A Santa e o Pecador Mari Mendes

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Copyright © Mari Mendes 2024

Capa: Matheus Mendes


Diagramação: Matheus e Mari Mendes
Revisão Inicial: Miriam Pascoal
Revisão Geral: Marcia Condor
Revisão Final: Carla Matos | Matheus e Mari Mendes
Betas: Marluce, Tânia e Lisa

2ª Edição
Brasil, 2024
1ª Edição
Brasil, 2020

Reservados todos os direitos. Proibido a reprodução total ou parcial


desta obra, sem a autorização expressa do autor. Lei 9.610, de 19 de
fevereiro de 1998, artigo 184. “Violar direitos autorais, pode
acarretar pena de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.”
Plágio é crime!
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

“LIVRO REGISTRADO NA AVCTORIS e BIBLIOTECA


NACIONAL”

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Atenção: Romance Hot. Raul Magno, o protagonista, adora
falar palavrões, é um homem sem escrúpulos, mentiroso e cafajeste.
As cenas hots são escritas detalhadamente. Se você não gosta desse
tipo de leitura, não recomendo. Leitura para maiores de idade.

Mais uma vez: se você não aprecia o tema, por favor, NÃO
LEIA!

Mas se ama um romance hot, emocionante, um homem


arrependido e rastejando pelo perdão da mocinha, esse é seu lugar.
Boa Leitura, beijos. | Mari Mendes
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Raul Magno. Um CEO milionário e o rei das mentiras.


Ele veste a arrogância, sedução e mentira como uma
segunda pele… distribui goles de falsidades diluídas em
doses de enganos e meias verdades.

Ele é um milionário arrogante, irresistível e cafajeste.

Ela, uma mulher doce e pura como uma santa.

Ele, um pecador mentiroso e sedutor.

Ela uma mulher frágil, mas corajosa.

Ele reconhece que cometeu erros terríveis e se arrepende


amargamente, agora quer se redimir.

Ela o perdoará? Ele conseguirá seu perdão? Eles terão uma


segunda chance?

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“Tudo o que plantamos hoje, colheremos amanhã. Assim é a
Lei da Causa e Efeito, o que causamos de ruim ou de bom a alguém,
sofreremos os efeitos de nossos atos a curto ou a longo prazo. Isso
não importa, pois a Lei do Retorno é Implacável, o Mundo gira e a
bola volta, sempre volta...”

Vander Varosi.
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Raul Magno é um CEO milionário, arrogante,


irresistível, cafajeste, obcecado e… mentiroso.

Com garra e sagacidade ele se tornou um CEO renomado e


famoso.

Com seu dinheiro e fama, acredita que pode comprar tudo e


todos, principalmente mulheres. Acostumado a tê-las aos seus pés e
descartá-las como lixo, ele pensa que todas são iguais.

Isso até ver uma bela mulher em um sinal e agir da mesma


forma canalha de sempre. Oferecer dinheiro em troca de
prazer.

Ela o rejeita. Ele toma isso como uma afronta, tramando


formas asquerosas para conquistá-la e tê-la onde deseja…

Raul só não contava que no meio do caminho, tomado pela


arrogância, perderia o rumo e faria coisas abomináveis.

Ele afundaria de maneira avassaladora na escuridão


causada por suas mentiras e obsessão doentia por controle.

Raul teria que atravessar um caminho de trevas e espinhos para


conseguir enxergar que existem coisas que o dinheiro não pode

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comprar.

Será que Raul conseguirá sua redenção?

Lisa o perdoaria algum dia por ser tão mau-caráter e


mentiroso?

Venham conhecer a história de amor, perdão e redenção do


CEO milionário e a doce artesã.
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Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21

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Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Epílogo
Dedicatória
Outras Obras
Redes Sociais
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Capítulo 01
Raul Magno
Estou indo para minha casa, em uma vila, no interior de
Minas Gerais. Nesse momento estou conversando em meu celular
com um potencial investidor das propriedades que adquiro e
reformo.
Esse tipo de negócio me tornou um homem milionário.
Compro, por preços acessíveis, qualquer imóvel que esteja em
estado de decadência, os reformo com luxo e bom gosto. Tenho
uma equipe gigante que trabalha comigo, desde pedreiros a
engenheiros. Não tenho prédios ou escritórios para que minha
equipe trabalhe para mim. Comando tudo de minha casa na Vila das
Flores. Só vou às obras quando requisitado por um de meus
profissionais responsáveis. Vila das Flores é uma reserva, escondida
e perdida em meio às montanhas de Minas Gerais, em um vale
imenso e verdejante, que tem pouco mais de 100 habitantes. É uma
vila onde, para morar, as pessoas são escolhidas com exigência.
Para você adquirir um imóvel nesse lugar, é preciso responder
a um imenso questionário. Se não se adequar às normas, não
consegue comprar um dos gigantescos e luxuosos imóveis vendidos
aqui a preço de ouro. Morar aqui é uma conquista para quem deseja
paz e contato com a natureza.
Vila das Flores é um lugar que pensamos não existir nessa
terra. São casas construídas e integradas com a natureza, distantes
umas das outras para manter a privacidade dos moradores.
Dificilmente encontramos pessoas aqui nas ruas arborizadas e todas
feitas de pedras, margeadas por lindos pés de ipês. Essas árvores
têm diferentes cores: roxo, rosa, branco e o amarelo.
Minha casa foi construída entre os ipês que são nativos aqui
em Minas Gerais, principalmente no Vale dos Ipês. Cada novo
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morador tem que plantar cem pés de ipês quando compra algum
imóvel, nessa vila.
Todos os anos é feita uma averiguação para o replantio de
árvores que tenham morrido por algum motivo. Aqui é uma mata,
composta quase que exclusivamente por imensos pés de ipês. Essas
belas árvores estão espalhadas em vários pontos dentro e fora de
minha casa. Causando a refrescante sensação de que você está
vivendo em uma floresta aberta.
A estrutura da minha residência é toda quadrada, parece um
caixote de vidro e madeira que se mesclam entre o frio e quente,
transmitindo-nos uma sensação de frescor e aconchego.
O dono anterior quis integrar o ambiente interno com a
natureza, criando um vínculo entre ambos.
A casa possui dois pavimentos, sendo que o de cima é todo
forrado com vidro de película fosca. Assim garante privacidade e te
permite usufruir da natureza em sua totalidade, sem que as pessoas
do lado de fora vejam o que se passa dentro de casa.
E ainda podemos tocar as flores dos ipês na parte externa
quando está na época de floração. Temos a impressão de que
estamos em cima das árvores. Aqui em frente ao meu cubo de vidro,
tenho as espécies de Ipês com as quatro cores. O que gera um
verdadeiro espetáculo quando florescem. As flores caem no jardim
de inverno, projetado especialmente para cada árvore dentro de
casa. O telhado é composto por partes de vidro (claraboias) e
parece que temos uma gigante colcha de retalhos coloridos na
época que os ipês florescem.
Na parte de baixo da casa, onde fica a cozinha, salas,
escritório, tem as cortinas elétricas que somente são fechadas
quando quero privacidade total. Mas neste lugar, essa é uma
preocupação inútil, cada vizinho fica a mais ou menos quinze
minutos de carro.

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Exatamente por esse motivo quis morar aqui e até hoje não
me arrependo. Apaixonei-me por essa casa assim que a vi, foi amor
à primeira vista.
O ex-proprietário era um arquiteto que trabalhava para mim e
quis se aposentar. Resolveu ir para o Rio de Janeiro, onde vive a sua
única filha, vendendo-me assim a casa que projetou com tanto
carinho.
Ele me fez prometer que eu jamais cortaria as árvores que
faziam parte da construção. Prometi com prazer, pois nunca vi nada
mais belo e revigorante em toda minha vida. Aqui é o meu paraíso
particular onde recarrego minhas energias diariamente.
Após o estresse de trabalhar em uma área tão complicada e
cheia de detalhes, como construções e reformas.
Não gosto de pessoas em minha casa, aliás não gosto de
conviver com elas. Me irritam ao extremo. Faço-o porque é preciso.
Quando estou em obras grandes, geralmente fico o dia todo fora ou
então em outro estado. Isso depende do tamanho de cada obra.
Entretanto, anseio que chegue logo o final de semana para voltar
para meu santuário ou terminar as obras à distância. Estou tentando
restringir meu trabalho somente aqui em Minas Gerais. Já estou me
sentindo cansado dessa vida tão agitada. Afinal estou com quase
meio século de existência.
Tenho também um pomar, e adoro ficar debaixo de um
imenso pé de macieira. O lugar é um mini paraíso.
Vivo praticamente sozinho. Exceto por uma senhora que
trabalha comigo, a minha querida Lili. Ela cozinha e mantém limpa a
casa. Uma empresa de limpeza vem uma vez por semana e cuida da
casa e jardins.
Mesmo com 43 anos no lombo e quase dois metros de altura,
ela me trata como criança. Se bobear coloca até comida em minha
boca. Não fico com raiva disso, pelo contrário, adoro, pois não tive
uma mãe que me desse amor.
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Lili trabalha comigo há tantos anos que sinto como se fosse


da família. Diz que é minha mãe, porque meus olhos são castanhos
esverdeados como os seus. Adoro esse cuidado que Lili tem comigo.
E claro, tenho também um faz tudo em minha vida. Além de
um grande amigo, ele é também meu segurança particular, Artur
Campelo . Esse homem resolve todas as pendências e problemas em
que não quero me envolver. Ele me acompanha em todos os lugares
que vou, exatamente como uma sombra.
Lembro-me com perfeição quando o conheci. Éramos dois
caras fodidos na vida. Eu, querendo alavancar minha vida e ele, um
drogado bêbado. Sempre o via passar perto do barracão que eu
estava reformando, um que comprei com todas as minhas
economias de anos. Como eu não tinha dinheiro para pagar
ajudantes, eu mesmo fazia o serviço, dia e noite.
Ele parou um dia e me pediu emprego. Apesar de estar fodido
e sem um centavo, concordei que trabalhasse comigo. Dias depois o
vi chorando em um canto, perguntei o que estava acontecendo e ele
me contou que estava devendo a traficantes. Quando me falou o
valor eu quase caí para trás. Mas seu desespero era tão grande que
fiz um empréstimo e paguei suas dívidas.
O homem não acreditou quando disse a ele que estava livre
das dívidas. Chorou muito e me abraçou emocionado. Me agradecia
sem parar fungando. Essa manifestação de gratidão me deixou sem
graça. Não estava acostumado com pessoas gratas ou que
demonstravam seus sentimentos. Isso marcou muito minha vida e
tenho certeza que a dele também.
A partir daí Artur Campelo se tornou minha sombra e amigo
para todos os momentos. Fez cursos de especialização em
segurança e hoje trabalha comigo como um conselheiro, segurança
e motorista. Aonde vou, meu amigo está junto me escoltando.
Somos praticamente inseparáveis. Até mulheres costumamos dividir.
Artur é o irmão que nunca tive.

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Hoje em dia tenho que estar em vários lugares, muitas vezes
no mesmo horário e Artur cuida de tudo isso também. Não me
preocupo com esses detalhes, confio plenamente nele. Se não fosse
ele jamais daria conta de acompanhar tantas obras em andamento.
Claro que tento estar presente em todas as negociações,
afinal sou o dono e tenho uma equipe que depende de mim. Mas ele
me representa muito bem, quando não posso ir. Isso alivia demais a
pressão que vivo.
Agora eu só compro imóveis grandes que após reformados
vendo por milhões de reais. Ganho uma quantidade absurda de
dinheiro e com isso posso pagar toda a equipe para ficar à minha
inteira disposição. Mesmo que passem meses sem trabalhar. Todos
possuem contrato comigo e os pago mensalmente, trabalhando ou
não. Com isso eu ganho a lealdade e fidelidade de cada um deles.
Artur monitora também essa parte de pagamentos aos empregados.
Como disse um resolve tudo.
Estamos agora em um projeto imenso. Comprei um prédio
que foi abandonado há mais de dez anos, pois os donos
interromperam as obras após o dinheiro acabar. Foi uma longa
negociação de mais de dois anos, mas finalmente consegui comprá-
lo. É um edifício que tem mais de trinta andares, no coração de Belo
Horizonte. Possui uma vista espetacular para o parque municipal,
uma minifloresta no centro de Belo Horizonte.
A reforma já dura alguns meses e o resultado está ficando
majestoso. Já tenho dois possíveis compradores e nem terminamos
ainda. As propostas são tentadoras, mas sei que quando
finalizarmos aparecerão ofertas melhores, então não tenho pressa.
Quando terminar essa reforma, que é uma das maiores que já
fizemos, sei que a venda me deixará bilionário. Com essa venda
poderei escolher entre continuar trabalhando ou aproveitar a vida
sem limites. Claro, que já tenho dinheiro para viver no luxo até o
final de minha vida, mas com a venda desse mega empreendimento,
terei dinheiro para viver dez vidas de luxo.
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Isso, para mim, é mais uma realização pessoal de um menino


que nasceu na pobreza extrema, passava fome e foi muito
humilhado.
Devido à minha infância miserável tenho sempre a ânsia e
obsessão em deixar a geladeira lotada de comida. Minha despensa
está abastecida para suprir essa carência por anos. Tenho medo da
escassez e pobreza. E às vezes acordo a noite sentindo a dor de
relembrar de uma das piores coisas que um ser humano pode
passar: fome. Ter seu estomago vazio dói, e é uma dor excruciante.
Por isso trabalhei e trabalho igual a um louco. Sou um homem
obcecado em tudo. Perdi minha mãe cedo para as drogas e nunca
descobri quem era meu pai. Mamãe era prostituta. Eu sou resultado
de um programa onde ela foi estuprada e agredida quando exigiu
que o homem usasse camisinha. Ela sempre jogava na minha cara
que eu era o maldito resultado de um estupro.
Morávamos em uma favela chamada Morro da Pedra, em um
barraco feito de pedaços de madeira com apenas um cômodo.
Chovia mais dentro do que fora e o cheiro era insuportável, pois
fazíamos nossas necessidades em um buraco cavado por minha
mãe, atrás do barraco.
Essa vida miserável durou até os meus dez anos, quando ela
passou a noite com um homem e no outro dia não acordou mais.
Chamaram a polícia quando eu saí gritando que minha mãe não
acordava. Acabei descobrindo, por meio dos policiais, que ela tivera
uma overdose.
Lembro que me senti sozinho quando disseram que estava
morta. Ela era má comigo, sempre foi, mas era a única pessoa que
eu tinha nesse mundo. Agora eu estava sozinho e perdido... de vez.
Antes que pudessem me levar para algum abrigo ou orfanato,
fugi e caminhei para longe daquele lugar... sem olhar para trás. Já se
passaram 33 anos desde então.

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Hoje, com 43 anos, consegui juntar dinheiro para viver várias
vidas no luxo, sem passar fome e humilhações.
Sofri igual a um condenado para chegar onde estou...
trabalhei lavando banheiros, esfregando chão e como servente de
pedreiro. Foi aí que comecei a me interessar por reformas.
Juntei dinheiro e consegui comprar um lote com um barraco
caindo aos pedaços. Era perto de uma favela, trabalhei duro,
reformei e o vendi.
Esse foi meu primeiro investimento com um lucro razoável... a
partir daí comecei a construir e vender casas pequenas, mas bem-
acabadas.
Com o tempo descobri que comprar imóveis maiores e
reformar dava mais lucro. Assim passei a investir nessa área. E hoje
posso dizer que sou conhecido na área de reformas luxuosas e muito
procurado também. Digo com certeza, sem falsa modéstia, que serei
bilionário após vender esse prédio no centro de Belo Horizonte.
Somente mais alguns meses e a reforma seria finalizada. O
edifício estará pronto e majestoso para um futuro hotel ou quem
sabe uma sede para o governo de Minas. Essas são as duas
propostas que tenho por enquanto.
Estou analisando alguns projetos, quando o sinal fecha. Artur
para o carro com suavidade. Levanto meus olhos e é quando a
vejo...
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Capítulo 02
Lisa Melo

Hoje acordei mais tarde sem peso na consciência. Fiquei


trabalhando até de madrugada para organizar e conferir o pedido
que entrego, infalivelmente, todo dia 30 de cada mês.
Sou artesã de semijoias. Fiz um curso on-line e fui me
aprimorando com o tempo. Praticando, pesquisando e participando
de vários concursos. Hoje, quatro anos depois, tenho um contrato
com uma rede de lojas que trabalham com a venda de joias e
semijoias.
São cinco lojas no Brasil espalhadas por vários estados. Minas
Gerais, que é onde moro, precisamente em Belo Horizonte, Santa
Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará. Cinco estados no total.
As lojas são tão exclusivas que nenhuma peça se repete nas outras.
E diante dessa exigência dos donos, eu tenho que fazer sessenta
modelos diferentes de colares e brincos a cada ano.
Entrego cinco conjuntos por mês. Distribuídos juntamente
com os outros modelos feitos por vários designers de joias e
artesãos como eu.
Tenho um contrato com essa empresa por dez anos, e
quando fui escolhida entre os mais de cem participantes da seleção,
não acreditei. Foi o dia mais feliz de minha vida. A vaga foi
disputadíssima. Em três meses, foram eliminados noventa
participantes, ficando somente dez. Desses seriam escolhidos três
finalistas que teriam de apresentar algo bem exótico, único e
diferente.
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Quando fui selecionada para a etapa final, eu já tinha em


mente a peça que iria fazer. Optei por trabalhar com o que mais
gosto e admiro desde criança. Pedras. Sinto um bem enorme em
manuseá-las, sentir sua textura e a beleza que cada uma tem, que é
única e singular. Prefiro sempre as pedras naturais. Para o colar e
brincos que iria fazer para a seleção, escolhi arame de latão folheado
a ouro branco e pedras naturais vulcânicas, nas cores branca e
preta.
Passei a noite criando as peças que teriam que encantar os
jurados para me garantir o contrato de dez anos. Dei tudo de mim,
devido ao ótimo salário oferecido, ele me daria condições de realizar
meu maior sonho... comprar meu apartamento, ou quem sabe uma
cobertura?
Me lembro como se fosse hoje de minha luta para chegar
onde estou, com meus sonhos realizados, pelo menos parte deles.
Meus pais sempre pagaram aluguel. Após a morte deles,
quando eu tinha apenas dezoito anos, continuei morando na mesma
casinha e assumi todas as despesas.
Na época eu fazia faxinas para conseguir sobreviver. Certa
tarde, eu vi na internet um anúncio sobre um curso de como ser
uma artesã de sucesso. Me animei e decidi arriscar tudo e deu certo.
Hoje estou feliz em uma profissão que me faz bem e garante meu
sustento. Depois de muita luta estou onde eu queria estar. Graças a
Deus.
Já amanhecendo, olho para a peça que terminei e fico
orgulhosa de mim mesma. Ficou perfeita e esperava encantar os
jurados. Mesclei o colar com pedras brancas e pretas. Fiz um
amontoado aleatório das mesmas pedras e coloquei na ponta do
colar. Repeti o processo com os brincos de uma maneira mais

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simples, deixando toda a exuberância por conta do colar e da
singularidade das pedras vulcânicas.
Embalei o conjunto em uma caixa de veludo vermelha e fui
tomar banho. Já eram seis horas da manhã, não conseguiria mais
dormir, pois estava muito nervosa e ansiosa.
O dia passou lento e os finalistas teriam que estar na loja
onde ocorreriam as avaliações, tudo seria televisionado. O evento
começaria às 20h, mas antes das 18h eu já estava no local onde
seria o coquetel. Quando vi a quantidade de pessoas lá, o meu
nervosismo aumentou, pois não imaginaria um número tão grande
assim de espectadores.
A maioria parecia ter muito dinheiro. Quando o resultado do
concurso saiu eu não acreditei. Eu havia ganhado. Chorei toneladas
e todos os dias eu agradeço aos céus pela oportunidade.
Assinei o contrato e hoje estou aqui, feliz e realizada. Todos
os meses entrego , com prazer, cinco criações distintas e únicas.
Em menos de três anos consegui comprar meu apartamento.
Uma cobertura pequena, mas linda e aconchegante. Localizada
perto do Shopping Diamond Mall[1] e quase dentro da loja que sou
contratada. Fiquei encantada quando vi o imóvel.
Aos poucos eu decorei o meu apartamento em tons de rosa e
verde. Na parte de cima da cobertura fiz o meu ateliê e é onde
produzo minhas semijoias. Lá eu deixo araras enormes com vários
conjuntos de pedras já prontos. Aprendi a criar e deixar vários
modelos guardados, caso ocorra algum imprevisto. Sendo assim já
tenho vários meses de trabalho adiantados. No centro do ateliê fica
uma mesa de vidro gigante onde trabalho. E nas paredes, prateleiras
imensas com todo tipo de pedras naturais que encontro.
Gosto de comprar fios de cascalhos e fios de pedras naturais.
Tem centenas aqui. Tenho também rolos de arames de latão
folheados a ouro branco, amarelo e rosê. Gavetas cheias de
alfinetes, argolas de vários tamanhos, fechos, terminais, base para
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brincos, tudo folheado a ouro, nos três tons. Nas gavetas do canto
estão meus alicates de vários tamanhos e cola para joias.
No canto da cobertura tem um pequeno jardim natural, onde
fica um sofá verde-claro grande e duas poltronas rosa-bebê. Um
mini freezer onde deixo sucos, potes de comida natural já
preparadas por uma colega minha que faz porções naturais para
vender.
Ao lado uma minicozinha que mandei construir, passo a
maioria do meu tempo aqui.
No andar de baixo fiz a sala, os quartos e uma biblioteca.
Adoro ficar na biblioteca lendo depois do trabalho. Minha casa é
decorada exatamente como aprecio. Gosto de delicadeza em cada
canto e adoro flores naturais que troco a cada semana. Elas estão
espalhadas por todos os lados.
Essa sou eu. Lisa Melo, uma mulher guerreira com aparência
frágil, mas forte como uma leoa. Baixa, 1,58m, cabelos longos e
castanhos, mas o que chama atenção em mim são meus olhos
multicoloridos. Heterocromia[2]. Um verde e outro azul. Já fui muito
discriminada na escola por conta disso, mas hoje me acho diferente
e bonita exatamente por conta desse detalhe.

Já entreguei as encomendas do mês. Agora estou subindo a


Av. Olegário Maciel, tenho apenas que atravessar para entrar no
edifício onde moro.
Quando o sinal abre para os carros passarem, aguardo com
tranquilidade. Olho para meu imenso buque de flores frescas e
inspiro seu perfume com prazer. Compro-as em uma loja perto de
casa toda semana. Quando não venho buscá-las, eles separam as
que tenho costume de comprar e mandam entregar. Sonho um dia
poder morar em um lugar bem arborizado e florido.

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Minha vida mudou totalmente depois que ganhei esse
concurso.
Meus pais se orgulhariam de mim, penso com os olhos cheios
de lágrimas enquanto sinto o perfume adocicado das flores.
No momento que o sinal abre para os pedestres, atravesso
rapidamente. Ainda não almocei e estou com muita fome. Além
disso, estou com uma ideia maravilhosa de uma peça para a nova
coleção.
Tenho esses repentes de criatividade e tenho que desenhar
rápido para não perder nenhum detalhe. Chego em casa, preparo
meu almoço e enquanto degusto minha refeição, eu desenho minhas
próximas peças.
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Capítulo 03
Raul Magno

Meus olhos focam em uma mulher que chama minha atenção


de imediato, algo que nunca me aconteceu. Fico confuso, pois, as
mulheres de uma maneira geral é que me notam e perseguem.
Reflito e chego a uma conclusão lógica. O que realmente me
chamou atenção nessa mulher é a quantidade absurda de flores que
ela abraça com carinho. Fico hipnotizado quando a vejo cheirar as
flores e sorrir com satisfação. Suas covinhas mexem com o meu pau.
Imagino essa boca rosada o envolvendo e chupando com gosto. Ela
levanta os olhos para o sinal e olha na direção do carro, com
inocência.
Parece uma santa que desceu de algum altar e desfila sua
pureza, inconsciente dos lobos como eu.
Sorrio de lado e desço um pouco o vidro, deixando uma fresta
mínima. Observo-a feito um lobo maldito e quando sinto seu olhar
em minha direção, meu pau sacode, exigindo essa mulher.
Porra!
Seus olhos são coloridos, um verde intenso e outro azul anil.
Fico paralisado com tanta beleza, sua pele é muita clara, cabelos
castanhos longos e cacheados. Eu e meu pau decidimos que
queremos essa mulher. Quero-a gemendo enquanto devoro com
loucura, sua boceta quente.
Quando ela atravessa a rua e vejo que estou perdendo-a de
vista, entro em pânico.
— Artur, segue aquela mulher! — Falo alto, preocupado em
perdê-la caso entre em alguma loja ou prédio. Artur me olha como
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se eu estivesse louco, na verdade, acho que estou.


— Raul, você está maluco? — Ele tem essa liberdade comigo,
pois antes de ser meu faz tudo, é meu amigo de longa data. Já
atravessamos vários desertos juntos.
— Sim, eu e meu pau ficamos loucos e queremos aquela
mulher que está com aquele buquê gigante nas mãos. Quero comê-
la hoje. — Ele continua a dirigir, seguindo-a devagar e olhando
incrédulo para mim.
— Cara, você tem certeza? E se essa mulher for casada,
comprometida? — pergunta. Então vejo-a entrar em um imenso
prédio espelhado. Fico mais tranquilo porque ela deve morar ali, em
breve descobrirei.
— Como nunca tive tanta certeza de nada em toda minha
vida. E se for casada, comprometida, qual o problema? Eu não me
importo de dividir. Já fiz isso antes. — Sorrio com malícia e vejo que
Artur odeia esse meu lado cafajeste. — Quero essa mulher em
minha cama hoje, pague o que ela pedir. Meu caro Artur, não tem
nada que uma boa oferta não compre. Ainda mais se tratando de
mulheres, essa raça de exploradoras e alpinistas sociais. — Digo
orgulhoso, e com certeza do que falo, porque quando consegui ficar
milionário aprendi que dinheiro pode comprar tudo.
Até hoje minha vida funciona assim. Ainda mais com
mulheres, raça de víboras interesseiras. Quando eu era pobre e
fodido só tomava no rabo. Então aprendi a comprar tudo com meu
dinheiro, sempre funcionou.
E quero ainda mais luxo, poder e mulheres.
Sou um maldito ganancioso.
Artur me olha com desgosto, sei que ele desaprova meu estilo
de vida, mas foda-se, eu não me importo.
Pago, ordeno e mando buscar o que quero. Já fui muito
privado de tudo em minha vida, de coisas, amor, comida e paz... e

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agora não me privo de mais nada. E hoje quero essa mulher nua em
minha cama sob meu total domínio e jugo. Ponto final.
— Raul Magno Gorgoni, vai chegar o dia, meu amigo, que
verá que tem coisas que o dinheiro não compra. Guarde minhas
palavras. — Sentencia meu amigo e algoz. Foda-se se me atenho às
leis criadas por pessoas que pensam que podem transformar o
mundo em um campo de flores e arco-íris. O mundo é cruel, quem
tem dinheiro compra, quem não tem se vende. Eu compro. Me
adaptei, somente isso!
— Espero esse dia com ansiedade. Quero eu mesmo comprar
até mesmo a porra do dia e ele se renderá ao meu dinheiro. — Falo
com altivez, arrogância e soberba.
Ele não diz mais nada e vejo que a moça realmente mora
aqui, ou tem algum conhecido morando, pois é um edifício
residencial.
— Artur, descubra tudo que puder dessa mulher, eu a quero
hoje, sem falta, em meu abatedouro. — Ele me olha sem acreditar e
balança a cabeça com incredulidade.
— Você surtou de vez, Raul. Tudo bem pegar mulheres em
clubes, bares e casas noturnas. Entendo que a maioria que está lá
quer aproveitar, não todas, claro, mas a grande maioria, sim, como
temos visto. — Me encara, como se esperasse que eu fosse desistir
da ideia, ou melhor, da mulher.
— Já te falei, Artur, todos têm um preço e com essa mulher
não será diferente, acredite em mim. Quero ela em minha cama e
pronto. Amanhã tudo voltará ao normal, só quero uma trepada e
estou disposto a pagar bem. — Artur aumenta a velocidade, ele já
sabe para onde me levar.
Meu amigo não fala mais nada, vejo que está chocado, pois
nunca quis uma mulher assim. Uma que passeava na rua
despretensiosamente. Sempre saio ou saímos a caça, eu sei onde é
mais fácil pagar para tê-las, ainda que não sejam garotas de
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programas. Às vezes são mulheres que precisam de dinheiro para


ajudar o marido, filhos, algum parente, ou então algumas que são
maltratadas e precisam apenas de um carinho.
Todas querem algo e eu tenho o que querem. Pago e todos
ficam satisfeitos.
Já disse que não importa se a mulher é comprometida ou
não, não me importo em dividir. Artur sabe bem disso e aproveita
sempre. E vou dizer, já paguei e peguei inúmeras mulheres
comprometidas e foda-se! Fim de conversa. Quero, pago, pego e
levo. Simples assim.
Artur dirige em silêncio até o apartamento que reservo para
minhas festas e orgias. Aqui rola de tudo e um pouco mais. Fica no
vigésimo andar com uma bonita vista. Chegamos e entro, coloco
minha pasta de couro na mesa e olho para o Artur parado à porta.
— Quero que você descubra tudo que puder dessa mulher e
hoje à noite estarei aqui aguardando-a de pau duro — digo, certo de
que terei uma foda espetacular. A mulher é linda. Sua aparência
inocente me deixou louco. Parece uma santa… porra, estou me
tornando repetitivo. Quero corrompê-la. Sorrio cheio de dentes.
Viro as costas e vou para o banheiro tomar um banho. Meu
pau está tão duro que arde, mas vou esperar para me enterrar na
boceta quente e macia da mulher das flores.
Ouço o barulho da porta se fechando e respiro aliviado em
poder ficar um pouco sozinho. Gosto muito de Artur, mas não
quando fica me julgando. Entro no banheiro e ligo o chuveiro.

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Capítulo 04
Lisa Melo
Termino o meu almoço e o esboço de um novo conjunto está
pronto e maravilhoso.
Lavo tudo que usei e vou trabalhar em minha peça, no ateliê.
Fico entretida separando materiais para montagem do colar e
brinco. Demoro bastante para organizar tudo e combinar as cores.
Coloco uma música clássica, adoro quando estou trabalhando.
Estou mergulhada em minha criação quando ouço o interfone.
Desço e atendo. O porteiro me diz que tem um homem querendo
falar comigo e dá alguns detalhes.
Seu Lúcio é um homem extremamente educado e trabalha no
prédio há mais de anos, segundo nossas conversas. Ele sempre foi
educado e gentil comigo.
Estranho. Nunca trouxe nenhum homem aqui, aliás, nunca
namorei.
Eu nunca tive tempo para isso, estava organizando e
arrumando a minha vida. Não vou deixar um homem que não
conheço subir.
— Lúcio, eu não conheço esse homem, pode dispensá-lo, por
favor? — peço intrigada, mas sem querer saber nada sobre esse
desconhecido.
— Ele diz que precisa falar com você, Lisa, insistiu muito, por
isso te chamei. — Diz o porteiro educadamente, como sempre.
— Vou descer, Lúcio, pede para ele me aguardar, por favor.
— Desligo o interfone e desço sem ao menos trocar de roupa.

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Quando chego ao saguão fico parada por alguns instantes
avaliando o homem à minha frente, ele é muito bonito.
Quando me vê, caminha em minha direção.
Lúcio fica de olho e para ao meu lado, agradeço a ele com o
olhar.
— Pois não? — digo a uma distância segura.
— Prazer, senhorita Lisa, sou Artur — diz educadamente,
nota-se de longe que é um cavalheiro.
— Não posso dizer o mesmo, pois nunca o vi antes... — digo
cismada e direta. Vejo o esboço de um sorriso em seu rosto bonito e
fico sem entender.
— Poderia conversar com a senhorita em particular? —
pergunta no mesmo lugar.
— Não — comento, simplesmente.
— Nem para falar sobre a loja onde você entrega suas
encomendas mensais? — pergunta com suavidade.
— O quê? Como sabe sobre isso? — pergunto com o coração
acelerado.
— Sei muita coisa sobre você e muitas pessoas, Lisa. Sou
pago para isso — diz, simplesmente.
Dou um passo para trás e meu coração martela em meu peito
como um tambor. Estou apavorada com esse homem aqui em pé
diante de mim. Quem é ele?
— Vou chamar a polícia! — argumento olhando para Lúcio
que está pálido também.
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— Não precisa, querida, não vou te fazer mal, só tenho uma


proposta para você. Vem da parte de quem me paga, ou seja, meu
empregador — fala com calma, as mãos estão nos bolsos de sua
calça social preta.
— Não te conheço e não quero saber de nada sobre quem
quer que seja — declaro, já me encaminhando para o elevador.
— O dono da loja em que trabalha é o melhor cliente de meu
patrão... — fala baixo.
Viro-me rapidamente.
— E o que tenho com isso? — O medo me faz ser grosseira.
— Nada, só estou expondo um fato, mas se não quer
conversar tudo bem. — Diz com calma e voz baixa. Me olha com
indiferença, e vira-se indo em direção ao carro preto parado em
frente à portaria do prédio.
— Espera! — grito e ele para imediatamente.
— Só quero conversar com você e te fazer uma proposta por
parte de meu patrão — diz com calma.
— Tudo bem, pode falar. — Claro que não deixarei esse
desconhecido entrar em meu apartamento. Aqui tenho Lúcio me
dando suporte.
— Aqui na portaria, não é um bom lugar para essa conversa,
Lisa. — Me irrito.
— Será aqui, ou pode ir embora. — Ele me olha fixamente
por um longo momento e for fim começa a falar.
— Meu patrão quer ter uma conversa com você...
— Mas eu — saliento o eu para ele entender bem — não
quero ter nenhuma conversa com esse homem. Ele parece ver os
outros como seus capachos. — Corto-o com grosseria. Odeio
pessoas que acham que são mais ou melhores que os outros.

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Ele acena imperturbável.
— Vou falar rasgado com você… ele te viu no sinal hoje mais
cedo e quer você por uma noite... — Dou um passo para trás,
horrorizada. Santos céus! Retrocedi no tempo? Século XV? Eu ouvi
isso mesmo? O verme asqueroso me quer em sua cama e manda o
capataz vir me buscar e fazer essa proposta ultrajante e indecente?
— Não acredito que estou ouvindo isso! Você se prestar a
fazer um papel tão ridículo desses te diminuiu como pessoa, senhor.
Um pau-mandado sem opinião e vergonha na cara! NUNCA! Volta e
diz para seu patrão asqueroso, como o cachorro mandado que é,
para ele ir se foder! — Vejo que ele fica pálido e trava com força o
maxilar, suas mãos se fecham em punhos.
— Cuidado com suas palavras, mocinha — diz, pausadamente
— Não tenho medo de você! Some da minha frente, agora! —
Falo indignada e com muita raiva. Viro-me para entrar e riscar esse
dia infeliz de minha vida.
— Qual seu preço? — ele tem a ousadia de perguntar.
— Meu preço? Você, seu miserável, já parou para pensar que
tem coisas e pessoas que não tem preço? Que o maldito dinheiro
não pode comprar? — digo, pálida e totalmente descrente da raça
humana.
— Todos têm seu preço, segundo meu patrão... — sussurra.
— Você acredita realmente no que esse monstro diz? —
pergunto, incrédula.
— Não — fala com os olhos fitando o chão.
— Então, por que se presta a um papel tão ridículo e ofensivo
desses? — afronto o homem.
— Dois mil, cinco mil, dez mil? Por uma noite? Qual seu
preço, Lisa? — Levanta a cabeça e seu olhar endurece, me fitando
com frieza.
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— A puta que te pariu! Vá se foder, miserável. — Falo


palavrões sem nem pensar direito, odeio palavras torpes e feias.
Viro-lhe as costas e largo o desgraçado plantado no chão. Estou
tendo uma mistura de sentimentos aqui, entre incrédulo e colérica.
— Uma viagem para a Grécia? Um carro? — O verme maldito
continua me afrontando.
Entro irada e totalmente arrasada por ver que ainda existem
pessoas que pensam que o dinheiro compra tudo. Enxugo as
lágrimas que descem sem que eu possa controlá-las.

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Capítulo 05
Artur Campelo

Trabalho para Raul Magno desde quando ele começou a


reformar pequenas casas para vender. Na época ele era muito novo,
na verdade, ambos éramos.
Quando ele adquiriu seu primeiro imóvel para reformar,
trabalhava sozinho. Eu sempre passava perto da obra e o via
trabalhando dia e noite sem parar. Raul sempre foi determinado em
tudo que pegava para fazer.
O observei por dias, até que criei coragem e pedi para ajudá-
lo. Precisava de dinheiro para comprar minhas drogas, beber e pagar
minhas dívidas. Não sabia que Raul seria minha salvação.
Agradeço a ele até hoje com minha total e verdadeira
amizade. Ele me deu serviço quando ninguém me quis, me estendeu
a mão quando queriam me matar. Pagou as drogas que eu estava
devendo no morro e me fez prometer que não compraria mais. Até
hoje fico sem acreditar que um estranho tenha feito isso por mim.
Cresci nas ruas e não sei quem são meus pais. Não sabia, até
conhecer Raul, o que era ter uma pessoa que se preocupasse com
você.
O dia em que Raul me deu serviço e pagou minha dívida com
os traficantes, jurei a mim mesmo sempre estar do seu lado. E tenho
mantido minha palavra até hoje. Já tive várias propostas de
melhores empregos, mas nada no mundo vale mais que a amizade
que tenho com Raul.
Fico puto quando vejo como ele se deixou corromper pelo
dinheiro. O homem perdeu a razão e acha que seu dinheiro pode
comprar tudo. Entendo que veio de um lar destruído, onde foi

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humilhado pela mãe…, mas quantas pessoas não vêm de lares assim
e não são tão escrotas? Eu mesmo sou um exemplo disso. Penso e
vivo assim, o dinheiro é para te dar conforto, mas o essencial da
vida é conquistado com esforço, e não comprado. E cada dia que
passa Raul fica mais preso a ilusão de que pode comprar tudo com
seu dinheiro. Até entendo o porquê ele não tem freios…
absolutamente tudo o que quer e quis sempre conseguiu com
facilidade, depois que ficou milionário, claro.
Entrei em contato com uma de minhas fontes e descobrimos
rapidinho quem era Lisa Melo. Eu descobri tudo sobre sua vida.
Desde a maneira trágica que perdeu seus pais em um acidente, até
a compra de seu apartamento com muita luta. Lisa se esforçou
muito e não negociou em momento algum seu caráter.
E se hoje ela tem a condição estável que vive, deve-se ao
fato de que sempre foi uma guerreira honrada.
Foi difícil para mim ter que ir até o prédio onde mora e fazer
essa proposta indecorosa. Já sabia de seu histórico. Mas como
trabalho para Raul, fiz o que ele mandou.
A moça é muito nova e batalhadora, não tem nada das
mulheres que Raul tem o costume de comprar e corromper.
Confesso que fiquei muito feliz quando ela me mandou tomar
no cu. Confirmou o que notei logo que a vi e em seu dossiê. Ela é
uma mulher de fibra que se valoriza e não se corrompe por dinheiro.
Sinto a alma leve quando saio de lá com seu sonoro e estrondoso
não.
A mulher é feroz, penso sorrindo. Raul vai tomar no rabo de
uma forma doída. Uma recusa bem dada por parte de Lisa. Ele vai
ter que bater uma bela punheta ou chamar uma de suas amantes.
Caso contrário terá que dormir de pau duro. Filho da puta, penso
sorrindo.
Ligo o carro e vou assobiando, feliz por fazer minha parte a
pedido do safado Raul. Sorrio de lado. Volto para entregar o sonoro
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não de Lisa, para o homem que pensa que dinheiro compra tudo.
Essa mulher subiu em meu conceito de uma maneira singular.

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Capítulo 06
Raul Magno
Termino o banho e meu pau continua em riste, duro igual
aço. Porra, essa mulher realmente mexeu comigo. Mas em breve
resolvo isso, quando ela vier, foderei a gostosa a noite toda e
amanhã tudo voltará ao normal. Essa vontade louca de comê-la é
novidade para mim, mas sei que assim que entrar naquela doce
boceta, o antigo e centrado Raul Magno voltará.
Vou para a sala, encho um copo de uísque com três pedras de
gelo e vou para meu escritório. Sempre o deixo trancado porque
trago pessoas aqui que não conheço. Como sou macaco velho e
vivido, mantenho certas partes da minha vida, privadas e
resguardadas.
Pego meu notebook e começo a trabalhar, antes peço um
almoço, estou com muita fome. Assim que a comida chega, almoço
e volto ao serviço, mas não consigo me concentrar direito. A porra
da minha mente sempre me conduz a mulher que vi hoje cedo, a
mulher das flores. Juro, ela se parece uma santa… prontinha para
ser corrompida por um homem pecador e devasso como eu. Gemo
de prazer em somente pensar e devorá-la. Me lembro como olhava
enternecida para suas flores. Foda-se!
Pela maneira que ela cheirava seu buque, parece adorar
flores. Se ela pudesse ver minha casa na época da florada de ipês
iria ficar apaixonada e encantada.
Mas que porra é essa que estou pensando?
Nunca levei mulher alguma para minha casa na Vila dos Ipês,
lá é meu santuário. Me revelo em cada detalhe da casa, ficando
assim totalmente vulnerável. Porra, realmente estou ficando louco.
Preciso comer logo essa mulher ou terei problemas com ela,
pressinto isso.

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Eu me forço a voltar a trabalhar, concentro e finalmente
consigo relaxar. Quando olho o meu Rolex, vejo que já são quase
18h. Puta merda, como o tempo voa. Artur não me ligou ainda, mas
também não precisa, sempre resolve tudo o que peço sem
problemas.
Ele é minha fada madrinha, penso divertido, que ele não me
ouça dizer isso porque arrancará meu pau e me enforcará com ele.
Melhor, fado padrinho, existe isso?
Realmente estou ficando louco. O silêncio de Artur me intriga,
me deixando com mais vontade de comer aquela gostosa.
Pego meu celular e ligo para ele.
— Cara, vai demorar muito? Porra, meu pau está doendo e
minhas bolas estão cheias... caralho! Estou preparado para comer
essa mulher a noite toda. Amanhã ela não conseguirá andar em
linha reta! Depois você pode comê-la o quanto quiser — falo com
malícia e acaricio meu pau dolorido, me sentindo bondoso ao dar a
mulher para ele desfrutar depois que me fartar dela. Realmente o
Artur tem razão, sou um puto do caralho. Satisfação me domina.
— Estou chegando. — Artur é seco e desliga. Porra, nem
parece que sou seu patrão. Cara abusado, mas foda-se, quero a
mulher.
Me levanto sorrindo com safadeza e com mil ideias do que
farei com a santinha. Ela está fodida comigo, no sentindo literal da
palavra.
Caminho ansioso pela casa quando ouço a fechadura se
abrindo. Vou para a sala com uma rapidez que quase caio quando
esbarro no sofá.
Vejo Artur entrar e olho ansioso para vê-la entrar.
Quando o vejo fechando a porta e me olhando fixamente,
pergunto irado.
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— Cadê a porra da mulher, caralho? — Ele coloca a chave do


carro no bolso, com calma. Isso que gosto em Artur, ele é uma das
poucas pessoas que não me temem.
— Ficou na casa dela — responde e me olha fixamente, vejo
sua desaprovação.
— Como assim ficou em sua casa? Não mandei você trazê-la?
— Passo a mão no cabelo querendo dar um murro na cara de Artur.
— Mandou, sim, mas você se esqueceu que ela tem que
querer isso? Amigo, sinto muito te informar que a época da
escravidão acabou e as pessoas são livres, todas elas, para
escolherem o que querem — fala com calma, vai até a geladeira e
pega uma garrafa de água. — Raul, lembra que te falei que o
dinheiro não pode comprar tudo? Pois bem, amigo, essa mulher me
mandou enfiar o seu dinheiro no centro do meu cu — comenta ,
divertido.
Vejo tudo vermelho, mas que porra é essa? Isso nunca
aconteceu. Quem essa fodida, pensa que é?
— Porra, Artur! Todas sempre aceitaram! Qual o problema
dessa filha da puta do caralho? — Ele toma um gole de água, fecha
a garrafa e me olha fixamente.
— O problema é que nem todas são compráveis, meu velho.
Só de olhar, você já vê que essa mulher é uma guerreira,
batalhadora e não uma aproveitadora. Ela não é uma sugar baby,
meu chapa! Você, sim, pode ser seu sugar daddy, pela grande e
imensa diferença de idade, vovô! — O desgraçado ainda zomba da
minha cara.
— Vovô? Qual a idade da novinha e deliciosa? — Pergunto,
ainda muito puto e sentindo meu pau desinflar.
— Pode ser nossa filha, seu pedófilo! — Ri de minha careta.
— Tão nova assim? Menor de idade? — Indago, já desgostoso
com minha tara. Puta merda, meu pau ficou flácido de vez. Menor

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de idade, nunca, jamais!
— Não é para tanto, Raul, a senhorita tem 23 anos e você 43
anos, um velho! — debocha, caminhando pela sala e sentando-se no
sofá.
— Velho é um caralho! Dou de mil a zero em muitos
boyzinhos por aí! Você sabe, pois, sempre que fazemos orgias e
dividimos as mulheres, damos canseira nas coitadas. — O lembro,
me sentindo o rei da cocada preta.
— É meu velho, mas essa te mandou à merda! Fiz propostas
tentadoras, mas ela rejeitou todas.
— Foda-se, ela não é menor de idade, então a quero com
mais força ainda. Está para nascer a mulher que vai me rejeitar. E
essa, santinha do pau oco, não será a primeira. Quero que volte lá e
faça novas propostas, dê o que essa filha de uma rapariga quiser,
mas traga-a para mim! — Ordeno, colérico e espumando de raiva da
falsidade dessa mulher, todas têm seu preço e essa não será
diferente. — É puta como todas — arremato irado. Sua recusa me
deixou querendo arrebentar o mundo. Quem a maldita pensa que é?
Veremos se não a comerei. Encho o copo de uísque até a borda e
tomo tudo de uma vez.
Artur me olha estarrecido, como se eu estivesse louco. Não
me importo. Cresci e fui bem-sucedido na vida, sou milionário e
nunca me importei com o que os outros pensam sobre mim. Foda-
se!
Fracos não se dão bem em nada, são uns derrotados, penso
com soberba.
— Eu vou fazer o que me manda, Raul. Como seu
empregado, tenho que obedecer. E também pela gratidão que tenho
por tudo que fez por mim. Mas como amigo, Raul, tenho que te
dizer que estou muito decepcionado com você. — Se levanta e vejo
que realmente está decepcionado, essa é uma das raríssimas vezes
que Artur agiu assim. Na verdade, não lembro de outra.
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— Cara, é só mais uma mulher, você já me ajudou a pegar


tantas e todas que eu quis e ainda dividiu comigo... — Tento
apaziguar.
— Porra, Raul, essa é diferente das mulheres que você e eu
estamos acostumados a lidar... — Hoje Artur tirou o dia para falar
merdas e me irar.
— Ok, pense o que quiser, mas resolva isso para mim e traga
essa mulher para eu trepar o mais rápido que puder. — Falo já
arrancando o celular do bolso e abrindo minha agenda. Seleciono
três nomes e peço para virem para o apartamento. Quero trepar a
noite toda, meu pau voltou a ficar duro e preciso sentir uma boceta
quente e macia o envolvendo. — Artur, se quiser participar, seja
muito bem-vindo, amigão! — digo, sorrindo, cheio de luxúria ao me
imaginar dividindo as mulheres com Artur.
— Dessa vez passo, obrigado. Vou descansar, hoje meu dia foi
intenso e atípico. — Fico boquiaberto ao ver Artur dispensar
mulheres. Porra, a mulher o deixou abalado mesmo.
— Como quiser, mas faça o que for preciso, quero comer essa
mulher, agora é questão de honra — arremato, indo para meu
quarto esperar as putas.
Ouço o barulho da porta, Artur foi embora. E pela primeira
vez me sinto desconfortável com a situação. Passa um tempo, ouço
o interfone, atendo e o porteiro diz que as mulheres chegaram.
Mando subirem, abro a porta e vejo uma morena, uma loira e uma
ruiva. Meu pau torce em minha calça social preta.
Elas entram e me olham com desejo e malícia.
— As três em meu quarto... nuas, daqui a pouco eu vou.
Quero todas se beijando e se acariciando. — Ordeno, enchendo mais
uma vez o copo de bebida, já estou meio bêbado e me sentindo
meio sujo hoje... caralho! O que está acontecendo com o grande e
onipotente Raul Magno Gorgoni? Será o peso da idade? Afinal não
sou mais um menino, embora muitas vezes aja como tal.

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Balanço a cabeça para espantar esses pensamentos fora de
hora, acaricio meu pau não tão duro agora e vou para o quarto.
Quando chego vejo as mulheres engalfinhadas se pegando de
maneira lasciva. Sento-me em uma poltrona e chamo uma.
— Você! — Aponto meu dedo para a mais peituda. — Chupa
meu pau e engole ele todo. — Ela caminha sorrindo com malícia, se
ajoelha em minha frente. Segura meu pau e o massageia, ele dá um
espasmo de prazer, tombo minha cabeça para trás quando sinto sua
boca quente se fechar em volta dele.
Ela chupa com força a cabeça gorda e rosada. Eu gemo alto e
ela continua chupando. Quando estou perto de gozar a empurro e
me levanto rapidamente. Ela cai de bunda no chão, sorrindo com
malícia enquanto aperta seus seios imensos.
Pego a que tem o corpo mais delicado, seios médios e
cabelos castanhos e longos. Ela está chupando o seio da loira
quando a puxo e a ponho de quatro. Coloco a camisinha
apressadamente e me enfio em seu buraco quente e largo. Porra, a
mulher deve ter dado para um jumento. Entro e saio com
velocidade. Aperto seus clitóris e quando goza, saio ainda duro de
dentro dela e puxo a loira. Meto com força, ela é mais apertada, mas
em nada me lembra a mulher das flores. Caralho, até no meio de
uma foda pensando na porra da mulher? Saio de dentro da loira com
ira e chamo a ruiva. Claro, sempre trocando as porras das
camisinhas, sou louco, mas, não tanto...
— Quero comer seu rabo! — Ela se deita na cama e levanta
a bunda e entro com força em seu rabo mais que rodado.
Porra! Hoje estou um porre, nem eu estou me aguentando. O
que está acontecendo comigo, caralho? Três belas mulheres em
minha cama e eu pensando em coisas sobre elas que nunca me
importei? Saio de dentro dela, arranco a camisinha e mando as três
me chuparem. Elas fazem um malabarismo e tanto. Se esforçam e
nada. Porra! Finalmente, muito tempo depois, consigo gozar e
encher seus rostos e bocas com meu prazer.
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Me levanto e vou para o banheiro, tomo um banho, mando se


arrumarem e as dispenso com uma sensação de vazio nunca sentida
antes.

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Capítulo 07
Lisa Melo
Subi afrontada com esse senhor que me fez a mais ridícula e
indecorosa proposta que já tive o desprazer de receber.
Mas minha ira e ódio não é com ele, mas sim com seu patrão,
o verme que o mandou fazer essa proposta nojenta. Não me
prostituí nem quando fiquei sozinha e sem recursos, ainda muita
nova. Vou me prostituir depois que conquistei tudo que tenho com
honestidade?
Esse infeliz que mandou me fazer essa proposta asquerosa
deve ser aquele tipo de verme que acha que pode comprar tudo
com dinheiro. Tenho verdadeiro asco desse tipo de gente. Eles são
arrogantes e adoram humilhar as pessoas, menos favorecidas
financeiramente. Mas aqui não, otário! Meus pais me ensinaram
princípios que carrego no peito com orgulho. Um deles é que não
preciso me prostituir para conseguir nada na vida.
Claro que tem casos e casos e o meu caso é esse: trabalhar e
conseguir as coisas sem ajuda de homem nenhum. Ainda mais esse
tipo que acha que você tem preço, exatamente por ter mais dinheiro
que nós. Vai se ferrar, riquinho de merda. Queria conhecer esse
infeliz, ia fazer questão de enfiar a mão na sua cara.
Sou doce, gentil e fofa, mas não venha querer me humilhar e
diminuir não! Se não nos valorizarmos, quem nos valorizará?
Cheguei até aqui trabalhando com integridade e pretendo
continuar assim. Claro que chegará o momento em que irei me
envolver com alguém. E já defini em minha cabeça que entregarei
minha virgindade para o homem por quem sentir confiança, desejo e
de preferência mais velho. E não para um infeliz que acha que pode
comprar tudo. Aqui não, pilantra.

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Não pretendo esperar me casar para me envolver
sexualmente com alguém, não sou esse tipo de pessoa. Penso que
você deve fazer o que te faz bem e ponto.
Me reservo o direito de escolher o cara que será meu primeiro
homem e não vai ser qualquer um não. Já tenho meus requisitos
estabelecidos e estou bem com isso. Falo por mim, o homem não
precisa estar apaixonado, só me tratando com respeito está bom.
Mesmo porque não pretendo me casar tão cedo. Podemos ter um
relacionamento sem estarmos apaixonados, mas respeito, friso, não
abro mão.
Penso irada enquanto eu termino o conjunto que desenhei
hoje de manhã. Fui interrompida para ouvir a proposta mais ridícula
e inescrupulosa de toda minha vida.
Quando embalo o conjunto, olho para ele com emoção e
gratidão. Agradeço a Deus por ter me permitido ganhar meu
sustento com o que amo fazer. E o principal, honestamente.
Desço, tomo um banho, coloco uma camisola longa e fresca.
Escolho um livro e após preparar um chá de hibisco que adoro, vou
para minha cama.
Vou tomando o chá vagarosamente enquanto leio uma obra
de Machado de Assis, sou eclética em minhas leituras, leio de Clarice
Lispector a Rick Riordan, também adoro romances apimentados.
Termino o meu chá e continuo a leitura, pouco tempo depois
caio no sono.

Acordo mais tarde hoje, me dou esse privilégio toda vez que
fecho o mês entregando os produtos que tenho agendados.
O dia seguinte reservo para cuidar de mim, sair, fazer
compras para casa, ir ao cinema e almoçar no shopping pertinho de
casa. Adoro fazer compras em várias lojas que tem no Diamond,
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principalmente na padaria que fica em um supermercado gigante


nesse mesmo shopping.
Me levanto cheia de ânimo e gratidão, tomo meu banho. Subo
e preparo meu café com torradas e queijo cottage, adoro.
Me sento no canto onde tem um pequeno jardim de inverno e
como, desfrutando do sol delicioso que bate no sofá onde estou
sentada. Observo as pessoas, os carros irem e virem, vejo que a
vida fluindo como deve ser.
Termino o meu desjejum e lavo tudo, pois gosto sempre de
deixar tudo arrumado. Me arrumo, pego minha bolsa e saio para
viver meu dia em gratidão a tudo que tenho.
Desço de elevador, cumprimento Lúcio e vou a pé para o
Shopping, é pertinho e adoro fazer essa caminhada. Sinto o sol bater
morno em minha pele e fecho os olhos de contentamento.
Estou distraída e pensativa, quando ouço uma voz atrás de
mim. Congelo.
— Olá, menina brava. — Estaco e me viro lentamente, irada,
sem acreditar no que estou vendo. Não é possível.
— Você! É muito descarado, ou pau-mandado, mesmo! —
Falo para ofender, dane-se.
— Bom dia, para você, Lisa Melo. — O sem-vergonha diz,
com um imenso sorriso no rosto. Esse homem deve ser tão louco
como o canalha de seu chefe.
— O filho de uma égua parideira mandou você vir com uma
nova proposta? Já vou te adiantar, pega a proposta desse imundo e
manda ele enfiar no rabo. — Foda-se, não sou essa boca suja, mas
esses homens estão me dando nos nervos.
— Calma, menina brava. Ele mandou, sim, você tem razão. E
eu, como um bom empregado que recebo uma fortuna por mês,
tenho que vir te fazer as porras das propostas nojentas. Mas você
aceita se quiser, e tenho que fazê-las para quando ele me perguntar

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se as fiz, não precisar mentir, odeio mentiras — diz com calma e um
meio-sorriso. Gostei desse homem. Odeio mentiras também. Ponto
para ele.
— Minha resposta a esse verme rastejante de seu chefe
sempre será não! O homem mandar pagar para ter uma mulher,
deve ser um demônio de tão feio, não é? — Ele gargalha, o ignoro
escondendo o risinho que borbulha dentro de mim.
Essa história já está me divertindo. Olho para ele, e não sinto
receio. Ele me passa a sensação de tranquilidade. Sinto que é uma
boa pessoa. Sempre tive esse feeling em relação às pessoas. Espero
nunca perdê-lo.
— Você está coberta de razão, Lisa. Eu mesmo disse a ele
que isso era um absurdo total, mas ele não ouve ninguém, só faz o
que quer. — Comenta com um brilho triste no olhar.
— Como você trabalha para um ser asqueroso desses? Me
parece um homem de bem. — Arrisco dizer, enquanto andamos na
avenida movimentada.
Ele ergue os olhos e os fecha, quando os abre vejo seriedade
e sinceridade neles.
— Esse homem me estendeu a mão quando eu estava no
fundo do poço, menina — diz com uma nota de gratidão misturada
com tristeza.
— Então você faz tudo que essa criatura quer por gratidão?
— Espanta-me o caráter desse homem.
— Sim. Se não fosse ele, teria morrido nas mãos de
traficantes, eu devia a eles uma soma alta e ainda era alcoólatra.
Minha vida era uma merda e meu chefe, que você chama de
escroto, foi o único que me estendeu a mão. — Chegamos ao
shopping e ele entra comigo.
— Você já tentou dar uns conselhos para ele? — indago sem
entender o quanto eles parecem diferentes um do outro.
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— Sim, mas como já disse, ele faz somente o que quer. É


teimoso igual a uma mula, mas quando você tem sua fidelidade, ele
é o melhor cara do mundo — diz com carinho se referindo ao amigo
que para mim não passa de um calhorda sem escrúpulos.
— Qual a proposta? — arrisco e o vejo ficar pálido e me olhar
com desgosto. Ele pensa que vou aceitar e pelo seu semblante ficou
claramente decepcionado.
— Ele quer você a qualquer preço. O que quer? — fala dando
um passo para trás, seu olhar frio e expressão distante. Bem
diferente do olhar doce que me dirigiu há poucos minutos.
— Qualquer coisa? Um anel de brilhantes? Um colar de rubi?
Um apartamento? Um carro? Uma viagem ao redor do mundo? —
Conforme falo, seu semblante vai endurecendo mais e mais e vejo
seu olhar se transformar em desprezo.
— Sim, o que quiser. — Olho bem em seus olhos, falo
baixinho e com suavemente.
— Pega tudo isso e enfia no cu de seu chefe, e deixa o carro
para enfiar no seu! Desgraçados! — Viro com os olhos cobertos de
lágrimas de humilhação e ando rapidamente para me esconder em
algum lugar e chorar muito.
Sinto uma mão enorme em meus braços, um puxão e me
vejo sendo esmagada por um abraço tão apertado que sinto dor.
— Eu sabia! Sabia, caralho! Sabia que não tinha me
enganado com você, Lisa! — O homem, que é um pau-mandado
fodido, me abraça com alegria.
— Me solta! — falo, indignada. — Não é isso que estou
falando desde o início? — O empurro com força, mas ele não arreda
um milímetro.
— É isso aí, pequena, vou levar seu recado para meu amigo
e patrão bundão e quero muito ser seu amigo, se me permitir, é

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claro. Ainda que tenhamos começado de forma equivocada — diz
com os olhos brilhantes e com a mesma ternura de antes.
— Não te conheço. — Sou curta e grossa. Depois das
propostas que esse homem me fez a mando de outro, quero
distância desses loucos.
— Prometo que não falo mais sobre as propostas absurdas
que meu amigo maluco mandou fazer a você. Ele que vá se foder e
procurar outras para comprar! — Pisca e me solta.
— Ele compra outras? — Fico abismada.
— Ele não tem limites, lembra? Faz o que acha certo e
pronto. Mas vamos falar de outras coisas. — Me puxa e paro em
frente a uma loja de chocolates que amo.
— Hum! Então gosta de chocolates? — Seu sorriso é
gigante. — Sempre soube que era preciosa. — Alarga o sorriso e
entramos na loja.
— Bom dia, Artur. — Ouço uma mulher dizer.
— Artur? — pergunto, olhando para esse homem que entrou
em minha vida de forma estranha e inusitada, mas que me agrada
de alguma forma.
— Sim, Lisa, Artur a seu dispor. — Faz uma mesura galante e
volta para a moça que o cumprimentou.
— O de sempre, Artur? — Pisca para a mulher e confirma.
Vejo ela encher um saco de papel com barras de chocolates
com amêndoas e entregar a ele, que sorri largamente.
— Hoje você vai experimentar esses, Lisa. Depois que comer
essas delícias aqui, nunca mais irá querer outro sabor. Meu amigo
cuzão, é alucinado por essas barras de chocolate com amêndoas —
diz me estendendo o saquinho.
Sorrio, aceito e abro, pegando uma e mordendo. Fecho os
olhos e gemo alto. Delicioso!
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— Ei, me dê um pedaço, coisinha gananciosa! — Artur


reclama. Sorrio e entrego a ele o saco com as barras. Ele o agarra
feliz e se despede da atendente. Quando saímos, Artur me diz que a
mulher que nos atendeu é sua amiga.
Artur me acompanhou o dia todo, almoçamos, fomos a várias
lojas, comprei meus pães, frutas e livros.
Ele me ajudou a levar as sacolas até a portaria, onde Lúcio
correu para me ajudar.
— Bom, Lisa, como sua resposta é não, serei o portador das
más notícias… com muito prazer, para meu perturbado amigo. — Diz
e pisca sorrindo, me dando um beijo no alto da cabeça. — Gostaria
muito de ser seu amigo, se me permitir, sem segundas intenções,
deixando isso bem claro, ok?
— Vou pensar e te falo... — digo, indecisa, afinal, não o
conheço direito e temos que ser cautelosos.
— Você está coberta de razão em se resguardar. Mas se tiver
qualquer dúvida ao meu respeito, converse com minha amiga de
longa data… aquela da loja de chocolates, nós somos sócios tem
mais de cinco anos. — Sorri, pisca e vai embora.
Olho-o entrar no mesmo carro preto do outro dia, ligar e
piscar o farol quando passa por mim. Sorri e retribuo.
Dia louco esse. Mas foi muito divertido.

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Capítulo 08
Raul Magno

Essa semana fiquei preso nesse cubículo do caralho de


apartamento pequeno. Minha casa na Vila dos Ipês é imensa e me
sinto asfixiado nesse caixote. Sinto falta de caminhar nas ruas
arborizadas e dos ipês que compõem esse pequeno paraíso. Está
começando a época de florada e os cachos estão ocupando os
lugares das folhas. E eu perdendo esse show da natureza devido a
uma boceta que está se fazendo de difícil. Porra, já estou aqui há
três dias e nada do Artur trazer a maldita que pensa que é alguma
coisa.
Toda vez que ligo para meu amigo, ele me diz que está
tentando. Vou ligar hoje e ver se finalmente consigo comer essa
mulher. Essa miserável está me dando canseira. Pelo visto vou ter
que eu mesmo começar a agir. O que me deixa mais irado foi que
nunca precisei ir atrás de nenhuma mulher. Cacete!
Pego meu celular e ligo para Artur, hoje ele foi novamente
tentar trazer a megera, reguladora de bocetas.
— E aí, cara? A santa já cedeu? — Passo a mão nos olhos,
temeroso de ouvir mais um não. Olha a situação que cheguei. Já
não penso mais com a cabeça de cima, a de baixo comanda tudo
agora. Merda! Nunca ouvi um não, e receber um pela primeira vez
está difícil de digerir.
— Nada, Raul. — diz com pesar, mas sinto sua alegria em sua
voz. Maldito! — Santa, hein? Gostei. — Debocha. — Bem, meu
amigo, a santa não cede de jeito nenhum, te aconselho a desistir.
Escolhe outra e vamos nós dois para o ataque. — Ouço ele dizer
com a voz divertida. Filho de uma quenga!

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— Nem fodendo, Artur, quero essa! Quero a Santa e ponto.
Agora virou questão de honra para mim. Se você não conseguir
convencê-la até o final de semana, eu o farei. Pela primeira vez na
vida, vou atrás de uma mulher que rejeitou todas as propostas que
fiz. Se fosse outra já teria comido e tirado da cabeça. Mas essa
maldita se negando me instigou a querer trepar com ela com mais
vontade. — Ouço Raul suspirar fundo.
— Raul, pelo amor de Deus, cara! Deixa a menina em paz. Ela
não é como as outras, já te falei isso mais de mil vezes! Deixa de ser
cabeça dura, homem! Tem tantas mulheres neste mundo que
trepariam com você sem essas propostas inescrupulosas. Você é
mais que isso, meu amigo. — Novamente tenta me aconselhar com
sua filosofia de vida certinha, que às vezes me irrita demais.
— Eu quero essa mulher e ponto final. Vou esperar somente
até o final de semana. Se ela não vier por bem, eu já tenho um
plano em mente e em pouco tempo a terei abrindo as pernas para
mim. E isso é uma promessa, caralho! — desabafo, cansado de
tanta recusa por parte dessa infeliz.
— Então, meu caro amigo, pode executar seu plano fadado
ao fracasso sozinho. E me exclua dessa sua ideia maluca. Estou fora
e tenho vergonha de sua atitude neste momento, você sempre foi
um cara que admirei demais. Porra, Raul, para que isso? Repense,
amigo, deixa a menina em paz, ela é inocente, diferente das
mulheres que estamos acostumados, cara. — Ouço ele defendê-la
com muita garra e sinto muita raiva disso. Não entendo o porquê
dessa ira sem razão. Só sei de uma coisa, essa mulher se tornou
uma obsessão para mim. Doentia, talvez? O tempo dirá.
— Artur, estou há três dias aqui nessa pocilga, esperando
essa boceta difícil de ser liberada. Mas agora me cansei e vou para a
Vila dos Ipês, me pegue aqui quando tiver liberado os empregados e
feito os pagamentos. Me cansei disso, já te falei como será. — Artur
se cala porque sabe que quando me decido, dificilmente mudo de
ideia. Sou cabeça dura.
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— Como quiser, Raul. Em breve passarei aí e te levarei para a


Vila dos Ipês. — Desligo o telefone sem me despedir, estou cansado
dessa moleza que Artur tem para agir em determinados casos.
Chega, minha decisão está tomada e sei que a dele também. Ele
não vai me ajudar porque não concorda com o que quero e estou
fazendo. Essa mulher já o encantou de alguma forma. Será que ele
já comeu essa infeliz, sabendo que eu queria tanto? Me pergunto
encucado. Mas rapidamente tiro essa ideia da cabeça, confio no
Artur, não na vadia. Em paz, com tudo definido e decidido, pego
meu telefone e ligo para duas amantes, ainda dá tempo de uma
trepada antes de Artur chegar.

Depois que trepo com as mulheres, as dispenso, tomo um


banho, me arrumo e vou para o escritório trabalhar. Tenho uma
reunião urgente com os arquitetos e engenheiros que estão
trabalhando no prédio que fica na Afonso Pena. Encerro a
teleconferência e espero Artur, já passa das 18h.
Arrumo meu MacBook Air, pego alguns papéis imprescindíveis
e um livro que estou lendo. Nunca fico sem ter o que ler. Eu termino
uma leitura, já com outra em mente. Sou eclético, leio o livro que a
sinopse me chamar atenção, independente de tema.
Confesso que semana passada li um livro que há muito tempo
queria ler. Admito que fiquei chateado por protelar tanto tempo. O
livro é simplesmente perfeito. Orgulho e Preconceito de Jane Austen.
Gostei tanto que procurei mais livros dessa autora e já comprei.
Leio em e-books, mas gosto mais de livros físicos. Por isso em
minha casa na Vila dos Ipês tenho uma biblioteca imensa, com livros
que abordam todo tipo de assunto. Tem a ala dos Romances e Lili
vive lá pegando livros emprestados, ela adora um romance. Eu leio
sempre também. Sorrio. Ela me sugere alguns, a safadinha gosta de
ler livros bem calientes.

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Eu terminei de ler um que me deixou de pau duro e até serviu
para eu usar em algumas de minhas trepadas. A mulherada adorou.
Fiz umas coisinhas que Christian Grey[3] fez com sua mocinha e
minhas amantes surtaram. Sou bad, elas adoram.
Sorrio com o pensamento. Sei que tem muitos homens
preconceituosos que não leem esse tipo de livro. Eles acham que é
coisa de mulherzinha. Tolos. Se der um mapa para essas porras
machistas mostrando o passo a passo de como encontrar o clitóris
de uma mulher, não conseguirão achar. Fodidos idiotas do caralho.
Eles, eu não! Penso divertido.
Vou para a sala, preparo uma bebida, aproveito e ligo para a
mulher que faz a limpeza aqui no apartamento. Ela virá amanhã
cedo. Gosto de deixar aqui sempre limpo porque posso arrumar uma
boa trepada a qualquer hora do dia e não hesito em trazer para cá.
Ouço o barulho da chave na porta e vejo Artur entrando com
cara de cansado.
— Boa noite, Raul, pronto? — pergunta, me olhando com a
barba por fazer e aparência de muito cansado.
— Tudo bem com você, Artur? Me parece muito cansado. —
Pego minha maleta de couro e caminho para porta.
— Cara, o dia hoje foi osso. Tive problemas com uma das
empreiteiras — diz e passa a mão na cabeça.
— O que aconteceu? — pergunto, preocupado, sempre vou às
obras que estou fazendo, pelo menos uma vez ao dia. Mas hoje tive
uma reunião urgente que durou o dia todo, referente ao prédio na
Av. Afonso Pena. — Por que não me chamou? — Olho para Artur.
— Raul, você já faz coisas demais e se eu não conseguir
resolver a porra de um problema com uma empreiteira, pode me
dispensar — diz aborrecido.
— Desculpe, amigo, não quis te desvalorizar, é que às vezes
estamos de cabeça quente e uma simples palavra muda toda
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situação. — Dou tapas em suas costas tensas, compreensivo.


— Aí está o homem e amigo a quem sou fiel. Por que ele tem
que sumir e entrar o crápula do Raul Maligno que pensa com a
cabeça de baixo? — Fita-me com desgosto.
— Porque ser bonzinho 24 horas por dia, meu caro, cansa e
fica maçante. — Sorrio malicioso e entramos no elevador.
— Deixa o Raul Maligno se manifestar em lugares onde os
cafajestes são permitidos, cara. — Artur entra na brincadeira, mas
sem deixar de falar o que pensa.
Olho para Artur divertido.
— Ele tem que trabalhar feito um burro de carga durante o
dia e muitas vezes à noite. Então, como marcar um lugar específico
para meu canalha interior se manifestar, meu amigo? — Sorrio feliz
que nossa camaradagem se estabeleceu novamente. Aquela vadia
que fica fazendo rabo doce está fazendo meu amigo agir de maneira
não convencional e muito estranha. Não gosto disso.
Descemos até a garagem, entramos no carro, me encosto no
banco e fecho os olhos. Estou cansado também.
Artur liga o carro e saímos para a avenida movimentada.
Estou ansioso para sair daqui, não gosto desse movimento e
quantidade de pessoas. Fico aqui porque preciso trabalhar e trepar.
E agora por um novo objetivo: a gostosa das flores.
Adoro minha casa na Vila dos Ipês, lá recarrego minhas
energias e me sinto renovado.
Permaneço de olhos fechados e sinto o sono me pegar.

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Capítulo 09
Lisa Melo

Depois de nossa conversa, Artur me liga todos os dias. Para


minha satisfação, ele nunca mais tocou na proposta indecorosa do
verme de seu chefe.
Eu peguei um ranço gigantesco desse homem sem
escrúpulos. Só em pensar que um lixo desse habita o mesmo
planeta que eu, me enche de asco. Quantas pessoas esse monstro
já não deve ter subornado? Passando por cima de suas vontades e
crenças? Usando talvez um momento de fragilidade da presa que ele
queria atacar?
Desde pequena tenho asco desse tipo de pessoas. Meus pais
incutiram em minha cabeça valores que são minha regra de viver.
Jamais desrespeitar quem quer que seja, independente do credo,
cor, condição financeira. E esse homem quebra uma de minhas
regras principais: usar sua condição financeira para fazer sucumbir
os que têm menos recursos financeiros e impor sua vontade.
Nojento. Não quero nunca, jamais, encontrar esse tipo em minha
frente ou vida.
Volto meu pensamento para o amigo do verme rastejante e
asqueroso.
Artur. Lúcio já foi pego pela educação e gentileza dele, agora
o defende com unhas e dentes. Traidor, penso sorrindo.
Voltei ao shopping e conversei com a mulher da loja de meus
chocolates favoritos. Claro que fiz, e ela me confirmou tudo que
Artur já havia me dito. Eles são sócios há mais de cinco anos e
tiveram um breve caso. Mas continuam amigos e se respeitam
muito.

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Ele não fica na loja, entrou somente com a parte financeira.
Sabrina, esse é seu nome, me disse que Artur é um cavalheiro com
um coração gigante. Quando eles montaram a loja, ela entrou
somente com a mão de obra, pois seu ex-marido gastou tudo que
tinham em bebidas e mulheres.
Ela foi muito agredida pelo ex e conseguiu sair da depressão
com a ajuda de Artur. Eles só se envolveram quase dois anos após a
separação de Sabrina. Quando soube que seu ex-marido havia
morrido em um acidente.
Em nenhum momento Artur tentou se aproveitar de sua
fragilidade.
Sabrina veio de outro estado e deixou sua filha morando com
a sogra, que era uma mãe para elas. A filha de Sabrina estava
fazendo faculdade na época e não quis mudar-se de estado e deixar
a avó sozinha. Então ela veio, ajudou a mãe na mudança e voltou
para cuidar de sua avó. Sempre que podiam elas se encontravam,
mãe e filha.
Sabrina pensou que ia somente trabalhar para Artur, mas ele
a colocou como sócia. Me contou que quando começou a trabalhar
na loja, ela pôde ajudar sua sogra e filha. Ajudou sua menina a
pagar a faculdade e as auxiliava em tudo que precisavam. Seu ex-
marido era um imprestável e sua própria mãe o abominava,
juntamente com sua filha. Sabrina era profundamente grata a Artur.
Quando ela fala de Artur, seus olhos se enchem de ternura.
Estou feliz em não ter errado em minhas primeiras impressões sobre
Artur.
Realmente ele é um homem íntegro. Seu passado conta isso,
juntamente com suas atitudes. Fico com o coração mais leve e com
uma nova amiga, poderia dizer isso, pois senti confiança quando
conversei com ela. Meu radar dificilmente falha. Me despeço, não
sem antes comprar várias barras de chocolate com amêndoas.
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Vou chamar Artur para conhecer minha casa. Preciso


realmente de amigos, sou muito só. Me dediquei a me estabilizar e
agora está na hora de me socializar mais. E já tenho dois novos
amigos em vista: Sabrina e Artur. Colegas tenho vários, mas amigos
nunca tive nenhum.
Me despeço de minha nova amiga e passo na padaria que
amo, no shopping, escolho uma grande variedade de pães, bolos e
biscoitos. Gosto de sempre ter algo gostoso em minha geladeira.
Passo na floricultura, compro minhas flores frescas e chego
em meu prédio cheia de sacolas. Lúcio, quando vê, vem correndo
me encontrar e ajudar. Separo uma sacola de pães com variedades e
dou a ele. Sei que ele adora.
— Não precisa, menina! — diz com os olhos brilhantes.
— Claro que precisa, Lúcio. Quem sempre me socorre? —
Pisco para ele e vejo que fica vermelho.
Ele me ajuda a colocar as sacolas no elevador e subo feliz.
Hoje direi a Artur que aceito ser sua amiga, senti sua integridade
desde o início, apesar da proposta indecorosa que me fez a mando
do traste nojento. Vi que fez a proposta asquerosa com desgosto,
dava para ver em seus olhos que estava desconfortável.
Ligarei para Artur porque através de suas atitudes, ele me
convenceu que não há nada sexual em sua proposta de amizade.
Vejo nele somente um futuro bom amigo.
Peguei o número de seu telefone com Sabrina e mais tarde
entrarei em contato com ele. Tomo um banho demorado. Volto para
sala e arrumo as flores nos vasos, espalhando-as, pela cobertura.
Subo, preparo um chá e coloco alguns dos pães que comprei
na mesa, tomo meu chá em paz, lendo meus romances.
Quando vejo, já está escurecendo. Pego meu celular e ligo
para Artur.
Chama duas vezes antes que ele atenda.

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— Artur? — pergunto ao ouvir uma voz estranha e
desconhecida, mas muito máscula, forte e rouca. Me arrepio como
se tivesse sentido uma descarga elétrica. Fico sem palavras, primeira
vez que fico impressionada somente ouvindo a voz de alguém. Se
esse homem for tão bonito quanto sua voz é linda, deve ser a
perfeição encarnada. Coro.
— Não. Artur saiu e esqueceu o celular, mas em breve estará
de volta, quer deixar algum recado? — fala, extremamente solícito e
educado. Um verdadeiro cavalheiro.
— Que horas ele volta? — Consigo falar, estou suando de
nervosismo.
— Já deve estar chegando, uns dez a quinze minutos no
máximo. — Sua voz grossa e rouca me deixa meio tonta.
— Então ligo mais tarde, obrigada e me desculpe pelo
transtorno. — Me despeço e desligo rapidamente. Fiquei tão
nervosa, que não dei a ele chance de dizer mais nada.
Fico olhando o celular em minha mão e vejo que está
trêmula. O que está acontecendo comigo?
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Capítulo 10
Raul Magno
Quando chegamos à Vila dos Ipês meu coração se abre feliz e
me sinto leve. Adoro esse lugar, me traz uma paz indescritível.
Artur para o carro em frente a uma fonte imensa que temos
na entrada. Desço rapidamente, quero tomar um banho e jantar a
comida deliciosa que Lili prepara.
Entro, fecho os olhos e inspiro de puro prazer. Olho a noite
que envolve meu cubo de vidro, minha casa e meu lugar especial no
mundo.
Sorrio largamente, meus pés de ipês em perfeita sintonia com
os ambientes.
Caminho para a cozinha e vejo minha amiga e mãe
emprestada, cozinhando. Avisei que viria e ela com certeza está
fazendo meu prato favorito. Amo arroz com pequi, galinha com
quiabo e angu.
Sinto o cheiro delicioso de pequi invadir meu nariz e minha
boca enche de água. Caminho até ela e beijo seu rosto com carinho.
— Raul! — Vira-se para mim com um imenso sorriso e me
abraça. — Que saudades, filho! Já te falei para não ficar fora de
casa mais que uma noite, pois não come direito, olha como está
pálido e abatido. Você emagreceu, meu filho? Está comendo direito?
— Sorrio com o coração cheio de amor e paz por ter essa mulher
tão especial em minha vida.
— Sim, Lili, mas as refeições são horríveis, sinceramente sinto
falta da sua comida, de você e da casa. Você sabe o quanto amo
tudo isso aqui, não é? — Ela sorri afirmativamente e me empurra
para a mesa. Me alimento na cozinha mesmo.
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— Antes, vou tomar um banho, Lili, e já desço.


— Não! Antes vai tomar pelo menos um copo de suco de
laranja com cenoura e hortelã, está muito pálido — diz já enchendo
o copo de suco, e tomo tudo com prazer. Confesso, adoro ser
mimado por ela. Sempre quis ter o amor de uma mãe. E quando Lili
veio trabalhar comigo, jamais imaginei que experimentaria isso de
maneira tão intensa. Lili é especial e tem um coração que transborda
bondade.
— Agora pode ir tomar seu banho, não demora muito porque
o jantar está quase pronto. Lembre-se, é sua comida favorita e tem
que ser ingerida quente. Entendeu? Cadê o Artur? — fala tudo sem
tomar fôlego. Sorrio.
— Foi ajudar uma senhorinha a levar seus cães para passear,
sabe que ele é um cavalheiro, não é? — digo, sorrindo largamente e
indo para a sala.
— Você também é, meu filho. Só tem que deixar aflorar esse
lado amoroso com as pessoas. Somente eu e Artur conhecemos seu
lado humano e gentil, as outras pessoas só conhecem o Raul
Maligno. — Me olha com tristeza quando diz isso. Ela sabe de meu
problema em confiar nas pessoas. Penso que todos vão me trair em
algum momento de minha vida… e terei que prosseguir sozinho,
assim como fiz quando deixei a minha mãe morta por overdose para
trás.
As pessoas importantes para mim, sempre me abandonam no
final.
Demorei para abrir meu coração para Lili e Artur entrarem.
Eles foram muito provados por mim. O medo de ser traído e
abandonado por eles, me fez demorar a deixá-los entrar. Agora vejo
que foi a melhor coisa que fiz. Eles são minha família, a que sempre
almejei e amo de todo meu coração.
Eles não são meus empregados. São minha família. Lili é a
mãe que nunca tive e Artur o irmão.

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Subo as escadas para a parte onde ficam os quartos e olho as
claraboias. Nunca me canso dessa visão. Fico admirado por ter uma
vista tão linda do céu estrelado. Vejo também os pés de ipês em
todo seu esplendor. Sorrio. Realmente amo esse lugar. Entro em meu
quarto, o maior da casa, e tão bem decorado quantos os outros
dois.
Paro no janelão de vidro, contemplando a noite fresca.
Vejo as montanhas ao longe sendo cobertas pela luz da lua.
Um quadro espetacular.
Fico ali alguns minutos contemplando a noite calma e ouço os
bichos noturnos mostrarem sua sinfonia belíssima em um coral
fascinante.
Caminho para o banheiro, tiro minha roupa, ligo o chuveiro e
tomo um banho demorado. Olho uma marca de chupão arroxeado
perto do meu pau e fico irado. Odeio ver essa merda. Tenho asco
dessas miseráveis me marcarem, caralho! Aviso sempre que faço
sexo sem beijo e chupões. A vagabunda deve ter me chupado
enquanto a outra me cavalgava e eu estava gozando. Esfrego com
força o lugar como se isso fosse arrancar essa marca fodida, porra!
Termino o meu banho, visto uma bermuda de linho bege e
uma camisa branca de malha. Penteio meus cabelos com os dedos.
Me olho no espelho e vejo um homem grande, moreno, cabelos
curtos dos lados com um topete castanho e liso imenso. Sorrio e
pisco.
— Partidão, hein? — Adoro meu topetão. Meus olhos são
castanho-esverdeados e tenho uma barba bem-cuidada.
Me olho novamente e uma tristeza grande invade meu
coração. Rico, bonito, mas com um grande vazio no coração. É como
se faltasse algo de extrema importância para minha felicidade e paz
serem completas. Afinal tenho tudo, dinheiro, boa aparência, fama e
dois amigos que posso realmente contar com eles. Lili e Artur. O que
está faltando?
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Ultimamente essa sensação de vazio tem aumentado e me


deixado com um sentimento ruim.
Sinto que minha vida está passando e eu perdendo tempo em
não preencher esse vazio. Às vezes me bate uma sensação de
urgência… uma coisa dolorosa que não sei explicar. Porra, se não sei
dizer o que é, como vou procurar?
Balanço a cabeça com força e desço para jantar, estou ficando
um velho maluco, só pode ser a idade. Sorrio de lado.
Quando chego na sala, vejo que Artur esqueceu seu celular
no aparador e está tocando. Penso em não atender, mas como
somos amigos chegados, não vejo mal nenhum nisso. Sei que ele
também não. Por isso, atendo após chamar duas vezes.
— Artur? — Ouço uma voz feminina e suave do outro lado.
Arrepio. Que merda é essa? A voz doce me enche de calor, o som é
açucarado. Parece que preenche e aquece aquela sensação de vazio
e buraco que estou sentindo em meu coração. Esse som melodioso
parece a peça certa para preencher esse espaço em meu peito.
Estranho.
Quem será? Alguma amante nova do de meu amigo?
— Não, o Artur saiu e esqueceu o celular, mas em breve
estará de volta, quer deixar algum recado? — Tento controlar
minha voz que está meio esquisita, não sei o motivo. Sou solícito e
educado.
— Que horas ele volta? — Fecho meus olhos e absorvo
melhor o som melodioso dessa voz.
— Já deve estar chegando, uns dez a quinze minutos — falo,
sentindo esse estranho calor envolver meu coração e me sinto
aquecido como nunca senti. Porra, devo estar ficando gripado e com
febre, vou pedir a Lili um analgésico.
— Então ligo mais tarde, obrigada e me desculpe pelo
transtorno. — Se despede e desliga o celular em minha cara sem

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me dar a chance de dizer mais nada. Olho o celular em minha mão
suada e trêmula. O que acabou de acontecer aqui?
Coloco o telefone no lugar, sentindo uma sensação ruim ao
largá-lo, como se estivesse deixando uma parte importante para
trás. Marcho para a cozinha.
Quando entro, Artur já está lá sentado e conversando com
Lili.
— Até que enfim a Cinderela, vaidosa, desceu — Artur me diz
com familiaridade e Lili sorri.
— Ele foi tomar banho, pare de implicar com o menino, Artur!
— Sorrio convencido quando ela o repreende.
— Toma essa, seu escroto, somos filhos adotivos de Lili, mas
ela me ama mais — provoco, orgulhoso.
Lili olha para mim com cara feia.
— Não tem nada disso, Raul. Amo os dois como filhos e não
tem essa de alguém ser melhor, não! Ambos são meus filhos e
moram em meu coração — diz, brava.
Nos levantamos e a abraçamos felizes, ele a beija e eu
também, Lili ri e bate em nossas cabeças.
— O dois na mesa agora, antes que o jantar esfrie, comam
muito, ambos estão pálidos e magros — diz sorrindo maternalmente.
Obedientemente nos sentamos à mesa e nos servimos,
juntamente com nossa amada mãe postiça.
Comemos em harmonia e fazendo piadas. Adoro esses
momentos, sempre quis ter uma família unida e eis aqui a que
tenho. Perfeita.
No meio das brincadeiras me lembro do telefonema que
atendi mais cedo.
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— Artur, hoje quando você saiu para ajudar a dona Luana,


alguém ligou. Tomei a liberdade de atender, pois combinamos assim,
certo? Estou te lembrando para não achar que invadi a sua
privacidade. — Digo bem-humorado.
— Vai se foder, Raul! Claro que tem liberdade para atender
meu celular, somos irmãos, lembra? Mas quem ligou? — Leva uma
garfada de arroz com pequi para a boca e mastiga com prazer.
— Não quis dizer o nome. Disse que ligaria mais tarde —
digo, observando seu comportamento e vejo que está normal. Deve
ser alguma amante mesmo, e ele já se cansou dela, porque não está
nem um pouco curioso.
— Depois vejo quem é, e retorno. — Fala comendo agora um
pequi suculento.
— Será uma possível amante já descartada? — Sondo, se for
quero comê-la pelo menos uma noite. Se a voz me aquece o
coração, imagine o resto do corpo dessa mulher? Me fará pegar
fogo. Ele me olha e sorri.
— Pode ser, depois do jantar retorno e te falo. Se for ex, e
quiser pegar, te passo sem problemas — diz com cara de safado.
— Artur! — Esquecemos de Lili e somos lembrados quando
ouvimos seu grito indignado, ficamos envergonhados.
— Desculpe, Lili — sussurramos juntos e caímos na
gargalhada, juntamente com nossa mãe carrasca.
Terminamos o jantar e comemos a deliciosa sobremesa de
milho-verde que Lili fez.
Fomos para a sala, ele pega o celular e olha.
— Estranho, nunca vi esse número antes. — Disca de volta e
fico atento as suas reações. Pode ser uma possível trepada das boas
para o papai aqui.

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— Alô? — Ouço a sua voz grossa e vejo seu rosto se
distender em um sorriso tão largo que me incomoda. Pelo visto eu
rodei, ele está muito alegre para estar falando com uma ex-amante.
— Querida, que alegria receber seu telefonema — diz e sai,
me deixando de fora da conversa que muito me interessava.
Caralho!
Sem poder ouvir, pois o pilantra saiu para conversar em
particular com a voz de anjo, sigo para meu quarto, muito
desgostoso.
Passado algum tempo, Artur entra em meu quarto.
— Cara, amanhã vou sair cedo e só volto à noite. Se precisar
de alguma coisa, quando eu chegar, você me fala e farei com prazer.
Sei que está tudo tranquilo e como quase não saio nos meus finais
de semana livres, farei isso amanhã — diz com uma alegria irritante.
— Aonde vai? — pergunto rancoroso, sei que vai sair com a
voz de anjo.
— Vou sair com uma nova amiga — diz sorrindo, terno. Cara
de bunda!
— Aquela que te ligou? — indago despeitado.
— Sim, ela mesma. Agora vou me recolher, amanhã saio bem
cedo, boa noite, Raul. — Se despede e me deixa para trás, com cara
de merda. Caralho, vai sair e pegar a gostosa voz de mel, e eu aqui
esperando a maldita mulher das flores liberar a boceta para mim.
Sou um azarado da porra mesmo!
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Capítulo 11
Lisa Melo

Estava desenhando uma nova peça quando recebi o


telefonema de Artur. Então o convidei para vir à minha casa, resolvi
atender seu pedido e sermos amigos. Claro que após ter conversado
muito com Sabrina, sua sócia na chocolataria.
Fiquei mais tranquila e em paz, pois me senti muito bem na
companhia de Artur. Combinamos de passar o dia juntos.
Desliguei o telefone e fiquei trabalhando até tarde.
Terminei o desenho e faria a peça em breve com as novas
pedras naturais que chegaram.
Quero testá-las em meu novo designer, são cascalhos de
Lápis-lazúli e vou misturá-los com pedras da lua. Já vejo em minha
mente a peça pronta, bela e exuberante.
Desço, tomo um banho, preparo meu chá de menta
marroquina, um dos que mais gosto. Pego meu copo de louça rosa e
resolvo ficar na sala. Hoje quero assistir a um documentário na
Netflix. Escolho um cantor brasileiro que já faleceu. Raul Seixas.
Amo suas músicas.
Ligo a televisão e procuro o documentário que já está em
minha lista de favoritos.
Começo a assistir e tomar meu chá, fico tão envolvida que
não vejo as horas passarem. Quando termina, já é quase uma da
manhã.
Me levanto, desligo a televisão, apago as luzes e vou para
meu quarto. Escovo os dentes, caio na cama e adormeço em
seguida.
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Acordo com o som do interfone. Fico quietinha, esperando o


descarado que me acordou de madrugada ir embora. Continua
tocando, olho o relógio e vejo que já são quase 10h. Meu Deus,
Artur!
Pulo correndo da cama e ouço meu celular tocar, olho. Cinco
chamadas perdidas. Tadinho.
Atendo o celular e interfone juntos.
— Artur? Pode subir.
— Lúcio, libera para o Artur subir, por favor.
Corro e escovo os dentes apressadamente. Me troco com
rapidez, opto por um vestido leve, está muito calor. Quando estou
penteando meus cabelos, ouço a sineta que mandei instalar na
porta, tilintar com um som suave e delicado.
Saio correndo descalça e abro a porta com um sorriso gigante
no rosto, gosto de Artur.
— Bom dia, princesa! — Ele cumprimenta e me abraça. —
Parece que acordei a bela adormecida. — Sorri com carinho.
— Bom dia, Artur! Me desculpe, eu fiquei assistindo televisão
até tarde e perdi o horário. Entre e fique à vontade. — Me afasto da
porta e ele entra.
Vejo seus olhos correrem pelo ambiente e um sorriso rasgar
seu rosto.
— Exatamente como imaginei. Tudo delicado, como você, Lisa
— diz sem segundas intenções, simplesmente expondo um fato.
— Eu gosto de coisas suaves e delicadas, Artur. Depois quero
te mostrar meu ateliê e tomar um café com você lá. Aliás, já tomou
seu café da manhã? — pergunto, caminhando para a escada que

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nos leva à cobertura, sendo seguida por ele que olha tudo com
curiosidade e um largo sorriso.
— Já, mas tomarei de novo. — Ouço sua voz suave.
Quando chegamos em meu ateliê, me viro e olho para ele em
expectativa.
— Uau! — Ele assobia e me fita. — Incrível! Menina, você
me surpreende a cada momento.
Caminha até minhas araras, onde ficam expostos os fios de
pedras e passa os dedos suavemente.
— São pedras naturais? — indaga, curioso.
— Sim, todas. Trabalho somente com elas, faço semijoias. —
Digo timidamente.
— Uau! A cada momento que passa, você me surpreende
mais e mais. Lisa. Tão nova, responsável e madura. — Diz olhando
tudo com interesse.
— Não foi fácil, mas consegui tudo com honestidade e
trabalho, Artur. Por isso fiquei tão ofendida com a proposta que o
animal de seu patrão mandou você me fazer. — Ele fica pálido e
muito incomodado. Sinto pena dele.
— Está aí uma coisa que me arrependo muito, Lisa. Peço do
fundo do coração que me perdoe. Já falei para ele que estou fora e
me recuso a tocar nesse assunto com meu chefe novamente. Ele é
uma pessoa excelente, Lisa. Exceto com mulheres, penso que sua
mãe o deixou traumatizado com a raça feminina. Infelizmente — diz
com pesar.
— Sente-se aqui, Artur, enquanto preparo nosso café e
vamos conversando. Chá ou café? — pergunto, colocando água para
ferver.
— Café bem forte e sem açúcar, por favor — diz se sentando
na cadeira próxima à mesa.
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— O que a mãe desse homem fez que o tornou tão


desprezível e repulsivo?
Ele me olha com tristeza, nota-se que ama esse seu amigo.
— Ela foi uma prostituta e ele foi fruto de um estupro. Ela
jogava isso na cara do menino sempre que podia. Então morreu de
overdose quando ele ainda era um garoto. Ele saiu de lá deixando a
mãe morta, sem olhar para trás.
Lutou sozinho e venceu. Me ajudou de uma maneira que
nunca vi ninguém fazer.
Eu era um viciado e estava jurado de morte, Lisa. Ele pegou
dinheiro emprestado e pagou minha dívida, mesmo sem me
conhecer direito. Eu estava trabalhando para ele há menos de um
mês. Depois desse dia jurei minha fidelidade a ele, e cá estou.
Me olha fixamente e vejo verdade em cada palavra dita por
ele. Aceno e Artur continua.
— Faço as coisas por gratidão, pois não preciso trabalhar para
ele, Lisa. Tenho vários investimentos, mas deixando claro que tudo
que consegui foi com o salário imenso que meu amigo me paga.
Sim, ele é meu amigo, antes de ser patrão. A falha dele é somente
ao tratar mulheres. Nisso eu tenho que dizer que ele peca e feio.
Mas se você conseguir sua confiança, terá sua fidelidade e proteção
independente de qualquer situação. Esse é meu amigo e patrão. —
Finaliza, com um sorriso sincero no rosto. Vejo que ele realmente
ama esse homem que para mim não passa de um escroto
asqueroso.
— Realmente, Artur, ele foi um amigo verdadeiro para você.
Entendo perfeitamente sua gratidão e fidelidade, inclusive apoio.
Mas para mim ele não passa de um cachorro sem vergonha. Um
verme que se aproveita de sua condição financeira para humilhar e
obrigar as pessoas a fazerem o que ele quer. Gente como ele, Artur,
uma hora acha quem os coloca no lugar — digo, pego o café e
coloco na mesa com queijos, biscoitos e pães.

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Me sento e começamos a tomar o café em um clima gostoso
e amigável.
— Agora vamos deixar o assunto meu chefe de lado e vamos
falar sobre o que você quer fazer hoje — me diz, mordendo um
pedaço fresco de queijo branco.
— Podemos ir ao shopping, adoro passear por lá, o que acha?
— pergunto com os olhos brilhando. Amo ir ao shopping ainda mais
com uma pessoa para conversar, sempre vou sozinha, não tenho
amigos, sou meio antissocial.
— Claro que sim, Lisa. Iremos ao shopping como quer. —
Toma um gole de café e fecha os olhos. — Delicioso. Terminamos
nosso café e descemos para ir ao shopping.

Subimos a avenida arborizada com imensos flamboyants


cobertos de flores e o chão forrado das pequenas pétalas
avermelhadas que caem. Estou feliz por ter essa conexão tão forte
com Artur em tão pouco tempo. Geralmente sou muito fechada com
as pessoas que se aproximam de mim, e Artur o fez de uma forma
bem inusitada.
Subimos conversando e rindo, entramos no shopping e vamos
direto para a loja de chocolates de Artur. Conversamos um pouco
mais e logo em seguida Sabrina e Artur vão para o escritório
resolverem umas pendências. Enquanto o aguardo, escolho vários
chocolates e barras. Amo essa marca de chocolates.
Quando terminam a reunião, minha cestinha já está
abarrotada. Eles não cobram minhas comprinhas. Insisto em pagar,
mas me ignoram, agradeço acanhada e saímos de lá para
almoçarmos. Após nossa refeição andamos pelo shopping, olhando
várias lojas. Quando cansamos, nos sentamos na pracinha e
tomamos sorvete de casquinha.
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E assim passamos um dia maravilhoso. Me senti feliz como há


muito tempo não sentia. Artur, sempre um cavalheiro, me tratou
com todo respeito e vi em seus olhos o carinho de um amigo.

Ele me deixa em casa no início da noite. Despede-se dizendo


que ainda teria que ver se seu amigo, o asqueroso, precisaria de
alguma coisa. Com um beijo no alto de minha cabeça, entra no
elevador e vai embora.
Fecho a porta, subo com as compras e deixo todas na mesa.
Depois arrumo, estou muito cansada e anseio tomar um banho e
descansar. Tomo um banho bem demorado em minha banheira e
coloco meu pijama fresquinho. Pego o romance que estou
terminando e recomeço a ler. Suspiro de contentamento, encosto
nos travesseiros e acabo adormecendo.

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Capítulo 12
Raul Magno
Depois que Artur me avisou que iria sair no sábado e foi
dormir, fiquei encucado. Quem será a mulher que fez com que ele
saísse em pleno sábado, quando sei que gosta de ficar em casa? Ele
ama cozinhar e sempre fica na cozinha com Lili, inventando receitas
e experimentos. E vamos falar a verdade, o homem é bom
cozinheiro. Sei que andou fazendo uns cursos de culinária
recentemente.
Lili adora isso, porque ela descansa no sábado. Sim, Artur
tem a casa dele, mas fica mais aqui do que lá, já chamei para morar
aqui, mas o homem é teimoso feito uma mula e não vem. Amanhã
quando voltar do encontro deve ir para sua casa.
Puta merda, sei que é feio isso, mas estou picado de
curiosidade para saber quem é a voz de anjo que fez Artur sair sem
pestanejar em pleno sábado.
Viro em minha cama de um lado para o outro quando tomo
uma decisão. Sorrio largamente agora.
Amanhã vou ver quem é essa mulher que fez Artur deixar seu
vício de lado, cozinhar com Lili e inventar novas receitas.
Me sentindo mais calmo com a minha decisão, finalmente
sinto o sono chegar. Sorrio de satisfação, me sentindo um verdadeiro
Sherlock Holmes, ou um maluco sem ter o que fazer. Foda-se, fiquei
curioso, ou só mulher pode ser curiosa?
Artur, seu traíra sortudo!
Coloco o despertador para tocar cedo. Artur é madrugador.
Não tenho a mínima ideia para onde ele irá. Mas descobrirei.
Olho para o relógio e faço uma careta. Já passa das duas da

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madrugada, preciso dormir. Assim que me deito, adormeço
rapidamente.

Quando ouço o barulho de Artur descendo a escada, me


levanto rápido, me troco em segundos e desço logo atrás.
— Bom dia, pessoas — cumprimento, entrando na cozinha e
vendo ele e Lily tomando café e rindo de alguma coisa.
— Raul, o que está fazendo aqui a esta hora? — Lily
pergunta com os olhos arregalados. — Hoje é sábado, menino, e
você gosta de dormir até mais tarde. Aconteceu alguma coisa? —
Vem e coloca a mão em minha testa. Me abaixo para dar altura para
ela fazer a conferência.
— Cara, o mundo vai acabar, Raul Magno Gorgoni, acordou
em pleno sábado às 8h da madrugada! — diz e dá uma gargalhada
debochada.
— Por que não posso querer acordar mais cedo? — pergunto,
emburrado.
— Claro que pode, só nunca vi isso acontecendo aqui, Raul
Magno. Por isso estou abestado! — fala imitando uma voz feminina
fininha.
— Ah, Artur, vai se foder! — digo, puxo uma cadeira e me
sento com cara de paisagem. Tenho que comer alguma coisa antes
de Artur sair, pois tenho que sair logo atrás. Porra, estou me
sentindo um verdadeiro detetive. Sorrio maligno.
— Vai sair, Raul? Quer que eu o deixe em algum lugar
específico? — pergunta, educadamente.
— Não, tenho que resolver umas coisas, vou em meu carro
mesmo, obrigado. — Agradeço sem dar detalhes.
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— Certo. Mas se precisar, à noite estou aqui ou em minha


casa, ainda não me decidi — diz e termina o seu café para logo em
seguida se levantar. Me levanto junto.
— Vamos sair juntos, Artur. — Beijo o rosto de Lili.
— Vocês vêm almoçar em casa? — ela pergunta.
— Não! — respondemos juntos.
— Vocês não tomam jeito mesmo, não é? Ficam comendo
essas porcarias na rua. Como conseguem? — Resmunga. — Mas
tudo bem, farei uma janta fresquinha para quando chegarem. E não
quero saber de desculpas, terão que comer sem reclamar,
entenderam? — fala, já virando as costas e começando a tirar a
mesa.
Sorrimos um para o outro e saímos.
Entro em meu carro e fico enrolando como se estivesse
procurando algo, até Artur ligar seu carro e sair.
Espero uns três minutos e saio logo atrás. Ele continua
dirigindo suavemente, ainda estamos na Vila dos Ipês e aqui, o
máximo permitido de velocidade é 40 km/h.
Quando saímos pela portaria de entrada do condomínio, ele
acelera o carro e deixo que pegue distância e se misture com o
trânsito. Vou seguindo-o sem deixá-lo me ver, no momento tem uns
cinco carros nos separando, mas não o perco de vista.
Algum tempo depois ele está chegando perto da rua Augusto
de Lima e sinto um estranho frio na barriga.
Vejo-o parar em frente ao prédio onde mora a mulher das
flores e sinto meu rosto arder de ira.
Será que o desgraçado de Artur está fodendo a mulher que
eu estou lutando para comer? Ele está me escondendo isso? Porra!
Se ele estiver fazendo isso, ficarei muito decepcionado com o
homem que considero como irmão.

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O vejo cumprimentar o porteiro com intimidade e subir.
Caralho, olha o nível de intimidade da porra de meu ex-
melhor amigo com a reguladora de bocetas está grande.
Sinto meu corpo tremer de ódio, ira e decepção. Desgraçado!
Não vou mandá-lo embora porque ele é muito útil, mas vou
transferir a porra do traidor para uma obra imensa que estou
fazendo no Rio de Janeiro.
Fico umas duas horas observando e quando descem, vejo
como estão íntimos. Consigo enxergar a alegria da puta e do traidor.
Eles vão a pé para o shopping e os sigo de longe. Vejo que
entram na loja de chocolates de Artur, sigo todos os passos deles.
Quero saber tudo que essa vagabunda faz para que eu possa
executar meu novo plano em relação a ela. Quero essa mulher
comendo em minhas mãos… e depois esfregar na cara do pilantra
do Artur que eu a comi enquanto ele estava fora. Amizade quebrada,
caralho de traidor.
Combinamos de nunca foder a mulher que o outro quisesse
primeiro, depois tudo bem, mas antes, não! Ele sabia que eu queria
a porra dessa mulher.
Quando me canso de ver tanto melaço vou embora com ira
no coração e pronto para botar para quebrar.
O estranho de tudo isso foi que Artur não a beijou nem uma
única vez. Merda, vai ver a vadia gosta de mostrar uma falsa
discrição ou modéstia. Conheço bem essa raça. Mulheres são
traiçoeiras.
Mas eu vou desmascarar e destruir os dois. Amigo? Só se for
do diabo! Pois, sim! Pilantra dos infernos!
Chego na Vila dos Ipês tremendo de ira. Eles que me
aguardem! Tenho planos para os dois agora.
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Ouço o barulho do carro de Artur chegando, muito tempo


depois. Agora o traidor está conversando com Lili. Como meu amigo
pôde fazer isso comigo? Por uma mulher qualquer?
Porra, sempre fiz tudo que pude por ele. Até as minhas
mulheres eu dividia com o traidor, penso com um aperto no peito.
— E aí, meu irmão? Como foi o seu dia? O meu foi ótimo, um
dos melhores que já tive — diz me olhando alegre e sorrindo de
orelha a orelha. Hipócrita!
— Foi ótimo, não tão bom quanto o seu, mas foi bom — digo,
fervendo por dentro.
— Aconteceu alguma coisa, Raul? — pergunta e senta-se de
frente para mim.
— Nada, Artur, nada que eu não possa resolver — digo e olho
em seus olhos para ver se ele deixa de hipocrisia e me conta logo
que está com a mulher das flores.
— Parece preocupado, meu amigo — diz e vejo sinceridade
em seus olhos. Amigo? Filho de uma rameira falso!
— Vou resolver, é coisa sem importância. — Resolvo colocar
meus planos em prática. — Na verdade, é um problema que estou
tendo em uma de minhas obras no Rio de Janeiro, Artur. E não
posso ir lá agora porque estamos finalizando o prédio da Afonso
Pena. — Jogo a isca, vamos ver se ele oferece para ir.
— Porra… até ontem estava tudo bem, o que aconteceu? —
Noto a sua preocupação.
— Problemas com as empreiteiras. — Passo a mão na cabeça
e fecho os olhos, me sinto mal em mentir para Artur, ainda que ele
esteja mentindo para mim.
— Porra, cara, quer que eu vá resolver? — Bingo! Não
precisa que eu o mande ir. Ele se ofereceu. Esse é meu amigo...
quer dizer ex-amigo. Porra, estou confuso. Mas foda-se. Ele vai e o

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caminho fica livre para a continuação de meu plano. Ele aqui vai me
atrapalhar.
— Cara, ia justamente te pedir isso, para você ir para lá
amanhã cedo. Quero que fique no Rio até a conclusão da obra e...
— Até a conclusão da obra? — ele me corta — Raul, isso deve
levar meses — diz, incomodado.
— Sim, Artur, verdade, mas será no máximo uns três meses,
irmão. — Baixo a cabeça em posição de derrota. — Mas se não
quiser ir, eu entendo, afinal você está começando uma treta com a
mulher que te ligou ontem... — Tento arrancar algo dele.
— Não, sem problema. Somos apenas amigos — diz com
calma e meu coração sacode com culpa.
— Amigos? — Ele sorri e concorda.
— Sim, Raul, ela é uma moça honesta. Lembra da moça que
você fez as propostas indecorosas? — Meu coração quebra e sangra
com o mau julgamento que fiz do meu amigo. Minha vontade é de
me esconder de vergonha.
— Sim? — Tento disfarçar o mal-estar que sou acometido.
Porra, se Artur ao menos sonhar que o julguei, ficará muito
decepcionado comigo e isso me matará.
— Propus a ela, sermos amigos. A menina, ficou com muito
receio no início. Mas após conversar com Sabrina, finalmente aceitou
— diz sorrindo sem me esconder nada.
— Perdão, Artur. — A desculpa escapa da minha boca em voz
baixa e sofrida.
— Perdão? Por que, Raul? — pergunta sem entender nada.
— Por te fazer muitas vezes agir contra sua boa índole, no
que se refere a mulheres. Eu devia te conhecer melhor. E também
por te julgar errado muitas vezes. Me perdoa, amigo. Não precisa ir
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ao Rio de Janeiro, vou arrumar outra pessoa — digo mergulhado até


a alma no arrependimento.
— Não, eu vou, faço questão, até mesmo porque tenho umas
coisas para resolver lá, iria te pedir para ir em breve. — Sorri e isso
alivia meu coração.
— Posso saber o que é, ou é segredo? — pergunto, curioso.
— Claro, a filha da Sabrina mora lá e quero dar uma olhada
na menina. Sabrina me contou que precisa muito ir lá, resolver um
problema que surgiu. Prometi a ela que iria em um fim de semana
para ajudá-la. Aproveito minha ida e dou uns rolês na cidade
maravilhosa. — Artur sendo Artur, penso. Esse homem faz o que
pode para seus amigos.
— Porra, cara, não sabia dessa história. Vá e tome o tempo
que necessitar. Se precisar ficar lá mesmo depois da obra pronta,
sabe que tem todo meu apoio, não é? — digo e me levanto
quebrado de arrependimento por julgar tão mal meu amigo. Abraço
Artur com os olhos cheios de lágrimas de desgosto comigo mesmo.
Tenho esse problema sério de confiar desconfiando, e isso não é
bom. Preciso aprender a perguntar antes de julgar ou acusar. Já agi
com muita injustiça nessa minha longa vida.
Ele me abraça e vamos para a cozinha jantar. A comida está
quentinha e cheirosa.
Quando digo que Artur irá ficar uns três meses no Rio de
Janeiro, Lili chora muito, a abraçamos e a acalmamos.
Depois do jantar subo e ligo para o escritório no Rio de
Janeiro. Converso com o responsável pela obra e explico que Artur
chegará na manhã seguinte para resolver os problemas.
O mais interessante disso tudo é que a obra está realmente
com problemas. Uma senhora que mora ao lado, está causando
alvoroço e imenso prejuízo. Ela havia concordado em vender seu
lote, porém depois da construção iniciada, a infeliz deu para trás e
não quer vender mais a porra do imóvel.

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Então, tivemos que paralisar tudo e agora espero que Artur
resolva logo esse impasse… senão teremos ainda mais prejuízos.
Sorrio cheio de dentes.
E de bônus a chapeuzinho estará sozinha e desprotegida,
prontinha para ser comida pelo lobo mau sem o lenhador por perto.
Sorrio quase babando de emoção e luxúria.
Aperto meu pau duro e estremeço de prazer. Me aguarde,
dama das flores, vou te despetalar todinha.
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Capítulo 13
Lisa Melo

Meu dia com Artur foi maravilhoso. Espero de coração que


tenhamos mais dias com esse companheirismo tão gratificante. Fico
à vontade com ele, não vejo segundas intenções em seus olhos.
Hoje acordo disposta e já dou uma bela faxina no
apartamento. Espalho essências pelo ambiente. Amo o cheirinho de
jasmins, lírios e rosas. Gosto tanto, que nunca deixo os difusores
ficarem vazios.
Troco as flores velhas por novas e quando termino de arrumar
a parte de baixo do apartamento, subo para preparar meu almoço,
ou melhor, jantar. Já são quase 19h.
Meu celular toca e vejo que é Artur.
— Boa noite, amigo. — Cumprimento, feliz
— Boa noite, Lisa, como está, querida? — pergunta, sendo o
cavalheiro de sempre.
— Estou melhor agora que estou falando com meu amigo
favorito de todos.
— Quantos amigos você tem, Lisa Melo? — Sua voz tem um
toque de diversão.
— Amigo, amigo mesmo tenho… hum… bem… você! — digo e
rio, me sentindo muito bem.
— Então está claro o porquê sou o preferido. Lisa, estou te
ligando para dizer que ficaremos sem nos ver por um tempo. Terei
que fazer uma viagem para o Rio de Janeiro, querida. Surgiu um
problema e terei que resolver. Isso está atrasando uma das obras de
meu amigo. — Fico triste ao ouvir isso. É sempre assim, por isso
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quase não tenho amigos. Quando começo a me apegar, de alguma


maneira eles me deixam.
— Sério, Artur? Vou sentir sua falta, apesar de nos
conhecermos há pouco tempo. — Abro meu coração para ele, sem
medo.
— Te entendo, pequena, me sinto do mesmo modo. De
alguma forma eu me sinto muito protetor com você, te considero
como uma irmãzinha. — Meus olhos se enchem de lágrimas.
— Quando voltará, tem data? — sussurro, triste.
— A obra está prevista para terminar até o final do ano. Mas
resolvendo tudo, volto em três meses, se tudo der certo, claro. Vai
depender do problema que irei encontrar. Mas quero que me
prometa que qualquer coisa me ligará, ouviu-me? Eu irei tirar um
final de semana quando as coisas estiverem mais tranquilas e venho
te visitar, tudo bem? — pergunta, cuidadoso.
— Sim, eu prometo. Qualquer coisa te ligo e conto tudo. —
Digo e tento animá-lo, porque vejo que está triste também.
— Vou confiar em você, Lisa. Qualquer coisa me liga,
entendeu? Qualquer coisa mesmo. Você tem um amigo aqui, como
disse, apesar do pouco tempo que nos conhecemos temos uma
conexão maravilhosa. Estou embarcando hoje às 22 horas, amanhã
quando chegar eu te ligo, combinado? — diz com mais força.
— Combinado, meu amigo querido, e você também, qualquer
momento que precisar conversar me chama, certo? — digo, feliz
sabendo que manteremos nossa amizade apesar dos meses
distantes.
— Se arrumar um namorado, quero saber tudo sobre o
safado antes de você se apegar, promete, Lisa? — Ele agora tem a
voz de bravo.
— Prometo, papai! E você se arrumar uma namorada quero
saber tudo, vamos ver se aprovo. Combinado, Artur?

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— Combinado, querida! Temos um trato. Agora vou desligar
senão chegarei atrasado. Um beijo e se cuida. — Despede-se e sinto
minha garganta se fechar, vou chorar.
— Temos um trato. Boa viagem, Artur. — Despeço-me
angustiada e caio no choro. Preparo um chá de flor de laranjeira e
me sento no sofá em meio ao meu Urban Jungle.[4]
Fecho meus olhos e agradeço a Deus por me permitir
conhecer um homem tão simpático e gentil como Artur. Espero que
nossa amizade não se acabe com a distância.
Fico sentada pensando por horas e quando olho para a
avenida, vejo somente as luzes da cidade. Por ser tão tarde não
vejo quase ninguém na rua. Que hora será? Olho meu relógio e
percebo que já é quase uma da manhã. Meu Deus! Acho que
cochilei.
Me levanto, apago as luzes e desço para tomar um banho.
Quando estou limpa e de pijama me deito e adormeço em seguida.

Artur me liga no dia seguinte como combinado, dizendo que


chegou bem e apesar da distância mantivemos nossa amizade.
Conversávamos quase todos os dias. Ele me contava o que acontecia
com ele e eu o mesmo. Me contou que conheceu uma mulher e que
ficou balançado por ela, mas tinha coisas em seu passado que
poderiam prejudicar o relacionamento com a moça. Ele não quis me
dizer o que era e eu respeitei a sua vontade.
Me perguntou se eu já havia arrumado um namorado. Disse
que não, que ainda estava procurando, mas estava difícil. Ele riu e
me disse que quando eu menos esperasse, meu príncipe encantado
apareceria. Só ri dele, com a minha sorte para arrumar namorados,
eu ia morrer virgem e pura, com cem anos.
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Quando percebi já fazia mais de um mês que Artur estava no


Rio de Janeiro. Ele, com uma suposta namorada, e eu? Sozinha e
solteirona, como sempre. Sempre me divirto quando penso nisso,
pois não estou nem um pouco interessada em arrumar namorado,
amante, ou o que for. Estou muito bem sozinha, obrigada.

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Capítulo 14
Raul Magno

Já tem quase um mês que meu amigo Artur foi para o Rio de
Janeiro. Ele me ligou e disse que a coisa está pior que
imaginávamos. A dona do imóvel se recusa a vendê-lo e Artur está
tentando de tudo para convencer a teimosa.
E ninguém melhor que ele, que tem a paciência de Jó. Se
fosse eu já teria fodido tudo, não tenho paciência com pessoas que
quebram a palavra, mesmo sendo uma mulher. Senhora malandra.
Mas confio no Artur e sei que ele resolverá o problema.
Além disso, a ausência de Artur deixou o caminho livre para o
lobão aqui. Pensam que esqueci da mulher das flores? Nem um
momento sequer. Ela virou minha completa obsessão. Trepo e gozo
somente quando evoco a imagem dessa infeliz. Tenho que acabar
logo com isso. Dei um tempo para não ficar muito na cara, Artur é
tão velhaco quanto eu. Mas estou feliz com minha ação em
despachá-lo. Uma bela tramoia para me deixar livre para agir,
perseguir e traçar essa boceta tão difícil de pegar. A mais difícil de
toda minha vida.
Esse problema na obra veio a calhar e apaziguar minha
consciência.
Já andei averiguando os lugares que a Santa frequenta e vejo
que sempre frequenta os mesmos locais. Então é muito fácil simular
um encontro de forma acidental.
Agora Artur está mais tranquilo, parou de perguntar sobre
Lisa. Disse a ele que não tinha tempo para isso, que futuramente
voltaria à caça. Isso o tranquilizou e me deixou totalmente livre para
agir. E vou dar o meu primeiro bote esse final de semana. Tenho o

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dossiê dela completo aqui e sei de cor o que essa mulher gosta.
Ponto para mim, penso coberto de orgulho, arrogância e soberba.
Mal sabia eu que pagaria caro por cada ato meu contra essa
mulher…, em um futuro não tão distante.

Uma coisa não posso negar, Artur tem razão. A mulher é uma
guerreira. Conquistou tudo com muito trabalho e esforço... assim
como eu. Porra! Segundo li no dossiê, claro. Mas como não acredito
em bocetas, vou descobrir as maracutaias dessa mulher quando ela
estiver totalmente entregue e apaixonada por mim.
Conquisto, traço e mando passear. Meu modus operandi,
penso com satisfação, enquanto uma loira quica em cima do meu
pau.
Essa porra já me chupou até doer e não consegui gozar.
Agora está pulando em mim e gemendo com falsidade. Merda! Essa
trepada não acaba nunca!
Penso em Lisa, e em segundos, sinto o prazer me sacudir,
enchendo a camisinha com minha semente.
Fecho meus olhos e sinto os últimos resquícios de prazer,
empurro a mulher com rudeza, me levanto, arranco a camisinha
cheia, dou um nó e jogo na lixeira.
Ela se deita, abre as pernas e passa a mão em sua boceta
vermelha e inchada. Esse gesto vulgar me deixa com uma ira tão
grande, que se não me segurar arrasto essa vaca e a jogo na rua.
— Arrume-se e some daqui. — Sou grosso e foda-se se me
importo.
— Como? — Ela se assusta e a pose de puta some. — Não
vamos trepar mais? — pergunta me encarando sem o mesmo sorriso
ridículo no rosto.
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— Não, cai fora! — Vou para o banheiro e antes de fechar a


porta, falo: — Quando sair do banho não quero ver a sua cara de
merda aqui. — Bato a porta e vou tomar meu banho. Ouço passos e
ela dá um murro na porta.
— Desgraçado! Ainda vai encontrar uma mulher que vai te
pôr de joelhos, te fazer chorar e rastejar, igual o verme asqueroso
que é! Miserável, filho da puta! — Joga um vaso no chão, ouço
barulho dos estilhaços. Sorrio cafajeste, peguei pesado dessa vez
com a baranga. Foda-se!
Termino meu banho, ligo para a senhora que limpa meu
abatedouro e peço para vir hoje. Me visto com jeans e camisa de
algodão básica branca. Coloco meu Rolex, pego minha carteira e
celular, passo a mão em meu topete castanho, aliso minha barba e
pisco para a imagem do galã no espelho. O homem tem pinta,
caralho!
Pronto para dar prosseguimento ao meu plano, comer a doce
bocetinha de Lisa Melo.
Hoje será o grande encontro, planejado pelo destino, penso
com ironia. Claro que com a ajudinha de Raul Magno, o puto das
galáxias, mentiroso e obcecado. Mas completamente irresistível.
Ponto para mim.
Desço até a garagem, entro em meu carro e dirijo rumo ao
meu objetivo, ou melhor, objeto dos meus sonhos mais molhados e
inúmeros banhos gelados. Maldita mulher!
Meia hora depois estaciono em uma rua ao lado do
apartamento de Lisa. Fico aguardando. Pouco tempo depois,
Penélope charmosa, a Santa, sai com suas roupas rosas e delicadeza
transbordando por todos os poros. Essa mulher deve viver de luz,
vomitar e cagar arco-íris. Penso cinicamente. É normal ser assim?
Tão fofa e delicada? Meu estômago embrulha com meus
pensamentos estranhos e sem sentido algum. Enquanto isso, a
borboleta esvoaçante desliza suavemente pela avenida. Faço uma

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careta. Estou louco perseguindo essa mulher tão açucarada? Dou
um tapa na testa sem realmente me entender.
Esqueço tudo quando a vejo sorrir sozinha. Porra!
Tenho acompanhado sua vida todos esses dias como um lobo
faminto. Merda, nunca vi uma mulher tão delicada, feminina... e
feliz.
Ela cumprimenta todos que cruza seu caminho, como se os
conhecesse a vida toda. Continua deslizando feliz da vida pela
avenida que a leva ao shopping. Ela não anda, parece patinar no
gelo. Caralho. Percebo também que é o único lugar que essa mulher
frequenta. Como faz para trepar? Sei que não leva homens para a
sua casa, pelo menos nunca vi, mas mulheres são bichos ardilosos.
Elas enganam qualquer um quando querem. Lembra de Eva no
paraíso? Coitado do Adão, enganado por uma mulher ardilosa. Fico
esperto com essa raça.
Deixo-a pegar uma boa distância e a sigo com segurança.
Vejo-a entrar no bendito shopping e ir direto para uma loja de
acessórios femininos. É aqui que ela entrega as peças que fabrica.
Artur fez uma pesquisa 100% perfeita sobre a vida dessa mulher. Eu
sei até a hora que ela dorme. Perfeito, facilita minha vida.
Ando rapidamente para a loja de chocolate e entro, sei que
daqui a pouco ela chegará aqui. Ainda bem que nunca vim aqui e a
sócia do Artur não me conhece, odeio shoppings e aglomerado de
pessoas.
Estou aqui hoje por uma causa bem nobre, a satisfação do
meu pau. Ele só quer a mulher das flores. Exigente, esse filho de
uma égua parideira, penso com loucura e ironia.
Vejo a tal Sabrina, sócia de Artur, atendendo algumas
pessoas. Aproveito e pego uma cestinha, colocando alguns
chocolates, vejo as barras de chocolate com amêndoas que amo.
Artur as leva sempre para mim. Estou pegando as barras quando a
vejo entrar e sorrir lindamente.
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— Olá, Sabrina. Vim entregar as encomendas do mês e


abastecer de chocolates a minha despensa. Minhas barras com
amêndoas acabaram e preciso levar mais.
Vejo que só tem uma barra branca, o sabor que mais gosto, a
pego rapidamente e coloco em minha cestinha.
— Ei! — Ela me olha com cara feia. — Essa barra é minha,
liguei para Sabrina reservar para mim e... — Olho para ela com
deboche e levanto a cesta acima de minha cabeça.
— Cheguei primeiro, querida. — Aponto com o queixo. — Ali
tem várias barras de chocolate amargo, pegue-as, essa é minha. —
Vejo que seu semblante cai e fico sem jeito, porra!
— Lisa, hoje mesmo chegará mais, querida. Ele não tem
culpa, eu me esqueci de guardar para você, me desculpe. Mais tarde
você passa aqui e terá quantas quiser, combinado, amiga? —
Sabrina diz com carinho e Lisa sorri conformada. Seu sorriso de
covinhas me encanta e fico olhando para ela feito um pateta.
Ela se vira e começa a pegar outros chocolates, minha deixa
para me aproximar.
— Oi, Lisa... é Lisa mesmo? — pergunto na maior cara de
pau.
Ela me olha com indiferença e responde.
— Sim. — Vira as costas, me ignorando completamente e
continua suas compras. Filha de uma puta.
— Podemos negociar, Lisa? — falo novamente. Porra, é muito
humilhante ter que ficar me rebaixando para essa metida a besta.
— Negociar o quê? — pergunta sem se dignar a virar e me
olhar. Puta, vou te mostrar quando se apaixonar por mim.
— A barra de chocolate. Se você tomar um sorvete comigo,
eu te dou a metade — ofereço com o coração disparado, sem
entender o porquê estou nervoso e suando tanto.

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— Não, obrigada, pode ficar com ela, mais tarde volto aqui e
compro. — Diz me descartando e se encaminha para o caixa —
Sabrina, guarde essas barras amargas para mim, mais tarde pego as
barras brancas — completa sorrindo, como se eu não existisse.
Porra, agora virou questão de honra derrubar essa infeliz e fazê-la
rastejar, implorando por minha atenção.
— Combinado, Borboletinha — Sabrina responde e sem
querer dou uma gargalhada.
— Borboletinha? — repito, dando uma gargalhada e não
consigo parar de rir. Foi exatamente o que pensei mais cedo sobre
ela… leve e esvoaçante como a porra de uma borboleta. Ela me olha
com desprezo e sem rir. Mulher estranha da porra, essa.
— Sim, aprendi com meu amigo, Artur. Ele raramente chama
Lisa pelo nome. — Fala e sorri com carinho ao mencionar o nome de
meu brother.
— Borboletinha, toma um sorvete comigo? — Uso o apelido
que o pilantra deu a ela. Olho pidão para Sabrina me dar uma
ajudinha.
— Não. — Diz e sai da loja se misturando à multidão.
— Ela é difícil de conquistar, mas quando você a cativa, tem
nela uma pessoa fidelíssima — Sabrina me diz. — Se você está
interessado vai atrás, se esperar ela facilitar, morrerá sozinho.
Ela me diz, antes de terminar de falar, pego meu pacote e
corro atrás da borboleta esvoaçante.
A vejo entrando em outra loja. Porra, a mulher gosta de
shopping mesmo!
Puta merda, que horror! Sorrio e entro atrás. A vejo olhando
umas peças de lingerie e fico atrás, quase encostado nela. Ela
levanta uma pequena calcinha rosa e digo baixinho em seu ouvido.
— Perfeita para cobrir sua borboletinha. — Ela se assusta e
se vira de uma vez. Me olha com ira e enfia a mão, com calcinha e
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tudo, em minha cara de pau.


Dou um passo para trás e a olho com ira.
— Está maluca, mulher? — Ela me olha com desprezo e sorri
malignamente, saindo sem responder.
Vou atrás, sou a porra de um obcecado quando quero e foda-
se.
Ela olha para trás e para com as mãos na cintura.
— Se não parar de me assediar, seu infeliz, vou chamar a
polícia. Homem louco! — Vejo, ao mesmo tempo, medo e raiva em
seus olhos. Me compadeço da pobre coitada e resolvo ser mais
solidário.
— Não precisa ter medo de mim, Borboletinha, conheço os
donos da loja onde você entrega suas criações. — Vejo que ela fica
pálida.
— Conhece? Como? — Dá um passo para trás.
— Sim, já te vi lá, você que não me viu. Eu estava no
escritório de Ana e Tarso conversando com eles, te vi pelas câmeras.
E quis te conhecer. Simples assim. — Mentira. A vi na rua com seus
buquês e quis trepar com ela ali mesmo.
Quando explico a ela com calma e tranquilidade, para não
espantar a doce borboleta, vejo a cor voltar lentamente ao seu rosto
delicado.
— E então? Toma um sorvete comigo? Somente isso. — Peço
com suavidade e falsa humildade.
Ela me fita, olha ao nosso redor e volta a me encarar.
— Depois promete que some de minha vida? — A
borboletinha é atrevida. Me encara com esses lindos olhos coloridos,
porra, um verde e outro azul!

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— Não posso prometer isso… — digo sendo verdadeiro em
meio a tantas mentiras.
— Então minha resposta é não, passar bem. — Vira-se e
começa a andar.
Corro atrás. O que um cafajeste não faz para ter uma boa
trepada! O que me deixa sem entender porra nenhuma, é que nunca
fiz isso. É humilhante pra caralho!
— Prometo que se você não gostar de minha companhia, vou
embora. — Claro que não digo que tentarei várias vezes até
conseguir o que quero.
Vejo ela sorrir e meu coração dá uma ligeira acelerada. Porra?
— Vamos, então. — Ela escolhe uma mesa com dezenas de
pessoas ao nosso redor. Esperta! Gosto disso. Sabe se proteger.
Nos sentamos e ficamos nos encarando, ela não baixa o olhar,
mas vejo que é tímida, pois está com um lindo tom rosado cobrindo
seu rosto delicado.
— Bom, Lisa... — ela me olha desconfiada. — Qual sorvete
você quer tomar?
— Lisa? — Pergunta desconfiada e seus olhos expandem.
— Sua amiga disse, lembra-se? — ela relaxa. — E então, o
que você quer?
Ela relaxa.
— Pode ser uma casquinha de baunilha e chocolate — diz,
simplesmente.
— Só isso? — pergunto sem entender.
— Sim. — Sorri e fico olhando seu rosto igual um lunático.
— Moço? — Ela me chama e volto à realidade.
Balanço a cabeça, aturdido e fodido.
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— Vou buscar seu sorvete e pegar um que adoro. — Pisco e


vou buscar nossos sorvetes. Pego o dela em um quiosque, e na loja
ao lado compro um Magnum para mim, tenho verdadeira adoração
por esse sorvete.
Chego, entrego o dela e me sento.
— Magnum — digo e olho com adoração para o meu sorvete.
Ela me olha e sorri, lambendo o dela. Meu pau dá uma
guinada e endurece em nanosegundos.
— Então, Magnum, vou tomar meu sorvete e irei embora, foi
um prazer te conhecer. — Levanto meus olhos rapidamente e vejo
que ela concluiu que me chamo Magnum quando eu disse o nome
do sorvete que sou viciado. Sorrio de orelha a orelha, o destino não
podia ser mais favorável. Outra mentirinha boba.
Estava pensando em como daria o meu nome para ela sem
revelar o verdadeiro. Artur poderia descobrir se ela o mencionasse
em um dos inúmeros telefonemas que trocam. Agora sei que são
somente amigos. Pior para mim, se Artur descobrir meus planos em
relação a ela, come meu rim com pimenta e cru.
Magnum. Gostei, parece meu nome e não fui eu que disse,
portanto, não menti. Não é? Caralho se não sou o cara mais sortudo
do universo.
— Então, Lisa, sei que trabalha com confecção de semijoias,
meus amigos me mostraram seus conjuntos, são lindos. — Fiquei
realmente impressionado o dia que fui à loja de joias saber mais
sobre Lisa. Os donos, foram meus clientes e me receberam
encantados. Sempre prometia a eles uma visita, mas nunca apareci.
Como disse, odeio lugares cheios, mas por Lisa e sua doce boceta
eu iria me sacrificar.
Confirmaram o que Artur me disse sobre ela, que era uma
moça decente e batalhadora. Já está ficando chato ver tantas
pessoas endeusando-a.

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Tento puxar assunto de todo jeito, mas a mulher não facilita.
Agora tenho pena do Artur quando veio fazer a ela minhas propostas
indecorosas e indecentes.
Sorrio e termino meu Magnum delicioso.
— Você gosta mesmo desse sorvete, hein? — pergunta já
terminando a sua casquinha.
— Sim, adoro. Quando era pequeno não tinha condições de
comprá-lo. Ficava na porta da padaria olhando as imagens dos
sorvetes e minha boca enchendo de água. Jurei um dia poder
comprar vários de uma vez só, e assim o fiz. Quando consegui um
dinheirinho, a primeira coisa que fiz foi comprar cinco sorvetes
desses. Sentei-me em um banco numa pracinha e comi os cinco com
prazer e de uma vez. — Fecho os olhos, saudoso, sentindo aqui e
agora a imensa felicidade que tive em poder realizar esse sonho
naquela época.
De repente abro os olhos e fico pálido com a revelação que fiz
sem nem perceber. Um de meus segredos guardados a mil chaves.
Nem Artur sabe disso. Mas que caralho está acontecendo comigo?
Vejo que ela me olha com um novo olhar, mais carinhoso e
compassivo.
— Realmente tem coisas que nos marcam para sempre, te
entendo muito bem. Eu tive que batalhar muito para chegar onde
estou — diz com suavidade, acho que está sendo gentil depois do
meu vacilão retorno ao passado.
— Sim, eu também, saí de um lugar miserável... — Eu estou
ficando puto comigo mesmo. Minha maldita língua está solta hoje.
Daqui a pouco a peço em casamento e...
— Caralho, jamais! — Falo alto. Ela me olha assustada.
— Desculpe, Lisa. Me lembrei de algo doloroso de meu
passado. Perdão. — Quase coloco o pouco espaço que ela me deu a
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perder. Estou confuso e misturando tudo aqui. Cacete! Ela me olha


desconfiada e balança a cabeça.
— Tudo bem, de passado sofrido eu entendo. — Suas
pequenas mãos estão na mesa. Levo as minhas até as dela e
encosto com suavidade.
Ela me observa quieta.
— Lisa, me dê a oportunidade de nos vermos novamente?
Gostei demais de nossa conversa, aliás, quis te conhecer desde a
primeira vez que te vi. — Isso também não é mentira. O dia que a
vi no sinal com seu imenso buquê de flores me deixou enlouquecido.
— Meus patrões falaram tão bem assim de mim? — Ela
pensa que a primeira vez que a vi foi na loja de meus amigos.
Coitada!
— Falaram muito bem. — Digo a verdade, eles são
encantados por ela, elogiaram sua pontualidade, compromisso e
criatividade.
— Que bom, Magnum, mas eu não acho que... — murmura.
— Por favor, Lisa, me dê uma oportunidade... — Corto-a
rapidamente antes que ela me descarte de vez, porque aí fica mais
difícil levá-la para a cama. — Prometo me comportar — digo e faço a
cara do burro do Shrek. Ela me olha por segundos e sorri.
— Tudo bem, mas sem segundas intenções. — Sorrio
sinistro. Tadinha, é o mesmo que dizer para uma criança em uma
loja de doces: não coma doces. Penso com pena da doce santinha.
— Sem segundas intenções, prometo — digo a ela, pois tenho
terceiras, quartas e quintas intenções com ela. Lisa passa o número
de seu telefone e passo o do meu. Claro que já tenho o dela, no
dossiê tem tudo. Tadinha, se acha tão esperta. Trepo e resolvo essa
obsessão doentia por essa fulaninha.
Sorri para mim e sorrio de volta. Primeiro round ganho, Raul,
você é realmente insuperável.

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Capítulo 15
Lisa Melo
Depois daquela conversa estranha com Magnum, fomos para
a loja de Sabrina, peguei meus chocolates e me despedi. Ele foi
embora e segui para o meu apartamento. Claro que no final o
danado conseguiu o número do meu telefone. O homem mexeu
comigo de uma maneira que nunca aconteceu antes. Tive que ser
forte, minha vontade era de passar a mão em sua barba suave,
cheia e brilhante, muito bem cuidada. Seus cabelos lisos, aparados
do lado de maneira curta e um lindo e charmoso topete liso,
castanho e brilhante. Mas seus olhos castanho-esverdeados me
cativaram. Lindos. Além de um sorriso perfeito com dentes claros e
alinhados.
O homem era cheiroso de longe. E a altura do pedaço de mau
caminho? Ele parecia um muro de tão alto. Os braços eram
musculosos e tatuados, seu peitoral imenso.
Enquanto eu conversava com ele, ouvindo sua voz rouca,
minha calcinha estava se alagando ao ponto de me incomodar. Uma
coisa que achei estranha foi a sensação que tive de que já conhecia
essa voz grossa e rouca de algum lugar.
Pela primeira vez na vida senti vontade de dar para um
homem. Penso e sorrio divertida. Acabar de vez com essa virgindade
e me dar bem.
Hum… quem sabe? Vamos dar uma chance para esse homem
cheiroso e gostoso? Caminho e sorrio, enquanto converso comigo
mesma até chegar em meu prédio. Juízo Lisa!
Lúcio, como sempre, corre para me ajudar e hoje dou a ele
uma barra de chocolate. Ele sorri feliz e me ajuda a colocar tudo no
elevador. Agradeço e subo.

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Coloco tudo nos devidos lugares e vou tomar um banho,
estou precisando, parece que fiz xixi na calcinha. Coro ao lembrar o
motivo… um homem gigante, cheiroso e com a voz mais linda que
jamais ouvi.
Tiro a roupa e me olho no espelho, ainda sinto a umidade
entre as minhas pernas.
Passo a mão com suavidade em meu clitóris inchado e o
massageio com suavidade. Gemo de prazer e penso em Magnum,
continuo a massagem até ser tomada por um delicioso gozo,
solitário, mas gostoso.
Sorrio e entro no chuveiro, tomo um banho demorado. Saio e
me sento na cama, passo creme no corpo inteiro e coloco um
vestido leve. Subo e trabalho um pouco.
Após assistir a um filme, me deito para dormir. Até tento,
mas Magnun não sai de minha cabeça. Por fim consigo adormecer.
Acordo no dia seguinte com uma sensação de ansiedade.
Olho o telefone e fico com vontade de ligar para Magnum, mas me
controlo. Vou aguardar e ver o que ele fará.
Tenho um dia normal em meu ateliê. Ao meu lado, o celular
permanece mudo.

Já passou quase uma semana e nem sinal do Magnum. Será


que fui dura demais, e ele desistiu?
Tem horas que meu medo me atrapalha demais. Primeiro
homem que me interessa de fato e fico fazendo charme.
Mas não vou ligar. Nunca fiz isso e não vai ser agora que o
farei.
Continuo meu trabalho, amo de paixão criar peças novas e
essa semana chegaram tantas pedras que a minha inspiração
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triplicou. Quando minha playlist com músicas clássicas enche o


ambiente com suavidade, trabalho totalmente em paz e
concentrada.

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Capítulo 16
Raul Magno

Saio do shopping de pau duro e assim que chego no carro,


pego o telefone, abro meus contatos e ligo para uma de minhas
amantes.
Vou direto para o abatedouro, nem parece que trepei hoje de
manhã.
Quando chego, tomo um banho rápido, meu pau está pesado,
duro e muito inchado, minhas bolas pesam, minha boca saliva só de
pensar em Lisa. Porra, essa mulher está me deixando maluco.
A campainha toca e abro rapidamente a porta já puxando a
mulher pelos cabelos. Arranco sua roupa, coloco a camisinha rápido
e entro de uma vez em sua boceta já molhada.
Meto com força e seguro a mulher pelo pescoço, estocando
com raiva e desejo. Ela geme e dou um tapa forte em sua bunda
grande, ela se esfrega em meu pau enterrado até as bolas. Continuo
metendo, mas falta algo e não sei o que é, estou na borda, mas a
porra do gozo não vem. Caralho.
Arranco meu pau da boceta da mulher, tiro a camisinha e
mando ela chupar. Penso em Lisa e o gozo vem com força, alago a
boca e a cara da minha amante. Olho com desgosto a cara de puta
que ela faz com a minha semente pingando de sua boca e rosto.
Saio da sala e mando ela tomar um banho e ir embora.
Quando ela se vai, eu me sinto um lixo e pego o telefone para
ligar para Lisa. Mas não tenho coragem, não após ter trepado há
minutos. Me sinto sujo e imoral. Estou ficando definitivamente louco.
Porra, não tenho nada com essa mulher. Lisa é somente mais uma
conquista e fim.

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Vou dar um tempo para me acalmar, depois quando estiver
sob controle novamente, pensando com a cabeça de cima, ligo para
ela.
E assim a semana vai passando e eu sem um pingo de
vontade de trepar com outras mulheres. Até tentei várias vezes, mas
a porra do pau só fica duro quando penso em Lisa.
Fiz isso várias vezes, mas porra, ficar gozando em uma
boceta querendo e pensando em outra? Chega!
Seu tempo acabou, Lisa, quero comê-la, acabar de vez com
essa obsessão doentia e maldita.
Se prepara, borboletinha, agora vou voltar com tudo.
Vontade, artimanhas e pau!
Te como em breve, ou não me chamo Raul Magno Gorgoni.

Hoje vou ligar para a Lisa. Quero comer essa gostosa até o
final de semana, senão vou enlouquecer.
Pego o telefone e ligo para ela. Porra, estou ansioso e meu
coração disparado, acho que preciso ir a um cardiologista urgente.
Limpo a mão suada na calça.
— Alô? — Quando ouço sua voz de anjo, meu pau e coração
entram em sintonia e se manifestam juntos. Um fica duro igual aço e
o outro bate igual pandeiro.
— Lisa, tudo bem com você, querida? — Consigo falar,
parece que minha língua está colada no céu da boca.
— Magnum? — fala com doçura. Meu coração aperta, porra.
Não gosto da quantidade de mentiras que já criei para me dar bem
com essa menina. Nunca agi assim e estou começando a me sentir
mal por estar agindo como um escroto, mesmo sendo um.
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— Sim. Trabalhando muito? — Mudo de assunto, vê-la me


chamar de Magnum me angustia.
— Trabalhando bastante. Eu estou terminando de montar um
conjunto aqui com as novas pedras que chegaram. — Conta com
empolgação, já notei que ela ama o que faz. Como Artur já havia me
dito várias e várias vezes.
— Que maravilha, Lisa. Será que você me convidaria para ver
a sua coleção de pedras e as peças criadas por você? — Tento
induzi-la a me convidar. Aguardo, para ver se morde a isca.
— Não te conheço o suficiente para trazê-lo para minha casa
— corta sem dó nem piedade. Ponto para ela.
— Prometo me comportar. — Sou descarado e insisto, tudo
pelo bem de meu pau.
— Hoje não — diz com suavidade.
— Amanhã? — insisto, essa mulher está me dando canseira,
caralho.
— Vou pensar — diz com certa hesitação. Hum... está caindo
na rede, meu peixinho fujão. Mas se a bonitinha pensa que vou
deixar rolar como ela quer, está redondamente enganada. Raul
Magno não espera, ele ataca.
Continuamos conversando por muito tempo e quando nos
despedimos já tenho uma ideia em mente.
Estou ficando essa semana no abatedouro, trepo sem parar
para ver se tiro um pouco essa mulher da cabeça. Mas já aceitei que
somente quando comê-la até desmaiar, é que ficarei livre dessa
maldita obsessão. E a quero esse final de semana, já esperei
demais.

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Levanto-me cedo com a cabeça cheia de ideias e planos.
Tomo banho, me visto com um jeans lavado e camisa de linho azul.
Aparo a barba e penteio meu topete liso, deixando que fique
tombado de lado. A mulherada adora. Vou começar a jogar pesado
com a borboletinha arisca.
Desço assobiando e entro em meu carro, dirijo até uma
floricultura perto da casa da borboleta fujona e compro dois buquês
imensos.
Me lembrei de quando a vi pela primeira vez. Ela olhava com
adoração para as flores que carregava. Significa que gosta. Sorrio
cheio de orgulho por ser tão observador.
Pego os imensos buquês e vou para o prédio onde a
borboleta pousa. Vamos ver se pousará em minhas flores e depois
em meu pau. Penso assobiando, satisfeito por ser tão engenhoso.
Chego na portaria e o porteiro, que sei que se chama Lúcio,
me olha e seus olhos se arregalam quando vê os imensos buquês.
— Bom dia. — Cumprimento, educadamente.
— Bom dia, as flores de Lisa chegaram mais cedo hoje — diz
abrindo a portaria e não acredito que o universo está tão a meu
favor. Estremeço de prazer. Que caralho de sorte é a minha! Nem
precisei criar uma história mirabolante para ele me deixar entrar. O
homem abriu o portão e me convidou. Caralho! Como eu disse, essa
boceta tem que ser minha, até o universo conspira a meu favor. Ele
sabe o quanto já sofri ansiando por essa bocetinha tão difícil de
pegar.
Sorrio com tanta satisfação que sinto dor em minhas
bochechas. Entro rapidamente. Oportunidades tem que ser
aproveitadas e rápido, senão um mais esperto vem e pega. Aprendi
desde cedo essa máxima. Continuo sorrindo largamente.
— Obrigado, hoje resolvemos vir mais cedo e trazer as mais
frescas para ela, sei que ficará feliz. É um agrado que gostamos de
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fazer aos nossos clientes fixos. — Mais mentiras. Estou me


tornando o rei delas. Ele sorri e pega o interfone para avisá-la.
Esfrio. Tenho que agir rápido.
— Não! Gostaríamos de fazer uma surpresa! — digo já me
encaminhando para o elevador, sei o andar que ela mora. Como já
disse, no dossiê que Artur me entregou sobre ela, diz até a hora em
que dorme.
— Obrigado — agradeço ao porteiro e entro rapidamente no
elevador.
Suspiro e fecho meus olhos com prazer. Estou chegando,
bocetinha, quer dizer, borboletinha, penso com malícia.
Quando chego em seu andar, saio do elevador e me aproximo
de sua porta. Meu coração parece que vai sair do peito. Porra!
Tem uma sineta na porta? Sim, é uma sineta! Tudo nessa
mulher é delicado e diferente do tradicional. Talvez seja isso que
está me deixando meio louco. Posso dizer um pateta de primeira
linha. Torço o nariz e toco na sineta, ouço um barulho suave.
Aguardo, suando frio. Nem pareço um senhor de quarenta e
três anos.
Ouço passos e levanto os imensos buquês. A porta se abre e
a vejo por entre as flores.
— Pois não? — Sua voz suave enche minha alma. Doce.
— Flores para uma linda borboletinha pousar — digo feito um
idiota, encantado com sua beleza delicada.
— Magnum? — fala alto. — Como entrou?
— Pela porta — digo rapidamente, sem maldade.
— Engraçadinho! — Me encara, com seriedade.
— Obrigado, posso entrar agora? — digo sem freios na língua.

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— Não te convidei. — Tenta fechar a porta, mas coloco o
meu pé na frente.
— Não acredito que vai me mandar embora depois do
trabalho que tive para chegar até aqui, Lisa. Por favor, tenha um
pouco de piedade. — Uso de minhas táticas cafajestes sem
consciência pesada. — Chegar na torre da princesa inatingível tem
que me render algum bônus! Não foi fácil, tive que passar por um
guarda feroz que fica na porta do castelo encantado — falo,
descaradamente.
Ela sorri e vejo que consegui. Quero soltar um rosnado de
satisfação, mas me contenho.
— Meu Deus, você é muito descarado, Magnum — diz e me
sinto mal novamente com a porra desse nome. Enquanto ela ri,
passo igual uma bala para dentro do apartamento e vou para bem
longe da porta. Entrei!
— Posso te pedir uma coisa, Lisa? Mas é um segredo entre
mim e você, promete guardar? — pergunto com as flores já
começando a coçar meu nariz. — Antes, tome, são todas para você,
querida. — Entrego a ela, fazendo charme.
Lisa caminha e pega os dois buquês gigantes e agradece.
— Obrigada, adoro flores. — Cheira e dá aquele mesmo
sorriso que vi quando estava atravessando a rua no dia em que
fiquei obcecado por ela. Linda demais.
— Lisa, quero que me chame de Magno, odeio quando diz
Magnum, me lembra muito minha fase de sofrimento e pobreza. —
Faço cara de sofrimento e vejo seus olhos suavizarem. — Mas tem
que me prometer que não falará para ninguém, pois Magno será
somente para nós dois, pode ser? — pergunto ansioso, precioso
ouvi-la falar meu nome verdadeiro, necessito disso.
Essa mulher está me deixando maluco, já inventei tantos
nomes para me aproximar de mulheres, mas nunca senti
necessidade de falar o meu nome verdadeiro.
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— Claro, Magno. Não quero te fazer recordar um passado que


te faz sofrer — diz com suavidade, com a sua voz de anjo.
Sinto remorso por estar sendo um filho da puta aqui. Balanço
a cabeça e olho ao redor. A decoração da casa é muito feminina e
delicada. Tudo aqui reflete sua feminilidade e doçura.
— Seu apartamento é exatamente como imaginei,
borboletinha. Todo delicado e meigo, assim como você — digo
exatamente o que sinto e a vejo corar. Meu coração dispara, hoje ele
está muito instável. Tenho que fazer um check-up urgente.
— Obrigada, Magno. Vem, vou te mostrar meu ateliê e fazer
um café. Quer um bem fresquinho? — pergunta já subindo a escada
em forma de caracol. Porra, que bunda linda. Ela está usando uma
bermuda e camiseta, parece um pijama. Será que eu a acordei?
— Lisa, eu acordei você, querida? — pergunto sem graça.
— Acordou — responde de forma simples. Quando chegamos
ao andar de cima, fico satisfeito em ver como é tão organizado.
Vejo seu local de trabalho, suas pedras, sua mesa com
ferramentas de trabalho e um colar pronto. Sua organização e
limpeza é impressionante. A mulher não tem defeito, porra?
Mais adiante, separado por uma porta de vidro, uma
minicozinha com uma mesa de vidro pequena e quatro cadeiras. Mas
o lugar que me deixou encantado foi o pequeno jardim com um sofá
ladeado por duas poltronas, tudo muito feminino, no mesmo estilo
do resto da casa.
O sofá e poltronas fica em um deck de madeira. Perfeito!
Sigo para lá e me sento no sofá e sinto como se estivesse em
casa. Sentimento bom esse.
— Adorei esse cantinho, Lisa — digo e olhando a vista
magnífica e as árvores que margeiam a avenida coberta de flores
vermelhas.

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Sinto saudades da minha casa na Vila dos Ipês. A
borboletinha ia adorar, lá tem tantas flores. Posso levá-la qualquer
dia desses e...
— Porra! Estou pior que pensei — digo alto, indignado com
meus pensamentos de levar Lisa para minha casa.
Caralho! Lá não! Meu lugar sagrado. Bocetas lá? Nunca! Estou
a poucos passos de concluir meus planos. Comer a mulher e dar o
fora. Até nunca mais!
Satisfeito com meus pensamentos centrados novamente,
sinto o cheiro gostoso de café encher o ar. Minha boca saliva e
percebo que estou com fome.
Vejo-a começar a colocar a mesa e me levanto para ajudar.
Ela me entrega os cestos de pães e biscoitos. Coloca o queijo na
mesa perto das xícaras.
Nos sentamos e ela me serve.
— Obrigado. — Tomo um gole do café. — Delicioso, querida.
— Abro minha boca de merda e solto a pérola. — Já pode se casar.
Ela se engasga com o café e me olha ruborizada. Eu? Quero
enfiar minha cabeça de merda no vaso e dar descarga.
— Desculpe, Lisa… quando fico perto de você perco o filtro e
só falo e faço merdas. Mas nem sempre sou tão imbecil, eu
prometo. — Ela sorri ao me ver tão desconsertado.
— Tudo bem, Magno. Mas me conta, em que trabalha? —
Agora é minha vez de engasgar. Porra, estou fodido.
— Desculpe, hoje realmente não dou uma dentro. Trabalho
com construção. — Quando percebo já disse, então tento consertar.
— Vendo imóveis, quer dizer...
— É um corretor? — pergunta com compreensão, deve estar
me achando um idiota, até eu estou.
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— Isso! Exatamente! — Não estou mentindo tanto aqui,


somente um pouquinho, afinal compro e vendo imóveis.
— Que interessante, Magno! E onde é sua imobiliária? —
Agora fodeu.
— Imobiliária? Ah, sim, imobiliária. Certo. Não tenho, trabalho
em casa mesmo. — Pronto. Falei uma verdade, finalmente. Não
tenho escritório.
— Eu amo trabalhar em casa, é um privilégio, não é Magno?
— diz com inocência e fico com remorso transbordando até alma.
Sinto o pesar sair de minhas entranhas e pingar no chão. Estou
completamente fodido. Me sinto um merda, mentindo e tripudiando
tanto em cima dessa mulher santa e inocente. Porra! Sai para lá,
consciência, volta outra hora, combinado?
Respondo sem nem saber direito o que estou falando. Merda.
— Verdade, trabalhar em casa é ótimo. — Continuamos
nossa conversa, e eu minto mais e mais. Estou mais enrolado que
fumo de rolo e mais fodido que quengas em orgias, penso com
desgosto.

Passamos o dia juntos em sua casa e confesso que tinha


muito tempo que não me sentia tão feliz e relaxado. Quando me
despedi de Lisa, prometendo que voltaria, senti um aperto no
coração. Queria desesperadamente ficar mais, e olha que não tinha
nem pegado na mão da Santa.
Volto para o abatedouro, tomo um banho e me deito sem
vontade nenhuma de chamar alguém para trepar.
Fecho meus olhos e repasso cada momento do dia. Me vejo
sorrindo em muitos e com dor no coração em outros, por mentir
tanto para Lisa Santinha. Adormeço pensando em seus olhos
coloridos e doces.

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Capítulo 17
Lisa Melo

Fiquei surpresa com o descarado arrogante do Magno


aparecendo em meu apartamento sem avisar. Vê-se que o pilantra
está acostumado a fazer o que deseja. Penso divertida. Mas
convenhamos, ele mereceu entrar por sua persistência.
Estremeço quando me lembro o quanto é cheiroso e másculo.
O homem é testosterona pura. Arrepio. E vamos concordar, ele é de
encher a boca de água. Lindo de uma maneira escandalosa e parece
gostoso até pedir para parar. Virgem? Sim! Besta? Não! Santa? Nem
um pouquinho. Somente a carinha angelical… estou cheia de ideias
nada santas com o homem mais viril que já conheci… Magno.
Resolvi deixar rolar para ver no que vai dar… se continuar a
sentir essa atração tão forte por Magno com certeza ele será o dono
de minha virgindade. Darei para ele com muito prazer e safadeza.
Assisto a filmes pornôs e sei fazer umas coisinhas e outras, apesar
de nunca ter praticado com ninguém.

O tempo passa e Magno liga todos os dias, de manhã e à


noite.
Já fico aguardando ansiosa, conversamos de tudo um pouco.
Eu já me sinto bem mais à vontade com ele. Tem várias semanas
que estamos tendo esse contato gostoso, sem ele forçar nada. Tudo
fluindo com naturalidade.
Tenho conversado muito com Artur também e ele me disse
que vai dar uma sumida porque está com sérios problemas com a

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senhora que mora ao lado da construção. Me prometeu que assim
que apaziguar a situação me liga. Claro que não falei nada de minha
recente situação, primeiro porque não é nada sério ainda, nem sei
se será. Segundo, prometi a Magno não contar nada a ninguém.
Vejo que ele tem muito receio de um envolvimento mais sério
e isso com certeza será um problema futuro. Já procrastinei demais
perder minha virgindade. Resolvi, depois de muito pensar, que será
com ele. Claro que não quero esperar mais tempo e se continuarmos
a nos entender, em breve serei uma mulher aventureira.
Penso divertida, mas com uma pontada de medo e
insegurança. Magno é um homem de mais de quarenta anos, muito
experiente e vivido. Espero que não se decepcione com minha falta
de experiência. Farei o meu melhor. Já estou amadurecendo essa
ideia há alguns dias e acho que a minha mente já aceitou minha
decisão, pois sonho direto com Magno fazendo amor comigo. Tenho
que me policiar e vigiar para não me apaixonar por ele, claramente
ele é o tipo de homem que só gosta de transar e desaparecer.
Eu, sabendo disso, não coloco expectativas, quando
transarmos e ele desaparecer. Estarei tranquila e centrada. Dessa
forma não serei atingida ou sofrerei com isso.
De bem e satisfeita com minha decisão, ouço o interfone
tocar.
Está no horário de receber as flores que Magno me envia
todos os dias. Eu amo esse carinho por parte dele.
Desço rápido e quando abro a porta vejo Magno sorrindo de
orelha a orelha. Meu coração dispara e fico olhando, feito boba, o
quanto esse homem é lindo.
— Hoje quis trazer as flores pessoalmente, borboletinha. Além
disso, aproveitar e te chamar para jantarmos juntos. O que acha? —
Ele me entrega as flores e beija a minha cabeça. Magno nunca
tentou me forçar a fazer nada que não quero e sempre mantém uma
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distância respeitosa. Ele é muito respeitoso comigo. Aprecio demais


isso.
Para falar a verdade, isso me incomoda um pouquinho, tenho
tanta vontade de beijar esse homem que salivo.
— Você não disse que viria hoje, Magno. Não me preparei
para sair e...
— Você é linda a qualquer momento, Lisa. — Ele me corta
com suavidade e senta-se no sofá. O matreiro já pensa que é o dono
da casa, esse atrevido lindo. — Deixa disso e vamos ao shopping
que ama tanto. — Sorri com charme e pisca sedutor.
Arrepio toda, mas disfarço.
Vou à cozinha, pego um jarro e encho de água, coloco as
flores com cuidado e levo para a sala. Ajeito o vaso maravilhoso em
uma mesinha de centro e me sento ao lado de Magno.
— Podemos jantar aqui, o que acha? — Me aventuro a ficar
sozinha com ele, já está na hora de começar a baixar guarda.
— Tem certeza, Lisa? Vai cozinhar para mim, minha santinha?
— Me olha com atenção e sorri lindamente.
— Sim, mas você vai me ajudar! — falo de maneira rápida.
— Nãoooooo! Vamos pedir alguma coisa pronta? — Pisca e
sugere com matreirice.
Quero ficar em casa hoje com ele. Vou cozinhar, adoro
inventar receitas na cozinha quando tenho tempo. E hoje quero
fazer esse carinho para Magno. Ele é sempre tão gentil comigo.
Todos os dias ele me manda um buquê de flores, isso quando
não manda, também, chocolates.
Magno, mais do que ninguém, merece esse carinho e farei
isso com muito prazer.

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Homem lindo da porra. Sorrio com safadeza. Estou ficando
pior que ele… meu safado favorito.
Em breve eu te pego, delícia de homem!
Lisa Melo, deixa de ser safada mulher. Penso divertida e
corada ao mesmo tempo.
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Capítulo 18
Raul Magno
Tento induzi-la a pedirmos alguma coisa para comermos, mas
ela nega.
— Não, senhor, vamos cozinhar e você vai amar. Tenho um
amigo que adora cozinhar. Ele já fez tantos pratos gostosos aqui. Um
dia te apresento a ele, vai gostar demais dele, Magno. Artur é um
verdadeiro gentleman. O único problema é que trabalha para um
homem sem caráter, um ser asqueroso — diz com o semblante
irritado. Um aperto violento surge no meu coração e me levanto de
maneira rápida. Nessa hora o cafajeste que habita em mim, foge,
desaparece e me deixa aqui sozinho com Lisa. Abandonado, fodido,
cagado de medo e com um estranho aperto em meu coração
vagabundo.
Sinto o sangue fugir todo de meu rosto e uma tontura do
caralho me atinge.
— Magno? Você está bem? — Ela se levanta e me segura,
com suavidade, pelo braço. Não consigo responder, estou em pânico.
Se ela descobrir que o homem que ela abomina, sem caráter e
asqueroso sou eu, estou fodido. Tenho que comer essa mulher logo,
senão todo o meu árduo sacrifício em persegui-la terá sido em vão.
— Não... está tudo bem… Lisa. Foi somente uma ligeira
tontura. Deve ser porque ainda não almocei hoje. — Mais uma
mentira. Caralho.
— Magno! Vem, vou fazer um chá com torradas para você
enquanto o jantar não fica pronto. E não precisa nem me ajudar.
Pode se sentar e ficar quietinho, tá? — Diz com suavidade e me
segura pela mão, levando-me para a parte de cima de seu
apartamento. Subo e me sinto um desgraçado miserável. Crise de
consciência após a velhice? Isso é uma merda fodida, mesmo!
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Me sento em uma cadeira na cozinha de Lisa, ainda pálido e


com tremor nas mãos. Ela vê e corre para pegar um copo com água,
me obriga a beber. Vejo-a fazendo um chá como me prometeu e isso
me mata aos poucos. Fecho os olhos angustiado e me indago, que
merda estou fazendo?
Coloca a xícara na mesa ao lado das torradas. Como e bebo
mesmo sem fome. Esse sentimento de remorso é uma merda.
Parece que tenho um nó na garganta e meus olhos ardem. Esfrego-
os com força e raiva. Por que estou agindo assim? De onde vem
essa angústia maldita? Por que sinto que vou me perder em algum
momento disso tudo?
Vejo Lisa separar os ingredientes para o jantar e meus olhos
continuam queimando. Caralho!
Baixo a cabeça e fecho os olhos com força. O que diabos está
acontecendo comigo?
— Lisa, me deixe te ajudar, querida, já estou bem. Deixa que
descasco os legumes. — Me levanto e chego por trás para ajudá-la.
— Não precisa, Magno. Você não está bem. Sente-se e me
deixe cuidar de tudo — diz, picando tomates e cebolas. Olho-a com
ternura e sinto que pela primeira vez em minha vida tenho vontade
de ter um lar assim quando chegar em casa. Uma esposa… filhos
talvez…
Balanço a cabeça consternado. Com ela será praticamente
impossível depois de toda sujeira que já fiz e ainda farei.
Penso em desistir...
Isso desistir… ainda resta um pouco de hombridade em mim,
certo?
Desistir… meu coração quebra e parece que está sendo
arrancado com brutalidade… dói demais. É isso, vou desistir. Sim,
vou fazer isso. Vou ficar somente hoje, desfrutar de sua companhia
e sumir da vida dessa mulher perfeita, doce e inocente. Lisa é uma

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verdadeira Santa. Ela merece ser amada e adorada. Ele merece o
melhor dessa Terra e com certeza, não sou eu. A vontade de chorar
é imensa, mas me controlo.
Não recuso a maculá-la com minha devassidão. Artur tem
toda razão, ela é diferente das mulheres que estou acostumado, são
todas liberais e maliciosas, assim como eu sou um puto devasso.
Sinto mais vez meus olhos arderem… lembro-me que senti
isso somente quando vi minha mãe morta por overdose. Nunca mais
chorei. E hoje, em menos de uma hora, sinto meus olhos arderem e
alagarem várias vezes.
Pisco com força. Pego uma faca e começo a descascar as
batatas.
— Quero ajudar minha borboletinha a cozinhar! E vou
aprender. Como você é perfeita em tudo que faz, sua comida deve
ser maravilhosa, Lisa. — Elogio. Ela fica vermelha e vejo-a ainda
mais linda, se é que isso é possível.
— Pare, Magno! Você está me deixando constrangida. — Me
empurra com suavidade e sorri com felicidade genuína.
Ficamos nesse clima delicioso até prepararmos nosso jantar.
Arroz branco, batata assada com frango, e salada de tomate-cereja
com alface.
— Cheirosa sua comida, querida. Parece deliciosa. — Ela sorri
e busca um vinho branco.
Enche duas taças e colocamos nosso jantar na mesa. Nunca
me senti tão satisfeito com um programa tão simples. Sempre como
em lugares caríssimos e elegantes, mas nunca me senti assim.
— Lisa, quero te agradecer por sempre me tratar com tanto
carinho. Nunca me senti tão querido como você tem me feito sentir
ultimamente, Borboletinha. Obrigado por tanta gentileza, querida.
Me perdoe se, porventura, fiz algo que possa tê-la magoado, ou
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ainda, que possa magoá-la futuramente — sussurro, olhando em


seus olhos e segurando suas mãos pequenas e brancas.
— Eu que agradeço, Magno, por sempre ter me respeitado e
nunca ter tentado nada que me deixasse desconfortável. — Sinto
como se levasse um tapa na cara e fecho os olhos para ocultar
minha vergonha e dor.
— Lisa... — Tento falar, mas minha voz trava.
— Magno, por favor, fique em paz. Você não foi nada mais do
que gentil e correto comigo. Eu prezo demais por pessoas assim,
com caráter e que não mentem. E você tem sido assim comigo. —
Sinto vontade de correr, mas me forço a ficar no lugar. Depois de
hoje vou respeitar essa mulher e nunca mais a procurarei.
— Você não existe, Lisa Borboletinha. É a mulher mais
especial que já tive o prazer de conhecer. — A verdade sai com
facilidade da minha boca, e mais uma vez a vejo corar. Tenho uma
vontade quase insana de pegá-la em meu colo e beijá-la sem parar.
Protegê-la do mundo e de pessoas como eu, sem caráter e
mentirosas.
— Vamos parar com esse papo. Parece uma despedida.
Credo! Vamos jantar, porque depois tenho uma barra de chocolate
com amêndoas inteirinha para você. Sei que adora. — Ela sorri
lindamente e começa a nos servir.
Jantamos e como imaginei, sua comida é extremamente
deliciosa.
Depois que retiramos a mesa, ela busca a barra de chocolate
e a dividimos. Estamos sentados em seu minijardim, um pequeno
deck que ela fez em um canto. Perfeito. O sofá ocupa esse espaço
quase todo.
Conversamos sobre tudo e me sinto cansado e com o coração
sangrando pelo que irei fazer.
Me levanto.

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— Lisa, querida, tenho que ir, amanhã preciso me levantar
cedo. Tenho umas pendências para resolver no trabalho — digo
angustiado, minha vontade é de ficar. Somente conversar com ela
me dá mais prazer do que trepar.
Ela se levanta e me olha triste.
— Pensei que ficaria mais, amanhã é sábado... — Se
aproxima e sinto seu perfume.
— Lisa... — Ela se coloca em minha frente e levanta os olhos.
Sorri.
— Magno, qual sua altura? — Me pega de surpresa essa
pergunta tão fora de hora.
— Tenho 1.98m, e você, pequena borboletinha? — pergunto
com vontade de beijar essa mulher até meu último suspiro.
— Eu tenho 1,58m de naniqueza, a seu dispor, gigantão! Você
é imenso e sempre quis saber sua altura. Estou impressionada,
quase dois metros! — Diz e fica na pontinha dos pequenos pés.
— Magno, eu gostaria muito que me beijasse. — Meu coração
dispara e fico tonto por segundos. Parece que levei uma porretada
na nuca e me sinto sem ar. Não posso beijá-la, porra, acabei de
decidir que sairia de sua vida.
Pego em seus braços macios e a afasto com cuidado.
— Lisa... melhor não. Você é uma mulher centrada e eu um
canalha que não quer compromissos... não quero magoá-la mais,
querida... — digo com dor na voz e no coração.
— E se eu disser que quero somente uma aventura e que
escolhi você? — pergunta seriamente e congelo no lugar.
Ela está me propondo, por livre e espontânea vontade, o que
quis pagar para ter, desde o início? Trapaceei, menti descaradamente
para transar com ela… e tudo o que precisava era somente ser o
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homem com a integridade que ela acha que tenho? Perco rumo por
instantes e fico congelado no lugar.
Preciso sair daqui rápido antes que faça uma besteira e venha
me arrepender mais tarde.
— Eu vou dizer que você está enganada comigo, querida, não
sou o que pensa e...
— Magno — ela me corta. — Para você transar com uma
mulher, ela tem que te convencer, implorando? — pergunta me
olhando fixamente. Estou tremendo.
— Eu... — Sorrio sem graça e fico sem palavras.
— Por acaso você é virgem, Magno? Se for, pode deixar que
serei cuidadosa — diz com matreirice e com um sorriso imenso.
Meu pobre coração está trepidando mais que furadeira, por
essa mulher. Porra de moça encantadora.
— E se for? — Resolvo entrar em sua brincadeira.
— Você é? — pergunta me olhando fixamente.
Sim... Em fazer amor. Somente trepo, pequena, penso com
tristeza.
— Não, Lisa. Infelizmente sou um porco devasso, por isso
mesmo não quero te contaminar. Pense comigo, querida… você
achará um homem que realmente te merecerá e valorizará. Eu não
sou esse homem, Lisa. — Digo me sentindo derrotado e amargurado
em somente pensar em outro tocando nesse anjo.
Ela me olha e relaxa.
— Tudo bem, Magno. Agora que decidi perder a minha
virgindade, vou procurar outro que queira me ajudar. Tem o Artur,
vou pedir a ele, sei que não me negará esse favor.
Engulo em seco e uma ira desmedida me toma e vejo tudo
vermelho. A agarro pela cintura e a ergo até ficarmos olhos nos

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olhos.
— Porra nenhuma que vai procurar Artur ou quem quer que
seja para comê-la ou entregar sua virgindade. Você vai continuar
guardando-a para quem realmente merecê-la, querida. Lisa, isso é
um presente especial pra caralho. O homem que ganhar esse
presente será um sortudo que te amará intensamente. Ouça meu
conselho, querida, espere o momento e o homem certo, pequena.
Devo estar com muita febre e ela já queimou meus miolos…
eu o cafajeste mais fodido da história, dando conselhos a uma
virgem para aguardar o momento certo de se entregar a alguém? A
mulher que persigo feito um alucinado há meses e quando surge a
oportunidade, deixo passar? Aconselhando a se preservar?
Realmente preciso ser internado e estudado com urgência.
Ela estende as mãos e segura meu rosto barbudo.
— É você que escolhi, Magno. — A coloco no chão com
suavidade e saio em disparada.
— Não! Eu não te mereço, Lisa. — Desço as escadas correndo
e vou embora como se estivesse sendo perseguido por demônios.
Covarde dos infernos!
Chego em meu apartamento e ouço o meu celular tocando
sem parar. Olho no visor. Lisa. Porra!
Pego meu telefone e ligo para uma porrada de mulheres.
Vou esquecer essa mulher nem que morra trepando. Vou
esquecer… esquecer… esquecer.
As mulheres chegam. São cinco e passo a noite trepando
igual um louco. Mas só consigo gozar quando penso em Lisa. Pronto,
agora me tornei realmente um imundo. Pensar em Lisa para gozar…
o fundo do poço para mim é pouco. Mergulhei de cabeça na lama e
agora não me sinto digno nem de chegar perto de minha
borboletinha. Atolado na lama, é onde merece morrer e estar.
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Quando vou tomar banho, me agacho no banheiro e choro


como nunca chorei em toda minha vida. Me esfrego com força, me
sinto sujo e tento arrancar de mim essa podridão e devassidão que
me enoja. Lembro de tudo que fiz e meu estômago revira. esfrego
tanto que em algumas partes sai sangue. Não me importo, continuo
esfregando com força e ferindo ainda mais. Mas não sinto dor, quero
ficar limpo… choro alto agora e soluço de angústia. Meu coração dói
tanto que parece que estou tendo uma parada cardíaca. Esfrego o
peito enquanto outra torrente de lágrimas desce por meu rosto.
Por fim, saio do banheiro com o corpo muito machucado,
sangrando e meus olhos completamente inchados.
Meu celular toca novamente, e o nome Lisa Borboletinha
aparece na tela.
Choro mais ainda, sacudido por soluços. Fecho os olhos
atendo, preciso ouvir sua voz.
— Lisa? — Soluço sem conseguir me conter.
— Magno, está tudo bem, querido? Fiquei preocupada com
você. Desculpe minha falta de senso. Fui muito rude e sei que você,
por algum motivo, entrou em pânico. Não precisa me contar o
porquê, mas podemos ser amigos? Quem sabe futuramente,
voltemos ao assunto, virgindade? — Diz com inocência e sinto as
lágrimas caírem por meu rosto e se perderem entre minha barba.
Olho para a cama e vejo as mulheres que comi se beijando e
me sinto um lixo.
— Lisa... — Uma das mulheres chega e tenta pegar meu pau.
A empurro com ira e nojo. Tapo o celular.
— Sumam daqui! Todas, agora! — Entro no banheiro e
tranco a porta.

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— Magno? Quer que eu vá até aí? — Gelo, me sentindo um
lixo.
— Não, querida, estou bem... somente com uma dor forte no
peito... — Massageio o peito que dói tanto que sinto falta de ar.
— Magno, você tem que ir ao médico. Me passe o endereço,
vou com você. — Por que ela tem que ser tão doce? Seria tão mais
fácil se fosse uma fodida como eu.
— Lisa, querida — falo alto tomado pelo desespero. — Estou
bem… — murmuro destruído. — Vou me afastar de você… porque se
ficar perto, vou estragar sua vida. Você não me conhece… vou
deixá-la em paz para poder arrumar alguém que realmente te
mereça. Eu não te mereço. Lisa… por favor, não me ligue mais —
digo chorando silenciosamente e com o coração arrebentado. Melhor
agora do que quando vir sua decepção ao descobrir o merda sem
caráter e mentiroso que sou. O telefone fica sem som e isso me
destrói de vez.
— Ok, desculpe ter insistido. Fique bem, não te incomodarei
mais — diz com voz indiferente e desliga.
Jogo o celular na parede com toda minha força e a porra se
parte em mil pedaços. Assim como está a merda de meu coração:
estilhaçado.
Caio sentado no chão, coloco minha cabeça entre as mãos e
choro dolorosamente com soluços altos e agonizantes. Passo a noite
sentado no chão frio, destruído e completamente quebrado.
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Capítulo 19
Lisa Melo

Quando Magno saiu daqui naquele dia, nunca imaginei que


ele me tiraria de sua vida com tanta frieza e rapidez. Eu liguei para
ele quando saiu de meu apartamento, quase correndo. Mas a
maneira rude que me tratou ao me dispensar, partiu me coração em
pedaços. Nunca baixei guarda para nenhum homem e o primeiro
que fiz, me arrancou de sua vida sem compaixão. Chorei a noite
toda.
Nunca quis alguém para namorar, relacionar ou mesmo
transar, e quando resolvo ceder aos meus desejos, ele me descarta
como lixo.
Mesmo após várias semanas, quando me lembro em como
me ofereci e fui rejeitada, meu rosto queima de vergonha.
As flores e chocolates pararam de chegar, ele nunca mais
ligou. Melhor assim, não é?
Penso encafifada no que pode ter acontecido. O que será que
ele esconde? Por que será que me rejeitou?
Magno é o tipo de homem que não dispensa mulher, isso está
escrito em sua cara com cores, neon.
Como gostaria de conversar com meu amigo Artur e contar
tudo o que aconteceu. Mas ele está com sérios problemas, como já
tinha me dito, e não quero importuná-lo.
Hoje é dia de entregar mais cinco colares na loja, eles já
estão embalados e prontos na caixa.
Adoro o dia de entregá-los, mas hoje estou sem ânimo
algum. Sinto falta de Magno, apesar de tudo que aconteceu.
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Ele tocou em meu coração de maneira única e plena. Sinto


meus olhos se encherem de lágrimas. Já pensei em ligar várias
vezes para ele, mas quando me lembro do que me disse, me forço a
não ligar.
Tomo banho, lavo meus cabelos. Resolvo colocar um vestido
florido e botinhas brancas. Pego a sacola e vou fazer minha entrega.
Cumprimento Lúcio e saio. Ando devagar, desfrutando a brisa
suave e cantando baixinho. Hoje está um ventinho gostoso e sinto
meus cabelos serem açoitados pelo vento. Sorrio, e levanto o rosto,
sinto o calor do sol me aquecer.
Congelo e meu coração dispara quando vejo um Magno
magro, pálido e abatido, encostado em seu carro escuro, me
olhando com tristeza e angústia.
O ignoro completamente e saio andando como se não o
conhecesse, embora meu coração esteja disparado.
— Lisa! — Ouço sua voz rouca e em seguida passos correndo.
Continuo andando.
— Lisa, borboletinha, por favor, me perdoe. — Me puxa
suavemente pelo braço.
— Tire as mãos de mim, Magno! — murmuro baixo. — Não
temos nada a falar, você foi muito claro da última vez que
conversamos — falo com um misto de ira e desgosto.
— Me perdoe, Lisa. Eu te suplico. Sei o quanto errei… com
você. Estou ficando louco, tenha compaixão de um homem fodido
como eu, querida! — Magno puxa seus cabelos com desespero. —
Não consigo fazer nada, só penso em você. Fui covarde, eu sei…,
mas confesso de todo coração, tenho um medo excruciante de te
perder, medo de te fazer sofrer. Me ajude! — Esfrega os olhos
vermelhos. — Lisa… fiz coisas horríveis... eu sou horrível… querida,
por favor... — Seus olhos estão fundos, arroxeados e uma tristeza

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enorme está estampada em sua face encovada. Não vou negar que
isso me deixa angustiada. Ele estende as mãos, e as ignoro.
— Magno, você deixou claro que não me queria em sua vida.
— Falo amargamente quando lembro como me descartou.
— Lisa... eu fiz coisas que não são passíveis de perdão…
tenho muito medo de me envolver e te perder. Mas, ao mesmo
tempo, não consigo ficar longe de você. Tentei ficar, eu juro. Mas
não consegui. Me ajuda! — Uma lágrima desce e some entre sua
barba desgrenhada. — Me perdoa, querida, pelo meu passado
sujo... me dê uma chance e se um dia descobrir alguma sujeira
minha… — baixa a cabeça envergonhado. — Eu já te peço perdão
com antecedência. Eu juro a você que me arrependo a cada minuto
de minha vida por tudo que fiz... — Me olha suplicante. — Lisa,
namora comigo? Por favor? Me perdoa? — pergunta baixinho e
limpando as lágrimas que agora descem e abundância. Ele se
ajoelha em plena avenida, baixando a cabeça.
— Magno, por favor, se levante. — O puxo pelos ombros e ele
não se move, o homem é uma montanha.
Ouço vozes e risinhos.
Olho para os lados e vejo uma pequena aglomeração de
pessoas. Coro, estamos dando um show aqui.
— Perdoa ele, mulher louca, ou então me passe, vou adorar
consolá-lo. Vou amar cuidar desse pedaço de homem. — Grita uma
maluca, rindo igual uma hiena.
Olho com desprezo para a vadia oferecida e pego o rosto de
Magno.
— Magno, levante-se, vamos comigo entregar esse pedido e
poderemos conversar no caminho. — Vejo seus olhos avermelhados
pelo choro, brilharem em gratidão e um esboço de um sorriso surgir.
— Obrigado, querida! — Levanta-se com rapidez, pegando
minha mão e a sacola.
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— Pode soltar minha mão, disse que vamos conversar,


somente isso. — Corto sua ousadia. Vejo seu rosto entristecer, mas
ele não diz nada.
— Desculpe-me, Borboletinha. — Murmura com tristeza.
Caminhamos em silêncio, cada um mergulhado em seus
pensamentos, mas sinto seu olhar em mim o tempo todo. Entrego
meus colares e o chamo para almoçarmos. Claro que ele aceita.
Fazemos nossos pedidos e quando a comida chega
começamos a almoçar, estou faminta e pelo visto ele também.
Deixo-o começar a falar.
— Lisa, me perdoa por tudo, borboletinha… me dê a honra e
oportunidade de namorar você? Me deixe te mostrar o quanto estou
arrependido... — Ele me olha com desespero.
— Por que tudo isso agora, Magno? — pergunto desconfiada
e ainda ferida.
Ele fecha os olhos e quando os abre, vejo lágrimas retidas.
— Simples, meu amor. Descobri que você é mais importante
em minha vida do que eu supunha. Lisa, perdi o ânimo depois que
tentei ser cavalheiro com você. Me perdi e fiz muitas merdas... antes
de te conhecer e depois. Mas só consegui ver o quanto minha vida
foi vazia e frívola depois que te conheci melhor. Porra! Quando me
lembro de tantas merdas que fiz… — ele passa a mão no rosto com
raiva. — Quero consertar tudo com você, querida, se me der uma
chance, uma nova oportunidade. — Magno segura minha mão e vejo
que a dele está trêmula, e seus olhos avermelhados. Quando uma
lágrima desliza por sua face pálido, tenho vontade de limpar. Mas me
contenho.
— Não acredito em você. — Sou dura. Sei que às vezes sou
assim, mas quando me entrego, sou uma manteiga derretida. Abrir
meu coração para ele não foi fácil e Magno me rechaçou, agora
tenho medo.

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Ele fica ainda mais pálido, chegando a ficar meio esverdeado.
Me forço a ficar firme.
— Me dê somente uma única oportunidade, Lisa, eu te
suplico. Eu mostrarei a você o quanto é importante em minha vida,
Borboletinha. Se você não me achar digno depois de um tempo, te
deixarei em paz. Eu juro. Prometo isso de todo meu coração. Mas
não me negue uma chance de consertar as merdas que fiz… —
implora com um olhar sofrido, as lágrimas em seus belos olhos
esverdeados caem em cascatas.
Baixo a cabeça e sinceramente não sei o que fazer. O
sofrimento dele parece tão real…, mas se baixar guarda e ele me
machucar novamente?
Vou ter que pensar com cuidado e analisar bem. Sei que
Magno é o tipo de homem que quando nos apaixonamos, é
praticamente impossível de esquecer. Tenho que ter cuidado.
Levanto meus olhos e ele me fita com ansiedade e desespero.
— Vou pensar, Magno. A maneira fria com que me tirou de
sua vida, me machucou muito. Você foi o primeiro homem com
quem eu quis realmente me envolver…, mas prometo que vou
pensar com carinho. — Digo, o coração martelando no peito com
força. Vejo em seu rosto pálido, dor, sofrimento e arrependimento
pela forma como agiu comigo.
Ele baixa a cabeça em derrota e quando a levanta, mais
lágrimas deslizam por seu rosto barbudo. O homem vai ficar
desidratado… sinto meu coração doer por ele. Engulo seco, mas me
mantenho firme.
— Eu realmente não mereço você, Lisa. Mas como sou um
filho-da-puta, maldito, vou esperar ansioso que me dê uma nova
chance — sussurra com a voz rouca e triste.
Aceno, segurando para não chorar.
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— Combinado. Agora tenho que comprar vários itens para


casa.
Ele se levanta também.
— Posso ir com você? — murmura, ansioso, mas com medo
no olhar.
— Claro, desde que se comporte e carregue as sacolas —
brinco no intuito de tirar um pouco de sua tristeza. Ele sorri, o
primeiro que vejo em muito tempo. Mas é um sorriso triste.
— Carrego o que você quiser, Lisa.
Assim passamos a tarde, comprando os itens que tinham
acabado em minha dispensa.
Conversamos como nos velhos tempos e vi a cor voltar aos
poucos nas faces encovadas de Magno.
Nos despedimos na portaria. Vi que Magno esperou que eu o
convidasse para subir, mas ele teria que esperar… quanto tempo?
Não sei. Afinal, já me teve nas mãos e não deu valor. Homens!

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Capítulo 20
Raul Magno
Essas semanas foram as piores que já vivi em toda a minha
existência inútil. Me senti sujo, acabado e sem lugar no mundo,
depois que tentei tirar Lisa de minha vida. Fui um desgraçado
escroto. Estou tão fodido que me vejo enlouquecendo.
Deletei todos os nomes das ex-amantes do meu celular.
Esperei passar um tempo para me purificar das putarias e sujeiras
que fiz…, me sinto envergonhado.
Lembro com angústia o maldito dia que rejeitei o presente
mais belo que alguém poderia me dar. Porra, Lisa me ofereceu sua
confiança, pureza e a pisoteei como o grande covarde e mentiroso
que sou.
Mas o que me mata de desgosto, tristeza e remorso foi a
merda que fiz… trepar a noite toda achando que a tiraria de minha
mente. Me enganei profundamente… Lisa não estava em minha
cabeça, mas sim, em meu coração. Sei que sou um babaca de
merda e me arrependo amargamente de fazer tantas burradas
seguidas.
Perdi o apetite, quase não comia, mas bebia várias vezes ao
dia até cair desmaiado de tão bêbado. Ainda bem que fiz essas
merdas em minha casa na Vila dos Ipês. Aqui tinha Lili cuidando de
um homem quebrado e cheio de remorsos..., eu.
Ela me viu bêbado, muitas vezes chorando e cuidava de mim
com muito amor e muita paciência. Apesar de não merecer. Me
sentia sujo, imundo por tudo que fiz...
Certo dia eu a vi sorrir e fiquei sem entender o motivo. Lili me
olhava com um imenso sorriso no rosto. Perguntei intrigado, o
porquê ela sorria de minha desgraça. A matreira me fitou

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profundamente e disse que estava feliz. Finalmente eu estava
amando e fui pego pelas bolas. Acho que corei, porra!
Lili pediu para conhecer a mulher que me colocou de quatro,
derrubando e quebrando minha arrogância.
Me senti confiante e abri meu coração vagabundo para minha
protetora.
Contei a ela as merdas que fiz e Lili ficou horrorizada. Me deu
vários petelecos na cabeça, mesmo eu estando arrasado e
mergulhado na lama. Me chamou atenção com raiva e mandou eu
consertar meus erros com Lisa e contar toda a verdade.
Obedecerei, claro. Já iria fazer isso mesmo. Lili me orientou
com paciência e eu ouvi atentamente.
Irei fazer como ela sugeriu... em partes. Vou reconquistar Lisa
primeiro e depois pedir perdão por tudo. Não contarei a ela o que
fiz, isso não! Tenho pavor de pensar que Lisa não me perdoará, e
que poderei perdê-la.
Se eu contar a ela metade das merdas que já fiz, Lisa, jamais
me perdoará e me deixará com certeza. Arrepio só de pensar nisso.
Confesso que não saberia lidar com a perda da única mulher que me
deixa de joelhos e tem meu coração.
Entendo que Lisa, teria toda razão se o fizesse. Eu mesmo
ainda não me perdoei e não sei se algum dia o farei…
Decido que manterei em segredo todas as mentiras que
contei… um dia eu conto tudo a ela… prometo a mim mesmo, sem
muita convicção. Tenho medo e vergonha. Deus como me arrependo
de tudo que fiz!

Dias depois…
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Resolvi parar de beber, mas continuei sem apetite, comia


somente quando Lili me obrigava e com isso perdi muito peso.
Depois de quase dois meses sem trepar, me senti mais limpo
para procurar minha menina. Minha, sim, porque vou reconquistar
sua confiança e amor. Eu a amo. Foi amor à primeira vista. Somente
o mentiroso cafajeste aqui não quis ver, em minha total ignorância e
arrogância.
Se isso não for amor, não sei o que é então. Essa vontade de
tê-la ao meu lado com desespero, sentir seu calor, ouvir sua voz, seu
cheiro... a ausência de Lisa está me matando aos poucos.
Tenho necessidade de minha Borboletinha. Deus, como
preciso dessa mulher em minha vida! Com ela me sinto bem,
amado e querido pelo que sou e não pelo que tenho. Minha Lisa é
perfeita. Adoro ficar em seu apartamento, lá transpira amor, tem seu
aroma... é um verdadeiro lar. Quero isso tudo para mim.
Quero ter filhos com ela. Quero adorá-la, amá-la e respeitá-
la. Quero ser fiel e me entregar inteiramente somente a ela. Lisa
será única para mim, até meu último suspiro de vida.
E cabe a mim mostrar tudo isso a ela, até eu partir para a
terra do silêncio, vestir o paletó de madeira. Penso tentando ser
engraçado, mas meu coração chora e sangra por ela.
É isso que quero de minha Lisa Borboletinha Melo. E vou
conseguir, nem que para isso passe minha vida toda rastejando e
implorando seu perdão. Com isso provando a ela que a amo de todo
coração. Espero que o passado nunca venha bater em minha porta
para cobrar as merdas que fiz, principalmente em relação à Lisa.
Pagar para trepar com ela... meu Deus! Tratei-a como uma qualquer
e tenho verdadeiro terror de que ela venha descobrir isso. Sei que
não me perdoará nunca.
Lisa me fala com asco sobre a proposta que o vagabundo do
patrão de Artur fez... porra, tem noites que não durmo. Vivo

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assombrado com medo de que Lisa descubra que esse homem sem
caráter sou eu.
Quero o passado no passado… sou um novo homem. Repito
esse mantra sem parar. Vou provar para Lisa que mudei. Penso
aliviado, pronto para reconquistá-la. A tratarei tão bem e com tanto
amor, que meu passado podre de mentiras não fará diferença em
nossas vidas.

Uma semana depois…


Estou novamente de plantão em frente ao apartamento de
Lisa. Claro que a sigo de longe, nem por um momento deixei de
montar guarda aqui. Em vários momentos do dia fazia minha ronda,
como o obcecado que sou por ela. Sem contar as noites que durmo
dentro do meu carro, somente para ter sua presença mais perto de
mim. Louco? Sim, louco por Lisa, minha borboletinha.
Lúcio sabia e muitas vezes levou água e café para mim.
Fizemos amizade e ele me dizia que minha menina quase não
saia.
Realmente a magoei. Caralho se isso não me machuca
demais.
Hoje, Lúcio me ligou e disse que ela sairia para entregar
mercadoria e claro que, na hora exata, eu estava lá esperando.
Quando ela saiu e a vi, meu coração disparou e senti até
tontura. Porra, se ela não era a mulher mais linda do mundo.
Corri atrás e chamei seu nome. Ela parou e me olhou com
desprezo. Mereço e aceito.
Rasguei meu coração para ela, só omitindo a mancha negra e
vergonhosa que aterrorizava minha alma. Graças a Deus, somente
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Artur sabia. A proposta indecorosa e minha insistência descabida e


desrespeitosa em levá-la para a cama.
Sei que posso confiar em meu amigo. Claro que precisarei de
um tempo para convencê-la de que a amo de verdade, minha
pequena e doce borboletinha.
Lisa me permitiu acompanhá-la ao shopping e ficar o dia em
sua companhia. Isso foi uma conquista e tanto para mim.
Quando voltamos ao seu apartamento, eu ainda acalentava a
esperança de que me deixasse subir, mas tomei no rabo. Ela me
despachou do portão mesmo.
Mas fui embora feliz. Só de Lisa ter me permitido ficar com
ela durante todo o dia já era uma conquista imensa. Lisa é turrona.
Sorrio pateta, com um sorriso imenso em meu rosto. Ela é perfeita.

No caminho, resolvo parar em um bar de um amigo, para


tomar uma cerveja.
Hoje está mais vazio, por ser um dia de semana. Me sento em
uma cadeira, feliz com o progresso que consegui com Lisa. Estou
verdadeiramente feliz.
Minha cerveja estupidamente gelada chega e tomo um
grande gole com prazer. Vou trazer minha menina aqui. Tem um
camarão que sei que Borboletinha vai adorar. Estou disperso
pensando em minha doce Lisa, quando ouço uma voz melosa e
estridente. Estremeço.
— Raul Magno!
Levanto meus olhos e sinto um arrepio percorrer meu corpo
quando uma mulher puxa a cadeira, sentando-se ao meu lado. Sinto
que vem merda por aí.

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— Que surpresa te encontrar aqui, Raul. Cadê o gostoso do
Artur? Depois daquele final de semana pecaminoso que passamos,
os três, fiquei somente com Artur, você sumiu. — Ronrona com sua
voz estridente. Enquanto fala sem parar, estende a mão e toca em
meu pau que encolhe de asco.
Pego sua mão com brutalidade e arranco com força de cima
de mim.
— Quem é você, caralho? — Não me lembro dessa infeliz,
aliás não me lembro de nenhuma mulher pós-orgias.
— O quê? Como assim? Esqueceu da nossa orgia àquele final
de semana inteiro? — pergunta, lambendo os lábios e amassando os
seios, vulgarmente. Ela deve achar que está sendo sedutora.
— Não me lembro de você, já comi mulheres demais para me
lembrar de alguma em especial. Agora vaza daqui, sua presença me
incomoda. FORA! — falo sem paciência e ela arregala os olhos.
— Você está falando sério? — Faz biquinho e aperta os seios
gigantes novamente. Qual o problema que essa infeliz tem com seus
peitões?
Olho com desprezo para ela. Se já comi realmente essa
mulher vulgar, o que não duvido, dado meu histórico de prostituto,
tenho vergonha do que já fui e com quem trepei. A mulher transpira
vulgaridade. Me sinto sujo.
Levanto e saio da mesa sem dizer mais nada e volto para
meu carro. Depois acerto com João, sempre venho aqui quando
quero ficar sozinho. Hoje não deu certo. Não olho para ver como
ficou a infeliz oferecida. Foda-se se me importo.
Ligo o carro e vou para meu recanto, Vila dos Ipês.
O abatedouro está fechado. Não tenho mais vontade e nem
quero ir mais naquele local. Meu contrato está prestes a vencer.
Quando isso acontecer não renovarei mais. Já comuniquei à
imobiliária.
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Quero focar e investir em uma relação com Lisa Melo, se ela


resolver me dar uma oportunidade. O que espero de coração.

Dirijo sentindo falta de Artur, meu amigo, para conversarmos.


Estamos sem contato há vários dias. Sei que ele está empenhado
em resolver o problema da velha cabeça dura e tinhosa. A maldita
não vende a porra do terreno ao lado de minha obra nem fodendo.
Se continuar assim, terei que ir pessoalmente ao Rio e botar para
quebrar. Velha encrenqueira do caralho. Artur tem muita paciência!
Sei que se eu for, vou ferrar tudo. Eu não tenho calma
nenhuma com essas coisas. Artur sabe lidar melhor com esses casos
delicados.
Ligo o rádio. Está tocando uma música que fala muito ao meu
coração, que agora pulsa somente por uma mulher. Lisa.
Sentimento bom esse, aquece o corpo todo, penso com um
sorriso feliz e pateta no rosto. Se suspirar, sairão nuvens de
coraçõezinhos. Foda-se quando um ancião, descobre o amor pela
primeira vez!
A música que toca é Please Forgive me do cantor Bryan
Adams (Por Favor, Perdoe-me). Adoro as músicas desse cara. São da
minha época, penso divertido.
Por favor, perdoe-me
Não sei o que faço,
Por favor, perdoe-me
Não posso parar de amá-la
Não me negue...
Essa dor que estou sentindo,
Por favor, perdoe-me
Se eu preciso de você tanto assim
Por favor, acredite em mim
Cada palavra que eu digo agora, é verdade

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Por favor, perdoe-me
Não posso parar de amá-la...

Sim! Não posso parar de amá-la!

Canto, ou melhor, grasno com o cantor. Minha voz quando


tento cantar é um verdadeiro terror. Apuro o ouvido prestando bem
atenção na letra e porra se não me sinto exatamente assim. Sorrio
de lado completamente emocionado.
Gostei dessa música, vou colocar em meu celular como toque
de chamada, penso satisfeito.
Vejo as árvores passando como um borrão enquanto dirijo
sozinho pela estrada vazia. Sozinho, mas me sentindo muito bem e
em paz como nunca senti antes. Ela conversou comigo, depois de
tudo que fiz.
Me sinto mais leve. É como se depois dessa decisão de me
redimir com Lisa, a sujeira que me envolvia começasse a se
dissolver… quebrando e caindo em camadas grossas e sujas ao meu
entorno. Com isso, vou me sentindo mais sereno e limpo a cada dia
que passa. Essa mulher realmente mexeu comigo, de uma maneira
profunda e boa.
De repente começa tocar uma música tão antiga, como eu.
“Estoy enamorado, de Donato Y Estefano”.
Sinto um aperto no peito.
Conforme o som e a voz dos cantores enche o ar, começo a
chorar sem controle algum. Porra! Essa música sou eu. Quero minha
Lisa, caralho! Fungo sofrido e começo a cantar baixinho com o
coração pesado de dor e saudades.
Quero beber os beijos da sua boca
Como se fossem gotas de orvalho
E ali no ar desenhar seu nome
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Junto com o meu…

E num acorde doce de guitarra


Passear loucuras em seus sentimentos
E no sutil abraço de uma noite
Você saiba o que eu sinto
Porque estou apaixonado
E o seu amor me faz grande
Porque estou apaixonado
E que bem…
Que bem me faz te amar!
Soluço baixinho e juro para minha Lisa, que irei amá-la,
protegê-la até meu último fôlego de vida. Um dia mostrarei essa
música a ela e contarei o quanto a amo ao som dessa melodia.
Lisa é meu destino e meu segundo coração.

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Capítulo 21
Lisa Melo

Após o dia que Magno apareceu aqui arrependido e


conversamos no shopping, ele voltou a me ligar exatamente como
fazia antes de me dispensar. Dispensar. Ainda dói muito me lembrar
de como ele me descartou.
Estou me esforçando para tirar essa mágoa do meu coração.
E confesso, sua gentileza estava ajudando e muito.
Três vezes ao dia, ele mandava flores e bombons. Várias
vezes na semana, Magno, passava e deixava na portaria com Lúcio
alguma cartinha linda.
Ele me dizia que, em sua época, se escreviam cartas em vez
de mensagens por WhatsApp.
Disse com cara de paisagem que tecnologia não existia na
época dos dinossauros. Gargalhei ao ouvir suas bobagens. Seus
olhos brilhavam quando eu sorria de suas palhaçadas.
Ele era uma excelente pessoa para fazer você rir até doer a
barriga… além de lindo, cheiroso, grandão, voz rouca e máscula…
Jesus! O homem era perfeito. Bem… nem tanto. Ralho comigo
mesmo. Contenha-se mulher!
Magno adora exagerar e fazer palhaçadas. Sorrio feliz. Ele
me manda, também, muitas mensagens por WhatsApp. O quê?
Ensinei a ele como enviar emojis. Ele aprendeu e mandava sem
parar, parecia um menino quando ganhava um brinquedo novo.
Magno estava se mostrando um homem tão diferente e com um
coração tão puro às vezes. Espero nunca me decepcionar com ele
novamente.

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Após passar algumas semanas desde a nossa ida ao
shopping, resolvi dar uma chance a ele, ou melhor, a nós dois.
Já havia decidido que ele seria meu primeiro homem quando
nos conhecemos. Agora, decidi que daria uma nova chance para
Magno, pois meu corpo e coração queriam somente ele.
Hoje ligarei para ele e o convidarei para sairmos. Sei que
Magno está somente esperando, como sempre faz questão de frisar,
meu sinal verde.
Será dado hoje, penso, finalmente em paz com minha
decisão.
Pego meu celular após separar as pedras novas que
chegaram e ajeitá-las nas araras. Gastei o dia todo para organizá-las
por cores, formatos e peso.
Enquanto isso, Magno me entope de emojis. Meu coração
aquece toda vez que vejo a tela de meu celular apitar. É ele com
seus emojis lindos. Quando vejo a quantidade infinita de mensagens
de Magno, sorrio tão feliz, que sinto que posso voar. Magno está
libertando-se e desprendendo-se bastante de sua vida ranzinza. Está
mais solto e feliz. Quando nos conhecemos, ele era muito travado e
sisudo.
Falava quase que somente de trabalho. Hoje o vejo mais leve,
brincando e sorrindo muito. Arrepio somente de lembrar de seu
sorriso genuíno.
E puta merda, o homem é lindo, penso já ovulando, doida
para dar para essa montanha de músculos deliciosa.
Já chega, cansei de guardar minha pureza. Quero que Magno
coma essa tão resguarda joia, como ele a chama, e não a terra. Já
disse, sou virgem, mas não burra. Sei reconhecer um homem
gostoso de longe. E Magno ocupa o pódio de gostosura. Homem
lindo e cheiroso esse!
Ligo para ele que atende de imediato. Sorrio.
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— Gostaria de falar com Magno, por favor — digo fazendo


charme, me sinto à vontade para isso agora. Magno me deu essa
liberdade sendo esse cavalheiro que se mostra a cada dia.
— Quem gostaria de falar com ele, senhorita? — Ele entra na
brincadeira. — Vou logo avisando que ele só tem olhos para uma
mocinha chamada, Lisa Borboletinha — fala fazendo charme, sua
voz macia e sedutora.
Puta merda! Minha calcinha fica ensopada. A voz rouca desse
homem é um caminho certo para o prazer.
— Por quê? Ela é o que sua? — pergunto ansiosa, o coração
disparado.
— Para mim é namorada. Falta somente ela me dizer o sim
que aguardo ansioso. Já a considero como minha namorada, a
respeitando e sendo totalmente fiel a ela — diz, dessa vez sério, e
meu coração parece um tambor.
— Mulher de coração duro, essa, hein? — digo suando, frio e
aquecida ao mesmo tempo.
— Eu mereço, fui um verme com ela... — Ouço seu suspiro
pesaroso. — Espero de todo meu coração que ela perdoe todas as
merdas que fiz… exatamente por isso, que aguardo e aguardarei
com toda paciência do mundo, seu tempo. Ela é um tesouro valioso.
Vejo isso claramente agora — diz, baixinho.
Estou vermelha e quente. Porra de homem gostoso e gentil,
esse Magno!
— E se essa mulher tão bem cotada em seu conceito resolver
aceitar seu pedido de namoro, o que você fará? — pergunto
rapidamente, antes de perder a coragem.
— Lisa? Caralho! Estou chegando aí. — Desliga em minha
cara e vejo chegando uma chuva de emojis de carinhas com olhos
de coração.
Homem louco esse, sorrio cheia felicidade.

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Corro para tomar um banho para podermos sair. Saio do
banheiro e me seco rápido. Espalho creme de jasmim pelo meu
corpo todo, depilação a laser no jeito. Após secar os meus cabelos,
eles caem por minhas costas, brilhantes e sedosos. Coloco um
conjunto de lingerie rendado, de seda branca, da Victoria Secrets.
Olho no espelho e dou uma volta, me sentindo uma verdadeira
Angel.[5]
Finalmente coloco um vestido longo branco com bainha de
renda rosada e manguinhas bufantes três quartos. Essa peça linda,
nunca usei e guardei para uma ocasião especial. Me sinto uma
princesa nele. Giro, olhando-me no espelho, sentindo-me linda.
Quando pego minha bolsa e caminho para a sala, a sineta toca sem
parar e sei que é Magno. Meu coração está disparado de pura
emoção. Ele parece desesperado para que eu atenda a porta. Meu
coração está disparado e minhas pernas bambas. Merda! Primeiro
namorado, beijo e homem. Não poderia estar de outra forma!
Vou morrer de tanto nervosismo, fecho os olhos e caminho
devagar, respirando fundo.
Abro a porta com uma calma que estou longe de sentir.
Magno entra igual um furacão em dias de tormentosos e me agarra
pela cintura. Ele me beija de uma maneira tão desesperada que
sinto meu mundo girar. Cruzo minhas pernas em volta da cintura
desse homem gigante, um que parece querer me comer viva. Sua
barba me arranha de maneira que meu corpo todo arde de vontade
de tê-lo para mim. Ele beija meu pescoço e passa a barba sem
parar em meu rosto.
— Porra, Lisa, finalmente! Minha namorada, minha! Porra! —
E volta a me beijar com a mesma fome. Me aperta tanto que fico
sem ar. Me esfrego com desespero nele. Sinto seu pau duro feito
aço, Magno me ajeita em cima de sua ereção e se esfrega em mim
com ânsia. Me beijando sem parar.
Sinto meu corpo reagir a esse estímulo delicioso e esquentar
de uma maneira que sei que precede a um delicioso orgasmo.
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Magno sente que estou tremendo, ele geme baixinho e me


faz deslizar com mais força em seu pau. Em nenhum momento ele
deixa de me beijar. Ele empurra seu pau inchado em mim. Sou
transportada para um mundo de prazer. Estremeço e sou tomada
pelo melhor e mais longo orgasmo que já tive em toda minha vida.
Gemo alto, meu corpo sendo sacudido por espasmos deliciosos.
Caio sem forças e escondo o rosto em seu pescoço grosso e
perfumado. Sinto Magno beijando minha cabeça com carinho.
— Porra, Lisa, eu te amo tanto, minha doce Borboletinha.
Com certeza desde o primeiro dia que te vi. Só não queria dar nome
a essa obsessão do caralho. Teimoso que sou! — Me beija
novamente chupando minha língua com força e gemendo alto.
Magno me carrega para o sofá e se senta comigo em seu
colo. Ele faz uma careta de dor, enquanto ajeita seu pau duro e
inchado. Me olha divertido e com os olhos cheios de luxúria. Baixo a
cabeça e coro.
— Amor, não precisa ter vergonha de mim. Sei que é virgem.
Lembra-se que já me contou? — Aceno, sempre conversamos sobre
tudo. — Prometo a você, querida, que sua primeira vez será quando,
onde e do jeito que você quiser. — Acaricia meu queixo com ternura.
— Irei somente até onde me permitir, meu amor — beija meu rosto
com suavidade. Magno me olha com tanta ternura que meus olhos
se enchem de lágrimas.
— Obrigada, meu namorado — digo segurando seu rosto
barbudo e o beijando de leve, seus olhos brilham. — Já disse que
amo sua barba e topetão? — brinco, desfazendo seu topete sempre
tão arrumado e penteado. Ele sorri e me dá um selinho.
— Gosto de penteá-lo e mantê-lo com gel, os fios são muito
lisos e finos. Hoje não deu tempo e vim do jeito que estava — diz e
sorri lindamente. Olho sua roupa; jeans lavado e camisa de linha
verde com gola em V.

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— Você fica sempre tão lindo e arrumado em casa? —
pergunto, vendo seu peito estufar de orgulho.
— Você me acha lindo, Borboletinha? — Sorrio e ajeito seus
cabelos macios.
— Magno, você é lindo de qualquer jeito. — Ele cora. CORA!
— Mas fica ainda mais lindo sem gel nos cabelos. — Ele me olha
fixamente e vejo seus olhos castanho-esverdeados brilharem.
— Lisa, eu te amo tanto, tanto… minha pequena! E gel em
meus cabelos? Nunca mais! — Promete mordendo minha orelha. —
A primeira coisa que farei ao chegar em casa é jogar todos no lixo —
diz sorrindo largamente, me olhando com intensidade e amor.
Magno me puxa com desespero e volta a me beijar com
ânsia, gemendo baixinho, como se sentisse dor.
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Capítulo 22
Raul Magno

Quando atendo o telefone e vejo que é Lisa, meu coração


salta no peito, batucando com força.
Atendo ansioso, com mãos trêmulas. Estou aguardando, seu
sim, com tanta expectativa, que já nem durmo direito mais. Já a
pedi várias vezes em namoro, indiretamente é claro. Teve somente
uma vez que falei abertamente e ela ficou mais de três dias sumida.
Após isso passei a me controlar e vigiar, não queria perdê-la.
Agora só peço de maneira camuflada. Esperando ansioso que
seu cérebro capte, registre e aceite meu pedido... já estou em modo
desesperado
No amor vale tudo, penso desgostoso e divertido ao mesmo
tempo.
Como já disse a ela, esperarei o tempo que for preciso.
Descobri a pérola que Lisa é, e quero essa borboletinha em minha
vida, até meu último suspiro de vida.
Artur tem inteira razão quando a defende, elogiando-a com
fervor. Já me considero seu namorado e vivo para ela. Mesmo que
leve um pé na bunda, ainda assim, me manterei casto e lutando por
ela. Lisa merece meu melhor.
Fico encantado toda vez que ouço sua voz de anjo. Ela me
acalma de todas as maneiras possíveis. Aprecio tudo que minha Lisa
faz, com verdadeira adoração.
Estamos conversando, ela sendo brincalhona como sempre,
eu agora me sinto bem e fazê-lo também. Entro na brincadeira.
Quando Lisa solta a pérola que faz meu pobre e ex vagabundo
coração disparar. Arrepio de emoção.
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— E se essa mulher tão bem cotada em seu conceito resolver


aceitar seu pedido de namoro, o que você fará? — Quando ela faz
essa pergunta, entro em pânico e sou tomado por uma crise de
ansiedade tão grande que fico por uns bons momentos sem ar e o
coração querendo sair pela boca.
Ela aceitou? Porra, porra!
Me levanto com rapidez e choque, ficando meio tonto, e me
escoro na parede. Tomo uma profunda respiração, de olhos
fechados, e um sorriso tão largo que meu rosto dói.
— Lisa? Caralho! Estou chegando aí — respondo rápido,
desligando o telefone, mas antes mando dezenas de emojis para ela.
Saio em disparada para encontrar a mulher da minha vida.
Dirijo igual a um louco, ainda bem que não sou multado.
Chego em frente ao seu prédio em um tempo recorde. Quando Lúcio
me vê, já abre a porta sorrindo, sorrio de volta o cumprimentando.
Aperto o botão do elevador sem parar. Estou nervoso demais.
Quando entro fico sem acreditar que Lisa aceitou namorar comigo.
Me belisco para ver se estou sonhando. Dói pra porra. Estou
acordado, então é verdade! Lisa aceitou namorar comigo. Caralho!
Quando o elevador para no andar de Lisa, saio correndo,
agarro a sineta e a balanço sem parar, estou em pânico total.
Quando ela abre a porta e vejo a mulher mais linda do mundo
me olhar com timidez, perco o restinho de controle que ainda
mantinha a duras penas. Agarro-a com força. Céus, como sonhei
com isso.
Faço o que tenho vontade de fazer desde que a vi pela
primeira vez na rua com seus imensos buquês de flores. Minha
Borboletinha, a mulher das flores. A escolhida de minha alma e
coração.
A beijo com ganância, desespero, paixão e ternura ao mesmo
tempo. Tudo isso, formando esse sentimento tão puro e doce que
faz meu pobre coração trabalhar dobrado. Amor.

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Sinto seu cheiro de jasmim, seus cabelos perfumados, seus
lábios macios e rosados, seu pescoço suave... céus, essa doce
mulher me deixa insano. Aperto sua cintura minúscula, enquanto ela
me rodeia com as pernas. Meu mundo sacode quando sinto sua
doce boceta apertar meu pau dolorido e inchado.
Esfrego-a nele com desespero, mas, ao mesmo tempo, com
cuidado, porque sei que minha menina é virgem e inocente. Preciso
ser cauteloso e não assustá-la. Quero que nossa primeira vez, seja
um marco de lembranças cheias de amor e prazer para Lisa. Ela
geme e permaneço esfregando-a com desespero em meu pau
ganancioso e completamente apaixonado por ela. Quando Lisa goza,
meu coração se enche de alegria por vê-la tão à vontade comigo, se
sentindo segura.
Carrego-a até o sofá e sento-a em meu colo com carinho.
Estremeço, fazendo uma careta de dor ao ajeitar meu pau, está
mais duro que pedra.
Quando olho para Lisa, ela está com o rosto vermelho. Minha
menina é muito tímida. Sorrio com carinho e acalmo-a com ternura.
— Amor, não precisa ter vergonha de mim. Sei que é virgem.
Lembra-se que já me contou? — Lisa acena com timidez. — Prometo
a você, querida, que sua primeira vez será quando, onde e do jeito
que você quiser. — Acaricio seu queixo macio e aveludado. — Irei
somente até onde me permitir, meu amor — Vejo seus lindos olhos,
que me fascinam tanto por suas cores diferentes, se encherem de
lágrimas. Meu coração transborda do mais puro amor por essa
coisinha minúscula e preciosa, minha Lisa.
Ficamos sentados no sofá conversando e nos acariciando. De
repente, Lisa, se levanta me puxando pela mão. Olho
interrogativamente para ela sem entender nada.
— Magno, eu me arrumei para sairmos…, mas agora, querido,
quero fazer amor com você, meu precioso namorado — diz me
olhando timidamente, ficando ainda mais vermelha e bela, se é que
isso é possível.
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Pego seu queixo com carinho e olho dentro de seus olhos


coloridos.
— Tem certeza, meu amor? Sabe que espero o tempo que for
preciso e... — Ela coloca o dedinho em minha boca me calando.
— Já esperei demais, Magno, e escolho você para ser o
primeiro homem de minha vida. — Sinto meus olhos alagarem,
agora o bundão aqui vai chorar.
— Primeiro e único, meu amor... não se esqueça disso, por
favor — murmuro engasgado de tanta emoção, parece que o virgem
aqui sou eu. Se bem que nunca fiz sexo com amor e nunca amei
uma mulher antes. Minha vida sempre foi tão fodida e sofrida e
minha fuga era sexo.
Então, de certa forma, essa será minha primeira vez também.
Me abaixo e pego-a no colo com delicadeza, ela é mais leve
que uma bolha de sabão, e mais cheirosa do que um campo de
lírios.
— Meu quarto...— diz, baixinho, envergonhada, meu coração
transborda de amor por essa mulher.
— Sim, amor, seu quarto. — Eu a levo com cuidado e a
coloco na cama macia, suavemente. — Lisa, quando vi sua cama
pela primeira vez, em uma de minhas visitas, a imaginei nua aqui,
tantas vezes, que perdi a conta, meu amor. — A cama de Lisa, é
enorme, parece ter sido feita para seu homem gigante, eu no caso,
penso orgulhoso. Minha menina gosta de coisas grandes, penso
malicioso. Que minha doce Lisa, nunca saiba desse pensamento
devasso que tive por uma fração de segundos.
Vejo-a me olhando com expectativa e desejo, sinto meu pau
ganancioso sacudir e inchar de maneira dolorosa. Abro o zíper para
não o esmagar e me coloco em cima de Lisa, com uma perna de
cada lado de seu pequeno corpo.

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Desço a cabeça, beijando-a com paixão. Seus lábios macios
se abrem e aprofundo o beijo, gemendo e sentindo suas mãos
macias me acariciarem nos braços e costas. Sinto-a levantando seus
quadris e tentando se esfregar em mim. Meu pau se contorce em
desespero.
Desamarro as alcinhas de seu vestido e puxo com suavidade.
Gemo baixinho, de amor e êxtase, por essa mulher.
Estou diante da mais pura perfeição que já vi em toda minha
vida. Lisa é perfeita em tudo. Seu colo, branco e aveludado, enche
minha boca de água e me deixa zonzo. Tiro seu vestido com
suavidade e o que vejo me alucina. Fecho os olhos e conto até dez
para me acalmar. A lingerie que está usando é de uma pureza e
inocência que me faz ter vontade de colocá-la em um pedestal.
Santa, pura e linda. Minha meiga e doce Lisa. Mas como sou um
fodido pecador, quero comer essa mulher preciosa de todas as
formas possíveis.
— Lisa… meu amor, você é simplesmente perfeita — digo
enfiando o rosto barbudo em seus doces seios e mordendo por cima
do sutiã. Ela geme e me segura pelo topete.
— Quero você, pequena. — Abro o fecho do seu sutiã com
facilidade e rapidez. Quando vejo seus seios nus saltarem livres
diante de mim, gemo baixinho em desespero. São perfeitos, médios,
branquinhos e os biquinhos pontudos e rosados. São meus… só
meus! Caralho!
Desço de boca aberta sobre eles e faço a festa. Chupo tanto
que ela goza somente com meus cuidados em seus doces seios.
Quando ela dá os últimos tremores, olho como um lobo para Lisa,
com a minha boca cheia de água e dentes.
— Quero chupar sua boceta agora, meu amor. Quero que
goze em minha boca. — Digo já descendo, e arranco a calcinha com
os dentes.
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Ela agarra meu topete novamente e caio de boca na fonte de


meu prazer. Sua bocetinha é pequena e delicada. Depilada e rosada.
Está ensopada e seu mel escorre para sua doce bunda. Levanto suas
pernas, as colocando em meus ombros e enfio a cabeça na fonte.
Tento saciar minha sede, mas é impossível. O gosto de Lisa é
viciante.
Sugo com força seus grandes lábios e puxo seu clitóris com
os dentes, suavemente, passando a ponta da língua de forma lenta,
mas com pressão. Sinto seu pequeno clitóris se inchar mais em
minha boca, durinho igual um pedrisco e dou um puxão com força.
Ela estremece em minha boca, seu pequeno corpo sacode com
força. Minha pequena Borboletinha grita tão alto que estremeço de
satisfação e orgulho.
Continuo chupando devagar, igual a um gato lambendo sua
tigela de leite quando acaba.
— Magno... — Ela puxa minha cabeça e solto sua doce
bocetinha, sei que está muito sensível.
Subo beijando seu corpo delicado e paro em sua boca, a
beijando como se saboreasse a comida mais requintada e gostosa
do mundo.
Lisa me beija de volta com fome e desejo. Enquanto a beijo
cheio de luxúria, tiro minha camisa com dificuldade. Me afasto um
momento e arranco minha calça e boxer.
Volto para minha menina rapidamente, não sem antes vê-la
arregalar os olhos ao ver meu pau gigante, beijando e batendo em
meu umbigo.
— Magno? — Ouço medo em sua voz.
— Tudo bem, pequena, você foi feita para mim e eu para
você. Eu te amo mais que a mim mesmo, Lisa. Prometo ser
cuidadoso e te dar prazer mesmo sendo sua primeira vez. Seu prazer
será minha prioridade, eu prometo, querida. — Digo acariciando seu

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rosto suavemente e vendo seus belos olhos coloridos, brilharem
confiantes em mim.
— Eu confio em você, Magno, meu amor. — Estremeço
emocionado ao ver sua confiança e rendição plena a mim. Agora
minha missão em fazê-la feliz triplicou, penso com um nó na
garganta.
Deito-me em cima de Lisa e esfrego meu pau em sua doce
bocetinha. Ela geme e sinto seu pequeno clitóris ficar durinho,
continuo pressionando com suavidade. Beijo-a com amor e paixão,
descendo ávido para seus dois montinhos de néctar. Mamo e chupo
até os biquinhos ficarem vermelhos, inchados, duros e pontudos.
Assopro as pontinhas e Lisa estremece. Desço a mão e acaricio sua
pequena boceta encharcada, procuro seu pequeno clitóris e está tão
duro que espeta a ponta de meu dedo.
A cabeça de meu pau está em sua entrada, empurro devagar
e tiro suavemente, somente a glande. Continuo massageando seu
clitóris e chupando seus seios, vejo-a endurecer o corpo e seu
clitóris tremular em meu dedo. Seu gozo a sacode e aproveito
enquanto goza entrando em uma única estocada. Assim a dor é de
uma vez.
Gemo alto e alucinado. Beijo-a com amor e desespero quando
sinto sua maciez e calor me envolverem. Ela continua sacudindo o
pequeno corpo em um gozo longo... e eu? Estou aqui, com o pau
enterrado e as bolas pesadas de tanto prazer e desejo. Lisa aperta
sua bocetinha e perco o controle mantido a ferro e a fogo até agora.
Desço a cabeça e abocanho um seio e puxo com tanta força que ela
geme alto.
Meu pau expande, incha, sacode e jorra minha semente
morna dentro da mulher de minha vida, com abundância. Sinto tudo
ficar escuro e um zumbido forte em meus dois ouvidos me faz
desabar em cima de minha menina.
Fico caído, meio desmaiado em cima de Lisa e quando o
mundo volta a fazer sentido para mim, sinto suas pequenas mãos
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me acariciando.
— Eu te amo, Magno — Lisa diz com calma, acariciando meu
topete. Acho que ela se apaixonou por ele sem gel. Sorrio satisfeito
e relaxado.
Tombo para o lado trazendo comigo minha pequena.
Acaricio suas costas macias e beijo o topo de sua cabeça
cheirosa.
Ela se deita em meu peito e sinto seus pequenos seios
macios, esmagados em meu peito duro. Meu pau traidor e sem
consideração sacode avisando que está pronto novamente.
Acaricio suas costas macias.
— Obrigado, meu amor, por esse presente tão lindo que me
deu. Guardarei como um tesouro em meu coração. Sua confiança,
amor e pureza. Enquanto viver, minha missão será fazê-la feliz,
minha amada Lisa. Eu te amo demais, minha menina preciosa. —
Sinto uma imensa vontade de chorar e abraço com força seu
pequeno e doce corpo.
Ela sacode e vejo que meu pau duro novamente a assustou,
sorrio.
— Borboletinha, fique tranquila, eu não vou deixar esse
safado abusar de você querida, prometo. — Sinto seu corpo suave
tremer e ela soltar uma deliciosa gargalhada. Sorrio de orelha a
orelha quando ela me fita com os olhos brilhantes e cheio de amor.
— Eu sei, Magno, que sempre me protegerá… até mesmo de
seu pau safado. — Pisca sorrindo, me deixando boquiaberto com sua
frase tão inusitada. Nunca ouvi de sua doce boquinha, nenhuma
palavra feia. Lisa é sempre tão certinha.
— Minha menina, está aprendendo a falar putarias? Não
pode! Você é minha santa e pura Lisa Melo. — Pisco, esfregando-a
em meu pau descarado e pronto para o ataque. Ela sorri e me beija.

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— Santa, hein? Meu doce pecador... Magno, você já ouviu
aquele ditado, diga-me com quem andas e direi quem tu és? —
sussurra com sua mão agarrando minha barba.
Aceno sorrindo.
— Então, eu virarei um anjo, meu amor. O santo e a
pecadora... hum... gostei. Mas pecadora somente comigo e serei seu
santo enquanto viver. Eu juro, Lisa, que ninguém mais tocará esse
corpão aqui, somente minha santinha do pau oco! — digo com
descaramento e pisco sedutor. Ela gargalha com vontade. Fico
petrificado de tanto amor por essa doce mulher. E mais uma vez
sorrio ao ponto de quase rachar meus lábios. Felicidade é o nome.
— Tomara que a parte boa seja a influenciadora aqui, eu no
caso, Magno — sussurra apertando meu pau. Estremeço. — E
permaneça para sempre. Amém! — fala com cara de sapeca.
— Juro a você, meu amor, que sua parte santa, e inocente,
me contagiou e fui completamente tragado por sua pureza, Lisa. A
safadeza desse ex canalha, acabou, prometo a você, querida. Lisa...
eu te amo tanto que chega a arder essa porra de meu coração.
Ela acaricia meu rosto e me beija com ternura. Ignorando
minha boca suja. Vou me controlar mais.
Levo-a para o banheiro, tomamos banhos juntos e depois
conversamos muito sobre tudo. Lisa é maravilhosa. Me mostrou suas
novas pedras e preparamos uma comida gostosa e simples.
Estava ficando tarde e eu não queria ir embora. Estava
cagado de medo de me mandar dormir em minha casa.
— Magno, está tarde e... — Puxo Lisa para mim, beijando-a
com paixão.
— Deixa-me dormir aqui, Borboletinha, por favor? — Ela me
fita séria. Meu rabo não passa nem sinal de Wi-Fi. Ela vai me
mandar embora, caralho, se vou! Olho-a desgostoso e bato o pé
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igual criança birrenta. — Não vou embora! — digo fazendo bico e


olhando com desgosto para a porta.
— Não, querido, você não vai embora. Vai para nosso quarto
e vamos dormir agarradinhos. — Sorrio largamente, aliviado. Agora
sim. Pego-a rapidamente em meus braços e saio correndo com ela
em direção ao quarto.
Não resisto e a faço gozar três vezes, somente chupando-a.
Ela está ferida em sua doce bocetinha, afinal hoje foi sua primeira
vez e meu pau não é pequeno.
Ensino minha Lisa a me masturbar. Estremeço de prazer
somente em ver suas pequenas mãos não conseguirem contornar
meu pau. Fico alucinado e com poucas carícias, eu gozo igual um
lunático. Parece que estou tendo um ataque epilético.
Mulher gostosa da porra, essa minha Borboletinha!
Depois do banho, dormimos agarrados, igual biscoito
casadinho.

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Capítulo 23
Lisa Melo

Ouço uma respiração baixinha e cadenciada. Abro meus olhos


procurando a fonte do barulho, quando viro minha cabeça vejo o
homem mais lindo do mundo dormindo ao meu lado. Seus cabelos
sem gel ficam lindos e estão espalhados pela sua testa. Meu
namorado tem um topetão liso e sedoso que acho perfeito, tanto
com gel como sem.
Quando Magno passa gel, fica com cara de CEO intocável e
quando não passa, fica com cara de MC bad boy fodão.
Olho com carinho para o homem em minha cama e fico feliz
por tê-lo escolhido para ser meu primeiro. Magno foi extremamente
carinhoso, quando fizemos amor, claro que doeu, não nego. A dor foi
aplacada pelo orgasmo que ele me fez sentir na hora que perdi
minha virgindade. Ele sabia exatamente o que fazer.
Franzo o senho com uma careta de desgosto, quando penso
em quanta experiência esse safado tem.
Ele parece um deus na hora de fazer amor, sabe exatamente
o que fazer e onde tocar.
— Safado! — falo alto sem me conter e puxo seu topete com
força.
Ele acorda assustado.
— Amor, o que foi? — Seus cabelos caem em seus olhos e
ele fica ainda mais lindo. Puta merda, estou é muito fodida mesmo!
— Você ficou com muitas mulheres, não é Magno? — falo
com uma ligeira raiva, muito despeitada e com ciúme.

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— Amor? O que foi isso agora? — pergunta com os olhos
arregalados de ansiedade.
— Você, Magno, ficou com muitas mulheres, comeu muitas,
trepou? — digo sem entender essa onda de ciúme que me enche
agora. Infantil? Sim, eu sei, mas puta merda, dói quando o imagino
fazendo com outras tudo o que fez em mim.
Ele se senta na cama rapidamente e segura minhas mãos.
— Amor, eu tenho 43 anos e claro que fiquei com muitas
mulheres, você sabe disso, já te contei. Mas não amei nenhuma. A
única que tem meu coração e alma é você, Lisa. Aliás, você tem
tudo, meu amor, o pacote completo de seu Magno. Você, Lisa, tem
meu amor, alma, pau, boca, coração, tudo, querida, exatamente
tudo. Eu nunca fiz amor em minha vida, a primeira vez foi com
você, querida. Você é mulher que amo, que me ensinou a amar
com sua graciosidade e perfeição. Lisa Melo, eu te amo e quero ficar
o resto de minha vida somente com você, querida. Sei que é cedo
para isso, mas não quero outra mulher em minha vida. Somente
você, meu amor. Lisa Borboletinha é a única que anseio e quero que
seja minha esposa e mãe de meus filhos. — diz com os olhos
avermelhados. Santo Deus, ele é lindo. Me derreto toda e a crise
besta e infundada de ciúmes desaparece depois dessa declaração
tão maravilhosa.
Pulo em seu colo e o beijo com amor. Ele me beija de volta e
sinto todo seu amor e compromisso nesse beijo.
— Desculpe-me, Magno, quando o vi dormindo aí, tão lindo,
imaginei quantas mulheres o viu dormir assim... a maneira que me
deu prazer foi perfeita e pensei nas outras que tiveram o mesmo…
— Ele coloca o dedo em meus lábios com ternura e carinho,
sorrindo.
— Querida, em primeiro lugar, nunca dormi com mulher
alguma, era somente sexo. As despachava assim que terminava. —
Coro quando me conta essas coisas, e vejo ele sorrir. — Pequena
tímida, essa minha Santinha! Segundo lugar, meu anjo, nunca fiz
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amor com ninguém, somente sexo e vou te contar, Lisa, é


totalmente diferente. Fazer amor é perfeito, pequena, é a conexão
do corpo e alma juntos. É lindo, meu amor, e isso só consegui com
você. Borboletinha ciumenta, eu te amo demais! — Me derreto mais
ainda e me sinto amada de fato.
Levantamos e tomamos banho juntos. Magno não deixa
passar batido e me faz gozar novamente. Em sua vez ele mesmo
traz seu próprio prazer. Fico olhando como ele se toca sem entender
como não dói... porque ele segura seu pau com tanta força que as
veias em seu braço dobram de tamanho. Ele goza, gritando meu
nome e sorrio envaidecida.
Nos vestimos e vamos preparar nosso café da manhã.
Fazemos juntos e comemos com tranquilidade. Fico encantada com
nossa conexão e sintonia.
Agora entendo o porquê nunca permiti que outro homem se
aproximasse de mim. Eu estava esperando Magno esse tempo todo,
ele é o homem da minha vida.
Passamos o final de semana em verdadeira sintonia. Fomos
ao shopping e ao cinema. Fizemos compras para minha casa entre
beijos e cumplicidade. E nos amamos várias vezes, com Magno
sendo um verdadeiro cavalheiro.

Quando estamos em casa, enquanto eu trabalho em uma


nova peça, Magno fica sentado no sofá do minijardim lendo. Olho
para ele embevecida. Cena linda essa. Me sinto reconfortada e a
sensação de que Magno está no lugar certo me enche o peito. Ao
meu lado, em minha casa. Deus, como eu passei a amar tanto esse
homem?
Volto a fazer a peça e quando termino, algum tempo depois,
percebo que Magno está dormindo placidamente no sofá. Suspiro de

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felicidade, meu coração se enche de amor por esse homem gigante
e tão carinhoso.
Embalo a peça e a coloco na caixa. Me levanto e caminho
suavemente para não o acordar. Me sento na poltrona ao lado e
acaricio seu rosto barbudo. Ele se mexe e geme baixinho.
— Eu te amo... — sussurro.
— Eu também, pequena — responde com suavidade.

Nosso final de semana foi perfeito e quando ele teve que ir


embora, levou meu coração com ele. Antes mesmo de sair, já estava
com saudades e uma vontade imensa de chorar ou ir junto. Vi que
ele passava pelo mesmo dilema que eu.
— Vem comigo, pequena. — Me pede com ansiedade.
— Não posso, Magno, tenho que entregar peças essa semana
— digo com os olhos cheios de lágrimas.
— Eu te trago no dia, Lisa, juro. Por favor, vem comigo, meu
amor? — Balanço minha cabeça e o abraço apertado.
— Magno, não faz assim... por favor. — Ele me ergue pela
cintura e devora minha boca. Me deixa deslizar suavemente por seu
corpo com pesar, me olha dentro dos olhos com intensidade. Vira-se
e sai rapidamente, quase correndo.
Quando fecho a porta, meu celular bipa, corro e olho. Magno.
— Eu te amo mais que tudo nesse mundo, Lisa. — E muitos
emojis de coraçõezinhos pipocando sem parar em meu celular.
Eu? Chorei de contentamento e amor por meu Magno.
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Capítulo 24
Raul Magno

Saí da casa de Lisa quase correndo, do contrário, jamais sairia


de perto de minha luz e alegria. Minha vontade era de ficar lá até o
dia de minha morte, por velhice é claro!
Porra, o lugar parece um casulo de tão aconchegante e cheio
de amor. E a mulher que escolhi para amar e ser fiel até o último
segundo de minha vida, mora exatamente nesse casulo encantado.
Lisa faz esse lugar ser tão especial, que minha vontade é de
jamais sair de lá. Perfeito, cheio de calor e luz. Caralho, vou escrever
livros de poemas, virei poeta. O que o amor não faz, ou melhor, o
que Lisa não faz? Ela me tem amarrado pelas bolas, coração e
alma.
Me despeço de Lúcio, que agora se tornou um aliado, e entro
no meu carro. Meu desejo de voltar é grande. Suspiro de desgosto.
Ligo o carro e saio cantando pneus, senão voltarei para pegar meu
coração que ficou para trás. Minha Lisa.
Quando me distancio de onde minha Borboletinha pousa, me
sinto ainda mais agoniado. Merda! Vou direto para as obras ver
como estão as coisas. Lá tentarei me distrair.
Mas não consigo. Estou fodido. Passo o dia todo com vontade
de voltar, mas me forço a ficar e dar espaço para Lisa. Eu sei que
sou seu primeiro relacionamento e o homem a quem se entregou.
Fecho os olhos, emocionado. Meu peito enche de calor e orgulho
quando me lembro que me presenteou com sua virgindade. Porra! É
uma honra para um puto igual a mim. Um homem que já ficou com
centenas de mulheres, que sempre as tratou como prostitutas. Hoje
me envergonho disso.
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Agora sou presenteado pela vida com a mais bondosa, meiga,


pura, delicada e inocente mulher. Uma santa, minha Borboletinha.
Quando penso nisso, me arrependo amargamente da maneira
em que tratei as outras mulheres, e nesse pacote inclui minha Lisa.
Estou fodido se ela descobrir a maneira vil com que a tratei no início.
Mas farei de tudo, enquanto viver, para compensar essa falha torpe
que cometi com ela ao compará-la a todas as mulheres com quem
fiquei.
Espero que ela nunca descubra o quanto fui miserável ao
tentar pagar para levá-la para a cama. Rosno de desgosto. Tenho
vergonha do modo como agi e muito medo. Na realidade, tenho
verdadeiro terror, de que me dê um pé na bunda bem dado, ao
descobrir minhas mentiras. Eu reconheço que mereço, por tudo que
fiz a ela e a tantas outras mulheres. Fui um ordinário miserável e
escroto boa parte de minha vida… principalmente nessa área…
mulheres.
Passo a mão em meu topete e estranho meu cabelo sem gel.
Sorrio me lembrando que Lisa disse que adora ele assim, liso. Porra,
se uso mais gel em meus cabelos. Nunca mais! Claro que me
incomoda, por ser liso demais e a todo momento ter que jogá-lo
para trás. Mas se Lisa, gostou tanto dele assim… o tirarei da testa de
segundo em segundo, com prazer.
Minha cara de CEO quando estou com gel foi para o saco.
Agora me pareço, como disse minha borboletinha, com um MC
fodão. Sorrio envaidecido. Porra!
Vou até comprar uma moto bem maneira e colocar minha Lisa
para ocupar a garupa. Somente uma Old Lady[6], tem esses direitos
e privilégios. Sorrio e me sinto um adolescente ao pensar nessas
coisas. Somente quando estamos vivendo uma situação diferente
que vemos o quanto nos enclausuramos… porque a sociedade dita
regras de como um homem ou mulher de mais de quarenta anos
tem que agir. Um grande foda-se, para esses dissimuladores falsos e
infelizes!

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Eu seguia os preceitos hipócritas a rigor. Trabalhar sem parar,
ganhar tanto dinheiro que não gastaria nem e vinte vidas e pegar
todas as mulheres que pudesse. Quantidade te faz mais homem aos
olhos de muitos. Uma merda sem precedentes isso. Talvez por isso
tenhamos tantas pessoas deprimidas. Conquistas vazias e inúteis se
você não tem uma pessoa leal e verdadeira com que dividir tudo
isso. Vitórias completamente vazias, nos tornado pessoas sem paz,
felicidade e o pior, gananciosas e egoístas.
Porra! Sorrio de lado, além de estar pronto para escrever
livros de poesias, agora posso me aventurar em escrever livros de
autoajuda. Estou sorrindo feito um pateta, quando penso que toda
essa transformação devo a minha Lisa.
Olho a minha volta e vejo as pessoas que trabalham para
mim, me olharem sem entender porra nenhuma.
Sempre fui um homem austero em meus negócios. Minha
outra face, a de cafajeste devasso e pilantra, aparece somente longe
de meus negócios e geralmente a noite. Aparecia, me corrijo,
satisfeito. Esse verme que fui, sem coração, ficou para trás. Sorrio
feliz demais para me conter.
Ando pela obra, enquanto continuo a pensar.
Hoje mandei a sociedade falsa do caralho se foder. Quero
viver o amor da maneira que me faz feliz. Sugar Daddy? Sim, mas
foda-se! E daí?
Quero fazer minha namorada, Lisa, se sentir amada e feliz, o
resto que vá para a casa do caralho.
Meu dia termina com tudo correndo bem e vou para a Vila
dos Ipês. Quero muito levar minha namorada para conhecer meu
santuário. Sei que Lisa, irá adorar, pois ama plantas tanto quanto eu,
e os ipês estão em franca florada.
Já posso ver a cara de felicidade de Lisa. Suspiro emocionado.
Porra, estou muito feliz!
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Vou montar um ateliê em minha casa para Lisa. Assim ela


poderá fazer suas peças sem ter que ir para seu apartamento.
Dessa forma, ficaremos mais tempo juntos. Penso com
satisfação.
Quando chego em casa sinto o cheiro de comida caseira.
Minha vida está perfeita, como nunca esteve.
Amo Lili, e Lisa também vai amá-la, não tem como não gostar
dessa doce mulher.
Vou direto para a cozinha, o cheiro me atrai como um ímã.
Vejo Lili mexer com uma colher uma panela.
— Cadê a minha segunda mulher favorita de todas? — falo
beijando o alto de sua cabeça. Ela me olha especulativa e fecha a
cara.
— Segunda? Sempre fui a primeira! Aconteceu algo que devo
saber ou por que perdi meu posto de primeira-dama? — diz fitando-
me intensamente e com os olhos brilhando.
Olho com ternura para essa mulher que sempre foi tão
carinhosa comigo.
— Sim, Lili, suas orações foram atendidas. O universo colocou
em meu caminho a mulher mais maravilhosa, doce e terna que um
homem poderia desejar. — Falo sorrindo com tanta vontade que
meu maxilar dói.
Um imenso sorriso expande em seu rosto.
— Raul Magno! Me conta essa história direito, seu menino
levado! — Ela corre e me abraça com força. Sinto suas lágrimas
molharem minha camisa e me enterneço ainda mais.
— Ela é perfeita, mãe. — A chamo assim quando estou muito
sentimental. E ela adora. Levanta seus olhos molhados e sorri.
Lili, acaricia meu braço.

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— Graças a Deus, meu filho. Você merece sempre o melhor.
— Me olha feio por segundos. — Apesar de fazer muitas loucuras e
bobagens, sei que seu coração é bom. Você, meu menino, em suas
loucuras somente ansiava por uma mulher que te amasse
verdadeiramente... — belisca meu braço e faço uma careta de dor.
— Apesar de afugentar todas com sua libertinagem e devassidão.
Entendo-o, Raul. Era puro medo e covardia. Pobre menino. — Olho-a
assombrado. Quem é essa senhora estranha à minha frente, que
mete o porrete em mim, sem piedade? — Como era um sem-
vergonha, meu filho, só atraia alpinistas safadas. Um bando de
exploradoras que te querem somente pelo seu dinheiro e esse
corpão. Elas te fodiam, querendo seu dinheiro e prestígio. Simples
assim.
— Lili! — Fico horrorizado quando ouço essas palavras torpes
saírem da boca dessa doce senhora. Ela me solta, olhando-me
divertida.
— Raul Magno, eu já fui jovem e gostava da coisa. — Pisca
matreira, voltando a picar as verduras. Sinto meu rosto arder.
— Lili! — Estou abismado. Arregalo os olhos e balanço a
cabeça para não imaginá-la fazendo certas coisas.
— Vai tomar banho, meu filho, e volta rápido para jantar, sabe
que gosto que coma tudo quentinho, não é? — diz, severa.
— Tudo bem — concordo com docilidade. Me sinto melhor
com ela sendo maternal. Vou tomar meu banho, obediente. Sorrio
satisfeito que nossa conversa estranha acabou.
Subo os degraus a cada dois para andar mais rápido. Estou
louco para trazer Lisa para conhecer Lili, a mulher que sempre me
tratou como filho desde que começou a trabalhar para mim.
Na época ainda era um homem sem sentimentos e muito
desconfiado do amor das pessoas. Para mim não existia amor puro e
genuíno. Descobri com Artur e Lili que existe, sim, e agora com
minha preciosa Lisa.
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Tomo banho, desço e jantamos em meio a uma paz gostosa e


reconfortante. Me levanto e despeço dela.
— Boa noite, Lili. — Ela me abraça forte.
— Boa noite, meu filho. — Beijo sua bochecha e vou para
meu quarto.
Subo a escada mais tranquilo dessa vez. Vou ao banheiro e
escovo os dentes. Volto ansioso pensando nela e me deito.
Aconchegado na cama e sorrindo de orelha a orelha, ligo para minha
Lisa.
Ela atende ao primeiro toque.
— Oi, meu amor. — Me ajeito no travesseiro e pergunto com
o coração transbordando de calor e ternura.
— Oi, querido, como foi seu dia? — Ouço sua voz doce e
suave. Meu coração aquece. Meus olhos, com certeza, são dois
imensos corações. Caralho se isso não é maravilhoso. Sinto que
posso flutuar de tanto amor por essa doce mulher. Lisa é a culpada
por tanta felicidade e paz. Sorrio largamente com cara de bobo.
Conversamos por mais de uma hora. Quando nos
despedimos, me sinto triste e com a dolorosa sensação de vazio.
Gostaria que ela estivesse aqui para ver as estrelas pela claraboia e
as flores dos ipês. Obviamente iria amá-la a noite toda. Sorrio agora
nostálgico, quero minha santinha comigo. Necessito dela como o ar
que respiro. Puxo o ar com força e um nó se forma em minha
garganta. Saudades. Como é bom amar, até a dor da saudade é
gostosa.
Lisa… em breve… a verei meu amor. Fecho meus olhos e
durmo um sono tranquilo e sereno, como há anos não tinha.

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Capítulo 25
Lisa Melo

Sinto tanta saudade de Magno, que minha vontade é de ir


correndo até onde ele está.
Meu namorado, me liga todos os dias e manda mensagens
várias vezes também. Sei que Magno está tão ansioso para me ver
novamente, quanto estou.
Mas combinamos ir devagar e nos encontrarmos a princípio
em todas as sextas-feiras. Desse modo, Magno fica todo o final de
semana comigo.
Já recebi minhas flores do dia. Ele continua me mimando, as
enviando diariamente.
Me levanto desanimada e me arrasto para o banheiro. Tomo
um banho demorado, me levantei cedo, pois não consigo mais
dormir, a saudade me deixa ansiosa e triste.
Saio do banheiro, me enxugo, seco meus longos cabelos e
passo creme no corpo. Magno adora o cheiro de jasmim do meu
hidratante, me disse que dá vontade de me engolir inteira.
Sorrio nostálgica e meus olhos marejam. Fungo tristemente.
Não sabia que amar me tornaria tão emotiva.
Hoje decido usar um de meus vestidinhos frescos e subo
descalça para fazer meu café. Estou arrumando a mesa quando ouço
a sineta tocar. Estranho, não espero ninguém hoje.
A pessoa está com pressa, porque além de quase arrancar a
sineta ainda esmurra a porta. Desço rápido olhando pelo olho
mágico. Quando vejo quem é, meu coração dispara e minha calcinha
molha. Meu Deus, estou alucinada por esse homem. Magno.

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Abro a porta tremendo e ele avança com tudo para cima de
mim. Me agarra e me levanta com força, tomando minha boca com
desespero. Me esfrega em seu pau, tão duro que me deixa
atordoada e mais molhada ainda.
— Eu te amo, Lisa. Porra! Te amo, amo, amo... — murmura
sem parar de me beijar.
Tento dizer que o amo, mas ele continua chupando minha
língua com tanta força que parece que vai arrancá-la.
Magno me carrega e me encosta na parede, sem parar de me
beijar, abre o zíper da calça, empurra minha calcinha de lado e entra
com uma única estocada. Gemo deliciada.
— Caralho de boceta quente e apertada... só minha. Não é,
meu amor? Diz que me ama… que você é minha! — murmura,
gemendo e empurrando com força.
— Eu te amo… Magno… — gemo e sinto sua grossura me
alargando.
— Fala, gostosa… meu único e grande amor. Está bom, hein?
Quer mais forte ou mais suave? Me diz, querida — geme, entrando e
saindo sem parar.
— Forte, bem forte, Magno… — Ele me segura com força, me
beija com ganância e mete com força. Sinto minhas costas baterem
na parede e seu pau engrossar ainda mais. Magno levanta minhas
pernas e bate em um ponto que me faz gemer e estremecer.
Ele sabe o que está fazendo, vejo seus olhos brilharem. Ele
estoca com desespero, batendo nesse ponto que faz a ponta de
meus dedos enrolarem.
Sinto um calor intenso me tomar e reviro meus olhos quando
sou tomada por um gozo que me faz tremer e gemer alto. Enquanto
Magno entra em desespero, estocando com uma velocidade que
reforça ainda mais meu gozo.
Sinto ele inchar e me encher de seu gozo morno e espesso.
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Continua entrando e saindo, agora mais suavemente, até


parar e me olhar nos olhos com um sorriso satisfeito e doce.
— Desculpe, meu amor, não aguentei esperar até sexta como
combinamos. Eu tentei, Lisa, mas não deu. Quando dei por mim,
carinho, já estava aqui em frente sua porta e quando te vi, perdi o
controle. Te machuquei, Borboletinha? — Pergunta, ansioso, ainda
dentro de mim.
— Não, querido. Eu também estava desesperada para te ver,
mas como não sei direito onde mora, ou qual obra está, não pude ir
atrás. Senão teria ido. — Confesso, corada e envergonhada.
Ele sorri e sai de dentro de mim com suavidade.
— Meu amor, vou resolver isso de uma vez. Quero que saiba
onde estou quando a saudade bater. Vamos passar o final de
semana em minha casa na Vila dos Ipês. Você vai adorar, princesa,
tem tantas flores que vai se encantar. Agora estamos na temporada
de florada dos ipês. Ia convidá-la na sexta, mas já que estou aqui,
quero você comigo no lugar que mais amo no mundo. Meu retiro. Lá
só vai um amigo meu — diz me carregando para o banheiro.
Tira nossas roupas, tomamos um banho gostoso e fazemos
amor novamente debaixo do chuveiro.
Nos secamos e vamos tomar o café da manhã. Preparo tudo
com carinho para meu Magno. Seus olhos me seguem, brilhando
muito.
— Você vai trabalhar hoje, meu amor? — Magno pergunta,
sentando-se à mesa com um biscoito na mão.
— Não pretendo, por quê? — Passo o café e coloco na mesa.
— Hoje não estou inspirada e nem com vontade.
Ele sorri lindamente, se levanta e me abraça.
— Então vamos comigo hoje para Vila dos Ipês? — pergunta
baixinho, mordendo suavemente meu pescoço.

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— Sério? E você? Não vai trabalhar? — Fico alegre com a
possibilidade de ficar mais tempo com ele.
— Eu gosto mais de trabalhar em casa, Lisa. Saio somente
quando sou chamado para resolver alguma coisa mais grave ou
apareço de surpresa em alguma obra. Tenho equipes que resolvem
quase todos os problemas que surgem. A maioria do tempo
monitoro tudo de casa, querida — diz sorrindo e apertando minha
cintura. — E então, você me daria essa honra? — Me olha ansioso e
em expectativa.
— Sim, claro que vou. Mas preciso levar minha maleta de
trabalho, querido. Não gosto de sair sem ela, pois as ideias chegam
em momentos inusitados, então as desenho e as produzo
imediatamente. — Ele sorri tão largamente que meu coração dispara
emocionado. Nos sentamos e começamos a tomar nosso café com
calma e sorrisos.
— Claro, meu amor, vou arrumar um lugar na casa para você
ter total privacidade para trabalhar e...
— Não! — engulo o café e o corto. — Não quero que tenha
nenhum trabalho comigo. Faço meu trabalho em qualquer cantinho
— digo, constrangida.
Ele me olha bravo.
— Está maluca, pequena? É seu trabalho e farei, sim, um
lugar apropriado para você trabalhar, afinal, te quero lá todo o
tempo que puder. — Finaliza e pisca para mim, coro.
Passamos o dia juntos e fazemos amor várias vezes. Estou
me viciando em Magno. Homem gostoso e carinhoso esse meu
namorado!
À tarde, arrumamos minhas roupas e a maleta com meus
materiais para trabalhar. Finalmente fomos para o lugar que,
segundo Magno, eu iria amar. É seu lugar favorito para recarregar
suas energias e poderei recarregar as minhas também, penso
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sonhadora. Os olhos de Magno estão brilhando de prazer e meu


coração aquecido de amor por ele.

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Capítulo 26
Raul Magno

Acordei hoje agoniado, sinto falta da minha namorada.


Namorada, meu coração aquece quando lembro de Lisa. Já tenho
mais de quarenta anos e nunca namorei, somente transava
indiscriminadamente. Sou virgem na parte emocional. Porra!
Amar é: sentir uma vontade louca de estar com a pessoa
querida e amada cada segundo de nossa vida. Vou começar a anotar
as frases poéticas. Do jeito que está em breve terei um livro gigante
para publicar, penso divertido.
Me levanto arrastado, tomo um banho e Lisa não sai da
minha cabeça. Caralho, nem pareço um senhor caminhando para
meio século de vida, bem vivida, diga-se de passagem, e com
centenas de mulheres comidas.
Merda! Minha menina é diferente de todas, penso que estava
esperando justamente esse anjo chegar em minha vida devassa...
para me resgatar e redimir. Um pecador fodido e sem escrúpulos.
O que me tira a paz é o pavor de que ela descubra minhas
mentiras e de como fui um canalha e escroto quando a conheci.
Tenho vergonha de como procedi com ela, já disse isso mil vezes… e
vou continuar repetindo tamanha vergonha e arrependimento.
Um medo descomunal de perdê-la gela minha alma com a
mera possibilidade de Lisa descobrir minhas mentiras e maracutaias.
Isso tem me tirado o sono, paz e sossego. Caralho!
Já pedi a Lili para me chamar somente de Magno, e vou
arrumar um jeito de contar a Lisa toda a verdade. Claro que vou
omitir a parte que ofereci dinheiro para trepar com ela. Fecho os

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olhos de desgosto quando me lembro disso. A tratei como uma
qualquer, fui um imundo. Artur sempre teve razão.
Porra, Lisa é a mulher mais doce e pura que já conheci em
meus quarenta e três anos de vida.
Desço e vou para a cozinha, gosto de fazer as refeições com
Lili.
Ela já colocou a mesa e me sento, triste e carrancudo.
— Posso saber o porquê dessa carranca, senhor Raul Magno?
— Não! — resmungo, grosso.
— Me fale, agora, seu malcriado! — diz com as mãos na
cintura gordinha, com cara de brava.
Sorrio e corto um pedaço de pão fresquinho que ela faz todos
os dias. Essa mulher me mima demais. A amo muito.
— Lisa — falo, simplesmente.
— Sua namorada? — pergunta com um sorriso de orelha a
orelha.
— É. — Não estou com vontade de conversar, estou com
saudades de Lisa. Quero beijá-la muito e ficar com ela... agarradinho
e cheirando seu pescoço perfumado. Me recuso a pensar em
safadezas nesse momento. Somente abraçá-la já me deixaria em paz
e feliz. Porra!
— Tem gente aqui hoje que está mal-humorado, hein?
Levanta essa bunda musculosa da cadeira e vai atrás de sua
namorada, homem mole! — diz com cara de brava. Olho para ela e
de repente sinto o mundo ganhar cores e calor. Sorrio com tanto
prazer que doem os músculos do meu rosto. Me levanto num pulo,
corro, beijo Lili e saio em disparada. A ouço murmurar:
— Esses meninos! — Sorrio ao ouvir ela se referir a mim e ao
Artur como meninos. Dois homens maduros com mais de quarenta
anos no lombo.
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Entro no carro e saio vazado. Quando dou por mim, já estou


agarrando e fazendo amor com a mulher da minha vida. Me mostro
a ela sem pudor e digo em alto e em bom som o quanto a amo.
Passamos um dia maravilhoso e quando vai chegando à tarde,
entro em pânico somente de pensar em ir embora sem ela.
A chamo para ir comigo para a Vila dos Ipês, um lugar onde
nunca, jamais, levei mulher alguma. Somente Artur e Lili tem
liberdade em minha casa. O pessoal que dá manutenção no jardim,
piscina e limpeza quinzenal na casa toda também tem acesso, mas
restrito. A casa é muito grande para Lili limpar sozinha.
Quando Lisa aceitou, vibrei de felicidade, achei que teria que
insistir muito, pois ela é muito comprometida com seu trabalho.
Vou preparar um lugar especial, com tudo que Lisa precisa
para trabalhar em minha casa, na Vila. Quero que ela fique o maior
tempo possível comigo. Agora estamos chegando e minha menina
está vibrando.
Já adentramos a Vila dos Ipês. Eu, que já vivo aqui há anos,
ainda não me acostumei com tanta beleza. Imagine minha
Borboletinha.
— Magno! Aqui é lindo, querido. — Bate palmas, igual
criança. Meu coração enche de prazer, amor e orgulho por essa
pequena mulher que mudou meu mundo.
— Não te falei, meu amor? Depois vamos explorar e você
ficará encantada com a quantidade de pés de ipês que temos aqui. E
claro, meu pomar. — Falo com orgulho desse pedacinho do céu onde
tenho o prazer de viver.
— Por isso que se chama Vila dos Ipês? — As flores chamam
mais atenção de minha menina. Ela pergunta, curiosa e segura
minha mão com carinho.
— Sim, pequena, exatamente por isso. Você, que é uma
borboletinha e ama flores, ficará encantada quando chegarmos em

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minha casa. Prometo. — Digo, fazendo suspense e ela me olha
curiosa.
— Me conta. — Pisca sedutora e gargalho. Ela acaricia meu
braço piscando sem parar e sorrindo.
— Não falo! É surpresa, menina curiosa! Garanto que certa
abelhinha vai surtar e produzir muito mel para mim... — Falo cheio
de malícia, deixando-a ainda mais curiosa. Estamos quase chegando.
Viro a rua arborizada e cheia de ipês coloridos e ela suspira
de prazer. Olho para ela em expectativa.
— Magno! Meu Deus! — Ela coloca a mão na boca,
encantada. — Olha o chão, querido, parece um tapete de flores. —
Seus olhos brilham de encantamento, dá para ver a alegria
estampada em seu rosto delicado.
Reduzo a velocidade para que ela possa apreciar melhor.
— Posso descer e ir a pé até sua casa, meu amor? —
Gargalho alto com seu jeitinho doce de falar.
— Depois voltaremos, querida, e você pode passear o quanto
quiser — prometo, tomado de amor por essa pequena mulher.
— Combinado. — Segura minha mão, e quando paramos em
frente à minha casa de vidro, vejo ela engolir em seco.
— Meu Deus! Morri e estou no paraíso! Magno? Tem árvores
dentro de sua casa? Como assim? — fala abrindo a porta e sai
correndo, parando em frente à minha casa com as mãos na boca.
— Deus! — continua, estou parado ao seu lado, me sentindo
o homem mais feliz do mundo. Ela sente o mesmo que eu ao chegar
aqui, todas às vezes me encanto com o projeto arquitetônico dessa
casa. Engenhoso e belo. Sua integração com a natureza a torna
única.
— Então, minha doce namorada, gostou? — Seguro-a pela
cintura, por trás, e esfrego meu pau inchado em sua doce bunda.
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— De quê? Da casa ou do seu pau duro? — Assusto-me com


sua ousadia e meu pau fica mais duro ainda.
— Dos dois? — pergunto, safado.
— Sim, adorei a casa! — a danadinha fala e se cala. Fico
esperando-a falar que adora também meu pau e nada.
— Só a casa? E meu pau? — sussurro em seu ouvido e a vejo
arrepiar-se toda.
— Ah, seu pau! — Faz suspense e aguardo ansioso. — Simm,
adoro também! — Sorrio feliz e ela me beija. E correspondo com
todo amor e desejo que sinto por essa mulher.
Tenho que me afastar com esforço, senão vou comê-la aqui
fora ou gozar nas calças.
— Querida, vamos entrar, senão vou passar vergonha aqui
fora. — Arrasto-a para dentro e vejo que fica estática quando
entramos.
Seus olhos coloridos passeiam pela sala imensa. Lisa caminha
até o pé de ipê amarelo, em êxtase. Contorna seu tronco grosso,
passa a mão com delicadeza e se agacha, pegando uma das
centenas de flores que estão ao redor do tronco no chão, onde foi
feito um lindo jardim.
Levanta seus olhos e vejo lágrimas.
— Magno, nunca vi nada tão lindo em minha vida. Não sabia
que podia ter árvores plantadas e gigantes dentro de casa — me diz
com ingenuidade, igual a uma criança.
— Pode, sim, meu amor, eu mesmo já reformei várias casas
com essa proposta — digo com carinho.
— É lindo, parece que estamos no meio de uma floresta —
continua apanhando as flores que estão caídas e suas pequenas
mãos já estão cheias.

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— A intenção é exatamente essa, querida. Venha, vou te
apresentar a Lili, minha segunda mãe e te mostrar o resto da casa.
Vai amar a parte de cima, da sacada dá para você colher cachos de
ipês — digo sabendo que ela vai adorar essa experiência.
— Colher flores da sacada? — pergunta com os olhos
brilhantes.
— Sim, pequena. Vem, vamos conhecer uma das mulheres
mais especiais de minha vida. — Ela me olha fixamente.
— Mulheres? — pergunta baixo e carrancuda. Sorrio, sem que
perceba, Lisa está com ciúmes. Ela entenderá com o tempo que não
precisa. Minha doce menina, matou-me para outras mulheres,
graças a Deus. Amo Lisa, mais que a mim mesmo. Renunciaria a
tudo que conquistei em minha vida por ela. Minha doce Lisa, meu
único amor.
— Sim, querida. — Digo simplesmente. — Você e ela são as
mulheres da minha vida. — Sorri mais relaxada e me estende a mão
cheia de flores. Caminhamos e deixamos um rastro de flores
amarelas, até chegarmos à cozinha. Me sinto em paz e tão feliz que
não tenho como dimensionar.
— Lili, trouxe minha pequena borboletinha para você
conhecer. Ela adora flores. — Vejo Lili sorrir de orelha a orelha.
Lisa, fica encabulada e muito corada. — Lili, minha namorada, a
mulher que conquistou meu coração, amor e fidelidade. Lisa, Lili, a
mulher que cuidou de mim quando mais precisei — falo engasgado
de emoção por ver juntas as duas mulheres que mais amo no
mundo.
Lili, mais desinibida, anda rápido e abraça minha pequena.
— Prazer, minha filha, não sabe como fico feliz por ver que
finalmente meu menino tomou juízo e arrumou uma mulher
decente.
— Lili! — falo sem jeito e com receio de Lisa ficar brava
comigo.
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— Prazer, Lili. Sei que esse jovem senhor não foi flor que se
cheire. Mas agora espero de coração que tenha tomado jeito. Pois
não gosto de mentiras e traições. — Diz abraçando Lili e não vê o
quanto fico pálido.
Me encosto na parede e sinto falta de ar. Abaixo a cabeça
suando muito. Passo as mãos tremulas pelos cabelos e quando
levanto o olhar, vejo-as me olhando assustadas.
— Magno! — Lisa corre para meu lado e me olha assustada.
— Raul! — Lili chega rápido e coloca a mão em minha testa.
Lisa me olha e franze a testa, me arrepio até a alma.
— Raul? — Pergunta baixo, olhando-me fixamente. Me sinto
mal, completamente fodido.
— Raul Magno, filha — responde Lili, preparando um copo
com água para mim.
Olho para Lisa com o coração na mão e falo rapidamente o
que vem em minha cabeça.
— Lisa… — engulo seco. — Eu detesto esse nome, Raul.
Somente Lili o usa — digo, olhando feio para Lili. Ela me olha
consternada e balança a cabeça, como se me dissesse que comecei
mal, mentiras não prestam.
— Você não gosta de seu nome Raul Magnum? É um nome
tão lindo — diz passando a mão com suavidade em meu rosto e a
culpa me dilacera.
Lili me olha com censura e pede licença. Baixo a cabeça,
envergonhado.
— Filha, fica à vontade, vou fazer um almoço caprichado para
você e depois quero que experimente um doce de milho-verde que
fiz — diz para Lisa e me olha com desgosto. Me encolho e puxo Lisa
rápido, para sairmos dali. Meu coração espanca meu peito. Medo e
pavor.

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Sinto que vou perder Lisa com tantas mentiras que já contei.
A desgraça é ter que ir criando mais mentiras para cobrir as
primeiras. Fungo em agonia. Caralho! Entro em desespero e minha
vontade é de pegar minha menina e sumir com ela para um lugar
onde ninguém nos conheça. Preciso arrumar a porra dessa merda
que me enfiei até a cabeça. Estou atolado de mentiras até a alma.
Levo-a para o andar de cima.
Ela fica encantada com as paredes de vidro e corre para a
varanda. Pega nos galhos de Ipês que estão pesadas devidos aos
imensos cachos de flores.
— Magno! — grita segurando na mão um cacho gigante de
ipê-branco. — Esse é branco! O de baixo é amarelo. São lindos e
perfumados.
— Tem a cor rosa também, pequena, venha que te mostro. —
A levo até outra parte da casa, em outro quarto, onde o pé de ipê-
rosa está pesado de flores. Ela estende a mão e passa com
suavidade nos cachos. Vejo lágrimas descendo de seu pequeno
rosto. Como pode existir tanta perfeição em uma única mulher?
— Magno, nem se viver mil anos verei beleza como essa. —
Vem correndo e me abraça. — Obrigada por me proporcionar esses
momentos tão especiais e únicos.
Sinto como se uma faca fosse cravada bem fundo em meu
coração e meus olhos se enchem de lágrimas. Remorso e nojo de
mim mesmo, inundam minha alma. Essa mulher não merece um
mentiroso como eu. Porra! Mas não consigo abdicar dela, nem se
minha vida depender disso. Fungo e ela levanta a cabeça, e me olha
com seus lindos e ternos olhos coloridos.
— O que foi, amor? — Limpa meu rosto com suavidade.
— Nada... Lisa... abelhinha, não sei se te mereço. Você é
perfeita demais, meu amor. Tão pura e tão nova para mim... — Ela
coloca o dedo em minha boca.
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— Não fala isso nem brincando, vida. Nunca namorei, nem


fiquei com ninguém. Sabe o porquê, Magno? — Balanço a cabeça
sem poder falar, estou engasgado.
— Porque estava esperando e me guardando para você, meu
amor. — Quando diz isso, sou sacudido por um soluço tão alto e
sofrido que ela se assusta. Me sinto um verme e tenho vergonha de
estar aqui com ela. A culpa me alastra e corrói.
— Me perdoe, Lisa… — digo e saio rapidamente do quarto.
Ela me olha assustada e fica parada no lugar sem entender
nada. Sou um merda mesmo.
Saio quase correndo do quarto e vou para o único lugar que
me sinto em paz depois de minha casa. Um pé de macieira que fica
afastado da casa há uns dez minutos. Mandei colocar um banco de
madeira tratada debaixo do pé de macieira. Meu lugar favorito. Já
comi muitas maçãs aqui. A vista é linda e vemos a longa extensão
de pés de ipês que formam a vila.
Aqui, fiz um pequeno pomar. Mas gosto mesmo é de minha
macieira e Lisa vai adorar. Lisa… estremeço.
É aqui que venho quando quero pensar, chorar e ter um
pouco de paz. Me sento e contemplo a natureza que é tão bela e me
sinto um desgraçado. Coloco os cotovelos nos joelhos e seguro
minha cabeça em completo desespero. Sinto as lágrimas descerem
sem controle. Se pudesse voltar ao passado e apagar tudo que fiz a
Lisa, todas as mentiras que contei...
Pondero com angústia minhas opções. E todas me dizem que
perderei Lisa no final. Isso me enche de aflição, dor e desespero.

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Capítulo 27
Lisa Melo
Não entendi o comportamento de Magno desde que cheguei
aqui. Ele está agindo de um modo estranho. Aquela alegria genuína
de quando saímos de meu apartamento parece que se perdeu logo
que chegamos em sua casa. Tem alguma coisa incomodando-o e ele
ter me omitido seu primeiro nome foi estranho. Aliás, tem algo muito
esquisito nesse meio e sinto uma fisgada dolorida em meu peito.
Está tudo perfeito demais. Arrepio com um presságio ruim.
Ele me disse que se chamava Magnum, depois Magno e agora
descubro que é Raul, seu primeiro nome… não gosto disso.
Quero uma explicação sobre isso. Mas resolvo deixar por
hora. Magno está muito abalado com algo e tenho que ajudá-lo no
momento e não cobrar algo. Nunca o vi assim.
Desço a procura dele e como não o encontro, vou à cozinha
onde Lili está terminando o jantar.
— Com licença... — peço educadamente — Ela se vira e me
olha com carinho.
— Oi, filha, tudo bem? — Olha-me preocupada quando vê
minha aflição.
— Não. O Magno ficou estranho de repente e desceu as
escadas quase correndo... não entendi o porquê. Gostaria de
conversar com ele, mas não o acho. Por acaso, você sabe onde ele
poderia estar? — pergunto, angustiada. Ela chega até mim e pega
minhas mãos.
— Sei, sim, filha. Magno sempre vai para lá quando quer ficar
sozinho e está com algum problema. — Me olha fixamente, vejo dor
em seus olhos. — Lisa, ele nunca namorou, está meio atrapalhado
e... — Olho incrédula para ela. Magno me disse, mas achei que

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estava sendo somente gentil em um momento de ciúmes de minha
parte.
— Ele nunca namorou? Com mais de quarenta anos? — Ela
sorri e sacode a cabeça afirmativamente.
— Sim, nunca namorou. Meu pobre menino, no quesito
relacionamento sério, é muito inocente. Isso está deixando-o
desestruturado e confuso. Magno sabe agir com perfeição somente
em relacionamentos sem compromisso, onde existe somente sexo —
me conta apertando minhas mãos com suavidade.
Meu coração sacode de amor por esse homem que quer
amar, mas não sabe bem como fazê-lo.
— Me leve até onde ele está, Lili? — peço, ansiosa para
encontrá-lo.
— Claro, filha. Venha, vou levá-la até a metade do caminho.
— Puxa-me pela mão e quando saio da casa, me encanto com o
tapete de flores que contorna o lugar. Que lugar esplendoroso é a
casa de Magno.
Caminhamos entre os Ipês e ela aponta uma árvore com
alguns frutos vermelhos.
— Lá, filha, debaixo do pé de maçã. Magno adora aquele
lugar. — Vejo-o sentado no banco com a cabeça nas mãos.
— Cuida bem dele, Lisa. Esse homem já sofreu muito na
vida. Apesar de às vezes fazer muitas merdas e meter os pés pelas
mãos, agindo impensadamente. Meu Magno tem um coração de
ouro. — Sorri com tristeza e lágrimas nos olhos, saindo em seguida.
Caminho sem fazer barulho até chegar perto da macieira.
Paro e meu coração quebra quando o vejo soluçar alto. O que será
que está machucando tanto esse homem?
— Amor... — chamo baixinho e com carinho.
Ele retesa o corpo e fica imóvel.
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Caminho até ele e passo a mão em seu grande topete que


está todo tombado para frente, macio, lisa e brilhante. Magno é
perfeito aos meus olhos. Levanto seu queixo barbudo e ele me fita
com os olhos e nariz vermelhos.
— O que está acontecendo, meu amor? — pergunto
segurando seu rosto barbudo entre minhas mãos. Uma lágrima
desce e se perde entre sua barba espessa.
— Eu não mereço você, Borboletinha — diz, simplesmente.
— Por quê? Me traiu? — pergunto rapidamente com o coração
disparado e doendo.
— NÃO! Isso jamais! Fiz coisas que me envergonham e... —
Coloco o dedo em seus lábios macios, o silenciando.
— Todos fazemos, Magno. Foi seu primeiro nome que me
omitiu? Fique tranquilo, se você não gosta de Raul, só te chamarei
de Magno. — Quando digo isso, ele se encolhe e cobre o rosto com
as mãos novamente. — Magno, olha para mim, meu amor e me
conta o que está te deixando tão triste. O que está te machucando
tanto? — Ele levanta novamente os olhos vermelhos e me fita
fixamente.
— Eu sou um mentiroso, Lisa — confessa com mais lágrimas
descendo e voz tremula.
Ele está muito envergonhado por omitir seu primeiro nome.
Magno está certo, isso não foi muito correto de sua parte, mas
também não é para ficar nesse desespero todo.
— Magno, vamos fazer assim, vamos colocar uma pedra no
passado e deixar lá tudo que você fez, combinado? Isso o deixará
mais feliz e confortável, meu amor? — Acaricio seu rosto e sento-
me em seu colo. Ele abraça-me com força como se tivesse medo de
me perder.
— Você jura que o passado ficará no passado, Lisa? Você
promete que nunca me deixará? E se porventura acontecer alguma

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coisa, me dará chance de explicar e me redimir? — Estranho essas
perguntas, mas como quero vê-lo feliz e tirar esse peso que vejo em
seus olhos, concordo.
— Prometo, sim, meu amor. Só te peço que nunca me traia
ou minta para mim, por favor. — Odeio traições e mentiras. A pouco
cor que tem no rosto, some. Ele fica esverdeado. Pobre, Magno.
— Prometo a você que jamais mentirei... — Raul baixa a
cabeça muito pálido e vejo lágrimas em seus belos olhos. — Juro
sempre te dizer a verdade, e minha fidelidade é sua enquanto eu
viver, meu amor. Eu juro. E já te peço perdão, adiantado, por tudo
que fiz em relação a você e a outras pessoas no meu passado fodido
— sussurra consternado. Pego suas mãos frias e trêmulas.
Sorrio feliz e o puxo para um abraço.
— Combinado! Agora quero que me mostre tudo aqui, esse
lugar é lindo demais, Magno. Um verdadeiro paraíso. — Ele me beija
com desespero.
— Quero você, Lisa, eu preciso estar dentro de você, meu
amor, ou juro que vou morrer... — Levanta-me e abre seu zíper,
coloca seu pau duro e inchado para fora, levanta meu vestido e
empurra a calcinha para o lado.
Passa a ponta do dedo em minha boceta que está úmida e
pronta desde cedo, fecha os olhos e sorri feliz.
— Sempre molhadinha e pronta para mim. Não é, meu amor?
Me segura e entra todo de uma vez, fica quietinho dentro de
mim. Tremendo de prazer. Começo a rebolar em seu pau, ele fecha
os olhos e geme alto. Beijo sua barba molhada com suas lágrimas e
sinto seu dedo massageando meu clitóris. Meu corpo sacode de
prazer, sinto ele desabotoar meu vestido e chupar meus seios com
força.
— Perfeitos. Lisa, seus seios são perfeitos! Brancos como leite
e bicos rosados e pontudos como adoro, meu amor. — Chupa
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somente os mamilos pontudos, me fazendo gozar com força em seu


pau duro. Ele geme com meu seio dentro de sua boca e sinto ele
expandir dentro de mim e lançar jatos grossos e vigorosos me
alagando de sua seiva.
— Caralho, Lisa, eu te amo tanto que chega doer! Porra! —
murmura baixinho e pausadamente. Meu Magno boca suja.
Ficamos em um silêncio cúmplice por alguns minutos. Ele sai
de mim, se ajeita e sobe o zíper. Arruma minha calcinha e o vestido.
— Não se limpe, querida, quero minha seiva dentro de você
— fala, possessivo. Olho-o embevecida.
Sorri com carinho, beija a ponta de meu nariz e sobe no
banco, pegando uma maçã grande e brilhante.
— Para você, meu amor, uma fruta de minha árvore favorita
dentre todas. — Pego a maçã vermelha e imensa, dando uma
mordida com prazer. O sabor agridoce explode em minha boca e
gemo de puro prazer.
— É tão deliciosa e doce, Magno! — Ele sorri e pega a maçã
de minha mão e dá uma grande dentada.
Pisca me devolvendo o que sobrou e olho com desgosto para
o pedaço... tantas no pé e ele comeu a minha. Está tão deliciosa que
sou egoísta por um segundo.
Ele percebe, e sorri matreiro.
— A sua é mais gostosa, amor. — Pisca sedutor e um sorriso
imenso no rosto. Coro e Magno me pega nos braços, me levando
para sua linda casa de vidro coberta de flores de ipês.

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Capítulo 28
Raul Magno

Foi o melhor final de semana que já passei em toda minha


vida. Tudo com Lisa é perfeito e único.
Claro que teve o problema de minhas mentiras do passado,
tentando chegar em meu presente e me foder. Me apavorei com
medo de perder minha pequena. Mas Lisa me disse para deixar o
passado no passado e vivermos em paz o presente e futuro. Me
agarrei a isso com unhas e dentes.
As palavras de Lisa me acalmaram um pouco..., mas ainda
tenho pavor de que ela venha descobrir as merdas que fiz, e meter o
pé em minha bunda magra.
Estamos namorando firme e tenho total intenção de pedi-la
em casamento em breve.
Já tem meses que estamos namorando e quase todos os
finais de semana ficamos em minha casa ou em seu apartamento.
Agora estamos ficando quase a semana toda juntos.
O dia que ela me deu a chave de seu apartamento quase
senti um derrame de tão feliz que fiquei. Porra, ela confiava em
mim. Retribui a gentileza dando a ela a chave de minha casa.
Eu adoro quando Lisa chega de surpresa e Lili também. Elas
se tornaram muito amigas e isso me enche de felicidade.
Meu medo é de Artur chegar de surpresa e destruir tudo que
construí com minha menina.
Ele já conseguiu resolver o problema que surgiu no Rio. Mas
filho da puta que sou, sempre arrumava mais serviços para ele não
voltar. Tenho pavor de Lisa descobrir que ele trabalha para mim, e

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que todas as porras das propostas indecorosas foram feitas por mim.
Estremeço.
Já quis contar a ela várias vezes, mas o medo de Lisa me
deixar sempre vencia no final. E com isso ia adiando...
Hoje estamos em minha casa, ela adora vir para cá. Lili a
paparica demais e enche meu peito de orgulho ver as duas tão
unidas.
Já tomei banho e estou aqui de pau duro esperando minha
menina.
Ela não tomou banho comigo, estava ajudando Lili a testar
uma nova receita.
Quando a vejo sair do banheiro vermelha devido ao banho
quente, meu pau sacode com força.
Ela sorri e pisca para mim.
— Vem cá, meu amor, senta em pau... — Pisco e pego meu
mastro duro, balançando malicioso para ela. Quando cora, não
resisto e pulo da cama pegando e jogando-a na cama.
— Sua gostosa provocadora. — Arranco a toalha, olho com
desejo seus seios médios, deliciosamente quentes e macios. Agarro
os dois e amasso com gosto, ela geme e esfrega sua bocetinha
depilada e macia em minha perna.
Meu pau anseia entrar, mas vai ter que esperar. Hoje quero
minha borboletinha gozando somente comigo chupando seus seios.
Começo o ataque sem dar tréguas a Lisa.
Sei que adora quando a faço gozar mamando com desespero
e luxúria. Chupo seus seios, mordendo-os com força. Assopro e sugo
com gula somente o bico inchado, sinto ela tremer e sacudir o
pequeno corpo gozando deliciosamente. Aproveito, entrando com
tudo em sua bocetinha ainda mais apertada pelo gozo. Estoco com
desespero e força, vejo seus seios inchados subirem e descerem
enquanto estoco, à procura de meu prazer. Ela fecha os olhos e
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gemo alto. Meu pau engrossa e despejo dentro dela minha seiva
morna e grossa.
Desabo em cima de minha mulher e fico quietinho. Viro-me
para o lado, arrastando-a comigo.
— Eu te amo, minha Lisa. Você é meu coração e único amor,
até meu último suspiro de vida. — Digo a ela com emoção.
— Eu também, meu príncipe gostoso — fala, acariciando meu
topete. Sorrio, Lisa sempre repete o quanto é lindo meu topetão!
Vou deixá-lo arrastar no chão. Sorrio de lado e mordo seu pescoço.
Ela dá uma risadinha luxuriosa e começamos tudo
novamente. Mulher gostosa da porra, essa minha santa deliciosa.

Minha Borboletinha está no lugar que preparei exclusivamente


para ela fazer suas peças. Utilizei um dos quartos, o que ela mais
gostou, o de flores de ipê-rosa. A florada já passou, agora eles estão
cobertos de folhas verdejantes.
Lisa fica horas lá desenhando e montando seus conjuntos.
Não consigo mais imaginar minha vida sem ela. Saber que ela está
por perto, me enche de paz, amor e serenidade.
Estou em meu escritório e meu celular toca. Vejo Artur na tela
e estremeço. Engulo seco.
— Artur — digo, gelado e com o coração disparado.
— Fala aí, Raul, estou sentindo falta daí, cara. Quero ver
minha amiga. Estou pensando em passar um final de semana em
Minas, o que acha? — Gelo mais ainda com sua pergunta, ele não
pode vir, ainda não. Preciso de mais tempo para contar a Lisa
minhas mentiras.
— Não! Quero dizer, preciso de você mais um tempo aí,
Artur… — Vou mantê-lo lá no Rio somente até criar coragem e

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contar tudo para Lisa. Essa omissão está me incomodando demais e
o simples pensamento de perdê-la me deixa insano.
Tem noites que perco o sono pensando nisso. Já tentei contar
a ela várias vezes, mas não consigo. Travo sempre.
— Quero visitar minha amiga Lisa, perdi o contato com ela.
Acho que trocou o número do telefone. — Quando diz isso, me
lembro que a presenteei com um iPhone. Aproveitei e sugeri a Lisa
trocar o número. Não foi por malícia, mas para ela ter um pouco de
sossego. Muitas pessoas ligavam para ela querendo uma ou outra
peça. Lisa sempre tinha que justificar, dizendo que tinha contrato de
exclusividade com a loja que trabalhava. Vi que isso a incomodava.
Mas como Lisa, era muito educada para mandá-los se foderem, às
vezes ficava muito tempo no celular explicando o porquê não
trabalhava assim. Às vezes chegavam até a agredi-la com palavras
quando dizia que não podia fazer.
E isso calhou, porque assim, Artur não poderia falar com
minha Abelhinha… até eu consertar as merdas que fiz. Eu adicionei
todos os contatos, menos o dele, e como Artur disse a ela que ficaria
um tempo sem entrar em contato, ela não desconfiou. Mais uma
mentira. Merda!
Eu mesmo iria contar tudo a ela. O mais rápido possível. E se
Lisa metesse o pé no meu rabo miserável, a reconquistaria, nem que
para isso levasse minha vida toda rastejando.
— Vou organizar aqui e ver como estão as coisas por aí, e
retorno em breve, combinado, Artur? — Tento fazê-lo desistir por
hora dessa ideia de vir para cá. Vou resolver tudo antes, se ele vem
sem eu contar a verdade para Lisa, estou fodido.
— Combinado, Raul, e como anda as orgias sem seu amigão,
aqui? — pergunta, debochado.
Sinto o sangue fugir de meu rosto quando vejo Lisa na porta
sorrindo suavemente.
— Bem, muito bem... — Entro em pânico.
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— Raul? — Artur me chama.


— Tudo bem, te ligo assim que resolver tudo por aqui. —
Desligo ouvindo ainda seus gritos indignados. Foda-se, Artur.
Lisa chega até mim e me abraça. Fecho os olhos de prazer.
— Senti saudades, amor, e vim aqui te chamar para
tomarmos café juntos. — Sorrio todo derretido e esquecido do quão
fodido estou.
— Com você, minha vida, tomo até água de sabão. — Faço
charme e a beijo com todo amor que tenho por ela.

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Capítulo 29
Lisa Melo

Os dias vão passando e cada dia que passa amo ainda mais
Magno. Ele se tornou essencial em minha vida e agora fico mais em
sua casa do que em meu apartamento. Quando digo que vou ficar
um final de semana em meu apartamento, meu namorado
possessivo surta.
Pego meu Iphone, presente de Magno e passo a lista de
conhecidos. Estranho. Cadê o Artur?
Meu amor se esqueceu de adicionar o número de Artur em
meu novo telefone. Ainda bem que conferi e corrigi esse
esquecimento. Quero muito conversar com meu amigo, sinto
saudades de nossas longas conversas.
Aproveito e ligo para Artur e conversamos muito, conto a ele
que estou namorando e ele fica muito feliz por mim. Me disse que
conheceu uma mulher muito especial no Rio e que está adorando
trabalhar em outro estado.
— Quando você virá me visitar, Artur? — pergunto, sentindo
muitas saudades dele.
— Em breve, querida. Estou todo enrolado com essa mulher e
ela está me dando muito trabalho — diz divertido.
— Artur Campelo! Nada de safadeza com a mulher, respeite-
a, ouviu? Não seja influenciado pelo mau-caráter de seu chefe —
digo, carrancuda e com ranço do patrão de Artur.
— Claro que não, Lisa. Isso não faz parte de minha essência e
do meu caráter — fala baixinho e triste. — Mas meu amigo é uma
boa pessoa, querida. Tirando o complexo de deus, é um ser
humano, incrível. É um homem prestativo e justo. E quando ele

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ama, a pessoa tem sua devoção e fidelidade eterna, já te disse isso.
O caso com você foi um vacilo que ele cometeu. — Artur defende o
amigo, asqueroso e cafajeste.
— Não quero falar desse homem, tenho asco dele. Odeio
pessoas que acham que dinheiro pode comprar tudo. Vamos mudar
de assunto. — Digo, ficando nervosa quando lembro do sem-
vergonha que queria pagar para transar comigo. Infeliz pervertido!
— Ok, querida, pode se acalmar, vamos mudar de assunto —
fala, rapidamente.
Conversamos mais de uma hora de tudo um pouco, e por fim,
desligamos, prometendo ligar novamente em breve.

Hoje estou em meu apartamento. Magno, teve que vir


resolver um problema em Belo Horizonte e me trouxe, mas me fez
prometer que à tarde voltaria com ele para Vila dos Ipês.
Arrumo meu apartamento e me sinto meio deslocada aqui.
Estranho. Gosto da casa de Magno, os ipês, Lili… e adoro ficar com
Magno no pequeno pomar, principalmente debaixo da macieira.
Meu celular toca e olho: Magno.
— Amor? — Sorrio cheia de satisfação.
— Lisa, meu anjo, vou atrasar um pouco, a porra do problema
ainda não foi solucionado. Estou esperando o responsável chegar e
posso me atrasar um pouco. — Ouço vozes ao fundo.
— Você está em alguma obra? — pergunto ao ouvir gritos.
— Sim, querida, cercado por um bando de homens toscos e
fedendo a suor — diz, divertido.
— Magno, podemos dormir aqui hoje, querido. Vou preparar
um jantar bem gostoso para nós. Te amo demais, minha vida —
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sussurro, completamente apaixonada por esse homem.


— Vou adorar jantar de minha namorada e depois comer a
bocetinha de minha borboletinha — diz com malícia.
— Combinado, estou esperando ansiosa seu pau duro...
desculpe, quero dizer, esperando você, meu amor. — Ouço sua
estrondosa gargalhada.
— Porra, querida, você me faz tão bem. Te amo para cacete,
abelhinha.
— Eu também te amo demais, vida. — Desligo feliz, como o
coração transbordando de amor por esse homem tão perfeito. Subo
para preparar nosso jantar com prazer.

Passamos a noite em meu apartamento e fizemos amor até


de madrugada, meu homem estava insaciável.
Voltamos para a casa na Vila dos Ipês.
Estabelecemos uma doce rotina aqui na Vila. Eu em meu
novo ateliê que Magno montou, e ele em sua sala de conferências.
Magno sempre aparece aqui de surpresa com uma maçã, ou
uma flor colhida em algum lugar de sua propriedade. E muitas vezes
vem somente para fazermos amor, o safado mais gostoso do
planeta.
Continuei minhas ligações e conversas com Artur. Agora ele
quer de todo jeito saber o nome de meu namorado. Só disse que se
chamava Magnum. Parece que isso o acalmou e ele não tocou mais
no assunto.
Está sumido há alguns dias.
Estou estranhando o comportamento de Magno, ele anda
agitado e irritadiço ultimamente… não comigo, é claro, mas com as

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pessoas que trabalham para ele.
Muitas vezes o vi gritando nervoso ao telefone, com um
funcionário que trabalha para ele em outro estado.
Teve uma noite que acordei e ele estava de pé na sacada
chorando baixinho.
— Magno, o que aconteceu, meu amor? — Ele simplesmente
me abraçou, me pegou no colo e dormiu agarrado comigo, me
dizendo sem parar que me amava.
Comecei a notar que ele fica assim todas às vezes que
conversa ao telefone com seu empregado… aquele que trabalha em
outro estado. Perguntei se havia algum problema e ele negou
veementemente. Disse-me que era somente um contratempo nas
obras. Sua palidez, mãos e voz tremulas diziam o contrário.
Comecei realmente a ficar atenta, tinha algo muito errado e
iria descobrir.
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Capítulo 30
Raul Magno

Não tenho mais um minuto de paz. O caralho do Artur está


desconfiado que eu sou o namorado de Lisa. Ele já me perguntou
um milhão de vezes e sempre desvio o assunto.
Estou completamente aterrorizado. Quando minhas mentiras
começarem a pipocar, estou fodido e acabado. Minha vida perderá o
sentindo se Lisa me deixar. Estremeço somente de pensar em tal
coisa. Esfrego os olhos que ardem.
Caralho, estou pagando um preço alto por tantas mentiras… e
a vida devassa que tive? Sinto desespero somente de pensar que
Lisa possa descobrir… estou fodido!
Já tentei contar a Lisa várias vezes, mas desisto quando ela
diz que odeia mentiras. Minha coragem evapora. Desgraçado que
sou!
Estou sem sono e apetite. Na verdade, estou fodido. Se eu
perder Lisa, perderei a alegria que tenho agora e que antes nem
sabia que existia.
Sei que ela já está desconfiada. Estou aqui, debaixo do pé de
macieira, tentando pensar em como agir com Lisa.
Fecho os olhos tomando uma decisão e temendo o resultado.
Cubro o rosto com as mãos em desespero. Enrolei-me de uma
maneira quase fatal em um emaranhado de mentiras, que pode
destruir minha vida completamente.
Mas resolvo isso em breve. Olho minhas mãos trêmulas e
coloco uma delas em meu coração disparado e angustiado.
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Vou contar tudo a ela esse final de semana. Sem falta. Ela
saberá em como fui um canalha com ela. Engulo seco e um gemido
agoniado sai de minha garganta.
Faço esse juramento e me sinto com um pouco mais de paz…
mentira, estou apavorado.
Minha menina não merece viver comigo sem saber de tudo,
preciso virar homem e resolver logo isso.
Hoje Lisa se levanta cedo, claro que fazemos amor antes de
levantarmos. Não perco nenhuma oportunidade de estar dentro de
Lisa. Ela é meu mundo.
Minha Borboletinha foi entregar suas mercadorias e não me
deixou levá-la. Disse que passaria em seu apartamento e daria uma
boa faxina nele. Aproveitaria e deixaria as janelas abertas para
arejar o ambiente. Escolheria mais pedras para trazer para cá, pois
tinha vários desenhos de novos projetos para fazer.
Com o coração na mão, vejo Lisa partir em seu carro. Fico
atormentado para trás, com minha rede de mentiras. Sinto falta de
ar e inspiro fundo várias vezes para me acalmar. Toda vez que ela
sai sem mim, fico com a impressão de que estou perdendo-a. Deve
ser o remorso de viver em meio a tantas mentiras e omissões.
Fico um tempo aqui para me acalmar, com a certeza de que
não deixarei mais passar desse final de semana. Finalmente contarei
toda a verdade para Lisa. Quero me casar com ela, mas antes
preciso resolver esse poço de lama que mergulhei…
Ainda que o medo e pavor esteja me consumindo por dentro.
Quando contar tudo a ela, aproveito e peço-a em
casamento… claro se ela me perdoar e não me mandar para o
inferno.
Lisa é tudo para mim, ela não fará isso comigo. Repito isso
sem parar.

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Me levanto, pego uma maçã e mordo, me lembrando do dia
em que Lisa veio aqui e me viu quebrado. Sorrio tristemente. Meu
coração transbordando de amor por essa mulher.
— Esse sorriso eu conheço, é de um homem completamente
apaixonado e entregue. — Congelo no lugar ao ouvir a voz que tem
me tirado o sono ultimamente.
— Artur? Mas que porra faz aqui? — pergunto suando frio,
coração retumbando, e irado ao mesmo tempo.
— Não sabia que tinha que pedir permissão para visitar meu
irmão — diz com desgosto, me olhando sério. Me arrependo e tento
me justificar.
— Porra! Não me avisou... e deixou o trabalho no Rio... —
falo, mas sem argumento algum.
— Tranquilo, irmão, está tudo sob controle. Agora vem, me
conta quem foi a sortuda que laçou o homem mais puto e
escorregadio da terra. — Puxa-me para um abraço. Se fosse em
outra época o abraçaria com prazer, mas agora o desespero me
toma. Medo de Lisa descobrir tudo e receoso de Artur me partir a
cara. Porra, estou fodido! Vou magoar e perder as pessoas que mais
amo no mundo… engulo seco, em desespero.
Ele me puxa e saio andando igual a um robô, o medo me
paralisa, corta meus movimentos fluidos.
— Lili! — Entra já gritando na cozinha e abraça nossa mãe,
enchendo-a de beijos.
— Artur! Que saudades, meu menino! Você está mais magro.
Não comeu direito? — diz, brava e zelosa, como sempre.
— Estou bem, Lili, só trabalhando demais. — Sorri e a beija
no topo da cabeça.
— Ainda bem que estou fazendo uma canja bem temperada
com galinha caipira. Quero ver vocês três comendo muito! — fala,
satisfeita.
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— Nós três? — Artur pergunta arqueando a sobrancelha.


— Sim, você, Raul e a namorada dele. Ela é maravilhosa,
linda, educada...
Entro em pânico.
— Porra, Raul, está maluco? — Arrasto-o com rapidez até o
escritório. Deixando para trás, uma Lili sem entender nada. Tenho
que dar um jeito de Artur ir embora antes que Lisa chegue. Preciso
contar a verdade para ela esse final de semana sem falta. Porra, já
devia ter feito isso.
Fecho a porta e falo de uma vez.
— Artur, quero que você volte agora mesmo para o Rio... —
digo e ele me olha espantando.
— Tá maluco, Raul? Cheguei agora, cara — diz sem entender,
nem eu entendo como me enrolei em tantas mentiras.
— Você tem que ir, depois eu explico tudo com mais calma,
agora você não entenderia... — Tento ser mais suave, mas o homem
é teimoso e desconfiado.
— Não mesmo! Quero saber tudo que está acontecendo e
depois vou à casa da Lisa. Estou com saudades, aliás, ela me disse
que está namorando um tal de Magnum… quero conhecer o cara. Se
for um cafajeste, vou meter porrada na cara do desgraçado sem dó!
Lisa é uma menina inocente e pura. Uma santa, isso é o que ela é.
— Diz com carinho. Sinto o restinho de sangue sumir de meu rosto e
viro de costas para Artur, trêmulo. Meus olhos ardem. Caralho, estou
fodido, meu passado desgraçado finalmente me alcançou. Seguro
um soluço de pavor.
— Raul? Cara? Não vai me dizer que... Porra! Porra! Seu
desgraçado! — berra , irado. — Você fez exatamente o que disse
que faria! Filho da puta miserável. — Dá um murro na mesa com
força. Grita e avança sobre mim com ira. Me dá um soco tão forte

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que voo na parede e caio sentado. Sinto o sangue escorrer de meu
nariz e pingar em minha camisa branca.
Fico calado, olhando Artur impotente e deixo-o descarregar
sua raiva com toda razão em cima de mim. Ele me puxa novamente
e me acerta mais socos no rosto sem dó.
— Caralho, tanta mulher para você comer e tinha que
continuar com seu plano de destruir a vida da Lisa? Maldito
desgraçado, fodido! Você, Raul Magno, não vale nada! Te implorei
tantas vezes para desistir... — Mais murros, eu já estou ficando
tonto, mas não reajo, Artur tem toda razão. Eu sou um escroto e
mereço ir para o inferno. Choro baixinho e as lágrimas se misturam
com o sangue, minha camisa e calça estão avermelhadas.
Sinto meu rosto e peito arderem pelos murros que recebo de
Artur. Mas somente baixo minha cabeça e ouço-o me destruir com
palavras, calado, derrotado e desejando morrer nesse momento. Vou
perder a única mulher que amei em toda minha vida e tudo por
culpa de minha obsessão e mentiras. Soluço. Sinto meu coração
doer com força e lágrimas me cegam com abundância.
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Capítulo 31
Lisa Melo

Hoje tenho que levar as peças para a loja. Já deixei tudo


arrumado e logo que acordo Magno já está em cima de mim
chupando meus seios com lascívia e esfregando seu pau duro em
minha perna. Adoro quando me acorda assim, ele é insaciável e me
tornei também uma devassa como ele. Fazemos amor com carinho e
paixão. Tomamos nosso banho juntos. Magno desce e vou ao meu
ateliê pegar a maleta com os colares prontos.
Quando desço e ele está me esperando para tomar café. Olho
com amor para esse homem que aprendi a amar com tudo de mim.
E sei que sou retribuída da mesma forma. Magno demonstra isso em
cada momento que estamos juntos.
Quando digo que vou sozinha fazer as entregas, ele surta,
mas me mantenho firme. Preciso limpar e arejar o meu
apartamento.
Meu coração quebra quando o vejo tão triste, me olhando,
entrar no carro e partir. Tadinho. Mas não posso deixar de notar o
quanto Magno é lindo. Sorrio e assopro um beijo para ele, me
afastando devagar. Magno quer que eu use um de seus carros, mas
bato o pé.
Eu tenho meu carro popular, maravilhoso. Comprei com meu
trabalho e tenho muito orgulho dele. Saio admirando as árvores e
vejo meu amor caminhar para seu lugar de meditação, a macieira.
Sorrio e vou me distanciando até perdê-lo de vista. Rodo uns
5 minutos e meu telefone toca.
— Alô? — Reconheço o número, é da loja onde trabalho.
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— Oi, Dandara — cumprimento a moça, que é uma das


vendedoras de lá.
— Lisa, tudo bem? — respondo que sim. — Você poderia
trazer um conjunto extra de peças? Nossa patroa está querendo
presentear uma amiga inglesa que chegou ontem e vai embora hoje
à noite. Teria te avisado mais cedo, mas ela me falou agora. —
Merda! Vou ter que voltar à casa de Magno para pegar mais um
conjunto. É mais perto voltar daqui, do que pegar em meu
apartamento.
— Ok, ela tem preferência de cor? — pergunto, já fazendo o
retorno.
— Sim, ela quer uma cor clara, pode ser branco, bege ou
areia... — sugere.
— Combinado, até mais tarde então, querida. — Desligo e
retorno para onde ficou meu coração e amor. Vou chamá-lo para
voltar comigo, sua expressão abatida quando o deixei acabou
comigo.
Quando chego, vejo que tem um carro diferente estacionado
em frente à casa de Magno, deve ser algum amigo dele.
Entro apressada e não vejo Lili, deve estar no pomar
colhendo algumas maçãs e frutas. Quando começo a subir a escada
para pegar o outro conjunto, ouço gritos e barulhos de coisas sendo
quebradas.
Paro assustada e ando rápido para o escritório de Magno.
Será que é um ladrão? Gelo estremecendo e estendo minha mão
trêmula para abrir a porta.
Quando ouço a voz que destruiria meus sonhos e quebraria
meu coração de uma forma avassaladora e dilacerante. A voz de
Artur. O que meu amigo está fazendo aqui e gritando tanto com meu
namorado?

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Abro um pouquinho a porta e pela pequena greta, vejo Artur
dar um murro tão forte em Magno que ele despenca no chão, e
sangue jorra de seu nariz, em abundância. Artur o segura pelo
colarinho e o puxa com brusquidão. Ele está gritando como um
louco e com uma ira descomunal. Nunca o vi assim, sempre foi tão
dócil.
— Raul? Cara? Não vai me dizer que… porra! Porra! Seu
desgraçado, maldito! — grita irado e muito vermelho. — Você fez
exatamente o que disse que faria! Filho da puta miserável! — O
vejo dar um murro na mesa com força, gritando e avançando sobre
Magno com ira.
O que me deixa encabulada e sem entender é a aceitação de
Magno em relação à ira de Artur. Os dois são gigantes e se Magno
quisesse, poderia ter revidado com facilidade. Mas ele não reage e
vejo lágrimas descendo de seus olhos. Quero entrar e tirar meu
amado dessa situação tenebrosa, mas algo me segura...
— Caralho, tanta mulher para você comer e tinha que
continuar com seu plano de destruir a vida da Lisa, cacete! Você,
Raul Magno, não vale nada! Te implorei tantas vezes para desistir...
— Minha alma gela e começo a tremer. Me agacho, porque minhas
pernas fraquejam. Continuo ouvindo os dois, mas suas vozes
pareciam vir de longe. Meu coração racha de uma maneira
angustiante. Ouço mais murros sendo dados em Magno… Raul… ou
Magnum? Afinal, qual é seu nome verdadeiro? Meu Deus, são tantas
mentiras.
Lágrimas já descem em cascatas por meu rosto. O homem
que vejo e não conheço, que chamo de namorado, não reage, e
Artur continua espancando-o. E ele continua calado, com a
expressão de derrota estampada em seu rosto todo machucado e
coberto de sangue… já começando a inchar.
— Eu me apaixonei por ela, Artur, eu juro — Magno diz com
voz baixa e com um soluço que sacode seu corpo grande e muito
machucado.
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— Cala a boca, caralho! Você não presta, Raul Magno,


enganou a Lisa e planejou toda essa mentira sórdida. Porra, caralho!
Tantas bocetas para você comer… quantas amantes tem agora?
Desgraçado dos infernos! — Sinto meu coração arrebentar de dor
ao ouvir que ele ainda tem amantes e me trai. Continuo quieta,
agora quero ouvir tudo até o final e me odiar, enquanto viver, por ser
tão fraca.
O homem que acreditei e dei meu coração murmura.
— Não, cara, eu não tenho amantes... me apaixonei... —
Magno fala baixo, com um tom de derrota tão grande que mesmo
tendo sido alvo de suas mentiras e chacotas, me sinto penalizada
por ele.
— Raul, eu conheço cada amante sua, dividimos todas. Você
não é homem de uma única mulher, sempre disse isso com orgulho.
Te pedi tanto para deixar Lisa em paz, te disse que ela era uma
moça diferente das mulheres que dividimos. Mas não! O grande Raul
não pode querer algo e não ter! Você acabou com a vida da menina,
mentiu o tempo todo, seu desgraçado! — Artur joga um
ensanguentado Magno no chão e caminha pelo escritório, irado. —
Quando você me mandou para o Rio de Janeiro tinha tudo
arquitetado, não é, seu pervertido miserável?
— Sim... — admite e mais uma faca é enfiada, sem dó, em
meu coração já esfacelado. Fecho meus olhos com força e tenho
vontade de morrer, sumir...
— Desgraçado! — Artur pega um vaso e joga na parede com
força.
— Já imaginou quando ela descobrir o quão desgraçado,
miserável e mentiroso você é? Que foi você, Magno, o autor das
propostas sujas para trepar com ela, pagando-a e comparando-a
como uma prostituta? Querendo pagar para comer a menina
enquanto participava de várias orgias, e ainda querendo a única
mulher que te pedi para deixar em paz? — Mais um murro na cara
do desgraçado. Vomito aqui mesmo quando descubro que o homem

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que namorava, e me entreguei por inteiro, me tratou como
mercadoria barata, mentiu, traiu... meu namorado... Magno.
Abaixo a cabeça e enfio entre os joelhos, e choro com berros
angustiantes. Meu coração está doendo, quebrado, sangrando e
ainda me sinto suja e usada.
Ouço passos correndo e alguém me puxa para cima, olho e
vejo Artur me amparar e Magno, Raul, Magnum... sei lá o nome
certo desse desgraçado, me encarar com um olhar assombrado.
Suas lágrimas misturam-se com o sangue que escorre de seu
nariz e sua camisa branca está vermelha.
Ele me estende a mão e vejo que está tremendo.
— Lisa... me perdoe, eu te amo... — Olho para ele com tanta
decepção e desgosto que ele desvia os olhos. Artur me aperta os
ombros com suavidade.
— Conta para ela todas as suas mentiras e tramoias, Raul,
seja homem! — Artur ordena, irado.
— Lisa... — Magno cai de joelhos e coloca as mãos postas,
ele me olha de baixo para cima.
— Me perdoe, meu amor. Eu não sabia o que era amar, nunca
namorei. Só trepei. — Seu rosto inchado e azulado está muito
machucado, mas não tanto quanto meu coração. — Trocava de
mulheres como mudo de roupas, não as valorizava. Fiz coisas que
me envergonho somente de pensar. Fui um verme, menti, trapaceei,
queria te comer... desculpe, queria você a todo custo quando te vi
pela primeira vez… naquele sinal, perto de sua casa, com dois
grandes buquês. Mandei Artur te seguir e descobrir tudo sobre você.
Tenho um dossiê...
Meu coração continua sendo esmagado a cada palavra que
sai de sua boca e sinto tanta dor que parece que vou ter um infarto
aqui e agora. Coloco as mãos no coração e fecho os olhos. Ele
hesita, mas toma impulso e continua falando e chorando.
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— Eu o mandei te fazer aquelas propostas indecorosas, que


hoje, quando penso, tenho vergonha da maneira como agi...
Obriguei um homem de bem a proceder conforme minha deformada
maneira de ver as mulheres. Depois que consegui ficar
financeiramente independente, pensei que, por ser muito pobre,
poderia comprar tudo que quisesse com meu dinheiro. E passei a
viver assim... meu amor, me perdoe, eu te imploro. Lisa, amo você
mais do que tudo neste mundo, me perdoe, não me deixe. — Ele se
arrasta de joelhos até onde estou e coloca a cabeça em meus pés.
Olho para baixo e vejo o homem para quem entreguei meu
coração destruído no chão. Olho para Artur e ele olha para Magno
com lágrimas nos olhos. Sei que sente a dor de seu amigo.
— Vou te contar tudo, meu amor... tentei contar várias vezes,
mas adiava porque tinha medo de você me deixar. Menti no
shopping, o meu nome... nunca foi Magnum... — Soluça alto. —
Meu nome completo é Raul Magno Gorgoni. No início queria
somente te levar para a cama. Como me arrependo disso… Lisa… —
Levanta a cabeça e fita-me com angústia. Olho para ele, sentindo o
peito arder, e pergunto o que me faz querer morrer.
— Você me traiu? Esteve com outras mulheres… estando
comigo? — Ele baixa o olhar e sinto meu peito rasgar.
— Lisa... — Me olha arrasado e pálido.
— Me tira daqui, Artur, não quero ver esse demônio enquanto
eu viver. — Tento correr para fora, mas Artur me segura.
Artur olha para Raul com desgosto e sacode a cabeça. Ele
então se levanta e me olha nos olhos.
— Eu juro que nunca te traí, Lisa, ficava com outras mulheres
antes de ficarmos juntos. Juro que depois que fiz amor com você
pela primeira vez, nunca mais toquei em outra mulher. Somente
você, minha borboletinha. Apaguei todos os contatos de minhas ex-
amantes e se encontro alguma, as descarto logo. Deixo claro que
tenho namorada e vou me casar com ela. É você, meu amor. Sempre

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foi você, somente você, Lisa. Me perdoe, por tudo que é mais
sagrado nesse mundo. Deixe-me te mostrar meu amor e
arrependimento, Lisa. Eu apaixonei-me por você, seu carisma, sua
honestidade, carinho e amor. Artur… perdoe-me também, meu
amigo. Me ajuda… diz para ela que nunca amei outra mulher. Você
me conhece. Por favor, me ajude! — Magno olha de mim para Artur,
com sofrimento, rasgando e distorcendo seu rosto.
— Raul, eu te avisei tanto, meu amigo. Porra, por que não me
ouviu? — Limpa os olhos molhados e me olha com compaixão.
— O que você quer fazer, pequena? — Olho para baixo e
enxugo minhas lágrimas, quero esquecer esse casulo de mentiras
que vivi com esse homem.
Caminho até Raul e olho bem dentro de seus olhos.
— Raul Magno, eu te amei, confiei em você, me doei por
inteira. Dei tudo de mim, meu corpo, coração, confiança, lealdade.
Mas você pisou em tudo isso com esse emaranhado tão grotesco de
mentiras. Eu não vou negar, ainda te amo, mas a partir de hoje, juro
a você que minha missão de vida será tirá-lo de meu coração e vida.
Você, Raul Magno, está morto para mim a partir de agora. — Vejo-o
empalidecer mais ainda, se encostar na parede e tombar a cabeça
sem forças. Observo à minha frente um homem que se perdeu e se
quebrou em meio a tantas mentiras e arrogância.
Viro para Artur.
— Me tire daqui, Artur, por favor. — Caminho para fora
daquela casa maldita com a cabeça erguida e o coração em
pedaços. Olho para trás e vejo Magno prostrado, me olhando sem
brilho nos olhos, o rosto inchado e coberto de sangue. Suas lágrimas
descendo em cascatas por seu rosto castigado. Seus olhos sem
brilho e mortiços ainda me assombrarão por muito tempo.
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Capítulo 32
Raul Magno
O preço de minha covardia e rede de mentiras sai caro. Perdi
a única mulher que amei na vida.
Lisa descobriu tudo da pior maneira possível. Não deu para
explicar, ou melhor, eu adiei por medo. Lisa não quis me ouvir. Eu
sabia que ela agiria assim, pois odeia mentiras. Por isso protelei
tanto.
Tinha medo de acontecer exatamente isso. Ela me deixar…
me sinto morto por dentro, sujo e sem esperanças. Acabado.
Sozinho. Vazio.
Levanto-me de onde Lisa me deixou horas atrás e arrasto até
meu escritório. Tento ligar para ela com desespero, dezenas de
vezes, deixo montes de mensagens... e nada. Clamo, suplico e
imploro seu perdão. Ela não responde, nem visualiza as mensagens.
Ligo em desespero para Artur que também me ignora.
Pego uma garrafa de uísque e bebo no gargalo mesmo,
quando percebo o líquido já está no fim. Fecho os olhos e meu
estômago arde. Vomito no chão, pois estou sem comer há horas. Me
levanto e pego outra garrafa e saio me arrastando. Tento subir as
escadas e caio batendo a cabeça na quina. Sinto o sangue descendo
por meu rosto e pescoço, morno e pegajoso. Olho para o chão que
começa a tingir-se de vermelho. Sorrio e jogo a garrafa na parede.
— FODA-SE!
Vejo Lili correndo e me olhando escandalizada, sua cesta de
frutas cai espalhando maçãs e laranjas para todos os lados. Sorrio e
soluço, Lisa adora maçãs, assim como eu.
— Raul, meu filho! O que aconteceu? — pergunta já
chorando, limpando meu rosto ensanguentado e muito machucado
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com delicadeza.
— Lisa me deixou, mãe… Artur a levou de mim. Filho da puta!
Eu vou matá-lo, assim que me recuperar e Lisa voltar para mim. —
Tento me levantar e tudo roda. — Quero Minha Lisa de volta, vou
buscá-la, agora. — Tento me levantar mais uma vez e meu
estômago embrulha novamente. Vomito somente a bebida que
ingeri… Olho a merda que fiz, caio na risada. De repente começo a
chorar sem parar. Estou uma bagunça e com nojo de mim mesmo.
Podre em todas as áreas. O grande Raul Magno, CEO milionário,
mentiroso do caralho e puto ao extremo… mergulhado em uma poça
de vômito e chorando igual um desgraçado derrotado que é. De que
adianta tanto dinheiro se o que realmente quero e importa para
mim, meus milhões não pode comprar? Daria tudo para ter minha
Lisa, seu amor e perdão de volta. Começo a chorar novamente sem
controle algum, alto e bradando aos gritos por Lisa, sem vergonha
alguma. Lili respeita meu desespero. De repente, raiva me toma e
começo a esbravejar.
— Sou um lixo, Lili. Um verme imundo e asqueroso. Perdi a
mulher da minha vida, a única que amei, por ser um desgraçado,
puto e vagabundo. — Ela me fita com tristeza, mas não me
interrompe. Continuo a jorrar merdas pela boca. — Porra! Eu sou
um obcecado, prostituto e mentiroso do caralho. Lisa me disse que
morri para ela. — Soluço e recomeço a chorar. Lili me olha agora
com pena e tenta me levantar, sem sucesso, é claro. Sou grande
demais e muito pesado, ainda mais bêbado.
— Não, Raul... tudo nessa vida tem jeito. O importante é que
você mudou, meu filho. — Tenta me consolar.
— Para mim, não, a merda que fiz foi muito grande. Ela não
vai me perdoar nunca, Lili. Menti, tripudiei, manipulei, a tratei como
uma prostituta, no início. Minhas intenções iniciais eram vis,
maquiavélicas. A coloquei no mesmo nível de minha devassidão, a
tratei como tal... não vou me perdoar, nunca! Artur me avisou, ele
me avisou, Lili. — Ela vai correndo para a cozinha e volta com um
pano úmido e um copo com água.

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— Toma, meu filho. — Pego a água e bebo, enquanto isso Lili
limpa meu rosto com suavidade, dói pra porra.
— Lili, liga para ela e diz que me arrependi, me ajuda... por
favor! — imploro completamente desesperado.
— Calma, Raul, vamos subir, você vai tomar um banho e
amanhã tudo parecerá melhor que hoje. Prometo a você. — Tenta
me consolar.
— Não vai, Lili. Sem Lisa em minha vida, nada será bom.
Nunca mais! Ela levou meu coração. — Coloco a cabeça entre as
mãos e choro com desespero. Meus olhos ardem inchados, minha
garganta está machucada devido aos berros que dei. A porra da
cabeça dói tanto que parece que estão enfiando brocas nela por
todos os lados. Continuo murmurando o quanto sou um verme
imprestável.
Lili me ouve com paciência enquanto lamurio e choro sem
parar. Finalmente consegue me levar para o banheiro me obrigando
a tomar um banho.
Quando termino saio tonto, com muito enjoo, tombo na cama
e apago.
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Capítulo 33
Lisa Melo
Saio da casa de Raul Magno, destruída e amparada por Artur.
Ele me leva para casa em silêncio. Quando chegamos, me olha
pedindo permissão para subir e deixo. Chegamos e entramos.
— Lisa, nunca concordei com as atitudes de Raul em relação
a você, sabe bem disso, não é? — Balanço a cabeça em
concordância, me sentindo vazia. — Mas, pequena, ele agiu feito um
louco com você. Sinceramente não entendi tanto empenho para ter
uma mulher. — Olho para ele com raiva. — Ele baixa a cabeça
constrangido. Quando me olha nos olhos vejo sinceridade e tristeza
genuína em Artur. — Raul surtou de uma maneira irracional,
pequena, e passou a agir de uma maneira descontrolada.
Sinceramente Lisa, nunca vi meu amigo, ser tão imprudente na vida.
Ele é sempre ponderado e frio em relação a tudo em sua vida. —
Artur suspira e seus olhos avermelham. — Lisa, nunca vi Raul fazer
esse tipo de coisa tão engenhosa e elaborada para ficar com uma
mulher. Querida, ele sempre teve todas que quis com muita
facilidade... — Murmura constrangido e com olhos assombrados. —
Mas com você, ele agiu de maneira totalmente diferente e
imprudente. Teve que lutar, ainda que de maneira insana e
desonesta. — Uma lágrima escorre de seus olhos. Artur segura meu
queixo com suavidade e fita meus olhos com seriedade. — Raul
realmente sentiu algo diferente por você, Lisa. Mesmo que no início
não tenha admitido. Conheço meu amigo. — Enrijeço. Ele percebe.
— Querida, não estou defendendo o Raul aqui, sei que ele foi longe
demais em seus planos… mas por favor, pare e pense. Se ele não
tivesse um interesse diferente e genuíno por você, acha que teria
elaborado um plano tão complicado e mexido com tantas pessoas
para atingir seu objetivo? Pequena, o homem me mandou para o Rio
de Janeiro e nunca me deixava voltar. E olha que insisti, viu? —
tenta brincar, mas não acho graça. — Quando conversávamos, eu
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sentia um Raul diferente, mais alegre, mais satisfeito. Ele sempre foi
carrancudo, frio, centrado e vivia somente para o trabalho. — Choro
sem me conter. Uma dor silenciosa toma conta de minha alma.
Lágrimas deslizam de meus olhos em um grito silencioso de dor e
coração esmagado.
— Ele ia para orgias e tinha mulheres aos montes... — Dói
pensar em Raul com outras mulheres.
— Sim, meu doce anjo, eu também sou um puto e nem por
isso você me condena — fala, tentando brincar.
— Mas você não era meu namorado — sussurro , sentida,
dolorida.
— Sim, meu interesse em você sempre foi diferente de Raul,
pequena. Ele te vê como uma mulher maravilhosa, perfeita e sua
futura esposa. Anjo, ele faltou te pedir em casamento hoje. —
Sorrio sem felicidade alguma.
— Ele morreu para mim hoje, Artur — digo totalmente
quebrada. — E só não te risco da minha vida porque ele te enganou
também — arremato. Ele estremece. Endureço o coração. — Não
quero mais falar desse homem — falo limpando as lágrimas e
querendo encerrar esse capítulo feio da minha vida. Artur sorri com
tristeza e acena concordando.
— Tudo bem, querida, não vamos mais falar sobre ele hoje.
Estou doido para tomar um café. — Muda de assunto. Aceno e subo
para fazer seu café, Artur me segue. Conversamos sobre temas
mais fáceis, enquanto preparo a bebida.
Quero me deitar e nunca mais acordar. Só não peço ao meu
amigo para ir embora porque ele está tão baqueado quanto eu.
Necessito ficar sozinha.
Finalmente, Artur vai embora prometendo me ligar no dia
seguinte e me fazendo prometer ligar para ele se precisasse de
qualquer coisa.

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Minha noite foi infernal, chorei a noite toda enquanto me
lembrava das mentiras de Raul.

Passo a semana toda em casa e não saio para nada. Fico o


tempo todo sentada olhando para o nada e odiando Raul cada vez
mais, e a mim mesma por ser tão tola e ingênua.
Meu telefone está entupido de mensagens e ligações do
mentiroso do Raul. O Ignoro completamente. Os dias vão passando
e a dor não para, pelo contrário, parece aumentar cada vez mais.
Sinto falta do maldito mentiroso e choro sem parar.
Meu luto dura uma semana, até que no sétimo dia resolvo
levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Superar Raul
Magno. Um dia essa dor terá fim, penso com propósito renovado.
Me levanto com novo ânimo e estabeleço minha rotina
novamente.
Claro que sofro, mas me recuso a chorar e lamentar mais. E
assim os dias vão se arrastando até completar um mês sem querer
saber notícias do mentiroso. Artur me liga ou vem assiduamente.
Mas o fiz prometer não falar nada sobre Raul. Não quero saber.
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Capítulo 34
Raul Magno

Depois que Lisa me deixou, minha vida perdeu o sentido. Vivo


no inferno. Não sinto fome, não tenho vontade de trabalhar, só fico
em casa bebendo sem parar.
Lili tenta de tudo para me animar, mas não consegue e
resolve apelar para Artur. O mesmo desgraçado que levou Lisa de
mim. Quando ele veio ao meu quarto não tinha mais nada a perder,
eu investi com tudo nele e o deixei arrebentado no chão. Ele sorriu e
cuspi em sua cara de merda, mandei ele sumir de minha vida.
— Você está me despedindo, Raul? – Ele sorri de lado e
cospe sangue no chão.
— Sim, seu desgraçado traidor! — Sei que ele não tem culpa,
mas preciso de um bode expiatório para descontar minha dor e
frustração.
— Mas eu não aceito! — Se levanta com uma careta de dor,
e se arrasta até uma poltrona, sentando-se. — Raul, você só fez
merda até agora, caralho! E a culpa é minha? Porra, meu velho, eu
tentei te avisar tantas vezes, seu filho da puta! Quase 50 anos no
couro e age como um menino? Por que não vira homem de uma vez
e faz alguma coisa para reconquistar Lisa? Acha que ficar em casa
enchendo o rabo de álcool, vai resolver as merdas que fez? — fala
com uma careta de dor.
— Lisa me odeia, caralho! E eu mereço cada grama de seu
desprezo. Fui um escroto desgraçado com ela! — grito angustiado,
com a mão no coração, essa porra dói.
— Não nego que você é um imbecil, mas até os imbecis
pensam ocasionalmente…, mas parece difícil para você, não é seu
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jumento? – diz o maldito, com um sorriso de deboche no rosto


inchado e coberto de hematomas.
— Vai se foder! — falo alto, irado e muito bêbado.
— Eu não, ver você fodido já me satisfaz. — Sorri zombeteiro
e quero quebrar ainda mais sua cara já toda arrebentada.
Me deito na cama, que está uma bagunça. Cheia de roupas
de Lisa que abraço toda noite antes de dormir. Não deixo Lili tirar
nada e nem arrumar. Tem várias garrafas vazias de qualquer bebida
que contenha álcool, jogadas pelo quarto. Nem escolho mais. Pego a
que achar. Somente me embriagando consigo anestesiar a dor que
me corrói e mata aos poucos.
Meus cabelos e barba estão embaraçados, sem corte. Foda-se
se ligo. Deito-me emburrado e angustiado, agarro as roupas de Lisa,
cheirando com saudades. Meus olhos se enchem de lágrimas, fungo
baixinho. Meu peito dói. Caralho.
— Cara, reage! Como você quer o perdão e reconquistar Lisa
de volta parecendo um mendigo e maltrapilho? Você fede a álcool e
bunda sem lavar, caralho! — Ignoro completamente esse pau no cu.
Vou deixá-lo falando sozinho, quando se cansar vai embora, e terei
paz para beber mais. Podendo me lambuzar e rolar em minha
miséria.
— Raul, posso ajudá-lo a reconquistá-la, antes que você
vomite seu fígado de tanto beber… o que acha? — Meu coração dá
um salto e me viro para ele em expectativa.
— Você me bateu até quase me matar, por tantas merdas
que fiz, seu desgraçado de merda, e agora vem dizer que quer me
ajudar? Maldito mentiroso! — acuso, mas com o coração disparado
em expectativa, a primeira, em mais de um mês de puro sofrimento
e angústia.
— Primeiro lugar, o mentiroso da porra aqui, é você. Em
segundo, sim, se quiser posso te ajudar. Lisa confia em mim. E sei
que apesar de ter agido como um cuzão, se apaixonou

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verdadeiramente por ela. Somente um homem apaixonado faz
tantas merdas como você fez! — Troça o maldito. — E só vou
ajudar porque vejo que minha menina sofre por você, seu cafajeste
do caralho, obcecado e mentiroso — diz com um sorriso que
somente meu amigo dá, sincero e leal. Sinto meu coração aquecer
com suas palavras.
Sinto uma gota de esperança no meio do caos. Artur, voltando
a me tratar como amigo, além de, é claro, saber que minha menina
ainda me ama.
Me sento na cama e olho para Artur, o vejo meio distorcido,
bebi demais esse último mês.
Acho que estou mijando álcool, penso com desgosto.
— Ela disse que me ama? — indago, suando frio, com o
coração de quase meio século disparado no peito.
— Não, ela disse que te odeia. Mas consigo ver o que ela não
diz, ou seja, que te ama. A bichinha está sofrendo muito. Venhamos
e convenhamos, você foi um jumento desgraçado com a menina,
concorda? — fala baixinho e corado de raiva, me olhando dentro dos
olhos, sem piscar.
— Sim, fui um verme asqueroso, você tem toda razão, Artur.
Mas eu já a amava e não sabia. Por isso tanto trabalho para ficar
com ela, e quando vi que estava me envolvendo demais, disse a ela
que não dava para continuar e fugi. — Rasgo meu coração para ele,
sendo o mais verdadeiro possível.
— Gostei de ver esse pequeno traço de hombridade em você,
Raul. — Diz com uma pitada de zombaria e raiva. — Ela te deixou de
quatro, meu amigo, desde o primeiro dia em que a viu. Sabe que
nunca agiu assim com mulher alguma. — Concordo com Artur.
— Verdade. O que posso fazer para reconquistá-la? Se não
recuperar meu amor, que é minha Lisa, não tenho a menor vontade
de viver, Artur. Ela se tornou me mundo inteiro. — Arremato com
angústia e lágrimas nos olhos.
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— Vamos começar devagar, Raul. Vou falando com ela sobre


você aos poucos… dizendo as mudanças e arrependimento de sua
parte que estou vendo. Comece a agir como um homem de caráter,
risca as mentiras da sua vida, seja romântico, sei lá, porra, pesquisa
na internet! — Sorrio. É exatamente isso que farei.
Me levanto, puxo Artur pela mão e o abraço.
— Temos um trato, meu amigo. — Afasto-me e aperto sua
mão. — Agora vá lavar esse rosto feio coberto de sangue e pede à
Lili para passar uma pomada nesses machucados. — Olho maligno
par ele. — Diz a ela que indiquei a mesma que usou em mim
quando você arrebentou meu rosto. — Sorrio sinistro, já ligando
meu notebook.
Coloco na barra de pesquisa como reconquistar a mulher
amada. Após horas já tenho algumas ideias de como reconquistá-la.
Raul Magno ressurge das cinzas, ou melhor, do fundo do poço,
pronto para reconquistar sua doce Borboletinha.

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Capítulo 35
Lisa Melo

Depois que decido esquecer de vez o Raul, minha vida


começa a andar e sinto menos peso no coração. Sei que com o
tempo vou esquecê-lo e quando olhar para trás não sentirei essa dor
maldita que fere a minha alma.
Me levanto cedo e subo para preparar meu café. Após comer,
arrumo a cozinha.
Tenho vários desenhos de colares novos para fazer. Essa
semana chegaram muitas pedras novas. Mas nem isso me animou.
Fecho os olhos com força. Preciso ocupar-me de algo ou
enlouquecerei. Sento-me e começo a trabalhar. A sineta toca, desço
para atender.
Abro a porta e vejo um imenso buquê de flores, nunca vi um
tão grande assim. Recebo sem imaginar de quem possa ser. Raul
deu sossego e já tem mais de quinze dias que parou de me ligar e
mandar mensagens.
Confesso que senti uma dorzinha no peito quando as
mensagens e ligações pararam. Isso significava que o mentiroso
estava voltando a viver sua vida de mentiras, vigarices e putarias.
Dane-se ele, sua vida vazia e vulgar.
Artur não passa a semana sem vir aqui me visitar e consolar.
Um amigo de verdade. Ele fala de Raul em alguns momentos e
sempre fico atenta às novas informações…, mas não demonstro
nada. Magno está no fundo do poço, segundo Artur. Ele não se
alimenta, não trabalha e bebe até desmaiar. Meu coração aperta
quando me conta isso.

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Mas Artur só fala de Raul quando eu pergunto algo…
disfarçadamente é claro.
Pego o imenso e cheiroso buquê, vejo que nele tem um
cartão. Abro e congelo no lugar. Meu pobre coração dispara e
começo a suar frio.
“Me perdoe, Lisa meu amor, te amo mais que minha vida.
Raul Magno.”
Fico irada com a ousadia desse ser que vive enfiado na
mentira. Verme! Jogo seu cartão de merda no lixo… as flores
também, com pesar e o coração na mão. Elas são tão lindas! Corro
para não vê-las no lixo.
Chego em meu ateliê e tento trabalhar. Mas não consigo fazer
nada, minha mente está no buquê e cartão…
Quando não resisto mais, desço correndo, pego o imenso
arranjo de flores e o cartão e releio mil vezes. Suspiro, sentindo um
calor delicioso no coração.
Coloco as flores em um jarro com água e guardo o cartão em
uma gaveta em meu quarto.

E isso vira rotina. Todos os dias, exatamente as 11h da


manhã, chega um imenso buquê de flores e uma declaração de
Raul. Em todas ele sempre me pede perdão.
Eu já fico ansiosa quando vai chegando o horário. Fico
sentada no sofá aguardando a sineta tocar. Mas Raul não me liga ou
me manda mensagens, se comunica somente através dos buquês e
cartões. Isso durou trinta dias e de repente ele parou.
Espero todos os dias e nada. Pergunto a Artur
disfarçadamente sobre Raul e ele me diz que ele está bem.
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Será que ele desistiu? Finjo que está tudo bem e fico
esperando alguma manifestação de Raul... algo novo.

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Capítulo 36
Raul Magno

A primeira coisa da lista que elaborei para ter o perdão e


minha Lisa de volta foi ter paciência. Essa é a parte mais difícil para
mim. Minha vontade é de ir para seu apartamento igual a um
troglodita e a pegar, prendendo-a a mim para sempre. Mas não é
assim que funciona e já tomei demais na bunda por agir com
imprudência.
Mandei flores por um mês e Artur me mantinha informado
sobre suas reações. Ele me disse que no início ela as rejeitou, mas
depois se acostumou e esperava com ansiedade os buquês.
Confesso, sem vergonha alguma, que quando ele me contou isso
chorei igual criança. Eu ia conseguir arrumar a merda que fiz… tinha
muitas esperanças.
Quero continuar mandando os buquês sem parar, porque ela
está gostando e feliz, porra! Mas Artur me diz que tenho que parar,
Lisa tem que sentir falta, segundo ele.
Dói mais em mim do que nela, parar de mimá-la. Eu tenho
certeza disso, porque a porra de meu coração dói sem parar.
Mas com tudo isso, ela não manifesta vontade de me ver ou
falar comigo. Não vou negar, isso ofusca um pouco de minha
felicidade. Quinze dias se passam e agora está na hora de uma nova
tática. Sorrio feliz.
Mando chocolates, uma semana sem parar.
Não funciona.
Mando pedras naturais que sei que ama.
Não funciona.

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Mando maçãs frescas, colhidas no pomar.
Não funciona.
Mando um gato siamês que sei que ama.
Não funciona.
Mando mais um monte de coisas e NADA FUNCIONA.
Começo a perder as esperanças e a beber novamente. Artur
tenta me consolar, juntamente com Lili. Mas estou machucado
demais para dar crédito a eles.
— Cara, você tem que ter paciência, depois de toda a teia de
mentiras que teceu em volta dela, o que queria?
Estou magro, descabelado, quebrado e quero morrer para
acabar logo com essa dor excruciante.
— Exatamente, filho. Você agiu com imprudência com a
menina e agora tem que ter paciência, como disse Artur.
Ouço eles falarem e baixo a cabeça arrasado e sem
esperanças. Lágrimas caem em abundância.
— Ela não vai me perdoar. Não vai… Porra! Já tem meses
que tento reconquistá-la, quando penso que estou conseguindo ela
se fecha. Eu fui desprezível... a entendo, e isso está me matando
aos poucos. Lisa... ela nunca quer falar comigo, nunca atende
minhas chamadas ou retorna as mensagens — falo, com a cabeça
entre as mãos, em completo desespero.
Lili e Artur se levantam e me abraçam. Soluço, sem
esperanças. Quebrado e arrasado.
Artur, como o grande amigo que é, está cuidando dos
negócios, não tenho cabeça para nada, somente reconquistar Lisa.
Estou obcecado, sou obcecado. Caralho de vida sofrida e miserável a
minha!
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Penso em Lisa e tudo que fiz. Estremeço de arrependimento.


Eu errei, somente eu posso consertar. Levanto a cabeça e olhos
meus amigos, lutando por mim… e eu vou desistir?
— Porra! Vocês têm toda razão. Não vou desistir, eu fiz a
merda, somente eu posso consertá-la. — Eles sorriem.
— Aí, cara! É assim que se fala. — Artur me abraça e dá um
tapa na minha testa. Sorrio, sei que é sua maneira de dizer que me
ama.
— Pare de agredir meu menino, Artur. Ele já sofreu e está
sofrendo demais, seu desnaturado! — Lili me defende, me sinto
verdadeiramente acolhido e amado. Falta somente Lisa para minha
família estar completa, e eu estou indo buscá-la. Pode demorar
anos, mas não morro sem Lisa em minha vida, como esposa e mãe
de meus filhos, eu juro!

Com minhas esperanças e coragem renovadas, sei o que


tenho que fazer. Me olho no espelho depois de um banho demorado
e aparo a barba. Somente o cabelo que continua com o topete
gigante, esse depois eu aparo. Na verdade, não quis cortá-lo, minha
Lisa adora agarrá-lo quando me beija e estamos fazendo amor.
Agora, ela pode até se pendurar em meu topete, penso com
um pingo de alegria em meu coração atormentado, quebrado e
ferido.
Estou muito magro e abatido. Minhas olheiras estão imensas
e escuras. Além do surgimento de vários cabelos brancos que não
existiam antes de Lisa me deixar. Sinto o peso de minha idade pela
primeira vez na vida. Estou cansado e com vincos profundos em
volta dos olhos e boca. Abaixo a cabeça e mais uma vez me
arrependo do que fiz a Lisa e as outras mulheres que passaram por
minha vida. Fui tremendamente egoísta e mau-caráter. Precisou eu

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perder a única mulher que amei para cair na realidade e ver o verme
que fui ao longo de minha vida de merda.
Olho a minha camisa branca folgada e calça jeans caindo,
mesmo usando um cinto. Emagreci muito nesses meses. Também,
só bebia e quase não comia. Tenho sorte de ainda estar de pé,
graças aos meus amigos fiéis e sempre presentes, Artur e Lili.
Pego minha carteira, chaves do carro e celular. Vou sair pela
primeira vez depois que levei um pé no rabo para aprender a virar
homem.
Desço as escadas, vejo Lili e Artur rindo de orelha a orelha,
contei a eles meu plano de reconquistar Lisa.
— Me desejem sorte, porque não sei quando volto. — Eles
vêm até mim e me abraçam.
— É isso aí, Raul. Você vai conseguir trazer Lisa novamente
para casa. — Artur fala e me dá tapas doloridos nas costas.
— Vem, meu filho, me dê um abraço e não volte sem Lisa.
Entendeu? — Aceno. Lili me beija, me sinto forte e preparado para
buscar minha menina. Já sei o preço alto que terei que pagar e
estou disposto. Fiz merdas demais.
Escolho o maior carro que tenho, Hyundai i30 preto e olho se
Lili colocou tudo que pedi. Confiro: saco de dormir, cobertores e
roupas. Beleza.
Entro no carro satisfeito e com muita esperança de que Lisa
me perdoe e me dê uma chance de mostrar a ela que prefiro morrer
a perdê-la novamente.
Coloco uma playlist que adoramos e já ouvimos muitas vezes
juntos. Para minha eterna vergonha, a primeira música que toca é
Mentira, de Adriana Calcanhotto. Caralho, o mundo não perdoa.
Que é pra ver se você volta.
Que é pra ver se você vem.
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Que é pra ver se você olha pra mim...


Ressalto baixinho a última estrofe e sinto meus olhos
marejarem.
Continuo ouvindo nossa playlist e confesso que estou trêmulo
e ansioso. Tenho medo de falhar… Lisa é muito honrada e gosta das
coisas certas. Obviamente fui um tolo em não valorizar isso.
Vou pensando em tudo que fiz e o que pretendo fazer. Eu sei
que terei que me munir de calma e muita paciência, sei que ela não
vai facilitar. Conheço minha menina.
Fui um cafajeste desprezível com minha pequena. Sei que
mereço cada correção que estou recebendo de Lisa e da vida
também.
Chego em frente ao prédio onde mora e desço do carro, com
as pernas bambas, igual gelatina. Porra.
Vejo Lúcio me olhando e descendo para me encontrar. Fico
sem graça e, ao mesmo tempo, ansioso. Lisa deve ter falado com
ele sobre minhas canalhices.
— Bom dia , Lúcio. — Corto logo, se for me agredir ficará
mais manso.
— Bom dia, Magno. Você sumiu, perguntei para Lisa e ela me
disse que estava resolvendo uns problemas. — Realmente minha
menina é perfeita, totalmente discreta. Meus olhos ardem, disfarço.
— Sim, andei fazendo umas merdas e tive que parar um
tempo para refletir e ver como resolver — digo a ele sem entrar em
detalhes.
— E está tudo bem agora? — pergunta, amável como
sempre.
— Realmente ainda não sei... estou empenhado em arrumar a
bagunça que fiz e me meti. Mas me conte, como está Lisa? — Ele
me olha estranho.

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— Vocês não estão mais namorando? — pergunta ,
desconfiado.
— Bem... — Coço a cabeça, decidindo contar a ele parte da
verdade e esperando que por um milagre que me ajude.
— Ela é minha namorada, mas me dispensou devido a umas
merdas que fiz..., mas adianto, não foi traição, ao menos com outras
mulheres — digo rapidamente.
— Você a trai com homens, então? — pergunta, pálido e dá
um passo para trás.
Não consigo controlar e dou uma gargalhada tão alta que
algumas pessoas que passam na rua me olham, assustadas.
— Não! Eu gosto de mulheres, cara. Foram certas omissões
de minha parte... bem, é isso! Preciso de sua ajuda, ela não quer
nem me ver, e isso está me matando aos poucos.
Ele me olha demoradamente e solta a merda que me afunda
mais um pouco.
— Realmente você está acabado, com cara de velho. Mas se
Lisa te dispensou, ela deve ter seus motivos e sou amigo dela e não
seu — o maldito diz, virando as costas e indo embora.
Chamo já desesperado.
— Lúcio... por favor! Eu preciso subir e conversar com ela,
explicar tudo novamente, e dessa vez vou convencê-la com meu
amor e sinceridade. — Ele continua andando.
— Não. — Fecha a portaria e entra. Safado, filho da puta! Eu
sabia que não iria ter sua colaboração, por isso o carro grande e
saco de dormir. Vou acampar nessa porra até Lisa se condoer e me
receber. Vou tentar explicar o inexplicável..., tenho certeza que meu
amor falará por mim.
Arrasto a bunda sem cueca no asfalto, se for preciso, para
Lisa me aceitar de volta. Para ter seu perdão e amor novamente,
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faço qualquer coisa. Foda-se, minhas bolas no processo.


Esse é o nível que cheguei para obter o perdão da mulher que
amo mais que tudo no mundo.
— Foda-se você, maldito puxa-saco! — Grito e volto para meu
carro. Estou andando curvado com o peso de tantas decisões
erradas que tomei na vida… isso está me esmagando ao ponto de
sentir dor no peito.
Entro, ligo o ar e pego um livro para ler. Aliás, trouxe vários.
Me ajeito no carro e leio com tranquilidade ouvindo músicas
clássicas. Sempre atento de olho na portaria para ver quando Lisa
entra ou sai.
Anoitece e nem sinal dela. Tento ligar, mando mensagens,
mas ela não responde. Vou conseguir reconquistá-la, darei canseira
em minha pequena. Sorrio sem vontade.
O fofoqueiro já deve ter contato a ela que estou aqui.
Saio do carro e vou ao shopping, janto, escovo os dentes e
volto para o carro. Torço o nariz, hoje fico sem banho. Amanhã vou
a um hotel qualquer e tomo um. Mas daqui não saio, daqui ninguém
me tira.
Arrumo meu saco de dormir, já são quase 23h. A porra do
carro é mesmo espaçoso. Ligo o rádio e pego meu celular para ver
se ela me mandou algo. Nada. Olho para cima e vejo a luz de seu
apartamento acesa… Lisa está na cobertura. Meu coração dispara,
sou inundado do mais puro amor por ela, Lisa, minha doce
Borboletinha.
Fecho meus olhos e caio rapidamente no sono, me sinto
calmo só de saber que ela está tão pertinho de mim.

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Capítulo 37
Lisa Melo

Lúcio me liga, diz que Magno está na portaria e quer falar


comigo. Claro que falo que não é para liberar sua entrada em
hipótese alguma.
Mas quando olho pela janela disfarçadamente e vejo Magno,
meu coração dispara. Minha vontade é descer correndo, agarrar
aquele mentiroso topetudo e beijá-lo até morrer.
Sabendo ainda que quer falar comigo, deixa meu coração
quentinho, pois ele sumiu tem mais de quinze dias e isso me deixou
angustiada. Não estou pronta para perdoá-lo ainda..., mas quero
que continue a demonstrar que me ama.
Porém, confesso, a ira, raiva e decepção por ele mentir tanto
no início já está mais branda e se ele não desistir eu estou a
caminho de perdoá-lo.
Eu quero muito relevar tudo o que ele fez, mas tenho medo
de ser enredada novamente em mais mentiras.
Artur sempre me diz que ele está destruído e completamente
arrependido. Lili também me liga quase todos os dias. Ela confirma
tudo que Artur diz sobre Magno estar no fundo do poço e sofrendo
muito.
Confesso que saber que Magno parou sua vida, e só bebe,
me fez chorar por dias, sem parar. Mas a mágoa, por ele mentir
tanto para mim, ainda machuca demais.
Eu o vejo chegando e entrando no carro. Será que o louco
dormirá lá?

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Balanço a cabeça, faço um chá e volto a produzir meus
colares.
Horas depois, me levanto. Olho o relógio, já são quase duas
da manhã. Vou até a janela e vejo o carro de Magno no mesmo
lugar. Meu coração sacode, puta merda, ele está dormindo no carro,
mesmo! Sorrio e desço para dormir com uma alegria que me faz
querer cantar e pular.
Eu me deito e não consigo dormir. Só de pensar no
desconforto que Magno deve estar sentindo, me deixa agitada e
triste.
Me levanto, vou até a janela e vejo o carro coberto de sereno.
Deve estar gelado lá dentro. Tadinho. Volto para a cama e me forço
a ficar nela até o dia clarear, porque dormir será impossível.
Vou ficar firme, ele mentiu, trapaceou, me enrolou. Merece
sofrer mais um pouco.
Quando amanhece eu tomo banho, faço meu café e olho pela
janela discretamente. Vejo ele de pé em frente ao carro, olhando
para cima e meu coração dispara.
Deus, eu amo demais esse homem. Vejo-o tomando café em
um copo de plástico branco e comendo um biscoito. Termina,
jogando no lixo o copo vazio e entra no carro.
Fico de olho, percebo que nos horários de almoço e janta ele
vai para o shopping.
Já tem três dias que Magno está acampado em frente ao
prédio. De manhã ou à tarde ele sai e volta com os cabelos úmidos e
com roupas diferentes, acho que está tomando banho em algum
lugar.
Meu novo vício é ficar olhando e babando no homem da
minha vida. Raul Magno. Confesso que estou por um fio para descer
correndo e trazê-lo para eu cuidar e amar. Vejo que ele está magro e
pálido, mesmo de longe.
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Hoje também noto que ele está tossindo muito e fico


preocupada. Peço a Lúcio para olhar e perguntar como ele está sem
tocar em meu nome.
Observo Lúcio conversando com ele e daqui vejo a expressão
preocupada do meu porteiro e meu coração dispara.

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Capítulo 38
Raul Magno

Caralho, está sendo mais difícil do que pensei, minha menina


é turrona. Sinto meu corpo quebrado em ter que dormir aqui nesse
carro. Sou grande demais, apesar do carro também ser, mas tenho
que ficar encolhido e isso está me matando.
E como fiquei todos esses meses somente bebendo e
comendo muito pouco, meu corpo está debilitado. Acho que acabei
pegando a porra de uma gripe. Só me faltava essa agora. Me sinto
quente e o corpo dói pra caralho. Só quero ficar deitado, mas não
saio daqui enquanto Lisa não me receber e me perdoar.
Vejo sempre sua sombra na janela me olhando e fico trêmulo
de vontade de subir e abraçar essa menina tinhosa que amo mais
que a mim mesmo.
Vejo Lúcio chegar e me olhar preocupado.
— Cara, você está tossindo desde ontem e está com o rosto
muito vermelho. Está com febre? — pergunta estendendo a mão e
colocando em minha testa.
Dou um pulo para trás.
— Sai fora, jacaré! Estou bem, somente um pouco resfriado
e... — Tenho uma nova crise de tosse.
— Um pouco resfriado é o caralho. Você está com febre,
homem. Precisa ir ao médico, e voltar para sua casa para se tratar.
Ficar aqui nesse frio só vai piorar sua situação. E olha como o tempo
está fechado… isso é sinal de chuva forte. Se chover só vai piorar
seu estado. — Vejo preocupação em seus olhos.

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— Fica tranquilo, Lúcio, não é uma gripezinha besta que vai
me derrubar. Meu caro, já passei por tantas coisas nessa minha vida
que essa dorzinha em meu corpo e cabeça não é nada — falo para
tranquilizá-lo. Mas me sinto moído de tanta dor no corpo e cabeça.
Dói até minhas bolas. Estou fodido. Minha vontade é de me deitar e
cobrir, estou sentindo muito frio.
Ele dá de ombros.
— Você é quem sabe, mas te aconselho a pensar melhor. —
Volta para dentro do prédio e fecha a portaria.
Entro no carro e sinto a ventania balançá-lo. Caralho, hoje o
céu vai desabar e provavelmente acontecerá um novo dilúvio na
Terra. Estou tremendo de frio dentro dessa porra gelada, mesmo
com o aquecedor ligado.
A chuva desaba e o mundo alaga, nunca vi tanta chuva em
toda minha vida. Tremo de frio, me enrolo em um cobertor
espirrando sem parar. Minha cabeça parece que vai explodir
enquanto o mundo explode lá fora de tanta chuva.
Deito e me enrolo ficando quieto, assim tanto a cabeça
quanto o corpo parecem doer menos.
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Capítulo 39
Lisa Melo

Lúcio me interfona e diz que Raul está muito gripado. Me


contou que ele está tossindo bastante e com febre alta. Salienta que
ficou preocupado porque ele não está se alimentado bem.
Doente? Meu coração dispara agoniado e choro de medo.
Raul está passando mal no carro? Engulo de desespero. Vou descer.
Olho pela janela e a chuva castiga o carro. Meu Deus, chega
de nos fazer sofrer. Já deu! Vou buscá-lo assim que a chuva passar.
Chega! Ele já pagou por tudo que fez e se mostrou
arrependido. Agora eu que preciso perdoá-lo e tirar essa mágoa do
meu coração. Estou pronta para esquecer todo o passado de
mentiras.
Acabou. Quero meu namorado de volta, quero Raul Magno
em minha vida novamente. Olho o relógio, só não desço agora
porque a chuva está violenta.
Fico olhando pela janela e aguardando o temporal passar,
mas parece que vai ficar assim a noite toda.
Desço, tomo um banho quentinho com a consciência pesada
porque Magno está sozinho e doente no carro. Choro em desespero
e sofrimento.
Sinto ódio de mim mesma, por não dar a Magno, ao menos, a
chance de conversar comigo.
Tem horas que sou uma pessoa má. Choro alto e grito de dor
e sofrimento. Sempre fui assim, procuro andar ao máximo com
retidão, porque sou difícil de perdoar.
Preciso exercitar mais o perdão em minha vida.
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Sento-me e espero amanhecer. Estou quebrada, com dor de


cabeça e dor no corpo de ansiedade.

Quando amanhece, olho pela janela ansiosa. Fiquei aqui


praticamente a noite toda. Vejo o carro, entretanto, não vejo
Magno, como todos os dias, do lado de fora. Meu coração dispara e
desço correndo em desespero absoluto. Lúcio me olha assustado.
— Lúcio, ele já foi ao shopping hoje? — pergunto já sem
fôlego e chorando.
— Não, ele continua dormindo — diz me olhando pálido
quando entende meu desespero.
Olhamos um para o outro em entendimento e corremos para
o carro.
Está gelado aqui fora e ainda chove fininho.
Tento olhar dentro do carro, mas os vidros são escuros e não
vemos nada.
Entro em pânico e bato com força na janela. Tento abrir a
porta e puxo com tanta força que corto minha mão. Limpo as
lágrimas que não param de cair.
— Calma, Lisa, você cortou a mão e espalhou sangue por
todo seu rosto. — diz um Lúcio tão apavorado quanto eu.
— Ele está aí dentro, Lúcio, sinto isso. E não está bem. Se
acontecer alguma coisa com Magno, nunca, jamais me perdoarei…
fui muito dura com ele... — digo chorando sem parar. — O que
faremos? — Lúcio pega seu telefone e liga para um chaveiro.
Depois que termina, pego o seu telefone e ligo para Artur.
Ele atende no primeiro toque.

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— Alô? — Sua voz é fria, sei que não conhece esse número.
Soluço desesperada e tento falar.
— Lisa, aconteceu alguma coisa? — Fungo alto. — Querida?
— Pergunta agora temeroso e assustado.
— Sim, Artur, o Magno... — me descontrolo, caindo num
choro com soluços altos e doloridos de desespero.
— Lisa? O que aconteceu com Raul, pelo amor de Deus? —
Não consigo falar, Lúcio pega o telefone e fala com ele.
— Ele estava com febre e tossindo muito ontem. Hoje ele
continua no carro… já chamamos, batemos e ele não deu sinal
algum. — Vejo Lúcio ficar mais pálido ainda.
Me estende o telefone e pego.
— Lisa, você não sabia que ele estava passando mal? — Fico
calada com a consciência doendo por agir com tanta falta de
empatia e amor.
— Sabia…— Faz-se um silêncio assustador do outro lado.
A voz fria e cortante de Artur chega até mim e me quebra de
vez.
— Será que me enganei tanto assim com você, Lisa? Será que
aconselhei meu amigo a se humilhar para um monstro? — Choro
arrasada por saber que ele tem razão, fui um monstro.
— Não... eu o amo. Não fale assim, por favor... — ele desliga
e fico olhando o telefone com um arrependimento tão grande que
parece que meu coração vai ser arrancado sem anestesia.
O chaveiro chega e tenta abrir o carro, mas não consegue.
Nessa hora já estou sentada no chão, toda molhada e as mãos
sangrando de tanto bater no carro.
Vejo um veículo se aproximando em alta velocidade e assim
que para, Arthur pula do carro correndo para onde estamos.
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Ele tira uma chave do bolso e abre a porta do carro.


A cena que vejo ficará gravado em minha memória, enquanto
eu viver.
Raul Magno, encolhido em um canto, os olhos fechados e seu
rosto vermelho de tanta febre.
— Magno! — grito e tento chegar até ele, mas sou barrada
por Artur.
— Afaste-se. Agora pode deixar que eu cuido dele — me diz
friamente.
— Artur, leve-o para meu apartamento, me deixe cuidar
dele… por favor. — Me ajoelho com lágrimas descendo por meu
rosto, em desespero.
Ele me olha e quando vê minhas mãos sangrando e seus
olhos se suavizam.
— Levanta, Borboletinha, Raul não iria gostar de ver a
mulher que ama nessa situação, ajoelhada e sangrando debaixo de
chuva. — Me estende a mão e me levanta.
— Vem, querida, vamos levá-lo para seu apartamento para
cuidar dele. Ele já sofreu para o resto de sua fodida vida. — Diz com
os olhos vermelhos. Sinto meu coração mais leve, mas doendo
demais ao ver meu amor tão debilitado. Meu Magno.
Artur e Lúcio puxam Magno com cuidado e tento cobri-lo com
um guarda-chuva que Lúcio trouxe não sei de onde.
Eles sobem pelo elevador, estou arrasada, quebrada e
chorando sem parar.
Corro na frente e abro a porta, Artur o leva direto para meu
quarto.
— Você tem um cobertor elétrico por aí, Lisa? — Corro para
pegar, ganhei de presente da dona das lojas que trabalho.

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Trago rapidamente e quando entro no quarto, Magno já está
nu. Artur seca as partes de seu corpo que molharam.
Forramos a cama com um cobertor elétrico e macio e
cobrimos Magno com o outro. Busco paracetamol líquido, Artur e eu
conseguimos fazer com que Magno engula um pouco.
Busco álcool e vou fazendo compressas em sua testa, sem
parar. Magno está ardendo de febre. E assim passamos o restante
do dia e a noite. Quando amanhece, a febre de Magno finalmente
cede. Mas ele continuava dormindo, estava muito fraco e debilitado.
Subo correndo para fazer o café da manhã. Coloco a mesa e
como rápido alguma coisa, desço com o café para Magno. Aproveito,
peço a Artur para subir e tomar seu café.
Fico sozinha com Magno que ainda dorme, agora respirando
com mais facilidade e sem a maldita febre.
Passo a mão suavemente em seu rosto encovado e em suas
olheiras imensas. Engulo seco de tristeza. Pego seu imenso topete
coberto de fios brancos, que antes não existiam. Aliso com carinho
sua barba agora imensa, que também está coberta de fios grisalhos.
Sua expressão mesmo dormindo é sofrida. Tadinho do meu Raul
Magno, como meu amor sofreu. Meus olhos ardem.
— Como fui má com você, não é meu amor? — sussurro com
o coração apertado.
O quanto fiz esse homem sofrer? Penso com um nó na
garganta e vontade de chorar sem parar.
— Lisa... me perdoe... — Ouço sua voz baixa e fraca, mas
continua dormindo.
Sinto meu mundo afundar mais uma vez... acho que não vou
conseguir sair com vida desse sofrimento.
Pego sua mão grande e magra.
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— Ei, meu amor. Estou aqui, Raul Magno, meu namorado. —


Engulo seco. — Eu te amo mais que minha vida. Me perdoe, amor,
por demorar tanto a te perdoar. Eu te amo... Raul... volta para
mim... — digo com lágrimas, misturando-se a coriza. Estou com falta
de ar de tanta chorar. Ansiedade e sofrimento dilaceram meu
coração e alma.
Artur entra e me ajuda a tentar dar um pouco de suco para
Magno.
— Já liguei para um amigo nosso que é médico, Lisa. Ele
chegará em breve para medicar adequadamente o Raul. Meu amigo,
está muito frágil devido aos últimos meses... — fala com dor na voz.
Abaixo minha cabeça envergonhada por ser tão dura. Me
envergonho de minha atitude.
— Me perdoe, Artur. Eu fui muito dura com ele, e...
— Ele mereceu, Lisa — Artur me corta com suavidade. —
Raul agiu com imprudência. O importante agora é vocês se
acertarem e deixar o passado para trás. Não é? — Aceno com
tristeza. — Isso com certeza é o melhor caminho. Concorda comigo,
querida? — Estende os braços abertos em minha direção e corro
para eles, que me envolvem com carinho.
— Sim, você tem toda razão, Artur. Obrigada por ser sempre
esse anjo, tão querido e especial em minha vida. — Ele beija minha
cabeça quando ouvimos a sineta.
— Deixe que atendo, querida, deve ser o médico.
Ele vai e fico aqui segurando a mão de meu amado, Raul
Magno.

O médico examina Magno e diz que está tudo sob controle,


principalmente a febre, que foi consequência de uma inflamação de

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garganta. Ele está começando a esquentar novamente e entro em
pânico.
— Fique calma, Lisa, vou passar um antibiótico para ele e
assim que começar a tomar, melhorará. Aconselho a comprarem o
mais rápido possível. — O médico conversa algum tempo com Artur,
mas não ouço nada. Pego a receita e vou comprar os remédios.
— Ei, aonde você vai, pequena? — Artur me barra e
pergunta.
— Buscar os remédios para Raul, ele precisa tomar rápido —
digo com a voz rouca de tanto chorar.
— Eu busco, querida, aproveito e acompanho Gustavo até o
carro. — Me beija e me despeço do médico. Corro para o quarto e
faço mais compressas de álcool na testa quente de Raul.
Canto, converso e peço perdão a ele sem parar. Me deito ao
seu lado e como tem duas noites que não durmo, adormeço
rapidamente de exaustão. Mas sem soltar a mão de Raul.
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Capítulo 40
Raul Magno

Acordo com uma dor desgraçada no corpo todo e minha


cabeça parece que vai explodir. Estou em uma cama macia e tão
obcecado por Lisa que sinto seu perfume no ar. Inspiro ávido por
mais de minha Borboletinha. Continuo de olhos fechados porque a
simples menção de abri-los faz minha cabeça doer mais ainda.
Sinto a maciez e calor dos cobertores, sei que não estou
naquela porra dura do meu carro. A última coisa que me lembro é
de minha conversa com Lúcio. Ele me dizendo que eu precisava ir
embora, pois estava com muita febre. Lembro-me que entrei no
carro e apaguei.
E agora estou aqui, nesse lugar quente, macio e perfumado.
Suspiro me sentindo muito fraco. Tento me mover, mas a dor alastra
por todo o meu corpo.
Tive a impressão de que Lisa falava muito comigo. Sonhei, é
isso. Meus olhos ardem.
Está na hora de aceitar que ela não vai me perdoar. O mínimo
que posso fazer por minha Borboletinha é deixá-la em paz. Meu
coração aperta de tristeza.
Vou deixá-la viver sua vida sem um mentiroso como eu ao
seu lado. Sinto uma lágrima solitária deslizar.
Lisa, meu grande amor, encontrará um homem mais novo,
que não mente, que não foi um puto devasso como eu… encontrará
um que realmente a mereça e a valorize.
Esse simples pensamento dói tanto em meu peito que chego
a sentir falta de ar. Sinto as lágrimas escorrerem pelos cantos de
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meus olhos e molhar o travesseiro, agora abundantes. Se continuar


assim, vou desidratar. Me sinto morto e acabado.
Tento me levantar e descobrir onde estou. Tenho vontade de
correr sem olhar para trás, para ver se a dor no peito ameniza. É
isso… sumir.
Viajarei para algum lugar e ficarei uns meses fora. Pedindo
aos céus que essa dor excruciante passe. Sei que morrerei se
continuar tão forte como está. Na verdade, não tenho vontade
nenhuma de viver sem minha Lisa.
Confio no Artur para resolver tudo para mim. Quero
desaparecer por tempo indeterminado. Com essa decisão tomada, e
o coração despedaçado, tento me levantar mais uma vez e gemo
alto, a dor é excruciante.
— Raul! — Ouço uma voz que sonho ouvir por meses e gelo,
estou ficando alucinado. Amar demais faz isso?
— Raul, meu amor, você acordou! — Forço meus olhos a se
abrirem, minha cabeça trincando de dor. — Graças a Deus! Me
perdoe, amor, fui uma pessoa rancorosa... — Viro minha cabeça
pesada de dor e vejo Lisa ao meu lado, com os olhos vermelhos e
inchados. Estou ficando doido e alucinado? Preciso viajar urgente!
Recuperar minha sanidade perdida.
A porra da miragem se senta e sorri tão largamente que fico
feliz somente de imaginar que tenha uma alucinação aqui. Lisa é
linda até em meus devaneios mais loucos.
— Eu te amo tanto, Raul, me perdoe. Eu te perdoo também,
meu amor, de todo meu coração. — Fala de uma vez e me abraça.
Essa miragem está muito cheirosa, macia e quente.
Sinto um beijo suave em meu rosto.
— Lisa? — balbucio sem acreditar em nada que vejo, já sofri
demais e estou descrente.

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— Sim, amor, sou eu. Artur foi buscar seus remédios, você
está com febre devido à garganta inflamada. — Murmura e acaricia
meu topetão. Arrepio de emoção.
— Lisa? — Repito seu nome baixinho. Ainda sem realmente
acreditar que é ela. Sou um homem perdido e sem esperanças… um
que cruzou o inferno devido a tantas mentiras.
— Sim, meu amor. Sou eu em carne e osso… com o coração
pesado por não tê-lo ouvido, e perdoado há mais tempo. Poderia ter
evitado todo esse sofrimento… — diz com tristeza estampada nos
olhos inchados.
— Lisa, é você mesmo? Estou em sua casa? Em sua cama?
Você me perdoou? — pergunto, sem realmente acreditar. Não quero
dar falsas esperanças ao meu pobre coração, já tão quebrado, e
depois ter que arrancá-las novamente.
— Sim, querido, você passou mal no carro. Artur, Lúcio e eu
o tiramos de lá com febre e desacordado. — Me conta com lágrimas
descendo e parando em seu queixo delicado.
— Me carregaram até aqui? — pergunto, incrédulo.
— Sim, e colocamos você peladinho para se aquecer nos
cobertores elétricos. Também fizemos você tomar paracetamol
durante a noite, fiz compressas e ao amanhecer sua febre cedeu,
mas voltou em seguida. O Artur chamou um médico, ele viu que sua
garganta estava inflamada e receitou antibiótico. Artur foi à farmácia
buscar, mas já deve estar voltando — fala de uma vez, sem parar
para respirar.
Olho encantado e com adoração para a mulher que me olha
com amor, minha doce Lisa. Quando penso em tudo que fiz e no
quão perto eu cheguei de perdê-la, gemo alto.
— Raul! — Se levanta, sentando-se ao meu lado.
Tento sorrir, mas dói tudo e fico sério e quieto.
Ela pega um copo de suco de laranja e me entrega sorrindo.
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— Beba querido. Vitamina C. — Tento tomar, mas não desce,


minha garganta dói pra caralho.
Coloco a mão na garganta.
— Dói demais... — Sussurro com muita dor. Não consigo falar
muito, ela me olha com ternura e sorri. Beija meu rosto barbudo.
Fecho meus olhos de felicidade. Agora quero chorar, mas de alívio e
alegria.
Lisa pega as compressas e volta a colocar em minha testa,
sinto o refrigério e fecho meus olhos, feliz como não estou há
meses.
Estendo minha mão e seguro a sua com delicadeza, mas sem
soltá-la. Adormeço.

Desperto com Artur me sacudindo suavemente.


— Acorda, bundão. Está na hora do neném tomar remedinho.
— Abro meus olhos que parecem estar cheios de areia. Vejo Artur
com um comprimido para eu tomar. — Para curar meu amigo que
só faz merdas e trapalhadas. — Sacode a mão com a drágea e
debocha com amor nos olhos. Meu amigo de todos os momentos.
Tento me levantar, mas estou fraco demais, ele me ajuda a
sentar e fico tonto. Ele aguarda atento, quando melhoro me estende
o remédio e tomo com água.
— Obrigado, cara. Artur… eu sonhei com Lisa, ela estava
aqui... — falo com a cabeça baixa e os olhos cheios de lágrimas.
Estou ficando desidratado de tanto chorar. Porra, gostaria de poder
voltar ao passado e consertar toda merda que fiz a ela.
— Não, amigo, ela está realmente aqui. Muito triste e
desolada em ver você tão debilitado. Sua Borboletinha, perdeu o
brilho e só fica chorando pelos cantos. Se você demorar muito a

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melhorar, provavelmente ela irá desidratar — diz e sorri de orelha a
orelha. Meu coração está tão disparado que massageio o peito sem
perceber. Procuro-a com os olhos com ansiedade e uma pergunta no
olhar. Artur me olha com carinho e aponta para a porta com o
queixo.
— Ela foi preparar uma canja… não queria comer de jeito
nenhum. Tive que ameaçar e dizer que contaria a você e que isso o
deixaria triste… — Sorrio tão pateta que meu rosto arde.
— Então… Lisa, me perdoou? — pergunto baixinho , com
vontade de pular de alegria e ir atrás de minha menina.
— Perdoou, sim, filho da puta sortudo! E ainda se culpa por
você estar nesse estado deplorável, magro, pálido e feio pra cacete
— diz com seriedade, mas seus olhos brilham de satisfação em me
ver melhor.
— Ela não tem culpa de nada, eu que fui um merda e
mentiroso do caralho. Lisa é inocente. — Defendo-a com todo meu
coração. Tento me levantar para explicar para minha Lisa que ela
não tem culpa de nada.
Artur me empurra na cama.
— Nada disso, o senhor não aguenta no momento nem uma
gata pelo rabo. Então sossega sua bunda magra aí na cama. Daqui a
pouco ela estará aqui com uma canja e vocês conversam, estarei na
sala. Aliás, eu estou dormindo aqui no quarto de hóspedes. Me sinto
parte da família. — Pisca matreiro e sai rindo de sua piada besta.
Aguardo ansioso por Lisa. Quando ela entra, carrega uma
bandeja com uma tigela branca cheia de canja, suco de laranja e
fatias grossas de pão. Meu tão sofrido coração dispara faltando sair
pela boca de tanta emoção, amor e carinho. Como pude ser tão
miserável com essa perfeição de pessoa? Lisa, minha doce
borboletinha.
Nem que eu viva mil anos vou entender o miserável que fui
com ela. O que posso fazer é amá-la com tudo que tenho até meu
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último suspiro de vida. Isso eu posso e farei com prazer, será minha
meta de vida.
Sorrio tanto que dói meu maxilar.
Ela vem equilibrando a bandeja e não posso ajudar, não
consigo nem levantar os braços de tão fraco que estou.
— Olha a canja quentinha para meu amor — diz sorrindo e
me olha com seus olhos coloridos, transbordando amor e carinho.
Meu coração fica quentinho e coro de felicidade. Lisa me aceitou de
volta. Caralho! Ela me perdoou! Agora é meu momento de falar
tudo, sem omitir nada. Quero começar tudo do zero, somete com
verdades e amor.
— Lisa... amor... me perdoe por tudo... juro que jamais
mentirei para você... juro que a amarei enquanto viver... juro que
serei eternamente fiel a você... juro que será minha única mulher...
juro que morrerei te amando... você me perdoa, minha pequena? Eu
te amo tanto que chegar doer, Borboletinha. — Desabafo com medo
e lágrimas nos olhos.
Ela coloca a bandeja na mesinha ao lado da cama, se senta,
pega em minhas mãos e me olha nos olhos.
— Raul Magno, eu te perdoo de todo o coração, meu amado.
Eu te amo mais que tudo nessa vida, querido, viverei para te
mostrar isso. E te peço perdão por ser tão dura com você, meu doce
topetudo. — Coloco o dedo em seus lábios com o coração
transbordando amor.
— Não, amor, não diga isso, eu que fui o escroto da história.
Você foi só uma vítima inocente de um homem corrompido pelo
desrespeito com você e outras pessoas. Mas juro, Lisa, aprendi a
lição e você nunca se arrependerá de ter me dado uma segunda
oportunidade — digo com ardor e sinceridade em cada palavra
proferida. Falo do fundo do meu coração, com devoção e amor
genuíno.

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— Acredito em você, querido. Vamos combinar uma coisa,
agora para valer. Deixaremos o passado no passado e nos
concentraremos no presente. Viveremos com respeito e da melhor
forma possível, assim teremos um futuro brilhante e cheio de
alegrias — diz minha pequena, com sabedoria. Sorrio largamente.
— Trato feito, meu amor. A verdade, sempre a verdade, eu
juro. — Ela se inclina e beija meu rosto coberto de barba
emaranhada.
— Agora vamos comer essa canja deliciosa, que fiz
especialmente para o meu amor. Claro que comi também e está uma
delícia. Quero que fique curado logo, querido. — Derreto-me todo,
de amor, por minha Lisa. Ela senta-se ao meu lado e me dá
colheradas com suavidade, a canja mais gostosa que já comi em
toda minha vida. Que Lili jamais me ouça. Sorrio emocionado.
Quando eu termino de comer, suspiro saciado e feliz. Tomo
com prazer o suco de laranja com abacaxi que minha Lisa fez. Bebo
tudo, fitando-a nos olhos e dizendo, com meu olhar, que a amo mais
que tudo nessa vida, e em outras, se houver.
Ela limpa minha boca com carinho, usando um guardanapo
branco. Sinto meu peito expandir de felicidade e amor por essa
mulher. Fecho os olhos por um momento… agradecendo aos céus
pela oportunidade que estou tendo de reconquistar o que perdi com
minhas burrices, obsessão e mentiras.
Sinto o sono me tomar devagar, fecho os olhos feliz,
segurando a mão da mulher da minha vida com força. O medo de
perdê-la enquanto estou dormindo me faz agarrar sua mão e
prendê-la a mim.
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Capítulo 41
Lisa Melo

Fico olhando para esse homem que errou tanto na vida,


dormir com uma expressão abatida e sofrida. Meu coração queima
de dor por tudo que passamos e, ao mesmo tempo, se alegra em tê-
lo perdoado. Magno está muito magro, pálido e descuidado. E
pensar que ele era um homem que cuidava da aparência com
extremo zelo... tadinho do meu amado, Raul. Vou cuidar dele com
todo o amor que tenho por ele. Juro.
Passo a mão em seu rosto barbudo e pego em seu topete que
está ainda maior. Olho com carinho para a quantidade de fios
brancos que surgiram nesse tempo que ficamos separados. Se
possível, ficou ainda mais lindo. Magno é assim, fica irresistível a
cada dia que passa.
Lembro-me de tudo que ele fez para se redimir e meu
coração dispara. Me odeio por ser tão dura com ele, tadinho. Ele
tentou de todas as formas me pedir perdão.
Tudo bem que ele errou muito. Mas segundo Artur, Raul
estava se afundando e se autodestruindo cada dia mais, e eu não
dei crédito. Tudo porque se consumia de arrependimento, meu
pobre amor.
Pensei que fosse exagero de Artur e Lili. E agora vejo que
eles foram brandos ao dizer que Magno estava no fundo do poço.
Sua aparência abatida e magra mostra claramente o quanto ele
sofreu e se perdeu. Meu amado, Raul Magno.
Sinceramente não aguento mais chorar, se não estivesse
menstruado há dois dias diria que estava grávida.
Essa nossa situação me deixou destruída e muito emotiva.
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— Lisa... — Ouço Raul sussurrar.


— Estou aqui, amor. — Aperto sua mão com carinho.
Ele se aquieta e penso que dormiu, então ouço sua pergunta
baixinha.
— Onde está Lisinha, meu amor? — Me arrepio. Foi esse o
nome que ele colocou na gatinha que me deu de presente meses
atrás. Quase surtei de felicidade quando a ganhei, mas como ela me
lembrava muito ele, pedi a uma conhecida para ficar com ela até
superar Raul.
— Ela está com uma colega, querido, vou buscá-la hoje... —
digo baixinho.
Magno me pergunta fracamente.
— Por quê? Você não a quis mais, Borboletinha? — murmura
ainda de olhos fechados, com dor na voz.
— Magno, meu amor… claro que quis. Amei seu presente,
uma linda e fofa gatinha. Levei-a para ficar lá somente uns dias, vou
buscá-la hoje. — Prometo a ele e vejo que sorri, feliz e aliviado.
Ficamos em um silêncio gostoso até que ouço seu ressonar baixinho.
Me levanto e procuro Artur que está fazendo café.
Sorrio divertida e satisfeita, minha casa está bem
frequentada, dois homens lindos.
— Artur, vou dar uma saidinha e gostaria que ficasse de olho
em Raul. Não vou demorar. — Ele me olha indagador.
— Aonde você vai, querida? — Sorrio, pego uma xícara e
encho de café fresquinho.
— Vou buscar Lisinha, a gatinha que Raul me deu. Ele
perguntou por ela. — Artur me fita curioso.
— Você deu a gatinha para sua colega? — Tomo um gole de
café e nego.

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— Não, somente a deixei na casa de uma conhecida por um
tempo… até superar o Raul. Era esse meu pensamento na época.
Toda vez que a via, chorava toneladas e sentia muitas saudades
dele. Como achei que não iríamos voltar, a deixei na casa dessa
colega por um tempo. — Digo triste por mim e Raul, sofremos tanto.
— E vocês voltaram? — Pergunta me olhando atentamente.
— Sim, resolvemos nos perdoar. Sinceramente, eu quero o
passado no passado, Artur. E meu Magno quer o mesmo — digo
sonhadora e quando percebo, sou esmagada em um abraço
apertado.
— Graças a Deus! Finalmente meu amigo e amiga terão paz.
— Sorri de orelha a orelha, me coloca no chão e me empurra.
— Agora vá, querida. Vai buscar a Lisinha antes que Raul
acorde. Porque se ele não te encontrar aqui, surtará com toda a
certeza do mundo.
— Claro, daqui a uns dez minutos estarei de volta. — Saio
quase correndo para buscar a gatinha.
Ligo para minha colega e digo que vou buscar a gatinha. Ela
me recebe na portaria com a gatinha, agradeço e volto quase
voando para casa. Devo ter demorado menos de dez minutos, com
certeza.
Quando chego, ouço gritos vindos de meu quarto.
— Cadê a Lisa? Onde caralho ela está? — Raul grita nervoso
e descontrolado. — Fale a verdade, porra, para de me enrolar, Artur.
Ela foi embora, não foi? Cacete! Vou atrás. Ela me perdoou,
caralho! Aconteceu alguma coisa enquanto eu dormia? — grita
alucinado.
— Já falei que ela foi buscar a Lisinha, você está surdo, cara?
— Artur responde com calma.
— Mentira! Ela deve ter pensado melhor e viu que não valia a
pena me perdoar, seu filho da puta! — Ouço ele fungar e entro
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vazada no quarto. A cena corta meu coração. Meu homem,


obcecado, magro, pálido, segurando seu rosto barbudo e seu lindo
topete grisalho caindo em sua testa.
— Estou aqui, meu amor, fui buscar nossa gatinha, a Lisinha.
— Ele levanta a cabeça, vejo seus olhos vermelhos e seu rosto
marcado por tanto sofrimento. Não resisto, corro e o abraço,
esmagando a gatinha entre nós. Ela mia alto com raiva. Vejo Raul
sorrir e seus olhos maravilhosos ganharem brilho, apesar de muito
vermelhos.
— Lisa, meu amor… não me deixe nunca mais, por favor! Eu
te amo tanto, pequena. Se me deixar, minha vida não terá mais
sentido algum — diz e me olha angustiado. A gatinha sai agitada e
pula no chão, indignada.
— Gata atrevida, igual à dona — Artur zomba e sai do quarto,
nos dando privacidade.
— Fui buscar a gatinha, Raul. — Ele me abraça apertado.
— Desculpe-me, Lisa, é que sofri tanto com sua ausência, que
enlouqueço quando não a vejo por perto. Fiz tantas merdas que
tenho pavor de você pensar melhor e resolver que não valho a
pena... — Beijo Magno suavemente.
— Prometemos deixar o passado no passado, lembra-se?
Você e eu estamos proibidos de falar nele. — Empurro seu topete
para trás. — Lindo seu topetão, meu amor! — Ele sorri lindamente
e seus olhos brilham.
— Cresceu mais ainda, agora você pode puxar à vontade
quando eu estiver te comendo — diz , malicioso. Ele voltou. Meu
Magno safado, está de volta. Graças aos céus.
— Raul! Para quem estava triste ainda há pouco, você está
muito saliente agora, hein? — Estou explodindo de felicidade por
ver que Magno está mais corado e feliz.

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— Sim, com você perto de mim, meu amor, eu sou feliz. Lisa,
eu sonho com você dormindo ou acordado. Nós dois fazendo amor,
casados, com filhos, envelhecendo juntos. Tudo com somente você,
querida. Somente você, meu amor. Quero tudo com você, Lisa Melo,
minha borboletinha, abelhinha e santinha! Você é meu mundo
inteiro, Lisa Melo. Eu te amo tanto... — Acaricia meu rosto.
Olho com carinho e amor para esse homem que teve que
atravessar um vale de trevas e espinhos para reconhecer seus erros.
Eu o amo ainda mais, por sua humildade em reconhecer suas falhas
e por sua firme perseverança.
— Simmmm! — respondo, transbordando de felicidade. —
Aceito! Quero tudo com você também, Raul Magno! Se isso não foi
um pedido de casamento, eu acabei de fazê-lo a você. Mas vou
repetir para não ter dúvidas. Raul Magno aceita ser meu esposo, pai
de meus filhos e que possamos envelhecer juntos e nos amarmos
até a eternidade? — Sorrio e vejo seus olhos se avermelharem.
— Simmm! Foi um pedido, sim, amor. E obrigada por me dar
essa segunda chance, Borboletinha. Enquanto viver, farei de tudo
para me redimir de tudo que te fiz. Prometo que te farei feliz. E
reforçando, adoraria ser seu esposo e pai de seus filhos. Vou adorar
fazê-los. Sinto saudades de sua bocetinha suave, macia, rosada e
quentinha — diz com cara de tarado, me beijando com ardor. Sorrio
e retribuo, mostrando a ele que estou mais que disposta em
colaborar.
Quando nos afastamos, me levanto com pesar e vou preparar
algo para Raul comer.
— Está na hora de seu antibiótico, amor, Artur te trouxe algo
para comer?
— Não, nada. Ele quer me matar de fome, meu amorzinho —
diz com um bico gigante e manha até na alma.
Artur grita da sala.
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— Estou ouvindo, Raul Magno Gorgoni! Deixa de ser safado.


Lisa, ele não quis comer nada, ficou igual um lunático querendo
saber onde você estava. — Raul fica vermelho e desvia o olhar.
Lindo ver um homem gigante como Magno, tão maduro e
experiente, com essa súbita timidez.
— Sem problemas, meu amor. Eu vou cuidar de você, viu? —
ele cora emocionado. — Vou preparar um lanche bem reforçado,
depois uma sopa maravilhosa com um caldo bem grosso para você.
O que acha? Quero você forte e saudável novamente. — Pisco e
Magno sorri lindamente, seus olhos brilham com intensidade.
— Obrigada Lisa por seu cuidado e carinho comigo. Eu amo
você, meu amor precioso — diz com singeleza.
Saio rápido do quarto, senão fico lá até morrer, somente
olhando para o homem de minha vida. Subo para preparar uma
refeição bem forte e saudável para meu futuro marido. Meu coração
palpita de amor e cantarolo feliz.
Ouço Artur dizer com voz divertida.
— Parece que todos aqui viram passarinhos verdes. Somente
eu não vi nenhum. A alegria contagiou um homem obcecado e uma
borboletinha, dura na queda. Porra, o que o amor não faz com as
pessoas. — Viro-me e jogo um beijo para ele que sorri largamente.

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Capítulo 42
Raul Magno
O tempo passa. Estou me fortalecendo da gripe e dor que me
assolava a alma de maneira desgraçada e miserável.
Lisa, minha borboletinha, me entope de comida e carinho.
Estou me sentindo um rei.
Quando Artur vem me zoar, Lisa o repreende severamente.
Ele sai de mansinho me fitando com olhos que prometem revanche.
Levanto meu dedo do meio todas às vezes sem Lisa ver, é claro.
Estou adorando ser paparicado por ela.
Converso todo dia com Lili, agora ela está mais tranquila,
sabendo que Lisa me perdoou. Elas conversam muito. Finalmente
vejo minha família feliz. Meus olhos ardem… virei um bundão
chorão, após Lisa. Sorrio satisfeito, adoro ser assim.
Estou me sentindo muito bem. Sei que já engordei um pouco
e Lisa me diz que já estou corado e ficando forte a cada dia que
passa. Concordo humildemente. Ser paparicado por ela não tem
preço.
Na verdade, me sinto ótimo, mas ainda finjo estar fraco para
continuar sendo o centro de suas atenções. Tudo bem, sou um velho
safado. Mas porra, é bom demais ter comida na boca, beijos,
carinhos e ainda proteção contra Artur, esse ser desnaturado.
Ele já descobriu minha safadeza e sempre ameaça de contar
à Lisa. E eu o ameaço de mandá-lo embora se ousar.
Agora, o único problema é que estou louco e pronto para
fazer amor com minha menina. Mas tenho que segurar, senão ela
pode me mandar embora. Já bati tantas punhetas enquanto tomo
banho que meus dedos estão calejados. Está ficando difícil.

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Artur está cuidando de obras desde que Lisa me abandonou.
E continua firme. Ele, sim, é um amigo de verdade, um irmão. Agora
que viu que me estabilizei, tanto na área emocional, quanto na
saúde, voltou a monitorar as obras, saindo todos os dias cedo e
voltando tarde.
Hoje ele teve que fazer uma pequena viagem de negócios e
estou sozinho com Lisa. A vontade de fazer amor com ela está me
tirando o sono e a calma.
— Amor, como você está? — Ela entra no quarto e me vê
deitado, acabei de tomar banho.
— Estou ótimo, só meu corpo e cabeça que ainda doem um
pouco... — digo sem olhar em seus olhos.
— Raul, é melhor irmos ao médico porque não é normal ficar
quase um mês com gripe — diz e me olha séria.
— Sim…, mas no meu caso não foi só gripe, meu amor, foi
emocional também, você mesma disse... — murmuro e olho para
fora da janela, não tenho coragem de encará-la. Não quero ir
embora, porra!
Eu a vejo ir para o banheiro e ouço quando liga o chuveiro.
Só de imaginá-la nua meu pau fica duro igual aço. Porra! Aperto
meu comprimento inchado com força e ralho com ele.
— Comporte-se! Quer que ela nos expulse daqui? — Quando
levanto a cabeça, vejo-a me olhando de forma estranha. Lisa está
com uma toalha branca envolvendo seu doce corpo. Porra! Estou
fodido.
Começo a luta para me controlar… vamos lá. Penso na calçola
de minha tataravó que nunca conheci, penso em pessoas
vomitando, brigando, xingando… tudo isso para ver se meu pau
colabora e murcha. E nada. Ele fica ainda mais duro. Atrevido o
maldito. Mas o entendo. É o efeito Lisa.
Ela caminha e para em minha frente.
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— Raul, está tudo bem? — Minha cabeça está baixa, olhando


seus pezinhos lindos e tento me manter firme.
— Sim, meu amor… tudo ótimo. — Vejo a toalha cair aos
seus pés e gelo. Porra! Levanto meus olhos devagar e engulo em
seco. Vejo suas pernas torneadas, sua bocetinha depilada, sua
cintura fina, seus seios brancos e rosados, seu pescoço fino e
delgado e sua boca rosada em um meio sorriso. Chego em seus
olhos e vejo que ela sabe de tudo. Eita!
— Raul, sei que você está cheio de saúde, meu namorado
safado! Se você não me comer agora, eu que vou te esfolar vivo.
Sonho com esse pau delicioso todos os dias e cansei de ver você
batendo punheta ao invés de me comer. Já chega! Meu devasso
malandro, vem cá! — Sussurra com um sorriso de loba e pula em
mim.
Porra! Sorrio tão largamente que minhas bochechas doem.
Ela segura meu rosto e me lasca um beijo tão gostoso e molhado
que gozo. Pronto! Acabou!
— Caralho! — Gemo com meu corpo ainda estremecendo
com os resquícios de meu gozo solo. E a vergonha me toma por
completo.
Ela me olha com carinho e continua me beijando. Eu a beijo
com paixão porque amo demais essa pequena mulher.
— Amor, me perdoa, tem muito tempo que eu não...— Ela
continua me beijando e sinto meu pau começar a endurecer
novamente. Ela o pega e bombeia com força.
Sinto minha semente escorrer por seus dedos e caralho se
isso não me faz ficar mais duro ainda.
— Lisa... — Só gemo, estou incapacitado de fazer algo mais.
Ela chupa meu pescoço e gemo alto. Porra, deixa eu dar
prazer a minha mulher. Eu a viro de uma vez e subo em cima de seu
pequeno corpo. Ela me olha assustada e sorrio.

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— Minha vez, meu amor. Quero que seu primeiro gozo seja
enquanto chupo seus seios deliciosos, o segundo enquanto chupo
sua doce bocetinha e o terceiro com meu pau atolado em sua
boceta, até as bolas. — Sorrio como lobo e parto para o ataque.
Ataco sua boca sem dar a ela chance de falar. Desço para seu
pescoço e o chupo, marcando-o. MINHA! Depois dou atenção para
seus seios, que amo de paixão, e sugo até minha abelhinha gozar e
molhar meu pau, que está deslizando em suas dobras molhadas,
sem penetrá-la.
Beijo sua cintura delicada, enfio a língua em seu umbigo.
Chego no montinho branco e macio… meu paraíso. Abro suas pernas
e cheiro gemendo de prazer.
Passo minha língua por seus grandes lábios e vejo seu clitóris
inchado e vermelho, apontando para minha boca. Minha boca
começa a salivar e ali mesmo me deleito em seu sabor, sugando com
tanta força que rapidamente Lisa goza, gritando meu nome
roucamente.
— Amo você, pequena — sussurro, com seu clitóris ainda em
minha boca.
Subo e a beijo com todo amor e devoção que sinto por ela.
Lisa segura meu topetão e sorrio de lado orgulhoso. Céus, como
senti falta disso!
Desço minha mão até a sua entrada e percebo que seu
pequeno clitóris está durinho novamente, o massageio com carinho
e suavidade e ela geme em minha boca.
Continuo aquela tortura sensual e quando sinto que ela está
prestes a gozar, paro os movimentos fazendo-a soltar um gemido de
insatisfação. Encaixo meu pau em sua pequena entrada e estoco
com força. Gememos alto, sinto suas paredes macias e quentes me
apertarem. Fico parado, quietinho enquanto Lisa massageia meu
pau com sua doce bocetinha, estremecendo e gozando com força.
Ela me aperta tanto que gemo sem controle algum, entro em
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desespero, começo a estocar com uma velocidade que até eu


desconheço.
— Humm! Bom demais, caralho. Lisa, você é tão quente e
macia! Meu grande e único amor. — Gemo e continuo estocando.
Quando sinto meu corpo todo se aquecer, gozo com tanta força que
meu gemido sai rouco e grosso. Meu pau incha e se esvazia dentro
dessa caverna quente e macia. Minha Lisa. Enquanto gozo, grito seu
nome com adoração. Entre sussurros, beijos e gemidos, digo a Lisa
que somente ela será eternamente minha mulher, namorada, esposa
e mãe de meus filhos e avó de meus netos.
Caio de lado puxando-a com cuidado para cima de meu corpo
relaxado.
— Lisa, eu te amo mais do que tudo nesse mundo, é tanto
amor que chega doer, pequena. — Ela funga e me olha com
ternura, então passa a mão em minha barba e cabelos
desgrenhados.
— Eu também te amo, meu querido CEO obcecado, pai de
meus filhos, avô de meus netos e meu amado marido, por toda a
eternidade.
Ela repete minhas palavras com emoção e sorrio com o
coração finalmente em paz.

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Epílogo
Raul Magno

Três anos depois...


Estamos eu, minha esposa e nossa filhinha na sala da casa,
na Vila dos Ipês. Escolhemos morar aqui porque tem mais espaço
para nossa pequena Lisandra, correr e brincar. Ela adora ficar no
pomar e comer maçãs. Picamos em pequenos cubinhos, nos
sentamos com ela sobre uma toalha rosa que ela carrega para todo
lado. Nossa menininha já consegue comer quase uma maçã inteira.
Ela adora também as flores de ipês que caem formando um
tapete aveludado. Lisandra ama correr e pegar as flores para encher
sua cestinha, desfilando com orgulho angelical.
Comprei as cestas assim que as vi (são rosas e com laços
gigantes), pois eu sabia que elas adorariam. Sempre fico
observando-as colhendo, entre risos, os mais diversos tipos de
flores. Amo esses momentos, eles são sublimes para mim. Minha
família, meu mundo. Agradeço a Deus todos os dias pela dádiva de
ter Lisa e Lisandra em minha vida.
Um pequeno sorriso aparece em meu rosto. Lembrando-me
do dia que escolhi umas cestas para minhas meninas. Elas adoram
colher flores ou frutas.
Artur deu gargalhadas quando as comprei e saí desfilando
com orgulho as cestas cheias de laços. Meu sorriso expande com a
lembrança. Eu era o centro das atenções, um homem barbudo,
gigante com duas cestas rosa e laçarotes imensos por todos os
lados.
Foda-se se me importo! O que conta é a alegria de minhas
meninas.

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Valeu a pena, as duas fizeram a maior festa quando as
presenteei. Morro e vivo por elas.
Minha filha é a miniatura perfeita da mãe, tem os mesmos
olhos coloridos, que tanto me fascinam. Lisandra tem somente uma
manchinha no bumbum, igualzinha uma que tenho no mesmo lugar.
Além disso, segundo Lisa, nós temos o mesmo sorriso torto, quando
vamos aprontar alguma traquinagem.
Sorrio envaidecido. Puta merda! Sou um sortudo da porra!
Duas mulheres lindas, que são meu mundo inteiro. Quando
alguém fala que Lisandra se parece mais com a mãe, menciono logo
a marca que ela tem de nascença e o lugar. Nossa bunda. Lisa
sempre cora. Adoro provocá-la.
Hoje estamos sentados na sala e nossa pequena provoca o
casal de gatos, sim, a gatinha Lisinha, agora tem um gatão Magno
para chamar de seu.
Eles se acasalaram e deram uma pequena ninhada de dois
filhotes, um macho e uma fêmea.
Os bichinhos sofrem com a pequena Lisandra. Nossa filhinha
os arrasta para todo lado, mas eles não a machucam. Parece que
entendem que ela é somente um bebê.
— Amor, olha como nossa filha interage com os bichinhos —
digo orgulhoso de Lisandra mimando os filhotes.
— Querido, ela ama esses gatos, sim, mas está com um
sorriso estranho no rostinho, parecido com o seu quando vai
aprontar... — Lisa diz com sabedoria, não demora segundos para a
pequena Lisandra pegar um dos gatinhos que estava mamando e
sair em disparada. A mãe do gatinho roubado se arrepia toda e nos
levantamos num salto, com medo da gata arranhar a bebê. Nossa
filhinha o coloca na cestinha, cobrindo-o com cuidado. Arrasta a
cesta até onde está o outro gatinho. Pega ele com zelo colocando-o
na mesma cestinha.
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Os gatos adultos somente olham, atentamente. Nossa


pequenina, pega a gata no colo e vem para nosso lado, arrastando a
cesta com os filhotes com dificuldade e o gato pai logo atrás,
miando alto. Olho com tanta ternura para a minha filha, que meu
coração parece falhar algumas batidas. Volto meus olhos para Lisa,
que está com o mesmo olhar bobo em direção à nossa filha.
— “Todu mudo zunto. Papa e mama de Lisanda, papa e
mama de gatios, famia feiiz.” (Todo mundo junto, papai e mamãe de
Lisandra, papai e mamãe de gatinhos. Família feliz). Me arrepio de
emoção até o mais profundo de minha alma.
Nossa filhinha fala com doçura deixando os bichinhos aos
nossos pés. Levanta os bracinhos gorduchos... quer colinho. Pego-a
com o coração doendo de tanto amor por esse pedacinho de gente
que ajudei a fazer.
Meus olhos ardem quando olho para minha esposa que me
presenteou com essa joia em meus braços. Tenho uma vida tão
plena, que se morresse agora morreria feliz e realizado.
Aqui na casa da Vila dos Ipês estão os meus maiores
tesouros: minha esposa, filha, Lili e não poderia deixar de citar o
meu irmão Artur. Eu os amo de todo coração. Abraço as duas e nos
aconchegamos no sofá grande e macio. Os gatinhos pulam da cesta,
voltam a mamar. Tudo perfeito, como deve ser.
Olho para a pequena Lisandra e ela adormece segurando meu
imenso topete. Então encaro Lisa, puxando-a para um beijo
demorado. Amo demais minha Borboletinha, e esse amor aumenta a
cada dia que passa, mais e mais.
Sorrio sedutor para ela e pisco.
— Tal mãe, tal filha, ambas amam meu charmoso topetão. —
Sorrio orgulhoso e recebo de volta um sorriso carinhoso.
— Nunca vi um topete tão lindo e macio como esse... ah,
agora com um charme adicional: grisalho. Pode ser mais perfeito?
— Lisa pisca, marota e sorri largamente, me beija no rosto barbudo,

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sei que ela ama também a minha imensa barba grisalha. Diz isso
várias vezes ao dia e cada vez recebo com mais carinho do que
antes. Nosso mundo é perfeito.
Fecho os olhos de puro prazer e contentamento. Sou feliz e a
cada dia que me levanto cumpro a promessa que fiz a minha Lisa,
viver para fazê-la feliz juntamente com nossa filhinha. Elas são meu
mundo.
Puxo o celular e aperto o play. Sorrio com ternura para Lisa,
meu grande amor. Nossa música enche o ar.
Donato Y Estefano”. Estoy apaixonado.
Ela sorri e seus olhos enchem de lágrimas. As minhas já estão
escorrendo pelo meu rosto.
— Eu te amo, Lisa, minha borboletinha… — sussurro
emocionado. Ela diz baixinho que me ama e sou seu mundo. Abraço,
minhas meninas e fecho os olhos.
Quero beber os beijos da sua boca
Como se fossem gotas de orvalho
E ali no ar desenhar seu nome
Junto com o meu…
E num acorde doce de violão
Passear loucuras em seus sentimentos
E no sutil abraço de uma noite
Você saiba o que eu sinto
Porque estou apaixonado
E o seu amor me faz grande
Porque estou apaixonado
E que bem…
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Que bem me faz te amar!

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A Deus por tudo. Cada ideia, cada novo projeto, cada dia de
vida, cada respirar, devo a Ele.
Vivo para celebrar cada milagre que opera em minha vida.
Testifico sua grandeza a cada respirar.
Abençoe meus inimigos com sua misericórdia.
Abençoe meus amigos com bençãos duplicadas.
Te agradeço por tudo que fez, faz e fará em minha vida.
Obrigada Senhor!

Para o meu amado filho, Matheus, que é um verdadeiro


companheiro, amigo em todos os momentos, parceiro, motivador e
um presente vindo direto do coração de Deus para alegrar minha
vida. Matheus Mendes, uma benção que Deus generosamente me
deu! Amo você meu filho querido!
A Todas as meninas e meninos do Canal que me incentivaram
e muito a escrever meu primeiro romance! Obrigada de coração!
Sinceramente espero que gostem e agradeço a todos que
tiraram um tempo para ler Raul Magno.
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Beijos, Mari Mendes

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Série Pais Protetores
Livro 01 - O Viúvo, a Babá Virgem e o Bebê Bento
Livro 02 - O Grego Devasso, a Secretária Virgem, o Papagaio Solimões e o Bebê
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Livro 03 - CEO Entre Dois Amores: Meu bebê Romeu e a Babá
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Série Malvados
Livro 01 - Maximus: Meu CEO Malvado Favorito Imperfeito
Livro 1.5 - Maximus: Vou Ser Pai Novamente - Conto
Livro 02 - Davi: Meu CEO e Senhor Luxúria
Livro 03 - Angelus: Meu Anjo Quebrado
Livro 04 - Otto e a Vizinha Virgem: Meu Amor Pornô

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Livro 01 – Kim Barcellos: O Cafajeste - Redenção
Livro 02 – Hugo Barcellos: O Safado - Perdão
Livro 03 – Átila Barcellos: O Canalha – Obsessão
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A Escolhida: Um bebê para CEO Cowboy
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O Juiz Viúvo: Livre para Amar
Meu Vizinho Odeia Rosa
Obsessão e Mentiras do CEO
O Segredo do Ceo: A Virgem e o Ladrão de Cenouras
Segredos de um Pecador Devasso

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Khefer K’hall

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Poemas Inversos
Príncipe Não Encantando
Lágrimas: Vida Voa
Segredos para uma Vida Plena e Feliz
Orando por um Objetivo Específico - Deus Ouve sua Oração!
O Poder da Oração
Eu e Eu: Uma Reunião Comigo Mesmo
A menininha de Olhos Jabuticaba
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[1]
O Diamond Mall, estilizado como DiamondMall, é um shopping center da cidade
de Belo Horizonte, de propriedade do Clube Atlético Mineiro e da Multiplan,
inaugurado em 1996. Localiza-se na Avenida Olegário Maciel, no bairro de
Lourdes, ao lado da sede social do clube.
[2]
Chamada de heterocromia iridis ou apenas de heterocromia, esta é uma
condição em que os olhos do paciente apresentam uma alteração e cada olho
possui uma cor ou um dos olhos possui duas cores.

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[3]
Romance - Trilogia da autora E.L.Jame. Christian Grey é o
protagonista da trama.
[4]
Expressão em inglês que significa “selva urbana”. Refere-se a um
estilo de decoração que busca trazer elementos da natureza para
dentro de ambientes urbanos, como casas e apartamentos. Trazendo
assim o verde para dentro de casa.
[5]
Modelos exclusivas da marca Victoria Secrets
[6]
Old Lady: Mulher com status de "casada" aos olhos do Clube de motoqueiros.

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