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EDUCAÇÃO MÓDULO
POLÍTICA PARA
CIDADANIA

FUNDAMENTAL E MÉDIO:
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
DANYELLE NILIN GONÇALVES
MARIA CLARA RIBEIRO MARTINS
SUMÁRIO
1. Introdução......................................................................... 67

2. Cidadania e direitos humanos.............................................. 68

3. Educação e cidadania: alguns enfoques................................. 70

4. O que dizem os documentos oficiais?.................................... 72

5. Cidadania e escola básica: aproximando crianças,

adolescentes e jovens.......................................................... 74

6. Práticas pedagógicas e cidadania......................................... 76

Referências........................................................................ 78

66 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste


1
INTRODUÇÃO

E
m algum momento, você deve ter lugar que reproduz uma educação bancária , xa de ser um mero local de habilitação para o
ouvido alguém falar que política prezando apenas pela irrestrita transferência mercado de trabalho e passa a ter, dentre ou-
não se discute. Essa frase está no de conhecimentos e desenvolvimento de algu- tras atribuições, o papel de acolher e respei-
imaginário popular há muito tem- mas habilidades, como a leitura e a escrita. Essa tar os conhecimentos e as vivências dos(as)
po e reflete como os indivíduos veem o cam- percepção da educação tende a colocar o(a) educandos(as), assim como de incentivar as
po político como algo distante da própria educando(a) numa posição de passividade, potencialidades que possam contribuir para a
realidade. Ainda que a participação política como um mero acumulador de informações e formação de uma sociedade menos desigual,
tenha se mostrado mais evidente nos últi- técnicas, capaz de corresponder expectativas mais justa e inclusiva. Percebe-se, assim, que a
mos anos, principalmente após a ascensão mercadológicas e ter aptidão para o mercado função social da escola passa a ser, dentre ou-
das plataformas digitais, como o Facebook, de trabalho. Nesse modelo, não há preocupa- tras coisas, a de contribuir para o exercício de
o Brasil ainda é um país em que apenas ção com uma formação humanizada e, dessa uma cidadania ativa, a partir de uma educação
uma parte restrita da sociedade entende maneira, o ambiente escolar passa a ser, princi- crítica e comprometida com valores democráti-
como funciona o sistema democrático. Para palmente, um local de reprodução sistemática cos, como a tolerância e o respeito à diversida-
além do voto, das eleições e da atuação das desigualdades sociais (Freire, 2019). de. Assim, o compromisso do ambiente escolar
dos(as) governantes, muita gente não co- Contudo, existem propostas que reivindi- não é apenas formar bons profissionais, mas
nhece os próprios direitos e deveres, sendo cam o exercício de uma educação crítica. No também auxiliar na construção de um país mais
impedidos(as), assim, de desfrutar plena- Brasil, essa vertente tem sido endossada prin- harmônico e fraterno.
mente da própria cidadania. cipalmente após o processo de redemocrati-
Esse cenário se apresenta como um grande zação, uma vez que a escola, amparada pela
desafio, afinal, a consolidação da democracia LDB/1996 e outros dispositivos legais, passou
no nosso país passa também pela formação de a ter entre seus principais objetivos, a formação Você sabia?
uma sociedade consciente, capaz de contribuir de cidadãos(ãs) dotados de valores democrá-
para a construção de um país cada vez melhor. ticos e aptos a viverem em sociedade. Assim, A escola também atua enquanto
Afinal isso também depende de nós. Diante essa outra perspectiva alimenta uma postura um ambiente de integração e so-
disso, a educação política surge como uma cidadã ativa, uma vez que incentiva os(as) estu- cialização dos indivíduos. Por meio
ferramenta fundamental para modificar essa dantes a participarem ativamente do processo dos esportes, por exemplo, é possí-
realidade. Neste Fascículo, você compreenderá de aprendizado, criando as possibilidades ne- vel desenvolver senso de liderança,
o papel das práticas pedagógicas no ambien- cessárias para a produção e construção do pró- respeito e cooperação, além de ou-
te escolar para a formação de cidadãos(as) prio conhecimento, como sugere o pedagogo tros benefícios relacionados à saú-
engajados(as). Paulo Freire, patrono da educação brasileira. de física e mental dos estudantes .
Por muito tempo, a escola foi vista como um Nessa perspectiva, o ambiente escolar dei-

FONTE: Ministério da educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33410-esporte-na-escola> Acesso em 20 de julho de 2023.


1

EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 67


2
CIDADANIA E DIREITOS
HUMANOS

A
educação é uma das atividades Todavia, como aprendemos em fascícu-
sociais mais elementares, pois los anteriores, os sentidos atribuídos à cida-
além de desenvolver os indivídu- dania não são universais e imutáveis, já que
os, ajuda a formar a sociedade. dependem das transformações históricas,
Podemos dizer que ela está presente em culturais e sociais vividas. Os termos “cida-
diferentes sociedades, em todos os tempos. dania” e “direitos humanos” no Brasil, muitas
Nas sociedades contemporâneas, além da vezes, se confundem, sendo esvaziados de
educação informal, aquela que se dá a partir sentido e usados de maneira contraditória.
da experiência do cotidiano, da experimen- Cidadania, às vezes, é confundida somente
tação, repetição de hábitos e aprendizagem com a ideia de ter direitos e deveres, atri-
de novas práticas, há também a educação buindo a essa proposição de que cidadão(ã)
formal, aquela que se aprende na escola, a é aquele(a) que cumpre fielmente as regras
partir de currículos, de métodos específicos da coletividade. Nessa perspectiva, indivídu-
e de avaliações. Ao mesmo tempo que ela os que cometem crimes e delitos estariam
é uma atividade eminentemente humana, é excluídos automaticamente da condição de
também um direito humano fundamental . cidadãos(ãs). Assim, não seriam dignos(as)
Podemos dizer que a educação é um di- do acesso aos direitos humanos.
reito social e está diretamente relacionada Podemos nos perguntar: alguém pode
com a construção da cidadania. Por isso, é ser excluído do acesso aos direitos huma-
necessário cobrar do Estado a garantia de nos? Afinal, o que são os tão proclamados
que os indivíduos tenham acesso à edu- direitos humanos? Como surgiram e a quem
cação formal, legitimada pela sociedade são destinados? Eles foram definidos numa
contemporânea, já que ela possibilita ao in- Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10
divíduo o mínimo de acesso ao padrão civi- de dezembro de 1948, motivados pelos hor-
lizacional. À medida que as crianças, jovens rores produzidos na Segunda Guerra Mun-
e adultos têm acesso à escola, eles(as) têm a dial. São, portanto, um conjunto de normas
possibilidade de refletir sobre o que é cida- e proposições que reconhecem a necessida-
dania e de participar ativamente do seu pro- de de proteger a dignidade de todos os se-
cesso de construção, mudando assim suas res humanos, como um ideal a ser atingido
vidas e de suas comunidades. por todos os povos.

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A Declaração dos Direitos Humanos abarca o conjunto da vida social e enumera
uma série de direitos: à vida, à liberdade e à segurança pessoal, à liberdade de loco-
moção e residência dentro das fronteiras de cada estado, à propriedade, à seguran-
ça social, ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de
trabalho, à proteção contra o desemprego, a uma remuneração justa, ao repouso
e lazer, alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos, à instrução, à vida
cultural da comunidade e outros. Ela também reafirma o direito a tomar parte no
governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente
escolhidos, à liberdade de reunião e associação pacífica, à liberdade de opinião e
expressão. Também deixa claro que tudo isso implica deveres e compromissos em
relação ao bem da comunidade.

Embora garantidos pela declaração dos ciedade civil deve organizar-se em sua defesa e
direitos humanos e pelas Constituições dos pa- promoção, sendo uma tarefa, portanto, de toda
íses, muitas vezes esses direitos não são efetiva- a coletividade. Pela função social a ela atribuí-
dos. Em muitos casos, as pessoas nem se dão da na contemporaneidade, a escola tem papel
conta de que têm direitos sociais, civis e políti- crucial na educação para o exercício da cidada-
cos ou que eles estão sendo violados. Para sua nia e dos direitos humanos.
real efetivação, além do papel do Estado, a so-

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3
EDUCAÇÃO E CIDADANIA:
ALGUNS ENFOQUES

O
jurista Dalmo Dallari, especia-
lista em direitos humanos, afir-
ma que os(as) docentes têm
grande responsabilidade e po-
der na transmissão e promoção dos valo-
res democráticos, uma vez que dispõem da
possibilidade de influir para a correção de
problemas históricos e distorções profun-
damente injustas. É aqui onde se mostra
a força dos(as) professores(as): na valiosa
contribuição para a formação de uma nova
sociedade em que a dignidade humana
seja, de fato, o primeiro dos valores e, a
partir daí as pessoas se respeitem recipro-
camente e sejam solidárias umas com as
outras (Dallari, 2004, p.42).
Para que isso ocorra, é necessário pri-
meiramente que os(as) próprios(as) docen-
tes tenham consciência dos seus direitos e
do seu papel social. Como questiona Padi-
lha: como alguém que não se respeita, que
não respeita os seus próprios direitos, que
às vezes nem os conhece e que não sabe
defendê-los, poderia ensinar outro alguém
sobre o exercício de algum direito ou sobre
qualquer outro conteúdo de forma crítica
e emancipadora? Ou como alguém que
está desacostumado a ser ético pode agir
socialmente com justiça? Ou, ainda, como
um(a) professor(a) que se deixa vencer pela

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rotina, por mais dura que possa ser, pode além de os sujeitos se verem como seres li-
contribuir para a formação de sujeitos que vres e autônomos, também se percebem
exerçam plenamente a sua cidadania e sai- como partes de uma comunidade. O resulta-
bam defender seus direitos civis, sociais e do disso implica um sentido de pertencimen-
políticos? (Padilha, 2008, p. 27-28). to, mas também de protagonismo e de res-
Porém, nem sempre a atuação do(a) ponsabilidade pelo espaço social e coletivo .
professor(a) e da educação promovem O que vai fazer a diferença na adoção de
efetivamente a cidadania. Isso porque há uma ou outra perspectiva será a prática pe-
diferentes enfoques a respeito da cidada- dagógica do(a) educador(a), que pode traba-
nia e a partir deles, diferentes propostas e, lhar a partir de uma visão estreita e passiva
consequentemente, resultados distintos. de cidadania ou, ao contrário, estimular uma
Primeiramente devemos nos perguntar: postura mais complexa, crítica e ativa dos(as)
toda ideia de cidadania é crítica? Toda pro- alunos(as), não se limitando simplesmente
posição de cidadania conduz a formação a apresentar a cidadania como assunto em
de estudantes críticos(as), engajados(as) algumas aulas, mas torná-la fundamento de
coletivamente, conscientes do seu papel e sua prática e uma vivência real.
de seus direitos? A resposta é não! Denominamos educação política para
Madeira et al (2012) apresentam duas a cidadania o processo de socialização de
perspectivas de cidadania e suas implica- conhecimentos que ajude as pessoas a
ções para as práticas pedagógicas. A primei- compreenderem os desafios da vida cole-
ra defende o exercício da cidadania numa tiva, os debates políticos e, em certa me-
dimensão mais tradicional, vinculada sim- dida, a participar mais ativamente desses
plesmente à realização de direitos e deve- processos. Percebemos que isso é algo
res. Educar para cidadania, nessa lógica, se mais do que necessário para a sociedade
encerra muitas vezes na difusão dos direitos brasileira, não é? E é também um desejo
e deveres presentes na lei. das pessoas. Em uma pesquisa realizada
Em outra dimensão mais crítica, a cidada- pelo Instituto Datafolha em 2019, 71% dos
nia é entendida como atividade de produção entrevistados acreditavam na importância
de direitos para além daqueles concedidos de debater assuntos políticos e cívicos na
pela lei, sendo, portanto, uma conquista escola e 54% apoiavam a inserção dessas
construída e (re)construída continuamente temáticas no currículo.
na vivência em sociedade. Nesse aspecto,

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4
O QUE DIZEM OS
DOCUMENTOS OFICIAIS?

A
esse ponto, você já deve ter
aprendido um pouco mais sobre
a importância da educação polí-
tica nas escolas. Mas, amparada
em quê essa possibilidade se torna viável?
Neste tópico, será possível aprender como
os principais dispositivos legais possibilitam
a existência de uma educação crítica e cida-
dã no ambiente escolar.
O processo de redemocratização do Bra-
sil incidiu diretamente no campo educacio-
nal do país. A reformulação da Constituição
Federal (CF), em 1988, enfatizou preceitos
fundamentais ligados ao acesso à cidada-
nia e à dignidade humana. A educação pas-
sou a ser um direito de todos(as) e dever do
Estado e da família, tendo entre os princi-
pais objetivos a promoção e o incentivo do
pleno desenvolvimento da pessoa e uma
formação cidadã e laboral. (Brasil: 1988). A
seguir, veja o que cada documento fala so-
bre o ambiente escolar como um lugar privi-
legiado para o exercício da cidadania e para
a formação de indivíduos críticos:

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A LDB é responsável por regulamentar as disposições sobre o sistema educacional
brasileiro, garantidas pela Constituição. No artigo 22 do documento, consta que uma das
LEI DE DIRETRIZES E BASES (LDB) finalidades da educação básica é desenvolver o educando, assegurando uma formação
para o exercício da cidadania. Além disso, também reitera valores essenciais para a estru-
turação de um ambiente escolar democrático, como o apreço à tolerância, o pluralismo
de ideias e a liberdade de pensamento e expressão. (Brasil:1996)

Na DCNEB, o acesso à educação é visto como um direito humano universal e inalienável,


capaz de capacitar os indivíduos para o exercício de outros direitos. Uma das proposi-
DIRETRIZES CURRICULARES NACIO- ções é a de que a educação escolar assuma o dever de formar sujeitos conscientes dos
NAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA (DCNEB) próprios direitos e deveres, tornando-os comprometidos com a transformação social e a
difusão ética de valores como liberdade, justiça, pluralidade, solidariedade e sustentabili-
dade. (Brasil:2013)

A Base Nacional Curricular Comum busca assegurar aos/às estudantes o desenvolvimen-


to de habilidades que auxiliem no processo de aprendizagem, preparando-os(as) para
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR lidar com questões próprias da vida pessoal e laboral. As competências propostas pela
(BNCC) BNCC visam, dentre outras coisas, contribuir para a formação de uma sociedade mais
justa, democrática e inclusiva, que valoriza a diversidade de saberes, incentiva e promove
os direitos humanos e socioambientais. No documento, também é citado que a educação
deve incentivar o exercício da cidadania e o pensamento crítico. (Brasil: 2018)

A partir dos destaques anteriores, você volver uma participação cidadã ativa .
deve ter percebido que as proposições pre- Assim, pode-se inferir que a educação
sentes na CF, LDB, DCNEB e BNCC contri- política no ambiente escolar é encorajada
buem para o fomento de uma educação através dos dispositivos legais menciona-
política efetiva no ambiente escolar, pois en- dos, que, em conjunto, reiteram a necessi-
dossam a necessidade de uma formação li- dade de os(as) estudantes desenvolverem
gada a valores republicanos e democráticos, uma postura cidadã ativa a partir da autono-
que tornam os indivíduos mais conscientes mia, do conhecimento crítico, da tolerância
da própria dignidade e os encoraja a desen- e do respeito às diferenças.

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5
CIDADANIA E ESCOLA BÁSICA:
APROXIMANDO CRIANÇAS,
ADOLESCENTES E JOVENS

V
ocê deve estar se perguntando: vidade é uma tarefa social que leva tempo e, do(a) discente e fáceis de serem entendidas, o
mas esses temas não são difíceis portanto, precisa ser construída cotidiana- que faz o processo interessante para todos(as).
de serem debatidos em sala de mente. Além disso, é bom lembrarmos que Esses temas e práticas não somente podem,
aula? Ou ainda deve estar pen- as crianças são sujeitos constituídos de di- como devem ser discutidos e, sobretudo, vi-
sando: política e cidadania não são assunto reitos e, portanto, também são impactadas venciados no cotidiano escolar e não apenas
para crianças e adolescentes. Respondemos pelas decisões tomadas pelos outros. em momentos específicos. Afinal, estar na es-
que sim, esse é um assunto de todos(as), afi- Adotando metodologias específicas e ade- cola traz a possibilidade de vermos como re-
nal, fazemos parte da sociedade desde que quadas à cada etapa do ensino, tornamos gras são pensadas e executadas (desde os ca-
nascemos e entender os desafios da coleti- essas discussões bem mais próximas da vida lendários letivos, horários de entrada e saída,

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avaliações); como há interesses diferentes e tis). A escola gera a reflexão sobre como a edu- para a análise.
como a vida social requer negociações (como cação é um direito social que impacta a vida Consideramos, portanto, que não há lu-
os pactos estabelecidos entre docentes e dis- das pessoas, como os direitos são violados e gar mais fértil para essas discussões, afinal
centes); como se pode participar de decisões o que pode ser feito para que isso não ocorra. a escola é também espaço do contraditório,
seja na condição de eleitores(as) (como na Todas essas situações são extremamente pe- das diferenças e da diversidade. Um lugar,
eleição de diretores(as)) ou de integrantes de dagógicas e podem ser trabalhadas em sala portanto, para se exercitar empatia, respei-
instâncias colegiadas de tomada de decisão de aula à medida que vão surgindo. A política to, tolerância e capacidade de negociação,
(como o Conselho Escolar e Grêmios Estudan- na vida cotidiana então se torna o material tudo o que compõe a ideia de democracia.

Quer saber mais?

Neste artigo, você encontrará reflexões sobre como abordar os temas da Política e Democracia
com crianças e adolescentes. Acesse o site ou veja no QRCode: https://claudia.abril.com.br/politica-
-poder/criando-cidadaos-como-tratar-de-politica-com-criancas-e-adolescentes .

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6
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
E CIDADANIA

V
imos que a educação política pode que bandeiras e proposições são defendidas Além dos recursos já consagrados em sala
ser bem instigante para os(as) dis- e como ocorrem as escolhas feitas através de aula, o uso de metodologias ativas são fer-
centes e docentes. No ambiente do voto (Martins; Dayewll: 2013). Esses são ramentas importantes nesse processo: assim
escolar, pode-se utilizar ferramen- apenas alguns exemplos práticos que po- se inverte a lógica da produção de conheci-
tas e recursos educacionais que auxiliem dem auxiliar nas discussões sobre conceitos mento e se estimulam posturas mais ativas
no desenvolvimento de conhecimentos e clássicos como democracia, representação que promovam o verdadeiro protagonismo
habilidades que dialogam com conceitos e e participação popular. estudantil, algo tão presente na BNCC. Os ex-
práticas ligadas à cidadania. As disciplinas eletivas que surgem na perimentos sociais, produção de pesquisas
O cinema, por exemplo, pode ser um esteira do Novo Ensino Médio aparecem realizadas por estudantes, oficinas, rodas de
aliado. A partir de filmes e documentários como oportunidades para reforçar uma conversa e uso de games temáticos são algu-
é possível mobilizar as turmas para a rea- educação política mais eficaz nas escolas. mas dessas possibilidades.
lização de debates sobre acontecimentos É possível, por exemplo, ministrar uma Para as crianças e pré-adolescentes, a
históricos, políticos, culturais e sociais. As disciplina sobre Fake News, onde os(as) própria experiência cotidiana em sala de
eleições de grêmios escolares também são estudantes, além de entenderem sobre os aula pode ser aproveitada para trazer à tona
uma oportunidade educativa e participativa malefícios das notícias falsas na sociedade, essas temáticas, além da oferta de livros
ímpar para se discutir sobre o formato da também podem aprender a realizar a che- infanto-juvenis que tratam do assunto. Já
democracia brasileira. Demonstram, na prá- cagem de notícias e estimular que produ- há um bom número de obras sobre política,
tica, como se dá a representação política, zam experiências inovadoras. cidadania e temas afins para esse público.

VOCÊ SABIA?
A Coordenadoria de Protagonismo Estudantil da Secretaria de Educação do Es-
tado do Ceará tem uma Célula de Projetos Educacionais, Articulação e Mobilização
Estudantil (CEPEA). Ela é responsável pelos seguintes programas: Grêmio Estudan-
til, Grupos Cooperativos de Apoio à Escola (Gcape), Círculo de Leitura, Jovens Em-
baixadores, Jovem Senador, Parlamento Jovem Brasileiro e Eleitor do Futuro. Para
conhecer mais, acesse https://www.seduc.ce.gov.br/protagonismo-estudantil/

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SUGESTÃO:
Como diversos estudos de-
monstram, a educação política nas
escolas pode acontecer, também,
através da criação de um podcast
escolar. Os próprios alunos, com a
ajuda dos professores, podem ficar
encarregados de falar sobre temá-
ticas que envolvam política e cida-
dania a partir de uma linguagem e
de exemplos práticos que sejam in-
teressantes ao público-alvo. É uma
atividade que pode interessar aos
estudantes e tem um baixo custo
para sua efetivação. Acesse o QRco-
de e veja a sugestão de um artigo
para inspirar você! (Moura; Carva-
lho: 2006)

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Neste fascículo, fizemos uma discussão
sobre o papel da escola como promotora
da educação para a cidadania. Vimos que,
além dos conteúdos que constituem pro-
priamente a atuação pedagógica em sala
de aula, o ambiente escolar proporciona
uma diversidade de experiências e práticas
a partir das quais podemos refletir sobre
política, democracia e cidadania. Feito esse
percurso, te convidamos a experimentar e
construir novos repertórios no campo da
educação política para a cidadania!

REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Fe-
derativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Ministério da Educação. Base


Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Se-


cretaria de Educação Básica. Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão. Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica.
Conselho Nacional da Educação. Câmara
Nacional de Educação Básica. Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais da Educação
Básica. Ministério da Educação. Secretaria
de Educação Básica. Diretoria de Currículos
e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DI-
CEI, 2013.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional, LDB. 9394/1996.

BENEVIDES, M. V. Educação para a demo-


cracia. Lua Nova, São Paulo, n. 38, p. 223-
237, 1996.

DALLARI. D. A. Um breve histórico dos


direitos humanos. In: CARVALHO, J. S.
(Org.). Educação, cidadania e direitos hu-

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manos. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 19-42.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:


saberes necessários à prática educati-
va. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MADEIRA, Michelande Cardoso et al.. Prá-


tica pedagógica e cidadania: contradi-
ções nas práticas que formam o cida-
dão. Anais IV FIPED... Campina Grande:
Realize Editora, 2012. Disponível em: <ht-
tps://editorarealize.com.br/artigo/visuali-
zar/466>. Acesso em: 22/07/2023 13:40

MARTINS, André S.; DAYRELL, Juarez T.


Juventude e Participação: o grêmio
estudantil como espaço educativo.
Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 38,
n. 4, p. 1267-1282, out./dez. 2013.

MOURA, Adelina.; CARVALHO, Ana Amélia A.


Podcast: potencialidades na educação.
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PADILHA, Paulo R. Educação em direitos


humanos sob a ótica dos ensinamentos
de Paulo Freire. Revista Múltiplas Leitu-
ras, v.1, n. 2, p. 23-35, jul. / dez, 2008.

SOBRE AS AUTORAS:
Danyelle Nilin Gonçalves é cientista social,
Mestra e Doutora em Sociologia pelo Programa
de Pós-Graduação em Sociologia da Universi-
dade Federal do Ceará. Professora do Depar-
tamento de Ciências Sociais da UFC. Coorde-
nadora de Sociologia do Programa Residência
Pedagógica/Capes. Coordenadora Nacional do
Mestrado Profissional de Sociologia em Rede
Nacional (Profsocio).
Maria Clara Ribeiro Martins é cientista so-
cial, Mestra e Doutoranda em sociologia pelo
Programa de Pós-Graduação em Sociologia da
Universidade Federal do Ceará.

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AUTORES:

Danyelle Nilin Gonçalves


Cientista social, mestra e Doutora em sociologia pelo Programa de Pós-Gradua-
ção em Sociologia da Universidade Federal do Ceará. Professora do Departa-
mento de Ciências Sociais da UFC. Coordenadora de Sociologia do programa
residência pedagógica/Capes. Coordenadora nacional do Mestrado Profissional
de Sociologia em Rede Nacional ( Profsocio).

Maria Clara Ribeiro


Cientista social, mestra e doutoranda em sociologia pelo Programa de Pós-Gra-
duação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará.

Todos os direitos desta edição reservados à: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA


Luciana Dummar Presidente | André Avelino de Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro | Marcos Tardin Gerente-Geral | Lia Leite Gerente Editorial |
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Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora | Bianka Silva, Lucas Gomes Gonçalves e Wesley Militão Fernandes Mendes Estagiários(as) em Letras
Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará
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Tel.: (85) 3255.6006 - 3255.6276
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