Resenha Critica - Ivan. - 123136

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1.

PERSPECTIVA TEÓRICA DA OBRA

A obra de Escobar baseia-se na crítica pós-colonial e na teoria pós-estruturalista, que


questionam as relações de poder, as hierarquias e as representações dominantes presentes no
discurso do desenvolvimento. Escobar argumenta que o conceito de Terceiro Mundo é uma
construção social e política, que está intrinsecamente ligada ao processo de colonização e à
imposição de uma visão eurocêntrica de desenvolvimento. Ele critica a ideia de que o
desenvolvimento é um processo universal e linear, defendendo a necessidade de se considerar
as especificidades culturais, sociais e históricas de cada contexto. Além disso, o autor aborda
a forma como as políticas de desenvolvimento muitas vezes reforçam desigualdades,
marginalizam grupos sociais e culturais e promovem a homogeneização e a descaracterização
das identidades locais.

Ele argumenta ainda que é necessário repensar as práticas de desenvolvimento de forma a


valorizar o conhecimento local, promover a participação das comunidades afectadas e
reconhecer a diversidade de experiências e perspectivas. Portanto, a perspectiva teórica
presente na obra desafia as narrativas dominantes do desenvolvimento e propõe uma
abordagem mais crítica e reflexiva, que leve em consideração as relações de poder, as
questões de representação e as complexidades envolvidas nos processos de transformação
social e económica nos países do Terceiro Mundo.

2. BREVE SÍNTESE DA OBRA

Esta obra é um marco na crítica ao desenvolvimento e à noção de terceiro mundo. Onde o


autor argumenta que o conceito de desenvolvimento é uma construção ideológica e cultural
que sustenta relações de poder desiguais entre países do Norte e do Sul global, em sua
análise, Escobar demonstra como o discurso do desenvolvimento, baseado em modelos
económicos e sociais ocidentais, resulta em formas de exploração, marginalização e
desigualdade nos países considerados do terceiro mundo. Ele também critica a visão de
progresso linear e unidireccional do desenvolvimento, defendendo a valorização de outras
formas de conhecimento e de vida que não se enquadram nos padrões estabelecidos pelo
Ocidente.

IVAN JERRY

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Ao problematizar a noção de terceiro mundo e questionar os processos de desenvolvimento
impostos de cima para baixo, Escobar contribui para a reflexão sobre alternativas que possam
promover uma maior equidade e sustentabilidade global. Sua obra é fundamental para
repensar as relações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e para repensar os
paradigmas dominantes em torno do desenvolvimento.

3. PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NA OBRA

A obra questiona a visão linear e unidimensional do desenvolvimento, argumentando que


essas concepções ocidentais homogeneízam e simplificam a realidade diversa e complexa das
sociedades em desenvolvimento. Uma das principais teses de Escobar é a ideia de que o
desenvolvimento não é algo meramente económico, mas um processo social e cultural que
está intrinsecamente ligado às relações de poder e à dominação global. O autor critica a
imposição de modelos de desenvolvimento baseados em princípios neoliberais e capitalistas,
que muitas vezes resultam em aprofundamento das desigualdades sociais, destruição
ambiental e perda de identidade cultural. Escobar também discute o impacto do
desenvolvimento na natureza e como as políticas de modernização frequentemente
desconsideram as consequências para o meio ambiente e para as comunidades locais. Ele
chama atenção para a importância de uma abordagem mais holística e sustentável, que leve
em consideração as interconexões entre sociedade, economia e meio ambiente. Além disso, o
autor enfatiza a necessidade de uma abordagem mais participativa e descentralizada do
desenvolvimento, que valorize o conhecimento local e promova a autonomia e
empoderamento das comunidades. Ele defende a diversidade cultural e a pluralidade de
saberes como elementos essenciais para repensar e reconstruir as práticas de
desenvolvimento.

Contudo, esta obra de Escobar é uma crítica contundente aos paradigmas dominantes do
desenvolvimento e uma provocação para repensar as práticas e concepções hegemónicas. A
obra desafia as noções convencionais de progresso e modernização, apontando para a
necessidade de uma abordagem mais inclusiva, diversificada e sustentável para promover um
desenvolvimento verdadeiramente humano e justo.

4. REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE OBRA E IMPLICAÇÕES

IVAN JERRY

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Em um momento em que os estudos de desenvolvimento estavam passando por um período
de profunda reflexão crítica. O paradigma dominante de desenvolvimento, baseado em
princípios ocidentais de modernização e crescimento económico, estava sendo cada vez mais
questionado devido aos seus impactos negativos, à desigualdade que gerava e à falta de
atenção às dimensões sociais e culturais das populações do Terceiro Mundo.

Arturo Escobar contribui para essa reflexão ao desafiar as narrativas convencionais de


desenvolvimento, mostrando como elas são fortemente influenciadas por visões eurocêntricas
e colonialistas que perpetuam relações de poder desiguais. O autor argumenta que as
abordagens tradicionais de desenvolvimento muitas vezes resultaram na destruição de modos
de vida locais, na perda de diversidade cultural e na exploração de recursos naturais em
benefício de interesses globais.

A obra de Escobar levanta questões essenciais sobre a necessidade de se repensar o conceito


de desenvolvimento de forma mais holística, considerando as múltiplas dimensões da vida
humana, incluindo a cultural, social, política e ambiental. Ele defende a importância de dar
voz às comunidades locais, reconhecendo seus conhecimentos e práticas tradicionais como
fundamentais para o desenvolvimento sustentável e inclusivo.

A partir das reflexões propostas por Escobar, emergem implicações significativas para os
estudos de desenvolvimento. Sua obra inspira uma abordagem mais crítica e sensível às
complexidades das realidades locais, promovendo a necessidade de uma maior participação
das comunidades nos processos de tomada de decisão e no desenho de políticas públicas.
Além disso, suas reflexões alimentam debates sobre a soberania e autodeterminação dos
povos, bem como sobre a importância de se construir alternativas ao actual paradigma de
desenvolvimento centrado no crescimento económico.

IVAN JERRY

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