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Tema: Educação e Cidadania: Percepções e práticas de

alunos e professores das Escolas Primárias Completas


de Moçambique.

Timamo N’nerene José

15, Fevereiro e 2024


1. Formulação do problema

Entretanto, Carneiro (2000) advoga que a temática da educação para a cidadania não pode ser prisioneira de uma ou duas
disciplinas curriculares, mas sim deve constituir a base de um projecto da escola, onde as opções possam ser claras e
assumidas por todos. Por seu turno, Figueiredo (2002) sustenta que a educação para ou pela cidadania deve constituir uma
finalidade essencial das políticas educativas.
Na mesma investigação, concluiu-se que o exercício de cidadania é uma realidade ainda pouca expressiva, e neste
processo, apontam-se os altos níveis de pobreza, analfabetismo e outros problemas sociais estimulados pela falta de
conhecimento e acesso à informação, elementos essenciais para construção de uma cidadania vibrante e interventiva.
Face a este cenário, as diversas esferas da sociedade questionam o papel da educação básica na formação de crianças,
adolescentes e jovens para o exercício da cidadania na sua variada ordem (política, civil, social, económica, cultural,
académica, ambiental, rodoviária) cujo papel se traduziria em inculcar nos graduados da 7ª Classe de conhecimentos que
permitem guiar suas práticas quotidianas, passando, a basearem-se no respeito ao próximo, aos mais velhos e a diversidade
cultural nacional e internacional.
Pergunta de partida:
▰ Quais são as percepções e práticas de alunos e professores das Escolas Primárias Completas em
Moçambique relativamente ao exercício da cidadania? 2
1.2. Objectivos

Objectivo Geral:
 Compreender as percepções e práticas dos alunos e professores das Escolas Primárias de Moçambique
no exercício de cidadania.
1.2.1. Objectivos Específicos:
 Identificar as percepções dos alunos e professores da EPCM relacionados com a cidadania;
 Descrever as percepções de cidadania em alunos e professores da EPCM;
 Analisar as práticas de cidadania realizadas pelos alunos e professores na EPCM;
1.2.2. Questões de pesquisa
 Quais são as percepções dos alunos e professores da EPCM acerca da cidadania?
 Como se manifestam as percepções dos alunos e professores da EPCM?
 De que maneira os alunos e professores realizam as práticas de cidadania no espaço socioeducativo
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escolar?
2. Fundamentação teórica

2.1. Educação
Neste contexto, Dos Santos (2005) define a Educação como sendo um processo de aperfeiçoamento do ser
humano que o prepara para a renovação de um mundo comum. Para este autor, educação deve despertar o
“apetite” por mais educação, por novas aprendizagens, pela produção de novos significados, por novos
ensinamentos e conhecimentos.
Educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não estão maduras para a vida
social. Tem por objectivo suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e
morais que lhe exigem na sociedade política no seu conjunto e o meio ao qual se destina particularmente
(Durkheim, 2001).
Analisando a concepção dos autores acima citada, entendemos que na perspectiva durkeimiana a educação é
um meio de inserção social mediante a ordem política, social, cultural e económica de cada sociedade.
Entretanto, para Marx a educação é o meio através do qual se prepara o Homem para o mundo do trabalho.
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2.2. Cidadania

Marufo (2010) considera que o conceito de cidadania é problemático, ambíguo, multifacetado,


pluridimensional, contestado e interpretado de diferentes formas com diferentes implicações normativas. O
seu conteúdo é variável entre culturas, regimes políticos e ao nível do significado linguístico que cada língua
lhe atribui. Deste modo, ao invocar-se o conceito de cidadania é necessário, a prior, ter-se em atenção o
contexto espacial e temporal a que se faz referência.
Matos (s ̸d) concorda com a colocação do Marufo (2010) ao frisar que a cidadania não significa a mesma
coisa em todas as sociedades e em todos os tempos. Pode dizer-se que não existem padrões definitivos de
cidadania, no sentido de um corpo de direitos e obrigações fixas e fechadas, já que estes tendem a reflectir e
a acompanhar os padrões de determinadas sociedades políticas em diferentes níveis de desenvolvimento.
Definidos os dois conceitos chaves do trabalho, Kerr (1999) salienta que a concepção, nomenclatura,
objectivos e finalidades que ligam a educação e a cidadania estão em consonância com o contexto
ideológico e político de cada nação/comunidade e determinam a abordagem pedagógica desenvolvida no
espaço escolar.
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2.3. Relação entre educação e cidadania

Como já havia sido referido no primeiro capítulo, para o exercício efectivo dos direitos e deveres de
cidadania, a educação é encarada, na óptica do Marshall (1967), como sendo o principal pré-requisito. Por
seu turno, Marshall e Bottomore (1998) citados em Sacristan (2001) defendem que a escolarização
obrigatória, igual para todos, constitui um requisito que capacita o indivíduo para o exercício de cidadania
plena, advogando também que o direito social à educação e à cultura tem carácter fundamental, não só
porque dele depende a dignidade humana, na medida em que enriquece as possibilidades de seu
desenvolvimento, mas também por entrelaçar-se com outros direitos civis, políticos e económicos das
pessoas, capacitando-os para o exercício dos mesmos, possibilitando-os e potencializando-os.
De acordo com Brzezinski e Santos (2015, p. 14), “a cidadania se aprende, mas, sobretudo, se conquista”, e
a melhor forma de conquistá-la é pela educação, pois, apesar de toda a complexidade que a envolve, é
indiscutível que o conhecimento transforma pessoas e nações. Assim, a educação passa a ser instrumento de
revolução cultural, meio e fim para a construção de uma sociedade mais justa e livre.

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2.4. Percepções e práticas de Cidadania no Contexto Educativo Escolar

Muitos autores corroboram ao atribuir a escola como um espaço genuíno e fértil de vivências de práticas voltadas
para o exercício da cidadania. Nesta senda, Araújo (2008) advoga que a educação para cidadania no contexto
escolar necessita de um esforço educativo premeditado e constante ao longo de toda a escolaridade, de modo a
preparar as crianças e jovens para a participação na vida da sociedade através do seu enriquecimento global como
pessoas. turno, Figueredo (2002) defende que a educação para a cidadania está relacionada com todos os aspectos
da vida dos alunos na escola, tem a ver com as diversas disciplinas, com os espaços não disciplinares e com outros
aspectos da participação
Por seu dos alunos na vida da escola. Assim, a «educação para a cidadania não se concretiza através de um
discurso, de uma retórica em torno de valores e/ou virtudes, mas sim através de experiências de vida, sendo, por
isso, mais uma prática do que discurso, é mais uma acção/reflexão do que conteúdo e/ou informação.
Portanto, aos professores, falta, muitas vezes, um referencial teórico que lhes permita alguma sistematização.
Embora os professores considerem importante a educação cívica, salientando valores de natureza ética e relacional,
continuam a centrar-se mais no conhecimento sobre a sociedade do que no desenvolvimento de capacidades de
pensamento crítico e autónomo ou na participação activa dos alunos em acções concretas na comunidade.
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OBRIGADO!

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