Bilinguismo

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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

O bilinguismo

Regina José Tseco: 31220172

Xai-xai, Maio de 2024


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

O bilinguismo

Trabalho de Campo a ser


submetido na Coordenação do
Curso de Licenciatura em Ensino
de Português da UnISCED.

Regina José Tseco: 31220172

Xai-xai, Maio de 2024


Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 4

2. Objectivos ................................................................................................................................ 4

2.1. Geral .................................................................................................................................. 4

2.2. Específico.......................................................................................................................... 4

3. Metodologia ............................................................................................................................. 5

4. Bilinguismo e bilíngue ............................................................................................................ 6

5. Classificação das situações do bilinguismo ............................................................................. 6

5.1. Idade de aquisição da segunda língua ............................................................................... 6

5.2. Competência relativa ........................................................................................................ 6

5.3. Organização cognitiva ...................................................................................................... 7

5.4. Manutenção da língua materna ......................................................................................... 7

5.5. Presença ou não de indivíduos falantes da L2 .................................................................. 7

5.6. Identidade cultural do indivíduo bilíngue ......................................................................... 8

6. Desafios e situações de conflito bilíngue ................................................................................ 8

6.1. Interferência linguística .................................................................................................... 8

6.2. Preconceitos linguísticos................................................................................................... 8

6.3. Questões de identidade ..................................................................................................... 9

6.4. Competição linguística ..................................................................................................... 9

7. Educação bilíngue.................................................................................................................... 9

8. O papel da tecnologia no bilinguismo ................................................................................... 10

9. Conclusão .............................................................................................................................. 11

10. Referências bibliográficas .................................................................................................. 12


1. Introdução

O bilinguismo é um fenômeno global que tem sido objeto de estudo e interesse em diversas
disciplinas, incluindo linguística, psicologia, sociologia e educação. Em um mundo cada vez mais
interconectado e multicultural, o bilinguismo é uma realidade comum para muitos indivíduos e
comunidades. O bilinguismo desempenha um papel fundamental na vida cotidiana e na
identidade cultural de milhões de pessoas em todo o mundo.

Nos últimos anos, o interesse acadêmico no bilinguismo cresceu significativamente,


impulsionado pela necessidade de compreender os benefícios cognitivos, sociais e educacionais
de ser bilíngue, bem como os desafios e situações de conflito que podem surgir nesse contexto.
Os avanços na tecnologia também têm contribuído para o aumento do interesse no bilinguismo,
com o desenvolvimento de novas ferramentas e recursos para facilitar o aprendizado e a prática
de línguas estrangeiras. Além disso, a diversidade linguística e cultural é uma característica
marcante da sociedade contemporânea, tornando o bilinguismo uma área de estudo cada vez mais
relevante e pertinente.

Neste contexto, este trabalho busca examinar temas como o conceito de bilíngue, a classificação
das situações de bilinguismo, os critérios de classificação, os tipos de bilinguismo, o bilinguismo
na educação, a tecnologia e o bilinguismo, e os desafios e situações de conflito bilíngue, visando
contribuir para uma compreensão mais abrangente e informada desse fenômeno complexo e
multifacetado.

2. Objectivos
2.1. Geral
 Analisar as diversas dimensões do bilinguismo.
2.2. Específico
 Definir e discutir o conceito de bilíngue;
 Identificar os critérios de classificação do bilinguismo;
 Descrever os diferentes tipos de bilinguismo;
 Investigar os desafios e situações de conflito que podem surgir no contexto do
bilinguismo.
 Explorar como a tecnologia pode ser utilizada para facilitar o aprendizado e a prática
bilíngue;
3. Metodologia

Para a materialização deste trabalho, recorreu-se à pesquisa bibliográfica, em que foram


consultadas diversas obras que versam sobre o conteúdo, disponíveis em vários sites da internet
e, as mesmas serviram de alicerce para a constituição do referencial teórico.
4. Bilinguismo e bilíngue

Para Titone (1972), bilinguismo é a capacidade individual de falar uma segunda língua
acompanhando os seus conceitos e estruturas, e não só o parafrasear da língua materna.

François Grosjean faz uma importante reflexão sobre o bilinguismo. Segundo o autor, bilíngue é
alguém que tem pelo menos uma habilidade efectiva em duas línguas. O autor enfatiza que ser
bilíngue não requer fluência completa em ambas as línguas, mas sim a capacidade de comunicar-
se eficazmente em ambas. (Grosjean, 2010). Grosjean destaca a importância da proficiência nas
quatro habilidades linguísticas: compreensão, expressão oral, leitura e escrita.

Um indivíduo bilíngue é aquele que tem a habilidade de usar duas línguas com proficiência. Isso
inclui compreender, falar, ler e escrever em ambas as línguas de maneira eficaz. Ser bilíngue não
significa necessariamente ter fluência igual nas duas línguas, mas sim ter competência suficiente
para comunicar-se de forma eficaz em ambas.

5. Classificação das situações do bilinguismo


5.1. Idade de aquisição da segunda língua

Considerando a idade de aquisição da segunda língua, tem-se o bilinguismo adolescente, quando


a aquisição da L2 ocorre durante o período da adolescência ou adulto, adulta, quando a aquisição
da L2 que ocorre durante a idade adulta e infantil. No infantil, o desenvolvimento do bilinguismo
acontece simultaneamente ao desenvolvimento cognitivo, podendo consequentemente influenciá-
lo. Segundo Ellen Bialystok (2001), o bilinguismo pode ser classificado como "simultâneo" se as
duas línguas forem aprendidas desde o nascimento ao mesmo, ou "sequencial" se a segunda
língua for adquirida após a primeira.
5.2. Competência relativa

Esta dimensão preocupa-se com a habilidade linguística nas duas línguas. Assim, tem-se o
bilinguismo equilibrado e bilinguismo dominante.

Grosjean (2010) descreve o bilinguismo equilibrado como uma situação em que as habilidades
linguísticas nas duas línguas são semelhantes, porém não significa possuir alto grau de
competência linguística nas duas línguas, mas significa que em ambas o indivíduo em questão
atingiu um grau de competência equivalente. Já no bilinguismo dominante o indivíduo que possui
competência maior em uma das línguas em questão, geralmente na língua nativa (doravante L1).

5.3. Organização cognitiva

Este critério refere-se ao modo pelo qual o indivíduo organiza seus códigos linguísticos. A partir
da organização cognitiva tem-se o bilinguismo composto, coordenado e subordinado. No
bilinguismo composto, dois conjuntos de códigos linguísticos, como "peixe" e "fish" estão
relacionados à uma mesma unidade de significado, ou seja, é bilíngue composto o indivíduo que
apresenta uma única representação cognitiva para duas traduções equivalentes.

No bilinguismo coordenado, o indivíduo que apresenta representações diferentes para duas


traduções equivalentes. Cada código está organizado separadamente, em dois conjuntos de
unidade de significado. Já no bilinguismo subordinado, os códigos linguísticos da segunda língua
são traduzidos por meio da primeira.

5.4. Manutenção da língua materna

Este critério preocupa-se com o nível de manutenção da língua materna ao se adquirir uma
segunda língua.

Quando a segunda língua é adquirida sem perda da proficiência na primeira, denomina-se


bilinguismo aditivo. No bilinguismo subtrativo, a segunda língua é adquirida às custas da
primeira, ou seja, ao adquirir uma segunda língua, perde-se a proficiência na primeira. Butler e
Hakuta (op cit) salientam que “para ser um bilíngue aditivo, as duas línguas aprendidas pelo
bilíngue devem ser valorizadas na sociedade em que ele reside” (p. 118), mostrando, assim, como
as dimensões a partir das quais se interpretar o bilinguismo se entrecruzam.

5.5. Presença ou não de indivíduos falantes da L2

De acordo com ambiente social da criança que está adquirindo esta língua, classifica-se o
bilinguismo em endógeno ou bilinguismo exógeno. No bilinguismo endógeno, as duas línguas
são utilizadas como nativas na comunidade e podem ou não ser utilizadas para propósitos
institucionais. No bilinguismo endógeno, as duas línguas são oficiais, mas não são utilizadas com
propósitos institucionais.
5.6. Identidade cultural do indivíduo bilíngue

De acordo com o critério de identidade cultural do indivíduo bilíngue, um bilíngue bicultural é


aquele que se identifica de forma positiva com dois grupos culturais distintos, os quais o
reconhecem como falante. O bilíngue monocultural é aquele indivíduo que tem sua identidade
cultural atrelada apenas a um grupo das duas línguas que utiliza. Contudo, caso esse bilíngue
renuncie à identidade ligada à língua materna e se identifique com a cultura do grupo de sua L2,
configurará, assim, o bilíngue acultural. Em contrapartida, pode ocorrer de o bilíngue renunciar à
identidade de sua língua materna e também renunciar à identidade cultural de sua segunda língua,
caracterizando, desse modo, o bilíngue decultural.

6. Desafios e situações de conflito bilíngue


Alguns desafios e situações de conflito podem surgir no bilinguismo, como a interferência
linguística, preconceitos linguísticos e questões de identidade. Diante dessas situações, devem ser
criadas formas de mitigar e promover uma coexistência harmoniosa de lingas e culturas em
ambientes bilíngues.

6.1. Interferência linguística

A interferência linguística ocorre quando características de uma língua afetam a produção ou


compreensão de outra língua. Isso pode resultar em erros de gramática, pronúncia ou vocabulário
quando um falante bilíngue tenta se comunicar em uma língua que não é sua língua materna. As
implicações da interferência linguística incluem dificuldades de comunicação, mal-entendidos e
até mesmo estigmatização por parte de falantes monolíngues. Isso pode afetar a autoconfiança e a
autoestima do indivíduo bilíngue, especialmente se eles enfrentarem críticas ou correções
constantes. A interferência linguística é o uso desadequado de estruturas e elementos linguísticos
da língua de partida na língua de chegada. Esta pode ser cultural, semântica e lexical.

6.2. Preconceitos linguísticos

Os preconceitos linguísticos referem-se a estereótipos negativos associados a determinados


sotaques, variantes linguísticas ou línguas minoritárias. Isso pode levar à discriminação
linguística, onde falantes de determinadas línguas são tratados de forma injusta ou desigual em
comparação com falantes de línguas dominantes. As implicações dos preconceitos linguísticos
incluem exclusão social, marginalização e perda de oportunidades educacionais ou profissionais
para falantes de línguas minoritárias. Isso pode criar um ambiente hostil para a manutenção e
desenvolvimento do bilinguismo.

6.3. Questões de identidade

As questões de identidade no contexto do bilinguismo referem-se à forma como os indivíduos


constroem e negociam sua identidade cultural e linguística em ambientes multilíngues. Isso pode
envolver a adoção de múltiplas identidades, dependendo do contexto social e cultural em que se
encontram. As implicações das questões de identidade incluem o conflito interno entre diferentes
aspectos da identidade, a sensação de pertença a múltiplos grupos culturais e a necessidade de se
adaptar a diferentes normas linguísticas e culturais em diferentes situações.

6.4. Competição linguística

A competição linguística ocorre quando duas ou mais línguas competem pela dominância na
mente de um indivíduo bilíngue. Isso pode resultar em uma preferência por uma língua em
detrimento da outra em determinadas situações, dependendo do contexto social, cultural e
emocional. As implicações da competição linguística incluem desequilíbrios no bilinguismo,
onde uma língua se torna mais dominante do que a outra, levando à perda de proficiência e
fluência na língua menos utilizada. Isso pode afetar a capacidade do indivíduo de se comunicar
eficazmente em ambas as línguas e pode causar sentimentos de inadequação ou alienação.

7. Educação bilíngue

Harmers e Blanc (2000) descrevem educação bilíngue como qualquer sistema de educação
escolar no qual, em dado momento e período, simultânea ou consecutivamente, a instrução é
planejada e ministrada em pelo menos duas línguas.

Existem várias modalidades de educação bilíngue, cada uma com suas características específicas.
Algumas das modalidades mais comuns incluem:

 Imersão total: nessa modalidade, o ensino é realizado inteiramente na língua-alvo, sem


uso da língua materna. Isso proporciona uma imersão completa na língua e acelera o
aprendizado.
 Imersão parcial: aqui, parte do currículo é ministrado na língua-alvo, enquanto a outra
parte é ensinada na língua materna. Isso permite que os alunos desenvolvam suas
habilidades linguísticas gradualmente.
 Educação bilingue aditiva: esta modalidade foca em adicionar uma segunda língua ao
repertório linguístico dos alunos, sem prejudicar o desenvolvimento da língua materna. É
comum em contextos onde a língua minoritária é ensinada junto com a língua majoritária.
 Educação bilíngue subtrativa: ao contrário da aditiva, esta modalidade pode resultar na
perda ou diminuição do uso da língua materna em favor da língua-alvo. Isso pode ocorrer
quando a língua-alvo é considerada mais prestigiada ou dominante.
8. O papel da tecnologia no bilinguismo

A tecnologia oferece acesso a uma vasta gama de recursos linguísticos, como dicionários online,
tradutores automáticos, materiais de aprendizado, podcasts e vídeos em línguas estrangeiras. Isso
amplia as oportunidades de exposição e prática da língua-alvo. Além disso, oferece ferramentas
de comunicação como e-mails, mensagens instantâneas e videoconferências possibilitam
interações em tempo real com falantes nativos da língua-alvo, facilitando o desenvolvimento das
habilidades de conversação e compreensão oral.

A tecnologia permite que os alunos aprendam em seu próprio ritmo e em qualquer lugar,
facilitando o acesso ao aprendizado de idiomas independentemente de restrições de tempo e
localização. O uso de tecnologia pode tornar o aprendizado de idiomas mais interessante e
motivador, através de recursos interativos, jogos educativos e aplicativos de aprendizado que
tornam o processo mais envolvente e divertido.

São também observadas algumas desvantagens, visto que, em algumas comunidades ou países, a
falta de acesso à tecnologia ou à internet pode criar disparidades no acesso ao aprendizado de
idiomas, marginalizando certos grupos de alunos. Nem todos os recursos e materiais disponíveis
online são de alta qualidade ou precisão. Alguns podem conter erros de tradução ou informações
desatualizadas, o que pode prejudicar o aprendizado.

Alguns alunos podem se tornar dependentes demais da tecnologia para aprender um idioma,
negligenciando outras formas de prática e interação que são igualmente importantes para o
desenvolvimento linguístico.
9. Conclusão

O bilinguismo é um fenômeno complexo e multifacetado que desempenha um papel significativo


na vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Ao longo deste trabalho, exploramos as diversas
dimensões do bilinguismo, desde seu conceito fundamental até suas implicações práticas em
diferentes contextos sociais, culturais e educacionais.

Ficou claro que o bilinguismo não se limita apenas à capacidade de usar duas línguas, mas está
intrinsecamente ligado à identidade cultural, à inclusão e à construção de sociedades multilíngues
e multiculturais. O bilinguismo pode enriquecer a vida dos indivíduos, proporcionando benefícios
cognitivos, sociais e profissionais, ao mesmo tempo em que desafia as normas linguísticas e
culturais estabelecidas.

Ao examinar temas como a classificação das situações de bilinguismo, os critérios de


classificação, os tipos de bilinguismo, a cultura e identidade, o bilinguismo na educação, a
tecnologia e o bilinguismo, e os desafios e situações de conflito bilíngue, pudemos obter uma
compreensão mais abrangente e informada desse fenômeno global.

No entanto, também reconhecemos que o bilinguismo não está isento de desafios, como
interferência linguística, preconceitos linguísticos e questões de identidade. É crucial enfrentar
esses desafios de forma eficaz, promovendo a valorização da diversidade linguística e cultural e a
construção de sociedades mais inclusivas e equitativas. O bilinguismo é uma fonte de
enriquecimento e diversidade, que pode contribuir para o entendimento mútuo, a cooperação
global e o respeito pela riqueza das línguas e culturas ao redor do mundo.
10. Referências bibliográficas

Bialystok, E. (2001). Bilingualism in Development: Language, Literacy, and Cognition.


Cambridge University Press.

BUTLER, Y. G.; HAKUTA, K. Bilinguism and Second language Acquisition. In: Bhatia, Tej
K; Ritchie, William C. (2004). The Handbook of Bilingualism. United Kingdom: Blackwell
Publishing.

FIRMINO, G. Língua e Educação em Moçambique. In: STROUD, C.; TUZINE, A. (Org.).


(1998). Uso de Línguas Africanas no Ensino: Problemas e Perspectivas. Cadernos de Pesquisa.
n. 26. Maputo: INDE. p. 247-278.

Grosjean, F. (2010). Bilingual: Life and Reality. Harvard University Press.

HAMERS, Josiane F.; BLANC, Michel A. (2000). Bilinguality and Bilingualism. 2nd edition.
Cambridge: Cambrige University Press.

ROMAINE, Suzanne. The Bilingual and Multibilingual Community. In: Bhatia, Tej K;
Ritchie, William C. (2006). The Handbook of Bilingualism. Maieden, MA.: Blackweel. p. 385-
405.

WEI, L. (2000). The Bilinguism Reader. London: Routledge.

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