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2º Trim.

de 2024: Jovens: O PADRÃO BÍBLICO PARA A VIDA CRISTÃ - Caminhando


segundo o ensino das Escrituras

PORTAL ESCOLA DOMINICAL


2º Trimestre de 2024 - CPAD
Jovens: O PADRÃO BÍBLICO PARA A VIDA CRISTÃ - Caminhando segundo o ensino
das Escrituras
COMENTARISTA: Alexandre Coelho
Comentário: PR. ERIVANDRO GALDINO

LIÇÃO 5 - A REALIDADE BÍBLICA DA SANTIFICAÇÃO CRISTÃ

INTRODUÇÃO

A santidade, característica moral e prática da fé cristã, é um dos ensinos mais presentes nas Escrituras. Para
o homem dos nossos dias, a santidade é representada por meio de caricaturas de um grupo de pessoas tidas
por retrógradas, atrasadas e que estão desconectadas com os costumes e regras deste mundo. Não são
poucas as expressões artísticas que debocham da santidade dos cristãos, colocando-os como pessoas
radicais, ultrapassadas e cujo comportamento é um reflexo da perda dos prazeres que este mundo e essa
curta vida nos oferecem, como se a santidade fosse um mandamento de um Deus que deseja condenar as
ações e prazeres humanos.

A verdade é que a santidade para o mundo é desprezível, pois ela faz parte do caráter de Deus, e o mundo
não aceita que a santidade exigida pelo Senhor seja uma ordem para todas as pessoas. E para Deus, a
santidade não é somente necessária para os que o seguem, mas um requisito para que possamos mostrar a
sua glória aos que nos cercam.

I- A SANTIDADE DE DEUS.

Comecemos esse tópico definindo a expressão santificação. A palavra santificação representa o ato de uma
pessoa se separar com a finalidade específica de servir a Deus e ser útil a Ele. Ser santo é ser separado.
Embora o imaginário popular nos apresente o referencial de santidade atribuído a pessoas que viviam em
mosteiros ou conventos, isolados do convívio social e seguindo uma série de regras para que não pecassem,
o ideal de Deus para uma vida santificada não deve ser visto dessa forma. Santificação é muito mais do que
seguir regras para não pecar ou adotar um estilo de vida de isolamento, pois é possível ter uma lista grande
de regras que não podem ser infringidas, e ainda assim, a pessoa se esquecer de alguma dessas regras um
dia, e ser considerada culpada de transgredir todas elas.

Os hebreus nos dias de Jesus tinham regras para não pecar. Além do que Deus lhes dera, eles acrescentaram
outras normas subsidiárias para que não transgredissem as principais, gerando, assim, uma sociedade que,
embora fosse conhecida por usar o nome de Deus, seguia regras sem necessariamente estar mais perto de
Deus. Seguir regras não é, necessariamente, um sinal de santidade. Trabalhadores de empresas seguem
regras, e nem por isso podem ser tidos por santos. Militares seguem regras, e nem por isso estão
necessariamente mais perto de Deus. Ainda que esses grupos sigam regras para cumprir uma finalidade
específica, essa não é a proposta para a santidade. Naturalmente, refiro-me nesses dois últimos casos às
pessoas que, participando desses grupos, não seguem a Jesus. A proposta da comparação é mostrar que as
regras têm seu valor, mas não são suficientes para nos aproximar de Deus. Elas servem como um referencial
a ser observado em determinados casos. A proposta a que me refiro tem uma finalidade espiritual.

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A santificação não é somente uma doutrina a ser praticada, mas também a ser estudada. Ela “é o único
caminho para a verdadeira espiritualidade. E daí? Quem precisa de espiritualidade? Esta é a reação cínica de
algumas pessoas. Outras estão numa busca frenética por uma experiência espiritual. E elas não deixam pedra
sobre pedra nessa sua busca pela espiritualidade. Deus nos faz mais espirituais através da santificação e isto
é razão suficiente para estudarmos e buscarmos a santificação com afinco”. (HOLLOMAN, 2003, p. 9)

1. DEUS É SANTO.

O primeiro motivo pelo qual os cristãos ensinam e buscam a santidade é porque Deus é santo. Diferente do
que o mundo pensa, a santidade de Deus é descrita como algo lindo e admirável: “Adorai ao Senhor na beleza
da santidade; tremei diante dele todos os moradores da terra” (Sl 96.9). Observe que a beleza do culto para
os hebreus estava na santidade de Deus, e não em quaisquer outros elementos que pudessem desviar a
perspectiva de uma adoração a um Deus santo.

O culto a Deus precisa contemplar a realidade de um Deus santo, e isso deve ser visto na nossa forma de
render louvores, na nossa forma de falar, de ler a Palavra e de ouvi-la, de contribuir com nossos recursos e
de ser úteis uns aos outros.

2. O SENHOR JESUS É SANTO.

Jesus é descrito como estando bastante tempo cercado de pessoas pecadoras, mas sem ser afetado pelos
pecados delas. Ele foi oferecido como um cordeiro imaculado, sem pecado, pelos nossos, e até o Inimigo
reconheceu a santidade de Jesus. Ao chegar a Cafarnaum e deparando-se com um homem endemoniado,
antes de libertá-lo, Jesus ouviu o reconhecimento de sua santidade: “Bem sei quem és: o Santo de Deus” (Lc
4.34). O próprio Senhor Jesus falou sobre a sua santificação: “E por eles me santifico a mim mesmo, para que
também eles sejam santificados na verdade” (Jo 17.19).

Mesmo o propósito da salvação trazida por Jesus inclui a santificação daqueles que são salvos pelo
evangelho. Jesus não somente se santificou para exercer seu ministério neste mundo, mas igualmente nos
mostrou o roteiro pelo qual a santificação ocorreria nas nossas vidas: por meio da sua Palavra e pela presença
do Espírito Santo em nós.

3. O ESPÍRITO É SANTO.

O Espírito que Deus deixou para nos guiar na ausência temporária do Senhor Jesus Cristo é chamado de
Espírito Santo. Esse nome já nos mostra que Ele é o Consolador, o que se manifesta na igreja por meio de sua
presença e seus dons, e que atua neste mundo para convencer os pecadores e santificar aqueles que
receberam a Jesus. Dessa forma, Ele cumpre em nós a profecia de Ezequiel 36.26,27: “E vos darei um coração
novo e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne e vos darei um
coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os
meus juízos, e os observeis”.

O poder do Espírito para a santificação está disponível para todos os crentes, pois essa é a intenção de Deus
para o seu povo.

Alguns cristãos sentem a necessidade do poder do Espírito, mas vivem como se Ele não existisse. Alguém já
disse que os cristãos funcionam 90% do seu tempo sem nenhuma preocupação com o Espírito Santo. Se
esses números estão corretos, então muitos cristãos estão definitivamente deixando de experimentar o
poder do Espírito que está disponível para sua santificação e seu serviço. O problema da existência de

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cristãos sem poder não é causado pelo Espírito de Deus. O Espírito é todo-poderoso e está plenamente
disposto a nos ajudar. Porém, se queremos liberar seu poder, devemos compreender seu papel em nossas
vidas e, então, responder de maneira adequada a Ele. (HOLLOMAN, 2003, p. 71, 72)

Acerca da obra do Espírito Santo e a santificação, Timothy P. Jenney assegura que:

A tarefa do Espírito Santo na presente etapa da história da salvação é quádrupla: (1) levar o mundo à
convicção, (2) purificar o crente mediante o sangue de Cristo, no novo nascimento, (3) tornar real na vida
do crente o pronunciamento jurídico da justificação já feita por Deus e (4) revestir o crente de poder, a fim
de que este possa ajudar no processo de santificação de outras pessoas por meio (a) da proclamação do
Evangelho ao descrente e (b) da edificação do crente. É comum os teólogos empregarem o termo
“santificação” somente com referência à terceira dessas quatro tarefas do Espírito Santo. Nesse sentido
mais estreito, A. H. Strong define a santificação como “aquela operação contínua do Espírito Santo,
mediante a qual a santa disposição outorgada na regeneração é mantida e fortalecida”. Charles Hodge
concorda com o Catecismo de Westminster, que define a santificação como “a obra da livre graça de Deus,
pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, e habilitados a morrer cada
vez mais para o pecado e a viver para a justiça”. Nada temos que objetar a tais explicações, mas
consideramos a definição de Millard Erickson a mais clara, segundo o nosso modo de entender essa parte
do processo. Ele diz: “E uma continuação do que foi começado na regeneração, quando então uma
novidade de vida foi conferida ao crente e instilada dentro dele. Em especial, a santificação é a operação do
Espírito Santo que aplica à vida do crente a obra feita por Jesus Cristo”. (HORTON, 2018, p. 407,408)

II- A SANTIFICAÇÃO COM UM PROCESSO.

Quando se fala sobre a santificação como um processo, tem-se em mente três aspectos distintos: a
santificação posicional, a santificação progressiva e a santificação perfeita, ou final.

1. A SANTIFICAÇÃO POSICIONAL.

Essa perspectiva de santificação nos leva a entender que todos aqueles que foram salvos em Cristo são
santos. Ainda que passem por tribulações e nem sempre demonstrem a perfeição, são considerados “santos”.
Quando Paulo escreve aos crentes coríntios, ele os saúda chamando-os de santos que estão em Corinto (1
Co 1.2). Lendo a carta de Paulo, perceberemos que aqueles crentes estavam longe da perfeição espiritual.
Eles tinham dificuldades em assuntos relacionados à união, uso da justiça nos tribunais, tolerância com
problemas sexuais e administração dos dons espirituais. É possível não entender de imediato a intenção de
Paulo quando faz essa saudação, pois as práticas daquelas pessoas não poderiam refletir necessariamente
um estado de santidade, mas Deus os via assim, como santos. Essa é a santificação que denominamos
posicional. Os salvos em Cristo estão numa posição de santidade diante de Deus.

Notemos que o fato de não sermos perfeitos não nos isenta de andar em santidade, pois é preciso
continuamente uma mudança de vida. Paulo, após mencionar várias práticas pecaminosas antigas dos
coríntios, diz: “E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis
sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.11). A comparação paulina
servia para que eles compreendessem que pessoas santas não deveriam mais praticar as coisas erradas que
antes praticavam.

Embora Paulo faça questão de mostrar os pecados com que os coríntios estavam habituados na sua vida
pregressa, ele o faz para destacar a diferença que aqueles crentes deveriam manifestar em sua nova vida
com Deus. A sua posição diante do Senhor não deveria ser desprezada por meio do retorno àquelas práticas.

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Vale a pena ressaltar que a santificação e a justificação são partes integrantes da salvação, mas com
finalidades específicas. Diante de Deus somos santos, mas também justos, pois fomos perdoados e não há
mais condenação contra nós. Os crentes coríntios haviam sido salvos, justificados e santificados, e deveriam
entender a importância desses fatores em suas vidas.

A santificação precisa ser distinguida da justificação. Na justificação, Deus atribui ao crente, no momento
em que recebe a Cristo, a própria justiça de Cristo, e a partir de então, vê essa pessoa como se ela tivesse
morrido, sido sepultado e ressuscitada em novidade de vida em Cristo (Rm 6.4-10). É uma mudança que
ocorre “de uma vez por todas” na condição legal ou judicial da pessoa diante de Deus. Na santificação, em
contraste, é um processo progressivo que ocorre na vida do pecador regenerado, momento a momento. Na
santificação ocorre uma cura substancial da separação que havia ocorrido entre Deus e o homem, entre o
homem e seus companheiros, entre o homem e si mesmo, e entre o homem e a natureza. (PFEIFFER, 2006,
p. 1762)

2. A SANTIFICAÇÃO PROGRESSIVA.

Somos chamados por Deus para seguir em frente na caminhada cristã, nunca para retroceder. A cada ocasião
em que um servo de Deus resiste ao pecado, ele não somente glorifica a Deus em suas ações, mas também
cresce em santidade. Esse crescimento nos leva a ser mais parecidos com Cristo, e a progressão não deve ser
vista como algo ruim, pois a cada dia crescemos em santidade. “Mas a vereda dos justos é como a luz da
aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18).

É certo que da parte humana, no que nos cabe, a progressão na santificação envolve a ação do indivíduo.
“Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição” (1 Ts 4.3).

Aqui podemos perceber um trabalho conjunto entre a vontade de Deus e a ação humana. A vontade divina
é que guardemos os nossos corpos da qualquer contaminação que advenha de um ato sexual desaprovado
por Deus. A prostituição era e ainda é um mal que faz com que a sexualidade sadia se torne uma corrompida
e leve seus praticantes ao Inferno. Assim sendo, a santidade deve ser vista não somente na nossa iniciativa
de buscar ao Senhor, de ser submissos à voz do Espírito e de nos alimentarmos com a Palavra de Deus. A
santificação também passa pelo nosso intelecto e pelas nossas ações. Não é ao Espírito Santo que Paulo
escreve orientando que haja abstenção para com a prostituição, e sim aos crentes.

A santificação é uma jornada espiritual para toda a vida, requer esforço humano e ajuda da parte de Deus.
Podemos ter crises e mudanças dramáticas em nossa peregrinação espiritual, que podem acelerar nossa
santificação. Contudo, não existe qualquer experiência nesta vida que possa fazer com que o cristão se
torne perfeito, de modo que não precise mais progredir na santificação. A maturidade cristã perfeita
sempre se coloca diante de nós como o objetivo da santificação. Paulo reconhece essa verdade em sua
própria experiência (Fp 3.12). O progresso da santificação exige firmeza e o foco concentrado no objetivo,
do mesmo modo que uma prova de atletismo de longa duração. Portanto, “corramos com paciência a
carreira que nos está proposta, olhando para Jesus” (Hb 12.1,2). Os novos cristãos devem crescer
rapidamente em direção à maturidade espiritual, em vez de marcarem passo na infância espiritual por
vários anos, como fizeram os crentes de Corinto (1 Co 3.1-3), e os cristãos a quem foi endereçada a carta
aos Hebreus (Hb 5.12-14). Mesmo os cristãos que logo alcançam a maturidade espiritual podem progredir
ainda mais na santificação e alcançar índices mais altos de semelhança com Cristo (Fp 3.12-14). Em vez de
acreditar que a santificação é um processo para toda a vida, ou que a maturidade espiritual requer
“tempo” (Hb 5.12) e “prática” (Hb 5.14), alguns cristãos tentam encontrar atalhos para se tornarem
espiritualmente maduros. O pensamento atual promove a visão do imediatismo. Os anúncios modernos
têm ensinado às pessoas que elas devem querer tudo o que se coloca diante delas de maneira imediata. As
virtudes de autocontrole e da paciência para postergar a gratificação, com o objetivo de alcançar um

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prêmio mais elevado ou um valor mais alto, raramente são consideradas como opções no pensamento
atual. (HOLLOMAN, 2003, p. 76,77)

3. A SANTIFICAÇÃO PERFEITA OU FINAL.

Neste mundo teremos de lidar sempre com conflitos e tentações que podem nos levar ao pecado, mas
quando formos glorificados, quando nossos corpos forem transformados, quando estivermos para sempre
com o Senhor, não nos preocuparemos mais com os desafios que passamos neste mundo a fim de não pecar.
Não pecaremos mais, nem estaremos sujeitos à morte, e usufruiremos do estado da santificação perfeita
com Deus. Ela ainda ocorrerá em sua plenitude.
Wayne Grudem comenta que:

Porque há pecado que ainda permanece em nosso coração, mesmo depois de termos nos tornado cristãos
(Rm 6.12,13; 1 Jo 1.8), a santificação nunca será completada nesta vida. Mas uma vez que morramos e
vamos para o Senhor, então a nossa santificação é completada em um sentido, pois nossa alma é liberta do
pecado que habita em nós, e nos tornamos perfeitos. (GRUDEM, 2022, p. 361)

Ainda abordando a santificação e a sua conexão com a obra de Cristo na cruz, devemos entender que está
abre o caminho para a santificação, e que a santificação do salvo acontece diariamente, completando a obra
de Deus na vida do crente.

Outro exemplo importante aparece 1 Coríntios. Paulo repreende a imoralidade dos crentes de Corinto (5.1-
8). Depois de alistar vários tipos de pecadores (6.9,10), ele diz: “E o que alguns têm sido, mas haveis sido
lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito
do nosso Deus” (6.11). Paulo declara essa obra como realizada pelo Espírito (cf. 2 Ts 2.13). A forma
gramatical dos verbos gregos aqui traduzidos por “lavados”, “santificados” e “justificados” (aoristo passivo)
não dá a ideia de nenhum tipo de processo. Todos se referem à mesma experiência instantânea e
completa: a conversão. Não há a mínima possibilidade de se interpretar o texto grego desses versículos no
sentido de ser a obra santificadora do Espírito algo distinto da salvação. Não é uma segunda obra específica
da graça, conforme querem alguns. Os dois textos bíblicos descrevem a santificação pelo Espírito como o
meio pelo qual as pessoas são salvas. O segundo texto (6.11) representa a salvação de modo linear, que
ocorre ao mesmo tempo que a lavagem e a justificação. A única maneira de reconciliar esses trechos com
outros que falam da santificação como um processo (ver abaixo) é reconhecer a santificação não
meramente como algo que ocorre após a conversão, mas como idêntica ao crescimento no Senhor. A
santificação inclui toda a obra de Deus na tentativa de salvar a humanidade do juízo vindouro. (HORTON,
2018, p. 424)

III- A SANTIDADE NA PRÁTICA.

1. A SANTIDADE NA VIDA DIÁRIA.

Diante da realidade de que servimos a um Deus santo e o representamos nesta terra, é preciso que
externemos a santidade em que o Espírito Santo nos ajuda a crescer. Portanto, como filhos de Deus, devemos
ser presentes onde o Senhor nos enviar e ali refletir a sua glória. O desejo de Deus é que sejamos santos
interagindo com o ambiente que nos cerca, afinal, somos o sal da terra (Mt 5.13).

Podemos manifestar santidade de diversas formas bem práticas. Nos estudos, se Deus nos permitiu estar em
um ambiente acadêmico ou de aprendizagem profissional. Tal momento na vida de uma pessoa é importante,

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pois ela está ali para aprender uma profissão ou uma técnica de trabalho que pode sustentar a ela e à sua
família. E se não nos dedicarmos ao momento ímpar que Ele nos concede, de nos aperfeiçoar intelectual e
profissionalmente, deixamos de santificar a Deus com o nosso intelecto e o nosso testemunho na escola ou
na universidade. Ser estudantes de excelência é uma forma de glorificar a Deus e santificar o seu nome diante
de pessoas que desconhecem o evangelho.

Podemos manifestar a santidade na família. Se ignoramos a nossa família, contemplando somente as


limitações que ela tem, deixamos de santificar a Deus dentro de casa, de honrar os pais e de ser
posteriormente referência para os nossos filhos. Há filhos que desprezam não só os conselhos e orientações
de seus pais, mas também desprezam seus próprios pais. Mesmo que haja em nossa família pais que ainda
não servem ao Senhor, eles precisam ser honrados, pois Deus assim o deseja. E os pais podem abençoar seus
filhos demonstrando a santidade no convívio com eles no lar.

Lembre-se de que a santidade de Deus em nós deve ser vista em nossas ações. Isso significa a nossa forma
de vestir, falar, trabalhar e conviver com outras pessoas. Santos de Deus não se portam de forma vergonhosa
no trabalho, ou no ambiente de estudos, ou familiar. Pessoas santas têm uma linguagem que inspira os
ouvintes a pensar nas coisas de Deus. Quem é guiado pelo Espírito não se envolve em negócios reprováveis,
se mantém fiel em qualquer ambiente, mesmo que ninguém esteja olhando, pois esses são traços do caráter
de quem vai para o Céu. A santidade é percebida na fidelidade entre os cônjuges, e na nossa forma de lidar
com o dinheiro. Por mais que tenhamos destacado essas modalidades, elas não são restritivas, pois a
santidade deve ser vista em todas as nossas relações.

2. SOMOS SANTIFICADOS PELA PALAVRA.

O Senhor Jesus sabia da importância da santificação, bem como do preço que se paga para que o crente
tenha uma vida de santidade. Por isso, Ele orou: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo
17.17). O Senhor nos mostra que o tempo dedicado à leitura tem uma enorme influência na nossa vida
espiritual, especificamente para a santidade. Se entendermos que ser santo é ser separado para Deus e não
pecar, lembraremos de Salmos 119.11: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”.
À medida que nos dedicamos à leitura, à meditação e aos estudos da Palavra, entendemos melhor o caminho
de Deus para a nossa santificação. Quando a Palavra ocupa espaço em nossa mente, temos menos tempo
para focar nas coisas deste mundo.

Não há nenhum cristão que não possa crescer em santificação, independentemente do seguimento teológico
ao qual tenha se afiliado. Um cristão pode se achar predestinado à salvação, e outro cristão pode entender
que foi o seu livre-arbítrio, orientado pela graça de Deus, que o conduziu a Cristo, mas ambos os irmãos
precisam buscar a santidade.

Atualmente, há urgente necessidade de renovada ênfase à doutrina da santificação nos círculos


pentecostais. Em primeiro lugar, porque são raros os pentecostais que hoje aceitariam a ideia de estar
precisando de renovação espiritual. A despeito de muitíssimos crentes terem sido batizados no Espírito
Santo, são muitas as igrejas pentecostais que não possuem a vitalidade e a eficácia que nelas se
evidenciavam em anos anteriores. Em segundo lugar, a ênfase pentecostal ao batismo no Espírito e aos
dons sobrenaturais do Espírito tem resultado numa falta de ênfase ao restante da obra do Espírito, inclusive
a santificação. Em terceiro lugar, a aceitação mais generalizada dos pentecostais e dos carismáticos parece
ter ameaçado a distinção tradicional entre a igreja e o mundo, lançando dúvidas sobre muitos dos antigos
padrões de santidade. E, finalmente, os pentecostais de hoje dão muito valor à popularidade que acabaram
de conquistar e, no afã de preservá-la, zelam por evitar qualquer aparência de elitismo espiritual.
(HORTON, 2018, p. 412)

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3. A SANTIDADE NOS CONDUZ PARA O CÉU.

Há quem veja a santidade como uma condição moral que serve somente para nos atrapalhar de ter uma vida
de prazeres e realizações mundanas. Mas se pensarmos que fomos criados à imagem e semelhança de Deus,
nos lembraremos de que existe em nós uma consciência que nos diz o que fazemos de certo ou errado, e
com esse juízo, um sentimento de alegria ou culpa, com a sensação de que chegaremos em algum lugar. Se
cremos na vida eterna, devemos também crer que um dia estaremos diante de Deus para ouvir Bem está,
servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei: entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21).
Precisamos nos acostumar com a santidade como um elemento que nos levará para a glória, e “sem a qual
ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

CONCLUSÃO:

A moralidade cristã, expressa por meio da santificação, é algo que deve ser vivenciado por todos aqueles que
aceitaram a Jesus e nasceram de novo. Nenhum crente tem autorização para dizer que não precisa se
santificar, pois a nossa santificação agrada a Deus e faz parte da nossa salvação. A santidade representa um
desafio diário para todos aqueles que ainda vivem neste mundo, e que precisam diariamente depender do
Espírito nessa empreitada.

Se cremos na vida eterna, e que um dia estaremos diante de Deus para ouvir “Bem está, servo bom e fiel.
Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21), precisamos nos
acostumar com a santidade como um elemento que nos levará para a glória, e “sem a qual ninguém verá o
Senhor” (Hb 12.14).

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

TORRALBO, Elias Rangel. O fundamento dos apóstolos e profetas. A doutrina Bíblica como base para uma
caminhada cristã vitoriosa. Rio de janeiro: casa publicadora das assembleias de deus - CPDA, 2024.
HOLLOMAN, Henry. O Poder da Santificação. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
PFEIFFER, Charles F. Dicionário Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2022.
Bíblia Sagrada, ARC, CPAD- 2019.

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Pr. Erivandro Galdino

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