antes dos Juros e
Impostos. Sendo assim:

O ativo da companhia produz 20% de recuperação de


caixa por ano, ou seja, vai levar em média 5 anos para gerar
o equivalente do ativo em caixa. Outra forma de calcular esse
índice é utilizar como denominador o Ativo Operacional, levando
em consideração apenas os ativos da operação ou até mesmo o
Patrimônio Líquido, tirando uma média da taxa de retorno em
caixa do capital investido pelos acionistas.
Nível de recebimento das vendas

Considere um total vendido de R$ 30.000 e um recebimento


efetivo de caixa de R$ 24.000. Logo:

Nesse caso, 80% das vendas foram recebidas. Esse é um


bom indicador para avaliar políticas de crédito e cobrança quando
comparado com anos anteriores e com companhias concorrentes.
Capacidade de novos investimentos

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Análise das Demonstrações Contábeis 125

Considere a aquisição de imobilizado no valor de R$


4.000 e Caixa Gerado nas Operações após operações financeiras
no valor de R$ 7.000. Assim:

Esse indicador tem a finalidade de medir os recursos


PRÓPRIOS disponíveis após o pagamento de dividendos para
a perpetuidade do negócio. Nessa situação, a companhia seria
capaz de adquirir os novos investimentos com recursos gerados
em caixa.
No nosso exemplo, a companhia adquiriu novos emprés-
timos, sendo que do Caixa Gerado nas Operações após operações
financeiras no valor de R$ 7.000 sobrou R$ 4.000 (57%) após
Amortização de Empréstimos.

Elaboração e análise do valor adicionado

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é


a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e como analisá-la.
Quais são suas finalidades? O que ela indica? E então? Motivado
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Demonstração do Valor Adicionado (DVA)


A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) surgiu na
Europa, essencialmente por influência da Inglaterra, da França
e da Alemanha, e tem, cada vez mais, demanda em âmbito
internacional, até mesmo por recomendação da Organização das
Nações Unidas (ONU) (MARION, 2012).

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126 Análise das Demonstrações Contábeis

A principal função da DVA é indicar o quanto de riqueza


uma companhia produziu. O quanto a empresa adicionou de
valor a seus fatores de produção e, também, de que forma essa
riqueza foi retida na companhia e distribuída entre os seus
acionistas, empregados, credores e governo.
A DVA deve evidenciar o valor da riqueza gerada
pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que
contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados,
financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela
da riqueza não distribuída.
A DVA é uma demonstração bastante útil, inclusive do
ponto de vista macroeconômico, uma vez que, conceitualmente,
o somatório dos valores adicionados (ou valores agregados) de
um país representa, na verdade, seu Produto Interno Bruto (PIB).
A DVA passou a ser obrigatória para as sociedades
anônimas de capital aberto a partir do exercício de 2008, apesar
de que algumas empresas já a divulgavam.
A Lei 6.404 não detalha os itens que deverão compor
este novo demonstrativo contábil. Por sua vez, a NBC TG 09
determina que a distribuição da riqueza criada deve ser detalhada,
minimamente, da seguinte forma:
1. pessoal e encargos;
2. impostos, taxas e contribuições;
3. juros e aluguéis;
4. juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos;
5. lucros retidos/prejuízos do exercício.
O Valor Adicionado é calculado subtraindo-se da Receita
Operacional os custos dos recursos adquiridos de terceiros
(compras de matéria-prima, mercadorias, embalagens, energia
elétrica, terceirização da produção) utilizados no processo
operacional. Esse primeiro valor calculado poderia ser chamado
de Valor Adicionado Bruto.

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Análise das Demonstrações Contábeis 127

Um ponto fundamental é a depreciação que reflete a redução


do Imobilizado Tangível (máquinas, instalações, veículos etc.), como
a perda do potencial de uso desses ativos. Ainda que na depreciação
não ocorra desembolso (consumo parcial de Ativo Imobilizado),
certamente ela o provocará no futuro, quando a empresa fará a
reposição dos bens. Há, consequentemente, redução da riqueza
gerada, que deverá, portanto, ser subtraída, provocando um segundo
resultado, que convencionamos chamar de Valor Adicionado Líquido.
Esse resultado corresponde à riqueza gerada pela empresa.
Outros acréscimos e reduções desse resultado, além do operacional,
deveriam ser destacados para melhor análise dos usuários, como
é o caso de Receita Financeira, Dividendos, Despesas Não
Operacionais etc. A esse resultado convencionamos chamar de
simplesmente Valor Adicionado.
Em seguida, a parte mais relevante dessa demonstração,
temos a Distribuição do Valor Adicionado que mostra a
contribuição da empresa para os vários segmentos da sociedade.
Mostra qual é o tamanho da “fatia de bolo” para os empregados,
os donos da empresa, os banqueiros, o governo, outros e para a
própria empresa em termos de reinvestimento.
Assim, faz-se uma análise da priorização da distribuição da
empresa dos recursos por ela gerados, evidenciando sua contribuição
à comunidade local, aos acionistas, à remuneração ao capital de
terceiros, a toda a sociedade por meio dos impostos etc.
A NBC TG 09 (CFC, 2008, p. 4-5) apresenta características
das informações constantes na DVA (itens 10 a 12).

Modelo de Demonstração do Valor


Adicionado (DVA)
A NBC TG 09 apresenta três modelos DVA: um para
empresas em geral, outro para instituições financeiras e um para
seguradoras. A seguir é apresentado o modelo indicado para as
empresas em geral.

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128 Análise das Demonstrações Contábeis

Quadro 5: Demonstração do Valor Adicionado – Empresas em geral

Em milhares Em milhares
DESCRIÇÃO de reais de reais
20X1 20X0
1 – RECEITAS
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e
serviços
1.2) Outras receitas
1.3) Receitas relativas à construção de
ativos próprios
1.4) Provisão para créditos de liquidação
duvidosa – Reversão / (Constituição)
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE
TERCEIROS (inclui os valores dos
impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS)
2.1) Custos dos produtos, das mercadorias
e dos serviços vendidos
2.2) Materiais, energia, serviços de
terceiros e outros
2.3) Perda / Recuperação de valores ativos
2.4) Outras (especificar)
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E
EXAUSTÃO
5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO
PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO
EM TRANSFERÊNCIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas financeiras
6.3) Outras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A
DISTRIBUIR (5+6)

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Análise das Demonstrações Contábeis 129

8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR
ADICIONADO (*)
8.1) Pessoal
8.1.1 – Remuneração direta
8.1.2 – Benefícios
8.1.3 – F.G.T.S
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.2.1 – Federais
8.2.2 – Estaduais
8.2.3 – Municipais
8.3) Remuneração de capitais de terceiros
8.3.1 – Juros
8.3.2 – Aluguéis
8.3.3 – Outras
8.4) Remuneração de capitais próprios
8.4.1 – Juros sobre o capital próprio
8.4.2 – Dividendos
8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do
exercício
8.4.4 – Participação dos não-controladores
nos lucros retidos (só p/ consolidação)
(*) O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.

Índices para análise da Demonstração do


Valor Adicionado (DVA)
Neste subitem você verá que a partir da DVA é possível
calcular alguns índices ou indicares que ajudam em análises das
demonstrações contábeis específicas. Inicialmente é exposto o
Quadro 6 como referência para a formulação dos índices.

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130 Análise das Demonstrações Contábeis

Quadro 6: Exemplo DVA

Análise
DVA - Cia. ABC
Vertical
Receita Operacional 800.000
(–) Custo da Mercadoria Vendida (Compras) (650.000)
Valor Adicionado Bruto Gerado nas
150.000
Operações
(–) Depreciação (10.000)
Valor Adicionado Líquido 140.000
(+) Receita Financeira 10.000
Valor Adicionado 150.000 100%
Distribuição do Valor Adicionado
Empregados (90.000) 60%
Juros (30.000) 20%
Dividendos (14.000) 9,33%
Impostos (6.000) 4%
Outros 0%
Lucro Reinvestido (10.000) 6,67%
Fonte: Adaptado de Marion (2012).

Potencial do Ativo em Gerar Riqueza

O Ativo, financiado por Capital Próprio e Capital de


Terceiros, é quem gera receita, a qual, por sua vez, gera riqueza
para a empresa.
Esse índice mede quanto cada real investido no Ativo
gera de riqueza (valor adicionado), a ser transferido para vários
setores que se relacionam com a empresa.
Supunha que na Cia. ABC o Ativo Total é R$ 830.000,
teremos o seguinte indicador:

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Análise das Demonstrações Contábeis 131

O ideal é que esse índice cresça ao longo dos anos por


meio da análise horizontal.
Retenção da Receita

Da Receita Total, parte é comprometida com terceiros


(matéria-prima, embalagem, serviços...), ou seja, transferida
para outras empresas que não agregam valor para a empresa em
análise. Esse percentual mostra quanto fica dentro da empresa,
acrescentando valor ou benefício para funcionários, acionistas,
governo, financiadores e lucro retido.
Nesse caso, uma análise horizontal (vários anos ou
períodos) mostra a tendência da empresa em aumentar ou
diminuir a receita que fica lá dentro.
Na Cia. ABC:

Valor Adicionado per capita

É uma forma de avaliar quanto cada empregado contribui


para a formação riqueza da empresa.
De certa forma, é um indicador de produtividade que
informa a participação cada empregado na riqueza gerada na
organização.
Na Empresa Cia. ABC, imaginando 10 funcionários:

Ou seja, cada funcionário contribui para formação de R$


15.000 da riqueza da empresa.

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132 Análise das Demonstrações Contábeis

Índices em que o valor adicionado é destacado no


denominador
Esses índices são relacionados à distribuição da riqueza
gerada na organização. A seguir, apresentamos alguns indicadores:

Numa análise horizontal (sequência de períodos), esses


índices são relevantes para analisar a tendência de distribuição
da riqueza. Como por exemplo:
Quadro 7: Análise horizontal da DVA

Distribuição do Valor Adicionado 20x1 20x2 20x3


Empregados 52% 57% 60%
Juros 26% 23% 20%
Dividendos 11% 10% 9,33%
Impostos 4% 4% 4%
Lucro Reinvestido 7% 6% 6,67%
TOTAL 100% 100% 100%
Fonte: Adaptado de Marion (2012)

Enquanto observamos uma estabilidade em relação


a Impostos e Lucro Reinvestido, percebemos que a “fatia”
dos empregados tem aumentado no bolo, principalmente em
função da redução dos juros. Os acionistas tiveram também sua
participação reduzida no que tange aos dividendos.

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Análise das Demonstrações Contábeis 133

É importante salientar que os indicadores apresentados


não esgotam as possibilidades de análise. Tanto a DFC quanto a
DVA podem ser mais minuciosamente exploradas, dependendo
do objetivo do analista. Esta seção apenas explora algumas
possibilidades.

Entendendo a situação financeira

OBJETIVO

Neste capítulo são apresentados os principais índices que


constituem a análise de atividade de uma empresa e como
funciona seu fluxo econômico-financeiro. A função de cada
índice, sua fórmula, seu significado e sua interpretação. Motivado
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Indicadores de atividade ou rotatividade


(prazos médios)
A análise dos indicadores de atividade ou dos ciclos
financeiro e operacional também é conhecida como índices
de prazos médios. Na Figura 1 é possível visualizar o fluxo
econômico-financeiro de uma companhia.
Figura 1: Fluxo econômico-financeiro de uma empresa industrial

Fonte: Adaptado de Silva (2000).

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134 Análise das Demonstrações Contábeis

É possível observar que a fase produtos em processo se


restringe a indústrias, no comércio o fluxo de compras segue
diretamente para a estocagem. O Ciclo Operacional é individual
de cada empresa, sendo que algum esse período é maior e outra
menor, iniciando-se sempre em compras.
A análise dos indicadores de atividade é muito próxima
da análise dos índices de liquidez, mas leva em consideração
a velocidade com que os recursos se convertem em dinheiro
disponível para uso.

Mensuração dos ciclos operacionais e


financeiros a partir das demonstrações
contábeis
Para mensurar o ciclo operacional e financeiro é necessário
determinar os prazos médios, em número de dias que a empresa
leva para vender os estoques, receber de seus clientes e pagar
seus fornecedores. Sendo possível extrair essas informações do
BP e da DRE.
Ao realizar esse tipo de análise, é preciso conhecer o
negócio. Caso a empresa apresentem algum tipo de sazonalidade
nas suas operações, o produto obtido poderá exprimir distorções.
O ideal é verificar o menor tempo em dias de um período e assim
extrair o saldo médio.
Suponha que seu prazo médio de estocagem é de 25 dias
(ciclo econômico). Seu ciclo operacional será a soma do prazo
médio de estocagem com uma média de recebimento de clientes,
suponha 60 dias. Então, seu ciclo operacional será de 85 dias
(60 + 25). Agora, suponha que o prazo médio de pagamento de
fornecedores é de 40 dias. Seu ciclo financeiro será a subtração
do ciclo operacional pelo prazo médio de pagamentos, ou seja,
85 – 40 = 45 dias.

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Análise das Demonstrações Contábeis 135

Prazo Médio da Rotação dos Estoques (PMRE)


O Prazo Médio da Rotação dos Estoque (PMRE) indica,
em média, quantos dias ou meses os produtos acabados ou
mercadorias ficaram no estoque antes de serem vendidos.
O ideal é que quanto mais rápido for a rotação de estoques,
melhor. Desde que isso seja decorrente do elevado grau de
comercialização de seus produtos, em função de um aumento
na demanda ou uma boa penetração dos produtos no mercado.
Para um melhor aproveitamento desse índice, devemos
usar o Estoque Médio do período, no caso de dois períodos,
obtido pelo somatório do Estoque do exercício anterior com o
Estoque do exercício em curso, dividido por dois.

O Custo da Mercadoria Vendida (CMV) é obtido por meio


da fórmula:
CMV = Estoque Inicial + Compras - Estoque Final
Suponha que a Cia. ABC tenha um Estoque de R$ 982.114
e um CMV de R$ 4.741.311 seu PMRE será de 75 dias.

Pontos a serem considerados na análise:


 alto índice de rotação – também pode ser sinal de
baixo investimento em estoques, o que pode acarretar a perda de
vendas e consequente redução nos lucros, apesar de redução nos
investimentos ser necessária à sua manutenção (armazenagem e
seguros);
 baixo índice de rotação – a baixa rotação pode
estar sinalizando um investimento excessivo nos estoques,
incorrendo muito provavelmente em aumento nos seus custos
com manutenção (armazenagem e seguros). É recomendável
uma leitura atenta do relatório de administração no sentido

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136 Análise das Demonstrações Contábeis

de identificar se ocorreram mudanças na política de gestão


dos estoques. Ainda nas notas explicativas observar se é
possível identificar a ocorrência de modificações nos critérios
de avaliação. Um dos fatores de difícil percepção, a partir da
simples leitura das demonstrações contábeis, é a identificação da
existência de significativa quantidade de itens obsoletos, pois tal
circunstância só será conhecida se for declarada pela empresa.
O analista deve observar, em paralelo às formas de financia-
mento dos estoques e correspondentes prazos de pagamento, o
seu impacto nos índices de liquidez e as características do ramo
de atividade da empresa, antes de formular sua conclusão sobre
o indicador do PMRE.
Outro aspecto a ser considerado é que a empresa pode,
na data do levantamento de suas demonstrações contábeis,
possuir estoques elevados ou bastante reduzidos em função de
aspectos conjunturais, ou, como é comum ocorrer, trabalhar
com mercadorias ou matérias-primas sazonais, o que poderá
distorcer uma análise comparativa se tal circunstância não for
considerada.
É importante salientar que o fato de se trabalhar na fórmula
de cálculo do PMRE com os estoques das datas de encerramento
do balanço pode apresentar problemas. Caso a empresa tenha
algum tipo de sazonalidade em suas atividades, o resultado obtido
poderá carregar alguma distorção. Uma alternativa é calcular
estoques mensais para encontrar uma média. A inflação também
pode contribuir para distorcer os cálculos, especialmente se não
houver mecanismos de correção dos valores das demonstrações
contábeis.
Prazo Médio do Recebimento das Vendas (PMRV)
Este indicador mostra quantos dias ou meses, em média,
a empresa leva para receber suas vendas. Cabe lembrar que
o volume de duplicatas a receber de uma empresa decorre do
montante de suas vendas a prazo e dos prazos concedidos.

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Análise das Demonstrações Contábeis 137

No cálculo, devemos usar a Média de Duplicatas a Receber


quando ocorrer discrepância significativa entre os dois saldos. A
Média de Duplicatas a Receber é obtida pela soma dos saldos de
Duplicatas a Receber do ano anterior com os do ano em curso,
dividido por dois.

Suponha que a Cia. ABC tenha um saldo de Duplicatas a


Receber de R$ 1.031.415 e uma Receita Líquida de Vendas de
R$ 6.975.090 seu PMRV será de 53 dias.

Esse indicador mostra que quanto maior o prazo de


recebimento pior será para a companhia. No entanto, outros
índices devem ser observados em conjunto, pois interferem
diretamente na avaliação deste indicador. São eles: o prazo de
rotação dos estoques e de pagamento das compras. O PMRB
também é indicado para avaliar a eficiências do setor de
cobranças e avaliar a política de concessão de crédito.
Prazo Médio do Pagamento das Compras –
Fornecedores (PMPC)
O Prazo Médio do Pagamento das Compras (PMPC)
indica, em média, quantos dias ou meses a empresa levou para
pagar suas dívidas com fornecedores. O ideal é que PMPC seja
superior ao PMRV, de forma a permitir a manutenção de um
adequado nível de liquidez.
No cálculo devemos usar a Média de Fornecedores quando
ocorrer discrepância significativa entre os dois saldos. A Média
de Fornecedores é obtida pela soma dos saldos de Fornecedores
do ano anterior com o do ano em curso, dividido por dois.

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138 Análise das Demonstrações Contábeis

Se, CMV = Estoque Inicial + Compras - Estoque Final, então


Compras = CMV + Estoque Final - Estoque Inicial
Suponha que a Cia. ABC tenha um saldo de Fornecedores
de R$ 1.532.933 e um saldo de compras de R$ 4.777.575 seu
PMPC será de 116 dias.

Quando estamos analisando empresas industriais, iremos


deparar com uma situação diferente, pois enquanto uma empresa
comercial adquire e revende diretamente as mercadorias, em
uma empresa industrial as matérias-primas adquiridas sofrem o
processo de industrialização, no qual são agregados ao custo de
aquisição de matéria-prima outros custos, sejam eles diretos ou
indiretos, os quais irão se refletir no saldo dos seus estoques de
produtos acabados ou em elaboração.
Defrontando-se com a responsabilidade de analisar uma
empresa industrial, o ideal é que o analista obtenha da empresa
o valor real das suas compras. Na impossibilidade de acesso
a este valor, deve-se recorrer a métodos de estimativa para se
determinar o percentual dos custos de fabricação em relação aos
custos totais da indústria.
Deve-se, entretanto, estar atento que estes percentuais
obtidos não deverão ser aplicados de forma indiscriminada para
todo tipo de indústria, pois cada segmento industrial tem uma
formação de custos diferenciada.

Avaliação dos Ciclos Operacionais


A partir da avaliação do espaço de tempo que uma empresa
tem para realizar o pagamento de compras com o recebimento das
vendas, é possível verificar se o ciclo operacional é superavitário
ou deficitário. A realização desse tipo de análise deve ser feita
junto à Análise Horizontal e Vertical dos Ativos e Passivos

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Análise das Demonstrações Contábeis 139

Circulantes e com a análise da Necessidade de Capital de Giro


(será vista adiante).
Ciclo Operacional Superavitário (COS)
Ocorre quando a companhia recebe o valor das vendas
antes do prazo para pagamento de fornecedores, desfrutando
de um período de tempo para aplicar o dinheiro até a data de
vencimento da fatura com fornecedores, aumentando, assim, sua
rentabilidade final.

Um exemplo de Ciclo Operacional Superviário (COS),


supondo PMRE = 35 dias, PMRV = 40 dias e PMPC = 80 dias:

O ciclo operacional desta situação superavitária poderia


ser expresso da seguinte forma:
Figura 2: Ciclo operacional superavitário

Fonte: Adaptado de Silva (2000)

Ciclo Operacional Deficitário (COD)


Se o ciclo for deficitário, o recebimento do valor das
vendas só acontece depois de efetuado o pagamento da compra
de matéria-prima ou mercadorias para revenda, gerando a
necessidade de busca de recursos que poderão agregar novos
custos financeiros, para equilibrar a posição de caixa da empresa,
prejudicando assim sua rentabilidade final.

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140 Análise das Demonstrações Contábeis

Um exemplo de Ciclo Operacional Deficitário (COD),


supondo PMRE = 49 dias, PMRV = 31 dias e PMPC = 54 dias:

O ciclo operacional desta situação deficitária poderia ser


expresso da seguinte forma:
Figura 3: Ciclo operacional deficitário

Fonte: Adaptado de Silva (2000)

Determinadas empresas, por força de circunstâncias ou


por contingências de mercado, se vêm obrigadas a operar com
ciclos deficitários, tendo, portanto, que repassar esse incremento
de custo financeiro aos seus preços. Recomenda-se, por isso,
extremo rigor na determinação dos prazos médios de rotação,
de forma a evitar uma elevação de preços, inviabilização do
produto ou favorecimento da concorrência.

Análise da necessidade de capital de giro


(NCG)
Neste capítulo é apresentado a Necessidade de Capital de
Giro (NCG). Como compreendê-lo, como interpretá-lo, suas
implicações e exemplos práticos. Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

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Análise das Demonstrações Contábeis 141

Necessidade de capital de giro (NCG)


A Necessidade de Capital de Giro (NCG) é útil para
determinar a situação financeira da companhia, revelando o
grau de recursos necessário para a manutenção da rotação dos
negócios. As rubricas empregadas no seu cálculo, exprimem
operações de curto prazo. Nesse caso, quaisquer alterações no
período de estocagem, de crédito ou de pagamentos irão produzir
efeitos imediatos sobre o fluxo de caixa da companhia.
Para se obter a NCG, não podemos apenas comparar
o PMRE e o PMRV com o PMPC. Outros componentes,
conhecidos como contas cíclicas, são diretamente afetados na
produção e na venda de estoques. São eles:
Quadro 8: Contas cíclicas

Ativo Circulante Passivo Circulante


Quando compra Matéria-Prima (MP) gera → Fornecedores
Quando transforma MP em estoques gera → Salários a pagar
Quando vende a prazo os estoques gera → Impostos a recolher
Fonte: Adaptado de Marion (2012)

A NCG é a chave para a administração financeira de


uma companhia. A NCG, basicamente, retrata a diferença entre
o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, consiste em um
dinheiro que a companhia dispõe para quitar seus compromissos
de curto prazo. Sua análise deve levar em consideração outros
indicadores como os de Liquidez, Atividade Operacional e o
estudo de Capital de Giro Próprio, que será visto em sequência.
NCG = Ativo Circulante - Passivo Circulante
Para alguns autores, um método de análise mais coerente
com a realidade operacional brasileira seria:
NCG = Ativo Circulante Operacional - Passivo Circulante
Operacional

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142 Análise das Demonstrações Contábeis

O Ativo Circulante Operacional (ACO) é o investimento


que decorre automaticamente das atividades de compra/
produção/estocagem/venda, enquanto o Passivo Circulante
Operacional (PCO) é o financiamento, também automático, que
decorre dessas atividades.
Determinado o valor da NCG, o analista deverá proceder
à interpretação da mesma por meio dos critérios constantes no
Quadro 9.
Quadro 9: Critérios de avaliação da Necessidade de Capital de Giro (NCG)

Situação normal na maioria das empresas. Há uma


ACO > PCO NCG para a qual a empresa pode recorrer a fontes de
financiamentos.
Esta é uma situação de equilíbrio, não muito comum.
ACO = PCO Aqui, em razão de a NCG ser igual a zero, a empresa não
tem necessidade de financiamento para giro.
Nesta situação, a empresa tem mais financiamentos
operacionais do que investimentos operacionais. Isso
ACO < PCO evidencia sobra de recursos das atividades operacionais,
os quais poderão ser aplicados no mercado financeiro ou
para expansão de suas instalações.
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Ao definirmos o ACO e o PCO, também podemos definir as


contas do Ativo Circulante Não Operacional (ACNO) e Passivo
Circulante Não Operacional (PCNO) que são aquelas que, sendo
ou não de natureza financeira, não se relacionam diretamente
com as atividades de operações da empresa.
Quando realizamos o ACNO menos o PCNO obtemos
o Saldo de Tesouraria, que representa recursos que não estão
diretamente ligados à atividade operacional da companhia, por
consequência, alheios ou não a sua atividade-fim.
O ideal é sempre manter um Saldo de Tesouraria positivo,
contudo, às vezes, um saldo grande pode apontar que a companhia
não está aproveitando oportunidades de investimento compatível
com sua estrutura de financiamento.

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Análise das Demonstrações Contábeis 143

Outro ponto que merece observação é quando é quando a


NCG é financiada com recursos de curto prazo ou empréstimos
bancários, aumentando, assim, o risco de insolvência por parte
da companhia.

Exemplo prático de determinação da


necessidade de capital de giro (NCG)
Quadro 1: Balanço Patrimonial da Cia. ABC

Fonte: Silva (2000, p. 173)

Quadro 2: Apuração da Necessidade de Capital de Giro da Cia. ABC

Legenda: CCL (Capital Circulante Líquido).

Fonte: Silva (2000, p. 174)

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144 Análise das Demonstrações Contábeis

Com base nas informações do Quadro 11, verificamos


que a companhia precisa de R$ 503.171 de Capital de Giro para
suportar suas atividades operacionais. Observa-se, ainda, que o
seu Saldo de Tesouraria é positivo no valor de R$ 381.359.
Percebe-se que a Cia. ABC tem Capital de Giro suficiente
para subsidiar sua NCG. O vencimento das dívidas de curto prazo
com fornecedores pode ser um dos fatores para a manutenção de
tais recursos em Tesouraria.

Efeito Tesoura
Para que a companhia tenha uma saúde financeira
adequada, é fundamental o acompanhamento da NCG e do
Capital Circulante Líquido (CCL). Caso ocorra um crescimento
das atividades acima da capacidade de financiamento, haverá
um desequilíbrio entre estes indicadores.
Quando o Saldo de Tesouraria for menor do que zero, ou
seja, negativo, expressa que a companhia tem dívidas vencíveis
no curto prazo, normalmente contraídas junto a instituições
financeiras com a finalidade de custear suas atividades de capital
de giro.
Quando a NCG for superior ao CLL, por sucessivos
exercícios, há o que se convencionou chamar de efeito tesoura.
A medida que as dívidas de curto prazo
Ocorrendo por sucessivos exercícios um crescimento da
NCG superior ao do CCL, dizemos que a companhia convive
com o que se convencionou chamar de efeito tesoura. À medida
que o Ativo Circulante Operacional (ACO) é financiado por
dívidas de curto prazo, ocorre um acréscimo na diferença entre a
NCG e o CCL, ampliando o efeito tesoura.

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Análise das Demonstrações Contábeis 145

Figura 4: Efeito tesoura

Fonte: Adaptado de Silva (2000)

O efeito tesoura é um forte indicativo de que a companhia


está encaminhando-se para a insolvência, visto que ela é incapaz
de custear os investimentos operacionais de forma adequada,
operando com recursos abaixo do nível de suas necessidades.
Isso exige uma rápida alteração nas políticas de crédito, de
vendas, prazos operacionais e renegociação de dívidas.
O efeito tesoura pode ocorrer por várias razões, segundo
Silva (2000, p. 176):
 crescimento elevado do nível de atividade empresarial
(overtrade) ou tendência do ciclo operacional deficitário;
 decisões de imobilizações sem que haja recursos
próprios ou recursos de longo prazo disponíveis;
 desvio de recursos do giro para imobilizações;
 sucessivos prejuízos, levando a empresa a captar
recursos de curto prazo para financiar suas atividades;
 inflação etc.

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146 Análise das Demonstrações Contábeis

Overtrade ou overtrading
Uma situação de overtrade ocorre quando a empresa está
operando além de sua capacidade financeira. Nesta circunstância,
a companhia não tem capital de giro suficiente para custear suas
atividades de curto prazo, sendo sua única saída endividar-se.
Verifica-se que o aumento das atividades não produziu
recursos suficientes para o pagamento das despesas. É neste
momento que a empresa se encontra em uma situação delicada pela
falta de equilíbrio financeiro, visto que o Capital de Giro disponível
é inferior ao volume de atividades, caracterizando o overtrade.
O overtrade pode ocorrer com mais frequência em empreen-
dimentos em fase de implantação ou em expansão de atividades,
nos quais o plano de negócios não foi realizado adequadamente no
que diz respeito às previsões de fluxo de caixa. Outras situações
que sinalizam a entrada da empresa em um nível de overtrading
são os seguintes, segundo Silva (2000, p. 177):
 constantes quedas nos indicadores de liquidez;
 crescimento da Necessidade de Capital de Giro;
 excesso de Imobilizado em relação ao Circulante, sem
uma clara justificativa;
 queda acentuada nas vendas;
 crescimento acentuado dos estoques em relação ao
crescimento das vendas;
 crescente aumento do Ciclo Financeiro;
 aumento das despesas financeiras;
 dificuldades para efetuar o pagamento dos salários,
impostos e despesas fixas;
 permanência de itens obsoletos no ativo imobilizado;
 alto nível de devolução de vendas.

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Análise das Demonstrações Contábeis 147

Fontes de Financiamento da Necessidade


de Capital de Giro (NCG)
As principais fontes de financiamento da Necessidade de
Capital de Giro são, Segundo Silva (2000, p. 177-178):
 capital circulante próprio;
 debêntures;
 duplicatas descontadas;
 empréstimos bancários de curto prazo;
 empréstimos e financiamentos bancários de longo prazo.

Capital de Giro Próprio (CGP)


O Capital de Giro Próprio (CGP) caracteriza a capacidade
da companhia em custear seu ciclo operacional com recursos
próprios, sem considerar empréstimos (capital de terceiros).
Realizando o cálculo: Patrimônio Líquido menos o Ativo
Permanente permite verificar a folga ou carência de Capital de
Giro da companhia.
CGP = Patrimônio Líquido - Ativo Permanente
Caso uma companhia tenha a capacidade de sustentar o
investimento com recursos próprios, estará livre para elaborar
planos de expansão e tomar novos empréstimos para esta
finalidade. Existe uma relação inversa entre a velocidade do
giro das aplicações do empreendimento e o quantitativo dos
recursos próprios. Sendo assim, quanto mais rápido girar o
capital aplicado, menor será a necessidade de capital próprio.
Por outro lado, imobilizações de maior volto tendem a necessitar
mais capital próprio.
Por fim, observa-se que as operações que aumentem as contas
do Ativo Perante ou que reduzem o Patrimônio Líquido, implicam
em uma diminuição do CGP. Bem como o inverso é verdadeiro.

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148 Análise das Demonstrações Contábeis

A partir destas considerações, Silva (2000, p. 179)


apresenta um elenco de atividades que atuam diretamente sobre
o nível das variações descritas.
Atividades que enfraquecem o CGP:
 prejuízos;
 aquisição de ativo imobilizado;
 aquisição de investimentos;
 aplicações de recursos no ativo intangível;
 distribuição de lucros.
Atividades que fortalecem o CGP:
 lucros;
 alienação de investimentos;
 venda de bens do ativo imobilizado;
 venda de ativos intangíveis;
 aporte de recursos de sócios para aumento de capital;
 depreciação.

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Análise das Demonstrações Contábeis 149

04
UNIDADE

A NÁLISE DA GESTÃO DO LUCRO

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150 Análise das Demonstrações Contábeis

INTRODUÇÃO
Esta Unidade visa introduzir o leitor na Análise da
Alavancagem. O que são as alavancagens financeira, operacional
e total? O que é o índice de retorno sobre o investimento e como
é feito sua análise? Quais os principais índices de análise sob a
ótica do acionista? Como se cria valor (riqueza) ao acionista? A
presente obra foi preparada de forma bastante objetiva e direta
e busca integrar teoria e prática. Espero que este livro possa
ser uma efetiva contribuição não somente para a sua formação
acadêmica, leitor, mas também para o seu aprimoramento e
evolução profissional. Tenha em mente que este conteúdo requer
estudo constante e contínuo. Sua trajetória como analista das
demonstrações contábeis está apenas no começo! Mergulhe de
cabeça neste universo e faça uma boa leitura!

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Análise das Demonstrações Contábeis 151

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Análise da
Gestão do Lucro. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento
dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta

1
etapa de estudos:

Compreender o Retorno sobre o Investimento (ROI);

2 Assimilar a Alavancagem Financeira;

3 Entender a Alavancagem Operacional e Alavancagem


Total;

4 Assimilar alguns tópicos especiais sobre a criação


de valor ao acionista.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!

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152 Análise das Demonstrações Contábeis

Retorno sobre o investimento (ROI)

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é o


índice ROI como analisá-lo. Quais são suas finalidades? O que
elas indicam? Além de exemplo práticos. E então? Motivado
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Entendendo o retorno sobre o investimento (ROI)


O Return on Investment (ROI) ou retorno sobre o
investimento, em português é uma medida de desempenho
usada para avaliar a eficiência de um investimento ou comparar
a eficiência de vários investimentos diferentes.
O ROI tenta medir diretamente a quantidade de retorno de
um investimento específico, em relação ao custo do investimento.
Para calcular o ROI, o benefício (ou retorno) de um investimento
é dividido pelo custo do investimento (INVESTOPEDIA, 2019).
O resultado é expresso em porcentagem ou proporção.
A fórmula do ROI:

Em outras palavras:

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Análise das Demonstrações Contábeis 153

Na fórmula acima, valor atual do investimento refere-se


aos recursos obtidos com a venda do investimento de interesse.
Como o ROI é medido como uma porcentagem, ele pode ser
facilmente comparado aos retornos de outros investimentos,
permitindo medir uma variedade tipos de investimentos uns
contra os outros.
Figura 1

Fonte: Pixabay

O ROI é uma medida muito utilizada, visto que é muito


simples e versátil. Basicamente, o ROI é utilizado como indicador
da lucratividade de uma empresa, mas também para expansão
fabril, transações imobiliárias e investimento em ações.
Normalmente, um ROI positivo significa que é um bom
investimento. Contudo, o analista deve levar em consideração
outras oportunidades com o ROI maior, logo a opção com
maior ROI é a melhor, mesmo que todos os comparados sejam
positivos. Por outro lado, investimentos com ROI negativos
devem ser evitados.
Analise o exemplo:
Arthur investiu R$ 1.000,00 na Cia. ABC em 2017 e
vendeu suas ações por um total de R$ 1.200,00 um ano depois.

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154 Análise das Demonstrações Contábeis

Para calcular o ROI, deve-se realizar a divisão dos


lucros (R$ 1.200,00 - R$ 1.000,00 = R$ 200,00) pelo custo do
investimento (R$ 1.000,00), para obter-se um ROI de ou 20%
(R$ 200,00/R$ 1.000).
Com o ROI de 20% obtido na Cia. ABC, é possível
compará-lo com outros investimentos. Suponha-se que Arthur
também investiu R$ 2.000,00 na Cia. Abraço em 2014 e vendeu
a totalidade de suas ações por R$ 2.800,00 em 2017. O ROI
do Arthur obtido na Cia. Abraço seria de 40% (R$ 800,00/R$
2.000,00).
 Limitações do ROI
Algumas limitações pode ocorrem nesse tipo de análise,
principalmente ao comparar investimentos. Verifica-se que o
ROI do segundo investimento de Arthur foi duas vezes maior
que o seu primeiro. No entanto, no primeiro investimento de
Arthur o tempo entre a compra e a venda foi de um ano e no
segundo de três anos.
Nesse caso, para comparar os dois investimentos de forma
igualitária, deve-se obter o ROI anual médio. Como o ROI do
segundo investimento era de 40% e levou três anos, é plausível
dividir os 40% por 3 para obter-se 13,33%. Sendo assim, com
base neste ajuste, apesar de o segundo investimento ter rendido
maior lucro, o primeiro foi, na verdade, o mais eficiente, pois no
mesmo período de tempo teve um rendimento superior.
 Novas métricas do ROI
Nos últimos tempos, investidores buscaram uma nova
forma de mensurar o ROI, que ficou conhecida como SROI
(Retorno social do investimento).
O SROI foi desenvolvido inicialmente no início dos
anos 2000 e leva em consideração os impactos mais amplos de
projetos que utilizam valor extra financeiro (ou seja, métricas
sociais e ambientais que atualmente não são refletidas nas contas
financeiras convencionais) (INVESTOPEDIA, 2019).

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Análise das Demonstrações Contábeis 155

Suponha que uma companhia comprometeu-se substituir


toda a iluminação por lâmpadas mais econômicas e reciclar a
água em suas fábricas.
Esse investimento tem um custo imediato e pode impactar
negativamente o ROI tradicional. Contudo, o benefício líquido a
longo prazo, para a sociedade e o meio ambiente pode considerar
um SROI positivo.
Existem também outros exemplos de ROI para fins
específicos. Como é o exemplo do ROI das estatísticas de mídia
social, que verifica se as campanhas de mídia social foram bem
sucedidas. Quantas curtidas ou cliques são gerados para cada
real gasto. Ou mesmo, ROI de campanhas de publicidade,
para identificar o retorno das estatísticas de marketing por real
consumido.
Existe, também, o ROI de aprendizado, que é referente ao
retorno de aprendizado por real gasto. Logo, inúmeras formas de
ROI são possíveis e cada companhias pode desenvolver a sua de
acordo com seu nicho de atuação.

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156 Análise das Demonstrações Contábeis

Alavancagem Financeira

OBJETIVO

Neste capítulo é apresentada a Alavancagem Financeira. Quais


são suas finalidades? O que ela indica? Sua fórmula, seu
significado e sua interpretação. Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Introdução à alavancagem financeira


Vamos começar com um exemplo: suponha duas
companhias. A empresa A utiliza-se apenas de capital próprio
para financiar seu ativo. Ela obtém um retorno de 20% sobre este
ativo. O retorno sobre o Patrimônio Líquido (PL) será também
de 20%, dado que todo seu ativo é formado pelo PL.
Exemplo 1
A empresa B obtém o mesmo retorno de 20% sobre o
ativo, mas recorrendo a recursos de terceiros consegue dobrar
seu investimento em ativo. Vejamos o que ocorreria em três
situações distintas.
1. Custo do empréstimo: igual à taxa de retorno sobre o ativo.

Empresa A Empresa B
Ativo 100 200

Passivo - 100

Patrimônio Líquido 100 100

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Análise das Demonstrações Contábeis 157

Lucro antes dos juros (ou lucro


20 40
operacional)

Despesa de Juros - 20

Lucro após Juros 20 20


Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Verifica-se que o retorno sobre o PL é idêntico, igual a


20%. Nenhum benefício ou prejuízo adicional se transferiu aos
acionistas, como consequência do empréstimo.
2. Custo do empréstimo: inferior à taxa de retorno sobre o
ativo. Considere o custo do empréstimo de 10%.

Empresa A Empresa B
Ativo 100 200

Passivo - 100

Patrimônio Líquido 100 100


Lucro antes dos juros (ou lucro
20 40
operacional)
Despesa de Juros - 10

Lucro após Juros 20 30

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Neste segundo caso, a empresa A obteve um retorno de


20% sobre o PL, e a empresa B, recorrendo ao endividamento,
teve um retorno de 30%.

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158 Análise das Demonstrações Contábeis

Note-se que os valores colocados para o ativo nas duas


empresas são apenas os inicias. Na verdade, a receita seria
adicionada ao ativo inicial, subtraindo-se os juros (se estes
forem pagos) ou adicionando estes últimos ao passivo. O PL
final ficaria alterado pela diferença entre receita e despesa.
No segundo caso, consegue-se aumentar o rendimento dos
acionistas de 20 para 30% pelo uso do endividamento.
3. Custo do empréstimo: superior à taxa de retorno sobre
o ativo (digamos, de 30%).

Empresa A Empresa B
Ativo 100 200

Passivo - 100

Patrimônio Líquido 100 100


Lucro antes dos juros (ou lucro
20 40
operacional)
Despesa de Juros - 30

Lucro após Juros 20 10

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Verifica-se que nesse caso foi desvantajosa a obtenção de


financiamento, pois obtivemos um lucro final menor. A empresa
A obteve um retorno de 20%, e a empresa B, de apenas 10%
sobre o PL.
Exemplo 2
A alavancagem financeira será tanto maior quanto for a
participação do Capital de Terceiros na Estrutura Financeira.
Análise das três alternativas de endividamento, do ponto de vista
da empresa e do acionista.

eBook Completo para Impressao - Análise das Demonstrações Contábeis - Aberto.indd 158 09/04/2020 15:32:08
Análise das Demonstrações Contábeis 159

Itens A B C

1 – Lucro Líq. Operacional 300, 300, 300,

2 – Ativo Total 1.000, 1.000, 1.000,

3 – Taxa de Retorno s/ Lucro


30% 30% 30%
Oper. (1/2)

4 – Capital de Terceiros 0 300, 500,

5 – Capital Próprio (2 – 4) 1.000, 700, 500,

6 – Lucro Líquido do
210, 168, 140,
Exercício

7 – Taxa de Retorno s/ Cap.


21% 24% 28%
Próprio (ROE)

8 – Taxa de Retorno s/ Ativo


21% 16,8% 14%
(ROA)

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

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160 Análise das Demonstrações Contábeis

O que acontece se os resultados operacionais sofrem


alguma redução, digamos 50%?

Itens A B C

Receita Operacional 1.500, 1.500, 1.500,


(-) CMV (600,) (600,) (600,)

= Lucro Bruto (MCT) 900, 900, 900,

(-) Despesas Operacionais (750,) (750,) (750,)

= Lucro Líquido Operacional 150, 150, 150,

(-) Despesas Financeiras 0 (60,) (100,)

= Lucro Líq. antes do IR 150, 90, 50,

(-) Provisão para IR (30%) (45,) (27,) (15,)

= Lucro Líquido do Exercício 105, 63, 35,

Taxa de Retorno s/ Cap.


10,5% 9,0% 7,0%
Próprio (ROE)

Taxa de Retorno s/ Ativo


10,5% 6,3% 3,5%
(ROA)

Taxa de Retorno s/ Lucro


15% 15% 15%
Oper.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

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Análise das Demonstrações Contábeis 161

Neste caso, o uso de mais capital de terceiros é prejudicial


(alavancagem desfavorável), pois o retorno sobre o investimento
(Ativo Total) é de apenas 15%, inferior, portanto, ao custo do
capital de terceiros.

Grau de Alavancagem Financeira


A Alavancagem Financeira é a capacidade da companhia
em utilizar recursos de terceiros para maximizar os resultados da
variação do lucro.
A força da Alavancagem Financeira pode aumentar o
retorno dos investimentos dos acionistas e, com frequência, há
vantagens fiscais relacionadas com a obtenção de empréstimos,
pelo fato da possibilidade de dedução no Imposto de Renda das
despesas com os juros (SILVA, 2000).
Uma alta Alavancagem Financeira pode determinar altos
impactos nos resultados, tanto positivos quanto negativos
decorrentes da utilização de capitais de terceiros.
Companhias com altas alavancagem financeiras estão
sujeitas ao risco de falência, no caso de não gerarem recursos
capazes de honrar com suas dívidas, ou mesmo, de realizarem
novos financiamentos quando não conseguirem renegociar os seus.

IMPORTANTE

O retorno do capital próprio de uma empresa está ligado à


rentabilidade do negócio e sua boa administração financeira.

A Alavancagem Financeira traz a possibilidade dos


investidores de obterem maior rentabilidade, pelo uso intensivo
do capital de terceiros (financiamentos e empréstimos). Os juros

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162 Análise das Demonstrações Contábeis

do financiamento são tratados como custos fixos, permitindo o


fenômeno da alavancagem.
Nos episódios em que o ROE (Retorno sobre o Capital
Próprio) seja superior ao custo de captação de recursos junto
a terceiros, é admissível o interesse no endividamento, já que
esta diferença proporcionará uma elevação em mesma medida
nos resultados dos acionistas, em virtude da alavancagem da
rentabilidade (SILVA, 2000).
A expressão alavancagem financeira significa o que a
empresa consegue alavancar, ou seja, aumentar o lucro líquido por
meio da estrutura de financiamento, ao passo que alavancagem
operacional significa o quanto a empresa consegue aumentar o
lucro por meio da atividade operacional, basicamente, em função
do aumento da margem de contribuição (diferença entre receitas
e custos variáveis) e manutenção de custos fixos.
O cálculo do Grau de Alavancagem Financeira (GAF) é
realizado da seguinte forma:

Ou seja,

Nas situações em que o GAF for maior que 1, os recursos


captados de terceiros resultaram em um impacto positivo sobre
o ROE.
Nos episódios em que o GAF for igual a 1, não haverá
Alavancagem Financeira, dado que não houve aumento da
rentabilidade com a captação de recursos de terceiros.

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Análise das Demonstrações Contábeis 163

Por fim, quando o GAF for menor que 1, a situação será


desfavorável, uma vez que a captação de recursos de terceiros
não foi capaz de impactar de forma positiva o ROE.
O Quadro 1 apresenta um resumo destas considerações.

Quadro 1: Avaliação do grau de alavancagem financeira

Favorável?
Se Identifica Denota
(sim ou não)

ROI maior
GAF maior ROE maior
que custo da SIM
que 1 que ROI
dívida

ROI igual
ROE igual a Não há
GAF igual a 1 ao custo da
ROI alavancagem
dívida

ROI menor
GAF menor ROE menor
que custo da NÂO
que 1 que ROI
dívida
Fonte: Adaptado de Silva (2000)

Estratégias para aumentar o grau de


alavancagem financeira
Observe no Quadro 2 algumas estratégias que podem ser
adotadas com o objetivo de aumentar o GAF, cuja adoção poderá
ser isolada ou conjunta.

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164 Análise das Demonstrações Contábeis

Quadro 2: Estratégias para maximizar o grau de alavancagem financeira

Objetivo Estratégia

Aumentar a proporção de
Melhorar a liquidez capital próprios em relação aos
capitais de terceiros

Combinar as várias fontes


Reduzir os custos
de recursos provenientes
financeiros na captação de
de terceiros, onerosos e não
capital de giro
onerosos
Aumentar a taxa de Aumentar o volume de
lucratividade operacional receitas; adotar medidas que
antes de serem considerados resultem na redução de custos e
os custos financeiros despesas
Fonte: Adaptado de Silva (2000)

Calculando o GAF – exemplo


Visto que os recursos obtidos de terceiros proporcionam
uma redução na carga tributária, deve-se considerar o quanto
a companhia deixou de pagar de impostos devido aos custos
assumidos com a dívida. Indiretamente essa técnica representa
lucro para os acionistas, em razão das despesas com juros ou
despesas financeiras serem dedutíveis do cálculo do Imposto de
Renda (empresas optantes pelo Lucro Real).
Para um melhor entendimento do conceito de Alavancagem
Financeira, considere os calculados do ROI, ROE e GAF, por
meio da realização das seguintes etapas, segundo (SILVA, 2000).
1. Identificação do valor de Investimentos e do Passivo
Oneroso e não Oneroso;
2. Cálculo da carga tributária do Imposto de Renda +
Contribuição sobre o lucro;
3. Cálculo do ROI, ROE e GAF.

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Análise das Demonstrações Contábeis 165

1. Identificação do valor de investimentos e do passivo


oneroso e não oneroso
Os Passivos não Onerosos não apresentam despesas financeiras
embutidas e são essenciais para a atividade da companhia. Exemplo:
salários, fornecedores e impostos.
O valor dos seus investimentos é definido como seu Ativo
Total menos os Passivos não Onerosos.
Os Passivos Onerosos apresentam algum tipo de encargo
financeiro. Exemplo: juros e taxas, que geram mais despesas
para a companhia.
Vejamos um exemplo.

Quadro 3: Determinação do valor dos investimentos da Cia. ABC

Ativo Total 6.577.898


(–) Passivos de funcionamento ou não onerosos
Fornecedores 1.617.966

Salários e encargos 34.635

Imposto de Renda (Notas


23.180
Explicativas)

Outros impostos a recolher


209.941
(Notas Explicativas)
Outros 310.110 (2.195.832)

= Investimentos 4.382.066

Fonte: Adaptado de Silva (2000)

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166 Análise das Demonstrações Contábeis

Como é possível verificar os Passivos não Onerosos


são aquelas contas que não possuem nenhum tipo de encargo
financeiro.
Agora vejamos um exemplo de Passivos Onerosos.

Quadro 4: Determinação dos passivos onerosos da Cia. ABC

Passivos Onerosos

Circulantes

Financiamentos (inclui debêntures) 1.903.526

Não Circulantes

Financiamentos (inclui debêntures) 2.060.105

Total 3.963.631
Fonte: Adaptado de Silva (2000)

O Passivo Oneroso tem envolvimento direto com


instituições financeiras e inclui debêntures, visto que a debênture
é título de dívida com juros que a empresa emite para seus
investimentos.
2. Cálculo da carga tributária do imposto de renda +
contribuição sobre o lucro
O primeiro passo é identificar a carga tributária líquida
incidente sobre o resultado da companhia. Para essa finalidade,
dividimos a Provisão para o Imposto de Renda (IR) pelo Lucro
antes do IR, ambos constantes na Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE).
Suponha que:

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Análise das Demonstrações Contábeis 167

Provisão para o IR = 80.211


Lucro antes do IR = 242.060

O segundo passo é avaliar o impacto dos juros sobre


financiamentos na DRE.
Isso tornará possível definir o Lucro Operacional após o
IR. As Despesas Financeiras são dedutíveis para o cálculo do
IR, sendo assim, podem ser percebidas como economia na carga
tributária final.
Esta etapa nos permitirá determinar o Lucro Operacional
após o IR. As Despesas Financeiras Líquidas devem ser
percebidas como elemento de economia no cálculo da carga
tributária final, tendo em vista que as despesas financeiras são
dedutíveis para o cálculo do IR devido.
Deve-se considerar o cálculo do Lucro Operacional sem
considerar a estrutura de financiamento da companhia, ou seja,
aquele lucro gerado pelos ativos da empresa.
Efetuadas as reclassificações descritas, teremos a seguinte DRE.

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168 Análise das Demonstrações Contábeis

Quadro 5: Determinação do resultado do exercício ajustado da Cia. ABC

Receita Operacional Líquida 6.975.090

(-) Custo dos Produtos Vendidos (4.741.311)


Lucro Bruto 2.233.779
Receitas (Despesas) Operacionais

Despesas com Vendas (1.217.186)

Despesas Administrativas e Gerais (120.958)

Receitas Financeiras 399.639

Outras (294.076)
Lucro Antes do Imposto de
1.001.198
Renda
Imposto de Renda s/ Lucros
gerados p/ Ativos = 33,14 × (331.793)
1.001.198

Lucro Após o Imposto de Renda 669.405

Despesas Financeiras (759.138)

Economia de IR (33,14% ×
251.578 (507.556)
759.138)
Outras destinações e participações
(45.261)
legais e estatutárias
Lucro Líquido Exercício 116.588
Fonte: Adaptado de Silva (2000)

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Análise das Demonstrações Contábeis 169

Observe que a obtenção de recursos com terceiros gerou


uma economia de IR de R$ 251.578,00.
3. Cálculo do ROI, ROE e GAF
Para não onerar a rentabilidade do capital próprio (ROE),
a melhor opção é financiar-se com taxas menores ao ROA e o
ROI da companhia e assim obter um GAF positivo.
Nos casos em que o ROE é maior que o ROI, é um
indicativo que a companhia consegue recursos no mercado a
taxas atrativas ou inferiores ao retorno do dinheiro aplicado no
empreendimento.
Se a companhia não possuísse nenhum Passivo ou capital
de terceiros, o ROE seria o mesmo que o ROI e o Lucro Líquido
seria igual ao Lucro Operacional após o IR.
Por fim, verifica-se o ROI e o ROA sobre o ROE, levando em
consideração o impacto da economia de IR com a dedutibilidade
das despesas financeiras resultantes dos financiamentos obtidos.
Vejamos, agora, o GAF, considerando o efeito do IR e
apuração do valor dos Investimentos Líquidos e Passivo Oneroso
no Quadro 6.

Quadro 6: Valores a serem considerados para a apuração da GAF após ajustes nas contas da DRE e
Balanço Patrimonial da Cia. ABC em 31/12/X3

Investimentos 4.382.066
Passivo Oneroso 3.963.631
Patrimônio Líquido (PL) 418.435

Despesas Financeiras Líquidas 507.556

Lucro Operacional (após efeito IR) 669.405

Lucro Líquido do Exercício (LL) 116.588


Fonte: Adaptado de Silva (2000)

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170 Análise das Demonstrações Contábeis

ROI/ROA = Rentabilidade do Ativo sobre o lucro


operacional

Pelo resultado apurado, a Cia. ABC obteve um ROI/ROA


de 14,88% dos investimentos mantidos em 20X3. A fim de
verificar se o mesmo é atrativo, deve-se compará-lo com o ROE
e com o custo do endividamento.
ROE = Rentabilidade do Patrimônio Líquido

Finalizando, observa-se que os recursos levantados no


mercado financeiro pela Cia. ABC, a um custo líquido de 12,80%,
foram aplicados em ativos que renderam 14,88% de retorno.
GAF = Grau de Alavancagem Financeira

Este GAF indica que o ROE é maior que o ROI,


evidenciando que o custo da dívida da Cia. ABC é inferior ao
Retorno dos Investimentos (ROI). Neste caso específico, os
recursos captados alavancaram a empresa financeiramente.
Na Tabela 4 é possível ver o comportamento do Grau de
Alavancagem Financeira em variados cenários.

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Análise das Demonstrações Contábeis 171

Tabela 4: Comportamento do grau de alavancagem financeira

Estruturas
Itens de Capitais A B C
Diferenciadas
A Ativo Total 100.000 100.000 100.000
Passivo Oneroso
B (Capital de 0 60.000 90.000
Terceiros)
Investimentos
C=A-B Líquidos (Ativo – 100.000 40.000 10.000
Passivo Oneroso)
Patrimônio Líquido
D 100.000 40.000 10.000
(Capital Próprio)
Lucro Operacional
E (antes do Imposto de 45.000 45.000 45.000
Renda)
F=EX Imposto de Renda
(18.000) (18.000) (18.000)
40% (40%)
Lucro Operacional
G= E-F (após o Imposto de 27.000 27.000 27.000
Renda)
Despesas Financeiras
H 0 (15.000) (22.500)
(25%)
Economia de
I 0 6.000 9.000
Imposto de Renda
Despesas Financeiras
J=H–I 0 (9.000) (13.500)
Líquidas (DFL)
LL = Lucro Líquido
K=G–J Exercício (após 27.000 18.000 13.500
DFL)
Cálculo de Rentabilidade do Ativo (ROI)

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172 Análise das Demonstrações Contábeis

ROI/ROA= Lucro
L = E/(C Operacional/
61,64% 204,55% (1285,71%)
– K) (Investimentos
Líquidos – LL)
Cálculo de Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE)
ROE=LL/
M = K/(D
(Patrimônio Líquido 36,99% 81,82% (385,71%)
– K)
– LL)
Cálculo do Grau de Alavancagem Financeira (GAF) – Considerando
o efeito do Imposto de Renda
N = L/M GAF=ROI/ROA 1,67 2,50 3,33

Fonte: Adaptado de Silva (2000)

Partindo de uma situação onde não há capital de terceiros


onerosos (Empresa A) e por consequência inexistindo despesas
financeiras, até chegar em um cenário onde quase a totalidade
do capital investido é de terceiros (Empresa C). Lembramos que
para haver alavancagem financeira é necessário que a riqueza
gerada pelo uso de recursos de terceiros seja maior que o custo
(juros) deste recurso.

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Análise das Demonstrações Contábeis 173

Alavancagem operacional e alavancagem


total

OBJETIVO

Neste capítulo são apresentadas a Alavancagem Operacional e a


Alavancagem Total. Quais são suas finalidades? O que elas indicam?
Sua fórmula, seu significado e sua interpretação. Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Grau de alavancagem operacional


A Alavancagem Operacional diz respeito ao uso de ativos
operacionais (custos e despesas fixas), com a finalidade de
maximizar o lucro antes dos juros e impostos.
A partir da análise da Alavancagem Operacional de
uma companhia é possível verificar a viabilidade econômica,
verificando as causas das variações nos resultados e sua natureza
cíclica. Sendo assim, existe a possibilidade de verificar o impacto
no resultado com base na variação do volume de vendas,
tornando-se, desta forma, um bom instrumento para construção
de cenários econômicos.
Quando analisa-se uma Demonstração de Resultado,
existem dois tipos de custos: os fixos e os variáveis.

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174 Análise das Demonstrações Contábeis

Quadro 7: Custos fixos e variáveis

Custos e Despesas
Custos e Despesas Fixos
Variáveis

Estão vinculados
Não variam em decorrência diretamente ao volume de
de mudanças no volume de atividade da empresa, ou
atividades (produção e vendas), seja, o valor dos mesmos
mantendo-se constantes no oscila em função do
tempo. volume de produção e
vendas.

Exemplos: contabilmente (ou


para fins fiscais) a depreciação
de uma máquina ocorre
independente direta, de o volume
de atividade, em certo tempo, Exemplos: matéria-prima,
ter variado. Da mesma forma o mão de obra comissão
aluguel, salários e honorários da de vendedores, fretes
administração, despesas de juros somente sobre vendas etc.
de empréstimos e financiamentos,
etc., por não terem relação com
a produção, são considerados
custos fixos.

Fonte: Silva (2000, p. 163)

Imagine que uma empresa tem uma elevada estrutura de


custos fixos em relação aos seus custos totais. Se ela aumentar
o volume de produção, logo seu lucro operacional será maior.
Em contrapartida, se sua estrutura de custos variáveis
for maior em relação aos seus custos totais, sua rentabilidade
tenderá a cair, podendo levar ao prejuízo e, consequentemente, a

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Análise das Demonstrações Contábeis 175

um estado de insolvência. Podendo o conceito de Alavancagem


Operacional ser associado ao de risco de negócio da empresa.
Um bom Grau de Alavancagem Operacional (GAO)
é determinado pela estrutura de custos da empresa, quando
esta apresenta maior capacidade de alavancar os lucros com a
manutenção de maiores custos fixos em relação aos custos totais
(SILVA, 2000).
Entretanto, com custos fixos maiores também há o risco de
a empresa diminuir o volume de produção e apresentar prejuízos.
Para calcular o GAO, utilizamos a seguinte divisão:

Como a DRE não apresenta de forma detalhada quais são


os custos fixos e variáveis da empresa, a apuração do GAO por
analistas externos se torna difícil, a menos que a empresa forneça
de forma excepcional estes dados.

Determinando o GAO - exemplo


Observe na Tabela 5 a síntese de um exemplo para ilustrar
a determinação do GAO, considerando duas empresas (A e B),
com volume de atividade e Lucros Operacionais idênticos, mas
com suas estruturas de custos (despesas) diferentes:

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176 Análise das Demonstrações Contábeis

Tabela 5: Estrutura de custos das empresas A e B

Itens A B

Receitas de Vendas 100 100% 100 100%

(–)Custos e Despesas
30 (30%) 70 (70%)
Variáveis

(=)MARGEM DE
70 70% 30 30%
CONTRIBUIÇÃO

(-)Custos e Despesas
60 20
Fixas

(=)RESULTADO
10 10
OPERACIONAL

Fonte: Adaptado de Silva (2000)

Seguindo a lógica dos conceitos apresentados


anteriormente, a Empresa A possui maiores custos fixos em
sua estrutura de custos, tendo, assim, maior capacidade de
alavancagem operacional. Ou seja, um maior volume de vendas
irá alavancar seus resultados, assim como, uma diminuição do
volume de vendas irá incorrer em maior risco de insolvência.
Observe na Tabela 6 o que aconteceria com o GAO dessas
empresas (A e B), caso ocorresse um aumento de 20% no seu
volume de vendas.

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Análise das Demonstrações Contábeis 177

Tabela 6: Impacto do aumento de 20% no volume de operações na apuração do GAO das Empresas A e B

Itens A B

Receitas de Vendas 120 100% 120 100%

(–)Custos e Despesas
36 (30%) 84 (70%)
Variáveis

(=)MARGEM DE
84 70% 36 30%
CONTRIBUIÇÃO
(-)Custos e Despesas
60 20
Fixas
(=)RESULTADO
24 16
OPERACIONAL

Variação do Lucro
+ 140% + 60%
Operacional

Variação do Volume de
+ 20% + 20%
Atividade

140% 60%
GAO =7 =3
20% 20%

Fonte: Adaptado de Silva (2000)

Caso as vendas aumentassem 1%, a Empresa A elevaria


7% de seus resultados operacionais. Por outro lado, na Empresa
B um aumento de 1% nas vendas causaria uma variação
positiva de 3%. Este fenômeno acontece pelo fato da elevação
das vendas não afetar a variação dos custos e despesas fixos.
Logo, a Empresa A tem maior volatilidade na sua Alavancagem

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178 Análise das Demonstrações Contábeis

Operacional, além de assumir, também um risco operacional


mais elevado.
No exemplo da Tabela 7, ocorre uma redução de 20% no
volume de vendas. A Empresa A se mostra se sem capacidade
de cobrir seus custos e despesas fixas, realizando prejuízo
operacional. A Empresa B consegue manter-se lucrativa, pois
possui uma estrutura de custos e despesas fixas mais enxuta.

Tabela 7: Impacto da diminuição de 20% no volume de operações na apuração do GAO das Empresas A e B

Itens A B

Receitas de Vendas 80 100% 80 100%

(–)Custos e Despesas
24 (30%) 56 (70%)
Variáveis

(=)MARGEM DE
56 70% 24 30%
CONTRIBUIÇÃO
(-)Custos e Despesas
60 20
Fixas
(=)RESULTADO
(4) 4
OPERACIONAL

Variação do Lucro
- 140% - 60%
Operacional

Variação do Volume de
- 20% - 20%
Atividade

- 140% - 60%
GAO =7 =3
- 20% - 20%

Fonte: Adaptado de Silva (2000)

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Análise das Demonstrações Contábeis 179

A partir das análises feitas, é possível verificar que o GAO


proporciona maior alavancagem dos lucros operacionais, mas,
também, elevado risco operacional da companhia. Altos valores
de GAO determinam maior participação de custos e despesas
ficas na estrutura de resultados.
Segundo Silva (2000) é possível apurar o GAO nos casos
em que não se conhecem as variações no volume de atividade e
nos resultados a partir da seguinte fórmula.

Onde:
RV = Receitas de Vendas (no período)
CDV = Custos e Despesas Variáveis (no período)
CDF = Custos e Despesas Fixos
Caso fosse aplicado essa fórmula nas Empresas A e B,
veríamos o seguinte.

Uma forma de avaliar o GAO seria comparando-o com o


GAO médio do setor de atuação da companhia. Contudo, não há
como se afirmar que existe um GAO ideal.
Na visão de Silva (2000), o GAO só teria duas validades:
Comparar duas estruturas de custos, evidenciando que a
empresa que tem maior GAO é mais alavancada.
Calcular qual será a variação do Lucro Operacional, dada
uma variação percentual esperada no volume de vendas.

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180 Análise das Demonstrações Contábeis

Alavancagem total
A alavancagem operacional expõe que está relacionada
diretamente com os custos e despesas fixas das companhias,
representando risco operacional. Entretanto, as companhias
continuam expostas pela alavancagem financeira, que é
decorrente da utilização de capital de terceiros na estrutura de
financiamento. Sendo assim, a alavancagem financeira está
diretamente ligada ao passivo, se não há capital de terceiros, não
há alavancagem financeira.

Quadro 8: Alavancagem x riscos

Ativo Passivo

Alavancagem Operacional Alavancagem Financeira


(GAO) (GAF)

Risco Operacional Risco Financeiro

Alavancagem Combinada ou
Total Risco da Empresa
GAO x GAF

Fonte: Silva (2000, p. 167)

O Grau de Alavancagem Total (GAT) é determinado


pela junção da alavancagem operacional e financeira, podendo
determinar, assim, o risco da empresa.
A fórmula do GAT, segundo Silva (2000):

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Análise das Demonstrações Contábeis 181

Sendo:
∆LL = Variação do Lucro Líquido
∆VA = Variação no volume de atividade
Caso uma companhia esteja com a alavancagem financeira
e operacional altas, algumas poucas alterações no volume de
atividade resultam em grandes impactos nos resultados líquidos.
Sendo assim, tendo o efeito combinado, alterações no volume
de vendas promove fortes mudanças no resultado operacional e
líquido.
A Tabela 8 mostra o cálculo do GAT.

Tabela 8: Apuração do GAT

∆VA Resultados ∆VA

+ 20% - 20%

Receita de Vendas 1.440,00 1.200,00 960,00

Custos e Despesas
(547,20) (456,00) (364,80)
Variáveis
(1) MARGEM DE
892,80 744,00 595,20
CONTRIBUIÇÃO

Custos e Despesas Fixas (384,00) (384,00) (384,00)

(2) LUCRO
OPERACIONAL ANTES 508,80 360,00 211,20
DO IR

IR s/ Lucro Operacional (203,50) (144,00) (84,50)

(3) LUCRO
OPERACIONAL APÓS 305,30 216,00 126,70
IR

Despesas Financeiras (50,00) (50,00) (50,00)

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182 Análise das Demonstrações Contábeis

ECONOMIA DE IR 20,00 20,00 20,00

(4) LUCRO LÍQUIDO 275,30 186,00 96,70

∆Lucro Líquido (∆LL) + 48,0% 100,0% – 48,0%

∆Lucro Operacional
+ 41,3% 100,0% – 41,3%
(∆LOP)

∆Volume de Atividade
+ 20,0% 100,0% – 20,0%
(∆VA)

(1:2) GAO (Grau


de Alavancagem 2,07
Operacional)

(3:4) GAF (Grau de


1,16
Alavancagem Financeira)

GAT (Grau de
Alavancagem Total) = 2,40
GAO × GAF

Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2015)

Verifica-se que o GAO foi 2,07 e o GAF 1,16. Multiplicando-


se esses números, o resultado é um GAT de 2,4, ou seja, para
cada variação positiva de 1% no volume de vendas haverá um
aumento de 2,4% no lucro líquido da companhia. Desta maneira,
o GAT permite a análise em conjunto dos reflexos das decisões
de financiamento e investimento.

Ponto de equilíbrio (Break Even Point)


O Ponto de Equilíbrio é o nível mínimo de vendas que
uma determinada empresa precisa atingir para não incorrer em

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Análise das Demonstrações Contábeis 183

prejuízo ou lucro. O volume de vendas cobre exatamente os


custos e despesas fixas e variáveis.
A fórmula do Ponto de Equilíbrio:
P x Q = F + (V x Q)
Onde:
P = Preço de Venda
Q = Quantidade Vendida
P × Q = Receita Total
F = Custos Fixos
V = Custo Variável Unitário
V × Q = Custo Variável Total
Logo:
P x Q = F + (V x Q) →
(P x Q) - (V x Q) = F →
Q (P - V) = F →
F
Q=
(P - V)

Portanto, Q é a quantidade de equilíbrio, ou seja, o ponto


de equilíbrio e (P – V) é a margem de contribuição unitária.

A determinação do ponto de equilíbrio é importante no


estudo da rentabilidade, pois a empresa só pode pensar em
lucro sobre as vendas e, consequentemente, em rentabilidade do
investimento, se suas vendas superarem o ponto de equilíbrio.
Dessa forma, quanto mais próximo o nível de vendas (usado
como referência) estiver do ponto de equilíbrio, maior será a
Alavancagem Operacional.

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184 Análise das Demonstrações Contábeis

Considerações sobre alavancagem


A técnica da alavancagem é recomendada em planejamento
de lucros da empresa. Os graus de alavancagem são indicadores
de análise e projeção que relacionam os aumentos esperados de
lucros com os acréscimos estimados de receitas. Esse indicador
expressa o número de vezes que ocorrerá o aumento dos lucros
em relação ao aumento de receitas.
Alavancagem considera o uso de custos fixos para
aumentar o retorno sobre o capital próprio. A direção deve
maximizar a estrutura de capital da empresa para aumentar
o retorno, considerando o risco do empreendimento. Esses
conceitos devem ser bem estudados e aplicados para minimizar
os custos de capital da organização e criar riqueza aos acionistas.
A partir da combinação das estruturas do Ativo e do Passivo
originou-se o grau de alavancagem geral da empresa, que se denomina
alavancagem combinada. O grau de alavancagem combinada é
resultante da multiplicação do grau de alavancagem operacional pela
grau de alavancagem financeira. Logo, a alavancagem combinada
determina o grau de risco do projeto de investimento de implantação,
modernização ou expansão da empresa.
Em síntese, a correta utilização do grau de alavancagem
permite projetar com eficiência e eficácia os resultados da
organização. Por sua vez, a direção deve ser competente
para compatibilizar os recursos disponíveis, em termos de
minimização de custos, aumento da produtividade e análise de
benefícios/custos da empresa, bem como o uso de capitais de
terceiros para alavancar o retorno dos capitais próprios.
Portanto, é preciso ter sempre presente que a empresa deve
adotar uma visão proativa de suas atividades, mas desapaixonada
e focada em criar valor ao produto e ao acionista. A direção deve
ver os negócios como eles são, e ter em sua mente os pontos
fortes e fracos, investindo na capacitação de pessoas para
qualificar a gestão dos novos negócios em pesquisa e inovação
de produtos e serviços que deverão gerar um retorno superior ao
custo de oportunidade do mercado financeiro.

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Análise das Demonstrações Contábeis 185

Análise de ações e valor criado ao acionista


(tópicos especiais)

OBJETIVO

Neste capítulo são apresentados alguns indicadores que todo


bom investidor fundamentalista analisa. O que é a criação de
valor para o acionista? Qual a diferença entre o valor contábil e
o valor de mercado? O que isso indica? Visto que este assunto
é extremamente amplo, vamos tratar apenas alguns tópicos,
devendo o aluno interessado buscar mais informações por
livre e espontânea vontade. Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Para iniciar, recomendo a leitura do seguinte texto:

SAIBA MAIS

Para saber mais leia TOP 8 indicadores financeiros essenciais


para investidores. Disponível em: https://bit.ly/2ZesGcE.

Valor patrimonial
Os indicadores de análise de ações, assim como todas as
outras medidas financeiras, são mais úteis quando avaliados em
conjunto com os demais índices e analisada também sua evolução.
É importante ainda que esses indicadores sejam analisados em
relação a outras empresas e ao mercado como um todo.

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186 Análise das Demonstrações Contábeis

O valor patrimonial de uma ação representa a parcela do


capital próprio, ou o Patrimônio Líquido (PL) da empresa que
compete a cada ação emitida. É calculado da seguinte maneira.

Por exemplo, admita que uma sociedade apresente, em


determinada data, um PL de R$ 160 milhões e 64 milhões de
ações emitidas. Nessas condições, o valor patrimonial de suas
ações atinge R$ 2,50/ação, ou seja:

O valor de R$ 2,50 mostra o quanto cada ação emitida


participa do PL da sociedade. Parte do PL pode ser distribuída
aos acionistas regularmente, sob forma de dividendos, ocorrendo
assim, um crescimento do grupo pela parte retida dos lucros ou
integralização de novas ações (ASSAF NETO, 2015). O PL
nunca pode ser distribuído em sua totalidade, somente em caso
de encerramento das atividades da companhia.
O valor patrimonial de uma ação revela a identidade de
uma empresa na possibilidade de todos os ativos da companhia
serem realizados exatamente pelos valores registrados pela
Contabilidade, o que raramente acontece. Como a identidade
contábil do PL é formulada pela diferença entre o total do ativo
e os passivos, e alguns ativos são avaliados pelo seu preço de
aquisição (custo), e outros a valores de mercado, desajustes
entre o valor justo e o da Contabilidade são bastante frequentes
(ASSAF NETO, 2015). Além disso, a sinergia dos ativos, quando
dispostos em conjunto aumenta bastante a sua representatividade
em relação ao seu valor patrimonial, principalmente para efeitos
de avaliação de empresas e análises.

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Análise das Demonstrações Contábeis 187

O valor patrimonial de uma ação é uma informação estática


e retrospectiva. Ele mensura os recursos próprios da companhia
que compete a cada ação em determinado momento no passado.
Por outro lado, o preço de mercado da ação está relacionado com
a expectativa do desempenho futuro esperado da companhia.
Sendo assim, ocorre uma desconexão entre o valor patrimonial
de uma ação e seu preço de mercado. Contudo, é bem usual
utilizar-se de informações passadas para fazer projeções futuras,
logo o valor patrimonial de uma ação tem seu valor em uma
análise.

IMPORTANTE

Mesmo que os ativos possam estar, isoladamente, expressos a


valor de mercado, é importante comentar que a soma de todos
esses valores não representa o valor justo da empresa. O valor
do todo (empresa) não equivale à soma dos valores de cada parte
(ativos) que o compõem. Para o cálculo do valor do todo deve
ser considerada, principalmente, a sinergia entre os ativos.

Por fim, pode-se interpretar o valor patrimonial de uma


ação com um índice que mostra o potencial contábil do futuro
de uma companhia. Quanto maior se apresentar o seu valor
patrimonial, mais elevada a probabilidade da empresa distribuir
suas reservas de lucros.

Valor de mercado
Valor de mercado, é um indicador bastante utilizado como
forma de medir o tamanho de uma empresa listada na bolsa de
valores. Na realidade, este indicador mede o valor de mercado
de todas as ações públicas de uma empresa, fornecendo uma

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188 Análise das Demonstrações Contábeis

ideia do tamanho da empresa. Ele é calculado multiplicando-se


o preço de uma ação da empresa em questão pelo número de
ações emitidas pela mesma. Define-se por:

Valor de Mercado = No de Ações X Preço da Ação

Portanto, verifica-se que o valor de mercado de uma


empresa é um indicador dinâmico, que sofre modificações
com bastante frequência. Observa-se que este indicador sofre
alterações em seu valor quando qualquer um de seus parâmetros
é modificado, e isto pode ocorrer de duas formas:
Alteração no número de ações públicas: o número de
ações de uma companhia é modificado sempre que há a emissão
de novas ações (aumenta o número) ou ocorre a recompra de
algumas das ações pela própria companhia (reduz o número).
Alteração no preço das ações: Este parâmetro é
extremamente dinâmico e sofre alteração sempre que as ações
de uma empresa são negociadas a um valor diferente daquele
realizado na negociação anterior. A observação do mercado
sugere que quanto mais líquidas as ações de uma empresa,
maior é a frequência de modificações no preço da mesma. Nota-
se, por exemplo, que as ações de empresas bastante líquidas
sofrem diversas alterações em seu preço todos os dias, enquanto
ações pouco líquidas podem passar grandes períodos sem sofrer
alterações em seu preço.

Lucro por ação (LPA)


O lucro por ação representa a parcela do resultado líquido
da empresa, conforme apurado em determinado exercício social,
que compete a cada ação. É calculado pela divisão entre o Lucro
Líquido (LL) e o número de ações emitidas, ou seja.

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Análise das Demonstrações Contábeis 189

Por exemplo, admita que uma empresa possua 66.380.400


ações emitidas em mercado, e divulgou um LL de R$ 101.500.000
no exercício. O LPA da companhia é calculado pela divisão do
LL pela quantidade de ações disponíveis, isto é.

Um crescimento do LPA revela geralmente um incremento


nos lucros da empresa. O índice costuma manter-se relativamente
estável ao longo do tempo, não revelando grandes variações em
seus valores.

Preço/lucro (P/L)
É apurado de acordo com a seguinte expressão:

Esse indicador, também denominado de múltiplo de lucros,


representa o tempo teórico de retorno do investimento acionário.
Por exemplo, admitindo-se que o preço de mercado de uma ação
em determinado momento seja de R$ 4,80, e o LPA do exercício
publicado de R$ 0,60, conclui-se que, mantidos esses valores
inalterados, serão necessários oito anos para a recuperação do
capital investido na ação, ou seja.

De outra forma, pode-se concluir que o preço da ação é


oito vezes o lucro da empresa gerado no exercício.

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190 Análise das Demonstrações Contábeis

No entanto é importante observar que o P/L não é


necessariamente uma realização de caixa, um vez que a
distribuição do LL da companhia é determinado por sua política
de pagamento de dividendos. Além disso, o valor de mercado
das ações experimenta constantes variações, sendo necessário se
apurar esse indicador em curtos intervalos de tempo.
Ao se avaliar o índice P/L, quanto maior o P/L de uma ação,
espera-se que menores sejam o seu risco e sua lucratividade.
Em contrapartida, quanto menor o P/L, maiores são o risco e a
lucratividade esperados da ação.
O inverso do P/L é muitas vezes definido como a
lucratividade da ação. No exemplo anterior de uma ação com
P/L igual a 8, a lucratividade da operação atinge 12,5% ao ano
(1/8), ou seja, sendo o LPA de R$ 0,60 e o investimento de R$
4,80, o retorno de investimento totaliza 12,5% por período: R$
0,60/R$ 4,80 = 12,5%.

Dividendos por ação (DPA)


Mede o valor dos dividendos pagos aos acionistas para
cada ação emitida pela empresa. É calculado pela relação entre
os dividendos, e outras formas de remuneração como Juros
Sobre Capital Próprio (JSCP) e bonificação em dinheiro, e a
quantidade de ações emitida pela empresa, ou seja.

O DPA pode ser calculado para o total de ações e também


para as ações ordinárias e preferenciais.

Dividend yield (DY)


O Dividend Yield (DY) (ou rendimento de dividendos)
revela os rendimentos de dividendos (e outras formas de

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Análise das Demonstrações Contábeis 191

proventos) oferecidos pela ação ao investidor. É calculado


pela relação entre o DPA (Dividendos por Ação) e o seu preço
mercado, ou seja.

Esse indicador expressa, em outras palavras, a taxa de retorno


da ação calculada unicamente com base nos dividendos pagos.
Variações no DY podem ser causadas não somente por
uma maior distribuição de proventos, mas também por uma
valorização (ou desvalorização) no preço de mercado da ação.
Por exemplo, admita que uma empresa tenha pago R$
3,10 de proventos aos seus acionistas em determinado exercício,
e que o preço de mercado de suas ações seja de R$ 25,50. O
rendimento de dividendos calculado é.

Suponha a seguir que a ação sofra uma desvalorização e que


seu preço de mercado caia para R$ 14,80. Nessa situação, o retorno
de dividendos sobe para: R$ 3,10/R$ 14,80 = 20,9%. É importante
entender na análise que o aumento do retorno não foi determinado
por um volume maior de dividendos pagos, mas sim por uma
desvalorização no preço de mercado da ação.

Margem EBITDA
A margem EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes,
Depreciation and Amortization, em português Lucros Antes de
Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) é uma métrica de
rentabilidade operacional apresentada como uma porcentagem da
receita líquida de suas vendas.

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192 Análise das Demonstrações Contábeis

O EBITDA é o lucro antes dos juros, impostos, depreciação


e amortização, que dividido pela receita líquida resulta na
margem EBITDA.
Como o EBITDA retira todas as variáveis anteriormente
citadas (juros, impostos, depreciação e amortização), é
possível dizer que o resultado de margem desse indicador pode
fornecer, para um investidor ou empresário, uma visão clara da
lucratividade operacional do seu negócio (REIS, 2018).
exemplo prático:
A Cia ABC apresenta uma receita de R$ 300.000 e um
EBITDA de R$ 80.000. Calcula-se a margem dividindo o
EBITDA pela receita líquida.

Sempre é necessário multiplicar esse valor por 100, para


que o resultado seja expresso em porcentagem. Sendo assim, o
valor final da margem EBITDA é de 26%.
Muitos analistas gostam de observar essa margem, pois ela
mostra a lucratividade de uma empresa antes das deduções que
pouco tem a ver com o processo de tomada de decisão comercial
de um negócio (REIS, 2018).
Embora as deduções de juros, impostos, depreciação
e amortização sejam importantes, não compõem o resultado
operacional da companhia.
A margem EBITDA permite a comparação de empresas do
mesmo segmento, porém de diferentes tamanhos, pois o lucro
operacional (EBITDA) é confrontado com uma porcentagem da
receita.

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Análise das Demonstrações Contábeis 193

Assim, é possível saber quanto de lucro operacional é


gerado por cada R$ arrecadado com as vendas. Portanto, há a
possibilidade de usar a margem EBITDA como referência para
comparação de empresas do mesmo segmento.
Por exemplo, suponha que a Cia. ABC gerou uma margem
EBITDA de 26%. Dessa forma, é possível comparar o negócio
com outra companhia do mesmo segmento que obteve uma
receita de R$ 1.000.000 e EBITDA de R$ 150.000, resultando
numa margem de 15%. Ao realizar essa comparação, pode-se
inferir que a Cia. ABC opera o seu negócio de forma muito mais
lucrativa e eficiente do que o seu concorrente maior.
Contudo, é preciso de atenção em alguns pontos:
Muitas vezes, a exclusão dos gastos com a dívida podem
de aumentar a percepção de um ótimo desempenho de resultados
(REIS, 2018).
Suponha que, empresas com grandes dívidas não devam
ser mensuradas pelo desempenho da sua margem EBITDA,
visto que o pagamento de juros é excluído desse cálculo
quando observamos o resultado puramente operacional de uma
companhia.
Sendo assim, a margem EBITDA normalmente é maior
do que a margem líquida. E se as companhias têm baixa
lucratividade, dependerão da margem operacional para o seu
sucesso no mercado financeiro.

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194 Análise das Demonstrações Contábeis

SAIBA MAIS

Para analisar os principais indicadores fundamentalistas de


qualquer ação listada na B3 - Brasil, Bolsa, Balcão. Acesse o
site Fundamentus em: https://bit.ly/2PMFX9r.
Para ampliar seu conhecimento e trabalhar com as ferramentas do site
considere acessar os vídeos explicativos em: https://bit.ly/2MiKpL7.

RESUMINDO

Assim, a margem EBITDA se mostra uma métrica útil para


comparação de empresas do mesmo segmento de atuação. Além
disso, o resultado operacional é importante para as companhias com
baixa lucratividade, podendo os detalhes fazerem a diferença.
Por fim, neste capítulo vimos alguns dos indicadores que todo bom
investidor fundamentalista analisa. Discutimos aqui os principais,
mas esse Ebook não esgota a enorme variedade de índices e análises
que podem ser aplicadas. Agora que o aluno interessado aprendeu
o básico, pode continuar suas pesquisas na internet (inclusivo no
Youtube). Bons estudos!

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Análise das Demonstrações Contábeis 195

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