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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

O Uso de Expressões Idiomáticas no Processo de Comunicação

xxxx

Chokwé, agosto de 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

O Uso de Expressões Idiomáticas no Processo de Comunicação

Trabalho de Campo a ser


submetido na Coordenação do
Curso de Licenciatura em Ensino
de Português da UnISCED.

Tutor:

Xxx

Chokwé, agosto de 2023


3

Índice
Introdução.........................................................................................................................................3

2.0. Referencial teórico.....................................................................................................................4

2.1. Fraseologia.............................................................................................................................4

2.1.1. Critérios para identificação das fraseologias...................................................................5

2.2. Expressões idiomáticas..........................................................................................................5

2.2.1. Características das Expressões Idiomáticas....................................................................6

2.2.2. Tipologia das expressões idiomáticas.............................................................................7

2.2.2.1. Quanto à estrutura........................................................................................................7

2.2.2.2. Casos especiais.............................................................................................................7

2.2.2.2.1. Expressões idiomáticas alusivas...............................................................................7

2.2.2.2.2. Expressões idiomáticas análogas..............................................................................8

2.2.2.2.3. Expressões idiomáticas depreciativas.......................................................................8

2.2.2.2.4. Expressões idiomáticas comparativas.......................................................................8

2.2.2.2.5. Expressões idiomáticas hiperbólicas.........................................................................8

2.2.2.2.6. Expressões idiomáticas Irónicas...............................................................................8

2.2.2.2.7. Expressões idiomáticas negativas.............................................................................9

2.2.2.2.8. Expressões idiomáticas numéricas............................................................................9

2.2.2.2.9. Expressões idiomáticas Situacionais.........................................................................9

2.3. Quanto à Conotatividade.......................................................................................................9

2.4. O Uso de Expressões Idiomáticas no Processo de Comunicação........................................10

Conclusão.......................................................................................................................................11

Referências bibliográficas..............................................................................................................12
3

Introdução
4

2.0. Referencial teórico

Segundo Osório (2017:248), as expressões idiomáticas fazem parte das unidades fraseológicas
junto aos provérbios. Sendo expressões cristalizadas e indecomponíveis, cujo sentido e cujo
emprego são determinados culturalmente e convencionalmente.

Desse modo, torna-se pertinente que se parta do conceito de Fraseologia, que ocupa uma
categoria mais geral, para desaguar nas expressões idiomáticas.

2.1. Fraseologia

Segundo Alverez (2000:96) leva a compreender a fraseologia como um ramo da linguística que
tem por objecto de estudo a análise de combinações de palavras que formam novas unidades
lexicais ou que tem o carácter de expressão fixa.

Na perspectiva de Barros e Negri, fraseologia é a ciência que estuda um conjunto de unidades


lexicais ou que temo carácter de expressões fixas.

Segundo Vilela (2002:170-172) fraseologia é uma disciplina que tem como objecto as
combinações fixas ou congeladas de uma dada língua, combinações que, no sistema e na frase,
podem assumir a função e o significado de palavras individuais.

Os fraseologismos funcionam como um processo de ampliação do léxico, servindo assim para a


nomeação, qualificação, circunstanciarão, ou por outras palavras contribuindo para a
lexicalização e da caracterização da nossa experiencia quotidiana.

Fraseologias são combinações de palavras, ou grupos de palavras, relativamente estáveis cujo


significado global interno de uso difere do significado global externo de uso dos constituintes
individuais em combinações livres.

Fraseologia é o estudo de frases ou expressões fixadas pelo uso e com um sentido específico
(frase feita), próprias de uma determinada língua. O seu limite superior é a frase.

Segundo Pastor (1996: 19-28), as unidades fraseológicas apresentam cinco características:

 Trata-se de expressões formadas por várias palavras;


 O seu uso frequente tornou-se convencional, isto é, são expressões institucionalizadas;
5

 São estáveis, ou seja, as suas componentes mantem certa ordem;


 Geralmente, têm um significado figurado ou metafórico;
 As suas componentes podem sofrer modificações, dentro de certos limites;

2.1.1. Critérios para identificação das fraseologias

Vilela (2002) apresenta como critérios comuns para identificar as fraseologias os seguintes:

Fixidez- consiste na inalterabilidade, imutabilidade ou na impossibilidade de dissociação de um


grupo, ou seja, qualidade do que é ou está seguro.

Ideomaticidade - é considerado um parâmetro decisivo na delimitação das unidades


fraseológicas, é o facto de o significado de certas construções linguísticas fixas não se construir a
partir da combinação do significado dos seus elementos constituintes.

Tipicidade sintáctica e semântica, pois além opacidade e semântica, as unidades como tais não
entram na composição de outras unidades.

Uma vez trazido o conceito de fraseologia, importa agora reflectir em torno das expressões
idiomáticas.

2.2. Expressões idiomáticas

As expressões idiomáticas estão no grupo das lexias complexas mais empregadas na linguagem
quotidiana. Elas são fruto de um processo metafórico de criação e são expressões fixas.

Osório citando Reis (2008) afirma que expressões idiomáticas são expressões fixas, isso quer
dizer, são unidades lexicais que não admitem inserção nem substituição por outros itens lexicais e
que uma vez cristalizada, a expressão idiomática não admite a substituição de qualquer de suas
palavras componentes.

Segundo Barros e Negri, as expressões idiomáticas constituem lexias complexas


indecomponíveis, de distribuição única ou limitada, pois as partes que as constituem não se
dissociam sem prejuízo na interpretação semântica, a qual, como já foi dito, não pode ser
calculada com base nos significados individuais de seus componentes.

Tagnin (1989:13) afirma que uma expressão é idiomática apenas quando seu significado não é
transparente, isto é, quando o significado da expressão toda não corresponde a somatória do
significado de cada um de seus elementos.
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Na perspectiva de Ribeiro (2019:151), uma expressão idiomática é uma combinação fixa de


palavras que adquira um significado que não pode ser compreendido pela divisão das palavras da
expressão idiomática. Estas expressões são vulgarmente conhecidas como frases feitas.

Exemplo:

Dor de cotovelo – inveja

Para Biderman (2001:169-78), expressões idiomáticas são combinatórias de lexemas que o uso
consagrou em uma determinada sequencia, ou seja, desconsiderando suas partes como unidades
semânticas e cujo significado não se da na simples somatória dessas partes.

As expressões idiomáticas constituem um importante fenómeno do léxico das línguas e um dos


mais eficazes recursos imagéticos originados pela subjectividade, criatividade e herança cultural
do homem.

Xarata (1994:129) advoga que, embora existam diversas expressões idiomáticas relacionadas ao
conceito universal de morte, como por exemplo, bater as botas, dormir o sono eterno, passar
dessa para uma melhor, para essas não há possibilidade de outro emprego que não aqueles com o
sentido de morrer, mesmo que as imagens que cada uma possui sobre a morte sejam particulares.

2.2.1. Características das Expressões Idiomáticas

Segundo Osório (2017:251) as expressões idiomáticas apresentam as seguintes características:

 No plano lexical, o facto de constituírem unidades estáveis ou fixas, pela combinação de


morfemas ou lexemas;
 No plano sintáctico, o seu carácter indecomponível, aliado ao facto de não constituírem
unidades frásicas independentes;
 No plano semântico, uma significação opaca e que não corresponde a soma dos significados
dos seus elementos constituintes;
 No plano pragmático, a relação estreita que entretém com a situação de enunciação;
 No plano cultural, a sua fixação e consagração pelo uso, além do facto de revelarem a visão
do mundo própria de uma determinada cultura;
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O processo de cristalização das expressões idiomáticas é o factor responsável pela sua


estabilidade semântica, a qual, por sua vez, não somente possibilita a sua transmissão de geração
em geração, mas justamente a sua consagração pela tradição cultural.

2.2.2. Tipologia das expressões idiomáticas

Constata-se, como Xarata (1998:171), que as expressões idiomáticas se agrupam por subtipos,
seja por semelhanças estruturais, seja, por identidade de relações semânticas.

2.2.2.1. Quanto à estrutura

Segundo Barros e Negri (2010:207) no que concerne à natureza morfossintáctica, que ratifica o
princípio da complexidade lexical, identificam-se expressões idiomáticas verbais, nominais,
adjectivais, adverbiais e frasais.

 Sintagma verbal- possui elemento verbal em sua estrutura;


Exemplo: caçar encrenca; gelar até a alma; ser boa pinta;
 Sintagma nominal- possui função do substantivo;
Exemplo: cabeça de bagre; lobo-do-mar.
 Sintagma de função adjectiva- possui função adjectiva, mas que modifica o substantivo;
Exemplo: altos e baixos ou de cara.
 Sintagma de função adverbial- possui função adverbial, ou seja, modifica ou
complementa o verbo;
Exemplo: ser rápido e rasteiro.
 Sintagmas frasais em geral exclamativos- consistem em expressões estruturadas em
frases exclamativas, interrogativas ou nominais;
Exemplo: é a mesma história de sempre! E eu com isso?

2.2.2.2. Casos especiais

2.2.2.2.1. Expressões idiomáticas alusivas

Ocorrem quando há necessidade da incursão de conhecimentos enciclopédicos que esclareçam o


facto ou a personagem referenciados para se poder descodificar a expressão (Heinz, 1993);

Exemplos: Ficar para titia (alusão à virgindade de Santa Catarina).


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2.2.2.2.2. Expressões idiomáticas análogas

Deve-se atentar para um bom número de expressões de forma análoga, mas de sentido
completamente diferente, ou seja, possuem formas similares.

Exemplo: fazer frente (estar à frente).

2.2.2.2.3. Expressões idiomáticas depreciativas

Geralmente produzem efeito pejorativo. (Heinz, 1993)

Exemplos:

Farinha do mesmo saco.

Filhinho de papai.

2.2.2.2.4. Expressões idiomáticas comparativas

Segundo Tamba-Mecz (1981) são expressões centradas na figura da comparação tendo em sua
estrutura propriedades adjectivas ou verbais e elementos comparastes. Essas expressões servem
para marcar grau de intensidade.

Exemplo:

Vestido como um jeca.

Escorregar como um quiabo.

2.2.2.2.5. Expressões idiomáticas hiperbólicas

O exagero, na expressão, que tem sua razão de ser nas tendências naturais e sócias da língua
falada comum, representa um valor expressivo e afectivo, geralmente absurdo embora não se
perceba. (Bally, 1951).

Exemplo: Jogar dinheiro pela janela.

2.2.2.2.6. Expressões idiomáticas Irónicas

A ironia, assim como a intenção da antífrase, procedimento de expressão ´pelo contrario, ou seja,
produzem o efeito de dizer o contrário.

Exemplo: Brilhar por ausência.


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2.2.2.2.7. Expressões idiomáticas negativas

São expressões usadas apenas na forma negativa, sendo impossível passar para a afirmativa.

Exemplo: Não esquentar a cabeça.

2.2.2.2.8. Expressões idiomáticas numéricas

Quanto a lexia com números pode-se tentar caracterizar as correspondências aproximativas entre
diferentes línguas, assim como o grande ou pequeno uso feito por certas línguas de determinados
números.

Exemplo: Matar dois coelhos com um cajado.

2.2.2.2.9. Expressões idiomáticas Situacionais

São aquelas empregadas em uma situação social precisa ou desencadeadas por uma situação
específica. (Heinz, 1993)

Exemplo:

Nem mais um pico! Depois você me conta!

2.3. Quanto à Conotatividade

Xarata (1998:171) referentes ao seu valor conotativo, as expressões idiomáticas possuem,


digamos, uma escala de abstracção e podem ser classificadas como:

 Fortemente conotativas: quando todos os componentes estão semanticamente ausentes,


isto é, quando há grande dificuldade para se recuperar sua motivação metafórica e sentido
literal esta bloqueado pela realidade extralinguística. São expressões idiomáticas de difícil
decodificação.

Exemplo: fazer das tripas coração.

 Fracamente conotativas: quando componentes semanticamente presentes, de valor


denotativo, estão associados a componentes semanticamente ausentes, de valor
conotativo.

Exemplo: Matar a fome; Passar a limpo.


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2.4. O Uso de Expressões Idiomáticas no Processo de Comunicação

O uso correcto de expressões idiomáticas pode adicionar vivacidade à comunicação entre os


interlocutores, permitindo que eles transmitam significados de maneira mais eficaz e memorável.
As expressões idiomáticas, parafraseando Barros e Negri, apresentam significados específicos,
que muitas das vezes não podem ser deduzidos apenas pelo significado literal das palavras
individuais. Elas são parte integrante da língua, variando é claro de cultura para cultura.

Para situações concretas de comunicação é ou julga-se importante ter em conta a clareza e rigor
na selecção das expressões idiomáticas. As expressões idiomáticas, como já vimos anteriormente,
apresentam características especificas e devem ser utilizadas em função de um contexto também
específico. Elas desempenham um papel importante no processo de comunicação, a saber:

a) São elementos que geram uma riqueza imensurável à linguagem, elas tornam a
comunicação mais rica e interessante, permitindo aos interlocutores maior expressividade;
b) São elementos que permitem economia de palavras, geralmente elas transmitem uma ideia
complexa de forma concisa, economizando tempo e esforço na explicação de conceitos
elaborados.
c) São elementos ou expressões que expressam emoções, as expressões idiomáticas podem
transmitir emoções e sentimentos de forma mais precisa do que palavras simples,
adicionando profundidade à comunicação.
d) São elementos de conexão cultural, o uso destas expressões pode ajudar a estabelecer
conexões culturais e emocionais entre pessoas, pois muitas delas são especificas de uma
determinada região ou cultura;
e) São elementos de identificação cultural, o uso adequado de expressões idiomáticas pode
indicar a familiaridade com a língua e cultura, o que pode ser apreciado em contextos
sociais e profissionais.
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Conclusão

Finda a realização do presente trabalho concluímos que as expressões idiomáticas podem ser
categorizadas como fraseologias de valor referencial que representam imagens de algo concreto e
cujo sentido literal difere do significado. As expressões idiomáticas, não funcionam como
enunciado completo, ou seja, tem valor semântico autónomo na comunicação entre
interlocutores, contudo, sim, ser adaptável a contextos e sujeitos particulares e sofrer alterações
quanto à pessoa, ao verbo e a outros elementos gramaticais. O uso destas expressões no processo
de comunicação enriquece a comunicação, economiza palavras, conecta diferentes culturas, etc.
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Referências bibliográficas

Alvarez, M.L.O, (2000), Expressões Idiomáticas do Português do Brasil e do Espanhol de


Cuba.

Barros, L.A & Negri, A, (2010), O Léxico em Foco: Múltiplos Olhares, SP.

Bidermam, M.T.C, (2001), Teoria Linguística Computacional, 2ª ed. SP.

Osório, P, (2017), Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não


Materna, Lisboa.

Ribeiro, (2019), Gramática Moderna da Língua Portuguesa, 4ª ed, Escolar Editora.

Vilela, M, (2002), Metáforas do Nosso Tempo, Lisboa, Livraria Almeida.

Xarata, C.M & Succi, T.M, (2008), Revisitando o Conceito de Provérbio, SP.

Xarata, C.M, (1998), A Tradução para o Português de Expressões Idiomáticas em Francês.

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