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Resumos Psicolinguística e Ensino de Línguas

Teste dia 12 de abril às 13h30

1. Curiosidades…

Português nasceu do latim, mas sofreu alterações ao longo do tempo.


 Língua rica em empréstimos (anglicanismos, entre outros)
 O R talvez tenha surgido do francês.
 As línguas são influenciadas por outras.

Diáspere- habitantes de outro país que formam uma comunidade. Portugueses que
emigram para os Estados Unidos.
“Portuglish” (língua nova influenciada por duas línguas)

As primeiras línguas (L1) estão contínuas (entre 8-16 anos) com as segundas
línguas.
Se aprendermos até aqui 1 língua ou mais, são línguas maternas.

L1 – L2
(8-16 anos)

L1 está ligada a termos sociais e emocionais.


 É possível alguém ter duas primeiras línguas, dependendo da exposição e
contexto.
Ex.: pessoas que nascem em Portugal e emigram para outro país.

Quanto maior proficiência em L2 melhor.


O que é preciso para ser fluente numa L2? Limitado em função da exposição dos dados.
Necessário um ambiente que nos exponha aos dados. O ambiente determina.

Quantas L1 são possíveis ter? Recorde do mundo - 15 línguas


O que é necessário ter? Qual o contexto? Quando mais pequeno, mais se aprende.

É possível perder uma L2? Sim, perdendo o contacto.


É possível perder uma L1? Sim, do mesmo modo que se perde uma L2.

Portuglish- híbrido de português-inglês


Exemplos:
 registadeira (caixa registadora)
 jumpar (saltar)
 parquear (estacionar)

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 chequear (check- verificar)
 ringar (telefonar/tocar)
 clauseta (closet- armário)
 offas (ofice- escritório)
 zinko (sink- lava-loiças)
 estoa (store- loja)
 printar (print- imprimir)
 goverment (governo)
 mal (mal- shopping- centro comercial)
 tráfico (trânsito)

Por que estudar a linguagem?


João comeu uma sandes- falta o artigo “o”
O João está lendo o livro- uso do gerúndio
A sandes comeu o João- inversão sujeito-objeto
O livro está a ler o João- inversão sujeito-objeto

2. A Linguagem

- A linguagem é um dos sistemas cognitivos mais intrigantes e interessantes.

O cérebro é igual em toda a gente (não muda de tamanho).


- Parte designada para a linguagem?

Phineas p. Gage (1823-1860)


Trabalhava em construção, mas houve um dia em que caiu na obra. Não deixou de falar,
de andar nem de ouvir. Porém, afetou o lóbulo frontal (parte que guarda as convenções
sociais)
 (regras e normas). Ex.: andar nu na rua.
- A linguagem é um sistema cognitivo exclusivo do cérebro humano.
- Existem vários tipos de línguas (Específica. Varia de comunidade para comunidade) e
linguagem.
 Ex.: língua das abelhas (danças)
 Ex.: língua dos pássaros (canto)
 Ex.: língua dos golfinhos

- Se não há visão/audição, o cérebro projeta outro tipo de linguagem.

2.1 Processamento da Linguagem

 Linguagem Humana

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 Um pouco de história…
 Inatismo e alguns conceitos
 Neurociência da Linguagem
 Métodos Experimentais
 EEG e Potenciais Cerebrais

Linguagem
Capacidade de comunicação
Línguas especificas

Linguagem Humana
Capacidade cognitiva
Processamentos específicos

Linguagem- Neurociência
Linguística- Biologia

2.2 Processamento Linguístico

Um pouco de história- Séc. XIX


Franz Josef Gall 1758-1828
 Mapeamento do caráter/personalidade através das protuberâncias cerebrais
(crânio).
 O cérebro é o órgão da mente e a relação entre áreas cerebrais específicas e
determinadas funções

Frenologia- é uma pseudo-ciência

Um pouco de história- Séc. XX


-Camillo Golgi 1843-1926
-Santiago Ramón y Cajal 1854-1934
 Avanços do microscópio ótico e o desenvolvimento do método da coloração por
nitrato de prata
 Prêmio Nobel in 1906 Estudos sobre as estruturas do sistema nervoso
 Maior neurónio que temos- medula óssea
 Primeiro microscópio ótico- 1906
 Se temos resolução, qualidade de imagem, etc. Ampliamos e temos um zoom
ótico

Um pouco de história- verão de 1861


Pierre Broca 1824 – 1880
Monsieur Leborgne
 Produção de palavras de classe fechada;

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 Prosódia preservada;
 Compreensão preservada
 Monsieur Leborgne- só produzia “tan tan tan”. Área de produção de língua.
Afazia/problema de tipo Broca. Juntam só um único fonema da língua, a mesma
sílaba.
 Visualização de um vídeo de um senhor com afazia de Broca. Teve um AVC
 Visualização de um vídeo de uma menina de 19 anos com afazia de Broca. Teve
um AVC. Tem menos comprometimento. O que falta no discurso são os
conectores. Não consegue fazer relações entre as palavras. Perde a noção de
tempo.
 Problemas de produção de palavras de classe fechada
 Produção da linguagem

Um pouco de história- Alemanha, 1870


Fritsch and Hitzig, 1870
 Baseados no ‘modelo’ da Marcha 1870 Jacksoniana (John Hughlings Jackson),
estimulou eletricamente pontos do córtex motor de cachorros;
 Observou que dependendo do ponto estimulado, partes diferentes do corpo
contraiam – inclusive hemisfericamente distintas;
 Também descobriram que se partes do córtex fossem destruídas, os movimentos
na partes do corpo correspondente eram perdidos.

Um pouco de história- 1874


Carl Wernicke, 1843-1926
 Produção preservada;
 Compreensão comprometida;
 Um dos casos mais importantes. Área perdida com o derrame de sangue.
 Visualização de um vídeo de um paciente. Tem um problema de acesso lexical.
A afazia de Wernicke é conhecida como a afazia de fluência. Há casos mais
brandos. Tira a capacidade de compreensão da língua.
 Compreensão da linguagem

2.3 Os Modelos
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Neurociência da linguagem
Modelos de processamento de linguagem
 Modularidade
 Interação entre outros módulos
 Interação entre com outras cognições
 Interface Wernicke Broca
 Pragmática
Estas áreas todas conversam entre si.

Pontos em Discussão:
 O ser humano está biologicamente apetrechado para o exercício da linguagem
verbal
 Existem no cérebro centros nervosos especializados para o exercício da
linguagem

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 A linguagem está predominantemente localizada no hemisfério esquerdo
 A linguagem é um módulo cognitivo autónomo localizado numa área específica
do cérebro.
 A linguagem está organizada em módulos (p. e., sintaxe, semântica)
 Estes módulos têm localizações diferentes no cérebro. São módulos e funções
mais gerais.
 O desenvolvimento típico da linguagem só é possível se as crianças forem
expostas a uma língua nos primeiros anos de vida (Período de Melhor
Desenvolvimento Linguístico) = Período cognitivo
 A linguagem é uma capacidade inata no ser humano. (0-8 anos) e (12-16 anos).

Linguagem – capacidade de comunicação – Línguas específicas


3. De ciência especulativa à ciência da linguagem

Com Ferdinand de Saussure (1857-1913):


-Língua (langue): não apenas diacronicamente, mas também sincronicamente.
-A língua por ela mesma, considerando-a como um sistema estruturado, utilizando-se do
método descritivo, também chamado ESTRUTURAL. (Se conseguíssemos descrever
todas a línguas, seria possível construir uma estrutura comum.)
- Langue – sistema de sinais arbitrários de uso em um momento dado, numa
determinada sociedade. (-/- Parole).

Modelo linguístico – Estruturalismo: análise de corpus linguístico e, indutivamente,


fazendo deduções. É relevante a descrição (gramática descritiva) da língua escrita (que
pode eventualmente tornar-se numa norma: gramática prescritiva).

Nos Estados Unidos, Leonard Bloomfield – 1933: Estímulo/Resposta – defende uma


abordagem didática muito parecida com a estrutura e conteúdos dos manuais de língua
segunda que conhecemos.

Segundo uma teoria estruturalista, o ensino focar-se-ia principalmente no uso da


língua escrita (gramática), i. e., na estrutura da língua.

4. Na sequência do Estruturalismo, surge o Funcionalismo, que


se debruça sobre a análise funcional da linguagem.

A estrutura sintática da frase é em parte determinada pela função comunicativa dos


vários constituintes e pelo modo como eles se relacionam com o contexto do enunciado.
Defende que a estrutura deve conter duas interações a do indivíduo e a relação entre o
que o indivíduo que expressar e o contexto (mundo).
5. Gerativismo – a capacidade de gerar frases é inata e
baseada num sistema de princípios e parâmetros.

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Contexto: pós-guerra, grandes avanços na medicina, biologia e computação.
Avram Noam Chomsky, Syntactic Structures, 1957.
Todos os indivíduos têm a capacidade de gerar de forma inata a língua.
Distingue:
 Competência
 Performance
- Universais linguísticos -> inspirado em Saussure, Chomsky defende que todas as
línguas possuem características comuns. (Uma língua pode ser SVO ou SOV, isto é,
pode ter diferentes organizações, no entanto o princípio é o mesmo - a Langue é
organizada por um conjunto finito de traços.)

Chomsky inaugura uma das teorias da aquisição da linguagem: Biolinguística;


linguística experimental.

Em consequência, surgem muitas outras teorias (algumas delas consideradas


concomitantes):
- Behaviorismo e Construtivismo – Em comum: ocorreram nos últimos 50 anos,
surgiram em resposta as teorias Chomskianas. Ênfase ao “lado social” da linguagem.

6. Behaviorismo (nasce antes do gerativismo, mas é resgatado


nesta fase).
- O comportamento é afetado por suas consequências.
-Burrhus Skinner, 1904.
- Distinção entre a língua falada e escrita.
- Ensino >> aprendizagem – Teoria da tábula rasa.
-Se é cognitivo não existe um estímulo que impulsione o seu desenvolvimento.
Cognições não são influenciadas pelos estímulos.

7. Construtivismo
-A aprendizagem é um processo que começa no nascimento e acaba na morte.
-Piaget, 1970
-Descrição da aprendizagem em assimilação e acomodação.
-Descreve quatro estágios de desenvolvimento do indivíduo: Sensório-motor, Pré-motor,
Pré-operacional, Operatório concreto e Operatório formal.
-Para os construtivistas, o processo de alfabetização deverá ocorrer até aos 6 anos.

8. Psicolinguística
- Linguagem considerada como uma adaptação evolutiva -/- capacidade
cognitiva
- Steven Pinker, 1984.

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- Língua como uma adaptação que não vem intrinsecamente com a espécie,
mas que surgiu por meio de adaptação. Em contraste, há quem defenda que a língua é
uma capacidade cognitiva.
- “Instinto” (citação de Pinker) -> A língua não é um instinto. A língua não
ocorreu por uma necessidade do mundo, mas antes em consequência de uma
necessidade interna. A linguagem estaria mais associada ao “instinto”, não a língua.

9. Como podemos definir o que é chamado de Faculdade da


Linguagem?
 Chamamos de faculdade da linguagem a disposição biológica que todos
seres humanos com sua capacidade linguística intacta possuem para
adquirir, produzir e compreender palavras, frases e discursos.

10. Como podemos definir os conceitos de Língua-E e


Língua-I?
 O termo Língua-I (internalizada, intensional) foi proposto por
Chomsky para fazer referência à língua em sua acepção cognitiva. Já
Língua-E (externalizada, extensional) é o termo proposto para fazer
referência à língua como fenômeno sociocultural. A Língua-E diz
respeito ao conjunto de sentenças geradas por uma gramática ou os
enunciados efetivamente produzidos. A Língua-I, por sua vez, é a
gramática interna, ou internalizada na mente do falante. Tem a ver com a
GU (Gramática Universal) e os princípios das línguas.

11.Porque a criatividade é considerada uma propriedade


crucial das línguas naturais?
 Os falantes de uma língua são capazes de criar e de absorver novas
palavras e conceitos da sua língua materna. Essa é uma característica
crucial das línguas naturais versus as línguas inventadas ou línguas
artificiais, como a computação. Essa característica está diretamente
relacionada com a capacidade cognitiva de internalizar estruturas de
línguas. Explique, relacione e dê exemplos sobre a criatividade
linguística. A criatividade – ou seja, a capacidade de criar e compreender
novas frases diferentes daqueles que já produzimos ou já ouvimos – é o
que distingue as línguas humanas dos sistemas de comunicação animal.
Diferentemente dos animais treinados para utilizar uma linguagem
natural, cada frase que proferimos ou ouvimos é sempre uma criação
inédita e única, e não uma repetição de algo guardado em nossa memória
de maneira passiva. A produtividade – ou seja possibilidade de sempre
falar “coisas novas” (o ineditismo do uso da linguagem) – está garantida
em boa medida, pelo uso infinito de meios finitos. Isto é, temos um
número finito de palavras ou itens no nosso léxico e um número finito de

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regras para combinar esses elementos, mas a aplicação dessas regras não
tem limites a priori (é recursiva). Nesse sentido, podemos dizer que
termos como “recursividade”, produtividade”, “ineditismo”, “infinitude
discreta” e “uso infinito de recursos finitos” são termos quase-sinônimos
de criatividade.

12. Natureza ou Ambiente?

Chomsky

Natureza
 Substrato Genético- competência + performance.
 Quando mais icónica a palavra é, mais arbitrária é
 Estruturalismo: acontece em outras áreas do cérebro
 Papilas gustativas: podem desenvolver-se mais de acordo com a exposição.

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 Sensibilidade: determinado geneticamente e só se desenvolve se tiver
performance.

 Genie é abandonada até aos 15 anos;


 Nell é uma menina em que a mãe é violada. Vai morar numa cabana e
falece no parto e as crianças vivem sozinhas ao longo da infância. As crianças
não têm língua nenhuma.
 Adquire linguagem telegráfica.
 A Genie tem muitos problemas de saúde, mas aprende a adaptar-se à sociedade.
Veste-se, usa talheres, etc.
 Só tem linguagem telegráfica.

 Casos de indígenas em que são privados do uso de acontecimentos históricos em


que as crianças são privadas de acontecimentos linguísticos.

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 Em 1990 começa a corrida por este mapeamento genético.
 Gene FOX P2 foi descoberto.

 Maior percentagem de mulheres com dispraxia de fala


 Se é a mulher que tem dispraxia, ela transmite para o resto da família nas
próximas gerações

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 Roedores
 Em 2011 sai um documentário em que fala que o gene FOX P2 está presente em
chimpanzés

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 A Laura está grávida e quer criar o seu filho junto do chimpanzé
 Há documentário no Youtube
 O chimpanzé também mama no peito de Laura
 Tem a mesma quantidade de palavras do bebé humano
 Usa casa de banho
 Come de talheres
 Usa roupa
 Desempenha palavras
 Em torno dos 5 anos, o chimpanzé começa a entrar em puberdade. O humano
entra por volta dos 12 anos.
 Começa a ficar cada vez mais agressivo a cada dia que passa. Ele aleija a Laura
e eles resolvem acabar com o documentário porque geneticamente está com as
hormonas muito altas.
 O que nós somos socialmente, é aprendido socialmente.
 Botão- tarefa
 Tapetes dos cães que eles apertam, sai um áudio e tem atividades ou desejos
deles para que os donos reconheçam.

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O FOX P2 pode ser um gene de língua específica, mas a ideia é que nós humanos
produza uma proteína específica que não produz em outros animais. Para guardarmos a
língua de maneira que os animais não o conseguem fazer.

 Esse gene está determinado a funcionar melhor dentro de uma janela de tempo
de melhor desenvolvimento.
 Geneticamente estamos mais preparados para aprender uma língua num
determinado período do que em outros (período crítico- 0 aos 16 anos). Janela
de tempo propicia
 Dos 12 anos aos 16 as meninas têm a puberdade antes dos 12 anos. Enquanto os
meninos têm até aos 16/18 anos. A Janela de tempo varia.

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 Fotografia do cérebro
 1 mês- poucas ligações neuronais
 Vai aumentando de acordo com a idade
 Momento em que estamos mais bem preparados para aprender qualquer coisa
(com 2 anos, porque tem mais neurónios).

 2 aos 14 anos- cérebro mais bem preparado cognitivamente para aprender


 Depois já não é preciso tantas ligações e o cérebro estabiliza.
 Índice de produção sináptica muito grande dentro destas idades

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 /r/ e /l/ não têm diferença.
 Em chinês ou japonês não há essa distinção. Tem 5 tons que nós não
conseguimos distinguir.
 Patrícia vai pegar em duas crianças com alguns meses de vida, expostas a L1
diferentes. As crianças são capazes de perceber essa diferença.
 As crianças em que os pares mínimos são iguais, já não são capazes de distinguir
diferenças.
 Para os americanos o índice está muito mais alto (em torno dos 85%), ou seja, já
compreendem as diferenças.
 O ouvido começa a entender as diferenças. Se não tiver diferença no meu
ambiente linguístico, eu não preciso de fazer esforço para reconhecer.

 As outras línguas do ambiente são percebidas como ruídos. Não é possível fazer
Merge (forma e função) noutra língua desconhecida
 Se um bebé estiver exposto a duas línguas, essas duas línguas vão ser
descodificadas e as gramáticas serão compreendidas.
 Os bilingues têm as funções executivas mais desenvolvidas que os monolingues.
 Os bilingues são mais rápidos e eficientes. Expor o cérebro a duas línguas, faz
com este se processe mais rapidamente.

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 exposição aos dados linguísticos, levam a ativações de áreas linguísticas.

Resumo da aula
Nature x Nurture
A questão bootstrapping
- qual é o primeiro momento de aquisição de uma língua? Ele existirá?
-Os bebés não têm conceção sobre o mundo;
-Possuem uma mobilidade restrita e não recebem informação formal;
- Recebem, contudo, um estímulo linguístico desorganizado e contínuo.
-O bebé não é capaz de organizar essa informação.
Em torna dos 30 meses, terão esses dados organizados…Como?

Natureza ou ambiente?
1. Pró-biologia, pró-natureza humana, inatismo, generativismo - NATUREZA
2. Funcionalismo c/ muitas vertentes teóricas – AMBIENTE
(ambos os teóricos estiveram em contacto com as teorias estruturalistas)

1. Noam Chomsky
- Acredita que adquirimos cognição
- Argumentos: precisamos de dados linguísticos.
Leva em consideração duas partes do processamento da linguagem
a. Gramática internalizada/universal -substrato genético (cérebro preparado para
organizar os dados linguísticos): competência
b. Dados primários: performance
Nascemos para fazer a “juntação/concatenação” – to merge: o cérebro junta a
fórmula com a função (conceito estruturalista, Cf. Saussure - à forma está
associada um conceito. Quanto mais icónica a palavra é, menos ela varia).
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Chomsky defende que o cérebro nasce procurando essas relações e que a criança,
quando ouve dado linguístico, procura criar associações (ouve a palavra “cadeira” e
procura o significado no mundo).
O cérebro mantém essas estruturas e posteriormente armazena essas estruturas.
Chomsky utiliza um conceito do estruturalismo -> a sintaxe é determinada
geneticamente, a capacidade de organizar uma língua estruturalmente nasce
connosco. Essa capacidade desenvolve-se apenas se tiver performance. (Língua I-
marcação paramétrica; língua II- se se determinar um longo espaço de tempo (mais
tarde), elas serão aprendidas de forma menos eficaz.)
Exemplo usado: se os estímulos forem anulados as crianças (só cognição dará uma
língua?) não conseguirão desenvolver corretamente a língua (cf. experiência Genie –
primeiro grande caso de “crianças selvagens”). Só a biologia não dá língua,
apenas a capacidade linguística.
-Dois estudos longitudinais complementares (slide)
Genie desenvolveu apenas uma linguagem telegráfica (encontra-se no estágio
telegráfico).
 E, se contemplarmos apenas a performance (s/ GU)? -> em 1990 começa a
corrida pelo mapeamento genético. Foi encontrado o gene FOXP2
Slide – árvore genealógica
50% com dispraxia genética
75% nas mulheres dispraxia genética
FOXP2 -> nós somos seres porque temos língua graças ao gene para a linguagem.
Mas, e os outros animais também têm FOXP2? Sim, os roedores, os pássaros (com
organização linguística próxima com a nossa), osesquilos. (cf. Filme NIM;
documentário com Laura-Anne Petitto).
Os animais não falam, mas tem o gene. E agora?
-> Em torno dos 3 anos, o chimpanzé contém um inventário lexical significativo.
-> Chimpanzé entra na puberdade e torna-se cada vez mais violento e menos
humano.
-> Na verdade, o que nós somos socialmente é algo aprendido.
->No entanto, a língua parece que é adquirida por qualquer espécie.
->O merge do Chomsky – de facto, os animais parecem ser capazes de criar relações
entre fórmula e função.
-> No entanto, somos os únicos que conseguimos adquirir língua por meio das
circunstâncias/forma que ela é adquirida.

-FOXP2 – capacidade dos seres de desenvolverem uma língua específica- Nos


humanos, produz uma proteína específica que não é produzida nos outros animais e
assim podemos armazenar língua da forma que o fazemos. Em outras espécies, não
causa a contraparte biologia que é causada nos humanos.
As proteínas estão determinadas a funcionar melhor num período crítico ->
geneticamente estamos preparados para aprender uma língua num determinado
período do que em outros: 0-8 anos. Atualmente os dados apontam para o início da

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fase da puberdade até aos 16. Varia de acordo com o género e outros fatores
(meninas com uma janela menor dos meninos por causa da puberdade). Ao longo do
período pré-puberdade os neurónios ainda estão preparados para reconhecer os
dados primários. Após a puberdade perdemo-los ou esses desempenham outras
funções.
Slide – análise de produção sináptica
-Com 1 mês – poucas ligações neuronais – em termos biológicos, apenas as funções
biológicas, as funções cognitivas ainda não estão presentes.
-Com 2 anos – as ligações neuronais ocorrem em evidentemente em maior número.

Temos um momento em que estamos mais bem preparados para aprender algo.
Neste caso, a partir dos 2 anos. Depois da puberdade, as ligações diminuem. O
melhor período crítico seria, em média, entre os 2 e 14(fim da puberdade). Há um
período de estabilização dos processos cognitivos que se tornam mais estáveis e
funcionais.
Temos um índice de produção sináptica muito elevado em torno dos 6 anos.
Outras provas: (slide)
->Patricia Kuhl
- Estudos mostram crianças de línguas maternas diferentes (línguas em que a
distinção entre /r/ e /l/ não existe); expõem as crianças a palavras do tipo “rata” e
“lata” e procura-se perceber se elas compreendem as diferenças entre ambas as
palavras. Em torno de um ano de idade, as crianças com línguas em que não há
diferença (r=l) já não são capazes de reconhecer como diferentes ( crianças
japonesas). E, nas crianças americanos, eles são capazes de identificar a diferença e
acertam cerca de 80% das vezes.
As crianças como ouvintes universais, capazes de interpretar o som de qualquer
língua, mas, ao longo do caminho, as crianças especializam-se numa determinada
língua. Aprendemos a nossa língua a partir do momento em que deixamos de ser
ouvintes universais. Se nós formos expostos a várias línguas concomitantes o
cérebro será capaz de distinguir os sons.
A perceção auditiva especializa-se, mas também as áreas do cérebro tornam-se
especificamente linguísticas. Em torno dos 6 meses somos falantes universais, em
torno dos 12 meses já estamos numa fase de especificação. Assim, os sons das
outras línguas são considerados ruídos. O estímulo consistente passivo a uma língua
permite que o ouvido perceba melhor um determinado som de uma determinada
língua (materna). A exposição a um determinado som permite uma especialização.

-L1 – sons - /- conceitos - L2 – sons -/ conceitos


Quanto mais L1, mais gramáticas universais teremos.
Os bilingues têm um ligeiro atraso (cerca de 6 meses) .
 Todos foram primeiramente falantes universais que passaram por um período
crítico de especialização.

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Problema na aprendizagem de uma outra língua/ a problemática da proficiência:
-Quanto mais próximas são duas línguas, mais complexo é o processo de
aprendizagem. Grande percentagem de aprendentes que desistem nos níveis
intermediários. Gramáticas parecida munem os indivíduos de uma “falsa” confiança.
Em contrapartida, o êxito e proficiência ocorrerá quando em contacto com línguas
extremamente diferentes como o chinês.
-Área sensorial mais estimulada quando expostos a línguas que não a materna.
(slide)
Síntese:
->Possuímos uma natureza biológica cognitiva que nos favorece na aquisição de
uma determinada língua.

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Como podemos verificar o período crítico (PC) em funcionamento?
Em torno dos 6 anos temos ápice das ligações neuronais. Em torno dos 14,
passamos por uma especialização de determinadas tarefas. Assim, já não precisamos
de tantas ligações neuronais, pois já possuímos um circuito neuronal para
determinadas tarefas.- Especialização para viver no mundo e realizar determinadas
tarefas.
O período crítico/ melhor desenvolvimento: (mais apto para aprender algo) 2-8 anos
– Período crescente de ligações neuronais.(Ex. crianças fazem muitas perguntas
nesta fase).
E perda de ligações neuronais? Por que razão ocorre?
Em consequência dos hormônios da puberdade: meninas 12 anos- 16 anos e
meninos 14 anos – 18 anos.
O PC tem uma certa variabilidade, no entanto.
Este é assim o melhor período de aquisição de L1. -> Proficiência numa língua é
mais propicia neste período. Qualquer língua exposta depois deste período parece
ser mais custosa.
(Cf. Teste Turning Heads - aula anterior)
Crianças viram cabeças com qualquer som, até aos 8 meses de idade (cerca de 65%
das crianças) – Crianças como ouvintes universais.
Crianças são expostas ao inglês e crianças japonesas são expostas ao japonês – as
crianças japonesas e americanas só reagem quando expostas à sua língua materna
(cerca de 85%) – 10 a 12 meses.
-As crianças aprendem desaprendendo – teorias das aquisições inatas – conhecemos
qualquer som, mas posteriormente passamos por uma fase de especialização de uma

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determinada língua que transforma qualquer outra língua, que não a materna, em
ruído.
Capacidade de especialização faz com que múltiplas regiões do cérebro sejam
ativadas de modo a tentar compreender a língua desconhecida. A língua
desconhecida é interpretada como ruído.
Período crítico – é um conceito biológico, mas também um comportamento animal.
(ex. lobos determinam as relações sociais na matilha ao nascimento – imprinting) O
imprinting só ocorre numa janela de tempo limitada após o nascimento. O PC não é
uma noção meramente linguística.

Definição de PC, de Takao Hensch (slide)


“Estimulado pelo mundo externo” – Ambiente “ o sistema nervoso pós-natal” –
biológico. – Nenhum de nós é capaz de aprender em ambientes que não naturais.
“As janelas de tempo existem quando os circuitos cerebrais que subservem uma
dada função são particularmente recetivos a adquirir certos tipos de informação”

(Slide – O problema de Platão: Como podemos saber tanto com tão pouca
evidência?)
-Dentro da janela PC somos capazes de perceber traços a estrutura da língua
adquirida – Gramática interiorizada. ->> Complexidade das computações sintáticas
(1952)
Só temas essa capacidade porque a gramática cerebral é capaz de organizar dados
linguísticos e saber se uma determinada estrutura é gramatical correta.
-Recursividade – É uma computação cerebral que pega o output de uma operação
anterior como input para a operação seguinte e permite encaixamentos. Qual é o
limite?
-São possíveis infinitos encaixes. – Capacidade de encaixe é infinita.
Capacidade de processamento dos encaixes é sete. A memória a curto prazo
armazena confortavelmente 7 encaixes.
-Precursores desse pensamento
-Platão: como se pode saber tanto com tão pouca evidência? - Cérebro determinada
pela genética.
-Humbolt: meios finitos (palavras funcionais) para computar e gerar formas
infinitas.
-Distingue tipos de aquisições, usamos palavras funcionais para completar
(merge) e gerar formas infinitas. Por outras palavras, temos encaixes recursivos.
-Neo Darwinismo - Gould, Vrba, 1982: “Apesar de a teoria da seleção natural
prover boas explicações para muitos casos, Darwin não consegui explicar a origem e
a transmissão de todas as variações que surgiam nos seres vivos.” (Darwin faz uma
viagem de barco, desenha tudo o que vê na costa e no mar (peixes e aves), apercebe-
se de um padrão – quanto mais se distanciava da costa mais diferentes eram as aves.
Darwin defende que todos os seres evoluem de uma linha crescente, e estes evoluem
segundo uma necessidade. Período de milhares de anos). Na linguagem tentou-se
fazer uma descrição da sua evolução. -> Neodarwinismo: o mundo pressiona de

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forma tão grande que leva a uma mudança muito significativa. Humanos evoluíram
com dois processos em paralela. A visão foi lenta, mas as cognições sofreram uma
mutação extremamente brusca – EXAPTAÇÃO.
Na época de Darwin, as mutações e as leis de Mendel não eram conhecidas. Hoje
sabemos também que além da seleção natural há a deriva genética e a migração de
indivíduos que também agem para a modificação dos seres vivos ao longo do tempo.
-Todos estes fatores juntos compõem a teoria sintética da evolução ou
neodarwinismo, que prevê mudanças rápidas também por Exaptação.
-Existem cientistas que defendem a existência de uma relação entre ambas as
mudanças – uma mais lentas e outra mais rápida.
Ambiente (Nurture)
-Pró-ambiente
-Michael Tomasello – surge no contexto funcionalista.

Nota: Todas as teorias estão limitadas às circunstâncias do seu tempo. – Se a


biologia não estivesse tão evoluída, Chomsky não conseguiria estruturar a sua
teoria, por exemplo.

(ver melhor e analisar aula dia 05 para colocar nos resumos)

 Conhecimento de estruturas sintáticas, que diz que somos capazes de


determinar um núcleo a um nome (um nome a um objeto). Nascemos com
capacidade de fazer essas operações de conquenação.
 Os dados primários são estímulos, qualquer dado inicial que usamos para
entender qualquer especificação (a luz é o dado primário da cognição de
visão). O dado primário são as frequências de luz e enxergamos as cores
mesmo sem saber os níveis de frequência.
 O dado primário da linguagem são os estímulos auditivos, é o ouvido que
começa a perceber a forma da palavra e a criança começa a associar um
significado a essa forma.
 Quando somos alfabetizados utilizamos a escrita e então é a forma visual que
auxilia e não o som.
 Device = capacidade de adquirir linguagem. A linguagem é uma cognição.
A própria biologia confirma que a linguagem tem mesmo uma área de
processamento no cérebro e que por isso pode ser entendida como uma
cognição.
 Performance = prática. É o uso e desempenho da linguagem. Só tenho o
desempenho e uso se eu tive estímulos. Capacidade de perceber que outras
pessoas se desenvolvem de forma diferente de nós.

Se as crianças forem privadas dos estímulos linguísticos elas não desenvolvem essa
capacidade.
 Se eu receber os dados primários numa altura em que tenha capacidade de
organizá-los eu adquiro a performance.

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 Competência e desempenho vão juntos fazer a gramática que temos
internalizada e não a gramática universal e prescritiva que se ensina na
escola. Se eu aprender duas línguas desde cedo eu tenho duas línguas
internalizadas, mas continuamos a ter apenas uma gramática universal.
 Se eu não tenho competência não vou ter performance. Se eu não tenho
performance é indício de que tive problemas a receber dados primários.
 Se tiver um problema físico por exemplo cancro da língua, eu deixo de
conseguir falar, mas não perco a competência linguística.
 A socialização é fundamental. As línguas naturais são criadas, governadas,
adquiridas e usadas a serviço de fatores comunicativos que se valem de
habilidades cognitivas gerais em prol do comportamento social.
 O mundo tem muita importância, o contacto com os dados que nos são
expostos para a aprendizagem.
 Para o funcionalismo a capacidade é fundamental para aprender qualquer
coisa, não temos conhecimento implícito e à priori. Os funcionalistas
concentram-se principalmente nas construções sociais e na contribuição dos
pais – ensino explícito - e em como a linguagem é adquirida por meio de
experiências e comportamentos reforçados.
 O que são capacidades básicas? As características que vem no nosso cérebro
à nascença? Capacidade de gesticular, imitar
 Neodarwinismo – a linguagem deve as suas origens à imitação.

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