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Sugar Baby
Por
Danka Maia
Sugar Daddy, sugar baby.
Maia. Danka. 1º Edição.
Rio de Janeiro. 2018.
Copyright 2018 © Danka Maia
Todos os direitos reservados
Esta Obra está registrada: 1803096077647
Preparação de Originais: Danka Maia
Revisão: Suzete Frediani Ribeiro
Capa: Dan Rebouças
Cópia e Diagramação: Danka Maia
Nenhuma parte dessa publicação poderá ser reproduzida,
seja por meio eletrônico, mecânico, fotocópia ou qualquer
tipo sem prévia autorização por escrito da autora. Esta é
uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes,
lugares e acontecimentos é mera coincidência.
Sumário
Sugar Daddy
Sugar Baby
Por
Danka Maia
Sumário
Agradecimentos
T
Pr ó logo
u
Capítulo 1
Paredes cinza
Eudora
k
Capítulo 2
Um gole de veneno
Eudora
O
Capítulo 3
Sede dela
M á ximus
p
Capítulo 4
Minha Adultinha
v
Capítulo 5
Uma ótima profissional
M á ximus
P
Capítulo 6
Intensa
Eudora
g
Capítulo 7
Alguém como ela
M á ximus
g
Capítulo 8
Sugar Baby
Eudora
i
Capítulo 9
Se você pular eu pulo
Eudora
i
Capítulo 10
Cuida de mim
M á ximus
p
Capítulo 11
Prioridades
Eudora
E
Capítulo 12
Duas faces
Eudora
x
Capítulo 13
Senhor das Vontades
M á ximus
l
Capítulo 14
Senhor Solitário
Eudora
p
Capítulo 15
Sugar Daddy
Eudora
q
Capítulo 16
Homens
M á ximus
q
Capítulo 17
Rachadura
M á ximus
x
Capítulo 18
Ardilosa Eudora
M á ximus
z
Capítulo 19
A Deusa Tara
Brad
O
Capítulo 20
Possessão
Eudora
n
Capítulo 21
Um Leão
M á ximus
d
Capítulo 22
Uma Noite Alucinante
Eudora
p
Capítulo 23
Um Alvo Ambulante
Eudora
e
Capítulo 24
Meu inferno em vida
M á ximus
t
Capítulo 25
Sem Coragem
Eudora
m
Capítulo 26
Sem Chão
M á ximus
f
Capítulo 27
Nós somos fortes
M á ximus
l
Capítulo 28
Destino Traçado
Eudora
g
Capítulo 29
A Cela
M á ximus
d
Capítulo 30
Sem chão
Eudora
b
Capítulo 31
Uma dura realidade
M á ximus
w
Capítulo 32
A reviravolta
M á ximus
q
Capítulo 33
Revés da vida
M á ximus
i
Capítulo 34
Uma mulher de fibra
M á ximus
x
Capítulo 35
Revirando o Passado
M á ximus e Eudora
Eudora
Máximus
m
Capítulo 36
Sem Medo da Verdade
M á ximus e Eudora
d
Capítulo 37
Orgulho de você
M á ximus e Eudora
Eudora
Máximus
k
Capítulo 38
Um Leão no tribunal
M á ximus e Eudora
Máximus
Eudora
Máximus
p
Capítulo 39
A verdade tarda, mas não falha
M á ximus e Eudora
Eudora
Máximus
b
Epílogo
M á ximus e Eudora
Eudora
Eudora
Dias depois.
Passado seis meses.
Máximus
Eudora
Máximus
Fim
Danka Maia
Agradecimentos
Mais um trabalho feito com o resumo de muito
carinho, muita dedicação e com a ajuda de um time único.
Agradeço a Deus por mais um trabalho concluído em meio a
tempos de tempestade. Agradeço aos amigos, Dan
Rebouças, Suzete Frediani Ribeiro, Simone Trindade, Kerli
Monjardim, Andreane dos Santos, Mari Sales sempre com
suas dicas preciosas e gotas de carinho. Deus abençoe a
todos. Por fim agradeço a vocês, Ciganas da Danka, que
sempre encontram um meio de prestigiar meu trabalho.
Deus abençoe a todos.
Danka Maia
T
Pr ó logo
Esperei que Rita saísse da sala e só quando tive
certeza de sua saída do meu apartamento voltei meu olhar
para tela do notebook ali aberto na página do tal site.
Lembrando-me de tudo que tinha em jogo e decidi ir
adiante tocando sobre a seta para minha inscrição.
Você é homem ou mulher?
Digitando minha natureza feminina que fui
retorcendo a língua por dentro da boca de um lado para o
outro.
Você é uma Sugar Baby ou Sugar Mommy?
Respirei um pouco tentando compreender o tamanho
da encrenca que eu estava me metendo, mas sou do tipo
que vai e depois pergunta para Deus no que dará. Cliquei
em cima do nome Sugar Baby.
Seu interesse é:
( ) Homens
( ) Mulheres
( ) Ambos
Com toda certeza do mundo cliquei em homens. No
meio da prostituição clássica eu já havia estado com
mulheres, mas não é o meu lance, são apenas negócios e
nada mais. Diante daquela nova fase que eu não tinha a
menor ideia de como realmente as coisas se davam eu não
quis me arriscar sem necessidade.
Que tipo de estilo de vida procura?
Quais são os seus hábitos de consumo mensais?
() Não tenho um orçamento definido
() Até 1.000 USD por mês
() Até 3.000 USD por mês
() Até 5.000 USD por mês
() Até 10.000 USD por mês
() Mais de 10.000 USD por mês
Eu estava ali por um objetivo. Eu sei o que quero e
não costumo brincar quando o lance é grana. A minha
opção evidente era mais de dez mil dólares por mês. Então
chegou a vez das trivialidades. Do fale sobre si. Sua data de
aniversário, onde mora, altura, tipo de corpo, etnia. Eu
descrevi que desejava que me chamasse de Tara Larousse,
que eu tinha vinte e quatro anos de idade, que era
americana de origem nórdica, residente na Califórnia, que o
meu tipo de corpo era curvilíneo, morena, um metro e
setenta e cinco de altura. A coisa foi ficando mais
sofisticada do que eu imaginava. Para mim prostituição é
um lance de como cada um a enxerga. Em um nível ou em
outro em algum momento da vida todo mundo já se
prostituiu. A questão é que a hipocrisia humana chama de
favores o que eu chamo de negócios e que eu não tenho
medo de usar apenas o dinheiro e o meu corpo como
moeda de troca, no entanto ali, mesmo tendo frequentado
sites de prostitutas de luxo ou acompanhantes como
preferir, eu nunca tive aquela sensação a de não me sentir
prostituída.
Quase terminado... Capriche!
Qual é o seu nível de instrução?
Ensino Secundário
Faculdade Inacabada
Bacharelato
Licenciatura
Mestrado
Doutoramento
Solteiro
Divorciado
Separado
Casado mas à procura
Relação aberta
Viúvo
Confesso que parei nessa parte flexionando meus
olhos para ter certeza do que eu lia.
Que porra é essa!
Devido a minha experiência se tem uma coisa que
você não pode misturar é cama e relacionamentos. Quanto
mais disponível melhor para as negociações e embora eu
não entendesse muito ainda desse lance de Sugar Baby eu
arrisquei a fazer como sempre fiz por isso marquei que era
disponível e solteira.
Tem filhos?
() Prefiro não dizer
() Não
()Sim
Como uma pergunta tão simples pode revolver uma
pessoa por dentro. Angustiada cliquei em “Prefiro não
dizer”, mas em seguida recordei sobre a regra da
disponibilidade, voltei atrás clicando em cima do ” Não”.
Mais trivialidades foram surgindo, dessa vez trivialidades
que não tinha lidado antes. Fuma? Às vezes. Bebe? Olhei
para a garrafa quase vazia de vinho ao meu lado e como
qualquer mortal menti diante daquela necessidade
respondendo: Em ocasiões sociais. Qual a sua profissão?
Gargalhei alto batendo palmas, tomando o último gole de
vinho na taça. O que pensariam se eu respondesse: Eu sou
puta. Mas puta mesmo. Fiz umas caretas me recompondo
joguei meu cabelo para trás e então digitei o que queriam
ler, que eu trabalhava com entretenimento.
Acrescente estes toques ao seu perfil!
Apresentação:
Se quiser saber mais de mim tem que me mimar
Sugar Daddy.
Sobre Mim
Eu sou independente. Custo muito caro. Adoro viajar.
Posso falar por horas ou ser a muda se você desejar. Adoro
joguinhos, iogurte, flor só se for tulipa negra, as outras são
banais demais para mim e se tem algo que você vai
descobrir quando estiver comigo papai é que eu não sou
nada normal.
Diga ao potencial Sugar Daddies um pouco sobre
você.
O que eu estou procurando?
Inclua marcações
Mais risadas. Não deveriam perguntar isso a uma
mulher como eu. Mas já que insistem...
Estilo de vida luxuoso, investidor, relação aberta,
discrição, dominação financeira, passaporte pronto, viagens
e férias.
Descreva o que você está procurando, seria
interessante explicar que tipo de relacionamento ou acordo
está interessado.
Eu quero acordos. Eu quero mimos. Acho que será
melhor de entender se você ler com atenção todos os
detalhes escritos aqui. Quero um Sugar Daddy a fim de
comprar o que eu quero que banque meu alto padrão de
vida. Eu falo quatro idiomas, sei falar sobre qualquer
assunto, sei me vestir como uma dama ou como uma
prostituta de esquina. Ando sempre cheirosa e muito
arrumada. Só uso roupas, sapatos e adereços de grife. E eu
sei reconhecer uma marca falsa por isso nem tente me
enganar. Posso ir onde você quiser, mas prefiro os locais de
luxo é claro. Sei me passar como a sua esposa,
namoradinha perfeita e até mesmo como sua filha se
precisar. Eu posso vender a sua marca ou até mesmo a sua
pessoa. Eu sou boa nisso, logo represento um bom
investimento para os seus negócios. É claro que se você for
o tipo de Sugar Daddy que eu imagine que seja, sabe o
quanto o poder de uma mulher inteligente define uma boa
negociação não importa onde ela se dê, pode ser no
restaurante The Ivy, num dos andares da torre do Burj
Khalifa em Dubai ou numa charmosa cama onde nós três
estejamos nos divertindo bastante. Eu gosto de mimos e
você de mimar. Pense em mim. Você pode estar diante de
uma garota perfeita e o melhor é que a história não é como
a mamãe te contou. Aqui todo mundo se diverte e ninguém
tem que seguir os felizes para sempre.
Saltinhos de beijos.
Tara Larousse.
E a grande surpresa surgiu diante da minha tela em
tom de pergunta.
Seu leilão começa agora, quanto é o seu lance
mínimo senhorita Tara Larousse? Quanto você vale?
Coloquei meu dedo anelar sobre meus lábios, ainda
encontrava-me maravilhada confesso. Um leilão é sem
dúvidas algo pela qual eu não me imaginei participando,
ainda mais sendo a peça a ser arrematada. Mas como já
falei antes, eu não costumo brincar quando o assunto é
grana. Eu conheço meu potencial. Eu sei o que posso
oferecer a qualquer tipo de homem. Essa era sem dúvida a
melhor oportunidade da minha vida. Pensei em quinhentos
mil dólares. Supus que seria um valor imbatível. Que
homem paga esse valor para mimar uma garota sem
garantia de sexo? Mas sou abusada e não me fiz de rogada.
Quinhentos mil dólares. Aceito qualquer acordo.
u
Capítulo 1
Paredes cinza
Eudora
Em meus passos morosos e acorrentados pelas
algemas eu descubro que o cinza estampado nas paredes
dos corredores por onde sou conduzida se tornou lindo.
Penso em como posso transformar o negro dentro de mim
na tal cor. Percebo que não há mistura suficiente dentro do
meu ser capaz desta proeza, todas as minhas forças foram
sugadas. As duas guardas me acompanham com suas
palavras de ordem por onde devo entrar ou sair. Elas
acreditam que são duronas, mas qualquer um com um
revólver na mão é um bicho feroz, sem ele é que rebola de
lado e até muda de voz. Faço o que me mandam porque não
tenho mais vontade de ser a rebelde. Eu estou destruída.
Outra porta se abre e outra policial surge a minha espera.
Ela ordena que eu entre na sala, abra os braços até onde a
algema permite assim também como as pernas. Eu
obedeço. Eu não farei juízo a minha fama lá fora aqui dentro
da prisão. Agora ela solta as algemas tanto das mãos
quanto dos pés e manda que eu tire o macacão bege que
uso todos os dias desde que cheguei aqui. Eu conheço
aquele olhar, nunca teremos essa conversa, mas sei que ela
prefere mulheres. Abusada puxa meu top uma vez que
sutiãs são proibidos aqui. Ela usa sua autoridade para
mostrar violência, mas não pode esconder a boca cheia de
desejo ao ver meus seios descobertos de mamilos de leve
rosados. Pela primeira vez ela percebe que eu compreendo
o seu olhar e tenta se recompor na sua posição mandando
que me vista outra vez sem descer minha calcinha como é a
regra de uma revista.
— Pode seguir para a sala de visitas prisioneira
00703. — é tudo que escuto dela.
Depois do macacão e outra vez com as algemas, um
botão é apertado por outra policial onde uma nova porta se
abre. Agradeço num tom sussurrante passando por ela
deixando que meus olhos observem na sala quem foi a boa
criatura que veio fazer a ação do dia em vir me visitar. Vejo
um homem na casa dos quarenta, cabelos um tanto
grisalhos de boa aparência acenando para mim. Sei que não
o conheço. Eu sou boa com feições e nomes e apesar de ter
passado nas mãos de centenas eu sei reconhecer alguém
que esteve comigo.
— Eu não conheço esse cara. — digo a policial num
disfarçado cochicho.
— Isso não é problema meu 00703. Vai. Se vira com
a tua visita.
Ergo um pouco as minhas sobrancelhas imaginando
o que eu não faria na cara dela se estivéssemos fora daqui.
Decido focar na mão ainda erguida indo até ela. O
cavalheiro é sorridente e insiste em ser simpático diante da
minha desconfiada antipatia quase crônica.
— Como vai senhorita Tyr? — agora a mesma mão
erguida é estendida para que eu a cumprimentasse. O que
não acontece — Ah... Meu nome é Gary Hartes. Sou seu
advogado.
— Eu não contratei advogado nenhum. — mantenho-
me ainda arredia.
— Eu sei. Por isso estou aqui para me apresentar.
— Quem mandou você aqui?
— Sente-se senhorita Tyr. Temos pouco tempo e
muito para conversar.
— Olha se você é algum advogado desses que ficam
nas portas de cadeias eu não tenho grana cara...
Sua mão agora acenou para a cadeira com um sinal
insistente.
— Peço só que me ouça por cinco minutos e se ainda
preferir não ter meus serviços prometo ir embora. —
julgando uma proposta razoável assentei-me na cadeira
com uma pequena mesa de ferro entre nós — Um amigo me
contratou para defendê-la em seu caso.
— Eu não tenho amigos tão benevolentes senhor
Hartes.
— A única coisa que ele pede é que sua identidade
não seja revelada. Seu caso é grave senhorita Tyr.
— Eudora.
— Sendo assim pode me chamar de Gary. Seu caso é
delicado Eudora. Se não tiver uma boa defesa pode até
pegar prisão perpétua e sem direito a revisão do caso.
— Eu sei. Algum defensor da cadeia andou
conversando comigo.
— Eles querem acusá-la de homicídio doloso e
qualificado dado o teor do relacionamento entre você e a
vítima. — sorrio com deboche — Do que ri?
— Eu não tinha um relacionamento com ele eu tinha
um contrato. Isso não é uma relação e sim um negócio.
— Os advogados de acusação são os melhores do
país. Tive acesso às provas dele arrolados ao caso. Eles têm
o vídeo. Eles têm comprovantes do que a vítima vinha
gastando com a senhorita.
— E o senhor será meu salvador da pátria suponho.
— Posso reverter isso para homicídio culposo, e com
sorte em omissão de socorro.
— No que está tentando me convencer Gary? Eu não
tenho chances contra essa gente.
— Eu sei que não. Mas tanto eu como seu amigo
acreditamos na sua inocência.
— O senhor? E o meu amigo? — aquilo me
impacientava cada vez mais.
— Por que não lutar Eudora? Você tem aceitado tudo
que estão fazendo contra você como se merecesse. Como
se acreditasse que faça jus a isso.
— Já acabou.
— O quê? — olhando para os lados.
— Seus cinco minutos senhor Hartes. — Ele retirou
de sua pasta de marca um papel em branco empurrando em
minha direção sobre a mesa e em seguida puxou uma
caneta de dentro do seu paletó.
— Sem a sua assinatura não posso dar sequência em
sua defesa. Seu julgamento já está marcado.
Olhando para as folhas mais de modo preciso onde
eu deveria assinar concordei com Gary em meus
pensamentos. Eu acreditava mesmo que merecia tudo
aquilo. Que era o meu castigo pela pessoa que fui à vida
toda. Por todos os corações que despedacei e as vidas que
arruinei. Isso incluiu quem eu amava e as que eu destruí só
pelo capricho de poder fazer isso.
— Se não assinar não terei outra chance. Eu não
poderei entrar aqui outra vez Eudora. Os leões irão te
devorar. Você estará abandonada a própria sorte.
Ergui-me da cadeira agradecendo-o com um olhar e
dei as costas para ele. Antes de entrar pela porta onde saí
voltei o olhar para o senhor Hartes com minha resposta
mais verdadeira:
— Eu sempre estive senhor Hartes.
k
Capítulo 2
Um gole de veneno
Eudora
Perdida entre aqueles corredores frios com uma
sensação estranha eu segui o homem a minha frente.
Pensei em não terminar aquela obrigação tão árdua, mas eu
devia aquilo a Susan, mesmo conhecendo-a há tão pouco
tempo.
Calada meus pensamentos gritavam qual seria o dia
em que alguém faria o mesmo por mim. Naquela etapa eu
acreditava que tudo se tratava de uma questão de tempo. O
homem parou diante de uma porta com aspecto bizarro
perguntando-me num tom ainda mais medonho se eu
queria usar o Mentol. Em seguida abriu um pequeno pote
passando em suas narinas e disse-me que eu deveria
reconsiderar minha decisão. Não seria nada bonito ou
perfumado o que eu me depararia logo depois. Acabei
aceitando a pasta transparente e agora dentro daquela sala
tão gelada e impessoal uma atmosfera pesada dominou
meu peito fazendo-o doer.
Uma inquietação subiu-me ao ponto de ser visível ao
homem que me indagou se eu estava bem. Acenei que sim
com a cabeça e mesmo com o produto sobre as ventanas
do meu nariz o cheiro fétido consumiu meu estomago quase
me fazendo chegar as vias de fato.
— Moça se achar que não precisa fazer isso não faça.
— Mas se for Susan ela não tem família. Não tem
ninguém. Eu devo isso a ela.
— Ela será enterrada mesmo como indigente. Você
disse que não sabe o nome verdadeiro dela.
— Não, não sei mesmo — com o dorso da mão
tapando meu nariz — Mas não acho justo que alguém
termine assim senhor, poderia ser eu. — concordando
comigo sacudiu a cabeça caminhando por vários números
das placas de aço até parar na frente da de numero vinte e
um.
— Tem certeza?
— Pode abrir. — reuni forças que não tinha.
Quando a porta do pequeno refrigerador foi aberta e
o corpo puxado como um pedaço de carne entendi que
aquele mundo não serviria mais para mim. Era ela, Susan.
Uma garota loira e linda na flor de seus vinte e um anos,
sim essa foi à ironia da vida, sua idade correspondia ao seu
número da gaveta no necrotério. Seu corpo encontrava-se
em avançado estado de decomposição. Foi descoberto por
dois meninos que brincavam num lixão. Mas era ela, a
menina cheia de sonhos que brigou com o pai porque ele
não quis pagar sua faculdade de História e por isso decidiu
ser uma prostituta de rua a fim de feri-lo, no entanto um
mês depois teve que lidar com o fato dele morrer de modo
trágico em um acidente de carro vindo para a capital para
resgatá-la das ruas e do vício nas drogas. Não sei o que me
doeu mais, se foi ver a fragilidade de nossa carne diante de
tanta vaidade que temos ou a morte dos sonhos daquela
garota que conheci apenas quatro meses antes.
— É ela? A sua colega, moça?
— É. — sussurrei petrificada com a imagem que
combatia com a última que tinha dela dançando zumba em
seu ponto na Sanset Boulevard. Vendo minha consternação
o funcionário fechou a porta da geladeira.
— Ela não tem mesmo ninguém?
— Não alguém que se interesse por ela. O pai morreu
alguns meses atrás assim que ela veio para cá.
— Vou anotar que a reconheceu como uma das
prostitutas da Sanset Boulevard e que era conhecida como
Susan. Mas o prazo já prescreveu, ela está aqui há duas
semanas. Pela manhã será enterrada na cova... —
levantando uma das folhas em sua mão — Vejamos aqui...
De número 2.469.
— Eu virei. A que horas será?
— Onze e meia da manhã.
— Trarei flores para ela.
— Como é seu nome mesmo senhorita?
— Tyr. Eudora Tyr.
Ao descer das escadas do necrotério deparei-me com
a minha realidade. Na esquina conforme o combinado por
telefone uma limousine preta me aguardava, eu deveria
seguir para mais uma festa de um riquinho de merda e
servir de diversão para as suas luxurias.
O motorista da limousine dizia coisas que se
perderam no tempo e espaço. Minha mente reagiu
conduzindo-me outra vez no pensamento em Susan e o seu
fim, depois para uma menina em seus cinco anos de idade,
ruiva de olhos expressivos correndo feliz de sua mãe num
parque qualquer, ao mesmo tempo em que o carro onde eu
me encontrava esperava o sinal verde para que aquela
viagem prosseguisse. Aquela cena me embeveceu os olhos,
fez o meu coração correr pelo universo, eu ainda desejava
experimentar aquela intuição que toda mãe diz arder em
seu peito para tentar adivinhar onde meu Denguinho se
encontrava. A dor tamanha e poderosa pisou como um salto
quinze agulhado sendo cravado no meio de minha mão
aberta no chão, atravessando como um prego imenso
fazendo com que todos os dedos do meu corpo se
quebrassem tamanho a minha amargura. Aflição de uma
mãe que não pôde amar sua filha, que não sabe quem ela
chama de mãe, que lhe conta histórias para dormir, que a
viu crescer e colhe todos os seus sorrisos e que conhece o
seu cheiro.
Mais uma vez me peguei com minha mão direita no
vidro de um veículo, vendo meu nervosismo fazendo a
marca de minha mão nascer e afastando os meus dedos vi
as lágrimas chicoteando minha face outra vez. Estavam
certas eu mereço mesmo cada murro que levo da vida
desde que a dei para adoção.
Entrei pela porta principal da imponente mansão me
deparando com toda encenação que já conheço. Era só
mais uma festa. Era só mais um lugar. Essa gente não pode
me enganar e eu sei que eles sabem disso. Eu vim fazer o
meu papel outra vez. Eu vim trazer discórdia onde há paz.
Aflição no lugar do sossego. Eu vim separar o que está
unido. Sei que isso pode parecer maldade e talvez seja
mesmo, eu não me importo com o que as pessoas pensam
sobre mim, contanto que eu saiba onde quero chegar isso
me basta. Depois que faço tudo isso alguns ainda imploram
para que eu fique, mas eu não quero. O meu intuito nunca é
ficar, o meu prazer é causar, é assim que me divirto.
Olhando para todos naquele lugar escuro sentada
nessa banqueta, bebendo mais um drink qualquer nesse
ambiente fechado a comoção me rodeia, os pensamentos
correndo e minha mente se lamentando e me enraivecendo
enquanto tapo meus ouvidos emocionais. Minhas mãos
tremem minha boca seca, estou pronta para me perder,
pronta para sair dessa vida e arrebentar esse lugar. Olho
para cada rosto e vejo um vazio que reconheço, mas, para
minha infelicidade o que há dentro de mim é ainda muito
maior. As pessoas sabem fingir, algumas com maestria e
outras com sumária hipocrisia, mas todas de algum jeito
sabem enganar.
— Eudora, eu quero te apresentar um amigão de
longa data. Esse é Máxímus Spartacus.
— Ah... — sorrio para tentar me recompor — Oi. Tudo
bem? — até aquele instante eu não tinha a menor ideia do
que aquele toque entre nossas mãos e roçar de sua pele na
minha causaria em nossas vidas, para mim ele era apenas
mais um.
— Tudo bem. Prazer em conhecê-la Eudora. James
fala muito em você.
Ele era um moreno de sobrancelhas espessas,
Máxilar largo, usava barba do tipo cuidada e com uma
peculiaridade natural, uma manchinha branca em cima da
covinha do queixo. Vestia-se de modo diferenciado dos
demais homens que se encontravam ali, era refinado, ar de
responsável para alguém de sua idade, mãos torneadas e o
olhar mais intenso que eu conheci. Era obvio que gostava
de se apresentar e que arrotava arrogância assim como eu,
a diferença era que em mim ela se manifestava por defesa
e nele uma explosão de charme. Cabelos castanhos claros,
olhos viris, jeito de predador, mas ficava claro que não tinha
noção de quem eu era. Um homem que me conhece por
mais prepotente que seja jamais me dá uma olhada assim.
Eu não preciso de sedução o meu negócio é grana.
Faculdade Inacabada
Bacharelato
Licenciatura
Mestrado
Doutoramento
Preenchi com bacharelato. Eu sou formada em
jornalismo. Não posso negar que não trabalho com
entretenimento, só que é do tipo que eu gosto.
Encontra-se hoje num relacionamento?
Solteiro
Divorciado
Separado
Casado mas à procura
Relação aberta
Viúvo