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Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Unidade 1
EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Aula 1
História da Educação Ambiental

Videoaula: Histórico da Educação Ambiental

Este conteúdo é um vídeo!


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Olá, estudante! Você verá, neste vídeo, aspectos introdutórios da educação ambiental. Serão
abordados os conceitos de meio ambiente, de ecologia, ecologia rasa e ecologia profunda. Você
verá que o homem está inserido na natureza, e tem um papel fundamental na preservação dos
recursos naturais. Você também vai ver que existem muitas formas de sensibilização ambiental,
e a educação ambiental tem esse papel de extrema importância.

Ponto de Partida

Estudante, nesta aula você vai estudar os conceitos de meio ambiente, educação ambiental e
ecologia. Neste conteúdo temos as formas de educação ambiental, a teoria de ecologia rasa e
ecologia profunda, os problemas ambientais e a importância de se estudar educação ambiental
e como aplicá-la. Veremos que o papel da educação ambiental é fundamental para o exercício da
cidadania, e que sua interação é possível com outros componentes curriculares. E você poderá
pensar em práticas com seus acadêmicos, colocar a mão na massa e interagir, trabalhando a
educação ambiental de maneira interdisciplinar, com papel social e engajamento das pessoas.

Vamos Começar!
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ECOLOGIA E SAÚDE

Você sabe o que é meio ambiente? Já parou para pensar do que se trata? O conceito de meio
ambiente aparece no art. 3º da Lei nº 6.938/81 (BRASIL, 1981), que trata da Política Nacional de
Meio Ambiente, e o define como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas […]”
(BRASIL, 1981, [s. p.]).

Para Carvalho (2008), o meio ambiente é a interação entre a sociedade, cultura, base física e
biológica de processos vitais, tratando-se de um espaço relacional que constrói uma teia de
relações entre a vida natural, cultural e social, e sua interação. A relação entre homem e o
ambiente envolve uma troca que interfere diretamente na qualidade de vida das pessoas. Essa
relação existe desde os primórdios, quando as pessoas precisam do ambiente para se alimentar,
para beber água; enfim, para suas necessidades básicas.

Essa interação foi mudando no decorrer dos séculos, e depois da Revolução Industrial
começaram a surgir os problemas ambientais que temos até os dias atuais, como a poluição da
água, do solo, do ar e sonora, a escassez de recursos, a perda de habitat, e isso traz muitas
consequências para as pessoas, como doenças de veiculação hídrica e problemas respiratórios.
A Figura 1 mostra um exemplo de poluição pela interação do homem com o meio ambiente.

Figura 1 | Poluição de águas por meio de resíduos. Fonte: Pixabay.


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Por isso se fazem importantes práticas de sustentabilidade e educação ambiental, a fim de


trazer informações acerca da questão ambiental e da sensibilização da sociedade. A Lei nº
9.795/99 trata da Política Nacional de Educação Ambiental, que tem como objetivo trazer uma
filosofia ética, moral e de respeito à natureza (BRASIL, 1999).

É um marco importante, pois aborda a inserção da educação ambiental nas escolas e como
componente curricular na formação dos alunos, e que pode ocorrer na educação básica, no
ensino profissionalizante e no ensino superior, além de poder ser de maneira formal (nas
escolas) ou informal, fora das escolas. É importante também a compreensão do conceito de
ecologia nas relações entre homem e natureza. Assim, a ecologia proporciona entender o
ambiente ao mesmo tempo que se estuda o meio ambiente e suas diferentes dimensões
hierárquicas (DAJOZ, 2005).

Para Pelicioni (2005), a educação ambiental não é a ecologia, mas precisa dos conceitos que
estudamos em ecologia. Assim, é preciso compreender toda relação entre homem e equilíbrio
ecológico, bem como todo histórico da humanidade e sua concepção com o ambiente. A
educação ambiental visa assentar a relação entre as causas e efeitos dos processos de
degradação com a dinâmica das relações sociais, e trazer formas para que essa relação seja
mais harmônica. Essa concepção de meio ambiente pôde ser observada na I Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada no ano de 1972 em Estocolmo
(LOUREIRO, 2009), em que foi abordado o conceito de meio ambiente e quando se iniciou uma
preocupação com as questões ambientais.

Logo, até hoje é importante o papel da educação ambiental que busca a transformação e a
sensibilização de ações promovidas com participação da população por meio do exercício da
cidadania, em que as pessoas podem se mobilizar, reivindicar e ajudar a transformar o meio
ambiente, equilibrando-o, o que traz mudanças no comportamento do homem com a natureza.

Siga em Frente...

Para interpretar questões que envolvam meio ambiente e educação ambiental, é necessário
conhecer os atores envolvidos no processo: podem ser professores, no que diz respeito à
educação ambiental formal, e presidentes de associações de bairro e a comunidade em geral,
quando tratamos da educação ambiental informal. Para interpretar tais questões, é preciso ter o
objetivo de estimar a relação das pessoas com o meio ambiente, incentivando a curiosidade, o
conhecimento e a reflexão por meio de estímulos.

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Reflita

A educação ambiental deve ser voltada para a comunidade visando despertar nela o interesse
em participar e interagir, na busca para solucionar os problemas dentro de sua realidade
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específica. Para ter uma educação ambiental eficaz, é preciso abordar questões relacionadas ao
meio ambiente e à ecologia.

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Dessa maneira, para Suvé (2005), a educação ambiental é essencial para desempenhar a função
de introduzir as dinâmicas sociais, iniciando em uma comunidade local, depois em um bairro
maior, em seguida em uma cidade, e, assim, há a promoção de abordagem colaborativa e crítica
de realidades socioambientais das pessoas.

Para Barbieri (2016), a educação ambiental deve considerar os problemas referentes a todas as
formas de vida, com o intuito de compreender a relação entre a parte ambiental e a ação
educativa.

Portanto, a educação ambiental é uma modalidade de ensino vinculada a uma dupla função: de
educação moral e socialização humana, e função ideológica de reprodução das condições
sociais.

Ainda hoje, quando tratamos dos problemas ambientais da atualidade, podemos olhá-los sob o
ponto de vista da ecologia profunda (CAPRA, 2006), pela qual sua ocorrência não acontece
sozinha, tem caráter sistêmico e uma relação de causa e efeito interligada e interdependente
entre si e por outros fatores.

E há solução para os principais problemas ambientais? Para que exista, é preciso uma mudança
em nosso pensamento e percepção, uma mudança na visão de mundo, na ciência e na
sociedade, e para Capra (2006), é um paradigma. Assim, é preciso que o homem entenda seu
papel na ecologia profunda, na qual ele está em uma rede com todos os seres vivos e o
ambiente, cada um tendo sua interdependência.

Nessa busca integrada de ver o mundo, o homem precisa estar em harmonia com a natureza,
pensar na igualdade entre as espécies, entender que o planeta tem recursos limitados e que
precisamos cuidar dele para as gerações vindouras. Assim, temos uma educação ambiental
voltada para sustentabilidade, e um ponto fundamental é a interação entre os agrupamentos
humanos, sua relação com a natureza e a gestão dos recursos naturais.

Dessa maneira, uma das metas da educação ambiental é que as pessoas entendam seu papel
em relação a questões voltadas à ecologia e ao meio ambiente, e que as pessoas possam ser
inovadoras e criativas – ou seja, é formar mentes que sejam capazes de criticar, verificar e não
aceitar tudo a que a elas se propõe.

Vamos Exercitar?
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A Política Nacional de Educação Ambiental, descrita na Lei nº 9.795/99, salienta que a


implementação da educação ambiental não deve ser uma disciplina isolada, e é importante que
passe por outras disciplinas e projetos escolares (BRASIL, 1999).

No entanto, em um mundo no qual temos tecnologias, redes sociais e informações aceleradas,


para tratar de assuntos voltados para ecologia, meio ambiente e sustentabilidade é preciso que o
tema seja abordado de maneira criativa, principalmente com as crianças.

Como sabemos, ecologia é definida como “ciência que estuda a relação dos seres vivos entre si
e deles com o meio ambiente” (PELICIONI; 2005, p. 3). Uma maneira de trabalhar em sala de aula
conceitos voltados à educação ambiental seria com uma horta em escolas, como podemos
observar na Figura 2.

Figura 2 | Horta em escolas. Fonte: Pixabay.

O professor, ao trabalhar com seus estudantes o cultivo da terra, pode sensibilizá-los aplicando o
conceito de ecologia, explicando a interação entre homem e natureza por meio do cultivo de uma
horta, reconhecendo que a humanidade é uma parte da teia da vida.
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Com a criação de uma horta em escolas, teremos uma relação social entre os alunos, o cuidado,
o carinho e o respeito, tudo isso pela educação ambiental. Para essa prática, será necessário um
espaço onde será implantada a horta. O importante é que a atividade seja em grupo, que tenha a
interação dos alunos, e que todos construam e cuidem juntos da horta.

Nessa atividade o estudante será protagonista, participando de todas as etapas desde o plantio
e a germinação, também regando as plantas. E depois, os produtos poderão ser consumidos na
própria escola. O professor ainda pode aprofundar sua prática: depois de consumidos os
alimentos, pode ser feita uma compostagem com as sobras das merendas.

O processo de compostagem (Figura 3) é bem simples: podem ser utilizados sobras de


alimentos, como hortaliças e cascas de frutas, e as folhagens retiradas de jardins. Esses
materiais podem ser colocados em leiras de compostagem, e precisará ser revolvido e regado.
Ao término do processo de compostagem, teremos adubo que poderá ser utilizado na horta feita
na escola.

Figura 3 | Compostagem com resíduos orgânicos e de jardinagem. Fonte: Pixabay.

O professor aplicará na prática os conceitos de ecologia, meio ambiente e educação ambiental,


além de integrar esses temas com outras disciplinas curriculares, como biologia, apresentando
na prática: conceitos de ecologia, ecologia rasa e ecologia profunda, pelas quais o homem faz
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parte do meio em que vive; conceito de meio ambiente com a relação do plantio e compostagem,
na qual se dá uma destinação adequada ao resíduo que iria para lixo; matemática, pela qual os
alunos podem analisar o tempo de cultivo e construir gráficos; e geografia, identificando o tipo de
solo e espécies, entre outros exemplos da interação da educação ambiental com diversos
componentes curriculares. Cultivar uma horta em escolas pode se tornar um hábito que traz
benefícios sociais, ambientais e culturais a longo prazo.

Saiba mais

A leitura do artigo “Aprendizagem, Educação Ambiental e Escola: modos de en-agir na


experiência de estudantes e professores”. de autoria de Karla R. do Amaral Demoly e Joceilma S.
B. dos Santos, publicado na revista Ambiente & Sociedade, nos traz como docentes e estudantes
concebem a percepção da educação ambiental em oficinas realizadas em escolas. É de suma
importância essa leitura, pois traz como aprender educação ambiental em escolas.

Referências

BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília,
DF: Presidência da República, 1981. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938compilada.htm. Acesso em: 30 ago. 2022.

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da
República, 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9795.htm. Acesso
em: 30 ago. 2022.

CAPRA, F. Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix,
2006.

CARVALHO, I. C. de M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez,


2008.

DAJOZ, R. Princípios de Ecologia. Trad.: Fátima Murad. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

LOUREIRO, C. F. B. Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. 3. ed. São Paulo: Cortez,


2009.
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PELICIONI, A. F. Movimento ambientalista e Educação Ambiental. In: PHILIPPI JR., A.; PELICIONI,
M. C. F. (ed.). Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri, SP: Manole, 2005.

SUVÉ, L. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.


31, n. 2, maio/ago. 2005, p. 317-322.

Aula 2
Introdução à Educação Ambiental

Videoaula: Problemas Ambientais e Percepção Ambiental

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Você verá, neste vídeo, como a poluição ambiental está presente no nosso cotidiano, e que
precisamos ter formas de controlar essa poluição, principalmente a das águas. Você verá
também que existe poluição ambiental natural e antrópica, dependendo de sua origem, e a
depender da finalidade e uso, a água precisará ser tratada. O vídeo mostra algumas maneiras de
tratar da qualidade da água, e a importância de preservar e conservar os recursos naturais.

Ponto de Partida
Estudante, nesta aula você vai estudar os conceitos que o levarão a uma concepção dos
problemas ambientais do Brasil e suas preocupações atuais. Entre os conteúdos propostos,
teremos o conceito de poluição natural e antrópica, bem como suas principais origens. Você verá
o conceito de poluição hídrica, e que sua principal fonte é o lançamento de esgoto doméstico e
industrial, e que se não houver formas de controle, teremos consequências ao ecossistema, ao
corpo hídrico, aos animais e à qualidade de vida da população.

Veremos que as formas de controle de poluição das águas estão relacionadas a saber a atual
qualidade da água e o seu uso, e que também, dependendo do uso, será necessário fazer um
tratamento prévio. Você verá que a proteção e a conservação do patrimônio ambiental
dependem de todos. Bom estudo!
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Vamos Começar!

A preocupação ambiental teve início na década de 1970, quando houve uma sensibilização maior
para interação do homem com a natureza. Desde então, o ser humano percebe que ele também
faz parte do meio ambiente, e que poderia sofrer as consequências de sua degradação.

De acordo com o inciso III do art. 3º da Lei nº 6.938, de agosto de 1981 (BRASIL, 1981),
entendemos como poluição:

[…] a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a)


prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às
atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições
estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos.

Com esse conceito apresentado na Política Nacional de Meio Ambiente, sabemos que o principal
agente responsável pela poluição é o próprio homem, com ações que, de maneira direta ou
indireta, podem ocasionar um efeito negativo no equilíbrio do meio ambiente, causando
consequências inúmeras, como problemas à saúde das pessoas e degradação aos
ecossistemas. Os poluentes geralmente são chamados de agentes de poluição, e segundo
Derisio (2012, p. 28), “podem ser de natureza química, genética, ou sob forma de energia, como a
luz, calor ou radiação”.

As fontes de poluição podem ser classificadas de acordo com a sua origem: naturais ou
antrópicas (Figura 1). As fontes naturais são decorrentes de atividades vulcânicas, gás metano e
fuligem de incêndios florestais, entre outras. Já a poluição antrópica tem origem em atividades
humanas, oriundas de indústrias, atividades domésticas, agricultura e produção de energia, por
exemplo (BRAGA et al., 2005).
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Figura 1 | Poluição da água por meio de dejetos lançados sem tratamento. Fonte: Pixabay.
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ECOLOGIA E SAÚDE

Quando tratamos de poluição hídrica, sabemos que os rios têm uma capacidade natural de diluir
os efluentes, denominada autodepuração (VON SPERLING, 2005). Quando a autodepuração não
é possível, a consequência é a poluição das águas, cujas características são alterações que
possam afetam o ecossistema aquático e o abastecimento de água.

Os principais agentes poluidores das águas são classificados como efluentes domésticos e
industriais. Os efluentes domésticos são formados por agentes biodegradáveis, partículas
sólidas, matéria orgânica, gordura e organismos patogênicos como bactérias, vírus, parasitas e
protozoários, além de nutrientes como o nitrogênio e o fósforo. Já os efluentes industriais
podem ter compostos de difícil degradação, como detergentes sintéticos, agrotóxicos e
compostos orgânicos, entre outros componentes.

Uma das formas de controlar a poluição das águas é o atendimento à legislação ambiental
vigente. E como fazer isso? É importante tratar o esgoto antes de lançar nos rios. O tratamento é
fundamental, uma vez que sua disposição de maneira inadequada pode trazer danos à saúde
pública e impactos ambientais.

A técnica a ser utilizada dependerá das características do efluente e dos poluentes que se deseja
remover. De acordo com Von Sperling (2005), geralmente o tratamento é feito nos seguintes
níveis:

Preliminar: visa remover os sólidos grosseiros.


Primário: objetiva remover sólidos sedimentáveis e parte da matéria orgânica.
Secundário: visa remover a matéria orgânica.
Terciário: visa à remoção de poluentes específicos.

Para garantir o uso racional de recursos naturais e um controle maior da poluição ambiental,
incluindo as águas, entra a educação ambiental, com programas que tratam dessas temáticas,
sendo fundamental para aplicação em medidas eficazes que ajudam a minimizar os impactos
ambientais e preservar a biodiversidade.

Siga em Frente...
Estamos em um ponto da história no qual precisamos moldar nossas ações no mundo, e
precisamos ter mais atenção para as consequências ambientais. Com ignorância ou indiferença,
podemos trazer danos irreversíveis ao meio ambiente, ao qual nossa qualidade vida e nosso
bem-estar estão atrelados.

No Brasil, deve haver a preocupação com as diferentes formas de poluição, como queimadas,
uso desenfreado de agrotóxicos, poluição da água, do ar, do solo e sonora. Para isso, temos uma
legislação ambiental completa – uma das mais avançadas do mundo –, elaborada com o intuito
de proteger o meio ambiente e minimizar os impactos ambientais.
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E por que controlar a poluição da água é importante? Primeiramente, é importante entender e


interpretar o seu uso e a sua importância para todos os seres vivos.

Segundo Derisio (2012, p. 20), “a água é um patrimônio comum, cujo valor deve ser reconhecido
por todos, cada um tem o dever de economizá-la e utilizá-la com atenção. Cada indivíduo é um
consumidor e utilizador de água”. Assim, o uso da água deve ser prudente, porque, seja em nossa
vida social, no nosso trabalho ou em indústrias, os recursos hídricos são utilizados para
inúmeros fins, como:

Abastecimento domiciliar.
Dessedentação de animais.
Indústria (como matéria-prima e uso em atividades).
Irrigação.
Preservação da fauna e flora.
Recreação.
Energia elétrica.
Diluição de despejos.

Quando tratamos do uso da água, precisamos destacar que o uso mais nobre se refere ao
abastecimento humano, à dessedentação de animais, ao uso industrial e à irrigação. Por isso,
precisamos ter formas de controlar o uso da água.

Antes que o controle da água seja jeito, é preciso entender sua qualidade ambiental. Deve-se
definir os métodos a serem desenvolvidos, bem como os parâmetros escolhidos. Não podemos
dizer que o controle será eficiente sem saber a qualidade atual da água e a finalidade do seu uso.

Segundo Derisio (2012), entre as maneiras de controle, é preciso entender a forma como os
sistemas podem ser ajustados para atingir os resultados almejados, por exemplo, se desejamos
a qualidade de água para consumo humano, seu tratamento deve atender à legislação vigente,
que são a Portaria nº 2914/2011 (BRASIL) e a Portaria nº 888/2021 (BRASIL) do Ministério da
Saúde.

Para o controle de poluição de águas é preciso que o local para mensurar a qualidade de água
seja conhecido. A Figura 2, como exemplo, os pontos ambientais de controle.
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Figura 2 | Pontos ambientais de controle. Fonte: elaborada pela autora.

A Figura 2 nos apresenta quatro componentes conectados em um sistema como entrada e saída,
sendo as saídas representadas nos retângulos com cor de fundo azul. Para se ter um controle
efetivo, é preciso conhecer por completo cada componente. Para isso, é necessária a
compreensão de todo o processo que vai originar o uso da água.

Nas formas de controle deve-se pensar nas estratégias e nos parâmetros a serem utilizados para
analisar a eficiência do controle ambiental. Assim, a água e outros recursos naturais serão
conservados e o patrimônio ambiental será preservado, pensando no seu uso racional para as
gerações presentes e as futuras.

Vamos Exercitar?

Ao atuar em um ambiente escolar, como professor, você poderá utilizar a educação ambiental de
maneira interdisciplinar, vinculada a várias disciplinas, quando falamos das preocupações do
Brasil, das formas de controlar a poluição das águas e em como preservar o patrimônio
ambiental. Você pode fazer primeiramente uma provocação aos seus alunos, levando-os a
pensar, opinar e discutir a respeito das preocupações atuais do Brasil quando falamos em meio
ambiente. Você pode lançar esse tema, e certamente terá respostas como queimadas,
desmatamento e poluição das águas.

Você pode propor, com a diretoria, uma visita técnica em um fundo de vale. Mas por que em
algum fundo de vale? Infelizmente, quando falamos em poluição da água, a grande maioria dos
fundos de vale sofre com descarte inadequado de resíduos e despejos clandestinos de esgoto.
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Então você pode planejar sua prática da seguinte forma:

1. Provocação inicial: lançar a pergunta acerca das preocupações ambientais atuais do Brasil,
e ir anotando o que aparece. Quando um aluno falar de poluição de água, você explica a
orientação da prática: organizar o número de alunos, meio de transporte, fundo de vale a
ser escolhido, orientação quanto à segurança (calça comprida, repelente, calçado fechado,
autorização e outros).
2. Visita no fundo de vale: explique que os alunos vão visitar o fundo de vale e que devem
verificar se nele existe algum problema de poluição das águas. Depois, eles devem propor
medidas para minimizar os impactos ambientais. Divida a turma em pequenos grupos.

No local da prática, faça a explicação do que é poluição de água, de formas de controle e de


como preservar o ambiente.

Depois que retornar da visita técnica, proponha uma atividade de cartaz. Você pode usar papel
kraft e pedir que os grupos desenhem ou escrevam o que viram no fundo de vale. Certamente
alguns vão descrever o possível odor (se tiver), vão falar que viram muito lixo. Peça para os
alunos, diante dos problemas encontrados, abordem as formas de proteger e conservar os rios,
que são um recurso ambiental imprescindível para qualidade de vida das pessoas. Como
resultado dessa prática, alguns estudantes vão abordar as formas de educação ambiental para
sensibilizar a população em relação à proteção dos rios.

Há outra prática que você pode propor para seus alunos: um dia de mutirão de limpeza dos rios.
Com isso, você poderá ganhar força com a participação dos alunos de outras turmas, de toda a
escola, da comunidade e de empresas.

Podemos perceber a educação ambiental permeando outras disciplinas e ganhando espaço com
práticas voltadas a situações do cotidiano das pessoas, as quais se sentirão inseridas na
sociedade e poderão também ser guardiãs dos rios, se estiverem engajadas com a causa de
proteção ambiental.

Saiba mais
As visitas técnicas são experiências práticas que colocam os alunos em situações práticas e do
seu cotidiano. Trata-se de momentos em que os eles reconhecem o ambiente além da sala de
aula, para formação de sua opinião crítica.

O artigo “A educação ambiental através das visitas técnicas no ensino superior: estudo de caso”
escrito por Isabela B. Frederico, Zysman Neiman e Júlio César Pereira, na revista Educação
Ambiental em junho/agosto de 2022, traz essa abordagem. Neste texto, os autores fazem uma
pesquisa qualitativa e quantitativa com alunos no que diz respeito às visitas técnicas.
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Referências

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente. Brasília, DF: Presidência da República, 1981. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938compilada.htm. Acesso em: 5 set. 2022.

BRASIL. Portaria Nº 2.1914 de 12 de Dezembro de 2011. Disponível em:<


https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html> Acesso em:
04/10/2022.

BRASIL. Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021. Disponível em:<


https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-888-de-4-de-maio-de-2021-318461562>
Acesso em: 04/10/2022.

BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 313.

DERISIO, J. C. Introdução ao controle da poluição ambiental. 4. ed. São Paulo: Oficina de Textos,
2012.

FREDERICO, I.; NEIMAN, Z.; PEREIRA, J. C. A Educação Ambiental através das visitas técnicas no
ensino superior: estudo de caso. Revista Educação Ambiental, v. XXI, n. 89, jun.-ago. 2022.

VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Vol. 1. 3. ed.
Belo Horizonte: UFMG, 2005.

Aula 3
Desenvolvimento Sustentável

Videoaula: Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Sustentável

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ECOLOGIA E SAÚDE

Você verá neste vídeo como o desenvolvimento sustentável é um conceito importante difundido
até hoje, e que as práticas sustentáveis e as mudanças de posturas da sociedade são essenciais
para um mundo mais sustentável. Você verá também que temos os 17 ODS, que são metas
estabelecidas até o ano de 2030 em prol de um mundo melhor.

Ponto de Partida
Estudante, nesta aula, você vai estudar o desenvolvimento sustentável e saberá da importância
de preservar os recursos que temos, pensando nas próximas gerações. O desenvolvimento
sustentável visa garantir a qualidade de vida das pessoas e sua relação com o meio ambiente.
Entre os conteúdos propostos, teremos o conceito de cidadania participativa e de
desenvolvimento sustentável, os objetivos de desenvolvimento sustentável, e como uma
sociedade pode ser sustentável, com mudanças de hábitos e questões práticas.

Veremos que as práticas sustentáveis estão relacionadas com nosso cotidiano, e que a
educação ambiental formal, realizada em escolas, pode de maneira interdisciplinar trabalhar com
desenvolvimento sustentável e ser disseminadora de informações, visando ao engajamento das
pessoas.

Vamos Começar!

Quando falamos em educação, estamos tratando de um processo de formação dos indivíduos


para vida em sociedade, em formar cidadãos. Levando em consideração a formação de pessoas
para a cidadania, Santos, Costa e Souza (2020) argumentam que a educação ambiental não se
constitui como uma modalidade especial de educação, uma vez que seus princípios estão
pautados na formação de cidadãos para promoção de uma sociedade cada vez mais
sustentável.

Para Jacobi (2003), cidadania tem a ver com a ideia de identidade e pertencimento, sendo a
educação ambiental formadora do exercício da cidadania, fundada em questões éticas.

A responsabilidade e o cuidado com a vida podem ser agregados com a capacidade de analisar
as relações presentes na sociedade de forma crítica. Segundo Nepomuceno e Guimarães (2016),
é preciso pensar a cidadania além de um conjunto de direitos e deveres, pois ela é importante no
processo de desenvolvimento sustentável.

Temos que a proteção ambiental na sociedade contemporânea visa perceber o desenvolvimento


sustentável como uma das formas de viabilizar a concretização do princípio da dignidade
humana nas democracias atualmente existentes, e as discussões acerca do desenvolvimento
sustentável estão presentes em vários segmentos da sociedade (COSTA; TEODÓSIO, 2011).
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ECOLOGIA E SAÚDE

Desenvolvimento sustentável é definido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” (WCED, 1987,
p. 16). Esse conceito traz a premissa que devemos ter uma boa qualidade de vida, respeitando as
particularidades e a capacidade de suporte da natureza (MANCE, 2002).

Para alcançar o desenvolvimento sustentável, Sachs (2003) traz o conceito do tripé da


sustentabilidade. Esta deve ser, então, ambientalmente adequada, economicamente viável e
social, tendo a participação das pessoas. A Figura 1 nos apresenta o tripé da sustentabilidade.

Figura 1 | Tripé da sustentabilidade. Fonte: elaborada pela autora.

A sustentabilidade leva em consideração as necessidades humanas, sendo um desafio para a


sociedade suprir suas necessidades de maneira sustentável.

Sachs (2003) aponta cinco dimensões de sustentabilidade que devem ser observadas para
planejar o desenvolvimento, considerando o ecodesenvolvimento como forma de combinar
sistemas econômicos com a proteção ambiental, visando garantir uma melhor qualidade de vida
para a população. São cinco pilares da sustentabilidade: social, econômico, ecológico, espacial e
cultural.
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O autor supracitado enfatiza que é preciso afastar a dependência técnica e cultural, e valorizar a
cultura local e seus recursos, além de pressupor uma alternativa que contempla a democracia
participativa, com desenvolvimento endógeno e equidade social, em prol de melhores condições
da sociedade.

As alterações ocasionadas pela globalização sobre as estruturas do Estado-nação formam o


contraponto necessário para a avaliação da possibilidade de conciliar os objetivos, as diretrizes e
os conteúdos que a expressão “desenvolvimento sustentável” engloba (SACHS, 2007).

Uma sociedade sustentável é aquela em que desenvolvimento econômico, social, cultural e em


todas as formas interage com meio ambiente (SACHS, 2007), respeitando a diversidade
biológica e sociocultural, o exercício responsável da cidadania, a distribuição equitativa das
riquezas e das condições dignas de desenvolvimento.

Siga em Frente...
Para entendermos e interpretamos o desenvolvimento sustentável e suas ações, precisamos
fazer um questionamento: qual o papel da sociedade diante do desenvolvimento sustentável?
Qual a relação da cidadania participativa com esse processo? Para responder a esses dois
questionamentos, precisamos entender que é um desafio da sociedade atual viver em harmonia
com o meio natural, e que é só por meio de cidadania participativa, com ações voltadas à
educação e com participação social e engajamento, que teremos uma sociedade que
efetivamente tenha ações sustentáveis.

O conceito de desenvolvimento sustentável vem de um processo longo no decorrer da história,


na avaliação crítica entre a relação do homem e natureza. No ano de 1987, a Comissão
Brundtland, como ficou conhecida na época, publicou um relatório contemporâneo denominado
“Nosso Futuro Comum”, que trouxe o conceito de desenvolvimento sustentável, considerado
inovador para época. Uma das questões que esse estudo abordou foi a necessidade de gerenciar
o crescimento populacional e controlar os recursos naturais para que não se esgotassem
(OLIVEIRA, 2005).

De acordo com o Relatório Brundtland (1987), em um mundo onde a desigualdade e a pobreza


não são mais inevitáveis, o desenvolvimento sustentável precisa atender a todas as
necessidades, e oferecer uma nova oportunidade na qualidade de vida das gerações presentes e
vindouras.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um chamado universal que objetiva


ações contra a pobreza, além da proteção do planeta, e visa garantir que as pessoas tenham paz
e prosperidade. O Brasil teve papel importante e participou de todas as sessões da negociação
intergovernamental, em que os países entraram em um acordo que contempla 17 objetivos e 169
metas, as quais envolvem temáticas diferentes.
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Assim, como resultado os ODS que entraram em vigor no dia 1º de janeiro de 2016, tendo como
principal foco a erradicação da pobreza extrema até 2030.

Os 17 indicadores brasileiros para os ODS são (BRASIL, c2022):

1. Erradicação da pobreza.
2. Fome zero e agricultura sustentável.
3. Saúde e bem-estar.
4. Educação de qualidade.
5. Igualdade de gênero.
6. Água potável e saneamento.
7. Energia limpa e acessível.
8. Trabalho decente e crescimento econômico.
9. Indústria, inovação e infraestrutura.
10. Redução das desigualdades.
11. Cidades sustentáveis.
12. Consumo e produção responsáveis.
13. Ação contra a mudança global do clima.
14. Vida na água.
15. Vida terrestre.
16. Paz, justiça e instituições eficazes.
17. Parcerias e meios de implementação.

Sob essa perspectiva e contemplando os ODS, podemos dizer que o desenvolvimento


sustentável, para ser pleno, relaciona-se com a qualidade de vida e bem-estar das pessoas,
sendo possível a participação por meio de ações na sociedade, por meio de políticas públicas, de
participação comunidade local, de engajamento e de ações efetivas de educação ambiental.

Vamos Exercitar?

Quando falamos em práticas e aplicações referentes ao desenvolvimento sustentável,


precisamos entender que uma sociedade só será sustentável se tiver cidadania participativa, que
é uma forma de relacionamento. A cidadania não é só um direito, é mais do que isso: é preciso
que a sociedade faça sua parte, que interfira, que tenha sua posição no espaço e que participe
para que essas relações sejam fortalecidas.

E para você, que será professor: como pensar uma situação prática de desenvolvimento
sustentável, sabendo que a sustentabilidade prega o uso racional de recursos naturais
considerando as gerações vindouras?

Você pode pensar em uma prática que trabalhe educação ambiental e ODS, com uma exposição
de maquetes. Primeiro, defina qual (is) ODS você vai trabalhar. Neste momento vamos escolher
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

água potável e saneamento; cidades e comunidades sustentáveis e consumo e produção


responsáveis.

Primeiro faça uma aula expositiva, explicando que esses ODS são apelos globais com ações
visando acabar com desigualdade e pobreza, fomentar a proteção ambiental e garantir qualidade
de vida para as pessoas, e que temos metas até o ano de 2030.

Depois delimite os ODS citados anteriormente. Proponha grupos de até cinco pessoas, e explique
como se dará a dinâmica. Você pode perceber neste ponto a interdisciplinaridade de educação
ambiental, que poderá abranger as seguintes áreas do conhecimento: geografia, artes e ciências.

Essa atividade tem como objetivo estabelecer nos ODS selecionados atitudes de cuidado com o
meio ambiente, identificando-se como parte integrante dele, além de desenvolver uma atuação
de cidadania e de criatividade, responsável e respeitosa com a natureza.

Para a maquete, os materiais necessários são sucata (recicláveis, latas, garrafas, caixas de
papelão e outros), material de arte como canetas, canetinhas, lápis de cor, giz de cera, régua,
papéis coloridos, tinta à base de água, pincel, tesoura, cola e outros.

Faça uma roda de conversa, perguntando se alguém já foi a alguma exposição de arte. Se sim,
que tipos de obra viram? Você pode também passar vídeos para seus alunos com obras de arte
feitas com materiais considerados lixo, para inspiração dos alunos.

Diga que a maquete deve ser elaborada com um dos temas do ODS, e que pode ter duas
vertentes: uma mostrando os problemas ambientais (como maquete com um rio poluído, com
árvores caídas), ou já trazendo as condições ideais (por exemplo, uma maquete com um rio
limpo, com crianças brincando, com a vida aquática em harmonia). Organize os prazos que os
grupos terão para trabalhar na atividade. Incentive os alunos a convidar as famílias, a
comunidade e as outras salas, para que prestigiem os trabalhos.

No dia da exposição, coloque os nomes das equipes e proponha um fórum de discussão, além
de ações possíveis para preservação ambiental, com uma atividade.

A prática com maquetes e interação é uma atividade lúdica com o intuito dos alunos entenderem
que a sustentabilidade está presente no dia a dia, e que eles, ao compreenderem melhor esses
conceitos, também podem ser disseminadores de informações.

Saiba mais
O uso de maquetes é uma prática interessante quando trabalhamos com a questão ambiental,
pois permite a visualização rápida quando queremos apresentar algo. O artigo “Uso de maquete
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

para o desenvolvimento da consciência ambiental em estudantes do ensino fundamental em São


Gabriel – RS” escrito por Letieri et al., na revista Congrega no ano de 2016, traz essa abordagem.

Neste artigo os autores apresentaram a sensibilização ambiental por meio maquete, uma
atividade diferente com participação e engajamento dos estudantes.

Referências
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS). Indicadores Brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Brasília, DF:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Secretaria Especial de Articulação Social, c2022.
Disponível em: https://odsbrasil.gov.br/. Acesso em: 17 set. 2022.

COSTA, D. V. da; TEODÓSIO, A. dos S. de S. Desenvolvimento sustentável, consumo e cidadania:


um estudo sobre a (des)articulação da comunicação de organizações da sociedade civil, do
estado e das empresas. RAM – Rev. Adm. Mackenzie, v. 12, n. 3, jun. 2011.

FREITAS, L. da R. et al. Uso de maquete para o desenvolvimento da consciência ambiental em


estudantes do ensino fundamental em São Gabriel-RS. Revista Congrega, 2016. Disponível em:
http://revista.urcamp.tche.br/index.php/rcmpce/article/view/2578. Acesso em: 17 set. 2022

JACOBI, P. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, São Paulo,


n. 118, p. 189-205, mar. 2003.

NEPOMUCENO, A. L. de O.; GUIMARÃES, M. Caminhos da práxis participativa à construção da


cidadania socioambiental. Ambiente & Educação, Rio Grande/RS, v. 21, n. 1, p. 59-74, 2016.

MANCE, E. A. Consumo solidário. In: CATTANI, A. D. La outra economia. Buenos Aires: Altamira,
2002. p. 79-85.

OLIVEIRA, L. D. A. Ideologia do Desenvolvimento Sustentável: notas para reflexão. Revista


Tamoios, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, jul./dez. 2005.

SACHS, I. O tripé do desenvolvimento includente. Palestra Magna. Seminário de Inclusão Social.


Brasília: BNDES, 2003.

SACHS, I. Primeiras Intervenções. In: NASCIMENTO, E. P. et al. Dilemas e desafios do


desenvolvimento sustentável no Brasil. Rio de Janeiro: Garamond, 2007.

SANTOS, L. R. O.; COSTA, J. de J.; SOUZA, R. M. e. Educação (Ambiental) para a cidadania: ações
e representações de estudantes da Educação Básica. Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient., Rio
Grande, v. 37, n. 1, p. 188-207, jan./abr. 2020.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

WORLD COMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT – WCED. Our common future.


Oxford: Oxford University Press, 1987.

Aula 4
Projetos Ambientais

Videoaula: Educação Ambiental, Cidadania e Desenvolvimento Sustentável

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Neste vídeo você verá como a educação ambiental está presente em nossa vida coletiva e que
pode ser importante como disseminadora de informações. Você verá os tipos de consumo, e que
o consumo consciente já é uma realidade. O vídeo também traz a educação ambiental como
promotora de qualidade de vida e saúde.

Ponto de Partida
Estudante, nesta aula você vai estudar a relação da educação ambiental com nosso cotidiano, e
perceber a importância das ações de educação ambiental como promotoras de informações.
Entre os conteúdos propostos, teremos o conceito de consumo e consumo consciente. Veremos
que as pessoas estão mudando sua postura em reação ao consumo, exigindo padrões mais
sustentáveis.

Estudaremos que o consumo consciente é uma das formas de minimizar a quantidade de


resíduos, e que práticas como os 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) podem ser importantes.
Porém, essas práticas só são disseminadas por meio da educação ambiental, e em sala de aula
é possível trabalhar essa temática, engajando os alunos.

Vamos Começar!
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Você já parou para pensar que a educação ambiental faz parte da vida coletiva? E que a
educação ambiental pode ajudar as pessoas na qualidade de vida, saúde e prevenção de
doenças? Isso quer dizer que quanto mais pessoas, maior é a demanda por energia, e maior é o
consumo de recursos não renováveis como petróleo e minerais. O uso irracional desses recursos
nos leva a impactos difíceis de absorver (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012).

Uma das formas de pensar em mudanças por parte das pessoas é a educação ambiental,
Segundo Janke e Tozoni-Reis (2008, p. 148), a educação ambiental tem um caráter formador que
busca contribuir na formação de pensadores críticos.

[…] favorece a compreensão e desvela as determinações da realidade humana, de forma a


reconstruir em si valores de civilidade e humanidade construídos historicamente. Ou seja, deve
instrumentalizar o indivíduo para compreender e agir de forma autônoma sobre sua própria
realidade histórica, construída pelas relações sociais. Portanto, a educação ambiental tem como
objetivo contribuir para a formação de indivíduos críticos e reflexivos capazes de (re)pensar sua
própria prática social.

A educação ambiental procura estimular o indivíduo a problematizar suas necessidades reais,


buscando mais que riqueza material, mas também novas relações com os outros e novas formas
de tratar a diversidade, empreendendo uma crítica radical à modernidade e valorizando a prática
social em uma perspectiva ética e ecológica, para que o outro e o ambiente sejam parte do
sonho de felicidade de todos. Dessa maneira, a educação ambiental articula teoria e prática,
sendo transformadora na realidade histórica e concreta na vida das pessoas no ambiente
(TOZONI-REIS, 2004).

Em uma sociedade capitalista temos a supervalorização do consumo, isto é, a inclusão do estilo


consumista da sociedade, muitas vezes compreendido com a qualidade de vida que converte-se
em deterioração do ambiente, subvalorizando, ainda, e em consequência, a qualidade ambiental
como forma de bem-estar (LEFF, 2001). Outra consequência importante da valorização do
consumo como qualidade de vida, segundo Leff (2001), é a discriminação daqueles que não
podem manter os padrões de consumo.

Além de tratar disso, segundo Barbieri (2016) a educação ambiental também pode promover
práticas para minimizar o consumismo, visto que temos novos perfis de consumidor.

Enquanto pensamos na promoção de saúde, podemos entender que a educação ambiental é já é


debatida dentro de um contexto histórico com discussões internacionais, acerca dessa temática
(PELICIONI, 2014).

Ao entendermos a educação ambiental como promotora de saúde, entendemos que ela trata da
conexão do homem com a natureza, pensando nos níveis de importância para manutenção vida,
e o homem sendo integrado ao sistema vivo. Logo, se houver alterações significativas no
ambiente, como poluição da água, do ar e do solo, as consequências podem ser a sua própria
saúde, pois muitas doenças provêm da água, por exemplo, cólera, leptospirose, amebíase e
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

esquistossomose. A Figura 1 mostra um pneu jogado em local inadequado como reservatório


para o mosquito da dengue.

Figura 1 | Pneu com água parada como reservatório para mosquito da dengue. Fonte: Pexels.

Assim, promover a saúde é promover a qualidade de vida, e uma das formas possíveis é por
meio da educação ambiental como disseminadora de informações e engajamento das pessoas.

Siga em Frente...
Quando pensamos como a educação ambiental pode ser promotora de ações voltadas à
qualidade de vida e com questões voltadas ao nosso cotidiano, tais como reciclagem, coleta
seletiva, poluição da água e outros. Segundo Pelicioni (2014), a educação ambiental procura
estimular as pessoas a pensar em suas necessidades reais, buscando mais do que uma riqueza
material, mas uma nova relação entre as pessoas e uma nova forma de interagir com a natureza,
dentro de uma perspectiva ética e voltada à qualidade de vida das pessoas.

E como trabalhar educação ambiental se temos parte da população cuja essência está no
consumismo? Devemos pensar que também temos uma sociedade mais exigente no que tange à
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

questão ambiental, que tem buscado a sustentabilidade? Existe um novo perfil de consumidores
que, ao adquirir um produto, busca saber se ele é sustentável. Na Figura 2 temos uma imagem
que se refere ao consumismo.

Figura 2 | Compras e consumismo. Fonte: Pixabay.

De acordo com Dias (2014), no processo para decisão de uma compra há um perfil de
consumidor que busca saber se as empresas trazem ações ligadas ao meio ambiente, à cultura,
ao esporte, à sociedade e à comunidade, por exemplo. Aqui entra a educação ambiental como
disseminadora de informações.

Segundo Barbieri (2016), um consumidor pode apenas levar em conta aspectos considerados
tradicionais, como marca, preço, praça e promoção, mas quando um consumidor é consciente,
prefere pagar mais para ter um produto sustentável. Assim, um consumidor é responsável
quando opta por comprar de empresas que oferecem produtos sustentáveis, por exemplo, frutas
sem agrotóxicos e detergentes biodegradáveis.

Esses consumidores demonstram cada vez mais ter um poder que antes não era imaginado
pelas empresas: o de trocar de marca ou substituir um produto por outro. Essa é a pressão mais
forte que a sociedade pode trazer para que as empresas tenham atitudes éticas e cumpram as
obrigações (DIAS, 2014).

Como podemos definir esse novo consumidor? Segundo Zenone e Dias (2015), a partir da
década de 1990, observamos o crescente aumento de um grupo de consumidores que está
adquirindo uma importância econômica também crescente, e que apresenta comportamento de
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

compra diferente, representando uma força mercadológica importante para os interesses das
empresas.

O consumidor que adota o consumo consciente é aquele que prioriza o interesse coletivo em
relação ao individual, favorecendo um modelo comercial social e ecologicamente correto. Esse
tipo de consumidor se posiciona e participa ativamente de questões que lhe afetam, luta pelos
direitos dele e exige das empresas e das organizações o cumprimento do papel delas na
sociedade. Não se limita a exigir qualidade e preço justo dos produtos e serviços que consome,
também demanda interações mais éticas nas relações de consumo e nos relacionamentos de
que faz parte, além de reclamar o cumprimento do papel de cada organização na sociedade
(DIAS, 2014).

Dessa forma, você pode perceber que a educação ambiental faz parte do nosso cotidiano e é
essencial para o engajamento das pessoas. A educação ambiental também se faz promotora de
saúde, e visa à redução de doenças quando trabalha em campanhas voltadas à preservação
ambiental, sendo indispensável a responsabilidade e a consciência coletiva.

Vamos Exercitar?
Um dos problemas da sociedade atualmente é o consumismo e a consequente geração de
resíduos. O consumidor define seus valores e necessidades pelo que é oferecido, e não por suas
necessidades; assim, o consumo consciente tem como objetivo que as pessoas realmente
entendam suas necessidades, e tenham consciência dos seus direitos e responsabilidades.

Como relacionar a educação ambiental com o consumismo?

Sabe-se que a educação ambiental formal é trabalhada em escolas, por meio da


multidisciplinaridade, com a colaboração de várias disciplinas e da comunidade em geral. Por
meio de práticas voltadas à educação ambiental, consegue-se uma correlação entre o nosso
cotidiano e a maneira de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Mas como abordar essa questão de consumismo e educação ambiental em sala de aula? Faça
uma sensibilização utilizando a educação ambiental como promotora de informações. Planeje
com seus alunos uma exposição chamada “Lixo: o que tenho a ver com isso?”. Você pode
trabalhar com itens obsoletos, mostrando a eles itens cujo consumo foi incentivado, e que hoje
não existem mais por não terem mais utilidade, os quais acabam em um aterro, muitas vezes em
lixões.

Esses resíduos, quando dispostos em locais inadequados, podem ser receptáculos para
proliferação de vetores transmissores de doenças, como o mosquito da dengue.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Leve para a exposição: fitas de videocassete, fitas de música, discos, televisores antigos de tubo
e aparelhos de rádio, por exemplo, e escreva em cima do cartaz: “O que tenho a ver com isso?”.
Apresente alguns itens que os estudantes podem sequer conhecer, desperte a curiosidade e a
crítica: esses itens não utilizados foram descartados. Com isso, você pode trabalhar o tema
consumo consciente.

Explique aos seus estudantes que não vamos deixar de gerar resíduos, mas podemos minimizar
essa geração colocando a prática e política dos 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar, que objetiva
diminuir a gestão de resíduos: a redução diminui o uso de matéria-prima e energia; a reutilização
pode ser o uso direto do produto; e a reciclagem ocorre por meio da segregação de materiais
aparentemente sem uso na transformação em matéria-prima para novos produtos.

Outra maneira de trabalhar com a redução do consumo e a sensibilização dos alunos seria o uso
de vídeos de documentários em sala de aula. Acerca desse assunto, é importante que o
professor faça a triagem do material, para que ele use vídeos que tenha uma linguagem que os
alunos entendam, e que tragam uma mensagem incentivadora.

Você pode finalizar sua atividade orientando os alunos a fazerem um cartaz relacionando como
consumir menos e como minimizar os resíduos. Neste ponto você pode trabalhar com ações que
visam à redução do consumo como campanhas de conscientização, diminuição do uso de água,
diminuição de embalagens, diminuição do desperdício, compra de produtos realmente
necessários, práticas mais sustentáveis.

Saiba mais

A educação ambiental pode ser utilizada como exercício da cidadania, e uma das formas pode
ser a sua relação com bens de consumo e a geração de recursos naturais.

O artigo “Educação Ambiental e consumismo: considerações sobre ações desenvolvidas pelo


Programa Terra Limpa”, de Rockett, Luna e Antônio Guerra, publicada na Revista Educação da
UFSM em outubro de 2019, traz essa abordagem.

Referências

BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

BURSZTYN, M. A.; BURSZTYN, M. Fundamentos de política e gestão ambiental: caminhos para a


sustentabilidade. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.

DIAS, R. Marketing ambiental: ética, responsabilidade social e competitividade nos negócios. 2.


ed. São Paulo: Atlas, 2014.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

JANKE, N.; REIS-TOZONI, M. F. de C. Produção coletiva de conhecimentos sobre qualidade de


vida: por uma educação ambiental participativa e emancipatória. Ciênc. educ., Bauru, v. 14, n. 1,
2008.

LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Rio de Janeiro:


Vozes, 2001.

PELICIONI, M. C. F. Promoção da Saúde e do Meio Ambiente: uma trajetória técnico-política. In:


PHILIPPI JR, A.; PELICIONI, M. C. F. Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri: Manole,
2014. Cap. 17, p. 477-490.

TOZONI-REIS, M. F. de C. Educação ambiental: natureza, razão e história. Campinas: Autores


Associados, 2004.

ROCKETT, A. N.; LUNA, J. M. F.; GUERRA, A. F. S. Educação Ambiental e consumismo:


considerações sobre ações desenvolvidas pelo Programa Terra Limpa. Revista Educação da
UFMS, n. 44, p. 1-26, 2019.

ZENONE, L. C.; DIAS, R. Marketing sustentável: valor social, econômico e mercadológico. São
Paulo: Atlas, 2015.

Aula 5
Encerramento da Unidade

Vídeo Aula Encerramento

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Abordaremos, neste vídeo, como as questões de educação ambiental e de sustentabilidade


podem ser trabalhadas de maneira transversal, e que as práticas de educação ambiental podem
ser sustentáveis. Você verá que a educação ambiental é uma forma de as pessoas
desenvolverem sua cidadania e serem disseminadoras e formadoras de opinião. Você verá
também que dentro das escolas conseguimos trabalhar essa temática de maneira
interdisciplinar, envolvendo professores e estudantes
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Ponto de Chegada

A educação ambiental é um processo em que as pessoas e a coletividade constroem valores


sociais, competências, habilidades e hábitos voltados a questões de preservação ambiental.
Logo, pode ser uma ferramenta importante para engajamento das pessoas e disseminação de
informações.

Entende-se como poluição ambiental qualquer alteração que possa interferir nas características
naturais em desacordo com padrões máximos toleráveis (DERISIO, 2012). Essa poluição pode
ser na água, no ar e no solo, e o controle da poluição deve ser feito em conjunto. Assim, a
educação ambiental é fundamental, pois se trata de um processo pelo qual o educando começa
a ter conhecimento das questões ambientais, passando a ter uma nova visão a respeito do meio
ambiente, sendo um agente transformador em relação à preservação ambiental.

Segundo a UNESCO (2005, p. 44), “Educação ambiental é uma disciplina bem estabelecida que
enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e
de administrar seus recursos adequadamente”.

A questão ambiental está cada vez mais presente em nosso cotidiano, e a educação ambiental é
fundamental em todos os processos educativos, podendo ser formal (dentro de escolas) e
informal (fora de escolas). Dentro de escolas é muito importante, pois trabalhos com crianças
em anos iniciais sensibilizam mais facilmente (SEGURA, 2001).

A educação ambiental pode ser trabalhada junto com questões voltadas ao desenvolvimento
sustentável, como: redução no consumo de água, redução no consumo de energia, campanhas
de reciclagem em escolas, hortas comunitárias, visitas em parques e fundos de vale, limpeza de
córregos, compostagem e vídeos de sensibilização. Também se dá ao explicar temas como o
consumo consciente, a coleta seletiva e como evitar o desperdício, entre outras práticas.

A educação ambiental no ambiente escolar contribui para formação de cidadãos mais


comprometidos, mais conscientes e aptos para aturem na sociedade, que também se
comprometem com o bem-estar, a qualidade de vida e a saúde das pessoas.

Assim, a educação ambiental pode ser trabalhada em escolas de maneira interdisciplinar,


proporcionando intercâmbio entre as disciplinas, e isso depende dos professores participarem
do processo. Para isso são necessárias orientações, estudos e preparo, para que eles realizem
com excelência esse trabalho.

É Hora de Praticar!
Você está trabalhando em uma escola com a disciplina Educação Ambiental, e neste ano é um
dos docentes responsáveis pela feira de ciências da escola. Para realizar essa feira, você
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

precisará pensar na educação ambiental de maneira transversal e interdisciplinar, contemplando


outras disciplinas e o trabalho com outros colegas.
Em uma reunião em conjunto, a temática central será “Reciclagem e Coleta Seletiva”. As turmas
serão divididas, e deverão trabalhar os seguintes assuntos: os tipos de resíduos, as lixeiras e
suas cores, a quantidade de resíduo gerada na escola, resíduos que são gerados na escola e que
não podem ser descartados em coletas tradicionais, o papel de cooperativas e a cidadania
participativa, resíduos descartados incorretamente versus doenças.
Será preciso analisar essas questões pensando na interdisciplinaridade com as disciplinas
Matemática, Português, Ciências, Artes, História e Geografia, para que a feira de ciências trabalhe
a temática central e que os alunos percebam na prática essa correlação.

Você precisa providenciar os itens essenciais para que a feira de ciências tenha como temática a
reciclagem e a coleta seletiva, e que seja interdisciplinar. Reflita acerca das questões:

Como a disciplina de matemática pode aparecer na feira de ciências?


Trata-se de uma temática sustentável?
Qual a relação entre a temática e a cidadania?
Como relacionar resíduos e saúde pública?

Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade!


Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a
oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos
transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais significativa. Não perca essa
chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 275/2001. Disponível em:<


https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=97507> Acesso em: 04/10/2022.
DERISIO, J. C. Introdução ao controle da poluição ambiental. 4. ed. São Paulo: Oficina de Textos,
2012.
SEGURA, D. de S. B. Educação Ambiental na escola pública: da curiosidade ingênua à
consciência crítica. São Paulo: Annablume, Fapesp, 2001. 214 p.
UNESCO. Década da Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento Sustentável, 2005-
2014: documento final do esquema internacional de implementação. Brasília, DF, 2005.
,
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Unidade 2
ECOLOGIA

Aula 1
Ecologia

Videoaula: Ecologia

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Olá, estudante! Começamos esta unidade com os fundamentos de Ecologia. Agora que você já
estudou esta aula, venha desenvolver os seus conhecimentos sobre os objetivos e os conceitos
gerais desta ciência e sobre o manejo dos recursos naturais assistindo a este vídeo!

Ponto de Partida

Olá, estudante! A Ecologia é a ciência que estuda a relação entre os organismos e o ambiente
que os cerca. Ela tem como objetivo fornecer informações biológicas, químicas e físicas da
natureza através da compreensão de como o sistema natural funciona e se equilibra. Com ela,
podemos criar formas de reduzir o nosso impacto no planeta e melhorar a qualidade de vida para
todos os organismos que o dividem conosco. A educação ambiental (EA) tem como foco
melhorar a relação humano-natureza, e isso fica mais fácil quando entendemos qual é o nosso
papel e como devemos nos relacionar com os demais seres que também habitam a Terra.
Entender e valorizar os nossos recursos naturais são outros pontos importantes para mudarmos
essa relação predatória que exercemos no mundo. Assim, a Ecologia tem uma importante
missão, que é a de gerar informações para a educação ambiental. Aproveite o conteúdo! Bons
estudos!

Vamos Começar!
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

A palavra Ecologia deriva dos termos gregos oikos, que significa “casa, ambiente”, e logos,
“estudo”. Sendo assim, a Ecologia é a ciência que estuda as relações entre o meio ambiente e os
organismos vivos (RELYEA; RICKLEFS, 2021). Ela nos ensina que tudo está interligado, que os
organismos se relacionam com os fatores físicos, químicos e biológicos em diversos patamares
(ALVES; BRANDT; ALVES, 2013). De acordo com os fundamentos de Relyea e Ricklefs (2021),
Primack e Rodrigues (2001), Brasil (2000) e MMA (1992), vamos entender melhor alguns dos
conceitos básicos da Ecologia.

Um indivíduo é um ser vivo, ou seja, é a unidade mais fundamental da Ecologia.


O termo espécie se refere ao conjunto de indivíduos que possuem as mesmas
características morfológicas e que tem potencial para cruzar entre si. Ainda temos a
espécie-chave, que é uma espécie que afeta significativamente a estrutura das
comunidades, a despeito de seus indivíduos não serem particularmente numerosos.
Uma população é formada por um grupo de indivíduos que pertencem a uma mesma
espécie, que vivem em uma mesma região, em um mesmo intervalo de tempo e interagem
entre si.
A comunidade é composta por todas as populações das espécies que vivem juntas em
determinada área e interagem entre si de várias formas, seja predando uma a outra ou
cooperando.
Ecossistema é o conjunto de sistemas ecológicos complexos que incluem milhares de
espécies diferentes vivendo sob uma grande variedade de condições.
Biosfera é o nível mais alto da hierarquia ecológica e inclui todos os ecossistemas da Terra,
ou seja, todo estrato terrestre que abriga vida.

Outros termos, também encontrados com frequência quando estudamos Ecologia, são:

Habitat: refere-se ao local ou ao ambiente físico em que um organismo vive.


Nicho ecológico: é o papel que um indivíduo desempenha no ecossistema. Cada espécie
tem um nicho próprio, que inclui a gama de condições bióticas e abióticas que pode
tolerar
Recurso: refere-se a matéria ou elemento do meio ambiente que atende à necessidade de
determinado indivíduo ou de determinada espécie. Chamamos de recurso-chave aquele
que atende a várias espécies.
Recurso ambiental: refere-se à atmosfera, às águas superficiais e subterrâneas, aos
estuários, ao mar, ao solo, ao subsolo, aos elementos da biosfera, à fauna e à flora.
Ecótipo: refere-se às diferenças entre determinadas populações de uma mesma espécie,
que estão fisicamente separadas e acabam com variações genéticas em relação à
população original.
Manejo: é todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade
biológica e dos ecossistemas.
Manejo sustentável: é aquele que permite atuar em uma área de forma sustentável, sem
afetar a manutenção dos recursos naturais, sempre em prol de sua preservação, como
explorar frutos em determinada floresta de forma que não haja desequilíbrio no
ecossistema local, ou seja, que a floresta se perpetue sem impactos.
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ECOLOGIA E SAÚDE

Diversidade biológica ou biodiversidade: é a diversidade dentro de espécies, entre espécies


e de ecossistemas e a variabilidade de organismos vivos de todas as origens,
compreendendo os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e
os complexos ecológicos de que fazem parte.
Plano de manejo: é um documento técnico, fundamentado nos objetivos gerais de uma
unidade de conservação, que estabelece seu próprio zoneamento, as normas que devem
presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais.

Para entendermos melhor como os termos acima se relacionam, analisemos o bioma Mata
Atlântica. Nesse ambiente, vários organismos ocupam diferentes habitats, ou seja, algumas
espécies vivem em árvores, outras no solo, no folhiço, na água e desempenham seus papéis
(seus nichos ecológicos). Essas espécies vivem em populações e coexistem nas comunidades
que vivem nos diferentes ecossistemas dessa floresta tropical. Todos os organismos existentes,
as suas relações entre si e entre os demais seres vivos que vivem na Mata Atlântica compõem a
biodiversidade desse bioma. Entendeu as ligações?

Siga em Frente...

Os humanos não conseguem sobreviver sem o meio ambiente conservado, pois é dele que
tiramos todos os recursos, como água, alimentos e demais materiais necessários. O ambiente
natural fornece os processos fundamentais para se manter a vida no planeta Terra (ALVES;
BRANDT; ALVES, 2013). Com a crise ambiental proveniente das ações antrópicas, o estudo da
Ecologia se tornou extremamente necessário, uma vez que pode funcionar como uma
ferramenta para alcançar a sustentabilidade. Afinal, compreender mais essa ciência nos ajudará
a encontrar soluções em prol da preservação e do manejo dos recursos naturais (RELYEA;
RICKLEFS, 2021).

Esse manejo, feito de forma responsável e sustentável, colabora positivamente com a


conservação do meio ambiente (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013). Esse trabalho de conservação
começa em cada casa e deve ser internalizado em todos os setores políticos e econômicos. A
gestão ambiental, muito discutida na Rio 92, tem como objetivo a utilização de práticas e
métodos administrativos que levem ao máximo a redução dos impactos ambientais gerados
pelas atividades econômicas sobre os recursos da natureza (ONU, 2020).

Todo manejo de recursos naturais exige muito estudo prévio e planejamento. O manejo
sustentável pode ser feito nos mais diversos sistemas naturais e aplicado em recursos
específicos, como o solo ou a água (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013). A realidade social da região
onde a atividade de manejo será aplicada é um fator importante, afinal não se pode considerar
uma atividade de desenvolvimento sustentável se a comunidade local não for favorecida e não
for ativamente participativa (MENTEN, 2019).

Alguns exemplos de projetos de atividade extrativista baseados em manejo sustentável são os


apoiados pela WWF Brasil, como o Solado de Borracha (utilizando a borracha natural
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ECOLOGIA E SAÚDE

amazônica), produtos aromáticos com essências naturais, com base de castanha e de copaíba, o
palmito de açaí e o ecoturismo de base comunitária. Todos esses recursos utilizados para a
fabricação dos produtos são plantados pela comunidade local, o que contribui para a
sustentabilidade financeira dos moradores da região. Tal ação evita a retirada dos recursos
diretamente da floresta. Em relação ao ecoturismo, a comunidade local é treinada para guiar os
turistas (WWF, 2022).

Outro projeto de sucesso muito interessante é o Programa de Conservação Marinha, da


Fundação Projeto Tamar, que envolve a comunidade local na conservação das tartarugas.
Através de muita pesquisa e trabalho, eles conseguiram fazer com que a população que, antes
coletava os ovos desses animais para consumo e venda, agora seja protetora dessas espécies.
Além disso, a comunidade ajuda na fiscalização, na conservação das praias e na educação
ambiental de visitantes e frequentadores da região (TAMAR, c2011). Iniciativas que trabalham
em conformidade com os pilares do Desenvolvimento Sustentável e seus 17 Objetivos (ODS) são
fundamentais para a conservação dos recursos naturais. A população, quando é envolvida e se
torna aliada, faz toda a diferença.

Vamos Exercitar?

Com o entendimento dos sistemas naturais que a Ecologia proporciona, é possível realizar, com
outras áreas e diferentes profissionais, atividades como as práticas de manejo. Afinal, para que
seja possível fazer um manejo bem-sucedido, é necessário um planejamento repleto de inter-
relações (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013).

As Unidades de Conservação (UC) no Brasil possuem um plano de manejo para nortear todas as
atividades que são desenvolvidas dentro delas. Uma UC, segundo a Lei nº 9.985, de 18 de julho
de 2000, é:

[...] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com
características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção. (BRASIL, 2000, [s. p.])

O plano de manejo de uma UC é um documento que tem como objetivo nortear a administração
de determinada área, delimitando ações de coleta, zoneamento (organização das divisões
territoriais desse espaço), transporte, descarte, povoamento e produção (ICMBIO, 2022). Todas
as UC do Brasil devem ter um plano de manejo que norteia o zoneamento da Unidade e o uso que
pode ou não ser feito em cada uma delas. Esse plano apresenta também a descrição da área e
da biodiversidade que ela protege.

As UC de uso sustentável conciliam a conservação da natureza com o uso sustentável de parte


dos recursos naturais. O uso sustentável dos recursos muitas vezes envolve populações
tradicionais, que ocupam parte dela ou de seu entorno (BRASIL, 2000). Dessa forma, mesmo
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ECOLOGIA E SAÚDE

sendo uma área protegida, voltada para a conservação da biodiversidade, ela equilibra e promove
a manutenção das culturas de populações tradicionais. Povos e comunidades tradicionais,
segundo inciso I do art. 3º do Decreto nº 6.040/2007, são:

[...] grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas
próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como
condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando
conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. (ICMBIO, [s. d., s. p.])

No Brasil, temos 87 UC com a presença de populações tradicionais, como povos indígenas,


quilombolas, ribeirinhos e pescadores artesanais (ICMBIO, [s. d.]).

Com relação aos proprietários de terras privadas, o roteiro básico para a elaboração de um Plano
de Manejo Florestal deve seguir, de forma resumida, os seguintes passos: informações gerais
sobre a área, responsáveis técnicos, objetivos do plano de manejo, justificativa técnica e
econômica, informações sobre a propriedade, descrição do ambiente (inventário florestal),
informações sobre o manejo florestal, investimentos e custos, identificação e elaboração
dos impactos socioambientais e medidas de proteção (CASES, 2012).

Uma forma de manejar áreas privadas para produção de alimentos é o sistema agroflorestal
(SAF). Esse tipo de ação usa a natureza como modelo, combinando espécies arbóreas com
cultivos agrícolas e/ou animais (EMBRAPA, [s. d.]). A vantagem dessa forma de manejar o solo é
que podemos gerar alimentos sem uso de fertilizantes e agrotóxicos. A SAF traz benefícios
econômicos e ecológicos, buscando o equilíbrio na própria natureza (MICCOLIS et al., 2016).

Para conhecer mais sobre o Plano de Manejo e as UCs, leia o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC) apresentado pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000.

Saiba mais
No site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade você pode realizar a leitura
sobre as Unidades de Conservação. Veja também o mapa com a distribuição de todas elas
dentro do Brasil.

Para se aprofundar mais, leia sobre Sistemas Agroflorestais: a agropecuária sustentável.

Referências

ALVES, I.; BRANDT, C. S.; ALVES, E. M. Ecologia. Indaial: Uniassel, 2013.


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ECOLOGIA E SAÚDE

ALVES, F. V.; LAURA, V. A.; ALMEIDA, R. G. de. (ed.). Sistemas Agroflorestais: a agropecuária
sustentável. Brasília: Embrapa, 2015. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/120048/1/Sistemas-Agroflorestais-livro-
em-baixa.pdf. Acesso em: 1 mar. 2023.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII

da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e


dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2000. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acesso em: 1 mar. 2023.

CASES, M. O. Noções básicas para a elaboração de planos de manejo. In: CASES, M. O. (org.).
Gestão de Unidades de Conservação: compartilhando uma experiência de capacitação. Brasília:
WWF-Brasil: IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, 2012. p. 77-117.

EMBRAPA. Sistema Agroflorestal. Embrapa, Sinop, [s. d.]. Disponível em:


https://www.embrapa.br/agrossilvipastoril/sitio-tecnologico/trilha-
tecnologica/tecnologias/sistema-de-producao/sistema-agroflorestal. Acesso em: jan.2023.

ICMBIO. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Gov.br, Brasília, 2023.


Disponível em: https://www.gov.br/icmbio/pt-br. Acesso em: 1 mar. 2023.

ICMBIO. Plano de manejo de RPPN. Gov.br, Brasília, 2022. Disponível em:


https://www.gov.br/icmbio/pt-br/servicos/servicos-do-icmbio-no-gov.br/crie-sua-rppn/plano-de-
manejo-de-
rppn#:~:text=O%20plano%20de%20manejo%20(PM,f%C3%ADsicas%20necess%C3%A1rias%20%
C3%A0%20gest%C3%A3o%2C%20conforme. Acesso em: 1 mar. 2023.

ICMBIO. Populações tradicionais. Gov.br, Brasília, [s. d.]. Disponível


em: https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/populacoes-tradicionais. Acesso em: 17 mar.
2023.

MENTEN, J. O. Benefícios e a realidade do manejo sustentável. CCAS – Conselho Científico Agro


Sustentável, [S. l.], 18 abr. 2019. Disponível em: https://agriculturasustentavel.org.br/beneficios-e-
a-realidade-do-manejo-
sustentavel#:~:text=Um%20manejo%20sustent%C3%A1vel%20%C3%A9%20aquele,o%20c%C3%A
Drculo%20social%20em%20volta. Acesso em: 1 mar. 2023.

MICCOLIS, A. et al. Restauração ecológica com sistemas agroflorestais: como conciliar


conservação com produção: opções para Cerrado e Caatinga. Brasília: Centro Internacional de
Pesquisa Agroflorestal, 2016.

ONU. A ONU e o meio ambiente. Nações Unidas Brasil, Brasília, 16 set. 2020. Disponível em:
https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente. Acesso em: 1 mar. 2023.
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ECOLOGIA E SAÚDE

PRIMACK, R. B; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. [S. l.]: Editora Planta, 2001.

RELYEA, R.; RICKLEFS, R. Economia da Natureza. São Paulo: Grupo GEN, 2021. E-book. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737623/. Acesso em: 17 mar
2023.

SILVA, E. Projeto no Pará ensina agricultores familiares a produzir bioinsumos. Globo Rural, [S. l.],
29 jan. 2023. Disponível em: https://globorural.globo.com/agricultura/noticia/2023/01/projeto-
no-para-ensina-agricultores-familiares-a-produzir-bioinsumos.ghtml. Acesso em: 1 mar. 2023.

TAMAR. Sensibilização e Educação Ambiental. Fundação Projeto Tamar, [S. l.], c2011. Disponível
em: https://www.tamar.org.br/interna.php?cod=372. Acesso em: 1 mar. 2023.

WWF. Uso Sustentável dos Recursos Naturais. WWF, Brasília, 2022. Disponível em:
https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/amazonia/amazonia_acoes/
uso_sustentavel/. Acesso em: 17 mar. 2023.

Aula 2
Análise de dados

Videoaula: Análise de dados

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Olá, estudante! Após aprender sobre ecologia e manejo dos recursos naturais, daremos
continuidade falando sobre a importância da coleta de dados para as pesquisas. Para isso,
abordaremos desde os métodos de coleta de dados até como os resultados podem ser
implementados. Aprofunde mais o seu conhecimento sobre o conteúdo desta aula assistindo ao
vídeo!

Ponto de Partida
Disciplina

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ECOLOGIA E SAÚDE

Olá, estudante! A análise de dados de uma pesquisa é fundamental para entender e discutir os
resultados de um projeto. É com ela que transformamos dados numéricos ou qualitativos em
resultados que podem ser utilizados para responder às questões pensadas para a pesquisa. A
fim de que a análise possa alcançar os objetivos, é necessário que os dados que farão parte das
análises sejam bem definidos e de qualidade. Além disso, as análises devem estar
fundamentadas no referencial teórico e alinhadas à metodologia. Deve-se lembrar, também, que
a análise de dados vai gerar o resultado para responder a perguntas ou gerar informações
necessárias para a avaliação de uma pesquisa ou projeto, isto é, esse processo será o norteador
do produto.

Vamos Começar!
Em uma pesquisa científica, a coleta de dados é essencial. Os dados podem ser qualitativos e/ou
quantitativos; eles podem conter desde fatores ambientais (como temperatura, pH e umidade),
medição de área, tamanho e forma, fatores geográficos (como posição e distância) até variáveis
ambientais, número de indivíduos, população, comunidade, entre outros. É a partir da
interpretação dos dados coletados que podemos inferir os resultados e chegar à conclusão da
pesquisa. Deve-se lembrar sempre de seguir o rigor científico para que os dados gerados sejam
confiáveis e aceitos (VASCONCELOS et al., 2021).

Para que haja uma interpretação de qualidade, é preciso obter dados confiáveis. Isso requer bom
planejamento, embasamento teórico, métodos de coleta adequados ao objetivo do trabalho e
coleta dos dados, preferencialmente, por longo período, em uma ampla escala, levando em
consideração fatores externos que possam influenciar os resultados. O domínio do tópico
permite identificar o problema, formular e testar a hipótese. Importante também que a análise
das informações seja bem estruturada e baseada na fundamentação teórica da pesquisa ou
projeto.

O recolhimento de dados sociais, por exemplo, pode ser feito através de questionários,
entrevistas, registros de histórias orais, observação e depoimentos (LIMA, 2016). A coleta dos
dados biológicos pode ser feita através de armadilhas de captura, como as fotográficas, as redes
de neblina, a Tomahawk, a Shermann e o Pitfall; de dados secundários, como o levantamento
bibliográfico regional e local, a coleta de campo in locu, a observação indireta de indícios, como
as pegadas, os abrigos, as fezes, as carcaças, os ninhos, os pelos, as marcas, os sinais, os sons
e as vocalizações, e as observações diretas também (ANDERSEN et al., 2020). Já os dados
ambientais podem ser coletados através de estações equipadas com diferentes sensores,
capazes de captar os dados em campo e transmiti-los a estações centrais de processamento por
meio de telemetria – plataformas de coleta de dados (PCD) – que usam satélites de coleta de
dados ou outras tecnologias como o General Packet Radio Service (GPRS). Geralmente são
utilizados em pesquisas quantitativas, nas quais os dados podem vir de questionários
construídos com perguntas fechadas, pesquisa experimental, registro de informações de serviço
de saúde, dados retirados de sistemas de informação e/ou computacionais, entre outros (MCTIC,
2020). Os dados qualitativos também são passíveis de análises, porém são mais subjetivos,
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ECOLOGIA E SAÚDE

porque são normalmente coletados e registrados através de narrativas, contextos históricos,


estudos de caso, observação, percepção, entre outros.

Em resumo, existem dois tipos de coletas de dados, como vimos, a coleta de dados
quantitativos, que são obtidos através de números, e a coleta de dados qualitativa, baseados em
observações, compreensões, percepções das informações obtidas. Todas as pesquisas são
válidas e geram resultados.

Siga em Frente...

Para chegarmos aos resultados de uma pesquisa científica, primeiro é necessário que ocorra a
coleta de dados específicos para o foco da pesquisa, a fim de que possam ser analisados e
interpretados e de que possam gerar resultados confiáveis (ANDERSEN et al., 2020).

Os dados ecológicos fornecem conhecimento para que possamos responder às questões


levantadas e para compreender melhor o meio ambiente, os seres vivos e as suas relações
ecológicas (ALVES; BRANDT; ALVES, 2013). A partir das análises dos dados coletados, geramos
os resultados, que fomentarão o conhecimento que colocamos como objetivo da pesquisa, pois
a análise nada mais é que o procedimento que visa transformar os números e as informações
coletadas durante a pesquisa em conclusões ou tomada de decisão da pesquisa ou projeto em
questão (ANDERSEN et al., 2020). Os resultados de uma pesquisa de campo de fauna em uma
Unidade de Conservação (UC) vão subsidiar o seu plano de manejo (ICMBIO, 2018). Outro
exemplo é o monitoramento por satélite do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal,
realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que gera dados para a taxa de
desmatamento da região (MAURANO; ESCADA; RENNO, 2019).

Para uma boa interpretação dos dados, é preciso que haja um planejamento eficiente e uma
apropriada e extensa coleta de dados. Quanto maior o número amostral, mais fácil e mais
preciso será chegar a uma conclusão. A coleta dos dados pode variar de acordo com o objetivo
da pesquisa, e as estratégias implementadas para a coleta precisam se adequar às condições
locais e às informações que buscam para obter uma resposta ao problema formulado na
pesquisa. Tendo coletados todos os dados necessários, agora é a hora de inferir uma conclusão
a partir deles (ANDERSEN et al., 2020).

A metodologia escolhida para a análise dos dados vai depender do tipo de pesquisa científica
que se está desenvolvendo: se ela é quantitativa ou qualitativa, qual o tamanho amostral obtido e
a confiabilidade dos dados. As análises quantitativas utilizam como ferramenta a estatística, que
leva em conta a diversidade, a prevalência, a abundância, a riqueza, a curva de espécies, os
índices ecológicos, as distribuições de frequência, as correlações, as representações gráficas, as
medidas de dispersão, entre outros fatores. Já as qualitativas analisam textos, entrevistas,
observações, depoimentos, questionários abertos, sendo assim mais complexas e subjetivas
(MINAYO; COSTA, 2018).
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ECOLOGIA E SAÚDE

Todas as análises sempre buscam compreender o significado dos dados coletados e entender o
que eles significam. Podemos realizar análises preditivas, ou seja, prever através dos dados
obtidos, o que pode acontecer. Para isso, normalmente são utilizadas análises de dados
históricos, estatísticos e, mais recentemente, a mineração de dados e a inteligência artificial
(BUCENE; RODRIGUES; MEIRA, 2022).

Outra análise que pode ser feita é a prescritiva, que tem como objetivo verificar as
consequências das ações, ou seja, permite saber o que pode acontecer ao escolher uma ação
específica. A escolha do melhor caminho para alcançar a meta ou os objetivos será do autor da
pesquisa ou do tomador de decisão. Já a análise descritiva possui o simples objetivo de
descrever e compreender eventos em tempo real. Não faz comparação nem relaciona com
dados passados. Por fim, temos a análise diagnóstica, que busca compreender as causas de um
evento. Nesse caso, essa análise faz, normalmente, as seguintes perguntas: Quem? Quando?
Onde? Como? Por quê? Assim, ela pode ser realizada por observação, monitoramento,
acompanhamento, autoavaliação, entre outras formas (MINAYO; COSTA, 2018).

Vamos Exercitar?
Devido às explorações humanas, o mundo tem enfrentado múltiplos problemas ambientais, tais
como a perda da biodiversidade, o desmatamento, a poluição do ar, do solo e do mar, as
mudanças climáticas, as queimadas, as erosões, as desertificações, as contaminações, entre
tantos outros. Quando a percepção do impacto aos recursos naturais alcançou uma parcela da
população, isso acabou despertando a necessidade da conservação do meio ambiente. Por
conseguinte, as políticas públicas começaram a surgir. No Brasil, a Política Nacional de Meio
Ambiente só foi publicada em 1981, enquanto que, em muitos outros países, ela já havia sido
colocada em prática antes (MOURA, 2016).

Os dados ecológicos obtidos em pesquisas podem ser utilizados para a conservação e para a
preservação do meio ambiente (ICMBIO, 2018), auxiliando no desenvolvimento de projetos
ambientais, como os planos de manejo, a implementação de corredores ecológicos, a criação de
parques nacionais e de unidades de conservação, a reintrodução de uma espécie nativa, seja de
planta ou animal, a remoção de espécies invasoras ou a geração de maior conhecimento,
melhorando as técnicas de conservação e fornecendo novos paradigmas para outros estudos e
informações para o público e os poderes decisivos.

Em um levantamento de fauna e flora de uma unidade de conservação, os dados primários,


aqueles coletados em campo, são ferramentas importantes na tomada de decisão sobre o
manejo da unidade e comporão, assim, o Plano de Manejo. Em um Estudo de Impacto Ambiental
(EIA), parte do Licenciamento Ambiental (LA) auxiliará até mesmo o projeto final do
empreendimento, que poderá ser alterado de forma a não aumentar o impacto sobre o ambiente
(RINCÃO; TRIGUEIRO, 2018).
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ECOLOGIA E SAÚDE

O levantamento da fauna e da flora possibilita a compreensão das particularidades dos


ecossistemas e de suas associações a outras atividades, como o trabalho de levantamento de
flora apícola, por exemplo (MARQUES et al., 2011). O conhecimento dos vegetais de determinada
região e suas características auxilia a identificação e determinação das plantas que contribuem
para a produção do mel e revela também o seu potencial ambiental e socioeconômico,
auxiliando, assim, possíveis futuros projetos de manejo e de apicultura sustentável.

Levantamentos também possibilitam apurar a conservação dos ecossistemas e os valores


biológicos e informar a comunidade através dos resultados obtidos. Afinal, a composição da
fauna de uma região depende dos processos a que o ambiente esteve sujeito ao longo dos anos.
Os dados físicos, químicos e biológicos estão fortemente interligados. Um exemplo de projeto
em que o uso do levantamento foi importante foi o de levantamento da fauna para o estudo da
condição ambiental nos riachos da região do Parque Estadual Mata dos Godoy, em Londrina, no
Paraná. Nesse projeto foram utilizados como indicadores de poluição os invertebrados,
organismos com grande diversidade, ampla distribuição e que são sensíveis às alterações
ambientais (GALVES; JEREP; SHIBATTA, 2007). As metodologias são diversas, por isso se faz
necessário o conhecimento técnico e uma equipe de profissionais qualificados. A educação
ambiental deve caminhar junto com tais conhecimentos.

Saiba mais

Para se aprofundar mais no tema conheça o projeto PRODES – Amazônia, Monitoramento do


Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite.

Referências

ALVES, I.; BRANDT, C. S.; ALVES, E. M. Ecologia. Indaial: Uniassel, 2013.

ANDERSEN, A. C. et al. Coleta de dados no campo (biológico e social). In: RIBEIRO, S. et al. (ed). A
Ecologia da Paisagem no Contexto Luso-Brasileiro. Curitiba: Editora Appris, 2020.

BUCENE, L. C.; RODRIGUES, L. H.; MEIRA, C. A. A. Mineração de dados climáticos para previsão
de geada e deficiência hídrica para as culturas do café e da cana-de-açúcar para o Estado de São
Paulo. Campinas: Embrapa, 2002.

GALVES, W.; JEREP, F. C.; SHIBATTA, O. A. Estudo da condição ambiental pelo levantamento da
fauna de três riachos na região do Parque Estadual Mata dos Godoy (PEMG), Londrina, PR, Brasil.
Pan-American Journal of Aquatic Sciences, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 55-65, 2007.

ICMBIO. Boas práticas – Conheça as iniciativas que buscam soluções para gestão de unidades
de conservação no Brasil. Brasília: ICMBio, 2018. Disponível em:
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

https://www.icmbio.gov.br/parnaabrolhos/images/stories/destaques/boas_praticas_na_gestao_
de_ucs_edicao_3_2018.pdf. Acesso em: 1 mar. 2023.

KELLING, S. et al. Data-intensive Science: A New Paradigm for Biodiversity Studies. BioScience,
[S. l.], v. 59, p. 613-620, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1525/bio.2009.59.7.12. Acesso
em: 1 mar. 2023.

LIMA, M. O uso da entrevista na pesquisa empírica. In: MÉTODOS de pesquisa em ciências


sociais: bloco qualitativo. São Paulo: Sesc São Paulo/CEBRAP, 2016. p. 24-41.

MARQUES, L. J. P. et al. Levantamento da flora apícola em Santa Luzia do Paruá, Sudoeste da


Amazônia, Maranhão. Acta Botanica Brasilica, [S. l.], v. 25, p. 141-149, 2011.

MAURANO, L. E. P.; ESCADA, M. I. S.; RENNO, C. D. Padrões espaciais de desmatamento e a


estimativa da exatidão dos mapas do PRODES para Amazônia Legal Brasileira. Ciência florestal,
[S. l.], v. 29, p. 1763-1775, 2019.

MINAYO, M. C. de S.; COSTA, A. P. Fundamentos teóricos das técnicas de investigação


qualitativa. Revista Lusófona de Educação, [S. l.], n. 40, p. 11-25, 2018.

MCTIC. Dados Ambientais. Gov.br, Brasília, 5 mar. 2020. Disponível em:


https://www.gov.br/aeb/pt-br/programa-espacial-brasileiro/aplicacoes-espaciais/dados-
ambientais. Acesso em: 24 nov. 2022.

MOURA, A. M. M. de. Trajetória da política ambiental federal no Brasil. In: MOURA, A. M. M. de.
Governança ambiental no Brasil: instituições, atores e políticas públicas. Brasília: IPEA, 2016. p.
13-44.

RINCÃO, V. P.; TRIGUEIRO, R. de M. Avaliação do impacto ambiental e licenciamento. Londrina:


Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2018.

VASCONCELOS, S. M. R. et al. Rigor científico e ciência aberta: desafios éticos e metodológicos


na pesquisa qualitativa. SciELO em Perspectiva, [S. l.], 5 fev. 2021. Disponível em:
https://blog.scielo.org/blog/2021/02/05/rigor-cientifico-e-ciencia-aberta-desafios-eticos-e-
metodologicos-na-pesquisa-qualitativa/. Acesso em: 30 jan. 2023.

Aula 3
Mapeamento

Videoaula: Mapeamento
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

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Nesta aula, continuamos a falar sobre a importância dos dados para os projetos ambientais,
abordando um pouco mais os temas: levantamento de dados, mapeamento das áreas amostrais
e sua relação com os grupos florísticos e faunísticos. Agora que você já estudou o conteúdo,
vamos assistir a este vídeo para desenvolver um pouco mais esses tópicos.

Ponto de Partida

Olá, estudante! Nesta aula estudaremos a importância do mapeamento nas pesquisas e nos
projetos ecológicos.

Os estudos ecológicos envolvem mapeamento do território, pois é necessário entender a


paisagem na qual se inserem as espécies que estamos estudando. É necessário entender
também o que está inserido no habitat de determinadas espécies e compreender quais são as
suas exigências. O mapeamento de impactos pode ser utilizado em qualquer tipo de estudo que
envolva o ambiente e que ajude a entender quais são suas origens no espaço e no tempo. Ele é
utilizado, inclusive, para estudos na área da saúde. Por exemplo, para entender como uma
doença se espalha, mapeamos os indivíduos infectados. Dessa forma, temos um panorama e a
amplitude do problema.

Bons estudos!

Vamos Começar!

Brasil é um país considerado megadiverso, pois possui mais de 120 mil espécies de
invertebrados e, aproximadamente, 8.930 espécies de vertebrados, sendo 734 mamíferos, 1.982
aves, 732 répteis, 973 anfíbios, 3.150 peixes continentais e 1.358 peixes marinhos (MMA, 2022).
Para se obter dados e informações a respeito de determinado grupo ou indivíduo, como um
animal ou uma planta, é imprescindível a realização de um levantamento de dados, que é o
primeiro passo para se desenvolver um projeto, pois é necessário verificar quais são as espécies
de animais e plantas presentes no local focal do estudo, seus status de conservação e se existe
algum tipo de ameaça à sobrevivência de tais organismos em determinada área. É a partir de um
levantamento detalhado que é possível definir uma metodologia adequada ao projeto proposto.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Sabe-se também que o levantamento da flora (plantas) e da fauna (animais) é um processo


fundamental para um licenciamento ambiental (CONAMA, 1997).

Levantamento de fauna é um estudo voltado à área da zoologia, que visa identificar a diversidade
de animais situados em determinada área e em determinado período, o seu estado de
conservação e as relações existentes entre eles. Esse procedimento pode ocorrer, por exemplo,
em relação aos vertebrados, a partir do levantamento de Ictiofauna (peixes), Herpetofauna
(anfíbios e répteis), Avifauna (aves) e Mastofauna (mamíferos).

O levantamento de flora é um estudo que visa identificar a diversidade de vegetais em


determinada área e período, a sua situação e o seu impacto sobre ela. Ao inventariar a fauna e a
flora em dada região, podemos identificar o grau de antropização dessa área, verificar se existem
espécies endêmicas (que só existem nesse local) e espécies ameaçadas de extinção nos
fragmentos florestais da área de influência de um empreendimento. O mapeamento também
colabora na identificação de possíveis espécies da fauna transmissoras de zoonoses,
identificando-a pelo grau de degradação do ambiente e detectando a possibilidade de
transmissão de doenças aos humanos. Assim como o levantamento de dados, o mapeamento
das áreas amostrais é um instrumento fundamental para o planejamento adequado de qualquer
projeto (OLIVEIRA et al., 2019).

Os levantamentos de dados secundários de fauna e flora devem ser realizados através da


literatura (livros e artigos científicos). Já os levantamentos de dados primários são realizados em
campo, com o objetivo de somar as informações e verificar as lacunas do conhecimento. As
técnicas utilizadas em campo dependem do grupo que está sendo estudado e envolvem
metodologias diurnas e noturnas, pois acompanham os hábitos das espécies estudadas.
Durante os inventários, os vegetais e os animais são identificados e contados. Todas essas
informações são essenciais para o projeto ou pesquisa, pois realizam um diagnóstico
quantitativo e qualitativo da região, direcionando, assim, as ações necessárias, seja para um
plano de manejo, para uma pesquisa acadêmica ou para um licenciamento ambiental
(LAZARETTI, 2013). Tais trabalhos são fundamentais para as tomadas de decisão.

Siga em Frente...

Os serviços ecossistêmicos são fundamentais para dar suporte à vida no planeta Terra. Certas
atividades, como os processos de urbanização, afetam o equilíbrio de biomas e ecossistemas,
provocando consequências drásticas, como a extinção de espécies e a presença de animais
silvestres em ambientes urbanos, fazendo-se necessário o estudo da Ecologia e a elaboração de
projetos ambientais. Durante a execução desses projetos, o levantamento de dados e o
mapeamento da área amostral são estudos essenciais. Antes da realização do mapeamento da
área amostral, é necessário que se faça um levantamento de dados, através do uso de
programas como o DataGEO, que se trata de um Sistema de Informações Geográficas de trocas
de informações entre diferentes instituições e órgãos e ferramentas de geoprocessamento. Para
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

se fazer um mapeamento correto, as variáveis ambientais e socioeconômicas precisam ser


consideradas (DATAGEO, 2023).

Segundo o DataGeo (2023), o levantamento e o mapeamento constituem uma ferramenta para


avaliar os impactos e obter informações dos meios biótico e abiótico. Os dados obtidos devem
ser exatos, pois os resultados podem ser utilizados em vários tipos de trabalhos, como: manejo,
conservação, monitoramento do meio ambiente e levantamento ambiental. Vale ressaltar que
uma informação errada pode se tornar catastrófica.

Para a construção das listas de espécies ameaçadas de extinção, o primeiro passo é reunir
todos os estudos e levantamentos realizados e mapeá-los, de forma que se possa ter a
distribuição das espécies na paisagem. O trabalho de Peres, Magris e Ribeiro (2011) apresenta e
retrata sobre a importância de se realizar a avaliação de risco das espécies. Outro exemplo pode
ser visto no artigo de Costa e Almeida Júnior (2020), em que foi realizado um levantamento, um
mapeamento e uma descrição da flora dos fragmentos florestais da Universidade Federal do
Maranhão. Essa pesquisa gerou informações úteis e importantes para o manejo e a conservação
da área. Rosa (2017, p. 25), realizou uma pesquisa comparando e analisando diferentes
metodologias de mapeamento da o monitoramento da cobertura vegetal cobertura florestal da
Mata Atlântica, na qual afirma que “o monitoramento da cobertura vegetal em escala regional é
essencial para subsidiar estimativas de gases do efeito estufa, estudos de biodiversidade e
planejamento”. Um dos produtos gerados com o levantamento e o mapeamento de flora foi o
Atlas produzido pela SOS Mata Atlântica/INPE (2019). Esse material foi produzido por
interpretação visual de imagens Landsat na escala 1:50.000.

O Plano de Monitoramento do Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro, no estado do


Amazonas, cujos editores foram Didier e Estupiñán (2017), inclui vários capítulos que
apresentam monitoramentos de fauna com mapeamento, entre eles está o Plano de
Monitoramento da onça-pintada e espécies cinegéticas no Mosaico do Baixo Rio Negro (MBRN).
Este último teve como objetivo diagnosticar e compreender os processos que impactam as
onças e outras espécies vítimas da caça.

Vamos Exercitar?
Em 1981, o Brasil criou, com a Lei nº 6.938/1981, a Política Nacional de Meio Ambiente, que tem
como objetivo:

[...] a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando


assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente


como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o
uso coletivo;
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ECOLOGIA E SAÚDE

II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção


dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas;

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,


objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. (BRASIL, 1981, [s.
p.])

Com a criação dessa lei, o Brasil deu o primeiro passo para estabelecer normas e regras para o
licenciamento ambiental (LA) e para criar o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
cujo objetivo é estabelecer normas e padrões ambientais para empreendimentos. Duas
CONAMAS se destacam no LA: a CONAMA nº 1/1986 e a CONAMA nº 237/1997. A primeira
estabelece “as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para
uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente” (CONAMA, 1986, [s. p.]) e a segunda, “dispõe sobre conceitos,
sujeição, e procedimento para obtenção de Licenciamento Ambiental, e dá outras providências”
(CONAMA, 1997, p. 644).

Com o apoio da legislação e dessas resoluções, o LA garante a utilização dos recursos de forma
sustentável, assegura a fiscalização da construção, da instalação, da ampliação e da operação
de um empreendimento. Dessa forma, essa instalação é concedida mediante exigências,
condições, restrições e regras a serem seguidas (CONAMA, 1997).

O LA é realizado por profissionais habilitados que visam promover o desenvolvimento


socioeconômico sustentável. Dependendo da localização do empreendimento, ele pode ser
conduzido pelo Município, pelo estado ou pela União e licenciado pelo Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou órgão responsável. Se o
empreendimento ou a atividade envolver uma Unidade de Conservação (UC), terras indígenas ou
quilombola, áreas de bens culturais e impactar espécies ameaçadas, durante o processo de LA,
outros órgãos, como a FUNAI, o INCRA e o ICMBIO, poderão se envolver (IBAMA, 2020).
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O processo de LA é composto pelas etapas de Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e
Licença de Operação (LO). A LP atesta se o projeto é viável de ser realizado na localização e
estabelece exigências a serem desenvolvidas. A LI autoriza o início das obras de acordo com as
exigências estabelecidas. E a LO autoriza o funcionamento da atividade; ela é emitida após a
apuração das medidas preventivas (CONAMA, 1997).

Algumas atividades não requerem um LA, para serem efetuadas; nesses casos, somente uma
autorização do órgão ambiental e uma emissão de licenças, como transporte de recursos
naturais (como as espécies nativas) e o manejo, por exemplo, são suficientes (IBAMA, 2020).

Saiba mais
Para se aprofundar ainda mais acesse e leia:

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica
(2017-2018).

LUGARINI, C.; VERCILLO, U. Como Realizar a Gestão de um Projeto de Alto Risco? O Relato da
Repatriação das Ararinhas-azuis ao Brasil. BioBrasil, Brasília, v. 11, n. 1, p. 1-10, 2021.

PERES, M. B.; MAGRIS, R. de A.; RIBEIRO, K. T. Biodiversidade Brasileira Número Temático.


Avaliação do Estado de Conservação das Tartarugas Marinhas. Apresentação. BioBrasil, Brasília,
ano 1, n. 1, p. 1-2, 2011.

Referências

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília:
Presidência da República, 1981. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 2 mar. 2023.

CONAMA. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Brasília: IBAMA, 1986.


Disponível em: http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/MMA/RE0001-230186.PDF.
Acesso em: 2 mar. 2023.

CONAMA. Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe sobre conceitos,


sujeição, e procedimento para obtenção de Licenciamento Ambiental, e dá outras providências.
Brasília: IBAMA, 1997. Disponível em: http://conama.mma.gov.br/?
option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=237. Acesso em: 2 mar. 2023.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

COSTA, L. B. S.; ALMEIDA JÚNIOR, E. B. Checklist da flora fanerogâmica e mapeamento das


áreas de fragmentos florestais urbanos em São Luís do Maranhão. Revista Equador, [S. l.], v. 9, n.
3, p. 26-39, 2020.

DATAGEO. Sobre. DataGEO, São Paulo, 2023. Disponível em:


https://datageo.ambiente.sp.gov.br/sobre. Acesso em: 2 mar. 2023.

DIDIER, K., ESTUPIÑÁN, G. M. B. (ed). Plano de Monitoramento do Mosaico de Áreas Protegidas


do Baixo Rio Negro, Amazonas, Brasil. Manaus: WCS Brasil: Conselho do Mosaico do Baixo Rio
Negro, 2017.

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica:
período 2019/2020, relatório técnico / Fundação SOS Mata Atlântica / Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais – INPE. – São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica, 2021.
73p.: il., fotos, mapas; 29,7 x 21cm. Disponível em: https://cms.sosma.org.br/wp-
content/uploads/2021/05/SOSMA_Atlas-da-Mata-Atlantica_2019-2020.pdf . Acesso em: 17 mar.
2023.

IBAMA. Sobre Licenciamento Ambiental Federal. IBAMA, Brasília, 23 ago. 2020. Disponível em:
http://www.ibama.gov.br/laf/sobre-o-licenciamento-ambiental-federal. Acesso em: 2 mar. 2023.

ICMBIO. Fauna brasileira. Gov.br, Brasília, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/icmbio/pt-


br/assuntos/programas-e-projetos/fauna-brasileira. Acessado em: 2 mar. 2023.

LAZARETTI, T. Métodos de Pesquisas para levantamento de fauna e flora silvestres. Xanxerê: [s.
n.], 2013.

LUGARINI, C.; VERCILLO, U. Como Realizar a Gestão de um Projeto de Alto Risco? O Relato da
Repatriação das Ararinhas-azuis ao Brasil. BioBrasil, Brasília, v. 11, n. 1, p. 1-10, 2021.

OLIVEIRA, V. A. de et al. Recomendações práticas para levantamentos de reconhecimento à


detalhado de solos. Rio de Janeiro: Embrapa solos, 2019.

PERES, M. B.; MAGRIS, R. de A.; RIBEIRO, K. T. Biodiversidade Brasileira. Número Temático.


Avaliação do Estado de Conservação das Tartarugas Marinhas. Apresentação. BioBrasil, Brasília,
ano 1, n. 1, p. 1-2, 2011.

PNLA. PNLA Ministério do Meio Ambiente, Brasília, 2023. Disponível em:


https://pnla.mma.gov.br/etapas-do-licenciamento. Acesso em: 28 nov. 2022.

ROSA, M. R. Comparação e análise de diferentes metodologias de mapeamento da cobertura


florestal da mata atlântica. Boletim Paulista De Geografia, (95), 25–34. 2017. Disponível em:
https://publicacoes.agb.org.br/boletim-paulista/article/view/658 . Acesso em: 17 mar. 2023.
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ECOLOGIA E SAÚDE

Aula 4
Biodiversidade e Recursos naturais

Videoaula: Biodiversidade e recursos naturais

Este conteúdo é um vídeo!


Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

Olá, estudante! Nesta aula você aprendeu um pouco sobre os seis biomas brasileiros, suas
características básicas, a importância da sua conservação através de estratégias, projetos,
planos e políticas. Agora que você já estudou sobre os biomas e a sua conservação, assista ao
vídeo a seguir para aprofundar seu conhecimento!

Ponto de Partida
Olá, estudante! O Brasil é um país de extensão continental, composta por diversos biomas que
serão apresentados no decorrer desta aula. Essas grandes divisões formadas por fisionomias
vegetacionais e edáficas (solo) possuem vários ecossistemas, que são sistemas abertos em que
ocorre a interação entre fatores bióticos (plantas, animais, fungos e microrganismos) e fatores
abióticos (não vivos). Consideramos como fatores abióticos toda a física e a química
formadoras de um lugar e que interagem com ele – temperatura, clima, pressão, umidade, entre
outros. É dentro desses ecossistemas que a energia flui unidirecionalmente e a matéria circula.
Tendo isso em vista, vamos dar início à aula. Bons estudos!

Vamos Começar!

A palavra biodiversidade se refere à variedade de formas de vida existentes em nosso planeta.


“Bio” significa vida e diversidade se refere à “variedade”, isto é, a existência de infinitas maneiras
através das quais a vida se manifesta neste mundo. Thomas Lovejoy (1941-2023), foi um
cientista norte-americano e uma importante liderança ambientalista que cunhou o termo
diversidade biológica. Lovejoy foi um pioneiro na biologia da conservação (GUIMARÃES;
FIORAVANTI, 2015).
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ECOLOGIA E SAÚDE

Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica, o termo Biodiversidade é definido como:

a variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens, incluindo, os ecossistemas


terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais
fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espécie, entre as espécies e dos
ecossistemas (BRASIL, 2000).

Tal biodiversidade se espalha pelos seis biomas que fazem parte do nosso país. O Brasil, por
estar inserido em um território continental, possui uma extensa costa marinha, que apresenta
variadas zonas climáticas e, por consequência, uma amplitude de ecossistemas
(BIODIVERSIDADE, [s. d.]).

Apesar de ser um país rico em recursos naturais, vale lembrar que eles não são ilimitados. O
aumento demográfico e o aumento da utilização desses recursos para atender às demandas
humanas acarretam uma considerável escassez das nossas reservas, impactando o meio
ambiente e a sociedade. Por tais razões, a conservação dos ecossistemas é de suma
importância, sendo protegida e definida pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, como:

o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a


utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa
produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial
de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência
dos seres vivos em geral (BRASIL, 2000).

Com o intuito de conservar a biodiversidade, várias estratégias foram implementadas, como as


Leis de Crimes Ambientais, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), o Código
Florestal (CF), a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), a Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA), entre outros (BRASIL, 1981; BRASIL, 1998; BRASIL, 1999; BRASIL, 2000;
BRASIL, 2012).

A conservação conta com ações que visam proteger a integridade do meio ambiente e abrange
também ações de restauração dos recursos naturais, da paisagem, da fauna e da flora; visam
promover ações em prol da sustentabilidade e da redução dos diversos impactos antrópicos.
Essas ações são realizadas por meio de práticas, políticas, normas, diretrizes, técnicas,
pesquisas e projetos de conservação (BRASIL, 1981; BRASIL, 2000).

A conservação da biodiversidade pode ser in situ, que é a conservação dos ecossistemas e a


manutenção e a recuperação do habitat natural e da população das espécies em seus ambientes
naturais, ou ex situ, fora de seu meio natural, como em jardins botânicos e zoológicos. Contudo,
este tipo de conservação é limitado, porque não permite que todas as relações ecológicas e
biológicas dos organismos sejam preservadas. Normalmente são utilizadas para fins
reprodutivos, de pesquisa e de educação ambiental (BRASIL, 2000; BRASIL, 2015).
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ECOLOGIA E SAÚDE

Siga em Frente...

Os biomas são áreas de grande extensão constituídas por agrupamento de ecossistemas, com
características climáticas, de fauna e geológicas semelhantes. No Brasil, o maior bioma é o da
Amazônia, que ocupa cerca de 49% do território brasileiro e engloba os estados do Acre, Amapá,
Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia e partes do Tocantins, do Maranhão e do Mato Grosso. Esse
bioma é reconhecido por abrigar a maior biodiversidade do mundo, e sua grande floresta cobre e
protege a bacia hidrográfica da Amazônia. O rio Amazonas é o mais volumoso do planeta e
contribui com 20% de toda a água doce que chega ao oceano Atlântico. Seu solo é arenoso e seu
clima é predominantemente equatorial, quente e úmido. A Amazônia apresenta cerca de seis
ecossistemas, são eles: refúgios de montanhas, manguezais, savanas, florestas de terra firme, de
igapó e de várzea. No entanto, essa imensa e rica área florestal hoje se encontra fortemente
impactada em decorrência do avanço da agricultura, da pecuária e de obras de infraestrutura,
como hidrelétricas, da exploração madeireira, da grilagem de terras, do garimpo, da expansão
dos assentamentos humanos, da caça e da exploração dos recursos florestais (AMAZÔNIA,
2022).

O segundo maior bioma do Brasil é o Cerrado, que ocupa cerca de 24% do território brasileiro.
Esse bioma abrange o Maranhão, o Distrito Federal, Goiás, Tocantins, Bahia, Piauí, Mato Grosso,
Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Apresenta solo poroso e permeável. Seu clima é tropical
semiúmido, ou seja, quente e marcado por um verão úmido e um inverno seco. Esse bioma está
ameaçado pela expansão urbana, pela agricultura e pela pecuária intensa. Em relação às
formações vegetacionais, o Cerrado apresenta uma formação florestal chamada de cerradão,
savana dominada por herbáceas, árvores pequenas, arbustos, palmeiras sem tronco e campos
sujo e limpo (CERRADO, 2022).

A Mata Atlântica ocupa aproximadamente 13% do território brasileiro e é o segundo bioma


nacional mais diverso em ecossistemas associados, como restingas, campos de altitude e
manguezais. A Mata Atlântica é rica em endemismo e sofre fortemente com a expansão urbana
e de empreendimentos, além da exploração dos seus recursos naturais. Essa floresta e o
Cerrado são os biomas considerados hotspots (pontos quentes ou áreas críticas) para a
conservação. A Conservação Internacional (CI) adotou esse conceito em 1989 e, em 1999, listou
os 25 hotspots da Terra. O Cerrado está em quarto lugar e a Mata Atlântica em quinto (MATA
ATLÂNTICA, 2022).

A Caatinga ocupa os estados do Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Sergipe,
Pernambuco, Bahia, o norte de Minas Gerais e Alagoas. Possui um solo predominantemente raso
e pedregoso, rico em minerais e pobre em matéria orgânica. Seu clima é semiárido (CAATINGA,
2022).

O bioma Pampa é encontrado somente no estado do Rio Grande do Sul, e seu clima é tropical.
Apresenta vegetação rasteira, herbáceas, gramíneas e pequenos arbustos espalhados na
paisagem. Ocupa cerca de 2% do território nacional (PAMPA, 2022).
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ECOLOGIA E SAÚDE

Por fim, o Pantanal, que abrange dois estados, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, é
considerado a maior planície alagada contínua do mundo, possui solo arenoso de baixa
fertilidade e um clima subtropical frio. Em relação à fauna, é rico em peixes, aves e mamíferos.
Possui épocas de seca e de inundação (PANTANAL, 2022).

Vamos Exercitar?
O meio ambiente é fundamental para a manutenção da vida no planeta Terra. Reconhecendo a
importância dos recursos naturais, a conservação se tornou prioridade. Com esse propósito, são
fundamentais a implementação de estratégias como pesquisas, monitoramento, instituição de
leis, ações de fiscalização, recuperação de áreas degradadas, criação de áreas protegidas ou de
unidades de conservação, corredores ecológicos, além de incentivar práticas educativas e
sustentáveis. Além disso, é também fundamental fomentar o conhecimento científico e a
educação ambiental (BRASIL, 1999; BRASIL, 2000; BRASIL, 2015; HASSLER, 2005; ALMEIDA;
GOMES; QUEIROZ, 2011).

As devastações dos biomas geram a fragmentação, que é o processo no qual uma área natural
se transforma em pequenas manchas com área total menor, ou seja, vão se formando pequenas
ilhas verdes isoladas. A fragmentação vem causando muitos impactos negativos para a
biodiversidade, como perda da variabilidade genética e prejuízos aos animais predadores de topo
de cadeia, já que, em geral, precisam de grandes áreas para sobreviver. Aves e mamíferos que se
deslocam entre esses fragmentos em busca de alimento, abrigo e parceiros para a reprodução
encontram obstáculos como estradas e áreas agrícolas. No ambiente aquático, esse isolamento
também pode ocorrer quando barragens são construídas (VALENTI & LARED, 2016).

A conservação ex situ favorece a reprodução da fauna e conserva a flora através do banco de


sementes e germoplasma, fora do seu ambiente natural. Tais feitos ocorrem em jardins
botânicos e zoológicos, por exemplo. Segundo Silveira et al. (2018), hoje, cerca de apenas 21%
das espécies ameaçadas conhecidas estão conservadas ex situ, o que vai de acordo com o que
foi estabelecido na Meta 8 da Estratégia Global de Conservação de Plantas. Essa estratégia
prevê a incorporação de 75% de espécies ameaçadas em coleções e 20% em programas de
restauração ecológica.

Já a conservação in situ refere-se à conservação da biodiversidade no próprio ambiente natural


de origem. São estratégias viáveis o manejo da paisagem a partir de zoneamentos e sistemas
agroflorestais, a reabilitação ou restauração da paisagem, as áreas protegidas e as unidades de
conservação (EMBRAPA, [s. d.]).

Além dessas estratégias, outras ações são necessárias, como políticas públicas e ações
institucionais que regulam e fiscalizam o uso dos recursos naturais. O combate rigoroso à caça e
ao comércio de animais silvestres, além de leis que regulam a entrada de espécies exóticas
invasoras no território nacional são ações que apoiam a conservação de biodiversidade (BRASIL,
1998).
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A atenção ao zoneamento do uso do solo, respeitando a legislação e impedindo a ocupação das


áreas de proteção, incluindo nascentes, rios e demais corpos d’água, também favorecem a
preservação ambiental (BRASIL, 1981; BRASIL, 2000).

Visando à conservação dos biomas brasileiros, foram implementados diversos projetos técnicos
e educativos ao longo dos anos, os quais têm como objetivo recuperar áreas que foram
degradadas e fortalecer práticas de manejo sustentável e políticas de recuperação e
conservação na área.

A construção de um novo posicionamento ético para a conservação da biodiversidade passa por


situações polêmicas e conflituosas. Sendo assim, os impactos e conflitos fazem parte da
realidade e precisam ser trabalhados nas ações de educação ambiental (CARVALHO, 2001).

Saiba mais
Para se aprofundar mais nos biomas brasileiros, acesse:

Ecossistemas - Biomas.
Caatinga – Estratégias para conservação.

E para conhecer mais sobre os hotspots, visite:

Hotspots revisitados – as regiões biologicamente mais ricas e ameaçadas do planeta.

Referências
ALMEIDA, F. S.; GOMES, D. S.; QUEIROZ, J. M. de. Estratégias para a conservação da diversidade
biológica em florestas fragmentadas. Ambiência, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 367-382, 2011.

AMAZÔNIA. In: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA. Gov.br, Brasília, 10


mar. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-
1/biomas/amazonia. Acesso em: 28 nov. 2022.

BIODIVERSIDADE. In: MMA. Gov.br, Brasília, [s. d.]. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-
br/assuntos/biodiversidade. Acesso em: 22 nov. 2022.

BIOMAS. In: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA. Gov.br, Brasília, [s. d.].
Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-1/biomas/. Acesso em:
30 jan. 2023.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário
Oficial da União: Brasília, DF, 1981. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm . Acesso em: 20 mar. 2023.

BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 1998. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm . Acesso em: 20 mar. 2023.

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da União:
Brasília, DF, 1999. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm . Acesso
em: 20 mar. 2023.

BRASIL. Convenção sobre diversidade biológica. Cópia do Decreto Legislativo nº 2, de 5 de junho


de 1992. Brasília, DF, 2000. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-
br/textoconvenoportugus.pdf . Acesso em: 20 mar. 2023.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da
Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá
outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2000. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm . Acesso em: 20 mar. 2023.

BRASIL. Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a utilização e proteção da


vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências. Diário Oficial da União:
Brasília, DF, 2006. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11428.htm . Acesso em: 20 mar. 2023.

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa;
altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428,
de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14
de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras
providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 2012. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm . Acesso em: 20 mar.
2023.

BRASIL. Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art.


225 da Constituição Federal, o Artigo 1, a alínea j do Artigo 8, a alínea c do Artigo 10, o Artigo 15
e os §§ 3º e 4º do Artigo 16 da Convenção sobre Diversidade Biológica, promulgada pelo Decreto
nº 2.519, de 16 de março de 1998; dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a
proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios
para conservação e uso sustentável da biodiversidade; revoga a Medida Provisória nº 2.186-16,
de 23 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2015.
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13123.htm .


Acesso em: 20 mar. 2023.

CAATINGA. In: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA. Gov.br, Brasília, 8 abr.
2022. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-
1/biomas/caatinga. Acesso em: 30 jan. 2023.

CARVALHO, I. C. M. A invenção do sujeito ecológico: sentidos e trajetórias em educação


ambiental. 2001. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

CERRADO. In: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA. Gov.br, Brasília, 8 abr.
2022. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-1/biomas/cerrado.
Acesso em: 30 jan. 2023.

EMBRAPA. In situ conservation and management of genetic resources. Embrapa Genetic


Resources & Biotechnology, Brasília, [s. d.]. Disponível em: https://www.embrapa.br/recursos-
geneticos-e-biotecnologia/gp/in-situ. Acesso em: 2 mar. 2023.

FUNBIO. Paisagens sustentáveis da Amazônia. Disponível em:


https://www.funbio.org.br/programas_e_projetos/paisagens-sustentaveis-da-amazonia/ . Acesso
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GUIMARÃES, M.; FIORAVANTI, C. Thomas Lovejoy: cinquenta anos de Amazonia. Revista FAPESP,
São Paulo, ed. 230, abr. 2015. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/thomas-lovejoy-
cinquenta-anos-de-amazonia/. Acesso em: 2 mar. 2023.

HASSLER, M. L. A importância das unidades de conservação no Brasil. Sociedade & Natureza, [S.
l.], v. 17, n. 33, p. 79-89, 2005.

HOTSPOTS revisitados – As Regiões Biologicamente mais Ricas e Ameaçadas do Planeta. [S. l.]:
Conservação Internacional, [s. d.]. Disponível em: https://www.conservation.org/docs/default-
source/brasil/HotspotsRevisitados.pdf. Acesso em: 2 mar. 2023.

IBGE. Biomas brasileiros. IBGE educa, Rio de Janeiro, c2023. Disponível em:
https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/territorio/18307-biomas-brasileiros.html.
Acesso em: 2 mar. 2023.

IPEA. Catálogo de políticas públicas, [S. l., s. d.]. Disponível em:


https://catalogo.ipea.gov.br/politica/81/programa-cerrado-sustentavel. Acesso em: 28 nov.
2022.

ISPN. Caatinga. Instituto Sociedade, população e natureza, [S. l.], 2023. Disponível em:
https://ispn.org.br/biomas/caatinga/estrategias-para-conservacao. Acesso em: 2 mar. 2023.
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

MATA ATLÂNTICA. In: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA. Gov.br, Brasília,
3 maio 2022. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-
1/biomas/mata-atlantica. Acesso em: 28 nov. 2022.

MMA. GEF Terrestre – Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a


Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal. Gov.br, Brasília, 11 mar. 2022. Disponível em:
https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-1/projetos/gef-terrestre-projeto-
estrategias-de-conservacao-restauracao-e-manejo-para-a-biodiversidade-da-caatinga-pampa-e-
pantanal. Acesso em: 30 jan. 2023.

PAMPA. In: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA. Gov.br, Brasília, 31 mar.
2022. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-1/biomas/pampa.
Acesso em: 30 jan. 2023.

PANTANAL. In: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA. Gov.br, Brasília, 8 abr.
2022. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/ecossistemas-
1/biomas/pantanal. Acesso em: 30 jan. 2023.

SILVEIRA F. A. O. et al. Ex situ conservation of threatened plants in Brazil: a strategic plan to


achieve Target 8 of the Global Strategy for Plant Conservation. Rodriguésia, [S. l.], v. 69, n. 4, p.
1547-1555, 2018.

VALENTI, M. W.; LARED, V. G. Impactos e conflitos na conservação da biodiversidade. In:


OLIVEIRA, H. T. et al. Educação Ambiental para a conservação da biodiversidade: animais de topo
de cadeia. São Carlos: Diagrama Editorial, 2016. 200p. il.

Aula 5
Encerramento da Unidade

Vídeo Aula Encerramento

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Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Olá, estudante! Nesta unidade você teve a oportunidade de conhecer a importância e os


conceitos da ciência da Ecologia. Foi possível aprender sobre suas ferramentas e aplicações
através do levantamento de dados, do mapeamento e das análises e ampliar a compreensão
sobre a importância de tais temáticas para a conservação ambiental. Além disso, estudamos o
desenvolvimento de projetos ambientais e como eles são fundamentais. Para entender melhor a
relação dos conteúdos dessa unidade, veja este vídeo!

Ponto de Chegada
A preocupação com o uso adequado e a conservação dos recursos naturais vem aumentando
em todo o mundo desde o século XX. Discussões sobre o conhecimento, a conservação e o uso
sustentável da fauna, da flora, dos fungos e do ambiente onde vivem esses organismos
atualmente perpassam diferentes meios de comunicação e segmentos da sociedade (PEIXOTO;
LUZ; BRITO, 2016). Nesse cenário, a Ecologia é uma das ciências fundamentais que deve estar
inserida tanto na educação ambiental (EA) como em projetos de manejo e conservação
ambiental.

Apesar de parecer simples, a Ecologia é uma ciência bastante complexa e abrangente, uma vez
que cada pequeno fator, físico, químico ou biológico, é essencial para garantir a sobrevivência de
determinado organismo. Com dela, passamos a saber também que nenhum organismo
consegue viver sem interagir com outros seres e com o meio (LEITE, 2020).

A defesa da preservação da biodiversidade assume, na contemporaneidade, entre outros, o


discurso do desenvolvimento sustentável, no qual a manutenção da biodiversidade é valorizada
porque se torna garantia para a existência da vida humana na Terra (CORNILS; FRANCO, 2013).

Nesta unidade você conheceu alguns conceitos básicos da Ecologia e aprendeu sobre sua
contribuição para atividades como manejo dos recursos naturais, levantamento, coleta e análise
de dados, mapeamento de área amostral, biomas brasileiros e estratégias de conservação. Os
serviços ecossistêmicos que a natureza nos proporciona mantêm a vida no planeta; sem eles a
vida humana seria inviável. Por isso, faz-se necessário desenvolver e aplicar medidas em prol da
conservação ambiental e da sustentabilidade.

Pesquisas, projetos e ações são fundamentais, de forma que saber usar as ferramentas e a
literatura disponível contribui muito para o sucesso de cada um deles. Metodologias adequadas
ajudam a alcançar os objetivos e a gerar bons resultados. Dados de qualidade servem de
embasamento confiável para futuros projetos a fim de fomentar outros estudos e novas
descobertas e soluções (PHILIPPI JÚNIOR; PELICIONI, 2005).

A importância da restauração ecológica é reconhecida e apoiada por diversas iniciativas. A


restauração ecológica tem respaldo na legislação ambiental brasileira, por exemplo, por meio da
Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei nº 12.651/2012), mais conhecida como Código
Florestal. A partir dessa lei, foi criado, em janeiro de 2015, o Plano Nacional de Recuperação da
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Vegetação Nativa (Planaveg), que, entre outras medidas, prevê a restauração de, no mínimo, 12,5
milhões de hectares até o ano de 2035, incluindo a recuperação de áreas degradadas dentro de
unidades de conservação, áreas de preservação permanente, áreas de reserva legal e terras
indígenas (OVERBECK et al., 2016).

É Hora de Praticar!

O impacto ambiental apresenta diversas definições. Uma delas o caracteriza como qualquer
alteração no meio ambiente que foi induzida por ações antrópicas ou modificada por condições
adversas do meio ambiente, sejam benéficas, sejam maléficas, total ou parcialmente. Partindo
do princípio de que qualquer mudança gera impactos, a construção de uma rodovia, por exemplo,
revelará os seus prós e contras. Com relação aos impactos positivos, é possível citar o
crescimento na geração de empregos durante a construção da rodovia, a ligação entre as
regiões, facilitando o escoamento da produção, a facilidade no deslocamento de pessoas, a
redução dos custos de transporte, a segurança de uso e o fluxo mais contínuo. Em contrapartida,
os impactos ambientais negativos são o desmatamento da área onde vai ser construída a
rodovia, que provocará a interrupção indeterminada de corredores bióticos enquanto existir essa
rodovia; a compactação de solo; o desvio de águas pluviais; a geração de resíduos sólidos; a
poluição sonora e atmosférica devido ao aumento do fluxo de veículos; a perturbação da fauna
local, entre outros.
De acordo com o que você aprendeu nesta unidade sobre os conceitos básicos e a importância
da Ecologia, o desenvolvimento de projetos ambientais, as análises de dados e o licenciamento
ambiental, vamos resolver uma situação-problema. Nesse contexto, imagine que você foi
contratado por uma empresa para coordenar o licenciamento ambiental para a abertura de uma
rodovia que atravessará uma área vegetada de Mata Atlântica. Tal rodovia passará por dois
estados do país. O que você precisa fazer para realizar o processo de licenciamento dessa obra?
Explique as etapas e suas propostas para a redução de impactos. Releia o material das aulas
anteriores e reflita: o projeto possui alternativas? Se sim, quais são? Não esqueça que a
construção de rodovias deve ser objeto de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e sempre que
possuir duas ou mais faixas de rolamento, aspecto em que se enquadram todas as rodovias
federais, a maioria das estaduais e algumas municipais, o que vai de acordo com o art. 225, § 1º,
inciso IV. Portanto, verifique todas as possibilidades e bons estudos.

Lembre-se, de que o licenciamento ambiental é um instrumento cuja finalidade é promover o


desenvolvimento socioeconômico de forma sustentável, preservando o máximo possível do
ambiente natural. O licenciamento ambiental foi estabelecido pela Lei nº 6.938/1981, que dispõe
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e traz um conjunto de normas para a preservação
ambiental. É um importante instrumento de gestão por meio do qual a administração pública
controla empreendimentos e atividades efetivas ou potencialmente poluidoras e que possam
causar a degradação do meio ambiente.
As resoluções CONAMA nº 1/1986 e CONAMA nº 237/1997 estabelecem as definições, as
responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e dispõe sobre conceitos, sujeição e procedimento para
obtenção de Licenciamento Ambiental.
O desafio é adequar o licenciamento ambiental às melhores práticas, de modo a eliminar as
disfunções que comprometem a qualidade do meio ambiente e que geram obstáculos
desnecessários ao funcionamento pleno da economia

Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade!


Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a
oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos
transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais significativa. Não perca essa
chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido.

BRASIL. Lei Nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da União:
Brasília, DF, 1999.
_____ . Lei Nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2000.
CORNILS, F.; FRANCO, J. L. Biodiversidade, sustentabilidade e projetos de conservação de
espécies no Brasil. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 27., 2013, Natal. Anais [...]. Natal:
ANPUH Brasil, 2013. Disponível em:
http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364685620_ARQUIVO_anpuhfinal.pdf.
Acesso em: 2 mar. 2023.
LEITE, M. J. de H. Ecologia e conservação do meio ambiente. Campina Grande: Editora Amplla,
2022. 51 p. Disponível em:
https://ampllaeditora.com.br/books/2022/10/EcologiaConservacaoMeioAmbiente.pdf. Acesso
em: 2 mar. 2023.
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

OVERBECK, G. E. et al. Princípios e desafios da restauração ecológica em ecossistemas


brasileiros. In: PEIXOTO, A. L.; LUZ, J. R. P.; BRITO, M. A. Conhecendo a Biodiversidade. Brasília:
MCTIC/CNPq/PPBio, 2016.
PEIXOTO, A. L.; LUZ, J. R. P.; BRITO, M. A. Conhecendo a Biodiversidade. Brasília:
MCTIC/CNPq/PPBio, 2016.
PHILIPPI JUNIOR. A.; PELICIONI, M. C. F. Educação ambiental e sustentabilidade. Barueri:
Manole, 2005.
SOUZA, A. C. O. Ecologia e sustentabilidade. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A.,
2017.
,

Unidade 3
SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Aula 1
História da saúde e meio ambiente

Videoaula: História da saúde e meio ambiente

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Olá, estudante! Na aula teórica, estudamos o histórico da relação entre o homem e o meio
ambiente e as causas dessa interação. Esses assuntos são fundamentais para se compreender
a interação entre as ações antrópicas e as ambientais, que englobam os meios ecológicos,
sociais e culturais. No vídeo desta aula, você será apresentado a outros exemplos e poderá rever
os principais conceitos e informações acerca desses conteúdos. Vamos ao vídeo.

Ponto de Partida
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Olá, estudante! Nesta aula estudaremos as interações entre o ser humano e o meio ambiente
natural. A partir dessa relação, entenderemos quais são as alterações e os efeitos causados pela
ação antrópica na natureza e suas consequências para a sociedade e os recursos naturais.
Estudaremos também os impactos negativos que podem ocorrer à saúde e ao meio ecológico. A
compreensão dessa relação é imprescindível para que se assimile o elo causa/efeito de qualquer
intervenção humana ao meio ambiente e para que se desenvolvam ações que possam evitar ou
minimizar os impactos negativos ao meio ecológico e social. Vamos à aula!

Bons estudos!

Vamos Começar!
Desde o surgimento do planeta, ocorrem modificações no ambiente em decorrência das ações
naturais, ou seja, de diversas mudanças que acontecem independentemente da intervenção
humana. Desde a sua origem, há cerca de 4,5 bilhões de anos, a Terra seguiu uma evolução
determinada pelos fatores geológicos. Ao longo desse período, passou por transformações
significativas na crosta e na atmosfera.

A população mundial era de aproximadamente 5 milhões de habitantes no início do período


Holoceno, há cerca de 12 mil anos. Desde então, a relação do homem com a natureza passou a
ser uma construção histórica e social que se foi moldando ao longo do tempo. A estabilidade
climática do Holoceno propiciou o desenvolvimento econômico-social e o ser humano expandiu
suas atividades agrícolas e a domesticação de animais, construiu cidades e montou uma
máquina de produção e consumo de bens e serviços jamais vista até esse período (ALVES, 2020;
ARTAXO, 2014).

Em 2002, Paul Crutzen, ganhador do Prêmio Nobel de Química de 1995, publicou o artigo
Geology of mankind, na revista Nature, no qual sugeriu que o começo da Revolução Industrial,
nas últimas décadas do século XVIII, fosse considerado o início do Antropoceno (BELESSA,
2018). O antropocentrismo pode ser definido como uma visão de mundo na qual o ser humano
se apresenta como principal referencial, ou seja, o homem é considerado como o centro do
universo e tudo ao seu redor existe de forma única e exclusivamente em função dele (DAITX,
2010). Esse período representa um novo tempo da história do planeta, na qual o ser humano se
tornou a força impulsionadora da degradação ambiental e o vetor de ações que são
catalisadoras de uma significativa alteração ambiental. O desenvolvimento da agricultura e o
início da Revolução Industrial levaram a um explosivo crescimento populacional, que contribuiu
para acelerar essas alterações sobre os recursos naturais do planeta (ALVES, 2020; ARTAXO,
2014).

A espécie humana atua sobre a natureza muito mais intensamente quando se comparada a
outros animais, e um fator determinante para que isso ocorra é o fato de o homem atuar na
natureza não somente para retirar o necessário para a sua sobrevivência, mas também com
objetivo em produção ininterrupta, lucro e consumo em massa. Na maioria das vezes, as
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

extrações são, de fato, pouco necessárias, e feitas em período insuficiente para que a natureza
possa se restabelecer (ALBUQUERQUE, 2007).

Segundo Morais et al. (2020), qualquer atividade que atinja o meio ambiente direta ou
indiretamente, como o crescimento e o assentamento populacional, as “alterações climáticas” e
o uso indiscriminado de antibióticos, pode favorecer a disseminação de novas doenças, bem
como o reaparecimento de enfermidades outrora consideradas erradicadas. Essas incidências
são conhecidas como doenças emergentes e reemergentes, respectivamente, e vêm sendo
constantemente citadas nos meios de comunicação, despertando a população para os riscos
que tais distúrbios podem acarretar (MORAIS et al., 2020). De acordo com estudos científicos,
70% das doenças infecciosas emergentes surgem da interação entre o ser humano e o meio
ambiente. Diante disso, a necessidade de se compreender as variáveis envolvidas entre as
condições ambientais, a saúde e a qualidade de vida é essencial para se promover estratégias de
proteção à saúde humana e planetária (VIANNA, 2020).

Você conheceu as principais interações entre o ser humano e o meio ambiente; a seguir,
estudaremos as consequências delas.

Siga em Frente...
A humanidade sempre buscou na natureza maneiras de sobrevivência, como proteção na forma
de abrigo, alimentação, defesa de território e cura para doenças. Nesse contexto, as alterações
causadas pelos humanos sempre afetaram o ambiente, mas os impactos nesse período,
principalmente antes da Revolução Industrial, eram apenas locais ou regionais. O ser humano
fazia usava os recursos apenas para satisfazer suas necessidades básicas. Contudo, essa
relação foi afetada, causando desequilíbrio, quando a retirada ou a apropriação dos bens da
natureza passou a ocorrer para a produção de excedentes e não mais para a subsistência
(CORTEZ, 2011). Com isso, a humanidade emerge como uma força significante em toda a Terra,
sendo capaz de interferir em processos críticos de nosso planeta, afetando a composição da
atmosfera e alterando o solo e os cursos de rios (ARTAXO, 2014).

As atividades socioeconômicas cresceram de modo significativo ao longo dos últimos 200 anos
e, nos dias atuais, está sendo comparada às forças geofísicas que dão forma ao nosso planeta
(ARTAXO, 2014). Assim, o grau de apropriação e alteração ambiental antrópica pode ser definido
pelas formas de produção e comercialização dos bens extraídos da Terra e que estão
diretamente vinculados com a tecnologia (CORTEZ, 2011).

Durante a Idade Média, a falta de hábitos higiênicos se agravou, de forma mais intensa, com o
crescimento industrial, no final do século XVIII. O crescimento econômico, proporcionado pelo
avanço da Revolução Industrial, levou os camponeses em massa para as cidades, onde
passaram a viver sem infraestrutura, o que desencadeou vários problemas de saúde pública e
ambiental como epidemias de cólera, febre tifoide e peste negra. No início do século XIX, as
cidades cresciam de forma desordenada, e a qualidade de vida se deteriorava (PIGNATTI, 2004;
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

RIBEIRO; ROOKE, 2010). O despejo inadequado de esgoto tornou-se um agravante de


contaminação para os rios, lagos e pontos de coleta de água. Nesse contexto, o
desenvolvimento de estudos e técnicas para o tratamento do esgoto nas cidades passou a ser
fundamental (DÍAZ; NUNES, 2020).

Pesquisadores como Edwin Chadwick e John Snow estudaram a relação entre os processos
saúde-doença e concluíram que medidas sanitárias são, de fato, fundamentais. As pesquisas
realizadas por John Snow trouxeram as evidências necessárias para se estabelecer a associação
entre a água, os dejetos e a transmissão da cólera, reconhecendo-se as medidas de saneamento
como essenciais para a saúde pública. Esse estudo foi a etapa inicial das pesquisas em direção
à teoria microbiana, que ampliou o conhecimento sobre as questões biológicas influenciadoras
do processo saúde-doença, estimulando o progresso científico e tecnológico (SILVA et al., 2018).

Nesse contexto, o desenvolvimento da bacteriologia contribuiu para a sociedade valorizar a


saúde sanitária, bem como desenvolver meios para se obter água potável, protegê-la de
possíveis contaminações e ampliar as ações preventivas (DÍAZ; NUNES, 2020).

Diante dos agravantes ambientais e de saúde pública, algumas medidas foram tomadas para a
redução desses impactos no meio urbano, com destaque para as cidades inglesas. A reforma
sanitária de 1847 foi um marco importante para o surgimento de técnicas devido à falta de
saneamento na Inglaterra, no auge da Revolução Industrial. Entretanto, ela estipulava que os
esgotos domésticos e industriais deveriam ser interligados por um sistema e despejados nos
rios, cabendo a estes fazer o papel de depuração dos efluentes. Ao passo que essa medida
diminuiu os rejeitos na área urbana, acabou contribuindo para a contaminação dos rios
(ATHAYDES; PAROLIN; CRISPIM, 2020).

Vamos Exercitar?

A compreensão da maneira pela qual a humanidade se relaciona com a natureza está


intimamente ligada com a estruturação do modo de vida de determinada cultura. Por isso, a
compreensão dos processos históricos dessa relação é fundamental para o entendimento das
intervenções antrópicas. O fato de se atribuir ao ser humano uma parcela significativa de culpa
pelas alterações drásticas feitas na natureza advém da ideia de que é a partir do
desenvolvimento das tecnologias e dos seus desdobramentos socioespaciais que as catástrofes
vêm ocorrendo de forma exponencial. Sendo assim, as questões ambientais são, hoje,
associadas ao desenvolvimento da civilização, às crises sociais, econômicas e políticas que as
acompanham, de tal modo que a degradação do meio ambiente passa a ganhar a dimensão de
um problema socioambiental (LIMA, 2020; NAVES; BERNARDES, 2014).

As mudanças ambientais antropogênicas ameaçam a saúde humana por causar consequências


como a escassez de água e alimentos, aumentar os riscos de desastres naturais e provocar o
deslocamento de pessoas (ALBUQUERQUE, 2007; CORTEZ, 2011). Muitas dessas doenças são
emergentes ou reemergentes e seu ressurgimento é interpretado como a falta do desempenho
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

dos setores de saúde ou mesmo as más condições sanitárias de um país (LIMA, 2020). Segundo
Morais et al. (2020), as alterações climáticas, o uso indiscriminado de antibióticos e qualquer
outra atividade que atinja o meio ambiente direta ou indiretamente, como o crescimento e o
assentamento populacional, também propiciam a disseminação dessas doenças.

Vários são os impactos negativos das mudanças ambientais, dentre os quais pode-se destacar a
possibilidade de que se torne mais frequente a ocorrência de epidemias, bem como sua
intensidade. Entre as mudanças ambientais, as alterações climáticas são consideradas, pelos
cientistas, como influenciadoras na ocorrência de surtos de doenças infecciosas, seja em nível
local e regional, seja em nível global. Outra situação possível é que as mudanças do clima
possam influenciar mutações de agentes patogênicos já conhecidos, para as quais o ser
humano não está imunologicamente adaptado, levando a elevados índices de infecções e
letalidades (LIMA, 2020; MORAIS et al., 2020).

De acordo com Soares e Navarro (2014), ao analisarmos os contextos históricos relacionados às


ocorrências mais frequentes das doenças – embora o fator climático não seja determinante – tal
fato exerce impacto direto sobre a saúde humana, pois influencia padrões de distribuição de
doenças em diferentes grupos populacionais, dependendo das condições de higiene e de
recursos hídricos ou mesmo ambientais (biomas) desses grupos. Por exemplo, cidades com
populações grandes vivendo em pequenos espaços, saneamento básico inadequado, tanto em
relação ao abastecimento da água quanto aos sistemas de esgotamento sanitário, habitação
precária, ausência de infraestrutura urbana e agressão ao meio ambiente são fatores que
favorecem a proliferação e a disseminação de determinados agentes infecciosos, seus vetores e
reservatórios (MORAIS et al., 2020).

O processo de degradação ambiental não altera apenas o panorama dos ecossistemas, mas
também os diferentes modos de vida, influenciando os modelos de saúde vegetal, animal e
humano. Diversas patologias podem estar associadas às mudanças nas relações entre os seres
vivos e o meio (JESUS, 2019).

Diante do exposto, faz-se necessário procurar alternativas para que as ações antrópicas
mantenham uma relação de equilíbrio com o ambiente.

Saiba mais
Olá, estudante! Você estudou nesta aula algumas relações entre o homem e a natureza, bem
como a relação entre o meio ambiente e as questões de saúde. Essas áreas estão diretamente
relacionadas e o equilíbrio entre elas é importante para que se obtenha um meio ambiente
ecologicamente equilibrado e capaz de promover uma sadia qualidade de vida à população.

A seguir, acesse os sites de algumas instituições que atuam na promoção de saúde no Brasil.

Fundação Oswaldo Cruz.


Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Instituto Adolfo Lutz.


Instituto Butantan.

Referências
ALBUQUERQUE, B. P. As relações entre o homem e a natureza e a crise sócio-ambiental. 2007.
Monografia (Técnico em Laboratório de Biodiagnóstico em Saúde) – Escola Politécnica de Saúde
Joaquim Venâncio, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro: 2007.

ALVES, J. E. D. Antropoceno: a Era do colapso ambiental. CEE Fiocruz, Rio de Janeiro, 16 jan.
2020. Disponível em: https://cee.fiocruz.br/?q=node/1106. Acesso em: 19 fev. 2023.

ARTAXO, P. Uma nova era geológica em nosso planeta: o Antropoceno? Revista USP, São Paulo, n.
103, p. 13-24, 2014.

ATHAYDES, T. V. S; PAROLIN, M.; CRISPIM, J. Q. Análise histórica sobre práticas de saneamento


básico no mundo. Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, [S. l.], v. 8, n. 65, 2020.
Disponível em:
https://publicacoes.amigosdanatureza.org.br/index.php/gerenciamento_de_cidades/article/view
/2586. Acesso em: 19 fev. 2023.

BELESSA, M. Os critérios para a definição da nova época geológica, o Antropoceno. Instituto de


Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2 maio 2018. Disponível em:
http://www.iea.usp.br/noticias/conversa-sobre-o-antropoceno. Acesso em: 19 fev. 2023.

BUTANTAN. Portal do Butantan, São Paulo, 2023. Disponível em: https://butantan.gov.br/.


Acesso em: 19 fev. 2023.

CORTEZ, A. T. O lugar do homem na natureza. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo,


v. 22, p. 29-44, 2011.

DAITX, V. V. O ensino de ciência e a visão antropocêntrica. 2010. Monografia (Licenciatura em


Ciências Biológicas) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

DÍAZ, R. R. L; NUNES, L. R. A evolução do saneamento básico na história e o debate de sua


privatização no Brasil. Revista de Direito da Faculdade Guanambi, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 1-23, 2020.

FIOCRUZ. Fundação Oswaldo Cruz: uma instituição a serviço da vida, Rio de Janeiro, 2023.
Disponível em: https://portal.fiocruz.br/. Acesso em: 19 fev. 2023.

IAL. Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, 2023. Disponível em: http://www.ial.sp.gov.br/. Acesso em:
19 fev. 2023.
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

JESUS, A. J. A saúde humana e o meio ambiente frente aos processos de degradação: uma
revisão de literatura. Revista Interfaces, [S. l.], v. 7, n. 2, 2019.

LIMA, C. E. P. As mudanças ambientais e a saúde humana: impactos da degradação ambiental


sobre surtos de doenças infecciosas. Embrapa, Brasília, 28 maio 2020. Disponível em:
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/52769086/artigo---as-mudancas-
ambientais-e-a-saude-humana-impactos-da-degradacao-ambiental-sobre-surtos-de-doencas-
infecciosas. Acesso em: 19 fev. 2023.

MORAIS, K. V. R. et al. As doenças emergentes e reemergentes e seus determinantes. Braz. J.


Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 11227-11241, 2020.

NAVES, J. G. P.; BERNARDES, M. B. J. A relação histórica homem/natureza e sua importância no


enfrentamento da questão ambiental. Geosul, Florianópolis, v. 29, n. 57, p 7-26, 2014.

PIGNATTI, M. G. Saúde e ambiente: as doenças emergentes no Brasil. Ambient. soc., [S. l.], v. 7, n.
1, 2004.

RIBEIRO, J. W.; ROOKE, J. M. S. Saneamento básico e sua relação com o meio ambiente e a
saúde pública. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Análise Ambiental) –
Faculdade de Engenharia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.

SILVA, P. N. et al. Saneamento: entre os direitos humanos, a justiça ambiental e a promoção da


saúde. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2018. (Coleção Saúde, Ambiente e
Sustentabilidade).

SOARES, B. L. C.; NAVARRO, M. B. A. A relação homem-natureza e a perspectiva histórica e


cultural da relevância do fator climático no contexto das doenças. Ensino, Saúde e Ambiente, [S.
l.], v. 7, n. 2, p. 1-11, 2014.

VIANNA, N. Pesquisadora da Fiocruz explica a relação entre pandemia e meio ambiente. Instituto
Gonçalo Muniz – Fiocruz Bahia, Salvador, 3 jul. 2020. Disponível em:
https://www.bahia.fiocruz.br/pesquisadora-da-fiocruz-bahia-explica-relacao-entre-pandemia-e-
meio-
ambiente/#:~:text=%E2%80%9COs%20cientistas%20estimam%20que%20cerca,pelo%20impacto
%20nos%20habitats%20naturais. Acesso em: 19 fev. 2023.

Aula 2
População e saúde
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Videoaula: População e saúde

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Olá, estudante! Nesta aula estudamos sobre saúde, meio ambiente, impactos ambientais
negativos e educação ambiental, fatores que estão relacionados quando se estuda sobre meio
ambiente e saúde. No vídeo, você verá uma síntese do que foi apresentado na aula e alguns
exemplos que facilitarão sua compreensão do que foi abordado nesta aula. Assista ao vídeo com
atenção e bons estudos!

Ponto de Partida
Olá, estudante! As ações antrópicas causam diversas mudanças no meio ecológico e muitas
delas afetam diretamente a saúde dos seres vivos que habitam este planeta. Por isso, nesta aula,
estudaremos as ações humanas sobre o meio ambiente, a saúde e a educação ambiental.

Antes disso, vale lembrar que a educação ambiental é parte fundamental do processo de
compreensão da interação entre a humanidade e o meio ecológico. Ela é capaz de contemplar
também pontos importantes, como fatores e variáveis sociais e de gestão que interferem na
relação sociedade-natureza. Compreender os resultados das ações antrópicas é um
conhecimento importante e que tem como proposta minimizar diversas ações negativas.

Bons estudos!

Vamos Começar!
Os impactos ao meio ambiente, causados pelos seres humanos, podem afetar a saúde visto que
o processo de degradação não altera apenas o panorama dos ecossistemas, mas também as
diferentes formas de vida, influenciando os modelos de saúde vegetal, animal e humano.

O conceito de saúde assumiu diferentes configurações ao longo da história da humanidade. Isso


ocorre devido à influência de aspectos culturais, religiosos, políticos e econômicos que
assumem papéis preponderantes no que se refere à forma como se percebe a saúde e os
desdobramentos para a manutenção dela. É conhecido que diversas patologias podem estar
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

associadas as alterações ambientais o que influencia nas mudanças entre as relações dos seres
vivos e o meio ambiente e altera a qualidade de vida dos mesmos (JESUS, 2019). Nesse
contexto, torna-se importante avaliar os aspectos influenciadores para que se possa identificar
suas mudanças e influências ao longo do tempo (OLIVEIRA, 2013; LIMA; OLIVEIRA; PAGOTTO,
2020).

Antigamente, acreditava-se na ideia limitada de que saúde era simplesmente a ausência de


doença. Em 1976, o conceito proposto pelo Modelo Natural de Doenças (MND) visava ao
acompanhamento do processo saúde-doença em sua regularidade, compreendendo as inter-
relações do agente causador, do hospedeiro da doença, do meio ambiente e do seu processo de
autodesenvolvimento. Nesse modelo, destacam-se possibilidades de prevenção e promoção da
saúde, como interromper a transmissão de uma doença, evitar sua ocorrência e promover
qualidade de vida (LIMA; OLIVEIRA; PAGOTTO, 2020). Assim, a saúde passa, em 1946, a ser
definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “um estado de completo bem-estar
físico, mental e social, e não mais apenas como a ausência de doença ou enfermidade”
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021). Para se obter essa condição de “viver bem”, o ser humano
precisa de todos os elementos da natureza em plena condição de consumo.

Ao se associar a saúde à qualidade de vida, a relação entre saúde e preservação do meio


ambiente vai se tornando mais evidente. A poluição do ar nos centros urbanos, a falta de
tratamento de esgotos e áreas contaminadas por produtos químicos interferem diretamente na
saúde humana (AZZARI, 2021). Nesse cenário, a educação ambiental (EA) tem como proposta
transformar a sociedade e o modelo de desenvolvimento vigente, buscando promover impactos
positivos à saúde do ambiente, dos animais e dos humanos. Essa transformação se dará por
meio de processos formativos e de promoção de reflexões críticas a partir de um olhar
abrangente e complexo sob a ótica ecológica e social que estamos construindo (AZZARI, 2021).

De acordo com Pereira et al. (2012), a EA é a modalidade da educação voltada às questões


ambientais. Destaca-se que essas questões estão enraizadas em causas socioeconômicas,
políticas e culturais. Sendo assim, entende-se que o trabalho em atenção primária à EA se torna
ferramenta estratégica para a discussão socioambiental na busca de alternativas para a
resolução dos problemas, tanto orgânicos quanto sociais e ambientais, vivenciados pela
comunidade em questão podendo se desenvolver não só no ambiente escolar, mas também em
comunidades, aproveitando-se de conhecimentos locais (PEREIRA et al., 2012).

Siga em Frente...
Como vimos, a relação entre saúde e meio ambiente teve diversas interpretações ao longo da
história, que levam em consideração desde a distinção entre culturas de povos até o
entendimento dos fenômenos que interferem na qualidade de vida.

A Teoria dos Miasmas, até o século XIX, abordava a transmissão de doenças através dos odores
provenientes de matéria orgânica em decomposição. Tal teoria foi divulgada e aceita, inclusive
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

para explicar a origem de doenças como a varíola e a tuberculose, tendo sido o fato mais
próximo de uma dimensão ambiental que se havia conseguido alcançar. De acordo com Oliveira
(2013), nos dias atuais, o nível de conhecimento científico e tecnológico possibilita a
compreensão da relação saúde-meio ambiente, bem como a ocorrência direta e indireta de
proliferação de pragas, transmissão de moléstias e doenças crônicas, em um processo
crescente de desequilíbrio ecológico.

Inúmeros são os prejuízos, ocorridos na saúde humana, decorrentes das atividades predatórias
dirigidas ao meio ambiente. Desde o século XX, quando se consolidou a ideia de História Natural
da Doença, as análises epidemiológicas do processo saúde-doença passaram a evidenciar a
relação entre homem e ambiente como uma de suas determinantes (LIMA, 2018).

De acordo com Lima (2018), no conceito introduzido por Leavell e Clarck, fatores ambientais pré-
patogênicos (antes da patologia) seriam situações geográficas, como, solo, clima, relevo,
agentes de natureza química ou física que interferem na saúde de uma população. Esses fatores,
quando estão em situações de desequilíbrio, causam uma perturbação que pode produzir quebra
da homeostasia dentro de organismos vivos, podendo funcionar como fenômenos patogênicos.
Além disso, o processo saúde-doença é influenciado também por fatores sociais
(socioeconômicos, sociopolíticos, socioculturais e psicossociais).

Sabe-se que as ações dos seres humanos causam impactos ao ambiente que os envolve e os
efeitos podem ser de curto ou longo prazo. Foladori (2001 apud LAZARETTI; SOUZA, 2019, p. 107
e 110) alerta que “a essência mesma do ser humano é a transformação da natureza [...]” e o
“crescente domínio sobre a natureza mostrou [...] a dependência do ser humano em relação aos
ecossistemas que destruía”. Ao se atingirem os limites de regeneração dos recursos naturais, a
própria qualidade de vida da população será impactada, pois ela depende do meio em que vive
(LAZARETTI; SOUZA, 2019). Quando há o somatório desses fatores, como a falta de saneamento
básico, o excesso de agrotóxicos, a degradação do solo, do ar, das águas e das nascentes, a
poluição por resíduos químicos, entre outras condições de nosso tempo, há graves ameaças à
saúde humana (LIMA, 2018).

Sendo assim, faz parte do papel da EA estudar e discutir não somente o meio ambiente físico,
mas também abordar a realidade local e toda a complexidade das relações entre a ecologia e a
sociedade. Dessa forma, deve-se contextualizar a saúde local, destacando os cuidados com a
prevenção de doenças e a gestão dos fatores ambientais deletérios à saúde (PEREIRA et al.,
2012).

Você estudou até aqui as relações entre os seres humanos, a natureza e as suas consequências.
A seguir, conheceremos alguns exemplos das ações humanas sobre o meio ambiente e os
efeitos na qualidade de vida de uma população.

Vamos Exercitar?
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

As variáveis sociais e econômicas são as que mais influenciam e favorecem a disseminação das
doenças. Para melhor compreensão do processo saúde-doença, faz-se necessário entender o
homem nos meios ecológico, social e econômico (SANTOS, 2010) e, a fim de que essa
compreensão seja alcançada, é necessário identificar indivíduos, grupos e eventos em relação ao
tempo e ao território.

Nessa perspectiva, é possível afirmar que diferentes civilizações ao longo da história


incorporaram conhecimentos que contribuíram, gradualmente, para explicar as diferentes formas
de viver, de adoecer e de morrer de populações. Foi nesse processo que se incorporou, no campo
da saúde, como fator de estudo, o aspecto geográfico, cuja finalidade é informar a localização e
a influência de elementos do terreno e da população que contribuem, positiva ou negativamente,
para a ocorrência de eventos de saúde (GONDIM; MONKEN, 2017).

Vimos que fatores ambientais interferem diretamente na saúde da população; vejamos, agora,
alguns cenários em que as variáveis ambientais alteram a qualidade de vida.

De acordo com Colussi e Pereira (2016), deve-se considerar como áreas de risco aquelas em que
os moradores, de maneira geral, têm seus níveis de saúde inferiores aos do restante da
população do território, pois apresentam maiores chances de adoecer ou, ainda, quando têm a
mesma doença que pessoas de outro local, desenvolvem-na com maior gravidade ou com
maiores complicações. A transmissão de muitas doenças é promovida por uma combinação de
fatores, como a pobreza, a falta de saneamento e o difícil acesso a serviços de saúde. Por
exemplo, o lançamento de esgotos in natura em rios e mares afeta diretamente a população que
vive às margens deles e, indiretamente, aquelas que estão distantes por meio da contaminação
das águas subterrâneas e do solo. O nível de escolaridade também influencia diretamente as
condições de saúde, podendo prejudicar a concepção de autocuidado em saúde, a consciência
de conservação ambiental e a percepção da necessidade de desempenho do indivíduo como
cidadão (GONDIM; MONKEN, 2017).

Segundo o relatório apresentado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quase toda a
população do mundo (99%) respira um ar de qualidade inferior ao recomendado acarretando
severos males à saúde. Um número recorde de mais de 6 mil cidades, em 117 países, já possui
monitoramento da qualidade do ar. Contudo, os habitantes desses locais ainda respiram níveis
insalubres de material particulado fino e dióxido de nitrogênio (NO2). Ainda é possível destacar
pessoas em países de baixa e média renda sofrendo as maiores exposições devido à falta de
investimento em tecnologias mais limpas de produção de energia e controle de poluição (OPAS,
2022).

Em um estudo realizado na região Amazônica, constatou-se que, embora haja grande oferta de
água, os indicadores de saneamento da região norte do Brasil configuram-se como os piores do
país, 55,7% dos domicílios dessa região não são abastecidos de água por rede geral; do volume
total de água distribuída em sistemas públicos, 32,4% não recebem tratamento e 92,9% dos
municípios não possuem redes de esgotamento sanitário. Um ponto importante a se destacar é
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

que, na região Norte do país, constatam-se as maiores proporções para gastos com internações
por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado (GIATTI, 2007).

Até aqui vimos alguns exemplos de como as variáveis ambientais (geográficas, estruturais,
climáticas), sociais e econômicas influenciam na saúde de uma população, e a importância de
se preservar a meio ambiente para se obter uma boa qualidade de vida. Vimos que para isso os
fatores ambientais, sociais e econômicos precisam estar articulados de forma que um não
possa influenciar negativamente o outro.

Saiba mais

Olá, estudante! Você viu que muitas são as variáveis e os fatores relacionados ao meio ambiente
e à saúde.

No site da Organização Mundial da Saúde (OMS), você poderá consultar diversas informações
sobre os assuntos abordados na aula.

World Health Organization (WHO).

Referências
AZZARI, R. Educação ambiental e saúde única. Portal de Educação Ambiental, São Paulo, 23 fev.
2021. Disponível em:
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/educacao-ambiental-e-
saude-unica/. Acesso em: 20 fev. 2023.

COLUSSI, C. F.; PEREIRA, K. G. Territorialização como instrumento do planejamento local na


Atenção Básica. Florianópolis: UFSC, 2016.

GIATTI, L. L. Reflexões sobre Água de Abastecimento e Saúde Pública: um estudo de caso na


Amazônia Brasileira. Saúde e Sociedade, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 134-144, 2007.

GONDIM, G. M. de M.; MONKEN, M. Território e territorização. In: GONDIM, G. M. de M.;


CHRISTÓFARO, M. A. C.; MIYASHIRO, G. M. (org.). Técnico de vigilância em saúde: contexto e
identidade. Rio de Janeiro: EPSJV, 2017. p. 21-44. Disponível
em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/39894/2/T%C3%A9cnico%20de%20Vigil%C3%A2
ncia%20em%20Sa%C3%BAde%20-
%20Territ%C3%B3rio%20e%20territorializa%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em: 20 fev. 2023.

JESUS, S. J. A. A saúde humana e o meio ambiente frente aos processos de degradação: uma
revisão da literatura. Revista Interfaces, [S. l.], v. 7, n. 2, 2019.
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

LAZARETTI, L. R.; SOUZA, O. T. População e Meio Ambiente: Uma análise de acoplamento para o
caso brasileiro (1991-2014). Revista Iberoamericana de Economia Ecológica, [S. l.], v. 30, n. 1, p.
101-119, 2019.

LIMA, J. de O. R. e; OLIVEIRA, M. D. da S.; PAGOTTO, V. Promoção da saúde em comunidades


rurais. Ministério da Educação. Goiânia: CEGRAF UFG, 2020.

LIMA, L. J. Desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e saúde: uma revisão. Ciência e


Sustentabilidade, [S. l.], v. 4, n. 2, p. 133-150, 2018.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. O que significa ter saúde? Gov.br, [S. l.], 27 jul. 2021. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-exercitar/noticias/2021/o-
que-significa-ter-saude. Acesso em: 20 fev. 2023.

OLIVEIRA, A. C. Saúde e Meio Ambiente: notas sobre a relação entre degradação ambiental e
condições de vida das populações urbanas na cidade de Manaus/AM. In: JORNADA
INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 6., 2013, São Luís. Anaisn [...]. São Luís: UFMA, 2013.

OPAS. Novos dados da OMS revelam que bilhões de pessoas ainda respiram ar insalubre. OPAS,
[S. l.], 4 abr. 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/4-4-2022-novos-dados-da-
oms-revelam-que-bilhoes-pessoas-ainda-respiram-ar-insalubre. Acesso em: 20 fev. 2023.

PEREIRA, C. A. R. et al. A educação ambiental como estratégia da Atenção Primária à Saúde.


Revista. Bras. med. Fam. comunidade. Florianópolis, v. 7, n. 23, p. 108 -116, 2012.

SANTOS, F. O. Geografia médica ou Geografia da saúde? Uma reflexão. Caderno Prudentino de


Geografia, v. 1, n. 32, p. 41-51, 2010.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Disponível em: https://www.who.int/pt. Acesso em: 20 fev.


2023

Aula 3
Ações de meio ambiente

Videoaula: Ações de meio ambiente

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ECOLOGIA E SAÚDE

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Olá, estudante! Nesta aula estudamos a transição demográfica e epidemiológica, bem como os
programas e as ações na área de saúde. Tais conteúdos são importantes para a compreensão
das relações entre meio ambiente e saúde. Neste vídeo você reverá os conteúdos abordados e
alguns exemplos para que sua compreensão sobre o tema abordado seja facilitada.
Agora, vamos assistir ao vídeo!

Ponto de Partida
Olá, estudante! Vimos que o meio ambiente influencia diretamente a saúde de um indivíduo e/ou
um grupo. Tendo isso em vista, nesta aula estudaremos as relações entre o espaço físico e a
qualidade de vida de uma população. Para isso, vamos compreender como as variáveis
existentes em um território se relacionam com a saúde de um indivíduo ou grupo, vamos
conhecer as medidas e as ações necessárias para melhorar a interação entre a sociedade e o
meio ambiente e, consequentemente, vamos dialogar sobre iniciativas da área ambiental e da
saúde que tenham como foco promover melhor qualidade de vida a uma população e preservar o
meio ecológico. Vamos à aula! Bons estudos!

Vamos Começar!

A demografia é uma parte importante da ciência para a saúde pública, pois ela é capaz de
fornecer conceitos e medidas fundamentais sobre a saúde quanto à dimensão populacional.
Alguns indicadores demográficos são comumente utilizados para a avaliação direta das
condições de saúde, como dados de mortalidade, esperança de vida ao nascer, fecundidade,
urbanização, entre outros. A estrutura etária da população também é um fator importante e é
reconhecido como uma variável ligada à demanda por serviços de qualidade de vida que
determina as necessidades organizacionais e tecnológicas do sistema de saúde como um todo
(OPAS, 2009).

Nos últimos 100 anos, a população mundial vem passando por uma profunda mudança
demográfica, que é resultado da dinâmica em relação a nascimentos, mortes e migração.
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a população de pessoas com
idade igual e/ou superior a 60 anos praticamente dobrará entre os anos de 2015 e 2050. Quando
combinados com quedas acentuadas nas taxas de fertilidade, esses aumentos na expectativa de
vida levam ao rápido envelhecimento das populações em todo o mundo. Mudanças na
composição etária da população são facilmente percebidas e se acentuarão nas próximas
décadas. Esse processo de transição demográfica acelerado é intenso em países altamente
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

industrializados. Nesse contexto, observa-se um novo perfil de demanda que requer rearranjos
consideráveis nas formas de organização e de prestação de serviços de saúde (CORTEZ et al.,
2019; OPAS, 2009; OMS, 2015).

Segundo Cortez et al. (2019), a transição demográfica em países desenvolvidos ocorreu bem
antes do envelhecimento significativo de suas populações, uma vez que eles adquiriram uma
base sólida em relação aos aspectos socioeconômicos e de saúde, além de estratégias
institucionais visando atender a população mais idosa e equilibrar os efeitos das desigualdades
residuais. Essa situação pode ser exemplificada com países da América do Norte e da Europa
que já possuíam um grau de desenvolvimento social e econômico alto à medida que sua
população envelhecia, ou seja, os países desenvolvidos ficaram “ricos” antes de envelhecer; já o
Brasil se encontra no sentido oposto.

Concomitantemente a essas mudanças demográficas ocorrem outras no comportamento da


mortalidade e da morbidade. Essas mudanças nos padrões de morte, morbidade e invalidez de
uma população específica, em geral, ocorre em conjunto com outras transformações, como as
sociais, econômicas e de saúde (CORTEZ et al., 2019; OPAS, 2009). Tais mudanças originaram o
conceito de transição epidemiológica, proposto por Omran, em 1971, que é focalizado na
complexa mudança dos padrões de saúde-doença e nas interações entre esses padrões e seus
determinantes e as consequências. A transição epidemiológica consiste na mudança do perfil de
mortalidade, que passa de um cenário no qual as principais causas de morte são as doenças
infecciosas e parasitárias – características de locais com baixos níveis de desenvolvimento
econômico e social – para outro, no qual as doenças típicas da velhice começam a ocupar uma
posição cada vez mais intensa entre as enfermidades mais comuns.

Sendo assim, o conceito de transição epidemiológica foi utilizado para descrever e explicar as
transformações nos padrões de ocorrência de doenças e causas de morte que se modificaram
ao longo do tempo, passando de um padrão marcado por enfermidades predominantemente
infecciosas para um padrão de maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis
(LEBRÃO, 2007; MARTINS et al., 2021; OLIVEIRA, 2019.

Siga em Frente...
Poder desfrutar de uma vida longa é um recurso incrivelmente valioso, contudo as condições de
saúde são um fator de extrema importância e que deve ser considerado. A forma como se
envelhece e se vive influencia na vida do indivíduo e da sociedade. Se esses anos são dominados
por declínios na capacidade física e mental, as implicações para as pessoas mais velhas e para a
sociedade serão negativas (OPAS, 2009).

Em consideração aos perfis de envelhecimento das populações, a teoria de transição


epidemiológica tem sido revisitada com propostas de extensões que abordam aspectos
como o aumento da expectativa de vida saudável (MARTINS et al., 2021). A transição
epidemiológica é considerada componente de um conceito mais amplo apresentado por
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Lerner (1973 apud SCHRAMM et al., 2004, p. 2), que é o de transição da saúde. Esse
conceito pode ser dividido em:
Transição das condições de saúde: refere-se às mudanças na frequência, na magnitude e
na distribuição das condições de bem-estar e qualidade de vida, expressas através das
mortes, das doenças e das incapacidades.
Transição da atenção sanitária: resposta social organizada a essas condições;
instrumenta-se por meio dos sistemas de atenção à saúde e é determinada, em grande
medida, pelo desenvolvimento social, econômico e tecnológico mais amplo (As mudanças
ocorridas no perfil da população necessitam de mudanças no padrão de utilização dos
serviços de saúde e no aumento de gastos, considerando a necessidade de incorporação,
ao sistema de saúde, de tecnologia para o tratamento de doenças. Esses aspectos
ocasionam importantes desafios e a necessidade de uma agenda para as políticas de
saúde que possam dar conta das várias transições em curso (SCHARAMM et al., 2004).

No Brasil, em 2006, foi implementada a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), como
um compromisso da gestão do Ministério da Saúde para a ampliação e a qualificação das ações
de promoção da saúde nos serviços e na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), na qual
observam-se mudanças na organização, no planejamento, na realização, na análise e na
avaliação do trabalho. Essas ações de promoção à saúde têm como objetivo possibilitar o
acesso e promover qualidade de vida, melhores condições de trabalho, moradia, lazer, cultura,
educação e também minimizar os riscos à saúde e a vulnerabilidade (BRIXNER et al., 2017;
GONÇALVES et al., 2020). Além disso, essas ações objetivam “orientar sobre a prevenção de
doenças, solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar os mais graves para níveis de
atendimento superiores em complexidade” (FIOCRUZ, [s. d.]).

Até meados da primeira década dos anos 2000, a dimensão de ambiente era compreendida
pelos profissionais do setor da saúde como externa a eles. Muitas vezes o ambiente era
compreendido apenas como o espaço geográfico natural. Entretanto, a partir de 2005, o tema foi
ganhando relevância no SUS, principalmente a partir da incorporação da Vigilância Ambiental ao
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde (SNVA). Desde então, no
âmbito do SUS, ampliou-se a compreensão de que há um ambiente maior e relacional, em que as
ações de promoção da saúde devem ser implementadas levando-se em consideração o
ambiente onde as pessoas residem e trabalham (ALVES; XIMENES; ARAÚJO, 2015).

Vimos que a prevenção e a promoção à saúde são fundamentais para a qualidade de vida. Vários
são os projetos e as ações de iniciativa pública ou privada na área. Estudaremos alguns deles a
seguir.

Vamos Exercitar?
A transição epidemiológica no Brasil tem ocorrido de forma diferente do modelo experimentado
pela maioria dos países desenvolvidos e por nossos vizinhos latino-americanos como Chile,
Cuba e Costa Rica (SCHRAMM et al., 2004). Embora o país experimente a transição de um
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

padrão de mortalidade e morbidade por enfermidades infecciosas para um perfil com maior
relevância de doenças crônicas e não transmissíveis, no geral, esse mesmo país convive com
distintos padrões de transição que são o resultado de diferenças de nível de desenvolvimento
regional e social (MARTINS et al., 2021).

O envelhecimento rápido da população brasileira, a partir da década de 1960, faz com que a
sociedade se depare com um tipo de demanda por serviços médicos e sociais, outrora restrita
aos países desenvolvidos. O Estado brasileiro, ainda às voltas com o estabelecimento de
controle das doenças transmissíveis e a redução da mortalidade infantil, não foi capaz de
desenvolver e aplicar estratégias para a efetiva prevenção e para o tratamento das doenças
crônico-degenerativas e suas complicações, levando a uma perda de autonomia e de qualidade
de vida (SCHRAMM et al., 2004). Contudo, mesmo assim vários projetos e ações de assistência à
saúde são desenvolvidos no Brasil. Vejamos alguns exemplos a seguir, como os programas de
atenção à saúde realizados pelo governo federal, que se dividem entre: atenção primária à saúde
e atenção especializada à saúde.

A atenção primária à saúde se refere a um conjunto de ações que abrange a promoção, a


prevenção, os diagnósticos, os tratamentos, entre outros serviços. É considerada a principal
porta de entrada do SUS e do centro de comunicação com toda a Rede de Atenção dos SUS.
Alguns dos programas são: Banco de Leite Humano, Estratégia saúde da Família, Programa
Saúde Bucal.

A atenção especializada à saúde atua no controle da qualidade e na avaliação dos serviços


especializados disponibilizados pelo SUS à população que conta também com vários programas
como: atenção domiciliar, doação de sangue e UPA 24 h (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022).

Ações, programas e iniciativas na área de meio ambiente também possuem como foco a
melhoria da qualidade de vida da população. Um exemplo é a vigilância em saúde ambiental feita
pelos estados brasileiros, que consiste em ações que proporcionam a identificação de qualquer
mudança nos fatores significativos relacionados ao meio ambiente capazes de interferir na
saúde humana e tem como finalidade promover medidas de prevenção e controle dos fatores de
riscos ambientais, relacionados às doenças ou outros agravos à saúde. Destacam-se entre as
áreas de atuação: a vigilância da qualidade da água para o consumo humano, a vigilância em
saúde ambiental relacionada aos riscos decorrentes de desastres e a vigilância em saúde de
populações expostas a contaminantes químicos (SECRETARIA DE SAÚDE DA BAHIA, [s. d.];
SECRETARIA DE SAÚDE DE GOIÁS, [s. d.]).

Vimos aqui alguns exemplos de ações e programas de órgãos públicos. Contudo, as


organizações privadas e a sociedade civil também realizam ações de promoção à saúde e/ou
controle de doenças. São ações pontuais ou periódicas realizadas por instituições educacionais,
organizações não governamentais (ONGs), institutos de pesquisa e empresas, como campanhas
de vacinação, testes clínicos, caminhadas, entre outros. Sendo assim, as ações de promoção à
saúde e controle epidemiológicos envolve vários atores sociais: gestão pública, privada e
sociedade civil, cada um atuando de acordo com suas prerrogativas dentro da sociedade.
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ECOLOGIA E SAÚDE

Nessa aula, vimos que as mudanças demográficas afetam diretamente as condições de saúde e
que a gestão dessa área, como medidas de controle, ações, metodologias etc. precisam se
adaptar a essas mudanças e acompanhar o desenvolvimento das populações.

Saiba mais
Nesta aula foram citados alguns programas na área da saúde realizados pelo Ministério da
Saúde. Para conhecer todos os programas, ações e iniciativas do governo federal, consulte os
sites oficiais, a seguir:

Ministério da Saúde - Vacinas.


Ministério da Saúde – Ações e Programas.

Referências
ALVES, M. L., XIMENES, M. F. F.M., ARAÚJO, M. F. F. A educação em saúde ambiental nos serviços
do SUS. HOLOS, [S. l.], v. 5, ano 31, 2015.

BRIXNER, B. et al. Ações de promoção da saúde nas estratégias de saúde da família. Cinergis,
Santa Cruz do Sul, v. 18, n. 1, p. 386-390, 2017.

CORTEZ, A. C. L. et al. Aspectos gerais sobre a transição demográfica e epidemiológica da


população brasileira. Enfermagem Brasil, [S. l.], v. 18, n. 5, p. 700-709, 2019.

FIOCRUZ. Atenção básica. Disponível em: https://pensesus.fiocruz.br/atencao-basica. Acesso


em: 10 mar. 2023.

GONÇALVES, R. N. et al. Política Nacional de Promoção à Saúde: o percurso da elaboração,


implementação e revisão no Brasil. Revista Eletrônica Interdisciplinar, Matinhos, v. 13, n. 2, p. 198-
205, 2020.

LEBRÃO, M. L. O envelhecimento no Brasil: aspectos da transição demográfica e epidemiológica.


Saúde Coletiva, São Paulo, v. 4, n. 17, p. 135-140, 2007.

MARTINS, T. C. F. et al. Transição da morbimortalidade no Brasil: um desafio aos 30 anos de SUS.


Ciênc. saúde coletiva, [S. l.], v. 26, n. 10, 2021.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ações e Programas. Gov.br, Brasília, 2022. Disponível em:


https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas. Acesso em: 21 fev.
2023.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gov. br, Brasília, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br.


Acesso em: 21 fev. 2023.

OLIVEIRA, A. S. Transição demográfica, transição epidemiológica e envelhecimento populacional


no Brasil. Hygeia, [S. l.], v. 15, n. 31, p. 69-79, 2019.

OMS. Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde: Resumo. Genebra: OMS, 2015. Disponível
em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMS-ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf.
Acesso em: 21 fev. 2023.

OPAS. Rede Interagencial de Informações para Saúde. Demografia e saúde: contribuição para
análise de situação e tendências. Brasília: OPAS, 2009. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/demografia_saude_contribuicao_tendencias.pdf.
Acesso em: 21 fev. 2023.

PEREIRA, R. A. O processo de transição epidemiológica no Brasil: uma revisão de literatura.


Revista Científica FAEMA, [S. l.], v. 6, n. 1, 2015.

SCHARAMM, J. M. A. et al. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doenças no Brasil.


Ciênc. saúde coletiva, v. 9, n. 4, 2004.

SECRETARIA DE SAÚDE DA BAHIA. Vigilância em Saúde Ambiental. Governo do estado da Bahia,


Salvador, [s. d.]. Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/suvisa/vigilancia-em-saude-
ambiental/. Acesso em: 21 fev. 2023.

SECRETARIA DE SAÚDE DE GOIÁS. Saúde Ambiental. Secretaria de Estado de Saúde do Governo


do Estado de Goiás, Goiânia, [s. d.]. Disponível em: https://www.saude.go.gov.br/vigilancia-em-
saude/saude-
ambiental#:~:text=%C3%89%20A%20Vigil%C3%A2ncia%20em%20Sa%C3%BAde,dos%20fatores%
20de%20risco%20ambientais. Acesso em: 21 fev. 2023

Aula 4
Gestão ambiental

Videoaula: Gestão ambiental

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ECOLOGIA E SAÚDE

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Olá, estudante! Você aprendeu, nesta aula, vários conceitos, definições e estratégias acerca da
sustentabilidade. Foram abordados os princípios envolvidos para se integrar de forma
equilibrada o desenvolvimento econômico, social e ambiental e os fatores envolvidos nesse
processo. No vídeo, você poderá rever esses conceitos com maior facilidade e poderá visualizar
recursos que facilitarão a sua compreensão sobre a aula.
Assista ao vídeo e boa aula!

Ponto de Partida
Olá, estudante! Nesta aula estudaremos a importância do meio ecológico e da conservação e da
gestão ambiental. As áreas de saúde e educação estão diretamente relacionadas ao meio
ambiente, seja ele social e cultural, seja ecológico. Entender esses contextos e essas relações se
faz importante para desenvolver políticas econômicas e sociais que tenham como objetivo
garantir a qualidade de vida, a saúde e a conservação do meio ambiente. Nesta aula, veremos
também a sustentabilidade, um conceito de fundamental importância para que se compreendam
todas as relações em que se envolve o meio ambiente. Vamos à aula!

Bons estudos!

Vamos Começar!
A crise ambiental pode ser descrita a partir de três aspectos básicos: crescimento populacional,
demanda por energia e de materiais e geração de resíduos. O desenvolvimento tecnológico,
ocorrido de maneira mais acentuada no mundo desde a Revolução Industrial, demonstra que a
humanidade tem conseguido, de forma eficiente, dominar a força da natureza e dela extrair os
seus recursos. Entretanto, esse desenvolvimento vem com uma demanda cada vez maior de
materiais e energia provindos da natureza e, por sua vez, resulta em significativos impactos
ambientais negativos (BRAGA et al., 2005; CALIJURI et al., 2013). Nesse cenário, ao final da
década de 1960, as discussões a respeito da relação entre desenvolvimento econômico e meio
ambiente ganharam destaque pelo fato de esse modelo atender apenas parcialmente as
necessidades humanas e ainda causar prejuízos ambientais.

No decorrer das décadas, os debates acerca do modelo de desenvolvimento se intensificaram e,


no ano de 1972, a Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente apresentou um marco sobre a
concepção de desenvolvimento. A partir daí, preconiza-se, portanto, a necessidade de
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alternativas que privilegiem a qualidade do crescimento e reconheçam o ambiente como


fundamental (CAMARGO, 2020).

No ano de 1983, foi criada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) a
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ou Comissão Brundtland), com o
propósito de analisar os problemas críticos do planeta e formular propostas para solucioná-los.
No final, como conclusão do estudo, foi publicado o relatório, conhecido como Nosso Futuro
Comum, que apresentou sucessos (como menor mortalidade infantil, maior grau de
alfabetização, aumento de produção de alimento, etc.) e falhas (como degradação do solo, das
florestas e aumento da poluição atmosférica) do atual sistema de desenvolvimento. Desse
modo, foi observado que, no início do século XX, a quantidade de habitantes no planeta e a
tecnologia vigente não prejudicavam de forma significativa os recursos naturais do planeta, mas,
ao final desse século, a situação havia mudado.

Entretanto, a conclusão foi a da possibilidade de um crescimento econômico desenvolvido com


práticas que conservem os recursos naturais (CAMARGO, 2020). É nesse relatório que é
apresentado o conceito de desenvolvimento sustentável como aquele que atende às
necessidades das gerações presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem as suas próprias necessidades (CALIJURI et al., 2013).

É nesse cenário que se preconiza a necessidade da adoção de estratégias de crescimento


econômico que permitam o desenvolvimento social e que valorize os recursos ambientais como
base fundamental para a sua sustentação. Forma-se aqui um consenso acerca da harmonia
entre as dimensões sociais, econômicas e ecológicas. Sendo assim, os processos de
intervenção ou uso dos recursos naturais para o atendimento das demandas das atuais e futuras
gerações devem ser priorizados e regidos pelo enfoque da sustentabilidade (CALIJURI et al.,
2013; CAMARGO, 2020).

De acordo com Barbieri (2020), o indivíduo é o sujeito central do desenvolvimento, por isso deve
ser o participante ativo dos processos de ação e benefícios. Governantes têm o direito e o dever
de formular políticas e estratégias de desenvolvimento, porém deve-se ter participação ativa, livre
e significativa da população tanto na formulação quanto no desfrute dos benefícios.

Assim, a crescente preocupação com as questões ambientais tem propiciado avanços


importantes no tocante às políticas públicas para o enfrentamento dos problemas ambientais.
Tornou-se indispensável, portanto, a condução sistematizada de um conjunto de ações com o
objetivo de promover a gestão ambiental (CALIJURI et al., 2013). Macêdo e Oliveira (2005, p. 141)
conceituam gestão ambiental como um “processo contínuo e adaptativo, por meio do qual uma
organização define seus objetivos/metas relativas à proteção do ambiente e à saúde e
segurança de seus empregados, clientes e comunidade”.

Vimos sobre a integração entre os sistemas econômicos e ambientais e princípios para se atingir
a sustentabilidade entre esses sistemas.
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ECOLOGIA E SAÚDE

Siga em Frente...

Para atender às necessidades básicas, os seres humanos interferem no ambiente e provocam


alterações nas suas condições, na sua disponibilidade e na sua qualidade. As atividades
antrópicas refletem as demandas sociais que impõem determinados usos de recursos e
intervenções nos sistemas ambientais (CALIJURI et al., 2013). Para se reduzir ou evitar esses
efeitos, a proteção ambiental deverá ocorrer de forma ativa, por meio da adoção de práticas que
visem minimizar ou evitar os efeitos negativos da ação humana para a vida planetária
(MACHADO; GARRAFA, 2020). Ainda de acordo com Machado e Garrafa (2020), o princípio da
proteção ambiental pode ser atrelado ao princípio da precaução como forma de nortear o
gerenciamento dos riscos advindos das atividades humanas no planeta.

A precaução é uma importante ferramenta, principalmente quando se sabe da existência dos


riscos de determinada ação, porém esses riscos nem sempre são totalmente conhecidos ou
previsíveis. Os princípios da precaução e da prevenção, embora pareçam sinônimos, possuem
diferentes contextos. No primeiro, embora haja ausência de certeza científica, as medidas de
proteção ambiental não devem ser negligenciadas (HAMMERSCHMIDT, 2002). A prevenção é
uma conduta racional frente a um mal que a ciência pode objetivar e mensurar, ou seja, de
acordo com Hammerschmidt (2002, p. 111), “o princípio da prevenção refere-se ao perigo
concreto e o princípio da precaução refere-se ao perigo abstrato”. Portanto, prevenção pode ser
entendida como a utilização de estratégias, processos, técnicas, ferramentas, materiais,
produtos, serviços ou energia capazes de evitar, minimizar ou controlar a geração, emissão ou
descarga de qualquer tipo de poluente ou rejeito com a finalidade de reduzir impactos negativos
causados por uma atividade (SGS ACADEMY, 2015).

Ao se trabalhar com planejamento de atividades e tomadas de decisões, a gestão ambiental é


uma importante ferramenta para se atingir três pilares: o desenvolvimento social, o
desenvolvimento econômico e a proteção ambiental. Ela pode ser empregada no âmbito
municipal, estadual e federal e envolve uma equipe multidisciplinar. Para que haja um
planejamento efetivo e boa gestão ambiental, deve-se estudar os recursos naturais, a existência
de recursos construídos (edificações e instalações) e a demanda da sociedade (YABE, 2020).

A gestão ambiental é o principal instrumento para que o setor empresarial atinja os “três pilares”.
Nesse contexto, os Sistemas de Gestão Ambiental (SGAs) e as normas legais surgiram devido às
pressões da sociedade sobre as empresas, em virtude dos impactos ambientais negativos
causados por suas atividades. De acordo com Moreira (2002) apud Martins e Silva (2014), os
benefícios de um SGA seriam: melhoria na organização interna; melhoria da imagem; aumento
da satisfação e confiança dos clientes; aumento da motivação e envolvimento no sistema por
parte dos colaboradores internos; confiança no sistema e reflexão sobre ele; melhoria da posição
competitiva em face dos concorrentes não certificados; redução de custos; acesso a
determinados mercados e concursos em face de um sistema baseado em critérios
internacionalmente aceitos; minimização do impacto ambiental das atividades.
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Os SGAs foram desenvolvidos para orientar e auxiliar as organizações a alcançar as suas metas,
reduzir a emissão de poluentes e o consumo dos recursos naturais (BUENO et al., 2020). No
contexto do SGA, a série ISO 14000, elaborada em 1996 e atualizada ao longo de todos esses
anos, ganha destaque, pois é considerada como um SGA editado pela International Organization
Standardization (ISO), que busca estabelecer ferramentas e sistemas para a administração
ambiental de uma organização. Ela abrange seis áreas: sistemas de gestão ambiental (ISO
14001 e 14004), auditorias ambientais (14010,14011, 14012 e 14015), rotulagem ambiental
(14020, 14021 e 14025), avaliação de desempenho ambiental (14031 e 14032) e avaliação do
ciclo de vida dos produtos (14040, 14041, 14042 e 14043) (BUENO et al., 2020).

Vamos Exercitar?
No século XXI, a humanidade está diante de problemas ambientais extremamente complicados.
A percepção dos problemas ambientais está mais associada a uma atuação reativa, e a solução
deles está mais atrelada a ações mais pragmáticas. Contudo, deve ser considerado que um
equacionamento satisfatório da problemática ambiental exige medidas preventivas, ou seja, cuja
solução se encontre mais na aplicação de uma estratégia ambiental preventiva do que corretiva.
Assim, as ações devem ser direcionadas para os fatores determinantes causadores do problema
(CALIJURI et al., 2013; LORA, 2002).

O anseio da sociedade de consumir produtos livres de desperdícios e/ou efeitos danosos ao


meio ambiente incentivou a busca por novas tecnologias de produção, com foco na melhoria da
qualidade ambiental, na redução de custos e no atendimento às novas expectativas do
consumidor. Assim, surge o conceito de produção mais limpa, cuja metodologia propõe a
aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos e
produtos, a fim de aumentar a eficiência e reduzir os riscos à sociedade e ao meio ambiente.
Dessa maneira, buscou-se a integração de práticas socialmente responsáveis e ambientalmente
corretas associadas às técnicas tradicionais de produção e de gestão do setor industrial
(BACARJI; HALL; WERNER, 2009).

Algumas estratégias para controle de poluição na área industrial são apresentadas por Lora
(2002): remoção de resíduos, tratamento (modificação do volume e toxicidade) e disposição final
dos resíduos. Entretanto, destaca-se a preferência pelo controle da poluição na fonte, pois essa
estratégia pode diminuir os custos de disposição final, melhorar a imagem pública da empresa
diante dos consumidores, das comunidades vizinhas, do público e das agências ambientais,
além de melhorar também a competitividade da empresa (LORA, 2002).

Entre os métodos de controle na fonte, Lora (2002) cita dois:

Mudança de produto: projetado para causar menor impacto ambiental, incremento da vida
útil e produtos multifuncionais; altera a matéria-prima, substitui materiais, etc.
Mudança no processo: incremento do nível de automação, melhorias de equipamentos,
tecnologias mais limpas, manutenção preventiva das operações, treinamento de pessoal,
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
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segregação de resíduos, etc.

Além das estratégias industriais, as técnicas de controle e prevenção de poluição podem ser
aplicadas em diversos aspectos ambientais: água para o consumo humano; tratamento de
esgoto e de efluentes gasosos; resíduos sólidos; recuperação de áreas degradadas e de
sistemas aquáticos; e remediação/recuperação do solo (CALIJURI et al., 2013).

De acordo com Fernandes et al. (2015), a prevenção da poluição é aplicada nos modelos de
gestão ambiental, os quais avaliam os problemas ambientais a partir de uma visão mais ampla,
que pode ser alinhada à estratégia de uma empresa. Embora cada modelo tenha suas
particularidades, eles podem ser combinados para se adequarem às características da empresa.
Os principais modelos de gestão ambiental são: a Gestão da Qualidade Ambiental Total, a
Produção Mais Limpa (P+L), a Ecoeficiência e o Projeto para o Meio Ambiente.

Um estudo publicado por GARCIA et al. (2019) concluiu que as empresas, ao informarem sobre o
seu compromisso com a conservação do meio ambiente, podem estimular outras a fazerem o
mesmo e, com isso, minimizar possíveis impactos negativos.

Vimos que muitas são as estratégias aplicadas para se evitar os impactos negativos ao meio
ambiente, bem como minimizar a geração de poluentes. Vimos também que essas estratégias
podem ser aplicadas em toda cadeia produtiva ou prestação de serviços.

Nessa aula, os princípios da gestão ambiental foram apresentados e você estudou que esse
sistema precisa de equilíbrio entre as atividades econômicas e o meio ambiente, sem que um
limite o desenvolvimento do outro.

Saiba mais
Olá, estudante! Para compreender melhor sobre a gestão ambiental e os sistemas de gestão
ambiental, consulte o site a seguir:

CONAMA – Atos Normativos.

E leia os artigos:

SILVA, A. R.; OHARA, L. F.; GHIZZI, M. L. P. Normas ISO 14000 – Sistema de Gestão
Ambiental. Qualidade Total – ESALQ – USP, São Paulo, 2020.
ERBE, M. C. L. Sistemas de Gestão Ambiental. Curitiba: IFPR, 2012

Referências
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

BACARJI, A. G.; HALL, R. J.; WERNER, E. M. Produção Mais Limpa: Conceitos e Definições
Metodológicas. SEGET, 6., 2009, Resende. Anais [...]. Resende: AEDB, 2009.

BÁNKUTI, S. M. S.; BÁNKUTI, F. I. Gestão ambiental e estratégia empresarial: um estudo em uma


empresa de cosméticos no Brasil. Gest. Prod., [S. l.], v. 21, n. 1, 2014.

BARBIERI, J. C. Desenvolvimento Sustentável: das origens à Agenda 2030. Petrópolis: Vozes,


2020.

BRAGA, J. et al. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2005.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Atos Normativos. Conama, Brasília, 2021. Disponível em:
http://conama.mma.gov.br/atos-normativos-sistema. Acesso em: 21 fev. 2023.

BUENO, K. E. M. et al. Planejamento e gestão ambiental. Curitiba: InterSaberes, 2020.

CALIJURI, C. et al. Engenharia Ambiental: conceitos, tecnologias e gestão. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2013.

CAMARGO, A. L. B. Desenvolvimento Sustentável: dimensões e desafios. Campinas: Papirus,


2020.

ERBE, M. C. L. Sistemas de Gestão Ambiental. Curitiba: IFPR, 2012. Disponível


em: http://proedu.rnp.br/bitstream/handle/123456789/1388/Sistemas%20de%20Gestao%20Am
biental.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 21 fev. 2023.

FERNANDES, J. L. et al. Um estudo da produção mais limpa na gestão ambiental. Rev. Augustus,
[S. l.], v. 20, n. 39, p. 52-64, 2015.

HAMMERSCHMIDT, D. O risco na sociedade contemporânea e o princípio da precaução no direito


ambiental. Revista Sequência, [S. l.], n. 45, p. 97-122, 2002.

LORA, E. E. S. Prevenção e controle da poluição nos setores energético, industrial e transporte. 2.


ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2002.

MACÊDO, K. B.; OLIVEIRA, A. A gestão ambiental nas organizações como nova variável
estratégica. Rev. Psicol. Organ. Trab., [S. l.], v. 5, n. 1, 2005.

MACHADO, I. L. O.; GARRAFA, V. Proteção ao meio ambiente e às gerações futuras:


desdobramentos e reflexões bioéticas. Saúde Debate, [S. l.], v. 44, n. 124, 2020.

GARCIA, F. M. et al. Notas acerca do uso de indicadores e eficácia na gestão ambiental. Revista
Pretexto, [S. l.], n. 1, p. 11-23, 2019.
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ECOLOGIA E SAÚDE

MARTINS, M. R. S.; SILVA, J. G. F. O sistema de gestão ambiental baseado na ISO 14000:


Importância do instrumento no caminho da sustentabilidade ambiental. REGET, [S. l.], v. 18, n. 4,
p. 1460-1466, 2014.

SILVA, A. R.; OHARA, L. F.; GHIZZI, M. L. P. Normas ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental.
Qualidade Total – ESALQ – USP, São Paulo, 2020. Disponível em:
http://www.qualidade.esalq.usp.br/fase2/iso14000.htm. Acesso em: jan. 2023.

SGS ACADEMY. Gerenciamento dos aspectos e impactos ambientais. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2015.

WWF. O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável? WWF Brasil, [S. l., s.
d.]. Disponível em:
https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/
#:~:text=A%20defini%C3%A7%C3%A3o%20mais%20aceita%20para,os%20recursos%20para%20o
%20futuro. Acesso em: 21 fev. 2023.

YABE, I. Planejamento e gestão ambiental. Curitiba: Contentus, 2020.

Aula 5
Encerramento da Unidade

Vídeo Aula Encerramento

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Olá, estudante! Nesta unidade, você estudou como as alterações no meio ambiente causam
efeitos adversos à saúde. Essas alterações possuem resultados a curto, médio e longo prazo.
Portanto, a necessidade de propor técnicas de proteção ambiental é inerente à promoção da
saúde e da qualidade de vida. No vídeo resumo, você poderá rever os pontos principais dos
conteúdos e revisar os conceitos e as aplicações.
Bons estudos!
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Ponto de Chegada

O planeta sempre passou por constantes mudanças naturais e antrópicas, porém estas últimas
foram estimuladas, principalmente, após a Revolução Industrial. O aumento populacional, a
urbanização sem planejamento, a alteração da qualidade das águas, do ar, do solo e a extinção
de espécies são algumas das modificações influenciadas pelas atividades do ser humano
(ALVES, 2020; ARTAXO, 2014; BELESSA, 2018). Sabe-se que diversas patologias podem ser
associadas às alterações desencadeadas pelas relações entre os seres vivos e o ambiente. As
mudanças ocasionadas pelo ser humano intensificaram a disseminação de doenças e o
reaparecimento de enfermidades outrora consideradas erradicadas (JESUS, 2019; MORAIS et al.,
2020).

Essas modificações ocorrem não apenas no meio ambiente, mas também no perfil populacional.
Observa-se, ao longo dos anos, que o processo de transição demográfica acontece devido às
alterações na dinâmica de nascimentos, mortes e migração da população. Associado a esse
cenário, ocorrem também mudanças no comportamento da mortalidade e da morbidade da
população, condições que resultam em alterações nos padrões de morte, morbidade e invalidez
de uma população específica; em geral, isso ocorre em conjunto com outras transformações,
como as sociais, as econômicas e as de saúde, o que dá origem ao processo de transição
epidemiológica (CORTEZ et al., 2019; OPAS, 2009). Contudo, com o passar dos anos, o avanço
das ciências médicas, a criação de políticas na área da saúde e a melhoria das condições
sanitárias fizeram com que a expectativa de vida do ser humano aumentasse. Além disso, as
melhores condições socioeconômicas das populações reduziram a taxa de natalidade. Esses
fatores resultaram no envelhecimento da população (OPAS, 2009; SCHARAMM et al., 2004).

Embora a expectativa e a qualidade de vida tenham melhorado com o passar dos anos, as
alterações antrópicas, causadas no ambiente, continuaram a se intensificar. Para evitar ou
minimizar as interferências do ser humano no ambiente, discussões internacionais ganharam
destaque (AZZARI, 2021). Nesse cenário, a necessidade da adoção de estratégias de
crescimento econômico que permitam o desenvolvimento social e valorizem os recursos
ambientais como base fundamental para sua sustentação ganhou destaque; então, políticas
ambientais foram desenvolvidas como proposta.

A educação ambiental (EA) e a gestão ambiental estão entre essas propostas. A EA surge com o
objetivo de transformar a sociedade e o modelo de desenvolvimento vigente com todos os seus
impactos à saúde do ambiente e de toda a vida (AZZARI, 2021; CALIJURI et al., 2013; CAMARGO,
2020). Já a gestão ambiental é um processo contínuo e adaptativo, por meio do qual uma
organização define os objetivos e as metas relativas à proteção do ambiente, à saúde e à
segurança de seus empregados, seus clientes e sua comunidade (MACÊDO; OLIVEIRA, 2005).

Ao analisar a problemática ambiental e seus efeitos, percebeu-se que estratégias preventivas, em


vez de corretivas, devem ser priorizadas. A sociedade, nesse contexto, busca tecnologias cada
vez mais limpas, desenvolvimento de produtos e serviços com efeitos menos nocivos ao
ambiente, maior incentivo a preservação de biomas, etc. Esses fatores permitem uma melhor
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ECOLOGIA E SAÚDE

qualidade ambiental e, consequente, melhor qualidade de vida para a população (BACARJI;


HALL; WERNER, 2009).

Nesta unidade você estudou as interações entre ser humano, meio ambiente e os seus efeitos.
Além disso, pôde compreender como o ambiente interfere na saúde das pessoas e foi
apresentado a algumas estratégias de mitigação das ações antrópicas sobre o meio ambiente.

É Hora de Praticar!

Um ambiente limpo e equilibrado é essencial para a saúde e a qualidade de vida. Entretanto, o


ambiente também pode ser uma fonte de estressores decorrentes da poluição do ar, de ruídos,
de produtos químicos perigosos, entre outros que afligem negativamente a saúde. A saúde da
população mundial também pode ser afetada negativamente pelas mudanças climáticas, por
meio de ondas de calor, inundações e mudanças na distribuição de doenças transmitidas por
vetores. Em um nível mais amplo, a mudança climática, a perda de biodiversidade e a
degradação dos solos também podem impactar o bem-estar humano ao ameaçar a prestação de
serviços ecossistêmicos, como o acesso à água potável e à produção de alimentos.
Sabe-se, portanto, que a saúde e o bem-estar humanos estão intimamente ligados ao estado do
ambiente. Os ambientes naturais de boa qualidade satisfazem nossas necessidades básicas, em
termos de oferecimento de ar e água limpos, terra fértil para a produção de alimentos e insumos
de energia e materiais para a sobrevivência humana, em geral. No meio ambiente natural, a
preservação da vegetação nativa serve para regular o clima e prevenir inundações principalmente
às margens dos rios e lagos. O acesso a espaços verdes também oferece importantes
oportunidades de lazer e promove o bem-estar humano. Contudo, o ambiente antrópico, ou não
natural, pode representar um caminho importante para a exposição humana ao ar poluído e a
ruídos, por exemplos em grandes cidades e a produtos químicos perigosos e a outras fontes de
estressores quando estamos em ambientes de trabalho, por exemplo.
Nesse contexto, imagine que você trabalha como gestor ambiental e de sustentabilidade em um
centro hospitalar. Os gestores ambientais planejam e dirigem o desenvolvimento de sistemas de
gestão projetados para minimizar o impacto de uma organização no meio ambiente. Entre as
atividades por eles desenvolvidas, estão a gestão do consumo de eletricidade, água, consumo
geral de resíduos e controle da poluição gerada pela empresa. Assim, no ambiente hospitalar,
existe uma série de fatores de risco para o ambiente, os quais precisam ser gerenciados
adequadamente para que problemas relacionados à saúde humana sejam minimizados. Como
profissional da área ambiental e da saúde, quais aspectos você levaria em consideração ao
realizar um relatório de qualidade ambiental que refletisse os impactos causados pelas
atividades do hospital para a saúde da população residente em seu entorno?

Com essa atividade, você realizará um levantamento dos principais fatores ambientais e de
saúde pública que refletem os impactos das atividades hospitalares para o ambiente e a saúde
humana. Lembre-se dos assuntos discutidos ao longo da unidade, tais como impactos
ambientais, relação homem-natureza e gestão e controle ambientais
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ECOLOGIA E SAÚDE

Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade!


Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a
oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos
transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais significativa. Não perca essa
chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido.

Saúde e meio ambiente. Fonte: elaborada pelas autoras.

ALVES, J. E. D. Antropoceno: a Era do colapso ambiental. CEE Fiocruz, Rio de Janeiro, 16 jan.
2020. Disponível em: https://cee.fiocruz.br/?q=node/1106. Acesso em: 19 fev. 2023.
ARTAXO, P. Uma nova era geológica em nosso planeta: o Antropoceno? Revista USP, São Paulo, n.
103, p. 13-24, 2014.
AZZARI, R. Educação ambiental e saúde única. Portal de Educação Ambiental, São Paulo, 23 fev.
2021. Disponível em:
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/educacao-ambiental-e-
saude-unica/. Acesso em: 20 fev. 2023.
BACARJI, A. G.; HALL, R. J.; WERNER, E. M. Produção Mais Limpa: Conceitos e Definições
Metodológicas. SEGET, 6., 2009, Resende. Anais [...]. Resende: AEDB, 2009.
BELESSA, M. Os critérios para a definição da nova época geológica, o Antropoceno. Instituto de
Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2 maio 2018. Disponível em:
http://www.iea.usp.br/noticias/conversa-sobre-o-antropoceno. Acesso em: 19 fev. 2023.
CALIJURI, C. et al. Engenharia Ambiental: conceitos, tecnologias e gestão. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.
CAMARGO, A. L. B. Desenvolvimento Sustentável: dimensões e desafios. Campinas: Papirus,
2020.
CORTEZ, A. C. L. et al. Aspectos gerais sobre a transição demográfica e epidemiológica da
população brasileira. Enfermagem Brasil, [S. l.], v. 18, n. 5, p. 700-709, 2019.
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FIOCRUZ. Atenção Básica. Pense SUS, São Paulo, [s. d.]. Disponível em:
https://pensesus.fiocruz.br/atencao-basica. Acesso em: 21 fev. 2023.
JESUS, A. J. A saúde humana e o meio ambiente frente aos processos de degradação: uma
revisão de literatura. Revista Interfaces, [S. l.], v. 7, n. 2, 2019.
MACÊDO, K. B.; OLIVEIRA, A. A gestão ambiental nas organizações como nova variável
estratégica. Rev. Psicol. Organ. Trab., [S. l.], v. 5, n. 1, 2005.
MORAIS, K. V. R. et al. As doenças emergentes e reemergentes e seus determinantes. Braz. J.
Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 11227-11241, 2020.
OMS. Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde: Resumo. Genebra: OMS, 2015. Disponível
em: https://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMS-ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf.
Acesso em: 21 fev. 2023.
OPAS. Rede Interagencial de Informações para Saúde. Demografia e saúde: contribuição para
análise de situação e tendências. Brasília: OPAS, 2009. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/demografia_saude_contribuicao_tendencias.pdf.
Acesso em: 21 fev. 2023.
SCHARAMM, J. M. A. et al. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doenças no Brasil.
Ciênc. saúde coletiva, [S. l.], v. 9, n. 4, 2004
,

Unidade 4
SAÚDE PÚBLICA

Aula 1
Ecologia das doenças

Videoaula: Ecologia das doenças

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Olá, estudante! Nesta aula você foi apresentado a temas importantes relacionados à área de
saúde e meio ambiente. É essencial que você analise a relação entre esses temas e compreenda
como os impactos ambientais negativos interferem nas variáveis ambientais e como elas afetam
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a saúde coletiva. Para facilitar o seu entendimento, assista ao vídeo que apresenta de maneira
sucinta essas relações.

Ponto de Partida

Olá, estudante! Ao longo de sua vida, você deve ter notado que a qualidade do meio ambiente
pode interferir de forma significativa na qualidade de vida das pessoas. Diante disso, nesta aula,
estudaremos as variáveis ambientais que influenciam no aparecimento de doenças, os fatores
que agravam as enfermidades e os impactos ambientais e seus efeitos no meio ecológico e na
saúde. Veremos também sobre as questões ambientais relacionadas à saúde e à qualidade de
vida.

Por fim, estudaremos como tais questões podem determinar o aparecimento de algumas
doenças e o reaparecimento de outras, outrora consideradas erradicadas. Esses conteúdos são
importantes para a compreensão dos fatores que interferem na saúde individual e coletiva, além
de estabelecer estratégias para a prevenção de doenças e programas de atenção à saúde. Então
vamos à aula.

Bons estudos!

Vamos Começar!
O cenário de degradação ambiental tem como consequência problemas que interferem na
qualidade de vida das populações. Como parte integrante do meio ambiente, o ser humano sofre
as consequências de suas ações, e as repercussões por suas escolhas equivocadas têm incidido
de forma significativa em sua saúde (BERTÉ et al., 2021).

Hipócrates, em 460-377 a.C., em seu famoso livro Ares, Águas e Lugares, foi quem, pela primeira
vez, abordou e registrou a relação entre o meio ambiente e o processo saúde-doença. Seus
estudos relacionavam o desequilíbrio do ambiente natural com a ocorrência de doenças, ou seja,
nessa época, já se apontava a relação dos fatores ambientais com o surgimento de
enfermidades. A partir de então, compreendeu-se que, para melhor entender o processo saúde-
doença, em qualquer comunidade, é necessário entender que o ser humano, em seu meio físico,
biológico, social e econômico, faz parte do meio ambiente, que é considerado fator determinante
e condicionante para a ocorrência e a prevalência das doenças infecciosas e parasitárias
(BUSATO, 2020; LIMA, 2014).

Nesse contexto, podemos questionar: de onde vêm as doenças? Alguns cientistas preconizam o
investimento no conhecimento científico, pois o estudo da genética e da biologia molecular são
importantes para a prevenção, o controle, o diagnóstico, o tratamento e a cura da maioria das
doenças. Contudo, outros pesquisadores defendem que a proporção de doenças relacionadas
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ECOLOGIA E SAÚDE

somente às causas genéticas são relativamente pequenas, sendo, então, importante destacar
que diferenças na estrutura social, no estilo de vida e os fatores ambientais continuam a ser
responsáveis por uma proporção de doenças bem maior (MEIRA, CARVALHO, 2010;
CARVALHEIRO et al., 2002).

Foi diante das evidentes relações entre a degradação ambiental e a qualidade de vida que
estudos, ações e iniciativas foram e são desenvolvidos para eliminar, diminuir ou prevenir riscos
à saúde e intervir nos problemas sanitários do meio ambiente, surgindo, assim, o conceito de
vigilância ambiental (BUSATO, 2020; LIMA, 2014; ZUCCOLOTTO, 2020).

O estudo dessa área multidisciplinar é um desafio, visto que é formada por vários aspectos da
saúde humana, dentre os quais se inclui a qualidade de vida. Além disso, seu foco está em uma
análise do presente e do futuro, na qual se avaliam as situações atuais para mensurar os riscos
para as futuras gerações (BERTÉ et al., 2021). De acordo com Busato (2020), a atuação da
vigilância ambiental na saúde pública prioriza as áreas de controle da qualidade da água para o
consumo humano, a saúde das populações expostas a poluentes atmosféricos, a contaminantes
químicos e a saúde ambiental relacionada aos fatores físicos.

A disponibilidade de informação apoiada em dados válidos e confiáveis é condição essencial


para a análise da situação de saúde de uma população. Nesse contexto, os indicadores
ambientais foram desenvolvidos para facilitar a quantificação e a avaliação das informações
produzidas para essa finalidade, cujas fontes são inúmeras e variáveis (BERTÉ et al., 2021).
Esses indicadores trazem informações relevantes e são construídos por dados variáveis
conforme sua complexidade e devem ser analisados e interpretados com facilidade pelos
usuários que os utilizam (BUSATO, 2020).

Siga em Frente...

Vimos anteriormente que o uso de indicadores para a avaliação das condições ambientais é
muito importante e quais são os seus efeitos na saúde. No entanto, o que seriam esses
indicadores?

De acordo com Berté et al. (2021), eles são informações e/ou dados transformados em
estatísticas, que permitem compreender as condições de um ambiente, verificar atividades
antrópicas e interpretar os problemas identificados. É com a análise desses indicadores que as
respostas acerca dos possíveis riscos ambientais existentes à saúde dos indivíduos e das
populações virão. Além dos indicadores ambientais, indicadores de saúde são ferramentas
importantes para se avaliar e monitorar o progresso dos países e orientar a alocação de recursos
na perspectiva da saúde pública (SILVA et al., 2018).

Nesse contexto, ao se considerar que saúde tem como determinante não apenas as condições
biológicas/genéticas/hereditárias, mas também as ambientais e as relativas ao estilo de vida,
fatores como qualidade do ar, do solo e da água passam a ter uma importância relevante, pois,
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ECOLOGIA E SAÚDE

ao se alterar as condições naturais desses fatores, pode-se causar um processo de desequilíbrio


na saúde de grupos ou indivíduos expostos a essa nova situação, da mesma forma como ocorre
com os fatores socioeconômicos, culturais e políticos (SOUTO-MARCHAND, 2017; ROSEIRO;
TAKAYANAGUI, 2007).

O conceito de ambientes saudáveis favoráveis à promoção da saúde é uma das cinco linhas
principais propostas na Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (evento que
aconteceu entre os anos de 1986 e 2002, em diferentes países) e tem quatro aspectos principais:
dimensão social, política, econômica e empoderamento da mulher (BUSATO, 2020). Foi durante a
IV Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, ocorrida em Jacarta, Indonésia, no ano
de 1997, que a pobreza foi considerada a maior ameaça à saúde, além de outros fatores, como a
influência exercida pela intensa urbanização e pela transição demográfica, a qual, com aumento
significativo da população de idosos, consequentemente, resultou no aumento de doenças
crônicas (ROSEIRO; TAKAYANAGUI, 2007).

Nas últimas décadas do século XX, o conceito de saúde-doenças passou a ter uma percepção
mais holística. Com esse novo enfoque, obteve-se uma nova compreensão de seus fatores
determinantes. Assim, o entendimento desse processo passou a se embasar no desequilíbrio
entre os fatores: agente, hospedeiro e meio ambiente, encontrando suporte na multicausalidade,
e evoluindo, posteriormente, para o modelo de determinação social, que leva em consideração o
contexto social, cultural, econômico e político em que se insere um indivíduo ou grupos. Sendo
assim, fica fácil observar que determinados grupos sociais podem ficar mais vulneráveis a
algumas doenças de acordo com as condições que lhes são impostas (SOUTO-MARCHAND,
2017; ROSEIRO; TAKAYANAGUI, 2007).

Diversos são os métodos e as estratégias utilizadas para descrever e analisar a distribuição dos
problemas de saúde com foco em desigualdades (SILVA et al., 2018). Ainda de acordo com Silva
et al. (2018), o principal objetivo é identificar quais são os grupos mais vulneráveis (ou os menos
favorecidos), que devem ser priorizados em intervenções de saúde pública. As desigualdades de
sexo e/ou gênero, raça/etnia/cor da pele, nível econômico, escolaridade, área de residência
(urbana e rural) e região geográfica estão entre as mais usualmente analisadas.

Vamos Exercitar?
A exposição humana a diversos fatores de risco, como água, ar, solo e alimentos contaminados
ou como vetores, pode afetar a população de forma ocupacional ou não ocupacional, aguda ou
crônica. O elevado número de fatores ambientais que podem afetar a saúde humana leva a uma
complexidade de ações necessárias para melhorar esses fatores determinantes de saúde. Para
isso, sabe-se que o estudo de indicadores da relação entre ambiente e saúde é cada vez mais
importante para monitorar e evitar impactos negativos na saúde da população devido a um
ambiente insalubre (SCHÄFFER et al., 2015).
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ECOLOGIA E SAÚDE

Berté et al. (2020) citam alguns desses indicadores ambientais que se relacionam com a saúde
humana. São eles:

O consumo de substâncias que destroem a camada de ozônio: esse indicador auxilia no


desenvolvimento de ações que minimizem os impactos na camada de ozônio.
A quantidade de agrotóxicos comercializada: descreve a quantidade comercializada de
agrotóxico por classe de periculosidade ambiental.
A reserva de água doce: busca avaliar a quantidade de água doce existente no território
brasileiro.

Além disso, os autores citam fenômenos naturais como terremotos, vulcões, tempestades,
ciclones, deslizamentos de terra, entre outros, pois causam alterações na qualidade ambiental e
efeitos na saúde humana.

Inúmeros são os problemas causados pela degradação do meio ambiente na saúde. Um dos
mais graves episódios de poluição ambiental ocorreu em 1952, na cidade de Londres, Inglaterra.
Uma quantidade excessiva de poluentes atmosféricos permaneceu sobre a cidade durante três
dias (fenômeno conhecido como smog), ocasionando um aumento de quatro mil mortes em
relação à média do mesmo período (BRAGA et al., 2001).

Outras doenças características da degradação do ambiente são as zoonoses (doenças


transmitidas de animais para humanos), que fazem parte da natureza. Contudo, o que torna
essas zoonoses uma pandemia é a interferência humana, como a destruição dos habitats
naturais, o tráfico de animais silvestres e o hábito de consumi-los para os mais diferentes fins. Os
agentes biológicos causadores dessas doenças são os vírus patógenos aos seres humanos (p.
ex. ebola, gripe suína), que ocorrem naturalmente no planeta e vivem dentro de um ciclo natural,
dentro do qual alguns animais silvestres são hospedeiros. Entretanto, quando as ações humanas
quebram esse ciclo, os vírus, que apresentam capacidade de mutação e recombinação genética,
ficam expostos a organismos que não tiveram uma evolução conjunta com ele e,
consequentemente, não apresentam adaptação e resistência a ele (ADHIKARI et al., 2020; JONES
et al., 2008).

Vejamos um estudo que ocorreu na cidade de Quixadá, no Ceará, para avaliação dos casos de
dengue e chikungunya. Verificou-se que as condições climáticas (pluviosidade, temperatura e
umidade relativa do ar), durante um período estipulado, foram favoráveis à proliferação do A.
aegypti, e que as condições sanitárias, referentes ao acúmulo de lixo, funcionou como potencial
depósito de água, contribuindo para a proliferação do vetor. Nesse estudo, concluiu-se que a
condição sanitária da cidade provou ser o principal fator de notificação dessas doenças durante
o período da pesquisa (SILVA et al., 2020).

Você aprendeu sobre a importância da proteção ecológica e a qualidade ambiental para a


manutenção da saúde, uma vez que a degradação do ambiente pode favorecer o
desenvolvimento de doenças. Nesse contexto, avaliar os indicadores ambientais e as condições
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ECOLOGIA E SAÚDE

às quais a população está submetida é de extrema importância para propor medidas ambientais
e de saúde para a resolução do problema.

Saiba mais

Olá, estudante! Nesta aula você estudou a ecologia das doenças e as questões ambientais com
efeitos na saúde.

Consulte o site da Fundação Oswaldo Cruz, onde há mais informações sobre pesquisa, ensino e
publicações em diversos segmentos na área de saúde e meio ambiente.

Referências

ADHIKARI. S. P. et al. Epidemiology, causes, clinical manifestation and diagnosis, prevention and
control of coronavirus disease (COVID-19) during the early outbreak period: a scoping review.
Infectious Diseases of Poverty, [S. l.], v. 29, p. 1-12, 2020.

BERTÉ, R. et al. Vigilância Ambiental. Curitiba: Intersaberes, 2021.

BRAGA, A. et al. Poluição atmosférica e saúde humana. Revista USP, São Paulo, n. 5, p. 58-71,
2001.

BRASIL. Fundação Nacional de Sáude. Vigilância ambiental em saúde. Brasília: FUNASA, 2002.
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sinvas.pdf. Acesso em: 22
fev. 2023.

BUSATO, I. M. S. Meio Ambiente, saúde pública e qualidade de vida. Curitiba: Contentus, 2020.

CARVALHEIRO, J. R. et al. O crucial debate da ciência no limiar do século 21. Ciência & Saúde
Coletiva, [S. l.], v. 7, n.1, p.17-41, 2002.

EMBRAPA. As mudanças ambientais e a saúde humana: impactos da degradação ambiental


sobre surtos de doenças infecciosas. Embrapa, Brasília, 28 maio 2020. Disponível em:
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/52769086/artigo---as-mudancas-
ambientais-e-a-saude-humana-impactos-da-degradacao-ambiental-sobre-surtos-de-doencas-
infecciosas#:~:text=As%20mudan%C3%A7as%20ambientais%20antropog%C3%AAnicas%20tam
b%C3%A9m,et%20al.%2C%202015). Acesso em: 22 fev. 2023.

FIOCRUZ. Portal Fiocruz, Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/. Acesso
em: 22 fev. 2023.
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

JONES, K. E. et al. Global trends in emerging infectious diseases. Nature, [S. l.], v. 451, p. 990-993,
2008.

LIMA, A. D. Ecologia Médica: uma Visão Holística no Contexto das Enfermidades Humanas.
Revista Brasileira de Educação Médica, [S. l.], v. 38, n. 2, p. 165-172, 2014.

MEIRA, I., CARVALHO, A. P. A. A saúde e sua relação intrínseca com o organismo e o ambiente.
Fórum Sociológico, [S. l.], v. 20, 2010. Disponível em:
https://journals.openedition.org/sociologico/512. Acesso em: 22 fev. 2023.

ROSEIRO, M. N. V.; TAKAYANAGUI, A. M. M. Novos indicadores no processo saúde-doença.


Saúde, [S. l.], v. 33, n. 1, p. 37-42, 2007.

SCHÄFFER, A. L. et al. Indicadores de saúde ambiental: um estudo exploratório para as


microrregiões do Rio Grande do Sul. SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 23., 2015, Ijuí. Anais
[...]. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2015.

SILVA, I. C. M. et al. Mensuração de desigualdades sociais em saúde: conceitos e abordagens


metodológicas no contexto brasileiro. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 27, n. 1, 2018.

SILVA, N. S. et al. Avaliação da relação entre a Climatologia, as Condições Sanitárias (lixo) e a


ocorrência de Arboviroses (Dengue e Chikungunya) em Quixadá-CE no período entre 2016 e
2019. Rev. bras. meteorol., [S. l.], v. 35, n. 3, 2020.

SOUTO-MARCHAND, A. S. Doenças infecciosas e suas correlações com indicadores


socioeconômicos e demográficos: estudo ecológico em diferentes estados brasileiros. 2017.
Tese (Doutorado em Medicina Tropical) – Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2017.

ZUCCOLOTTO, T. Meio ambiente e doenças tropicais emergentes. Curitiba: Contentus, 2020.

Aula 2
Tipos de doenças

Videoaula: Tipos de doenças

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Olá, estudante! Nesta aula você foi apresentado a temas importantes relacionados à área da
saúde e do meio ambiente. Você estudou como as condições ambientais influenciam o
surgimento e o ressurgimento de doenças já consideradas erradicadas. No vídeo a seguir você
poderá recordar as principais considerações sobre os conteúdos vistos na aula.
Vamos ao vídeo!

Ponto de Partida

Olá, estudante! Vimos, anteriormente, que o conceito de saúde é bastante abrangente e vários
são os fatores que podem interferir na saúde de um indivíduo e/ou população e causar algum
tipo de enfermidade. Nesta aula, estudaremos as doenças que podem acometer o indivíduo ou
um grupo de pessoas e os casos de infecção local, regional, nacional e mundial. Algumas
doenças são características de determinadas condições ambientais e acometem determinados
locais e, nesse contexto, podemos observar a forte relação entre saúde e meio ambiente.
Estudaremos também as principais doenças diagnosticadas no Brasil e as condições
socioambientais das regiões afetadas.

Bons estudos!

Vamos Começar!

Ao longo dos séculos, as sociedades tiveram que enfrentar eventos epidêmicos devastadores e
que impuseram aos homens o medo da morte e da desagregação social. Nessa época, a
epidemiologia era conhecida como o estudo das doenças transmissíveis. Foi em função de
eventuais noções de contágio que foram planejadas ações diversas, como o isolamento, o
cordão sanitário, as desinfecções e as quarentenas. No decorrer dos séculos, a epidemiologia
recebeu novos significados e, nos dias atuais, desde o início do século XXI, ela é muito mais
abrangente e trata de qualquer evento relacionado à saúde das populações (NASCIMENTO, 2020;
TIETZMANN, 2014). A epidemiologia e os estudos dos processos saúde-doença são um
importante meio para identificar fatores de risco e caracterizar perfis de doenças; a partir deles é
possível analisar as condições de saúde e conhecer o histórico e os espectros clínicos da
enfermidade (SILVA, 2022).

A palavra epidemiologia deriva do grego e é formada pela junção do prefixo epi (sobre) com os
radicais demo (população) e logos (estudo), ou seja, estudo da população. Esse termo possui
várias definições e conceitos, porém todos apresentam semelhanças entre si (SILVA, 2022;
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TIETZMANN, 2014). O objetivo da epidemiologia é investigar e compreender a distribuição das


enfermidades e suas causas em populações humanas e identificar os fatores determinantes no
processo saúde-doença (TIETZMANN, 2014).

Os eventos relacionados à saúde, por exemplo: doenças, seus determinantes e o uso de serviços
de saúde não se distribuem ao acaso entre as pessoas. Há o entendimento que alguns grupos
populacionais apresentam mais casos de certo agravo e há outros que morrem mais por
determinada doença. Tais diferenças ocorrem porque os fatores que influenciam o estado de
saúde das pessoas não se distribuem igualmente na população (GOMES, 2015). De acordo com
Gomes (2015) os estudos na epidemiologia demonstram a forma de distribuição das doenças
ocorrem de acordo com os fatores:

As características do indivíduo/população: por exemplo idade, sexo, ocupação, etc.


As variações em relação ao período:
Cíclicas: determinadas pelas flutuações na incidência de uma doença ocorrida em um
período maior que um ano. Por exemplo: doenças virais.
Sazonais: variação da incidência de uma doença que ocorre em sintonia com as estações
do ano. Por exemplo: gripe, dengue, malária.

Para que a doença ocorra, é necessário que haja uma interação entre as características do
hospedeiro, possível agente causador da doença e do meio no qual o indivíduo se encontra.
Assim, dependendo da frequência com que ocorre a doença na população, esta recebe uma
classificação, que pode ser:

Endemia: presença de uma doença dentro de limites esperados, em uma determinada área
geográfica, sem que se espalhe para outros lugares e por um período de tempo ilimitado,
por exemplo: malária, doença de Chagas.
Epidemia: ocorre em uma região, mas se espalha para outras de forma descontrolada; há
elevação brusca, temporária e acima do esperado da incidência de uma determinada
doença, por exemplo: poliomielite (mesmo que aconteça um único caso, não é o
esperado).
Pandemia: propagação do agente infeccioso no ambiente com ampla distribuição espacial
da doença, atingindo diferentes nações e continentes, por exemplo: Covid-19 (LUNA; SILVA,
2009; TIETZMANN, 2014).

Quando se tem a ocorrência epidêmica, em que todos os casos possuem relação entre si,
atingindo uma área geográfica limitada e pequena, dizemos que há um surto. Exemplo disso são
os casos de intoxicação alimentar em uma empresa (MEDRONHO, 2009).

Foi apresentado aos principais conceitos relacionados à ocorrência de doenças; a seguir,


estudaremos com mais detalhes essas situações.

Siga em Frente...
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Para mensurar a ocorrência de enfermidades na população, são utilizadas as seguintes medidas


de frequência de doenças:

Incidência: é a frequência de novos casos de uma determinada doença ou problema de


saúde em determinado período de tempo, oriundo de uma população sob risco de adoecer
no início da observação.
Prevalência: medida que representa a aferição do número de casos existentes em uma
população em um período determinado (GOMES, 2015).

Gomes (2015) destaca que a prevalência só considera um evento de determinada doença por
indivíduo. Por exemplo: se o indivíduo tiver gripe três vezes durante o ano, o evento só será
contado uma vez. Logo se tem:

n úmero de casos novos n úmero de casos existentes


em determinado per odo í em determinado per odo í
ê
I ncid ncia =
ú
n mero de pessoas expostas
ê
e Pr eval ncia =
ú
n mero de pessoas na

ao risco no mesmo per odo í popula ção í


no mesmo per odo

É importante salientar que uma epidemia não representa a ocorrência de um grande número de
casos em uma população, mas um excesso de casos quando comparado ao número esperado.
Assim, o número de casos de uma epidemia vai variar de acordo com o agente causador, o tipo e
o tamanho da população exposta, o período e o local de ocorrência. Para isso, existem dois
cenários: caso autóctone, oriundo do mesmo local onde ocorreu, e o caso alóctone, importado
de outra localidade (LUNA; SILVA, 2009).

Duas variáveis são importantes ao se estudar a ocorrência de doenças: o tempo e o espaço. Em


relação ao tempo, faz-se necessário registrar e acompanhar a evolução das doenças para que
seja possível reconhecer os padrões e as tendências que ela apresenta ao longo de um período
(dias, semanas, meses e anos). Esse dado é utilizado para que se possa determinar limites para
as variações periódicas de ocorrências, fazendo com que seja possível identificar se há aumento
da incidência ou prevalência de uma doença além do que é esperado para determinado período
(por exemplo: o aumento dos casos de rubéola no final do inverno e início da primavera). No
caso da variável espaço, é importante estabelecer o limite geográfico (país, estado, bairro) em
que ocorre a doença (GOMES, 2015; LUNA; SILVA, 2009).

Algumas condições geográficas influenciam as condições climáticas, as quais contribuem para o


surgimento de determinadas doenças. As doenças tropicais são um exemplo: especula-se que,
durante o período de exploração marítima, muitos desbravadores eram infectados por
enfermidades desconhecidas. Como elas se manifestavam em regiões próximas aos trópicos do
planeta, foram chamadas de doenças tropicais. Essas doenças eram infecciosas e eram
transmitidas por vetores intermediários, que se proliferavam em condições de clima quente e
úmido (JAVIER-SALVADOR, 2020; LUNA; SILVA, 2013; ZUCCOLOTTO, 2020).
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Foi a partir dessa evidência que surgiu o conceito das doenças infecciosas emergentes e
reemergentes, que são aquelas cuja incidência em humanos tem aumentado nas últimas duas
décadas ou ameaça aumentar em um futuro próximo. No atual cenário de crise ambiental,
observa-se a ressurgência de enfermidades outrora consideradas controladas e também o
surgimento de doenças desconhecidas ou raramente detectadas. Nesse contexto, uma nova
percepção sobre elas surge, dando início ao termo doenças tropicais negligenciadas (DTN)
(JAVIER-SALVADOR, 2020; ZUCCOLOTTO, 2020).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2012), as DTNs estão presentes em 149
países, afetam a vida de 1 bilhão de pessoas e são caracterizadas pela elevada endemicidade
em áreas rurais e em áreas urbanas menos favorecidas de países em desenvolvimento. São
características de locais precários sem saneamento básico e sem acesso à água potável e a
serviços de saúde.

Vamos Exercitar?

As enfermidades negligenciadas são um grupo de doenças tropicais transmissíveis que incidem


e prevalecem em países tropicais e subtropicais, especialmente entre as populações pobres da
África, da Ásia e da América Latina (SARTOR et al., 2022). De acordo com a classificação da
OMS, as DTNs são: dengue, dracunculose, doença de Chagas, esquistossomose, filariose
linfática, helmintíases transmitidas via solo, leishmaniose cutânea e visceral, hanseníase,
oncocercose, raiva, teníase/cisticercose, equinococose/hidatidose, tracoma, trematodiose
(alimentar), treponematoses endêmicas, tripanossomíase africana humana e úlcera de Buruli
(JAVIER-SALVADOR, 2020).

O processo de globalização, o aumento do trânsito internacional de pessoas e mercadorias e a


mudança contínua da situação epidemiológica mundial favoreceram a fragilidade das fronteiras
dos países em questão e a entrada de doenças infecciosas. Além disso, o rápido crescimento
populacional em áreas com sistemas de saúde deficientes, a ampliação do meio urbano,
alterações climáticas, conflitos civis e a natureza mutável da transmissão de agentes
patogênicos entre populações humanas e animais são fatores que agravam a fragilizada saúde
global (SARTOR et al., 2022).

O Brasil, de acordo com o sistema de saúde, concentra o maior número de casos de DNTs entre
os países da América do Sul (ZUCCOLOTTO, 2020).

Na Figura 1 é possível observar as principais DNTs que acometeram a população brasileira desde
1826 até a última pandemia, em 2020. A linha do tempo representa a indicação do primeiro ano
em que cada doença foi relatada ao Senado.
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Figura 1 | Doenças epidemiológicas no Brasil: da varíola à Covid-19 (1826-2020). Fonte: Brasil (2020, [s. p.]).

Devido a sua grande extensão territorial, o Brasil faz fronteira com dez países de diferentes
status sanitários, além de diversos portos e aeroportos com intensa movimentação, expondo
claramente a vulnerabilidade sanitária do país (SARTOR et al., 2022). As DNTs mais relevantes no
Brasil são: dengue, chikungunya/zika, leishmaniose tegumentar americana, febre amarela e
tuberculose (ZUCCOLOTTO, 2020). Outra doença de considerável relevância é a malária, de
comum ocorrência na região da Amazônia Legal Brasileira. A malária é influenciada por várias
condições de cunho climático, social, econômico ou de mudança da cobertura do solo. Além
disso, existem condições de vulnerabilidade para a ocorrência da doença, como crescimento
populacional, fluxo migratório e degradação ambiental, resultantes de intervenções humanas,
bem como a proliferação do mosquito vetor Anopheles, cujo ciclo de vida é favorecido pela
umidade e pela temperatura da região (SARTOR et al., 2022).

As condições sanitárias brasileiras influenciam intensamente os casos de doenças devido à


poluição e à contaminação das águas, à disposição irregular de resíduos e à falta de saneamento
básico. Isso favorece o aparecimento de doenças conhecidas, como as de veiculação hídrica,
que são aquelas causadas pela presença de microrganismos patogênicos na água (CETESB,
2023; PAIVA; SOUZA, 2018).

Estratégias de combate, erradicação, prevenção e tratamento das DNTs são frequentemente


discutidas por organismos internacionais com o desenvolvimento de medicamentos, vacinas e
investimento em centros de pesquisa e inovação para controle e/ou erradicação de DNTs. Além
dessas medidas, os cuidados e a atenção com a qualidade ambiental são fatores determinantes
para o controle dessas doenças, visto que o problema de saneamento precário é causador de
diversas doenças (PAIXÃO et al., 2013; ZUCCOLOTTO, 2020).

Você aprendeu sobre algumas doenças tropicais que acometem a população brasileira, além de
ocorrências de epidemias no último século. Siga empenhado nos estudos!
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Saiba mais
Olá, estudante! Nesta aula você estudou como os fatores ambientais influenciam a aparição de
algumas epidemias. Para mais informações sobre os conteúdos abordados nesta aula, consulte
o site do Instituto Butantan e o do Instituto Biológico de São Paulo.

Entenda o que é uma pandemia e as diferenças entre surto, epidemia e endemia - apresenta
informações sobre os termos técnicos utilizados em epidemiologia.
Boletins Epidemiológicos - disponibiliza sobre os boletins epidemiológicos em todo
território nacional.

Referências

BRASIL. Senado Federal. Doenças Epidemiológicas no Brasil: da Varíola à Covid-19. Senado


Federal, Brasília, 2020. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/institucional/arquivo/documentos-sobre-epidemias-no-brasil.
Acesso em: 22 fev. 2023.

BUTANTAN. Entenda o que é uma pandemia e as diferenças entre surto, epidemia e endemia.
Portal do Butantan, São Paulo, [s. d.]. Disponível em: https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-
duvida/tira-duvida-noticias/entenda-o-que-e-uma-pandemia-e-as-diferencas-entre-surto-
epidemia-e-endemia. Acesso em: 22 fev. 2023.

CETESB. Surtos de doenças de veiculação hídrica. CETESB, São Paulo, 2023. Disponível em:
https://cetesb.sp.gov.br/laboratorios/atendimento-a-emergencia/surtos-de-doencas-de-
veiculacao-hidrica/. Acesso em: 22 fev. 2023.

ESPINAL, M. Doenças tropicais negligenciadas: OPAS pede fim dos atrasos no tratamento nas
Américas. OPAS, [S. l.], 28 jan. 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/28-1-2022-
doencas-tropicais-negligenciadas-opas-pede-fim-dos-atrasos-no-tratamento-
nas#:~:text=Hansen%C3%ADase%2C%20dengue%2C%20leishmaniose%2C%20esquistossomose
,em%20risco%20mais%20de%20200. Acesso em: 22 fev. 2023.

FIOCRUZ. A saúde no Brasil em 2030 – Prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro:


população e perfil sanitário. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2013. v. 2.

GOMES, E. C. S. Conceitos e Ferramentas da Epidemiologia. Recife: Ed. Universidade da UFPE,


2015.

INSTITUTO BIOLÓGICO. Instituto Biológico – Inovando o presente, São Paulo, 2023. Disponível
em: http://www.biologico.sp.gov.br/. Acesso em: 22 fev. 2023.
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ECOLOGIA E SAÚDE

JAVIER-SALVADOR, G.J. Programa de prevenção às doenças tropicais. Curitiba: Contentus, 2020.

LUNA, E. J. A, SILVA. J. R., Doenças transmissíveis, endemias, epidemias e pandemias. In:


MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.

MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.

NASCIMENTO, D. R. do. Entre o medo e o enfrentamento das epidemias: uma reflexão motivada
pela Covid-19. Casa de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 8 maio 2020. Disponível em:
https://coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1788-entre-o-medo-e-o-enfrentamento-das-
epidemias-uma-reflexao-motivada-pela-covid-19.html. Acessado em: 22 fev. 2023.

OPAS. Módulos de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Brasília: OPAS:


Ministério da Saúde, 2010.

OPAS. OMS lança plano de 10 anos para acabar com sofrimento causado por doenças tropicais
negligenciadas. OPAS, Genebra, 29 jan. 2021. Disponível em:
https://www.paho.org/pt/noticias/29-1-2021-oms-lanca-plano-10-anos-para-acabar-com-
sofrimento-causado-por-doencas-
tropicais#:~:text=Foi%20aprovado%20pela%20Assembleia%20Mundial,%2C%20diretor%2Dgeral
%20da%20OMS. Acesso em: 22 fev. 2023.

PAHO. Primeiro relatório da OMS sobre doenças tropicais negligenciadas: Avanços para superar
o impacto global de doenças tropicais negligenciadas. PAHO/íris, Washington D.C., 2012.
Disponível em: https://iris.paho.org/handle/10665.2/7680. Acesso em: 22 fev. 2023.

PAIVA, R. F. P. S., SOUZA, M. F. P. Associação entre condições socioeconômicas, sanitárias e de


atenção básica e a morbidade hospitalar por doenças de veiculação hídrica no Brasil. Cad. Saúde
Pública, [S. l.], v. 34, n. 1, 2018.

PAIXÃO, M. V. S. et al. Doenças causadas por fatores ambientais na baixada do município de


Santa Teresa-ES. Ensino, Saúde e Ambiente, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 33-43, 2013.

SARTOR, E. B. et al. Emergência e ressurgimento de doenças infecciosas: os desafios das


fronteiras sanitárias. Visão Acadêmica, Curitiba, v. 23 n. 3, 2022.

SILVA, A. C. Processo saúde-doença relacionado às práticas integrativas e complementares.


Curitiba: InterSaberes, 2022.

TIETZMANN, D. Epidemiologia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

ZUCCOLOTTO, T. Meio ambiente e doenças tropicais emergentes. Curitiba: Contentus, 2020.


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ECOLOGIA E SAÚDE

Aula 3
Saúde e epidemiologia

Videoaula: Saúde e epidemiologia

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Olá, estudante! Nesta aula você foi apresentado a temas importantes relacionados aos fatores,
às características e aos condicionantes das principais doenças epidemiológicas do país. Esses
temas fazem parte da rotina de profissionais da área de saúde pública. No vídeo a seguir, você
poderá rever os pontos-chave da aula, o que facilitará sua compreensão sobre os temas. Vamos
ao vídeo!

Ponto de Partida
Olá, estudante! Os conteúdos que conheceremos nesta aula se referem ao processo de saúde e
doença, aos fatores de risco envolvidos nesse processo e à epidemiologia das principais
doenças do país. Esses temas são importantes para que haja a compreensão sobre os fatores
clínico-epidemiológicos e ambientais relacionados às principais enfermidades que afetam o país
e como ocorre a sua distribuição no espaço.

Esses conhecimentos são essenciais como subsídios para a elaboração e a implementação de


ações de saúde mais eficazes às populações vulneráveis. Além disso, para que se possa analisar
condicionantes e cenários que representam risco ou danos à saúde da população e ao meio
ambiente, identificando os fatores determinantes e o processo saúde-doença, é preciso que se
tenha a compreensão desses temas.

Vamos à aula. Bons estudos!

Vamos Começar!
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ECOLOGIA E SAÚDE

A complexidade da vida contemporânea alterou as condições e a qualidade de vida da população


com mudanças globalizadas somadas à transição demográfica e difusão de novos hábitos e
padrões de comportamento, o que causou mudanças no perfil das doenças e agravos à saúde.
Nesse contexto, o conceito de viver de maneira saudável emerge como fenômeno social
entendido como um processo cíclico, interativo e associativo, no qual estão presentes elementos
sociais e culturais, ao contrário da concepção de linearidade do fenômeno saúde-doença, que foi
tradicionalmente concebido pela relação de causa e efeito por não considerar as dimensões
sociais, emocionais, econômicas e espirituais do ser humano (CÂMARA et al., 2012; DALCIN et
al., 2016).

Vianna (2012) conclui que, em termos de sua determinação causal, o processo saúde-doença
representa o conjunto de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde e
doença de uma população, que pode variar em diversos momentos históricos e cuja concepção
passa por mudanças de acordo com os contextos históricos e fatores externos ao indivíduo
(CARRAPATO et al., 2017; DALCIN et al., 2016).

Ao longo dos anos, observou-se que o equilíbrio saúde-doença é determinado por uma
multiplicidade de aspectos de origem social, econômica, cultural, ambiental e biológica/genética
conhecida internacionalmente. A importância dos Determinantes Sociais da Saúde (DSS) dentro
desse conceito está em constante adaptação, pois esses determinantes possuem um enorme
impacto dentro do processo e são definidos como os fatores que influenciam, afetam e/ou
determinam a saúde dos povos e cidadãos (CARRAPATO et al., 2017; DALCIN et al., 2016).

Os DSS, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são os fatores “não médicos” que
mais influenciam a saúde humana. Esses fatores são as condições nas quais o indivíduo ou
grupo nascem, crescem, trabalham, vivem e envelhecem, ou seja, é o modelo de vida que o
indivíduo tem. A OMS define, ainda, que essas forças e sistemas incluem políticas e sistemas
econômicos, agendas de desenvolvimento, normas sociais e sistemas políticos (WHO, 2023).
Segundo Malta et al. (2017), considera-se fator de risco qualquer exposição que aumente a
probabilidade de ocorrência de uma doença ou um agravo à saúde. Os fatores de risco podem
ser monitorados por meio dos comportamentos adotados, do estilo de vida. Determinantes
sociais, como condições socioeconômicas, culturais e níveis de escolaridade, influenciam os
fatores de risco.

Os DSS têm uma influência importante nas iniquidades da área da saúde. Em países de todos os
níveis de renda, a saúde e a doença seguem um gradiente social, ou seja, quanto mais baixa a
posição socioeconômica, pior é a situação da saúde. É nesse cenário que os DSS são avaliados
como indicadores. De acordo com a OMS, os fatores ambientais são os mais valorizados e
determinam 25% da condição de saúde da população. Outro fator de extrema importância é o
estilo de vida do indivíduo. Um estilo de vida saudável deve ter lugar relevante para maiores
ganhos em saúde, e os determinantes de estratificação social devem receber maior destaque em
relação a essa influência (CARRAPATO et al., 2017; CARVALHO, 2013; WHO, 2023).
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Até aqui, você estudou os principais fatores que podem causar agravos na saúde. A seguir,
estudaremos a relação entre os determinantes sociais e os fatores de risco e entenderemos
como eles influenciam as ocorrências das principais doenças presentes no Brasil.

Siga em Frente...
O conceito e o panorama da saúde estão em constante mudança. As definições das condições e
necessidades de saúde das populações variam de acordo com as mudanças socioeconômicas e
ambientais e com os avanços do conhecimento, os quais têm sido utilizados para explicar a
transformação dos perfis epidemiológicos dos países. A genética, os estilos de vida e o
ambiente são os pilares que sustentam os riscos para a saúde pública. Os dois primeiros são
estudados e discutidos há tempos, mas, no decorrer do final do século XX, o ambiente ganhou
destaque (BUGALHO, 2017; OPAS, 2010).

Entretanto, a quantificação da carga de doenças causadas pelo meio ambiente é de difícil


confirmação, dada a relativa falta de evidências sobre os vínculos causais entre exposições
ambientais e resultados de saúde, bem como a falta de dados de exposição que sejam
confiáveis a nível populacional (GUIMARÃES, 2021).

Na perspectiva ampla relacionada ao modelo de determinantes da saúde, a multicausalidade


tem relevância. Ao fazer referência ao nível individual, considera-se que as doenças
transmissíveis têm um agente etiológico infeccioso ou biológico, e as não transmissíveis
possuem um agente não biológico, como neoplasias ou problemas cardíacos (OPAS, 2010). As
doenças transmissíveis marcaram a evolução da sociedade global, pois permitiram avanços
importantes na saúde e continuam a ser uma preocupação ativa para o bem-estar das
populações. Entretanto, as doenças não transmissíveis – resultado da combinação de fatores
genéticos, fisiológicos, ambientais e de comportamento – têm ganhado destaque nas últimas
décadas. Na América Latina, as doenças transmissíveis mantêm sua importância, enquanto as
não transmissíveis – lesões e toxicomanias (consumo de substâncias tóxicas) – tiveram uma
maior relevância em relação às causas de morbidade e mortalidade (BUGALHO, 2017; OPAS,
2010).

A má alimentação tem sido um causador do aumento de doenças não transmissíveis, enquanto


que a deterioração dos recursos naturais e a produção de poluentes têm impacto na saúde,
desencadeando efeitos em nível macro, como o aquecimento global, que está produzindo uma
redistribuição das doenças transmitidas por vetores a latitudes que antes tinham uma
temperatura menor (OPAS, 2010). Entre os anos de 1990 e 2015, em um estudo colaborativo
realizado por institutos de diferentes áreas de pesquisas de diversos países sobre carga de
doenças, lesões e fatores de risco a saúde; o saneamento inadequado, a poluição do ar, o
nanismo e a desnutrição foram apontados como os principais fatores que causaram mais de 10
milhões de casos de morte prematura de pessoas. Para esse mesmo período, embora a
exposição a esses fatores tenha sido reduzida em 30%, fatores como a diabetes e a obesidade
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causaram agravos na saúde de aproximadamente 100 milhões de pessoas, um aumento de 20%


(BILL & MELINDA GATES FOUNDATION, 2016).

A busca pela causalidade da doença procura explicações de quem, onde, quando e por que ela
acontece e tem como finalidade orientar as medidas de intervenção adequadas e a posterior
avaliação de sua efetividade. O enfoque epidemiológico considera que a doença na população é
um fenômeno dinâmico e sua propagação depende da interação entre a exposição e a
suscetibilidade dos indivíduos e dos grupos constituintes da dita população aos fatores
determinantes da presença da doença (OPAS, 2010).

Dentro dessa perspectiva, a concepção de História Natural da doença torna-se fundamental, pois
apresenta um dos conceitos clássicos de conjunto de processos interativos, que compreendem
as inter-relações do agente etiológico, do suscetível e do meio ambiente, passando desde as
variações ambientais/biológicas, que criam o estímulo patógeno, até a resposta do suscetível a
esse agente, podendo levar o indivíduo à doença, à invalidez, à recuperação ou à morte (GOMES,
2015).

Vamos Exercitar?

As definições do estado e das necessidades de saúde das populações variam de acordo com os
fatores socioeconômicos e ambientais e com os avanços do conhecimento, os quais têm sido
utilizados para explicar a transformação dos perfis epidemiológicos dos países (OPAS, 2010).

Vimos, anteriormente, que a história natural da doença é de alta relevância para a compreensão
do processo saúde-doença, que se desenvolve em dois períodos sequenciais:

Período epidemiológico: relação entre o suscetível à doença e o ambiente.


Período patológico: relação entre o organismo vivo (agente causador) e o suscetível à
doença.

Os estímulos causados pelos fatores socioeconômicos e ambientais sobre o indivíduo possuem


característica multifatorial, que, a depender da vulnerabilidade do organismo, desencadeará ou
não a doença, ou seja, um mesmo indivíduo ou uma mesma população pode responder de forma
diferente aos agentes agressores ao longo do tempo (GOMES, 2015).

Outro aspecto importante para o entendimento do processo saúde-doença são as medidas de


mortalidade, que permitem avaliar as condições de saúde de uma população, e a letalidade, que
é a medida da gravidade da doença e que expressa o poder que uma doença ou agravo à saúde
tem de provocar a morte das pessoas acometidas (BONITA; BEAGLEHOLE; KJELLSTRÖM, 2010;
GOMES, 2015).

N º total deóbitos em um determinado perído


mortalidade geral = . 100
P opulação total, na metade do período
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N º de mortes causado pela doença em determinado período


letalidade = . 100
de doentes por determinada doença no mesmo período

Essas são duas medidas comumente utilizadas na caracterização epidemiológica, pois


permitem conhecer a natureza e o comportamento das doenças, o que ajuda na tomada de
decisão quanto ao tipo de resposta necessária para o controle delas. As doenças transmissíveis
costumam ser agudas e as não transmissíveis costumam ser crônicas. Estas últimas, em alguns
casos em que o papel de um agente infeccioso está mais claramente definido, como no câncer
de colo uterino e no de fígado, por exemplo, a infecção não leva invariavelmente à doença (OPAS,
2010).

No Brasil, as doenças não transmissíveis constituem um grande problema de saúde e


corresponderam a 72,6% das causas de morte até 2015. Desde o início do século XXI, as
doenças cardiovasculares ocupam o primeiro lugar entre as causas de morte, seguidas de
neoplasias, doenças crônicas, respiratórias e diabetes. O aumento da carga das doenças
crônicas não transmissíveis está diretamente ligado a alguns efeitos negativos do processo de
globalização, da urbanização acelerada, da vida sedentária e de dietas com alto teor calórico,
além do consumo de tabaco e álcool. Esses fatores de risco comportamentais têm impacto nos
principais fatores de risco para o organismo, como sobrepeso/obesidade, hipertensão,
hiperglicemia e dislipidemia, podendo resultar em diabetes, doenças cardiovasculares, câncer,
entre outras doenças (GUIMARÃES, 2021).

Tanto nas doenças não transmissíveis como nas clássicas doenças agudas infecciosas, as
características do hospedeiro humano e seu entorno social e ambiental são determinantes para
a produção ou não do dano à saúde. De acordo com estudos realizados do cenário
epidemiológico no século XXI, foi possível observar que, em um futuro previsível, não parece
possível erradicar as doenças infecciosas, pois, com os avanços do conhecimento e do controle
das doenças transmissíveis, houve uma redução notória de sua morbidade e mortalidade em
todo o mundo, especialmente nos países desenvolvidos e principalmente nos grupos de
população em risco, beneficiados com os programas de saúde pública. No entanto, o espectro
das doenças transmissíveis também está evoluindo rapidamente em relação ao conjunto de
fortes mudanças sociais e ambientais contemporâneas. O crescimento populacional, a expansão
da pobreza, a migração urbana e a globalização da tecnologia são, entre outras, mudanças que
afetam a suscetibilidade ao risco de exposição a agentes infecciosos (OPAS, 2010).

Saiba mais

Olá, estudante! Nesta aula você estudou os aspectos das principais doenças epidemiológicas no
Brasil. Para mais informações, vale a pena consultar os seguintes sites:

Instituto Evandro Chagas (IEC) – pesquisa científica, apoio à vigilância e ao ensino voltados
para produção, disseminação e divulgação de conhecimento e inovações tecnológicas que
subsidiem as políticas de saúde.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) - trabalha com os países das Américas para
melhorar a saúde e a qualidade de vida de suas populações. Atua como escritório regional
da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas e é a agência especializada em
saúde do sistema interamericano.
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – realiza estudos científicos do meio
físico e das condições de vida da região amazônica. O INPA é referência mundial em
Biologia Tropical.

Referências
BARATA, R. B. Iniquidade e saúde: a determinação social do processo saúde-doença. Revista
USP, São Paulo, n. 51, p. 138-145, 2001.

BILL & MELINDA GATES FOUNDATION. Global, regional, and national comparative risk
assessment of 79 behavioral, environmental and occupational, and metabolic risks or clusters of
risks, 1990–2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet, [S.
l.], v. 388, p. 1659-1724, 2016.

BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T. Epidemiologia básica. 2. ed. São Paulo: Santos:
GEN, 2010.

BUGALHO, A. R. F. Doenças transmissíveis, doenças não transmissíveis e os desafios do século


XXI. 2017. Dissertação (Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade de
Lisboa, Lisboa, 2017.

CÂMARA, A. M. C. S. et al. Percepção do processo saúde-doença: significados e valores da


educação em saúde. Rev. bras. educ. med., [S. l.], v. 36, 2012.

CARRAPATO, P. et al. Determinante da saúde no Brasil: a procura da equidade na saúde. Saúde


soc. v. 26, n. 3, 2017.

CARVALHO, A. I. de. Determinantes sociais, econômicos e ambientais da saúde. In: FUNDAÇÃO


OSWALDO CRUZ. A saúde no Brasil em 2030 – prospecção estratégica do sistema de saúde
brasileiro: população e perfil sanitário. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ipea/Ministério da
Saúde/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2013. v. 2. p. 19-38.

DALCIN, C. B. et al. Determinantes Sociais em Saúde que influenciam o processo de viver


saudável em uma comunidade vulnerável. Revista de enfermagem, Recife, v. 10, n. 6, p.1963-
1970, 2016.

GOMES, E. C. S. Conceitos e ferramentas da epidemiologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE,


2015.
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

GUIMARÃES, R. M. Fatores Ambientais e epidemiologia das doenças crônicas. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2021.

IEC. Instituto Evandro Chagas – IEC, [S. l.], 2023. Disponível em: https://www.gov.br/iec/pt-br.
Acesso em: 22 fev. 2023.

INPA. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, [S. l.], 2023. Disponível em:
https://www.gov.br/inpa/pt-br. Acesso em: 22 fev. 2023.

MALTA, D. C. et al. Fatores de risco relacionados à carga global de doença do Brasil e Unidades
Federadas, 2015. Rev. bras. epidemiol., [S. l.], v. 20, 2017.

OPAS. Módulos de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades. Brasília: OPAS:


Ministério da Saúde, 2010.

OPAS. OPAS Brasil, [S. l.], 2023. Disponível em: https://www.paho.org/pt/brasil. Acesso em: 22
fev. 2023.

SILVA, E.S. et al. Historicidade e olhares sobre o processo saúde-doença: uma nova percepção
Revista SUSTINERE, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 171-186, 2016.

VIANNA, L. A. C. Processo saúde-doença. UNA-SUS, [S. l.], 2012. Disponível em:


http://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/166. Acesso em: 22 fev. 2023.

WHO. Social determinants of health. WHO, [S. l.], 2023. Disponível em:
https://www.who.int/health-topics/social-determinants-of-health#tab=tab_1. Acesso em: 22 fev.
2023.

Aula 4
Saúde coletiva

Videoaula: Saúde coletiva

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Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Olá, estudante! Nesta aula você foi apresentado a temas importantes relacionados à saúde
coletiva, às políticas e ao sistema de saúde. Com isso, estudamos o atual cenário da saúde
coletiva no Brasil e suas principais diretrizes. Para melhorar a compreensão deste conteúdo,
assista ao vídeo a seguir.

Ponto de Partida

Olá, estudante! Nesta aula conheceremos um pouco mais a saúde coletiva, suas políticas
públicas e o Sistema Único de Saúde do Brasil, o SUS. Esse importante tema envolve
conhecimentos multidisciplinares em várias áreas, como gestão pública, ciência médica, social e
econômica.

Entender esses temas é essencial para o profissional que pretende atuar nas unidades de
serviços de saúde, desenvolver propostas de políticas e ações que visem à promoção da saúde
pública, ou mesmo atuar na docência e na pesquisa acadêmica. Diante disso, nesta aula,
focaremos na saúde no Brasil, em suas principais diretrizes e no seu atual cenário coletivo no
país. Vamos à aula. Bons estudos!

Vamos Começar!

Todo indivíduo tem o direito de usufruir da seguridade da saúde pública e de todas as ações
prestadas por ela. Comumente, os termos saúde pública e saúde coletiva são confundidos,
porém possuem definições e objetivos distintos. A saúde pública tem como foco as questões
relacionadas a doenças, que podem ser definidas em termos de mortes, tipo de enfermidades,
agravos e riscos à saúde da população. As ações necessárias devem respeitar as possibilidades
e os programas fornecidos pelo Estado (FIOCRUZ, 2014; SOUSA, 2015; SLIVINSKI, 2019). A saúde
coletiva considera a saúde um fenômeno social e diz respeito aos serviços disponíveis e aos
estudos de diversos campos de conhecimento sobre a saúde; seu objetivo é promover a saúde,
proporcionando às pessoas todas as condições necessárias para melhorar a qualidade de vida e
não apenas para reduzir ou evitar a doença como faz a saúde pública (BASSINELLO, 2014).

Em relação à avaliação do cenário da saúde do ponto de vista da saúde coletiva, é necessário


que se ultrapassem as barreiras da observação, do diagnóstico e da prescrição de tratamento ao
paciente como um indivíduo isolado e se considere a comunidade e/ou a coletividade. O
processo saúde-doença deve ser analisado dentro de um contexto social, no qual o indivíduo se
encontra inserido a fim de que haja subsídios suficientes para interferir na realidade e promover
as mudanças necessárias (SLIVINSKI, 2019).

A saúde coletiva se coloca como potencial instrumento para a transformação das práticas de
saúde, cuja essência é o cuidado com o indivíduo-coletivo. As necessidades de saúde da
população são atendidas pelo Estado, que, por meio de políticas públicas, visa criar ações de
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

promoção, proteção e recuperação da saúde em nível individual e coletivo (FERRAZ; KRAICZYK,


2010; SANCHES; BERTOLOZZI, 2007). De acordo com Ferraz e Kraiczyk (2010), o processo de
construção e consolidação dessas políticas deve ser compreendido de forma dinâmica, não
somente pelas transformações sociais que resultam na geração de novas necessidades de
saúde, mas também pelo fato de que a implementação dessas políticas somente acontece por
meio da ação concreta de diversos atores sociais e de atividades institucionais.

No início dos anos 1980, quando o Brasil foi afetado pela crise econômica mundial, o governo
federal reduziu o investimento na saúde pública, deixando a população em condições de extrema
vulnerabilidade. Nesse contexto, o movimento sanitarista, alinhado a forças populares e políticas,
conseguiu aprovar, na Assembleia Constituinte, a adoção de um sistema de saúde inovador,
democrático e descentralizado, que previa, de forma universal e gratuita, o acesso a ações e
serviços de saúde, o reconhecido Sistema Único de Saúde (SUS) (NASCIMENTO, 2018).

Agora que você já conhece os principais conceitos sobre políticas públicas de saúde, saúde
coletiva e o SUS, vamos estudar com mais detalhes as ações integradas entre esses temas.

Siga em Frente...
A partir do século XIX, à medida que as cidades cresciam sem planejamento, as pessoas eram
acometidas por doenças infectocontagiosas dentre outros acontecimentos sanitários, assim a
prevenção de doenças se tornou essencial para administradores públicos. Com o passar dos
anos, observou-se que a prevenção de doenças e as ações integradas à promoção da saúde
garantem melhores condições de vida para a população. No contexto brasileiro, essa articulação
consolidou o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira (MRSB), cuja temática central era o
reconhecimento do direito à saúde como algo inerente à conquista da cidadania. Na década de
1990, portanto, em decorrência do MRSB e da noção de saúde coletiva, foi criado o Sistema
Único de Saúde (SUS) (KIRST; DARSIE, 2022).

No período que antecedeu a existência do SUS, o Ministério da Saúde, com apoio dos estados,
dos municípios e de fundações financiadas com recursos internacionais, desenvolvia quase que
exclusivamente ações de promoção e proteção da saúde por meio de atividades educativas e
preventivas, como campanhas sanitárias para o controle e a profilaxia de doenças. Em relação às
ações de tratamento e recuperação da saúde, o Ministério da Saúde realizava algumas
atividades de assistência médica em poucos hospitais especializados nas áreas de psiquiatria e
tuberculose. Essas ações eram dirigidas àquela parcela da população definida como vulnerável.
No campo da assistência médica, a atuação do poder público ocorria no âmbito das instituições
relacionadas à Previdência Social. A ação governamental no campo da assistência médica,
portanto, foi organizada como direito restrito à parcela da população que contribui, com parte do
seu salário, para o sistema de previdência social (LUCCHESI, 2004).

Essas condições resultaram no desenvolvimento de um sistema de intervenção estatal


centralizado, fragmentado institucionalmente e que, segmentando clientelas, produziu grandes
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

disparidades no acesso da população brasileira a ações e serviços públicos de saúde. A


insatisfação com esse sistema uniu diversos setores da sociedade que formaram um
movimento político. Esse movimento visava assegurar o acesso universal e igualitário da
população a um cuidado integral a sua saúde, criando assim o SUS (LUCCHESI, 2004; ROCHA et
al., 2012).

O SUS foi definido, na Lei nº 8.088 de 1990, como “o conjunto de ações e serviços públicos de
saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público” (BRASIL, 1990, [s.
p.]). A lei evidencia que, quando suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a
cobertura para a população, o SUS poderá recorrer à iniciativa privada para garantir a assistência
mediante contratos e convênios, observando normas de direito público, princípios éticos e
regulamentações sobre as condições de funcionamento, controle e fiscalização (ROCHA et al.,
2012).

A implantação e a expansão do SUS permitiram ao Brasil sair de uma lógica em que poucos
tinham acesso a esses serviços para uma lógica de acesso pleno e universal (MERHY et al.,
2022).

Vimos o movimento que iniciou a criação do SUS, a seguir, vejamos as ações e princípios
relacionados a esse sistema de saúde no Brasil.

Vamos Exercitar?

A saúde coletiva é um modelo de atuação em saúde tipicamente brasileiro, visto que apenas no
Brasil é reconhecida como tal, pois, em outros países, aquilo que se entende por saúde coletiva
se encaixa no escopo da saúde pública. Contudo, é a sua relevância histórica e cultural, enquanto
movimento político-democrático, e o seu perfil de inovação e enfrentamento frente aos modelos
de saúde, outrora direcionados para o controle da doença, que a fortalecem e garantem sua
relevância atualmente (KIRST; DARSIE, 2022).

Nesse contexto, os profissionais da saúde realizam diversas atividades: consultam, operam,


fazem exames, procedimentos, etc. Eles atuam na iniciativa pública ou privada e, no Brasil, os
serviços públicos são exclusivamente oferecidos pelo SUS ou por prestadores por ele
contratados (ROCHA et al., 2012).

O SUS é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo. Ele abrange
vários serviços, desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da
Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito
para toda a população do país. Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao
sistema público de saúde sem descriminação entre seus usuários. A gestão das ações e dos
serviços de saúde deve ser solidária e participativa entre os três entes da federação: a União, os
estados e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tanto ações quanto os
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

serviços de saúde. Engloba a atenção primária, média e de alta complexidade, os serviços de


urgência e emergência, a atenção hospitalar, as ações e os serviços das vigilâncias
epidemiológicas, sanitária, ambiental e assistência farmacêutica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, [s.
d.]).

O SUS assegura direitos que são garantidos por seus princípios, que são:

Princípios doutrinários

Universalidade: compreende o que é destinado a todos, sem restrição.


Integralidade: conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos, curativos,
individuais e coletivos nos diferentes níveis de complexidade do sistema.
Igualdade: todos devem receber igual atendimento independentemente de suas
características pessoais.
Equidade: esse princípio tem como foco minimizar as diferenças sociais entre os
indivíduos e considera fatores externos como causas para enfermidades.

Princípios organizativos

Descentralização: dispersa a responsabilidade da gestão do sistema entre as três esferas


do governo.
Regionalização e hierarquização: ressalta a importância da regionalização para a atenção à
saúde e evidencia a necessidade da descentralização para se atingir os princípios
doutrinários.
Participação popular: a Lei nº 8.142/1990 regulamenta a participação popular nas decisões
e nos direcionamentos da saúde por meio dos conselhos e das conferências nas três
esferas do poder.

Destaca-se que, entre os princípios do SUS e a realidade, existem disparidades, pois existem
desigualdades sociais, regionais e culturais no Brasil que dificultam que toda a população tenha
acesso as mesmas condições desse atendimento. (BUSATO et al., 2019).

Você estudou sobre a saúde coletiva e pública no âmbito do SUS. Agora, você conhece o
principal sistema de saúde que atende os brasileiros, bem como seus princípios e suas
diretrizes.

Saiba mais

Olá, estudante! Para mais informações sobre a saúde coletiva e os sistemas de saúde, leia o
artigo: O campo da Saúde Coletiva no Brasil: definições e debates em sua constituição.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Saiba mais sobre o Sistema Único de Saúde, que é o sistema público integrado que atende todo
o território nacional.

Referências

BASSINELLO, G. Saúde Coletiva. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

BRASIL. Lei nº 8.088, de 31 de outubro de 1990. Dispõe sobre a atualização do Bônus do Tesouro
Nacional e dos depósitos de poupança e dá outras providências. Brasília: Presidência da
República, 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8088consol.htm#:~:text=LEI%20No%208.088%2C%20D
E%2031%20DE%20OUTUBRO%20DE%201990.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20atualiza%C
3%A7%C3%A3o%20do,poupan%C3%A7a%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.
Acesso em: 22 fev. 2023.

BUSATO, I. M. S.; GARCIA, I. F.; RODRIGUES, I. C .G. SUS: estrutura organizacional, controle,
avaliação e regulação. Curitiba: Intersaberes, 2019.

DGR BRASIL. Gestão Pública: o que podemos ensinar e aprender com outros países? DGR Brasil,
[S. l.], 16 dez. 2021. Disponível em: https://www.drgbrasil.com.br/valoremsaude/gestao-de-
saude-publica/. Acesso em: 22 fev. 2023.

FERRAZ, D.; KRAICZYK, J. Gênero e Políticas Públicas de Saúde – Construindo respostas para o
enfrentamento das desigualdades no âmbito do SUS. Revista de Psicologia da UNESP, [S. l.], v. 9,
n. 1, 2010.

FIOCRUZ. Saúde coletiva e saúde pública: diferenças e semelhanças. Fiocruz, Rio de janeiro, 28
mar. 2014. Disponível em: https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/34964. Acesso em: 22 fev.
2023.

HENRIQUE, P. et al. Saúde coletiva: um campo em construção. Curitiba: Intersaberes, 2013.

KIRST, C.; DARSIE, C. Notas sobre a saúde pública, a saúde coletiva e o estabelecimento e
funcionamento do sistema único de saúde. ASKLEPION: Informação em Saúde, Rio de Janeiro, v.
1, n. 2, p. 91-112, 2022.

LUCCHESI, P. Políticas públicas em saúde. São Paulo: BIREME/OPAS/OMS, 2004.

MACHADO, J. M. H. et al. Territórios saudáveis e sustentáveis: contribuição para saúde coletiva,


desenvolvimento sustentável e governança territorial. Com. Ciências Saúde, [S. l.], v. 28, n. 2, p.
243-249, 2017.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

MERHY, E. E. et al. Pandemia, Sistema Único de Saúde (SUS) e Saúde Coletiva: composições e
aberturas para mundos outros. Interface, [S. l.], v. 26, 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema Único de Saúde. Gov.br, Brasília, [s. d.]. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sus. Acesso em: 22 fev. 2023.

NASCIMENTO, A. B. Política de Saúde. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2018.

OSMO, A.; SCHRAIBER, L. B. O campo da Saúde Coletiva no Brasil: definições e debates em sua
constituição. Saúde Soc., São Paulo, v. 24, supl. 1, 2015. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sausoc/a/QKtFb9PkdpcTnz7YNJyMzjN/?lang=pt. Acesso em: 22 fev.
2023.

ROCHA, J. S. Y. et al. Manual de saúde pública & saúde coletiva do Brasil. São Paulo: Atheneu,
2012.

SANCHES, A. I. M.; BERTOLOZZI, M. R. Pode o conceito de vulnerabilidade apoiar a construção do


conhecimento em Saúde Coletiva? Ciênc. saúde coletiva, [S. l.], v. 12, n. 2, 2007.

SLIVINSKI, C. T. Saúde Pública e Saúde Coletiva. Ponta Grossa: Atena Editora, 2019. v. 1.

SOUSA, L. E. Saiba a diferença entre saúde coletiva e saúde pública. UFG, Goiânia, 21 jul. 2015.
Disponível em: https://www.ufg.br/n/82100-saiba-a-diferenca-entre-saude-coletiva-e-saude-
publica. Acesso em: 22 fev. 2023.

ZANCHI, M. T. Sociologia da Saúde. 3. ed. Caxias do Sul: Educs, 2012

Aula 5
Encerramento da Unidade

Vídeo Aula Encerramento

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

Olá, estudante!
Nesta unidade você conheceu a relação entre os fatores sociais, ambientais, econômicos,
culturais e a maneira como eles interferem na qualidade de vida e na saúde. Os conceitos
abordados são de fundamental importância para que você compreenda essa relação e a
consequência dela. No vídeo, você reverá os conceitos, os fundamentos e alguns exemplos que
facilitarão o seu entendimento sobre o que foi abordado ao longo das aulas.

Ponto de Chegada

Olá, estudante!

Vimos, nesta unidade, que o conceito de saúde foi se modificando ao longo da história. Antes, a
saúde era considerada apenas a ausência de doença; hoje, um conceito muito mais complexo se
formou. Para se avaliar alguém como “saudável”, vários indicadores podem ser utilizados, como
os ambientais, que foram desenvolvidos para facilitar a quantificação e a avaliação das
informações produzidas para essa finalidade, cujas fontes são inúmeras e variáveis (BERTÉ,
2021; CARVALHEIRO et al., 2002; LIMA, 2014; ROSEIRO; TAKAYANAGUI, 2007). Nesse contexto,
ao se considerar a saúde, é necessário que se avaliem não apenas as condições
biológicas/genéticas/hereditárias, mas também as ambientais, sociais, culturais e econômicas
de um indivíduo ou grupo (SOUTO-MARCHAND, 2017; ROSEIRO; TAKAYANAGUI, 2007).

A epidemiologia ganhou destaque com a compreensão do processo saúde-doença, o que


ocorreu ao longo da história e culminou em ações e estratégias propostas para a melhoria da
saúde, que levam em consideração a promoção de uma melhor qualidade de vida, a proposição
de medidas de controle de doenças a partir de estudos e a compreensão das causas e das
consequências de enfermidades na população, resultando em sua diminuição. Foi por meio dos
estudos de epidemiologia que medidas de controle sanitário, isolamento de doentes e
desinfecções foram utilizadas. A partir daí, observou-se a diminuição de infecções que outrora
acometiam a população (GOMES, 2015; NASCIMENTO, 2020; TIETZMANN, 2014). Um ponto
importante no estudo da ocorrência da doença é a quantidade e a frequência com que ela ocorre
na população, assim, dependendo dessas variáveis, existem as seguintes classificações:

Endemia: presença de uma doença dentro de limites esperados, em uma determinada área
geográfica, sem que se espalhe para outros lugares e por um período de tempo ilimitado.
Por exemplo: malária e doenças de Chagas.
Epidemia: ocorrência, em uma região, de uma enfermidade que se espalha para outras de
forma descontrolada; há elevação brusca, temporária e acima do esperado da incidência de
uma determinada doença. Por exemplo: poliomielite (mesmo que aconteça um único caso,
não é o esperado).
Pandemia: propagação do agente infeccioso no ambiente, com ampla distribuição espacial
da doença, atingindo diferentes nações ou continentes. Por exemplo: COVID-19
(MEDRONHO, 2009; TIETZMANN, 2014).
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ECOLOGIA E SAÚDE

Quando se tem a ocorrência epidêmica, situação na qual todos os casos possuem relação entre
si, atingindo uma área geográfica limitada e pequena, dizemos que temos um surto. Por exemplo:
casos de intoxicação alimentar em uma empresa (MEDRONHO, 2009).

No decorrer dos anos, mais precisamente após o século XX, observou-se que não apenas as
medidas de controle de doenças eram importantes, mas também as estratégias de promoção e
manutenção da saúde, ou seja, não apenas evitar e/ou controlar doenças, mas propor melhoria
na qualidade de vida da população. Dessa maneira, o conceito de saúde pública e saúde coletiva
se desenvolveu (KIRST; DARSIE, 2022). A saúde pública tem como foco os problemas de saúde
relacionados à quantidade, aos tipos de doenças, mortes etc. Na saúde coletiva, o objetivo é a
promoção da saúde, ou seja, ela se refere a todas as condições necessárias para melhorar a
qualidade de vida e não apenas para reduzir ou evitar a doença (FIOCRUZ, 2014; SOUZA, 2015;
SLIVINSKI, 2019).

No Brasil todos os serviços de saúde, tanto aqueles relacionados à saúde pública quanto aos
relacionados à coletiva, são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que é um dos
maiores sistemas de saúde pública gratuitos do mundo, que é oferecido a qualquer pessoa
brasileira ou estrangeira que esteja em solo brasileiro (BUSATO; GARCIA; RODRIGUES, 2019).

É Hora de Praticar!
Em 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi alertada sobre casos de pneumonia em
cidades da China. Tratava-se de um novo tipo de coronavírus (COVID-19), que até então não havia
sido identificado em seres humanos. A doença é infecciosa, causada pelo vírus SARS-CoV-2, e foi
reconhecida pela OMS, em 2020, como uma pandemia. A maioria das pessoas infectadas com
esse vírus apresenta doença respiratória de leve a moderada e se recupera sem a necessidade
de tratamento especial. Outras ficam gravemente doentes e exigem atenção médica, como
idosos e pessoas com condições de vulnerabilidade subjacentes. No entanto, qualquer pessoa
pode adoecer com COVID-19 e ficar gravemente doente ou morrer.
No contexto de gestão em saúde pública, o uso de indicadores pode auxiliar os gestores e
responsáveis na elaboração de medidas de contenção e estratégicas para o combate ao vírus
SARS-CoV-2. A interpretação de indicadores de saúde pode variar consideravelmente,
dependendo da situação epidemiológica e do tipo de evento a ser investigado. Frequentemente,
indicadores baseados na proporção de eventos incidentes e na proporção de eventos
prevalentes são os mais utilizados para descrever doenças em saúde pública. Considera-se a
incidência como o número de novos casos da doença em uma população, em determinado
tempo. Já a prevalência refere-se ao número total de casos em um grupo, em um momento
estabelecido.
A mortalidade é a fonte mais antiga e comum de dados sobre o estado de saúde de uma
população. O termo taxa de mortalidade é usado para analisar o impacto de uma doença em uma
população. Pode ser definido como:
Taxa de mortalidade = número de pessoas que morrem por uma causa específica
número total de pessoas na população
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

A partir do conhecimento desse conceito, podemos concluir que a taxa de mortalidade por
COVID-19 informa quantas pessoas estão morrendo por essa doença em determinada
população. Outra medida valiosa é a taxa de letalidade, a qual estima o número de mortes em
relação às pessoas que apresentam a doença ativa. Por não considerar toda a população, essa
medida indica a porcentagem de pessoas infectadas que evoluem para óbito.
Suponha que você tenha o seguinte boletim epidemiológico para a COVID-19:
Descrição Número de indivíduos
Casos confirmados da doença 37.000.000
Casos recuperados 36.000.000
Casos em observação 200.000
Novos casos da doença 10.000
Óbitos acumulados 698.000
Novos casos de óbitos 10
Incidência (para cada 1000 habitantes) ?
Prevalência (para cada 1000 habitantes) ?
Letalidade ?
Mortalidade (para cada 1000 habitantes) ?
População total do Brasil 208.000.000

Nesta unidade você estudou alguns conceitos valiosos para a saúde pública, tais como
indicadores ambientais, indicadores de saúde, letalidade, morbidade, e outros parâmetros cuja
interpretação é necessária para aqueles que atuarão diretamente na linha de frente do
enfrentamento de doenças infecciosas. Esta atividade servirá para você estar mais familiarizado
com esses conceitos e cálculos. Bons estudos!

Olá estudante, chegamos ao encerramento da unidade!


Vamos realizar a experiência presencial que irá consolidar os conhecimentos adquiridos? É a
oportunidade perfeita para aplicar, na prática, o que foi aprendido em sua disciplina. Vamos
transformar teoria em vivência e tornar esta etapa ainda mais significativa. Não perca essa
chance única de colocar em prática o conhecimento adquirido.
Disciplina

EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

BERTÉ, R. et al. Vigilância Ambiental. Curitiba: Intersaberes, 2021.


BUSATO, I. M. S; GARCIA, I. F.; RODRIGUES, I. C. G. SUS: estrutura organizacional, controle,
avaliação e regulação. Curitiba: Intersaberes, 2019.
CARVALHEIRO, J. R. et al. O crucial debate da ciência no limiar do século 21. Ciência & Saúde
Coletiva, [S. l.], v. 7, n.1, p.17-41, 2002.
FIOCRUZ. Saúde coletiva e saúde pública: diferenças e semelhanças. FIOCRUZ, Rio de Janeiro,
28 mar. 2014. Disponível em: https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/34964. Acesso em: 31 jan.
2023.
GOMES, E. C. S. Recife: Ed. Universidade da UFPE, 2015.
KIRST, C.; DARSIE, C. Notas sobre a saúde pública, a saúde coletiva e o estabelecimento e
funcionamento do sistema único de saúde. ASKLEPION: Informação em Saúde, Rio de Janeiro, v.
1, n. 2, p. 91-112, 2022.
LIMA, A. D. Ecologia Médica: uma Visão Holística no Contexto das Enfermidades Humanas.
Revista Brasileira de Educação Médica, [S. l.], v. 38, n. 2, p. 165-172, 2014.
MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.
NASCIMENTO, D. R. Entre o medo e o enfrentamento das epidemias: uma reflexão motivada pela
Covid-19. Fiocruz, Rio de Janeiro, 8 maio 2020. Disponível em:
https://coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1788-entre-o-medo-e-o-enfrentamento-das-
epidemias-uma-reflexao-motivada-pela-covid-19.html. Acesso em: 31 jan. 2023.
OPAS. Histórico da pandemia de COVID-19. OPAS, [S. l.], c2023. Disponível em:
https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19. Acesso em: 2 fev. 2023.
ROSEIRO, M. N. V.; TAKAYANAGUI, A. M. M. Novos indicadores no processo saúde-doença.
Saúde, [S. l.], v. 33, n. 1, p. 37-42, 2007.
SLIVINSKI, C. T. Saúde Pública e Saúde Coletiva. Ponta Grossa: Atena Editora, 2019. v. 1.
SOUTO-MARCHAND, A. S. Doenças infecciosas e suas correlações com indicadores
socioeconômicos e demográficos: estudo ecológico em diferentes estados brasileiros. 2017.
Tese (Doutorado em Medicina Tropical) – Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2017.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL,
ECOLOGIA E SAÚDE

SOUZA, L. E. de. Saiba a diferença entre saúde coletiva e saúde pública. [Entrevista concedida a]
UFG. UFG, Goiânia, 21 jul. 2015. Disponível em: https://www.ufg.br/n/82100-saiba-a-diferenca-
entre-saude-coletiva-e-saude-publica. Acesso em: 31 jan. 2023.
TIETZMANN, D. Epidemiologia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014

Você também pode gostar