Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 11

Relações público-privado na educação:

políticas de democratização na concepção


da educação popular?
Public-private relations in education: democratization policies
in the conception of popular education?
Fernanda dos Santos Paulo1

RESUMO

Neste artigo, objetiva-se apresentar e caracterizar as relações público-privado, na perspectiva da


Terceira Via, por meio de um estudo de caso: das experiências das Creches Comunitárias de Porto
Alegre/RS e do Movimento de Educação Popular. Versamos acerca da dimensão da democratização
da educação vinculada à concepção de Educação Popular e à luta pelo processo de formação de edu-
cadoras da Educação Infantil. A pesquisa é bibliográfica e documental. A partir da análise realizada e
clareza conceitual sobre os processos de Terceira Via nas relações público-privadas, identificamos a
minimização e o perecimento da democratização da sociedade, se associada à Educação Popular li-
bertadora. O processo formativo de educadoras da Educação Infantil revela o empobrecimento e des- 13
valorização da compreensão do Popular, indicando novas facetas de enraizamento da luta de classes.

PALAVRAS-CHAVE

Políticas educacionais. Educação Popular. Democracia. Educação Infantil. Terceira Via.

1
Doutora e Mestra em Educação, Especialista em Educação Popular: Experiência na área de Educação, com ênfase em Educação
Popular, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação não Escolar; Educação Infantil, Educação de Jovens e Adultos,
Universidade Popular, Pedagogia freiriana, Formação de Educadores Populares e Educadores Sociais, Movimentos Sociais, Po-
líticas Públicas educacionais e história e memória da Educação Popular. E-mail: fernandaeja@yahoo.com.br

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

ABSTRACT

In this article, the objective is to present and characterize public-private relations, from the perspective of
the Third Way, through a case study: the experiences of Community Creches in Porto Alegre / RS and the Po-
pular Education Movement. We are talking about the dimension of the democratization of education linked to
the concept of Popular Education and the struggle for the process of training early childhood educators. The
research is bibliographic and documentary. Based on the analysis carried out and the conceptual clarity on Third
Way processes in public-private relations, we identified the minimization and perishing of the democratization
of society, if associated with liberating Popular Education. The formative process of early childhood edu-
cators reveals the impoverishment and devaluation of the understanding of the Popular, indicating new
facets for the rooting of the class struggle.

KEYWORDS

Educational policies. Popular Education. Democracy. Child education. Third Way.

14

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

INTRODUÇÃO prestados por meio de parcerias entre Estado e


Terceiro Setor.
Neste texto, caracterizaremos, de modo sucin- A luta pela democratização da educação como
to, as relações público-privado, na perspectiva da direito social materializado em políticas públicas é
Terceira Via, por meio de um estudo de caso: das antiga, sobretudo advinda de Movimentos Sociais e
experiências das Creches Comunitárias de Porto de intelectuais progressistas. É provocativa a com-
Alegre/RS e do Movimento de Educação Popular. preensão da Terceira Via que considera a democra-
O foco refere à dimensão da democratização da cia relevante, e, portanto, deve ser reforçada e for-
educação vinculada à concepção de Educação Po- talecida.(GIDDENS, 2001; PERONI, 2008; 2012)
pular e à luta pelo processo de formação de edu- Concernente à educação, localizamos no Plano
cadoras da Educação Infantil. A pesquisa é de Diretor da Reforma do Aparelho de Estado:
cunho bibliográfico e documental, caracterizando-
-se pela abordagem descritiva de caráter qualita- Deste modo, o Estado reduz seu papel de executor
tivo. A partir dos resultados, foram elaboradas ou prestador direto de serviços, mantendo-se en-
tretanto no papel de regulador e provedor ou
questões problematizadoras que servirão de pau-
promotor destes, principalmente dos serviços
tas no processo formativo de educadoras vincula- sociais como educação e saúde, que são essenciais
das ao Grupo de Estudos e Pesquisa: Paulo Freire para o desenvolvimento, na medida em que
e Educação Popular, espaço de diálogos entre Mo- envolvem investimento em capital humano;
vimento Social e universidade. para a democracia, na medida em que promo-
O tema referente às relações entre o público e vem cidadãos; e para uma distribuição de renda
mais justa, que o mercado é incapaz de garantir,
o privado é considerado novo para muitos estu-
dada a oferta muito superior à demanda de mão-
dantes da área da educação. Contudo, foi nos anos -de-obra não-especializada. Como promotor des-
de 1990, no caso brasileiro, que as relações públi- ses serviços, o Estado continuará a subsidiá-los,
15
co-privado se estabeleceram como possibilidade buscando, ao mesmo tempo, o controle social
de minimizar o Estado, colocando-se como alter- direto e a participação da sociedade. (BRASIL:
nativa ao modelo de execução de políticas sociais MARE, 1995, p.13. Grifos nossos)

via Estado (público estatal) para um modelo de


parceria público-privado. Alguns antecedentes Interessante que a expressão “capital humano”
são importantes para entendermos o contexto da consta no documento, esta que se origina de uma
proposta de Reforma do Aparelho do Estado, cujo concepção produtivista de educação, conforme Sa-
responsável e intelectual defensor da Terceira Via viani (2007, p.367):
é o professor Luís Carlos Bresser Pereira.
O pano de fundo dessa tendência está constituí-
A Reforma Gerencial apresentada em 1995,
do pela teoria do capital humano, que, a partir
através do Ministério da Administração Federal e da formulação inicial de Theodore Schultz, se
Reforma do Estado - MARE, visava construir uma difundiu entre os técnicos da economia, das fi-
administração pública gerencial em nome da ne- nanças, do planejamento e da educação. E adqui-
cessária substituição à administração burocrática. riu força impositiva ao ser incorporada à legisla-
A Reforma do Estado emerge no governo do Pre- ção na forma dos princípios da racionalidade,
eficiência e produtividade, com os corolários
sidente Fernando Henrique Cardoso, a qual in-
do “máximo resultado com o mínimo de dis-
fluenciou os sistemas públicos de educação, mais pêndio” e “não duplicação de meios para fins
especificamentena educação básica. idênticos”. (Grifos nossos)
No entendimento de Bresser Pereira, o Tercei-
ro Setor, via Organizações Sociais, contribuiria Uma das obras que representa a Teoria do Ca-
para diminuir a burocratização do Estado e de- pital Humano é a de Theodore Schultz, intitulada
mocratizar a democracia, assim como na garantia como Capital humano: investimentos em educação
da qualidade da educação, mediante serviços

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

e pesquisa, produzida nos anos de 1970. A educa- dizer, terceiro setor configurado pelo público não-
ção, nessa acepção, visa a formação de mão de -estatal. Nesse caso, o Estado é o financiador, regu-
obra qualificada para atuação no mercado de tra- lador e avaliador.
balho em expansão. Na pedagogia toyotista, ainda,
enfatiza-se a importância da educação escolar, 2. EDUCAÇÃO POPULAR E
mas em uma perspectiva de formação de trabalha- MOVIMENTOS SOCIAIS
dores flexibilizados e competitivos. Daí as relações
de currículo e escola baseados na Pedagogia das O significado e o sentido da existência dos Mo-
Competências e da promessa de empregabilidade, vimentos Sociais e da Educação Popular é o de
exigindo reformas com base nesse modelo produ- construir alternativas humanizadoras frente à do-
tivo toyotista, que secundariza o Estado. A peda- minação imposta pelo sistema capitalista perver-
gogia toyotista, também conhecida como “Pedago- so, o qual reproduz processos de exclusão e desi-
gia das competências”, incide na desregulação das gualdade social. A superação dessa lógica por um
relações de trabalho, no pagamento e avaliação outro projeto de sociedade implica a compreensão
por desempenho, na meritocracia, na competitivi- da Educação Popular:
dade e em práticas de atividades empreendedo-
ras. (KUENZER, 2005; SAVIANI, 2007). Para a pe- A concepção ético-política da Educação Popular,
dagogia das competências, é preciso, segundo Li- enquanto proposta de mobilização popular em
prol das transformações sociais, se caracteriza,
ma (2012), um Estado mais competitivo, isto por-
então, por estratégias bem claras e definidas de
que na pedagogia toyotista o Estado está em crise organização da sociedade civil através de várias
e precisa ser diminuído. Há duas possibilidades de formas de ações políticas que, ao respeitarem a
reformar o Estado: o neoliberalismoe a terceira cultura popular, visam, sobretudo, a conferir cri-
via. Essas teorias afirmam que a crise está no Es- ticidade e organização política à mesma. Educa-
16 ção Popular é, então, a identidade de um movi-
tado, portanto as políticas sociais precisam ser re-
mento que parte da organização das classes po-
definidas na execução, financiamento, direção e
pulares em seus desafios concretos de cada rea-
definição. lidade específica; não é, portanto, um nível nem
No Plano Diretor da Reforma do Aparelho de uma modalidade de trabalho pedagógico inter-
Estado, localizamos a referência ao terceiro setor e no ao sistema de ensino, mas a necessidade dos
à democracia, diferentemente da lógica mercantil movimentos sociais estabelecerem sua prática
que ignora os processos democráticos. Vera Peroni pedagógica e se organizarem com idéias e estra-
tégias de luta contra-hegemônica. (ZITKOSKI,
(2003) revela que a Terceira Via, do mesmo modo
2011, p. 15).
que o neoliberalismo, alerta para a necessidade de
reformar o Estado em virtude de uma histórica cri-
Nesse entendimento, Educação Popular e os
se do Estado – negando a crise do modo de produ-
Movimentos Sociais são espaços educativos e pe-
ção capitalista; contudo, segundo a autora, a justifi-
dagógicos planejados com o objetivo de problema-
cativa resulta do contexto político, econômico e
tizar, contextualizar, lutar e oportunizar novas vi-
histórico advindos dos anos de 1990, sobretudo a
sões de mundo, as quais possam contribuir para a
partir da reestruturação do capitalismo.
formação ético-política e cultural das pessoas. As
Em nome da democracia, da participação e de
diferentes modalidades de Educação Popular crí-
uma política de descentralização criou-se o públi-
ticas e engajadas em um processo de humaniza-
co não-estatal (Terceira Via), cooptando lideran-
ção/libertação/emancipação humana são cami-
ças e movimentos comunitários como prestado-
nhos concretos de reconstrução da sociedade.
res/executores de políticas sociais subsidiadas
Os processos de descentralização nos Movi-
pelo Estado. A educaçãoé uma dessas políticas so-
mentos Sociais e da Educação Popular originam-
ciais, e torna-se um dos serviços a serem executa-
-se da trajetória desses espaços e concepções de
dos nos moldes da parceria público-privada, quer

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

cunho instituinte. Conforme Streck,et al, é preciso No mesmo livro, Paulo Freire recupera sua ex-
recuperar o significado e o sentido do “ Popular”: periência como Secretário Municipal de Educação
de São Paulo, pontuando que:
O popular encontra, na educação forjada em mo-
vimentos de resistências dos povos tradicio- No momento, uma equipe intersecretarial — Se-
nais/originários, como os dos indígenas Guara- cretaria da Cultura, Secretaria da Educação, Se-
ni, localizados no Brasil e no Paraguai, e os zapa- cretaria da Saúde, Secretaria da Habitação, Se-
tistas, no México; nas emancipações políticas e cretaria do Bem-Estar Social, Secretaria dos Es-
na constituição das jovens repúblicas latino- portes — trabalha em relação direta com movi-
-americanas, como Cuba (José Martí) e Venezue- mentos sociais na elaboração de projetos de
la (Simón Rodríguez); e, nas múltiplas experiên- educação popular. (2006, p. 32. Grifos nossos).
cias que atravessaram o século XX, perseguindo
a justiça social, como na educação indígena,
Além disso, para o educador, tratando-se da
campesina e operária proposta por José Carlos
Mariátegui, do Peru, – para citarmos alguns Educação Popular democrática:
exemplos; aos dias de hoje, seus múltiplos espa-
ços instituídos e instituintes, mas também seus Significa lutar pela educação popular, pela par-
múltiplos sentidos e significados. (2014, p. 30). ticipação crescente das classes populares nos
conselhos de comunidade, de bairro, de escola.
Significa incentivar a mobilização e organização
A expressão mais próxima ao referencial de
não apenas de sua própria categoria, mas dos
educação crítica é movimentos de resistência. Esses trabalhadores em geral como condição funda-
movimentos tomam como princípio de luta a de- mental da luta democrática com vistas à trans-
mocracia, interpretando-a como movimento em formação necessária e urgente da sociedade
prol da pedagogia da libertação; os princípios po- brasileira. (FREIRE, 1996, p. 50).
lítico-pedagógicos fundamentais de uma Educa-
ção Popular libertadora são: participação via tra- Lima (2000)ressalta a importância dos princí- 17
balho coletivo, escuta e diálogo mediado por pro- pios ético-políticos como uma prática social, in-
cessos de reflexão crítica. O mais importante é a corporando uma dimensão crítica na educação
dialogicidade, porque é a matriz da democracia, democrática. Para Freire (2006), todo processo
desde que o trabalho coletivo considere as experi- pedagógico e político é diretivo e intencional, e,
ências vividas somadas à reflexão do conhecimen- por isso mesmo, requer a convicção de que toda
to historicamente acumulado. As dimensões ética, educação implica um projeto de sociedade.
estética e epistemológica compõem a concepção Nesse sentido, a luta pela transformação da so-
de Educação Popular libertadora. Isto é, somente ciedade de forma coerente com a Educação Popu-
via organização popular e de processos participa- lar exige a reinvenção da política, da educação, da
tivos dos movimentos sociais é possível promover cultura e da vida em sociedade. Ou seja, é impera-
abertura, experienciação e promoção da democra- tivo o desafio de trabalharmos para um processo
cia. Freire (2006) nos diz que: de ressignificação de nossas ações práticas no e
com o mundo, de modo a ler e interpretar esse
Uma coisa é falar bonito sobre democracia e ou- mundo com referências teórico-práticas, não nos
tra é permitir que sua classe, em nome da demo- deixando enganarmo-nos por projetos ardilosa-
cracia, se transforme numa desordem que invia- mente disfarçados de democracia, como é o caso
biliza a mínima produção de algo. [...]. E nós es-
das redefinições do papel do Estado, baseadas em
tamos ainda no processo de aprender como fa-
zer democracia. E a luta por ela passa pela luta Giddens (2001) e Bresser Pereira (1997).
contra todo tipo de autoritarismo. (FREIRE, p. Com base na concepção de Educação popular
122;136) crítica, o projeto de Terceira Via e terceirosetor,
apresentado na Reforma do Aparelho de Estado,

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

possui grandes e impactantesimplicações para a 3. Formação de educadoras das escolas


democracia, poismuitos dos Movimentos Sociais, comunitárias: relações público-privado
ao se transformarem em Organizações Sociais,
modificaram as suas características e papéis em Quanto ao processo de formação de educado-
detrimento de suas redefinições: de mobilizado- ras das Escolas Comunitárias de Educação Infantil,
res e reivindicadores de políticas sociais, passa- em regime de parcerias público-privadas, situadas
ram a executores de políticas via parceria público- em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Flores (2007),
-privada. Essas redefinições modificam as rela- Susin (2005 ;2009) e Paulo (2010; 2013) apresen-
ções entre o público e o privado, re-significando a tam pesquisas que identificam historicamente o
compreensão de democracia. A Terceira Via não processo de construção do regime de parcerias
abandona o conceito de democracia, o que pode público-privado da política de Educação Infantil
nos seduzir em um primeiro momento, devido à na capital gaúcha. Recentemente, em continuida-
sua criativa proposta de descentralização do po- de destes estudos, contamos com a dissertação de
der através de parcerias entre o público (Estado) Prunier (2018), que versa acerca das parcerias
e o privado (Organizações Sociais). Consoante ao público-privado e suas implicações para o traba-
Freire (2006), no processo de construção da de- lho docente.
mocracia, é de suma relevância o diálogo e parti- No caso de Porto Alegre, contexto deste estudo,
cipação dos Movimentos Sociais na elaboração de foi no ano de 1993 que se deu o início das primei-
políticas sociais, o que é diferente de execução de ras parcerias entre Prefeitura Municipal de Porto
políticas sociais. No Livro ÀSombra desta Alegre, via Secretaria Municipal de Educação e as
Mangueira, localizamos a discussão da defesa da Organizações Sociais, mediante assinatura de con-
política de direita no que tange à urgência de di- vênio para a institucionalidade das Creches Comu-
minuir o Estado: nitárias. Nesse período, foram aproximadamente
18
quarenta instituições que firmaram parceria com
Fundando-se, por exemplo, no dado real, concre- a administração pública municipal. O processo de
to, o da discussão necessária hoje em torno do parceria realizou-se mediante intensa mobiliza-
“tamanho” do Estado, advogam sua ausência
ção de movimentos comunitários, em especial das
quase total de áreas de fundamental interesse
para a soberania do país. Daí a gulodice com que periferias da cidade, sobretudo em virtude de dois
defendem a privatização de tudo que dê lucro. fenômenos, a saber: 1) Extinção da Legião Brasi-
Daí a maneira agressiva, contundente com que leira de Assistência; 2) Contexto do Estatuto da
atacam os que, mesmo defendendo uma nova Criança e do Adolescente de 1990. (PAULO, 2010;
compreensão das tarefas do Estado, e de seus 2013)
limites, se insurgem contra a redução do Estado
Inicialmente, as educadoras das Escolas Comu-
ao papel de defensor irredutível dos interesses
dos ricos. (FREIRE, 2015, p. 440). nitárias de Educação Infantil não possuíam forma-
ção profissional específica. Atualmente, estudos
Paulo (2010; 2013) alerta para políticas que, de Paulo (2013) e Prunier (2018), somados aos
em nome da democracia, simulam projetos e pro- dados coletados na Associação de Educadores Po-
postas de educação popular que, na verdade, são pulares de Porto Alegre (AEPPA), revelam que o
antimobilizadoras, compreendendo o popular co- contexto de profissionalização dessas educadoras
mo popularização a qualquer custo, mantendo o permanece precarizado, divergindo das legisla-
modo de produção capitalista. Como exemplo da ções1 da educação nacional, as quais exigem licen-
reconfiguração do Estado, via Terceira Via, apre- ciatura para atuação docente na educação básica.
sentamos uma das experiências de Porto Alegre,
1 Referente à exigência de formação profissional, conferir as
Rio Grande do Sul. seguintes legislações: Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (nº 9394/1996: Art. 62) e o atual Plano Nacional de
Educação de 2014, na meta 15.

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

Diante disso, apontaremos as implicações dessas próximo ao espaço de atuação profissional, foram
parcerias público-privado no processo de forma- indicadas ao emprego e não possuem formação
ção das educadoras das Escolas de Educação In- em nível superior. Segundo estudos realizados na
fantil de Porto Alegre - RS. Nosso estudo é biblio- AEPPA em 2019, a grande parte das educadoras
gráfico e documental, utilizando-nos de materiais não possui mais vínculos com os movimentos po-
disponibilizados pela AEPPA. pulares das comunidades, como aquelas que ini-
A parceria público-privado na Educação Infan- ciaram como educadoras entre os anos de 1990 a
til Comunitária de Porto Alegre, por meio das Ins- 2006. Essa constatação revela o distanciamento
tituições de Educação Infantil sem fins lucrativos, das relações dos movimentos sociais, cuja pauta
possui implicações com relação ao processo de inicial foi a luta pelo direito à creche, com a atual
precarização na/da formação de profissionais da política de parcerias público-privado.
Educação Básica, tais como: o retorno das políticas Inicialmente, o processo de conveniamento foi
assistencialistas de cunho benevolente e da deses- influenciado pelos movimentos populares comu-
tatização por parcerias público-privado por meio nitários através da luta por política pública da
da transferência da execução de políticas educacio- Educação Infantil, permanecendo executado com
nais que deveriam ser de responsabilidade do mu- a participação de lideranças comunitárias, sobre-
nícipio (BRASIL, 1996) para as Organizações So- tudo no tocante à gestão das escolas comunitárias.
ciais. Essa transferência de responsabilidade, em- Esses gestores, na sua maioria, não possuem for-
bora parcial, representa uma das faces do debate mação acadêmica.
do neoliberalismo que versa sobre a necessidade As Instituições de Educação Infantil sem fins
de diminuir o Estado via privatização; similarmen- lucrativos, conveniadas com a Secretaria Munici-
te, a discussão da Terceira Via que, de igual modo, pal de Educação (SMED) de Porto Alegre, não pos-
afirma que o Estado deve diminuir, considera im- suem trajetória de debate sobre o trabalho e for-
19
perativa a democratização na execução de políticas mação docente das profissionais de educação. Flo-
sociais, transferindo-as para a Sociedade Civil Or- res (2007), Paulo (2013) e Susin (2005; 2009) si-
ganizada (PERONI, 2008; 2012). Nesse contexto, nalizam essa problemática apontando que o único
nos interessa analisar o trabalho das profissionais movimento em defesa da formação das educado-
de educação que atuam nessas instituições, mais ras atuantes nas Instituições de Educação Infantil
especificamente, a formação profissional delas. Comunitárias é a AEPPA. Alusivo a esse contexto,
Essas educadoras da Educação Infantil Comu- os trabalhos que discorrem sobre a temática da
nitária de Porto Alegre, na sua maioria, residem formação de educadoras constam no Quadro 1:

Quadro 1 - Teses e Dissertações sobre o contexto da Educação Infantil Comunitária.

OtiliaKroeffSusin (2005) A educação infantil em Porto Alegre: um estudo das creches


comunitárias
Maria Luiza Rodrigues Flores (2007) Movimento e complexidade na garantia do direito à Educação
Infantil: um estudo sobre políticas públicas em Porto Alegre
(1989-2004)
Maria OtiliaKroeffSusin (2009) A qualidade na educação infantil comunitária em Porto Alegre:
estudo de caso em quatro creches conveniadas
Fernanda dos Santos Paulo (2013) A formação dos (as) educadores (as) populares a partir da
práxis: um estudo de caso da AEPPA
Simone Souza Prunier (2018) A parceria público-privada na educação infantil em Porto
Alegre: suas implicações para o trabalho docente.
Fonte: da Autora

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

As Teses e dissertações discutem a trajetória his-


tórica e política das parcerias público-privado da A legislação acima é proveniente do Conselho
Educação Infantil em Porto Alegre, referenciando a Municipal de Educação (CME) de Porto Alegre, que
situação do negligenciamento da formação das tra- regulamentou a Resolução de nº 015/2015. Cons-
balhadoras da primeira etapa da Educação Básica. tatamos que a terminologia “professor” consta no
O trabalho das profissionais de Educação In- documento, mas na realidade concreta não há ne-
fantil que atuam em instituições parceiras é confi- nhum trabalhador contratado com esse cargo. Ou-
gurado por regime de trabalho celetista, cuja de- trossim, algumas educadoras possuem a titulação
nominação do cargo é de auxiliar de desenvolvi- de docente e são contratadas como profissional
mento infantil ou técnica do desenvolvimento in- habilitada para o magistério com o cargo de Téc-
fantil. Essas nomenclaturas constam na tabela de nica de Desenvolvimento Infantil. Atualmente, há
Função do Sindicato dos Empregados em Entida- uma promessa de contratação de professores em
des Culturais, Recreativas, de Assistência Social, contrapartida a um aumento de repasse às escolas
de Orientação e Formação Profissional no Estado comunitárias, estimado em 81% até 2020, confor-
do Rio Grande do Sul (SENALBA/RS), que repre- me notícia na página da SMED2.
senta essas profissionais. Como foi mencionado Relato de uma educadora, participante da AE-
anteriormente, a maioria não possui formação em PPA, confirma a ligação entre o repasse financeiro
nível superior, e as graduadas são contratadas co- e a formação docente: “Acredito que com o aumen-
mo técnicas do desenvolvimento infantil. Ou seja, to de verba venha junto a exigência semelhante às
não há nenhuma trabalhadora da Educação Infan- escolas municipais, por isso está tudo no mesmo
til das instituições parceiras com o poder público pacote de educação infantil. Ele [secretário de
contratada como professora. Essa situação é de- educação] deixou bem claro que junto vem a con-
nunciada pela AEPPA como condição precarizada trapartida que é contratação de professores para
20
de trabalho e desfavorável para a comunidade, já todas as faixas etárias”. Esse depoimento indica a
que as crianças não têm garantia de uma Educação compreensão de formação docente como favor e
Infantil com a mesma qualidade que a ofertada pe- bônus, ao invés de direito das crianças em ter pro-
la rede municipal. fissionais qualificados.
A relação público-privado tem demonstrado A princípio, a política de conveniamento era
impactos no trabalho dessas educadoras, que atu- para ser provisória, conforme conversa realizada
am como docentes, mas não são valorizadas como com José Clóvis de Azevedo, em decorrência de es-
tal. Contraditoriamente, as legislações municipais tudos e pesquisas realizadas a partir da AEPPA.
amparam esse tipo de contratação, divergindo das Confirma-se essa intenção de provisoriedade na
legislações educacionais em âmbito nacional, co- tese de Flores (2007). Nessa mesma pesquisa, con-
mo podemos conferir a seguir: cernente ao contexto de parceria e à questão do
processo formativo das educadoras, podemos
Art. 24 O professor é o responsável pelo proces- identificar que:
so educativo nas escolas/instituições e deverá
estar presente nos grupos etários, nos turnos de O convênio entre o município e as creches
atendimento. vinculadas à extinta LBA incluía um repasse
§1° Será admitida a atuação de profissionais mensal de verbas por parte da prefeitura a
de apoio ao professor, exigida a formação mí- cada instituição conveniada, proporcional ao
nima de ensino médio, acrescido de capaci- número de crianças atendidas, para fins de
tação específica a ser regulamentada por manutenção e pagamento de pessoal. Além
norma própria. do repasse, as instituições passaram a receber
§2° As ações dos profissionais de apoio devem
se dar sempre sob a orientação e responsabilidade
do professor. (Grifo da autora) 2 Disponível em: http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smed/.
Acesso: 13 nov. 2019.

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

assessoria pedagógica e de prestação de con- perspectiva da Terceira Via – regulando as parce-


tas da SMED, além de vagas em cursos, semi- rias público-privado.
nários, encontros de formação locais e regio-
A SMED de Porto Alegre tem anunciado a ne-
nalizados e, a partir de 2001, também vagas
cessidade da formação das educadoras da Educa-
em cursos de formação inicial em serviço.
Esse convênio, que inicialmente incluiu 40 cre- ção Infantil atuantes no contexto da rede parceiri-
ches, foi uma tentativa mediadora, já que o inte- zada, registrando nos Editais de Chamamento Pú-
resse das creches era de que o município as as- blico das Organizações da Sociedade Civil; todavia,
sumisse integralmente. (FLORES, 2007, p. 102- não exige a contratação de professor enquanto
103, grifo nosso).
cargo profissional. Importa ressaltar que essas
instituições são consideradas como prestadoras
A citação acima denota um contexto de redefi- de serviços educacionais existentes há mais de 25
nição das políticas educacionais na esfera anos3”. Na definição de prestação de serviços, ob-
municipal,redefinindo o papel do Estado como serva-se a desresponsabilização do poder público
principal garantidor dos direitos educacionais. nas formas de contratação das educadoras e na
Hoje, podemos afirmar que a ampliação das par- exigência de formação docente, visto que o Estado,
cerias público-privado é parte da materialização nesse contexto, tem o papel de financiador e ava-
do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Esta- liador.
do, do governo de Fernando Henrique Cardoso. A Um dos anexos localizados nas orientações pe-
relação público-privado, segundo Peroni (2012), dagógicas dos Editais de Chamamento Público,
tem como lógica tomar a sociedade civil como par- destinado às parcerias público-privado, relativo à
ceira e empreendedora, isto é, corresponsável pe- formação de educadoras, não requisita profissio-
las políticas educativas, via execução das mesmas. nal habilitado para o magistério no caso da Creche
Nesse período particular do capitalismo, e no (Berçário ao maternal), sendo, portanto, contrata-
caso específico de Porto Alegre, é importante res- 21
dos como Profissional de Apoio. O curso denomi-
saltar que as mudanças descritas não são conjun- nado Capacitação para Profissionais de Apoio da
turais. Vimos que tem sido questões estruturais, Educação Infantil é um requisito obrigatório para
pois não houve a ampliação da rede municipal de o cargo em questão. No entanto, admite-se a per-
escolas de Educação Infantil, expandindo, assim, a manência de educadores assistentes, desde que
política de Educação Infantil no formato de parce- cursando o Ensino Médio4. Os cursos para atuação
ria (Terceira Via). Outra evidência foi no tocante à na Educação Infantil são realizados em institui-
formação, pois não tem tido a exigência de gradu- ções particulares, com uma carga-horária de no
ação para as educadoras da rede parceirizada e mínimo 160 horas.
nas formas de contratação.
Após o Marco Regulatório das Organizações da CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sociedade Civil (Lei 13.019/2014) há uma cobran-
ça de formação específica para as educadoras da A reconfiguração do Estado via reforma Estatal
rede parceirizada, estando em conformidade com não só reestruturou o seu papel como modificou a
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional compreensão de democracia. A democracia na
(LDBEN, 1996) em seu artigo 62. O Marco Regula-
tório, constituído em âmbito nacional, se propõe a
conferir transparência para a atuação das organi- 3 Diário Oficial de Porto Alegre - Órgão de divulgação do Muni-
cípio - Ano XXIV - Edição 6124 - Terça-feira, 12 de novembro de
zações da sociedade civil em parceria com a admi-
2019. Disponível em: http://dopaonlineupload.procempa.com.br/
nistração pública, em especial quando há repasse dopaonlineupload/3095_ce_20191112_executivo.pdf
financeiro – caso da Educação Infantil de Porto Acesso em: 13 de nov. de 2019.
Alegre. O Marco Regulatório é, portanto, a mate- 4 Disponível em: http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/
prefpoa/smed/usu_doc/anexo_iii_-_orientacoes_pedagogi-
rialização das redefinições do papel do Estado na cas_nova_versao.pdf . Acesso em: 13 de nov. 2019.

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

Terceira Via significa responsabilizar, em nome da cula à precarização do trabalho e ao retorno das
descentralização, da participação e da crise do Es- políticas assistencialistas de caráter beneficente.
tado, as comunidades, as periferias, as classes po- Nesse viés, a exigência de formação docente e de
pulares. A Educação Popular na perspectiva da valorização da mesma, torna-se desnecessária,
pedagogia crítica não se aproxima da Terceira Via, podendo, inclusive, o trabalho assumir caracterís-
distancia-se em pelo menos dois pontos: 1) a Edu- tica de voluntariado.
cação Popular tem um projeto revolucionário de As relações Estado e Sociedade Civil Organi-
educação e sociedade; 2) Um dos instrumentos de zada, no caso estudado, configuram-se mediante
luta da Educação Popular, de reivindicação e de contratos de contrapartidas, característica da
resistência às desigualdades sociais é o Movimen- concepção das políticas sintonizadas com a Ter-
to Social; Ambos perderam suas principais carac- ceira Via, a qual preconiza a participação e res-
terísticas quando passaram a ser aparelhospres- ponsabilização dos sujeitos. Ao anunciar o au-
tadores de serviços para o Estado, deixando de mento de repasse financeiro às Instituições de
existir como espaços destinados às lutas históri- Educação Infantil parceirizadas, a SMED coloca
cas das classes populares. como contrapartida a exigência de contratação
Constatamos que no caso específico de Porto de professores, como se fosse natural existir es-
Alegre, referindo-se às relações público-privado, colas sem docentes. O direito à educação como
no contexto da política da Educação Infantil, as bem público de qualidade social, referenciada pe-
transformações são resultantes da reconfigura- la Educação Popular, inexiste sem democracia,
ção das estratégias do neoliberalismo por meio assim como diverge da educação na lógica da
da Terceira Via. competição, da desvalorização do trabalho do-
No tocante à formação, observamos que a des- cente, do individualismo, da meritocracia, do
valorização da profissionalização docente se vin- egoísmo e do privado.
22

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019


Relações público-privado na educação: políticas de democratização na concepção da educação popular

REFERÊNCIAS Federal e Reforma do Estado, 1997. (Cadernos MARE da refor-


ma do estado; v. 1).
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n. º 8.069, de
13 de julho de 1990. PERONI, Vera. Política educacional e papel do Estado no
Brasil dos anos 90.São Paulo: Xamã, 2003.
BRASIL, Ministério da Administração e Reforma do Estado
(MARE). Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado. PERONI, V. M. V. Políticas Públicas e gestão da educação em
Brasília, 1995. tempos de redefinição do papel do Estado. Texto apresen-
tado na Anped Sul, 2008 (CD) artigo disponível em: http://
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. www.ufrgs.br/faced/peroni; Acesso em 13 fev. 2017.
º 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
PERONI, V. M. V. A gestão democrática da educação em tempos
BRASIL, Plano Nacional de Educação. Lei 13005, 25 de junho de parceria entre o público e o privado. Pro-Posições, Campi-
de 2014. nas, v. 23, n. 2 (68), p. 19-31, maio/ago. 2012.

BRASIL. Lei n.13.204, de 14 de dezembro de 2015. Estabelece PRUNIER, S. S. A parceria público-privada na educação infan-
o regime jurídico das parcerias entre a administração pública til em Porto Alegre: suas implicações para o trabalho docente.
e as organizações da sociedade civil(...)Brasília: Presidência da Porto Alegre, 2018. 192 f. Dissertação (Mestrado em Educação)
República, 2015. – Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Edu-
cação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2018.
FREIRE, P. A educação na cidade. 7.ed. São Paulo: Cortez, 2006.
PORTO ALEGRE.Fixa normas para oferta da Educação infantil
FREIRE, P. À sombra desta mangueira. 11. ed. – Rio de Janeiro: no Sistema Municipal de Ensino de Porto Alegre. Resolução n.º
Paz e Terra, 2015. 003 de 25 de janeiro.Disponível em: http://lproweb.procem-
pa.com.br/PMPOA/prefpoa/smed/usu_doc/res00301.pdf.
FLORES, M. L. R. Movimento e Complexidade na garantia do Acesso em: 04 jan. 2017.
direito à Educação Infantil: um estudo sobre políticas públi-
cas em Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do PORTO ALEGRE.Fixa normas para oferta da Educação infantil
Sul. 2007. 289 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de no Sistema Municipal de Ensino de Porto Alegre. Resolução n.º
Pós-Graduação em Educação. 015 de 18 de dezembro de 2015.Disponível em: http://lpro-
web.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/smed/usu_doc/refan- 23
GIDDENS, Anthony. A Terceira Via: reflexões sobre o impasse til.pdf. Acesso em: 05 jan. 2017.
político atual e o futuro da social-democracia. Rio de Janeiro:
Record, 2001. SUSIN, M. O. K. A Educação Infantil em Porto Alegre: Um es-
tudo das creches comunitárias. Porto Alegre: Universidade Fe-
HARVEY, D. O Neoliberalismo: história e implicações. São Pau- deral do Rio Grande do Sul. 2005. 248 p. Dissertação (Mestrado
lo: Loyola, 2008. em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação.

LIMA, Licínio. Organização escolar e democracia radical: SUSIN, M. O. K. A Qualidade na Educação Infantil Comunitá-
Paulo Freire e a governação democrática da escola pública. São ria de Porto Alegre: estudo de caso em quatro creches conve-
Paulo: Cortez Editora, 2000; niadas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. 2009. 306 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de
KUENZER, A.Z. Exclusão includente e inclusão excludente: Pós-Graduação em Educação.
a nova forma de dualidade estrutural que objetiva as novas re-
lações entre educação e trabalho. In: Saviani, D.; Sanfelice, J.L.; STRECK, D. R.; PITANO, S. d. C.; MORETTI; C. M.; SANTOS. K.;
Lombardi, J.C. (Org.). Capitalismo, trabalho e educação. 3. ed. LEMES. M.; PAULO, F. d. S. Educação popular e docência - 1.
Campinas: Autores Associados, 2005. p. 75-96. ed. – São Paulo: Cortez, 2014. –(Coleção docência em formação:
saberes pedagógicos)
PAULO, F.S. Formação dos/as educadores/as populares de
Porto Alegre formados/as em Pedagogia: identidade, trajetó- SAVIANI, D.; SANFELICE, J. L. (Org.). Capitalismo, trabalho e
ria e desafios. 2010. 79f. Trabalho de Conclusão de Curso (Espe- educação. Campinas: Autores Associados, 2002.
cialização em Educação Popular) – Instituto Superior de Educação
Ivoti & Instituto de Desenvolvimento Brava Gente, Porto Alegre. SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. Cam-
pinas: Autores Associados, 2007.
PAULO, F.S. A Formação dos (as) educadores (as) populares
a partir da Práxis: Um estudo de caso da AEPPA. 2013. 278 f. ZITKOSKI, Jaime José. Educação Popular na América Latina-
Dissertação (Mestrado) –Programa de Pós-Graduação em Edu- raízes históricas e temas emergentes: uma leitura a partir
cação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. de Freire. In: Redes de pesquisa: Trabalho, movimentos sociais
PEREIRA, L. C. B. A Reforma do estado dos anos 90: lógica e e educação / Ribeiro, Marlene Ribeiro (Orgs.).Porto Alegre: Ita-
mecanismos de controle.Brasília: Ministério da Administração puy, 2011.

Ciência em Movimento | Educação e Direitos Humanos | v. 21, n. 42 | dezembro de 2019

Você também pode gostar